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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Mobilidade Sustentável em Meio Urbano Mobilidade na Cidade do Porto Projeto FEUP 2014/2015 Mestrado Integrado em Engenharia Civil: Professor Doutor Armando Sousa Professor Doutor Francisco Piqueiro Professor Doutor Manuel Firmino Equipa 11MC03_02: Supervisora: Sara Ferreira Monitoras: Noémia Macedo; Inês Vieira Alexandre Sousa [email protected] Maryana Berezyak [email protected] Francisca Futuro [email protected] Pedro Costa [email protected] João Neves [email protected] Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 1/22

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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano

Mobilidade na Cidade do Porto

Projeto FEUP ­ 2014/2015 ­ Mestrado Integrado em Engenharia Civil:

Professor Doutor Armando Sousa Professor Doutor Francisco Piqueiro

Professor Doutor Manuel Firmino

Equipa 11MC03_02:

Supervisora: Sara Ferreira Monitoras: Noémia Macedo; Inês Vieira

Alexandre Sousa [email protected] Maryana Berezyak [email protected]

Francisca Futuro [email protected] Pedro Costa [email protected]

João Neves [email protected]

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 1/22

Resumo

O seguinte relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP e tem

como principais objetivos promover a aprendizagem das regras para a elaboração de um

relatório, dar formação em áreas como o trabalho de equipa ou a comunicação e alertar

para a sua importância na vida profissional de um engenheiro.

A mobilidade é aqui apresentada como uma peça fundamental na forma como

funciona a sociedade. Verifica­se que esta é muito dependente do automóvel em todo o

mundo, criando, assim diversos problemas de sustentabilidade às cidades.

É também apresentada uma análise da mobilidade na cidade do Porto, que tem

vindo a modificar­se ao nível das infraestruturas de transporte e na forma como a mobilidade

funciona no geral. Para tal, foi e continua a ser fundamental a aplicação do projeto CIVITAS

na cidade do Porto, que se centra em oferecer melhores condições a quem utiliza os

transportes públicos ou a bicicleta, por exemplo, em detrimento do automóvel particular, que

é mais poluente e apresenta outros problemas do foro social e económico.

Palavras-Chave

Planos de mobilidade sustentável; Sustentabilidade social; Sustentabilidade económica;

Sustentabilidade ambiental; Padrões de mobilidade; Critérios de avaliação; Distância;

Tempo; Frequência; Modo de deslocação; Transportes públicos; Oferta e procura; Projeto

CIVITAS; Metro do Porto; STCP; CP; Porto 2001

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 2/22

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer à supervisora Sara Ferreira e às monitoras Inês Vieira e

Noémia Macedo o apoio à realização deste relatório, à Engenheira Cecília Silva da Secção

de Planeamento do Território e Ambiente da Faculdade de Engenharia da Universidade do

Porto, que nos deu o seu contributo através de uma conversa informal onde nos clarificou

acerca de alguns conceitos relacionados com a mobilidade urbana, e ao Metro do Porto,

mais especificamente às Engenheiras Teresa Stanislau e Ana Paula Gonçalves, que se

mostraram disponíveis perante o nosso pedido para a realização de uma entrevista acerca

do contributo da empresa para a melhoria da mobilidade na cidade do Porto.

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 3/22

Índice

Lista de Figuras 5

1. Introdução 6

2. O que é e como se avalia a mobilidade em meio urbano 7

2.1 Dimensão ambiental 8

2.2 Dimensão social 9

2.3 Dimensão económica 11

3. Planos de Mobilidade Sustentável 11

3.1 Desenvolvimento da cidade do Porto ao nível da mobilidade 12

3.1.1 Porto 2001 12

3.1.2 CIVITAS ELAN 13

3.1.3 Vias aéreas 15

3.1.4 STCP 16

3.1.5 Metro do Porto 17

3.1.6 CP 18

4. Conclusões 19

Referências bibliográficas 20

Anexo A 22

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 4/22

Lista de Figuras

Figura 1: Evolução das emissões de GEE no setor dos transportes (1990­2020)

(Fonte: Anexo 2 da Avaliação de estado de cumprimento do Protocolo de Quioto ­

PNAC)

Figura 2: Densidade populacional no ano de 2011 no Grande Porto (Fonte:

Departamentos de Informação Geográfica e Teconologias de Informação

Figura 3: Ponte da Arrábida (Ligação entre o Porto e Gaia)

Figura 4: A Avenida dos Aliados foi uma das alterações promovidas pela iniciativa

Porto 2001

Figura 5: Logotipo do CIVITAS

Figura 6: Pavilhão provisório de trabalho no Aeródromo do Porto em Pedras Rubras

(1941)

Figura 7: Cercados para ensaios arrelvamento no novo Aeródromo (1941)

Figura 8: Aeroporto Francisco Sá Carneiro

Figura 9: Barra cronológica, que representa o tempo entre a 1ª linha de transporte

coletivo do mundo e a atualidade (Fonte: STCP)

Figura 10: Autocarro movido a Gás Natural

Figura 11: Veículo pertencente ao Metro do Porto

Figura 12: Vantagens ambientais da introdução de uma linha TGV Duplex (Fonte: CP)

Figura 13: Mapa dos comboios urbanos do Porto (Fonte: CP)

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 5/22

1. Introdução

O seguinte relatório pretende abordar o tema da mobilidade sustentável em meio

urbano e tem como objetivo informar o leitor acerca do próprio conceito de mobilidade

sustentável em meio urbano e de como se carateriza a mobilidade na cidade do Porto.

A mobilidade dentro dos grandes centros urbanos de Portugal e do mundo é uma

das bases do desenvolvimento dos mesmos e a elaboração de planos de mobilidade

sustentável e a sua aplicação em determinadas cidades constitui uma importante

ferramenta para a promoção do bem estar ambiental, social e económico dos habitantes e

visitantes desse mesmo local.

Neste relatório pertende­se clarificar os critérios de avaliação de uma mobilidade

sustentável e mostrar o que tem vindo a ser feito na cidade do Porto nos últimos anos para

melhorar a mobilidade em todos os seus aspetos, sendo o projeto CIVITAS ELAN um dos

maiores impulsionadores nesta área. Para tal, foram realizadas duas entrevistas com: a

engenheira Cecília Silva da Secção de Planeamento do Território do Departamento de

Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (1 de outubro de

2014) e as Engenheiras Teresa Stanislau e Ana Paula Gonçalves, representantes da

empresa do “Metro do Porto” (10 de outubro de 2014). Estas duas entrevistas serviram

como material de apoio ao presente relatório e encontram­se na secção dos anexos.

Por fim, apresentam­se as conclusões tiradas acerca de como é a sustentabilidade

da mobilidade urbana do Porto e daquilo que poderá ainda ser feito para que esta melhore.

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 6/22

2. O que é e como se avalia a mobilidade em meio urbano

A Mobilidade Urbana é a condição em que se realizam os deslocamentos de

pessoas num meio urbano, esta adapta­se às diferentes necessidades de deslocamento

dos indivíduos e agentes económicos, considerando as dimensões do espaço urbano e a

complexidade das atividades neles desenvolvidas. Por outro lado, temos a acessibilidade

urbana que é a facilidade, em distância, tempo e custo, de se alcançar fisicamente os

destinos desejados na cidade.

Pode­se concluir que a mobilidade urbana sustentável é o resultado de um conjunto

de políticas de transporte e circulação que visam proporcionar um maior acesso ao espaço

urbano, adotando medidas que sejam ambientalmente sustentáveis, através do incentivo à

utilização de modos de transporte coletivo, preferencialmente movidos a energias limpas. A

mobilidade é avaliada segundo três principais dimensões: ambiental, social e económica.

Há quatro indicadores base para se avaliar o tipo de mobilidade urbana de uma cidade:

Distância de viagem;

Tempo de viagem;

Frequência de viagem;

Modo de viagem.

A avaliação da qualidade da mobilidade de uma cidade assenta em dois tipos de indicadores:

Indicadores da oferta: o que há disponível para as pessoas se deslocarem, quantos

quilómetros de estrada existem, quantos autocarros, etc.

Indicadores da procura: quantas pessoas utilizam o transporte individual e o

transporte coletivo, quais as horas de maior afluência...

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 7/22

2.1 Dimensão ambiental

A poluição do ar e os problemas relacionados com a mobilidade urbana são, hoje,

uma das grandes preocupações dos cidadãos europeus. O setor dos transportes, mais

precisamente, tráfego rodoviário é a principal razão para essa preocupação. Para enfrentar

este problema, uma das soluções base é a substituição do meio de transporte individual por

meios de transporte coletivos mais ecológicos (como o comboio, o autocarro ou o

metropolitano) ou por meios alternativos, como a bicicleta.

Na Europa, o setor dos transportes produz cerca de 21% do total das emissões dos

gases de efeito de estufa e este valor tende a aumentar, como se pode verificar na figura.

(Sílvia Carina Alves da Silva, 2009)

Figura 1: Evolução das emissões de GEE no setor dos transportes (1990­2020) (Fonte: Anexo 2 da Avaliação

de estado de cumprimento do Protocolo de Quioto ­ PNAC)

Para contrariar este aumento de poluição atmosférica, devem adotar­se planos de

mobilidade que incentivem a utilização de transportes públicos (que, em alguns casos,

utilizam energias limpas, como o gás natural ou a energia elétrica, e que têm a capacidade

de transportar muito mais indivíduos num só veículo) ou da bicicleta (que, para além de ser

um meio de transporte limpo, é economicamente viável).

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 8/22

2.2 Dimensão social

Outro dos critérios para a avaliação ou caraterização de uma mobilidade urbana

sustentável são os aspetos sociais. Por aspetos sociais entende­se, medidas que afetam

diretamente a sociedade e as suas populações. Esta vertente social da mobilidade

sustentável em meio urbano tem uma especial importância, pois influencia diretamente a

sustentabilidade, sociabilidade, comunicação e qualidade do meio urbano.

É de conhecimento comum que o automóvel é

uma das razões do detrimento do ambiente e

consequentemente da qualidade de vida

humana. Uma mobilidade melhor, permite com

que os cidadãos tenham um poder de escolha

mais elevado. Nos dias de hoje, verifica­se

cada vez mais um afastamento do centro

urbano para as zonas periféricas da cidade,

logo um afastamento de todos os serviços

existentes dentro da cidade, se a mobilidade for

reduzida irá resultar numa desigualdade de

direitos, sobretudo para aqueles que são mais

desfavorecidos. Na imagem ao lado, é possível

observar que uma grande parte da população

se situa nos arredores do Porto.

Figura 2: Densidade populacional no ano de 2011 no Grande Porto (Fonte: Departamentos de Informação

Geográfica e Teconologias de Informação

Por outro lado auto estradas, caminhos férreos ou outras vias de comunicação podem

ser um forte contributo a sociabilidade de um espaço populacional. Por exemplo, a ponte que

podemos ver em baixo, ponte da Arrábida, liga as duas margens Norte e Sul do rio Douro

(Porto e Gaia respetivamente). Inaugurada em 1963. Nesta ponte passaram

aproximadamente 136 mil carros por dia em 2011. Podemos assim compreender que a

construção desta infraestrutura é fulcral para o desenvolvimento da mobilidade urbana na

zona do Grande Porto.

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 9/22

A imagem seguinte é, então, um bom exemplo de uma medida de apoio a uma melhor

mobilidade sustentável em meio urbano. Uma medida que é de facto contributiva a

mobilidade (facilita a passagem de habitantes de uma margem para a outra) e sustentável

em termos sociais.

Figura 3: Ponte da Arrábida (Ligação entre o Porto e Gaia)

Como podemos concluir a partir destes conceitos e exemplos a sociabilidade da

zona/região a qual aplicamos a nossa medida é um critério que merece nossa especial

atenção quando falamos de mobilidade. Não só porque algumas medidas são derivadas de

uma necessidade da sociedade (pontes em rios, linhas férreas, linhas aéreas etc.) mas

também porque algumas vezes algumas das medidas que pensamos ser um contributo

social importante podem produzir efeitos nefastos noutros, constituindo assim um enorme

obstáculo social no meio vitimado.

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 10/22

2.3 Dimensão económica

Não podemos estar a falar sobre a mobilidade urbana sem a estar a tocar na

dimensão económica, pois a primeira influencia ,de uma forma direta, a segunda. No

momento em que existe um tráfego rodoviário e as pessoas ou bens não conseguem

chegar ao destino a tempo, existem perdas económicas.

“Os constantes congestionamentos a que a população se encontra sujeita no

dia­a­dia reduzem a produtividade e a viabilidade económica de um país devido às horas

diárias perdidas nos engarrafamentos, cerca de 5% do PIB na Europa.” (Sílvia Carina Alves

da Silva, 2009)

Nos países da UE, “o sector dos transportes emprega aproximadamente 7 milhões

de pessoas.” (WBCSD, 2004)

Também, não se pode esqueçer dos custos de manutenção, dos combustíveis,

estacionamentos, entre outros.

3. Planos de Mobilidade Sustentável

O que é ?

“Plano de Mobilidade Sustentável é um plano estratégico desenvolvido para

satisfazer as necessidades de mobilidade das pessoas e das empresas em cidades e nos

seus arredores de modo a garantir uma melhoria de vida. É construído com base nos

planos já existentes mas levando em conta a integração, a participação e os princípios de

evolução “ SUMP­ Sustainable Urban Mobility Plan

Existe várias diferenças entre um plano de mobilidade tradicional e um plano de

mobilidade sustentável. O primeiro foca­se no tráfico, infraestruturas e tem como objetivo

reduzir o fluxo e a velocidade de circulação. O segundo concentra a sua atenção nas

pessoas e tem por objetivo acessibilidade, melhoria das condições de vida, sustentabilidade

a todos os níveis e saúde.

“Plano Mobilidade é diferente do Plano Diretor Municipais para o planeamento Urbano. Plano

Mobilidade define as metas,estratégias a serem realizadas para melhorar a mobilidade e

tem um orçamento próprio , o plano Diretor baseiase no que se pode ou não fazer.“

Engenheira Cecília Silva

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 11/22

Normalmente , quem é responsável por lançar o Plano é uma autoridade. (município)

Em pólos é de iniciativa institucional ou privada (FEUP poderia fazer o seu próprio plano de

mobilidade, por exemplo).

Existem dois tipos de medidas a implementar em planos de mobilidade sustentável:

“soft” e “hard”. As medidas “hard” obrigam as pessoas à mudança de uma determinada

escolha. As medidas “soft” apenas tentam convencer as pessoas a mudar as suas opções.

Dentro destas existem as medidas “pull”, que tiram as pessoas do carro, e as “push”, que

empurram as pessoas para outros tipos de meio de transporte.

3.1 Desenvolvimento da cidade do Porto ao nível da mobilidade

3.1.1 Porto 2001

Porto 2001 foi o nome dado ao Porto Capital da Cultura 2001, este evento

proporcionou um grande investimento na criação e alteração de infraestruturas da cidade,

dentro das quais se incluem algumas relacionadas com a mobilidade, como por exemplo, a

remodelação de estradas ou a criação do Metro do Porto.

“Para além dos equipamentos culturais, o

evento que o Porto dividiu com a cidade

holandesa de Roterdão permitiu ainda a

construção de parques de estacionamento

no centro da cidade, hoje fundamentais, e

reabilitou várias zonas da cidade (sobretudo

na Baixa, mas também, por exemplo, na orla

marítima entre Matosinhos e o Molhe).”

(Público, 2011) Figura 4: A Avenida dos Aliados foi uma das alterações

promovidas pela iniciativa Porto 2001

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 12/22

3.1.2 CIVITAS ELAN

CIVITAS (“The word CIVITAS was coined by joining three key components of a

modern European society, namely City, Vitality and Sustainability.” CIVITAS) é um programa

que foi criado em 2002 e o seu fim está previsto para o ano de 2020 , surgiu como uma

resposta à necessidade de repensar o sistema de transportes existentes . O seu objetivo é

implementar transportes limpos e melhorar a circulação nas cidades

da Europa. Este projeto é financiado pela União Europeia e qualquer

país que pertença a UE pode fazer parte do mesmo, Portugal não

fez excepção e algumas das medidas foram implementadas na

cidade do Porto (2008­2012), entre elas se destacam : Figura 5: Logotipo do CIVITAS

1) Lançamento do Autocarro na zona de Paranhos

Esta medida tinha como o objetivo de recolher as pessoas da zona de Paranhos e

levá­las até a paragem do Metro mais próxima. Esta parte do projeto foi desenvolvida pela

STCP e pelos departamentos de Engenharia Mecânica e Engenharia Civil da FEUP. Os

autocarros foram desenvolvidos de acordo com as últimas tecnologias, por isso houve uma

grande preocupação em termos ambientais para que os mesmos fossem pouco poluentes

e feitos de materiais recicláveis. Esta medida durou pouco tempo.

2) MOVE

Foi desenvolvido pela empresa OPT e consiste num sistema que reúne a informação

de toda a zona de Asprela e fornece os horários dos autocarros através de um sistema de

SMS.

“A medida mais bem sucedida do projeto CIVITAS, que acabou por ganhar um prémio.”,

Teresa Stanislau

Para além disso, foi desenvolvida outra medida pelo Metro do Porto ,STCP e Câmara

Municipal do Porto que consiste em proporcionar um serviço noturno de transportes

públicos, nas noites de sexta, sábado e vésperas de feriado.

3) Plano de Mobilidade na zona de Asprela.

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto fez uma série de simulações

cujo objetivo era desbloquear e facilitar o acesso nas horas de ponta para as faculdades e

para o Hospital de S.João e reduzir as emissões de CO2.

Para isso, foram desenvolvidos vários cenários. Porém, não foi possível realizar esta

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 13/22

medida porque não houve permissão pelo padre da igreja de Paranhos, pois iria alterar o

cortejo funerário.

“Muitas vezes, as medidas não são implementadas por fatores exteriores que podem ser do

nível político ou económico”, Teresa Stanislau

4) Interface de transportes

Em Portugal o conceito de Interfaces é ainda vago mas ultimamente cada vez mais

se fala em Interfaces. Dizemos que existe um Interface quando há transferência de

passageiros entre diferentes modos de transporte ou entre veículos do mesmo modo, numa

mesma viagem (transbordo). Assim, os Interfaces permitem optimizar as redes, reduzir os

custos de combustível e minimizar a quebra das viagens das pessoas . Esta medida não foi

implementada na cidade do Porto.

5) Loja de Mobilidade

Loja de Mobilidade é um sítio onde cada cidadão se pode dirigir com o intuito de

encontrar a melhor e a mais sustentável forma de se deslocar dentro e fora da cidade. Neste

local são fornecidas rotas, horários e outras informações fundamentais a quem queira

movimentar­se dentro da cidade do Porto. No entanto, neste momento, a loja já não se

encontra a funcionar.

“Objetivo era educar a população mas não teve grande impacto pois não houve grande

adesão por parte da população.”, Teresa Stanislau

6) Car sharing

É uma inovação ao nível da Mobilidade Urbana, que se baseia em, como o próprio

nome indica,na partilha do carro. Para realizar esta ideia foi criada uma plataforma online

onde as pessoas se inscreviam e “partilhavam” o carro, contribuindo assim para uma

diminuição na utilização dos carros .

“O projeto não resultou pois houve um grande número de inscrições , mas pouca partilha.”,

Teresa Stanislau

7) Bicicletas

Era suposto criar um serviço de aluguer de bicicletas para serem utilizadas como

meio de transporte na zona da Asprela, recorrendo para esse efeito a um parceiro.

“O projeto não foi para a frente porque envolvia questões públicas, politicas , entre outras...“, Teresa Stanislau

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 14/22

3.1.3 Vias aéreas

O já bastante conhecido Aeroporto Francisco Sá Carneiro é mais uma das peças

que constroem uma mobilidade sustentável na cidade do porto. Este aeroporto move

atualmente cerca de 6 milhões de passageiros por ano e mais de 34 toneladas de carga. O

aeroporto foi inaugurado 1945, nessa altura o aeroporto de Espinho ainda era o mais

utilizado. Com uma necessidade crescente de transportes e mobilidade, o aeroporto de

Espinho, na altura um aeroporto militar, não era o indicado. Assim, em 1956 o aeroporto de

Pedras Rubras (antiga nomenclatora) inicia os voos internacionais (Porto – Londres na

altura). Em pouco tempo é premiado diversamente como um dos melhores aeroportos da

Europa.

Figura 6: Pavilhão provisório de trabalho no Figura 7: Cercados para ensaios arrelvamento no novo

Aeródromo do Porto em Pedras Rubras (1941) Aeródromo (1941)

Em termos de mobilidade, a importância deste aeroporto não é de difícil

compreensão. Tendo em conta toda a mobilidade terrestre existente, é necessário que esta

seja complementada por outros meios, outros mundos, outros mercados ou outras

povoações, para tal, a melhor solução é, de facto, a aeronáutica. Classificados como o meio

de transporte mais seguro de transporte em

massa, os aviões destacam­se pela rapidez e

distância que alcançam fazendo do mundo

uma cidade e neste caso ligando uma cidade

a um mundo.

Figura 8: Aeroporto Francisco Sá Carneiro

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 15/22

3.1.4 STCP

A sigla STCP deriva da designação “Serviço de Transportes Coletivos do Porto”,

nome relativamente recente, mas os transportes coletivos na cidade do Porto remontam a

1872, ano em que a "Companhia Carril Americano do Porto" foi iniciadora em Portugal da

sua exploração.

Em 1948, foi inaugurada a primeira linha de autocarros na cidade do Porto (ver

figura), e logo no primeiro ano atingiu­se uma média diária de 5.000 passageiros diários

divididos por 10 autocarros em circulação. A partir daí o autocarro não mais deixou de se

expandir, é atualmente o meio de transporte mais utilizado para a satisfação das

necessidades da área metropolitana do Porto.

Figura 9: Barra cronológica, que representa o tempo entre a 1ª linha de transporte coletivo do mundo e a

atualidade (Fonte: STCP)

Os autocarros atuais são mais eficientes e ecológicos, pois utilizam fontes de

energia como o Gás Natural (a partir de 2000) em 255 autocarros, representando 57% da

frota (figura). A STCP também participou entre 2004 e 2006 num projeto europeu de teste a

autocarros movidos a hidrogénio em operação regular, tendo circulado durante esse

período, na cidade do Porto, 3

autocarros movidos a hidrogénio,

uma energia limpa e abundante no

planeta.

Figura 10: Autocarro movido a Gás Natural

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 16/22

“Após a entrada em funcionamento do Metro, em 2003, a STCP efetuou uma

remodelação profunda da sua rede, que culminou com a nova rede implementada em 2007.

A numeração das linhas passou a ter 3 dígitos em vez dos 2 anteriores e foi feita uma

redefinição de percursos de modo a aumentar os rebatimentos sobre as redes de comboio

(CP) e Metro. O Porto foi também a primeira cidade do país a adotar uma bilhética

intermodal e sem contacto, que permite usar ao mesmo preço os vários serviços e modos

de transporte aderentes.” (STCP)

Atualmente, está em curso um período experimental de 6 meses em 400 autocarros

STCP, nos quais é fornecido um serviço de WiFi gratuito aos utentes, sendo esta mais uma

medida de incentivo à utilização do transporte público, neste caso o autocarro, como meio

de deslocação da população da cidade.

3.1.5 Metro do Porto

A 15 de março de 1999 dá­se, formalmente, início às obras do metro do porto,

começando, assim, em outubro de 2000, a produção do primeiro de 102 veículos da frota do

metro, cada um deles composto por uma ou duas composições, com capacidade para 216

passageiros, 80 dos quais podem ocupar lugares sentados.

A 29 de junho de 2002, pela primeira vez, o metro do porto realiza viagens regulares

com passageiros, dando­se, assim, início ao período experimental do metropolitano. A 7 de

dezembro de 2002 é inaugurada a linha A (azul), a respetiva cerimónia teve lugar na estação

da Casa da Música.

Figura 11: Veículo pertencente ao Metro do Porto

Desde então, foram construídas as restantes linhas (B,C,D,E e F), fazendo do metro

do porto o maior a nível nacional nacional, com uma extensão de total de rede igual a 67

quilómetros e 81 estações distribuídas por 7 concelhos do distrito do Porto, contando com

cerca de 56 milhões de validações no ano de 2013.

Atualmente, cerca de 12 mil automóveis deixaram de circular por causa do metro do Porto o que resulta numa diminuição de 55 toneladas de CO2 emitidas por ano.

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 17/22

3.1.6 CP

“No dia 28 de Outubro de 1856, realizou­se a primeira viagem de comboio no troço

entre Lisboa e Carregado. A partir dessa data, seguiu­se um longo período de expansão da

rede ferroviária em Portugal.” (CP)

Desde então, a rede de comboios foi crescendo e servindo cada vez melhor as

populações, com a criação, por exemplo, das zonas urbanas do Porto e de Lisboa, e os

veículos foram­se tornando cada vez mais ambientalmente e socialmente sustentáveis.

Socialmente, a CP tenta fazer com que toda a gente tenha uma igual possibilidade

de se poder deslocar, por isso, “nos comboios da CP existem lugares que são reservados

para clientes com necessidades especiais, sejam estas necessidades temporárias ou

permanentes. Existem também estações que estão adaptadas de forma a facilitar a

deslocação para este tipo de clientes, dada a sua reduzida mobilidade.” (CP)

Nos comboios urbanos do Porto, é também possível transportar bicicletas, animais

de estimação (desde que o seu transporte cumpra algumas regras de segurança e os

animais não perturbem o conforto dos utentes) e bagagens gratuitamente.

O transporte ferroviário é aquele que utiliza a energia de forma mais eficiente e o

facto de possuir uma tração elétrica, garante uma menor emissão de gases poluentes para

a atmosfera.

TGV Duplex Automóvel

Consumo combustível por 100 km por passageiro 1,5 litros 6 a 15 litros

Transporte de 600 passageiros 1 Comboio 400

Veículos*

*considerando 1,5 pessoas como média de ocupação Figura 12: Vantagens ambientais da introdução de uma linha TGV Duplex (Fonte: CP)

Em 2012, foram transportados cerca de 112 milhões de

passageiros, representando os comboios urbanos (Lisboa

e Porto) cerca de 87% do total de passageiros

transportados, o que demonstra a importância social da

CP na mobilidade urbana em Portugal.

Figura 13: Mapa dos comboios urbanos do Porto (Fonte: CP)

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 18/22

4. Conclusões

Com a elaboração deste relatório foi possível compreender os conceitos de

mobilidade, mobilidade sustentável, entre outros. Concluiu­se que o mundo atual se

encontra, na sua maioridade, centralizado em torno do automóvel, o que se deve a uma

maior facilidade de aquisição do mesmo e a uma construção de infraestruturas com

destaque a este meio de transporte. Hoje em dia, em média, existem 3 carros por cada 2

cidadãos, o que resulta num uso abusivo do mesmo, provocando cada vez mais poluição

atmosférica e uma mobilidade reduzida.

Para haver um desenvolvimento sustentável da cidade é essencial que haja uma

mobilidade elevada, para isso surgem os planos de mobilidade sustentável e projetos como

o CIVITAS ELAN. Estas iniciativas são implementadas para contrair esta centralização no

automóvel, e promover uma mobilidade sustentável quanto ao nível ambiental, social e

económico.

A cidade do Porto, verifica um crescimento demográfico elevado e uma mudança da

população para fora da cidade, o que aumenta o uso de viaturas próprias. Para possibilitar

esta população continuar a realizar as suas viagens diárias de uma forma sustentável, é

necessário fornecer meios para tal, como é o caso de autocarros, comboios e metro que

necessitam de ser confortáveis e com horários variados. A câmara do Porto, com a ajuda

de outras identidades, tenta resolver os problemas de mobilidade de várias formas:

reduzindo vias de circulação, fazendo o estacionamento pago, investindo nos setores de

transporte público, criando vias de circulação para as bicicletas e adotando outras novas

iniciativas. Umas destas iniciativas acabam por resultar, outras, por outro lado, não

produzem nenhum efeito. Mas é importante, continuar a procurar outras soluções que

possam melhorar a mobilidade da cidade do Porto e consequentemente a vida da população

em geral.

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 19/22

Referências bibliográficas

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Silva, S. (2009) MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL ­ O CAMPUS DA UTAD

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE ENGENHARIA CIVIL

Acesso: https://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/379/1/msc_scasilva.pdf

Mobilidade Sustentável em Meio Urbano 20/22

Agência Portuguesa do Ambiente­ Projeto de Mobilidade Sustentável (Manual de Boas

Práticas)

Acesso:http://mobilidade.apambiente.pt/manual/volume2.pdf

Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território­

“Acessibilidade, Mobilidade e Logística Urbana”

Acesso:http://www.dgotdu.pt/filedownload.aspx?schema=ec7b8803­b0f2­4404­b003­8fb407d

a00ca&channel=C4193EB3­3FA7­4C98­B8CA­D6B9F5602448&content_id=ED008AF1­2A2

8­4074­86FA­1A7AF8768697&field=file_src&lang=pt&ver=1

IMT­ Instituto da Mobilidade e dos Transportes

Acesso:http://www.imtt.pt/sites/IMTT/Portugues/Planeamento/MobilidadeeTransportes/Docu

mentosReferencia/Paginas/DocumentosdeReferencia.aspx

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Anexo A

No âmbito da realização deste relatório recorreu­se à ajuda de duas engenheiras: Teresa

Stanislau e Ana Paula Gonçalves, representantes da empresa do “Metro do Porto”, que

proferiram as seguintes declarações acerca de diferentes medidas tomadas em parceria

com o projeto CIVITAS:

1) Lançamento do Autocarro na zona de Paranhos Este autocarro era responsável por recolher as pessoas da zona e levá­las até à paragem do Metro mais próxima. Esta parte do projeto foi desenvolvida por STCP e Departamentos de Engenharia Mecânica e Civil da FEUP. Os autocarros foram desenvolvidos de acordo com as últimas tecnologias, por isso houve uma grande preocupação em termos ambientais para que os mesmos fossem pouco poluentes e feitos de materiais recicláveis.

2) Programa MOVE Desenvolvido pela empresa OPT, reúne a informação de toda a zona de Asprela e é possível saber os horários dos autocarros. Foi feito para aumentar o conforto dos passageiros. Foi a medida mais bem sucedida do projeto CIVITAS que acabou por ganhar um prémio.

3) Plano de Mobilidade na zona de Asprela FEUP fez uma série de simulações com o objetivo de desbloquear e facilitar o acesso nas horas de ponta às faculdades e para ao Hospital de S.João, reduzir as emissões de CO2. Foram desenvolvidos vários cenários, porém, não foi possível realizar esta medida porque não foi permitida pelo padre da igreja de Paranhos, pois iria alterar o cortejo funerário.

4) Interface de transportes Permite facilitar a mudança entre diferentes tipos de transportes, otimizar as redes e reduzir os custos de combustível. Minimiza a quebra das viagens das pessoas. Haveria uma mudança no meio de transporte mais facilmente.

5) Loja de mobilidade Objetivo era educar a população acerca de como se movimentar mais eficazmente, mas não teve grande impacto, pois não houve grande adesão por parte da população.

6) Car sharing Foi criada uma plataforma eletrónica onde as pessoas se inscreviam, mas não resultou, pois, apesar de ter havido um grande número de inscrições, houve pouca partilha.

7) Bicicletas Era suposto haver bicicletas públicas que poderiam ser usadas atráves do pagamento em máquinas, mas o projeto não foi para a frente porque envolvia questões públicas, políticas, entre outras...

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