moda de viola tonico tinoco 50 anos sertaneja

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Tonico & Tinoco – 50 anos de música sertaneja www.ponteiocaipira.com.br - João Vilarim® 1 Tristeza do jeca Angelino de Oliveira Nestes versos tão singelos, minha bela meu amor Pra você quero contar o meu sofrer e a minha dor Eu sou como sabiá, quando canta é só tristeza Desde o galho onde ele ta Nesta viola eu canto e gemo de verdade Cada toada representa uma saudade Eu nasci naquela serra num ranchinho à beira chão Tudo cheio de buraco aonde a lua faz clarão Quando chega a madrugada lá no mato a passarada Principia um barulhão Nesta viola eu canto e gemo de verdade Cada toada representa uma saudade O choro que vai caindo devagar vai se sumindo Como as águas vão pro mar Chintãozinho e chororó Serrinha / Athos Campos Eu não troco meu ranchinho amarradinho de cipó Por uma casa na cidade, nem que seja bangalô Eu moro lá no deserto, sem vizinho vivo só Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Quando rompe a madrugada canta o galho carijó Pia triste a coruja na cumeeira do paiol Quando vai entardecendo pia triste o jaó Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Eu não dou com a terra roxa com a seca larga-pó Na baixada do areião eu sinto prazer maior A rolinha quando anda no areião faz caracol Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Eu faço minha caçada bem antes de saí o sol Espingarda, cartucheira, patrona de tiracolo Tenho buzina e cachorro pra fazer “forrobodó” Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Quando eu sei de uma notícia que outro canta melhor meu coração dá um balanço, fica meio “banzaró” Suspiro sai do meu peito que nem bala “joveló Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Moreninha linda Tinoco / Priminho / Maninho Meu coração tá pisado, como a flor que murcha e cai Pisado pelo desprezo do amor quando desfaz

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Tonico & Tinoco – 50 anos de música sertaneja

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Tristeza do jeca Angelino de Oliveira Nestes versos tão singelos, minha bela meu amor Pra você quero contar o meu sofrer e a minha dor Eu sou como sabiá, quando canta é só tristeza Desde o galho onde ele ta Nesta viola eu canto e gemo de verdade Cada toada representa uma saudade Eu nasci naquela serra num ranchinho à beira chão Tudo cheio de buraco aonde a lua faz clarão Quando chega a madrugada lá no mato a passarada Principia um barulhão Nesta viola eu canto e gemo de verdade Cada toada representa uma saudade O choro que vai caindo devagar vai se sumindo Como as águas vão pro mar

Chintãozinho e chororó Serrinha / Athos Campos Eu não troco meu ranchinho amarradinho de cipó Por uma casa na cidade, nem que seja bangalô Eu moro lá no deserto, sem vizinho vivo só Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Quando rompe a madrugada canta o galho carijó Pia triste a coruja na cumeeira do paiol Quando vai entardecendo pia triste o jaó Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Eu não dou com a terra roxa com a seca larga-pó Na baixada do areião eu sinto prazer maior A rolinha quando anda no areião faz caracol Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Eu faço minha caçada bem antes de saí o sol Espingarda, cartucheira, patrona de tiracolo Tenho buzina e cachorro pra fazer “forrobodó” Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó Quando eu sei de uma notícia que outro canta melhor meu coração dá um balanço, fica meio “banzaró” Suspiro sai do meu peito que nem bala “joveló Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó É o nhambu chitão e o chororó, é o nhambu chitão e o chororó

Moreninha linda Tinoco / Priminho / Maninho Meu coração tá pisado, como a flor que murcha e cai Pisado pelo desprezo do amor quando desfaz

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Deixando a triste lembrança adeus para nunca mais Moreninha linda do meu bem querer É triste a saudade longe de você O amor nasce sozinho não é preciso plantar A paixão nasce no peito falsidade no olhar Você nasceu para outro eu nasci pra te amar Moreninha linda do meu bem querer É triste a saudade longe de você Eu tenho meu canarinho que canta quando me vê Eu canto por ter tristeza, canário por padecer Da saudade da floresta eu saudade de você Moreninha linda do meu bem querer É triste a saudade longe de você

Chico Mulato João Pacífico / Raul Torres Na volta daquela estrada bem em frente da encruzilhada todo ano a gente via Lá no meio do terreiro a imagem do padroeiro São João da Freguesia Do lado tinha fogueira em redor a noite intera tinha caboclo violeiro E uma tal de Terezinha cabocla bem bonitinha sambava nesse terreiro Era noite de São João tava tudo no sertão, tava o Romão cantador Quando foi de madrugada saiu com Tereza pra estrada talvez confessar seu amor Chico Mulato era o festeiro caboclo bom violeiro sentiu frio seu coração Tirou da cinta o punhal e foi os dois se encontrar, era o rival seu irmão E hoje na volta da estrada em frente da encruzilhada ficou tão triste o sertão Por causa da Terezinha essa tal de caboclinha nunca mais teve São João Tapera na beira da estrada que vive assim descoberta Por dentro não tem mais nada por isso ficou deserta Morava Chico Mulato o maior dos cantadores Mas quando Chico foi embora na vila ninguém sambou Morava Chico Mulato o maior dos cantadores A causa dessa tristeza sabida em todo lugar Foi a cabocla Tereza com outro ela foi morar O Chico acabrunhado largou então de cantar Vivia triste calado querendo só se matar O Chico acabrunhado largou então de cantar Emagrecendo coitado foi indo até se acabar Chorando tanta saudade de quem não quis mais voltar E todo mundo chorava a morte do cantador Não tem batuque nem samba sertão inteiro chorou E todo mundo chorava a morte do cantador

Cidade grande Pelé Abre a porteira que eu quero entrar Cidade grande me faz chorar Abre a porteira que eu quero entrar Aqui não tenho o que eu tenho lá Aqui não tenho o que eu tenho lá

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Trovador no fim de tarde dedilhando a viola Passarinho gorjeando anunciando o luar Fogão de lenha pra mãezinha cozinhar Fogão de lenha pra mãezinha cozinhar De manhãzinha quando o galo canta A gente levanta e começa trabalhar Tira leite da vaquinha vendo o sol raiar Vai cuidar da roça pra poder vingar Vai cuidar da roça pra poder vingar Olha a boiada na beira da estrada Olha a vaquejada eu quero voltar Cidade grande me fez chorar Aqui não tenho o que eu tenho lá Aqui não tenho o que eu tenho lá

Cana verde Tonico / Tinoco Abre a porta ou a janela Venha ver quem é que eu sou Sou aquele desprezado Que você me desprezou Eu já fiz um juramento De nunca mais ter amor Pra viver penar chorando Por todo lugar que eu vou Quem canta seu mal espanta Chorando será pior O amor que vai e volta A volta sempre é melhor Chora viola e sanfona Chora triste o violão Tu que é madeira chora Que dirá meu coração

Festa na roça Tinoco / Nadir Festa na roça é a festa no arraial Todos cantam, dançam e pulam vamos todos chacoalhar Festa na roça é alegria o ano inteiro é todo dia Festa na roça é a festa no arraial Todos cantam, dançam e pulam vamos todos chacoalhar Festa na roça que bom que é, é no catira e arrasta pé Festa na roça é a festa no arraial Todos cantam, dançam e pulam vamos todos chacoalhar Festa na roça é o sanfoneiro que vai dançando lá no terreiro Festa na roça é a festa no arraial Todos cantam, dançam e pulam vamos todos chacoalhar

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Canoeiro Zé Carreiro / Alocin Domingo de tardezinha eu estava meio à toa Convidei meu companheiros pra ir pescar na lagoa Levamos rede de lanço, ai, ai,... fomos pescar de canoa Eu levei meus preparos pra dá uma pescada boa Saímos cortando água na minha velha canoa A graça avistei de longe, ai, ai, ... chega perto ela voa Fui descendo o rio a baixo, remando minha canoa Eu entrei numa vazante, fui sair noutra lagoa É o remanso do Rio Pardo, ai, ai... aonde o pintado amoa Pra pegar peixe dos bons, dá trabalho e a gente soa Eu jogo timbó na água com isso o peixe atordoa Jogo a rede e dou um grito, ai, ai,... o dourado amontoa O rio estava enchendo muito tava cobrindo a taboa Acompanhei a maré e encostei minha canoa Cada remada que eu dava ,ai, ai,...dava um balanço na proa

Besta ruana Ado Benatti / Tonico Tinha uma besta ruana pus o nome de princesa Outra igual não existia cem léguas na redondeza Eu no lombo da ruana já fiz mais de mil proezas Minha besta marchadeira era mesmo uma beleza Eu tratava da ruana com toda a delicadeza Se estourava uma boiada eu juntava na certeza Atravessava o rio pardo sem medo da correnteza Essa besta marchadeira ligeira por natureza Um dia chegou a desgraça no atalho da represa Caí numa pirambeira a ruana ficou presa A besta quis levantar, mas lhe faltou a firmeza E quebrou as duas pernas e acabou minha princesa Passei a mão na garrucha, apontei com bem firmeza A ruana relinchou como em jeito da defesa Vi as lágrimas correr, aí do olho da princesa Matei ela com dois tiros depois chorei de tristeza Abri uma sepultura enterrei minha riqueza Fiz uma cruz de pau d'alho deixei quatro vela acesa Na cruz eu fiz um letreiro escrevi com bem clareza Matei pra não ver sofrer a minha saudosa princesa

Aparecida do Norte Tonico / Anacleto Rosa Júnior Já cumpri minha promessa na Aparecida do Norte E graças a Nossa Senhora não lastimo mais a sorte Falo com fé não lastimo mais a sorte Já cumpri minha promessa na Aparecida do Norte

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Eu subi toda ladeira sem carência de transporte E beijei o pé da santa da Aparecida do Norte Falo com fé na Aparecida do Norte Eu subi toda ladeira sem carência de transporte Não tenho melancolia tenho saúde sou forte Tenho fé em Nossa Senhora da Aparecida do Norte Falo com fé na Aparecida do Norte Não tenho melancolia tenho saúde sou forte Padroeira do Brasil Aparecida do Norte Eu também sou brasileiro sou um caboclo de suporte Falo com fé sou um caboclo de suporte Padroeira do Brasil Aparecida do Norte Todo meado do ano enquanto não chega a morte Vou fazer minha visita na Aparecida do Norte Falo com fé na Aparecida do Norte Todo meado do ano enquanto não chega a morte

Pé de ipê Tonico Eu bem sei que adivinhava Quando às vezes eu te chamava De mulher sem coração Minha voz assim queixosa Você é a mais formosa Das caboclas do sertão Minha voz assim queixosa Você é a mais formosa Das caboclas do sertão Certa vez tive o desejo De provar um mel beijo Da boquinha de você Lá no trio da baixada Pertinho da encruzilhada Debaixo de um pé de ipê Lá no trio da baixada Pertinho da encruzilhada Debaixo de um pé de ipê Mas o destino é traiçoeiro Que deixou na solidão Foi-se embora pra cidade Me deixou triste saudade Neste pobre coração Foi-se embora pra cidade Me deixou triste saudade Neste pobre coração Quando eu passo a encruzilhada Ainda avisto o pé de ipê Ainda canta um passarinho Me faz lembrar sozinho Aquele dia com você Ainda canta um passarinho Me faz lembrar sozinho Aquele dia com você

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Canta moçada Tonico / Nhô Fio / Nonô Basílio Fim de baile, fim da noite é começo de sofrer No peito fica a saudade de quem teve um bem querer Canta, canta moçada que é de madrugada Canta, canta moçada que é de madrugada O galo ta cantando não demora amanhecer Meu cavalo ta arriado querendo eu levo você Canta, canta moçada que é de madrugada Canta, canta moçada que é de madrugada O suspiro são dobrado as morena soluçando Meu amor eu já vou embora o baile ta se acabando Canta, canta moçada que é de madrugada Canta, canta moçada que é de madrugada A lembrança desse baile é uma saudade malvada Foi bem triste a despedida, adeus minha namorada Canta, canta moçada que é de madrugada Canta, canta moçada que é de madrugada

Na beira da tuia Tonico / Nadir Na beira da tuia oi que baile bom Na beira da tuia eu ganhei teu coração Na beira da tuia oi que baile bom Na beira da tuia eu ganhei teu coração Baile na beira da tuia é a festa do sertão Morena dos olhos verde que prendeu meu coração Na beira da tuia oi que baile bom Na beira da tuia eu ganhei teu coração Na beira da tuia oi que baile bom Na beira da tuia eu ganhei teu coração Baile na beira da tuia é o baile no terreiro Alegria da fazenda e o viva pro fazendeiro Na beira da tuia oi que baile bom Na beira da tuia eu ganhei teu coração Na beira da tuia oi que baile bom Na beira da tuia eu ganhei teu coração O baile de fim de ano é o baile da aleluia Conheci Maria Rosa no arrasta pé da tuia

Tristeza do jeca Angelino de Oliveira Nestes versos tão singelos, minha bela meu amor Pra você quero contar o meu sofrer e a minha dor Eu sou como sabiá, quando canta é só tristeza Desde o galho onde ele ta Nesta viola eu canto e gemo de verdade

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Cada toada representa uma saudade Eu nasci naquela serra num ranchinho à beira chão Tudo cheio de buraco aonde a lua faz clarão Quando chega a madrugada lá no mato a passarada Principia um barulhão Nesta viola eu canto e gemo de verdade Cada toada representa uma saudade O choro que vai caindo devagar vai se sumindo Como as águas vão pro mar