mÍstica cidade de deus livro 1

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MSTICA CIDADE DE DEUSCristo e Maria, primeiras criaturas ideadas por Deus(Trechos extrados do Io Livro)Antes de criar qualquer coisa, na mente das trs divinas Pessoas - Pai, Filho e Esprito Santo - em primeiro lugar se achavam presentes: o Verbo encarnado - Jesus Cristo - e a Mulher da qual assumiria a natureza humana - Maria.No instante da criao da alma de Maria, a beatssima Trindade disse, com imenso amor, as palavras que Moiss refere no Gnesis (1,26): "Faamos Maria nossa imagem e semelhana"; nossa verdadeira Filha e Esposa, para Me do Unignito do Pai.No pde toc-la a mancha e obscu-ridade do pecado original, mas achou-se em perfeitssima justia, superior a de Ado e Eva ao serem criados.

Maria, Arca da Aliana, Me do Filho de Deus(Trechos extrados do 2 Livro )A arca da aliana foi figura de Maria Santssima.To misteriosa e sagrada Arca construda pela mo do prprio Deus para sua habitao e propiciatrio de seu povo, deveria ficar no Templo, onde se encontrava a outra arca material do Antigo Testamento. Por esta razo, ordenou o Senhor, que Maria fosse apresentada ao Templo aos trs anos de idade. Ali permaneceu at os 13 anos e meio.Os sacerdotes do Templo, responsveis pela jovem cujos pais j eram falecidos, e movidos por inspirao divina, julgaram que, conforme o uso da poca, deviam estabelecer Maria no estado do matrimnio.Consultada por um deles, ela declarou: Quanto de minha vontade, sempre desejei guardar perptua virgindade, dedi-cando-me a Deus e ao seu servio neste santo Templo. Vs, porm, que estais no lugar de Deus, me ensinareis o que for de sua santa vontade.Com um milagroso sinal, o cu indicou Jos como o escolhido para esposo da purssima jovem, a futura esposa do Esprito Santo e me do Filho de Deus.Maria confia a Jos seu voto de perptua castidade, dizendo-lhe: Meu senhor e esposo, em meus primeiros anos consagrei-me a Deus com perptuo voto de ser casta de alma e corpo. Para cumpri-lo, quero que me ajudeis, e no mais, serei vossa fiel serva.Repleto de espiritual jbilo pelas palavras de sua divina Esposa, o castssimo Jos lhe respondeu: Quero que saibais, Senhora que aos doze anos, tambm fiz promessa de servir ao Altssimo em castidade perptua Confirmo-a agora e prometo ajudar-vos quanto estiver em minhas foras para que, em toda pureza o ameis e sirvais. Serei vosso fidelssitno servo e guarda.Sobre estes divinos alicerces - ilibada virgindade, orao, humildade, concrdia -fundou-se o lar e unio da santssima Virgem Maria e do castssimo So Jos.Assim foram sendo preparados para o mistrio da Encarnao do Verbo, misso para a qual Deus os destinara.

Pedidos ao:Mosteiro Portaceli^//J IS& Caixa Postal, 595 wx^Ji^ 84001 -970 - Ponta Grossa - Paran

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MSTICA CIDADE DE DEUS

PRIMEIRA PARTE

VIDA E MISTRIOS DA RAINHA DO CU - O QUE O ALTSSIMO REALIZOU NESTA PURA CRIATURA DESDESUA IMACULADA CONCEIO AT QUE EM SEU VIRGINAL SEIO O VERBO ASSUMIU CARNE HUMANA -OS FAVORES QUE LHE FEZ NESTES PRIMEIROS QUINZI ANOS, E O MUITO QUE POR SI MESMA ADQUIRIU COIVA DIVINA GRAA.

Primeiro Livro - Captulo IPrimeiro Livro - Captulo I

CAPTULO 1

DUAS VISES PARTICULARES QUE O SENHOR MANIFESTOU MINHA ALMA. OUTRAS INTELIGNCIAS E MISTRIOS QUE ME IMPELIAM A AFASTAR-ME DAS COISAS TERRENAS, ELEVANDO MEU ESPRITO ACIMADA TERRA.Louvor a Deus1.Louvo-te e exalto (Mt 11, 25) Rei Altssimo, que por tua dignao e elevada majestade escondeste aos sbios e mestres estes altos mistrios, e os revelas-te a mim, tua escrava, a menor e mais intil de tua Igreja. Assim, com admirao, sereis conhecido por Todo-poderoso e autor desta obra, tanto quanto mais vil e fraco o instrumento que utilizas.

Estado de alma da Escritora2.Depois das longas resistncias que referi, de infundados temores, e de grandes perplexidades nascidas de minha covardia, por conhecer este mar imenso de maravilhas no qual embarco, receiosa de nele me afogar - este Senhor altssimo deu-me a sentir uma fora do alto, suave, forte (Sb 8,1), eficaz e doce. Luz que esclarece o entendimento, submete a vontade rebelde, sossegando, dirigindo, governando e ordenando os sentidos interiores e exteriores, submetendo inteiramente a criatura ao agrado e vontade do Altssimo, para procurar em tudo e somente sua honra e glria.

Estando nesta disposio, ouvi voz do Todo-poderoso que fortemente r chamava e atraa para si. Elevava mim habitao ao alto (Eclo 51,13) e fortalec. contra os lees (Idem 4), a rugir faminto procurando afastar minha alma do bem qi lhe ofereciam no conhecimento dos gra des sacramentos encerrados nesl tabernculo e santa cidade de Deus. Libe tou-me das portas da tribulao (Ibid.: por onde me convidavam a entrar, cercai pelas dores da morte (SI 17,5) e da perc o, rodeada pela chama desta Sodoma Babilnia onde vivemos. Procuravam n transviar, para que cegamente voltasse: me entregasse a ela, oferecendo objetos i aparente deleite a meus sentido sugestionando-os com falsidade e dolcDe todos estes laos (SI 66,' 24,15), preparados a meus ps, livrou-n o Altssimo, elevando meu esprito e in: truindo-me com eficazes admoestaes f caminho da perfeio. Convidou-me a un vida espiritualizada e anglica em can mortal, obrigando-me a viver to solciti que no meio da fornalha no me tocasse: fogo (Eclo 51,6-7) e me livrasse da Ingu inqua, quando muitas vezes me conta\i mentiras terrenas (SI 118, 85).

Chamou-me Sua Alteza para me levantar do p e da fraqueza causada pela lei do pecado, e resistir aos efeitos herdados da natureza corrompida, dominando-a em suas desordenadas inclinaes. Devia destru-las na presena da luz e elevar-me sobre mim mesma (Lm 3,28).Com fora de poderoso Deus. correes de pai e carinhos de esposo, muitas vezes me chamava e dizia: - Pomba minha e obra de minhas mos, levanta-te (Ct 2,10) e apressa-te; vem a Mim que sou luz e caminho (Jo 8,12) e quem me segue no anda em trevas. Vem a Mim que sou verdade infalvel, santidade verdadeira, sou poderoso e o sbio emendador dos sbios (Sb 7,15).

Efeitos da palavra divina

3. Estas palavras produziram em mim efeito de flechas de doce amor, admirao, reverncia e tambm de temor, de ;onhecimento de meus pecados e de covardia com que me retraa e aniquilava. O Senhor me dizia: - Vem, alma, vem que sou eu Deus onipotente, e ainda que tenhas ido prdiga e pecadora, ergue-te e vem a iim que sou teu Pai; recebe a estola de linha amizade e o anel de esposa.

i\s anjos auxiliam a Escritora

4. Encontrando-me neste estado, certo dia os seis anjos, que como jdisse, >enhor designou para me assistirem nes-trabalho e em outras ocasies de nbate. Eles me purificaram, prepararam em seguida, apresentaram-me ao Se-)r.Sua Majestade deu minha alma a nova luz e capacidade semelhante da ia, que me fortificou e me deu aptidopara ver e conhecer o que est ut|ll|a ^ foras de criatura terrena. Em scgUl(,a . outros dois anjos, dc hierarquia que me atraam fortemente ao sCnhor *' compreendi que eram muito ,n'Mcri0S(w me queriam manifestar altos v l'v n,,^^sacramentos.Respondi-lhes pmntamCri,esiosa por gozar daquele bem U(, _ anunciavam, e com ardente afeto det|ar(;| minha disposio paia ver o que nlc ^ am mostrar c misteriosamenteescondiam.Imediatamente, tom muii;, ScVi;r.dade. responderam: - Dclm-tc, alrlaVoltci-mc para eles e lhes djSSc. Prncipes do Poderoso c mcnsugcir(,s d() Grande Rei, porque tendo-me chart);l(Jo agora me detendes assim, COWrw^.' meu desejo c retardando meu u,u c a| gria? Que fora e poder 6 o vosso qUc chama, me empolga, c ao mesmo iempi, ^ atraie me detm? Atraindo nic|xloSpcr(.u mes de meu amado Senhor (Cl 1, 3^ detendes com prises to fortes? Dizci-me a causa disto.Responderam-mc: - fWcsSarJO alma. vir descala e despida dc i,lt|()s ^ teus apetites c paixes, para conhece, es tes altos mistrios que no admiter,, ncni so compatveis com inclinaes contra,.; as. Descala-te com Moiscs (>x ^ conforme lhe foi ordenado, para vcruUt.|amilagrosa sara.- Prncipes c senhores mcujrespondi - muito foi pedido a Moiss, para em natureza terrena ter l,peruVes anglicas; todavia, ele era santo c jUs,0 eu pecadora cheia de misrias; pcrtUma.se meu corao e lamento a servido Ju |cj do pecado (Rm 7, 23) que sinto cm membros, contrria do esprito.A istodisscram-nic: - Alma,CoJSa muito difcil ser-te-ia pedida, scdcpcnijCs se apenas dc tuas foras 0 Alts.sjmo

2SPrimeiro Livro - Captulo IPrimeiro Livro CaP,ul029

porm, que pede e quer esta disposio, poderoso e no negar o seu auxilio, se de corao a pedires e te dispuseres para receb-la.- Seu poder que fazia arder a sara (Ex 3,1) sem queimar-se, poder fazer que a alma presa e cercada pelo fogo das paixes no se queime, desejando ela libertar-se. Sua Majestade pede o que quer e pode quanto pede, e com sua fortaleza sers capaz (Fl 4, 13) do que te manda. Descala-te e chora amargamente, clama do ntimo do teu corao, para que seja ouvida tua orao e se cumpra teu desejo.

A Mulher do Apocalipse

5. Neste momento vi riqussimo vu encobrindo um tesouro, e minha vontade se excitava para afast-lo e descobrir o oculto mistrio que a inteligncia entrevia. A este meu desejo foi-me advertido: -Obedece, alma, ao que se te admoesta e manda; despe-te de ti mesma e ento vers.Propus emendar minha vida e vencer minhas inclinaes, chorava e suspirava do ntimo da alma para me ser manifestado aquele bem; e assim como ia propondo, tambm ia se levantando o vu que escondia meu tesouro. Quando se afastou inteiramente, viram meus olhos interiores o que no saberei dizer, nem explicar com palavras.Vi um grande e misterioso sinal no cu: uma mulher, uma senhora e formosssima rainha coroada de estrelas, vestida de sol, tendo a lua a seus ps (Ap 12, 1)Disseram-me os santos anjos: -Esta aquela ditosa mulher que So Joo viu no Apocalipse, e onde esto compendiados, depositados e selados os maravilhosos mistrios da Redeno. Favoreceu tanto o Altssimo e Todo-poderoso a esta criatura, que a ns seus espritos causa admirao. V e considera suas excelncias; escreve-as, que para isto e para teu proveito, te so manifestadas.Conheci tantas maravilhas que sua abundncia me emudece e a admirao me suspende. Julgo que, na vida mortal, todas as criaturas no seriam suficientes para conhec-las. Adiante as irei expondo.

Exortao divina6.Outro dia, em tempo de quietu-de e serenidade espiritual, no mesmo estado que j descrevi, ouvi a voz do Altssimo que me dizia: - Esposa minha, quero que acabes de te resolver, que me procures solcita, que fervorosa me ames, e que tua vida seja mais anglica que humana, esquecendo tudo o que terreno: quero elevar-te do p e do estreo como pobre e necessitada (SI 112, 7). Ao ser elevada quero que te humilhes, e que teu nardo exale suave perfume (Ct 1,11), enquanto permaneces em minha presena; conhecendo tua fraqueza e misrias convence-te de que mereces a tribulao, e nela a tua profunda humilhao. V minha grandeza e tua pequenez. Sou justo e santo, e com justia te aflijo, usando de misericrdia, e no te castigando segundo mereces. Procura sobre este fundamento de humildade adquirir as demais virtudes, para cumprires minha vontade. Para te instruir, corrigir e repreender te dou por mestra minha V irgem Me. Ela te formar e guiar teus passos no meu agrado e beneplcito.

Maria, escada de Jac7.Estava presente esta Rainha, quando o Altssimo Senhor me disse aquelas palavras, e no se dedignou a divina

7.Princesa em aceitar o ofcio que sua Majestade lhe dava.

Recebeu-o benignamente e disse-me: - Minha filha, quero que sejas minha discpula e companheira, e eu serei tua mestra. Adverte, porm, que me hs de obedecer com coragem, e desde este dia no se h de perceber em ti vestgios de filha de Ado. Minha vida, as obras de minha peregrinao, as maravilhas que o poderoso brao do Altssimo operou em mim, ho de ser teu espelho e modelo de tua vida.Prostrei-me ante o real trono do Rei e Rainha do uni verso e ofereci-me para obedecer em tudo. Agradeci ao Altssimo o benefcio de me dar tal amparo e guia, to acima de meus mritos. Renovei em suas mos os votos de minha profisso, e me ofereci novamente para obedecer-lhe e cooperar com todas as foras na emenda de minha vida.Disse-me o Senhor: - Presta ateno e olha.Assim o fiz, e vi uma escada de muitos degraus, belssima e com grande nmero de anjos, uns que a assistiam e outros que desciam e subiam por ela.Disse-me Sua Majestade: - Esta aquela misteriosa escada de Jac (Gn 28, 12 -17) casa de Deus e porta do cu. Se te dispuseres e tua vida for tal que no merea repreenso a meus olhos, subirs por ela at Mim.

Maria, caminho para Deus

8. Esta promessa excitava meu desejo, afervorava minha vontade, arrebatava meu esprito, e com muitas lgrimas queixava-me de ser to pesada para mim mesma (J 7, 20). Suspirava pelo fim de meu cativeiro, e por chegar onde no h bice que possa impedir o amor.procurando apc^ Passei algus 4do nova confi^*"linhavida fiJ^alguma inpcrfc^ Cra/ e corrig,continuava, ntas^ a v,so da e.v,cado.(nicndia seu simFiz mo,. propondo wvan^^ssas ao Ser terrestre. conser^a!i,ar-me de tOJ vre pira somente J m"iha vontad: inclinar-se a coi^^-h, sem dei^ pequena c 'noce^ ainda qUc , | tudo quanto 6 apu^'1* e renuni; ,Passado J( 'e e dusrio.timentos e dis^* dias nesiCs Rdcclamu-me sero Alti\s ,Santssima Virgema escada a vi(j4rios.virtudes crn,3ro.ciposiinirihu.^ Majestade: - q,dcJac.ecntre porc^hasPorestacsCLconhecer meus uir)L a Pona do cu n.nha divindade, so^ ec""tcmpiitr ,ela at mim. Estes e caminha iacompanham so Js que a assistCr,guardacdefesa de},** c" dediquei ^dc, medita estas V|r|' ^edcSi&o. \ttimit-las.cs trabalha Purssima Ran minha rcsislPareceu^ e ver a maior dbj J 0,r Por csta CSc?< inefvel prodgio do ^Hhas c ^ tura, a maior sant,^h"r cm pura C|1 virtudes que jamais Cfj c c perfeio , potente. So fim da Cv "u brao do Q, senhores e a Rainha ^ v' -Senhor f mandaram-me que, * ''^a a criat^ sacramentos OglorifiQiestes magna , tasse, c escrevesse o q $Sc- ovasse, ^ Deu-me o c^t.C dc' entende ss nhor nestas tbuas. ^^"e eminente j Moiss, lei para med;,^"10'" que us i var. escrita p' tor mrqUeos homens foram feitos pouco menores qUe os anjos. Ainda que inferiores pela natureza, um dentre eles. Cristo, hn",(:,n supcnor e constitudo sobre os mesmos anjos. Esta superioridade provinha do ser da graa no apenas da sua divindade, ",as u"nbm de sua humanidade, por causa da graca que a unio hiposttica nela derramou, c que em seguida redundou em sua Mg,, Santssima.Alm de tudo isto. tambem alguns santos da natureza humana, porgraa do mesmo Senhor humanado, podem alcanar grau e posio superil'r aos dos anjos.

Cristo e Maria idealizados Por l)Us

62. Fui engendrada " mi^ida (v. 25). o que significa mais que concebida. Ser concebida refere-se ao divir> cn,endi-mento da beatssima Trindade * '^ar, e como que refletir, sobre as convcnienciasPrimeiro Livro - Captulo 5Primeiro Livro - Captulo 55353da encarnao. Ser nascida refere-se sua vontade, que determinou no divino consistrio a realizao desta obra, executando, por assim dizer em si mesma, esta maravilha da unio hiposttica e da pessoa de Maria santssima.Por isso, neste captulo diz primeiro que foi concebida e depois engendrada e nascida: porque antes foi ideada e em seguida decretada.

Cristo e Maria precedem qualquer previso do pecado63. Antes que a terra fosse criada, os rios e os eixos do mundo (v. 26). Neste trecho fala-se sobre duas terras. A primeira terra era a do campo damasceno, onde o homem foi criado. A segunda terra era o paraso terreal, onde logo depois foi colocado (Gn 2, 8-15). Antes de formar esta segunda terra onde o homem pecou, foi determinada a criao da humanidade do Verbo e a matria da qual se formaria a Virgem. Deus queria preserv-la antecipadamente, para no ter parte no pecado nem a ele ficar sujeita.Os rios e os eixos do orbe so a igreja militante, e os tesouros de graas e dons que impetuosamente dimanariam do manancial da divindade. Seriam para todos em geral, e mais eficazes para os santos e escolhidos, que semelhantes a eixos movem-se em Deus, presos ao seu querer pelas virtudes da f, esperana e caridade. Vivendo entre os homens, sem se afastar dos eixos em que se apoiam, se sustentam e se governam, caminhando para o sumo Bem e ltimo fim.So tambm significados aqui os sacramentos (Ef 5, 27) e a estrutura da Igreja: sua proteo, firmeza invencvel, formosura e santidade sem mancha nem ruga. Tudo isto est figurado naquele orbe e correntes de graas. Antes que Altssimo preparasse e ordenasse este oi e corpo mstico de quem Cristo, no; Bem, seria cabea, decretou a unio i Verbo natureza humana, e a criao i sua Me, por cujo meio e cooperao r< lizaria estas maravilhas no mundo.

Cristo e Maria, causas da glria64.Quando preparava os c> Eu estava presente (v. 27). Quando prer rava o cu e recompensa que aos just filhos desta Igreja, daria depois de s desterro, ali estava a humanidade unida; Verbo, merecendo-lhes a graa, como i beca, e com Ele sua Me Santssima. Por para eles fora preparada a glria, dela ret beriam a principal medida, e em seguit seria para os demais santos.

Encarnao e Eucaristia65.Quando com lei inviol cercava os abismos dentro de seus lir. tes (v. 27). Determinava cercar os abisn de sua divindade na pessoa do Filho, co lei certa e limites, de modo que nenhii vivente pudesse v-lo nem cont-lo. T; cava o crculo e circunferncia, ori ningum pde nem pode entrar, sencl Verbo, que a si, unicamente pode comp: ender, para apequenar-se (Fl 2, I encerrando a divindade na humanida Depois enclausurando a divindade e humanidade no seio de Maria Santssii e no peito mesquinho do homem pecac

e mortal, pela minscula poro das esp cies eucarsticas de po e vinho.Tudo isto significa aqueles ah mos,circunferncias, limitee lei que chat certa, pelo muito que significam e p certeza do que parecia impossvel: qutPrimeiro Livro - Captulo 5

Deus, antes de se comunicarPrimeiro Livro - Captulo 5

Deus, antes de se comunicar5252

59. Ainda no haviam brotado as fontes das guas (v. 24)Ainda no haviam sado de sua origem e princpio, as imagens ou idias das criaturas. Ainda no comeara a jorrar, pelos canais da bondade e misericrdia, as fontes da Divindade, para a vontade divina operar a criao universal e comunicar seus atributos e perfeies.Em relao ao restante do universo, ainda estavam as guas e mananciais represados e detidos no imenso plago da Divindade. Em seu ser ainda no havia fontes nem correntes para se comunicar. E, antes de serem dirigidas aos homens, j estavam orientadas para a humanidade santssima de Cristo e sua Virgem Me E assim acrescenta:

Cristo e Maria, antes de todos os anjos e santos

60. Nem os montes se tinham assentado sobre a sua pesada massa (v. 25)Deus no havia ainda decretado a criao dos altos montes dos patriarcas, profetas, apstolos, mrtires e demais santos de maior perfeio. O decreto de to grande resoluo no se havia assentado com seu grave peso e eqidade, no forte (Sb 8,1) e suave modo que Deus emprega para realizar seus desgnios e grandes obras.No somente era nascida antes dos montes, os grandes santos, mas tambm antes dos outeiros, as ordens dos santos anjos. Precedia-os na mente divina a Humanidade santssima, unida hipostaticamente ao Verbo divino, e a Me que a engendrou. Filho e Me existiram antes do que todas as hierarquias anglicas Se David disse no Salmo 8: "Senhor, quem o homem, ou o filho do homem para dele te lembrares e o visitares? Fizeste-o poU. co menor que os anjos, etc." (v. 5) - deve-se entender que existe um homem qu; c Deus tambm, acima de todos os homens e anjos que lhe so inferiores c servos. por ser Deus um homem superno, c como tal existiu primeiro que todos na mente e vontade divina. Inseparavelmente unida a Ele existiu tambm naquele mesmo princpio uma mulher, virgem purssima, sua Me superior a todas as criaturas e delas rainha61. "Se o homem - continua o mesmo salmo (idem, v. 6) - foi coroado de honra e glria e constitudo sobre todas as obras da mo do Senhor, deveu-o ao Homem Deus, sua cabea, que mereceu esta coroa, tanto para eles como para os AnjosSe o salmo coloca o homem abaixo dos anjos, tambm acrescenta que e|e foi posto acima de todas as obras de Deus Assim, David tudo incluiu no dizer que os homens foram feitos pouco menores que os anjos. Ainda que inferiores pela natureza, um dentre eles. Cristo, homem superior e constitudo sobre os mesmos anjos. Esta superioridade provinha do ser da graca no apenas da sua divindade, mas tambm de sua humanidade, por causa da graca que a unio hiposttica nela derramou, e que em seguida redundou cm sua Me Santssima.Alm dc tudo isto. tambm alguns santos da natureza humana, p()r graa do mesmo Senhor humanado, podem alcanar grau e posio superior aos dos anjos.

Cristo e Maria idealizados por Deus62. Fui engendrada ou nascida (v. 25), o que significa mais que concebida Ser concebida refere-se ao divino entendimento da beatssima Trindade ao idear, e como que refletir, sobre as conveninciasPrimeiro Livro - Captulo 5Primeiro Livro - Captulo 5< i< ida encarnao. Ser nascida refere-se sua vontade, que determinou no divino consistrio a realizao desta obra, executando, por assim dizer em si mesma, esta maravilha da unio hiposttica e da pessoa de Maria santssima.Por isso. neste captulo diz primeiro que foi concebida e depois engendrada e nascida: porque antes foi ideada e em seguida decretada.

Cristo e Maria precedem qualquer previso do pecado63. Ames que a terra fosse criada, os rios e os eixos do mundo (v. 26). Neste trecho fala-se sobre duas terras. A primeira terra era a do campo damasceno, onde o homem foi criado. A segunda terra era o paraso terreal, onde logo depois foi colocado (Gn 2, 8-15). Antes de formar esta segunda terra onde o homem pecou, foi determinada a criao da humanidade do Verbo e a matria da qual se formaria a Virgem. Deus queria preserv-la antecipadamente, para no ter parte no pecado nem a ele ficar sujeita.Os rios e os eixos do orbe so a igreja militante, e os tesouros de graas e dons que impetuosamente dimanariam do manancial da divindade. Seriam para todos em geral, e mais eficazes para os santos e escolhidos, que semelhantes a eixos movem-se em Deus, presos ao seu querer pelas virtudes da f, esperana e caridade. Vivendo entre os homens, sem se afastar dos eixos em que se apoiam, se sustentam e se governam, caminhando para o sumo Beme ltimo fim.So tambm significados aqui os sacramentos (Ef 5, 27) e a estrutura da Igreja: sua proteo, firmeza invencvel, formosura e santidade sem mancha nem ruga. Tudo isto est figurado naquele orbe e correntes de graas. Antes que Altssimo preparasse e ordenasse este orl e corpo mstico de quem Cristo, nos Bem. seria cabea, decretou a unio i Verbo natureza humana, e a criao i sua Me, por cujo meio e cooperao re lizaria estas maravilhas no mundo.

Cristo e Maria, causas da glria64.Quando preparava os cu Eu estava presente (v. 27). Quando prepi rava o cu e recompensa que aos justo filhos desta Igreja, daria depois de si desterro, ali estava a humanidade unida. Verbo, merecendo-lhes a graa, como a beca, e com Ele sua Me Santssima. Porqt para eles fora preparada a glria, dela reo beriam a principal medida, e em seguid seria para os demais santos.

Encarnao e Eucaristia65.Quando com lei inviolv cercava os abismos dentro de seus Um tes (v. 27). Determinava cercar os abismo de sua divindade na pessoa do Filho, cavuram ouvidos de Oeste a Leste e de Norte Sul (Rm 10,18). Tanto se fez ouvir a vozPadecer. Pelos102. E sofria tormentl)s p luz (Ap 12, 2). Estas palavras ^dar rem dizer que daria luz. com dores no era isso possvel no divino 'X)ls Significam que foi grande dor e t0 l>ar,-para essa Me ver que, enquanto h. Cnto aquele corpinho divinizado sairja seu lugar direiAs duas embaixadas foram desempenhadas pelo mesmo anjo, em forrahumana, ainda que com mais bela e misteriosa figura Virgem Maria.

Mensagem de So Gabriel SanCAn184. Mais formoso e refulgent que o sol, entrou o santo arcanjo Gabriel presena de Sanf Ana e disse-lhe: - Am serva do Altssimo, sou anjo do conselh de sua Alteza, enviado das alturas por su divina dignao que olha aos humildes n terra (SI 137,6). Boa a orao incessant e a confiana humilde. O Senhor ouviu tua splicas, porque esl perto (SI 144, 18 dos que o chamam com viva f e esperance aguardando com resignao serem atendi dos. Se adia o cumprimento de seu clamores, e se tarda em conceder as peti es dos justos, para melhor prepar-lo e obrigar-se a lhes dar muito mais do qu pedem e desejam. A orao e a esmol abrem os tesouros do Rei onipotente (TI 11,8-9) eoinclinamaserricoem miserici dias com os que o rogam.Tu e Joaquim pedistes descen dncia e o Altssimo determinou dar-va admirvel e santa, e por ela enriquecer-va de dons celestiais, concedendo-vos muit mais do que Lhe pedistes. Porque vo humilhastes em pedir, o Senhor quer glori ficar-se atendendo vossas splicas, i criatura lhe muito agradvel quando rog humilde e confiante, no limitando se poder infinito.Persevera na orao e pede ser cessar a salvao da linhagem humamII-Parte II. n* 117.para inclinar o Altssimo. Moiss, com orao contnua, alcanou vitria do povo (Ex 17,11). Ester com orao e confiana obteve libertao da morte (Est 4, 11). Judite pela mesma orao foi destemida em ao to difcil (Jd 9,1; 13,6) como a que executou para defender Israel, apesar de ser dbil mulher. Davi (lRs 17, 45) saiu vitorioso contra Golias, porque orou invocando o nome do Senhor (3Rs 18, 36). Elias obteve fogo do cu para seu sacrifcio, e com a orao abria e fechava os cus.- A humildade, a fe as esmolas de Joaquim e as tuas chegaram ao trono do Altssimo, e Ele enviou-me, seu anjo, para te dar alegres notcias para teu esprito. Quer sua Alteza que sejas ditosa e bem-aventurada e escolhe-te para me daquela que h de conceber e dar luz o Unignito do Pai. Ters uma filha que por divina ordenao se chamar Maria. Ser bendita entre as mulheres, cheia do Esprito Santo (3Rs 18, 44), a nuvem que derramar o rocio do cu para refrigrio dos mortais, e nela se cumpriro as profecias de vossos antigos pais. Ser a porta da vida e a salvao dos filhos de Ado.-Adverte que, revelando a Joaquim que ter uma filha ditosa e bendita, o Senhor reservou o mistrio, no lhe manifestando que ser Me do Messias. Por isto deves guardar este segredo. Irs logo ao templo dar graas ao Altssimo por que to liberalmente te favoreceu com sua poderosa destra, e na porta urea encontrars Joaquim com quem conferirs estas mensagens.

-A ti, bendita do Senhor, quer sua grandeza ainda visitar e enriquecer com seus mais singulares favores. Na soledade te falar ao corao (Os 2,14) e dar origem lei da graa, formando em teu seio quela que h de vestir de carne mortal ao imortal Senhor, dando-lhe forma humana. Com o sangue desta humanidade unida ao Verbo, ser escrita a verdadeira lei de misericrdia (Hb9,ll).

Alegria de So Joaquim e Sant'Ana185. Para que o humilde corao de Sant'Ana no desfalecesse com a admirao e jbilo produzidos por esta embaixada do santo anjo, foi confortada pelo Esprito Santo. Assim, a ouviu e recebeu com grandeza de nimo e incomparvel alegria.Dirigi u-se logo ao templo dc Jerusalm onde encontrou S. Joaquim, como o anjo havia dito. Juntos deram graas ao Autor desta maravilha, oferecendo especiais dons e sacrifcios.Novamente iluminados pela graa do divino Esprito, e cheios de consolao divina, voltaram para casa. Iam falando sobre os favores que haviam recebido do Altssimo e como o santo arcanjo Gabriel se comunicara com cada um em particular, prometendo-lhes da parte do Senhor uma filha que seria muito ditosa e bem-aventurada.

Primeiro Livro - Captulo 13Primeiro Livro - Captulo 13

Nesta ocasio revelaram um ao outro como antes de tomarem estado de matrimnio, o mesmo santo anjo por ordem de Deus lhes mandara que se unissem e juntos servissem a Deus. Haviam guardado este segredo durante vinte anos, sem o revelar mutuamente, at que o mesmo anjo lhes prometeu o nascimento da filha.Fizeram novamente voto de oferec-la ao templo, e que todos os anos naquele dia, ali iriam pass-lo em louvores e aes de graas, oferecendo especiais sacrifcios e esmolas. Assim o cumpriram depois, com grandes cnticos de louvores ao Altssimo.186.Nunca revelou a prudente matrona, quer a So Joaquim, quer a qualquer outra criatura, que sua filha seria a Me do Messias. Durante toda a sua vida, o santo progenitor soube apenas que ela seria grande e misteriosa mulher. Nos ltimos instantes antes de sua morte, porm, o Altssimo lho revelou, como direi em seu lugar

Grande inteligncia me foi dada sobre as virtudes e santidade dos pais da Rainha do cu. A fim de chegar ao assunto principal no me demoro mais em falar sobre o que todos os fiis devem supor.

Revelao a Sant'Ana187.Depois da primeira concepo do corpo da Me da graa, e antes de criar sua alma santssima. Deus concedeu singular favor a Sanf Ana. Por modo altssimo e intelectual, teve uma viso de Sua Majestade, dele recebendo grandes inteligncias e graas, para prepar-la com graas especiais (SI 20, 4). Purificou-a, espiritualizou-a e elevou sua alma e esprito de tal modo que, desde aquele dia, nenhuma coisa humana a impediu de permanecer na presena de Deus com todo o

12- Adiante n" 669afeto de sua mente e vontade.Disse-lhe o Senhor nesta oca sio: - Ana, minha serva, Eu sou o Deus d Abrao, Isaac e Jac; esteja contigo minh luz e bno eterna. Criei o homem par elev-lo do p e faz-lo herdeiro de minhi glria e participante de minha divindade Ainda que nele coloquei muitos dons dando-lhe lugar e estado muito perfeito ele tudo perdeu por dar ouvidos serper te. S por minha vontade, esquecendo su ingratido quero reparar seus males, cun prir o que a meus servos e profetas promet e enviar-lhes meu unignito e seu Rederi tor.Os cus esto fechados, os anti gos pais aprisionados, impedidos de ver minha face e gozar o prmio de minh eterna glria. Deste modo, a propenso d minha infinita bondade est como coagid por no se comunicar ao gnero humane Quero j usar com ele de minha liben misericrdia, e dar-lhe a pessoa do etern Verbo para fazer-se homem, nascendo d mulher que seja me e virgem imaculad; pura, bendita e santa sobre todas as cria turas. Desta minha eleita (Ct 6, 8) e nic fao-te me.

Resposta de Sanf Ana

188. Os efeitos que estas pala vras produziram no cndido corao d Sant'Ana, no os posso facilmente expli car. Foi a primeira dos mortais a quem s: revelou o mistrio de que sua filhi santssima seria Me de Deus, e de seu seii nasceria a eleita para realizaro maior mist rio do poder divino. Convinha que assiri ela o conhecesse, pois a haveria de dar lu e criar, e deveria saber estimar o tesour que possua.Ouvi u com profunda humildade voz do Altssimo, e com submisso corainnPrimeiro Livro - Captulo 13Primeiro Livro - Captulo 13110110

respondeu: - Senhor, Deus eterno, prprio de vossa imensa bondade, e obra de vosso poderoso brao elevar do p a quem pobre e desprezado (SI 112,7). Reconheo-me, altssimo Senhor, indigna de lais misericrdias e benefcios. Que far este vil bichinho em vossa presena? Somente posso oferecer, em agradecimento, vosso mesmo ser e grandeza, e em sacrifcio, minha alma e potncias.Disponde de mim, Senhor, vossa vontade, pois a ela me entrego inteiramente. Eu quisera ser to dignamente vossa, como exige esta graa; mas que farei, pois no mereo ser escrava daquela que ser Me de vosso Unignito e minha filha? Assim o reconheo e confessarei sempre. Entretanto, aos ps de vossa grandeza, espero que useis comigo de vossa misericrdia, pois sois Pai piedoso e Deus onipotente. Tomai-me, Senhor, como me desejais, de acordo com a dignidade que me dais.189. Esta viso foi recebida por Sant'Ana num maravilhoso xtase, no qual lhe foram concedidas altssimas inteligncias das leis natural, escrita e evanglica. Conheceu como a divina natureza do Verbo eterno se uniria nossa, e como a humanidade santssima seria elevada ao ser de Deus, e outros muitos mistrios dos que seriam realizados na encarnao do Verbo divino. Com estas ilustraes e outros divinos donsde graa, o Altssimo a preparou para a concepo e a criao da alma de sua filha santssima e Me de Deus.Primeiro Livro - Captulo 14Primeiro Livro - Captulo 14112

CAPTULO 14

O ALTSSIMO REVELOU AOS SANTOS ANJOS O TEMPODETERMINADO PARA A CONCEPO DE MARIA SANTSSIMA. OS QUE NOMEOU PARA SEUS CUSTDIOS.Tudo foi feito para a glria de Deus

190. No tribunal da divina vontade, princpio necessrio c causa universal dc tudo o que existe, decretam-se c determinam-se todas as coisas que ho de ser. com suas condies e circunstncias, sem nada ser esquecido. Depois de estar tudo determinado, nenhum poder criado o poder impedir. Todos os orbes e seus moradores dependem deste inefvel governo, que a todos aode em colaborao com as causas naturais, sem jamais haver faltado nem poder faltar o mnimo necessrio.Tudo foi feito por Deus que o sustentar s por seu querer, e dele depende conservar a existncia que deu a todas as coisas, ou aniquil-las devolvendo-as ao nada de onde as tirou.Todavia, como tudo criou para glria sua e do Verbo humanado, desde o princpio da criao foi dispondo os caminhos a abrindo as sendas por onde o mesmo Verbo descesse a tomar carne humana. Viria conviver com os homens e ser O caminho para eles subirem a Deus, pro-curando-o, conhecendo-o, temendo-o, servindo-o, amando-o, para depois louv-lo e goz-lo eternamente.Criao de Maria191.Admirvel tem sido seu nome em toda a terra (SI 8,11) e enaltecido na plenitude e congregao dos santos, com os quais organizou um povo digno, do qual o Verbo fosse cabea.

Quando tudo estava na ltima e conveniente disposio que sua providncia quis estabelecer, chegou o tempo marcado para criar a maravilhosa mulher vestida de sol (Ap 12,1), aparecida no cu e que alegraria e enriqueceria a terra. Para form-la decretou a Santssima Trindade o que entendi e manifestarei com minhas curtas razes e pobres conceitos.

Maria, tipo da humanidade idealizada por Deus192.Ficou dito acima'11 que para Deus no h passado nem futuro, porque tudo v presente em sua mente infinita, e tudo conhece com um ato simplicssimo Transpondo-o, porm, aos nossos termos e modo de entender, dizemos que Ele reconsiderou os decretos que fizera para criar digna Me altura da encarnao dc

192.Verbo, porquanto o cumprimento de seus decretos infalvel.

Chegando o tempo oportuno e determinado, as trs pessoas divinas disseram em si mesmas: J tempo que comecemos a obra de nosso beneplcito, e criemos aquela pura criatura, que achar graa a nossos olhos acima de todas as outras. Dotemo-la com ricos dons e somente nela depositemos os maiores tesouros de nossa graa.- Todas as outras por ns criadas tornaram-se ingratas e rebeldes nossa

vontade opondo-se, por sua culpa, nossa inteno de que se conservassem no inicial e feliz estado em que criamos os primeiros homens. No sendo conveniente que nossa vontade falhe em coisa alguma, formemos em toda santidade e perfeio esta criatura, na qual no tenha parte a desordem do primeiro pecado.- Criemos uma alma segundo nossos desejos, fruto de nossas perfeies, prodgio de nosso infinito poder, sem ser ofendida nem tocada pela mcula do pecado de Ado. Faamos uma obra que seja objeto de nossa onipotncia, amostra da perfeio que destinvamos a nossos Filhos, e o alvo que pretendamos atingir na criao.-Visto todos haverem prevaricado na livre vontade do primeiro homem (Rm 5, 12), nesta nica criatura restauremos e concedamos o que, desviando-se de nosso querer, eles perderam. Seja imagem e semelhana unicamente de nossa Divindade e permanea em nossa presena por toda a eternidade, para a plenitude de nosso beneplcito e agrado.

-Nela depositaremos todas as prerrogativas e graas que, cm nossa primeira e condicional vontade, tnhamos destinado para os anjos e homens, se se tivessem conservado no primeiro estado. Se eles as perderam, renovemo-las nesta criatura acrescentando a estes dons outros muitos. Assim no ficar sem efeito o decreto que havamos estabelecido, mas ser cumprido com vantagem em nossa nica eleita (Ct 6, 8).

- J que tnhamos destinado o mais santo, o melhor, o mais perfeito e louvvel para as criaturas e elas o perderam, dirijamos o caudal de nossa bondade para nossa amada. Separemo-la da lei ordinria da formao de todos os mortais, para que nela no tenha parte a semente do inimigo. Quero descer do cu a seu seio e nele, com sua substncia, vestir-me da natureza humana.

O Verbo honra sua Me

193. justo e necessrio que a Divindade, infinita em bondade, repouse e se vistade matria purssima, limpa e jamais manchada pela culpa. Nem nossa equidade e providncia convm omitir o mais decoroso, perfeito e santo possvel, j que nada pode se opor nossa vontade.Sendo redentor e mestre dos homens, o Verbo que vai se humanar, fundar a lei perfeitssima da graa, e por ela ensinar a obedecer e honrar pai e me (Mt 15, 4), como causas segundas da existncia natural.Esta lei ser praticada, antes dc tudo pelo Verbo Divino com aquela que escolheu para Me, honrando-a e dignifi-cando-a com poderoso brao, omando-a com o mais admirvel, santo e excelente de iodas as graas e dons. Entre estes, o mais singular benefcio e a maior honra ser no sujeit-la malcia de nossos inimigos; por isto, ser livre da morte da culpa.

O Pai eterno e Maria

194. Na terra o Verbo ter me sem pai, como no cu tem pai sem me. Para que haja a devida proporo e consonncia entre chamar pai a Deus c me a esta mulher, queremos que haja a possvel semelhana c relao entre Deus e a criatura. Em nenhum lempo o drago possa gloriar-se,dc haversido superior mulher, aqum Deus obedeceu como verdadeira Me.Esta dignidade de ser livre da culpa c devida e conveniente a quem h de ser Me do Verbo. Para Ela ser a mais cslimvel c proveitosa, pois maior bem ser santa do que ser apenas Me. Contudo, sendo Me de Deus, lhe convm toda a santidade c perfeio.- A carne humana que Ele h de assumir deve ser segregada do pecado, pois havendo de redimir nela aos pecadores, no h de redimir sua mesma carne como a dos demais.Unida Divindade, esta carne h de ser Redentora, e por isto, de antemo, deve ser preservada. Para tanto j temos previsto e aceito os infinitos merecimentos do Verbo, nessa mesma carne e natureza humana. Queremos que por todas as etet nidades, o Verbo encarnado seja glorificad em sua humanidade, tabernculo que recc beu e gloriosamente habitou.

Maria ser isenta do pecado, mas ni do sofrimento195.- A me deste Homem-Deui ser filha do primeiro homem, mas quantn graa, singular, livre e isenta de sua culpa. Quanto natureza, h de ser perfeitssirru e formada com especial providncia.

-O Verbo humanado ser mestre de humildade e santidade, e para este firo sero meios convenientes os trabalhes que h de padecer. Confundindo a vaidad: e falcia enganosa dos mortais, escolhei para si esta herana como tesouro inestimvel a nossos olhos.

-Queremos que nessa herana1 participe tambm aquela que ser sua Me,, sendo nica e singular na pacincia e admirvel no sofrer. Com seu Unignito oferecer doloroso sacrifcio aceitvel j nossa vontade e de maior glria para Ela.

Revelao na viso beatfica196.Este foi o decreto que as trs divinas Pessoas manifestaram aos santoj anjos, exaltando a glria e venerao ds seus santssimos, altssimos e inescrutvei; desgnios.

Sua divindade espelho volunt rio e na prpria viso beatfica revela quando lhe apraz, novos mistrios ao bem-aventurados. Assim ostentou est nova demonstrao de sua grandeza, ri qual foi vista a ordem admirvel e a harmo nia to consonante de suas obras.Tudo foi conseqncia do qu dissemos nos captulos antecedentes ''quando, na criao dos anjos, o Altssimo lhes props a reverncia e reconhecimento da superioridade do Verbo humanado c de sua Me Santssima. Chegado j o tempo destinado para a formao desta Rainha, convinha que o Senhor, que tudo dispe com medida e peso (Sb 11, 21), no lhes ocultasse este mistrio.Os termos humanos e to limitados de que sou capaz, ho de forosamente obscurecer a inteligncia que o Altssimo me comunicou sobre to ocultos mistrios. Todavia, com minha limitao, direi o que puder dc quanto o Senhor manifestou aos anjos nessa ocasio.

Deus revela aos Anjos a criao de Maria

197. - Chegou o tempo - acrescentou Sua Majestade - determinado por nossa providncia, para fazer surgir a criatura mais agradvel e aceita a nossos olhos: a restauradora da primeira culpa da estirpe humana, aquela que esmagar a cabea do drago (Gn 3, 15); singular mulher que em nossa presena apareceu como um grande sinal (Ap 12,1), e que h de vestir de carne humana ao eterno Verbo.- Jchegou a hora, to feliz paraos mortais, de franquear-lhes os tesouros de nossa divindade e abrir-lhes as portas dos cus. Suspenda-se o rigor de nossa justia nos castigos que at agora temos imposto aos homens. Conhea-se a nossa misericrdia, enriquecendo as criaturas por merecer-lhes o Verbo Encarnado as rique-:as da graa e glria eterna.

SanfAna ser me de Maria

198. Tenha o gnero humano re-bntor, mestre, mediador, irmo e amigo que seja vida para os mortos, sade para os enfermos, consolo para os tristes, refrig-rio para os aflitos, descanso e companhia para os atribulados.-Cumpram-se as profecias de nossos servos, e as promessas que lhes fizemos de enviar-lhes o salvador que os redimisse.

-Para que tudo se execute segundo nosso agrado, demos princpio ao mistrio escondido desde a constituio do mundo. Escolhamos para a formao de Maria, nossa querida, o seio de nossa serva Ana, para que nele seja concebida, e depois criada sua alma ditosssima. Ainda que sua gerao e formao ho de ser pela ordem comum da natural propagao, seja diferente na ordem da graa, segundo a disposio de nosso imenso poder.

Deus confia aos Anjos a defesa e guarda de sua Me199. - J sabeis que a antiga serpente, depois de ter visto o sinal desta maravilhosa mulher, anda sondando a todas desde a primeira que criamos. Persegue com astcia e ciladas as que v mais perfeitas na vida e nas obras, pretendendo encontrar entre cias aquela que lhe h de pisar c esmagar a cabea (Gn 3, 15).Quando perceber esta purssima e inocente criatura e a reconhecer to santa, empregar todo o esforo para persegui-la, segundo o conceito que dela fizer.-A soberba deste drago ser maior que sua fora (Is 16,6), mas nossa vontade que desta cidade santa e tabemculo do Verbo encarnado, tenhais especial cuidado e proteo. Deveis guard-la, assisti-la, defend-la de nossos inimigos, ilumin-la, confort-la e consol

-la com digno cuidado e reverncia, enquanto for viadora entre os mortais.

poderosssimo, para executar vossas ma ravilhosas obras e mistrios, e em todos i em tudo cumpra-se vosso justssimo bene plcito.Os anjos tambm pediam a realizao da Encarnao200. A esta proposio do Altssimo, prostrados ante o real trono da santssima Trindade, todos os santos anjos mostraram-se submissos e prontos para cumprir seu divino mandato com profunda humildade. Em santa competio, cadaqual desejava ser enviado e se oferecia a to feliz ministrio. Entoavam novos cnticos de louvor ao Altssimo, por estar prxima a hora de se realizar, o que com ardentssimos desejos haviam suplicado durante sculos.Conheci, nesta ocasio, que desde aquela grande batalha travada no cu entre So Miguel e o drago com seus aliados (Ap 12,7); depois da qual estes foram lanados s trevas exteriores, e os vitoriosos exrcitos de So Miguel confirmados na graa e glria; comearam estes santos espritos a pedir o cumprimento dos mistrios da encarnao que ento conheceram. Nestas peties contnuas pcrseveraram, at a hora que Deus lhes manifestou o cumprimento de seus desejos e splicas.

Os anjos alegram-se por servir a Me de Deus

201. Por este motivo, esta revelao proporcionou aos espritos celestes novo jbilo e glria acidental. Disseram ao Senhor: - Altssimo e incompreensvel Senhor e Deus nosso, sois digno de toda reverncia, louvor e glria eterna e ns somos vossas criaturas formadas por vossa divina vontade. Enviai-nos Senhor

Os anjos escolhidos para o servio d< Maria202. Logo nomeou o Altssimt quais seriam empregados em to alto mi nistrio, e escolheu cem de cada um do nove coros, somando novecentos.Em seguida, nomeou outros doze para mais freqentemente a assistirem en forma corporal e visvel. Levavam dstico e emblemas da Redeno, e eram os doz guardas das portas da cidade referido pelo Apocalipse (Ap 21, 12), e dos quai falarei adiante na explicao daquele cap(3)tuloAlm destes, designou o Senho outros dezoito anjos dos mais superiores para que subissem e descessem por est mstica escada de Jac, com embaixadas d Rainha sua Alteza e do Senhor para Eli Muitas vezes os enviava ao eterno Pa para ser guiada em todas as suas ae pelo Esprito Santo, pois nenhuma prati cou sem seu divino beneplcito, mesm nas pequenas coisas. Quando no recebi especial ilustrao para se orientar, envi va estes santos anjos para apresentarei ao Senhor suas dvidas, seu desejo d fazer o mais agradvel vontade divina, saber o que lhe ordenava, como no decui so desta Histria diremos.

Os setenta serafins

203. Alm de todos estes santo anjos, assinalou o Altssimo outros setei ta serafins, dos supremos e mais prxim ao trono da Divindade. Deviam comunica

11 fse com a Princesa do cu pelo mesmo modo como entre si eles se comunicam, ou seja, pela iluminao que os inferiores recebem dos superiores. Ainda que era superior em dignidade e graa a todos os serafins, este favor foi concedido Me de Deus, porque ento era viadora e inferior a eles quanto natureza.Quando alguma vez se ausentava e ocultava o Senhor - como adiante vere-(4)mos - estes setenta serafins a iluminavam e consolavam. A eles confiava os afetos de seu ardentssimo amor e nsias pelo seu tesouro escondido. O nmero setenta, correspondeu aos anos de sua vida santssima que foram, no sessenta, mas, (5)setenta, como direi em seu lugarDentro desse nmero encontram-se os sessenta serafins figurados por aqueles sessenta valentes que, no captulo 3 dos Cnticos, se diz, guardavam o llamo de Salomo, escolhidos entre os mais fortes valentes de Israel, peritos na guerra, cingidos de espadas para defend-lo dos temores noturnos.204. Estes valorosos prncipes e capites da guarda da Rainha do cu, foram nomeados entre os supremos das ordens hierrquicas.Naquela antiga batalha travada no cu entre os espritos humildes e o I soberbo drago, haviam sido assinalados e armados cavaleiros pelo supremo Rei de toda a criao. Com a espada de sua virtude 1 e divina palavra pelejaram e venceram a Lcifer com todos os apstatas que o seguiram.Neste grande combate e triunfo, estes serafins distinguiram-se no zelo da honrado Altssimo. Como valorosos capites adestrados no amor divino, e nas-armas da graa que lhes foram dadas por virtude do Verbo humanado, defenderam tanto a honra de sua Cabea e Senhor como a de sua Me Santssima.Por isto. se diz que guardavam o tlamo de Salomo (Ct 3, 7) e lhe faziam escolta, tendo cingidas suas espadas naquela parte do corpo que significa a humana gerao. Lembra a humanidade de Cristo Senhor nosso, concebida no tlamo virginal com o purssimo sangue e substncia deste.

Mil anjos para a custdia de Maria205. Os outros dez serafins que restam para completar o nmero de setenta, foram tambm dos supremos daquela primeira ordem anglica. Contra a antiga serpente, manifestaram maior reverncia pela divindade e humanidade do Verbo e de sua Me Santssima, pois para tudo isto houve tempo naquele breve conflito dos santos anjos. Seus principais chefes foram condecorados com a honra de fazer parte do nmero dos custdios da Rainha e Senhora. Reunidos, somam o nmero de mil, entre serafins e os outros anjos de ordens inferiores. Com isso, esta cidade de Deus ficou superabundantemente guar-necida contra os exrcitos infernais.

So Miguel e So Gabriel206. Para melhor ordenar este invencvel esquadro, foi nomeado seu chefe o prncipe da milcia celestial, So Miguel, que embora no assistisse sempre com a Rainha, muitas vezes a acompanhava e se lhe manifestava.O Altssimo o incumbiu dealguns ministrios como especial embaixador de Cristo Senhor nosso, para atender guarda de sua Me Santssima.De igual'modo, foi nomeado o santo prncipe Gabriel, para do Eterno Pai descer com legaes e ministrios referen-l-n*s 678 c 728. >-Parlc III. n 742Primeiro Livro - Captulo 14Primeiro Livro - Captulo 14117117tes Princesa do cu. Isto foi quanio ordenou a Santssima Trindade para sua ordinria defesa e custdia.

Diferena entre os anjos

207. Esta escolha foi graa do Altssimo. Entendi, porm, que nela observou alguma ordem de justia distributiva. Sua equidade c providncia levou em considerao os atos e disposio com que os santos anjos aceitaram os mistrios, no princpio a eles revelados, sobre a encarnao do Verbo e os de sua Me Santssima.Reverentes divina vontade, manifestaram diferentes afetos e inclinaes aos mistrios que lhes foram propostos. No foi igual em todos a graa, a vontade e o sentimento.Uns inclinaram-se com especial devoo para a unio das duas naturezas divina e humana na pessoa do Verbo, velada nos limites de um corpo humano e elevada para ser cabea de toda a criao.Outros, admirados, comoviam-se de que o Unignito do Pai se fizesse passvel e tivesse tanto amor aos homens, que se oferecesse a morrer por eles.Outros distinguiam-se no louvor pela criao de uma alma e corpo humano de tanta excelncia, que fosse superior a todos os espritos celestiais, e dessa criatura tomasse carne humana o Criador d todos.De acordo com estes afetos como sua recompensa acidental, foram c santos anjos escolhidos para o servio d Cristo e de sua Me purssima, de mod semelhante como sero premiados com i respectivas aurolas, os que nesta vida s distinguem em alguma virtude, por exen pio, os doutores, as virgens, etc.

Distintivos dos anjos

208. Segundo estas diferena quando se manifestavam corporalmem Me de Deus, estes santos prncipes como direi adiante - ostentavam div sas. Representavam, umas a encarna outras a paixo de Cristo Senhor nossi e outras a mesma Rainha, sua grande e dignidade. A princpio Ela no as ei tendeu, porque o Altssimo ordenou estes santos anjos no lhe revelasse que viria a ser Me de seu Unignito a o tempo determinado por sua divir sabedoria. Apesar disso, sempre devei am tratar com Ela sobre estes mistrii da Encarnao e Redeno humana, pa afervor-la e inclin-la a pedi-las.Incapaz a lngua humana, insuficientes meus curtos termos e pai. vra.s. para manifestar to alta luz inteligncia.6- n"s 3Mc MS.

Primeiro Livro - Captulo 15118

Imaculada, sem pecado original.CAPITULO 15

A CONCEPO IMACULADA DE MARIA ME DE DEUS PELA VIRTUDE DO PODER DIVINO.209. A divina Sabedoria j preparara (udo para fazer surgir a Me da graa ilesa da mancha que contaminava toda a natureza. Estava completo o nmero dos antigos patriarcas e profetas, e estabelecidos os altos montes sobre os quais seria edificada esta mstica cidade de Deus (SI 86, 2).Com o poder de sua destra, reservara incomparveis tesouros de sua divindade para dot-la c enriquec-la. Para sua escolha, custdia e servio, estavam designados mil anjos fidelssimos sua Rainha c Senhora. Preparou-lhe uma estirpe real e nobilssima da qual descendesse, e escolheu-lhe pais perfeitssimos dos quais diretamente nascesse. Se naquele sculo houvera melhores e mais idneos, para serem pais daquela que o mesmo Deus escolhia por Me, os teriaeleito o Altssimo.Depois de haver anunciado aos dois santos, Joaquim e Ana, que teriam uma filha admirvel e bendita entre as mulheres, executou-se a primeira concepo, a do corpo purssimo de Maria.Quando se casaram tinh; Sant'Ana vinte e quatro anos e Joaquii quarenta e seis. Depois do matrimnk passaram vinte anos sem ter filhos, assim no tempo da concepo da tilha. contava a me quarenta e quatro anos, o pai sessenta e seis.Ainda que essa concepo realij zou-se pela ordem comum das demais, virtude do Altssimo lhe tirou a parte imperj feita e desordenada. Deixou-lhe apenas necessrio para a natureza administrar devida matria formao do corpo mai| perfeito que jamais houve, nem poder haver cm pura criatura.

Preparao dos pais

210. Preparou-os com abundantes graas c bnos dc sua destra, e os enriqueceu com todo o gnero dc virtudes, luz da divina cincia c dons do Esprito Santo.Natureza e graa na concepo de Maria211. Moderou Deus a naturezj dos pais c a graa antecipou-a, para que nJ ato no houvesse culpa nem imperfeio mas virtude e merecimento. O modo foir niiiiMi i ivru -capitulo l.s

natural e comum, porm, controlado, corrigido e aperfeioado com a fora da divina graa, para esta produzir seu efeito sem estorvo da natureza.Na santssima Ana resplandeceu mais a virtude do alto pela sua natural esterilidade. De sua parte, a cooperao foi milagrosa no modo e na substncia mais pura, porque sem milagre no poderia conceber. A concepo operada s pela ordem natural, no depende imediatamente de causas sobrenaturais, mas somente dos pais. Concorrem naturalmente para o efeito da propagao e tambm administram a matria com imperfeio e sem medida determinada.212, Nesta concepo, porm, ainda que o pai no fosse naturalmente infecundo, pela idade e temperana, j eslava com a natureza corrigida e quase nativa. Por isto, foi pela divina virtude imada, reparada e prevenida de modo ue pde agirde sua parte com toda perfeio e medida das potncias, e proporcionalmente esterilidade da me.Em ambos cooperaram a natureza e a graa; aquela controlada e apenas indispensvel e esta superabundante, poderosa, excessiva para sobrepujar a natureza, no a suprimindo, mas realan-do-a e melhorando-a por modo milagroso. Desta maneira foi notrio que a graa tomara por sua conta esta concepo, servindo-se da natureza apenas o indispensvel para que esta inefvel filha tivesse pais naturais.

SanFAna era estril; concebeu por milagre

213. O modo de superar a esteri-lidade da santa me Ana, no foi restituindo-lhe a natural capacidade que lhe faltava para conceber, para que assim restituda concebesse como as demais mulheres, sem diferena.O Senhor agiu sobre a potncia estril de outro modo mais milagroso, para que administrasse a matria natural da qual seria formado o corpo. A potncia e a matria foram naturais. Mas a maneira de agir foi por milagrosa interveno da virtu-de divina. Cessando o milagre desta admirvel concepo, permaneceu a me em sua antiga esterilidade para no conceber mais, porque nada foi tirado ou acrescentado sua natural incapacidade.Este milagre, parece-me, pode-sc explicar por aquele que operou Cristo Senhor nosso (Mt 14, 29) quando So Pedro andou sobre as guas. Para sustent-lo, no foi necessrio endurec-las nem transform-las em cristal ou gelo sobre o qual qualquer pessoa poderia andar, sem outro milagre do que o de endurec-las. Sem transform-la cm duro gelo, nelas agindo milagrosamente, pde o Senhor fazer que sustentassem o corpo do Apstolo.Primeiro Livro - Captulo 15Primeiro Livro - Captulo 15121121Passado o milagre, as guas permaneceram lquidas como estavam antes enquanto So Pedro andava sobre elas, tanto que cm certo momento comeou a afundar-se. Isto prova que, sem alterar sua natureza, o milagre se operou mediante uma influncia especial.

Na concepo de Maria a graa superou a natureza214.Muito semelhante a este. ainda que mais admirvel, ro o milagre de Ana, me de Maria Santssima, conceber.

Foram seus pais dirigidos pela graa, to abstrados da concupiscncia e deleite, que faltou aqui culpaoriginal o acidente imperfeito que ordinariamente acompanha a matria ou instrumento pelo qual se comunica. S existiu a matria des-pidade imperfeio, sendo meritria a ao.Por esta parte pde bem resultar sem pecado esta concepo, tendo tambm a divina Providncia assim determinado. Reservou o Altssimo este milagre somente para Aquela que seria sua digna Me. Sendo conveniente que, no essencial dc sua concepo, fosse engendrada pela ordem dos demais filhos de Ado, foi devido e convinientssimo que respeitada a natureza, com ela cooperasse a graa em toda a sua virtude e poder.Em Maria a graa deveria ostentar-se mais eficaz do que em Ado e Eva e toda sua descendncia, pois foram eles os causadores da corrupo da natureza com sua desordenada concupiscncia.

Perfeio do corpo de Maria215.Nesta formao do corpo purssimo dc Maria, andou to vigilante, ao nosso modo de ver, a sabedoria e o poder do Altssimo, que o plasmou com exato peso e medida, na quantidade e qualidade dos quatro humores naturais: sangneo, melanclico, fleumtico e colrico. A proporo perfeitssima desta compleio deveria ajudar, sem impedimentos, as operaes da alma to santa como a que animaria esse corpo.

Este milagroso temperamento foi depois, como o princpio e causa, em seu gnero, para a serenidade e paz que conservaram as faculdades da Rainha do cu durante toda a sua vida. Nenhum destes humores, lhe faria guerra nem contradio, nem predominaria sobre os outros, mas ajudavam-se e serviam-se reciprocamente, para a conservao daquele ordenadssime organismo, sem corrupo e deteriorao alguma.Jamais as sofreu o corpo de Maria Santssima. No lhe faltou nem lhe sobrou coisa alguma. Todas as qualidades e quantidades lhe foram sempre proporcionadas e justas, sem mais nem menos umidade ou secura do que a necessria para sua conservao; sem mais calor do que o bastante para sua defesa e combusto; sem mais frialdade do que a exigida para refrigerar e arejar os demais humores.

O corpo de Maria era extremamente sensvel216. Pelo fato de sua admirvel constituio, no deixou este corpo de sentir as inclemncias do calor, frio e demais influncias dos astros. Por ser mais medido e perfeito, tanto mais sentia qualquer excesso contrrio, por ter menos corri que dele se defender. Ainda que em to admirvel compleio, os contrrios achavam menos em que agir e alterar, contudo, pela sua delicadeza, era mais sensvel no pouco, que outros corpos no muito.

Primeiro Livro -Captulo 15122

niiijcitu uviu - cupiiuiu 1.1Aquele milagroso corpo em formao no ventre dc Sant'Ana. antes de ter alma no era capaz dc dons espirituais, mas o era para os dons naturais. Estes lhe foram concedidos por ordem e virtude sobrenatural, com tais condies como convinham para o singular fim a que se ordenava aquela formao, superior a qualquer ordem da natureza e graa. Deste modo, lhe foram dadas compleio e potncias to excelentes que a natureza, s por si, jamais poderia formar outras semelhantes.

Maria, mais perfeita que Ado e Eva217. Nossos primeiros pais, Ado e Eva, formados pela mo do Senhor com as condies convenientes a seu estado de inocncia e justia original, seriam superiores em excelncia aos seus prprios descendentes, caso os tivessem naquele mesmo estado, porque as obras produzidas diretamente por Deus so mais perfeitas.Semelhantemente, com mais excelente e superior modo, operou sua onipotncia na formao do corpo virginal de Maria Santssima. Empregou neleprovi-dncia c graa tanto maiores quanto esta criatura excedia, no somente aos primeiros pais que to logo haviam de pecar, mas ainda a todo o resto das criaturas corporais e espirituais.Ao nosso modo de entender, ps Deus maior ateno em compor aquele corpinho de sua Me, do que na criao de todos os orbes celestes e quanto eles encerram. Por esta regra se ho de comear a medir os dons e privilgios desta cidade de Deus, desde os primeiros alicerces e fundamentos sobre os quais comeou a se elevar sua grandeza, at chegar a ser a mais prxima e imediata da infinidade do Altssimo.Iseno do pecado e de sua concupiscncia218.Esta miraculosa concepo esteve absolutamente inatingvel ao pecado e sua concupiscncia. No tocou a Autora da graa, sempre distinguida e tratada com esta dignidade. Alm disso, seus pais ao conceb-la, receberam o controle da concupiscncia para que ela no se excedesse. No devia perturbar a natureza que, nesse caso, estava sujeita graa e apenas servia de instrumento ao supremo Artfice, senhor das leis. tanto da natureza como da graa.

Assim, desde aquele momento, j comeava a destruir o pecado e minar e abater a fortaleza daquele forte armado (Lc 11, 22), para derrub-lo e despoj-lo do que tiranicamente usurpara.

Desenvolvimento do corpo de Maria at a infuso de sua alma219.A primeira concepo do corpo de Maria Santssima sucedeu num domingo, correspondente ao dia da criao dos anjos, de quem seria rainha, senhora, superior a todos.

Para a formao e crescimento dos demais corpos so necessrios, segundo a ordem comum e natural, muitos dias para se organizarem e receberem a ltima disposio para neles ser infundida a alma racional. Dizem que para o sexo masculino se requerem quarenta e para o femininooitenta, mais ou menos, conforme o calor natural e organismo das mes.Na formao corporal de Maria Santssima, a virtude divina apressou o tempo natural, e o que em oitenta dias, ou nos que naturalmente eram necessrios, se haviade fazer, foi mais perfeitamente organizado em sete. Durante eles foi preparadoaquele milagroso corpo, como devido crescimento, no seio de Sant'Ana, para receber a alma santssima de sua filha, Senhora e Rainha nossa.

Criao da alma de Maria

220. No sbado seguinte a esta primeira concepo, fez-se a segunda, criando o Altssimo a alma de sua Me e infundindo-a em seu corpo. Surgiu no mundo a pura criatura mais santa, perfeita e agradvel a seus olhos, de quantas criou e criar at o fim do mundo e por suas eternidades.Empregou o Senhor misteriosa ateno em relacionar esta obra com a criao dos sete dias, referida no Gnesis.Realizando aquele simbolismo, sem dvida descansou, depois de haver criado a suprema criatura, com a qual dava princpio Encarnao do Verbo e a redeno do gnero humano. Para Deus e para as demais criaturas, este dia foi festivo e de repouso.

A alma de Maria foi criada num sbado

22E Por causa deste mistrio da concepo de Maria Santssima, ordenou o Esprito Santo que na santa Igreja o sbado fosse consagrado Virgem. Foi o dia em que lhe fez o maior benefcio, criando sua alma santssima e unindo-a ao corpo, sem resultar o pecado original nem efeito seu.O dia de sua conceio celebrado hoje na Igreja, lembra no o da primeira conceio do corpo, mas o da segunda, a saber, a infuso da alma. Desde esta conceio at a Natividade, esteve nove meses exatos no seio de Sant'Ana.Nos sete dias antes da infuso da alma, esteve s a matria organizando-se se dispondo pela virtude divina. Destl modo, a criao de Maria correspondeu I criao de todas as criaturas que formararfl o mundo em seu princpio e vem narrad por Moiss (Gn 1, 1).O instante da criao e infuso d alma de Maria Santssima, foi aquele n qual a beatssima Trindade, com maior afe to de amor do que quando refere Mois (Gn 1, 26), disse aquelas palavras: - Faa mos Maria nossa imagem e semelhan. nossa verdadeira Filha e Esposa, para M do Unignito da substncia do Pai.

Aparecimento de Maria, novo cu e nova terra222. Com a fora desta divin palavra e do amor com que procedeu d boca do Onipotente, foi criada e infundid no corpo de Maria Santssima sua alm. felicssima. /No mesmo instante encheu-a d graas e dons superiores aos dos mat altos serafins do cu, sem ter existido mo mento no qual se encontrasse despida o privada do amor amizade e luz de seu Cri ador.No pde toc-la a mancha e obs curidade do pecado original, mas achou-s em perfeitssima e suprema justia, superi or a de Ado e Eva ao serem criados.Foi-lhe tambm concedid perfeitssimo uso da razo, corresponden te aos dons da graa que recebia, a fim d no Ficarem um s instante inativos, ma para desde logo, produzirem admirvei atos de sumo agrado para seu Criador.Na inteligncia e luz deste grand mistrio confesso-me absorta. Enquanto corao, por minha incapacidade par explic-lo se desfaz em afetos de ad mi raa e louvor, minha lngua emudece. iuuchu Livro - capitulo 15Vejo construda e enriquecida a verdadeira arca do testamento, colocada no templo de me estril com mais glria que sua figurativa na casa de Obededon (2Rs 6,11-12), na de David e no templo de Salomo (3Rs 8, 6).Vejo edificado o altar no Saneia Sanctorum (Idem 6 a v. 16) onde ser oferecido o primeiro sacrifcio que vencer e aplacar a Deus.Vejo a natureza sair de sua ordem para ser ordenada. Vejo estabelecerem-se novas leis contra o pecado, no sendo observadas as comuns quer da culpa, quer da natureza, quer da mesma graa.Comea a existncia de novos cus e nova terra (Is 65, 17), sendo o primeiro deles o seio de uma humilde mulher. Nele concentra sua ateno a Santssima Trindade, assistem numerosos cortesos do antigo cu e mil anjos so destinados para fazer guarda ao tesouro de um animado corpozinho, do tamanho de uma abelhinha.

No se duvide da imaculada conceio223. Nesta nova criao ouo ressoar com mais fora aquela voz do Criador ao dizer, comprazendo-se na obra de sua onipotncia, que ela muito boa (Gn 1, 31).Com humildade, aproxime-se desta maravilha a fraqueza humana. Confesse a grandeza do Criador e agradea o novo benefcio concedido a toda a linhagem humana recebendo M Rcparadora. Terminem j os indiscretos /elos e porfias, vencidos pela luz divina.Se a bondade infinita de Deus. conforme me foi mostrado naconceio de sua Me Santssima, olhou para o pecado original com ira e repugnncia; se se gloriou de ter justa causa e oportuna ocasio para repeli-lo e vedar sua corrente; como ignorncia humana pede parecer bem o que a Deus foi to aborrecvel?

Efeitos em Sant'Ana224. No momento de infundir a alma no corpo desta divina Senhora, quis 0 Senhor que Ana, sua santa me, sentisse de modo altssimo a presena da divindade.Cheia do Esprito Santo, repleta interiormente de jbilo edevoo superiores a suas foras ordinnas, foi arrebatada num soberano xtase. Nele recebeu altssimas inteligncias de ocultos mistrios, e louvou ao Senhor com novos cnticos de alegria.Estesefeitoslheduraramatofim da vida. Foram, todavia, maiores durante os nove meses que trouxe em seu seio o tesouro do cu. Durante este tempo, esses benefcios foram-lhe renovados mais freqentemente e acompanhados pela inteligncia das divinas Escrituras e de seus profundos mistrios. mulherfelicssima! Chamem-te bem-aventurada, e louvem-te todas as naes e geraes do mundo!7 - A Escritora escrevia numa poca em que o privilcpu da imaculada cmccpco dc Mana. isenu do pecado origina), ainda era assunto dc controvrsias teolgicas. S cm IK54 oi definida dogma de l, quer di/cr. verdade revelada, da qual nau lcito duvidar

Primeiro Livro - Captulo 16126

CAPTULO 16

HBITOS DAS VIRTUDES COM QUE O ALTSSIMO DOTOU A ALMA DE MARIA SANTSSIMA. PRIMEIROS ATOS QUE DELAS PRATICOU NO SEIO DE SANT'ANA. A ME DE DEUS COMEA A ME DAR DOUTRINA PARA SUAIMITAO.Maria recebe as torrentes de graa

225. Dirigiu Deus a impetuosa corrente de sua divindade (SI 45,5), para alegrar esta mstica cidade da alma santssima de Maria. F-la brotar da fonte de sua infinita sabedoria e bondade, que O levara a depositar nesta divina Senhora, os maiores tesouros de graas c virtudes, jamais vistas e concedidas a qualquer outra criatura.A hora de lhos entregar em posse, foi o mesmo instante em que ela comeou a existir. Ento realizou o Onipotente, com plena satisfao e gosto o desejo que, desde a eternidade, conservava como suspenso at chegar o tempo propcio para satisfaz-lo. Assim o fez este fidelssimo Senhor, derramando na alma santssima de Maria, no instante de sua conceio, todas as graas e dons, em to eminente grau, como nenhum santo, nem todos juntos puderam receber, nem lngua humana pode explicar.As virtudes teologais

226. Como esposa que descia do cu (Ap 21, 2) foi adornada com todo gnero de hbitos infusos. No foi, porm, necessrio que desde logo os exercitasse todos, mas somente aqueles que podia e convinha ao estado em que se encontrava no seio materno.Em primeiro lugar, foram as virtudes teologais, f, esperana, e caridade que tm Deus por objeto. Exercitou-as imediatamente, conhecendo a Divindade por modo altssimo da f; todas as suas perfeies e infinitos atributos, a Trindade e a distino das Pessoas, sem que este conhecimento impedisse outro que recebeu do mesmo Deus, conforme logo direi.Exerceu tambm a virtude da esperana, que aspira a Deus como objeto de toda a bem-aventurana e ltimo fim. Aquela alma santssima logo se elevou com intensssimos desejos de a Ele se

X I'.it i que esle capilulo no cause cslranhc/a ao leitor, aconselhamos ler antes, j guisa ua dignidade de Me.Na longitude de seus dons e graas, e na latitude de seus mritos foi igual-sem falta nem desproporo. verdade que no pde medir-se com seu Filho Santssimo, com igualdade absoluta e matemtica. Cristo, Senhor nosso, era homem e Deus verdadeiro, enquanto Ela era pura criatura, pelo que, a medida a excedia infinitamente.Todavia, Maria Santssima teve certa igualdade de proporo com seu Filho. Assim como a Ele nada faltou do que lhe compelia como Filho verdadeiro de Deus, assim a Ela nada faltou, do que lhe era devido como a Me verdadeira do mesmo Deus.Deste modo, Ela como Me, e Cristocomo Filho, tiveram igual proporo na dignidade, graas, dons e merecimentos. Nenhuma graa criada teve Cristo, que tambm no estivesse, na devida proporo, em sua Me purssima.Primeiro Livro - Captulo 18Primeiro Livro - Captulo 18

A medida dos predestinados

279. Mediu a cidade com a cana at doze mil estdios (v. 16)".Esta medida de estdios com a qual foi medida Maria purssima em sua conceio, e o nmero de doze mil encerram altssimos mistrios.O Evangelista chamou estdios, a medida perfeita com que se mede a alteza da santidade dos predestinados. Esta grandeza depende dos dons de graa e glria que Deus, em sua mente e eterno decreto, disps comunicar-lhes por meio de seu Filho humanado. Tudo foi contado e deter-minado pela sua infinita equidade e misericrdia.Por estes estdios so medidos todos os escolhidos, suas virtudes e mritos. Infelicssimo aquele que no chegar a atingir esta medida, nem se ajustar com ela, quando o Senhor o medir!O nmero doze mil inclui todos os predestinados e escolhidos. Esto reunidos sob as doze cabeas destes milhares, os doze apstolos, prncipes da Igreja Catlica, assim como no captulo VII do Apocalipse (v.4) esto simbolizados pelas doze tribos de Israel. Todos os eleitos deveriam abraar a doutrina que os apstolos do Cordeiro ensinaram, como acima tambm disse na explicao deste captulo

Maria ultrapassa toda a criao reunida280. De tudo isto se deduz a grandeza desta cidade de Deus, Maria Santssima. Se a cada estdio damos pelo menos 125 passos, imensa pareceria uma cidade que tivesse doze mil estdiosAo ser medida Maria, Senhora nossa, pelos estdios com que Deus mede13-n"274

14-12.IIIIO estadias curicspundcm a 2.20(1 pMMM - (N. da T.l

aos predestinados, da altura, compriment e largura, de todos reunidos nada sobro A todos juntos igualou quem era Me mesmo Deus, Rainha e Senhora de todo e s nela pde caber mais do que no rest de toda a criao.

Firmeza das virtudes de Maria

281. "Mediu seu muro at cent e quarenta e quatro cavados com media de homem que de anjo" (v. 17). Esl dimenso do muro da cidade de Deus, n foi do comprimento mas da altura.Sendo os estdios do quadril; tero da cidade doze mil por doze mil, igua em todos os lados, era foroso que o mui fosse um pouco maior, principalmente r superfcie externa, para poder encern dentro de si toda a cidade.Enquanto a medida de cento quarenta e quatro covados quaisqut que fossem, seria pequena para muros c to extensa cidade, era bastante proporc onada para a altura destes muros qi constituam segura defesa para quem habitasse.Esta altura representa a segi rana que em Maria Santssin encontram todos os dons e graas, tant os de santidade como os de dignidad nela depositados pelo Altssimo.Para dar a entend-lo, diz que altura era de cento e quarenta e qua cvados, nmero divisvel, compreendei do trs muros: grande, mdio e pequen correspondentes s aes da Rainha e matria maior, mediana e menor. No qi nela houvesse coisa pequena, mas porqi sendo atos de matrias diferentes, tamb sua importncia o era. Uns atos eram mil grosos e sobrenaturais, outros eram < virtudes teologais, quer interiores, qu exteriores.15- 144 cvadtu dc (l.45cm cada. do M.KOm. (N.T.)Primeiro Livro - Captulo 18Primeiro Livro - Captulo 18150150A todas as aes deu tanta plenitude de perfeio que, nem pelas grandes deixou as pequenas de obrigao, nem por estas faltou s superiores. Realizou-as com to suprema santidade e agrado do Senhor, que se elevou medida de seu Filho santssimo, assim nos dons naturais como nos sobrenaturais.Estafoi a medidado homem-Deus, ) Anjo do grande conselho, superior a iodos os homens e anjos, excedidos, na ievida proporo, por Me e Filho.Prossegue o Evangelista:

\ humildade velava a grandeza de Maria

282. "E o muro era construdo k pedra de jaspe" (v. 18).Os muros de uma cidade so os primeiros a serem vistos por quem a v.A variedade dos reflexos, cores e sombras que contm o jaspe, material dos muros desta cidade de Deus, Maria Santssima, significa a inefvel humildade que acompanhava e encobria todas as graas e excelncias desta grande Rainha. Sendo digna Me de seu Criador, isenta de tola mcula de pecado e imperfeio, apareceu aos homens sob a sombra da lei comum dos demais filhos de Ado, sujeita s exigncias e penalidades da vida natural, como em seus lugares direi.Contudo, este jaspe c estas sombras, reais nas outras mulheres. Nela eram apenas aparentes e serviam cidade de inexpugnvel defesa. Por dentro era de purssimo ouro, semelhante a um vidro limpidssimo. Isto exprime que tanto na formao de Maria Santssima, como depois no decurso de sua vida inocentssima, jamais houve mcula (Ct 4, 7) que obscu-recesse sua cristalina pureza.A mancha ou sombra, ainda que seja de um tomo, que casse no vidro ao ser fabricado, nunca mais desapareceria. Seria sempre uma sombra em sua transparncia, claridade e pureza. Da mesma forma, se Maria Santssima em sua conceio houvera contrado a mancha ou sombra do pecado original, este sempre seria notado, e com esse defeito no poderia ser vidro puro e limpidssimo.Tampouco seria ouro puro, pois sua santidade teria tido a liga do pecado original a diminuir seus quilates. Pelo contrrio, foi de ouro e vidro esta cidade, porque purssima e semelhante Divindade.Primeiro Livro - Captulo 19Primeiro Livro - Captulo 19151151CAPTULO 19

LTIMA PARTE DO CAPTULO 21 DO APOCALIPSE, SOBRE A CONCEIO DE MARIA SANTSSIMA.283. O texto da ltima e terceira parte do Apocalipse, captulo 21, que estou explicando o seguinte:"E os fundamentos do muro da cidade eram ornados de toda a qualidade de pedras preciosas. O primeiro fundamento de jaspe; o segundo de safra; o terceiro de calcednia; o quarto de esmeralda; o quinto de sardnica; o sexto de srdio; o stimo de crislito; o oitavo de berilo; o nono de topzio; o dcimo de crispraso, o undcimo de jacinto: o duodcimo de ametista. E as doze portas eram doze prolas; e cada porta era uma prola, e a praa da cidade era de ouro puro, como vidro transparente. E no vi templo nela, porque o Senhor Deus onipotente e o Cordeiro o seu templo. E esta cidade no tem necessidade de sol, nem de lua, que a ilumine, porque a claridade de Deus a ilumina, e a sua lmpada o Cordeiro. E as naes caminharo sua luz. e os reis da terra lhe traro a sua glria e a sua honra. E as portas no se fecharo no fim de cada dia, porque ali no haver noite. Ser-lhe-o trazidas a glria e a honra das naes. No entrar nela coisa alguma contaminada, ou quem comete ahominaes ou mentira, mas somente aqueles que esto inscritos no livro da vida do Cordeiro " (Ap 21,19-27). At aqui chega o texto do captulo XXI que vou explicando.

Os alicerces da cidade de Deus

284. O Altssimo de Deus escolhera esta cidade de Maria para sua habitao, a mais apropriada e aprazvel que, fora de si mesmo, em pura criatura, poderia ter. No era muito que construsse os alicerces do muro de sua cidade com os tesouros de sua divindade e mritos de seu Filho Santssimo, adornando-os de todo gnero de pedras preciosas.Os muros de sua fortaleza e segurana; as pedras preciosas da sublime beleza de sua santidade e dons; os alicerces do muro, quer dizer, de sua conceio: tudo nela deveri a estar proporcionado entre si e de acordo com o altssimo fim para c qual fora edificada, a saber: Deus iria Nela habitar pelo amor e pela humanidade que recebeu em seu virginal seio.Tudo isto compreendeu e disse c Evangelista. Para Deus habitar em Maria como em fortaleza invencvel, exigia espeKnmeiro Livro - Caplulo 19Knmeiro Livro - Caplulo 19152152ciai dignidade, santidade e fortaleza. Da convinha que os fundamentos de seus muros - os primeiros princpios de sua Conceio Imaculada - fossem construdos com todo o gnero de virtudes cm grau eminentssimo, e dc tanta riqueza que no se encontrassem pedras mais preciosas para seus alicerces.ram, por no se haverem conservado no estado da inocncia.Alm de tudo isso, pelo fato de ser Me do Filho do eterno Pai descido s suas entranhas para destruir o imprio do mal, foi outorgado eminentssima Senhora participao no poder real do ser divino. Com este poder subjugava os demnios, e muitas vezes os enviava s cavernas infernais, como adiante direi.Jaspe: constncia, fortaleza e poder sobre o demnio

285. "O primeiro fundamento ou pedra era de jaspe", cujo matiz e solidez significam aconstncia c fortaleza infundida nesta grande Senhora, no momento de sua Conceio santssima.Com esta virtude ficou preparada para, no decurso de sua vida. praticar todas as virtudes com inabalvel magnanimidade e constncia. Estas virtudes e hbitos infundidos em Maria Santssima, no instante de sua conceio, foram simbolizados por estas pedras preciosas. Foram dotadas de singulares privilgios concedidos pelo Altssimo, que explicarei quanto me for possvel.Compreendendo o simbolismo, enlender-se- o mistrio dos doze fundamentos da cidade dc Deus. Com o hbito da fortaleza em geral, foi-lhe concedido especial domnio sobre a antiga serpente, e poder para vencer e sujeitar os demnios. Infundia-lhes tal espcie de terror que os afugentava, e grande distncia ainda a temiam, apavorados de se aproximarem dela.Foi liberalssima a divina providncia com Maria: no a incluiu nas leis comuns dos filhos do primeiro pai; livrou-adaculpa original e da sujeio ao demnio, conseqncia da culpa. Isentando-a de todos estes males, concedeu-lhe sobre os demnios o poder que os homens perde-

Safira: serenidade286. "O segundo safira". Esta pedra da cor do cu sereno e claro, e apresenta uns ponlozinhos ou tomos dourados e refulgentes. Significa a tranqilidade que o Altssimo concedeu aos dons e graas dc Maria Santssima para sempre goz-los. como cm cu inaltervel de serena paz, sem nuvens dc perturbao.Desta tranqilidade se lhes desprendiam, desde o instante de sua imaculada conceio, certos reflexos de divindade. Provinham da participao e semelhana de suas virtudes com os atributos divinos, em particular a imutabilidade, c da clara viso da divindade que muitas vezes recebeu., sendo ainda viadora, como adiante direiConcedeu-lhe o Senhor, com este dom singular, privilgio e virtude para comunicar calma e serenidade dc entendimento a quem. por sua intercesso. pedi-lo a Deus. Assim solicitaram e alcanaram os fiis, quando assaltados pelas agitadas tormentas dos vcios.

Calcednia: o nome de Maria287. "O terceiro calcednia". O nome desta pedra deriva-se da Calcednia, provncia onde encontrada.Primeiro Livro - Captulo 19Primeiro Livro - Captulo 195151Tem a cor do rubi, e noite brilha qual uma lanterna.O mistrio desta pedra simbolizar o nome de Maria Santssima e a virtude que ele encerra. Recebeu-o da provncia deste mundo onde viveu, chamando-se filha de Ado como os demais.Maria, pronunciado com acerto latino (Maria), significa mares, porque foi o oceano das graas e dons da Divindade. Com elas inundou o mundo atravs de sua conceio purssima, afogando a malcia do pecado e suas conseqncias. Desterrou as trevas do abismo com a luz de seu esprito, iluminado pelo farol da sabedoria divina.Correspondente a este fundamento, concedeu o Altssimo especial virtude ao nome santssimo de Maria. Afugenta as espessas nuvens da infidelidade e destri os erros da heresia, paganismo, idolatria e quaisquer dvidas sobre a f catlica.Se os infiis procurassem e invocassem esta luz, certo que muito depressa sacudiriam do entendimento as trevas de seus erros. Felizmente mergulhariam neste mar da Me de Deus, pela virtude que do alto lhe foi concedida para esse Fim.

Esmeralda: amabilidade

288. "O quarto fundamento esmeralda", cuja agradvel cor verde recreia e descansa a vista.Misteriosamente exprime a graa que Maria Santssima recebeu em sua conceio, para ser amabilssima e graciosa aos olhos de Deus e das criaturas. Jamais ofenderia seu santo Nome e memria, conservando em si mesma o verdor e vio da santidade, com as virtudes e dons que recebera.Correspondente a esta graa, deu-lhe o Altssimo poder para comunicar aos fiis devotos que a invocassem, a perseverana e constncia nas virtudes e amizade de Deus.

Sardnica: sofrimento e pureza

289. "O quinto sardnica" (v. 20). Esta pedra transparente e sua tonalidade aproxima-se do encarnado claro, ainda que seja composta de trs cores em gracioso conjunto: na parte inferior preto, no meio branco e na superior rosado.O mistrio desta pedra e suas cores, simboliza tanto a Me como seu Filho santssimo. O negroexprime, em Maria, a parte inferior e terrena do corpo escurecido pela mortificao e sofrimento; no de seu Filho santssimo, os tormentos sofridos pelas nossas culpas (Is 53,2). O branco significa a pureza da alma da virgem Me e a de Cristo, nosso bem. O rosado figura, em Cristo, adivindade unida hiposlaticamente humanidade. Em Maria, a participao do amor de seu Filho santssimo com os res-plendores da Divindade a Ela comunicados.Por este fundamento foi concedido grande Rainha do cu, interceder para que os frutos da Encarnao e Redeno fossem eficazes aos seus devotos. Para conseguirem este benefcio, alcana-lhes particular devoo aos mistrios e vida de Cristo Senhor nosso.

Srdio: amor de Deus290. "O sexto srdio". Esta pedra tambm transparente. Por imitar a clara chama do fogo, significou o dom concedido Rainha do cu, de em seuPrimeiro Livro - Caplulo 19Primeiro Livro - Caplulo 19154154corao, sempre arder a chama do divino amor. Este incndio nunca se apagou nem se interrompeu em seu peito. Desde o instante dc sua conceio, em que foi aceso este fogo, sempre cresceu e, no supremo grau possvel em pura criatura, arde e arder por toda a eternidade.Aqui foi concedido Maria Samssimaespccial privilgio paradispen-sar o influxo do Esprito Santo, seu amor e dons, a quem os pedir mediante sua intercesso.

Crislito: amor Igreja

291. "O stimo crislito". Esta pedra cor de ouro rcfulgente as-semelhando-se ao fogo, mais visvel noite que durante o dia.Simboliza o ardente amor que Maria Santssima teve Igreja militante, a seus mistrios e especialmente lei da graa. Este amor brilhou mais durante a noite que desceu sobre a Igreja, depois da morte de seu Filho Santssimo. Reful-giu no magistrio que esta grande Rainha desempenhou nos princpios da lei evanglica, e no fervor com que pediu seu estabelecimento e Sacramentos. Em tudo cooperou, - como em seus lugares direi - com ardentssimo amor pela salvao humana, tendo sido a nica que soube e pde fazer digno apreo da santssima lei de seu Filho.Dotada com este amor, desde sua imaculada conceio, e preparada para coadjutora de Cristo nosso Senhor, foi-lhe concedido este especial privilgio: alcanar, para quem a invocar, a graa de bem se dispor para a recepo dos sacramentos da santa Igreja, sem opor impedimentos a seus efeitos e fruto espiritual.Berilo: f e esperana

292. "O oitavo berilo", de cor verde amarelada, semelhante olivae muito brilhante.Representa as singulares virtudes da f e esperana comunicadas Maria Santssima em sua conceio. Acompanhava-as especial luz para empreender coisas rduas e superiores, como efetivamente realizou para glria de seu Criador.Foi-lhe concedido com este dom, comunicar a seus devotos fortaleza e pacincia nas tributaes e dificuldades. Dispensa aquelas virtudes e dons, por graa da divina fidelidade e assistncia do Senhor.

Topzio: casta virgindade

293. "O nono topzio". Esta pedra transparente, roxa e muito preciosa.Exprimiu a honestssima virgindade de Maria Senhora nossa, unida sua divina maternidade, dons que Ela estimou e agradeceu humildemente durante toda a vida. No momento de sua conceio, pediu ao Altssimo a virtude da castidade, prometendo guarda- Ia enquanto fosse viadora. Conheceu, ento, que esta rogativa lhe era concedida muito alm de seus votos e desejos, no apenas para ela, mas tambm para ser guia e mestra das almas virgens e castas, suas devotas. Por sua intercesso, alcanariam estas virtudes e a perseverana nelas.

Crispraso: esperana

294. "O dcimo crispraso", cuja cor verde, um pouco dourada.Smbolo da firmssima esperana

Primeiro Livro - Captulo 19156

realada pelo amor de Deus, concedida a Maria Santssima em sua conceio. Esta virtude foi inabalvel em nossa Rainha e comunicou s demais este mesmo efeito. Essa estabilidade fundava-se na constncia imutvel de seu generoso nimo em todos os trabalhos e ocorrncias de sua vida santssima, especialmente na morte e paixode seu benditssimo Filho. Com este benefcio, foi-lhe outorgado ser eficaz medianeira junto ao Altssimo, para obter aos seus devotos a virtude da firme esperana.

Jacinto: amor misericordioso295."O undcimo jacinto" de perfeita cor violcea. Neste fundamento encerra-se o amor pela redeno do gnero humano. Infundido em Maria Santssima desde sua conceio, era antecipadamente participado daquele que levaria seu Filho e nosso Redentor a dar a vida pelos homens.

Como este sacrifcio seria a origem da salvao dos pecadores e justificao das almas, com este amor que lhe durou toda a vida, foi concedido a esta grande Rainha, o privilgio de interceder por qualquer espcie de pecadores, por grandes e abominveis que fossem. Nem um sequer seria excludo do fruto da Redeno e justificao, se a invocasse fervorosamente, alcanando por esta poderosa Senhora e Advogada, a vida eterna.

Ametista: poder sobre o inferno296."O duodcimo ametista" de cor refulgente com reflexos violceos.

O mistrio desta pedra ou fundamento anlogo ao primeiro. Significa certo gnero de poder concedido MariaSantssima em sua conceio, contra a foras do inferno. Sentiam os demnic sair Dela uma fora que. mesmo sem su ao pessoal, os atormentava, caso qui sessem se lhe aproximar.Foi-lhe concedido este privilgi pelo incomparvel zelo desta Senhora et defender a honra e glria de Deus. Ei virtude deste singular benefcio, tem Mari Santssima particular poder para expelir c demnios dos corpos humanos, mediam a invocao de seu dulcssimo nome. el to poderoso contra estes espritos malig nos, que s de ouvi-lo ficam vencidos i aniquilados.Estes so, em resumo, os mister os dos doze fundamentos sobre os quai Deus edificou sua cidade santa, Marii Ainda que contenham muitos outros mi; trios a respeito das graas que recebei no possvel explicar tudo inteiramentt No decurso desta histria, porm, iro ser do manifestados, segundo a luz capacidade que Deus me conceder para c declarar.

Maria, porta do cu

297. Prossegue o Evangelista: "A doze portas so doze prolas, cada pon de uma prola" (v. 21).O grande nmero de portas nest cidade traduz que. por Maria Santssima: sua inefvel dignidade e merecimentos, i entrada para a vida eterna fez-se to feli quo gratuita. Era como devido excelr cia desta Rainha que nela se exaltasse i infinita misericrdia do Altssimo. Por El seriam abertos inmeros caminhos parai Divindade se comunicar e para todos o mortais entrarem em sua participao, casi quisessem passar pelos mritos e poderc sa intercesso de Maria Santssima.A grandiosidade, valor, formosura e preciosidade destas doze portas que eram de prolas, manifesta o valor da dignidade e das graas desta Imperatriz das alturas, e a suavidade de seu dulcssimo nome para atrair os mortais a Deus.

Conheceu Maria Santssima a graa que o Senhor lhe fazia de ser, atravs de seu Filho Unignito, medianeira nica do gnero humano, e dispenseira dos tesouros de sua divindade. Usando deste privilgio, soube a prudente e oficiosa Senhora tornar to preciosos e belos os mritos de suas obras e dignidade, que arrebata de admirao os bem-aventurados do cu. Assim, foram as portas desta cidade preciosas prolas, tanto para Deus como para os homens.

O interior de Maria

298. "Ea praa desta cidade era de ouro purssimo como vidro transparente" (v. 21).A praa desta cidade de Deus, Maria Santssima, seu interior, onde. como em lugar pblico, renem-sc as faculdades da alma. Ali se realiza o comrcio e as atividades da cidade da alma, com tudo o que nela entra pelos sentidos ou por outros caminhos.Esta praa, em Maria Santssima, foi de ouro lcido c purssimo, porque era construda de sabedoria c amor divino. Ali nunca existiu tibieza, ignorncia ou inad-vertncia; todos os seus pensamentos foram altssimos e seus afetos inflamados em imensa caridade.Nesta praa consultaram-se os mistrios altssimos da Divindade. Ali despachou-se aquele fiai mihi (Lc 1, 38) que deu princpio maior obra que Deus haja feito nem far jamais. Ali nasceram e foram ponderadas inumerveis rogativas para serem apresentadas no tribunal de Deus a favor da humanidade.Ali esto depositadas riquezas que bastariam para tirar da pobreza o mundo inteiro, se todos participassem no comrcio desta praa. tambm praa armada contra o demnio c todos os vcios, pois no interior de Maria purssima habitaram graas e virtudes que a tornaram terrvel contra o inferno, enquanto para ns so fora e virtude para venc-lo.

Deus em Maria, e Maria em Deus

299. "Na cidade no h templo porque o Senhor Deus onipotente e o Cordeiro o seu templo"(\. 22).Nas cidades, o templo destina-se ao culto d