mito e sagrado

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Prof. Dr. Marcos Ferreira Santos Livre-Docente em “Cultura & Educação” Professor de Mitologia Comparada Faculdade de Educação - USP Mito & Sagrado as transformações de Eros

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Page 1: Mito e sagrado

Prof. Dr. Marcos Ferreira SantosLivre-Docente em “Cultura & Educação”

Professor de Mitologia Comparada Faculdade de Educação - USP

Mito & Sagrado

as transformações

de Eros

Page 2: Mito e sagrado

O mundo meu é pequeno, Senhor.Tem um rio e um pouco de árvores.Nossa casa foi feita de costas para o rio.Formigas recortam roseiras da avó.Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.Seu olho exagera o azul.Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, osbesouros pensam que estão no incêndio.Quando um rio está começando um peixe,Ele me coisaEle me rãEle me árvore.De tarde um velho tocará sua flauta para inverter os ocasos.

Manoel de Barros

Page 3: Mito e sagrado

• www.fe.usp.br

• www.marculus.net

ContatosContatos

laboratório experimental de

arte-educação & cultura

Page 4: Mito e sagrado

www.marculus.net

Page 5: Mito e sagrado

Orient-ação Orient-ação [email protected]

telefax: (11) 3815-0232

Page 6: Mito e sagrado

Algumas publicações:Algumas publicações:

Page 7: Mito e sagrado

Algumas publicações:Algumas publicações:

Page 8: Mito e sagrado

www.mec.gov.br

Algumas publicações:Algumas publicações:

Page 9: Mito e sagrado

Algumas publicações:Algumas publicações:

Arqueofilia: o vestigium na prática arqueológica e junguiana

Terra Brasilis:pré-história e arqueologia da psique

Marcos Callia e Marcos Fleury de Oliveira (orgs.)

www.paulus.com.br

Page 10: Mito e sagrado

Creación y Posibilidad, Aplicaciones del arte en la

integración social

         

Marián López Fernández-Cao (org.)

www.editorialfundamentos.es

Mitohermenéutica de la creación:

arte, proceso identitário y ancestralidad”

Algumas publicações:Algumas publicações:

Page 11: Mito e sagrado

www.editorazouk.com.br

Crepusculário:

Conferencias sobre mitohermenêutica e educação em Euskadi

Crepusculário:

Conferencias sobre mitohermenêutica e educação em Euskadi

Page 12: Mito e sagrado

Conferências em:Conferências em:Conferências em:Conferências em:

• Universidad de Deusto (Bilbao)• Euskal Herriko Uniberstitatea

(Universidad del País Vasco)• Zenbat Gara – centro de cultura y lengua

euskara

• Universidad de Deusto (Bilbao)• Euskal Herriko Uniberstitatea

(Universidad del País Vasco)• Zenbat Gara – centro de cultura y lengua

euskara

Page 13: Mito e sagrado

Onde se escondem

nossas matrizes de

pensamento e alma?

Onde se escondem

nossas matrizes de

pensamento e alma?

Page 14: Mito e sagrado

Mito e Sagrado

O mito é uma narrativa em que a vivência de um outro modo de ser nos abre uma

possibilidade de contato com o Sagrado, realizando-me e realizando-O.

Page 15: Mito e sagrado

griot

Page 16: Mito e sagrado

A palavra-alma é mais forte que a morteA palavra-alma é mais forte que a morte

Ângelo KretanÂngelo Kretan(1944-1980)(1944-1980)

Page 17: Mito e sagrado

Algumas noções básicas…

mitohermenêutica como estilo reflexivo e como método: as circulações do sentido na paisagem e a jornada interpretativa

(Ferreira Santos)

Page 18: Mito e sagrado

CulturaCultura

universo da criação,

transmissão, apropriação e interpretação

dos bens simbólicos e suas relações

universo da criação,

transmissão, apropriação e interpretação

dos bens simbólicos e suas relações

Page 19: Mito e sagrado

Símbolo

Forma (Bild)

Sentido(Sinn)

engendramentoengendramento

Page 20: Mito e sagrado

Tempo condensado

• Não linear

• Não circular

• Espiral

Page 21: Mito e sagrado

“Teus anos não vão nem vêm.

Eles subsistem simultaneamente

(simul stant)”

Agostinho

Page 22: Mito e sagrado

Paixão pelo que é ancestral, primevo, arquetipal e que se revela, gradativamente, na proporção da profundização da busca.

Paixão pelo que é ancestral, primevo, arquetipal e que se revela, gradativamente, na proporção da profundização da busca.

Arqueofilia:Arqueofilia:

Page 23: Mito e sagrado

Lumina profundis...(mitohermenêutica)

• olhar que leva luz àquilo que vê

• luz suficiente para tão somente ver (≠ aufklärung - ilustração)

• olhar em profundidade• sob a superficialidade

aparente• profundizar até a

potência…

Page 24: Mito e sagrado

Estilo mitohermenêutico...Estilo mitohermenêutico...

Pintura rupestre na Serra da Capivara

O trabalho filosófico de interpretação simbólica, de cunho antropológico, que pretende compreender as obras da cultura e das artes a partir dos vestígios (vestigium) - traços míticos e arquetipais (ancestrais) - captados através do arranjo narrativo de suas imagens e símbolos.

Page 25: Mito e sagrado

“O mytho é aqui compreendido como a narrativa dinâmica de

imagens e símbolos que orientam a ação na

articulação do passado (arché) e do presente

vivido em direção ao devir (télos)...

Ferreira Santos, 1998“Práticas crepusculares:

mytho, ciência e educação…”

Ferreira Santos, 1998“Práticas crepusculares:

mytho, ciência e educação…”

Page 26: Mito e sagrado

o rigorrigor necessário à reflexão e investigação (inclusive como metodologia acadêmica) ao • vigorvigor do mundo vivido (lebenswelt)

sendo matizado pela formação e trajetória íntimas de cada hermeneuta.

Tal estilo tenta articular:Tal estilo tenta articular:

Page 27: Mito e sagrado

Walter Benjamin

“À diferença da informação, o relato não se preocupa em transmitir o puro em si do acontecimento, ele o incorpora na própria vida daquele que conta, para comunicá-lo como sua própria experiência àquele que escuta. Dessa maneira o narrador nele deixa seu traço, como a mão do artesão no vaso de argila.”

Page 28: Mito e sagrado

O estilo mitohermenêutico...O estilo mitohermenêutico...O estilo mitohermenêutico...O estilo mitohermenêutico...

• Portanto, não é a pura aplicação de uma técnica, mas antes de qualquer coisa, tem como desafio principal:

• a compreensão de si mesmo como ponto de partida, meio e fim de toda jornada interpretativa

Page 29: Mito e sagrado

Paul Ricoeur(1913-2005)

Page 30: Mito e sagrado

o olhar do geógrafo, o espírito do viajante e

a criação do romancista (Paul Ricoeur)

o olhar do geógrafo, o espírito do viajante e

a criação do romancista (Paul Ricoeur)

Habitar a paisagem…

Page 31: Mito e sagrado

““caminante, no hay camino... caminante, no hay camino... se hace camino al andarse hace camino al andar

golpe a golpe, verso a verso...”golpe a golpe, verso a verso...”Antonio MachadoAntonio Machado

““caminante, no hay camino... caminante, no hay camino... se hace camino al andarse hace camino al andar

golpe a golpe, verso a verso...”golpe a golpe, verso a verso...”Antonio MachadoAntonio Machado

Jornada interpretativaJornada interpretativa

Page 32: Mito e sagrado

um percurso formativo de busca de sentido, centramento e plenitude existencial que se dá no processo de realização de si-mesmo e que me permite uma determinada leitura provisória do mundo...

O que é a Jornada Interpretativa ?O que é a Jornada Interpretativa ?

Page 33: Mito e sagrado
Page 34: Mito e sagrado
Page 35: Mito e sagrado
Page 36: Mito e sagrado

Qual a finalidade ?Qual a finalidade ?

- busca dinâmica de sentidos para a existência

Page 37: Mito e sagrado

Abordagens em mitologia:• Abordagens evemeristas(desde el imperio romano…)

• Abordagens funcionalistas(Sir J. Frazer, L. Lévy-Brühl)

• Abordagens psicanalistas(S. Freud, J. Lacan, M. Klein)

• Abordagens estruturalistas(C. Lévy-Strauss)

• Abordagens fenomenológicas(M. Griaule, G. Bachelard, G. Dumézil, Mircea Eliade, R. Bastide, G. Gusdorf)

• Abordagens simbólicas(R. Guénon, C.G. Jung, J. Hillman, R. Caillois, H. Corbin, P. Solié, Ch. Maurron, J. Campbell, A. Ortiz-Osés, L. Garagalza, A. Verjait, G. Durand)

• Abordagens antropolíticas(P. Tacussel, G. Balandier, J-P. Sironneau, M. Maffesoli)

Page 38: Mito e sagrado

Antropologia Filosófica:

de Cassirer aos pensadores do Círculo de Eranos

Page 39: Mito e sagrado

Ernst Cassirer (1874-1945)

• Re-leitura de Kant

• O que é o homem?

• Homo symbolicus

• Filosofia de las formas simbólicas:

• Arte, historia, mito, religião, ciência, linguagem

Page 40: Mito e sagrado

Círculo de EranosCírculo de Eranos

Page 41: Mito e sagrado

• Ascona, Suiza, de 1933 a 1988 com a publicação de 57 volumes (Eranos Jahrbuch)

• Iniciado por R. Otto y C. G. Jung

• Discutiu intensamente as questões relacionadas a mitologia comparada, antropologia cultural e hermenêutica simbólica a partir das reflexões colocadas por Ernst Cassirer em seu "Filosofia das Formas Simbólicas".

Page 42: Mito e sagrado

Como espaço interdisciplinar de investigação, participaram pensadores como:

• Karl Kerènyi, Mircea Eliade, Gilbert Durand, F. Geisen, D. Hayard, Joseph Campbell (mitologia);

• Erich Neumann, Marie Louise von Franz e James Hillman (psicologia);

• P.Radin, Jean Servier e D. Zahan (antropologia); • Th. von Üexküll, H. Pleisner y A. Portmann (antropo-

biologia e etologia);• Herbert Read e Michel Guiomar (estética); • V. Pauli, E. Schrödinger, Bernouilli e M. Knoll

(ciência); • H. Zimmer e G. Tucci (hinduísmo); • R. e H. Wilhelm, D. Suzuki e T. Izutsu (taoísmo e

budismo); • G. Scholem (judaísmo); • J. Danielou (cristianismo primitivo); • Henry Corbin (orientalismo islâmico) e • Andrés Ortiz-Osés (mitologia vasca) entre outros

Page 43: Mito e sagrado

Joseph Campbell (1904-1987)

Page 44: Mito e sagrado

"Não buscamos no mito um sentido para a vida, mas o mito é a própria experiência de estar vivo".

"Não buscamos no mito um sentido para a vida, mas o mito é a própria experiência de estar vivo".

Campbell, O Poder do Mito, 1988

Campbell, O Poder do Mito, 1988

Page 45: Mito e sagrado

"Mitologia é a música. É a música

da imaginação, inspirada nas energias

do corpo. Uma vez um mestre zen

parou diante de seus discípulos, para proferir um

sermão. No instante em que ia abrir a boca, um pássaro

cantou. E ele disse: 'O Sermão já foi proferido'."

Campbell, O Poder do Mito, 1988

Page 46: Mito e sagrado

“onde temíamos encontrar algo abominável, encontraremos um deus.

E lá, onde esperávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos.

Onde imaginávamos viajar para longe, iremos ao centro da nossa própria existência.

E lá, onde pensávamos estar sós, estaremos na companhia do mundo todo.”

Campbell,O Poder do Mito, 1988

Page 47: Mito e sagrado

partida

realização

reto

rno

A Saga do Herói

Campbell,O Poder do Mito, 1988

Page 48: Mito e sagrado

“Esta é sua alma”

Campbell,O Poder do Mito, 1988

Page 49: Mito e sagrado

Centramento“Selbst”

Centramento“Selbst”

Page 50: Mito e sagrado

Percurso formativoPercurso formativoPercurso formativoPercurso formativo

Page 51: Mito e sagrado

• Sagrado• Homo religiosus• Mysterium

tremendum et fascinans

• Hierofania e teofania• Sacralização • Consagração• Pertença

• Profano• Ser trágico• Realidade

objetivada• Experiência

sensória• Dessacralização• Individualização

• Liberdade

Duas modalidades de Ser

Page 52: Mito e sagrado

“O homem moderno a-religioso reconhece-se unicamente sujeito agente da História e recusa todo apelo à transcendência (...) faz-se a si próprio (...) o Sagrado é o obstáculo por excelência diante da sua liberdade. Só será verdadeiramente livre no momento em que tiver matado o último Deus”

Mircea Eliade

Page 53: Mito e sagrado

“Isto não é privilégio do mundo cristão (...) Sócrates condenado à cicuta,

Giordano Bruno queimado, Descartes forçado à expatriar-se na Holanda,

Spinoza excluído da sinagoga, eis os testemunhos das perseguições e dos

suplícios que os representantes da religião infligiram a estes filósofos”

Berdyaev, 1936

Page 54: Mito e sagrado

Persona(máscara)

Prosopon (( ) )(aquele que afronta com

sua presença)

per sonare (que ressoa)

Page 55: Mito e sagrado

Facticidade Facticidade do Mundodo Mundo

- objetivação –objetivação –- resistência –resistência –

- intimações do meio -intimações do meio -

Possibilidade de Possibilidade de transcendenciatranscendencia

- subjetividade – subjetividade – - voluntade –voluntade –

- pulsões -pulsões -

Page 56: Mito e sagrado

“A pessoa é inseparável da dor e do sofrimento. Sua realização é dolorosa (...) A luta pela realização da pessoa é uma luta heróica. O heroísmo é por excelência um ato pessoal. A pessoa está ligada à liberdade: Sem liberdade, não há pessoa. E a realização da pessoa não é outra coisa que a conquista da liberdade interior, de uma liberdade onde o homem é doravante desengajado de toda determinação vinda de fora. Mas, a liberdade engendra dor e sofrimento. O trágico da vida é na liberdade.”

Berdyaev, (Cinq meditations…1936)

Page 57: Mito e sagrado

“amor, pelamemória e pela criação”

(Berdyaev, 1936).

“amor, pelamemória e pela criação”

(Berdyaev, 1936).

Remedios Varo, “Ruptura”, 1955

Page 58: Mito e sagrado

Jacob Böehme (1575-1624),

O filósofo sapateiroremendão-ambulante, sec. XVII

• Ungrund

• Cognitio matutina (aurora)

• Unitas multiplex

• Dialética do mundo do fogo, da luz e das trevas“a altura a que pode chegar o amor, tem a dimensão de Deus; consegue elevar-te até te fazeres tão alto como Deus mesmo; unindo-te a Ele. Tua grandeza será tanta como a de Deus; há uma expansão do coração enamorado que é impossível expressar. Amplia a tua alma até fazê-la alcançar o tamanho da criação inteira”

Page 59: Mito e sagrado

“Morro, e contudo não morre em mim

O ardor de meu amor por Ti,E Teu Amor, meu único objetivo,

Tampouco alivia a febre de minh’alma (...)

Volto-me para Ti em meu apelo,E busco em Ti meu repouso

derradeiro;A Ti dirijo meu enfático lamento,

Tu que habitas meu secreto pensamento (...)

Dhu ‘l-Nun, O Egípcio, (poeta místico sufi, circa 861 d.C)

Remedios Varo

Page 60: Mito e sagrado

Nikolay Aleksandovich Berdyaev(1874-1948)

Emmanuel Mounier(1905-1950)

Gabriel Marcel, Jean Lacroix, Paul Ricoeur, Jacques Maritain, Charles du Bos, Massignon, Henry Corbin, Étienne Gilson, André Philip, Olivier Lacombe, Georges Izard, Jean Hugo, P. Van der Meer

Personalismo… existencialismo antropológico

Page 61: Mito e sagrado

“A vitória sobre a morte é ao mesmo tempo a aceitação mesma do mistério da

morte: é uma atitude antinômica. De outro lado, a realização da pessoa é a realização da comunhão, na vida social e

na vida cósmica, o ultrapassamento deste isolamento intrínseco à morte.

É que, precisamente, a realização da comunhão não conhece a morte.

O amor é mais forte que a morte.”

(Berdyaev, 1936)

Frida Kahlo

Page 62: Mito e sagrado

“Há em mim uma forte predisposição à melancolia (...) Esta melancolia cresceu em mim num período muito

desgraçado de minha vida. Lydia adoeceu gravemente de paralisia dos músculos da garganta, o que dificultava mais

sua capacidade de falar e tomar alimento. Suportou com resignação esta enfermidade atroz.

Suas forças foram minguando. No final de setembro de 1945 Lidia morreu. Foi um dos acontecimentos mais dolorosos de

minha vida e ao mesmo tempo um dos que mais me afetaram em minha vida interior (...)

A morte não é somente um extremo mal, senão que há também luz nela. Na morte há revelação do amor.

Só na morte se dá a maior intensidade do amor. Este se volta particularmente ardente e dirigido à eternidade. A comunicação espiritual não só continua, senão que se faz

mais especialmente densa e intensa (...) Vivi a morte de Lydia, participei em sua morte, e cheguei a perceber que a

morte era menos horrível, descobri nela algo que se parece com um nascimento.”

(Berdyaev, 1957).

Page 63: Mito e sagrado

“a criação poética já é uma maneira de transcender”

(Berdyaev, 1936).

“a criação poética já é uma maneira de transcender”

(Berdyaev, 1936).

Remedios Varo, “Nacer de nuevo”, 1960

Page 64: Mito e sagrado

Ritos agráriosFeminino• Eleusis

• Nanã

• Teniaguá

Masculino• Orpheu

• Obatalá

• Tupã

• Hermes• Oshumaré

• Poty

Plenitude

Page 65: Mito e sagrado

Planta ou sola do pé,Pegada de homem ou animal,Sinal, impressão, marca pela

pressão de um corpo, instante, momento, resto, fragmento,

lugar...

Vestigium...Vestigium...

Vestigo:Seguir o rastro de...

Ir a procura...Descobrir, encontrar...

Page 66: Mito e sagrado

Drama vegetal: destinação da semente....

Page 67: Mito e sagrado

iniciaçãomys

terium

mys

terium

morte simbólica

morte simbólica

renascim

ento

renascim

ento

Page 68: Mito e sagrado

Percurso mítico

• Catábase (descida)

• Morte/Amor (transformação)

• Anábase (subida)

• Diasparágmos (dia-bolos) – fragmentação

• Synbolon (sin-bolos) - religação

Page 69: Mito e sagrado
Page 70: Mito e sagrado

As parcas

Penélope

Page 71: Mito e sagrado
Page 72: Mito e sagrado

Fios da tecelã....

Page 73: Mito e sagrado
Page 74: Mito e sagrado
Page 75: Mito e sagrado

Amplificação…Amplificação…Amplificação…Amplificação…

Page 76: Mito e sagrado

Eros

• himeros

• antheros

• póthos

eros e psiché

Page 77: Mito e sagrado

himeros

Page 78: Mito e sagrado

hieródulas

Page 79: Mito e sagrado

hetairas

Page 80: Mito e sagrado

hetairas

Page 81: Mito e sagrado

antheros

Cláudia Sperb“Arqueologia do amor”

Page 82: Mito e sagrado

póthos

Page 83: Mito e sagrado

quíron

“tutto è santo !”

Page 84: Mito e sagrado

képos (o jardim)

clinamen (desvio)

philia (a amizade como bem supremo) - frátria

pharmakón (prazer e partilha)

Cultivo de outros tempos na escuridão do tempo

presente

képos (o jardim)

clinamen (desvio)

philia (a amizade como bem supremo) - frátria

pharmakón (prazer e partilha)

Cultivo de outros tempos na escuridão do tempo

presente

(sob invasão macedônica)

Epicuro (3 a.C)Epicuro (3 a.C)

Page 85: Mito e sagrado

“Acostuma-te à idéia de que a morte nada significa para nós. Pois o bem e o mal não são mais que sensações, e a morte é apenas a privação de sensação (...)

É tolo quem diz temer a morte, não porque esta será dolorosa quando chegar, mas porque dolorosa é a sua expectativa (...)

O sábio, assim como no caso do alimento, ele não escolhe, de forma alguma, a maior porção, mas antes a mais deliciosa, aqui também ele procura desfrutar não o período mais longo de tempo, mas o mais agradável.”

(Epicuro, Carta a Menoeceus)

“Acostuma-te à idéia de que a morte nada significa para nós. Pois o bem e o mal não são mais que sensações, e a morte é apenas a privação de sensação (...)

É tolo quem diz temer a morte, não porque esta será dolorosa quando chegar, mas porque dolorosa é a sua expectativa (...)

O sábio, assim como no caso do alimento, ele não escolhe, de forma alguma, a maior porção, mas antes a mais deliciosa, aqui também ele procura desfrutar não o período mais longo de tempo, mas o mais agradável.”

(Epicuro, Carta a Menoeceus)

Page 86: Mito e sagrado

Um képos russo e personalista...

A Frátria do jardim...

Page 87: Mito e sagrado

mitologias pampeanas

prof. dr. marcos ferreira santoslivre-docente em cultura & educação

professor de mitologia da faculdade de educação - usp

Page 88: Mito e sagrado

“(...) seus olhos saudaram a árvore como se ela fosse uma amiga íntima. Uma lagartixa passou correndo à sua frente e sumiu-se por entre as macegas. Ana pensou em cobra (…)

Fez avançar o busto, baixou a cabeça e mirou-se no espelho da água. Foi como se estivesse enxergando outra pessoa.”

Érico Veríssimo“O tempo e o vento –

O Continente”

Page 89: Mito e sagrado

Vasilha funerária guaranicom técnicas demumificação

Page 90: Mito e sagrado

“De longe vinha agora o som da flauta de Pedro (…) queria pensar em noutra coisa, mas não

conseguia. E o pior era que sentia os bicos dos seios (só o contato com o vestido dava-lhe

arrepios) e o sexo como três focos ardentes. Sabia o que aquilo significava (…) pensamentos

que ficariam dentro de sua cabeça e de seu corpo, para sempre escondidos (…) pensou nos

beijos úmidos do índio colados à flauta de taquara. Os beiços de Pedro nos seus seios.

Aquela música saía do corpo de Pedro e entrava no corpo dela…”

Érico Veríssimo“O tempo e o vento –

O Continente”

Page 91: Mito e sagrado

“Eu sou a princesa moura encantada, trazida de outras terras por sobre um mar que os meus nunca sulcaram… Vim, e Anhangá-pitã transformou-me em teiniaguá de cabeça luminosa, que outros chamam o – carbúnculo – e temem e desejam, porque eu sou a rosa dos tesouros escondidos dentro da casca do mundo.”

João Simões Lopes Neto“Lendas do Sul”

Page 92: Mito e sagrado

(…) Uma noite ela quis misturar o mel do seu sustento com o vinho do santo

sacrifício; e fui, busquei no altar o copo de ouro consagrado, todo lavorado de

palmas e resplendores; e trouxe-o, transbordante, transbordando…

de boca para boca, por lábios incendiados o passamos…

e embebedados caímos, abraçados. ”

João Simões Lopes Neto“Lendas do Sul”

Page 93: Mito e sagrado

“Tu, não; tu não me procuraste ganoso… e eu subi ao teu encontro; e me bem trataste pondo água na guampa e trazendo

mel fino para o meu sustento (…) a teniaguá que sabe dos tesouros, sou eu, mas sou também princesa moura… sou

jovem… sou formosa…, o meu corpo é rijo e não tocado!... E estava escrito que tu serias o meu par. Serás o meu par… se a

cruz do teu rosário me não esconjurar…

(…) quando quebrado o encantamento, do sangue de nós ambos nascer uma nova gente, guapa e sábia, que nunca mais será

vencida (…) ………………

Aquele par, juntado e tangido pelo Destino, que é o senhor de todos nós, aquele par novo, de mão dadas como namorados, deu

costas ao seu desterro (….)

Anhangá-pitã, também, desde aí, não foi mais visto. Dizem que, desgostoso, anda escondido, por não haver tomado bem tenência

que a teniaguá era mulher…”

João Simões Lopes Neto“Lendas do Sul”

Page 94: Mito e sagrado

mouro

Page 95: Mito e sagrado

“só o silêncio do casarão, o vento nas vidraças e o tempo passando… - Bem dizia minha avó – resmunga dona Bibiana, cerrando os olhos – Noite de vento, noite dos mortos.

‘Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando’, costumava dizer Ana Terra.”

Érico Veríssimo“O tempo e o vento –

O Continente”

Page 96: Mito e sagrado

“(…) la mujer mapuche encarna a si el contrapunto de opuestos: tejido-plata, fibra-metal, negro-blanco, oscuridad-luz. El negro brilloso del tejido es el sentido de fuerza, poder y estabilidad sobre el que se asienta el blanco luminoso de la vida y la espiritualidad. En este contexto la mujer mapuche se nos presenta como un ser significante, ícono cosmovisional en el que convergen cuantidad de contenidos referidos al ser femenino: mujer, en el plano de la mapu, y luna en el plano de la wenu-mapu, la tierra de arriba.”

Ana María LlamazaresCarlos Martínez Sarasola yTeresa Pereda

“Los que movían el metal: metamorfosis de la luz en la platería mapuche”

Page 97: Mito e sagrado

madu lopes, pelotas/rs

Page 98: Mito e sagrado
Page 99: Mito e sagrado

Ancestralidade:Ancestralidade:

Se aprende na escola?...Se aprende na escola?...

Page 100: Mito e sagrado

Traço, de que sou herdeiro, que é constitutivo do meu processo identitário e que permanece para além da minha própria existência…

O que é ancestralidade ?...O que é ancestralidade ?...

Page 101: Mito e sagrado

Karl Jaspers

situación-límite

die Grenzsituation

Page 102: Mito e sagrado
Page 103: Mito e sagrado

Religação e re-leitura…

Nas situações-limites (K. Jaspers),

nas quais temos nossa própria sobrevivência em risco, a ancestralidade nos abre e nos apresenta possibilidades de religação com o nosso tecido social originário: nos religa aos nossos.

Page 104: Mito e sagrado

Desta religação, possibilitada pela vivência limítrofe, temos uma outra maneira de ver o próprio mundo e a nós mesmos em uma re-leitura das coisas,

relegere, em que transformamos nosso olhar, nossas atitudes e nossas relações.

Page 105: Mito e sagrado

Estas duas possibilidades religantes:

religare e

relegere, abrem a dimensão

religiosa (no sentido mais nobre do termo) de nosso contato com a ancestralidade

Mario Cespedes

Page 106: Mito e sagrado

Endividamento…A herança ancestral é muito maior e mais

durável (a grande duração histórica) do que minha existência (pequena duração).

Esta herança coletiva pertence ao gupo comunitário ao que, por sua vez, eu pertenço e me ultapassa.

Desta maneira, temos com esta ancestralidade uma relação de endividamento (Paul Ricoeur) na medida em que nós somos o futuro que este passado tinha e cabe à nós atualizar suas energias mobilizadoas.

Em suma, nossa dívida com a ancestralidade é que temos que ser nós mesmos.

Page 107: Mito e sagrado

““Mas os mistérios da vida divinaMas os mistérios da vida divina não podem se exprimir senão não podem se exprimir senão pela pela linguagem interior da linguagem interior da experiênciaexperiênciaespiritual, por uma linguagem espiritual, por uma linguagem dedevida e não aquela da naturezavida e não aquela da naturezaobjetiva da razão. Veremos, objetiva da razão. Veremos, então,então,que a linguagem da experiência que a linguagem da experiência espiritualespiritualé inevitavelmente simbólica, é inevitavelmente simbólica, que é sempre uma questão de que é sempre uma questão de acontecimentosacontecimentos, de , de encontrosencontros, , de de destinação”destinação”

Espírito e Liberdade, 1933

Nikolay Aleksandrovich Berdyaev(1874-1948)um anarquista religioso

Page 108: Mito e sagrado

“importante não é a casa onde habitamos.

Mas, onde,

em nós,

a casa habita.”

Mia Couto, 2003“Um rio chamado tempo, uma

casa chamada terra”

Page 109: Mito e sagrado

-“Pi’a” = “pequena parte do coração”- “Pe’ã” = aquilo que é cortado em partes; “filho”- modo ancestral de ser (ñande rekó)- os nomes vêm da região celeste, acessíveis em sonho aos pais e que o pajé (che ramõe) reconhece, ao batizá-los quando já maiores- “poty” = florir- a pequena e bela epifania da luz no drama vegetal dos ciclos.

Page 110: Mito e sagrado

Espiralidade…Espiralidade…Espiralidade…Espiralidade…

Page 111: Mito e sagrado

Mitologiasdo Brasil afro-ameríndio

Page 112: Mito e sagrado

mediações simbólicas

• uma utopia• uma ética • um desejo

• constitui uma paisagem da alma• assume um endividamento

• vive uma frátria

• através da topofilia• através da ancestralidade

• através da philia

Page 113: Mito e sagrado

“quando a terra se converte

em um altar, a vida

transforma-se em uma reza”

Mia Couto, 2003

Page 114: Mito e sagrado

“A gnosis matutina que nos

inspira é uma oposição radical,

tanto à unidimensionalida

de cientificista como à

unidimensionalidade teológica que é

o fanatismo.”

Durand, 1995“A fé do sapateiro”

Gustave Moreau

Page 115: Mito e sagrado

“Auditório para questões delicadas”, Guto Lacaz (Brasil)

Page 116: Mito e sagrado

Se a palavra-alma é sagrada e dizê-la já é canto, o mito pessoal não seria o meu próprio canto?

Page 117: Mito e sagrado

Na tradição dos mistérios órficos…

Na tradição dos mistérios órficos…

Orfeu desce ao Hades e busca a Eurídice…

Gustave Moreau

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Uma apologia do canto...

Page 119: Mito e sagrado

Tantas veces me mataron, tantas veces me morí,Sin embargo estoy aquí resucitando.Pero si estoy a la desgracia y la mano con puñalpor qué mató tan mal, y seguí cantando.

Cantando al sol como la cigarradespués de un año bajo la tierra,igual que sobrevivienteque vuelve de la guerra.

Tantas veces me borraron, tantas desparecí,a mi propio entierro fui sola y llorando;hice un nudo en el pañuelo pero me olvidé despuésque no era la única vez y seguí cantando.

Tantas veces te mataron, tantas resucitarás, cuántas noches pasarás desesperando. Y a la hora del naufragio y la de la oscuridad alguien te rescatará para ir cantando. Como la Cigarra

(María Elena Walsh)

Page 120: Mito e sagrado

• O silêncio…• De onde a palavra provém e para onde volta…• Faz parte da disciplina espiritual…

• O silêncio…• De onde a palavra provém e para onde volta…• Faz parte da disciplina espiritual…