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Ministério da Justiça Comissão Nacional de Política Indigenista DEGRAVAÇÃO 5ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA CNPI Comissão Nacional de Política Indigenista Pinheiro Palace Hotel Rio Branco/AC, 30/09 a 02/10/2009 (Transcrição Ipsis Verbis) 1

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Ministério da Justiça

Comissão Nacional de Política Indigenista

DEGRAVAÇÃO

5ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA CNPI

Comissão Nacional de Política Indigenista

Pinheiro Palace Hotel

Rio Branco/AC, 30/09 a 02/10/2009

(Transcrição Ipsis Verbis)

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5ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA CNPI

MESA DE ABERTURA

Teresinha – Bom dia a Todos e a Todas! Sejam bem-vindos a esta 5ª Reunião Extraordinária que

acontece na cidade de Rio Branco, estado do Acre, do dia 30 de setembro a 02 de outubro de 2009.

Quero convidar a fazer parte desta cerimônia de abertura e compor a mesa, o Dr. Márcio, Presidente

da CNPI; o representante do Governador do Estado e Assessor Especial dos Povos Indígenas,

Francisco da Silva Pinhanta. Com carinho convidamos o presidente da Assembléia Legislativa do

estado do Acre, Deputado Edvaldo Magalhães.

No momento são estas as autoridades políticas que estão aqui presentes. Conforme forem chegando a

gente vai chamando até a mesa.

Recebemos também com carinho os representantes das Organizações Indígenas do Estado do Acre,

Deputada Perpétua Almeida, acabou de chegar e gostaria de convidá-la a fazer parte da mesa.

Convidamos também o Secretário Municipal de Cultura, Marcus Vinícius, a compor a mesa.

Recebemos com carinho também os representantes das organizações indígenas do estado do Acre

convidados especiais para este evento. Presentes neste momento: Organização dos Povos Indígenas do

Rio Juruá, Sr. José Vandré; presente também a Srª Francisca Arara, da Organização das Mulheres

Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia. Sejam bem-vindos.

As lideranças indígenas também da Associação Agro-Extrativista Poyanawa, Barão do Ipiranga, Sr.

Joel Poyanawa.

Da Cooperativa do Povo Xauãdanguá, Sr. Anchieta Arara. Sejam todos bem-vindos.

Saudamos também com carinho os representantes dos povos indígenas da Paraíba, do Oiapoque e do

Amazonas, mais especificamente de São Gabriel da Cachoeira, que foram convidados e vem prestigiar

a 5ª Reunião Extraordinária.

Aos convidados dos Ministérios, que se fazem presentes, que não fazem parte da CNPI, mas que se

propuseram a debater com esta Comissão assuntos de grande importância.

Sejam bem-vindos os administradores das Administrações Executivas da Funai de Rio Branco, Sr.

Porto; de João Pessoa, Sr. Petrônio; do Oiapoque, Sra. Stella; e de Marabá, Sr. Frederico.

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Sejam bem-vindos também os funcionários da Funai que fazem parte das subcomissões, e da equipe de

imprensa e da Presidência da Funai.

E em especial a todos os representantes indígenas, representantes governamentais e de ONGs, que

fazem parte desta 5ª Reunião Extraordinária da CNPI. Sejam todos bem-vindos.

E para nós darmos início, eu gostaria de convidar o representante indígena pelo estado do Acre, Toya

Manchineri, a dar o pontapé inicial desta reunião.

Élcio Machineri - Bom dia a todos e a todas, irmãos e irmãos. Meu nome é Toya Manchineri, sou da

fronteira do Brasil com Peru, somos da família Manchineri e em nome das organizações indígenas do

Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia quero agradecer a presença de todos, especialmente à

bancada indígena; e também a bancada do Governo, que nos auxiliaram a trazer a CNPI para o estado

do Acre, para que esta 5ª Reunião Extraordinária pudesse acontecer, na cidade de Rio Branco. Nestes

momentos os povos indígenas podem estar vendo a importância que tem esta Comissão de trabalhar as

questões de políticas públicas do Governo Federal para a população indígena. Então, eu quero

agradecer a presença de todos e dizer que são bem-vindos ao Estado do Acre, uma terra bastante

pequena, mas bastante “braba”. Mas o povo bastante acolhedor também, e simples, mas que ajudou e

vai ajudar a construir vidas melhores para todo o Estado Brasileiro.

Teresinha - Neste momento passamos a palavra ao representante do prefeito municipal de Rio Branco,

o Secretário de Cultura, Marcus Vinícius.

Marcus Vinícius - Bom dia a todos, e a todas. É um prazer para Rio Branco. O Prefeito está viajando e

me pediu para que eu viesse aqui representá-lo, devido à importância deste encontro. Rio Branco se

sente muito honrada em receber esse encontro nacional, dar as boas-vindas ao Presidente da Funai,

Márcio Vieira, todas as autoridades aqui presentes. Especialmente às autoridades indígenas que estão

aqui presentes. A gente sempre diz que o Município de Rio Branco não tem terra indígena demarcada

dentro de seu território, mas na verdade é como se Rio Branco a “aldeia-síntese” do Acre, porque aqui

a gente tem representantes de todas as etnias. Vejo aqui vários companheiros de luta que transitam

aqui, trabalham em Rio Branco, estão sempre por aqui. Então Rio Branco procura desenvolver

também suas políticas específicas, temos uma Câmara temática de culturas tradicionais, culturas

indígenas, um Conselho Municipal de Cultura e a gente tem podido então testemunhar a força deste

trabalho que vem sendo realizado nos vários âmbitos, não apenas ambiental, territorial, educacional,

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mas também cultural. E por isso então quero dar as boas-vindas a todos em nome do Prefeito; boas-

vindas a cidade de Rio Branco, espero que todos gostem. E desejar a todos um bom trabalho.

Teresinha - Neste momento passamos a palavra então ao Presidente da Assembléia Legislativa do

Estado do Acre, Dep. Edvaldo Magalhães.

Dep. Edvaldo Magalhães - Bom dia a todos os companheiros e companheiras aqui presentes, eu queria

cumprimentar o Márcio e agradecer em nome de pelo menos um pedaço muito importante do povo

do Acre, essa decisão de trazer a reunião da Comissão Nacional aqui para o nosso estado.

Vejo aqui uma reunião com uma representatividade tão plural e importante. Queria complementar

que, em nome do Saulo e do Meirelles, que vi por aí, os brancos aqui presentes; cumprimentar o povo,

várias lideranças indígenas de nosso estado: eu vi ali o Joaquim Yaoanaá, Joel Apoyanawa,) o Anchieta

Arara, o Antônio Apurinã, o Toya Manchineri, em nome deles eu queria cumprimentar as lideranças

indígenas aqui do nosso estado. Cumprimentar o Francisco Pinhanta aqui, que representa o nosso

Governador; o Marcus Vinícius que representa nosso Prefeito; e a Deputada Perpétua aqui presente.

Trazer a reunião para cá também é uma forma de a gente acender o debate acerca dos nossos

problemas e dos nossos desafios deste atual estágio que nós temos aqui, de construção de uma relação

entre as instituições públicas e as comunidades indígenas, a pauta de luta destas comunidades e

também os desafios colocados no atual estágio das organizações indígenas aqui do nosso estado. Acho

que o Acre já produziu bons exemplos e certamente terá muito ainda a construir nesta relação. Nós

por exemplo, lá na assembléia rendemos uma contribuição deste debate. Para se ter uma idéia, apesar

de termos aí 14 povos, a Constituição do nosso Estado sequer fazia uma única referência à constituição

do povo acreano. Então nós tivemos que construir todo um capítulo indígena e a Assembléia aprovou

isto com unanimidade, diferente do Plenário do Congresso Nacional, aonde se tenta subtrair direitos.

Aqui a gente acrescenta.

Eu queria muito aqui colocar nossa Casa à disposição da reunião. Eu sei que vocês vão ter três dias de

intenso trabalho, mas eu queria aproveitar, para num intervalo, ou numa boca de noite, antes de vocês

fazerem uma visita ali na passarela, que é um bom lugar para espairecer, numa boca de noite, vocês

darem uma passadinha e fazerem uma visita à nossa Assembléia, que vai ser um prazer receber a todos

e mostrar também o quanto de arte nós guardamos ali naquela Casa para prestigiar os nossos povos

indígenas aqui do nosso estado. Boa reunião para todos.

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Teresinha - Carinhosamente passamos a palavra à Senadora... Desculpe... Deputada (quase Senadora,

viu, Perpétua! Eu já estava anunciando como Senadora)... a Deputada Federal Perpétua Almeida.

Dep. Perpétua Almeida - Acho bom acabar com essa brincadeira de Senadora, e vamos guardando

meus votos de Federal mesmo. Bom dia companheiros e companheiras, pra mim é um prazer muito

grande estar aqui agora, receber esta comitiva tão importante, de todos os 4 cantos do Brasil. Me

permitam aqui saudar TODAS as lideranças indígenas, porque eu não quero nominar, porque dou

uma olhada assim eu vejo a turma que passa um bom tempo ali pelos corredores do Congresso, nas

reivindicações, na atuação, mas queria aqui especialmente o Márcio, aqui representante da Funai, seja

bem-vindo mais uma vez, Márcio, nosso parceiro; o presidente da Assembléia, Deputado Edvaldo; o

Pinhanta, que é o Secretário Indígena; aqui nosso representante da prefeitura, o Marcus.

É muito bom a gente estar aqui. Às vezes, quando a gente vê aquela confusão acontecendo nas

comissões em Brasília, ou num estado ou noutro, eu começo a conversar com os parlamentares

federais como é que a gente tem procurado fazer aqui no Acre, nesta relação com os povos indígenas,

com as lideranças indígenas. Eu tenho dito: “problemas nós ainda temos, imagina se não teríamos.

Acho que o movimento indígena vai ter problemas no Brasil enquanto índios e não-índios

continuarem existindo. Mas a gente tem buscado aqui tratar de forma diferente, respeitosa, os nossos

povos indígenas, e dado apoio especial às lideranças indígenas”.

O governador do Acre estava na vitoriosa conferência do PC do B neste último final de semana e ele

deixou o presidente nacional do PC do B muito surpreso, que estava presente nesta conferência,

quando ele dizia que está em um processo para que até o próximo ano toda a área rural do Acre e as

comunidades indígenas do Acre, sejam abastecidas, inclusive com internet, on-line, sem fio, aí para

todo mundo. E deixou surpresos alguns colegas.

E até quando a gente conversava com o presidente nacional do PCdoB, eu dizia para ele: “Olha, boa

parte das comunidades aqui já está neste processo. Eu recebi nesta semana, um e-mail de dirigentes

importantes de outros países, inclusive da França, querendo saber como é o Festival em Anauá,

porque eles tinham visto a página pela internet, inclusive a movimentação do Festival em Anauá do

Acre. Disse: olhe então como nossas comunidades estão tão organizadas”.

Companheiros e companheiras, acho que começa um grande momento para o movimento indígena

nacional. Na minha opinião é a chegada ao Congresso Nacional do nosso novo projeto que vai

garantir, que vai reafirmar os direitos dos povos indígenas, que é o Estatuto Indígena. Tinha hora que

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a gente não sabia ali para aonde correr: se a gente pedia pressa na votação do que estava lá, ou se a

gente pedia a saída dele, porque já estava caduco demais.

Acho que é um momento importante. Não sei o que a gente consegue neste ano, se temos condições

de avançar. Temos poucos parceiros naquela Casa. Mas vocês sabem que os poucos que temos, é com

eles que a gente vai fazer a confusão necessária para garantir a aprovação do novo Estatuto dos Povos

Indígenas no Brasil. Inclusive eu fiquei muito animada, eu comecei mas não terminei de ler... recebi

na semana passada de um grupo de lideranças indígenas: vem inovando, vem trazendo novidade para

as comunidades, novidades que vão requerer inclusive o debate interno para que as lideranças e a

população indígena compreendam o que se está colocando de novo ali. Mas a gente precisa ganhar

não só aqueles que já estão do nosso lado, a gente precisa trazer o máximo de parlamentares possível,

para garantir a vitória que os povos indígenas merecem no nosso Brasil. Acho que só aí nós vamos

estar iniciando um processo de resgate do que o Brasil até hoje não conseguiu fazer com os povos

indígenas no nosso país. Boa reunião, e eu acredito que aqui vão ser tomadas decisões importantes

para o movimento indígena no Acre e nacional. Muito obrigada.

Teresinha - Passamos a palavra ao Assessor Especial dos Povos Indígenas do Estado do Acre, que

neste ato também representa o Governador do Estado, Sr. Francisco Pinhanta.

Francisco Pinhanta - Bom dia a todos, a todas. Eu queria cumprimentar aqui o Márcio,

cumprimentando ao mesmo tempo a todos membros da comissão da CNPI; as lideranças indígenas

que estão aqui; as organizações não-governamentais; nosso companheiro Edvaldo; Perpétuo; Marcus

Vinícius; o governador não pode estar aqui neste momento, está em viagem, me pediu para

representá-lo; e saudar todos dizendo que sejam bem-vindos ao Acre. Aqueles que já estão vieram

antes, aqueles que estão vindo a primeira vez. E dizer que eu tenho acompanhado a movimentação das

reuniões da CNPI. Estive já em Brasília participei de uma reunião e ajudei a discutir até a vinda da

CNPI aqui ao acre. Felizmente está acontecendo aqui no Acre, como a gente tanto esperava. Queria

agradecer o esforço de cada membro de ter aceitado a visitar uma região que parece que é uma longe,

quando se olha a partir de Brasília, a partir de outros estados da região mais central do Brasil. E que é

um lugar, como foi falado pelo Marcus, e por alguns companheiros... até o próprio companheiro Toya,

que é pequeno, mas é um lugar que tem espaço para todos que vêm visitar este estado, um estado que

a gente está procurando fazer dele um lugar cada vez melhor, não do ponto de vista só da infra-

estrutura, que a gente está procurando trazer para este estado, mas um crescimento sustentável,

pensando o fortalecimento da política indígena. Vamos tentar fazer uma apresentação aqui das nossas

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dificuldades, dos avanços, e eu acho que este espaço é um espaço que contribui muito também para a

gente se auto-avaliar, pensando como estado, pensando em melhorar o nosso trabalho para os povos

indígenas. Queria agradecer a cada um e dizer que estamos bastante satisfeitos, honrados em receber

este encontro aqui no Acre, e o que a gente puder fazer para contribuir ao longo destes dias em que

vocês vão estar reunidos, nós vamos estar aqui. Trouxemos algumas lideranças indígenas pra conhecer

a todos vocês da comissão, poder dialogar também, e poder contribuir naquilo que for possível no

sentido de fazer um intercâmbio. Eu acho que esse é o momento em que cada um vai aprender coisas

novas também e conhecer a política nacional melhor, sobre o que está acontecendo ultimamente.

Eu tenho observado que a CNPI conseguiu orientar bastante, não só pensando nessa comissão a partir

de Brasília, como política nacional, mas o quanto ela contribui no sentido de orientar as políticas nos

estados.

A gente tem quebrado alguns tabus no sentido de estreitar as relações no conjunto dos órgãos das

políticas, tentando fazer uma política cada vez mais unificada e articulada.

Então nós aqui estamos felizes de recebê-los, e vamos estar juntos até o final. Um bom encontro para

todos. Obrigado.

Teresinha - Gostaríamos também de deixar registrado que, além das organizações indígenas já citadas

no início, também foram convidadas para esta reunião a Organização dos Povos Indígenas de

Tarauacá-OPITAR; a Organização dos Povos Indígenas do Rio Envira-OPIRE; Manxinerune Ptohi

Kajpaha Hajene-MAPKAHA (se está errado, desculpem); a Organização das Comunidades Agro-

Extrativistas Jaminawa-OCAEJ; A Organização Agro-Extrativista Yawanawa do Rio Gregório-

OEYRG; Organização das Comunidades Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre Amazonas-

OPIAJABAM; Organização das Comunidades Indígenas Kaxarari-OCIAK; Organização dos Povos

Indígenas Apurinã e Jamamadi-OPIAJ; Organização dos Povos Indígenas do Purus; Associação dos

Seringueiros Agroextrativistas Kaxinawa do Jordão-ASKAJ; Organização das Mulheres Indígenas do

Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia-SITOAKORE, que está presente; Organização dos

Professores Indígenas do Acre-OPIAC; Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais

Indígenas do Acre-AMAAIAC; e as lideranças indígenas Kaxinauá, Jane Machineri e Moisés

Oxaninka ... Sejam bem-vindos, só que eu não recebi o nome de quem está presente.

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Lembramos também que nas nossas reuniões da CNPI sempre temos a participação do Ministério

Público Federal e da Procuradoria Geral da União. Nesta 5ª reunião Extraordinária está presente a

Dra. Alda, que sempre nos acompanha. Está aqui representando a Advocacia Geral da União.

E com carinho passamos a palavra ao nosso Presidente da CNPI, Márcio Meira.

Márcio Meira – Bom dia mais uma vez a todos os companheiros indígenas, às companheiras indígenas

também, saudar principalmente vocês, que são as autoridades principais aqui desta comissão. Queria

agradecer a presença da Dep. Federal Perpétua Almeida, companheira nossa lá no Congresso

Nacional, pessoa que tem sempre defendidos os direitos dos povos indígenas no Congresso, na Câmara

dos Deputados, mais especificamente; e queremos sempre contar com seu apoio lá, Deputada, agora

nessa luta do Estatuto dos Povos Indígenas, a criação da Comissão Especial, que a senhora possa estar

junto com a gente lá. Eu queria também agradecer a presença do Dep. Edvaldo, companheiro também

aqui que sempre está junto nesta luta em defesa dos direitos dos povos indígenas. Agradecer o

Francisco Pinhanta, aqui representando o Governador Binho, agradecendo sempre o acolhimento do

Governador Binho e do povo do Acre, e dos povos indígenas do Acre, quando a gente vem aqui.

Queria agradecer também o Marcus Vinícius que representa o prefeito de Rio Branco; Marcus

Vinícius que eu já conheço aí há algum tempo, aí da época da Cultura. Quando eu era da Cultura, a

gente ajudava aqui, trabalhava junto, na constituição do Sistema Nacional de Cultura do Acre.

E o Acre tem mesmo esta característica que ele falou, de ser o estado que construiu esta perspectiva de

uma convivência, de uma, como disse Chico Mendes: “de uma aliança dos povos da floresta”. Então eu

acho que isso é um ponto muito importante que ilumina sempre o pensamento do Brasil como um

todo, em termos da perspectiva dessa convivência entre todos nós.

Eu queria agradecer a presença dos companheiros de Governo: do Governo Federal, dos Ministérios,

que vieram à nossa reunião extraordinária aqui, agradecer especialmente o Toya, que é o nosso

representante, e que foi quem batalhou, junto com o Francisco aqui, para que essa reunião viesse aqui

para o Acre. Agradecer também a presença das lideranças indígenas q estão presentes aqui, no estado

do Acre; as organizações indígenas que estão presentes aqui; os nossos servidores da Funai, vemos que

tem vários servidores da Funai aqui presentes, tanto aqui do Acre quanto de Brasília, que se

deslocaram para cá; nossa companheira da Advocacia Geral da União, a Alda. Enfim, pode ser que eu

tenha esquecido alguém, mas todos se sintam contemplados, o pessoal das organizações não-

governamentais, não-indígenas, que estão presentes aqui também.

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Bom, é muito importante para nós podermos estar fazendo esta reunião aqui no Acre, já é a segunda

reunião extraordinária que nós fazemos fora de Brasília. A primeira foi no estado da Paraíba, na terra

indígena Potiguara, que os companheiros potiguares que estão aqui nos convidaram na época, tanto o

Caboquinho quanto o Capitão, que está ali. E aqui, vocês que pela primeira vez estão participando da

reunião da CNPI, que estão observando a reunião da CNPI, eu vou fazer rapidamente uma

apresentação aqui da Comissão, porque é uma forma também de vocês poderem ter o conhecimento

do que é a Comissão Nacional de Política Indigenista. Não sei ali quem é que está no comando das

operações... da nossa apresentação lá... já estão passando lá... Então, a Comissão Nacional de Política

Indigenista, CNPI, foi idealizada durante muitos anos, sua criação era o sonho de comunidades

indígenas e sociedade civil, e nos últimos anos ganhou adesão do Governo Popular, do Governo do

Presidente Lula. Ou seja, é uma reivindicação antiga do movimento indígena que tivesse uma

comissão, na verdade um sonho das comunidades indígenas de que tivesse um conselho nacional, que

nós demos um passo em direção a esse sonho instituindo, o Presidente instituindo a Comissão

Nacional de Política Indigenista, por decreto presidencial.

O sonho começou a se realizar em março de 2006, com o decreto do presidente Lula. A Comissão foi

instalada em abril de 2007, através de portaria do Ministro Tarso Genro, e no mesmo dia dada a posse

dos membros pelo Presidente da República, Presidente Luis Inácio Lula da Silva, lá no Palácio do

Planalto.

Em abril de 2008 o Executivo encaminhou o Projeto Lei de criação do Conselho Nacional de Política

Indigenista ao Congresso Nacional, aonde já foi aprovado em duas comissões e deverá passar por mais

duas comissões. Aí a Dep. Perpétua acompanha esta questão lá.

E foi a primeira tarefa da Comissão. Quando a Comissão foi instalada, a primeira tarefa da Comissão

foi elaborar um Projeto de Lei para criação de um Conselho Nacional de Política Indigenista

encaminhada ao Congresso. O Presidente Lula encaminhou ao Congresso e está lá em discussão. Esta é

uma das prioridades nossas de Governo para política indigenista no Congresso Nacional, além do

Estatuto; são duas das principais prioridades que nós temos lá.

A composição da CNPI: ela é paritária, metade governamental, metade com presença dos

representantes indígenas (são 20 representando os povos indígenas, com direito a voz; e 10 com

direito a voto).

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Temos 2 representantes das organizações não-governamentais, e seus respectivos suplentes, estamos

aqui presentes hoje com o representante do CIMI e a representante do ISA- Instituto Sócio-ambiental;

12 representantes governamentais e o Presidente da Funai, que preside a Comissão é o voto de

minerva. Então vocês podem imaginar a minha dificuldade, de ter que fazer o voto de minerva...

Graças a Deus a gente tem utilizado pouco, em geral a gente tenta aprovar por concenso as nossas

deliberações, as nossas decisões aqui. Mas quando é necessário também a gente vota.

Assegura-se assim a efetivação de uma política pública diferenciada. Eu acho que o central dessa

Comissão é essa questão de que as políticas públicas possam ser discutidas, debatidas, apresentadas e

que a gente possa com isso garantir a participação mais amplamente possível das comunidades

indígenas nesta discussão. Essa é uma novidade importantíssima porque a Funai, que é o Órgão

Indigenista do Estado brasileiro, durante muitos anos teve apenas como consulta o Conselho

Indigenista, que é o conselho que faz parte da estrutura da Funai, que não tinha este nível de

representatividade que tem a nossa Comissão.

A representação indígena na CNPI reflete as diferentes realidades culturais do país, pois temos a

presença de diversos povos, como: o Guarani, Tuxá, Ticuna, Kaiowá, Kaingang, Xocó, Satere Maué,

Terena, Kayapó, Xokleng, Wapichana, Surui, Karajá, Pareci, Pataxó Hã Hã Hãe, Xucuru, Potiguara,

Machineri, Gavião, Tapeba, Guajajara, Ingaricó, Xavante, Xerente, Xucuru Kariri, Wayjãnpi Wassu

Cocal, Pitaguari, Kambiowá, Kadiweu, Tembé e Tupinambá.

Com a criação da CNPI, não se faz mas política PARA os índios, e sim COM os índios. Essa é uma

frase que a gente sempre tem utilizado, que na verdade é uma frase que o movimento indígena sempre

tem colocado, que é a necessidade de que o Estado brasileiro, não só o Governo Federal, mas também

os estados e municípios, que a gente tenha a perspectiva da construção de uma política pública de

verdade. Política pública significa debate, participação, COM, e não de cima para baixo, como

historicamente se construiu.

E a composição da CNPI, nós temos aí os representantes governamentais, o presidente da FUNAI e o

vice-presidente da FUNAI são, por regulamento, presidente e o suplente do presidente.

Do Ministério da Justiça, temos a representação do Jorge Quadros, que não está no momento hoje

aqui, mas sua suplente é a Teresinha, que ao mesmo tempo ela é dublê de representante do Ministério

da Justiça e é Secretária-Executiva da Comissão, Chefe do Cerimonial, enfim, tem uma série de outras

utilidades. “Mil e uma utilidades” (risos)

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Da Casa Civil nós temos a representação do Celso Correa, que o suplente é o Darcy Bertoldo.

Secretária Geral da Presidência da República é a Quenes Gonzaga, a titular; suplente é o Alex Nazaré.

Do Gabinete de Segurança Institucional, é o Coronel Eustáquio Soares, e o suplente o Carlos Rogério

Ferreira Cota, está ali presente. O Coronel Eustáquio não pode estar, está viajando para o exterior, mas

talvez chegue ainda. Provavelmente.

Do Ministério das Minas e Energia, nós temos o titular que é o Cláudio Scliar, e o suplente, que é o

Carlos Nogueira, conhecido como Carlão, companheiro que está aí presente.

Do Ministério da Saúde, Funasa, o representante titular é o Wanderely Guenka, que é o Diretor de

Saúde hoje, da Funasa, e o suplente o Edgar Magalhães, que ainda não chegaram, estão vindo.

Do Ministério da Educação, o titular é o Armênio Schmidt, o suplente o Gersen Baniwa, também

estão a caminho.

Do Ministério do Meio Ambiente, nós temos a Cláudia Calório, que é a titular, e a suplente a Lylia

Galetti, que está aqui presente.

Do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a titular é a Olga Novion, e o suplente o Felipe

Daruirch.

Do Ministério do Desenvolvimento Social, o representante titular é o Aderval Costa Filho e a suplente

a Luana Arantes, estão chegando hoje.

Do Ministério da Defesa, o Coronel Marinho Rezende, que está aqui presente, o titular, e suplente o

Coronel Gustavo Abreu. Quero dizer para vocês que o Ministério da Defesa tem título de ser o

representante mais presente e disciplinado que existe na Comissão (risos). Sempre chega no horário,

fica depois do fim, não é Coronel?

Do Ministério do Desenvolvimento Agrário, nós temos o companheiro André, o Andrezinho aqui,

agora titular. E o companheiro André é tido como o representante mais fashion da Comissão (risos).

Ele e a Luana, mas é que ela não chegou ainda.

Nós temos os representantes indígenas por região também:

Na Região Amazônica nós temos o titular Jecinaldo Barbosa, Sateré-Maué, que não está presente aqui,

neste momento, porque ele foi recentemente empossado Secretário de Política Indigenista pelo estado

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do Amazonas, então certamente ele vai ter que se afastar aqui das suas funções, certamente vai ter aí

alguma alteração.

O suplente.... (interrupção) O Deputado Edvaldo vai ter que se ausentar agora, porque ele vai ter que

presidir a sessão lá na Assembléia Legislativa. A gente agradece muito sua presença aqui, Deputado,

mais uma vez.

(retorno) O suplente do Jecinaldo é o Sansão Ticuna, não sei se o Sansão já chegou.. ainda não chegou.

Nós temos aí também da região amazônica o Ak’Jabor Kayapó, está aqui presente, titular,

companheiro Ak’Jabor; e o seu suplente Antônio Tembé, famoso Piná, ele é mais conhecido como

Piná Tembé.

Temos a companheira Pierlângela Nascimento, Wapichana, professora aqui presente, lá de Roraima.

O suplente, o Dilson Ingaricó, que é também lá de Roraima.

Temos o Almir Suruí, aqui de Rondônia, titular, não está presente no momento, não chegou ainda,

mas tem o seu suplente aqui o Wellington Gavião, que está ali.

Temos também, continuando na Amazônia, o Kohalue Karajá, que é o titular, presente. O suplente é o

João Xerente.

Temos também, lá do Mato Grosso, nossa companheira, a professora Francisca Navantino Paresi. –

Professora, a senhora tem que levantar aí... (aplausos). E nós temos aí o suplente da professora

Francisca, que é o nosso querido amigo Crisanto Xavante.

Temos também o Élcio Machineri, que é o nosso companheiro Tóya, aqui do Acre, nosso anfitrião. A

sua suplência neste momento esta vaga.

Titular também, representando a Amazônia, vindo lá do Maranhão, o Arão Guajajara. E o suplente do

Arão é o Lourenço Krikati, também lá do Maranhão.

Aí nós temos também, vindo lá do Amapá, lá do Oiapoque, nossa companheira Simone Vidal

Karipuna. E tem o suplente também lá do Amapá que é o WKuru Wayjãnpi.

Bom, agora vou passar para a região Nordeste e Leste. Nós temos aí titular, vindo lá de Pernambuco, o

companheiro Marcos Xucurú, está aqui presente, grande companheiro; suplente, Manoel Messias,

Xucurú Cariri. O nosso Lindomar Santos Rodrigues, Xocó, representante do Nordeste, que é o nosso

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titular músico da Comissão. Para quem não sabe, ele é o músico oficial aqui da nossa CNPI, ele tem

um violão, que é o violão da CNPI, e um vozeirão também. E a Lylia Galetti é a suplente dele, é a

“cantora suplente” (risos). E nós temos a Cremilda, que é a sua suplente, Wassú Cocal.

Temos o nosso companheiro Luís Titiah, da Bahia, que está ali presente, Pataxó Hã Hã Hãe, O seu

suplente é o Ricardo Weibe, que está aí também, Tapeba.

E tem também o companheiro Antônio Pessoa, conhecido como Caboquinho, Potiguara, que está ali

presente. A sua suplente é a Rosa Pitaguari.

Nós temos também o José Ciríaco Sobrinho, conhecido com Capitão, Potiguara, que está aí presente

também. E temos a sua suplente, que é a Francisca Bezerra da Silva, Kambiowá.

Temos também o companheiro Sandro, Tuxá, e a sua suplente, que é a nossa querida Glicéria,

Tupinambá, que hoje não está aqui presente com a gente, mas sempre tem vindo a nossas reuniões. Já

fiquei sabendo agora aqui também que a Glicéria está esperando neném (risos), vamos ter um mascote,

né? (risos). Muito bem, muito bem...

Bom, da Região Sul e Sudeste nós temos aí o titular Donizete, Guarani; e o suplente, que é o Marcos

Tupã, que também não chegou, é Guarani, lá de São Paulo.

O companheiro Brasílio Pripá, Xokleng, que está aí, ele é o titular aqui da CNPI “contador de causos”

(risos), ele é o nosso principal contador de histórias. O suplente é o Ivan, Xokleng.

Temos também o Deoclides, Kaingang, lá do Rio Grande do Sul, que está presente. O suplente é o

Florêncio, Kaingang.

Da região Centro-Oeste dois: nós temos o Dodô, Terena, está aqui presente também. Seu suplente é o

Luís Kadiwéu.

E nós temos nosso grande Anastácio Peralta, Guarani Kaiowá, lá do Mato Grosso do Sul, tendo como

suplente o Roberto Carlos Martins, Kaiowá, lá do Mato Grosso do Sul também.

E temos também representantes das ONGs indigenistas. O Conselho Indigenista Missionário tem na

sua titularidade o companheiro Saulo Feitosa, está aqui presente. Que eu quero dizer que é outro

representante como o Coronel Marinho, bastante disciplinado, sempre chegando no horário, sempre

saindo no último horário. Temos que registrar aí sua contribuição... é o “representante do Papa”,

exatamente (risos). E suplente do CIMI na representação das ONGs é o Instituto de Estudos Sócio-

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Econômicos, o Ricardo Verdum, que também sempre participa de nossas reuniões, hoje não pode estar

aqui presente, mas lá em Brasília sempre participa, contribui.

E nós temos o outro titular, que é o CTI, Centro de Trabalho Indigenista, que é o nosso Gilberto

Azanha, que hoje não está aqui, não pode vir, e que tem sido um assíduo participante também da

nossa reunião lá em Brasília, e como suplência temos o Instituto Sócio-Ambiental, o ISA, que hoje está

aqui com sua representante Ana Paula Souto Maior, que está aqui presente e também tem dado uma

contribuição grande para a nossa CNPI.

Quando aprovado o Projeto de Lei do Conselho Nacional de Política Indigenista, além de todos estes

representantes que eu falei, nós vamos incluir 14 representantes indígenas e 8 Ministérios. Então, tem

Ministério que hoje não fazem parte da Comissão e que vão integrar o Conselho.

São eles: o Ministério da Cultura, que tem aqui hoje o representante, Marcelo Manzatti. Como o

Ministério da Cultura ainda não faz parte oficialmente da CNPI, a gente sempre convida e o

Ministério sempre participa, já de um tempo para cá. O Marcelo tem sido sempre o representante do

Minc aqui, é bem-vindo a nossa CNPI.

Nós vamos ter também o Ministério do Trabalho e Emprego; o Ministério das Cidades; a Secretaria

Especial dos Direitos Humanos; temos aqui a representante da Secretaria Especial dos Direitos

Humanos, a Luana; tem a Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, que vai

participar do Conselho, e que de vez em quando participa como convidado, da nossa Comissão; a

Secretaria de Agricultura e Pesca; o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e o

Ministério das Relações Exteriores, que também de vez em quando participa como observador,

principalmente a Diretoria de Diretos Humanos lá do MRE, hoje eles não estão aqui.

O Projeto de Lei prevê que o Conselho será composto por 21 representantes do Governo Federal,

sendo 20 com direito a voto; 36 representantes dos Povos e Organizações Indígenas, 18 com direito a

voto; e 2 representantes de ONGs Indigenistas, pessoas jurídicas de direito privado, sem fins

lucrativos, que atuam há mais de 5 anos, e de forma sistemática na atenção e apoio aos povos

indígenas, com direito a voto. Isso já é a proposta do Conselho.

E nós temos as Subcomissões por tema. A Subcomissão 1 foi extinta: ela foi criada para elaborar o

Projeto de Lei do Conselho Nacional de Política Indigenista. Então, como ela já cumpriu os seus

trabalhos, ela foi extinta. Ela elaborou a proposta que foi encaminhada ao Congresso Nacional no dia

14 de dezembro de 2007.14

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A outra Subcomissão 1, criada em dezembro de 2007, é uma subcomissão que trata de

Acompanhamento de Empreendimentos com Impactos em Terras Indígenas. A sua função é

acompanhar, discutir, propor normas e diretrizes para monitoramento dos empreendimentos que

impactam, direta ou indiretamente, as terras indígenas. Esta Subcomissão está em funcionamento.

A Subcomissão 2 também está em funcionamento: é a Subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania;

e tem como função propor diretrizes, instrumentos e normas para combater a criminalização de vidas

indígenas e o genocídio.

A Subcomissão 3, de Terras Indígenas, que tem a função de acompanhar e propor prioridades para os

processos de reconhecimento, desinstrução e proteção de terras indígenas.

A Subcomissão 4, de Etnodesenvolvimento, que tem como função acompanhar a gestão em

sustentabilidade em terras indígenas, no sentido de promoção com questões ambientais implícitas,

segurança alimentar.

A Subcomissão 5, de Assuntos Legislativos, tem a função de acompanhar os Projetos de Lei e Projetos

de Emenda Constitucional, em tramitação no Congresso Nacional e propor atualização do Estatuto do

Índio.

A Subcomissão 6, de Saúde Indígena, que tem a função de propor normas e diretrizes para a saúde

indígena.

A Subcomissão 7, de Educação Escolar Indígena, que tem a função de propor normas e diretrizes

para a educação indígena.

A Subcomissão 8, de Gênero, Infância e Juventude, que tem a função de acompanhar e propor

normas e diretrizes para abordar a situação de mulheres, crianças e jovens indígenas.

A Subcomissão 9, de Políticas Públicas, Orçamento e Gestão, que tem a função de propor diretrizes e

normas para o acompanhamento das políticas públicas em vários Ministérios, e acompanhar a

formulação e execução do PPA, participação, controle social, conferências, plano plurianual.

Ali tem algumas fotos das reuniões ordinárias e extraordinárias da CNPI; esta é uma foto da quarta

reunião ordinária, dezembro de 2007, com a presença do Ministro Tarso Genro. Nós estamos vendo aí

também a Dra. Débora Duprat, da 6a Câmara do Ministério Público, a Dra. Alda da AGU; reunião lá

em Brasília. Uma reunião que contou com a presença do Ministro da Justiça, Tarso Genro. Foi a

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primeira vez que ele foi em uma reunião da CNPI. Foi na reunião, aliás, que ele assinou a Portaria

Declaratória da Terra Indígena Potiguara, de Monte Mor.

Aí são fotos da plenária geral.. os representantes.. aí vocês estão vendo os nossos representantes aí, o

Gilberto Azanha, ele não está presente aqui... o Saulo.. a Olga...

Continuando: a dinâmica das reuniões: normalmente as reuniões acontecem assim: no primeiro dia,

tem uma reunião só dos representantes indígenas; no segundo dia, tem uma reunião das subcomissões;

no terceiro e quarto dias, tem a plenária geral. Então, na verdade, a reunião da CNPI, ela dura uma

semana. Porque na segunda-feira, o pessoal chega lá em Brasília, aí tem a reunião dos indígenas, as

subcomissões, e tem dois dias de plenária.

Esta reunião que está acontecendo aqui, está diferente um pouco porque é uma reunião

extraordinária, e a gente propôs fazer três dias de plenária, para a gente poder cumprir a nossa pauta,

bastante ampla.

Aí uma foto da reunião dos representantes indígenas, que acontece no primeiro dia... essa reunião é

uma solicitação da bancada indígena, porque o pessoal vem das áreas, e antes de acontecer a reunião o

pessoal faz a troca de informações, e com isso tem condições de chegar na plenária já com os temas

bastante mastigados.

No segundo dia tem a reunião das subcomissões. É bom lembrar que cada subcomissão é também

paritária, ela tem 3 representantes indígenas, 3 representantes governamentais, e tem os convidados,

que podem ser vários convidados, dependendo do tema, é livre a possibilidade de convidados, mas

tem que ser feito pelos membros. Mas sempre as subcomissões também são paritárias.

Aí tem, por exemplo, uma foto da subcomissão de Acompanhamento de Empreendimentos com

Impacto em Terras Indígenas.

Aí uma reunião da subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania; a de Gênero, Infância e Juventude;

a de Políticas Públicas, Orçamento e Gestão... essa aí a reunião da Subcomissão de Educação Escolar,

vocês estão vendo, o pessoal que não conhece, que essa reunião .. isso aí é a Terra Indígena

Potiguara... isso é para vocês verem como o Caboquinho e o Capitão moram em um lugar feio (risos)...

aí esse mar que vocês estão vendo é o único mar indígena que existe no Brasil... não, existem outros...

tem 24km de mar, que o pessoal diz que “tem terra indígena”, mas também tem “mar indígena”... é aí

nesse mar que a campeã brasileira de Surf, a Tininha, que é indígena, Potiguara, aprendeu aí nesse

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mar... você vê que está todo mundo sorrindo, feliz... teve uma Reunião Extraordinária que aconteceu

lá na Terra Indígena Potiguara.

Aí uma reunião da Subcomissão de Terras Indígenas; da Subcomissão de Etnodesenvolvimento ;

Assuntos Legislativos... aí vocês estão vendo aquele rapaz de óculos ali, ele é representante do MRE,

uma das vezes ele participou da nossa reunião.

Aqui já são as plenárias... o Coronel Caixeta, que era representante do GSI, que saiu, foi substituído,

porque foi promovido a General... a CNPI promoveu ele a General (risos), pois é, contribuiu, é

verdade... nós todos aqui torcemos muito, foi feita também muita reza para ajudar e ele foi promovido

a General (risos).

Vocês estão vendo fotos aí então, de várias reuniões plenárias da CNPI, que já foram realizadas.

Esta reunião ordinária acontece, normalmente, de dois em dois meses, em Brasília.

Aí vocês estão vendo a reunião de junho de 2008, que contou com a presença do nosso Presidente

Lula, mais 17 ministros de Estado. Foi no Ministério da Justiça, vocês estão vendo a foto no final da

reunião, a foto histórica com o Presidente Lula e todos os representantes indígenas, com o Ministro da

Justiça Tarso Genro. Essa reunião ficou marcada realmente como uma reunião histórica, foi toda

gravada, tem um DVD, que nós inclusive já passamos, este DVD, em várias reuniões, inclusive na

discussão do Estatuto, todo o pessoal deve ter visto. Nessa reunião tem que registrar a participação

especial do nosso companheiro Ak’Jaboro Kayapó, que está presente aqui, que teve uma participação

importantíssima nessa reunião com o Presidente Lula. E tinha 17 ministros, convocados pelo

Presidente, e que não tinham direito a voz, era só para ouvir. Só quem falou foi o Presidente e a

bancada indígena.

Então, isso era para mostrar para vocês um pouco, principalmente o pessoal do Acre aqui, que não

conhece a CNPI, que ouviu falar, mas ainda não tinha tido a oportunidade de ver mais

detalhadamente, o que é a CNPI, qual a sua função, qual a sua contribuição... e dessa forma, a gente

apresentou rapidamente, para vocês verem a importância da CNPI. E cada vez mais ela tem que

ganhar mais importância, mais espaço.

Eu diria que, para concluir, que o principal aspecto geral da política, digamos assim, indigenista com a

CNPI, é que a gente trabalhe muito a integração também das ações. Ou seja, o papel da Funai também,

ganha um relevo novo com relação também a CNPI, porque a Funai passa a ter um papel cada vez

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mais de articuladora, de coordenadora dessa política geral, em conjunto com os Ministérios que

participam da CNPI.

Então, eu acho que é um dado muito importante que no caso eu destaco também, da consulta, da

participação das comunidades indígenas nas decisões mais importantes. Por exemplo: o Estatuto dos

Povos Indígenas, nós passamos mais de um ano naquele texto, que a Dep. Perpétua se referiu, que o

pessoal está lendo, este texto foi produzido a partir de oficinas, 10 oficinas realizadas e promovidas

pela CNPI, em todo o Brasil, ... coordenadas pela Subcomissão de Assuntos Legislativos, mais

especificamente pelo Saulo, e pelo Carlão, representantes do Governo, que organizaram essas oficinas,

com ampla discussão, inclusive uma aqui no Acre.

Isso tudo mostra realmente a importância que tem a CNPI e a construção coletiva que a gente está

fazendo, de participação, de construção de políticas participativas no Brasil.

Então, essa demonstração aqui era para isso: era para poder socializar aqui com vocês a importância e

o quais são as funções da CNPI nesse processo recente, que o Presidente Lula tem liderado no nosso

país.

Então era isso... Teresinha, e agora, Teresinha? A Dep. Perpétua está precisando sair, o representante

aqui da prefeitura, Secretário de Cultura, também... obrigado mais uma vez pela presença, muito

obrigado. O Francisco vai aqui continuar representando a toda a institucionalidade aqui do Acre na

terça, no sentindo amplo, a institucionalidade indígena também.

Teresinha - Então, damos por encerrada a mesa de abertura e eu passo a coordenação desta 5ª Reunião

Extraordinária, como é de praxe, ao Sr. Presidente e, seguindo a pauta, deverá ser a apresentação do

Estado do Acre.

Márcio Meira – Presidente - O próximo ponto de pauta, que na verdade é o primeiro ponto de pauta

da nossa reunião, é a apresentação, pelo companheiro Francisco do governo do Acre, da política que o

Acre vem desenvolvendo há alguns anos, como a solicitação, feita pelo Governo do Acre, à CNPI, que

veio se realizar aqui, e a gente achou oportuna essa experiência do Acre. Eu queria passar a palavra ao

companheiro Francisco, para nos apresentar aqui a sua política, a experiência do Acre.

Francisco Pinhanta – Assessor Especial dos Povos Indígenas do Governo de Estado do Acre - Bom,

obrigado. Nós escolhemos três áreas do Governo, para fazer uma apresentação, eu espero que a gente

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possa, no final, fazer um fechamento destas três áreas que a gente escolheu para apresentar nesse

momento.

Nós vamos fazer uma apresentação rápida da área da SEMA, Secretaria de Meio-Ambiente, falando do

ordenamento territorial, a partir do zoneamento ecológico-econômico do estado, até aonde a gente

avançou nestas políticas de ordenamento, construção dos planos de gestão das terras indígenas. Depois

nós vamos também fazer uma apresentação rápida da área de produção e também da educação, e no

final eu vou tentar mostrar como é que a política tem conseguido, aqui no Acre, avançar de uma

maneira articulada, entre todas as áreas, e então eu precisarei, talvez, abrir para uma conversa entre a

gente.

A idéia é fazer um intercâmbio mesmo do que está acontecendo aqui e ouvir também neste encontro,

outras experiências. Nós estamos fazendo um esforço bastante grande, envolvendo diretamente as

comunidades nas decisões, as lideranças, pra que a gente respeite as diferentes situações, os diferentes

projetos de cada comunidade.

Então vão ser 3 técnicos que vão fazer a apresentação e no final eu faço uma fala para fechar essa

apresentação.

Como foi apresentado, Márcio, têm várias lideranças indígenas, de vários lugares do Brasil. Eu

acredito que a partir dessa apresentação, se tiver alguma pergunta que a gente possa abrir... nós vamos

tentar ser rápidos na apresentação, porque seria bom também para a gente ouvir alguma sugestão, ou

perguntas, por algo que não ficou bem claro.

Nós vamos citar alguns exemplos... tem lideranças indígenas aqui também do Acre, que poderão

também complementar.

Márcio Meira – Presidente - Eu queria aproveitar, enquanto o pessoal está arrumando a apresentação,

só para dizer que seria interessante que o pessoal pudesse se concentrar.. porque eu estou vendo que

está muito disperso. Acho que a gente tem que concentrar, prestar atenção, não é? Eu vou seguir a

orientação da professora Francisca, de que sempre que, como professora, ela sempre me recomenda

que de vez em quando tem que dar uma “chamada” nos alunos, na turma. Vamos concentrar, porque é

um momento muito importante esse em que o Francisco se referiu: a nossa reunião da CNPI, que está

acontecendo aqui no Acre, ela também tem um viés interessante, a que o Francisco se referiu, que é

essa troca de experiências de gestão participativa, ou experiência de gestões variadas e a gente tem que

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trocar estas experiências, aprender, ver o que tem e poder aprender com isso. Então vamos tentar

aproveitar essa oportunidade o máximo possível.

Marta – Bom dia a todos, eu sou Marta, da divisão de Etnozoneamento, da Secretaria de Estado de

Meio Ambiente, e hoje a Secretaria tem um departamento que trabalha a gestão territorial. Esse

trabalho de gestão territorial tem duas frentes principais, que a gente trabalha com os ordenamentos

territoriais locais, que são os OTLs, no caso dos municípios em zona rural e com o etnozoneamento

relacionado às terras indígenas.

Esse trabalho de gestão territorial em terras indígenas, ele vem orientado a partir do Z E, fases 1 e 2,

que começou na parte 1, a partir das orientações que vieram dos estudos de populações e terras e a

gente tem a oportunidade de ter aqui as pessoas que começaram esse trabalho que são o Terri Aquino,

o Marcelo Iglesias, que fizeram o estudo juntos e começaram todo esse trabalho de etnozoneamento

e gestão territorial dos povos indígenas no Acre. E ele vem, a partir do ZEE, para uma escala mais

local, de 1 para 50mil, e 1 para 80mil, com os etnozoneamentos e depois com os PGTIs, que a gente

chama de Plano de Gestão de Terras Indígenas.

Tudo isso está estruturado dentro da base do Governo, que são serviços básicos de qualidade para

todos, e a gente inclui os serviços básicos de educação, saúde, fortalecimento e valorização cultural,

produção sustentável voltada para a soberania alimentar tendo a gestão territorial como plano de

fundo para alicerçar todas essas estruturas de Governo.

Como a linha de trabalho vem a partir da verticalização do ZEE, só para a gente ter uma noção do que

a gente está falando: o ZEE ele classificou o estado em zonas, e as terras indígenas hoje estão ocupando

a zona 2, que é a zona sustentável dos recursos naturais e proteção ambiental, que pega aí os

assentamentos, as unidades de conservação, terras indígenas e tal. Só para enfatizar que nós temos 4

zonas, e cada uma dessas zonas tem programas específicos direcionados ao uso do território.

Aqui, um pouco do retrato das terras indígenas sobre as quais a gente está falando, são as terras

indígenas que estão localizadas dentro do estado do Acre, tem 34 terras indígenas, com 2.415,644

hectares, que representam 14,6% da extensão do estado. Boa parte disso está regularizada, 15 povos

indígenas, mais os grupos isolados, representados aqui pelo Meirelles, não é, Meirelles?

Aqui a gente tem, mais direcionado à nossa apresentação, o etnozoneamento ... o que é isso?

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É um instrumento de planejamento dos povos indígenas para a gestão dos territórios, é um

zoneamento participativo das terras indígenas elaborado a partir de diagnóstico e prognóstico da

situação sócio-econômica, política e ambiental. Esse é um conceito trabalhado com o professor Paul

Lira. E como que é esse fluxo dentro da estrutura de Governo? A gente tem o etnozoneamento hoje,

que fica dentro da SEMA, que tem a principal responsabilidade de estar articulando a elaboração deste

eco-zoneamento nas comunidades indígenas. A gente tem uma outra fase que é a elaboração dos

planos de gestão, que seria trabalhar os prognósticos, a resolução dos problemas identificados no

zoneamento, que também fica sob a estrutura da SEMA. E a gente tem também a implementação

desses planos de gestão, que parte da articulação das secretarias de Governo, das assessorias indígenas,

de parceiros e do povo indígena.

Mais na frente, pensando em uma perspectiva futura, a gente teria uma etapa de monitoramento e

avaliação e atualização desses planos. E ficar mais a cargo do povo indígena, da comunidade indígena

fazer isso, tendo atores e parceiros, mais como apoiadores desse processo.

O que que a gente tem nesses etnozoneamentos?

A gente trabalha com a metodologia de mapeamento participativo, e tem a elaboração de mapas

temáticos e diagnósticos, voltados para temas de recursos hídricos, históricos, de ocupação, pesca,

caça, ameaça, extrativismo e vegetação, aonde são discutidos todos estes temas, elencando as situações

atuais dentro destas temáticas, que são debatidas e futuramente são encaminhadas demandas para a

resolução de problemas e conflitos que forem identificados. Para que serve tudo isso?

Além de ter esta estruturação das demandas, da estratégia de gestão territorial das comunidades, a

gente pode dizer que tudo isso serve também como uma ferramenta política para a resolução de

problemas, visualização geral da terra indígena, diagnóstico dos recursos naturais, identificação dos

problemas, a gente vai fazendo tudo dentro desse processo.

Além... o Fernando Katukina, eu gosto sempre de citar ele, que ele fala que tudo isso é apenas uma

sistematização, ou seja, botar no papel tudo aquilo que as comunidades indígenas já têm: que já têm

suas estratégias de vida, de gestão, de sobrevivência dentro do território, e dentro desse trabalho a

gente bota tudo isso no papel para um melhor entendimento de todos os atores, tanto os indígenas

como os não-indígenas.

Voltando... a gente tem aqui a segunda etapa, como eu estava falando para vocês, com a elaboração

dos étneos a outra que é a construção do plano de gestão... essa foto aqui mostra um pouco do 21

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trabalho que a gente fez no plano de gestão do povo indígena Katukina, onde passamos lá alguns dias

reunidos e foi trabalhado este plano de gestão pensando nos objetivos, metas, atividades e resultados,

foi uma experiência bem interessante... são exemplos de planos de gestão que a gente tem no estado.

E a terceira etapa, que é a implementação, que é uma implementação conjunta. Aqui eu queria só dar

uma enfatizada em uma pequena questão: o plano de gestão é elaborado em conjunto com a

comunidade e ele é do povo indígena, mas ele tem uma dupla função: tem a função de sistematizar

essas estratégias das comunidades indígenas para a gestão territorial, ambiental do território; mas ele

tem uma função para o Governo, que é fundamental, que é auxiliar o Governo na estruturação, na

criação dos seus programas e políticas para atuar com as comunidades indígenas. Por quê? O plano de

gestão não é só uma lista de demandas e acordos que são feitos nas comunidades para convivência

naquele território, ele é também um orientador, para que o Governo tire as suas diretrizes para a

formulação de programas. Não é pegar o plano de gestão e implementar todas as ações que existem ali

dentro. A orientação é que este plano de gestão siga como uma diretriz para a formulação de

atividades, e ele é uma ferramenta da comunidade para a articulação com seus parceiros, em

atividades em que ela tenha necessidade de trabalhar com outros parceiros, e ele é um orientador para

o planejamento dos programas de políticas do Governo. Então, ele tem um duplo objetivo, e ele tem a

utilidade nos dois lados da moeda.

Isso aqui é um pouco do que eu estava falando.. que no plano de gestão, o interessante é que a gente

discute aquelas temáticas e saem lá de dentro discussões e prognósticos de temáticas diversas.

E o que o Governo faz com isso?

Além de atender algumas demandas que são de caráter urgente, mais emergencial, é tirar as

orientações para as formulações dos seus programas, ou seja, se nos planos de gestão são recorrentes

atividades relacionadas a apoiar o repovoamento de faunas, são demandas expressas, a gente tem a

responsabilidade de montar um programa, uma política que vá atender isso de forma estruturada, não

uma atendimento de balcão, de atividade por atividade, mas estruturar isso dentro de um

organograma de Estado, para que essas demandas, essas necessidades das comunidades sejam todas

atendidas.

Isso aqui é um exemplo que a gente pode estruturar aí um programa de implementação de

(ininteligível), que na verdade já até existe, valorização de conhecimento tradicional, recuperação de

áreas protegidas, que são diretrizes que vão aparecendo nos planos de gestão; fortalecimento

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institucional, garantia da segurança alimentar, fomento à produção de produtos agro-extrativistas,

implementação de arranjos produtivos. São exemplos de alguns programas que podem ser

estruturados, implementados, alguns deles, neste exemplo até já existem, para atender as comunidades

indígenas.

E aqui, pensando nessa coisa processual, seria um passo de execução disso. uma execução também

conjunta da comunidade e Governo nas ações. A avaliação, que seria avaliar se atingimos os objetivos

e metas pensados para o plano, se os objetivos continuam os mesmos ou mudaram com o passar do

tempo, e atualizar se necessário.

Essas aqui são algumas fotos mostrando um pouco do trabalho que a gente faz, essas fotos são, na sua

grande maioria, lá em Mumuadadi, que foi o primeiro etnozoneamento que o estado fez... esse aqui

também é no Mumuadadi, que é um trabalho de validação e entrega dos produtos que a gente fez, dos

diagnósticos, que são os mapas, os relatórios... aí é tudo lá na comunidade... elaboração de planos de

gestão, e um pouco da situação de como que a gente está trabalhando, isso aqui dentro do estado.

A gente tem um trabalho de etno-mapeamento, que é uma metodologia bem parecida, que também é

realizado pela comissão Pró-Índio, e o governo do estado atuou com esse programa inicialmente de

etnozoneamento nas terras indígenas impactadas com o asfaltamento das duas BRs, a BR 364 e 317,

que são estas terras indígenas verdes. Foi aonde o estado fez o trabalho de etnozoneamento e está

concluindo agora os planos de gestão. A comissão Pró-Índio trabalhou as terras indígenas mais de

áreas de fronteira, que são essas “laranjinhas”, com o trabalho de etno-mapeamento, que é um

trabalho bem similar feito pela comissão Pró-Índio.

Aqui é só um pouco do quadro de como a gente está. Na verdade este processo está nessa fase de

conclusão do plano de gestão, algumas terras indígenas a gente já tem plano de gestão concluído, já

tem algumas coisas sendo implementadas pelas comunidades, algumas ações o Governo já está

tomando conta para executar a sua parte e em outras a gente está em fase de conclusão e elaboração

agora. Eu não vou ler cada uma, porque vai ficar muito extenso e temos outras apresentações para

fazer. Obrigada.

Diná – Bom dia a todas as pessoas, eu sou a Diná, da Secretaria de Produção Familiar, SEAPROF, e

trabalho com as comunidades indígenas. No trabalho específico nas terras indígenas, a gente tenta

fomentar a soberania alimentar desses povos.

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O paradigma da extensão agro-florestal em comunidades indígenas, o objetivo maior é a produção

sustentável das comunidades, para que elas criem suas próprias políticas e estratégias de alimentação,

buscando a soberania alimentar.

Nós trabalhamos oito programas estruturantes, e estes programas foram construídos em cima das

discussões com as comunidades, tratando essa questão da alimentação.

A gente tem resgate e reintrodução de sementes tradicionais em roçados, que prevê a doação de

sementes a diferentes povos indígenas que manifestem o interesse em resgatar, firmando o

compromisso de disseminá-las em outras comunidades, tão logo colham quantidade suficiente.

Os bancos que estão sendo constituídos pelos povos indígenas estão nos próprios roçados, ou seja, são

bancos itinerantes.

As sementes plantadas são cuidadas pelos agentes agro-florestais, catalogadas e monitoradas pela

extensão indígena.

Outro programa é o de Sistemas Agro-florestais. Prevê o reaproveitamento de capoeiras, respeitando

a regeneração natural, com a introdução de espécies frutíferas, além das essências florestais:

madeireiras e não-madeireiras. Trabalhamos com roçados sustentáveis, com o reaproveitamento das

capoeiras, com a leguminosa mucuma, com a mucuma preta, para tentar diminuir o uso do fogo.

A avicultura, que é outro programa, que prevê a criação de galinha caipira, com a melhoria do plantel,

com a introdução de novas raças.

Piscicultura, prevê a potencialização do iniciativa existente em manejo de lago, construção e

fechamento de açudes, aonde não há rio, e os lagos estão impossibilitados de serem manejados. A

gente constrói os açudes, através do DERAC, tudo isso em parceria com as instituições do estado e

realiza o fechamento; damos toda a orientação, desde a barragem, o fechamento, alevinagem, tudo.

Outro programa é o manejo natural da fauna silvestre. A gente respeita a diversidade, considera o grau

de contato entre os povos na realização das ações, ouvindo as comunidades. Comunidades que estão

com escassez, por exemplo, de caça, aí a gente vai... tudo isso ligado ao que está sendo trabalhado nos

planos de gestão. Enfatiza a educação ambiental com acompanhamento técnico nas comunidades.

Outra coisa é a formação dos agentes agro-florestais, que prevê a formação continuada desses agentes

com intercâmbio em comunidades indígenas e não-indígenas. Aonde estão acontecendo ações que

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estão dando certo,a gente leva esses agentes para conhecer essas realidades, para que eles comecem a

levar para suas comunidades também, conforme seus interesses.

Organização Comunitária e Associativismo. Prevê orientar às comunidades indígenas no que consiste

“organização comunitária”, explicando os diversos significados, o verdadeiro sentido do

cooperativismo, que vai muito além da legalização da instituição. Ou seja: muitas vezes as

comunidades nos procuram porque querem formar alguma organização. A gente vai desde a discussão

“para quê?”, às vezes será que é necessário ter esta organização?... então a gente faz toda essa discussão,

desde a criação até como está funcionando esta organização dentro da comunidade mesmo,

discutindo, porque é uma coisa de fora.

O Manejo dos Recursos Naturais e Florestais. Orienta e incentiva as iniciativas existentes nas

comunidades, em manejo de produtos florestais não-madeireiros. E aí a cadeia produtiva da

piscicultura, a gente tentou colocar algumas imagens para que as pessoas tenham uma ideia... a terra

indígena 27, aonde foi construídos os açudes, essa terra indígena fica lá no município de Itararacá, está

na área de influência da pavimentação da BR 364, então a gente tem um trabalho no estado todo, e

um trabalho mais específico na questão da produção forte lá... aí já o fechamento do açude.

Manejo Comunitário de Fauna. A gente trabalha mais especificamente com o tracajá, levando para as

comunidades que têm essa escassez, ou que perderam totalmente. Tem comunidades aonde só os mais

velhos conheciam esses tracajás, e hoje tem esse projeto de manejo em criatórios. A gente tem uma

experiência aqui, do pessoal aqui, do mamuatati, que não tinha mais, só tinha lá no final da terra e a

gente está trazendo para mais próximo das aldeias... aí a organização comunitária, em uma reunião

que a gente fez lá na aldeia 27, aonde foi construída pelo estado uma casa de comercialização, então a

gente está trabalhando essa questão da organização com eles. Ainda uma coisa inicial, junto também

com o estudo do Moacir, questão formadora nessa área.

A formação dos agentes. Essa formação, na verdade, é feita pela Comissão Pró-Índio, que é uma ONG,

que tem vinte e poucos anos de trabalho e o Governo do estado está trabalhando junto, mas nessa

coisa dos intercâmbios, dos cursos; na questão da SEAPROF, nessa área da produção. Então tem esse

agente agro-florestal dentro da comunidade indígena, que é um ator que trabalha, ele faz a articulação

dentro da terra com o Governo do estado. Então, alguns devem conhecer o agente, que é muito

importante. Então tem esse processo de formação continuada.

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Quintais e sistemas agro-florestais. É um trabalho também que as agências, as comunidades já vinham

fazendo há algum tempo, porque a extensão agro-florestal trabalha com essa temática, e a gente está

tentando reflorestar os quintais, tentando implementar mesmo os sistemas agro-florestais, que são

frutíferas essências florestais, que todos conhecem, então é um trabalho que a gente faz também.

E o resgate das sementes tradicionais. Esse trabalho a gente começou em 2005, e aí tem a participação

do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com um recurso pequeno nós começamos a fazer esses

bancos de sementes itinerantes. Tem uma coisa que difere esses bancos de sementes dos outros, que a

gente conhecer por aí, vocês devem conhecer também: é um banco que a gente constrói nos próprios

roçados das comunidades. O agente agro-florestal, que é esse ator que tem dentro da comunidade, ele

traz as informações para os nossos técnicos, nos escritórios dos Municípios, a gente monta o banco e

só faz a catalogação e faz o monitoramento disso, mas quem cuida é a própria comunidade, com as

suas sementes de interesse das famílias.

Avicultura. É uma coisa nova para algumas comunidades indígenas, também está dando muito certo

em algumas comunidades. A gente tenta trabalhar melhorando o plantel, melhorando as galinhas que

eles já têm em seus terreiros, levando outras espécies para ter esse melhoramento do plantel. Sistemas

agro-florestais. Só a foto aí para vocês verem como é que a gente trabalha.

E aí eu tratei um pouco dos investimentos que a gente teve em 2007 até agora, em 2009, de fomento

(ininteligível), de setecentos e pouco, e a gente tem um recurso pendente do MDA que vem no

próximo ano, que é aquele valor... e mais aquela coisa que a gente está realizando, fazendo nossos

ajustes com a assessoria indígena, com a SEMA, que é o recurso que vem p implementar todas essas

ações da produção. Nesse valor aí de 5 milhões para as comunidades.

E o futuro da extensão indígena, que a gente colocou aqui, que é essa coisa das práticas mesmo agro-

ecológicas, acreditando que isso vai a médio prazo mesmo, que é fortalecer as comunidades, que é

empoderar as comunidades, para tentar ter uma alimentação saudável, para que as elas busquem a sua

soberania mesmo, criem sua estratégia de produção nas comunidades, conforme o gosto de cada um,

tratando essa questão cultural, e é isso.

Eucilene – Bom dia, eu sou Eucilene, trabalho na Secretaria Da Educação, especificamente na

coordenação de educação escolar indígena. A nossa Secretaria atende a várias modalidades de ensino,

dentro delas nós estamos na coordenação de educação escolar indígena, com uma equipe técnica de

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mais ou menos 12 pessoas aqui em Rio Branco, tendo também representantes de educação escolar

indígena nos municípios aonde tem povos indígenas.

Aqui são os princípios políticos e pedagógicos da Secretaria de Educação, especificamente da

coordenação de educação escolar indígena:

Nós trabalhamos com o envolvimento da comunidade educativa, respeito à diversidade étnica,

educação intercultural, ensino bilíngüe e formação continuada. Estes são os princípios que norteiam

os nossos trabalhos dentro da Coordenação.

As ações integradoras da educação escolar indígena: aqui nós temos o acompanhamento pedagógico;

formação continuada; apoio logístico de material; pesquisa e elaboração de material didático; e gestão

de escolas.

Bem, dentro da nossa Coordenação, nós trabalhamos com várias ações, mas sempre nos colocamos

assim: nós somos uma coordenação com uma gestão de uma pequena secretaria, porque nós

trabalhamos com tudo, desde o acompanhamento da merenda, construção de escola, formação do

professor, acompanhamento pedagógico, construção dos projetos político-pedagógicos... então, nós

trabalhamos.. tanto é que na nossa Coordenação nós temos uma parte que trabalha mais

especificamente o administrativo e outra equipe que trabalha o pedagógico, que são para a gente

poder dar as condições de acordo com o que as comunidades estão nos orientando.

Estes projetos político-pedagógicos que nós trabalhamos, que nós construímos, todos são específicos e

orientados de acordo com a orientação das comunidades. Nós tentamos trabalhar sempre com projetos

participativos, na coletividade, e vamos até as comunidades indígenas, até as terras indígenas, para

fazer esses projetos junto com eles, as orientações são dadas por eles. E aqui a gente sistematiza,

retorna novamente até a comunidade e apresenta, para avaliação da comunidade.

Aqui no Acre, agora até o final do ano, nós vamos estar mandando os projetos políticos das escolas

Kaxinawá, que é o maior povo que tem aqui no estado do Acre. Então a gente já está concluindo os

projetos, estamos nesse processo de avaliação e aí tem outros também que nós estaremos entregando

até o final do ano ao Conselho Estadual de Educação.

Com relação à construção de escolas: aqui estão as escolas já construídas e reformadas, mas quando

nós pegamos o estado, quando nós começamos a trabalhar o estado, em 1999, quando o estado começa

efetivamente a trabalhar com políticas para a educação escolar indígena... porque até então o que

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tinha era, assim, um trabalho, um trabalho pioneiro da Comissão Pró-Índio, do estado do Acre, do

SINE, mas o estado mesmo, como política, ele ainda não trabalhava com toda a questão da educação

escolar indígena. Então, só a partir de 1999 é que a gente inicia mesmo esse trabalho.

Algumas escolas, estas escolas de 1 sala, elas atendem o ensino fundamental; as escolas maiores já

atendem o ensino fundamental e o 1º e 2º segmentos, ou seja, de 1a até a 5a série.

Aqui está a distribuição – eu vi que quase todo mundo está apresentando, não é? - a distribuição

geográfica das escolas nas terras indígenas. Em todas as aldeias, gente, tem escola, em todas! Pode ser

que algumas escolas ainda não tenham sido construídas, mas existe um espaço aonde funciona a

escola. Todos os professores estão em processo de formação também.

Aqui é a distribuição geográfica das escolas; nós temos 12 municípios que têm população indígena.

Nesses 12 municípios, aqui está a porcentagem, a apresentação de como é que está a distribuição

nesses municípios. E aí a gente percebe que Parauacá, que é o vermelhinho aí, é um dos municípios

que tem o maio número de população indígena; o Jordão, e Santa Rosa também. Então nós estamos

distribuídos nesses 12 municípios, a nossa atuação.

Aqui é a rede escolar: no estado nós temos uma rede escolar aonde a maior parte das escolas está no

estado, e uma rede menor, que é a rede dos municípios. São 3 municípios do estado que têm escolas

municipais: Jordão, Santa Rosa e Marechal Taumaturgo. Nos demais municípios toda a rede escolar

pertence ao estado, porque é uma conversa que nós temos com as comunidades, e aí é o

acompanhamento mesmo, é uma orientação das comunidades para a gente.

Aqui são algumas ações com relação às construções de escolas: essa construção de seis escolas nós já

executamos, com recursos do BNDES, nós já entregamos essas escolas... essas 22 escolas que nós

estamos aguardando recurso... desde 2007, tudo bem, mas estamos aguardando... e vai sair, ta? FNDE.

Nós temos também 11 escolas, no valor de 220 mil que, como eu falei para vocês, em todas as aldeias

tem escolas, funcionamento, mas algumas ainda não foram construídas... aí é uma série de fatores. Nós

fomos até as comunidades, porque uma das modalidades que a gente está utilizando é construir escolas

em parceria com as comunidades, então a gente viabiliza os materiais, as orientações que a

comunidade nos dá, a planta que a comunidade nos dá, e a construção se dá em parceria com as

comunidades. Então, nessas aqui, o processo de licitação que acontece é apenas dos materiais,

nenhuma empresa entra dentro da terra indígena, ela se dá com a construção com os próprios

indígenas.

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Alunos indígenas: aqui são algumas fotos das escolas, aí vocês podem ver os alunos e as escolas como

eram. Essas escolas são bastante boas também, gente, porque na época do verão, não é, então... mas

algumas comunidades solicitam as construções das escolas, de acordo com as orientações deles, e a

gente faz.

Aqui já são alunos do ensino médio: é uma escola que a gente iniciou, que inclusive está aqui o Joel

Poyanawa, nós iniciamos tem 4 anos, o ensino médio, em uma terra indígena, aonde a terra indígena

nos deu a orientação para que pudéssemos estar trabalhando com o ensino médio também em outras

terras.

Hoje, aqui no estado do Acre, nós temos a terra indígena Poyanawa; a Terra Capinas Katukina, com

ensino médio; iniciaremos na Katukina Kaxinawá, no município de Feijó; e também em Parauacá, no

Kaos, em 2010, o ensino médio.

Aqui a porcentagem dos alunos, a demonstração aí do nível de matrículas na educação infantil,

primeiro segmento do ensino fundamental, que é de 1á a 4ª série, segundo segmento, de 5ª a 8ª, e o

ensino médio e o supletivo. Então, hoje são essas modalidades de ensino que são trabalhadas dentro

das escolas indígenas.

Como eu falei para vocês, é um gráfico mostrando a evolução de matrículas, só a partir de 1999

mesmo é que a gente começa a ter esses dados, é que o estado começa a ter esses levantamentos,

porque até então as escolas indígenas eram colocadas como escolas rurais. Não havia essa

especificidade, a gente não sabia realmente quantos alunos indígenas haviam na rede, e aí a gente vê

esse quadro, até 2008. Essas informações são do censo escolar de 2008 ainda, o de 2009 ainda está

sendo concluído. Então a gente vê um aumento de 925 alunos para 6.705 alunos, sabendo que em

2009 esse número já aumentou.

Aqui é mostrando um pouco a quantidade de alunos que nós atendemos e os valores, uma coisa assim

só para a gente ter uma ideia do investimento que hoje é feito para a educação escolar indígena aqui

no estado do Acre.

Formação dos professores: ela acontece desde 2000. Anualmente nós estamos fazendo essa formação,

atendemos, como eu falei para vocês, todos os povos indígenas que vivem aqui no Acre, hoje são

quinze. Todos eles estão em formação, alguns já concluíram o ensino médio, inclusive já ingressaram

na universidade, outros ainda estão em processo de formação. Então, nós trabalhamos tanto com

formação inicial quanto com formação continuada. 29

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Aqui os professores em sala de aula, e a gente trabalhando com eles... um momento também ali

específico da cultura... aqui, gente, é um nível de formação dos professores, como vocês podem ver é o

magistério indígena, é o primeiro segmento, o ensino fundamental incompleto. O segundo segmento,

também incompleto, que é o ensino médio, que a gente tem ainda algumas pessoas que estão no

magistério indígena e que ainda estão no ensino fundamental, mas que está incompleto... aí a gente

vem trabalhando com esses professores. O ensino médio incompleto também... esse “vermelhinho” aí

que é o magistério indígena completo, e aí vocês podem ver que tem uma porcentagem pequena... o

ensino fundamental regular: nós pegamos também muitos professores que estudaram na rede regular

do estado e aí vieram para essa formação em magistério indígena... o ensino regular também médio; o

ensino incompleto superior indígena; e o ensino superior indígena rural, porque aqui tem duas

modalidades do ensino superior: alguns professores acessaram o específico indígena e outros

acessaram para professores da zona rural.

E nós temos 2 professores, que são o Maná e o Jaime Manchineri, que concluíram o ensino superior na

UNEMAT.

Os professores aqui em formação por etnia: Jaminawa, Manchineri, Katukina, Kaxinawá, Shawãdawa,

Iaxamin, Canadirapu? (foi o que eu entendi), Ianawa, Nuquini, Nawa, Jaminawa-Arara, Apolima-

Arara, Iawãnará, Xamenawa, e agora mais recentemente estão vindo também os Kotanawa para estar

aqui neste grupo junto com a gente.

Aqui há o suporte pedagógico às comunidades educativas: nós, os técnicos, estamos no processo

também de formação, para estar trabalhando com os povos indígenas, os nossos acompanhamentos

aqui na terra indígena. Como eu falei: tem o curso, depois a gente vai até a comunidade para fazer a

assessoria, o resultado deste acompanhamento, tanto do processo de acompanhar o professor e a sua

sala de aula, a produção do material didático e a construção do projeto político-pedagógico. Então, são

várias ações que a gente faz quando estamos indo fazer o acompanhamento pedagógico.

E é isso gente, que, na língua Kaxinawá, é pano...e que me desculpem os Kaxinawas se eu não

pronunciei direito e o povo Aruaque-Arauá, é porque nós não tivemos como entrar em contato para

saber como é a fina língua, mas é isso, nós estamos à disposição para qualquer dúvida, e convidamos

vocês a visitar a nossa Secretaria de Coordenação de Educação Escolar Indígena. Obrigada.

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Francisco Pinhanta – Bom, foi muito bom... a Marta, a Diná e a Eucilene, as mulheres, e dizer que

também todo mundo ficou muito atento ao que estava sendo colocado. Eu vou fazer um resumo bem

breve, falar algumas coisas que marcaram muito.

Com relação às terras indígenas, às 35 terras indígenas hoje aqui no Acre, até 99 elas não eram

contabilizadas dentro do mapa do Acre, e política praticamente nenhuma. Então, a partir da primeira

fase do zoneamento, identificou-se as terras indígenas. A partir daí foi se aprofundando até chegarmos

a um plano de gestão das terras indígenas. Nós ainda não temos todas as terras indígenas como

gostaríamos de ter, com um plano de gestão pronto a orientar a todos aqueles que querem trabalhar

nessas comunidades. Mas a gente já conseguiu avançar muito quando a comissão Pró-Índio fez 8

planos, e o estado do Acre trabalhou com mais 8, nós estamos com 16, e temos previstos aí, até 2010,

ver se a gente consegue cobrir todas as outras que estão descobertas. Essa é uma marca interessante, e

a partir daí a gente consegue dialogar com outros atores também que estão trabalhando, pensando o

desenvolvimento dessas terras indígenas.

É muito difícil, é um processo demorado, porque é um processo educativo também, não é fácil, porque

a cultura muitas vezes, a maneira que é pensada através das maneiras políticas. Você está mudando

também toda uma lógica de trabalho em relação a essas comunidades. Então, para a gente foi bastante

interessante porque a gente pode introduzir, e aprendendo também dentro desse diálogo com as

comunidades, como lidar com cada uma realidade. Por mais que esteja garantido o direito, mas as

realidades diferentes precisam ser levadas em conta, porque se não a gente ou atropela um processo se

não se reconhece o que existe lá dentro e vai chegando e fazendo do jeito que a gente vê daqui de fora.

Então, essa sensibilidade é muito importante por parte dos técnicos nesse momento. Então, esse é um

ponto que eu queria destacar, uma marca que a gente quer deixar, porque as comunidades indígenas

não podem ficar correndo o risco de depender do mandato de um governo ou de outro, mas que elas

estejam preparadas para ter uma vida contínua, num processo aonde ela vai cada vez mais dando

ritmo para o seu projeto, para sua sustentabilidade e a sua auto-afirmação. A gente está buscando

muito trabalhar nesse sentido.

Com relação ainda a esses planos de gestão, nós estamos entrando em uma fase que é muito

interessante, que o governador Binho sempre tem falado, empoderar essas comunidades para que elas

possam estar fortalecidas para poderem enfrentar qualquer dificuldade, qualquer situação, a partir da

sua própria capacidade de gestão. Não sei se vocês viram que tem ali 5 milhões, um pouco mais de 5

milhões de um programa para investir na área da produção, e nós estamos querendo dar um passo

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além, que é colocar esse recurso através de convênio para essas comunidades, a partir dessas

comunidades que já têm os seus planos de gestão. É difícil e é muita coragem até do Governo em

acreditar no projeto, porque você transferir recurso para uma comunidade, para quem não está

preparado, muitas vezes é difícil ela fazer uma boa execução, por conta do processo burocrático e uma

série de coisas. Mas a idéia é fazer essa transferência com um acompanhamento, e tem um outro

programa que nós temos que é esta questão de a partir de um órgão do estado, que faz todo o processo

de capacitação e orientação dessas comunidades, sobre gestão. Então, há um programa de formação,

está sendo também bastante interessante no sentido do fortalecimento institucional da capacidade de

gestão dos seus projetos.

A outra coisa, relacionada ao que foi apresentado aqui pela SEAPROF, que é um órgão do estado: nós

temos procurado fazer com que as comunidades passem a ter uma segurança da sua base alimentar. O

excedente dessa ... uma hora, a partir dessa parte resolvida, vai entrar para uma outra escala de

produção. Então quando a gente olha, ainda tem comunidade, que por conta dessa mudança, da

pressão que houve, elas se mudaram de um local para o outro, elas deixam sementes para trás, não

conseguem levar tudo, e fica, muitas vezes, uma comunidades sem ter o seu banco de sementes para

poder trazer de volta, tem muitas dificuldades, perdem muitas coisas nessas mudanças, então tem um

programa no sentido de fazer esse intercâmbio de buscar trazer de volta, e tem avançado muito nesse

sentido. Esse é o primeiro passo. Tem outras ações... foi apresentado ali a questão da avicultura, da

piscicultura, nós temos comunidades muito próximas de cidade, também, nós vínhamos apresentar o

plano de mitigação, que é um outro programa que a gente tem que já investiu muito na área da

produção. Então, tem comunidades que não tem lago, que não tem rio, é pequena demais e a

população cresceu, e a gente investe em questões como essa. Não dá para investir, muitas vezes pode

até chegar o momento de investir, numa área que tem 200 mil hectares, ou 50 mil hectares, áreas

grandes, com o mesmo programa que você investe numa área que é pequena, que elas não têm rio,

não têm lago. Então, a gente tenta, a partir desse mapeamento, trabalhar com cada realidade. Então,

esse processo tem nos orientado bastante, garante estrutura política e a gente faz o diálogo com cada

uma, de acordo com a necessidade de cada uma. Então, a gente tem também procurado... não sei se

vocês viram, em alguns casos, no caso da terra indígena Colônia 27, uma área de 100 hectares, aqui no

Acre, próxima da cidade, ela é praticamente uma fazenda, aonde eles viviam rodeados de fazendas, e a

terra deles toda degradada também. Então, foi feito um trabalho forte no sentido de recuperar a área,

de fazer açudes, criação de galinhas, trazer uma agricultura, para que eles pudessem resolver essa

situação. Para você ter uma idéia, nem água para beber, no verão, as pessoas tinham. A gente fez uma

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intervenção, e as famílias estavam praticamente indo lá na comunidade para assegurar a terra, mas

não que lá fosse um lugar que desse para morar de verdade, algumas famílias ficavam permanentes,

mas a maioria ficava mais na cidade, e era próxima. E hoje a realidade é outra: todos moram na aldeia,

e vêm passear, e o abastecimento que era levado da cidade para a aldeia, agora eles têm produção na

aldeia, botando na cidade, todos morando na sua aldeia e passeando na cidade. São quadros que com

eles a gente vai aprendendo e sabe que é possível fazer muita coisa.

Tem alguns cantos que a gente não consegue, ao mesmo tempo, chegar com a política que a gente

gostaria chegar. Então, processos são processos, é demorado. No caso da educação, não sei se vocês

viram, em 1999 tinha registro de menos de mil alunos, hoje nós estamos falando de 6 mil. Escolas, era

praticamente zero, hoje temos professores em todas as aldeias. Agora, estruturas físicas de escola,

algumas foram feitas, já, pelo estado, já caíram, é preciso recuperar, outras ainda não foram feitas, mas

é um processo que se a gente medir houve um avanço, e o mais importante é a gente consegue

trabalhar hoje com uma política, não é uma coisa solta só para atender.. está estruturado um

programa, que é preciso melhorar, então, temos que buscar parcerias e dialogar bastante para a gente

conseguir dar um retorno. O mais importante é que tudo que a gente está fazendo aqui no Acre é

descentralizado, e trabalhado com cada comunidade. A gente não costuma decidir sem um projeto de

desenvolvimento em qualquer comunidade se ela não participa. A presença da comunidade é o que

sustenta, legitima o processo, todas as intervenções do estado naquela comunidade. Não é fácil, é

difícil, mas se a gente for olhar os avanços que tivemos, uma coisa que marcou muito foi a gente ter,

além de definido alguns eixos na política de Governo como a estratégia para o fortalecimento das

comunidades indígenas, a gente pode também educar, amansar o próprio estado para essa relação com

as comunidades indígenas, porque o estado mesmo é uma coisa muito pesada e muito difícil, e muitas

vezes, se não tiver uma determinação para fazer essa mudança e trabalhar aos poucos ela, não se

consegue mudar, porque o estado tem um ritmo que às vezes atropela processos, não consegue ter a

sensibilidade, não consegue dar o tratamento que tem que ser dado e prestar atenção em detalhes que

são interessantes, do ponto de vista de reconhecer estas diferenças.

Então, essa apresentação, ela poderia ser uma apresentação mais ampla, mas a gente tentou mostrar

três áreas do Governo que têm conseguido mostrar um pouco o esforço que a gente tem feito no

sentido de atender bem essas comunidades.

Nós fizemos uma outra coisa aqui que eu queria.. primeiro dizer qual o papel da assessoria indígena no

Governo, para vocês, talvez alguns já tenham experiência com isso, tem um órgão deste no estado, e

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outros ainda não. No caso do Governo do Acre, em 2003, foi criada uma secretaria extraordinária dos

povos indígenas e nós tivemos aí um avanço interessante, porque ela tinha o papel de juntar as áreas

de Governo, e a partir das demandas indígenas estruturar políticas para poder dar respostas para as

comunidades indígenas, acompanhar melhor as demandas indígenas, fazer esse debate também nas

comunidades indígenas, para que a gente passasse também a se conhecer, para que estado e

comunidades passassem a conversar. Mas houve uma mudança também agora no governo Binho, que

é o governo atual, de desfazer a secretaria e criar uma assessoria direta do gabinete do governador.

Porque isso: Para alguns verem que retroceder às vezes é um avanço, de ter criado uma secretaria, do

ponto de vista do Governo, não, porque já vinha se acumulando muito das demandas indígenas na

secretaria, então quando dava errado, era a secretaria indígena que não tinha resolvido, parecia que

tinha outro Governo dentro do Governo do estado, e isso dificultava, muitas vezes, a você estruturar a

política. E tinha o mesmo nível ser secretário, então todos cuidavam da sua parte, mas na hora do

diálogo, precisava tratar com o governador sobre as nossas dificuldades de entendimento, muitas vezes

e não tinha uma força de encaminhar os processos. E aí a secretaria extraordinária passava muitas

vezes, como ela não trabalhava com orçamento, ela ficava meio que presa, e as outras secretarias

esperavam que a secretaria indígena resolvesse o problema. Agora foi criada uma assessoria, e essa

assessoria passa a ter um papel onde faz a mesma função de articular, de trabalhar as demandas,

discutir internamente e externamente com as comunidades indígenas e também com outros parceiros,

mas ela tem um papel assim, aonde as determinações, as decisões, elas permitem que as secretarias

executem as ações a partir das orientações e não esperem que a assessoria indígena vá fazer. Ela tem

um papel realmente de articular os processos, de cobrar, de acompanhar as políticas. Então, cada uma

é avaliada e agente está trazendo para que elas prestem conta dos resultados dos seus serviços e não

esperem mais pela assessoria indígena, pelo assessor indígena. Mudou um pouco a figura, e esse é um

ponto que eu acho que é preciso levantar em conta, que essa mudança ela não retrocedeu, ela

conseguiu, eu acho, fazer com que o estado assumisse de uma vez por todas a política indigenista,

independente de ser a Secretaria de Educação, ou produção, um estado tem que assumir a política

indigenista e não um setor do Governo fazer a política indigenista do Acre. Essa é uma coisa bem

interessante que a gente está trabalhando.

Eu queria também falar de uma outra coisa aqui, que nós assinamos um termo de cooperação com a

Funai, que ajudou bastante a estreitar essa relação para legitimar também alguns processos que a

Funai, por conta da ausência em alguns momentos, não tinha instrumento, que é uma questão de

competência também para algumas atividades que a gente tinha que fazer. E eu queria dizer que nós

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estamos procurando fazer o máximo que a gente pode, não pensando só nesse momento, mas

pensando em uma estruturação que seja vista como política que compreenda médio e longo prazos.

Em abril nós lançamos um programa, no dia 20 de abril, um programa de valorização dos povos

indígenas aqui do Acre. Nós reunimos todas as áreas de Governo, com recurso assegurado para

investir nas comunidades indígenas em torno de 22 milhões de reais, quase 23 milhões de recursos

assegurados para as comunidades indígenas, em todos os programas indígenas. Então, para nós, o

desafio não é só fazer chegar na comunidade indígena, só executar esse projeto. É fazer ele chegar e

dar um efeito positivo na comunidade para que a gente possa, e que a gente tenha também, ao mesmo

tempo, habilidades para executar esses recursos. Por isso que grande parte daí, nós estamos tentando

fazer convênios com as comunidades para que elas, as associações, as organizações indígenas, possam

gerenciar esses recursos e administrar. São processos que nós estamos procurando fazer de uma forma

que as comunidades indígenas participem na hora de pensar a política, e na hora de executar elas

também tenham essa condição de ajudar fazer com que as coisas cheguem nas suas comunidades. Não

chegando a coisa pronta, você chega com o óleo diesel, com o teçado, com a casa, mas fazer com que

elas possam estar ajudando a fazer a gestão de tudo isso que está previsto, que está planejado para essas

comunidades.

Então, é um pouco isso da nossa apresentação, eu queria agradecer pelo espaço, espero que a gente

possa ter contribuído bastante e as apresentações, quem tiver interessado, pode pegar para levar para o

seu setor... então, muito obrigado pelo espaço que vocês deram para a gente.

Márcio Meira – Presidente - Bom, só informando que já estão gravadas essas apresentações para vocês

poderem levar.

Nós vamos abrir agora um espaço para perguntas do plenário da CNPI, para o Francisco, a equipe

técnica aqui do Acre. Acho muito interessante este momento justamente do debate para

aprofundarmos esta discussão da política aqui do Acre. Ainda mais em uma reunião que, amanhã,

depois de amanhã também, nós vamos ter momentos de outras experiências de desenvolvimentos de

políticas, que estão sendo apresentadas. Então, eu acho interessante... está aberta a inscrição. O

Marquinhos Xucuru, o André, o companheiro Kohalue, Quenes, então na seqüência aí, Marcos

Xucuru.

Marcos Xucuru – Bom dia a todos e todas, sou o Marcos Xucuru, da região Nordeste e Leste. Para a

gente é muito importante ver uma apresentação como essa, de um diagnóstico apresentado pelas

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pessoas que compõem essa articulação, essa assessoria especial. Com certeza nós vamos levar isso como

experiência para outras regiões, para outros estados, mas eu gostaria de fazer algumas perguntas

relacionadas à educação, especificamente, e também no que tange à questão da agricultura familiar, os

projetos que estão sendo desenvolvidos dentro dos territórios da auto-sustentabilidade. Como é que se

dá o acompanhamento desses projetos que estão sendo desenvolvidos e se há uma assistência técnica

para acompanhar esses projetos, porque nós temos algumas experiências em alguns estados, em

Pernambuco principalmente, aonde a gente muitas vezes acessa esses projetos, começa a desenvolvê-

los dentro das comunidades, mas como não há acompanhamento técnico, termina que o projeto, ele

não tem sustentabilidade, quando acaba o recurso, acaba o projeto. E aí, como é que vocês estão

trabalhando isso? Essa é uma das minhas perguntas.

Em relação à educação, sabe a questão da contratação dos professores, como vocês falaram que todos

os professores são indígenas, não, é que hoje todas as escolas tem professores, eu não sei se todos os

professores são indígenas, a pergunta é se todos são indígenas e como é que está a contratação destes

profissionais, porque em alguns estados, acho que na grande maioria dos estados do nosso país, temos

um grande problema, que é a contratação dos professores indígenas, porque não é muitas vezes

reconhecida a categoria, tem uma grande luta ainda; são contratos provisórios, a cada 2 anos, quando

acaba este contrato, é uma confusão para contratar novamente... eu queria saber como é que o

Governo do Acre tem tratado essa questão da contratação dos professores indígenas.

Márcio Meira – Presidente - Eu queria propor o seguinte: que se fizesse uma rodada, e que se pudesse

responder depois, ok? O próximo inscrito é o André, do MDA.

André Araújo – MDA – Boa tarde, quer dizer, bom dia ainda, meu nome é André Araújo do MDA. Já

que nós fomos citados na apresentação, eu me animei de trazer dois informes, até para dialogar aqui

com a apresentação do Acre, porque vamos precisar da ajuda, da experiência do Acre, para discutir

estes dois temas. A primeira questão que eu trago, que eu não sei se foi já discutida aqui, na CNPI, é

sobre a lei 11.947 de 2009, que trata da alimentação escolar, que institui que 30% da merenda escolar

ela deve ser obrigatoriamente comprada pela agricultura familiar, e aí quando a gente entende

“agricultura familiar”, nós estamos falando da agricultura indígena também, certo? Então, Presidente,

esse é mais um tema em que a Funai e o MDA vão precisar juntos estar coordenando esse processo de

diálogo com as comunidades, e com as experiências, para saber como implementar isso aí. E, gente, é

um tema muito importante mesmo, pode mudar muitas coisas nas comunidades, ao mesmo tempo que

garante a compra dos produtos que vocês estão ali todo dia produzindo, as crianças vão poder,

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finalmente, comer a comida tradicional na escola, e não aquela coisa industrializada que chega, que já

estão em trânsito junto do PRONAF. Obrigado.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado, André. O próximo inscrito é o Kohalue Karajá.

Kohalue – Bom dia. Kohalue, Karajá, Amazonas. Eu queria fazer uma pergunta para o Francisco em

relação é... Bom, primeiro quero agradecer ( áudio com defeito) e com certeza também (ininteligível)

será que tem como levar alguns técnicos para mostrar para nós a experiência de trabalho e ou trazer o

nosso grupo para cá para conhecer o trabalho de vocês.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Kohalue. Quenes a próxima inscrita da Secretária- Geral da

Presidência.

Quenes – SG/PR - Bom dia a todos, e todas aqui. Eu quero dizer que para mim é uma felicidade

retomar a CNPI, e agora, Presidente, como titular inclusive. Não que eu tivesse menos

responsabilidade por ser suplente antes, mas é claro que na condição de titular, não tem essa história

de ter que esperar alguém, tem que ser eu mesma. Então, primeiro era isso, dizer a todos os nossos

colegas da bancada indígena que para mim é uma felicidade isso.

Depois também, sabe, Márcio, te parabenizar pela iniciativa de trazer a CNPI para se reunir fora de

Brasília, nos estados. Eu acho que, para nós que somos do Governo, a gente tem muito mais a ganhar

com isso. Estando lá em Brasília, não é que a gente não valorize passar os 3, 4 dias na CNPI, mas é que

lá as demandas do dia a dia, principalmente a gente que é da secretaria e acaba tendo que ir apaga os

incêndios aqui e ali, não tem como a gente deixar de fazer uma atividade que o Ministro pede, e quer

na hora, para ir para a CNPI. E foi o que aconteceu na última, o MST estava lá, e a gente tinha que

negociar, então apesar de eu ter confirmado, não pude ir. Essa é uma coisa que eu acho que é boa,

porque quem vem, da parte do Governo, realmente vai se dedicar aos 3 dias, não corre esse risco de

um telefonema, etc. está aqui!

Outra coisa, que também é muito rica: é a troca de experiência, acho que a gente acabou de ver aqui

uma apresentação que eu considerei belíssima entre todas, que eu não conheço muito, mas do que eu

já pude ver de estados que trabalham com a questão indígena, e queria parabenizar o pessoal do

Governo, que está aqui nas próprias pessoas, mais as três companheiras, pela apresentação, e eu acho

que a gente está aprendendo com isso.

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Bom, em cima disso que eu queria fazer alguns comentários, Presidente. Bom, eu acho que o

Francisco ele falou um pouco do desenho do estado para trabalhar na perspectiva de fortalecer a

política indígena, falou do que foi criado anteriormente, que era uma secretaria, e depois uma

assessoria, e eu queria pegar exatamente isso, porque lá na Secretaria Geral da Presidência, nós

acompanhamos a discussão do processo de participação social e interlocução dos desenvolvimentos

sociais, com o Governo, mas ultimamente nós temos sido convidados a discutir sobre o desenho do

estado, aquilo o Presidente lula estruturou enquanto programa de Governo. Eu acompanho muito,

quando posso, a Secretaria de Política para as Mulheres e de Igualdade Racial, no caso tanto das

mulheres quanto da igualdade racial, acho que todos vocês conhecem a história, nós estávamos lá na

base cobrando para termos essas secretarias. Elas hoje, não só no conjunto do estado, mas do que elas

projetam enquanto política pública para esse segmento, elas também vivem um pouco essa... eu não

digo que é contradição, mas esse dilema de ser assessoria especial, quer dizer, secretarias ligadas à

Presidência da República, com status de Ministério, mas que têm o papel de interlocução interna no

Governo, para que os Ministérios, com ações finalísticas, que aportem recursos e elas, então, os

orientem para implementação dessa política. Isso traz uma reflexão de que, assim... a gente ouve

desses segmentos: “ah, era melhor a gente ter um Ministério, nós mesmos termos o nosso dinheiro e

fazer a nossa política”. Agora, se a política é transversal, resolver ter, pegando o caso aqui como você

contou: a secretaria , provavelmente ela tinha algum recurso, e ela tinha que elaborar a sua política e

tocar do começo ao fim, independente da Secretaria do Trabalho ou outra. Mas se ela por alguma

dificuldade, com esses poucos recursos, ou muitos que tivesse, não executasse, então ficava como

atribuição dela. Nós vivemos isso, principalmente, Márcio, quando houve mudança no Ministério do

Trabalho, que a Secretaria de Economia Solidária, o movimento social, propôs que ela mudasse do

Ministério do Trabalho, e que inclusive ficasse na Secretaria Geral. Nós ficamos muito preocupados

com isso, porque acho que tem algumas especificidades que precisam ficar dentro daquela estrutura

ministerial, outras não, ás vezes vinculada ao gabinete do Ministro, no caso ao gabinete do Prefeito,

ela tem muito mais condição de articular a política e fazer com que ela dê certo. Então, evidente que,

eu estou fazendo um pouco esse desenho, não sei se vocês estão compreendendo, mas acho que a

gente já viveu isso, em alguns momentos, com relação a Funai, e que vem, cada dia que se passa, a

partir do desenho foi formado, gerar o fortalecimento do órgão e não a criação de um novo ou

vinculação aqui ou acolá. Diferente da estratégia que você disse. Então, eu queria... é a primeira vez

também que eu estou ouvindo essa história de um governo ter optado por uma secretaria e depois uma

assessoria mais, digamos assim, em um lugar estratégico do Governo, que valoriza a política em

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relação a outros órgãos. Acho que isso é bem interessante, serve também de experiência para outros

governos, porque a gente sabe que isso está acontecendo em outros segmentos, acho que é melhor a

gente se apropriar um pouco desse desenho e até ficar como … elaborar um pouco sobre ele, sabe,

Márcio, porque nós acho que estamos aprendendo. São 7 anos de Governo, acho que no início, com

essas outras temáticas que eu falei, de mulher e de negros, a orientação do Governo era para que se

replicassem estruturas deste tipo nas prefeituras e nos estados. Acho que hoje a gente vem com uma

reflexão que, dependendo da estrutura do estado, isso não resolve, então a sistematização dessa

experiência de vocês, do anterior, da secretaria e hoje da assessoria, não entendi muito bem os nomes,

é muito válida para pensar um desenho de estado que trabalhe a política indígena, conforme as bases

que a gente tem da convenção 169, da OIT e tantas outras com esse caráter participativo. A gente quer

valorizar a experiência de vocês e também a iniciativa do Presidente de trazer essa comissão para cá.

Que a gente possa ir para outros estados, certo, Presidente? Para aprender um pouco mais. Obrigada.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Quenes. O próximo inscrito é o Anastácio.

Anastácio – foi muito boa a apresentação, quero te parabenizar, mas eu tenho uma dúvida aqui, o país

é feito para atender (ininteligível e inaudível) outras coisas também (inaudível) que construção

(inaudível) a gente deve fazer para assegurar tu isso (inaudível) eu trabalhei na prefeitura em Goiânia

durante 8 anos, enquanto nós estávamos lá estava (inaudível), mas nós saímos, acabou tudo (inaudível)

então assim quando eu vejo o governador, o prefeito, (inaudível) pelo menos tenta fazer alguma coisa

boa, para mostrar o que está fazendo. E quando termina o mandando a gente (inaudível) aquelas

pessoas solidárias (inaudível) o que (restante do áudio ou inaudível ou inteligível)

Francisca – Bom dia a todos e a todas. Francisca Navantino, de Mato Grosso. Bom, algumas das

questões que foram apresentadas há pouco, lá no Seminário de Gestão Territorial que você colocou a

experiência de vocês aqui do Acre. Eu fiquei com alguma dúvida em relação à questão da educação

escolar no sentido de que eu não compreendi se vocês, pela fala da professora, se vocês não tinham

ainda ou já fizeram... porque todas as escolas indígenas hoje, a política está pautada no PAC, que é

uma relação com o PAR. Aí eu vi que vocês fizeram com o FNDE, para construção das escolas

indígenas. Eu pergunto se vocês têm os dois, o FNDE e o PAR para construção das escolas. Nisso que

eu fiquei na dúvida.

Outra coisa também que eu gostaria de saber, em relação , qual o espaço de diálogo na educação

escolar indígena. Quase todos os estados estão tendo um movimento muito grande, a gente tem

percebido isso nas conferências regionais, algumas eu pude acompanhar, outras eu não tive condições. 39

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Mas sobre o espaço de diálogo entre a educação e a Secretaria de Estado ou secretarias municipais mas

geralmente é a secretaria de Estado de Educação, por nossa legislação é ela que é responsável, mesmo

que as escolas não estejam no seu sistema. Mas deve a acompanhar e ter um convênio com seus

municípios. Eu gostaria de saber se está havendo uma solicitação em relação a criação dos conselhos

indígenas, conselhos onde estão as instituições governamentais, não-governamentais e os povos

indígenas e os seus representantes. Então, nesse sentido eu pergunto qual é esse espaço no caso aqui,

porque foi apresentada aqui um pouco da realidade da escola. E outra coisa também eu tenho o prazer

de falar sobre os dois professores indígenas aqui do estado do Acre, que estiveram conosco lá em Mato

Grosso, durante 5 anos, estudando, formando-se no curso de licenciatura intercultural da UNEMAT,

da qual eu sou docente e também consultora na coordenação pedagógica. E a gente pôde, a partir da

experiência deles, do relato, da vivência deles, como professores e até lideranças, a gente sentiu um

pouco como que o Acre tem trabalhado essa questão da educação.

Outra questão também é a seguinte: eu recebi há 2 semanas atrás uma mensagem de um consultor de

vocês, aqui da Secretaria da Educação, que se chama Paulo Ferreira, de que ele está fazendo um

levantamento, um prognóstico sobre os projetos político-pedagógicos dos estados. Eu queria até saber

mais alguma coisa, porque no Mato Grosso fomos solicitados a prestar informações a respeito. Então, a

Secretaria de Educação do Mato Grosso gostaria de saber mais sobre isso, para que a gente possa fazer

um levantamento e mandar um levantamento e mandar um documento com várias experiências que

nós temos no Mato Grosso, e também colocar as informações necessárias, que vocês precisem. Eu

achei interessantes algumas questões que foram colocadas lá, que ele me disse que era para um

seminário que vocês vão fazer. Eu gostaria de saber também sobre isso. Obrigada.

Márcio Meira – Presidente - Bom, eu vou passar a palavra novamente aqui para o Francisco, pelo

menos eu não vi mais nenhuma inscrição, o Francisco vai responder aqui. Eu vou propor que, na fala

do Francisco, a gente encerre as inscrições, para a gente poder ir caminhando.

Francisco – Bom, tem uma questão aqui a respeito da produção, do trabalho que é feito nas

comunidades indígenas. Foi feita uma apresentação, muito rápida, realmente é difícil de entender o

que está acontecendo mesmo. A gente trabalha com uma lógica que às vezes, até tirando um pouco do

que a gente está oferecendo, porque às vezes não combina, não está de acordo com a realidade, estão a

gente está procurando trabalhar muito com esses cuidados mesmo. Eu, há dois meses atrás, eu andei

com o Meirelles, não sei se ele está aqui, nós sobrevoamos os isolados, então lá tinha, naquele isolado,

alguns roçados muito grandes. Roçados que eles fizeram o roçado, plantaram, não queimaram o

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roçado, então, uma agricultura muito forte a deles, à base de macaxeira, milho, banana, batata, essas

coisas... deu para ver no nosso sobrevôo. Eu acho que essa é a única maneira, se você quiser fazer uma

política de acreditar que existe naquela comunidade uma tecnologia , conhecimentos, e que há ali

uma sustentabilidade. Porque eles são povos isolados, que não têm contato com ninguém de fora, mas

eles têm uma segurança para a vida deles, para o dia a dia deles. Nós estamos trabalhar a política,

transferindo isso para a comunidade, para que a comunidade não fique na mão do Governo, fazendo

investimento em mudanças dentro dessas comunidades, que possam comprometer o futuro delas. Às

vezes você, não sei quem estava falando, você chega tentando dar uma dose a mais, e finda até

matando. Então, a gente tem esse cuidado. O que a gente está fazendo é transferir alguns, primeiro os

espaços, a Comissão Pró-Índio foi pioneira nisso aqui no Acre, tem tanto para os professores indígenas

como para os agentes agro-florestais, garantir um espaço aonde as comunidades indígenas faziam todo

um debate e esse debate, muito rico, falando de cada experiência daquelas, da vivência daquelas

pessoas nas suas comunidades nas relações com os temas que eram abordados ali. Então isso, era um

conteúdo muito forte, criando também ao mesmo tempo, apontando as necessidades de investir, e em

quê, naquelas comunidades. Foi um processo muito interessante até criar os agentes agro-florestais. Os

agentes agro-florestais são agentes que, não é pela remuneração que eles … é por conhecer nesses

espaços algumas técnicas para tentar aperfeiçoar, porque os povos indígenas são assim, eles vão

aprendendo coisas novas, de acordo com a necessidade vão adequando... Então isso foi interessante. A

gente está trabalhando é nesse sentido, de dar instrumentos novos, conhecimentos, novos, que são

tirados tanto do ponto de vista da ciência do homem branco, como da troca que tem cada grupo. É

claro que a gente, para fazer esses encontros, para fazer essa formação, tem um investimento alto,

tanto para reunir essas pessoas, quanto para levá-las de um lugar para outro e para poder introduzir

novos conhecimentos, tudo tem custo, e é o que está sendo feito nas comunidades, o trabalho em

questão da produção: trazendo de volta a semente, levando conhecimento, pensando sempre na

sustentabilidade, na qualidade de vida. Também passa por eles terem uma boa alimentação, e

tentamos diversificar essa produção a ponto de que não falte o alimento no dia a dia. Então, é uma

preocupação da comunidade, por isso que a gente acredita que isso tem sustentabilidade, não é uma

imposição do estado, é a comunidade que quer fazer isso. Então, a gente trabalha muito com essa

questão.

E aí, tem outros pontos que foram questionados aqui: a questão da merenda escolar. É um tema nosso

aqui também que estamos discutindo, que é uma demanda da comunidade, não existem programas

para comprar produção das comunidades indígenas, muitas vezes a comunidade indígenas tem uma

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produção que não é vista, e realmente chegam nas comunidades feijão, arroz, milho, um monte de

enlatados que vão para lá, passando por cima de uma produção. Por um lado você tenta resolver a

situação de ampliar a produção, diversificar, potencializar uma produção que esteja de acordo com a

vida da comunidade, por outro lado os programas, às vezes, passam por cima de tudo isso levando

estes produtos industrializados. Em algumas comunidades já resolveram essa situação, com a sua

própria produção, negociando com os órgãos a compra da merenda regionalizada, em um processo

ainda muito inicial. São as comunidades indígenas que já não recebem a sua merenda de fora, que já

produzem a sua própria merenda, e aí fazem o abastecimento e os programas só pagam essa merenda.

Estamos trabalhando para que um dia todas as comunidades indígenas do Acre possam ter isso

resolvido, isso é um avanço muito grande. Mas eu vou deixar a Eucilene para falar desse ponto aqui,

O intercâmbio, que foi colocado também aqui, da gente fazer esse diálogo com outro governo, eu

estive, acho que há 2 meses atrás, no Pará, a convite do Governo, junto com nossa equipe, para

conversar com eles. Quando nós apresentamos a estrutura, nós fizemos uma apresentação mais ampla

da estrutura política do Governo, como é que a gente pensa, e todos os programas que a gente tem

estruturado no Governo, e eles estavam discutindo a gestão da biodiversidade em terras indígenas.

Não estavam nem falando ainda de povos indígenas, de cuidados , estavam falando da biodiversidade

em terras indígenas. Então estão muito longe ainda de estruturar uma política, é uma vontade, um

grupo muito pequeno ainda dentro do Governo, tentando iniciar um processo mas tem que começar

mesmo. Aí eu fiz um questionamento, que eu não sei se foi bem entendido, se a preocupação era com

os povos indígenas ou com os recursos naturais, com a biodiversidade, e que grau de risco esses

recursos estavam passando e se os índios estavam sendo vistos como ameaça a esses recursos. Mas se

esclareceu mais para a frente, mas a pergunta foi nisso, nesse sentido de qual a visão de Governo, qual

tratamento aos povos indígenas. Às vezes tem questões que é preciso realmente conversar muito, e

nós estamos dispostos a fazer esse intercâmbio, porque eu acho que não se trata de uma política

isolada, o estado do Acre não vai estar bem, se a Amazônia não estiver bem, se o Brasil não estiver

bem se os países vizinhos não estiverem bem. Nós já fizemos vários debates aonde aparece pressão de

um pais vizinho, pressão de uma comunidade vizinha, sobre aquele determinado grupo. Os nosso

parentes isolados aqui no Acre vivem uma situação difícil, não por parte do Brasil, mas por fazerem

fronteira com uma fronteira bastante ameaçada pela exploração de madeira, enfim... Mas eu acho que

é uma questão que, se agente fizer esse movimento de tentar socializar o que existe, tentar trabalhar

no sentido de melhorar, é muito importante. A gente não está aqui só para mostrar o que a gente faz,

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mas é conhecer também o que os outros estados têm. E cada vez que eu sou convidado, eu procuro

aprender cada vez mais com os outros, a gente vive aprendendo.

E o desenho político, que foi colocado aqui, foi só um comentário, eu queria só destacar uma .. A

gente realmente está querendo fazer com que o estado como um todo, o Governo do Acre, ele se

estruture e pense política estruturante não para concluir por conta de um mandato. Por isso que essa

preocupação ela está em (ininteligível) de responsabilidade dentro do Governo para que o Governo

carregue isso de uma maneira que ultrapasse mandatos e crie responsabilidade no estado com outros

programas. Porque, de repente pode acabar o mandato de um Governo, acaba uma secretaria

indígena, e tudo está centralizado ali, leva tudo isso com ele e acaba a política que a gente está

tentando implantar. Então essa é a preocupação, e a gente pretende ganhar suporte, base, com a

estruturação dos programas, e a sustentação, que tem que vir a partir das comunidades indígenas. Esse

é o processo, e a comunidade, e eu estou falando comunidade não como só os representantes que

participam dos debates muitas vezes, mas a própria comunidade mesmo compreender esse contexto,

ela poder se ver no processo e com a sua responsabilidade também de cuidar dessa política. Nós

estamos trabalhando muito nesse sentido, para que a comunidade não fique esperando, ela saiba agir

no mento certo, se juntar, ver e buscar respostas para suas necessidades.

Mas, assim, as perguntas para mim foram perguntas que foram mais fala complementar do que vocês

fizerem aqui. Eu quero passar para a Eucilene para responder a essas perguntas mais específicas, em

relação à educação.

Eucilene – Bem, com a relação à contratação dos professores: nós aqui no estado do Acre, nós estamos

estudando juntos, nós formamos um grupo de trabalho, com a PGE (Procuradoria Geral do Estado),

junto com a Secretaria de Educação, OPIAC (Organização dos Professores Indígenas do estado do

Acre), e a comissão Pró-Índio, para ver a forma de como nós podemos fazer um concurso específico

para atender essa demanda existente no nosso estado. Porque hoje nós trabalhamos com uma

quantidade muito grande de professores, mas o concurso que teve foi em 1992. E ele já não atende a

demanda que hoje nós temos. Mas para que a gente possa fazer um concurso específico, a gente

precisa ter uma... estamos estudando, na verdade, a legislação. A Procuradoria Geral do Estado, a PGE,

ela está com a gente, para nos auxiliar. Aí nesse momento eu acho que também seria muito

interessante que alguém aqui dessa comissão estivesse junto, para estar nos ajudando. Porque vocês

sabem que, para atender ao que os povos indígenas, eles querem, ao mesmo tempo que é posto na

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legislação, então muitas vezes fica difícil. E aí nesse momento é que a gente está com esse grupo de

trabalho para esse estudo.

Com relação à alimentação escolar: aqui no Acre, em 2007, nós fizemos... existem já alguns

municípios, como Marechal Taumaturgo e Jordão que já fazem a compra direta da merenda nas

comunidades indígenas. Mas um programa de estado, como o Francisco colocou, nós ainda não temos.

Nós iniciamos, em 2007, a Secretaria de Educação junto com a SEAPROF, a colega que também fez

uma apresentação aqui, nós fizemos uma oficina na terra indígena Mamuadadi, envolvendo os povos

indígenas Manchineri e Jaminawa. Para primeiro fazer uma leitura e ver quais eram as possibilidades

de a gente estar comprando essa merenda diretamente das comunidades. E aí, nessa oficina,q foi

muito proveitosa, nós conseguimos pegar várias orientações das comunidades. Mas aí, gente, quando

nós chegamos aqui para implementar, nós esbarramos na lei. Que aí é a questão de prestação de

contas: como seria feita a prestação de contas desse recurso? Como seria a questão das notas fiscais?

Como que esse recurso, que é federal, seria repassado para as comunidades? Algumas comunidades, no

caso dos Manchineri e dos Jaminawa nós ainda iríamos estar constituindo os conselhos escolares.

Nesses conselhos escolares, nós pensamos o seguinte: que iríamos poder abrir uma conta e repassar o

recurso da merenda para essa conta, e a comunidade faria a prestação de contas. Só que nós tivemos

alguns problemas, e aí novamente na parte legal, que, o professor para fazer parte desse conselho ele

teria que fazer parte do quadro permanente do estado, e no caso nós só tínhamos apenas um professor

lá que era do quadro permanente do estado. E ainda não fizemos concurso. Então nós paramos aí nesse

momento, tanto é que tem ali o Tóya, que acompanhou, a gente ficou um tempão para estar indo até a

terra indígena, porque nós buscamos também, fomos até a Secretaria da Fazenda, eles informaram que

existia um bloco de notas, que o indígena, o produtor lá, poderia estar utilizando aquele bloco de

notas como uma nota fiscal, para fazer a prestação de contas. Então nós fizemos todos os

encaminhamentos, mas esbarramos nessa parte da prestação de contas. E aí, se vocês também

puderem nos ajudar nisso, nós temos uma boa disposição para estarmos implementando este programa

aqui no estado do Acre, mas tem algumas coisas que são difíceis. Então, a gente pede um apoio aí de

vocês também.

Com relação ao recurso para construção das escolas (se eu estiver passando alguma pergunta, por favor

vocês...): esse recurso do BNDES foi um recurso ainda de 2005, que nós executamos, de 2005 e 2006,

que foi executado agora. Então é por isso que ele se apresenta, e essas escolas aí são as escolas grandes,

as escolas que a gente chama de centro de formação, que são as escolas que, na grande maioria, estão

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oferecendo do ensino fundamental ao ensino médio. Mas realmente nós temos recursos do PAC, isso

aí foi antes do PAC, o recurso para construção é do PAC, são os recursos que nós temos também, que

são recursos que nós estamos aguardando aí para a construção de 22 escolas.

O espaço de diálogo para a educação escolar indígena: nós, aqui no Acre, nós não temos nenhum

conselho de educação escolar indígena. O que acontece é que nós, enquanto Secretaria de Educação,

juntamente com as organizações indígenas ou indigenistas, a gente promove diálogos, reuniões. Tipo a

OPIAC, que é a Organização dos Professores Indígenas do estado do Acre, a gente tem alguns

trabalhos que a gente faz em parceria com eles, como eles fazem em parceria com a gente. A Comissão

Pró-Índio... mas nós não temos instituído um conselho que reúna todas estas instituições, tanto

indígenas, indigenistas, como do Governo do Acre. Com relação ao Conselho Estadual de Educação, os

indígenas têm uma cadeira lá, pelo menos tinham, por conta das idas lá, essa questão mesmo da...

então, a da merenda, o Conselho Alimentar, nós não temos mesmo instituído nenhum conselho para

termos os fóruns de diálogo. O que nós temos aqui e que foi discutido e implementado no ano

passado, é o Fórum etno racial, que veio especificamente para tratar a Lei 10.645 e a 11.000 e também

é algo que, aonde diz para as escolas não-indígenas que é obrigatório ter no currículo a temática afro-

brasileira e a temática indígena. Então, existe esse fórum; mas com relação específica só à educação

escolar indígena, nós não temos. Mas, como o colega ali colocou, existe uma boa vontade, existe um

diálogo. É importante que seja instituído, porque o Governo que está hoje, existe uma boa vontade das

equipes, mas a gente não sabe nunca os próximos dias, os próximos anos, então é importante nesse

caso aí que a gente possa... a gente tem um diálogo bom, mas precisamos estar instituindo talvez um

conselho, algo que a gente possa estar conversando mesmo, com a OPIAC, CNPI... Agora mesmo nós

sediamos a Conferência Regional de Educação Escolar Indígena, então nós envolvemos todos. Nós

estávamos aqui, mas nós trabalhamos em equipe, a gente conhecer todo o pessoal, a gente se reúne, a

gente está indo na terra indígena, a gente senta, discute o que vai ser feito, mas é como eu estou

colocando para vocês, é o pensamento político do Governo, mas não tem algo assim instituído, como o

colega ali colocou, na lei.

Com relação ao Paulo... realmente nós estamos fazendo, Paulo Ferreira, nós estamos fazendo um

levantamento sobre todas as informações existentes sobre a educação escolar indígena no estados do

Brasil, porque nós queremos fazer um seminário. Esse seminário ele prevê as orientações gerais dos

projetos político-pedagógicos aqui do estado do Acre. Então, nós temos já as nossas linhas norteadoras,

mas estamos também agregando as experiências dos outros estados. As experiências boas, que a gente

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precisa estar fortalecendo. Então, nós estamos fazendo isso: buscando essas informações para fazer um

documento que tenha uma legitimidade, tanto dos povos indígenas aqui do Acre, como de outras

experiências de outros estados também.

E com relação às escolas... me procuraram ali e pediram que eu falasse um pouco mais sobre a questão

das escolas, que não foi muito bem entendido. Olha só: em todas as aldeias aqui do estado do Acre,

existem escolas. Estas escolas, muitas vezes, não estão construídas, são poucas, nós estamos com déficit

pequeno de construção de escolas. Elas não têm construído o espaço físico, a construção mesmo lá,

mas existe um espaço que a comunidade construiu... porque, muitas vezes, quando eu coloco assim, é

porque às vezes, algumas comunidades dizem o seguinte para a gente: “não, nós queremos uma escola

de um projeto”, mas em outras comunidades, a gente vem trabalhando com as especificidades de cada

povo, porque outras comunidades dizem: “não, nós queremos construir nossa própria escola”. Então

constroem no seu modelo, da sua forma, que é mais convencional. E aí, em todas as aldeias têm

escolas. Pode ser que em algumas aldeias faltem ser construídas, mas todas têm escolas. Fui clara nisso

aí?

Com relação à formação de professores, como nós colocamos: todos os professores estão em formação.

Nós trabalhamos tanto com formação inicial quanto com formação continuada. Então é um desafio

para nós, é um desafio. Existem dificuldades? Existem. Existem porque a cada ano que inicia-se,

aumenta o número de professores, então nós nunca paramos de ter a formação inicial, a gente sempre

está naquela continuidade, mas é algo que nós acreditamos que até 2010 vamos ter.... estamos

buscando resolver. Mas aí vocês também sabem, como o próprio Francisco colocou, é a questão das

aldeias, que às vezes cria-se novas aldeias. Criando-se novas aldeias, existe toda uma estrutura

também, então vem a escola, vem o professor, então é um pouco nesse sentido que eu gostaria de estar

colocando aqui para vocês. Se tiver alguma coisa que ainda não fui clara, podem perguntar.

Márcio Meira – Presidente - Eu queria... que eu esqueci, cometi um equívoco aqui, que o Capitão

tinha se inscrito, e eu esqueci de pedir para ele, ele era o último inscrito, antes, e eu devolvi a palavra

aqui para vocês responderem e tinha esquecido de passar a palavra para o Capitão, então eu queria

passar a palavra para o Capitão agora, para ele fazer também a sua intervenção.

Capitão – Eu queria parabenizar ....(primeiros segundos inaudíveis) e eu fui vereador no Estado, tentei

criar a secretaria no Estado e não consegui. Eu queria parabenizar vocês. Agora Eu fiquei com uma

dúvida na apresentação, que eu só vi ali os programas do Governo Federal, então eu queria perguntar

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ao Francisco se existe um orçamento próprio para as Secretarias, o quanto o Governo já gastou com os

povos indígenas, com os cofres do estado, nesse mandato dele.

Francisco – Bom, tem algumas siglas ali, mas esses recursos são gerenciados, administrados pelo

Governo do Estado, os recursos que vêm para cá de outros Ministérios... assim que os estados

funcionam. Não tem só recurso próprio. Você vê um monte de obra que é realizada, aí você tem verba

federal, aí através de um Ministério, e aí o Estado entra com uma contra-partida. A distribuição dos

recursos federais e estaduais se dá às vezes até direto com o Município... então, assim, tudo que entra

aqui no estado e os recursos próprios, que sejam de fontes diferentes, mas a ação é planejada, é

pensada como uma ação do Governo do Estado do Acre. Não é uma coisa que o Governo Federal vem

aqui dizer como é que tem que fazer. Existe uma gestão do Governo do Estado, em parceira com

outros financiadores. Inclusive com recursos do BID, e de outras fontes de recurso. Também, fez um

pouco de confusão ali BNDES, e... outras fontes de recurso. Mas a gestão é do Governo do Estado. O

Governo do Estado, até recurso próprio, ele não está distribuindo de maneira para “tampar buraco”,

existe um planejamento, aonde o recurso próprio, ora você aparece com uma contra-partida, em um

programa maior, ora eles custeiam uma ação de Governo. Mas é isso.

E com relação a montante de recurso o que eu posso dizer, no tocante à questão indígena, assegurado,

nós fizemos todo um levantamento para o que tem previsto até o final de 2010 executados, são esses

22, 23 milhões. Mas sempre chega mais, porque isso... vão aparecendo coisas novas, e a gente vai

discutindo, remanejando recurso, e o desafio é gastar o que está previsto, e as coisas novas, tentar

buscar recurso para atender. Mas não é uma coisa fechada, isso é uma coisa que está prevista, com

orçamento planejado para isso, mas a gente pode trazer mais recursos da Funai, de outros parceiros,

para aumentar o nosso volume de recursos e atender melhor as comunidades.

Márcio Meira – Presidente - Bom, aqui nós completamos a lista dos escritos, nós estamos nos

encaminhando já para o encerramento dessa parte da manhã, já são meio-dia e vinte. Eu queria

agradecer, e parabenizar aqui a apresentação do Governo do Acre, dizer que a Funai... nós realmente

assinamos um acordo de cooperação técnica com o Governo do Acre. Eu queria aproveitar para dizer

o seguinte: a Funai tem assinado acordos de cooperação técnica com municípios e estados que têm

procurado a Funai, demonstrando interesse em atuar com os povos indígenas. Então, nós assinamos

esse acordo com o Acre, o mesmo acordo nós assinamos com o Governo do Pará, com o Governo da

Bahia, assinamos também com o Município de Oiapoque, e com o Município de São Gabriel da

Cachoeira. Estamos em vias de assinar também com o Governo do Estado do Amazonas, com o

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Governo do Estado do Amapá, com o Governo do Estado do Espírito Santo, com o Governo do Estado

do Mato Grosso também, que tem demonstrado interesse, professora Francisca, e nós temos procurado

participar sim disso porque, como disse o Francisco, muitos recursos utilizados pelos estados são frutos

de repasse da União, mas se a gente tem um acordo de cooperação técnica, a gente tem melhores

chances de que estes recursos sejam aplicados de forma mais eficaz, de forma mais eficiente. Esse é o

primeiro comentário que eu queria fazer... Sim, Capitão?

Capitão – Eu queria dizer para o senhor que em 2011, se Deus quiser, nós vamos também assinar esse

convênio com o plano de Governo que eles nos prometeram lá.

Márcio Meira – Presidente - Se Deus quiser, Capitão. Nós estamos confiantes. E mais ainda: eu queria

registrar que alguns desses municípios que eu falei aqui, e estados, têm a participação de políticos

indígenas, que têm atuado para que esses convênios sejam assinados, inclusive prefeitos indígenas,

vereadores indígenas. Então nós esperamos também, Capitão, que em 2011 nós tenhamos deputados

estaduais indígenas; deputado federal ou deputada federal indígena, quiçá governadores indígenas.

Então, o Capitão vai ser promovido a Major, depois General...

Então, essa informação que eu estou dando, complementando aqui, porque é muito importante que a

gente possa aprimorar isso, e tem um potencial grande, tem outras prefeituras em que, inclusive

prefeitos indígenas, que a gente ainda não assinou acordo de cooperação, podemos assinar, em

Roraima nós temos lá a prefeitura de Normandia, a prefeitura Uiramutã, mesmo a prefeitura de

Itacaranã, que o vice-prefeito é indígenas; o Governo do Estado de Roraima ainda não nos procurou

para a gente fazer um acordo de cooperação técnica. Então, o que é importante é isso, que a gente

possa avançar nessa discussão.

E eu queria chamar a atenção, eu queria reforçar uma questão que foi levantada pelo André, do MDA:

realmente o Governo Federal tem um programa de aquisição de alimentos, que é o PAA, um

programa que conta com muitos recursos, como também os recursos do PRONAF, então eu queria

reforçar aí, solicitar para a gente se organizar mesmo, a partir da CNPI, a Funai junto com o MDA, e

chamar atenção aí, o MDS, chamar a atenção aí da nossa equipe para que a gente possa puxar esse

assunto mais forte. Porque? Porque ainda existem recursos do Programa de Aquisição de Alimentos ,

como disse o André, isso é legal, isso é de Lei, 30% dos recursos do PAA são para comprar alimentos

da comunidade que produz agricultura familiar, e aí incluída a agricultura indígena, para as merendas

escolares da comunidade. E são muitos recursos, e estes recursos normalmente são aplicados através da

CONAB... não é isso, André? É diferente? 48

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André – MDA – A diferença é que são dois programas diferentes: o Programa de Aquisição de

Alimentos, de fato, conta com bastante recursos, e ele pode trazer uma complementação à merenda

escolar, por parte de alimentos produzidos pela comunidade. Essa lei, ela é interessante, importante,

porque ela torna obrigatória, a merenda que já é comprada pela prefeitura, ela necessariamente deve

ser 30% produzida pela comunidade. Então, são dois programas, duas coisas distintas, mas que se

complementam, isso é importante.

Márcio Meira – Presidente - Então era isso a que eu queria chamar a atenção, reforçando aqui

também a colocação do André.

Bom, antes de a gente fechar o período da manhã, só consultar aqui o nosso... mais uma vez agradecer

aqui ao Francisco e sua equipe... consultar o nosso plenário sobre a ata da nossa 4ª reunião

Extraordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, que foi realizada em 4 e 5 de junho de

2009. A gente está com a ata aqui, todos já receberam, para a gente aprovar a nossa ata. Eu queria

consultar se alguém tem algum comentário sobre a nossa ata. Se não tiver nenhum comentários, nós

vamos considerar aprovada a ata dessa reunião. Queria saber se tem algum comentário... Professora

Pierlângela ?

Pierlângela – Só uma pergunta, porque tem algumas vozes que não foram identificadas, mas com o

trabalho da Carla também, acho que ela tem como identificar para colocar lá. Não sei como está sendo

feito esse trabalho entre a Carla e a gravação, é importante, para não ficar só... tem que citar as falas.

Teresinha – Bom, é... Teresinha, Secretária-Executiva. Após feita a degravação, e vocês podem ver que

ela é extensa, passa pelo crivo da Carla, a Carla faz toda a revisão, e eu também. E tem algumas pessoas

que a gente não identificou, nem eu identifiquei, nem a Carla. Na última ata, que nós aprovamos na

reunião passada, eu tive o trabalho de ficar os 3 dias assistindo a fita na frente da televisão, para poder

identificar, porque tinha assim, 60% era “não identificado”. Por isso que é importante, cada vez que

um vai falar, o nome. Mesmo que vá dizer uma frase, se disser só “Pier”, a gente já sabe que é a

Pierlângela, mas tem algumas pessoas que não tem como identificar. A gente ouve a fita, vai até lá, e

ás vezes a câmera, aqui a gente está percebendo que está caminhando, em alguns lugares a câmera

ficou parada e a gente não consegue identificar nem na fita, então, por favor, digam o nome a cada

vez.

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Márcio Meira – Presidente - Então, com esse comentário da professora Pierlângela, e as explicações

dadas pela nossa Secretária-Executiva, eu recomendo que todo mundo agora preste a atenção de dizer

o nome antes de falar, e vou considerar aprovada a ata da nossa 4a Reunião Extraordinária. Teresinha.

Teresinha – Antes de o Presidente encerrar essa parte da manhã, eu gostaria de lembrar a todo o

pessoal... o pessoal percebeu que hoje foi uma reunião um pouco atípica, ou seja, não é normal nós

termos tantos expectadores. Então, lembrar que hoje à tarde ela volta a ser uma reunião normal, assim

como vocês todos decidiram que hoje estaria aberta de manhã, para a abertura, aberta a toda a

população que aqui comparecesse, mas que hoje à tarde então volta a ser somente os membros

indígenas, governamentais, ONGs, e convidados e os convidados das organizações indígenas. Então eu

pediria que cada um de vocês, quando chegarem hoje à tarde... ah, um detalhe: só vai participar quem

tiver o crachá. Mesmo quem já tem o crachá, passe por mim ali na entrada, que a gente tem também

mais um material para entregar, que não entregou o material em mãos para vocês hoje, que vai ser à

tarde. Então eu gostaria que vocês passassem, que eu vou estar ali na frente, passassem por mim, para a

gente então controlar todas as pessoas que entram, assim como decidido por vocês, e assim como diz o

nosso regimento interno.

Então seria isso, gente, obrigada!

Márcio Meira – Presidente - Então à tarde o início da reunião está marcado para as 14 horas. Então

nós temos aí 1h30 para o almoço, sem atraso. Bom almoço para todos e até as 14h para a gente

reiniciar os trabalhos.

Tarde do dia 30/09/09

Márcio Meira – Presidente - Eu quero pedir para o pessoal que está aí fora para ir entrando, a gente

vai começar. Terceira chamada! Eu queria saber se o pessoal da Secretaria dos Direitos Humanos já

está pronto para... se já está aí para... a companheira Luana... a gente vai começar, pessoal, quem

estiver aqui... quem não estiver, paciência. É só o tempo da Luana, da secretaria chegar aí, para a gente

começar.

Não Identificado - Pergunta (ininteligível, fala fora do microfone )

Márcio Meira – Presidente - Pela informação que eu recebi, foi feita uma combinação antes de que

teria aquela lista de convidados, de organizações, porque se a gente abre exceção para um, a tendência

é todo mundo querer …. então a gente tem uma lista de organizações, estão contempladas todas as

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organizações... Teresinha, estou esperando a Luana para fazer a apresentação, porque já vai começar.

Assim que ela chegar a gente começa.

Luana, você já está, digamos, autorizada aí a começar a apresentação.

Antes de começarmos a apresentação da Luana, eu queria aqui só registrar a presença do Procurador

da República em Rondônia, Dr. Reginaldo, está presente aqui entre nós, logo em seguida vai ter a

pauta seguinte da nossa reunião... temos companheiros indígenas que chegaram também, que estão

participando aqui com a gente, logo mais vamos ter a pauta... E eu queria convidar o Dr. Reginaldo

para sentar aqui conosco na mesa, como representante do Ministério Público, embora nós saibamos

que ele não está aqui na função de representante do Ministério Público, mas como Procurador da

República de Rondônia, mas nós sempre contamos na reunião da CNPI, com a presença do

Procurador da República na mesa aqui conosco.

Nós vamos agora, seguindo a nossa pauta, vamos agora contar com a apresentação por parte da

Secretaria Especial de Direitos Humanos, de uma política que é importantíssima, que é a mobilização

nacional do registro civil de nascimento e, antes de passar a palavra para a Luana, que é da secretaria,

que está aqui para apresentar para nós essa política, de registrar que essa política é uma das políticas

públicas implantadas, iniciada no nosso Governo, no Governo do Presidente Lula, e que conta com a

participação da Funai, em uma parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos, e que é uma

das ações que iriam ser apresentadas no conjunto de outras políticas, que vão ser apresentadas

amanhã, mas que nós antecipamos para hoje, e que fazem parte também da agenda mais ampla de

atividades, de ações, de programas do Governo Federal na área social, que a especificidade, que tem,

digamos assim, não só a especificidade, mas a qualificação diferenciada como diz a nossa Constituição,

com relação ao público indígena brasileiro. Então, vamos passar a palavra para a Luana para ela

apresentar para nós essa política.

Luana – Boa tarde a todos e a todas. Em nome do Secretário Especial dos Direitos Humanos, Paulo de

Tarso Vannuchi, eu agradeço a oportunidade do convite, de estar aqui presente, e de falar de um

assunto extremamente importante e prioritário para os Direitos Humanos, que é a certidão de

nascimento.

Antes de falar, eu vou falar três palavras que são importantes de a gente esclarecer: certidão de

nascimento, registro civil de nascimento e sub-registro civil de nascimento.

O quê é o registro civil de nascimento?51

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São todas as informações do nascimento de uma pessoa, suas origens e sua filiação, que ficam

assentadas no livro do cartório, no livro do registrador.

Certidão de nascimento são as informações que estão nesse registro, que são passadas para um papel,

que é o primeiro documento da pessoa. Isso é a certidão de nascimento.

E o sub-registro civil de nascimento é o número de pessoas que nasce, em até 1 ano de idade,

aproximadamente, necessariamente 15 meses eles ficam sem essa primeira documentação.

Na minha fala eu quero falar qual é a importância desse documento, qual a política do Presidente Lula

para a gente erradicar o sub-registro civil de nascimento, e a relevância, ressaltar o porque que é tão

importante trabalhar com vocês, trabalhar com toda a população, com a comunidade indígena para a

gente conseguir enfrentar e garantir a certidão de nascimento para todos os brasileiros.

Eu gosto de pensar a certidão de nascimento como o coração da cidadania. A certidão de nascimento

ela vai fazer a cidadania pulsar. Sem a certidão de nascimento, eu sinto que a pessoa, ela não tem vida.

Fica mais difícil às crianças de acessar a educação de acessar a saúde, de acessar os programas sociais,

como o Bolsa-Família, por exemplo. A uma adulto, a certidão de nascimento, se ele não tem esse

documento, ele fica limitado, para conseguir fazer o registro de identidade dele, conseguir o CPF,

conseguir a carteira de trabalho, se inserir no mercado de trabalho formal, conseguir a escritura de um

pedaço de terra, conseguir um lar. Sem a certidão de nascimento então as pessoas ficam sem existir

para o estado.

Com base no número do registro civil de nascimento, que é organizado, que se contabiliza o número

populacional de um município. E aí que há a transferência dos fundos de município, que há o

planejamento de uma política pública, quantas escolas, quantas unidades básicas de saúde serão

planejadas.

Aí, um pouco do contexto, e resgatando: em 2003 foi quando o Governo Federal começou a planejar

as ações para a erradicação do sub-registro. Ele começou a se deparar com a problemática da

dificuldade que é as pessoas não terem a certidão de nascimento. E porque em 2003? 2003 foi quando

começou o programa Fome-Zero, e que os agentes começaram a fazer inscrição das pessoas no

cadastro e se depararam com a dificuldade de fazer a inscrição de algumas famílias, por estas famílias

não contarem com esse primeiro documento, e aí não conseguiam acessar os demais.

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Em 2007, no âmbito da agenda social, que é lançada também uma política para crianças e

adolescentes, política para pessoas com deficiências, é lançada a agenda social pela erradicação do sub-

registro civil de nascimento e ampliação à documentação civil básica.

Agora, em 2009, o Presidente assina com os Governadores do Nordeste, da Amazônia Legal, o

compromisso Mais Amazônia Legal e Mais Nordeste pela Cidadania.

É importante até, na fala do Presidente, ele destaca que é fazer a política COM a população, e não

PARA a população. E desde quando a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, começou a pensar na

política de registro civil de nascimento, ela para e senta com a população, com a comunidade

indígena, para desenhar como é que se vai confeccionar essa documentação.

Então, em 2007 foi realizado o colóquio do registro civil dos povos indígenas. Em 2008, em parceria

com o Projeto Rondon, ele passa por toda a Amazônia... é... não, aconteceu no Estado do Amazonas,

este projeto piloto... perguntando às comunidades indígenas se havia o interesse de fazer o registro

civil de nascimento. Porque? Esse documento não é obrigatório aos povos indígenas, mas se vocês

desejarem, vocês podem confeccionar, mais do que isso, tem que ter garantido o nome que vocês

desejarem, na grafia que vocês desejarem, e a etnia. E, em 2009, agora, para desenhar o Mais Nordeste

pela Cidadania e Mais Amazônia Legal, o Governo Federal sentou com os Governadores, com os

agentes estaduais, para desenhar quais eram as ações e as metas para erradicar e enfrentar essa

problemática, e a Funai, na pessoa da Irânia, este presente, a Irânia e o Roberto Cunha, eles estiveram

conosco em cada estado, discutindo, levando o quê que ajudava, o que facilitava, para a gente

erradicar o sub-registro civil de nascimento.

Aí mostra um pouco o que motivou o Governo Federal, o Presidente Lula, a fazer esse compromisso

Mais Nordeste e Mais Amazônia Legal pela Cidadania. E em 2008 foi publicada a PNAD (Pesquisa

Nacional por Amostragem Domiciliar), que fica claro que a redução da pobreza vem diminuindo. O

Brasil em 5 anos fez mais do que a América Latina demorou 15 anos para fazer. Mas a gente tem

muito mais para fazer, principalmente na hora em que a gente olha os índices de desenvolvimento

humano na região Nordeste e Amazônia Legal.

Aí a gente gosta sempre de ler esta fala do Presidente: “Mas precisamos fazer alguma coisa especial par

ao Norte e o Nordeste diminuírem a desigualdade. Com base nessa pesquisa do IBGE, eu quero

chamar os Governadores do Norte e do Nordeste para que a gente tome atitudes, eu diria, mais

ousadas com relação ao Norte e Nordeste brasileiros. Eu quero fazer uma reunião com os

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Governadores, e depois tomar algumas decisões dentro do Governo para a gente melhorar mais

rapidamente a situação dos brasileiros que moram em regiões mais empobrecidas.” Disse isso, nossa,

absolutamente há 1 ano atrás, em setembro de 2008 aí, depois disso, o próprio Presidente se reuniu

com os Governadores, se reuniu com os Prefeitos, as equipes se reuniram com os agentes, tanto os

gestores estaduais quanto os gestores municipais, e foi desenhado esse novo compromisso.

Esse novo compromisso tem como objetivo, não criar novas ações, mas fortalecer as ações que já

estavam planejadas. E como este, ficaram 4. Os grandes focos para a gente são enfatizar as ações e

conseguir reduzir um pouco as desigualdades regionais e melhorar o índice de desenvolvimento

humano no Nordeste e na Amazônia Legal. Então, a redução do analfabetismo, este eixo é coordenado

pelo Ministério da Educação e aqui vocês já falaram como a educação é importante, na parte da

manhã, e como vocês vêm trabalhando. Redução da mortalidade infantil, Ministério da Saúde;

fortalecimento da agricultura familiar, Ministério do Desenvolvimento Agrário, o André, nosso

companheiro André, no início deu uma esplanada, já falou um pouco do que vem sendo desenvolvido;

e a erradicação do sub-registro civil de nascimento.

O grande objetivo dessa ação não é garantir esse primeiro documento por garantir, é garantir a

inclusão social, é garantir acesso às políticas públicas, porque também não adianta nada a gente levar o

documento até a população se a gente não leva as políticas públicas para garantir a cidadania.

E aí um pouco, de 200 a 2007, qual a estimativa do sub-registro. A gente vê que vem reduzindo, mas

ainda temos muito a fazer. Na próxima lâmina, fica claro, o Brasil está com 12,2% de índice de sub-

registro, o que indica que aproximadamente 400 mil crianças que nascem por ano não são registradas.

Se você olhar este índice por região, fica evidente que (ah, não sei se vocês conseguem ler), Nordeste

está com 22% e a Amazônia Legal com 23%, enquanto, se a gente olha para o Sul, 1,4%. Tem estados

no Sudeste, como São Paulo, que esse índice é negativo, que significa que as pessoas estão nascendo

em outros estados e indo se registrar em São Paulo. O Acre, já que a gente está aqui no Acre, o Acre

até que está bem, bom, pelo menos dentro do índice, ele está com 10,35, está abaixo do índice

nacional e ele é o menor índice na região Nordeste, Amazônia Legal.

Aí, a gente olhando, do mais escuro ao mais claro, esse índice de sub-registro.

Bom, é fundamental para a gente conseguir organizar a ação de registro civil de nascimento, a gente

constituir um comitê gestor. Comitê gestor em todos os níveis: nacional, estadual e municipal, para a

gente conseguir traçar e, antes de tudo identificar quais são as problemáticas, aonde exatamente, a

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gente sabe que consegue identificar que tem município que não é o município inteiro que tem

problema de sub-registro. Em uma determinada região as pessoas estão conseguindo registro, acesso a

políticas públicas, em outras não. Mesmo São Paulo, se a gente for pensar, tem bairros (eu sou

paulista, vou conseguir falar bem de São Paulo), tem bairros, que, ótimo, toda estrutura urbana, está

tudo preparado, muito lindo maravilhoso, e tem outras regiões com absolutamente nenhuma infra-

estrutura. Então, a gente tem que olhar para isso. E é fundamental aqui no Acre, antes tem o termo de

adesão a essa agenda social pela erradicação do sub-registro civil de nascimento e ampliação à

documentação civil básica. Os governos, todos, já aderiram a esse compromisso, e estão constituindo o

seu comitê gestor. Aqui no Acre, este comitê está constituído, a Funai tem participação, tem assento

nesse comitê, e é fundamental entrar em contato e levar a esse comitê quais são os interesses, quais são

as demandas da comunidade indígena para que elas sejam garantidas, tanto o relacionado a registro

civil de nascimento quanto toda documentação civil básica. Entende-se como documentação civil

básica RG, CPF e carteira de trabalho.

Para erradicar o sub-registro civil de nascimento, nós estruturamos as ações em 3 eixos:

A Condição Estruturante, que é como é que a gente vai fazer para que toda essa mobilização, toda essa

intensificação de ações que estão sendo colocadas nesse momento, elas não se percam daqui há algum

tempo. A gente não reduz ao índice, daqui há pouco ele levante.

Mobilização Nacional. Como é que a gente vai trabalhar para registrar quem hoje já nasceu e anda não

tem o documento, ainda não tem o registro civil de nascimento, não tem em mãos a sua certidão de

nascimento.

E a Ampliação da Rede, que a gente batiza com carinho de “Chorou, Registrou”. É como é que faz

para fechar a torneira do sub-registro, para garantir que toda criança, ao nascer, já tenha a certidão de

nascimento.

Vou começar pelo eixo que é o 3, eu comecei tudo ao contrário, a Condição Estruturante: o que está

focado neste eixo? Primeiro desenvolver um sistema nacional de registro civil. Hoje a gente não tem

exatamente a informação do registro, aonde é que está, onde é que está, isso que a gente está falando,

dos municípios, não é, em qual município as crianças estão nascendo e não estão sendo registradas,

como é que a gente compila tudo isso e principalmente, o que a gente estava falando de registro civil,

as pessoas elas ficam, só têm uma vez na vida o registro civil que é o que fica lá no cartório. Muitas

vezes as pessoas depois saem com a certidão de nascimento, perdem esta certidão de nascimento,

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precisam fazer a segunda via e não lembram e qual cartório foi feito o seu registro. Aí é todo um

trabalho. A gente imagina que com esse sistema informatizado a gente vai conseguir melhor

identificar e acompanhar. Outra coisa é trabalhar na revisão da lei mesmo, na revisão legislativa, nisso

que vocês estão trabalhando, e é importante na revisão do Estatuto dos Povos Indígenas olhar a

questão da documentação, e na Lei 6.015, ela também está sendo toda revisada para a gente facilitar o

acesso ao primeiro documento.

Padronização dos procedimentos e aperfeiçoamento dos fluxos. Quando a gente fala em

aperfeiçoamento dos fluxos, a gente está falando muito em como é que a gente faz para casar a

informação da saúde, a informação de nascido vivo, com a informação de registro civil de nascimento,

e para a padronização dos procedimentos, o que inclusive já foi feito agora em março, o Presidente

lançou o decreto que padroniza a “cara” da certidão de nascimento, hoje cada um tem uma certidão de

nascimento, tem uma colega que estava contando, que ela e os seus 3 filhos foram registrados no

mesmo cartório, e cada um tem uma certidão de nascimento com uma cara. Agora, a partir de janeiro

de 2010, toda certidão de nascimento vai ter o mesmo layout, uma mesma cara. O que também foi

padronizado foi o número de matrícula, agora a certidão de nascimento tem um número de matrícula,

que é composto pelo número do cartório, o número do livro... tudo isso vai facilitar enormemente,

principalmente a busca para as segundas vias das certidões. Também compõe a nova padronização da

certidão de nascimento, o número da DNV, .. alguns cartórios já o fazem, já colocam o número da

Declaração de Nascido Vivo na certidão, mas com essa obrigatoriedade a gente acredita que vai

facilitar identificar aonde as crianças estão nascendo e não estão sendo registradas, para fazer a busca

ativa desse documento.

Esse é o eixo 1 da agenda, que o (ininteligível) registrou, que é o fechar a torneira, o “Chorou,

Registrou”. O eixo mais forte que está aí é o unidade interligada, que é como é que a gente vai fazer

para aproximar o ato do nascimento ao ato do registro de nascimento. E o que está sendo implantado,

tem um sistema que ele foi desenvolvido pelo Estado de Pernambuco, que ele trabalha com um

sistema interligado da maternidade ao cartório, o que significa que a criança, ela nasce, é emitida a

Declaração de Nascido Vivo para ela, a DNV, o agente de saúde pega esse documento, pega os

documentos dos pais, vai em um sistema, põe toda essa informação, envia on-line para o cartório, o

cartório toma assento dessas informações, encaminha via on-line a certidão de nascimento e essa

certidão ela é impressa e já entregue aos pais para eles já saírem da maternidade com a documentação

dos filhos. Todo esse trâmite gira em torno de 40 minutos. A intenção é, não só garantir esse ato, que a

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criança saia, aproximar o registro civil de nascimento do ato de nascimento, quanto garantir que a

pessoas possa escolher nessas unidades interligadas , acho que vocês já devem, não sei, um pouco o

Acre tem. O Acre, o que ele em hoje são algumas maternidades que têm posto de saúde, posto de

cartório dentro da maternidade, que significa a criança até pode sair mas ela vai ter o registro civil de

nascimento dela naquele cartório. O que a gente pretende, é, com esse sistema interligado, o SIRC, a

maternidade ela estar conectada com vários cartórios daquele município, para que a pessoa possa

escolher ter o registro de nascimento da sua criança vinculado ao cartório de sua moradia. Fortalecer a

Declaração de Nascido Vivo também é um eixo para que as pessoas possam acessar as políticas

públicas já no início, isso a gente está falando principalmente das pessoas que estão afastadas de

cartórios, afastadas de grandes centros urbanos, estamos falando das pessoas que vivem em

comunidades indígenas, populações ribeirinhas, que elas possam, com a Declaração de Nascido Vivo já

acessar as primeiras políticas públicas. A gente está trabalhando muito nesse eixo com as parteiras

tradicionais também, isso, a gente teve uma reunião na semana passada com as parteiras, elas até

gostaram bastante, que é elas serem reconhecidas de fato como agentes de saúde. Então, esse é um

Projeto de Lei que foi encaminhado para o Congresso e empoderá a parteira para ela também

preencher essa Declaração de Nascido Vivo. E aí vem o mote de reconhecê-la como a profissional da

saúde também. E articular a rede SUS, para trabalhar com os agentes de saúde, todo mundo que faz o

acompanhamento do parto, as dolas, para preparar os pais, a família, para já levar, no ato do

nascimento, a documentação para conseguir confeccionar o registro civil de nascimento. É importante

destacar que, culturalmente algumas famílias não registram as crianças no primeiro momento porque

o pai não está presente, e às vezes ele não está presente porque teve que viajar a trabalho, ele trabalha

muito e foi viajar, é só o pai deixar uma declaração: “declaro que vai nascer e é meu filho...”, que aí já

dá para fazer o registro civil de nascimento, e aí, os profissionais que estão acompanhando o pré-natal,

eles informam isso à família, facilita o registro civil de nascimento.

Então está previsto aqui para o acre 20, a Elisângela me disse 30, já aumentou um pouco, então são 30,

para todo o Nordeste e Amazônia Legal 1.092 unidades interligadas. Dependendo, tudo isso será

implantado até o final de 2010, que é a meta, a gente tem como compromisso e a gente, toda a

sociedade brasileira, assinamos o compromisso de erradicar o sub-registro civil de nascimento até

dezembro de 2010.

No eixo Mobilização Nacional, que é alcançar as pessoas que hoje já nasceram e não têm a certidão de

nascimento, a estratégia é trabalhar com mutirões, é levar o cartório, levar a documentação civil

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básica até a população e realizar a campanha, realizar a mobilização. Dos mutirões, nós estamos

trabalhando bastante com o programa nacional de documentação da trabalhadora rural, esse é um

programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que trabalha com ônibus e percorre todas as

comunidades emitindo a documentação. Os CRAS, tem CRAS itinerante, também realizando a

documentação, as rotas da defesa, que são as ações cívico-sociais, as ACISOs, e a gente identificou, na

semana passada, que tem os barcos da previdência, o PREV-BARCO, que também dá para emitir

certidão de nascimento nessa mobilização. E trabalhar com campanhas, vocês receberam o panfleto, a

campanha deste ano, o Presidente Lula convidou o jogador Ronaldo Nazário, por ser uma

personalidade, ele é reconhecido, então todo mundo vai querer saber do quê que o Ronaldo está

falando. E convidou, e voluntariamente o jogador aceitou emprestar sua imagem para falar da

importância desse documento. Então, de mutirões, são 1.292 mutirões previstos na Amazônia Legal e

Nordeste

Márcio Meira – Presidente - Pessoal, vamos concentrar aí, porque está muito ruído...), 358 o mutirão

de documentação da trabalhadora rural.

Luana – MDS - Aí um pouco das peças publicitárias da apresentação seguinte, mas pode ficar nessa,

que está identificado para aonde foi esse material. E o que é esse material? Compõem o folder, que

vocês receberam agora,; cartaz, tem tanto um cartaz para colocar a informação aonde ocorrerá o

mutirão, quando ocorrerá o mutirão; cartilha, na cartilha tem um trecho falando da documentação aos

povos indígenas; bandeirola, para enfeitar o mutirão; totem, cartaz, envelope para guardar a certidão

de nascimento; camiseta, que eu estou vestindo também compõe as peças dessa campanha, que é “rodo

mundo tem um nome, sobrenome...”, identifica os mobilizadores dessa campanha. Também, essa

campanha prevê jingles de rádio, para também carros de som, ficarem andando, e o filme que será

passado no final da minha apresentação. O material que foi distribuído, a gente fez questão de fazer

esse material chegar nas pontas. Na campanha passada (essa já é a segunda versão dessa campanha), na

campanha passada a gente fez chegar até as secretarias estaduais, e contou com a redistribuição, e isso

não foi absolutamente garantido. Então, neste ano ela chegou às pontas mesmo: foi às prefeituras,

conselhos tutelares, comitês gestores e as administrações regionais e núcleos de apoio da Funai,

também receberam esse material da campanha. Se vocês não receberam, comuniquem que a gente

manda.

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É isso, eu agradeço a todos, eu falo muito rápido, então eu estou aberta agora a questionamentos,

queria abrir também a palavra à Irânia, da Funai, participa com a gente nessa mobilização, e também

para a Elisandra, que coordena as ações aqui no Acre, se tiverem mais alguma coisa para acrescentar.

Irânia - FUNAI – Boa tarde a todos e a todas. Bom, vocês receberam também um … Sou Irânia

Marques, Coordenadora Geral da Coordenação Geral de Índios Recém contatadas, que a gente

denomina de Coordenação Geral de Promoção Social, se Deus quiser vai sair da nova estrutura da

Funai, e que estamos coordenando exatamente a ação de proteção (ininteligível) dos povos indígenas,

que é uma ação do PPA, que está nesse panfleto que vocês receberam.

Dentro das nossas ações tem uma ação super importante, que é exatamente para promover o acesso da

documentação cidadã aos povos indígenas. E essa ação inicia-se exatamente pela emissão do registro

civil de nascimento. A Funai vem, através da nossa coordenação, participando de todos os

compromissos junto à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República nesse

respeito à erradicação do sub-registro civil de nascimento. Principalmente levando em consideração

todas as especificidades dos povos indígenas, isso a Luana mostrou com o trabalho que a secretaria fez

junto ao Projeto Rondon, no Estado do Amazonas, e que a gente começou a observar os fatores

dificultadores para emissão do registro civil de nascimento, principalmente porque para os povos

indígenas, o documento que origina o registro civil de nascimento não é só a Declaração de Nascido

Vivo, mas também o registro administrativo, o RANI. Então o RANI ele também é um documento

oficial, legítimo, que confere aos povos indígenas a legitimidade como indígena e promove

exatamente o acesso a esse direito de cidadania, com o registro civil de nascimento. Então, a gente

vem trabalhando juntos, vem trabalhando inclusive, como a Luana falou, junto aos estados,

principalmente aos estados da Amazônia Legal e do Nordeste, aonde o sub-registro é muito grande.

Para isso a Funai, não só colocou como um de seus objetivos principais trabalhar a questão da

documentação cidadã, como também criou, dentro do seu orçamento, um plano interno exatamente

para custear as despesas com relação, qualquer despesa para favorecer o acesso aos indígenas para tirar

o seu registro civil de nascimento. Desde a saída da aldeia, como a manutenção na cidade. Todas essas

informações que estão aqui nesse panfletozinho, foram repassadas às unidades administrativas da

Funai, às AERs e os Núcleos, através de uma oficina nacional, aonde a gente colocou todas as

diretrizes, objetivos e ações a serem implementadas. E todo mundo já tem conhecimento. Agora a

gente faz questão de trazer na CNPI para dizer o seguinte: que é missão da Funai, é um compromisso

da Funai com os povos indígenas trabalhar a questão da erradicação do sub-registro. Então a gente

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quer oficializar isso aqui na CNPI, que é o nosso compromisso, nós estamos fazendo todos esforço para

que isso aconteça, junto aos estados e municípios, inclusive através da Agenda Social dos Povos

indígenas, através do Território da Cidadania, e também na operação do mutirão Arco-Verde, do

Ministério do Meio Ambiente, coordenado pela Presidência da República, que também, não é, Luana,

tem como uma das ações principais trabalhar na mobilização da erradicação, ou pelo menos da

diminuição do sub-registro civil de nascimento.

Então, eu, como representante da Funai e responsável por essa ação na Diretoria de Assistência, eu

gostaria de compartilhar essa informação com vocês. É isso, obrigada.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado. Tem mais alguém que vai falar? Então nós vamos assistir ao

filmezinho e em seguida nós vamos abrir aqui para a plenária.

(apresentação de filme)

Márcio Meira – Presidente - Obrigado aí ao nosso companheiro Ronaldo Nazário.

Bom, um ponto importante aí que vocês perceberam, que eu queria ressaltar, que é o direito dos

indígenas de poder fazer o registro nos eu próprio nome, na sua língua, e também, quando querem

colocar a sua etnia no seu próprio nome. Esse direito muitas vezes é negado nos cartórios, então essa

mobilização também incluí esse trabalho, de reafirmação étnica. A certidão de nascimento é o

primeiro passo na afirmação étnica do povo, do cidadão indígena, e do direito à diferença cultural, que

está escrito na Constituição. Esse é um ponto muito importante também aí nessa campanha do

registro civil.

Eu queria imediatamente passar aí... obrigado à Luana, pela apresentação... abrir espaço aqui para o

plenário, para fazerem alguma pergunta, esclarecimentos, contribuições para esse trabalho que está

sendo desenvolvido, que é dinâmico... eu estou vendo já a inscrição do Aarão, do Titiah , a galera toda

ali... o Wellington, Caboquinho, Brasílio, Anastácio, tem um companheiro aqui que não é do plenário,

mas depois eu vou consultar, ver … já, já a gente vai consultar, mas você pode fazer a pergunta

também.

Vamos começar seguindo a ordem que eu falei, Arão.

Arão – Boa tarde, Sr. Presidente, José Arão Maresi Lopes, Guajajara. Sr. Presidente, eu tenho aqui

umas... na verdade, uma dúvida que me deixa com uma grande preocupação: é válida a iniciativa d

Governo Federal, para nós, enquanto comunidade indígena, muitos de nós têm perdido aí muitos 60

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programas em função da inexistência do básico, que é inicialmente a certidão de nascimento. Mas por

outro lado, a minha preocupação é em relação a qual será o procedimento que será utilizado pelos

parceiros, ou pela própria Funai, em relação a quem de fato é índio, isso que nós até falamos aqui,

reconhecer algumas pessoas que se infiltram nas comunidades indígenas e a maioria dessas pessoas é

de pessoas sem procedência, sem documento, foragidos da justiça, são marginais, assaltantes e tudo,

então, de repente chega lá e diz “olha, eu sou índio, porque eu tenho o cabelo liso, cabelo preto, e

tal...”, aí inventa um nome enrolado lá, inventa uma língua que nunca existiu, quer dizer, o grande

cuidado que a gente chama a atenção aqui, é que ás vezes a gente vai acabar legitimando de fato os

bandidos, com documentos para que ele fique legitimado dentro da própria comunidade indígena.

O outro caso que eu chamo a atenção aqui, mais uma vez nesse sentido também, nós temos casos lá no

Maranhão, e eu acredito que em outros estados também pode ter algo parecido, tem parente lá que

tem duas certidões, duas identidades, dois CPFs, dos títulos, duas aposentadorias, quer dizer, e aí,

como é que fica? Será que não vai tirar o terceiro, com esse programa que se estende? Na verdade era

só isso que eu queria falar, obrigado.

Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Titiah.

Titiah – Luís Titiah, representando as regiões Nordeste e Leste. Sr, Presidente, o que eu queria

esclarecimento, a campanha aí está até bonita, do Governo Federal, mas com algumas coisas a gente

fica preocupado.

Primeiro eu quero chamar a atenção, como vai ficar essa campanha, no que o parente falou aqui, na

fiscalização, nessa observação que o Aarão colocou.

A outra coisa, principalmente para o Nordeste, muitas coisas que pegam para o indígena, alguns

índios, pela invasão do não-índio na região, muitos índios tiveram que sair para se escravizar nas

fazendas dos próprios fazendeiros. E ali na época do Coronel (ininteligível) os próprios fazendeiros

que tiravam os registros dos parentes, tiravam com a data errada, eles que indicavam a data daquele

(inaudível), e hoje, no futuro, está sendo complicado para os indígenas, porque não estão podendo se

aposentar, já são velhos de 70, 65 anos que não podem aposentar, porque no registro estão com 50, 48

anos de idade. Aliás, na minha aldeia mesmo tem o exemplo de um índio Kiriri, que está lá vivendo

com a gente. Ele já tem... principalmente os vizinhos que conhecem ele há tempos lá da região, dizem

que ele não tem só 50 anos, mas foi o fazendeiro que registrou, então ele tem 50 anos. Hoje ele está

morando com a gente.

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Então a gente se preocupa com algumas coisas, não é? A gente precisa que a Funai reaja dentro dessa

regra aí.

Márcio Meira – Presidente - Wellington...

Wellington – Boa tarde parentes, parentas... eu acho que é a mesma fala... aliás, eu sou o Wellington,

do estado de Rondônia...

Seguindo a mesma fala dos companheiros aqui, uma questão que a gente enfrenta no estado de

Rondônia. Eu sei que é muito complicado para a Funai, e também para o Ministério Público Federal, e

também algumas ONGs, que são nossas parceiras, e nós enfrentamos este problema no estado de

Rondônia, de cadastramento das pessoas que dizem que são descendentes indígenas, mas a gente sabe

muito bem que qualquer cidadão brasileiro tem direito a acessar, ter a documentação, é um direito do

cidadão, mas a Funai, junto com o Ministério Público e as ONGs, tem que ter um pouco de cuidado

antes de tirar registro civil para as pessoas que chegam na Funai e já cobram a Funai para fazer

registro civil para eles. Então, a questão é que a gente enfrente esse problema muito sério porque, até

porque, eu não sei se vocês sabem muito bem que cada dia, cada ano, cada mês, estão surgindo muitos

parentes chegando na Funai, falando que são de tal etnia, aí a Funai começa a registrar. Fica uma

questão complicada para a gente. E isso é para ter mais direito do que os indígenas, hoje nós

enfrentamos na área de saúde, as pessoas que têm pouco, vamos dizer, por pouco tempo reconhecidos

como indígenas hoje começam a estar cobrando mais do que os indígenas legítimos, querendo ter mais

direito de serem atendidas como indígenas na área de saúde e de educação. Então, atrapalha uma

conquista que a gente teve durante esse tempo todo, não é? Mas além de, vamos dizer assim, vocês

sabem muito bem que o recurso da saúde indígena é repassado conforme a quantidade e número da

população indígena. Aí, de repente, a gente tira esse recurso para atender a demandas das pessoas que

não estão na programação, no orçamento do recurso, para atender a demanda deles. Então, uma

questão que o Ministério Público, junto com a Funai, e também com as ONGs, que estão trabalhando

nessa área, tem que começar a organizar melhor, para registrar as pessoas que estão surgindo.

Principalmente, companheiro Saulo, que sabe muito bem essa história, no estado de Rondônia, o

CIMI, a gente sabe muito bem que tem um papel importante, mas ao mesmo tempo peca um pouco

nessa área. Quando qualquer pessoa chega na porta do CIMI, começa já querendo que a Funai atenda

a demanda daquela pessoa, que chega no CIMI falando que é indígena, e também o Ministério Público

começa a pressionar a Funai. Então eu acho que tem que tomar nesse ponto aí, até porque já surgiram

vários problemas no estado de Rondônia, assim que o descendente procura, tira seu registro, carteira

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de indígena, aí ele fala assim “quero ver se a polícia ou (ininteligível) me impeça de garimpar na terra

indígena. Aí já chegou na área do povo Urue-Uau-Uau, já com a carteira na mão querendo garimpar.

Aí então é um problema sério que está acontecendo no estado de Rondônia. Então, eu acho que a

gente tem que primeiro realizar um estudo antropológico, para que a pessoa seja reconhecida como

indígena, e não qualquer pessoa chegar na porta da Funai já querendo ser registrada. O acho que essa

campanha vai abrir mais a porta para as pessoas estranhas.

Márcio Meira – Presidente - O próximo é o Caboquinho.

Caboquinho – Caboquinho, região Leste, Nordeste.

Bem, eu estou … achei bonita aqui a apresentação, viu, Luana... mas teria aqui 3 coisas que me

deixaram um pouco preocupado.

A primeira foi a questão de que Paraíba e Ceará ainda não criaram um comitê gestor, não é? Eu acho

isso até uma vergonha para os governadores.

A segunda coisa que eu vejo aqui, com essa inclusão dos nomes, quem quiser colocar os nomes, pelo

menos na região Nordeste, as igrejas, as paróquias, os padres, por melhor dizer, quando nós vamos

registrar qualquer nome que venha a corresponder com a questão indígena, eles não querem registrar,

“isso não é nome de gente, nome de gente tem que ser José, tem que ser Antônio, tem que ser

Maria...”, é uma outra preocupação que eu tenho. A gente tem que rever isso também com carinho.

Uma outra coisa que eu estou vendo aqui, de acordo com a fala do companheiro que me antecipou, é

que na realidade, e agora com essa convenção 169, todo mundo quer ser índio. E se for falar que não é

índio, eles querem briga. Porque, principalmente na região Nordeste, na minha região, isso é uma

preocupação muito grande, eu digo isso pelo meu povo. Há 3 anos atrás o meu povo tinha 10 mil

índios potiguara, hoje tem mais de 16 mil. É porque estão multiplicando demais, não é?

O Presidente Márcio conhece nosso trabalho lá, que nós começamos a fazer um trabalho de triagem,

fazendo um censo. Esse censo já trouxe muita dor de cabeça, mas nós já estamos tentando melhorar.

Eu acho que, viu, Luana, eu acho que deveria ter uma campanha nacional para se fazer um censo, mas

que fosse um censo seguro, um censo certo. Não chegar qualquer um, como nosso companheiro

Gavião chegou aqui e falou, chegar qualquer um e dizer “eu sou da família tal, sou do povo tal”, e vai

lá e consegue o registro e tem uma carteirinha até para garimpar. Quer dizer, está acontecendo isso

não só lá em Rondônia, está acontecendo isso eu acho que em quase todos os estados. Porque Paraíba,

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Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Maranhão também, eu acho que ali é uma coisa só. Viu,

Presidente Márcio, eu acho que nós temos que tomar medidas seguras mesmo para que isso não venha

a daqui a pouco todo mundo vai chegar na Funasa, vai acampar, chegar na Funai, vai acampar, porque

é isso que os caras fazem. O verdadeiro índio dificilmente ele ocupa, só ocupa quando está necessitado

mesmo. Mas o pessoal que está chegando agora, se cadastrando agora, esse aí está levando a uma

verdadeira revolução Então, nós temos que ter muito cuidado com isso.

Márcio Meira – Presidente - Próximo inscrito é o Brasílio.

Brasílio – Boa tarde, sou Brasílio Priprá – Xokleng de Santa Catarina, (todo som muito ruim)

Márcio Meira – Presidente - Bom, eu vou propor inscrito, como tem muitos inscritos, que a gente não

deixe a Luana, coitada, sofrer, então de 5 em 5 a gente passa para ela responder. Como foram 5 agora,

eu peço para ela responder, depois a gente continua com mais 5.

Luana – MDS – Bom, bem interessante essa discussão, porque traz um pouco da condição

estruturante, o que, que é que a gente vai precisar criar de condição estruturante para garantir

direitos, e direito a quem tem direitos, para não facilitar a fraude.

Primeiro, o motivo dessa grande mobilização é a cidadania. Mas a gente tem que estar preocupado sim

com as fraudes que venham a ocorrer. Para as fraudes o que acontece é para fazer... eu estou falando

muito do registro civil de nascimento, eu acho que depois até passo a palavra à Irânia para, e acho

importante a gente pensar, não é, RANI, como é, quais são os procedimentos, como é que a gente

padroniza para, no registro administrativo dos povos indígenas, só quem é povo indígena mesmo ter

garantido esse direito, para não ocorrerem as fraudes e duplicidades.

Hoje, para a confecção do registro civil de nascimento é necessária ou a Declaração de Nascido Vivo

ou vai com o registro administrativo, a RANI, e aí precisa pensar em como é que emiti a RANI, a

gente tem que discutir isso com a Funai; ou são duas testemunhas, aí tem que apresentar duas

testemunhas. Normalmente, principalmente falando nas pequenas regiões, aonde o sub-registro é

mais alto, os cartorários, as comunidades, o agente social, o agente de saúde, eles sabem quem é

daquela comunidade, eles conseguem identificar e aí conseguem dizer “não, realmente é daquela

família, aconteceu isso, isso e aquilo” e, na dúvida, o cartorário entra sim com um processo judicial

para identificar se realmente aquela pessoa é, e aí faz toda uma investigação para que essas fraudes não

ocorram hoje. Agora, hoje é, isso mesmo que o companheiro relatou, a gente tem pessoas, e não é nem

fraude, eu tenho a carteira de identidade em São Paulo, fui fazer a segunda via, estava em Brasília, fui 64

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fazer a segunda via em Brasília, e aí fui obrigada a ter uma carteira de identidade com outro número,

porque a emissão da carteira não é em sistema nacional, cada estado tem a sua numeração,

automaticamente, eu tenho 2 identidades, 2 números de identidade. Graças a Deus, o CPF vincula

tudo isso e dá certo, eu não tenho grandes problemas de duplicidade. Óbvio, a outra, eticamente eu a

cancelei, a primeira.

Aarão – Só para colaborar, uma coisa é a alteração somente do número da identidade, eu entendo, a

outra é seu nome ser... como é seu nome? (Luana – Luana)... Luana, é você ter a identidade de Luana e

ter outra identidade de “Rita”, por exemplo, são duas situações totalmente diferentes.

Luana - MDS – É, o que eu explanei é até eu que tentei fazer, não para cometer uma fraude, fui

orientada a ter dois documentos, então imagina se eu realmente quisesse ir com duas identidades, ia

ser mais fácil. Isso á algo que a gente tem que discutir bastante, e está discutindo bastante. Quem está

nessa discussão é a SENASP principalmente.

Para averbação, vocês falaram de averbação, teve a idade diferente, um nome que saiu errado, para

fazer averbação infelizmente a gente ainda precisa iniciar um processo judicial . Eu recomendo,

oriento que procurem a Defensoria, e aí a Defensoria inicia todo esse processo judicial.

A terceira intervenção também foi a padronização dos procedimentos para emissão da RANI, que é

um pouco a preocupação de vocês. Pelo o que vou ouvindo vocês estão bastante preocupados em

outras pessoas que estão querendo virar índios porque tem outros, vários direitos garantidos. E aí, tem

que ter muita atenção, padronizar estes procedimentos da emissão do documento, isso a Irânia já está

discutindo, eu ouvi dizer, aí eu vou jogar, não sei muito a fundo, mas parece que o Mato Grosso do Sul

já tem sistematizado, como emitir esse documento, uma forma informatizada até, e acho que vale a

pena ver um pouco como é eles estão fazendo essa emissão, para garantir esse procedimento.

Paraíba e Ceará, a gente está na conversa, para constituir o comitê gestor, e eles nos garantiram que

nos próximos meses, isso eu estou falando um, dois meses, vai estar constituído o comitê gestor. É

fundamental.

O nome. Sim, a gente sabe que, infelizmente, muitos cartórios, não só paróquias, ainda discutem, e

não querem colocar, registrar com nomes dos povos indígenas, o nome que a pessoa tem o desejo de se

registrar, e aí, se esse direito não for garantido, cumpre recorrer às corregedorias estaduais. E, em as

corregedorias estaduais não resolvendo, encaminhar essa questão ao Conselho Nacional de Justiça. No

material de campanha, acho que na cartilha, fica mais claro isso: há necessidade, gente, é direito, isso é 65

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direto de vocês, está garantido na Legislação, mas a gente sabe que entre a legislação e a execução

ainda há um caminho, que a gente precisa encurtá-lo.

No censo... o censo, ele hoje, a gente conseguiu inserir uma pergunta de registro civil de nascimento,

que pode discutir inclusive se a gente consegue na padronização da certidão de nascimento tem um

campo de observação, e esse campo de observação é justamente para a pessoa colocar então o que

significa o nome, para acrescentar algumas informações de etnias, para os ciganos colocarem a qual clã

que eles pertencem. A observação é para a gente usar para esses espaços, e quem sabe, daqui há um

tempo, com a população indígena colocando qual a etnia, qual...

E é isso, desculpem se eu deixei alguma coisa escapar, mas acho que é isso.

Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Anastácio.

Anastácio – (inaudível) provavelmente fora do microfone

Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Toya.

Tóya – Boa tarde, muito obrigado aqui Ângela. Tóya Machineri, Acre.

Como foi falado por meus amigos, um programa bastante interessante, acho que era necessário fazer

um programa deste tamanho, e aqui minha contribuição é para demonstrar mais, acho que nós temos ,

tem a convenção 169, que foi sancionada pelo estado brasileiro, e que lá tem alguns mecanismos que

orientam para a questão indígena, diz quem é índio, não é? Tem que pertencer a uma comunidade,

tem que uma comunidade reconhecer, então, a gente poderia estar trabalhando, a questão da

(ininteligível) de fraude, acoplado na comissão 169, então, essa é minha contribuição.

Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Saulo, mas antes de passar para o Saulo eu queria

chamar a atenção para o seguinte: a política, essa política aí, ela surgiu em função da comissão 169, é

para seguir justamente o que diz a comissão 169, e a gente tentar aprimorar , o procedimento jurídico

de registro civil, respeitando a diferença cultural.

O próximo é o Saulo.

Saulo – CIMI – (inaudível)

Márcio Meira – Presidente - A próxima inscrita é a professora Pierlângela.

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Pierlângela – Pierlângela - Roraima. Eu queria fazer primeiramente um comentário sobre a nossa

pauta, que foi solicitada, e eu vou insistir, se não for na próxima, que essa extraordinária tinha

especificamente uma pauta que a gente considera muito importante, mas como coordenadora da

subcomissão e como a gente tinha solicitado, essa pauta sobre a questão da proteção social para os

povos indígenas e da questão social, cada vez ela é... e ontem, pela nossa reunião só dos indígenas, nós

vimos a necessidade que é nós discutirmos as políticas sociais, então eu vou ficar nessa insistência até a

gente achar uma pauta para a gente discutir isso com mais profundidade.

Acho importante a campanha ter sido colocada, na Paraíba também já foi apresentado o início desse

trabalho, e também tenho uma pergunta, até acho que para a Irânia, como está sendo feita essa

campanha nas comunidades indígenas, se existe nestas, porque a nossa grande preocupação é que, nos

locais de difícil de acesso, como é que vai chegar isso, porque as áreas que têm rios, que têm lugares

muito distantes, aí ela até falou, a gente tirou uma brincadeira quando ela falou “o pai deixa uma

declaração”, mas lá no meio do mato, ás vezes, não tem como deixar uma declaração. E aí eu quero

saber um pouco como a Funai está trabalhando com isso, quais são as metas e quais são os meios que

estão sendo utilizados. Porque eles têm uma experiência, e aí na educação a gente viu que o MEC teve

que se juntar à Funai, para poder realizar as conferências. E, para uma campanha deste porte nas

comunidades indígenas de difícil acesso, a estrutura é diferente, não é? Porque sai mais barato o povo

ir para a área, do que tirar o pessoal, mesmo tendo orçamento, tirar o pessoal para tirar esse registro

fora. Então, é uma pergunta que eu queria colocar, para a Irânia poder responder, porque a gente

precisa de ter metas, e saber quais são essas metas e como vão ser alcançadas, não é?

Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito é o Marcos, Xucuru.

Marcos Xucuru – Boa tarde a todos e todas, Marcos, Xucuru, região Nordeste e Leste.

Eu vou na mesma linha que o Saulo coloca... primeiro parabenizar a iniciativa, que é uma luta

constante do movimento indígena, dos povos indígenas, que é uma dificuldade essa questão do

registro civil. E, com certeza é um avanço muito grande para todos nós iniciarmos com essa ação, com

isso que foi apresentado aqui.

E me preocupo quando vejo, de fato, alguns parentes nossos fazendo esses questionamentos em

relação a quem é índio e quem não é, essa questão que me parece muitas vezes fica um ciúme muito

grande, aonde não pode acrescer à população porque de repente vai fragmentar, alguém vai ter mais

dinheiro ou para a saúde, ou para a educação, isso vai perder para uns, outros não, isso não … isso se

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vê muito.. para mim, nessa linha, acho que não é bem por aí, a gente não deve pensar nesse sentido, a

gente tem visto algumas pessoas se colocando dessa maneira. Isso me preocupa muito, principalmente

nós no Nordeste, aonde se começou a invasão há mais de 500 anos atrás, aonde nós temos

historicamente, no Brasil todo, há 500 anos atrás, mais de 5 milhões de indígenas, e hoje, pelas

contagens do IBGE, os números que a gente tem visto, a 750 mil indígenas... hoje já temos outros

dados que se levantam então. Vejam o que aconteceu com as populações indígenas, hoje tem pessoas

que não auto se afirmam e inclusive ainda de medo de morrer, porque são perseguidas, são

assassinadas, não podem falar sua língua. Então, a gente tem uma diversidade muito peculiar, no que

diz respeito a essa situação, então a gente não pode simplesmente chegar... se de repente um povo se

auto denomina: “ah, eu sou indígena”, e de repente a gente “ah, não pode ser indígena!”... porque? E

aí, quando a gente fala sempre tanto na Convenção 169, como o Caboquinho mesmo disse ali: “que a

Convenção 169 deixa essa coisa muito aberta”, e nós temos sempre utilizado a Convenção 169 a nosso

favor, Se a gente não pegar o Estatuto dos Povos indígenas, quantas questões nós colocamos ali em

favor dos povos indígenas. Então, nós temos que ter muito cuidado em relação a estar com algumas

falas que são colocadas. Isso me deixa uma preocupação muito grande. E eu, que sou do estado de

Pernambuco, nós temos esse cuidado sim... há pessoas que se aproveitam da situação, há! Mas isso não

é só indígena não, nós temos picaretas em tudo o que é lugar, então, a gente também tem que estar

atento a esse tipo de coisa. Mas, o que nós temos trabalhado em Pernambuco, especialmente no povo

Xucuru? Aí trazendo um pouco dessa realidade para o debate, para a gente poder compreender um

pouco disso. A gente tem trabalhado da seguinte maneira: acho que cada modelo de organização

sociopolítica de cada povo tem uma forma de agir diante destas situações enfrentadas. Quando uma

pessoa vai à Funai, de Recife, dizer “ah, eu sou Xucuru”... a primeira coisa que a gente conversou com

a (ininteligível) é, se chegar alguém lá, então você nos consulte, pegue o nome dessa pessoa, da

família, e mande ele nos procurar lá na comunidade. Então ele vai lá, procura, se realmente a pessoa

for, a gente pergunta aos familiares, de onde veio, de onde é. Recentemente, uma pessoa que estava

em Recife, passou sua vida toda em Recife, chegou na Funai dizendo que era Xucuru... eu falei:

“manda ele vir para a aldeia, para a gente conversar”, vamos perguntar sua família, seu bisavô, seu

tataravô, e por aí vai, e vai perguntando.... até você encontrar, de fato, um laço familiar que de fato

tenha uma ligação com os Xucuru, então, isso é muito tranqüilo, acho que dá para se trabalhar, isso

depende da maneira de cada povo se organizar e de tratar a coisa de forma séria, que não deixe

acontecer muitas coisas que acontecem, tão pouco isso.

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Márcio Meira – Presidente - O próximo inscrito, o último inscrito, na verdade, é o Ak’Jaboro, e em

seguida eu vou passar aqui de novo a palavra para a Luana, e para a Irânia também, que foi

perguntada. Ak’Jaboro.

Ak’Jaboro – (todo som inaudível)

Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Ak’Jaboro. Na fala do Ak’Jaboro, o Aderval pediu também

para falar, a gente vai abrir espaço aí para o Aderval, e em seguida a gente passa aqui para a Luana.

Aderval - Aderval, MDS. Bom, peço desculpas pelo atraso, eu ontem tinha muitos compromissos, não

pude chegar, e o vôo atrasou um pouco agora no início da tarde.

Eu acho muito oportuna a discussão, não só sobre a campanha do registro de nascimento e

documentação civil, que na verdade o que está em pauta é a erradicação do sub-registro, tem muitas

pessoas que nem têm certidão, portanto não têm condições de acessar as políticas públicas em grande

medida.

No bojo dessa discussão, e olhando esse encarte, de fato os direitos sociais, em grande medida, dizem

respeito ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em articulação com a Funai,

naturalmente, com a Diretoria de Assistência.

E boa parte dos programas sociais... são 27 programas, é certo que eles são construídos em uma

perspectiva universal, de atender todos os brasileiros, eles não foram pensados especificamente para

povos indígenas, mas são direitos universais! E como tal, podem ser, e devem ser acessados também

por povos indígenas. E daí, eu só gostaria de ressaltar a importância do Centro de Referência de

Assistência Social, porque, na verdade, é a via de acesso às políticas sociais, à Rede Sócio-Assistencial,

e é pouco acessada. Então, tanto o encaminhamento, quanto a documentação civil, quanto aos

direitos, ao sistema previdenciário, quer dizer, a porta de entrada do Sistema Único de Assistência

Social, é o Centro de Referência em Assistência Social. E os povos indígenas acessam pouco esse

serviço. Lá tem assistentes sociais e psicólogos para poderem fazer os encaminhamentos, e esclarecer

quanto aos direitos.

Agora, quanto à segurança alimentar e nutricional, existem ações emergenciais e existem ações mais

estruturantes. Por exemplo, o Programa de Produção de Alimentos, que é o direito que vocês têm de

produzir e consumi-los dentro de uma perspectiva da segurança alimentar nutricional, na modalidade

de compra direta e distribuição, é pouco acessada por povos indígenas. A gente conseguiu, inclusive,

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carimbar, nos recursos do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), 32 milhões para povos e

comunidades tradicionais e a gente está com dificuldades de acessar. Essa compra direta e distribuição

é operada com recursos do MDS, via CONAB, e a gente está fazendo inclusive oficinas para poder

otimizar o acesso dos povos indígenas a esses programas. Então, você vende sua produção, e ela é

consumida na escola, na própria aldeia. Então você ganha duplamente, porque você garante a

alimentação saudável, de qualidade, adaptada aos costumes alimentares, aos hábitos, e garante

também renda mínima,enfim, uma certa autonomia econômica no processo produtivo, porque a

compra é antecipada, o dinheiro é depositado na conta do CNPJ, pode ser uma associação indígena

que fornece a alimentação, no caso aí, produtos agro-alimentares, e aí, na medida em que a escola, o

CNPJ, informa que recebeu a produção, o dinheiro é liberado. Então, é um programa pouco acessado,

extremamente importante. Hoje em dia, no Brasil, a agricultura familiar, em grande medida, se vale

do PAA, Programa de Aquisição de Alimentos, a gente está em vias de transformá-lo em uma política

de estado, exatamente pela efetividade, e pela autonomia econômica e sustentabilidade que assegura

aos povos e comunidades que o acessam.

Então, assim, eu gostaria só de ressaltar de que segurança alimentar não é só ação emergencial, tem

programas estruturantes, que a gente teria que complementar um pouco aí a relação de programas

nessa perspectiva sócio-assistencial.

Márcio Meira – Presidente - Eu vou devolver logo a palavra aqui para a Luana e à Irânia, para darem

os esclarecimentos aí às perguntas que foram feitas.

Luana - MDS – Bom, as intervenções, a maioria foi muito mais esclarecendo e fortalecendo, do que

questionando, nesse momento.

Eu queria novamente agradecer a possibilidade, a oportunidade de estar aqui, porque, nestes

momentos, eu, muito mais do que falar do registro civil e mobilizar vocês, eu aprendo, eu aprendo e

me fortaleço, porque fica evidente a importância dessa documentação, para qualidade de vida, para o

cotidiano, então agradeço estar aqui novamente e volto sabendo mais um pouquinho, aprendendo

mais um pouco, para a gente continuar nessa militância.

A primeira intervenção, município e estado, que tem na certidão de nascimento: na certidão de

nascimento a pessoa registra aonde a criança nasceu, mas isso não significa que é onde ela mora,

muitas vezes, inclusive, aonde mora não tem como realizar o parto. Então, há outras formas de

comprovar o local de residência.

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As outras intervenções, acho que a maioria foi fortalecer mesmo, esclarecer coisas... Pierlângela.

Apesar de ser para a Irânia, de como organizar os mutirões, até agradeço tua intervenção, porque a

gente quer organizar esses mutirões com vocês, então até a... pronto, ela continua aqui, Elisandra... a

gente estava discutindo no início a Elisandra, Irânia e eu que a gente queria sentar com... daqui estou

aqui no Acre, a gente queria sentar com os representantes dos povos indígenas aqui do Acre, para a

gente traçar, não só o cronograma, mas como a gente vai realizar os mutirões. Não, não é fácil realizar

esses mutirões, dá um trabalho, mas a gente vê que o resultado para o cotidiano da pessoa, é

absolutamente necessário. Mas muitas vezes esses mutirões são organizados, para falar da situação,

acho que a situação mais complicada, que é entrar com barcos nos rios, e aí você para com esse barco

em algum lugar, saem as voadeiras, porque é aonde o rio não consegue entrar, saem as voadeiras, e aí

levam o cartorário, as políticas públicas até a comunidade, ou traz a comunidade a até esse barco,

porque foi a região mais próxima que ele conseguiu, para fazer vários serviços. Exemplo até... passar

por exame médico … a previdência, para conseguir os auxílios, exames odontológicos... e aí a gente

queria fechar uma data para voltar aqui ainda, em um prazo de um mês, para traçar quais as

comunidades que nós devemos ir, as comunidades indígenas, em qual momento, o que precisa levar

para além, vamos aproveitar este esforço do mutirão da certidão de nascimento e ver o que mais que

precisa levar de serviço nesse mutirão, e a gente programa. Então vocês já... não consigo identificar

quem são os representantes do Acre, mas se vocês já quiserem indicar uma data, dentro de um mês,

para a gente retornar e pactuar isso, ótimo. Acho que é isso.

Irânia - Irânia Marques, Funai. A primeira coisa que eu gostaria de colocar é que a decisão é ampliar o

direito de cidadania, o direito humano aos povos indígenas, que é o de ter o registro civil de

nascimento. Essa é a questão número 1: ampliar o acesso, e o direito de ter um documento que faz

parte do direito civil e humano dos povos indígenas.

Segundo: para isso, a Funai tem que se reestruturar sim. Infelizmente, ao longo dos anos, um

documento tão importante, como Registro Administrativo de Nascimento Indígena, ele foi

negligenciado. E ele é fundamental, como vocês viram , para ter o acesso ao registro civil de

nascimento e a certidão de nascimento, ele é fundamental! No início aconteceram muitas discussões....

“não precisa mais o RANI”, “tem que acabar com o RANI”, e aí a gente começou a conversar com as

comunidades indígenas e essa não foi a posição dos povos indígenas. Os povos indígenas diziam “nós

queremos o RANI, porque é um documento que é emitido pela Fundação Nacional do Índio e ele é

importante para a gente”. Então, com isso, eu quero dizer o seguinte: o registro civil de nascimento é

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um direito. Para todos? Todos que querem! Nós tivemos manifestações no Mato Grosso do Sul que, em

um primeiro momento, por uma má interpretação, os Terenas não quiseram, alguns grupos de Terenas

não quiseram, disseram “não, nós queremos o RANI e pronto”. Porque alguém... alguém não, um ator

social muito importante, uma Procuradora, chegou e disse para os indígenas que se a gente emitisse o

registro civil de nascimento os Terenas deixariam de ser indígenas. Quer dizer, tem muita coisa que

acontece, que ao longo do processo, a gente está conversando com os indígenas, a Funai está

conversando com os parceiros, e aí entram, através dos comitês, os cartórios, os magistrados, os

procuradores, os estados... porque? A gente não vai obrigar que todos os outros entes, federativos e os

outros parceiros, conheçam as especificidades dos povos indígenas. Cabe à Funai mobilizar os

indígenas, para juntos estarmos trocando esse conhecimento sobre essa especificidade e esclarecer

aqueles atores como a Lizândra, aqui do estado do Acre, da Secretaria de Direitos Humanos, ela quer

muito trabalhar com a gente, mas a gente precisa sentar com ela. Agora, se a Funai não senta com ela,

se os indígenas não sentam com ela, como é que ela vai conhecer essa especificidade? As parcerias são

muito importantes. Hoje a gente está discutindo o registro civil, amanhã nós vamos discutir a

previdência, os direitos previdenciários.... aí é que a “porca torce o rabo”, porque cai nessa questão:

“quem é esse cidadão indígena? Como é que a gente sabe que é indígena?”. Eu estou muito feliz com

essa discussão da CNPI, porque isso traz um elemento importantíssimo, que agente, enquanto

Fundação Nacional do Índio, está preocupado.

Outra questão que eu queria, Luana, até resgatar, é que o tempo inteiro a gente está falando

“Declaração de Nascido Vivo”, e a gente, no Projeto de Lei, está lutando para que coloque não só a

DNV, como o RANI. Nós já iniciamos, com a coordenação da Casa Civil, que está tratando a questão

dos Direitos Humanos, nós começamos uma conversa com a Secretaria Especial dos Direitos

Humanos, com a própria Funasa e o Ministério da Saúde, porque saiu uma portaria em fevereiro desse

ano que disse que a Funasa, o Ministério da Saúde, só podem emitir também a DNV para que os

indígenas possam acessar o registro de nascimento. Nesse momento nós ficamos preocupados “será

que não informaram que a Funai também tem um documento? Como é que se dá isso?”. Eu estou no

posto indígena, tem a equipe de saúde da família e tem o posto indígena da Funai... quem é que vai

emitir o quê? Então a gente precisa conversar. Então a Funai também sentou junto, e nós, não é,

Luana, estamos com um grupo de trabalho para tratar o fluxo e como vai se dar isso.

Outra questão, que a Ângela coloca, muito séria: que é como a Funai está se organizando? Primeiro é

isso: ela tem que se reestruturar, ela tem que resgatar, qualificar, quem são as pessoas que emitem essa

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documentação, ela tem que ter orçamento para isso, ela tem que colocar no planejamento das suas

ações, que essa é uma ação prioritária. E foi esse processo que nós iniciamos nesse ano, quando a gente

definiu o recurso para essa ação. Então, até julho deste ano, nós repassamos para todas as unidades

gestoras da Funai, recursos para que os indígenas acessassem, não só o registro civil de nascimento,

como os outros direitos sociais e previdenciários, para todos. E todos foram informados! Neste

momento, a gente está com dificuldade orçamentária, inclusive já houve esforço do Presidente da

Funai em comunicar que nós estamos sem recursos para o segundo semestre, porque com a ampliação

desses direitos a Funai começou a trabalhar na estruturação da Funai, na área do serviço de assistência,

começou a trabalhar na qualificação dos seus servidores, porque o tema político-social é um tema que

não era muito discutido. Com isso, para o segundo semestre, a gente está com déficit orçamentário e

estamos esperando a liberação do recurso para dar continuidade a essas ações.

Por último, com relação aos mutirões: a Funai está participando de todos os comitês, todas as reuniões,

falou em “registro civil” nós estamos lá! E não só o nível central, nós estamos envolvendo nossas

unidades descentralizadas, porque a decisão política e a participação na formulação e no

acompanhamento, está no nível central, mas quem faz, se o administrador não assumir a

responsabilidade e o chefe de posto não assumir a responsabilidade, não sai! Então, a responsabilidade

é de todos, e a Funai está nesse movimento de qualificação, de reestruturação, para que a gente possa

realizar isso.

E, com relação aos mutirões, só voltando um pouco, por exemplo, um exemplo último, do Mutirão

Arco-Verde, que pega a linha de equação do Mutirão Arco de Fogo, que é o contrário, que é uma ação

positiva do Governo Federal. Nós estamos participando, só que nós dissemos o seguinte: fomos lá e o

comitê decidiu o seguinte: “nós não vamos realizar esse mutirão de qualquer forma... nós falamos a

mesma coisa, não é, Luana? … “de qualquer forma para os povos indígenas. A metodologia, a forma e

o jeito, não podem ser esses que vocês estão falando. Para os povos indígenas tem diferenças, tem

formas de fazer...” como é que a gente vai acessar toda a área de Roraima? A nossa maior preocupação

aqui no Acre, que são o norte do Acre e sul do Amazonas? Então tudo isso requer uma logística

diferente.

Então, só para dizer para os senhores que todas essas preocupações, que principalmente os indígenas

colocaram aqui, são preocupações nossas, da Funai, e nós estamos trabalhando realmente para que a

gente avance e que o importante aconteça, que é o acesso ao direito da cidadania! É esse o nosso

trabalho.

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Márcio Meira – Presidente - A Elisandra queria fazer um comentário rápido...

Elisandra – Olá, boa tarde! Eu sou Elisandra, Coordenadora aqui do Programa de Erradicação do Sub-

Registro do estado do Acre.

Então, quando eu fui convidada eu não quis participar porque o momento não cabia, mas agora,

quando a Pierlângela fez o questionamento de como realizar esses mutirões... a gente tem previstos

em nossa agenda 25 mutirões, 16 já foram realizados. Então, quando a secretaria pensou no programa

de levar o acesso aos povos indígenas desse registro civil de nascimento, foi porque houve uma

demanda. Existe uma grande parcela dos povos indígenas que querem esses serviços. Tanto é que nós

estivemos na caravana da cidadania Feijó - nós temos um representante aqui, daquela região, eu

gostaria que ele levantasse o braço - e dos nossos atendimentos, 70% foram atendimentos aos povos

indígenas. Então, é real, é realista, o povo quer! E se eles querem, a gente precisa pensar juntos em

como atendê-los. Nós fomos pegos de surpresa. Nós não esperávamos que fôssemos atender uma

demanda tão grande de indígenas. Agora a gente se vê na necessidade de sentarmos e verificarmos

como atender os povos que estão mais distantes. Ele ficou de nos fazer um contato, estamos esperando

até hoje, até agora a gente poder sentar e discutir, porque é uma problemática social nossa, mas

sozinhos não temos como a gente ficar programando situações que não cabem à nossa realidade, à

realidade dos povos, e ele sabe como articular para que o acesso chegue a eles.

E a gente está aqui acessível, para que nós sentemos, e possamos pensar junto com vocês como chegar

à população que realmente precisa.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado, Elisandra, e também à Luana e à Irânia.

O encaminhamento que eu percebo aqui da nossa discussão, pela intervenção de todos os indígenas

que estiveram aqui, principalmente, para a gente fica claro que essa política da documentação é muito

importante, que o direito universal ao registro civil não exclui o direito à diferença, que a certidão de

nascimento ela pode sim conferir o direito à diferença, não exclui, uma coisa não exclui a outra, e que

isso, inclusive, está previsto na Legislação,a Convenção 169 garante este direito. Até mesmo o Estatuto

do Índio 73, ele garante esse direito do indígena se auto-identificar e da sua comunidade reconhecer.

Então, a Legislação garante esse direito e, portanto, o que eu vejo como encaminhamento importante

é que, com os procedimentos, a metodologia e a maneira de fazer os mutirões daqui para a frente, que

seja aprofundada essa discussão da Funai e dos Direitos Humanos com as organizações indígenas, com

os movimentos indígenas e com os representantes aqui da CNPI, já quando o trabalho vai a campo, ou

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seja, de a gente desenvolver o trabalho. E da importância do trabalho das correlações e das nossas

administrações da Funai neste trabalho. É claro que sempre pode ter fraudes, fraude existe em todas as

áreas. Agora, nós temos que combater as fraudes.

Amanhã nós vamos continuar a debater esse tema, porque quando nós formos tratar amanhã tanto da

questão previdenciária, quanto da questão do censo do IBGE do ano que vem, nós vamos voltar a essas

questões que nós estávamos tratando nessa discussão. Então, por isso, eu acho que o encaminhamento

que fica é esse, da importância desse trabalho, da continuidade dele, mas do aprimoramento da

metodologia na ida a campo agora, com relação ás questões levantas aqui na CNPI.

Eu queria agora propor que a gente tenha um... a gente vai abrir aí 5 minutos de intervalo rápido, para

tomar um café aí, todo mundo e em seguida nós vamos voltar para nosso próximo ponto de pauta, que

é a questão do povo Cinta-Larga, lá em Rondônia.

Márcio Meira – Presidente - Segunda chamada. Segunda chamada já final aqui. Eu vou começar com

quem chegou, que tiver. Bom, eu vou começar. Esperando o restante do pessoal do pessoal chegando,

mas a gente já vai iniciar o nosso próximo ponto de pauta que trata da questão de garimpo nas terras

indígenas Roosevelt, o povo indígena Cinta-Larga. Essa pauta foi uma solicitação pela comunidade

Cinta-Larga da terra indígena Roosevelt, através também da Procuradoria da República, Dr.

Reginaldo que está aqui na mesa. Se trata de um tema grave que é conhecido de todos. Então foi feita

essa solicitação para que a CNPI possa escutar e ouvir estes problemas e a gente poder tratar deles

aqui. Eu gostaria de passar a palavra e registrar que tem a presença aqui de Venâncio Cinta-Larga

estão aqui, estão aqui do lado os companheiros e se os companheiros Cinta-Larga quiserem vir sentar

aqui do lado, bem aqui para ter mais visibilidade, Marcelo, Pio, nessa cadeira aqui do lado. Eu vou

passar a palavra para o Dr. Reginaldo para que ele possa trazer a sua para que ele possa fazer a sua fala

e em seguida a gente dar continuidade aqui a nossa exposição.

Dr. Reginaldo: Boa tarde a todos, eu sou Reginaldo Trindade do Ministério Público Federal em

Rondônia. Eu trouxe um texto escrito para garantir que nenhum assunto importante fosse deixado

para trás. Eu peço a atenção de todos. Senhor presidente, senhores membros, lideranças indígenas,

senhora e senhores, minha querida esposa que sempre está comigo. O povo Cinta-Larga tem sofrido

bastante em razão da desenfreada exploração de recursos minerais em suas terras, incrementada,

sobretudo, na última década. O garimpo de diamantes, embora impulsionado em 1999 ou 2000 já foi

responsável por alguns estragos, talvez irreparáveis para a comunidade tradicional. Os índios são

acusados de assassinato, tráfico e de hediondas práticas. No fundo, não passam de vítimas de um 75

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processo sistemático de violência, de privação e de sérias violações de direitos humanos mais

fundamentais, abatidos principalmente por conta da total inoperância do governo brasileiro. Eles são

conhecidos como índios milionários, aqueles que possuem caminhonete, usam celular e tomam bebida

importada. Quando tirando as poucas, pouquíssimas lideranças que já estiveram envolvidas com a

exploração, a imensa maioria dos quase dois mil Cinta-Larga jamais usufruiu qualquer benefício

decorrente das jazidas minerais. Ao revés, parte considerável da comunidade indígena agoniza pela

falta dos mais elementares meios. Os índios passam fome, não têm onde morar, sofrem nas mãos da

FUNSA por falta de remédios, assistência médica de tudo. Não tem onde e nem como estudar e etc.

A ignorância em relação aos índios Cinta-Larga só não é maior ao desleixo a que estão relegados pelo

Governo Federal. Assumimos a defesa do povo em abril de 2004, na época em que 29 garimpeiros

haviam morrido em decorrência do conflito inter-étnico. Naquela ocasião, sobre influxo da

repercussão mundial desse trágico embate, o Governo Federal adotou uma série de medidas a respeito,

diversas reuniões tiveram lugar, inúmeras autoridades visitaram a região do conflito e se debruçaram

sobre a causa. Em setembro daquele ano foi constituído por decreto presidencial um grupo

operacional cuja missão precípua era impedir a maldita atividade. Esse grupos, cujos membros foram

designados em portaria do próprio ministro da Justiça e que é chefiado ao menos no plano executivo

pelo departamento da Polícia Federal jamais conseguiu desincumbisse da sua tarefa, qual seja, coibir a

exploração mineral nas terras indígenas do povo Cinta-Larga. Na verdade, ao início sequer os recursos

previstos do planejamento operacional eram repassados, o que obrigou a Procuradoria da República a

ingressar com uma ação judicial para compelir o Governo Federal a tanto. Por mais absurdo que possa

parecer aquele grupo operacional criado por ordem direta do presidente da República e secundado por

portaria do ministro da Justiça, não possuía os recursos necessários para desempenho da relevante

missão. Essa surreal situação persiste até hoje. Não obstante, as deliberações do Executivo tenham sido

reforçadas por ordem judicial onde se combinou até multa diária em caso recalcitrância, nem assim a

burocracia estatal tem sido vencida. O que será necessário fazer? O que fazer quando são

descumpridas ordens do presidente da República, do ministro da Justiça e do Poder Judiciário? Aliás, a

própria estratégia de atuação da Polícia Federal, digo, do grupo operacional talvez careça de melhor

reflexão. Tem se investido maciçamente em atividades ostensivas, sobretudo contra os índios as

maiores vítimas do processo, convidando-se de ações de inteligência, como se prender os pequenos

garimpeiros, índios ou não e se deixar livre os grandes financiadores do garimpo fosse resolver o

problema. A Polícia Federal tem sido mais eficiente no papel de aborrecer os índios. Chovem queixas

e reclamações contra o abuso cometido nas barreiras que circundam as aldeias Cinta-Larga. A grita é

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tamanha que há muito os índios têm reivindicados os valores que são destinados ao grupo chefiado

pela Polícia Federal.

No início, éramos frontalmente contra, na medida em que defendíamos que não se pode a pretexto de

se cobrir um santo, descobrir outro. Até porque o orçamento da União pode perfeitamente comportar

investimentos nas duas áreas, repressão e na proteção. No entanto, atualmente já começamos a

duvidar até mesmo de nossas convicções. Porque não deixa de causar espécie que o orçamento para a

Polícia Federal, algo em torno de 7 milhões por ano, supere inúmeras vezes os minguados recursos

destinados, quando são destinados, as atividades protetivas para o povo Cinta-Larga. O embate entre a

atividade protetiva, a atividade repressiva e protetiva, está posto para ser resolvido pelo Governo

Federal. Se, por um lado, continuamos a defender a necessidade da atividade policial na região, por

outro cada vez mais arraigamos a certeza de que o garimpo só será paralisado efetivamente, quando

propostas concretas de subsistência forem concebidas e executadas em prol dos índios. A paralisação

do garimpo, assim, tem ficado mesmo ao sabor das estações do ano e da boa vontade dos índios. A esse

respeito, lideranças Cinta-Larga anunciaram em maio de 2006 a paralisação do garimpo de diamantes

em seu território. A paralisação seria condicionada que o Governo Federal fizesse a sua parte,

fornecendo aos índios mecanismo de subsistência pela concepção e execução de projetos de

alternativas econômicas. Criou-se naquela época um grupo de trabalho entre a Procuradoria da

República em Rondônia, a FUNAI representada pelo GT Cinta-Larga e as lideranças indígenas. A

parceria funcionou razoavelmente bem até meados de 2007 quando aquele GT Cinta-Larga foi

desintegrado. Desde então esse trabalho não encontrou mais nenhum avanço significativo. Em agosto

de 2007 elaborou relatório das medidas adotadas pelo Ministério Público Federal em Rondônia nos

três anos anteriores. No documento, devidamente remetido à presidência da FUNAI constava uma

série de medidas que na nossa modesta opinião poderiam contribuir demasiadamente para amenizar a

dramática situação dos índios. As medidas foram elencadas de A a Z, no que podemos chamar o

abecedário Cinta-Larga. Embora boa parte daquelas medidas coincidissem substancialmente com os

clamores da própria comunidade índia, muitas se não todas, ainda estão aguardando solução até hoje.

Os brados dos índios são os mesmo há anos. Alimentação, saúde, educação, assistência jurídica e

dignidade.

Apesar de ecoadas insistentemente em todas as reuniões e encontros as súplicas não têm sido

assimiladas por aquele que deveria ser o mais atencioso ouvinte – o Governo Federal. No último mês

de junho, expedimos recomendação diretamente ao presidente da FUNAI onde pontuamos que abre

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aspas “a descontinuidade administrativa decorrente da constante alteração dos componentes do grupo

tarefa GT Cinta-Larga, a ausência de estratégias adequadas, a falta de método e planejamento, a

escassez de recursos e suporte técnico administrativo são algumas das principais mazelas que tem

obstado o desenvolvimento regular do trabalho” fecha aspas. Também realçamos como, aliás, temos

feito em praticamente todas as medidas judiciais e administrativas adotadas que abre aspas “o vácuo

deixado pela ineficiência da atuação do órgão indigenista tem sido preenchido por pessoas interessadas

em lucrar as expensas da miséria de todo o grupo indígena” fecha aspas. Vazios são preenchidos, não

tenham qualquer dúvida quanto a isto. A partir do instante em que o Governo Federal não se

desincumbe com o mínimo de profissionalismo e virtude de suas responsabilidades mais comezinhas

para com esses índios outras pessoas, raramente interessadas no bem estar da comunidade, passam a

ocupar os clarões deixados pela desídia do poder público, isso mesmo. O vácuo deixado pela

inescusável ineficiência do Poder Público Federal vem sendo preenchido pelo crime organizado,

podendo-se inserir nessa noção síntese, políticos, servidores corruptos, atravessadores, empresários,

multinacionais, e todos aqueles que, ansiosos por lucrar às custas da desgraça do povo Cinta-Larga,

vem alimentando o perverso circulo vicioso que se instaurou na região.

A sistemática macabra e perturbadora é absolutamente singela. O crime organizado coopta algumas

lideranças indígenas oferecendo-lhes facilidades que deveriam ser prestadas pelo próprio estado. Não

raro, em vez de pagamento em espécie, os índios são agraciados com créditos abertos no comércio da

cidade circunvizinhas a reserva indígena. Notadamente Espigão do Oeste e Cacoal, a ponto de

atualmente as dívidas do povo Cinta-Larga somarem centenas de milhares de reais. O pagamento das

dívidas alimenta a condenável prática e funciona como a principal engrenagem para perpetuação da

atividade exploratória. Quanto mais os índios garimpam ou deixam garimpar, mais eles devem e mais

precisam continuar garimpando. Viabiliza-se pois com o aval de algumas lideranças a atividade

garimpeira, cujo o produto é lavado pelas mais variadas formas e alimenta o mercado mundial. Os

índios envolvidos nesses processo tornam-se também reféns desse círculo pernicioso vítima do estado

de penúria e entregue a assanha de toda a sorte de pessoas inescrupulosas. Essas inesgotáveis dívidas,

muitas delas extorsivas ou mesmo inexistentes precisam ser enfrentadas pelo Governo Federal, não se

pode esconder por detrás da cômoda convicção de que se cuida de dívida de particulares contraídas

para fins escusos ou luxuosos. Isso não retrata com exatidão a realidade, parte dessas dívidas deveriam

ter sido feitas pelo próprio poder público. Outro tanto vem em benefício da própria comunidade

carente Cinta-Larga, muitos débitos são ilegais que serviram para movimentar o garimpo e há tempos

cobrada sobre a mira de arma de fogo. Ademais, e aqui a razão mais relevante a impor providências do

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Governo Federal, tais dívidas estão no coração da atividade garimpeira. Como já destacamos, elas

funcionam como uma das principais molas propulsoras da exploração mineral, e por isso mesmo, só

por isso já bastariam para ser enfrentadas pelo poder público. Outra reclamação dentre tantas, e o

elenco parece inesgotável diz com os processos e inquéritos, criminais ou não que pesam contra os

índios Cinta-Larga. Um levantamento preliminar elaborado pela indigenista Maria Inês Saldanha

Argrives a pedido da Procuradoria da República de Rondônia constatou-se que são mais de 1500 feitos

contra os índios. Está certo que esses números precisam ser depurados, mas disse sem qualquer receio

de errar que o povo Cinta-Larga está entre os mais envolvidos com a justiça no Brasil, quiçá no

mundo.

A esse respeito soubemos anteontem com grande satisfação da convocação de procuradores federais

para mutirão que será realizada em prol dos índios Cinta-Larga. Felicita-nos a realização dessa forca

tarefa, mas os trabalhos de nada servirão se não garantida para todo o sempre a permanência de um ou

mais procuradores da FUNAI em Cacoal, Rondônia para atender a constante demanda indígena

criminal, cível e trabalhista existente. Outra notícia alvissareira foi a reunião prevista para a próxima

semana para apresentação da Comissão que retomará os trabalhos em prol dos índios Cinta-Larga. No

entanto, senhor presidente, pairam na cabeça dos índios e na minha também, grandes perplexidades

em relação ao trabalho desse novo grupo. Quanto tempo ele ficará trabalhando no caso? Onde

permanecerá? Em Cacoal ou mesmo nas aldeias ou em Brasília? Se estiver com prazo certo de atuação

o que acontecerá depois? Essas indagações, como várias outras, esperamos ver diluídas se não hoje, no

máximo nas reuniões da próxima semana. Uma verdade parece gigantesca como uma montanha,

somente com estratégia, organização e método os problemas que tanto agonizam o povo Cinta-Larga

poderão ser minorados. Sem que a questão seja tratada com a preferência e a prioridade que ela

merece. Sem que existam pessoas técnicas e administrativas para abraçar as diferentes questões. Sem

que se estabeleça um orçamento razoável com regular e sistemática liberação dos recursos. Sem tudo

isso nada de significativo ocorrerá. Pequenos projetos por mais bem intencionados que sejam, não

ajudarão os índios a se livrarem da condição de reféns do crime organizado. Se tais projetos não

constarem de um programa maior, que contém ampliações efetivas de defesa da terra, valorização das

tradições e meios de subsistência para citar apenas algumas das necessidades, tais iniciativas, pouco ou

nada servirão.

Um programa ambicioso para mudança desse desolador quadro pintado à custa do sangue Cinta-Larga

é preciso ser pensado e, sobretudo, executado. A permanecer esse triste cenário, e desde o ano de 2004

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que nós estamos a insistir nessa tese, novos conflitos entre índios e não índios terão lugar. Muitas

outras pessoas, mais cedo ou mais tarde, tombarão e o lado mais fraco, o das comunidades indígenas,

será o perdedor, disso eu não tenho qualquer dúvida. No entanto, eu espero sinceramente estar

redondamente enganado quanto a esses sombrios prognósticos. Caminhando para o final, lembro de

uma reunião em maio desse ano, na capital da República, em que a Drª Deborah Duprat,

coordenadora da 6ª da Câmara do Ministério Público Federal, falava do esquecimento a que está

relegada a questão Cinta-Larga. Os problemas estão invisíveis aos olhos de todos. O silêncio impera no

movimento indígena e principalmente no Governo Federal. O que precisará acontecer, no entanto,

para a questão Cinta-Larga emergir? O que deverá o correr para esses problemas voltar a ter a

importância devida no Governo Federal? Quantos terão que sucumbir para que o assunto volte a ter o

lugar de destaque que merece, a reclamar proporcional atenção nas medidas?

O desafio Cinta-Larga, reconheço, é grande consideravelmente grande, maior que as forças da

combalida FUNAI. Mas é a Fundação Indigenista que não é a primeira vez que insistimos nessa ideia,

é ela que precisa assumir o seu papel de gerente de um processo de transformação desse estado de

coisas. Se a FUNAI não fizer quem mais fará? Sem falar que a dificuldade da batalha, não deve nos

afastar de uma guerra legítima, em prol de um mínimo de dignidade para esses índios. Por isso, senhor

presidente, lutaremos onde for preciso. Percorreremos órgãos públicos e entidades da sociedade civil.

Iremos ao Poder Judiciário apesar da pouca sensibilidade que tem demonstrado para a causa.

Acionaremos, se preciso for, até mesmo organismo internacionais. Não desistiremos jamais, porque

acreditamos que o problema dos índios se não podem ter solução integral, ao menos serão amenizados

em larga medida com o mínimo de comprometimento e responsabilidade na condução das ações. Em

uma carta Cinta-Larga data de 2005, o índios fizeram uma reclamação muito próxima as que serão

feitas hoje, aqui nesta data. Ao final do contundente documento, disseram que continuariam

esperando a acreditar na justiça.

Assim, rogo que o Governo Federal e que todos os senhores componentes das mais variadas pastas,

não deixem a esperança Cinta-Larga degenerar mais uma vez para frustração. Para finalmente

encerrar, vou pedir licença à assembléia para fazer um pedido pessoal ao presidente Márcio.

Presidente Márcio, faça uma força e compareça pessoalmente nas reuniões da próxima semana em

Cacoal, altere as datas dos eventos, se preciso for. Não deixe de comparecer nem que seja por uma

tarde. Vá lá e diga olhando nos olhos daqueles sofridos índios o que o senhor, o que a FUNAI pretende

fazer. Não os engane, não prometa nada que não possa ser cumprido. Eles já foram iludidos demais

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com promessas vazias e inexeqüíveis do governo. Não esconda as dificuldades. Convoque a

comunidade para somar com senhor nessa tão legítima batalha pelos direitos humanos do povo Cinta-

Larga. Em dezembro de 2007, quando o senhor esteve presente na aldeia Ruve e pôs fim ao incidente

de proporções internacionais eu lhe disse, talvez a memória não lhe permita lembrar, que o senhor

não tinha do que afligiu os índios Cinta-Larga, mas que poderia ter grande papel na mudança. Eu

continuo exatamente com o mesmo pensamento, o senhor tem pouca responsabilidade no flagelo que

assola os índios Cinta-Larga, mas com certeza o senhor pode fazer a diferença. Está em suas mãos.

Agradecemos imensamente a comissão por permitir que o drama desses índios seja trazido à discussão

em um foro tão relevante. Agradecemos especialmente ao índio e membro Almir Suruí que fez ecoar a

nossa pretensão nesse colegiado. Agradecemos de coração a paciência por terem nos ouvido. Nossa

súplica é a do povo Cinta-Larga, obrigado.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado Dr. Reginaldo. Eu vou aqui agora abrir a palavra para

representantes do Cinta-Larga que queiram também complementar a sua manifestação.

Marcelo: Sou Marcelo Cinta-Larga, coordenador da organização indígena do povo Cinta-Larga, que é

conhecido como Conselho do povo Cinta-Larga. Queria saudar o presidente com (Pai queni pamam –

trecho na língua indígena) e também (Pai queni pamam – trecho na língua indígena) os parentes,

lideranças, indígenas, e (Pai queni pamam - trecho na língua indígena) é autoridade branco presente

aqui. E (Pai queni pamam - trecho na língua indígena) também para o Dr. Reginaldo Trindade, a

única pessoa que durante esses sete anos, não abandonou a gente com essa questão que a gente vem

enfrentando. O que eu queria falar também, como representante do povo Cinta-Larga dentro da

associação, queria dizer a vocês que nós desde o início do contato a gente sofremos (Sic), a gente

continuamos sofrendo (Sic) ainda com várias ganâncias de alguns brancos, não é? Eu quero dizer para

vocês a todos, que aqui somos indígenas Cinta-Larga, somos filhos do sobrevivente do Massacre do

Paralelo Onze, aonde o Massacre do Paralelo Onze chegou a quase extinguir o povo Cinta-Larga.

Onde nós éramos 5 mil índios Cinta-Larga, chegamos a 546 pessoas, quase fomos extinguidos. Onde

esse massacre foi batizado como Massacre do Paralelo Onze e nós depois desse massacre, desses 546

chegamos a cerca de 1600 a 1800 indígenas hoje. É uma, para quem enfrenta essa dificuldade, desde o

contato é muito triste, por isso os parentes, lideranças indígenas que fazem parte da comissão e as

autoridades não indígenas, presidente da FUNAI quero dizer que nós chegamos até a aqui e essa

discussão que está tendo com a questão do povo Cinta-Larga o descaso do governo brasileiro, não é a

única reunião, nós tivermos várias e conseguimos chegar até a aqui.

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Por isso quero pedir apoio ao CNPI que avalia essa situação, que nós não queremos continuar

sofrendo. Muitas das vezes eu ouve da boca de alguns brancos dizendo assim: Cinta-Larga Tem 2

milhões 732 hectares de terra, é muita terra para pouco Cinta-Larga. Lógico, nós éramos 5 mil índios,

nós fomos a quase total perda. Por isso eu estou contando, relatando isso, fazendo triagem da nossa

vida para que vocês tenham um pouco do conhecimento do nosso sofrimento. Depois com a instalação

da Polícia Federal dento da nossa reserva, além do governo não atender nossas reivindicações, nossas

propostas para a melhoria para o povo Cinta-Larga, a Polícia Federal é o único que é beneficiado. Hoje

eu quero dizer como liderança do povo Cinta-Larga, representante do povo Cinta-Larga, quero dizer a

vocês que o povo Cinta-Larga através de justiça corrupta que eu digo, nós estamos sendo acabados.

Acredito que se a gente não analisar, procurar resolver, esse pode ser o fim do povo Cinta-Larga, eu

não quero isso para o meu povo. Sei que todo ser humano tem sentimento, cada lideranças desses que

eu vejo aqui, como liderança que eu já levei essa situação para o ONU, está Sandro Tuxá, Sandro Tuxá

me acompanhou me levou nessa situação. E outras lideranças presentes aqui sabem essa foi, a do que

eu estou falando hoje não é diferença do que eu já falei em várias reuniões, acompanhei vocês e

sempre coloquei essa situação. Nós queremos ser respeitados, reconhecidos como donos daquele

espaço lá. Não como governo através da Polícia Federal está dizendo que nós somos invasores, que nós

somos bandidos, dizendo que nós que somos causadores dos problemas. Coisa mais triste que eu vejo,

governo não sabe resolver um problema passivo. Resolver problema com sabedoria, não com

violência. Uma pedra conhecida como diamante, um dia presidente da República vai morrer e a pedra

vai continuar, porque pedra é pedra, ser humano é ser humano. Por isso eu digo, pedra de diamante

vale mais do que um índio Cinta-Larga isso eu não quero. Quero que o nosso povo, nós Cinta-Larga

seja reconhecido, respeitado porque nós garantimos aquele espaço lá, para nós viver. Por nós existir

existe aquela floresta naquele lugar, por isso eu quero pedir esse apoio a vocês, ao CNPI que olha mais

de perto esse nosso sofrimento para que nós buscamos resolver essa situação do povo Cinta-Larga.

Aqui nós trouxemos um documento, elaborado por lideranças Cinta-Larga, com as comunidades, uma

proposta com questão desse recurso da Polícia Federal que está fazendo a gente sofrer que está

matando a gente. Por isso nós trouxemos essa proposta para entregar a comissão eu vou convidar o

jovem liderança do povo Cinta-Larga, que é a liderança da aldeia Tenente Marques para fazer a leitura

desse documento.

Júnior: Boa tarde parentes. Meu nome é Júnior, eu vou tentar ler o documento que a gente trouxe.

Cacoal, 29 de setembro de 2009. A Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI – Almir

Naraiamonga, Suruí, Wellington Gavião. Prezados, cumprimentado vimos apresentar os interesses do

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nosso povo. Expomos nossas considerações, expectativas das medidas a serem empregadas para que

possamos juntos garantir o desenvolvimento dos Cinta-Larga. Nossa opinião deverá ser analisada,

corrigida, se necessário, para que o atual cenário de nosso povo seja modificado e possamos alcançar a

melhoria da nossa qualidade de vida. Ao longo de muitos anos estamos lutando para sermos ouvidos

pelo governo brasileiro através da FUNAI, Ministério da Justiça, mas em muitos momentos fomos

desconsiderados. Mesmo que o nosso território reconhecido é legalmente demarcado em muitas

situações o que governo desconhece é legitimidade de nosso direito na ocupação das terras indígenas,

onde garantimos a preservação de todo o território ao longo de séculos. O acontecimento de morte de

29 garimpeiros invasores no nosso território, no caso a mídia tratou de propagar como se apenas os

invasores tivessem sido injustiçados. Nossa situação se tratou de propagar como se apenas os invasores

tivessem sido injustiçados – desculpe eu errei aqui – tratou-se de propagar como se apenas os

invasores tivessem sido injustiçados, nossa situação se agravou, pois após este episódio passamos a ser

marginalizados, ignorados, pelo poder público e a sociedade em geral, que passou a considerar apenas

as riquezas minerais contidas no subsolo de nossa terra. Desconsiderando a vida humana e as

humilhações enfrentadas por nosso povo, onde nossas mulheres e crianças Cinta-Larga são vítimas de

violência sexual e morte do mesmo modo como aconteceu no paralelo onze. Nós Cinta-Larga por

muito tempo fomos, acredito, agredidos dentro de nossa própria casa por alguns policiais federais que

desconhecem princípios dos direitos humanos. A existência das barreiras da Polícia Federal ao nosso

conhecimento, objetivada a proteção a fiscalização para evitar a invasão de nosso território. Mas

alguns agentes da Polícia Federal ignoram esse princípio e agem como agentes de agressão indígenas.

Falta de formação e de instrução, estamos cansados de ver o Governo Federal aplicando recurso em

uma fiscalização que não acontece. A prova concreta é retirada de madeira ilegal, caça ilegal, grileiros

que estão invadindo nossa terra acerca de 1600 metros de base para a Polícia Federal e outros fatos

comuns como a invasão dos aventureiros em busca de riquezas no garimpo de diamantes, sem que a

polícia tome nenhuma atitude. Sugerimos que a parte do recurso destinado pelo Governa Federal a

operação Roosevelt da Polícia Federal seja re-coordenada para a Fundação Nacional do Índio – FUNAI

– para que esta possa implementar projeto de hábito de produção, fiscalização conjunta com indígenas

e projetos que vissem o desenvolvimento das comunidades Cinta-Larga de uma forma geral.

Solicitamos ainda que seja realizado o mapeamento do território Cinta-Larga, que permitirá coletagem

de dados específicos sobre as potencialidades humanas e naturais.

A FUNAI juntamente com os próprios indígenas que são maiores protetores e reconhecedores do

território, deverão ser os princípios agentes de fiscalização contando com a parceria da Polícia Federal

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e da Polícia Ambiental. Queremos que os diamantes apreendidos pela Polícia Federal sejam leiloados e

o recurso obtido com o leilão seja utilizado para pagamento das dívidas de indígenas Cinta-Larga

contraída no período de 2000 a 2006. Projeto de desenvolvimento sustentável nas aldeias, capacitação

de indígenas e fortalecimento institucional do Conselho Cinta-Larga. Outra questão que nos preocupa

é o alto número de processos judiciais contra os Cinta-Larga, queremos especial atenção neste caso,

pois na maioria das vezes estes processos estão causando graves impactos sobre todo o povo. E

finalizando, queremos apoio para inserção no mercado de venda de crédito de carbono através da

FUNAI. Com a promoção de oficinas para a disseminação de formação sobre alternativas econômicas

ambientalmente saudáveis para que não haja mais degradação com retirada de madeira, exploração

mineral e ilegal e desordenada em nosso território. Não gostaríamos de ter nos reportar ao governo

fazendo solicitação de cestas básicas ou saídas de emergências para as graves condições que as

comunidades Cinta-Larga enfrentam. Mas que a partir da aplicação correta deste recurso possamos

promover o nosso povo com a capacitação administrativa e financeira, pois acreditamos que a partir

do momento em que possamos entender que a gerenciar nossos potenciais, nosso povo avançará na

conquista de sua autonomia. Sem mais, despedimo-nos com saudação indígena. Só isso.

Marcelo: Este é o documento do povo Cinta-Larga com uma proposta. Nós encaminhamos esse

documento para o CNPI, nós estamos solicitando que o recurso destinado à Polícia Federal sete

milhões que seja repassado para a FUNAI. Porque a FUNAI pode local. A FUNAI tem competência e

conhecimento e respeita fiscalizar terras indígenas Cinta-Larga e também queremos parceria que os

índios sejam parceiros para fiscalizar esse trabalho. Porque durante esses anos que esse recurso está

nas mãos da Polícia Federal para fiscalizar as nossas terras, a nossa terra há menos de um mês passou

no Jornal Nacional os próprios indígenas prendendo madeireiros que tinham invadido a terra indígena

para poder explorar madeira. Em parceria junto com a FUNAI foi prendido esses invasores e também

a nossa terra está sendo invadida, foi invadida ta cheio de gado a 4 km da Polícia Federal da barreira

da Polícia Federal em Jaguatirica e também outros invasores que entram dentro da nossa reserva em

busca de estaca e vários outros recursos naturais estão sendo explorados enquanto a v Polícia Federal

está aí nos atacando com esse recurso, os 7 milhões. Por isso nós queremos que esse recurso seja

repassado para a FUNAI, para a FUNAI pudesse trabalhar com fiscalização e sustentabilidade e outros

mais com o povo Cinta-Larga. Eu acredito que isso que está precisando, uma inteligência passiva para

resolver essa questão do povo Cinta-Larga não com violência, assim que se resolve o problema desse

jeito eu acredito, tenho certeza que vai resolver esse problema do Cinta-Larga. Gostaria de agradecer a

comissão, lideranças não indígenas e os demais queria agradecer e muito obrigado.

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Márcio Meira – Presidente - Obrigado Marcelo Cinta-Larga. Também ao Júnior pela apresentação do

documento. O documento pode ser entregue aqui para registrar a CNPI e a secretária executiva dar o

recebido. Eu vou abrir aqui para a gente poder escutar via plenária para entregar para os membros,

mas a gente também pode tirar cópia para distribuir para todos os membros aí e a CNPI dá o recibo, a

entrega do documento. Antes de passar a palavra para a plenária, eu queria só fazer alguns

comentários sobre esse tema porque como ele diz respeito, ele é um tema muito grave, muito

complexo e eu gostaria de passar algumas informações também complementares aqui antes de a gente

abrir o debate. Em primeiro lugar eu queria agradecer pela confiança dos Cinta-Larga na FUNAI

expressada aqui por essa apresentação e que demonstra que nós temos feito um diálogo desde que eu

cheguei na FUNAI. Agradecer também ao procurador Reginaldo. Nós temos procurado desde que eu

entrei na FUNAI estabelecer e fizemos desde então um diálogo franco com a comunidade Cinta-Larga

e o Ministério Público, inclusive mostrando as dificuldades que temos em relação a esse tema tão

complexo. Envolve uma série de fatores, inclusive jurídicos, como por exemplo, a questão da

regulamentação da mineração em terra indígena e outros temas mais correlatos.

De lá para cá, nós temos procurado tomar medidas importantes para que a gente possa avançar na

solução desses problemas, inclusive todas essas questões que foram levantadas aqui, foram

apresentadas ao nosso Ministro da Justiça, Tarso Genro, a FUNAI conseguiu uma audiência com o

ministro para que fosse levado a ele essa questão, sobretudo a questão relativa as queixas que a

comunidade tem em relação a Polícia Federal que é uma instituição importante e respeitada, mas que

naquele caso específico há queixas da comunidade. Essa apresentação foi feita ao ministro e ao diretor

da Polícia Federal quando a FUNAI conseguiu essa audiência, eu tive informações recentes de que já

houve algumas trocas de pessoas lá da Polícia Federal, eu queria até saber da comunidade se

realmente, que eu tive informações de que houve trocas de comandos de pessoas lá da Polícia federal,

eu queria saber se realmente houve essas trocas, está em fase de troca. E de fato há aí uma

desconfiança, uma desconfiança muito forte entre a comunidade indígena e a Polícia Federal e

quando há desconfiança nesse tipo de situação, realmente é difícil que as medidas de proteção sejam

efetivas. De fato também a Polícia Federal, aliás, a FUNAI recentemente em conjunto com os Cinta-

Larga nós provamos que, como disse o Marcelo, que se nós atuarmos em conjunto nós temos

condições de reprimir o tráfico ilegal de madeira que no caso foi feita a operação em conjunto, quer

dizer, nós só conseguimos prender os madeireiros dentro da terra indígena porque nós estávamos na

FUNAI junto com os Cinta-Larga nessa operação. Então o que nós precisamos, nós temos trabalhado e

apontado essa questão é de que precisa haver uma atuação combinada, conjunta da FUNAI com os

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índios Cinta-Larga e também com as outras comunidades indígenas de lá da região como os Suruí, os

Zoró e outros para que a gente possa realmente garantir a proteção daquelas terras indígenas dali do

corredor que é o corredor Tupi Mandé. Eu tive em um momento, inclusive, muito delicado naquela

região, naquele momento em que o representante da ONU estava lá e podemos desde então traçar esse

diálogo que eu fiz referência aqui. Então nesse sentido nós fizemos alguns diagnósticos importantes e

eu queria destacar.

O primeiro deles é realmente o histórico de ausência do Estado e uma ausência, inclusive da FUNAI

na região. E a presença da institucionalidade da FUNAI que tinha historicamente muitas vezes com

denúncias graves de envolvimento com a própria atividade garimpeira e isso nos levou muitas vezes a

trágicas situações. Então nós estamos operando lá desde que eu entrei na FUNAI um movimento de

mudança sério e radical lá na administração da FUNAI em Cacoal que é a administração que é onde

está a jurisdicionada as terras indígenas Roosevelt, mas também nas outras administrações que atuam

naquela região, naquele corredor, como a administração de Juína no Mato Grosso, noroeste do Mato

Grosso que foi quem fez a operação, inclusive junto com os Cinta-Larga recentemente e também na

administração de Ji-Paraná. Esse é um processo lento, nós sabemos aqui, todos sabem aqui como o

processo de reconstrução da FUNAI, de reestruturação da FUNAI em vários lugares do Brasil ele tem

sido feito e a dificuldade que é inclusive em função da demora mesmo dos processos burocráticos que

envolvem essa questão como, por exemplo, a questão de pessoal, a dificuldade de recursos humanos.

Nós estamos fazendo o concurso esse ano para poder requalificando o nosso quadro de pessoal,

inclusive aquela região vai ser contemplada com o nosso concurso público com um quadro de pessoal

priorizado exatamente por conta precariedade e da situação naquela região. Nós temos feito também

as operações, a Taís que é a coordenadora de proteção de terras indígenas da FUNAI que está aqui

presente, nós temos dialogado permanentemente aí com a comunidade para que essas operações sejam

feitas como foi citada aquela operação recente que prendeu os madeireiros lá na região na jurisdição

de Juína no noroeste do Mato Grosso.

Uma outra questão é essa que foi citada em relação a construção de alternativas, ou seja, não adianta a

gente ficar só fazendo repressão porque só a repressão não vai solucionar o problema como, aliás,

acontece em outras regiões do Brasil. Nós temos que ter uma política de promoção ali do étnico

desenvolvimento naquela região. Então, diante desse fato, nós verificamos que o grupo tarefa que

tinha sido criado antes da minha administração, inclusive foi citado pelo procurador, nós verificamos

que os recursos que estavam sendo deslocados, que aquele grupo tarefa desempenhasse as atividades

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de promoção, um diagnóstico feito pela auditoria, da Controladoria Geral da União, verificou que a

maior parte dos recursos era gasta em atividades não finalísticas nas comunidades. Inclusive isso

prejudicando as atividades e inclusive a imagem da FUNAI perante a comunidade. Então diante desse

quadro nós estamos agora como eu disse, semana que vem realizando uma reunião, porque nós

contratamos um grupo, uma comissão que vai exatamente trabalhar, desenvolver um programa

desenvolvimento, de étnico desenvolvimento, não só com a terra indígena Roosevelt, mas no

conjunto ali da região. E essa equipe estará lá semana que vem dialogando, conversando com a

comunidade para desenvolver esse trabalho com a comunidade. Para as atividades serem programadas

dentro da nossa responsabilidade da administração de Cacoal, ou seja, a nossa determinação é de que

as administrações de Cacoal, administração de Gi Paranã e administração de Juína sejam cada vez mais

fortes e com maior capacidade gerencial para que os programas de desenvolvimento daquela região

sejam capazes de enfrentar a vulnerabilidade que hoje existe ainda e que leva a essa situação dramática

que já foi narrada aqui pelos indígenas aqui presentes e pelo procurador. Então nós estamos aí com

essa atividade prevista e com relação à questão dos processos também, como disse, existem mais de

mil, a estimativa de mais de 1500, nós precisamos averiguar com mais detalhes esse processos, que tipo

de processos são, e separar o joio do trigo e etc. Então para isso também por iniciativa da FUNAI junto

a Advocacia Geral da União nós estamos, já foi publicado uma portaria, foi comunicado já ao

procurador, e a partir do dia 19 de outubro, um grupo de Procuradores da República, um mutirão de

Procuradores da República estará em Cacoal para que possam ser analisados esses processos, em uma

forma semelhante ao que foi feito também no sul da Bahia recentemente em um mutirão em função

da situação lá do sul da Bahia que a CNPI tomou conhecimento na reunião passada. Então esse

mutirão vai ser realizado e ele procurará diminuir esses processos, combater esses processos,

responder esses processos e se for necessário, nós vamos solicitar a AGU que esse mutirão continue até

que a gente possa realmente ter uma situação ali, jurídica mais razoável porque realmente ali é uma

situação em que os Cinta-Larga foram colocados como, digamos assim, legítimos defensores, quer

dizer, atuaram em legítima defesa em função de atuação de violência lá na região.

Então eu queria concluir aqui dizendo novamente que a FUNAI agradece essa demonstração de

confiança porque, de fato, nós estamos tentando estabelecer essa relação para que a gente possa

inclusive recuperar a imagem da FUNAI na região. A imagem que a FUNAI tem naquela região lá é a

pior possível. E nós estamos tentando trabalhar exatamente para que isso seja recuperado. E,

sobretudo, na atuação que a gente tem que fazer em conjunto, tanto nós FUNAI quanto a comunidade

indígena, com a Polícia Federal que precisa ter uma postura ali que seja condizente com o papel

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institucional que é tão reconhecido em outros lugares da Polícia Federal. Então eu gostaria de colocar,

trazer aqui para vocês essas informações, esses esclarecimentos e como a Taís está aqui presente,

qualquer dúvida ela estará aqui. Porque nós estamos trabalhando nessas operações de fiscalização em

conjunto com a administração de Cacoal, em conjunto com os Cinta-Larga e dizer também por último

que eu acho, e já me antecipando aqui, inclusive em termos de uma proposta, diante do que foi

trazido, eu queria propor aqui e já sugerir para a CNPI que nós pudéssemos fazer um, tomar uma

medida parecida, semelhante aquela que foi feita em relação ao sul da Bahia em que a subcomissão de

Segurança e Cidadania? Justiça e Cidadania da CNPI possa se deslocar à região de Cacoal, planejar esse

deslocamento para que possamos ter um relatório aí, não só tendo um relatório que nós já temos da

FUNAI, como também do Ministério Público, mas a própria CNPI institucionalizar, através da sua

subcomissão essa situação lá e que dessa forma, possa levar através desse relatório essa questão às

instâncias superiores. Então eu queria fazer essa sugestão, porque eu acho que essa é uma maneira

institucional da CNPI tratar como nós tratamos a questão, por exemplo, do sul da Bahia e temos

tratado também a questão lá do Mato Grosso do Sul. Então eu queria adiantar aí colocando essa

opinião e aqui abrir para a nossa plenária para fazer perguntas e questionamentos, sugestões em

relação a esse tema. Está inscrito o Brasílio, depois o Tóya, depois o Sandro, depois o Saulo, depois a

Lylia Galetti.

Brasílio: Brasília Xokleng - Na década de 14 o primeiro contato era cinco mil e depois logo passou a

cota de 300 pessoas e (Inaudível, fora do microfone). É muito triste, mas eu como tenho sempre um

pensamento positivo eu acho que junto da CNPI, o presidente da FUNAI, junto com o Presidente da

República, o Ministro da Justiça e todo aquele que possa ajudar no sentido de colaborar com o povo

Cinta-Larga para que isso não aconteça (Inaudível). Eu acho que é importante, eu acho que é uma

ideia muito interessante que o presidente da FUNAI e nós em conjunto faremos a reivindicação nós

iremos junto com o povo Cinta-Larga à Presidência da República (Inaudível). Eu quero agradecer o

espaço e acho que todos aqui devem colaborar (Inaudível).

Márcio Meira – Presidente - Tóya, próximo inscrito.

Tóya: Como o parente Brasílio falou, é uma situação bastante triste, e aí eu gostaria de trazer algumas

falas que aconteceram na Comissão Nacional de Política Indigenista de parentes relatando situações.

Uma é bastante, é uma frase que o irmão Anastácio Peralta utilizou, ele utilizou da seguinte forma: o

nosso povo é tipo o rio, empurram a pedra em cima que caiu em cima da gente espalhou e alguns

passaram por cima e outros morreram. Essa é a história do índio brasileiro, da omissão do Estado

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desde 1500 até a atualidade. Muita coisa tem mudado, mas tem que mudar bastante. Uma outra frase

também que é bastante triste, foi em um seminário de Gestão Ambiental que foi utilizado pelo outro

irmão Guarani Kaiowá, que ele falou o seguinte: nós do Mato Grosso, nós estamos vivendo pela fé

porque terra nós já não temos mais. Se eu precisar morrer eu morro para que meus filhos possam ter

futuro. Então é de norte a sul, leste a oeste a situação das populações indígena continua ruim. Há de se

alguma coisa seja, através da CNPI, ou seja, através realmente da união das forças do homem branco

com o homem indígena. Que tenhamos corações, para que a gente, em conjunto, possamos utilizar

essa nossa sabedoria para resolver esse problema nosso. Vejo bastante ação do governo brasileiro em

outros territórios, emprestando dinheiro para outros países, que também são sofridos, mas se nós não

organizamos a nossa casa, como é que nós vamos tentar organizar a casa dos outros? Então pediria a

toda bancada, tanto indígena quanto do governo para que nós pudéssemos fazer uma moção de apoio

aos problemas indígenas, não só Cinta-Larga, mas de todo o país. Que se criasse uma frente realmente

para resolver esses problemas que são de criminalização de lideranças indígenas. Que fosse resolvido e

que se colocasse programas que realmente beneficiasse o nosso povo. Muito obrigado.

Sandro (05’20’’ até 10’20’’): (Inaudível- fala fora do microfone ou distante). Fico muito triste em saber

que em 2007 (Inaudível) lá em Rondônia e surgiu um problema que estava acontecendo na região do

Cinta-Larga (Inaudível). E eu fico um pouco triste em saber que o povo (Inaudível), mas fico feliz ao

mesmo tempo em saber (Inaudível) na fala do procurador da República a gente tem o compromisso

dele em apoio, porque ele poderia ter desistido dos problemas. A gente vê isso muito presente na

FUNAI e a gente vê que há uma dificuldade dos (Inaudível) e por parte do governo a gente vê nos

bastidores (Inaudível). O índio nem sabia que diamante era valioso. O índio nem sabia que era

diamante. (Inaudível) por parte de alguns, muitos índios foram colocados para vender. Eu fico muito

triste porque (Inaudível), porque as plantações (Inaudível). As mulheres (Inaudível), não sei se isso

acontece hoje. Mas em algum momento as mulheres levantavam a roupa para ver se ali não estava

ocultando alguma pedra de diamante e isso era feito pela Polícia Federal. Não foi uma pessoa que me

disse, foi alguém, uma índia, sei lá de 70 anos, queixosa por causa de sua filha, sua neta e teve que

passar por uma barreira. Aconteceu um caso no (Inaudível). A nação brasileira chocou quando houve

aquele confronto direto e muitos morreram. (Inaudível) muitos dentro, só que ninguém pesa na

balança, que muitos Cinta-Larga também morreram. A exemplo do Massacre do Paralelo Onze. E aí os

(Inaudível) tomaram uma decisão (Inaudível), mas antes de matar, morrer. O turista tem que falar

(Inaudível). Hoje, hoje a tem que recorrer ao presidente da FUNAI, os dirigentes da bancada do

governo. Hoje, nós olhando para ex-dirigentes do governo (Inaudível), mas nós sabemos que cada um

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de vocês que aqui estão abriram (Inaudível) para a causa indígena, nossa luta. Eu acredito que tenham

muitos que fazem, eu acho que o único tratamento mínimo seria isso (Inaudível).

Márcio Meira – Presidente - Obrigado Sandro. Saulo.

Saulo Feitosa: eu também quero parabenizar os representantes Cinta-Larga porque a gente tem

presenciado nos últimos anos as repetidas idas às autoridades em Brasília na tentativa de resolver o

problema, o movimento através do Acampamento Terra Livre, sendo que tanto o Estado brasileiro

quanto a sociedade continuam insensíveis ao problema. Embora o procurador tenha pautado o

problema a partir de 2004, lembra-se de muitos problemas anteriores a isso, sendo que antes do

problema ocorrido naquele ano já havia sido previsto pelos próprios indígenas, o governo havia sido

alertado de que coisas graves poderiam acontecer. Então, aí fico preocupado quando novamente vem

apelo afirmando que outro evento dramático pode acontecer. Essa memória é importante ser feita, é

importante também essa veiculação que vocês fazem desde o trauma sofrido, porque ninguém leva em

consideração que é um povo que tem vivido sob um trauma e todos nós sabemos o peso do trauma

individual, como é que podemos (Inaudível) por trauma coletivo? É toda uma coletividade que tem

uma vida traumatizada por aquele trágico acontecimento. Então de fato, é importante vocês fazerem

esse apelo, e muito mais importante essa ligação que vocês estão fazendo com a vida humana. A vida

de cada um, de cada uma que faz parte do povo Cinta-Larga, a vida de cada garimpeiro que invade a

terra, a vida de cada um brasileiro que está no centro do problema, e não os diamantes. Acho muito

importante os dois documentos apresentados (Inaudível). O do Dr. Reginaldo, enquanto denúncia, e a

sua, Junior, enquanto perspectiva para o problema. E realmente o que resultou de tudo isso? O que

resultou do Massacre do Paralelo Onze, o que resultou do ano de 2004? A repressão feita pelo Estado.

O que é que vocês tem lá? A repressão, ok? A repressão por agentes do Estado, a repressão feita pela

Polícia Federal. (Inaudível) a gente não pode admitir que de tudo isso resulte só a repressão. E a

repressão que deveria ser contra os agressores, contra aos que cometem atos contra os povos

indígenas, ela está se dando (Inaudível). As denúncias são antigas, da forma como agentes da Polícia

Federal tem agido em relação ao povo Cinta-Larga. Tanto é, senhor presidente, que antes da sua

proposta eu já estava convencido de que esses recursos deveriam ser deslocados para a Funai, esse

reforço da Polícia Federal, eu já ia propor uma resolução da CNPI, e deixo em aberto qual o melhor

procedimento, mas com a possibilidade de que a CNPI aprove resolução ao ministro solicitando que se

proceda ao atendimento da solicitação. Podemos até esperar a visita que deverá ser feita pela

subcomissão, talvez seja melhor tomar essa decisão com base no que virem lá, que com a aprovação do

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pessoal a gente tenha uma ida, uma visita da subcomissão que possa avaliar a situação... essa resolução

poderia ser apresentada depois, mas eu quero só deixar aqui a minha preocupação e dizer que o

problema exige uma definição urgente, não dá mais para a gente esperar, ser omissos. Não é a primeira

vez que a questão Cinta-Larga aparece na CNPI; das outras vezes ela não foi pautada dessa forma, por

alguma questão ela foi retirada da pauta, mas ela já apareceu reiterada, na própria subcomissão de

Segurança e Cidadania, mas a gente vai protelando. Então, o importante que vocês vêem aqui fazer

esse apelo e a partir de agora, até por uma questão moral, não podemos continuar omissos a esse caso.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado Saulo. Próxima inscrita é a Lylia Galetti.

Lilia Galetti: Boa tarde, Lylia Galetti Ministério do Meio Ambiente. Eu achei também da maior

importância a vinda aqui dos representantes do povo Cinta-Larga e da Procuradoria, na pessoa do

procurador Reginaldo Trindade, representou um documento bastante enfático, forte aqui para gente

sobre essa questão. Eu queria dizer algumas coisas. Eu estou tão sensibilizada ou perturbada, sei lá que

palavra queiram dar isso, eu sei o sentimento como fiquei quando os Tupinambás vieram colocar a

situação com relação a Polícia Federal. Vou pegar primeiro esse lado bem concreto, eu acho que as

grandes questões já foram colocadas na fala do próprio povo Cinta-Larga, do procurador, do Saulo, do

Márcio, enfim, de todos que se colocaram. Porque lida com uma questão muito sensível, eu acho, para

todos nós. Que a nossa sociedade ocidental tem a questão da tortura, dos Direito Humanos, da

completa ignorância em relação a essas questões. Uma ignorância no sentido não do não saber, que

seria até aceitável, mas de uma violência que parte de um conhecimento da Legislação. Não há a mais

absoluta possibilidade de entender, que um servidor público da Polícia Federal tenha atitudes como

estas que estão descritas aqui, que o procurador descreveu e que nós vimos de uma maneira muito

semelhante com a nação do Tupinambá. Aqui eu estou olhando aqui no olho da Pierlângela porque

Roraima teve uma experiência diferenciada, significa que é possível uma Polícia Federal que

reconheça os direitos dos índios, que saiba tratar com os direitos de um cidadão de uma maneira geral.

Não é só com índio, é inadmissível que qualquer cidadão brasileiro ou cidadã passe por situações de

vexame, de tortura, de agressão, de completa ignorância por parte de pessoas, profissionais, servidores

públicos que deveriam estar ali para defender esses direitos. Não dá mais para ter esse tipo de

comportamento. Então eu fico assim, bom, é importante a proposta que foi feita de que a comissão

faça a mesma ação que foi feita junto aos Tupinambás? Eu acho que deve, deve ser feito. É importante

trazer de novo aqui a Polícia Federal para uma mesma questão? Porque nós convidamos a Polícia

Federal para vir, foi muito interessante a presença, não me lembro que nível de autoridade que esteve

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aqui, que não estávamos preocupados com o Tupinambá especificamente. Tupinambá foi um caso

bastante grave, que repercutiu muito aqui dentro, mas a gente tinha, eu pelo menos tinha essa

perspectiva de que isso servisse e a gente falou muito disso aqui, o próprio Márcio falou, todas as

lideranças falaram da importância de que a Polícia Federal em todo o Brasil, não apenas em Roraima

ou em um ou outro caso, seja uma aliada na defesa dos direitos constituídos dos índios e de quem quer

que seja. O que de novo, não está acontecendo, então eu fico um pouco em dúvida e acho que deve ser

encaminhado dessa maneira, mas acho que a gente teria que ter um outro tipo de ação, essa área é

muito sensível, politicamente com o próprio governo a área é muito sensível que é a área da

segurança, mas eu penso que a gente teria que ter algumas ações mais de efetividade do

reconhecimento de direitos e aí eu acho que é de direitos indígenas mesmo, porque é uma situação de

vulnerabilidade, é diferente de um cidadão não índio, no sentido de a gente ir mais longe nisso. Eu

não tenho muita clareza de como que é isto, mas eu acho que primeiro tinha que ter uma corregedoria

nesse raio dessa Polícia Federal, que pudesse ela mesma investigar o que acontece nos sertões do Brasil

nessa relação. Porque a gente sabe que já é complicado em geral, na área de Direitos Humanos com

qualquer cidadão. Mas aí quando está se tratando de um grupo que já é vulnerável pela sua condição

étnica, em um país como o nosso que não consegue vencer o preconceito, a ignorância, e a ganância

em termo do modelo, que já é outra história, mas já está junto, eu não sei, eu acho que tinha que ter

uma corregedoria, uma capacitação específica para trabalhar e mais do que isso, e aí eu vou

generalizar, eu tenho muita clareza, o Brasil avançou muito nisso, de 1988 para cá, o governo do

presidente Lula trouxe avanços e contribuições fantásticas, mas o fato é que as populações indígenas,

quilombolas, que a gente chama de povos indígenas e comunidades tradicionais, elas continuam em

uma extrema invisibilidade e com uma enorme dificuldade em uma área de exigibilidade de direitos e

da efetivação deles pelo Estado. Nós estamos em um processo no Consea, que eu penso que poderia ser

uma contribuição também dessa comissão nesse trabalho árduo de estar criando e construindo aí uma

consciência de Direitos Humanos, de direito do Brasil como país pluriétnico e etc. que é um processo

que a gente está vivendo no Consea. A próxima plenária, reunião plenária do Consea é de 27 a 30 de

outubro. A Comissão Permanente de Povos Indígenas, juntamente com a Comissão Permanente de

Povos Tradicionais do Consea, propôs e foi aceita uma plenária sobre étnico desenvolvimento nas

políticas públicas de segurança alimentar porque o Consea é de segurança alimentar. Nessa linha,

exatamente nessa linha da dificuldade do Estado brasileiro de reconhecer direitos, de trabalhar a

questão da exigibilidade, quer dizer, o cara tem direito, não sabe que tem, não tem como exigir e

quem deveria ter a clareza e a consciência disso, não consegue ou não tem os meios, a moral, sei lá o

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que, tudo a formação para dar conta. Então eu acho que a gente tinha que ir em uma linha, talvez, um

pouco mais forte, até fazendo uma aliança com comunidades tradicionais, quilombolas, seringueiros,

enfim, todas as categorias que hoje a gente chama de comunidade tradicional e dos ministérios que

tenham um maior envolvimento, às vezes até de pessoas que estão nos poderes nesses ministérios, na

máquina pública para que a gente tivesse algum tipo de campanha, ação, processo de capacitação e

formação em relação a essa questão dos direitos dos povos indígenas, e demais povos e comunidades

tradicionais. Essa é a primeira coisa.

Uma coisa também, eu estive em uma reunião convocada pela FUNAI, estava lá o Marcelo e mais um

grupo de lideranças Cinta-Larga onde a gente um projeto, é um projeto pequeno, concordo com a

visão de um projeto não dar certo, mas se estiver dentro de uma rede, dentro de uma ação mais ampla,

funciona. A FUNAI desenhou essa ação com o grupo de trabalho e tal e a gente, o MDS repassou um

recurso para um projeto e a gente encaminhou isso devagar, em função dessas questões de burocracia,

que é um outro dado que me coloca na seguinte perspectiva: é preciso, eu não sei se a comissão, eu

acho que também é uma ação maior porque envolve mudança de legislação. Nós, desde o início do

governo Lula lá no Ministério do Meio Ambiente, estamos tentando, fizemos esforço junto com o

MDS de alterar a Legislação, a 8666, para permitir agilidade em relação a, primeiro normas para que a

gente pudesse ter melhores condições, ou melhor, os índios terem melhores condições de acessar

recursos públicos. Porque convênio não acessa, não adianta, pequenas associações indígenas não tem

condição de fazer isso. Também em uma reunião no próprio MDS, na época das mortes em Dourados,

a questão lá da desnutrição, enfim, da fome lá em Dourados, eu fiz essa proposta, eu acho que me

acharam louca, eu acho que agora as pessoas estão um pouco mais acostumadas comigo. Vou repetir,

eu acho que tem certas situações com povos indígenas, que mereceriam claramente a declaração de

estado de emergência, para que o Estado pudesse agir sem ser amarrado pela burocracia da licitação.

Não é possível, eu defendi isso em um reunião na Casa Civil, no MDS, com um bando de ministérios

para ver a questão de Dourados era para estar, na época, o presidente da Secretaria de Direitos

Humanos da Presidência da República, é vamos ver e tal. Mas eu acho que no fundo e aí volta à

questão. Há uma certa dificuldade, um preconceito institucional quando se trata de trabalhar com o

povo indígena, e quando se trata de trabalhar com povos e comunidades tradicionais. Não é a toa que

a FUNAI, como o senhor mesmo chamou, chamou a FUNAI de combalida, a combalida instituição.

Por quê? Por que a FUNAI é combalida? Por que a FUNAI tem problemas de se estruturar? Por que a

FUNAI tem problemas de se fortalecer? Se não pelo objeto, pelo sujeito das políticas pelas quais a

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FUNAI é responsável. Porque tem dinheiro, tem outras coisas em outros lugares, porque não aí? Para

mim não é a questão da minoria, não precisa de tanto dinheiro.

Então eu acho que é um papel fundamental do movimento indígena, do Governo Federal em suas

áreas distantes aí, unidades, sei lá, ministérios o que seja, das pessoas que estão envolvidas, da gente

tentar caminhar no sentido de efetivar um pouco mais isso. Eu acho que o Brasil avançou muito, mas

nós estamos encontrando e o caso da Polícia Federal, o problema da burocracia de repasse de recurso,

esse processo que o Márcio falou da enorme dificuldade, você está vendo que a situação é mais do que

emergencial, é urgente, tem que fazer alguma coisa imediatamente, mas voce tem que licitar, você

não tem gente, você não tem não sei o que, e o tempo vai passando. E nós inclusive que estamos nem

é o meu caso, o Márcio ocupa uma presidência de um órgão como a FUNAI, e que eventualmente as

próprias pessoas também acabam sendo queimadas nesse processo. Você passa lá quatro anos, fazendo

todo o esforço, não apenas com boa intenção, é trabalhando no sentido de fazer algo e eu acho que a

gestão do Márcio tem sido isso, esse esforço o tempo inteiro de resolver, de encaminhar e no fim das

contas a gente acaba não conseguindo. Então eu queria deixar isso como alerta e anunciar que, pedir

inclusive ao procurador uma cópia desse documento ainda hoje, estou voltando para Brasília depois de

amanhã, para que a gente encaminha junto com a carta do povo Cinta-Larga ao PNUD que é o órgão

da ONU que faz a gerência dos recursos desse programa do Ministério do Meio Ambiente chamado

Carteira Indígena que fomenta projetos de desenvolvimento sustentável dentro das comunidades para

que eles agilizem a liberação do recurso. Esse recurso demorou para vir para o Cinta-Larga, houve um

problema ano passado e esse dinheiro não pôde ser colocado diretamente na FUNAI. Veio através da

Carteira Indígena que não pode abrir mão de suas regras, o projeto teve que passar pelo Comitê

Gestor, ser aprovado, viu Marcelo, isso também é aqui uma satisfação que eu estou lhe dando, embora

o tempo inteiro eu tenha mandado mensagens para a administração lá de Cacoal sobre a situação do

projeto. O Martinho também está acompanhando, mas assim, já que não existe essa possibilidade de

em momentos de extrema emergência, eu acho que é o caso, como era ocaso do povo Guarani na

época, com recurso para fazer isso.

Em alguns casos eu acho que, em algum lugar alguém devia tentar, se não talvez os próprios

procuradores, porque eu acho fantástico o trabalho que o Ministério Público Federal faz, mas

obviamente também o Márcio consegue fazer no limite. É pressionar o próprio Estado para que

resolva as coisas, não tem mais muito. Talvez vocês pudessem também ajudar, me desculpa se eu me

refiro assim, as Procuradorias, o Ministério Público Federal, principalmente, lógico, a 6ª Câmara,

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ajudar nisso também a pensar isso, mudanças de legislação, o que pode contribuir efetivamente com a

inteligência jurídica que vocês têm para alterar a legislação? Para mudar algo de mais estrutural?

Porque fazer denúncia, dizer o que precisa ser feito, e diz bem e faz bem, mas também não está tendo

um resultado. Também é um vácuo na legislação brasileira com relação a questão dos povos indígenas

e comunidades tradicionais. Que eu saiba o Ministério Público Federal, não tem tratado, talvez, de

uma maneira mais profunda no sentido de poxa, vamos ver. Se é para repassar dinheiro para projeto

para isso, para aquilo, tem problema, se é para fortalecer as comunidades tradicionais, as suas

instituições, tem problema. Tudo demora, tudo é difícil, e isso não acontece em muitos dos

procedimentos, normas e regras quando se trata de acesso de recursos pelos grandes proprietários

rurais, pelos grandes comerciantes, as coisas vão mais rápidas. Então assim, algo tem que mudar além

da co-relação de forças políticas. Afinal de contas tem aí um governo de um presidente que é popular

e tal e que não teve estrutura, às vezes também não teve vontade e não sei, teve problemas, mas o fato

é que não basta ter lá um mandato popular, não basta se a estrutura do Estado não muda, não se

modifica. Nisso entra a questão da estruturação da FUNAI que a gente aqui na CNPI defende com

unhas e dentes. Então eu gostaria de ter as cartas e enviar diretamente ao PNUD solicitando imediata

liberação dos recursos do projeto e quero dizer ao Conselho Cinta-Larga que com esses dois

documentos que nós vamos levar para o Comitê Gestor da Carteira Indígena, está aqui mais um

membro de lá, para que os projetos passem na frente dos outros e sejam aprovados ainda esse ano. É

isso. Obrigada e desculpa o tempo.

Márcio Meira – Presidente - Obrigado Lylia. Eu vou sugerir que a partir de agora ficam encerradas as

inscrições porque já tem muita gente inscrita. Vou pedir também que cada um agora que vá falar que

seja mais objetivo também para a gente poder encaminhar. O próximo inscrito é o Carlão.

Carlos: Carlos Nogueira, Ministério de Minas e Energia. Bom, eu gostaria só de fazer um relato, uma

indagação e um esclarecimento sobre o que foi colocado aqui. Eu escutei atentamente as palavras do

procurador, da carta que ele colocou e eu participei de algumas das reuniões desse GT capitaneado

pelo Ministério da Justiça em Brasília, para discutir a questão dos Cinta-Larga, da questão dos

diamantes, da exploração ilegal na terra dos Cinta-Larga, em função de o órgão DNPM é um órgão

vinculado a minha secretaria. Quando eu fui para a reunião, eu coloquei claramente que eu acho que

o Ministério de Minas e Energia não deveria participar daquela discussão do GT repressão. Porque a

gente entendia que o conceito era outro. O conceito era de ilegalidade e ilegalidade é caso de polícia.

Certo? E nós não somos um órgão, nós somos o órgão gestor do patrimônio mineral brasileiro

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legalizado. Enquanto do artigo 231 da Constituição não for regulamentado, mineração seja de que tipo

for, em terras indígenas é um ato ilegal. E nessa mesma reunião eu disse, representando o ministério,

que eu não acreditava que a repressão ia resolver o problema. Nós estávamos tratando de um bem

mineral chamado diamante, que desperta cobiça em todo mundo, eu costumo brincar que uma pedra

do tamanho dessa minha unha aqui, às vezes ela pode custar dois milhões de dólares, não tem detector

de metais que pegue em lugar nenhum, bota no bolso e cara pega um avião e vai embora, e eu dizia

isso porque essa repressão é inócua, porque há mil jeitos de sair com essas pedras dentro da reserva dos

Cinta-Larga. E o que eu acreditava era que tinha que ter um grupo de governo que pensasse o

desenvolvimento, étnico desenvolvimento da comunidade no aspectos deles, da própria comunidade

que devia ser formado pelos ministérios de Desenvolvimento Social, pelo MDA, pela FUNAI, pela

FUNASA, para propor soluções de que buscasse a dignidade, que resgatasse essa dignidade que estava

sendo perdida pelos índios Cinta-Larga, que resgatasse essa dignidade, para que eles pudessem, que

tem uma população sofrendo de questões básicas, mínimas de sobrevivência na comunidade que a

gente tinha relato, tinha fotografia, tinha coisas fantásticas nessa reunião que eu vi, quer dizer,

fotografias, e que eu acreditava só se fosse um evento desse tipo. Quer dizer, esquecesse a questão

mineral e partíssemos para dentro da terra dos Cinta-Larga com um propósito de desenvolvimento e

de ajudar, de fato aquela comunidade. Foi me dito que ia se criar esse grupo, esse grupo parece que foi

chamado para discutir uma vez e aí eu gostaria até que se perguntasse onde foi parar esse grupo.

Esse primeiro é uma, a primeira colocação que eu estou fazendo. Por que não, e aí está nas palavras do

procurador, eu acho que ele cita isso, quer dizer, o grupo era formado e se perdeu, se não me falha a

memória, isso era 2007 e aí resgatando a palavra do Saulo, que o que nós estamos vivendo aqui, nós

estávamos vivendo também quando essa criação desse grupo de repressão em 2007 porque já estava na

eminência em 2007, 2006, 2007 de ter outro conflito. O preço do diamante está subindo e tal. Bom,

esse é um questionamento que talvez possa perguntar. O que foi feito desse grupo? De buscar essas

alternativas, até por causa dos recursos como a Lilia colocou aqui. Esses ministérios têm ações focadas

no social. Uma indagação, eu não ia falar nisso, mas o Sandro colocou muito bem. Eu não consigo

imaginar, eu sou geólogo por formação, todo mundo aqui sabe, como é que uma pá mecânica de cinco

metros em cima de uma carreta de 12 eixos sai de São Paulo e entra na reserva de Cinta-Larga e

nenhum aparato de fiscalização é capaz de identificar da saída a essa entrada lá dentro da comunidade.

Isso não existe em lugar nenhum. Então eu tenho um termo que eu coloco é o seguinte: as falam que é

um garimpo clandestino. Na mineração, não tem clandestinidade, existe ilegalidade. Qualquer

sobrevôo, qualquer imagem de satélite é possível sim, hoje, com os instrumentos que temos hoje,

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identificar exatamente o local que está havendo o espúrio. Quer dizer, clandestino é jogo de bicho, o

cara pega mesinha sai de lugar em lugar, de esquina em esquina aí muda de lugar e você não acha.

Mas a mineração ela é fixa, ela está lá, e se quiser, eu estou só respondendo a indagação com as fotos

que eu vi, é impossível, entendeu, que ninguém tenha visto aquilo, só se desceu de OVNI. Quer dizer

para perceber, quer dizer, aquilo tem que ter estrada, dá para rastrear. Eu estou só respondendo, essa é

uma indagação do jeito que o Sandro fez. Eu como da área também o faço. E agora um esclarecimento,

para ser bem objetivo é que tem uma demanda feita pela carta que o Cinta-Larga leu aqui que eu não

me lembro qual era o nome, pedindo que os bens apreendidos sejam leiloados e os recursos revertido

na, eu só gostaria de dizer que esse é um tema complexo porque a Constituição diz que os bens

minerais são da União, certo? E a apreensão de bens da União, na realidade, quer dizer, o órgão que é

o gestor é o DNPM hoje. A Polícia Federal, qualquer órgão que apreender esses diamantes, eles são

leiloados, de fato são leiloados e esse valor vai na cota entre aspas do DNPM, mas de fato, vai para o

superávit do Tesouro, na realidade ninguém bota a mão nisso. Na realidade é só um esclarecimento

que não é uma coisa tão fácil em função da legislação, porque você não está leiloando um bem que não

era dos Cinta-Larga ou que era de A ou de B ou de C, você está leiloando um bem da União e isso é

Constitucional e tem que mexer aí talvez os advogados. Eu só estou dando um alerta porque está aqui

na carta deles, lembrando que é um tema complicado esse pedido aqui. E lembrando, vocês se

lembram que a cobiça desse bem mineral, é até engraçado, saiu nos jornais todos, dois policiais

rodoviário federal em um época foram presos com alguns diamantes dentro do carro, saindo de algum

lugar, provavelmente em direção a Goiânia. Quer dizer, os próprios que talvez estivessem na força

tarefa de repressão foram apreendidos só para mostrar que essa, só para esclarecimento ainda com

relação a apreensão dos bens minerais de uma maneira geral não é só o diamante.

Márcio Meira – Presidente - Pierlângela.

Pierlângela: Pierlângela. Essa situação que foi levantada hoje aqui e aí eu coloco aqui que vai ter uma

relação também. Acho que amanhã, as apresentações que vão ter é uma questão mais já pensando em

soluções. Eu acho que a apresentação de amanhã, eu estou aguardando ansiosa essa apresentação

porque envolve fiscalização e proteção das terras indígenas e principalmente a questão da gestão

territorial. Por quê? Porque dentro desse processo, e aí para nós foi colocado um fato, e já foram

colocadas outras situações nessa plenária da CNPI sobre várias situações e aqui também se a gente

trouxesse o povo Yanomami, eles iam colocar essa mesma situação outras terras também tem várias

situações. Então isso faz pensar, a gente tem que pensar mais longe, porque nós não vamos fazer

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somente continuar dentro da CNPI com ações pontuais. Hoje, nós temos garimpeiros na região

Yanomami e muitos, e ninguém fala disso também, se a gente trouxesse também aqui os Yanomami e

eles sentassem, eles iam contar a mesma história da invasão. E para nós a preocupação agora com a

terra indígena Raposa Serra do Sol. Por quê? Porque todo mundo, ah vai ficar, ficou o Uiramutã e

ficou o Normadia. O que acontece? A estrada que não é de nossa responsabilidade, passa por dentro da

terra indígena e vai lá para a fronteira, vai ficar no município do Uiramutã. De quem é a

responsabilidade? E aí eu trago para a gente pensar. Por quê? Porque a gente está falando de Polícia

Federal, estamos falando da FUNAI que são do mesmo ministério, que a priori, na CNPI, acho que a

gente já deveria ter encaminhado mais coisas. Por que se trata de um ministério, inclusive é onde a

CNPI está instalada com a Polícia Federal, com a FUNAI o Ministério da Justiça o próprio ministro,

nós temos que alavancar alguma coisa de política mesmo na área de fiscalização e proteção. Porque

muitas das vezes, a minha preocupação é que esses relatos como os do Cinta-Larga venham cair como

se fosse uma coisa comum. E aí as pessoas não vão mais se surpreender e aí vai ficar uma rotina. E a

gente vai achar que isso é comum e quando a gente começar a achar que as coisas são comuns em todo

o Brasil, e isso acontece, acontece comigo, acontece contigo, a gente pensa, pára de se surpreender e a

gente pára de pensar soluções claras para isso. então quando eu vi o relato e pensei nos outros relatos

que foram feitos aqui, pensei nisso. Quais são as nossas responsabilidades? Tanto da Polícia Federal,

quanto da FUNAI, quanto de nós mesmos indígenas com a nossa terra, como gestão do território.

Como é que nós vamos pensar isso enquanto política? Porque também a preocupação de Raposa Serra

do Sol está nesse sentido agora. Se a gente ficar sem fiscalização pode ser que aconteça o mesmo que

aconteceu com os Yanomami, pode ser que aconteça o mesmo que está acontecendo com eles. Então

como é que nós vamos pensar isso? Porque a nossa responsabilidade também e o nosso papel tem um

limite com o outro indígena. E tem da Polícia Federal e tem da FUNAI. O que nós precisamos fazer?

Nós temos que pensar e pensar rápido. Porque como disseram para a gente, o governo está acabando.

Se a gente tem que deixar um política nessa área de fiscalização e proteção das terras indígenas A

gente vai precisar de recursos? Precisamos de quê? Então eu fico muito preocupada e trago aqui essa

nossa situação de Roraima que é a situação hoje dos Yanomami e aí com a extrusão na Raposa Serra do

Sol, nós estamos preocupados como vai ficar isso dentro da nossa terra indígena, por que nós podemos

fazer algumas ações? Podemos, enquanto indígena, mas deixaram uma estrada, uma BR federal no

meio da nossa terra indígena, então vão ter que cuidar. Por quê? Porque por ela passa, é a entrada para

as comunidades. Quem é que garante que o cara vai sair de Boa Vista, vai passar na BR e vai só para o

Uiramutã? Não. Ele sai e entra nas comunidades indígenas e daí quem vai controlar? Só nós indígenas

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vamos controlar? Então essa CNPI é para pensar política. Eu acho que essa política não está difícil de

pensar, porque nós estamos FUNAI, Polícia Federal e indígenas todos praticamente trabalhando no

mesmo ministério. Eu acho que daqui dessa situação é que deve sair o primeiro exemplo, de uma

política mesmo efetiva porque eu acho que não tem como dizer o outro ministério não conversa, não

vem ninguém. Mas eu acho que efetivamente isso que eu queria colocar. E com relação a nós mesmos

a pensar na seguinte questão: a gestão territorial. E aí eu chamo a atenção, porque quando se está

falando do Plano Nacional de Política Ambiental, não é só pensar o meio ambiente, mas é pensar a

gestão do território. E a gestão do território inclui segurança, inclui a fiscalização, inclui a proteção.

Como é que está sendo discutido? Porque a gente vai além disso. E aí, é por isso que amanhã eu quero

ouvir o relato dos nossos parentes como é que eles estão pensando nesta gestão territorial, porque

depois que demarca a terra, depois que ela é homologada nós não precisamos ficar sozinhos, nós

precisamos é fazer um trabalho mesmo de gestão dentro desse território e isso inclui a

responsabilidade de cada um e eu acho que dentro da CNPI a gente pode sim construir essa política, se

é fortalecer, se para dentro da Polícia Federal, ter não é? Porque já foi aberto, não, vamos fazer uma

conversa. A gente tem que aprofundar dar um passo maior, com a Policial Federal. Se a FUNAI, hoje –

está aí a Taís que pode falar para gente o que é que precisa na fiscalização - se precisa mais recurso, se

precisa o que? Se já tem uma política, mas eu acho que neste ponto nós temos condições de avançar

aqui na CNPI dentro do Governo Federal. Então era isso que eu queria colocar.

Ak’Jaboro Kayapó (47´35´´ a 54´10´´ longe do microfone): Boa Tarde. Meu nome é Ak’Jaboro

Kayapó do estado do Pará. Marcelo, os problemas, para nós todos índios, não vai acabar, não vai

acabar. Tem tempos que nós temos estes problemas que estão acontecendo. Já foi pedido várias vezes

em Brasília apoio indígena e outras lideranças não me conhecem, mas vocês me conhecem a minha

luta e os problemas estão acontecendo com todos nós. Os problemas estão acontecendo em todo lugar.

Foi ontem eu soube um capitão da (Inaudível)... então todos de Brasília sabem dos problemas sérios

que estão acontecendo com gente. Em relação a esse minério, os homens brancos também roubaram

todos, já levaram para fora. Já que esse pessoal aqui, que comprou nossa mineração não está usando

aqui dentro do Brasil, comprou aqui e está levando para outro país então está levando dinheiro para lá

e cada vez mais o Brasil está ficando pobre, e o governo diz que não tem dinheiro (Inaudível). Então

agora, o problema que esse está lidando com a gente, eu já pedi para vocês uma vez, qualquer

problema, se eu já pedi mais outra vez este problema com os nossos parentes, o CNPI pode ajudar

vocês, nós vamos ajudar, nós estamos junto com vocês. Você já pediu para o governo, mas se alguma

que aconteceu igualmente aquele dia, continua, porque os brancos: Não o pessoal está lá mataram os

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brancos. Quem que foi? São os brancos que foram lá, não são os índios que vieram buscar aqui dentro

da cidade e levar para matar, negativo, eles mesmos é que foram, invadiram. Primeiros invasores que

está aqui no Brasil (Inaudível) e até hoje estão invadindo. Então quem começar invadir de novo

manda matar, quem quiser amizade manda me chamar. É sério pode mandar me chamar, e os índios,

unidos é mais forte, vamos fazer unidos brigar junto, o branco vai brigar com a gente nós vamos brigar

com eles também. Por isso que nós queremos unir os índios. Tem muitos parentes índios que

morreram nas mão dos brancos, e tem muitos brancos que já morreram nas mãos dos índios também.

Então qualquer coisa manda matar de novo, e bota pra FUNAI resolver, para o governo resolver,

ministério resolver, a o organização não governamentais (Inaudível) vai então resolver, para o

governo resolver, porque já pedimos muitas vezes, pedi para resolver este problema antes de

acontecer isso. Também quando ligaram para o presidente da FUNAI para resolver isso, não.

Presidente da FUNAI não faz isso sozinho. Cadê o Ministério Público? Cadê o Ministério do Meio

Ambiente? Cadê o IBAMA? (Inaudível) preservação do meio ambiente. Cadê a organização FUNASA?

(Inaudível). Se você estiver indo para ele levar esses problemas tem que levar junto, pessoas para

reconhecer os nossos problemas lá, ajudar a resolver isso, não é só a FUNAI, não é só a FUNAI que

tem que resolver isso, não é só a FUNAI que está recebendo recursos para defender índio. Tem muitas

organizações não governamentais recebendo realmente para isso. Tem o IBAMA recebendo muitos

recursos para realmente defender os Índios. Porque índio mesmo é que está segurando o pulmão do

Brasil. Se não fosse índio estar aqui no Brasil, já tinha pegado fogo e muita gente teria morrido de

poluição. Índio é que está segurando o pulmão do Brasil, (Inaudível) bota quente mesmo não pode

parar não, vamos juntar, vamos brigar junto e até (Inaudível). Obrigado.

Márcio (Presidente): Obrigado Ak’Jaboro, o próximo é o Titiah.

Luiz Titiah: Luiz Titiah, da região do nordeste e leste. Eu queria Presidente assim, mais quase nessa

linha do Ak’Jaboro, quero saudar aí os parentes aí, que vem trazer a situação que não é surpresa para

nós indígenas, porque é uma coisa que já é discutida no acampamento indígena. Agora mesmo nessa

semana nós visitamos o gabinete do deputado, na questão do estatuto nós vimos alguns deputados

colocando a situação dos Cinta-Larga. Mas assim presidente eu fico preocupado quando colocaram

aqui a questão da comissão da CNPI aí para região. Por que, por exemplo, nós demos uma questão lá

nossa do sul quando a comissão foi lá, fez seu relatório registrado pelas lideranças as pessoas que foram

prejudicadas e assim quando chegou aqui na CNPI algum membro do governo não acreditou no

relatório final nas suas falas. Então eu vejo assim, igual ao parente Ak’Jaboro colocou aqui, eu acho

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que o ponto principal para resolver o problema, que não é só dos Cinta-Larga, como é das outras

regiões igual a companheira ali colocou. Eu acho que poderia ir lá o senhor como presidente da

FUNAI, ou o ministro ou o braço forte do ministro para estar lá, era um representante do Ministério

do Meio Ambiente para ver a questão do desmatamento, é a Secretaria Especial dos Direitos

Humanos, é a 6° Câmara da Procuradoria Geral da República, é um representante do exército para

estar lá olhando de perto a situação, e não só ir visitar, e não só ir conversar com os índios, levar uma

ação de resolver o problema. Porque pode acontecer da mesma forma: a comissão ir lá fazer seu relato

e quando chegar aqui ter dúvidas dentro da CNPI, então eu acho que perante agora o final desse

governo nós esperamos que tenha mais ação, e dizer para os parentes aqui que da avaliação que nós

fizemos indígenas, nas nossas reuniões eu acho que já está no momento de já darmos uma avaliada no

nosso trabalho em geral dentro da CNPI desse período. Porque nós já estamos chegando aí no final do

governo, o que nos já avaliamos, o que nós caminhamos e o que nós precisamos encaminhar ainda

nesse período e qual é o futuro nosso depois de um novo representante nesse país. Então a situação é

gravíssima, não também só dizer que é só os Cinta-Larga de outras regiões, e eu espero que para

caminhar tem que ser ação mesmo, senhor presidente. Porque vai ser outro registro que vai vir para

aqui igual aconteceu com nossos parentes Tupinambá, e só foi solicitado algum encaminhamento

quando veio registrar na CNPI derramamento de sangue e destruição dos parentes Tupinambás. Eu

acho que tem que ser bem respeitoso esse registro que está vindo aqui dos parentes Cinta-Larga e de

outras regiões né? Porque eu também estou igual a Pierlângela falou, amanhã pode sair mais outras

novidades de situação em outras regiões. Era só isso que eu queria colocar para ajudar aí nas falações

dos parentes.

Márcio (Presidente): Próximo inscrito é Wellington.

Wellington Gavião: Wellington Gavião, estado de Rondônia. Bom eu queria só reforçar as falas de

cada uma das lideranças indígenas, e também reforçar o apelo do companheiro procurador que

acompanha esse processo, esse problema que o povo Cinta-Larga está enfrentando, e eu acho que cada

um de vocês sabe os brancos, que são os não-indígenas, sabe muito bem que esse problema que o povo

Cinta-Larga está enfrentando, eu acho que o mundo inteiro sabe disso, e o que eu queria pedir ao

senhor Márcio que você que é o presidente da FUNAI, olhar mais com carinho esse problema que o

povo Cinta-Larga está enfrentando. Eu acho que você sabe muito bem desde o princípio, qual é o

processo, qual é o problema que o povo Cinta-Larga está enfrentando. Então mais uma vez eles estão

aqui trazendo esse apelo e pedindo apoio, e pedindo socorro com à bancada indígenas e não-

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indígenas. Eu acho que a partir desse momento eu queria que você tenha olhar com mais carinho esse

problema que o povo Cinta-Larga está enfrentando. Como o Titiah acabou de falar, que antes de

acontecer mais problemas graves de novo a gente tem que tomar o mais rápido possível essa

providência. Eu acho que a companheira está ali também como acompanhou esse problema que o

povo Tupinambá está enfrentando e ela foi pessoalmente ver a situação. Aí eu queria te pedir também

à companheira para que você tenha sensibilidade também para apoiar também o povo Cinta-Larga

que está sofrendo com o problema que causou a exploração ilegal dos diamantes. Eu acho que cada um

de nós temos que, à partir de agora, abraçar essa causa junto com eles. Porque é uma questão muito

triste para nós indígenas ouvir apelo dos outros parentes e eu acho que nós temos que abraçar essa

causa mesmo. Eu acho que só isso que eu queria colocar.

Márcio (Presidente): Caboquinho é o próximo.

Caboquinho: Caboquinho, região leste-nordeste. Potiguara. Bem, Marcelo você é uma pessoa que eu

tenho sempre acompanhado em várias reuniões já estivemos debatendo isso dessa situação em outras

reuniões, como foi falado aqui no acampamento Terra Livre e em outras reuniões também. Conheço

um pouco de sua história sei como é que é a sua militância. Mas presidente o que eu queria falar aqui

na realidade, também queria agradecer aí pelo documento elaborado pelo Dr. Reginaldo, eu acho que

os procuradores tem que trabalhar com essa visão, na realidade são poucos os procuradores que tem

esse trabalho. Muito obrigado pela sua contribuição. Mas o que eu queria falar mesmo é o seguinte. Ás

vezes eu fico pensando que o estado em que nós vivemos em pleno século XXI, vinte dois

praticamente, ainda esse estado viver este tipo de emergência, esse tipo de violência, esse tipo de

decepção que eu diria. Eu acho que é chegada à hora presidente, de nós já dando encaminhamento

também, o senhor como presidente da CNPI, marcar uma reunião com máximo de urgência com o

governo Lula. Para que nós, tanto a CNPI quanto as pessoas, como o pessoal Cinta-Larga, como os

Yanomami, como o que está acontecendo lá no sul da Bahia, como o que está acontecendo lá em Mato

Grosso do Sul, para não dizer no Brasil todo. Marcelo você disse uma frase que eu fiquei pensativo,

você disse que um diamante lá na sua região vale mais que do que uma pessoa. Anastácio falou que a

soja vale mais que a vida de um índio, quer dizer é uma situação muito delicada para nós que somos

humanos, que somos militantes do movimento indígena, que participamos da questão social, que

defendemos os direitos humanos. Para a gente eu acho que é uma humilhação muito grande para nós

que somos representantes do nosso povo, somos liderança do nosso povo, que está ainda um momento

desses estar ouvindo uma calamidade dessa. Pessoas chegam aqui, todo o seu clamor , pedindo ajuda

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pelo amor de Deus, senão a população indígena vai se acabar. É uma situação muito delicada, então já

é mais que hora que se marque essa reunião com o Presidente Lula para que nós repassemos isso

pessoalmente. Porque as instituições que até agora nós procuramos, como a Polícia Federal, estão

sendo um embargo para dentro das comunidades indígenas, e outras instituição que nós buscamos

também é no mesmo caminho. Então, está na hora de nós chegarmos junto do Presidente Lula e dizer:

Olha está acontecendo isso, isso, isso e isso. Somos nós que estamos passando por essas dificuldades.

Está certo que nós temos nossos parceiros, isso ninguém vai negar, são parceiros nossos que estão

prontos para contribuir, mas também tem várias instituições que também não gostam de ver índio.

Então o meu pronunciamento era mais nessa linha, dessa repressão como a Lília falou. Nós estamos

vivendo num país de repressão de fato, como foi falado também aqui é um governo social o Governo

Lula, tem contribuído muito com a questão social mas também tem muitas coisas ainda que nós

precisamos melhorar, muito obrigado.

Márcio (Presidente): Obrigado Caboquinho, o próximo é o Aderval.

Aderval: Aderval MDS. Bom, eu acho que questões de exploração ilegal e predatória não se resolvem

só com políticas de fiscalização e proteção, porque você acaba vulnerabilizando tanto lideranças e

comunidades e não oferecendo nenhuma alternativa econômica viável, sustentável, e aí não resolve

nada, então a ação coibitiva ou inibitória, qualquer que seja qualquer ação policial não vai resolver o

problema dos Cinta-Larga nunca. Então, eu não acho suficiente que a subcomissão de Justiça,

Segurança e Cidadania visite e faça um diagnóstico e inclusive proponha medidas cabíveis sob o ponto

de vista da proteção e sob ponto vista da fiscalização, não é suficiente. A Subcomissão de Ética e

Desenvolvimento precisa ser acionada para poder pensar com a comunidade projeto sustentáveis que

possam vir de encontro e servir como alternativa a isso que tem vulnerabilizado e fragilizado o povo,

não só os Cinta-Larga, mas tantos outros que são alvejados. Então assim, Márcio, eu gostaria de sugerir

que a subcomissão de Ética fosse acionada para poder sentar com a comunidade. Porque recursos é

fácil capitanear, captar em órgãos federais, sabe? Em havendo priorização, em havendo gestão política,

a gente consegue fazer um plus de recursos, para poder atender necessidades de projetos sustentáveis

em termos de produção de alternativas econômicas, senão a gente vai ficar sempre refém de políticas

inibitórias coibitivas, e não vai resolver a situação do povo Cinta-Larga não. Então essa é uma questão.

Olha, todas as questões colocadas aqui na carta deles, projetos que visem o desenvolvimento da

comunidade, étnico mapeamento, potencialidades humanas e naturais, mapeamento das

potencialidades, alternativas econômicas ambientalmente saudáveis, capacitação administrativa e

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financeira, o que é isso? Fortalecimento institucional e projetos produtivos. Quer dizer, então a gente

não pode ficar com o foco só, não acho que é uma questão irrelevante não, a gente tem que tentar

enquadrar a ação policial dentro de uma perspectiva indigenista, agora, não é suficiente nem no caso

deles nem caso de ninguém de nenhum de vocês. Bom essa é uma questão.

A outra, eu queria reforçar a sugestão da Lília, de que o Ministério Público tente fazer uma gestão

junto a Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, no sentido de facilitar o acesso e

gestão de recursos públicos por comunidades ou povos indígenas que as vezes não estão nas mesmas

questões de institucionalidade que estão outros empreendedores ou outros captadores de recursos

públicos. E aí, essa desigualdade acaba deixando sempre aquém, então essa é uma questão importante.

Queria lembrar o seguinte, hoje a gente tem uma modalidade de, já tem itinerário técnico e jurídico

formal para poder pegar a madeira apreendida em terras e unidades de proteção integral, madeira e

boi, equipamentos, o que seja. Jogar na bolsa de mercadorias e futuro, esse dinheiro cai no Fundo

Nacional de Combate à Pobreza, e é revertido para as comunidades foram lesadas, ou seja, cujas terras

sofreram espúrio. Porque não se pensar em uma alternativa correlata? Inclusive no termo de

cooperação do MDS com o IBAMA e Ministério do Meio Ambiente consta no objeto do termo de

cooperação que esses recursos vão ser revertidos para as comunidades que foram afetadas, roubadas,

que tiveram seus territórios depredados ou seus recursos naturais, enfim. Então assim, eu não sei se

isso se aplica a recursos minerais, mas eu só estou dizendo que existe um itinerário já existe caminho.

Vocês podem dizer: Ah, está lavando ou está regulamentando uma atividade ilegal? Bom depende de

quem vai estar sendo beneficiado dela. Se ela reverter em benefício para aqueles que foram lesados,

talvez seja uma alternativa viável, de qualquer forma fica aí um indicativo. Mas eu gostaria de reiterar

a necessidade de que não só a subcomissão de Justiça, Segurança e Cidadania visite ou esteja próxima

aos Cinta-Larga porque não vai resolver. Eles vão fazer um ótimo diagnóstico, vão sugerir medidas do

ponto de vista da fiscalização e da proteção mas a questão da sustentabilidade econômica vai ficar

descoberta. Não que eles não tenham sensibilidade para perceber isso, a questão não é essa, é porque

existem comissões com atribuições específicas e existem algumas que estão subutilizadas e a de Ética e

Desenvolvimento é uma delas.

Márcio (Presidente): A próxima inscrita é a Ana Paula.

Ana Paula: (inaudível – a fala toda fora do microfone e pessoas conversando simultaneamente ao

fundo – 4 minutos e 55 segundos – trecho extraído da síntese feita pela relatora Karla Carvalho):

propõe que se forme uma comissão mista para fazer essa visita aos Cinta Larga, tendo em vista a

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complexidade da questão; que em face de que é a ausência do Estado que cria essa situação absurda,

este deve pensar ações para se fazer presente na região. Com relação ao leilão, questionou se de fato

não haveria formas de reverter o resultado do leilão especificamente para o povo Cinta Larga; sobre a

atuação da Polícia Federal, pergunta se são apresentados relatórios da ação que está realizando, se

informam o que de fato está ocorrendo, quem compra, quem vende os diamantes, pois se a Polícia

Federal está presente há dois anos na região e não há resultados é óbvio que se deve mudar a forma de

agir, para isso envolvendo vários órgãos, como a Casa Civil e outros. Questiona onde está o trabalho

de inteligência da polícia; que devem ser apresentados relatórios periódicos informando quem

alimenta o garimpo, quem vende essas peças, quem compra, ou seja, informações resultantes de ação

de inteligência, não sendo aceitável apenas descentralizar recursos para o pagamento de diárias.

Propõe que não apenas a Funai e sim vários órgãos se façam presentes na área; que se diz que a

questão indígena é importante, mas o tempo passa e não se investiga de fato para onde vão os

diamantes, os quais se sabe que não ficam no Brasil, sendo inaceitável que se continue destinando

tantos recursos sem que se tenha resultado.

Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o André e depois a Quenes Gonzaga que é a última inscrita

André – André Araújo do MDA. É mais para ajudar nesses encaminhamentos também, discordando

um pouco do Titiah acho que não adianta mandar somente as autoridades lá, porque vão tomar

também que decisão? Eu vou na linha do que a Ana Paula está colocando de que é preciso uma

avaliação. Eu queria pedir que a subcomissão de ética no desenvolvimento, esteja compondo também

essa comissão que vai lá também na terra indígena. Ao Procurador Reginaldo eu queria comentar a

história do grupo de trabalho, a experiência ao menos que eu pude participar do grupo de trabalho de

Dourados do cone sul guaranicauá foi uma experiência muito positiva, hoje depois de alguns anos a

gente vê uma FUNAI forte lá sabe, a gente tem um projeto de assistência técnica, a gente tem algumas

prefeituras se organizando nós temos um trabalho forte. Então de fato o grupo de trabalho que hoje

não se reúne mais, que está em fase de transição para a FUNAI, mais de fato um grupo de trabalho que

funcionou e trouxe alguns resultados. Então essa subcomissão que vai à terra indígena do Cinta-Larga

eu acho que já tem que apontar para este grupo de trabalho também, que todos os órgãos que

compõem os grupos de trabalho estejam presentes nesta visita. Esta visita tem que estar vinculada

diretamente a um novo grupo de trabalho ou a retomada deste grupo e talvez seja até importante se

colocar porque de fato este grupo nunca conseguiu trabalhar.

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O encaminhamento que eu queria fazer é isso, eu acho que tem que ir de fato uma subcomissão, uma

comitiva da CNPI lá, mas que ela tenha já uma ligação direta com o grupo de trabalho que já está

instituído ou que vai ser instituído dependente da decisão que se tomar. Porque eu também não

conheço os Cinta-Larga, mas ás vezes pode se dizer, ruim com a Polícia Federal pior sem ela, será que

a Polícia Federal só faz ação contra os índios mesmo? Ou estão impedindo que outros invasores

entrem na terra indígena. Então é preciso que se avalie isto. Eu comparo com a Polícia do Rio de

Janeiro, ela entra na comunidade e não sabe identificar quem é o criminoso e quem é o morador da

comunidade, então o que ela faz, ela trata todo mundo como bandido. É o princípio de alguns

exércitos em ocupações em outros países também. Então é uma situação bastante complexa. Esta

comitiva precisa avaliar também este aspecto aí. Para concluir neste mesmo contexto, eu fiquei

bastante preocupado com o que você colocou, o Reginaldo é o nosso único aliado que está há sete anos

lá. Se há máquinas gigantes lá há pessoas comprometidas com essa história também. Se o Márcio hoje

me encaminha para apoiar lá, vocês vão garantir a minha segurança lá? Contra essas poucas lideranças

Cinta-Larga que estão comprometidas com o crime organizado, então os órgãos são feitos de pessoas,

nós não podemos esquecer disso, eu acho que isso pesa, eu como servidor público estou me colocando,

eu me disponibilizaria a trabalhar lá e enfrentar um desafio desses, agora qual é a condição real de

segurança que nós vamos ter lá? Eu sei que a polícia não vai garantir, nesta situação só os índios

mesmo que vão garantir, agora, vão conseguir? Nesta conversa a gente tem que ser bem franco de

colocar em pauta como que o próprio povo está lidando com algumas figuras que estão deixando esta

coisa acontecer, porque tem, não é possível que não exista isso. Se todos os garimpeiros que entrassem

na terra fossem expulsos, massacrados não teria garimpo lá, isso é uma realidade, eu estou aqui indo ao

extremo tá, não se sintam ofendidos por favor. Eu estou indo ao extremo para colocar aqui em jogo

uma coisa que não foi falada, ainda que eu ache que não é uma coisa que vai ser resolvida aqui nessa

reunião, mas que seja considerada.

Quenes Gonzaga – Da Secretaria Geral da Presidência da República – Eu queria também contribuir

para os encaminhamentos. Eu acho que cada um aqui sabe a dor e a delícia do lugar que trabalha e

portanto falar dele, então eu muito embora não tenha conhecimento profundo sobre a situação dos

Cinta-Larga e tantos outros grupos indígenas que estão em condições diferenciadas no sentido de

ausência de Estado, como foi colocado, mais eu acho que até para dialogar com a Ak’jaboro e com o

nosso colega Titia, acho que essa comissão ela foi estruturada para isso, para ter interlocutores dos

diferentes órgãos do governo e também as lideranças dos movimentos indígenas e suas assessorias para

a gente tratar dessas questões. Algumas extremamente polêmicas e como já foi colocado aqui que um

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grupo só, indo lá não resolve. Acho que tem assim como a demanda aqui apresentada ela tem um

caráter multidisciplinar, requer do governo isso também e acho que essa liderança de definir como

que é esse grupo e também as parcerias de outros poderes serão interessantes compor este grupo.

Eu acho que a gente tem que aqui dar nossas sugestões mais esperar que o nosso Presidente nos ajude

neste sentido porque senão a gente começa também há um certo maniqueísmo, determinados grupos

só são mauzinhos, só sabem trabalhar para massacrar os índios e outros que não, então primeiro acho

que chamar um pouco a atenção disso. Claro essa comissão que vai lá de preferência que ela seja mista

que ela tenha todo o respaldo dos órgãos que já estão trabalhando lá. Qual é o papel das comissões?

Vai ser o de fazer o diagnóstico e de voltar a discutir com vocês que ações podem ser propostas. Acho

que não é o caso de nenhum órgão aqui individualmente consegue resolver o problema, assim, é um

problema que o governo brasileiro tem que tratar. Eu queria pegar um outro gancho que é o seguinte;

eu sei que a gente fica emocionado e com tanto relato que parece que não existe nenhuma ação do

estado que queira resolver, mas se a gente pensar um pouco, acho que no próprio relato do Márcio e

do que vocês tem acompanhado e nós também no conjunto do governo, o tratamento com a questão

indígena ele vem sendo modificado a cada dia. O Márcio já colocou aqui as mudanças que houveram

na estrutura da FUNAI, todo um plano que já foi discutido. É evidente que não dá pra nos colocarmos

na condição de coitadinho, que pegamos um Estado detonado, que tem esta estrutura dura etc. É

responsabilidade de cada um de nós, a partir das nossas ações dentro de nossos próprios órgãos

transformar isso. E ás vezes aqui na CNPI não dá para perceber isso. Eu acho Márcio que para

contribuir, penso que fortalecer essa idéia da comissão, de um grupo sei lá que nome se dá a isso para

identificar primeiramente essa situação dos Cintas Largas, mais não deixar de olhar para outros casos

como o que a companheira Ângela falou, por que há casos que é de uma ação mais enérgica e é para

ontem e outros que a gente tem que trabalhar na prevenção. E eu acho que apresentar isso para a

FUNAI essas estratégias, para a FUNAI ir com o MJ, a citar um exemplo que nós nunca tínhamos

trabalhado como Secretaria Geral e ido numa ação de governo para resolver um problema que estava

eminente e poderia surgir crise que foi o de Belo Monte, nós fomos juntos com o GSI foi planejado

toda a ação, tinha polícia de toda categoria que eu nunca tinha nem visto, atuando, então não houve

nenhum problema. Então eu acho que é esta ação integrada, como disse a companheira com

inteligência em curso dos diferentes órgãos é possível de se fazer, seja no caso dos Cintas Largas ou em

outros grupos étnicos não vejo diferença nenhuma, agora eu acho que a gente tem que tomar um

pouco de cuidado para não ser muita alarmice daqui e tipo provocar os índios dando a entender, não,

vamos nos juntar mais para resolver com nossas próprias forças. Eu acho que é complicado a

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(inaudível) existe para reforçar o diálogo dos órgãos do governo com as representações indígenas e

procurar as melhores saídas mais viáveis possíveis e racionais inclusive. Obrigado.

Reginaldo – Procurador – Só para fazer alguns esclarecimentos a Lílian do Ministério do Meio

Ambiente, mencionou a questão da Corregedoria da Polícia Federal. Existe uma Corregedoria e senão

todos mais a imensa maioria desses relatos de abusos principalmente nas barreiras, nós encaminhamos

à Corregedoria da Polícia Federal não obtivemos respostas ainda até hoje mais estamos monitorando,

gostaria de deixar bem claro que nosso discurso vigoroso não se volta apenas tão somente contra a

FUNAI, nós somos críticos assíduos permanentes do trabalho da Polícia Federal e cobraremos deles

que nos dêem uma resposta a respeito desses vários relatos de abusos e violações dos direitos dos

índios. Em relação à entrada de máquinas que o Carlos Nogueira chamou a atenção, o trabalho da

Polícia Federal ele é muito suscetível a críticas sob diversos aspectos, a gente precisaria aí de uns três

dias para discutir todas essas questões e também infelizmente num curto espaço de tempo não

teríamos condições de trazer tudo para os senhores. Mas o fato é que em relação especificamente à

entrada de máquinas ela sempre nos causou perplexidade porque não se garimpa diamante na peneira.

Em 2004, logo após a morte dos 29 garimpeiros, em maio ou junho de 2004 eu expedi uma

recomendação a FUNAI e principalmente sobretudo a Polícia Federal para que paralisassem o garimpo

aí eu sugeri umas mudanças que na minha modesta opinião se fossem implementadas elas

inviabilizariam a prática do garimpo, a Polícia deveria cercar a terra indígena, identificar as principais

vias de acesso, impedir que maquinários entrassem, máquinas, resumidoras, porque mingúem passa

com resumidoras pelo meio do mato. Resumidora é a máquina que serve para separar o diamante

enfim, ela faz o papel aí de 50, 100 peneiras e se fosse o caso para coibir os garimpeiros que ainda

assim insistissem em passar pelo meio do mato, instalar uma base dentro do próprio garimpo, que

poderia inclusive contar com índios e o pessoal da FUNAI. Essas medidas nunca foram adotadas

especificamente dessa forma e é como eu falei anteriormente a paralisação e reativação do garimpo

tem ficado ao sabor da vontade dos índios e das estações do ano, quando tem água para movimentar as

máquinas o garimpo está funcionando quando está seco paralisa o garimpo. E sempre insistir com a

Polícia Federal a respeito dessa paixão que eles têm por medidas ostensivas como se fosse a Polícia

Militar que estivesse ali em (inaudível) de medidas de maior inteligência e de maior eficácia mesmo.

Não adianta pegar o garimpeirozinho que às vezes é até uma vítima mesmo.

Eu falei muito dos índios como vítimas maiores nesse processo, mais também existem milhares de

garimpeiros muitos deles trabalhadores que não são bandidos e estão ali tentando ganhar a vida como

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todos nós estamos a fazer e eles também são vítimas desse processo todo. Aos meus olhares e eu já

estou nisso há vários anos, principalmente nos últimos tempos o papel da Polícia tem se voltado

principalmente para atingir essas pessoas, principalmente os índios que tem que ir e vir tem que

entrar e sair diariamente de suas terras. Em relação às visitas das subcomissões sejam elas quais forem,

mistas ou subcomissões de éticas no desenvolvimento, da justiça e cidadania enfim. Eu louvo essa

possibilidade, porque por mais que esforcemos nós não conseguimos relatar aqui para todos os

senhores a real situação dos índios, uma coisa é eu produzir um texto e ler aqui para os senhores, outra

coisa é os senhores irem lá senão na aldeia pelo menos lá em Cacoal que é a cidade mais próxima lá

melhor estruturada e ouvir da boca dos próprios índios olhando nos olhos deles. Então é muito

importante, até para efeito de sensibilização de quebrar essa distância que existe entre o governo e o

drama vive o povo Cinta-Larga. Então essa visita com um relatório seria muito, muito mesmo

pertinente. Em relação ao aperfeiçoamento da legislação que foi também sugerida pela Lílian e

também a gestão junto a CGU e ao TCU que o Aderval propôs. Eu queria só esclarecer que desde 2006

eu não trabalho mais na questão indígena, desde aquela época eu fui afastado e passei a trabalhar

apenas na questão da defesa do patrimônio público e fiquei apenas, é uma questão interna nossa lá a

gente foi re-dividido, na verdade foi consensual esse trabalho, para ser mais exato na época eu

intencionada permanecer na causa indígena, mais um colega insistiu tanto para ficar que eu acabei

ficando com o patrimônio público que sempre foi também uma das minhas paixões, daí desde então só

fiquei na causa Cinta-Larga e fiquei por vontade porque eu estava desenvolvendo um trabalho que

acreditava muito e que até hoje eu acredito, então eu não estou mais à frente da questão indígena e

aliás essas duas questões o trabalho do Ministério Público Federal, o aperfeiçoamento da legislação e

uma gestão junto ao CGU e ao TCU eu entendo que é um trabalho da instituição ministerial mais

especificamente do braço indígena da Sexta Câmara, então eu vou levar essas duas questões são muito

pertinentes muito interessantes à coordenadora da Sexta Câmara que é uma pessoa formidável a

Doutora Débora, para que ela pense isso enquanto política do Ministério Público Federal.

Em relação ao leilão dos diamantes, gostaria de esclarecer que existem ações judiciais que nós

ajuizamos para discutir esta questão dos diamantes, da propriedade, para quem deve reverter essa

riqueza que legal ou ilegalmente, aliás, ilegalmente foi extraída mais que ninguém vai pegar isso e

tacar fogo, tem que se dar uma destinação para isso. A respeito deste leilão da caixa econômica ele foi

feito em 2004 mediante uma medida provisória que depois veio a se converter em lei e basicamente se

determinou que em quinze dias os diamantes que já estavam apreendidos e os que estavam em poder

dos índios seriam leiloados e que o produto seria devolvido para os índios, e esse processo todo seria

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conduzido pela Caixa Econômica, só que essa medida econômica ela já exauriu seus efeitos. Essa é uma

questão que eu já levei ao presidente Márcio e que nós pretendemos discuti-la especificamente com o

BDN com o Ministério das Minas e Energia. Em relação aos relatórios da Polícia Federal, foi a Ana

Paula que me questionou a respeito, a Polícia Federal faz sim esses relatórios, regulares, eu não tenho

certeza da regularidade, mas uns quinze dias, no máximo um mês, são feitos relatórios e eles relatam

tudo até notícias de jornal eles constam lá. Então existem sim esses relatórios, essa questão gravíssima

que eu falei do não repasse dos recursos, o coordenador operacional que é o Delegado Maurício

Borges, ele me repassou inúmeros ofícios, aliás eu me secundei os próprios recursos dele para propor

as ações, a ação judicial, então ele sempre levando isso ao conhecimento dos superiores dele dentro do

departamento da Polícia Federal e até no próprio Ministério da Justiça essas situações. Então o

governo não pode de forma alguma se esconder atrás dizendo que não tem conhecimento porque essas

situações são sim relatadas. Em relação ao trabalho de inteligência eu concordo plenamente ele

precisa ser feito é preciso ir atrás dos financiadores, das pessoas sem as quais os garimpos não se

movimentam, na última reunião que nós tivemos nós chegamos a discutir isso esse enfoque da Polícia

Federal, que está agindo muito mais como uma Polícia Militar, uma Polícia ostensiva do que

propriamente uma Polícia de Estado, uma Polícia de inteligência. A missão deles que é coibir a

exploração de diamantes em território Cinta-Larga não está sendo cumprida por essa estratégia de

atuação. A questão da retomada do GT que foi mencionada pelo André, existia como ainda existe o

GO, que é o Grupo Operacional, esse é o grupo que é capitaneado pela Polícia Federal, que tem essa

missão de coibir a exploração de minérios no território Cinta-Larga, e o outro grupo que existia que

era o GT que era o Grupo Tarefa Cinta-Larga, esse no âmbito da Polícia Federal para fazer face entre

as medidas repressoras adotadas pelo GO e as medidas (inaudível) que deviam ser adotadas por esse

GT. Na minha concepção, na minha cabeça pela última reunião que eu tive com o presidente Márcio é

que essa comissão que vai se apresentar semana que vem para o povo Cinta-Larga, embora não leve

esse nome ela vai fazer às vezes do GT, na verdade esse GT ele nunca funcionou como deveria

funcionar ou como se esperava que ele funcionasse nunca, ele nunca funcionou, ele nunca teve

método,estrutura, planejamento, inteligência para agir diante das diferentes situações que apareciam.

Mais recentemente a partir de 2005/2006 que nós estamos acompanhando de perto, ele jamais teve

uma estrutura que permitisse que ele se desincumbisse de suas relevantes missões, então a gente

espera que essa comissão tenha essa estrutura porque não adianta nada dar a cadeira e a caneta porque

sem estrutura sem condições, sem apoio sem boa vontade política, não vai adiantar nada , só vai servir

para queimar as pessoas, não sei quem usou essa expressão aqui hoje, mais só serve para queimar a

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biografia. É a questão das lideranças envolvidas em que o André colocou. Essa é uma questão muito

complexa, o que eu coloquei no meu texto eu defendo do fundo do meu coração, que essas lideranças

são vítimas desse processo. Em 2007 nós tivemos um índio preso acusado de homicídio tentado de um

advogado, ele ficou preso e seria julgado pela justiça estadual, porque a coisa já estava grave de tal

modo que já se cogitava de arrebatar ali o índio e sacrificá-lo em praça pública. Então por conta disso

e sabendo que aquele homicídio aquele crime estava ligado diretamente ao pro - funcionamento do

garimpo, mais ingressamos com uma ação judicial com pedido de declinação de competência e

demonstramos para o Juiz que ali se tratava de uma verdadeira disputa sobre direitos indígenas e aí a

causa foi deslocada para a justiça federal e aí nós acalmamos o cenário. Este texto é um texto de 34

páginas, infelizmente eu não tenho como esclarecer tudo aqui, mais ali sim eu deixei claro a

complexidade desse mecanismo das dívidas, de uma pessoa que vai cobrar um índio e geralmente uma

dívida distorcida com juros absurdos uma até mesmo já paga, coloca a arma na cabeça do índio aí ou

ele paga ou vai morrer ou vai tomar a casa dele e etc., etc. Então essa é uma questão muito complexa

mesmo. Para finalizar eu gostaria que Ministério Público Federal, nós da Procuradoria República em

Rondônia que estamos acompanhando e fazemos questão absoluta de acompanhar passo a passo à

questão Cinta-Larga que nós fossemos cientificados de todos os desdobramentos que forem adotados

aqui no âmbito da CNPI sejam eles quais forem e o que quer que venha ser deliberados quaisquer as

medidas que serão adotadas, eu gostaria de pedir encarecidamente a todos vocês que houvesse a

urgência possível na adoção dessas medidas, porque a cada nova visita de autoridades das mais

diversas à aldeia ou mesmo em Cacoal gera uma nova esperança nos índios. Só que pelo menos de

2004 para cá que eu venho acompanhando foram tantas as visitas infrutíferas, tantas promessas

descumpridas, que olha a paciência do povo Cinta-Larga eu acredito que já superou todos os limites

possíveis da tolerância. Então quaisquer que forem as medidas a serem adotadas que elas sejam dentro

desta urgência possível do trabalho da CNPI, muito obrigado.

Márcio (Presidente): – Obrigado Doutor Reginaldo. Eu queria consultar se o Marcelo tem algum

comentário ainda a acrescentar, se a gente pode tirar algum encaminhamento?

Marcelo – Pode.

Márcio (Presidente): – Eu vou tentar dar um encaminhamento aqui a partir da média do que foi

colocado, mais antes eu queria fazer uma referência a essa questão do grupo de trabalho que foi citado,

como eu fiz referência na minha fala inicial. Na época eu não estava na FUNAI ainda, foi criado um

grupo operacional quando houve aquele fato em 20004, coordenado pela Polícia Federal para que

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fossem feitas ações de repressão que desencadearam conflitos na região já em período mais recente a

partir de 2007, que foi criado um grupo tarefa coordenado não pela FUNAI, coordenado pela

Secretaria Executiva do Ministério da Justiça na época e esse grupo tarefa, o Procurador lembra, ele

teve sim recursos e muita diária foi gasta com esse grupo tarefa, eu tenho que externar isso para poder

dar informação para a CNPI disso. Então a avaliação que nós da FUNAI, quando eu cheguei na FUNAI

estive lá duas vezes na terra indígena, estive em Cacoal, estive conversando com o procurador já

várias vezes, conclusão que nós fizemos inclusive com uma auditoria interna que nós promovemos

sobre o trabalho desse grupo. A nossa conclusão é de que muito dinheiro foi gasto também aí e não se

chegou a um resultado concreto para a comunidade, por isso nós avaliamos que a medida correta é a

medida de fortalecimento correto institucional da FUNAI, quanta instituição lá na região no caso

Administração de Cacoal e que nessa instituição possa ter um plano de trabalho, um programa de

desenvolvimento para o povo Cinta-Larga. Foi por isso que nós contratamos esse grupo que está indo

semana que vem lá para discutir com o povo Cinta-Larga um programa de ético desenvolvimento lá

da região. Inclusive eu já me posicionei sobre este assunto formalmente no Ministério da Justiça,

sendo que essa estratégia que foi tomada naquela ocasião não surtiu os efeitos que deveriam ter

surtido. Então dito isso eu queria propor um encaminhamento a partir do que foi apresentado aqui

por todos. Em primeiro lugar eu acho que é o acolhimento das (inaudível) pela CNPI do documento

elaborado pelos Cinta-Larga. A primeira questão que eu encaro é que todo mundo aqui da CNPI

acolheu o documento trazido pelo Procurador Reginaldo e pela Comunidade Cinta-Larga e esse

acolhimento ser traduzido pelo que eu entendi inclusive da proposição do Sal e também do Tóya, que

esse documento seja traduzido também numa resolução da CNPI no sentido de apoiar essas

reivindicações apresentadas, elas são o primeiro ponto que eu considero do que foi dito aqui como

algo que tem que ser encaminhado.

O segundo ponto que eu considero muito importante também é que diante da gravidade do tema, do

assunto que é uma gravidade tanto quanto foi a gravidade de outros temas que nós já tratamos aqui, e

que a gente aqui também faça o mesmo procedimento que nós tratamos os outros temas de gravidade

que nós já tratamos que é a ida à região em caráter urgente como está sendo solicitado, e aqui eu

sugiro que a saída seja de duas subcomissões daqui da CNPI, a Subcomissão de Segurança Justiça e

Cidadania e a Subcomissão de Ética e Desenvolvimento. Pelo que eu entendi, eu acho que essas duas

subcomissões juntas, elas podem ir à região em caráter de urgência para em conjunto com o Ministério

Público, eu queria sugerir Procurador, que em vez da gente lhe informar que a comissão está indo,

que o Ministério Público e o Senhor como Procurador possa fazer parte da equipe quando ela estiver

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lá certo, junto com comunidade Cinta-Larga, para que lá possamos ter uma conversa com as

subcomissões mais detalhada sobre a questão e que seja trazida a CNPI com o relato e quais sugestões

inclusive de encaminhamento mais claras com relação aos Órgãos Federais, aos Órgãos Públicos do

Estado para as medidas que precisam ser tomadas além do limite da FUNAI especificamente que é a

instituição indigenista. Então este é o segundo entendimento que eu retiro aqui do que foi dito do que

foi colocado aqui pela bancada. Sim Capitão!

Capitão – (...) Sugestão fora do microfone.

Márcio (Presidente): – Capitão, eu entendo a sua preocupação, mas eu estou considerando aqui, nós

estamos aqui com a presença da comunidade Cinta-Larga, lideranças Cinta-Larga, eu estou

considerando que ninguém pode dar melhor segurança para esta subcomissão do que os próprios

Cintas Largas, certo, então nós vamos ter lá representantes oficiais da CNPI indígenas e não indígenas

e nós sabemos que quem vai poder dar a melhor segurança para esta subcomissão que vai estar lá são

os próprios Cinta-Larga.

Capitão – Só para colaborar. De repente a própria presença da própria Polícia Federal inibe também o

trabalho da subcomissão.

Márcio (Presidente): – Exatamente, era esse o complemento que eu ia fazer. Eu acho que primeiro a

segurança maior que nós vamos ter é do próprio povo Cinta-Larga. E em segundo lugar, se existe nesta

situação um clima de desconfiança entre a Polícia Federal e o povo indígena, se é recíproca esta

desconfiança, o ideal é que as subcomissões estejam lá sem a presença direta da Polícia Federal nesta

conversa. O que não significa que após a volta da subcomissão com o relato que ela trará, que nós não

possamos, inclusive que devemos com o CNPI e esse é o terceiro ponto de encaminhamento que eu ia

aqui sugerir como também o resultado que foi colocado pela CNPI. Que o terceiro passo é, feita a

viagem até lá, à volta a CNPI, que em caráter de urgência também a gente possa quanto a CNPI fazer

uma reunião estratégica de governo no âmbito do Ministério da Justiça, que é o Ministério o qual está

vinculada a FUNAI e também a Polícia Federal para que se estabeleça uma estratégia de emergência a

respeito da questão Cinta-Larga. Eu queria chamar a atenção também que essas subcomissões que

forem à região possam também conversar com a comissão que a FUNAI contratou para ir lá na região

semana que vem, porque esta comissão já está trabalhando a partir da semana que vem. Aí seria

interessante que a subcomissão pudesse conversar com esta comissão que foi contratada, de técnicos,

coordenada por um antropólogo que é conhecido aqui da CNPI, que é o colega Gilberto Azanha, todos

contratados por licitação. Então sugiro que a subcomissão também se reúna com esta comissão 113

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contratada pela FUNAI. E o quarto ponto de encaminhamento, que é a definição maior da política de

proteção e fiscalização, ou seja, nós criamos, vocês vão lembrar, a própria CNPI indicou os

representantes indígenas para um grupo de trabalho interministerial da FUNAI com o Ministério do

Meio Ambiente, que está elaborando uma política nacional de gestão ambiental e territorial das terras

indígenas.

Então a sugestão que eu faço com o encaminhamento deste ponto que foi levantado é de que esse

tema da fiscalização e proteção seja levado ao GTI, esse GTI que já foi criado e que já está trabalhando,

que inclusive vai ter consultas, que vai ser realizado nas regiões daqui para abril do ano que vem e que

esse grupo incorpore de uma forma mais forte essa questão da fiscalização e proteção das terras

indígenas. Eu creio que com esses quatro encaminhamentos eu contemplo o que foi colocado,

inclusive a indignação aqui da CNPI em relação ao que tem acontecido lá, aqui é a instância mesmo

correta adequada para que o governo junto com os representantes indígenas possamos juntos

encontrar uma solução em solidariedade em conjunto com o povo Cinta-Larga. É aqui que nós

possamos encontrar uma estratégia de dar uma solução emergencial, nós temos uma questão

emergencial aqui de urgência, mais também não podemos esquecer que nós temos que tratar da

política de médio e longo prazo, para que isso não continue acontecendo, porque este fato que

acontece com o povo Cinta-Larga, também acontece, por exemplo, com os Ianomâmis lá em Roraima,

eu estive recentemente lá e que tem três mil garimpeiros lá dentro da terra Ianomâmi. Segundo consta

às informações lá que eu vejo com a Thaísa que é ela que está investigando mais lá essa questão. Tem

informações graves também, o Ak’Jaboro Kayapó que está aqui sabe disso, da presença do garimpo e

da madeira ilegal lá dentro da terra Kayapó, que nós temos tratado esse assunto também. Se a gente

for começar aqui a narrar as situações de invasão ilegal dentro das terras indígenas à gente pode cair

naquilo que a Pierlângela falou de achar que isso é rotineiro. Porque nós não podemos tratar isso

como se fosse uma questão rotineira, ou seja, nós temos que ter uma política de médio e longo prazo,

por isso eu estou colocando esse quarto ponto como uma questão muito importante também, como

resolução como encaminhamento. Eu queria escutar a nossa plenária se com esses quatro pontos a

gente contempla o que foi colocado aqui pelos companheiros Cinta-Larga, pelo Procurador e pelo que

foi colocado na plenária. A Lylia.

Lylia – Eu acho que em Minas Gerais o Márcio resumiu bem as coisas. Eu estou aqui me perguntando

se não seria o caso da gente dar um suporte aos encaminhamentos para o Ministério Público Federal a

corregedoria no sentido que ela se manifeste...

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Márcio – Presidente - Bom vamos começar? O nosso primeiro ponto de pauta, eu vou pedir para a

Marcela, está pronto Marcela? Nosso primeiro ponto de pauta, a CGPIMA da FUNAI, Marcela que é a

coordenadora geral vai fazer uma apresentação que foi solicitada sobre a metodologia que a FUNAI

tem utilizado para o encaminhamento dos processos de licenciamento ambiental que são feitos no

âmbito dos empreendimentos e o papel da FUNAI nesse processo, como é que foi feito, isso tudo vai

ser apresentado agora. Bom, então vamos iniciar.

Marcela – Bom dia a todos e todas! Eu sou a coordenadora geral de Patrimônio Indígena e Meio-

Ambiente da FUNAI e a gente têm como objetivo esclarecer os procedimentos da FUNAI no

acompanhamento de processos de licenciamento ambiental, que impacta em terra em povos indígenas

e também apresentar os procedimentos pra monitoramento do PAC (programa de aceleração do

crescimento). A competência da CGPIMA é algo mais do que o acompanhamento do licenciamento

ambiental, ela acompanha esses processos que afetem ou impactem terras e povos indígenas ela

também analisa e acompanha os projetos ambientais propostos pelas próprias unidades administrativas

da FUNAI por outros órgãos governamentais, por organizações não-governamentais e pelas próprias

associações indígenas e também conduz a suas relacionadas à conservação e recuperação da

biodiversidade de terras indígenas, então ela tem uma competência grande, mas no que se refere à

análise dos processos de licenciamento que é o nosso foco aqui, a gente atualmente acompanha mais

ou menos 340 processos de licenciamento ambiental que estão em trâmite na coordenação de meio-

ambiente. É preciso deixar claro que não existe uma regulamentação pra atuação da FUNAI nos

processos de licenciamento ambiental que significa que toda atuação, todo parecer, que a FUNAI faz,

enfim, todo processo que ela faz ela não é vinculante não existe nenhuma obrigatoriedade dentro da

lei que rege o licenciamento ambiental de acatar as sugestões e a intervenção da ordem de início (?)

mas a CGPIMA, ela vem ao longo dos últimos anos criando e adaptando procedimentos que a gente

vai apresentar que é uma prática na verdade de mais ou menos 3 ou 4 anos de acompanhamento

desses processos de licenciamento.

A gente tem uma diversidade de empreendimentos de etnias de localização geográfica desses

empreendimentos muito grande, o que complexifica a atuação, quer dizer, não é só uma tipologia nem

é só uma terra indígena afetada, enfim, e existe também com uma dificuldade um pouco que eu já falei

da ausência de regulamentação, mas a falta de clareza por parte dos órgãos ambientais, e mais os

órgãos estaduais que é o próprio IBAMA quanto ao envolvimento da FUNAI ao processo de

licenciamento. A participação da FUNAI nos processos de licenciamento dar-se a partir de uma base

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legal, que a gente reúne aí pra definir a nossa participação a própria constituição federal de 1988,

principalmente no 225 e 231, a lei que institui a FUNAI de 1967, a lei 6001 que reconhece também

que a FUNAI é um órgão setorial, que é integrante do sistema nacional de meio-ambiente, o decreto

1141 que constitui os encargos da União a proteção ambiental das terras indígenas a própria resolução

do Conselho Nacional de Meio-ambiente que é o CONAMA 237 de 1997, que institui o licenciamento

ambiental e a convenção 69 da OIT. Quais são os princípios que a FUNAI adota para o

acompanhamento do licenciamento ambiental? A prevenção pelo sócio biodiversidade, a autonomia

dos povos indígenas, o respeito a sua organização social, costume, línguas, crenças e tradições, os

direitos originários sob as terras que os índios tradicionalmente hoje ocupam e o seu usufruto a

vedação da remoção dos grupos indígenas e de suas terras, salvo nas hipóteses previstas pela

constituição a participação dos povos indígenas interessados mediante procedimentos apropriados

respeitando suas tradições e instituições representativas, e o princípio da prevenção, precaução e

mitigação dos impactos ambientais e sócio-culturais. O licenciamento ambiental é o instrumento de

gestão ambiental que ele foi instituído pela política nacional de meio-ambiente tem como base legal a

resolução do CONAMA de 1986 a sua primeira E mais tarde em 1997 a 237 e eles tem esses

procedimentos que, o licenciamento ele tem um ciclo, que é o requerimento pelo empreendedor no

órgão ambiental então o requerimento do licenciamento não é na FUNAI é nos órgãos ambientais,

depois tem as três fases de licença, licença prévia que autoriza o empreendimento, não tem obra ainda

é só autorizar e fazer o projeto, licença de instalação que é quando você autoriza a construção, licença

de operação quando o empreendimento começa a funcionar, renovação da licença de operação. Estas

são as fases previstas em lei do licenciamento ambiental.

Essa é uma descrição que mostra... está meio desfalcada mas mostra o que a gente chama de

componente indígena do licenciamento ambiental, é assim que a gente se refere ao acompanhamento

da FUNAI, que é aquela bolinha no meio, o componente indígena esta dentro do instrumento de

gestão que é o licenciamento ambiental que é na bola maior o instrumento de gestão que ta dentro da

política nacional de meio-ambiente, então o componente indígena é uma parte do licenciamento

ambiental. São vários os órgãos intervenientes do processo de licenciamento a FUNAI é um deles, mas

ali tem FUNAI, tem Ministério Público Federal, IBAMA, Tribunal de Contas da União, Fundação

Palmares, Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, Órgãos Estaduais de Meio-ambiente, IPHAN,

e tudo isso em volta do empreendimento, são diversos órgãos que são envolvidos. Mais uma ilustração

pra mostrar que a FUNAI ela tem atuado em três fases básicas do licenciamento. A primeira delas é

uma consulta pra que a gente atue na elaboração dos estudos de impacto indígena, que a gente chama

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de termo de referência indígena, então no licenciamento prévio do empreendimento como é feito o

EIA/RIMA que é o estudo de impacto ambiental de viabilidade, a FUNAI atua compondo esse

EIA/RIMA e solicitando o estudo específico para realidade indígena, neste estudo são verificados

impactos ambientais e sócio-culturais do empreendimento. Bom! Uma vez o empreendimento

considerado viável e indo para a sua construção, a FUNAI acompanha então a elaboração de um plano

básico ambiental que é basicamente um plano que está associado aos impactos, então é como aquele

impacto pode ser compensado, mitigado, evitado nas terras de povos indígenas, feito esse plano o

terceiro acompanhamento que a ele não é também só feito pela FUNAI mas também pelos próprios

índios a execução e a supervisão da aplicação de um desse projeto de mitigação ambiental. Essa é uma

outra ilustração que também mostra os passos do licenciamento e na verdade é mais quando que se dá

o momento de participação indígena que é um princípio dessa atuação da FUNAI que ela se dá

também por meio da participação indígena, há muito tempo que a FUNAI não fala mais pelos índios,

enfim, isso é claro eu acho pra todo mundo e isso no nosso procedimento também é explícito, então

no licenciamento prévio pra elaboração de termo de referência a FUNAI então consulta os índios,

apresenta o empreendimento, então quer dizer propõe formas de estudos com a participação indígena,

depois são feitas as audiências públicas que também contém a participação, uma vez o

empreendimento sendo considerável viável, todo o detalhamento dos programas que sertão

executados também é feito com a participação indígena e também a o monitoramento de execução

desses programas que também prevê a participação da comunidade através de reuniões o que a gente

chama de audiência indígena mas enfim todo o processo de consulta e oitiva dos índios é feito todas as

fases do processo então o que a gente ta dizendo aí é que a consulta e a participação indígena ela não é

um momento único, em que você vai perguntar uma vez em relação ao procedimento, a gente encara

que a participação deve se dar do início até o fim e sempre que houver impacto do programa, essa

participação tem que ser garantida.

Então aqui só detalha mais um pouco sobre os procedimentos que eu já falei no âmbito da elaboração

do estudo de impacto ambiental, a gente pede um termo de referência indígena, que ele é o

instrumento orientador do estudo, estabelece as diretrizes do que tem que ter o estudo indígena, a

abrangência, qual é a forma de fazer isso, que tem que ir lá na comunidade, quais são os aspectos que

ele tem que levantar, tem que fazer a relação entre o impacto do empreendimento e a realidade

daquela comunidade indígena que esta sendo afetada, ele é um termo de referência que se relaciona

com o órgão licenciador ou o IBAMA no nível federal ou os órgãos estaduais a própria realidade da

FUNAI local, também fazemos reuniões técnicas com o próprio empreendedor com os técnicos órgão-

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ambiental pra afinar o termo de referência indígena dentro do estudo de impacto ambiental e também

fazemos vistorias técnicas pra compor o termo de referência, essa é a primeira fase do estudo. A

importância do estudo do componente indígena ela é grande porque ela fornece elementos tanto pra

análise técnica da FUNAI e pra sua tomada de decisão, pra o seu parecer e também para as

comunidades indígenas, um elemento que traz ali um aprofundamento em relação aos impactos

daquele empreendimento que ajuda (inaudível) na tomada de decisão tanto da FUNAI quanto dos

indígenas, então é nessa fase de estudo que são identificados e avaliados realmente os impactos, a

gente também prevê lá nas etapas de participação, ele deve ser apresentado em linguagem acessível

para as comunidades indígenas e serve como base pra tomada de decisão, a partir desses estudos e do

diálogo com as comunidades que a gente emita nossos pareceres e que componha ali dentro dos

estudos de viabilidade, então que a gente tem a intenção que o estudo de impacto indígena o termo de

referência, o estudo do componente indígena, ele seja de verdade parte integrante de uma etapa de

viabilidade.

Uma vez o empreendimento sendo considerável viável o projeto básico-ambiental é o documento que

apresenta as medidas e o controle dos programas próprios postos nos estudos para as comunidades

indígenas, então ele é uma etapa anterior a licença de instalação que é o que autoriza a obra, então

esse é um outro documento que a gente também orienta a execução disso, os projetos eles também são

feitos com acompanhamento e com as diretrizes que a própria FUNAI com a participação das

comunidades indígenas acompanham pra que o projeto seja feito, depois disso uma vez os programas

tenham sido estabelecidos e construídos, na parte da licença de operação cabe então a FUNAI fazer

juntamente com os índios o acompanhamento e o monitoramento da execução dessa atividade, então

o trabalho não para a partir do momento em que a obra é começada, enfim, é um trabalho constante

uma vez o impacto sendo constante e os programas também sendo constante pra mitigar esses

impactos, a FUNAI então passa a ter o papel de monitorar juntamente com os povos indígenas o

acompanhamento dessas ações. Quais são as dificuldades que a gente enxerga nesse processo de

acompanhamento do licenciamento ambiental? Tem uma questão muito recorrente que é de

descontinuidade das políticas públicas que significa o seguinte: muitas vezes o próprio acesso de

licenciamento ambiental ele tem que dar conta de uma série de questões de ausência do Estado, então

aquilo que deveria ser um processo para mitigar o impacto daquele empreendimento acaba , quer

dizer, o Estado acaba tomando contato daquilo através do empreendimento e se levanta, quer dizer a

necessidade de diversas políticas públicas que não necessariamente estão ali envolvidas naquele

empreendimento, uma outra dificuldade é a ausência de regulamentação do nosso papel no

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licenciamento, como eu disse não existe uma base legal ainda que obrigue, quer dizer que o parecer da

FUNAI seja vinculante, existe uma prática nesse sentido e a dificuldade do reconhecimento dos

impactos sócio-culturais, especialmente no entorno dessas terras indígenas, muitos empreendimentos

não estão dentro das terras indígenas, mas estão no entorno e causa impactos e não são impactos

somente ambientais mas são impactos sócio-culturais, a nossa experiência mostra que os termos de

referência pra estudo, eles tem colocado muito esta questão e não é muito fácil dialogar com a

realidade ambiental. Como desafio consideramos a regulamentação do componente indígena do papel

da FUNAI no licenciamento ambiental, dessa forma a gente considera que tanto o papel

constitucional como também a garantia que os povos indígenas possam participar desse processo em

toda a sua fase, além disso é qualificar todo o processo de consulta e participação garantindo a

informação de maneira breve e com antecedência aos povos indígenas e a própria estruturação do

órgão indigenista, quer dizer hoje a gente trabalha com mais de 300 processos, somos menos que 15

técnicos e que tem uma demanda muito maior do que a nossa capacidade de operacionalizar, embora

tenhamos um procedimento já proposto.

Como é que a FUNAI vem se organizando pra lhe dar com licenciamento? A gente fez em 2006 um

manual de procedimentos foi uma tentativa de sistematizar o que a gente já vinha fazendo, que é um

pouco deste procedimento todo que eu apresentei de como a gente acompanha como a gente

participa, em 2006 a gente fez uma primeira proposta de regulamentação que incluía uma extinção

normativa interna e também uma proposta para o CONAMA de inclusão, em 2007 a gente fez uma

parceria com a TNC pra a constituição de um banco de dados, inicialmente era um banco de dados pra

organizar os empreendimentos do PAC ,pra o nosso acompanhamento, mas hoje o banco de dados na

verdade contém todos os processos que a gente acompanha e a extinção normativa que é a

regulamentação dos procedimentos internos. Entrando um pouco no banco de dados, vou falar um

pouco do PAC, foi nossa necessidade de organizar a informação e o monitoramento dos

empreendimentos e particularmente o programa de aceleração do crescimento dentro da FUNAI. Ele

é um processo dinâmico, quer dizer o PAC ele sempre muda, sempre tem novos empreendimentos,

não é uma coisa que eu apresento uma lista aqui e no outro mês é a mesma lista, quer dizer, é um

processo dinâmico, tem empreendimento que sai do PAC tem outros que entram, quer dizer , o PAC

hoje ele não é um programa só de grandes obras, às vezes tem obras que são menores que estão ali

dentro, obras estaduais, enfim é um grande programa dinâmico e essa necessidade de a gente

monitorar. Então hoje a gente tem mais ou menos 340 processos de licenciamento que tramitam na

FUNAI Brasília que é a responsável pelo acompanhamento do licenciamento, não são as FUNAIs

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estaduais, desses mais ou menos 63% estão no PAC, então o que significa que a maior quantidade de

empreendimentos não esta no PAC na verdade é o que a gente chama alguns de passivos ambientais,

outros são outros empreendimentos que não estão no PAC a nossa maior quantidade não é nele,

dentre esses processos quais são os que mais a gente tem? São os aproveitamentos hidrelétricos que são

usinas, pequenas centrais hidrelétricas em outras tipologias que são mais de 100 processos, linha de

transmissão e de distribuição sessenta e poucos processos e rodovias, tanto de pavimentação quanto de

duplicação que também são cerca de 60 processos. Banco de dados esta sendo incorporado, a gente

elaborou em 2007 estamos manejando ele, aprendendo a lhe dar com ele, praticando a forma de

atualizar esses dados e agora uma novidade que surgiu a partir deste concurso de temporadas que a

FUNAI fez , a FUNAI vai ampliar o sistema de terras indígenas, a idéia que esses dados que são de

acompanhamento do empreendimento possa ser incorporado no sistema de informação maior, que

incorpore várias informações dentro da FUNAI não só as informações fundiárias mas das ações das

aldeias da realidade de cada terra indígena e também dos empreendimentos então o banco de dados

ele na verdade vai ser incorporado dentro de um sistema de informação maior.

Só pra finalizar um pouco a gente ta discutindo uma instituição normativa interna da FUNAI, está

sendo discutida aí que a CGPIMA e as demais coordenações, discutimos também na sob convenções

de empreendimentos aqui da CNPI é uma necessidade de padronizar os procedimentos que a gente

tem e de deixar alguma coisa dessa prática que já vem tendo, que ela não tem normatização, ela tem

como público alvo o próprio quadro técnico da FUNAI da sede das administrações regionais outros

órgãos ambientais da administração pública, federal, estadual, municipal e o licenciamento ambiental

hoje de empreendimentos que impactam terras e povos indígenas não é feito somente pelo IBAMA

feito também no nível estadual e a nossa comunicação é precária ainda com isso os próprios povos

indígenas as universidades, centros de pesquisa, ONGs que lidam com a questão sócio ambiental que

muitas vezes são as responsáveis por fazer os estudos de impacto indígena os próprios

empreendimentos que necessitam de licença ambiental profissionais diversos que atuam nas áreas

consultórios, empresas de consultorias e os órgãos gestores de políticas públicas além da nossa

instituição normativa e que agente vem tendo publicar ainda esse ano também se faz necessário a

regulamentação do componente indígena no âmbito do CONAMA que é Conselho Nacional de Meio-

Ambiente que muitas questões que nós queremos normatizar internamente necessita de um

pronunciamento do próprio CONAMA pra que na verdade o que a gente tem a intenção é que o

parecer da FUNAI a atuação do órgão indigenista seja vinculante no licenciamento ambiental é uma

prática que esse governo vem adotando, quer dizer o PAC hoje ele tem o comitê gestor em que se

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sentam numa mesma mesa os diversos órgãos ambientais a FUNAI esta nesse mesmo com o IPHAN

com o IBAMA todo mundo monitoramento do PAC, Chico Mendes, é quando pela primeira vez você

reconhece que essa fundação ela tem um papel ali no licenciamento esse papel ta reconhecido em

termos práticos mas em termos de lei ainda não, então a gente acha que isso precisar está explícito e

esse procedimento ele tem que ter um padrão, você tem que saber onde ele começa quais são as fases

que ele tem e onde que ele termina.

Então obrigada, agora só pra finalizar eu quero apresentar um pouco as listas do PAC que a gente

consegue produzir no banco de dados, eu vou até lá porque o arquivo outro. Bom, este é um tipo de

lista que a gente consegue elaborar com novas profundidades então a gente a nível do

empreendimento (...) o PAC ele aparece numa distância, então essa ferrovia ferro norte por exemplo

ela ta a 5 kilômetros da terra indígena então esse é um tipo de dado que a gente consegue gerar por

exemplo no nosso banco de dados agente até mostrou pras subcomissão que na verdade o bando de

dados ainda não está totalmente refinado, a gente ta tentando melhorar ele às vezes aparecem coisas

que não são, quer dizer, ou empreendimento duplicado mas de qualquer forma assim, é assim que a

gente controla a informação, então nós temos esse banco de dados e é a partir daí que a gente se situa

e vamos acompanhando o trabalho. Um outro tipo de lista só pra terminar o que foi pedido pra gente

apresentar é os empreendedores por exemplo então você tem ali por estado: Mato Grosso a terra

indígena rica em batisso (inaudível), pra fazer esse atestado administrativo não é nem

empreendimento mas que a gente também acompanha, no entorno, o desmatamento, e ali tem o

nome do empreendedor, por exemplo ferro norte ferrovias, também a gente consegue gerar esse dado,

quem é esse empreendedor, o estado que esta, enfim. Uma última lista que é também por tipo de

empreendimento, quer dizer o nome por terra indígena, o assunto, a tipologia e o tipo de

empreendimento poço tubular, ferrovia, hidrelétrica, enfim, são procedimentos que a gente tem

aperfeiçoado, a gente consegue agregar por terra indígena por estado , quer dizer pra monitorar essa

informação, então é isso, muito obrigada!

Márcio (Presidente) - Obrigado Marcela pela apresentação seria bom que você pudesse voltar aqui

Marcela e a gente vai abrir diretamente pro plenário perguntas e sugestões, dúvidas. Caboquinho

depois o Arão depois o Wellington depois a Ana Paula depois o Saulo

Caboquinho Potiguara – Caboquinho Potiguara região leste do nordeste Paraíba, o Marcela eu acho

que faltou você falar uma coisa a respeito dos empreendimentos indígenas também, estou me

referindo os empreendimentos indígenas hoje do corpo Potiguara. Eu acho que algumas pessoas aqui

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já conhecem a trajetória que nós vimos já ao longo do tempo passando mas eu vou só fazer uma

memória aqui, é que na realidade nós tínhamos 180 tanques de camarões, nós tínhamos uma produção

semanal assim de mais de 30 toneladas de camarões no entanto o IBAMA interviu junto com o

Ministério Público sem a anuência da FUNAI, quero que fique isso bem gravado, sem a anuência da

FUNAI e tentou fechar os nossos tanques e aí foi quando , é isso que esta falando te que ter essa

conversação que realmente não teve nem o Ministério Público e nem tão pouco o IBAMA e foram pra

nossa área e nós prendemos o IBAMA e a Polícia federal, foi uma coisa muito desagradável por parte

da justiça, porque a Polícia Federal o IBAMA e com a área indígena e a gente prender, nós

prendemos, e isso deu uma revolução muito grande e aí foi quando o IBAMA procurou a FUNAI, tá

uma conversa, no entanto todo o empreendimento que nós tínhamos dentro da nossa área, foi quando

nós começamos a dialogar e conversar com os órgãos porque até aí não tinha ido ninguém, nem tão

pouco a FUNAI tava acompanhando, e aí nós começamos a fazer nosso estande de acordo com as

possibilidades nossa e começamos a dialogar no entanto nós temos apenas 48 tanques, nós temos uma

renda mensal de 100 mil reais em 48 tanques, e agora o IBAMA cismou de fechar os nossos tanques, e

aí nunca nos chamou para conversar, inclusive eu estou conversando com Marcela a gente esta

tentando um dialogo com o IBAMA e falou claramente que vai descer pra Polícia Federal e vai fechar

os nossos tanques, quer dizer não discute uma político-social, quer fechar o nosso tanque fecha, agora

vamos discutir uma saída também, porque são 250 famílias hoje que trabalham diretamente com o

camarão, como eu falei nós temos uma renda mensal de 100 mil reais, será que o IBAMA ou os órgãos

vai ter recurso pra fazer todo esse reparo, eu acho que nós temos que ver, ter uma política como você

falou aí toda essa, tem que ter uma licença prévia, tem que ter consulta, tem que ter isso tem que ter

aquilo, mas também tem que ver se os Potiguaras são direto como comedor de camarão, nós

produzirmos camarão, até antes dos nossos antepassados que vêm criando camarão, que vem pescando

camarão nós tanto tem o camarão nativo como também tem o camarão de cativeiro.

Eu acho que nós deveremos ver uma nova política, pra ver também esses condicionantes, porque não

é só chegar o IBAMA ou o instituto Chico Mendes e dizer, não todo o empreendimento dentro da

área dos potiguaras vai ser fechada, mas não olha do outro lado que o estado vizinho que tem

empresas multinacionais russas que acabaram o Rio Grande do Norte em todo o litoral do Rio Grande

do Norte hoje ter acabado com o tanque de camarões não olha do outro lado da nossa divisa que são os

usineiros que estão cheio de tanques de camarões, mas olha a nossa área porque fica dentro de uma

área da APA e isso nós também temos que rever e antes da APA chegar lá nós já estávamos lá

pescando e criando camarões mas agora vem uma nova lei passando por cima até da própria

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constituição que diz que o índio tem direito exclusivo do usufruto da água do rio e dos lagos, quer

dizer lá é mar também o que é água.

Aí os Potiguara hoje, nós estamos vivendo num clima de muita tensão por conta de ameaça , o próprio

IBAMA esta ameaçando ir e nós já falamos, pode vim , agora uso as palavras do Ak’Jaboro, pode ir

porque nós estamos preparados também caboclo, já pegamos uma vez a Polícia Federal, pegamos o

IBAMA agora se for, que eu to falando com toda a clareza aqui, se a polícia Federal ou o IBAMA

descer pra nossa área, nós vamos prender de novo w agora não vai ter Petrônio pra ir lá e não vai ter

ninguém pra soltar mais não, vai ver que o negócio vai ser mais forte , eu acho que nós deveremos ter

esse diálogo , eu to trazendo isso , já trouxe pra Marcela, Petrônio também já trouxe pra Marcela mas

no entanto, o IBAMA local é que esta fazendo todo o tumulto, nós não precisamos estar, hoje

brigando por conta nossa, nós precisamos procuráramos buscar políticas públicas pra ter saída, pra ter

uma outra alternativa. Obrigado!

Márcio (Presidente) - Obrigado Caboquinho, o próximo é o Arão

Arão - José Arão Marize Lopez, Guajajara do Maranhão, bom, é na verdade eu quero estender aqui

uma pergunta pra Marcela em relação a esse parecer da FUNAI nos assentamentos ambientais, ela

disse que não é condicionante e se não é condicionante eu gostaria de saber se esses pareceres que a

FUNAI têm omitido eles não são levados em consideração, se são pareceres do ponto de vista, se não

são, se são ilegais do ponto de vista jurídico? A outra pergunta que eu faço: qual é a distância do limite

da terra indígena demarcada e reconhecida pra implantação de projetos mesmo que seja projeto no

entorno da terra indígena já legalizada e tudo mais? E também em relação a aquelas terras indígenas

que estão em análise, em estudo , qual é a legalidade de implantação de projetos naquela área

pretensa? Eu estou falando isso aqui especificamente na Terra Indígena Bacurizinho que nós estamos

com um pedido inclusive já com reconhecimento de laudo antropológico publicado no diário oficial e

tudo o mais mas que no entorno na sua maioria os projetos de assentamento, inclusive autorizado pelo

INCRA e pelo próprio governo federal, já existe assentamento, já nessas áreas pretensas e também

projeto de empresas carvoeiras de soja de fazendeiros e tudo o mais. A minha preocupação também é

em relação às obras que eu vou impactar nas terras indígenas, que são as grandes obras do PAC, de que

forma então, qual vai ser a colaboração da FUNAI em relação a estas obras que vão impactar

diretamente nas comunidades indígenas, uma vez que, quase nada vai ser levado em consideração a

esses pareceres . Obrigado!

Márcio (Presidente) - Obrigado Arão, o próximo vai ser o Wellington 123

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Wellington - Wellington de Rondônia, Marcela quando você diz que no programa PAC não é só obra

grande que é incluído, porque você falou que até pequenas centrais que é o PCHs, me preocupa uma

questão que a gente esta enfrentando no estado de Rondônia, eu acho que todo mundo sabe que está

sendo construída uma barragem grande no rio Madeira e aonde vai atingir várias terras indígenas e até

o momento nós não fomos convidados pra ser, pra discutir, pra participar da discussão desse projeto e

acho que foram convidadas duas ou três lideranças indígenas e a FUNAI em nenhum momento, não

se preocupou quanto às terras indígenas que iam ser atingidas por essa obra e duas terras indígenas foi

incluído no planejamento dessa obra que é a terra indígena Karitiana e também Karipuna e a maior

parte das terras indígenas que vai ser atingido também indiretamente e diretamente é a região de

Guajará e pouco tempo que a FUNAI começou a se preocupar a acompanhar e informar as lideranças

indígenas, essa é uma preocupação muito grande, até porque você estava lendo aquele plano que eu

fiquei preocupado, aí tem a participação efetiva da FUNAI no papel não querendo criticar e tem

também a participação das comunidades indígenas que são atingidas, então nessa questão a gente tem

que ver, não colocar só no papel a participação das comunidades indígenas , eu acho que a gente tem

que colocar na prática (inaudível áudio com defeito) em nenhum momento as comunidade indígenas

foi convidada pra ouvir ou também opinar e também garantir alguma coisa pra eles, então, eu acho

que é uma questão que a gente tem que rever isso aí na região de Viena também ta sendo construído

outro PCH onde vai atingir as terras indígenas , então tem vários pequenos projetos que a gente não ta

acompanhando que a FUNAI não esta nem se preocupando com nossa participação direta, então a

gente eu acho que só no papel não quer que seja feito assim mais...

Márcio (Presidente) - Obrigado! Wellington a Ana Paula.

Ana Paula – Instituto Sócio Ambiental – Esta apresentação foi uma solicitação da subcomissão que

acompanha empreendimentos em terras indígenas. Essa subcomissão já mandou para cá para a

plenária, eu acredito, alguns encaminhamentos. Um deles era a realização de seminários regionais que

levantassem quais são todos os problemas que existem de empreendimentos dentro de terras

indígenas, por exemplo, o que o Caboquinho colocou que eles têm problemas, e se isso não está dentro

do banco de dados, do acompanhamento, uma das idéias seria fazer a realização de seminários

regionais para que se levantasse o que existe realmente de problemas de obras que são realizadas

dentro das terras indígenas ou no entorno e que tenha impacto dentro das terras indígenas. A maioria

destas solicitações que chegam para a FUNAI chega por denúncias dos índios ou algumas vezes por

um órgão ambiental, mais muito dos problemas que acontecem não chega ao conhecimento da FUNAI

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ou porque são obras que estão sendo construídas pelo município ou são obras do Estado e muitas vezes

são obras de empreendimentos privados, que aí não procuram passar por dentro do processo de

licenciamento ambiental, não obedecem à legislação Federal. Então uma das solicitações era essa, a

realização de seminários regionais para que se houvesse um levantamento nas regiões para saber quais

são essas obras. Uma outra solicitação era a realização de uma audiência com Ministra Dilma Rousseff

para discutir a questão das obras que são de relevante interesse da União e podem retirar o usufruto

exclusivo dos índios sobre os recursos naturais e pode excluir também a posse permanente dos índios

sobre as terras. Essas obras devem ter uma lei complementar, que vão dizer quais são essas obras e

como elas podem ser realizadas dentro de terras indígenas, não existe essa lei e as obras que são de

relevante interesse nacional que vão excluir o usufruto exclusivo dos índios, vão excluir a posse

permanente dos índios, estão sendo realizadas de maneira ilegal, então é discutir a necessidade de

haver essa lei complementar que venha legalizar essa situação. Então essa audiência eu acho que já foi

trazida para a plenária e precisa ter um andamento com relação a isso. Um outro ponto que eu acho

importante ressaltar é a questão da consulta aos índios de acordo com a convenção 169 da OIT. Como

foi colocada aqui, a manifestação da FUNAI é feita por uma prática, mais ela não é obrigatória e ela

tem dificuldades de ser implementada, mais a consulta aos índios é sim uma obrigação e ela está sendo

realizada dentro deste procedimento e nem sempre seguindo os requerimentos que são da convenção

169 da OIT . Então é importante regulamentar não só o papel da FUNAI , mais também ter claro a

realização da consulta aos índios, como prevê a OIT . Então eu acho que esses são os principais pontos

que eram importantes trazer aqui para a plenária para serem discutidos.

Saulo – CIMI – Eu quero dizer para a Marcela que eu acho importante esse esforço no

aperfeiçoamento do banco de dados. Inicialmente eu acho que a gente tem que se preocupar com duas

questões, se você foca muito a questão das obras que estão processo em licenciamento, mais eu

acredito que o banco ele oferece todas as informações das obras empacadas independente do processo,

se já passou ou não pelo processo e se a gente comparar o estado em que nós recebemos no ano

passado, os números que você coloca atual, há uma defasagem de quase cem terras, porque eu

enumerei as terras do PAC que na época eram 48 e agora são 60 e os outros empreendimentos eu acho

que são 458 se não me engano, então são obras que já passaram pela coordenação. O que é importante

primeiro que a gente tenha a informação geral de todas as obras que sofrem impactos, independente

de estar ou não em estudo na coordenação. Outro aspecto importante é que já houve um avanço,

quando se inclui a possibilidade de no relatório informar o empreendedor, mais no próprio diálogo

com a comunidade é importante o custo e o financiador, por exemplo, uma obra que é financiada pelo

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BNDES ela requer por parte da gente, todos nós cidadãos brasileiros uma exigência maior em relação a

ela, é outra informação que eu considero importante para a discussão com as comunidades e espero

que o banco também deve considerar isso. O aspecto que a Ana Paula levanta das obras que são

caracterizadas como de relevante interesse, elas nos colocam outra preocupação, essa instrução

normativa ela não pode se estender por estas obras, ela tem que se restringir às obras que são

construídas fora das terras indígenas. Embora a gente afirme o trabalho que a FUNAI faz e o parecer

que a FUNAI vem a apresentar pode não ser vinculante quando se posiciona contra mais pode vir a ser

quando se posiciona a favor porque o uso não vai ser feito pelo órgão indigenista vai ser feito pelos

interessados, nos meus primeiros anos de indigenista eu já assumi a função ingrata de ter que

acompanhar todas as reuniões do conselho deliberativo da SUDENE porque repetidas vezes os

Governadores de Estado que eram membros de conselho certidões negativas da FUNAI dizendo que

não havia índios naquela região e eu tinha que arranjar alguém para dizer que o parecer da FUNAI

estava errado e que existe sim e com base naquele parecer muitos projetos foram implantados e ainda

hoje continua tendo com base naquele parecer da FUNAI obras que são instaladas e o empreendedor

usa o argumento de que houve o parecer favorável. Então o aprimoramento, o esforço que vocês estão

fazendo é importantíssimo o aprimoramento dos dados e a socialização dos dados com a população em

terras indígenas. Compreendendo isso, agora eu estou mais convencido à proposta da subcomissão

dessas oficinas regionais porque eu acho que elas vão funcionar como uma possibilidade de construção

das experiências das consultas que de fato elas têm caráter vinculante no exercício do texto proposto

pelo estatuto na questão da mineração se avançou até o poder de veto na consulta feita ao povo

diretamente atingido. Então eu acho que é um processo que a gente poderia avançar ainda mais.

Gostaria de obter esta listagem para conferir com a outra, inclusive não sei se vai distribuir para todo

mundo ou se a gente procura. Obrigado.

Tóya – Região Amazônica Estado do Acre e fundador da (ininteligível) – Eu vou aqui fazer uma

pergunta para um membro da assessora dos povos indígenas mais ao mesmo tempo ela é um pouco do

trabalho de turismo não é. A gente sabe muito bem que existe um grupo de trabalho interministerial

composto pelo Ministério da Justiça, Funai e Ministério do Meio Ambiente, que está discutindo isso e

está colocando a questão da proposta sobre turismo no projeto de lei, então a pergunta é como é que

funcionariam as comunidades que já vem fazendo este empreendimento, como é que a FUNAI

poderia estar ajudando essas comunidades a melhorar esses projetos? E uma outra coisa avisar parentes

que são do grupo de trabalho interministerial que agora às 10:00h está acontecendo uma

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teleconferência para preparar a reunião de segunda-feira que acontecerá em Brasília? Essa era a

pergunta.

Ak’Jaboro: (fora do microfone) Bom dia. Meu nome é Ak’Jaboro, do Estado do Pará. Esses

empreendimentos que nós estamos discutindo agora são rotineiros, por que... os programas... que nós

estamos preservando sem receber nada. Um dia que nós nos encontramos lá em Brasília, e

(ininteligível) pediu para vocês resolverem a questão da nossa área que tem muitos (ininteligível)

indígenas. E lá... quanto tempo tem que eu pedi para legalizar esse Jaborondi? Oito anos. Oito anos

que eu pedi. De oito anos até aqui para legalizar este Jaborondi, o que prejudica meus amigos. Muito

tempo, e o IBAMA e a FUNAI não conseguem resolver nada. E naquele tempo, o meu povo, os

Kayapó... está retirando madeira ilegal. Esse é um problema sério. (áudio com defeito). As lideranças...

Ministério da União pediu que eu assumisse uma liderança maior que eu não queria, por que extraem

muitas madeiras e garimpo, ouro, mineração... Então eu não queria. Depois fizeram reunião com todas

as lideranças, dizendo que se realmente, se vocês pararem de extrair madeira ilegal e mineração eu

vou assumir. Senão você vai me jogar para morrer bem aí. Porque... aí sim. Por aí mesmo, se as

lideranças fizerem a reunião, chamar a FUNAI, chamar o IBAMA, chamar a Polícia Federal. Por que

já aconteceu outras vezes a questão de madeiras dentro da área... Até agora a madeira que foi presa

está lá ainda. Antes que eu viajasse para cá, os caciques fizeram reunião para tocar fogo nessa madeira

para esquecer de vez. Já pedi para o Márcio. Aí chega lá, eu conversei com ele... “Não, cacique, não é

assim não... O negócio está na Justiça, é muito demorado...” E ainda, essa madeira está acabando

também. (ininteligível). Então o que os caciques resolveram é que parou a venda de madeira. Ia

ajudar, ajudar a FUNAI, ajudar o governo, ajudar o IBAMA... É por isso que nós não vimos nenhuma

liderança dos Kayapó até agora.

E ainda, os Kayapós estão cobrando qual o projeto que pode ficar no lugar destas madeiras e deste

garimpo. Eles estão me cobrando. Até agora, há quanto tempo eu estou pedindo projeto para os

Kayapó? Muito tempo. Tem vários projetos de não destruir a Amazônia. Então o que eu estou

querendo falar para vocês é: resolve isso aí para mim. Urgente. Resolve isso para mim. (ininteligível).

Também, o dia que eu cheguei aqui em Brasília e a Polícia Federal veio e prendeu os parentes com as

penas, com tudo, (ininteligível). Então o que eu fiz: eu fui lá e conversei com o presidente do IBAMA,

conversei com o delegado da Polícia Federal (“Por que você fez isso?”) e ele disse que estão matando

estes pássaros todos. Nós não estamos matando e jogando fora, tirando só as penas. Nós estamos

matando e comendo, esta é nossa alimentação, que nós estamos aproveitando nesse sistema para

ajudar a sobrevivência de nossas famílias. Vendemos penas, e depois comemos a carne. Nós não

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estamos matando e jogando fora não. Sempre que estão julgando que... claro que nós índios somos

preservadores da floresta. E nós não recebemos nada, nada mesmo. Nada mesmo, vocês sabem muito

bem. Já que a FUNAI não tem recursos para manter muitos, milhões e milhões de indígenas, não dá

conta de ajudar. Não tem dinheiro, sempre a FUNAI não tem dinheiro... tem um orçamento bem

pequeno. Então tem que ajudar em alguns outros projetos para manter a sua comunidade. É isso que

nós queremos. Então, nesse PAC... Nesse PAC, a gente tem que resolver isso Marcela. Tem que

resolver isso para nós todos. Eu não estou falando só dos Kayapós. Tem vários parentes aqui que estão

querendo vender algumas coisas para manter, ajudar suas famílias. Não é só Kayapó, são muitos índios

do Brasil [dos quais] eu estou falando. Marcela, então resolve isso aí. Aproveito também... a madeira

que estava lá... antes de eu viajar para cá, outros caciques lá (ininteligível) estão bravos. Como é que

foi este problema? Como é que estão estes problemas? Que dia, mais ou menos, pode resolver isso?

Então, eu falo “Eu não sei, eu não estou acompanhando estes processos. Mas sempre estou cobrando,

sempre estou pedindo, para ver se resolve este problema rápido, porque a madeira está acabando.” Aí,

o próprio pessoal que estava lá... os indianos... que estavam lá, já perderam muita madeira. A própria

FUNAI, o próprio [governo] federal, o próprio IBAMA, que está lá cuidando, fiscalizando... mesmo

assim, já se perdeu muita madeira lá. (ininteligível). Eu mesmo fui lá, conversar com o pessoal, fui lá

para... Eles fizeram a dança lá para tacar fogo, e eles não deixavam. Então resolve isso aí para mim,

Marcela. (áudio com defeito).

Márcio (Presidente) - (áudio com defeito)

Francisca: representante do Mato Grosso. Marcela, eu estava observando aqui a sua apresentação,

então acima das questões que me preocupou muito, a região do povo Bororo. Eu tenho recebido muita

reclamação da parte deles de que muitas coisas que são discutidas, que são tratadas em relação à

situação deles (nós temos o caso aí de Jaridori)... Eu já falei uma vez aqui na CNPI, talvez seja um caso

que eu considero tão importante quanto o de qualquer outra situação de povo, porque os índios foram

expulsos da região, são ameaçados de morte... tem um grupo pequeno que não pode nem pisar naquela

região... Então a cacica de lá tem manifestado uma preocupação do desaparecimento do povo. Porque

além das ameaças existe outra situação gravíssima que tem ocorrido lá. Mas uma coisa que eu tenho

observado na sua apresentação... primeiro eu gostaria de ressaltar que eu concordo com... um pouco

do que eu ia falar o Saulo e a Ana falaram. E eles disseram essas questões mesmo. A questão dos

seminários...

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A questão dos seminários regionais, a importância que eles têm para as comunidades indígenas, no

sentido de preparar as comunidades, de todos estes procedimentos que vêm ocorrendo, o papel da

própria FUNAI, que muitos povos estão descrentes desta situação, não acreditam mais. E nós sabemos

da situação de Mato Grosso. Esta aí a Lylia com o André que conheceram a nossa realidade, são de lá e

conhecem a nossa realidade. Mais uma coisa que me preocupou foi ver o seguinte: de toda a opressão

que o povo Bororo vem sofrendo, ainda por cima tem aqui empreendimentos pesados, como é essa

questão da ferrovia que passa dentro da terra deles. Aqui está envolvido os quatro territórios

principais do povo Bororo, que ainda ficou até do Dr. Márcio dar uma visita ali em Perigara. Você não

foi ainda né? (provavelmente “ainda não”.) Então. Eu estive conversando com alguns deles, e eles

manifestaram esta preocupação. Porque o Estado está envolvido com estas obras, e eles nunca foram

convidados para discutir esta questão. Quando são chamados, já é para a decisão final das coisas. Tipo

assim, “vocês têm que decidir se vocês aceitam ou não, qual é a condição...” Então isso me preocupa, e

muito. Então eu reforço esta questão de que a Ana falou da importância dos seminários, oficinas

precisam ser realizadas de preparação destas comunidades... E outra questão que eu queria falar

também é em relação à questão dos zoneamentos que aconteceram. A gente sabe que alguns estados já

fizeram, outros foram muito bem-sucedidos porque tiveram a participação dos índios. No meu estado

a gente teve graves problemas, porque apesar de termos feito o possível para participar, houve a

participação... mas se não fosse por... esforço mais dos índios do que do governo. E os índios, nestas

discussões do zoneamento é que eles ficaram sabendo destas obras que vão acontecer próximo às

terras indígenas deles. Então isso chamou uma atenção muito grande, e a gente ficou muito

preocupado com isso. Da FUNAI foram apenas duas pessoas que tiveram participação. Um foi o

Gabriel, outra foi a Paula, que acompanharam. Eu não sei quais foram os encaminhamentos que eles

deram lá no setor, no GPIMA, a discussão... como foi agora o acompanhamento final deste

procedimento.

E assim, você colocou aqui que uma necessidade que existe é o reconhecimento dos impactos sócio-

culturais, especialmente do entorno. Isto tem que estar bem claro também dentro da proposta do

zoneamento. Por exemplo, a participação da FUNAI é fundamental, e nem sempre a FUNAI foi

convidada para participar e acompanhar. Outra questão que eu queria perguntar a ti é: quem é o

representante indígena agora no CONAMA? A gente ficou sabendo que tinha um parente lá que

estava acompanhando tudo, e depois a gente não sabe se ele está fazendo ainda, se está participando,

quem é ele... que eu acho que é uma pessoa que deveria estar aqui também, deve estar também dentro

da subcomissão de Etnodesenvolvimento , da comissão de empreendimentos (intervenção fora do

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microfone)... isso... porque é muito importante ele dar esclarecimentos, explicar para a gente... então a

gente nunca mais ficou sabendo, eu pelo menos não sei... já perguntaram para mim várias vezes e eu

não pude dar resposta. (intervenção fora do microfone). Está bom então. Era isso mesmo, obrigado.

Márcio (Presidente) - na verdade, nós temos só duas inscrições, e eu vou propor que estas sejam as que

fecham as inscrições, para voltar aqui para a Marcela. E assim que o microfone chegar lá na Lylia, eu

vou passar logo a palavra para a próxima inscrita, que é a Simone, e aí a Lylia vai dar o informe.

Simone.

Simone: Simone Karipuna, região norte, Amapá. Marcela, eu queria tirar... nós estamos com uma

dúvida... os povos indígenas do Oiapoque tiveram recentemente das lideranças indígenas um

questionamento, e há bastante tempo tem havido, sobre a questão da sobreposição de uma terra

indígena, que é próximo... da terra indígena Uassá, que fica um lago, chamado Maruani, e que logo

próximo fica um Parque Nacional (Caborãs). Então as comunidades lá próximas ficam solicitando

através da FUNAI (Brasília) que envie técnicos para que se faça um estudo sobre esta questão.

Também uma preocupação muito grande é em relação aos assentamentos próximos das comunidades

indígenas, porque a gente tem lá dois impactos muito grandes. Impacto do PAC, duas ações do PAC lá

dentro, que é uma BR, e que daqui a um tempo vai ser também uma ponte, que liga o Brasil à Guiana

Francesa. Então a gente fica numa preocupação muito grande, porque este assentamento fica a apenas

sete quilômetros da terra indígena. Então há uma preocupação grande neste sentido de que a FUNAI

central disponibilize técnicos para que eles façam este estudo, esta análise de toda esta questão destes

assentamentos e desta sobreposição, para que se tenha uma posição mais adequadas para as lideranças

indígenas. Obrigada.

Márcio (Presidente) - muito obrigado Simone. A próxima inscrita é a Pierlângela e depois a última é a

Lylia Galetti.

Pierlângela: Pierlângela, de Roraima. Nós tivemos acesso à Instrução Normativa... a subcomissão

passou para a bancada indígena e nós entendemos o papel da FUNAI nisso, a importância da

participação da FUNAI, porém nós temos outras questões que nós levantamos na nossa reunião da

bancada indígena, e que a própria Instrução Normativa coloca as obras dentro das terras indígenas,

está falando isso... e a gente viu que obras dentro de terras indígenas, que impactam dentro das terras

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indígenas, precisam de uma regulamentação própria; e na própria listagem que foi colocada aqui pelo

CONAMA fala-se em mineração nas terras indígenas também. E que a Instrução normativa também

contempla isso. Então a gente uma preocupação muito grande com estas questões que já estão sendo

colocadas. E nos preocupa muito a questão não só da regulamentação, mas a questão política em si

também de toda a situação, principalmente com a FUNAI mesmo, com o nosso próprio órgão, e a

intervenção de outros ministérios dentro da própria FUNAI, que pode afetar realmente, que pode ser

uma via de mão dupla. Enquanto nós temos um órgão que defende, que é para a nossa defesa, a gente

considera também, e com muito cuidado... nós fizemos (não é da nossa competência, a gente sabe que

é do órgão, a Instrução Normativa é uma competência do órgão), mas a gente fazendo esta análise, a

gente ficou muito... não temos ainda uma clareza do que seria isso melhor.

E a outra questão, porque ela avança muito aqui, ela pega coisas aqui que realmente vão impactar, e

concorda com uma série de coisas que a gente ainda está discutindo aí. E quanto à resolução do

CONAMA também. Para nós, nós discutimos na nossa bancada que nós não temos clareza como seria

isso no CONAMA. Porque regulamentar, regulamenta. Hoje a FUNAI, a gente pode dizer que hoje

nós temos à frente um presidente que conhece, que entende... mas a nossa preocupação é que a gente

repasse tudo à FUNAI, e daqui a pouco venha um presidente que não seja como o atual presidente, e a

gente quer garantir... não que pessoas, mas que quando a regulamentação chegue, as pessoas que

estejam à frente, e principalmente, não só o presidente, mas quem está na ponta, que está lá nas

administrações regionais... que tem muitas administrações regionais que as regionais co-optam o

parente, que fazem... e a gente sabe, isso é realidade, não precisa ninguém estar dizendo, que existe a

FUNAI e FUNAIs. A nossa preocupação é essa: ter uma garantia de uma discussão mais ampla e séria

sobre essa questão deste licenciamento. A gente entende que a Instrução Normativa é competência da

FUNAI, aqui nós indígenas discutimos, mas nós ficamos muito preocupados com o que vai, tanto na

Instrução Normativa quanto o que vai para o CONAMA. Para que dê garantia também para nós povos

indígenas, e como nós discutimos, no Estatuto (e é o que o Saulo ressaltou ali)... é que nós podemos

dizer... Porque quando a gente vê que tem obras que quando é para beneficiar os indígenas, elas são

paradas. Geralmente às vezes até a construção de uma estrada, uma coisa que vai beneficiar a nós,

dificilmente ela vai para a frente. Sempre alguém arruma um jeito de não ir para frente. E às vezes, as

obras maiores sempre passam. E aí a gente tem isso lá em Roraima na terra indígena São Marcos. Passa

a União-Undiguri que vem, que abastece cidade, passa dentro da terra indígena... Mas nenhum

indígena ali tem energia da União Undiguri. Passa a obra, beneficia a população do estado todinho,

menos os indígenas. Então estas questões para nós também têm que ser consideradas nestas situações.

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Porque quando é obra que beneficia politicamente (e aí a gente tem que colocar esta questão política,

porque aqui não está só o componente da legalidade, está o componente [político], aqui todos nós

somos sabedores disso).

Então a gente tem estes dois campos para tomar esta decisão, fazer uma análise política e legal. A

própria AGU, os nossos assessores, podem esclarecer mais isso, porque a gente precisa de maiores

esclarecimentos em relação à esta questão. No nosso entender a gente tem que ter um pouquinho de

tempo ainda, e estes seminários seriam importantes para isso. Porque a gente tem que discutir com as

comunidades. E quando eu estava lendo a resolução do CONAMA a gente percebeu também, quanto à

questão... inclusive a gente discutiu isto no Estatuto, de como vão ser ouvidas estas comunidades.

Porque a nossa preocupação, que a gente colocou também no Estatuto, é que devem ser ouvidas as

comunidades, e esta questão da representação tem um problema também. Nós já discutimos isto no

Estatuto. Quem representa quem, que a consulta deve ser feita lá na comunidade, porque às vezes o

representante usa a própria liderança para ir contra o seu próprio povo. Então isto também tem que

ser pensado. Estas discussões, esses seminários, são importantes para isso. Para a gente ter uma firmeza

daquilo que nós estamos delegando à FUNAI como instituição, não hoje quanto ao presidente, que a

gente considera e sabe que ele trabalha... mas como instituição. Pensando no que a instituição (estes

anos todos) e o que a gente quer daqui para a frente. Então era isso, o que a gente conversou na

bancada indígena. Obrigada.

Márcio (Presidente): Lylia, que é a última inscrita. Em seguida, volto a palavra para a Marcela.

Lylia: à essa altura é só no show, não tem como baixar este negócio. Gente, bom dia, deixando aqui

um informe do GTI para distribuição... como a gente se comprometeu aí com a Comissão... já vinha

fazendo, mas através do site, que nem todo mundo conhecia. Não sei quem teve realmente, que

cobrou aqui, teve realmente a curiosidade de abrir o site. Eu não sei se a gente tem até uma ligação

direta com a internet aqui mesmo, para dar uma mostrada, eu acho que seria uma coisa interessante. E

todo mundo [poderia] pegar de novo o endereço e acompanhar a discussão. Nós vamos ter as

consultas, vários fóruns, mas a página do Yahoo!, o site, ele é aberto para contribuições também,

recados, para chamar atenção para alguma coisa. É do tipo “fica ligado, entendeu, que a coisa está

funcionando.” Com relação à representação no CONAMA, a APIB, foi pedido diretamente para o

Ministro, para que fosse alterada esta representação, que antes era da antiga... esqueci a sigla

CAPOIBE. Esta solicitação veio para a gerência indígena, o CONAMA perguntando o que fazia com

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aquilo, o Gabinete perguntando qual era a pertinência da solicitação que a APIB estava fazendo...

então nós fizemos uma nota técnica dizendo que agora tinha que reconhecer a Associação dos Povos

Indígenas do Brasil, que esta é a referência que a FUNAI e que a CNPI vêm trabalhando, e que então

recomendávamos a solicitação imediata à APIB da indicação do nome. E houve também... Primeiro

foi aprovado no CONAMA que a APIB é quem indica a representação, mas quando chegou na

Consultoria Jurídica, o processo bateu e voltou para a Gerência Indígena. Por quê? Porque o

CONAMA é um órgão muito cioso da sua legalidade, e tem que ser, porque lida com questões muito

delicadas muitas vezes, como é esta mesma da questão indígena. E eles pedem um documento de

dissolução da CAPOIBE e de legalização da APIB para que eles possam acatar a indicação dos nomes.

Que a APIB é quem tem o assento e que tem representação.

Diante desta situação eu fiz uma comunicação à APIB, até agora sem resposta, pedindo então que eles

se manifestassem, e dando inclusive uma idéia, uma sugestão... coloquei até isto no e-mail (“tomo a

liberdade”), acho que tem que ter este cuidado, vocês podem decidir outra coisa... mas a indicação de

que, já que não existe este documento de dissolução dessa organização, e a APIB foi criada dentro do

último acampamento, e não tem esta existência legal (e talvez nem pretenda ter), que a CNPI fizesse a

indicação. Porque aí resolvia o problema, acho. Não sei se mesmo assim a Consultoria Jurídica vai

exigir alguma coisa. Mas acho que se a gente sacramentasse aqui esta decisão, talvez a gente não

tivesse este problema jurídico. Eu não trouxe isto antes aqui dentro desta reunião porque eu estava

aguardando uma resposta da APIB. E aqui é uma reclamação mesmo. Porque eu acho que quando

vocês reivindicam e demandam coisas, se a gente não responde a gente leva paulada aqui. Então

devolvo na mesma medida. Eu estou discutindo com vocês, com as organizações indígenas, de igual

para igual. A APIB está devendo uma resposta sobre a questão do CONAMA, e o problema está na

mão do movimento indígena, e não do governo. Bom dia, obrigado.

Márcio (Presidente): Obrigado Lylia. Eu vou passar a palavra para a Marcela, e antes de passar a

palavra para a Marcela, eu só vou lembrar aqui (porque a Secretária Executiva Teresinha veio trazer

aqui para mim), que na reunião passada da CNPI, com relação à proposta das Oficinas... gente, vamos

prestar atenção... na reunião passada da CNPI surgiu a proposta das Oficinas, e foi aprovado na

reunião passada que elas sejam realizadas em 2010, no ano que vem... inclusive se propôs a criação de

um GT para tratar da questão do CONAMA em função das agendas deste ano de 2009 ainda

acentuadas (da CNPI) em relação ao Estatuto, e vocês vão lembrar também que nós temos 5 Oficinas.

Cinco consultas que vão ser já realizadas a partir deste ano do GTI. E nestas consultas do GTI está

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incluída também esta pauta de projetos e empreendimentos. Isto foi deliberado não reunião da CNPI

passada. Eu só estou lembrando isto aqui para que a gente considere, porque isto já foi tratado na

reunião passada e foi tomada esta decisão de que estas Oficinas sejam realizadas no ano que vem,

considerando tanto a pauta deste ano, já bastante pesada, quanto o fato de que as consultas do GTI já

incluem também esta consulta, este ponto, ou seja, de trazer as informações sobre empreendimentos.

Então a gente está aproveitando também estas cinco consultas que vão ser realizadas até Abril do ano

que vem. Então é só este informe que estou trazendo para lembrar (eu mesmo não lembrava,

Teresinha foi quem lembrou e trouxe aqui para mim). Marcela.

Marcela – Funai: Caboquinho, a gente acompanha os empreendimentos indígenas, temos

acompanhados estão Potiguara da cacinicultura. E de fato aí, não só com este exemplo, mas tem outros

exemplos de sobreposição (a companheira deu o exemplo do Oiapoque), tem vários... este é um tema

que a gente chama lá no GTI de tema quente. São diversos conflitos, a gente está tentando uma

mediação para este específico, e infelizmente os últimos acontecimentos lá com o IBAMA, estão

dando para trás na negociação que nós havíamos proposto. Acho que é muito claro que a questão da

gestão ambiental é muito importante para os povos indígenas também. Ak’Jaboro deu exemplos do

quanto os indígenas querem contribuir para isto, já contribuem em suas práticas, e o estado tem mais

é que apoiar isso e oferecer os meios para que se respeite a questão ambiental, para que vocês possam

ir aperfeiçoando cada vez mais. Acho que esta discussão que a gente tem feito lá na área Potiguara de

regularizar o que existe, de apoiar, de que vocês tenham direito à assistência técnica, que a

Universidade possa apoiar, que o Ministério de Agricultura e Pesca possa apoiar essas atividades... Mas

temos um impasse jurídico com o órgão ambiental, que a gente considera que o GTI pode e deve ser

espaço de proposição de políticas para superar todos esses impasses. Não dá mais para a gente ficar

brigando internamente, índios e unidades de conservação, porque acho que precisamos ser parceiros.

Também como encaminhamento do GTI a gente tinha solicitado a presença daqueles que decidem

também, para tratar. Não é uma discussão só técnica. Discussão técnica a gente já viu um monte de

encaminhamentos, agora... É até uma solicitação, um encaminhamento do próprio GTI que se pudesse

fazer uma conversa com o Ministro do Meio Ambiente, com o MinC.

Márcio (Presidente): eu quero aproveitar e dar o informe aqui que nós fizemos o convite já para o

Instituto Chico Mendes e para o IBAMA para vir aqui à CNPI, já foi feito e reiterado este convite.

Queria que a companheira Lylia do Ministério do Meio Ambiente pudesse reforçar isto lá... E além

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disso eu já solicitei audiência do grupo do GTI com o Ministro do Meio Ambiente semana passada, por

um acaso. Foi na semana passada que eu encontrei com ele pessoalmente. Então eu disse a ele que a

equipe da GTI estava pedindo audiência com ele há um tempão e não conseguia. Aí eu falei assim

“Não é possível, não chega para você então, eu acho. Deve ter alguma...” Ele me disse “claro que eu

recebo [a equipe da GTI]”. Então agora é só a gente...

Sandro: A COIAB que tinha pedido. Já tinha mandado algumas cartas pedindo, e aí depois a GTI....

Márcio (Presidente): então eu confundi, desculpa. Mas na hora H que eu falei com ele, que era rápido,

eu falei lá “Olha, é a GTI, tal...” De qualquer forma, ele me garantiu que abre a agenda dele para

receber, e é só uma questão de ver a data na agenda dele para ver isso. Inclusive Lylia, se você puder

falar com a Isabela, que estava do lado, e ela disse “é só falar comigo que eu acerto a data”, que é a

secretária executiva.

Caboquinho: Presidente, só um... Marcela, porque não se faz uma proposta de discutir esta questão da

cacinocultura também na GTI? Para a gente tentar essa audiência com o Ministro do Meio Ambiente.

Marcela: a idéia, Caboquinho, no GTI, é a gente discutir estes temas baseados em experiências, então

eu acho que o exemplo da cacinocultura é um dos principais que devem estar lá. Então aí vê com o

representante, que a gente tem reunião na semana que vem, 7, 8 e 9, é a última plenária do GTI para

decidir com relação ao texto da Política que irá para consulta. A primeira consulta é em novembro, é

no nordeste, então é o espaço (vocês estarão lá representados também) para a gente debater. Então as

condições institucionais a gente está tentando ver aí. Arão: o parecer da FUNAI, não é que ele é ilegal,

ele é legal, até porque o órgão indigenista tem a obrigação de se posicionar em todos os assuntos no

que se refere à defesa dos direitos indígenas, e o licenciamento ambiental envolve isso. Ele não é

vinculante, ou seja, não existe a obrigatoriedade, em termos de legislação de que se respeite a sua

opinião. Existe uma prática de que se escute, em se tratando de assuntos indígenas, a FUNAI; enfim,

mas não é vinculante. Em relação à distância dos empreendimentos nas terras indígenas, isso é uma

grande discussão na nossa Instrução Normativa, se a gente deveria colocar, elaborar critérios para isso

ou não... É muito complicado você definir o que é entorno... às vezes tem um empreendimento que

está a uma distância de 30 km de terra indígena e ele é tão ou mais impactante que um

empreendimento que está no limite. Então depende muito de cada especificidade. É difícil estabelecer

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isso, principalmente porque se trata de espaço sócio-cultural, mas o uso que os povos indígenas fazem

do território ultrapassa isso e aquele impacto está lá. Então a gente tem alguns critérios levantados que

eu posso até colocar à disposição, mas a gente acha que explicitar isso deveria ser [mais] numa

resolução de CONAMA ou outra coisa do que dentro da Instrução Normativa da FUNAI. Wellington:

veja bem, essa coisa de sair do papel, do acompanhamento da FUNAI não ser só no papel e nem nas

comunidades indígenas, eu acho que é isso mesmo. Eu coloquei ali que a FUNAI ali sofre de falta de

estrutura. Acho que é o nosso grande desafio. A gente não consegue acompanhar todas as obras que

impactam terras e povos indígenas. Não adianta. Com a estrutura que a gente tem a gente não

consegue. Eu tenho seis servidores de carreira na CGPIMA, quatro servidores temporários e cinco

assessores. São essas pessoas que acompanham licenciamento, não são outras.

Não-identificado: e isso daí a gente tem agora.

Marcela: até dois anos atrás, até antes do presidente Márcio eram seis pessoas. São essas pessoas, não

são outras. É muito difícil acompanhar tudo. Acho que o exemplo das barragens do Madeira é um dos

exemplos que a FUNAI foi consultada tarde, teve uma atuação questionável, não colocou tudo que

tinha que colocar... A gente está tentando retomar isso, re-estabelecendo a defesa dos direitos

indígenas, colocando os programas, tentando considerar o impacto sinérgico das duas usinas... estamos

tentando fazer tudo isso. Então eu acho que o objetivo da apresentação é reconhecer um pouco que o

que a gente está propondo é uma prática que respeita os direitos, que reconhece a importância da

participação, reconhece a importância do papel do órgão indigenista em se manifestar, mesmo sem ser

vinculante... agora a gente não tem estrutura para lidar com todas as coisas, com as grandes obras e as

pequenas, porque às vezes uma pequena obra pode ser tão impactante quanto uma grande. Tenho

vários exemplos de PCHs pequenas que causam impactos de anos e anos naquela comunidade

indígenas, e enfim... Ana Paula: bom, aí eu acho que é encaminhamento dos seminários. A gente

poderia ver se faria junto com as consultas do GTI... teria que discutir como fazer isso. A questão da

consulta aos índios... aí é... só uma questão: esta Instrução Normativa foi elaborada já há dois anos.

Nós estamos retomando ela agora para aperfeiçoar. Acho que o Estatuto já colocou e já se pronunciou

ali com relação ao que é consulta, então nós teríamos que fazer esta aproximação. Eu realmente

defendo que a gente possa (ainda que eu entenda que são questões que são para o CONAMA, tem

questões que o próprio Estatuto ainda precisa de legislação, como os de Relevante Interesse e outras),

eu acho muito complicado que a gente não tenha neste governo, não deixe nenhuma normatização

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para o licenciamento ambiental. Nenhuma, o que é a preocupação da Pierlângela também. Então eu

acho que a gente tem que, entendendo talvez aquelas coisas que não podem ser explicitadas porque

carecem de regulamentação, mas que a gente possa avançar em algum sentido. Acho que esta é a

posição da FUNAI, pelo que a gente têm discutido. Saulo: os dados que você falou que estão defasados,

é o seguinte: os processos que estão no banco de dados são 500. Eu falei ali, o que vocês receberam

naquela lista, até tem outras coisas que não são licenciamento. Só de licenciamento são trezentos e

quarenta e alguma coisa, e é um dado dinâmico. Do banco de dados tem tudo. De viveiro de muda,

processo de recuperação de área degradada, planos de vida, tem um monte de coisa... planos de gestão,

pesca... são mais de quinhentos que estão lá no banco de dados. Então é difícil mesmo fazer este

controle, mas de fato não tem no banco de dados colocar o custo e o financiador como uma categoria.

Acho que eu vou levar como sugestão para a gente colocar.

E em relação à consulta da 169 eu acho que a gente teria que, para a Instrução Normativa, fazer (o que

já foi uma sugestão da subcomissão), que a gente pegue o Estatuto e faça, enfim, acrescente lá na

Instrução Normativa algumas coisas que o Estatuto já deliberou. Olha, o tema do turismo é um tema

que a gente está levando lá para o GTI também. Claro que carece de outra regulamentação, que não é

só a gente que faz, mas eu acho que o próprio GTI tem encarado a questão da gestão ambiental como a

gestão territorial também, ou seja, que inclui todas estas alternativas de Etnodesenvolvimento na

terra indígena. Tem a questão do turismo... Tem o que o Ak’Jaboro coloca, de manejo florestal, que

são temas que... os empreendimentos dentro de terras indígenas quando os indígenas são os

empreendedores. Nós estamos encarando que o que a gente chama de gestão ambiental e territorial é a

gestão que não é da conservação, que não é que você não pode fazer nada. Mas é aquela gestão que

respeita o usufruto exclusivo e o poder do território pelos índios. Então a gente está, eu acho,

caminhando neste sentido. Sim, existem muitos processos na FUNAI hoje que ainda carecem de

análise exatamente porque eu acho que a gente está caminhando na proposição das políticas. Então,

até agora o João está ali, eu vou esperar ele levantar para responder em relação ao projeto que ele

questionou do manejo. Bom, Chiquinha: o zoneamento lá do Mato Grosso a gente apoiou a ida dos

índios. A gente sabe que... (um pouco do que eu já falei) a CGPIMA tem uma atribuição enorme. Ela

não tem a atribuição só de acompanhar o licenciamento, ela tem a atribuição de lidar com todas as

temáticas que tem a ver com gestão ambiental, e a gente não tem tanta estrutura para acompanhar

todas as coisas. Mas no zoneamento a gente acompanhou, as pessoas vão continuar lá acompanhando

seus desdobramentos, e as gente tem buscado apoiar sim, não só para zoneamento mas também para

outras questões ambientais que afetem os povos indígenas. A gente pelo menos que os índios

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participem disso. Bom, o Fundo Amazônia, por exemplo é um destes, discussões de REDD, créditos de

carbono, é um monte de discussões ambientais que pelo menos se a gente não tem pernas para

acompanhar lá mas a gente têm apoiado. Eu acho que isso é muito positivo, que a gente apóie que pelo

menos os índios participem. A questão do Oiapoque da sobreposição parece, a Taís me informou aqui,

que está sendo resolvida lá pela CPTI, né Taís? A questão da sobreposição do Oiapoque... parece que já

tem algum encaminhamento aí no sentido de enviar alguém lá para fazer o estudo. Eu acabei

respondendo um pouco a Pierlângela, porque entrei na coisa. Na verdade a gente tinha a intenção de

trazer um pouco aqui para a plenária, um pouco discutir esta proposta para o CONAMA. Eu tinha

pensado em trazer a Instrução Normativa impressa, mas depois entendendo que é uma atribuição da

própria FUNAI... mas acho que a gente deveria avançar em pensar o que é papel do órgão indigenista

fazer, o que é papel da CNPI fazer, nesse sentido que eu já coloquei. Acho muito ruim que a gente saia

desse governo sem nenhuma regulamentação para este processo de licenciamento, porque a gente não

avançou em algumas coisas que a gente sabe que são coisas que... mineração, enfim... que talvez

demorem mais, mas que a gente possa fazer o esforço. Eu acho que a subcomissão de

empreendimentos, que é da própria CNPI, vem aprofundando a temática, ela possa discutir isso e

saber o que pode se colocar ali para que a gente faça. Como eu já falei, eu acho que a experiência do

PAC trouxe pelo menos este lado positivo de colocar na mesma mesa todas os órgãos e reconhecer que

a FUNAI tem um papel ali, um papel de se manifestar. A gente não se manifesta ainda do jeito que a

gente gostaria, mas ela tem, então eu acho que a gente tem que aproveitar para poder colocar esta

regulamentação. Cadê o Ak’Jaboro?. De qualquer forma, eu quero saber sobre o projeto de manejo

florestal. É outro tema que a gente tem enfrentado, e que é um tema também que a gente tem tratado

no GTI. Tem vários processos deles que estão lá na FUNAI, nós temos tentado um diálogo, e eu acho

que a própria CNPI já se pronunciou sobre o assunto do manejo madeireiro... quer dizer, já está no seu

Estatuto também. Então a FUNAI, que preside esta comissão, não pode sair daquilo que o próprio

Estatuto já colocou. O Estatuto é claro em colocar alternativas ao manejo madeireiro, estimular outras

práticas... Agora a gente tem que ter uma regulamentação para isso, porque hoje não tem. Não existe

hoje definido o que é um projeto de manejo florestal sustentável. Não existe. Então nós estamos aí

num esforço junto ao Serviço Florestal e dentro do próprio GTI para que a gente aproxime essas coisas

e consiga colocar uma coisa no lugar, como diz o Ak’Jaboro. É preciso ter uma alternativa à questão da

madeira.

Márcio (Presidente): bom, a Lylia tinha pedido para fazer alguns comentários também, e a Ana Paula

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pediu para fazer um comentário, o Toya agora está pedindo também. Eu queria sugerir o seguinte: que

se a gente começar a entrar num... nós vamos conseguir dar conta da nossa pauta aqui. Então eu

queria pedir que a Lylia fosse bem objetiva, a Ana Paula idem e o Toya idem. Sandro também. Então

Lylia.

Lylia Galetti: Eu acho que a Marcela colocou as principais questões, mas é lembrar o seguinte: daqui a

pouco a gente vai estar distribuindo o informe do GTI, em que pé estamos e qual é o calendário que a

gente está propondo para fechamento da proposta para aprovação dela aqui na Comissão Nacional. Eu

queria dizer o seguinte: foram muitas falas, muitas demandas, reivindicações, reclamações, denúncias

com relação ao IBAMA, e à área ambiental de maneira geral. Eu acho que seria interessante que esta

conversa aqui, este diálogo, as questões que são colocadas, chegassem diretamente na mão do Ministro

como registro da CNPI (“temos essas e essas e essas questões”). Porque eu vejo a coisa assim: nós temos

um processo, que é a construção da Política, que é um processo que já se revelou de imensa

importância. O Estado brasileiro, vários órgãos, já se dirigem ao Grupo de Trabalho solicitando que a

Política resolva isso, aquilo, aquilo outro. Vou citar um exemplo... dois exemplos. Um: Ministério do

Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Floresta, que tem uma demanda, uma pressão forte do

Ministério Público Federal para a questão de sobreposição, e que ainda não tinha respondido a isso.

Fez o Plano Nacional de Áreas Protegidas, tem lá uma referência (e esta é uma questão que a gente no

próprio GTI está retomando e está pedindo também que o Ministério se posicione) porque o Plano

Nacional das Áreas Protegidas dá uma direção para a questão da resolução da sua proposição que não

tem muita diferença do que a gente tem colocado aqui, do que está no próprio Estatuto. O Estatuto

avançou. Vocês lembram que eu não estava aqui, estava doente de licença, e houve a votação daquele

item daquele artigo do Estatuto sobre a sobreposição que o Ministério não sei se votou contra mas

com certeza se absteve.

É preciso ter clareza de que tem questões que de fato são delicadas dentro da própria área ambiental.

Que dentro do próprio Ministério do Meio Ambiente há diferentes visões, e o GTI tem permitido (e

eu acho que é um ganho fantástico) a reunião destas áreas agora com esta nova instituição (que é o

ICMBIO) para a discussão interna destas questões, da construção de consensos (internos e com a

FUNAI) para o encaminhamento destas questões. Eu, na época da discussão do Estatuto, fiz esta fala

aqui, e vou rapidamente reduzir. Não dá mais para a gente ter esta posição. Nem na área ambiental.

Este sectarismo, este conservacionismo exagerado, que não quer gente dentro da natureza, e nem por

outro lado uma posição que é real, que existe dentro da FUNAI – vamos ser bem claros – e dentro do

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próprio movimento indígena ou de lideranças individualmente que acham que o usufruto exclusivo e

garantido pela constituição permite tudo – inclusive a degradação ambiental feita pelos próprios

índios. Não é isso, e eu tenho certeza que a experiência que os índios estão apresentados, que foi

apresentado ontem aqui pelo próprio Acre, que várias organizações estão fazendo não é esta. Não

interessa para vocês isto, e vocês tem isso claro. Então eu acho que a gente tem que modificar este

discurso, não ficar só no denuncismo, ficar só no “Ah, eu faço o que eu quero, eu arranco as penas, eu

destruo porque isso é usufruto”... isso não leva a nada, a não ser pegar o que já é a prática da destruição

dos não-indígenas e adotarem também. Arrendamento para soja... Tem N problemas causados pelos

indígenas também em suas terras. Se a gente não reconhecer isso a gente não vai a lugar nenhum.

Então é esta construção que a GTI está fazendo. É que a gente possa respeitar a constituição, que os

índios tenham usufruto, e que ao mesmo tempo se cuide ambientalmente porque senão não vai ter

futuro é para ninguém. É isso.

Márcio (Presidente): A Ana Paula, o Toya e o Sandro, que rapidamente vão colocar...

Ana Paula: bom, eu queria agradecer, não só à Marcela, mas à equipe dela, que fez um enorme esforço

de sistematização para dizer o que a FUNAI está fazendo, como está fazendo, e, principalmente, as

dificuldades e o que tem falha, e trazer para cá para ser discutido e para a gente pensar também sobre

isso. E essa necessidade de adequar com outros espaços de discussão. Com a PNGATI, a GTI da

PNGATI, que está sendo discutido... Adequação com o que já foi discutido no Estatuto do Índio, para

que não fique coisas estanques e isoladas. A gente discute uma coisa numa subcomissão, o GTI discute

outra coisa, o Estatuto discute outra... Então há esta necessidade também de um esforço da gente

adequar os espaços de discussão. O que já está sendo aproveitado num espaço, trazer para o outro.

Para continuar este processo e buscar aperfeiçoar e resolver estes problemas. É isso.

Toya: Toya Machineri, região Amazônica. Seu presidente, eu gostaria de um tempo maior, porque

com relação à empreendimentos, eu recebi um documento da Organização dos Povos Indígenas do

Vale do Juruá em que eles trazem um problema para ser colocado na CNPI que eu acho que é de

bastante relevância. É um documento com duas páginas, eu... Este documento vai ser enviado à

FUNAI, ao Ministério Público Federal, à Coordenação de Revisão do Ministério Público Federal, ao

Ministério do Meio Ambiente, à Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Defesa, e

também sendo encaminhando para a Organizações das Nações Unidas, da ONU.

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“A Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá, OPIRJ, Organização Não-Governamental sem Fins

Lucrativos, instituída para representar, reivindicar e defender os direitos e interesses comuns dos

povos indígenas da região, vem por meio deste reivindicar e manifestar publicamente nossos direitos e

preocupações no que diz respeito aos grandes projetos de infra-estrutura rodoviária e ferrovias,

prospecção e exploração de petróleo e gás em curso e planejados no Alto Juruá. A região que falamos

aqui tem uma história peculiar, localizada ao norte da Amazônia Brasileira, fronteira internacional

Brasil-Peru, onde a diversidade biológica se revelou uma das maiores do planeta, ou seja, uma imensa

área em que a ação humana não destruiu a diversidade. A região forma um mosaico contínuo de áreas

protegidas por 11 terras indígenas (das etnias Nukuini, Poyanawa, Katukina, Jaminawa, Arara,

Jaminawa-Arara, Poyanawa-Arara, Amawáka, Kaxinawá, (ininteligível) e Ashaninka), um parque

nacional e uma reserva extrativista. Ressaltamos que, no passado, digo, até a chegada das primeiras

frontes de exploração pioneiras do Caucho, (e em seguida, com mais intensidade, da borracha) a

diversidade de povos Indígenas era muito maior. Estes diferentes sistemas (Parque Nacional, Reserva

Extrativista e Reserva Indígena), coexistindo lado a lado e reforçando-se mutuamente, constituem, em

conjunto, uma experiência de reconhecimento do direito à sócio biodiversidade e à biodiversidade

hoje. Tanto os sistemas naturais quanto os sistemas humanos, que de fato constituem uma unidade na

área, podem estar à beira de um desastre provocado por políticas desenvolvimentistas inadequadas. A

história peculiar da região, também considerada um paraíso perdido, está ligada, de forma que as

populações que ali residem desde tempos imemoriais vêm utilizando seus recursos bem como a forma

de pensar em tratar as políticas públicas para a região. Um exemplo disso é a ação conjunto do

movimento indígena e social organizando constituições não-governamentais, o que pode ser

comprovado através de registros de encontros, seminários, fóruns, assembléias, pesquisas e livros, bem

como a implantação de uma universidade. Portanto, reivindicamos:

1º) Ao estado brasileiro através da Fundação Nacional do Índio (FUNAI); Procuradoria da República

do Estado do Acre; 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal; Assessoria

Especial dos Povos Indígenas do Estado do Acre; Coordenação das Organizações Indígenas da

Amazônia Brasileira (COIAB); Organizações da Nações Unidas (ONU); que sejam cumpridas as

recomendações previstas na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e na

Declaração das Nações Unidas dos Direitos dos Povos Indígenas quanto à promoção de consulta prévia

consentida, informada e de boa-fé às comunidades e organizações indígenas a respeito das políticas

oficiais e de integração regional que venham a afetar seus territórios e modo de vida.

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2º): Reivindicar a realização de agendas que possibilitem um diálogo transparente com as populações

indígenas e a sociedade em geral da região sobre os temas em questão. Como sugestão, que seja

realizada o mais breve possível a 2ª Reunião do Fórum Binacional de Integração e Cooperação para o

Desenvolvimento Sustentável da Região Acre-Ucayali. Na oportunidade, pactuar a realização de

estudo de impactos ambientais, assim como outras ações relevantes.

3º): reivindicar que o assunto em questão seja tratado no ambiente do Congresso Nacional, com a

participação imprescindível de representantes dos povos indígenas e comunidades locais.

4º): reivindicar, das instâncias competentes, informes periódicos às organizações e órgãos afins sobre o

andamento e processo do assunto em questão;

5º): reivindicar, em caráter de urgência, as devidas providências por parte de todos os órgãos

envolvidos haja vista algumas atividades já estarem sendo executadas, e até o momento não temos

nenhuma ação que garanta nossa participação no processo, conforme assegura a lei. Por fim,

esperamos pela consciência das pessoas que estão à frente das instâncias envolvidas para que possamos

garantir que nossa região, estado e país e a Amazônia seja um lugar seguro e bom de se viver. Nós,

povos indígenas, populações tradicionais, a humanidade e toda a biodiversidade, patrimônio mundial.”

Aí assina Luis Valdenir, que é o Coordenador, e José Flávio Kontanawa, Secretário. Esta é uma

preocupação que o pessoal do Vale Juruá está trazendo, que eu acho que a gente poderia estar

ajudando eles, e a gente também, a trabalhar estas questões, e Sr. Presidente, com relação ao banco de

dados, ele é bastante interessante. Mas o simples levantamento das questões não é suficiente para

resolver os nossos problemas. Através deste banco nós poderemos trabalhar numa coisa bem mais

consistente para as comunidades, para resolver os problemas das comunidades indígenas, que é a

questão dos recursos financeiros. E claro que as comunidades indígenas têm bastante Inteligência para

trabalhar o desenvolvimento e utilizar as coisas de natural, não com ganância. E acho que, se a gente

conseguir fazer isso, Sr. Presidente, nós estamos dando, a CNPI está dando uma contribuição bastante

grande para as comunidades e para a questão da biodiversidade também. Obrigado.

Márcio (Presidente): Sandro, bem objetivo.

Sandro: Sandro, pela região Nordeste-Leste. Bem, presidente, dado o que a Lylia falou em relação,

sobretudo, antes da sua fala agora, das preocupações que ela tem em relação às lideranças indígenas

admitirem os problemas que lá estão, e eu acho que uma prova clara é o que Ak’Jaboro acabou de

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falar. Eu acho que a gente não pode deixar de levar em conta os problemas que são gerados pelas

próprias lideranças indígenas. O Sul é uma coisa muito clara disso, a questão da monocultura, e outras

áreas mais... Mas isso vem sendo apresentado com muito mais clareza por conta dessas lideranças, para

querer transformar e mudar. E eu acho que uma ação dessa do Ak’Jaboro é admitir tudo isso. “Nós não

queremos isso em nossa área, vamos criar outra alternativa. Vocês têm que nos ajudar. Porque a gente

quer parar com isso, mas quer criar outras alternativas. Quanto à questão do que eu ia falar mesmo,

que é a questão da indicação... Na reunião preparatória, aliás, numa reunião preparatória que nós

tivemos lá em Brasília, antes de irmos para a Câmara dos Deputados tentar fazer uma articulação lá no

congresso, prol à criação da Frente Parlamentar da Comissão Especial Indígena, e com alguns

militantes que a gente acredita que tenham sensibilidade da causa indígena, a gente chegou ao

consenso de ter uma nova reunião para ter uma reunião de estudo sobre o Estatuto, com a perspectiva

de nós criarmos a tão chamada contra-argumentação, daqueles temas mais polêmicos do estatuto que

a gente quer sensibilizar os parlamentares... então ter uma contra-argumentação clara para que eles se

sintam seguros em apoiar aquilo que nós estamos pleiteando.

Então eu acho que este momento seria um momento de sentar com a PIB, seria o momento de sentar

com as organizações, porque foi convidada a APOINME, foram convidados os dirigentes da

APOINME, foram convidados os dirigentes da COIAB... Até porque seria uma forma de estreitar cada

vez mais o movimento, que está sempre organizado, sentido a CNPI como não maior nem menor, mas

como uma articulação, parte deste movimento que a gente quer. E aí sim, talvez, se não tiver outro

jeito, os dirigentes que lá estão da antiga CAPOIB poder dizer que não mais quer representar e indicar

a APIB para a APIB assim poder fazer. Caso não seja, se assim não tivermos outra escolha, em

consenso. lá pode ser determinado que a CNPI assim o faça para que a gente possa colocar um

representante nosso lá de qualidade, que possa atuar em prol dos nossos direitos. Obrigado.

Márcio (Presidente): Obrigado. O Carlão também queria dar um informe aí rápido, não é Carlão?

Carlos Nogueira: É rápido... é uma sugestão, porque essa pauta de hoje está tratando de... Carlos

Nogueira, Ministério de Minas e Energia. Esta pauta de hoje está tratando de assuntos que afetam o

PAC e os programas de governo que podem afetar as comunidades indígenas. E aí, numa discussão

recente com a Marcela do Ministério de Minas e Energia e com o (não lembro o nome do...) Jaime, e

depois no PAC (porque eu estou falando de um assunto que envolve, que está no limite entre esses

dois... entre PAC e Programas), nós do Ministério de Minas e Energia, do governo do Presidente Lula

do segundo mandato, nós temos um programa chamado Programa Geologia do Brasil, que é o país 143

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conhecer o seu território. Isso é um programa que é feito pelo serviço geológico do Brasil, CPRM, que

não é mais uma companhia de pesquisa desde 1994. E o governo entendeu que o reconhecimento

geológico básico, hidrológico, hidro-geológico, ele é importante para a tomada de decisão das obras de

infra-estrutura do PAC. Eu não posso fazer uma ferrovia de X mil quilômetros, eu não posso fazer

uma hidrovia... O trem-bala precisou que nós, do Ministério, fôssemos lá para mostrar o traçado do

trem, porque eu posso estar construindo uma ferrovia onde pode ter um tremor de terra, alguma

coisa, que vai causar um acidente com os povos. A questão de medicina de água, por exemplo. A Bacia

do Rio Amazonas, que o pessoal que é do Amazonas aqui sabe que a maior enchente do Amazonas foi

agora este ano. E com setenta e cinco dias de antecedência o Serviço Geológico do Brasil preveniu as

autoridades que este ano o Amazonas teria uma cheia. Eu não estou falando aqui de mineração, eu

estou falando de gestão do conhecimento do território.

E aproveitando uma deixa de ontem da apresentação do pessoal do Acre, o Serviço Geológico está

exatamente os mapeamentos que a gente chama de geodiversidade. A biodiversidade só existe se

existir a geodiversidade. E a biodiversidade, bem trabalhada na geodiversidade, é possível fazer o que

a Lylia disse aqui, "nem o extremo de lá nem o extremo de cá." Nos foi consultado, e eu preparei uma

apresentação, liguei para a Teresinha uma semana antes, a Marcela... de que poderia haver a

possibilidade de eu explicar o que é conhecimento geológico básico e não pesquisa mineral, para que

as comunidades indígenas entendessem o que são esses conceitos. E aí eu estou colocando aqui porque

eu estou vendo que a pauta está muito apertada e eu não quero apertar. Eu queria, se houvesse tempo

e a paciência de vocês, de... Eu estou fazendo isso porque eu preciso deixar registrado, eu vim com

este propósito. E eu não poderia sair daqui sem... "O que você foi fazer lá?" É uma questão que

interessa porque... olha, você não faz nenhuma obra destas grandes sem você conhecer o seu

território. Isso implica em que algum conhecimento deste vai atingir algumas terras indígenas. E é

preciso que a bancada indígena entenda o que é isto para concordar ou não. Eu não estou dizendo aqui

que nós não vamos consultar, eu estou trazendo uma informação que eu acho que é essencial para os

povos indígenas.

Márcio (Presidente): Carlão, eu vou fazer logo uma sugestão aqui de pauta, que você possa fazer esta

apresentação amanhã às 14 horas. Tudo bem? É muito importante, o Carlão trouxe esta apresentação...

Carlos Nogueira: E é importante que a apresentação vai ficar disponível, quem quiser levar a

apresentação...

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Márcio (Presidente): É importante ele vai fazer esta apresentação, só que, por algum problema de

comunicação, a Secretária Executiva, eu mesmo, não soube desta apresentação, então a gente ficou

com a pauta aqui um pouco... Mas como nós temos uma janela de pauta amanhã às 14hs, então eu

estou já propondo amanhã às 14h a gente fazer esta apresentação. Estamos de acordo? Certo. Então

nós vamos agora fechar este ponto. Bom, eu considero que, com todas as contribuições que foram

dadas aqui, foram contribuições muito importantes... A gente vai estar (a Marcela anotou tudo aqui)

nos apropriando destas contribuições para melhorar cada vez mais este processo que a gente está

fazendo. Eu queria registrar dois pontos aqui. O primeiro ponto é este que diz respeito (na verdade é

um ponto só que tem dois desdobramentos)... que diz respeito ao legado. Nós temos uma questão

ambiental que não tem a ver só com os empreendimentos. Os empreendimentos também, mas não são

só empreendimentos, é uma questão ambiental e de gestão territorial, que nós, exatamente por isso,

criamos um grupo de trabalho interministerial que está cuidando de desenvolver uma política de

médio-longo prazo para isso. Então é muito importante que a gente deixe um legado de legislação, um

legado de regulação jurídica destes procedimentos, do que pode, do que não pode, do que deve, do que

não deve, como pode, como deve... A gente não pode perder a oportunidade deste governo para deixar

este legado, porque é isto que faz a diferença que a Pierlângela chamou a atenção. O governo não

pode estar preso às pessoas que estão nos cargos. As pessoas que estão nos cargos é que tem que estar

presas à uma legislação estabelecida e discutida com a população, com a sociedade civil, para que esta

política tenha continuidade e permanência. Então nós não podemos deixar de deixar este legado. O

trabalho que nós estamos fazendo neste campo é exatamente este, ou seja, de construirmos. Aí tem o

Estatuto, tem o capítulo lá que trata destes assuntos. Tem as Instruções Normativas que precisa fazer.

Tem o CONAMA que precisa fazer. Tem a política geral que tem que fazer. Todos eles são

importantes, como legado que a gente precisa deixar. Este é um aspecto.

O outro aspecto diz respeito à institucionalidade da FUNAI como instituição como o órgão indigenista

federal responsável. Então vocês viram aqui pelo informe da Marcela que nós já fizemos, neste

período recente, um fortalecimento institucional da FUNAI nesta área. O que a gente pode dizer é o

seguinte: nós saímos do péssimo para o ruim. Nós melhoramos, melhoramos... Mas nós saímos de uma

situação que era o péssimo, porque não tinha quase ninguém para trabalhar nesta área... Os processos

chegavam na FUNAI, ninguém sabia o fluxo dos processos, onde estava, como estava... "estava na

gaveta de quem?" "Aí não está..." "Não, está..." "Talvez, quem sabe..." Nós saímos disso para uma

situação em que nós temos um banco de dados, nós temos um controle sobre os processos. E nós

tínhamos lá uma meia dúzia de funcionários, hoje nós temos um grupo de 15 funcionários, ou seja,

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mais do que o dobro do que tinha quando nós chegamos. Isso significa que nós saímos do péssimo para

o ruim. Eu estou falando isso por quê? Porque nós estamos num momento agora, também, de legado.

O legado tem que ser também um legado institucional. E neste momento, neste processo aqui de final

de 2009 até Junho de 2010 nós temos um processo conclusivo de fortalecimento institucional da

FUNAI. Conclusivo que eu digo, assim, desta etapa agora. Que começou desde que eu cheguei na

FUNAI neste mandato. Então nós temos um concurso público, vocês sabem que este concurso está

aprovado, já está em processo de andamento, o edital este ano ainda vai ser publicado, já está em fase

avançada lá de escolha da empresa que vai fazer o concurso. Até fevereiro do ano que vem a

expectativa é que a gente tenha provas realizadas, e até Junho a gente chamar os novos funcionários. E

com os aumentos salariais que houve ano passado, as gratificações, toda a mudança que houve na

estrutura dos vencimentos dos servidores, isso valoriza o concurso. As pessoas querem fazer o

concurso, querem vir para a FUNAI agora, por conta também da melhoria salarial. Então tudo isto que

eu estou dizendo... nós fizemos um concurso temporário este ano que já trouxe sessenta funcionários

de nível superior para a FUNAI Brasília nestas áreas todas, não só na área ambiental mas também nas

outras áreas. E, também, nós conseguimos, na semana passada, aprovar no Congresso Nacional o

Projeto de Lei de criação de cargos na FUNAI. Talvez vocês não tenha percebido ou se informado

disso, porque foi aprovado na semana passada e o Presidente agora vai sancionar. Porque foi o projeto

de lei, vocês lembram, que em 2008 nós mandamos um projeto de lei para o congresso para criar

cargos novos na FUNAI. Então esse Projeto de Lei foi aprovado semana passada. Então agora o

Presidente vai sancionar. Quando ele sancionar, significa que a FUNAI vai ter os cargos que nós

precisávamos para poder fazer essa recomposição e fortalecimento institucional. Então eu estou dando

estas informações porque, por exemplo, a CGPIMA é uma das áreas da FUNAI que vai ter um

fortalecimento com esses cargos que foram criados. Porque precisa ter realmente um fortalecimento.

Outra área é a área da Taís, que está ali, que é a área de fiscalização. Porque a área de fiscalização das

terras indígenas e a área da CGPIMA são duas áreas que tem trabalhar muito integradas. E a CPTI, na

FUNAI de hoje, é apenas uma coordenação. Com esta mudança aí, com esta aprovação, a CPTI vai

virar uma Coordenação Geral. Você já vai subir de posto, digamos assim, de patamar. De estatura. Ela

é baixinha, mas digamos que ela vai ganhar uma estatura maior. Porque isso? Porque nós estamos

priorizando estas áreas, como outras áreas, para que isso fique também como legado. Nós temos um

legado tanto na legislação, como também deixar um legado de fortalecimento institucional da FUNAI,

tanto em Brasília quanto na ponta. Com o concurso, com os vencimentos, e com as estruturas mais

fortalecidas. Este é um ponto importante para que a gente possa ter depois continuidade.

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Independente de quem venha depois, a institucionalidade esteja consolidada o máximo possível para

que dê continuidade, independente de quem seja.

Então este é um ponto que eu queria colocar para vocês, aproveitando aqui para dar o fechamento,

porque eu acho também que isto responde a muitas das angústias e dos questionamentos aqui

colocados pela bancada indígena, principalmente, para que a gente tenha claro esta direção que nós

estamos tomando na FUNAI, e que tem relação direta com o Ministério do Meio Ambiente e com

outros Ministérios que atuam neste campo. Então com este acolhimento a gente fecha aqui este ponto

de pauta, o tema que o Carlão trouxe a gente coloca para amanhã, e agora nós vamos entrar no

próximo ponto de pauta. Nós estamos agora com 11h20, e vamos trabalhar ali até 12h00, 12h30, por

aí, avançar... O próximo ponto de pauta vai ser a apresentação sobre o Território da Cidadania. Eu

queria saber, quem é que vai apresentar? Fabiana. Fabiana, onde é que está a Fabiana? Já está vindo a

Fabiana. A próxima apresentação, a gente vai entrar aqui nesta pauta das políticas e programas em

andamento do governo federal, e o próximo então é o território da cidadania. Hoje a gente tem aí o

Território da Cidadania aí agora, temos o intervalo do almoço, e vamos continuar aqui todos estes

outros pontos das políticas e programas em andamento estão na pauta, à tarde. E amanhã de manhã

nós temos a questão do Decreto de Ingresso em Terras Indígenas, e às 14h00 nós temos a questão que

o Carlos vai apresentar, que vai substituir a questão da regulação fundiária (que nós tivemos um

problema aí que não vai ser possível nesta reunião tratar deste tema, por causa de uma questão...

Márcio - Amanhã também nós vamos... Esta questão da pauta nós não vamos entrar agora porque

depois a gente pode ver com a Teresinha como que ajusta a pauta para amanhã. Então nós vamos...

Ak’Jaboro - (inaudível).

Márcio - Está certo, Ak’Jaboro. A gente pode ver aí, com este ajuste de pauta, se tem um informe da

Saúde sobre o andamento do processo da criação da Secretaria, aquela questão toda do... A gente vê ai

com o Wanderlei se ele tem algum informe sobre este assunto. Arão.

Arão: De fato, Sr. Presidente, é de interesse da subcomissão e de toda a bancada indígena que, além

dos informes que a FUNASA tem a nos repassar, nós temos também alguns questionamentos e

algumas situações que não é novidade, mas é preciso a gente levar mais uma vez. Inclusive eu estou

aqui agora com um documento lá do vale do Javari... e algumas complementações necessárias para a

gente também esclarecer algumas dúvidas e também pedir orientações para encaminhamentos.

Obrigado.

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Márcio (Presidente): Tudo bem. Só para lembrar uma coisa aqui. Vou chamar atenção para isso aqui.

Vocês lembram que a gente conversou sobre a pauta dessa reunião extra-ordinária. Nós estamos aqui

numa reunião extra-ordinária não trouxe então aquela questão que sempre tem nas ordinárias que é:

cada subcomissão traz aqui a discussão de cada tema. Então a gente não pode cair agora no risco agora

de trazer de novo as discussões de cada tema. O que nós estamos tratando aqui nesta reunião extra-

ordinária é vencer a pauta que a gente muitas vezes não consegue nas reuniões ordinárias para que a

gente possa ganhar aí, na discussão da próxima reunião ordinária, o debate. O que não quer dizer que

não é importante aí colocar a questão da saúde, acho que o informe sobre o andamento do processo [é

importante] e tudo. Só estou chamando atenção para isso para a gente não poder, digamos assim, não

seguir ou não ser rígido em relação à pauta que nós definimos para hoje e para amanhã. Então vamos

começar aqui, a Fabiana já está aqui do meu lado, e já vai apresentar aqui o Programa Territórios da

Cidadania. Vieram também aqui os companheiros lá do Rio Negro, porque vocês sabem, tem, no

Programa Territórios da Cidadania, dois territórios que são territórios indígenas da Cidadania. O

primeiro que foi implantando, que está já em curso, é o Território Rio Negro da Cidadania Indígena.

Então os companheiros do Rio Negro estão aqui, participando também, foram convidados. E o

segundo é o Território São Marcos e Raposa Serra do Sol, que iniciou este ano, está em processo inicial

lá. Mas além disso tem os outros Territórios da Cidadania que também tem a participação indígena.

Então nós vamos começar aqui, passar para a Fabiana a apresentação.

Fabiana - Funai: Bom dia a todos. Só reafirmando, o representante Luis Brasão que está aqui, ele é da

Diretoria da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro. Ele foi convidado porque, inclusive,

as últimas demandas que foram apontadas pela bancada indígena que a gente apresentasse, a FUNAI

apresentasse experiências com processos de gestão participativa... Então ele veio para isso também que

lá foi uma região que a gente desenvolveu isso, que é a pauta hoje da tarde. mas o Luis Brasão também

é integrante do Programa Território da Cidadania do Rio Negro, pensou e pensa com a formação disso

no processo, então essa apresentação q a gente vai estar aqui fazendo na realidade é um informe

dentro das políticas do governo federal, um informe de uma política específica que dialoga com as

terras indígenas, com os territórios indígenas, então a gente vai ter a participação tanto do Luis Brasão

quanto de Pierlângela, que também vem acompanhando este processo no território indígena São

Marcos e Raposa. A idéia é que esta apresentação/informe seja feita aqui a três vozes, a três mãos.

Como eu acredito que... A seis mãos, três vozes... como a gente vai fazer só um informe geral do que,

que é o programa, e daí eu peguei os próprios princípios nos quais o programa foi pensado... Desculpa,

Argemiro também está aqui presente, também é da Região do Rio Negro, ele é Coordenador de uma

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Coordenadoria de (ininteligível), depois ele vai estar explicando como é o processo de organização

social na região. Se não eu vou me estender, e eu não vou...

Primeiro a gente queria falar o que é este programa, eu acho que este programa nunca foi debate da

CNPI, até onde eu sei... mas é um programa do Governo Federal lançado recentemente (final de 2007)

que teve sua implantação em 2008 e que dialoga com terras indígenas, quer dizer, é um programa do

governo que vem pensar o processo de desenvolvimento regional aí para a ruralidade do país. Pode

passar? Então o que, que é este programa? É um programa do governo federal. Ele tem como objetivo

(isto é o texto do programa, certo?) "a superação da pobreza, a geração do trabalho e renda no meio

rural do Brasil, uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável". Ele tem como objetivos

específicos a "inclusão produtiva de populações pobres dos territórios, o planejamento e integração de

políticas públicas", esse é uma das maiores estratégias/objetivos deste programa, que é pensar a

potencialização da ação a partir da articulação dos diferentes órgãos; ele busca a universalização dos

programas universais e básicos da cidadania, e procura ampliar o processo de participação social para o

conjunto de políticas do governo federal. Pode passar... Quais são os elementos conceituais deste

programa? É superar as desigualdades sociais a partir da potencialização da integração de políticas e a

participação do controle social. Ele pretende superar estas desigualdades sociais a partir de um

processo de planejamento social. Quer dizer, ele foca... Na realidade o Programa Território da

Cidadania vem de um programa que vinha sendo desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento

Agrário a partir da Secretaria de Desenvolvimento Territorial, a SDT, que era (não sei se vocês tem

conhecimento também) o Programa dos Territórios Rurais Sustentáveis. o que era isso? Era uma

região onde você tem um conjunto de municípios com características similares, com uma certa

identidade, seja nos aspectos culturais, sociais, seja nos aspectos de estrutura de meio-ambiente da

região... Então eram formadas estas regiões para pensar o desenvolvimento regional. Não dá pra

pensar a parte só do município, e sim na perspectiva da região.

E esse programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário também já trazia na estrutura dele a idéia

de ter um processo de gestão participativa para pensar o território. Então ele também tinha uma

estrutura de gestão, que também se chamavam conselhos ou colegiados aonde a sociedade também

participava do processo. O programa Território da Cidadania, então, incorpora estes conceitos, esta

noção de território, de região... estou falando rápido? Eu quero que os companheiros é que falem da

experiência, eu estou dando dar só um informe do que é... Então ele trabalha com os componentes

deste projeto do MDA, mas amplia isto para todo o território brasileiro e amplia também o processo da

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gestão do programa, da gestão do processo. Atualmente temos 120 Territórios da Cidadania. Quais

foram os critérios para a conformação destes territórios, obedecendo o que o próprio MDA vinha

fazendo neste programa anterior? Então é o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos

municípios que compõem aquela região, maior concentração de agricultores, populações tradicionais,

concentração de terras indígenas foi um dos critérios utilizados para a conformação destes territórios,

maior número de beneficiários do programa Bolsa-Família, maior número de municípios com baixo

dinamismo econômico, organização social, enfim... E a idéia era que pelo menos um território do

Estado da Nação teria que ter um Território da Cidadania. A idéia também era que... A gente está

falando aqui também de municípios, de regiões onde não há dinamismo econômico, onde não há... A

maior parte dos recursos das prefeituras, por exemplo, que compõe estes territórios vêm via governo

federal. A maior parte destas prefeituras e municípios dos gestores desconheciam (desconhecem

ainda) os programas de governo, os incentivos do governo, seja do Ministério de Desenvolvimento

Social, seja as outras fontes, seja a Saúde, os incentivos do Ministério da Saúde... então são municípios

que contam basicamente com recursos do governo federal, com o fundo que vai para os municípios.

Então tem esta perspectiva...

E como funciona o programa, em linhas gerais? Ele mobiliza diversos ministérios e órgãos federais...

Estes órgãos federais que têm ações no território constituem o que é chamado de matriz de ação, quer

dizer, eles ofertam um conjunto de ações para este município. Estas ações que são ofertadas, a maioria

delas já são ofertadas, são ações que já vão para estes municípios mas que, por uma série de razões, as

regiões, os municípios não acessam estes programas, estes recursos. tem dificuldades de gestão para

isso, tem dificuldades inclusive de conhecer estes recursos. por outro lado também, a idéia era de se

ter... então para cada território este conjunto de outros órgãos federais e ministérios ofertam ações,

estas ações compõem o que é chamada de matriz de governo. Esta matriz é dividida em três eixos, o da

atividade produtiva, o da cidadania e direitos e a de infra-estrutura, e esta matriz vai para os

territórios conhecerem e dialogarem com estas ofertas. qual a diferença de uma região que você tem o

Território da Cidadania e a outra você não tem? Na região que você tem o Território da Cidadania,

você tem a oportunidade de visualizar o orçamento que cada órgão encaminha, e as metas que cada

órgão pretende alcançar com este orçamento. ele parte de um processo descendente de planejamento.

O governo se desloca, ele vai ofertar, e isso vai para o território, que tem a seguinte estrutura de

gestão. Pode passar... Pode passar. Volta, por favor.

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Qual que é a estrutura de gestão deste programa? Você tem o Comitê Gestor Nacional, que é formado

pelo Executivo dos diferentes órgãos, que tem o apoio do Comitê Técnico Nacional (cada Ministério

tem um representante dentro deste Comitê), isso a nível nacional. Você tem o Comitê de Articulação

Estadual, e o Colegiado Territorial, que é a instância de decisão. O que é este Colegiado Territorial?

Ele tem uma composição paritária. Metade deste colegiado é formado pela sociedade civil, metade

deste colegiado é formado pelos órgãos de governo. É este colegiado que vai debater o conjunto de

ações que são ofertadas pelo governo federal, e mais do que isso, é este colegiado que vai definir o que

também é um outro termo utilizado dentro deste programa que é o Plano de Desenvolvimento

daquela região. O Plano de Desenvolvimento daquela região não é este monte de ação que o governo

oferta não. O Plano de Desenvolvimento desta região tem que ser pensado e construído a partir deste

Colegiado que dialoga com este monte de ação que o governo federal oferta para aquele território.

então é um espaço de decisão, é um espaço de deliberação, é um espaço do controle social, é um

espaço onde você pretende potencializar o processo da gestão social, do controle social. De uma certa

forma também, perifericamente, como resultados deste processo, a sociedade, os governos destes

territórios tem um maior conhecimento deste conjunto de políticas que estão sendo ofertadas, então

isso potencializa o processo de gestão social e do controle social sobre o conjunto destas políticas...

pode passar...

Qual o papel do colegiado? Ele tem este papel de elaborar o Plano de Desenvolvimento Territorial

(esta é a terminologia utilizada dentro do Programa, que a gente vai estar inclusive fazendo uma

crítica sobre isso), ele tem o papel de promover a interação entre diferentes gestores e conselhos...

Porque a idéia do Colegiado é dialogar com os outros conselhos setoriais, com os outros processos de

organização que existem dentro dessa região. ele vem, ele tem o papel de contribuir para qualificar a

integração destes programas e ações, ele tem o papel de qualificar esta ação de governo que vai ao

território. pode passar... ele tem o papel de ajudar na execução das ações, ele tem o papel de identificar

quais são as prioridades daquela região, o q aquela região quer, qual o plano de vida daquela região, o

desenvolvimento daquela região... e ele exerce o controle social sobre o programa. pode passar... Hoje,

nos 120 territórios da cidadania, nós temos 314 terras indígenas que estão dentro, que dialogam de

alguma forma com estes territórios da cidadania. existem terras indígenas, inclusive, que estão em

mais de um território da cidadania. 314, quer dizer, mais de 50% das terras indígenas.

Por outro lado, dos 120 territórios da cidadania que hoje estão operando, mais de 50% também

dialogam com terras indígenas. Pode passar... Dentro deste conjunto de 120 territórios indígenas,

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existem dois territórios, como o Márcio já colocou, que são dois territórios indígenas da cidadania.

Especificamente. É uma outra conformação, uma outra idéia para se pensar o processo do

desenvolvimento regional. e estes territórios assim foram formados e carregam em si a idéia do

protagonismo que vai imprimir uma releitura do conceito de desenvolvimento regional, impondo aos

demais órgãos federais a proposta de uma quebra de paradigma deste processo... Isso porque nós temos

uma serie de impasses e desafios para pensar este processo do "desenvolvimento" para dentro destes

territórios. quais são estes? O território conceitual todo que vem por trás deste programa está baseado

na idéia de desenvolvimento rural. O desafio disto é: como é que a gente pensa em desenvolvimento

com a proposta de Etnodesenvolvimento ? Uma proposta da forma própria de cada povo dentro destes

territórios, do desenvolvimento destes territórios. Um outro impasse: os indicadores de qualidade de

vida dos indígenas versus IDH. Um dos critérios de conformação destes territórios é o índice de

desenvolvimento humano. A gente sabe que este não é um indicador... Serviu como uma provocação

(ininteligível) para se pensar a melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas. e a outra, e aí

talvez o maior impasse e desafio que temos para estes territórios indígenas da cidadania, é romper com

o processo, com a lógica de desenvolvimentismo para pensar um processo de sustentabilidade e de

gestão territorial das terras indígenas. eu acho que estes são os maiores impasses e desafios que se

imprimem aí para os territórios da cidadania indígena. Pode passar... Agora, nos demais territórios da

cidadania (como falamos, em mais de 60 territórios da cidadania existem terras indígenas) há pouca

participação indígena nos Colegiados Territoriais, há pouca participação das administrações, quer

dizer, das estruturas locais, regionais da FUNAI, e este programa, de uma certa forma, pode

potencializar as ações da FUNAI dentro destes territórios, as ações que a FUNAI executa diretamente.

Aí a gente volta ao debate que foi um pouco aqui discutido, o papel da FUNAI como órgão

coordenador e articulador política, entende que este espaço dos Colegiados, seja o Colegiado

Territorial, seja na instância dos Comitês Estaduais para a gente fazer esta articulação e para a gente

potencializar estas ações dos outros órgãos para que elas de fato cheguem aos povos indígenas para que

fato elas sejam ações e programas efetivos no tocante à melhoria da qualidade de vida dos povos. Os

Colegiados e Comitês, neste sentido, são fóruns privilegiado para a qualificação e potencializarão das

ações direcionadas aos povos indígenas, sejam as ações que a FUNAI executa diretamente, seja as ações

dos demais órgãos, em cujos a FUNAI, e não sozinha, junto com o movimento, junto com os índios,

tem este papel de dialogar com esses demais órgão para que, de fato, sejam ações efetivas, que

dialoguem de fato com a realidade e com a demanda dos povos. Pode passar... Agora eu queria passar a

palavra para Luis Brasão, Argemiro e Pierlângela para que pudessem falar um pouco da experiência

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que foi, no caso do Rio Negro, que já tem mais de um ano de implantação (no caso da Raposa está em

processo de implantação e implementação), e esta provocação que fizemos que não há participação

indígena nos demais Colegiados, também é uma proposta que a gente traz, sobretudo, à bancada

indígena da CNPI para que a gente pense se é ou não um espaço estratégico para participar, e se for,

como que a gente pode fazer para mobilizar as organizações indígenas e representações indígenas para

que participem também deste programa.

Luis Brasão: Bom dia a todos. Me chamo Luis Brasão dos Santos. Sou da etnia Baré. Hoje Diretor da

FOIRN, Federação das Organizações Indígenas, e temos 20 anos de luta na nossa organização

buscando melhoria para nossas comunidades indígenas. Então como é que se chegou à questão, até

onde nós estamos, na questão de território indígena? No primeiro ano do Lula, quando ele foi ele, a

FOIRN, juntamente com as suas aldeias, associações de base e coordenadorias, fez um documento, a

partir das nossas experiências-piloto que nós realizamos nas nossas comunidades, seja na educação, na

saúde, na sustentabilidade, ações sociais, enfim... E a gente achou por bem que precisaria, de certa

forma, uma ação voltada para nossas comunidades. E foi então, neste momento, que a gente construiu

os nossos programas regionais de desenvolvimento indígena sustentável, e a gente levou até a

Comissão de Transição no governo Lula no primeiro. Lá dizendo como que se queria... quais são as

dificuldades que nós temos... A partir das nossas experiências-piloto realizamos algumas atividades, e

que de certa forma ela teria como ser bem-sucedida. Precisaríamos da ação do governo, de algumas

ações de políticas publicas voltadas para àquelas ações. Passou-se os 4 anos, a gente acompanhando e

cobrando, e na segunda re-eleição do Lula, a gente novamente reiterou outra documentação que

encaminhamos, fomos até Brasília, entregamos novamente esta documentação com alguns acréscimos.

Então a partir deste momento se começava a ver a possibilidade de criar um território indígena da

cidadania. Até então a ida do Presidente a São Gabriel da Cachoeira em 2007 quando ele anunciou

esta possibilidade desta criação. Território Rio Negro da Cidadania Indígena.

E aí começamos a discutir isto junto com as instituições presentes, e quando foi implantando, já, o

território... Criamos o Colegiado... Mas a que, que servia neste momento o Território? Ele tinha

algumas linhas de seguimento, umas diretrizes a ser seguida, e não era muito... não condizia com a

nossa realidade. Chamamos essa responsabilidade mais uma vez para o Movimento Indígena,

reunimos todo o colegiado e começamos a discutir, realmente, como é que se queria que, a partir

daquele momento, fossem realizadas as ações dentro do território indígena da cidadania. Primeiro

criando a paridade do colegiado: 50% não-indígena, as instituições existentes no município de São

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Gabriel, e 50% de indígenas, para discutir isso de maneira mais de igualdade. Aí começamos a

caminhar, e a partir deste momento tivemos algumas reuniões, discussões, que já aconteceram não só

no município de São Gabriel mas em Barcelos... A área de abrangência da federação atinge três

municípios indígenas, que são São Gabriel, Santa Izabel e Barcelos, e vimos a necessidade de criar,

também, grupo diretivo, que até então não existia. Havia o Colegiado, mas precisaria criar um grupo

diretivo, que tivesse o papel de articulação junto ao governo. E também um articulador político,

dentro deste contexto. Analisando, qual o ponto positivo disto? Nós conseguimos avançar com o

controle social no acompanhamento de algumas ações que são direcionadas para a região. Porém, tem

alguns pontos negativos, que... Muitas delas não são dialogadas dentro do colegiado. Elas chegam, de

uma certa forma, digamos assim: quando vai se saber disso, algumas ações já estavam acontecendo, e o

Colegiado muitas vezes não tem conhecimento disso, e aí elas são colocadas de uma forma que a gente

não acharia que tem que ser daquele jeito, porque não é daquele jeito q a gente pensou para aquela

ação. Então algumas vezes elas não dão certo, porque as pessoas que pensam acham que a regi é igual

às outras. A nossa região, principalmente a região indígena, tem sua diferença, então ela precisa ser

discutida para que não haja... para que ela possa dar o mais certo possível. Então são algumas coisas

que a gente vê também que precisa, ainda, melhorar, avançar. E até hoje, a gente só tem a

aproximação de algumas instituições do governo.

A gente viu aí na apresentação que é uma ação articulada, há a presença de vários outros segmentos,

outras instituições, mas a gente consegue conversar principalmente, mais precisamente com a FUNAI,

com o MDA que está aí a gente... mas outras instituições que também fazem parte, a gente não

consegue dialogar. Há uma grande dificuldade de dialogar, e quando são abertos os editais, até hoje a

gente tem problema de acessar estes recursos, por uma série de burocracias... até também o contato

direto. Só vai se saber quando abre os editais, uma semana, duas semanas antes de fechar. Por quê?

Porque aí que vem, porque eu acho que as instituições que fazem parte deste pacote não estão

dialogando com o Colegiado, que seria a referencia principal nesta região, enfim, em todos os outros

territórios. Elas são colocadas à disposição, mas a gente acessa de vez em quando já faltam duas

semanas, e não conseguimos trazer uma ação em benefício. Durante a implantação até agora, a gente

ainda... Uma ação concreta, do território, a gente ainda não conseguiu. Mas a gente avançou na

questão do controle social, discutiu... Estamos vendo a questão de capacitação dos conselheiros que

fazem parte do colegiado, para poder saber qual a sua função, seu direito, seu dever... Como buscar

esses recursos. Então é mais ou menos o que nós temos de experiência aqui para colocar para os Sres.,

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e eu passo a palavra aí para o Argemiro, que é um parente que veio junto comigo para fazer algumas

colocações.

Argemiro: Bom dia a todos, parentes... pessoas que estão presentes... Meu nome é Argemiro, sou de

etnia Arafasso, eu represento mais, na área, na região, como nosso representante no conselho, dentro

do Conselho dos Territórios Indígenas. Nosso trabalho maior é levar a discussão sobre a questão do

território aos programas, ao nosso povo que mora fora do município, fora da sede. O quê o governo

está trabalhando em cima dos povos indígenas. A nossa reivindicação é antiga. Vários anos atrás, vinte

anos atrás, a gente vinha reivindicando o apoio da instituição e do governo federal. Mas o momento

chegou aqui em que nós estamos reivindicando os nossos direitos. Porque nós estamos discutindo

muito também a questão da possibilidade de sobreviver e manter os povos indígenas na área através

deste programas do governo. Estamos tentando valorizar os povos, a questão do desenvolvimento

sustentável que foi colocada no slide. Porque o nosso trabalho maior está nas áreas, nas comunidades.

Os Senhores sabem muito que, de onde nós viemos, é uma distância muito grande. Estamos quase fora

do mundo, ficamos na fronteira entre Colômbia, Venezuela e Brasil. Um dos problemas maiores que a

reivindica, enfrenta, é a questão de vários programas: questão de saúde, questão da educação, questão

de sustentabilidade, que os povos enfrentam lá. É um problema sério que acontece hoje em dia sobre a

questão do modo de viver, de sobrevivência dos povos indígenas. Isso eu queria contribuir um pouco,

porque a gente tem muita coisa para falar, mas o que eu queria colocar é isso. Que a gente trabalhe

sobre a questão do controle social. Obrigado.

Francisca Navantino - Estou aqui no momento como Presidente. Passo a palavra à Francisca

Navantino, Mato Grosso.

Não-identificado: Meus parabéns, Chiquinha.

Francisca Navantino: eu passo a palavra à companheira Piér.

Pierlângela: Pierlângela, Roraima. A experiência nossa com o Território da Cidadania, inicialmente,

era o MDA. A FUNAI assumiu há pouco. E o MDA, como não tinha uma experiência com os povos

indígenas para que viesse a articular uma política dentro das terras indígenas, isso dificultou a

implantação do Território da Cidadania. Então nós passamos lá por um processo que, inicialmente, era

só Raposa e Serra do Sol. Só que a Terra Indígena São Marcos reivindicou que entrasse, e depois que

foi assegurado que entrasse a Terra Indígena São Marcos. Foi preciso fazer um parecer... mas nós

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consideramos o Território da Cidadania o mesmo trabalho que a gente faz aqui na CNPI. Só que para

nós ainda falta muito o que caminhar neste aprendizado, porque articular as políticas públicas que a

gente enfrenta ainda na CNPI, e lá na ponta, que eu considero que é... o trabalho realmente chegar na

ponta... e eu considero o território da cidadania um desafio por isso. Porque é articular lá na ponta um

programa que atenda à realidade de lá. Então esse desafio passa principalmente quando esse conselho

é instituído e tem esta... a questão paritária, e entra as prefeituras e o governo do Estado. Então

quando entra neste campo, e principalmente na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, e vocês sabem o

posicionamento do governo em relação à demarcação da Terra Indígena Raposa e Serra do Sol, esse foi

um dos maiores desafios, porque... aceitar uma parceria com o governo do estado dentro de uma terra

indígena que nas últimas falas deles ele falou que a gente ia ficar lá no zoológico... Então, sentar com

uma Secretaria dessa é difícil, e principalmente repassar recursos para eles executarem dentro da terra

indígena. Isso é um dos grandes desafios que tem que ser enfrentado ainda, porque realmente é difícil

de aceitar que este governo execute.

Então como fazer isso via governo federal, via prefeituras ou diretamente com as organizações? Existe

esta discussão do fortalecimento das organizações, também necessário porque dentro do território da

cidadania qualquer uma das ações de receber recursos do governo federal implica também em não

deixa a organização indígena numa situação em que vai executar e depois não ter pessoas que façam a

gestão desses recursos financeiros e acabar deixando a organização inadimplente junto ao governo. A

gente sabe disso de outros programas, de ações... Isso implica também no fortalecimento e na

capacitação para que possam gerir e fazer isso para que a gente não cometa os mesmos erros, que

muitas vezes vêm se repetindo. E às vezes... a gente têm discutido isso muito nas organizações dentro

do território da cidadania: como vai ser esta participação? Nós consideramos importante porque se

nós, indígenas, conseguirmos nos apropriar desta discussão... A dificuldade foi: quando foi para lá, o

programa já foi feito. É um programa, e quando se fala em assentados e colocaram todo mundo junto,

as comunidades tinham dificuldade de saber “Não, mas o que é específico aqui para indígena?” E

inclusive um informativo que foi feito pelo MDA causou um rebuliço, porque foi assim: agora o

território terra indígena Raposo e São Marcos tem R$24.000.000 para este território. Então foi feito

assim, sem uma forma de explicar melhor que são ações que já existem nos Ministérios, o que é, e

várias dessas ações já estão com o Bolsa Família, e outras ações na área de educação, saúde, enfim...

Mas foi colocado assim... era um recurso como se estivesse aí, os indígenas pudessem acessar e estava

ali, estava pronto. E aí nós temos os projetos que agora são prioritários, precisam ser feitos agora, tem

a médio prazo e a longo prazo.

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Então esta discussão enrolou muito a cabeça dos nossos parentes. E aí teve gente dizendo “Ah, vamos

criar um novo território?” “Vão separar”, etc. A explicação... só o termo Território da Cidadania já

criou uma grande confusão. E agora, vão dividir toda a terra? Três territórios? Então este

entendimento, lá em Roraima, a gente precisa avançar ele em muitas questões. Até porque, da forma

em que ele foi concedido inicialmente, nas comunidades indígenas houve uma rejeição. E este

processo, depois que passou para a FUNAI, é que está novamente sendo discutido com uma aceitação,

de como ele pode ser usado. Porque a forma pela qual o MDA levou foi impactante, impactou mesmo

e confundiu mesmo a cabeça de muita gente. Esta questão de recurso, recurso, tem recurso, vocês

precisam fazer isso, fazer isso... em plena desintrusão da terra indígena. Então, praticamente... as

pessoas que foram, e como tem recurso anual para isso, então... Enquanto a gente estava pensando ali

em como vai ser o Supremo, as decisões, o pessoal ia lá e dizia “Tem dinheiro, vocês tem que fazer

projeto.” Então isso ficou muito mal-conduzido no início. Então com a FUNAI assumindo isso, já foi

colocado que as próprias regiões já tem um plano de gestão territorial. Então que isto deva ser

considerado, que o território da cidadania considere isso porque não é através do que já vem pronto,

mas daquilo que já se tem discutido. Então as lideranças nas regiões já sabem o que vão fazer com a

área que foi degradada pelos arrozeiros, já foi discutido o que vai ser feito em determinados locais que

foram reocupados. Aonde vai ser produzido, o que vai ser produzido, qual a quantidade... quais são as

áreas de preservação que não vão ser mexidas. Então isso, em toda a região da Raposa Serra do Sol /

São Marcos, eles já fizeram... e os próprios problemas que tem lá. Então é a partir daí que eles estão

pensando que o território da cidadania é o inverso. É fazer esse inverso do que já tem, para que o

território da cidadania possa atuar naquilo que o povo já tem, e na necessidade do povo.

Então é esse pensamento lá das organizações indígenas... eu acompanhei este processo desde o inicio,

e a gente tinha estes debates muitos intensos com o MDA por causa disto. É uma forma diferente que

eles têm de ver esta questão territorial. E aí, para a questão indígena, a gente também considerou esta

falta de experiência deles, mas acho que a FUNAI hoje tem este papel importante, e principalmente

nós, indígenas. Porque a gente não pode aceitar um programa assim de qualquer jeito. A gente tem é

que, se ele existe, se vai beneficiar, nós temos que contar dele, dirigir ele de uma forma que vá

beneficiar, porque nós achamos importante. E aí um outro desafio é que o Território da Cidadania

abrange só duas terras indígenas. E as outras terras? Então houve uma pressão grande para nós, para as

organizações, com relação à isso: “agora vocês vão priorizar duas terras indígenas, e as outras terras

que são em ilhas, que são menores, como vai ficar?” Então nós colocamos isso também para a FUNAI:

como é que vai ficar? Porque as organizações indígenas atuam no estado todo, como o Conselho

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Indígena de Roraima, o CIR, atua... Fica muito complicado você exigir de uma organização trabalhar

só em duas terras indígenas. E as outras regiões, que são menores, que não tem mais caça, não tem

mais pesca, já estão pequenas... que ação vai ter lá? Então o Território da cidadania deixou uma grande

questão, principalmente para as organizações indígenas, porque quando a gente trabalha a gente

trabalha por todos, não é só por uma terra indígena? Então é um desafio que a gente tem trazido para

a FUNAI, para pensar como a FUNAI (que está coordenando os territórios da cidadania) vai atuar

nisso. A gente não pode deixar as outras terras indígenas fora disso. Nós estamos trabalhando para que

aquele território da cidadania dê certo. Mas nós também temos que pensar nas outras terras indígenas

que precisam. Então são estes questionamentos, são estas... Nós não temos ainda certeza do que vai

ser, nós estamos construindo, estamos debatendo como construir de uma forma que seja beneficial das

comunidades indígenas. Nós temos mais pontos de interrogação na nossa cabeça do que respostas, mas

nós sabemos aquilo que queremos para o nosso território. Se o programa vai dar conta disso, cada um

das suas responsabilidades, tem os Ministérios, tem as ações nos Ministérios... se os Ministérios estão

articulados, como é que isso está, a gente na realidade quer ver como se dá isso aí... E aí vai para nós

aqui na CNPI... É uma questão que eu acho que, através do território da cidadania, nós vamos ver se

realmente, nas comunidades indígenas, nessas terras indígenas, a articulação do governo chega. Para

nós é um ponto experimental das ações articuladas do governo junto com os povos indígenas. Aí a

gente vai saber se vai dar certo essa parceria lá na ponta, porque às vezes nas grandes conversas, no

diálogo dá certo, mas lá na ponta... esse é o campo experimental. Eu queria colocar isso sobre o

Território da Cidadania.

Francisca Navantino: neste caso eu abro agora para a plenária, as bancadas... Saulo... Caboquinho...

Lylia. Deixa eu colocar eu mesma logo porque eu estou doida para colocar mesmo. Eu vou colocar. Eu

estava com monte de curiosidade. Saulo.

Saulo: (inaudível) Saulo, CIMI. Fabiana, nós tivemos, no ano passado, uma apresentação feita pelo

Chefe de Gabinete do Ministro da Justiça (ininteligível), quando foi falar do PRONASCI, ele, na

apresentação do PRONASCI o presidente ficou de passar através do PRONASCI, tudo que a gente

(inaudível) urbano do Rio de Janeiro. Tanto que, para mim, veio imediatamente a idéia de que só vai

nos (inaudível) habitados pelas comunidades indígenas da área de segurança, por exemplo, (inaudível)

concreto, poderia usufruir dos recursos do PRONASCI através do Território da Cidadania (inaudível).

E aí, eu percebi, nesta apresentação que vocês fizeram, eu queria uma referência ao PRONASCI como

um dos componentes do território. Inclusive, eu estava achando que teria saído do universo do

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Ministério da Justiça, desta perspectiva, a (inaudível) coordenação do programa, do território.

(inaudível). Então o que eu coloco aqui? Eu trago a situação que hoje nós verificamos em muitas

comunidades indígenas, que apresentam o problema da segurança, e situações em que a comunidade

não consegue dar mais conta das demandas, alto índice de violência na comunidade... E aí as pessoas

começam a ver, nestes locais, possibilidades de buscar apoio externo para o estado, para resolver estes

problemas aí. Então a minha questão era esta: se o PRONASCI poderia, já à porta, porque na época

inclusive eu fiquei impactado com o montante de recursos que ele colocava que não eram pelas

populações indígenas, e que aí teria a possibilidade de contribuir. Neste sentido, seria importante, de

fato, na Organização dos Territórios da Cidadania, investigar estas que são bastante problemáticas.

Caboquinho: Caboquinho, região oeste-nordeste, Paraíba. Eu vejo algumas preocupações,

principalmente na questão dos editais, esta é uma das preocupações que eu tenho... Uma outra é sobre

a questão do quadro técnico indígena. Porque na maioria das vezes a comunidade não pode acessar

estes programas do governo porque, na realidade, não existem técnicos com a formação para acessar

estes programas. Assim como não existem técnicos para acessar, também não existem técnicos para

acompanhar todo aquele trabalho. Eu vejo que as comunidades indígenas pecam muito, perdem

muitos projetos, porque não tem técnicos disponíveis que tenham uma formação para estar

acompanhando estes projetos. Tanto que, muita das vezes, ONGs que não são indígenas é que acessam

estes projetos para trabalhar com índios. Eu vejo que nasce agora alguma possibilidade de dar certo

com a criação das ATEIs Indígenas. A criação das ATEIS, até agora, pelo que eu estou vendo, está

dando resultado, porque os índios, na realidade, estão tendo formação, se capacitando para que estes

projetos dêem certo. A minha interrogação era mais neste lado de ter, de fato, possibilidade de estar se

criando, se formando técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos, mais por este lado. Senão, toda vez

nós vamos ficar como a Pierlângela falou: sempre vindo projeto de cima para baixo, e sem ter

acompanhamento de base muitas vezes a gente perde tudo:

Márcio (Presidente) - Chiquinha, Professora Chiquinha é a próxima.

Francisca Navantino, Mato Grosso - Eu tenho muitas questões para fazer, mas eu vou resumir. Eu

quero analisar esta apresentação que você... eu vou copiar para... Mas o que eu queria saber é o

seguinte: são 120 territórios, pelo que eu entendi. São 120 territórios, e uma das finalidades que se

prevê é a visualização dos orçamentos governamentais, não é isso? Ou seja, de todos os Ministérios...

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aí aquelas comunidades tomam conhecimento. Este Colegiado que você falou é um Colegiado que tem

indígenas e não-indígenas, governo e organizações. É isso? Neste sentido, eu queria ver a prioridade

destes colegiados na discussão da temática indígena. Porque a gente sabe que a maioria dos colegiados,

quando é assim (eu digo isso pela minha própria experiência no Conselho Nacional de Educação, no

Conselho de Educação Escolar Indígena do meu estado, e onde... estes colegiados grandes) o tema do

Indígena é indígena, até que se prioriza mesmo a temática indígena... Mas quando é um colegiado

muito maior, onde o governo está presente... é uma experiência que a gente tem vivido aqui. Se bem

que aqui também a pauta é indígena. Mas num colegiado onde se envolve, por exemplo, a discussão do

desenvolvimento do estado, é muito complicado. Até porque, como são trabalhados os conselheiros

para atuarem. Eles tem que estar muito bem afinado com as questões de políticas públicas, o que se

quer nas comunidades... porque ali ele não está representando só o povo dele, ele está representando

também a região, às vezes. Então é um pouco disso que eu gostaria que vocês abordassem para eu ter

um melhor entendimento. Outra coisa, também, que eu gostaria de saber, é o seguinte: por enquanto,

pelo que vocês apresentaram, só dois territórios indígenas foram contemplados. Eu queria verificar...

parece-me que estão previstos 60, não é isso? E qual é o critério para este tipo de seleção, como que

isto é trabalhado, como é pensado? E outra coisa também: é só a FUNAI que ficou encarregada de

fazer isso? Como a FUNAI articula com os estados? Porque a gente sabe que os estados, os governos,

eles querem mostrar a cara. E pelo que eu já vi, a maioria dos governos estaduais estão lidando com

recursos financeiros do governo federal. E dependendo, por exemplo, do Partido ao qual pertence o

governante, ele vai privilegiar o partido dele. Por mais que o dinheiro seja do PT, porque vamos falar

a verdade que é mesmo, lá a gente sabe que depois ele dá um jeito e fala que o recurso dele. Eu digo

isso porque a nossa experiência em Mato Grosso tem muito isso. Por exemplo, na educação eu

acompanho o orçamento e a gente sabe que os recursos são muito mais do governo federal do que do

governo do estado. E outra questão também é a seguinte: eu imagino a confusão que deve estar dando

dentro da cabecinha dos parentes em relação à discussão de território. Porque nós estamos vendo esta

situação, por exemplo, na discussão dos territórios educacionais. Quantas dúvidas nós temos hoje!

Quantas dúvidas necessitam de esclarecimentos... E, então, é uma outra questão que eu queria...

porque entram, pelo que eu entendi, todos os problemas, toda a relação. Mas o que prioriza mesmo é

aquilo que a comunidade já tem... (isso é uma proposta, não sei) versus o desenvolvimento daquele

estado, daquela região na qual o estado está contemplado.

Márcio (Presidente): Dra. Alda.

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Alda - AGU: Cumprimento todos os membros desta Comissão por esta oportunidade de estar aqui

hoje, e mais uma vez agradeço o convite. Alda, da AGU. Presidente, e prezada Fabiana, eu pedi a

palavra agora para aproveitar o momento, que eu achei que este tema dos Territórios da Cidadania se

encaixa perfeitamente numa situação com a qual eu me deparei semana passada na terra indígena

Coroa Vermelha. Que é uma questão de segurança, até citada pelo colega Saulo. A situação é

complicadíssima, e eu acho que já que o governo federal está com esse programa, porque não

aproveitarmos e já fazermos um trabalho na parte de segurança, que o demanda à terra indígena

Coroa Vermelha hoje, neste programa do Território da Cidadania? Porque é cidadania que eles estão

precisando. Segurança lá é uma coisa muito séria, muito grave. Então eu gostaria de deixar claro que

eu desconheço mais detalhes sobre este programa, mas creio que o PRONASCI poderia atuar muito

bem, e nos ajudar, ajudar esta comunidade indígena de Coroa Vermelha com relação à parte de

segurança. Eu trouxe, Sr. Presidente, a pedido das lideranças e do Conselho de Caciques daquela

região, e do Cacique da terra indígena Coroa Vermelha, um documento no qual eu fiz... pedir licença,

e a Secretária deste Conselho, desta Comissão, distribuir aos membros do Conselho... E na reunião da

bancada indígena, eu pedi licença também para apresentar primeiramente à eles. Porque esta questão

me deixou extremamente preocupada, e pelo que eu vi no relato de todos os líderes que aqui estão, é

um problema que está atingindo a grande parte das terras indígenas. Mas, por um dever de ofício

(porque lá estive em reunião com a comunidade), eu não poderia deixar de estar aqui. Eu achei que

este momento, do Território da Cidadania, se encaixa muito bem para criarmos uma solução para

atender ao pleito deste povo. Então foi neste sentido que eu aproveitei agora para falar, e pedir, e

deixar isto registrado, por gentileza, em ata, porque é um pedido da comunidade. Não é eu, não é a

AGU que está solicitando, eu gostaria de deixar isto bem claro. Eu estou aqui sendo porta-voz de uma

comunidade indígena que pede que, ao ler este documento, vocês vão ver que ela solicita

urgentemente uma solução na área de segurança. Só isso. Obrigado.

Márcio (Presidente) - Obrigado Dra. Alda. O próximo e último inscrito é o Aderval.

Aderval: Aderval, MDS. Não é difícil entender que a proposta é de otimizar o acesso dos povos

indígenas às políticas, sejam elas universais ou específicas, e promover o controle social, informando

quanto de recurso vai para o estado, para o município, como funcionam os programas, todo este

mecanismo que, de fato, a maioria dos usuários dos serviços não conhece como funciona. Isso é muito

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importante. E promover, também, além do controle social, o protagonismo indígena, em termos de

prioridades, enfim... Definir, no plano construído no âmbito do colegiado, naquele âmbito territorial,

de fato, prioridades. Porque é melhor vocês definirem isso do que nós, ou definirmos conjuntamente,

em função do conhecimento de causa. Os problemas são vivenciados na ponta. Isto tudo é muito

oportuno. É uma pena que a FUNAI não tenha pernas ainda para desenvolver esta ação integrada em

mais de dois territórios, ou quiçá três, quatro ou cinco, a gente não sabe o quanto a gente vai poder

otimizar o programa. A questão da execução, inclusive aventada pela Pierlângela, de que boa parte da

execução orçamentária é de transferência fundo a fundo... de fato os programas são executados via

Pacto Federativo... são poucas as ações de execução direta. Mas quando há a ação de execução a gente

esbarra numa questão que é a baixa institucionalidade. E não há nenhum órgão do governo, salvo a

FUNAI, que se proponha a investir em fortalecimento institucional. Então um dos motes do

programa, Fabiana, deve ser este. Para além de construir um plano, alinhavando as ações e tentando

integrá-las, o objetivo é otimizar. Algumas vão dar certo, outras não. Algumas são apropriadas, outras

não. Porque ação governamental é assim: nem todas foram pensadas e =construídas para povos

indígenas. Mas elas se enquadram dentro de direitos universais, e os povos indígenas devem acessá-las

como qualquer outro cidadão brasileiro. Então tem coisas que são adequadas, outras nem tanto; é

preciso fazer alguns ajustes. Mas a questão da institucionalidade é um agravante, e uma preocupação.

Então eu acho que, além de elaborar um plano, o que pressupõe naturalmente seminários para

informar os direitos de cidadania indígena, a constituição deste plano prioritário dentro do período de

governabilidade que a gente tem, os cursos de capacitação. A elaboração de projetos, gestão de

recursos públicos... que são os gargalos, seja da terra indígena, seja da carteira indígena, seja de um

projeto de inclusão produtiva... são gargalos que ninguém cobre, do ponto de vista operacional. E aí é

preciso que a FUNAI pense sobre como é que vai dar conta, preencher esta coluna que existe em

termos de financiamento público de ações. A questão da avaliação e monitoramente, a prestação de

contas... desde a elaboração de projetos. Tudo isto que dificulta a execução orçamentária, sobretudo a

execução de recursos públicos, a gente tem que acorrer oferecendo meninas condições para que a

comunidade possa gerir os recursos, ou então numa proposta de auto-gestão. Era mais isso que eu

queria colocar: a tônica (acho) dos Territórios Indígenas da Cidadania recai sobre a articulação de

políticas, buscando otimizar acesso, mas também sobre a questão do fortalecimento institucional,

senão a gente não vai decolar. Porque isto é um ponto nevrálgico e ninguém investe nisso.

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Márcio (Presidente)- Obrigado, Aderval. Agora eu vou devolver aqui a palavra para a Fabiana e os

companheiros aqui para... (inaudível). Desculpa, Lylia, desculpa. É que na hora que eu fui fazer a

chamada você não estava na mesa. Eu abro aí o espaço aí para você falar. Eu só peço que seja bem

objetiva.

Lylia: Eu vou tentar o máximo, mas pode me cortar também. Me dá o tempo que você acha que deve.

Márcio (Presidente)- Dois minutos.

Lylia: Muito pouco... Destes dois minutos eu vou pedir uns trinta segundo para me desculpar. Eu não

sei se as pessoas estão percebendo, mas eu estou incomodada porque eu estou tendo que entrar e sair

todo o tempo em função de uma agenda complicada do ministério envolvendo a questão indígena.

Toda a nossa agenda aí junto com a FUNAI, inclusive, Reunião do GTI, etc. Sobre o Território da

Cidadania, eu achei muito interessante a fala dos indígenas, e eu acho que tem tudo a ver. E aí tem

tudo a ver também (eu insisto nisso), com a questão que a gente está discutindo no âmbito do

CONSEA, que é a inclusão definitiva da dimensão do Etnodesenvolvimento nas políticas publicas.

Claro que vai estar focado em Segurança Alimentar e mais outras. E estas questões que Pierlângela

levantou, os companheiros do Rio Negro levantaram, elas perpassam tudo isso. O Estado Brasileiro,

nesta gestão do presidente Lula, na gestão do Márcio na FUNAI, avançou muito nesta questão do

participação, do envolvimento, mas a gente tem dificuldade na área de executar. E eu queria (eu acho

que já fiz esta proposta uma vez) deixar uma proposta para a própria CNPI (que o Ministério do Meio

Ambiente, através da gerência indígena, se compromete, inclusive, a apoiar) que a gente pudesse fazer

uma publicação sobre políticas que os índios possam acessar, em linguagem acessível... Para deixar

também, estou na linha do legado. E uma ampla divulgação disso para que os índios efetivamente

comecem a saber que podem acessar. Porque muitos não sabem nem das políticas que existem, das

possibilidades que se abrem. Eu estive... eu acho que a Pierlângela... É interessante a idéia de que é um

campo ainda experimental, e acho que tem que ficar claro o seguinte: tudo bem, o Território da

Cidadania, você recorta... é um território de intervenção governamental, ele não existe na realidade

como território, mas foi levada em conta uma série de questões... e no caso do território indígena tem

uma dimensão que os outros normalmente não tem, que é um território que se define, também, pela

identidade: pelo fato de ser Território da Cidadania Indígena, propriamente dito.

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A questão fica mais complicada quando é um Território da Cidadania onde existem terras indígenas, e

portanto tem que ter ações. Eu vou dar um exemplo muito breve aqui, de Dourados, que é um

território (Território da Grande Dourados). Tem uma ação do Ministério da Agricultura junto com o

Ministério da Pesca e o MDA, pelo fato de ser o órgão coordenador dos territórios, que é uma ação

de... um GT com ações de fortalecimento da cadeia do pescado no Território da Cidadania de

Dourados. Eu estive lá nesta reunião, nós conseguimos participar da reunião, meio que pegando o

bonde andando. Porque não passou pela cabeça das pessoas que o fortalecimento da cadeia dos

pescados pudesse interessar aos índios. É este tipo de percepção que a gente tem que mudar nos órgãos

públicos gestores. Se eles estão fazendo um Território da Cidadania que tem índios, e muitos

(imaginem Grande Dourados, gente. É só o que tem), e de repente se pensa numa ação para aquele

território onde as ações indígenas não estão. “Ah, houve um esquecimento, um problema de

comunicação...” Estive na FUNAI, conversei com a Margarida, a Margarida não estava nesta reunião.

O fortalecimento da cadeia de pescados, o diagnóstico que eles fizeram, eles levantaram 78

pisciculturas (tanques, lâminas d’água que eles chamam), 78 tanques de pisciculturas no território da

cidadania de Grande Dourados. Não incluíram os dos índios, que são 52. Portanto mais da metade das

áreas de pisciculturas que os não-índios têm. Nós entramos, eu depois conversei com a Margarida,

porque houve algum problema lá que a FUNAI não estava. Estava uma coluna em branco na matriz,

como se a FUNAI não tivesse nada a fazer ali. E não tinha sequer uma coluna do Ministério do Meio

Ambiente, que, junto com o MDS, fomentou lá vários tanques... E para a questão do Território do Rio

Negro, eu queria dizer o seguinte: o MMA, junto com o MDS, na ação da carteira indígena... nós

elegemos como uma cadeia produtiva a ser fortalecida (é um projeto em torno de R$ 500.000) a cadeia

da piaçava na região do alto Rio Negro. Nós estamos esperando a aprovação do Plano para ir lá, e aí,

Fabiana, vai ser fundamental... Porque na verdade é isso: Território da Cidadania tem lá os programas,

tem lá o dinheiro... e essa idéia de que não vai ter mais dinheiro para aquele lugar só porque já tem os

programas não é verdade. Você tem, por exemplo, um Ministério que tem uma ação, sei lá, para a

pesca. Ele tem o dinheiro, mas ele não sabe aonde vai fazer. O Território da Cidadania é que dá a

diretriz agora. Então se tem lá a grana, e o governo criou o Território da Cidadania por conta daqueles

critérios de pobreza, etc., o Ministério, ao invés de colocar aquele dinheiro em qualquer lugar (por

articulação de cúpula de governo), vai jogar no Território da Cidadania (em algum). Então é

importante ter clareza, porque podem vir mais recursos. Agora, para o território de Dourados,

também de R$ 500.000, para o fortalecimento da cadeia das piscicultura, e a região da BR-163, que

eu acho que não é território... É? A cadeia dos olhos e castanhas, só para indígenas, com este

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mesmo valor. Então eu acho legal a gente marcar uma conversa e incluir isso aí, e ver aonde mais a

gente poderia ajudar nesta parte do acesso. De ter editais, sobretudo nos territórios que são da

Cidadania, que sejam direcionados diretamente para as organizações indígenas acessarem. E não

misturar. Na hora que você mistura, você está, na prática, excluindo, porque não dá para concorrer. É

isso.

Márcio (Presidente)- Obrigado, Lylia. Agora, Fabiana.

Fabiana – Funai - São muitas questões. Na verdade, o objetivo desta reflexão era aprofundar a reflexão

da CNPI, de toda a bancada indígena, para uma avaliação sobre o quanto é estratégico é este

programa. Do ponto de vista da articulação da política (como o Aderval colocou), de você

potencializar o processo de controle social uma vez que quem está no território vai conseguir acessar

pelo menos o que significam os mecanismos para aquela ação chegar lá, enfim... Então eu queria

começar a responder, ajudar no debate, e em função do que o Aderval colocou. Porque apesar disso,

apesar de terem sido constituídos os territórios da cidadania, que vem para melhorar este processo de

acesso à estas políticas, de entendimento destas políticas, seja pelo movimento social, seja pelos

gestores que estão ali, prefeitos, enfim... Ainda tem problemas, o próprio fato que veio gerar esse

território tem problemas, porque os editais acontecem e o Rio Negro não conseguiu acessar. Os editais

acontecem, e são... a idéia é que o desenvolvimento deste programa garanta isso. Tem o edital, o edital

chega, e você tem uma estrutura de colegiado que discute, que debate, está o tempo inteiro se

qualificando. Agora eu acho que, no caso (não sei se a gente chegou a deixar isso claro, mas

Pierlângela colocou), no caso dos Territórios Indígenas da Cidadania, a coordenação do processo é da

FUNAI, junto com os índios. Isso se fortaleceu muito, esse fortalecimento se deu muito a priori. Por

exemplo, o que a Pierlângela colocou à cerca do processo de introdução disso lá na Raposa, na verdade

ainda não era um Território da Cidadania, ali era um Território Rural Sustentável do MDA, com

pouca participação, muito parecido com o que aconteceu no Rio Negro. Por isso essa retomada que o

Luiz Brasão colocou. Mas eu acho que a responsabilidade sobre o aumento desta gestão social,

capacitar, ajudar, eu acho que ela, no tange à questão indigenista, ela pode não ser vista como única e

exclusivamente uma ação da FUNAI.

O que o programa quer é romper com isso. Eu imagino que a CNPI tenha isso como principio: pensar

como a gente fazer isso de forma compartilhada. Nunca a FUNAI... ela coordenada e articula, mas as

ações tem que ser compartilhadas, e os órgãos tem que ter responsabilidade sobre isso. Por exemplo, se

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é o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que hoje é quem tem mesmo recursos para fazer a

mobilização nos Territórios da Cidadania, o MDA precisa, e nós temos feito este esforço, a FUNAI

junto com o MDA, de conversar com o MDA e dizer “olha, como você vai pensar esse componente da

política indígena para pensar a capacitação das lideranças deste Colegiado, que no caso dos territórios

que não são indígenas, simplesmente você tem uma disputa muito maior dos diferentes segmentos que

estão ali presentes. E o que a gente quis também dar aqui, e enfatizar, a gente diz e eu repito, a

participação indígena tem sido muito devagar na maior parte dos Territórios da Cidadania. Então eu

acho que tem que ter isso. Os órgãos de governos que estão que tem, por exemplo, recursos para

desenvolver ações para aumentar a gestão social, para capacitar as lideranças indígenas que estão

dentro deste colegiado a entender melhor os programas, eu acho que tem que ter esta co-

responsabilização. Acho que tem que ter isso como encaminhamento, não sei. (inaudível). Tem que

prever isso. Mas é isso justamente que nós estamos colocando, que o território existe porque é pobre

em capital social. Então apesar do território existir, você ainda tem um problema de gestão social que

a gente tem que resolver.

Márcio (Presidente)- Acho que a questão aqui é a seguinte. Eu estou ouvindo, não tinha me

pronunciado aqui sobre este tema, até porque eu tive que sair para resolver uns problemas ali fora.

Mas o que é importante nesta questão do Território da Cidadania, o que tem que ficar bem claro, é o

seguinte: o território é um dado da realidade. O território já existe. O território já existe. O que não

existia era um programa Território da Cidadania, este programa realmente é novo. Agora o território

existe sim. Ele é um território, inclusive, construído social e historicamente, culturalmente. Então o

que o governo identificou é que existem territórios identificados historicamente, culturalmente no

Brasil que a população daquele território tem pouco acesso às políticas públicas que este governo

inclusive tem ampliado. Mesmo com as políticas públicas que nós criamos e que ampliam muito o

acesso, neste lugares não chegam. Então por isso o Presidente criou este programa, que é um

programa para, digamos assim, impulsionar mais ainda estas regiões que têm estas dificuldades. Por

isto que são chamados Territórios da Cidadania. Um dos critérios utilizados para a definição destes 120

Territórios da Cidadania foi a existência, nestes territórios, de terras indígenas. Além de quilombolas,

além de etc. E a identidade cultural daquele lugar também. Por exemplo, o Vale do Jequitinhonha. O

Vale do Jequitinhonha é um território culturalmente identificado, historicamente constituído no

Brasil. Ele não é indígena, mas ele é um território culturalmente instituído.

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Então, por isso o Vale do Jequitinhonha é um território da cidadania. Porque é um lugar

extremamente pobre do ponto de vista econômico. Economicamente é pobre. Mas é um lugar

extremamente rico do ponto de vista cultural, assim como todas as terras indígenas. Podem até ter

dificuldades econômicas de acesso, mas todas as terras indígenas são extremamente ricas do ponto de

vista cultural. Então eu acho que o entendimento do programa tem que ser esse. Obviamente tem

alguns lugares (que nós colocamos esta questão na discussão com o Presidente lá atrás no início do

programa, foi a FUNAI que colocou esta questão) em que as terras indígenas e a população indígena

são majoritárias naquele território. O que identifica aquele território são os índios e suas terras,

majoritariamente. Então nestes casos, nós propusemos que eles fossem classificados como Territórios

da Cidadania Indígena, e que nestes casos a FUNAI, junto com o MDA, fossem os coordenadores junto

com os povos indígenas ali, tanto que o colegiado é majoritariamente indígena, nestes casos (o caso do

Rio Negro e o caso da Raposa e Serra do Sol / São Marcos, que está neste processo também). Não quer

dizer que os outros territórios que tenham terras indígenas, os indígenas não devam participar. Devem

sim, e a FUNAI também. Mas este é um processo realmente em construção que tem dificuldades

porque nós temos dificuldades institucionais, de pessoal, recursos, etc.; e também o movimento

indígena tem dificuldades, as comunidades tem dificuldades. Mas nós temos que ocupar; este é um

espaço que está aberto. O governo federal criou este espaço e abriu este espaço para ser ocupado. Cabe

a nós então ocupar este espaço. Então acho que esta é um pouco a idéia do programa. Eu, como estava

fora, talvez esteja... Sim, Lylia, mas este diálogo é permanente, ele está sendo feito permanentemente,

ele é um processo que está em curso. Nós temos, o tempo todo, um espaço de diálogo com o MDA, o

MDA está aberto a este espaço de diálogo. Agora as instituições... a gente não pode esquecer isso. Nós

temos tratado aqui na CNPI, hoje e ontem várias vezes, das instituições. As instituições são as pessoas.

Elas não existem como se fossem uma coisa, digamos, separada. As instituições são as pessoas. A

instituição MDA são as pessoas do MDA que estão em Brasília, tem as pessoas do MDA que estão nos

estados e nos colegiados. E cada pessoa dessas é um mundo. É a mesma coisa da FUNAI. A instituição

FUNAI em Brasília é uma coisa. Outra coisa é a instituição FUNAI nas administrações regionais e os

técnicos que vão para a reunião do colegiado. Então isso vale para tudo. Vale para o Território da

Cidadania, vale para todos os outros programas. Então nós temos que considerar que este programa do

Território da Cidadania é um programa novo que é um espaço aberto pelo governo federal para o

protagonismo da sociedade civil e dos órgãos do estado brasileiro que se ocupam destas políticas para

que a gente possa melhorar e qualificar a ação. É claro que são processos, e aí vai depender das

pessoas. Então nós temos, realmente, que dialogar permanentemente com as pessoas dessas

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instituições para que elas incorporem esta dimensão sócio-ambiental que você está falando. A questão

indígena, a questão do meio-ambiente, a questão das populações tradicionais, etc. Eu acho que este é o

ponto fundamental. Talvez eu esteja repetindo muito o que vocês já falaram aqui, mas o que eu estou

querendo dizer aqui é o seguinte: porque é tão importante que um programa como esse tenha sido

trazido aqui para a CNPI. Essa é a pergunta: porque é tão importante ter trazido um programa

Território da Cidadania (e que, dentro dele, tem esse componente indígena) para cá? Porque nós

queremos saber, na CNPI, o seguinte: este programa é importante, e ele precisa ser aperfeiçoado aqui

ou ali, mas ele é importante e é isso que a gente quer. Ou não. É isso que a gente precisa saber. Nós,

governo, precisamos saber: “olha, este programa realmente é muito importante, é um espaço que tem

ser ocupado, e nós queremos ocupar. E temos que fortalecer, com isto ou com aquilo, em termos de

aperfeiçoamento.” É isto, este é o ponto. Eu não sei (como eu estava fora), das intervenções que

aconteceram, que eu ouvi quando eu cheguei. Eu vi que elas foram todas nesta linha, de aperfeiçoar,

de melhorar, de reforçar e de qualificar. Então eu acho que, se é isto mesmo, vamos trabalhar. Deixa o

homem trabalhar. Naquela linha. Então eu acho que este é o entendimento que eu faço em termos do

que este trabalho é. Que foi esse o objetivo. Para ninguém depois... acho que os membros da CNPI da

bancada indígena tinham que ter conhecimento, a gente tinha que socializar esta informação sobre o

programa porque eu tenho ido nas áreas. E eu chego lá e falo do Programa Território da Cidadania e a

comunidade indígena está entendendo outra coisa. Então nós precisamos, enquanto atores políticos

que somos, tanto do governo aqui quanto das organizações indígenas, saber o que é de fato este

programa para poder chegar lá na ponta e explicar o que é, porque às vezes chega lá comunidade uma

explicação que a gente não está entendendo. Então por isso é importante vocês saberem exatamente

qual é o problema. Ele implica, por exemplo, em parcerias. No caso do Rio Negro nós assinamos um

acordo de cooperação técnica com a FOIRN, que é a principal organização indígena da região, nós

assinamos acordo de cooperação técnica com a prefeitura de São Gabriel da Cachoeira. Falta com as

outras duas (Barcelos e Santa Isabel). Nós assinamos um acordo de cooperação técnica com o ISA, que

é uma organização não-governamental que atua há 20 anos lá na região do Rio Negro... Isto implica

em parcerias que a gente precisa explicar e re-explicar, explicar de novo, etc. Então eu acho que é um

caminho assim interessante, que eu vejo como importante. Nós, como participantes da CNPI, cada

membro da CNPI, poder multiplicar esta informação e este espaço institucional criado... Ou seja, para

concluir aqui: a idéia do programa Território da Cidadania não é chegar de pára-quedas lá na região,

num disco voador, com um monte de coisa. É que lá na região, o protagonismo lá, local, da

comunidade, diga que aquele dinheiro do orçamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ou

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orçamento do MMA, ou orçamento da FUNAI, seja aplicado nisso ou naquilo ou naquilo. Que a escola

que seja construída lá, viu professora Chiquinha, que a escola que tenha que ser construída lá, que vai

o recurso lá para o estado e para aquela região do território, ela seja construída naquela comunidade e

não na outra. Que ela seja feito de um jeito ou de um outro jeito. Isto se chama protagonismo local da

comunidade. Então este é um espaço que este programa criou. Nós temos que ocupar este espaço. Eu

acho que isso precisa ser levado aí pela bancada para as regiões, para explicar o que é, etc. E se for

necessário, até destes experimentos que estão sendo feitos serem divulgados, serem ampliados, esta

divulgação. Era mais ou menos que eu queria... aproveitei aqui para... Pierlângela quer falar alguma

coisa?

Pierlângela: Pierlângela. Eu acho que, para nós, a importância de ter trazido aqui para a CNPI é...

Como a CNPI tem esse papel (eu sei que tem outra instância que trata desta questão dos territórios),

mas aqui estão os órgãos de governo. E não pode estar desconectado. Quem trabalha realmente com as

ações dentro dos Ministérios é quem está sentado aqui hoje. Todos os que estão sentados aqui é que

tem, realmente, de fato... Então a nossa preocupação é essa: se, na outra instância, tem pessoas que não

estão discutindo aqui com a gente... porque eu acho que é até um fortalecimento para o próprio

encaminhamento das ações da CNPI. Porque estes representantes do Ministérios que as ações vão

chegar lá é que devem estar sabendo de como estão estas ações. Porque a outra instância que existe,

que trata dos territórios, e são outros representantes... às vezes não chega lá. Ou também não tem este

entendimento que estas pessoas do governo tem aqui. Então para nós é muito importante que os

representantes dos Ministérios que estão aqui saibam como está funcionando. Porque é até uma via,

para nós, de fortalecimento lá. Por exemplo, o Aderval falou dos 27 programas de assistência social do

MDS. Como nós vamos chegar lá com isso, também? Dentro do Território da Cidadania? Quem vai

levar é o Aderval ou a outra pessoa? No caso, como já tem a experiência do pessoal aqui, já devia levar

o pessoal que está aqui na CNPI. Porque senão você cria outras pessoas, que acaba a gente discutindo

uma coisa aqui na CNPI e outro grupo discutindo outra coisa. A importância de trazer para a CNPI

para nós é essa, desta articulação dos Ministérios, porque quem vai chegar lá são os Ministérios,

realmente a articulação dos Ministérios, e para nós estas pessoas que hoje estão citadas aqui é que

tratam diretamente, então... colocando um pouco sobre esta questão.

Márcio (Presidente)- Obrigado. Só passando a palavra aqui para vocês fecharem, colocarem alguma

coisa. Nós estamos com dez para uma já, então vamos ter aqui o intervalo do almoço.

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Não-identificado: Só complementando alguns comentários que foram feitos aqui, por exemplo esta

questão, quando eu disse, que você falava aí de direcionar os editais específicos para que facilitasse a

gente acessar... acho que é um caminho que precisa se pensar e ser colocado, não só colocar aqui em

conversar no ar, mas tem que se colocar isto em prática. Porque muitas vezes eu tenho falado isso

(quando se discute estes territórios dentro do Colegiado durante os três anos de implantação), para as

pessoas que intermedeiem isso, já estamos praticamente, eu sei de cor e salteado todos os nossos

problemas. Eu sei qual é a prioridade 3,4,1,2, sucessivamente, de tanto trazer estes problemas para se

discutir no colegiado, se vai resolver, vai se buscar resposta, e nunca se tem. Uma delas é essa, que eu

tenho sempre colocado: dificuldade de acessar editais. Falta de técnico, falta de acompanhamento. É

uma delas. E outra delas é a questão dos articuladores, acho que os articuladores precisam articular,

mas precisam trazer a conversa para dentro do território. Não articular por outros caminhos. E aí vem

aquela questão que a Professora Francisca fala, que o dinheiro vai para o município através da

prefeitura, e vai através do estado, e os políticos que dizem que foi articulação deles, e faz disso uma

certa troca de moeda com a questão eleitoral. Acho que não é isso que se quer. Deste jeito, eu acho

que a gente não vai avançar em lugar nenhum. E é aí que o movimento indigenista sai do anonimato

para assumir este papel de fato. Porque sabemos o que queremos e sabemos fazer isso. Agora

precisamos que as pessoas tenham a vontade de deixar que a gente também participe disso. Não só

para ouvir, mas participando do planejamento, da construção dos planos que nós queremos. Acho que

era isso que eu queria colocar, para encerrar. Muito obrigado, eu passo aqui a palavra.

Não-identificado: Só colocar assim, que o Território da Cidadania, para nós vai dar certo e está dando

certo. Alguns programas já estão em atividade, que estão incluídos dentro do território vários

programas. Estão em desenvolvimento... o que nós queríamos já está sendo realizado. Como a

Francisca colocou. “Quando que vai ser...?” Não precisa chamar quando, nós vamos atrás. Nós

buscamos os programas. Por exemplo, por vários anos, como eu coloquei na minha fala, nós vimos

procurando solucionar nossos problemas através do governo, através do governo do estado, governo

municipal, governo federal, através dos programas, para desenvolver as atividades dos povos

indígenas. Este é o nosso objetivo principal. Eu queria colocar isto porque para nós é uma expectativa

(que eu tenho) que tem que dar certo.

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Não identificada: (inaudível) Acho que o Márcio já deu aqui início à uma proposta de

encaminhamento. A idéia foi essa. Óbvio que quem não conhecia, e era novamente o programa, não

conheceu totalmente aqui. Acho que precisa aprofundar, entender o mecanismo, como funciona de

fato. Para a gente poder, de fato, utilizar ele como um espaço, como o Márcio colocou, que o governo

abre para a gente poder potencializar as nossas questões, demandas e prioridades para dentro dele. Um

exemplo disso foi a própria fala do Saulo sobre o PRONASCI. O PRONASCI é uma das ações que

podem conter ou não estas ações que são ofertadas. É interessante, por exemplo, pensar, a partir do

Território da Cidadania, potencializar a idéia de se pensar um processo de segurança dentro do

território. Eu não conhecia este caso que o Saulo colocou, mas isso é um exemplo das possibilidades

possíveis. Eu acho que o encaminhamento é um pouco neste sentido, acho que Pierlângela colocou

também um pouco, ela já sugere um encaminhamento. Ela quis dizer o seguinte: o Comitê Técnico

Nacional ou o Comitê Gestor Nacional deste programa nem sempre são os representantes de governo

que estão aqui presentes. E talvez o encaminhamento é isso, Pierlângela? Não entendi... Seria isso o

encaminhamento? Só para entender... de que os representantes de governo da CNPI então assumam

esta articulação dentro dos seus órgãos, é isso? Dialogando com quem está no comitê.

Lylia: Lylia Galleti, Ministério do Meio Ambiente. Concordo absolutamente, em gênero, número e

grau, com tudo o que o Márcio colocou sobre o Território da Cidadania, dando o parecer que a gente

não está falando a mesma língua. Apenas digo que é um Território de Intervenção de governo porque

o Vale do Jequitinhonha tem a sua identidade como Vale do Jequitinhonha e não como Território da

Cidadania. Então neste sentido a figura do Território da Cidadania é uma criação de governo muito

bem-vinda, absolutamente permanente, porque se trata de levar recursos para as áreas mais pobres do

país. O que eu queria, como encaminhamento... acho que está em andamento, não conheço todos.

Tem problemas, dificuldades... Sempre que tem que se tratar de povos indígenas e comunidades

tradicionais, tem problemas. Porque é uma população que ficou invisível ali às políticas públicas. No

caso dos índios, como se a FUNAI fosse responsável por tudo e ninguém faz mais nada. Então esta é

uma tradição, e uma tradição ruim do Estado Brasileiro, que toda a nossa luta é para modificar. Então

o que eu acho é o seguinte: tirando os territórios que são indígenas, que são completamente diferentes

dos territórios da cidadania onde tem indígenas. São duas coisas... água e vinho. Porque aqui são os

próprios índios, comitê e paritário e tal. Como tem esta dificuldade do estado brasileiro, e a gente não

pode estar em todo canto... Por exemplo, o André tem poucas pessoas no Ministério, muito poucas, no

MDA, que trabalham com a questão indígena. Ele lá dentro da SAF, quem mais? E aí você vai para a

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SDT, que é responsável pelos territórios, você não tem uma referência de pessoas (você estava falando

que as pessoas são as instituições) para fazer só isso ou para estar preocupado o tempo inteiro com isso.

Então eu acho o seguinte: tudo o que foi dito aqui de encaminhamento é muito válido, tem que ser

feito. Eu como gestora me preocupar, estar buscando isso, todo mundo aqui dos Ministérios, Luz para

Todos, cadê? Devem estar já pensando em como se colocar nos Territórios da Cidadania. Agora eu

acho que mereceria um documento da CNPI ao comitê gestor nacional dos territórios falando que a

CNPI discutiu esta questão, o quanto nós achamos fundamental este programa... Mas, por conta das

circunstâncias, alertar para a questão de que... É esse negócio: o Lula vai lá, ou vamos nós, aí falamos

que tem esta coisa maravilhosa... “Acessem, vão lá...”, desconhecendo o básico. Por isso que eu estou

dizendo que é à nível de Comitê Gestor Nacional, que esta é a proposta que nós estamos levando para

o CONSEA: que se faça uma recomendação aos órgãos neste sentido. Porque o pessoal está lá, os

indígenas muitas vezes estão lá, tem área que tem forte capital social, vê na televisão e já vai atrás. Já

está daqui a pouco com um projeto, já está participando... Outros não tem este capital social, esta

capacidade. Um componente importante, eu acho, dentro... para aprimorar, para tornar mais efetiva a

participação destes grupos vulneráveis dentro destes territórios que já são profundamente vulneráveis

é o componente da mobilização social e da capacitação, do esclarecimento. Eu não sei, não tenho este

dado, talvez o André tenha. Dos X Territórios da Cidadania (não sei quantos) que tem terra indígena,

em quais, efetivamente, os indígenas estão representados no comitê local? Estão sendo considerados,

estão participando, estão mobilizados? A gente faz o nosso trabalho daqui da CNPI, faz o nosso

trabalho como gestor nos nossos órgãos, mas também diz “Olha gente, legal, o Território da

Cidadania. O CNPI discutiu e acha importante contribuir com tais e tais sugestões.” Só isso.

Não-identificada: Queria pedir desculpa aqui que, meio que me cortaste e perdi o fio da meada. Na

verdade são dois encaminhamentos que temos. Um encaminhamento é os territórios da cidadania

indígena, é um processo diferente, até metodológico de trabalho. E temos que pensar num

encaminhamento para os territórios da cidadania. Não ficou claro para mim qual que seria o

encaminhamento proposto, porque este movimento... está difícil. Eu estou perdendo o fio da meada.

Nós já iniciamos este processo, nós estamos iniciando este processo. O SDT não tem nenhum

especialista que entenda, como o André, mas a discussão tem sido feita. Com a SDT, com a PET, com o

Ministério do Meio Ambiente, esta discussão acontece, mas como que a gente qualifica esta?

Entendendo que nós temos duas situações. Uma são os Territórios da Cidadania Indígena, em cuja

coordenação eu acho que nós temos mais chance de inserção, e de pensar esse processo junto com os

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índios. A outra são os outros territórios, que são mais de 60 territórios da cidadania com presença

indígena, e em alguns lugares de forte presença (digo de população dentro do território). O que a

gente pode encaminhar, com relação à isso?

Márcio (Presidente)- Bom, eu acho que ficou claro o encaminhamento. O encaminhamento é de

reforço do programa, valorização do programa, e a sugestão que esta questão dos povos indígenas nos

territórios da cidadania como um todo seja tratado com atenção especial pelo Ministério do

Desenvolvimento Agrário, que é quem coordena o programa. Então este é o encaminhamento. Agora,

está todo mundo com fome, é hora do almoço. O encaminhamento principal agora é este, o almoço.

São agora 13h00. Nós vamos voltar 14h30. 14h30 a gente retoma aqui os trabalhos. 14h30.

Tarde do dia 29/09

Márcio (Presidente)- Nós vamos começar agora... a proposta de organização da nossa agenda da tarde,

para a gente poder organizar direito aqui... Nós vamos... eu vou começar, agora à tarde, esta

continuação dos informes, digamos assim, informes qualificados das políticas, de algumas ações e

políticas que estão sendo desenvolvidas. A questão do IBGE, do censo... A questão também das ações

na área da cultura, que o Marcelo vai fazer o informe também aqui. Na educação também vai ser dado

o informe... e da questão da fronteira vai ser dado o informe. Em seguida nós vamos entrar na questão

do INSS também. E logo em seguida nós vamos entrar na questão das experiências participativas… E

nós temos que organizar bem porque este segundo ponto é um ponto muito importante, e tem que dar

um tempo para o pessoal tentar apresentar. Então a gente vai tentar ser bem objetivo aqui, porque

esses temas iniciais são muito mais de caráter de informe qualificado aqui para a plenária... para a

gente tentar ser mais objetivo com o tempo. Eu mesmo vou tratar do tema I, que é o censo, porque

infelizmente não deu para... a pessoa da FUNAI que está se ocupando diretamente disso não pôde vir,

e quem mais está sabendo do assunto e acompanhando, além dele, sou eu mesmo. Que é o Arthur,

com relação ao censo. E este é um tema muito importante que a gente queria trazer para dar um

informe aqui, porque ele é um tema, digamos assim, estratégico importante da política indigenista

brasileira do ano que vem. Então, sendo bem objetivo, é o seguinte: a FUNAI procurou o IBGE em

2007, logo que eu cheguei na FUNAI, e a gente recebeu um informe do IBGE que o censo 2010 ia ser

começado a ser discutido pelo IBGE. Porque como vocês sabem, o IBGE, de dez em dez anos, faz o

censo geral da população brasileira. O último foi em 2000, e o próximo vai ser ano que vem, em 2010.

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E eles preparam o censo com 3 anos de antecedência. 3 anos antes eles já vão preparando o censo.

Então em 2007 a FUNAI foi informada de que eles iam começar a preparar este censo. No censo de

2000 vocês lembram que o IBGE fez um recenseamento incluindo, pela primeira vez, a auto-

identificação indígena... e isto indicou, na época, uma população de 735.000 indígenas no Brasil na

época... É por isso que a gente tem a estimativa hoje, quase dez anos depois, que pelo índice de

crescimento demográfico da população indígena no Brasil, e também pelo aumento da população

pelos processos de identificação étnica, que a população indígena brasileira hoje deve (é uma

estimativa) beirar a quase um milhão de indígenas no Brasil. Isso eu tenho falado na imprensa, tenho

dado entrevistas até, falando deste número. Aproximadamente um milhão, pela estimativa que a gente

em função destes dados do IBGE de 2000. Mas nós só vamos confirmar isto efetivamente ano que vem,

em 2010. Então, diante desta oportunidade a FUNAI, a partir de 2008, nós propusemos ao IBGE que o

censo do ano que vem pudesse ser mais detalhado do que o censo de 2000. E incluísse questões que

foram discutidas aqui na CNPI, várias delas na discussão do estatuto, enfim, várias discussões que a

gente tem feito aqui no âmbito da CNPI. Mas a gente não tinha trazido ainda para a CNPI este

informe, até porque a gente pautou várias vezes mas a gente sempre tinha outros temas e isso foi

sendo passado sempre para a próxima, e para a próxima... então por isto a gente não teve ainda ocasião

de trazer com mais detalhes isto. Eu estou trazendo este informe para cá hoje, e não significa que a

gente vai encerrar por aqui. A CNPI poderá, daqui para frente, ter mais informações detalhadas sobre

o processo que vai acontecer até o ano que vem. Mas, para resumir para vocês aqui os passos que

foram dados, a gente... primeira coisa: foi mantido pelo censo do IBGE de 2010 a mesma pergunta de

2000, ou seja: foi mantida a opção de identificação étnica indígena na ficha de recenseamento. Então o

recenseador que for visitar a casa, a residência de uma família indígena... a pessoa que vai estar

respondendo à ficha vai poder dizer, se identificar como indígena. Isto foi mantido, que já tinha em

2000. Quais são as novidades no de 2010 que não tinha no de 2000? A primeira coisa, a primeira

novidade é a seguinte: neste ano de 2010, pela primeira vez, o censo do IBGE... vocês estão

entendendo o que eu estou falando, está dando para entender? Em 2010, pela primeira vez, o censo do

IBGE vai ser feio via internet, completo. 100% dele vai ser via internet. O mesmo sistema utilizado

nas eleições, que você vai lá e vota na urna e tem um sistema que transmite o resultado via internet

para apuração. Então vai ser o mesmo tipo de equipamento que vai ser utilizado. Então esta é uma

novidade, que 100% do censo vai ser feito com este sistema. Isto significa o quê? Que, quando eles

passam a informação da residência que eles vão, cada residência tem uma coordenada geográfica e geo

referenciada. Então nós vamos, por exemplo: numa determinada residência em que mora uma família,

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aquela residência vai estar geo-referenciada depois no mapa. A gente vai saber onde mora, no mapa,

cada pessoa. É. Quando a gente tiver o resultado, a sociedade como um todo vai ter a informação de

aonde vivem, por exemplo, os indígenas (não só os indígenas mas todos os cidadãos brasileiros vão

poder se identificar pelo georeferenciamento). Isso é um dado novo do recenseamento. Segundo ponto

importante: em 2010 o recenseamento também vai visitar todas as casas, todas as residências. Em

2000, no caso dos indígenas, foi feita uma estimativa, era um sistema de estimativa ainda, não era

integral. Desta vai ser integral. Então os recenseadores vão em cada terra indígena e vão em cada

aldeia fazer o recenseamento. Mais uma novidade: desta vez vai ser também utilizado aquele... O

IBGE divide o Brasil em áreas censitárias. Então desta vez vão haver áreas censitárias específicas para

as terras indígenas. As pessoas que vão ser contratadas para fazer o recenseamento, vão ter pessoas que

vão fazer o recenseamento só lá nas terras indígenas. Específicos. Esta é uma novidade também que

qualificará o resultado do recenseamento. Além disso, mais uma novidade que vai ter, eu diria que até

uma das mais importantes, com relação à informação que vai ser colhida. Desta vez, pela primeira vez,

quando o recenseador perguntar, ele vai perguntar “Você é o quê?” As perguntas são branco, preto,

pardo, indígena e amarelo. Estas são as perguntas que o IBGE faz. Não vamos entrar no mérito aqui.

Não vamos entrar no mérito... Quando a pessoa responder, o cidadão vai responder “Eu sou indígena”.

Quando marcar lá (é um computador, não vai ser papel) indígena, vai abrir uma página só para quem

é indígena. Vai abrir um questionário que só vai existir para quem responder que é indígena. Então o

cara que responder que é preto, branco ou amarelo, isso aí não vai ter. Só vai ter para quem responder

que é indígena. Aí este questionário vai ser aberto. Aí quando o questionário abrir vai perguntar “qual

é o seu povo?” Aí o que aconteceu? A FUNAI fez um levantamento. Nós estamos atrapalhando a

conversa de vocês aí? A FUNAI passou então... este trabalho está sendo da FUNAI com o IBGE, várias

reuniões foram feitas... A FUNAI fez um levantamento a partir dos dados que a gente já tinha, e de

outras informações que a gente colheu de outros parceiros, outras instituições, universidades, etc.,

uma lista de etnônimos. Etnônimos. Os nomes das etnias dos povos. Eu tenho uma lista enorme. Então

nós passamos esta lista para o IBGE. Então quando a pessoa for perguntada ‘qual é o seu povo’, vai ter

uma lista que vai abrir no computador. Aí o cara vai dizer lá o povo dele, e vai ver na lista “é esse

aqui”. Aí marca e parece. E aí vai registrar. Se ele for de um povo que não aparece na lista, ele vai

escrever qual é o povo e vai acrescentar na lista. Vai ser esta a forma de identificação. Além disso vai

ter também uma pergunta sobre que língua você fala em casa. Estas perguntas vão acontecer neste

questionário próprio, e isso vai trazer para nós as informações sobre a diversidade lingüística, a

diversidade étnica, com a localização, porque é geo referenciada. Então nós vamos saber aonde estão...

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determinado povo está em tais lugares, tais territórios, tais lugares, etc. Nós vamos ter um nível de

informação sobre a população indígena brasileira jamais feito, em termos oficiais. É o dado oficial do

IBGE. Isto vai iluminar, vai orientar todas as políticas públicas que precisam ser feitas. Inclusive para a

parte importante da população indígena que vive hoje nas cidades. Que não vive na aldeia, que não

vive dentro da terra indígena, que vive nas cidades. Este informe, então, sobre a pesquisa do IBGE, era

importante trazer para vocês porque é importante que a gente se prepare, porque a FUNAI vai estar

trabalhando junto com o IBGE. Porque cada estado da nação tem um comitê de recenseamento (não

me lembro exatamente o nome), tem um comitê que organiza o recenseamento em cada estado. E a

FUNAI participa deste comitês em todos os lugares do Brasil, onde vai ter (sobretudo nas terras

indígenas) recenseamento.

Então é muito importante que vocês levem esta informação, e a gente pode depois ajudar a trazer mais

informações sobre isso... Talvez vocês já tenham escutado porque saiu uma matéria já na imprensa

sobre o novo recenseamento do IBGE, e já trouxe até esta notícia de que, pela primeira vez, vai haver

uma pesquisa sobre as línguas faladas. E a FUNAI já está se preparando para isto também nas áreas,

nas regiões, nas administrações regionais. Já tem tido reuniões nos IBGEs locais com a equipe da

FUNAI para este trabalho, e este tema é um tema estratégico. Parece uma coisa simples, mas este tema

é um tema estratégico. Eu me lembro que ontem nós tínhamos uma discussão aqui que surgiu sobre

quem é que não é índio. Quem é que não é índio no Brasil. Então a pesquisa da IBGE já é feita

partindo do pressuposto que quem se define como indígena é quem é indígena, e a sua comunidade.

Que é o que está na lei. Mesmo o Estatuto do Índio de 1973 já define: índio é quem se auto-identifica

e é reconhecido pela sua comunidade. Este é um pressuposto que o IBGE está utilizando também.

Então isto é muito importante que seja levado, principalmente pela bancada indígena, para suas

comunidades, orientando as suas comunidades, até porque a gente que sabe que fraude pode existir. A

gente que tem gente de má fé. O princípio é esse, mas pode ter gente que queira se aproveitar, se

utilizar desta oportunidade para fazer alguma manifestação errada no censo. Então vocês poderão

certamente ajudar muito a divulgar este procedimento que vai ser feito no ano que vem. É no segundo

semestre do ano que vem que o pessoal vai para campo fazer a pesquisa. Vai, com certeza. Por isto eu

estou chamando a atenção para isto, Capitão, porque nós não podemos... o Estado Brasileiro... é isso

que eu estou querendo deixar aqui claro para vocês. O Estado brasileiro... o IBGE é um órgão do

Estado brasileiro, oficial, que faz a contagem da população brasileira. A FUNAI é um órgão do Estado

Brasileiro responsável pela política indigenista. Então o Estado Brasileiro, não é ele (deixando bem

claro, isto está na legislação, não só na legislação, mas como do ponto de vista científico,

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antropológico, etc.), não é o Estado que diz quem é índio e não é índio, quem é indígena e quem não é

indígena. Quem é Potiguara ou não é Potiguara, não é o Estado (nem o IBGE nem a FUNAI) que tem

que dizer. Nem que não é, nem que é. Quem é, ou quem não é, tem que se garantir lá, dizer, provar,

ou não. Então o princípio do recenseamento é o princípio da boa-fé. É o princípio de que quem vai no

recenseamento vai agir de boa fé. Vai dizer, e inclusive dizer que língua fala, qual o seu povo, etc. É

claro que poderá ter algum tipo de atitudes de pessoas de má fé, mas nós não podemos partir deste

pressuposto, senão a gente não vai nem fazer o recenseamento, não faria o recenseamento. Mas o

Estado vai fazer desta forma, porque é desta forma que a legislação brasileira garante e trata. Então

este era o informe que eu queria dar sobre o IBGE, só saber se tem alguma dúvida, porque este é mais

no sentido de informe. Titiah.

Titiah: Presidente, é o seguinte: eu queria ver esta questão do levantamento da aldeia, se vai ter a

participação de alguns membros indígenas, para estar acompanhando. Porque na última vez, lá na

minha aldeia, as pessoas que foram indicadas para fazer este levantamento em muitas regiões não

foram, porque não conhecia. [Queria saber] se vai haver a participação de alguns membros indígenas

para estar acompanhando esta equipe, até se capacitando para fazer este levantamento.

Márcio (Presidente)- Justamente. Importante esta pergunta. Justamente por isso que eu estou dando

este informe aqui. Porque nós temos tempo, o campo só vai ser realizado no segundo semestre do ano

que vem, a FUNAI e as administrações regionais estão orientadas a acompanhar e orientar o técnico

do IBGE, e informar a comunidade (“Olha, vai ter o recenseamento, nós estamos aqui trabalhando

para que os membros da CNPI também possam ajudar nesta informação”), para que a gente possa

evitar ao máximo ter problemas, e a gente ter um resultado bastante interessante e qualificando.

Caboquinho. Depois o Saulo quer também fazer um...

Caboquinho Potiguara: Só uma pergunta, Presidente: a FUNAI está preparada para atender esta

demanda de um milhão de índios?

Márcio (Presidente): Caboquinho, esta é uma pergunta interessante, porque... ela só reforça a força da

pesquisa, do censo. Porque o que acontece? Hoje tem gente que vai pro jornal e diz que tem 200.000

índios no Brasil. Eu vejo por aí. Tem gente que diz na televisão, no jornal... Hoje no Brasil só tem

300.000 índios, outro diz que tem 200.000. Tem gente que diz que não tem índio nenhum. Por

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exemplo, lá em Santa Catarina o governador disse que não tem índio lá. O Basílio, então, é uma

entidade sobrenatural. Por isso o censo oficial é tão importante. Inclusive é importante para que a

FUNAI, que é o órgão indigenista do estado brasileiro, e também, viu Caboquinho, não só a FUNAI,

mas o estado brasileiro como um todo, os Ministérios como um todo, se preparem cada vez, se

qualifiquem cada vez mais para dar conta das políticas públicas para uma população que está

crescendo. Por isso o censo é muito importante. A questão é: se a FUNAI dá ou não dá conta, e os

Ministérios também dão ou não conta, esta questão vai ficar muito mais clara até de ser tratada com

um censo bem feito com uma população bem definida de forma oficial. Não paira dúvida. Censo do

IBGE. Saulo também se inscreveu, e a Professora Francisca, Sandro e o Anastácio.

Saulo: Saulo, CIMI. (Não fala ao microfone).

Márcio (Presidente)- O próximo é... Francisca. Depois o Anastácio. Agora o Brasílio também se

inscreveu.

Francisca Navantino: Francisca Navantino, Mato Grosso. Eu penso que estas informações que nos

foram colocadas são muito importantes, porque elas vão poder, de fato, caracterizar esta população

indígena. Por mais que a gente corra o risco de aparecer os fraudadores, acontece que, de uma forma

ou de outra, ele vai ter que se identificar de que povo que ele é. E levar em consideração, também, que

a FUNASA já vem fazendo alguns levantamentos sobre isso. Outro dia mesmo eu fiquei sabendo com

meu povo que alguns trabalhos que a FUNASA tem feito em relação à identificação das famílias,

também tem sido identificados quem são os seus parentes que estão fora da aldeia. Quem são. Eu

tenho acompanhado até porque no nosso conselho nós temos uma representante da FUNASA (a Irânia

conhece, que é a Elizete, que hoje está até nos Xavantes fazendo um trabalho lá, e ela tem sido uma

grande parceira para nós). E ela tinha colocado para nós, nesta reunião, que eles tem feito isto. Quer

dizer, a própria comunidade indica, para ajudar, inclusive, nestas identificações, quem são esses

parentes que estão fora da aldeia. “Fulano, Sicrano, onde estão? Em que Município? O que estão

fazendo lá?” Eu acho isto extremamente importante. Eu queria também comentar que este censo pode

dar um suporte muito grande para o censo escolar, porque há muito tempo que nós, do movimento

indígena, de professores, de educadores indígenas, a gente vem reivindicando a mudança no censo

escolar. Aprofundar mais e colocar mais específico o formulário. Ainda hoje tem algumas questões que

a gente não concorda. Tem mudado, mudou muito. Do tempo em que estava o Cléber lá para agora, a

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gente sabe que teve algumas mudanças. Mas a gente precisa de mais uma identificação. Com isto, você

vai perceber da população estudantil no Brasil, e o aumento da população estudantil nas aldeias.

Principalmente na terceira etapa da educação básica, que é a mais vulnerável, e que a gente não tem

ainda uma definição de uma política de educação de como é o ensino médio. A maioria dos alunos está

fora das aldeias, e a gente não está vendo uma política voltada para as aldeias. Então eu acho que,

neste ponto, este censo, fazendo os cruzamentos que já vem fazendo um trabalho desta natureza, vai

contribuir muito para a gente ter, de fato, a cara da população indígena no Brasil.

Márcio (Presidente)- Professora Francisca, agora é o Sandro. Sandro, depois o Anastácio, depois é o

Marcos Xucurú, Irânia tinha pedido para falar alguma coisa ali, e Ak’Jaboro depois.

Sandro: (não fala ao microfone)

Márcio (Presidente)- Eu vou responder já um pouco me respondendo, porque sou eu mesmo o

expositor... vou fazer o dublê aqui. A pergunta inicial é o seguinte: a legislação brasileira diz que é

indígena ou índio quem se reconhece como tal e é reconhecido pela sua comunidade. A postura da

FUNAI, do estado brasileiro, é a seguinte: aquela pessoa que se identifica indígena individualmente,

isoladamente, e a comunidade a qual ele diz que pertence não o reconhece como tal, o estado tem que

respeitar a opinião da comunidade, para evitar justamente as fraudes que a gente estava se referindo

aqui. E isso não é incomum. Lá em Brasília tem um cidadão que mora lá na FUNAI, na garagem. Lá na

comunidade dizem que ele não é, mas ele não sai de lá da FUNAI. Eu estou dando um exemplo aqui.

Obviamente no recenseamento nós vamos ter um dado geral. O recenseamento é para a gente ter um

dado total da população indígena. É óbvio que tem sempre uma margem de erro, etc.… Agora no caso

a caso tem esta questão que a Ana Paula, na conversa, deve ter colocado, porque ela sabe que a

questão é jurídica, como é no Brasil o reconhecimento. Não é o estado que diz quem é, quem não é.

Então nós temos que respeitar sempre a comunidade. Até porque tem muitos indígenas brasileiros que

não são índios. Por exemplo, os isolados. Eles são indígenas, mas eles não são índios. Eles nem sabem

que existem os índios. Porque indígena é uma palavra que diz respeito àquele que é de origem, da

origem local. E eles não sabem o que são índios ainda, por enquanto pelo menos. Eles podem virar

índios um dia. Então por enquanto eles não são. O que eles são é alguma coisa que a gente sabe

também o nome. Pode ser que seja... O Meirelles é que conhece bem os isolados. Ele é especialista no

assunto. Mas eu estou dando este exemplo como... o que é importante é o auto-reconhecimento e o

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reconhecimento da comunidade, que é o que diz a legislação brasileira. Com relação à... qual foi a

outra pergunta, Sandro? Teve duas perguntas que você fez. É tudo na mesma linha... E a comunidade

o reconhece como tal. Este também é um outro lado importante, que é, digamos assim, muitas vezes

polêmico. Mas agora eu estou te respondendo aqui como antropólogo. Quando uma determinada

comunidade indígena, tem um membro daquela comunidade que pode ser, por exemplo, um filho

adotivo, pode ser um marido ou uma esposa de um membro da comunidade que não é da comunidade,

que é de fora da comunidade, que não é indígena de origem... Ele pode ser reconhecido por aquela

comunidade como indígena, ele pode adotar aquela comunidade, seus usos, seus costumes, suas

tradições, como dele, e ele passa a ser reconhecido como tal. O que define, portanto, o indígena, não é

esse cocar que você está usando aí, embora ele seja um importante elemento de identificação. O que

define mesmo é esta questão de estar dentro. É óbvio que a legislação faz referência à origem,

obviamente, histórica, remete à uma historicidade, que está relacionada com os ancestrais pré-

colombianos. Isso também. Por isso é tão importante a questão da cultura, das tradições, dos costumes,

que são diferentes por causa disso. Mas isto é uma questão da comunidade, do seu povo, da sua

história. E não do estado brasileiro. Não é o estado brasileiro que define isso. Agora o próximo é o

Anastácio.

Anastácio: (fala fora do microfone) Acho que é importante, porque... principalmente quando falam da

língua. Nós temos um repertório lingüístico muito grande (inaudível). Argentina, Paraguai, Brasil... O

Mato Grosso do Sul (inaudível), tem parente aqui preocupado das pessoas se identificarem como

indígena, (inaudível), e nós ficamos preocupados lá, perguntando se é parente nosso... (inaudível),

orientar... (inaudível)... por causa do preconceito. E parece que no Congresso Nacional tem um

Projeto, que está correndo lá, de levantamento lingüístico... (inaudível) e foi bom passar isso aqui para

incentivar meu povo, (inaudível)... de identificar a língua, falar a língua... e isto traz para nós... que

nós talvez sejamos o maior povo que fala a língua (inaudível). E, como agora que parece que foi

aprovada a língua oficial do Mercosul para ser Guarany, a gente queria reforçar também o projeto do

nosso próprio país... O Paraguai também tem um pouco de preconceito de falar a língua deles. Falam

em casa, na rua é espanhol. E a língua oficial do Paraguai é o Guarany. E eu queria ver como é que a

gente fazia uma campanha também do Guarany, como língua do Mercosul.

Márcio (Presidente)- Esta questão da língua é realmente muito importante. A FUNAI sempre colocou

para o IBGE a importância de incluir a língua falada no censo. Existe um Projeto de Lei no Congresso

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de incluir no registro do patrimônio cultural brasileiro de cunho imaterial as línguas faladas no Brasil.

Isto está em processo de discussão com o Ministério da Cultura, o IPHAM, a FUNAI e outras

instituições que têm trabalhado nesta linha. E este tema é um tema tão importante que nós

decidimos... hoje não está na nossa pauta, mas poderia estar, e a gente pode trazer... mas já teve pauta

da CNPI anterior. Nós temos uma política indigenista de valorização das línguas e culturas indígenas

em ameaça hoje. Nós estamos investindo, até o final do ano que vem, seis milhões de reais só neste

programa, através da FUNAI junto com parceiros nas universidades. Acho que a melhor política para

esta questão é a de valorização e promoção das línguas e culturas indígenas no Brasil. O censo entra

neste contexto, porque na medida em que ele valoriza isso ele também faz parte deste processo de

valorização. Acho que o próximo é o Brasílio.

Brasílio: (fala fora do microfone)a gente não vai descartar aqui a importância do censo, porque

(inaudível) a Francisca falou, colocando que (inaudível), até recursos para escola, para a saúde, para a

própria estruturação da FUNAI, que acabou que fizeram a pergunta ali se a FUNAI tem condições de

atender um milhão. Eu acho que ele leva para este lado. A gente sabendo... e a única forma da gente

saber realmente é através deste censo. Então é importante, eu acho que isso, politicamente, os povos

indígenas terão mais força na política, e terão mais este respeito até da própria sociedade, sabendo que

os povos indígenas estão em todo o Brasil. A gente sabe da importância do censo, e acho que

(ininteligível).

Márcio (Presidente)- Próximo é Marcos Xucuru e depois o Ak’Jaboro. E a Irânia que tinha pedido

também, não sei se ela está aí.

Marcos Xucuru: Marcos Xucuru, região nordeste - leste. Só queria fazer um comentário sobre a

importância que tem esse censo, tudo aquilo que os colegas já falaram. De nós sabermos, de fato, o

quantitativo de indígenas que nós temos, quantos povos realmente nós temos. Porque temos

trabalhado com isto muito variadamente, não sabemos de fato o quantitativo real que existe da

população. Inclusive para a gente trabalhar, e para esta comissão poder trabalhar, e futuramente o

Conselho Nacional, em cima das políticas públicas, da política indigenista do nosso país. Então eu

acho que é extremamente importante. Portanto a FUNAI com certeza vai ter este acompanhamento

na ponta. Tanto as AERs quanto os chefes de posto de que estão lá nas aldeias, ter um

acompanhamento é importante, eu acho, não perder este acompanhamento. E também as lideranças,

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os agentes de saúde, acho que envolver todo esse pessoal nessa busca, neste censo, para que de fato

tenhamos uma realidade concreta do quantitativo dos povos indígenas hoje no nosso país. O que a

professora Chiquinha falou, que está acontecendo (não sei em todas as regiões, mas pelo menos em

Pernambuco, no povo Xukuru mais recentemente), a FUNAI já está fazendo um georeferenciamento

das casas, onde tem as fontes de água, enfim... Está fazendo todo um mapeamento que já está sendo

feito. Hoje a gente já consegue acessar, já tem um banco de dados colocado dentro de um sistema que

eu acho que é extremamente interessante, para que a gente inclusive saber localizar aonde está cada

coisa, e fica muito mais fácil da gente desenvolver um trabalho dentro do nosso território e para os

povos indígenas. Então é só um pouco isso, este comentário.

Márcio (Presidente)- A Irânia queria fazer um comentário.

Irãnia: Irãnia, FUNAI. Eu só queria reforçar uma questão importante. Quando a gente ver o censo, ele

vai ser de suma importância exatamente para a gente reconhecer o numero de indígenas no pais, e

para a tomada de decisão. O presidente Márcio colocou esta questão. Quando a gente vai fazer o

planejamento, vai pensar o orçamento das políticas públicas, a gente se baseia hoje em que

informação? Você tem uma informação do CAD único, você tem uma informação do SIASI, que é o

Sistema de Atenção à Saúde Indígena, você tem uma informação na FUNAI, tem uma informação de

outros órgãos, e assim vai... Qual é realmente o número de indígenas, onde eles estão, para que a gente

possa pensar e planeja as políticas públicas para estes povos. Então é fundamental. Vocês viram ontem,

quando a gente discutiu a questão do registro civil de nascimento. Para acessar o registro civil de

nascimento ou qualquer documentação ou qualquer política pública, não é necessário saber só quem é

a pessoa, o cidadão. É necessário também ter condições orçamentárias e financeira para planejar estas

ações e assim promover a cidadania. Então, estando na FUNAI e percebendo o avanço e cada vez mais

os direitos de cidadania... os indígenas querem os seus direitos, que sejam contemplados... nós temos,

enquanto estado, reconhecer e conhecer esta população e se estruturar para isso. E se faz muito

necessária a questão do censo. Hoje, mais do que nunca, eu sou uma defensora do censo, porque...

Para vocês terem uma idéia: nós planejamos... a CNPI foi quem fomentou a questão da área de

promoção de proteção e promoção social na FUNAI. E aí teve uma decisão, hoje nos ampliamos o

acesso, tudo mais... mas baseado em que número de população. Aí o Planejamento pergunta “Qual é a

meta física? Quantos indígenas?” A gente trabalha no chutômetro.

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E tem outra coisa, e que não só tem... é muito mais fácil para a gente trabalhar com os índios aldeados.

Mas tem índios não aldeados, que moram na periferia das cidades. E aí não tem orçamento que dê

conta disso (agora eu estou falando como gestora). Porque o Ministério Público chega e diz “você tem

que atender aquela comunidade.” Com que orçamento? Como a gente vai priorizar isso? Então, para a

implementação de políticas públicas, é muito importante. Eu acho que, com o censo, a gente vai ter

um dado único. Aí cabe ao estado e seus parceiros. Estou olhando aqui para a Ana Paula, lembrando

que o ISA é um instituto que sempre está muito em cima, olhando este dado, etc., assim como outros

parceiros, outras instituições não-governamentais, sabem a importância disso. Então a gente tem

realmente que... e a partir disso a gente vai utilizar um único dado, não vários sistema de informação.

Outra questão, Sr. Presidente, que eu queria colocar por último, é a seguinte: eu vi a preocupação com

relação a quem são estes pesquisadores. Só para deixar registrado: uma experiência que eu achei

exitosa foi a experiência da Secretaria Especial de Direitos Humanos com o Projeto Rondon, quando

fez a pesquisa para saber o sub-registro de nascimento no estado do Amazonas. O que eles fizeram?

Eles fizeram parceria com o Estado, fizeram parceria com instituições não-governamentais indígenas,

como a COIAB, a FOIRN, várias instituições, capacitaram os indígenas e foram esses indígenas que

foram para as aldeias. Não foram brancos, foram indígenas. E outra coisa importante que a gente

percebeu é que quando eram um indígena que falava a língua daquele povo o sucesso foi maior ainda.

Porque em alguns lugares não deu para ser o indígena que falava daquele povo. Por exemplo, o Saterê

teve que ir para uma aldeia Tikuna, então isto dificultou um pouco. Mas por outro lado ele era

indígena, e como indígena ele sabia como lidar com aquela situação. Mas assim, o que a gente achou

bacana, e acho que a gente pode registrar isso como experiência exitosa (como a gente está na fase de

elaboração, que é isso). Da FUNAI fazer essa parceria com o IBGE e valorizar o máximo possível a

participação dos indígenas. Foi uma experiência exitosa que eu lembrei e quis trazer para vocês. É isto,

obrigado.

Márcio (Presidente)- Realmente tem gente que, como a gente falou, de má fé. E estas a gente tem

realmente que combater. Mas a regra geral é aquela que eu falei, temos que seguir. A fala de todo

mundo aqui só reforça essa maneira como a gente tem trabalhado com o IBGE, e nós vamos sempre

estar aperfeiçoando isso, acho que as sugestões que estão aparecendo aqui estão registradas, e vão estar

sendo consideradas. A gente vai tentar aperfeiçoar o máximo possível esse processo de recenseamento.

Se for possível, inclusive, que indígenas sejam contratados... tem que ver com o IBGE porque eles

fazem um concurso temporário para contratação do pessoal que faz o recenseamento. Quem sabe

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alguns indígenas podem concorrer e ser classificados aí. Temos que ver lá com o IBGE esse processo.

(inaudível). Marquinhos está dizendo que em Pernambuco o IBGE já procurou alguns indígenas para

fazer...

Marquinhos: Recentemente, lá em Pesqueira, o pessoal do IBGE esteve lá me procurando, que eu

indicasse algumas pessoas para se fazer uma reunião, e que possivelmente a gente poderia indicar

algumas pessoas (claro que tem alguns critérios) para poder fazer um curso e para que eles possam eles

mesmos fazer o censo.

Márcio (Presidente)- Sinal de que o próprio IBGE já está considerando isso como algo que vai otimizar

o trabalho. Bom, vamos fechar aqui este ponto, considerando tudo que foi dito aqui. E vamos passar

para um próximo informe que vai ser feito pelo companheiro Marcelo Manzatti do Ministério da

Cultura.

Teresinha: Dr. Márcio... Teresinha, Secretaria Executiva. Só uma questão de informe, antes que

entrem para o próximo ponto de pauta. Nós recebemos um e-mail do Paulino Montejo, que é assessor

da bancada indígena na CNPI, em que ele coloca: “Prezados. Lamento não poder ter conseguido

comparecer à reunião, como já devem estar sabendo, por erro de nomes na minha passagem. Ou seja,

houve um pequeno erro: ao invés de constar Paulino Montejo, constou Paulino Guimarães, e a

empresa não deixou ele embarcar porque não era a pessoa que estava lá. Contudo, encaminho o

relatório das discussões, ações e encaminhamento do nosso último encontro em Brasília. Espero que

ainda ajude para as plenárias dos próximos dias. Mas interessa mesmo é realimentar e dar seguimento

ao processo que iniciamos no Congresso Nacional. Aguardo as suas considerações e comentários. Por

favor repasse aos companheiros que não dispõem de e-mail. Um abraço a todos e boa reunião.” Então

este é o informe que o Paulino Montejo passou para nós.

Pierlângela: Pierlângela. Só para ficar registrado em ata tudo junto. O nosso outro assessor, que é o

Paulo Guimarães, também não veio porque nós solicitamos que ele ficasse lá para acompanhar esta

questão do acórdão que saiu do STF. Então os dois assessores não puderam vir.

Márcio (Presidente)- Houve uma mutação. Virou uma pessoa só. O Paulino Guimarães. Virou uma

entidade só. Então pessoal, vamos seguir a nossa pauta agora. Seguindo nesta linha dos informes sobre

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as políticas públicas... O Ministério da Cultura está desenvolvendo já há algum tempo, está em um

processo de evolução muito interessante, de políticas públicas para os povos indígenas... inclusive com

a FUNAI, desde 2007 junto com a FUNAI. Antes era meio separado, mas depois que eu vim para a

FUNAI a gente tem trabalhado junto. E o Marcelo está trazendo então alguns pontos, algumas

informações das políticas, alguns informes para a gente poder discutir.

Marcelo Manzatti: Muito obrigado, Sr. Presidente. Boa tarde a todos. Marcelo Manzatti, da Secretaria

da Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. Nessa linha mesmo de, como

convidado, eu peço desculpas pela última reunião. A gente não compareceu porque houve um

extravio do convite, que acho que vai direto lá para o Ministro, e até chegar na peãozada (que sou eu),

às vezes o papel some. Então não fiquei sabendo, não pude vir à última reunião. Desta vez a gente se

organizou e pode estar aqui. Agradeço o espaço para poder das os informes sobre as políticas e ações

que o MIC está desenvolvendo na área da cultura. A principal noticia que eu queria dar a vocês, e

comemorar junto com vocês, inclusive, é a transformação do grupo de trabalho para as culturas

indígenas que existe desde 2005 no Ministério da Cultura, este grupo de trabalho foi, na última

reunião do Conselho Nacional de Política Cultural, transformado em Colegiado Setorial das Culturas

Indígenas. Isto significa o quê? Significa que agora este grupo de trabalho, que era um grupo restrito

de pessoas que tinham uma interlocução direta só com a Secretaria de Identidade vai ter um número

maior pessoas, mais representatividade, e uma interlocução direta com todo o Ministério da Cultura,

com todas as Secretarias e Entidades vinculadas ao Ministério da Cultura, como o IPHAM, a Ação

Palmares, a FUNAC e por aí afora. Este colegiado setorial, só existem 8 colegiados. Existem 19

segmentos dentro do Conselho Nacional, mas só oito colegiados foram criados, e o Colegiado das

Culturas Indígenas é um deles. Para que este colegiado se efetive, vai haver um processo eleitoral de

escolha dos membros deste colegiado, e este processo tem que se dar este ano, ou (até mais tardar)

janeiro do ano que vem, porque ele está dentro do processo da Conferência Nacional de Cultura, da II

Conferência Nacional de Cultura. Que já está em processo, nós estamos na fase municipal da II

Conferência. O organizador da I Conferência foi, aqui, o Márcio, e por conta do bom trabalho que foi

feito a gente já está indo para a II Conferência, e por conta disto também já tem no Congresso

Nacional tramitando uma outra boa noticia. Foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura, na

semana passada, o Plano Nacional de Cultura, que foi produto deste processo que veio da I

Conferência. Agora ele vai para a Comissão de Constituição e Justiça, vai para o Senado e não precisa

ir a plenário para ser aprovado. Ele passando nas Comissões o plano já vale, ele é um plano para dez

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anos... Tendo o Plano Nacional de Cultura aprovado, que é um plano geral de cultura no Brasil, nós

vamos passar para a segunda fase, que é a constituição dos Planos Setoriais. E este Colegiado Setorial é

justamente o espaço, o lugar de formulação deste plano setorial.

É por isso que é importante que a gente, neste processo de constituição do colegiado, a gente ter uma

representação de qualidade neste colegiado para que a gente possa produzir um plano e

conseqüentemente implementar estas ações, estas políticas aí nas próximas gestões. Porque o plano

tem uma validade de dez anos. Ele vai além deste governo, ele vai através pelo menos três governos.

Como que vai se dar este processo? O Colegiado tem vinte membros. Quinze da Sociedade Civil e

cinco do governo. Os membros do governo em geral são indicados pelos órgãos responsáveis e o

membros da sociedade civil através de um processo que eu vou descrever agora, e peço a mobilização

de vocês e a participação de vocês para qualificá-lo. A gente vai lançar uma Portaria convocando as

entidades do setor e as comunidades a enviarem para a gente listas de nomes. A gente vai escolher até

três nomes por estado, para compor uma espécie de colégio eleitoral. Ao todo, se todos os estados

fizerem as indicações a gente vai ter 81 pessoas que vão para uma reunião (estou articulando aí com o

Capitão para ver se a gente faz lá na Baía da Traição, que é um lugar cheio). Também tenho que... né?

Comer um pouco de camarão que lá não tem, quase. Vamos fazer lá, se não em Brasília, ou algum

lugar. Claro, eu estou convidando aqui agora. Então, destas 81 pessoas vão ser escolhidas as quinze

pessoas que serão as titulares e as trinta suplentes (são dois suplentes para cada titular). Então de um

universo de 81 pessoas, 45 vão estar compondo este colegiado setorial da parte da Sociedade Civil. São

três vagas por região: 3 no norte, 3 no sudeste, 3 no sul, 3 no centro-oeste. Isto não dá para mudar, isto

é uma coisa que, já no GT já houve bastante discussão... Infelizmente é o modelo que o regimento do

Conselho Nacional de Política Cultura impõe aos colegiados. Todos os colegiados são assim: o de

teatro é assim, o de cinema é assim, o de dança é assim, o de música é assim, o de cultura indígena e

cultura popular todos vão ser assim. É muito difícil conseguir uma boa representatividade com 15

pessoas que cubra razoavelmente as regiões do país, que cubra os diferentes povos, que cubra as

diferentes línguas e culturas indígenas, a questão de gênero, a questão da juventude, enfim... todas as

matizes que a gente encontra na questão cultural indígena. Então a gente vai ter que fazer um esforço

de fato para poder levar para lá pessoas que tem um grande conhecimento, tanto da sua região quanto

da cultura dos povos da região onde eles habitam, para que a gente possa também formular melhor

este plano setorial das culturas indígenas. Então aguardem, nós vamos comunicar amplamente isso, a

publicação desta portaria. A gente vai abrir um prazo para que vocês encaminhem.

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O Presidente Márcio estava sugerindo ontem que a CNPI tivesse um papel mais pronunciado neste

processo. Eu concordo com ele. Eu não tenho autonomia para decidir isso, mas posso levar isso para os

meus superiores, e a gente pode de fato acolher, de alguma forma que a gente possa estudar junto aí

nos encaminhamentos, como que a CNPI pudesse indicar nomes, ou avalizar, ou em algum momento

pudesse ajudar o Ministério da Cultura a escolher estes nomes. A gente vai, no processo, obviamente

esperar que os estados tenham lá um processo de concenso. Vamos supor que o Amapá, por exemplo,

chegue lá e reúna as entidades no Amapá e consiga indicar 3 nomes só. Se vier duas listas, três listas, a

gente vai ter que fazer uma escolha. Existem critérios (15 critérios que foram estabelecidos pelo GT),

estes critérios tem pontuações objetivas que a gente vai atribuir e vai escolher os melhores nomes para

compor esta comissão, este colegiado setorial. Isto está dentro, como eu falei, dentro do processo da

Conferência Nacional de Cultura, para a qual eu convoco vocês. A Conferência, até o dia 30 de

outubro, tem que se realizar, nos municípios onde vocês moram, as Conferências Municipais. O prazo

para a convocação foi até ontem. Então se até ontem as Prefeituras e Secretarias de Cultura e Câmaras

de Vereadores dos municípios não convocaram a Conferência Municipal, vocês podem se mobilizar, a

sociedade civil pode se mobilizar, e convocar, junto com o Ministério da Cultura e com as comissões

estaduais, as Conferências. Porque se não houver a Conferência no Município de vocês, vocês não

podem eleger delegado para as etapas estaduais e a etapa nacional que vai acontecer de 10 a 14 de

Março do ano que vem. E, não participando, não elegendo delegado, obviamente a temática indígena,

as questões da cultura indígena não entram na pauta dos temas que vão ser discutidos na Conferência.

Então é importante mobilizar as comunidades, os indígenas, para a Conferência de Cultura, para que,

de fato, a gente possa ter cada vez mais bem colocada a questão indígena no campo da cultura. Chamo

a atenção também para outra Conferência importante que está acontecendo, e que já começou. É a

Conferência de Comunicação, a Conferência Nacional de Comunicação. A gente, no GT, uma das

diretrizes que foi executada na primeira fase foi a criação da Campanha de Valorização das Culturas

Indígenas, devido à grande invisibilidade da questão indígena na mídia, e também devido [ao fato de

que] quando a questão aparece, aparece sempre de uma forma muito negativa. Então todo o trabalho

que, às vezes, a gente demora anos para fazer, vem uma novela tipo uma Uga-Uga da vida e destrói,

em poucos segundos, todo um trabalho de valorização, de reforço da identidade indígena. Então o

problema que a gente tem de concentração dos meios de comunicação no Brasil é tão grave ou até

mais grave do que o problema da concentração de terras. Então abriu-se uma oportunidade, com a

convocação da Conferência Nacional de Comunicação, que acontece de 1 a 4 de dezembro, que a

gente possa discutir estes temas, que a gente possa, de uma certa forma, melhorar o espectro, melhorar

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a qualidade das relações na área de comunicação no Brasil. Então os indígenas têm que participar

também deste processo, o Ministério da Cultura está mobilizando fortemente os seus agentes para que

eles possam participar e contribuir com o processo da Conferência. Assim como o Plano está no

Congresso Nacional, o Ministério da Cultura está com uma pauta muito pesada lá no Plano.

Então eu pediria a ajuda de vocês, colegas indígenas, que ajudem a gente a aprovar os projetos que

estão no congresso, porque isso tem impacto para a cultura indígena também. Uma lei importante que

está sendo votada a reforma da lei Rouanet, do PROFIC (Programa de Financiamento à Cultura)... no

corpo da reforma da lei Rouanet existe uma proposta que é a criação de fundos setoriais. Do mesmo

jeito que vai ter o Colegiado Setorial, os Planos Setoriais, a gente teria Fundos Setoriais. Hoje existe

apenas um Fundo que é o Fundo Nacional de Cultura, que tem cerca de 200 a 300 milhões de reais por

ano para todos os projetos de todas as áreas do Brasil inteiro, e a gente tem o Mecenas, que capta (pelo

menos ano passado captou) em torno de um bilhão e duzentos, um bilhão e trezentos milhões de reais.

Então a proporção entre o dinheiro que tem no fundo e o dinheiro que é captado via Mecenas está

desigual. A gente quer inverter isso, transformar o fundo num mecanismo mais importante, e

segmentar esse fundo. A gente propôs a criação do Fundo Setorial da Diversidade, Cidadania e Acesso,

que teria, de acordo com nossos cálculos, algo em torno de 500 a 600 milhões, que é a calha por onde

entrariam as propostas e os projetos de cultura indígena. Hoje a gente não tem isso. Hoje a SID, que é

a única Secretaria que trabalha com a cultura indígena no Ministério de forma pronunciada, tem um

orçamento de 7,5 milhões e meio apenas. Para tudo também. Para indígena, cigano, cultura popular,

louco, LGBT, criança, jovem, enfim... 7,5 milhões divididos para todo mundo. Então, na criação do

Fundo Setorial a gente vai para um patamar muito maior de recursos, e a gente vai poder atender

melhor às demandas, os muitos projetos que têm chegado a nós, projetos de qualidade sobre cultura

indígena que a gente não tem condições de atender hoje. O Meirelles mesmo estava lá esta semana

com um belíssimo projeto de exposição (está aqui, Meirelles?), convidar o pessoal para ver a exposição

sobre os índios isolados do Acre, está propondo aí a itinerança da exposição. Uma coisa barata, um

projeto pequeno, barato, e a gente não pode atender, por falta de absolutos recursos, estamos vendo aí

como a gente encaminha isso dentro do Ministério. Então a criação do Fundo Setorial, a aprovação da

reforma da Lei Rouanet é um dos projetos mais importantes que está dentro do Congresso. O que vai

garantir isto também é a aprovação de um outro projeto que é a PEC 150 (Projeto de Emenda

Constitucional 150) que, junto com o Plano Nacional, também foi aprovado na semana passada na

Comissão de Educação e Cultura. A PEC já é mais difícil, ela não passa só nas Comissões. Ela vai agora

para a Comissão de Constituição e Justiça, e depois vai a plenário. No plenário a gente tem um

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problema sério para aprovar porque a PEC diz, ou tenta, vincular 2% do orçamento à área da cultura,

como hoje é a área da saúde e da educação. Saúde hoje tem 12% e Educação 18%. A gente está

pedindo para a área da Cultura 2% no mínimo, e esses 2% (inaudível)... da União, é... então aí a gente

teria, no nível da União, 2%, 1m5% no nível dos estados e 1% no nível dos municípios. Com a criação

do Sistema Nacional de Cultura e a administração deste Fundo Nacional de Cultura, vem os repasses.

A gente ia redistribuir uma parte do dinheiro entre os estados e municípios. Dentro do projeto

também tem um projeto do Sistema Nacional de Cultura, que hoje não existe. O Francisco aqui estava

me contando que eles têm aqui um edital para culturas indígenas. O Ministério também tem. Então às

vezes tem dois dinheiros para um lugar só e às vezes falta dinheiro para os museus, ou falta dinheiro

para a música. Então a gente tem que melhorar isso criando o Sistema para que os projetos do

Ministério sejam de uma natureza, o do estado seja de uma outra, os municípios sejam de outra. Nisso

também o Márcio o Márcio tem muita responsabilidade sobre este processo, pode ajudar muito a

gente aí. Neste sentido a gente pediria, propondo aqui que o Ministério da Cultura, mesmo como

convidado, participe de alguma forma de algumas dessas comissões da CNPI, para contribuir, não sei,

não vi nenhuma comissão com uma proximidade grande com a temática da cultura (talvez

Etnodesenvolvimento )... então a gente está disposto a se juntar à este trabalho para colaborar na

medida do possível. A gente queria também, se eu pudesse dar um informe... Já que você disse que foi

aprovada semana passada a reforma administrativa da FUNAI... estava prevista a criação da

Coordenadoria Geral de Cultura. E a gente ficou sabendo agora que o companheiro Pedro Ortale saiu,

então a gente não sabe se isso vai continuar, se isso vai... era o nosso canal principal ali de articulação

do Ministério da Cultura com a Cultura na FUNAI. A gente estava com projetos bons de cultura

indígena, estava apoiando vários outros projetos lá, então era importante a gente estar afinado neste

sentido. Se pudesse dar um informe sobre isso, seria muito bom.

Um outro informe é a questão dos pontos de cultura indígena, que é uma ação do Programa do Parque

da Cultura, o Programa Mais Cultura, que tem a ver com o Território da Cidadania que foi

apresentado hoje. A gente tem prevista a implantação, até o ano que vem, de 150 pontos. Trinta deles

já iniciaram o processo de implantação, e a gente espera até o final deste ano começar mais sessenta e

sessenta ano que vem. A gente já recebeu as propostas das entidades que a gente convidou, está ainda

recebendo outras, estamos avaliando e montando o mapa destes pontos para que eles ocupem,

sobretudo, os Territórios da Cidadania. Tem 10 que vão ser implantados lá na Raposa, que é um dos

territórios indígenas, já fizemos contato com o CIR recentemente para o início da instalação dos 10

pontos lá na Raposa. No Rio Negro já tem 4, e nós esperamos chegar depois com mais alguns. Estamos

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trabalhando também com pontos de cultura em áreas urbanas, através do Projeto Índios Online e

através também do projeto Índios na Cidade, em São Paulo. Tem uma série de contatos com

comunidades indígenas em áreas urbanas. Então este processo dos pontos está neste pé, a gente já está

na fase de elaboração dos contratos e finalização dos mapas, de instalação dos pontos. Prêmio Culturas

Indígenas, o edital nosso Prêmio Culturas Indígenas, a gente não vai abrir edital este ano, mas a gente

vai premiar este ano assim mesmo. A gente vai fazer uma re-avaliação dos muitos projetos que a gente

recebeu na edição passada (a gente recebeu quase 800 preços, só 102 foram premiados), então a gente

tem um passivo de uns 700 processos, alguns deles de muito boa qualidade (o Saulo trabalhou,

participou da Comissão de Seleção), tem projetos lá que podem ser premiados. A gente conseguiu mais

um milhão da Petrobras, a gente tem dois milhões e meio da Petrobras para fazer este trabalho com o

Prêmio Culturas Indígenas. A gente teve uma crise, e com a crise econômica muitos patrocinadores

saíram do cenário cultural, provando que esta Lei Rouanet tem que ser reformada mesmo, porque

quando o cara... saiu todo mundo, até a Petrobras. Ficou todo mundo na mão, então o prêmio parou.

Agora a Petrobras está voltando, o pessoal está reavaliando as suas posições nesta área do patrocínio. A

Petrobras, a gente já tinha um milhão e meio, acenou com mais um milhão, estamos com dois milhões

e meio para refazer este trabalho do Prêmio Culturas que vai acontecer ainda este ano. E para o ano

que vêm, já está previsto no nosso planejamento mais um edital, um edital mesmo com mais ou menos

o mesmo tanto de recursos, para a gente finalizar o trabalho de edital nesta área. Fizemos também

agora, recentemente (o Caboquinho estava), no Rio de Janeiro, a 1ª Reunião de Trabalho do Grupo de

Museus e Espaço de Memória Indígena. Isto foi uma demanda que saiu de dentro do grupo de

trabalho (do GT). Reunimos 14 experiências diferentes de museus e espaços de memória construídos

em aldeias, que tem lá as suas características e suas dificuldades. Não sei se vocês lembram que no

texto do Estatuto dos Povos Indígenas existem uma série de considerações e recomendações sobre o

trabalho que tem que ser feito nestes espaços. São experiências muito interessantes que demandam

um apoio e uma parte, inclusive, dos pontos de cultura que a gente vai destinar para instalação nestas

áreas e nestes espaços de memória indígena.

Gostaria de dizer também que a gente mudou a data e o local do Encontro dos Povos Guarani da

América do Sul. Infelizmente, por uma série de problemas políticos sérios que a gente está

enfrentando lá, problemas graves de bloqueio tanto da parte do governo do Estado, mas sobretudo do

município de Dourados, onde iria acontecer o Encontro. O Encontro mudou, vai ser feito agora em

Diamante do Oeste, no Paraná, na Aldeia Ayetetê (grafia incerta), com o apoio, agora, da ITACUB

Nacional. Isto vai agora para fevereiro do ano que vem. O Encontro seria agora... continua lá. O

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Avamarandu, que é uma parte do... este projeto deste Encontro estava dentro de um projeto maior

chamado Avamarandu (Os Guarani Convidam)... Esta ação continua no estado do Mato Grosso do Sul,

em várias aldeias, sobretudo na região de Dourados. R$1.100.100. É um projeto também incentivado

via Lei Rouanet. Ele vai continuar lá, a parceria aqui com a FUNAI, e o Encontro, só o Encontro, que

vai reuni 750 lideranças Guarani do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai mudou para fevereiro do

ano que vem e vai acontecer neste local do Paraná. Gostaria de dizer também que o Ministério da

Cultura conseguiu, agora, um canal da TV, o Canal da Cultura, que vai começar a funcionar em Maio

do ano que vem, e neste canal de cultura a gente vai ter um programa específico para a cultura

indígena. Este debate está começando lá dentro, a gente vai consultar vocês brevemente sobre isso, e a

gente espera que este programa tenha um espaço importante para a divulgação e difusão da profissão

áudio-visual, de todas as questões indígenas ligadas à área da cultura. Existe também um Projeto

tramitando dentro do congresso que é o Canal Indígena. É um canal inteiro, indígena, de uma pessoa

que tem uma concessão, que é o Marcos Altberg. Está sendo feito um estudo para a criação deste

canal, e a gente está destinando um recurso inicial para montar um banco de dados de imagens e com

trabalhos sobre cultura indígena para alimentar a programação deste canal que deve entrar no ar

brevemente. Isto é uma iniciativa privada de um cara que tem uma concessão e que o Ministério da

Cultura está apoiando, e a gente vai precisar também da ajuda de vocês para trabalhar com isso.

Queria dizer também que a gente foi convidado para atuar também na carteira indígena e no CEGEN,

Conselho de Gestão de Patrimônio Genético, então o Ministério da Cultura, além da CNPI, está nestes

espaços, podendo levar também a pauta da cultura.

Acho que é mais ou menos isso. Tem várias outras coisas, várias outras ações, tem a campanha de

valorização que agora vai para o rádio, que a gente vai levar da televisão para o rádio, que é um meio

mais acessado pelas comunidades indígenas. A gente esteve em Boa Vista fazendo o seminário da

diversidade cultural e lá recebemos uma proposta que achamos muito interessante, que foi realizar o

primeiro Encontro de Cultura das Fronteiras... a questão fronteiriça lá é muito importante para eles,

em outros lugares também, Mato Grosso do Sul, etc. A gente sabe que tem mais de 30 povos indígenas

que estão em ambos lado da fronteira, são 39 se não me engano, que estão no Brasil e outros países. É

preciso fazer uma reflexão sobre essa situação e como que a gente trabalha políticas, num contexto do

Mercosul (alguém perguntou a questão do Mercosul, acho que foi o colega lá). A questão da língua

Guarani, ela é uma língua oficial do Mercosul já. Isto foi aprovado na última reunião dos Ministros de

Cultura do Mercosul que aconteceu em Assunción, no Paraguai. Então o Guarani já é uma língua

oficial do Mercosul cultural. Agora as políticas que vão ser implantadas para que isso se efetive é que

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vão começar agora. A gente precisa discutir isso junto. E é isso, esta questão do Grupo das Línguas,

que foi falado bastante aqui. Existe um grupo dentro do IPHAM trabalhando o inventário das línguas

indígenas para a criação do livro de patrimônio material, o quarto ou quinto livro do patrimônio

material, que séria o livro do registro das línguas. Estão sendo feitos uma série de estudos, tem várias

entidades representativas neste grupo... A gente vai procurar, na medida do possível, ir trazendo as

informações sobre o resultado disso. Este grupo era para ter se encerrado agora, e ele foi prorrogado

por mais um ano. As conclusões destes estudos e destes... vão ser finalizados só no ano que vem. Então

era isso, para início, muito obrigado pelo espaço, desculpa se eu passei o tempo.

Márcio (Presidente)- Obrigado Marcelo. Acho que estas palmas são muito representativas e merecidas

porque a gente vê aqui como o Ministério da Cultura, como eu falei no início, tem evoluído muito

positivamente na inclusão da questão indígena dentro da pauta, da agenda, do Ministério da Cultura.

Eu sou testemunha porque eu fui trabalhar no Ministério da Cultura em 2003, quando o governo Lula

começou, e eu me lembro que naquela época falar de indígena no Ministério da Cultura era a mesma

coisa que falar de E.T. E hoje a gente vê o Ministério da Cultura inserido plenamente aí (claro que

ainda tem muito a avançar), mas tudo isso aqui que foi colocado pelo Marcelo aqui são anúncios muito

importantes. Diante disso, antes de abrir algum comentário, alguma sugestão, eu queria fazer uma

sugestão, antecipar uma sugestão aqui para a CNPI, que é a seguinte: que a gente crie uma

subcomissão de cultura da CNPI. Acho que chegou a hora, acho que já está até atrasado nisto. Antes, a

gente teve aí uma dificuldade, até pelas nossas agendas (geralmente agendas de emergência), a gente

não criou até hoje uma subcomissão de cultura. Nós temos uma subcomissão de educação, nós temos a

subcomissão de saúde, e eu acho que até por tudo isto que foi apresentado aqui, pela pauta cada vez

maior da questão cultural, eu queria aqui antecipar uma sugestão de que a gente possa criar uma

subcomissão de cultura na CNPI. A gente vê aí, inclusive, o Ministério da Cultura, que já é nosso

convidado, se inserir diretamente nesta subcomissão. E ao mesmo tempo responder tua pergunta

dizendo que o que foi aprovado na semana não foi a re-estruturação, foi a criação de cargos. Então

estes cargos é que vão permitir fazer uma organização rodando, funcionando melhor na FUNAI.

E a avaliação que a gente tem em relação à questão da cultura é de que a FUNAI como um todo

precisa trabalhar esta questão da cultura, não adianta ter só um setor. Nós temos vários setores que

trabalham com a questão da cultura. O Museu do Índio é muito ativo na questão da cultura, e outros

setores... a Coordenação Geral de Artesanato. E sobretudo nós avaliamos que é importante que o

Ministério da Cultura seja o principal executor da política cultural para os povos indígenas no Brasil, e

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a FUNAI ser parceira e ser a entidade que articule, que coordene esta política indigenista como um

todo. Acompanhe, esteja junto... Eu quero reforçar o que foi dito aqui pelo Marcelo, inclusive com

relação ao CNPC, que é o Conselho Nacional de Política Cultural, que foi uma conquista nossa do

governo Lula. Esse setorial de culturas indígenas do Conselho Nacional tem que ser levado a sério.

Acho que é muito importante ele ser constituído, ele vai dialogar certamente conosco aqui, com esta

subcomissão de cultura que pode eventualmente ser criada pela CNPI. Acho que este é um momento

da gente reforçar essa ação, deixar isto como um legado importante da CNPI e também do governo

Lula no próximo período. Eu vi que se inscreveu aqui o Marcos Wkuru, o Anastácio, o Arão e o

Caboquinho.

Marcos Xucuru: Marcos Xucuru, região nordeste/leste. Eu estava, na exposição que foi feita aqui do

colega... eu estava comentando com a professora Chiquinha que, de fato, a Comissão Nacional de

Política Indigenista não teve tanta... ficou um pouco afastada mesma desta questão da cultura para os

povos indígenas. A gente trabalhou, no estatuto, alguns elementos. A gente teve algumas dificuldades,

inclusive... Foram grandes debates, posteriormente tivemos a necessidade de chamar o pessoal do

Ministério da Cultura para poder contribuir também naquilo que nós iríamos propor para o Estatuto

dos Povos Indígenas. Eu acho que ainda tem muitas coisas que nós poderíamos estar colocando através

de Emenda, quando o Estatuto começar de fato a tramitar no Congresso Nacional. Mas, este

encaminhamento dado pelo Presidente era justamente de uma coisa que eu falei muito rapidamente

com a Professora, que a Comissão Nacional tenha esse acompanhamento mais sistemático, mais direto,

com esta questão da cultura para os povos indígenas, até diante da exposição que foi feita. Quando se

coloca na perspectiva de ter um canal, por exemplo, televisão para trabalhar a questão da cultura... até

para a gente saber o que entra, o que vai ser colocado, quem são estas pessoas, como se dá isso... até

porque hoje, com esta questão dos pontos de cultura que estão sendo criado, isso vai tomar uma

amplitude muito grande. Porque se trabalha em rede, então isto vai estar movimento muitas coisas,

via internet (por exemplo), que hoje é muito acessado. E temos também alguns projetos que nós temos

adquirido, como grupos de audiovisual. Por exemplo, lá em Xucurú, nós temos um grupo de

audiovisual, que nós temos jovens, a juventude, fazendo filme. Tem ilhas de edição, está fazendo

nossos próprios filmes, comentários. Tem que ver como isso vai ser trabalhado. Tem muita coisa para

nós nos aprofundarmos, discutirmos com relação à isso. É importante ter essa visibilidade da questão

indígena no pais, há tempos a gente tem falado sobre isso. Inclusive foi levantado, nas ultimas

reuniões, de termos essa inserção na mídia, trazendo os casos como o caso do povo lá do Mato Grosso

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do Sul. Fazer uma campanha, foi trabalhado isso também. Então eu acho que nós temos muitos

elementos para que a sociedade brasileira tenha essa dimensão e compreenda a diversidade étnica e

cultural no nosso país e que não fica muitas vezes no discurso dos nossos parlamentares, dos nossos

políticos, e que na prática isso muitas vezes não acontece, até, muita vezes, pela falta de informação,

de conhecimento das nossas diferenças que existem nos diversos lugares do nosso país. Então o

encaminhamento que foi dado era justamente nesta perspectiva que eu estava pensando também, mas

como o presidente já adiantou a proposta da criação de uma subcomissão para tratar justamente deste

tema. Era justamente isso que queria colocar para a apreciação da plenária aqui na CNPI.

Márcio (Presidente)- Obrigado Marcos. Próximo é o Arão, depois o Caboquinho.

Arão: Bom, minha pergunta é para o rapaz que falou agora há pouco. Marcelo Manzatti, Ministério da

Cultura.

José Arão Marizê Lopes, Guajajara do estado do Maranhão. É uma pergunta em relação à participação

da Conferência Nacional. Qual o passo inicial? É participar da Conferência Municipal e daí se estende

para a estadual, e da estadual vir para a nacional, ou serão feitos.... Repetindo, a nossa participação na

Conferência Nacional que vem a ser efetivada. O processo inicial é a participação nossa, enquanto

indígena, nas Conferências Municipais, depois nas Estaduais e conseqüentemente na Nacional, ou vai

ter uma Conferência específica só para os indígenas, a nível do estado ou do município? É a dúvida

que eu tenho. O segundo ponto é em relação à nossa participação nessa Conferência Nacional de

Comunicação que vai ter, se o critério também é o mesmo. Porque a gente entende que o espaço for se

conquistando, tem que ser acompanhado por todos nós, independente de ser CNPI ou não. Mas eu

acredito que as portas e janelas que vão se abrindo, a gente tem que ocupar, principalmente quando se

trata da questão da comunicação. Seja trabalho através da radio comunitária, ou trabalho televisivo,

ou outra coisa desta natureza... Porque a gente precisa, não só para comunicação interna mas também

para informes extra-aldeias, ou alguma coisa desta ordem. Porque o que se vê aí, infelizmente, é a

mídia fazer uma campanha e ver nós, indígenas, somente do lado negativo. Não vêem que nós

também temos o lado positivo que é muito maior que o lado negativo que a mídia constrói de forma

tendenciosa, e nos prejudicando cada vez mais. E o terceiro ponto, em relação ao julgamento à estes

trabalhos que são enviados para o Prêmio Cultural Indígena. Eu faço um pedido, que fosse

encaminhados a todos nós os prêmios que tenham sido julgados e os atendimentos por região, para a

gente ter uma noção do que é feito de fato. Se tem participação indígena (eu sei que tem), mas... O

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Caboquinho, por exemplo, até o ano passado ele achava que era um dos julgadores e de repente não

era mais. Nem comunicado foi. Passaram uma rasteira nele, igual à rasteira do Garrincha. Quando ele

tentou driblar, levou uma queda de 360º. Obrigado.

Márcio (Presidente)- Caboquinho, próximo inscrito.

Caboquinho: Não se preocupe, Presidente. Ele não tomou o remédio dele ainda hoje, por isso ele está

assim. Eu queria falar... Caboquinho, região leste-nordeste, Paraíba. Marcelo, só queria dar uma

contribuição também, até porque nós estivemos reunidos na semana passada. Eu queria só refletir um

pouco aqui acerca da questão dos museus e dos centros culturais. Na realidade, muitos povos

indígenas, principalmente da região nordeste, hoje, praticamente, não têm sua história escrita, de fato.

Mas a história memorial, no caso, as memórias. É tanto que, se você for fazer hoje na Holanda, em

Portugal, na França, você vai encontrar mais argumentos do que dentro do seu estado ou da sua

cidade. Nós levantamos este ponto, e isto ficou garantido pela parte do Ministério da Cultura, que

também se ia viabilizar recursos para que a gente fizesse este tipo de estudo, para que seja empregado

principalmente na questão de sala de aula, na questão da etnicidade daquele povo, da história étnica

mesmo. No caso de nós, Potiguar, nós temos um acervo muito grande, mas o nosso acervo está na

Europa. Tudo o que nós temos aqui são coisas que... são coisas que já estamos até ultrapassando a

questão histórica mesmo, daquilo que nós sabemos. Mas ficou muito claro, e ficou claro também que

estes povos que tem igrejas antigas, que hoje estão praticamente em ruínas, ali pode ser um museu.

Pode ser um museu também. Museu não é só aquele lugar onde se colocam os livros e se faz pesquisa

não. Pode ser um museu, no caso... nós temos os canhões aí da Segunda Guerra Mundial, etc. Ali é um

centro histórico. Ali pode ser museu, pode se estudar. Nós temos ruínas de igrejas feitas há 300, 400

anos atrás. Isso pode ser museu. Isto ficou garantido, Marcelo, para que o próprio Ministério venha a

compartilhar, principalmente nesta questão do re-estudo das histórias, principalmente daquele povo

que não tem sua história escrita. Era mais nesse lado. Obrigado. A proposta da criação da subcomissão

é importante, de antemão já quero me integrar também. Estou fazendo parte desta discussão junto

com o pessoal do Ministério da Cultura, e quero contribuir.

Márcio (Presidente)- Obrigado Caboquinho. O próximo inscrito é o Toya.

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Toya: Até que enfim chegou minha vez. Boa tarde. Praticamente o que eu ia perguntar, o Marcos

perguntou, mas eu queria reforçar a questão da criação da subcomissão de cultura dentro da CNPI, e

também me coloco a disposição de uma outra questão, que os recursos do Ministério da Cultura

também sirvam para pesquisadores indígenas. Fazer este levantamento que o Caboquinho falou,

porque quando a gente entra no edital tem que ser cara que tem nível superior, historiador, coisa e

tal... Então que também se abrisse este espaço para os pesquisadores indígenas. Sr. Presidente,

solicitaria depois um espaço para dar um informe sobre o GT.

Márcio (Presidente)- O próximo é o Sandro.

Sandro: Sandro, da região leste-nordeste. Eu também ia na (inaudível). É verdade. Rapaz, eu acho que

antes de Marcelo tomar esta decisão de uma provável reunião lá na Paraíba, eu acho que ele devia ver

esta foto.

Márcio (Presidente)- Caboquinho, nós tiramos foto lá, não foi? Sentando no canhão.

Sandro: Fique à vontade, Caboquinho.

Caboquinho: Eu só queria somente dar o informe para vocês que foi aqui, nestes canhões, onde surgiu

o nome de Baía da Traição. Américo Vespúcio que escreve a primeira Litera Paraibana. Dentro da

primeira Litera Paraibana, ele traz a questão dos franceses que foram mortos ali, e foram assados e

comidos pelos Potiguaras. E daí que surge o nome da Traição. E baía, porque é baía, era uma baía

mesmo. Porque o verdadeiro nome da Baía da Traição não era Baía da Traição, se chamava

Akaiotibiró, que tem o significado de caju azedo, ou sabor desagradável. Então isto é um ponto

histórico. Daí Presidente, já levaram quatro canhões. E agora nós fizemos esta base aí para que não

levasse mais. Aquilo ali foi o pessoal do Exército, da Marinha. Tem uns canhões destes aí em... Eram

seis ou oito. Agora são só os três que tem. É do período colonial ainda. Tem umas histórias destes

canhões. Pegaram os índios, amarravam ali na ponta do canhão e ateavam fogo. E os índios caíam só o

pó, dentro do mar. Porque ali embaixo é o mar, é a praia. Tem também esta história também.

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Márcio (Presidente)- 0Obrigado Caboquinho, pela aula de história. Vocês sabem que o Caboquinho é

professor de História. Para quem não sabe o Caboquinho é professor de História. Meu colega, porque

eu também sou formado em História. Tem outros historiadores, aqui, eu estou vendo. Sandro.

Sandro: Retomando. Eu já me sinto contemplado em parte, por conta da fala de Toya e de

Caboquinho, da questão de historiador... Então é pedir para abrir dentro do MIC, o edital com um

recurso maior, com condições de contemplar a relação de atividade assim... dos 25.000 que são

ofertados para o Programa de Prêmio de Cultura, o que eu acho que é mais do que justo. Tem algumas

atividades que se tornam, acabam não sendo concluídas por conta do valor. Excede uma etapa, fica

esperando a outra etapa, acaba se desmotivando daquilo que é para ser feito e pensado. Eu acho que,

até lá, uma alternativa são parcerias. FUNAI, não sei. Outros mais. Mas enfim, o que eu queria

realmente recordar é que, no caso especial da região da qual eu faço parte, que é o Nordeste, a gente

sempre viu com bons olhos a questão do Prêmio de Cultura, e quero parabenizar o Ministério da

Cultura pelas inúmeras ações que vêm sendo feitas. Temos muitas articulações feitas com o então

Secretário de uma das Secretarias de Cultura, o Sérgio Mamberti, e acho que foi por aí que a gente

acabou fazendo um trabalho junto com o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na pessoa do Pacheco. A

Mostra Indígena dos Índios do Nordeste... que eu acreditava que ia ter um incentivo maior por parte

do Ministério. Eu esperava que houvesse um incentivo maior, uma vez que a maioria das amostras que

se têm são dos Índios da Amazônia. E como há um grande acervo... não tão grande, mas dentro do

esperado, a gente esperava até uma menor quantidade desta amostra... a gente realmente acreditava

que ela fosse ser itinerante. Que ela pudesse ter sido apresentada em Brasília, que ela pudesse ter

corrido os quatro cantos do país. Quem não viu a Mostra Indígena dos Índios do Nordeste, acho que

está perdendo. É um acervo muito bacana, foram coletadas dos quatro cantos do Nordeste e do Leste.

Com o artesanato, com os adornos, com a tradição escrita, com imagens muito bacanas, e que era um

pouco para quebrar esta história que os índios do nordeste não detém em si culturas do artesanato, de

canto, de língua, de dança. E no meio dos índios do nordeste, séria uma oportunidade de aproximar

índios de outras regiões, do sul, do norte e do nordeste. E eu peço que esta mostra indígena, que ainda

está aí circulando nas articulações com o Pacheco. Acho que um dos principais apoiadores era a

Petrobrás, não sei se conseguiram outros. Que a gente poderia estreitar estes laços do Ministério da

Cultura... (inaudível) Fundação Joaquim Nabuco (bem lembrado, Lylia). Teve uma mostra no Ceará,

teve uma mostra em Pernambuco, não sei se houve outra. (inaudível) Agora, Rio. Agora vai ser no

Rio. Já está acontecendo. E nós estamos querendo trazê-la para Brasília. É incrível, acho que nós

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estamos querendo até quebrar, para sentir que o Museu do Índio é do índio. É do Xingu, é de outras

regiões, mas do índio está difícil ainda. Que a gente quer que esteja lá a Mostra dos Índios do Nordeste

também. E eu quero dizer, Marcelo, que eu também me sinto muito contente de saber que o

Presidente está pleiteando, aí já propondo a criação da subcomissão. Atualmente estou como professor

de cultura no meu povo, e se tiver a oportunidade de fazer parte desta comissão eu quero fazer parte

dela.

Márcio (Presidente)- Certo. Próxima inscrita é a Simone. Tem o Anastácio, o Carlão e a Quenes.

Simone: Simone Karipuna, região amazônica, Amapá. É só mais um comentário na realidade.

Parabenizar esta iniciativa do Ministério da Cultura de estar com este interesse muito grande na

questão indígena. Na região do Amapá nós temos o Museu, o Museu dos Povos Indígenas do

Oiapoque-Koahi, que tem um papel muito importante na valorização da cultura, e que teve também,

de inicio, para que chegasse a este ponto que está... O presidente da CNPI que está aqui teve um papel

muito importante quando estava trabalhando com a Cultura, para hoje a criação do Museu Oiapoque.

Nós temos aqui presente o diretor do Museu dos Povos Indígenas do Oiapoque, que é todo gerenciado

por indígenas, o que é muito importante para a gente. Isto é muito importante para a nossa cultura.

Também registrar que, no inicio deste mês, também foi inaugurado o Centro de Formação de Pesquisa

do Povo Wajãpi. Então só para dizer da importância de se criar uma subcomissão para discutir a

questão da cultura, e isto vai ajudar a valorizar muito mais estas ações na região toda do Brasil, e

também na região do estado do Amapá. Obrigado.

Márcio (Presidente)- Próximo é o Anastácio.

Anastácio: (não fala ao microfone).

Presidente da Mesa: Próximo é o Carlão, depois a Quenes. Tem a Lylia, também. Desculpa, Lylia.

Carlos: Boa tarde, Sr. Presidente. Carlos Nogueira, MME. Eu não tinha me inscrito exatamente para

esperar que as pessoas falassem, se o assunto tivesse sido contemplado eu não... É que eu fiquei muito

assustado com a dinâmica do Marcelo falar, da quantidade de Programas e Projetos que ele falou... E

eu duvido (que eu prestei atenção) que alguém tenha memorizado tudo que ele disse. É muita coisa,

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muito programa, muita ação, e que eu acho que mereceria o Marcelo fazer uma exposição de motivos

e anexar à ata da CNPI, para que a comunidade indígena entenda tudo o que está acontecendo com

relação à Cultura neste intercâmbio, inclusive com essa criação desta subcomissão. Só isso.

Márcio (Presidente)- Valeu Carlão. Lylia, depois a Quenes.

Lylia: então, era sobre a questão da exposição dos povos do nordeste, que talvez a gente pudesse (não

sei se o Marcelo pode ajudar), em que âmbito exatamente está esta questão da exposição. Quem sabe a

gente pudesse levar para as consultas da política nacional de gestão ambiental. A do nordeste já está

muito em cima, mas talvez para compor o contexto da consulta e levar para o conhecimento de outros

povos. Porque infelizmente, às vezes tem até a resistência de outros povos, considerados mais

tradicionais, em relação à estes povos indígenas do Nordeste. Então era uma sugestão neste sentido. E

dizer que eu amei a idéia do Museu do Oiapoque ser com índios. Eu acho que é fantástico, porque

geralmente a idéia, o imaginário que a população tem de museu, é de coisa que já não existe mais. A

presença viva dos índios na direção e no trabalho de museus indígenas, eu acho que é maravilhosa.

Era mais neste sentido, também faço minhas as palavras de todos que colocaram a importância dessa

subcomissão, e que a gente trabalhe junto com o Ministério da Cultura. Já está no Conselho? Eu

queria falar uma coisa bem rapidinho que eu esqueci em algum momento, com relação à questão do

Conselho. Imagino que não vamos ter grandes problemas na aprovação do Conselho, como talvez

tenhamos na do Estatuto. E que a CNPI já preparasse alguma coisa para a instalação desse conselho

fazendo um histórico do trabalho que a CNPI realizou. Eu acho que com todas as nossas auto-críticas,

e às vezes, críticas, “Ah, a gente pediu isso, não encaminhou”, essa coisa normal dentro da comissão,

mas eu acho que a gente fez muita coisa. Em dois anos...

Márcio (Presidente)- Dois anos e meio já.

Lylia: Está aí o Estatuto. A própria criação do Conselho já no Congresso. A política nacional de gestão

ambiental em andamento, e várias outras coisas. Até documentar... tem muita foto, tem vídeos. Fazer

um documentário, alguma coisa que pudesse deixar também na memória dessa história das relações

Estado e povos indígenas, o significado desta Comissão. Obrigada.

Márcio (Presidente)- Isto também é cultura, não é, Lylia. Quenes. Brasílio depois?

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Quenes: Quenes Gonzaga, da Secretaria Geral. Acho que até o Márcio deve ter alguma resposta sobre

isso, Márcio. Espero que o que eu vou falar aqui seja complementar, ou que se adeque ao que a

Presidência da FUNAI está pensando. E não sei o Marcelo vai falar sobre isso. Mas o Arão falou da

participação na Conferência de Cultura, claro que o Marcelo vai responder sobre isso, mas ele falou

sobre a participação na Conferência de Comunicação. Eu não sei aqui se o Márcio já tem uma

estratégia para isso, para a participação dos indígenas. Se você tiver, me desculpe sobre o que eu vou

dizer, mas eu consultei lá em Brasília... Porque a Secretaria está fazendo parte da Coordenação da

Conferência de Comunicação junto ao Ministério das Comunicações. E nós estamos dialogando com

os diferentes grupos dos movimentos sociais a participação deles. Esta é uma Conferência

extremamente importante para o conjunto do governo, e acho que ainda mais importante para os

movimentos sociais... E a gente já sabe que determinados seguimentos vêm se preparando não é de

hoje para intervir, no bom sentido, nesta discussão de comunicação. Não sei ainda o acúmulo que se

tem sobre isso aqui, mas de qualquer forma a Secretaria Geral se coloca à disposição para trabalhar em

conjunto com você e essa CNPI para não só assegurar a participação dos indígenas como também

discutir como séria essa participação. Porque nós sabemos que na modalidade dos indígenas saírem

delegados nos municípios e nos estados, em conferência nenhuma tem dado muito certo. Então o que

eu conversei com o Gérson? Perguntei a ele: “Já tem esta demanda?” Ele disse que não tem

conhecimento, acredita que não. Mas que, uma vez que ela se materializando aqui pela CNPI, nós

poderíamos contribuir (a Secretaria Geral) para que fosse feito o melhor processo possível no sentido

da representação dos indígenas, seja ali uma conferência livre, seja uma consulta indígena, ou

assegurar que alguns indígenas (aí depois vocês vêem como é essa retirada) participem como

convidados, e a Secretaria Geral ajuda, contribui aí, junto com a FUNAI, para assegurar a participação

de vocês. É agora em dezembro. Queria também (não sei se serve como recomendação) aproveitar que

esta subcomissão vai ser estruturada... uma outra coisa que eu penso também que nós poderíamos era

já começar a discutir um pouco sobre isso. Não sei se dentro dessa subcomissão ou outra, mas para ter

um documento. Porque isto está sendo pelo segmento feminista, pelos negros, e enfim, outros tantos

grupos que sabem que não vão ter grande maioria participando em Brasília, mas eles já são setores que

estão fazendo esta discussão. Sei que muita coisa vai rolar, mas de qualquer forma, Presidente, eu

queria aqui registrar o interesse da Secretaria Geral em contribuir com a participação dos indígenas na

Conferência de Comunicação. Obrigado.

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Márcio (Presidente)- Obrigado Quenes. Brasílio.

Brasílio: (não fala ao microfone).

Presidente da Mesa: Agora tem dois que já falaram, mas que pediram para fazer uma proposta rápida.

É o Saulo e a Lylia. É outro assunto. É outro que é mais ou menos o mesmo. Aliás o Saulo não tinha

falado ainda. (inaudível). Isto não está previsto. Como eu falei hoje de manhã, quando foi colocada

esta questão da saúde, eu falei o seguinte: “esta reunião extraordinária aqui, ela não está na pauta

previsto para tratar da questão da saúde.” Esta pauta não estava incluída. Nós temos aqui nesta reunião

extraordinária relatos de subcomissão. Então eu disse que poderia haver, até pela presença do

Wanderley, isso pode ser feito amanhã... é um informe, tanto o Arão, da subcomissão também, sobre o

processo de andamento relativo à questão da saúde. Acho que se tiver este informe vai ser amanhã,

porque hoje nós estamos com a agenda cheia. Claro, as conversas paralelas de bastidor são autorizadas.

Não tem nenhum problema. No âmbito da CNPI, no contexto mais amplo da CNPI. O Saulo quer

fazer uma proposta, a Lylia também.

Saulo: (não fala ao microfone ou microfone com defeito).

Márcio (Presidente)- só para tratar deste assunto. A FUNAI tem conhecimento disso, a assessoria

parlamentar nossa, FUNAI-MJ, já está produzindo uma nota técnica para o deputado que faz o

parecer, para que se explique a ele essa questão para que se dê o parecer favorável.

Saulo: (não fala ao microfone ou microfone com defeito).

Márcio (Presidente)- a Lylia tinha uma proposta.

Lylia: é sobre esta questão da Conferência. Eu... não sei nem se eu posso fazer esta proposta desta

maneira, mas... a proposta da criação da subcomissão de cultura, embora eu também ache que a

educação também esteja envolvida, mas... que já se criasse logo essa subcomissão, alguém pensasse

num formatinho que é igual às outras, em termos de participação, e que ela já começasse a operar,

inclusive para operar, inclusive para apoiar esta representação indígena da CNPI na questão da

Conferência de Comunicação. Eu não estava aqui, acho, nos momentos em que esta Conferência foi

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colocada, e esta disponibilidade do governo de abrir o espaço para a gente estar nesta Conferência de

Comunicação. Eu acho, assim, altamente estratégica esta participação. Evidentemente não há tempo

para um processo de consulta com vários... consultas regionais, essa coisa toda... mas pensar em

alguma forma de participação aí que fosse pertinente ao movimento indígena, ainda que fosse através

dos próprios membros do CNPI e eles indicando alguma representação. Dependendo, vai ser um

sistema meio que de cotas, seria esta a possibilidade. Eu acho que é estratégico, do ponto de vista de

poder discutir com os próprios representantes dos meios de comunicação que vão estar lá sobre a

maneira como a imagem indígena é veiculada, como poderia ser, enfim... acho altamente estratégico.

Acho que séria, se a CNPI também puder ajudar nisso em termos de encaminhamentos, através da

própria Quenes... não sei. Acho que este é um... não dá para perder esta oportunidade de estar lá. É

um evento que vai ser altamente pela própria mídia, que tem acusado o governo brasileiro de querer

censurar... ou seja, querem continuar livremente também fazendo o tipo de discriminação e outras

barbaridades que fazem.

Márcio (Presidente)- eu queria só... não tem mais nenhum inscrito. Eu só queria, antes de passar de

volta aqui para o Marcelo, rapidamente, dizer aqui o seguinte: o nosso companheiro aqui Francisco

Pianko está convidando todos os membros da CNPI, ao final da nossa sessão de hoje, a visitar a

biblioteca da floresta, aonde tem uma exposição sobre os índios isolados aqui do Acre... então a gente

tem que procurar ser bem objetivo, porque senão a gente vai só às duas da manhã lá para ver esta

exposição, e ela não vai ficar aberta até essa hora.

Lylia: eu só esqueci de colocar uma coisa, e aí é um pedido, eu não sei, o Toya está aqui, mas é a

questão do informe do GTI. A própria CNPI... eu e Marcela, que coordenamos a GTI, estamos indo

embora na madrugada.

Márcio (Presidente)- mas o Toya vai ficar aqui?

Lylia: O Toya fica, mas eu e ela coordenamos a comissão.

Márcio (Presidente)- tudo bem, é porque nós temos uma agenda ainda longa.

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Lylia: Tem problemas... a Chiquinha já veio conversar. As conversas de bastidores que são boas, que

adiantam as coisas...

Márcio (Presidente)- eu não estou contra dar informe. Eu só estou dizendo que tem uma agenda

longa, e a gente não pode... nós temos uma pauta a cumprir.

Lylia: eu sei que você não está contra, mas eu tenho mais essa pressão para esquentar a cabeça.

Márcio (Presidente)- então a questão é, de encaminhamentos (antes de passar para o Marcelo aqui) é a

seguinte: eu queria fazer uma proposta, uma nova proposta em relação ao que foi colocado aqui neste

debate da cultura, que a gente crie a subcomissão de cultura e comunicação, diante da questão da

comunicação estar dentro da questão da cultura, e da cultura estar dentro da questão da comunicação.

Acho que é um tema relevante, e eu queria propor a criação da subcomissão de cultura e

comunicação. Se não tiver nenhuma manifestação em contrário, já fica criada e aprovada hoje, nesta

assembléia extraordinária, a criação desta subcomissão; e proponho que ela já se constitua de hoje para

amanhã. Eu já me coloco aqui como querendo participar desta subcomissão de cultura e comunicação,

nas vezes que eu puder participar, obviamente (nem sempre vou poder), mas a FUNAI participará

como uma das partes do governo. E que essa subcomissão possa se reunir o mais rápido possível para

discutir toda esta pauta que o Ministério da Cultura trouxe e outras que existem. Porque a FUNAI tem

desenvolvido atividades, e outras instituições têm desenvolvido atividades correlatas à cultura, e que

possa, inclusive, discutir, no âmbito da subcomissão, a participação indígena nas duas Conferências,

tanto na de cultura quanto na de comunicação. Alguém se manifesta contrário à esta...?

Não-identificado: não, a gente não se manifesta contrário, mas com tanta bancada indígena... porque

já houve muitas pessoas se auto-indicando aqui, da bancada indígena...

Márcio (Presidente)- se colocando à disposição.

Não-identificado: mas a bancada indígena vai se reunir, e a gente escolhe as pessoas que farão parte

desta subcomissão.

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Márcio (Presidente)- Certo. Não há nenhuma manifestação contrária à proposta? Não havendo

nenhuma posição em contrário, fica aprovada então a criação de uma subcomissão de cultura e

comunicação no âmbito da CNPI, e amanhã, no último dia desta assembléia extraordinária, nós vamos

definir os nomes da bancada indígena que vão participar desta subcomissão, e o setor governamental

também vai definir, em seguida, a nossa participação. Considerando que, como as outras, poderão ter

convidados, vários, participando também da subcomissão. Vou passar a palavra aqui para o Marcelo,

para dar uma fechada aqui, Marcelo.

Marcelo: bom, fico muito feliz pelo acolhimento das propostas, e o que foi aprovado agora realmente

vai dar margem para a gente trabalhar ainda mais estas questões... a gente luta lá no Ministério da

Cultura, desde que a gente começou a trabalhar com este tema, de que a pauta da cultura também

entre na pauta do movimento indígena, que é uma pauta sempre carregada por temas, como a da

terra, a da saúde, que mobilizam mais que a área da cultura... mas que a gente entende que a área da

cultura é muito estratégica para todos estes outros temas, inclusive para a própria questão da terra...

discutir a cultura também é uma arma... então por isso que a gente insiste, e fico feliz que tenha tido

esta receptividade aqui. Respondendo rapidamente as perguntas. O Arão... então a Conferência de

Cultura e a Conferência e Comunicação tem Regimentos diferentes, então os processos para

participação são bastante distintos. Na Conferência de Cultura existem os delegados, que tem direito à

voz e voto. Para você ser delegado com direito à voz e voto na Conferência Nacional que vai

acontecer de 10 a 14 de Março de 2010, você tem que passar por este processo que você citou. Eu me

elejo delegado no município, do município eu vou para a conferência estadual, e lá eu disputo para ser

delegado com todos os outros municípios do estado, e com todas as áreas, e saio de lá como delegado

para a Nacional. Existe aí uma outra instância que elege delegados com direito à voz e voto que é essa

pré-conferência setorial de cultura indígena que nós vamos fazer. São só dez delegados dentro desta

pré-conferência. Com aqueles 81 que eu falei, de lá saem 10. Então no mínimo 10 a gente vai ter. Um

outro jeito de participar é produzindo propostas. Então você pode produzir propostas nas

Conferências livres, e aí você pode fazer em qualquer lugar lá na sua comunidade. Você junta lá 10 ou

20 pessoas numa sala de aula, num sindicato, ou numa associação de bairro, numa associação indígena,

você pode fazer uma conferência livre. Existe um temário, existe uma cartilha de orientação para isso

no site do Ministério da Cultura, no blog da Conferência... depois eu posso passar os detalhes para

vocês... Vocês podem se reunir e produzir as propostas e encaminhar para a Comissão Executiva

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Nacional, que vai incorporar os elementos que vocês produzirem no texto que vai ser discutido lá na

Conferência Nacional.

Tem também a Conferência Virtual, que é online o tempo todo. Você pode entrar o tempo todo lá no

blog e produzir propostas para a Conferência, que elas vão ser aceitas também. Agora tem também

uma possibilidade que a gente pode abrir aqui, que eu me comprometo a estudar com vocês, que é a

de levar membros da CNPI, ou membros desta subcomissão de cultura, não como delegados mas como

observadores, e como convidados da conferência. A gente tem uma cota de convidados do governo,

então a gente pode já encaminhar uma cota aqui para a CNPI (a gente decide o número depois) e a

gente pode levar também observadores, que aí não vão ter direito a voto, mas podem estar lá

participando. Os convidados têm direito à voz. Na Conferência de Comunicação, o processo é

diferente. Na Conferência de Comunicação não tem as etapas municipais e intermunicipais. Elas até

existem, mas são só preparatórias. Os delegados começam a ser eleitos nas etapas estaduais. Até o

momento, 18 estados convocaram as etapas estaduais, tem sete que não convocaram. Como tem o

Executivo da Conferência da Comunicação, ele se comprometeu a convocar estes sete estados, e aí lá

vocês podem, nas estaduais, se eleger delegados e ir até a etapa nacional. Lá também, na Conferência

da Comunicação, tem as livres e tem a Virtual. Vocês podem participar deste jeito.

A questão do prêmio também, que é pergunta do Arão, da comissão de seleção do prêmio, a

representação indígena é majoritária. Oito indígenas e sete não-indígenas. Nas duas edições anteriores

foi assim. E quem indica os representantes indígenas são as organizações indígenas. No nordeste, no

caso, foi a COIME. Então quem passou a rasteira no Caboquinho foi o pessoal da APOINME, e não a

gente. Apesar de ele ser baixinho, é difícil passar rasteira. A questão do valor do prêmio, que foi

comentada pelo Sandro, de ser R$25.000, a gente tem dificuldade. Porque essa é uma política mais de

reconhecimento do que de sustentabilidade de um programa de cultura indígena. A gente não tem

recurso hoje, até porque o dinheiro é via patrocínio, não é dinheiro orçamentário. Então a gente tem

que lutar para convencer o Ministério a criar, de fato, um programa que dê sustentabilidade à estas

ações. Já estavam previstos, nesta terceira edição, prêmios especiais para estes museus indígenas, que

seriam de R$ 60.000 ao invés de R$ 60.000. De fato, tem atividades que não se viabilizam com R$

25.000. Mas a gente tem visto que estes R$ 25.000 têm ajudado nesta parte de auto-estima, de

reconhecimento e de encaminhamento de algumas ações. Esqueci de dizer que A PINSUL é que vai

ser a proponente agora da terceira edição, a partir do rodízio que a gente estabeleceu neste GT. Então

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a Tenodé Porã foi a proponente dos dois primeiros anos, agora é a ARPINSUL, depois é a COIME,

COIAB, assim sucessivamente. Esqueci de dizer também que, no colegiado setorial, vai se dar a eleição

do representante indígena no Conselho Nacional de Política Cultural. Esse representante hoje é o

Romancil Cretã, está vencendo o mandato dele agora em Dezembro, de dois anos. Ele pode ser

reconduzido mais uma vez, se assim vocês entenderem, ou pode ser feita uma eleição de um novo

representante. Isto vai se dar agora também no âmbito deste colegiado setorial.

Com relação aos museus, eu esqueci de dizer que a gente criou uma rede, uma rede de memória

indígena onde a gente está articulando estas experiências de museu através de uma lista de e-mail no

Yahoo! Grupos, que é [email protected]. Então tem muita gente que ainda está

fora, que a gente está incorporando agora. Quem quiser participar disso me dá os nomes me dá os

nomes que eu vou incluir na lista e vocês passam a interagir com o pessoal que está nesta frente de

trabalho dos museus indígenas, onde a gente está discutindo esta questão de repatriação de obras, de

referência para a cultura indígena, esta questão dos museus vivos e tudo mais. A questão do

intercâmbio que o Toya perguntou... a questão de recursos para fazer viagens de pesquisa e tudo

mais... Existe já um edital que vocês podem participar, que é o edital de intercâmbio... que a gente

chama de edital de passagem, mas é o edital de intercâmbio. Você pode, a qualquer momento,

apresentar uma proposta para o Ministério... Se você tem um convite para ir para a Holanda, a um

evento sobre cultura indígena, por exemplo, você pode dizer “Olha, preciso de uma passagem para ir à

Holanda.” E você... é um edital, você tem que ter uma.... Canadá tem também. Aquela história do

Ak’Jaboro, pode ir pro Canadá com uma passagem do Ministério. Mas é um edital, então você tem que

apresentar uma proposta que é sempre com três meses de antecedência. Então agora em Setembro a

gente está julgando as passagens que vão ser feitas a partir de dezembro. Então tem que pensar antes

de mandar a proposta. A questão da exposição Os Primeiros Brasileiros, esta exposição foi viabilizada

com recursos do Ministério da Cultura. O Ministério participou desde o início. A intinerância dela

está sendo viabilizada por isso. Então agora ela está no Rio de Janeiro, vai ficar um período lá, e já tem

intinerância agendada para Bahia (Salvador), São Paulo e Brasília. Estes três lugares já está organizado.

A gente pode levar ela para outros lugares, mas ela tem o problema que ela vai se desgastando, a gente

tem que renovar. E, por fim, a questão da educação e cultura que o Brasílio chamou a atenção...

Eu esqueci de citar que a gente está com um projeto junto à UnB de criar uma cátedra indígena dentro

da UnB e na USP também (na USP de São Paulo)... está sendo pensado todo um sistema de como

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colocar a sabedoria, os conhecimentos tradicionais indígenas neste espaço, que não é um espaço

amigável (vamos dizer assim) com relação ao conhecimento tradicional. O conhecimento acadêmico é

muito diferente, se processa de forma muito distinta do conhecimento tradicional. Então vai ser feito

um trabalho ano que vem. Primeiro vai ter um seminário para discutir diversas experiências, desde a

Universidade Autônoma do México, Universidade do Equador... experiências de introdução de

sabedorias tradicionais nas universidades tradicionais. Depois a gente vai montar um primeiro

programa... vai ser feita uma residência mútua. Os professores universitários vão residir nas

comunidades indígenas, e os indígenas vão ficar residindo um tempo na universidade, para que um

conheça o jeito do outro de produzir conhecimento, e depois vai ser construído um programa que vai

ser dado um curso no segundo semestre do ano que vem. Então ao longo de todo o ano de 2010 vai ser

feita esta experiência piloto de como produzir um espaço de educação na universidade, sobretudo de

conhecimentos tradicionais indígenas. Então é mais ou menos isso, agradeço de novo o espaço (o

grande espaço) que me foi dado. Fico muito honrado e agradeço as colaborações. Um abraço.

Márcio (Presidente)- obrigado Marcelo. E aí eu vou fazer um comentário agora... exatamente por

conta de a gente ter estendido e aberto este espaço para o debate da cultura, nós estamos com um

problema de tempo com relação à nossa pauta. Então eu queria aqui fazer uma proposta de

readequação da nossa pauta aqui hoje. Já são 17h05. E da pauta que nós temos aqui tem dois pontos

que são mais informes, e tem um que é o que eu considero o ponto mais importante da pauta de hoje,

que é a das experiências de gestão participativa que vieram aqui, dos estados. Eu queria sugerir que o

ponto da educação e, se der tempo, o ponto de política de fronteiras, a gente pudesse passar para

amanhã, para trazer como informe amanhã. Amanhã a gente vê aí como fazer, qual o horário a

gente... pode fazer amanhã de manhã, e a gente re-arruma os horários amanhã de manhã... e que a

gente pudesse agora, neste momento, fazer o intervalo de cinco minutos, que tem um intervalo aí... e

em seguida a gente entrasse já na pauta das experiências de gestão participativa, que eu considero a

pauta mais importante deste momento.

Não identificado: só a título de sugestão e colaboração: ao invés de começar às 9 da manhã, a gente

poderia antecipar para 8 horas. Eu acho que a bancada indígena não tem nenhuma oposição quanto a

isso. Eu queria ver se é consenso ou não, porque a gente ganha tempo e a pauta é longa. E

aproveitamos o tempo.

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Márcio (Presidente)- Com certeza, amanhã a gente pode começar às oito da manhã sem dúvida

nenhuma. Não há nenhuma posição contrária, então aprovado amanhã oito horas da manhã. E então

vamos a um intervalo agora de cinco minutos, e logo em seguida a gente vai entrar na pauta das

experiências de gestão participativa do Amapá, Amazonas e Paraíba. Não eu acho que deve ser umas 9,

nossa programação só termina na exposição na biblioteca da floresta tá? Faz parte do curso entendeu?

Se não, não ganha crédito, então nós vamos começar agora a apresentação de experiências de gestão

participativa que nós selecionamos, nós selecionamos aí para apresentar eu vou perguntar aqui se a

gente poderia começar pela Paraíba? Pode Petrônio? Companheiros, Capitão e Caboquinho que são da

Paraíba também se vocês poderiam começar a apresentação de vocês pela Paraíba pode? Então mãos a

obra, enquanto o pessoal vem, se não, não vem se alguém puder ir aproveitando para dizer que já está

começando lá e avisar a turma, chamar o Caboquinho também. A gente vai dar meia hora para cada

apresentação ta?

Petrônio - Boa tarde pessoal. Eu estou procurando o Caboquinho por que ele é o cacique geral

Potiguara para a gente não começar a explanação aqui sobre os Potiguara sem o cacique geral não é?

Está um pouco deslocado aqui. Boa tarde novamente, primeiro Presidente, eu gostaria de agradecer

essa oportunidade da gente poder aqui transmitir um pouco da nossa experiência de gestão

participativa não é? Eu vou contar um pouco da trajetória, da historia e como que isso aconteceu lá na

Paraíba em 99 nós estávamos vivendo aquela fase meia de conflito entre FUNAI e FUNASA que

estava se disputando quem efetivamente ficaria com a saúde indígena e a FUNASA chegou aos índios

fazendo diversas reuniões e oferecendo um modelo de criação de distritos sanitário e conselho

distrital, de conselhos locais e um modelo de implementação de controle social para que as decisões

fossem tomadas em conjunto, através de representações indígenas, aprovações de projetos de planos

de trabalho e execuções etc. e isso impressionou bastante os Potiguara que já eram bastante

organizados naquela época, então como a FUNASA sinalizou com essa proposta de trabalho de

participação, de transparência, de conselhos locais, conselho distrital e nós tínhamos recém chegado lá

na Paraíba apesar que eu sou Paraibano sou de Campina Grande eu estava em Pernambuco tinha

acabado de chegar lá, peguei toda a contabilidade da FUNAI e do primeiro semestre do administrador

quem e antecedeu e fui para a terra indígena chamei o conselho de lideranças e fui prestar contas do

que o meu antecessor tinha feito com recursos que tinha disponível, que a FUNAI tinha

disponibilizado e lá eles me perguntaram se a Funai não poderia também adotar aquele modelo de

conselhos participativos que a FUNASA estava sinalizando e nós dissemos que não tinha problema

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nenhum, a nossa intenção era exatamente essa que era trabalhar recurso público, que as contas

tinham que ser públicas e que para nós iria ser bastante interessante por que qualquer decisão tomada

teria a co-responsabilidade e o peso não ficaria unicamente sobre os ombros e a decisão do gestor.

E assim começou, começaram os encaminhamentos nós percebemos que o conselho de lideranças

naquela época eu acho que eram 22, 23 aldeias cada aldeia tinha um representante e nós concluímos

em um debate que se nós fossemos ter um grupo de gestão com 23 membros ia ter certa dificuldade

todas as vezes que nós precisássemos nos reunir e nós propusemos que o conselho de liderança

aprovasse um grupo de gestão para trabalhar conosco para discutir participar do planejamento menor

7, 6, 8 membros sem um número muito certo. E assim foi aprovado, participavam professores,

participavam índios com experiência e vocação na área de agricultura, saúde, todos os setores e nós

propusemos que fosse dado um nome aquele grupo, foi batizado grupo de gestão indígena que ficou

abreviado como GGI e assim as coisas foram acontecendo nós passamos a partir de então a fazer o

planejamento da FUNAI. É obvio que aquelas despesas administrativas você não tinha que debater,

você tinha que ter telefone, carro funcionando, combustível tudo isso nós apresentávamos os valores

necessários pela experiência que nós tínhamos na área gerencial agora os recursos de atividade de fim

eles passaram a ser obrigatórios antes de serem aplicados e passar por esse grupo de gestão e nós

trabalhamos durante todo esse tempo até o inicio desse ano o grupo de gestão ele estava montado com

essas pessoas que o conselho de liderança tinha delegado para eles, só que no início desse ano ouve um

debate entre os lideres e eles acharam que o conselho de lideranças em algum momento estava

mandando mais que eles, estava decidindo mais que eles e propôs que esses grupo de gestão da forma

que nós tínhamos elaborado ele desde 99, 2000 para cá eles decidiram que ele agora deveria ser um

conselho de gestão só de lideres por que aquelas pessoas delegadas pelos lideres, muitas vezes estavam

tomando decisões que contrariavam os interesses de algumas lideranças.

Eu vou voltar quando a gente começou com essa questão de transparência essa gestão participativa, o

que foi que aconteceu na prática nós ganhamos a confiança dos Potiguara aquela relação estranha ela

não acontecia na nossa região, por que eles tinham a certeza e tem de 100% do recurso que chega na

administração regional vai ser destinado exatamente para aquilo que eles priorizaram e depois nós

vamos prestar contas, só que tinha que ter uma folga, por que na FUNAI está sempre correndo atrás

do prejuízo, apagando incêndios e a gente as vezes tem tomar decisão rápida que não dá tempo de

consultar tudo mundo, então ficou acertado assim, quem quisesse quer atendido na área de proteção

social antes chamávamos de assistência na área de desenvolvimento, se fosse para ter um atendimento

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especifico e pontual tinha que ter um valor máximo para o administrador deliberar sozinho e sabe

quanto esse valor que o administrador de João Pessoa delibera sozinho 200 reais, nós só somos

autorizados a gastar 200 reais com uma demanda urgente pontual, se essa demanda for 201 reais nós

temos que levar para o grupo de gestão para que seja reavaliado isso foi muito bom para nós, por quê?

Porque freou propostas indecentes aquela coisa que o cara chega querendo que você atenda só ele a

família dele que ninguém vai saber acabou, por que ele sabe que tudo que chega lá tem que ser oficial

e vai ser público e todo mundo vai ficar sabendo. Então para nós foi uma tranqüilidade por que muitas

vezes os colegas se assustam achando que vão perder autoridade, vão perder autonomia, mas pelo

menos o cara ganha horas de sonho com certeza, então eu vou, sim, e com o passar do tempo como

nós ganhamos a confiança dos Potiguara a relação nossa ficou tão próxima que todos os conflitos,

todas as brigas Potiguara eles exigem que nós façamos a iniciação, nós viramos padre, juiz tudo ali

dentro da terra indígena todo conflito chama o administrador, chama a FUNAI para fazer a mediação,

aí nós percebemos também que apesar de eles serem extremamente organizados precisava de um

pouco de memória, de regra para isso aí foi quando veio a idéia de se inscrever um código de

comportamento dos Potiguara, antes de ler o código de comportamento para vocês verem como é

interessante foi isso que nós deu força e instrumentos para mediar as situações e tomar decisões eu

vou passar esse aqui, nós fizemos há algum tempo atrás esse material aqui para a gente mostrar um

pouco desse trabalho.

Márcio (Presidente): - Só para te informar que já usou 15 minutos do tempo de meia hora.

Petrônio - Perfeito, eu vou ser rápido, só uma introdução povo Potiguara uma população estimada de

14 mil índios, essa aqui nós não temos precisamente esse número, mas é um número satisfatório para

planejamento. As três terras somam 33.757 há então vou entrando também em outro assunto quando

foi feito o código de comportamento Potiguara em algumas exigências que na oportunidade certa

vamos mostrar aqui para vocês identificou-se uma outra necessidade, por que durante esses 500 e

tantos anos de contato com os Potiguara, muitas famílias não índias elas passarem a pertencer também

ao povo Potiguara através de casamentos com padrismo, cunhadismo e eles se queixavam muito que às

vezes pessoas que não eram de raiz Potiguara queriam assumir as lideranças, queriam mandar nas

aldeias, então foi necessário que nós investíssemos no censo pegamos uma carona que a FUNAI estava

fazendo apanhados pilotos naquela época em 2005 o conselho de liderança decidiu os critérios e a

prioridade, nós executamos e depois do censo estamos fazendo a triagem do censo, esse aqui quando

foi elaborado eram 29 aldeias agora já são 30 a coisa é tão dinâmica, mas dá um norte, então só

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completando a idéia do censo nós estamos fazendo a triagem do censo reunindo os mais velhos mais

citados durante o censo nas aldeias e eles debatem entre eles e vão separando quem são as verdadeiras

famílias que origem Potiguara daqueles que viraram Potiguara com o passar da historia.

Então eu vou ler mais rápido, porque o presidente já me alertou aí pelo tempo desde de 5001 são

referidos como habitantes do mesmo território e você tem referencias, registros históricos dos

Potiguara desde 1.501 comunicam-se em português estão na língua do Tupi hoje ensinam o Tupi nas

escolas diferenciados o indicie de escolaridade elevado, área favorecida pela presença de Rios perenes

próximo ao mar diversidade de ecossistemas, conhecimentos de plantas medicinais, práticas

terapêuticas tradicionais e participação ativa determinante do controle social, outra coisa o Potiguara

não participa só ativamente de FUNASA e FUNAI não, ele já fizeram prefeitos, já fizeram vice

prefeitos, presidente de câmara, eles governam também na região. Isso aqui são informações, pegam 3

municípios Baía da Traição, Marcação, Rio Tinto são três terras indígenas que elas se complementam,

aqui está um mapa que mostra a territorialidade entre o rio Mamaguape e o rio Guamarantuba era a

princípio duas terras Maria e hoje estão transformadas em três terras indígenas em estágios fundiários

diferentes que somam os 33 mil e tantos hectares as Duas Marias, eram 57.700 aproximadamente ouve

uma supressão da terra Potiguara aqui de aproximadamente 14 mil hectares. Porque a primeira

demarcação foi feita ainda na ditadura militar eles tomaram essa decisão, mas hoje nós já conseguimos

reaver esses 33 mil e isso aí ainda está dentro de estudos e possibilidades, isso aqui foi tirado do Google

deixa eu ver se tem mais alguma informação, isso aqui a gente fala um pouco da dificuldade do meio

ambiente, monocultura da cana de açúcar o tempo não daria para a gente aprofundar um pouco. Pode

passar...

Nós conseguimos tirar todos os arrendatários de cana de dentro da terra indígena, pegamos a cana que

rebrotou os índios hoje passaram a ser empreendedores eles é quem cuidam da própria cana, vedem a

cana então lucravam 4 toneladas por hectares hoje lucram 40, isso aqui foi experiências de mandala,

são casas de farinha nós temos, isso aqui são os famosos tanques de camarão, criatórios de camarão,

aqui atrás é a área de mangue não é? Então o tanque de camarão ele é feito entre o mangue e a terra

firme isso é outra confusão que a gente levaria uma tarde aqui só falando desse assunto só aqui

ilustrando para vocês, então foi essa a experiência, então por conta disso nós nos sentimos também

muito honrado que o ano passado quando teve a montagem do colegiado do território em São Gabriel

o presidente pediu que nós fossemos lá para levar um pouco dessa vivencia com os Potiguara e ajudar

lá os índios do território do Rio Negro não é? E nós tivemos essa participação honrosa e fiquei feliz em

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ver os índios aqui já com o embrião que soltamos lá da idéia da gestão participativa já trazendo aqui

um resultado dessa natureza, o código de costura se conseguir abrir, por favor, isso aqui foi

fundamental no norteamento na organização e na solução de diversos conflitos lá dentro porque a

princípio era chamado código de costura aí o pessoal começou questionando costura parece coisa de

galinha, galinha é quem faz costura aí muda para código de comportamento que da no mesmo é um

código mesmo ele diz quais são as atribuições do líder, depois teve que ter uma emenda que tinha

líder que não deixava consultar a comunidade a partir da aprovação desse código o comportamento de

costura para os lideres indígenas Potiguara estarão regulamentados pela própria etnia assim como

ficará estabelecido quem estará sujeito às penalidades devido às autoridades governamentais, fazendo

valer o respeito.

Isso aqui foi transferido... acho que está faltando alguma coisa... autonomia do povo Potiguara à luz da

Constituição do Brasil... só poderá assumir cargo de liderança o índio que pertencer a família

tradicional Potiguara e para comprovar que o cara é da família tradicional Potiguara foi preciso nós

fazermos o trabalho da triagem do censo quem residir na própria aldeia terá que ser aprovado pela

maioria dos índios da aldeia interessada, terá que ser referendado pela maioria dos membros do

conselho de liderança formado pelos representantes de aldeia e cacique geral. Porque a organização

deles é o seguinte: cada aldeia tem um representante, hoje eleito de forma democrática ou aclamado

de forma democrática, e Caboquinho que é o cacique geral, que representa todo esse conselho, e o

diplomata dos Potiguara é o cara que representa lá fora o conselho de liderança e lá dentro também

que o voto de minerava é dele, de vez em quando ele fica numas sinuca de bico lá, então está passivo

de avaliação os afastamentos de substituição dos conselhos de liderança. O representante que pode

denunciar, é comprovada da comunidade reconhecer como indígena a pessoa que não seja

descendente de Potiguara, isso aqui, para a gente, presidente, que vai cadastrar os índios naquele ... no

sistema do INSS... nós vamos ter que tomar o cuidado e o líder assinar junto conosco, porque a

responsabilidade maior é deles não é? Facilitar a apropriação domínio de lotes, propriedade, plantio ou

procriação por parte de não índio dentro de terras indígenas Potiguara, valer-se do cargo para tirar

proveito pessoal em detrimento do direito coletivo da comunidade, participar de manifestação de

desapreço envolvendo o nome de outra liderança do conselho, faltar com o respeito a membros da

comunidade ou envolver-se em escândalos, proveniência de uso de bebidas alcoólicas ou de droga.

As atribuições da liderança são: aprovar as famílias indígenas reconhecidas pelos índios idosos,

credenciados pelos conselhos de lideranças, autorizar construção de casa em decisão conjunta com o

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chefe do PIM, autorizar utilização da terra para agricultura e agropecuária em decisão conjunta com o

chefe do PIM. Isso aqui também foi algo interessante, porque todas as autorizações eles fizeram

questão que o chefe do posto fosse co-responsável por ela... Preservar o meio ambiente, proteger

cabecearás, rios, lagoas, mangues, fiscalizando derrubadas e combatendo queimadas, proteger o

território da invasão e o fruto de não índios ali não é medir é mediar, conflitos internos, estabelecer

direitos individuais conforme costume tradicional Potiguara. Denunciar regularidade de terceiros em

suas jurisdição formalizar acordos entre índios na sede do posto, o posto Potiguara faz muita mediação

e formaliza muito acordo as lideranças deslocam, levam as pessoas que estão em conflitos e lá se faz

um acordo formal e deixa na memória lá.

Márcio (Presidente): - Petrônio você tem mais 5 minutos quero sugerir que se você pudesse tirar

cópias do código para distribuir, e pudesse entrar mais no principio da questão para pode a gente ter

tempo.

Petrônio - Eu só peço perdão pelos erros que passaram, mas foram erros de português, não foi erro

indígena ... então gente, isso aí eu vou passar a cópia para vocês, foram essas atitudes, essas

providências que fizeram com que nós conseguíssemos esse entrosamento e eu estou há 10 anos como

administrador em João Pessoa. Então eu acho que isso explica porque nós conseguimos essa relação

tão duradoura, por conta desse comportamento a equipe, os colegas lá em João Pessoa também foram

fundamentais, eles contribuíram consideravelmente ninguém faz nada sozinho, outra coisa nós

adotamos um modelo de gerencia na administração, gerencia matricial e como se fosse uma matriz

quem estudou matemática e estudou matriz o setor de educação é quem gerencia o recurso destinado

a ele, o setor produtivo e quem gerencia o recurso destinado a ele eu como administrador elejo apenas

quem paga primeiro, porque o recurso financeiro ele não acompanha o planejamento e não

acompanha o orçamento, aí cada setor cada um lá está autorizado a tomar suas próprias decisões e o

setor de educação, por exemplo, quando precisa qualquer decisão diferente, qualquer decisão maior é

obrigado a convocar tantos lideres como as organizações de professores, os próprios usuários para

fazer deliberações nós conseguimos conquistar esse espaço e assim nós conseguimos conquistar a

confiança que eu acho que ate agora nós tivemos isso.

Márcio (Presidente): - De quanto em quanto tempo se reúne o GGI?

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Petrônio - O GGI não tem... é obrigatoriamente no momento de fazer o planejamento e

obrigatoriamente no momento de prestar contas no que fez, mas nesse intervalo aí todas as vezes que

um membro ou o próprio administrador sentir necessidade é convocado uma reunião. Interessante é

que o chefe de posto, Josafá, inclusive ele é índio Potiguara, também ela estava fazendo uma

observação, disse “Petrônio, a FUNASA, quando quer reunir o conselho distrital, coloca os caras num

hotel bom, dá todas as condições e os caras faltam... é o primo rico. Então a FUNAI faz reunião do

conselho de liderança, não dá transporte, não dá almoço, tem hora que não dá para fazer nada disso. E

não faltam, toda vez é casa cheia”, e as discussões são bastante interessantes e acaloradas e já se fez

várias experiências, nós chegamos até tirar, fazer reunião do conselho de lideranças em João Pessoa,

porque aparecia tanta gente querendo dá opinião na reunião que eles disseram, não vamos tirar daqui,

aí depois chegaram à conclusão que se tirasse perdia o seu objetivo principal, que era realmente fazer

a vontade da base, aí voltou-se, hoje em dia pode encher 200, 500 pessoas reclamando, mas o conselho

está reunido no meio do povo.

E esse ano, como houve essa remontagem, nós estamos tirando comissões temáticas para pode tomar

decisões específicas, quando nós fomo decidir a prioridade no orçamento do produtivo, então

decidiu-se 50% do recurso que a FUNAI conseguir vai ser destinado para milho, feijão e mandioca,

preparo de solo. Quer dizer, segurança alimentar, 15% vai ser para cercados, para pecuária 15% para

material de pesca, então é dessa forma que ás vezes se tira ata e às vezes não tem nem ata, e as coisas

são rigorosamente cumpridas, fica na memória de todo mundo. Nós somos cobrados, prestamos conta,

lógico que poderíamos fazer isso de uma forma mais regulamentar, mas até hoje nós não tropeçamos

na metodologia.

Márcio (Presidente): - Uma pergunta, como que funciona lá essa relação também da FUNAI e do GGI

com as outras políticas de outros ministérios e etc.?

Petrônio - Nós temos tido certa dificuldade de aproximar os índios Potiguara de uma forma geral do

território da cidadania e aquele velho discreto nas políticas públicas. Então na FUNASA nós também

participamos, desde o início nós fizemos parte do conselho e o GGI na realidade, como ele tem

representante de todas as aldeias não é? Necessariamente todos aqueles membros dali participam de

alguma comissão específica em algum lugar, então quando reúne realmente é multidisciplinar, tem

sido completamente transversal entre os líderes têm professores, têm agricultores, tem pessoal da área

de saúde e agentes comunitários está contemplado basicamente todos os setores, consegui responder?

Márcio (Presidente): - Ele cumpriu exatamente o tempo de 30 minutos, dois minutos.214

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Petrônio - Disseram que era mamão com açúcar fazer isso na Paraíba, porque era uma única etnia e

era bastante fácil. Como nós trabalhávamos também com o estado do Ceará, então nós dissemos,

vamos ver como é mamão com outro adoçante, nós fomos lá e levamos um modelo semelhante. Lá,

como tem várias etnias, foi dividido em 7 micro regiões, o orçamento dividido por micro região e

cada micro região dessas se reúne e decide as suas próprias prioridades, sem uma interferir na outra,

porque aí nós somos localidade e as vezes etnias diferentes. Então quer dizer essas experiência-piloto

com uma única etnia bastante localizada nós também fizemos no Ceará e tivemos relativamente,

relativo mesmo, qual tem sido a dificuldade? Porque como a FUNAI ainda não adotou ainda essa

política como política do órgão muitas vezes a gente falta condições para isso, mas dentro dessa

remontagem da proteção social eu vi que tem uma sub-ação aí do MS que é suficiente para isso, então

pode ter certeza que 2010 não vamos ter tropeço.

Márcio (Presidente): - Obrigado Petrônio, eu queria sugerir o seguinte: que nós fizéssemos a

seqüência das três e no final a gente vai abrir para, até para vocês terem oportunidade de ver as três

experiências que a gente trouxe. Então eu queria agradecer o Petrônio, agradecer os companheiros

Potiguara vão ter oportunidade de falar logo mais também e o Caboquinho e o Capitão já tinham

falado várias vezes aqui na CNPI dessa experiência, agora foi dada a oportunidade maior de socializar

essa informação que o Petrônio trouxe para nós. Então obrigado Petrônio, logo você vai pode

responder dúvidas do pessoal.

O próximo grupo, para que pudesse fazer a apresentação, é o pessoal lá do estado do Amazonas o

pessoal do Rio negro das administração de São Gabriel da cachoeira e o trabalho que tem sendo feito

lá que esse trabalho lá de São Gabriel da Cachoeira. Já é um trabalho muito recente para comparar

esses daí você viram é o trabalho que o Petrônio falou já tem algum tem 10 anos desse trabalho lá na

Paraíba já o trabalho que vai ser apresentado agora é um trabalho recente, muito recente está

começando, esta em seu nascimento esse processo. Depois queria saber como que vai ser aí a

apresentação passar a palavra aí para os companheiros da FOIRN. Queria só registrar aqui antes que

essa apresentação era para ter um representante da administração lá de São Gabriel da Cachoeira que

não pode chegar teve dificuldade de chegar, então nós estamos com representantes aqui da FOIRN

que é a organização indígena parceira nossa lá e a Fabiana da FUNAI. A Fabiana que está

acompanhando lá o processo da FUNAI de Brasília, acompanhando o processo em São Gabriel que

como disse o Petrônio foi iniciado, ano passado ele foi lá no primeiro momento fazer uma

apresentação da experiência da Paraíba e a partir daí a gente começou a desenvolver o trabalho lá.

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Participante não identificado - Mais uma vez boa tarde, aqui a comissão da CNPI é um prazer estar

aqui novamente trazendo os nossos trabalhos que vamos realizar, então como já foi dito pelo

presidente, esse plano integrado e compartilhado ela praticamente acabou de sair da sala de parto.

Estava justamente indo para o berço, começar a fazer o caminho do crescimento da vida, então

praticamente ela nasceu esse ano a gente iniciou esses trabalhos com a ida do Petroni, mas qual é a

necessidade disso? Como que surgiu? Como a conversa no início do ano com o presidente Marcio

Meira na época da entrada de nova diretoria, então a gente começou a discutir que havia essa

necessidade de acompanhar se ouvia falar já dessa experiência da Paraíba e a gente analisando nossos

trabalhos e também achamos que a gente teria como fazer isso e aí conversou com o Márcio Meira o

Petrônio e foi lá, depois a gente realizou uma oficina, por favor, pode passar?

Aí está a nossa maloca que está dizendo, está em Tucano tem a Pamaça apesar de ser Baré, mas

entendo algumas línguas da nossa região, então quer dizer em Português bem vindo a FUIRNE essa é a

nossa maloca que está no município para nós povos indígenas do Alto Rio Negro ela é um parlamento

onde se decido as coisas de suma importância para o movimento indígena, por favor, próximo. Esse aí

é o nosso organograma institucional da FOIRN, como que nós, nos organizamos? Primeira instancia

está a assembléia geral ela é uma instancia deliberativa e consultiva na segunda estância vem o

conselho diretor, após isso vem a terceira instancia que é diretoria executiva que somos os diretores

que são eleitos de 4 em 4 anos cada região tem uma representatividade dentro da diretoria, são 5 sub-

regionais são 5 diretores eleito por eleição direta ao lado está as coordenadorias regionais, que

representa cada coordenadoria representa uma calha de rio que nós temos aí a Cuitua, tem a CBC, a

Caianiquisse, a Cuidi e também a Caibrim cada região tem uma coordenadoria, então a nossa

coordenadoria executiva nós temos vários departamentos dentro da FOIRN, departamento de

educação, departamento de mulheres, temos setor de projeto, setor pessoal, setor financeiro, enfim e

dentro dela recentemente agora também foi criado uma demanda dentro de um oficina de um

seminário dos jovens indígenas e também se criou um departamento da juventude indígena volta e

Rio Negro e também tem um... foi duas coisas que depois desse seminário aconteceu, a criação do

departamento dentro da FOIRN e uma secretária da juventude esporte e lazer, próximo.

Como que a FOIRN funciona? O que é FOIRN? É Federação das Organizações Indígenas do Rio

Negro, nasceu para lutar em favor da demarcação das terras indígenas do Rio Negro foi fundada em 30

de abril 1987 quando então foram homologadas as demarcações de terras indígenas do Alto Rio Negro

é uma associação civil sem fins lucrativos. Então não temos vínculos partidários e nem religiosa. Tem

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como objetivo principal defender os direitos dos povos indígenas que habitam a região do Alto Rio

Negro do estado do Amazonas Brasil, a mesma representa cerca de 750 comunidades indígenas e

agrega mais de 600 associações de bases e abrange três municípios do alto Rio negro, São Gabriel,

Santa Isabel e Barcelos onde habitam mais de 35 mil indígenas, pertencentes a 22 grupos étnico-

lingüísticos - Tucano, Aruaque, Imacu, Ianomâmi que existem nessa região. Depois delas temos várias

etnias, então tem Tucano, Dessano, Cubeu, Anano, Tuiuca, Piratapuia, Mirititapuia, Arapafe,

Carapanã, Bará, Seriano, Macuna, Baniua, Curipaco, Baré, Uerequena, Tariano, Rúpida, Yurúpida, Do,

Dobe e Ianomâmi, então essas são as etnias existentes no Alto Rio Negro.

Qual é a função da nossa assembléia? Quem é que rege o movimento indígena? Como eu já havia

falado anteriormente o objetivo dela é, é a maior instancia deliberativa do movimento indígena cujo

objetivo é estabelecer as metas e os planejamentos dos trabalhos da FOIRN. Analisa a provas, as ações

resolvida pela diretoria da FOIRN discute e aprova as contas da FOIRN, escolhe os membros da

diretoria dentro das regionais, nas 5 regionais e do conselho diretor através de eleição, dentro aquelas

candidatos pré-selecionados pelas assembléias regionais, por que a gente, qual a nossa visão do

movimento indígena para essa construção de lançamento participativo junto com a FUNAI, primeiro

necessidade de conhecer e acompanhar a execução da FUNAI ser transparente, participar da

construção , do plano e execução, outro melhorar as condições de vidas dos povos indígenas da região,

por que romper com o assistencialismo, ou seja, aquela prática de eu ir lá pedir você me dar sem saber

de onde vem, quanto custa, mas o que importa eu como indígena vou para minha casa contente, mas

estamos querendo ir além disso é fazer com que essa gestão chegue para todos de uma maneira

sustentável enfim e romper com a idéia de moeda de troca quando aparece um cacique que fala muito

aí vai alguém não é gasolina e você vai para aldeia e deixa de me perturbar não é? Deixa de estar me

cobrando perguntando quanto que eu tenho para gastar com educação, quanto que eu tenho na saúde,

quanto tenho para investir na piscicultura, então nós queremos romper com isso, enfim participar do

processo de decisão e implementação das ações e programas, não só ficar assistindo a gente, fazer

junto.

Dentro disso a gente fez uma... agora há dois meses não é? Que a gente assinou esse termo de co-

relação de gestão entre FUNAI e FOIRN e com a parceira ISA também no meio, então justamente

para que efetivasse isso, ela oficializasse essa relação, como que começamos de fazer o processo de

elaboração do plano? Criamos uma oficina de planejamento participativo que aconteceu entre 17 e 20

de março de 2009 contou com o apoio do ISA que vem nos assessorando o pessoal de Brasília FUNAI

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de Brasília especificamente aqui a Fabiana que nunca mediu esforços para isso trabalhamos ela

aprendeu uma coisa com os paus do alto rio negro que a gente fala assim: ‘’Fabiana a gente temos tal

hora pra começar, hora pra terminar não tem , só depois que o dia raiar’’. É assim que trabalhamos não

é? Então quem participou desta, desse seminário, dessa oficina, então tivemos a organizações

indígenas de base as coordenadorias e também tivemos as instruções do município não é? IPHAN,

ITAN, CEPA, FEPEN, enfim,umas federais, outras municipais, secretarias de produção e após a oficina

ISA, FOIRN e FUNAI, São Gabriel com apoio da FUNAI sede, realizamos a complementação da

textualização da área e delimitação de orçamento necessário com ênfase na ação direta pela FUNAI.

Ou seja, a gente viu, a FUNAI disse: ‘’Olha a gente tem em São Gabriel 200 mil reais e dentro das

nossas necessidades a gente viu que a gente precisaria de mais e falamos com o presidente - presidente

qual é a possibilidade de aumentar o orçamento do ADR São Gabriel pra que possamos fazer mais

ações, não é? E ele prontamente nos atendeu e depois de muita briga, mas nos atendeu. Então, assim

nos fomos construindo e depois de determinar, já ter o nosso valor orçamentário, começamos a

priorizar algumas ações, que não foi muito difícil, porque já havia dito as nossas necessidades, temos

de cor e salteado.

Então, priorizando as ações, começamos a construir um plano que ela resultou nesse livro ainda nós

pretendemos aqui fazer alguns impressos para que elas sejam distribuídas também para outras

associações para as outras tribos indígenas que queiram que a gente pretende imprimir e fazer um

livro e distribuir. Construímos o nosso plano estratégico. E isso ela é uma coisa permanente, a gente

criou um grupo de gestão com a idéia do Petrônio, o GGI, mas a gente fazemos diferente, acho que

melhorar, a gente viu que a necessidade de cada dois meses o GGI se reunir para reavaliar as ações que

foram planejadas se foram executadas ou não se não foram por que e se ver o orçamento e tentar

reformular de novo dentro das prioridades, a efetivação desses projetos não é? Das suas ações, então,

nós temos a associação do plano estratégico da FUNAI e a situação dos povos indígenas das RA,

definição das operações e projetos de prioritário, gestão do plano. E o objetivo disso não é parar por aí

independentemente de quem que vai... se o Márcio vai continuar, se a FUNAI ... nosso objetivo é que

essas práticas sejam contínuas, que ela continue daqui para frente, chega a 10, 15, 20, 30 ... enfim, cada

dia melhorando essa participação dos povos indígenas e aí posteriormente também implantar essa

prática em outros segmentos da sociedade, não só com a FUNAI. Também com a FUNASA ou quem

for assumir a saúde indígena, também com as prefeituras, com as secretarias municipais, com as

instituições federais presentes no município, essa prática pretendemos levar também para dentro de

outras instituições.

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Como que trabalhamos na oficina? A gente analisou primeiro, com a presença de todos os membros

que estão aí (ininteligível)... então no primeiro momento a FUNAI fez a apresentação do plano

estratégico da FUNAI, socializando o que ela tem, quais são os seus objetivos, quais são as diretrizes

desse órgão daqui para frente e a gente conhecer como que realmente a FUNAI a sua estrutura

administrativa. Tivemos apresentação de outros projetos inclusos na região, outros órgãos

governamentais e não governamentais, secretaria de educação, secretaria de saúde, secretaria de

produção e abastecimento do (ininteligível). Então, enfim, para a gente poder conhecer os problemas

também, e não só cair tudo na responsabilidade da FUNAI. Educação, de quem é a responsabilidade?

Educação, no ensino fundamental, é estado ou do município? E do município? Então vamos cobrar,

dentro das prioridades, vamos cobrar da secretaria municipal de educação; se for do estado, vamos

cobrar da Seduc. Enfim, nós fizemos todo esse mapeamento. E nós fomos identificando, então fizemos

um levantamento institucional dos problemas que eu falei e aí a fomos colocando cada um no seu

devido lugar e tentando colocar as pessoas chamando eles para a responsabilidade de atuar. Próximo.

Então, a apresentação aqui é o Toninho, quando a gente... na oficina, a gente estava socializando,

fazendo a apresentação dos objetivos da FUNAI... próximo... então aí nós já fizemos uma relação por

região, cada região... isso é um exemplo, no caso de transporte, por exemplo, a KBC localizou a causa

do problema na minha região é transporte, para que eu quero transporte? Para eu trazer meus

produtos para que eu possa vender ele de um peso melhor, desviados de atravessadores, com isso

voltar para a minha comunidade com mais benefícios, com mais coisas para a minha família. Enfim...

e aí a gente foi localizando, cada coordenadoria foi fazendo apresentação e transformou esse problema

para as causas para a gente poder dar continuidade. Próximo. E aí você identificava o problema.

Esse é um mapa nosso do Alto Rio Negro, das áreas demarcadas, isso identificava o problema, o

problema do transporte no Desana fica no Aracucachuira e aí a gente ia no mapa e dizia: é aqui o

problema, como que vamos fazer para resolvermos isso? É uma cachoeira que não consegue navegar

barcos de grande porte, o que vamos fazer? Vamos buscar falar com o ministro do transporte? Fazer

uma estrada? Então a gente localizava o problema e ia no mapa onde estava esse problema...

próximo... aqui são os grupos reunidos fazendo o levantamento dos problemas para ser apresentado

para a plenária... próximo... aqui também a mesma identificação, conhecendo a área para baixo

médio, e baixo Rio Negro, também a gente identificado no mapa que também tem um problema

muito maior que isso... próximo... aqui é a apresentação essa metodologia para a gente foi interessante

trabalhamos em grupos e nós fomos identificando, então essa roda maior é como se fosse a gente o

movimento não é? Estava lá na comunidade que é apresentado pelo FUIRNE no momento e fomos

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identificados todas as outras instituições, de acordo com a suas relações com a comunidade você

colocava bem mais longe ou então você colocava ele bem próximo com uma gola maior, então teve,

por exemplo, para a gente lá do Alto Rio Negro apesar de ter uma relação como exemplo, a COIABE,

por exemplo, ficou bem distante ela está bem longe, porque a gente precisa melhorar a relação entre

COIAB e FOIRN, enfim que outras instituições sem (ininteligível) programa luz para todos. Até os

parentes que falavam “Programa luz para poucos”, que até agora ainda não chegou em São Gabriel da

Cachoeira na totalidade, nas comunidades. Foi assim que fomos fazendo, identificando qual era a

instituição que estava mais próxima, o que estava mais longe, porque estava longe e começamos a

explicar isso.

Aí também vários grupos apresentando da sua maneira, então pode ver que tem uma bolinha bem

distante, ele é grande, ele é importante para o desenvolvimento desse plano estratégico, porém, ele

está muito distante, próximo, (conversa paralela) ela está ligado, mas pode aproximar mais ou

melhorar essa interligação não é? Depois disso temos já o plano formulado que é o plano de ação a

gente identificou, por exemplo, o problema na sub-regional aí qual é o produto esperado? Quem vai

fazer isso? Quais são os parceiros? Como que vamos desenvolver esse problema? E também do lado a

gente colocou a matriz do território, aonde poderia acessar esse dinheiro para poder receber esse

problema, então temos um plano de ação e tentamos localizar onde vamos buscar isso, próximo, então

nosso objetivo desse plano estratégico é melhorar urgentemente a escolaridade dos estudantes

indígenas, reduzir a invasão escolar e a repetência, por quê? Precisamos melhorar a questão do ensino,

buscando não só com os alunos presentes mais qualidade de ensino, pessoas capacitadas da nossa

própria etnia, com mais capacidade para tal fim, para que possa melhorar o ensino. Então como não

tem o registro, os alunos saem, vão para cidade e não consegue se adaptar, volta, aí fica aquele

negócio, então reduz essa questão, aumenta essa questão de repetência. Outra é ampliar cobertura e

qualidade de serviço de saúde oferecido às comunidades indígenas, ampliar renda gerada nas

comunidades por meio de incentivo e projetos produtivos sustentáveis, então justamente aquela

questão você está precisando de alguma coisa, você vai lá e recebe um sacolão FUNAI, não é, o

programa fome Zero. A gente não quer mais isso, porque o sacolão, você vai para comunidade, passa 5

dias quando chega lá já acabou e aí? Queremos algo que nos dá garantia de aumento econômico nesse

sentido, não é? Melhorar o transporte fluvial e terrestre para o escoramento dos produtos e

deslocamentos das pessoas.

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Então esse é o objetivo, porque estamos buscando construir esse plano estratégico com a FUNAI,

próximo, ampliar a disponibilidade de alimentos caça, aves e peixes nas comunidades da região,

porque hoje a região está ficando escassa dessas situações, porque sobrevivemos disso, então nós temos

que ter outra alternativa para que isso possa deixar, as aves, as caças se reproduza no seu tempo certo.

Enfim, garantir a emissão de documentos para os indígenas residentes em todas as comunidades

indígenas, por que se coloca isso? Porque quando se fala no alto Rio Negro, quando se fala em São

Gabriel, sempre fala em algumas ações, agora mesmo estamos tendo uma ação lá do mutirão de

documentação, mas chegou em São Gabriel apenas, e as comunidades? Nós temos que buscar um

plano que chegue às comunidades, porque eles não têm condições de vir até São Gabriel devido ficar

muito longe, o custo é muito caro para vim. Então precisamos rever essa situação, esse é um dos

objetivos também, melhorar a disponibilidade de serviços públicos básicos nas comunidades

indígenas. E melhorar não é só fazer de conta que está fazendo e não faz... próximo ... finalizar o

processo de demarcação das terras indígenas ... fomos a Brasília como a comissão, já falamos com a

FUNAI, então estamos, já têm alguns encaminhamentos já nesse sentido não é? Fortalecer a gestão

territorial, ampliar a cobertura e qualidade de fiscalização territorial realizado pela FUNAI,

demarcamos a terra, precisamos fortalecer essa fiscalização, então é um dos objetivos... próximo...

então o processo de gestão do plano co-gestão e controle social é fortalecer além de agente já vim

fazendo ela meio que diretamente a gente quer oficializar isso, nós vamos estar pedindo a reunião do

GGI já foi como deliberado que as coordenadorias passam a fazer esse controle social dos

desenvolvimentos das ações da FUNAI nas regiões onde estão os postos juntamente com os chefes de

postos, mas que seja uma maneira oficial, seja decretado, garantido para que nenhum funcionário,

nenhuma outra pessoa “ não, mas onde que está escrito isso” queremos isso oficialmente, então no

GGI foi determinado isso provavelmente vai chegar o encaminhamento já para o presidente, próximo,

para terminar, então é isso quando a gente se reuniu agora avaliamos ainda o GGI é formado por pelas

lideranças das coordenadorias e também os diretores da FOIRN e também os funcionários da FUNAI,

e a gente avaliou um ponto principal, a gente até falou como já estamos marcando aqui já o

intercâmbio com o Caboquinho para que ele possa ir até a nossa região para a gente fazer esse

intercâmbio, então a gente a nossa grande necessidade é ver como que se faz isso, através do programa

orçamentário que ainda a gente não domina, nós não dominamos isso para poder acompanhar melhor,

então nós precisamos dessa experiência como eles tem e a gente vai fazer essa troca de experiência já

marcado para novembro na segunda quinzena desse mês, então estamos já começando a fazer esse

intercâmbio em contra partida vamos vê como nós organizamos o nosso movimento, como que se

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trabalha com a FUNAI tudo que eu estou colocando aqui vem vivenciar isso na prática, então como eu

tinha falado isso é um plano vivo, então eu passo prática a gente quer sempre está socializando é um

processo permanente, continuo e pactuação permanente, então como eu falei nós não queremos fazer

esse plano estratégico apenas durante esses 4 anos saiu o presidente, trocou o presidente e isso volta a

estaca zero, mas sim um prática no dia á dia, validação do controle social como eu falei, validação do

controle já é a decisão do GGI, validação do controle social, participação indígena nas coordenadorias,

nessa fiscalização oficial o desafio nós temos desafios, então a governança no contexto intercultural, a

continuidade da gestão e execução compartilhada, esse é um desafio, como eu falei é por que ela está

recentemente nós estamos criando, mas a gente já tem algumas, mas precisamos vencer esses desafios,

atenção de indígenas (conversa paralela) atuação de indígenas e não indígenas no contexto do

intercultural, ou seja, aquela questão que eu falei, então a gente quer levar para outras instituições e

também fazer com que os novos indígenas que estão a frente dessa instituição começa a entender esse

processo, nós queremos que eles entendam e a gente trabalhar junto, então são esses desafios que nós

temos e além disso o desafio principal é a região que é a região muito grande e precisamos atender

todas as comunidades, então aí está a nossa maloca que tinhas algumas, todos esses materiais tinham

um significado para a gente, então por isso que ela é todas as discussões de suma importância para o

movimento se discute dentro da maloca até o conselho distrital não é? Vanderlei se discute dentro da

maloca todos assuntos de grande importância dentro do movimento que é para as populações

indígenas. De dentro da nossa maloca certo? Próximo, então eu agradeço a vocês aí está escrito em 3

idiomas Tukano, Aium e língua geral, em português obrigado para vocês, obrigado pela atenção.

Márcio (Presidente)- Obrigado, companheiro da FOIRNE essas três línguas aí indígenas, Tukano,

Nheengatu e Baniwa. São três línguas oficiais do município de São Gabriel da Cachoeira e língua

portuguesa é o único município do Brasil. Eu acho que tem 4 línguas oficiais tem uma conquista

também importante lá do movimento indígena lá de São Gabriel da Cachoeira foi cumprido o tempo

também de 30 minutos e mais aquele descontinho para o Petrônio que também foi dado aqui, então

foi equilibrado não é? Então vou passar imediatamente a palavra para o pessoal do Amapá região do

Amapá, no caso do Amapá a Simone vai fazer uma apresentação, uma introdução vou chamar atenção

aqui no caso do Amapá são duas administrações regionais da FUNAI no primeiro caso e no segundo é

uma administração só que é João Pessoa e São Gabriel da Cachoeira, agora nós vamos no Amapá são

duas administrações, administração de Macapá e administração de Oiapoque, Simone.

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Simone - Boa noite a todos, bancada indígena aqui presente é um prazer muito grande e uma emoção

também poder ter essa oportunidade hoje do povo, dos povos indígenas de Oiapoque fazer essa

apresentação aqui no berço da CNPI. Aqui está lideranças que vieram fazer uma apresentação do

plano de vidas dos povos indígenas de Oiapoque aqui presente o Sérgio que é o diretor do museu de

Oiapoque do povo Garibe mariuorno o Domingo Santa Rosa que do povo Garibe mariuorno e também

da administração de Oiapoque e que também faz parte do comitê gestor que trabalhou em toda a

construção desse trabalho para chegar o plano de vida dos povos indígenas, está também aqui como

foi no inicio o presidente mencionou tem duas administrações regionais presentes, administração de

Oiapoque na pessoa da senhora Estela que é do povo Karipuna e tem também um administrador da

administração de Macapá que aqui é bom que a gente sempre mencione em todas as nossas conversas

é que tem uma grande aliança entre as duas administrações e elas caminham junto com o movimento

indígena do estado isso só tem a fortalecer o movimento indígena dos povos indígenas de Oiapoque e

também dos povos indígenas do Amapá e do norte do Pará como eu volto a dizer é uma emoção muito

grande, obrigada pela atenção de todos que estão aqui presente nessa apresentação que vai ser feita

aqui vou chamar o Sérgio para iniciar essa apresentação, obrigada.

Sérgio - Boa Noite a todos e a todas primeiramente queria saudar a bancada indígena na pessoa da

Simone Karipuna segundo lugar queria saudar a bancada não indígena na pessoa do presidente Márcio

Meira, eu sou Sérgio dos Santos diretor do museu do índio museu Coari em Oiapoque e também

membro do comitê gestor indígena e nesses momentos estamos aqui, viemos de lá de Oiapoque para

justamente fazer essa apresentação desse plano para cá para essa reunião da comissão CNPI que eu

quero pedir desculpas do tempo, da pauta de vocês, mas é isso mesmo da certa forma a gente é

indígena e isso fortalece muita gente, as organizações indígenas enfim. Então o primeiro lugar o plano

de gestão sócio-ambiental dos povos indígenas do Oiapoque eu queria fazer um breve histórico com

relação a esse nosso trabalho que a gente vem discutindo há muito tempo desde quando nossos, as

nossa lideranças antigas que já se foram e trouxeram uma caminhada, um trabalho até um certo ponto

30 anos exemplos e daqui para frente nós pegamos esse trabalho para dar continuidade para frente no

movimento indígena como um todo, então esse aqui é um mapa geral a Terra Indígena Oassá que fica

as três terras indígenas, terra indígena Juminam e a Oaçá e Galibi que estamos com 36 aldeias dentro

dessas terras indígenas, com 4 etnias, Caripuna, Galibi, Galinham e Garibirmaruorno que sou eu e a

Garipuna Palicu que são os três rios também que é Rio Curipim, Oaçaia e Urucauá Oiapoque que fica

em algumas comunidades também, então para isso o tamanho dessa terra é de no total, no geral e de

518 mil hectares e no geral a população dessas comunidades são de 7 mil que habitam na região no

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Oiapoque no norte do Amapá. Então esse nosso mapa que nós vínhamos trabalhando constantemente

com as comunidades indígenas, reunimos nas bases para pode montar um trabalho dessa natureza que

nós estamos apresentando para vocês agora.

E também nós temos exemplares desse trabalho que foi distribuído para vocês agora e esse trabalho é

importante, enquanto ele é importante enquanto nós como indígenas, como movimento indígena que

hoje estamos aqui fazendo um trabalho, divulgando um trabalho para as instituições públicas nos

estados, nos municípios até mesmo na esfera federal que isso é importante que as autoridades que

tenham conhecimento dessas nações propostas, então para isso eu tenho o meu amigo aqui o

Domingos Santa Rosa ela que vai estar fazendo essa apresentação aqui, eu apenas fiz uma abertura

aqui vou estar passando para ele, ok? Obrigado.

Domingos - Senhor Presidente, uma boa noite, à bancada indígena um abraço e aos parceiros um

outro abraço, vou apresentar nossos planos de vida que é o plano de é uma forma de descrever o que

se quer para o futuro, organizar esses objetivos e descrever como esperamos que eles sejam alcançadas

ele é feito de maneira coletiva e participativa, permitindo que idéias objetivos, prioridades, problemas,

soluções sejam compartilhadas e coordenadas contemplado anseios de toda a comunidade, o plano de

vida dos povos indígenas do Oiapoque é o planejamento participativo das demandas por políticas

públicas, as comunidades indígenas do Oiapoque. Ou seja, é um instrumento que indica a mudança

necessária para a melhoria da qualidade de vida, comunidades indígenas por conservação do meio

ambiente e sustentabilidade econômica. Ele foi feito com a realização de 5 oficinas nas principais

aldeias das três terras indígenas do Oiapoque, com apoio de parceiros e com um pouco mais de 260

lideranças e representantes indígenas. Depois das oficinas o trabalho e o documento foram avaliados,

validados na assembléia dos povos indígenas que aconteceu nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2009, a

publicação do Plano de Vida dos Povos Indígenas do Oiapoque, em julho de 2009, pela APE, FUNAI e

TNC, que são os principais parceiros dos povos indígenas do Oiapoque.

E essa é uma foto de como foi construído o Plano de Vida; esse é o nosso consultor, uma pessoa que

sempre contribuiu com as ações; e essa é uma foto da aldeia Cumené, da primeira oficina de

construção do plano de vida... eixo temático, diretrizes, estratégicas e o que compõe nosso plano de

vida, com 6 eixos temáticos - saúde, educação, produção e outras atividades, território e meio

ambiente, cultura e movimento indígena... Apresentações e pactuações o processo permanente, o

processo permanente quer dizer que as apresentações elas sempre vão acontecer de uma maneira

constante até que a gente sensibilize as autoridades, as parcerias para somar na implementação desse

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plano. Foi apresentado pela primeira vez na câmara dos vereadores do Oiapoque no dia 26 de junho,

foi a primeira etapa da implementação do plano de vida e a apresentação na Fortaleza de São José em

Macapá em 28 e 29 de agosto de 2009 para instituições governamentais, municipal estadual, estadual,

federal, organizações não governamentais e sociedade civil foi um grande evento que contamos com a

participação de várias instituições do estado, de Brasília também, de alguns outros estados que tiveram

presentes.

Para que serve o plano de vida? O plano de vida serve para sistematizar e agregar os interesses dos

objetivos e as metas dos povos indígenas para orientar o trabalho das instituições parceiras, de modo a

melhorar a capacidade de implementação política, das políticas públicas eficientes de curto, médio e

longo prazo, para resolver os nossos problemas de educação, saúde, cultura, meio ambiente de

maneira mais eficiente e objetiva para a nossa comunidade. Para que as instituições parceiras possam

trabalhar juntas, porque uma só pessoa ou instituição não é suficiente para resolver a maioria dos

desafios que enfrentamos. Essa é mais uma foto que demonstra a dinâmica que foi utilizada para que a

gente pudesse construir todas as propostas contidas do plano de vida. Essa é a comunidade Cumené do

povo indígena Paliku.

Como queremos que funcione? Esse é o nosso instrumento de negociação e de monitoramento das

políticas públicas que são realizadas dentro das terras indígenas... queremos que as instituições

parceiras governamentais e não governamentais adotem nosso plano de vida como instrumento de

orientação das ações atividades que são e que serão realizadas dentro das terras indígenas. Como

funciona? Espaço para implementação do plano de vida - primeiro nós tivemos um diagnóstico, que

foi as oficinas; as oficinas foram realizadas, como foi dito anteriormente, nas 5 regiões nas principais

aldeias das três terras indígenas e o segundo passo foi a análise dos resultados e validação; o terceiro

foi o seminário de apresentação e discussão a quarta realização do plano, implementação das

atividades e a quinta avaliação e monitoramento. Primeiro passo, apresentação do plano de vida para

as instituições, é o que a gente vem fazendo, o que está fazendo aqui na CNPI. A última etapa da

apresentação e o segundo passo é a elaboração dos projetos, terceiro passo é a implementação dos

projetos, que são projetos, são programas, são ações de governo e de instituições parceiras não é?

Monitoramento participativo, o quarto passo; o quinto passo é avaliação participativa, matrizes de

compatibilização de ações estratégicas.

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E na apresentação de Macapá a gente construiu essa matriz de compatibilização estratégica de ações

estratégicas que é o nosso planejamento, é o nosso plano de ação, que é composto pelos eixos

temáticos não é? E depois as diretrizes estratégicas, as ações estratégicas, as políticas, programas,

projetos e ações governamentais, o órgão executor, órgão responsável, acesso a recurso e na dinâmica

que foi utilizado para construir a nossa matriz de compatibilização. foram utilizados 6 grupos nas

oficinas que foi composto pelos 6 eixos temáticos que foi educação, foi saúde, cultura meio ambiente,

produção e outras atividades e movimento indígena, aliança do plano de vida dos povos indígenas

organizações do Oiapoque e após a construção do nosso planejamento foi eleito, foi escolhido, foi

criado essa aliança do plano de vida dos povos indígenas do Oiapoque e que com essas atribuições, que

é participar do processo de elaboração, execução, monitoramento, elaboração do plano de vida,

articular com organizações governamentais e não governamentais para a identificação de políticas,

ações do plano de vida, potenciais ações do plano de vida e sensibilizar os gestores dos órgãos

governamentais e não governamentais sobre a importância do plano de vida, propor uma agenda de

trabalho para implementação do plano de vida, garantir o repasse de informações sobre o processo,

gestão do plano.

Quem compõe o plano? Quem acompanha o plano é o comitê gestor indígena, juntamente com as

comunidades indígenas e lideranças indígenas, o comitê gestor foi uma instituição criada para

acompanhar mais especificamente os projetos governamentais que causam impacto sobre as terras

indígenas. E, junto com as comunidades indígenas, junto com as lideranças indígenas, ele vai não só

acompanhar os outros projetos como também acompanhar o plano de vida e com o apoio da

organização e instituição governamentais, FUNAI, governo do estado do Amapá, CETRAPE, DENIT,

prefeitura de Oiapoque, Ibama, ICMbio, Eletronorte e etc. e organizações não governamentais, nós

indígenas, TNC, CIMI, GTZ, IEPE, além de outras instituições que venham a se juntar a nós,

participando das oficinas reuniões com comunidades cobrando do comitê gestor as informações,

fiscalizando se os recursos estão sendo aplicados adequadamente, de acordo com um plano de vida,

monitorando e avaliando a elaboração e execução de todos os projetos, denunciando as ações contras

às decisões das comunidades.

Forças que ajudam passando os povos indígenas do Oiapoque, caciques, vereadores, conselheiros,

professores indígenas, homens, mulheres, jovens agentes indígenas de saúde, agente ambientais

indígenas, organizações indígenas, comitê gestor indígenas e as assembléias indígenas, a natureza

preservada e a riqueza dos seus recursos naturais, floresta, fauna, área de campos, área de campos

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alagados, áreas submersas, controle dos limites das terras indígenas do Oiapoque nas organizações

parceiras de apoio dos povos indígenas do Oiapoque, governamentais e não governamentais,

diagnóstico organizacional participativo da FUNAI. Esse é um outro ponto, assim, importante, porque

não adianta a gente se fortalecer de um lado e de outro lado a FUNAI é uma grande parceira nossa e se

os povos indígenas crescem a FUNAI tem que crescer junto, porque FUNAI é um instrumento muito

importante, uma instituição muito importante para os povos indígenas do Oiapoque, até porque 90%

dos funcionários são indígenas ou se não for 99% parece que tem um ou dois não índios na FUNAI.

Então por isso a gente fez o ... da FUNAI, para identificar as falhas e o potencial da instituição, forças

que atrapalham; tomada de decisões paralelas não baseadas em consenso da comunidade, do comitê

gestor indígena, a não liberação dos recursos em tempo hábil, projetos mal planejados e gerenciados,

atividades e recursos, projetos mal assessorados e sem acompanhamento, desvio de recurso público,

política não pública, que visa somente interesse público e pessoa, falta de comunicação entre os povos

indígenas e as instituições parceiras, descontinuidade dos projetos e mudança de governo, cooptação

políticas das lideranças, falta de sensibilidade dos parceiros empreendedores em relação à diversidade

dos grupos indígenas e ao significado do plano de vida.

Passos para a implementação do plano de vida dos povos indígenas do Oiapoque: 1) negociação do

plano de vida, 2)oficinas de projetos, 3) implementação dos projetos e o 4) é o monitoramento e

avaliação.

E os desafios: manter o espírito de convergência de instituições colaboradores e perspectiva, aspectos

de estratégias, manter e aperfeiçoar dialogo de inter-institucionalidade com foco na perspectiva do

plano de vida, avançar nas etapas de fortalecimento do poder local, avançar no fortalecimento das

ARS recursos humanos, capacitação, melhoria de infra-estrutura, melhoria e física equipagem e dos

parceiros, prefeituras ONGs associações indígenas, elaborar os planos de trabalhos dos termos de

cooperação técnica da FUNAI com parceiros e instituições com plano de vida, interação com o plano

de vida, manter e ampliar as organizações, parceiros, mosaico transfronterismo de áreas protegidas

Brasil Guiana Francesa e Suriname grande ferramentas, assembléias, conselhos associação dos povos

indígenas Oiapoque, associação (ininteligível) rede de parceiros, universidades, prefeitura municipal

do Oiapoque, governo do estado do Amapá, organizações não governamentais, algumas conquistas

regularização fundiária das três terras indígenas Oaçá, Gualibi, Juminam o companheiro Sérgio que

totalizam 500 mil, hectares totalizando as três terras indígenas, museu dos povos indígenas Oiapoque

museu Coarí, mapeamento ecológico participativo das terras indígenas e formação e capacitação de

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indígenas, formação de professores de 1ª a 4ª série 170 professores, ensino fundamental e ensino

médio das comunidades reconhecimento de escola indígena, formação superior licenciatura

especifica, recursos regulares de geografia, direito administração e outros. Concurso publico especifico

para professores indígenas nós temos atualmente 127 professores indígenas que participaram do

concurso especifico e foram contratados pelo governo do estado, estão exercendo suas funções nas

escolas no ensino fundamental e ensino médio através do SOMEI é um sistema de ensino modulado

do estado, regularização da conferencia regional da educação escolar indígena, realização, celebração

de termos de cooperação técnicas da FUNAI com prefeitura Oiapoque e governo de estado do Amapá,

ONGS (ininteligível) TNC foi assinado recente o termo de cooperação numa visita do nosso presidente

de alguns Oiapoque que visitou pela segunda vez as terras indígenas e na oportunidade só fica

assinado esse termo de cooperação, está previsto nos próximos mês e acredito a assinatura em nível de

estado, ações implementadas em andamento, nessa foto demonstra a construção do mapa, construída

pelos povos indígenas utilizando foto satélites e foi construído esse mapa aí que está servindo para a

nossas ações, os projetos e para dinâmica nas salas de educação, nas escolas a ecologia do jacaré

também é um outro projeto que já foi concluído a pesquisa, foi produzido três grandes relatórios e

agora a gente está aguardando uma outra etapa de implementação que é mais relacionada a questão da

exploração para a sustentabilidade e para a geração de renda nas comunidades. Jacaré Açu, a formação

de agentes ambientais também isso aí demonstra aí uma capacitação dos agentes, pode passar que

nosso tempo está esgotando, seminário de sustentabilidade econômica dos povos Oiapoque, aí é a

coleta de semente no outro programa que temos aí de produtos florestais não madeireiro, pode passar

aí é o manejo do açaizal é uma outra potencialidade que a gente está tentando aproveitar para a

sustentabilidade são as mulheres que estão fazendo os manejo dos açaizais um exemplo muito bom

que a gente, inclusive está dentro do plano de vida, está sendo utilizado como projeto piloto, projeto

ação emergencial da geração de renda das comunidades, isso aí é o limite da terra indígena demonstra

como a gente faz a viventação como anualmente é feita a limpeza de todos os limites da terra indígena

onde tem linha seca e a gente mobiliza 8 equipes envolvendo 300 indígenas nos 4 cantos da terra

indígena, aqui também é um outro trecho de fiscalização (ininteligível) fiscalizando a BR 156 que fica

no limite da terra indígena do lado direito está a terra indígena do outro lado está as fazendas aqui é o

nosso museu Coarí, estava acontecendo um evento nos fundos do museu com a dança do Turé com

vários convidados aqui são os indígenas que estão assistindo o evento, uma sala com vários adereços,

adornos e artesanatos indígenas isso aí são os chapéus que utilizando a dança do Turé, aqui é uma

outra experiência inclusive essa experiência aqui foi incentivada pelos Ashaninka s em 2003 que

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participaram de um grande evento do terceiro seminário dos povos indígenas do Oiapoque onde foi

convidado os Ashaninka e deram esse exemplo muito bom lá faz três anos que a gente está tentando

implementar esse projeto que é muito bom do manejo dos Quelônios da Tracajá, aqui é o nosso do

primeiro seminário, fórum sócio ambiental dos fóruns indígenas onde deu origem todas as lutas a

implementação de tudo isso que a gente construiu e esta tentando complementar daqui para frente,

aqui está um mapa da linha do projeto da região transfronteirista aqui está desenvolvido dentro dessa

área vários programas, nós estamos, nós participamos do conselho aí tem terras indígenas, tem três

terras indígenas aí, tem comunidades tradicionais, unidade de conservação, parque nacional da

montanha turrucumá tem o parque do Caborange onde é discutido já faz três anos que a gente está

inserindo nessa discussão das discussão transfronteristas, nessa mesma região está sendo discutido o

projeto mosaico também e também tem um outro projeto que interessa a gente que está discutindo

também que é o corredor da biodiversidade que vai desde as montanhas de Comucumaque até o

Cabrange que fica no inicio da Guiana Francesa, isso aqui é uma foto que da dança do Turé aqui são

crianças jovens indígenas Karipuna e Gualibi-mariuorno que estão numa confraternização

participando da dança do Toré essa foto também simboliza a nossa visão de futuro se tudo isso que a

gente tentar implementar significa que a cultura, a vida e a alegria dos povos indígenas vão ser

constantes, nossos agradecimentos vou deixando, então eu queria deixar para a nossa administradora

lá, nossos agradecimentos a CNPI parentes e parceiros na longa estrada do movimento indígena

continuamos nossa caminhada kaiabiana com muito disposição e alegria só para explicar essa palavra

kaiabiana significa um mito dos povos indígenas do Oiapoque que diz que uma cobra ela se

transformou e subiu para o céu e se transformou em uma constelação que daí gerou a vida, energia e a

descriminação dos povos indígenas, obrigado pela atenção.

Márcio (Presidente) - Eu queria que a nossa administradora de Oiapoque Stela e nosso administrador

de Macapá Frederico pudesse levantar aí se apresentar para CNPI, por que são responsáveis aí pela

direção da FUNAI na região e que abriram mão de apresentar para que os próprios companheiros

apresentassem aí o plano, e como foi o que aconteceu aqui com a FOIRNE, então feita essa

apresentação foi a terceira no tempo também de 30 minutos então eu queria agora abrir com o debate

não é? Eu queria propor também que a gente colocasse estamos agora aqui são 07:37 então que a gente

fosse até as 8:00 para a gente poder sair daqui encaminhada lá para a exposição da biblioteca da

floresta, então está aberto o Lindomar primeiro inscrito, depois a professora Francisca, depois a

Pierlângela, depois Sandro.

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Lindomar - Boa noite a todos e a todas sou Lindomar (áudio muito baixo) interrogação tanto para a

CNPI (ininteligível) nessa apresentação e em especial para o senhor, sabemos que o controle social é

importante em todas as instâncias e o maior desafio pelo menos na região nordeste as administrações,

coordenadores (áudio baixo) dialogando e chegando ao entendimento dos senhores por que na região

nordeste (ininteligível) representante de conselhos de saúde está de parabéns o administrador da

Bahia (áudio baixo) que implantou esse trabalho, mas a maioria das regiões, ser representantes do

conselho distrital tem Caciques da FUNASA ser articulador da FOIRNE, ser articulador junto da

(ininteligível) e de outras organização que chama cacique (ininteligível) os nossos administrador na

maioria das outras vezes as pessoas que querem fazer um trabalho desse nessa visão (ininteligível) vai

trabalhar (ininteligível) que é muito importante e (ininteligível) da FUNAI (ininteligível) trabalhar

essa visão diferente com esses administradores dessa conferência.

Francisca - Francisca Mato Grosso bom presidente são experiências bastante especificas de cada região

de cada administração regional não é? Eu fico assim lembrando bastante do processo histórico da

política indigenista no nosso país para a gente chegar nessas experiências passamos por vários

momentos e situações e hoje existe um grande anseio por parte da comunidade de lideranças, de uma

mudança na política indigenista em relação aos povos indígenas não só da parte da FUNAI, mas de

uma maneira geral das instituições um pouco eu acho que o Lindomar já colocou isso, dos vícios, da

situação você teve oportunidade de ver a situação nossa em Mato Grosso não é? E lá em Cuiabá, por

exemplo, administração alguns povos de lá da região está aguardando aquela proposta que foi feita

para eles de se criar um conselho gestor e até hoje a gente está aguardando isso e levando em

consideração de que o meu estado é um estado bastante especifico mesmo bem peculiar na relação

com o estado e com a própria FUNAI ali é o berço do indigenismo e daquele indigenismo positivista,

assistencialista cheio de vícios e de que a mudança tem que vir não só da parte nossa indígena e os

índios tem essa clareza a gente percebe isso na conversa com eles, mas principalmente os próprios

gestores, eu acho assim que se a FUNAI está presente e essas experiências que foram colocadas aqui

que foram apresentadas aqui para nós experiências maravilhosas e exitosas, por que são dos dois lados

tanto da parte da FUNAI quanto do lado dos indígenas penso que pode ser uma marca registrada na

sua gestão como indigenista e isso muda muita coisa, muda a partir da existência da CNPI o Lindomar

colocou muito bem isso de como a CNPI pode atuar, mas principalmente na gestão da FUNAI e que

precisa mudar e muito e isso que eu coloco também no mesmo encaminhamento que o Lindomar fez

no sentido desse desafio que nós temos aqui na CNPI, mas o desafio maior da sua parte como

pertencente ao órgão indigenista de mudar essa nova relação não só do estado, mas da própria

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instituição FUNAI com os povos indígenas nessa relação institucional que eu acho que isso que vai

ser a sua marca e eu penso que nós aqui da CNPI da bancada indígena temos total interesse lógico,

evidente da gente também marcar a nossa posição e o nosso apoio a esse tipo de iniciativa e essas

experiências, eu gostaria de reiterar para você e aqui para nós a necessidade de uma discussão ampla

com os povos indígenas que já manifestaram interesse nesse coisa, por exemplo, o meu estado de Mato

Grosso você sabe a situação lá pode ver lá conversar com alguns administradores e muitos deles tem

uma posição bem diferente do tradicional que vem aí desde o tempo de Rondônia, então a gente, eu

primeiro quero parabenizar a Stela os demais companheiros que apresentaram aqui, a Stela eu já

conheço a caminhada dela como uma mulher guerreira e que sempre teve aquela perspectiva mesmo

de se preocupar o seu povo e eu gostaria também de ressaltar aqui a importância dos setores que estão

envolvidos em todos os processos, setores da FUNAI que são pessoas que aqui já colocou que eu acho

que isso foi muito interessante são pessoas é que fazem a mudança e são pessoas que realizam as ações,

então eu volto assim essa mudança que você está fazendo dentro da própria FUNAI vai ajudar muito a

gente a mudar esse política indigenista, assistencialista, viciada e que nós não queremos mais isso eu

acho que é uma posição clara, ficou bem claro aqui não é? E eu penso que as organizações indígenas

têm muito a contribuir e as demais instituições do governo também nesse processo que a gente vai

encaminhar, eu particularmente eu gostaria de deixar uma marca na CNPI provavelmente não vou

continuar, mas no conselho provavelmente, mas eu gostaria de deixar uma marca registrada até por

que a gente tem acompanhado os anseios e interesses dos povos indígenas da maioria deles em fazer

uma mudança que possa fazer com que os povos indígenas sejam os verdadeiros protagonistas das

ações era isso.

Sandro - (áudio baixo) do nordeste lá da Bahia, bem (ininteligível) (áudio muito baixo) fico feliz com

essa experiência de uma maneira mais transparente (ininteligível) da Paraíba, conversei o senhor

Petrônio, com o Caboquinho e a gente vem (ininteligível) trás anos a questão da administração

infelizmente não conseguimos esse (ininteligível) depende de pessoas, das pessoas que querem cuidar

(áudio muito baixo) e aí vendo o trabalho apresentado por outras administrações fico mais tranqüilo

que tudo está baseando naquilo que estamos tentando construir, a gente quer construir realmente essa

participativa e aí uma região que lá (ininteligível) aproximadamente 10 povos da Bahia, (áudio muito

baixo) esse povo todos eles (ininteligível) trabalhar para as comunidades indígenas (ininteligível)

tanto é que emitiu uma carta da FUNAI datada junho de 2008 no encontro estadual de escolarização

indígena (ininteligível) pede ao presidente que nomeie um novo administrador (ininteligível)

realmente colocou uma pessoa que venha com tempo, por que temos movimentos indígenas daquela

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região (ininteligível) muitas vezes questionam (ininteligível) essas ações contrarias com o objetivo

(ininteligível) (áudio baixo) já foi feito uma solicitação para um encontro que a gente possa realmente

sentar e( ininteligível) como experiência da Paraíba (áudio baixo) acredito que nós lá quem sabe

tomar um novo pode administrativo, por que lá o conselho gestor, gestão participativa (ininteligível)

construir toda uma estrutura de atividades para ser implementada ano a ano e na mesma linha da

Paraíba, (ininteligível) queremos chamar outros parceiros queremos tentar outros parceiros dentro do

conselho (ininteligível) então, eu acho que talvez a FUNAI já possa ousar mais um pouco em relação o

material que já dispõe (ininteligível) tem administrador que não tem nenhuma, não está nem aí

(ininteligível) desacreditado pensando em outras formas novas de pegar e revolucionar, quando chega

outras formas outros pensamentos e aquelas pessoas que sempre atuaram por uma boa causa veste a

camisa e consegue continuar, diferente daqueles que não querem (ininteligível) ou talvez estão no

lugar errado por motivos (ininteligível) eu queria na minha falar pedir para o Caboquinho

(ininteligível) obrigado pela presença.

Márcio (Presidente)- Obrigado Sandro o próximo é o Toya.

Toya – A CNPI é uma comissão muito de respeito boa noite, gostaria de parabenizar apresentação do

Petrônio e parabenizar também o povo do Caboquinho não é? Pelo trabalho que vem fazendo lá e os

irmãos aí da FOIRN que também tem um trabalho bastante interessante no alto Rio Negro, uma

organização de bastante peso que demonstra o conhecimento que os povos indígenas têm não é? Sobre

o seu projeto de vida isso é bastante interessante como também o pessoal da APIOINME que também

da mesma forma do Rio Negro demonstra onde quer chegar, senhor presidente nesse novo milênio

uma coisa bastante interessante é a abertura que o estado faz, os povos indígenas conquistaram com

relação a participação, com relação aos direitos e aqui nessas apresentações dá para ver claramente que

o discurso saiu e foi prática que é trabalhar com os povos indígenas e não para os povos indígenas e

gostaria também de apoiar a iniciativa do Sandro aqui, mas que o presidente baixasse uma portaria

dizendo que todas as administrações pudessem estar a partir de 6 meses está tudo implantado a

questão dos comitês de gestão participativa, por que a partir daí nós podemos conhecer realmente o

que está atrapalhando nossa vida dizer (ininteligível) se você não conhece seu inimigo como você

pode derrotar ele? Então o planejamento é essencial e como diz o Jorge Viana também: não adianta

uns remarem para frente e outros para trás por que a gente não vai sair de lugar nenhum, então eu

acho que nossa marca como o senhor presidente da FUNAI seria baixar essa portaria e dizer não tem

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que em 6 meses todas as administrações está implementado esse trabalho que é de suma importância

para o movimento indígena.

Márcio (Presidente)- Fabiana vai falar no final aqui sobre, Caboquinho.

Caboquinho - Potiguara Paraíba, eu só queria agradecer por mais duas iniciativas as que as

administrações estão tomando não é? Por que na realidade há anos a gente vem conversando, mas eu

nunca tinha visto outra experiência eu preciso conhecer também essas outras experiências, vocês que

estão fazendo esse trabalho bonito, eu acho que é bom a gente fazer um intercambio, nós temos que

fazer um intercâmbio para que as pessoas que já vem vivenciando como nós Potiguara conhecer a

realidade de outro povo como aquele outro povo ir também na Paraíba para ver também como

estamos trabalhando, por que o bom é a gente ver na prática mesmo como que está funcionando, eu

acho que temos que fazer isso, eu só queria somente frisar somente essa interrogação.

Arão - Boa noite senhor presidente membros da CNPI, na verdade minhas palavras de agradecimento

pela demonstração desse valioso processo de libertação em que se encontra os parentes pela

demonstração que foi feita aqui é um passo positivo a gente entende que é um processo inicial, apesar

de ser um processo inicial, mas já é a prática e essa prática deve ser estendia a experiência foi

interessante ter falado aqui que é necessário fazer esse intercambio sim com outros estados a exemplo

eu cito o Maranhão que talvez seja uns dos piores estados hoje politicamente falando, internamente

em todas as situações, então aqui também parabenizo o Toya o pedido que ele estendeu o senhor para

que seja de fato decretado aí um período para que se implante essa gestão participativa nas

administrações regionais que de fato ainda hoje existe nas administrações que tem recurso existe ainda

aquele processo de toma lá da cá, eu te dou isso e você me apóia existe isso e a gente sabe também que

não vai ser fácil a gente sair desse roteiro de circulo vicioso que não é de agora não estou falando da

sua administração esse é um processo do CNPI que passou por outros presidentes por outras

administrações e é preciso mostrar esse novo horizonte desse novo olhar de se trabalhar por que daí

sim acredito que a gente enquanto indígena possa participar do processo, Sandro eu acho que estou

atrapalhando a conversa de você dois aí, esse processo e a gente não quer incorre, continuar pecando

ao longo desse processo em que sempre fomos guiados através de terceiros, agradecer aqui as equipes

que fizeram as apresentações por estado e dizer também aos parentes que estão aqui, não sei se estar

por nome, por região, mas digo a todos que estão presente aqui que suas regiões estão bem

representados aqui na CNPI temos aqui o Caboquinho, temos lá a Simone, temos a professora

Pierlangela a Chiquinha lá que ela é a nossa madrinha, nossa orientadora nos momentos de fraqueza

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ela chega com o poder firme dela e diz; é assim que tem que ser é uma guerreira e aqui em publico

reconheço esse processo e assim também como todos os participantes não indígenas está aqui o

(ininteligível) que está me olhando fazer uma referencia a ele não é puxando o saco, imensamente de

coração agradecer para mim já saiu daqui com uma outra visão, eu não entendia de que forma

funcionava isso, mas serie um dos multiplicadores também dessa idéia lá no meu estado e se

necessário em outras regiões também estarei a disposição para participar desse processo por que eu

acredito que só assim a gente vai conseguir ter êxito sim nesse processo e agradecer ao Caboquinho

fiquei surpreso por ele ser representante caíque maior daquela região fazer parte desse código de

comportamento lá dentro só me chamou atenção o item E, mas esse é um caso que pode ser alterado

sem problemas, obrigado.

Pierlângela - Depois da fala do Arão altos elogios, mas só colocando aqui parabenizar pelas iniciativas

se os governos até hoje podem falar que não se tem um plano está aí a experiência de um plano, agora

é acompanhar mesmo e chegar com um livro e solicitar aqui a gente sabe o que nós queremos e vocês

qual vai ser a parte de vocês? Acho que para nós indígenas trás uma grande lição para todos nós

principalmente para aquelas áreas e aí eu quero fazer essa referencia a experiência são diária já

demarcadas, praticamente já garantidas no Amapá é uma situação que surpreendeu, tivemos lá eu e

Chiquinha e Weibe recentemente estivemos lá na conferencia de educação escolar indígena e nós

surpreendeu quanto ao nível de organização, o nível dessa articulação, então para nós é um exemplo

inclusive para nós enquanto a implementação dos territórios da cidadania para mim isso até avança a

questão dos territórios da cidadania o exemplo que eles estão dando e a gente levar isso, Roraima a

gente está iniciando esse processo e com certeza vamos convidá-los para ir lá, vocês todas as três

experiências por que lá em Roraima depois da demarcação da raposa serra do sol é isso que as

comunidades querem falar, querem fazer e precisa desses exemplos, precisa esse intercâmbio entre a

gente para a gente poder fazer, mostrar para os nosso parentes que é possível, por que muitas vezes as

pessoas também não acreditam que é possível, mas é possível e principalmente eu acho que dá uma

lição para o movimento indígena, por que? Por que muitas das vezes a gente fica só fala, fala na

oralidade e a gente sabe que as instituições se a gente não tiver inscrito muita das vezes a gente não

consegue visualizar, por que nós falamos eles são muito de ver o que está escrito, então é um exemplo,

mostrar isso e para nós vamos levar isso lá para o estado depois fazer um convite a vocês para

intercambiar essa experiência como os Macuxis e Wapichanas, com Yanomâmi e com os Ingaricó e

com todo povo de Roraima, então para ficar aí registrado por que posteriormente nós vamos organizar

isso, então parabéns para o movimento indígena é um exemplo para as instituições.

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Quenes Gonzaga – Secretaria-Geral, bem fiquei emocionada com a propriedade, com o protagonismo

acho que vocês aqui principalmente dos povos indígenas eu vou estar aqui na pessoa do senhor Luiz

Barão dos Santos não é? Quando ele pegou aqui o microfone e apresentou com tanta propriedade o

que foi construído conjuntamente então antes demais nada vou começar por essa apresentação, mas

evidente que as três foram muito boas e acho que nos mostra para nós que estamos no momento no

governo como que o governo terá êxito e a população também se nós desenvolvermos políticas

publicas com a participação cidadã, isso vale para toda e qualquer política não só para a política

indígena, acho que falo isso por que fiquei bastante entusiasmada por que o que nós mais ouvimos do

nosso ministro por que é o ministro Luiz Dulce é que a secretária geral no conjunto dos órgãos do

governo recebeu a atribuição do presidente Lula de procurar trabalhar olhando sempre as formas de

participação social enfim incentivando junto aos nossos órgãos para que todos ele ao elaborar ou

executar suas políticas públicas levem em consideração o que pensam os beneficiários desse política e

eu acho que aqui a gente consegue visualizar isso, isso é muito bom quando a gente sabe que está

acontecendo nessa pequena revolução, mas grandiosa diante de tudo que nós sempre ouvimos falar da

FUNAI e que esse processo inclusive ele vem já acontecendo até anterior ao governo e ai a gente viu

aqui o companheiro Petrônio falando que tem dez anos, parabéns pelo trabalho que vocês fizeram lá

com os Potiguara tendo esse parabéns também ao Caboquinho e todo o povo Potiguara por ser

pioneiro de uma experiência de gestão pública compartilhada aonde os representantes do poder

público e os beneficiários dessa política são de fato sujeitos do processo e sem essa diferenciação, então

acho que também a experiência do Oiapoque eu nem sabia que era assim que escrevia, enfim é uma

coisa que a gente quer trabalhar, mas é um pouco distante da gente então ver o nome de tantas etnias

que a gente nunca ouviu falar as instituições que estão envolvidas no trabalho é muito enriquecedor

para a gente que está nesse momento fazendo parte desse governo do Lula você precisam acreditar

nisso e antes de mais nada é parabenizar o Márcio. Acho que o governo atualiza para FUNAI em

março e eu ouvi isso inclusive do nosso ministro que eu não conhecia ainda todos tinhas essa

expectativa de que a sua ida para FUNAI fosse para alargar esse processo de participação dos indígenas

junto as políticas públicas do governo como um todo, então eu acho que na pessoa do Márcio estender

esse parabéns a toda a equipe da FUNAI e que a gente tenha a expectativa de que com a sua condução

a gente consiga que já estamos conseguindo tirar a FUNAI desse lugar comum e um lugar ruim que o

governo estrutura para dialogar com os povos indígenas, então eu acho que é valorizar dizer que essas

três experiências apresentadas aqui são experiências extremamente exitosas na construção da política

pública onde os sujeitos beneficiários desse política podem participar de todas as etapas dela, a gente

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está enfatizando muito a historia do controle, mas evidente que antes do controle já se dialogou qual

seria o presente dessa política, então eu entendo que esses três exemplos aqui desde fazer a oficina,

desenhar cada ponto, depois fazer o acompanhamento e como o senhor Luiz falou várias vezes nós

queremos fazer junto, nós queremos romper com o assistencialismo, então eu acho que isso é muito

importante tenho certeza que não só eu, mas talvez outros do governo, mas principalmente os mais

novos como eu (ininteligível) por que ele está me dando aula sobre os indígenas, mas a gente está

aprendendo muito é muito bom espero que a gente possa continuar ampliando essas experiências,

obrigada.

Irânia - Boa noite, Irânia - FUNAI. Eu queria dar primeiramente mais um informe que nós temos mais

um processo de formação de gestão participativa na FUNAI, a coordenação geral do projeto especial

coordenada pela Fabiana a coordenação geral de direitos indígenas coordenado pelo Paulo Oliveira

Pankararu e a nossa coordenação também já esteve fazendo esse trabalho com os Scariana e com os

Saterês Maué que é exatamente vinculada a nossa administração de Parintins, nós já trabalhamos na

formação, o conselho gestor já está formado e nesse semestre vai iniciar o segundo momento que é

exatamente da elaboração do estatuto, do plano de trabalho, então só para informa vocês que a gente

já tem mais um processo em Parintins acontecendo que é muito importante. E reafirmar mais uma vez

o seguinte, lembra quando o Petrônio no final falou assim da dificuldade por que as vezes os

indígenas, os próprios administradores, mas como a gente vai fazer isso? Tem recurso na FUNAI para

isso? Tem um plano de trabalho? Tem u orçamento para isso? É reafirmar que mais uma vez que a

FUNAI através do plano de trabalho de proteção social dos povos indígenas criou uma ação que é

exatamente para trabalhar com a mobilização das organizações indígenas, dos indígenas com relação

ao controle social a gente vem apoiando todas as grandes associações dos projetos na medida do

possível ajudamos na realização de vários fóruns como a APOINME a COIAB a APIRSUL a FORIN

um projeto aqueles de jovens várias questões a gente vem apoiando através dessa sub-ação que foi

criada esse ano, então só para dizer que a gente já iniciou um processo assim também como essa sub-

ação apóia a gestão participativa, então a gente vem apoiando e por ultimo eu queria reforçar o que

Sandro falou e lembrar da Pierlângela e o seguinte; de dizer que eu fico contente por que assim ela

lembrou ontem que o espaço da CNPI deveria ser acima de tudo o espaço da formulação de política e

hoje eu vi aqui um indicativo e na fala do Sandro isso ficou muito evidente que era um indicativo de

formar não só ter uma norma, mas de criar uma política de gestão participativa dentro da FUNAI, ou

seja, para a política indigenista onde a gente trabalha as diretrizes todas as ações que tem então uma

política eu acho que só uma norma não basta tem que ter uma política definida, então eu acho que

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quando a CNPI aponta para isso estamos no caminho estou feliz com a CNPI, por que aqui no é só o

espaço de avaliação de política, mas de formular de propor, então eu acho que observado a realidade

as experiências aqui saiu proposições e essa da gestão participativa para mim é fundamental para a

fundação nacional do índio, obrigada.

Márcio (Presidente)- A Fabiana estava inscrita.

Fabiana - Quero dizer também minha contribuição aqui por que também na FUNAI eu tive um pouco

desse papel de pensar junto esse processo da gestão participativa e fico muito feliz que tenha saído da

bancada indígena na ultima reunião da CNPI o pedido disso e estar acontecendo aqui acho

extremamente estratégico por que eu acho que isso pode garantir sustentabilidade aos processos

futuros dessa práticas que a gente viu aqui nessas três regiões, eu acho esse exercício que fizemos hoje

de observar eu acho que não há receita metodológica, técnica de bolo pronto para a gente fazer isso

acho que cada lugar a gente vai ter um processo diferente de tecnicamente construir esse planos agora

o que é importante é nós temos como principio de atuação do próprio órgão da FUNAI é de respeitar

quando vai pensar nesse processo que é um processo que quer fortalecer o processo de protagonismo

na definição do seu plano de vida, na definição de suas prioridades de metas é respeitar esse processo

de organização social com o pão social com o primeiro passo para pensar no processo metodológico de

construção desse plano, por exemplo, no Rio Negro existia um processo de organização social forte a

partir das coordenadorias como (ininteligível) colocou aqui que são coordenadorias que tem uma

razão política, cultural enfim nós temos que ter essa capacidade de entender isso e não fazer sozinho e

fazer isso com os índios, então eu só queria manifestar isso também minha alegria de poder ter

participado, ter aprendido nesse processo com os movimentos especialmente os movimentos do Rio

Negro tive uma experiência também de poder participar um pouco, conhecer um pouco dessa

experiência no Amapá, então eu acho que é isso, acho que parabenizo a própria CNPI de ter colocado

isso como pauta, (ininteligível) uma demanda e aí eu queria dizer uma coisa que não depende de

pessoas apenas é claro que as pessoas fazem, mas não depende das pessoas se você consegue instituir

isso como processo, se o processo da gestão participativas nas AR a gente consegue institucionalizar

isso de fato e quando eu digo institucionalizar não é uma portaria, não é uma norma de

comportamento, mas de fato se o processo envolveu o movimento que para além de ter portarias ou

não você garante a sustentabilidade desse processo, isso eu ouvi lá no Rio Negro vamos fazer uma

portaria, mas independente disso não importa o gestor que entre nós já nos apropriamos desse

processo quem quer que seja, quem venha fazer vai ter que fazer dessa forma essa é a melhor forma,

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então eu acho que não está centrado não depende só das pessoas então eu acho que a gente tem que

aproveitar esse momento político importante da gestão da FUNAI que pensa esse processo nesse

momento.

Capitão Potiguara - Eu quero só parabenizar (áudio baixo) dizer que a Paraíba hoje (ininteligível) de

orçamento participativo,mas isso não dizia o nosso trabalho da cidade (áudio baixo) só querer e ter

coragem de fazer.

Titiah - Boa noite Luiz Titiah representando a região nordeste e leste é o seguinte pela experiência

que nós vimos aí eu acharia que a minha opinião era juntar esse trabalho tempo que o Caboquinho

estava em outra região somar essa experiência juntasse essas três experiências e somasse nas regiões

que não tem onde a FUNAI criasse umas assembléias ou seminários que passa para outra região essa

grande experiência, por que lá para nós Pataxó Hã Hã Hãe, já criamos a comissão gestora só nas

conversas entre capitão, Caboquinho até o administrador na época que eu fui, criamos lá a comissão

gestora dos Pataxó Hã Hã Hãe e está trabalhando junto com o administrador lá, mas assim para isso

ser criado é isso que o pessoal fala não é? Alguns parentes falou aqui tem algumas políticas de alguns

funcionários que não quer ver isso implantado nas regiões, mas assim com tudo isso colocado eu

queria deixar aqui registrado que eu não sei se já chegou no conhecimento do senhor uma carta que

veio do cacique de coroa vermelha o conhecimento da bancada indígena que a gente precisa tratar

aqui na reunião da CNPI eles pediram com urgência acho que a situação dos Pataxó de Coroa

Vermelha não está muito bem dependendo da agenda de amanhã tratar o assunto de coroa vermelha

parece que o cacique com suas organizações está aguardando alguma resposta era isso que eu queria

contribuir.

Márcio (Presidente)- Obrigado Titiah amanhã a gente pode ver então esse tema de Coroa Vermelha, o

Titiah era o ultimo inscrito nós estamos no horário de 8:15 vamos encerrar nossa atividade de hoje,

vamos seguir para exposição, mas eu queria chamar atenção de uma coisa, Petrônio.

Petrônio - Queria lembrar que nós também iniciamos também essa idéia lá em Campo Grande nós

escancaramos as contas da administração e eu acredito que isso tenha tido repercussão não é? Só como

ele não lembrou eu estou deixando aqui para não esquecer.

Márcio (Presidente)- Eu queria fechar... a Teresinha vai dar os informes depois, mas antes disso.

André - Eu acho que o pessoal fez algumas propostas.

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Márcio (Presidente)- Antes do encaminhamento só vou fazer alguns comentários eu queria dizer para

você o seguinte; quando a CNPI na reunião passada sugeriu que a gente trouxesse algumas

experiências de gestão participativa que a gente estava implantado a gente optou por trazer três

experiências, mas na verdade estamos iniciando esse modelo de gestão participativa em outras

administrações da FUNAI que não estão aqui eu queria também chamar a atenção disso, quer dizer,

tem alguns lugares como foi citado aqui a nossa administração de Parintins que começou a

desenvolver um trabalho de gestão participativa foi constituído já o comitê já iniciou esse trabalho lá

nós já começamos a fazer isso também que é a administração de Ilhéus que já constituiu o comitê já

começou a fazer uma discussão em relação ao orçamento lá em Campo Grande a gente começou meio

que travou aí volta, ainda não pegou o ritmo, mas acho que vai acabar numa nova fase entrando ritmo,

lá no Sul também na administração de Chapecó nós iniciamos um trabalho também de gestão

participativa na administração de passo fundo também, então tem várias iniciativas de gestão

participativa e recursos não dava para trazer todo mundo não dava para trazer todos que estão

começando, todas elas estão em fase inicial do processo inicial, mas com esse principio queria chamar

atenção também no seguinte nós quando chegamos na FUNAI eu falei desde o inicio que eu tinha

vindo para a FUNAI pra mudar, eu não vim para FUNAI pra ficar na mesma coisa que ela sempre foi

vim para fazer mudança, então por isso eu quero aqui dizer que eu estou muito satisfeito de ouvir aqui

da CNPI por que na verdade a manifestação da plenária era no sentido eu estou entendendo dessa

forma, pode continuar fazendo as mudanças por que estamos apoiando, por que estou dizendo isso?

Por que fazer mudanças na FUNAI como qualquer instituições públicas que vai completar 100 anos

ano que vem a CNPI mais FUNAI são 100 anos são mudanças difíceis de serem feitas por que se trata

de uma mudança de mentalidade, uma mudança de concepção e cultura institucional e isso não se

muda assim com decreto, com portaria, estou dialogando aqui até com a proposta que vocês fizeram

então eu posso fazer uma portaria e não adiantar nada, por que se não muda a cultura institucional,

por exemplo, no caso do Rio Negro eu vou fazer uma portaria, mas já é uma portaria que é

conseqüência da mudança provocada lá naquela portaria que a gente fez referencia a ela aí sim, por

que a portaria já conseqüência de uma mudança de uma concepção que foi colocada lá aí ela vai

funcionar, quer dizer, ela vai reforçar uma mudança que gera recurso, não adianta eu fazer uma

portaria ou decreto, por que isso não tem eficácia como a Fabiana falou cada situação é uma situação,

cada região é um caso diferente a gestão participativa ela é complexa em si e no caso da FUNAI é mais

ainda por que, por exemplo, no caso do Mato Grosso é um estado aonde a presença marcante do SPI é

a mais forte do Brasil e essa tradição de relação a assistencialista e paternalista não e? no Mato Grosso

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implica que muitas vezes essa relação de gestão participativa leva muito tempo para mudar eu acho

que o exemplo mais evidente disso é a situação, por exemplo, da administrações na área xavante é

difícil você começar a implantar um modelo de gestão participativa, por exemplo, nas administrações

xavantes não por causa dos xavantes pelo contrario xavantes tem toda a capacidade de fazer um

esforço desses, mas é que foi durante tanto tempo que eles foram viciados nesse sistema clientelista

que é muito difícil leva tempo para você mudar e os nossos funcionários servidores da FUNAI tem um

papel muito importante nessa transformação vocês estão vendo aqui que quem veio aqui apresentar

esses três exemplos com exceção do caso do Rio Negro o administrador não é servidor, os três casos

tanto o administrador de São Gabriel que é Bené quanto ao administrador de João Pessoa que é o

Petrônio quanto o administrador de Macapá que é o Frederico, são todos servidores da FUANI e é

indígena no caso da Stela e do Bené também, então isso é demonstração também o seguinte não é oi

problema dos servidores da FUNAI também tem servidor da FUNAI que mudou o seu processo

também o seu relacionamento do processo indígenas ao longo relacionamento que se apropriou

desses conceitos entendeu agora tem outros servidores que realmente não conseguem fazer essa

passagem, então eu acho que esse é u processo de construção nós começamos esse processo agora

muita coisa começou antes também como é o caso do exemplo do Petrônio ai que tem 10 anos, tem

outras possibilidades, tem outras potencialidades e eu acredito que com o concurso público que

estamos fazendo agora e que até no final do ano que vem certamente vamos ter até o final do governo

Lula nós vamos ter uma primeira leva desse concurso trazendo para FUNAI pelo menos na

expectativa nossa se tudo der certo esse 425 talvez um pouco mais servidores novos 90% desses

servidores nós vamos colocar nas administrações, não vão para Brasília só 10% vai para Brasília esses

servidores 200 são de nível superior e são contratados para uma cargo novo que foi criado ano passado

por medida provisória que é o cargo de indigenista especializado de indigenista de nível médio, e de

indigenista de nível auxiliar, por tanto como profissionais como economistas, engenheiros, biólogos

que vão pode trazer experiências também novas para a FUNAI. Esse concurso nacional vai trazer

sangue novo, então eu acho que esse sangue novo também vai chegar num momento adequado para

que a gente possa começar a reforçar esse tipo de renovação, oxigenando a instituição ao mesmo

tempo, nós como eu falei hoje de manhã na semana passada tivemos a aprovação no congresso

nacional do projeto de lei que criou junto com o MDS a FUNAI e o MDS cargos novos na FUNAI

esses cargos novos permitiram a gente agora aí sim nesse próximo período isso terá que ser feito por

decreto presidencial uma organização da FUNAI adequada a esse momento vocês já viram que a Irânia

coordenadora geral de proteção social como temos falado aqui, mas na verdade formalidade atual ela é

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coordenadora geral de índios recentes contatos, na verdade ela é coordenadora geral de onde não

existe mais, por que a política indigenista brasileira para povos indígenas isolados de recente contato

era coordenada pela CGI coordenação geral de índios isolados a qual faz parte o Meireles daqui, então

um decreto presidencial terá que ser feito para o que era uma coordenação geral deixe de ser para

mudar, para ser outra coisa algumas outras não vão continuar outras coisas mudam, precisam mudar

agora estou dizendo tudo isso, por que? Por que se vocês plenária da CNPI está dizendo olha é para

mudar, então eu vou continuar o processo de mudança vou continuar promovendo essas mudanças e

como diz: doa a quem doer, por que tem muita gente que não quer mudanças, tem muita gente que é

contra essas mudanças tem muita gente que mobiliza contra essas mudanças, inclusive com parentes

indígenas que vão na conversa que isso significa ou significaria que a FUNAI está deixando de fazer

sua função ou que eu estou acabando com a FUNAI etc. então eu estou colocando essas questões aqui

para a CNPI de forma de registrar na ata, por que essa ata depois vai lá tem um pessoal na FUNAI que

lê essas atas direitinho, então eu estou falando para essas pessoas aqui não vou parar de fazer as

mudanças que precisam ser feitas, pode ser que daqui uma semana ou daqui a 5 dias ou daqui há um

mês eu não seja mais presidente da FUNAI ou daqui há um ano, espero que seja até o final do governo

do presidente, mas enquanto eu tiver eu não vou para de fazer as mudanças que precisam ser feiras

nessa linha, nessa direção que estamos apresentando para vocês aqui, eu vi que a plenária apóia.

Participante não identificado – Senhor presidente, não querendo ser mal educado, mas só para

colaborar com sua fala e fortalecer é bom que se esclareça também que dentro da própria

administração central em Brasília existem pessoas contrarias a essas modificações que são pessoas

viciadas ao longo desses tempos e se mantêm jogando índio contra índio, contra servidor índio contra

CNPI é bom que se esclareça que tem gente dentro da FUNAI de Brasília fazendo campanha

contrarias essas mudanças isso queria esclarecer, obrigado.

Márcio (Presidente)- Ainda bem que são minoria a maioria dos servidores de FUNAI joga a favor hoje

eu acredito nisso, mas essa minoria ela tem força ela se mobiliza ela se articula não é? Então por isso

eu estou falando essas coisas por que eu acho que isso é muito importante para que essa agenda de

mudança continue, aqui mesmo no Acre nós estamos vivendo exatamente o momento de nascimento

dessa possibilidade que vocês viram hoje aqui, por que a administração do Acre aqui estava paralisada,

dialogando pouco com o movimento indígena com dificuldade de execução orçamentária, então tem

vários representante aqui do Acre estão me ouvindo aqui e estão agora escutando que essas mudanças

vão continuar e que o nosso companheiro Porto que está ali é o novo administrador aqui pelo menos

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por enquanto, interino que veio para contribuir para fazer uma renovação, dialogar com o movimento

e desenvolver uma política participativa aqui no Acre, então vamos continuar fazendo essas mudanças

e como eu disse, doa a quem doer, e isso tudo tem haver com as outras coisas todas que a gente tem

feito aqui na CNPI a mudança do estatuto a mudança da própria CNPI conselhos tem todo um

conjunto de mudanças que precisam ser concluídas ou precisam ser consolidadas para que a gente

possa deixar isso tudo como legado. O presidente Lula lá em Roraima recentemente, tive com o

presidente Lula em Roraima recentemente segunda-feira da semana passada? Dia 14? E nessa ida lá

com presidente o presidente teve uma reunião de duas horas mais ou menos com os indígenas em Boa

Vista e nessa reunião o presidente falou uma coisa muito importante lá, eu quero que as conquistas

sociais do nosso governo do meu governo sejam consolidadas e transformadas, instituídas,

regulamentadas até o final do governo por que ele quer que o governo dele termine, mas essa

institucionalidade toda sejam garantidas, sejam continuadas independente de quem seja presidente ou

governador ou quem for no futuro, então isso daí ele falou, hoje em dia a gente pode falar ao

presidente ou presidenta por que são duas mulheres que são candidatas, então uma situação

institucional não estamos fazendo campanha para ninguém, três mulheres? Possibilidade ate de três

ou quem sabe até mais, então o encaminhamento que...

Participante não identificado - Presidente queria fazer só uma proposta, percebe-se que a FUNAI está

com uma proposta agressiva de recursos humanos e valorização dessa questão, então minha proposta é

o seguinte nós do MDA a gente junto com a CGGP espera mais de um ano um mapeamento de quem

são os técnicos agrícolas da FUNAI quem que está ligado ao setor produtivo e a gente não consegue ter

esse levantamento, estou colocando o problema que eu acho que também há outros setores aí pode

acontecer a mesma coisa então como você mesmo está colocando vai vir os DAS para servidores por

concursos eu só estou pontuando que eu acho que era importantíssimo que existisse um mapa que a

FUNAI antes inclusive das chegadas desses novos servidores tenha-se um mapa.

Márcio (Presidente)- Isso foi feito viu? O mapa foi feito por que para ser feito o concurso nós fizemos

um mapa antes dessa vez para saber aonde nos vamos alocar os servidores que viram para não ficar se

sobrepondo o que já tem e inclusive depois a gente pode disponibilizar esse mapa lá no caso especifico

aí dos técnicos agrícolas e etc.

Participante não identificado - Presidente só um minutinho eu estou achando muito importante essa

mudança do presidente está falando, realmente está se mudando a Funai para melhor é lento, mas o

processo é assim mesmo, mas eu queria lembrar ao presidente também lembra do povo Guarani que

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tem 500 km de uma administração há quase 10 anos (ininteligível) consiga uma administração de

liderança, hoje ainda ligou para mim cobrando, cobra ao presidente.

Márcio (Presidente)- Por que são muitas coisas e a gente está no horário temos que ainda sair, mas a

administração regional de Itanhanhén litoral de São Paulo começou a funcionar essa semana que é

uma conquista dos Guarani do litoral que durou um ano para fazer esse movimento, por que muitas

vezes a FUNAI foi invadida lá Bauru para não acontecer isso, mas aconteceu e nós temos um

compromisso de criar uma administração do litoral sul para também atender o povo Guarani no litoral

sul esse processo vão continuar eu estou fazendo essa fala por que eu estou considerando que a CNPI

aqui está dando esse aval essa opinião um favor de que essas mudanças continuem ,então se não tem

nenhum manifestação contrario é essa que vai ser encaminhada daqui para frente, e esse eu acho que

é o encaminhamento principal do que foi apresentado aqui, então agora vamos seguir encerrar por

hoje, seguir aqui o convite do nosso companheiro Francisco para visitar a exposição na biblioteca da

floresta, mas olha logo do lado tem um barzinho depois para a gente também, restaurante também,

então até amanhã as 8:00h e a Teresinha vai dar alguns informes.

Teresinha - Por que amanhã é o ultimo dia, para lembrar de quem não passou do horário de saída aqui

de Rio Branco para o aeroporto.

Manhã do dia 01/10/09

Márcio (Presidente): Bom, nós vamos começar, queria pedir a todos que tomasse assentos nas suas

posições, nós vamos iniciar já os nossos trabalhos de hoje.

Teresinha: Bom dia gente, eu gostaria de lembrar as pessoas que tem que ter o deslocamento, por

favor nos procurem agora bem cedo de manhã, quem não nos deu o nome ainda com o horário de vôo

por favor, nos procure, ou eu, ou a Graci.

Márcio (Presidente): Bom, então nós vamos começar a nossa pauta de hoje, que agora já com atraso de

meia hora, mas começar com a pauta da educação. Nós vamos fazer um informe aqui, comunicar

também sobre o processo da educação, a Maria Helena vai expor o trabalho que está sendo feito em

parceria FUNAI com o MEC e também em parceria com as Organizações Indígenas, e que é muito

importante para a gente poder fazer uma avaliação desse processo que está se construindo na área da

educação, principalmente este ano, que nós estamos realizando a 1° Conferência Nacional de

Educação Escolar Indígena, cuja data da conferência final ainda não está totalmente confirmada, por

conta da questão da gripe suína, porque nós vamos reunir em Brasília, muitos indígenas do Brasil 243

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inteiro e aí foi recomendação do Ministério da Saúde, que agente evitasse fazer a conferência na data

que estava marcada anteriormente e estamos remarcando esta data, esperando um último informe dos

casos de influência, que estão sendo passados por nós pela FUNASA, para que agente possa fechar esta

data. Então nesse contexto aí da realização da conferência, do processo todo de consolidação, ano que

vem da realização da conferência nacional de educação, é que agente está trabalhando aí em conjunto

com o MEC, esse trabalho conjunto também com os professores, com os profissionais da área de

educação. Eu passo a palavra aqui para a Maria Helena da FUNAI, da Coordenação Geral da

Educação, para ela expor rapidamente para agente poder ostentar ser bem mais, eu queria aliás

aproveitar e pedir para todos nós aqui hoje, tentar ao máximo possível ser bem objetivos e diretos nas

nossas intervenções porque não dá para agente ir de novo até oito e meia da noite, até porque hoje é o

último dia e nós temos aí algumas demandas aqui locais que eu vou ter que fazer no final da tarde,

então eu queria pedir que agente tentasse ser mais objetivo possíveis. Maria Helena.

Maria Helena - Funai: Obrigada, bom dia a todos, vocês vão observar que tem um visto de pelo

menos cinco pontos importantes, que vão estar direcionando as nossas informações, e que todos esses

pontos que estão colocados ali, eles são compartilhados, interligados e vão resultar, essa é a proposta

de governo, fazendo resultar em uma política de educação escolar indígena, e na verdade assim vai

informar que agora já são respostas de demandas, que vem sendo apresentadas a muitos anos pelo

movimento indígena, pela própria FUNAI, a exemplo do 1° ponto que é a 1° CONEI (Conferência

Nacional de Educação Escolar Indígena). E só para orientá-los, foi distribuído material, se vocês

puderem os que estão ali, está nessa página que foi distribuída, vocês podem acompanhar. Então,

como o Presidente já informou, houve aí esse processo de demora, de estar esperando a realização da

conferência, em função da questão da gripe, então dia 09/10/2009 vocês observem, haverá uma nova

reunião lá na FUNAI junto com o Ministério da Saúde, com a FUNASA, FUNAI e MEC e alguns

representantes indígenas que estão lá, para partir do monitoramento que a FUNASA fez, dos casos

confirmados e do foco da gripe, definir se terá ou não ainda a conferência nacional esse ano ou se só

para o ano que vem. E aí agente tem discutido, logicamente agente precisa ter o cuidado de evitar que

aglomere tantas pessoas e tenha problema, mas se a conferência ficar para 2010 a gente vai ter

algumas dificuldades que por exemplo, para realizar essa conferência nacional foi feito uma parceria

com o MEC, o MEC repassou o recurso para a FUNAI, e a FUNAI então fez toda a mobilização dos

representantes indígenas que deu no total de 2.700 participantes indígenas, fizemos as 18 conferências

regionais, então agente tem essa coisa do recurso, o ano que vem agente tem o período muito curto até

que libere o orçamento, agente a partir de junho não se pode fazer, e até porque a proposta é se fazer a

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conferência nacional antes da CONAI que é o ano que vem. Então a previsão de qualquer forma, o

que se tem de data prevista, que o MEC conseguiu de espaço disponível para acomodar todo mundo é

de 16/11/2009 a 21/11/2009 lá em Luziânia no espaço da CNTI, então agente está trabalhando com

essa provável data e no dia 09/10/209 agente tem a definição e vocês vão estar sendo informados se vai

ser feito esse ano ou não. E no 2° ponto, dia 13/10/2009 haverá uma reunião em Brasília, também

coordenada pelo MEC, que é da Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena (CNEI), dia

14/10/2009 e 15/10/2009 de qualquer forma haverá uma reunião da comissão organizadora da

Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena em Brasília também, para se estiver conferência,

dar em andamento nos procedimentos de tudo que a gente tem para fazer para agilizar, e senão, a

gente está então inclusive reavaliando esse processo. E porque que a gente tem o interesse de que a

Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena aconteça ainda esse ano, porque o 3° item que

vocês observam lá, a CONAE (Conferência Nacional de Educação), e ela discute a educação como um

plano nacional, discutem as seis modalidades que estão incluídas, inclusive a educação escolar

indígena, e as propostas que saírem da Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena serão

levadas para a CONAI em abril. E a CONAE tem garantido nela a participação de 30 delegados

indígenas, então esse é um movimento também da gente conseguir garantir a conferência. O 4° ponto,

aí eu só queria pedir para o rapaz colocar o outro slide, na verdade é o segundo daquela outra

apresentação. O 4° ponto se vocês observam no papel tem a avaliação do atual plano nacional de

educação, que tem ai um prazo que está previsto entre novembro de 2009 a abril de 2010, e aí eu vou

só fazer uma retrospectiva rápida, pode colocar, desse processo que foi inclusive apresentado na CNPI.

Em 2006 agente fez um trabalho de contratação de uma consultoria especializada para fazer a

avaliação do plano nacional, agente sabe que ele estabelecia 21 metas e objetivos importantes que

deveriam ser cumpridos pelas 3 esferas: municipal, estadual e federal, praticamente todos os prazos já

foram, já passaram e aí então precisa-se fazer uma avaliação desse processo, até para se subsidiar a

elaboração do novo plano nacional de educação e para pensar nessa proposta, o modelo de educação

escolar indígena, que vem sendo demandado. Em 2007, essa proposta foi apresentada na CNPI, na 2°

reunião ordinária do dia 30/08/2007, eu não sei se a maioria aqui se lembra que o Luiz Donizete foi o

consultor, ele veio conosco e fez a apresentação da proposta e a CNPI então recomendou que a FUNAI

na condição de jovem indigenista pudesse coordenar esse processo e que essa avaliação fosse feita,

então a avaliação ela não é um produto que é de responsabilidade só da FUNAI ou que a FUNAI vai

fazer a avaliação, a FUNAI não será a avaliadora ela vai estar coordenando o processo.

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O recurso demandado para essa atividade é um orçamento da FUNAI, é da Coordenação Geral de

Educação, mas ela vai ser executada com uma série de articulação e parcerias interinstitucionais que

agente vai ver lá no final. Então, depois que foi definido e recomendado pela CNPI que déssemos

início e que fosse feito a avaliação, então tivemos um tempo que todo mundo sabe que

administrativamente não é tão simples um processo como esse, então foi organizado o processo

solicitatório que não foi um pregão, foi uma concorrência técnica e preço, e que então levou um

tempo para que ela fosse consolidada e agora agente então já passou desse período, pode passar o

próximo, e agente então agora vai começar a estar pensando já em implementação da proposta, então

essa avaliação, é uma avaliação de abrangência nacional e o principal objetivo é fazer uma avaliação

mesmo do que se tem hoje, do que está colocado das dificuldades, dos desafios que se tem, e construir

perspectivas que resultem no respeito, no atendimento, dos direitos dos povos indígenas conforme

vem sendo colocado pela própria legislação e na reflexão do dia-a-dia dessas comunidades. A

metodologia, a dinâmica que vai ser usada para essa avaliação, é que vai ser formado uma rede de

avaliadores indígenas e não indígenas por região com representantes em cada estado, e essa rede já

tem todo o material que foi pensado para a avaliação que eu vou mostrar para vocês aqui um

pouquinho, e aí essa avaliação vai ser feita diretamente nos estados tem todo o perfil dos avaliadores,

tanto indígena como não indígena. Os indígenas preferencialmente que sejam professores

preferencialmente os que saíram ou os que estão na licenciatura. E o coordenador de cada região

dessa, o não indígena, ele tem que ter uma experiência mínima em educação escolar indígena também

e conhecer a realidade ou contexto local regional onde vai ser feita essa avaliação.

E então como eu disse que não é uma tarefa, uma atribuição só para a FUNAI, qual é a proposta então,

será formado um grupo de acompanhamento que vai estar acompanhando essa avaliação, esse grupo

recebe todas as informações a quem avalia, quem discute, quem propõe, quem reencaminha numa

perspectiva coletiva interinstitucional para que agente possa garantir o êxodo, para que agente possa

garantir o sucesso que se espera nessa avaliação já que como é do conhecimento de todos, a oferta da

educação escolar indígena, a política que existe ou que será construída também, ela é fruto de uma

pactuação interinstitucional. Como é que está organizado o grupo de acompanhamento que foi

pensado inicialmente, é o CONSEDE que representa o Conselho dos Dirigentes Estaduais das

Secretarias Estaduais de Educação, a Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena que é vinculada

ao MEC e que tem uma agenda e um processo histórico de trabalho, a UNDIME que é a União dos

Dirigentes Municipais ou seja do Secretários Municipais de Educação, o MEC, o Conselho Nacional de

Educação Escolar Indígena, a CNPI e a FUNAI. Então só pra dizer para vocês em que momento que

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estamos agora, foi encaminhado esse mês passado um ofício pela presidência para todas essas

instituições para que elas então indiquem o seu representante para compor esse grupo de

acompanhamento para agente dar início ao trabalho, então agente já tem a confirmação do

CONSEDE, temos a confirmação do CNEI (Conselho Nacional de Educação Escolar Indígena), da

CNPI estamos aguardando a semana que vem do dia 13 de outubro que tem a reunião do CNEI espero

que nessa data seja tirado esse representante.

Participante não identificada: Presidente, só para complementar aí é que nós fizemos a reunião, o

documento foi encaminhado para a gente, e aí a bancada indígena diz que já está a CNPI lá mas

oficialmente é o senhor que vai encaminhar ainda, aí ela já colocou lá, mais aí o senhor ainda vai, mas

é a Francisca e o Weibe que foram indicados.

Maria Helena: Nesse processo licitatório, então a empresa que vai ser avaliadora, que vai coordenar

tudo isso, que vai fazer, é a Fundação Jurídica da Universidade Federal de Roraima, então na semana

que vem dia 06 e 07 agente já tem uma reunião com essa empresa para estar colocando em prática o

cronograma. E ainda pensava se o cronograma esse mês agora de outubro e toda essa preparação,

contratação, formação da rede de avaliadores e depois do trabalho propriamente dito. E qual é o

objetivo da nossa conversa aqui hoje, é que é importante que os representantes indígenas que aqui

estão e que tem os seus espaços de articulação local e regional, possa estar dando essas informações

para que agente depois venha ao momento de escolha desses avaliadores indígenas, e é importante que

vocês conheçam o material e possam a partir dessas informações estar participando dessa articulação.

Aí tem o prazo de execução que eu acabei de falar, e a gente vamos tentar cumprir esse cronograma,

que agora outubro é todo esse processo de articulação e mobilização, em novembro contratações das

equipes, no final de novembro e começo de dezembro uma capacitação que já está prevista no

processo, uma capacitação para essa rede de avaliadores, e depois do trabalho já de avaliação aí tem o

momento de apresentação dos relatórios preliminares e um seminário de socialização do que foi feito,

e por último a publicação e a difusão desses resultados.

Só para situá-los, agente colocou ali estimativa do recurso que é previsto para essa ação, para essa

atividade, eu considero que nos últimos 10 anos é o que de melhor a gente vai conseguir fazer, que é

no papel de instituição indigenista, que acompanha, que ajuda a formular essas políticas a estar

fazendo essa avaliação, então agente precisa somar os esforços e eu acho que a CNPI tem o papel

importante nisso que é de estar dando esse apoio, de estar ajudando a divulgar, socializar com todos os

segmentos em todas as instâncias, para que, que seja de fato uma avaliação de processo participativo e

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que o resultado de fato resulte em propostas, em perspectiva de melhor qualidade de atendimento da

oferta da educação escolar indígena. E aí eu queria que agente voltasse aqui em um pacote aqui que foi

entregue para vocês em kit, e agente não vai dar para ficar discutindo o material aqui hoje até porque

ele demandaria pelo menos uns 4 a 5 dias para agente discutir, mas como considerando que a proposta

foi apresentada detalhadamente na reunião da CNPI de 2007 que nós colocamos ali, eu trouxe aqui

para vocês, tem um 1° texto aí que é uma nota explicativa que eu acho que é importante para que

possam estar divulgando, tem aí a cópia do ofício que a presidência da FUNAI encaminhou para as

instituições, solicitando a indicação dos representantes para compor o grupo de acompanhamento e

tem um outro documento que agente vai olhar depois.

E esse aqui por favor, eu gostaria que todo mundo acessasse aí no material que recebeu, nessa proposta

que o formato e essa arte gráfica ainda está em fase de ajuste mas, o material instrumental, o

instrumento que vai servir para essa avaliação é o que está colocado nesse material, eu não sei se o

pessoal ali recebeu, mas tem desse aqui para todo mundo. Aí então ele apresenta toda a metodologia

da avaliação e aponta inclusive como que deverão ser avaliados esses indicadores e todas essas metas

que estão colocadas, que são 21 metas, essa avaliação como eu disse ela vai ser na esfera: estadual,

municipal e federal, porque todas essas esferas tem a sua atribuição aí do ponto de vista legal, pode

passar para o próximo slide. E aí agente entra no 2° ponto que na verdade nessa pauta aqui nossa de

informes nessa 1° lista, ele é o 5° item, vocês observem nessa 1° aí que foi apresentada tem a discussão

do novo PNE, nós estamos falando de um processo de avaliação do PNE atual e já começa uma rodada

de discussão que é uma agenda feita pela Câmara dos Deputados, pela Comissão de Educação, quem

está fazendo esta articulação, quem é o presidente dessa comissão é a deputada Maria do Rosário do

PT do Rio Grande do Sul, o deputado Abi Kalil de Mato Grosso, Pedro Wilson de Goiás e o Alexandre

Borges de Mato Grosso.

Então essa Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, a partir de subsídios que o Conselho

Nacional de Educação Escolar Indígena organizou, vocês vão ter oportunidade depois de receber esse

material, nós estamos articulando a Câmara vai estar propondo, vai estar passando para a gente, já

começa uma rodada de discussão inicialmente era só no âmbito da comissão, junto da comissão com as

Assembléias Legislativas, e agora estão então agregando e chamando toda a sociedade civil para estar

discutindo. Então vocês observem que tem o cronograma, eu fiz uma mensagem aqui que vocês

observem foi para as unidades regionais, informando desse momento e a importância que tem de nós

articularmos e garantirmos a participação de representantes indígenas nessas discussões locais, e aí o

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percurso vai ser o seguinte, tem esses encontros locais, as propostas vocês observem ali tem uma

agenda, tem uma xerox que eu pedi para a Teresinha entregar aí para todo mundo, que eu já estou

terminando, que já foi realizado a da região Centro Oeste e Sudeste, mas devido o pouco tempo para

articular quando agente tomou posse da agenda, agente tem que fazer alguns ajustes mas, tem aí

13/10/2009 e 14/10/2009 vai ser no Nordeste 1 que vai ser em Natal, 22/10/2009 e 23/10/2009 no Sul,

05/11/2009 e 06/11/2009 no Norte e ficou em Palmas e 12/11/2009 e 13/11/2009 em Salvador. E a

informação que nós recebemos da deputada é que, por exemplo, foi questionado por que, que o Norte

ficou em Palmas, aí ela fez uma fala que foi exatamente o resultado da articulação com as Assembléias

Legislativas, os estados que se dispuseram assediar o encontro, então agente está tentando mobilizar a

participação indígena para ir para esse momento de discussão porque aí tem um encontro nacional em

Brasília no dia 10/12/2009, o que sair desse resultado de dezembro, o resultado final, vai ser levado

para a CONAI em abril e o que for pactuado, o que for validado na CONAI, servirá de diretrizes para a

elaboração do novo plano que é para ser concluído e votado, aprovado até o final de 2010. Então os

informes eram esses e estou a disposição.

Márcio (Presidente): Obrigado Maria Helena.

Maria Helena: Foi tirado uma cópia dessa agenda, e de qualquer forma tem também essas datas aqui

nessa mensagem que eu mandei para as unidades regionais da FUNAI para ajudar a mobilizar, e

agente garante que todo mundo recebeu cópia antes do final.

Márcio (Presidente): Obrigado Maria Helena, está perto então para a gente.. Professora Francisca.

Professora Francisca: Bom dia a todos e a todas, eu sou Francisca, Mato Grosso, não eu queria só

também é, recuperar já uma das reuniões desse PME que aconteceu em Mato Grosso, não é mesmo

Maria Helena esqueceu. Exatamente, aí agente esqueceu e foi muito importante a articulação que

agente conseguiu fazer lá. Mato Grosso foi o 1° estado que fez essa 1° reunião, apesar de, sabe como é a

Assembléia Legislativa, o pessoal que é de Mato Grosso conhece muito bem lá a situação nossa mas,

como o Conselho de Educação Escolar Indígena tem uma articulação muito voltada para discussão, da

educação importante que ela esteve presente não só para com o segmento indígena institucional mas

principalmente no sentido de assegurar uma vaga como delegado para a CONAI, que é essa grande

Conferência Nacional de educação que vai acontecer.

E, assim, ela foi muito importante também para outro lado que a gente pode compreender a

importância que terá esse eventos porque a construção do novo PNE de 2010 a 2020 a gente fica

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muito preocupado como é um projeto lei que vai estar tanto no Congresso Nacional quanto nas

Assembléias Legislativas e aí a comissão esta articulando isso como fica os outros povos nos outros

estados, então eu acho assim que essa apresentação que a Maria Helena fez agora é muito importante

vocês guardarem todas essas informações para que possa cada representação indígena possa estar

repassando isso para os professores, para o movimento indígena e acompanharem nos seus estados a

gente vai fazer o possível para estar acompanhando, via Congresso Nacional e como a Deputada Maria

do Rosário é uma pessoa que está responsável, o deputado Federal Paulo Rubens conversamos com ele

também, será o relator segundo ele então isso vai nos ajudar e muito fazer o acompanhamento de nós,

outra preocupação que eu queria manifestar aqui é que saiu também a avaliação técnica que a própria

comissão do Congresso fez, a Comissão de educação fez, saiu aquela avaliação e na avaliação esta

colocada lá que a educação escolar indígena não é modalidade e tem muito pouco informação da

educação escolar indígena, isso nos preocupou e muito essa situação por isso que para nós o PNE do

ponto de vista do que nós aprovamos aqui para ser feito essa avaliação vai mostrar a verdadeira cara da

educação escolar indígena e provar que ela de fato é uma modalidade então essa é uma questão que eu

considero muito importante porque são 10 anos ai de ações que os governos terão que fazer para

educação escolar indígena.

Capitão Potiguara – Leste/Nordeste: Professora, esse é um esclarecimento com relação a Paraíba a

população indígena da Paraíba queria saber se tem assim um número definido de participantes,

quando chegar la como vão ser as discussões, se é direto, porque quando nós tivemos no gabinete da

deputada Maria do Rosário a assessora dela disse que é um encontro Regional é o estado que esta

organizando, então praticamente a FUNAI não tem a participação de organização nesses eventos, era

isso que eu queria saber a participação da comunidade como vai ser feita.

Pierlângela - Roraima: Eu queria só reforçar a questão principalmente dos nossos parentes em relação

a partir de agora fazer o acompanhamento nos seus estados dessa avaliação com a formação, com a

escolha inclusive acompanhar esses indígenas que vão participar, quem vão ser esses avaliadores,

porque para nós é muito importante isso porque vai ser um primeiro documento que vai mostrar

realmente como esta a educação escolar indígena porque outras avaliações já foram feitas mas não

foram publicadas.

Nós temos o exemplo disso que foi feito um diagnóstico da educação escolar indígena em 2006 foi

amplamente como mostrava todas as problemáticas da educação escolar indígena no país esse material

não foi publicado, então a gente tem ele, temos conhecimento dele, utilizamos como fonte mas sem

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ser um dado oficial, então é importante que a partir de agora porque através dessa avaliação é que nós

temos que dizer como esta a realidade das nossas escolas porque vai ser um documento oficial, uma

avaliação oficial e tem que sair mesmo as questões que lá, que a gente fala, fala, fala mas que parece ser

que não fica registrado então eu queria chamar atenção para isso para que nós pudéssemos ficar

atentos em relação a esses avaliadores como vai ser feita essa avaliação para que ela tenha maior

transparência possível, era isso.

Marco Xucurú: Uma pergunta bem rápida mesmo, perguntar se esse projeto que esta na câmara dos

deputados, que eu entendi também, vai haver uma participação dos municípios e estados é? Porque

assim se vai passar pela a Assembléia Legislativa é importante que o movimento indígena estar

acompanhando de pertinho essa discussão principalmente as organizações professores indígenas que

tem nos estados para que de fato haja uma ampla discussão e ampla participação efetiva do movimento

indígena, o que é importante para nós aqui da bancada indígena principalmente que fazemos parte

dessas organizações nós vamos estar levando esse material, entregando e discutindo com os

professores indígenas em cada estado para que temos conhecimento da situação e fazer esse

acompanhamento.

Participante não identificada: Bom dia a todos e todas, uma pergunta assim Maria Helena um ponto

de desconexão nossa em relação com a conferência de educação escolar indígena e a conferência

Nacional de Educação, te pergunto: Em que PEC estar que a gente soube que a educação escolar

indígena ela foi adiada se eu não me engano, quer dizer, não sabemos exatamente por que problemas

desde o início o MEC convidou a secretaria geral para participar mas a gente não participou porque

não tivemos perna não tínhamos gente para que pudesse estar junto em cada momento desses

encontros, e a gente perdeu um pouco desse time ai, a pergunta é, como vocês vão fazer assim tentar

acompanhar a conferência de educação escolar indígena, ela vai remeter um documento para

nacional, vai ser tudo novamente discutido, se puder abordar um pouco isso só para a gente atualizar

em conjunto com o governo e ver como a gente contribui, obrigada.

Maria Helena: Primeiro ai respondendo a pergunta do Capitão, em relação a discussão em relação a

essa agenda dos encontros regionais para começa a pensar no novo plano, na verdade assim, a gente

tomou conhecimento da agenda e como a Chiquinha disse eu participei da que teve no Mato Grosso e

conseguimos articular com a Câmara com essa comissão, com esses deputados que se garantisse a

participação indígenas nos locais porque não é um evento que esta sendo organizado pelas as

secretarias estaduais são as assembléias legislativas que estão fazendo uma discussão muito geral a

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partir de alguns subsídios que o Conselho Nacional de Educação apontou isso para vocês, eu não

trouxe esse material porque ainda não esta disponível a Câmara esta fazendo uma revisão, esse aqui é

o documento que vai sair que eles estão chamando de subsídios o nome é Mais 10, são para mais de 10

anos aí eles trazem algumas contribuições aponta algumas questões, algumas prioridades para cada

modalidade de educação que deve ser construído nos próximos 10 anos e dentro dessa modalidade tem

a educação escolar indígena.

E uma outra modalidade importante que a gente tem que se preocupar que é a questão da educação

ambiental que também esta colocada nesse documento, e ai Capitão o que foi feito, nós conseguimos

essa articulação com a câmara para garantir a participação dos representantes indígenas e como a

gente sabe a gente já estamos em outubro a questão orçamentária a condição de executar, mas o

FUNAI eu coloquei na mensagem para alguns lugares que vocês receberam que o FUNAI está se

organizando para ajudar e garantir a participação de representantes indígenas. Então logicamente que

dependendo da região tem um custo maior, tem um custo menor, por exemplo a região Norte toda

para Palmas isso tem um impacto mais assim, não sei se três ou quatro ou cinco, cada unidade regional

vai estar discutindo isso com vocês. Mas o importante é que se garanta pelo menos a presença

indígena em cada um desses encontros.

Então não dá para eu dizer para você agora se são cinco ou quatro por região porque vai depender de

tanto orçamento que a gente tem para isso como da condição da unidade regional de executar esse

recurso, mas a FUNAI a coordenação geral está de antena ligadíssima nessa agenda e está garantindo a

participação indígena, vai garantir em todos os outros. Foi distribuído ontem, acho que vocês

receberam uma cópia desse informativo, é bom que vocês leiam que aqui tem mais explicações sobre

isso. E o Marcos Xukuru perguntou se tem a participação dos Estados e Municípios, na verdade,

participam todos os segmentos, desde os sindicatos, as universidades, as secretarias municipais, os

institutos de educação que são os antigos CEFET, aí todo mundo participa desses eventos, mas os

estados e municípios estão lá na mesma condição que a gente, não é um evento que você, eles fazem

primeiro uma rodada de apresentação, tem uma conferência né, Mato Grosso foi Aby Kalil que fez, e a

de Minas foi o professor Jamil Cury. E depois tem dois painéis que se dividem, e tem seis grupos

temáticos, e nesses grupos tem gestão e financiamento, tem uma série de temas lá que são discutidos, e

a gente se inscreve para cada GT desses e saem as propostas não voltadas para a educação escolar

indígena especificadamente, mas a gente discute, discute, e acaba colocando as propostas que a gente

acredita e que vocês estão esperando.

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Então essas propostas que saírem desses encontros regionais, vem pro encontro nacional em dezembro

em Brasília, e eles vão pra CONAI em abril e o que for consolidado, e pactuado na CONAI, na grande

conferência vai servir de subsídio pra discussão e a elaboração de um novo plano. E em relação a

participação indígena é o que eu tinha colocado desde o início, a gente precisa tá garantindo, e aí eu

não atrelo isso só ao movimento organizações indígenas, que seja um professor, que seja uma

liderança, alguém que possa tá para participar. E em relação a fala do Saulo : “As duas preocupações

são as mesmas nossas.” , Primeiro, o atual PNE, ele, que vai ser avaliado desde o processo de avaliação,

a gente vai tá então nessa reunião de terça e quarta com a Júri que é a fundação que vai tá fazendo esse

processo, organizar o cronograma de modo que a gente consiga fazer como eu tinha dito no início.

Começar a avaliação propriamente dita a partir de novembro, e aí em abril que é a grande CONAI,

que é a grande Conferência Nacional, a gente já tem um pré resultado, um resultado preliminar dessa

conferência, que isso vai tá dialogando com o resultado das conferências regionais de educação escolar

indígena que saíram, e esses resultados vão todos pra CONAI em abril, e daí o que sair discutido e

pactuado vai então servir de subsídio pra esse novo plano. E quanto a questão dos delegados, assim,

primeiro, quando a Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena tava sendo organizada, e que

uma comissão organizando a CONAI, o MEC pactuou internamente no próprio MEC, que garantiria

que os delegados indígenas que fossem indicados nas Conferências Regionais de Educação Escolar

Indígena, fossem pra CONAI como delegados. Aí, isso ficou pactuado. Depois teve uma falta de ajuste

interno, e então isso não ficou garantido porque a comissão organizadora da CONAI, que é a grande

conferência, disse assim, olha os indígenas tão discutindo uma outra pauta, é uma outra agenda e a da

CONAI que na verdade é na nossa mesma perspectiva, que é pensar um sistema nacional de educação

escolar indígena, então não ficou garantido isso.

Mas o que a gente conseguiu fazer, primeiro, quando as conferências municipais de educação, que não

é indígena, é um monte de conferência, vamos tentar entender, quando elas começaram a ser

realizadas, nós, principalmente, eu, “Chiquinha Veiga e [inaudível] ” , insistimos que o MEC

garantisse que a gente articulasse com os Estados pra ter representantes indígenas nessas municipais, e

teve um município que não cedeu, e que não permitiu a participação de representantes indígenas,

portanto não saiu nenhum delegado nesses casos das municipais. Tentamos garantir nas conferências

regionais que ainda estão agora por ser executada, em boa parte. Então qual é o nosso esforço? É

mobilizar os indígenas pra que eles possam ir, aí a FUNAI se propõe, aí ela redimensiona o orçamento

pra priorizar isso, pra garantir que eles vão pra essas conferências regionais e possam vir pra nacional.

A fala que a Chiquinha fez foi a seguinte: “Nesses encontros regionais que a câmara está organizando,

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tá fazendo com as Assembléias Legislativas?” , é um evento, e aí Capitão, é importante de dizer, é um

evento aberto, todo mundo que chega lá, que se inscreve pode participar. E aí então, no caso de Mato

Grosso ficou garantido que, quem, os indígenas que participaram lá, e no caso a própria FUNAI que

tava lá representada também, já sairiam, isso é uma proposta da própria comissão de educação da

câmara, que já sai como delegado pra CONAI.

Então por um lado a gente tem essa possibilidade de fazer um equilíbrio quando não se tem essa

garantia pra CONAI. Mas na última reunião que nós tivemos o Armênio garantiu que foi pensado

desde o início trinta vagas pra representantes indígenas para a CONAI, e eles tão fazendo então esse

ajuste interno pra garantir que tenha essa representação lá. E Quenes eu tinha falado no início, e acho

agora que nessa fala você pôde então talvez acompanhar que assim, na verdade uma coisa não tá

desarticulada e nem fica fora do contexto de discussão, de definição de políticas, então a CONEI ela

foi adiada, ou tá suspensa esperando a definição agora da última avaliação, e monitoramento da

FUNASA que aí é uma decisão técnica, ela não é política né, então a gente ter respeitado isso. E

haverá uma reunião dia 09 lá em Brasília, na próxima semana, pra a partir desse monitoramento que a

FUNASA vai apresentar saber se definitivamente tem ou não conferência esse ano. E aí eu tinha dito

porque que a gente tá torcendo pra que seja possível fazer esse ano porque a gente tem todo esse

percurso aí até chegar na CONAI o ano que vem, então dia 09 fica definido, e se for definido que tem

esse ano, é de 16 a 21 de novembro la em Luziânia na CNTI.

E aí assim, eu só quero agradecer principalmente aqui ao movimento indígena né, e assim, acho que

foi um desafio que a FUNAI assumiu né, muita gente achava que a gente não conseguiria fazer as

dezoito conferências, dar conta da mobilização de todos os representante indígenas, e a gente mesmo

com alguma unidades fechadas na época da conferência, nós conseguimos, a FUNAI conseguiu

garantir a participação de todos os indígenas que eram pra estar lá e cumprimos exatamente o

cronograma. A última foi a do Rio Branco mesmo que foi em Plácidos de Castro que seria numa terra

indígena, e por causa da gripe veio pra cá, e então conseguimos fechar o cronograma como estava

planejado. Das dezoito conferências regionais, todas foram realizadas conforme previsto né, então é

isso.

E pra nacional eu quero só informar, Presidente, rapidinho, como é que tá organizada a nacional, os

delegados indígenas das conferências regionais que saíram pra nacional, todo o percurso aéreo do local

mais próximo de onde ele mora, ou reside, que seja aéreo pra Brasília, é responsabilidade do MEC, o

quê que a FUNAI assumiu nesse processo, a saída de todos os delegados das suas comunidades, das

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suas aldeias, até o local mais próximo do aeroporto, todos os delegado por exemplo, Yanomami, o

pessoal que tá em área de difícil acesso que precisa ser de transporte aéreo, a FUNAI também assumiu

isso, trazê-los ao aeroporto mais próximo pra que ele possa embarcar, e o deslocamento, aquela

despesa que vocês acompanharam nas regionais, que é o auxílio financeiro que custeia a despesa

desses delegados nessa movimentação. E no caso de Mato Grosso, toda área xavante, e parte do

Araguaia também que o transporte será terrestre, e o pessoal de Minas Gerais, isso também é

responsabilidade da FUNAI, então a gente tá somando esse esforço aí pra garantir que a conferência

aconteça com muita qualidade, que as respostas possam ser mensuradas futuramente num prazo não

tão longo, é isso, obrigada.

Márcio (Presidente)- Tem dois inscritos. Fazer uma pergunta subjetiva aí. Agora o Marcos também

quer fazer uma pergunta. Marcos Xucuru região nordeste e leste.

Marcos: Diante da resposta que a companheira deu, a gente percebe que os municípios ainda hoje, se

fecha pra questão, não todos mas a grande totalidade se fecha pra questão indígena, isso é uma grande

preocupação que nós temos sempre tratado aqui nesta comissão, seja ele na área da educação, seja ele

na área da saúde, enfim, da subsistência das próprias populações indígenas. E por isso temos aqui a

preocupação nessa comissão, de trabalhar com a grande responsabilidade dessas ações, das políticas

públicas, possam ser direcionadas pelo governo federal dentro dos territórios indígenas. Por isso temos

garantido o fortalecimento das instâncias que hoje temos né, como a FUNAI. Temos trabalhado aí a

questão da saúde, a criação dessa secretaria né, de saúde indígena, enfim, mas quando o que o

[inaudível] coloca, que reforça justamente a minha preocupação, na medida que você não participa

dessas conferências municipais, e que essa dificuldade porque a indicação pros delegados pra estadual

tem que vir das que acontecem nos municípios né, teoricamente acontece desta forma, então, se já

não há garantia, da não participação nas estaduais, quais são as garantias que nós vamos ter pra vir pra

conferência nacional?

E aí a gente vai ter um prejuízo muito grande nesse sentido, a grande pergunta é, essa conferência

nacional ela vai dá subsídio pra os deputados né, essa comissão pra fazer essa avaliação e fazer o novo

planejamento né, esse que você apresentou, então eu só queria perguntar se há possibilidade de nós

enquanto bancada indígena ou a PIB, através de um deputado ou alguns deputados a gente fazer

frente, dentro dessa comissão e colocar algumas propostas, se há possibilidade da gente fazer essa

intervenção via, quando essa discussão estiver nesta comissão ou quando estiver sendo feito este

debate, a gente tem que colocar nossas propostas aí, que possa ser garantido por que a gente percebe

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que há um fechamento por parte de alguns Estados e Municípios nessa questão da educação escolar

indígena para nós, então a pergunta é essa.

Márcio (Presidente)- Aderval, com o Aderval a gente encerra aqui as perguntas pra Maria Helena.

Aderval: Desculpe, Aderval, MDS - Maria helena, desculpe a pergunta tardia mas é que eu não tenho

tanta familiaridade, eu tava me certificando de que o questionamento seria apropriado ou não com

quem entende mais do que eu. É, com relação ao instrumento de avaliação Maria Helena, eu fiquei

preocupado aqui na mesa quatorze, falando sobre as diretrizes curriculares né, os parâmetros

curriculares, e quando eu vi os questionamentos do dos instrumento de avaliação, eu não vi nada

específico sobre os temas transversais, que são primordiais pra Educação Escolar Indígena, eu gostaria

de sugerir que você colocasse tanto no âmbito do governo federal quanto estadual, como é que os

temas transversais da educação com relação aos direitos constitucionalmente assegurados,

sustentabilidade, e outros temas transversais tem sido tratados na educação escolar indígena, porque

eu acho que esse é um diferencial da Educação Escolar Indígena dentre outros, e é um desafio também

porque é o que faz a diferença dentre outros aspectos. E assim, achei muito genérica a colocação,

também olhei muito rapidamente, posso até tá cometendo alguma, é, bom é só uma sugestão de que se

coloque o questionamento específico sobre os temas transversais.

Márcio (Presidente)- Obrigado.

Maria Helena: Então, na fala do Weibe ele colocou essa dificuldade, a preocupação de garantir a

mobilização desses delegados dessas conferências pra CONAI, não é isso Weibe, e aí eu só quero

informar porque na verdade eu disse a educação se a gente fosse tratar disso aqui teria que ser quase

três dias pra dar os detalhes, mas nós já fizemos preocupados com isso né, nós pautamos, a CGE

pautou uma reunião com o MEC, é o senhor Arlindo, e já então fechamos um acordo, o seguinte, o

MEC se responsabiliza por todas as passagens aéreas e a FUNAI de novo pros trinta pra CONAI, a

FUNAI então garante a mobilização da aldeia até o local onde embarca, e seja com combustível, com

transporte, com frete, o que for necessário pra que ele possa chegar em Brasília, então isso já tá

garantido, inclusive preferi na conversa nem receber recurso do MEC pra isso porque a gente tem

dificuldade pra executar e dependendo do período que fosse, e então assim isso já tá garantido a

participação, se eles garantirem lá as trinta vagas, está garantido que as trinta pessoas chegarão lá

porque a FUNAI vai garantir essa mobilização.

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E em relação ao que o Marcos colocou da possível articulação com a câmara né. Nessa reunião lá em

Cuiabá nós conversamos com alguns deputados dessa comissão e eles então se colocaram a disposição

pra que inclusive nos próximos encontros regionais já tenha a participação indígena inclusive nas

mesas que tão começando a discutir e que tem as representações e inclusive a Pierlângela teve não sei

se a Chiquinha nessa rodada de vocês lá em Brasília semana passada tá construindo essa articulação já

com a câmara dos deputados pra garantir isso que você acabou de colocar, então a gente já tá

pensando, estamos tentando agendar uma reunião em breve também com o próprio presidente da

FUNAI e a câmara, e também essa que a Pierlângela começou a conversar pra fazer essa reunião e

garantir que vocês tenham algum momento de discussão e de conversa com eles pra tá pautando essa

agenda mais específica. Aderval, eu te garanto uma coisa, eu já li tanto, primeiro que isso aqui foi um

parto dolorido né, mas assim, te garanto que embora tenha lido várias e várias vezes, eu não me

lembro se tem, e se não tem algo sobre os sistemas transversais, mas se não tiver, foi o maior pecado

do mundo porque a gente tem isso como preocupação e como uma ponta fundamental e aí nós vamos

tá avaliando e como vocês observam nesse documento, lá no final tem outras questões pra avaliação

que é na página setenta e quatro, o que vocês ao lerem o material, sentir necessidade ou sentir falta e

achar que precisa incluir nós estamos a disposição pra fazer isso. [Participante não identificável:

inaudível] Tem, vamos fazer, porque isso aqui é um documento pra formatar, se existe alguns ajustes é

possível fazer, tá bom, muito obrigada pela contribuição. Só pra fechar,essa avaliação é importante

porque ela vai está avaliando a educação escolar indígena desde as séries iniciais onde tem e a

proposto está colocado, o que tá sendo colocado como política até o ensino superior, então é

importante a gente lembrar que ela não vai cuidar só da educação fundamental, que é um dos

problemas do atual plano, focalizou profundamente a questão do ensino fundamental e deixou os

outros níveis sem discutir, é isso.

Márcio (Presidente)- Obrigado Maria Helena. Nós temos um encaminhamento importante que é a,

nós temos aqui na plenário que votar a indicação do nome indicado pela CNPI o suplente para a , eu

esqueci agora, qual é a , é uma comissão, qual é o nome da comissão [conversa simultânea] a comissão

do é essa que a professora, é a comissão de avaliação do PNE, pois é, a bancada indígena, a bancada

indígena indicou o nome da professora Francisca e o suplente, o Weber tá, então nós precisamos aqui

fazer uma votação, eu queria saber se a plenário como um todo tem alguém que se manifesta contrário

a indicação do nome da professora Francisca titular e Weber suplente. Ninguém manifestando em

contrário fica provada a indicação dos dois nomes tá. Tinha algum outro encaminhamento professora?

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Francisca: E assim, um outro, Francisca Navantino Mato Grosso. Tinha um outro encaminhamento

que seria dar recomendações ao Ministério da Educação em relação a determinadas questões que nós

tínhamos discutido, e esse, como na reunião passada nós tivemos o tempo né, por conta do seu

aniversário né presidente, e aí nós, eu queria ver se, não eu não tenho, não é cobrança não, então eu

queria saber se a gente vai tratar agora, ou a gente vai, se bem que tem algumas coisas aqui que ainda,

ou a gente vai tratar pra outra reunião que, mas eu acho que poderia, como que vai ser tratadas essas

resoluções né?

Márcio (Presidente)-: Se tem alguma, algum, eu acho que o melhor seria então fazer uma, a comissão

fazer um encaminhamento depois com mais segurança aí, não é, pra gente poder, poder votar né.

Acho que é melhor. Então fica provado então aí, o nome da professora Francisca, do suplente não é,

do Webe, e eu queria agradecer a Maria Helena, a equipe toda dela na educação da FUNAI, mais a

equipe do MEC que não está presente aqui mas que trabalhou também bastante aí nesses processos

todos, e a equipe da subcomissão de educação por esse trabalho se, olha é muito importante e eu acho

que é mais um desses, desses legados que nós vamos deixar aí na, até o final do ano que vem né, com

relação a política indígena brasileira, uma avaliação importante para projetar o futuro né, os próximos

dez anos, o plano nacional de educação, então vamos entrar imediatamente no próximo ponto de

pauta. Convidar aqui, companheiros do INSS.

Marcos Xucuru: Senhor presidente, Marcos Xucuru, eu só queria registrar a ausência do MEC aqui

nessa nossa reunião, pra gente um tema tão importante como esse que tava na pauta, e não

comparecer pra gente é uma desfeita muito grande e uma falta de compromisso né, com a, com esta

comissão. Eu só queria registrar isso, deixar registrado, e a gente repudia essa ausência do MEC aqui

nesta comissão.

Márcio (Presidente)- Parece que houve uma justificativa, uma dificuldade do titular e do suplente, e

eu vou solicitar que depois a Teresinha repasse para a bancada e pra comissão qual foi a justificativa.

Então nós vamos passar imediatamente para o próximo ponto de pauta. Eu queria convidar aqui, os

companheiros aqui do INSS. Próximo ponto de pauta é sobre o acordo de cooperação técnica assinado

pela FUNAI com o Ministério da Previdência, INSS, o Ministério da Justiça, FUNAI, Ministério da

Previdência, INSS, sobre o segurado especial indígena, que é esse material que vocês receberam aqui

tá, e também esse folder que vocês receberam, e esse trabalho vai ser agora explicado [?] informe

qualificado sobre ele aqui pela Doutora Fátima Goulart que aceitou o nosso convite aqui da CNPI, pra

estar conosco aqui, e a Irânia também da FUNAI, que é a FUNAI que acompanha esse processo então.

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Teresinha/SE: Só uma questão de ordem Senhor Presidente, só explicando que a questão do MEC pra

nós, pra secretaria executiva tinha sido confirmado a presença do Gersen nessa reunião. Pra minha

surpresa quando a gente chegou aqui a Chiquinha e a Pierlângela me colocaram que ele teria dito pra

elas que não viria pra essa reunião. Então, estava confirmado e aí para a secretaria executiva ele não

justificou.

Márcio (Presidente)- Bom então, aqui tem um encaminhamento de que secretaria executiva na volta

pra Brasília procure saber o que foi que aconteceu para a ausência do Ministério, e a gente procura ver

na próxima reunião, corrigir o que for necessário. Então eu passo a palavra aqui pra Doutora Fátima, já

agradecendo antecipadamente a sua presença aqui conosco.

Doutora Fátima Regina: Bom dia a todos, autoridades presentes, colegas servidores públicos e

representantes das comunidades indígenas. O meu nome é Regina, eu sou servidora do, é Fátima

Regina Senhor Presidente, isso, Fátima Regina. E sou servidora do INSS, e quero dizer pra vocês que

eu tenho imenso prazer de estar aqui neste momento por dois motivos, os maiores dois motivos.

Primeiro porque eu tenho ao longo deste tempo que estamos desenvolvendo cada astro do segurado

especial, tenho tido muito contado com as comunidades indígenas, e aprendido muito com as

comunidades indígenas, sobretudo com os Potiguara da Bahia da Traição, onde a gente está

desenvolvendo lá na Paraíba o Sistema do Cadastro do Segurado Especial.

Então eu queria externar o meu respeito a FUNAI por esse trabalho, queria externar o meu respeito a

comunidade indígena, e dizer que a gente está junto nesse trabalho pra tentar construir um cadastro

que vá amenizar as dificuldades que hoje nós temos com relação aos indígenas na Previdência Social.

Eu sou do Rio Grande do Sul, já deu pra perceber né, gaúcha de Uruguaiana, mas “báh tchê', alguém

falou ali. Assim, todo o outro lado do Brasil, e também tem um outro motivo maior, e tenho ainda um

motivo também que é meu particular, de alegria de estar aqui porque eu dou da terra de Plácido de

Castro, eu sou de São Gabriel, da própria cidade de onde saiu Plácido de Castro e veio pro Acre, então

eu sempre tive muita vontade de estar no Acre, então eu agradeço a Deus e a vocês a oportunidade de

estar aqui hoje. Tá bom? Exatamente, Sepe Tiarajú grande guerreiro indígena, e Plácido de Castro que

tem muito a ver com o Acre, e por isso pra mim é uma satisfação muito grande, eu me sinto muito em

casa podendo estar no Acre, muito obrigada a vocês. Bem, eu teria todo tempo do mundo pra

conversar com vocês sobre a previdência social e eu sei que o assunto é muito palpitante, mas o

Presidente me disse que eu tenho uma horinha só pra conversar com vocês, isso é muito triste, mas eu

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prometo que, mas eu me coloco a disposição pros próximos eventos aonde nós possamos ter mais

tempo pra conversar sobre previdência social.

É um tema que me interessa, e eu tenho trinta anos na casa, essa assinante, e eu estou muito envolvida

nesse momento, nesse projeto que vai ajudar muito a comunidade indígena, vai resolver muitos dos

problemas da FUNAI e da própria previdência. Vejamos então assim, nós vamos falar alguns tópicos

bem rápidos que se referem ao nosso acordo de cooperação técnica, porque se entrássemos no assunto

nós teríamos muitos dias pra ficar conversando, então vamos falar inicialmente qual é o foco desse

nosso trabalho que nós estamos fazendo. Hoje nós temos, todos temos conhecimento, ou quase todos,

e eu me reporto mais a população indígena, nós temos o Cadastro Nacional de Informação Social, o

CNIS, o que é o CNIS, é um consócio administrado pela previdência, pela Caixa Econômica, pelo

Banco do Brasil, pelo Ministério do Trabalho, aonde estão inseridos todos os vínculos dos

trabalhadores brasileiros, todos, os meus como servidora pública, os nossos como servidora pública, o

da empregada doméstica que contribui para a previdência, o do trabalhador que paga seu carnêzinho

mensalmente, o do médico, o do dentista, o do empregado da farmácia, ali da padaria, tudo tá lá no

CNIS, bonitinho.

Quando eu preciso de um benefício da previdência, que eu adoeço, que eu vou me aposentar, eu

chego lá, e o quê que acontece, meus vínculos estão todos lá, bonitinho naquele banco de dados da

previdência que é um dos maiores do Brasil, e que se chama CNIS. O quê que acontece, o segurado

especial que é o trabalhador rural, que é aquele que é o trabalhador na agropecuária, na cultura, na

pesca, a comunidade indígena, os vínculos deles não tá lá no CNIS, não existe no CNIS, existe de todos

os trabalhadores, veja bem, excetuando-se os do trabalhador rural, do segurado especial, e esse

segurado especial, o quê que ocorre com ele, toda vez que ele precisa do benefício na previdência, ele

vai ter que chegar num balcão da previdência e comprovar sua condição de trabalhador rural. Toda

vez, porque? Porque não tem um banco de dados deles, não fica no banco de dados, fica do menino

que trabalha na padaria, fica os meus vínculos a do médico, da doméstica, de quem paga carnê mas

não fica a do segurado especial. Então se ele precisar um benefício por mês, um auxílio doença, um

salário maternidade, depois a sua aposentadoria, o quê que ocorre com ele? Eles têm que fazer tudo de

novo, comprovar tudo de novo, levar toda a sua documentação e comprovar tudo de novo, isso gera

um atraso muito grande, isso gera muita especulação, isso gera muito retrabalho para o servidor da

previdência, e conseqüentemente ficam prejudicados quem?

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Os trabalhadores rurais que são os servidores especiais. O que esse cadastro está visando agora? Que

isso não aconteça mais, a partir de que nós coloque esse sistema em produção, e ele já está pronto, nós

estamos ultimando os preparativos, a partir desse momento o quê que vai acontecer? As informações

do indígenas que é o que nós estamos tratando aqui, todos os servidores especiais inclusive os

indígenas vão também para o CNIS, beleza. Então indo para o CNIS o vínculo fica lá, comprovadinho,

se ele trabalhou de oitenta a noventa vai estar lá, se ele trabalhou desde os dezesseis anos que é a data

início pra alguém começar a contribuir e a trabalhar no regime geral de previdência, vai estar lá,

comprovado, bonitinho, então, vocês imaginam a diferença que a gente pretende que tenha a partir

desse sistema que não vai mais haver essa necessidade aqui de comprovar a cada benefício, vai estar

comprovado como todos os demais trabalhadores brasileiros de vez. Isso eu acho o grande ganho, isso

é o resgate dessa cidadania perante a previdência social, e evitar esse desgaste que existe hoje que é tu

teres que comprovar a cada vez que tu vai solicitar um benefício, tu tem que comprovar novamente, e

em se tratando da comunidade indígena que a gente sabe que é das dificuldades de se locomover, das

dificuldades de procurar uma agência da previdência, isso vai acabar.

Essa é a proposta, simples, prática, não tenho muito a falar sobre ela, mas tenho a dizer pra vocês que

é um ganho muito grande, e todos os trabalhadores rurais, não só a população indígena. Então o quê

que ocorre hoje e nós sabemos disso e a previdência é conhecedora disso? Ocorre que o tratamento é

diferenciado para o trabalhador rural, para o segurado especial, nas diversas agencias da previdência

social, disso temos conhecimento por falta de uniformização, é o retrato, é verdade. Existem atritos,

existem muitas situações em que as pessoas e principalmente o segurado especial indígena não tem

reconhecido os seus direitos perante a previdência, não saindo em defesa de ninguém, e a minha

defesa neste momento é exatamente da população indígena, porque eu estou representando a

previdência, mas para resolver, para tentar resolver a, o nosso relacionamento com a população

indígena, eu diria pra vocês que os servidores também tem a sua preocupação porque eles estão com a

responsabilidade, a de reconhecer direitos, e direitos que vão ser mantidos pela vida toda, e é dinheiro

público, e é lei, e a lei diz assim que toda vez que um segurado especial, isto é, indígena, e todos os

trabalhadores precisarem de um benefício tem que comprovar. E o servidor tem que fazer o quê? Ele é

um servidor público, ele tem obrigação de fazer exatamente o comprimento disso, e ele tem que fazer.

Hoje com a criação do sistema nós vamos ter outra realidade, que é a realidade de poder comprovar

uma vez só e ficar lá comprovado.

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Bem, aí nós precisamos assim, o nosso encontro precisaria englobar a legislação previdenciária, pra

que vocês, as comunidades indígenas tenha o maior conhecimento da legislação previdenciária, como,

esse encontro de legislação demandaria de um tempo muito maior, tem um material a respeito de

legislação que eu trouxe, que tá num pen-drive, mais tarde vocês poderão copiar, porque não tem

como nós falarmos. Hoje eu vou falar pra vocês só um pouquinho do que é um segurado especial,

segurado especial de um modo geral. Porque, porque não basta eu ser doméstica para eu ter os direitos

da previdência, não basta eu ser médica pra ter os direitos da previdência. Eu tenho que pagar todos os

meses, não basta eu ser professor ou ter qualquer uma função pra eu dizer eu trabalho, e eu tenho os

direitos perante a previdência social, eu preciso ser contribuinte, então, assim como não basta eu ser

indígena. Não é pelo fato de que eu nasci indígena, que eu tenho direito aos benefícios pelo simples

fato de eu ter nascido indígena, eu tenho que ser um indígena segurado especial, isto é, que trabalho

na minha terrinha, ou na minha terra, ou na minha aldeia, quer seja pra minha sub-existência, quer

seja pra vender, pra comercializar, quer seja no artesanato, confeccionando, quer seja, é preciso que eu

seja um trabalhador, não basta ter nascido indígena, essa é a diferença. Segurado especial indígena é

aquele que trabalha, aí o quê que acontece com o exercício da atividade, ela é informal, ela não tá

registrada lá naquele CNIS, porque não tem um vínculo empregatício.

Então o quê que vai acontecer, a FUNAI nesse acordo, nesse convênio que a gente tá fazendo, essa

cooperação técnica passa a ter a responsabilidade e a testar esse CNIS quem é indígena e segurado

especial. Simples, não é mais da competência da previdência a partir de agora, vai ser da

responsabilidade dos próprios indígenas e da FUNAI que vão declarar, vão entrar no sistema, vão fazer

o cadastro de cada um, e cada um vai ser articulado de sua forma nas suas comunidades indígenas, vai

então fazer o quê? Cadastrar e dizer desde quando, até quando essa pessoa é segurado especial

indígena. O quê que fica pra previdência nesse caso? Fica pra previdência verificar se de oitenta a

noventa a FUNAI atesta que ele foi segurado especial indígena. O quê que a previdência vai ver, tem

um vínculo no CNIS naquele período, esse indígena esteve empregado, então aquele período vai ser

descaracterizado como segurado especial indígena, ele serve, continua servindo para os benefícios,mas

não para o benefício de segurado especial indígena. Então não há descaracterização, apenas de

segurado especial, ele é um segurado da previdência social e continua sendo, mas naquele período,

porque tá lá o vínculo dele? Então, ele continuou sendo indígena e isso ninguém tira, mas ele não foi

segurado especial, ele tem direito aos benefícios da previdência como um trabalhador urbano que foi,

porque ele pagou, porque ele contribuiu, porque ele trabalhou, por que foi empregado porque ele teve

carteira assinada, e isto quem vai verificar é a previdência.

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Os demais eventos quem vai verificar é a FUNAI. Isto é, o bojo é o centro do acordo cooperação

técnica que eu não vou entrar nas cláusulas com vocês, é um documento que não cabe entrar com

vocês, mas é pra vocês entenderem que é o significado do acordo. A partir do momento que o sistema

estiver lá no ar, aquela declaração via papel que os sindicatos, os , as FUNAIS fazem, mandam, as

comunidades mandam vai estar no sistema. Beleza, vai tá lá no CNIS. Então, isso é incontestável, isso

é, a previdência não vai contestar, a previdência só vai contestar os vínculos que ele teve durante esse

período, poder descaracterizar um período que ele não tenha estado trabalhando como segurado

especial indígena certo? Então a gente trouxe uma apresentaçãozinha. O Pedro tá ali gerenciando essa

apresentação, é só pra mostrar pra vocês alguma coisa do sistema. É rápido e depois a gente vai abrir

pra algumas questões a respeito do sistema tá, a gente não está focando toda legislação, porque se

focássemos teríamos muito, muito, muito, muito pra falar, então vamos mostrar o sistema que é o

objetivo do nosso trabalho hoje. É, a Irane está aqui me ajudando a fazer a colocação pra vocês, que

esse sistema foi feito por o INSS e a FUNAI. Nós construímos lá na Paraíba, estamos construindo, ele

não está, é, então assim, em acordo com a FUNAI e consultando as comunidades indígenas, o Petrônio

acho que tá por aqui também, podem me ajudar.

Então assim, reunimos várias vezes, e pedimos subsídios pra FUNAI pra nos dizer como construir um

sisteminha que fosse prático, bem fácil para que a comunidade indígena seja cadastrada, e a FUNAI foi

quem sugeriu juntamente com a comunidade indígena como vamos fazer esse sisteminha. Então a

gente vai tentar mostrar, ele ainda não tá em produção, ele não tá pronto, vai estar em pouco tempo ,

e aí então o quê que nós temos, nós partimos do CADE PF, do sistema que é hoje pra fazer uma

inscrição, esse sistema vocês já usam, todos usam hoje, e ele está na internet, que é pra inscrição de

qualquer pessoa que queira se inscrever, independente de ser segurado especial ou não. Então, lá são

os dados cadastrais, ali estão os dados cadastrais, podem confirmar, esses dados cadastrais, eles são da

maior importância que todos os dados sejam informados. Nesse momento são os dados só do cadastro,

só da pessoa física em si, pode passar Pedrinho. Então ali ele gera um nit, e é dalí que nós vamos

mostrar o sistema, a gente não tem foco em mostrar a primeira parte porque nós vamos mostrar o

sistema como é que ele fica pro cadastro do indígena. Então, lá ele aparece os dados da pessoa, ali ele

pergunta o tipo de solicitante, aí nós marcamos FUNAI, é lentinho, mas é rápido também. É porque

são poucas telas, ali, a área de abrangência dessa FUNAI.

Vamos terminar pra ver se a gente consegue, ele pode perguntar? perguntando junto? [Participante

não identificável: Eu acho melhor terminar [inaudível] porque o sistema é meio lento aqui, pode

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perder algum tempo. É a internet é lenta e é ambiente de... Pode marcar então, vamos ver se ele, é, ali

é a identificação do servidor da FUNAI, que vai estar informando, a assinatura digital, a senha, ali é a

abrangência, ele é um sistema bem simples, a proposta é que vai ser o menos número de informações

possíveis porque a FUNAI deverá cadastrar a sua população indígena, então são poucos dados, ali

então sai o CNPJ da FUNAI, a razão social, o endereço da onde que foi feito, os dados daquela pessoa

que foi cadastrado, e alí então dados específicos do indígena, isso é o que nos interessa. A etnia

primeiro, escolhemos uma lá, escolhemos uma terra indígena, tão todas cadastradas segundo a FUNAI

que nos entregou, escrevemos o nome da aldeia isso é dado para ser escrito, é campo texto, a unidade

da federação a que pertence, o município, é o município vai depender do estado, aqui no Acre, vamos

achar o município lá, pode continuar Pedrinho, também ele já tá dividido pelo município dos estados,

é uma tabela, não há necessidade de digitar, aí vem o que é importante, período de exercício de

atividade, nesse momento a FUNAI vai estar colocando qual é o período que esse indígena exerceu a

atividade de segurado especial, isso após os dezesseis anos, então ele tá colocando lá, o período de 1°

de janeiro de 2000 até 2009, adiciona o período, ali, já está adicionado o período, com a possibilidade

de alterar se de repente ele cedeu conta, pode adicionar mais períodos se ele quiser, outros períodos

porque ele pode não estar no primeiro momento já definindo, ele pode hoje ao fazer o cadastro definir

pra um auxílio doença, dizer que ele tem o último ano como segurado especial, 2008/2009, mas

anteriormente ele sabe que esse indígena foi segurado especial há muitos anos.

Então, o que vai acontecer, ele pode num outro momento acrescentar, tem mais 10 anos, tem mais 5

anos, tem mais 2 anos, e aí ele vai adicionando períodos lá. O momento da FUNAI fazer a

comprovação da atividade não precisa necessariamente ser em uma única vez, ela poderá em diversas

vezes confirmar o período de atividade e continuar confirmando posteriormente, se fizer um cadastro

hoje e daqui a 3 ou 4 quiser confirmar mais um período ela vai confirmando os demais períodos

subseqüentes à inscrição, a partir dali vamos já adiantando, a partir dali tem um campo texto onde a

FUNAI vai justificar esse cadastro que ela ta fazendo, vai dizer se o indígena trabalhou em uma outra

aldeia, o campo texto lá, se ele está vindo de uma outra comunidade, se ele não apresentou

documentos, quais documentos ele apresentou, se ele tem ou não documentos, isso fica cadastrado ali,

pode confirmar Pedrinho? Aí ele confirma a inscrição e aparece um comprovante com todos os dados

informados, ali estão os dados da FUNAI, os dados da própria pessoa, os dados da atividade que é a

etnia, o período que ele exerceu, e ai quando efetiva a inscrição, só para vocês saberem, que é um

momento importante que nós falamos no início, é o momento que esses dados estão indo para o CNIS

certo?

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Esse é o momento que efetiva a inscrição, então está indo para o CNIS os dados do segurado especial,

muda totalmente o caráter então de até agora ser só declaratório e só durante um pedido de benefício

é nesse momento que vai estar indo para o CNIS, isso vai estar nesse momento migrando para lá, aí a

partir de agora o segurado especial indígena vai ter o seu tempo já comprovado lá no CNIS, como os

demais trabalhadores brasileiros, pode efetivar, e ai sai um comprovante impresso diz lá que o

segurado especial indígena foi inscrito com sucesso sai todos esses dados e esse comprovante fica com

a pessoa que se inscreveu, la ta o NIT, o número do trabalhador, o período, as informações sobre a

previdência dizendo que essa declaração foi com base nas informações prestadas e quais os

documentos e imprime esse documentozinho, o importante é que vocês tenham em mente que é

nesse momento que a informação do tempo exercido de atividade do segurado especial indígena está

indo para o CNIS e esse não vai mais ser mexido, ele só vai ser mexido, como em qualquer outro

trabalhador brasileiro, se houver uma denúncia, se houver a necessidade de..., isso para qualquer

trabalhador existe, ou se houver alguma apuração a ser feita, é nesse momento, então estamos assim

colocando nesse momento todo o período de exercício de atividade do indígena, quando ele precisar

de um benefício ele não vai mais precisar fazer na agência da previdência, certo? Eu espero ter

esclarecido, a gente tem muita coisa para conversar e eu me coloco a disposição se eu puder esclarecer

algumas coisas para vocês.

Márcio (Presidente): Muito Obrigado, Fátima Regina, vamos abrir agora para inscrição, o primeiro

que tinha sido inscrito era o André que se inscreveu antecipadamente, depois do André o Arão, depois

o Brasílio, Caboclinho, Titiah, Tóya e Marcos Xucurú, vamos tentar seguir essa ordem ai.

André Araujo do MDA: Fátima, parabéns pela apresentação, super didática, acho que se todas as

apresentações da CMPI fosse assim a gente conseguia avançar mais, eu tenho uma dúvida que é a

seguinte, você coloca que o papel do INSS é então cruzar as informações, certo? Que a FUNAI vai

disponibilizar nesse sistema com outras informações que o INSS dispor daquela mesma pessoa, não é?

E aí há um problema concreto, que eu já trabalhei nessa área da educação previdenciária e a gente

vivenciava lá que era o seguinte, o indígena ele trabalha na sua terra, correto? E ele também pode

prestar serviços, não é? Ele pode prestar outros serviços a um projeto, no projeto de uma ONG ou de

uma empresa e aí essa empresa, essa ONG ela faz a contribuição do INSS então ela lança ao sistema a

informação daquele trabalhador e aí o INSS considerava então que ele naquele momento deixava de

ser um segurado especial, esse era o entendimento na época que a gente vivenciava eu não sei como

que está hoje, por isso que eu antecipadamente fiz a pergunta porque na verdade o indígena não vai

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deixar de trabalhar na sua terra, na minha concepção ele não vai deixar de ser um segurado especial,

não é? Porque ele continua nas suas atividades na terra e tudo mais, entretanto esse conflito de

informações ai sempre prejudicava os agricultores, no caso eu trabalhava com os ribeirinhos do

amazonas, então nós tínhamos esse problema, então eu questiono a vocês tanto à Fátima quanto a

Helena, se foi pensado nesta questão, não é? Não sei se todo mundo entendeu a pergunta, vai ter lá o

cadastro que a FUNAI vai informar, mas por outro lado vai ter o INSS vai cruzar com outras

informações de serviços de autônomos que vocês podem prestar para outros e ai isso dá problema, essa

é a minha dúvida.

Fátima: Veja só, segurado especial é aquele independentemente de ser indígena ou não é aquele que

trabalha exclusivamente em atividade rural, se ele estiver exercendo uma outra atividade ele não é

segurado especial, então realmente se ele for foi o que eu falei a previdência vai verificar, só que, qual

é o ganho, qual é a diferença de agora para a época que tu estás falando, o que, que a legislação diz?

Antes se exercesse ficava descaracterizado para todo o sempre, hoje não, tu só vai excluir aquele

período, sem prejuízo nenhum, quer dizer tu tem 10 anos de segurado especial, tu tem 1 ano que tu

trabalhou lá numa determinada atividade, as pessoas não queriam nem dar a sua carteira, não

queriam nem pagar a previdência para não perder, hoje não, porque vai estar lá e apenas vai ser

descaracterizado como segurado especial, então essa é a mudança, naquela período, não ele como

sendo segurado especial como era antes, realmente era assim e não é mais, a partir da 11718 não é

mais, descaracteriza aquele período, então havia até a história que as pessoas não deixavam assinar

carteira, não recolhiam para a previdência porque não queriam ser descaracterizados para toda a vida,

não é mais assim, descaracteriza só o período em que ele exerceu, isso não prejudica, segunda

pergunta?

Márcio (Presidente): É o Arão, a segunda pergunta, a gente vai seguir aqui pergunta e resposta.

José Arão Guajajara - Maranhão: Eu tenho na verdade não só uma pergunta eu tenho quatro, primeira

pergunta: quem já é segurado, se ele também vai passar por esse crivo de inscrição, se ele também

será incluído nesse procedimento?

Fátima: Vai, esse que nós fizemos inclusive era um que já tinha NIT, o sistema vale para os novos que

estão sendo inscritos e os que já são, os que já são porque NIT é o número do trabalhador brasileiro, o

meu é para sempre, o teu é para sempre, e o deles e de todo mundo é para sempre, então o que, que

vai ser feito? Foi exatamente o que o Pedro fez ali, ele pegou alguém que já tinha o NIT e só colocou

as informações como segurado especial, qualquer um de nós, já está contemplado, se eu deixar hoje de 266

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ser funcionária pública e for ser segurada especial eu vou pegar o meu NIT e é no meu NIT que vai

essas informações. Segunda?

José Arão: A segunda é em relação à responsabilização, no caso a eventual responsabilização de

alguém por essa inscrição, vai ter uma inscrição do funcionário da FUNAI no caso? Ele vai ser

responsável por essa inscrição? Ele vai ter uma coleta dos dados, e tal |inaudível| alguma coisa dessa

ordem?

Fátima: Vai, responsabilidade solidária, previdência e FUNAI, somos todos servidores públicos, o que,

que acontecia até agora, a responsabilidade era solidária, só que era papel, porque no momento em

que a FUNAI estava mandando um documento para a previdência dizendo que esse segurado era um

indígena e era um segurado especial era um compromisso, apenas agora vai ser no sistema,

responsabilidade solidária, a FUNAI diz a metade e a previdência diz a metade, sim vai ser

responsabilizado.

José Arão - Tá, a terceira e penúltima pergunta, na verdade é um questionamento em relação a esse

limite de empréstimo dos aposentados, eu sou do Maranhão já me identifiquei, mas lá a gente tem

convivido com situações absurdas, tem aposentado lá que está recebendo 10 reais por mês e muitos

deles nem isso recebe mais, quer dizer, não existe limite de empréstimo, Bom Sucesso, BMG, Merco

não sei o que lá, são bancos, itinerantes que as pessoas andam com as pastas nas ruas, fazem

empréstimo muitas das vezes nem é o próprio indígena, nem é o próprio segurado que faz

empréstimo, é o senhor que fica lá no comércio, que retém o cartão do aposentado do próprio

indígena, eu gostaria de saber se o INSS não tem um dispositivo de limitar o valor máximo, o teto

máximo de empréstimo desses aposentados e aproveitando aqui, que é vinculante a pergunta aqui,

porque é que as pessoas intermediárias muitas vezes, os intermediadores, eles só com o NIT eles já

fazem empréstimo em nome do futuro beneficiado, o que acontece levam um parente lá para

aposentar, já emite esse número ai que é o NIT, com esse número do NIT o intermediário lá, ele já faz

empréstimo de 4000 reais ou 3000 reais em nome daquele miserável futuro e quando ele já pensa em

receber o primeiro pagamento ele já fica devendo 3, 4 anos, é um problema que eu to citando aqui eu

não sei se é um problema específico do Maranhão mas é um problema que a gente vive lá e que é

muito sério. Obrigado.

Fátima Regina: Arão, não é o foco do nosso assunto hoje a legislação e os assuntos que se referem a

empréstimos, ou a benefício, porque foi o que eu falei, nós precisaríamos de um tempo muito maior

para ver isso o qu, que eu posso te dizer quanto a isso, é que existe a possibilidade de qualquer pessoa, 267

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que tenha um beneficio na previdência, já pedir na previdência que bloqueie a possibilidade de

empréstimos, é a única coisa que eu posso te adiantar, eu não posso te responder a tua pergunta

porque não é o foco do nosso assunto, o nosso assunto é mostrar esse sistema e falar sobre o acordo,

então eu não gostaria de entrar no mérito.

José Arão: A senhora me desculpa, mas infelizmente a gente não tem essas oportunidades que a gente

tem agora, o foco eu sei, eu entendo porque eu não sou anormal, eu entendo que o foco principal é

isso, mas eu quero aproveitar o momento, porque a gente não tem a oportunidade, vou repetir mais

uma vez, de lançar essas perguntas, porque lá nos estados a gente está cansado de questionar isso, e eu

entendo que a senhora como representante da instituição mesmo que o foco principal não seja essa

que eu to falando, mas é o momento, a oportunidade que eu estou aqui como representante daquele

estado por isso que eu estou fazendo a pergunta para a senhora eu entendo muito bem o foco principal

é esse, mas eu quero só aproveitar o momento, se puder responder agora tudo bem, se não então deixa

para outra oportunidade.

Fátima Regina: Ótimo, olha só Arão, foi o que eu falei no início, esse é um dos primeiros encontros

que a gente ta tendo, a gente teve um em Brasília que foi com legislação e que a gente teve mais

tempo para conversar, isso foi o que eu falei, por mim a gente tem todo dia, e nós vamos ter muitos

encontros para conversar sobre previdência de agora em diante porque agora nós somos mais

parceiros, então esse teu assunto não tem duvida de que é da maior relevância, e não é só com relação

aos segurados especiais, é com relação a todos os tipos de trabalhadores que recebem benefícios da

previdência, a gente não tem duvida que o teu assunto vai ser levado, a gente vai levar todos os

assuntos, eu só estou pedindo para vocês que tenham paciência porque nem tudo eu vou poder

responder para vocês, não tem dúvida Arão, a gente se coloca a disposição, e nós vamos ter muito mais

encontros para isso, mas o teu assunto vai ser levado e a FUNAI está organizando capacitações

regionais agora, nós vamos ter encontros em vários lugares do Brasil, mas com mais tempo para que

nós possamos discutir e levar pontualmente as duvidas e os problemas de vocês, tá bom?

José Arão: Obrigado

Fátima Regina: A Irânia quer falar um pouquinho.

Irânia: Bom, só para não deixar, eu acho que a Fátima Regina já pontuou, porque essa questão que está

sendo colocada, que o Arão colocou, isso não se dá apenas com os benefícios previdenciários, os

benefícios sociais também, então essa é uma discussão que passa pelo bolsa família, também por todas

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essas políticas e programas de renda, isso tudo traz assim, ao mesmo tempo que a gente amplia o

acesso, e no caso aqui a gente está trabalhando a ampliação de um direito, não é? Ampliar e promover

o acesso a um direito, que é o direito previdenciário e que muitas vezes ele é negado exatamente por

que? Porque agente não tinha dentro do sistema nacional, um sistema específico que atendesse as

necessidades dos povos indígenas, que respeitasse essa necessidade, a questão do segurado especial

como foi colocado, o que é isso? Se vocês derem uma olhada no folhetozinho tem duas perguntas que

nós colocamos no final que responde, porque antigamente trabalhador rural era só considerado quem?

Os índios aldeados e ai chegava na FUNAI ou no INSS, os indígenas que por um motivo ou outro estão

morando fora das aldeias, e esses indígenas não tinham o acesso, chegavam no INSS eram bloqueados,

não você não é trabalhador rural, você não mora na aldeia, não é assim que acontecia? Nesse

momento o mais importante desse acordo e cooperação técnica é isso é ampliar, e essa lei, tudo vem

por conta de uma lei que foi um acordo que aconteceu no Rio Grande do Sul que provocou essa lei

que mudou a categoria de segurado especial para os indígenas, e hoje o artesão, o pescador, não é?

Então tem “n” questões que a gente tentou esclarecer um pouquinho nesse panfletozinho, mas que

depois a gente vai tentar fortalecer nos encontros regionais que vai explicar melhor isso, mas assim, a

questão do acesso é o primordial, e os problemas desse acesso a gente vai ter que discutir e tirar uma

solução junto com todos, tem que ser solidário isso.

Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o caboclinho, depois tem o Titiah, depois tem o Brasílio, ta

aqui na seqüência, se acalma que você vai falar.

Caboclinho Potiguara: Eu sou da Paraíba, bem na realidade eu queria só contribuir também com o seu

relato eu queria dizer que na realidade esses pontos que estão sendo levantados aqui pelos nossos

parentes, isso ai na nossa região também acontecia muito, inclusive até chefe de posto ainda responde

processo lá porque elaborou principalmente declarações, declarações indígenas por pessoas que não

eram índios, enfim várias coisas, mas eu não vou entrar no mérito não, eu só queria dizer que para se

fazer um cadastro desse ai, nós buscamos principalmente a questão do censo, o levantamento do censo

que foi feito dentro da área potiguara, então isso contribuiu muito para que o chefe hoje estar fazendo

o trabalho junto com a Regina, isso contribuiu muito porque todo levantamento é feito a partir do

levantamento feito pelo censo, era só isso para concluir.

Fátima Regina: Eu agradeço à contribuição do caboclinho e agradeço mais uma vez à maravilhosa

nação Potiguara que foram assim os grandes culpados também desse cadastro porque eles estiveram

junto com a gente fornecendo as informações pra nós lá na Paraíba.

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Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o Luís Titiah.

Luís Titiah representante da região nordeste-leste: Eu só queria deixar registrado aqui na CNPI como

que essa questão que foi representada ai, principalmente na minha região acontece muito, muitos

velhos que estão com os seus documentos assim feitos pela pessoa não branca que a idade não bate

com a realidade, e para essa questão da aposentadoria como é que vai ficar se entra o INSS e a FUNAI,

para estar consertando os documentos desses indígenas para ter o direito a sua aposentadoria, |

inaudível| a história dos outros velhos que tem mais de 60 anos, 70 anos e ta com o registro com 50

anos, não é? E mais novo com idade de velho, isso ai eu acho que tem que ter uma fiscalização em

cima disso ai, e para encerrar eu queria ver como é que faz para a gente ter o endereço para acessar,

nessa questão que foi levantada para informações, reclamações, alguma coisa assim, muito obrigado.

Fátima Regina: Tá, eu depois forneço para vocês o materialzinho que eu tenho da legislação, e o

endereço também, ta? Eu tenho no pen-drive ali, e depois eu vou copiar, certo? Obrigada pela sua

colaboração e eu vou passar para a Irânia quanto ao registro civil, ta?

Irânia: Bom como eu falei antes de ontem, a gente iniciou essa discussão pelo registro civil de

nascimento e eu falei que com a questão do segurado especial e a responsabilização da FUNAI em ser

o cadastrador, desse beneficio, que é que vai se responsabilizar não é mais o INSS, quer dizer o INSS

pode continuar nada impede, mas ele vai ser feito pela FUNAI, a gente descobriu o que? Que

infelizmente mais uma vez confirmando aqui, a desestruturação que foi com relação a informação dos

indígenas, isso partiu desde o registro administrativo, e do registro civil, ai a gente vê que está

totalmente desestruturado e qual é o grande desafio da FUNAI?

É novamente reestruturar toda informação com relação aos indígenas e isso não vai ser fácil, vai passar

pela qualificação do servidor, e tudo mais, porque olha, se vocês observaram, o servidor da FUNAI é

que vai ter uma assinatura digital, se ele colocar uma informação incorreta, cair essa informação no

CNIS, e bater depois que cruzar, ele vai ser diretamente responsabilizado, então ele tem que estar

muito bem preparado para isso, até o Petrônio brinca, não é? Que tem dentre os direitos

previdenciários, tem o auxílio reclusão, ai diz que vai ter que criar auxílio reclusão para o servidor da

FUNAI, é o Petrônio que brinca, para os familiares não é Petrônio? Por quê? Porque isso aí é de uma

grande responsabilidade e a FUNAI vai ter que correr na velocidade de como a gente abastece um

avião no ar, porque infelizmente o nosso registro administrativo é falho, essa questão que foi colocada

pelo Titiah é do Brasil inteiro, foi negligenciada a questão do Rani que é o principal documento,

porque para alimentar o sistema não precisa ser o registro civil do nascimento, pode ser o registro 270

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administrativo que ainda é um documento legal, com o Rani a gente consegue cadastrar os nossos

segurados especiais, ta certo? Então essa informação, então é um grande desafio, mas eu acho que é

isso mesmo, é o papel nosso de estado, tem que reestruturar, tem que fazer as coisas corretas e com

isso a gente vai tentar corrigir as distorções e os problemas do passado, então assim viu Titiah é uma

grande, a gente está assim eu acho que os cabelos brancos vão aumentar pra caramba não tem

problema, não só os meus como também os dos colegas que estão na ponta, mas a gente vai tentar

reestruturar para aos poucos ir eliminando essa questão, não vai ser fácil, não vai ser da noite para o

dia, vai demorar um tempo, mas a gente vai ter que trabalhar nesse sentido, corrigir as distorções e os

erros que a gente venha cometendo ao longo dos anos, ta ok?

Márcio (Presidente): Irânia, o Petrônio quer contribuir um pouco.

Petrônio de João Pessoa: Titiah, algumas correções dessas, infelizmente nós vamos ter que entrar na

justiça, agora o que vai ser bom para nós da FUNAI é que nos vamos ter acesso ao banco de dados do

INSS então só vai errar quem quiser.

Luís Titiah representante da região nordeste-leste: Viu Petrônio, mas não é essa questão que a gente se

preocupa na região, por que lá mesmo, esse registro da FUNAI não existe, eles não aceitam, o estado,

como é que fica? Por exemplo tem alguns índios lá, que a invasão na nossa região que é registrado pela

idéia do fazendeiro que ele trabalhava, você entendeu? Então o velho que tem 65, 70 anos está com o

registro na idade de 50 anos, se a FUNAI tinha como, sei lá, criar uma lei ou algum regime que votasse

a registrar, cadastrar essa pessoa de novo, com a idade completa, segundo fiquei sabendo as

informações não sei se é verdade eu queria perguntar a senhora ai, parece que tem um exame que faz

no dente da vítima que descobre a idade da pessoa, eu não sei se é verdade.

Márcio (Presidente): É o seguinte tem outras pessoas inscritas a doutora está inscrita também, eu acho

que podia, não é?

Doutora Alda: Me perdoe aqui, mas é só para contribuir nessa questãozinha ai do Arão e do Titiah,

esse caso Titiah que você está dizendo eu creio viu doutora, que há uma saída única, não é o INSS que

vai resolver esse assunto diretamente, o órgão dentro da sua atividade administrativa, no caso é muito

simples, a própria defensoria publica pode atender esse senhor, esses senhores, para anular mostrando

porque há um exame realmente, não é de dente não, há um exame técnico, científico, médico que

avalia a idade das pessoas através dos ossos, através de mais outros exames outras identificações que só

eles sabem, então é muito simples isso, é um processo que logicamente tem que ser judicial, que é um

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registro e que só poderá ser identificado a idade desse senhor, dessa senhora através de um exame, de

um laudo médico, mas através de uma ação judicial e não pelo órgão do INSS administrativo, ele não

pode olhar essa situação creio eu.

Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o Brasílio.

Brasílio: Doutora Fátima eu acho que a sua colocação foi muito importante, eu devo agradecer pela

explicação que a senhora fez, eu acho que no caso quem deve atuar é a polícia, porque isso ai é caso de

polícia não INSS, mas eu acho importante que a |inaudível| colocou também que os funcionários da

FUNAI serão também melhorados para fazer, eu acho importante, não só dar as instruções a eles, mas

também que eles tenham responsabilidade no que faz para que futuramente não atrapalhe esse

benefício dos povos indígenas, o que eu quero dizer é que no sul do Brasil, pelo menos no meu estado

99% tem acesso a esse benefício eu fico muito agradecido pela explicação da senhora eu acredito que a

gente avançou muito nos últimos anos, eu só tenho a agradecer, mas fico ainda com a minha

preocupação que o nosso colega ai, o Guajajara colocou sobre esses empréstimos sobre os benefícios,

eu sei que não é responsabilidade do INSS, muitas vezes é caso de polícia mesmo, mas existe uma

preocupação de nós, representantes indígenas, que conhecemos as bases, e essas bases estão sofrendo

com isso, eu gostaria que a senhora levasse como uma sugestão que tivesse um limite, a senhora pode

fazer a sugestão em nome de nós, porque nós que vamos pedir, e que isso fosse feito para que pelo

menos 50%, 40 pudesse fazer esse empréstimo, mais do que isso porque senão é feito o empréstimo

hoje durante a semana ele come o dinheiro e depois fica 3 anos esperando que venha outro

pagamento, mas eu só tenho a agradecer à senhora foi muito bem explicado, eu acho que já mudou

muito e eu só tenho a agradecer porque vai mudar 100%, meu muito obrigado.

Fátima Regina: O Pedro está anotando ali algumas coisas que a gente pode levar, eu agradeço à

contribuição da doutora que falou aqui para nós, dando o cunho legal de muitas coisas que é do

conhecimento dela, muito mais do que o nosso, obrigada doutora, e é assim que se faz parceria, é

trabalhando à muitas mãos, porque se a gente quer chegar à algum lugar, a gente tem que fazer

parcerias, se a gente quer realmente resolver a gente tem que fazer parcerias, ninguém define nada

sozinho, não é? Vamos à próxima pergunta?

Márcio (Presidente): Tem a doutora Alda que quer fazer um esclarecimento, para a pergunta do

Brasílio.

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Alda - AGU: Tóya me permita, é um esclarecimento que vai resolver uma outra questão que o Arão

levantou e agora o Brasilinho reforçou, essa questão eu creio doutora Fátima Regina, a senhora me

corrija se eu estiver errada, o INSS ele tem esse limite que vocês estão solicitando no desconto salarial,

no empréstimo, que vocês chamam de salário consignatório, de consignação, no benefício que o INSS

paga aos beneficiados, é já existe esse limite na legislação, já existe um limite, é um limite me parece

de 30%.

Fátima Regina: Tá saindo um documento limitando ainda mais esse valor, eu não quis entrar no

mérito porque eu não tenho conhecimento suficiente para isso.

Alda - AGU: É verdade doutora, é isso mesmo é um limite significado em 30% vamos supor que seja

menos 28, em fim, é alguma coisa nesse sentido, isso não adianta ninguém acessar além disso por quê?

É bloqueado imediatamente quando o credor vai acessar o desconto no salário do beneficiado além

desse limite o INSS não concede ele bloqueia, e é questão que já está estabelecida no sistema, ocorre

que, Arão, me parece que o que está acontecendo em vários lugares é o seguinte, é uma conivência

entre o segurado e o credor, no caso realmente ai não é um caso de INSS e culpa da previdência, e sim

é um caso até de polícia, de abuso, de desrespeito, que ele fica com o cartão o senhor do comércio, ele

vai lá, o beneficiado faz a dívida ele se apodera do cartão, da senha inclusive e ele mesmo desconta,

não é o órgão do INSS que tem essa responsabilidade de controle, ele já tem estabelecido no sistema o

controle, 30%, passou daquilo ele não autoriza, agora se vai além disso já é uma outra situação entre o

segurado e os que estão se beneficiando desses empréstimos, não é? Até por uma questão de fraude, de

abuso, é a questão de abuso, eu quero até ver com vocês eu acho que estou sendo clara, não é o órgão

que pode, ele não vai estabelecer, e não é só para a questão indígena, mas isso pode estar em toda a

sociedade, para todas as pessoas que são dependentes, que são beneficiados desse sistema e que tem o

cartão de benefício que vão lá todo mês e saca através da sua senha, está acontecendo isso realmente,

mas ai já é uma questão de polícia, não é uma questão mais do órgão da previdência, desculpa doutora,

eu acho que deu uma esclarecida para os colegas. Obrigada.

Márcio (Presidente): O próximo inscrito é o Tóya.

Tóya Machineri - Bom dia, Tóya Machineri, da região amazônica Acre, muitas das perguntas que eu ia

solicitar já foram esclarecidas, não é? Eu gostaria de deixar aqui uma solicitação quanto ao período de

pagamento por exemplo, do benefício de aposentadoria, não é? Que por exemplo para outras regiões o

período é interessante tem estrada, coisa e tudo, mas para a gente na Amazônia, principalmente aqui

no estado do Acre, é bastante complicado nos meses de inverno, não é? Onde para tu chegar na 273

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comunidade leva muitos dias, e as vezes quando o segurado vem, ele depende de estrada de ramal

muito longe, as vezes o benefício dele está bloqueado por conta dos 60 dias, que tu tem que retirar, e

ai seria, mas não respondi aqui, mas ta pensando juntamente o INSS com a FUNAI, já que é um

segurado especial dessa área a gente poderia estar trabalhando um prazo maior para as populações

indígenas que vivem na Amazônia porque as distância são bastante grandes.

Fátima Regina: Para que o benefício ficasse mais tempo disponível sem ser bloqueado?

Tóya Machineri - Isso.

Fátima Regina: Vamos levar a tua reivindicação, tá?

Tóia Machineri- Obrigado.

Fátima Regina: E eu queria dizer assim, que já falei no início, já que tu é aqui do Acre, dizer que é

uma grande satisfação estar aqui no Acre, é uma coisa que desde sempre eu queria ter vindo e essa

oportunidade é muito boa de eu estar aqui, estou assim encantada de poder estar vindo aqui depois de

todas as vezes que se ouviu falar lá em São Gabriel aqui do Acre. Pode fazer a próxima?

Márcio (Presidente) -O próximo sou eu mesmo que estou conduzindo, eu tive algumas preocupações,

mais o Marcos Xucuru região nordeste-leste, o que Petrônio mostrou ali, um formulariozinho, que

está se pensando, não é? E eu fiquei a pensar em algumas questões, algumas delas já foram respondidas

pela senhora, nós temos hoje uma situação que são os professores indígenas, os agentes de saúde e de

saneamento básico, isso é uma das nossas realidades hoje, que são contratados provisoriamente,

contratos temporários, que não tem carteira assinada, e alguns deles recebem inclusive em alguns

estados menos que um salário mínimo, as prefeituras no caso dos agentes de saúde, as prefeituras

fazem um recolhimento de uma pequena parte desse recurso, do salário que eles recebem, só que de

repente esse profissional sai da sua atuação da saúde, como agente de saúde, ele não tem como reaver

aquela contribuição que foi tirada, e sem contar que se o agente de saúde ela engravida, tem a criança,

ela não vai ter como ter esse segurado especial, porque teoricamente ela vai estar trabalhando por

mais que ela não tenha registrado, no que o Petrônio me mostrou aqui, pede para colocar a renda

familiar da pessoa para saber se ela se enquadra ou não como segurada especial, então digamos que

tenha aqui, pelo que eu vi, uma produtor, uma pessoa que tenha uma área extensa de terra e que está

produzindo, não é? Ele é trabalhador rural, mas de repente ele ganha por mês mais de 1000 reais,

certo? 2000 reais, segundo ele está se discutindo a porcentagem ai, não é? Que ele automaticamente

quando cruzar os dados ele vai perder o segurado especial, porque ele atingiu mais do que o valor que 274

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vocês estão discutindo ainda essa questão ai, então a pergunta é essa, como que fica essa situação dos

indígenas nesse sentido? Eu acho que a gente precisa discutir melhor essa situação, essa é a minha

pergunta.

Fátima Regina: A respeito da filiação de uma pessoa ao regime geral da previdência social ele tem os

direitos de acordo com o regime que ele está no momento e com a categoria, se ele for segurado

especial ele vai ter os direitos aos benefícios como segurado especial, aqui ele está colocando a situação

que é uma situação de lei, é uma situação ilegal, por que? Porque essas pessoas estariam trabalhando

em uma atividade urbana sem contribuição, então no momento que ele deixa de ser segurado especial,

mesmo que seja por um tempo, vai trabalhar numa prefeitura ou seja onde for ele tem que ter

contribuições para aquele regime, aquele regime que tem que bancar os seus benefícios naquele

momento, então está havendo uma situação ilegal quanto ao regime em que ela está trabalhando, e é

isso que tem que ser focado, e não o fato do segurado especial, o segurado especial vai descaracterizar

se encontrar a contribuição, não encontrando continua sendo segurado especial, agora assim, há uma

situação ilegal nesse momento, que é uma contratação, por mais que seja por tempo determinado, mas

que não está havendo contribuição, porque ai digamos que uma gestante que está precisando de um

benefício, um salário maternidade naquele momento ou um auxílio doença, ela vai recorrer ao regime

como trabalhadora urbana, então a doutora pode me ajudar, está havendo nesse caso sim uma

contratação ilegal, ai não afeta o segurado especial, porque se não houver contribuição o que vai

acontecer? O sistema vai localizar essa pessoa lá como segurado especial e pronto agora existe um

trabalho que está irregular, é isso doutora?

Doutora Alda: Exatamente doutora, é exatamente isso. Já foge ao critério administrativo é uma

questão irregular que tem que ser apurada, não é? E na apuração você vai ter que regularizar e etc,

mas é exatamente isso.

Participante não identificado: Eu queria prestar esclarecimentos adicionais, isso foi quando nós

estivemos em uma capacitação em Brasília, reunindo representantes de todas as administrações

regionais, e lá nós resumimos as exigências e os limites e os parâmetros da legislação, traduzimos mais

ou menos em um questionário prévio que nós planejamos lá, lógico que isso ai é uma coisa

completamente embrionária ainda, vai ser melhorado, mas ali ele já da os limites da legislação, por

exemplo a legislação diz que é segurado especial quem usa até 4 módulos fiscais, 4 módulos fiscais são

aqueles módulos rurais com base no INCRA, então isso teoricamente quer dizer que se o índio tiver

uma quantidade de |roçado| maior que os 4 módulos rurais, ele já não está mais enquadrado como

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segurado especial, como outros parâmetros de renda per capita de outros benefícios então nós fizemos

ai mais ou menos um roteiro para não corrermos o risco na hora de lançar os dados no banco de dados

do INSS fugindo dos parâmetros legais, então isso ai é um norte para nos amparar e nos dar respaldo

na hora do preenchimento.

Fátima: No auxílio reclusão presidial, não é?

Participante não identificado: Senão volta o auxílio reclusão, não é Irânia?

Fátima: Essa discussão a respeito da legislação eu queria dizer a vocês que os organizadores, eu não sei

muito bem porque é a primeira vez que eu participo, eu queria dizer a vocês que é parte da legislação,

e nós podemos e devemos porque há um acordo e esse acordo diz que precisa ser orientado todas as

comunidades indígenas e a FUNAI para que em cada evento haja um espaço maior para que a

previdência possa falar de legislação com vocês, porque assim, o que pode melhorar a pessoa a adquirir

os seus direitos e os servidores a concederem esses direitos é exatamente o conhecimento dos direitos,

então nós temos que falar em plenária e muito sobre os direitos e os deveres, e eu acho que assim, é

um início recém e eu acho que a gente tem que ser inserido sempre que houver eventos da

comunidade indígena ou que seja qualquer categoria de assegurado especial a gente tem que estar

junto, porque a medida que vocês vão tendo conhecimento vai facilitando, agora tem que ser um

espaço maior, agora o documento que o Petrônio apresentou para a gente em Brasília, e que a FUNAI

estava presente, ele é muito interessante ele atinge assim, engloba todas as exigências, tudo que é

preciso para que fique concentrado, é bom que nos eventos de vocês, vocês reúnam e estudem o

documento.

Márcio (Presidente): Eu estou vendo tem inscritos aqui o Sandro, a Simone, a Quenes e o Weibe, e eu

queria propor que a gente a partir de agora encerre as inscrições, tá? Próxima inscrição.

Sandro - região nordeste-leste: (fora do microfone) Bem, eu estava querendo rever um pouco do que o

Wellington falou, porque ele chamou a atenção e eu fiquei bastante preocupado, mas como a Regina

acabou de falar |longo trecho inaudível| e também gostaria de lembrar para uns parentes porque |a

gente quer ampliar a rede de distribuição e tem uma ação tutelar, e a gente ta preocupado com isso|

tem parente que tem sociedade |de direita|, |inaudível| até |inaudível| de empréstimo, então tem que

ser verificado isso |inaudível| nesse sentido, agora isso que está acontecendo no maranhão eu me

recordo de a Chiquinha lá do |inaudível| lembrou pra gente uma determinada reunião que estava

acontecendo lá nos Xavantes em outras áreas, |é questão de crime muitos e muitos comerciantes |

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trecho inaudível| cartão da previdência, |inaudível| parente, e isso dificultando o poder de compra, o

parente não consegue comprar o alimento, não consegue ter as condições necessárias para asseguração

do dentista da sua família, e aí eu estava até querendo sugerir que talvez fosse o caso de ponto de

pauta, porque tem que ter uma ação para esse sentido, na minha região, na questão por exemplo do

oeste da Bahia, surgiu lá o grupo |inaudível| que o pessoal recebeu do empreendimento da chefe 50%

ficou retido na mão desse cigano, hoje meu povo já está passando dificuldade de fome, porque a mais

de 6, 7 meses não recebe o benefício| da chefe e metade, olha estamos falando de cento e pouco mil

reais que cada família recebeu, pegava-se 2, 3 mil reais a título de empréstimo porque o recurso era

muito limitado e cobravam 100%, 200% de juros, quando recebia o benefício ficava tudo na mão

deles, então eu acho que é caso mesmo de uma ação de intervenção federal em determinadas áreas que

agente poderia listar e colocar até como ponto de pauta, porque ai por exemplo isso acontece

praticamente de norte a sul, então talvez trazer uma sugestão para a próxima reunião, |inaudível|

priorizar algumas ações, para realmente reter essas ações desses criminosos, isso é crime.

Márcio (Presidente): Eu queria, eu não sei se os ar condicionados estão funcionando, está muito

quente aqui dentro, o próximo é a Simone.

Simone Karipuna - Amapá: Na realidade assim, lá no Oiapoque, na administração de Oiapoque, a

administração cedeu um para o INSS desenvolver suas atividades, próximo a sede da administração,

isso facilita muito o trabalho, porque antes as lideranças, as pessoas tinham que se deslocar para outro

município para poder acessar o benefício e isso foi uma facilidade, mas também vem outra

preocupação já na administração de Macapá, a preocupação de como esse acesso, o Tóya foi muito

feliz na fala dele quando fala no período que tem para poder acessar o benefício de 30, de 60 dias, 90

dias não é? 60 dias para poder acessar, e lá é uma região muito complicada que é nas terras indígenas

na região do parque do Tumucumaque, não é? Porque o acesso é apenas com avião, e as vezes a

FUNAI não tem esse transporte para poder trazer essas pessoas para poder receber seus benefícios, e

isso as vezes leva tempo de mais, então seria bom se vocês pudessem verificar esse tempo para ter essa

flexibilidade de tempo, e outra coisa também, que foi um questionamento que eu fiz aqui e não

consegui uma resposta é obrigatório ter o título de eleitor? Porque na sua fala eu tive uma dúvida, no

campo lá se é obrigatório, porque em vista tudo isso que eu falei da dificuldade dessa... obrigada.

Fátima: Primeiro eu queria dizer que as boas práticas são para ser aplicadas, ela está contando uma boa

prática que a previdência e a FUNAI em acordo eles estão conseguindo um trabalho conjunto que

facilita, e trabalho que facilita é tudo que nós precisamos, então assim, bom saber que existem boas

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praticas, e é para ser divulgada, quanto ao pedido de vocês para dilatamento do prazo para receber o

benefício eu vou estar levando para as autoridades competentes, não prometo que sim porque não sou

eu quem decido, mas levar eu vou estar levando, e quanto ao documento que tu perguntas o título

não, é preciso que tenha documento apenas, não é necessário o título, ali a apresentação ela como é

para formar um banco de dados por isso que ela pede o maior número de documentos isso se tiver,

porque nós sabemos que para que nós possamos hoje identificar os homônimos, identificar pessoas

com o mesmo nome, a gente quanto maior o número de dados que tu tiver no sistema melhor, então é

desejável, mas não obrigatório o título, tá bom?

Quenes Gonzaga, Secretaria-Geral da Presidência: Oi eu sou a Quenes Gonzaga da Secretaria-Geral da

Presidência, gostaria de parabenizar a minha colega de governo pela apresentação eu acho que a

previdência tem nos dado muito boas notícias, em relação a essas mudanças não só para trabalhar com

o acesso, ampliar o acesso dos indígenas mas também dos quilombolas e dos trabalhadores rurais

também, a minha inscrição, presidente, é para contribuir com uma resposta da minha companheira

aqui, que eu acho que merecia ser melhor explicitado aqui na CNPI, na verdade assim e dialoga com a

pergunta do Arão que eu não sei se ele está aqui, tá? Que é sobre a história dos empréstimos

consignados, em abril teve este ano todos vocês conhecem, é apresentado ao governo brasileiro a

pauta do grito da terra que traz as demandas dos trabalhadores rurais, e nós acompanhamos lá pela

secretaria geral essa pauta ela é entregue pelo presidente e ela é trabalhada pelo conjunto do governo,

e nós é que fazemos em conjunto com o MDA a compilação dessas respostas para entregar um

documento do governo para este movimento.

E aí, companheira, eu vou explicitar aqui o que foi a resposta do ministério da previdência porque ela

é pública e ela foi inclusive para a página da CONTAG e nós enquanto governo consideramos isso

uma tremenda de uma conquista, porque a preocupação com os empréstimos consignados ela é

colocada nessas pautas nacionais desde 2003, desde a entrada do nosso governo então eu entendo que

embora talvez o ministério já tenha uma resposta clara do banco central e até esteja adotando uma

estratégia que ainda não possa ser explicitada tudo bem, mas eu acho que a gente pode já dizer as

medidas que o ministério já tomou e foi ali em abril, então eu creio que já tenha alguma coisa mais

concreta em relação a isso.

Mas eu acho que é importante não só para o Arão, mas para todos os nossos colegas indígenas saber

disso, que o ministério da previdência está agindo em conjunto com o banco central para solucionar

essa questão, então só para vocês terem uma idéia, a pergunta da CONTAG entre tantas outras eles

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diziam assim: que pediam ao governo, no caso ao ministério da previdência que imprimisse maior

rigor na fiscalização dos empréstimos para os aposentados e pensionistas, o que que respondeu o

ministério da previdência? É longa a resposta mas eu vou já para o final dela porque a nossa planilha

pergunta sobre, tem a demanda, a situação atual da demanda, e as providências, eu vou relatar aqui só

as providências que o INSS, ministério da previdência tomou junto ao banco central, lá diz o seguinte:

“Está em andamento a assinatura do termo de cooperação técnica com o banco central para enviar as

informações para o INSS dos bancos e dos correspondentes bancários que estão envolvidos em

reclamações com contratos irregulares ou fraudulentos”. Então assim desde ali de abril, quer dizer,

isso não sei se foi exatamente em abril, mas o ministério já vem tendo essa preocupação de em

conjunto com o banco central identificar quem são essas empresas financiadoras que se apropriam

dessa lacuna e fazem esse tipo de coisa, qual foi no campo da providência o que o ministério também

respondeu?

E isso foi em conjunto com o banco central porque a mesma questão nós também mandamos para o

ministério da fazendo que é quem responde a parte que mexe com grana no governo, os dois

ministério então, quer dizer o INSS se posicionou para a gente dizendo que estava aguardando da

diretoria do banco central que eu não consegui identificar qual porque só tem a sigla a resposta desta

assinatura, desse termo de cooperação, então eu creio que muito em breve o governo brasileiro já

possa dizer para todos vocês não só para os indígenas, como para os trabalhadores rurais, ribeirinhos

em fim a todos aqueles que estão sendo vitimas desse tipo de calote digamos assim, qual é a medida

que o governo colocou em curso para superar essa situação, aqui na resposta do ministério ainda diz

que fez uma série de mudanças inclusive com definição quando assinado pelo aposentado, quer dizer,

ele elenca aqui 3 ou 4 itens que depois a gente eu acho que em combinação com a companheira do

ministério aqui pode disponibilizar para a FUNAI para que ela inclusive sempre possa dar essa

informação porque isso é esclarecedor.

Eu acho que é ruim a gente não dizer para vocês que o governo, sabendo dessa situação que ela é

muito complicada, não fez nada, o governo está fazendo, diz aqui inclusive que a diretoria de

benefícios do ministério da previdência, ela vai acompanhar o andamento dessas reclamações por

meio da sua ouvidoria até o fim, até a resolução de cada caso então eu entendo que para os nossos

colegas da CNPI que tem esses casos seja no Maranhão ou em qualquer outro lugar do país, é

importante que se identifique junto à área da FUNAI que cuida disso e à previdência para que a gente

possa dar essa resposta que eu acho que ela traz algum alento, não é justo que deixemos os nossos

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aposentados, que muitas vezes só tem esta renda para comprar remédio, nas mãos de emprestadores

picaretas, Obrigada foi só para contribuir, tá?

Márcio (Presidente)- Obrigado Quenes, o último inscrito é o Weibe ai a gente encerra aqui as

perguntas.

Weibe Tapeba: longo trecho inaudível fora do microfone fazer uma crítica ao atual |trecho inaudível|

bom, no estado do Ceará após um processo que envolve os conflitos fundiários, atendente social |

trecho inaudível tem mais |trecho inaudível| com relação ao índice elevado de mais de 50% |

inaudível| atendimento de emergência naquele período, geralmente |trecho inaudível| INSS não são

claros e o próprio atendimento são preconceituosos e discriminatórios |inaudível| perseguição, então

em alguns municípios do estado do Ceará onde as pessoas já prendem pessoas |trecho inaudível| já

chegam la com pontos negativos e com a possibilidade muito grande de não serem assistidos com a

aprovação |trecho inaudível| então, |inaudível| situação, mas ao mesmo tempo |inaudível| é um grande

avanço |inaudível| da FUNAI mas a gente ainda cai em uma espécie de interrogação, não é? |trecho

inaudível| o que nós vamos fazer?

Porque hoje agricultores que vão atrás da mercadoria, |trecho inaudível| não tem recurso nenhum mas

tem que ir atrás de advogados e das pessoas públicas, |trecho inaudível| muito difícil |inaudível| alguns

processos |trecho inaudível| e a própria FUNAI está tentando ver uma alternativa possibilidade de que

esses processos que forem objeto de depoimentos |trecho inaudível|, temos também para finalizar, |

trecho inaudível| ano passado uma oficina de um fornecedor |trecho inaudível| da união européia e foi

feito |trecho inaudível| política do INSS que discrimina muitas vezes cancela |trecho inaudível|

tendenciosos, muitas vezes pejorativas, |trecho inaudível não se pode permitir, |trecho inaudível|.

Fátima: A região é Fortaleza, Ceará, não é? Eu quero agradecer à colega não está aqui no momento,

mas assim o esclarecimento dela foi muito importante, e eu disse no momento com relação ao que o

colega colocou ali eu falei no início eu falei para vocês, a previdência tem conhecimento sim de

muitas coisas praticas. E é por isso que a gente está tentando fazer neste momento atribuir a quem tem

direito, a quem conhece realmente a população indígena porque o servidor da previdência tem

obrigação de verificar no CNIS para ver se há um vinculo que descaracterize o indígena como

segurança especial. Esse vai ser o compromisso, em não havendo ele não vai fazer nem entrevista mais

como indígena. Isso eu posso lhe garantir que é isso que está sendo, agora os servidores capacitados

também a respeito do tratamento a respeito de como que eles vão agir a partir do acordo. Eles não vão

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inclusive fazer entrevista. Então, assim, eu a credito que grande parte dos problemas que vocês

estavam tendo eles não vão ter mais.

Porque vai ser a FUNAI quem vai fazer isso. O servidor do INSS não tem condições de verificar, de

saber quem é indígena quem não é. Se alguém tem esse conhecimento é a FUNAI e vai ser a FUNAI

quem vai atestar. E eu acho que esse é o grande ganho. Eu acho que vocês vão realmente ter um

alento nessa parte. E eu tenho visto falei no inicio de muitos lugares onde as práticas são as mais

absurdas. Reconheço, peço desculpas porque eu acho imoral, acho desumano um tratamento para

qualquer pessoa ou para qualquer segmento da sociedade seja indígena seja qualquer tipo de segurado

especial. Podem acreditar que muitos dos servidores e muito das pessoas da previdência estão em

defesa sim dos interesses dos indígenas e eu sou uma delas e estou fazendo todo esse trabalho em

função de poder resgatar isso que eu acredito, isso que eu confio, isso que a previdência que não é de

um modo geral são casos específicos, e isso tem em qualquer segmento. É o que a previdência pensa a

respeito é o respeito que a população, que a gente tem pela população indígena. Eu posso lhe garantir

que vai melhorar sim, muito a partir de agora.

Marcos Xucuru: Eu acabei esquecendo que foi logo no inicio da sua fala que assim a pensar e eu queria

saber melhor como é que funciona isso, o que a senhora falou que a FUNAI é quem diz quem é

indígena. Eu fiquei a me perguntar, é? Logo no inicio ela falou dessa maneira e eu queria saber

esclarecimento sobre isso.

Fátima Regina: Olha só. A FUNAI vai dizer quando que o indígena é segurança especial. É isso, talvez

eu tenha lhe esclarecido bem. Assim como os sindicatos diz quem são os trabalhadores rurais que são

assegurados especiais, a CEAP que diz quem são os pescadores que são assegurados especiais e a

FUNAI vai dizer quem são os indígenas que são segurados especiais. Talvez eu estava meio ansiosa na

minha fala no inicio e não tenha esclarecido bem. Está bom? Eu acho que falar sobre previdência em

qualquer momento que a gente pode falar o assunto é muito interessante. É interessante para mim,

interessante para vocês e falaríamos o resto do dia hoje. Eu quero agradecer ao interesse de vocês

pedir desculpas se algumas coisas eu não tenho condições de falar hoje devido ao tempo e dizer a

vocês que nós estamos a disposição e queremos estar juntos com vocês para que nós possamos resgatar

tudo que for de direito e também esclarecer a população indígena e tudo em que ela tem de direito,

trabalhando junto com a FUNAI e trabalhando junto com vocês. Muito obrigada pelo que eu aprendi

aqui hoje com vocês, muito obrigada pelo o que vocês me ensinaram e eu peço a vocês a oportunidade

de aprender mais com vocês. Me convidem se eu puder e se os meus chefes me mandarem eu vou

gostar de estar presente nos eventos de vocês. Tenha um bom evento e muito obrigada a todos. 281

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Márcio (Presidente) -: Eu queria agradecer muito a presença entre nós aqui da Regina. Agora eu

acertei. E aproveitar para dizer, que ela falou do chefe dela, aproveitar para agradecer o nosso

ministro da Previdência Social, José Pimentel, que foi uma pessoa que se empenhou lá do Ceará, e

ainda eu cearense, lá da terra do [?], que se empenhou pessoalmente junto com a FUNAI para que

pudéssemos dar este avanço defensor. E foi defensor desse processo desde o inicio e dizer para vocês

que nos consideramos esse avanço muito importante, um passo muito importante. A FUNAI inclusive

nesse processo ela está, nós temos uma sub-ação do PPA específica para os recursos, para esta

atividade porque não tinha antes e nós estamos fazendo um trabalho que qualificação dos servidores

do FUNAI também para esta atividade.

Já começou acontecer junto com o INSS. Portanto, também uma ação que a FUNAI assuma seu papel,

a sua responsabilidade como uma instituição que atua em parceria com outros ministérios nas políticas

públicas. Que outros ministérios executam, mas que a FUNAI acompanha que a FUNAI tem um papel

importante neste processo. Então acho que aqui, nesse caso também nós podemos dizer que é mais um

importante passo que está sendo dado pelo governo do presidente Lula com relação a acesso a direitos,

acesso a direitos fundamentais para a população indígena Brasileira. Agora é claro que outras medidas

precisam ser tomadas também paralelas a este direito, por exemplo, a questão das fraudes que

acontecem. Por exemplo também em relação ao preconceito com o pessoal indígena, por exemplo, a

este abuso que os comerciantes fazem em relação aos aposentados, e medidas também tem que ser

tomadas em relação a isso.

E, tem também outras questões que talvez e estas também possamos aprofundar com nossa parceria

com o INSS, que é o acesso em regiões distantes, por exemplo, no caso do pacto no COMAC citado

pela Simone, mas tem outras situações também, no caso do Rio Negro, e algumas companhias que

tenho acompanhado do Rio Negro, as distâncias geográficas são tão grandes que o segurado paga mais

para ele chegar lá na cidade para receber a aposentadoria dele do que a própria aposentadoria, ou, a

Funai é que paga o transporte para que este segurado chegue na cidade ou no local para receber, e o

custo que o Estado tem com o transporte é maior que o custo a pagar de aposentadoria, caso por

exemplo do COMAC. Os transportes aéreos são pagos pelo Funai ou pela Funasa como eventualmente

e, o aposentado chega em Macapá para receber o benefício, recebe o benefício mas ele até conseguir o

avião de volta, na próxima viagem ele já gastou todo o benefício dele, já foi explorado pelo

comerciante na região também, e fica lá mendigando em Macapá antes de voltar para sua terra

Indígena.

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Então questões que precisamos avançar, e talvez aqueles que a própria previdência já tem, os Barcos

da previdência social, que podem ser expandidos, a gente pode pensar em alternativa neste campo, e

até mesmo na questão do transporte aéreo, quem sabe a gente pode avançar também neste campo.

Então de qualquer forma creio que este passo que nós demos aqui é um passo gigantesco para esta

agenda tão importante o segurado especial Indígena, eu queria agradecer muito a presença da Regina,

do Pedro, e agradecer também aqui o nosso pessoal da coordenação do Funai que atuado Irânia e sua

equipe que tem atuado nesta questão com o Ministério da Previdência.

Nós estamos agora exatamente 11:05 nós vamos entrar no próximo ponto de pauta que é de respeito

ao decreto de ingresso de Indígenas, este é o próximo ponto de pauta, esse ponto foi na última reunião

da CNPI, foi tratado este assunto, o ministério da Justiça trouxe uma proposta de decreto e como não

houve na época na reunião da CNPI um entendimento em relação a este conteúdo do decreto, o

encaminhamento que foi dado foi de que a subcomissão de assuntos legislativos tratasse do conteúdo

do decreto de forma que pudesse vir ou que pudesse ser apresentado pela CNPI como sugestão

respeitando o conteúdo que tinha sido aprovado pela CNPI no Estatuto, de povos indígenas em

questão de ingresso em terra indígena, então eu queria saber, ouvir a subcomissão de assuntos

legislativos sobre o encaminhamento que a subcomissão trouxe em relação a esta discussão. Não sei

que é que da subcomissão que vai tratar deste tema. Saulo.

Saulo: (fora do microfone) Na reunião do dia 23 nós não fizemos o consenso na verdade a discussão

primeira se da sobre o conhecimento da necessidade do decreto e de tudo que já existe hoje em termo

de portaria [inaudível]. Questão primeira, seção que aconteceu e independente disso o próprio

conteúdo da proposta ele é bem mais complicado, a gente dividiu pela ocasião para não estender a

reunião. A minuta, a termo que pretende adequar tudo que já existe em termo de regulamentação a

correção verbal [inaudível]. Na verdade a consulta a terma no principio da autonomia e a minuta

propõe o inverso [inaudível] e ele permaneceu a proposta que foi apresentada em agosto desse ano.

Então esta foi uma discussão por parte governo que havia o entendimento que deveria já discutir o

conteúdo [inaudível] e por parte do Ministério da Justiça ao conhecimento do que é necessário que

seja retificado. E na seqüência eu apresentei para a justiça [inaudível]. Fizemos uma discussão lá

Brasília e lá terça-feira houve toda discussão e mais uma vez esse entendimento da não necessidade do

decreto foi acirrado chegando inclusive a fazer um estudo na parte daquela legislação e resultou em

uma proposta de resolução. Nós apresentamos ontem diante de todos da subcomissão [inaudível].

Márcio Presidente: Bom é, eu faço a seguinte pergunta para a subcomissão, porque na reunião passada

da CNPI nós encaminhamos a seguinte forma: Que a subcomissão e sobre tudo a bancada indígena da 283

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subcomissão apresentasse uma proposta de texto para que fosse apresentado para o plenário e que

fosse apresentada em seguida para o Ministério da Justiça. O Ministério da Justiça na reunião passada,

e esse foi o encaminhamento se colocou aberto plenamente o ministro da justiça e se posicionou neste

sentido, aqui a subcomissão e a bancada indígenas apresentasse uma proposta condizente com o que

foi aprovado no estatuto.

Então eu queria saber se esta é uma cláusula pétrea da subcomissão ou da bancada indígena não aceite

em hipótese nenhuma um decreto, que, se é isso quais são as razões para isso? Porque eu estou

trazendo aqui um questionamento um posicionamento do Ministério da Justiça do próprio ministro

que tem sido um ministro absolutamente solidário e te sido um ministro absolutamente claro nas suas

posições em relação, digamos assim, a pauta indianista e a CNPI. Então eu queria saber disso por quê?

Porque nós temos uma avaliação, quando eu digo agora nós que não representa o CNPI, nós enquanto

governo temos uma avaliação de que enquanto o estatuto não é aprovado é necessário que haja uma

regra clara e consistente quanto esta questão do ingresso e que isso não significa em hipótese alguma

que se abra mão da consulta as comunidades que é quem efetivamente define o ingresso ou não de

terceiros nas terras indígenas, obviamente que o FUNAI como órgão indianista cabe ouvir a

comunidade sobre a sua posição.

Eu queria saber da subcomissão se houve algum posicionamento em relação a isso, porque, estou

fazendo esta pergunta porque se isso esta posição é uma, como eu disse é uma cláusula pétrea então

não adianta nem a gente abrir aqui ou valerá pouco no plenário da CNPI o debate desta natureza e nós

encaminharemos o que for, e encaminharemos exatamente isso, que há um impasse e que, portanto

caberá o ministro receber essa posição da CNPI. Eu queria saber, consultar aqui se isso é definitivo ou

se tem algum espaço para uma continuação no âmbito da subcomissão sobre este tema.

Participante não identificado: Primeiro posicionamento da Subcomissão [inaudível].

Participante não identificado: Não estou me referindo à posição da bancada não governamental na

subcomissão.

Participante não identificado: As razões a gente pelo texto, que pode distinguir pelo texto pelas

mesmas razões. Ele é um texto [inaudível] agora se pode mudar de posição é discutível [inaudível]. Na

verdade o que eu lembro da discussões é que o entendimento desta proposta que foi apresentada,

você tem vários decretos e se não tem, se não foram discutidos se não foram [inaudível] a convenção

resolve. Enquanto outras questões o entendimento deles é ou ficar [inaudível] novidade na minuta é a

restituição a autonomia. Porque se mantém o que já existe [inaudível]. Então se vai se manter aquilo

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que já existe então se mantenha as portarias ou se não mexa em nada. A discussão que foi adotada é a

seguinte, se é para discutir é para discutir tudo. Discutir tudo você não discute em pouco tempo. E

discutir tudo demanda muita discussão com vários segmentos dentro da própria CNPI e fora da CNPI.

Então como a gente já entendeu que a minuta é que se mantém, alguns decretos se considera

importante então se mantenha o que já tem e nós colocamos o que consideramos e que se estar

fazendo o decreto no nosso entendimento apenas para implicar em limitação da autonomia. Porque

essa é a leitura que a gente.

Ana Paula – ISA - Eu acho que têm várias questões com relação a minuta do decreto. A primeira é a

própria justificativa dela que a gente discutiu, sentou, conversou, mas a gente não entende, a gente vê

o ministro como um parceiro, o ministro da justiça, compreende que ao longo desses anos ele tem sido

um parceiro, agora ele não tem a justificativa de isentar, regulamentar o ingresso em terras indígenas

por meio de um decreto cuja as duas versões que circularam e a segunda que não foi apresentado são

restritivas dos direitos dos índios à autonomia. Como é que está hoje? Hoje os índios tem autônima

para dizer quem entra e quem não entra, dentro de terras ao índios elas estão regulamentadas por

meio de por meio de [?] e por meio portarias da FUNAI. Que a gente saiba pela análise que a gente faz

não tem nenhum problema com estas portarias que tenham dado um, não sei, algum problema sério

ou que elas tenham causado problemas aos índios por meio de ingressos de terceiros que se submetem

a elas. Os problemas principais que a gente tem em terras indígenas e a questão dos ingressos ilegais,

como por exemplo, a questão do garimpo. Ontem a gente ouviu aqui eles falando dos problemas que

eles têm, estão com Polícia Federal lá a 2 anos e não conseguem resolver aquela situação. Então a

gente acha que a questão do ingresso do jeito que está hoje que é feita a autonomia dos índios onde

eles decidem quem entra e quem não entra e como eles acham que tem problema ou atividade pode

vir a zerar algum tipo de prejuízo aos direitos indígenas tem então as normas inscrição normativa 01

tem a portaria nº. 177 e outros documentos da própria FUNAI que tem o poder de policia de

interditar. Então como as duas propostas uma que circulou e a outra que foi acrescentada, teve caráter

de restringir esta autonomia dos índios. A primeira porque coloca o ministério da justiça como um

órgão que autorizaria quem entra e quem não entra. O segundo coloca a FUNAI como um órgão que

autoriza quem entra e quem não entra e isso retira a autonomia dos índios. Também por ser

restritivos. E por próprio apresentar um texto alternativo tem o artigo 34 que é do estatuto dos povos

indígenas, que diz lá os índios decidem que não e quais são as exceções.

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Então aquele artigo 34 é o texto. Só isso fazer remissão as portarias que já existem porque quando ela

tenta regulamentar algumas situações que estão regulamentadas por portarias elas ficam muito mais

não é nem nesse caso mais restritivo, mas muito menos detalhados do que as próprias portarias que já

existem. A 177 e a inscrição normativa nº 01. Então. A gente acha, um que não há justificativa para

tentar mudar o que já existe, a gente entende que a legislação é deficiente e quando apresenta um

texto que restringe os direitos dos índios à autonomia então isso é preocupante. Que se tem que ter

um novo texto seria um texto que está no estatuto e se é possível ser mais amplo essa mudança é como

o Saulo colocou teria que se ter mais tempo para analisar a proposta. Ana Paula juíza, acho que não

coloquei quando comecei a falar.

Márcio, Presidente - Não tem nenhum inscrito então vou fazer um comentário, uma, novas perguntas

primeiro com relação a questão restritiva, quer dizer de restringir as comunidades indígenas e sua

autonomia. Como eu falei no inicio a proposta que foi aprovada na CNPI passada era de que se fosse

feito pela subcomissão e a bancada indígena obviamente governamental por isso um texto que não

restringisse isso que pudesse manter a autonomia das comunidades nesse termo de ingresso. Esse é o

primeiro ponto que não há nenhum posicionamento contrário da parte do Ministério da Justiça e do

ministro em relação a isso. Segundo, com relação à justificativa Ana Paula. Qual é a justificativa

fundamental do ministro? Exatamente de que uma portaria do presidente da FUNAI não tem o

mesmo peso de um decreto do presidente da república em relação aos problemas que foram citados

por vocês, do garimpo ilegal, ou seja, entidades as mais variadas possíveis de caráter legal de ingresso

sem pedir autorização da comunidade então o decreto da presidência da república, do presidente da

república, teria com mais força para que a gente pudesse, as comunidades e a FUNAI como órgão

responsável de início coibir essas ilegalidades. Então a questão que eu faço normalmente é se a

bancada não governamental indígena não governamental, poderia nos apresentar uma proposta que

pode ser, como eu disse repito, na reunião passada foi colocado isso, coerente com o texto do estatuto,

porque isso está claro para o Ministério da Justiça, para que possa ser levado ao Ministro da Justiça.

Porque o ministro da justiça está convencido de que um decreto presidencial sem que fira nada do que

foi colocado no estatuto e muito menos a autonomia das comunidades na decisão, porque eu acho uma

preocupação correta levantada pela bancada indígena com relação aquela minuta. Ou seja, vamos

esquecer a minuta, que nós estamos colocando é o seguinte: o ministro tem uma posição de que é

necessário que haja um maior peso no ponto de vista legal no caso de um decreto que regulamente

esta questão dentro daquilo que a CNPI e a bancada indígena concorde. Certo? Mas que respeite todos

esses pontos que você colocou.

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Então a pergunta é se há, por isso que eu fiz a pergunta inicial para o Saulo. Se há espaço político, e

inclusive de confiança política em função de ser um ministro e um ministério que tem sido, como eu

disse, claro nas suas posições em relação a questão e a temática dos diretos indígenas nesse últimos

dois anos e meio, se há espaço político para uma conversa, continuar essa conversa sobre esta

possibilidade. Essa é a questão que eu estou colocando porque se há espaço nem é aqui nesse momento

que nós vamos discutir porque não há tempo para isso, mas a questão é essa.

Participante não identificado: Eu só, nós temos uma fala da comissão aí abrimos [?]. Já antecipando

uma discussão que houve durante a reunião com os indígenas. Qualquer perspectiva que foi

apresentada lá isso demandaria uma proposta que vai um pouco mais memorização de tudo que foi

citado ali, porque aqui cita, aqui cita que a gente, exercitando. Então, da dois [?] e o resto cita. A

gente inclusive [inaudível]. E muita coisa que está aqui ela vai conflitar na aplicação, qualquer texto

novo por isso que também nem deveria adequar que se fosse propor nós devíamos ter um texto

articulando com isso não era só citar decreto tal, seria inclusive um texto bem maior porque a minuta

ela fere bem maior eu acho que nessa perspectiva até fui colocar lá a primeira questão que as pessoas

discutiram, por isso eu falei para a subcomissão [inaudível] ficava em dúvida [inaudível]. Porque havia

esta necessidade da harmonização geral e ainda teria que se mexer em tudo. E como a minuta ela

vinha apenas reafirmando o que já existia eu vi que muita coisa que existe que tem esses problemas

que expliquei então o trabalho é um trabalho é grande realmente demandaria mais tempo. E se o

ministro quer fazer algo que ele tenha de importante então que seja algo que vá com consistência que

é elaborada, harmonizada como foi bem elaborada pelos indígenas.

Márcio (Presidente) -Só um momento que elas já se inscreveram. Só para, exatamente por esta razão

que o ministro nos delegou a CNPI e deu o aval para que a CNPI possa fazer esta proposta por isso na

reunião passada nós propusemos exatamente que fizesse, exatamente que fosse feito isso. Por isso eu

fiz essa pergunta inicial eu acho que é isso, que a gente tem um trabalho consistente efetivamente.

Pierlangela: Eu quero fazer também um outro questionamento. Quero fazer na realidade um

questionamento. Em relação, vem o próprio Ministério da Justiça essa questão de que hoje, tudo bem,

a gente discute um decreto presidencial, tal. Isso não abre precedente para outras questões também

vierem à tona e começar a discutir outras questões, outros ministérios, a própria Câmara. Porque

assim no nosso entendimento não é, regulamenta o que está dentro do estatuto e sempre falam para a

gente o estatuto pode demorar e quanto mais a gente abre vários decretos, a gente mexe na legislação

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vai ser uma legislação, a gente entende, que vai ser uma legislação complementar ás outras existentes

e as outras caem quando essa sair? Então a minha pergunta é essa. Porque hoje a gente está falando de

nível de ministério, mas também a nossa preocupação é começar abrir precedentes.

No caso se estou falando na questão política, do ato em sim, do ato sem sim do que a gente o ministro

pretende fazer a proposta do ministro. Então a minha pergunta é essa. E a outra é que dentro de

verificar tudo isso, inclusive, quando a subcomissão passou a minuta e nós fizemos uma analise tem

uma legislação que se mantém, quer dizer só fez a transferência dela para colocar ela como a que a das

Forças Armadas e do ingresso da Polícia Federal que é a 4.412 de 2002. Essa não se alterou só colocou

ela que vai segui-la da mesma forma.

Então a contradição na minuta e a outra questão é que levantando os dados também nos vimos a

questão do ingresso de estrangeiros e também é outro esclarecimento que eu queria da bancada

governamental esta questão do ingresso de estrangeiros, que a gente viu que o ministério das relações

tem uma legislação para isso e, nesta legislação esta dizendo que o ingresso para trabalhar em terras

indígenas ele é pelo ministério das relações exteriores eles não dão visto, se a pessoa disser que vai

trabalhar em terra indígenas e foi citado alguns exemplos para a gente de vistos que são negados

devido a isto e a gente sabe que tem estrangeiros né dentro de terras indígenas, como é isso? Eu

gostaria de saber mais detalhes da bancada governamental, se houve este olhar mais profundo nestas

legislações que outros ministérios têm né e que vão de encontro com este daqui, então duas perguntas

nesse sentido.

Márcio (Presidente) -Próximo inscrito é o Carlão.

Carlos Nogueira MME: Eu sou membro da subcomissão e gostaria de esclarecer que não chegou a um

denominador comum, porque existia um vício de origem na discussão, existia um nó que era este

entendimento da bancada indígena que estava tendo uma inversão de atribuições entre governo e, não

tinha texto para resolver isto porque o texto que foi submetido era no sentido contrário. Nestas

reuniões da gente como o Saulo colocou, nós e eu particularmente não sou advogado e, entendo e

inclusive pegando esta última fala da Pierlângela é que um decreto minimiza este aspecto que ela

levantou, no meu ponto de vista, um decreto presidencial ele enquadra o MRE, eu acredito, não sou

advogado mas enquadra, acho que é um ponto positivo neste aspecto por exemplo você tem uma

determinação presidencial, este é o entendimento nosso na discussão e a pergunta que eu anunciava

era a seguinte: Existia algum impedimento por parte do ministério da justiça, ou seja, do ministro da

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justiça de que esta questão que foi levantada pelos indígenas de inversão de atribuições, se isso era o

ponto nó?

Participante não identificado: Não

Carlos Nogueira MME: Não foi dito que não, nesta reunião paralela, foi dito que não e isto

distencionava e abria um precedente para que houvesse uma nova rodada de discussão, para se propor

um novo texto, e alguém colocou e não recordo quem que, o que esta no estatuto dos povos indígenas,

tem um artigo que ele retrata exatamente estas condições para entrada, então isto poderia ser

trabalhado de um melhor formato, pegar os dados que estão no estatuto, e eu entendo, eu entendi sua

dúvida mas, eu acho o seguinte, se tudo que a gente puder ir com o Aval do presidente melhora o

trâmite do estatuto, isto é uma opinião minha, eu acho o seguinte, se tiver um decreto que reflita o

artigo do estatuto dos povos indígenas e já assinado agora ele facilita a tramitação desse assunto no

congresso, eu acredito, no meu ponto de vista, assim eu acredito, agora a pergunta que eu coloco aqui

senhor Presidente é o seguinte: o tempo porque a gente sabe que nós estamos em um período onde o

próprio ministro da justiça de se descompatibilizar para sair candidato e qual o time do ministro, quer

dizer, nós temos que devolver esta pergunta a ele a CNPI para entender qual é o time e se existe esta

possibilidade desta discussão, eu acho que este é um tema que precisa ser mais trabalhado para não

cometermos erro. Assim este tempo tem que ser dito, não adianta a gente deliberar aqui e o ministro

como foi dito ai pelo Márcio, que uma determinação é o ministro que quer regulamentar isso quer

dizer, qual é o time dele? Entendeu?

Participante não identificado: Próximo inscrito é o Quadros.

Quadros - Ministério da Justiça: Eu sou advogado mas não sou especialista na questão indígena, atuo

na área de segurança mas têm algumas coisas básica que eu acho que precisamos registrar aqui, até em

vista das discussões que nós fizemos nestas duas ocasiões na subcomissão. Primeira coisa: o decreto

presidencial ele sai a qualquer momento não existe nenhuma garantia, não existe nenhum sistema que

impeça que o presidente todo dia ou a qualquer dia ou a qualquer hora ele cria um decreto

presidencial, esta proposta aqui não sinaliza para nada,ela não vai abrir um espaço uma oportunidade

caso ele invente começar a criar decreto e enviar para o congresso, isso é uma preocupação que não é

necessária ser feito.

A outra questão que eu acho que é fundamental é assim: eu acho que a comissão deveria considerar, o

governo governa, os governantes estão para fazer suas ações ter suas compreensões muitas das vezes

não atende o povo, não atende as necessidades da gente, outras vezes elas são adequadas, me parece

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que no momento que o governo é sensível a uma reclamação efetiva e correta da comissão que diz

assim olha, encaminhou um documento lá e não passou para cá, ele recolhe o documento e diz assim,

preciso mandar mas quero submeter a vocês, eu compreendi todos os argumento que o Saulo, Dra.

Ana, e os outros pessoal que participou do grupo colocaram, a única incompreensão que eu tenho é

assim se tu pode fazer um decreto e ai o Dr. Márcio já disse o porque, que quer fazer e qual a garantia,

porque melhora dar mais visibilidade, se há esta possibilidade, se há esta vontade, fazer o decreto,

porque nós não podemos adequar o decreto? E não comungo com o argumento do Saulo que isso é um

grande complicador porque nós não vamos fazer um novo estatuto.

Nós vamos fazer um decreto enxuto que normatize, que dê mais clareza, que permita que as pessoas,

que a comunidade compreenda, conforme este negócio procede de que as instituições policiais e

judiciárias tenham mais clareza também na forma que devem atuar e que este tema seja efetivamente

pauta. Porque aqui nesta própria comissão já ouvi várias vezes as questões que são referidas de

ingresso irregular, de problemas é evidente que a polícia e o não tenha atendido suficientemente para

eliminar, mas é incompreensível que tu não consiga trazer esta pauta com uma prioridade, com uma

preocupação e com isso fazer esta parceria e ai o apelo e disse desde o início que eu não participei

deste trabalho, mas um apelo no sentido da parceria entre esta comissão e este governo e, tirando esta

questão e esta dúvida de que pode estar escondido atrás desta ação alguma outra coisa que não seja de

interesse, então meu apelo nesse sentido é esse. Nós já fizemos duas discussões e nas duas discussões

nós compreendemos a posição contrária ao conteúdo do decreto tranqüilamente, mas, nós não

compreendemos, não conseguimos compreender porque a radicalização no sentido de que não querer

fazer um simples decreto e não um outro estatuto. Seria isso.

Márcio, Presidente: O Paulo Pankararú pediu para fazer um comentário também, escrito.

Paulo: Bom dia, vou fazer um comentário mais do ponto de vista formal, obviamente que o decreto

ele deve seguir o conjunto de normas existentes e em especial a constituição Federal. A convenção 69

como Lei internalizada pela ordem jurista do pais também deve ser obedecida. Se o decreto estivesse

né a propósito tiver em desacordo com esta legislação, então não terá validade por isso que de fato faz

sentido a discussão de que a normalização desta questão esteja em harmonia a legislação existente.

Nem o presidente da República ninguém pode baixar um ato normativo que não esteja de acordo com

a legislação, aí existe as várias vias para corrigir, ou seja, na esfera administrativa ou judicial, mas isso

tudo para dizer que a própria constituição Federal e a legislação 69 são instrumentos que trata da

questão indígena de uma forma genérica, traça as diretrizes e para ter uma aplicação e uma realização

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da norma deve haver ou uma lei complementar, como menciona o Sandro ou outros conjuntos de

normas de que se vale a administração pública para realizar estas atividades.

E no caso um decreto, da mesma forma que a constituição fala demarcação de terra do direito dos

povos indígenas a ter uma terra demarcada e que há uma referência em uma lei especial, que é a Lei

6001, também tem um decreto dizendo como que o poder executivo vai atuar para fazer aquela

demarcação, então as entidades públicas para desenvolver suas atividades, elas precisam ter um

conjunto de normas a serem observadas. As portarias são válidas também, mas a portaria em última

análise é um resumo da síntese daquela atuação estrita do órgão público e quanto a efeito sobre

terceiros esses efeitos eles devem ser cuidadosamente tratados porque pode gerar nulidade. Daí porque

nós recebemos várias demandas, eu vou falar do ponto de vista do governo, o que deve respeitar o

comunismo e sair, é uma questão pacífica.

Agora do ponto de vista quem atua no poder publico sabe que diariamente chega questões de ingresso

de pessoas que não são garimpeiros, porque se a gente conseguirmos identificar facilmente quando a

legislação está sendo afrontada, mas, posso dizer que sempre tem chegado notícias na FUNAI de que a

ingresso e que uma parte da comunidade não está de acordo porque não seguiu critérios que vinha a

atender os interesse das comunidades. Então isso é pó que se escuta por um lado das comunidades, por

outro lado também há aqueles que querem ingressar em terras indígenas, e daí posso mencionar um

caso específico os setores da imprensa e, que ficam irritados porque tem que seguir um procedimento,

uma portaria, e para segura isso como uma portaria é muito difícil. Então toda esta pressão recai sobre

o FUNAI e a resposta tem que sair do FUNAI porque inclusive as comunidades indígenas também

pressionam por ter escutado, por exemplo, lá na área humano tem uma pressão muito forte por parte

dos setores de comunicação que querem fazer entrevistas toda hora, querem publicar alguma coisa

nem sempre a favor das comunidades, em outros lugares acontece também.

Então um decreto por ter na hierarquia normativa, um decreto está acima uma portaria, sendo um

decreto do presidente da República você vai discutir também a competência, qual o órgão do

judiciário que vai decidir sobre isso. Então tem vários aspectos e por isso a minha sugestão como atua

nessa área e que realmente o princípio da autonomia seja sempre seguido, mas, o que se possa tirar

destas portarias o que já esta sendo regulamentado para proteção das terras indígenas para tratar deste

assunto posso passar para um texto de um decreto e que se possa ir um pouco alem com as demandas

das comunidades indígenas, até para acrescentar: A convenção 69 o texto dela é um texto muito geral,

ela diz que os governos do Estado deverão fazer a regulamentação da própria comissão isto não gera

nenhum conflito com a proposta de ter um novo estatuto é ao meu modo de ver até avança e cria um 291

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fato e uma nova pratica administrativa e vai colaborar para que quando tiver aprovação da Lei ai seja

um ponto resolvido também. Presidente Obrigado. Conselheiros, obrigado. Era isso.

Márcio, Presidente: Obrigado Paulo. Coronel Marinho.

Coronel Marinho do Ministério da Defesa: Eu entendo que o encaminhamento que o presidente da

CNPI que chegar a final é se haverá condições de dialogar em cima de um decreto ou se a posição da

bancada indígena é exatamente contrária a criação deste decreto. Então eu acho que nossa discussão

está gerando em cima deste objetivo final. Eu vou apenas aqui fazer alguns comentários, dentro desta

resolução que foi preparada no artigo terceiro, cita oito documentos, são citados oito documentos,

quando foi apresentado na última reunião a minuta, eu fui o primeiro até conversei com o Coronel

que está aqui do lado falei assim: esta minuta não está de acordo com artigo 34 da proposta e o acerto

que foi feito na, que foi encaminhado que seria feito uma proposta que ajustasse.

Aproveitamos também as palavras do nosso advogado da Funai eu acho que a força de um decreto em

cima de portarias de resoluções ela gera poder político para ações políticas então quando houver uma

intervenção a ação política tem que estar respaldada em legislação. Não se faz ação política, não se

exerce o poder político sem um respaldo jurídico. Então o entendimento da defesa, no meu

entendimento, é da defesa que consolidando todas essas documentações e até como bem colocou o

Saulo que existem até umas coincidências dessas regulamentações seria uma ótima oportunidade

centralizar no documento todas essas... os 8 documentos aqui citados e dando força política para que a

FUNAI, com o decreto presidencial, exerça seu principal papel, que é ação política sobre os demais

órgãos que estão envolvidos nesse processo. Então, essa é a visão que tem a defesa a respeito e

tentando também contribuir para que a bancada indígena tenha conhecimento, valores que subsidie

para decidir quanto o encaminhamento final, se pode ser negociado por decreto ou não.

Márcio, Presidente: Bom é. O Sandro se inscreveu agora porque não tinha nenhum escrito. Sandro.

Sandro: [inaudível]

Márcio, Presidente: Ta. Se você sugere eu posso fazer um comentário antes e te passar a palavra eu

acho que a questão, o coronel Marinho levantou esta questão certa quer dizer aqui a discussão no

momento a partir do que veio da bancada não governamental indígena e indianista é se a gente tem

condições de discutir a possibilidade de um decreto ou se a decisão é de não ter decreto. Porque

dependendo da posição nós vamos dar encaminhamento. Então eu acho que é nessa linha mesmo o

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governo tem uma posição e eu acho que foi colocado claramente aqui pelo governo, pelos vários

representantes do governo aqui e inclusive eu como não só como presidente da CNPI mas também

trouxe uma posição como presidente da FUNAI que eu conversei com o ministro sobre este assunto

então trouxe esta posição também. Mas nós precisamos tomar uma decisão para dar o

encaminhamento. Eu acho que de qualquer forma nós aqui não vamos ter condições de entrar no

mérito, porque não há tempo hábil para isso dependendo da decisão. Sandro.

Sandro: Aqui pelo nordeste e leste bem presente. A gente finalmente chegamos a trabalhar a fundo

nesse decreto, estudamos ponto a ponto os que novamente [inaudível] e realmente estávamos

convicto de que uma das melhores alternativas era fazer com que ele realmente fosse incluído no

texto do estatuto. Como há um impedimento por parte da bancada do governo que soa emergencial,

que é uma coisa que precisa ser feito, pelo menos como é levantado por parte da bancada do governo,

eu estava discutindo aqui que talvez a gente precisaria de algum tempo, talvez para a próxima reunião.

e eu consultei a turma, alguns porque nós conseguiríamos amadurecer a idéia, conseguiríamos, até

porque na próxima reunião da CNPI nós estamos sugerindo que uma semana antes é a bancada

indígena possa chegar porque nós temos novamente [?] reflexões e estudos sobre estatuto para

tramitar no Congresso e levantar cada vez mais nosso grito, nossa voz em prol do estatuto.

E talvez nessa reunião, com a articulação mais amadurecida em relação ao texto do decreto e até

dando alguns encaminhamentos que possam ser importantes para a nossa caminhada desta questão

desse tema. O que está referindo é exatamente que talvez não tenha se consumido, como o Saulo já

falou, com o tempo pelo menos para aprontar, aprofundar nesta discussão. Então assim a discussão

continua para outros momentos voltamos a falar nela, provavelmente na próxima reunião e aí a

bancada indígena começa a se articular melhor com uma coisa mais transparente, mais clara, absoluto.

Márcio (Presidente): Toya.

Toya: Toya, boa noite, estado Acre. Primeiro agradecer ao Paulo pelo esclarecimento que ele fez e eu

particularmente estava muito inseguro com relação ao Congresso e mais com esse esclarecimento que

da para a gente continuar a discussão e ganhar tempo para a próxima reunião. Uma coisa bem mais

detalhada. Obrigada

Márcio (Presidente) -Bom, não tem mais nenhum inscrito. Eu queria sugerir já que o posicionamento

pelo que eu estou entendendo do posicionamento do Toya e do Sandro foi fruto da conversa da

bancada indígena. Eu só quero colocar uma preocupação que é a preocupação com o tempo é como foi

dito inclusive pelo Carlão nós temos um tempo político em função do calendário eleitoral que todos

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nós sabemos aqui então eu queria sugerir já que há uma posição de que se continue a conversa sobre o

tema e de que a subcomissão possa trabalhar nesse meio tempo, de que a gente possa tentar aqui a

subcomissão continue trabalhando e que essa, essa, sobre tudo a bancada não governamental possa em

conjunto conosco, conjunto com o governo eu queria sugerir eu não sei se o Paulinho Pankararu faz

parte da subcomissão. É. Paulinho! É, eu queria sugerir que você pudesse se agregar a essa subcomissão

e em conjunto com a bancada de governo, sobre tudo com a bancada não governamental indígena

pudesse ajudar a que a gente pudesse ter um texto e se este texto pudesse ficar pronto até antes da

reunião próxima da CNPI. Mas que for fruto de construção de um entendimento da subcomissão, que

aqui na CNPI de hoje a gente possa ver uma espécie de um aval político para que a subcomissão possa

trazer esta proposta e seja enviada para todos e a gente poder dar um encaminhamento para o

ministro com o tempo um pouco mais, digamos assim, curto do que esperar até dezembro.

Porque a próxima reunião da CNPI é em dezembro. Então eu queria sugerir este encaminhamento

como um encaminhamento que é uma mediação na verdade entre as posições que foram colocadas

aqui. Eu queria consultar a plenária aqui se nós poderíamos encaminhar desta forma, eu queria saber

se tem alguma manifestação.Carlão.

Carlão: Seu presidente ontem na casa de Nogueira antes da reunião da subcomissão ali foi proposto

exatamente isso se houvesse este consenso hoje aqui nesse plenário de que a subcomissão assumisse,

quer dizer, dos dois lados as suas responsabilidades e representasse os lados, quer dizer nós estamos do

lado de um porque nós vamos chegar por consenso, é obvio Então se apresentasse a CNPI e que na

simplesmente seria só referendado eu usei até uma palavra que perguntei para os advogados como é

que as vezes quando o presidente despacha sem escutar os seus pares e depois referendado, então quer

dizer essa palavra, ad, ad alguma coisa.

Márcio (Presidente) -Ad-referendo? Eu só queria saber se tem alguma manifestação em contrário.

Participante não identificado: Não, ao contrário não. (risos)

Márcio (Presidente) -Uma manifestação a mais, então. É, professora Pierlângela.

Pierlângela: Pierlângela, Roraima. Bem eu só queria acrescentar aqui que seja esmiuçado melhor

porque a gente viu que do decreto tem muita coisa faltando, se for falar de legislação e a minha

preocupação é com essas legislações paralelas que não foram. A pesquisa de biotecnologia não tem

nada o ingresso com a pesquisa em biotecnologia e essa preocupação com a questão da regulamentação

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de estrangeiros que para a gente é bem complicada e se essa resolução do Ministério de Relações

Exteriores isso tem que ser bem observado e eu coloco aqui uma pergunta novamente é em relação se

há possibilidade também de isso de colocar porque aqui está falando do decreto de, e é uma

provocação que faço que no decreto 4.412 se também há possibilidade de alterar dentro desta

legislação alguma coisa, então também.

Márcio (Presidente) -Bom. É. Como a sua intervenção na verdade não é sobre o encaminhamento que

eu propus então estou encarando que foi aprovado o encaminhamento. Certo? De a gente continuar a

discussão e tentar dentro da subcomissão a participação do Paulo Pankararu na subcomissão para

contribuir e como tempo mais curto a gente tentar um entendimento sobre o conteúdo deste decreto.

E estes temas que você levantou serão discutidos obviamente dentro desse debate. E com relação ao

decreto 4.412 eu me lembro que na discussão do estatuto nós já tivemos uma decisão aqui de que o

conteúdo dele ficou absolutamente preservado lá no estatuto. Então o entendimento que eu tenho é

de que a CNPI já tratou deste tema quando cuidou de preservar, inclusive foi um entendimento junto

com o Ministério da Defesa na época das discussões do estatuto sobre este conteúdo. Mas a

subcomissão poderá tratar deste tema ou e de outros temas no debate. Então aprovado este

encaminhamento. São meio dia agora nós temos um ponto de pauta o último ponto de pauta na

verdade é que é o ponto de pauta do Carlão. Então nós vamos passar este ponto de pauta do Carlão

que já estava decidido na verdade para as 14 horas. Então nós vamos ter o intervalo do almoço agora e

às 14 horas nós retomamos aqui com o ponto de pauta do Carlão que é a questão geológica.

Participante não identificado: Só uma questão. Se alguém perdeu um celular, alguém perdeu um

celular e está comigo, tá.

Tarde Dia 01/10/09

Márcio (Presidente) - Olha eu quero aproveitar para fazer um comunicado oficial que vai ser

registrado em ata da CNPI (áudio com defeito) isso é um orgulho para todos nos brasileiros então para

registrar em ata isso uma conquista nossa, Presidente Lula fez um discurso agora ao vivo lá uns dez

minutos, emocionante, ao lado do nosso companheiro Edson Arantes do Nascimento Pelé, certo... da

Izabel, grande jogadora Hortência, do Cielo nadador, vamos comemorar, certo, o nosso ministro Tarso

Genro estava lá ao lado, também o ministro do esporte, Orlando Silva. Quem mais eu vi lá... tinha um

monte de gente lá, foi uma farra lá, na hora que saiu o resultado e ao vivo na televisão, estava

almoçando e estava passando ao vivo, mas a farra mesmo foi no Rio de Janeiro que era feriado hoje no

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Rio e tinha uma multidão na praia lá, comemorando lá o resultado. Falou muito bonito, foi

emocionante, aliás todos nos emocionamos, olha nos emocionamos lá no restaurante agora que nos

estávamos almoçando e quando o presidente Lula falou todos nós lá a gente se emocionou por que

realmente, ele próprio estava chorando quando ele falou de emoção, ele disse se morresse hoje ele já

estava satisfeito por tudo que ele já contribuiu, vou deixar a minha barba crescer para mim ficar

emocionado, ele estava muito emocionado mas foi muito bonito o discurso dele emocionante.

Então, a propósito, provavelmente nem todo mundo que está aqui agora assistiu, mas vai poder assistir

à noite com certeza vai passar repetidas vezes... com certeza eu acho que isso aí só coloca mas um

desafio para nós, porque eu acho que nos temos aí os jogos dos povos indígenas que são realizados esse

ano, vai acontecer novamente eu acho que a gente poderia fazer até uma, quem sabe uma proposta de

que de alguma forma os jogos dos povos indígenas têm cada vez mais apoio, inclusive dos setores

esportivos do Ministério do esporte de outros setores. Quem sabe os indígenas terem o espaço também

lá na Olimpíada, pelo menos na abertura ou algum momento ali. Então eu acho que é uma agenda que

a gente pode abrir aí também, quer dizer importante, interessante para valorizar.

Não identificado - Presidente eu queria passar um recado de Marcelo, o Ministro da Cultura ele

deixou para o convite da CNPI participar da reunião da Paraíba (inaudível).

Márcio (Presidente) - Aliás a gente ficou de até hoje no final da reunião criar a subcomissão de

Cultura e Comunicação, então eu não quero que seja esquecido isso a bancada indígena ficou de se

reunir para escolher, não foi escolhido, não foi, os três membros da subcomissão de Cultura e

Comunicação era bom que vocês pudessem.

Não identificada – Todos também presidente tem um encaminhamento sobre o PNE.

Márcio (Presidente) - O encaminhamento sobre o PNE, mas já foi aprovado não já estar aprovado o

nome da Francisca, agora os três nomes já estar registrado em ata já foi aprovado (inaudível) o que

falta é os três nomes da bancada indígena e os três nomes do governo para participar da subi comissão

de cultura e comunicação, então eu vou agora imediatamente passar a palavra para o companheiro

Carlão para ele poder fazer as posições suas posições sobre, assim não sei muito bem sobre o que é mas

tem alguma coisa a ver sobre com geologia e mineração.

Carlos Nogueira – Boa tarde, Carlos Nogueira MME, bom primeiro de agradecer a oportunidade de

colocar esse assunto aqui, porque o Ministério de Minas e Energia, através da Secretaria de Geologia,

Mineração e Transformação Mineral, de que eu sou secretario adjunto, a gente tem as atribuições de 296

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formular as políticas públicas do setor de geologia e hidrologia do Brasil e nós temos dois órgãos

vinculados à gente, um é o Serviço Geológico do Brasil que é a CPRM e o outro que é o DNPM que é

o Departamento Nacional de Produção Mineral, que são dois órgãos distintos - um trata da questão de

fazer os levantamentos que são obrigatórios, estão na Constituição, e o outro é de gerir o patrimônio

mineral através das concessões de lavras. São dois órgãos completamente diferentes e nós temos um

programa no PPA chamado Geologia do Brasil, no qual foi detectado durante o programa de governo

do presidente que nós estamos aquém, muito aquém do conhecimento geológico e do território

brasileiro e que nós precisávamos, o governo precisava intervir urgente nisso.

E nunca se teve na história do Brasil o tanto de recurso que foi disponibilizado para cartografia

geológica, hidrologia do Brasil nos últimos seis anos; na gestão nós estruturamos a CPRM e recurso

tem, mas mesmo assim nós não conseguimos cumprir as metas, em função do que o Brasil é um país

continental nós não conseguimos cumprir as metas e vocês vão ver aí que a cartografia ainda é

precária do ponto de vista de conhecimento mesmo do Estado de ter esse conhecimento, e do ponto

de vista de cartografia terrestre, cartografia náutica, ontem alguém estava falando aqui que se tiver

que fazer uma ... os rios podem estar (ininteligível) errados porque quando as cartografia foi feita

foram feita ainda não tinha GPS os cruzamentos de rio a bacia de inundação as zonas muda

constantemente e essas informações precisam ser autorizadas.

Então tendo em vista que o princípio da CPRM é fazer um mapeamento e precisa da autorização da

bancada indígena nas suas terras quando tiver que fazer esse serviço lá ainda mas é necessário essa

apresentação porque o governo entendeu que o conhecimento do território é básico pressuposto para

fazer infra-estrutura eu não posso fazer por exemplo aqui no Acre. Vou dar um exemplo - se eu quiser

fazer uma rodovia no Acre é um problema, porque falta material, brita, os materiais para construção

dessa estrada o estado é teoricamente por falta de conhecimento geológico é pobre nesses materiais de

empréstimo. Então talvez seja hoje um dos lugares mas caros se asfaltarem, fazer uma rodovia um

calçamento uma rua pavimentar, uma rua no estado do Acre. Em função inclusive da deficiência, o

presidente tomou essa decisão, então, isso passou a ser parte do PAC, quer dizer, entrou o

conhecimento geológico como pressuposto para infra-estrutura, por exemplo, o trem bala essa decisão

foi tomada na época do trem bala o trem bala sai do Rio de Janeiro vai ate Campinas, qual o traçado

melhor do trem bala? Aonde ele vai passar? Ele vai passar em serra vai ter que abri túnel dentro da

rocha ele vai passar em pântanos ele vai atravessar rios, quando ele chegar no rio ele vai passar por

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baixo ou por cima? Isso quem define é a geologia não tem outra saída entendeu para isso e as pessoas

não percebem.

Aí eu queria colocar isso aqui para diferenciar da regulamentação do artigo 231 que a IE pesquisa a

regulamentação da atividade mineraria que não é o que eu vou falar aqui hoje na terra indígena que

estar sendo discutido no estatuto dos povos indígenas é outra concepção do conhecimento do estado

com os seus estados. Próximo ai, por favor, próximo ai, bom, então na realidade nos vamos falar aqui

dos levantamentos geológicos, hidrológicos e gestão territorial que a missão da CPRM que ela deixou

de ser CPRM a CPRM estar completando 40 anos hoje esse ano e em 94 ela deixou de ser uma

empresa mista, ela tinha um caráter de pesquisa mineral em 94 ela deixou de ter esse caráter e passou

a ter uma missão passou a ser uma empresa publica e passou a ter a definição de gerar e fundir o

conhecimento geológico e hidrológico básico necessário para o desenvolvimento sustentável do Brasil.

Próximo, e no programa de governo o que essa empresa, o que essa companhia tem que fazer, ela tem

que elevar o conhecimento geológico do território com a porta tecnológica como ferramenta pra

desenvolvimento regional do país, ampliação do programa do estudo geológico de oficio de

hidrogeológico e de gestão territorial com a democratização do acesso a esse conhecimento que

permita o desenvolvimento de política de ornamento territorial e de desenvolvimento regional

sustentável, possibilitando a implantação de empreendimentos geradores de emprego e renda,

promovendo a inclusão social admissão das desigualdades regionais a elevação do DH como agente

econômico social nas regiões minerárias e com melhoria das condições de saúde da segurança do

trabalho e a minimização dos impactos ambientais da mineração.

Então hoje na CPRM nós estamos trabalhando não com conceito de mapa geológico nós estamos

trabalhando como eu disse ontem aqui com o conceito de mapa geodiversidade, o que esses mapas

refletem - inclusive no dia que tive a reunião com a Marcela e com o outro eu esqueço o nome do

outro que estava lá, eu mandei dois exemplares e posso depois mandar alguns para CNPI na escala que

nós temos... na escala de um para um milhão, que não é uma escala... tem que melhorar, mostrando

para os cincos grandes eixos, agricultura, pesca, pecuária, quais são as adequalibidades e as restrições

que cada região apresenta em função do seu solo da pobreza do solo, da riqueza do solo, da abundância

de água, da escassez de água, dos regimes pluviométricos, dos pantanais, do cerrado.

Então nós estamos trabalhando com conceito de geodiversidade, onde a biodiversidade só vai existir

se ela for bem trabalhada. Vocês sabem, o Brasil, a Terra tem 75 por cento de água, não se resume na

realidade terra 25 por cento e dentro desses 25 por cento nós temos mais de 15 por cento, que são

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terras totalmente inapropriadas à vida humana... nós temos a quota acima de três mil metro a vida é

muito rara. Nos pântanos nos temos problemas, nos desertos nos, então nos temos se a gente pensar

bem nos temos uma fina camada da terra que nos precisamos trabalhar, trabalhar bem para poder

diferentemente, eu tenho uma versão diferente de conceito de que nos estamos acabando com a terra,

nos não estamos acabando com a terra não, a terra vai continuar borbulhando nos estamos acabando

com a raça humana na terra é diferente, a terra ela vai se adequar com temperatura de 35, 60 de 40 ela

vai continuar como planeta, agora a vida humana é outro departamento.

Próximo, as atribuições legais do serviço zoológico, então nos termos da constituição de 88 no artigo

21 inciso 15, compete a união é organizar e manter o serviço oficiais de estatísticas que ontem ou foi

hoje, ontem foi um debate forte do censo, por que o censo é importante, por que é importante as

pessoas entrarem na aldeia nas aldeias e fazer recenseamento estar lá, é importante estatística isso já

na visão constitucional é de geografia de geologia e cartografia por isso que eu estou dizendo a questão

da cartografia da Amazônia, então isso é um pressuposto constitucional do serviço geológico brasileiro

hoje, com a transformação da empresa companhia pesquisa e recursos minerais 94 pela lei 8970 a

CPRM passou a exercer as atribuições dos serviços geológicos do Brasil, então ela não pode requerer,

ela só pode requerer na intervenção numa possibilidade de intervenção do estado por uma questão de

escassez ou de uma barreira que o Brasil possa ser prejudicado com, ai o ministro de estado pode

exercer o papel e pedir que ela requer a área, mas fora isso não.

Próximo, bom aí essa transparência, essa apresentação ela já estar gravada lá no computador lá no meu

pen drive lá e as pessoas pode copiar tranquilamente não tem segredo nenhum, então quais são as

funções, subsidiar formulação de política mineral e geológica, participar do planejamento e

coordenação, e executar o serviço de geologia e hidrologia e responsabilidade da união em todo

território nacional, estimular o descobrimento e o aproveitamento dos recursos minerais e

(ininteligível) do país, orientar, incentivar e cooperar com entidades públicas ou privadas na

realização de pesquisa e estudos destinados ao aproveitamento dos recursos minerais (ininteligível) do

país, elaborar sistema de informação cartas e mapas que traduzem o conhecimento geológico,

hidrológico nacional tornando acessível aos interessados colaborar em projeto de preservação do meio

ambiente em ação complementar aos dos órgãos competentes da administração publica e federal,

estadual e municipal, realizar pesquisas de estudo relacionados com fenômenos naturais ligados a

terra, tais como os terremotos, deslizamentos, enchentes, (ininteligível) desertificação e outros bem

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como relacionados a paleontologia e a geologia marinha, da apoio técnico cientifico aos órgãos da

administração publica federal, estadual e municipal no amplo da sua área da atuação.

Próximo, aí o que falei excepcionalmente só no caso excepcionalmente ela poderá realizar pesquisa

mineral desde que expressamente determinado pelo ministério de minas energias, cabe ressaltar que

desde da sua transformação em empresa publica a sua atribuição de serviço geológico não houve ate a

presente data ato especifico do ministro de minas energias conforme determina a lei para realização

da pesquisa mineral. Por conseguinte os levantamentos geológico básicos executados rotineiramente

pela CPRM não se confunde com a pesquisa mineral propriamente dita conforme definida no código

de mineração.

Próximo, bom a importância do levantamento geológico básico, primeiro estudo meio fios, físico a

questão geotécnica eu costumo citar um exemplo, alguém de vocês aqui já desceu no aeroporto de

Cofins em Belo Horizonte e eu gostaria quando vocês fizesse a próxima vez se nunca observaram,

sente na janela e quando o avião já estar assim muito próximo do solo vocês começam a olhar para os

lados, vocês vão ver que tem umas espécies de umas panelas, onde tem cheio de arvore que não tem

saída de água, quer dizer como se fosse uma lagoa e para onde vai à água que entra ali, quer dizer ela

vai para algum lugar, vou mostrar então uma transparência, então será que o aeroporto de Confins foi

construído isso são dolinas, essas são rochas calcarias são sonrizal a água vai penetrando e vão formar

cavernas lá em baixo e com o tempos essas cavernas vão se acomodar ai vai haver abalos sísmicos

locais e que pode mudar o panorama de um aeroporto. Não sei se exatamente o aeroporto estar a cima

de que, mas eu dou um exemplo claro que talvez uma obra que tivesse ter sido talvez melhor

detalhada na época sem o (ininteligível) de coisas políticas de construir uma obra para inaugurar,

posteriormente (ininteligível) posteriormente a etapa da analise da informações existentes deve ser

executada a etapa de reconhecimento de campo, abrangendo sempre a maior área do que diretamente

necessária para o estudo, a gente trabalha com escala a geologia como a geografia, cartografia ela não

trabalha com limites definida de distritos de município, as cartas são georeferenciada são quadrada ou

retangulares e perpassam os municípios os estados e ate nações.

Então às vezes a gente precisa, por exemplo eu não posso fazer o mapa do estado do Ceara o exemplo

sem conhecer a geologia do estado do Piauí por que as seqüências elas entram no estado a dentro ou

sai estado a dentro e não vão ser interrompidas pelo limite físico que foi imposto, atuando sempre nas

fases inicias do estudo do solo e os estudos geológicos. Vaz traz informações de extrema importância

para o uso e ocupação do solo de qualquer área sem interferir ou causar impacto na região estudada,

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com relação as atividades relacionadas ao levantamento geológico básico ela se restringem a coleta

amplamente espaçada de amostras superficiais por parte de um profissional especializado. Em geral

um profissional faz encaminhamentos planejados munidos apenas com bússolas, caderneta de campo,

GPS, máquina fotográfica, martelo, lupa, canivete e utensílios básicos, o estudo pode incluir ainda a

coleta sistemática de sedimentos de drenagem e tem por objetivo indeterminados espessam dos

elementos químicos nas áreas em questão.

O produto levantamento geológico básico é um relatório acompanhado de um texto explicativo que

aborda as características geológicas e evolutiva da região em questão, acompanhando eventualmente

do correspondente mapa geológico, isso é importante por que, por exemplo, as vezes uma

determinada comunidade que passa um rio num determinada comunidade que as pessoas usam uma

das ciências a serem desenvolvida bastante no ramo da geologia é a geologia médica, porque as pessoas

moram em um determinado locais e a água daquele local por uma questão natural, você pode ter uma

rocha radiativa lá na cabeceira da sua drenagem você não sabe disso, a água passa naquele rochoso essa

rocha vai (ininteligível) os minerais vão se dissolvendo vão se incorporando (ininteligível). Por isso

nós temos águas radiativas, águas cloretadas, águas bicarbonatadas, (ininteligível) cada, quando você

pega uma garrafinha de água mineral, você pode olhar, cada uma tem uma característica específica.

Então é interessante, não só na geologia médica, a questão dos deslizamentos e aí o que eu queria

mostrar a questão do mapa, ali tem um mapa de 1 para 500 mil são as quadriculas que perpassam, você

pode ver que na América do Sul ali, nos para conhecer os estados do Mato Groso do Sul, do Mato

Grosso de Rondônia, Acre, a gente tem que ter as informações dos países vizinho na escala de 1 para

250 mil, isso vai diminuindo e para 100 mil praticamente a gente se restringe ao trabalho dentro do

Brasil.

Aí vocês olham eu estou falando de informações oficiais e óbvio que as empresas de mineração detêm

informações particulares das áreas que pesquisam, elas gastaram aquele dinheiro não necessariamente

pode informar ao governo ou não, assim se eles abandonarem a área, então olhe que nós só

conhecemos os territórios numa escala adequada de planejamento que o governo entende, que é 1

para 100 mil nos só conhecemos 14 por cento nos só temos um banco de dado no Brasil e olha a

Amazônia entendeu, é isso nós estamos falando da fronteira que todo mundo diz a última fronteira do

conhecimento e tal. Então se necessita de informação mais precisa para o planejamento, até para

restringir pessoal, não estou dizendo... não estou querendo fazer apologia aqui... estou dizendo até

para dizer não a gente precisa conhecer certo. Mas você precisa ser com certeza para se tomar da

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decisão, ou para 250 mil e a gente tem uma cartografia razoavelmente e exatamente naquele vazio lá

que foi proposto mapeamento náutico, marítimo, náutico terrestre e geológico, que é uma parceria do

ministério de Defesa, Aeronáutica, Marinha, Exército e CPRM o presidente Lula numa canetada, 350

mil bilhões de reais esse projeto até 2011 estar sendo executado. Próximo, esses são os levantamentos

ai é uma característica que minimizou de mais um impacto do trabalho do geólogo na época de 70, 80

os trabalhos de geologia primeiro o geólogo ia pro campo e depois tinha aéreo geofísica que era muito

cara levar avião, voar e você só usava aéreo geofísico naqueles locais onde você já tinha um

conhecimento básico, hoje não as tecnologia evoluiu bastante o custo diminuiu e inverteu se a

posição, hoje você faz uma aéreo levantamento, você não entra nem lá é o avião que sobrevoa a área e

as informações os contrastes que esses determinados aparelhos vão gerar ele vai me dar um locais

onde eu vou ter duvidas, eu vou lá só checar, eu vou me diminuir a minha inclusive a minha

participação antrópica no terreno.

Próximo, aí é um exemplo claro eles são aparelhos os sistemas são (ininteligível) normalmente é usado

para petróleo mas o eletro (ininteligível) é usado para geologia como todo, você estar vendo ai um

avião voando com vários tipos de aparelhos.Próximo, e ai próximo, pode clicar quatro vez ai, ai e gera

vai gerar. Próximo, mas um e vai gerar esse tipo de mapa aqui, é a mesma área estar entendendo, e

essas duas técnicas eu como geólogo como engenheiro eu vou identificar olha quais são os complexos

e vou lá só para checar onde é o limite e ai mesmo eu não preciso mas estar lá, vinte, trinta, quarenta,

cinqüenta dias, sessenta dias no campo eu tenho essas informações mas em tempo mas rápido, o

governo gasta menos, gasta mas dinheiro assim numa primeira fase mas recupera com informações

muito mas precisa dos tipos de rocha eu estou vendo ali os trendes as diversas, um geólogo ali é fácil

de dizer mais ou menos que são granitos são sedimentos.

Próxima é só uma informação, ai depois vai o geólogo para o campo olha lá o cara vai bater num

afloramento tal vai medir ali se a camada estar mergulhando para cá é muito importante, esse

mapeamento por que as vez você diz há tem uma plantação de soja aqui e o cara jogou pesticida e

inseticida e ai o terreno estar mergulhando para cá, mas as rochas estar mergulhando é para cá e ai

estar todo mundo pensando que o inseticida estar indo para lá e ele estar agindo para cá, entendeu, e

ai os negos estão bebendo a água aqui achando que estão livre dos problemas lá, então é importante

estar mostrando estar vendo as camadas tem percolação, tem fraturamento, tem direções então é

importantes as pessoas saberem disse entendeu, por exemplo, os técnicos, por exemplo, não estou

dizendo quem não é, mas os departamentos das áreas, a secretaria de meio ambiente do município e a

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secretaria de desenvolvimento do estado tem que estar sabendo disso. Próximo, bom qual a

importância disso para sociedade. Próximo, bom primeiro desenvolvimento sustentável é impossível

hoje é obvio que tem praticas não só na mineração eu estava ali por acaso no computador eu não sei se

era o Tiago que estava com um livro do lado e (?) um avião e tornou o Jatobá não sei o que e era

falando sobre inseticida por isso que eu lembrei, estava lá mostrando quer dizer em qualquer área

existe desenvolvimento é pacifico de trazer, agora a gente tem que aprender a fazer com

responsabilidade não é, então primeiro ordenamento, veja que a gente trabalha essa tela é uma tela

que não foi produzida para cá, você pode pegar todas as apresentações da secretaria de 2004 para cá,

ela estar nessa ordem, ordenamento territorial estar lá em cima quer dizer passou a ser a prioridade

nos poderíamos ter colocado descoberto e avaliação da jazida lá em cima, isso quando a gente escreve

texto a gente prioriza normalmente a gente estar colocando ai que tem uma concepção pelo menos

hoje no estado do governo com essa preocupação pode ser que lá na frente mude o congresso estar ai,

mude as leis as políticas mude o ministro mas essa é a nossa meta hoje.

Próximo, bom o que eu estava falando primeiro à geologia ambiental acompanhamento pesquisa

possíveis geológicas do Brasil ele tem disponibilidade dos recursos humanas tecnológicas e

operacionais para atender as demandas da sociedade brasileira relativa ao conhecimento do meio

físico, participando de projetos de estudo sobre geologia e ambiental e parceria com os órgãos ai tantos

federais e municipais estaduais como os órgãos não governamentais e academia, o estudo sobre

geologia ambiental tem por objetivo incentivar a aplicação do conhecimento da ciência geológica ao

desenvolvimento de estudos e novos métodos de tecnologia a serviço da preservação ambiental e

melhoria da qualidade de vida da população, nesse sentido vem desenvolvendo de forma sistemática

linha de ações com enfoque na Nasa e redução de danos e perdas provocados por desastre naturais em

especial a desertificação escorregamentos e inundações avaliação de anomalia geoquímica.

Eu acabei de falar aqui em sedimento de fundo água e solo e possível associações com problema de

saúde publica e analise e remedição de impactos ambientais promovido pela atividade mineral por

meio de subsídios de execução de planos de recuperação de área degradada pela mineração, nos

estamos fazendo um trabalho e parece ser formiguinha mas a gente estar sentindo, por exemplo, nos

temos uma passivo ambiental por irresponsabilidade de empresários do Sul do Brasil e Santa Catarina

a questão do carvão mineral, que é o que a gente chama, nos temos três tipos de atividade mineral no

Brasil as minas em atividade, as minas paralisadas que a gente chama de mina órfão, as minas ativas a

gente sabe estar lá trabalhando se precisar vai o ministério publico, vai promotor, as minas paralisadas

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a gente também sabe quem são as pessoas. Agora as minas órfãos é um problema porque isso foi do

século passado era quase um sistema, como é que chama, era familiar, as pessoas abandonaram aquilo,

passaram para outras e o stado não tem como identificar quem foi o causador desse dano.

Então hoje o Estado é o réu, então o Estado tem que reparar esse dano, então nós estamos trabalhando

nós estamos com 74 prades sendo feitos na bacia carbonífera, são planos de recuperação de áreas

degradadas no valor de 6 milhões, só para fazer os estudos, para depois orientar que cada caso é um

caso. Então olha, quer dizer, parece que o país ganhou lá atrás, mas nos estamos pagando o custo dele

hoje, quer dizer nos podíamos estar fazendo escolas com esses 6 milhões, estar fazendo uma rede de

drenagem em algum local, estamos reparando um erro lá de trás.

Próximo, a geologia básica, então essa é a questão da geologia do Brasil que é voltada realmente às

informações geológicas a descobertas de bens minerais a geologia medica como eu falei, compreendo o

desenvolvimento de projetos em regime em parceria objetivo de (ininteligível), fornecer o gestor de

saúde pública elemento para relação entre anomalias geoquímicas naturais ou oficiais do meio físico.

Por exemplo, houve uma tragédia na Espanha no século 19, 20, 19 para 20, onde uma comunidade

começou a ter alta incidência de mercúrio no sangue e todo mundo deve ter algum garimpo ou

alguma planta e o que tem que foram atrás as pessoas consumiam muito peixe e o peixe é um grande

assimilador do mercúrio, por isso que causa grande problema e o pescado da Espanha ela não

conseguia detectar, não tinha nenhuma atividade, não tinha nenhum mina conhecida e depois de

mais de 10 anos se descobriu que na França tinha uma empresa que manipulava mercúrio e a causa

estava no outro país. Entendeu? Quer dizer, a Espanha que estava sofrendo com esse problema.

Então, quer dizer, tem toda essa... é uma anomalia natural ou alguém está contribuindo para isso, eu

lembro que logo quando eu me formei um professor meu me falou uma história que nos Estados

Unidos a gente já está aí há mais de 30 anos atrás existia muito, todas as indústrias no início do século

na década de 60, 70 se instalavam próximo de rios porque você pegava água, captava e jogava os

resíduos dentro dos rios. Era comum isso na década de 50, 60 e aí como resolver esse problema... os

Estados Unidos fez uma lei muito fácil, muito simples, quer dizer muita burocracia, falou o seguinte:

olha você vai instalar sua fábrica, o rio está passando aqui, você vai instalar sua fábrica aqui, o rio está

correndo para lá então você está proibido de pegar água a montante, você vai captar água a jusante.

Então o cidadão estava jogando resíduos no rio aqui, ele tinha que pegar aquilo ai ele viu o problema

dentro da planta dele, que ele estava causando, aí doía no bolso dele, ele tinha que colocar filtros, quer

dizer, aí começa... é uma quase uma forçada de bolso para as pessoas entenderem a problemática. 304

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Então na realidade a gente visa informar, por exemplo, dei um exemplo aqui estava conversando na

roda, o Ministério da Saúde tem mania de fazer campanha para passar flúor na boca dos meninos e às

vezes tem comunidade que a água do rio a água que eles bebem já é altamente floretada e o excesso

de flúor dá fluoroze e fluoroze é a carie provocada. Então as pessoas perdem dente não sabem porque,

ah mas eu coloquei flúor na minha boca, o médico veio aqui e tal, mas o excesso de flúor gera um

problema, isso são situações que podem ser evitadas pela informação. Próximo, a geologia marinha, e

eu vou contar uma - todos nós aqui que fizemos o ginasial ou o secundário, sei lá como se chama

hoje...

Márcio (Presidente) - Carlão é só para você... só para questão do tempo.

Carlos – Nós apresentamos, nós aprendemos que o Brasil tem 8 bilhões e meio de quilômetros

quadrados, todos nós aprendemos isso. Na realidade nós temos 13 milhões que são a plataforma

continental, área juridicamente brasileira, é território imerso e talvez mais importante que hoje que o

pessoal estar lá, entendeu, então quer dizer, tem toda uma questão da gente entender também isso aí

para subsidiar o governo a tomar decisão. Nós estamos pleiteando ampliação da plataforma

continental brasileira na ONU que saiu fácil dois pedaços, e os outros dois que estão pleiteando em

função do pré-sal que está lá no limite, os homens lá já estão começando a colocar dificuldade porque

eles podem vir no mar internacional e depois retirar o petróleo da camada pré-sal.

Próximo, e aí eu estou mostrando para vocês o que é que não conhecer a geologia, o que resulta,

deslizamento, enchente, fazer condomínio a toque de caixa para colocar a população em área de um

maciço rochoso totalmente podre que vai deslocar isso, depois vai gerar tragédia, o uso urbano. O

próximo olha aí a causa do deslizamento, a tragédia em Belo Horizonte, não isso foi em Campos de

Jordão em 2000.

Próximo, a questão da hidrogeologia esse posto aqui da esquerda em Gorjeia, no Piauí, ele jorrou

durante mais de 30 anos lá desse jeito, aí ninguém tomava providência, um estado altamente carente

em água desperdiçando suas águas, hoje eles estão controlados, estão fechados, quer dizer falta de

informações numa população que pode drenar essa água. Próximo, esse aí mostra outro desperdiço de

políticas erradas no Nordeste brasileiro, semi-árido, de poços jorrando sem o menor controle

enquanto a outra comunidade lá, por falta de uma bomba, está lá a família toda em pé ali precisando

para bombear e furos na maioria das vezes em locais inapropriados que gerou água saloba. Vamos ver

esse outro poço aqui que está interditado porque gerou, foi furado em cima de rochas graníticas que

deu salinado na água e aí quer dizer... 305

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Próximo, o programa de hidrologia... esses e o trabalho dos pesquisadores da CPRM levantando os

níveis do rio para evitar tragédia e eu contei aqui de novo, Manaus foi teve a maior cheia do ano esse

ano e foi alertada 75 dias antes por causa desse serviço aí de medições de vazões e evitou se uma

grande tragédia em Manaus esse ano em função de 75 dias antes. As autoridades e não acreditaram

ficaram na dúvida que ouviu o Amazonas criar a maior cheia de todos os tempos, desses últimos anos,

sei lá quantos anos e só, parece que 800 pessoas tiveram problemas, era para ser um, quem mora na

região talvez, Manaus sabe o que eu estou dizendo.

Próximo, bom, qual é a, nós temos um rede hidrometeologica nacional vocês vão ver os pontos ai no

mapa que vou colocar a prevenção de cheias e enchentes, precisão de deslizamento e cheias urbanas,

monitoramento da qualidade das águas, dimensionamento dos sistemas de abastecimento públicos,

acompanhamento e azoamento de rios e barragens e dimensionamento de obras hidráulicas, pontos

reservatórios e hidrelétricos. Aqui nós temos aqui um companheiro da FUNASA aqui muitas vezes a

FUNASA faz furo de... em aldeias e tem que saber na geologia... tem que estar lá para dizer se não vai

furar errado ou vai gastar dinheiro para furar, para fazer um poço ele estar seco, ou a água não estar

habilitada ... eu sei, mas é preciso conhecer, estou dizendo que é preciso conhecer para fazer as coisas

com clareza, o mesmo dado hidrológico ele serve para gestão de energia e gestão das águas.

Próximo, por incrível que pareça olha o número dessa é a nossa rede um trabalho gigante todos esses

pontinhos pretos ai tem um cidadão que recebe meio salário mínimo, eu sei lá quanto, para ir todo dia

no pluviômetro coletar se choveu, se não choveu, levar a régua lá no rio, medir. São mais de 5 mil,

4.125 estações no Brasil inteiro, o Brasil tem 5.600 e tantos municípios que quase a totalidade dos

municípios se tem, é um trabalho realmente Hércules do centro da CPMR.

Próximo, bom a questão que vou passar é a questão... é, os dados são coletados, é o nível de águas os

dados da chuva a qualidade do PH, (ininteligível) oxigênio, os vazões do rio, consolidar esses dados.

Próximo, e aí um exemplo clássico para isso, isso aqui nós estamos falando na bacia do rio Doce - todo

ano vocês viam, ouviam a cidade de Governador Valadares ser inundada todo ano, todo ano é

histórico isso ai, está lá a ilha ler o rio Doce enche passa e daqui a pouco ele lava a ilha ali onde está.

Por incrível que pareça nesse caso pega as casas ricas, é todo mundo que queria morar na beira do rio,

os ricos e tal, o pessoal mas pobre estão no alto, então não são atingidos. E aí qual é o trabalho que é

feito lá? É medir as vazões e ir mostrando os picos quais são, o que está acontecendo, se está

assoreando, se alguém desmatou onde não devia.

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Próximo, aí é a questão do Pantanal, Pantanal é um sistema altamente complexo, por exemplo, vocês

vêem inundações em São Paulo, porque, porque o rio Tietê está sendo assoreado, aí você tem que

manter uma pá, tirar material de dentro do rio para que o rio corra dentro do seu canal, para que não

inunde as ruas no Pantanal. Nós não podemos fazer isso, pelo contrário, nós temos que deixar o rio

assorear para que as águas transbordem e permita que a grande extensão territorial do pantanal possa

ter as lagoas durante o ano todo. Se eu drenar o rio e fizer com que a água corra só na calha eu vou

transformar aquela área verde num maior deserto do Sudeste, do Sul do Brasil. Então você vê como

que são duas coisas a mesma coisa que eu falei mas você tem que tomar medidas diferenciadas.

Próximo, ai é o rio Amazonas, rio Negro e Amazonas como eu mostrei (ininteligível) o pessoal, olha lá

a gente informa com uma precedência de 15, 45 e 75 dias as autoridades dos problemas das enchentes,

57 mil pessoas diretamente beneficiadas esse ano em função dessa informação. Próximo - bom a

questão do apoio da gestão territorial, desenvolvimento sustentável, a questão do zoneamento

ecológico econômico. O Acre que mostrou no primeiro dia uma apresentação que é exatamente isso a

ser feito e eu gostaria até de dizer que a CPRM poderia ser parceira nesse tipo de ação, por que tem

um banco de dados incrível, tem tecnologia talvez até para, não só com o Acre, mas com os outros, eu

acho que deveria ter um acordo de cooperação técnica para esses assuntos, mineração e meio

ambiente, apoio ao técnico a município e regiões metropolitanas, o (ininteligível) geo-ambiental e o

geo-ecoturismo também.

Nós geólogos estamos no campo, eles estão identificando monumentos naturais, primeiro para

transformar em geopartes, nós estamos transformando, nós estamos catalogando os locais físicos

brasileiros que têm beleza natural para que eles não sejam destruídos, para que eles sejam preservados,

são os famosos geo-pacto. Nós já temo o geo-pacto o parque do Brasil reconhecido pela UNESCO na

Chapada do Araripe.

Próximo, aí é a questão do zoneamento ecológico, esse foi o consórcio ZE com a ANA, EMBRAPA,

IBAMA, IMPE, CPRM, IBGE para mapa de uso da terra e ontem eu estava vendo exatamente a

apresentação do pessoal do norte do Oiapoque, fizeram um mapa baseado só simplesmente nas

sensibilidades deles separando o que eles entendiam que é mata mesmo o que é cerrado o que é

alagados. Eu estive olhando o mapa, quer dizer, mas tem tecnologia para melhorar, inclusive para

melhorar e muito os dados que vocês estão gerando, então é um trabalho pioneiro, importantíssimo

que eles fizeram lá, eu estava prestando atenção aqui mas tem outras técnicas que podem ser

acrescentadas além disso.

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Próximo ... o que eu estava falando, do caso em que você tem um terreno bonitinho lá em cima e tal e

lá em baixo você não sabe nada do que está acontecendo, a água está formando uma tremenda cratera

e de repente pluf, vai tudo embora e ninguém sabe por que. Então esse é um exemplo que eu dei lá de

Cofins em Minas Gerais. Próximo, bom aí no caso como o conceito que a gente está trabalhando com

geodiversidade para planos diretores municipais, planos diretores de minerações, planos de

desenvolvimento de infra-estrutura, plano de bacia hidrográfica, o zoneamento econômico ecológico,

sistema nacional de unidades de conservação, áreas de limitações administrativas provisórias - a LAP.

A princípio eu peguei esses dados antigos porque a 163 ela foi, por um determinado tempo,

considerado uma área administrativa para quantos faziam o levantamento e o Ministério do

Planejamento ele está preocupadíssimo com os grandes eixos de desenvolvimento, por exemplo, Norte

-Sul, BR 163, transnordestina. Nós poderemos estar dando um tiro no pé, porque eu estou ligando

isso... o miolo do Brasil, aos grandes centros de meio, mais fácil para a população chegar... eu posso

estar incentivando o êxito rural então ao longo desses grandes eixos. Eu preciso conhecer o território

para desenvolver pólos auto-sustentáveis, para que as pessoas não vão, pelo contrário eles se

estabeleçam, gerem a sua riqueza, sua renda, preservem suas culturas, mas não precisem se deslocar

em busca dos grandes sonhos da cidade grande.

Então o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão já nos contatou para que a gente, ao longo

dessas grandes obras ferroviárias, rodoviárias, 100 quilômetros de cada lado, a gente faça um

levantamento detalhado do que é que... como esses terrenos se comportam... então a gente está

começando a trabalhar nesse sentindo da importância, por isso que nós entramos no parque.

Próximo, aí eu vou mostrar umas... às vezes, até porque eu faço questão de mostrar isso aqui... é a

questão, que todo mundo é possível às vezes de fazer atividades... no ano de 1975 a 1980... são imagens

de radar. Estava se construindo a Tucuruí... e lá Tucuruí estava bem na pontinha e aí já estava o

desmatamento agropecuário, atividade antrópica lá em cima ali e lá em baixo as áreas protegidas pela

região de Carajás. Tem duas formas - uma APA, uma reserva, e ao longo da Belém-Brasília estava se

desenvolvendo todo um conjunto de atividades... os amarelinhos são os desmatamentos. Próximo, em

1999, 20 anos depois um desastre, mas as áreas estão lá preservadas, as matas lá na reserva, lá onde está

a mineração em Carajás, está preservada.

Márcio (Presidente) - Eu só vou contribuir contigo aí, para te mostrar que aquela parte grande verde

na ponta direita sul e a outra parte verde que está do outro lado ali são as terras indígenas.

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Carlos – Com certeza, eu sei disso, por isso, é o mesmo caso, porque a outra lá, que é uma área de

preservação. Próximo e aí a Floresta Nacional de Carajás. Então, as pessoas quando olham essa foto

pensam que esse roxo dentro da FLONA é a mineração; isso não é a mineração, isso são as cangas

(ininteligível) já não existia árvore na época e que foi isso que permitiu a descoberta do depósito de

Carajás que no pouso forçado o geólogo teve que descer (ininteligível) e achava que era calcário,

desceu pegou o martelo, bateu e viu que era minério de ferro, e aí Carajás surgiu. E Carajás, ele está lá

naquela pontinha daquela seta branca e o N4 naquela pontinha e representa hoje de toda mata que

tem dentro da FLONA, calculado 2 por cento da área. A área pela mineração hoje só atinge depois de

quase 30 e tantos anos de atividade 2 por cento da atividade, quer dizer, é possível fazer... quer dizer,

com trabalho e com responsabilidade, permitir que se preserve a área. Agora olha ao redor Aí

atividade antrópica, a ação agropastoril, cidades que foram construídas. Eu só coloco esse exemplo

porque ele reflete o que a Lílian ontem nos colocou: não podemos, nem ser lá de cá nem de cá demais,

mas a gente precisa saber o que é importante pro país e aí tomar a decisão correta.

Próximo, e aí o exemplo de uma mina - hoje pro conceito que nós estamos trabalhando, aquele buraco

lá na frente que era a cava já se torna no lago, hoje ele está enchendo e a área do bota fora está sendo

recuperada com curva de nível, recuperando a paisagem. Gerou impacto, esse é um exemplo típico, se

gera impacto, claro que gera, nunca ninguém disse que não gera impacto, mas é possível minimizar

esses impactos.

Próximo, bom é aí, para concluir, a função dessa fala minha aqui é que há claras diferenças entre o

estudo geológico básico e atividades relacionadas à busca de depósitos minerais. Os levantamentos

geológicos básicos dão suporte ao conhecimento da geodiversidade, do meio ambiente e da integração

dos mesmos, dos riscos naturais, de conseqüências para a prevenção e o uso sustentável dos recursos

naturais, configurando-se em instrumento essencial para subsidiar a avaliação do meio físico, o

planejamento e a formulação de políticas publicas para ordenamento territorial da região. Esses

levantamentos contribuem ainda para se entender a história geológica de uma dada região e

conseqüentemente do planeta, portando o estudo da CPM se configura como levantamento geológico

básico, que não se confunde com a pesquisa mineral, conforme definido no código de mineração.

Próximo eu gostaria de dizer o seguinte: gostem ou não gostem algumas pessoas, tudo que a gente está

fazendo dentro da Secretaria de Geologia e Mineração, eu fui o relator desse caderninho aí, apresentei

publicamente no setorial, isso faz parte está lá escrito, ao Lula, ao presidente do programa setorial de

governo, isso foi apresentado. Quer dizer, o que nós estamos fazendo na Secretaria de Geologia de

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Mineração e Transformação Mineral está dentro do programa que o governo atual, o governo do

presidente Lula, concebeu para o desenvolvimento do país. Então eu me sinto orgulhoso de fazer

parte desse projeto, gerando riqueza, trabalho e renda para o Brasil, esse foi o mote do nosso dever.

Próximo e aí para vocês vêem como a natureza ela é bela isso. Isso é uma mina no México, os cristais,

olha o tamanho dos cristais, e o homem insignificante dentro da natureza. Então por isso que eu acho

que às vezes o conceito está invertido, o homem é que vai se extinguir.

Próxim, ... eu terminei, eu ia só mostrar uma relação dos mapas que estão no pacto, mas eu acho que

não faz sentido para mostrar... isso aqui são ... nós estamos fazendo no Mato Grosso e tem uma

reserva indígena marcado ai em amarelo vocês estão vendo. Olha aí o resultado dessa história: a

reserva está lá no meio, a atividade antrópica está toda aqui, quer dizer, eu tenho todo aspecto para

saber daqui do lado de lá e o Estado às vezes fica impedido de saber o que está no meio ali e que talvez

sejam vocês o mais prejudicado pelo não conhecimento disso.

Márcio (Presidente) - Aí no caso é uma terra indígena?

Carlos – Pois é, não eu estou mostrando, eu fiz questão de colocar, presidente, para mostrar.

Márcio (Presidente) - Só estou explicando qual é o nome da terra indígena.

Carlos - Que parece que às vezes a gente vem aqui falar e as pessoas pensam “esse cara está ficando

maluco”. Não, eu estou dizendo que tem uma realidade, está aí agora vai sempre haver a necessidade.

A CNPI, é claro nisso aqui, a decisão pertence aos índios e eles vão decidir se não nós não queremos

conviver com isso, mas foi uma informação que eu trouxe, essa era a idéia... a idéia de colocar que as

pessoas saibam de fato o que é uma coisa e outra. Ok presidente, obrigado.

Márcio (Presidente) – Obrigado, Carlão, eu queria só perguntar Carlão para você, antes de abrir para

consulta aqui da plenária, que não ficou claro para mim. Quer dizer, talvez tenha ficado só

parcialmente entendido por mim, talvez pelos outros também: a sua apresentação foi uma

apresentação muito didática muito interessante, sobre a importância do conhecimento, pelo que eu

entendi, a importância do conhecimento geológico, da geodiversidade do Brasil e isso inclui as terras

indígenas, que são 13 por cento do território nacional. Eu queria entender, perguntar qual o sentido,

qual a questão central aí no caso a partir dessa apresentação que você fez.

Carlos – Ela tem uma colocação que antes de... bom, antes de eu me inserir aqui na CNPI e você ser

presidente existia uma dificuldade de 100 por cento do Serviço Geológico do Brasil para tentar fazer o 310

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seu papel, que é conhecer o território. Então havia sempre uma alegação de que não se poderia entrar

em terra indígena para fazer, para se obter esse tipo de informação, entendeu? Então hoje o que eu

estou querendo mostrar é o seguinte: que a decisão continua sendo dos indígenas, mas que eles

entendam que talvez seja importante conhecer isso, saber disso. Esse que é o recado.

Márcio (Presidente) -Agora estão abertas as inscrições - a professora Francisca, o André o Caboclinho.

Francisca – Bom, como o presidente falou, o Carlão foi, assim, foi bem didática a sua apresentação. Aí

eu queria assim, no meu entendimento do que eu pude compreender essa sua apresentação eu entendi

que assim também que está tendo uma mudança de mentalidade das políticas públicas em relação a

essa condução, porque antes não se falava em uma discussão ampla com a população, ouvindo o povão

e tal. Em relação a nós piorou, imagine construir uma estrada bem ao lado de uma terra indígena,

ninguém tomava conhecimento, então a gente não ia, nunca fomos consultados e tal. Mas o que eu

queria assim que você me explicasse, assim que essa política que está sendo pensada, que está sendo

trabalhada, mudando de certa forma o foco, estar mais próximo inclusive da realidade brasileira que

você citou alguma questão, por exemplo a política mineral, você coloca essa democratização dos

conhecimentos.

Nesse foco de democratização dos conhecimentos, você fala da geodiversidade e ai eu entendi a

democratização, acho extremamente importante, mas assim da geodiversidade que cria uma

concepção que você pudesse... dado que o pensamento que eles estão trabalhando se é a partir da

questão ambiental qual é a... você estar entendendo isso que eu queria saber.

Márcio (Presidente) -- Eu acho que podia passar fazer a rodada primeira, o próximo é o

Caboquinho,depois o André.

Caboclinho – Eu fico preocupado Carlão, até porque eu sou leigo nessa questão, principalmente nessas

questões que você levanta, meu nome e Caboclinho sou da Paraíba Potiguara. Presidente, na realidade

essa questão técnica porque os nomes que ele falou aqui eu nunca nem vi na minha vida, pronto um

nome como gama é (ininteligível) estudo meu físico, geotécnico, geológico básico, quer dizer são

palavras técnicas que para mim realmente eu tenho dificuldade de entender. Eu creio que meus

companheiros que esteja também aqui também têm esse mesmo pensamento; eu acho Carlão, assim

você fez a sua apresentação muito bonita para quem entende desse meio, mas eu acho que a gente,

como comissão, como bancada indígena, nós temos que saber também o significado dessas palavras

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porque de repente vem aí uma coisa boa, mas de repente uma palavra dessa possa significar uma coisa

ruim para nós. É mais nisso aí.

Márcio (Presidente) -André.

André Araújo – André Araújo, MDA, Carlão, mais uma curiosidade: tem um slide aí que, se o

companheiro puder colocar de novo, de Carajás, que eu queria questionar a você se você sabe que é

impressionante como a diferença dos limites, então ali na parte leste da FLONA ali a ação trópica é

muito alta, mas passa ali da linha e teoricamente pela divisão satélite está preservada. E aí eu queria

que você comentasse um pouco de qual é a política territorial que é feita pela Vale, ou que a Vale

contribui para que esses limites continuem preservados e aí eu acho que isso é importante também

porque você tem colocado, e eu concordo em parte com o que você coloca que, se há hoje um

empreendimento com recurso para fazer uma parceria ambiental com as comunidades seria o setor

minerário. Então, já que o tema é gestão ambiental e territorial dessa CNPI eu acho que é importante

a gente conversar sobre isso, mas na parte sul já há de fato um pouco de entrada de ação antrópica

dentro da FLONA, mas, então na parte Leste o roxo ali na direita e a parte de dentro da FLONA está

super preservada, ali já em baixo no sul já há uma certa invasão da ação antrópica para dentro da

FLONA, é segundo, pode ser que tenha um erro ai da... mas enfim, como que a vale contribui nessa

política de gestão territorial que garante aí esse nível de preservação.

Márcio (Presidente) -Bom não tem nenhum escrito, eu não tinha vista então é Pierlângela depois Ana

Paula.

Pierlangela – É Pierlângela,Roraima, a minha pergunta a área aonde esta sendo feita a extração, a

mineração, ela está bem visível e quanto aos trabalhadores, toda essa questão do pessoal que trabalha

na mineração, onde é que ele se localiza, onde é que fica dentro desse território?

Márcio (Presidente) - Ana Paula.

Ana Paula – Ana Paula – ISA. Carlão, eu entendi que você disse que em 14 por cento do território

nacional já foi feito um levantamento (inaudível). Certo então o restante não foi feito. Entendo

também que esse é um trabalho continuado, aí eu queria saber se você tem prioridade, critérios para

as áreas em que atuam, o que está planejado daqui par frente, se vocês têm recursos disponíveis para

realizar esses trabalhos. É basicamente isso.

Márcio (Presidente) - Carlão.

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Carlão - Bom é o seguinte, Francisca é o seguinte - o conceito de geodiversidade que a gente está

trabalhando é um conceito novo do ponto de vista, porque quando a gente falava em pesquisas

geológicas as pessoas atribuíam logo a questão de procurar minérios e ai no mundo a questão dos

desastres, os terremotos, os grandes terremotos, nós não temos aqui mas no mundo tem a questão...

Caboquinho está certo, porque tem palavras que é obvio que não são do cotidiano de vocês, mas todas

essas palavras elas são muito fáceis de serem, por exemplo, são métodos, todos aqueles métodos que eu

coloquei ali são métodos indiretos, eu não preciso tocar no solo, não preciso ... é uma emissão de uma

radiação do vai e volta, o aparelho capta e um aparelho registra a diferença de densidades, de cor da

rocha, do reflexo da sua possível radioatividade que tem no mineral, essas coisas, cada uma tem uma

atribuição.

E esse conceito de geodiversidade ele parte do princípio de que você tem que ter um conceito

ambiental primeiro para você desenvolver, porque a história que eu estava falando, por exemplo, a

preocupação da gente é a vida em cima da Terra certo? Então a terra ela em que servir para esse fim,

quer dizer, a área habitada do território do planeta Terra ela tem que servir para isso, quer dizer, a

gente tem que deixar legados para outras e outras gerações. Então você não tem que se preocupar com

um único tema só, você é um conjunto de temas, aquele que era necessariamente... antes era

prioritário, ele passa a não ser talvez mais prioritário, e que você possa tomar decisões de dizer, assim,

por exemplo, o sudoeste do Piauí, o novo ciclo o ouro não é o ciclo... o ciclo é da soja, mas um novo

território da soja do Brasil é o sudoeste do Piauí. Aí a gente pergunta assim: “o solo lá do Piauí ele tem

capacidade de absorver uma atividade, uma lavoura intensiva, como é a soja? Por quanto tempo? E o

que vai acontecer daqui a três, quatro, cinco, seis ciclos? O que vai acontecer com aquilo lá?”.

Então o governo, se ele estiver incentivando tem que se preparar para aquilo lá ele tem que entender

ou qual é a alternativa se não for lá, aonde, é a mesma coisa de expansão urbana, por exemplo, as

grandes pedreiras do estado de São Paulo da Capital de São Paulo estava a 50, 60 quilômetros do

centro urbano de São Paulo há 100 anos atrás, 50 anos atrás, hoje elas estão dentro de São Paulo eu

tenho um problema agora. Aliás eu tenho dois problemas, eu tenho um problema do conflito da

atividade mineral que gera pó, gera zoada, ruído, gera riscos e tem o conflito da distância, porque, se

eu for buscar outra pedreira mais de 100 quilômetros, longe da habitação, é um novo custo ele vai

aumentar, então o gestor... a melhor coisa que aconteceu foi quando houve a lei em que todos os

municípios com mais de 20 mil habitantes têm que ter um plano direto. Esse trabalho serve para dizer

“olha, a população vai a cidade vai crescer para cá, porque para cá tem um distrito industrial é

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incompatível essas duas”. Então esse é o conceito que a gente está trabalhando, entendeu, não sei se

me fiz entender bem.

Então, bom com relação ao Caboquinho eu acho que está correto, por exemplo, geotécnica diz

respeito à capacidade das rochas de suportar pesos, trações.

Eu vou ter que gastar concreto para caramba para segurar as paredes, quer dizer, na realidade eu vou

construir uma via onde as pessoas pode ter segurança, quando eu trabalho maciço rochoso compacto

eu não preciso fazer isso, vocês já devem ter atravessados túneis que a parede é a rocha a própria rocha

e passarem outros que você tem, olha o acidente do metro em São Paulo, porque aquilo caiu, caiu por

que aquilo era um eixo de rio antigo, o Tietê passava ali, foi deslocado e tinha um nível abaixo da

superfície que ninguém interpretou aquele nível, era um rio que o rio vai mudando, os meandros do

rio vão mudando e tem uma conformação ali com certeza de areia muito grande, não agüentou o peso,

uma dilatação e aconteceu.

Então tem palavras ... realmente a apresentação, eu acho que não é por essa apresentação que vai

tomar a decisão, a idéia aqui não era essa, quer dizer, é simplesmente mostrar o que está se fazendo

para que vocês entendam, quer dizer quando as pessoas tocarem, abordarem assunto desse tipo vocês

terem um mínimo de informação para saber do que está se tratando, saber que tem um órgão que

vocês, na dúvida, podem ligar para lá, está lá o site para tomar essa decisão, essa informação, para

saber se é verdade o que está acontecendo.

Com relação ao André, eu não tenho dúvida, André, às vezes eu mostro essa apresentação da Vale, eu

queria até... eu nem coloquei o nome da Vale ali para não... mas ela só está ali... o que eu estou

querendo colocar pessoal: a mata não está ali não é porque tem mineração ou não tem mineração não,

é porque tem uma unidade de conservação, é isso que eu quero dizer, sabe como que é, está

preservada porque tem uma unidade de conservação. O que eu estou querendo mostrar ali é que é

possível ter uma unidade de conservação, e se a empresa tiver responsabilidade social com custos delas

preservar. E estou respondendo já o André: ela tem a responsabilidade de fazer o monitoramento

daquele polígono, lá ela tem essa responsabilidade, se ela não estiver cumprindo essa responsabilidade

e se não tivesse uma floresta nacional ali, não tinha Vale, não tinha Exército, não tinha ninguém, o

povo teria entrado na mata do mesmo jeito, do jeito que entraram ao lado dela, foram até o limite sul

ali que o André colocou... está ali porque existe uma área de preservação ambiental, como o

presidente Marcio colocou, que a parte verde embaixo ali também tem uma reserva indígena, é

também uma unidade de conservação de certo ponto de vista.

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Então, eu não estou fazendo uma apologia de que a mineração, no caso, não eu estou mostrando que

só está lá porque tem uma unidade de conservação, mas vírgula é possível ter mineração dentro da

unidade de conservação sem estragar, sem tanto prejuízo ao meio ambiente, eu não sei se respondi

(inaudível) ela ajuda na toda fiscalização toda fiscalização do entorno, ela é responsável pela

fiscalização.

Márcio (Presidente) - Nesse caso ai eu posso até, eu fui, quando eu era pesquisador, quando eu ainda

trabalhava com pesquisador em 85 eu estive lá na base de exploração de ferro lá de Carajás, fazendo

pesquisa, eu era estagiário, bolsista na época, do Museu Goeldi, tinha parceria lá com a Vale naquela

época, e quando foi criada justamente essa floresta nacional, naquela época foi feito exatamente um

acordo, quer dizer a Vale ficou obrigada a contribuir com a fiscalização e manutenção da unidade que

é federal, certo, floresta nacional responsabilidade da União, mas a Vale ficou responsável e aquela

área fora, que é a área ocupada é justamente onde era o garimpo de Serra Pelada, uma parte ali. Então

garimpo de Serra Pelada era ali e ali tinha aquele monte de gente que fazia garimpo, o garimpo, girava

em torno de Serra Pelada onde tem Curionópolis, que é a cidade de Curionópolis, do famoso major

Curió.

Então aquela área toda destruída era a área do garimpo de Serra Pelada e o entorno, aquela população

estava ali, já na área lá dentro da área da mina da Vale, então eu me lembro quando eu fui lá fazer essa

pesquisa... eu estou falando isso porque a sua pergunta foi isso, como eu conheço lá, conheço

pessoalmente lá a situação é exatamente essa situação ai, a mesma coisa no caso da Terra Indígena

Parakanã, que por outro empreendimento a Eletronorte assumiu o compromisso ai com a FUNAI de

manter de colaborar com a fiscalização e preservação então a área Parakanã. Até hoje é uma área

preservada com o apoio da Eletronorte, é um outro exemplo de esse tipo de situação que se gerou

naquela década, início da década de 80.

Carlos – Com relação à Pierlângela, o pessoal a Vale do Rio Doce mantém uma vila - quem não

conhece é uma vila fantástica, são casas boas, excelentes, as pessoas moram lá, os trabalhadores assim

porque antes trabalhavam, antes da implantação, as pessoas trabalhavam em regime de folga, tinha

casas pros geólogos, engenheiros etc. e de 30 e 30 dias eles saíam, passava 10 dias voltava e ia para suas

casas, hoje já existe um núcleo onde grandes partes das pessoas moram na região e outras pessoas

terceirizadas moram fora da FLONA, em Paraupebas, na cidade. Tem uma cidade de Paraupebas, os

terceirizados têm uma cidade que é um problema, é um eixo de desenvolvimento da região tanto pela

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agricultura como pelo desenvolvimento, já que a cidade virou um pólo de atração de pessoas em busca

de emprego, então a cidade tem crescido mais do que a média da região.

A última pergunta aqui foi Ana Paula - recurso, sim na realidade Ana é o seguinte: de 2003 para cá

sistematicamente a gente vem tendo recursos crescentes, eu não coloquei gráficos aqui nem nada tal

mas é um negócio..., é uma curva cara, é um negócio chocante como o governo tem investido nessa

área, diferentemente do governo passado, onde a gente chamou de curva da morte. Na geologia nós

temos a expressão que são chamadas “curva da morte”, o Estado deixou de priorizar o setor, o DNPM

foi quase à falência, a CPRM passou 15 anos com as pessoas sentadas simplesmente para receber seu

salário, ninguém ia para o campo, ficava trabalhando mapa, retrabalhando, escrevendo. Então houve,

e agora mais tranqüilo para te responder, porque como entrou no PAC, quer dizer o governo

entendeu que esse conhecimento ele é básico para infra-estrutura, os recursos do PAC são carimbados

então nós estamos garantidos, pelo menos até 2010 nós não teremos corte no orçamento para isso aí.

Agora a prioridade das áreas... a prioridade das áreas ela tem a ver primeiro com demandas muitas

vezes dos estados, não é, nós temos uma parceria com alguns dos 26 estados eu acho que 19 ou 20 a

gente tem parceria para desenvolver os mapas geológicos, estaduais, geodiversidade estatuais e ai a

gente vai nos locais, por exemplo, não faz sentido eu sair faço um aqui, faço outro ali, então a gente

tem um critério de ir agregando para ir fechando o mapa. Mas o estado às vezes ele tem uma

prioridade, então a gente, dependendo vai fazendo de acordo com essas prioridades e atuação nossa

ela é basicamente a priori no embasamento cristalino que a gente chama, porque, porque nas bacias

dos grandes rios a NP já tem competência de fazer levantamentos aéreos de ofício, então a gente não

vai sobrepor, os recursos já estão escassos, não vamos disputar, é pedir trabalho se a gente pode usar os

dados deles posteriormente para fazer essa inferência que a gente tem, ok?

Márcio, Presidente – O Fred da FUNAI também queria fazer um comentário, uma pergunta, Fred.

Fred – Da licença, Carlão, o licenciamento de empreendimentos nas terras indígenas e entorno,

especialmente no entorno, tem tido algumas dificuldades com relação a fixar distanciamento da terra

indígena para os empreendimentos no seu entorno, apesar que alguns critérios são adotados entre eles

a baia hidrográfica o tipo de empreendimento, a história de contato da população indígena, também a

geologia da área utilizada para empreendimento. E apesar disso a FUNAI tem solicitado aos órgãos

licenciadores e aos empreendedores o aprofundamento dos estudos, detalhamentos desses estudos

exatamente para apontar pra medidas (ininteligível) para evitar os impactos sócios ambientais sobre as

populações indígenas e quase sempre não é atendida, apesar de que a legislação é muito clar, tanto a 316

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Constituição Federal, por que concerne a proteção das terras indígenas, obrigação da união com as

terras indígenas e toda a legislação ambiental nacional que fixa e determina obrigações com as

populações locais não é, de ouvi-la de participação delas nos processos apesar de tudo isso ainda é, a

uma grande dificuldade, eu queria colocar essa questão aqui para reflexão por que nos sabemos que a

legislação sempre esteve voltada e preocupada com empreendimento com os empreendedores com o

resultado econômico desse processo e muito pouco quase nada com relação as populações afetadas essa

é a historia do país, quando você coloca ali que participou ativamente na produção na elaboração de

uma proposta pro governo Lula eu fiquei animado juro, falei bom é um governo popular é um governo

democrático estar trazendo a população os interesses das populações para perto dos negócios de

estados para discutir com os empresários as suas relações os seus interesses então eu gostaria que você

pudesse planar um pouquinho sobre essa proposta e de como é que estar inserido hoje uma audiência

publica com participação efetiva da população com os tempos os times necessário para que ela possa

compreender esses processos esses procedimentos e para que ela de fato possa tomar decisões a

respeito desses assuntos, quer dizer dentro dos seus interesses quando você levanta aqui aquela

questão de uma estrutura geológica dos mercúrios de rocha que faz aquela explicação que pra cá e pra

lá você estar entendendo eu acho fantástico por que é isso mesmo por que a gente consegue

vislumbrar de uma superfície não é exatamente o que estar dentro da estrutura geológica e pode estar

afetando a terra indígena apesar da distancia do empreendimento e ai, é, por que essa dificuldade

também por que a dificuldade estar preocupada com empreendimento nunca teve preocupado com

população, queria que você comentasse um pouco essa questão para gente.

Carlos – Bom Fred eu assim se eu peguei o, eu gostaria de dizer que a gente tem ate dificuldade

também de responder isso por que a gente estar brigando para ter um conhecimento e nos dizia

sempre que isso era impossível não dar não pode e tal e se vocês fizerem essa consulta aos órgãos de

meio ambiente, nos não fomos demandado com certeza sendo assim eu pelo menos não conheço então

precisaria talvez levantar esses dados, o que eu acho que é importante nessa historia é o seguinte é que

hoje dentro pelo menos dentro do ministério de minas energia dentro da secretaria parece incrível,

mas a diretoria da secretaria a secretária nossa hoje a diretoria geral do DNPM toda diretoria e a da

CPRM são exatamente as mesmas pessoas com exceção de uma única pessoa que é o Gilhos que era o

secretario que foi com a ministra Dilma para casa civil todos nos estamos lá desde de 2003, quer dizer

existe um espaço da interlocução e da discussão, quer dizer eu comentava com o Marcio ontem eu

acho quer dizer assim, eu acho que era importante (ininteligível) a CPRM ter um convenio sei lá

técnico com a FUNAI na hora que a FUNAI tivesse ameaçado com processo com problema deles

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alguma coisa chama o, nos não vamos nos não estamos dentro do estatuto dos povos indígenas lá se for

aprovado nos não estamos dizendo se vai ser necessário um laudo geológico um laudo antropológico

um laudo ambiental nos estamos dizendo isso lá no estatuto certo, então por que talvez ate não

antecipar algumas questões desse tipo ate para que quando o gaiato vier lá querer, a gente já sabe o

que tem lá por que como é que eu digo não numa imensidão dessa que eu mesmo não tenho certeza

do que eu sei de lá e a maioria que eu tenho e inferência de coisas de ponta aqui que eu ligo com

ponta de lá, ah mas lá eu passei naquela estrada na BR é vi então lá na outra eu suponho que aquilo é

uma continuidade que pode ser, ou pode ser verdade ou não pode ser verdade, entendeu Ana, eu acho

que é um órgão técnico eu acho que a serviço geológico do Brasil poderia sim assessorar quando

necessário quando a FUNAI achasse que era interessante isso ai é uma sugestão entendeu talvez a

gente tentasse essa parceria.

Márcio, Presidente – Bom nos não temos mas nenhum escrito, eu faço seguinte leitura aqui da

discussão, a impressão que eu tive não sei se foi essa mesmo mas a impressão que eu tive é que o

Carlão na sua apresentação ele quis mostrar principalmente eu acho que a questão central do que o

Carlão quis mostrar para nos aqui da CNPI, principalmente depois de lá da longa discussões que nos

tivemos ai no estatuto sobre o capitulo de mineração de que o serviço geológico brasileiro a CPRM o

serviço geológico brasileiro uma instituição que faz um tipo de trabalho que é um trabalho de

conhecimento de estudo e não de mineração esse é um ponto que a informação que ele trouxe que eu

entendi que era para a CNPI ter conhecimento de que é uma distinção clara entre o serviço geológico

brasileiro que faz estudos e pesquisa sobre o solo o subsolo etc. do Brasil não é, não sou do ramo estou

interpretando aqui e diferente da parte de mineração isso é um primeiro ponto que é um outro órgão

que é o DMPM e que dessa forma, pela leitura que eu fiz também da sua apresentação você estar

argumentando que é de interesse de todos inclusive de todos, inclusive dos povos indígenas que este

estudo seja feito inclusive também na parte que cabe as terras indígenas então esse foi um outro

entendimento que eu fiz da sua colocação, como nos temos uma questão ai que é pelo que eu entendi

também que é, que há uma meta de ampliação desses estudos, desses mapas cartográficos, geológicos e

etc. e que nessa meta certamente incluirá em algum momento estudos dentro das terras indígenas que

fiquem entendido pela CNPI que esses estudos não têm nada haver com mineração, estou entendendo

que foi essa a sua linha ai, então estou entendendo também que estar consultando nesse sentido a

CNPI ou trazendo a informação para CNPI de que caso haja em algum momento uma solicitação uma

demanda para esses estudos que fique claro que não em nada a ver com mineração, isso tem haver

com os estudos da geodiversidade do território brasileiro.

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Carlos – É obvio seu presidente que esses estudos ele vai aparecer os tipos de rocha rochosa lá e tal,

mas não é objeto do estudo, ai deixar bem claro aqui que eu fiz aqui foi informação entendeu, eu acho

que os povos indígenas vão continuar tendo a sua autonomia para decidir o que eu quis trazer

socializar um assunto que nos estamos tratando dentro do governo a política do governo pra que os

indígenas têm esse entendimento dessa política de governo.

Márcio, Presidente – Então se é esse entendimento, esse é o entendimento que eu fiz, se esse é o

entendimento de toda aqui a plenária se isso foi entendimento, eu queria, em primeiro lugar eu queria

louvar iniciativa do Carlão com representado aqui do ministério de minas energias e mas

especificamente da secretaria de mineração de trazer antecipadamente para CNPI essa informação,

por que às vezes a gente é surpreendido não é, quando já existe o problema, quer dizer o problema é

colocado por que, por que um técnico do governo precisa ingressar na terra indígena para fazer algum

tipo de estudo e de repente nos não sabemos qual é o estudo para que é, não só as comunidades como

a própria fundação nacional do índio (inaudível) microfone.

Fred – Desculpa, uma questão que foi colocado diante que eu coloquei e o Carlão já adiantou que é

quando a FUNAI precisar de detalhamento assim em estudo a FUNAI recorrer ao CPRM para.

Márcio, Presidente – Isso eu ia chegar lá, eu ia chegar lá é que é então eu queria primeiro fazer esse

registro eu acho que é importante que a CNPI reconheça essa iniciativa feito pelo ministério de minas

energias através do seu representante aqui o Carlão de trazer antecipadamente para CNPI essa

informação não é, até por que pode surgir essa demanda deve surgir essa demanda e a gente já saber o

que significa, alem disso ficou claro também nas suas explanação Carlão de que eventualmente esses

estudos fora mesmo das terras indígenas pode ajudar a gente identificar problemas que possa ser

causados fora da terra indígena mas que atinjam dentro de uma terra indígena, quer dizer uma

mineração que uma mineradora que alguém, alguma atividade de mineraria que estar acontecendo a

20 quilômetros da terra indígena de repente por conta do estudo geológico feito a gente vai saber eu

ela possa causar conseqüência lá na água do rio que estar dentro da terra indígena, então eu acho que

isso ai também é um dado que eu considerei e que o Fred chamou atenção para isso, muito importante

não é, então eu gostaria de registrar duas coisas, primeiro essa sugestão e ai eu acho que seria

interessante se a CNPI não se opuser a isso, interessante da proximidade o da proximidade não mas da

possibilidade de um acordo técnico da FUNAI com a CPRM que a gente possa aprofundar a mutua

contribuição, colaboração da FUNAI com a CPRM serviço geológico brasileiro eu acho que é

importante, até para que a gente possa também contribuir no plano da PNGATI que a gente chama, a

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política nacional de gestão ambiental territorial das terras indígenas eu acho que esse é um campo que

também pode contribuir pra essa discussão, e o segundo ponto que é o fato de que caso haja a

necessidade de algum momento de ingresso desses técnicos em terras indígenas nos vamos proceder

como de praxe nos vamos proceder a consultas as comunidades indígenas de cada caso para que a

comunidade seja informada de tudo isso que você falou aqui, e nesse sentido eu acho que aqui foi

muito importante por que o representante puderam ter acesso essa informação qualificada, para que a

gente possa obter da comunidade a sua decisão sobre essa atividade, caso ela vem ocorrer, seja

necessária dentro da terra indígena, então queria saber se essa minha leitura aqui, interpretação que

eu fiz aqui da exposição e das preocupações se são essas mesmos e se alguma manifestação aqui do

plenário, Ana Paula.

Ana Paula – Eu queria ainda um esclarecimento, eu me lembrei eu acho que esse ano ou ano passado

o CIR conselho indígena de Roraima, recebeu uma solicitação de que a CPRM entrasse dentro da, as

terras indígenas na verdade do estado de Roraima não só uma ou outra mas eu acho que em varias

terras indígenas, eu acho que isso passou pela FUNAI também, e ai entra de novo para aquela minha

pergunta, já estar sendo realizados então o trabalho dentro das terras indígenas ? Por que eu me

lembro do CIR receber essa solicitação e da FUNAI também ter recebido já isso então esses trabalhos

tem 14 por cento do estado que já foi conhecido, foi por isso que eu perguntei e agora os que estar

acontecendo, esses trabalhos estão sendo continuados, se estão sendo continuados em terras indígenas

também.

Carlos – Não eu tinha uns 10 slides ali vou mostrar onde estão, onde vai ter interferência de terra

indígena, mostrei um só, quer dizer o que nos estamos fazendo é quando chega à terra indígena a

gente para, certo, ai você viu eu mostrei duas cartas de 1 para 250 mil que ai nos passamos para outro

lado fazemos o mapa e no meio da terra indígena inserido, eu tenho um ponto do lado de cá um ponto

do lado de cá, você nunca viu um mapa em branco não tem mapa em branco eu quero dizer o seguinte

o Brasil tem um conhecimento geológico na escala de 1 para 1 milhão perfeita é um banco de dado

mas moderno do mundo hoje na escala de 1 par a1 milhão só que a escala de 1 par a 1 milhão é um

centímetro no mapa ele representa em torno de 100 quilômetro mais ou menos de distancia, então

tudo que cabe de 100 quilômetro na superfície eu tenho que arrumar todinho para caber dentro de

um centímetro, então ele não serve para planejamento estratégico, quer dizer eu não tenho, o ser

humano é incapaz de perceber as nuanças o traço de uma lapiseira 0.5 já é ai 30,40,50 quilômetros

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entendeu e eu posso estar afetando, então na realidade eu acho que numa época passada ai eu não sei

exatamente, houve acho que houve somente na época do Projeto Rondon Brasil entrou se

(ininteligível) geólogos entraram em terras indígenas na época estava na Amazonas como foi o

método como foi a consulta eu realmente não conheço isso, hoje agora nos temos o procedimento de

solicitar a entrada pela via FUNAI, FUNAI consulta as comunidades indígenas e os projetos que estava

ali eu ia mostrar se todos eles ao redor deles a gente tem o acesso da área mas não tem na terra

indígena vai ficar um vazio não fica um vazio entre aspas, por que pelo esses métodos ai a gente

consegue inferir e imaginar e trabalhar, agora na escala de 1 para 100 mil que é a escala da decisão que

ai é um centímetro ele tem um quilômetro no papel ai eu já posso colocar dados já posso fazer

planejamento estratégicos e esse convenio que estou fazendo que eu já fiz que nos estamos fazendo

com os estados é de trazer para escala de menor e subi escalas nas regiões onde os estados querem uma

determinada atividade, agora nos estamos parados, parados não assim nos estamos tentando o Marcio

faz parte lá da GEPAC como a gente estar, qual é o grande problema aqui agora que é um problema

pro Marcio é obvio também por que a FUNAI no caso, por que como a gente faz parte do PAC agora é

diferente a prestação de contas que eu faço ao governo hoje ela é diferente da outra anterior eu não

tinha, eu tinha o PPA, eu tinha 4 anos para prestar conta do meu PPA agora com o PAC qual é o meu

indicador lá no PAC, quilômetro quadrado mapeado ou linha de vôo voada, entendeu, então eu digo,

eu vou mapear durante o ano de 2009, 100 milhões de quilômetros quadrado, certo como é que você

vai fazer isso entendeu ai eu faço a minha escala de trabalho quando chega no mês que vem o pessoal

do GEPAC lá fala para eles, vocês estão atrasados ah por que na região norte choveu entendeu

(ininteligível) nos temos que esperar a janela do tempo para poder entrar na região aquele negocio

todo, você vai justificando, mas vai chegar uma hora que essas quadrículas que foram colocadas no

PAC elas vão elas vão parar eu vou chegar 80 por cento por que daí 20 por cento que vai representar

as áreas que eu diria ter um procedimento mas lento na questão da entrada dela por que vai precisar

consultar FUNAI, FUNAI vai entrar em contato com as comunidades indígenas a velocidade não é o

que o PAC quer, essa é a diferença, o problema nosso que agente não pode mapear retângulo,

triângulo, a gente tem que mapear quadriculo e ai a gente topa nesse impasse que vamos ser cobrado

lá, ai o Marcio vai ser cobrado por que estar dificultando o outro vai cobrado, mas não é o

(ininteligível) isso é uma outra historia estou só dizendo como é, por que a gente entrou no PAC a

gente agora estar com o mesmo olho nos estamos sendo cobrado com a mesma batuta que estar sendo

cobrado os outros que não é, não é por causa de mapeamentos que o Brasil vai deixar de, eu posso

esperar 3 meses 4 meses lá mas como estar dentro do PAC eles estão nos cobrando.

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Márcio (Presidente) -Saulo.

Saulo – (inaudível) o único meio utilizado para (inaudível), microfone, então o que eu estou

colocando (inaudível) é um caso de estudo, o caso do estudo (inaudível) exatamente na consulta, no

caso da mineração (inaudível) essa é a minha primeira preocupação, a segunda preocupação

(inaudível), ou seja, pra minerado (inaudível alguns segundos), então justamente dentro desse

compreensão eu acho que não é uma coisa tão simples assim na hora que precisar para fazer à consulta

(inaudível) importante a informação e é importante também (inaudível alguns segundos) aqui ate

mesmo no estatuto a gente discutia ate mesmo (inaudível).

Carlos – Saulo concordo contigo em partes, mas eu gostaria, eu acho o seguinte, se eu sei do que eu

tenho certo se a comunidade indígena determinada ela conhece bem a sua vegetação seu solo a sua

geologia sua hidrografia ela tem muito mas condição de fazer uma avaliação daquilo que foi pedido, eu

particularmente comungo desse principio certo, outra coisa que eu acho se nos tivermos uma imagem

do real da geologia estou falando de geologia agora, vai ficar muito mas fácil a gente dizer não no

pedido de entrada numa determinada terra indígena, por exemplo, vamos imaginar que o artigo 231 o

estatuto dos povos indígenas fosse aprovado agora, e nos temos um vazio cartográfico geológico ai na

Amazônia muito grande, nos poderíamos ter uma quantidade de pedidos de abertura de processos

para mineração em terra indígena é inferências você estar entendendo e eu, se eu conhecer a região

eu quero acreditar como geólogo eu sou, eu minimizarei esses pedidos por que para cada mil pedidos

de pesquisas que as pessoas vê o mapa a Heloisa tem um mapa desses dos pedidos de pesquisa, pedido

de pesquisa é uma expectativa para cada mil, três geram ocorrência e um gera uma mina, entendeu

então olha o grau de riscos da pesquisa, você estar entendendo, então quer dizer eu jamais iria pedir

numa determinada área que parece que tem uma formulação geológica mas no mundo todo não existe

uma mina trelada aquele tipo de rocha, então eu não vou procurar aonde tem uma possibilidade

maior, eu minimizaria essa é a minha opinião, eu acho que você conhecer, quer dizer o povo que não

conhece o que não tem não pode decidir o que fazer, essa eu acho que é uma posição minha, Saulo.

Saulo – Concordo plenamente com você (inaudível alguns segundos) um conhecimento próprio, então

não é o nosso conhecimento esse conhecimento já existe (inaudível alguns segundos) agora o que eu

estou colocando é que essa ação por mais importante que ela seja, ela gera impacto, então o estudo

gera impacto, então se gera impacto (inaudível) então que aja precaução na autorização (inaudíveis

alguns minutos). 322

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Márcio, Presidente – Bom como a discussão estar enveredando por um tema mas técnico, ate

esmiuçando assim político também, mas técnico também esmiuçando digamos ate que ponto o estudo

vai não vai etc., então eu sugiro o seguinte que a FUNAI e a CPRM partido do que foi apresentado

aqui que nos vamos estabelecer essa possibilidade de fazer um convenio mas próximo e ao longo desse

processo nos vamos poder informar CNPI com mais detalhe desses, e poder tomar uma decisão um

pouco mas substanciosa sobre esse processo de qualquer forma estar valendo a legislação atual sempre

e quanto não for aprovado o estatuto para que qualquer pessoa ingresse na terra indígena para fazer

qualquer tipo de atividade terá que ser consultada a comunidade e explicado para comunidade, todas

as digamos medidas que serão tomadas e os impactos que elas terão para que a comunidade tome a sua

decisão sobre a autorização desse ingresso, então obrigado Carlão pela apresentação realmente o Saulo

tem razão eu gostaria de ter sido o teu aluno ser teu aluno por que é realmente é um bom professor

mesmo, esse ponto era o ultimo ponto da nossa pauta eu queria consultar aqui a Teresinha se tem

algum encaminhamento, ela estar no celular, (inaudível) então nos estamos fechando a nossa pauta e

só temos os encaminhamentos finais aqui já com relação a próxima reunião e com relação a outros

assuntos, Titiah.

Titiah – De repente, boa tarde eu queria ver como que vai ficar a questão lá do parente de coroa

vermelha do estremo sul, eu estou aqui com a copia da carta, eu queria ver qual é o encaminhamento

que nos vamos dar daqui para frente.

Márcio, Presidente – Esse assunto de coroa vermelha o Titiah me falou ontem e a gente pode depois

ver não foi tratado aqui no plenário mas ele me relatou ontem a situação foi relatado ontem a situação

lá grave, alguma situação que estar acontecendo lá de segurança e nos podemos tratar desse assunto

foi, Sandro quer fazer algum comentário? Sandro.

Sandro – (inaudível alguns segundos) e dentro da bancada indígena a gente estava querendo

(inaudível) para que haja uma força tarefa no sentido (inaudível) proibir (inaudível) que realmente

uma força tarefa realmente pela policia federal para que normalmente que possa minimizar o impacto

que estão sofrendo no cotidiano (inaudíveis alguns segundos).

Márcio, Presidente – Essa solicitação feita por documento e entregue a CNPI acolhida pela CNPI, por

isso que eu estava entendendo como foi tratada ontem conversei também com Titiah ontem o

documento foi entregue a CNPI, o entendimento que eu faço, é que o documento foi entregue foi

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acolhido pela CNPI foi respaldado pela plenária para que a presidência da CNPI tome providencia no

sentido que a policia federal o que for necessário ser feito seja feito com máximo de urgência lá na

região, então esse é um entendimento que nos temos desde ontem, Saulo.

Saulo – (inaudível), importante constatar em ata (inaudível alguns segundos) que possa pensar na

construção (inaudível) que se tenha uma atuação definida (inaudível alguns segundos) a própria

Gerusa demonstrou preocupação (ininteligível) forma que foi formulada (inaudíveis alguns minutos).

Márcio, Presidente – Na verdade eu vou passar para a doutora Alda responder por que eu confesso

que essa semana nos estamos aqui eu presidindo aqui há reunião o tempo todo eu não tive nem

condição de acompanhar nada relativo a essas digamos assim, lá em Brasília as discussões lá na área

jurídica na GU, então eu acho que a doutora Alda talvez tenha a informação que eu não tenho.

Alda – Presidente eu não tenho, assim também eu estou aqui essa semana e eu soube bom procede

realmente que estar sobre o ministro Menezes Direita havia pedido vista e estava e ai de lá para cá,

quer dizer depois desse aparecimento não sei se houve uma distribuição desse processo para outro

ministro eu creio que não, e agora também tem um outro dado um lado dado até que eu acho até

interessante, porém o nosso ministro hoje ainda advogado geral da união Antofilo estar indo pro lugar

assumir a vaga do ministro Menezes (ininteligível) obviamente todos os processos que estão nesse seu

gabinete, passaram a ser distribuído para o ministro que antecede, e daí mas nesse caso eu tenho já um

grande receio é bom para nos por eu nos conhecemos muito bem o posicionamento do ministro

Antofilo a respeito das questões indígenas um homem extremamente sensível, mas tem um problema

ele defendeu em juízo tanto tempo essa questão, eu não sei se nessa da CO dessas do Pataxó ele vai

poder se manifestar, ele poder pegar o processo e julgar por que pode ser que ele se de por impedido

por que ele falou com a AGU o advogado geral da união então fica uma coisa eu creio que ainda estar

em suspense, o Saulo você soube que já foi colocado novamente em pauta é isso que você ia me falar.

Saulo - (inaudíveis alguns segundos).

Alda – Seja exatamente em função da paralisação de todo o processo que estar no gabinete do ministro

Menezes (ininteligível) estava ele estar sobre estado até que o próximo que eu creio que é do ministro

(ininteligível) assuma e comece a trabalhar nos processos ai sim (ininteligível) mas é isso mesmo.

Márcio, Presidente – Bom nos temos aqui uma questão para encaminhar que é a escolha dos três

membros da subi comissão de cultura e comunicação do governo e da bancada não governamental,

uma bancada indígena não governamental não sei se, obviamente que não deu tempo da gente tratar 324

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de vocês poderem ver esses nomes mas não sei se a gente poderia nesse momento estabelecer aqui

rapidamente um tempo para poder definir esses nomes e a gente poder aprovar aqui (inaudível) por

que a gente já quer que seja aprovado aqui e já vai chamar para uma reunião a subi comissão de

cultura e comunicação a bancada indígena tem que escolher três nomes, três titulares (inaudível)

(ininteligível) quer perguntar?

Não identificado - (inaudíveis alguns minutos).

Márcio, Presidente – Obrigado (ininteligível).

Não identificado - (inaudíveis alguns minutos).

Márcio, Presidente – Certo. Com certeza, obrigado (ininteligível) só dar um esclarecimento que

(ininteligível) tem razão numa coisa ai e nos tomamos uma decisão na CNPI de que a subi comissão

iria lá com os Caiapós para poder explicar fazer uma explicação mas detalhada do estatuto dos povos

indígenas, nos tínhamos marcado já estava agendada essa ida quando o presidente Lula fosse lá, só por

conta de ter sido adiado a ida do presidente lá, por questões de agenda do presidente a comissão

acabou também não indo, então eu queria propor que essa comissão a subi comissão a gente faça

novamente essa agenda e independente a ida do presidente por que se não a gente acaba não

cumprindo essa missão eu só queria sugerir para (ininteligível) uma coisa (ininteligível) que a gente

pudesse fazer essa reunião fora da terra indígena um lugar lá uma cidade próxima, e ai trazer as

lideranças lá para perto, não sei se para você seria alguma problema mas eu acho que seria mas fácil

para a gente poder fazer a reunião, em vez de fazer em alguma aldeia fazer numas das cidades

próximas lá pode ser Tucumã pode ser, alguma outra cidade lá próxima para poder fazer a reunião, por

que facilita para o transporte locomoção logísticas e etc. mas isso pode ser discutido depois com a

secretaria executiva sobre essa questão logísticas, e com relação há questão da saúde esse tema não

estava na pauta de hoje aqui, nos estamos acompanhando esse ponto tanto eu como o presidente da

FUNAI o doutor Vanderlei também estar acompanhando temos um grupo de trabalho e em breve nos

teremos alguma posição espero na casa civil do ministério do planejamento sobre esse tema. Bom não

sei se já ouve ai alguma definição dos nomes ai da subi comissão de cultura, então vamos dar um

tempinho ai de 10 minutos para que a bancada indígena possa escolher três nomes e o governo

também vai aqui poder define os seus três nomes.

Teresinha/SE – Só uma questão de ordem eu pediria que o pessoal não dispersasse por que eu tenho

alguns encaminhamentos a dar aqui no final para não dispersasse.

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Márcio, Presidente – Todo mundo volta para cá para gente poder ainda (inaudível) apresentar os

nomes e encerrar a reunião, 10 minutos

Márcio, Presidente – Tem um convidado permanente da subcomissão ele não é, só não é partes dos

três por que como ele não é formalmente membro da CNPI o Ministério da Cultura não pode ser

titular mas o ministério da cultura será um convidado permanente da Subcomissão de Cultura e

Comunicação, certo, fica provado então a composição da subi comissão e aprovado também de que

essa subi comissão deve marcar uma reunião próxima para tratar de assunto relativo,usar a política

desse campo e mais proximamente da conferencia ou das conferencias de que vão estar realizando não

é, para tratar dessa agenda toda ai relativa a cultura e comunicação da parte do governo também o

companheiro Carlão se colocou a disposição para participar como convidado por uma razão muito

simples, ele é musico ele canta ele é artista certo, estar bom, então o Lindomar também eu acho que

vai ser convidado sempre também para participar que é o nosso musico oficial, estar certo, então vai

ter que escolher quem é o coordenador, no dia da reunião a gente escolhe, no dia da reunião eu e

vocês vão escolher quem é o coordenador de vocês ai e nos do governo vamos escolher o nosso

coordenador, certo, estar bom, então com isso nos concluímos a nossa reunião certo, eu quero

agradecer a presença de todos, participação de todos, a dedicação de todos daqui, já vou passar a

palavra Caboclinho, agradecer a participação de todos mas uma vez, considero que essa reunião

extraordinária foi muito frutífera, muito produtiva, nos conseguimos é cumprir uma pauta uma

agenda que ficou atrasada durante muito tempo por que toda vez a gente tinha a discussão do estatuto

nos últimos tempos então a gente conseguiu três dias realmente com um trabalho muito dedicado

cumpriu uma boa parte da pauta que estava atrasado, então nos vamos ter ai um, ganhamos bastante

com isso e queria agradecer então muitos por esse esforço agradecer o governo do Acre que nos

recebeu aqui com todo bom acolhimento, com toda dedicação, com carinho, agradecer o Toya que é o

nosso representante do Acre na comissão que também, digamos assim ele que foi inclusive o quem

provocou a primeira, essa vinda dessa reunião extraordinária aqui pro Acre, queria agradecer a nossa

companheira Teresinha nossa secretaria executiva, toda equipe da secretaria executiva por esse

esforço de sempre, para que a gente possa ter realizado essa reunião aqui, e dizer que vamos ter ainda

a nossa reunião nos temos ate o final do ano ate dezembro numa longa caminhada, e vamos ter muitas

batalhas e vamos ter a nossa ultima reunião em dezembro e a gente tem ai como definir ao longo do

processo, nas próximas semanas a gente definir já alguma proposta de pauta para próxima reunião,

tem o Caboclinho e a Pierlangela estão querendo colocar falar, Titiah falar algumas coisas ainda,

Caboclinho.

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Caboclinho – Caboclinho região Nordeste Leste, presidente eu também queria agradecer em nome do

meu povo Potiguara o acolhimento que foi dado aqui no Acre principalmente pela pessoa do Toya

pessoa que teve com nos assim dia e noite praticamente, obrigado Toya, agora o que eu queria ver

como era já dar um indicativo da próxima reunião da CNPI, já que o estado do Mato Grosso do Sul

estar passando por uma situação um pouco complicada eu diria até complicada demais e a próxima

reunião a gente olhar essa possibilidade e se fazer a próxima reunião da CNPI em Mato Grosso do Sul.

Márcio, Presidente – Certa próxima, a sugestão do Caboclinho fica registrada, Pierlangela, depois

Titiah depois Toya.

Pierlangela – Como nos não falamos do estatuto mas ficou e eu queria aproveitar a presença da

Teresinha ai ficou marcado um seminário para gente realizar e ai nos marcamos para esse mês mas

conversando nos estamos remarcando ele para o inicio de novembro, inicio de novembro para fazer

essa articulação sobre a questão do estatuto é um seminário sobre o estatuto novamente, então queria

só registrar que ficou para o inicio de novembro e para ver a disponibilidade de recursos financeiros

para realização desse seminário, conforme já foi aprovado nas reuniões anteriores.

Márcio, Presidente – Titiah.

Titiah – Titiah representando a região Nordeste e Leste, seu presidente queria desde já agradecer a

vossa excelência agradecer a todos aqui agradecer os parentes aqui da casa o Toya o secretario

Francisco por nos acolher aqui um bom tratamento no período que nos ficamos aqui nessa reunião,

mas desde já também queria deixar registrado para fortalecer nos membro indígena da CNPI que na

próxima reunião se tiver algum calendário para o ano que vem que começa já mapear nas regiões em

outras regiões que ainda não foi criada a reunião da CNPI que isso é um caminho de reforçar a gente

nas nossas localidades elevando um reconhecimento da CNPI nas regiões, que ai fortalece não só nos

mas aquele povo e a própria CNPI e também (ininteligível) fortalecer que a Pierlangela já colocou nos

precisamos desse seminário para ver a questão do estatuto e também ter um reconhecimento em

algumas leis que precisamos nos mesmo da bancada indígena precisamos estar reconhecendo para

defender o nosso direito e o direito do nosso povo, obrigado.

Márcio, Presidente – Obrigado Titiah, o Toya depois do Toya o Anastácio depois o Sandro e depois o

Arão e agora o Basílio (inaudível) rapaz tem um pessoal quês estar cobrando aqui embora presidente

termina logo esse negocio ai (inaudível).

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Toya – Esses cabras estão muito avexado, Boa tarde em primeiro lugar gostaria de agradecer em nome

das organizações indígenas e em nome de Luis Loqueir que é um das lideranças jovem o Joel Apoanaia

que é um dos vereadores bastante eficiente no município dele, Anchieta Arara e Francisca aqui dos

movimentos de mulheres, para nos foi uma grande honra trazer uma comissão nacional de política

indianista para cá, por que nesses últimos tempos não tinha acontecido alguma coisa diferente em

nosso estado na questão de políticas não é, mas do governo federal e a CNPI demonstra que há uma

nova forma do estado trabalhar a problemática indígena, bem aqui no nosso estado também se iniciou

isso com o governo Jorgeano é claro que tem falhas na implementação mas é um caminho que estar se

trilhando para que o desenvolvimento do estado não venha ferir as questões dos direitos dos povos

indígenas, mas que o estado e os povos indígenas possa sempre caminhar de como um acordo

pactuando seus projetos de vida e dizer presidente que para mim é uma grande honra estar recebendo

toda a bancada indígena e a bancada do governo também que se não fosse todos provavelmente nos

não teria acontecido essa reunião aqui e uma outra coisa dizer que, que para os povos indígenas é

bastante interessante a questão da aliança se nos tivermos a aliança nos podemos construir o mundo

que a gente quer e como disse Carlão é preciso conhecermos onde a gente pisa que é para a gente

poder elaborar os nossos projetos se a gente não conhece o espaço geográfico que nos utilizamos nem

o potencial de riqueza que nos temos como que nos vamos poder planejar o futuro em nosso povo e

lembro aqui a questão por exemplo do próprio (ininteligível) antes não sabia de nada o que existia nas

comunidades indígenas, através desse levantamento é possível elaborar projetos de vida da própria

comunidade a própria comunidade conhecer o que tem lá dentro, claro que é bem menos do que

apresentação que o Carlão fez mas é um indicativo da construção de um trabalho em comum acordo,

obrigado.

Márcio, Presidente – O próximo eu não anotei aqui, Anastácio.

Anastácio – Anastácio (inaudível) eu quero reforçar de novo o convite da CNPI para Mato Grosso do

Sul por que é uma necessidade por causa de agrado ou não, sabemos que vamos encontrar muita coisa

lá, vai ter o apoio que nos tivemos aqui no Acre mas precisa eu acho que a CNPI foi feita para estar

aonde ela é chamada de coisas de necessidade (inaudível) eu quero forçar o convite (inaudível) ao

presidente (inaudível) e também quero agradecer em nome do Toia o Acre por ter acolhido a gente

aqui principalmente de Rio Branco e eu também tem conhecimento de outras coisas que eu não

conhecia que isso para mim faz parte vai fazer parte do meu currículo para gente apontar uma coisa e

pedir também que encarecidamente pros governantes (inaudível) até o governo federal que cuida

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muito desse povo que ainda não teve contanto que talvez a gente queira agradar demais (inaudível

alguns segundos) depende muito de nos (inaudível alguns segundos) muito obrigado.

Márcio, Presidente – Obrigado Anastácio, próximo é o Sandro.

Sandro – (inaudível) eu queria encarecidamente a bancada do governo (inaudível) desde que

aconteceu o primeiro acampamento de terra livre aconteceu (inaudível alguns segundos) agora eu

acho que é um outro cenário talvez aqui em primeiro momento eu estou solicitando a outra reunião

extraordinária agora (inaudível) para o final do ano passado (inaudível) mas agora eu acho que é outra

realidade outro momento eu peço encarecidamente a bancada de governo que (inaudível) essa

solicitação esse pleito da bancada indígena é para que seja a próxima reunião lá no Mato Grosso do Sul

(inaudível) e uma outra questão eu queria lembrar o presidente e todos que estão aqui que essas

ultimas falas (inaudível) das áreas indígenas (inaudível) e agradecer em nomes dos parênteses do Acre

o Adriano que tiveram todo tempo aqui conosco , participando (inaudível) da CNPI da pessoa do Toya

é um prazer estar aqui e agradecemos a colhida (inaudível).

Márcio, Presidente – Arão.

Arão – Presidente eu prometo que vou ser breve também é um minuto só, bom como já foi feito os

agradecimentos mas eu queria fazer um agradecimento especial ao Toya que foi o mentor intelectual e

trouxe a CNPI para cá mas também estender aqui o agradecimento ao Francisco que estar aqui

representando o governo e representando muito bem inclusive tem acompanhado atentamente ai as

nossas proposições e as aprovações também encaminhadas aqui, e eu só tenho que agradecer e

também aos parênteses que retorna aos seus lares aos braços de suas esposas que estão lá aguardando

com certeza com muito cuidado e as casadas também aos braços dos seus maridos dos seus esposos as

mulheres falando da minha parte vou fazer isso que estou, não agüento mas duas semanas fora de casa

é um perigo, mas seu presidente eu queria fazer aqui um pedido mesmo que fora da agenda aqui, eu

queria como não foi aberto aqui a pauta para questão da saúde eu queria um encaminhamento talvez

na próxima reunião que o presidente do fórum e o representante do (ininteligível) fizesse parte como

convidado nas reuniões da CNPI até para gente não ter essas idéias e esses encaminhamentos

diferenciados é uma proposta que eu tenho para que a gente pudesse legitimar.

Márcio, Presidente – Essa questão ai Arão ela foi decidida já algum tempo e todas as reuniões nos

convidamos esses representantes, todas como convidados.

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Arão – Bom então vamos reformar mas uma vez de repente, vamos reforçar, quem sabe próximo ao

natal ai eles apareçam e no mas parentes muito obrigado e estou agradecido e só isso mesmo boa tarde.

Márcio, Presidente – Obrigado, Basílio.

Basílio – (inaudível) eu queria agradecer o Toya e todo o pessoal aqui do Acre, nossos irmãos, o

Francisco o Meireles todo o pessoal que estar aqui que colaborou, ajudou, sugeriram idéias (inaudível)

eu acho que foi um experiência para mim muito interessante pra mim que sou lá do Sul vim aqui no

Acre, aprendi muita coisa e eu quero agradecer pelo Álvoro bem tranqüilo e muito educado

(inaudível) então para mim foi uma experiência boa e eu convido vocês (inaudível alguns segundos)

então muito obrigado.

Márcio, Presidente – O ultimo inscrito é o Lindomar.

Lindomar – Bom, desculpa, primeiro eu gostaria de agradecer a Deus por ter (ininteligível) a nossa

vinda e também pedir a ele (ininteligível) volta, basta atravessar todo o pais da forma que a gente

atravessou (ininteligível) de Sergipe até aqui, quero agradecer aqui os parentes do Acre ao especial

nosso companheiro (ininteligível) primeiro gostaria também de (ininteligível) a ausência de alguns

membros do fórum (ininteligível alguns minutos) um momento de uma nova eleição com certeza esse

final de ano estar se elegendo uma nova diretoria (ininteligível) tenho certeza que na próxima ira

fazer parte (ininteligível) e também acrescentar o convite a proposta do Aron (ininteligível alguns

segundos) eu gostaria o senhor como presidente pudesse estar ajeitando (ininteligível alguns minutos)

faço parte do GT um grupo de trabalho (ininteligível) a pressão (ininteligível) acontecer o seminário o

seminário já aconteceu (ininteligível alguns segundos) muito obrigado.

Márcio, Presidente – É capitão, eu já tinha encerrado a inscrição mas rapidinho, em respeito ao

Capitão.

Capitão – Queria agradecer a eficiência da Teresinha, muito bem, nota 10, Ao senhor também eu

quero agradecer ao senhor também.

Márcio, Presidente – Eu? Obrigado, muito obrigado. Bom antes da gente encerrar a professora

Pierlangela quer fazer um convite especial aqui rapidamente.

Pierlangela – Já antecipando o convite para 2010 dias 13 a 17 de abril vai ser a grande festa da

comemoração da Raposa Serrado do Sol então estão todos convidados, independente se seja comissão

ou se já tenhamos o conselho sejas vocês do conselho ou não vocês estão convidados então já tenha 330

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que se programar aqui, e queria antecipar por que se desse para realizar uma extraordinária nesse

período lá por que o presidente Lula vai esta lá também, já faço o convite e essa solicitação se der para

fazer a extraordinária nesse período lá, e o presidente Lula já confirmou então todos estão convidados,

obrigado.

Márcio, Presidente – Bom o convite estar feito eu acho que essa proposta tem que ser considerada

também assim como a proposta também do Mato Grosso do Sul vai ser considerada também então nos

vamos analisar ai essa agenda para considerar também essa questão, então.

Não identificado – Presidente só um pedido, eu sei que eu sou chato é por que eu sou de 7 meses, é

por que muito de nos aqui eu inclusive não tive nem como adquiri um pen drive que é baratinho o

meu estragou e tudo mas tem informação importante que foram apresentados aqui que nem todos

estão tendo condição de levar isso documentado, eu queria sugerir para Teresinha que ela pudesse nos

enviar isso através dos e-mails, com certeza, que vai servir de base lá para gente.

Márcio, Presidente – Se não for possível por e-mail vai ser entregue através de um DVD, certo

gravado DVD e passado para todo mundo todas as informações.

Não identificado – Esta certo, só pra reforçar aqui o pedido da parente de Pierlangela que o senhor

atente bem para essa data que para nos alem de ter sido uma vitória histórica é uma marca histórica

também da CNPI e fazer presente lá na comemoração e eu tenho certeza que o senhor não vai ser

candidato a governador, por tanto vai ter espaço para ir ate lá, obrigado.

Márcio, Presidente – Com certeza, eu não sou candidato a governador pode ficar tranqüilo, eu queria

agradecer mas uma vez aqui eu queria agradecer ao governo do estado do Acre aqui representado pelo

secretario o status de secretario a assessor de assuntos indígenas que aqui representa o governador do

Acre por telo recebido aqui termos nos acolhido aqui no Acre agradecer o Toya novamente que é o

nosso representante do Acre na CNPI e aproveitando para dizer para todos os indígenas que estão aqui

do Acre estão nos assistindo aqui, testemunhar para vocês o seu representante na CNPI o Toya tem

sido um representante assíduo que sempre defende leva as questões do Acre para CNPI que tenha

defendido sempre os interesses dos povos indígenas aqui do Acre, então o testemunho que eu estou

dando aqui para vocês por que nem sempre, as vezes as pessoas ficam sabendo a reunião da CNPI

acontece lá em Brasília e ai perde muita gente ata acha que o cara estar viajando para lá para passear,

não estar não, estar lá para trabalhar estar participando das nossas reuniões lá ativamente, então eu

queria testemunhar isso para vocês aqui para eles saber que essa é uma reunião, vocês viram, tiveram

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oportunidade de assistir e virão aqui como nos trabalhamos e trabalhamos mesmos, então eu queria

registrar isso e mas uma vez agradecer a todos e desejar um ótimo fim de semana uma boa viagem de

volta para as suas digníssimas esposas e digníssimos esposos como disse o Arão e um bom final de dia

ainda e noite, Teresinha tem alguns encaminhamentos práticos aqui.

Teresinha – Bom eu não poderia deixar de agradecer também ao componentes da Secretaria-

Executiva, por que o pessoal tem agradecido a secretária-executiva, mas a secretária-executiva e o

trabalho todo aqui não é feito só por mim, então os agradecimentos que vocês se dirigiram a mim, eu

gostaria de também de estender a Graci, a Karla, e nessa reunião também excepcionalmente nos

tivemos a participação especial de outras pessoas que foi Salete - Chefe de Gabinete da Funai, que veio

comigo desde a precursora, Jaqueline da presidência da FUNAI e o Mayson, a Leia, o Fred, a Leia

desculpe, é que a Leia faz parte conosco também, mora no nosso coração Leia, você também estar ai

desculpe que eu esqueci ... então assim, a secretaria-executiva não funciona somente comigo mas com

toda a equipe. Agradecer o pessoal da FUNAI que veio colaborar, o pessoal aqui de Rio Branco enfim

todo o pessoal que trabalhou junto conosco na secretaria-executiva... na organização.

Bom quanto ao seminário que a Pierlangela coloca que foi decidido, eu já entrei em contato nos

estamos no final da nossa grana do nosso recurso.Temos que garantir a nossa ultima reunião ordinária

do ano que é em dezembro eu pedi uma suplementação ao ministério que o ministério repasse mais

para a FUNAI. A questão das diárias e de passagens eu não obtive a resposta mas eu garanto para vocês

que assim que eu tiver a resposta eu já entro contato via e-mail com vocês ou via telefone, lembrar

que daqui até dezembro a nossa próxima reunião nos temos que planejar o ano que vem, então tudo

que nos vamos fazer o ano que vem, no ano 2010 nos temos que discutir ou então ao menos fazer um

pré planejamento para gente conseguir garantir o recurso para a gente tocar todo o ano que vem. Eu

devo apresentar ao ministério ponto a ponto se vai ter seminário... Quantas reuniões ordinárias e

preferencialmente eles estão pedindo um calendário já do ano, aproximado é lógico, tipo assim

reunião de dezembro... enfim um planejamento geral para o ano todo, já tem alguns pontos, tipo assim

a Pierlangela coloca o da Raposa Serra do Sol. Então a gente já vai colocar, mas em dezembro na

próxima reunião eu vou pedir um ponto de pauta para que a gente faça um planejamento de 2010.

Bom outro ponto aqui seria, antes que eu esqueça alguém esqueceu dois pen drive grudado no outro

na sala da secretaria executiva peço que procure comigo. Obrigado pela participação de vocês todos.

Márcio, Presidente – Um grande abraço na todos.

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