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Mobilidade Eficiente - Smart Mobility
Mobilidade Coletiva
1MIEIC04
Grupo 2
André Pereira [email protected]
André Cruz [email protected]
Beatriz Vinhas [email protected]
Edgar Carneiro [email protected]
José Azevedo [email protected]
Leonardo Teixeira [email protected]
Pedro Reis [email protected]
Projeto FEUP 2015/16
Coordenador geral: Prof. Armando Sousa
Coordenador do curso: Prof. José Magalhães Cruz
Supervisor: Prof. Jorge Manuel Gomes Barbosa
Monitor: Mafalda Falcão
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto - FEUP
Smart Mobility - Mobilidade Coletiva 2
Resumo
Nos últimos séculos, a maneira como as pessoas se deslocam mudou drasticamente
devido às revoluções industriais e tecnológicas sucessivas. A partir da invenção do motor
a vapor os avanços tecnológicos aconteceram de um modo contínuo. Esta nova
realidade, acompanhada de grandes avanços no campo da medicina, permitiu uma
melhoria da qualidade de vida da população em geral. Assim, com o aumento
populacional consequente, a procura de transportes públicos aumentou também pois,
mesmo nos dias de hoje, é uma alternativa barata ao transporte individual.
Aí entra o conceito de Smart Mobility (mobilidade eficiente), que é basicamente
transportar o maior número de pessoas, no menor intervalo de tempo possível, tendo
em conta a segurança dos passageiros, minimizando o custo, tanto de utilização como
de manutenção e construção, e tendo também em conta o impacte ambiental dos
transportes usados. Os meios de transporte coletivo que refletem melhor este conceito
são o metropolitano, o comboio e os autocarros movidos a fontes de energia
alternativas (como, por exemplo, o hidrogénio).
No entanto, os avanços tecnológicos são incessantes, como demonstra o projeto
Hyperloop, um meio de transporte futurista que, devido ao seu reduzido atrito, permite
viagens a elevadíssimas velocidades; e a progressiva informatização dos transportes,
com o objetivo de conceder maior segurança e conforto aos utilizadores.
Neste relatório, a proposta de inovação proposta pelo nosso grupo de trabalho foi o
SIGA, uma aplicação de telemóvel que funciona através de NFC, registando todas as
viagens de transportes públicos do utilizador e facilitando o método de pagamento,
sendo uma alternativa aos passes e bilhetes tradicionais.
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Smart Mobility - Mobilidade Coletiva 3
Índice
Lista de figuras .............................................................................................................. 4
Introdução .................................................................................................................... 5
1. Transportes coletivos ................................................................................................ 6
1.1. Evolução dos transportes .................................................................................. 6
1.2. Tendências de utilização dos transportes públicos ........................................... 7
2. Mobilidade Eficiente - Smart mobility ...................................................................... 8
2.1. Conceito de Smart mobility ............................................................................... 8
2.2. Requisitos e impactos da mobilidade eficiente na sociedade ........................... 9
2.2.1. Ambiente / Energia ..................................................................................... 9
2.2.2. Economia / Infraestruturas ....................................................................... 11
2.2.3. Política / Comunidade .............................................................................. 11
2.3. Principais formas de Smart Mobility, a nível coletivo ..................................... 12
2.3.1. Comboio/Metropolitano .......................................................................... 12
2.3.2. Autocarro .................................................................................................. 14
2.3.3. Avião ......................................................................................................... 15
2.3.4. O Futuro da Smart Mobility - Hyperloop .................................................. 16
2.4. Papel da informatização nos transportes ........................................................ 17
2.4.1. Sistemas de segurança e transportes inteligentes ................................... 17
2.4.2. Vigilância ................................................................................................... 18
3. Proposta de inovação em Smart Mobility .............................................................. 18
Conclusão .................................................................................................................... 21
Referências bibliográficas ........................................................................................... 22
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Smart Mobility - Mobilidade Coletiva 4
Lista de figuras
Figura 1: Viagens, em milhares de milhões, de autocarro, elétrico e metropolitano nos
países da União Europeia, entre 2000 e 2012 - Associação Internacional dos Transportes
Públicos (UITP). ................................................................................................................. 7
Figura 2:Percentagem de energia gasta por setor, em Portugal - Agência Internacional
de Energia. ........................................................................................................................ 9
Figura 3: Emissão de CO2, em quilogramas, por passeiro, por ano, em diversas cidades
mundiais. ........................................................................................................................ 10
Figura 4: Metro do Porto. ........................................................................................... 12
Figura 5: Comboio Alfa Pendular. ............................................................................... 13
Figura 6: Train à Grande Vitesse (TGV)....................................................................... 14
Figura 7: Autocarro da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP). .......... 14
Figura 8: Avião da TAP Portugal. ................................................................................ 15
Figura 9: Previsão da implementação do Hyperloop em São Francisco. ................... 16
Figura 10: Logótipo do projeto SIGA. ......................................................................... 18
Figura 11: Exemplo de terminal recetor de NFC. ....................................................... 19
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Introdução
No âmbito da unidade curricular de projeto FEUP, realizou-se este relatório focalizado
no tema Smart Mobility. Abordando os desafios à sua implementação em grande escala,
as atuais tendências no campo dos transportes coletivos, entre outros aspetos,
pretendeu-se realizar uma análise criteriosa desta temática. Por fim, propôs-se uma
solução de um software que permitirá um avanço na eficiência dos atuais meios de
transporte.
Atualmente, o uso de transportes públicos tem vindo a aumentar, fruto de um
aumento da população urbana mundial. Face a esta nova realidade, surgem outros
desafios relativos à fluidez do, cada vez mais complexo, trânsito citadino. Deste modo,
é imperativo assegurar que as deslocações quotidianas intrínsecas à cidade são feitas
eficientemente (em termos de tempo, custos e energia), surgindo o conceito no qual se
baseia este relatório - Mobilidade Eficiente.
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1. Transportes coletivos
1.1. Evolução dos transportes
A invenção da roda foi o marco inicial da história dos transportes terrestres. Datada
de aproximadamente 3500 a.C. esta permitiu revolucionar o transporte que até então
se restringia ao uso de animais e técnicas com recurso a troncos de madeira.
Após a roda, a segunda revolução de maior relevo foi a criação do primeiro barco de
vela. Datada cerca de 400 anos após a roda, modificou por completo os sistemas de
transporte, permitindo o deslocamento de matéria-prima por meio marítimo. Uma das
épocas de maior relevância na História Portuguesa, a Era dos Descobrimentos, apenas
foi possível graças a este veículo, que acaba por demonstrar o seu papel crucial durante
milénios. No entanto, apenas a partir do século XVIII se verificou uma sucessão de
importantes inovações, edificadas sobre a invenção do motor a vapor, por James Watt.
O primeiro meio de transporte motorizado foi o comboio a vapor. Apesar de viajar
apenas a 45 km/h, o que o tornava suscetível a roubos, esta invenção permitiu um
significativo avanço económico das sociedades desenvolvidas. Os transportes marítimos
foram também alvo desta nova tecnologia, tornando-os assim independentes das
condições atmosféricas para navegar.
Os transportes coletivos não foram os únicos beneficiados pela revolução industrial,
sendo que foi em 1886 que Karl Benz criou o primeiro automóvel movido a gasolina. Foi
a partir da invenção do Benz que surgiu toda a gama de automóveis que é atualmente
utilizada.
Apesar de o dirigível ter sido o primeiro transporte a motor a quebrar a barreira entre
o homem e o céu, foi o avião comercial que criou maior impacto nos transportes,
permitindo percorrer com elevada eficiência longas distâncias que até então apenas os
transportes marítimos podiam realizar.
Como a curiosidade humana não tem limites, surgiu a necessidade de quebrar a
última fronteira, o espaço, o que foi possível com o lançamento do Sputnik 1 (1957), e
suplementado mais tarde com as missões Apollo (década de 60) que nos levaram ao
nosso satélite natural em 1969.
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1.2. Tendências de utilização dos transportes públicos
Com o acentuado crescimento demográfico e consequente expansão das áreas
urbanas, há cada vez mais veículos em circulação. Quer seja por causa do trânsito,
preocupações ambientais, razões económicas, ou por simples preferência, a utilização
dos transportes públicos tem vindo a aumentar face aos meios de transporte individuais,
nos últimos anos.
De acordo com as estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE), no terceiro
trimestre de 2014, registou-se um número total de 98,8 milhões de viagens de comboio,
metro, barco e avião, em Portugal. Em comparação com o mesmo período do ano
anterior, este número representa um crescimento de 5,9% no número de viagens
registadas nestes meios de transporte.
Estas tendências de crescimento no setor dos transportes públicos verificam-se
também a nível internacional, sendo que no ano de 2012 o somatório de viagens de
autocarro, elétrico e metropolitano nos países da União Europeia foi cerca de 49,5
milhares de milhões.
Figura 1: Viagens, em milhares de milhões, de autocarro, elétrico e metropolitano nos países da União Europeia, entre 2000 e 2012 - Associação Internacional dos Transportes Públicos (UITP).
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2. Mobilidade Eficiente - Smart mobility
2.1. Conceito de Smart mobility
O conceito de Smart Mobility assenta no objetivo de melhorar a eficiência dos
transportes e tem como alicerces:
A diminuição do impacto dos meios de transporte no ambiente:
Emissão de carbono/utilização de combustíveis fosseis - poluição do ar;
Reduzir os gastos energéticos (30% da energia em Portugal é gasta pelo setor
dos transportes);
A rentabilização dos investimentos nos transportes públicos;
Encontrar meios de transportes mais rápidos, maximizando o número de pessoas
transportadas por unidade de tempo;
Na Europa, condutores perdem mais de 33 horas em congestionamentos, por
ano.
A diminuição do trânsito e o aumento da segurança rodoviária:
Mais de 1.200.000 de pessoas morrem no trânsito anualmente,
maioritariamente ciclistas e pedestres.
Maior organização/ordenamento de território (estudar os melhores locais para
colocar linhas de comboio/metro, estradas, etc.)
Combinar vários meios de transporte para satisfazer as necessidades da
comunidade;
Em suma, a Smart Mobility (mobilidade eficiente) procura maximizar a eficiência dos
meios de transporte, minimizando os custos e o gasto de recursos, de forma a não
comprometer as gerações futuras.
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2.2. Requisitos e impactos da mobilidade eficiente na
sociedade
Existem três temas que, apesar de estarem interligados de alguma maneira, devem
ser abordados individualmente graças à sua natureza distinta. Enquanto o ambiente
condiciona a abordagem de desenvolvimento e implementação de novas tecnologias,
apenas se podem aplicar mudanças se estas forem economicamente exequíveis e
vantajosas. No entanto, se a comunidade se sentir insatisfeita com a solução encontrada
e não aderir às medidas propostas, a viabilidade financeira dos projetos é posta em
causa.
Melhorar as condições de mobilidade coletiva disponíveis, maximizando a sua
eficiência, só pode ser conseguido encontrando um equilíbrio entre estes três fatores.
2.2.1. Ambiente / Energia
O aproveitamento eficiente dos meios naturais ao nosso dispor é uma questão de
grande relevo na sociedade atual, sendo imperativo minimizar o consumo de recursos
não renováveis, bem como encontrar fontes de energia alternativas mais ecológicas.
Figura 2:Percentagem de energia gasta por setor, em Portugal - Agência Internacional de Energia.
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Tendo isto em mente, e visto que aproximadamente 30% de toda a energia disponível
em Portugal é utilizada pelo setor dos transportes, a mobilidade eficiente deve priorizar
dois objetivos relativos à energia: maior eficiência energética dos veículos e
equipamentos, ou seja, aumentar a percentagem de energia utilizável relativamente ao
gasto energético total, diminuindo as perdas de energia; e o uso de fontes de energia
sustentáveis, isto é, fontes de energia que são repostas pela natureza a um ritmo maior
do que aquele com que as consumimos, de forma a não comprometer a sua utilização
por parte das gerações vindouras. São exemplos de tipos de energia renovável a energia
geotérmica, eólica, solar, hídrica e a energia mare motriz.
Uma outra preocupação ambiental deve ser a emissão de gases com efeito de estufa
para a atmosfera terrestre. Sendo que cerca de 13% de todas as emissões destes gases
são causadas pelo setor dos transportes, é importante analisar e tentar melhorar todo
o processo de produção dos veículos e não só o seu período de funcionamento, tendo
especial atenção aos processos que envolvem combustão de combustíveis fósseis, para
que seja possível reduzir o impacto prejudicial dos meios de transporte no ambiente.
Assim sendo, torna-se claro que a criação de uma rede de transportes públicos
eficiente é uma chave para alcançar a mobilidade urbana sustentável.
Figura 3: Emissão de CO2, em quilogramas, por passeiro, por ano, em diversas cidades mundiais.
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2.2.2. Economia / Infraestruturas
Como tudo, para o seu desenvolvimento os transportes públicos requerem
investimentos. Em diversos países em desenvolvimento, esse investimento ajudou a
combater o desemprego e a fomentar o crescimento da economia. No entanto, a
dependência exagerada dos fundos públicos pode condicionar os esforços para o
crescimento do setor. Assim, fundos de origens alternativas (como fundos privados) são
cada vez mais considerados indispensáveis. Como tal, parcerias com investidores
privados são frequentemente uma opção adicional para projetos de grande magnitude.
Um ciclo próspero pode ser alcançado através da adoção de uma abordagem mais
liberal aos preços estipulados e à prestação de serviços, permitindo obter um maior
retorno económico e incentivando maiores e melhores investimentos, sem, no entanto,
comprometer o estado social. Tais mudanças contribuem para alcançar uma maior
eficiência nos transportes e, portanto, uma melhor relação de custo-cobertura,
culminando numa maior atratividade financeira do setor. Este processo evolutivo deve
ocorrer com uma orientação adequada, e dentro de um quadro regulamentar claro que
proporciona estabilidade negocial, apoia a mobilidade sustentável e deixa espaço para
atividades comerciais, em paralelo com a oferta do transporte público tradicional.
2.2.3. Política / Comunidade
A comunidade e a política pela qual esta se rege têm uma tremenda importância no
possível sucesso (ou insucesso) dos projetos de Smart Mobility. Com a invenção de
novas tecnologias de possível aplicação comercial nos transportes, surgem ambiciosos
novos projetos de modo a melhorar as vias de locomoção disponíveis. É nesta fase que
a solução é posta à prova na sociedade, sendo portanto essencial a realização de estudos
prévios relativamente à aceitação do mercado.
No caso de Portugal, apesar de sermos um país desenvolvido e parte integrante da
Europa ocidental, a conjuntura económica atual não nos permite alterações drásticas à
nossa política de transporte, visto que exigiriam avultados investimentos. No entanto, é
também possível argumentar que, tratando-se de um país tradicional por natureza, a
nossa sociedade seja mais suscetível a contrariar certas mudanças. Exemplo disto é a
taxa de penetração de veículos elétricos no mercado nacional: enquanto a percentagem
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de carros elétricos vendidos chega a ultrapassar os 30% em alguns países nórdicos, em
Portugal estagna abaixo do 1%.
Neste sentido, torna-se imperativa a intervenção do estado em certos projetos para
que, após ter sido provado que estes contribuiriam para uma melhoria do nível de vida
da população, a viabilidade financeira dos mesmos não seja posta em causa pela inércia
de mudança da comunidade.
2.3. Principais formas de Smart Mobility, a nível coletivo
Atualmente existem vários meios de transporte que permitem a deslocação humana
a nível coletivo, cada qual com as suas vantagens. Entre eles, podemos ter o
metropolitano, o autocarro, o elétrico, o avião, o comboio e os transportes marítimos -
desde o ferryboat ao cruzeiro. Destas formas de deslocação, destacam-se o
metropolitano e o elétrico pela sua eficiência energética, e o avião pela sua rapidez.
2.3.1. Comboio/Metropolitano
Também chamado de metro, o metropolitano destaca-se pela eficiência, tanto a nível
energético, quanto pela sua função social. Tal como o comboio, é um veículo ferroviário
movido a energia elétrica e independente do resto do tráfego. Estes diferem pela alta
frequência de viagens do metro, o que geralmente não acontece com o comboio e pela
menor distância entre as suas estações. O metropolitano é um transporte
essencialmente urbano e percorre geralmente apenas uma cidade e/ou as suas
periferias.
Figura 4: Metro do Porto.
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A Smart Mobility é bastante verificada neste setor de transportes por maior
flexibilidade de sua aplicação. Em alguns países, o metropolitano diferencia-se em vários
meios, tais como metro subterrâneo (ou metro) e metropolitano de superfície (Veículo
leve sobre trilhos (VLT) ou Light rail). O metro subterrâneo, o mais utilizado
mundialmente, percorre os centros da cidade em curtas distâncias e pequenos períodos
de tempo, adquirindo maior velocidade, sendo muito útil em grandes cidades,
metrópoles e megalópoles. O metro de superfície pode tanto ser um transporte
periférico (VLT) como integrar os grandes centros turístico-culturais (Elétrico). A título
de exemplo, o metro do Porto assume características de metro subterrâneo assim como
de metro de superfície na mesma linha, com o mesmo veículo, em determinados
momentos do percurso. Já em cidades como Xangai e Londres, estes transportes
funcionam de forma independente.
Relativamente aos comboios, a Smart Mobility aplica-se maioritariamente nos
veículos de alta velocidade. Em Portugal o principal exemplo é o Alfa Pendular. A sua
tecnologia pendular permite realizar curvas em segurança, a elevada velocidade,
podendo atingir velocidades médias de 220 km/h.
No entanto, esta tecnologia já é antiquada quando comparada aos sistemas de países
como a China, Japão e França. Neste último caso, o TGV (Train à Grande Vitesse -
Comboio de alta velocidade) é o transporte de alta-velocidade mais utilizado tendo em
conta que não só percorre todo o país na sua extensão, como também realiza viagens
internacionais para diversos países vizinhos, os quais incluem Inglaterra, Alemanha e
Figura 5: Comboio Alfa Pendular.
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Bélgica. O comboio V150 é possui o recorde de velocidade para comboios convencionais
de carris com a marca de 574,8 km/h em testes de velocidade; no entanto, estes
circulam à velocidade segura de 320 km/h no transporte de passageiros.
Além dos acima referidos, também já existem comboios com a tecnologia de
levitação magnética, que vêm sendo testados há décadas. A tecnologia consiste na
suspensão do veículo através da repulsão de polos semelhantes e atração de polos
opostos. O comboio japonês Maglev é o detentor do recorde mundial, quando se fala
de velocidade. Em abril de 2015, na decorrência de um teste, atingiu uns incríveis 603
km/h, podendo atingir uma velocidade operacional segura de 430 km/h.
2.3.2. Autocarro
Com a sua origem como transporte público em 1826, em França, o autocarro veio a
tornar-se um dos mais utilizados transportes em todo o mundo. Tendo sofrido drásticas
mudanças ao longo do tempo, hoje os autocarros assumem as mais variadas funções.
Figura 6: Train à Grande Vitesse (TGV).
Figura 7: Autocarro da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP).
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No contexto da Smart Mobility, existem vários projetos e soluções já aplicadas de
sistemas de autocarros diferenciados. Entre estes está o BRT (Bus Rapid Transit) - serviço
de transporte coletivo que se aproxima do metro de superfície pois visa otimizar o
volume de passageiros com conforto e rapidez, através de vias exclusivas de BRT.
Além disso, os veículos BRT não consomem o mesmo tipo de combustível que os
autocarros comuns. No Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, estes autocarros
articulados são movidos a biodiesel à base de cana-de-açúcar 100% renovável, o
AMD100. Este combustível produz 90% menos CO2 do que o diesel comum. Este sistema
é usado em massa na América Latina, porém cidades como Istambul (Turquia), Cantão
(China) e Ahmedabad (Índia) também utilizam o sistema.
2.3.3. Avião
A necessidade do homem de conquistar os céus levou-o à invenção de um dos
transportes mais eficientes e mais inovadores da história: o avião. Este possui
características muito diferentes dos outros transportes coletivos referidos: é um
transporte que se carateriza pela eficiência das suas funções; isto é, não se trata de um
produto da Smart Mobility pelas suas características ecológicas, mas sim por permitir
chegar o rapidamente ao local pretendido.
É através das reações aerodinâmicas do ar, que passa velozmente pelas asas do avião
devido à potência exercida pelo(s) motor(es), que estes gigantes com asas atingem
velocidades no solo de 300 km/h, de modo a poder proporcionar as forças necessárias
para permitir a sua descolagem. Depois de levantar voo, a velocidade média atingida
por um avião de passageiros encontra-se entre os 700 e os 900 km/h o que permite
percorrer grandes distâncias em muito pouco tempo, comparado com os outros
transportes.
Figura 8: Avião da TAP Portugal.
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Smart Mobility - Mobilidade Coletiva 16
A segurança é um dos temas mais controversos quando falamos de aeronaves, visto
que, apesar de os acidentes com aviões ocorrerem com muito menor frequência do que
os acidentes que envolvem automóveis, a taxa de mortalidade é muito mais elevada nos
acidentes com veículos aéreos. A manutenção é algo essencial para o bom
funcionamento do avião e principalmente para prevenir desastres.
O avião tem o problema de ser um meio de transporte bastante poluente e é
necessário um enorme dispêndio de energia para o seu processo de funcionamento.
2.3.4. O Futuro da Smart Mobility - Hyperloop
O Hyperloop é um sistema de transporte conceptual, desenvolvido pelo
empreendedor Elon Musk (diretor executivo da SpaceX e Tesla Motors). Este é proposto
operar enviando “cápsulas” especialmente concebidas através de um tubo de aço
contínuo, mantido num estado de vácuo parcial. Cada cápsula flutua sobre uma camada
de ar de 0.5 a 1.3 milímetros de espessura mantida sob pressão, de maneira similar ao
modo como os discos de air-hockey ficam suspensos no ar. Este tipo de funcionamento
permite evitar o uso de tecnologias de levitação magnética e, ainda assim, possibilitando
o alcançar velocidades que não poderiam ser sustentadas por rodas.
Têm sido desenvolvidas várias infraestruturas de teste, estando calendarizada a
construção de um protótipo em escala real entre as cidades americanas de São Francisco
e Los Angeles para finais de 2016.
Figura 9: Previsão da implementação do Hyperloop em São Francisco.
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2.4. Papel da informatização nos transportes
No âmbito dos transportes coletivos, a informatização tem inúmeras aplicações.
Através de programas informáticos e bases de dados, é possível manter registos
pormenorizados de todas as viagens efetuadas e construir mapas de trânsito,
constantemente atualizados, possibilitando a gestão eficaz do trânsito e o ajuste da
frequência de transportes públicos á afluência de passageiros ao longo do tempo. Uma
outra vertente importante é o desenvolvimento de sistemas de segurança, quer sejam
para evitar acidentes, quer para vigilância, de modo a assegurar o bem-estar dos
passageiros durante a viagem.
2.4.1. Sistemas de segurança e transportes inteligentes
Num mundo em que muitas vidas humanas são perdidas devido a acidentes
rodoviários, os Sistemas de Transportes Inteligentes (Intelligent Transportation Systems
- ITS) oferecem a oportunidade de tornar as viagens e as vias de trânsito mais seguras.
Este tipo de tecnologia pode ser implementado tanto no veículo como nas
infraestruturas.
Os sistemas de segurança podem não só melhorar a experiência do condutor, como
também aumentar a segurança do tráfego. Esta gama de sistemas engloba:
Sistemas que usam radar, sonar ou outros sensores para detetar veículos ou
outros objetos próximos e alertam o condutor, permitindo-lhe reagir
apropriadamente para evitar colisões, podendo até travar o veículo
automaticamente;
Sistemas que monitorizam o movimento dos olhos do condutor e detetam sinais
de fadiga, alertando para possíveis situações de risco;
Sistemas de aviso de curva dinâmicos, que detetam a velocidade a que os veículos
se deslocam e mostram a velocidade a que deve ser feita a curva, baseando-se
nas condições do meio;
Sistemas automáticos que usam sensores para detetar colisões e comunicar com
o call centre prontamente, assegurando uma assistência rápida;
Tecnologia que reconhece veículos de emergência e que lhes dá prioridade de
circulação, por exemplo, em cruzamentos com semáforos.
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2.4.2. Vigilância
Neste momento, o método mais comum de vigilância nos transportes públicos é a
videovigilância. As câmaras de videovigilância são usadas tanto no interior dos
transportes como nas estações e vias de comunicação (estradas, túneis, etc.).
As vantagens destes sistemas são a diminuição da criminalidade, ajudando também
em investigações criminais e aumentando a sensação de segurança dos utilizadores. Das
desvantagens, destaca-se o elevado custo do equipamento e a dificuldade em
monitorizar um grande número de câmaras.
3. Proposta de inovação em Smart Mobility
SIGA - Viajar nunca foi tão simples
A nossa proposta consiste na criação de uma aplicação para dispositivos móveis que
tem como objetivo simplificar a forma de pagamento e validação dos bilhetes nos
transportes públicos, servindo de alternativa aos bilhetes e passes tradicionais.
O aplicativo SIGA transforma o telemóvel num cartão único, válido para todos os
meios de transporte públicos. E comparação com a utilização de um bilhete ou do uso
de um cartão como o Andante, o SIGA tem a vantagem de registar todas as viagens
efetuadas, fornecendo estatísticas e dados ao utilizador, e facilitar o método de
pagamento, que poderá ser efetuado na forma de uma fatura enviada para casa do
utilizador, ou sob a forma de e-mail, de forma a eliminar a preocupação de andar sempre
Figura 10: Logótipo do projeto SIGA.
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Smart Mobility - Mobilidade Coletiva 19
com dinheiro para comprar cada viagem que efetuar. O utilizador pode mais tarde
verificar todas as viagens que realizou, facilitando também a associação de um número
de identificação fiscal a cada pagamento para fins de possível dedução no IRS. Um
cliente mais consciencioso quanto à sua privacidade pode escolher não partilhar os seus
dados com a rede, apesar de estes serem usados apenas com intuito estatístico.
Implementar este sistema em todo o tipo de transportes do país, desde táxis até aviões,
simplificaria o uso destes meios de transporte, tornado a compra de bilhetes mais
cómoda e sem preocupações para o utilizador.
Este sistema funcionaria através de NFC, Near Field Communication, uma tecnologia
que permite a troca de informações sem fios e de forma segura entre dois dispositivos
compatíveis, a pequenas distâncias. Para poder ser implementada a grande escala,
bastaria colocar pequenos terminais recetores nas entradas de cada meio de transporte.
É de salientar que uma tag de NFC pode ser obtida por menos de 0,50€ (cinquenta
cêntimos), no entanto uma empresa de grandes dimensões poderia obtê-la por um
preço consideravelmente menor. Consequentemente, usando o exemplo do metro do
Porto, podemos afirmar que os custos de adaptação a esta tecnologia seriam muito
reduzidos, visto que já existem terminais de validação, bastando portanto adicionar um
chip com NFC e, obviamente, desenvolver o software necessário. O que representaria
um custo diminuto para as empresas responsáveis, sendo que a instalação da aplicação
nos smartphones dos utilizadores pode ser feita autonomamente necessitando apenas
de ligação à internet.
Figura 11: Exemplo de terminal recetor de NFC.
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Smart Mobility - Mobilidade Coletiva 20
Assim sendo, após a aplicação estar instalada num telemóvel, este passa a substituir
o andante de metro, o passe de autocarro e os bilhetes de comboio, podendo até ser
usada para pagar o táxi, supondo que o taxista em causa aderiu a esta tecnologia. Para
tal basta iniciar a aplicação, indicar o transporte que quer frequentar e comprar o
bilhete, ou um passe mensal. Após a escolha ter sido efetuada, é apenas necessário
aproximar o dispositivo móvel do terminal recetor e a validação será efetuada.
Esta aplicação indicaria também os horários, os preços, os mapas e disponibilizaria
suporte ao cliente, juntando tudo o que poderia precisar para viajar na comodidade do
seu telemóvel. Para além disso, estaria disponível na língua portuguesa, inglesa,
francesa e espanhola, facilitando significativamente as viagens de todos os turistas
estrangeiros.
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Smart Mobility - Mobilidade Coletiva 21
Conclusão
Em suma, hoje em dia os transportes coletivos têm como principais objetivos a
eficiência, maximizada através da minimização dos custos e da poluição, e da
maximização da velocidade e número de pessoas transportadas.
Transportes movidos a energias alternativas têm sido o ponto com maior foco nos
últimos anos, visto que os combustíveis fósseis estão continuamente a marcar o nosso
planeta, estando portanto a prejudicar as gerações vindouras em prol das atuais. Um
transporte é considerado Smart Mobility se tiver um equilíbrio entre os três parâmetros
referidos, dependendo das condições em que é usado o transporte.
É com base na melhoria das características dos transportes que desenvolvemos a ideia
SIGA, uma aplicação para telemóveis que visa substituir a venda e validação tradicional
de bilhetes por um sistema que funciona por NFC.
O grande objetivo deste projeto é implementar esta ideia em todos os meios de
transporte, desde o metro até comboios internacionais, reduzindo as complicações de
pagamento deste tipo de serviços, substituindo o antigo método que obrigava os
utentes trazer consigo dinheiro e/ou múltiplos cartões para poder efetuar viagens.
Esta tentativa de inovação colide positivamente com o conceito de Smart Mobility,
pois facilita o processo de deslocação nos transportes públicos, e é com base nesta
melhoria que a implementação do SIGA se torna fulcral. Em adição, a implementação
deste sistema teria custos muito reduzidos, pois, após o software ter sido desenvolvido,
os custos resumiram-se a um máximo de 0,50€ por terminal de validação.
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Referências bibliográficas
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