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ECONOMIA Newton Marques Todos Direitos Autorais Reservados - Catho Online - Newton Marques Material de Apoio do Curso Online Economia

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ECONOMIANewton Marques

Todos Direitos Autorais Reservados - Catho Online - Newton Marques Material de Apoio do Curso Online Economia

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Economia

APRESENTAÇÃO DO CURSO

Este curso tem o objetivo de capacitar os participantes a compreenderem os conceitos básicos de eco-nomia, considerando o Brasil e a sua relação com os outros países do mundo.

Inicialmente falaremos sobre os problemas fundamentais do país, abordando conceitos importantes que serão considerados no decorrer de todo o curso, tais como agentes econômicos, fatores de produção e mercado de bens e serviços.

Posteriormente discutiremos o fenômeno inflacionário, a política micro e macroeconômica, os indica-dores econômicos e sociais, a economia mundial, além de fazer uma viagem histórica sobre os planos econômicos que foram implantados no Brasil nos últimos vinte anos.

Você contará com um personagem no curso que tem a função de facilitar o seu aprendizado, tentando simplificar a linguagem e a explicação de termos técnicos utilizados, podendo dar sua opinião sobre diver-sos assuntos abordados, além de participar de um game que avalia, a cada módulo, a sua assimilação do conteúdo.

O curso foi elaborado com o intuito de atender à demanda de qualquer pessoa que tenha interesse em conhecer o funcionamento básico da economia e também para aqueles que possuem formação e atuação na área e que queiram rever questões e discussões de temas mais atuais.

Neste curso você terá a oportunidade de:

Saber o que são mercados de bens e serviços, dos fatores de produção, financeiro e de capital e cambial.

Entender os problemas fundamentais da economia.

Conhecer o que é o fenômeno inflacionário, sua definição, suas causas e conseqüências e sua metodologia de cálculo.

Entender como o governo e os agentes econômicos se preocupam com esse fenômeno e saber quais terapêuticas são utilizadas.

Conhecer os objetos da política macroeconômica e a utilização dos seus instrumentos monetá-rios, creditícios, cambiais e fiscais.

Entender por que as taxas de juros e de câmbio são elevadas e reduzidas para atingir a estabi-lidade econômica e o equilíbrio das contas externas e públicas.

Descobrir a importância dos indicadores econômicos e sociais para verificar o desempenho da economia e fazer comparações entre os diversos países.

Compreender o que é PIB e PNB.

Fazer uma análise da evolução dos planos econômicos do Brasil nos últimos vinte anos, discu-tindo a contribuição de cada um para a atual conjuntura econômica do país.

Entender a economia mundial por meio da conceituação dos blocos econômicos e do processo de globalização.

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Economia

SOBRE O AUTOR

Este curso foi desenvolvido por Newton Marques

Doutor e mestre em Economia pela Universidade de Pernambuco

Graduado em Economia pela Universidade de Brasília

Coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Regional de Economia do Dis-trito Federal

Funcionário de carreira do Banco Federal de Pernambuco desde 1976

Professor de Economia dos cursos de MBA da FGV Management – Núcleo de Brasília e do NP3 da Universidade de Brasília

Autor dos livros: Política Monetária e Dívida Pública no Brasil e Estrutura e Funções do Sistema Financeiro no Brasil

Algumas empresas que já participaram e aprovaram os projetos de Newton Marques:

Caixa Econômica Federal

Banco do Brasil

Conselho Regional de Economia do Distrito Federal

Banco Central do Brasil

Escola Nacional de Administração Pública

Secretaria do Tesouro Nacional

Secretaria do Orçamento Federal

Associação Brasileira de Orçamento Público

Associação de Bancos do Distrito Federal

Rádio CBN

Correio Brasiliense

Gazeta Mercantil

Jornal de Brasília

Jornal do Brasil

Embaixada do México

Banco Central de Cuba, Havana, Cuba

Câmara dos Deputados

Senado Federal

Secretaria da Receita Federal

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios

Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (AEUDF)

Centro de Ensino de Brasília (CEUB)

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Economia

MENSAGEM DO AUTORNEWTON MARQUES

Bem-vindo ao curso Economia

É um grande prazer tê-lo conosco neste oportuno desafio promovido pela Catho de oferecer apren-dizado sobre o funcionamento básico da economia de qualquer país, particularmente, do Brasil, sem o emprego desnecessário do uso e abuso do economês, dialeto típico dos economistas.

Trata-se de conteúdo adquirido com a experiência profissional ao longo de vários anos, tanto como economista com quase 30 anos de trabalho em instituição conceituada na economia, o Banco Central do Brasil, bem como atuando como professor de vários estabelecimentos de ensino de excelência (gradu-ação e pós-graduação) e como conselheiro, com atuação por mais de 15 anos no Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, além, é claro, da experiência acadêmica de mais de 20 anos em nível de mestrado e doutorado.

Com esta oportunidade, chegou o importante momento de compartilhar este conhecimento prático e teórico com profissionais que se interessem em conhecer o funcionamento do dia-a-dia da economia.

O curso persegue o objetivo de oferecer ensinamentos a distância sobre os conhecimentos básicos da economia, compatível com os recursos modernos disponíveis por meio da Internet, com diversas ilustra-ções, exercícios e questionamentos para fixação da aprendizagem.

Esperamos que você, após a realização deste curso com proficiência, tenha condições de entender, in-dependentemente da sua profissão ou ocupação, as noções básicas de economia ao ler jornais diariamen-te, ouvir rádios com noticiários diários e assistir a telejornais e entrevistas com autoridades públicas que tratem dos assuntos mais elementares sobre economia, como taxa de juros, taxa de câmbio, balanço de pagamentos, dívida externa e interna, déficit público, crescimento e desenvolvimento econômico, emprego e desemprego, salários, impostos e gastos do governo, globalização e economia internacional.

BOA SORTE E SUCESSO!

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Economia

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SUMÁRIO

Módulo 1 - Entendendo a Economia

1.1 - O que é Economia ......................................................................................................8

1.2 - Sistema Econômico ...................................................................................................10

1.3 - Microeconomia e Macroeconomia ............................................................................12

1.4 - Oferta e Demanda .....................................................................................................13

1.5 - Elasticidade ...............................................................................................................17

1.6 - Fluxos e Estoques .....................................................................................................19

1.7 - Participação do Estado na Economia .......................................................................21

Módulo 2 - Inflação

2.1 - O que é Inflação ........................................................................................................25

2.2 - Tipos de Inflação .......................................................................................................27

2.3 - Conseqüências da Inflação .......................................................................................29

2.4 - Controle da Inflação e Equilíbrio das Contas do Exterior .........................................33

2.5 - Sistema de Metas de Inflação ...................................................................................34

2.6 - Cálculo dos Indíces de Inflação ................................................................................36

Módulo 3 - Instrumentos de Política Econômica

3.1 - Políticas Públicas ......................................................................................................41

3.2 - Consumo e Investimento Privado e Público .............................................................43

3.3 - Política Monetária .....................................................................................................45

3.4 - Política Fiscal ............................................................................................................48

3.5 - Política Cambial ........................................................................................................50

Módulo 4 - Indicadores de Desempenho Econômico e Social das Nações

4.1 - Produto Interno Bruto ................................................................................................55

4.2 - Produto Nacional Bruto .............................................................................................57

4.3 - PIB ou PNB per Capita ............................................................................................58

4.4 - Indicadores de Concentração e Distribuição de Renda ...........................................59

4.5 - Carga Tributária ........................................................................................................62

4.6 - Índice de Desenvolvimento Humano e Social ...........................................................63

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Economia

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Módulo 5 - Economia Brasileira Contemporânea

5.1 - Retrospectiva Econômica .........................................................................................67

5.2 - Plano Cruzado ..........................................................................................................70

5.3 - Plano Bresser ..........................................................................................................73

5.4 - Plano Verão ..............................................................................................................75

5.5 - Governo Collor / Itamar Franco ...............................................................................76

5.6 - Plano Real ...............................................................................................................78

Módulo 6 - Economia Mundial

6.1 - Negociações Comerciais ..........................................................................................82

6.2 - Globalização .............................................................................................................86

6.3 - Vantagens e Desvantagens do Comércio Internacional ...........................................88

6.4 - Liberação dos Investimentos Estrangeiros ...............................................................90

6.5 - Desafios e Oportunidades para o Brasil ...................................................................92

Referências Bibliográficas .............................................................................................94

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Modulo 1´Economia

MÓDULO 1ENTENDENDO A ECONOMIA

Neste módulo você terá a oportunidade de conferir como muitas coisas que nos cercam têm a ver com o funcionamento da economia.

Você aprenderá, ao final deste módulo, sobre a escassez, ou seja, a limitação ou falta de abundância dos bens e serviços, os fatores de produção e suas remunerações, os agentes econômicos e o fluxo circular da renda ou do circuito econômico, o que são os mercados de bens e serviços, os fatores de produção, financeiro e de capitais e cambial, além de compre-ender os problemas fundamentais da economia.

1.1 - O que é economia

1.2 - Sistema econômico

1.3 - Microeconomia e Macroeconomia

1.4 - Oferta e demanda

1.5 - Elasticidade

1.6 - Fluxos e estoques

1.7 - Participação do Estado na economia

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Modulo 1´Economia

MÓDULO 1

ENTENDENDO A ECONOMIA

1.1- O QUE É ECONOMIA

Provavelmente você deve ler ou ouvir notícias sobre economia praticamente todos os dias. São assun-tos relacionados à economia brasileira e mundial, que sempre terão algum tipo de impacto na nossa vida pessoal e profissional. Alguns em maiores proporções, outros nem tanto.

Hoje em dia, desconhecer o funcionamento básico da economia tem um custo alto. Mexe no nosso bolso, no nosso emprego e de nossos familiares, e atinge desde a sua garantia e nível salarial até gasto com impostos e com bens e serviços.

A ignorância nesse assunto pode nos impedir até de exercer nossa cidadania, na administração de nossas finanças pessoais, além de dificultar que as empresas funcionem adequadamente. Deixamos de conhecer as dificuldades por que passam os países que sofrem com inflação descontrolada, desemprego, estagnação e má distribuição de renda, necessidade de se relacionar com o exterior sem que seja criada dependência, enfim. Conhecer tais conceitos refletirá diretamente no nosso dia a dia como cidadãos e como profissionais.

Economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo de bens e serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas.

Não se trata de uma ciência exata cujas leis ou proposições sejam passíveis de verificação ou de ex-perimentação em laboratórios e, por esta razão, embora os economistas estejam de acordo entre si sobre muitos fatos relativos a esta ciência, também discordam sobre muitos outros.

Vamos tentar entender a relação existente entre as necessidades humanas e a produção de bens e serviços.

As necessidades humanas são infinitas ou ilimitadas. Por sua própria natureza, o ser humano nunca está satisfeito com o que possui e sempre deseja mais. Roupas, carros, imóveis, alimentos etc. Ele está sempre comprando e renovando seus bens para suprir seus infinitos desejos e necessidades.

Por outro lado, os recursos produtivos com que a sociedade conta para efetuar a fabricação desses bens e serviços (a extensão de terra agriculturável e demais recursos naturais, o volume da mão-de-obra disponível para o trabalho e a quantidade de máquinas e equipamentos que a sociedade possui) têm ca-ráter finito ou limitado.

Observa-se aí uma grande contradição a ser analisada.

A contradição que acabamos de evidenciar nos remete a um outro conceito de economia: ela é também a ciência da escassez, uma vez que os recursos materiais e financeiros não são abundantes.

Por mais rica que seja a sociedade, por mais recursos produtivos de que disponha, os fatores de pro-dução sempre serão escassos para efetivar a fabricação de todos os bens e serviços que essa mesma sociedade deseja.

Impõe-se aí, tanto para a sociedade quanto para cada indivíduo, a questão da escolha. Explicando me-lhor: a sociedade terá que escolher quais bens e serviços deve produzir, da mesma forma que o cidadão também fará a escolha do que consumir, uma vez que conta com um determinado valor disponível para isso e não pode, obviamente, adquirir tudo o que quer ao mesmo tempo.

Caso esse problema não existisse, ou seja, se tudo fosse encontrado em abundância, a economia seria um assunto sem importância em todo o mundo.

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Modulo 1´Economia

A análise econômica de qualquer bem ou serviço, dos recursos físicos ou financeiros leva em con-sideração as quantidades de demandas e de ofertadas e os respectivos preços. Assim, combinando as quantidades e os preços ofertados com as quantidades e os preços demandados, teremos um mercado de fatores de produção, de mercadorias ou bens, de serviços, financeiro, de capitais, de crédito e cambial.

Vamos ver a seguir, do que é composto cada um desses mercados.

o mercado de bens ou mercadorias consiste na oferta e demanda de produtos físicos;

o mercado de serviços compreende a oferta e a demanda dos invisíveis, ou seja, dos serviços prestados à sociedade, como trabalho doméstico, ministrar aulas, prestar assessoria de informa-ções etc.;

o mercado financeiro consiste na oferta e demanda de recursos financeiros ou monetários de curto prazo, basicamente para aplicações financeiras;

o mercado de capitais compreende a oferta e a demanda de recursos para capitalização de empresas ou associações por meio de ações tanto pela captação como pela aplicação, em geral de médio e longo prazos;

o mercado de crédito consiste na oferta e demanda de recursos financeiros para o endivida-mento (consumo e investimento);

o mercado cambial consiste na oferta e demanda de moeda estrangeira, em geral dólar norte-americano, para fins de compra e venda de bens e serviços estrangeiros, bem como para realizar negócios entre os mercados financeiros nacional e internacional.

Como vimos anteriormente, os fatores de produção podem ser classificados, essencialmente, em três categorias:

Recursos naturais ou Terra: São os elementos da natureza suscetíveis de serem incorpo-rados às atividades econômicas. O volume desses recursos depende, entre outros fatores, da evolução tecnológica, pois ela determina a possibilidade de aproveitamento de matérias-primas e fontes de energia, do avanço da ocupação territorial, das facilidades de transporte e do levan-tamento de existências.

Mão de obra ou Trabalho: É a População Economicamente Ativa (PEA) da sociedade, ou seja, aquelas pessoas que estão em idade de trabalhar e que estão trabalhando ou procurando empre-go no mercado formal de trabalho. A PEA é constituída por empregados e desempregados.

Capital: É o conjunto de edifícios, máquinas, equipamentos e instalações de que a sociedade dispõe para efetuar a produção. Trata-se do estoque de capital da economia.

Os fatores de produção são muito importantes para as economias, pois é por meio da combinação de-les que se atinge a produção dos bens e serviços necessários para satisfazer as necessidades humanas.

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Modulo 1´Economia

1.2 - SISTEMA ECONÔMICO

Você sabia que o ciclo da cana-de-açúcar foi o primeiro sistema econômico no Brasil?

Pois é, a partir da fundação do primeiro engenho de cana por Martins Afonso de Souza em 1532 e por mais de dois séculos, o açúcar foi o principal produto brasileiro e a base de sustentação da economia e da colonização do Brasil a conviver, contribuir e resistir às mudanças sócio-político-culturais desse período.

Somente no século XVIII, com o surgimento do açúcar de beterraba, que o açúcar deixou de ser o prin-cipal produto nacional, passando então a ser exercido pelo café e alterando o quadro político-econômico da época em nosso país.

Vamos ver agora como funciona o sistema econômico atualmente.

O sistema econômico de uma sociedade demonstra a forma como ela está organizada para desenvol-ver as atividades econômicas, ou seja, as atividades de produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços.

Tendo em vista que as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos produtivos são limitados, como vimos anteriormente, qualquer sistema econômico terá que enfrentar três problemas básicos:

O que produzir?

Essa decisão é tomada em conjunto pelas unidades consumidoras e pelas unidades produtoras. O mecanismo de equilíbrio entre essas duas forças se dá no mercado, que determina os preços e as quan-tidades de bens e serviços.

Como produzir?

Essa resposta é dada pela concorrência entre os produtores, que deverão adotar uma combinação de fatores de produção que proporcione o menor custo.

Para quem produzir?

Essa resposta dependerá da quantidade de cada fator de produção utilizado e da contribuição de cada um deles para a efetivação da produção, ou seja, de sua produtividade. Isso está relacionado à distribui-ção dos recursos para a sociedade.

De uma forma simplificada, podemos dizer que uma economia de mercado é composta por dois agen-tes econômicos:

As unidades produtivas são as empresas produtoras de bens e serviços. Elas utilizam os fatores de produção (recursos naturais, trabalho e capital) que são cedidos a elas pelos seus proprietários em troca de remuneração, que é denominada renda.

As unidades consumidoras (os capitalistas que detêm a propriedade do capital, os assalaria-dos e demais trabalhadores que possuem o fator de produção de trabalho e as pessoas que são donas dos recursos naturais) utilizam a renda originária da cessão de seu uso para as empresas, para comprar os bens e serviços que elas produzem e satisfazem suas necessidades. O valor total destas compras é denominado dispêndio ou despesa.

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Modulo 1´Economia

Os fatores de produção compreendem a oferta e a demanda da mão-de-obra ou salários, o capital (industrial e financeiro) e os recursos naturais ou terra como já vimos anteriormente, além da tecnologia ou do conhecimento técnico.

A renda, ou seja, a remuneração paga pelas empresas pelo uso dos fatores de produção, é feita por meio de salários, lucros, juros, aluguéis e royalties, patentes ou marcas técnicas.

Vamos relembrar o que significa cada fator de produção.

O trabalho ou mão-de-obra é considerado fator de produção pois tem a função de contribuir como insumo na elaboração do bem ou serviço, combinado com os demais fatores e pode ser classificado como qualificado, semi-qualificado ou não-qualificado. Sua remuneração é pelos salários.

O capital tem a função de contribuir com máquinas ou equipamentos, bem como por meio de recursos financeiros para a elaboração do bem ou serviço após a combinação com trabalho, tecnologia e terra. Assume as formas de capital industrial ou físico, ou capital financeiro. A remu-neração do capital industrial se dá por meio da obtenção do lucro (receita descontada a despesa ou custo) e a do capital financeiro por juros.

Os recursos naturais ou terra são instalações ou espaços físicos que têm a função de contri-buir com o local para a elaboração do bem ou serviço, utilizando trabalho, tecnologia e capital. A sua remuneração se dá por meio de aluguéis.

A tecnologia ou conhecimento técnico permite desenvolver a melhor forma de elaborar o bem ou serviço, após ser combinado com trabalho, capital e terra. A sua remuneração se dá por meio de royalties ou patentes. Aqui vale registrar que os livros de teoria econômica costumam não incluir a tecnologia como fator de produção, deixando-a implícita no capital.

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Modulo 1´Economia

1.3 - MICROECONOMIA E MACROECONOMIA

Por que precisamos distinguir a micro da macroeconomia?

Inicialmente, é importante separá-las para evitarmos os falsos raciocínios e também para facilitar as várias etapas da produção, do consumo e da distribuição dos recursos físicos e financeiros da economia.

Microeconomia é o ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos, ou seja, o comportamento dos compradores e vendedores de tais bens, tais como o mercado de automóveis, de produtos agrícolas etc., enfim, a Teoria da Produção, da Firma e do Consumidor.

Os preços dos alimentos, dos combustíveis, dos aluguéis, das tarifas de energia elétrica, de água, de telefone, dos remédios, das consultas médicas e odontológicas, das entradas de cinema e teatro, entre outros, são problemas microeconômicos.

Macroeconomia é o ramo da Teoria Econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo ou os seus agregados, procurando identificar e medir as variáveis que determinam o volume da produção total, o nível de emprego e o nível geral de preços do sistema econômico, bem como a inserção do mesmo na economia mundial.

O que é problema macroeconômico é a inflação, que é o índice geral de preços, o qual depende da microeconomia e vice-versa.

Vejamos o caso da produção. A macroeconomia quer saber se o Produto Interno Bruto (PIB) vai cres-cer ou não, e seus componentes são os setores: primário (agropecuário), secundário (indústria) e terciário (comércio, serviços, transportes, governo e sistema financeiro).

Já a microeconomia se preocupa com a formação dos custos e das receitas da produção na maior de-sagregação possível, como por exemplo: nas firmas e indústrias do setor da indústria da construção civil, do setor agrícola, do setor mineral, dos bancos, do governo, do comércio, da indústria de alimentos, da indústria de automóveis, etc.

A questão microeconômica está relacionada com o estado natural dos negócios, ou seja, se o consumi-dor está insatisfeito com o preço ou com a qualidade de um bem ou serviço ele pode optar por comprá-lo ou não.

No caso do produtor, ele pode rever custos, estratégias de vendas, tomar decisão de continuar como está, rever seu negócio e até mesmo mudar de ramo ou encerrar sua atividade como empresário.

No caso da questão macroeconômica, as decisões econômicas estão intimamente associadas à for-mulação e execução das políticas públicas conduzidas pelo Estado, em especial a política econômico-fi-nanceira.

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Modulo 1´Economia

1.4 - OFERTA E DEMANDA

Para entendermos a questão da oferta e da demanda, primeiramente devemos entender o funciona-mento do mercado, que é o local onde estes conceitos são aplicados.

O mercado é o local onde se encontram os vendedores e os compradores de determinados bens e serviços.

Estabelece-se aí a troca entre os vendedores e os compradores: os vendedores disponibilizam seus produtos no mercado (oferta), enquanto os compradores decidem ou não por sua aquisição de acordo com suas necessidades (demanda).

Os economistas classificam os mercados em seis categorias:

Concorrência perfeita:

É um tipo de mercado caracterizado pelos seguintes fatores:

existe um grande número de pequenos vendedores e compradores

há livre entrada e saída de empresas no mercado

há transparência de tudo o que ocorre no mercado

existe mobilidade dos recursos produtivos

De uma maneira geral, na prática esse mercado não é facilmente encontrado, mas ele serve como paradigma para análise de outros mercados por ser o ideal.

Oligopólio:

É o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um gran-de número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do mercado.

Monopólio:

É o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor, podendo ser de dois tipos: legal ou técnico.

Ele é legal quando uma lei assegura a primazia do mercado e técnico quando a produção feita por uma única empresa é a forma mais barata de fabricação do produto.

Monopsônio:

É um mercado em que há apenas um único comprador.

Oligopsônio:

É o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de compradores ou ainda em que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena parte destes é responsável por uma par-cela bastante expressiva das compras ocorridas no mercado.

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Modulo 1´Economia

Concorrência monopolística:

É um mercado em que, apesar de haver um grande número de produtos, cada um deles é considerado monopolista do seu produto, já que este é diferenciado dos demais.

Essa diferenciação se dá pelas suas características, tais como qualidade, marca, padrão de acaba-mento, existência ou não de assistência técnica etc.

No caso do mercado monopsônio, vale ressaltar que esse exemplo é válido quando existe, por exem-plo, um número expressivo de pequenos produtores de leite e apenas uma grande usina onde este leite pode ser pasteurizado, sendo a única opção para os produtores.

Já no caso do mercado oligopsônio, as empresas têm um poder oligopsonista em relação à indústria de auto-peças, uma vez que é responsável por um grande volume das compras da produção desta última.

No caso da concorrência monopolística, os restaurantes são um bom exemplo porque o produto, no caso a comida, é diferenciado pela natureza (comida chinesa, japonesa italiana etc.), pela qualidade (boa, ruim, regular etc.), pelas instalações (luxuosas, simples etc.) e por vários outros fatores.

A demanda de um determinado bem ou serviço é dada pela quantidade que os compradores desejam adquirir num determinado período de tempo.

Essa demanda depende de alguns fatores:

Preço do bem: Essa é a mais importante variável. Se o preço for baixo, provavelmente o con-sumidor adquirirá maiores quantidades do bem do que se for considerado caro.

Aqui é importante definir também os bens inelásticos, que são aqueles que têm seu consumo insensível (ou pouco sensível) à variação de preços. Exemplos típicos são o sal e os medicamen-tos. O consumo de sal ou de remédio pouco depende da variação do seu preço, ou seja, se ele cai não significará que haverá aumento significativo do seu consumo.

Renda do consumidor: Embora o consumidor possa considerar atrativo o preço de um bem, ele pode não ter renda suficiente para comprá-lo.

Preço de outros bens: Se o consumidor deseja comprar manteiga, por exemplo, ele poderá olhar também o preço de outros bens como margarina ou requeijão. Ou ainda, se quiser adquirir arroz, poderá considerar também o preço do feijão.

Hábitos e gostos dos consumidores: Esta é uma das variáveis mais importantes, porque em-bora o preço de um bem esteja adequado e o consumidor tenha renda suficiente para comprá-lo, muitas vezes deixa de fazê-lo por não estar habituado ou condicionado ao seu consumo.

Vale comentar aqui o conceito de bens substitutos e complementares.

Os bens substitutos ou concorrentes são aqueles que surgem quando o consumo de um bem substitui o consumo de outro. Por exemplo: carne bovina e de frango, café e chá, gasolina e álcool. É importante destacar que a substituição não precisa ser total, basta o fato de ele comprar maiores quantidades de um bem implicando na redução de outro.

Os bens complementares são aqueles que são consumidos em conjunto. Por exemplo: pão e mantei-ga, arroz e feijão, leite e café. Da mesma forma, a complementaridade não precisa ser total, basta que o consumo de ambos seja associado de alguma forma.

Uma outra análise também importante em relação à demanda dos produtos é que a sua demanda re-sulta da ação conjunta ou combinada de todas as variáveis que citamos anteriormente.

Entretanto, para que se possa analisar o efeito na demanda de uma mudança no valor de uma variável considerada isoladamente, os economistas recorrem à hipótese do ceteris paribus, expressão em latim

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Modulo 1´Economia

que significa “tudo mais permanecendo constante”.

Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda de um determinado bem se o preço dele aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a demanda permane-çam com o mesmo valor, de modo que a variação da demanda seja atribuível exclusivamente à variação do preço.

Ainda em relação à questão da demanda, existem duas exceções à lei da procura.

A lei da oferta e procura é a mais conhecida da economia e, por isso, também é a mais “testada”. Assim, quando é “violada”, ou seja, quando o preço de um bem ou serviço se reduz e a quantidade não é aumen-tada, essa “lei” passa a ser criticada. Neste sentido, alguns analistas econômicos procuram se dedicar a explicar essas “exceções”. Surgem, assim, os estudos de casos pelos pesquisadores Sir Robert Giffen (1889) e Torstein Bunde Veblen (1857-1929), os quais contribuíram com seus nomes para esses casos específicos de “violação”: bens de Giffen e bens de Veblen.

Os bens de Giffen são os bens de pequeno valor, porém de grande importância no orçamento dos con-sumidores de baixa renda. Caso haja uma elevação em seus preços, seu consumo paradoxalmente tende a aumentar também, uma vez que, embora seu preço tenha sido aumentado, são ainda mais baratos que os demais bens.

Dessa forma, como após o aumento sobra menos renda ao consumidor, ele não poderá adquirir outros bens e acabará consumindo maiores quantidades do bem de Giffen.

Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório como obras de arte, jóias, tapeçarias e automó-veis de luxo, entre outros.

Como o objetivo de seu consumidor é mostrar aos outros que é possuidor de grande renda (e não o consumo do bem em si), quanto mais caros mais são procurados.

Vamos falar agora sobre a oferta de bens e serviços.

A oferta de um determinado bem ou serviço é dada pela quantidade que os vendedores desejam ofe-recer ao mercado por unidade de tempo.

Essa oferta depende de alguns fatores:

Preço do bem: Em primeiro lugar, os vendedores levarão em consideração o nível de preço do bem ou serviço no mercado.

Preço dos insumos utilizados na produção: Alterações nos níveis de preço das matérias-primas, dos combustíveis, da energia e de outros insumos terão como conseqüência alterações na quantidade a ser ofertada no mercado.

Tecnologia: Inovações tecnológicas que reduzam o custo de produção de um bem ou propi-ciem sua produção em maiores quantidades ao mesmo custo tornarão sua oferta mais abundan-te.

Preço de outros bens: O agricultor, por exemplo, ao considerar quanto produzirá de milho, levará em conta não apenas o preço do mesmo mas também o preço de uma cultura alternativa tal como a do feijão.

Da mesma forma que a demanda, a oferta de mercado resulta da somatória das ofertas individuais de cada produtor. A análise da oferta mostra que, quanto maior for o preço de um bem, maior será a quanti-dade que os produtores desejarão oferecer ao mercado.

A oferta e a demanda podem ser individual ou agregada tanto por parte dos consumidores quanto dos produtores.

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Modulo 1´Economia

Ao conhecermos o que é, qual o significado e a importância da oferta e da demanda agregada, ideali-zamos a preocupação dos formuladores de política econômica para decidirem sobre os instrumentos de política a serem utilizados para controlar a inflação ou a deflação.

Inflação Acontece quando a demanda agregada por bens e serviços excede a oferta agre-gada por bens e serviços.

Deflação Acontece quando a oferta agregada por bens e serviços excede a demanda agre-gada por bens e serviços.

A oferta agregada representa a soma de todos os componentes que impactam a capacidade produtiva ou instalada da economia, ou seja, do lado da produção de bens e serviços da economia, em unidades monetárias. Esses componentes são:

gastos de consumo privado, poupança privada, receita pública em todos os níveis e gastos com importação de bens e serviços.

A demanda agregada representa a soma de todos os componentes que impactam a procura por bens e serviços da economia de um país. Os seus componentes são:

gastos de consumo privado, investimentos totais, gastos ou despesas públicas e exportações de bens e serviços.

A preocupação com relação aos níveis de demanda e oferta agregada por bens e serviços da economia existe porque essa é uma questão que reflete no desequilíbrio macroeconômico provocando inflação e/ou conseqüências sobre as contas externas ou do balanço de pagamentos.

Dessa forma, o Governo tem o papel de atuar sobre a demanda ou dispêndios por bens e serviços, bem como sinalizar ao setor privado com relação ao futuro.

São elaboradas políticas monetária, fiscal e cambial, acreditando-se que, com isso, os alvos da econo-mia serão atingidos com vistas ao equilíbrio do bem-estar da sociedade.

Muitas pessoas acham que o aumento dos salários provoca inflação.

Isso é uma falácia, ou seja, é um pensamento incorreto, pois o aumento salarial de acordo com a pro-dutividade média do trabalho não provoca inflação.

Isso somente ocorrerá se provocar o aumento do poder de compra de forma a não ser correspondido pela oferta dos bens e serviços. Ou seja, precisa ser um aumento bastante expressivo que aumente a possibilidade de o indivíduo comprar mais do que habitualmente compra.

Uma outra falácia diz respeito à inflação e ao crescimento econômico de um país.

Existe uma taxa natural de crescimento econômico que se baseia na capacidade instalada da produ-ção (máquinas, equipamentos etc.). Caso essa taxa supere seu nível normal, ocorrerá a inflação. Dessa forma, para ter menor inflação é preciso reduzir a taxa de crescimento econômico.

É preciso, então, ter uma melhor distribuição da capacidade instalada de produção da economia, bem como deve haver uma política de distribuição de renda por meio de políticas econômicas, pois só assim é possível controlar a inflação.

A “taxa natural” de crescimento econômico é aquela compatível com o aumento da capacidade insta-lada ou produtiva da economia (também conhecida como oferta agregada de bens e serviços), ou seja, se o poder de compra da sociedade cresce ou reduz a taxas atípicas (elevadas, por exemplo) além ou aquém da resposta oferecida pelos agentes econômicos que compõem a oferta, provocará desequilíbrios macroeconômicos (inflação e desajustes nas contas externas).

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Modulo 1´Economia

1.5 - ELASTICIDADE

Na teoria econômica, o termo elasticidade significa sensibilidade.

Esse conceito possibilita o entendimento das variações ocorridas nas quantidades demandadas e ofer-tadas de um bem ou serviço em relação às mudanças de seus preços.

Exemplo

Se a quantidade demandada de gasolina reduz mais de 1% quando há aumento de 1% do preço da gasolina, podemos dizer que esse bem é elástico ou sensível à variação de preços, ou seja, os consumidores diminuirão significativamente a quantidade procurada.

Se a quantidade demandada de arroz aumenta menos de 1% quando há aumento de 1% do preço do quilo do arroz, podemos dizer que esse bem é inelástico ou insensível à variação de preços, ou seja, os consumidores mudarão muito pouco a quantidade procurada mesmo que o preço se eleve.

Além desses conceitos, existe também o caso da elasticidade unitária, que funciona da seguinte for-ma:

Vamos imaginar uma empresa que próximo ao verão faz uma liquidação de suas peças de inverno. Se a redução do preço dessas peças provocar exatamente igual aumento da quantidade demandada, pode-mos dizer que temos uma elasticidade unitária.

Da mesma forma, se a elevação do preço do bem provocar exatamente igual redução da quantidade demandada, a mesma situação fica configurada.

Conhecer as elasticidades dos bens e serviços permite conhecermos os impactos de elevação ou redução de tributos no preço final deles, bem como a influência dos preços do mercado internacional nos preços domésticos.

Dessa forma temos a elasticidade-preço da demanda e da oferta por um bem ou serviço, a elasticidade-renda da demanda e da oferta por um bem ou serviço, a elasticidade-substituição de um bem por outro, a elasticidade-juros da demanda da moeda etc.

Vamos entender um pouco sobre cada tipo de elasticidade.

A elasticidade-preço da demanda de um bem ou serviço é o resultado da variação da quanti-dade demandada quando há variação do preço do bem ou serviço. Idem para o caso da oferta de um bem ou serviço. É útil para analisar a sensibilidade dos consumidores como resultado da es-cassez ou excesso de oferta ou demanda de um bem ou serviço após a variação no seu preço.

A elasticidade-renda da demanda de um bem ou serviço é o resultado da variação da quanti-dade demandada de um bem ou serviço quando há variação da renda do consumidor. Idem para o caso da oferta de um bem ou serviço. É útil para analisar a escassez ou o excesso de oferta de um bem ou serviço quando há mudança no nível de renda dos consumidores.

A elasticidade-substituição de um bem ou serviço X por Y mostra o resultado (complementa-ridade ou substitubilidade do bem ou serviço) da variação da quantidade demandada do bem ou serviço Y, quando há variação do preço do bem ou serviço X. Se há forte movimento dos consu-midores pela troca de X por Y, mostra substitubilidade, se não, há complementaridade.

A elasticidade-juros da demanda de moeda mostra a variação da demanda de moeda quando

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há variação da taxa de juros. Quanto mais sensível, mais elástica; quanto menos sensível, mais inelástica. É útil para analisar a política monetária e de crédito com vistas a exigir contingencia-mento de crédito por meio de prazo, magnitude e seletividade.

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Modulo 1´Economia

1.6 - FLUXOS E ESTOQUES

No circuito econômico, é importante para a análise econômica conceituarmos o que são fluxos e esto-ques utilizando-se de variáveis, uma vez que eles sempre estão em mutação.

As variáveis econômicas como salários, renda, poupança, investimento, consumo, receitas e gastos públicos, dívida externa, dívida pública, etc., são importantes para a análise econômica desde que concei-tuados adequadamente em variáveis-fluxo e variáveis-estoque.

Assim, se há necessidade de analisar as contas públicas, é preciso saber por que é que tem se elevado o estoque da dívida pública. Deve-se analisar o fluxo do déficit público, pois é um dos principais respon-sáveis pelo aumento do estoque, uma vez que somente tem sentido econômico calculá-lo mês a mês, ou seja, sem cumulatividade, principalmente porque por um lado é derivado da variação do estoque ou saldo, por outro porque mostra impactos diferenciados mês a mês no estoque ou saldo da dívida pública, ora é causa, ora é efeito ou conseqüência.

Vamos imaginar a seguinte situação:

Tem-se um reservatório de água com capacidade de 1 milhão de litros. Como é possível atingir esse estoque se o fluxo de água que o abastece tem a vazão de 10 litros/minuto?

Não importa a solução dada para o problema apresentado, uma vez que não somos especialistas nesse assunto. Mas essa ilustração é interessante para mostrar que é muito importante, para obtermos adequada análise econômica, distinguirmos os fluxos dos estoques.

Essa distinção é importante para explicarmos as variáveis que são relevantes para as análises econô-micas. Para facilitar a sua compreensão sobre fluxos e estoques, vamos utilizar um exemplo: o salário.

Não tem sentido econômico acumular o total de salários desde que uma pessoa começou a trabalhar, uma vez que esse valor foi feito para gastar e poupar em dado período de tempo e não ao longo de perí-odo de tempo.

O sentido econômico, nesse caso, é importante para saber se o seu gasto foi para endividar-se ou para poupar. Os salários somente têm importância econômica se forem medidos por dia, semana, quinzena ou mês.

Resumindo, o estoque é algo que só tem sentido econômico quando medido ao longo de determinado ponto do tempo (por exemplo, o meu estoque de riqueza desde que comecei a trabalhar é de R$ x), en-quanto o fluxo somente tem importância econômica quando medido por unidade de tempo como dia, hora, mês, ano (por exemplo, a renda de um país).

O estoque é algo importante quando mensurado ao longo do tempo. Portanto, devemos classificar dessa forma os itens riqueza, patrimônio pessoal, saldo de poupança e divida externa.

Os demais itens devem ser classificados como fluxo, pois a mensuração deve ser feita em períodos de tempo menores

Para finalizar o estudo sobre fluxos e estoques, é importante comentarmos também a questão do fluxo circular, que é a relação existente entre os recursos físicos e financeiros. Observe o esquema.

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Modulo 1´Economia

A análise nos permite entender o fluxo das mercadorias e dos serviços produzidos, consumidos e dis-tribuídos entre os agentes econômicos: famílias e empresas.

As famílias alugam seus serviços (mão de obra, imóveis e recursos) às empresas ao mesmo tempo em que compram bens e serviços delas ou tomam dinheiro emprestado por meio da intermediação financeira. Já as empresas pagam pelos serviços e recebem pela venda dos seus bens e serviços.

Dessa forma, observa-se aí uma constante troca de recursos físicos por financeiros, criando empregos e renda para a economia do país. Trata-se da economia fechada, sem a participação do governo e do exterior.

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1.7 - PARTICIPAÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

Você sabe diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento econômico?

Parecem termos semelhantes, mas as definições são diferentes. Veja:

Crescimento econômico é o aumento quantitativo de tudo o que é produzido de bens e serviços de uma economia. Já desenvolvimento econômico é o aumento qualitativo do nível de vida da população, ou seja, a redução do analfabetismo, a melhoria dos serviços de saúde, a proteção ao meio ambiente, a maior expectativa de vida etc.

Vamos ver agora qual o papel do Estado na economia de um país.

Nos últimos trinta anos há uma grande discussão por parte dos economistas em relação ao papel do Estado na economia. Uns acreditam que ele só atrapalha, outros acreditam que sua participação deveria ser maior.

Essa participação está relacionada com as políticas públicas porque, quando a economia cresce, o Estado tem que diminuir sua participação e vice-versa, pois, caso contrário, a política econômica não caminhará para o crescimento.

A grande questão que se coloca é o padrão de financiamento desses gastos sociais ou despesas pú-blicas por parte do Estado. Assim, no auge do ciclo econômico (quando se atinge a máxima capacidade produtiva), ele deve liberar recursos (liberar mão-de-obra, reduzir impostos e gastos etc.), da mesma forma que na depressão econômica ele deve gerar demanda, uma vez que os instrumentos monetários utilizados pelo Banco Central (operações de mercado aberto, depósitos compulsórios e redesconto de liquidez) são incapazes de reativar as economias.

Mas por que será que existe essa divergência quanto ao papel do Estado na economia?

O problema das economias capitalistas está na produção, no consumo e na distribuição da renda ou dos recursos físicos e financeiros, ou seja, elas não sabem quanto devem produzir.

Economias capitalistas são atraídas pelos preços. Logo, se o preço é bom elas produzem, caso con-trário, elas não produzem, diminuem a produção ou até mesmo mudam de ramo. Isso está errado, porque existem oscilações constantes na oferta e na demanda dos bens e serviços e é preciso consumidores, massa salarial e renda para demandá-los.

É preciso priorizar o crescimento econômico do país, pois só assim se pode absorver a mão-de-obra desocupada, subocupada ou em vias de ingressar no mercado de trabalho. É preciso aumentar a taxa de investimento da economia, ou seja, a capacidade produtiva, e conseguir recursos internos ou externos para elevar a taxa de poupança para que o sistema financeiro possa intermediar esses recursos para os agentes econômicos (famílias, empresas, governo) que precisam consumir e investir.

As políticas públicas (monetária, fiscal, cambial e de rendas) servem para sinalizar ao setor privado, de forma que façam os seus planejamentos de vendas e de consumo adequadamente.

As funções clássicas do Estado são:

alocação de bens públicos;

correção das distorções provocadas por situações não-concorrenciais;

atuação sobre as externalidades negativas e positivas, que são economias produzidas sem que outros tenham interesse em participar, podendo trazer benefícios ou prejuízos àqueles que não participam do processo;

redistribuição de renda feita por meio de políticas tributárias (partição das rendas entre os ní-veis federal, estadual e municipal), fiscal (ação da arrecadação e nos gastos públicos), creditícia (ações para direcionar e ofertar crédito), comercial (estimular ou não a política externa do país

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para o comércio internacional) e industrial (orientação por ações e incentivos fiscais e creditícios para estimular a instalação e o crescimento das indústrias no país);

elaborar política econômico-financeira visando controlar a inflação e as contas externas.

Como você pode ver, não é uma tarefa fácil que o Estado tem a desempenhar.

A economia de um país depende do Estado, da população e das empresas, e cada um tem o seu papel a cumprir.

Dessa forma, podemos presumir que todos são responsáveis pela situação econômica do seu país, obviamente considerando que alguns têm um papel mais expressivo, enquanto outros têm menor.

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Modulo 1´Economia

RESUMO

1. A economia é o estudo da produção, do consumo e da distribuição de bens e serviços. É co-nhecida como ciência da escassez. A quantidade de cada bem ou serviço deve ser produzida em função da limitação de recursos físicos e financeiros disponíveis.

2. A análise econômica de qualquer bem ou serviço, dos recursos físicos ou financeiros leva em consideração a demanda, a oferta, a quantidade e os preços.

3. O sistema econômico de uma sociedade demonstra a forma como ela está organizada para desenvolver as atividades econômicas, ou seja, as atividades de produção, circulação, distribui-ção e consumos dos bens e serviços.

4. Uma economia de mercado é formada por dois agentes econômicos: as unidades produtivas que são as empresas produtoras de bens e serviços; e as unidades consumidoras que são os proprietários dos fatores de produção.

5. A microeconomia é o ramo que estuda o funcionamento do mercado de um determinado pro-duto ou grupo de produtos, ou seja, o comportamento dos compradores e dos vendedores.

6. A macroeconomia é o ramo que trata dos agregados econômicos como inflação, salários, taxa de desemprego, consumo, taxa de investimento e de poupança, produto, renda, demanda e ofer-ta agregada dos bens e serviços, determinação de níveis de taxa de juros e de taxa de câmbio, política do Banco Central, sistema financeiro, balanço de pagamentos, dívida pública, dívida externa, déficit público, e globalização.

7. Os economistas classificam os mercados em seis categorias: concorrência perfeita (quando existe um grande número de compradores e vendedores); monopólio (quando existe um único vendedor); oligopólio (quando existe um pequeno número de vendedores que dominam a maior parte do mercado); monopsônio (quando existe um único comprador); oligopsônio (quando existe um pequeno número de compradores responsáveis por uma grande parcela do mercado); con-corrência monopolística (quando existe um grande número de produtos mas cada um é conside-rado monopolista do seu produto).

8. Bens substitutos são aqueles que surgem quando o consumo de um bem substitui o consumo de outro. Bens complementares são aqueles que são consumidos em conjunto. Bens de Giffen são os bens de pequeno valor mas de grande importância para os consumidores de baixa renda. Bens de Veblen são bens de consumo ostentatório.

9. A demanda de um determinado bem ou serviço é dada pela quantidade que os compradores desejam adquirir num determinado período de tempo, enquanto a oferta é dada pela quantidade que os vendedores desejam oferecer ao mercado de um determinado bem ou serviço por um determinado período.

10. Elasticidade significa sensibilidade na teoria econômica. Esse termo possibilita o entendimen-to das variações ocorridas nas quantidades demandadas e ofertadas de um bem ou serviço em relação às mudanças de seus preços.

11. As variáveis-fluxos correspondem às atividades econômicas ininterruptas e devem ser me-didas em determinado período de tempo. Já as variáveis-estoques correspondem a magnitudes medidas em dado instante de tempo.

12. O fluxo circular físico e financeiro das mercadorias e serviços produzidos, consumidos e dis-tribuídos é importante para o inter-relacionamento dos agentes econômicos: famílias, empresas, governo e resto do mundo, para caracterizar os tipos de economias (fechada com e sem governo e aberta).

13. As funções clássicas do governo são: alocação de bens públicos, correção das distorções provocadas por situações não-concorrenciais, atuação sobre as externalidades negativas e posi-tivas, redistribuição de renda e política econômica.

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MÓDULO 2INFLAÇÃO

Vamos iniciar agora um outro módulo do nosso curso. Também vamos tratar de assuntos relevantes e que com toda certeza você escuta falar a respeito praticamente todos os dias. Trata-se da inflação.

Você terá a oportunidade de conhecer o que é o fenômeno inflacionário, sua definição, suas causas e conseqüências, bem como a sua metodologia de cálculo no Brasil.

Ao final deste módulo, você terá o conhecimento da inflação e como o Governo e os agentes econômicos se preocupam com esse fenômeno econômico e suas terapêuticas.

2.1 - O que é inflação

2.2 - Tipos de inflação

2.3 - Conseqüências da inflação

2.4 - Controle da inflação e equilíbrio das contas do exterior

2.5 - Sistema de metas de inflação

2.6 - Cálculo dos índices de inflação

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MÓDULO 2INFLAÇÃO

2.1- O QUE É INFLAÇÃO

A inflação caracteriza-se pelo aumento contínuo e generalizado do índice de preços.

É preciso que seja contínuo pois, em geral, existem aumentos esporádicos que são próprios do ciclo econômico devido à saturação da produção e das vendas, desaceleração, crise ou depressão, mas que não caracterizam a inflação.

É preciso que seja generalizado porque aumentos setoriais ou isolados podem acontecer, mas não caracterizam um processo inflacionário, e sim um aumento localizado por questões diversas como safras ou de produção, e até mesmo de sazonalidades e de preferência do consumidor.

Portanto, a inflação só é caracterizada quando há um aumento nos preços dos bens e serviços gene-ralizado por vários setores, fazendo com que o governo o adote como instrumento de política econômi-ca. Como exemplo disso podemos citar o aumento dos preços internacionais de petróleo, das tarifas de energia, dos salários, a desvalorização cambial e o aumento do déficit público financiado por emissão da moeda.

Os preços refletem as flutuações de todos os bens e serviços produzidos pela economia e, dessa forma, a inflação é uma elevação persistente do nível geral de preços ao longo do tempo.

Ela trata do crescimento dos preços e sua taxa serve para medir o ritmo desse crescimento. Observe o gráfico abaixo que ilustra a história da inflação brasileira.

O gráfico nos mostra a evolução da inflação no período de 1946 a 1996, apontando os presidentes que governavam o país em cada período. Podemos apontar várias fases distintas:

Reconstrução pós guerra (1947): inflação em torno de 3% ao ano.

Industrialização (até início dos anos 60): inflação subindo para 90% ao ano. Fase carac-terizada pelo descontrole inflacionário, instabilidade econômica e caos sócio-econômico, após período de acentuado crescimento econômico no período JK.

Fase militar I (até 1972): inflação regrediu para 30% ao ano. Diante da total falta de controle

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da sociedade civil, os militares dão um golpe e assumem o controle do país fazendo-o retornar ao controle de inflação e fase áurea do “milagre econômico”

Fase militar II (até 1985): inflação disparou para 250% ao ano. As denúncias de corrupção começam a surgir, perde-se a credibilidade e a liderança, fazendo voltar a inflação.

Redemocratização (até 1987): inflação baixa para 60% ao ano com o Plano Cruzado, mas dispara em 1987 chegando a 1.000% ao ano.

Pós-cruzado (até 1989): inflação se acelera atingindo a hiperinflação (>50% ao mês), com o esgotamento do “congelamento de preços”.

Quebra de braço (até 1994): os economistas elaboram planos como o Bresser e Collor para controlar a inflação, mas só conseguem fazê-lo por curtos períodos, com a adoção de políticas econômicas equivocadas

Plano Real: pela primeira vez consegue-se manter a inflação em níveis mais baixos por perío-dos prolongados (1994), com o diagnóstico correto e a terapêutica econômico-financeira.

Vamos utilizar os dados da tabela de exemplo para fazer uma outra análise.

Meses Nível geral de preços – jan = 100 Taxa de inflaçãoJan 100 -Fev 102 2,0%Mar 105 2,9%Abr 110 4,8%Mai 114 3,6%Jun 116 1,8%Jul 115 - 1,0%

Podemos observar que, neste exemplo, a taxa de inflação foi crescente de fevereiro a abril, decres-cente em maio e junho e negativa em julho. Em maio e junho podemos dizer que houve inflação, pois os preços da economia aumentaram. Entretanto, o ritmo de crescimento dos preços (taxa de inflação) foi decrescente. Quando a taxa de inflação é decrescente, podemos dizer que houve uma desinflação.

Em julho os preços diminuíram. Nesse caso, podemos dizer que ocorreu deflação, ou seja, houve uma queda do nível geral de preços da economia.

De acordo com a análise feita anteriormente, você deve ter concluído que inflação e deflação são an-tônimos, logo, são conceitos contrários, ou seja, um é utilizado para descrever um aumento (inflação) e o outro uma diminuição (deflação) do valor do dinheiro em relação à quantidade de bens e serviços que se pode comprar com esse dinheiro.

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2.2 - TIPOS DE INFLAÇÃO

Podemos distinguir três tipos básicos de inflação: demanda, custos e inercial.

Obviamente, todos elas se caracterizam pelo aumento contínuo e generalizado dos preços, e o que as difere, na verdade, é o motivo que causou esse aumento.

Inflação de Demanda: A inflação de demanda ocorre quando há um excesso de procura por bens e serviços em relação à oferta dos mesmos.

Inflação de Custos: A inflação de custos ocorre quando há choques externos, gerando um aumento dos custos de produção de um determinado bem ou serviço, provocando um aumento no seu preço final, que contamina os demais preços gerais da economia.

Inflação Inercial: A inflação inercial ocorre devido à indexação dos preços ou então quando há tendência em manter elevado o reajuste dos preços quando ocorreu inflação por inércia, ou seja, o aumento da inflação de hoje porque ocorreu inflação ontem e se perpetua para o futuro.

Podemos dizer que indexar é “engessar” os reajustes dos preços. Se há reajuste de tarifas de energia, por exemplo, é porque houve elevação dos índices que a atualizam e cria-se um “engessamento” nos reajustes dos demais preços que se “contaminam” por essas atualizações.

Observe quais são as principais causas de cada tipo de inflação.

Demanda

A inflação ocorrida devido ao aumento de demanda é causada por:

aumentos salariais, permitindo maior poder de compra;

aumento dos gastos do governo, pressionando as compras ou “generosidade” nos aumentos salariais do setor público;

aumento das exportações, pressionando insumos e produção local;

redução dos tributos, aumentando a renda disponível dos assalariados;

aumento da oferta de moeda, provocando “queda artificial” no custo do dinheiro e facilitando o crédito como poder de compra;

excesso de investimentos, aumentando a capacidade produtiva irreal e pressionando o crédi-to;

corrida ao consumo em detrimento à poupança, exacerbando indesejavelmente a demanda quando deveria incentivar a poupança via juros reais atrativos.

Custos

A inflação de custos é causada por:

aumentos de salários acima de aumentos de produtividade, em função da pressão de sindica-tos trabalhistas fortes;

aumentos autônomos das margens de lucros das empresas em mercados monopolistas ou oligopolistas;

aumentos de preços agrícolas em função de intempéries climáticas (geadas, secas, temporais etc.) ou de outros fatores que reduzam a produção;

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elevação autônoma de preços de produtos importados que sejam matérias-primas importantes na produção de bens na economia;

desvalorização real da taxa de câmbio, de modo que todos os insumos importados aumentem de preço em termos reais.

Inercial

A inflação inercial resulta da indexação da economia. Essa indexação é adotada como forma de con-vivência da economia com a inflação crônica e a sua principal virtude reside em possibilitar esta convi-vência, permitindo que os mecanismos de mercado funcionem mesmo na presença de taxas elevadas de inflação.

Sua principal característica é a adoção de terapias heterodoxas (que são não-convencionais, como controle de preços e salários), as quais são mais eficazes que a terapia ortodoxa, convencional e con-servadora, pois não exigem custos sociais elevados quando são feitas por meio do ajuste fiscal e forte elevação de taxa real de juros.

Qual a terapêutica para cada tipo de inflação?

Resumidamente, os instrumentos de política macroeconômica (taxa de juros, política monetária, de crédito, fiscal e cambial) são eficazes para combater a inflação de demanda. Por isso que é importante, no caso brasileiro, a fixação mensal da meta da taxa básica de juros (taxa Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Porém, o mesmo não pode ser dito para a inflação de custos.

Para esse caso, outras ações devem ser empreendidas pela política de Governo com vistas a minimi-zar esse impacto, tais como o controle de preços e salários. Não basta agir somente sobre a demanda, é preciso agir sobre os custos, o que, em geral, depende da microeconomia.

Isso não impede que sejam utilizados instrumentos de política macroeconômica, mas com elevados custos para a sociedade.

A inflação inercial assemelha-se à inflação de custos. A distinção na terapia reside nos instrumentos de política macroeconômica que levam à desindexação ou redução dos fatores de reajuste de preços e salá-rios, enquanto, na inflação de custos, atua-se diretamente sobre os fatores que pressionam os custos.

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2.3 - CONSEQÜÊNCIAS DA INFLAÇÃO

Praticamente todos os anos assistimos a comícios públicos onde candidatos políticos fazem suas pro-messas aos cidadãos e uma das principais metas da sua política econômica geralmente é a redução da taxa de inflação.

Mas por que é feita que essa promessa?

A resposta é simples: porque a inflação provoca um grande número de distorções na economia de mercado, principalmente a perda do poder de compra e desemprego.

Vamos conhecer a seguir quais são essas distorções.

Assalariados: A inflação é o pior inimigo dos assalariados, principalmente daqueles que vivem exclusivamente da renda do trabalho, que são os salários de remuneração do fator de produção mão-de-obra ou trabalho.

Com a inflação, o assalariado não consegue viver da sua renda porque vai perdendo poder aqui-sitivo ou poder de compra, ou seja, passa a comprar menos bens ou serviços.

Setor produtivo: A inflação também é inimiga do setor produtivo, pois impede os agentes eco-nômicos de fazerem qualquer tipo de planejamento econômico, perdendo o mercado e elevando os seus custos.

Ela provoca complicações para as expectativas dos agentes econômicos com relação ao futuro, principalmente com relação à taxa de juros real (taxa de juros nominal descontada a estimativa de inflação), o que pode provocar volatilidade (ou instabilidade) nos preços dos ativos e dos seus substitutos com relação ao consumo presente e futuro.

Mercado financeiro: O mercado de intermediação financeira fica seriamente abalado com inflações prolongadas devido à profunda diferença que passa a existir entre as taxas nominais e reais de juros, fato que inclusive pode comprometer a restituição do principal emprestado, bem como elevar os custos e reduzir as receitas.

Por exemplo: Suponhamos que um banco empreste a um cliente, no prazo de um ano, a impor-tância de $ 10.000,00, cobrando uma taxa de juros de 10% ao ano. Isso implica dizer que, no final do ano, o credor receberá do devedor $ 11.000,00.

Porém, caso ocorra uma inflação superior a 10% no ano, o credor não conseguirá nem reaver o total do valor principal emprestado. Supondo que a inflação seja de 15%, o valor principal corrigido em termos do poder aquisitivo da moeda seria:

$ 10.000,00 + ( 15% x $ 10.000,00) = $ 11.500,00

Ou seja, o valor é superior aos $ 11.000,00 que efetivamente ele receberá do devedor.

Dessa forma, pode-se perceber que a inflação dificulta as operações financeiras, uma vez que pratica-mente inviabiliza financiamentos de médio e longo prazos.

Mercado internacional

A inflação prejudica também a competitividade do país com relação aos preços e custos dos produtos do comércio internacional.

Pode incentivar as importações e desincentivar as exportações, gerando sérios problemas no balanço

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de pagamentos, que é a contabilização em moeda estrangeira de toda a entrada e saída de divisas do comércio, serviços e finanças.

Setor público

O setor público da economia tem as receitas tributárias como principal fonte de financiamento de seus gastos. Normalmente, como existe um intervalo de tempo entre a ocorrência do fato gerador do imposto e seu recolhimento pelo contribuinte, a receita dos tributos diminui bastante em termos reais, contribuindo para o surgimento de déficits nos orçamentos governamentais.

Ao mesmo tempo, o Governo tem dificuldades de obter financiamento para seu déficit, uma vez que os poupadores não comprarão títulos da dívida pública em virtude do juro nominal desses papéis ser inferior à taxa de inflação esperada para o período. Isso faz com que o Governo tenha que recorrer à emissão de papel-moeda para financiar seu déficit, realimentando a inflação.

Indexação

Em economias com altas taxas de inflação que tendem a permanecer no tempo, a desorganização total da economia de mercado é impedida pela adoção da indexação das rendas e dos ativos da economia.

A indexação atenua bastante as distorções da inflação sobre o sistema econômico, porém apresenta a desvantagem de perpetuá-la, pois os agentes econômicos sempre tenderão a reajustar os rendimentos pela inflação passada, impedindo que a taxa de inflação venha a cair no futuro.

Agora que você já conhece as principais conseqüências da inflação, é importante também ressaltar a relação existente entre a inflação e o PIB.

Obviamente, primeiro cabe lembrar que PIB é a sigla usado para falar do Produto Interno Bruno, ou seja, tudo aquilo que é produzido em bens e serviços num país.

Se tomarmos o valor nominal do PIB, que é o valor monetário (preços multiplicados pela quantidade), podemos concluir que toda vez que há inflação o PIB aumenta, pois ele é muito influenciado pelos preços da economia.

Para analisarmos o crescimento da economia, costuma-se utilizar o valor real do PIB (descontada a inflação) ou a preço constante, ou seja, calcular os preços de um produto em um dado período-base.

Vamos usar um outro fator comparativo: a taxa de desemprego.

Por meio de estudos os economistas concluíram que a relação existente entre a inflação e a taxa de desemprego é a seguinte: quanto maior a taxa de inflação, menor a taxa de desemprego; em conseqü-ência, maior deve ser a taxa de crescimento do PIB. Acredita-se, assim, que o maior crescimento do PIB provoca desequilíbrios entre a oferta e a demanda agregada por bens e serviços, gerando inflação mesmo à custa de menor desemprego.

Inversamente, quanto menor a taxa de inflação, maior a taxa de desemprego; em conseqüência, menor deve ser a taxa de crescimento do PIB.

O gráfico na página seguinte demonstra a relação existente entre a inflação e a taxa de desemprego.

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Em países de terceiro mundo como o Brasil, a relação inversa entre os dois fatores não se apresenta visivelmente, mas a política macroeconômica do Governo considera que, quanto maior a taxa de inflação, é sinal que existe uma demanda agregada de bens e serviços incompatível com a oferta, gerando redu-ção da taxa de desemprego, principalmente com a destruição da capacidade produtiva ou instalada na economia.

Dessa forma, poderíamos concluir que a elevada taxa de inflação seria bom para reduzir o desempre-go no país, porém, na prática não é assim que funciona, pois se considera o descontrole da inflação como mal maior do que o aumento do desemprego, principalmente com a destruição da capacidade produtiva ou instalada da economia.

Ainda sobre a relação existente entre a inflação e o desemprego, podemos dizer que um alto nível de desemprego leva a um menor nível de bem-estar na sociedade com menor nível de consumo.

Já o maior nível de inflação causa diversos problemas ao país:

perda de competitividade dos produtos no exterior

perda de poder de compra do assalariado

maior emissão de moeda

falta de planejamento econômico

maior consumo e menor poupança

destruição dos agentes econômicos

menor desemprego em primeiro instante, mas maior desemprego a médio prazo

maior endividamento público e privado

Portanto, podemos dizer que o desemprego é um mal passageiro e conjuntural, mas a inflação é um mal permanente e estrutural, que fatalmente levará a um desemprego maior no futuro, com estagnação econômica e desajustes em toda a economia por prazo maior.

Na verdade não existe ainda uma forma correta de resolver essa questão em relação aos dois fatores. Mas a solução fundamental buscada por um país é fazer crescer a economia ou o PIB de forma auto-sus-tentada, ou seja, sem provocar o descontrole da inflação.

Essa é a solução mais assertiva!

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Assim, se o crescimento de demanda agregada por bens e serviços fosse compatível com a capacida-de produtiva dos setores de economia, teríamos o crescimento econômico auto-sustentado. Entretanto, na prática isso dificilmente acontece nos países emergentes, conforme estudos empíricos.

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2.4 - CONTROLE DA INFLAÇÃO E EQUILÍBRIO DAS CONTAS DO EXTERIOR

Temos, em primeiro lugar, a inflação como problema gerado pelo crescimento desigual da demanda em relação à oferta. Por outro lado, o desenvolvimento econômico é um processo qualitativo, contrariamente ao obtido pelo crescimento econômico, dado por aumento quantitativo do PIB.

Entretanto, é crucial a utilização da política macroeconômica para a resolução dos desequilíbrios das contas do exterior, pois o adiamento dessa solução pode paralisar as economias capitalistas em razão da elevada dependência que existe, principalmente para os países emergentes, com relação ao comércio e a finanças internacionais.

As contas do exterior representam a contabilidade do relacionamento entre o país e o exterior, repre-sentado pela entrada e saída de dólares no país para o comércio, serviços e finanças.

Quando falamos de equilíbrio em economia, não necessariamente estamos falando de igualdade, uma vez que pode haver equilíbrio mesmo na presença de desequilíbrios, pois o que garante esse estado é o financiamento dos desequilíbrios.

Explicando melhor: o equilíbrio matemático é dado pelo sinal de igualdade, ou seja, 2=2. Porém, em economia, podemos ter desequilíbrio na conta corrente do balanço de pagamento de US$ 10 bilhões e ser financiado com o ingresso do mesmo valor em forma de dívida ou investimento. Temos, dessa forma,

-10+10=0

Poderíamos ter outras situações consideradas como equilíbrio: déficit de 10 e ingresso de 5; déficit de 10 e ingresso de 15. Como se vê, o resultado do balanço de pagamento também pode não ser igual a zero, mas ter equilíbrio.

As contas externas são compostas de balança comercial (mercadorias ou bens comprados ou ven-didos no exterior), balanço dos serviços (receitas e despesas de juros, lucros, seguros etc.) e conta de capitais (entrada e saída de empréstimos, financiamentos e investimentos).

Se houver entrada líquida de dólares, há aumento das reservas internacionais e é considerada uma situação de equilíbrio macroeconômico. Caso contrário, ou seja, se houver saída líquida de dólares, há perda das reservas internacionais e aí pode ser considerada uma situação de desequilíbrio macroeconô-mico, provocando uma situação emergencial na busca de dólares dos organismos multilaterais de crédito (como o Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Resumindo, os dois principais problemas a serem resolvidos pelas políticas macroeconômicas são:

controle da inflação

equilíbrio das contas externas

Enquanto a inflação não permite o planejamento das atividades econômicas, seja pelo produtor, seja pelo consumidor, o desequilíbrio das contas externas pode provocar paralisação das forças produtivas, dada a elevada dependência que os países têm do processo de globalização ou da liberdade dos fluxos financeiros e comerciais, que são fluxos de ingresso e de saída de capitais e de compra e venda de bens ligados ao comércio exterior.

Ou seja, o desequilíbrio das contas externas afeta diretamente a produção nacional, uma vez que a produção interna tem ligação com a exportação de alguns produtos devido à globalização.

Neste sentido, a solução a ser dada por meio dos volumes, custos e prazos dos endividamentos públi-co e privado, interna e externamente, é crucial.

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2.5 - SISTEMA DE METAS DE INFLAÇÃO

Quando se fala em metas de inflação, admite-se que existe um intervalo dado por limites máximo e mínimo a ser admitido para a taxa de inflação anual. E é ao longo desse intervalo que as políticas macroe-conômicas governamentais (políticas monetária, fiscal e cambial) são acionadas por meio de instrumentos de política (taxa de juros, taxa de câmbio e políticas públicas) buscando atingir as metas previamente estabelecidas pelo Governo.

O Governo realiza estudos para estabelecer limites superior e inferior para a taxa esperada de inflação do ano seguinte àquele que está em curso e, após a aprovação dos números, envia para o Congresso Nacional, que é o órgão responsável pela aprovação ou não das metas propostas pelo Governo.

O COPOM é o órgão responsável pelo cumprimento das metas estabelecidas pelo Governo para o produto e o emprego, após a aprovação do Congresso Nacional. Ele utiliza a taxa Selic (taxa básica de juros), desde 4 de março de 1999, como instrumento de política monetária para o controle das metas de inflação e é estabelecido pelo presidente e pelos diretores do Banco Central.

O Banco Central do Brasil é responsável pelo controle da meta de inflação anual, acompanhada sem-pre trimestralmente, justificando o não cumprimento dela quando for o caso, sendo o seu principal instru-mento o manejo da meta da taxa básica de juros da economia (taxa Selic).

O COPOM se reúne ordinariamente todo mês, de acordo com a divulgação do cronograma antecipada-mente, com os chefes dos seguintes departamentos: DEPEC, DEMAB, DEBAN, DEPIN e DEPEP.

No primeiro dia de reunião eles fazem um relato sobre a conjuntura econômica (salários, emprego, produção, venda e crédito) e preços; sobre a situação de liquidez das instituições do sistema financeiro, do mercado monetário e operações de mercado aberto, bem como a evolução dos agregados monetários e não-monetários; sobre a situação de liquidez internacional e dos mercados e dólar e de ouro; e sobre as projeções dos modelos de inflação, de produto, de reajustes e de preços internacionais básicos.

No dia seguinte à reunião do COPOM e dos chefes de departamentos, somente a Diretoria Colegiada do Banco Central se reúne e decide se vai manter, elevar ou reduzir a meta da taxa Selic, podendo decidir também por um viés de alta ou de baixa, medida essa que autoriza o Presidente do Banco Central a elevar ou reduzir a referida taxa sem que seja necessária a realização de reunião extraordinária do COPOM.

Exemplo

Veja a seguir um exemplo de divulgação do sistema feita pelo Banco Central do Brasil.

“Em reunião realizada nesta data (18.09.02), o Comitê de Política Monetária (COPOM), tendo em vista análise da conjuntura econômica, abrangendo nível de atividade, avaliação pros-pectiva das tendências da inflação, evolução dos agregados monetários, finanças públicas, balanço de pagamentos, estado de liquidez monetária e as operações do Banco Central, avaliou as diretrizes da política monetária em consonância com os dados observados.

Dessa forma, conforme estabelece o Regulamento anexo à Circular n. 3.010, de 17 de outubro de 2000, o COPOM definiu que, a partir de 19 de setembro de 2002, a meta para a Taxa SELIC será de dezoito por cento ao ano.

Conforme estabelecem os Comunicados n. 8.911, de 3 de outubro de 2001, e n. 9.543, de 06 de junho de 2002, o Comitê de Política Monetária (COPOM) voltará a se reunir, ordinariamente, no dia 22 de outubro de 2002, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre as diretrizes de política monetária.”

Ainda de acordo com o Decreto 3.088, compete ao Conselho Monetário Nacional (CMN), fixar as metas de inflação para os dois anos seguintes, e o Banco Central do Brasil é responsável pela

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execução das políticas necessárias para atingir a meta de inflação pretendida.

A Carta Aberta do Presidente do Banco Central ao Ministro da Fazenda, de 21 de janeiro de 2003, estabeleceu que a meta de inflação para 2004 é de 3,5% ao ano (ponto médio). E a meta de inflação de 2003 é de 8,5% ao ano, com intervalo de tolerância de +/- 2,5 pontos percentuais, ou seja, o intervalo permitido para variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o índice oficial de inflação. Assim, quando existe um ponto médio de 8,5% ao ano, é permitido que a taxa de inflação possa assumir valores de até 11,0% ao ano (limite superior), bem como 6,0% (limite inferior) ao ano, o que ainda seria considerado como dentro do limite das metas de inflação acordado.

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2.6 - CÁLCULO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO

O governo é o órgão responsável por decidir que índice de preços é o mais sensível à sua política macroeconômica e, atualmente, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, é o índice oficial de inflação, embora exista também o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), também do IBGE, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe, o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) da FGV, entre outros.

O índice escolhido nem sempre é importante, pois em prazos longos todos eles devem convergir entre si, segundo estudos realizados por economistas.

Dessa forma, a metodologia do índice vai levar em consideração a renda dos indivíduos, os gastos do orçamento com alimentação, escola, saúde, transporte e lazer, bem como o prazo de coleta e as localida-des onde são pesquisadas.

Os componentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e suas respectivas ponderações são as seguintes:

Alimentação e bebida (23,77%)

Habitação (16,21%)

Artigos de residência (5,68%)

Vestuário (5,05%)

Transportes (21,88%)

Saúde e cuidados pessoais (10,42%)

Despesas pessoais (8,88%)

Educação (4,68%)

Comunicação (3,40%)

Esse índice reflete a variação dos preços das cestas de consumo das famílias com recebimento men-sal de 1 a 40 salários mínimos nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia e é produzido pelo IBGE desde 1980.

Um outro índice de cálculo da inflação bastante utilizado é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Con-sumidor). Seus componentes e respectivas ponderações são as seguintes:

Alimentação e bebida (31,64%)

Habitação (19,22%)

Artigos de residência (7,32%)

Vestuário (5,52%)

Transportes (17,38%)

Saúde e cuidados pessoais (8,85%)

Despesas pessoais (5,92%)

Educação (2,51%)

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Comunicação (1,63%)

Esse índice também é produzido pelo IBGE desde 1979 e reflete a variação dos preços das cestas de consumo das famílias com rendimento mensal de 1 a 8 salários mínimos com chefes assalariados das mesmas regiões que o IPCA considera.

Veja a seguir uma tabela comparativa contendo outros dois índices de inflação.

Índices de inflação IPCA INPC IPC-FIPE IGP-M

Denominação Índice Nacional de Preços ao Consumi-dor Amplo

Índice Nacional de Preços ao Consumi-dor

Índice de preços ao consumidor - IPC

Índice Geral de Pre-ços do Mercado Fi-nanceiro.

Divulgação Aproximadamente 8 dias úteis após o tér-mino da coleta.

Aproximadamente 8 dias úteis após o tér-mino da coleta.

São apresentadas 3 prévias durante o mês, sendo a 4ª qua-drissemana o resulta-do definitivo do mês.

Divulgado no último dia útil do mês de re-ferência.

Órgão responsável IBGE IBGE

Fundação Instituto de Pesquisas Econô-micas - Fipe, órgão vinculado à USP

Ibre - Instituto Brasi-leiro de Economia da FGV - Fundação Ge-tulio Vargas

Público alvo

famílias com ren-dimentos mensais entre 1 e 40 salários-mínimos

famílias com rendi-mentos mensais en-tre 1 e 8 salários-mí-nimos

famílias com ren-dimentos mensais entre 1 e 20 salários-mínimos

indicador com ampla cobertura que, além de refletir a evolução de preços de ativida-des produtivas, tam-bém representa o movimento das ope-rações de comerciali-zação no atacado, no varejo e na constru-ção civil

Variáveis investiga-das

Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao con-sumidor, para pa-gamento à vista. A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, presta-dores de serviços, domicílios e conces-sionárias de serviços públicos.

Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao con-sumidor, para pa-gamento à vista. A pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, presta-dores de serviços, domicílios e conces-sionárias de serviços públicos.

Amostra de aproxi-madamente 110.000 tomadas de preços. Componentes: ali-mentação, despesas pessoais, habitação, transporte, vestuário, saúde, educação

Média ponderada de três índices com-ponentes, com a se-guinte configuração: o IPA-DI - Índice de Preços por Atacado

- Disponibilidade In-terna, peso 6; o IPC

- Índice de Preços ao Consumidor, peso 3; e o INCC - Índice Nacional de Custo da Construção, peso 1

Abrangência geo-gráfica

Regiões Metropolita-nas do Rio de Janei-ro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Dis-trito Federal e do mu-nicípio de Goiânia.

Regiões Metropolita-nas do Rio de Janei-ro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Dis-trito Federal e do mu-nicípio de Goiânia.

Município de São Paulo

INCC: Aracaju, Be-lém, Belo Horizon-te, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Forta-leza, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Ma-naus, Porto Alegre, Recife, Rio de Ja-neiro, Salvador, São Paulo e Vitória. IPC: Rio de Janeiro e São Paulo

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Metodologia

Os índices são cal-culados para cada região, por meio do cálculo da média aritmética simples de preços do produto que, comparadas em dois meses consecu-tivos, resultam no re-lativo das médias. A variável de pondera-ção do IPCA é o ren-dimento total urbano (Pesquisa Nacional por Amostra de Do-micílios - PNAD/96).

Os índices são cal-culados para cada região por meio do cálculo da média aritmética simples de preços do produto que, comparadas em dois meses conse-cutivos, resultam no relativo das médias. A variável de ponde-ração do INPC é a população residente urbana (Contagem Populacional 1996).

O sistema de cálculo sempre abrange um período total de 8 SEMANAS e as va-riações são obtidas fazendo-se a divisão dos preços médios das 4 SEMANAS de referência pelos pre-ços médios das 4 SE-MANAS anteriores (base). São apresen-tadas 3 prévias du-rante o mês, sendo a 4ª quadrissemana o resultado definitivo do mês. Os resulta-dos da POF 98/99 serão utilizados para atualizar a metodolo-gia do IPC a partir de janeiro/2001.

Os pesos convencio-nados representam a importância relativa de cada um desses índices no cômputo da despesa interna bruta.

Periodicidade

Mensal: o período de coleta do IPCA estende-se, em ge-ral, do dia 01 a 30 do mês de referência.

Mensal: o período de coleta do IPCA estende-se, em ge-ral, do dia 01 a 30 do mês de referência.

Mensal, consideran-do as 4 semanas do mês.

Do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência.

Para controlar os índices de preços, existem estudos que são desenvolvidos para captar preços que não são causados somente por excesso de demanda por bens e serviços.

Trata-se da inflação básica ou “core inflation”, que se caracteriza pela exclusão das variações de pre-ços administrados (energia, derivados e petróleo, tarifas e preços públicos), que não são orientados por oferta e demanda, já que dependem de contratos, de preços e custos internacionais e desejos do governo em reajustá-los.

Porém, isso deve ser feito com cautela, uma vez que existem situações econômicas em que se tem queda da taxa de inflação, mas que pode mostrar outra situação ao expurgarmos os efeitos dos preços administrativos.

Exemplo

Se o Governo verifica queda da inflação e resolve reduzir a taxa básica de juros para reativar a economia, ele poderá estimulá-la indevidamente, uma vez que a inflação básica estava se ele-vando por conta do reajuste dos contratos.

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RESUMO

1. Inflação é o aumento contínuo e generalizado do índice de preços e as principais causas são excesso de demanda por bens e serviços ou por choques de oferta.

2. Os tipos de inflação são: demanda, custos e inercial. A inflação de demanda caracteriza-se pelo excesso de procura por bens e serviços em relação à oferta dos mesmos; a inflação de custos caracteriza-se pelo aumento dos custos de produção de um determinado bem ou serviço, provocando um aumento no seu preço final; e a inflação inercial caracteriza-se pela indexação dos preços.

3. A terapêutica para combater inflação de demanda é atuar sobre os seus componentes por meio de instrumentos de política macroeconômica (taxa de juros, política monetária e de crédito, política fiscal e política cambial).

4. A terapêutica para combater inflação de oferta é atuar sobre os seus componentes por meio de instrumentos de política macroeconômica (taxa de juros, política monetária e de crédito, política fiscal e política cambial), desde que se ataque diretamente suas causas.

5. Quanto maior a taxa de inflação, menor a taxa de desemprego. Em conseqüência, maior de-verá ser a taxa de crescimento do PIB. Quanto menor a taxa de inflação, maior a taxa de desem-prego e menor deve ser a taxa de crescimento do PIB.

6. A metodologia do índice de inflação vai levar em consideração a renda dos indivíduos, os gas-tos do orçamento com alimentação, escola, saúde, transportes e lazer, o prazo de coleta e as lo-calidades onde são pesquisadas. E tudo isso ainda leva em consideração algumas particularida-des como cesta básica, transportes públicos padrões, enfim, tudo vai depender da amostragem.

7. A inflação de núcleo ou básica ou “core inflation” caracteriza-se por excluir as variações de preços administrados (energia, derivados de petróleo, tarifas e preços públicos), que não são orientados por oferta e procura. Dependem de contratos, de preços e custos internacionais e desejos do governo em reajustá-los.

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MÓDULO 3INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA

Neste módulo você terá a oportunidade de conhecer os objetivos da política macroeco-nômica, bem como a utilização dos seus instrumentos monetários, creditícios, cambiais e fiscais.

Além disso, você entenderá por que a taxa de juros e a taxa de câmbio são elevadas e reduzidas com vistas a atingir a estabilidade econômica e o equilíbrio das contas públicas e externas.

3.1 - Políticas públicas

3.2 - Consumo e investimento privado e público

3.3 - Política monetária

3.4 - Política fiscal

3.5 - Política cambial

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Modulo 3´Economia

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MÓDULO 3INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA

3.1- POLÍTICAS PÚBLICAS

Política econômica são as medidas adotadas pelo governo para controle dos objetivos da economia. Ela também pode ser chamada de Economia Normativa, uma vez que é composta pelas ações práticas do governo com a finalidade de condicionar, traçar e conduzir o sistema econômico, no sentido de que sejam alcançados os objetivos estabelecidos, cabendo ao Estado, enquanto poder politicamente estabelecido, definir os seus meios (instrumentos) e fins (objetivos).

Essa política não pode ser vista como um conjunto de procedimentos estanques e isolados, uma vez que integra, juntamente a outras políticas, um ambiente bem mais vasto das Políticas Públicas que, num sentido mais amplo, designam as aspirações e anseios de uma sociedade rumo ao desenvolvimento e bem estar de seu povo, ou seja, o desenvolvimento do processo da produção social.

Dada a sua amplitude, complexidade e diversificação, os objetivos de uma Política Econômica preci-sam ser classificados, hierarquizados e conjugados com outras Políticas Públicas, ou seja, com a Política de Defesa Nacional, a Política Externa, a Política Social etc.

Dessa forma, a classificação funciona da seguinte forma:

Objetivos primários: As ações de maior abrangência se constituem em objetivos primários, os quais se desdobram em secundários e terciários.

Objetivos secundários: Um conjunto de objetivos secundários, uma vez atingidos, assegura o alcance do objetivo primário a eles hierarquicamente relacionados.

Objetivos terciários: Da mesma forma, cada objetivo secundário necessita que um subconjun-to de objetivos terciários sejam atingidos para que eles sejam realizados.

Vimos que a Política Econômica é composta pelas medidas adotadas pelo governo para o controle dos objetivos da economia e que esses objetivos devem ser classificados de acordo com a sua amplitude, diversidade e complexidade.

Só que, para esses objetivos serem alcançados, é necessário o acionamento de instrumentos (meios) específicos e disponíveis para os formuladores da Política Econômica. Eles são classificados em:

Instrumentos Fiscais: Atuam sobre as despesas correntes, tais como compras e salários do setor público (federal, estadual e municipal), bem como sobre as despesas de capital, reduzindo ou aumentando o poder de compra da sociedade e, em conseqüência, sobre o nível de demanda agregada ou de bens e serviços da economia.

Instrumentos Monetários e creditícios: Atuam sobre o consumo e poupança privados por meio da expansão ou contração da oferta monetária (reduzindo ou aumentando as taxas de ju-ros), aumentando ou diminuindo o poder de compra da sociedade.

Instrumentos Cambiais: Atuam sobre as contas externas podendo controlar as fontes de desequilíbrio da conta-corrente do balanço de pagamentos, bem como conjugar com a política monetária e creditícia maior sincronismo sobre a política macroeconômica.

Instrumentos de Intervenção Direta: São típicos de estados intervencionistas, pois se refere à regulação das atividades dos agentes econômicos por meio da fixação de limites mínimos e máximos dos preços dos produtos, da remuneração dos fatores de produção e da modificação do perfil de distribuição da renda, visando atuar sobre as incorreções e imperfeições da atuação

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Modulo 3´Economia

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da “mão invisível” do mercado.

Como a Política Econômica pode atuar sobre a redução do poder de compra ou demanda por bens e serviços da economia?

Os formuladores de Política Econômica somente colherão bons resultados no controle da inflação se atuarem diretamente sobre a redução do poder de compra ou demanda por bens e serviços.

Por outro lado, o nível de oferta agregada é uma decisão dos agentes econômicos, basicamente do setor privado. Logo, a Política Econômica pode colaborar no sentido de oferecer horizontes para o plane-jamento do setor privado, desde que admitamos que ela atue diretamente sobre o setor público, bem como sobre o poder de compra da sociedade.

A análise econômica enfatiza que o número de instrumentos de Política Econômica tem que estar de acordo com o número de objetivos a serem alcançados.

Ou seja, se existem dois objetivos (controle da inflação e equilíbrio das contas externas), então a polí-tica pública, para ser eficiente, deve utilizar apenas dois instrumentos, como se fossem duas equações e duas incógnitas.

Se essa regra não for aplicada, o sistema ou o resultado fica indeterminado ou então fica com várias soluções, comprometendo o resultado final.

Um exemplo clássico foi o que aconteceu durante o período do governo FHC de 1994 a 1998, quando se controlava a inflação e o desequilíbrio das contas externas por meio do manejo de apenas um instru-mento: taxa de juros, dado que a política cambial e a fiscal não colaboravam para o equilíbrio macroeco-nômico.

Somente em 1999, com a adoção da política de câmbio flutuante, o governo FHC passou a utilizar dois instrumentos de política econômica: taxa de juros e ajuste fiscal para atingir o controle da inflação e das contas externas, dado que a taxa de câmbio flutuante permitia o auto-equilíbrio das contas externas.

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3.2 - CONSUMO E INVESTIMENTO PRIVADO E PÚBLICO

Algumas pessoas costumam criticar a Política Econômica em razão dela desestimular o consumo e o investimento e até mesmo por prejudicar a atuação social do Estado na economia.

Antes de concordar ou não com essa afirmação, é importante entender melhor essa questão.

Quando há poder de compra dos consumidores, há pressão sobre o consumo e produção, mas nem sempre há capacidade ociosa na economia, o que provoca pressões inflacionárias, pois sabemos que a procura maior que a oferta redunda em aumento de preços.

Outra peculiaridade se refere à desproporção do crescimento e da capacidade ociosa dos diversos setores da economia. Quando os consumidores pressionam o comércio, há pressão sobre as indústrias de bens de consumo, que por sua vez pressionam outras indústrias como de energia, de papel, de maté-rias-primas, e assim por diante, desencadeando um amplo e geral crescimento desproporcional do índice de inflação.

Outra questão relevante se refere ao poder que a oferta de moeda tem sobre o nível de gastos ou dis-pêndios da economia (consumo e investimento).

A teoria econômica se divide quanto a esse impacto:

A teoria monetarista considera que a expansão da moeda não afeta a produção nem o emprego no curto prazo (prazo suficiente para mudar uma planta produtiva, por exemplo), mas tão-somente no longo prazo.

A única variável que afeta é o nível geral de preços (inflação), ou seja, quanto maior a oferta da moeda além do crescimento da atividade econômica, maior a inflação.

Os monetaristas ou neoclássicos acreditam também que as “forças de mercado” regulam a economia.

A teoria keynesiana considera que a moeda afeta as decisões dos agentes econômicos ao permitir a comparação entre o custo do dinheiro (conhecido como preferência pela liquidez) e o retorno dos investi-mentos (conhecido como eficiência marginal do capital), decidindo sobre o nível dos investimentos e, em conseqüência, sobre o nível de emprego e renda.

Para os seus seguidores, a variável relevante e fundamental é o gasto público, ou seja, quando o governo “abre e fecha buraco”, cria demanda efetiva, aumentando o multiplicador do nível de renda ou o PIB.

Assim, os keynesianos acreditam na “mão visível” do Estado, contrariamente aos monetaristas, que acreditam na “mão invisível” das forças de mercado.

Resumindo, os formuladores de Política Econômica tentam de todas as formas impedir que haja pres-são do poder de compra da sociedade sobre o nível de demanda agregada que não pode ser acompa-nhado pelo nível de oferta agregada da economia. Ou seja, o crescimento auto-sustentado (sem provocar inflação nem desajustes nas contas externas) é o grande objetivo dessa política pública.

Você deve estar se perguntando: mas o que tem o consumo e o investimento privado e público com tudo isso?

Os setores privado e público são incentivados ou não a aumentar os seus dispêndios de acordo com a política macroeconômica traçada.

Se há ambiente propício para o crescimento econômico sem inflação, a política monetária é frouxa ou passiva (permite o aumento da oferta de moeda e baixa taxa de juros) e a política fiscal pode permitir o Estado aumentar o seu gasto sem provocar pressões indesejáveis sobre a demanda agregada da econo-mia.

Caso contrário, as políticas monetária e fiscal se tornam restritivas, ficando a política cambial restrita

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ao controle das contas externas.

Para financiar o investimento e, consequentemente, o crescimento do PIB, é utilizada a poupança in-terna ou externa. Essa poupança, na verdade, é parte da renda, do produto ou do dispêndio interno bruto que não é consumido.

A poupança total é distribuída internamente (consiste da soma entre a poupança do setor privado e público) e externamente (consiste do déficit da conta-corrente do balanço de pagamentos, que é composto dos resultados das contas do comércio e de serviços mais transferências unilaterais – doações).

Se o governo não poupa, alguns problemas podem surgir:

ele deixa de colaborar para o aumento da poupança interna;

ele exige maior esforço do setor privado para financiar sua “despoupança”, pressionando a taxa de juros e diminuindo o nível de investimentos;

ele exige maior nível de poupança externa para complementar a poupança total, a fim de “finan-ciar” a taxa de investimento na economia.

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3.3 - POLÍTICA MONETÁRIA

A política monetária está relacionada com o aumento ou redução da oferta de moeda, ou seja, o saldo dos meios de pagamentos de uma economia, aquilo que dá poder de compra a uma sociedade. A oferta da moeda, conhecida como M1, é composta da moeda manual (papel-moeda e moeda metálica) e da moeda bancária ou escritural (depósitos à vista nos bancos que são sacados por cheques).

A moeda tem quatro funções básicas na economia:

1. meio de troca (intermedia os negócios)

2. meio de pagamento (poder de compra por meio de dinheiro ou cheque)

3. reserva de valor (tem valor ao ser guardado)

4. referencial dos preços ou unidade de conta (todas as mercadorias e serviços se referem ao valor da moeda)

A oferta do papel moeda depende do comportamento ou da atuação do Banco Central, dos bancos e do público não-bancário.

O Banco Central cuida do controle monetário, além de fiscalizar e normatizar o mercado financeiro. Ele emite papel moeda por meio do balanceamento de suas operações contábeis ativas e passivas não-mo-netárias e monetárias.

Quando o Banco Central compra um título público em poder de algum banco, ele emite moeda ou base monetária, e quando ele vende um dólar a algum banco, ele destrói moeda ou base monetária. A moeda que ele emite ingressará nos bancos, transformando-se em depósitos e empréstimos por meio da multipli-cação da moeda escritural (contabilizada no banco).

Os recursos financeiros do Banco Central podem ser da própria emissão por meio de uma operação ativa ou aplicação de recursos (compra de dólar, título público em poder dos bancos ou empréstimo de bancos) ou por meio de recursos da conta-corrente dos bancos depositados voluntária ou compulsoria-mente (reservas bancárias).

A fonte de recursos (ou passivo) não-monetários do Banco Central pode ser recursos externos, conta do Tesouro Nacional e recolhimentos compulsórios dos depósitos de poupança e a prazo.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão máximo de política econômico-financeira do país e é responsável por formular a política monetária e cambial do país a ser executada pelo Banco Central.

Ele é composto pelo ministro da Fazenda (presidente), ministro do Planejamento, Gestão e Orçamento e presidente do Banco Central do Brasil (BCB). Suas resoluções são regulamentadas pelas circulares, comunicados e cartas-circulares do BCB, que as executa por meio de instrumentos clássicos de política como operações de mercado aberto, política de depósitos compulsórios e redesconto de liquidez, as quais serão explicadas ao longo do módulo.

A seguir você acompanhará algumas perguntas e respostas sobre a política monetária.

Como a política macroeconômica pode estimular o aumento da oferta agregada por bens e ser-viços da economia?

Na verdade ela não pode estimular a oferta agregada pois essa é uma decisão do setor privado, porém ela pode sinalizar para o seu planejamento, bem como atuar sobre a estabilidade econômica, controlando a inflação e as contas externas, além de criar políticas industrial, comercial e financeira que visem ao au-mento da produtividade e adoção de inovações tecnológicas.

Somente em algumas situações onde o setor público participa ativamente com investimentos em ener-

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gia, telecomunicações e setores vitais da economia é que poderia ajudar a aumentar a oferta agregada por bens e serviços.

Ela pode ajudar indiretamente também, por meio de incentivos à educação e na qualificação da mão-de-obra, utilizando-se de alíquotas ou deduções tributárias e incentivos fiscais.

Como o COPOM fixa a meta da taxa Selic (taxa básica de juros)?

Levando em consideração a situação macroeconômica do país, ou seja, o nível de atividade econô-mica, nível de emprego, nível de inadimplência, situação das contas públicas, nível da base monetária, oferta da moeda, nível de reservas internacionais, resultado da balança comercial, níveis de taxas de juros internacionais, nível ou estabilidade da taxa de câmbio etc. A meta deve estar de acordo com o controle da inflação e com o equilíbrio das contas externas.

O Banco Central pode emitir moeda de qualquer maneira? Ele sabe qual é a oferta necessária para a economia?

Não, ele não pode emitir moeda de qualquer maneira. Existem duas restrições: programação monetá-ria trimestral e o sistema de metas de inflação, os quais são aprovados pelo Congresso Nacional.

Para saber a oferta necessária, ele pode perseguir tanto um bom nível de taxa básica de juros como também perseguir uma boa quantidade de dinheiro necessária para a economia, sem que provoque pres-sões indesejáveis na demanda agregada (ou poder de compra) por bens e serviços. A estimativa da demanda por moeda na economia é dada pelo nível de renda (transações econômicas) e pela taxa de juros.

Quais são os instrumentos de política monetária?

Os instrumentos clássicos utilizados pelo Banco Central (BC) são as operações de mercado aberto, os depósitos compulsórios e o redesconto de liquidez.

As operações de mercado aberto referem-se à compra e venda de títulos públicos federais no mercado secundário; os depósitos compulsórios referem-se aos recursos dos depósitos à vista dos bancos, deposi-tados sem remuneração no BC; e o redesconto de liquidez são os recursos financeiros emprestados pelo BC aos bancos, trocando títulos por dinheiro.

O que é taxa real de juros? Qual é a taxa de juros relevante para a economia?

A taxa de juros é a nominal ou corrente e, se descontarmos a inflação esperada, teremos a taxa real de juros. Aqui é impossível ressaltar que as taxas de juros de empréstimos não têm a importância que tem a taxa Selic. A taxa básica é que é relevante, pois ela serve para controlar a inflação e as contas externas, além de ser o referencial para as outras taxas de juros passivas do sistema financeiro (remunerações de Depósito Bancário, Letras de Câmbio, Letras Hipotecárias etc.).

Ela também influencia a Taxa Básica Financeira (TBF), que é a taxa de juros que remunera os cer-tificados de depósitos a prazo com reajuste automático (DRA), que serve de referência para o Governo chegar até a Taxa Referencial (TR), que serve para reajustar saldos devedores do mercado de crédito e depósitos de poupança.

Outra taxa importante é a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que serve para corrigir empréstimos tomados junto ao BNDES com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador ou auxílio-desempre-go).

Por que existe um grande diferencial entre a taxa de juros de empréstimos e a taxa básica da economia?

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Essa margem também é conhecida como “spread bancário” e tem sido motivo de vários estudos, prin-cipalmente por pesquisadores acadêmicos do Banco Central.

A conclusão é que existem vários fatores que influenciam essa diferença, tais como a necessidade de recursos por parte do governo, sua política de endividamento, elevada inadimplência, desatualização da lei de falências, falta de condição para obter economia de escala, baixa concorrência no setor financeiro, elevados custos e até mesmo o excesso de exigências de regulamentação prudencial.

A política monetária é suficiente para diminuir o poder de compra da sociedade por meio da elevação da taxa básica de juros?

Não. Por isso é necessária a política de crédito, seja criando direcionamentos como também contingen-ciando quantitativamente e por meio de prazos.

Em alguns momentos da economia, os formuladores de Política Econômica limitam prazos de consór-cios, pagamentos de prestações e de planos de financiamentos, principalmente quando a demanda por crédito é inelástica ou pouco sensível à variação da taxa de juros.

Suponhamos o seguinte caso: o BC eleva a taxa de juros (política monetária) e os consumidores con-tinuam tomando empréstimos, contraindo créditos (consórcios, carnês de pagamento etc.) Aí, o que ele faz? Limita a contingência de prazos, quantidades e modalidades de crédito, em razão da “insensibilidade” dos endividados ou consumidores à elevação da taxa de juros.

O que são recolhimentos compulsórios?

São recursos obrigatórios sobre depósitos a prazo e sobre depósitos de poupança e podem ser em títulos públicos federais ou em moeda.

Eles são depositados no BC com igual remuneração com que é captado e servem como instrumento de política de crédito para complementar a atuação da política monetária.

Ou seja, o BC necessita tomar medidas para evitar o aumento do crédito do sistema financeiro, em lugar de contingenciar prazos, volumes e modalidades. Aí, então, exige que as instituições depositem compulsoriamente recursos de depósitos a prazo e de poupança no BC, que serão remunerados, adiando apenas a concessão de crédito naquele momento.

Qual é o papel dos bancos e do sistema financeiro na economia?

Os bancos são os principais intermediários financeiros do sistema econômico e é por meio deles que a política monetária pode ter ou não sucesso no combate à inflação e à estabilidade econômica. Além disso, são importantes para financiar o consumo e o investimento e oferecer opções para a poupança.

O Banco Central se preocupa com a saúde financeira dos bancos para evitar risco sistêmico, ou seja, de os depositantes sacarem seus recursos e aplicações, criando sérios problemas de liquidez e até a falência dos bancos.

O sistema financeiro compreende todos os bancos e demais intermediários financeiros que canalizam os recursos dos agentes superavitários para os agentes deficitários, para obter a eficiência econômica (custos menores e lucros maiores), além de auxiliar no financiamento da dívida pública e na captação de recursos estrangeiros.

O sistema financeiro está para a economia assim como o aparelho circulatório está para o corpo humano. Se houver interrupção, tenta-se criar vasos periféricos ou instala-se a gangrena, destruindo os tecidos.

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3.4 - POLÍTICA FISCAL

A política fiscal refere-se ao aumento ou redução das receitas ou despesas públicas em todos os níveis (federal, estadual e municipal) e é de responsabilidade do Tesouro Nacional.

Ela é importante para mostrar o aumento ou redução da pressão do setor público sobre os dispêndios ou demanda por bens e serviços da economia, visando ao equilíbrio macroeconômico, evitando o descon-trole da inflação e das contas externas.

Vamos ver, a seguir, algumas perguntas e respostas sobre a política fiscal.

O que é Dívida Bruta e Dívida Líquida do Governo?

A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) abrange o total das dívidas de responsabilidade dos go-vernos federal, estadual e municipal, incluindo a administração direta e indireta do INSS, junto ao setor privado, público financeiro, Banco Central e ao resto do mundo.

Já a Dívida Líquida (DLGG) abrange a dívida bruta deduzidos os créditos dos governos (depósitos do setor público em bancos, dívida do público que não é paga etc.). Ela pode ser chamada de Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), que é o estoque da dívida líquida incluindo os governos federal, estaduais e municipais, o Banco Central, a Previdência Social e as empresas estatais.

O que são e quais são as necessidades de financiamento do setor público?

É o conceito de déficit público para fins da política macroeconômica. São as necessidades de recursos financeiros do setor público não-financeiro, que são obtidas junto ao sistema financeiro. Essa necessidade acontece quando as despesas do governo (federal, estadual e municipal) superam as receitas.

Elas são obtidas por meio da variação do saldo da dívida líquida do setor público de um mês para outro e compreendem o seu endividamento junto ao sistema financeiro.

A diferença entre o conceito de financiamento nominal (despesas maiores que receitas públicas) e primário (financiamento nominal após serem descontados os juros internos e externos) é que, ao deduzir-mos os juros internos e externos, obtemos o conceito primário. Assim, se há superávit primário das contas públicas, significa que o governo está gerando receitas que superam as despesas, exceto juros.

O que é Dívida Mobiliária Interna Federal e para que serve?

É o estoque das obrigações ou dívidas do governo federal em papéis ou títulos públicos emitidos inter-namente, como forma de endividamento junto ao setor privado. Ela serve para permitir que o governo faça políticas públicas sem que eleve os impostos, uma vez que ele pode fazer seus gastos públicos de duas formas: criando ou aumentando as alíquotas de impostos ou fazendo um endividamento junto a bancos ou em títulos.

Um indicador importante para avaliar o endividamento do setor público é a relação que existe entre a dívida líquida do setor público e o PIB. Quanto maior essa relação, os credores passam a sentir descon-fiança em receber recursos quando do vencimento dos títulos.

A relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB é sustentável?

Se admitirmos a seguinte equação:

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(DLSP/PIB) x (i - y) = superávit primário do setor público em relação ao PIB

sendo: i a taxa real de juros, y a taxa real de crescimento do PIB, DLSP a dívida líquida do setor público e PIB o produto interno bruto, pode-se concluir que para mantermos a relação (DLSP/PIB) constante é necessário que i = y, ou que a relação do superávit seja igual ao que i exceder y.

Exemplo

Se (DLSP/PIB) = 0,5; i = 9%; e y = 2%, então será preciso uma relação entre o superávit primário do setor público e o PIB de apenas 3,5%

0,5 x (0,09-0,02) = 0,035

Quanto maior i, “ceteris paribus” (todas as demais variáveis permanecendo constante), será pre-ciso elevar o superávit primário do setor público. No caso de elevação da relação DLSP/PIB, e tudo o mais permanecer constante (ou seja, y e i), será preciso também elevar o superávit primá-rio do setor público.

A respeito do processo de privatização, qual a importância das reformas tributária, previdenci-ária e administrativa?

O processo de privatização tem dois lados: o ideológico, ou seja, existe uma corrente que não deseja que o Estado tenha participação na atividade econômica, e o que defende a venda de ativos do Estado porque não há espaço para o padrão vigente de financiamento do setor público.

A importância com relação às reformas é que o Estado está com a sua capacidade de financiamento esgotada, seja por incapacidade de redistribuir renda, seja por exigência da nova moderna teoria econô-mica. Com isso, urge-se como prioritário o redimensionamento das contas públicas e, em conseqüência, é preciso reduzir a responsabilidade do Estado na seguridade social que inclu,i além da previdência, a saúde e a assistência social.

Com relação à reforma tributária, o importante é eliminar a cumulatividade dos impostos, principal-mente com relação aos produtos exportados, e refazer a partilha entre os impostos da União, Estados e Municípios, sem que seja reduzida a carga tributária bruta. Em relação à reforma administrativa, é preciso permitir que o funcionalismo público tenha planos de cargos e salários e preste efetivamente serviço à sociedade de forma a reduzir a ineficiência e a desorganização administrativa e financeira do Estado.

Qual o relacionamento existente entre o Tesouro Nacional e o Banco Central?

Vimos que o Banco Central tem a função de executar a política monetária e o Tesouro Nacional tem a função de executar a política fiscal. A relação existente entre eles se dá porque, constitucionalmente (art. 164 da Constituição Federal), os recursos da conta dos recursos tributários e não-tributários da União devem ser depositados no Banco Central, constando do passivo não-monetário do BCB.

Assim, quando o Tesouro Nacional (TN) saca seus recursos por meio do Banco do Brasil (que é o seu agente financeiro), há impacto monetário, ou seja, aumento de base monetária. Se o TN deposita seus recursos nessa conta, há redução de base monetária, pois são destruídos recursos monetários. Também a relação se manifesta quando o BCB compra títulos públicos federais no mercado secundário (2ª mão) ou quando o TN emite títulos públicos (mercado primário).

(DLSP/PIB) x (i - y) = superávit primário do setor público em relação ao PIB(DLSP/PIB) x (i - y) = superávit primário do setor público em relação ao PIB

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3.5 - POLÍTICA CAMBIAL

Trata-se do conjunto de ações governamentais que visam compatibilizar o preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional com o equilíbrio do saldo de reservas internacionais, seja por meio do estí-mulo ao comércio internacional ou seja por meio de capitais externos.

O regime de taxa de câmbio fixo é fixado pelo Governo, como por exemplo, R$ 3,00 para US$ 1,00, en-quanto a taxa de câmbio flutuante é determinada pelos agentes econômicos (exportadores, importadores, governo e mercado financeiro) que demandam e ofertam dólares no Brasil.

O balanço de pagamentos (BP) é o resultado da conta-corrente do balanço mais a conta de capitais, ou seja, a conta do comércio, serviços e o movimento de capitais (empréstimos, financiamentos e inves-timentos).

São sete as contas do balanço de pagamentos:

1 . conta do comércio ou balança comercial (receitas e despesas em dólar na compra e venda de mercadorias entre o Brasil e demais países)

2. conta de serviços ou balanço de serviços (receitas e despesas em dólar na contratação de serviços, tais como juros, patentes, seguros, fretes etc.)

3. transferências unilaterais ou doações (gastos ou receitas com missões diplomáticas, consula-dos, ajudas internacionais etc.)

4. conta-corrente do balanço de pagamentos (soma dos itens 1, 2 e 3)

5. conta de capitais (empréstimos, financiamentos e investimentos estrangeiros pelos setores público e privado)

6. erros e omissões (registros que deixam de ser feitos apropriadamente tanto pelo lado da recei-ta quanto pelo lado da despesa)

7. resultado do balanço de pagamentos (soma dos itens 4, 5 e 6)

Veja, a seguir, algumas perguntas e respostas sobre a política cambial.

Quais são os principais itens da conta de capitais?

São os empréstimos, financiamentos e investimentos externos. Os empréstimos podem ser tomados junto a organismos multilaterais (FMI, Banco Mundial, BIS, BID), bem como junto a bancos. Os financia-mentos estão atrelados às importações de bens e serviços e os investimentos podem ser feitos em plantas industriais e em participação acionária, bem como aplicação em títulos e valores mobiliários.

O que são reservas internacionais?

São ativos em moeda estrangeira em poder da República, ou seja, moedas estrangeiras, títulos, cré-ditos e ouro, que permitem oferecer garantias aos credores, investidores e negociadores internacionais. A reserva é aumentada quando o país tem superávit no balanço de pagamentos, ou seja, quando o fluxo financeiro da conta de capitais supera o déficit da conta-corrente do balanço de pagamentos.

O que é dívida externa?

São as obrigações do setor público e privada em moeda estrangeira. Em geral, representa o endivida-mento em razão do financiamento do desequilíbrio da conta-corrente do balanço de pagamentos.

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O que é Risco-Brasil?

Risco-Brasil ou “Emerging Markets Bond Index Plus” (EMBI+) é o custo que o Brasil tem caso resolva se endividar com títulos públicos vendidos ao exterior. Se for de 600 pontos, quer dizer que o custo da dívida externa pública brasileira é de 6 pontos além da taxa básica de juros norte-americana (6% + 1% = 7%).

Esse índice foi criado para preencher a necessidade dos investidores em obter um referencial mais amplo que o EMBI, tentando incluir outros mercados no índice. Atualmente ele inclui 14 países e 49 tipos de títulos.

Qual é a metodologia de cálculo do EMBI+?

O EMBI+, calculado pelo J.P.Morgan, mostra o “valor de mercado” dos títulos da dívida externa pública dos países emergentes, e que serve de referencial para o mercado financeiro internacional.

O que são agências de “rating”?

São empresas privadas, em geral internacionais, que fornecem notas, classificações ou menções para países e empresas do setor público e privado, com vistas a tomar recursos de crédito no mercado finan-ceiro internacional.

Ora elas são elogiadas, ora são criticadas por seus padrões de comportamento, rebaixando ou elevan-do os conceitos dos países e empresas, principalmente em momentos críticos da economia internacional. Em alguns casos, têm sido importantes para as normas e ações dos órgãos reguladores internacionais, o que para alguns estudiosos é controverso, uma vez que são empresas privadas que não estão sob con-trole.

Qual a função dos organismos internacionais?

O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem a função de financiar os desequilíbrios das contas-corren-tes dos balanços de pagamentos dos países-membro em crise.

O Banco Mundial (BIRD) tem o objetivo de financiar crédito de médio e longo prazos aos seus países-membro.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem o objetivo de financiar créditos aos países do continente americano (Norte, Central e Sul).

O Banco de Compensações Internacionais (BIS) foi fundado para estruturar o pagamento das repara-ções impostas pelo Tratado de Versailles. Sua função principal vem sendo exercida no cenário internacio-nal para permitir que sejam feitos requerimentos de capital no sentido de minimizar os riscos de mercado, liquidez, crédito, legal etc., evitando o risco sistêmico.

Qual a relação existente entre as taxas de juros e as taxas de câmbio?

As duas taxas são preponderantes nos equilíbrios macroeconômicos dos países, em especial dos emergentes. A taxa de juros é fundamental para a política monetária e a taxa de câmbio para a política cambial. As taxas servem como orientação futura para exportadores, importadores e investidores.

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RESUMO

1. A Política Econômica governamental visa condicionar, traçar e conduzir o sistema econômico, no sentido de que sejam alcançados um ou mais objetivos estabelecidos.

2. Para que os objetivos da Política Econômica sejam alcançados, é necessário o acionamento de instrumentos específicos e disponíveis para os formuladores da política. São eles: instrumen-tos fiscais, monetários, cambiais e de intervenção direta.

3. O instrumento de intervenção direta refere-se à regulação das atividades dos agentes econô-micos por meio da fixação de limites mínimos e máximos dos preços dos produtos, da remunera-ção dos fatores de produção e da modificação do perfil de distribuição da renda.

4. A política monetária atua sobre a poupança e o consumo privados por meio da expansão ou contração da oferta monetária e aumentando ou diminuindo o poder de compra da sociedade.

5. A política cambial atua sobre as contas externas, podendo controlar as fontes de desequilíbrio da conta-corrente do balanço de pagamentos, bem como conjugar com a política monetária e creditícia maior sincronismo sobre a política macroeconômica.

6. O Conselho Monetário Nacional é o órgão máximo de política econômico-financeira do país e é responsável por formular a política monetária e cambial do país a ser executada pelo Banco Central.

7. A taxa real de juros é aquela obtida após deduzir a taxa de inflação esperada taxa de juros nominal ou corrente. Os instrumentos clássicos de política monetária são: operações de mercado aberto, depósitos compulsórios e redesconto de liquidez. As principais taxas de juros passivas do sistema financeiro são: Taxa Selic, Taxa Referencial e Taxa de Juros de Longo Prazo.

8. A Taxa Selic, basicamente, serve para traçar os negócios de compra e venda de títulos públicos federais registrados na Selic. Também serve como meta para o Banco Central executar a política monetária, bem como para reajustar os saldos devedores dos contratos do sistema financeiro. A Taxa de Juros de Longo Prazo serve para corrigir financiamentos tomados junto ao BNDES.

9. A política de crédito complementa a política monetária contingenciando prazos e volumes de empréstimos.

10. A política fiscal é o aumento ou redução das receitas ou despesas públicas em todos os níveis (federal, estadual e municipal) e sua importância reside em atuar sobre a demanda agregada por bens e serviços da economia.

11. As formas de acompanhar o endividamento do setor público são: dívida bruta do governo geral, dívida líquida do setor público, necessidades de financiamento do setor público e dívida mobiliária federal interna.

12. O indicador mais importante para acompanhar o déficit público são as necessidades de fi-nanciamento do setor público. Outro conceito relevante para acompanhar as contas públicas é o saldo da dívida pública mobiliária (em títulos), pois impacta diretamente a taxa de juros de mercado.

13. Acompanhar as funções do governo com relação à privatização e encaminhamento das re-formas tributária, previdenciária e administrativa também são formas de analisar o impacto do Estado na economia.

14. A política cambial é o conjunto de ações governamentais que visa influenciar direta ou indi-retamente a taxa de câmbio, que é o preço da moeda estrangeira em moeda nacional. O seu objetivo é controlar as contas externas e evitar a perda de reservas internacionais.

15. As contas do balanço de pagamentos são as principais responsáveis pela formulação e exe-cução da política cambial. O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações

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comerciais, de serviços e financeiras entre os residentes e não-residentes. Consiste da balança comercial (exportações e importações); do balanço de serviços (receitas e despesas de viagens internacionais, remessa e recebimento de lucros, pagamento e recebimento de juros, seguros, royalties, marcas e patentes, fretes etc.); das transferências unilaterais (doações, missões in-ternacionais, relações diplomáticas, ajudas e recebimentos internacionais de recursos físicos e financeiros, remessas de dólares que não se classificam na conta de capitais, etc.); da conta de movimento de capitais (empréstimos recebidos e amortizados, financiamentos recebidos e amortizados, e resultado líquido dos investimentos diretos e em portfólio); mais a conta de erros e omissões.

16. Os principais organismos financeiros internacionais são: o Fundo Monetário Internacional (que financia o desequilíbrio das contas externas), o Banco Mundial (que financia o médio e longo prazos), e o Banco de Compensações Internacionais ou BIS (que sugere medidas de regulação prudencial para os sistemas bancários dos países membros).

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MÓDULO 4INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO

E SOCIAL DAS NAÇÕES

Neste módulo você terá a oportunidade de conhecer a importância de termos indicadores econômicos e sociais para verificarmos o desempenho da economia e poder fazer compa-rações entre os diversos países.

Falaremos sobre o produto interno bruto e produto nacional bruto, PIB ou PNB per capita, participação relativa do PIB nos setores primário, secundário e terciário, carga tributária e distribuição de renda, além dos índices de desenvolvimento humano e social.

4.1 - Produto Interno Bruto

4.2 - Produto Nacional Bruto

4.3 - PIB ou PNB per capita

4.4 - Indicadores de concentração e distribuição de renda

4.5 - Carga tributária

4.6 - Índice de desenvolvimento humano e social

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MÓDULO 4INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO

E SOCIAL DAS NAÇÕES

4.1- PRODUTO INTERNO BRUTO

No decorrer dos anos 60, 70 e 80, tornou-se comum a divisão, ou regionalização, do mundo com base no nível de desenvolvimento econômico e na organização socioeconômica dos países. Veja como era tal divisão.

1º mundo = países capitalistas desenvolvidos (exemplo: Estados Unidos, França e Japão)

2º mundo = países socialistas (exemplo: Hungria, Polônia e Tchecoslováquia)

3º mundo = países capitalistas subdesenvolvidos (exemplo: Brasil, Nigéria e Índia)

Com as profundas alterações sofridas pelos países socialistas, o 2º mundo desintegrou-se e deixou de existir. Assim, essa classificação perdeu sua importância, pois não espelhava mais a realidade.

No entanto, por tradição, ainda se usa o termo 1º mundo para identificar os países mais avançados do ponto de vista do desenvolvimento econômico e tecnológico e da organização da vida social e política, bem como o termo 3º mundo para designar os países marcados pela subordinação externa e por desi-gualdades sociais.

No final do século XX e início do novo milênio, a divisão mundial ficou entre países considerados como ricos ou pobres. Com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, os países ricos desenvolvidos em graus variados, localizam-se no hemisfério norte, enquanto no sul ficam os países considerados pobres, todos subdesenvolvidos.

Vale ressaltar que, devido ao baixo nível de vida da população, China, Mongólia e Coréia do Norte estão incluídos entre os países do sul, embora não possuam características de subdesenvolvimento.

As características para considerarmos um país como desenvolvido são: erradicação do analfabetismo, baixa mortalidade infantil, elevados índices de leitos hospitalares por habitantes e de alunos matriculados/população, erradicação de doenças endêmicas como febre amarela, cólera, poliomielite, etc.; água potá-vel, eletrificação e saneamento básico para todos os habitantes; distribuição de renda eqüitativa; baixos índices de força de trabalho do mercado informal em relação ao formal; e, baixa taxa de desemprego da força de trabalho em relação ao total da população economicamente ativa.

O PIB – Produto Interno Bruto são informações quantitativas que representam tudo o que é produzido monetariamente de bens e serviços por um país num determinado período de tempo.

Para entendermos como o PIB de um país é obtido, é importante conhecermos três outros conceitos que estão diretamente relacionados a isso.

O conceito de produção refere-se aos insumos ou matérias-primas que vão ser processados e prepa-rados para a venda.

O processo de produção envolve os suprimentos de bens e serviços intermediários que passam por processamentos e se transformam em produtos para serem vendidos.

O conceito de produto envolve o valor monetário do produto vendido no mercado, que terá o desconto dos suprimentos ou insumos utilizados no processo de produção.

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O PIB é obtido após a dedução de todas os gastos monetários que são utilizados (despesas ou con-sumo intermediário) em cada processo produtivo, após obter o valor bruto da produção ou faturamento (preço médio multiplicado pela quantidade ou unidade produzida).

O quadro abaixo mostra a evolução do PIB no decorrer dos anos.

Ciclos no seculo XX1896-1912: Forte crescimento econômico com inflação (PIB cresceu 4,6% ao ano) 1912-1921: Estagflação com quebra do PIB (-0,3% ao ano)1921-1929: Curto período de crescimento forte com deflação (PIB aumentou 5,7%

ao ano)1929-1954: Longo período de depressão (depois da recessão iniciada em 1929; no

entanto, crescimento do PIB de 2% ao ano)1954-1973: 20 anos de crescimento com inflação (PIB aumentou 4% ao ano)1973-1982: Estagflação (crescimento do PIB em 2,3% ao ano)1982-2002: 20 anos de crescimento com deflação (crescimento do PIB de 3,5% ao

ano)

A variação anual do PIB reflete o quanto a economia produziu a mais ou a menos que no ano anterior, além de possibilitar relacionar o crescimento ou não da produção com o da população do país, determi-nando se houve ou não “enriquecimento”.

Quem tiver interesse em aprofundar o assunto pode consultar o site do IBGE.

http://www.ibge.gov.br

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4.2 - PRODUTO NACIONAL BRUTO

O PNB (Produto Nacional Bruto) é a parte do produto produzido internamente, que fica na nação após a dedução de toda a renda líquida enviada ao exterior.

Falando de uma forma diferente, podemos dizer que o PNB considera o produto produzido no país, somada as rendas recebidas do exterior (lucros, juros etc.), descontando as rendas que foram enviadas par o exterior. É o que fica para a nação.

Logo, PNB = PIB - RLEE

Estamos falando então da RLEE (renda líquida enviada ao exterior), ou seja, o pagamento da remune-ração dos fatores de produção (trabalho, capital e recursos naturais) feito aos estrangeiros que trouxeram recursos em moeda estrangeira, (renda enviada do exterior) após serem deduzidos os recursos (renda recebida do exterior) que recebemos também desses estrangeiros.

Se fizermos uma relação entre o PIB e o PNB, podemos dizer que, quando os países recebem mais renda do exterior do que enviam ou pagam, o seu PNB é maior que o seu PIB, ou seja, a renda ou produto do país é maior do que efetivamente eles produzem.

Inversamente, quando os países pagam ou enviam mais renda ao exterior do que recebem, o seu PIB é maior que o seu PNB.

Esse é o caso dos países emergentes como o Brasil, que fica com produto inferior ao que é produzido, pois tem que pagar ao exterior elevados recursos em moeda estrangeira que toma emprestada ou que fo-ram aplicados no país, sob a forma de patentes ou marcas registradas, capitais para emprestar, financiar, investir e mão-de-obra especializada.

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4.3 - PIB OU PNB PER CAPITA

Um outro indicador relevante para comparação entre países é o PIB ou PNB per capita, e eles medem o produto ou a renda média dos cidadãos de um país.

Falando de outra forma, o PIB ou PNB per capita é entendido como o quociente entre o PIB ou o PNB e a População Economicamente Ativa (PEA), ou seja, é a renda média por pessoa da força de trabalho.

Esse indicador é muito importante para relacionar o crescimento da produção com o da população de um país, pois essa relação determinará se, na média, a população está “enriquecendo” ou “empobrecen-do”.

Como exemplo, podemos citar os dados obtidos no ano de 1991:

PIB = crescimento de 0,3%

PIB per capita = queda de 1,3%

A que conclusão poderíamos chegar com esses dados?

Os dados evidenciam que a população cresceu mais do que a produção, mostrando que, na média, a população empobreceu.

O PIB per capita foi negativo nesse ano, ou seja, a população recebeu uma renda menor em relação ao ano anterior, indicando o seu empobrecimento. O PIB aumentou, mas o aumento da população foi maior, provocando uma queda do PIB per capita. Logo, se a produção foi maior mas o crescimento da população foi ainda maior, conclui-se que houve empobrecimento da população.

É importante lembrar que este é apenas um indicador médio, a distribuição deste ganho ou perda se dá de forma desigual entre as diferentes pessoas, e este efeito não pode ser captado pelo indicador.

Em seu relatório de 2001, o Banco Mundial elaborou o seguinte quadro comparativo entre alguns paí-ses segundo o indicador PNB per capita.

Países selecionados

PNB per capita (US$ anuais)

% PNB no se-tor primário (agropecuá-rio)

% PNB no setor secundário (indus-trial)

% PNB no setor terciário (ser-viços, governo, comércio, finan-ceiro, etc.)

Moçambique, Tanzânia, Repú-blica Centro-Africana, e Ugan-da

210 a 320 34 a 55 14 a 18 25 a 52

Ucrânia, Costa do Marfim, Ca-marões e Índia 430 a 870 12 a 42 22 a 40 36 a 52

Brasil 4.570 10 34 56Áustria, Alemanha, Suécia, Austrália e Canadá 20.020 a 26.850 2 a 4 26 a 36 60 a 71

Estados Unidos e Japão 29.340 a 32.380 2 27 e 42 respectivamente

71 e 56 respectivamente

Fonte: World Bank 2000/2001

As principais conclusões que podemos tirar dessas informações, são que os dados de renda média podem ser interessantes para as comparações internacionais em uma mesma moeda, bem como mostrar que os países com menor renda média se apóiam no setor primário da economia, contrariamente ao que tem ocorrido com os países de maior renda média, indicando assim que essa opção está relacionada com a dificuldade que os países de menor renda têm com relação ao domínio da tecnologia.

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4.4 - INDICADORES DE CONCENTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Fazer uma análise sobre os indicadores de concentração e distribuição de renda é relativamente fácil hoje em dia, uma vez que os meios de comunicação nos passam essas informações praticamente todos os dias. Sabemos que a situação da maioria dos países mostra que a parte pobre da população geralmen-te é maior que a parte rica, e que a concentração da renda está nas mãos dessa menor parcela, ou seja, a distribuição da renda é desigual, deixando muito clara a injustiça social global.

Vamos ver a seguir um estudo comparativo.

O quadro abaixo mostra a repartição ou distribuição de renda de alguns países selecionados.

Países % Na renda dos 20% mais pobres

% Na renda dos 20% mais ricos

Pnb per capita (US$ anuais)

Panamá 2,0 60,1 3.080Guatemala 2,1 63,0 1.640Guiné-bissau 2,1 58,9 540México 4,1 55,3 3.970Colômbia 3,1 61,5 2.600China 5,5 47,5 750Estados Unidos 4,8 45,2 29.340Reino Unido 7,1 39,8 21.400Dinamarca 9,6 34,5 33.260Suécia 9,6 34,5 25.620Alemanha 9,0 37,1 25.850França 7,2 40,1 24.940Brasil 2,3 63,7 3.227

FONTE: WORLD BANK, 2000-2001

Podemos tirar algumas conclusões desses dados:

1. Quanto menor a participação dos 20% mais pobres na renda do país e maior a participação dos 20% mais ricos, pior é a distribuição da renda desse país;

2. A renda média (ou per capita) é uma péssima informação de um país para fazer comparações internacionais quando existe uma grande desigualdade na distribuição da renda nesse país;

3. Não é possível concluir nada com relação à melhor ou pior distribuição de renda, mesmo quan-do dispomos de maior ou menor renda per capita do país. O importante é conhecer a participação na renda dos 20% mais pobres e dos 20% mais ricos;

4. Quando comparamos países que têm equivalentes rendas médias, e obtemos informações sobre sua distribuição de renda, podemos concluir pela existência ou não de distribuições de renda mais eqüitativas;

5. Há casos de países com baixas rendas médias que têm distribuição de renda mais equilibrada, bem como países com elevadas rendas médias que podem apresentar péssima distribuição de renda.

Uma outra forma de medir a distribuição de renda de um país é utilizar a Curva de Lorenz.

Trata-se de um gráfico utilizado para realçar a desigualdade da repartição do rendimento ou da riqueza de um país. O método propõe a construção de uma curva de distribuição, semelhante a um ramo de pará-

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bola, relacionando a porcentagem das famílias com a porcentagem do rendimento.

A análise da curva permite aos governantes tomar medidas para reduzir as assimetrias existentes por meio das chamadas políticas de redistribuição do rendimento.

A Curva de Lorenz é, geralmente, comparada com uma reta de eqüidistribuição, que corresponde a uma situação teórica em que a renda seria igualitariamente distribuída entre a população.

Entre a curva de Lorenz e a reta de distribuição igualitária, define-se uma área de desigualdade. Dessa forma, quanto maior for essa área, maior a concentração na distribuição da renda e, nos casos em que a renda é igualmente distribuída a todas as classes, obtém-se uma diagonal de eqüidistribuição.

Exemplo

Curva de lorenz dos países Suécia, Alemanha, China, Brasil e Guatemala.

População(Distribuições acumuladas)

A = plena igualdade

F = plena desigualdade

B C D E = situações intermediárias crescentes para desigualdades

As curvas são as seguintes: a primeira é da Suécia (melhor distribuída); a segunda é da Alemanha (um pouco pior distribuída); a terceira é da China e a quarta (a pior) é do Brasil e Guatemala.

O exemplo nos mostra cinco economias de diferentes países: Guatemala, Tailândia, China, Alemanha e Suécia.

A Guatemala apresenta estrutura básica de repartição mais concentrada e a Suécia mais igualitária,

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enquanto os demais países se encontram em posições intermediárias.

Podemos verificar que, quanto mais próximo ficar da esquerda do gráfico, terá melhor distribuição de renda; e se ficar mais perto da direita do gráfico, terá pior distribuição de renda.

A partir da Curva de Lorenz é possível calcular um coeficiente de concentração de renda, definido a partir da área em que se estabelece a curva de desigualdade e a reta de perfeita igualdade. Trata-se do Coeficiente de Gini.

Este coeficiente é obtido graficamente pela divisão da área compreendida pela Curva de Lorenz e o triângulo de plena desigualdade, formado pela linha de perfeita igualdade e os dois eixos do diagrama.

Dessa forma, o coeficiente pode variar da seguinte forma:

0 quando não há área de desigualdade de renda

1 quando a renda está concentrada em uma única pessoa

intervalo de 0 a 1 nível crescente de desigualdade

Sua fórmula de cálculo é a seguinte:

Onde: 0 < G < 1

Observe a tabela.

Ela demonstra o Coeficiente de Gini de seis países no ano 2000.

Guatemala Tailândia China Alemanha Suécia Brasil0,596 0,462 0,415 0,281 0,250 0,596

Fonte: World Bank, 2000-2001

Analisando a tabela com base no que vimos até agora, podemos afirmar que:

1º. Os dados mostram que as distribuições de renda da Guatemala e do Brasil revelam maior área de desigualdade de renda.

2º. A Suécia é o país que demonstra maior proximidade da linha de perfeita igualdade de renda.

3º. Os dados mostram que em todos os países existe desigualdade de renda.

Resumindo, podemos dizer que a Curva de Lorenz e o Coeficiente de Gini são indicadores que servem para mensurar a concentração e a distribuição de renda dos países demonstrando as assimetrias existen-tes e a necessidade de políticas corretivas a serem aplicadas pelo governo. Um desses instrumentos é a política tributária.

_ _

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4.5 - CARGA TRIBUTÁRIA

A carga tributária é o esforço fiscal do governo na arrecadação do montante de impostos no país e é medida em percentual do PIB.

Apenas para sua curiosidade, no Brasil, a carga tributária bruta (sem subsídios e transferências ao setor privado) representa 1/3 do produto ou renda.

Vejamos a distribuição da carga tributária sobre categorias de alguns países e continentes num total de 100%.

(EM %)

Países Renda Seguridade social

Mão-de-obra Propriedade Bens e serviços

Comércio exterior

Desenvolvidos 34,3 20,3 2,0 4,0 26,4 1,0América latina e caribe 19,3 12,3 2,4 2,8 34,0 25,1Brasil 21,5 17,5 6,7 3,2 47,2 1,7Ásia 24,4 3,1 1,1 1,8 31,9 13,7África 21,0 8,0 0,9 1,4 22,6 29,3Total 22,9 10,3 0,4 2,3 28,6 7,3

Fonte: Government Finance Statistics Yarbook, 2001

Vamos começar nossa análise pelos países desenvolvidos. Podemos observar que eles têm a maior incidência da carga tributária na renda e a menor no comércio exterior (importações e exportações de bens e serviços).

O Brasil tem a maior incidência da distribuição de sua carga tributária sobre o preço final dos bens e serviços (47,2%) e a menor no comércio exterior (1,7%).

Podemos concluir que os países que contemplam maior incidência de carga tributária sobre o preço final dos bens e serviços colabora com a concentração de renda pessoal, pois independe da renda do indivíduo a cobrança de tributos indiretos.

Uma outra informação que podemos tirar dos dados da tabela é que a incidência sobre o custo da mão-de-obra nos países desenvolvidos e nos países da Ásia e África é menor do que nos países da América Latina e Caribe, principalmente no Brasil, o que dificulta a competição com aqueles no que se refere à parcela do custo da mão-de-obra no preço final dos produtos no comércio exterior.

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4.6 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E SOCIAL

Vamos falar agora sobre o Índice de Desenvolvimento Humano e o Ïndice de Desenvolvimento Social.

Ambos índices medem a qualidade de vida da população de um país.

O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH foi adotado mundialmente e resulta da média aritmética de três indicadores: esperança de vida ao nascer (longevidade), educação e renda.

O Índice de Desenvolvimento Social – IDS foi proposto por M.C. Prates Rodrigues, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, e tem idêntica metodologia do IDH. Porém, ele detém sua análise nas condições materiais de vida da população, em termos de remuneração, saúde, educação, habitação, ali-mentação e transporte.

Quando mensurados, os índices de desenvolvimento humano e social podem variar de 0 a 1 e tradu-zem o seguinte resultado:

até 0,499 desenvolvimento baixo

entre 0,500 e 0,799 desenvolvimento médio

maior que 0,800 desenvolvimento alto

Veja a seguir uma tabela que mostra o índice de desenvolvimento humano e social de alguns países em 1998.

País Pnb (bilhões de us$)

Pnb per capita (us$ anuais)

Índice de desenvolvi-mento humano (idh)

Índice de desenvol-vimento social (ids)

EUA 7.921,3 29.340 0,943 0,8701Japão 4.089,9 32.380 0,940 0,9796Alemanha 2.122,7 25.850 0,925 0,8729França 1.466,2 24.940 0,946 0,8503Reino unido 1.263,8 21.400 0,932 0,8259Itália 1.166,2 20.250 0,922 0,8015China 928,9 750 ... ...Brasil 758,0 4.570 0,809 0,3589Canadá 612,2 20.020 0,960 0,9066Espanha 553,7 14.080 0,935 0,7207Índia 421,3 430 0,451 0,1342Bangladesh 44,0 350 0,371 0,0155Gana 7,2 390 0,473 0,1585

FONTE: WORLD BANK, 1999/2000

Além dos indicadores de desenvolvimento humano e social, existem outros que podem ser compara-dos internacionalmente.

País Pib real em us$ per capita (ano base:1993)

Esperança de vida ao nascer (anos)

Taxa de adultos alfabetizados(%)

Estados Unidos 24.680 76 99Japão 20.660 80 99Alemanha 18.840 76 99México 7.010 71 89

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Brasil 5.500 67 82Rússia 4.760 67 82Indonésia 3.270 63 83China 2.330 69 80Paquistão 2.160 62 36Nigéria 1.540 51 54Bangladesh 1.290 56 37Índia 1.240 61 51

FONTE: HUMAN DEVELOPMENT REPORT 1996, NAÇÕES UNIDAS

O quadro nos mostra a renda real em dólares por pessoa ocupada comparada entre alguns países, levando em consideração o ano de 1993.

Visando mostrar a desigualdade no mundo, podemos destacar que as rendas médias anuais da Nigé-ria, Paquistão e China precisariam de mais de 10 anos para se igualarem à renda média dos dois maiores países, EUA e Japão. Já o Brasil precisaria de quase cinco anos.

Outra informação que pode servir de comparação é a esperança de vida ao nascer. Quanto mais rico o país, maior a longevidade média de sua população, e quanto mais pobre o país, menor a vida média de sua população.

Podemos considerar também o grau de alfabetização como indicador social. Assim, temos os países mais ricos praticamente erradicando o analfabetismo, enquanto os países mais pobres têm baixa taxa de alfabetização.

A conclusão desse quadro é que, quanto menor a renda média, menor a esperança de vida das pesso-as porque perdem qualidade de vida, bem como maior a taxa de analfabetismo, ou seja, menor educação formal e pior qualidade de vida.

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RESUMO

1. Produto Interno Bruto – PIB são informações quantitativas que representam tudo o que é produzido monetariamente de bens e serviços por um país. Ele é obtido após deduzir todas as informações de gastos monetários utilizados em cada processo produtivo, após obter o valor bruto da produção.

2. Produto Nacional Bruto – PNB é a parte do produto que fica na nação após a dedução de toda a renda líquida enviada ao exterior, feita ao produto produzido internamente.

3. PIB ou PNB per capita são indicadores que medem a renda média dos cidadãos, por meio do quociente entre o PIB ou PNB e a população economicamente ativa (PEA).

4. A Curva de Lorenz é um indicador que mede a distribuição da renda dos países. Ela é definida a partir dos percentuais acumulados da população e de suas participações correspondentes na renda agregada.

5. O Coeficiente de Gini é obtido a partir da Curva de Lorenz e mensura a concentração de renda dos países, definindo uma área que se estabelece entre a curva de desigualdade e a reta de perfeita igualdade da renda.

6. A carga tributária é um outro indicador de comparação internacional e refere-se à participação relativa da receita tributária por base de incidência, ou seja, é o montante de impostos arrecada-dos no país.

7. O índice de desenvolvimento humano - IDH mede a qualidade de vida da população e resulta da média aritmética de três indicadores: esperança de vida ao nascer, educação e renda.

8. O índice de desenvolvimento social – IDS também é um indicador de qualidade de vida se-melhante ao IDH, só que ele pretende deter-se na análise das condições materiais de vida da população em termos de remuneração, saúde, educação, habitação, alimentação e transporte.

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MÓDULO 5ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Neste módulo você terá a oportunidade de conhecer algumas análises feitas sobre a evolu-ção dos planos econômicos do Brasil criados nos últimos 20 anos.

Nestas análises destacaremos as principais características e objetivos dos planos, bem como discutiremos a contribuição ou não deles para o momento atual da conjuntura econô-mica brasileira.

5.1 - Retrospectiva econômica

5.2 - Plano Cruzado

5.3 - Plano Bresser

5.4 - Plano Verão

5.5 - Governo Collor / Itamar Franco

5.6 - Plano Real

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MÓDULO 5ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

5.1 - RETROSPECTIVA ECONÔMICA

Acompanhe a seguir as diversas etapas por que o Brasil passou em relação à sua economia.

Século XVI:

O pau-brasil foi a primeira riqueza a ser explorada, porém, por não ser lucrativa, Portugal resolveu colo-nizar o Brasil implantando o sistema de capitanias hereditárias. A nobreza portuguesa recebia a posse da capitania e era obrigada a explorá-la, fazendo com que a agricultura passasse a ser a principal atividade econômica da época.

Século XVII:

No século XVII houve um grande desenvolvimento da agricultura, principalmente da cana-de-açúcar, fazendo surgir o primeiro tipo de sociedade colonial. A pecuária se estendeu e o povoamento começou a surgir. Com a demanda do açúcar, começaram a surgir as bandeiras indígenas, que acabaram despovo-ando o interior do país.

Século XIX:

Com a Revolução Industrial na Europa, o Estado passou a não interferir na economia e o trabalho do homem passou a ser valorizado. No século XIX, houve uma importante queda na agricultura e a indústria não progrediu mais. Somente com a abertura dos portos o Brasil passou a comercializar com outros paí-ses e implantou novas indústrias, voltando a progredir.

Meados de 1850:

Na época do império, a cafeicultura era a principal atividade econômica seguida posteriormente pela vinha, pela cana, pelo algodão etc. No período de 1850 a 1864, com a da abolição do tráfico de escravos negros vindos da África, o capital passou a ser investido na indústria fazendo surgir a inflação e a crise financeira.

Meados de 1890:

Em 1889 aconteceu o golpe militar, pois conflitos entre igreja, governo e abolição dos escravos fizeram com que o governo perdesse suas bases econômicas, militares e sociais. A crise de 1929 afetou a cafei-cultura abaixando o preço do produto e fazendo com que ocorressem muitas falências e perda de poder das oligarquias.

Meados de 1930:

Com a posse de Getúlio Vargas, a economia agrícola sofreu mudanças com a diminuição das expor-tações, fazendo com que a própria população diminuísse também e muitas fábricas se fechassem. Com isso, um novo mercado interno foi criado, aumentando a burguesia que se interessava pela indústria e pela vida urbana.

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Em 1933, a indústria era a principal fonte econômica do país. Surgiram os primeiros redutos parlamen-tares e o Estado começou a tratar das questões do comércio exterior e das indústrias separadamente. São Paulo tornou-se o maior centro industrial da América Latina e criou-se o Estado Novo, que passou a controlar todas atividades econômicas do país.

Meados de 1950:

Em 1956, Juscelino assumiu a presidência do país buscando a união dos empresários, políticos, milita-res e assalariados. Ele adotou o recurso ao capital estrangeiro para sustentar a indústria. Começaram os primeiros contatos brasileiros com o FMI. O Brasil era o terceiro país receptor de capital de risco america-no destinado à indústria manufatureira. O país entrou em crise econômica.

Entende-se por capital de risco os recursos financeiros conhecidos como capital de investimento ou investimento em fábricas/plantas produtivas ou participações societárias em ações que assumem riscos dos empreendimentos em ter sucesso ou não nos negócios.

Meados de 1960:

Jânio Quadros tomou posse mas renunciou em seguida. João Goulart assumiu mas foi derrubado pelas forças armadas.

Castelo Branco assumiu a presidência tornando as eleições indiretas e dividindo os partidos em dois (Aliança Renovadora Nacional - Arena e Movimento Democrático Brasileiro - MDB). Em 1964 foi criado o programa de ação econômica para reduzir a inflação, além da correção monetária para financiar o déficit do governo. Surgiu o Banco Nacional de Habitação - BNH, as reformas bancárias e a repressão dos valo-res do serviço público, porém a inflação subiu.

Em 1966, Costa e Silva assumiu a presidência e houve corte de gastos públicos, fazendo com que a inflação diminuísse e o PIB aumentasse. As exportações cresceram com a isenção do Imposto de Renda

- IR e do Imposto sobre os Produtos Industrializados – IPI, e criou-se o Banco Central.

Na época, o ministro da Fazenda era Delfim Neto, que fez com que os juros fossem reduzidos e a inflação também.

Meados de 1970:

Médici assumiu a presidência, a inflação baixou ainda mais e o PIB cresceu. Depois de três anos de euforia, a guerra dos Árabes x Israel fez aumentar o preço do petróleo e derivados, gerando uma crise eco-nômica internacional. O Brasil voltou a ficar abalado, a dívida externa ficou muito alta e o déficit também.

Geisel assumiu a presidência e estabeleceu contato com estrangeiros visando à instalação de usinas no país. Em 1978 ele revogou atos de banimento, criou a lei de segurança nacional e suspendeu a cen-sura.

Meados de 1980:

Figueiredo assumiu a presidência e prometeu devolver o poder aos civis, o que aconteceu seis anos mais tarde debaixo de uma crise econômica muito séria. Em 1980 o país entrou em recessão. Houve que-da na produção industrial e o desemprego foi grande. A dívida externa chegou a níveis absurdos e o FMI passou a influenciar fortemente na economia do país.Em 1985, Tancredo Neves assumiu a presidência do Brasil, mas morreu logo depois. José Sarney assumiu no seu lugar por meio de eleições indiretas.

A partir de 1986 começaram a surgir os planos econômicos, visando estabilizar a situação caótica que

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o país se encontrava.

A economia brasileira, nos últimos 20 anos, apresentou um traço marcante com a política econômica da Nova República, encerrando o ciclo das ditaduras militares.

De 1985 até 1994 houve uma série de planos econômicos que visavam derrubar o processo inflacio-nário e corrigir os erros praticados em períodos imediatamente anteriores. Essas reformas ou planos, em geral, eram apoiados pela teoria econômica sob duas formas:

Ortodoxas:

As soluções ortodoxas são utilizadas amplamente, principalmente em países desenvolvidos ou ricos, e se caracterizam pelo aumento da taxa básica de juros de forma a desestimular o consumo e o investimen-to e estimular a poupança, bem como atuar sobre o ajuste fiscal e cambial.

Heterodoxas:

As soluções heterodoxas, criação dos países do 3º mundo ou emergentes, incluem em seu cardápio de política macroeconômica soluções como política de rendas (controlando preços e salários, podendo chegar até o polêmico “congelamento”) e situações que não são clássicas de mercado, complementadas pelas políticas tradicionais e conservadoras (elevação da taxa básica de juros, ajuste fiscal e desvaloriza-ção cambial com vistas a resolver o desequilíbrio do balanço de pagamentos).

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5.2 - PLANO CRUZADO

Os dados históricos mostram a seguinte situação no nosso país nessa época:

A inflação era de 211,0% e, no ano seguinte, 235,1%. O PIB aumentou de 5,11% em 1984 para 7,85% em 1985, puxado pela agricultura, que cresceu mais de 10%.

O nível de emprego industrial aumentava 9% em média anual e a taxa de desemprego era de 4%.

Os salários reais (descontada a inflação) cresciam 20% em termos anuais. A produção industrial apre-sentava taxas de crescimento médias de 10% no período de janeiro de 1986 a março de 1987.

As exportações médias mensais eram de US$ 2,0 bilhões e as importações, US$ 1,0 bilhão. A taxa Se-lic, descontada a inflação, era de 0,38% ao mês e as reservas internacionais eram de US$ 11,0 bilhões.

O principal problema econômico nessa época consistia no combate à inflação.

O Brasil foi governado por José Sarney de março de 1985 a março de 1990.

O Plano Cruzado foi lançado no seu governo, em 1986, para combater a inflação, e isso se deu por meio de um plano heterodoxo, destacando-se um pacote fiscal no final de 1985 que visava ampliar a ar-recadação e a vinculação de alguns preços controlados pelo governo com as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN), como forma de aumentar a sincronia dos reajustes.

Essa ação não surtiu o efeito desejado. A inflação continuava a se elevar, principalmente como reflexo dos choques agrícolas e em decorrência do próprio crescimento econômico.

Com isso, o governo considerou necessário algum tipo de “tratamento de choque”.

O Plano Cruzado introduziu uma nova moeda substituindo o padrão monetário Cruzeiro pelo Cruzado e definiu regras de conversão de preços e salários de modo que se evitassem efeitos redistributivos, ou seja, buscou promover um “choque neutro” que mantivesse sob o padrão Cruzado o mesmo comportamento de distribuição de renda do padrão Cruzeiro.

As principais medidas tomadas pelo governo para a implantação do Plano Cruzado foram as seguin-tes:

Salários:

Os salários foram convertidos pelo poder de compra (reposição da inflação) dos últimos seis meses mais um abono de 8%, e para o salário-mínimo um abono de 16%.

Introduziu-se também a escala móvel (“gatilho salarial”), ou seja, toda vez que a inflação atingisse ou ultrapassasse 20%, os salários teriam correção automática com o mesmo índice.

Preços:

Os preços foram congelados no nível de 28 de fevereiro de 1986, com exceção da energia elétrica, que teve um aumento de 20%. Não havia prazo para a liberação e não houve nenhuma forma de compensa-ção, o que fez com que vários setores fossem pegos de surpresa com preços defasados, em especial as tarifas públicas.

Taxa de câmbio:

A taxa de câmbio foi fixada no patamar de 27 de fevereiro de 1986 e descartou-se a necessidade de uma maxidesvalorização compensatória ou defensiva (reposição da inflação), dada a folga cambial e a

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tendência à desvalorização do dólar em relação às demais moedas.

Aluguéis:

Os aluguéis tiveram os valores médios recompostos por meio de fatores multiplicativos, com base em relações média-pico e não pró-rata como se esperava, ou seja, beneficiava-se os inquilinos e não os pro-prietários. que eram pegos no contrapé dos reajustes.

Ativos financeiros:

Para os ativos financeiros foram criadas diferentes regras. Em primeiro lugar deu-se a substituição das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs (títulos públicos com correções monetárias) pelas Obrigações do Tesouro Nacional - OTNs (sem correção automática), que ficariam com o valor congelado durante 12 meses.

Para os contratos pós-fixados, os juros acima da correção monetária transformaram-se em juros nomi-nais, com proibição de indexação de contratos com prazos inferiores a um ano, com exceção das cader-netas de poupança, que teriam correção monetária. mas com ajuste trimestral.

Para os contratos pré-fixados introduziu-se a “Tablita”, que era uma tabela de conversão com desvalo-rização diária de 0,45%. que correspondia à média diária de inflação entre dezembro de 1985 a fevereiro de 1986.

O principal problema econômico da época era a inflação de 14% a 16% ao mês. Visando mudar essa situação, os preços foram congelados, a taxa de câmbio foi fixada e, posteriormente, com o Decreto-lei nº 2.290 de 21.11.86, procurou-se desindexar definitivamente a economia, mas sem sucesso. Quanto mais o Governo tentava manter o congelamento, a situação externa e a fiscal pioravam.

O sucesso inicial do Plano, com queda abrupta na taxa de inflação e grande apoio popular que rendeu generosos bônus políticos ao governo (toda população transformara-se em fiscais do presidente, inclusive com cenas de fechamento de estabelecimentos que desrespeitassem o congelamento), fez com que o congelamento de preços se transformasse no principal elemento.

É importante destacar que o recurso ao congelamento de preços é extremamente complicado pois, se ele for temporário, os agentes atuam de acordo com as expectativas de seu final e, se ele for duradouro, elimina a possibilidade de correção dos desequilíbrios de preços relativos. Essas duas alternativas mos-tram limites para sua eficácia. Dessa forma, a ação pegou produtos cujo preço acabara de ser reajustado e produtos cujo preço estavam defasados. Assim, com o congelamento, essas distorções não seriam corrigidas.

Sabe qual foi o resultado final do Plano Cruzado?

O congelamento foi se tornando ineficaz e as tentativas de mantê-lo acabavam rebatendo no lado fiscal pelo aumento do déficit público, e nas contas externas do país pelo aumento do desequilíbrio do balanço de pagamentos e, consequentemente, pelo maior endividamento externo.

O esgotamento do Plano Cruzado e depois do Plano Cruzado II (21/11/86), que visava aumentar a receita pública por meio da elevação de tarifas e impostos indiretos e reduzir o déficit público, ficaram evidentes com os seguintes dados:

desequilíbrio social com a queda abrupta do nível de emprego industrial

queda do poder de compra da sociedade (de 44,5% em 1986 para 4% 1987)

evolução das exportações

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queda na produção industrial

taxa Selic abaixo da expectativa de inflação

baixa reserva internacional

aumento da taxa mensal de inflação

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5.3 - PLANO BRESSER

A experiência e o fracasso do Plano Cruzado deixaram algumas seqüelas importantes na economia brasileira. Primeiro foi a questão do congelamento, porque, a partir de então, toda vez que a inflação se elevava, a população já se preparava para um novo congelamento de preços provocando a aceleração inflacionária. O outro problema foi a perda de apoio político do governo, que teve sua credibilidade forte-mente reduzida.

Como ponto positivo desse plano, podemos apontar as lições aprendidas com ele, como a necessidade de controlar a demanda após a estabilização, a necessidade de que os choques fossem neutros do ponto de vista distributivo, a impossibilidade de se manter um congelamento de preços por tempo demasiado e a importância de se manterem as contas fiscais e externas em equilíbrio, entre outras.

O Plano Cruzado foi substituído pelo Plano Bresser em junho de 1987.

O ministro Bresser assumiu o Ministério da Fazenda em substituição ao ministro Funaro. Sua primeira ação foi retornar a política econômico-financeira à ortodoxia, com uma minidesvalorização de 7,5% do Cruzado em relação ao dólar norte-americano, com promessas de mudanças fiscais também (corte de gastos públicos e aumento da receita pública).

Como o ministro era simpatizante da heterodoxia, criou-se várias especulações sobre um novo conge-lamento, fazendo surgir a necessidade de um novo plano econômico. Dessa forma, surge então um plano de estabilização – o Plano Bresser.

O principal objetivo do Plano Bresser era deter a aceleração inflacionária e evitar a hiperinflação, pro-movendo um choque deflacionário com a retirada do “gatilho salarial” e a redução do déficit público.

Na verdade, o Plano Bresser foi um plano de emergência, ou seja, para resolver uma crise momen-tânea recorria-se ao congelamento e à desvalorização cambial, não se resolvendo os problemas a longo prazo.

Talvez tenha sido esse o motivo de mais um fracasso.

As principais medidas do Plano Bresser foram:

Congelamento de preços e salários por três meses, sendo que vários preços, em especial os públicos, foram aumentados antes do Plano, e os salários foram reajustados no patamar existen-te em 12 de junho, com o resíduo inflacionário a ser pago em seis parcelas a partir de setembro.

Mudança do período-base do Índice de Preços ao Consumidor - IPC para 15 de junho, sendo que os aumentos foram incorporados à inflação de junho de modo a evitar que se sobrecarregas-se a inflação de julho.

Desvalorização cambial de 9,5% em 12 de junho e o não congelamento da taxa de câmbio, mantendo a minidesvalorização (variação de acordo com o diferencial entre a inflação interna e externa), mas em menor ritmo.

Reajuste dos aluguéis congelados ao nível de junho, sem nenhuma compensação.

Os contratos financeiros pós-fixados foram mantidos e, para os pré-fixados, introduziu-se uma Tablita (tabela com redutores de acordo com os prazos estabelecidos) com desvalorização de 15% ao mês.

Criação da Unidade Referencial de Preços - URP, que corrigia o salário dos três meses seguin-tes, a partir de uma taxa pré-fixada com base na média geométrica da inflação dos três meses anteriores, entrando em vigor a partir de setembro.

O resultado de todas as ações que destacamos anteriormente resultaram no fracasso da contenção

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do déficit público.

O descontrole fiscal, no ano de 1987, veio tanto pelo aumento dos gastos com funcionalismo como também pelo aumento das transferências constitucionais a Estados e Municípios e os subsídios às em-presas estatais.

Um aspecto que merece destaque nesse período refere-se à retomada das negociações sobre a dívida externa, visando o fim da moratória decretada no Plano Cruzado.

Sabe qual foi o desfecho desse plano?

O Plano Bresser teve seus altos e baixos.

Nos sete primeiros meses foi possível repor a indexação na economia e realinhar preços, fazendo com que em pouco tempo bons resultados fossem alcançados.

Entretanto, no segundo semestre de 1987, sem forças para conter os gastos públicos, a inflação voltou a subir a 15% mensais, passando em seguida por momentos de instabilidade.

Em dezembro de 1987, Bresser não conseguiu o apoio político para fazer o ajuste fiscal que julgava necessário para estabilizar a economia e pediu demissão do seu cargo, sendo substituído por Maílson da Nóbrega.

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5.4 - PLANO VERÃO

O Plano Bresser foi substituído pelo Plano Verão.

Esse plano continha tanto elementos ortodoxos como heterodoxos, visando evitar os erros obtidos no Plano Cruzado.

Os elementos ortodoxos visavam conter a demanda por meio da diminuição dos gastos públicos e da elevação das taxas de juros, enquanto os elementos heterodoxos visavam promover a desindexação da economia sem a pré-determinação de novas regras, ou seja, determinou-se novamente o congelamento dos preços, com exceção dos preços administrados (tarifas públicas, energia, telefone e derivados de petróleo).

Além disso, alterou-se a data de comparação dos índices de preços para 15 de janeiro de 1988, de modo a evitar que os aumentos anteriores contaminassem o novo índice.

Com a reforma monetária, introduziu-se o Cruzado Novo a partir do corte de três zeros no cruzado e a inserção da letra N na frente do Cz$ para indicar “novo”.

Ao longo de 1988, o então ministro Maílson adotou a política “arroz com feijão”, referindo-se ao fato de que nenhuma mágica seria tentada.

Rejeitava-se a idéia de choques heterodoxos e visava-se estabilizar a inflação em 15% ao mês, re-duzindo também o déficit operacional (déficit menos receitas, exceto correções monetária e cambial) do governo de 8% do PIB para 4%.

Para isso, foi adotado o congelamento dos empréstimos ao setor público, a contenção salarial e a re-dução no prazo de recolhimento dos impostos, bem como foi suspensa a moratória da dívida externa que havia sido decretada em fevereiro de 1987.

Inicialmente, essa política conseguiu conter a inflação abaixo de 20% ao mês, porém, com a recom-posição das tarifas públicas, ela tornou a subir chegando a 29% ao mês e novos problemas voltavam a ocorrer no governo.

A principal característica de todo o governo Sarney foi um grande descontrole das contas públicas, com aumento nos déficits operacionais e crescimento do endividamento interno a prazos mais curtos e com giro diário, cuja necessidade de rolagem (renovação automática no vencimento) inflexibilizava a taxa de juros.

Isso levava à adoção de uma política monetária que visava à sustentação de taxas de juros reais elevadas, endogeneizando a oferta monetária, ou seja, criando dependência para a redução ou aumento da oferta de moeda, quando o correto é deixar que o Banco Central tenha esse controle, para evitar pro-blemas na execução da política monetária. Verificava-se a ausência de qualquer mecanismo de política econômica, pois tanto a política fiscal como a monetária tornaram-se prisioneiras da rolagem da dívida interna.

Sabe qual foi o resultado disso?

O Plano Verão teve curta duração.

O governo não realizou nenhum ajuste fiscal, o que mantinha elevados e crescentes os déficits públi-cos, e o desajuste fiscal levou ao descontrole monetário também.

Esse plano foi muito semelhante ao Plano Bresser. A inovação foi a fixação da taxa de câmbio em US$ 1,00 = NCz$ 1,00 após desvalorização cambial de 18%. A fragilidade do governo, o desajuste fiscal, as incertezas do último ano do governo Sarney e um profundo imobilismo da política econômica levaram a inflação a acelerar-se rapidamente e caminhar para a hiperinflação, chegando a atingir 80%.

A credibilidade do governo foi agravando-se e ele já não conseguia mais encontrar facilidades para emitir novos títulos públicos, uma vez que o mercado não absorvia mais a sua dívida. Restava ao governo emitir moeda, o que piorou a inflação e fez o plano afundar de uma vez por todas.

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5.5 - GOVERNO COLLOR / ITAMAR FRANCO

O presidente José Sarney foi substituído por Fernando Collor de Melo em 1990.

Ele assumiu o governo com inflação de quase 3% ao dia, mais de 60% ao mês e 1.750% ao ano. Só não havia acontecido um colapso na atividade econômica porque ainda existiam os mecanismos de inde-xação.

Os últimos dias do Governo Sarney provocaram corrida aos bancos, devido aos rumores sobre o cho-que econômico do novo Governo. Como os planos anteriores ainda não tinham experimentado bloqueios de contas correntes e depósitos de poupança, os aplicadores financeiros que ganhavam com a “ciranda financeira” (aplicações financeiras que rendiam a taxa “overnight”, ou seja, rendimento diário com possi-bilidade de resgate no primeiro dia útil seguinte) resolveram arriscar e transferir suas aplicações para as contas correntes e de poupança.

No dia 16 de março de 1990, o Plano Collor foi divulgado.

A principal medida do Plano Collor foi o congelamento de 80% do saldo dos ativos financeiros, a serem liberados após dezoito meses.

O governo Collor tinha como preocupação básica o combate à inflação. A experiência com os planos anteriores levaram ao aparecimento de novos diagnósticos sobre a natureza da inflação e sobre as causas de fracasso das tentativas de estabilização até então implementadas, fazendo com que uma nova tese ganhasse força: a elevada e crescente liquidez dos haveres financeiros não-monetários.

A possibilidade de mudanças rápidas levava a uma reação contra as políticas do governo, tornando-as inviáveis. Dessa forma, foi adotado um plano que visava romper com a indexação da economia, cujas principais medidas foram:

Reforma monetária:

A reforma monetária centrou-se basicamente na drástica redução da liquidez da economia pelo blo-queio de cerca de metade dos depósitos a vista, 80% das aplicações de overnight e fundos de curto prazo e cerca de um terço dos depósitos de poupança.

Essa ação visava evitar as pressões de consumo, necessidade de rolar a dívida pública e retomar a capacidade do Banco Central de fazer política monetária ativa, em vez de ficar à mercê do mercado finan-ceiro.

Reforma administrativa e fiscal:

A reforma fiscal tinha por objetivo promover um ajuste fiscal da ordem de 10% do PIB, eliminando um déficit projetado de 8% do PIB e gerar um superávit de 2%.

A reforma administrativa visava a promoção de um programa de privatizações, a melhoria dos instru-mentos de fiscalização e de arrecadação visando diminuir a sonegação e as fraudes, maior controle sobre os bancos estaduais e várias outras medidas para aumentar a eficiência da administração do setor público e reduzir gastos.

Congelamento de preços e desindexação dos salários:

O congelamento de preços e a desindexação dos salários em relação à inflação passada foram feitos por meio da definição de uma nova regra de prefixação de preços e salários, que entrariam em vigor a partir de 1 de maio de 1990.

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Mudança do regime cambial:

A mudança do regime cambial visava à adoção de um sistema de taxas flutuantes definidas livremente no mercado.

Mudança na política comercial:

A mudança na política comercial visava ao início de um processo de liberação do comércio exterior, com redução qualitativa das tarifas de importação de uma média de 40% para menos de 20% em quatro anos.

A persistência da aceleração inflacionária associada a uma dificuldade crescente de financiamento do governo por meio de oferta pública de títulos públicos levou a uma nova tentativa heterodoxa de estabili-zação: o Plano Collor II.

O Plano Collor foi mais um plano que não deu certo.

Mas, e o Plano Collor II? qual teria sido a falha dele?

O novo plano foi lançado ainda sob o comando da ministra Zélia Cardoso de Melo e consistia princi-palmente em uma reforma financeira que visava eliminar as aplicações financeiras de overnight e outras formas de indexação, um novo congelamento de preços e salários, além de uma tentativa de maior aus-teridade fiscal por meio do controle do fluxo de caixa dos recursos públicos no ministro da Fazenda, com o bloqueio do orçamento de uma série de recursos dos ministérios, dos recursos para investimentos e do controle dos gastos das estatais.

Mesmo com a queda da inflação durante alguns meses, as resistências políticas à equipe econômica, acompanhadas de uma série de escândalos, levaram à substituição da ministra Zélia em maio de 1991.

A ministra Zélia Cardoso foi substituída por Marcílio Marques Moreira e, posteriormente, o impeachment do presidente Fernando Collor levou o vice-presidente Itamar Franco a assumir a presidência do Brasil.

As ações do novo ministro, ou seja, as pazes com a comunidade financeira e internacional que esta-vam rompidas desde a moratória externa no Governo Sarney, foram aos poucos estabilizando a situação do país, promovendo uma grande entrada de capital externo e elevando as reservas internacionais. Em contrapartida, essa entrada de recursos levou a uma profunda ampliação da dívida pública, gerando novos problemas.

De qualquer forma, podemos destacar três aspectos positivos desse governo: o processo de privatiza-ção, a mudança na estratégia de comércio exterior com a liberalização das importações e a normalização do retorno dos fluxos de recursos externos ao país.

Muitas pessoas não têm boas recordações desse governo, principalmente por causa do bloqueio da poupança financeira.

Devido às fortes pressões dos agentes econômicos, uma parcela desse dinheiro desbloqueado foi libe-rado de forma desproporcional entre os setores da economia levando à expansão de moeda em circulação sem a respectiva contrapartida na produção da atividade econômica.

Sabe qual foi o desfecho desse plano?

Com os avanços obtidos na instalação da CPI da Corrupção, o presidente Fernando Collor de Mello renunciou à Presidência da República, mas foi impedido pelo Congresso, sofrendo o impeachment, tendo que assumir o vice-presidente Itamar Franco. O Governo de Itamar Franco caracterizou-se como governo de transição, pelo qual passaram diversos Ministros da Economia. O grande destaque de seu governo foi a implantação do Plano Econômico Real, por meio da Lei nº 8.880, de 27.05.94, sob o comando do Ministério da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso, que veio a se tornar o presidente da República mais tarde.

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5.6 - PLANO REAL

O Plano Real foi implantado ainda sob o governo de Itamar Franco e, posteriormente, administrado por Fernando Henrique Cardoso, quando assumiu a presidência do Brasil em 1994.

Esse plano teve início em maio de 1993 e foi avançando na melhoria das contas públicas, na implan-tação do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), no lançamento do Plano de Ação Imediata (PAI), entre outras medidas.

Essas ações fizeram com que a inflação retomasse cada vez mais um caráter inercial, fazendo crescer novamente a economia e levando a uma grande ampliação das reservas internacionais.

Podemos dizer que o Plano Real teve três fases distintas:

1ª fase

A primeira fase foi iniciada no governo Itamar.

A Unidade Real de Valor - URV, com base na combinação de índices de preços, permitiu que fosse montada a engenharia financeira com vistas a derrubar a inflação inercial que se caracterizava pelo au-mento do índice geral de preços.

2ª fase:

A segunda fase foi implantada a partir de julho de 1994 e consistia no alinhamento de todos os preços a partir dessa data.

Eliminou-se qualquer tipo de contrato inferior a um ano, criou-se a âncora cambial garantindo a equipa-ração do dólar e do real, permitindo que os preços fossem competitivos internacionalmente.

3ª fase:

A terceira fase do plano foi caracterizada por ajuste no setor público, com o reconhecimento das dívi-das públicas que não estavam oficializadas, tais como dívidas do governo com as entidades do Sistema Financeiro de Habitação, dívidas intra-governo como INSS e FGTS, entre outras.

O Plano Real já dura cerca de nove anos. Essa é uma grande conquista.

Qual teria sido o segredo do sucesso deste plano?

Que estratégia utilizada resultou na estabilização da crise econômica que estávamos vivenciando há anos?

O Plano Real se apoiou em três âncoras: política monetária, fiscal e cambial.

Primeiramente surgiram novas prioridades de política macroeconômica, como o manejo da taxa de câmbio, a preocupação com a poupança externa e a abertura comercial e financeira ao exterior, o que possibilitou o ingresso de capital externo para financiar o déficit público.

Depois houve o equilíbrio orçamentário da União, criando mecanismos temporários como o Fundo So-cial de Emergência e o imposto sobre cheques (IPMF). Isso serviu para desvincular as receitas do governo para as transferências constitucionais para Estados e Municípios, para amortizar a dívida do Tesouro Nacional e para aumentar a receita do governo.

Finalmente, instituiu-se uma superindexação de preços e salários à URV, transformando mais tarde

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nossa moeda em Real.

Sabe qual foi o desfecho desse plano?

O Plano Real continua em vigor até os dias de hoje e não existe nenhuma dúvida de que a inflação foi controlada com ele.

Entretanto, a demanda da economia ficou aquecida e houve valorização cambial, desestimulando as exportações e estimulando as importações, gerando déficits crescentes na balança comercial. Contudo, esse aumento da demanda provocou também a expansão da atividade econômica, a qual pode ser vista pelo aumento significativo do produto industrial nos meses posteriores ao Plano Real.

Podemos dizer que o Plano Real foi vitorioso, uma vez que derrubou a inflação de 40% a 50% ao mês em 1993 para 12,52% em 2002 e está apontando para 9,5% em 2003.

Veja a seguir um quadro contendo uma síntese das datas de início das várias reformas que acontece-ram no Brasil.

Reformas 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998Comercial X X X X X X X X XCapital financeiro externo

X X X

Privatização X X X X XSistema financeiro X X X XSeguridade social X X XAdministrativa XEducação X X X X XSaúde X X X X X

Fonte: Baumann, R. “O Brasil Nos Anos 1990:uma Economia Em Transição”. Campus, 2000.

O Plano Real foi muito importante em reduzir as taxas de inflação e apagar a memória inflacionária, mas às custas de elevado endividamento público e externo, bem como baixo crescimento do PIB e eleva-da taxa de desemprego.

A concentração da renda e a elevada dependência da economia brasileira em relação ao exterior também foram características do Plano Real (2ª fase). Resta, portanto, ao Governo Lula, criar as bases para estimular a taxa de investimento para possibilitar o crescimento econômico auto-sustentado, a fim de aumentar os postos de trabalho e reduzir as taxas de desemprego, bem como utilizar políticas públicas para redistribuir renda.

Enfim, nos resta aguardar para ver qual será o próximo desfecho da economia brasileira.

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RESUMO

1. A economia brasileira apresentou como traço marcante nos últimos 20 anos, a criação de uma série de planos econômicos que visavam derrubar o processo inflacionário.

2. A heterodoxia da política econômica surgiu para se opor à tradicional ortodoxia que se carac-terizava pelo respeito às forças de mercado e o uso tradicional das políticas monetária e cambial para combater a inflação de demanda.

3. As soluções ortodoxas são utilizadas amplamente, principalmente em países desenvolvidos ou ricos, e se caracterizam por aumento da taxa básica de juros de forma a desestimular o consumo e o investimento e estimular a poupança, bem como atuar sobre ajuste fiscal e cambial.

4. As soluções heterodoxas, criação dos países de 3º mundo ou emergentes, incluem soluções como política de rendas, controlando os preços e salários, e situações que não são clássicas do mercado, sendo complementadas pelas políticas tradicionais e conservadoras.

5. Os planos econômicos procuravam corrigir os erros praticados em períodos imediatamente anteriores e foram marcados por forte instabilidade econômica, oscilações inflacionárias, deterio-ração das contas públicas e problemas cambiais, com exceção do Plano Real.

6. O Plano Cruzado foi implantado em 1986 e a inflação encontrava-se em torno de 20% ao mês, sendo este o principal problema no momento. Este plano caracterizou-se por estar a economia em crescimento, saldo equilibrado da conta-corrente do balanço de pagamentos e inflação ele-vada. Utilizou-se soluções heterodoxas para combater o problema e foi introduzida uma nova moeda para substituir o Cruzeiro.

7. O Plano Bresser foi implantado em 1987 e continha tanto elementos ortodoxos como heterodo-xos. O objetivo principal era deter a aceleração inflacionária e evitar a hiperinflação, promovendo um choque deflacionário e a redução do déficit público.

8. O Plano Verão foi implantado em 1989 e também continha elementos ortodoxos e heterodoxos. Eles visavam conter a demanda e promover a desindexação da economia sem a predetermina-ção de novas regras. Uma nova reforma monetária foi introduzida, a partir do corte de três zeros na cruzado e a inserção da letra N para indicar “novo”.

9. O Plano Collor foi implementado em 1990 e o Plano Collor II em 1991. Sua principal medida foi o congelamento de 80% do saldo dos ativos financeiros, a serem liberados após dezoito me-ses. O Plano Collor II consistia principalmente em uma reforma financeira que visava eliminar as aplicações financeiras de overnight e outras formas de indexação e um congelamento de preços e salários.

10. O Plano Real foi implementado em 1994. Destacam-se como medidas a aprovação do Im-posto Provisório sobre Movimentação Financeira, o lançamento do “Plano de Ação Imediata”, o endurecimento nas negociações com Estados e Municípios, a criação da URV, o alinhamento de preços, o ajuste no setor público e mudança da moeda para Real.

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Modulo 6´Economia

MÓDULO 6ECONOMIA MUNDIAL

Neste último módulo falaremos sobre o economia mundial.

Você terá a oportunidade de conhecer a importância da existência de blocos econômicos e do processo de globalização e, além disso, destacaremos o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostrando os modelos adotados e a serem adotados, como por exem-plo, o da União Européia, da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), do Mercado Comum dos Países do Cone Sul (MERCOSUL), entre outros.

6.1 - Negociações comerciais

6.2 - Globalização

6.3 - Vantagens e desvantagens do comércio internacional

6.4 - Liberação dos investimentos estrangeiros

6.5 - Desafios e oportunidades para o Brasil

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Modulo 6´Economia

MÓDULO 6ECONOMIA MUNDIAL

6.1 - NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS

As negociações comerciais existem entre os diversos países do mundo, mas de uma forma bastante característica.

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o grande desafio a ser enfrentado pelos países ocidentais vencedores era a construção simultânea de uma paz duradoura e de um novo modelo de sociedade capitalista.

Para alcançar esses objetivos era preciso construir uma ordem econômica internacional que estabele-cesse regras sob as quais as forças de mercado pudessem atuar, permitindo a previsibilidade das estraté-gias de investimentos empresariais.

Dessa forma, foram criados os blocos regionais para facilitar as relações econômicas entre os países.

Os blocos regionais existem para denominar um conjunto de países que fazem acordos entre si, de forma a facilitar as relações econômicas existentes entre eles.

Essas relações podem ser mais ou menos profundas, conforme o tipo de acordo feito pelo grupo de países que compõem o bloco regional. Dessa forma, quanto maior for o grau de profundidade dos acordos que constituem o bloco, mais as políticas econômicas precisam ser semelhantes e menor é a margem de manobra dos governos na administração de problemas específicos de um país.

Os tipos de acordos podem variar desde o que se denomina Área de Tarifas Preferenciais até uma União Monetária. Entre esses dois extremos existem, em ordem crescente de profundidade econômica, os seguintes tipos de acordos em processos de integração entre países: Área de Livre Comércio, União Aduaneira e Mercado Comum.

Vamos conhecer alguns detalhes sobre esses acordos.

Área de Tarifas Preferenciais: Este tipo de acordo caracteriza-se por incluir países que acei-tam uma redução tarifária parcial, uniforme ou não entre eles.

União Monetária: Este tipo de acordo caracteriza-se por uma integração mais profunda entre os países, com a adoção de uma mesma moeda e, como esta entra no conjunto de transações econômicas dos países, a ligação econômica entre eles se aprofunda e se generaliza.

Área de Livre Comércio: Neste tipo de acordo são eliminadas todas as tarifas de importações entre os países do bloco, embora eles possam ter diferenças de tarifas ao se relacionar com pa-íses fora do bloco regional.

União Aduaneira: Neste tipo de acordo os países têm uma política tarifária comum para ter-ceiros países.

Mercado Comum: Este tipo de acordo, além de incluir os benefícios da União Aduaneira, tam-bém caracteriza-se pela livre mobilidade dos fatores de produção, permitindo, assim, o livre co-mércio de mercadorias comuns e trânsito de capital e de mão-de-obra de um país para outro.

Vamos ver a seguir, quais são as nomenclaturas utilizadas por estes blocos, os países que compõem cada um deles e quais são os seus objetivos comerciais.

CEI: A Comunidade dos Estados Independentes surgiu em 1991, em torno de 12 das 15 repú-blicas que formavam a URSS. Originalmente, pretendia estabelecer uma moeda única, o rublo, e a centralização das Forças Armadas. Na prática, essa integração político-econômica foi afetada

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Modulo 6´Economia

pela instabilidade política dos países integrantes que, entre outros problemas, enfrentavam mo-vimentos separatistas.

Membros: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Casaquistão, Federação Russa, Geórgia, Moldávia, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Usbequistão.

ASEAN: Criada em 1967 na Tailândia, a Associação das Nações do Sudeste Asiático tem como objetivo assegurar a estabilidade política da região e acelerar seu desenvolvimento. Criou programas de cooperação entre seus membros em diversas áreas – transportes, educação e energia – e agendou a eliminação das barreiras econômicas e alfandegárias para o ano de 2002. Em 1999, admitiu seu último parceiro, o Camboja.

Membros: Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tai-lândia, Vietnã.

APEC: A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico é o maior bloco econômico do planeta. Ainda em formação, tem como objetivo estabelecer a livre troca de mercadorias entre todos os países-membros até 2020. Idealizada a partir de conversações informais entre os integrantes da Asean e seis outros parceiros da região do Pacífico – entre eles Estados Unidos e Japão –, foi oficializada em 1993. Reúne 20 países da região da Ásia e do Pacífico, além do território de Hong Kong. Juntos, somam um PIB de 16,5 trilhões de dólares e respondem por mais de 40% das exportações mundiais.

Membros: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Coréia do Sul, EUA, Federação Russa, Filipinas, Hong Kong (China), Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Pa-pua-Nova Guiné, Peru, Tailândia, Taiwan (Formosa) e Vietnã.

SADC: A Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento foi estabelecida oficialmen-te em 1992, mas teve origem na Conferência de Coordenação do Desenvolvimento do Sul da África (SADCC), em 1979. Pretende formar um mercado comum entre 14 nações africanas, além de cooperar para manter a estabilidade política na região.

Membros: Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue

MERCOSUL: O Mercado Comum do Sul foi instituído em 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção, no Paraguai. Iniciou-se como uma zona de livre comércio, mas tem uma proposta de união aduaneira que exclui o Chile e a Bolívia. Como em todos os outros processos envolvendo a integração de vários países, o aperfeiçoamento das regras de liberalização econômica será gradual.

Membros: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Bolívia e Chile são países associados, ou seja, embora estejam incluídos no processo de formação de uma zona de livre comércio, não adotaram o princípio de união aduaneira.

PACTO ANDINO: Instituído em 1969 com o objetivo de aumentar a integração comercial, eco-nômica e política entre os países-membros, começou a vigorar em 1992 como zona de livre comércio. Tentativas de acordo entre este bloco e o Mercosul não deram certo por causa da existência de barreiras tarifárias no setor agrícola.

Membros: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.

CARICOM: O Mercado Comum e Comunidade do Caribe nasceu em 1973. Tem como objetivo a cooperação econômica e política entre os 14 países e quatro territórios que o compõem. Tem projetos comuns nas áreas de Saúde e Educação.

Membros: Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Suriname, Tri-nidad e Tobago, mais os territórios de Montserrat, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Turks e Caicos, e Anguilla.

UE: Criada a partir da Comunidade Econômica Européia (CEE), formada a princípio por seis nações, a União Européia é hoje o segundo maior bloco econômico do planeta em termos de PIB

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(US$ 8 trilhões) e reúne 374 milhões de habitantes.

A organização da UE teve várias etapas. Em 1992, o Mercado Comum Europeu aboliu as bar-reiras alfandegárias entre os países-membros. A decisão fazia parte dos acordos assinados, um ano antes na Holanda. O Tratado de Maastricht também criou a União Política e a União Mone-tária, que definia a adoção de uma moeda única. Há cinco pré-requisitos para permitir a entrada de novos países do continente na União Monetária e Econômica: déficit público máximo de 3% do PIB; inflação baixa e controlada; dívida pública equivalente a 60% do PIB, no máximo; moeda estável e taxa de juros de longo prazo controlada.

Membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Ir-landa, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Reino Unido e Suécia.

NAFTA: O Acordo de Livre Comércio da América do Norte foi iniciado em 1988 a partir de um acordo entre Estados Unidos e Canadá para garantir o livre comércio entre os dois países. Em 1994, o acordo passa a vigorar já com a presença do México. O Nafta surge graças aos esforços dos EUA como uma forma de fazer frente ao poder da União Européia. A união, no entanto, não é tão ambiciosa como a dos europeus, visto que se trata de uma zona de livre comércio sem pretensões de estabelecer uma moeda única ou permitir a livre circulação de pessoas. Os EUA exercem um papel hegemônico dentro do Nafta e pretendem expandi-lo para todo o continente americano por meio da Alca, uma associação de países em moldes parecidos com os do Nafta, mas abrangendo toda a América.

Membros: Canadá, Estados Unidos e México.

ALCA: A Área de Livre Comércio das Américas é um bloco ainda em viabilização. Estabelecido em 1994, pretende criar um corredor de livre comércio entre todos os 34 países do continente americano, com exceção de Cuba. Seu principal articulador são os Estados Unidos. A eliminação de todas as barreiras alfandegárias ainda está em negociação e calcula-se que a Alca começará a funcionar como bloco somente depois de 2005.

Membros: todos os países americanos, exceto Cuba.

MCCA:

O Mercado Comum Centro Americano surgiu em 1960 e é uma união alfandegária entre seis países. Ele é formado por uma população de 33,7 milhões e PIB de US$ 59,2 bilhões.

Membros: Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua, El Salvador e Panamá.

Para tratar das questões de comércio internacional no mundo pós guerra, surgiu inicialmente o GATT e, posteriormente a OMC.

O GATT - Acordo Geral de Tarifas e Comércio foi um tratado criado em 1947, cujos princípios tinham origem nas ações norte-americanas para redução negociada de suas elevadas tarifas. Era baseado em dois princípios básicos: o princípio da não-discriminação, pelo qual todos os países tinham as mesmas vantagens e privilégios e o princípio dos benefícios mútuos, pelo qual eram estabelecidas as regras de negociações tarifárias.

A OMC - Organização Mundial do Comércio foi criada em 01.01.95 e é um organismo multilate-ral que tem como objetivo a regulação do sistema mundial do comércio por meio de um conjunto de princípios, acordos, regras, normas, práticas e procedimentos.

Ela foi estruturada para tratar de forma mais abrangente e rigorosa as questões relativas ao comércio internacional, a partir da agenda proposta pelos países desenvolvidos, contrariando, portanto, os desejos dos países mais pobres e emergentes. Ela é um desenvolvimento da estrutura organizacional do GATT.

A diferença básica entre o GATT e a OMC reside no tema: comércio de serviços e questões de pro-priedade intelectual relacionadas ao comércio, além do tradicional comércio internacional de bens ou

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mercadorias.

Vale ressaltar que alguns economistas que estudam o comércio internacional admitem que ações uni-laterais ou multilaterais que tentem impor padrões universais para normas e legislações domésticas dos países membros da OMC podem prejudicar em vez de facilitar a liberalização do comércio mundial.

A OMC não é boa para o Brasil basicamente pela sua incapacidade de fazer cumprir suas decisões sem que sofra interferências dos países desenvolvidos ou mais ricos.

Existem estudos econômicos que mostram que os países do 3º Mundo ou emergentes conseguiam desenvolver formas integradas, orientados em função dos mercados internos, com reforço de trocas in-ternas entre a agricultura e indústria e o embrião de relações intersetoriais. Esses países experimentaram com maior ou menor intensidade, no conjunto do 3º Mundo, novos mecanismos na criação de emprego e renda, mas não foram favorecidos pela configuração da economia mundial. Os desequilíbrios do capitalis-mo foram evidenciados na capacidade de pressão das empresas transnacionais que acabaram impondo o seu modelo “universal” e destruindo, assim, hábitos e culturas locais de suas economias, bem como a ação do Estado.

Durante o século XX, houve mudanças importantes na nova ordem mundial.

Nas três primeiras décadas prevalecia uma fase caracterizada por:

a) “isolacionismo”, ou seja, não existia condição econômica de comercializar com os demais países do mundo;

b) “protecionismo”: existia um forte desejo nacionalista de evitar a entrada de produtos estrangei-ros, bem como substituir as importações por produção nacional;

c) “neocolonialismo”, ou seja, havia a exploração comercial dos países mais ricos ou imperialis-tas, destacando-se o extrativismo das riquezas minerais.

Nesse período, a divisão do sistema mundial era entre as nações de altos padrões de desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico, e as nações periféricas, de desenvolvimento tardio. Prevalecia, então, a lógica da dependência.

A partir do período pós-guerra, os alinhamentos internacionais definiam-se por afinidades político-ide-ológicas às superpotências.

A bipolaridade (países capitalistas liderados pelos EUA, Alemanha e Japão e países socialistas lidera-dos pela União soviética) dava sustentação à ordem estabelecida e não se definiam mais macroparcerias de interesse econômico, industrial e financeiro.

As ligações internacionais subordinavam-se à lógica e às ações estratégicas de um mundo bipolariza-do, sob tensões político-ideológicas.

O desafio atual é consolidar as novas esferas de co-prosperidade resultantes dos processos de integra-ção como elemento de supremacia e de poder, objetivando a universalização do desenvolvimento.

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6.2 - GLOBALIZAÇÃO

Muito se tem falado sobre a globalização. Escutamos esse tema constantemente e em ambientes dife-renciados como no trabalho, na escola, em reuniões etc.

Sobre a globalização podemos afirmar que:

É um processo que visa a livre movimentação de capitais e de comércio entre os países.

É um fenômeno observado na atualidade que consiste na maior integração entre os mercados produtores e consumidores de diversos países.

Ela objetiva não criar barreiras à entrada e à saída de mercadorias ou bens, serviços e capitais na economia internacional.

É regida pela livre competição entre as economias.

Século XXI, Modernidade, Mudanças, Tecnologia, Competição, Globalização.

Tudo isso se impõe ao mundo independentemente de suas ações contra ou a favor delas.

O século XXI chegou e com ele uma série de imposições vieram juntas, cabendo aos países e à popu-lação se adequarem a elas até por uma questão de sobrevivência.

A competitividade na produção dos bens e serviços permite uma margem maior de ganhos de produ-tividade, avanços tecnológicos e maior bem-estar social aos países que aderirem ao processo de globa-lização.

Acompanhar as mudanças que ocorrem a todo instante e em todas as áreas tornou-se imprescindível.

A competitividade torna-se imprescindível, gerando assim maior concorrência e estabilidade de preços, desde que a política macroeconômica dê sustentação, substituição de importações e encadeamento de atividades nos diversos setores produtivos da economia, destacando-se uma crescente participação do setor externo na formação do produto interno, uma vez que o aumento da produção de bens e serviços gera o bem-estar da economia.

Da mesma forma que existem pessoas que defendem o processo de globalização, existem também críticos que alegam que ela pode trazer mais prejuízos do que benefícios, principalmente para os países emergentes ou mais pobres.

Recentemente, vêm sendo revistos os conceitos com relação ao “Consenso de Washington”, visto como a “bíblia da globalização”, como também nos meios acadêmicos e nos modelos de política econômi-ca que são sugeridos por organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional – FMI.

Vamos ver a seguir quais são as características próprias ou típicas do processo de globalização:

1. O processo de produção das empresas transnacionais não se concentra no país de origem, mas sim espalhado pelo mundo onde as condições de custo são mais vantajosas. Às vezes, encontramos produtos fabricados em países que não têm tradição e vendidos para os países originais. Por exemplo: o Brasil pode fabricar relógios suíços e exportá-los para a Suíça.

2. Elevados investimentos em tecnologia nas áreas de telecomunicações e informática.

3. Sofisticação na automação, “design” industrial e técnicas de produção, que são intensivas em capital e não em mão-de-obra.

4. Ganhos de escala na homogeneização de padrões de consumo mundial, destruindo produções tradicionais locais.

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5. Monopólios e oligopólios predominam nesses mercados.

6. O fluxo de capitais anda lado a lado com o fluxo de mercadorias e serviços, afetando ou criando excessiva dependência para o “fechamento” dos balanços de pagamento dos países envolvidos.

7. A absorção das tecnologias é dificultada, desenvolvendo-se as franquias, criando dependência e vulnerabilidade externa.

8. As políticas públicas se tornam muito vulneráveis, pois o estado deixa de ser o regulador e se torna o provedor do processo de globalização.

A política econômico-financeira se defronta com um grave dilema: proteger a indústria nacional e o nível de emprego ou desdobrar o nível de emprego, a renda e a concorrência internacional?

Os consumidores desejam eficiência. Os trabalhadores e empresários desejam a política industrial com proteção do Estado, mas com elevados custos sociais e econômicos.

O resultado que deve ser perseguido pelos países emergentes é aquele que consegue contemplar os benefícios da concorrência internacional, conjugado com aqueles que são necessários para aumentar o nível de emprego e renda desses países, mesmo que seja à custa de sacrifícios iniciais por meio de polí-ticas públicas.

Duas questões se colocam frente ao processo de globalização: o domínio da tecnologia e a divisão internacional do trabalho.

Os países subdesenvolvidos ou emergentes ofertam matérias-primas ou exportam produtos com baixo valor agregado, pois não têm condições de absorver a tecnologia, mantendo uma concorrência desleal com os países desenvolvidos e uma relação de eterna dependência.

Uma combinação que é fortemente exercida entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos é o crédito às exportações e importações, uma vez que dificilmente um país tem condição de importar ou ex-portar qualquer bem ou serviço sem crédito, e esse é dominado pelos países desenvolvidos.

O comércio internacional pode gerar bem-estar na sociedade por meio do aumento da atividade eco-nômica e, consequentemente, do nível do emprego.

Por isso, podemos dizer que os resultados podem ser positivos, uma vez que as economias são al-tamente dependentes do comércio internacional para comprar e financiar bens e serviços que não são produzidos internamente, ou até mesmo que não sejam competitivos.

Porém, alguns países podem vivenciar as desvantagens do comércio internacional caso não se benefi-ciem da produção e exportação de produtos de alto valor agregado, ou se não desenvolverem forças pro-dutivas que levem ao domínio da tecnologia e do aumento da taxa de poupança, para com isso, aumentar os investimentos, a atividade econômica e o nível de emprego.

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6.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

A teoria econômica dominante nos ensina que o balanceamento entre as vantagens e as desvantagens do comércio internacional é positivo quando as economias deixam de ser independentes.

As desvantagens que podem ser geradas em um país devido ao comércio internacional são as seguin-tes:

Maior desemprego.

Falência de empresas tradicionais e despreparadas para a concorrência internacional.

Perda de divisas.

Mudanças de hábitos locais.

Tendências ao protecionismo ou reserva de mercado com a adoção de políticas industriais.

Desabastecimento do mercado interno quando há evolução favorável dos preços internacionais das “commodities” e produtos em geral negociados internamente.

No início do processo, o poder dos dominadores do mercado internacional costuma ser fator altamente impeditivo ao bom funcionamento do comércio internacional, pois são considerados “price makers”, en-quanto os dominados são “price takers”, sujeitos aos choques de oferta e de crises, como foram os aumen-tos dos preços do petróleo e das taxas de juros e as crises do sudeste asiático em 1997 e russa em 1998, pois nem sempre é possível aumentar a escala por causa das altas elasticidades-preço (sensibilidade da quantidade com a mudança de preços) desses “bens tradables”.

Os países que se inserem no comércio internacional sofrem inúmeras e grandes pressões dos maiores países que controlam as principais organizações mundiais para que não imponham barreiras ao fluxo do comércio dos bens e serviços e fluxos de capitais. A perda nas relações de troca, entendidas como o quo-ciente entre o índice de preços de exportação e o índice de preços de importação, também é outro fator condicionante de maior participação dos países emergentes no comércio internacional.

As vantagens obtidas pelos países com o comércio internacional são as seguintes:

Aumento da eficiência econômica e da concorrência, ou seja, a possibilidade de aumentar a produção e obter custo mínimo e lucro máximo para a economia por meio de ganhos de escala (redução do custo total unitário com o aumento da produção), aumentando a concorrência entre as empresas interna e externamente.

Aumento da produção de bens “tradables”, ou seja, bens que são comercializáveis e produzi-dos internamente, mas que podem ser concorrentes daqueles produzidos externamente, como carros, computadores, café, soja etc., e de bens “non-tradables”, que são os bens produzidos in-ternamente que não sofrem concorrência externa, como serviços diversos (cabeleireiro, aluguel, táxi, postos de combustível, etc).

Inserção no processo de globalização por meio do aumento das exportações e das importações de bens e serviços.

Aumento do bem-estar geral da economia (maior nível de emprego e renda).

Com o comércio internacional, há aumento do consumo e do investimento, uma vez que os países passam a comprar e vender mais (importação e exportação de bens e serviços). Porém, ao mesmo tempo, aumentam-se os gastos com fretes, seguros e transportes, por exemplo. Logo, o comércio internacional

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é uma via de mão dupla.

O aumento do bem-estar da economia é visto como a ampliação da fronteira da possibilidade de pro-dução. Assim, o PIB é aumentado tanto quanto a produtividade, a qual é entendida como o produto “per capita”, mostrando que a oferta de bens e serviços de um país aumenta mais do que o consumo da popu-lação economicamente ativa, a custos baixos e por aumento de eficiência econômica.

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6.4 - LIBERAÇÃO DOS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS

Os investimentos são fundamentais para o aumento do PIB de um país. Porém, só existe investimento se existir poupança, que é entendida macroeconomicamente como parte da renda que não é consumida.

A poupança total da economia de um país compreende a soma da poupança interna (poupança do setor público e do setor privado) e externa (entendida como o déficit da conta-corrente do balanço de pa-gamentos, ou seja, quando a saída supera a entrada de dólares) para o comércio e serviços.

Os investimentos estrangeiros servem para financiar a poupança externa aumentando a taxa de inves-timento ou a capacidade produtiva da economia e podem ser obtidos de duas formas: portfólio (mercados de renda fixa e ações) ou planta produtiva ou participação acionária nas empresas nacionais.

Os investimentos estrangeiros são vantajosos em relação ao endividamento externo pois passam a ser sócios dos empreendimentos sem data fixa de retorno e rendem lucros e dividendos, contrariamente aos empréstimos, que têm que ser constantemente renovados, custam elevadas taxas de juros e têm que ser amortizados de tempo em tempo.

Os empréstimos externos são mais sensíveis que os investimentos estrangeiros, pois estão intimamen-te associados com a evolução da liquidez internacional e com os boletins das agências de “rating” e das regulamentações do mercado financeiro mundial.

A liberação dos investimentos estrangeiros é entendida como a adoção de normas e procedimentos que permitam o livre ingresso e a saída de capitais externos, bem como oferecer oportunidades para o seu ingresso tipo política macroeconômica consistente com os seguintes fundamentos:

inflação sob controle;

liberação dos preços macroeconômicos como as taxas de juros (para conter o excesso de con-sumo e estimular a poupança), a taxa de câmbio (para estimular as exportações e desestimular as importações de bens e serviços) e preços em geral (indicadores de inflação);

mercado financeiro e de capitais regulamentados apropriadamente para intermediar os recur-sos dos poupadores, para financiar o consumo e investimento interno e do déficit de conta-cor-rente do balanço de pagamentos financiável por recursos externos;

controle do déficit do setor público (redução de gastos correntes e das transferências);

ampla política de privatizações;

definição de marcos regulatórios para os setores de energia e telecomunicações.

A evolução do comércio internacional dos países está diretamente associada com a política de atração dos investimentos estrangeiros. Costuma-se dizer que existe uma correlação altamente positiva entre ambos. Assim, quanto maior o comércio internacional de um país, conseqüentemente há tendência para maior liberação e atração dos investimentos estrangeiros. Existe forte pressão tanto dos empresários e associações locais quanto dos internacionais, principalmente do mercado financeiro e de capitais.

A taxa de câmbio é conhecida como o “preço” da moeda estrangeira em termos de moeda nacional. O que é importante é que o seu “preço de equilíbrio” é fruto da combinação dos instrumentos de política macroeconômica.

Os sistemas de taxa de câmbio amplamente conhecidos são os fixos e os flutuantes (flexíveis). A taxa de câmbio fixa tem a vantagem para o controle da inflação, mas sobrecarrega a política monetária para o equilíbrio da conta-corrente de balanço de pagamentos. A taxa de câmbio flutuante tem a vantagem para o auto-equilíbrio da conta-corrente do balanço de pagamentos, deixando a política monetária para controlar a inflação. Entre esses extremos, existem os sistemas de bandas ou faixas cambiais e de “dirty floating” (intervenção dos bancos centrais).

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No Brasil, já foram utilizados os seguintes sistemas:

a) taxas múltiplas de câmbio, no início da industrialização nos anos 40 e 50, mas que exigem mui-to controle de critérios para definir essas diversas taxas de câmbio (essencialidade, substituição de importação, etc.);

b) mini-desvalorizações cambiais (ou “crawling-peg”) nos anos 60 até 90, que se caracterizavam por reajustar a taxa após descontar a inflação externa da interna;

c) sistema de bandas cambiais, utilizado no Plano Real, em 1994, pela qual o Banco Central comprava dólar quando a taxa de câmbio ficasse abaixo do limite mínimo e vendia dólar quando a taxa de câmbio ultrapassava o limite máximo, que eram divulgados a priori;

d) atualmente, o sistema de taxa de câmbio é flutuante, ou seja, o mercado é que determina o seu preço sem intervenção usual da autoridade monetária.

A teoria econômica tradicional nos ensina que a adoção da taxa de câmbio flutuante tem a vantagem de deixar a política monetária reservada para o controle da inflação, em razão do auto-equilíbrio da conta-corrente do balanço de pagamentos.

Se existe excesso de oferta de dólares, a taxa de câmbio cai, estimulando as importações de bens e serviços e desestimulando as exportações de bens e serviços. Se existe excesso de demanda de dólares, a taxa de câmbio sobe, estimulando as exportações de bens e serviços e desestimulando as importações de bens e serviços.

Com relação à oferta e demanda de capitais estrangeiros, pode-se verificar que o natural é que seu fluxo acompanhe os movimentos de entrada e saída de capitais. Por essa razão, quando existe ataque especulativo de dólar (saída líquida de dólares), os governos procuram elevar as taxas de juros em moeda nacional, atuando na atração de capitais estrangeiros pela elevada remuneração.

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Modulo 6´Economia

6.5 - DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O BRASIL

É importante o Brasil continuar apoiando os acordos multilaterais como os patrocinados pela OMC, pois eles podem produzir soluções que aumentam o bem-estar de todos os países ao utilizar princípios que permitem resultados mais eficientes que o das guerras tarifárias.

Esses princípios que acabamos de citar são os de reciprocidade e o da não-discriminação. O da reciprocidade garante a realização do desejo de cada país em relação à importação e à exportação de produtos, equilibrando as concessões de um país com outro, de forma que os cortes de tarifas se contra-balançam e evitam mudança dos termos de intercâmbio.

Já o princípio da não-discriminação serve para o bom funcionamento do sistema, garantindo que não existam tarifas diferenciadas para o mesmo produto comprado em países diferentes.

Esses princípios só não funcionam para os acordos de livre comércio, uma vez que eles permitem di-ferentes tarifas externas, criando exceções que contradizem os princípios que permitem o funcionamento do sistema multilateral.

O Brasil precisa ter muita cautela para as negociações com acordos de livre comércio, pois pode ser interessante, no caso da Alca, se houver redução dos subsídios agrícolas nos países industrializados e fortalecimento da OMC e de acordos multilaterais.

O caso do Mercosul, pode ser uma saída para enfrentar a desleal concorrência dos países industrializa-dos no comércio internacional com o uso indiscriminado de subsídios e de políticas de “dumping” (preços finais abaixo do custo de produção).

O Brasil tem que buscar negociações comerciais, seja no âmbito de OMC, Alca, Mercosul ou congê-neres, que atendam também aos seus interesses e que permitam aumentar suas exportações líquidas (deduzidas as importações) nas mesmas condições dos demais países, sem que hajam imposições ou distorções criadas pelos países ricos.

É importante também que procure negociar parcerias com países emergentes, para que não fique excessivamente dependente de mercados concentrados, principalmente os dos países ricos. Por último, acredito que as políticas públicas devem ser estimuladas para se integrarem à política macroeconômica.

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Modulo 6´Economia

RESUMO

1. O bloco regional é um facilitador das negociações comerciais. Ele existe quando um conjunto de países fazem acordos entre si, de forma a facilitar as relações econômicas intrabloco.

2. Os tipos de acordos podem ser de cinco tipos: Área de Tarifas Preferenciais (caracteriza-se por incluir países que aceitam uma redução tarifária parcial), União Monetária (caracteriza-se pela adoção da mesma moeda pelos países do bloco), Área de Livre Comércio (caracteriza-se pela eliminação de todas as tarifas de importações entre os países do bloco), União Aduaneira (caracteriza-se pela adoção de uma política comum para terceiros países) e Mercado Comum (caracteriza-se pela livre mobilidade dos fatores de produção entre os países do bloco).

3. Os principais blocos econômicos são: MERCOSUL – mercado comum e coordenação de polí-ticas industriais; UNIÃO EUROPÉIA – zona de livre comércio, harmonização de políticas públicas e união monetária com base em indicadores macroeconômicos; ALCA – área de livre comércio e acordo multilateral de integração.

4. A globalização é um processo que visa a livre movimentação de capitais e de comércio entre os países e objetiva não criar barreiras à entrada e saída de mercadorias ou bens, serviços e capitais na economia internacional.

5. As vantagens que os países têm com o comércio internacional são: aumento da eficiência eco-nômica e da concorrência; aumento da produção de bens “tradables” (produzidos internamente mas que podem ter concorrentes externos); aumento do bem-estar geral da economia; inserção no processo de globalização por meio do aumento das exportações e das importações de bens e serviços.

6. As desvantagens que os países têm com o comércio internacional são: maior desemprego; falência de empresas tradicionais e despreparadas para a concorrência; perda de divisas; mu-danças de hábitos locais; tendências ao protecionismo ou reserva de mercado com a adoção de políticas industriais; desabastecimento do mercado interno quando da evolução favorável dos preços internacionais das “commodities” e produtos em geral negociados internacionalmente.

7. Os investimentos estrangeiros podem ser obtidos em porfólio (mercados de renda fixa e ações) e em planta produtiva ou participação acionária nas empresas nacionais e servem para financiar a poupança externa aumentando a taxa de investimento ou a capacidade produtiva da economia.

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Economia

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referencias Bibliograficas^ ´

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