missão fênix

Missão Fênix MIOLO 14X21.indd 2 06/06/2016 13:29:20

Roberto Cruz

TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA

São Paulo, 2016

MISSÃO FÊNIXA OUTRA GUERRA


Missão FênixCopyright © 2016 by Roberto CruzCopyright © 2016 by Novo Século Editora Ltda.

coordenação editorial

Vitor Donofrio

editorial

Giovanna PetrólioJoão Paulo PutiniNair FerrazRebeca Lacerda

aquisições

Cleber Vasconcelos

preparação

Lótus Traduções

diagramação

Nair Ferraz

revisão

Luiz Alberto Galdini

capa

Dimitry Uziel

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Cruz, RobertoMissão Fênix: a outra guerra / Roberto Cruz.Barueri, SP: Novo Século Editora, 2016.(coleção talentos da literatura brasileira. série esmeralda)

1. Ficção brasileira 2. Ficção policial I. Título. II. Santos, Alexandre

16-0541 cdd-869.3

Índice para catálogo sistemático:1. Ficção: Literatura brasileira 869.3

novo século editora ltda.Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – BrasilTel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323www.novoseculo.com.br | [email protected]

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.


Para o meu pai, que também sonhou em contar histórias.A todos aqueles que acreditaram em mim.Para minha família. Sou quem sou graças a vocês que fize-

ram parte da minha vida. Suas influencias, positivas ou negati-vas, me trouxeram até aqui, por isso: Muito Obrigado!

Dedicatória


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Dizem que escrever é um ato solitário. Que um autor para conseguir transferir para o papel exatamente o que sente e o que visualiza em sua mente, precisa isolar-se. E quem diz isso está coberto de razão! Escrever é, acima de tudo, aprender a ficar sozinho e ouvir o que está dentro de você. Mas publicar um livro é muito mais do que escrever, apesar deste ato ser parte fundamental em todo o processo.

Por isso, depois de uma longa caminhada, com muitos sonhos, tropeços e recomeços, é preciso agradecer a certas pessoas que fizeram companhia nos momentos em que eu emergia do meu mundo privado para a vida real.

Obrigado a todos os meus amigos, alguns que são tam-bém ex-colegas de trabalho, pela paciência em ouvir durante todos esses anos horas e mais horas intermináveis sobre como é bom ler, como é empolgante escrever e acima de tudo por incentivarem meu sonho! Vocês todos são demais!

Obrigado Alan, pela amizade, pela parceria, pelo irmão sem laços de sangue que é. Obrigado pelas horas e mais horas de paciência ouvindo minhas falas absurdas sobre os mais variados tipos de devaneios de um escritor meio perdido ao longo desses mais de dez anos. Quantas “geladas” não resolveram as questões de um livro? E quantas vezes não tentamos dominar o mundo?! Obrigado mesmo! Você é o irmão que escolhi para a vida!

Agradecimentos


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Obrigado Paulo, um excepcional amigo, amante dos li-vros que descobri há pouco mais de quatro anos e que foi de vital importância para eu seguir tentando. Paulo é uma das raras pessoas que tem o dom de escutar e precisar com exa-tidão onde achar uma brecha no texto. É um leitor atento e empolgante. É um leitor que incentiva quem escreve a querer melhorar sempre. Obrigado por me ouvir horas e mais horas falando sobre missões secretas e atentados terroristas, sem falar em dias cheios sobre a segunda guerra mundial! Ele foi o pri-meiro a ler o manuscrito.

Obrigado a minha família toda! Primeiro preciso agrade-cer pela paciência em deixar que eu vivesse a maior parte do tempo em meu mundo privado, onde as histórias acontecem. Sem vocês não estaria alcançando um sonho. Cada um de vocês foram e ainda são absurdamente importantes nesse pro-cesso todo. Todos são responsáveis pela formação que tenho como pessoa, como homem e como estudioso. Obrigado em especial à minha mãe, Elzira, por sempre acreditar em mim, como normalmente todas as mães fazem, mas você é minha mãe e você é especial e eu amo você!

Um obrigado enorme ao meu pai, Hélio, que infelizmen-te não está mais aqui para ver esse sonho realizado. Infeliz-mente ele nunca chegou a saber sobre ele, nos deixou muito cedo, mas transmitiu através dos seus genes a sede por livros, por conhecimento e a vontade genética de escrever. Pai, esse livro é para você que sonhou um dia em ser escritor, mas que infelizmente não teve as ferramentas para isso. Conseguimos!!!

E finalmente, um obrigado à editora Talentos da Litera-tura Brasileira por ter aceitado o desafio de publicar esse livro, em especial à Nair Ferraz, por me guiar nesse processo.


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Este livro é uma obra de ficção literária. Ele não tem ne-nhum compromisso com a realidade. Não há aqui nenhuma teoria da conspiração, apesar de algumas das mais difundidas pela internet estarem presentes em algumas partes do livro.

Muitos acontecimentos narrados aqui também são basea-dos em fatos reais. Nem preciso dizer exatamente quais foram, não é mesmo?!

Espero que você aprecie a leitura, e que consiga deter todos os perigos antes que seja tarde demais!

Boa leitura!

Nota do autor


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O barulho das turbinas dos aviões já fazia parte do ambiente. Jatos comerciais e Boeings de todas as companhias aéreas pousavam e decolavam do aeroporto do Galeão no Rio de Janeiro, também conhecido como Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Pelo vidro ele podia ver aeronaves taxiando pela pista, fazendo todos os procedimentos após uma ater-rissagem ou os que antecedem uma decolagem. Sua atenção estava no portão de desembarque internacional. Fazia três dias que ele estava de vigia ali. Olhou para o painel para visualizar os voos atrasados e fi cou contente em ver que mais um voo internacional estava aterrissando. Dirigiu-se até uma banca de jornal e comprou uma nova revista. Já era a terceira compra de revista ou jornal que ele fazia nas últimas horas. Teria de mu-dar o disfarce. Olhou em volta e deduziu que, caso quem ele esperava não chegasse neste voo, ele teria de comprar alguns remédios na farmácia ao lado para disfarçar.

Capítulo I


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Ele já estava extremamente irritado com tudo isso. Fazia três dias que estava de vigilância no aeroporto e o grupo que ele precisava vigiar de perto nunca aparecia.

Há quatro dias ele havia recebido informações da matriz de sua agência de que cinco alvos haviam embarcado em um voo de Moscou com destino ao Rio de Janeiro. Este grupo era de alto risco, e havia a possibilidade de estar envolvido – embora ele não conseguisse imaginar como – nos aconteci-mentos dos últimos dias no Rio. Eles nunca chegaram naquele voo oriundo de Moscou e muito menos nos outros tantos, mesmo que seus contatos dissessem sempre a mesma coisa: “Nossa informação é quente, eles foram para o Rio!”. O que o irritava era a espera indefinida.

–*–

Cinco dias atrás um avião de pequeno porte caiu em uma favela no Rio de Janeiro. Uma enorme bola de fogo subiu ao céu, tornando a imagem que se repetia vezes sem conta nos canais de TV muito impressionante. A quantidade de mortos em terra chegava a oitenta pessoas, entre crianças, adultos e idosos.

Por sorte ele estava com a namorada em uma praia e viu quando a explosão aconteceu. Michele saiu correndo para o trabalho, porque, mesmo sem ela imaginar que ele tinha co-nhecimento, depois dos acontecimentos de onze de setembro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) entra em estado de alerta sempre que ocorre um acidente aéreo. E era para lá que Michele se dirigia correndo pela praia, deixando, pensava ela, o namorado irritado e sem entender nada do que estava acontecendo.


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Bernardo só aguardou que o carro de Michele sumisse na próxima esquina e saiu correndo pela praia, entrando no seu carro e rumando em direção à explosão. Enquanto isso, ele sabia, seu colega estaria ouvindo e gravando todas as conversas relacionadas a isso nas mais diferentes esferas de poder. Para ele, um acidente de avião sempre era algo muito ruim, sempre desencadeava nele lembranças que ele gostaria de evitar.

Quando chegou à entrada da favela, o pânico era geral e sirenes de ambulâncias, dos bombeiros e da polícia eram ou-vidas por todos os lados. A cacofonia era generalizada e nin-guém percebeu quando ele entrou correndo favela adentro; havia tanta correria, que ninguém notou um estranho passan-do por eles como se estivesse fugindo do diabo. Conforme se aproximava do lugar da queda, o fogo tomava conta das casas, e as pessoas corriam gritando de um lado para o outro, ten-tando jogar água no fogo, que se espalhava tão rápido quanto um rastilho de pólvora.

Os gritos, o pânico, o cheiro, a visão, tudo remetia a suas piores lembranças, a lembranças que ele queria esquecer e que ele jurara nunca mais reviver. Com uma chacoalhada mental, ele se forçou a voltar ao que era importante. Com seus olhos treinados, procurou nos destroços do avião o prefixo da ae-ronave e fez uma anotação mental. Vasculhou com seus olhos, habituados ao caos, e já acostumados a procurar por provas em lugares assim, em busca de algo que justificasse a queda. Olhou para o céu e só o que via era o azul anil que costuma abençoar a cidade do Rio de Janeiro a maior parte do ano. Vistoriou tudo o que podia, sem chamar atenção, ajudou a carregar al-guns baldes d’água, sabendo que de nada adiantaria, e, depois


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de um tempo, esgueirou-se para fora da favela, voltando para seu centro de operações.

À noite, para total espanto de todo o país, o Comando Vermelho assumiu a autoria do ataque. Com ajuda de armamento militar roubado há poucos dias, eles haviam derrubado aquele avião para causar pânico e para exigir melhores condições, junto ao governo brasileiro, para os pre-sos nas penitenciarias decrépitas que coalham por toda a parte.

Bernardo não engoliu isso e achou que ali poderia ter algo muito maior. Começou a investigar, mas foi interrom-pido quando ordenaram que ele desse prioridade máxima a estes cinco alvos, e ficou de queixo caído quando ouviu seu contato dizer que eles poderiam ter algo a ver com a queda do avião.

–*–

Os passageiros cruzaram as portas automáticas e dirigiram--se ao posto de controle. Bernardo apurou todos os seus senti-dos e arregalou os olhos castanhos procurando por qualquer um dos cinco rostos que ele acabara decorando. Para sua total frus-tração, nenhum daqueles passageiros se parecia minimamente com os alvos, e isso já estava começando a deixá-lo preocupado. Praguejando, olhou para o painel e viu que o próximo voo in-ternacional só chegaria dali a quarenta e cinco minutos, por isso dirigiu-se para o estacionamento e jogou-se dentro do carro, deitando o banco para trás e fechando os olhos. Uma cicatriz no queixo pareceu refletir a claridade do dia.

Estava trabalhando sem parar nesses últimos dias, e estava esgotado. Parecia o tempo em que trabalhou no Iraque, ali ele ficara ainda mais tempo sob tamanha pressão. Precisava de mais alguém para ajudar no turno de vigia. As informações


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eram muitas, e, quando ele não estava no aeroporto, estava no centro de comando, ouvindo as gravações feitas por André, um sem-fim de pessoas diferentes dando suas versões e expli-cações sobre o acidente.

Como acontecia todas as vezes nos últimos dias, assim que fechou os olhos, ele viu o corpo de uma criança, que não devia ter mais de cinco anos, completamente carbonizado entre os destroços de uma casa ao lado de onde o avião havia caído. E, como se as imagens houvessem se programado, as lembranças de sua antiga vida retornaram, parecendo sincro-nizadas cronologicamente.


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