mod introducao a farmacologia e cosmetologia v3

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INTRODUçãO à FARMACOLOGIA E à COSMETOLOGIA Brasília, 2011.

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Page 1: Mod Introducao a Farmacologia e Cosmetologia v3

Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa

Brasília, 2011.

Page 2: Mod Introducao a Farmacologia e Cosmetologia v3

elaboração

Marcus Vinícius Dias Souza

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

Page 3: Mod Introducao a Farmacologia e Cosmetologia v3

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SUMÁRIO

aPresentação ..................................................................................................................................... 5

organIZação do caderno de estudos e PesQuIsa ................................................................................. 6

Introdução ......................................................................................................................................... 8

unIdade I

Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa .................................................................................... 11

caPítulo 1

FarmacologIa geral: conceItos FundamentaIs e FarmacocInétIca ............................................ 13

caPítulo 2

FarmacodInâmIca .................................................................................................................. 16

caPítulo 3

medIadores InFlamatórIos .................................................................................................... 18

caPítulo 4

conceItos FundamentaIs em cosmetologIa ............................................................................. 21

caPítulo 5

ImunologIa cutânea e cosmetotoxIcIdade:

vIsão geral .......................................................................................................................... 30

caPítulo 6

IngredIentes cosmétIcos naturaIs ......................................................................................... 40

unIdade II

cosmetologIa aplIcada ...................................................................................................................... 45

caPítulo 7

acne: cuIdados cosmétIcos .................................................................................................. 48

caPítulo 8

cosmétIca masculIna ........................................................................................................... 54

caPítulo 9

HIpercromIa cutânea IdIopátIca da regIão orbItal ................................................................... 58

caPítulo 10

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estrIas, celulItes e gorduras localIzadas ............................................................................ 60

caPítulo 11

IngredIentes cosmétIcos despIgmentantes ............................................................................ 65

caPítulo 12

Introdução aos peelings ....................................................................................................... 68

caPítulo 13

cosmétIca antI-aging e neurocosmétIca ................................................................................ 73

caPítulo 14

cuIdados cosmétIcos InIcIaIs com a queda capIlar .................................................................. 79

caPítulo 15

cosmétIcos para grupos de rIsco .......................................................................................... 82

caPítulo 16

HIdratação corporal e produtos antIpoluIção....................................................................... 84

caPítulo 17

manejo cosmétIco de cIcatrIzes ............................................................................................ 87

caPítulo 18

nutrIcosmétIca e nutracêutIcos ........................................................................................... 90

reFerêncIas ...................................................................................................................................... 94

Page 5: Mod Introducao a Farmacologia e Cosmetologia v3

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APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática da disciplina.

Para refletir

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar

Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

abc

Sintetizando e enriquecendo nossas informações

Espaço para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua contribuição pessoal.

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Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas

Aprofundamento das discussões.

Praticando

Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar

Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.

Referências

Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.

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INTRODUÇÃO

O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi elaborado com o objetivo de propiciar conhecimento e direcionamento para os estudos em Farmacologia e Cosmetologia. A disciplina visa a oferecer a fundamentação teórica necessária para a prescrição cosmética, considerando a elaboração adequada do prontuário, o veículo, as incompatibilidades, o pH, entre outros aspectos.

Cada capítulo foi pensando com base nas horas que você dedica ao trabalho destinado às atividades educativas bem como às práticas desenvolvidas no ambiente universitário. No entanto, você é protagonista da história que estamos construindo, portanto, tenha esse caderno como direção, mas não se limite a ele.

A Farmacologia é uma ciência biomédica que estuda o comportamento de moléculas ativas com finalidade de diagnóstico, cura ou tratamento de doenças. A Cosmetologia é uma ciência farmacêutica que estuda o desenvolvimento de produtos para limpar, alterar a aparência, perfumar e/ou corrigir odores corporais. Como integrar essas ciências, a princípio tão antagônicas, para o estudo dos cuidados com condições inestéticas?

Basicamente, os conceitos de Farmacologia são aplicáveis em Cosmetologia: os ingredientes cosméticos possuem mecanismos de ação semelhantes aos da pesquisa com fármacos. Conhecimentos de Farmacologia são importantes para uma visão ampliada e segura durante o planejamento da prescrição cosmética, especialmente porque estamos tratando de prontuários individualizados, já que cada paciente é único em suas necessidades estéticas.

Tendo em vista que nem sempre a disciplina Farmacologia é ofertada nos cursos superiores da área da saúde, recomenda-se ao estudante que consulte as literaturas referenciadas no fim do Caderno de Estudos para complementar conceitos e visualizar mais exemplos práticos.

Bons estudos!

objetivos

» Estudar os elementos essenciais da Farmacologia Geral com suas bases moleculares.

» Observar o comportamento das substâncias ativas no organismo.

» Conhecer os elementos fundamentais de Cosmetologia.

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» Elaborar corretamente a prescrição cosmética.

» Conhecer como funcionam os principais ingredientes cosméticos para vários aspectos inestéticos, suas propriedades químicas e interações.

» Elaborar formulações individualizadas para cuidados cosméticos.

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UNIDADE IIntrodução à FarmacologIa e à cosmetologIa

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CAPíTUlO 1 Farmacologia geral: conceitos fundamentais e farmacocinética

conceitos fundamentais

A Farmacologia é a ciência que estuda os mecanismos de ação das substâncias utilizadas para diagnóstico, tratamento ou cura de doenças, bem como seu comportamento no organismo.

Um fármaco é um agente químico que proporciona efeito terapêutico ou preventivo. As formulações que levam fármacos em sua composição são denominadas medicamentos.

A expressão “tratamento cosmético” é erroneamente utilizada entre profissionais do ramo, considerando que apenas os fármacos, nas formulações de medicamentos, são agentes de tratamento de doenças.

O termo remédio, por vezes atribuído aos medicamentos, constitui-se, na realidade, qualquer recurso que tenha efeito terapêutico para o paciente. É o caso, por exemplo, das terapias manuais para pessoas estressadas ou depressivas ou um simples banho relaxante.

As formas farmacêuticas são as formas como os medicamentos prontos são apresentados aos pacientes. Como exemplo, citamos:

» formas farmacêuticas sólidas: cápsulas, comprimidos;

» formas farmacêuticas líquidas: xaropes, suspensões, soluções;

» formas farmacêuticas semisólidas: géis, cremes, loções, pomadas.

Cosméticos podem ser considerados remédios?

Cosméticos não possuem finalidade terapêutica, portanto, não são remédios.

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Farmacocinética – visão geral

A Farmacocinética é a parte da Farmacologia que estuda o comportamento do organismo em relação ao fármaco, isto é, o que o organismo faz com o fármaco, como ocorre seu processamento em termos de:

1. absorção;

2. metabolização;

3. distribuição;

4. eliminação do organismo.

Absorção: é a passagem da substância ativa do local onde foi administrada para a corrente sanguínea, sem que se desintegre.

Pode-se dizer que existe absorção de cosméticos, considerando que levam substâncias com comportamento de fármacos, mas não são medicamentos?

Novamente, como os cosméticos não possuem ação terapêutica, não são absorvidos pela pele. Outro aspecto importante é que as moléculas ativas geralmente são muito grandes para passar pela pele.

Metabolização: consiste em um conjunto de reações químicas que tornam a molécula realmente ativa e/ou mais facilmente absorvida, geralmente conferindo-lhe hidrossolubilidade.

Como estudaremos os cosméticos de uso interno, torna-se relevante abordar alguns aspectos sobre o metabolismo hepático:

1. O fígado possui uma rede de processamento de substâncias que chegam até ele via circulação, feito pelo sistema de enzimas do tipo mono-oxigenases, do citocromo P450.

Essas enzimas podem sofrer aumento da atividade através do aumento do número de enzimas, o que chamamos de indução. Este efeito pode ou não causar toxicidade, a depender da substância que está sendo processada.

2. O fígado também é responsável pelo efeito de primeira passagem: alguns fármacos sofrem metabolização tão extensa que a quatidade que chega na corrente sanguínea acaba sendo muito menor que a quantidade administrada e absorvida.

O efeito de primeira passagem é um evento positivo ou negativo? Em que situações é positivo ou negativo?

Eliminação: É a saída dos fármacos do organismo. Geralmente analisa-se a eliminação em termos de Clearance, que é o volume de plasma sanguíneo livre do fármaco por unidade de tempo.

UNIDADE I | Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa

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Distribuição: é a passagem da substância ativa da corrente sanguínea para os tecidos que são os locais de ação dos fármacos. Exemplo: produtos para dor de cabeça vão agir na vascularização do sistema nervoso central.

Chamamos de biodisponibilidade a estimativa da velocidade e tempo gasto para uma molécula chegar na corrente sanguínea, bem como qual a quantidade disponível.

Alguns fármacos podem se acumular no tecido adiposo, nos ossos, dentes, olhos, atravessar a barreira hematoencefálica (que proteje o sistema nervoso central de substâncias circulantes) e, no caso das gestantes, podem atravessar a barreira placentária. Por isso, todo cuidado é pouco na selecção de fármacos para administração em qualquer tipo de paciente.

Pesquise o que são pró-fármacos e qual a vantagem deste tipo de molécula sobre os fármacos comuns.

São fatores que influenciam o sucesso terapêutico:

» forma farmacêutica administrada;

» como ocorreu a administração (via oral, via tópica, injetável – intramuscular, intravenosa etc.);

» forma de movimento do fármaco no organismo.

A forma de movimento do fármaco no organismo está relacionada ao modo como a molécula ativa entra na célula. São os três movimentos principais:

1. difusão (passagem) simples direta pela membrana, sem gasto de energia na forma de ATP, comum para moléculas lipossolúveis;

2. difusão facilitada por canais iônicos (canais formados por proteínas carreadoras que levam a molécula de fora para dentro da célula), sem gasto de energia;

3. transporte ativo através de canais proteicos, com gasto de energia.

Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa | UNIDADE I

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CAPíTUlO 2Farmacodinâmica

A Farmacodinâmica é a parte da Farmacologia que estuda o mecanismo de ação do fármaco, isto é, quais modificações gera no organismo, como, por que e quando ocorrem.

Os fármacos agem no organismo através de interações com elementos que chamamos de alvos. Um alvo consiste no local específico, em nível molecular, onde o fármaco irá agir. Os principais alvos são:

» enzimas (podem ser inibidas ou ter sua atividade aumentada);

» moléculas transportadoras (podem ser bloqueadas ou ter sua atividade aumentada);

» canais iônicos (podem ser abertos ou fechados);

» receptores específicos: locais de ligação de substâncias endógenas onde fármacos com estrutura química semelhante às substâncias endógenas se ligam.

Quanto à ação nos receptores, pode ocorrer ligação do fármaco para simular o efeito de uma substância endógena, no intuito de aumentar o efeito fisiológico causado por esta, ativando o receptor e cascatas de sinalização dentro da célula. A estes fármacos dá-se o nome de agonista.

Exemplo: O corpo libera naturalmente adrenalina na corrente sanguínea, que se liga a seus receptores específicos em determinados órgãos. Existem moléculas para o tratamento da asma, por exemplo, que possuem estrutura semelhante à da adrenalina, para ligar-se aos mesmos receptores apenas nas vias aéreas e ativá-los, causando dilatação para maior passagem de ar.

O sinergismo entre fármacos acontece quando duas ou mais moléculas, quando associadas na administração, potencializam um único efeito, por mecanismos semelhantes ou diferentes. Exemplos em cosmetologia: controladores de oleosidade e adstringentes, quando associados, favorecem a eliminação de comedões, no tratamento da acne.

Os fármacos que se ligam a um receptor para bloquear a ação das substâncias endógenas são chamados de antagonistas.

Exemplo: Existem moléculas semelhantes à adrenalina que se ligam aos receptores para adrenalina no coração, visando reduzir a frequência cardíaca e a força de contração, no intuito de controlar a pressão arterial: sem a ligação de adrenalina, o coração não recebe estímulo para fazer mais força /contrações que o necessário, o que colabora para o abaixamento da pressão arterial.

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Natureza da atividade farmacológica: são diferenças existentes para receptores de ação reguladora sobre funções fisiológicas. São classificadas em:

» antagonismo competitivo: quando duas substâncias disputam a ligação pelo mesmo alvo. Vence a que tiver o melhor perfil químico para se ligar ao alvo;

» antagonismo químico: ocorre alteração da estrutura química de um fármaco, o que causa perda da função original;

» antagonismo fisiológico: ocorre alteração da função de um fármaco por outro, sem alteração da estrutura química;

» antagonismo farmacocinético: ocorre alteração dos parâmetros farmacocinéticos (absorção, metabolismo, distribuição, excreção) de um fármaco por outro.

Como prevenir erros de prescrição conhecendo a natureza da atividade farmacológica das substâncias?

Se duas ou mais substâncias apresentam qualquer tipo de antagonismo, não devem, portanto, ser associadas na mesma formulação nem administradas simultaneamente.

Quando um fármaco é administrado de maneira contínua ou repetida (não necessariamente por erros de medicação), existe o risco de desenvolvimento de taquifilaxia, que é a perda do efeito do fármaco por alterações causadas ou mesmo perda dos alvos no organismo.

Diferentemente desta condição, enquadra-se o conceito de adaptação fisiológica, que é a redução do efeito de um fármaco por respostas do organismo que tendem à condição de homeostase, o que gera tolerância ao fármaco.

Como aplicar estes conceitos de farmacodinâmica em cosmetologia?

Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa | UNIDADE I

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CAPíTUlO 3 mediadores inflamatórios

O processo inflamatório é uma resposta do organismo que se inicia nos vasos sanguíneos em direção aos tecidos quando há lesão por qualquer agente etiológico. A finalidade da inflamação é proteger o organismo através de mecanismos para destruição e eliminação do agente etiológico, além de reparar a área afetada. Desta forma, pode-se entender que existem diversos tipos e intensidades de inflamação, variando o agente e a área afetada.

Quando são exagerados, os processos inflamatórios causam doenças como processos dolorosos, alergias, autoimunidades e destruição tecidual. O controle da inflamação, atualmente, é feito principalmente com anti-inflamatórios não esteroidais e corticoterapia, a depender do caso.

Não existe uma sequência exata estrita para os eventos da inflamação, isto é, as etapas podem ocorrer simultaneamente, porém, três fases principais podem ser identificadas:

1. Fase aguda de fenômenos vasculares: ocorre vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular, com extravasamento de proteínas e outras biomoléculas.

2. Fase tardia: ocorre infiltração de células do sistema imune como neutrófilos e outros fagócitos por diapedese e migração dessas células para o local da inflamação, para captura e destruição do agente causador da inflamação.

3. Fase de degeneração tecidual com fibrose.

O conhecimento das principais substâncias envolvidas na inflamação torna-se importante para os estudos de farmacologia e cosmetologia, considerando que, conhecendo como mediam os processos inflamatórios, pode-se planejar melhor os cuidados cosméticos para diversas condições inestéticas associadas à inflamação, como a acne e as cicatrizes.

Os mediadores da inflamação são os responsáveis pelo caráter considerado uniforme dos processos inflamatórios, não importando se o agente etiológico é uma bactéria, um corpo estranho, radiação etc.

Como pode existir diferentes tipos de inflamação se o processo é uniforme, considerando que os mediadores envolvidos são geralmente os mesmos?

A depender da doença (ex.: alergias, neoplasias malignas, psoríase), apesar dos mediadores serem quimicamente semelhantes, as associações fisiologicamente programadas variam, inclusive em quantidade.

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Principais mediadores dos processos inflamatórios:

» Histamina: encontrada pré-formada na maioria dos tecidos corporais, tem sua ação condicionada aos receptores onde se liga, a saber:

› Receptores H1 (várias regiões corporais): contração da musculatura lisa, brônquios, bronquíolos; edema, eritema, prurido, aumento da secreção de muco e da permeabilidade de capilares; indução de vômito.

› Receptores H2 (estômago): estimula a secreção de suco gástrico.

» TXA2 (Trombxano A2): faz vasoconstrição e estimula a agregação plaquetária.

» PAF (Fator de Agregação Plaquetária): estimula a agregação plaquetária, é vasodilatador, aumenta a permeabilidade vascular e tem ação quimiotática (atração) de células imunológicas para o local da inflamação.

» Bradicinina: ação vasodiltadora, aumenta a permeabilidade vascular, estimula a contração do intestino.

Em que situações, ao se tratar de inflamação, é importante que haja contração do intestino?

Em casos onde há parasitoses intestinais envolvidas, a contração do intestino é importante para a eliminação do parasita nas fezes.

Prostaglandinas

» PGE2: reduz o limiar da nocicepção, tem ação sinérgica com substâncias que causam dor por estimulação das terminações nervosas, causa febre e broncoconstrição.

» PGI2: tem ação vasodilatadora e antiagregação plaquetária.

leucotrienos

» LTB4 (Leucotrieno B4): promove adesão, ativação e proliferação de células imunológicas.

» LTC4 (Leucotrieno C4): broncoconstritor.

» LTD4 (Leucotrieno D4): vasodilatador.

» LTE4 (Leucotrieno E4): vasoconstritor.

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Como o organismo organiza o processo inflamatório considerando que alguns mediadores possuem ações antagônicas?

A organização é regida pela programação do sistema imune; quando há falhas no controle da imunidade, podem ocorrer doenças como as autoimunidades.

Pesquise nos tratados de imunologia os detalhes sobre as células e as substâncias de origem imunológica envolvidas na inflamação. Você verá que é um processo fascinante, apesar de complexo.

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CAPíTUlO 4 conceitos fundamentais em cosmetologia

» Cosméticos: formulações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas para uso externo (cabelo, pele, unhas, lábios, dentes e mucosa da cavidade oral) com finalidade exclusiva de limpar, alterar a aparência, perfumar e/ou corrigir odores corporais, para proteger a pele ou mantê-la em bom estado (sadia).

» Cosmecêuticos: termo não reconhecido pela Anvisa nem pelos órgãos regulatórios de produtos cosméticos e farmacêuticos internacionais. Indica cosméticos cujas fórmulas possuem propriedades terapêuticas associadas, sendo usados nos “tratamentos cosméticos”. São produtos para acne, caspa, esmalte para micoses etc.

» Grau de risco I: produtos isentos de registro do Ministério da Saúde, oferecendo riscos mínimos ao usuário. Ex: shampoos/condicionadores comuns, hidratantes etc.

» Grau de risco II: produtos que devem ter segurança e eficácia comprovadas, além do registro no Ministério da Saúde. Ex: produtos para acne, despigmentantes, anticaspa, para micoses, para área dos olhos, filtros solares, para uso nas mucosas (como as soluções para bochechos) e produtos de uso infantil.

» Cosméticos naturais: estendem seus efeitos para todo o organismo. As fases oleosas são feitas com ceras e esqualeno naturais, além da lanolina e ésteres, fosfolipídios derivados biológicos. Não são usados produtos sintéticos nem conservantes sintéticos. Os ativos são todos naturais. Ex.: blend (mistura) de óleos naturais.

» Produtos orgânicos: produtos com certificação diferencial conferida por órgão competente (como o EcoCERT), cuja formulação não leva itens sintéticos como silicones, fragrâncias, polietilenoglicol (PEG), corantes, derivados do petróleo nem produtos de origem animal. Todos os componentes da fórmula são exclusivamente naturais e seguem rígidos padrões de produção (sem agrotóxicos, processamento em indústrias de padrão trabalhista ouro etc.) sendo, portanto, certificados. Não são feitos testes em animais. No mínimo, 95% dos produtos envolvidos (e a empresa) devem ser certificados. Os produtos são livres de metais pesados, toxinas e OGM (organismos geneticamente modificados – os transgênicos).

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.

Atenção: Cosméticos tradicionais podem ter ingredientes naturais.

Vias de penetração da pele e de hidratação

É fundamental diferenciar:

óstio: local de saída da secreção gerada pela glândula sebácea e dos pelos.

poro: local de saída de glândula sudorípara.

São vias de penetração dos princípios ativos na pele:

» transdérmica: substâncias de baixo peso molecular, caráter anfótero (isto é, são hidrossolúveis e lipossolúveis), passam pela pele e caem na corrente sanguínea. Uso exclusivo de medicamentos.

» transfolicular: passam entre o folículo piloso e a papila dérmica. Área com pouco pelo (especialmente idosos), tem hidratação mais difícil, por deficiência neste mecanismo, já que o folículo fica obstruído.

» transcelular: por difusão, os ativos passam de uma célula para a outra. Ocorre principalmente com ativos lipofílicos. O pH alcalino aumenta emoliência da pele por clivagem da queratina da camada córnea; por isso, o caráter alcalino tem maior permeabilidade da pele, um fator de risco para uso do produtos.

a importância da hidratação

A redução da espessura da pele e do tecido subcutâneo, por ação química e/ou ambiental, são os principais mecanismos de desidratação, além da nutrição inadequada. A perda de água transepidermal, entendida como a evaporação da água dos tecidos mais profundos até a epiderme, ocorre naturalmente na pele, até mesmo para regulação de temperatura corporal. É importante que qualquer produto cosmético possa proporcionar hidratação, para garantir a integridade do tecido e para que o ativo exerça sua função corretamente.

São vias de restauração da hidratação da pele por cosméticos:

» oclusão: os poros são obstruídos e a água da pele não evapora.

» umectação: são usados ativos higroscópicos para reduzir a volatização da água da superfície da pele.

UNIDADE I | Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa

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» restauração: feita através de elementos originais da pele como proteínas (hidrolizados – para maior absorção), colágeno, carboidratos e lipídeos que são inseridos nas fórmulas. Também podem ter filtro solar.

Formas de apresentação dos cosméticos (variações de veículos)

» Cremes: são emulsões óleo/água ou água/óleo de boa consistência (maior viscosidade).

» Loções: microemulsões de baixa ou média viscosidade.

» Géis: redes poliméricas hidratáveis (natrosol, carbopol, aristoflex, pemulen, sepigel, etc.) de boa consistência em geral. São os veículos mais escolhidos para peles oleosas.

» Leites: microemulsões de pouca viscosidade, para limpeza de pele.

» Tônicos: soluções vasodilatadoras, refrescantes, rubefacientes e cicatrizantes. São próprias para recuperar a nutrição, ph e tônus da pele (izotonizantes). Finalizam a etapa de limpeza.

» Sticks: preparações sólidas de ácidos graxos e álcool etílico, solidificados por estearato de sódio. Podem ser hidratantes, despigmentantes etc.

» Óleos: preparações de origem vegetal/animal, líquidos à temperatura ambiente.

» Sabonetes: líquidos, glicerinados, barra (tradicionais), shower gel, esfoliantes, antissépticos (íntimos).

» Shampoos: De pH alcalino, podem ser: hidratantes, anticaspa, antiresíduos, infantis, antiqueda etc.

Conceitos de Química

» pH: índice de acidez tolerado por áreas corporais ou substâncias ativas. Varia de 0 a 14, sendo que até 7 o pH é ácido, em 7 é neutro e de 7 a 14 é alcalino ou básico. O pH das diferentes áreas corporais está no quadro a seguir.

Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa | UNIDADE I

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quadro 1 – faixas de pH do corpo

axilas 6,3 a 6,5costas 4,5 a 4,8cabelo 4,5 a 4,7coxas 6 a 6,1mãos 4,3 a 4,6

nádegas 6,4 a 6,5pés 7 a 7,2

face 4 a 4,8seios 6 a 6,2

tornozelos 5,9 a 6,1

Fonte: BATISTUZZO, 2009.

Conhecer o pH das diferentes áreas corporais é fundamental para a escolha do cosmético: produtos muito ácidos ou muito alcalinos podem causar danos sérios às áreas onde são aplicados, como queimaduras e lesões. Além disso, observar o pH das substâncias é fundamental para que possam ser associadas sem que hajam incompatibilidades.

» Solubilidade: capacidade de uma substância se dissolver na presença de outra. Podem ser classificadas em: insolúveis (caráter hidrofílico/fábico), pouco solúveis, livremente solúvel, solúvel.

» Fotossensibilidade: característica das substâncias que podem ser alteradas/inativadas pela luz.

» Higroscopicidade: capacidade de uma substância agregar água para sua estrutura. Ex.: as substâncias com sódio (Na+2).

Porque certos produtos cosméticos importados mudam de aspecto/odor quando chegam ao Brasil?

Produtos fabricados na França, por exemplo, são planejados para serem estáveis nas condições climáticas locais. Trazer estes produtos para zonas climáticas diferentes implica provável perda da estabilidade.

Os 16 tipos de pele – Adequação de produtos cosméticos às necessidades individuais Leslie Baumann, 2006 (The Skin Type Solution)

Atualmente, além da classificação tradicional dos fototipos de pele conforme Fitzpatrick, a classificação da pele em 16 tipos, definida em 2006 pela dermatologista norte-americana Leslie Baumann, tem sido amplamente divulgada e utilizada, já que fornece outros critérios de seleção como tendência a ruborização e descamação.

UNIDADE I | Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa

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1. Pele oleosa, sensível, não pigmentada com tendência a rugas

Apresenta poros dilatados e rugas precoces por ter camada fina; não bronzeia, mas queima.

» Fotoproteção constante/creme oil-free ou gel. Usar anti-inflamatórios e calmantes suaves (evitar corticoides) em todos os produtos. Ex: extratos glicólicos de camomila, calêndula, alfabisabolol.

» Evitar usar chá verde e zinco (pelo forte sinergismo para ação secativa) e vitamina C (pela tendência à rugas). São ativos para absorver a oleosidade excessiva: sebonormine, silica shells (anti-oil spheres), matipure. Usar clareadores com pH mais próximo de 7.

2. Pele oleosa, sensível, não pigmentada e firme

Poros não muito dilatados, vascularização aparente e fácil ruborização, com descamações.

» fotoproteção constante: loção/creme oil-free ou gel.

» Usar anti-inflamatórios e calmantes suaves (evitar corticoides).

» Chá verde e zinco: podem ser usados para efeito secativo associado, silicatos em caso de extrema oleosidade, nas primeiras semanas de tratamento. Evitar o uso de DMAE.

3. Pele oleosa, sensível, pigmentada e propensa a rugas

Pode apresentar acne e dermatites fortes. Bronzeia fácil, com rugas precoces por ter camada fina. Manchas são comuns.

» Usar filtro solar físico (óxido de zinco/dióxido de titânio).

» Tensores: elastinol+R, Lys-lastine.

» Evitar chá verde/zinco/vitamina C (sensibilidade da pele/propensão às rugas).

» Clareadores: usar os com pH próximo a 7.

4. Pele oleosa, sensível, pigmentada e firme

Pode apresentar acne e processos inflamatórios muito fortes. Muitas reações alérgicas, possíveis sardas. Manchas mais resistentes aos tratamentos.

» Usar: ácido kógico, ácido salicílico, microesponjas de retinol.

» Chá verde, zinco, vitamina C: podem ser usados junto com glucans.

» FPS em gel creme/creme oil-free.

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5. Pele oleosa, resistente, pigmentada e propensa a rugas

Aparência lustrosa, poros dilatados, acne rara.

» FPS em creme oil free.

» Usar coenzima Q10 e lipossomas hidratantes, DMAE, ácido glicólico, microesponjas de retinol.

» Usar silicatos com zinco para reduzir a oleosidade.

6. Pele oleosa, resistente, pigmentada e firme

Poucas rugas e acne, mais comuns em negros. Em peles claras: sardas e manchas.

» Usar chá verde, zinco, vitamina C e silicatos. FPS em gel.

Despigmentante: azeloglicina.

7. Pele oleosa, resistente, não pigmentada e propensa a rugas

» Brilho moderado, pouca acne, rugas precoces.

» Tensor: argireline, elastinol + Hidratar mais à noite.

» Esfoliar pelo menos 2 vezes por semana.

8. Pele oleosa, resistente, não pigmentada e firme

» Dificilmente bronzeia. Manchas, vermelhidão ou resecamento raros.

» Peeling de ácido salicílico mensal: controle rápido da oleosidade (até 3 vezes ao mês).

» Esfoliação com ácido glicólico ou salicílico.

9. Pele seca, sensível, pigmentada e propensa a rugas

» Fina e seca, descama e tem alta frequência de inflamações.

» Evitar adstringentes/esfoliantes.

» Dispigmentantes: usar Ph mais próximo do neutro. Se ácidos, usar o glicólico/lático com glicirenídeos em creme e em alternados (camadas finas).

10. Pele seca, sensível, pigmentada e firme

» Mãos secas, manchas ásperas e grosseiras no rosto e pescoço. Alergias e descamações frequentes.

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» Fotoproteção em creme. Usar anti-inflamatórios e calmantes.

» Hidratação: óleos de macadâmia, silicones.

11. Pele seca, sensível, não pigmentada e propensa a rugas

» Ressecada, áspera, sem brilho, acne moderada, rugas precoces. Eritema fácil

» Hidratação reforçada à noite em creme. Evitar vitamina C.

» Lipomoist firming, óleos naturais em baixa concentração, com anti-inflamatórios em gel ou creme.

12. Pele seca, sensível, não pigmentada e firme

» Descamação, acne ocasional, eritema, prurido.

» Hidratação: lactato de amônio, peptídeos (structurine).

13. Pele seca, resistente, pigmentada e propensa a rugas

» Bronzeia fácil. Sem alergias, acne ou rugas até mais ou menos 40 anos.

» Usar clareadores de vitamina C e ácido glicólico. Fotoproteção em creme.

14. Pele seca, resistente, pigmentada e firme

» Descamações no rosto e pescoço. Sardas e manchas são comuns.

» Clareamento: vitamina C, vitamina K. Hidratar com vitamina A e E.

» Renovação celular: microesponjas de retinol, alfa-hidroxiácidos (AHA – ex.: ácido glicólico, ácido mandélico) em baixa porcentagem.

» Fotoproteção em creme.

15. Pele seca, resistente, não pigmentada e propensa a rugas

» Pele clara, delicada (fina), sem sardas ou manchas.

» Para as linhas de expressão: lipomoist firming, coenzima Q10 (lipossoma), chá verde.

16. Pele seca, resistente, nãopigmentada e firme

» Não bronzeia fácil. Hidratar com produtos a base de glicerina e evitar adstringentes.

› Para todas as formas de pele seca: ácido hialurônico e óleos como o de macadâmia e rosa mosqueta (cicatrizante) de 3 a 4%. Aquaporine active e outros peptídeos também são boas opções.

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alterações físicas e químicas dos cosméticos

Os cosméticos podem, quando mal conservados ou se forem malformulados, apresentar alterações físicas e/ou químicas, que impossibilitam o uso do produto pelo risco de causar algum efeito colateral no usuário ou mesmo nenhum efeito, pela inativação da substância ativa. As principais alterações são:

» alterações de cor (oxidação)

» alterações do odor (contaminação)

» separação de fases (tensoativo inadequado)

» formação de precipitado

» presença de sobrecamada com mal cheiro/alteração de odor (contaminação bacteriana)

a elaboração do prontuário

Os registros servem para documentar as ações desenvolvidas e os produtos utilizados, fornecer evidências de que as necessidades do tratamento estão sendo atendidas e proporcionar melhoria contínua dos protocolos de tratamento.

O prontuário em si, por se tratar de um documento, destina-se ao dispensador dos produtos: o farmacêutico – especialmente se a receita for destinada à manipulação. Os produtos indicados são destinados ao paciente.

Para (nome do paciente), sexo: idade:

Ao farmacêutico,favor formular:

extrato de calêndula – 5% alfabisabolol – 1% para lavar o rosto 2x ao dia com

movimentos suavesalantoína – 0,5%sabonete líquido base qsp – 100ml

_____________________(nome do profissional)

DD/MM/AA

Tel: e-mail:

Erros de prescrição são comuns, contudo, passíveis de prevenção. Para evitar transtornos ao paciente e ao dispensador, é fundamental observar os seguintes cuidados para a prescrição cosmética:

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» Falta do modo de administração do produto prescrito. Pode ser também enquadrado nesta categoria a falha na orientação do paciente em relação aos cuidados propostos, buscando compreensão e aderência ao tratamento. Por falta de informação, o paciente não utiliza os produtos corretamente. O tempo de administração e a frequência devem ser claramente apresentados em cada produto, evitando erros de administração.

» Erros de prescrição – seleção incorreta dos ativos (sem considerar as indicações, contra-indicações, interações e incompatibilidades básicas, alergias conhecidas, produtos já utilizados e outros fatores), dose, forma farmacêutica, quantidade, via de administração, concentração ou desconsiderar as instruções de uso de um produto, especialmente se for industrializado; prescrições ilegíveis; uso de nomenclaturas não oficiais e abreviaturas diversas desconhecidas.

Modelo de ficha de registro e acompanhamento de pacientes

Nome: Idade: Tel.: eNdereço:

descrição: Pele oleosa, sensível pigmentada e firme. acne grau 2, dermatite de contato e seborreica visíveis.

Limpeza em cabine Tonificação (Cabine) Procedimento Pós-procedimento

Limpeza em casa Tonificação em casa Hidratação Fotoproteção

Pratique a identificação dos tipos de pele com pessoas conhecidas e elabore protocolos com as especificações por tipo de pele em quadros como o modelo acima.

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CAPíTUlO 5Imunologia cutânea e cosmetotoxicidade: visão geral

conceitos de citologia e histologia – revisão

As células são microcompartimentos que concentram substâncias orgânicas, inorgânicas e organelas de diferentes funções, circundadas pela membrana plasmática, a bicamada lipídica.

A membrana plasmática é uma película fina composta de fosfolipídios, colesterol e outros lipídios e possui proteínas transmembrana, canais de proteína para transporte, enzimas, glicoproteínas e outras biomoléculas. As principais funções da membrana são: proteção da célula, limitar o citoplasma e controlar a entrada e saída de substâncias (permeabilidade seletiva).

Principais organelas e respectivas funções

Retículo endoplasmático: é um sistema de canais membranosos e vesículas, disponível no citoplasma na forma lisa (neutraliza substâncias tóxicas, sintetiza lipídios) e rugosa (sintetiza proteínas e ribossomos).

Complexo de Golgi: agrupamento de vesículas e cisternas que atuam no transporte de substâncias e formação de lisossomas (vesículas com enzimas de digestão celular).

Ribossomos: realizam a síntese de proteínas através de informação genética.

Mitocôndria: realiza a respiração celular (processamento de O2) e produção de ATP, a principal molécula energética do organismo.

Núcleo: armazena as informações genéticas. É separado do citoplasma pelo envelope nuclear, uma bicamada lipídica.

Junções celulares

Junção compacta ou de oclusão: funciona como um zíper, previne o trânsito livre por difusão passiva de pequenas moléculas e íons na membrana.

Junção aderente: promove a adesão de células vizinhas e atua na formação e manutenção da estrutura e da função das outras junções.

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Junção comunicante: conjunto de canais hidrofílicos que conectam os citoplasmas de células vizinhas. Acelera a condução do impulso nervoso.

tecido epitelial

É responsável pelo revestimento e formação de alguns órgãos e glândulas. Protege os tecidos subjacentes de lesões e choques, atua na absorção de biomoléculas, percepção sensorial, transporte transcelular de moléculas e controle do fluxo de substancias através das junções aderente e comunicante.

Especificamente, a pele é um tecido de revestimento pavimentoso estratificado queratinizado, isto é, possui células superficiais achatadas anucleadas com revestimento de queratina, composta de células velhas, colesterol, proteínas e lipídeos (triglicérides, fosfolipídios, ácidos graxos livres, etc.). Dividida em epiderme (mais superficial) e derme, possui uma camada mais profunda de tecido adiposo que constitui um tecido conjuntivo frouxo que conecta a derme à musculatura e faz isolamento térmico, a hipoderme.

A epiderme, camada mais superficial, é dividida em:

1. Estrato córneo: apresenta células mortas, sem núcleo ou organelas, onde está depositado o manto hidrolipídico.

2. Camada granular: camada com queratinócitos achatados.

3. Camada espinhosa: apresenta células novas altamente compactadas que mantém a resistência do tecido.

4. Lâmina basal: possui elevada quantidade de células-tronco, por isso é chamada de camada germinativa. Nesta camada estão os melanócitos e a junção dermo-epidermica, que faz a nutrição das camadas mais superiores, que não são irrigadadas.

A derme é rica em colágeno e elastina, de modo que confere resistência à pele. É formada de tecido conjuntivo, inervação, irrigação, além de folículos e glândulas, como as sudoríparas e sebáceas.

Imunologia

A imunologia é uma ciência biológica que trata dos mecanismos e respostas complexas desenvolvidas pelo organismo para reconhecimento e consequentemente eliminar ou conter substâncias ou corpos estranhos que invadem o organismo, como vírus, microrganismos, proteínas e outras moléculas que podem alterar o funcionamento normal do corpo.

Existe também o reconhecimento de substâncias próprias do organismo, para que não sejam inclusas nestas vias de defesa, o que aponta um alto nível de organização e segurança destes mecanismos. A este conjunto dá-se o nome de imunidade.

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A resposta imune é, na realidade, uma via integrada, composta por mecanismos complexos simultâneos de defesa. Contudo, para facilitar o estudo, divide-se a resposta imune em dois ramos:

1. Resposta Imune Inata: é a imunidade que o indivíduo traz consigo quando nasce. Os mecanismos da imunidade inata se instalam de maneira rápida como componente de defesa e agem de maneira inespecífica para diferentes agressores, isto é, usam o mesmo mecanismo de defesa para qualquer agente reconhecido como estranho ao organismo.

A amamentação é importante para este mecanismo, uma vez que os anticorpos da mãe são transmitidos ao feto pelo leite, conferindo certa capacidade de defesa orgânica à criança. As respostas da imunidade inata são feitas por células chamadas de fagócitos, (células capazes de capturar o agente agressor e destruí-lo com substâncias presentes em grânulos no citoplasma), a saber:

a) basófilos;

b) eosinófilos (atuam principalmente em defesa contra parasitas);

c) macrófagos (localizados nos tecidos internos);

d) células NK;

e) sistema de complemento (proteínas que complementam a defesa contra microrganismos de maneira geral).

Alguns agentes agressores podem ser mais fortes que outros, tanto que, quando existe necessidade de tratamento por medicação, as dosagens e o tipo de medicamento costumam variar significativamente. A esta propriedade dos agentes agressores dá-se o nome de virulência.

O fato de a imunidade inata não agir de maneira diferenciada para diferentes agressores, portanto, indica que os mecanismos inatos podem não ser eficientes em determinados casos, já que o nível da defesa deve ser proporcional ao da virulência (que podemos entender também como nível de periculosidade), e não existe esta variação na imunidade inata.

Para desenvolver respostas mais eficientes e específicas, existem os mecanismos da imunidade adaptativa:

2. A imunidade adaptativa é adquirida ao longo da vida do indivíduo através de contato direto com o agressor por exposição, vacinas, transfusão etc. Atua através de diversos mecanismos (propriedade de complexidade) de forma específica para o combate (propriedade de especificidade), sendo capaz de agir rapidamente caso um agente agressor previamente combatido entre no organismo novamente (capacidade de memória imunológica), como nas vacinas e reinfecções.

A imunidade adaptativa realiza a vigilância imunológica, que é o monitoramento da entrada e presença de agentes agressores e substâncias relacionadas. Falhas neste monitoramento podem causar neoplasias malignas.

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A imunidade adaptativa se desenvolve principalmente a partir de anticorpos e antígenos. Os anticorpos (também conhecidos por imunoglobulinas) são glicoproteínas que reconhecem os agentes agressores (antígenos) de maneira específica e ligam-se a estes (para cada antígeno é produzido um tipo de anticorpo). Esta ligação funciona como um mecanismo de marcação do antígeno, avisando aos demais componentes do sistema imune que há algo de estranho no organismo que deve ser eliminado.

Os antígenos são moléculas que possuem a capacidade de serem reconhecidas pelas células e moléculas do sistema imune, ou seja, são capazes de se ligarem aos receptores celulares e anticorpos. O antígeno pode ser uma fração da estrutura de bactérias, vírus, fungos, protozoários, helmintos ou substâncias solúveis produzidas por microrganismos e outras células. A maioria dos antígenos são proteínas, porém, alguns são polissacarídeos, lipídeos ou glicolipídeos.

Os antígenos normalmente possuem vários locais onde o anticorpo pode se ligar que são chamados de epítopos. Existem epítopos que podem induzir uma resposta imune mais forte, como podem ter resposta mais fraca. Esta resposta depende da sua estrutura química, que definirá o nível da força de ligação (complexação) ao anticorpo. Os antígenos são chamados de imunogênicos quando são capazes de induzir uma resposta imune, são chamados de alergênicos quando induzem reações de hipersensibilidade (alergias) e são chamados de tolerogênicos quando são capazes de inibir o desenvolvimento de uma resposta imune.

Na imunidade adaptativa, o antígeno é capturado pelo linfócito B (célula imunológica) e processado para geração do epítopo. Este fragmento do antígeno é então apresentado ao linfócito T (os linfócitos possuem capacidade de memória e especificidade), que libera substâncias (citocinas) que estimulam o linfócito B a produzir anticorpos específicos para o antígeno capturado. Estes anticorpos se ligam a outras células imunológicas. Quando o antígeno se ligar ao anticorpo, a célula imunológica libera substâncias presentes no seu interior para eliminar o antígeno, através do rompimento da membrana celular, o que chamamos de desgranulação. Desta forma, se estabelecem os mecanismos de defesa.

Como a imunidade inata e adaptativa podem influenciar a resposta aos cosméticos aplicados na pele?

A imunidade inata pode responder através dos fagócitos, de maneia inespecífica. A imunidade adaptativa responde através do desenvolvimento de anticorpos específicos para determinado antígeno.

Hipersensibilidades

As hipersensibilidades são transtornos imunológicos caracterizados por erros na programação fisiológica do sistema imune, de modo que atuam de maneira inadequada, prejudicando a saúde do indivíduo. São tipos:

1. Hipersensibilidade tipo 1 (alergias): é caracterizada pelo excesso de produção de anticorpos IgE para mínimas quantidades de antígenos, geralmente inertes para a maioria da população. Os fagócitos liberam o conteúdo dos seus grânulos, causando

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sinais e sintomas diversos, a depender do órgão afetado, como rinite, dermatite, conjuntivite e rinossinusite.

2. Hipersensibilidade tipo 2: também chamada de citotóxica, ocorre quando o anticorpo se liga a uma superfície celular e não a reconhece como normal, estimulando o sistema imune a destruí-la. O caso mais clássico é a anemia hemolítica do recém -nascido, onde os anticorpos da mãe destroem as hemácias do feto em caso de variação do fator RH.

3. Hipersensibilidade tipo 3: ocorre quando há a formação de imunocomplexos patogênicos com forte potencial inflamatório, por excesso de anticorpos ou por erros na programação da avidez.

4. Hipersensibilidade tipo 4: chamada de tardia, envolve a participação de células imunológicas (linfócitos T, macrófagos etc.) sem anticorpos livres, na geração de resposta inflamatória. Os sinais são percebidos no mínimo 48h depois do início, por isso recebe o nome de tardia.

dermatites

As dermatites são processos patológicos da pele que podem ser de causa alérgica, infecciosa, por agentes físicos ou químicos. Quando a causa é desconhecida, diz-se que é idiopática.

O estudo das dermatites em cosmetologia é importante para a prevenção e prestação dos primeiros cuidados ao paciente vítima de efeitos colaterais dos produtos de uso tópico. Não necessariamente o paciente com reações adversas utilizou o produto incorretamente: cada indivíduo é único, e as defesas da pele podem não reconhecer determinadas substâncias como inertes, e iniciar processos que tendem a eliminá-las. O caso mais clássico é a vermelhidão por utilização de peróxido de benzoíla a 4 ou 5% para o tratamento da acne ou mesmo o uso de ácidos para renovação celular.

Com isso, percebe-se a importância de registrar todo o histórico de utilização de produtos do paciente, a fim de não repetir erros de prescrição.

São os principais tipos de dermatite:

» Dermatite Atópica: inflamação da pele que é parte das manifestações da atopia, a predisposição genética ao desenvolvimento de alergias. Os pacientes com dermatite atópica costumam apresentar outros quadros alérgicos como asma, rinite e problemas alérgicos oculares, e costumam ter casos prévios na família. Esta dermatite é uma forma de hipersensibilidade tipo 4 e pode ser causada pelos mesmos alérgenos que desencadeiam os demais transtornos alérgicos, além de substancias irritantes (toxinas, metais, perfumes e desinfetantes) e alimentos, podendo também ter causa emocional. Pode durar de horas a dias, a depender do nível de exposição do indivíduo.

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São os principais sinais e sintomas:

1. Em jovens e adultos, as áreas mais acometidas por eritema e forte prurido são as regiões flexoras (joelhos, cotovelos etc.), mas também podem acometer o pescoço e a face (o que é mais comum em crianças).

2. Hipercromia da região orbital.

3. Tendência a infecções cutâneas.

O manejo deste paciente é feito com medicamentos, demandando encaminhamento para médico alergista ou dermatologista.

» Dermatite de Contato: também conhecida como eczema de contato, é uma patologia inflamatória causada pelo contato com substância irritante. Não é de origem alérgica, e dura de poucos minutos a algumas horas. Os mecanismos são inflamatórios e desencadeados por diversos agentes, desde água quente ou fria, sabonetes, ácidos, saliva, urina e principalmente cosméticos. A cura total é vista quando a substância irritante é afastada totalmente.

Manejo em cabine:

Em primeiro lugar, a substância deve ser totalmente removida com gaze seca (caso esteja em veículo semissólido) e a área deve ser lavada com sabonete neutro, se possível glicerinado. Para efeito de alívio, a região afetada pode ser tratada com soro fisiológico frio, que é inerte e capaz de fazer vasoconstrição, o que é importante em caso de vermelhidão.

Géis em pH 7 com extratos naturais calmantes são úteis nesta etapa. A associação de alfabisabolol com extratos glicólicos de camomila e calêndula tem efeito sobre a pele do paciente em pouco tempo. Recomenda-se que este produto seja aplicado frio também para vasoconstrição. Não há necessidade de remoção logo após aplicação.

» Dermatite Seborreica: processo inflamatório que afeta as áreas mais ricas em glândulas sebáceas, principalmente o couro cabeludo e a face. As causas são desconhecidas, e a presença do fungo Pityrosporum ovale agrava a doença. Ocorre descamação intensa, eritema, prurido forte, manchas, formação de crostas.

Manejo:

As crostas de dermatite podem ser removidas manualmente após emoliência feita com óleos vegetais (óleo de oliva, macadâmia, girassol etc.). O uso de shampoos anticaspa é importante para o controle da doença. A recomendação é que sejam utilizados em dias alternados, e que o shampoo de cetoconazol seja usado por apenas 30 dias.

A associação de ingredientes naturais com atividade antisséptica como o extrato de própolis, óleo de melaleuca, dentre ouros, é benéfica, contudo as dosagens devem ser observadas com atenção, já que

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costumam ser produtos de odor forte característico, o que pode ser desagradável ao paciente. Além do risco de tonalização capilar, um desconforto ainda maior.

Proponha cuidados cosméticos para manutenção da barreira hidrolipídica cutânea.

A hidratação com ingredientes avançados, ou mesmo com óleos, manteigas e ceras, é importante para manutenção da barreira cutânea. Orientar o paciente quanto a banhos quentes e uso de sabonetes adequados também é fundamental.

cosmetotoxicidade

A Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias químicas com o organismo. A toxicidade é a capacidade potencial de geração de danos às estruturas biológicas, o foco de estudo da Toxicologia.

A Toxicologia de cosméticos trata das reações adversas e os efeitos decorrentes do uso inadequado ou da susceptibilidade individual aos produtos.

Agente tóxico ou toxicante é a substância capaz de causar dano a um sistema biológico, em condições específicas de exposição. Os xenobióticos são substâncias que o organismo reconhece como estranho, através de mecanismos imunológicos.

Intoxicação é um processo patológico causado por substâncias endógenas ou exógenas, caracterizado por desequilíbrio fisiológico gerado pelas alterações bioquímicas no organismo.

Na intoxicação aguda, os sintomas surgem geralmente em algumas horas após curto período de exposição ao agente tóxico. Poderá se manifestar de forma leve, moderada ou grave, dependendo da quantidade de substância absorvida e da sensibilidade do organismo.

A intoxicação subcrônica indica exposição moderada ou pequena a produtos alta ou medianamente tóxicos e as conseqüências surgem mais lentamente. A intoxicação crônica tem surgimento em meses ou até anos, após exposição a agentes tóxicos, podendo causar danos irreversíveis à saúde do indivíduo.

Principais vias de intoxicação por cosméticos

» A via dérmica é a mais comum de intoxicações pela maioria dos agentes. A absorção depende principalmente da composição da formulação, tempo de exposição, solubilidade, grau de ionização, dimensão das moléculas, se ocorre hidrólise no pH da epiderme, estado de hidratação da camada córnea, umidade ambiental, temperatura do corpo e do ambiente e exposição à luz solar.

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Além das dermatites, são consequências da intoxicação por via dérmica:

› Fotolergia: indução de resposta alérgica da pele semelhante à mediada pela radiação UV.

› Fototoxicidade: potencial do material induzir uma resposta irritante da pele mediada por irradiação UV.

› Teratologia: toxicidade potencial para o feto. Mais comum para produtos de uso interno.

São elementos fundamentais na toxicologia cutânea: composição e dosagem da formulação, nível de exposição, quantidade da substância permeada, classe do cosmético na qual o ativo pode ser utilizado, método, duração e frequência de aplicação, quantidade de produto em cada aplicação e possível exposição do produto à luz solar.

» Via respiratória: As vias aéreas são revestidas de mucosas altamente irrigadas, portanto o potencial de absorção nesta área é considerado elevado. Produtos que geram gases, fumaças, neblinas e poeiras, principalmente em espaços confinados ou com pouco arejamento, podem causar intoxicação.

Embora não seja a unanimidade, pode-se afirmar que os cosméticos são produtos seguros quando utilizados de maneira adequada e seguindo as recomendações do fabricante. As reações adversas com esses produtos não são frequentes, e, quando ocorrem, na maioria dos casos, é devido ao uso de forma inadequada ou a acidentes.

Nas últimas décadas, muitos ingredientes foram banidos da composição de cosméticos em todo o mundo, como o hexaclorofeno (conservante), compostos de mercúrio e halogenados, propelentes de clorofluorcarbono e ingredientes geradores de nitrosaminas.

Para garantir a segurança de produtos de higiene, cosméticos e perfumes, são necessárias comprovações que vão desde o histórico de segurança do produto e de suas matérias-primas até a realização de ensaios toxicológicos específicos. Em princípio, para todo produto cosmético, seja ele de grau de risco 1 ou 2, o fabricante tem por obrigação dispor dos dados de segurança.

São considerações a serem feitas por tipo de produto:

» produtos para uso infantil – irritação cutânea primária;

» produtos para a área dos olhos – irritação ocular cumulativa;

» produtos para os cabelos, como tinturas e alisantes de cabelo – irritação dérmica e do couro cabeludo;

» produtos para proteção das radiações solares – testes de fototoxicidade e fotoalergia;

» produtos para a higiene íntima – testes clínicos de irritação de mucosa genital em humanos;

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» produtos destinados à pele sensível – testes de irritabilidade acumulada, sensibilização, fototoxicidade e fotoalergia cutânea;

» produtos que no rótulo contenham as expressões “hipoalergênico”, “não comedogênico”, “não acnogênico”, “dermatologicamente oftalmológico + ginecologicamente testado”, “clinicamente testado”, “produto para gengiva sensível” e “produto para pele + couro cabeludo sensível” – testes comprobatórios dessas propriedades. Também, sempre que a rotulagem mencionar atributos, tais como “não irritante”, “não arde os olhos” etc.

São questões problemáticas em toxicologia dos cosméticos:

1. Corantes: As moléculas tintoriais podem causar irritações à pele e ao ouro cabeludo, uma vez que são produtos sintéticos e geralmente misturas de variados polímeros. Muitos fabricantes têm optado por retirar os produtos coloridos do mercado quando há suspeitas de toxicidade, já que os altos custos para provar a sua segurança nem sempre justificam economicamente a permanência no mercado.

2. Fragrâncias: também são produtos sintéticos, e o sintoma inicial mais comum é o aparecimento de rinite com a aplicação tópica do produto.

3. Formaldeído: substância de elevado potencial carcinogênico, com o uso permitido pela Anvisa como conservante (até 0,2%) e até 5% para endurecer unhas. O uso nas concentrações permitidas não proporciona alisamento capilar, com risco de forte queda após o procedimento.

4. Tensoativos: como são moléculas anfifílicas, o manto hidrolipídico pode ser removido e a perda de água transepidermal facilitada, especialmente os de cadeia pequena, que podem se instalar na pele com mais facilidade. Atualmente existe uma tendência para opção por fosfolipídios orgânicos, que são mais semelhantes aos lipídios da pele.

5. Parabenos (sistema conservante): além do risco de dermatite de contato, existe o risco de lesão de queratinócitos em caso de exposição solar e potencial cancerígeno com uso prolongado. O uso de conservantes naturais tem sido uma opção interessante para a indústria cosmética e para a manipulação, especialmente os produtos orgânicos e de apelo green-concept.

6. Metais: a toxicidade por metais pesados é um problema antigo. Além da indução de dermatites, o potencial tóxico se expande para a carcinogênese, por exemplo, no caso dos sais de alumínio usados em formulações antiperspirantes.

Na prática, os produtos cosméticos são raramente associados com sérios danos à saúde. Entretanto, isto não significa que produtos cosméticos sejam sempre seguros, especialmente considerando os efeitos em longo prazo. Considerando que estes produtos podem ser usados extensivamente durante um amplo

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período de tempo, é fundamental garantir sua segurança e eficácia, controlando a toxicidade do produto final e dos seus ingredientes.

Identifique quais cosméticos são os maiores causadores de toxicidade em homens e mulheres e aproveite este delineamento para evitar prescrever estes produtos.

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CAPíTUlO 6 Ingredientes cosméticos naturais

Produtos cosméticos são chamados de naturais quando não há uso de produtos sintéticos na sua formulação. Entretanto, produtos tradicionais podem ter produtos naturais na fórmula, de modo que adquirem características únicas, especialmente se tratando de essências e cores.

Os ingredientes citados abaixo têm algumas características em comum:

» podem ser usados em ampla faixa de pH;

» podem ser prescritos pela esteticista quando de uso tópico;

» a maioria pode ser utilizado em qualquer veículo, de modo que praticamente não existem incompatibilidades.

É importante diferenciar os produtos cosméticos naturais dos orgânicos: produtos orgânicos possuem certificação diferencial conferida por órgão competente (como o EcoCERT), e a formulação não leva itens sintéticos como silicones, fragrâncias, polietilenoglicol (PEG), corantes, derivados do petróleo nem produtos de origem animal. Todos os componentes da fórmula são exclusivamente naturais e seguem rígidos padrões de produção (sem agrotóxicos, fabricado em indústrias de padrão trabalhista ouro etc.).

A lista abaixo será de grande valia para a prescrição das fórmulas. A nomenclatura INCI NAME (International Nomenclature Cosmetic Ingredient) refere-se ao nome químico do produto, que pode ter diversos nomes comerciais conforme escolher o fabricante. O que pode diferenciar dois extratos da mesma substância é a via de produção.

extratos

ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Aveia Avena sativa (Oat) Meal Extract Hidratante, anti-irritante e emoliente

Camomila Chamomilla recutita (Matricaria) Flower Extract Anti-irritante, calmante e suavizante

Chá Verde Camelia sinensis Leaf Extract Antirradicais livres, estimulante e refrescante

Hera Hedera helix (Ivy) Extarct Venotônico, tonificante e lipolítico

Própolis Propolis Extract Antisséptico, antiacne e cicatrizante

Uva Vitis Vinifera (Grape) Fruit Extract Anti-aging, protetor e antioxidante

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manteigas

ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Cacau Hydrogenated theobroma cacao oil

Manteiga derivada da semente de cacau caracterizada por propriedades de cristalização diferenciada e excelente estabilidade. Possui propriedades umectantes e hidratantes. É recomendado para a incorporação em emulsões e sistemas anidros.

Karitê Shea butter butyrospermum parkii

Proporciona emoliência acentuada, auxilia na restauração do manto hidrolipídico, além de prevenir o ressecamento da pele e dos cabelos. Incorporação em cremes anti-aging, loções, hidratantes, pomadas, cremes de massagens, produtos solares e produtos capilares (cremes e máscaras).

Óleos e extratos oleosos

ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Abacate Óleo Persea Gratissima (Avocado) Fruit ExtractEmoliente, lubrificante, dermoprotetor, restaurador da camada lipídica

Abacate EO Persea Gratissima (Avocado) Fruit ExtractEmoliente, lubrificante, dermoprotetor, restaurador da camada lipídica

Aloe Vera EO* Aloe Barbadensis Leaf Extract Cicatrizante, emoliente, vasoprotetor

Algodão Óleo Perea Gratissima DulcisEmoliente, amaciante, suavizante, condicionador, hidratante

Amêndoas Doce Óleo Prunus Amygdalus Dulcis Emoliente, amaciante , protetor dos tecidos

Andiroba Óleo Carapa Guaianensis Seed Oil Antisséptico, anti-inflamatório, emoliente

Canola Óleo Canola Oil Emoliente, dermoprotetor, antioxidante

Castanha da Índia EO*Aesculus Hippocastanum (Horse Chestnut) Seed Extract

Emoliente, restaurador da camada lipídica, formador de filme oclusivo, protetor dos tecidos cutâneos, amaciante, condicionador

Castanha do Pará Óleo Bertholletia Excelsa Seed Oil Hidratante, emoliente, amaciante

Cenoura EO Daucus Carota Sativa (Carrot) ExtractEmoliente, lubrificante, estimulador bronzeado

Coco EO Cocos Nucifera (Coconut) ExtractAmaciante, emoliente, lubrificante, hidratante, formador de filme

Copaíba Óleo Copaifera Oil Antibiótico, anti-inflamatório natural

Cupuaçu EO* Theobroma Grandiflorum Fruit ExtractHidratante, emoliente, condicionador, remineralizante

Gengibre EO* Zingiber Officinale (Ginger) Root ExtractEstimulante cutâneo, antisséptico, descongestionante, refrescante

Gergelim/Sesamo Óleo Sesamum Indicum (Sesame) Seed Oil Lubrificante, emoliente, anti-inflamatório

Germe de Trigo EO* Triticum Vulgare (Wheat) Germ ExtractSuavizante, hidratante, condicionador, restaurador, emoliente

Girassol Óleo Helianthus Annuus (Sunflower) Seed ExtractCondicionador, emoliente e antirradicais livres

Jojoba Óleo Simmondsia Chinensis ( Jojoba ) Seed Oil Emoliente, regenerador, antioxidante

Macadâmia Óleo Macadamia Ternifolia Seed Oil Emoliente, lubrificante, amaciante

Maracujá Óleo Passiflora Incarnata OilExtraemoliente, nutritivo para a pele e cabelos

Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa | UNIDADE I

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ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Oliva Óleo Olea Europaea (Olive) OilEmoliente, dermoprotetor, restaurador e suavizante para pele e cabelos

Pequi Óleo* Caryocar Brasiliense Fruit OilEmoliente, lubrificante, formador de filme oclusivo

Prímula EO* Primula OfficinalisMelhora a função barreira cutânea, hidratante, emoliente e cicatrizante

Rosa Mosqueta Óleo Rosa Canina Fruit OilEmoliente, hidratante, e cicatrizante. Melhora as cicatrizes e queloides

Semente de Uva Óleo Vitis Vinifera Oil Hidratante, condicionante, antiradicais livres

Soja Óleo Soybean (Glycine Soja) Oil Emoliente, nutritivo, antioxidante

Melaleuca Óleo Melaleuca Alternifolia Leaf OilBactericida natural, antiinflamatório, cicatrizante

Urucum EO Bixa Orellana Seed ExtractAntioxidante, tonalizante, precursor de vitamina A

extratos glicólicos

ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Açaí EG Euterpe oleracea fruit extract Adstringente, tônico, refrescante

Acerola EG Malpighia punicifolia (acerola) fruit extract Adstringente, purificante, refrescante

Agrião EG Nasturtium officinale extract Remineralizante, calmante

Alcaçuz EG Glycyrrhiza glabra (licorice) root extract Calmante, anti-inflamatório, suavizante.

Alecrim EGRosmarinus officinalis (rosemary) leaf extract

Estimulante, dermoprotetor, antioxidante

Algas Fucus EG Fucus vesiculosus extract Lipolítico, firmador, hidratante

Algas Gracilária EG Algae Extract Hidratante, amaciante, umectante

Amora EG Morus nigra fruit extract Hidratante, dermoprotetor, antioxidante

Aquilea EG* Achillea millefolium extract Adstringente, anti-inflamatório, purificante

Arnica EG Arnica montana flower extract Anti-inflamatório, venotônico, cicatrizante

Aveia EG* Avena sativa (oat) meal extract Hidratante, anti-irritante, amaciante

Babosa EG Aloe Barbadensis Leaf Extract Hidratante, cicatrizante, calmante

Calêndula EG Calendula officinalis flower extract Anti-inflamatório, suavizante, tonificante

Camomila EGChamomilla recutita (matricaria) flower extract

Anti-irritante, calmante, suavizante

Cana de Açúcar EG Saccharum officinarum (sugar cane) extractEmoliente, hidratante, umectante, condicionante

Capsicum EG Capsicum annuum fruit extract Rubefaciante, estimulante da circulação

Cartilagem EG Fish cartilage extract Hidratante, restaurador, condicionador

Castanha da Índia EGAesculus hippocastanum (horse chestnut) seed extract

Venotônico, estimulante

Cavalinha EG Equisetum arvense extract Remineralizante, drenante, hidratante

Centella Asiática EG Centella asiatica extract Anti-inflamatório, vasoprotetor, tonificante

Cereja EG Prunus Cereasus (Bitter Cherry) Extract Hidratante, amaciante, antioxidante

Chá Verde EG Camellia sinensis leaf extract Antioxidante, desodorante, estimulante

Coco EG Cocos nucifera (coconut) extract Emoliente, amaciante, lubrificante

Cupuaçu EG Theobroma grandiflorum fruit extract Emoliente, nutritivo, dermoprotetor

UNIDADE I | Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa

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ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Damasco EG Prunus armeniaca (apricot) fruit extract Adstringente, hidratante, purificante

Erva Doce EG Pimpinella anisum (anise) fruit extractAntisséptico, refrescante, calmante, antioleosidade e suavizante

Flores de Hibiscus EG Hibiscus Sabdariffa Flower Extract Esfoliante suave, adstringente, antioxidante

Guaraná EG Paullinia cupana seed extract Estimulante, energizante, tonificante

Ginkgo Biloba EG Ginkgo biloba leaf extractHidratante, antirradicais livres, ativador da microcirculação, antiinflamatório e emoliente

Hamamelis EGHamamelis virginiana (witch hazel) leaf extract

Adstringente, anticaspa, antisseborréico, vaso protetor, vaso constritor, descongestionante e antiacneico

Hera EG Hedera helix (ivy) extractAntirradicais livres, anticelulítica, cicatrizante, vaso dilatadora, antioxidante, regenerador e vasoprotetor

Hortelã (Menta Piperita) EG Mentha piperita (peppermint) leaf extract Antisséptico, estimulante, refrescante

Jaborandi Penna Tifolius EG Jaborandi (Pilocarpus Jaborandi) ExtractAdstringente, antisséptico, antioleosidade e estimulante capilar

Kiwi EG Actinidia Chinensis (Kiwi) Fruit Extract Hidratante, amaciante, condicionante

Laranja EGCitrus Aurantium Dulcis (Orange) Fruit Extract

Seborregulador, adstringente, esfoliante

Malva EG Malva Sylvestris (Mallow) ExtractAdstringente, anti-inflamatório, antisséptico, cicatrizante e emoliente

Maracujá EG Passiflora Incarnata Fruit Extract Calmante, amaciante, hidratante

Melancia EG Citrullus Vulgaris (Watermellon) Fruit Extract Hidratante, amaciante, remineralizante

Melão EG Cucumis Melo (Melon) Fruit Extract Amaciante, remineralizante, refrescante

Melissa EG Melissa Officinalis Leaf Extract Adstringente suave, amaciante, refrescante

Morango EG Fragaria Vesca (Strawberry) Fruit Extract Hidratante, condicionante, amaciante

Nogueira EG* Juglans Regia (Walnut) Leaf ExtractCicatrizante, antisséptico, antiirritante, colorante, adstringente, anticaspa e antiqueda de cabelos

Orquídea EG Phalaenopsis Amabilis Extract Antioxidante, hidratante, calmante

Papaya EG Carica Papaya (Papaya) Fruit Extract Esfoliante, amaciante, condicionante

Própolis EG Propolis Extract Antisséptico, antiacne, cicatrizante

Romã EG Punica Granatum ExtractCicatrizante, regenerador, antioleosidade, mineralizante, refrescante, adstringente

Rosa Branca EG Rosa Centifolia Flower ExtractAdstringente, cicatrizante, anti-inflamatório, antisséptico, calmante, refrescante

Sálvia EG Salvia Officinalis (Sage) Leaf ExtractDermopurificador, antiperspirante,adstringente, cicatrizante.

Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa | UNIDADE I

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Óleos essenciais

ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Alecrim Intense OE Rosmarinus officinalis Ação adstringente, indicado para tratamento de acne, caspa, cabelos oleosos; Ativa a circulação

Laranja Amarga Intense OE Citrus aurantium Antilipêmico, adstringente

Lavanda Mont Blanc Intense OE Lavandula officinalis Calmante, para peles seníveis, irritadas, queimadas

Lemongrass Intense OE Cymbopogon Citratus Infecções, acne, tônico geral, celulite, tratamento da pele, repelente de insetos

Limão Siciliano Intense OE Citrus limon Lipolítico, produtos para celulite e gordura localizada, pele oleosa

Melaleuca Intense OE Melaleuca alternifolia l Antiacne, tratamento da pele oleosa, higiene íntima, fortalecedor unhas, anticaspa

esfoliantes físicos

ProdUTo INCI Name aPlICaçÕeS

Cristais de Quartzo Silica Renovador celular e esfoliante mecânico orgânico obtido de cristais

Microesferas de Polietileno Polyethylene Esfoliante físico, abrasivo, renovador celular.

Semente de Apricot Prunus Armeniaca (Apricot) Seed Powder Possui propriedades regenerativas do tecido cutâneo, além de proporcionar hidratação e maciez da pele

Porque as manteigas e óleos são utilizados na composição de shampoos, se os tensoativos são capazes de remover substâncias lipídicas?

Manteigas e óleos conferem hidratação e não são afetadas pelos tensoativos.

Identifique ingredientes naturais em produtos industrializados. Seria possível a manipulação em Farmácia Magistral?

UNIDADE I | Introdução à FarmacologIa e à cosmetologIa

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UNIDADE IIcosmetologIa aPlIcada

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UNIDADEcosmetologIa aPlIcada

Nesta etapa, vamos inciar os estudos de princípios ativos propriamente ditos, em suas faixas de concentração, pH e incompatibilidades. Desta forma, você terá capacidade de planejar formulações magistrais, isto é, elaboradas em Farmácias de Manipulação. E neste momento vêm as perguntas: “É seguro manipular?” “Qual a diferença do manipulado para o industrializado?” “Porque a diferença de preço é tão grande em alguns casos?”

Não estamos aqui para criticar os produtos industrializados. Vamos apenas apresentar em que realmente consiste a Manipulação Magistral. Em muitos casos, o produto industrializado poderá ser a melhor opção, pois além de ter um prazo de validade maior já se encontra pronto para compra e consumo.

A manipulação magistral é um processo seguro e necessário. Do contrário, várias pessoas estariam sem opção de tratamento, por questões de dosagens ou forma farmacêutica. Por exemplo, crianças que precisam tomar antidepressivos podem ter dificuldade em utilizar comprimidos. Você conhece alguma suspensão industrializada de algum antidepressivo?

O que a Farmácia faz é proporcionar conforto ao paciente, que, por necessidades individuais, não pode consumir um produto industrializado, com a vantagem de se associar em ingredientes de maneira única, personalizando a fórmula. O preço dos produtos está ligado à quantidade adquirida: a compra do produto industrializado leva em conta toda a produção da fábrica. O manipulado foi feito sob medida, isto é, em escala muito reduzida.

No Brasil, a Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) é o órgão competente que regula legalmente o ramo, juntamente com o Conselho Federal de Farmácia e Anvisa. A Anfarmag possui um sistema de acreditação das Farmácias, o selo SINAMM, que atesta a qualidade do funcionamento e dos produtos. Procure este selo ao selecionar uma Farmácia e, principalmente, o farmacêutico.

I

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CAPíTUlO 7 acne: cuidados cosméticos

A acne é uma patologia crônica de alta prevalência e de etiologia multifatorial: causas genéticas, hormonais, alimentares, climáticas, medicamentosas, cosméticas e o estresse podem desencadear a doença. É carcterizada pela hiperqueratinização e oclusão folicular, com hipersecreção sebácea e proliferação da bactéria Propioniumbacterium acnes.

É mais comum entre adolescentes, mas pode se estender até os 30 anos, acometendo os homens com mais severidade. A procura masculina por tratamentos estéticos constitui a maior parte dos casos.

Os locais mais afetados são a face, a região peitoral e o dorso. Aproximadamente 80% das pessoas a desenvolvem em algum momento da vida, representando mais de 30% das causas de consultas dermatológicas.

O uso de cosméticos pela população leiga é irracional, com alta incidência de reações adversas. O sucesso do tratamento depende da seleção correta dos produtos e procedimentos, da disciplina e da adesão do paciente às medidas planejadas.

Alergias e seleção de cepas resistentes de bactérias, em especial do Propionibacterium acnes, após uso prolongado bactericidas tópicos são as principais causas de falhas do tratamento de boa adesão.

Patogenia: ocorre processo inflamatório crônico do folículo pilossebáceo, com quatro fatores considerados principais:

1. obstrução do folículo piloso, secundário à descamação anormal dos queratinócitos foliculares;

2. aumento da oleosidade e produção sebácea;

3. proliferação da bactéria anaeróbica Propionibacterium acnes (P. acnes) e seu metabolismo, gerador de produtos irritantes;

4. desencadeamento de respostas imunes e inflamatórias induzidas pelo P. acnes ou Staphylococcus aureus (bactéria da foliculite).

Os queratinócitos se descamam formando um tampão que obstrui o folículo. Essa alteração pode estar associada a mudanças na composição sebácea por defeito na proliferação celular controlada por hormônios andrógenos.

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A partir daí, ocorre a formação do microcomedão (lesão microscópica), a fase inicial da acne. Os comedões são essencialmente saturações dos folículos pilossebáceos por sebo e queratina. A dor, comum nas acnes graus 2 e 3, vem do processo inflamatório gerado pelo sebo. São tipos de comedões:

» Comedão fechado: pequena estrutura que bloqueia o fluxo do sebo, obstruindo o folículo e levando ao acúmulo de fragmentos celulares, bactérias e lipídeos na luz do folículo. Inflama com facilidade (o conteúdo do sebo é altamente inflamatório).

» Comedão aberto: se vasos linfáticos forem pressionados até a saída da linfa, o local pode ficar com acúmulo de melanina como mecanismo de resposta, constituindo o comedão aberto, a lesão enegrecida por depósito de melanina, que sofre oxidação pela luz e pelo ar.

O aumento na produção do sebo pode ser devido ao aumento de andrógenos circulantes (caso da maioria dos adolescentes), por maior resposta da glândula aos andrógenos ou ambas as causas.

A influência da testosterona na acne: na pele e no couro cabeludo, verifica-se a presença da enzima 5α-redutase, que converte testosterona em 5-dihidroxitestosterona (5-DHT). A 5-DHT tem ação cem vezes mais potente que a testosterona no tocante à produção de sebo, obstruindo os folículos, causando a inflamação da acne e também a queda capilar. Como a testosterona é predominante em homens, a acne ocorre com mais severidade, por causa deste mecanismo.

Se o excesso de oleosidade em pacientes acneicos e a calvície são da mesma via hormonal, logo pacientes acneicos deveriam ser calvos ou vice-versa?

Nenhuma das opções é válida, porque o processamento enzimático da testosterona gera resultados diferenciados e independentes em cada região corporal.

classificação da acne

Acne grau 1: poucos comedões, poucas pápulas, sem lesões inflamatórias. É a forma mais fácil de ser tratada, com uso de produtos para reduzir a oleosidade e renovadores celulares leves.

Acne grau 2: pele com muitos comedões. Presença de pápulas eritematosas e processo inflamatório com pus (pústulas). É necessário um maior controle da oleosidade, além do uso de antimicrobianos tópicos e de ácidos para renovação celular.

Acne grau 3 (nódulo-cística): apresenta, além dos comedões abertos e fechados, a formação de cistos. As pápulas e as pústulas são ainda maiores, mais profundas e inflamadas e, por isso, doloridas. Este tipo de pele deve receber cuidados médicos: o tratamento envolve produtos de uso interno.

Acne grau 4 (conglobata): as áreas afetadas pela acne conglobata são altamente carregadas de pústulas e pápulas doloridas, que são agora comunicantes, formando os abscessos (áreas profundas com acúmulo de pus), que podem ter aspecto desfigurante. Só pode ser tratada por médico.

Cosmetologia apliCada | UNIDADE II

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Acne fulminante (grau 5): forma de acne conglobata associada a febre, hemorragia, necrose e forte processo inflamatório. Só pode ser tratada por médico, por ser um processo grave.

Acne em mulher adulta: em geral, está associada à Síndrome do Ovário Policístico, caracterizada hormonalmente principalmente pelo excesso de testosterona no corpo feminino. Deve passar por médico para exame clínico e controle hormonal. Produtos secativos, antibióticos de uso tópico e renovadores celulares suaves podem ser utilizados.

Cicatriz atrófica de acne: produtos para tratamento: renovadores celulares de ação moderada a forte, cicatrizantes, despigmentantes (caso haja acúmulo de melanina).

Ingredientes cosméticos para uso tópico

Ácido azelaico: diminui a síntese de melanina inibindo as tirosinases e também inibe a 5α-redutase, impedindo o progresso da acne. Uso de 10 – 20% em pH 6,5.

Ácido glicólico: acelera a renovação celular. É usado de 5 a 10% para acne e clareamento, em pH 3 a 4. O uso excessivo ou inadequado pode causar lesões, pigmentações e cicatrizes.

Ácido glicirrízico: obtido do alcaçuz, é anti-inflamatório e antialérgico. Usado de 0,1 a 2% em pH 3.

Ácido lático: antipruriginoso em baixos teores (0,5 – 2%), acelera a remoção celular em 5 – 15%. pH 3,8 a 4.

Lactato de amônia desodorizado: derivado do ácido lático, é usado de 12 – 20% para o tratamento da acne, foliculite e para diminuir compactação da camada córnea, melhorando também a hidratação.

Ácido salicílico: principal ácido do tratamento da acne. Tem ação clareadora suave e antioleosidade até 2% e queratolítica acima de 2%, sendo usado em calos, por exemplo. Uso em faixa de pH até 4,5.

» Glicosan salicílico: ciclodextrinas de liberação prolongada. Uso de 1 a 5%.

Gluconolactona: renovador celular com potencial similar ao ácido retinoico e ação antiacneica similar ao peróxido de benzoíla. Uso de 3 a 10% em pH 3,5 a 4,5. Pode ser usada em tônicos faciais.

Biotina (Vitamina B6): usada de 0,1 a 1%, em ampla faixa de pH. A associação com chá verde e sulfato de zinco promove alto efeito secativo.

Peróxido de benzoíla: libera oxigênio contra as bactérias anaeróbias e possui ação queratolítica. O uso contínuo por 1 ou 2 semanas pode causar descamação. Dermatites de contato ruborizadas são o efeito colateral mais comuns, sendo desconfortáveis. Uso de 2 a 5% em ampla faixa de pH.

Nicotinamida (Vitamina B3): tem ação anti-inflamatória suave, sendo usado a 4%, em ampla faixa de pH.

Resorcina: queratolítico, antisséptico e antisseborreico, é usado de 2 a 5%, especialmente em soluções hidroalcoólicas, em ampla faixa de pH (geralmente ácido).

UNIDADE II | Cosmetologia apliCada

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antibióticos de uso tópico

Óleo de melaleuca (Tea tree oil): antifúngico, antisséptico e cicatrizante, é atóxico e levemente adstringente, com odor característico. Usado de 2 a 5%.

» Epicutin: forma microencapsulada do óleo, que permite que o produto seja praticamente inodoro. Usado de 3 a 5%.

Óleo de copaíba: usado de 2 a 5%, ampla faixa de pH. Praticamente inodoro.

Irgasan: produto sintético que pode ser usado em diversas apresentações cosméticas. Uso de 0,1 a 1%, em ampla faixa de pH.

Eritromicina: antibiótico sintético de pH neutro. Usado de 1 a 3%. ATENÇÃO: VENDA EXCLUSIVA COM RECEITA MÉDICA.

Clindamicina: produto sintético considerado o mais potente para acne. Usado de 1 a 2% em pH 4. ATENÇÃO: VENDA EXCLUSIVA COM RECEITA MÉDICA.

Ext. Glic. Própolis: possui compostos antioxidantes, cicatrizantes e bactericidas. Uso de 3 a 10% em ampla faixa de pH.

Sulfato de cobre: antiséptico geralmente associado ao sulfato de zinco. Utilizado em geral a 1%.

derivados do enxofre

Enxofre precipitado: tem ação queratolítica, antioleosidade e antisséptica. Por ser insolúvel, é mais bem aproveitado em gel. É usado de 2 a 10%, em ampla faixa de pH.

Biosulphur / Tiolisina Complex: possuem as mesmas funções do enxofre ppt, sendo o biosulphur usado de 0,5 a 2% em gel, creme e shampoos, e a tiolisina, uma forma orgânica do enxofre, usada de 2 a 5%.

cicatrizantes, calmantes e regeneração celular

Alantoína

Alfabisabolol

Ext. glic. Camomila/Calêndula/Aloe Vera

Drieline

Depantenol

Óleo de rosa mosqueta

Vitaminas A, E

Cosmetologia apliCada | UNIDADE II

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Hidratantes

PCA-Na

Algasan

Hidroviton

Ac hialurônico

Elastina

Aquaporine Active

controle da oleosidade: seborreguladores

Espironolactona: atua inibindo a 5α-redutase, diminuindo a conversão de testosterona em 5-DHT. Usada a 0,4; 0,6 e 1% em gel e solução hidroalcoólica.

Matipure / Anti-oil spheres: são ativos da classe dos silicatos, que promovem alta adsorção da oleosidade excessiva, sem deixar a pele ressecada, promovendo o efeito “mate”. O uso em filtros solares pode diminuir o fator de proteção.

adstringentes

chá verde ext. glic. / Hamamelis ext. glic.

Possuem alto poder de fechamento dos poros por precipitação de proteínas. Também podem ser utilizados em tônicos. Uso de 3 a 10%.

» A associação do chá verde com vitamina B6 e sulfato de zinco reduz muito a oleosidade, com forte efeito seborregulador e adstringente.

Sulfato de zinco/ Gluconato de zinco: além de adstringentes, têm ação antisséptica, sendo usados de 0,5 a 2% em cremes, loções e géis, em ampla faixa de pH. Controlam a oleosidade por inibir a 5α-redutase. Por serem solubilizados em água, podem aumentar a fluidez das fórmulas.

Produtos avançados

Sepicontrol A5: antiacneico que atua sinergicamente sobre as cinco principais causas do desequilíbrio visto nas peles oleosas:

1. diminui a ação da enzima 5α-redutase;

UNIDADE II | Cosmetologia apliCada

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2. diminui a proliferação bacteriana;

3. diminui a síntese de lipases (minimiza a formação de ácidos graxos livres peroxidáveis);

4. diminui a ação das elastases (reduz a propagação da inflamação);

5. Combate radicais livres (reduz a inflamação).

Azeloglicina: ácido azelaico ligado a duas moléculas do aminoácido glicina. Possui ação menos agressiva que o ácido azelaico. pH de 5 a 11, uso de 5 a 10%. ATENÇÃO: INCOMPATÍVEL COM ALGUNS FILTROS SOLARES.

Acnebiol: composto de ácido salicílico associado ao salicilato de dimetilsilanodiol (anti-inflamatório, antioxidante, queratolítico e antiedema), acetilmetionato de zinco, colágeno e elastina hidrolizados e extratos vegetais cicatrizantes e hidratantes. Usado de 4 a 8% em pH de 4,5 a 7,5.

AcneControl: adstringente, anti-inflamatório, inibidor da lipogênese e da 5α-redutase, antioxidante, renovador celular e antimicrobiano contra o P.acnes. É capaz de reduzir o tamanho dos poros em até 60% e reduzir em até 16% o número de glândulas sebáceas ativas. Usado de 3 a 8%.

Acnacidol: seborregulador, queratolítico e antimicrobiano, composto por um lend de AHA derivados da geleia real. É capaz de reduzir a secreção sebácea em quase 400%, e o número de glândulas sebáceas ativas em quase 200%.

Aqualicorice PU: extrato obtido do alcaçuz com ação antioxidante e seborreguladora por inibição da 5α-redutase. Tem ação antimicrobiana contra fungos e P.acnes. Usado de 0,5 a 1% em pH 5 a 7.

Trikenol: comedolítico, seborregulador e antimicrobiano, é composto de extrato de Manuka (planta da família da melaleuca), ácido salicílico e extratos vegetais derivados do salgueiro, a fonte dos derivados salicílicos. Usado de 0,2 a 0,8% em ampla faixa de pH.

Compare a eficácia de produtos avançados usados isoladamente e de produtos com associação de princípios ativos. Existe alguma vantagem no uso de um sobre outro?

Cosmetologia apliCada | UNIDADE II

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CAPíTUlO 8 cosmética masculina

O uso de cosméticos entre os homens é cada vez maior. Apesar de este fato ser relativamente antigo, ainda existe pouca consideração entre os profissionais de menor porte do ramo, que tecnicamente são os mais acessíveis à população. Isto gera desconforto ao paciente, que perde a motivação de cuidar até de itens básicos para manter-se com boa aparência.

Desta forma, apresenta-se o assunto com uma breve discussão sobre a percepção masculina acerca dos cuidados estéticos, além do esclarecimento de alguns mitos. Este assunto é um diferencial para o profissional de estética, que terá o conhecimento necessário para atuar desde o preparo do paciente até a prescrição cosmética, considerando as necessidades inerentes aos homens.

aspectos gerais

» Critério de beleza antigo: limpeza e musculatura definida. Os cosméticos se restringiam a desodorantes, sabonetes e pré/pós-barba.

» Critério atual: além da musculatura definida, pele bem cuidada, minimizando sinais de acne, envelhecimento precoce, olheiras etc.

» Mercado cosmético masculino cresce 10% ao ano no país – e com ele, a busca por profissionais da área.

» Década de 1990: um aproximadamente cem homens usava algum cosmético. Atualmente um a cada quinze homens utiliza algum cosmético.

» Procura por procedimentos estéticos e interesse em eliminar acne e sinais do envelhecimento: a exigência das mulheres é o grande fator motivador.

» A influência da publicidade dos cosméticos nos meios de comunicação e nas artes, além da opinião pública e boa apresentação aos grupos sociais onde está inserido, facilitam ao homem a desenvolver uma outra percepção sobre sua aparência e o estimulam a ter no mínimo cuidados básicos, de maneira que não seja isolado dos meios onde vive e convive.

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o metrossexual

Termo mercadológico criado e divulgado por Mark Simpson no jornal The Independent, em 1994, gerado pelas mudanças nos padrões de comportamento sociais e na mídia, principalmente o antigo conceito de masculinidade hegemônico até então “socialmente estabelecido”.

Pesou também a ampliação do ramo cosmético para homens – desenvolvimento de produtos práticos com fragrâncias e sensoriais preferidos por homens (estudos de opinião).

O termo aponta para os homens modernoss, em geral de poder aquisitivo médio para alto, conhecedores de assuntos tradicionalmente desconhecidos como arte, cozinha, etiqueta, vinhos, e principalmente moda e style.

Geralmente possuem boa condição financeira, carros modernos e usam roupas de grifes de luxo, sem necessariamente ter uma postura feminina. Contudo, essencialmente, têm cuidados superiores com a aparência, de maneira integral e diária – a característica definitiva.

Além do uso disciplinado de cosméticos, buscam recursos como:

» depilação (barba, peito, costas e sobrancelhas) especialmente a laser; peelings;

» drenagem linfática;

» modelação corporal;

» procedimentos faciais;

» botox/cirurgia plástica corretiva/implante de próteses de silicone.

aspectos cosméticos

» A pele: é mais espessa (presença de pelos), tende a ter mais oleosidade (ação da testosterona) e mais inflamações.

» Camada córnea mais compactada – taxa de renovação celular menor.

» Hidratação: melhora o aspecto da pele e reduz a força necessária para o barbear em até 65%.

» Esfoliação pré-barba: remove as incrustações sebáceas e físicas que podem gerar inflamações e dificultar o barbear.

» Em excesso pode agravar o quadro de acne e inflamações, além de dificultar a penetração de medicamentos e cosméticos (até a derme).

Cosmetologia apliCada | UNIDADE II

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» A associação de alfabisabolol e ácido salicílico em gel ou creme com adstringentes no pré-barba pode melhorar o quadro de foliculite. É importante incrementar o uso de antibióticos de uso tópico.

» Produtos pós-barba: bálsamos/loções com reepitelizantes, calmantes e adstringentes suaves. pH sempre 7.

É realmente diferente a preparação do ambiente e os protocolos de cuidados cosméticos para atender um homem comum e o metrossexual?

mitos

Fios mais grossos

» O cabelo é composto de proteínas e células mortas queratinizadas.

» O corte abre a cutícula capilar e deixa o fio com tamanho e peso menores, facilitando o trabalho do músculo pilo-eretor, localizado no folículo capilar (músculo de contração involuntária).

» Em resposta à abertura da cutícula, a impregnação de queratina aumenta no fio, dando aspecto de rigidez, associado à maior ação do músculo pilo-eretor.

o barbear ou a depilação aumenta a quantidade de pelos faciais

» O crescimento de cabelo depende de nutrição adequada (ex.: aminoácidos sulfatados e silício) e da funcionalidade e desobstrução da luz do folículo capilar.

» Tendência genética para o desenvolvimento do cabelo.

eficácia dos tratamentos a LASER

» Eliminação das células-tronco (germinativas) da papila dérmica. Demora mais tempo para o organismo repor.

Pigmentação pós-barba/depilação

» Em resposta à agressão, a pele produz melanina como mecanismo de defesa das células vivas, agora expostas.

UNIDADE II | Cosmetologia apliCada

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Identificar e traçar o perfil de homens que recorrem ao serviço de estética facilita muito delinear as ações para este público. Quais fatores devem ser observados neste delineamento?

Cosmetologia apliCada | UNIDADE II

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CAPíTUlO 9 Hipercromia cutânea idiopática da região orbital

A hipercromia cutânea idiopática da região orbital (ou pigmentação da região infraorbital) é uma manifestação cosmética facial desagradável, cujo aspecto escurecido da região orbitária dá aspecto cansado à face.

Os tratamentos clínicos atuais apresentam dificuldade de melhora, porém resultados duradouros. As causas não são totalmente conhecidas, mas cogitam-se como causas primárias: tendência hereditária, depósito de melanina na derme por transtornos locais de pigmentação e danos à grande vascularização superficial visível.

Entre as causas secundárias estão tumores pituitários, distúrbios tireoidianos, síndrome de Cushing (causada pelo uso excessivo de corticoides, gerando alterações nos eletrólitos e nos lipídeos: ocorre elevação do teor de melanina basal da epiderme e derme superficial), doenças autoimunes e neoplasias. Também ser pós-inflamatória, pós-traumático, ou causado por medicações fotossensibilizantes.

Patologia: Existem processos superficiais e angiológicos (relacionado aos vasos sanguíneos) envolvidos: os primeiros envolvem o excesso de produção e transferência de melanina para células imunológicas (macrófagos teciduais).

Já os angiológicos envolvem a deposição de compostos de ferro (principalmente a hemossiderina) contido no interior das hemácias (glóbulos vermelhos) nos finos vasos sanguíneos da região orbital e periorbital, que sofrem rompimento após extravasarem da circulação para a derme por ação mecânica ou química (processo inflamatório local): depois de oxidados, os compostos adquirem a coloração característica na área dos olhos.

Os sais de ferro também se acumulam nas células imunológicas, podendo ser depositados na derme com a morte destas células, aumentando o grau da hipercromia.

A presença de trombo residual no interior do vasos tratado determina periflebite, que favorece a eritrodiapedese (vazamento das hemácias pelos vasos sanguíneos) e a estimulação dos mastócitos perivasculares, que liberam histamina. Isto provoca a contração das células endoteliais formando fendas que favorecem a saída das hemácias e consequente a pigmentação.

Pacientes alérgicos, além de todas as causas já citadas, ainda têm mais um agravante: a estase venosa causada pela congestão nasal, de modo que, além dos sais férricos precipitados na área dos olhos, existe também a presença de histamina, um dos principais mediadores químicos das alergias. Portanto, este paciente deve ser encaminhado ao médico ou ao farmacêutico para os cuidados medicamentosos com a

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alergia. Ao longo do tratamento, com a redução da congestão nasal, a estase tende a diminuir, facilitando o clareamento local.

Porque poucas horas de sono por noite pioram a condição de hipercromia da região orbital?

A piora ocorre por influenciar na microcirculação local, especialmente na distribuição de oxigênio, o que piora o aspecto.

É importante ressaltar que os resultados dos tratamentos cosméticos são lentos, devendo estar associados a procedimentos faciais. Massagens locais para favorecer a circulação e a drenagem prévias aos cosméticos são de grande importância. São princípios ativos indicados para a hipercromia cutânea idiopática da região orbital:

» Vitamina K1: substância importante na cascata de coagulação capaz de eliminar o sangue extravascular. Usada a 1% em pH de 4 a 5.

» Beta-escina: usada a 1% em ampla faixa de pH. É adstringente, anti-inflamatório e descongestionante venoso, usado em cremes, loções ou géis.

» Biorusol: uso de 0,5 a 1% em pH 5 a 8. É anti-inflamatório e antiedema.

» Bioskinup Contour: reduz a produção de mediadores da inflamação, causando vasodilatação local com extravasamento de líquidos responsáveis pela alteração da coloração e formação do edema da região periorbital, reduzindo as olheiras e minimizando a deposição anormal de hemossiderina na área dos olhos.

» Ácido tioglicólico a 2% em bastão: Sua afinidade pelo ferro é alta, sendo capaz de quelar a hemossiderina, reduzindo a pigmentação. Contudo, por ser um ácido em uma região sensível, oferece risco de sensibilização. Neste caso, o uso do ácido deve ser suspenso, e produtos calmantes devem ser utilizados até a melhora.

» Melscreen Coffee Skin: Composto por 3 potentes antioxidantes naturais que normalizam o equilíbrio celular e conferem uma proteção avançada. Extrato de café rico em ácido ferúlico; rutina, flavonoide anti-inflamatório; carcinina, peptídeo de potente ação antioxidante atuam contra a glicação do colágeno e na proteção da fragmentação do DNA. Uso: 1 a 4%.

Como podem ser associados os cosméticos de uso tópico e procedimentos para drenagem na região orbital?

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CAPíTUlO 10 estrias, celulites e gorduras localizadas

conceito e patologia

A celulite – hidrolipodistrofia ginoide – é uma alteração do tecido adiposo com presença de edema e alterações na microcirculação venosa e linfática. Atinge as coxas, nádegas e seios (região ginoide), dando aspecto de “casca de laranja”, sendo AGRAVADA e não CAUSADA pelo excesso de peso.

Entre as causas estão problemas hormonais (especialmente a desregulação do estrógeno), problemas vasculares, má nutrição (por acúmulo de gordura nos adipócitos) e tendência anatômica (pernas grossas, quadris largos).

O emprego do nome celulite é errôneo: processos inflamatórios subcutâneos são designados com o sufixo ITE (ex.: sinusite, rinite, faringite). Não existe este tipo de processo inflamatório na patologia. A pele fica áspera, com consistência aumentada, retenção hídrica e dolorida, mas não há inflamação.

Com a hipertrofia dos adipócitos, os pequenos vasos linfáticos e venosos que irrigam localmente os tecidos são comprimidos. Estes pequenos vasos têm a pressão interna aumentada, que não é suportada pelo endotélio, por ser muito fino. O conteúdo dos vasos acaba extravasando para o interstício, causando edema: com o déficit de circulação, os vasos mais superficiais dos membros inferiores tendem a se dilatar, causando dor e peso nas pernas.

As regiões com baixa circulação (e edema) ficam mais frias, comparadas às regiões de circulação normal. Estas alterações na circulação alteram o metabolismo dos tecidos localmente. O extravasamento da circulação leva à formação de depósitos de adipócitos. Entre os adipócitos, ocorre proliferação de fibras de colágeno, formando pequenos nódulos. As gorduras em excesso envolvidas na celulite são os triglicérides, conhecidos como gorduras neutras. Este tipo de lipídeo constitui 95% do armazenamento lipídico dos tecidos.

A união dos nódulos menores gera macronódulos, que são envoltos por muitos feixes de tecido conjuntivo endurecido (esclerose), ocorrendo fibrose patológica. As faixas fibrosas da pele sofrem retração, com aumento da flacidez e redução da renovação celular. Com isso, instala-se o aspecto de “casca de laranja”.

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classificação

Grau 1: pouca retenção de líquido, adipócitos começam a aumentar de tamanho. Não há alterações visíveis na pele.

Grau 2: alterações visíveis com a contração muscular ou quando a pele é pinçada. O acúmulo de lipídeos nos adipócitos aumenta e a retenção hídrica é visível.

Grau 3: a derme sofre afinamento pela redução do metabolismo: a síntese de proteínas e processo de reparo da pele são diminuídos. Depósitos de gordura na pele são visíveis, existem nódulos e proteínas ao redor destes. O aspecto de casca de laranja já é visível sem manipular a pele.

Grau 4: macronódulos circundados de tecido esclerosado (isto é, estão rígidos), com áreas de depressão – aspecto de casca de laranja muito evidente e desconfortável ao paciente.

cicatrizes atróficas – estrias

São atrofias cutâneas de forma alongada, às vezes ondulosas, salientes, planas ou deprimidas, mas sempre moles e depressíveis, causadas por deformações na pele geradas por distenção contínua, isto é, são secundárias às alterações do tecido conjuntivo.

Existe perda da capacidade de síntese dos fibroblastos com alterações na estrutura do colágeno e elastina, com redução da produção destes nas estrias em comparação à pele normal. É possível predizer o surgimento de cicatrizes atróficas e estrias cutâneas através de teste clínico de distensibilidade com deformação acima de 0,4 cm.

Atinge mulheres com maior gravidade. Cerca de 70% das gestantes desenvolvem estrias a partir da 25a semana (aprox. no 6o mês). As estrias podem estar associadas aos seguintes fatores:

» Fatores hormonais

» Gestação

» Obesidade

» Levantamento de cargas

» Musculação

» Rápidas mudanças de peso

» Expansão tecidual

» Cirurgia de aumento dos seios

» Fatores genéticos

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Linhas vermelhas, róseas ou até mesmo roxas indicam atrofia recente, com processo inflamatório instalado. Nesta fase, o tratamento é facilitado tendo em vista o tecido ainda conter processos inflamatórios localizados.

Linhas brancas indicam atrofia cicatricial: é mais antiga e com flacidez. O tratamento deve ser feito por dermatologista, pois pode ser necessário o uso de ácido retinoico, que atua diminuindo a síntese de nova queratina, de modo que a que já está disponível fica frouxa e é dissolvida. Por isso a pele mais velha descama e fica mais fina, podendo-se então utilizar outros ácidos.

Pacientes com celulites e estrias devem receber quais cuidados primeiro?

Estrias e celulites podem receber cuidados simultâneos, já que são condições distintas.

Produtos cosméticos

Mecanismos de diminuição/prevenção da celulite e das gorduras localizadas:

» diminuir a lipogênese e aumentar a lipólise;

» diminuir o edema;

» restabelecer a circulação sanguínea e linfática no local.

Estrias:

» Hidratação/renovação celular/tonificantes.

Ext. Glic. Centella Asiática/Asiaticosídeo: normalizam a circulação através de substâncias como os flavonoides e ácido asiático. Melhoram a cicatrização e são tonificantes capilares, sendo também úteis para varizes. O ext. é usado de 5 a 10%, e o asiaticosídeo de 0,1 a 2%. Ambos vêm da Centella Asiática.

Ext. de CASTANHA DA ÍNDIA: agente vasoconstritor que descongestiona o sistema venoso. Aumenta a resistência dos vasos e reduz a permeabilidade. Uso de 3 a 10%. Também pode ser utilizado por via oral, em tintura ou cápsulas.

Ext. Glic. de Ginkgo biloba: atua melhorando o desempenho da circulação (é vasodilatador). Uso de 5 a 10%.

Ext. Glic. de Arnica: melhora a drenagem das áreas onde é aplicado. Reduz as áreas roxas e a dor, sendo anti-inflamatório. Uso de 5 a 10%.

Ext. Glic Algas FUCUS: lipolítico, firmador, hidratante. Uso de 3 a 10%.

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Ext. Glic Algas Marinhas: hidratante, emoliente. Uso de 3 a 10%.

Tintura de Capsicum: rubefaciante, estimulante da circulação. Uso de 3-10%.

» CUIDADO!! PRODUTO DERIVADO DA PIMENTA!!

cafeína/cafeisilane c:

Induzem a hidrólise de gorduras neutras (triglicérides) no local onde são aplicados. A cafeína tem boa penetração na pele, sendo usada até 4% em ampla faixa de pH. O cafeisilane C é composto de silício orgânico associado à cafeína, sendo usado de 3 a 4%.

lipolíticos

Adipol: contém extrato de hera e de bile (cicatrizante/ lipolítico) e um éster do ácido tartárico, para melhorar a penetração na pele. Usado de 2 a 5%, também para gordura localizada.

Adiporeguline: é um blend de cafeína, salicilato de sódio, lecitina e extrato de soja, além de COLEUS FORSKOHLII, um agente termogênico forte, que também pode ser indicado para uso interno. O ativo é usado em pH 5 a 6, de 2 a 10%.

Scopariane: melhora a formação das fibras de colágeno e elastina, diminuindo a flacidez. Age por meio de interferência no mecanismo de geração de novas células adiposas (impede que pré-adipócitos se transformem em adipócitos maduros).

Slimbuster H: extrato concentrado com óleo de café verde e fioesterois vegetais de Brassica campestre (canola). Tem ação vasotônica, reabsorve o edema e estimula a circulação local, facilitando a eliminação de metabólitos e toxinas, diminuindo a pressão local, bem como a dor e o volume de água retida, ocorrendo uma melhora no aspecto de “casca de laranja” da pele. Uso a 5% em pH 7.

esfoliantes corporais

Devem oferecer certa abrasão e bom desempenho na melhoria da textura da pele. Atenção: usar até 2 vezes por semana. Podem ser à base de:

» microesferas de polietileno (brancas ou azuis);

» semente de apricot;

» semente de damasco.

Drenacell: contém ácido lático vetorizado (SODIUM LACTATE METHYLSILANOL), extrato de arnica, centella asiática, gilbarbeira, pimentão-doce e castanha da índia. Pode reduzir o edema em 10 a 15 minutos, o que auxilia imediatamente na drenagem dos tecidos e, principalmente, reduz a dor. Muito útil na drenagem linfática. Uso de 2 a 10% em ampla faixa de pH.

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Alfa-hidroxiácidos: ácido Glicólico, lático, mandélico: uso em baixas concentrações em associação a outros hidratantes.

Fundamento: os ácidos causam inflamação local com morte e substituição de células e colágeno envelhecidos por novos. O resultado é a eliminação do tecido envelhecido e das deformações causadas pela distensão contínua.

Otimização da ação dos cosméticos para celulite: realizar esfoliação mecânica com movimentos circulares suaves: A renovação das células da camada córnea colabora para a melhora do aspecto. A ativação da circulação local aumenta a permeabilidade local por aumentar o fluxo sanguíneo.

Nicotinato de metila: usado em geral a 0,1%. Hiperemiante mais comum, inclusive para procedimentos de massagem redutora. O uso mais seguro consiste no veículo creme, por promover liberação gradativa da substância na pele. No creme, pode-se associar, por exemplo, o extrato de algas marinhas.

gorduras localizadas

O tratamento deve incluir exercícios físicos monitorados por profissional habilitado, visando estimular o fracionamento e o consumo das gorduras armazenadas em excesso.

Procedimentos de drenagem: melhoram a circulação e diminuem a retenção hídrica, por vezes confundida com gordura localizada.

Cosméticos: lipolíticos, propriedades rubefacientes (hiperemiantes), facilitadores da drenagem.

Dieta: deve ser prescrita por nutricionista e acompanhada por este e pela esteticista. O uso de termogênicos e diuréticos (Ex.: Citrus aurantium/Pholia magra e chá verde) além de fibras de saciedade como a Caralluma fimbriata e o Glucomanann colaboram muito com os exercícios físicos para o fracionamento consumo das gorduras armazenadas e para perda de peso.

Para uso tópico:

Abdoliance: Combinação vetorizada de flavonoides da laranja amarga, extrato rico em hesperidina (flavonoide), e extrato de guaraná e cafeína (lipolíticos). É capaz de chagar à derme, de modo que previne e reduz a deposição de gordura na área abdominal: a enzima aromatase, que converte testosterona em estrogênio na pele é inibida, diminuindo o acúmulo de gordura. Uso de 2 a 3% preferencialmente em veículos fluidos com rubefacientes.

Elabore planos de cuidado para pacientes acometidos de estrias, celulites e gorduras localizadas fundamentadas primeiramente em medidas corretivas físicas (exercícios, alimentos a serem evitados), e depois associe os cosméticos.

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CAPíTUlO 11 Ingredientes cosméticos despigmentantes

Patologia geral das hiperpigmentações

Os melanócitos são células dendríticas (tipo de células do sistema imune) produtoras do pigmento melanina. Correspondem a 13% das células da epiderme e extendem os seus filamentos para as camadas mais superficiais, de modo que a pigmentação atinja camadas mais superficiais.

A glândula hipófise, do SNC, em resposta à luz do sol, fabrica o hormônio melanoestimulante. Após a síntese de melanina nos melanócitos, esta é transferida para as células das camadas mais superficiais através dos filamentos que se projetam para o citoplasma das demais células. Este mecanismo protege o material genético das células contra os danos da radiação UV, isto é, a pigmentação é um mecanismo fisiológico de defesa.

O exagero desta produção por ação hormonal, exposição ao sol ou agressões à pele como ferimentos, depilação e processo inflamatório local, gera a hipermelanose, que pode evoluir com diferentes tonalidades do marrom ao castanho escuro. A rota de síntese da melanina envolve as enzimas tirosinases 1,2 e 3, que convertem a tiroxina até a melanina. A inibição destas enzimas e a dispersão da melanina acumulada (a depender da região corporal, melhora da drenagem, ou por descamação) são as opções atuais de tratamento.

A maioria dos transtornos de hiperpigmentações são de comportamento refratário e recidivante, por isso entende-se que a despigmentação é um processo difícil. O tratamento com os produtos tradicionais e peelings é recomendado durante o inverno, quando a incidência solar é naturalmente menor.

Os AHA em pH de 4 a 5 e em baixas concentrações são substâncias tradicionalmente usadas, além da hidroquinona, que não é um produto cosmético, mas um recurso medicamentoso para as desordens de pigmentação. Contudo, já estão disponíveis os despigmentantes avançados, de pH de 5 a 7, menos agressivos e de resultados satisfatórios.

Um aspecto peculiar da relação hidratação e manchas: a hidratação reduz a produção de melanina e a quantidade de substâncias pró-inflamatórias na pele, que também tem ação pigmentante sobre a pele. Portanto, manter a pele hidratada colabora na prevenção de recidivas de hipercromias indesejadas.

Porque usar filtro solar no tempo nublado?

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O fato de o tempo estar nublado não quer dizer que não há a radiação UVA/UVB!

São ingredientes cosméticos tradicionais:

» Ácido azelaico: diminui a síntese de melanina inibindo as tirosinases e também reduz a conversão de testosterosa em 5 – ∝ – testosterona, impedindo o progresso da acne. Uso de 10 – 20% em pH 6,5.

» Ácido fítico: obtido do arroz, aveia ou gérmen de trigo, inibe as tirosinases e também tem ação antioxidante e anti-inflamatória. Uso de 0,5 a 2% em pH 4 a 4,5.

» Ácido glicólico: acelera a renovação celular (dispensa a melanina), diminuindo a espessura e a compactação da camada córnea. Estimula a síntese de colágeno, sendo usado para atenuar linhas fixas de expressão e rugas. É usado de 2 a 10% para acne e clareamento, e de 30 a 70% para peelings, especialmente para linhas de expressão recentes, em pH 3 a 4. O uso excessivo ou inadequado pode causar lesões, pigmentações e cicatrizes.

» Ácido glicirrízico: obtido do alcaçuz, é anti-inflamatório e antialérgico, uma boa opção de associações com outros ácidos utilizados para manutenção do tratamento, ou mesmo para o início. Usado de 0,1 a 2% em pH 3.

» Ácido kójico: despigmentante obtido do arroz, tem baixo índice de irritação da pele. Atua inibindo a tirosinase. Uso de 1 a 3% em pH 3 a 5.

» Ácido lático: antipruriginoso em baixos teores (0,5 – 2%), acelera a remoção celular em concentração de 5 – 15%, diminuindo a compactação da camada córnea. pH 3,8 a 4.

› O lactato de amônio desodorizado, um sal derivado do ácido lático, é usado de 12 – 20% para o tratamento da acne, foliculite e para diminuir compactação da camada córnea, melhorando também a hidratação.

» Hidroquinona: proibida em muitos países da Europa pelo potencial cancerígeno, a hidroquinona age bloqueando as tirosinases ativas e causando alterações na membana dos melanócitos, eliminando-os. Causa eritema com descamação e até erupções na pele, não devendo ser usada por mais de 3 meses. Usada de 2 a 10% em pH 4. Mediante as opções avançadas, é relevante evitar o uso de hidroquinona.

despigmentantes avançados

Aqualicorice PT: extraído do alcaçuz, é antioxidante e despigmentante, por inibir a síntese de melanina. Usado de 0,5 a 1% em pH 5 a 7.

Antipollon HT: é um silicato de alumínio sintético, que adsorve a melanina de liberação recente e a já fixada na pele, não agindo sobre a tirosinase e praticamente não oferece sensibilização à pele, podendo,

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portanto ser utilizado por gestantes. É um adjuvante útil no tratamento das efélides, podendo ser usado de 0,5 a 4% em pH de 4 a 10.

Arbutim: derivado da hidroquinona, também atua sobre a tirosinase, mas tem menos efeitos adversos e faixa de pH mais flexível. Uso de 1 - 3% em pH 5 - 8.

IDB light: idebenona lipossomada, inibe a tirosinase. Usado de 2,5 a 10% em pH 3 a 8.

Isocell citrus: agente clareador baseado em citroflavonoides da casca do limão, com atividade anti-tirosinase. Associado a fosfolipídeos, tem aumento da biodisponibilidade, penetração e a atividade.

Kinetin L: Associação de ácido alfa-lipoico, VC-PMG e Adenin. Usado padronizadamente a 10% em pH 4,8 a 8.

Melawhite: glicopeptídeo que atua sobre a tirosinase, usado de 2 a 5% em ampla faixa de pH.

VC-PMG: Fosfato de ascorbil magnésio: derivado hidrossolúvel da Vit C. Uso de 1 a 3% em pH 7 a 9.

Melfade: extrato obtido da uva-ursi que contem arbutim e metilarbutim, associado ao VC-PMG. Usado de 3 a 8%.

VC-IP: Derivado lipossolúvel da Vit C. Uso de 0,05% a 1% em pH 4 a 6. O fato de ser lipossolúvel confere ao ativo certa fixação superior na pele, por isso é usado em menor concentração.

Thalasferas de Vit. C: VC-PMG encapsulado em esferas de colágeno, para liberação gradual. Uso de 5 a 10% em pH 5,5 a 7. Em associação com o chá verde, reduz a degradação do colágeno. Uso interessante na área dos olhos.

Radizen: complexo antioxidante composto de Vitaminas A, E, C e extrato de Ginkgo biloba. Uso de 2 a 10% em ampla faixa de pH.

Whitessence: extrato de jaca de origem asiática livre de hidroquinona, uso em pH de 6 a 8, de 1 a 3%.

Avalie as faixas de pH fornecidas e planeje as possíveis associações, considerando obviamente o tipo de hiperpigmentação a ser cuidada.

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CAPíTUlO 12 Introdução aos peelings

A palavra peeling vem do inglês que significa descamar. Consistem em recursos de esfoliação acelerada induzida produtos específicos, resultando na remoção controlada de porções da epiderme e/ou derme com posterior regeneração de novos tecidos.

Com a ação dos ativos, ocorre estímulo da liberação de mediadores do processo inflamatório, resultando em espessamento da epiderme, depósito de colágeno, reorganização dos elementos estruturais da pele e aumento do volume dérmico.

objetivo dos cuidados pré-peeling:

» preparo para o peeling: iniciar a descompactação do extrato córneo;

» aumentar o poder de permeação dos ativos aplicados durante o peeling;

» acelerar a resposta inflamatória e a descamação da pele.

objetivo dos cuidados pós-peeling:

» recuperar o manto hidrolipídico, pH, nutrição e a hidratação;

» prevenir repigmentações indesejadas;

» potencialização e manutenção dos resultados obtidos.

tabela de proFundIdade dos peelings

Nível ProfUNdIdade Na Pele Camada da Pele INdICação SUBSTâNCIaS

Superficial 0,06 – 1,0mm Camada córnea, granulosa, espinhosa, basal, derme papilar

Rejuvenescimento, rugas finas, acne, manchas superficiais

AHAs Ácido salicílico, Resorcina

Médio 1,0-1,8mm Derme reticular superficial

Rejuvenescimento, cicatrizes da acne, discromias Fotoenvelhecimento

ATA 30%, Fenol

Profundo Até 6mm Derme reticular mediana a profunda

Melasmas resistentes, ceratose actínica

Fenol

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Ingredientes cosméticos para o pré-peeling

» Alfa-hidroxi-ácidos (AHAs): são os ácidos tradicionais: ácido glicólico, lático, mandélico, tioglicólico, tricloroacético e glicirrízico. Em baixas concentrações, aceleram a taxa de renovação celular e estimulam a síntese de novas fibras de colágeno.

A diferença entre queratolíticos típicos como a resorcina e o ácido salicílico e os AHAs é que estes atuam sobre os as células maduras e superficiais da camada cónea, isto é, de fora para dentro; os AHAs atuam sobre os células germinativas profundas, (formação do estrato córneo), ou seja, de dentro para fora.

Sugestão para o preparo do paciente:

Ácido glicólico __10%

Ácido lático __ 5%

Ácido kójico __2%

Gel base qsp 30g

Ácido glicólico ___ 6%

Ácido salicílico ___2%

Propolis ext._____5%

Sabonete gel base qsp 60ml

Ingredientes cosméticos para o pós-peeling

» Ácido ascórbico (vitamina C): recupera a elasticidade, firmeza e hidratação da pele, melhora a textura cutânea e reduz a síntese de melanina, além de ser um antirradical livre.

» Vitamina P: atua regulando a permeabilidade e fragilidade capilar.

» Ácido glicirrízico: anti-inflamatório, antiedematoso.

» Hamamélis: adstringente, vasoconstritor.

» Drieline/Alfabisabolol: calmantes, anti-inflamatórios.

Atenção: produtos pós-peeling devem ser exclusivamente de pH 7.

Sabonete:

Chá verde ext. glic. ____5%

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Calêndula ext. glic.____5%

Camomila ext. glic.____5%

Azuleno _________0,02%

Sabonete LÍQUIDO qsp

Aplicar com movimentos circulares suaves e deixar agir por 30 segundos.

Hidratantes

Alfabisabolol ___2%

Drieline____1%

Vegelip___8%

Aloe-vera ext. __10%

Loção hidratante qsp

Thalasferas de Vitamina C____10%

Ácido Hialurônico __________8%

Adenin _______0,1%

Aquaporine Active _____5%

Vitamina E _________1%

Sérum qsp

etapas da execução do peeling

1. Higienização da pele com sabonete: o uso de ácidos no sabonete (ex: salicílico ou glicólico) seguida de álcool 70% ou acetona para ação desengordurante, facilitando uma ação homogênea do produto. Em cabine, pode-se utilizar, por exemplo, um sabonete gel com ácido glicólico de 10% e ácido salicílico a 5%. Usar em pH mínimo de 4.

2. Aplicação do produto para o peeling, observando a melhor técnica e o tempo de permanência na pele do paciente;

3. Neutralização (caso necessário) e remoção manual do produto restante.

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Peeling de ácido tioglicólico

Usado no tratamento de hiperpigmentações de várias origens, como as dos membros inferiores, decorrentes de problemas vasculares.

Utilizado de a 10-20%, apresenta a vantagem de não provocar edema ou eritema, porém pode produzir leve esfoliação. Pode ser usado a 10%, em veículo gel, a cada 15 dias, num total de 5 sessões iniciais.

A 1ª aplicação pode ter duração máxima de 2 min., podendo-se acrescentar tempo aos poucos (ex.: 1 min.) nas seções seguintes.

Ainda com o paciente deitado, o produto é retirado com gaze e, em seguida, completada sua remoção com água em abundância. Pode-se usar sabonete líquido neutro para auxiliar a remoção.

Existe a manipulação deste ácido a 2% em bastões para o uso na área dos olhos, contra a hiperpigmentação da região infraorbital.

Peeling de ácido glicólico

O ácido glicólico possui a menor molécula entre os AHAs, tendo grande emprego na indústria cosmética. Atua reduzindo a coesão entre os corneócitos por interferir na ligação da proteína filigrina que une um corneócito ao outro.

Uma hipótese de como o ácido glicólico atua atenuando as rugas é pelo fato de aumentar a síntese de glicosaminoglicanos, proteínas multiramificadas que tem a propriedade de fixar a molécula de água em suas ramificações. Por este fato é possível reter água no interior da derme, o que contribui para diminuição das rugas superficiais e médias.

Em exposições mais curtas (tempos normalmente utilizados nos peelings convencionais de ácido glicólico, variando entre 1 e 3 min.) o ácido glicólico, nas concentrações padrão de 30%, 50% e 70%, pode causar menos danos que o ATA em concentrações convencionais. O ácido glicólico pode ser utilizado em gel ou em solução hidroalcoólica.

Quando se faz o peeling com ácido glicólico em nível corporal, visando tratar a flacidez da pele ou recuperar lesões produzidas por estriamento da pele (estrias), são vistas algumas dificuldades naturais como a excessiva dificuldade de penetrar o gel de ácido glicólico a 70%.

Utilizar solução hidroalcoólica composta por ácido glicólico, ácido láctico e ácido salicílico, respectivamente a 20, 15% e 15%. Essa solução pré-peeling queratolítica abre a camada córnea para a penetração do ácido glicólico gel 70%, que é aplicado sobre a solução pré-peeling após três a cinco minutos de permanência na região.

Peeling de ácido salicílico

O ácido salicílico é um β-hidroxi-ácido de aplicação cosmética especialmente em acne. Também pode ser utilizado nos pés associado a ureia, para melhorar o aspecto e a textura.

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O peeling de ácido salicílico geralmente é feito em solução hidroalcoólica de 20 a 30%. Como geralmente não se solubiliza totalmente, deve-se ter cuidado na aplicação para que os cristais não atinjam os olhos e nem as fossas nasais. Como os demais outros, age das seguintes formas:

1. Estimulação do crescimento epidérmico mediante a remoção do estrato córneo, induzindo a epiderme a espessar-se.

2. Destruição de camadas específicas de pele lesada, dependendo do tipo de agente utilizado e sua concentração, obtendo melhor resultado estético.

3. Indução de uma reação inflamatória no tecido mais profunda que a necrose provocada pelo agente esfoliante para induzir a produção de colágeno novo na derme.

Peeling de ácido mandélico

Mais indicado para peles morenas a negras e para acne, é um ácido de elevado peso molecular, sendo considerado o mais seguro para aplicação mesmo em solução hidroalcoólica. Geralmente é utilizado de 20 a 30%, em seções quinzenais ou semanais.

Avalie as faixas de pH fornecidas e planeje as possíveis associações, considerando obviamente o tipo de hiperpigmentação a ser cuidada.

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CAPíTUlO 13 cosmética anti-aging e neurocosmética

conceitos

» Queratina: camada celular morta que confere rigidez à pele e cabelo.

» Colágeno: fibras proteicas ativas que conferem resistência aos tecidos.

» Elastina: proteína fibrosa que forma, com o colágeno, a estrutura proteica fibrosa do tecido conjuntivo, garantindo elasticidade à pele.

» Fibroblastos: atuam produzindo glicosaminoglicanos, essenciais para manter a hidratação da pele.

» Ceramidas: frações de proteínas e lípides que ocupam os espaços intercelulares.

eventos do envelhecimento

» Perda gradativa de funções orgânicas: produção de radicais livres, exposição solar (gera alta carga de ROS), exposição à poluição e outros agentes tóxicos.

» Diminuição do potencial metabólico: processamento lento das reações bioquímicas no organismo, lesões no material genético.

» Pele: perda do turn-over celular, com perda da espessura da pele e de proteínas estruturais.

» A partir dos 23 anos: fotoenvelhecimento: (hidratação/fotoproteção/renovação celular).

» 35 anos: foto e cronoenvelhecimento (todos+despigmentantes /antioxidantes).

» 50 anos: fotocronoenvelhecimento e queda da produção hormonal (todos+antiglicantes).

› Hidratação reforçada após os 45 anos: perda maior da capacidade de retenção de

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água por fatores nutricionais, hormonais, e produção de radicais livres, que agem nas membranas celulares.

ações dos cosméticos tradicionais

» Antioxidante

» Despigmentante

» Hidratante

» Renovação celular

» Promotores de firmeza e elasticidade (tensores)

ações inovadoras dos cosméticos

» Antioxidantes universais

» Linha antiglicante

» Efeito Lifting

» Estimulantes dos fatores de crescimento e da síntese de colágeno

» Inibidores de metaloenzimas

» Peptídeos sinalizadores

o que não pode faltar nos produtos cosméticos anti-aging:

» Hidratação

» Fotoproteção

» Renovação celular

» Antioxidantes

Hidratação e silício orgânico

» O silício é um dos principais componentes da formação e organização da matriz extracelular, cuja presença garante a manutenção da hidratação e da elasticidade.

» Com o passar dos anos, pelas ações do clima e pela ação dos radicais livres, o teor de silício decresce, gerando sinais típicos como rugas e flacidez.

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» A perda da hidratação e do manto hidrolipídico levam à sensibilidade excessiva da pele, com vermelhidão, ressecamento e descamação: ocorre processo inflamatório em resposta ao baixo nível de hidratação.

substâncias hidratantes

» Ácido hialurônico: usado de 1 a 10% em pH 5,5 a 7. Altamente hidrofílico, adsorve 90% do seu peso em água, melhorando a elasticidade da pele, sendo indicado já nos primeiros cuidados anti-aging. A falta de ácido hialurônico (normal em abundância na pele) dá aspecto de pele seca, mas não aumenta a sensibilidade. Suaviza linhas de expressão e marcas de cicatrizes.

» Alantoína: cicatrizante e hidratante, especialmente usado em fórmulas para as mãos. Uso: 0,5-2%.

» Aquaporine active: aumenta a quantidade de canais proteicos responsáveis pela circulação de água entre as células. Uso de 2 a 5%. pH 5 a 7.

» Depantenol: pró-vitamina B5, regenera o epitélio (cicatrizante) recuperando a nutrição e a taxa de renovação celular. Uso de 0,5 a 5%. pH 3,5 a 7,5.

» Elastina: mimetiza a elastina corporal, repondo-a na pele. Uso de 1 a 3%. pH 5 a 7.

» Hidroviton: uso de 1 a 2%. Conhecido como fator de hidratação natural (NMF), contém ureia, alantoína, lactato de sódio e aminoácidos, sendo altamente nutritivo. Aumenta a ação da elastina quando associados.

Se a ureia é comedogênica, como pode ser veiculada em uma preparação para o rosto, como no NMF?

A ureia, está em baixa concentração, não sendo comedogênica neste caso.

» Iris iso: aumenta a tonicidade, hidratação e elasticidade da pele, especialmente em mulheres menopausadas. Inibe a colagenase e a elastase, melhorando o aspecto das linhas de expressão. Uso de 3 a 5%. pH de 5 a 10.

» Óleo de silicone: uso de 3 a 10%. Cuidado: sensação pegajosa se uso superior a 5% (shampoos)

» Óleos vegetais: macadâmia, amêndoas, semente de uva, girassol, rosa mosqueta, oliva, germen de trigo, prímula, etc. Uso de 3 a 10%. Cuidado com os excessos em pele oleosa.

» Pca-Na (sal sódico do ácido pirrolidônico): agrega água à sua molécula, depositada na pele ou nos cabelos. Pode ser usado para qualquer tipo de pele. Uso: 1 a 2%.

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» Silipearl: silício orgânico associado a proteínas, oligominerais e aminoácidos das pérolas. Repões a hidratação e a nutrição da pele. Uso de 1 a 10%.

» Structurine: usado em pH menor que 8, favorece a síntese de proteínas e lipídeos epidérmicos. Uso de 2 a 5%. ATIVO DE REFORÇO DA HIDRATAÇÃO.

tensores

» Tensine: extraído das proteínas do trigo, reduz o efeito das rugas por horas através da formação de filme elástico resistente. Uso de 3 a 10% em pH 6,5.

» Raffermine: derivado as soja, contem glicoproteínas e polissacarídeos de efeito tensor sobre a pele. Uso de 2 a 5%. pH 4,5 a 7.

» DMAE: ativo tradicional no tratamento das linhas de expressão. Uso de 1 a 5%. (odor forte).

antioxidantes universais

Combatem os radicais livres em todos os tecidos, atuando em alvos celulares hidrofílicos e lipofílicos.

» Melscreen Coffee Skin: composto por três potentes antioxidantes naturais que normalizam o equilíbrio celular e conferem uma proteção avançada. (Extrato de Café- rico em ácido ferúlico; rutina, flavonoide anti-inflamatório; carcinina, peptídeo de potente ação antioxidante, atua contra a glicação do colágeno e na proteção da fragmentação do DNA) Uso: 1 a 4% (área dos olhos).

» Alistin: pseudopeptídeo que protege a membrana celular, proteínas e enzimas cutâneas contra o estresse oxidativo. Protege o DNA celular contra os danos causados pela radiação UV e previne a ligação cruzada das proteínas.

» Anti-ox Night: atua nos danos celulares causados por radicais livres, sendo importante para a etapa de primeiros cuidados (ação preventiva superior). Como também apresenta efeito reparador com o uso regular, pode ser indicado para o uso após os 35 anos.

» Vitamina A: uso de 0,1 a 1%. Melhora a elasticidade da pele e a renovação celular, por estimular seu metabolismo e a multiplicação celular (repitelizante). O baixo teor da vitamina facilita a formação de comedões acneicos e leva ao ressecamento da pele. pH 4,5 a 7.

› Utilizar ácido hialurônico e vit.A nos cosméticos dos primeiros cuidados anti-aging promove prevenção eficaz de linhas de expressão.

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» Vitamina E: uso de 0,5 a 5%. Melhora a nutrição da pele e proporciona bronzeado mais suave quando usado nos filtros solares. pH 3,5 a 8.

» Ascorbosilane C: silanol associado a vit.C, com ação regeneradora e hidratante, impede a formação de radicais livres e peróxidos. Uso de 3 a 4%. pH 3,5 a 6,5.

anti-inflamatórios

» Alfabisabolol: anti-inflamatório obtido da camomila, útil em ampla faixa de pH. Uso: 0,1 a 2%.

» Drieline: polímero da glicose extraído do levedo de cerveja (Saccharomyces cerevisiae) que estimula síntese de colágeno nos fibroblastos. Uso de 1 a 2%.

» Bioskinup Contour: reduz a produção de mediadores da inflamação, causando vasodilatação local com extravasamento de líquidos responsáveis pela alteração da coloração e formação do edema da região periorbital, reduzindo as olheiras e minimizando a deposição anormal de hemossiderina na área dos olhos.

› Alantoína, D Pantenol e o Óleo de Melaleuca também são opções de ativos calmantes para procedimentos pós-barba/pós-depilatórios.

Inibidores de metaloenzimas

Metaloenzimas são enzimas (com grupos metálicos funcionais) que degradam outras proteínas e renovam a matriz extracelular. Inibir a atividade das metaloenzimas proporciona melhoria de firmeza, elasticidade, resistência e integridade da pele.

São ações das metaloenzimas na pele:

» Remodelamento dos componentes da matriz extracelular (MEC) por meio da degradação do colágeno, elastina e fibronectina.

» Ativação das células inflamatórias e indução da angiogênese.

MDI Complex® (Glicosaminoglicanas de origem marinha): inibe a Gelatinase A (MMP-2), Gelatinase B (MMP-9) e Metaloelastase (MMP-12), que degradam colágeno e elastina.

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Inibidores da reação de glicação

(Proteína/lípideo + glicose = Produtos de glicação avançada – Pga)

» Os PGA levam à formação de ligações irreversíveis entre diferentes moléculas, alterando suas propriedades bioquímicas e iniciando respostas fisiológicas anormais. A glicação de proteínas do colágeno contribui para a rigidez e a perda de elasticidade dos tecidos cutâneos.

» Adenin: N6-furfuriladenina - Fitormônio sintético. Diminui a perda transepidérmica de água, mantendo a hidratação e umidade da pele. Com ação clareadora, promove brilho, reduz rugas finas e a aspereza da pele, melhorando o aspecto de áreas foto-cronodanificadas. Possui pH neutro. Uso de 0,01% a 0,1% em cremes, filtros solares, géis e loções. Pode ser usado por gestantes com segurança.

sinalizadores e regeneradores

» Matrixyl: uso de 2 a 5%, pH 5,5 a 7. Tensor, estimula os fibroblastos dérmicos a sintetizar colágeno, polissacarídeos (GAGs e ácido hialurônico) e fibronectina. Apresenta grande afinidade pelos fibroblastos, além de aumentar a resposta celular ao TGFβ (citocina antiinflamatória).

» Pro-Collasyl: alta concentração de silanetriol associado a colágeno marinho e peptídeos de arroz. Atua diretamente sobre os fibroblastos, estimula a biossíntese de colágeno, intensificando a reparação e renovação celular. O uso suaviza linhas finas além de conferir efeito tensor similar ao aspecto natural. Atua também como agente nutriente para a pele, melhorando a textura e a hidratação. pH 2,5 a 4,5. Uso de 2 a 4%.

» Biodynes TRF: derivado de leveduras, é rico em aminoácidos, minerais e vitaminas, sendo as últimas classes de ativos complexados a aminoácidos, o que facilita a permeabilidade pela pele. Citoestimulante, aumenta a síntese de colágeno e elastina, sendo útil em fórmulas pós-peeling e para a área dos olhos. Usado em pH 3 a 10% em ampa faixa de pH.

Identifique quais substancias são mais utilizadas em produtos industriais de luxo como as linhas Vichy e La Roche.

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CAPíTUlO 14 cuidados cosméticos iniciais com a queda capilar

O cabelo tem como funções principais à proteção do couro cabeludo, o aumento da função sensorial e pode se apresentar em três diferentes estágios: anágeno (crescimento), catágeno (estágio de transição ou repouso) e telógeno (estágio de queda). Acima de 6 meses, na maioria das vezes, representa uma queda dentro da normalidade, pois o ciclo capilar envolve fases de crescimento (anágena), repouso (catágena) e queda (telógena) ou pode representar uma alopecia androgenética, principalmente nos homens.

A queda de cabelo quando ocorre além dos limites normais (cerca de 100 fios diários) exige atenção, considerando o efeito negativo provocado a longo prazo na qualidade de vida dos pacientes.

A alopecia é condição genética comum de queda dos cabelos, produzida pela ação dos hormônios andrógenos circulantes. É caracterizado pela perda e afinamento progressivo dos cabelos com redução da fase anágena, geralmente acompanhado de alterações dos folículos pilosos no couro cabeludo, sendo influenciada pelo uso inadequado de produtos tópicos, fumo, uso de medicamentos para o tratamento de neoplasias malignas e por fatores emocionais (fator questionado na comunidade científica).

No homem, a alopecia é geneticamente determinada; na mulher, além do fator genético, associa-se também à presença de problemas endócrinos, fatores nutricionais como a carência de ferro e zinco e fatores ambientais.

A importância dos hormônios está muito vinculada à idéia de que a testosterona circulante seria a principal fonte de problemas relacionados à calvície. Sabe-se hoje o item que mais importa é a taxa de conversão de testosterona em 5-DHT pela 5α-redutase, que aumenta ainda mais a oleosidade local, acelerando a obstrução do folículo.

A presença da testosterona em excesso no corpo feminino causa a síndrome SAHA (seborreia, acne, hirsutismo e alopecia). Como homens têm naturalmente níveis mais altos de testosterona, a alopecia tende a ser mais grave, além da acne e seborreia.

A enzima aromatase é responsável pela conversão de testosterona e seus derivados em estradiol. Localmente, este mecanismo funciona como proteção do folículo piloso contra a alopecia, pois diminui a quantidade de testosterona e consequentemente de 5-DH.

As áreas afetadas pela alopecia em homens e mulheres se diferenciam principalmente por este aspecto: mulheres possuem maior quantidade de aromatase nas áreas mais afetadas em homens, além de, na maioria dos casos, maior volume e extensão capilar, o que contribui para manter o aspecto capilar por tempo maior.

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Porque inibir a aromatase corporalmente colabora para a perda de gordura localizada?

Porque diminui o acúmulo de gorduras, efeito inerente dos estradiois.

Os cosméticos para os cuidados da alopecia têm caráter paliativo: não necessariamente irão eliminar a queda capilar, uma vez que existem fatores genéticos e hormonais envolvidos. Para tanto, é necessário encaminhamento ao médico para adequação hormonal.

A seguir as principais vias do tratamento cosmético da queda capilar.

controle da oleosidade e caspa (dermatite seborreica)

» Cetoconazol: tem ação anti-fúngica. É usado a 2% (shampoo).

» Piroctone Olamina (Octopirox): usado de 0,5 a 1%. Potente antisseborreico.

» Piritionato de Zinco: usado de 1 a 2,2%. Antifúngico e antisseborreico. Evitar associar produtos neste shampoo: o ativo é oxidante forte.

Inibição da 5 α-redutase – uso tópico

» Chá verde ext. glicólico: também pode ser utilizado em tônicos capilares e condicionadores. Uso de 3 a 10%.

» Vitamina B6: tem efeito seborregulador e adstringente. Uso de 0,5 a 2%.

» Sulfato de zinco: é adstringente e antisséptico, sendo usado de 0,5 a 2%.

estímulo do crescimento capilar com melhora da circulação e nutrição local

O crescimento capilar tem a circulação local aumentada principalmente através de massagens na raiz e pelo uso de rubefacientes como o mentol; consequentemente, a nutrição melhora com o aumento do fluxo sanguíneo.

Para favorecer o crescimento, são indicados os seguintes produtos, tanto em shampoos como em condicionadores ou máscaras capilares:

Ext. glicólico de Jaborandi: uso de 2 a 10%.

Ext. de Quina: uso de 2 a 10%.

Ext. de Cantáridas: uso de 2 a 10%.

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Ext. de Alecrim: uso de 2 a 10%.

Aminoácidos da seda e AA da queratina: uso de 1 a 2%.

AA das amêndoas: uso de 2 a 4%.

AA do leite: uso de 1 a 3%.

Ação dos aminoácidos: como as fibras capilares são sustentadas principalmente pelas ligações com o elemento enxofre (pontes dissulfeto), os aminoácidos fornecem este elemento químico os fios, fortalecendo-os.

Outro ingrediente importante é o minoxidil, antigamente utilizado no tratamento da hipertensão arterial. Este promove a abertura dos folículos capilares, e sua aplicação geralmente é recomendada com massagem do couro cabeludo, melhorando a queda capilar.

É bastante utilizado também nas sobrancelhas. Uso de 2 a 5% em solução hidroalcoólica ou no sérum, para pacientes com cabelo mais curto. Não se deve remover o minoxidil após sua aplicação.

Como proceder com pacientes cuja queda capilar é decorrente do uso de produtos para coloração?

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CAPíTUlO 15cosméticos para grupos de risco

Pacientes idosos, gestantes e crianças possuem necessidades cosméticas e características fisiológicas que os distinguem dos demais grupos de pacientes.

São as principais alterações fisiológicas que influenciam no uso de cosméticos:

» Pacientes gestantes: para garantir a nutrição do feto, a frequência da respiração e circulação aumentam. A ação da progesterona reduz o tônus do esfíncter gastroesofágico, predispondo ao refluxo.

» Pacientes idosos: todas as funções orgânicas estão mais lentas ou defeituosas, inclusive o metabolismo. A pele está com a taxa de renovação celular muito reduzida, de modo que fica mais espessa e os pelos caem, o que torna a hidratação mais difícil: áreas com pelos possuem maior vascularização e camada córnea mais fina, o que facilita a permeação de substâncias pela pele.

Como proceder para a melhor hidratação da pele de idosos?

» Paciente pediátrico: as funções orgânicas estão em formação, imunidade imatura e pele muito sensível. Todos os produtos devem ter segurança e eficácia comprovada, sendo classificados como grau de risco 2.

Principais aspectos cosméticos:

Gestantes: produtos cosméticos como despigmentantes e citoestimulantes, além dos ativos que influenciam no DNA em nível tópico como o ácido retinoico oferecem alto risco de teratogenia, que é a má formação do feto por motivos químicos exógenos.

Peelings químicos são contraindicados para gestantes, tendo em vista que substâncias tópicas como o ácido retinoico, o ácido salicílico e o enxofre podem oferecer riscos à gestante e ao feto. Contudo, procedimentos como a crioterapia e a desobstrução mecânica da acne para remoção de comedões (sem aplicação prévia de substâncias queratolíticas ou de aparelhos com corrente elétrica) são procedimentos considerados seguros durante a gestação.

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Idosos: A hidratação deve ser extremamente favorecida, sendo necessariamente, mais oleosa que o normal, para a reposição do manto hidrofílico da pele. Utilizar sempre cremes mais nutritivos como o cold cream, e ativos como glicerina, óleos, manteigas e ácido hialurônico, e sempre que possível, sabonetes glicerinados para o rosto e banho, para aumentar a hidratação.

Crianças: Obrigatoriamente, produtos sempre em pH 7, dada a sensibilidade da pele, inclusive produtos capilares, mesmo quando a criança for maior de 7 anos. Hidratação com ureia: não mais que 5%. Óleos e glicerina podem ser usados com segurança. Evitar fragrâncias se houver relato de alergia. Orientar sempre a família ou responsável quanto ao uso correto do cosmético.

Quais são os riscos de produtos de pH alcalino para pele, de maneira geral?

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CAPíTUlO 16 Hidratação corporal e produtos antipoluição

A hidratação do corpo é fundamental para o bom funcionamento da pele, especialmente para a proteção contra as agressões externas, como corpos estranhos, variações de clima e temperatura, além da penetração de medicamentos de uso tópico (como pomadas e cremes medicamentosos). O quadro de pele seca é chamado de xerodermia ou asteatose e pode acometer pacientes de várias faixas etárias e tipos de pele.

A desidratação da pele colabora para o surgimento de sinais de doenças como alergias dermatológicas, além de descamações excessivas. A diminuição da hidratação da derme leva à alteração das propriedades da barreira cutânea, ou barreira hidrolipídica, o que favorece a penetração de compostos tóxicos e torna mais frequente o prurido local e a tendência a processos inflamatórios locais.

Outro fator fundamental para o balanço de hidratação da pele é a integridade do estrato córneo: como exemplo da alteração da barreira lipídica pode ser citada a aplicação de agentes tensoativos na pele em produtos como sabonetes e shampoos, que removem a maior parte dos lipídios. Entretanto, na pele saudável este fato não é tido como grave, já que há uma ação rápida das glândulas sebáceas: dentro de duas horas em média, o filme hidrolipídico é restabelecido.

Em relação à influência ambiental, a incidência de luz pode aquecer ambiente e consequentemente a pele, causando aumento da transpiração. Quando a temperatura ambiental e a umidade do ar são altas, a transpiração aumenta, porém a pele perde pouca água para o ambiente por evaporação (uma vez que o ambiente já está úmido), preservando a hidratação da pele.

Em situações de baixa umidade relativa do ar, o conteúdo de água do filme hidrolipídico tende a diminuir, favorecendo também a perda de água transepidermal, entendida como a perda total de água da epiderme viável (isto é, com células vivas) e derme, por difusão através do estrato córneo para a superfície, além da ação das glândulas sudoríparas. Por isto, pacientes moradores de cidades mais afastadas do litoral, com baixo índice de chuvas e de clima mais seco (onde a umidade do ar é naturalmente mais baixa), precisam reforçar a hidratação sempre.

Porque é contraindicado o uso de propilenoglicol em formulações cosméticas?

O uso de produtos contendo óleos, manteigas, extratos glicólicos (já abordados na seção anterior) e elementos higroscópicos como o PCA-Na, contribui para o restabelecimento da barreira cutânea, permitindo a adequação dos níveis hídricos.

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São características comuns da pele seca:

1. aspereza;

2. descamação;

3. fácil ruborização;

4. sensibilidade.

A ureia é um agente hidratante muito utilizado devido ao seu potencial higroscópico. Sua presença natural no estrato córneo já foi comprovada e até 10% pode exercer este efeito. Acima de 10%, tem ação queratolítica, de modo que elimina a água corporal, sendo mais útil em áreas espessas como os calcanhares e pés. Não é viável indicar ureia para o uso facial: pode ter ação comedogênica e descamar muito o rosto. Existem hidratantes faciais adequados, já abordados nas aulas de cosmética anti-aging.

São associações comuns para hidratação corporal: ureia, vitaminas oleosas (A, E etc.), óleos de macadâmia, semente de uva, amêndoas, girassol, oliva, prímula, PCA-Na, Hidroviton, manteiga de karitê, lactato de amônio, extratos glicólicos de aloe-vera, chá verde, acerola, algas marinhas, hera, calêndula, erva doce, centella asiática em loções cremosas, creme nutritivo ou creme base para o corpo (essência opcional para o paciente – verificar se há alergias. Caso haja, deixar claro no prontuário para que o produto não tenha essência).

Existem algumas apresentações comerciais que não utilizam ureia nas suas fórmulas, dado o risco de descamação principalmente em peles mais sensíveis. Em virtude disso, os laboratórios industriais desenvolveram fórmulas de cremes-base ainda mais hidratantes e refinadas sem ureia, mas com efeito igual ou até superior de hidratação.

Outra opção de veículo é o cold cream, um creme de toque realmente mais gorduroso, altamente hidratante, que pode ser utilizado com óleos e extratos hidratantes ou mesmo puro (existem apresentações para o cold cream puro).

É viável que a hidratação corporal seja feita após o banho, uma vez que os poros estão mais abertos e, pelo fato da pele estar úmida, a espalhabilidade do produto aumenta, proporcionando bons resultados.

Todas essas medidas cosméticas devem estar associadas sempre aos cuidados internos: uma dieta saudável aliada ao consumo de água, sucos e frutas repõe a hidratação dos tecidos internos. O leite também possui alto teor de água e tem taxa de eliminação mais lenta que os demais líquidos do corpo, pela presença de nutrientes como proteínas e carboidratos, de modo que água permanece mais tempo no corpo.

ATENÇÃO: Pacientes com intolerância ou alergia à lactose devem evitar o consumo de leite, prevenindo respostas fisiológicas indesejáveis. Deve ser feito encaminhamento para nutricionista, para uma adequação dietética.

Cuidados Antipoluição: A exposição prolongada aos poluentes ambientais acelera o processo de envelhecimento, decorrente da ação de radicais livres de fortes fontes oxidantes como: fumo, radiação, fragmentos de origem industrial (metais, cerâmicas etc.) e variações climáticas severas.

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Nestes casos, a queratina, os fosfolipídeos da membrana celular e até mesmo o DNA podem ser danificados, prejudicando o funcionamento adequado do organismo. Como resultados estéticos, pode-se citar a formação de rugas e linhas de expressão, perda da uniformidade de textura e pigmentação da pele (com transtornos de hiperpigmentação), além do ressecamento da pele.

Partindo desta interpretação, entende-se o uso de produtos antioxidantes universais e os produtos antipoluição, entendidos como capazes de evitar os danos dos poluentes ambientais ao cabelo, couro cabeludo e pele, proporcionando conforto e até ação calmante para o usuário.

Entre os principais princípios ativos usados nos produtos antipoluição estão:

» Alfa-bisabolol

» Óleos de abacate, pepino e gérmen de trigo

» Extratos de aloe-vera e malva

» Chá verde

» Vitaminas A, C e E

» Microesponjas de retinol

» Liftiline

» Silício orgânico

Diferencie os critérios de seleção de ingredientes para hidratação corporal e facial. É possível utilizar os mesmos ingredientes em ambos os casos?

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CAPíTUlO 17 manejo cosmético de cicatrizes

A cicatrização é o processo de substituição de um tecido lesionado por novo tecido conjuntivo vascularizado através de reparo ou regeneração, independentemente do tipo ou agente causador da lesão. O processo envolve três etapas:

1. Fase inflamatória ou exudativa: a instalação de processo inflamatório para que haja completa troca dos tecidos e limpeza da ferida.

2. Fase proliferativa: formação de tecido conjuntivo cicatricial.

3. Fase de maturação: ocorre remodelação do tecido, que pode reduzir o volume da cicatriz até seu desaparecimento.

São características gerais dos tipos de cicatrização:

1. Cicatrização de 1a intenção: ocorre em feridas estreitas sem infecção cujas bordas foram aproximadas por sutura (costura cirúrgica). Ocorre colagenólise com compactação das novas fibras formadas e redução da síntese de ácido hialurônico. As fibras colágenas predominam na matriz extracelular (ou interstício) a partir da 2a semana, de modo que a ferida está totalmente consolidada em aproximadamente 10 dias, mas ainda demora mais tempo para adquirir resistência máxima, podendo retornar a uma condição próxima à pele íntegra.

2. Cicatrização de 2a intenção: ocorre em feridas amplas de bordas afastadas com formação de coágulo visível, com possibilidade de infecção associada, gerando forte processo inflamatório. Justamente pelo fato de as bordas serem mais distantes, a cicatrização de 2a intenção é mais lenta que a de 1ª intenção. O fenômeno da retração da cicatriz é muito intenso e evidente, de modo que, em alguns meses, a área inicial da cicatriz pode sofrer até 90% de retração.

Existe algum recurso cosmético real para retração cicatricial?

São causas de deficiência de cicatrização:

» A falta de vitamina C e zinco prejudica a síntese de colágeno, atrasando a cicatrização. A falta de zinco é considerada evento anticicatricial.

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» Problemas circulatórios: alterações na dinâmica da circulação podem reduzir a oxigenação e o transporte de nutrientes para os tecidos, atrasando a cicatrização. Pacientes acamados, especialmente se com problemas nutricionais, tendem a ter problemas de cicatrização por esta via.

» Envelhecimento: a redução da taxa de proliferação celular, comum nos idosos, pode atrasar a formação de novo tecido na área afetada.

» Imunossupressão: pacientes com imunidade baixa pelo uso de medicamentos como corticoides ou por doenças como a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) tendem a ter mais infecções e menos mecanismos de defesa, especialmente as inflamações.

» Outros: corpos estranhos, necrose, hematomas, uso de anticoagulantes.

Fibroses: As fibroses são processos onde existe aumento do tecido conjuntivo com produção de excesso de matriz extracelular (interstício) que, porém, não está relacionada ao processo reparativo em si, mas a outras alterações fisiológicas. As fibroses podem, por alterações no padrão da etapa de remodelamento da cicatriz, causar transtornos funcionais nas áreas afetadas. O tratamento é exclusivamente médico, geralmente até cirúrgico.

Queloides e cicatrizes hipertróficas: queloides e cicatrizes hipertróficas ocorrem a partir da hiperproliferação de fibroblastos, com consequente acúmulo de matriz extracelular, especialmente pela excessiva formação de colágeno.

Os queloides são mais elevados que as cicatrizes hipertróficas, com coloração de rosa a violeta, e invadem os tecidos próximos. Apresentam prurido (e quando o paciente coça a região gera escoriações no queloide, o que estimula o crescimento), dor e ardor, não regridem espontaneamente e podem ter crescimento prolongado. Não respondem bem à compressão, uma estratégia usada como tratamento. Podem acometer todos os grupos étnicos, sendo mais grave em africanos, asiáticos, negros, mestiços e nórdicos, não havendo registros de casos em pacientes albinos.

A maioria dos casos ocorre em pacientes de 10 a 30 anos. Inicialmente, o crescimento é acelerado, após algum tempo do passa a ser quase imperceptível e o tamanho da lesão praticamente não se altera, sendo a fase de estabilidade. Ocorrendo qualquer estímulo, este pode voltar a crescer rapidamente modificando as dimensões originais, podendo aumentar seu tamanho ou ate mesmo gerar uma cicatriz várias vezes maior que a anterior. Até que a lesão entre novamente na fase de estabilidade, não é possível prever qual será o tamanho final da lesão.

Os locais mais comumente acometidos são a área do dorso, região cervical posterior, região deltoide e pavilhão auricular. Por outro lado, são raras as ocorrências de queloide em pálpebras, órgãos sexuais, regiões frontal, palmar e plantar. Os queloides têm maior tendência à recidiva, comparados às cicatrizes hipertróficas.

As cicatrizes hipertróficas, como os queloides, são elevadas com coloração rósea e formadas pelo excesso de tecido fibroso depositado no local da cicatriz, sendo limitadas às bordas da ferida. Raramente são

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dolorosas e podem regredir com o tempo. Respondem bem ao tratamento com compressão e massagens. Após atingir o crescimento máximo, as cicatrizes hipertróficas regridem espontaneamente até que retornem ao aspecto de uma cicatriz normal.

Ocorre predominantemente nas superfícies flexoras, estando relacionada ao movimento da região afetada, sendo que o tamanho da lesão está normalmente relacionado à gravidade do trauma. As cicatrizes hipertróficas caracterizam-se pela presença de pequenos vasos sanguíneos, fibras colágenas pequenas desordenadamente agrupadas em nódulos.

Tratamento: o tratamento de queloides e cicatrizes hipertróficas é o mesmo, considerando que é difícil diferenciar as lesões clinica e microscopicamente. Deve-se evitar a manipulação excessiva e traumatismo nos tecidos, diminuindo a tensão na cicatriz. A prevenção de hematomas e infecções são medidas que contribuem para a obtenção de cicatrizes menos inestéticas e melhor camufladas por cosméticos.

Deve ser ressaltada também a aplicação de procedimentos físicos na terapêutica complementar do quelóide. Alguns exemplos são a hidroterapia, o emprego de massagens, roupas compressoras e ultra-som.

Ingredientes cosméticos

Óleo de Rosa Mosqueta: contém ácidos graxos fundamentais para a manutenção da integridade da pele e da estrutura das membranas celulares, sendo principalmente os ômegas 3, 6 e 9, e ácido transretinoico ou tretinoína natural (entre 0,01 e 0,1%). Uso de 5 a 10%.

Heparina: a heparina, além do seu uso na prevenção de problemas relacionados à coagulação, também é empregada topicamente para o tratamento de alterações cutâneas inflamatórias e edematosas. A heparina se infiltra por via transepidérmica no tecido conjuntivo, exercendo ação antiedematosa e regeneradora de células e tecidos. Entre outros efeitos, a heparina se fixa à superfície do colágeno cicatricial, inibindo a progressão da polimerização deste, melhorando o aspecto da cicatriz. Pode ser usada de 10.000 a 50.000 UI%.

Alantoína: a alantoína é o produto final da metabolização da purina, estando amplamente disseminada em organismos animais e vegetais. A alantoína vem sendo utilizada por suas propriedades cicatrizantes, mesmo antes de se ter comprovado experimentalmente suas propriedades queratolíticas, hidratantes e epitelizantes. Na cicatrização, a queratólise branda tem efeito amaciante e proporciona maior capacidade de retenção de umidade e, com isso, o alisamento da superfície cutânea e maior elasticidade da cicatriz. A propriedade facilitadora da penetração melhora a eficácia de produtos tópicos, por promover a atuação dos outros componentes no local. O efeito anti-irritante combate o prurido que frequentemente acompanha a formação de cicatrizes. Usado de 0,5 a 3%.

Elabore protocolos para favorecer a cicatrização em peelings e em procedimentos pós-cirúrgicos.

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CAPíTUlO 18 nutricosmética e nutracêuticos

Legalmente considerados como produtos alimentícios, os produtos de uso oral de finalidade cosmética representam atualmente uma fração importante do mercado de suplementos dietéticos. Os nutricosméticos são geralmente comprimidos ou cápsulas (também podendo ser líquidos, geralmente na forma de shakes) constituídos de pelo menos um dos seguintes ingredientes: vitaminas, minerais, fitoextratos, aminoácidos e ácidos graxos como w-3.

A proposta destes produtos está em melhorar as condições relacionadas a linhas de expressão, textura do cabelo e pele, melhora da lipodistrofia ginoide, aumento da resistência das unhas, preparação da pele para exposição solar, fotoproteção ou até mesmo promover o emagrecimento, apesar de estarem mais relacionados às propriedades anti-aging.

Os nutracêuticos são alimentos ou frações de alimentos que atuam na prevenção e/ou tratamento de doenças. Abrangem de nutrientes isolados, suplementos dietéticos e dietas até produtos planejados e alimentos processados tais como cereais, sopas e bebidas. Portanto, entende-se que os nutricosméticos são produtos de potencial nutracêutico, mas não se destinam a tratar doenças, sendo cuidados cosméticos complementares.

A prescrição desses produtos não é exclusivamente médica, uma vez que os produtos são de linha nutricional e podem ser vendidos até mesmo sem receituário. Contudo, este é um grande atrativo para os tratamentos cosméticos e se constituem um diferencial forte para o profissional de estética, uma vez que é um recurso visto como tecnologia de ponta.

A prescrição de nutricosméticos envolve conhecer a função e composição química de cada ingrediente (no caso de produtos naturais, a presença de itens como flavonóides, taninos etc.), bem como as dosagens e características dos produtos (como a diferenciação de pó e extrato-seco de origem vegetal).

As associações em fórmulas devem respeitar a necessidade de cada paciente, considerando peso, idade e histórico de consumo de produtos, para pesquisar alergias, resultados positivos e negativos. É fundamental registrar todos os produtos utilizados e as prescrições atuais, além da evolução do paciente.

Qual é de fato a diferenciação de pó e extrato-seco de origem vegetal?

O extrato seco é mais rico em substâncias ativas que o pó.

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Vitaminas

A (retinol): importante na regulação do funcionamento das glândulas sebáceas, melhora da textura da pele e da renovação celular, é usada de 5.000 a 10.000UI/dia.

B6 (piridoxina): atua na inibição da 5α-redutase, evitando o processamento de testosterona em 5-DHT, melhorando os níveis de oleosidade e consequentemente de queda capilar. Usada de 10 a 300mg/dia. Porém, o uso da substância pura é pouco indicado, por causar dores abdominais. Geralmente é usada no Pill Food.

C (ácido ascórbico): potente antioxidante com importante papel na regulação da imunidade. Usado de 250mg a 1g/dia, em até 3 administrações.

D (colecalciferol): importante para fixação de cálcio nos ossos, tem ação anti-aging e protege o corpo de neoplasias malignas, doenças infecciosas e autoimunes. Usada de 200 a 400UI/dia, em até 2 administrações.

E (tocoferol): antioxidante potente, cujo uso prolongado melhora também a fertilidade. Seu uso diminui muito os radicais livres gerados também pela exposição solar. Usada de 50mg a 150mg, com dosagem máxima de 400UI/dia em até 3 administrações. O uso tópico em fotoprotetores confere bronzeados mais duradouros.

demais princípios ativos

» Ácido alfa-lipoico: potente antioxidante, usado de 200 a 500mg/dia.

» Açaí extrato seco: rico em polifenois, é útil na prevenção de lesões celulares por espécies reativas ao oxigênio (ROS) e outros radicais livres, além de doenças cardiovasculares e neoplasias malignas. Usado até 1g por dia, em até 3 administrações.

» Betacaroteno: precursor da vitamina A no organismo, usado de 30 a 300mg/dia, sendo que as doses maiores que 100mg são para finalidade de fotoproteção sistêmica.

» Bioarct: Extrato da alga Chondrus crispus, que se desenvolve nas águas do Mar Ártico e é submetida às condições de luz e frio extremos (inverno) das áreas polares.

Essas condições de estresse resultam na síntese de moléculas de hibernação composto por várias moléculas protetoras e energizantes: Se, Zn, ácido ascórbico, taurina e o dipeptídeo citrulil-arginina. Usado de 30mg a 1g por dia, em até 3 administrações.

» Cápsulas oleosas de linhaça: ricas em ácidos graxos (w-3, 6 e 9), tem ação antioxidante e laxativa suave: o óleo lubrifica o intestino e melhora o trânsito intestinal. Usado de 500mg a 1g/dia em até 2 administrações.

» Castanha da índia: extrato empregado na melhora da circulação, com bons resultados em varizes e celulite. Usado de 150mg a 1g/dia em até 3 administrações.

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» Centella Asiática: extrato rico em ácido asiático empregado para a melhora da celulite. Usado de 150mg a 1g/dia em até 3 administrações.

» Chá Verde: antioxidante rico em polifenois com atividade diurética em longo prazo. Melhora o metabolismo de lipídios. Usado de 150mg a 1g/dia, em até 3 administrações.

» Coenzima Q-10: potente antioxidante que melhora quadros como a hipertensão arterial e problemas de metabolismo de lipídios. Usado de 10 a 50mg/dia.

» Colágeno: fornece importantes aminoácidos para o organismo, oferecendo melhora da flacidez com o uso prolongado. Uso de 1g a 3g por dia, em até 3 administrações.

» Exsynutriment: Ácido Ortosilícico – Si(OH)4 – ligado ao Colágeno Marinho. O silício possui funções importantes para a formação e a manutenção do tecido conjuntivo. A ligação aos aminoácidos do hidrolisado de colágeno marinho evita que, durante o trânsito no trato gastrintestinal, a formação de sílica, uma forma de silício biologicamente inativa.

A suplementação de silício orgânico permite que o ácido hialurônico tecidual ganhe uma configuração química estrutural que o permite formar redes de ligação com as moléculas de água. Considerando que o ácido hialurônico adsorve até 90% do seu peso em água, o consumo do silício orgânico é fundamental para a adequação da hidratação.

O consumo de Exsynutriment e Bioarct favorece a redução de linhas de expresão, melhora na textura capilar, resistência das unhas e melhora do aspecto da pele. É usado de 60 a 300mg/dia, em até 3 administrações.

» Hamamelis: extrato rico em taninos de potente ação adstringente, com bons resultados em problemas circulatórios. É usado de 150mg a 1g/dia em até 3 administrações.

» Licopeno: antioxidante e detoxificante principalmente para fumantes, etilistas e pessoas com alta ingestão de produtos gordurosos. Melhora a renovação e regeneração celular, prevenindo o envelhecimento e neoplasias malignas. Usado de 5 a 10mg/dia. Existem algumas variações de extratos menos concentrados ou blends, que podem ser usados em diferentes concentrações, a depender do fabricante.

» Pantogar: blend de ingredientes como colágeno e ácido paraminobenzóico, é útil para melhorar a nutrição capilar, melhorando a queda. A administração ideal é de 3 cápsulas ao dia após as refeições.

» Pholia Magra: popularmente conhecida como “erva antibarriga”, tem ação termogênica, diurética e sacietogênica sibutramina-like. Usado de 150 a 500mg/dia em até 2 administrações.

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» Resveratrol: flavonoides extraídos da uva, com potente ação antioxidante. Previne doenças cardiovasculares, neoplasias malignas e demais doenças por radicais livres.

» Zinco quelado: antioxidante que atua também no controle da oleosidade e na imunorregulação. Usado de 10 a 15mg/dia.

» Geleia real: produto secretado pelas glândulas mandibulares das abelhas, rico em vitaminas A, C, E, B1, B2, B5, B6, ácido fólico, cálcio, cobre e selênio. O produto geralmente está disponível em barra e as porções devem ser consumidas conforme especificações do fabricante. Melhora o aspecto da pele e couro cabeludo, justamente por melhorar a qualidade da nutrição específica para essas finalidades.

Qual a importância de se suplementar antirradicais livres associados aos produtos de uso tópico para prevenção dos sinais do envelhecimento?

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