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Universidade Federal do Rio de Janeiro MODELAGEM DA CLASSIFICAÇÃO DE POLPAS DE BAUXITA E DE FOSFATO EM HIDROCICLONES Yanneth Yrenne Canaza Machaca 2010

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

MODELAGEM DA CLASSIFICAÇÃO DE POLPAS DE BAUXITA E DE FOSFATO

EM HIDROCICLONES

Yanneth Yrenne Canaza Machaca

2010

COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ

MODELAGEM DA CLASSIFICAÇÃO DE POLPAS DE BAUXITA E DE FOSFATO

EM HIDROCICLONES

Yanneth Yrenne Canaza Machaca

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Metalúrgica e de Materiais, COPPE, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre em Engenharia Metalúrgica e de

Materiais.

Orientador: Luís Marcelo Marques Tavares

Rio de Janeiro

Agosto de 2010

MODELAGEM DA CLASSIFICAÇÃO DE POLPAS DE BAUXITA E DE

FOSFATO EM HIDROCICLONES

Yanneth Yrenne Canaza Machaca

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS.

Examinada por:

________________________________________________ Prof. Luís Marcelo Marques Tavares, Ph.D.

________________________________________________ Profa. Silvia Cristina Alves França, D.Sc.

________________________________________________ Prof. Ericksson Rocha e Almendra, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO DE 2010

iii

Machaca, Yanneth Yrenne Canaza

Modelagem da classificação de polpas de bauxita e de

fosfato em Hidrociclones/ Yanneth Yrenne Canaza

Machaca. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.

XIX, 150 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Luís Marcelo Marques Tavares

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Metalúrgica e de Materiais, 2010.

Referencias Bibliográficas: p. 136-144.

1. Modelagem da classificação. 2. Reologia de polpas

de bauxita e fosfato. 3. Hidrociclone. I. Tavares, Luís

Marcelo Marques. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Metalúrgica e

de Materiais. III. Título.

iv

Para meus pais Carmelo e Natty

e irmãos pelo apoio incondicional

nesta etapa de minha vida.

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo.

Aproveito estas linhas para agradecer a todas aquelas pessoas que colaboram de

alguma forma, direta ou indiretamente, na realização deste trabalho. Muitas delas,

mesmo desde longe, contribuíram de forma significativa para que eu pudesse concluir

esta etapa importantíssima da minha vida.

Agradeço especialmente a meu orientador Prof. Luís Marcelo pela ajuda nestes

anos de pesquisa. O apoio que ele me brindara foi essencial no meu crescimento

profissional e pessoal e por isso sempre serei grata a ele.

Agradeço a meus pais pelo carinho e apoio incondicional nesta etapa de minha

vida. Agradeço profundamente às amizades que surgiram durante estes anos, em

especial, aos meus amigos, Emerson, Rodrigo, Evandro, Clarissa, Gabriel, e um

especial agradecimento a minha amiga Esther, que mesmo distante, esteve sempre

presente, por termos compartilhado momentos de alegria que sempre guardarei no meu

coração. Agradeço também à equipe do Laboratório de Tecnologia Mineral, em especial

a Jacinto pela realização da montagem do meu equipo de trabalho e pela realização dos

inúmeros ensaios que originaram os resultados necessários para a conclusão deste

trabalho.

Ao LABEST meu agradecimento pela disponibilidade e ajuda na realização das

minhas análises e em especial a Rosangela pela atenção e apoio dispensados.

Ao Laboratório de Reologia da Escola de Química, ao CETEM e à Carla Napoli

pelo auxílio na realização dos ensaios de reologia. À Dra. Silvia França pelas valiosas

discussões no transcorrer desse trabalho.

vi

Agradeço ao programa de Pós-Graduação de Engenharia Metalúrgica e

Materiais pela oportunidade e ao CNPq pelo apoio financeiro.

vii

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

MODELAGEM DA CLASSIFICAÇÃO DE POLPAS DE BAUXITA E DE

FOSFATO EM HIDROCICLONES

Yanneth Yrenne Canaza Machaca

Agosto/2010

Orientador: Luís Marcelo Marques Tavares

Programa: Engenharia Metalúrgica e de Materiais

No trabalho é realizada a modelagem matemática do desempenho de

hidrociclones, incluindo o efeito da reologia em polpas de bauxita e de fosfato, por meio

de ensaios de classificação nos quais foram variadas a percentagem de sólidos, os

diâmetros do apex e do vortex finder e a pressão de alimentação. Análises da reologia

das polpas de bauxita foram realizadas com o auxílio de um reômetro, tendo sido os

resultados ajustados pelo modelo de Herschel-Bulkley, obtendo comportamentos

aproximadamente plásticos de Bingham. Realizaram-se comparações dos principais

modelos matemáticos de classificação utilizados na indústria mineral utilizando

resultados de ensaios de classificação de polpas de fosfato com reologias complexas. Os

resultados indicaram que a viscosidade da polpa exerce um papel muito importante no

desempenho dos hidrociclones. Por fim, realizou-se também a previsão do d50C, levando

em consideração o comportamento reológico da polpa de bauxita apresentado no local

onde a velocidade vertical é nula, obtendo como resultados boas correlações com um

baixo desvio de interpolação.

viii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

MODELLING CLASSIFICATION OF BAUXITE AND OF PHOSPHATE SLURRIES

IN HYCROCYCLONES

Yanneth Yrenne Canaza Machaca

August/2010

Advisor: Luís Marcelo Marques Tavares

Department: Metallurgical and Materials Engineering

The present work presents results from modeling the performance of

hydrocyclones, including the effect of the slurry rheology of slurries of bauxite and of

phosphate in the classification trials varying percentages of solids, apex and vortex

finder diameter, and feed pressure. The rheological behavior of bauxite slurries was also

measured with the rheometer. The results were modeled by the Herschel-Bulkley

model, obtaining Bingham plastic behavior at high shear rates. Comparisons were made

of the major mathematical models of hidrocyclones used in the minerals industry of

using data from classification of phosphate slurries with complex rheology. Results

indicated that the slurry viscosity plays a very important role in the performance of

hydrocyclones. Predictions of d50C, taking into consideration the rheological behavior of

bauxite slurries made at the location where the vertical velocity is zero were in good

agreement with experiments, presenting only with a low interpolation deviation.

ix

ÍNDICE

Agradecimentos .......................................................................................................................... iv

Resumo ....................................................................................................................................... vii

Abstract ..................................................................................................................................... viii

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................ xiii

ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................... xvi

LISTA DE SÍMBOLOS ......................................................................................................... xviii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1

2. OBJETIVO .......................................................................................................................... 4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 5

3.1 Reologia de Polpas ............................................................................................................ 5

3.1.1 Viscosidade .................................................................................................................. 6

3.1.2 Fluidos Newtonianos.................................................................................................... 8

3.1.3 Fluidos não-Newtonianos ............................................................................................ 9

3.1.4 Fluidos independentes do Tempo ................................................................................ 9

3.1.4.1 Fluidos Pseudoplásticos ................................................................................ 10

3.1.4.2 Fluidos Plásticos de Bingham ....................................................................... 10

3.1.4.3 Fluidos Dilatantes ......................................................................................... 11

3.1.5 Fluidos dependentes do Tempo .................................................................................. 11

3.1.5.1 Fluidos Tixotrópicos ..................................................................................... 11

3.1.5.2 Fluidos Reopéticos ........................................................................................ 12

3.2 Modelos de Reologia ....................................................................................................... 13

3.3 Importância do comportamento Reológico no Tratamento de Minérios ................... 16

3.4 Medições do comportamento reológico de polpas ........................................................ 19

3.5 Classificação .................................................................................................................... 21

3.5.1 Sedimentação da partícula esférica em queda livre ................................................... 22

3.5.2 Sedimentação da partícula esférica em queda retardada (impedida) ......................... 24

x

3.6 Hidrociclone ..................................................................................................................... 25

3.6.1 Escoamento do fluido no hidrociclone ....................................................................... 27

3.6.1.1 Velocidade tangencial ................................................................................... 29

3.6.1.2 Velocidade vertical ou axial ......................................................................... 32

3.6.1.3 Velocidade radial .......................................................................................... 33

3.7 A curva de partição ......................................................................................................... 33

3.8 Efeito da viscosidade em hidrociclones ......................................................................... 39

3.9 Teorias de Classificação em Hidrociclones ................................................................... 40

3.9.1 Órbita de Equilíbrio ................................................................................................... 40

3.9.2 Tempo de Residência ................................................................................................. 43

3.9.3 Balanço Populacional ................................................................................................. 44

3.10 Influência das variáveis operacionais e de projeto ..................................................... 45

3.10.1 Tamanho de corte ..................................................................................................... 45

3.10.2 Separação dos fluidos e densidades dos produtos .................................................... 46

3.10.3 Capacidade do hidrociclone ..................................................................................... 48

3.10.4 Capacidade do apex e efeito roping ......................................................................... 49

3.11 Modelagem do hidrociclone ......................................................................................... 51

3.11.1 Modelos fenomenológicos ....................................................................................... 52

3.11.2 Modelos empíricos e semi-empíricos....................................................................... 55

3.11.2.1 Modelo de Lynch e Rao ................................................................................ 56

3.11.2.2 Modelo de Plitt ............................................................................................. 58

3.11.2.3 Modelo de Nageswararao ............................................................................. 61

3.11.2.4 Modelo de Vallebuona .................................................................................. 64

3.11.2.5 Modelo de Asomah ....................................................................................... 65

3.11.2.6 Modelo de Tavares ....................................................................................... 67

3.11.3 Desvantagens dos modelos de hidrociclones ........................................................... 69

4. Metodologia ....................................................................................................................... 70

4.1 Preparação da amostra ................................................................................................... 70

4.2 Caracterização da amostra de bauxita .......................................................................... 73

4.2.1 Análise da distribuição de tamanhos de partículas .................................................... 73

xi

4.2.2 Composição química .................................................................................................. 74

4.2.3 Análise Mineralógica ................................................................................................. 75

4.2.4 Análise por Microscopia Eletrônica de Varredura ..................................................... 75

4.3 Reologia das polpas ......................................................................................................... 76

4.4 Sistemas de hidrociclonagem e ensaios de classificação............................................... 78

4.4.1 Calibração do medidor de vazão ................................................................................ 81

4.4.2 Condições usadas nos ensaios de classificação .......................................................... 84

4.4.3 Procedimento dos ensaios .......................................................................................... 85

4.4.4 Análises das amostras coletadas ................................................................................ 87

4.4.5 Cálculo dos balanços de massas ................................................................................. 88

4.4.6 Cálculo das curvas de partição ................................................................................... 90

4.4.7 Modelagem matemática ............................................................................................. 91

5. Resultados e discussão ...................................................................................................... 92

5.1 Comparação dos modelos matemáticos de classificação ............................................. 92

5.1.1 Investigação da classificação de polpas de fosfato .................................................... 92

5.1.2 Tamanho de Corte Corrigido (d50C) ........................................................................... 96

5.1.3 Recuperação de água para underflow (Rf) .................................................................. 99

5.1.4 Capacidade ............................................................................................................... 100

5.1.5 Validação dos modelos para reologias variáveis ..................................................... 102

5.2 Modelagem com minério de Bauxita ........................................................................... 107

5.2.1 Caracterização das amostras de bauxita e argila ...................................................... 107

5.2.2 Análises da distribuição de tamanho de partículas .................................................. 107

5.2.3 Composição química ................................................................................................ 108

5.2.4 Análise mineralógica................................................................................................ 110

5.2.5 Análises por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ..................................... 112

5.3 Ensaios de reologia ........................................................................................................ 113

5.4 Ensaios de Classificação ............................................................................................... 118

5.5 Modelagem da vazão ..................................................................................................... 126

xii

5.6 Modelagem da Rf ........................................................................................................... 129

5.7 Modelagem do d50C ........................................................................................................ 131

6. Conclusões ....................................................................................................................... 134

7. Referencias bibliográficas .............................................................................................. 136

ANEXO PARTIÇÃO REAL: VALORES OBTIDOS ........................................................ 143

xiii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.1- Modelo de escoamento do fluxo entre duas placas paralelas utilizado por Newton. . 7

Figura 3.2- Tipos de comportamento reológico de fluidos (BAKASHI e KAWATRA, 1996). ... 9

Figura 3.3-Tipos de comportamento reológicos dos fluidos dependentes do tempo (SHARMA et

al., 2000). ................................................................................................................... 12

Figura 3.4- Evolução dos parâmetros da lei Herschel Bulkley versus tamanho médio de

partícula, (a) Tensão limite de escoamento, (b) índice de consistência do fluido e (c)

índice do comportamento reológico do fluido (GARCIA et al., 2003). ................. 15

Figura 3.5- Mudança do comportamento reológico com respeito: (a) concentração de sólidos (b)

tamanho de partícula (Yue e Klein, 2004). ................................................................ 17

Figura 3.6- Efeito das concentração de sólidos de polpa de limonita sobre suas propriedades

reológicas, para (a) polpas na faixa de 60 a 78,5 %, (b) polpas com porcentagem de

sólidos de 60 a 67 % e (c) polpas com porcentagens de sólidos de 70 a 78,5% (HE et

al., 2006). ................................................................................................................... 18

Figura 3.7- Efeito da temperatura sobre a viscosidade de suspensões de dióxido de titânio

(YANG et al., 2001). ................................................................................................. 19

Figura 3.8- Diagrama esquemático do hidrociclone (CARRISSO e CORREIA, 1998). ............ 26

Figura 3.9- Ilustração dos fluxos dentro do hidrociclone convencional. .................................... 28

Figura 3.10- Ilustração do envelope de velocidade vertical zero no hidrociclone (BRADLEY e

PULLING, 1959). ...................................................................................................... 32

Figura 3.11- Curvas de partição típicas do hidrociclone, ressaltando os diâmetros medianos de

corte (TAVARES, 2004). .......................................................................................... 34

Figura 3.12- Curva de eficiência onde se observa o efeito “Fish Hook” (NAGESWARARAO,

2000). ......................................................................................................................... 37

Figura 3.13- Ilustração da órbita de equilíbrio de uma partícula dentro do hidrociclone (a) vista

do topo, (b) vista lateral (KAWATRA, 1996). .......................................................... 42

Figura 3.14- Efeitos da concentração de sólidos na eficiência da separação (BRAUN e

BOHNET, 1990). ....................................................................................................... 47

xiv

Figura 3.15- a:Efeitos de cordão, b: efeito guarda chuva e c:ciclo de deslamagem; (II)curva de

partição obtidas a partir dos efeitos mostrados em (I). .............................................. 51

Figura 4.1- Diagramas de blocos do processo de preparação e seleção da amostra.................... 72

Figura 4.2- a) Reômetro ARES modelo AR-G2, b) geometria cilindro coaxial. ........................ 76

Figura 4.3- a) Circuito de hidrociclonagem; b) Diagrama esquemático dos componentes do

circuito ....................................................................................................................... 80

Figura 4.4- a) Localização do medidor da vazão dentro do sistema de hidrociclonagem; .......... 81

Figura 4.5- Calibração do medidor de vazão com água. ............................................................. 83

Figura 4.6- Correlação entre os resultados obtidos no indicador de vazão e os resultados

adquiridos pelo computador....................................................................................... 84

Figura 4.7- Preparação da polpa para o ensaio de hidrociclonagem. .......................................... 86

Figura 4.8- Balanço de massas com vários dados de tamanho de cada fluxo (fi, oi e ui). ........... 88

Figura 5.1- Resultados da previsão do tamanho de corte corrigido pelos modelos .................... 98

Figura 5.2- Comparações entre os valores observados e calculados de recuperação de água para

o underflow nos ensaios de classificação de polpas de minério de fosfato (natural).

................................................................................................................................. 100

Figura 5.3- Resultado da previsão dos modelos da capacidade do hidrociclone com polpas de

fosfato natural. ......................................................................................................... 101

Figura 5.4- Comparação entre tamanhos de corte previstos usando parâmetros dos modelos

ajustados para polpas naturais e medidas de tamanhos de corte para polpas com

aditivos variados (CMC, PSA e glicerina). .............................................................. 103

Figura 5.5- Resultados na previsão dos modelos da capacidade do hidrociclone com polpas com

aditivos variados (CMC, PSA e glicerina). .............................................................. 104

Figura 5.6- Correlações entre as previsões dos modelos para recuperação de água a dados

medidos para polpas com aditivos variados (CMC, PSA e glicerina). .................... 106

Figura 5.7- Distribuição granulométrica do calcário (CALCINA, 2010). ............................... 108

xv

Figura 5.8- Difratograma de raios X da amostra de bauxita utilizada nos ensaios de

hidrociclonagem. ..................................................................................................... 111

Figura 5.9- Difratograma de raios X da amostra de calcário utilizada como aditivo em alguns

ensaios de hidrociclonagem (CALCINA, 2010). ..................................................... 112

Figura 5.10- Resultado do ensaio no MEV, a) micrografia da amostra de bauxita, e b) EDS no

ponto “x”, mostrando os elementos presentes na amostra. ...................................... 113

Figura 5.11- Resultados da análise do comportamento reológico das polpas de bauxita natural.

................................................................................................................................. 115

Figura 5.12- Ilustração da relação do índice de consistência versus percentagens de sólidos a

diferentes temperaturas. ........................................................................................... 117

Figura 5.13- Resultados do ajuste do índice de consistência em função do comportamento

reológico médio apresentado pelas polpas de bauxita. ............................................ 118

Figura 5.14- Valores observados e ajustados da recuperação de água com polpas de bauxita

natural. ..................................................................................................................... 121

Figura 5.15- Distribuições granulométricas das alimentações dos ensaios de hidrociclonagem

com polpas naturais de bauxita. ............................................................................... 123

Figura 5.16- Parâmetro α para polpas 15% de sólidos espessada com aditivo natural argila. .. 124

Figura 5.17- Parâmetro α para polpas 25% de sólidos polpa natural. ....................................... 125

Figura 5.18- Parâmetro α para polpas 15% de sólidos polpa natural. ....................................... 125

Figura 5.19- Correlação entre as vazões observadas nos ensaios e as calculadas pelo modelo. 128

Figura 5.20- Correlação entre recuperação de água (ajustada pela equação de Whiten) e a ..... 131

Figura 5.21- Correlação entre o d50C (ajustada pela equação de Whiten) e o ............................ 133

xvi

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1- Guia para evitar o problema do “Bypass” ................................................................ 47

Tabela 3.2- Efeito da descarga do underflow em função da razão dos diâmetros das saídas do

ciclone. ....................................................................................................................... 50

Tabela 4.1- Características das polpas utilizadas nas medições reológicas. ............................... 78

Tabela 4.2- Características dos hidrociclones e do minério utilizado no estudo. ....................... 79

Tabela 4.3 Dados de calibração de totalização, tempo e vazão obtidos por meio de médias

aritméticas de 3 leituras. ............................................................................................ 82

Tabela 4.4- Resumo das características das polpas da alimentação nos testes............................ 85

Tabela 4.5 –Pressões das alimentações dos ensaios. ................................................................... 85

Tabela 5.1- Distribuição granulométrica da amostra de fosfato (POSSA, 2000). ...................... 93

Tabela 5.2- Resumo das características das polpas usadas nos testes (Possa, 2000). ................. 94

Tabela 5.3- Características dos hidrociclones e do material usados nos ensaios com polpas de

minério de fosfato (POSSA, 2000). ........................................................................... 95

Tabela 5.5.4- Parâmetros ótimos de ajuste para cada modelo. .................................................... 97

Tabela 5.5 - Distribuição granulométrica da alimentação dos ensaios de hidrociclonagem com

polpas de bauxita. .................................................................................................... 107

Tabela 5.6- Composição dos principais óxidos presentes na amostra de bauxita. .................... 109

Tabela 5.7- Composição dos principais óxidos presentes no calcário (CALCINA, 2010) ....... 110

Tabela 5.8- Resultados da modelagem do comportamento reológico das polpas de bauxita. .. 117

Tabela 5.9- Resultados obtidos nos ensaios de ciclonagem em hidrociclone de 40 mm de

diâmetro. .................................................................................................................. 119

Tabela 5.10- Resultados obtidos nos ensaios de ciclonagem em hidrociclone de 75 mm de

diâmetro. .................................................................................................................. 120

Tabela 5.11- Variáveis e parâmetros utilizados na modelagem do desempenho dos hidrociclones

de 40 mm e 75 mm de diâmetro no processo de classificação. ............................... 127

xvii

Tabela 5.12- Resumo estatístico dos parâmetros obtidos pelo modelo para hidrociclones de 40

mm e 75 mm de diâmetro. ....................................................................................... 130

Tabela 5.13- Resumo estatístico dos parâmetros na previsão do d50C para hidrociclones de 40

mm e 75 mm de diâmetro. ....................................................................................... 132

xviii

LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolos latinos

A área projetada da partícula. Ac ângulo do ciclone em relação à posição vertical. a e b constantes do modelo reológico de Ostwald de Waele. C fração da alimentação que é sujeita à classificação. Cd coeficiente de resistência ou arraste. CvA concentração volumétrica da alimentação. CpA concentração da polpa de alimentação. C

pv percentagem de sólidos em volume.

Cw percentagem de sólidos em massa. Cvu percentagem em volume no underflow. dp tamanho de partícula. d50 tamanho ou diâmetro mediano da partição real. d50C tamanho ou diâmetro mediano da partição corrigida. Dc diâmetro do ciclone. Di diâmetro do inlet. Do diâmetro do vortex finder. Du diâmetro do apex. E fração de alimentação que reporta ao underflow. E1...En parâmetros do ajuste do modelo de Tavares. F força requerida por unidade de área. Fc força centrífuga.

Fd força de resistência ou arraste. fi fração em massa da alimentação para uma classe de tamanho i. g aceleração da gravidade. h altura livre do ciclone. I imperfeição da curva de classificação. K índice de consistência do fluido, k0...kn parâmetros típicos para o sistema minério/ciclone. L comprimento total do ciclone. Lc comprimento da seção cilíndrica do ciclone. m parâmetro de qualidade da separação de Plitt. n índice do comportamento reológico do fluido. N constante da equação da velocidade tangencial. ao fração de água no overflow. oi fração de massa retida do overflow para uma classe de tamanhos i. P pressão da alimentação do ciclone. ∆P queda de pressão na alimentação. Pr comprimento da mistura de Prandtl. Qv vazão volumétrica da alimentação da polpa. Qa vazão de água na alimentação. Qau vazão de água no produto underflow. r distancia radial a partir do eixo de simetria. rc raio do ciclone. r*50 raio adimensional, distancia radial correspondente ao envelope de

velocidade zero.

xix

R partição dos fluxos = vazão do underflow/vazão da alimentação. Rf recuperação de água para o underflow. Rv partição da polpa para o underflow. Re número de Reynolds. ua fração de água no underflow. vi velocidade do inlet. vp velocidade da polpa. vθ velocidade tangencial. vs velocidade terminal de sedimentação. vt velocidade periférica. V velocidade relativa partícula/fluido. Vs* termo de correção da sedimentação em queda impedida da partícula. yi valores medidos. ŷi valores ajustados. Yi partição reduzida para a fração granulométrica i. Z parâmetro de redução da velocidade da alimentação da polpa a velocidade

tangencial. Símbolos gregos

Α parâmetro de eficiência da classificação. β recuperação dos sólidos para o underflow. γ taxa de cisalhamento. η viscosidade do líquido. ηp viscosidade plástica. ϕ parâmetro relacionado ao fish hook. κ−ε modelo de geração (κ) e dissipação (ε) de energia cinética do regime

turbulento. µ viscosidade absoluta. µa viscosidade da água. µap viscosidade aparente. µp viscosidade da polpa. θ ângulo da seção cônica do ciclone. ρ peso específico do material. ρL densidade do liquido. ρs densidade do sólido. ρp densidade da polpa. τ tensão de cisalhamento. τo tensão limite de escoamento. υ viscosidade cinemática. ζ potencial zeta.

1

1. INTRODUÇÃO

Dentre as operações unitárias, os processos de separação ou classificação são de

grande importância para a obtenção de produtos com especificações desejadas de

tamanho de partícula. Esses tipos de operações são amplamente utilizados nas indústrias

mineral, química e farmacêutica.

Um dos principais equipamentos empregados na classificação de partículas é o

hidrociclone, dada a sua grande versatilidade e capacidade de classificar minérios em

uma ampla faixa de tamanhos, incluindo-se a separação de tamanhos ultrafinos. Os

hidrociclones são de grande aplicabilidade nos processos de extração e processamento

mineral, podendo ser utilizados tanto na separação de partículas do fluido (separação

sólido-líquido) quanto na separação de partículas por diferença de tamanho ou

densidade.

Os hidrociclones são de grande importância nos circuitos de processamento

mineral, em particular nos circuitos fechados de moagem de minérios, incluindo

bauxitas. De acordo com dados do World Metal Statistics (2006), Brasil possui a

terceira maior reserva de bauxita do planeta, tendo produzido 22 milhões de toneladas,

no ano 2005, consolidando-se como o segundo maior produtor mundial de alumínio,

respondendo por 12,4% da produção mundial. Isso ressalta a importância de sua

produção e o aprimoramento do desempenho dos equipamentos de processamento desse

minério. A bauxita é principal fonte para a obtenção de alumínio, metal que ocupa uma

posição importante na fabricação de veículos em geral, na produção de ligas metálicas e

na manufatura de equipamentos resistentes à corrosão, encontrando sua maior

aplicabilidade na produção de embalagens no setor alimentício.

Uma característica comum na maioria dos tratamentos de polpas de bauxita é a

presença de lamas que compreendem partículas sólidas com granulometria muito fina e

2

compostos líquidos, formando lamas vermelhas produzidas durante a operação do

processo Bayer para a produção de alumina.

O tratamento das partículas finas é uma operação necessária nas diferentes

etapas do processamento mineral devido à ação das forças de arraste em comparação às

aplicadas pelos mesmos equipamentos mecânicos, tornando significativas ainda as

forças de atração e repulsão e outras associadas à viscosidade do meio. Esses fatores

determinam a importância do estudo da reologia. No beneficiamento de minérios, se faz

muito importante o entendimento do comportamento reológico das polpas, sendo que a

maioria delas apresenta um comportamento não-Newtoniano. O estudo desses fluidos é

ainda uma tarefa mais formidável, levando em conta o pouco conhecimento disponível

sobre o comportamento das partículas em líquidos não-Newtonianos (HE et al., 2004),

razão pela qual se tem verificado nos últimos anos um interesse cada vez maior em

avaliar os efeitos da reologia nas polpas, passando-se da fase de observação e

constatação para o estudo.

No caso especifico dos hidrociclones, uma polpa não-Newtoniana apresentará

diferentes viscosidades relacionadas às diferentes posições geométricas no interior dos

ciclones (POSSA, 2000). A viscosidade desempenha um papel significativo na

classificação de partículas utilizando hidrociclones. Uma variação na viscosidade da

mistura altera a velocidade das partículas e as velocidades da mistura dentro do

hidrociclone, afetando diretamente seu desempenho (TAVARES et al., 2002).

Ao longo dos anos foram realizados vários estudos no sentido de otimizar o

desempenho dos hidrociclones, baseando-se em vários fatores que podem ser

classificados como:

• configuração do equipamento, como as dimensões e as proporções entre

elas;

3

• características do material, como: densidade do sólido e do fluido,

viscosidades do fluido, distribuição granulométricas das partículas; e

• configurações operacionais como: vazão de fluidos e concentração de

sólidos na alimentação.

Dentro desse contexto, a avaliação e a caracterização do hidrociclone são

geralmente feitas a partir do tamanho de partícula que corresponde a uma eficiência de

separação de 50% e da relação entre a vazão e queda de pressão (perda de carga).

Na literatura podem ser identificadas as seguintes abordagens na modelagem

matemática de processos de classificação: os modelos fenomenológicos, empíricos e

semi-empíricos. Os modelos fenomenológicos são baseados em princípios básicos do

processo, contendo parâmetros que requerem ser ajustados por ensaios realizados em

laboratório ou em escalas piloto. Destacam-se nessa categoria o modelo de KELSALL

(1952, 1953) e de RIETEMA (1961), os quais foram os primeiros a explicar o

comportamento dos fluxos no interior dos ciclones. Outros modelos desenvolvidos são

os modelos empíricos e semi-empíricos. Esses modelos consistem de um conjunto de

equações de projeto, que muitas vezes têm limitações associadas ao modelo quando

aplicado a sistemas muito específicos. Exemplos desses tipos de modelos são os

modelos de LYNCH e RAO (1975), PLITT (1976), levemente modificado na

publicação de FLINTOFF et al. (1987) e NAGESWARARAO (1995). Esses dois

últimos modelos têm sido amplamente utilizados na indústria mineral, tendo sido

originalmente desenvolvidos para uma faixa relativamente limitada de diâmetros de

hidrociclones (100-380 mm). Sua aplicabilidade para hidrociclones de menor diâmetro

ainda não tem sido adequadamente verificada (NAPIER-MUNN et al., 1996).

4

Esses modelos consideraram de uma forma indireta o efeito da viscosidade

mediante o parâmetro de porcentagem de sólidos, mas os estudos realizados por SHI e

NAPIER-MUNN (1996a) demonstraram que a viscosidade da polpa não somente

depende da porcentagem de sólidos, como também da temperatura, da distribuição de

tamanhos e das características físico-químicas das partículas. Além disso, tem-se

utilizado modelos como os de KAWATRA et al. (1996) e ASOMAH e NAPIER-

MUNN (1997), que introduziram o parâmetro da viscosidade em hidrociclones

operando com polpas a altas taxas de cisalhamento, enquanto os modelos somente são

aplicáveis em polpas com comportamento Newtoniano.

Em função da complexidade do processo de classificação e de todas estas

variáveis envolvidas no mesmo, há a necessidade de se desenvolver um modelo

matemático que permita aos engenheiros de projeto predizer o desempenho de

hidrociclones nas operações de separação na indústria mineral, lidando com polpas

concentradas e considerando os efeitos reológicos presentes.

2. OBJETIVO

O presente trabalho tem por objetivo desenvolver e aprimorar um modelo

matemático semi-empírico capaz de descrever o comportamento e a influência da

reologia de polpas de minério no desempenho de hidrociclones.

No trabalho foram usadas polpas de bauxita, que apresentam um comportamento

reológico não-Newtoniano. A pesquisa leva em consideração a influência das variáveis

operacionais e geométricas dos hidrociclones de pequeno diâmetro, dados com os quais

foi avaliado o modelo que tem como objetivo prever o desempenho de hidrociclones e a

partição de água a partir do comportamento reológico da polpa.

5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Reologia de Polpas

De uma maneira geral a reologia pode ser definida como a ciência que trata do

estudo da deformação e escoamento de materiais deformáveis sob a ação de uma força.

O estudo da deformação e escoamento da matéria envolve os fenômenos da

elasticidade, plasticidade e viscosidade (WHORLOW, 1980; BARNES, 1994). Dentro

dos materiais que se inserem no estudo da reologia têm-se sólidos, líquidos ou gases,

entretanto, também pode ocorrer que um dado material possua características

simultâneas de sólido e de líquido, sendo esta propriedade conhecida como

viscoelasticidade.

Em função da ampla área em está incluía, a reologia se tornou um ramo de

estudo muito importante em muitas áreas de pesquisa, dentre eles, pode-se citar o

tratamento de minérios. Nesse contexto, muito esforço tem sido dedicado ao

entendimento do comportamento das partículas em polpas (minério e água). No caso

dos processos de classificação da partícula ela é particularmente relevante devido à sua

forte influencia no desempenho de classificadores, sendo uma importante ferramenta no

controle dos processos (YUE e KLEIN, 2004).

Na prática, as unidades de processamento mineral tendem a operar próximas dos

limites reológicos, com o intuito de maximizar a capacidade unitária de cada um dos

segmentos do processo. Apesar disto, há ainda relativamente pouca informação sobre

como a reologia afeta o funcionamento destas operações unitárias (YUE e KLEIN,

2004).

PAWLIK e LASKOWSKI (1999) desenvolveram uma metodologia de

caracterização de polpas na qual consideraram importante o balanço de três forças, as

originadas pela difusão Browniana, a interação hidrodinâmica e as forças entre as

6

partículas. A contribuição específica de cada uma dessas forças depende tanto do

tamanho quanto da forma das partículas, assim como da porcentagem de sólidos e das

condições físico-químicas da polpa.

A difusão Browniana é a tendência apresentada pelas partículas de migrarem de

uma região mais concentrada para outra de baixa concentração. A interação

hidrodinâmica é o resultado de um conjunto de forças que agem em diferentes sentidos,

tais como: força peso, força externa aplicada, empuxo e a força de resistência oferecida

pelo fluido à partícula em movimento, a qual depende principalmente da velocidade da

partícula, da magnitude da turbulência no interior do fluido, e da interação com outras

partículas adjacentes ou com as paredes do equipamento que as contém.

Observa-se que a baixas taxas de cisalhamento as forças hidrodinâmicas se

tornam insignificantes em comparação às forças de interação. Por outro lado, para

elevadas taxas de cisalhamento as forças hidrodinâmicas se tornam significativas,

ocasionando a quebra dos agregados (GARCIA et al., 2003).

A fricção exercida pelo equipamento sobre a polpa de minério, força essa que

envolve uma diversidade de fatores entre as mais importantes a resistência que oferece o

fluido a qualquer mudança irreversível de seus elementos de volume, é chamada de

“viscosidade” (SCHRAMM, 2006).

3.1.1 Viscosidade

A viscosidade é a propriedade do fluido que tem de apresentar uma maior ou

menor resistência às tensões cisalhantes, ou seja, é a resistência que oferece o fluido a

qualquer mudança irreversível de seus elementos, determinando assim o comportamento

reológico da polpa.

A medida da viscosidade leva em consideração os parâmetros iniciais do

escoamento no processo em que o fluido esta envolvido. Em função disso, existe a

7

necessidade de procurar as melhores condições para os testes, as quais permitam uma

medida objetiva e reprodutiva das propriedades do fluido (SCHRAMM, 2006).

Sir Issac Newton foi um dos primeiros a realizar estudos do escoamento de um

líquido ideal, descrevendo o comportamento do fluido, no qual se considerou que a

força requerida por unidade de área (F/A) para manter uma diferença de velocidades

entre as placas de mesma área A, é diretamente proporcional à área e ao gradiente de

velocidades (dv/dy), ou à taxa de cisalhamento (γ), através do líquido, como pode se

observar na Figura 3.1.

Figura 3.1- Modelo de escoamento do fluxo entre duas placas paralelas utilizado por Newton.

Se a relação F/A é a tensão de cisalhamento (τ) então a razão entre τ e γ é

denominada viscosidade dinâmica ou aparente µ, a qual é dada pela Equação:

dydv

AF

/

/=µ Equação 3-1

γ

τµ = Equação 3-2

8

sendo τ a tensão de cisalhamento (Pa), γ a taxa de cisalhamento (s-1) e µ o coeficiente de

viscosidade. A unidade mais utilizada para o coeficiente de viscosidade é o mPa.s cuja

correspondência com outras unidades também empregadas é 1 mPa.s = 1cP = 0,001

N.s/m2.

Além da viscosidade aparente tem-se também a viscosidade cinemática (υ) a

qual é analisada com o auxilio de viscosímetros capilares, nos quais a viscosidade é

determinada pela força de gravidade que age como força motriz neste caso. O parâmetro

de importância para o cálculo da viscosidade cinemática é a massa específica da

amostra, como é mostrada na Equação 3-3.

ρ

µυ = Equação 3-3

na qual µ é a viscosidade dinâmica e ρ é a massa específica da amostra em (kg/m3). As

unidades da viscosidade cinemática são: Stokes (St) ou centiStokes (cSt), cuja

correspondência com outras unidades é 1St= 100cSt, e 1cSt = 1 mm2/s.

Por outro lado, o comportamento dos fluidos em relação à sua viscosidade, eles

pode ser classificado em Newtoniano e não-Newtoniano.

3.1.2 Fluidos Newtonianos

São os fluidos que exibem um comportamento ideal, nos quais a viscosidade

permanece constante com o incremento da taxa de cisalhamento. A partir desses fluidos

resulta a viscosidade independente da taxa de cisalhamento, caracterizando-se por

apresentar uma variação linear da tensão de cisalhamento em relação à taxa de

cisalhamento. Exemplos de fluidos representativos desse grupo são a água, o ar e a

gasolina em condições normais.

9

3.1.3 Fluidos não-Newtonianos

São todos os outros fluidos que não exibem um comportamento ideal, isto é, os

valores da viscosidade mudam coma a variação da taxa de cisalhamento.

A resistência oferecida pelos fluidos não-Newtonianos ao escoamento é medida

pela viscosidade aparente (µap), podendo aumentar ou diminuir, de acordo com as

características de cada fluido (FERREIRA et al., 2005). De acordo com a literatura, eles

podem ser classificados dependendo da sua dependência ou não do tempo.

3.1.4 Fluidos independentes do Tempo

Os fluidos não-Newtonianos independentes do tempo são aqueles nos quais a

viscosidade do fluido é função da taxa de cisalhamento. Esses fluidos são classificados

em pseudoplásticos, plásticos de Bingham e dilatantes (Figura 3.2).

Figura 3.2- Tipos de comportamento reológico de fluidos (BAKASHI e KAWATRA, 1996).

10

3.1.4.1 Fluidos Pseudoplásticos

Os fluidos pseudoplásticos se caracterizam pela aparente diminuição da

viscosidade com o incremento da taxa de cisalhamento. O efeito pseudoplástico é o

resultado da orientação, estiramento, deformação e, em alguns casos, da desagregação

das partículas que conformam o fluido, facilitando o escorregamento dos agregados.

Corroborando esta definição, se tem o trabalho de SHAW (1992), que infere que, em

um sistema de agregados (partículas sólidas, mais a fase liquida), submetido a uma

agitação, tem-se o rompimento dos mesmos e a liberação da fase líquida anteriormente

retida nessa estrutura, provocando a diminuição da viscosidade.

A maioria dos fluidos pseudoplástico apresenta um efeito reversível, ou seja,

eles tendem a recuperar sua viscosidade original quando o cisalhamento é reduzido ou

interrompido. Como exemplos têm-se alguns tipos de emulsões e vários tipos de

suspensões.

3.1.4.2 Fluidos Plásticos de Bingham

Este tipo de fluido também é denominado pseudoplástico com tensão de

escoamento. Podem ser classificados tanto como líquidos quanto como sólidos.

Na maioria das vezes este comportamento é apresentado por dispersões que, em

estado de repouso, suas partículas formam uma rede intermolecular, ficando

entrelaçadas, dificultando o escoamento, dando ao fluido uma viscosidade elevada.

O efeito é interrompido com a aplicação de uma força suficientemente alta capaz

de superar a força de reticulação denominada tensão de escoamento ou yield point.

De acordo com NGUYEN e BOGER (1983) este valor representa a transição de

um comportamento sólido para um líquido. Esse é um comportamento que o fluido

adquire devido ao rompimento das ligações intermoleculares, como conseqüência do

11

aumento da taxa de cisalhamento facilitando assim o escoamento do fluido e

diminuindo a viscosidade.

De acordo com CHAVES (1996) esse é o principal tipo de comportamento

observado em polpas minerais em usinas de processamento mineral.

3.1.4.3 Fluidos Dilatantes

São fluidos que depende da taxa de cisalhamento, ou seja, a viscosidade tende a

incrementar com o aumento da taxa de cisalhamento, apresentando um comportamento

inverso aos fluidos pseudoplásticos, sendo este tipo de comportamento associado à

dilatação da polpa. De acordo com SHAW (1992) a causa deste comportamento está

relacionada à grande quantidade de sólidos presentes no sistema, os quais causam a

insuficiência de liquido para preencher todos os vazios, formando partículas densamente

empacotadas, tornando-lho aparentemente mais viscoso.

3.1.5 Fluidos dependentes do Tempo

São os fluidos que guardam relação estreita entre a viscosidade e o tempo, ou

seja, onde a viscosidade varia em função do tempo de aplicação da tensão de

cisalhamento, podendo-se classificar em Tixotrópicos e Reopéticos.

3.1.5.1 Fluidos Tixotrópicos

São sistemas cuja viscosidade diminui com o aumento do tempo, para uma taxa

de cisalhamento constante. Este fenômeno é considerado reversível, pois uma vez

interrompida a tensão aplicada, as ligações estruturais das partículas do fluido são

reconstituídas, produzindo um incremento da viscosidade (SCHRAMM, 2006).

12

Os sistemas apresentam uma característica especial, quando é aplicada uma taxa de

cisalhamento inicial e acrescida gradualmente até um valor máximo e imediatamente depois

esta é decrescida novamente até a taxa de cisalhamento inicial, formando uma curva de

histerese. O valor dessa área define a magnitude da propriedade de tixotropia.

3.1.5.2 Fluidos Reopéticos

Estes são caracterizados pelo aumento da viscosidade com o tempo durante o

cisalhamento. Os comportamentos destes fluidos são completamente opostos àqueles

dos fluidos tixotrópicos. Este efeito pode ser observado na Figura 3.3, apresentando um

sentido de giro anti-horário da curva. Os líquidos reopéticos são de fato, muito raros.

Uma das razões para este comportamento é que o cisalhamento aumenta a

freqüência das colisões entre as moléculas ou partículas dos fluidos, resultando num

aumento dos agregados e, conseqüentemente, num aumento na viscosidade aparente do

fluido (McCLEMENTS, 2005).

Figura 3.3-Tipos de comportamento reológicos dos fluidos dependentes do tempo (SHARMA et al.,

2000).

13

3.2 Modelos de Reologia

A modelagem reológica permite obter uma melhor descrição do comportamento

reológico dos fluidos, cujo conhecimento é importante, e até indispensável no controle

intermediário em linhas de produção, no projeto e dimensionamento dos processos.

O modelo newtoniano é o mais simples, apresentando uma correlação linear

entre a tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento. No entanto, na maioria dos

processos indústrias, as polpas minerais apresentam diferentes comportamentos

reológicos requerendo modelos mais complexos para sua caracterização.

A literatura compreende uma variedade de modelos reológicos, mas a escolha do

modelo depende muito das características dos fluidos. Os modelos mais utilizados nas

suspensões minerais são:

Modelo de Ostwald-De-Waele ou Lei de Potência

np

pk γτ = Equação 3-4

Modelo de Bingham

γηττ p+= 0 Equação 3-5

Modelo de Casson

( ) ( ) ( ) 2/12/10

2/1γηττ p+= Equação 3-6

Modelo de Sisko

n

p aγγητ += Equação 3-7

14

O modelo mais utilizado na caracterização do escoamento de um fluido

(comportamento reológico) é o modelo de Herschel-Bulkley. Ele é baseado na Lei de

Potência sendo expresso por

nh

hk γττ += 0 Equação 3-8

sendo τ a tensão de cisalhamento (Pa) , τo é a tensão limite de escoamento (Pa) e γ a

taxa de cisalhamento (1/s) sendo:

τo = tensão de escoamento, τo = 0 para fluidos Newtonianos,

pseudoplásticos e dilatantes;

k = índice de consistência do fluido sendo:

k = µ para um fluido Newtoniano; e

k = µap /(γ)n-1 para fluidos não – Newtonianos

(µap = τ/γ = k(γ)n-1 ); e

n, np e nh = índice do comportamento reológico do fluido, sendo;

n = 1 para um fluido Newtoniano;

n < 1 para um fluido Pseudoplástico; e

n > 1 para um fluido Dilatante.

ηp = viscosidade plástica; e

a = constantes.

Com o aumento da concentração de sólidos na polpa os parâmetros τo e k tendem

a aumentar. Em conseqüência das maiores concentrações de sólidos a evolução dos

parâmetros τo, k e n se tornam mais significativa em relação às áreas especificas de

superfície do material (GARCIA et al., 2003).

15

De acordo com GARCIA et al. (2003), pode-se deduzir que as propriedades da

suspensão do fluido compreendem não só as propriedades da fase liquida (viscosidade,

densidade), mas também aquelas da fase dispersa (distribuição de tamanho de partícula,

características da superfície, fração volumétrica, etc.), como é ilustrado na Figura 3.4.

Figura 3.4- Evolução dos parâmetros da lei Herschel Bulkley versus tamanho médio de partícula,

(a) Tensão limite de escoamento, (b) índice de consistência do fluido e (c) índice do comportamento

reológico do fluido (GARCIA et al., 2003).

A Figura 3.4 (a) mostra que com o aumento da quantidade de finos começa a

incrementar a tensão limite de escoamento da polpa, passando de um fluido

aproximadamente Newtoniano (n = 1) a um fluido não-Newtoniano. Na Figura 3.4 (c),

tem-se que, à medida que diminui o tamanho de partícula na polpa ela se torna mais

fortemente pseudoplástica, tendo em vista a redução de n. Por outro lado, a redução do

tamanho de partícula na polpa aumenta a tensão de escoamento. Em geral, os

parâmetros τ0 e k têm uma evolução inversamente proporcional à evolução de n, devido

à relação de dependência entre estes.

16

3.3 Importância do comportamento Reológico no Tratamento de Minérios

A reologia desempenha um papel muito importante no tratamento de minérios

devido às frações de partículas finas e ultrafinas que se nos apresentam em diversos

processos da usina. Esta área não era normalmente estudada no passado, devido à

dificuldade em investigar a reologia de suspensões instáveis, juntamente com a falta de

procedimentos estabelecidos para a medida da viscosidade (SHI e NAPIER-MUNN,

1996a).

De acordo com ORTEGA et al. (1997), o estudo do comportamento reológico

depende das seguintes características da polpa, tamanho de partícula, concentração de

sólidos, formato das partículas, efeitos da aglomeração, floculação de partículas,

temperatura e efeitos eletroviscosos.

Nos estudos realizados por DRIESSEN (1951), e FAHLSTROM (1963), foi

demonstrada a relevância da forma da partícula, uma vez que em seus ensaios de

ciclonagem com uma mistura de esferas de 0,36 mm de diâmetro e de discos de 3 mm

de diâmetro e de 0,03 mm de espessura, as espécies apresentaram uma mesma

velocidade terminal. O resultado foi que a recuperação do underflow foi de 5% das

partículas com forma de disco e de 95% de partículas de forma esféricas, concluindo-se,

que as partículas planas apresentaram um tamanho de separação muito mais grosseiro,

como conseqüência da diminuição do tamanho da partícula, ocorreu à diminuição da

ação das forças mecânicas sobre as mesmas, tornando-se significativas as forças

relacionadas aos fenômenos eletrostáticos, somadas àquelas devido à descontinuidade

do meio (viscosidade).

Por outro lado, YUE e KLEIN (2004) demonstram em seus estudos que a

concentração de partículas sólidas e o tamanho interagem para influenciar o

comportamento reológico da polpa, sendo evidente que as propriedades reológicas não

17

são apenas determinadas pela concentração de sólidos, mas também por outras

características físicas (tamanho de partícula), como é mostrado na Figura 3.5.

Figura 3.5- Mudança do comportamento reológico com respeito: (a) concentração de sólidos (b)

tamanho de partícula (Yue e Klein, 2004).

Demonstrando a importância da percentagem de sólidos se tem os estudos

realizados por HEALY et al. (1993), que trabalharam com polpas de pigmentos a

diferentes porcentagens de sólidos, com a mesma taxa de cisalhamento. Eles

descobriram que uma maior porcentagem de sólidos incrementa a viscosidade,

estabelecendo uma relação entre os dois. Confirmando estas conclusões tem-se o

trabalho de SHI e NAPIER-MUNN (1996b), os quais trabalharam com diferentes

concentrações de partículas passantes em 38 µm (20, 50 e 95%) e diferentes

porcentagens de sólidos em volume, obtendo três tipos de comportamento reológicos

diferentes: pseudoplástico, dilatante e plástico de Bingham. Corroborando esses

resultados se tem o trabalho de HE et al. (2006), no qual a influência da concentração

dos sólidos sobre as propriedades reológicas da polpa é significativa. Isso pode ser

observado na Figura 3.6, na qual se observa que o comportamento reológico sofre

transformações que vão desde um fluxo fracamente dilatante até um escoamento

pseudoplástico, em concentrações de sólidos que vão desde 60% até 78,5 % de sólidos.

18

Figura 3.6- Efeito das concentração de sólidos de polpa de limonita sobre suas propriedades

reológicas, para (a) polpas na faixa de 60 a 78,5 %, (b) polpas com porcentagem de sólidos de 60 a

67 % e (c) polpas com porcentagens de sólidos de 70 a 78,5% (HE et al., 2006).

O comportamento fracamente dilatante das polpas com percentagens de sólidos

inferiores a 65% se deve à diluição da polpa, que faz com que a distância entre as

partículas seja tão grande que as partículas da polpa do calcário não são submetidas às

força de atração de Van der Waals, tendendo até a apresentar um movimento individual

livre. Fenômenos semelhantes foram observados em polpas de galena (PRESTIDGE,

1997) e esfalerita (MUSTER e PRESTIDGE, 1995).

Outro efeito de importância para o estudo do comportamento reológico é a

temperatura, como se pode observar na Figura 3.7. A figura mostra resultados de

estudos realizados numa faixa de temperaturas de 20°C a 70°C. Observou-se que, em

temperaturas maiores a 50°C, ocorreu uma mudança no comportamento reológico das

19

suspensões de dióxido de titânio, em taxas de cisalhamento superiores a 10 s-1, passando

de pseudoplástico para dilatante (YANG et al., 2001).

Figura 3.7- Efeito da temperatura sobre a viscosidade de suspensões de dióxido de titânio (YANG et

al., 2001).

Um outro efeito que pode afetar a viscosidade da polpa é o eletroviscoso, o qual

está relacionado ao fato das partículas apresentarem uma dupla camada elétrica que se

desenvolve quando estão imersas em um líquido. A interface formada entre o meio

líquido e a dupla camada elétrica é denominada plano de cisalhamento, onde é medido o

potencial zeta (ζ) que indica a magnitude da força repulsiva entre as partículas do meio

(HE et al.,2004).

No trabalho realizado por HE et al. (2004) observara que, quanto maiores os

valores do potencial zeta, maior é a carga superficial da partícula e, conseqüentemente,

maior será a repulsão entre as mesmas, indicando uma suspensão mais estável.

3.4 Medições do comportamento reológico de polpas

Na atualidade a medição do comportamento reológico de polpas é realizada de

forma direta usando viscosímetros ou reômetros. Na escolha dos mesmos é importante

20

levar em consideração as faixas de viscosidade e, as faixas de taxas de cisalhamento

necessárias para o trabalho. Além disso, é muito importante levar em consideração a

natureza do fluido a ser analisado; se apresenta alta ou baixa viscosidade, a dependência

da temperatura na viscosidade. A precisão do aparelho é outra consideração que se tem

de levar em conta na escolha do equipamento.

No caso de suspensões de minérios provenientes das operações minerais e metal,

como a moagem e a classificação, onde as polpas se caracterizam por apresentar uma

alta taxa de sedimentação, se torna ainda mais importante a adequada seleção do

aparelho e procedimento a ser usado na análise da reologia da polpa.

Atualmente, entre os reômetros e viscosímetros comercialmente disponíveis na

indústria estão basicamente os de tubo capilar, e os rotacionais, dentro dos quais estão o

tipo cilindro coaxiais e, por outro lado, os viscosímetros on-line do tipo esfera

vibratórios. (HE et al., 2004).

O viscosímetro capilar não permite variar a tensão de cisalhamento, de maneira

que não é adequado para a análise da viscosidade de líquidos não-Newtonianos, sendo

úteis para líquidos Newtonianos de baixa viscosidade.

Na maioria dos casos na determinação dos parâmetros reológicos de fluidos não-

Newtonianos, dentre os quais as suspensões minerais, são usados viscosímetros

rotacionais, sendo que estes equipamentos possuem uma variedade de geometrias como

elemento sensor, como é o caso do tipo cilindro coaxial, cone-placa e placas paralelas.

Eles são denominados rotacionais por que uma das partes gira em relação à outra,

produzindo o cisalhamento no fluido. A viscosidade é medida pela velocidade angular

necessária para produzir um determinado torque. Por outro lado se tem os viscosímetros

on-line do tipo esfera vibratória, utilizados na maioria dos casos em escala industrial.

21

Com o objetivo de incrementar a capacidade de medição dos viscosímetros

rotacionais coaxiais, esforços têm sido realizados no sentido de contornar dificuldades

associadas à sedimentação e deslizamento da superfície do rotor. O resultado foi

desenvolvimento de um rotor com formato de hélice denominado Vane, formato esse

que auxilia na homogeneização da polpa durante o ensaio (MARQUEZ et al., 2006).

Adicionalmente, foi desenvolvido um viscosímetro de medição on-line de

polpas, constituído por corpo e rotor, pela Debex, o qual foi testado pelo Julius

Kruttschnitt Mineral Research Centre (JKMRC) (SHI e NAPIER-MUNN, 1996).

Também existem viscosímetros especiais, os quais empregam a técnica de vibração

ultrasônica de um corpo, como os da Bendix Ultraviscoson, Nametre, e Automation

Products Dynatrol (BAKSHI e KAWATRA, 1996).

3.5 Classificação

A classificação é o mais importante processo unitário em diversas etapas do

processamento mineral, consistindo em separar uma população de partículas iniciais

(alimentação) em duas outras populações, que diferem entre si pela distribuição relativa

dos tamanhos das partículas que as constituem e, pela sua vez, pela diferente velocidade

de sedimentação em um meio fluido. A água é o meio mais freqüentemente utilizado

dentro dos processos de classificação, enquanto o ar em poucos casos.

Os produtos da separação estão constituídos, por partículas com velocidade de

sedimentação menor que a velocidade do fluido, representado pelas partículas finas

(chamado overflow), e outro constituído de partículas com velocidade de sedimentação

maior que a velocidade do fluido, formado predominantemente por partículas mais

grosseiras (chamado underflow).

22

A sedimentação é produzida pela diferença dos movimentos relativos do fluido

apresentados pela diversidade de tamanhos e pelas forças atuantes sobre as partículas,

quando estas se encontram submersas. Além disso, a sedimentação também é

influenciada pela forma da partícula, a densidade da partícula e a do líquido, bem como

a concentração de sólidos e a viscosidade da suspensão.

Diante isto, se tem as forças que favorecem o movimento da partícula e as forças

que se opõem a este movimento. Dentre as forças que agem sobre a partícula e que são

capazes de produzir uma aceleração se encontram as forças do campo, podendo ser a

gravitacional, a centrífuga e a eletrostática e, em contraposição, se tem a força de

arraste, que é a principal força que se opõe ao movimento da partícula, produzida pela

resistência do fluido.

CARRISSO e CORREIA (2004) propuseram que essa força de resistência

oferecida pelo fluido é baseada na diferença de velocidades de sedimentação. Observa-

se que a baixas velocidades, um movimento suave é produzido, pois a camada de fluido

em contato com as partículas move-se conjuntamente com elas, enquanto o fluido

permanece constante, sendo chamado de regime laminar. Por outro lado, quando as

velocidades são altas, a principal resistência é atribuída à perturbação do fluido

dificultando o movimento das partículas, sendo chamando de regime turbulento. Com

base nisso podem-se determinar duas formas de sedimentação da partícula, apresentadas

a seguir.

3.5.1 Sedimentação da partícula esférica em queda livre

Nos diferentes processos de classificação observa-se que, independente do tipo

de regime presente, a aceleração da partícula tende a decrescer com o passar do tempo,

adquirindo uma velocidade constante de sedimentação chamada de velocidade terminal,

23

conseqüência da resistência oferecida pelo fluido. A resistência que o fluido oferece é

muito bem expressada pela seguinte equação:

2

2

1VACF Ldd ρ=

Equação 3-9

sendo:

Fd = força de resistência ou arraste (kg.m/s2),

Cd = coeficiente de arraste, função de forma da partícula e do tipo de

regime do escoamento (adimensional),

ρL = massa específica do líquido (kg/m3),

A = área projetada da partícula (m2), e

V = velocidade relativa partícula/fluido (m/s).

De acordo com a literatura a força de resistência é composta por duas

componentes: a resistência superficial, denominada também de resistência viscosa e a

resistência de forma, sendo esta última a resultante do atrito produzido da partícula com

o escoamento do fluido e pela influência da partícula em função da geometria devido ao

gradiente de pressão, em decorrência de seu movimento.

A velocidade terminal é atingida quando as forças que atuam sobre a partícula

(gravitacional e de resistência oferecida pelo fluido), tornam-se iguais. No entanto, na

presença de altas velocidades a principal resistência é atribuída à perturbação oferecida

pelo fluido sobre a partícula, característica que é comum nas polpas no regime

turbulento.

24

A velocidade terminal pode ser calculada com base a Lei de Newton, cuja

velocidade terminal, para uma partícula esférica de diâmetro d e volume πd3/6, é:

( )

Ld

Lsis

C

gdv

ρ

ρρ

3

4 −= Equação 3-10

onde:

vs = velocidade terminal de sedimentação (m/s),

di = tamanho ou diâmetro da partícula (µm), e

ρs = densidade do sólido (kg/m3).

3.5.2 Sedimentação da partícula esférica em queda retardada (impedida)

O processo de sedimentação em queda retardada refere-se ao movimento das

partículas em uma polpa, onde o movimento da partícula estará ligado aos movimentos

das demais e ao deslocamento da água produzido por elas mesmas. À medida que

aumenta a quantidade de partículas, aumentam também as colisões entre as partículas,

originando diferentes trajetórias provocadas pelos movimentos das demais partículas e

pelos deslocamentos da água através dos espaços entre elas, fazendo com que as

partículas adquiram uma velocidade terminal, mais baixa que a velocidade em queda

livre (CARRISSO e CORREIA, 2004).

Fazendo uma modificação na Lei de Newton aplicada para polpas em queda

livre pode-se obter a seguinte equação para a velocidade de sedimentação em queda

retardada.

25

( )pd

psi

sC

gdv

ρ

ρρ

3

4 −=

Equação 3-11

sendo, ρp a massa específica da polpa.

3.6 Hidrociclone

O hidrociclone é um tipo de separador industrial, utilizados há mais de 50 anos.

Devido à sua versatilidade, baixo custo e fácil operação é amplamente difundido nas

áreas tanto química quanto petroquímica, destacando-se na separação de líquidos

imiscíveis, como é o caso da lavagem de sólidos, e clarificação e a desgaseificação de

líquidos (PERTERSEN et al., 1996). Originalmente, os hidrociclones foram projetados

para promover a separação de sólido-líquidos (CASTILHO e MEDRONHO, 2000),

porém hoje além de serem amplamente utilizados na separação sólido-sólido (KLIMA e

KIM, 1998), eles também encontram aplicação na separação líquido-líquido (SMYTH e

THEW, 1996) e gás-líquido (MARTI, 1996). Entretanto a maior aplicação do

equipamento encontra-se na indústria de extração e processamento mineral, tanto na

separação sólido-líquido quanto na separação de partículas por diferença de tamanho ou

massa específica (KAIPRECH et al., 2005), destacando-se nos processos de moagem

em circuito fechado e, na remoção de partículas menores que 10µm (operação de

deslamagem) previamente às operações de flotação (SAMPAIO et al., 2007).

Na maioria dos processos de tratamento de minério os ciclones são alimentados

com uma polpa de minério, obtendo como produtos o undeflow e overflow. O

equipamento é constituído basicamente por uma câmara cilíndrica, com um

determinado diâmetro (Dc), interno ao revestimento, que contém uma entrada tangencial

por onde é injetada a alimentação a uma dada pressão, denominada inlet, com um

26

determinado diâmetro (Di). Na secção cilíndrica do hidrociclone encontra-se umas das

saídas localizadas no topo na parte central, denominado vortex finder, de diâmetro Do,

pela qual é descarregado o produto fino da classificação (overflow). Esta seção

cilíndrica é acoplada a um cone invertido, que possui em seu vértice a outra saída,

denominado apex, com um diâmetro (Du), através da qual é descarregado o produto

grosseiro (underflow).

Outras dimensões características do equipamento são a distância compreendida

entre as extremidades inferior do vortex finder e superior do apex, denominada altura

livre h, sendo o comprimento total do ciclone L e o comprimento da seção cilíndrica Lc

(RAJAMANI e DEVULAPALLI, 1994). A Figura 3.8 apresenta um diagrama

esquemático do hidrociclone.

Figura 3.8- Diagrama esquemático do hidrociclone (CARRISSO e CORREIA, 1998).

27

O processo de separação dentro dos hidrociclones é originado pela injeção

tangencial da alimentação a uma determinada pressão no topo da seção cilíndrica do

hidrociclone, induzindo o fluido a realizar um movimento rotacional, como

conseqüência das acelerações centrífugas atuantes diretamente sobre as partículas

presentes no meio, forçando-as a moverem-se em direção à parede do equipamento

(SVAROVSKY, 1990). Esse movimento é realizado principalmente por partículas com

diâmetros maiores, sendo descarregadas pelo apex, e de modo contrário às partículas de

diâmetros menores, as quais são deslocadas para a região central do hidrociclone,

formando um fluxo ascendente no interior do ciclone devido à presença do núcleo de ar

no eixo central do equipamento.

3.6.1 Escoamento do fluido no hidrociclone

Os primeiros estudos experimentais dos fluxos padrões em ciclones foram

realizados por KELSALL (1952, 1953). Com a ajuda de um microscópio acoplado a

pequenos hidrociclones transparentes, alimentados com partículas finas de alumínio

diluídas, foi capaz de observar que alguns objetos realizaram movimentos rotacionais.

O fluxo em um hidrociclone é comumente descrito como a combinação de dois

fluxos helicoidais. Um dos fluxos é descendente, em direção ao apex, formado em sua

maioria pelas partículas mais grossas presentes na suspensão (underflow). Devido à

pequena abertura do apex só uma parte desse fluxo é descarregado, fato pelo qual o

fluxo restante forma um vórtice ascendente interno, possibilitando, com isso, a sua saída

pelo vortex finder, que é formado essencialmente pelas partículas finas em suspensão

(FLINTOFF et al., 1987). Isso pode ser visto na Figura 3.9.

Pela intensidade dos campos centrífugos, há a formação de um núcleo de ar no

eixo central no corpo do equipamento, que se estende desde o vortex finder até o apex.

28

Para que ocorra a formação desse núcleo, o campo centrifugo deve ser muitas vezes

mais intenso do que o campo gravitacional.

Outro efeito, que é a fricção das paredes dentro do hidrociclone, faz com que

ocorra a formação de um fluxo lento na forma de remoinho, devido ao atrito contra a

parede superior do hidrociclone. Por outro lado, tem-se o fluxo do curto circuito,

causado pela combinação de elevada pressão e baixa velocidade tangencial, sendo

ambos os fluxos desenvolvidos na área compreendida entre a base do vortex finder e a

parede superior do hidrociclone (no teto) (BERGSTROM e VOMHOFF, 2006).

O efeito do curto circuito faz com que as partículas sejam descarregadas

diretamente pelo vortex sem sofrer qualquer tipo de classificação (KELLY e

SPOTTISWOOD, 1982), o que afeta diretamente o desempenho do equipamento.

Figura 3.9- Ilustração dos fluxos dentro do hidrociclone convencional.

29

Apesar do equipamento apresentar grande simplicidade em sua estrutura, o

escoamento das partículas em seu interior é bastante complexo (BAKASHI e

KAWATRA, 1996). O escoamento pode ser explicado pelas componentes de

velocidade: axial ou vertical, radial e tangencial.

3.6.1.1 Velocidade tangencial

A velocidade tangencial é a que dá origem à força centrifuga, ao balanço de

forças para a classificação e à força de arraste gerada pela velocidade radial. Uma das

características desta velocidade é que ela também ajuda a manter liberada de acúmulos

de sólidos as paredes do ciclone. Em função de todas estas características ela tem sido

estudada com freqüência (BERGSTROM e VOMHOFF, 2006).

KELSALL (1952) mediu a distribuição da velocidade tangencial e identificou

dois comportamentos diferentes da velocidade, a primeira que começa na parede do

ciclone, onde a velocidade aumenta com a diminuição do raio até atingir um valor

máximo definido pela equação:

=srvθ Equação 3-12

O segundo comportamento da velocidade começa tão logo o ponto máximo da

velocidade tangencial seja alcançado para depois diminuir rapidamente em direção ao

interior do vortex finder e às paredes do ciclone, sendo calculada pela equação:

=−1rvθ Equação 3-13

constante

constante

30

sendo vθ, a velocidade tangencial, r o raio, e s é uma constante determinada

experimentalmente ( s <1).

Nos estudos realizados por BERGSTROM e VOMHOFF (2006) observou-se

que o valor do parâmetro n varia em função da geometria do ciclone, como também

com a presença do núcleo de ar na seção central do equipamento. Assim pode-se citar o

trabalho de YOSHIKA e HOTTA (1955), onde foi estudada a velocidade tangencial em

polpas diluídas em presença do núcleo de ar no centro do hidrociclone, obtendo valores

para n de 0,8. Em um trabalho posterior realizado por KNOWLES et al. (1973), foram

obtidos valores mais baixos para n, de 0,2 e 0,4. Isso pode ser parcialmente atribuído ao

fato que eles operaram um ciclone sem o núcleo de ar, fato que influencia

substancialmente o campo de fluxo.

De acordo com a literatura a velocidade máxima tangencial guarda uma relação

direta com a geometria do ciclone. Estudos de KELSALL (1952) sugeriram que a

velocidade tangencial no hidrociclone é atingida para Dc/16,7, entretanto LILGE (1962)

e HEISKANEN (1993) sugerem que isso ocorre em Dc/12.

Estudos mais recentes têm destacado principalmente o uso do método de Laser

Doppler velocimeter (LDV) ou Laser Doppler Anemometry (LDA), técnica que é usada

para medir a direção e a velocidade do fluido. Entre eles pode-se citar o trabalho de

HSIEH e RAJAMANI (1988), que mostraram que a velocidade tangencial máxima é

alcançada em lugares geométricos onde ela permanece constante, ou seja, onde as forças

centrífugas são aproximadamente constantes para raios constantes. Esses são

localizados na seção cilíndrica logo abaixo do vortex finder para Dc/10,5 e mais para

baixo em Dc/14,9.

Outra relação foi proposta por BRADLEY e PULLING (1959), que propuseram

uma relação entre a velocidade de alimentação da polpa e a velocidade tangencial,

31

concluindo que a velocidade da polpa vp diminui ao ingressar na seção cilíndrica do

hidrociclone em um parâmetro de redução (Ζ), calculado experimentalmente,

convertendo se em velocidade tangencial vθ, definido pela seguinte equação:

pvvZ /θ= Equação 3-14

A partir das observações dos estudos anteriores, LLIGE (1962) propôs uma

relação do parâmetro de redução Ζ, em função da geometria do ciclone, determinada

pela equação

131

54,

c

i

D

D,Z

= Equação 3-15

Seguindo o mesmo postulado, em um estudo posterior BRADLEY et al. (1965)

propuseram uma outra relação de Ζ, dada pela expressão:

c

i

D

D,Z 73= Equação 3-16

Estudos demonstraram que o parâmetro de redução Ζ, aumenta com o aumento

da plasticidade em polpas, cujo comportamento reológico pode ser expresso pela Lei de

Potência (UPADRASHTA et al., 1987).

32

3.6.1.2 Velocidade vertical ou axial

Componente de velocidade responsável pela descarga das partículas no

hidrociclone, influenciando indiretamente o balanço das forças da classificação.

Medições dos perfis da velocidade axial efetuados por KELSALL (1952) e realizados

em diferentes níveis na vertical determinaram que a velocidade vertical aumentava no

sentido das paredes do ciclone e diminuía em direção ao núcleo de ar na parte central do

equipamento, fazendo com que as partículas localizadas próximas às paredes do ciclone

tendem a direcionar-se para o apex, formando uma camada limite, cuja espessura

depende da concentração de sólidos presentes na alimentação (BLOOR et al., 1980).

Os estudos de KELSALL também determinaram a existência de uma zona morta

onde a velocidade vertical do fluido é zero, denominada envelope de velocidade vertical

zero (EVVZ), apresentando uma forma de cilindro com terminação cônica. O local se

origina em decorrência do fato que, nessa região, as partículas se encontram

balanceadas pela ação das forças centrífuga e de arraste, conformado por tamanhos de

partícula com as mesmas probabilidades de se dirigir para um dos produtos. Segundo o

relato de HEISKANEN (1993), o EVVZ segue o contorno do ciclone, se direcionando

no sentido da secção cônica até atingir uma cota de 0,7 Dc (Figura 3.10).

Figura 3.10- Ilustração do envelope de velocidade vertical zero no hidrociclone (BRADLEY e PULLING, 1959).

33

Entretanto, BHATTACHARYYA (1984) afirma que a formação do EVVZ é

influenciada pelo comprimento do vortex finder, caso este seja maior do que 0,6 Dc.

3.6.1.3 Velocidade radial

A velocidade radial é provavelmente a componente de maior importância no que

diz a respeito aos mecanismos da classificação (BERGSTROM e VOMHOFF, 2006).

Essa velocidade é originada pela parte do fluido que não pode ser descarregada pelo

apex, formando um fluxo interno na direção do vortex finder para sua descarga, devido

ao fato que é a menor componente de velocidade em termos absolutos em relação à

tangencial e axial, tornando difícil a sua medição.

KELSALL (1952) apresentara perfis de velocidade radial em diferentes níveis

verticais que foram calculados em base na suas medições das velocidades tangencial e

axial, determinando que o valor máximo da velocidade radial se obtém nas paredes do

ciclone para logo diminuir em direção ao centro. No mesmo trabalho ele comentou que,

uma inspeção visual na área posicionada logo abaixo do vortex finder, apresentara

velocidades radiais muito elevadas.

3.7 A curva de partição

As curvas de partição representam o desempenho dos classificadores em termos

de separação de tamanhos ou recuperação dos sólidos. Elas permitem determinar a

percentagem de massa da alimentação, contida em cada classe de tamanhos, que é

direcionada para um dos produtos (underflow ou overflow). Ela também é denominada

como curva de distribuição, de desempenho, de eficiência ou, ainda, curva de Tromp.

No caso de uma separação ideal as duas populações obtidas da classificação

deveriam ser uma fina e outra grossa, mas na prática, isso não ocorre, sendo partículas

34

finas encontradas no underflow e partículas grossas no overflow, deduzindo-se que a

classificação não é perfeita. Além disso, na realidade se tem a presença do curto-

circuito, característica presente em quase todos os classificadores. Esse fenômeno é

denominado by-pass, α, o qual corresponde à fração de partículas da alimentação que

não sofrem classificação e dirigem-se diretamente ao underflow (FRACHON e

CILLIERS, 1999). Na prática, a maioria dos casos o curto-circuito das partículas finas

para o produto grosseiro é significativo, como se pode apreciar na Figura 3.11.

Figura 3.11- Curvas de partição típicas do hidrociclone, ressaltando os diâmetros medianos de corte (TAVARES, 2004).

O processo de classificação é representado pelas curvas de partição real e

corrigida. A curva de partição corrigida é determinada uma vez descontado o efeito de

curto circuito ou by-pass (Figura 3.11). Os parâmetros que caracterizam a operação de

separação de tamanhos são d50 e d50c, os quais são o tamanho de partícula no qual o

classificador corta a população de partículas com o 50% de probabilidade de se dirigir tanto

para o underflow como para o overflow, sendo denominados de diâmetros medianos de

corte ou diâmetros medianos de partição real e da partição corrigida, respectivamente. No

35

caso da curva de partição corrigida o d50c, é o tamanho para o qual e (dp) é 0,5, sendo que

este parâmetro é obtido uma vez que o efeito do fluxo do curto circuito foi eliminado.

O processo de classificação do equipamento é descrito pela função de classificação

corrigida e o curto-circuito,

)()1()( dpedC p αα −+= Equação 3-17

sendo, e(dp) a função corrigida de classificação e c(d

p) a função real de classificação.

No entanto apenas os valores d50 e d50c não descrevem adequadamente a qualidade

da separação, obtendo-se na prática que diferentes processos de classificação podem

apresentar os mesmos valores de d50 e d50c. Diante disso, TERRA (1938) determinou outro

parâmetro que permite calcular a eficiência da classificação, estimada mediante a relação:

50

2575

2d

ddI

−= Equação 3-18

sendo, I proporcional ao coeficiente angular da reta que liga os pontos do tamanho de

partícula que tem a mesma chance de 25 e 75 %, respectivamente, de se dirigirem para o

underflow, definidas por d25 e d75. Quanto mais próximo de zero o valor de I, melhor a

eficiência do processo.

Observa-se ainda na realidade que qualquer que seja o processo de classificação, a

curva de partição não passa pela origem, apresentando o efeito de by-pass. Esse fenômeno

foi estudado por diversos autores, entre eles, KELSALL (1953) que determinou uma

relação entre o by-pass e as frações de água, afirmando que o by-pass é diretamente

proporcional à fração de água alimentada que é reportado ao underflow (Rf), definida como:

36

aa

auf

Q

QR = Equação 3-19

sendo:

Qaa = vazão de água na alimentação (m3/h), e

Qau = vazão de água no produto underflow (m3/h).

No mesmo trabalho, ele propôs uma equação para o cálculo da curva de partição

corrigida, levando em consideração o Rf , sendo definida como:

f

fobs

R

Rdpedpe

−=

1

)()( . Equação 3-20

De acordo com a literatura, o modelo mais utilizado para o ajuste da curva foi

proposto por PLITT (1971) cuja função é do tipo Rosin-Rammler, tendo sido também

proposta independentemente por REID (1971), definida como:

−−=

m

cd

d,e(dp)

50

6930exp1 Equação 3-21

sendo m o parâmetro que caracteriza a qualidade ou precisão de separação, variando

normalmente de 1,5 a 3,5. Quanto maior o valor de m, maior será a precisão da

separação. Normalmente as curvas de partição apresentam a configuração apresentada

na Figura 3.11, mas podem ser observados casos em que um efeito, denominado anzol,

ou fish hook, aparece na região das partículas finas (Figura 3.12). Graças aos avanços

tecnológicos na última década é agora possível a determinação da distribuição de

tamanhos de partículas ultrafinas menores que 10 µm, sobretudo com o auxílio de

37

equipamentos modernos de difração a laser, como o MasterSizer da MALVERN e o

MICROTRAC. A partir desses dados, obtidos com a desaglomeração completa das

partículas, tem-se evidenciado esse efeito na curva de partição (NAPIER-MUNN et al.,

1996).

Figura 3.12- Curva de eficiência onde se observa o efeito “Fish Hook” (NAGESWARARAO, 2000).

Em estudos realizados por BROOKES et al. (1984) e ROLDÁN e VILLASANA

(1993), os quais realizaram uma serie de ensaios sob condições similares, a presença do

fenômeno foi observada em 30% de um total de 48 ensaios, de maneira que os autores

concluíram que o fish hook é um fenômeno de ocorrência aleatória. De acordo com

NAPIER-MUNN et al. (1996), em alguns casos o efeito anzol aparece devido a erros de

amostragens ou de análises granulométricas. Por outro lado, NAGESWARARAO

(2000) afirma que a presença do fenômeno não é muito bem estabelecida, podendo

38

ocorrer devido ao efeito de camada limite sobre as partículas mais finas, fazendo com

que elas sejam arrastadas junto com as partículas mais grossas.

Ainda assim, NAPIER-MUNN et al. (1996), propuseram um modelo empírico,

aplicado para explicar este efeito pela modificação do modelo previamente proposto por

Whiten, sendo dado por:

−+

−+−=

2)exp()exp(

)1))(exp(1(1 *

*

ααϕ

αϕϕ

X

XCe Equação 3-22

onde e é a fração da alimentação que reporta ao underflow, C é a fração da alimentação

que é sujeita à classificação, ou seja, um menos a fração de by-pass, α é o parâmetro de

eficiência da curva, φ é o parâmetro do anzol e φ* é o parâmetro que mantém a

definição d= d50c quando e =1- 0,5C. A equação utiliza a definição o tamanho de

partícula reduzido, dado por X = dp/ d50c, na qual dp é o tamanho de partícula. Quando a

curva de partição não apresenta o efeito de anzol, o parâmetro φ se torna igual a zero e o

parâmetro φ* = 1, obtendo a equação:

−+

−−=

2)exp()exp(

)1)(exp(1

αα

α

XCe Equação 3-23

Por outro lado LYNCH e RAO (1975) apresentaram uma equação desenvolvida

por Whiten, onde ele mostra que a curva de partição reduzida é independente das

dimensões do ciclone e das condições operacionais para uma dada alimentação. Esses

autores presumiram similaridade entre os diferentes tamanhos dos hidrociclones,

representando esta variabilidade do processo pelo parâmetro α. A equação de Whiten

39

utilizada no modelamento de Lynch e Rao, para descrever a curva de partição reduzida,

é dada por

( )[ ]

−+

−=

2)exp()exp(

1exp

αα

α

X

Xe Equação 3-24

onde o parâmetro α, segundo HSIEH e RAJAMANI (1991), decresce com o aumento da

viscosidade da polpa. Mais recentemente ASOMAH et al. (1997), concluíram que α

varia com as condições operacionais e as dimensões do ciclone.

3.8 Efeito da viscosidade em hidrociclones

Em função do aprimoramento do estudo do desempenho do hidrociclone,

diferentes pesquisadores enfocaram seu estudo no comportamento da polpa de minério

dentro do ciclone. Dentre eles pode-se citar o trabalho de KAWATRA et al. (1996), no

qual os autores concluíram que a variação da viscosidade em polpas que variam de 19 a

40 % de sólidos em massa não apresenta um efeito significativo na curva de partição

reduzida, embora provocasse uma maior diferença entre os valores de d50 e d50c. No

mesmo trabalho eles apresentaram uma equação relacionando a taxa de cisalhamento

com parâmetros operacionais e a geometria do ciclone, definida como:

=

+n

a

cir

rZnv1

1γ Equação 3-25

sendo n e Z parâmetros determinados experimentalmente das Equação 3-12 e Equação

3-14, respectivamente, e

40

vi = velocidade do inlet (cm/s),

rc = raio do ciclone (cm),

r = distância radial a partir do eixo de simetria (cm).

DYAKOWSKI et al., (1994) e ASOMAH e NAPIER-MUNN(1997)

determinaram que a maior concentração das partículas era encontrada em lugares que

apresentam altas taxas de cisalhamento devido ao incremento da viscosidade com a

redução da pressão.

Um dos grandes problemas para incorporar o parâmetro de viscosidade aparente

no beneficiamento das polpas não-Newtonianas é a determinação do lugar geométrico

do equipamento onde ocorre o processo da separação ou classificação no interior do

ciclone. Nos estudos realizados por TAVARES et al. (2002), considerou-se que o lugar

geométrico onde ocorre o processo de classificação é o envelope de velocidade vertical

zero (EVVZ).

3.9 Teorias de Classificação em Hidrociclones

A maioria dos modelos que buscam descrever a eficiência da separação das

partículas e quedas de pressão está baseada geralmente em um ou mais das seguintes

teorias:

3.9.1 Órbita de Equilíbrio

De acordo com esta teoria, as partículas atingem um equilíbrio radial na posição

do ciclone onde a magnitude da velocidade terminal é igual à velocidade radial do

líquido. Isso significa que, se os fluxos têm direção externa às partículas, essas serão

direcionadas às paredes do ciclone, em direção ao underflow. Se o balanço de forças

41

tem sentido para o interior do ciclone, as partículas serão dirigidas junto com o líquido

em direção ao overflow (CHEN et al., 2000).

Este equilíbrio é obtido quando as forças centrífugas e de arraste atuantes sobre a

partícula adquirem o mesmo módulo, como se pode verificar na Figura 3.13.

considerando um fluxo de regime laminar de sedimentação para partículas esféricas, a

força centrifuga pode ser descrita como:

( )r

vdF t

Lsi

c

23

6ρρπ −= Equação 3-26

onde:

Fc = força centrífuga,

vt = velocidade periférica, e

r = raio da trajetória.

42

Figura 3.13- Ilustração da órbita de equilíbrio de uma partícula dentro do hidrociclone (a) vista do

topo, (b) vista lateral (KAWATRA, 1996).

Considerando um regime laminar, baseado na Lei de Stokes, a força de arraste

sobre uma partícula pode ser expressa como:

rd vdF µπ3= Equação 3-27

onde vr é a velocidade radial.

De acordo com HEISKANEN (1993), há muitos autores que afirmam que a

existência de um fluxo turbulento de pequena magnitude no interior do ciclone pode ser

confundido com um fluxo laminar ou com a presença do envelope de velocidade

vertical zero.

43

Diante disso, conforme é relatado por HEISKANEN (1993) alguns autores

decidiram fazer a medição do envelope de velocidade vertical zero, no interior do

ciclone, com a ajuda de sistema de velocimetria por laser doppler.

3.9.2 Tempo de Residência

Esta teoria parte do princípio de que todas as partículas se encontram

homogeneamente distribuídas pela seção transversal ao eixo do ciclone e que o tempo

de residência das partículas dentro do ciclone varia de acordo com suas próprias

características. COHEN et al. (1966) observaram que o maior tempo de residência está

associado a partículas que apresentam tamanhos próximos ao de corte do hidrociclone.

A distribuição do tempo de residência das partículas contidas em uma dada

classe de tamanhos de partículas é aleatória e pode ser atribuída à turbulência na polpa

da alimentação. Os tempos de permanência das partículas muito grossas dependem

muito do atrito com as paredes, das características das mesmas e do nível de interação

entre as partículas próximas ao orifício do apex (HEISKANEN, 1993).

RIETEMA (1961) observou que o número de Reynolds dentro do ciclone era

muito baixo, validando a Lei de Stokes na separação das partículas. Ele ainda concluiu

que as partículas com diâmetro d50 injetadas próximas ao topo da seção do inlet serão

diretamente descarregadas pelo overflow, e os injetados na seção mediana e inferior do

inlet eram descarregadas no underflow. Diante disso, obteve a seguinte expressão para o

d50:

( )

it

cv

vL

Ls

Dv

Dv

Q

PLd

πµρ

ρρ 18250 =

∆− Equação 3-28

44

sendo:

L = comprimento do ciclone (cm),

∆P = queda pressão (N/m2), e

Qv = vazão da polpa em volume da alimentação (L/min).

A razão (vv/vt) é praticamente constante para cada tipo do hidrociclone, acima de

pequenos valores de numero de Reynolds, sendo denominada um número característico

do ciclone.

Um fator que influencia no incremento do tempo de residência é dado pela

geometria do hidrociclone, de maneira que quanto maior o comprimento da seção

cilíndrica e maior o ângulo, maior é o tempo de residência das partículas dentro do

ciclone, provocando uma classificação mais fina (SAMPAIO et al., 2007). Na prática o

comprimento da seção cilíndrica do ciclone tem sido escolhido como sendo equivalente

ao diâmetro.

3.9.3 Balanço Populacional

FAHLSTROM (1963) propôs que o desempenho da classificação em

hidrociclones é determinado pela capacidade da descarga do apex, e pela sua

distribuição granulométrica. O orifício do underflow (apex) representa numa barreira

para a passagem das partículas, fazendo com que as partículas restantes sejam

descarregadas pelo vortex finder. Dessa maneira a abertura do apex representa uma

limitação para a descarga de algumas partículas junto pela ação da força centrífuga,

fazendo com que a probabilidade que uma partícula passe pelo underflow é determinada

pelo seu tamanho e densidade.

45

3.10 Influência das variáveis operacionais e de projeto

O entendimento da operação e a previsão de desempenho dos hidrociclones em

geral podem ser realizados utilizando equações de projeto, as quais utilizam uma

variedade de variáveis do equipamento e do processo. A seleção dessas variáveis é

normalmente complexa, devido à forte inter-relação de vários dos parâmetros que

influenciam o desempenho de hidrociclones. De acordo com muitos autores as variáveis

mais utilizadas na previsão do desempenho de ciclones são determinadas pela geometria

do ciclone, variáveis operacionais e de projeto. Equações importantes nesse contexto

são as que estabelecem a relação entre a capacidade e a queda de pressão, a recuperação

do fluxo de água no underflow, o tamanho de corte corrigido e a função classificação,

definidos a seguir.

3.10.1 Tamanho de corte

O parâmetro de maior relevância representa o tamanho da partícula que tem 50%

de chance de dirigir-se tanto ao underflow como ao overflow. KAWATRA et al. (1996)

encontraram uma correlação entre a viscosidade e o tamanho de corte, d50 α µn, onde os

valores n oscilam entre 0,5 a 0,6 e o diâmetro de corte d50 sendo ser determinada pelo

seguinte equação:

( ) 250

18

tLs

r

v

rvd

ρρ

µ

−= Equação 3-29

DOHEIM et al. (1995) e CHAVES (1996) demonstraram que o tamanho de

corte diminui em função do aumento da pressão, devido ao aumento da força centrifuga.

Eles também relataram que a porcentagem de sólidos na alimentação é uma variável

46

operacional muito importante no desempenho do ciclone, apresentando as seguintes

correlações, tanto para a pressão (Equação 3-30) quanto para a porcentagem de sólidos

na alimentação (Equação 3-31).

3308,050

−Pd cα Equação 3-30

3077,050 wc Cd α

Equação 3-31

Na prática, sabe-se que o diâmetro de corte é fortemente influenciado pelas

dimensões do hidrociclone. Segundo SAMPAIO et al. (2007), quanto maior o diâmetro

do hidrociclone, maior será tamanho de corte da classificação, uma vez que o tamanho

do equipamento tende a proporcionar uma maior ou menor aceleração às partículas,

sendo que a força de aceleração centrífuga é inversamente proporcional ao diâmetro do

hidrociclone.

3.10.2 Separação dos fluidos e densidades dos produtos

A separação de água e sólidos está fortemente correlacionada com a

classificação de sólidos, e ambos determinaram as densidades dos produtos, as quais são

muito importantes em cargas circulantes de circuitos de moagem. Infelizmente, esse é,

geralmente, o ponto fraco nos cálculos de desempenho do ciclone, devido às condições

de escoamento do apex e o teor de sólidos, como é mostrado na Figura 3.14, na qual

BRAUN e BOHNET (1990) mostraram o efeito negativo na eficiência de separação

com incremento do teor de sólidos e engrossamento do tamanho do corte.

47

Figura 3.14- Efeitos da concentração de sólidos na eficiência da separação (BRAUN e BOHNET,

1990).

Por causa do efeito de by-pass discutido na seção 3.7, geralmente é desejável

limitar a proporção de água que reporta ao underflow a menos de 40%,

aproximadamente. A Tabela 3.1 apresenta a eficiência do equipamento com relação à

porcentagem de sólidos reportados no underflow, podendo ser usada como um guia

geral para evitar o problema do curto-circuito (NAPIER-MUNN et al., 1996).

Tabela 3.1- Guia para evitar o problema do “Bypass”

% de água no Underflow

Eficiência

>50% muito pobre

40-50% Pobre

30-40% Razoável

20-30% Bom

10-20% Submetido pela densidade do

underflow e efeito de roping;

<10% Realizável somente com a válvula do underflow para produzir o

produto para transportar ou armazenar

48

De acordo com ASOMAH e NAPIER-MUNN(1996), o Rf pode ser reduzido

pela redução do apex, aumento do vortex finder, aumento das pressões, aumento do

diâmetro do ciclone ou mudança de inclinação do ciclone. Altas viscosidades na

alimentação ou as altas concentrações de sólidos tendem a aumentar a proporção de

polpa reportada para o underflow (NAPIER-MUNN et al., 1996).

3.10.3 Capacidade do hidrociclone

A capacidade da alimentação é uma das variáveis mais importantes, junto com

os limites de separação. De acordo com NAPIER- MUNN et al. (1996) esta pode ser

expressa em termos de queda de pressão e do diâmetro do ciclone, obtendo a seguinte

relação:

2310*5,9 cv DPQ −≈ Equação 3-32

sendo:

Qv = vazão da alimentação (m3/h),

P = Pressão (kPa), e

Dc = Diâmetro do ciclone (cm).

Esse equação é baseada no trabalho realizado por LYNCH (1979) com

diferentes tamanhos de hidrociclones industriais. HEISKANEN (1993) sugere as

seguintes relações das variáveis com a capacidade do hidrociclone:

� A capacidade aumenta em função da raiz quadrada da pressão.

49

� A capacidade aumenta não-linearmente com o aumento do diâmetro do

vortex finder.

� A capacidade aumenta linearmente com pequenos aumentos do diâmetro

do apex.

3.10.4 Capacidade do apex e efeito roping

A partir da análise da literatura, observa-se que o hidrociclone pode ser

identificado por três modos de descarga do underflow, uma em guarda-chuva

(umbrella), uma em forma de cordão (roping) e uma última em forma de Chuveiro.

Quando o formato da descarga no underflow é de tipo guarda-chuva, isso caracteriza um

apex muito aberto. Por outro lado, se a descarga no underflow é de tipo cordão, denota-

se uma sobrecarga no apex com acumulo de partículas grossas, produzindo

indiretamente, seu estrangulamento. Isso faz com que as partículas que não conseguem

sair pelo underflow tendam a sair pelo overflow, prejudicando a eficiência da

classificação (SAMPAIO et al., 2007).

Uma vez que o apex é o ponto de descarga das partículas grosseiras, ele tende a

sofrer um maior desgaste em relação à outra saída do equipamento, fato pelo qual é

aconselhável que o apex possua um diâmetro menor que um quarto do diâmetro do

vortex finder. Entretanto, se o diâmetro do apex for muito pequeno, ele pode acumular

material grosso no cone, fazendo com que as partículas que foram rejeitadas pelo vortex

finder possam retornar ao apex para sua descarga, incrementando a concentração de

sólidos no underflow, resultando no efeito roping ou cordão (SAMPAIO et al., 2007).

Tanto os efeitos de guarda-chuva quanto o roping representam problemas que

influenciam negativamente na eficiência de corte, sobretudo no curto-circuito,

produzindo um tanto o curto circuito pata o underflow como para o overflow, conforme

50

se observa na Figura 3.15. O efeito do “guarda-chuva” é normalmente encontrado em

polpas excessivamente diluídas, enquanto o efeito do cordão é encontrado quando a

densidade do underflow é elevada. PLITT et al. (1990) oferece um critério para

identificar esse problema, dado por

−>

60exp13,62 50x

Cvu Equação 3-33

sendo x50 o tamanho médio da partícula para o underflow (µm) e Cvu a

percentagem em volume dos sólidos no underflow. Por outro lado, CONCHA et al.

(1994) propõem as seguintes relações das geometrias do ciclone para evitar a descarga

de “guarda chuva”, apresentada na

Tabela 3.2.

Tabela 3.2- Efeito da descarga do underflow em função da razão dos diâmetros das saídas do

ciclone.

Razão das saídas Efeito de descarga do Underflow

Du /Do < 0,45 descarga de cordão

0,45 < Du / Do < 0,5 guarda chuva ou cordão

dependendo da pressão

0,56 < Du / Do < 0,90 guarda chuva

A Figura 3.15 ilustra exemplos desses efeitos, sugerindo o seu uso benéfico na

separação em duplo estágio de hidrociclonagem.

51

Figura 3.15- a:Efeitos de cordão, b: efeito guarda chuva e c:ciclo de deslamagem; (II)curva de

partição obtidas a partir dos efeitos mostrados em (I).

3.11 Modelagem do hidrociclone

De acordo com FINCH et al. (1983) a modelagem matemática de processos se

define como uma descrição matemática simplificada que expressa os mecanismos

envolvidos no processo, a partir dos conhecimentos já adquiridos, sendo uma

representação idealizada de uma realidade física sobre a forma de um conjunto de

equações consistentes no processo. Tipicamente as equações do modelo prevêem

características de saída a partir das variáveis de entrada (NAGESWARARAO et al.,

2004).

A facilidade da aplicação e a utilidade de todo modelo depende da escolha das

características a serem previstas, ou seja, dos fatores ou variáveis que supostamente vão

52

afetar o processo, e as suposições usadas para expressar estas variáveis na estrutura

matemática (NAGESWARARAO et al., 2004).

Os atuais métodos de simulação do desempenho de hidrociclones baseiam-se em

dados experimentais, teóricos ou na combinação de ambos (KRAIPECH et al., 2006),

podendo ser classificados em três categorias: fenomenológicos, empíricos e semi-

empíricos.

Os modelos fenomenológicos são baseados na descrição dos princípios básicos

do processo, contendo um mínimo de parâmetros que devem ser ajustados

experimentalmente a partir de observações do próprio processo em escala industrial,

piloto ou de laboratório.

Os modelos empíricos são baseados exclusivamente em dados experimentais do

processo. Os dados obtidos utilizam, freqüentemente, números adimensionais de

similaridade (KRAIPECH et al., 2006), os quais são correlacionados por meio de

técnicas de regressões lineares e não-lineares, correlacionando variáveis operacionais,

como a geometria dos equipamentos e parâmetros de desempenho do processo.

Geralmente estes modelos tendem a fornecer informações adequadas para

sistemas semelhantes ao que foram utilizados no seu desenvolvimento, os limitando.

Os modelos semi-empíricos se diferenciam dos anteriores porque são baseados

em equações que descrevem alguns princípios básicos do processo, mas demandando

ajuste de vários parâmetros empíricos.

3.11.1 Modelos fenomenológicos

Estes modelos baseiam-se no estudo e no entendimento da complexidade do

comportamento dos fluxos dentro do hidrociclone. Diferentes pesquisadores buscaram

seu aprimoramento, dentre eles pode-se citar o trabalho de BLOOR e INGHAM (1980),

53

os quais realizaram um dos primeiros estudos sobre o escoamento dos fluxos dentro do

hidrociclone, baseados na solução analítica da equação de Navier-Stokes com simetria

axial. Eles presumiram em seus cálculos as seguintes condições: fluido

aproximadamente “inviscido” (fluido ideal com viscosidade nula) e consideraram o

ângulo de cone muito pequeno.

REIETEMA (1961) foi o primeiro a propor uma solução às equações de Navier-

Stokes, presumindo que a velocidade radial no ciclone ao longo do eixo vertical e a

velocidade tangencial são constantes, fundamentos usados para a avaliação do efeito da

turbulência dentro do ciclone.

Os estudos posteriores alcançaram melhores resultados, graças aos avanços

computacionais. PERICLEOUS e RHODES (1986) foram os primeiros que previram os

resultados experimentais de KELSALL (1952) para as três componentes da velocidade

em hidrociclone, sendo o primeiro trabalho bem sucedido em predizer o fluxo do fluido

dentro dos hidrociclones, solucionando as equações diferenciais parciais com a ajuda do

programa computacional Phonenics.

DYAKOWSKI e WILLIAMS (1999) optaram por utilizar o modelo de k-ε

modificado, onde, k é a dissipação e ε representa a energia cinética do regime

turbulento.

Por outro lado, com a sofisticação de instrumentos de medidas de fluxos, como é

o caso da utilização da técnica de anemometria por Laser Doppler tornou-se possível

realizar medições sem interferência sobre os componentes do fluxo em pontos

específicos do ciclone.

Mais tarde, HSIEH e RAJAMANI (1991) resolveram numericamente as

equações de momento de turbulência para obter as velocidades e comparar com os

resultados medidos pela anemometria em um hidrociclone de 75 mm de diâmetro,

54

observando que, para um balanço de forças simples sobre uma partícula no campo de

fluxo, a trajetória da partícula pode ser rastreada no interior do ciclone, o que resulta no

cálculo completo da eficiência da classificação. Em estudos posteriores, MONREDON

et al. (1992) observaram que o mesmo é evidentemente aplicável ainda que as

dimensões do vortex finder e apex forem alteradas de forma drástica, além das

condições de operação do ciclone.

Com base nesses estudos, PEREIRA (1997) determinou alguns procedimentos

na utilização dessas equações, baseando-se na realização de simplificações, reduzindo

as equações à sua forma analítica. Embora este procedimento seja útil, as equações

continuam conservando sua complexidade.

Dentre outros procedimentos tem-se os utilizados por CONCHA e

BARRIENTOS (1992) que empregaram um conjunto de equações diferenciais. Eles

desenvolveram um modelo para ciclone baseado na modelagem de ciclones

pneumáticos. Nesse caso o ciclone é dividido em seis zonas, sendo que os autores

desenvolveram equações de velocidade de fluxos para cada zona, levando em

consideração a interação entre elas. Nesse modelo as trajetórias das partículas são

obtidas através do balanço de momentos linear, tendo como resultado final, as curvas de

partição real e corrigida. Segundo HEISKANEN (1993), este modelo ainda precisa ser

validado em escala industrial.

Na atualidade um progresso considerável está sendo realizado na modelagem

empregando códigos de computação para solucionar as equações básicas do escoamento

do fluido, iniciando assim o Computational Fluid Dynamics (CFD). O CFD é um meio

versátil de prever os perfis de velocidade no âmbito de uma vasta gama de

características de projeto e operação, permitindo o tratamento numérico das equações de

Navier-Stokes que são amplamente utilizadas na análise do hidrociclone desde o início

55

dos anos 80, e com isso melhorar a compreensão numérica dos tratamentos de

turbulência (NARASIMHA et al., 2005). É provável que esta abordagem irá fornecer

em breve resultados úteis, em particular no que diz respeito à otimização de projeto do

hidrociclone.

Em geral, é importante destacar que estes modelos permitiram alcançar um

maior conhecimento do comportamento dos fluxos em hidrociclones. No entanto, a sua

aplicação requer normalmente um elevado esforço computacional, o que impossibilitou,

até agora, a sua implementação em simuladores de processos.

3.11.2 Modelos empíricos e semi-empíricos

Os modelos empíricos são os mais comumente utilizados na previsão do

desempenho de hidrociclones e, devido à sua fácil codificação, representam a base

principal de simuladores de processos a nível industrial.

Estes modelos são muito utilizados em equipamentos como classificadores e em

circuitos fechados de moagem da indústria mineral. De acordo com

NAGESWARARAO et al. (2004), os modelos de maior relevância no desempenho do

hidrociclone são os de Plitt (PLITT, 1976 e FLINTOFF et al., 1987),

NAGESWARARAO (1978, 1995), SVAROVSKY (1984), ASOMAH (1996) e

ASOMAH e NAPIER-MUNN(1996). Cabe ressaltar que o modelo de LYNCH e RAO

(1975) também é considerado como um dos modelos de maior aplicabilidade nos

processos de ciclonagem.

Uma característica comum dos modelos, especificamente, em hidrociclones é

que eles baseiam-se nas previsões de:

• Relação entre pressão e vazão da alimentação;

• Cálculo do tamanho de corte corrigido (d50C);

56

• A distribuição de água nos produtos em geral, como a recuperação de

água no underflow, mas algumas vezes predizer a relação entre os fluxos

para os produtos, S.

A literatura ainda apresenta modelos semi-empíricos, como é o modelo de

TAVARES et al. (2002), o qual segue o mesmo formato na predição do desempenho de

hidrociclones dos anteriores, mas com a diferença que ele incorporando uma variável

muito importante, contida indiretamente nos outros modelos, que é a viscosidade da

polpa, ponto de foco do presente trabalho.

3.11.2.1 Modelo de Lynch e Rao

Foi o primeiro modelo empírico amplamente utilizado na previsão de processos

de ciclonagem. As suas equações foram estruturadas na forte correlação observada entre

a abordagem dos fatores do desempenho d50 e geometria do ciclone, os sólidos

provenientes de alimentação e as taxas de fluxo. A eficiência da curva para underflow

foi representada por Whiten (1977). A equação geral para d50 é da forma:

6543215010log KQKCKDKDKDKd fwiuoc +−++−= Equação 3-34

sendo:

42,086,073,0

7K PDDQ iof = Equação 3-35

109

8 KQ

K

Q

DKR

ff

uf +−=

Equação 3-36

57

( )[ ]( )[ ] 2)exp(/exp

1/exp

50

50

−+

−=

αα

α

ci

cii

dd

ddY Equação 3-37

di = tamanho médio da partícula (mm);

d50c = tamanho mediano de partição corrigida (mm);

K1....Kn = parâmetro típicos para o sistema minério/ciclone;

D0 = diâmetro do vortex finder (cm);

Du = diâmetro do apex (cm);

Di = diâmetro do inlet (cm);

Qv = vazão volumétrica de polpa na alimentação (L/min);

Cw = percentagem de sólidos em massa da alimentação (%);

P = pressão da alimentação (kPa);

Qf = vazão de água na alimentação (t/h);

Rf = partição da água para o underflow;

Yi = partição reduzida; e

α = parâmetro de eficiência da separação.

Todos os testes foram realizados em hidrociclones do tipo Krebs, de maneira que

a aplicação deste modelo em hidrociclones com geometrias diferentes não é

normalmente aconselhável.

De forma similar, os valores das constantes foram derivados para materiais

como o quartzo e o calcário com uma determinada distribuição de tamanhos de

partícula. Isto faz que o modelo não possa ser facilmente utilizado para outros tipos de

materiais. Em particular, é necessária uma correção para a densidade:

58

5,0

50

50

)(

)(

)(

)(

−=

Las

Lbs

bc

ac

d

d

ρρ

ρρ Equação 3-38

Sendo (ρs)a e (ρs)b a denominação da densidade dos minerais a e b respectivamente.

POSSA (2000) observou que o modelo possui limitações quando aplicado em

uma série de ciclones de pequenos diâmetros. Outra limitação é que modelo não

explicita o termo da viscosidade, ajustando, indiretamente, este efeito por meio de um

termo que depende da concentração de sólidos na polpa. No entanto, sabe-se que a

concentração de sólidos não é o único parâmetro que afeta a reologia da polpa.

3.11.2.2 Modelo de Plitt

Plitt desenvolveu um modelo semi-empírico baseado em dados experimentais

obtidos por Lynch e Rao (PLITT 1976). Modificado levemente na publicação de PLITT

(1976) e FLINTOFF et al. (1987), gerando um modelo amplamente utilizado na

indústria mineral, contido no software de simulação MODSIM, desde o início dos anos

80. O modelo baseia-se nas seguintes variáveis:

• Variáveis dependentes:

o Vazão de alimentação, Qv;

o Tamanho de corte, d50C;

o Razão entre as vazões volumétricas da polpa no underflow e no overflow:

o S; parâmetro de desenho e classificação, m.

• Variáveis independentes:

o Diâmetros do ciclone, (Dc); vortex finder, (Do); apex, (Du) e inlet, (Di); e

correlações entre eles (Du2 + Do

2) e (Du/ Do); e altura livre do vortex, (h).

59

Na referência original, PLITT (1976) oferece duas formas de equação para o

d50c, cuja diferença entre elas é que em uma inclui-se o efeito do tamanho médio das

partículas passante 50% da alimentação, o F50 (NAGESWARARAO et al., 2004). Em

uma análise posterior ele observou que o efeito do tamanho da alimentação não era

significativo, podendo ser desprezado em situações normais. Embora ele tenha

posteriormente desconsiderado este parâmetro, ele mostra que, à medida que o tamanho

de partícula torna-se mais fino, o d50c começa a aumentar.

O modelo de Plitt na sua forma atual revisada por FLINTOFF et al. (1987)

apresenta as seguintes equações para o desempenho do hidrociclone.

n

svu

C

oicc

QhD

eDDDKd

PV

−=

6,1

1

7,39

45,038,071,0

063,05,021,16,046,0

150ρ

η

Equação 3-39

87,02228,094,037,0

0055,08,1

2)(

88,1

ouic

C

v

DDhDD

eQKP

PV

+=

Equação 3-40

240111

0054036022540313240

3

6218,,

c

C,,

ou

,,

ou

,

p

PD

e)D(Dh)/D(Dρ,KS

PV+

=

Equação 3-41

= S

S

v

c eQ

hDKm 1

58,115,02

4 94,1

Equação 3-42

60

Definindo-se:

Dc = diâmetro do ciclone (cm);

η = viscosidade do líquido (cP);

P

VC = percentagem de sólidos por volume na alimentação (%);

h = altura livre do ciclone (cm);

n = expoente hidrodinâmico, a ser estimado a partir dos dados (valores padrões

para os regimes laminar = 0,5 e turbulento = 1);

ρs = densidade do minério (g/cm3);

ρp = densidade da polpa (g/cm3);

S = razão entre as vazões volumétricas da polpa no underflow e no overflow; e

m = parâmetro de nitidez da separação.

O modelo é amplamente utilizado porque oferece uma completa previsão de

processos em função das variáveis de projeto e operação. O modelo tem a desvantagem

de basear se na função de PLITT (1971) e REID (1971) (Equação 3-21), que não leva

em consideração o efeito de fish hook, efeito esse que é muitas vezes evidente a altas

recuperações de sólidos no underflow. A partir de experiências realizadas no Julius

Kruttschnitt Mineral Research Centre (JKMRC), observou-se que o modelo não era

capaz de acomodar variações de tamanhos de alimentação em projetos diferentes dos

quais haviam sido originalmente desenvolvidos.

Plitt observou que a equação para o parâmetro de nitidez da separação, m, não

produz uma boa correlação com a realidade, sendo até sugerido por

NAGESWARARAO (1999) que a equação para m (Equação 3-42) seja de pouca

utilidade prática.

61

KING (2001) observou que a principal fonte de incerteza no modelo de Plitt está

relacionada ao cálculo do S. Na estimativa da recuperação de água no underflow, Rf (o

parâmetro efetivamente necessário para os cálculos adicionais) de S, por um processo

indireto, a propagação do erro do cálculo de S torna-se inevitável (HINDE, 1977;

PLITT et al., 1990; KING, 2001).

De acordo com NAGESWARARAO et al. (2004), no cálculo da pressão da

alimentação do ciclone (Equação 3-40), a relação funcional escolhida para a unidade de

P com Cv claramente torna os dados utilizados inconsistentes para a regressão para

baixas porcentagens de sólidos. Até agora, não foram realizados esforços para corrigir

esses defeitos, com exceção daqueles propostos no trabalho de CILLIERS e HINDE

(1991).

3.11.2.3 Modelo de Nageswararao

Este modelo é baseado em dados obtidos experimentalmente por LYNCH e

RAO (1975) e, NAGESWARARAO (1978). O material usado nos ensaios foi

predominantemente calcário, utilizando hidrociclones de geometria Krebs na faixa de

102 a 381mm, sendo publicado com algumas modificações em LYNCH e MORRELL,

(1991), NAGESWARARAO (1995) e NAPIER-MUNN et al. (1996). Ele considera

como fatores relevantes na descrição do desempenho do ciclone o cálculo do diâmetro

mediano da separação, da partição da água, da partição da polpa e da vazão volumétrica

da alimentação do ciclone. Embora o parâmetro da partição da polpa seja considerado

como um fator redundante, este dado foi desenvolvido de forma que se possa fazer uma

comparação direta com outras equações disponíveis para a água.

O modelo leva em consideração parâmetros geométricos e operacionais não

considerados pelo modelo de PLITT et al. (1976) e FLINTOFF et al. (1987), como o

62

ângulo da seção cônica do ciclone (θ) e a razão entre as velocidades terminais da

partícula (λ), fator que foi incluído para representar, de certa forma, os efeitos da

viscosidade da polpa, devido às mudanças do teor de sólidos da alimentação. O modelo

também considera os efeitos da força centrifuga pelo termo (P/ρpgDc).

Uma vez obtido o d50C previsto pelo modelo, este é inserido na equação de

Whiten (Equação 3-24), para a determinação da curva de partição. O parâmetro α é

determinado a partir dos ensaios de laboratório.

Este modelo é o principal modelo utilizado no simulador JKSimMet. Ele

apresenta as seguintes equações:

15,0

2050220

930

470520

6501

50 θλ

,

c

c

,

c

i

,

p

,

,

c

u

,

c

o,

c

c

c

D

L

D

D

gDcρ

P)(

D

D

D

D)(DK

D

d

=

−−−

Equação 3-43

1,0

2,045,068,05,0

22

= θ

ρ c

c

c

i

c

o

p

cvD

L

D

D

D

DPDKQ

Equação 3-44

24,0

22,05,0

27,0

53,040,219,1

3 )( −

−−−

= θλ

ρ c

c

c

i

cpc

u

c

of

D

L

D

D

gD

P

D

D

D

DKR

Equação 3-45

24,0

22,025,031,083,194,0

4−

−−−

= θ

ρ c

c

c

i

cpc

u

c

ov

D

L

D

D

gD

P

D

D

D

DKR

Equação 3-46

63

Definindo-se:

Dc = diâmetro do ciclone (m);

Do = diâmetro do vortex finder (m);

Du = diâmetro do apex (m);

Di = diâmetro equivalente a área de entrada do inlet (m);

ρp = densidade da polpa (t/m3);

Lc = comprimento da seção cilíndrica (m);

Qv = vazão volumétrica de polpa na alimentação (m3/h);

Rv = partição de polpa em volume para o underflow (%);

Rf = partição de água para o underflow (%);

θ = ângulo da seção cônica do ciclone (graus); e.

λ = termo de correção da sedimentação em queda impedida da

partícula = 101,82C

v /[8,05(1-Cv )2].

De acordo com NAGESWARARAO et al. (2004), a precisão das variáveis do

modelo depende inteiramente da base de dados de LYNCH e RAO (1975) e

NAGESWARARAO (1978). Outro fato é que o modelo ignora algumas variáveis de

projeto como a rugosidade do revestimento interno do equipamento e o tipo de entrada

da alimentação (tais como tangencial e em voluta ou curva envolvente), que, se for

significativa introduziriam um erro no modelo. Por outro lado, a construção do modelo

foi realizada mantendo fixas as propriedades do meio líquido, o que limita a sua

aplicação a processos cujo meio liquido é diferente da água.

64

3.11.2.4 Modelo de Vallebuona

Foi o primeiro modelo desenvolvido para hidrociclones de pequenos diâmetros

(1 e 2 polegadas). O modelo se baseia nos testes das equações dos antigos modelos

desenvolvidos, incluindo aqueles desenvolvidos por eles mesmos, obtendo uma total

independência do diâmetro do apex no cálculo da capacidade. Esse modelo também

discorda do modelo de Nageswararao em relação à dependência da divisão dos fluxos

da pressão da polpa com relação à capacidade. O modelo apresenta um melhor ajuste na

equação de Plitt, com relação ao tamanho de corte, confirmando a dependência em

relação à concentração de sólidos na alimentação. As equações constituintes do modelo

são:

3)(21C

ov DCPCQ += Equação 3-47

76

5

)()(4C

pA

C

LA

C

u

of DG

D

DCR

= Equação 3-48

[ ] 1110

9

)(2850C

TA

CC

C

u

oc Qe

D

DCd vA

= Equação 3-49

Definindo-se:

Qv = vazão da polpa de alimentação (1/s);

P = Pressão da polpa (psi);

Do = diâmetro do vortex finder (m);

R = partição dos fluxos = vazão do underflow/ vazão da alimentação;

Du = diâmetro do apex (m);

GLA = vazão de água da alimentação (l/s);

65

CpA = concentração da polpa de alimentação, % de sólidos por peso;

d = tamanho de partícula (µm);

d50c= tamanho mediano de partição corrigida (µm);

CvA = concentração volumétrica da alimentação (%); e

C1,... ,C11 = parâmetros para ser estimados para cada sistema de dados.

A limitação do modelo está em sua aplicação, já que só é aplicável a

hidrociclones de pequenos diâmetros, apresentando ainda discordâncias com trabalhos

prévios.

3.11.2.5 Modelo de Asomah

O modelo incorpora pela primeira vez a inclinação do ciclone em relação à

posição vertical (Ac), a viscosidade da polpa e o tamanho pelo qual passam 40% do

minério alimentado (P40) (NAPIER-MUNN et al., 1996 e LIMA, 1997), resultando nas

equações

66

[ ] ( )

−−

=

−−−

180392,1expRe1 719,0155,0941,2)180/1(

948,0457,0

40229,0150

cA

v

u

o

o

cC

AC

D

D

D

PDKd c θ

Equação 3-50

( ) ( )

= −−

180357,1expRe1 478,0175,0

287,0806,1

825,0

214,0

40471,02

c

c

c

u

ov

o

cf

A

D

L

D

DC

D

PDKR θ

Equação 3-51

( )

=

−−−

180094,0expRe 429,0107,0

182,2854,0161,0046,1

148,03

c

s

cs

a

p

c

u

c

oc

AL

D

D

D

DDK θ

ρ

ρ

µ

µα

Equação 3-52

( ) ( )

−=

−−

180113,0exp1 246,0

455,0

538,1435,0478,124

c

c

coivpcp

A

D

LDDCDQKP θρ

Equação 3-53

( )( ) ( )[ ]

5,0

246,0435,0

455,0538,1739,0

5180/113,0exp1

−−=

cvp

coicv

AC

PLDDDKQ

θρ

Equação 3-54

Definindo-se:

d50c= tamanho mediano de partição corrigida (µm);

Lc = comprimento d seção cilíndrica (cm);

P40 = tamanho pelo qual passam 40% da alimentação;

Re = número de Reynolds = p

psci Dv

µ

ρρ )( − (adimensional);

Ac = ângulo do ciclone em relação à posição vertical (graus);

µp = viscosidade da polpa (cP);

µa = viscosidade da água (cP);

ρs = densidade do sólido (kg/L);

67

ρs = densidade da polpa (kg/L); e

α = nitidez de separação.

O modelo de Asomah confirmou que a viscosidade da mistura só influencia o

d50c a altas viscosidades. Além disso, de acordo com SHI e NAPIER-MUNN(1996),

eles determinaram que a viscosidade depende de mais variáveis (temperatura,

distribuição granulométrica e propriedades químicas do mesmo material), causando

incerteza para o bom funcionamento do modelo de polpas com diferentes

comportamentos reológicos.

3.11.2.6 Modelo de Tavares

Este modelo foi o primeiro modelo semi-empírico desenvolvido em

hidrociclones de pequenos diâmetros (2,5 a 5 cm). A característica primordial do

modelo é que a modelagem centra-se no estudo da reologia de polpas. O modelo se

baseia nas seguintes equações:

10,0

20,068,0

0

45,05.0

21

∆= θ

ρ c

c

cc

i

p

cvD

L

D

D

D

DPDKQ

Equação 3-50

( ) 24,0

22,040,219,1

0

50,0

2

3

21 −

−−

= θ

ρ c

c

c

u

cc

i

E

cp

E

v

E

cfD

L

D

D

D

D

D

D

gD

PCgDKR

Equação 3-51

68

2/11

150*

2

24350

8

−=

+

−−

b

N

iLs

b

v

b

ccrD

ZabQDKd

π

π

ρρ Equação 3-52

Definindo-se:

ρp = densidade da polpa (kg/m3);

∆P = queda da pressão na alimentação (Pa);

Lc = comprimento da seção cilíndrica (m);

g = aceleração da gravidade (m/s2);

E1 ... E3 = parâmetros de ajuste do modelo;

N = constante da equação de velocidade tangencial (n = 0,38; representa o

ponto da velocidade nula de acordo com BRADLEY et al., 1965);

Z = fator de redução da velocidade de entrada (Equação 3-15);

a, b = constantes do modelo reológico de Ostwald e Waele; e

r*50

= raio adimensional (r*50 = 2r/Dc, onde r é o raio do ciclone).

Esse modelo permite estimar a taxa de cisalhamento no local onde a velocidade

vertical é nula (EVVZ) através da equação

150*

2

8+

=N

i

V

rD

NZQ

πγ Equação 3-53

Os dados obtidos a partir da reologia da alimentação têm sido utilizados com

sucesso para descrever a reologia da polpa no ponto de velocidade vertical nula dentro

do hidrociclone, para modelar o ponto de corte. No entanto, a validade desta abordagem

é limitada a polpas com elevadas proporções de finos, o que pode não ser exata a

69

afirmação da existência de um estado estacionário no ponto onde a velocidade vertical é

zero no hidrociclone (TAVARES et al., 2002).

3.11.3 Desvantagens dos modelos de hidrociclones

Embora uma serie de trabalhos tenham sido realizados para estudar o

comportamento do fluxo dentro dos hidrociclones, diversos efeitos ainda não estão

totalmente entendidos, uma vez que os modelos apresentados na literatura estão sujeitos

a alguma limitação, sendo apenas aproximações da realidade física. Por tanto, qualquer

erro nos dados medidos, utilizados para avaliar os parâmetros do modelo, serão

incluídos no modelo e, conseqüentemente, nas previsões do modelo. Algumas outras

características que limitam a sua utilização são apresentadas com detalhe a seguir.

A maioria dos modelos fenomenológicos foi desenvolvida a partir de fluidos

Newtonianos. Assim, estes modelos ainda não foram avaliados com as polpas mais

freqüentemente encontradas em usinas de processamento mineral. Apesar desses

modelos levarem em consideração os princípios físicos do movimento da partícula em

um meio líquido, não representam um impacto significativo na previsão do desempenho

do hidrociclone e nas aplicações na indústria do processamento mineral

(BARRIENTOS e CONCHA, 1993; CONCHA et al., 1996; MONREDON et al., 1992;

NAGESWARARAO et al., 2004). Estes modelos, por sua vez, requerem programas

computacionais avançados para o desenvolvimento das suas equações, como é o caso

das ferramentas de mecânica dos fluidos computacional (CFD).

No caso dos modelos empíricos, embora quase toda a modelagem em processos

de tratamento de minérios se encontra nesta área, eles apresentam uma desvantagem,

sendo que a capacidade destes modelos só pode permitir previsões razoavelmente

70

precisas se os ensaios forem realizados dentro dos limites dos dados experimentais

usados para a determinação dos parâmetros das equações (KRAIPECH et al., 2006).

Outra desvantagem dos modelos empíricos é que eles não são muito sujeitos à

extrapolação, como tem sido demonstrado em estudos recentes desenvolvidos em

hidrociclones de pequenos diâmetros com um tipo de polpa com grande conteúdo de

finos e características reológicas muito variáveis (TAVARES et al. 2002).

A maioria dos modelos é limitada, devido às aproximações da realidade física,

com base em hipóteses simplificadoras, usualmente medidas no processo. Qualquer erro

cometido no quadro da avaliação dos parâmetros do modelo será remetido para a

utilização do modelo e, portanto, do processo de simulação (NAGESWARARAO et al.

2004).

Infelizmente, os efeitos do material e outras características de funcionamento do

ciclone, como o d50c, não são ainda quantificáveis (FLINTOFF et al., 1987;

NAGESWARARAO et al. 1978; 1995; e ASOMAH e NAPIER-MUNN et al.; 1997).

4. METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentadas as metodologias de preparação das amostras, de

caracterização mineral e de determinação do comportamento reológico das polpas para

os diferentes ensaios de hidrociclonagem.

4.1 Preparação da amostra

A amostra usada no presente trabalho, o minério de bauxita provém da

alimentação da usina piloto da Mineração Paragominas. Na época de propriedade da

71

Vale S.A., a jazida mineral se situa no estado do Pará, sendo a amostra caracterizada por

conter bauxita classificada como cristalizada (BC), com predominância do mineral

gibbsita com um elevado índice de cristalinidade.

A preparação da amostra global constituiu-se, inicialmente, na seleção de uma

amostra predominantemente composta de bauxita cristalizada com granulometrica

menor que 150 mm. A Figura 4.1, mostra o diagrama de blocos das etapas de

preparação da amostra no Laboratório de Tecnologia Mineral.

72

MINÉRIO (BAUXITA) <150 mm

PENEIRAMENTO >100 mm

BRITAGEM Britador de Mandíbulas

PENEIRAMENTO >22,4 mm

BRITAGEM Britador Cônico

PENEIRAMENTO >3,35 mm

PENEIRAMENTO >212 µµµµm

BRITAGEM Manual

AMOSTRA GERAL PARA OS ENSAIOS DE

HIDROCICLONAGEM

MOAGEM Moinho de bolas

Figura 4.1- Diagramas de blocos do processo de preparação e seleção da amostra.

73

No passo seguinte, procedera-se à homogeneização da amostra global com

formação de pilha longitudinal, com o objetivo de obter pequenas amostras (alíquotas)

representativas da amostra global, tanto para os ensaios de caracterização do minério,

quanto para as diferentes medições do comportamento reológico da polpa.

4.2 Caracterização da amostra de bauxita

Para a caracterização do minério de bauxita, material utilizado nos ensaios de

hidrociclonagem, realizaram-se as seguintes análises e ensaios:

4.2.1 Análise da distribuição de tamanhos de partículas

As análises da distribuição de tamanhos das partículas foram realizadas com

amostras representativas da alimentação dos ensaios de hidrociclonagem.

Elas foram analisadas utilizando o peneiramento híbrido (úmido/seco) e a

técnica de espalhamento da luz laser. No peneiramento foram utilizadas um conjunto de

peneiras da serie Tyler 2 com aberturas entre 0,300 mm e 0,038mm, acopladas a um

agitador mecânico do tipo Ro-Tap®. As amostras foram previamente secas na estufa,

seguido de um quarteamento para a obtenção das alíquotas representativas para as

análises apresentada em detalhe mais adiante.

A técnica de espalhamento de luz se realizara por meio de um analisador de

partículas laser (Malvern Martersizer®), utilizando-se a fração do minério menor que

0,038mm. O princípio de operação do equipamento consiste na medição dos ângulos de

raio laser, produzidos pelo espalhamento da luz ao passar através da polpa sendo

defletido pelas partículas sólidas, os quais são relacionados aos tamanhos das partículas

contidas na amostra. Uma vantagem do equipamento é que permite obter uma boa

74

reprodutibilidade dos resultados dando como resultado final uma média de três medidas

individuais (SAMPAIO et al., 2007).

Para a medição foi preenchido um béquer com água deionizada, utilizada como

meio dispersante. A quantidade da amostra em solução foi determinada de forma que a

obscuração, medida pelo equipamento, ficasse em uma faixa de 12% a 13%. A

suspensão foi mantida sob agitação constante a uma freqüência de 1500 rpm por um

período de 10 minutos, dos quais no último minuto e meio se precedeu a ativar o ultra-

som para melhorar a dispersão da amostra, sendo, em seguida, iniciada a medida. As

análises foram realizadas no Laboratório de Estruturas e Materiais (LABEST) do

Programa de Engenharia Civil (COPPE/UFRJ).

4.2.2 Composição química

Após a preparação de toda a amostra de bauxita, realizou-se a determinação da

composição química do minério. Para isto foi empregado um espectrômetro de

fluorescência de raios X, modelo EDX-700/800 da Shimadzu, no qual a composição

química das amostras é estimada através de uma análise semi-quantitativa. Os

resultados das análises químicas do minério demonstraram a existência de diferentes

óxidos: Al2O3, Fe2O3, SiO2, TiO2, P2O5, ZrO2, CaO, Cr2O3, MnO, Ga2O3, SrO, CuO e

NbO.

A fim de realizar uma análise mais completa, determinou-se através da perda ao

fogo a quantidade de material orgânico e materiais calcináveis presente no minério. Este

ensaio consiste principalmente na queima da amostra, durante 15 minutos, a uma

temperatura de 950 ± 50°C, sendo que a taxa de aquecimento, a partir da temperatura

ambiente, usada foi de 10°C/min. Este procedimento foi repetido até atingir uma massa

final constante, corroborando assim para a eliminação da umidade e dos materiais

voláteis presentes.

75

4.2.3 Análise Mineralógica

A técnica empregada na análise mineralógica do minério foi o difratometria de

raios X (DRX), a qual permite a identificação e a análise semi-quantitativa dos materiais

cristalinos presentes na amostra. Na realização da análise mineralógica foi empregada

uma amostra representativa da alimentação dos ensaios de hidrociclonagem. As

medidas foram realizadas em um equipamento Bruker-AXS D5005 equipado com

espelho de Goebel para feixe paralelo de raios X, nas seguintes condições de operação:

radiação Co Kα (40 kV/40 mA); velocidade do goniômetro de 0,02o 2θ por passo com

tempo de contagem de 1,0 segundo por passo e coletados de 4 a 80º 2θ. A interpretação

qualitativa de espectro foi efetuada por comparação dos padrões contidos no banco de

dados PDF02 (ICDD, 1996) em software Bruker DiffracPlus.

4.2.4 Análise por Microscopia Eletrônica de Varredura

Através da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), foi possível a

determinação e caracterização morfológica dos grãos de bauxita, também realizada com

uma amostra representativa da alimentação dos ensaios de hidrociclonagem.

A análise consiste basicamente na visualização, por elétrons retro-espalhados

(contraste por número atômico ou contraste de fases). Também foi feita a visualização

por elétrons secundários para a obtenção da morfologia e topografia da amostra, o que

permitiu determinar e corroborar os dados das fases identificadas na análise de difração

de raios X.

As análises foram realizadas em microscópio eletrônico de varredura Jeol JSM

6460 LV, equipado com espectrômetro de dispersão de energia (EDS - Energy

Dispersive Spectrometry) Noran System Six 200, do Laboratório de Microscopia

Eletrônica do Programa de Engenharia Metalúrgica e Materiais (COPPE/UFRJ). O

76

preparo da amostra foi feito espalhando uma pequena porção da amostra geral de

bauxita sobre uma fita condutora de carbono e recobrindo-a com ouro para torná-la

condutora, com o auxilio do metalizador Emitech K550.

4.3 Reologia das polpas

O estudo reológico foi realizado com polpas preparadas com amostras

representativas da amostra geral utilizada nos ensaios de hidrociclonagem, utilizando o

reômetro ARES (Figura 4.2) de geometria cilindro coaxial, modelo AR-G2. O principio

de operação do AR-G2, consiste na medição do cilindro interno “rotor”, sendo este

movimentado por um motor com uma velocidade programada, enquanto o outro

cilindro, o “copo”, é fixo e conta com um banho termostático para um controle de

temperatura das amostras. As medições foram realizadas no Programa de Engenharia

Química (COPPE/UFRJ).

Figura 4.2- a) Reômetro ARES modelo AR-G2, b) geometria cilindro coaxial.

77

O movimento do cilindro interno força o líquido presente no espaçamento anular

entre os cilindros (gap) a fluir. A resistência que apresenta o líquido cisalhado é

determinada entre os limites estacionário e rotacional, o que resulta em um torque, o

qual é relacionado à viscosidade do fluido (SCHRAMM, 2006).

Na preparação das amostras foi utilizado um agitador mecânico eletrônico da

Quimis com motor com eixo vazado, permitindo assim, movimentar a haste para cima e

para baixo, facilitando a colocação e retirada da amostra, com velocidade regulável

entre 150 e 1500 rpm. A amostra foi agitada a uma velocidade de rotação de 1500 rpm

por um lapso de tempo de 5 minutos, obtendo uma amostra homogeneizada. Em seguida

se precedeu à obtenção da alíquota, com ajuda duas seringas obtendo um volume de 18

mL, requerida pelo equipamento para a leitura da viscosidade.

Os parâmetros estabelecidos nas medições da viscosidade foram determinados

pelas condições nas quais representaram as alimentações dos ensaios de

hidrociclonagem com bauxita pura, variando as percentagens de sólidos, temperaturas e

distribuições granulométricas. As medições foram realizadas em taxas de cisalhamento

na faixa de 500 até 3000 s-1. Na Tabela 4.1 são apresentadas as características das

polpas utilizadas.

78

Tabela 4.1- Características das polpas utilizadas nas medições reológicas.

Polpas Temperatura

°C

Viscosidade

(mPa.s) % sólidos em

massa % sólidos em volume

20 9,55 25

35

2,83-7,51

2,59-6,99

30 15,33 25

35

3,76-8,91

3,50-8,04

40 21,98 25

35

5,70-12,12

5,66-11,28

50 29,70 25

35

23,39-21,05

25,06-18,71

Com cada tipo de polpa utilizada nos ensaios foi realizado o estudo do

comportamento reológico das mesmas. Com os resultados obtidos, em conjunto às taxas

de cisalhamento aplicadas, foi caracterizado o comportamento reológico das polpas,

estabelecendo a equação do modelo de Herschel-Bulkley (Equação 3.8). O ajuste dos

parâmetros dos modelos foi realizado com o auxilio do programa de STATISTICA®.

4.4 Sistemas de hidrociclonagem e ensaios de classificação

Para a realização dos ensaios de classificação foi necessário a adaptação de dois

hidrociclones ao sistema de operação em circuito fechado existente no Laboratório de

Tecnologia Mineral, com o objetivo de aperfeiçoar os testes no que diz respeito ao

aproveitamento da polpa em ambos hidrociclones. Dessa forma, tornou-se viável

trabalhar com um maior conjunto de parâmetros, variando os diâmetros do ciclone, do

apex, do vortex finder, bem como as pressões para cada um dos testes.

O sistema de hidrociclonagem é composto por um tanque homogeneizador de

150 litros, acoplado a uma bomba horizontal centrifuga (multiestágios, modelo 2 ½ x 2x

7 ½, 15 cv, marca Baker Hughes) através de uma tubulação de 50 mm de diâmetro,

79

tanto para o retorno do fluxo de “by-pass”, como para o bombeamento da polpa para a

alimentação do hidrociclone. Ao sistema foram acoplados dois hidrociclones de

poliuretano adquiridos da empresa da Netzsch AKW, cujas dimensões são apresentadas

na Tabela 4.2.

Tabela 4.2- Características dos hidrociclones e do minério utilizado no estudo.

Geometria dos hidrociclones utilizados nos ensaios Minério de Bauxita

Diâm.

hidrociclone

(mm)

Diâm.

Inlet

(mm)

Diâm.

Vortex

(mm)

Diâm.

Apex

(mm)

Ângulo

(graus)

Densidade do

Sólido

(kg/m3)

Densidade

do

Líquido

(kg/m3) Bauxita Argila

40 7,8 10, 13 e 16 6 e 8 9 2483 2345 1000

75 21,4 20, 25 e 30 8, 10 e 12 8

A medição da pressão da alimentação da polpa foi realizada mediante os

manômetros, com escala de 0 a 100 psi (689,5 kPa) para o hidrociclone de 40 mm de

diâmetro acoplado a uma tubulação de 38 mm de diâmetro, enquanto ao hidrociclone

maior foi acoplado um manômetro industrial Rucken modelo RMI-100 de aço

inoxidável, preenchido com glicerina e com escala de 0 a 30 psi (206,8 kPa), acoplado a

uma tubulação de 50 mm de diâmetro. As pressões da alimentação dos hidrociclones

foram controladas indiretamente por meio de registros que permitiam o desvio da polpa

através do retorno (fluxo de “by-pass”). Na Figura 4.3 é apresentado um esquema do

circuito de hidrociclonagem.

80

Figura 4.3- a) Circuito de hidrociclonagem; b) Diagrama esquemático dos componentes do

circuito

Adicionalmente, para a obtenção de uma medição mais precisa da vazão

instalou-se um medidor de vazão eletromagnético fornecido pela empresa Incontrol S.A.

(Figura 4.4), com uma transmissão de sinal de 4 a 20 mA. O sinal é transmitido para um

módulo eletrônico modelo CEV-1000, possibilitando assim, as leituras da vazão

instantânea e vazão totalizada simultaneamente e transmissão dos dados para um

computador.

a) b

81

Figura 4.4- a) Localização do medidor da vazão dentro do sistema de hidrociclonagem;

b) medidor de vazão eletrônico e c) painel de medição da vazão (módulo eletrônico).

4.4.1 Calibração do medidor de vazão

De acordo com a forma do sistema de hidrociclonagem precedeu-se à realização

da calibração do medidor de vazão em relação ao sistema (Figura 4.4). Primeiramente,

segundo o certificado de calibração fornecido pela empresa Incontrol S.A., o medidor

de vazão foi calibrado seguindo o método de pesagem estático baseado na norma

técnica ISO 4185:1980, a qual normaliza os procedimentos para a medição de vazão em

tubulações fechadas, através da massa de líquido coletada em um tanque de pesagem,

em um intervalo de tempo conhecido. Na Tabela 4.3 observam-se os resultados da

calibração, com medições realizadas na faixa de 2,18 a 12,45 m3/h. Nessa, faixa de

trabalho o erro de leitura foi considerado baixo, variando de 0,0068 até 0,2363. Assim,

foi possível concluir que as medidas obtidas pelo medidor são o suficientemente

confiáveis, atingindo um erro de medição médio de 0,1 %.

a b c

82

Tabela 4.3 Dados de calibração de totalização, tempo e vazão obtidos por meio de médias

aritméticas de 3 leituras.

Resultados de calibração

Totalização do padrão

(l)

Totalização

do medidor

em teste (l)

Tempo

(s)

Vazão do

padrão

(m3/h)

Vazão inst.

do medidor

em teste

(m3/h)

Erro de

leitura (%)

Incerteza

Expandida

(%)

1378,6

1137,3

679,6

543,2

523,6

1376,2

1137,1

679,3

534,2

524,9

99,6

105,0

99,8

154,5

867,7

49,84

39,06

24,52

12,45

2,17

49,75

39,05

24,51

12,45

2,18

-0,1781

-0,0192

-0,0393

0,0068

0,2363

0,0653

0,0712

0,0987

0,1216

0,1196

Em função das vazões obtidas do medidor, realizaram-se testes de calibração do

medidor de vazão, em relação ao sistema de hidrociclonagem. Foram realizados 44

testes com água no hidrociclone de maior diâmetro, com na finalidade de obter vazões

na faixa de trabalho. Foram realizadas amostragens em diferentes tempos com o auxilio

de um cronômetro.

No mesmo período de amostragem observaram-se as vazões dadas pelo medidor,

comparando-as com os dados coletados. Na Figura 4.5 são apresentados os resultados

das correlações das medições das vazões observadas no medidor de vazão e as vazões

calculadas, onde a correlação apresenta um erro relativo médio de 14,7%, sendo esta

percentagem de erro atribuída aos inevitáveis erros experimentais, incluindo os do

sistema (circuito de ciclonagem).

83

Figura 4.5- Calibração do medidor de vazão com água.

Realizada a calibração, para um melhor monitoramento da medição da vazão, o

módulo eletrônico do medidor de vazão foi acoplado a um computador com um

programa que possibilita o armazenamento dos dados por segundo durante os ensaios. O

armazenamento é realizado através da transformação do sinal analógico em um sinal

digital na forma de voltagem. Com o objetivo de obter valores de vazão de fluxo

estudou-se a correlação dos valores de voltagem com os valores de vazão, utilizando o

método de mínimos quadrados.

Em seguida, também se estudou a correlação dos dados do medidor da vazão

com os dados obtidos mediante o programa do computador, os quais deram como

resultado um erro relativo médio de 1,8%, com um desvio de correlação bastante baixo,

como se pode observar na Figura 4.6.

84

Figura 4.6- Correlação entre os resultados obtidos no indicador de vazão e os resultados

adquiridos pelo computador.

4.4.2 Condições usadas nos ensaios de classificação

No referente ao material utilizado nos ensaios, foram preparados dois tipos de

polpas para alimentação. Em 27 ensaios utilizou-se a polpa em seu estado natural e em

6, a polpa foi espessada com o aditivo natural argila, com o objetivo de modificar a

viscosidade da polpa de bauxita. Na Tabela 4.4 são apresentadas as características das

polpas utilizadas nos ensaios.

85

Tabela 4.4- Resumo das características das polpas da alimentação nos testes.

Polpas

Estado da polpa

Variação de

Temperatura

°C

Modificador da polpa

% sólidos /amostra % sólidos em

massa

% sólidos em

volume

16

26

15

14,88

24,07

13,14

natural

natural

espessada

28-44

27-40

31-44

-

-

Argila (5% sólidos)

Dentro das variáveis operacionais do estudo destaca-se também a pressão de

alimentação do sistema que, de acordo com DOHEIM (1995) e CHAVES (1996), o

efeito do incremento da pressão acarreta num decréscimo do diâmetro de corte devido

ao aumento da força centrífuga. Na Tabela 4.5 são listadas as pressões utilizadas nos

ensaios.

Tabela 4.5 –Pressões das alimentações dos ensaios.

Diâmetro do Hidrociclone

(mm)

Pressão

(psi)

Pressão

(kPa)

40 11-12; 17-18 e 20-22 75,84 - 82,74; 117,21 - 124,11 e

137,90 - 151,68

75 11-12; 16-17 e 19-22 75,84 - 82,74; 110,32 - 117,21 e

131,00 - 151,68

Todos os ensaios foram realizados no Laboratório de Tecnologia Mineral

(COPPE/UFRJ).

4.4.3 Procedimento dos ensaios

Na preparação da polpa de minério procedeu-se ao preenchimento do tanque

com 100 litros de água e à adição do minério até atingir a percentagem de sólidos

desejada (Figura 4.7), mantendo-se agitação constante. Cada batelada de polpa

86

preparada foi utilizada na realização de 4 a 6 ensaios de hidrociclonagem, sob condições

variadas de operação.

Figura 4.7- Preparação da polpa para o ensaio de hidrociclonagem.

Uma vez iniciado o ensaio de hidrociclonagem com a polpa devidamente

homogeneizada e com os parâmetros do ensaio ajustados, se precedeu à coleta

simultânea das amostras dos produtos underflow e overflow, e, em seguida, da

alimentação. Assim, o procedimento geral, que incluiu as trocas dos apex e

modificações da pressão de alimentação foi planejado de forma a obter o menor gasto

possível de tempo para evitar que a polpa sofresse aquecimento em decorrência do

bombeamento, influindo assim na sua viscosidade.

O tempo de amostragem foi determinado pela quantidade de amostra requerida

para as análises e suas respectivas duplicatas, caso fossem necessárias.

87

4.4.4 Análises das amostras coletadas

Uma vez amostrados tanto os produtos como a alimentação, estas amostras

foram pesadas para a obtenção de uma estimativa preliminar do balanço de massas e

água. As amostras do underflow e da alimentação foram secas e, posteriormente,

quarteadas, para a obtenção de amostras representativas para as análises

granulométricas. Por outro lado, as amostras do overflow foram devidamente

quarteadas, ainda em polpa. Para isso foi usado um quarteador de polpa que consistia de

um tanque com agitação constante com capacidade para 12 litros, o que possibilitava a

obtenção de alíquotas de 1/12 da mesma.

Com todas as alíquotas obtidas foram realizadas as análises granulométricas e a

medição da porcentagem de sólidos, parâmetros necessários para o cálculo do balanço

de massas.

As amostras do underflow e overflow foram analisadas pelo método de

peneiramento híbrido (úmido/seco) para o material maior que 38 µm, enquanto para o

material menor que 38 µm as análises foram realizadas com o auxilio da técnica de

espalhamento da luz laser.

Na combinação das análises realizadas utilizando as diferentes técnicas foi

empregada uma rotina do programa Matlab®, na qual, se encontra implementado o

método de inter-conversão desenvolvido por AUSTIN e SHAH (1983), para converter a

distribuição do peneiramento para os dados equivalentes à distribuição de tamanhos

obtidos pela técnica de espalhamento de luz laser, obtendo assim análises coerentes das

amostras.

88

4.4.5 Cálculo dos balanços de massas

No fechamento do balanço de massas foram utilizados como dados de entrada os

resultados das análises granulométricas da alimentação e dos produtos overflow e

underflow. Por meio do método de multiplicadores de Lagrange (KING, 2001) a

recuperação de sólidos no underflow foi estimada por

∑−

−−

−=

i

ii

i

iiii

uo

ofuo

2)(

))((β Equação 4-1

sendo, oi, ui, e fi o material retido em cada classe de tamanhos analisada para o

overflow, underflow. O balanço de massas é ilustrado na Figura 4.8.

Figura 4.8- Balanço de massas com vários dados de tamanho de cada fluxo (fi, oi e ui).

Em seguida calculou-se a recuperação de água do underflow a partir das

porcentagens de sólidos dos produtos e da recuperação de sólidos no underflow (Rf),

segundo as equações:

89

−= 1

.%

100

u

asól

u β Equação 4-2

1.%

)1(100−+

−= β

β

o

asól

o Equação 4-3

Cálculo da recuperação de água a partir dos resultados das frações de água nos produtos

foi realizado pela equação:

aa

af

ou

uR

+= Equação 4-4

sendo:

oa = fração de água no overflow,

ua = fração de água no underflow, e

Rf = recuperação de água do underflow.

No fechamento do balanço de massas de cada ensaio foram observados dois

casos nos quais as distribuições granulométricas das alimentações se mostravam

incompatíveis com as demais, sugerindo problemas durante a sua amostragem ou

análise. Nesses casos, utilizou-se uma média das distribuições granulométricas das

alimentações obtidas nos ensaios daquela mesma batelada na representação da

alimentação desses ensaios, com vistas ao fechamento do balanço de massas.

90

4.4.6 Cálculo das curvas de partição

A partir dos dados obtidos como do fechamento de balanço de massas foi

realizada a avaliação do desempenho de hicrociclones com o auxilio de curvas de

partição. Baseando-se nos dados corrigidos pelo programa de Matlab foram traçadas as

curvas de partição real e corrigida para cada um dos ensaios. A curva de partição foi

calculada a partir da equação

ii

i

ou

uc

)1(100

ββ

β

−+= Equação 4-5

sendo ui e oi são o material retido em cada classe de tamanhos i e c fração da

alimentação que é sujeita a classificação. Esses resultados foram lançados em gráfico,

em função do tamanho médio de partícula de cada classe de tamanhos. Dos dados

obtidos estes foram estimados utilizando uma combinação das Equações 3-20 e 3-24

proposta por Kelsall e Whiten, a qual é expressa por

−+

−+=

2)exp(exp

1exp

)1(

50

50

αα

α

C

C

ff

d

dp

d

dp

RRe Equação 4-6

A metodologia empregada na estimação dos parâmetros Rf, α e d50c foi a regressão

multivariada, utilizando o método numérico de otimização Quasi-Newton, programado

no software STATISTICA®.

Os parâmetros do modelo foram ajustados de maneira a minimizar o desvio de

interpolação, dado por

91

2/1

1

2)(1

1

−= ∑

=

∧N

i

ii yyN

Desvio Equação 4-7

sendo yi e ∧

iy os valores medidos e ajustados, respectivamente, e N o número de dados

experimentais. Dessa forma, quanto menor for o desvio, melhor será o ajuste do modelo

escolhido para a determinação dos valores previstos.

4.4.7 Modelagem matemática

A modelagem matemática foi baseada na avaliação da aplicabilidade do modelo

matemático semi-empírico desenvolvido por TAVARES et al. (2002), em relação aos

diferentes modelos existentes na simulação do desempenho do hidrociclone.

Com o auxilio do software STATISTICA®, foram estimados os parâmetros para

cada um dos modelos utilizados no presente trabalho. Por outro lado também se

realizaram algumas mudanças no modelo de Tavares na previsão do d50C, tendo como

base os efeitos das variáveis operacionais e na geometria dos hidrociclones nos ensaios

de classificação. O modelo desenvolvido por NAGESWARARAO (1995) foi também

levado em consideração, devido ao fato que ele correlaciona o maior número de

variáveis tanto operacionais como as da geometria do hidrociclone no calculo do d50C.

Para a avaliação dos resultados previstos pelos modelos foi considerado o desvio

de correlação, conforme a Equação 4-7.

92

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta capitulo são apresentados os resultados do trabalho, o qual é dividido em

duas partes. A primeira parte, consiste numa avaliação dos principais modelos

empíricos e semi-empíricos do processo de classificação, propondo mudanças no

modelo de Tavares (TAVARES et al., 2002) foco do estudo do presente trabalho. Na

avaliação foram usados resultados obtidos na pesquisa do processo de deslamagem de

minério de fosfato (POSSA, 2000). Já na segunda parte dos resultados, são apresentados

os resultados experimentais do presente trabalho, que incluem a caracterização do

minério de bauxita, os resultados dos ensaios de hidrociclonagem, as análises das

amostras dos ensaios, e os resultados da modelagem matemática.

5.1 Comparação dos modelos matemáticos de classificação

A seguir são comparados alguns dos principais modelos matemáticos empíricos

e semi-empíricos utilizados na indústria mineral, sendo estes os modelos de Lynch e

Rao, Plitt, Nageswararao e Tavares. Foi realizada a previsão do desempenho de

hidrociclones de pequeno diâmetro na classificação de polpas de fosfato, provenientes

da alimentação do processo de deslamagem da usina Serrana S.A (Axará, Brasil)

(POSSA, 2000).

5.1.1 Investigação da classificação de polpas de fosfato

Na investigação da classificação de polpas de fosfato, apresentada a seguir,

foram utilizados resultados da caracterização obtidos por POSSA (2000). A distribuição

granulométrica da alimentação é mostrada na Tabela 5.1.

93

Tabela 5.1- Distribuição granulométrica da amostra de fosfato (POSSA, 2000).

Tamanho

(µm)

Massa retida

(%)

Massa passante

(%)

35,56

26,20

19,31

14,22

10,48

7,72

5,69

4,19

3,09

2,28

1,68

1,24

0,91

0,67

0,49

-0,49

6,5

4,6

5,0

5,0

4,8

4,7

4,6

4,3

4,0

3,6

3,5

3,5

2,8

3,5

7,1

32,5

93,5

88,9

83,9

78,9

74,1

69,4

64,8

60,5

56,5

52,9

49,4

45,9

43,1

39,6

32,5

Um resumo das características das polpas preparadas é apresentado na Tabela

5.2, onde se pode observar a preparação de polpas deliberadamente espessadas com a

adição de carboximetil celulose de sódio (CMC), glicerina ou dispersando-as com sal

sódico policarboxílico (PSA) fabricado pela BASF, o que resultou em um amplo

espectro de características reológicas para a modelagem da classificação nos

hidrociclones.

94

Tabela 5.2- Resumo das características das polpas usadas nos testes (Possa, 2000).

% de sólidos

(w/w)

% de sólidos

(v/v)

Aditivos (peso do

aditivo por ton. de

minério seco)

Viscosidade

(mPa s)

Modelo Reológico

(Equação III-8)

15

25

35

15

15

35

35

5,0

9,0

13,4

5,0

5,0

13,4

13,4

-

-

-

27 kg de CMC

4900 kg de glicerina

0,95 kg de PSA

2,6 kg de PSA

23 – 24

108 – 140

232 – 240

114 – 120

100 – 108

112 – 130

20 – 24

τ = 0,32 + 0,010γ 0,80

τ = 1,40+ 0,026 γ0,78

τ = 5,80 + 0,084 γ0,69

τ = 0,48 + 0,52 γ0,58

τ = 1,45 + 0,040 γ0,96

τ = 2,30 + 0,021 γ0,80

τ = 0,10 + 0,0060 γ0,85

Pelos resultados mostrados na Tabela 5.2, observa-se que todas as polpas

apresentaram um comportamento reológico pseudoplástico, destacando-se a polpa com

15% de sólidos espessada com carboximetil celulose de sódio (CMC), que apresentou a

maior plasticidade, devido ao menor valor do índice n.

Nesta seção também são apresentados de forma sucinta as características dos

hidrociclones e dos materiais utilizados nos ensaios com o minério de fosfato. Na

Tabela 5.3 é apresentado um resumo das características do material usado, assim como

das características dos hidrociclones utilizados nos testes. Como pode-se observar, as

dosagens dos espessastes são extremadamente elevadas, tendo em vista que os ensaios

foram realizados com o objetivo de avaliar os efeitos da viscosidade da polpa no

desempenho de hidrociclones de pequeno diâmetro.

95

Tabela 5.3- Características dos hidrociclones e do material usados nos ensaios com polpas

de minério de fosfato (POSSA, 2000).

Sistema

Geometria do

Hidrociclone

Minério do Fosfato

Propriedades do

material Natural

CMC/

Glicerina PSA

Diâmetro do ciclone (cm)

Diâmetro do apex (cm)

Diâmetro do vortex (cm)

Diâmetro do inlet (cm)

Comprimento do cilindro

(cm)

Altura livre do vortex (cm)

Ângulo do cone (graus)

2,54 e 5,08

0,95 e 0,95

0,95 e 1,27

0,62 e 1,43

23,5 e 32,50

149,20 e

298,41

9 e 10

Densidade dos

sólidos (kg/m3)

Densidade do

líquido (kg/m3)

Viscosidade do

liquido (cP)

3430

1000

0,890

3430

1390 / 1256

3,500 / 750

3430

1310

100-300

Conforme apresentado na revisão da literatura, ao longo dos anos foram

realizados vários estudos no sentido de descrever o desempenho dos hidrociclones

utilizando-se curvas de partição ou de Tromp. Essas curvas permitem estimar a

proporção de partículas contidas em diferentes intervalos de tamanhos que reportam ao

produto underflow ou overflow do hidrociclone. Dentro deste contexto, a avaliação e a

caracterização do hidrociclone do ponto de vista industrial são geralmente realizadas

levando em conta os seguintes parâmetros:

• O tamanho de corte corrigido (d50C),

• A capacidade do hidrociclone - vazão da polpa, (Qv) ou a queda de

pressão (P),

• A partição de água para o underflow, (Rf) ou a razão das vazões de

underflow/overflow (S).

Em função desses parâmetros foi realizada a avaliação dos modelos, sendo

realizada a partir a 41 ensaios de hidrociclonagem com minério de fosfato. Em uma

primeira etapa, foram utilizados resultados de 21 ensaios realizados com ambiente

físico-químico inalterado (polpa “natural”), modificando-se apenas a percentagem de

96

sólidos das polpas da alimentação. A partir desses ensaios, os parâmetros dos diferentes

modelos matemáticos foram ajustados aos resultados de classificação.

5.1.2 Tamanho de Corte Corrigido (d50C)

Todos os modelos consideram amplamente as variáveis geométricas do ciclone.

Dos modelos estudados apenas o de TAVARES et al. (2002) leva em consideração a

influência da reologia da polpa no tamanho de corte, sendo que os demais modelos

levam em consideração esse efeito apenas de forma indireta, através do termo que

contém a fração de sólidos da polpa. Além disso, um ajuste do modelo inicial (Equação

3-57) foi realizado, o qual consistiu na adição da relação da influência do diâmetro do

apex com o diâmetro do ciclone variando para cada tipo de geometria através de um

expoente k2, e da adição da geometria do ciclone considerado no modelo de

Nageswararao, conforme a equação

15,0

2,05,052,02/11

150*

224

350

84

θπρρ

=

−−

+

−−

c

c

c

i

c

o

b

N

is

bb

c

k

c

uc

D

L

D

D

D

D

rD

NZabQD

D

DKd

Equação 3-57

Na Tabela 5.4 é apresentado um resumo dos parâmetros de ajuste das regressões

dos modelos, enquanto a Figura 5.1 compara os resultados medidos aos estimados pelos

modelos. Todos os modelos testados forneceram bons ajustes aos dados de diâmetro de

corte, ressaltando o modelo de Plitt com o menor desvio de interpolação.

97

Tabela 5.4- Parâmetros ótimos de ajuste para cada modelo.

Lynch e Rao Plitt Nageswararao Tavares

Parâmetro

estimado

Valor

P

Parâmetro

estimado

Valor

P

Parâmetro

estimado

Valor

P

Parâmetro

estimado

Valor

P

d50C

k1= 463,22;

k2 = 355,73

k3 = -181,38;

k4 = 3,86E-04

k5 = 6,45E-03;

k6 = 10,32

< 0,01

< 0,01

< 0,01

k1 =5,903

< 0,01 k1 =0,185 <0,01 k1= 0,016

k2 = -0,218

< 0,01

< 0,01

Qv k7= 4,128 < 0,01 k2 =2,171 < 0,01 k2 =449,890 < 0,01 k3 = 0,161 < 0,01

Rf

k8 = 15,184

k9 = 14,053

k10 = 0,340

< 0,01

< 0,01

< 0,01

k3 =0,073 < 0,01 k3 =64,884 < 0,01

k4 = 158,826

E1 = 1,119

E2 =-0,085

E3 =-0,109

< 0,01

< 0,01

0,34

0,12

A análise estatística da Tabela 5.4 demonstra a grande significância dos

parâmetros ajustados (valores de P menores que 0,01). Apenas no ajuste do modelo que

prevê a recuperação de água no underflow no modelo de TAVARES et al. (2002) é que

dois dos parâmetros se mostraram com certeza estatística inferior a 90% (valores de P

maiores que 0,1).

98

Figura 5.1- Resultados da previsão do tamanho de corte corrigido pelos modelos

matemáticos de hidrociclones, em polpas de minério de fosfato (natural, sem

aditivo).

Dentre os modelos testados, o desenvolvido por Plitt foi o que apresentou a

melhor correlação com os dados experimentais, obtendo um erro relativo médio de 11,4

%. Esse resultado é particularmente significativo pelo fato do modelo apresentar um

único parâmetro de ajuste (k1). Por outro lado, o modelo de Lynch e Rao apresentou

menor desvio de correlação, embora apresente um grande número de parâmetros de

ajuste.

99

5.1.3 Recuperação de água para underflow (Rf)

A previsão da recuperação de água para o underflow é importante tanto sobre o

ponto de vista do cálculo do balanço da água que entra no equipamento, quanto pela sua

forte correlação com o curto-circuito para o underflow. Com exceção do modelo de Plitt

(Equação 3-41), que prevê a razão de fluxo (S), os demais modelos prevêem

diretamente a recuperação de água no underflow (Rf). Assim, por conveniência de

avaliação, o valor de S do modelo de Plitt é transformado em Rf a fim de facilitar

comparações entre os modelos.

Conforme mostra a Figura 5.2 o modelo de Tavares foi o que mais fielmente

representou os resultados experimentais, obtendo desvio de correlação inferior a 0,06,

enquanto os modelos de Plitt e Nageswararao apresentaram desvios de interpolação

mais elevados, da ordem de 0,1. Entretanto, cabe destacar que o modelo de Lynch e Rao

obteve também uma boa correlação.

Resumidamente, é importante ressaltar que, em geral, os modelos que permitam

obter as melhores correlações foram os que têm os maiores números de parâmetros a ser

ajustados. Entre esses que se tem o modelo de Tavares, que em função de seus

resultados sugere que existe um efeito da pressão de alimentação na Rf, embora esse

efeito seja muito pequeno (E3 = -0,11). Tal efeito não foi previsto por Nageswararao,

mas concorda com observações de VALLEBUONA et al. (1995). Entretanto, pode-se

provavelmente concluir que a partição de água permanece sendo a previsão menos

confiável dos modelos atualmente usados, devendo ser realizados mais estudos no

refinamento dos modelos matemáticos no futuro.

100

Figura 5.2- Comparações entre os valores observados e calculados de recuperação de água para o

underflow nos ensaios de classificação de polpas de minério de fosfato (natural).

5.1.4 Capacidade

A capacidade do hidrociclone está normalmente representada pela vazão da

polpa (Q) e pela queda de pressão (∆P) que, juntas representam a capacidade útil do

hidrociclone (NAPIER-MUNN et al., 1996). Enquanto a maioria dos modelos baseia-se

na previsão da vazão volumétrica de polpa na alimentação (Qv), o modelo de Plitt

calcula a queda de pressão associada a uma vazão conhecida de alimentação. Dentre os

101

modelos estudados, o modelo de Nageswararao ofereceu uma previsão mais fiel da

capacidade do ciclone, com os modelos de Lynch e Rao e de Tavares uma descrição

intermediária, enquanto o de Plitt apresentou um desvio de correlação

comparativamente maior (0,5) (Figura 5.3).

Figura 5.3- Resultado da previsão dos modelos da capacidade do hidrociclone com polpas de fosfato

natural.

102

5.1.5 Validação dos modelos para reologias variáveis

A fim de avaliar a previsibilidade dos diferentes modelos, foram utilizados os

parâmetros ajustados para dados de classificação de polpas naturais. Estes parâmetros

foram utilizados na simulação de polpas com reologias muito variadas, obtidas pela

introdução de aditivos químicos (Tabela 5.4). No caso da previsão do tamanho de corte,

a Figura 5 mostra que o modelo de Tavares foi, conforme seria esperado, o único capaz

de prever com alguma fidelidade o efeito significativo das mudanças do comportamento

reológico no d50C. Com isso, é mostrado claramente que os modelos tradicionais não

permitem prever o d50C com polpas de diferentes condições reológicas se os parâmetros

dos modelos foram ajustados a partir de polpas naturais (isentas de aditivos). Isso é

somente possível no modelo de Tavares, pois ele incorpora dois parâmetros (k e n)

determinados a partir de medidas reológicas diretas em laboratório.

103

Figura 5.4- Comparação entre tamanhos de corte previstos usando parâmetros dos

modelos ajustados para polpas naturais e medidas de tamanhos de corte para polpas com aditivos

variados (CMC, PSA e glicerina).

No caso da previsão da capacidade dos hidrociclones (Qv), observa-se que os

diferentes modelos são capazes de descrever relativamente bem os dados, mesmo com

amplas variações de reologia, como se pode observar na Figura 5.5. Isso sugere que a

reologia da polpa tem um efeito limitado na capacidade de processamento do

hidrociclone.

104

Figura 5.5- Resultados na previsão dos modelos da capacidade do hidrociclone com polpas

com aditivos variados (CMC, PSA e glicerina).

Conforme mostra a Figura 5.5, dentre os modelos estudados, o modelo de

Nageswararao ofereceu a melhor predição da capacidade do ciclone apresentando o

menor desvio de interpolação com um desvio relativo de 15%, seguido do modelo de

Lynch e Rao e do modelo de Tavares, os quais apresentaram os erros relativos de 19,3%

e 20,9%, respectivamente. O modelo de Plitt apresentou o maior desvio de interpolação,

podendo ser explicado, pelo fato de que o modelo prevê de forma indireta a capacidade

do ciclone, mediante o cálculo da pressão de alimentação, tendo que considerar tanto os

105

erros na modelagem, como o cálculo do rearranjo matemático da variável da capacidade

em função da pressão, realizados por conveniência para facilitar a comparação.

No caso da previsão da recuperação de água no underflow, o modelo de Tavares

foi o que mais fielmente se ajustou aos dados experimentais, obtendo o menor desvio de

interpolação, como se pode observar na Figura 5.6, com um erro relativo médio de

7,6%, seguido do modelo de Lynch e Rao. Estes resultados corroboram que as melhores

correlações são obtidas pelos modelos que têm mais parâmetros a ser ajustados.

106

Figura 5.6- Correlações entre as previsões dos modelos para recuperação de água a dados

medidos para polpas com aditivos variados (CMC, PSA e glicerina).

Por outro lado, conforme os resultados apresentados dos diferentes modelos

matemáticos ajustados usando dados de classificação de polpas “naturais” (isentas de

aditivos), na previsão de resultados de classificação de polpas cuja reologia havia sido

modificada artificialmente pela introdução de aditivos, pode-se concluir que apenas o

modelo de Tavares foi capaz de fornecer previsões de tamanhos de corte com alguma

fidelidade, apresentando também as melhores previsões de recuperação de água para o

underflow. No caso da capacidade, observou-se que todos os modelos estudados foram

107

capazes de prever razoavelmente bem os resultados de classificação de polpas com

reologias complexas a partir de modelos previamente calibrados usando dados de polpas

“naturais, ou seja, ajustando os parâmetros “K” que representam as características do

material da alimentação que não são contidas no modelo.

5.2 Modelagem com minério de Bauxita

5.2.1 Caracterização das amostras de bauxita e argila

5.2.2 Análises da distribuição de tamanho de partículas

Na Tabela 5.5 é apresentado o resultado da análise da distribuição de tamanhos

de partículas da amostra de bauxita, material representativo da alimentação dos ensaios

de hidrociclonagem.

Tabela 5.5 - Distribuição granulométrica da alimentação dos ensaios de hidrociclonagem com

polpas de bauxita.

Tamanho

(µm)

Massa retida

(%)

Massa passante

(%)

300

212

150

106

75

53

38

-38

0,00

4,31

9,89

12,30

10,81

5,53

10,52

46,65

100,00

95,69

85,81

73,51

62,70

57,17

46,65

0,00

108

Observa-se que a amostra apresenta mais de 50 % da massa de partículas abaixo

de 53 µm, caracterizando-se em conter material fino, enquanto todo o material é

passante na peneira de abertura 300 µm.

Na Figura 5.7 é apresentado o digrama da distribuição granulométrica da argila

(caulim) utilizada como aditivo natural no espessamento das polpas de bauxita em

alguns ensaios de classificação. Pode-se observar que o material apresenta uma

granulometria muito fina apresentando um 50% tamanhos de partícula menores de 33

µm e um 90% menores de 150 µm.

Figura 5.7- Distribuição granulométrica do argila (CALCINA, 2010).

5.2.3 Composição química

A composição do minério de bauxita utilizado nos ensaios é apresentada na

Tabela 5.6. As análises demonstram que o percentual de alumínio é predominante sobre

109

os outros elementos presentes, cuja ocorrência é na forma de Al2O3, representado 49,9%

da amostra. Por outro lado, as análises também indicam teores significativos de

impurezas como o ferro, na forma de hematita, que representa 14,2%, o quartzo com

8,1% entre outras em menores quantidades, como: TiO2 (1,8%), P2O5 (0,34%) e ZrO2

(0,28%).

A amostra também apresenta um teor de voláteis bastante elevado, que pode ser

justificado, em parte, pela presença de minerais fortemente hidratados.

Tabela 5.6- Composição dos principais óxidos presentes na amostra de bauxita.

Óxidos Presentes Massa (%)

Al2O3

Fe2O3

SiO2

TiO2

P2O5

ZrO2

CaO

Cr2O3

MnO

SrO

CuO

NbO

Perda ao fogo

50,95

14,50

8,29

1,84

0,34

0,28

0,08

0,04

0,03

0,02

0,02

0,01

23,61

110

Por outro lado, o material utilizado como aditivo natural (argila) apresentou

como principal componente predominância do óxido de silício, com mais do 40% em

massa, seguido do oxido de alumínio com 39,56% em massa, como pode-se observar na

Tabela 5.7.

Tabela 5.7- Composição dos principais óxidos presentes na argila (CALCINA, 2010)

Óxidos Presentes Massa (%)

Al2O3

SiO2

Fe2O3

TiO2

P2O5

K2O

Na2O

CaO

Perda ao fogo

39,56

41,07

2,09

1,41

0,35

0,14

0,10

0,05

15,23

5.2.4 Análise mineralógica

O difratograma da amostra de bauxita revela que este material é constituído

essencialmente por uma fase cristalina bem definida, que é a gibbsita (Al(OH)3-γ),

seguido do argilo-mineral caulinita (Al2Si2O5(OH)4-γ), característica própria da bauxita

cristalizada, comumente presente no nordeste do Pará, além de outras como a bauxita

cristalizada amorfa a qual contém maior quantidade de finos abaixo de -37 µm em

comparação com a bauxita cristalizada, o qual faz que esta seja um 12% mais viscoso

111

que a bauxita cristalizada (BARBATO et al., 2010), como pode ser observado na

Figura 5.8. A partir desses resultados foram identificadas percentagens menores de

algumas impurezas como a hematita, calcita e calcita monohidratada.

Figura 5.8- Difratograma de raios X da amostra de bauxita utilizada nos ensaios de

hidrociclonagem.

Na figura 5.9 observa-se o difratograma da argila (caulim), o qual revela que o

material como era de esperar-se esta constituído principalmente por uma fase cristalina

bem definida, que é a caulinita e em poucas quantidades de gibbsita.

112

Figura 5.9- Difratograma de raios X da amostra de calcário utilizada como aditivo em

alguns ensaios de hidrociclonagem (CALCINA, 2010).

5.2.5 Análises por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A análise por microscopia eletrônica de varredura possibilitou a obtenção de

resultados que comprovam a predominância de gibbsita, sendo sinalizados na Figura

5.10 (a) pelo ponto “x”, onde podem ser observados picos significativos de alumínio,

oxigênio, carbono, silício e ferro. Em meio a estes estão presentes também algumas

fases cristalinas de caulinita e hematita, sendo comprovados pela técnica de EDS,

conforme mostrado na Figura 5.10 (b).

113

Figura 5.10- Resultado do ensaio no MEV, a) micrografia da amostra de bauxita, e b) EDS no

ponto “x”, mostrando os elementos presentes na amostra.

5.3 Ensaios de reologia

Os resultados obtidos no estudo do comportamento reológico com o reômetro

ARES-G2, com polpas preparadas com alíquotas da amostra utilizada nos ensaios de

ciclonagem são apresentados nas Figuras 5.11. Neles foi observado que a maioria das

polpas com percentagens de sólidos abaixo de 40% apresentam um comportamento

reológico marginalmente dilatante, efeito que pode ser parcialmente associado à

sedimentação da amostra durante a análise da reologia, devido ao fato dilatância a

x

EDS do ponto x

a)

b)

x

114

baixos percentagens de sólidos é rara. Por outro lado, a 50% de sólidos o

comportamento mostrado foi, aproximadamente, plástico de Bingham, sendo esta

medição mais confiável pelo fato que, a maiores concentrações de sólidos, a velocidade

de sedimentação das partículas tende a diminuir.

115

Figura 5.11- Resultados da análise do comportamento reológico das polpas de bauxita

natural.

116

No estudo do comportamento reológico não foram realizados estudos de

potencial zeta. Devido a que os ensaios nos quais se centrara o estudo do trabalho se

realizaram com polpas naturais com pH constante aproximado de 6. Estudos realizados

por BARBATO et al. (2010) demonstraram que polpas de bauxita na faixa de 2 a 6

apresentaram valores do potencial zeta de 5 até 15, determinando que o efeito de

floculação é menor.

Na modelagem dos dados de reologia foi realizada com os valores obtidos acima

de 500 s-1, com o objetivo de aprimorar os cálculos de cada uma das curvas da Figura

5.11, modelagem que foi realizada usando a Equação (4.6), sendo os resultados

apresentados na Tabela 5.8. Observa-se que o índice do comportamento reológico

representado pela variável n se apresenta de forma aproximadamente constante,

enquanto o índice de consistência do fluido apresenta variações significativas (k). Assim

optou-se realizar um novo ajuste do parâmetro k, mantendo-se o valor de n (igual a

1,19) igual à média daqueles observados na Tabela 5.8, sendo os resultados

apresentados na Figura 5.12. Em seguida, foi realizada a modelagem do parâmetro de

consistência do fluido em função da percentagem de sólidos na polpa e da temperatura.

Para isso foi usada a regressão polinomial, sendo uma comparação entre os valores

estimados e ajustados pela equação

[ ] 32 10*037,0.)(%002,0.)(%061,007,3 −−+−= Tsólsólk Equação 5-1

Uma comparação entre os resultados estimados e ajustados pela equação é

apresentada na Figura 5.13, que mostra a boa aderência da equação proposta.

117

Tabela 5.8- Resultados da modelagem do comportamento reológico das polpas de bauxita.

% sólidos

(w/w)

Temperatura

°C

Modelo reológico

τ = τ0 + kγn

τ0 k n

20 25

35

-1,2760

-2,8569

0,0007

0,0238

1,2931

0,8194

30 25

35

-1,8193

-2,1818

0,0007

0,0028

1,2931

1,1386

40 25

35

-3,0838

-2,4790

0,0041

0,0035

1,1432

1,1547

50 25

35

3,3906

5,4010

0,0050

0,0019

1,1704

1,2641

Figura 5.12- Ilustração da relação do índice de consistência versus percentagens de sólidos

a diferentes temperaturas.

118

Figura 5.13- Resultados do ajuste do índice de consistência em função do comportamento

reológico médio apresentado pelas polpas de bauxita.

Os resultados demonstraram a influência significativa da temperatura e da

concentração de sólidos sobre a viscosidade da polpa, observando-se que a maior

concentração de sólidos, maior interação superficial resultando um incremento na

viscosidade. Enquanto que a elevadas temperaturas produzi-se um incremento na

energia cinética das partículas produzindo uma diminuição da viscosidade.

5.4 Ensaios de Classificação

Os resultados obtidos nos ensaios de hidrociclonagem são apresentados na

Tabela 5.9 para o hidrociclone de 40 mm de diâmetro e na Tabela 5.10 para

hidrociclone de 75 mm de diâmetro. Adicionalmente, resultados detalhados dos mesmos

são apresentados nos Anexos.

119

Tabela 5.9- Resultados obtidos nos ensaios de ciclonagem em hidrociclone de 40 mm de diâmetro.

Ensaios Estado da

Polpa

Pressão

(psi)

Vazão

(m3/h)

Diam.

Vortex

Finder

(cm)

Diam.

Apex

(cm)

Du/

Do

% sol.

(w/w)

% sol.

(v/v)

Ru

(ajus.)

Rf

(obs.)

Rf

(ajus.)

Parâmetro

nitidez

separação

(α)

d50C

(ajus.) I

3C

3A

5B

Bauxita

natural

19,91

11,38

11,38

3,25

2,06

1,67

1,3

1,3

1,3

0,6

0,48

0,48

0,48

16,33

16,48

23,98

7,62

7,70

11,76

0,60

0,62

0,47

0,05

0,11

0,06

0,03

0,08

0,02

3,45

0,99

2,75

19,90

23,90

25,28

0,35

0,80

0,40

6E

1C*

2C*

6F

4B

5F

20,62

21,34

12,09

17,07

19,91

17,78

3,08

3,90

2,55

3,08

2,66

2,53

1,6

1,3

1,3

1,0

1,3

1,0

0,8

0,49

0,60

0,60

0,49

0,60

0,78

14,34

16,98

18,05

23,81

24,19

29,53

6,60

7,96

8,51

22,20

11,88

27,68

0,55

0,66

0,66

0,67

0,60

0,52

0,08

0,11

0,09

0,28

0,18

0,08

0,01

0,14

0,05

0,23

0,08

0,11

1,79

1,23

3,72

1,15

1,04

1,63

18,13

21,10

14,64

14,50

15,02

16,54

0,52

0,81

0,34

1,07

0,77

0,66

5D

Bauxita

+

Argila

19,91 3,00 1,3

0,8

0,6 14,01 6,44 0,5 0,16 0,02 1,02 17,38 0,30

* ensaios com agitação no momento de amostragens

120

Tabela 5.10- Resultados obtidos nos ensaios de ciclonagem em hidrociclone de 75 mm de diâmetro.

ensaios Estado da

Polpa

Pressão

(psi)

Vazão

(m3/h)

Do

(cm)

Du

(cm)

Du/

Do

% sol.

(w/w)

% sol.

(v/v)

Ru

(ajus.)

Rf

(obs.)

Rf

(ajus.)

Nitidez

separação

(α)

d50C

(ajus.) I

5E

1A

2A

3B

Bauxita

natural

11,38

11,73

19,91

11,38

7,44

7,36

9,51

6,70

3,0

2,5

2,5

2,5

0,8

0,27

0,32

0,32

0,32

12,9

16,8

17,30

26,09

11,76

7,86

8,12

12,98

0,52

0,6

0,58

0,44

0,03

0,04

0,05

0,07

0,03

0,11

0,03

0,04

3,12

2,96

3,23

4,16

31,43

32,53

29,79

57,26

0,36

0,44

0,36

0,31

6C

5C

1E*

2E*

3F

4F

12,80

19,91

11,38

19,91

11,38

22,05

6,01

9,35

8,51

10,38

5,36

7,88

2,5

2,5

3,0

3,0

2,0

2,0

1,0

0,40

0,40

0,33

0,33

0,50

0,50

12,65

16,05

16,72

18,11

22,38

24,36

5,77

7,47

7,82

8,55

20,84

22,73

0,48

0,52

0,62

0,67

0,58

0,49

0,07

0,03

0,07

0,07

0,15

0,06

0,05

0,02

0,03

0,04

0,21

0,06

2,19

4,07

2,48

2,25

2,74

3,38

21,22

25,50

34,44

28,15

38,78

31,73

0,48

0,29

0,45

0,47

0,65

0,37

4C

3E

4E

4A

1F*

2F*

1B

2B

16,36

11,38

19,91

19,20

11,38

19,91

11,38

19,91

6,47

7,56

10,50

8,57

5,97

7,36

7,18

8,76

2,5

3,0

3,0

2,5

2,0

2,0

2,5

2,5

1,2

0,48

0,40

0,40

0,48

0,60

0,60

0,48

0,48

15,10

15,68

16,01

17,48

23,28

26,85

29,20

29,80

6,99

7,28

7,45

8,21

21,70

25,11

14,84

15,21

0,53

0,63

0,57

0,63

0,54

0,69

0,70

0,57

0,07

0,06

0,05

0,09

0,12

0,23

0,15

0,09

0,04

0,06

0,02

0,06

0,08

0,18

0,19

0,06

2,87

2,51

3,60

1,68

3,39

1,48

1,82

3,66

20,19

26,65

26,16

18,41

37,43

18,57

23,95

35,68

0,40

0,46

0,33

0,59

0,38

0,83

0,77

0,34

6D

4D

3D

1D*

2D*

Bauxita

+

Argila

12,09

11,38

19,91

19,20

11,73

6,00

7,20

9,00

8,40

6,60

2,5

2,5

2,5

2,5

2,5

1,0

0,40

0,40

0,40

0,48

0,48

12,92

14,09

14,96

14,61

14,66

5,90

6,48

6,92

6,74

6,77

0,45

0,40

0,43

0,47

0,49

0,24

0,11

0,09

0,41

0,19

0,05

0,01

0,02

0,05

0,11

1,47

3,81

3,30

2,61

2,03

34,30

35,72

39,47

26,67

26,52

0,61

0,30

0,35

0,44

0,60

* ensaios com agitação no momento de amostragens

121

Nos resultados apresentados na Tabela 5.9 e na Tabela 5.10 observa-se que a

maioria dos valores da recuperação de água (Rf) observados são maiores que aqueles

previstos pela Equação 4.6 (Figura 5.14), fato pelo qual se pode concluir que o “by-

pass” é proporcional à fração de água recuperada no underflow, conforme o postulado

por KELSALL (1953). Outra observação importante a partir desses resultados, na qual

os valores tão baixos do Rf, observados nos ensaios, devem-se ao efeito cordão

apresentado na maioria dos ensaios. Podendo ser explicada pela influência do diâmetro

do vortex finder sob o diâmetro do apex, apresentada por CONCHA et al. (1994).

Nas Tabelas 5.9 e 5.10 também se pode concluir que os valores de d50C tornam-

se maiores com o incremento da percentagem de sólidos, bem como a diminuição do

diâmetro do apex. Concluindo-se que a variável que mostrou maior relevância foi a

concentração dos sólidos na alimentação.

Figura 5.14- Valores observados e ajustados da recuperação de água com polpas de bauxita

natural.

122

Outras observações importantes a partir desses resultados são a variabilidade do

parâmetro de nitidez da separação (α) para os diferentes ensaios, podendo ser, ao menos

em parte, explicado pelas mudanças significativas na distribuição de tamanhos de

partícula da alimentação dos ensaios (NAGESWARARAO, 1999b), além das polpas

preparadas com argila, embora tenha sido preparada inicialmente uma só amostra do

minério para os diferentes ensaios. Isso é mostrado na Figura 5.15, que apresenta as

distribuições granulométricas das alimentações dos ensaios para polpas naturais,

mostrando que as alimentações do ciclone tornaram-se mais finas no transcorrer das

amostragens, apresentando variações significativas. Este efeito pode ser explicado pela

sedimentação devido a que só nos primeiras amostragens foram levados a cabo com

agitação constante, pelo fato da diminuição do volume da polpa. Além disso, a própria

recirculação da polpa por tempos prolongados pode ter sido responsável pela geração de

finos, ou seja, a degradação do minério.

123

Figura 5.15- Distribuições granulométricas das alimentações dos ensaios de hidrociclonagem com

polpas naturais de bauxita.

Nas Figuras 5.16, 5.17 e 5.18 são apresentados resultados típicos de curvas de partição

medidas e ajustadas pela combinação das equações de Kelsall e Whiten, com os valores

ótimos dos parâmetros de nitidez (α), Rf e d50C. A Figura 5.16 é típica da maioria dos

casos de ajuste nos ensaios, mostrando que a equação utilizada (Equação 4-6) se ajustou

muito bem aos valores obtidos a partir do balanço de massas ajustado pela Equação 4-5,

ainda para polpas com adição de modificadores reológicos (argila). O ajuste das curvas

de partição pela Equação 4-6 apresentou desvios de interpolação na faixa de 0,83 a 2,63.

Na Figura 5.17 e Figura 5.18 são apresentados o melhor e pior ajuste dos valores

obtidos pelo balanço em polpas naturais, respectivamente. O pior ajuste observa-se na

parte grossa sendo explicado pelo fato que 20% do material grosso na faixa de 30 µm a

124

110 µm dirigiram-se direto a overflow, como pode-ser observado na Figura 5.18. Em

geral as curvas foram adequadamente descritas pela Equação 4-6.

Uma análise dos valores de α permite concluir que, de modo geral, os valores ajustados

indicaram boas classificações, apresentando uma média de 2,5, sendo contida numa

faixa aceitável, segundo LYNCH e RAO (1975), que sugere que valores na faixa de 1,5

até 3,5, representam boas classificações.

Figura 5.16- Parâmetro αααα para polpas 15% de sólidos espessada com aditivo natural argila.

125

Figura 5.17- Parâmetro αααα para polpas 25% de sólidos polpa natural.

Figura 5.18- Parâmetro αααα para polpas 15% de sólidos polpa natural.

126

5.5 Modelagem da vazão

O modelo proposto para a modelagem da vazão volumétrica de alimentação do

ciclone baseia-se no modelo de Nageswararao (Equação 3-44). O modelo leva em

consideração o efeito da pressão atmosférica que se antepõe à pressão na qual é injetada

a polpa de alimentação, como também às características do material e da geometria do

ciclone, como observado na equação

10,0

20,068,045,05,0

21

∆= θ

ρ c

c

c

o

c

i

p

cvD

L

D

D

D

DPDKQ Equação 3-55

De acordo com a Equação 3-55 foi modelada a vazão volumétrica de

alimentação do ciclone. Foram utilizados 33 ensaios com comportamento reológicos

variados. Na Tabela 5.11 são apresentados os dados utilizados na previsão da Qv.

127

Tabela 5.11- Variáveis e parâmetros utilizados na modelagem do desempenho dos hidrociclones de

40 mm e 75 mm de diâmetro no processo de classificação.

ensaio Dc

(m)

P

(Pa)

ρp

Kg/m3

Di

(m)

Du

(m)

Do

(m)

Lc

(m)

θ

(graus)

a

(ajust.)

Qv

(obs.)

Rf

(ajust.)

d50C

(ajust.)

1A 0,075 80904 1135 0,021 0,008 0,025 0,23 8 0,0014 7,36 0,11 32,53

2A 0,075 137293 1139 0,021 0,008 0,025 0,23 8 0,0013 9,51 0,03 29,79

3A 0,040 78453 1132 0,008 0,006 0,013 0,13 9 0,0012 2,06 0,08 23,90

4A 0,075 132389 1141 0,021 0,012 0,025 0,23 8 0,0011 8,57 0,06 18,41

1B 0,075 78453 1177 0,021 0,012 0,025 0,23 8 0,0017 7,18 0,19 23,95

2B 0,075 137293 1182 0,021 0,012 0,025 0,23 8 0,0017 8,76 0,06 35,68

3B 0,075 78453 1045 0,021 0,008 0,025 0,23 8 0,0014 6,70 0,04 57,26

4B 0,040 137293 1191 0,008 0,008 0,013 0,13 9 0,0013 2,66 0,08 15,02

5B 0,040 78453 1297 0,008 0,006 0,013 0,13 9 0,0013 1,67 0,02 25,28

1C* 0,040 147099 1079 0,008 0,008 0,013 0,13 9 0,0013 3,90 0,14 21,10

2C* 0,040 83356 1072 0,008 0,008 0,013 0,13 9 0,0011 2,55 0,05 14,64

3C 0,040 137293 1094 0,008 0,006 0,013 0,13 9 0,0014 3,25 0,03 19,90

4C 0,075 112776 1077 0,021 0,012 0,025 0,23 8 0,0010 6,47 0,04 20,19

5C 0,075 137293 1092 0,021 0,010 0,025 0,23 8 0,0011 9,35 0,02 25,50

6C 0,075 88259 905 0,021 0,010 0,025 0,23 8 0,0011 6,01 0,05 21,22

1D* 0,075 132389 1186 0,021 0,012 0,025 0,23 8 - 8,40 0,05 26,67

2D* 0,075 80904 1156 0,021 0,012 0,025 0,23 8 - 6,60 0,11 34,30

3D 0,075 137293 1224 0,021 0,010 0,025 0,23 8 - 9,00 0,01 39,47

4D 0,075 78453 1172 0,021 0,010 0,025 0,23 8 - 7,20 0,01 35,72

5D 0,040 137293 1185 0,008 0,008 0,013 0,13 9 - 3,00 0,02 17,38

6D 0,075 83356 1140 0,021 0,010 0,025 0,23 8 - 6,00 0,05 26,52

1E* 0,075 78453 1079 0,021 0,010 0,030 0,23 8 0,0016 8,51 0,03 34,44

2E* 0,075 137293 1088 0,021 0,010 0,030 0,23 8 0,0016 10,38 0,04 28,15

3E 0,075 78453 1094 0,021 0,012 0,030 0,23 8 0,0015 7,56 0,06 18,13

4E 0,075 137293 1072 0,021 0,012 0,030 0,23 8 0,0013 10,50 0,01 26,16

5E 0,075 78453 882 0,021 0,008 0,030 0,23 8 0,0012 7,44 0,03 31,43

6E 0,040 137293 1059 0,008 0,008 0,016 0,13 9 0,0012 3,08 0,01 18,13

1F* 0,075 78453 1171 0,021 0,012 0,020 0,23 8 0,0017 5,97 0,08 37,43

2F* 0,075 142196 1199 0,021 0,012 0,020 0,23 8 0,0018 7,36 0,18 18,57

3F 0,075 78453 1178 0,021 0,010 0,020 0,23 8 0,0015 5,36 0,21 38,78

4F 0,075 152003 1157 0,021 0,010 0,020 0,23 8 0,0013 7,88 0,06 31,73

5F 0,040 277047 1140 0,008 0,008 0,010 0,13 9 0,0015 2,53 0,11 16,54

6F 0,040 162898 1144 0,008 0,008 0,010 0,13 9 0,0011 1,94 0,23 14,50

* ensaios com agitação durante a amostragem.

128

Dados que foram usados situaram-se em um intervalo de 2 a 11 m3/h, vazões

essas obtidas nos ensaio com os dois hidrociclones diferentes. O ajuste do parâmetro k1

do modelo foi determinado pelo método de mínimos quadrados, obtendo um valor de

0,286, com um nível de confiança de 99%. Na Figura 5.19 são apresentadas as

correlações obtidas entre as vazões observada nos ensaios e as vazões calculadas pelo

modelo.

0

2

4

6

8

10

12

0 2 4 6 8 10 12

Q v obsevado (m3/h)

Qv c

alcu

lado

(m3 /h

)

40 mm de diam.

75 mm de diam.

Desvio = 0,720

Figura 5.19- Correlação entre as vazões observadas nos ensaios e as calculadas pelo modelo.

De acordo com a figura pode-se observar que a boa concordância dos dados

observados com os dados calculados demonstra que o modelo pode prever de forma

apropriada os dados experimentais, mesmo que tenha polpas com comportamentos

reológicos variados. O ajuste feito pelo método de mínimos quadrados resultou num

desvio de interpolação muito baixo de 0,72 com um erro relativo de 12,53%. Pode-se

concluir que o efeito da reologia variada apresentada pelas polpas, não representou

relevância no ajuste, corroboram assim o relatado por TAVARES et al. (2002) e o

presente trabalho.

129

Por outro lado, entre os modelos mais amplamente utilizados encontrados na

literatura o modelo apresentado foi o que melhor combinou qualidade de ajuste e

simplicidade de formulação. Devido ao fato que ele só requer um parâmetro de ajuste

para a previsão dos resultados. Além disso, é baseado em uma correlação bem

conhecida de mecânica dos fluidos derivado da conservação de energia e da dinâmica

no equipamento (TAVARES et al., 2002).

5.6 Modelagem da Rf

Na modelagem da recuperação de água para o underflow se utilizou a Equação

3-56 proposta por TAVARES et al. (2002) a qual toma como referência o modelo de

Nageswararao (1978), como se pode observar na Equação 3-56.

( ) 24.0

22.040,219,1

0

50,0

2

3

21 −

−−

= θ

ρ c

c

c

u

cc

i

E

cp

E

v

E

cfD

L

D

D

D

D

D

D

gD

PCgDKR

Equação 3-56

Essa equação leva em consideração no parâmetro g(Cv) a relação da

sedimentação livre e a velocidade terminal de sedimentação retardada, indicada por

STEINOUR (1944). Embora esta relação tenha sido proposta inicialmente para

partículas esféricas, no modelo o relaciona a uma constante E2 o qual o leva a sua

utilização para partículas não esféricas, como é apresentado no presente trabalho. A

influência da geometria do ciclone também é considerada. Os dados experimentais

contidos nos ensaios chegaram a cobrir na faixa de 0,01 até 0,30 (Tabela 5.11), sobre os

quais se realizara a modelagem, baseados nos parâmetros apresentados na Tabela 5.12.

Pode-se observar, que apesar da maioria dos parâmetros ajustados pelo modelo não

130

terem significância estatística, o valor do E2 alcançou uma boa significância estatística,

obtendo uma certeza estatística superior a 90%. Isso sugere que a concentração dos

sólidos influi-se de forma positiva na recuperação de água para o underflow,

corroborando o que foi sugerido no modelo de Nageswararao.

Tabela 5.12- Resumo estatístico dos parâmetros obtidos pelo modelo para hidrociclones de 40 mm e

75 mm de diâmetro.

Parâmetro Valor estimado Erro padrão (%) Valor P

K2

E1

E2

E3

18,3

0,27

0,56

-0,50

16,09

0,63

0,21

0,32

0,2654

0,6728

0,0140

0,1231

Conforme mostra a Figura 5.20, observa-se que o modelo não foi capaz de

prever adequadamente vários resultados de recuperação de água no underflow, embora

tenha apresentado um desvio de interpolação de 0,044. Essa dificuldade de ajuste do

modelo pode ser associada às baixas recuperações de água no underflow e à

proximidade da condição de operação do ciclone ao roping. Pode-se provavelmente

concluir que a recuperação de água para o underflow permanece sendo a previsão

menos confiável dos modelos atualmente usados, concordando com o postulado por

NAPIER-MUNN et al., (1996), devendo-se realizar mais investigações com o objetivo

de refinar as previsões dos modelos. Dentro dessas pode-se mencionar o estudo do

efeito cordão e guarda-chuva.

131

Figura 5.20- Correlação entre recuperação de água (ajustada pela equação de Whiten) e a

recuperação de água obtida pelo modelo, em hidrociclones de 40mm e 75 mm de

diâmetro.

5.7 Modelagem do d50C

Na modelagem do tamanho mediano de partição corrigida, foi levado

inicialmente em consideração o comportamento reologico das polpas, que ocupa uma

posição central no modelo de Tavares. Pela Equação 3.58, que indica a taxa de

cisalhamento no local onde a velocidade vertical dentro do ciclone é nula (EVVZ), é

possível estimar a taxa de cisalhamento neste ponto, as quais foram estimadas com

valores na faixa de 500 a 1000 s-1 para o hidrociclone de 75 mm de diâmetro e, no caso

do hidrociclone de 40 mm de diâmetro, na faixa de 1800 a 3000 s-1, que se encontra

dentro da faixa analisada experimentalmente (Figura 5.11).

A previsão do d50C foi baseada na Equação 5.4, para a qual b foi tomado igual a

1,19,

132

15.0

2,05,052,02/119,0

150*

281,081,2

350

819,14

θπ

π

ρρ

=

+c

c

c

i

c

o

N

is

c

K

c

uc

D

L

D

D

D

D

rD

ZaQD

D

DKd

Equação 5-2

Uma consideração adicional do modelo diz respeito ao fator de correção da

velocidade do inlet com relação à entrada da polpa dentro do ciclone, expressa pelo

parâmetro Z (Equação 3.15), apresentado por LILGE (1962).

Na Tabela 5.13 são apresentados os parâmetros ajustados do d50C, obtidos para

cada um dos ensaios de classificação para os hidrociclones de 40 mm e 75 mm. Nesses

resultados também estão contidos os parametros utilizados na modelagem, tendo sido

utilizados apenas os dados dos ensaios com bauxita natural.

Tabela 5.13- Resumo estatístico dos parâmetros na previsão do d50C para hidrociclones de

40 mm e 75 mm de diâmetro.

Parâmetro Valor estimado Erro padrão (%) Valor P

K3

K4

0,002

-1,091

0,00

0,23

0,0474

0,0001

Uma comparação entre os valores medidos e ajustados de tamanho de corte

corrigido mostra que o ajuste do modelo foi muito bom (Figura 5.21). Isso também é

evidenciado pelo baixo desvio da interpolação obtido (6,3 µm).

133

Figura 5.21- Correlação entre o d50C (ajustada pela equação de Whiten) e o

d50C obtida pelo modelo com polpas de bauxita natural.

Uma outra observação que se pode fazer é que o modelo adequa-se muito bem

na previsão da classificação de polpas diluídas.

134

6. CONCLUSÕES

Na comparação dos modelos matemáticos aplicados aos resultados de

classificação de polpas de fosfato pode-se concluir:

A comparação do ajuste de diferentes modelos matemáticos de classificação em

polpas naturais de minério de fosfato mostrou que em sua maioria os modelos

ofereceram boas previsões do d50C, Rf e Qv. Conclui-se que o ajuste foi muito bom,

devido aos dados escolhidos para serem usados na previsão de polpas com reologias

complexas. Assim, o único modelo capaz de prever com alguma fidelidade o d50C foi o

modelo levemente modificado de Tavares, ressaltando a importância do efeito da

reologia das polpas, ou seja, a viscosidade.

A realização da modelagem do d50C também permitiu concluir que o

comportamento reológico desempenha um papel muito mais importante na classificação

com polpas contendo partículas finas e ultrafinas.

A metodologia empregada na previsão do tamanho médio de partição corrigida

(d50C) baseada no modelo de Tavares e no modelo de Nageswararao, em função do

estudo do comportamento da reologia, das variáveis operacionais e geométricas, foi

adequada.

No caso da previsão da vazão de alimentação de polpa e da recuperação de água

para o underflow para polpas com reologias complexas, os modelos conseguiram obter

correlações boas mais não o suficiente no caso de hidrociclones de pequeno diâmetro e

mais ainda no caso de previsão do Rf concluindo-se que se requerem muitos mais

estudos para preencher essa lacuna.

Os resultados do estudo da reologia da polpa da alimentação conseguiram

satisfatoriamente descrever o comportamento reológico no ponto envelope de

135

velocidade vertical zero. No entanto a validade de tal abordagem é, provavelmente,

limitada à classificação de polpas com grande conteúdo de finos e ultrafinos.

Na modelagem da classificação de polpas de bauxita, pode-se concluir que:

O modelo desenvolvido por Herschel-Bukley se adequou muito bem à

caracterização do comportamento reologico das polpas de bauxita.

Ainda que a variavél de maior influência seja a percentagem de sólidos no

estudo do comportamento reológico, demonstrou-se também que a temperatura é uma

variavél que influenciou fortemente no estudo da reologia das polpas de bauxita.

Pode-se concluir que a variação do parâmetro de nitidez da separação (α) nos

ensaios pode ser devido às diferentes distribuições granulometrias obtidas nos ensaios.

A equivalência proposta por Kelsall entre a recuperação de água no underflow e

o curto-circuito da curva de partição não foi observada, tendo apenas se identificado

uma correlação entre as medidas, mas com significativa dispersão.

A dificuldade de ajuste na modelagem da recuperação de água pode estar

associada ao roping apresentado na maioria dos ensaios. Pode-se provavelmente

concluir que a recuperação de água para o underflow permanece sendo a previsão

menos confiável dos modelos atualmente usados.

O modelo de Tavares modificado para o cálculo do d50C, o qual é baseado no

envelope de velocidade vertical nula e a teoria de orbita de equilibrio, se mostrou capaz

de prever o tamanho de corte corrigido em ensaios nos quais a polpa natural de bauxita

foi separada usando hidrociclones de diferentes diâmetros.

136

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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145

ANEXO

PARTIÇÃO REAL

VALORES OBTIDOS

146

Abertura

(µm) Partição observada - Hidrociclone de 40 mm

(di) P= 11,38psi P=12,09 P= 17,07psi P=17,78psi P=19,91psi P=20,62psi P=21,34psi

(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)

Ensaio 3A 5B 2C 6F 5F 4B 3C 5D 6E 1C

707,58

500,33

353,79

50, 7

176,89

125,0

88,45

62,54

44,22

31,27

22,11

15,64

11,06

7,82

5,53

3,91

2,76

1,95

1,38

0,98

0,69

0,49

-0,49

100,00

100,00

99,98

99,89

99,25

96,20

91,38

89,75

78,54

66,17

53,08

39,61

27,99

23,19

20,98

18,40

15,19

13,08

13,06

15,27

18,85

21,91

24,21

100,00

100,00

100,00

99,98

98,62

97,35

97,83

96,51

86,24

68,76

45,08

22,92

11,29

10,11

8,95

6,74

4,80

3,99

4,24

5,38

7,05

8,10

5,78

99,99

99,99

99,98

99,93

99,76

99,72

99,84

99,28

97,26

93,36

83,13

63,23

32,76

13,64

9,15

7,93

6,03

4,99

6,43

10,52

12,27

2,10

0,00

100,00

100,00

99,99

99,96

99,68

98,86

98,75

98,35

95,49

88,87

76,53

62,21

50,46

45,33

41,81

37,31

31,51

26,86

24,38

24,83

28,18

34,28

53,29

96,25

94,17

97,99

99,31

99,34

98,68

97,62

93,93

88,01

84,22

73,89

56,48

37,48

27,51

22,85

19,09

14,86

11,97

10,96

11,98

14,90

19,44

30,67

100,00

100,00

100,00

99,98

99,90

99,68

98,78

96,34

90,54

83,34

71,25

55,31

40,46

33,10

27,45

22,03

16,97

13,89

13,13

15,07

19,24

22,98

22,46

100,00

100,00

100,00

99,99

99,95

99,87

99,81

98,79

93,18

83,65

64,23

37,24

13,67

7,16

6,63

5,55

4,27

3,83

4,38

5,73

7,60

8,96

7,52

100,00

100,00

100,00

99,99

99,83

98,30

97,52

94,02

82,95

75,19

65,59

51,95

36,53

24,88

15,54

9,81

6,51

5,32

5,52

6,87

9,24

11,69

44,23

100,00

100,00

99,99

99,96

99,83

99,67

99,06

94,58

84,32

76,89

65,17

46,93

26,64

15,68

10,93

8,58

6,86

6,13

6,44

7,74

9,99

12,69

14,29

100,00

99,99

99,99

99,94

99,78

99,64

99,29

94,62

83,24

73,48

61,50

46,89

34,72

28,90

24,67

22,15

21,67

23,35

26,53

29,24

29,65

26,50

14,52

147

Abertura

(µm) Partição observada - Hidrociclone de 75 mm

(di) P=11,38psi P11,73psi

(%) (%)

Ensaio 1B 3B 1E 3E 5E 1F 3F 4D 1A 2D

707,58

500,33

353,79

250,17

176,89

125,08

88,45

62,54

44,22

31,27

22,11

15,64

11,06

7,82

5,53

3,91

2,76

1,95

1,38

0,98

0,69

0,49

-0,49

100,00

100,00

99,99

99,96

99,82

99,48

98,85

96,17

86,29

74,36

56,25

38,57

33,53

34,45

30,95

25,27

20,01

17,33

17,29

19,54

23,00

25,49

24,48

100,00

99,99

99,98

99,88

99,37

97,22

87,17

64,64

29,12

13,03

9,74

8,55

7,54

6,27

4,99

4,21

3,80

3,77

4,08

4,63

5,07

4,88

3,37

100,00

100,00

100,00

99,98

99,33

96,87

94,36

88,85

68,85

48,32

29,28

15,46

10,29

10,22

8,89

6,92

5,63

5,56

6,67

8,58

10,27

9,76

4,83

100,00

100,00

99,99

99,96

99,80

99,58

98,93

94,56

80,34

66,19

48,49

27,63

12,42

10,04

9,45

7,61

5,89

5,55

6,87

9,45

12,08

12,30

6,81

100,00

100,00

99,99

99,95

99,79

99,58

99,23

96,71

75,16

54,09

32,27

14,13

5,81

5,86

5,60

4,26

3,20

2,99

3,52

4,49

5,53

5,89

3,65

77,88

90,18

95,18

96,53

96,51

95,85

94,43

90,36

68,86

42,00

24,73

15,25

11,40

11,06

10,73

9,68

8,43

7,66

7,62

8,35

9,64

10,91

12,13

100,00

100,00

99,98

99,89

99,43

98,29

95,16

88,53

67,96

50,73

37,26

27,48

23,85

25,39

26,25

23,97

19,87

16,60

14,93

14,91

16,40

21,14

58,31

100,00 100,00

100,00 100,00

99,99 100,00

99,96 99,99

99,82 99,83

99,44 98,30

98,35 97,52

95,57 94,02

69,73 82,95

41,20 75,19

18,14 65,59

6,23 51,95

3,63 36,53

4,06 24,88

3,42 15,54

2,40 9,81

1,80 6,51

1,72 5,32

1,99 5,52

2,46 6,87

3,06 9,24

3,57 11,69

2,63 44,23

100,00 100,00

99,99 100,00

99,98 99,99

99,88 99,96

99,23 99,83

96,48 99,67

92,84 99,06

91,40 94,58

87,30 84,32

79,84 76,89

67,71 65,17

50,63 46,93

30,18 26,64

18,78 15,68

14,94 10,93

13,22 8,58

11,46 6,86

10,57 6,13

11,33 6,44

13,79 7,74

17,10 9,99

19,31 12,69

18,36 14,29

100,00

100,00

100,00

99,98

99,70

97,98

96,57

92,17

76,45

60,51

44,82

31,95

23,56

19,08

14,79

11,30

8,84

7,68

7,38

7,78

8,79

10,20

12,05

148

Abertura

(µm) Partição observada - Hidrociclone de 75 mm (continuação)

(di) P= 12,09psi P= 12,80psi P=16,36 P= 19,20psi P=19,91psi

(%) (%) (%) (%) (%)

Ensaio 6D 6C 4C 4A 1D 2A 2B 5C 3D 2E

707,58

500,33

353,79

250,17

176,89

125,08

88,45

62,54

44,22

3 ,27

22,11

15,64

11,06

7,82

5,53

3,91

2,76

1,95

1,38

0,98

0,69

0,49

-0,49

100,00

100,00

100,00

99,98

99,70

97,98

96,57

76,45

60,51

44,82

31,95

23,56

19,08

14,79

11,30

8,84

7,68

7,38

7,78

8,79

10,20

12,05

24,21

99,99

99,99

99,97

99,88

99,53

99,24

98,92

95,95

86,22

75,99

60,40

40,58

21,80

13,53

10,20

8,15

6,47

5,76

6,42

8,43

10,75

11,30

8,08

100,00

100,00

99,99

99,98

99,90

99,72

98,28

97,31

92,45

81,86

62,29

38,57

19,52

12,76

9,89

7,45

5,43

4,55

4,79

6,10

8,27

10,11

9,80

100,00

99,99

99,98

99,88

99,23

96,48

92,84

91,40

87,30

79,84

67,71

50,63

30,18

18,78

14,94

13,22

11,46

10,57

11,33

13,79

17,10

19,31

18,36

100,00

99,99

99,97

99,86

99,37

98,67

98,25

95,86

83,63

65,41

43,02

24,50

14,58

11,76

9,74

7,69

6,00

5,12

4,90

5,28

6,38

8,49

14,91

100,00

100,00

99,98

99,91

99,39

96,98

92,56

91,11

79,75

60,43

35,92

14,54

4,90

5,62

6,18

5,12

4,09

4,04

5,02

6,56

7,94

7,97

4,62

89,86

94,43

98,05

98,74

99,08

99,41

98,46

94,66

72,09

43,68

23,80

12,78

10,32

11,11

10,16

8,18

6,32

5,31

5,12

5,78

7,15

8,50

8,60

100,00

100,00

100,00

99,99

99,97

99,92

99,84

99,82

92,35

70,57

42,84

16,56

4,08

3,88

4,09

3,11

2,28

2,20

2,83

3,92

5,03

5,19

1,86

100,00

100,00

100,00

99,99

99,94

99,78

98,72

87,70

58,89

37,40

18,96

6,71

3,74

4,78

4,46

3,27

2,36

2,00

2,01

2,26

2,76

3,54

5,48

100,00

100,00

100,00

99,99

99,94

99,79

98,73

94,30

78,22

60,60

41,51

23,61

13,88

12,47

10,84

8,52

6,91

6,83

8,29

10,76

13,07

12,92

6,98

149

Abertura

(µm) Partição observada - Hidrociclone de 75 mm (continuação)

(di) P= 12,09psi P= 12,80psi P=16,36 P= 19,20psi P=19,91psi

(%) (%) (%) (%) (%)

Ensaio 6D 6C 4C 4A 1D 2A 2B 5C 3D 2E

707,58

500,33

353,79

250,17

176,89

125,08

88,45

62,54

44,22

3 ,27

22,11

15,64

11,06

7,82

5,53

3,91

2,76

1,95

1,38

0,98

0,69

0,49

-0,49

100,00

100,00

100,00

99,98

99,70

97,98

96,57

76,45

60,51

44,82

31,95

23,56

19,08

14,79

11,30

8,84

7,68

7,38

7,78

8,79

10,20

12,05

24,21

99,99

99,99

99,97

99,88

99,53

99,24

98,92

95,95

86,22

75,99

60,40

40,58

21,80

13,53

10,20

8,15

6,47

5,76

6,42

8,43

10,75

11,30

8,08

100,00

100,00

99,99

99,98

99,90

99,72

98,28

97,31

92,45

81,86

62,29

38,57

19,52

12,76

9,89

7,45

5,43

4,55

4,79

6,10

8,27

10,11

9,80

100,00

99,99

99,98

99,88

99,23

96,48

92,84

91,40

87,30

79,84

67,71

50,63

30,18

18,78

14,94

13,22

11,46

10,57

11,33

13,79

17,10

19,31

18,36

100,00

99,99

99,97

99,86

99,37

98,67

98,25

95,86

83,63

65,41

43,02

24,50

14,58

11,76

9,74

7,69

6,00

5,12

4,90

5,28

6,38

8,49

14,91

100,00

100,00

99,98

99,91

99,39

96,98

92,56

91,11

79,75

60,43

35,92

14,54

4,90

5,62

6,18

5,12

4,09

4,04

5,02

6,56

7,94

7,97

4,62

89,86

94,43

98,05

98,74

99,08

99,41

98,46

94,66

72,09

43,68

23,80

12,78

10,32

11,11

10,16

8,18

6,32

5,31

5,12

5,78

7,15

8,50

8,60

100,00

100,00

100,00

99,99

99,97

99,92

99,84

99,82

92,35

70,57

42,84

16,56

4,08

3,88

4,09

3,11

2,28

2,20

2,83

3,92

5,03

5,19

1,86

100,00

100,00

100,00

99,99

99,94

99,78

98,72

87,70

58,89

37,40

18,96

6,71

3,74

4,78

4,46

3,27

2,36

2,00

2,01

2,26

2,76

3,54

5,48

100,00

100,00

100,00

99,99

99,94

99,79

98,73

94,30

78,22

60,60

41,51

23,61

13,88

12,47

10,84

8,52

6,91

6,83

8,29

10,76

13,07

12,92

6,98

150

Abertura (µm)

Partição observada - Hidrociclone de 75 mm (continuação)

(di) P=19,91psi P=22,05psi

(%) (%) Ensaio 4E 2F 4F

707,58

500,33

353,79

250,17

176,89

125,08

88,45

62,54

44,22

31,27

22,11

15,64

11,06

7,82

5,53

3,91

2,76

1,95

1,38

0,98

0,69

0,49

-0,49

100,00

100,00

99,99

99,96

99,83

99,63

99,25

96,89

86,01

68,67

42,76

15,96

3,21

4,19

4,75

3,48

2,25

2,05

3,21

5,39

5,83

0,84

0,00

100,00

100,00

99,99

99,96

99,81

99,53

99,18

98,25

92,18

82,05

66,29

49,78

39,44

36,95

33,30

27,46

21,59

18,43

18,52

22,09

28,52

34,19

35,45

100,00

100,00

99,99

99,94

99,71

99,17

98,40

95,92

78,21

55,58

30,41

14,31

10,33

11,96

11,80

9,56

7,05

5,63

5,28

5,82

7,13

9,12

15,44

151