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UNIVERSIDADE FEEVALE ALESSANDRA GABRIELA MORAES MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR DA TÉCNICA DE MODELAGEM ZERO WASTE. Novo Hamburgo 2017

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Page 1: MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR ...4 ALESSANDRA GABRIELA MORAES Trabalho de Conclusão do Curso de Moda, com o título “Moda Consciente: vestuário produzido a partir

UNIVERSIDADE FEEVALE

ALESSANDRA GABRIELA MORAES

MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR DA TÉCNICA DE

MODELAGEM ZERO WASTE.

Novo Hamburgo

2017

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ALESSANDRA GABRIELA MORAES

MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR DA TÉCNICA DE

MODELAGEM ZERO WASTE.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial à

obtenção do grau de Bacharel em

Moda pela Universidade Feevale.

Orientador: Prof.ª Me. Bárbara Gisele Koch

Novo Hamburgo

2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Terra por existir e a oportunidade de viver nela;

À Universidade Feevale e ao curso de Bacharel em Moda;

À todos os professores que já passaram por minha vida e especialmente à minha

orientadora por sua dedicação e apoio;

Ao meu namorado, aos meus amigos e familiares que sempre me apoiaram, ajudaram

e acreditaram no meu potencial;

À Deus, força maior do universo que ilumina meu caminho;

E à mim mesma, por crer e lutar pelos meus sonhos.

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ALESSANDRA GABRIELA MORAES

Trabalho de Conclusão do Curso de Moda, com o título “Moda Consciente:

vestuário produzido a partir da técnica de modelagem zero waste”, submetido ao

corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do

Grau de Bacharel em Moda.

Aprovado por:

____________________________

Professora Me. Bárbara Gisele Koch

Professora Orientadora

____________________________

Professora Me. Renata Lodi

Banca Examinadora 1

____________________________

Professor Esp. Reinaldo Hedges

Banca Examinadora 2

Novo Hamburgo, Novembro de 2017.

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Palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de

magia, capazes de ferir e de curar.

(Alvo Dumbledore - Harry Potter e as Relíquias da Morte, J.K. Rowling)

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RESUMO

O presente trabalho tem como questão norteadora desenvolver o estudo da

técnica de modelagem zero waste, que consiste em organizar as modelagens sobre

o tecido para que se tenha o completo aproveitamento do mesmo, diminuindo os

resíduos têxteis. O objetivo geral deste trabalho é desenvolver uma coleção de moda

utilizando a modelagem zero waste. Desta maneira, utilizou-se o estudo de natureza

aplicada, realizado através da metodologia de pesquisa bibliográfica, a partir de

conteúdos de livros e artigos. Fazendo o uso do método indutivo, foram analisados

dados da nossa realidade, com objetivo explicativo e abordagem qualitativa com

coleta de dados para atribuição de significados. Assim, introduz e apresenta a

comparação entre a modelagem zero waste e a modelagem plana; demonstra um

estudo sobre tecidos ecológicos; relata o entendimento da importância do conforto e

ergonomia nas peças do vestuário, e expõe a sustentabilidade e o ciclo de vida de um

produto de moda. E ainda, apresenta uma pesquisa referente a marca inspiradora

Vetta e a possível concorrente Envido, que contribuíram para originar a marca autoral

Luminus de vestuário feminino. Para a qual foi desenvolvida, então, a coleção de

moda Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, utilizando a modelagem

zero waste, fazendo uso de tecidos ecológicos e reciclados, proporcionando uma

moda mais consciente, em que as descobertas obtidas neste trabalho contribuem de

forma positiva para este campo crescente.

Palavras-chave: Modelagem Zero Waste. Sustentabilidade na Moda. Ergonomia.

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ABSTRACT

This paper examines the significance of advancing the techniques of zero waste

modeling. The major practical objective of this study was to organize the modeling of

fabric to ensure that the complete usability of the model can be achieved through a

reduction in textile residues. The general aim of this work was to develop a fashion

collection using zero waste modeling. The methodology approach taken in this ‘nature

study’ explored bibliographical research from the contents of primary and secondary

sources such as books, journals and articles. In this way, and through qualitative

inductive methods, the study analyzed data of our reality, with an explanatory objective

and data collection for the attribution of meanings. Thus, the paper investigated the

usefulness of several advancements, these included the following; the comparison of

waste zero modeling and flat modeling, the investigation of ecological fabrics, the

examination of comfort and ergonomics in garments, and the sustainability and

lifecycle of a fashion product. The findings of this paper begin by laying out the

inspirational brand Vetta and competitor Envido by offering important insights of its

origin to the authorial brand Luminus of women's clothing. To which was developed,

the fashion collection ‘Reborn of the Being: to be time; to be sighing; to be human’, and

findings make an important contribution to the growing field of zero waste modeling

techniques as well as ecological and recycled fabrics which encourages a more

conscious fashion.

Keywords: Modeling Zero Waste. Sustainable fashion. Ergonomics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de chiton. Estátua de Eirene (a personificação da paz). ...... 16

Figura 2: New Look ................................................................................................. 18

Figura 3:Vestido por Madame Vionnet .................................................................. 20

Figura 4: 4A - Vestido Chinese Squares e 4B - Tecido inteiro. .......................... 21

Figura 5: Exposição Zero Waste Fashion Projects (Exposição Projeto de Moda

Zero Waste). ...................................................................................................... 22

Figura 6: Modelagem Plana no Audaces. .............................................................. 24

Figura 7: Holly McQuillan. ...................................................................................... 26

Figura 8: A- Modelagem TWINSET, e B- Vestido confeccionado. ....................... 27

Figura 9: Manual de modelagem Zero Waste. ....................................................... 29

Figura 10: Lista de atitudes sustentáveis. ............................................................ 34

Figura 11: Painel de Público-alvo. ......................................................................... 46

Figura 12: Exemplo de produto, blusa e suas maneiras de usar. ....................... 50

Figura 13: Exemplo de produtos da marca Envido. ............................................. 51

Figura 14: Macroetendência Natureza Humana. ................................................... 58

Figura 15: Tendência de consumo: Transição para o luxo não-material e Eco-

eficiência. .......................................................................................................... 59

Figura 16: Mapa Mental ........................................................................................... 60

Figura 17: Painel Temático. .................................................................................... 61

Figura 18: Cartela de Cores .................................................................................... 61

Figura 19: Elementos de estilo. .............................................................................. 62

Figura 20: Tingimento manual com anil. ............................................................... 65

Figura 21: Look 1. .................................................................................................... 69

Figura 22: Look 2. .................................................................................................... 70

Figura 23: Look 3. .................................................................................................... 71

Figura 24: Look 4. .................................................................................................... 72

Figura 25: Look 5. .................................................................................................... 73

Figura 26: Look 6. .................................................................................................... 74

Figura 27: Look 7. .................................................................................................... 75

Figura 28: Look 8. .................................................................................................... 76

Figura 29: Look 9. .................................................................................................... 77

Figura 30: Look 10. .................................................................................................. 78

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Figura 31: Plano de Coleção. ................................................................................. 79

Figura 32: Croquis desenvolvidos. ........................................................................ 80

Figura 33: Exemplo de ficha técnica de prototipagem. ....................................... 81

Figura 34: Primeiro look desenvolvido: cropped e pantacourt. .......................... 82

Figura 35: Maquinário utilizado. ............................................................................. 83

Figura 36: Moulage e protótipo, look 1. ................................................................. 84

Figura 37: Desenvolvimento da cropped, look 1. ................................................. 85

Figura 38: Desenvolvimento do bordado símbolo da marca Luminus. .............. 85

Figura 39: Cálculo de custo real da peça cropped, primeiro look. ..................... 86

Figura 40: Moulage e protótipo da pantacourt, look 1. ........................................ 87

Figura 41: Desenvolvimento da pantacourt, look 1. ............................................. 88

Figura 42: Modelagem e costura da pantacourt, look 1. ...................................... 88

Figura 43: Cálculo de custo real da peça pantacourt, primeiro look. ................. 89

Figura 44: Segundo look desenvolvido: casaco-vestido. .................................... 90

Figura 45 :Desenvolvimento do casaco- vestido, look 2. .................................... 91

Figura 46: Cálculo de custo real da peça casaco-vestido, segundo look. ......... 92

Figura 47: Terceiro look desenvolvido: cropped e saia. ...................................... 92

Figura 48: Cálculo de custo real da peça cropped do terceiro look. .................. 93

Figura 49: Desenvolvimento da cropped e saia, look 3. ...................................... 94

Figura 50: Cálculo de custo real da peça saia do terceiro look. ......................... 95

Figura 51: Quarto look desenvolvido: vestido assimétrico. ................................ 95

Figura 52: Desenvolvimento do vestido assimétrico, look 4. .............................. 96

Figura 53: Cálculo de custo real da peça vestido do quarto look. ...................... 97

Figura 54: Painel de beleza, iluminação e poses. ................................................. 98

Figura 55: Foto conceito e release da coleção. .................................................... 99

Figura 56: Desfile da coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser

humano. ............................................................................................................. 99

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: As cinco dimensões da sustentabilidade. .......................................... 33

Quadro 2: Impactos Ambientais e Sociais. ........................................................... 39

Quadro 3: Tecidos de menor impacto. .................................................................. 42

Quadro 4: Tecidos de menor impacto. .................................................................. 43

Quadro 5: Relação entre teoria e prática............................................................... 53

Quadro 6: Análise de Coleções anteriores. .......................................................... 54

Quadro 7: Parâmetros para a coleção. .................................................................. 56

Quadro 8: Comparativo de cores entre Luminus e marcas analisadas. ............ 63

Quadro 9: Comparativo de tecidos e aviamentos entre Luminus e marcas

analisadas. ........................................................................................................ 64

Quadro 10: Aviamentos .......................................................................................... 66

Quadro 11: Cartela de cores e respectivos tecidos. ............................................ 67

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 CONHECENDO A MODELAGEM ZERO WASTE ................................................ 16

2.1 DIFERENÇA ENTRE MODELAGEM ZERO WASTE E MODELAGEM PLANA ... 23

2.1.1 Estilista Holly McQuillan ................................................................................ 25

2.2 IMPORTÂNCIA DO CONFORTO E ERGONOMIA NAS PEÇAS DO VESTUÁRIO

.................................................................................................................................. 30

3 SUSTENTABILIDADE E CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO DE MODA ........... 33

3.1 TECIDOS ECOLÓGICOS E RESÍDUOS TÊXTEIS ............................................. 38

4. CRIAÇÃO DA MARCA DE MODA AUTORAL LUMINUS.................................... 45

5 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO DE MODA PARA A MARCA LUMINUS. . 52

5.1 BRIEFING DA COLEÇÃO ................................................................................... 52

5.2 DESENHANDO A COLEÇÃO. ............................................................................. 67

5.3 COLEÇÃO TOMANDO FORMA .......................................................................... 82

5.3.1 Comunicação da coleção .............................................................................. 97

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 101

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 105

APÊNDICES ........................................................................................................... 111

APÊNDICE A – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 1. .............. 112

APÊNDICE B – Ficha técnica de prototipagem da calça pantacourt, look 1. .......... 114

APÊNDICE C – Ficha técnica de prototipagem do casaco-vestido, look 2. ............ 116

APÊNDICE D – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 3. .............. 118

APÊNDICE E – Ficha técnica de prototipagem da saia, look 3. .............................. 120

APÊNDICE F – Ficha técnica de prototipagem do vestido, look 4. ......................... 122

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1 INTRODUÇÃO

A sustentabilidade é uma questão cada vez mais importante de ser abordada e

incluída na vida geral de todos os seres humanos, para que torne o mundo um lugar

mais saudável, em que cada um deve suprir suas necessidades presentes, de modo

que preserve o meio ambiente para proporcionar um vida saudável para as futuras

gerações. Devido a evolução, o ser humano tem a crença de que o planeta pertence

a ele, e que tem a liberdade de tomar tudo o que necessita, sendo uma crença

errônea, já que não somos os únicos seres que habitam este planeta. Desta forma,

além de mudar a maneira como se pensa, é necessário praticar ações que possibilitem

tornar o planeta mais sustentável. Sabendo que a indústria da moda é uma das

maiores do mundo e que mais cresce a cada ano, é de grande importância que ela

adote hábitos de produção mais limpa, bem como proporcionar ao consumidor

maneiras de consumo mais sustentáveis.

Assim, um dos grandes desafios dos designer de moda hoje é de criar peças

do vestuário pensando em todo o ciclo de vida do produto de moda. Desde a escolha

das matérias-primas, priorizando as cultivadas com trabalho justo e utilizando menos

químicos, como a técnica a ser utilizado para a modelagem e fabricação dessas

peças, além de pensar como esses produtos irão chegar ao consumidor, avaliando os

melhores meios de venda e transporte que poluam menos, além de prever a maneira

como os resíduos serão descartados pelo consumidor após o uso, dispondo assim,

por exemplo, de alternativas para o recolhimento e reciclagem.

Devido à isso, conforme Prodanov e Freitas (2013), foi elaborado este trabalho

de pesquisa de natureza aplicada, que procura produzir conhecimentos dirigidos à

solução do objetivo geral e objetivos específicos para aplicação prática em uma

coleção de moda. Utilizando o método indutivo sendo analisados dados da realidade,

com objetivo explicativo em que se procura identificar a técnica de modelagem zero

waste e seus procedimentos. De abordagem qualitativa com coleta de dados e

interpretação para atribuição de significados, e procedimento de pesquisa bibliográfica

fazendo a utilização de livros e artigos. Tendo como questão norteadora desenvolver

o estudo de modelagem zero waste, propiciando maior sustentabilidade nas peças do

vestuário feminino, diminuindo os resíduos têxteis e aumentando o ciclo de vida do

produto de moda, tendo como embasamento teórico este trabalho de pesquisa.

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Apresenta como objetivo geral criar uma coleção de moda utilizando o estudo

de modelagem zero waste. Sendo importante a pesquisa para confirmar essas

questões relevantes ao desenvolvimento dessa coleção de moda do vestuário

feminino, trazendo conhecimento sobre os assuntos abordados para o meio

acadêmico, em que poderão ser feitas consultas a este trabalho posteriormente, e as

informações modificarão a maneira como é desenvolvida uma peça do vestuário, bem

como a utilização das roupas, sendo assim, auxiliando na conscientização do

consumo de moda. Os objetivos específicos deste trabalho consistem em conhecer a

técnica de modelagem zero waste, comparando-a com a modelagem plana, definindo

a melhor técnica e que gera menos resíduos; Estudar tecidos ecológicos; Otimizar

conforto e ergonomia nas peças do vestuário feminino; Compreender a

sustentabilidade e o ciclo de vida de um produto; Pesquisar a marca inspiradora Vetta

e possível concorrente Envido; Criar a marca de moda autoral Luminus de vestuário

feminino.

Desta forma, o presente trabalho foi divido em seis capítulos, correspondentes

respectivamente aos objetivos específicos. Seu primeiro capítulo corresponde à

introdução, o segundo capítulo Conhecendo a Modelagem Zero Waste, referenciando-

se principalmente nos autores como Firmo (2014), Perez e Cavalcate (2014) e

Ruthschiling e Dias (2015), em que aborda os primórdios da técnica de modelagem

zero waste, utilizado na antiguidade, que com um pedaço inteiro de tecido se faziam

amarrações diretamente no corpo, formando uma roupa, com a seção secundária

nomeada de Diferença entre Modelagem Zero Waste a Modelagem Plana, conforme

Osório (2007), Sabrá (2014), apontando as diferenças e explicando porque a Zero

Waste é mais sustentável, e ainda com uma seção terciária Estilista Holly McQuillan,

que explica seu método de utilização da modelagem Zero Waste, e por último a

segunda seção secundária Importância do Conforto e Ergonomia nas Peças do

Vestuário, dando uma breve explicação do porque é necessário analisar a ergonomia

do corpo humano para aplicar o conforto nas peças do vestuário, proporcionando

satisfação ao consumidor, tendo referências em Grave (2010), Aldrich (2014) e Rosa

(2011).

O terceiro capítulo dessa pesquisa, Sustentabilidade e Ciclo de Vida de um

Produto de Moda, aborda as questões do que é sustentabilidade, por que ela é

importante para a sociedade, quais as maneiras de aplicá-la à moda, e também

entender como funciona o ciclo de vida de um produto de moda, para então planeja-

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lo sustentavelmente. Tendo como seção secundária Tecidos Ecológicos e Resíduos

Têxteis, onde são estudados os novos tecidos disponíveis pelo mercado que agridem

menos o meio ambiente, como algodão orgânico, PET (polímero,

Polietilenotereftalato, não biodegradável, muito utilizado como recipiente para

armazenar bebidas) reciclado, e porque utilizá-los, também fala sobre os resíduos

têxteis, que são o lixo criado a partir da confecção de peças do vestuário, mostrando

alternativas para reduzi-lo, elimina-lo ou recicla-lo, apresentando modos de ter uma

produção mais limpa. Se referenciando em Salcedo (2014), Freitas (2010) e Lee

(2009).

Após, vem o quarto capítulo, Criação da Marca de Moda autoral Luminus onde

explica-se primeiramente o que é uma marca, como criar, a partir de autores como

Guillermo (2012), Kotler (2008), Kotler at all (2010) e Nascimento e Lauterborn (2007).

Então apresenta a nova marca Luminus, sua missão, visão e valores, além de público-

alvo e seu mix de marketing, como também fala sobre a marca inspiradora Vetta, e

sua possível concorrente Envido. Tendo como seção secundária Encaminhamento

das diretrizes para a Coleção de Moda, onde faz a relação entre a teoria aprendida a

partir desse trabalho de pesquisa, e o que será utilizado na prática para criar então

uma coleção de moda feminina sustentável para a marca autoral Luminus.

O quinto capítulo deste trabalho é intitulado como Desenvolvimento da Coleção

de Moda para a Marca Luminus, onde foram aplicados na prática os estudos da

pesquisa. Recebe uma breve introdução sobre os assuntos que comportam esse

capítulo, e logo vem a primeira seção secundária, Briefing da Coleção, com

referências em Renefrew (2010), Jones (2011), Treptow (2013) e Fring(2012). Foram

realizadas pesquisas para delimitação do tema da coleção, relacionando a teoria com

a prática, pesquisando macrotendências e tendências de consumo. Criando o tema

de coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, conseguinte o painel

temático de onde foram retiradas as cores; elementos de estilo; cartela de materiais e

aviamentos da coleção. Sua próxima seção secundária, Desenhando a Coleção,

apresenta e descreve os dez croquis dos dez looks da coleção e o plano de coleção.

A última seção secundária deste capítulo, Coleção tomando forma, demonstra os

quatro croquis selecionados que melhor representam a coleção, e explica o

desenvolvimento destes.

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Como último capítulo deste trabalho de pesquisa e desenvolvimento, tem-se as

Considerações Finais. Em que é apresentado o encerramento dos assuntos com seus

resultados, a partir dos dados e fatos analisados e descritos nesta pesquisa.

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2 CONHECENDO A MODELAGEM ZERO WASTE

Para introduzir e conhecer a modelagem zero waste, precisa-se, entender um

pouco da história da vestimenta. Antigamente, as roupas eram projetadas a partir de

pedaços de tecidos em formas geométricas, sendo assim, aproveitada toda a

extensão dos tecidos. No Egito Antigo a cerca de 4.000 a.C. os egípcios vestiam o

Kalasiris - túnica de corte reto com apenas uma costura lateral e preso por duas alças

nos ombros -, na Roma Antiga a 753 a.C. os romanos usavam o Chiton, segundo Silva

(2014), uma túnica usada tanto pelo sexo feminino como pelo sexo masculino, uma

peça retangular e de grande tamanho que envolvia o corpo podendo chegar até ao

joelho ou tornozelo, tecido reto que era enrolado ou drapeado ao corpo que pode ser

visualizado na Figura 1. E o saree indiano conforme Marcucci (2010) é simplesmente

um tecido comprido, em que as mulheres enrolam sobre seus corpos, sendo mais um

exemplo desses modelos de indumentária que utiliza tecidos inteiros.

Foi no Renascimento, com início no século XIV e tendo continuidade até o

século XVI, que efetivamente o tecido é ajustado ao corpo através de cortes e recortes

no tecido, “onde os grandes avanços ocorridos neste período representam a base de

todos os processos metodológicos de modelagem da atualidade” (SOARES, 2009,

p.242 apud FIRMO, 2014, p.3). E a partir desse período não se tinha preocupação

com o descarte dos resíduos ou com a quantidade de tecidos utilizada para fazer uma

roupa.

Figura 1: Exemplo de chiton. Estátua de Eirene (a personificação da paz).

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, a partir de The Met Museum (2017, p.1)

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Assim, no século XVII surge o período Barroco, que conforme Cosgrave (2012)

as roupas passaram a ser mais fluídas, com movimento e silhueta mais natural. E

como a burguesia adotava as mesmas vestimentas da classe alta, criou assim, a

necessidade destas buscarem novos estilos para se diferenciarem, acelerando a

moda. Em que no próximo século, XVIII o período Rococó surgiu com mudanças

radicais no vestuário devido as Revoluções Americana e Francesa, em que as roupas

eram extravagantes e volumosas, e fabricadas por costureiras e chapeleiras, onde as

peças passaram a levar uma etiqueta com o nome do estilista (COSGRAVE, 2012).

Porém, nesse período, com a Revolução Industrial o tecido se tornou barato e

“descartável”, o qual não se via problemas no desperdício.

No século XIX, a moda mudou novamente onde surgiu a linha império, que

segundo Cosgrave (2012, p.191) “Sem a cintura marcada, o magnífico vestido de

Josefina apresentava as linhas fluídas da indumentária romana. A saia do vestido

descia a partir de uma fita fina que traçava um círculo completo abaixo do busto.” Além

de inovações tecnológicas, como a invenção da máquina de costura em 1846 que sua

venda democratizou a moda, e o serviço de envio por correio de moldes de papel para

a confecção de roupas.

Conforme o tempo foi passando, em algumas épocas se precisou pensar na

economia de tecidos para desenvolver peças do vestuário, bem como no pós Primeira

Guerra mundial, em que a estilista Claire McCardell (1905-1958) foi muito importante

para a indústria da moda americana. Ela usou tecidos de maneira inédita, chegando

inclusive a criar um vestido em que não se distinguia a frente das costas, onde a

cintura não era determinada e em que as amarrações é que possibilitavam o seu uso

diferenciado. Também as mudanças da moda trouxeram novas demandas estéticas,

que levaram os designers de vestuário a desenvolver peças muito elaboradas com

grande quantidade de tecidos e recortes, cujos moldes não podem ser facilmente

encaixados, gerando desperdício (RISSANEN; MCQUILLAN, 2011 apud PEREZ;

CAVALCANTE, 2014).

Ainda no século XX surgiram muitos estilistas e que são reconhecidos até os

dias atuais, como por exemplo, Chanel, Yves Saint Laurent, Calvin Klein e Versace.

Mas foi em 1947, pós Segunda Guerra Mundial, que Christian Dior trouxe uma roupa

que utilizava muitos metros de tecido e com a cintura marcada resgatando a

feminidade, a silhueta Corola, apelidada de New Look, visualizada na Figura 2. E foi

ele que mudou a maneira de consumir moda, pois as peças não eram mais

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encomendadas sob medida, mas sim, produzidas e vendidas pret à porter – prontas

para vestir - (COSGRAVE, 2012). Além disso, conforme Cosgrave (2012) esse

período foi marcado também pela tecnologia e grandes inovações como o cinema,

televisão, vídeo, computador, aparelhos de fax, escâner e a internet que surgiu nos

anos 2000. Aumentando assim, o conhecimento, a capacidade de comunicação e

globalização, bem como transformou o idioma inglês como universal.

Figura 2: New Look

Fonte: DIOR, 2017.

A atualidade está marcada pela tendência de moda rápida, mais conhecida

como fast fashion, que segundo Salcedo (2014, p. 26) “é uma prática de grandes

empresas internacionais de moda e redes de distribuição que conseguiram seduzir

sua clientela graças à atualização constante do design de suas peças e aos baixos

preços de seus produtos.”. Ou seja, o mercado oferece roupas cada vez mais baratas,

produzidas e vendidas em grandes quantidades, gerando um consumo acelerado,

desperdício de tecidos, descarte indevido de materiais têxteis, assim, criando grande

impacto ecológico negativo para o planeta.

No entanto, para o bem da humanidade, existem designers de moda que

pensam sustentavelmente, assim, nota-se que a modelagem zero waste vem

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ganhando força, podendo ser também um resgate da antiga história do vestuário.

Segundo Manzini e Vezolli (2002, p. 12 apud PEREZ; CAVALCANTE, 2014, p. 44)

O design de moda zero waste, por sua vez, enquadra-se na perspectiva das tecnologias limpas, pois modifica o processo de design, atuando, assim, diretamente sobre a fonte de geração de resíduos. Mas o zero waste pode também ser considerado uma estratégia para o desenvolvimento de produtos limpos, uma vez que considera o redesenho do vestuário e de sua modelagem.

Então, a modelagem zero waste – possivelmente traduzida para o português

como “desperdício zero”, ou até mesmo, “resíduo zero” – visa produzir uma peça do

vestuário utilizando todo o tecido ou reduzindo os recortes para que se diminua a

quantidade de resíduos têxteis. Essa técnica de modelagem segundo Duarte (2013,

apud FIRMO, 2014) “significa projetar e gerenciar produtos e recursos para evitar e

eliminar sistematicamente o volume e a toxidade dos resíduos e materiais, conservar

e recuperar todos os recursos e não queimar ou enterrá-los”.

Ou ainda, segundo Ruthschiling e Dias (2015) podemos dizer que o termo zero

waste se originou através da ideia japonesa de qualidade total de administração, que

visava reduzir os defeitos de fabricação de um produto, consequentemente reduzindo

também o desperdício e aumentando a produção. E conforme afirma Murray (2002

apud RUTHSCHILING; DIAS, 2015, p. 2)

O método zero waste tem como objetivo diminuir ao máximo a geração de lixo e pode ser feito através de duas formas: a) consumindo produtos funcionais e duráveis com valor agregado e cuidado do consumidor; b) através da reciclagem, onde o ideal é não produzir aquilo que não pode ser reciclado ou custa mais caro para isso. E para o desenvolvimento de produtos de moda podemos utilizar o método zero waste de duas formas: a) a modelagem da peça já é concebida através de formas cujo o aproveitamento da matéria-prima seja total; b) através do reaproveitamento de resíduos excedentes de outras produções em novos processos, como por exemplo as colagens têxteis.

Uma das possíveis pioneiras do uso consciente dos tecidos, mesmo que sem

ser diretamente com esse propósito, foi a Estilista Madame Vionnet (1876-1975). Que

em 1912 propôs peças fluídas e drapeadas, trabalhadas a partir de moulage1 e no

viés do tecido, em formas geométricas, normalmente com dois metros de largura, seu

design era parecido com as vestimentas romanas, o que pode ser conferido na Figura

3. Segundo Mendes e Haye (2009, apud FIRMO, 2014, p.4) “Vionnet era excepcional

1 Moulage, literalmente moldagem em francês, é a técnica de ajustar um tecido diretamente ao manequim no tamanho apropriado ou no próprio corpo da pessoa. Quando a forma e o tamanho estão corretos, o tecido é removido e copiado em papel, adicionando as costuras. Conforme Borbas, M.C; Bruscagim (2007).

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pelo fato de não costurar seus drapeados e esperar que as clientes executassem uma

série de manobras habilidosas para alcançar o visual desejado.”. Nota-se que ela

estava à frente de seu tempo, mesmo que nem todas suas criações utilizassem o

tecido por inteiro, já fazia em algumas peças o uso de modelagem sem desperdício,

além de propiciar liberdade para suas clientes utilizarem as peças.

Figura 3:Vestido por Madame Vionnet

Fonte: KIRKE apud FIRMO (2014, p. 4).

Mas a grande percursora da inovadora modelagem zero waste, conforme o

artigo de Firmo (2014) foi a canadense Dorothy Burnham (1911-2004), que em 1973

publicou um livro chamado Cut my cote, em que nele estão suas pesquisas históricas

sobre o vestuário, utilizando a reprodução de modelos usados durante o longo da

história da moda para reconstruir as peças, onde os tecidos são utilizados por inteiro,

agregando assim o valor de sustentabilidade ao produto.

A partir daí começam a surgir mais nomes que utilizam de recursos mais

sustentáveis para a elaboração de suas peças de vestuário. Bem como, ainda na

década de 70, a inglesa Zandra Rhodes, utiliza materiais orgânicos e faz trabalhos

manuais com estampas exclusivas. Tem enfoque no zero waste, justamente para

aproveitar melhor as estampas dos tecidos, como se pode reparar na Figura 4A, o

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vestido nomeado Chinese Squares tem estampa feita à mão, e apenas a ourela do

tecido foi retirada para melhor acabamento, além de pequenos recortes, conforme o

tecido inteiro com as demarcações, Figura 4B.

Figura 4: 4A - Vestido Chinese Squares e 4B - Tecido inteiro.

Fonte: Holly McQuillan (2011, p.1).

Um estilista inglês que também utiliza o princípio de quebra-cabeça para

montar as modelagens em cima dos tecidos, é o Mark Liu, ex-aluno da Universidade

Britânica Saint Martin’s College. Sua coleção que estreou na London Fashion Week

em 2007, teve o uso de zero waste que proporcionou destaque à ele, e desde sua

estreia, até atualmente, faz uso de pregas, de pontas arredondadas, e utiliza o corte

a laser para maior precisão e menor perda de tecido. (FIRMO, 2014).

Um grande avanço para a formação de estilistas conscientes, é uma cadeira

de zero waste oferecida pela Universidade de moda da cidade de Nova York, nos

Estados Unidos, a Parsons The New School of Design, onde os alunos aprendem a

utilizar o método para melhor aproveitamento dos tecidos, pensando

sustentavelmente, dados que podem ser confirmados pelo site oficial da

Universidade2. Em fevereiro de 2011 ocorreu a exposição “Zero Waste Fashion

Projects” (Projeto de Moda Zero Waste) na própria Universidade, com as criações dos

alunos com o tema de zero waste na criação de denim (Jeans), na qual uma das

criações pode ser visualizada na Figura 5.

2 Site The New School Parsons, disponível em: <https://www.newschool.edu/parsons/pastExhibitions1011/?id=17179871276>.

A B

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Figura 5: Exposição Zero Waste Fashion Projects (Exposição Projeto de Moda Zero Waste).

Fonte: Ecouterre (2011, p.1).

O Australiano Timo Rissanen é um dos professores responsáveis pelo curso, é

especialista na área, e relata que tudo começou durante a pesquisa de sua tese de

graduação sobre Madeleine Vionnet e sua influência nos estilistas como Claire

McCardell, Issey Miyake e Galliano, foi ali que ele percebeu a viabilidade da

eliminação completa de resíduos no design de moda e decidiu retomar o modo como

eram confeccionadas as peças do vestuário na Antiguidade. Assim seu método

consiste em utilizar a modelagem plana, fazendo o encaixe das bases dos moldes

como um quebra-cabeça, dispondo-as sobre o tecido e estudando as diversas

alternativas visando o aproveitamento do mesmo. Ele possui um site que leva seu

nome, em que informa sobre moda arte e sustentabilidade.3

Nota-se então algumas similaridades entre os métodos dos estilistas para criar

peças do vestuário através do modo zero waste, em que fazem a utilização de

modelagem plana ou então moulage, e assim, montando quebra-cabeças sobre os

tecidos para conseguir o melhor aproveitamento dos mesmos, gerando zero resíduos

têxteis, praticando a sustentabilidade na moda. E por mais que não haja grandes

pesquisas sobre o assunto, mesmo sendo utilizado antigamente, hoje ainda é um

3 Site Timo Rissanen, disponível em: <https://timorissanen.com>.

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tema novo, mas que vem crescendo e ganhando espaço. Segundo Perez e

Cavalcante (2014) há publicações científicas em sites ou jornais sobre o assunto, no

entanto, ainda são recentes, e poucos são os artigos escritos em português. E no

Brasil, conforme Ribeiro e Barcelos (2012 apud Perez e Cavalcante, 2014, p.42),

“ainda não possui designers de referência nesse segmento”. Talvez por isso pouco

conhecido em nosso país, além de muitas vezes o zero waste ser confundido com a

reutilização de resíduos, portanto a grande importância de novas pesquisas.

2.1 DIFERENÇA ENTRE MODELAGEM ZERO WASTE E MODELAGEM PLANA

Para que se possa comparar as duas modelagens, se faz necessária também

uma breve explicação do que é a modelagem plana, para assim, entender seu

funcionamento. Posteriormente, então, analisar as diferenças entre as duas

modelagens, comprovando possivelmente o melhor método e que propicia a

sustentabilidade na fabricação do vestuário.

É com a modelagem que se interpreta as ideias representadas por desenhos e

anotações dos estilistas, e o profissional que produz a modelagem e materializa as

ideias é chamado de modelista, Osório (2007) diz que:

Na verdade, a interpretação de modelagem é um processo, onde partes de molde que formam uma peça de roupa, possibilitam que o tecido plano seja transformado, após confeccionado, em uma forma tridimensional de produto que se amolda ao corpo. (OSÓRIO, 2007, p.19)

Para a confecção de uma modelagem plana é necessária uma tabela de

medidas do corpo humano, e o Brasil não possui um padrão de medidas da população

brasileira, podendo então ser ela especificada pelo próprio modelista, bem como

pesquisada conforme as normas da ABNT4 ou ISO5, e é usualmente composta por

nomenclaturas de tamanhos, como por exemplo, P, M, G para peças superiores e 38,

40, 42 para peças inferiores, conforme as medidas do corpo, um tamanho 40 teria,

por exemplo, 68 cm de circunferência da cintura (SABRÁ, 2014). Para desenvolver a

modelagem zero waste, bem como a moulage, também é levado em conta as medidas

do corpo humano.

4 ABNT: Sigla para Associação Brasileira de Normas Técnicas. 5 ISO: Sigla para International Stardartization Organization (Organização Internacional de Normalização em nossa tradução).

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Conforme Sabrá (2014) afirma, é de suma importância que o modelista que

deseja criar uma modelagem plana possua um conjunto de moldes básicos ou bases

de modelagem, de blusa; saia; manga e calça, que são moldes sem folgas e margens

de costura, e que reproduzem fielmente as medidas de um determinado corpo. E

então, a partir desses moldes bases são criadas as modelagens com folgas, ajustes

e acabamentos, para que posteriormente se possa encaixa-las sobre o tecido e corta-

lo para a fabricação de uma peça do vestuário. A modelagem pode ser executada

manualmente ou através do computador utilizando softwares6 como o CAD/CAM que

primam precisão, facilitando a combinação de moldes e automação da gradação de

tamanhos, facilitando o encaixe dos moldes sobre o tecido, poupando matéria-prima,

como o exemplo de utilização de software para organização das modelagens de calça,

representado pela Figura 6: Modelagem Plana no Audaces, onde indica 86,18% de

aproveitamento total do tecido, assim, gerando 13,82% de resíduos têxteis.

Figura 6: Modelagem Plana no Audaces.

Fonte: Google Images, 2017.

Existem algumas maneiras para desenvolver a modelagem zero waste, um

exemplo é de utilizar o processo de moulage primeiramente, e então passar do

tridimensional para o bidimensional, no papel, para que conseguinte as peças sejam

6 Software: Conjunto dos elementos que, num computador, compõe o sistema de processamento de dados; todo programa que se encontra armazenado no disco rígido. Segundo o Dicionário Online de Português, 2017, p.1.

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encaixadas sobre o tecido a ser cortado, e ter o total aproveitamento do tecido, sem

formar resíduos têxteis. Outra maneira é utilizar a modelagem plana, no papel, ou

fabricá-la através de softwares, que facilitam a montagem das peças, organizar as

modelagens no tecido a ser cortado, chegando também ao resultado de zero

desperdício.

Entende-se que ambos os tipos de modelagem proporcionam diversas

maneiras de serem manipuladas para transformar os tecidos, e para formar diversos

tipos de peças, conforme a criatividade do estilista e modelista. Um bom exemplo de

criatividade na modelagem é o estilista japonês Tomoko Nakamichi, que brinca com

as formas e ensina diversos métodos de modelagem plana através de manipulação e

recortes criados por ele. Nota-se, porém, que a modelagem zero waste traz maior

sustentabilidade para o vestuário, já que visa o inteiro aproveitamento dos tecidos,

pois durante seu desenvolvimento é pensando o seu encaixe por completo sobre o

tecido, manipulando-o também através de moulage, para que se diminuam ou

eliminem os resíduos têxteis. Diferente da modelagem plana, em que os moldes são

desenvolvidos para um bom design das peças do vestuário, e não avaliados seu

encaixe sobre os têxteis, tendo somente um melhor aproveitamento quando criados

através dos softwares, mesmo que apenas diminuindo os recortes, porém não

eliminando-os. Na verdade, o software agiliza o processo e o manual é muito

demorado.

Dados os itens incluídos até aqui, foi decidido pela pesquisadora, que o método

mais eficiente para a sustentabilidade na criação de uma coleção de moda, é a

utilização do método de modelagem zero waste. Pois este evita o desperdício de

tecidos e resultantes de resíduos têxteis.

2.1.1 Estilista Holly McQuillan

A partir de uma pesquisa realizada para conhecer os estilistas que fazem o uso

da técnica de modelagem zero waste, foi encontrada uma publicação de 2010 no site

do New York Times7 que apresenta os designers de moda que utilizam less-waste -

7 The New York Times: É um jornal diário estadunidense, fundado em 1835, e publicado continuamente

em Nova York pela The New York Times Company, e disponível também por assinatura online. A história do jornal está disponível em seu site: <http://www.nytco.com/who-we-are/culture/our-history/>.

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em nossa tradução seria menos desperdício – e zero waste, conforme em um

parágrafo específico que diz que o conceito demorou a chegar aos Estados Unidos, e

que a maioria dos designers de zero waste são de outros países:

Mas levou um tempo para chegar aos Estados Unidos. Quase todos os designers líderes de zero-desperdício ou menos desperdício são de outro país, incluindo Mark Liu, Julian Roberts e Zandra Rhodes na Inglaterra; Susan Dimasi e Chantal Kirby na Austrália; Ms. McQuillan na Nova Zelândia; E Yeohlee Teng, que está trabalhando em Nova York, mas nasceu na Malásia. (TIMES, 2010, p. 1, tradução nossa).

A partir dessa pesquisa, a estilista, pesquisadora e professora Holly McQuillan,

na Figura 7, foi selecionada como tema dessa seção terciária, escolhida como a

principal estilista inspiração dessa pesquisa para o uso de modelagem de desperdício

zero. Holly em seu site oficial8 na página about (sobre) explica que é palestrante na

Faculdade de Artes Criativas da Universidade Massey, em Welligton, Nova Zelândia.

Fala que sua pesquisa é focada em design sustentável dentro do contemporâneo, e

que desde seu Mestrado foca em zero waste para fazer moda sem desperdício. Fez

publicação de capítulos em livros, como em jornais e revistas, entre outros meios de

comunicação em vários países. Seu próximo projeto vai ser desenvolver a primeira

coleção de zero waste para um grande produtor de roupas, além de participar mais

no Projeto “The Cutting Circle” (O Círculo do Corte, nossa tradução) com os designer

de zero waste Timo Rissanen e Julian Roberts.

Figura 7: Holly McQuillan.

Fonte: Site Holy McQuillan (2017).

8 Site Holly Macquilian, disponível em: < https://hollymcquillan.com>.

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Holly faz o encaixe dos moldes sobre o tecido favorecendo o completo

aproveitamento do mesmo. Um tecido é recortado com o perfeito encaixe de

modelagens de peças diferentes, feitos por um software, como por exemplo, a Figura

8A mostra a modelagem zero waste TWINSET (nome do molde dado pela estilista)

que possui a montagem de moldes sobre o mesmo tecido para fazer três peças

diferentes: vestido, colete e calça. Na Figura 8B, observe o vestido confeccionado a

partir da montagem dos moldes da TWINSET9 recortados no tecido de 95% linho e

5% elastano.

Figura 8: A- Modelagem TWINSET, e B- Vestido confeccionado.

Fonte: Elaborado a partir do site Holly McQuillan (2017).

Como a estilista é também professora, em seu site ela disponibiliza um manual

de instruções criada por ela em 2010, para download, em que ensina a maneira como

fabricar essas modelagens para alcançar o desperdício zero. Segundo este arquivo,

9 TWINSET, modelagem e exemplos disponíveis em: <https://hollymcquillan.com/design-practice/twinset-embedded-zero-waste/>.

A B

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a primeira vez que em que se experimenta fabricar esse tipo de modelagem vai ser a

mais difícil, sendo necessário foco, saber o resultado que procura, como pretende

fazer e ao mesmo tempo ter a consciência de que pode sair diferente do planejado

durante o processo. É possível fazer a modelagem zero waste tanto com moldes de

papel, ou então, escanear os moldes em menor escala e vetorizar para utilizá-los

através de softwares como, por exemplo, o Adobe IIlustrator10, que facilita a

montagem e desmontagem dos blocos para encaixe. Para que se possa montar os

moldes é preciso escolher e medir o tecido que vai ser utilizado para a fabricação das

peças de vestuário, tanto para fazer a mão, quanto para colocar as medidas no

programa de computador, e quando estiver começando a utilizar esse método, é

possível experimentar faze-lo em escala menor. É preciso marcar duas linhas

paralelas entre si com a largura do tecido que está sendo usado, deixando espaço

suficiente para estendê-lo, podendo começar com a largura do tecido em 1,5 metros

a 2 metros de comprimento, então decidir o design final e quais as peças que serão

fixas, as de ombro são mais fáceis para o início, pois quanto mais peças fixas, mais

complexo é. Sendo interessante desenhar modelagens com formas agradáveis, como

curvas, gotas, lágrimas e até formas retas, sempre imaginando os encaixes

(MCQUILLAN, 2010, nossa tradução).

McQuillan prefere desenvolver peças de roupas com design mais inteiro e

limpo, mas conforme o gosto do designer é possível fazer moldes detalhados e

decorativos, podendo também criar peças simétricas ou assimétricas. Ela destaca

sobre o cuidado do caimento do tecido para desenhar as formas, tendo o cuidado em

sempre deixar margens de costura para o encaixe das peças, lembrando que todos

os lados dos moldes serão cortados. Mais uma dica que a estilista comenta, quando

utilizado software, é de empregar cores diferentes para as peças, por exemplo,

mangas em amarelo, corpo em vermelho, etc. Ela, muitas vezes imprime os moldes

em tamanho de folha A4, corta-os e cola com fita durex para conferir se eles encaixam

perfeitamente, ou se precisam de alguma modificação, para então serem impressos

em tamanho real, lembrando que a escala em tamanho menor não vai se comportar

igual a de tamanho real, mas funciona como um bom exemplo, (nossa tradução)

conforme dados disponibilizados por Holly McQuillan através de download em seu

10 Adobe Illustrator, software de design gráfico disponível em: <https://www.adobe.com>.

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site. A Figura 9: Manual de modelagem Zero Waste, mostra o resumo sucinto das

informações disponibilizadas pela estilista Holly McQuillan descritas aqui.

Figura 9: Manual de modelagem Zero Waste.

Fonte: Elaborado a partir de McQuillan, 2010.

Sendo assim, com as explicações e exemplo aqui apresentados, torna-se mais

simples o entendimento das etapas para construção de uma modelagem de

desperdício zero. Lembrando que esses passos foram criados pela estilista Holly

McQuillan, sendo apenas uma das diversas maneiras de praticá-la, e que segundo

ela, em resposta ao e-mail retornado para a pesquisadora, disse que “Para ser

honesta, grande parte é sobre a experimentação.”(nossa tradução), ou seja, que para

desenvolver esse método de modelagem, muito vai ser aprendido a partir de

experimentos e conforme o modelista for ganhando prática, pois a única coisa que

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deve permanecer é não haver desperdício têxtil. E o design desse tipo e das outras

modelagens varia conforme o gosto e criatividade de cada um.

2.2 IMPORTÂNCIA DO CONFORTO E ERGONOMIA NAS PEÇAS DO VESTUÁRIO

Para criar uma peça do vestuário, são diversos itens que devem ser levados

em conta, como por exemplo, a escolha de tecidos e de cores, e análise das

tendências de moda. E para produzir uma modelagem satisfatória, é de suma

importância entender também os aspectos ergonômicos do corpo humano para aplicar

à criação da peça, buscando produzir conforto ao usuário, levando assim, a satisfação

do mesmo ao vestir-se.

Grave (2004) explica que o corpo humano é composto de pele, ossos,

cartilagens, sistema nervoso, músculos, nervos, veias que circulam o sangue, possui

sistema respiratório, digestivo, urinário, genital, como se fosse uma máquina perfeita.

Para a execução de um movimento desejado, é necessária a ação de muitos músculos

por meio da coordenação motora, esses músculos são coordenados pelo sistema

nervoso central, ou seja, nosso cérebro. Sendo assim, o vestuário tem um papel

importante a cumprir pois o vestir-se é muito mais do que se proteger e se ornamentar,

então, para que todas as ações físicas praticadas por um ser humano sejam possíveis,

é imprescindível que a roupa que vestirá o corpo, seja desenvolvida com uma

modelagem que respeite os movimentos naturais do mesmo.

A ergonomia tem como nascimento considerado em 1949, quando Murrel reúne

em Oxford na Inglaterra, psicólogos, fisiologistas, engenheiros e médicos com o intuito

de estudar e adaptar os objetos e máquinas ao homem, e a partir daí a ergonomia

tornou-se um novo campo de estudo. E ainda conforme Martins (2008), ela está

relacionada ao nosso dia-a-dia, e a todos objetos que utilizamos, como por exemplo,

roupas, acessórios, equipamentos, utensílios domésticos e qualquer entorno e

ambiente ao qual um indivíduo habita. E ainda que “Leva em conta o ser humano,

suas habilidades, capacidades, limitações e suas características físicas, fisiológicas,

psicológicas, cognitivas, sociais e culturais” (MARTINS, 2008, p.319).

Então, pensando na ergonomia do corpo, para a criação de vestuário que

atenda às necessidades de conforto dos usuários, entra a questão de antropometria,

que segundo Iida (2016, p.182) “A antropometria trata das medidas físicas do corpo

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humano”. E ainda, a indústria de vestuário tem a necessidade de medidas

antropométricas cada vez mais detalhadas e confiáveis. Assim, de acordo com o

objetivo a ser alcançado, as medições do corpo humano variam de antropometria

estática, sendo a mais utilizada – onde as medições são realizadas com o corpo

parado -, antropometria dinâmica – com o sujeito realizando algum movimento –, e

antropometria funcional – com o sujeito realizando diversos movimentos corporais

para execução de tarefas. Também as medidas variam conforme o sexo feminino ou

masculino, bem como medidas das crianças e conforme o país e clima que o indivíduo

vive, sua etnia, e alimentação (IIDA, 2016).

Nota-se então, que além de projetar uma modelagem adequada, o vestuário

precisa atender a necessidades que vão além da ergonomia, requer atenção também

as necessidades fisiológicas do indivíduo para trazer conforto, como por exemplo, a

escolha de tecidos pode interferir muito no bem-estar do usuário conforme os

aspectos climáticos da região em que reside. Se vive em local quente necessita de

tecidos mais leves, como o algodão ou viscose, quanto que em locais mais frios se

faz um melhor uso de tecidos pesados, como a lã, jeans e materiais sintéticos. Quando

se escolhe um tipo de tecido para desenvolver uma peça do vestuário, deve-se avaliar

a durabilidade do mesmo, e pensar nos aspectos de manutenção da peça, facilitando

a vida do consumidor, sendo assim, Rosa (2011) afirma dizendo que:

[...] os aspectos climáticos de cada região devem ser considerados, no desenvolvimento do vestuário, pois por meio da escolha adequada de tecidos, as roupas podem oferecer proteção ao corpo, resistir ao desgaste físico, a cortes e a abrasão. Para que o vestuário proporcione, ao usuário, os aspectos de facilidade de manutenção, manuseio e uso é necessário que se tenha o cuidado de utilizar matéria-prima e componentes acessórios de boa qualidade e de fácil manutenção.”. (ROSA, 2011, p. 74)

Logo, Aldrich (2014) explica que é de grande importância que o designer de

moda tenha um vasto conhecimento sobre os tecidos, pois eles possuem

características que podem interferir de maneira positiva ou negativa sobre a

fabricação de uma peça de vestuário. São elas: peso, espessura, corte, caimento,

elasticidade e a densidade de fios (quantidade de fios dispostos na direção de trama

e urdume em determinado espaço, normalmente em um centímetro), além da escolha

de cor e estampas que costumam dominar as tendências de moda, e como disse a

Dr. Jenny Balfour-Paul - artista, escritora e palestrante, especialista em têxteis e

tingimentos -, “A cor é a primeira coisa que vemos, o aspecto mais definível e

dominante da beleza de um tecido.” (PAUL apud LEE, 2009, p.85).

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O caimento do tecido varia conforme o peso e espessura, existindo tecidos de

peso médio leve (ex: percal, satin); médio (ex: jeans, veludo); médio pesado (ex:

flanela, brim de linho) e pesado (ex: plush, feltro). Para a criação de uma correta

modelagem com ou sem acréscimo de folgas, ajustes e pences, indiferente de ser

plana, zero waste ou moulage, a escolha do tecido é fundamental para o bom

funcionamento da peça do vestuário pronta e para a adaptação aos movimentos do

corpo que a utilizará, sendo assim, para a conferência dos resultados é produzida uma

peça piloto que será vestida em um modelo de prova, avaliada e confirmada ou não

para a produção (ALDRICH, 2014).

Quando Grave (2010) relaciona a roupa como uma segunda pele, até mesmo

uma extensão do corpo, nos faz perceber a importância que a modelagem têm na

fabricação de uma peça do vestuário para trazer qualidade e conforto ao corpo que a

veste. O conforto a que é referido pode ser definido, conforme Slater (1997, p. 79-91,

apud BROEGA e SILVA, 2010, p. 60) como “a ausência de dor e de desconforto em

estado neutro”, ou seja, para o vestuário é algo que torna-se agradável ao corpo que

o envolve. Assim o conforto pode também ser separado e definido em quatro aspectos

diferentes:

Conforto Termofisiológico: traduz um estado térmico e de umidade à superfície da pele confortável, que envolve a transferência de calor e de vapor de água através dos materiais têxteis ou do vestuário;

Conforto Sensorial de “toque”: conjunto de várias sensações neurais, quando um têxtil entra em contato direto com a pele;

Conforto Ergonómico: capacidade que uma peça de vestuário tem de “vestir bem” e de permitir a liberdade dos movimentos do corpo;

Conforto Psico-Estético: percepção subjetiva da avaliação estética, com base na visão, toque, audição e olfato, que contribuem para o bem-estar total do portador (1997, p. 79-91, apud BROEGA e SILVA, 2010, p. 60).

Sendo assim, a partir dos itens especificados aqui - como dar atenção à

ergonomia do corpo humano, aos movimentos dos músculos, ao clima onde o

indivíduo vive, fazendo a escolha certa de tecidos - é que se atende as necessidades

do usuário, proporcionando o contentamento do mesmo.

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3 SUSTENTABILIDADE E CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO DE MODA

Conforme o tempo passa, o tema sustentabilidade vem ganhando força,

contudo, os problemas que cercam nosso planeta já vêm de anos trás. É necessário

entender a importância da sustentabilidade para a humanidade, para que assim,

possamos pensar em maneiras mais eficientes para exercer um mercado de moda

mais consciente. Conforme Freitas (2010, p.41), “Numa frase: a sustentabilidade, bem

assimilada, consiste em assegurar, hoje, o bem-estar físico, psíquico e espiritual, sem

inviabilizar o multidimensional bem-estar futuro.”. Ou seja, ser capaz de satisfazer

suas necessidades presentes, sem comprometer as das gerações futuras. Sendo

assim, são cinco conceitos – social, cultural, ambiental, econômica e política/jurídica

- imprescindíveis que a sociedade deve praticar para que se realize o desenvolvimento

sustentável socialmente justo, democrático e ambientalmente seguro, estes estão

explicados no Quadro 1.

Quadro 1: As cinco dimensões da sustentabilidade.

AS CINCO DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE

SOCIAL Acesso aos direitos sociais fundamentais, como igualdade social, renda justa, saúde, educação, habitação e segurança.

CULTURAL Valorização da variedade cultural, respeito as tradições e busca por inovações tecnológicas.

AMBIENTAL Obediência ao ciclo natural da vida e sua renovação, suprindo as gerações atuais sem prejudicar as futuras, respeitando os limites da natureza.

ECONÔMICA Utilizar políticas de produção e consumo sustentáveis, propiciando o equilíbrio econômico e ambiental para a qualidade de vida da sociedade.

POLÍTICA/ JURÍDICA

Acesso aos direitos sociais fundamentais e à democracia, sendo a busca pela sustentabilidade um dever e direito de cada cidadão.

Fonte: Elaborada pela pesquisadora, a partir de Serrão 2014 e Freitas 2011.

Porém, durante a evolução, aprendemos a pensar que nossa espécie é

superior às demais, além de acreditar que a natureza provem de recursos eternos

para nós. O que não é verdade, sendo que o planeta viveria muito melhor sem os

seres humanos, no entanto, nós não conseguiríamos viver sem a natureza. Ao invés

de superiores, somos melhor classificados como intrusos. Conforme Salcedo (2014),

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a maneira como vivemos, consumimos, e gerimos nossas empresas está nos

direcionando a um colapso econômico e ambiental, causando assim, grande impacto

sob o meio ambiente. Lee (2009, p.7) disse que a indústria de moda é a terceira ou

quarta maior do mundo, isso em 2009, em 2014, segundo Salcedo (2014, p.25), “o

setor têxtil e de vestimentas é parte importante do comércio mundial, sendo o segundo

setor de consumo, atrás apenas do setor de alimentos, em que aproximadamente um

em cada seis trabalhadores da população mundial trabalham para a indústria têxtil”.

Atualmente, um dos grandes desafios dos estilistas é conseguir solucionar os

problemas da indústria da moda, como por exemplo, desenvolver produtos para

exercer uma moda mais sustentável. Sendo necessário realizar boas práticas sociais

e ambientais, pensando na redução da produção e consumo, que conforme Salcedo

(2014) dentro da moda mais consciente estão interligadas a Ecomoda – roupas feitas

com menos danos ao meio ambiente -, a Moda Ética – pensada na saúde dos

trabalhadores e consumidores -, e o Slow Fashion – moda lenta que dura mais, com

qualidade e consciência de todos -. Para exercer esses conceitos, é preciso inovar,

como por exemplo, na figura 10: Lista de atitudes sustentáveis.

Figura 10: Lista de atitudes sustentáveis.

Fonte: Elaborado a partir de Salcedo, 2014.

1

•Pensar na desmontagem das peças do vestuário, para que seja possível a reciclagem, além de procurar utilizar tecidos compostos por apenas um material, e

utilizar acessórios de fácil remoção.

2•Criar laços emocionais entre as peças e os consumidores da marca.

3•Pensar no bem estar dos produtores.

4

•Reduzir ou acabar com os resíduos têxteis, como fazer a utilização da modelagem zero waste.

5•Produzir peças duráveis e atemporais.

6•Lembrar do papel do usuário, informando a maneira adequada para a manutenção

das peças.

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Desta maneira, é importante a compreensão do ciclo de vida de um produto de

moda para que seja possível pensar diferente, para que o ciclo se feche e que no final

se diminua os resíduos têxteis, otimizando assim, o produto de moda, trazendo maior

durabilidade e sendo mais sustentável. Pois a economia precisa mudar e transformar-

se para o bem-estar da humanidade e do meio ambiente. Serrão (2014) diz que na

área da moda são várias ações que promovem a sustentabilidade, e que podem

substituir o processo de produção prejudicial para o meio ambiente, como por

exemplo:

Tecido feito a partir de garrafas PET ou fibra de bambu; Uso de tintas com resinas especiais livres de PVC; Uso de embalagens de resíduos do próprio processo produtivo da roupa; Sapatos com solado de pneu e feitos com lona reciclável; Estampas contra a matança de animais, como ursos polares e focas; Uso de couros alternativos, como couro de tilápia e o couro vegetal; Uso de tecidos de fibra de algodão in natura; Utilização de peças customizadas e valorização do estilo vintage (brechós); Dê preferência às peças produzidas por pessoas de comunidades, como rendeiras e artesões, que não encontram espaço em grandes corporações (SERRÃO, 2014, p.176).

Lee (2009) fala que a moda costumava ser separada por duas estações,

Primavera/Verão e Outono/ Inverno, porém, com o fast fashion hoje, alguns varejistas

oferecem de 12 a 15 estações todos os anos. Estas são normalmente cópias dos

lançamentos das grifes de alta costura nas passarelas, e produzidas através do

trabalho excessivo, em péssimas condições e mal pago, com o trabalho escravo de

adultos e crianças, para baixar o custo de produção e chegar com preço baixo ao

consumidor, fazendo com que as peças percam qualidade e sejam descartáveis, e

isso acontece porque o consumidor compra. Conforme Lee (2009), felizmente há um

aumento na preocupação do consumidor para com quem faz suas roupas, como

essas pessoas são tratadas e como o processo afeta o meio ambiente, conseguinte

aumentando a compra de produtos comercializados de forma justa e sustentável.

Seguindo essa tendência, foi que em 2013 surgiu o Fashion Revolution Day.

Um movimento criado por um conselho global de líderes da indústria da moda

sustentável, devido ao desabamento do edifício Rana Plaza em Bangladesh no dia

24 de abril de 2013 que deixou 1.133 mortos e 2.500 feridos, onde

funcionavam cinco fábricas de vestuário para grandes marcas globais, em que as

vítimas foram em sua maioria mulheres jovens. A campanha surgiu com o objetivo de

aumentar a conscientização sobre o verdadeiro custo da moda e seu impacto em

todas as fases do processo de produção e consumo, mostrando que é possível

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fazer uma moda mais saudável, limpa, e transparente. E desde então pessoas do

mundo todo se reúnem nesse movimento, que a cada ano ocorre uma semana de

Fashion Revolution com palestras, workshops11 e debates, em mais de 90 países,

incluindo o Brasil, o qual em 2017 ocorreu entres os dias 24 e 30 de abril. Essas

informações podem ser conferidas no site12 oficial do movimento, em que a co-

fundadora Orsola de Castro, completa fazendo um convite:

“Nós queremos que você pergunte: “Quem Fez Minhas Roupas?”. Essa ação irá incentivar as pessoas a imaginarem o “fio condutor” do vestuário, passando pelo costureiro até chegar no agricultor que cultivou o algodão que dá origem aos tecidos. Esperamos que o Fashion Revolution Day inicie um processo de descoberta, aumentando a conscientização sobre o fato de que a compra é apenas o último passo de uma longa jornada que envolve centenas de pessoas, realçando a força de trabalho invisível por trás das roupas que vestimos”.

Então, o ser sustentável está muito ligado ao o que consumimos, e para que se

possa escolher melhor, é necessário entender sobre o ciclo de vida do produto. Na

moda o ciclo se refere a todo o desenvolvimento do produto, desde a produção da

matéria-prima utilizada, até o fim da vida do produto e o que acontece com seus

resíduos, como se pode notar no exemplo de ciclo de vida de um produto de moda no

Gráfico 1. Salcedo (2014) fala sobre um método de avaliação do ciclo de vida

chamado de ACV usado por empresas para poder avaliar os impactos do produto sob

o meio ambiente, buscando diferentes alternativas que levem a sustentabilidade. A

ACV pode ser utilizada para: a) determinar e controlar os aspectos ambientais mais

significativos; b) estabelecer uma linha-base para a comparação; c) estabelecer os

objetivos de sustentabilidade; d) comunicar as melhoras (SALCEDO, 2014, p.20).

11 Workshop: Palavra inglesa que em português chama-se Oficina. Reunião de trabalho, ou de treinamento, no qual os participantes discutem e/ou exercitam determinadas técnicas numa área específica. (Dicionário Informal, 2017) 12 Site Oficial: Fashion Revolution, disponível em: <http://fashionrevolution.org/country/brazil/>.

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Gráfico 1: Ciclo de vida de uma peça de roupa.

Fonte: Adaptado a partir de Salcedo, 2014, p.19.

Salcedo (2014) tem muito a ensinar dizendo que passou de ver o mundo de

maneira individualista para ver no coletivo, praticando uma das dimensões da

sustentabilidade, como ela chama de “ME para WE” (me= eu, we= nos). Ou seja, como

os seres vivos respiram o mesmo ar, assim, os problemas dos outros passam a ser

de todos, tornando-se necessário avaliar a situação socialmente geral e não somente

pessoal. Tornando-se indispensável também passar a ver as coisas de maneira

circular, imaginado que onde uma “vida” termina pode ser o começo de outra,

procurando fazer com que o ciclo dos produtos de moda sejam prolongados e que se

tornem fechados.

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3.1 TECIDOS ECOLÓGICOS E RESÍDUOS TÊXTEIS

Quando se fala em sustentabilidade, é inevitável falar sobre tecidos ecológicos

e resíduos têxteis, pois o tecido é a principal matéria-prima utilizada na fabricação do

vestuário, e os resíduos têxteis são as sobras dessas matérias-primas utilizadas,

sendo eles o resultado dispendioso de uma fabricação elaborada pela modelagem

tradicional, a plana. E para que se possa produzir sustentavelmente uma peça do

vestuário é importante também conhecer e fazer o uso de tecidos ecológicos, que são

disponibilizados hoje pelo mercado da moda consciente, bem como o estudo é

favorecido pelas novas tecnologias, em que esses tecidos vem ganhando espaço a

partir da onda de conscientização da indústria, comércio e consumidores de moda.

Mas por que falar sobre tecidos ecológicos? Vejamos que: devido à grandeza

da indústria têxtil, e as tendências de consumo acelerado que estão enraizadas na

sociedade, são muitos os efeitos que contribuem para um sistema insustentável,

gerando impactos ambientais e consequentemente sociais, os quais estão descritos

no Quadro 2. Na indústria da confecção de moda, conforme Salcedo (2014), devido a

maneira como é feito o planejamento e montagem das modelagens sobre o tecido, e

a execução do corte das peças, se geram pedaços de tecidos, os resíduos têxteis,

que por consequência de seu formato e tamanho muitas vezes não podem ser

aproveitados, ou então a maneira mais fácil para as empresas é descarta-los, o que

muitas vezes é feito de maneira imprópria, descartando-os em lixões ao invés de

serem destinados para a reciclagem, assim, contaminando o solo e poluindo o meio

ambiente. Conforme Ferreira at all (2015 p. 40) “Das 175 mil toneladas de resíduos

geradas ao ano no Brasil, apenas 36 mil toneladas são reaproveitadas na produção

de barbantes, mantas, novas peças de roupas e fios, o que equivale a 20% das

sobras.”. Nota-se então que os outros 80% simplesmente não ganham nenhum fim

ecológico.

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Quadro 2: Impactos Ambientais e Sociais.

IMPACTOS AMBIENTAIS IMPACTOS SOCIAIS

QUÍMICOS ÁGUA GASES DE EFEITO ESTUFA

CONDIÇÕES DE TRABALHO

Poluição de rios e mares com o uso excessivo de produtos químicos na produção e extração de matéria-prima e produção de fios e têxteis.

Uso intensivo de água nas etapas de produção dos produtos têxteis e na manutenção dos mesmos.

O tipo de energia e a quantidade utilizada na fabricação, produção, transporte e manutenção, emitem gás carbônico e outros de efeito estufa.

Muitos trabalhadores do setor têxtil sofrem com as más condições do trabalho, como insegurança, exploração, além de trabalho infantil e escravo. Representando injustiça social e atentado ao bem-estar da humanidade.

RESÍDUOS SÓLIDOS

TERRA E ENERGIA

BIODIVERSIDADE IDENTIDADE CULTURAL

QUÍMICA [Qu]

Lixo gerado pela produção das peças, embalagem e descarte.

Muitos têxteis são derivados do petróleo, um recurso finito. A fabricação de matérias-primas acaba utilizando muito a terra, deixando de poder ser utilizada para cultivo de alimentos.

A biodiversidade é afetada pelo cultivo de sementes transgênicas, fazendo com que se percam as espécies não transgênicas.

A invasão dos países desenvolvidos com uma moda de monocultura nos países em desenvolvimento, ameaça a identidade cultural e as vestimentas tradicionais desses países menos favorecidos.

Os produtos químicos, como os inseticidas utilizados nas plantações de matéria-prima para o vestuário são tóxicos e alguns letais. Trazendo risco à saúde tanto dos trabalhadores, quanto dos consumidores.

Fonte: Adaptado a partir de Salcedo, 2014.

Além do problema dos resíduos têxteis gerados na produção dos produtos, as

próprias peças são descartadas muitas vezes indevidamente pelos consumidores do

mesmo modo que fazem as confecções. Muito desse problema de grande descarte

de peças é gerado pela má qualidade dos produtos, roupas muito baratas e as

tendências e coleções que são colocadas nas lojas em prazos cada vez mais curtos,

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gerando um consumo acelerado, consequentemente fazendo com que haja maior

acúmulo de roupas descartas. Contudo existem algumas possibilidades para as

empresas atuarem para reverter o descarte incorreto desses materiais, logo, Salcedo

(2014) comenta que o número de marcas varejistas que tem interesse pela gestão de

resíduos vem crescendo, utilizando sistemas de devolução de peças usadas, caixas

de recolhimento localizadas nas lojas, em que os consumidores ganham desconto

para comprarem novas peças. Então, quando as caixas de devolução estão cheias,

os resíduos são enviados à empresas especializadas que os processam, onde são

classificados como produtos que serão reutilizados, destinados a uso industrial, ou

reciclados e transformados em novos fios têxteis para fabricar outros produtos, não

gerando resíduos.

A partir de pesquisas realizadas, foi encontrada uma cooperativa que trabalha

pela economia circular na moda, com foco em realizar o ciclo de vida fechado para o

produto de moda, buscando a reciclagem de resíduos têxteis. Essa Cooperativa se

chama Circle Economy13, funciona online e possui sede física em Amsterdã, na

Holanda. Seu Programa Circular Têxtil foi lançado em 2014 e utiliza a tecnologia

Fibersort14, uma máquina que em questão de segundos separa as peças de roupas

descartadas conforme sua fibra têxtil, para assim, ser reciclada e se tornar um novo

tecido. Também trabalha com um mercado online de recuperação, reutilização e

revenda de materiais têxteis, em que diversas grandes marcas já são parceiras, sendo

a C&A Foundation uma das patrocinadoras.

Salcedo (2014) explica que as três fibras mais produzidas mundialmente são

em primeiro lugar o poliéster com 45% da produção total - sendo uma fibra sintética

produzido à partir de petróleo e produtos químicos -, em segundo lugar o algodão com

32% - fibra natural extraída através de plantas -, e em terceiro lugar a viscose

ocupando 4% da produção – fibra artificial, produzida pela extração de material natural

passado por uma transformação química -. Nota-se então que o maior consumo hoje

está baseado em um têxtil produzido a partir de um recurso natural não renovável, o

segundo maior em uma fibra natural, o algodão, sendo que seu cultivo leva

agroquímicos, além de produzido com trabalho infantil, e causando a degradação da

13 Circle Economy: para mais informações visitar o site da empresa, disponível em: <http://www.circle-economy.com>. 14 Fibersort: Tecnologia criada pela empresa Valvan Baling Systems, localizada na Bélgica. Para mais informações sobre a tecnologia, acessar o site da empresa, disponível em: <http://www.valvan.com/products/equipment-for-used-clothing-wipers/sorting-equipment/fibersort/>.

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biodiversidade devido ao seu monocultivo, bem como também o terceiro maior ser a

produção de viscose, que depende da celulose das árvores gerando grande

desmatamento; alto uso de água e energia, e químicos que contaminam a água.

Conseguinte todos causando danos enormes ao meio ambiente e a população.

Para que se possa amenizar essa realidade, pensando no bem maior do futuro,

a indústria da moda precisa reduzir esses impactos. Por exemplo: reduzir a utilização

de água e energia na fabricação e manutenção das peças; reduzir a quantidade de

produtos químicos utilizados para o tingimento de tecidos e na produção das matérias-

primas; utilizar com sabedoria os materiais tentando reduzir os resíduos têxteis; além

de aumentar a vida do produto de moda; como também proporcionar condições de

trabalho justas e seguras, e assim, praticar novos modelos de negócios que sejam

sustentáveis. Isso pode ser chamado de praticar uma PL (Produção mais Limpa) que

são meios de se produzir evitando o impacto ambiental, conforme o Ministério

Brasileiro do Meio Ambiente15 (2017, p.1):

Por meio das metodologias e tecnologias de PL tem sido possível observar a maneira pela qual cada processo de produção pode se tornar mais limpo e mais eficiente, seja na economia de água, na redução da energia utilizada, na quantidade de matéria prima, ou ainda na geração intermediária ou final de resíduos. Hoje os desafios estão antes e depois do processo de produção, isto é, no ecodesign - no próprio desenho dos produtos, na substituição de materiais e nas embalagens.

Mas, ao longo da última década, esse conceito de PL, passou a integrar

questões sociais correlacionadas as ambientas, e agora é chamado de PCS

“Produção e Consumo Sustentáveis”. Especificamente, segundo o Ministério

Brasileiro do Meio Ambiente (2017, p.1) são consecutivamente:

[...] "produção sustentável" pode ser entendida como sendo a incorporação, ao longo de todo o ciclo de vida de bens e serviços, das melhores alternativas possíveis para minimizar impactos ambientais e sociais. Acredita-se que esta abordagem reduz, prevenindo mais do que mitigando, impactos ambientais e minimiza riscos à saúde humana, gerando efeitos econômicos e sociais positivos. [...] O Consumo Sustentável envolve a escolha de produtos que utilizaram menos recursos naturais em sua produção, que garantiram o emprego decente aos que os produziram, e que serão facilmente reaproveitados ou reciclados. Significa comprar aquilo que é realmente necessário, estendendo a vida útil dos produtos tanto quanto possível. Consumimos de maneira sustentável quando nossas escolhas de compra são conscientes, responsáveis, com a compreensão de que terão consequências ambientais e sociais – positivas ou negativas [...].

15 Ministério do Meio ambiente, Governo Federal do Brasil. Disponível em: <http://www.mma.gov.br>.

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E quando se utiliza tecidos ecológicos, é uma maneira de suavizar a situação

atual, pois na produção desses tecidos, se atende as questões de PL. Mas quais são

as melhores opções de tecidos ecológicos que temos disponíveis no mercado?

Felizmente com as novas tecnologias e pesquisas ficou mais fácil produzir e comprar

esses tecidos, é importante conhecer algumas das opções de menor impacto

ambiental e social que foram citadas por Salcedo (2014), e inseridas no Quadro 3:

Tecidos de menor impacto.

Quadro 3: Tecidos de menor impacto.

(Continua)

ALTERNATIVAS TECIDOS DE MENOR IMPACTO

AO

POLIÉSTER

POLIÉSTER RECICLADO: Reduz a utilização do petróleo virgem, economiza energia em até 85% e diminui a emissão de gás carbônico entre 35% e 75%.

BIOPÓLÍMEROS: Materiais sintéticos criados a partir de materiais renováveis, como a cana-de-açúcar, milho e óleo de rícino. Mas não tão bons devido ao desmatamento para plantio da matéria-prima e uso de transgênicos.

AO ALGODÃO

ALGODÃO ECOLÓGICO: Produzido com os padrões da agricultura orgânica, em harmonia com a natureza, sem agroquímicos perigosos ou sementes modificadas. O solo fica conservado, reduz o uso de água e evita sua contaminação e dos alimentos. Menor emissão de gases de efeitos estufa, reduz risco para a saúde dos agricultores e suas famílias.

ALGODÃO FAIRTRADE: Algodão de comercio justo produzido por agricultores de pequenas cooperativas e empresas familiares, preço mínimo garantido, não utilizam agroquímicos ou transgênicos, recebem cinco centavos de dólar por quilo vendido que é revertido em educação, serviços médicos e empréstimos.

ALGODÃO RECICLADO: Fabricado a partir de reciclagem de fios ou tecidos, mais utilizada, e reciclagem de roupas usadas ou descartadas. Resultam em fibras curtas, por isso são misturados a fibras virgens, representando de 20% a 30% da composição de tecidos planos e até 50% em circulares. Se misturados ao poliéster ou acrílico podem chegar a 80% da composição do tecido.

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Quadro 4: Tecidos de menor impacto.

(Conclusão)

À VISCOSE

TENCEL: Marca registrada pela empresa Lenzing, fibra de Lyocell- fibra obtida através da celulose da madeira do eucalipto, criados sustentavelmente, utilizando menos 20% de água que na produção da viscose. É utilizado um solvente orgânico que pode ser reutilizado em até 99% e não toxico para transformar a polpa da madeira em fibra.

MODAL: Da marca Lenzing, é mais resistente à água do que a viscose, feito a partir da madeira de faia de plantações europeias, com alvejamento de oxigênio que não agride o meio ambiente, fibra neutra em gás carbônico, totalmente biodegradável.

OUTRAS

LINHO: Cultivo de rápido crescimento, normalmente não requer irrigação, usa metade dos pesticidas e fertilizantes comparados aos do algodão e causa menor impacto quando produzido por orvalho e fiação úmida e por agricultura ecológica. Oferece regulação térmica.

URTIGA: Cresce com facilidade, utiliza água da chuva, e mínimos fertilizantes e não requer substâncias químicas. Suas fibras são tão resistes quanto o algodão e até 50% mais leves. Mais produzidas na Europa com respeito social e ambiental.

CÂNHAMO: Cresce em solos pouco férteis e dispensa irrigação. Muito resistente, não precisa de pesticidas ou herbicidas. Suas raízes previnem a erosão do solo. Suas folhas e talos são eixados no campo para manter o solo saudável, podendo cultivar outras coisas. Durável, igual ao linho são de menor impacto.

Fonte: Elaborado a partir de Salcedo, 2014, p. 61-66.

Além das alternativas de tecidos de menor impacto listados no Quadro 3,

existem outras fibras que são disponibilizadas pela indústria têxtil. Como por exemplo,

tecidos fabricados a partir da reciclagem de garrafas PET (polímero,

Polietilenotereftalato, não biodegradável, muito utilizado como recipiente para

armazenar bebidas), produzidos por empresas Brasileiras como a Lonatex16,

16 Lonatex Têxtil: Tecidos Ecológicos. Disponível em: <http://www.lonatex.com.br/>.

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Ecosimple17 e Maxitex18, bem como tecidos desenvolvidos a partir da fibra do bambu,

sendo a empresa Bamboo19 uma fabricante desse têxtil no Brasil. Também estão

surgindo no mercado internacional muitos tecidos que são fabricados a partir das

fibras extraídas de alimentos, utilizando de matéria-prima a fibra da proteína do leite,

como também fibras do coco; abacaxi, laranja; banana e uva - a empresa Italiana

Vegea20 extrai da uva sua fibra e óleo para fabricar couro vegetal, sendo uma

alternativa de crueltyfree (sem crueldade com os animais) e ecológica pois utiliza as

uvas que não seriam consumidas para a fabricação de vinhos, evitando o desperdício

- . E outros elementos são utilizados para fabricar tecidos, como a quitina, elemento

derivado da casca do caranguejo, que é misturado à viscose para se transformar em

tecido, esse registrado pela empresa Suíça SwicoFil21 como Crabyon é antibacteriano

e antimicrobiano, evitando odores, muito confortável e biodegradável.

Enfim, são diversas as possibilidade de escolha para produzir peças do

vestuário pensando no melhor aproveitamento do tecido para assim evitar que

resultem muitos resíduos têxteis. Escolhendo de preferência tecidos ecológicos, bem

como produzir e consumir conforme os ideais de Produção e Consumo Consciente,

pois quando cada um faz sua parte respeitando os aspectos sociais e ambientais, se

torna mais fácil alcançar a preservação do meio ambiente.

17 Ecosimple: Tecido Sustentável. Disponível em: <http://www.ecosimple.com.br>. 18 Maxitex. Tecidos Ecológicos. Disponível em: <http://www.maxitex.com.br>. 19 Bamboo Têxtil. Tecidos de Bambu. Disponível em: <http://www.bambootextil.com.br>. 20 Vegea: Vegetal leather (couro vegetal em nossa tradução). Disponível em: <http://www.vegealeather.com/>. 21 Swicofil: Empresa Têxtil. Disponível em: <http://www.swicofil.com>.

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4. CRIAÇÃO DA MARCA DE MODA AUTORAL LUMINUS

Define-se como marca, segundo Guillermo (2012), o nome e logo destinados à

uma empresa, e um dos principais itens que dão início à criação da empresa, sendo

relacionada aos serviços que oferecem, e definida pelos sócios e inserida nos

documentos de abertura do negócio, mas não somente isso. Guillermo (2012, p. 10)

também explica que

“A marca não é apenas um nome e logotipo, como o design não se destina apenas a aspectos visuais e decorativos. A marca carrega relações com o universo cultural e tecnológico, com todas as formas de linguagem, comunicação e informação. É relacionada a produtos e serviços. É algo que surge para dar vida a um ou vários aspectos de um mercado ou segmento e, por ser viva, deve ser atualizada, repensada e acompanhada.”.

Para a criação de uma marca de sucesso, segundo Kotler (2008), sua

construção, consolidação e expansão precisam ser transparentes, consistentes e se

adaptarem ao espaço em que atuam, preocupando-se com a concorrência e utilização

da tecnologia. Sendo necessário seguir uma sequência de passos, primeiramente

planejando a marca e sua autenticidade; clareza; visibilidade e consistência,

posteriormente analisando a marca, em que se cria a missão; visão e valores, em

seguida, na estratégia se decide para qual público irá atuar, então se constrói a marca

planejando produto; preço; praça e promoção, e então, finalmente, vai para a

auditoria, onde se avalia a marca e se controla seu desempenho. O Gráfico 2

representa os passos, a partir de Kotler (2008) para a construção de uma marca.

Gráfico 2: Sequência de processos de construção da marca.

Fonte: Adaptado a partir de Kotler, 2008, p.170.

Então, seguindo os passos para a construção de uma nova marca de

moda autoral, nasceu a Luminus, de alma sustentável e com espírito jovem e elegante,

tem como conceitos a sustentabilidade, inovação, qualidade, durabilidade e

versatilidade. Foi especialmente desenvolvida para mulheres da classe A e B, que se

dedicam ao trabalho, mas que também reservam um tempo para si, cuidam da saúde

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física e mental, gostam de se manter informadas, leem livros, praticam esportes e

exercícios físicos, se alimentam em busca de uma vida saudável e equilibrada,

preservam o meio ambiente, gostam de conforto, praticidade, e prezam por qualidade

de vida, ilustrado no painel de público alvo na Figura 11. Com conceito de slow

fashion22, produz coleções cápsulas com algumas peças e poucas unidades, com no

mínimo duas coleções ao ano, uma de Primavera/Verão e outra de Outono/Inverno.

Seu posicionamento é por atributo, tendo como diferenciação a moda sustentável,

utilizando o método zero waste de modelagem, propiciando o maior aproveitamento

dos têxteis, evitando o desperdício. Produz roupas versáteis, que possibilitam a

interação do cliente com o produto, onde ele pode utilizar a roupa também do lado

avesso. Luminus, visa a satisfação do cliente, trazendo moda durável, produzida com

tecidos ecológicos, com qualidade e consciência ambiental, buscando aumentar o

ciclo de vida do produto de moda.

Figura 11: Painel de Público-alvo.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, a partir de pesquisas no Google Imagens, 2017.

22 Slow Fashion: é um conceito atual que busca produzir moda de forma consciente, sem afetar em demasia o meio ambiente procurando respeitar aspectos sociais e econômicos. Através da busca de novos caminhos que façam do design, confecção e consumo a seguir para uma vertente mais justa e responsável com o planeta e seus pertencentes (ORNA, 2017, p.1)

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São três itens que podem definir como uma empresa atua, eles são a missão,

visão e valores. A missão da marca de moda feminina Luminus, é de introduzir a

versatilidade e consciência sustentável no vestuário para uma moda mais limpa e

verde. Mantendo os valores da marca, como produzir conscientemente, atendendo às

necessidades do belo e confortável, inovando sempre para surpreender e melhor

atender os clientes. Para Kotler at all (2010) a missão de uma marca é o “Por que”

dela existir, e deve proporcionar satisfação para a mente do empresário; realizar

aspiração para o coração e praticar compaixão, mudando a vida dos consumidores.

E para que ela seja boa precisa criar práticas inovadoras, com uma história tocante e

que envolva o consumidor dando poder à ele.

Seus valores são compostos principalmente pelo respeito para com as

pessoas; animais e natureza, bem como trazer qualidade; durabilidade; conforto;

sustentabilidade e inovação para o vestuário e ser uma empresa ética e sustentável.

Kotler at all (2010) diz que há dois valores essenciais para uma empresa, os

compartilhados e o comportamento usual dos empregados. As empresas precisam

convencer os clientes e os empregados de que estão praticando seus valores, e tendo

valores sólidos, fica mais fácil de contratar bons empregados e que ficarão mais tempo

na empresa, e a felicidade dos empregados tem grande impacto na produtividade da

empresa e eles transpassam a missão da empresa para os consumidores.

E a visão da Luminus é de crescer dentro dos valores atribuídos à marca e

alcançar o nível internacional sendo ecológica. Sendo assim, para Kotler at all (2010),

a visão da marca é “o que quer ser”, para o empresário significa proporcionar

lucratividade, ter retorno, sendo que este deve ser de todos envolvidos com a

empresa, consumidores; empregados; etc., ficando satisfeitos com os resultados, e

ser sustentável, que é atualmente uma vantagem competitiva que conquista o

consumidor e faz com que a empresa cresça e diminua seus custos.

Para a criação de qualquer marca é necessário preparar o mix de marketing,

também chamado de 4P’s, que são o produto; preço; praça e promoção. Conforme

Nascimento e Lauterborn (2007), produto é aquilo que se vende, gerando receita para

as empresas, sendo necessário haver uma estratégia do produto para que seja

competitivo. Assim, a Luminus tem como planejamento de produto produzir coleções

cápsulas com peças do vestuário feminino, como vestidos, casacos, saias e blusas,

que sejam confortáveis, de qualidade excepcional, durando mais, e utilizando

modelagem zero waste para gerar desperdício zero em sua fabricação trazendo

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sustentabilidade ao vestuário, tem em seu planejamento a utilização de perfume

natural de lavanda e que não agride o meio ambiente para caracterizar seu produto.

Bem como pretende reduzir a quantidade de embalagens, além de utilizar as de menor

impacto ambiental, como por exemplo fabricar uma sacola de aproveitamento de

resíduos têxteis, ou fabricada com tecidos ecológicos, que possa ser utilizada para

transportar o produto como também posteriormente no dia-a-dia do consumidor. Outro

ponto importante é de informar ao consumidor, através das etiquetas, maneiras de

utilizar e fazer a manutenção do produto de maneira a durar mais e ser mais

sustentável.

Também segundo Nascimento e Lauterborn (2007), preço é o valor atribuído

ao produto, a partir do ponto de vista do cliente, e deve ser planejado pensando na

concorrência e como deseja competir, avaliando o quanto seu cliente está disposto a

pagar. Tendo em vista que o produto que a Luminus oferece é de alta qualidade, com

escolha de tecidos ecológicos como possivelmente algodão orgânico, linho e poliéster

reciclado, utilizando uma modelagem mais trabalhosa e que necessita de maior tempo

para ser elaborada, bem como a produção de pequenas quantidades de peças,

tornando assim, o produto mais caro, possivelmente com peças no valor de, por

exemplo, uma blusa à R$ 180,00, até um casaco à R$ 500,00, porém, o valor só

poderá ser calculado durante o desenvolvimento da coleção.

Para Nascimento e Lauterborn (2007) praça seria o local de distribuição do

produto, podendo ser lojas físicas exclusivas, distribuição direta ao consumidor, via

atacadista, entre outros, como venda pela internet que são mais práticas e

economizam o tempo do consumidor. O planejamento de praça escolhida pela marca

Luminus, como sendo mais ecoeficiente é a venda em uma loja online, através de um

site oficial para a marca, a ser desenvolvido, e podendo também ter lojas-provador

(fitting showrroms) - que possivelmente utilizarão aromatizantes do mesmo perfume

dos produtos - para os clientes poderem provar as peças antes de comprá-las online,

que conforme Salcedo (2014)

As lojas-provador são espaços em que o consumidor tem a possibilidade de ver um mostruário da coleção, provar as peças e comprovar qual é o seu tamanho para, depois, comprar o produto pela internet. A compra pode ser feita em casa ou na própria loja, que dispõe de computadores ou tablets23 para que o pedido seja feito online. A loja não precisa armazenar estoque, uma vez que o produto é enviado diretamente ao endereço do consumidor,

23 Tablets: dispositivo eletrônico portátil, fino e retangular, com tela táctil, usado para visualização e

arquivo de vários tipos de ficheiros digitais, comunicação móvel, entretenimento, etc. (INFOPÉDIA, 2017, p. 1).

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otimizando, dessa forma, o itinerário de distribuição e evitando emissões de gás carbônico desnecessários. (SALCEDO, 2014, p.97)

E por último, a promoção, que é a publicidade da empresa, a propaganda, que

é muito importante para evidenciar a marca, confirmado pelas palavras de Nascimento

e Lauterborn (2007, p. 118) “Uma consideração importante: não existe marca forte

sem publicidade consistente.”. O planejamento de promoção, então, da marca

Luminus, é de estar presente nas redes sociais, como Instagram e Facebook, onde

apresentarão as novidades da marca, fotos das novas coleções, da fabricação etc.

Disponibilizar um e-mail para contato com os clientes, enviando as novidades se

assim escolhido por eles, onde possivelmente farão um cadastro no site oficial da

marca, assim sendo possível enviar mensagens de parabéns pelos aniversários dos

clientes, os aproximando da marca.

Para a marca de moda autoral Luminus ser criada, primeiramente se inspirou

em outra marca, a Vetta marca americana, que foi lançada em primeiro de março de

2015 no Kickstarter, e as fundadoras da marca Vanessa Vanzyl e Cara Bartlett

esperavam levantar US$ 30.000,00 em um mês, e em cinco dias já tinham

ultrapassado o valor, assim conseguindo dar continuidade ao projeto da marca. Vetta

é uma marca de moda feminina, atemporal e minimalista, para mulheres que se

preocupam com o meio ambiente, são consumidoras conscientes que procuram

roupas com durabilidade, qualidade e versatilidade, optando por custo-benefício. A

marca é sustentável, e produz coleções cápsulas, fabricando cinco peças de roupas

que podem ser misturadas para formar até 30 looks diferente, como saias, blusas,

calças, vestidos, - na Figura 12, um exemplo de blusa e algumas maneiras de utilizar

- assim reduzindo o número de peças de vestuário em seu guarda-roupa, sendo

produzidas em Nova York, em fábricas responsáveis e com materiais eco-friendly24,

como crepe poli (tecido descartado), tencel com mistura de algodão (feita a partir de

materiais naturais), e tencel (feito a partir de materiais naturais), e suas sacolas e

embalagens são produzidas com materiais 100% reciclados. A Vetta não possui loja

física, seus produtos são vendidos em sua loja online, em seu site oficial25, com preços

que variam entre $79,00 a $199,00, e em reais, aproximadamente, variando com a

cotação do dólar, de R$ 244,90 a R$ 616,90. A promoção da marca é feita através do

24 Eco-friendly: expressão que pode ser traduzida como ecologicamente correto, ou amigo do meio

ambiente, segundo o dicionário online Linguee (2017, p.1) disponível em: <http://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/eco-friendly.html> 25 Site Oficial da Vetta: www.vettacapsule.com

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site oficial, das redes sociais como o Instagram e Facebook da marca, além das

proprietárias darem entrevistas em revistas, blogs e jornais.

Figura 12: Exemplo de produto, blusa e suas maneiras de usar.

Fonte: Elabora pela pesquisadora, a partir do site da Vetta, 2017.

Se fez necessário também, para a criação da marca Luminus, analisar uma

possível concorrente. Assim, a partir de uma pesquisa sobre as marcas de moda

feminina brasileiras e sustentáveis, foi escolhida a Envido, como concorrente indireta,

pois concorre com o conceito de produto, mas não em valor pois não utiliza

modelagem zero waste, tendo um custo menor de produção, assim, menor valor de

venda das peças. Uma marca de Porto Alegre –RS, de vestuário feminino, com design

minimalista, que utiliza tecidos brasileiros, orgânicos, jeans reciclados, nylon

biodegradáveis e tecido com tecnologia de controle de CO2 (dióxido de carbono). A

Envido também produz coleções cápsulas, buscando sustentabilidade e

funcionalidade, com produtos como calças, saias, shorts, blusas, casacos, vestidos e

macacões – na Figura 13, exemplo dos produtos -. Possui loja física em Porto Alegre

– RS, na Rua Pelotas, número 370, e seus produtos são vendidos também em sua

loja online, no site oficial26 da marca, com preços que variam entre R$ 75,00 uma gola

de lã, à R$ 289,00 um vestido.

26 Site Oficial da Envido: www.loja.envido.com.br

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Figura 13: Exemplo de produtos da marca Envido.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, a partir do site da Envido, 2017.

Para se criar uma marca, são diversos itens que devem ser levados em conta.

Resumindo, é necessário fazer uma pesquisa sobre uma marca para se inspirar, para

então desenvolver a nova marca pensando na missão, visão e valores, como pretende

agir, o que quer produzir e para quem, analisando seu público-alvo, pensar onde

deseja vender seus produtos, como fazer a publicidade da marca e analisar seus

possíveis concorrentes para entender o mercado. Criando assim, uma marca

completa e que possivelmente terá sucesso.

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5 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO DE MODA PARA A MARCA LUMINUS.

Este capítulo tem como objetivo detalhar os itens que compõe o

desenvolvimento da coleção de moda feminina para a marca autoral Luminus, e

aborda as etapas dos processos desenvolvidos pela acadêmica para a criação dessa

coleção. Iniciando pelo desenvolvimento do Briefing da Coleção onde foram

estabelecidas as relações entre o TCCI e o TCCII, também delimitando as

características da coleção, como estação do ano, segmento de moda, dimensão, mix

de produto e mix de moda e os objetivos. Seguindo, foram pesquisadas referências

de inspiração através de macrotendências de comportamento e consumo escolhidas,

e então criado o tema de coleção e desenvolvido o painel de inspiração, onde foram

retirados dele a cartela de cores, elementos de estilo e cartela de materiais. Itens

esses que estão presentes nos croquis desenhados pela acadêmica e que

representam os looks (composição ou conjunto visual de roupas e acessórios) da

Coleção de Moda, apresentados também em forma de plano de coleção, feitas assim

as fichas técnicas e modelagens com a técnica zero waste, para que finalmente

fossem cortadas, montadas e confeccionadas as peças. E por último, com os looks

finalizados, foi realizada a Comunicação da Coleção a partir de uma Produção

Fotográfica, onde foi escolhida a foto conceito e descrito o realese da coleção.

5.1 BRIEFING DA COLEÇÃO

Para dar início à criação da coleção de moda, foi desenvolvido o Briefing, que

segundo Renefrew (2010, p 140) “O briefing também pode ser chamado de briefing

final, proposta, delimitação ou definição de conceito”. Renefrew (2010) diz ainda que

para realiza-lo é interessante pensar em suas habilidades, saber qual é seu cliente e

seus concorrentes, pensar no objetivo que quer atingir com a coleção, no custo dos

materiais e quais tecidos utilizar. Sendo assim, nessa seção secundária será

apresentado o briefing e os itens que o compõe, explicando cada etapa do processo

da criação da coleção para a marca autoral Luminus, apresentada no capítulo 4 deste

trabalho, o qual exibe a marca inspiradora e a concorrente da marca, bem como o

público alvo e seu mix de marketing. Produz vestuário feminino, e a escolha deste

segmento ocorre por ser o maior do mercado de moda, conforme Jones (2011, p.72)

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“A moda feminina é o maior segmento: detém 57% da participação de mercado e é o

foco de 75% das empresas de estilismo”.

Então, primeiramente fez-se a ligação entre o TCCI e TCCII (Quadro 4), unindo

o conhecimento adquirido a partir desse trabalho de pesquisa, os quais foram

aplicados na fabricação de peças do vestuário feminino para serem mais sustentáveis.

Quadro 5: Relação entre teoria e prática.

TCCI – TEORIA TCCII – PRÁTICA

MODELAGEM ZERO WASTE

Aplicação da técnica na fabricação de peças do vestuário feminino.

SUSTENTABILIDADE E

CICLO DE VIDA DO PRODUTO DE MODA

Fabricação de peças do vestuário atemporais e com qualidade no acabamento. Fazendo o uso de tecidos planos ecológicos e reciclados.

MARCA AUTORAL Desenvolvimento da coleção para a marca autoral Luminus, contendo os itens especificados nesse quadro.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.

Referindo-se ao Quadro 4: Relação entre teoria e prática, ao utilizar a

modelagem zero waste se obteve como resultado um aumento significativo de

aproveitamento do tecido, com mínimas sobras de resíduos têxteis. Bem como,

utilizando tecidos ecológicos, que foram fabricados a partir da reciclagem de

camisetas de algodão descartadas e garrafas PET. Assim, o produto criado ajuda a

diminuir o impacto no meio ambiente, desde a fabricação da matéria-prima até o

desenvolvimento do produto, e terá um fim da vida menos prejudicial também.

Ressalta-se que roupas fabricadas com qualidade tem maior durabilidade,

aumentando o ciclo de vida do produto de moda, diminuindo a necessidade de

consumo, sendo sustentáveis. Resultando, assim, em uma moda verde a partir da

produção mais limpa e que possibilita o consumo consciente, buscando o equilíbrio

entre os seres vivos e o planeta Terra, sendo esses os objetivos dessa coleção de

moda. Para a qual foi escolhida a estação do ano como Primavera/ Verão, mesmo

que nada impede que as peças sejam utilizadas em qualquer outra estação do ano.

Após a relação da teoria com a prática, foi realizada a análise de duas coleções

anteriores da marca inspiradora Vetta e uma coleção da marca Envido (conforme

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explanado no capítulo 4 deste trabalho), sendo esta a possível concorrente indireta

da Luminus. As análises de coleções anteriores podem ser utilizadas como banco de

referências para desenvolver novas coleções, conforme Renfrew (2010, p.24)

Peças de referência às vezes incluem itens de coleções passadas do próprio estilista. Essas peças poderão fazer parte de uma nova coleção, como réplicas cortadas em tecidos diferentes ou estampas, por exemplo, ou, em vez disso, podem influenciar criações totalmente novas.

Sendo assim, as coleções foram analisadas, como se pode reparar através

dos dados presentes no Quadro 5, onde foram verificadas as cores, tecidos, materiais,

formas e silhuetas utilizadas nas peças do vestuário, que a partir de Jones (2013)

esses itens são chamados de elementos do design para a criação. A partir de

pesquisas realizadas nos sites das marcas, reparou-se que as coleções da marca

Vetta e da marca Envido não tem classificação de estação do ano, acredita-se que o

motivo é para que as peças possam ser usadas tanto no verão, quanto no inverno,

apenas acrescentando ou mudando os acessórios conforme as temperaturas

climáticas.

Quadro 6: Análise de Coleções anteriores.

(Continua)

ANÁLISE DE COLEÇÕES

MARCA INSPIRADORA VETTA

COLEÇÃO FOTOS DADOS

The Original

Capsule *para todas as estações

Primeira coleção cápsula da marca, com 5 peças para formar 30 looks diferentes, versatilidade e estilo básico. Cores: azul marinho, azul acinzentado, branco, preto e marrom. Formas: cortes retos, decotes em V e canoa, tomara-que-caia, peças mais soltas ao corpo. Tipos de peças: vestido (composto por saia e blusa), Calça culote, Vestido médio, blusa de manda curta longa, blusa de manga curta cropped e colete alongado. Materiais: botões, elástico, barra de pompom. Tecidos: Tencel (feito de madeira, com solventes reciclados e biodegradáveis). Tencel com algodão. Poli crepe (tecido salvo do aterro).

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Quadro 5: Análise de Coleções anteriores.

(Continuação)

Tecidos brilhosos, com movimento e também mais planos.

The Classic Capsule

*para todas as estações

Estilo clássico, básico e versátil. Cores: azul bic, branco, preto e estampa de listras na vertical com azul marinho e cinza. Formas: Cortes retos, decotes em V e canoa, peças mais soltas ao corpo. Tipos de peças: vestido (composto por saia e blusa), Calça culote, Vestido médio, blusa de manda curta longa, blusa de manga curta cropped e colete alongado. Materiais: botões, elástico, barra de pompom de franjas. Tecidos: Tencel (feito de madeira, com solventes reciclados e biodegradáveis), Tencel com algodão e Poli crepe (tecido salvo do aterro). Tecidos brilhosos e com movimento.

MARCA CONCORRENTE INDIRETA ENVIDO

COLEÇÃO FOTOS DADOS

Reverse *para todas as estações.

Coleção que parece ter sido criada com o tema reversível e algo futurista e minimalista. Cores: Nude, cinza claro mescla, azul marinho, verde militar, azul claro, azul acinzentado, preto e amarelo. Formas: Peças amplas e ajustadas, com estudo de upcycling (reaproveitamento do tecido). Tipos de peças: Moletom oversized amplo, vestido longo com fenda e recortes com acabamento à fio, blusa manga longa com cava raglan; gola média e drapeado no decote e silhueta ajustada, mini saia envelope de cós alto em em tecido dupla face com fechamento por botões de madeira, vestido curto; amplo e reversível jaqueta tipo jeans com bolsos frontais e laterais e com botões de coco.

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Quadro 5: Análise de Coleções anteriores.

(Conclusão)

Materiais: botões de madeira e coco. Tecidos: tecido 100% reciclado e sem tingimento, uso de componentes biodegradáveis no processo de tratamento do tecido, 70% Algodão reciclado 30% poliester PET. Tecido desenvolvido com a tecnologia exclusiva RADIOSA Santaconstancia, 81% viscose 15% poliamida 4% elastano. Fio AMNI SOUL ECO®, o primeiro fio de Nylon 6.6 biodegradável do mundo, 87% Poliamida 13% Elastano.

Fonte: Elaborado a partir de Vetta e Envido, 2017.

Estas análises também serviram de base para a definição dos parâmetros para

a coleção de moda da marca Luminus. Contendo o mix de produto, que conforme

Treptow (2013) é a variedade de peças do vestuário que compõe a coleção, e mix de

moda são as categorias dos produtos, sendo elas: básico – modelos que vendem bem

e estão em quase todas as coleções –, fashion – peças que trazem as últimas

tendências do momento e tendem a sair de moda rápido –, e vanguarda – peças de

maior impacto e mais diferentes, que carregam o “espírito da coleção” –. No Quadro

6: Parâmetros para a coleção, estão especificadas a quantidade de produtos

desenvolvidos, e separados por categorias, utilizados na coleção de moda para

Luminus.

Quadro 7: Parâmetros para a coleção.

MIX DE PRODUTO/ MIX DE MODA

BÁSICO FASHION VANGUARDA TOTAL

BLUSA 2 0 3 5

CASACO-VESTIDO 0 0 1 1

CALÇA SAIA 0 1 0 1

COLETE VESTIDO 0 0 1 1

PANTACOURT 0 1 0 1

SAIA 1 0 2 3

VESTIDO 1 0 2 3

TOTAL 4 2 9 15

PERCENTUAL 27% 13% 60% 100%

Fonte: Desenvolvido pela pesquisadora, 2017.

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A marca tem em sua coleção 27% básico, pois busca produzir peças que

podem ser utilizadas por mais tempo, sendo atemporais e que podem ser mixadas

com as peças que a consumidora já possue. Tem 13% de fashion, pois são duas

peças de destaque para chamar o consumidor, e 60% vanguarda devida à modelagem

zero waste que dá um diferencial nas peças, tornando-as mais exclusivas, ao mesmo

tempo que tem remetem ao minimalismo, também tornando-as atemporais.

A partir desse momento foram realizadas as pesquisas de referências,

analisando as macrotendências de comportamento e consumo, disponibilizadas pela

rede de informações sobre previsões de novas e futuras tendências, do mercado de

moda e design, a WGSN27. Frings (2012, p. 87) explica que:

“Muito antes de começar uma nova linha ou coleção, designers e merchandisers da indústria já estão ativamente envolvidos na pesquisa de moda. Consultores de pesquisa de mercado estudam e elaboram relatórios sobre as informações demográficas e hábitos de compra dos consumidores.”

Então foram escolhidas as que mais se encaixam nos objetivos da coleção e

no perfil do público-alvo da marca Luminus. Sendo elas a macrotendência de

comportamento Natureza Humana, que segundo a WGSN (2017) foca no instindo

físico, emocional e criativo, e que

À medida que o mundo vem sendo cada vez mais movido pelos dados, em 2019 voltaremos a confiar em nossa intuição, pois novas pesquisas irão revalidar o poder do instinto. Tendo em vista que a economia global sofrerá um desaquecimento, o uso do instinto, para muitos, será pensar no longo prazo, desenvolver recursos sustentáveis e buscar soluções na natureza e em outras espécies. Uma vez que aprendermos a confiar em nosso instinto, veremos uma nova simbiose entre os seres humanos e a natureza. (WGSN, 2017)

Como a marca Luminus fabrica coleções cápsulas, e pratica o slow fashion

com a modelagem zero waste, acaba se relacionando com o desaquecimento da

economia. Já que, conforme a macrotendência Natureza Humana, as pessoas

pensarão mais antes de agir, avaliando o que comprar e buscando recursos

sustentáveis, a marca busca oferecer esse conceito ao consumidor, conforme mostra

o painel de inspiração na Figura 14.

27 WGSN: Líder mundial em previsão de tendências, disponível através de assinatura em seu site: <https://www.wgsn.com/pt/>.

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Figura 14: Macroetendência Natureza Humana.

Fonte: Elaborado a partir da WGSN, 2017.

E escolhida como tendência de consumo de luxo a Transição para o luxo não-

material, em que os consumidores querem fazer parte de algo maior que faça com

que se sintam bem consigo mesmas e consumo voltado à experiências. E também a

tendência de Eco-eficiência, em que os consumidores desejam que as empresas se

preocupem mais com o meio ambiente e reduzam o impacto ambiental causado pela

produção dos produtos e que tenham responsabilidade com os trabalhadores, além

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de comprarem menos e melhor. Conforme pode ser visualizado no painel de

inspiração na Figura 15.

Figura 15: Tendência de consumo: Transição para o luxo não-material e Eco-eficiência.

Fonte: Elaborado a partir da WGSN, 2017.

Com as inspirações definidas, foi realizado um mapa mental feito em papel e

escrito à mão, contendo as ideias e sentimentos que a coleção deveria passar,

ajudando assim na criação e escolha de um nome que representasse o tema da

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coleção, conforme mostra a Figura 16. Mapa mental segundo Motta (2017) é uma

ferramenta interessante de aprendizagem e transmissão de informações e

conhecimentos, e que favorece a visualização das conexões e relações entre

conceitos e ideias.

Figura 16: Mapa Mental

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.

Assim chegou-se ao tema de coleção, que leva o nome de: Reflexão do ser:

ser tempo; ser suspiro; ser humano, representando em um painel temático através de

imagens, conforme mostra a Figura 17. Com esse tema procura-se transmitir a

imensidão da natureza comparada à nós humanos, ela pede socorro, é tempo de

refletir sobre quem somos, ser a diferença, ser presente que avalia o passado e pensa

no futuro, ser suspiro de esperança para as vidas que virão, ser humano racional, é

tempo de mudança, devemos ser. Treptow (2013), define o tema de coleção como

aquele que inspira e dá unidade, é a história que a coleção de moda vai contar, e

mesmo que sempre diferente deve manter o estilo da marca.

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Figura 17: Painel Temático.

Fonte: Elaborado a partir do Google Imagens, 2017.

Neste momento, baseado no painel temático, foram definidas as cores

utilizadas na coleção. Entre elas estão: a cor nude, areia, azul claro e cinza, as quais

estão nomeadas respectivamente como pausa, imensidão, reflexão e busca -

representados pelos códigos de cores da PANTONE28, no painel de cartela de cores

na Figura 18 -.

Figura 18: Cartela de Cores

Fonte: Elaborado a partir da Pantone, 2017.

28 PANTONE: Empresa de renome mundial e autoridade em cores e fornecedores de sistemas de cores e tecnologia líder para a seleção e comunicação precisa de cores em uma variedade industrial. O nome PANTONE® é conhecido mundialmente como o idioma padrão para comunicação de cores de designer para fabricante e de revendedor para cliente. Conforme dados do site oficial da empresa: <https://www.pantone.com/about-us>.

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Bem como foram definidos os elementos de estilo, que segundo Treptow (2013)

dão unidade à coleção juntamente com o tema, e são detalhes ou acessórios

utilizados em todas as peças com algumas variações, podendo ser elementos do

design da peça, cores ou tecidos. Sendo assim, os elementos de estilo retirados do

painel temático, que podem ser visualizados na Figura 19, estão representados nas

peças através das formas geométricas; do detalhe em costura com a letra L na cor

preta, em todas as peças na parte das costas; assimetria e das repetições com

nervuras causadas pelos elásticos, pregas e aplicações.

Figura 19: Elementos de estilo.

Fonte: Elaborado a partir do painel de inspiração, 2017.

Pode-se reparar no Quadro 6, a partir de uma análise de duas coleções

anteriores da marca inspiradora Vetta – 2015 e 2017-, e uma coleção da marca

concorrente indireta Envido – 2017- que as cores utilizadas nas peças analisadas são

neutras e pouca/sem presença de estampa. Nota-se no Quadro 6, que em negrito

estão destacados as cores em comum entre as marcas. Por isso também chegou-se

à cartela de cores que pode ser visualizada na Figura 18, da coleção de moda para a

marca autoral Luminos, pensada no tema da coleção, na preferência do público-alvo

da marca e a partir da oferta do mercado.

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Quadro 8: Comparativo de cores entre Luminus e marcas analisadas.

COMPARATIVO DE CORES

INSPIRADORA CONCORRENTE INDIRETA NOVA MARCA

Azul marinho, azul

acinzentado, azul bic,

branco, preto, marrom e

estampa de listras na

vertical com azul marinho e

cinza.

Nude, cinza claro mescla,

azul marinho, verde militar,

azul claro, azul

acinzentado, preto e

amarelo

Nude, areia, cinza e azul

claro.

Fonte: elaborado a partir da análise de coleções da marca Vetta e Envido, 2017.

Seguindo a macrotendência de comportamento e tendências de consumo

escolhidas. Além do tema de coleção e conforme os dados coletados através da teoria

estudada no capítulo 3.1 sobre tecidos ecológicos, foram decididos os tecidos e

materiais utilizados no desenvolvimento das peças do vestuário feminino para a

coleção de moda da marca Luminus. Que são: Tecido EcoJeans, Tecido Ecopet e

Tecido Ecopetcl Bouclet. E para isso, foi elaborado também um quadro comparativo

de tecidos e aviamentos, segundo Frings (2012, p. 160) “Os aviamentos são os

materiais usados tanto para fazer o acabamento como para enfeitar roupas e

acessórios.”. No Quadro 7, nota-se que em negrito estão destacados os itens em

comum entre as marcas, basicamente como o quadro 6 de comparativo de cores entre

a marca inspiradora, concorrente e Luminus.

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Quadro 9: Comparativo de tecidos e aviamentos entre Luminus e marcas analisadas.

INSPIRADORA CONCORRENTE INDIRETA NOVA MARCA

TECIDOS:

Tencel (feito de

madeira, com

solventes reciclados

e biodegradáveis).

Tencel com algodão.

Poli crepe (tecido

salvo do aterro).

TECIDOS:

Tecido 100% reciclado e sem

tingimento, uso de

componentes biodegradáveis

no processo de tratamento do

tecido.

Tecido 70% Algodão

reciclado 30% Poliester PET.

Tecido desenvolvido com a

tecnologia exclusiva

RADIOSA Santaconstancia,

81% Viscose 15% Poliamida

4% Elastano.

Fio AMNI SOUL ECO®, o

primeiro fio de Nylon 6.6

biodegradável do mundo, 87%

Poliamida 13% Elastano.

TECIDOS:

Tecido EcoJeans 70%

Algodão reciclado e 30 %

Poliéster PET. Na cor original

da fibra, sem tingimento (3

garrafas Pet de 2l por metro

linear e 1 camiseta T-shirt por

metro linear, tecido lavado e

ramado).

Tecido Ecopet de mesma

composição e fabricação do

EcoJeans, na cor areia, e o

mesmo tecido tingido

naturalmente com anil para

ganhar a tonalidade azul.

Tecido Ecopetcl Bouclet 88%

Poliéster PET e 12% Linho.

Na cor original da fibra, sem

tingimento (11 garrafas PET

de 2l por metro linear e fibra

vegetal de linho, tecido lavado

e ramado, torção do fio

bouclet).

AVIAMENTOS:

Botões, elástico,

barra de pompom,

barra de pompom de

franjas.

AVIAMENTOS:

Botões de madeira e coco.

AVIAMENTOS:

Botões de madeira e de

coco, elástico.

Fonte: elaborado a partir da análise de coleções da marca Vetta e Envido, 2017.

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O tecido Ecopet azul claro, foi tingido manualmente e naturalmente com anil.

Para isso, foi utilizado 1litro e 800 ml de água e ¾ da pedra de anil. A água e a pedra

de anil foram colocadas em uma panela grande de alumínio, fervidas até virar uma

mistura homogênea, para então acrescentar o pedaço de tecido, que foi mexido

utilizando uma colher de madeira, continuamente em fogo baixo por 25 min. Após foi

retirado o tecido e colocado em um balde com água para enxágue, foi torcido e logo

estendido no varal para secar. Fez-se necessário repetir o processo (Figura 20) duas

vezes para chegar a cor desejada, já que na primeira vez o tempo de tingimento foi

pouco e assim o tecido acabou ficando muito claro.

Figura 20: Tingimento manual com anil.

Fonte: Desenvolvido pela pesquisadora, 2017.

Para desenvolver uma coleção de moda, além da escolha dos tecidos, são

necessários os aviamentos. Segundo Frings (2012) podem ser classificados como

funcionais, por exemplo, as linhas, elásticos, fechos e entretelas, e como decorativos

os botões, cintos, franjas e rendas. Para a coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser

suspiro; ser humano, foram utilizados como aviamentos funcionais: linhas de costura

reta e texturizada para máquina overloque; elástico; entretela termocolante de malha

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e entretela dupla face; zíper invisível reforçado; zíper de nylon; ganchinho, e como

decorativos: botões de madeira e de coco, apresentados no Quadro 8.

Quadro 10: Aviamentos

IMAGEM AVIMENTO FUNCIONAL COMPOSIÇÃO

Linha para costura. 100% poliéster.

Fio texturizado para máquina de overloque.

100% poliéster.

Gancho de metal para fechamento.

100% metal.

Zíper nylon. 100% nylon.

Zíper invisível. 100% poliéster.

Elástico. 95% poliéster 5% elastano.

Entretela termocolante de malha.

100% poliéster.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.

Relacionada a teoria e prática, bem como as informações da coleção

desenvolvida para a marca autoral Luminus, através das análises das coleções

anteriores da marca inspiradora e concorrente, foram definidos os parâmetros da

coleção. Além disso, foram realizadas pesquisas de tendências, e escolhida como

inspiração a macrotendência de comportamento Natureza Humana e as tendências

de consumo Eco-eficiência e Transição para o luxo não-material. Assim a coleção

IMAGEM AVIMENTO DECORATIVO COMPOSIÇÃO

Botão de coco de dois furos. 100% casca de coco.

Botão de madeira de quatro furos.

100% madeira.

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ganhou como tema Reflexão do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, e a partir do

painel temático foi escolhida a cartela de cores e os elementos de estilo, deste modo

concluindo a etapa de elaboração do briefing.

5.2 DESENHANDO A COLEÇÃO.

Terminada a etapa de desenvolvimento do briefing passou-se para o momento

de elaboração dos croquis. Segundo Jones (2011, p. 218) “Nas primeiras fases de um

projeto, você precisa fazer rápidos croquis de um certo número de ideias, mostrando

o esboço e o desenvolvimento do design”. Assim, foram desenhados os dez looks que

compõe a coleção, contendo o mix de produto e mix de moda (referenciados no

quadro de parâmetros no capítulo 5.1). Também foram coloridos seguindo a cartela

de cores da coleção, criada com referência no painel de inspiração e definida a partir

dos tecidos ecológicos disponíveis para compra, o Quadro 9 representa os tecidos

referentes à cada cor.

Quadro 11: Cartela de cores e respectivos tecidos.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.

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O processo de desenvolvimento dos croquis foi um pouco diferente do

convencional, devido à utilização da modelagem zero waste, pois nesse processo de

modelagem não se consegue prever o resultado, já que é uma técnica bem diferente,

e que conforme comentado no capítulo 2.1.1 desse trabalho, Mcquillan (2010) diz que

essa técnica é muito sobre experimentação. Por isso, os croquis desenhados

primeiramente foram esboços de inspiração para desenvolver a modelagem, e não

réplicas das peças, e os quatro croquis escolhidos para serem desenvolvidos foram

redesenhados como arte final, que conforme Jones (2011) são as ilustrações de alta

qualidade que representam o visual das roupas.

O primeiro look da Coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser

humano, é um vestido casual. Combina tanto com compromissos diários, como

também pode ser utilizado durante a noite. Fabricado em tecido reciclado EcoJeans,

na cor cinza, tem comprimento midi (médio), é assimétrico na parte inferior da peça,

um dos elementos de estilo, o que traz modernidade ao look. Folgado ao corpo torna-

se confortável, é levemente ajustado na cintura a partir de elásticos costurados nas

laterais interiores, formando um detalhe com aspecto de nervuras no exterior da peça.

Durante o desenvolvimento dessa peça (croqui na Figura 21), houveram

algumas alterações (estas podem ser visualizadas no desenho técnico do Apêndice

F, p.117). Assim, o vestido apresenta tiras aplicadas na lateral esquerda frontal

superior, e lateral traseira inferior, que remetem à nervuras, elementos de estilo da

coleção. Além disso, a peça possui um recorte vazado retangular no decote das

costas. O recorte que desce reto forma abas para as laterais e transforma o decote

frontal em V, este e a barra assimétrica traseira do vestido tem acabamento29 de

limpeza e costura invisível, e a barra frontal possui bainha invisível de três centímetros.

A movimentação das cavas são formadas através de duas pregas no decote frente e

costas, e também tem acabamento de limpeza e costura invisível.

29 Acabamento: termo usado tanto para os detalhes decorativos como para o processo de finalização de uma roupa. Jones (2011, p. 256).

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Figura 21: Look 1.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

O último detalhe do vestido é o bordado feito à mão logo abaixo do recorte do

decote das costas, com o logo da marca Luminus, que são duas letras L rotacionadas

e cruzadas. Igualmente à esse vestido, todos os outros vestidos, blusas e casacos da

coleção possuem o mesmo bordado, e as peças inferiores como as saias e calças,

também carregam o detalhe em bordado, este localizado no meio do cós das costas.

Por segundo vem o look composto por um colete que fechado pode ser utilizado

também como vestido (Figura 22). Fabricado em tecido reciclado EcoJeans, na cor

cinza, traz a assimetria, sendo um dos elementos de estilo da coleção, na parte frontal

inferior da peça com acabamento de bainha simples de dois centímetros. O traspasse

frontal com acabamento de limpeza, tem fechamento a partir da linha da cintura,

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através de seis botões, o caimento do transpasse delineia o decote em V. As cavas

são formadas através de duas pregas no decote frente e costas, e tem acabamento

de bainha lenço. Igualmente ao primeiro look, a peça é folgada ao corpo com leve

ajuste na cintura através de elásticos costurados nas laterais interiores, que formam

o detalhe com aspecto de nervuras no exterior da peça, também um dos elementos

de estilo da coleção.

Figura 22: Look 2.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

Uma blusa de decote em V e saia com sobreposição e assimetria compõe o

terceiro look da coleção (Figura 23). A blusa em tecido EcoJeans cinza é solta ao

corpo, o recorte que desce reto forma abas para as laterais e transforma o decote em

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V, com acabamento de limpeza e costura invisível. As cavas são formadas através de

duas pregas, elemento de estilo da coleção, no decote frente e costas, e tem

acabamento de bainha lenço, bem como a barra da blusa. A saia midi de corte A, tem

duas alturas, frontal mais curta que as costas, é fabricada em tecido Ecopet tingido

manualmente e naturalmente com anil. Tem modelagem que ao mesmo tempo

clássica, com a sobreposição torna-se moderna, a sobreposição frontal é fechada na

cintura através de duas tiras laçadas que formam um tope, de cós levemente

anatômico. O acabamento da barra da saia é de bainha simples de dois centímetros.

Figura 23: Look 3.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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O quarto look é um vestido (Figura 24) de comprimento médio, amplo e

levemente ajustado na cintura a partir de elásticos costurados nas laterais internas,

formando um detalhe com aspecto de nervuras no exterior da peça, um elemento de

estilo. Possui detalhe de duas tiras presas na cintura na parte frontal do vestido, que

amarradas ocasionam um levemente ajustamento da cintura, e formam um delicado

tope. Fabricado em tecido Ecopet tingido manualmente e naturalmente com anil. A

barra do vestido tem acabamento de bainha simples de dois centímetros, as cavas

são formadas através de duas pregas no decote frente e costas, e tem acabamento

de bainha lenço, bem como o decote canoa. No meio da parte traseira inferior do

vestido tem uma fenda de 10 centímetros.

Figura 24: Look 4.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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O quinto look é formado por uma blusa solta ao corpo e uma saia de

comprimento médio (Figura 25). A blusa tem decote canoa com acabamento de

bainha lenço, e aplicações de tiras em volta do decote frontal, que lembram nervuras

e é um dos elementos de estilo da coleção. É fabricada em tecido Ecopet areia, a

barra com acabamento de limpeza e costura invisível, tem corte reto e geométrico, é

assimétrica na parte inferior da peça, mais curta na frente, as cavas são formadas

através de duas pregas no decote frente e costas, sendo elementos de estilo da

coleção, e tem acabamento de bainha lenço. A saia tem cintura alta, cós levemente

anatômico e corte reto, possui uma fenda frontal, localizada no meio da peça.

Fabricada em tecido Ecopet tingido manualmente.

Figura 25: Look 5.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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O conjunto de cropped e saia de cintura alta, no tecido Ecopet areia, marcam o

sexto look dessa coleção (Figura 26). Um dos quatro desenvolvidos e desfilados. A

cropped traz um corte geométrico, tem mangas curtas e barra de bainha simples de

dois centímetros. É mais solta ao corpo, seu decote em V é ocasionado pelo recorte

em linha reta que forma abas, com acabamento de limpeza e costura invisível. A saia

reta tem barra assimétrica, um elemento de estilo, com dois comprimentos, curto e

médio, tem acabamento de limpeza e costura invisível. Seu cós tem corte reto mas

torna-se levemente anatômico a partir de pences nas laterais, com fechamento frontal

de zíper com braguilha e botão interno, possui pences traseiras na cintura, e bolsos

traseiros aplicados que dão um toque à peça.

Figura 26: Look 6.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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Como sétimo look, o fotografado na campanha para foto conceito da coleção,

tem-se a composição fashion da blusa cropped e calça-saia pantacourt (Figura 27). A

blusa cropped fabricada em tecido Ecopetcl bouclet tem o movimento de cavas

proporcionado por pregas que saem do decote em direção ao braço. O detalhe

especial da blusa, logo abaixo do decote canoa, é composto por tiras aplicadas que

remetem à nervuras, elemento de estilo da coleção. Possui fechamento de zíper

invisível na lateral para facilitar o vestir, e gancho, tem pences frontais na lateral e

cintura, e nas costas pences na cintura para dar uma ajustada na peça. A calça

pantacourt de cintura alta e cós reto foi fabricada em tecido Ecopet areia. Parece ser

uma saia devido as totais 8 pregas fêmeas, mais um elemento de estilo da coleção,

distribuídas na parte frontal e traseira, o que traz mistério ao look, além de

proporcionar o conforto e segurança de uma calça, tem comprimento midi e a barra

com acabamento de bainha simples de dois centímetros.

Figura 27: Look 7.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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O fashion da calça-saia longa com a simplicidade da cropped (Figura 28). Esse

é o oitavo look da coleção. A calça-saia fabricada em tecido Ecopet jeans cinza possui

duas pregas fêmeas frontais e traseiras, um elemento de estilo dessa coleção, tem

cintura alta e cós de corte reto que torna-se levemente anatômico a partir de pences

laterais, tem fechamento de zíper invisível e botão interno, com barra simples de dois

centímetros. A cropped fabricada em tecido Ecopetcl bouclet tem decote canoa e a

barra da blusa com acabamento de bainha lenço, possui tiras aplicadas nas laterais

frontais que remetem à nervuras, elemento de estilo da coleção, com mangas curtas

de acabamento de bainha simples de dois centímetros.

Figura 28: Look 8.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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O nono look é um vestido confortável e contemporâneo (Figura 29). Fabricado

com o tecido Ecopetcl boucle, de corte reto tem barra assimétrica, mais curta na frente

do que atrás, com acabamento de limpeza e costura invisível. Solto ao corpo, com

cortes geométricos, tem leve ajustamento da cintura a partir de elásticos costurados

nas laterais interiores, e que formam um detalhe de nervuras no exterior do vestido,

um dos elementos de estilo. O decote em forma de V, é ocasionado pelas abas

formadas a partir do corte reto com acabamento de limpeza e costura invisível, e tem

mangas curtas com barra italiana de dois centímetros.

Figura 29: Look 9.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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Por último, o décimo look é o casaco que pode ser usado também como vestido

(Figura 30). Produzido em tecido Ecopetcl bouclet tem barra reta assimétrica, trazendo

um elemento de estilo, em que a lateral direita é mais curta que a esquerda, com

acabamento de limpeza no recorte, e são transpassadas. O decote com caimento de

abas tombadas, tem acabamento de limpeza. Seu fechamento é realizado através de

quatro botões de coco dispostos a partir da linha da cintura alta. Solto ao corpo tem

ajustamento na cintura através de uma faixa amarrada por cima do vestido na parte

frontal do casaco, amarrada em forma de laço. A barra da manga tem acabamento de

bainha italiana e a barra do vestido tem bainha simples, ambas de dois centímetros.

Figura 30: Look 10.

Fonte: Desenhado pela pesquisadora, 2017.

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Unindo os dez croquis que representam os dez looks da coleção, tem-se o

plano de coleção, na Figura 31. Este plano representa a ordem de entrada dos looks

na passarela, organizados imaginando como se toda a coleção fosse desenvolvida.

Figura 31: Plano de Coleção.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.

A partir desses dez croquis foram selecionados os quatro looks que melhor

representam a coleção e que foram concretizados, demonstrados na Figura 32, na

ordem de entrada do Desfile. Foram estes looks desfilados no evento Projeta-me do

curso de Moda, no Teatro da Universidade Feevale, onde os alunos mostram os

resultados de suas coleções. Na seção secundária 5.3, esses quatro croquis tem seu

desenvolvimento descrito: moulage; modelagem; corte e costura.

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Figura 32: Croquis desenvolvidos.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.

Normalmente antes de serem confeccionadas as modelagens das peças que

compõe os looks de cada um dos quatro croquis selecionados, são realizadas as

fichas técnicas de prototipagem para cada peça. Essas fichas técnicas, conforme

Frings (2012), são planilhas preenchidas pelo designer com informações que orientam

a produção das peças, e em geral essas fichas contém informações como a data em

que a peça foi desenhada; para qual temporada; o tamanho da peça; o código que

representa a temporada, tecido e modelo; a descrição da peça; um desenho técnico

para visualiza-la; as cores; amostras de tecido; descrição de materiais, os tecidos com

a dimensão e preço por metro; informações de acabamentos e o custo de mão de

obra para a fabricação da peça. Na Figura 33, um exemplo de ficha técnica.

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Figura 33: Exemplo de ficha técnica de prototipagem.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de Feevale, 2017.

Essas fichas são compostas também com desenhos técnicos. Jones (2011)

afirma que são desenhos planos feitos de forma precisa e esquemática, com

especificações para esclarecer os detalhes das roupas, podendo ser desenhados à

mão ou por softwares como por exemplo, o CAD/ CAM, CorelDRAW ou Audaces Idea.

Como já mencionado anteriormente, o processo de desenvolvimento da coleção

Reflexão do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano foi um pouco diferente devida à

técnica de modelagem utilizada, sendo possível desenvolver as fichas técnicas

completas (em apêndice) somente depois das modelagens prontas.

Devido as peças serem desenvolvidas a partir da técnica de modelagem zero

waste, elas serão peças únicas e de tamanhos únicos. As coleções desenvolvidas

para a marca Luminus serão cápsulas, com poucas unidades de peças e de tamanhos

aleatórios, como a coleção Renascer do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Como por exemplo: uma calça tamanho 40, um vestido tamanho 36 etc. Não haverá

gradação de tamanhos, conforme Frings (2012, p. 253) “A grade de numeração é

criada para aumentar ou diminuir o tamanho da folha de molde da amostra e montar

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uma linha completa de tamanhos.”. Para substituir a gradação, e ao mesmo tempo

apresentar diferentes tamanhos, a marca poderá oferecer o serviço de o cliente

encomendar o modelo desejado da coleção, sob medida.

5.3 COLEÇÃO TOMANDO FORMA

Após realizadas as etapas antecedentes, chega-se no momento em que pode-

se ver a coleção tomando forma, concretizando-se. É quando escolhe-se um entre os

quatro croquis selecionados e que será o primeiro desenvolvido, representado na

Figura 34, onde são criadas as modelagens, e as peças são cortadas em tecido e

costuradas, realizando o cálculo de custo real de cada peça. Este primeiro look foi

escolhido sabendo que seria o melhor para realizar a comunicação da coleção – na

sessão secundária 5.4 deste trabalho – em que são preparadas as inspirações de

maquiagem e cabelo para serem utilizadas na produção fotográfica, que gera a foto

conceito da coleção. Essa foto conceito vai para a divulgação do desfile da coleção,

desfile final dos alunos do curso de Moda da Universidade Feevale, e é realizado no

Teatro Feevale, onde cada aluno apresenta seus quatro looks desenvolvidos durante

o Projeto de Coleção do Trabalho de Conclusão de Curso II, que comtempla todo o

conhecimento adquirido durante a jornada do curso.

Figura 34: Primeiro look desenvolvido: cropped e pantacourt.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

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Para o processo de costura de todas as peças foram utilizadas a máquina

industrial de costura reta ou a partir de Frings (2012), chamada de máquina de ponto

fixo que faz uma costura reta como as máquinas domésticas. Foi utilizada também a

máquina de costura overloque, que utiliza um carretel de linha reta e dois de linha

texturizada, e para aquelas peças que precisam de casa para botão foi utilizada a

máquina industrial caseadeira, que faz automaticamente as casas de botão, e a

máquina doméstica para costura reta. Na Figura 35, imagens de exemplo do

maquinário utilizado. Estas máquinas estão disponíveis nos laboratórios de costura e

modelagem da Universidade Feevale. Como as peças são estilo alfaiataria, tiverem

costura aberta, aplicação de entretelas, acabamentos de limpeza, costura invisível e

viés, e todas as peças foram costuradas pela pesquisadora.

Figura 35: Maquinário utilizado.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de Google Imagens, 2017.

Utilizando pela primeira vez a técnica de modelagem zero waste, foi um

momento de experimentação, bem como dito por McQuillan (seção 2.1.1, p. 23). Que

foi a estilista de inspiração para o desenvolvimento da presente coleção utilizando a

técnica zero waste. Buscando aplicar o estudo de pesquisa da modelagem zero waste,

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a partir das informações e processos da McQuillan (2010), foi surgindo o estilo próprio

de a pesquisadora desenvolver a técnica. Como esta busca o maior aproveitamento

do tecido, devido ao tempo disponível foi definido que, por exemplo, para desenvolver

a blusa cropped do primeiro look se utilizaria um retângulo de 50x39 centímetros de

tecido sem ter desperdício.

Assim iniciaram-se os processos de modelagens desta peça. Na Figura 36,

imagens das etapas do desenvolvimento da peça. Começou-se com a técnica de

moulage (Imagem 1 à 3, Figura 36) em tecido não tecido TNT disponibilizado pela

Universidade, durante o processo foi reparado que não seria possível utilizar dois

retângulos iguais para a frente e costas. Para que a peça fique correta é necessário

que o ombro costas desça um pouco mais para a frente, assim este retângulo teve de

ser mais comprido. Seguindo, a moulage foi manipulada em papel pardo para

correções e marcações, para então ser passada para o tecido de prototipagem,

algodão cru (Imagem 4, Figura 36), o qual foi cortado e costurado para conferência de

vestibilidade.

Figura 36: Moulage e protótipo, look 1.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Quando provado na modelo (Imagem 1 à 3, Figura 37), foi visto que alguns

ajustes seriam necessários, como descer pences laterais frontais, cavas e decote,

além de inserir pences na frente e costas. Modificada a modelagem (Imagem 4, Figura

37), a peça foi cortada no tecido Ecopetcl Bouclet e costurada. A parte do tecido que

foi retirada para fazer o decote, foi utilizada como ornamentação que lembram

nervuras para a parte frontal da peça, e para dar o movimento das cavas da cropped

o tecido foi dobrado como uma prega, sem ser cortado, conseguindo ter o máximo de

aproveitamento (Imagem 5, Figura 37).

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Figura 37: Desenvolvimento da cropped, look 1.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Depois das peças do primeiro look estarem finalizadas, foi o momento de

complementar a peça com o detalhe bordado que representa o logo da marca

Luminus, para a qual a coleção foi criada. Na Figura 38, fotos da elaboração do

bordado feito à mão. Como mencionado anteriormente, todos os looks tem como

detalhe o mesmo bordado, centralizado no meio da parte superior da peça.

Figura 38: Desenvolvimento do bordado símbolo da marca Luminus.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

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Após cada peça dos quatro looks estarem prontas, foi realizado o cálculo de

custo real, utilizando dados legítimos da produção. Este cálculo é indispensável para

gerar o custo de produção de uma peça, conforme Treptow (2013) engloba todas as

despesas de fabricação de um produto. E segundo Frings (2012) é determinado pelo

fabricando/facção a partir de alguns itens essenciais, entre eles estão: ficha técnica

do designer; moldes; materiais; aviamentos; corte; montagem; costura; finalização;

frete; custos fixos – salário, água, luz telefone, etc.– e custos variáveis – propaganda,

reparos de equipamentos, etc.–.

Na Figura 39, o cálculo de custo real da blusa cropped do primeiro look, nesta

imagem pode-se reparar que o custo de corte, montagem, etc., foi mais elevado do

que o custo de materiais, utilizando um mark-up (índice multiplicador aplicado ao custo

para obter lucro e formatar o preço de venda) de 2.0. Os custos fixos não foram

inclusos, já que os processos foram realizados na casa da pesquisadora e na própria

Universidade, e o salário foi determinado com o valor que se desejaria receber. Nota-

se que a partir da grande quantidade de horas utilizadas para desenvolver a

modelagem da peça, o custo de produção acabou ficando muito elevado,

consequentemente o preço de venda.

Figura 39: Cálculo de custo real da peça cropped, primeiro look.

Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da

cropped, 2017.

Procurando seguir a mesma proposta, a pantacourt foi realizada de maneira

parecida. Na Figura 40, imagens das etapas do desenvolvimento da pantacourt.

Primeiro foi pego um retângulo de TNT de tamanho aleatório e cortado gancho frente

e costas nos limites do tecido, e preso ao manequim de tecido para ver como se

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comportariam as pregas, manipulando apenas uma perna (Imagem 1 à 2, Figura 40).

Visto que o tamanho do tecido era suficiente, o TNT foi medido, notando ter 1,20

centímetros de largura e cortado para o comprimento de 83 centímetros, assim

organizado sobre o tecido de prototipagem, algodão cru, que foi cortado (Imagem 3,

Figura 40). Após costurado (Imagem 4, Figura 40) foi reparado que as pregas não

tomaram o aspecto idealizado, analisando que outro acabamento seria melhor o

protótipo foi desmanchado, e as pregas reorganizadas para ser novamente costurado.

Figura 40: Moulage e protótipo da pantacourt, look 1.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Foi realizado o teste de vestibilidade na modelo (Imagem 1 à 3, Figura 41), e

percebeu-se que era necessário um aumento na circunferência da cintura para que a

peça descesse mais e não ficasse apertada no gancho. Deste modo, as pregas

tiveram de ser replanejadas e redistribuídas no tamanho desejado da cintura da peça

(Imagem 4, Figura 41). Notou-se também que como a modelagem da cintura da frente

deve ser mais baixa que a modelagem das costas devido aos ganchos, foi necessário

descer a frente, resultando em um pedaço de tecido que teve de ser retirado do

retângulo, o qual foi utilizado para limpeza da barra da saia do terceiro look

desenvolvido.

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Figura 41: Desenvolvimento da pantacourt, look 1.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Após essas conferências, foi finalmente realizada a modelagem da pantacourt,

além da modelagem do cós reto com transpasse (Imagem 1 e 2, Figura 42), sendo

possível utilizar o tamanho total do tecido de 1,50 centímetros de largura e 83

centímetros do comprimento da pantacourt, foi planejado utilizar o restante desse total

do tecido para fazer o cós reto com transpasse da saia do look 3. Sendo assim, a peça

foi cortada no tecido Ecopet cor areia e costurada (Imagem 3, Figura 42). O tecido que

foi retirado para fazer os ganchos costas foi utilizado como limpeza da blusa do look

3, que utilizava o mesmo tecido, e o tecido do gancho frente foi utilizado para fazer a

braguilha da saia do look 3.

Figura 42: Modelagem e costura da pantacourt, look 1.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

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Novamente como realizado para a peça cropped do primeiro look, a pantacourt

também recebeu o cálculo de custo real de produção (Figura 43). Nota-se que também

teve um custo elevado na produção da modelagem, corte e costura o que acarretou

no alto valor do custo de produção e venda da peça.

Figura 43: Cálculo de custo real da peça pantacourt, primeiro look.

Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da

pantacourt, 2017.

Para desenvolver o próximo look, o casaco que pode ser usado também como

vestido, na Figura 44, foi realizada primeiramente a moulage inspirada em uma

modelagem da estilista Holly McQuillan, contida no livro Zero Waste Fashion Design

(2014). Basicamente um retângulo com um corte para passar a cabeça, e cortes para

as mangas, que se encaixam, além de um corte fora a fora frontal. O tamanho foi

pensado na largura e comprimento que o casaco deveria ter, e a quantidade de tecido

para o transpasse frontal. Para isso foi medida a quantidade de tecido Ecopetcl bouclet

que ainda havia, depois de fabricada a cropped do look da foto conceito. Visto a altura

e largura do tecido restante, notou-se que o tamanho escolhido para o comprimento e

largura do casaco não seriam suficientes para cortar a modelagem inteira do casaco

em um retângulo completo.

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Figura 44: Segundo look desenvolvido: casaco-vestido.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Então foi necessário separar as mangas do casaco, que são dois retângulos, e

corta-las no comprimento do tecido que havia sobrado, ao lado da parte recortada da

cropped do look da foto conceito, sobrando 81,5 X 39,5 centímetros e mais 19 X 62

centímetros de tecido. Abaixo da parte já recortada foi utilizado o restante do tecido

de 1,53 centímetros de largura por 87 centímetros de comprimento, para cortar o corpo

do casaco, a faixa de ajustamento da cintura para laçar formando o tope na parte

frontal, e as limpezas necessárias para o transpasse frontal, assim utilizando um

retângulo completo de tecido com 87cm de altura e 1,53 centímetros de largura.

Então a moulage (Imagem 1 e 2, Figura 45) foi planificada em papel pardo

(Imagem 3 e 4, Figura 45) para que o tecido pudesse ser cortado (Imagem 5, Figura

45) e costurado. Para o acabamento de viés do decote traseiro do casaco foi utilizado

um pedaço do tecido que havia sido recortado para emparelhamento (Imagem 6,

Figura 45) já que a fábrica entregou-o com desnível nas extremidades, o mesmo

utilizado para o acabamento de limpeza na barra assimétrica frontal do casaco,

fazendo assim o reaproveitamento de um resíduo. As mangas do casaco tem

acabamento de bainha italiana de dois centímetros, e a barra do casaco acabamento

de bainha simples de dois centímetros. Foi utilizado um pedaço de entretela

termocolante dupla face dentro da limpeza direita frontal para facilitar a costura das

casas dos botões, e evitar o desfiamento do tecido.

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Figura 45 :Desenvolvimento do casaco- vestido, look 2.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Após a finalização do casaco-vestido, este também recebeu o cálculo de custo

real de produção (Figura 46). Para esta peça, a moulage e modelagem não foram

processos tão demorados, o que levou mais tempo foi a organização da modelagem

sobre o tecido para o corte. Assim acabou tendo também um custo elevado de

produção e venda da peça.

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Figura 46: Cálculo de custo real da peça casaco-vestido, segundo look.

Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem do

casaco-vestido, 2017.

O look três é composto pelo conjunto da blusa cropped e saia em tecido Ecopet

areia (Figura 47). Esse look teve uma mistura de técnicas no seu desenvolvimento. A

cropped foi desenvolvida a partir de moulage, utilizando a mesma teoria da

modelagem do casaco, que foi planificada para modelagem plana em papel pardo,

para então ser cortada no tecido. Como as mangas deveriam ser mais curtas, foi

necessário retirar um pedaço do retângulo de cada manga, assim esse pedaço foi

utilizado para fazer os bolsos traseiros da saia. Para a limpeza da cropped foi utilizado

o tecido que havia sobrado do recorte do gancho traseiro da pantacourt do look 1,

para costurar a limpeza no decote, foi necessário colocar um pedaço de entretela pois

o tecido desfia muito.

Figura 47: Terceiro look desenvolvido: cropped e saia.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

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Com a cropped finalizada, foi realizado o cálculo de custo real de produção

(Figura 48). Igualmente as outras peças, devida a técnica de modelagem zero waste

também teve um custo elevado na produção da modelagem, corte e costura o que

acarretou no alto valor do custo de produção e venda da peça.

Figura 48: Cálculo de custo real da peça cropped do terceiro look.

Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da cropped do

terceiro look, 2017.

A saia foi modelada diretamente com modelagem plana, o cós utilizado já havia

sido cortado junto com a modelagem da calça pantacourt, foi colocada entretela no

cós, a braguilha da saia é o pedaço de tecido recortado para formar o gancho frente

da pantacourt e faltava mais uma parte para a braguilha, então foi cortada a partir do

resíduo têxtil que sobrou da curvatura do quadril. Para o acabamento de limpeza da

barra da saia das costas, foi utilizado o tecido retirado para formar a assimetria da

parte frontal, no momento da costura notou-se que não seria o suficiente na altura

para transpassar o recorte da frente, então a limpeza teve de ser costurada mais para

cima da barra, deixando um pedaço maior para dentro da limpeza, mudando a barra

da saia, que ficou apenas levemente assimétrica. O retalho de tecido que sobrou para

formar a assimetria da barra das costas da saia, foi utilizado como limpeza para a

barra frontal da saia, emendado com o retalho de tecido que havia sobrado da calça

pantacourt. Na Figura 49, as etapas do desenvolvimento da cropped e da saia,

Imagem 1 à 5 – moulage da cropped, Imagem 6 e 7 – planificação da moulage da

cropped, Imagem 8 – corte da cropped, e Imagem 9 – modelagem plana da saia.

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Figura 49: Desenvolvimento da cropped e saia, look 3.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Para a saia também foi realizado o cálculo de custo real de produção (Figura

50). A saia foi uma das modelagens mais rápidas, assim teve um menor custo na

produção da modelagem, corte e costura o que diminuiu o valor do custo de produção

e venda da peça.

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Figura 50: Cálculo de custo real da peça saia do terceiro look.

Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem da saia do

terceiro look, 2017.

O quarto e último look desenvolvido para essa coleção foi o vestido assimétrico

(Figura 51). Esse foi criado diretamente através de modelagem plana, desenhado em

papel pardo, utilizando como base a modelagem da blusa cropped do primeiro look.

Tendo então os mesmo conceitos, como o movimento das cavas a partir das pregas

que descem do decote, a altura das costas mais comprida que a frente. Para ser

utilizada a parte do tecido que foi retirada para fazer o decote, foram aplicadas tiras

como ornamentação, que lembram nervuras na parte frontal esquerda superior e

traseira esquerda inferior da peça, como continuação das nervuras causadas pelos

elásticos internos nas laterais da cintura.

Figura 51: Quarto look desenvolvido: vestido assimétrico.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

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O decote canoa recebeu um recorte que desce reto e forma abas para as

laterais e transforma o decote em V, com acabamento de limpeza e costura invisível,

igualmente ao decote das costas, este que recebeu um detalhe vazado retangular. A

parte do tecido recortada na barra para formar a assimetria, foi utilizada como

acabamento de limpeza para a barra das costas do vestido, que recebeu também

costura invisível, e a barra frontal do vestido recebeu bainha invisível. Figura 52

demonstra em imagens, partes do desenvolvimento do vestido, Imagem 1 –

modelagem sob o tecido, Imagem 2 – tecido riscado com giz para ser cortado, Imagem

3 – retalhos dos decotes riscados para corte das tiras de aplicação, Imagem 4 – parte

do vestido costurada.

Figura 52: Desenvolvimento do vestido assimétrico, look 4.

Fonte: Criado pela pesquisadora, 2017.

Para o vestido também foi realizado o cálculo de custo real de produção (Figura

53) assim que finalizado. Teve modelagem razoavelmente rápida, de fácil costura,

porém demorada, devido aos seus muitos detalhes. Do mesmo modo que a blusa

cropped do primeiro look, o vestido recebeu aplicação de tiras que lembram nervuras,

porém na parte frontal e traseira inferior esquerda. Tornando-se uma peça de alto

preço de venda, igualmente as outras peças da coleção. Assim, com o último look

finalizado e o cálculo de custos pronto, se conclui essa sessão secundária, finalizando

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o desenvolvimento da coleção. Passando para a seção terciária e última deste

trabalho, a comunicação da coleção.

Figura 53: Cálculo de custo real da peça vestido do quarto look.

Fonte: Realizado pela pesquisadora a partir da ficha técnica de prototipagem do vestido do

quarto look, 2017.

5.3.1 Comunicação da coleção

Como mencionado na introdução da sessão secundária 5.3 deste trabalho, foi

escolhido o primeiro look para ser desenvolvido e que melhor representa o conceito

da coleção. Após finalizado, são realizados os processos de pesquisa e

desenvolvimento da comunicação da coleção. Nada mais é que o lançamento e

divulgação, para Treptow (2013) é a primeira apresentação para o público, e é

importante que o designer transmita claramente o tema da coleção e para quem se

destina, e todos os materiais de divulgação devem corresponder entre si.

Para produzir o material da comunicação, foi realizada uma produção

fotográfica da campanha de moda da coleção. Esta teve duração de trinta minutos

para os cliques fotográficos e mais trinta minutos para a escolha das fotos, e foi

realizada no estúdio fotográfico da Universidade Feevale, em que o primeiro look

desenvolvido foi fotografado pela Dinara Dal Pai. Para isso, foi necessário realizar

anteriormente uma pesquisa de beleza, iluminação e poses (na Figura 54, um painel

de inspiração) para utilizar na campanha.

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Figura 54: Painel de beleza, iluminação e poses.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir de imagens do Pinterest, 2017.

Relacionando o conceito da marca, com o público-alvo e tema de coleção, foi

visto que uma maquiagem mais natural e iluminada se encaixaria melhor ao tema, e

em tons mais quentes por ser Primavera/Verão. O penteado escolhido foi minimalista

e bem arrumado, com o cabelo preso em coque e dividido mais para a direita, com

acabamento em gel e fixador de cabelo. A iluminação do estúdio foi suave e com

sombra, para ressaltar delicadeza e pele lisa, em estilo Rembrandt (Rembrandt

Harmenszoon van Rijn, pintor holandês do século XVI), que leva esse nome pois o

pintor utilizava esse tipo de iluminação em seus quadros. As poses da modelo mais

leves com movimento e atitude. Assim, com a campanha de moda produzida, originou-

se a foto conceito da coleção e as fotos para o material do e-book, na Figura 55 a foto

conceito, modelo Ivana Puyol, com o release da coleção. O release conforme Treptow

(2013), são os textos de divulgação, normalmente acompanhados de fotos e enviados

aos meios de comunicação, como revistas, blogs, etc.

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Figura 55: Foto conceito e release da coleção.

Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2017.

A foto conceito foi utilizada para a divulgação do desfile final dos alunos do

curso de Moda da Universidade Feevale, que aconteceu no Teatro Feevale, no dia

sete de dezembro de 2017, às 20:00 horas, as quatro modelos respectivamente com

os looks desenvolvidos e desfilados: Julia Schmitt, Barbara Mello, Jenifer de Mello e

Adriane Rios (Figura 56).

Figura 56: Desfile da coleção Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Fonte: Acervo Raul Fernandes Moraes, 2017.

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Segundo Jones (2011) o desfile da coleção de um estudante é uma maneira de

as faculdades avaliarem sua capacidade de trabalho e é uma experiência decisiva

para a formação do aluno, em que normalmente o público é formado pelo corpo

docente da faculdade, pais, representantes dos patrocinadores e confecções em

busca de novas pessoas e ideias. O desfile foi a etapa de conclusão, assim finalizando

este trabalho de pesquisa e desenvolvimento.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho apresentou questões relevantes para entender como fazer

uma moda mais consciente, desde a fabricação, consumo até o descarte dos

produtos. Em seu primeiro capítulo, explicou-se o que é a técnica de modelagem zero

waste, e porque ele é mais eficiente do que a modelagem plana ou moulage, que é

fabricar modelagens que se encaixem sobre um tecido inteiro, fazendo o total

aproveitamento do mesmo, sem restar resíduos, por isso se tornando a melhor opção.

Apresenta uma designer de zero waste, representando o método de fabricação

utilizado por ela, sendo interessante compartilhar que nesse momento do trabalho, em

que estavam sendo pesquisados os estilistas que utilizam o método de modelagem

zero waste, sendo poucos, e quando decidida a estilista Holly McQuillan como a

inspiradora, foi tentado contato através de e-mail e que felizmente foi respondido e

muito rápido por sinal, porém a pesquisadora após alguns dias tentou contato

novamente com mais dúvidas e curiosidades sobre o método, não tendo retorno.

Também, dentro do primeiro capítulo, foi apresentada a importância do conforto e

ergonomia, escolha de materiais conforme seu peso, espessura e caimento nas peças

do vestuário para que o consumidor se sinta bem e satisfeito em utilizá-la.

Foi apresentada a sustentabilidade e o ciclo de vida de um produto de moda no

segundo capítulo deste trabalho. Dito que, a sustentabilidade é prover bem-estar para

os seres vivos hoje e futuramente e que devemos praticar o desenvolvimento

sustentável e justo para todos, sendo democrático e ambientalmente seguro. Pensar

no ciclo de vida de um produto de moda para que este tenha uma vida prolongada e

que utilize de menos recursos em seu desenvolvimento e que no fim de sua vida útil

seja descartado corretamente, e melhor, reaproveitado para outros fins. Bem como

em sua seção secundária informa os tecidos ecológicos que estão disponíveis no

mercado hoje, como algodão orgânico, algodão e poliéster reciclados, outras fibras

como cânhamo, linho, tecidos feitos a partir da reciclagem de garrafas PET, como

também a partir de fibras extraídas de alimentos, como coco, laranja, uva, mostrando

assim que é possível utilizar recursos ecológicos para transformar a moda. Fala

também sobre os resíduos têxteis, grande problema hoje, que pode ser resolvido com

a escolha de materiais biodegradáveis, separação dos produtos para reciclagem e

utilização de técnicas como a modelagem zero waste.

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Em seu quarto capítulo aborda o que é uma marca, sendo aquilo que

representa uma empresa através de seu logo e carrega o que oferece ao mercado e

sua relação com o consumidor e que diversos itens devem ser pensados para

desenvolver uma marca de sucesso, como por exemplo a missão; visão e valores,

como também o mix de marketing ou 4P’s. Assim, foi criada a marca de moda feminina

e autoral Luminus, com pegada sustentável, se inspirou na marca de moda Americana

Vetta, tendo como possível concorrente a marca de moda Brasileira Envido.

Faz-se necessário comentar que ter uma metodologia – aqui utilizada a

pesquisa de natureza aplicada, com método indutivo, objetivo explicativo e técnica de

pesquisa bibliográfica –, e segui-la foi de grande importância para guiar corretamente

o desenvolvimento do trabalho. Como também, ter acompanhado o cronograma de

atividades, tornando possível cumprir os prazos devidamente estipulados.

Na primeira parte desde trabalho, no Trabalho de Conclusão de Curso I, nota-

se que tendo em vista a questão norteadora e o objetivo geral do trabalho, estes

haviam sido atendidos em partes, pois apenas as questões teóricas haviam sido

apresentadas. E todos os objetivos específicos foram elaborados e respondidos

conforme o esperado, contendo informações suficientes para elaborar uma coleção

de moda com os quesitos referidos pela pesquisadora. Durante o processo de

pesquisa notou-se que ainda não tem muito material sobre o assunto modelagem zero

waste em português, e que seria interessante novos estudos na área.

Sendo assim, depois do trabalho teórico e de pesquisa, iniciou-se o processo

de criação da coleção de moda, desenvolvida partindo do Briefing. Delimitado como

tema de coleção: Renascer do ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano, a partir de

referências de macrotendência de comportamento: Natureza Humana, e tendência de

consumo: Transição para o luxo não-material e Eco-eficiência. Foi desenvolvido o

painel de temático que serviu de inspiração para as cores da coleção, que são neutras,

como azul, cinza, areia e nude, serviu também para retirar os elementos de estilo para

que então fossem desenhados os croquis dos dez looks da coleção. Os tecidos foram

escolhidos a partir da cartela de cores e difíceis de encontrar, pois na região do Vale

dos Sinos apenas uma empresa fabrica tecidos ecológicos e reciclados, a Maxitex que

possui pouca variedade de cores, por não fazerem tingimento. E não foram

encontrados aviamentos reciclados ou ecológicos, apenas alguns naturais como os

botões de madeira e de coco.

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Após escolheu-se quatro dos dez looks desenhados para serem desenvolvidos.

Durante o processo de moulage e modelagem das peças surgiram várias dificuldades,

como por exemplo, de como fazer a peça ficar parecida com o croqui; como utilizar

todo o tecido; o que fazer com os pedaços que se tornariam resíduos têxteis; utilizar

modelagem plana ou moulage; etc. Felizmente a maioria dos problemas tiveram

solução, apenas alguns pedaços dos tecidos não tiveram como ser utilizados;

encaixados ou reaproveitados, assim pode-se dizer que a técnica de modelagem zero

waste neste trabalho não atingiu a meta de zero desperdício, mesmo que o

desperdício foi amplamente reduzido à quase zero, ainda restaram mínimos resíduos

têxteis. Contudo, vistos os resultados, é possível confirmar que essa coleção

desenvolvida a partir dessa técnica de modelagem ajuda a reduzir os impactos

ambientais, além de que utilizou-se tecidos reciclados e ecológicos, atingindo a meta

da coleção para a marca Luminus.

Foi realizado o cálculo de custo real para cada peça. Ainda que foi utilizado um

markup de 2.0, ou seja, que cobre o custos dos produtos e obtém-se 100% de lucros,

as peças acabaram tendo um alto custo de produção. Desse modo, sendo para um

público de classe média e alta, mas lembrando que o cliente não está apenas

comprando a peça, mas sim todo o conceito sustentável e de moda consciente

envolvido. Luminus é muito mais do que uma marca do vestuário, é um lifestyle (estilo

de vida).

Por fim, foi realizada a produção fotográfica para a campanha da coleção e

também para compor o e-book das coleções. Foi escolhida e utilizada uma foto da

campanha para a divulgação do desfile dos alunos formandos de Moda da

Universidade Feevale, que ocorreu no dia sete de dezembro de 2017 às 20:00 horas,

no Teatro Feevale. Para este desfile, conseguiu-se parceria para a beleza das

modelos, que foi feita pelos profissionais do Eternity Studio de Beleza, e os sapatos

que as modelos utilizaram foram conseguidos também com parceria, com a marca

Malu Calçados e Território Nacional. Este evento foi de grande importância para a

experiência dos alunos e finalizou todas as etapas vivenciadas durante a jornada

acadêmica, encerrando os processos de produção do Trabalho de Conclusão de

Curso.

Então, seguindo a questão norteadora deste trabalho, foi atingido com êxito o

objetivo geral de fazer uma coleção de moda para a marca de vestuário feminino

Luminus. Utilizando a modelagem zero waste, diminuindo a produção de resíduos

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têxteis, e fazendo uso de tecidos reciclados e ecológicos, assim, proporcionando uma

moda com propósito e mais consciente.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 1.

FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM

Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R03C1

Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 06/09/2017

Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 36

Produto: Blusa cropped fabricada em tecido Ecopetcl bouclet.

DESENHO TÉCNICO (frente / costas)

FRENTE

COSTAS

Pregas frente e costas de 8 cm de comprimento por 4 cm de largura.

16 tiras de 0,70 cm dobradas e rebatidas, aplicadas à peça. Recortadas a partir do que sobrou do decote frente e costas.

Lateral 10 cm com zíper invisível reforçado de 10 cm.

Comprimento frente: 31 cm. Circunferência busto: 95 cm.

Bordado à 3 cm do decote.

Gancho colchetes de metal no fim do zíper e alça de linha.

Comprimento costas: 34 cm. Largura total frente e costas: 85,5 cm.

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DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO

Blusa cropped de corte reto e amplo, ajustada a partir de pences no busto nas laterais frontais, e pences

na cintura frente e costas. Com fechamento de zíper invisível na lateral e gancho colchete. Movimento

de cavas a partir de pregas que começam no decote, duas na frente e duas nas costas com acabamento

de bainha lenço. Aplicação de tiras de tecido que lembram nervuras na parte frontal da peça logo abaixo

do decote canoa, feitas com a sobra do tecido do corte para decote frente e costas, decote com

acabamento de bainha lenço. Barra da cropped com acabamento de bainha lenço. Bordado nas costas.

MATÉRIA-PRIMA

TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo

1.ECOPETCL

BOUCLET

ORIGINAL DA

FIBRA 1,50 cm

88% PET (poliéster)

12% LINHO

MAXITEX R$ 21,81m 50cm X

39cm

AVIAMENTOS

Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo

Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------

Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------

Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------

Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------

Zíper invisível reforçado Nude 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 0,75 1

Gancho colchete Prata 100% metal FEEVALE R$ 0,10 1

* Sem terceirizações.

REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE

1° prova: 24/ 09/2017 – Protótipo provado na modelo, precisou ajustar com pences na cintura frente

e costas, descer o decote 0,5 centímetros frente e costas e fechar menos a lateral.

Data de aprovação: 27/ 09/ 2017 Responsável: Alessandra Gabriela

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114

APÊNDICE B – Ficha técnica de prototipagem da calça pantacourt, look 1.

FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM

Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R03P1

Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 11/09/2017

Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 36

Produto: Calça-saia pantacourt fabricada em tecido Ecopet Rec areia.

DESENHO TÉCNICO (frente / costas)

FRENTE

COSTAS

Zíper invisível reforçado de 20 cm.

Cós reto 73 cm de circunferência, transpasse interno de 5 cm. Cós dobrado, 3,5 cm de altura.

8 pregas fêmeas fechadas 5 cm a partir da margem de costura

do cós.

Botão de madeira 2 cm, interno no cós.

Comprimento lateral: 81 cm. Largura boca da perna: 139 cm.

Bordado centralizado no cós.

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DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO

Calça-saia pantacourt, com três pregas fêmeas frontais, uma em cada lateral e três pregas fêmeas

traseiras, de 16cm de largura. Cós reto, fechamento frontal com zíper invisível e botão interno. Bainha

simples de 3,5 centímetros. Modelagem retângulo inteiro.

MATÉRIA-PRIMA

TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo

1.ECOPETCL REC NATURAL

AREIA

1,50 m 70% ALGODÃO (rec)

30% PET (poliéster)

MAXITEX R$ 13,51m 1,50 cm X

81,5 cm 2. ENTRETELA

TERMOCOLANTE

UMA FACE

BRANCA 1, 52 m 100% Poliéster FEEVALE R$ 8,00 79 cm

AVIAMENTOS

Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo

Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------

Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------

Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------

Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------

Zíper invisível reforçado Nude 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 0,75 1

Botão de madeira Natural 100% madeira TITA ARMARINHOS R$ 1,00 1

* Sem terceirizações.

REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE

1° prova: 24/ 09/2017 – Protótipo provado na modelo, precisou aumentar a circunferência da cintura

para 73 centímetros, para descer o gancho. Pregas foram replanejadas.

Data de aprovação: 27/ 09/ 2017 Responsável: Alessandra Gabriela

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116

APÊNDICE C – Ficha técnica de prototipagem do casaco-vestido, look 2.

FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM

Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R04CV1

Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 04/10/2017

Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38

Produto: Casaco que pode ser usado também como vestido, em tecido Ecopetcl bouclet.

DESENHO TÉCNICO (frente / costas)

FRENTE

COSTAS

Largura total do casaco: 124 cm. Altura costas e frente direita: 80 cm.

Recorte 25 cm de largura por 9 cm de altura.

Botões de 3 cm, separados por 5 cm de altura.

Prega fêmea fechada 5 cm a partir do decote.

Bordado a 3 cm abaixo do decote.

Transpasse de 9 cm largura. Aba de 18 cm de largura.

Mangas a partir do decote, comprimento de 37 cm.

Faixa de 166 cm por 5,50 cm.

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117

DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO

Casaco de comprimento médio, com transpasse frontal, fechamento com quatro botões e ajuste com

faixa laçada em tope amarrada por cima do vestido. Mangas ¾ amplas de corte reto com bainha italiana.

Decote frontal reto com acabamento de limpeza e decote traseiro com acabamento de viés.

MATÉRIA-PRIMA

TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo

1.ECOPETCL

BOUCLET

ORIGINAL DA

FIBRA 1,53 cm

88% PET (poliéster)

12% LINHO

MAXITEX R$ 21,81m 1,53 X 118

2. ENTRETELA

TERMOCOLANTE

DUPLA FACE

BRANCA 90 cm 100 % poliéster FEEVALE R$ 5,12 m 28 cm X

6,50 cm

AVIAMENTOS

Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo

Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------

Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------

Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------

Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------

Botões de coco Natural 100% casca de

coco

TITA ARMARINHOS R$ 1, 50 4

* Sem terceirizações.

REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE

1° prova: 09/10/2017 - O protótipo foi provado, e necessitou uma prega nas costas para dar ajuste

no decote, e foi necessário aumentar a largura da peça para ter espaço para transpassar, o restante

estava ok.

Data de aprovação: 09/10/2017 Responsável: Alessandra Gabriela

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118

APÊNDICE D – Ficha técnica de prototipagem da blusa cropped, look 3.

FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM

Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R02C2

Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 16/10/2017

Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38

Produto: Blusa Cropped de manga curta, em tecido Ecopet Rec areia.

DESENHO TÉCNICO (frente / costas)

FRENTE

COSTAS

Cintura circunferência: 100 cm

Abertura 9 cm vertical a partir do decote. Aba 13 cm de largura

Comprimento frente: 34 cm. Comprimento costas: 32 cm. Largura total busto/ corpo/ mangas: 80 cm.

Bordado a 3 cm abaixo do decote.

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119

DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO

Blusa cropped ampla, de corte reto, com mangas curtas inteiras na peça com acabamento de bainha

simples de dois centímetros. Decote frontal reto com recorte reto que desce nove centímetros e forma

duas abas para a lateral e transforma o decote em V, com acabamento de limpeza e costura invisível.

Decote traseiro reto com acabamento de limpeza. Bainha simples de dois centímetros.

MATÉRIA-PRIMA

TECIDO Cor Largura Composição Forneced

or Custo Consumo

1.ECOPET REC NATURAL

AREIA 1,50 m

70% ALGODÃO (rec)

30% PET (poliéster)

MAXITEX R$ 13,51 m 100 cm X

66 cm

2. ENTRETELA

TERMOCOLANTE

UMA FACE

BRANCA 1,52 m 100% poliéster FEEVALE R$ 8,00 m 42 cm X 2

cm

AVIAMENTOS

Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo

Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------

Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4,60 -------------

Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------

Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------

* Sem terceirizações.

REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE

1° prova: 25/10/2017 - Protótipo foi provado na modelo e não precisou de ajustes.

Data de aprovação: 25/10/2017 Responsável: Alessandra Gabriela

Page 120: MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR ...4 ALESSANDRA GABRIELA MORAES Trabalho de Conclusão do Curso de Moda, com o título “Moda Consciente: vestuário produzido a partir

120

APÊNDICE E – Ficha técnica de prototipagem da saia, look 3.

FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM

Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R02S1

Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 23/10/2017

Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38

Produto: Saia assimétrica, em tecido Ecopet Rec areia.

DESENHO TÉCNICO (frente / costas)

FRENTE

COSTAS

Cós 74 cm de circunferência, transpasse de 5 cm. 4 cm de altura.

Frente esquerda 53 cm de comprimento.

Bolso com prega fêmea.

Bolso boca: 10,5 cm. Comprimento:14,5 cm. Largura embaixo: 13,5 cm. (4 retângulos de 15 cm por 7 cm costurados)

Botão de madeira 2 cm, interno no cós.

Braguilha, zíper de nylon 20 cm.

Frente direita 38 cm de comprimento.

Bordado centralizado no cós

Costas direita 55 cm de comprimento. Largura quadril frente: 50 cm.

Largura quadril costas: 52 cm.

Page 121: MODA CONSCIENTE: VESTUÁRIO PRODUZIDO A PARTIR ...4 ALESSANDRA GABRIELA MORAES Trabalho de Conclusão do Curso de Moda, com o título “Moda Consciente: vestuário produzido a partir

121

DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO

Saia reta com comprimento assimétrico, mais curta na frente do que atrás. Com cós reto levemente

acinturado com pences nas lateriais. Bainha com acabamento de limpeza e costura invisível. Recorte

na frente e fechamento com braguilha e zíper invisível, e botão interno no cós. Bolsos aplicados na

parte traseira da saia, e pences traseiras.

MATÉRIA-PRIMA

TECIDO Cor Largura Composição Forneced

or Custo Consumo

1.ECOPET REC NATURAL

AREIA 1,50 m

70% ALGODÃO (rec)

30% PET (poliéster)

MAXITEX R$ 13,51m 102 cm X

55cm

2. ENTRETELA

TERMOCOLANTE

UMA FACE

BRANCA 1,52 m 100% poliéster FEEVALE R$ 8,00 m 86 cm

AVIAMENTOS

Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo

Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------

Fio reto Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------

Fio texturizado Nude 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------

Fio texturizado Branca 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------

Botão de madeira Natural 100% madeira TITA ARMARINHOS R$ 1, 00 1

Zíper de nylon Nude 100% nylon ENTREMALHAS R$ 1,00 1

* Sem terceirizações.

REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE

1° prova: 25/10/2017 – Conferência de modelagem sob a modelo. Modelagem aprovada.

Data de aprovação: 25/10/2017 Responsável: Alessandra Gabriela.

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APÊNDICE F – Ficha técnica de prototipagem do vestido, look 4.

FICHA TÉCNICA DE PROTOTIPAGEM

Coleção: Renascer do Ser: ser tempo; ser suspiro; ser humano.

Estilista: Alessandra Gabriela Referência: R01V1

Modelista: Alessandra Gabriela Data de criação: 06/11/ 2017

Grade de tamanhos: Sem gradação Tamanho da peça piloto: 38

Produto: Vestido de comprimento médio e assimétrico, em tecido Ecopet Jeans cinza.

DESENHO TÉCNICO (frente / costas)

FRENTE

COSTAS

Largura total da peça: 98 cm.

Bordado centralizado a 1 cm

do recorte.

Comprimento 118 cm, limpeza de 3 cm.

Pregas frente e costas

de 8 cm de

comprimento por 4 cm

de largura.

Aplicação de 3 elástico internos de 12 cm.

Abertura 9 cm

vertical a partir

do decote.

Aba 13 cm de

largura

Comprimento 83 cm, limpeza de 3 cm.

7 tiras de 1,0 cm dobradas e rebatidas, de cada lado, aplicadas à peça. Recortadas a partir do que sobrou do decote frente e costas.

Recorte retangular vasado de

2 cm de largura por 9 cm de

comprimento.

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DESCRIÇÃO TÉCNICA DETALHADA DO PRODUTO

Vestido de comprimento médio, com comprimento assimétrico, mais curto na frente do que atrás, com

acabamento de limpeza e costura invisível. Com decote canoa, mais reto e levemente ajustado na

cintura a partir de elásticos costurados internamente e que dão aspecto de nervuras no exterior da

peça. Detalhe de tiras aplicadas que lembram nervuras feitas a partir da parte retirada do tecido para

fazer o decote canoa, que tem acabamento de limpeza e costura invisível. Movimento de cavas a partir

de pregas que começam no decote, duas na frente e duas nas costas.

MATÉRIA-PRIMA

TECIDO Cor Largura Composição Fornecedor Custo Consumo

1.ECOJEANS CINZA 1,50m 70% ALGODÃO (rec)

30% PET (poliéster)

MAXITEX R$ 13,51m 150cm

X110cm

AVIAMENTOS

Descrição Cor Composição Fornecedor Custo Consumo

Fio reto Preta 100% poliéster ENTREMALHAS R$ 3,80 -------------

Fio reto Cinza 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 4, 60 -------------

Fio texturizado Cinza 100% poliéster TITA ARMARINHOS R$ 7,70 -------------

Fio texturizado Cinza 100% poliéster FEEVALE R$ 7,70 -------------

Elástico Preta 69% algodão

31% látex

TITA ARMARINHOS R$ 0, 25 90 cm

* Sem terceirizações.

REGISTROS SOBRE TESTES DE VESTIBILIDADE

1° prova: será descrita na versão finalizada deste trabalho, pois até o dia da entrega o look não

estava totalmente pronto.

Data de aprovação: Responsável: Alessandra Gabriela