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UNIVERSIDADE FEEVALE
ALESSANDRA GABRIELA MORAES
MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR DA TÉCNICA DE
MODELAGEM ZERO WASTE.
Novo Hamburgo
2017
2
ALESSANDRA GABRIELA MORAES
MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR DA TÉCNICA DE
MODELAGEM ZERO WASTE.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Moda pela Universidade Feevale.
Orientador: Prof.ª Me. Bárbara Gisele Koch
Novo Hamburgo
2017
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Terra por existir e a oportunidade de viver nela;
À Universidade Feevale e ao curso de Bacharel em Moda;
À todos os professores que já passaram por minha vida e especialmente à minha
orientadora por sua dedicação e apoio;
Ao meu namorado, aos meus amigos e familiares que sempre me apoiaram, ajudaram
e acreditaram no meu potencial;
À Deus, força maior do universo que ilumina meu caminho;
E à mim mesma, por crer e lutar pelos meus sonhos.
4
ALESSANDRA GABRIELA MORAES
Trabalho de Conclusão do Curso de Moda, com o título “Moda Consciente:
vestuário produzido a partir da técnica de modelagem zero waste”, submetido ao
corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do
Grau de Bacharel em Moda.
Aprovado por:
____________________________
Professora Me. Bárbara Gisele Koch
Professora Orientadora
____________________________
Professora Me. Renata Lodi
Banca Examinadora 1
____________________________
Professor Esp. Reinaldo Hedges
Banca Examinadora 2
Novo Hamburgo, Novembro de 2017.
5
Palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de
magia, capazes de ferir e de curar.
(Alvo Dumbledore - Harry Potter e as Relíquias da Morte, J.K. Rowling)
6
RESUMO
O presente trabalho tem como questão norteadora desenvolver o estudo da
técnica de modelagem zero waste, que consiste em organizar as modelagens sobre
o tecido para que se tenha o completo aproveitamento do mesmo, diminuindo os
resíduos têxteis. O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma coleção de moda
utilizando a modelagem zero waste. Desta maneira, utilizou-se o estudo de natureza
aplicada, realizado através da metodologia de pesquisa bibliográfica, a partir de
conteúdos de livros e artigos. Fazendo o uso do método indutivo, foram analisados
dados da nossa realidade, com objetivo explicativo e abordagem qualitativa com
coleta de dados para atribuição de significados. Assim, introduz e apresenta a
comparação entre a modelagem zero waste e a modelagem plana; demonstra um
estudo sobre tecidos ecológicos; relata o entendimento da importância do conforto e
ergonomia nas peças do vestuário, e expõe a sustentabilidade e o ciclo de vida de um
produto de moda. E ainda, apresenta uma pesquisa referente a marca inspiradora
Vetta e a possível concorrente Envido, que contribuíram para originar a marca autoral
Luminus de vestuário feminino. Para a qual foi desenvolvida, então, a coleção de
moda Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, utilizando a modelagem
zero waste, fazendo uso de tecidos ecológicos e reciclados, proporcionando uma
moda mais consciente, em que as descobertas obtidas neste trabalho contribuem de
forma positiva para este campo crescente.
Palavras-chave: Modelagem Zero Waste. Sustentabilidade na Moda. Ergonomia.
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ABSTRACT
This paper examines the significance of advancing the techniques of zero waste
modeling. The major practical objective of this study was to organize the modeling of
fabric to ensure that the complete usability of the model can be achieved through a
reduction in textile residues. The general aim of this work was to develop a fashion
collection using zero waste modeling. The methodology approach taken in this ‘nature
study’ explored bibliographical research from the contents of primary and secondary
sources such as books, journals and articles. In this way, and through qualitative
inductive methods, the study analyzed data of our reality, with an explanatory objective
and data collection for the attribution of meanings. Thus, the paper investigated the
usefulness of several advancements, these included the following; the comparison of
waste zero modeling and flat modeling, the investigation of ecological fabrics, the
examination of comfort and ergonomics in garments, and the sustainability and
lifecycle of a fashion product. The findings of this paper begin by laying out the
inspirational brand Vetta and competitor Envido by offering important insights of its
origin to the authorial brand Luminus of women's clothing. To which was developed,
the fashion collection ‘Reborn of the Being: to be time; to be sighing; to be human’, and
findings make an important contribution to the growing field of zero waste modeling
techniques as well as ecological and recycled fabrics which encourages a more
conscious fashion.
Keywords: Modeling Zero Waste. Sustainable fashion. Ergonomics.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Exemplo de chiton. Estátua de Eirene (a personificação da paz). ...... 16
Figura 2: New Look ................................................................................................. 18
Figura 3:Vestido por Madame Vionnet .................................................................. 20
Figura 4: 4A - Vestido Chinese Squares e 4B - Tecido inteiro. .......................... 21
Figura 5: Exposição Zero Waste Fashion Projects (Exposição Projeto de Moda
Zero Waste). ...................................................................................................... 22
Figura 6: Modelagem Plana no Audaces. .............................................................. 24
Figura 7: Holly McQuillan. ...................................................................................... 26
Figura 8: A- Modelagem TWINSET, e B- Vestido confeccionado. ....................... 27
Figura 9: Manual de modelagem Zero Waste. ....................................................... 29
Figura 10: Lista de atitudes sustentáveis. ............................................................ 34
Figura 11: Painel de Público-alvo. ......................................................................... 46
Figura 12: Exemplo de produto, blusa e suas maneiras de usar. ....................... 50
Figura 13: Exemplo de produtos da marca Envido. ............................................. 51
Figura 14: Macroetendência Natureza Humana. ................................................... 58
Figura 15: Tendência de consumo: Transição para o luxo não-material e Eco-
eficiência. .......................................................................................................... 59
Figura 16: Mapa Mental ........................................................................................... 60
Figura 17: Painel Temático. .................................................................................... 61
Figura 18: Cartela de Cores .................................................................................... 61
Figura 19: Elementos de estilo. .............................................................................. 62
Figura 20: Tingimento manual com anil. ............................................................... 65
Figura 21: Look 1. .................................................................................................... 69
Figura 22: Look 2. .................................................................................................... 70
Figura 23: Look 3. .................................................................................................... 71
Figura 24: Look 4. .................................................................................................... 72
Figura 25: Look 5. .................................................................................................... 73
Figura 26: Look 6. .................................................................................................... 74
Figura 27: Look 7. .................................................................................................... 75
Figura 28: Look 8. .................................................................................................... 76
Figura 29: Look 9. .................................................................................................... 77
Figura 30: Look 10. .................................................................................................. 78
9
Figura 31: Plano de Coleção. ................................................................................. 79
Figura 32: Croquis desenvolvidos. ........................................................................ 80
Figura 33: Exemplo de ficha técnica de prototipagem. ....................................... 81
Figura 34: Primeiro look desenvolvido: cropped e pantacourt. .......................... 82
Figura 35: Maquinário utilizado. ............................................................................. 83
Figura 36: Moulage e protótipo, look 1. ................................................................. 84
Figura 37: Desenvolvimento da cropped, look 1. ................................................. 85
Figura 38: Desenvolvimento do bordado símbolo da marca Luminus. .............. 85
Figura 39: Cálculo de custo real da peça cropped, primeiro look. ..................... 86
Figura 40: Moulage e protótipo da pantacourt, look 1. ........................................ 87
Figura 41: Desenvolvimento da pantacourt, look 1. ............................................. 88
Figura 42: Modelagem e costura da pantacourt, look 1. ...................................... 88
Figura 43: Cálculo de custo real da peça pantacourt, primeiro look. ................. 89
Figura 44: Segundo look desenvolvido: casaco-vestido. .................................... 90
Figura 45 :Desenvolvimento do casaco- vestido, look 2. .................................... 91
Figura 46: Cálculo de custo real da peça casaco-vestido, segundo look. ......... 92
Figura 47: Terceiro look desenvolvido: cropped e saia. ...................................... 92
Figura 48: Cálculo de custo real da peça cropped do terceiro look. .................. 93
Figura 49: Desenvolvimento da cropped e saia, look 3. ...................................... 94
Figura 50: Cálculo de custo real da peça saia do terceiro look. ......................... 95
Figura 51: Quarto look desenvolvido: vestido assimétrico. ................................ 95
Figura 52: Desenvolvimento do vestido assimétrico, look 4. .............................. 96
Figura 53: Cálculo de custo real da peça vestido do quarto look. ...................... 97
Figura 54: Painel de beleza, iluminação e poses. ................................................. 98
Figura 55: Foto conceito e release da coleção. .................................................... 99
Figura 56: Desfile da coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser
humano. ............................................................................................................. 99
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: As cinco dimensões da sustentabilidade. .......................................... 33
Quadro 2: Impactos Ambientais e Sociais. ........................................................... 39
Quadro 3: Tecidos de menor impacto. .................................................................. 42
Quadro 4: Tecidos de menor impacto. .................................................................. 43
Quadro 5: Relação entre teoria e prática............................................................... 53
Quadro 6: Análise de Coleções anteriores. .......................................................... 54
Quadro 7: Parâmetros para a coleção. .................................................................. 56
Quadro 8: Comparativo de cores entre Luminus e marcas analisadas. ............ 63
Quadro 9: Comparativo de tecidos e aviamentos entre Luminus e marcas
analisadas. ........................................................................................................ 64
Quadro 10: Aviamentos .......................................................................................... 66
Quadro 11: Cartela de cores e respectivos tecidos. ............................................ 67
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 CONHECENDO A MODELAGEM ZERO WASTE ................................................ 16
2.1 DIFERENÇA ENTRE MODELAGEM ZERO WASTE E MODELAGEM PLANA ... 23
2.1.1 Estilista Holly McQuillan ................................................................................ 25
2.2 IMPORTÂNCIA DO CONFORTO E ERGONOMIA NAS PEÇAS DO VESTUÁRIO
.................................................................................................................................. 30
3 SUSTENTABILIDADE E CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO DE MODA ........... 33
3.1 TECIDOS ECOLÓGICOS E RESÍDUOS TÊXTEIS ............................................. 38
4. CRIAÇÃO DA MARCA DE MODA AUTORAL LUMINUS.................................... 45
5 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO DE MODA PARA A MARCA LUMINUS. . 52
5.1 BRIEFING DA COLEÇÃO ................................................................................... 52
5.2 DESENHANDO A COLEÇÃO. ............................................................................. 67
5.3 COLEÇÃO TOMANDO FORMA .......................................................................... 82
5.3.1 Comunicação da coleção .............................................................................. 97
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 101
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 105
APÊNDICES ........................................................................................................... 111
APÊNDICE A – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 1. .............. 112
APÊNDICE B – Ficha técnica de prototipagem da calça pantacourt, look 1. .......... 114
APÊNDICE C – Ficha técnica de prototipagem do casaco-vestido, look 2. ............ 116
APÊNDICE D – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 3. .............. 118
APÊNDICE E – Ficha técnica de prototipagem da saia, look 3. .............................. 120
APÊNDICE F – Ficha técnica de prototipagem do vestido, look 4. ......................... 122
12
1 INTRODUÇÃO
A sustentabilidade é uma questão cada vez mais importante de ser abordada e
incluída na vida geral de todos os seres humanos, para que torne o mundo um lugar
mais saudável, em que cada um deve suprir suas necessidades presentes, de modo
que preserve o meio ambiente para proporcionar um vida saudável para as futuras
gerações. Devido a evolução, o ser humano tem a crença de que o planeta pertence
a ele, e que tem a liberdade de tomar tudo o que necessita, sendo uma crença
errônea, já que não somos os únicos seres que habitam este planeta. Desta forma,
além de mudar a maneira como se pensa, é necessário praticar ações que possibilitem
tornar o planeta mais sustentável. Sabendo que a indústria da moda é uma das
maiores do mundo e que mais cresce a cada ano, é de grande importância que ela
adote hábitos de produção mais limpa, bem como proporcionar ao consumidor
maneiras de consumo mais sustentáveis.
Assim, um dos grandes desafios dos designer de moda hoje é de criar peças
do vestuário pensando em todo o ciclo de vida do produto de moda. Desde a escolha
das matérias-primas, priorizando as cultivadas com trabalho justo e utilizando menos
químicos, como a técnica a ser utilizado para a modelagem e fabricação dessas
peças, além de pensar como esses produtos irão chegar ao consumidor, avaliando os
melhores meios de venda e transporte que poluam menos, além de prever a maneira
como os resíduos serão descartados pelo consumidor após o uso, dispondo assim,
por exemplo, de alternativas para o recolhimento e reciclagem.
Devido à isso, conforme Prodanov e Freitas (2013), foi elaborado este trabalho
de pesquisa de natureza aplicada, que procura produzir conhecimentos dirigidos à
solução do objetivo geral e objetivos específicos para aplicação prática em uma
coleção de moda. Utilizando o método indutivo sendo analisados dados da realidade,
com objetivo explicativo em que se procura identificar a técnica de modelagem zero
waste e seus procedimentos. De abordagem qualitativa com coleta de dados e
interpretação para atribuição de significados, e procedimento de pesquisa bibliográfica
fazendo a utilização de livros e artigos. Tendo como questão norteadora desenvolver
o estudo de modelagem zero waste, propiciando maior sustentabilidade nas peças do
vestuário feminino, diminuindo os resíduos têxteis e aumentando o ciclo de vida do
produto de moda, tendo como embasamento teórico este trabalho de pesquisa.
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Apresenta como objetivo geral criar uma coleção de moda utilizando o estudo
de modelagem zero waste. Sendo importante a pesquisa para confirmar essas
questões relevantes ao desenvolvimento dessa coleção de moda do vestuário
feminino, trazendo conhecimento sobre os assuntos abordados para o meio
acadêmico, em que poderão ser feitas consultas a este trabalho posteriormente, e as
informações modificarão a maneira como é desenvolvida uma peça do vestuário, bem
como a utilização das roupas, sendo assim, auxiliando na conscientização do
consumo de moda. Os objetivos específicos deste trabalho consistem em conhecer a
técnica de modelagem zero waste, comparando-a com a modelagem plana, definindo
a melhor técnica e que gera menos resíduos; Estudar tecidos ecológicos; Otimizar
conforto e ergonomia nas peças do vestuário feminino; Compreender a
sustentabilidade e o ciclo de vida de um produto; Pesquisar a marca inspiradora Vetta
e possível concorrente Envido; Criar a marca de moda autoral Luminus de vestuário
feminino.
Desta forma, o presente trabalho foi divido em seis capítulos, correspondentes
respectivamente aos objetivos específicos. Seu primeiro capítulo corresponde à
introdução, o segundo capítulo Conhecendo a Modelagem Zero Waste, referenciando-
se principalmente nos autores como Firmo (2014), Perez e Cavalcate (2014) e
Ruthschiling e Dias (2015), em que aborda os primórdios da técnica de modelagem
zero waste, utilizado na antiguidade, que com um pedaço inteiro de tecido se faziam
amarrações diretamente no corpo, formando uma roupa, com a seção secundária
nomeada de Diferença entre Modelagem Zero Waste a Modelagem Plana, conforme
Osório (2007), Sabrá (2014), apontando as diferenças e explicando porque a Zero
Waste é mais sustentável, e ainda com uma seção terciária Estilista Holly McQuillan,
que explica seu método de utilização da modelagem Zero Waste, e por último a
segunda seção secundária Importância do Conforto e Ergonomia nas Peças do
Vestuário, dando uma breve explicação do porque é necessário analisar a ergonomia
do corpo humano para aplicar o conforto nas peças do vestuário, proporcionando
satisfação ao consumidor, tendo referências em Grave (2010), Aldrich (2014) e Rosa
(2011).
O terceiro capítulo dessa pesquisa, Sustentabilidade e Ciclo de Vida de um
Produto de Moda, aborda as questões do que é sustentabilidade, por que ela é
importante para a sociedade, quais as maneiras de aplicá-la à moda, e também
entender como funciona o ciclo de vida de um produto de moda, para então planeja-
14
lo sustentavelmente. Tendo como seção secundária Tecidos Ecológicos e Resíduos
Têxteis, onde são estudados os novos tecidos disponíveis pelo mercado que agridem
menos o meio ambiente, como algodão orgânico, PET (polímero,
Polietilenotereftalato, não biodegradável, muito utilizado como recipiente para
armazenar bebidas) reciclado, e porque utilizá-los, também fala sobre os resíduos
têxteis, que são o lixo criado a partir da confecção de peças do vestuário, mostrando
alternativas para reduzi-lo, elimina-lo ou recicla-lo, apresentando modos de ter uma
produção mais limpa. Se referenciando em Salcedo (2014), Freitas (2010) e Lee
(2009).
Após, vem o quarto capítulo, Criação da Marca de Moda autoral Luminus onde
explica-se primeiramente o que é uma marca, como criar, a partir de autores como
Guillermo (2012), Kotler (2008), Kotler at all (2010) e Nascimento e Lauterborn (2007).
Então apresenta a nova marca Luminus, sua missão, visão e valores, além de público-
alvo e seu mix de marketing, como também fala sobre a marca inspiradora Vetta, e
sua possível concorrente Envido. Tendo como seção secundária Encaminhamento
das diretrizes para a Coleção de Moda, onde faz a relação entre a teoria aprendida a
partir desse trabalho de pesquisa, e o que será utilizado na prática para criar então
uma coleção de moda feminina sustentável para a marca autoral Luminus.
O quinto capítulo deste trabalho é intitulado como Desenvolvimento da Coleção
de Moda para a Marca Luminus, onde foram aplicados na prática os estudos da
pesquisa. Recebe uma breve introdução sobre os assuntos que comportam esse
capítulo, e logo vem a primeira seção secundária, Briefing da Coleção, com
referências em Renefrew (2010), Jones (2011), Treptow (2013) e Fring(2012). Foram
realizadas pesquisas para delimitação do tema da coleção, relacionando a teoria com
a prática, pesquisando macrotendências e tendências de consumo. Criando o tema
de coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, conseguinte o painel
temático de onde foram retiradas as cores; elementos de estilo; cartela de materiais e
aviamentos da coleção. Sua próxima seção secundária, Desenhando a Coleção,
apresenta e descreve os dez croquis dos dez looks da coleção e o plano de coleção.
A última seção secundária deste capítulo, Coleção tomando forma, demonstra os
quatro croquis selecionados que melhor representam a coleção, e explica o
desenvolvimento destes.
15
Como último capítulo deste trabalho de pesquisa e desenvolvimento, tem-se as
Considerações Finais. Em que é apresentado o encerramento dos assuntos com seus
resultados, a partir dos dados e fatos analisados e descritos nesta pesquisa.
16
2 CONHECENDO A MODELAGEM ZERO WASTE
Para introduzir e conhecer a modelagem zero waste, precisa-se, entender um
pouco da história da vestimenta. Antigamente, as roupas eram projetadas a partir de
pedaços de tecidos em formas geométricas, sendo assim, aproveitada toda a
extensão dos tecidos. No Egito Antigo a cerca de 4.000 a.C. os egípcios vestiam o
Kalasiris - túnica de corte reto com apenas uma costura lateral e preso por duas alças
nos ombros -, na Roma Antiga a 753 a.C. os romanos usavam o Chiton, segundo Silva
(2014), uma túnica usada tanto pelo sexo feminino como pelo sexo masculino, uma
peça retangular e de grande tamanho que envolvia o corpo podendo chegar até ao
joelho ou tornozelo, tecido reto que era enrolado ou drapeado ao corpo que pode ser
visualizado na Figura 1. E o saree indiano conforme Marcucci (2010) é simplesmente
um tecido comprido, em que as mulheres enrolam sobre seus corpos, sendo mais um
exemplo desses modelos de indumentária que utiliza tecidos inteiros.
Foi no Renascimento, com início no século XIV e tendo continuidade até o
século XVI, que efetivamente o tecido é ajustado ao corpo através de cortes e recortes
no tecido, “onde os grandes avanços ocorridos neste período representam a base de
todos os processos metodológicos de modelagem da atualidade” (SOARES, 2009,
p.242 apud FIRMO, 2014, p.3). E a partir desse período não se tinha preocupação
com o descarte dos resíduos ou com a quantidade de tecidos utilizada para fazer uma
roupa.
Figura 1: Exemplo de chiton. Estátua de Eirene (a personificação da paz).
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, a partir de The Met Museum (2017, p.1)
17
Assim, no século XVII surge o período Barroco, que conforme Cosgrave (2012)
as roupas passaram a ser mais fluídas, com movimento e silhueta mais natural. E
como a burguesia adotava as mesmas vestimentas da classe alta, criou assim, a
necessidade destas buscarem novos estilos para se diferenciarem, acelerando a
moda. Em que no próximo século, XVIII o período Rococó surgiu com mudanças
radicais no vestuário devido as Revoluções Americana e Francesa, em que as roupas
eram extravagantes e volumosas, e fabricadas por costureiras e chapeleiras, onde as
peças passaram a levar uma etiqueta com o nome do estilista (COSGRAVE, 2012).
Porém, nesse período, com a Revolução Industrial o tecido se tornou barato e
“descartável”, o qual não se via problemas no desperdício.
No século XIX, a moda mudou novamente onde surgiu a linha império, que
segundo Cosgrave (2012, p.191) “Sem a cintura marcada, o magnífico vestido de
Josefina apresentava as linhas fluídas da indumentária romana. A saia do vestido
descia a partir de uma fita fina que traçava um círculo completo abaixo do busto.” Além
de inovações tecnológicas, como a invenção da máquina de costura em 1846 que sua
venda democratizou a moda, e o serviço de envio por correio de moldes de papel para
a confecção de roupas.
Conforme o tempo foi passando, em algumas épocas se precisou pensar na
economia de tecidos para desenvolver peças do vestuário, bem como no pós Primeira
Guerra mundial, em que a estilista Claire McCardell (1905-1958) foi muito importante
para a indústria da moda americana. Ela usou tecidos de maneira inédita, chegando
inclusive a criar um vestido em que não se distinguia a frente das costas, onde a
cintura não era determinada e em que as amarrações é que possibilitavam o seu uso
diferenciado. Também as mudanças da moda trouxeram novas demandas estéticas,
que levaram os designers de vestuário a desenvolver peças muito elaboradas com
grande quantidade de tecidos e recortes, cujos moldes não podem ser facilmente
encaixados, gerando desperdício (RISSANEN; MCQUILLAN, 2011 apud PEREZ;
CAVALCANTE, 2014).
Ainda no século XX surgiram muitos estilistas e que são reconhecidos até os
dias atuais, como por exemplo, Chanel, Yves Saint Laurent, Calvin Klein e Versace.
Mas foi em 1947, pós Segunda Guerra Mundial, que Christian Dior trouxe uma roupa
que utilizava muitos metros de tecido e com a cintura marcada resgatando a
feminidade, a silhueta Corola, apelidada de New Look, visualizada na Figura 2. E foi
ele que mudou a maneira de consumir moda, pois as peças não eram mais
18
encomendadas sob medida, mas sim, produzidas e vendidas pret à porter – prontas
para vestir - (COSGRAVE, 2012). Além disso, conforme Cosgrave (2012) esse
período foi marcado também pela tecnologia e grandes inovações como o cinema,
televisão, vídeo, computador, aparelhos de fax, escâner e a internet que surgiu nos
anos 2000. Aumentando assim, o conhecimento, a capacidade de comunicação e
globalização, bem como transformou o idioma inglês como universal.
Figura 2: New Look
Fonte: DIOR, 2017.
A atualidade está marcada pela tendência de moda rápida, mais conhecida
como fast fashion, que segundo Salcedo (2014, p. 26) “é uma prática de grandes
empresas internacionais de moda e redes de distribuição que conseguiram seduzir
sua clientela graças à atualização constante do design de suas peças e aos baixos
preços de seus produtos.”. Ou seja, o mercado oferece roupas cada vez mais baratas,
produzidas e vendidas em grandes quantidades, gerando um consumo acelerado,
desperdício de tecidos, descarte indevido de materiais têxteis, assim, criando grande
impacto ecológico negativo para o planeta.
No entanto, para o bem da humanidade, existem designers de moda que
pensam sustentavelmente, assim, nota-se que a modelagem zero waste vem
19
ganhando força, podendo ser também um resgate da antiga história do vestuário.
Segundo Manzini e Vezolli (2002, p. 12 apud PEREZ; CAVALCANTE, 2014, p. 44)
O design de moda zero waste, por sua vez, enquadra-se na perspectiva das tecnologias limpas, pois modifica o processo de design, atuando, assim, diretamente sobre a fonte de geração de resíduos. Mas o zero waste pode também ser considerado uma estratégia para o desenvolvimento de produtos limpos, uma vez que considera o redesenho do vestuário e de sua modelagem.
Então, a modelagem zero waste – possivelmente traduzida para o português
como “desperdício zero”, ou até mesmo, “resíduo zero” – visa produzir uma peça do
vestuário utilizando todo o tecido ou reduzindo os recortes para que se diminua a
quantidade de resíduos têxteis. Essa técnica de modelagem segundo Duarte (2013,
apud FIRMO, 2014) “significa projetar e gerenciar produtos e recursos para evitar e
eliminar sistematicamente o volume e a toxidade dos resíduos e materiais, conservar
e recuperar todos os recursos e não queimar ou enterrá-los”.
Ou ainda, segundo Ruthschiling e Dias (2015) podemos dizer que o termo zero
waste se originou através da ideia japonesa de qualidade total de administração, que
visava reduzir os defeitos de fabricação de um produto, consequentemente reduzindo
também o desperdício e aumentando a produção. E conforme afirma Murray (2002
apud RUTHSCHILING; DIAS, 2015, p. 2)
O método zero waste tem como objetivo diminuir ao máximo a geração de lixo e pode ser feito através de duas formas: a) consumindo produtos funcionais e duráveis com valor agregado e cuidado do consumidor; b) através da reciclagem, onde o ideal é não produzir aquilo que não pode ser reciclado ou custa mais caro para isso. E para o desenvolvimento de produtos de moda podemos utilizar o método zero waste de duas formas: a) a modelagem da peça já é concebida através de formas cujo o aproveitamento da matéria-prima seja total; b) através do reaproveitamento de resíduos excedentes de outras produções em novos processos, como por exemplo as colagens têxteis.
Uma das possíveis pioneiras do uso consciente dos tecidos, mesmo que sem
ser diretamente com esse propósito, foi a Estilista Madame Vionnet (1876-1975). Que
em 1912 propôs peças fluídas e drapeadas, trabalhadas a partir de moulage1 e no
viés do tecido, em formas geométricas, normalmente com dois metros de largura, seu
design era parecido com as vestimentas romanas, o que pode ser conferido na Figura
3. Segundo Mendes e Haye (2009, apud FIRMO, 2014, p.4) “Vionnet era excepcional
1 Moulage, literalmente moldagem em francês, é a técnica de ajustar um tecido diretamente ao manequim no tamanho apropriado ou no próprio corpo da pessoa. Quando a forma e o tamanho estão corretos, o tecido é removido e copiado em papel, adicionando as costuras. Conforme Borbas, M.C; Bruscagim (2007).
20
pelo fato de não costurar seus drapeados e esperar que as clientes executassem uma
série de manobras habilidosas para alcançar o visual desejado.”. Nota-se que ela
estava à frente de seu tempo, mesmo que nem todas suas criações utilizassem o
tecido por inteiro, já fazia em algumas peças o uso de modelagem sem desperdício,
além de propiciar liberdade para suas clientes utilizarem as peças.
Figura 3:Vestido por Madame Vionnet
Fonte: KIRKE apud FIRMO (2014, p. 4).
Mas a grande percursora da inovadora modelagem zero waste, conforme o
artigo de Firmo (2014) foi a canadense Dorothy Burnham (1911-2004), que em 1973
publicou um livro chamado Cut my cote, em que nele estão suas pesquisas históricas
sobre o vestuário, utilizando a reprodução de modelos usados durante o longo da
história da moda para reconstruir as peças, onde os tecidos são utilizados por inteiro,
agregando assim o valor de sustentabilidade ao produto.
A partir daí começam a surgir mais nomes que utilizam de recursos mais
sustentáveis para a elaboração de suas peças de vestuário. Bem como, ainda na
década de 70, a inglesa Zandra Rhodes, utiliza materiais orgânicos e faz trabalhos
manuais com estampas exclusivas. Tem enfoque no zero waste, justamente para
aproveitar melhor as estampas dos tecidos, como se pode reparar na Figura 4A, o
21
vestido nomeado Chinese Squares tem estampa feita à mão, e apenas a ourela do
tecido foi retirada para melhor acabamento, além de pequenos recortes, conforme o
tecido inteiro com as demarcações, Figura 4B.
Figura 4: 4A - Vestido Chinese Squares e 4B - Tecido inteiro.
Fonte: Holly McQuillan (2011, p.1).
Um estilista inglês que também utiliza o princípio de quebra-cabeça para
montar as modelagens em cima dos tecidos, é o Mark Liu, ex-aluno da Universidade
Britânica Saint Martin’s College. Sua coleção que estreou na London Fashion Week
em 2007, teve o uso de zero waste que proporcionou destaque à ele, e desde sua
estreia, até atualmente, faz uso de pregas, de pontas arredondadas, e utiliza o corte
a laser para maior precisão e menor perda de tecido. (FIRMO, 2014).
Um grande avanço para a formação de estilistas conscientes, é uma cadeira
de zero waste oferecida pela Universidade de moda da cidade de Nova York, nos
Estados Unidos, a Parsons The New School of Design, onde os alunos aprendem a
utilizar o método para melhor aproveitamento dos tecidos, pensando
sustentavelmente, dados que podem ser confirmados pelo site oficial da
Universidade2. Em fevereiro de 2011 ocorreu a exposição “Zero Waste Fashion
Projects” (Projeto de Moda Zero Waste) na própria Universidade, com as criações dos
alunos com o tema de zero waste na criação de denim (Jeans), na qual uma das
criações pode ser visualizada na Figura 5.
2 Site The New School Parsons, disponível em: <https://www.newschool.edu/parsons/pastExhibitions1011/?id=17179871276>.
A B
22
Figura 5: Exposição Zero Waste Fashion Projects (Exposição Projeto de Moda Zero Waste).
Fonte: Ecouterre (2011, p.1).
O Australiano Timo Rissanen é um dos professores responsáveis pelo curso, é
especialista na área, e relata que tudo começou durante a pesquisa de sua tese de
graduação sobre Madeleine Vionnet e sua influência nos estilistas como Claire
McCardell, Issey Miyake e Galliano, foi ali que ele percebeu a viabilidade da
eliminação completa de resíduos no design de moda e decidiu retomar o modo como
eram confeccionadas as peças do vestuário na Antiguidade. Assim seu método
consiste em utilizar a modelagem plana, fazendo o encaixe das bases dos moldes
como um quebra-cabeça, dispondo-as sobre o tecido e estudando as diversas
alternativas visando o aproveitamento do mesmo. Ele possui um site que leva seu
nome, em que informa sobre moda arte e sustentabilidade.3
Nota-se então algumas similaridades entre os métodos dos estilistas para criar
peças do vestuário através do modo zero waste, em que fazem a utilização de
modelagem plana ou então moulage, e assim, montando quebra-cabeças sobre os
tecidos para conseguir o melhor aproveitamento dos mesmos, gerando zero resíduos
têxteis, praticando a sustentabilidade na moda. E por mais que não haja grandes
pesquisas sobre o assunto, mesmo sendo utilizado antigamente, hoje ainda é um
3 Site Timo Rissanen, disponível em: <https://timorissanen.com>.
23
tema novo, mas que vem crescendo e ganhando espaço. Segundo Perez e
Cavalcante (2014) há publicações científicas em sites ou jornais sobre o assunto, no
entanto, ainda são recentes, e poucos são os artigos escritos em português. E no
Brasil, conforme Ribeiro e Barcelos (2012 apud Perez e Cavalcante, 2014, p.42),
“ainda não possui designers de referência nesse segmento”. Talvez por isso pouco
conhecido em nosso país, além de muitas vezes o zero waste ser confundido com a
reutilização de resíduos, portanto a grande importância de novas pesquisas.
2.1 DIFERENÇA ENTRE MODELAGEM ZERO WASTE E MODELAGEM PLANA
Para que se possa comparar as duas modelagens, se faz necessária também
uma breve explicação do que é a modelagem plana, para assim, entender seu
funcionamento. Posteriormente, então, analisar as diferenças entre as duas
modelagens, comprovando possivelmente o melhor método e que propicia a
sustentabilidade na fabricação do vestuário.
É com a modelagem que se interpreta as ideias representadas por desenhos e
anotações dos estilistas, e o profissional que produz a modelagem e materializa as
ideias é chamado de modelista, Osório (2007) diz que:
Na verdade, a interpretação de modelagem é um processo, onde partes de molde que formam uma peça de roupa, possibilitam que o tecido plano seja transformado, após confeccionado, em uma forma tridimensional de produto que se amolda ao corpo. (OSÓRIO, 2007, p.19)
Para a confecção de uma modelagem plana é necessária uma tabela de
medidas do corpo humano, e o Brasil não possui um padrão de medidas da população
brasileira, podendo então ser ela especificada pelo próprio modelista, bem como
pesquisada conforme as normas da ABNT4 ou ISO5, e é usualmente composta por
nomenclaturas de tamanhos, como por exemplo, P, M, G para peças superiores e 38,
40, 42 para peças inferiores, conforme as medidas do corpo, um tamanho 40 teria,
por exemplo, 68 cm de circunferência da cintura (SABRÁ, 2014). Para desenvolver a
modelagem zero waste, bem como a moulage, também é levado em conta as medidas
do corpo humano.
4 ABNT: Sigla para Associação Brasileira de Normas Técnicas. 5 ISO: Sigla para International Stardartization Organization (Organização Internacional de Normalização em nossa tradução).
24
Conforme Sabrá (2014) afirma, é de suma importância que o modelista que
deseja criar uma modelagem plana possua um conjunto de moldes básicos ou bases
de modelagem, de blusa; saia; manga e calça, que são moldes sem folgas e margens
de costura, e que reproduzem fielmente as medidas de um determinado corpo. E
então, a partir desses moldes bases são criadas as modelagens com folgas, ajustes
e acabamentos, para que posteriormente se possa encaixa-las sobre o tecido e corta-
lo para a fabricação de uma peça do vestuário. A modelagem pode ser executada
manualmente ou através do computador utilizando softwares6 como o CAD/CAM que
primam precisão, facilitando a combinação de moldes e automação da gradação de
tamanhos, facilitando o encaixe dos moldes sobre o tecido, poupando matéria-prima,
como o exemplo de utilização de software para organização das modelagens de calça,
representado pela Figura 6: Modelagem Plana no Audaces, onde indica 86,18% de
aproveitamento total do tecido, assim, gerando 13,82% de resíduos têxteis.
Figura 6: Modelagem Plana no Audaces.
Fonte: Google Images, 2017.
Existem algumas maneiras para desenvolver a modelagem zero waste, um
exemplo é de utilizar o processo de moulage primeiramente, e então passar do
tridimensional para o bidimensional, no papel, para que conseguinte as peças sejam
6 Software: Conjunto dos elementos que, num computador, compõe o sistema de processamento de dados; todo programa que se encontra armazenado no disco rígido. Segundo o Dicionário Online de Português, 2017, p.1.
25
encaixadas sobre o tecido a ser cortado, e ter o total aproveitamento do tecido, sem
formar resíduos têxteis. Outra maneira é utilizar a modelagem plana, no papel, ou
fabricá-la através de softwares, que facilitam a montagem das peças, organizar as
modelagens no tecido a ser cortado, chegando também ao resultado de zero
desperdício.
Entende-se que ambos os tipos de modelagem proporcionam diversas
maneiras de serem manipuladas para transformar os tecidos, e para formar diversos
tipos de peças, conforme a criatividade do estilista e modelista. Um bom exemplo de
criatividade na modelagem é o estilista japonês Tomoko Nakamichi, que brinca com
as formas e ensina diversos métodos de modelagem plana através de manipulação e
recortes criados por ele. Nota-se, porém, que a modelagem zero waste traz maior
sustentabilidade para o vestuário, já que visa o inteiro aproveitamento dos tecidos,
pois durante seu desenvolvimento é pensando o seu encaixe por completo sobre o
tecido, manipulando-o também através de moulage, para que se diminuam ou
eliminem os resíduos têxteis. Diferente da modelagem plana, em que os moldes são
desenvolvidos para um bom design das peças do vestuário, e não avaliados seu
encaixe sobre os têxteis, tendo somente um melhor aproveitamento quando criados
através dos softwares, mesmo que apenas diminuindo os recortes, porém não
eliminando-os. Na verdade, o software agiliza o processo e o manual é muito
demorado.
Dados os itens incluídos até aqui, foi decidido pela pesquisadora, que o método
mais eficiente para a sustentabilidade na criação de uma coleção de moda, é a
utilização do método de modelagem zero waste. Pois este evita o desperdício de
tecidos e resultantes de resíduos têxteis.
2.1.1 Estilista Holly McQuillan
A partir de uma pesquisa realizada para conhecer os estilistas que fazem o uso
da técnica de modelagem zero waste, foi encontrada uma publicação de 2010 no site
do New York Times7 que apresenta os designers de moda que utilizam less-waste -
7 The New York Times: É um jornal diário estadunidense, fundado em 1835, e publicado continuamente
em Nova York pela The New York Times Company, e disponível também por assinatura online. A história do jornal está disponível em seu site: <http://www.nytco.com/who-we-are/culture/our-history/>.
26
em nossa tradução seria menos desperdício – e zero waste, conforme em um
parágrafo específico que diz que o conceito demorou a chegar aos Estados Unidos, e
que a maioria dos designers de zero waste são de outros países:
Mas levou um tempo para chegar aos Estados Unidos. Quase todos os designers líderes de zero-desperdício ou menos desperdício são de outro país, incluindo Mark Liu, Julian Roberts e Zandra Rhodes na Inglaterra; Susan Dimasi e Chantal Kirby na Austrália; Ms. McQuillan na Nova Zelândia; E Yeohlee Teng, que está trabalhando em Nova York, mas nasceu na Malásia. (TIMES, 2010, p. 1, tradução nossa).
A partir dessa pesquisa, a estilista, pesquisadora e professora Holly McQuillan,
na Figura 7, foi selecionada como tema dessa seção terciária, escolhida como a
principal estilista inspiração dessa pesquisa para o uso de modelagem de desperdício
zero. Holly em seu site oficial8 na página about (sobre) explica que é palestrante na
Faculdade de Artes Criativas da Universidade Massey, em Welligton, Nova Zelândia.
Fala que sua pesquisa é focada em design sustentável dentro do contemporâneo, e
que desde seu Mestrado foca em zero waste para fazer moda sem desperdício. Fez
publicação de capítulos em livros, como em jornais e revistas, entre outros meios de
comunicação em vários países. Seu próximo projeto vai ser desenvolver a primeira
coleção de zero waste para um grande produtor de roupas, além de participar mais
no Projeto “The Cutting Circle” (O Círculo do Corte, nossa tradução) com os designer
de zero waste Timo Rissanen e Julian Roberts.
Figura 7: Holly McQuillan.
Fonte: Site Holy McQuillan (2017).
8 Site Holly Macquilian, disponível em: < https://hollymcquillan.com>.
27
Holly faz o encaixe dos moldes sobre o tecido favorecendo o completo
aproveitamento do mesmo. Um tecido é recortado com o perfeito encaixe de
modelagens de peças diferentes, feitos por um software, como por exemplo, a Figura
8A mostra a modelagem zero waste TWINSET (nome do molde dado pela estilista)
que possui a montagem de moldes sobre o mesmo tecido para fazer três peças
diferentes: vestido, colete e calça. Na Figura 8B, observe o vestido confeccionado a
partir da montagem dos moldes da TWINSET9 recortados no tecido de 95% linho e
5% elastano.
Figura 8: A- Modelagem TWINSET, e B- Vestido confeccionado.
Fonte: Elaborado a partir do site Holly McQuillan (2017).
Como a estilista é também professora, em seu site ela disponibiliza um manual
de instruções criada por ela em 2010, para download, em que ensina a maneira como
fabricar essas modelagens para alcançar o desperdício zero. Segundo este arquivo,
9 TWINSET, modelagem e exemplos disponíveis em: <https://hollymcquillan.com/design-practice/twinset-embedded-zero-waste/>.
A B
28
a primeira vez que em que se experimenta fabricar esse tipo de modelagem vai ser a
mais difícil, sendo necessário foco, saber o resultado que procura, como pretende
fazer e ao mesmo tempo ter a consciência de que pode sair diferente do planejado
durante o processo. É possível fazer a modelagem zero waste tanto com moldes de
papel, ou então, escanear os moldes em menor escala e vetorizar para utilizá-los
através de softwares como, por exemplo, o Adobe IIlustrator10, que facilita a
montagem e desmontagem dos blocos para encaixe. Para que se possa montar os
moldes é preciso escolher e medir o tecido que vai ser utilizado para a fabricação das
peças de vestuário, tanto para fazer a mão, quanto para colocar as medidas no
programa de computador, e quando estiver começando a utilizar esse método, é
possível experimentar faze-lo em escala menor. É preciso marcar duas linhas
paralelas entre si com a largura do tecido que está sendo usado, deixando espaço
suficiente para estendê-lo, podendo começar com a largura do tecido em 1,5 metros
a 2 metros de comprimento, então decidir o design final e quais as peças que serão
fixas, as de ombro são mais fáceis para o início, pois quanto mais peças fixas, mais
complexo é. Sendo interessante desenhar modelagens com formas agradáveis, como
curvas, gotas, lágrimas e até formas retas, sempre imaginando os encaixes
(MCQUILLAN, 2010, nossa tradução).
McQuillan prefere desenvolver peças de roupas com design mais inteiro e
limpo, mas conforme o gosto do designer é possível fazer moldes detalhados e
decorativos, podendo também criar peças simétricas ou assimétricas. Ela destaca
sobre o cuidado do caimento do tecido para desenhar as formas, tendo o cuidado em
sempre deixar margens de costura para o encaixe das peças, lembrando que todos
os lados dos moldes serão cortados. Mais uma dica que a estilista comenta, quando
utilizado software, é de empregar cores diferentes para as peças, por exemplo,
mangas em amarelo, corpo em vermelho, etc. Ela, muitas vezes imprime os moldes
em tamanho de folha A4, corta-os e cola com fita durex para conferir se eles encaixam
perfeitamente, ou se precisam de alguma modificação, para então serem impressos
em tamanho real, lembrando que a escala em tamanho menor não vai se comportar
igual a de tamanho real, mas funciona como um bom exemplo, (nossa tradução)
conforme dados disponibilizados por Holly McQuillan através de download em seu
10 Adobe Illustrator, software de design gráfico disponível em: <https://www.adobe.com>.
29
site. A Figura 9: Manual de modelagem Zero Waste, mostra o resumo sucinto das
informações disponibilizadas pela estilista Holly McQuillan descritas aqui.
Figura 9: Manual de modelagem Zero Waste.
Fonte: Elaborado a partir de McQuillan, 2010.
Sendo assim, com as explicações e exemplo aqui apresentados, torna-se mais
simples o entendimento das etapas para construção de uma modelagem de
desperdício zero. Lembrando que esses passos foram criados pela estilista Holly
McQuillan, sendo apenas uma das diversas maneiras de praticá-la, e que segundo
ela, em resposta ao e-mail retornado para a pesquisadora, disse que “Para ser
honesta, grande parte é sobre a experimentação.”(nossa tradução), ou seja, que para
desenvolver esse método de modelagem, muito vai ser aprendido a partir de
experimentos e conforme o modelista for ganhando prática, pois a única coisa que
30
deve permanecer é não haver desperdício têxtil. E o design desse tipo e das outras
modelagens varia conforme o gosto e criatividade de cada um.
2.2 IMPORTÂNCIA DO CONFORTO E ERGONOMIA NAS PEÇAS DO VESTUÁRIO
Para criar uma peça do vestuário, são diversos itens que devem ser levados
em conta, como por exemplo, a escolha de tecidos e de cores, e análise das
tendências de moda. E para produzir uma modelagem satisfatória, é de suma
importância entender também os aspectos ergonômicos do corpo humano para aplicar
à criação da peça, buscando produzir conforto ao usuário, levando assim, a satisfação
do mesmo ao vestir-se.
Grave (2004) explica que o corpo humano é composto de pele, ossos,
cartilagens, sistema nervoso, músculos, nervos, veias que circulam o sangue, possui
sistema respiratório, digestivo, urinário, genital, como se fosse uma máquina perfeita.
Para a execução de um movimento desejado, é necessária a ação de muitos músculos
por meio da coordenação motora, esses músculos são coordenados pelo sistema
nervoso central, ou seja, nosso cérebro. Sendo assim, o vestuário tem um papel
importante a cumprir pois o vestir-se é muito mais do que se proteger e se ornamentar,
então, para que todas as ações físicas praticadas por um ser humano sejam possíveis,
é imprescindível que a roupa que vestirá o corpo, seja desenvolvida com uma
modelagem que respeite os movimentos naturais do mesmo.
A ergonomia tem como nascimento considerado em 1949, quando Murrel reúne
em Oxford na Inglaterra, psicólogos, fisiologistas, engenheiros e médicos com o intuito
de estudar e adaptar os objetos e máquinas ao homem, e a partir daí a ergonomia
tornou-se um novo campo de estudo. E ainda conforme Martins (2008), ela está
relacionada ao nosso dia-a-dia, e a todos objetos que utilizamos, como por exemplo,
roupas, acessórios, equipamentos, utensílios domésticos e qualquer entorno e
ambiente ao qual um indivíduo habita. E ainda que “Leva em conta o ser humano,
suas habilidades, capacidades, limitações e suas características físicas, fisiológicas,
psicológicas, cognitivas, sociais e culturais” (MARTINS, 2008, p.319).
Então, pensando na ergonomia do corpo, para a criação de vestuário que
atenda às necessidades de conforto dos usuários, entra a questão de antropometria,
que segundo Iida (2016, p.182) “A antropometria trata das medidas físicas do corpo
31
humano”. E ainda, a indústria de vestuário tem a necessidade de medidas
antropométricas cada vez mais detalhadas e confiáveis. Assim, de acordo com o
objetivo a ser alcançado, as medições do corpo humano variam de antropometria
estática, sendo a mais utilizada – onde as medições são realizadas com o corpo
parado -, antropometria dinâmica – com o sujeito realizando algum movimento –, e
antropometria funcional – com o sujeito realizando diversos movimentos corporais
para execução de tarefas. Também as medidas variam conforme o sexo feminino ou
masculino, bem como medidas das crianças e conforme o país e clima que o indivíduo
vive, sua etnia, e alimentação (IIDA, 2016).
Nota-se então, que além de projetar uma modelagem adequada, o vestuário
precisa atender a necessidades que vão além da ergonomia, requer atenção também
as necessidades fisiológicas do indivíduo para trazer conforto, como por exemplo, a
escolha de tecidos pode interferir muito no bem-estar do usuário conforme os
aspectos climáticos da região em que reside. Se vive em local quente necessita de
tecidos mais leves, como o algodão ou viscose, quanto que em locais mais frios se
faz um melhor uso de tecidos pesados, como a lã, jeans e materiais sintéticos. Quando
se escolhe um tipo de tecido para desenvolver uma peça do vestuário, deve-se avaliar
a durabilidade do mesmo, e pensar nos aspectos de manutenção da peça, facilitando
a vida do consumidor, sendo assim, Rosa (2011) afirma dizendo que:
[...] os aspectos climáticos de cada região devem ser considerados, no desenvolvimento do vestuário, pois por meio da escolha adequada de tecidos, as roupas podem oferecer proteção ao corpo, resistir ao desgaste físico, a cortes e a abrasão. Para que o vestuário proporcione, ao usuário, os aspectos de facilidade de manutenção, manuseio e uso é necessário que se tenha o cuidado de utilizar matéria-prima e componentes acessórios de boa qualidade e de fácil manutenção.”. (ROSA, 2011, p. 74)
Logo, Aldrich (2014) explica que é de grande importância que o designer de
moda tenha um vasto conhecimento sobre os tecidos, pois eles possuem
características que podem interferir de maneira positiva ou negativa sobre a
fabricação de uma peça de vestuário. São elas: peso, espessura, corte, caimento,
elasticidade e a densidade de fios (quantidade de fios dispostos na direção de trama
e urdume em determinado espaço, normalmente em um centímetro), além da escolha
de cor e estampas que costumam dominar as tendências de moda, e como disse a
Dr. Jenny Balfour-Paul - artista, escritora e palestrante, especialista em têxteis e
tingimentos -, “A cor é a primeira coisa que vemos, o aspecto mais definível e
dominante da beleza de um tecido.” (PAUL apud LEE, 2009, p.85).
32
O caimento do tecido varia conforme o peso e espessura, existindo tecidos de
peso médio leve (ex: percal, satin); médio (ex: jeans, veludo); médio pesado (ex:
flanela, brim de linho) e pesado (ex: plush, feltro). Para a criação de uma correta
modelagem com ou sem acréscimo de folgas, ajustes e pences, indiferente de ser
plana, zero waste ou moulage, a escolha do tecido é fundamental para o bom
funcionamento da peça do vestuário pronta e para a adaptação aos movimentos do
corpo que a utilizará, sendo assim, para a conferência dos resultados é produzida uma
peça piloto que será vestida em um modelo de prova, avaliada e confirmada ou não
para a produção (ALDRICH, 2014).
Quando Grave (2010) relaciona a roupa como uma segunda pele, até mesmo
uma extensão do corpo, nos faz perceber a importância que a modelagem têm na
fabricação de uma peça do vestuário para trazer qualidade e conforto ao corpo que a
veste. O conforto a que é referido pode ser definido, conforme Slater (1997, p. 79-91,
apud BROEGA e SILVA, 2010, p. 60) como “a ausência de dor e de desconforto em
estado neutro”, ou seja, para o vestuário é algo que torna-se agradável ao corpo que
o envolve. Assim o conforto pode também ser separado e definido em quatro aspectos
diferentes:
Conforto Termofisiológico: traduz um estado térmico e de umidade à superfície da pele confortável, que envolve a transferência de calor e de vapor de água através dos materiais têxteis ou do vestuário;
Conforto Sensorial de “toque”: conjunto de várias sensações neurais, quando um têxtil entra em contato direto com a pele;
Conforto Ergonómico: capacidade que uma peça de vestuário tem de “vestir bem” e de permitir a liberdade dos movimentos do corpo;
Conforto Psico-Estético: percepção subjetiva da avaliação estética, com base na visão, toque, audição e olfato, que contribuem para o bem-estar total do portador (1997, p. 79-91, apud BROEGA e SILVA, 2010, p. 60).
Sendo assim, a partir dos itens especificados aqui - como dar atenção à
ergonomia do corpo humano, aos movimentos dos músculos, ao clima onde o
indivíduo vive, fazendo a escolha certa de tecidos - é que se atende as necessidades
do usuário, proporcionando o contentamento do mesmo.
33
3 SUSTENTABILIDADE E CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO DE MODA
Conforme o tempo passa, o tema sustentabilidade vem ganhando força,
contudo, os problemas que cercam nosso planeta já vêm de anos trás. É necessário
entender a importância da sustentabilidade para a humanidade, para que assim,
possamos pensar em maneiras mais eficientes para exercer um mercado de moda
mais consciente. Conforme Freitas (2010, p.41), “Numa frase: a sustentabilidade, bem
assimilada, consiste em assegurar, hoje, o bem-estar físico, psíquico e espiritual, sem
inviabilizar o multidimensional bem-estar futuro.”. Ou seja, ser capaz de satisfazer
suas necessidades presentes, sem comprometer as das gerações futuras. Sendo
assim, são cinco conceitos – social, cultural, ambiental, econômica e política/jurídica
- imprescindíveis que a sociedade deve praticar para que se realize o desenvolvimento
sustentável socialmente justo, democrático e ambientalmente seguro, estes estão
explicados no Quadro 1.
Quadro 1: As cinco dimensões da sustentabilidade.
AS CINCO DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE
SOCIAL Acesso aos direitos sociais fundamentais, como igualdade social, renda justa, saúde, educação, habitação e segurança.
CULTURAL Valorização da variedade cultural, respeito as tradições e busca por inovações tecnológicas.
AMBIENTAL Obediência ao ciclo natural da vida e sua renovação, suprindo as gerações atuais sem prejudicar as futuras, respeitando os limites da natureza.
ECONÔMICA Utilizar políticas de produção e consumo sustentáveis, propiciando o equilíbrio econômico e ambiental para a qualidade de vida da sociedade.
POLÍTICA/ JURÍDICA
Acesso aos direitos sociais fundamentais e à democracia, sendo a busca pela sustentabilidade um dever e direito de cada cidadão.
Fonte: Elaborada pela pesquisadora, a partir de Serrão 2014 e Freitas 2011.
Porém, durante a evolução, aprendemos a pensar que nossa espécie é
superior às demais, além de acreditar que a natureza provem de recursos eternos
para nós. O que não é verdade, sendo que o planeta viveria muito melhor sem os
seres humanos, no entanto, nós não conseguiríamos viver sem a natureza. Ao invés
de superiores, somos melhor classificados como intrusos. Conforme Salcedo (2014),
34
a maneira como vivemos, consumimos, e gerimos nossas empresas está nos
direcionando a um colapso econômico e ambiental, causando assim, grande impacto
sob o meio ambiente. Lee (2009, p.7) disse que a indústria de moda é a terceira ou
quarta maior do mundo, isso em 2009, em 2014, segundo Salcedo (2014, p.25), “o
setor têxtil e de vestimentas é parte importante do comércio mundial, sendo o segundo
setor de consumo, atrás apenas do setor de alimentos, em que aproximadamente um
em cada seis trabalhadores da população mundial trabalham para a indústria têxtil”.
Atualmente, um dos grandes desafios dos estilistas é conseguir solucionar os
problemas da indústria da moda, como por exemplo, desenvolver produtos para
exercer uma moda mais sustentável. Sendo necessário realizar boas práticas sociais
e ambientais, pensando na redução da produção e consumo, que conforme Salcedo
(2014) dentro da moda mais consciente estão interligadas a Ecomoda – roupas feitas
com menos danos ao meio ambiente -, a Moda Ética – pensada na saúde dos
trabalhadores e consumidores -, e o Slow Fashion – moda lenta que dura mais, com
qualidade e consciência de todos -. Para exercer esses conceitos, é preciso inovar,
como por exemplo, na figura 10: Lista de atitudes sustentáveis.
Figura 10: Lista de atitudes sustentáveis.
Fonte: Elaborado a partir de Salcedo, 2014.
1
•Pensar na desmontagem das peças do vestuário, para que seja possível a reciclagem, além de procurar utilizar tecidos compostos por apenas um material, e
utilizar acessórios de fácil remoção.
2•Criar laços emocionais entre as peças e os consumidores da marca.
3•Pensar no bem estar dos produtores.
4
•Reduzir ou acabar com os resíduos têxteis, como fazer a utilização da modelagem zero waste.
5•Produzir peças duráveis e atemporais.
6•Lembrar do papel do usuário, informando a maneira adequada para a manutenção
das peças.
35
Desta maneira, é importante a compreensão do ciclo de vida de um produto de
moda para que seja possível pensar diferente, para que o ciclo se feche e que no final
se diminua os resíduos têxteis, otimizando assim, o produto de moda, trazendo maior
durabilidade e sendo mais sustentável. Pois a economia precisa mudar e transformar-
se para o bem-estar da humanidade e do meio ambiente. Serrão (2014) diz que na
área da moda são várias ações que promovem a sustentabilidade, e que podem
substituir o processo de produção prejudicial para o meio ambiente, como por
exemplo:
Tecido feito a partir de garrafas PET ou fibra de bambu; Uso de tintas com resinas especiais livres de PVC; Uso de embalagens de resíduos do próprio processo produtivo da roupa; Sapatos com solado de pneu e feitos com lona reciclável; Estampas contra a matança de animais, como ursos polares e focas; Uso de couros alternativos, como couro de tilápia e o couro vegetal; Uso de tecidos de fibra de algodão in natura; Utilização de peças customizadas e valorização do estilo vintage (brechós); Dê preferência às peças produzidas por pessoas de comunidades, como rendeiras e artesões, que não encontram espaço em grandes corporações (SERRÃO, 2014, p.176).
Lee (2009) fala que a moda costumava ser separada por duas estações,
Primavera/Verão e Outono/ Inverno, porém, com o fast fashion hoje, alguns varejistas
oferecem de 12 a 15 estações todos os anos. Estas são normalmente cópias dos
lançamentos das grifes de alta costura nas passarelas, e produzidas através do
trabalho excessivo, em péssimas condições e mal pago, com o trabalho escravo de
adultos e crianças, para baixar o custo de produção e chegar com preço baixo ao
consumidor, fazendo com que as peças percam qualidade e sejam descartáveis, e
isso acontece porque o consumidor compra. Conforme Lee (2009), felizmente há um
aumento na preocupação do consumidor para com quem faz suas roupas, como
essas pessoas são tratadas e como o processo afeta o meio ambiente, conseguinte
aumentando a compra de produtos comercializados de forma justa e sustentável.
Seguindo essa tendência, foi que em 2013 surgiu o Fashion Revolution Day.
Um movimento criado por um conselho global de líderes da indústria da moda
sustentável, devido ao desabamento do edifício Rana Plaza em Bangladesh no dia
24 de abril de 2013 que deixou 1.133 mortos e 2.500 feridos, onde
funcionavam cinco fábricas de vestuário para grandes marcas globais, em que as
vítimas foram em sua maioria mulheres jovens. A campanha surgiu com o objetivo de
aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu impacto em
todas as fases do processo de produção e consumo, mostrando que é possível
36
fazer uma moda mais saudável, limpa, e transparente. E desde então pessoas do
mundo todo se reúnem nesse movimento, que a cada ano ocorre uma semana de
Fashion Revolution com palestras, workshops11 e debates, em mais de 90 países,
incluindo o Brasil, o qual em 2017 ocorreu entres os dias 24 e 30 de abril. Essas
informações podem ser conferidas no site12 oficial do movimento, em que a co-
fundadora Orsola de Castro, completa fazendo um convite:
“Nós queremos que você pergunte: “Quem Fez Minhas Roupas?”. Essa ação irá incentivar as pessoas a imaginarem o “fio condutor” do vestuário, passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos. Esperamos que o Fashion Revolution Day inicie um processo de descoberta, aumentando a conscientização sobre o fato de que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve centenas de pessoas, realçando a força de trabalho invisível por trás das roupas que vestimos”.
Então, o ser sustentável está muito ligado ao o que consumimos, e para que se
possa escolher melhor, é necessário entender sobre o ciclo de vida do produto. Na
moda o ciclo se refere a todo o desenvolvimento do produto, desde a produção da
matéria-prima utilizada, até o fim da vida do produto e o que acontece com seus
resíduos, como se pode notar no exemplo de ciclo de vida de um produto de moda no
Gráfico 1. Salcedo (2014) fala sobre um método de avaliação do ciclo de vida
chamado de ACV usado por empresas para poder avaliar os impactos do produto sob
o meio ambiente, buscando diferentes alternativas que levem a sustentabilidade. A
ACV pode ser utilizada para: a) determinar e controlar os aspectos ambientais mais
significativos; b) estabelecer uma linha-base para a comparação; c) estabelecer os
objetivos de sustentabilidade; d) comunicar as melhoras (SALCEDO, 2014, p.20).
11 Workshop: Palavra inglesa que em português chama-se Oficina. Reunião de trabalho, ou de treinamento, no qual os participantes discutem e/ou exercitam determinadas técnicas numa área específica. (Dicionário Informal, 2017) 12 Site Oficial: Fashion Revolution, disponível em: <http://fashionrevolution.org/country/brazil/>.
37
Gráfico 1: Ciclo de vida de uma peça de roupa.
Fonte: Adaptado a partir de Salcedo, 2014, p.19.
Salcedo (2014) tem muito a ensinar dizendo que passou de ver o mundo de
maneira individualista para ver no coletivo, praticando uma das dimensões da
sustentabilidade, como ela chama de “ME para WE” (me= eu, we= nos). Ou seja, como
os seres vivos respiram o mesmo ar, assim, os problemas dos outros passam a ser
de todos, tornando-se necessário avaliar a situação socialmente geral e não somente
pessoal. Tornando-se indispensável também passar a ver as coisas de maneira
circular, imaginado que onde uma “vida” termina pode ser o começo de outra,
procurando fazer com que o ciclo dos produtos de moda sejam prolongados e que se
tornem fechados.
38
3.1 TECIDOS ECOLÓGICOS E RESÍDUOS TÊXTEIS
Quando se fala em sustentabilidade, é inevitável falar sobre tecidos ecológicos
e resíduos têxteis, pois o tecido é a principal matéria-prima utilizada na fabricação do
vestuário, e os resíduos têxteis são as sobras dessas matérias-primas utilizadas,
sendo eles o resultado dispendioso de uma fabricação elaborada pela modelagem
tradicional, a plana. E para que se possa produzir sustentavelmente uma peça do
vestuário é importante também conhecer e fazer o uso de tecidos ecológicos, que são
disponibilizados hoje pelo mercado da moda consciente, bem como o estudo é
favorecido pelas novas tecnologias, em que esses tecidos vem ganhando espaço a
partir da onda de conscientização da indústria, comércio e consumidores de moda.
Mas por que falar sobre tecidos ecológicos? Vejamos que: devido à grandeza
da indústria têxtil, e as tendências de consumo acelerado que estão enraizadas na
sociedade, são muitos os efeitos que contribuem para um sistema insustentável,
gerando impactos ambientais e consequentemente sociais, os quais estão descritos
no Quadro 2. Na indústria da confecção de moda, conforme Salcedo (2014), devido a
maneira como é feito o planejamento e montagem das modelagens sobre o tecido, e
a execução do corte das peças, se geram pedaços de tecidos, os resíduos têxteis,
que por consequência de seu formato e tamanho muitas vezes não podem ser
aproveitados, ou então a maneira mais fácil para as empresas é descarta-los, o que
muitas vezes é feito de maneira imprópria, descartando-os em lixões ao invés de
serem destinados para a reciclagem, assim, contaminando o solo e poluindo o meio
ambiente. Conforme Ferreira at all (2015 p. 40) “Das 175 mil toneladas de resíduos
geradas ao ano no Brasil, apenas 36 mil toneladas são reaproveitadas na produção
de barbantes, mantas, novas peças de roupas e fios, o que equivale a 20% das
sobras.”. Nota-se então que os outros 80% simplesmente não ganham nenhum fim
ecológico.
39
Quadro 2: Impactos Ambientais e Sociais.
IMPACTOS AMBIENTAIS IMPACTOS SOCIAIS
QUÍMICOS ÁGUA GASES DE EFEITO ESTUFA
CONDIÇÕES DE TRABALHO
Poluição de rios e mares com o uso excessivo de produtos químicos na produção e extração de matéria-prima e produção de fios e têxteis.
Uso intensivo de água nas etapas de produção dos produtos têxteis e na manutenção dos mesmos.
O tipo de energia e a quantidade utilizada na fabricação, produção, transporte e manutenção, emitem gás carbônico e outros de efeito estufa.
Muitos trabalhadores do setor têxtil sofrem com as más condições do trabalho, como insegurança, exploração, além de trabalho infantil e escravo. Representando injustiça social e atentado ao bem-estar da humanidade.
RESÍDUOS SÓLIDOS
TERRA E ENERGIA
BIODIVERSIDADE IDENTIDADE CULTURAL
QUÍMICA [Qu]
Lixo gerado pela produção das peças, embalagem e descarte.
Muitos têxteis são derivados do petróleo, um recurso finito. A fabricação de matérias-primas acaba utilizando muito a terra, deixando de poder ser utilizada para cultivo de alimentos.
A biodiversidade é afetada pelo cultivo de sementes transgênicas, fazendo com que se percam as espécies não transgênicas.
A invasão dos países desenvolvidos com uma moda de monocultura nos países em desenvolvimento, ameaça a identidade cultural e as vestimentas tradicionais desses países menos favorecidos.
Os produtos químicos, como os inseticidas utilizados nas plantações de matéria-prima para o vestuário são tóxicos e alguns letais. Trazendo risco à saúde tanto dos trabalhadores, quanto dos consumidores.
Fonte: Adaptado a partir de Salcedo, 2014.
Além do problema dos resíduos têxteis gerados na produção dos produtos, as
próprias peças são descartadas muitas vezes indevidamente pelos consumidores do
mesmo modo que fazem as confecções. Muito desse problema de grande descarte
de peças é gerado pela má qualidade dos produtos, roupas muito baratas e as
tendências e coleções que são colocadas nas lojas em prazos cada vez mais curtos,
40
gerando um consumo acelerado, consequentemente fazendo com que haja maior
acúmulo de roupas descartas. Contudo existem algumas possibilidades para as
empresas atuarem para reverter o descarte incorreto desses materiais, logo, Salcedo
(2014) comenta que o número de marcas varejistas que tem interesse pela gestão de
resíduos vem crescendo, utilizando sistemas de devolução de peças usadas, caixas
de recolhimento localizadas nas lojas, em que os consumidores ganham desconto
para comprarem novas peças. Então, quando as caixas de devolução estão cheias,
os resíduos são enviados à empresas especializadas que os processam, onde são
classificados como produtos que serão reutilizados, destinados a uso industrial, ou
reciclados e transformados em novos fios têxteis para fabricar outros produtos, não
gerando resíduos.
A partir de pesquisas realizadas, foi encontrada uma cooperativa que trabalha
pela economia circular na moda, com foco em realizar o ciclo de vida fechado para o
produto de moda, buscando a reciclagem de resíduos têxteis. Essa Cooperativa se
chama Circle Economy13, funciona online e possui sede física em Amsterdã, na
Holanda. Seu Programa Circular Têxtil foi lançado em 2014 e utiliza a tecnologia
Fibersort14, uma máquina que em questão de segundos separa as peças de roupas
descartadas conforme sua fibra têxtil, para assim, ser reciclada e se tornar um novo
tecido. Também trabalha com um mercado online de recuperação, reutilização e
revenda de materiais têxteis, em que diversas grandes marcas já são parceiras, sendo
a C&A Foundation uma das patrocinadoras.
Salcedo (2014) explica que as três fibras mais produzidas mundialmente são
em primeiro lugar o poliéster com 45% da produção total - sendo uma fibra sintética
produzido à partir de petróleo e produtos químicos -, em segundo lugar o algodão com
32% - fibra natural extraída através de plantas -, e em terceiro lugar a viscose
ocupando 4% da produção – fibra artificial, produzida pela extração de material natural
passado por uma transformação química -. Nota-se então que o maior consumo hoje
está baseado em um têxtil produzido a partir de um recurso natural não renovável, o
segundo maior em uma fibra natural, o algodão, sendo que seu cultivo leva
agroquímicos, além de produzido com trabalho infantil, e causando a degradação da
13 Circle Economy: para mais informações visitar o site da empresa, disponível em: <http://www.circle-economy.com>. 14 Fibersort: Tecnologia criada pela empresa Valvan Baling Systems, localizada na Bélgica. Para mais informações sobre a tecnologia, acessar o site da empresa, disponível em: <http://www.valvan.com/products/equipment-for-used-clothing-wipers/sorting-equipment/fibersort/>.
41
biodiversidade devido ao seu monocultivo, bem como também o terceiro maior ser a
produção de viscose, que depende da celulose das árvores gerando grande
desmatamento; alto uso de água e energia, e químicos que contaminam a água.
Conseguinte todos causando danos enormes ao meio ambiente e a população.
Para que se possa amenizar essa realidade, pensando no bem maior do futuro,
a indústria da moda precisa reduzir esses impactos. Por exemplo: reduzir a utilização
de água e energia na fabricação e manutenção das peças; reduzir a quantidade de
produtos químicos utilizados para o tingimento de tecidos e na produção das matérias-
primas; utilizar com sabedoria os materiais tentando reduzir os resíduos têxteis; além
de aumentar a vida do produto de moda; como também proporcionar condições de
trabalho justas e seguras, e assim, praticar novos modelos de negócios que sejam
sustentáveis. Isso pode ser chamado de praticar uma PL (Produção mais Limpa) que
são meios de se produzir evitando o impacto ambiental, conforme o Ministério
Brasileiro do Meio Ambiente15 (2017, p.1):
Por meio das metodologias e tecnologias de PL tem sido possível observar a maneira pela qual cada processo de produção pode se tornar mais limpo e mais eficiente, seja na economia de água, na redução da energia utilizada, na quantidade de matéria prima, ou ainda na geração intermediária ou final de resíduos. Hoje os desafios estão antes e depois do processo de produção, isto é, no ecodesign - no próprio desenho dos produtos, na substituição de materiais e nas embalagens.
Mas, ao longo da última década, esse conceito de PL, passou a integrar
questões sociais correlacionadas as ambientas, e agora é chamado de PCS
“Produção e Consumo Sustentáveis”. Especificamente, segundo o Ministério
Brasileiro do Meio Ambiente (2017, p.1) são consecutivamente:
[...] "produção sustentável" pode ser entendida como sendo a incorporação, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e serviços, das melhores alternativas possíveis para minimizar impactos ambientais e sociais. Acredita-se que esta abordagem reduz, prevenindo mais do que mitigando, impactos ambientais e minimiza riscos à saúde humana, gerando efeitos econômicos e sociais positivos. [...] O Consumo Sustentável envolve a escolha de produtos que utilizaram menos recursos naturais em sua produção, que garantiram o emprego decente aos que os produziram, e que serão facilmente reaproveitados ou reciclados. Significa comprar aquilo que é realmente necessário, estendendo a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável quando nossas escolhas de compra são conscientes, responsáveis, com a compreensão de que terão consequências ambientais e sociais – positivas ou negativas [...].
15 Ministério do Meio ambiente, Governo Federal do Brasil. Disponível em: <http://www.mma.gov.br>.
42
E quando se utiliza tecidos ecológicos, é uma maneira de suavizar a situação
atual, pois na produção desses tecidos, se atende as questões de PL. Mas quais são
as melhores opções de tecidos ecológicos que temos disponíveis no mercado?
Felizmente com as novas tecnologias e pesquisas ficou mais fácil produzir e comprar
esses tecidos, é importante conhecer algumas das opções de menor impacto
ambiental e social que foram citadas por Salcedo (2014), e inseridas no Quadro 3:
Tecidos de menor impacto.
Quadro 3: Tecidos de menor impacto.
(Continua)
ALTERNATIVAS TECIDOS DE MENOR IMPACTO
AO
POLIÉSTER
POLIÉSTER RECICLADO: Reduz a utilização do petróleo virgem, economiza energia em até 85% e diminui a emissão de gás carbônico entre 35% e 75%.
BIOPÓLÍMEROS: Materiais sintéticos criados a partir de materiais renováveis, como a cana-de-açúcar, milho e óleo de rícino. Mas não tão bons devido ao desmatamento para plantio da matéria-prima e uso de transgênicos.
AO ALGODÃO
ALGODÃO ECOLÓGICO: Produzido com os padrões da agricultura orgânica, em harmonia com a natureza, sem agroquímicos perigosos ou sementes modificadas. O solo fica conservado, reduz o uso de água e evita sua contaminação e dos alimentos. Menor emissão de gases de efeitos estufa, reduz risco para a saúde dos agricultores e suas famílias.
ALGODÃO FAIRTRADE: Algodão de comercio justo produzido por agricultores de pequenas cooperativas e empresas familiares, preço mínimo garantido, não utilizam agroquímicos ou transgênicos, recebem cinco centavos de dólar por quilo vendido que é revertido em educação, serviços médicos e empréstimos.
ALGODÃO RECICLADO: Fabricado a partir de reciclagem de fios ou tecidos, mais utilizada, e reciclagem de roupas usadas ou descartadas. Resultam em fibras curtas, por isso são misturados a fibras virgens, representando de 20% a 30% da composição de tecidos planos e até 50% em circulares. Se misturados ao poliéster ou acrílico podem chegar a 80% da composição do tecido.
43
Quadro 4: Tecidos de menor impacto.
(Conclusão)
À VISCOSE
TENCEL: Marca registrada pela empresa Lenzing, fibra de Lyocell- fibra obtida através da celulose da madeira do eucalipto, criados sustentavelmente, utilizando menos 20% de água que na produção da viscose. É utilizado um solvente orgânico que pode ser reutilizado em até 99% e não toxico para transformar a polpa da madeira em fibra.
MODAL: Da marca Lenzing, é mais resistente à água do que a viscose, feito a partir da madeira de faia de plantações europeias, com alvejamento de oxigênio que não agride o meio ambiente, fibra neutra em gás carbônico, totalmente biodegradável.
OUTRAS
LINHO: Cultivo de rápido crescimento, normalmente não requer irrigação, usa metade dos pesticidas e fertilizantes comparados aos do algodão e causa menor impacto quando produzido por orvalho e fiação úmida e por agricultura ecológica. Oferece regulação térmica.
URTIGA: Cresce com facilidade, utiliza água da chuva, e mínimos fertilizantes e não requer substâncias químicas. Suas fibras são tão resistes quanto o algodão e até 50% mais leves. Mais produzidas na Europa com respeito social e ambiental.
CÂNHAMO: Cresce em solos pouco férteis e dispensa irrigação. Muito resistente, não precisa de pesticidas ou herbicidas. Suas raízes previnem a erosão do solo. Suas folhas e talos são eixados no campo para manter o solo saudável, podendo cultivar outras coisas. Durável, igual ao linho são de menor impacto.
Fonte: Elaborado a partir de Salcedo, 2014, p. 61-66.
Além das alternativas de tecidos de menor impacto listados no Quadro 3,
existem outras fibras que são disponibilizadas pela indústria têxtil. Como por exemplo,
tecidos fabricados a partir da reciclagem de garrafas PET (polímero,
Polietilenotereftalato, não biodegradável, muito utilizado como recipiente para
armazenar bebidas), produzidos por empresas Brasileiras como a Lonatex16,
16 Lonatex Têxtil: Tecidos Ecológicos. Disponível em: <http://www.lonatex.com.br/>.
44
Ecosimple17 e Maxitex18, bem como tecidos desenvolvidos a partir da fibra do bambu,
sendo a empresa Bamboo19 uma fabricante desse têxtil no Brasil. Também estão
surgindo no mercado internacional muitos tecidos que são fabricados a partir das
fibras extraídas de alimentos, utilizando de matéria-prima a fibra da proteína do leite,
como também fibras do coco; abacaxi, laranja; banana e uva - a empresa Italiana
Vegea20 extrai da uva sua fibra e óleo para fabricar couro vegetal, sendo uma
alternativa de crueltyfree (sem crueldade com os animais) e ecológica pois utiliza as
uvas que não seriam consumidas para a fabricação de vinhos, evitando o desperdício
- . E outros elementos são utilizados para fabricar tecidos, como a quitina, elemento
derivado da casca do caranguejo, que é misturado à viscose para se transformar em
tecido, esse registrado pela empresa Suíça SwicoFil21 como Crabyon é antibacteriano
e antimicrobiano, evitando odores, muito confortável e biodegradável.
Enfim, são diversas as possibilidade de escolha para produzir peças do
vestuário pensando no melhor aproveitamento do tecido para assim evitar que
resultem muitos resíduos têxteis. Escolhendo de preferência tecidos ecológicos, bem
como produzir e consumir conforme os ideais de Produção e Consumo Consciente,
pois quando cada um faz sua parte respeitando os aspectos sociais e ambientais, se
torna mais fácil alcançar a preservação do meio ambiente.
17 Ecosimple: Tecido Sustentável. Disponível em: <http://www.ecosimple.com.br>. 18 Maxitex. Tecidos Ecológicos. Disponível em: <http://www.maxitex.com.br>. 19 Bamboo Têxtil. Tecidos de Bambu. Disponível em: <http://www.bambootextil.com.br>. 20 Vegea: Vegetal leather (couro vegetal em nossa tradução). Disponível em: <http://www.vegealeather.com/>. 21 Swicofil: Empresa Têxtil. Disponível em: <http://www.swicofil.com>.
45
4. CRIAÇÃO DA MARCA DE MODA AUTORAL LUMINUS
Define-se como marca, segundo Guillermo (2012), o nome e logo destinados à
uma empresa, e um dos principais itens que dão início à criação da empresa, sendo
relacionada aos serviços que oferecem, e definida pelos sócios e inserida nos
documentos de abertura do negócio, mas não somente isso. Guillermo (2012, p. 10)
também explica que
“A marca não é apenas um nome e logotipo, como o design não se destina apenas a aspectos visuais e decorativos. A marca carrega relações com o universo cultural e tecnológico, com todas as formas de linguagem, comunicação e informação. É relacionada a produtos e serviços. É algo que surge para dar vida a um ou vários aspectos de um mercado ou segmento e, por ser viva, deve ser atualizada, repensada e acompanhada.”.
Para a criação de uma marca de sucesso, segundo Kotler (2008), sua
construção, consolidação e expansão precisam ser transparentes, consistentes e se
adaptarem ao espaço em que atuam, preocupando-se com a concorrência e utilização
da tecnologia. Sendo necessário seguir uma sequência de passos, primeiramente
planejando a marca e sua autenticidade; clareza; visibilidade e consistência,
posteriormente analisando a marca, em que se cria a missão; visão e valores, em
seguida, na estratégia se decide para qual público irá atuar, então se constrói a marca
planejando produto; preço; praça e promoção, e então, finalmente, vai para a
auditoria, onde se avalia a marca e se controla seu desempenho. O Gráfico 2
representa os passos, a partir de Kotler (2008) para a construção de uma marca.
Gráfico 2: Sequência de processos de construção da marca.
Fonte: Adaptado a partir de Kotler, 2008, p.170.
Então, seguindo os passos para a construção de uma nova marca de
moda autoral, nasceu a Luminus, de alma sustentável e com espírito jovem e elegante,
tem como conceitos a sustentabilidade, inovação, qualidade, durabilidade e
versatilidade. Foi especialmente desenvolvida para mulheres da classe A e B, que se
dedicam ao trabalho, mas que também reservam um tempo para si, cuidam da saúde
46
física e mental, gostam de se manter informadas, leem livros, praticam esportes e
exercícios físicos, se alimentam em busca de uma vida saudável e equilibrada,
preservam o meio ambiente, gostam de conforto, praticidade, e prezam por qualidade
de vida, ilustrado no painel de público alvo na Figura 11. Com conceito de slow
fashion22, produz coleções cápsulas com algumas peças e poucas unidades, com no
mínimo duas coleções ao ano, uma de Primavera/Verão e outra de Outono/Inverno.
Seu posicionamento é por atributo, tendo como diferenciação a moda sustentável,
utilizando o método zero waste de modelagem, propiciando o maior aproveitamento
dos têxteis, evitando o desperdício. Produz roupas versáteis, que possibilitam a
interação do cliente com o produto, onde ele pode utilizar a roupa também do lado
avesso. Luminus, visa a satisfação do cliente, trazendo moda durável, produzida com
tecidos ecológicos, com qualidade e consciência ambiental, buscando aumentar o
ciclo de vida do produto de moda.
Figura 11: Painel de Público-alvo.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, a partir de pesquisas no Google Imagens, 2017.
22 Slow Fashion: é um conceito atual que busca produzir moda de forma consciente, sem afetar em demasia o meio ambiente procurando respeitar aspectos sociais e econômicos. Através da busca de novos caminhos que façam do design, confecção e consumo a seguir para uma vertente mais justa e responsável com o planeta e seus pertencentes (ORNA, 2017, p.1)
47
São três itens que podem definir como uma empresa atua, eles são a missão,
visão e valores. A missão da marca de moda feminina Luminus, é de introduzir a
versatilidade e consciência sustentável no vestuário para uma moda mais limpa e
verde. Mantendo os valores da marca, como produzir conscientemente, atendendo às
necessidades do belo e confortável, inovando sempre para surpreender e melhor
atender os clientes. Para Kotler at all (2010) a missão de uma marca é o “Por que”
dela existir, e deve proporcionar satisfação para a mente do empresário; realizar
aspiração para o coração e praticar compaixão, mudando a vida dos consumidores.
E para que ela seja boa precisa criar práticas inovadoras, com uma história tocante e
que envolva o consumidor dando poder à ele.
Seus valores são compostos principalmente pelo respeito para com as
pessoas; animais e natureza, bem como trazer qualidade; durabilidade; conforto;
sustentabilidade e inovação para o vestuário e ser uma empresa ética e sustentável.
Kotler at all (2010) diz que há dois valores essenciais para uma empresa, os
compartilhados e o comportamento usual dos empregados. As empresas precisam
convencer os clientes e os empregados de que estão praticando seus valores, e tendo
valores sólidos, fica mais fácil de contratar bons empregados e que ficarão mais tempo
na empresa, e a felicidade dos empregados tem grande impacto na produtividade da
empresa e eles transpassam a missão da empresa para os consumidores.
E a visão da Luminus é de crescer dentro dos valores atribuídos à marca e
alcançar o nível internacional sendo ecológica. Sendo assim, para Kotler at all (2010),
a visão da marca é “o que quer ser”, para o empresário significa proporcionar
lucratividade, ter retorno, sendo que este deve ser de todos envolvidos com a
empresa, consumidores; empregados; etc., ficando satisfeitos com os resultados, e
ser sustentável, que é atualmente uma vantagem competitiva que conquista o
consumidor e faz com que a empresa cresça e diminua seus custos.
Para a criação de qualquer marca é necessário preparar o mix de marketing,
também chamado de 4P’s, que são o produto; preço; praça e promoção. Conforme
Nascimento e Lauterborn (2007), produto é aquilo que se vende, gerando receita para
as empresas, sendo necessário haver uma estratégia do produto para que seja
competitivo. Assim, a Luminus tem como planejamento de produto produzir coleções
cápsulas com peças do vestuário feminino, como vestidos, casacos, saias e blusas,
que sejam confortáveis, de qualidade excepcional, durando mais, e utilizando
modelagem zero waste para gerar desperdício zero em sua fabricação trazendo
48
sustentabilidade ao vestuário, tem em seu planejamento a utilização de perfume
natural de lavanda e que não agride o meio ambiente para caracterizar seu produto.
Bem como pretende reduzir a quantidade de embalagens, além de utilizar as de menor
impacto ambiental, como por exemplo fabricar uma sacola de aproveitamento de
resíduos têxteis, ou fabricada com tecidos ecológicos, que possa ser utilizada para
transportar o produto como também posteriormente no dia-a-dia do consumidor. Outro
ponto importante é de informar ao consumidor, através das etiquetas, maneiras de
utilizar e fazer a manutenção do produto de maneira a durar mais e ser mais
sustentável.
Também segundo Nascimento e Lauterborn (2007), preço é o valor atribuído
ao produto, a partir do ponto de vista do cliente, e deve ser planejado pensando na
concorrência e como deseja competir, avaliando o quanto seu cliente está disposto a
pagar. Tendo em vista que o produto que a Luminus oferece é de alta qualidade, com
escolha de tecidos ecológicos como possivelmente algodão orgânico, linho e poliéster
reciclado, utilizando uma modelagem mais trabalhosa e que necessita de maior tempo
para ser elaborada, bem como a produção de pequenas quantidades de peças,
tornando assim, o produto mais caro, possivelmente com peças no valor de, por
exemplo, uma blusa à R$ 180,00, até um casaco à R$ 500,00, porém, o valor só
poderá ser calculado durante o desenvolvimento da coleção.
Para Nascimento e Lauterborn (2007) praça seria o local de distribuição do
produto, podendo ser lojas físicas exclusivas, distribuição direta ao consumidor, via
atacadista, entre outros, como venda pela internet que são mais práticas e
economizam o tempo do consumidor. O planejamento de praça escolhida pela marca
Luminus, como sendo mais ecoeficiente é a venda em uma loja online, através de um
site oficial para a marca, a ser desenvolvido, e podendo também ter lojas-provador
(fitting showrroms) - que possivelmente utilizarão aromatizantes do mesmo perfume
dos produtos - para os clientes poderem provar as peças antes de comprá-las online,
que conforme Salcedo (2014)
As lojas-provador são espaços em que o consumidor tem a possibilidade de ver um mostruário da coleção, provar as peças e comprovar qual é o seu tamanho para, depois, comprar o produto pela internet. A compra pode ser feita em casa ou na própria loja, que dispõe de computadores ou tablets23 para que o pedido seja feito online. A loja não precisa armazenar estoque, uma vez que o produto é enviado diretamente ao endereço do consumidor,
23 Tablets: dispositivo eletrônico portátil, fino e retangular, com tela táctil, usado para visualização e
arquivo de vários tipos de ficheiros digitais, comunicação móvel, entretenimento, etc. (INFOPÉDIA, 2017, p. 1).
49
otimizando, dessa forma, o itinerário de distribuição e evitando emissões de gás carbônico desnecessários. (SALCEDO, 2014, p.97)
E por último, a promoção, que é a publicidade da empresa, a propaganda, que
é muito importante para evidenciar a marca, confirmado pelas palavras de Nascimento
e Lauterborn (2007, p. 118) “Uma consideração importante: não existe marca forte
sem publicidade consistente.”. O planejamento de promoção, então, da marca
Luminus, é de estar presente nas redes sociais, como Instagram e Facebook, onde
apresentarão as novidades da marca, fotos das novas coleções, da fabricação etc.
Disponibilizar um e-mail para contato com os clientes, enviando as novidades se
assim escolhido por eles, onde possivelmente farão um cadastro no site oficial da
marca, assim sendo possível enviar mensagens de parabéns pelos aniversários dos
clientes, os aproximando da marca.
Para a marca de moda autoral Luminus ser criada, primeiramente se inspirou
em outra marca, a Vetta marca americana, que foi lançada em primeiro de março de
2015 no Kickstarter, e as fundadoras da marca Vanessa Vanzyl e Cara Bartlett
esperavam levantar US$ 30.000,00 em um mês, e em cinco dias já tinham
ultrapassado o valor, assim conseguindo dar continuidade ao projeto da marca. Vetta
é uma marca de moda feminina, atemporal e minimalista, para mulheres que se
preocupam com o meio ambiente, são consumidoras conscientes que procuram
roupas com durabilidade, qualidade e versatilidade, optando por custo-benefício. A
marca é sustentável, e produz coleções cápsulas, fabricando cinco peças de roupas
que podem ser misturadas para formar até 30 looks diferente, como saias, blusas,
calças, vestidos, - na Figura 12, um exemplo de blusa e algumas maneiras de utilizar
- assim reduzindo o número de peças de vestuário em seu guarda-roupa, sendo
produzidas em Nova York, em fábricas responsáveis e com materiais eco-friendly24,
como crepe poli (tecido descartado), tencel com mistura de algodão (feita a partir de
materiais naturais), e tencel (feito a partir de materiais naturais), e suas sacolas e
embalagens são produzidas com materiais 100% reciclados. A Vetta não possui loja
física, seus produtos são vendidos em sua loja online, em seu site oficial25, com preços
que variam entre $79,00 a $199,00, e em reais, aproximadamente, variando com a
cotação do dólar, de R$ 244,90 a R$ 616,90. A promoção da marca é feita através do
24 Eco-friendly: expressão que pode ser traduzida como ecologicamente correto, ou amigo do meio
ambiente, segundo o dicionário online Linguee (2017, p.1) disponível em: <http://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/eco-friendly.html> 25 Site Oficial da Vetta: www.vettacapsule.com
50
site oficial, das redes sociais como o Instagram e Facebook da marca, além das
proprietárias darem entrevistas em revistas, blogs e jornais.
Figura 12: Exemplo de produto, blusa e suas maneiras de usar.
Fonte: Elabora pela pesquisadora, a partir do site da Vetta, 2017.
Se fez necessário também, para a criação da marca Luminus, analisar uma
possível concorrente. Assim, a partir de uma pesquisa sobre as marcas de moda
feminina brasileiras e sustentáveis, foi escolhida a Envido, como concorrente indireta,
pois concorre com o conceito de produto, mas não em valor pois não utiliza
modelagem zero waste, tendo um custo menor de produção, assim, menor valor de
venda das peças. Uma marca de Porto Alegre –RS, de vestuário feminino, com design
minimalista, que utiliza tecidos brasileiros, orgânicos, jeans reciclados, nylon
biodegradáveis e tecido com tecnologia de controle de CO2 (dióxido de carbono). A
Envido também produz coleções cápsulas, buscando sustentabilidade e
funcionalidade, com produtos como calças, saias, shorts, blusas, casacos, vestidos e
macacões – na Figura 13, exemplo dos produtos -. Possui loja física em Porto Alegre
– RS, na Rua Pelotas, número 370, e seus produtos são vendidos também em sua
loja online, no site oficial26 da marca, com preços que variam entre R$ 75,00 uma gola
de lã, à R$ 289,00 um vestido.
26 Site Oficial da Envido: www.loja.envido.com.br
51
Figura 13: Exemplo de produtos da marca Envido.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, a partir do site da Envido, 2017.
Para se criar uma marca, são diversos itens que devem ser levados em conta.
Resumindo, é necessário fazer uma pesquisa sobre uma marca para se inspirar, para
então desenvolver a nova marca pensando na missão, visão e valores, como pretende
agir, o que quer produzir e para quem, analisando seu público-alvo, pensar onde
deseja vender seus produtos, como fazer a publicidade da marca e analisar seus
possíveis concorrentes para entender o mercado. Criando assim, uma marca
completa e que possivelmente terá sucesso.
52
5 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO DE MODA PARA A MARCA LUMINUS.
Este capítulo tem como objetivo detalhar os itens que compõe o
desenvolvimento da coleção de moda feminina para a marca autoral Luminus, e
aborda as etapas dos processos desenvolvidos pela acadêmica para a criação dessa
coleção. Iniciando pelo desenvolvimento do Briefing da Coleção onde foram
estabelecidas as relações entre o TCCI e o TCCII, também delimitando as
características da coleção, como estação do ano, segmento de moda, dimensão, mix
de produto e mix de moda e os objetivos. Seguindo, foram pesquisadas referências
de inspiração através de macrotendências de comportamento e consumo escolhidas,
e então criado o tema de coleção e desenvolvido o painel de inspiração, onde foram
retirados dele a cartela de cores, elementos de estilo e cartela de materiais. Itens
esses que estão presentes nos croquis desenhados pela acadêmica e que
representam os looks (composição ou conjunto visual de roupas e acessórios) da
Coleção de Moda, apresentados também em forma de plano de coleção, feitas assim
as fichas técnicas e modelagens com a técnica zero waste, para que finalmente
fossem cortadas, montadas e confeccionadas as peças. E por último, com os looks
finalizados, foi realizada a Comunicação da Coleção a partir de uma Produção
Fotográfica, onde foi escolhida a foto conceito e descrito o realese da coleção.
5.1 BRIEFING DA COLEÇÃO
Para dar início à criação da coleção de moda, foi desenvolvido o Briefing, que
segundo Renefrew (2010, p 140) “O briefing também pode ser chamado de briefing
final, proposta, delimitação ou definição de conceito”. Renefrew (2010) diz ainda que
para realiza-lo é interessante pensar em suas habilidades, saber qual é seu cliente e
seus concorrentes, pensar no objetivo que quer atingir com a coleção, no custo dos
materiais e quais tecidos utilizar. Sendo assim, nessa seção secundária será
apresentado o briefing e os itens que o compõe, explicando cada etapa do processo
da criação da coleção para a marca autoral Luminus, apresentada no capítulo 4 deste
trabalho, o qual exibe a marca inspiradora e a concorrente da marca, bem como o
público alvo e seu mix de marketing. Produz vestuário feminino, e a escolha deste
segmento ocorre por ser o maior do mercado de moda, conforme Jones (2011, p.72)
53
“A moda feminina é o maior segmento: detém 57% da participação de mercado e é o
foco de 75% das empresas de estilismo”.
Então, primeiramente fez-se a ligação entre o TCCI e TCCII (Quadro 4), unindo
o conhecimento adquirido a partir desse trabalho de pesquisa, os quais foram
aplicados na fabricação de peças do vestuário feminino para serem mais sustentáveis.
Quadro 5: Relação entre teoria e prática.
TCCI – TEORIA TCCII – PRÁTICA
MODELAGEM ZERO WASTE
Aplicação da técnica na fabricação de peças do vestuário feminino.
SUSTENTABILIDADE E
CICLO DE VIDA DO PRODUTO DE MODA
Fabricação de peças do vestuário atemporais e com qualidade no acabamento. Fazendo o uso de tecidos planos ecológicos e reciclados.
MARCA AUTORAL Desenvolvimento da coleção para a marca autoral Luminus, contendo os itens especificados nesse quadro.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.
Referindo-se ao Quadro 4: Relação entre teoria e prática, ao utilizar a
modelagem zero waste se obteve como resultado um aumento significativo de
aproveitamento do tecido, com mínimas sobras de resíduos têxteis. Bem como,
utilizando tecidos ecológicos, que foram fabricados a partir da reciclagem de
camisetas de algodão descartadas e garrafas PET. Assim, o produto criado ajuda a
diminuir o impacto no meio ambiente, desde a fabricação da matéria-prima até o
desenvolvimento do produto, e terá um fim da vida menos prejudicial também.
Ressalta-se que roupas fabricadas com qualidade tem maior durabilidade,
aumentando o ciclo de vida do produto de moda, diminuindo a necessidade de
consumo, sendo sustentáveis. Resultando, assim, em uma moda verde a partir da
produção mais limpa e que possibilita o consumo consciente, buscando o equilíbrio
entre os seres vivos e o planeta Terra, sendo esses os objetivos dessa coleção de
moda. Para a qual foi escolhida a estação do ano como Primavera/ Verão, mesmo
que nada impede que as peças sejam utilizadas em qualquer outra estação do ano.
Após a relação da teoria com a prática, foi realizada a análise de duas coleções
anteriores da marca inspiradora Vetta e uma coleção da marca Envido (conforme
54
explanado no capítulo 4 deste trabalho), sendo esta a possível concorrente indireta
da Luminus. As análises de coleções anteriores podem ser utilizadas como banco de
referências para desenvolver novas coleções, conforme Renfrew (2010, p.24)
Peças de referência às vezes incluem itens de coleções passadas do próprio estilista. Essas peças poderão fazer parte de uma nova coleção, como réplicas cortadas em tecidos diferentes ou estampas, por exemplo, ou, em vez disso, podem influenciar criações totalmente novas.
Sendo assim, as coleções foram analisadas, como se pode reparar através
dos dados presentes no Quadro 5, onde foram verificadas as cores, tecidos, materiais,
formas e silhuetas utilizadas nas peças do vestuário, que a partir de Jones (2013)
esses itens são chamados de elementos do design para a criação. A partir de
pesquisas realizadas nos sites das marcas, reparou-se que as coleções da marca
Vetta e da marca Envido não tem classificação de estação do ano, acredita-se que o
motivo é para que as peças possam ser usadas tanto no verão, quanto no inverno,
apenas acrescentando ou mudando os acessórios conforme as temperaturas
climáticas.
Quadro 6: Análise de Coleções anteriores.
(Continua)
ANÁLISE DE COLEÇÕES
MARCA INSPIRADORA VETTA
COLEÇÃO FOTOS DADOS
The Original
Capsule *para todas as estações
Primeira coleção cápsula da marca, com 5 peças para formar 30 looks diferentes, versatilidade e estilo básico. Cores: azul marinho, azul acinzentado, branco, preto e marrom. Formas: cortes retos, decotes em V e canoa, tomara-que-caia, peças mais soltas ao corpo. Tipos de peças: vestido (composto por saia e blusa), Calça culote, Vestido médio, blusa de manda curta longa, blusa de manga curta cropped e colete alongado. Materiais: botões, elástico, barra de pompom. Tecidos: Tencel (feito de madeira, com solventes reciclados e biodegradáveis). Tencel com algodão. Poli crepe (tecido salvo do aterro).
55
Quadro 5: Análise de Coleções anteriores.
(Continuação)
Tecidos brilhosos, com movimento e também mais planos.
The Classic Capsule
*para todas as estações
Estilo clássico, básico e versátil. Cores: azul bic, branco, preto e estampa de listras na vertical com azul marinho e cinza. Formas: Cortes retos, decotes em V e canoa, peças mais soltas ao corpo. Tipos de peças: vestido (composto por saia e blusa), Calça culote, Vestido médio, blusa de manda curta longa, blusa de manga curta cropped e colete alongado. Materiais: botões, elástico, barra de pompom de franjas. Tecidos: Tencel (feito de madeira, com solventes reciclados e biodegradáveis), Tencel com algodão e Poli crepe (tecido salvo do aterro). Tecidos brilhosos e com movimento.
MARCA CONCORRENTE INDIRETA ENVIDO
COLEÇÃO FOTOS DADOS
Reverse *para todas as estações.
Coleção que parece ter sido criada com o tema reversível e algo futurista e minimalista. Cores: Nude, cinza claro mescla, azul marinho, verde militar, azul claro, azul acinzentado, preto e amarelo. Formas: Peças amplas e ajustadas, com estudo de upcycling (reaproveitamento do tecido). Tipos de peças: Moletom oversized amplo, vestido longo com fenda e recortes com acabamento à fio, blusa manga longa com cava raglan; gola média e drapeado no decote e silhueta ajustada, mini saia envelope de cós alto em em tecido dupla face com fechamento por botões de madeira, vestido curto; amplo e reversível jaqueta tipo jeans com bolsos frontais e laterais e com botões de coco.
56
Quadro 5: Análise de Coleções anteriores.
(Conclusão)
Materiais: botões de madeira e coco. Tecidos: tecido 100% reciclado e sem tingimento, uso de componentes biodegradáveis no processo de tratamento do tecido, 70% Algodão reciclado 30% poliester PET. Tecido desenvolvido com a tecnologia exclusiva RADIOSA Santaconstancia, 81% viscose 15% poliamida 4% elastano. Fio AMNI SOUL ECO®, o primeiro fio de Nylon 6.6 biodegradável do mundo, 87% Poliamida 13% Elastano.
Fonte: Elaborado a partir de Vetta e Envido, 2017.
Estas análises também serviram de base para a definição dos parâmetros para
a coleção de moda da marca Luminus. Contendo o mix de produto, que conforme
Treptow (2013) é a variedade de peças do vestuário que compõe a coleção, e mix de
moda são as categorias dos produtos, sendo elas: básico – modelos que vendem bem
e estão em quase todas as coleções –, fashion – peças que trazem as últimas
tendências do momento e tendem a sair de moda rápido –, e vanguarda – peças de
maior impacto e mais diferentes, que carregam o “espírito da coleção” –. No Quadro
6: Parâmetros para a coleção, estão especificadas a quantidade de produtos
desenvolvidos, e separados por categorias, utilizados na coleção de moda para
Luminus.
Quadro 7: Parâmetros para a coleção.
MIX DE PRODUTO/ MIX DE MODA
BÁSICO FASHION VANGUARDA TOTAL
BLUSA 2 0 3 5
CASACO-VESTIDO 0 0 1 1
CALÇA SAIA 0 1 0 1
COLETE VESTIDO 0 0 1 1
PANTACOURT 0 1 0 1
SAIA 1 0 2 3
VESTIDO 1 0 2 3
TOTAL 4 2 9 15
PERCENTUAL 27% 13% 60% 100%
Fonte: Desenvolvido pela pesquisadora, 2017.
57
A marca tem em sua coleção 27% básico, pois busca produzir peças que
podem ser utilizadas por mais tempo, sendo atemporais e que podem ser mixadas
com as peças que a consumidora já possue. Tem 13% de fashion, pois são duas
peças de destaque para chamar o consumidor, e 60% vanguarda devida à modelagem
zero waste que dá um diferencial nas peças, tornando-as mais exclusivas, ao mesmo
tempo que tem remetem ao minimalismo, também tornando-as atemporais.
A partir desse momento foram realizadas as pesquisas de referências,
analisando as macrotendências de comportamento e consumo, disponibilizadas pela
rede de informações sobre previsões de novas e futuras tendências, do mercado de
moda e design, a WGSN27. Frings (2012, p. 87) explica que:
“Muito antes de começar uma nova linha ou coleção, designers e merchandisers da indústria já estão ativamente envolvidos na pesquisa de moda. Consultores de pesquisa de mercado estudam e elaboram relatórios sobre as informações demográficas e hábitos de compra dos consumidores.”
Então foram escolhidas as que mais se encaixam nos objetivos da coleção e
no perfil do público-alvo da marca Luminus. Sendo elas a macrotendência de
comportamento Natureza Humana, que segundo a WGSN (2017) foca no instindo
físico, emocional e criativo, e que
À medida que o mundo vem sendo cada vez mais movido pelos dados, em 2019 voltaremos a confiar em nossa intuição, pois novas pesquisas irão revalidar o poder do instinto. Tendo em vista que a economia global sofrerá um desaquecimento, o uso do instinto, para muitos, será pensar no longo prazo, desenvolver recursos sustentáveis e buscar soluções na natureza e em outras espécies. Uma vez que aprendermos a confiar em nosso instinto, veremos uma nova simbiose entre os seres humanos e a natureza. (WGSN, 2017)
Como a marca Luminus fabrica coleções cápsulas, e pratica o slow fashion
com a modelagem zero waste, acaba se relacionando com o desaquecimento da
economia. Já que, conforme a macrotendência Natureza Humana, as pessoas
pensarão mais antes de agir, avaliando o que comprar e buscando recursos
sustentáveis, a marca busca oferecer esse conceito ao consumidor, conforme mostra
o painel de inspiração na Figura 14.
27 WGSN: Líder mundial em previsão de tendências, disponível através de assinatura em seu site: <https://www.wgsn.com/pt/>.
58
Figura 14: Macroetendência Natureza Humana.
Fonte: Elaborado a partir da WGSN, 2017.
E escolhida como tendência de consumo de luxo a Transição para o luxo não-
material, em que os consumidores querem fazer parte de algo maior que faça com
que se sintam bem consigo mesmas e consumo voltado à experiências. E também a
tendência de Eco-eficiência, em que os consumidores desejam que as empresas se
preocupem mais com o meio ambiente e reduzam o impacto ambiental causado pela
produção dos produtos e que tenham responsabilidade com os trabalhadores, além
59
de comprarem menos e melhor. Conforme pode ser visualizado no painel de
inspiração na Figura 15.
Figura 15: Tendência de consumo: Transição para o luxo não-material e Eco-eficiência.
Fonte: Elaborado a partir da WGSN, 2017.
Com as inspirações definidas, foi realizado um mapa mental feito em papel e
escrito à mão, contendo as ideias e sentimentos que a coleção deveria passar,
ajudando assim na criação e escolha de um nome que representasse o tema da
60
coleção, conforme mostra a Figura 16. Mapa mental segundo Motta (2017) é uma
ferramenta interessante de aprendizagem e transmissão de informações e
conhecimentos, e que favorece a visualização das conexões e relações entre
conceitos e ideias.
Figura 16: Mapa Mental
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.
Assim chegou-se ao tema de coleção, que leva o nome de: Reflexão do ser:
ser tempo; ser suspiro; ser humano, representando em um painel temático através de
imagens, conforme mostra a Figura 17. Com esse tema procura-se transmitir a
imensidão da natureza comparada à nós humanos, ela pede socorro, é tempo de
refletir sobre quem somos, ser a diferença, ser presente que avalia o passado e pensa
no futuro, ser suspiro de esperança para as vidas que virão, ser humano racional, é
tempo de mudança, devemos ser. Treptow (2013), define o tema de coleção como
aquele que inspira e dá unidade, é a história que a coleção de moda vai contar, e
mesmo que sempre diferente deve manter o estilo da marca.
61
Figura 17: Painel Temático.
Fonte: Elaborado a partir do Google Imagens, 2017.
Neste momento, baseado no painel temático, foram definidas as cores
utilizadas na coleção. Entre elas estão: a cor nude, areia, azul claro e cinza, as quais
estão nomeadas respectivamente como pausa, imensidão, reflexão e busca -
representados pelos códigos de cores da PANTONE28, no painel de cartela de cores
na Figura 18 -.
Figura 18: Cartela de Cores
Fonte: Elaborado a partir da Pantone, 2017.
28 PANTONE: Empresa de renome mundial e autoridade em cores e fornecedores de sistemas de cores e tecnologia líder para a seleção e comunicação precisa de cores em uma variedade industrial. O nome PANTONE® é conhecido mundialmente como o idioma padrão para comunicação de cores de designer para fabricante e de revendedor para cliente. Conforme dados do site oficial da empresa: <https://www.pantone.com/about-us>.
62
Bem como foram definidos os elementos de estilo, que segundo Treptow (2013)
dão unidade à coleção juntamente com o tema, e são detalhes ou acessórios
utilizados em todas as peças com algumas variações, podendo ser elementos do
design da peça, cores ou tecidos. Sendo assim, os elementos de estilo retirados do
painel temático, que podem ser visualizados na Figura 19, estão representados nas
peças através das formas geométricas; do detalhe em costura com a letra L na cor
preta, em todas as peças na parte das costas; assimetria e das repetições com
nervuras causadas pelos elásticos, pregas e aplicações.
Figura 19: Elementos de estilo.
Fonte: Elaborado a partir do painel de inspiração, 2017.
Pode-se reparar no Quadro 6, a partir de uma análise de duas coleções
anteriores da marca inspiradora Vetta – 2015 e 2017-, e uma coleção da marca
concorrente indireta Envido – 2017- que as cores utilizadas nas peças analisadas são
neutras e pouca/sem presença de estampa. Nota-se no Quadro 6, que em negrito
estão destacados as cores em comum entre as marcas. Por isso também chegou-se
à cartela de cores que pode ser visualizada na Figura 18, da coleção de moda para a
marca autoral Luminos, pensada no tema da coleção, na preferência do público-alvo
da marca e a partir da oferta do mercado.
63
Quadro 8: Comparativo de cores entre Luminus e marcas analisadas.
COMPARATIVO DE CORES
INSPIRADORA CONCORRENTE INDIRETA NOVA MARCA
Azul marinho, azul
acinzentado, azul bic,
branco, preto, marrom e
estampa de listras na
vertical com azul marinho e
cinza.
Nude, cinza claro mescla,
azul marinho, verde militar,
azul claro, azul
acinzentado, preto e
amarelo
Nude, areia, cinza e azul
claro.
Fonte: elaborado a partir da análise de coleções da marca Vetta e Envido, 2017.
Seguindo a macrotendência de comportamento e tendências de consumo
escolhidas. Além do tema de coleção e conforme os dados coletados através da teoria
estudada no capítulo 3.1 sobre tecidos ecológicos, foram decididos os tecidos e
materiais utilizados no desenvolvimento das peças do vestuário feminino para a
coleção de moda da marca Luminus. Que são: Tecido EcoJeans, Tecido Ecopet e
Tecido Ecopetcl Bouclet. E para isso, foi elaborado também um quadro comparativo
de tecidos e aviamentos, segundo Frings (2012, p. 160) “Os aviamentos são os
materiais usados tanto para fazer o acabamento como para enfeitar roupas e
acessórios.”. No Quadro 7, nota-se que em negrito estão destacados os itens em
comum entre as marcas, basicamente como o quadro 6 de comparativo de cores entre
a marca inspiradora, concorrente e Luminus.
64
Quadro 9: Comparativo de tecidos e aviamentos entre Luminus e marcas analisadas.
INSPIRADORA CONCORRENTE INDIRETA NOVA MARCA
TECIDOS:
Tencel (feito de
madeira, com
solventes reciclados
e biodegradáveis).
Tencel com algodão.
Poli crepe (tecido
salvo do aterro).
TECIDOS:
Tecido 100% reciclado e sem
tingimento, uso de
componentes biodegradáveis
no processo de tratamento do
tecido.
Tecido 70% Algodão
reciclado 30% Poliester PET.
Tecido desenvolvido com a
tecnologia exclusiva
RADIOSA Santaconstancia,
81% Viscose 15% Poliamida
4% Elastano.
Fio AMNI SOUL ECO®, o
primeiro fio de Nylon 6.6
biodegradável do mundo, 87%
Poliamida 13% Elastano.
TECIDOS:
Tecido EcoJeans 70%
Algodão reciclado e 30 %
Poliéster PET. Na cor original
da fibra, sem tingimento (3
garrafas Pet de 2l por metro
linear e 1 camiseta T-shirt por
metro linear, tecido lavado e
ramado).
Tecido Ecopet de mesma
composição e fabricação do
EcoJeans, na cor areia, e o
mesmo tecido tingido
naturalmente com anil para
ganhar a tonalidade azul.
Tecido Ecopetcl Bouclet 88%
Poliéster PET e 12% Linho.
Na cor original da fibra, sem
tingimento (11 garrafas PET
de 2l por metro linear e fibra
vegetal de linho, tecido lavado
e ramado, torção do fio
bouclet).
AVIAMENTOS:
Botões, elástico,
barra de pompom,
barra de pompom de
franjas.
AVIAMENTOS:
Botões de madeira e coco.
AVIAMENTOS:
Botões de madeira e de
coco, elástico.
Fonte: elaborado a partir da análise de coleções da marca Vetta e Envido, 2017.
65
O tecido Ecopet azul claro, foi tingido manualmente e naturalmente com anil.
Para isso, foi utilizado 1litro e 800 ml de água e ¾ da pedra de anil. A água e a pedra
de anil foram colocadas em uma panela grande de alumínio, fervidas até virar uma
mistura homogênea, para então acrescentar o pedaço de tecido, que foi mexido
utilizando uma colher de madeira, continuamente em fogo baixo por 25 min. Após foi
retirado o tecido e colocado em um balde com água para enxágue, foi torcido e logo
estendido no varal para secar. Fez-se necessário repetir o processo (Figura 20) duas
vezes para chegar a cor desejada, já que na primeira vez o tempo de tingimento foi
pouco e assim o tecido acabou ficando muito claro.
Figura 20: Tingimento manual com anil.
Fonte: Desenvolvido pela pesquisadora, 2017.
Para desenvolver uma coleção de moda, além da escolha dos tecidos, são
necessários os aviamentos. Segundo Frings (2012) podem ser classificados como
funcionais, por exemplo, as linhas, elásticos, fechos e entretelas, e como decorativos
os botões, cintos, franjas e rendas. Para a coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser
suspiro; ser humano, foram utilizados como aviamentos funcionais: linhas de costura
reta e texturizada para máquina overloque; elástico; entretela termocolante de malha
66
e entretela dupla face; zíper invisível reforçado; zíper de nylon; ganchinho, e como
decorativos: botões de madeira e de coco, apresentados no Quadro 8.
Quadro 10: Aviamentos
IMAGEM AVIMENTO FUNCIONAL COMPOSIÇÃO
Linha para costura. 100% poliéster.
Fio texturizado para máquina de overloque.
100% poliéster.
Gancho de metal para fechamento.
100% metal.
Zíper nylon. 100% nylon.
Zíper invisível. 100% poliéster.
Elástico. 95% poliéster 5% elastano.
Entretela termocolante de malha.
100% poliéster.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.
Relacionada a teoria e prática, bem como as informações da coleção
desenvolvida para a marca autoral Luminus, através das análises das coleções
anteriores da marca inspiradora e concorrente, foram definidos os parâmetros da
coleção. Além disso, foram realizadas pesquisas de tendências, e escolhida como
inspiração a macrotendência de comportamento Natureza Humana e as tendências
de consumo Eco-eficiência e Transição para o luxo não-material. Assim a coleção
IMAGEM AVIMENTO DECORATIVO COMPOSIÇÃO
Botão de coco de dois furos. 100% casca de coco.
Botão de madeira de quatro furos.
100% madeira.
67
ganhou como tema Reflexão do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, e a partir do
painel temático foi escolhida a cartela de cores e os elementos de estilo, deste modo
concluindo a etapa de elaboração do briefing.
5.2 DESENHANDO A COLEÇÃO.
Terminada a etapa de desenvolvimento do briefing passou-se para o momento
de elaboração dos croquis. Segundo Jones (2011, p. 218) “Nas primeiras fases de um
projeto, você precisa fazer rápidos croquis de um certo número de ideias, mostrando
o esboço e o desenvolvimento do design”. Assim, foram desenhados os dez looks que
compõe a coleção, contendo o mix de produto e mix de moda (referenciados no
quadro de parâmetros no capítulo 5.1). Também foram coloridos seguindo a cartela
de cores da coleção, criada com referência no painel de inspiração e definida a partir
dos tecidos ecológicos disponíveis para compra, o Quadro 9 representa os tecidos
referentes à cada cor.
Quadro 11: Cartela de cores e respectivos tecidos.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.
68
O processo de desenvolvimento dos croquis foi um pouco diferente do
convencional, devido à utilização da modelagem zero waste, pois nesse processo de
modelagem não se consegue prever o resultado, já que é uma técnica bem diferente,
e que conforme comentado no capítulo 2.1.1 desse trabalho, Mcquillan (2010) diz que
essa técnica é muito sobre experimentação. Por isso, os croquis desenhados
primeiramente foram esboços de inspiração para desenvolver a modelagem, e não
réplicas das peças, e os quatro croquis escolhidos para serem desenvolvidos foram
redesenhados como arte final, que conforme Jones (2011) são as ilustrações de alta
qualidade que representam o visual das roupas.
O primeiro look da Coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser
humano, é um vestido casual. Combina tanto com compromissos diários, como
também pode ser utilizado durante a noite. Fabricado em tecido reciclado EcoJeans,
na cor cinza, tem comprimento midi (médio), é assimétrico na parte inferior da peça,
um dos elementos de estilo, o que traz modernidade ao look. Folgado ao corpo torna-
se confortável, é levemente ajustado na cintura a partir de elásticos costurados nas
laterais interiores, formando um detalhe com aspecto de nervuras no exterior da peça.
Durante o desenvolvimento dessa peça (croqui na Figura 21), houveram
algumas alterações (estas podem ser visualizadas no desenho técnico do Apêndice
F, p.117). Assim, o vestido apresenta tiras aplicadas na lateral esquerda frontal
superior, e lateral traseira inferior, que remetem à nervuras, elementos de estilo da
coleção. Além disso, a peça possui um recorte vazado retangular no decote das
costas. O recorte que desce reto forma abas para as laterais e transforma o decote
frontal em V, este e a barra assimétrica traseira do vestido tem acabamento29 de
limpeza e costura invisível, e a barra frontal possui bainha invisível de três centímetros.
A movimentação das cavas são formadas através de duas pregas no decote frente e
costas, e também tem acabamento de limpeza e costura invisível.
29 Acabamento: termo usado tanto para os detalhes decorativos como para o processo de finalização de uma roupa. Jones (2011, p. 256).
69
Figura 21: Look 1.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
O último detalhe do vestido é o bordado feito à mão logo abaixo do recorte do
decote das costas, com o logo da marca Luminus, que são duas letras L rotacionadas
e cruzadas. Igualmente à esse vestido, todos os outros vestidos, blusas e casacos da
coleção possuem o mesmo bordado, e as peças inferiores como as saias e calças,
também carregam o detalhe em bordado, este localizado no meio do cós das costas.
Por segundo vem o look composto por um colete que fechado pode ser utilizado
também como vestido (Figura 22). Fabricado em tecido reciclado EcoJeans, na cor
cinza, traz a assimetria, sendo um dos elementos de estilo da coleção, na parte frontal
inferior da peça com acabamento de bainha simples de dois centímetros. O traspasse
frontal com acabamento de limpeza, tem fechamento a partir da linha da cintura,
70
através de seis botões, o caimento do transpasse delineia o decote em V. As cavas
são formadas através de duas pregas no decote frente e costas, e tem acabamento
de bainha lenço. Igualmente ao primeiro look, a peça é folgada ao corpo com leve
ajuste na cintura através de elásticos costurados nas laterais interiores, que formam
o detalhe com aspecto de nervuras no exterior da peça, também um dos elementos
de estilo da coleção.
Figura 22: Look 2.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
Uma blusa de decote em V e saia com sobreposição e assimetria compõe o
terceiro look da coleção (Figura 23). A blusa em tecido EcoJeans cinza é solta ao
corpo, o recorte que desce reto forma abas para as laterais e transforma o decote em
71
V, com acabamento de limpeza e costura invisível. As cavas são formadas através de
duas pregas, elemento de estilo da coleção, no decote frente e costas, e tem
acabamento de bainha lenço, bem como a barra da blusa. A saia midi de corte A, tem
duas alturas, frontal mais curta que as costas, é fabricada em tecido Ecopet tingido
manualmente e naturalmente com anil. Tem modelagem que ao mesmo tempo
clássica, com a sobreposição torna-se moderna, a sobreposição frontal é fechada na
cintura através de duas tiras laçadas que formam um tope, de cós levemente
anatômico. O acabamento da barra da saia é de bainha simples de dois centímetros.
Figura 23: Look 3.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
72
O quarto look é um vestido (Figura 24) de comprimento médio, amplo e
levemente ajustado na cintura a partir de elásticos costurados nas laterais internas,
formando um detalhe com aspecto de nervuras no exterior da peça, um elemento de
estilo. Possui detalhe de duas tiras presas na cintura na parte frontal do vestido, que
amarradas ocasionam um levemente ajustamento da cintura, e formam um delicado
tope. Fabricado em tecido Ecopet tingido manualmente e naturalmente com anil. A
barra do vestido tem acabamento de bainha simples de dois centímetros, as cavas
são formadas através de duas pregas no decote frente e costas, e tem acabamento
de bainha lenço, bem como o decote canoa. No meio da parte traseira inferior do
vestido tem uma fenda de 10 centímetros.
Figura 24: Look 4.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
73
O quinto look é formado por uma blusa solta ao corpo e uma saia de
comprimento médio (Figura 25). A blusa tem decote canoa com acabamento de
bainha lenço, e aplicações de tiras em volta do decote frontal, que lembram nervuras
e é um dos elementos de estilo da coleção. É fabricada em tecido Ecopet areia, a
barra com acabamento de limpeza e costura invisível, tem corte reto e geométrico, é
assimétrica na parte inferior da peça, mais curta na frente, as cavas são formadas
através de duas pregas no decote frente e costas, sendo elementos de estilo da
coleção, e tem acabamento de bainha lenço. A saia tem cintura alta, cós levemente
anatômico e corte reto, possui uma fenda frontal, localizada no meio da peça.
Fabricada em tecido Ecopet tingido manualmente.
Figura 25: Look 5.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
74
O conjunto de cropped e saia de cintura alta, no tecido Ecopet areia, marcam o
sexto look dessa coleção (Figura 26). Um dos quatro desenvolvidos e desfilados. A
cropped traz um corte geométrico, tem mangas curtas e barra de bainha simples de
dois centímetros. É mais solta ao corpo, seu decote em V é ocasionado pelo recorte
em linha reta que forma abas, com acabamento de limpeza e costura invisível. A saia
reta tem barra assimétrica, um elemento de estilo, com dois comprimentos, curto e
médio, tem acabamento de limpeza e costura invisível. Seu cós tem corte reto mas
torna-se levemente anatômico a partir de pences nas laterais, com fechamento frontal
de zíper com braguilha e botão interno, possui pences traseiras na cintura, e bolsos
traseiros aplicados que dão um toque à peça.
Figura 26: Look 6.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
75
Como sétimo look, o fotografado na campanha para foto conceito da coleção,
tem-se a composição fashion da blusa cropped e calça-saia pantacourt (Figura 27). A
blusa cropped fabricada em tecido Ecopetcl bouclet tem o movimento de cavas
proporcionado por pregas que saem do decote em direção ao braço. O detalhe
especial da blusa, logo abaixo do decote canoa, é composto por tiras aplicadas que
remetem à nervuras, elemento de estilo da coleção. Possui fechamento de zíper
invisível na lateral para facilitar o vestir, e gancho, tem pences frontais na lateral e
cintura, e nas costas pences na cintura para dar uma ajustada na peça. A calça
pantacourt de cintura alta e cós reto foi fabricada em tecido Ecopet areia. Parece ser
uma saia devido as totais 8 pregas fêmeas, mais um elemento de estilo da coleção,
distribuídas na parte frontal e traseira, o que traz mistério ao look, além de
proporcionar o conforto e segurança de uma calça, tem comprimento midi e a barra
com acabamento de bainha simples de dois centímetros.
Figura 27: Look 7.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
76
O fashion da calça-saia longa com a simplicidade da cropped (Figura 28). Esse
é o oitavo look da coleção. A calça-saia fabricada em tecido Ecopet jeans cinza possui
duas pregas fêmeas frontais e traseiras, um elemento de estilo dessa coleção, tem
cintura alta e cós de corte reto que torna-se levemente anatômico a partir de pences
laterais, tem fechamento de zíper invisível e botão interno, com barra simples de dois
centímetros. A cropped fabricada em tecido Ecopetcl bouclet tem decote canoa e a
barra da blusa com acabamento de bainha lenço, possui tiras aplicadas nas laterais
frontais que remetem à nervuras, elemento de estilo da coleção, com mangas curtas
de acabamento de bainha simples de dois centímetros.
Figura 28: Look 8.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
77
O nono look é um vestido confortável e contemporâneo (Figura 29). Fabricado
com o tecido Ecopetcl boucle, de corte reto tem barra assimétrica, mais curta na frente
do que atrás, com acabamento de limpeza e costura invisível. Solto ao corpo, com
cortes geométricos, tem leve ajustamento da cintura a partir de elásticos costurados
nas laterais interiores, e que formam um detalhe de nervuras no exterior do vestido,
um dos elementos de estilo. O decote em forma de V, é ocasionado pelas abas
formadas a partir do corte reto com acabamento de limpeza e costura invisível, e tem
mangas curtas com barra italiana de dois centímetros.
Figura 29: Look 9.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
78
Por último, o décimo look é o casaco que pode ser usado também como vestido
(Figura 30). Produzido em tecido Ecopetcl bouclet tem barra reta assimétrica, trazendo
um elemento de estilo, em que a lateral direita é mais curta que a esquerda, com
acabamento de limpeza no recorte, e são transpassadas. O decote com caimento de
abas tombadas, tem acabamento de limpeza. Seu fechamento é realizado através de
quatro botões de coco dispostos a partir da linha da cintura alta. Solto ao corpo tem
ajustamento na cintura através de uma faixa amarrada por cima do vestido na parte
frontal do casaco, amarrada em forma de laço. A barra da manga tem acabamento de
bainha italiana e a barra do vestido tem bainha simples, ambas de dois centímetros.
Figura 30: Look 10.
Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.
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Unindo os dez croquis que representam os dez looks da coleção, tem-se o
plano de coleção, na Figura 31. Este plano representa a ordem de entrada dos looks
na passarela, organizados imaginando como se toda a coleção fosse desenvolvida.
Figura 31: Plano de Coleção.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.
A partir desses dez croquis foram selecionados os quatro looks que melhor
representam a coleção e que foram concretizados, demonstrados na Figura 32, na
ordem de entrada do Desfile. Foram estes looks desfilados no evento Projeta-me do
curso de Moda, no Teatro da Universidade Feevale, onde os alunos mostram os
resultados de suas coleções. Na seção secundária 5.3, esses quatro croquis tem seu
desenvolvimento descrito: moulage; modelagem; corte e costura.
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Figura 32: Croquis desenvolvidos.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.
Normalmente antes de serem confeccionadas as modelagens das peças que
compõe os looks de cada um dos quatro croquis selecionados, são realizadas as
fichas técnicas de prototipagem para cada peça. Essas fichas técnicas, conforme
Frings (2012), são planilhas preenchidas pelo designer com informações que orientam
a produção das peças, e em geral essas fichas contém informações como a data em
que a peça foi desenhada; para qual temporada; o tamanho da peça; o código que
representa a temporada, tecido e modelo; a descrição da peça; um desenho técnico
para visualiza-la; as cores; amostras de tecido; descrição de materiais, os tecidos com
a dimensão e preço por metro; informações de acabamentos e o custo de mão de
obra para a fabricação da peça. Na Figura 33, um exemplo de ficha técnica.
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Figura 33: Exemplo de ficha técnica de prototipagem.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de Feevale, 2017.
Essas fichas são compostas também com desenhos técnicos. Jones (2011)
afirma que são desenhos planos feitos de forma precisa e esquemática, com
especificações para esclarecer os detalhes das roupas, podendo ser desenhados à
mão ou por softwares como por exemplo, o CAD/ CAM, CorelDRAW ou Audaces Idea.
Como já mencionado anteriormente, o processo de desenvolvimento da coleção
Reflexão do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano foi um pouco diferente devida à
técnica de modelagem utilizada, sendo possível desenvolver as fichas técnicas
completas (em apêndice) somente depois das modelagens prontas.
Devido as peças serem desenvolvidas a partir da técnica de modelagem zero
waste, elas serão peças únicas e de tamanhos únicos. As coleções desenvolvidas
para a marca Luminus serão cápsulas, com poucas unidades de peças e de tamanhos
aleatórios, como a coleção Renascer do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Como por exemplo: uma calça tamanho 40, um vestido tamanho 36 etc. Não haverá
gradação de tamanhos, conforme Frings (2012, p. 253) “A grade de numeração é
criada para aumentar ou diminuir o tamanho da folha de molde da amostra e montar
82
uma linha completa de tamanhos.”. Para substituir a gradação, e ao mesmo tempo
apresentar diferentes tamanhos, a marca poderá oferecer o serviço de o cliente
encomendar o modelo desejado da coleção, sob medida.
5.3 COLEÇÃO TOMANDO FORMA
Após realizadas as etapas antecedentes, chega-se no momento em que pode-
se ver a coleção tomando forma, concretizando-se. É quando escolhe-se um entre os
quatro croquis selecionados e que será o primeiro desenvolvido, representado na
Figura 34, onde são criadas as modelagens, e as peças são cortadas em tecido e
costuradas, realizando o cálculo de custo real de cada peça. Este primeiro look foi
escolhido sabendo que seria o melhor para realizar a comunicação da coleção – na
sessão secundária 5.4 deste trabalho – em que são preparadas as inspirações de
maquiagem e cabelo para serem utilizadas na produção fotográfica, que gera a foto
conceito da coleção. Essa foto conceito vai para a divulgação do desfile da coleção,
desfile final dos alunos do curso de Moda da Universidade Feevale, e é realizado no
Teatro Feevale, onde cada aluno apresenta seus quatro looks desenvolvidos durante
o Projeto de Coleção do Trabalho de Conclusão de Curso II, que comtempla todo o
conhecimento adquirido durante a jornada do curso.
Figura 34: Primeiro look desenvolvido: cropped e pantacourt.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
83
Para o processo de costura de todas as peças foram utilizadas a máquina
industrial de costura reta ou a partir de Frings (2012), chamada de máquina de ponto
fixo que faz uma costura reta como as máquinas domésticas. Foi utilizada também a
máquina de costura overloque, que utiliza um carretel de linha reta e dois de linha
texturizada, e para aquelas peças que precisam de casa para botão foi utilizada a
máquina industrial caseadeira, que faz automaticamente as casas de botão, e a
máquina doméstica para costura reta. Na Figura 35, imagens de exemplo do
maquinário utilizado. Estas máquinas estão disponíveis nos laboratórios de costura e
modelagem da Universidade Feevale. Como as peças são estilo alfaiataria, tiverem
costura aberta, aplicação de entretelas, acabamentos de limpeza, costura invisível e
viés, e todas as peças foram costuradas pela pesquisadora.
Figura 35: Maquinário utilizado.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de Google Imagens, 2017.
Utilizando pela primeira vez a técnica de modelagem zero waste, foi um
momento de experimentação, bem como dito por McQuillan (seção 2.1.1, p. 23). Que
foi a estilista de inspiração para o desenvolvimento da presente coleção utilizando a
técnica zero waste. Buscando aplicar o estudo de pesquisa da modelagem zero waste,
84
a partir das informações e processos da McQuillan (2010), foi surgindo o estilo próprio
de a pesquisadora desenvolver a técnica. Como esta busca o maior aproveitamento
do tecido, devido ao tempo disponível foi definido que, por exemplo, para desenvolver
a blusa cropped do primeiro look se utilizaria um retângulo de 50x39 centímetros de
tecido sem ter desperdício.
Assim iniciaram-se os processos de modelagens desta peça. Na Figura 36,
imagens das etapas do desenvolvimento da peça. Começou-se com a técnica de
moulage (Imagem 1 à 3, Figura 36) em tecido não tecido TNT disponibilizado pela
Universidade, durante o processo foi reparado que não seria possível utilizar dois
retângulos iguais para a frente e costas. Para que a peça fique correta é necessário
que o ombro costas desça um pouco mais para a frente, assim este retângulo teve de
ser mais comprido. Seguindo, a moulage foi manipulada em papel pardo para
correções e marcações, para então ser passada para o tecido de prototipagem,
algodão cru (Imagem 4, Figura 36), o qual foi cortado e costurado para conferência de
vestibilidade.
Figura 36: Moulage e protótipo, look 1.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Quando provado na modelo (Imagem 1 à 3, Figura 37), foi visto que alguns
ajustes seriam necessários, como descer pences laterais frontais, cavas e decote,
além de inserir pences na frente e costas. Modificada a modelagem (Imagem 4, Figura
37), a peça foi cortada no tecido Ecopetcl Bouclet e costurada. A parte do tecido que
foi retirada para fazer o decote, foi utilizada como ornamentação que lembram
nervuras para a parte frontal da peça, e para dar o movimento das cavas da cropped
o tecido foi dobrado como uma prega, sem ser cortado, conseguindo ter o máximo de
aproveitamento (Imagem 5, Figura 37).
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Figura 37: Desenvolvimento da cropped, look 1.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Depois das peças do primeiro look estarem finalizadas, foi o momento de
complementar a peça com o detalhe bordado que representa o logo da marca
Luminus, para a qual a coleção foi criada. Na Figura 38, fotos da elaboração do
bordado feito à mão. Como mencionado anteriormente, todos os looks tem como
detalhe o mesmo bordado, centralizado no meio da parte superior da peça.
Figura 38: Desenvolvimento do bordado símbolo da marca Luminus.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
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Após cada peça dos quatro looks estarem prontas, foi realizado o cálculo de
custo real, utilizando dados legítimos da produção. Este cálculo é indispensável para
gerar o custo de produção de uma peça, conforme Treptow (2013) engloba todas as
despesas de fabricação de um produto. E segundo Frings (2012) é determinado pelo
fabricando/facção a partir de alguns itens essenciais, entre eles estão: ficha técnica
do designer; moldes; materiais; aviamentos; corte; montagem; costura; finalização;
frete; custos fixos – salário, água, luz telefone, etc.– e custos variáveis – propaganda,
reparos de equipamentos, etc.–.
Na Figura 39, o cálculo de custo real da blusa cropped do primeiro look, nesta
imagem pode-se reparar que o custo de corte, montagem, etc., foi mais elevado do
que o custo de materiais, utilizando um mark-up (índice multiplicador aplicado ao custo
para obter lucro e formatar o preço de venda) de 2.0. Os custos fixos não foram
inclusos, já que os processos foram realizados na casa da pesquisadora e na própria
Universidade, e o salário foi determinado com o valor que se desejaria receber. Nota-
se que a partir da grande quantidade de horas utilizadas para desenvolver a
modelagem da peça, o custo de produção acabou ficando muito elevado,
consequentemente o preço de venda.
Figura 39: Cálculo de custo real da peça cropped, primeiro look.
Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da
cropped, 2017.
Procurando seguir a mesma proposta, a pantacourt foi realizada de maneira
parecida. Na Figura 40, imagens das etapas do desenvolvimento da pantacourt.
Primeiro foi pego um retângulo de TNT de tamanho aleatório e cortado gancho frente
e costas nos limites do tecido, e preso ao manequim de tecido para ver como se
87
comportariam as pregas, manipulando apenas uma perna (Imagem 1 à 2, Figura 40).
Visto que o tamanho do tecido era suficiente, o TNT foi medido, notando ter 1,20
centímetros de largura e cortado para o comprimento de 83 centímetros, assim
organizado sobre o tecido de prototipagem, algodão cru, que foi cortado (Imagem 3,
Figura 40). Após costurado (Imagem 4, Figura 40) foi reparado que as pregas não
tomaram o aspecto idealizado, analisando que outro acabamento seria melhor o
protótipo foi desmanchado, e as pregas reorganizadas para ser novamente costurado.
Figura 40: Moulage e protótipo da pantacourt, look 1.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Foi realizado o teste de vestibilidade na modelo (Imagem 1 à 3, Figura 41), e
percebeu-se que era necessário um aumento na circunferência da cintura para que a
peça descesse mais e não ficasse apertada no gancho. Deste modo, as pregas
tiveram de ser replanejadas e redistribuídas no tamanho desejado da cintura da peça
(Imagem 4, Figura 41). Notou-se também que como a modelagem da cintura da frente
deve ser mais baixa que a modelagem das costas devido aos ganchos, foi necessário
descer a frente, resultando em um pedaço de tecido que teve de ser retirado do
retângulo, o qual foi utilizado para limpeza da barra da saia do terceiro look
desenvolvido.
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Figura 41: Desenvolvimento da pantacourt, look 1.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Após essas conferências, foi finalmente realizada a modelagem da pantacourt,
além da modelagem do cós reto com transpasse (Imagem 1 e 2, Figura 42), sendo
possível utilizar o tamanho total do tecido de 1,50 centímetros de largura e 83
centímetros do comprimento da pantacourt, foi planejado utilizar o restante desse total
do tecido para fazer o cós reto com transpasse da saia do look 3. Sendo assim, a peça
foi cortada no tecido Ecopet cor areia e costurada (Imagem 3, Figura 42). O tecido que
foi retirado para fazer os ganchos costas foi utilizado como limpeza da blusa do look
3, que utilizava o mesmo tecido, e o tecido do gancho frente foi utilizado para fazer a
braguilha da saia do look 3.
Figura 42: Modelagem e costura da pantacourt, look 1.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
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Novamente como realizado para a peça cropped do primeiro look, a pantacourt
também recebeu o cálculo de custo real de produção (Figura 43). Nota-se que também
teve um custo elevado na produção da modelagem, corte e costura o que acarretou
no alto valor do custo de produção e venda da peça.
Figura 43: Cálculo de custo real da peça pantacourt, primeiro look.
Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da
pantacourt, 2017.
Para desenvolver o próximo look, o casaco que pode ser usado também como
vestido, na Figura 44, foi realizada primeiramente a moulage inspirada em uma
modelagem da estilista Holly McQuillan, contida no livro Zero Waste Fashion Design
(2014). Basicamente um retângulo com um corte para passar a cabeça, e cortes para
as mangas, que se encaixam, além de um corte fora a fora frontal. O tamanho foi
pensado na largura e comprimento que o casaco deveria ter, e a quantidade de tecido
para o transpasse frontal. Para isso foi medida a quantidade de tecido Ecopetcl bouclet
que ainda havia, depois de fabricada a cropped do look da foto conceito. Visto a altura
e largura do tecido restante, notou-se que o tamanho escolhido para o comprimento e
largura do casaco não seriam suficientes para cortar a modelagem inteira do casaco
em um retângulo completo.
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Figura 44: Segundo look desenvolvido: casaco-vestido.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Então foi necessário separar as mangas do casaco, que são dois retângulos, e
corta-las no comprimento do tecido que havia sobrado, ao lado da parte recortada da
cropped do look da foto conceito, sobrando 81,5 X 39,5 centímetros e mais 19 X 62
centímetros de tecido. Abaixo da parte já recortada foi utilizado o restante do tecido
de 1,53 centímetros de largura por 87 centímetros de comprimento, para cortar o corpo
do casaco, a faixa de ajustamento da cintura para laçar formando o tope na parte
frontal, e as limpezas necessárias para o transpasse frontal, assim utilizando um
retângulo completo de tecido com 87cm de altura e 1,53 centímetros de largura.
Então a moulage (Imagem 1 e 2, Figura 45) foi planificada em papel pardo
(Imagem 3 e 4, Figura 45) para que o tecido pudesse ser cortado (Imagem 5, Figura
45) e costurado. Para o acabamento de viés do decote traseiro do casaco foi utilizado
um pedaço do tecido que havia sido recortado para emparelhamento (Imagem 6,
Figura 45) já que a fábrica entregou-o com desnível nas extremidades, o mesmo
utilizado para o acabamento de limpeza na barra assimétrica frontal do casaco,
fazendo assim o reaproveitamento de um resíduo. As mangas do casaco tem
acabamento de bainha italiana de dois centímetros, e a barra do casaco acabamento
de bainha simples de dois centímetros. Foi utilizado um pedaço de entretela
termocolante dupla face dentro da limpeza direita frontal para facilitar a costura das
casas dos botões, e evitar o desfiamento do tecido.
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Figura 45 :Desenvolvimento do casaco- vestido, look 2.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Após a finalização do casaco-vestido, este também recebeu o cálculo de custo
real de produção (Figura 46). Para esta peça, a moulage e modelagem não foram
processos tão demorados, o que levou mais tempo foi a organização da modelagem
sobre o tecido para o corte. Assim acabou tendo também um custo elevado de
produção e venda da peça.
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Figura 46: Cálculo de custo real da peça casaco-vestido, segundo look.
Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem do
casaco-vestido, 2017.
O look três é composto pelo conjunto da blusa cropped e saia em tecido Ecopet
areia (Figura 47). Esse look teve uma mistura de técnicas no seu desenvolvimento. A
cropped foi desenvolvida a partir de moulage, utilizando a mesma teoria da
modelagem do casaco, que foi planificada para modelagem plana em papel pardo,
para então ser cortada no tecido. Como as mangas deveriam ser mais curtas, foi
necessário retirar um pedaço do retângulo de cada manga, assim esse pedaço foi
utilizado para fazer os bolsos traseiros da saia. Para a limpeza da cropped foi utilizado
o tecido que havia sobrado do recorte do gancho traseiro da pantacourt do look 1,
para costurar a limpeza no decote, foi necessário colocar um pedaço de entretela pois
o tecido desfia muito.
Figura 47: Terceiro look desenvolvido: cropped e saia.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
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Com a cropped finalizada, foi realizado o cálculo de custo real de produção
(Figura 48). Igualmente as outras peças, devida a técnica de modelagem zero waste
também teve um custo elevado na produção da modelagem, corte e costura o que
acarretou no alto valor do custo de produção e venda da peça.
Figura 48: Cálculo de custo real da peça cropped do terceiro look.
Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da cropped do
terceiro look, 2017.
A saia foi modelada diretamente com modelagem plana, o cós utilizado já havia
sido cortado junto com a modelagem da calça pantacourt, foi colocada entretela no
cós, a braguilha da saia é o pedaço de tecido recortado para formar o gancho frente
da pantacourt e faltava mais uma parte para a braguilha, então foi cortada a partir do
resíduo têxtil que sobrou da curvatura do quadril. Para o acabamento de limpeza da
barra da saia das costas, foi utilizado o tecido retirado para formar a assimetria da
parte frontal, no momento da costura notou-se que não seria o suficiente na altura
para transpassar o recorte da frente, então a limpeza teve de ser costurada mais para
cima da barra, deixando um pedaço maior para dentro da limpeza, mudando a barra
da saia, que ficou apenas levemente assimétrica. O retalho de tecido que sobrou para
formar a assimetria da barra das costas da saia, foi utilizado como limpeza para a
barra frontal da saia, emendado com o retalho de tecido que havia sobrado da calça
pantacourt. Na Figura 49, as etapas do desenvolvimento da cropped e da saia,
Imagem 1 à 5 – moulage da cropped, Imagem 6 e 7 – planificação da moulage da
cropped, Imagem 8 – corte da cropped, e Imagem 9 – modelagem plana da saia.
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Figura 49: Desenvolvimento da cropped e saia, look 3.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Para a saia também foi realizado o cálculo de custo real de produção (Figura
50). A saia foi uma das modelagens mais rápidas, assim teve um menor custo na
produção da modelagem, corte e costura o que diminuiu o valor do custo de produção
e venda da peça.
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Figura 50: Cálculo de custo real da peça saia do terceiro look.
Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da saia do
terceiro look, 2017.
O quarto e último look desenvolvido para essa coleção foi o vestido assimétrico
(Figura 51). Esse foi criado diretamente através de modelagem plana, desenhado em
papel pardo, utilizando como base a modelagem da blusa cropped do primeiro look.
Tendo então os mesmo conceitos, como o movimento das cavas a partir das pregas
que descem do decote, a altura das costas mais comprida que a frente. Para ser
utilizada a parte do tecido que foi retirada para fazer o decote, foram aplicadas tiras
como ornamentação, que lembram nervuras na parte frontal esquerda superior e
traseira esquerda inferior da peça, como continuação das nervuras causadas pelos
elásticos internos nas laterais da cintura.
Figura 51: Quarto look desenvolvido: vestido assimétrico.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
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O decote canoa recebeu um recorte que desce reto e forma abas para as
laterais e transforma o decote em V, com acabamento de limpeza e costura invisível,
igualmente ao decote das costas, este que recebeu um detalhe vazado retangular. A
parte do tecido recortada na barra para formar a assimetria, foi utilizada como
acabamento de limpeza para a barra das costas do vestido, que recebeu também
costura invisível, e a barra frontal do vestido recebeu bainha invisível. Figura 52
demonstra em imagens, partes do desenvolvimento do vestido, Imagem 1 –
modelagem sob o tecido, Imagem 2 – tecido riscado com giz para ser cortado, Imagem
3 – retalhos dos decotes riscados para corte das tiras de aplicação, Imagem 4 – parte
do vestido costurada.
Figura 52: Desenvolvimento do vestido assimétrico, look 4.
Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.
Para o vestido também foi realizado o cálculo de custo real de produção (Figura
53) assim que finalizado. Teve modelagem razoavelmente rápida, de fácil costura,
porém demorada, devido aos seus muitos detalhes. Do mesmo modo que a blusa
cropped do primeiro look, o vestido recebeu aplicação de tiras que lembram nervuras,
porém na parte frontal e traseira inferior esquerda. Tornando-se uma peça de alto
preço de venda, igualmente as outras peças da coleção. Assim, com o último look
finalizado e o cálculo de custos pronto, se conclui essa sessão secundária, finalizando
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o desenvolvimento da coleção. Passando para a seção terciária e última deste
trabalho, a comunicação da coleção.
Figura 53: Cálculo de custo real da peça vestido do quarto look.
Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem do vestido do
quarto look, 2017.
5.3.1 Comunicação da coleção
Como mencionado na introdução da sessão secundária 5.3 deste trabalho, foi
escolhido o primeiro look para ser desenvolvido e que melhor representa o conceito
da coleção. Após finalizado, são realizados os processos de pesquisa e
desenvolvimento da comunicação da coleção. Nada mais é que o lançamento e
divulgação, para Treptow (2013) é a primeira apresentação para o público, e é
importante que o designer transmita claramente o tema da coleção e para quem se
destina, e todos os materiais de divulgação devem corresponder entre si.
Para produzir o material da comunicação, foi realizada uma produção
fotográfica da campanha de moda da coleção. Esta teve duração de trinta minutos
para os cliques fotográficos e mais trinta minutos para a escolha das fotos, e foi
realizada no estúdio fotográfico da Universidade Feevale, em que o primeiro look
desenvolvido foi fotografado pela Dinara Dal Pai. Para isso, foi necessário realizar
anteriormente uma pesquisa de beleza, iluminação e poses (na Figura 54, um painel
de inspiração) para utilizar na campanha.
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Figura 54: Painel de beleza, iluminação e poses.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de imagens do Pinterest, 2017.
Relacionando o conceito da marca, com o público-alvo e tema de coleção, foi
visto que uma maquiagem mais natural e iluminada se encaixaria melhor ao tema, e
em tons mais quentes por ser Primavera/Verão. O penteado escolhido foi minimalista
e bem arrumado, com o cabelo preso em coque e dividido mais para a direita, com
acabamento em gel e fixador de cabelo. A iluminação do estúdio foi suave e com
sombra, para ressaltar delicadeza e pele lisa, em estilo Rembrandt (Rembrandt
Harmenszoon van Rijn, pintor holandês do século XVI), que leva esse nome pois o
pintor utilizava esse tipo de iluminação em seus quadros. As poses da modelo mais
leves com movimento e atitude. Assim, com a campanha de moda produzida, originou-
se a foto conceito da coleção e as fotos para o material do e-book, na Figura 55 a foto
conceito, modelo Ivana Puyol, com o release da coleção. O release conforme Treptow
(2013), são os textos de divulgação, normalmente acompanhados de fotos e enviados
aos meios de comunicação, como revistas, blogs, etc.
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Figura 55: Foto conceito e release da coleção.
Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.
A foto conceito foi utilizada para a divulgação do desfile final dos alunos do
curso de Moda da Universidade Feevale, que aconteceu no Teatro Feevale, no dia
sete de dezembro de 2017, às 20:00 horas, as quatro modelos respectivamente com
os looks desenvolvidos e desfilados: Julia Schmitt, Barbara Mello, Jenifer de Mello e
Adriane Rios (Figura 56).
Figura 56: Desfile da coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Fonte: Acervo Raul Fernandes Moraes, 2017.
100
Segundo Jones (2011) o desfile da coleção de um estudante é uma maneira de
as faculdades avaliarem sua capacidade de trabalho e é uma experiência decisiva
para a formação do aluno, em que normalmente o público é formado pelo corpo
docente da faculdade, pais, representantes dos patrocinadores e confecções em
busca de novas pessoas e ideias. O desfile foi a etapa de conclusão, assim finalizando
este trabalho de pesquisa e desenvolvimento.
101
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho apresentou questões relevantes para entender como fazer
uma moda mais consciente, desde a fabricação, consumo até o descarte dos
produtos. Em seu primeiro capítulo, explicou-se o que é a técnica de modelagem zero
waste, e porque ele é mais eficiente do que a modelagem plana ou moulage, que é
fabricar modelagens que se encaixem sobre um tecido inteiro, fazendo o total
aproveitamento do mesmo, sem restar resíduos, por isso se tornando a melhor opção.
Apresenta uma designer de zero waste, representando o método de fabricação
utilizado por ela, sendo interessante compartilhar que nesse momento do trabalho, em
que estavam sendo pesquisados os estilistas que utilizam o método de modelagem
zero waste, sendo poucos, e quando decidida a estilista Holly McQuillan como a
inspiradora, foi tentado contato através de e-mail e que felizmente foi respondido e
muito rápido por sinal, porém a pesquisadora após alguns dias tentou contato
novamente com mais dúvidas e curiosidades sobre o método, não tendo retorno.
Também, dentro do primeiro capítulo, foi apresentada a importância do conforto e
ergonomia, escolha de materiais conforme seu peso, espessura e caimento nas peças
do vestuário para que o consumidor se sinta bem e satisfeito em utilizá-la.
Foi apresentada a sustentabilidade e o ciclo de vida de um produto de moda no
segundo capítulo deste trabalho. Dito que, a sustentabilidade é prover bem-estar para
os seres vivos hoje e futuramente e que devemos praticar o desenvolvimento
sustentável e justo para todos, sendo democrático e ambientalmente seguro. Pensar
no ciclo de vida de um produto de moda para que este tenha uma vida prolongada e
que utilize de menos recursos em seu desenvolvimento e que no fim de sua vida útil
seja descartado corretamente, e melhor, reaproveitado para outros fins. Bem como
em sua seção secundária informa os tecidos ecológicos que estão disponíveis no
mercado hoje, como algodão orgânico, algodão e poliéster reciclados, outras fibras
como cânhamo, linho, tecidos feitos a partir da reciclagem de garrafas PET, como
também a partir de fibras extraídas de alimentos, como coco, laranja, uva, mostrando
assim que é possível utilizar recursos ecológicos para transformar a moda. Fala
também sobre os resíduos têxteis, grande problema hoje, que pode ser resolvido com
a escolha de materiais biodegradáveis, separação dos produtos para reciclagem e
utilização de técnicas como a modelagem zero waste.
102
Em seu quarto capítulo aborda o que é uma marca, sendo aquilo que
representa uma empresa através de seu logo e carrega o que oferece ao mercado e
sua relação com o consumidor e que diversos itens devem ser pensados para
desenvolver uma marca de sucesso, como por exemplo a missão; visão e valores,
como também o mix de marketing ou 4P’s. Assim, foi criada a marca de moda feminina
e autoral Luminus, com pegada sustentável, se inspirou na marca de moda Americana
Vetta, tendo como possível concorrente a marca de moda Brasileira Envido.
Faz-se necessário comentar que ter uma metodologia – aqui utilizada a
pesquisa de natureza aplicada, com método indutivo, objetivo explicativo e técnica de
pesquisa bibliográfica –, e segui-la foi de grande importância para guiar corretamente
o desenvolvimento do trabalho. Como também, ter acompanhado o cronograma de
atividades, tornando possível cumprir os prazos devidamente estipulados.
Na primeira parte desde trabalho, no Trabalho de Conclusão de Curso I, nota-
se que tendo em vista a questão norteadora e o objetivo geral do trabalho, estes
haviam sido atendidos em partes, pois apenas as questões teóricas haviam sido
apresentadas. E todos os objetivos específicos foram elaborados e respondidos
conforme o esperado, contendo informações suficientes para elaborar uma coleção
de moda com os quesitos referidos pela pesquisadora. Durante o processo de
pesquisa notou-se que ainda não tem muito material sobre o assunto modelagem zero
waste em português, e que seria interessante novos estudos na área.
Sendo assim, depois do trabalho teórico e de pesquisa, iniciou-se o processo
de criação da coleção de moda, desenvolvida partindo do Briefing. Delimitado como
tema de coleção: Renascer do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, a partir de
referências de macrotendência de comportamento: Natureza Humana, e tendência de
consumo: Transição para o luxo não-material e Eco-eficiência. Foi desenvolvido o
painel de temático que serviu de inspiração para as cores da coleção, que são neutras,
como azul, cinza, areia e nude, serviu também para retirar os elementos de estilo para
que então fossem desenhados os croquis dos dez looks da coleção. Os tecidos foram
escolhidos a partir da cartela de cores e difíceis de encontrar, pois na região do Vale
dos Sinos apenas uma empresa fabrica tecidos ecológicos e reciclados, a Maxitex que
possui pouca variedade de cores, por não fazerem tingimento. E não foram
encontrados aviamentos reciclados ou ecológicos, apenas alguns naturais como os
botões de madeira e de coco.
103
Após escolheu-se quatro dos dez looks desenhados para serem desenvolvidos.
Durante o processo de moulage e modelagem das peças surgiram várias dificuldades,
como por exemplo, de como fazer a peça ficar parecida com o croqui; como utilizar
todo o tecido; o que fazer com os pedaços que se tornariam resíduos têxteis; utilizar
modelagem plana ou moulage; etc. Felizmente a maioria dos problemas tiveram
solução, apenas alguns pedaços dos tecidos não tiveram como ser utilizados;
encaixados ou reaproveitados, assim pode-se dizer que a técnica de modelagem zero
waste neste trabalho não atingiu a meta de zero desperdício, mesmo que o
desperdício foi amplamente reduzido à quase zero, ainda restaram mínimos resíduos
têxteis. Contudo, vistos os resultados, é possível confirmar que essa coleção
desenvolvida a partir dessa técnica de modelagem ajuda a reduzir os impactos
ambientais, além de que utilizou-se tecidos reciclados e ecológicos, atingindo a meta
da coleção para a marca Luminus.
Foi realizado o cálculo de custo real para cada peça. Ainda que foi utilizado um
markup de 2.0, ou seja, que cobre o custos dos produtos e obtém-se 100% de lucros,
as peças acabaram tendo um alto custo de produção. Desse modo, sendo para um
público de classe média e alta, mas lembrando que o cliente não está apenas
comprando a peça, mas sim todo o conceito sustentável e de moda consciente
envolvido. Luminus é muito mais do que uma marca do vestuário, é um lifestyle (estilo
de vida).
Por fim, foi realizada a produção fotográfica para a campanha da coleção e
também para compor o e-book das coleções. Foi escolhida e utilizada uma foto da
campanha para a divulgação do desfile dos alunos formandos de Moda da
Universidade Feevale, que ocorreu no dia sete de dezembro de 2017 às 20:00 horas,
no Teatro Feevale. Para este desfile, conseguiu-se parceria para a beleza das
modelos, que foi feita pelos profissionais do Eternity Studio de Beleza, e os sapatos
que as modelos utilizaram foram conseguidos também com parceria, com a marca
Malu Calçados e Território Nacional. Este evento foi de grande importância para a
experiência dos alunos e finalizou todas as etapas vivenciadas durante a jornada
acadêmica, encerrando os processos de produção do Trabalho de Conclusão de
Curso.
Então, seguindo a questão norteadora deste trabalho, foi atingido com êxito o
objetivo geral de fazer uma coleção de moda para a marca de vestuário feminino
Luminus. Utilizando a modelagem zero waste, diminuindo a produção de resíduos
104
têxteis, e fazendo uso de tecidos reciclados e ecológicos, assim, proporcionando uma
moda com propósito e mais consciente.
105
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Maio. 2017.
111
APÊNDICES
112
APÊNDICE A – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 1.
FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM
Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R03C1
Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 06/09/2017
Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 36
Produto: Blusa cropped fabricada em tecido Ecopetcl bouclet.
DESENHO TÉCNICO (frente / costas)
FRENTE
COSTAS
Pregas frente e costas de 8 cm de comprimento por 4 cm de largura.
16 tiras de 0,70 cm dobradas e rebatidas, aplicadas à peça. Recortadas a partir do que sobrou do decote frente e costas.
Lateral 10 cm com zíper invisível reforçado de 10 cm.
Comprimento frente: 31 cm. Circunferência busto: 95 cm.
Bordado à 3 cm do decote.
Gancho colchetes de metal no fim do zíper e alça de linha.
Comprimento costas: 34 cm. Largura total frente e costas: 85,5 cm.
113
DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO
Blusa cropped de corte reto e amplo, ajustada a partir de pences no busto nas laterais frontais, e pences
na cintura frente e costas. Com fechamento de zíper invisível na lateral e gancho colchete. Movimento
de cavas a partir de pregas que começam no decote, duas na frente e duas nas costas com acabamento
de bainha lenço. Aplicação de tiras de tecido que lembram nervuras na parte frontal da peça logo abaixo
do decote canoa, feitas com a sobra do tecido do corte para decote frente e costas, decote com
acabamento de bainha lenço. Barra da cropped com acabamento de bainha lenço. Bordado nas costas.
MATÉRIA-PRIMA
TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo
1.ECOPETCL
BOUCLET
ORIGINAL DA
FIBRA 1,50 cm
88% PET (poliéster)
12% LINHO
MAXITEX R$ 21,81m 50cm X
39cm
AVIAMENTOS
Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo
Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------
Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------
Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------
Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------
Zíper invisível reforçado Nude 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 0,75 1
Gancho colchete Prata 100% metal FEEVALE R$ 0,10 1
* Sem terceirizações.
REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE
1° prova: 24/ 09/2017 – Protótipo provado na modelo, precisou ajustar com pences na cintura frente
e costas, descer o decote 0,5 centímetros frente e costas e fechar menos a lateral.
Data de aprovação: 27/ 09/ 2017 Responsável: Alessandra Gabriela
114
APÊNDICE B – Ficha técnica de prototipagem da calça pantacourt, look 1.
FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM
Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R03P1
Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 11/09/2017
Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 36
Produto: Calça-saia pantacourt fabricada em tecido Ecopet Rec areia.
DESENHO TÉCNICO (frente / costas)
FRENTE
COSTAS
Zíper invisível reforçado de 20 cm.
Cós reto 73 cm de circunferência, transpasse interno de 5 cm. Cós dobrado, 3,5 cm de altura.
8 pregas fêmeas fechadas 5 cm a partir da margem de costura
do cós.
Botão de madeira 2 cm, interno no cós.
Comprimento lateral: 81 cm. Largura boca da perna: 139 cm.
Bordado centralizado no cós.
115
DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO
Calça-saia pantacourt, com três pregas fêmeas frontais, uma em cada lateral e três pregas fêmeas
traseiras, de 16cm de largura. Cós reto, fechamento frontal com zíper invisível e botão interno. Bainha
simples de 3,5 centímetros. Modelagem retângulo inteiro.
MATÉRIA-PRIMA
TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo
1.ECOPETCL REC NATURAL
AREIA
1,50 m 70% ALGODÃO (rec)
30% PET (poliéster)
MAXITEX R$ 13,51m 1,50 cm X
81,5 cm 2. ENTRETELA
TERMOCOLANTE
UMA FACE
BRANCA 1, 52 m 100% Poliéster FEEVALE R$ 8,00 79 cm
AVIAMENTOS
Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo
Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------
Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------
Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------
Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------
Zíper invisível reforçado Nude 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 0,75 1
Botão de madeira Natural 100% madeira TITA ARMARINHOS R$ 1,00 1
* Sem terceirizações.
REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE
1° prova: 24/ 09/2017 – Protótipo provado na modelo, precisou aumentar a circunferência da cintura
para 73 centímetros, para descer o gancho. Pregas foram replanejadas.
Data de aprovação: 27/ 09/ 2017 Responsável: Alessandra Gabriela
116
APÊNDICE C – Ficha técnica de prototipagem do casaco-vestido, look 2.
FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM
Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R04CV1
Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 04/10/2017
Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38
Produto: Casaco que pode ser usado também como vestido, em tecido Ecopetcl bouclet.
DESENHO TÉCNICO (frente / costas)
FRENTE
COSTAS
Largura total do casaco: 124 cm. Altura costas e frente direita: 80 cm.
Recorte 25 cm de largura por 9 cm de altura.
Botões de 3 cm, separados por 5 cm de altura.
Prega fêmea fechada 5 cm a partir do decote.
Bordado a 3 cm abaixo do decote.
Transpasse de 9 cm largura. Aba de 18 cm de largura.
Mangas a partir do decote, comprimento de 37 cm.
Faixa de 166 cm por 5,50 cm.
117
DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO
Casaco de comprimento médio, com transpasse frontal, fechamento com quatro botões e ajuste com
faixa laçada em tope amarrada por cima do vestido. Mangas ¾ amplas de corte reto com bainha italiana.
Decote frontal reto com acabamento de limpeza e decote traseiro com acabamento de viés.
MATÉRIA-PRIMA
TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo
1.ECOPETCL
BOUCLET
ORIGINAL DA
FIBRA 1,53 cm
88% PET (poliéster)
12% LINHO
MAXITEX R$ 21,81m 1,53 X 118
2. ENTRETELA
TERMOCOLANTE
DUPLA FACE
BRANCA 90 cm 100 % poliéster FEEVALE R$ 5,12 m 28 cm X
6,50 cm
AVIAMENTOS
Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo
Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------
Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------
Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------
Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------
Botões de coco Natural 100% casca de
coco
TITA ARMARINHOS R$ 1, 50 4
* Sem terceirizações.
REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE
1° prova: 09/10/2017 - O protótipo foi provado, e necessitou uma prega nas costas para dar ajuste
no decote, e foi necessário aumentar a largura da peça para ter espaço para transpassar, o restante
estava ok.
Data de aprovação: 09/10/2017 Responsável: Alessandra Gabriela
118
APÊNDICE D – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 3.
FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM
Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R02C2
Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 16/10/2017
Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38
Produto: Blusa Cropped de manga curta, em tecido Ecopet Rec areia.
DESENHO TÉCNICO (frente / costas)
FRENTE
COSTAS
Cintura circunferência: 100 cm
Abertura 9 cm vertical a partir do decote. Aba 13 cm de largura
Comprimento frente: 34 cm. Comprimento costas: 32 cm. Largura total busto/ corpo/ mangas: 80 cm.
Bordado a 3 cm abaixo do decote.
119
DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO
Blusa cropped ampla, de corte reto, com mangas curtas inteiras na peça com acabamento de bainha
simples de dois centímetros. Decote frontal reto com recorte reto que desce nove centímetros e forma
duas abas para a lateral e transforma o decote em V, com acabamento de limpeza e costura invisível.
Decote traseiro reto com acabamento de limpeza. Bainha simples de dois centímetros.
MATÉRIA-PRIMA
TECIDO Cor Largura Composição Forneced
or Custo Consumo
1.ECOPET REC NATURAL
AREIA 1,50 m
70% ALGODÃO (rec)
30% PET (poliéster)
MAXITEX R$ 13,51 m 100 cm X
66 cm
2. ENTRETELA
TERMOCOLANTE
UMA FACE
BRANCA 1,52 m 100% poliéster FEEVALE R$ 8,00 m 42 cm X 2
cm
AVIAMENTOS
Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo
Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------
Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4,60 -------------
Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------
Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------
* Sem terceirizações.
REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE
1° prova: 25/10/2017 - Protótipo foi provado na modelo e não precisou de ajustes.
Data de aprovação: 25/10/2017 Responsável: Alessandra Gabriela
120
APÊNDICE E – Ficha técnica de prototipagem da saia, look 3.
FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM
Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R02S1
Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 23/10/2017
Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38
Produto: Saia assimétrica, em tecido Ecopet Rec areia.
DESENHO TÉCNICO (frente / costas)
FRENTE
COSTAS
Cós 74 cm de circunferência, transpasse de 5 cm. 4 cm de altura.
Frente esquerda 53 cm de comprimento.
Bolso com prega fêmea.
Bolso boca: 10,5 cm. Comprimento:14,5 cm. Largura embaixo: 13,5 cm. (4 retângulos de 15 cm por 7 cm costurados)
Botão de madeira 2 cm, interno no cós.
Braguilha, zíper de nylon 20 cm.
Frente direita 38 cm de comprimento.
Bordado centralizado no cós
Costas direita 55 cm de comprimento. Largura quadril frente: 50 cm.
Largura quadril costas: 52 cm.
121
DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO
Saia reta com comprimento assimétrico, mais curta na frente do que atrás. Com cós reto levemente
acinturado com pences nas lateriais. Bainha com acabamento de limpeza e costura invisível. Recorte
na frente e fechamento com braguilha e zíper invisível, e botão interno no cós. Bolsos aplicados na
parte traseira da saia, e pences traseiras.
MATÉRIA-PRIMA
TECIDO Cor Largura Composição Forneced
or Custo Consumo
1.ECOPET REC NATURAL
AREIA 1,50 m
70% ALGODÃO (rec)
30% PET (poliéster)
MAXITEX R$ 13,51m 102 cm X
55cm
2. ENTRETELA
TERMOCOLANTE
UMA FACE
BRANCA 1,52 m 100% poliéster FEEVALE R$ 8,00 m 86 cm
AVIAMENTOS
Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo
Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------
Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------
Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------
Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------
Botão de madeira Natural 100% madeira TITA ARMARINHOS R$ 1, 00 1
Zíper de nylon Nude 100% nylon ENTREMALHAS R$ 1,00 1
* Sem terceirizações.
REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE
1° prova: 25/10/2017 – Conferência de modelagem sob a modelo. Modelagem aprovada.
Data de aprovação: 25/10/2017 Responsável: Alessandra Gabriela.
122
APÊNDICE F – Ficha técnica de prototipagem do vestido, look 4.
FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM
Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.
Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R01V1
Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 06/11/ 2017
Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38
Produto: Vestido de comprimento médio e assimétrico, em tecido Ecopet Jeans cinza.
DESENHO TÉCNICO (frente / costas)
FRENTE
COSTAS
Largura total da peça: 98 cm.
Bordado centralizado a 1 cm
do recorte.
Comprimento 118 cm, limpeza de 3 cm.
Pregas frente e costas
de 8 cm de
comprimento por 4 cm
de largura.
Aplicação de 3 elástico internos de 12 cm.
Abertura 9 cm
vertical a partir
do decote.
Aba 13 cm de
largura
Comprimento 83 cm, limpeza de 3 cm.
7 tiras de 1,0 cm dobradas e rebatidas, de cada lado, aplicadas à peça. Recortadas a partir do que sobrou do decote frente e costas.
Recorte retangular vasado de
2 cm de largura por 9 cm de
comprimento.
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DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO
Vestido de comprimento médio, com comprimento assimétrico, mais curto na frente do que atrás, com
acabamento de limpeza e costura invisível. Com decote canoa, mais reto e levemente ajustado na
cintura a partir de elásticos costurados internamente e que dão aspecto de nervuras no exterior da
peça. Detalhe de tiras aplicadas que lembram nervuras feitas a partir da parte retirada do tecido para
fazer o decote canoa, que tem acabamento de limpeza e costura invisível. Movimento de cavas a partir
de pregas que começam no decote, duas na frente e duas nas costas.
MATÉRIA-PRIMA
TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo
1.ECOJEANS CINZA 1,50m 70% ALGODÃO (rec)
30% PET (poliéster)
MAXITEX R$ 13,51m 150cm
X110cm
AVIAMENTOS
Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo
Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------
Fio reto Cinza 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------
Fio texturizado Cinza 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------
Fio texturizado Cinza 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------
Elástico Preta 69% algodão
31% látex
TITA ARMARINHOS R$ 0, 25 90 cm
* Sem terceirizações.
REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE
1° prova: será descrita na versão finalizada deste trabalho, pois até o dia da entrega o look não
estava totalmente pronto.
Data de aprovação: Responsável: Alessandra Gabriela