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1 MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE PROCESSO DE ESCOLHA UNIFICADO PARA MEMBROS DO CONSELHO TUTELAR ORIENTAÇÕES COMPLEMENTARES - PREPARATIVOS PARA A ESCOLHA Em atenção às dúvidas recorrentes sobre a campanha e a organização para o pleito a ser realizado no dia 4 de outubro, o Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude elaborou Orientações na forma de perguntas e respostas. Ocorre que, na semana passada novas dúvidas foram trazidas ao Centro de Apoio, principalmente no que concerne a transporte de eleitores, bem como pedido de sugestão de organização do pleito para se evitar possíveis fraudes. Assim, em complementação ao questionário enviado através do ofício circular nº31/2015- MP/PGJ-CAOIJ, apresentamos as orientações que prestamos de forma individualizada no que tange aos temas acima mencionados. 1- É vedado o transporte de eleitores no dia da escolha para membro do conselho tutelar? O Processo de Escolha Unificado dos Membros do Conselho Tutelar é regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo o qual o Processo de Escolha será estabelecido em Lei Municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, cabendo a fiscalização de todo o processo ao Ministério Público. Outro instrumento responsável pela regulamentação do Processo de Escolha é a Resolução N° 170 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA). Dentre as diretrizes trazidas pela citada Resolução, está a previsão do artigo 10, que determina a acessibilidade dos locais de votação aos eleitores. Vejamos:

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

PROCESSO DE ESCOLHA UNIFICADO PARA MEMBROS DO CONSELHO

TUTELAR

ORIENTAÇÕES COMPLEMENTARES - PREPARATIVOS PARA A ESCOLHA

Em atenção às dúvidas recorrentes sobre a campanha e a organização para o

pleito a ser realizado no dia 4 de outubro, o Centro de Apoio Operacional da Infância

e Juventude elaborou Orientações na forma de perguntas e respostas. Ocorre que,

na semana passada novas dúvidas foram trazidas ao Centro de Apoio,

principalmente no que concerne a transporte de eleitores, bem como pedido de

sugestão de organização do pleito para se evitar possíveis fraudes. Assim, em

complementação ao questionário enviado através do ofício circular nº31/2015-

MP/PGJ-CAOIJ, apresentamos as orientações que prestamos de forma

individualizada no que tange aos temas acima mencionados.

1- É vedado o transporte de eleitores no dia da escolha para membro do

conselho tutelar?

O Processo de Escolha Unificado dos Membros do Conselho Tutelar é

regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo o qual o

Processo de Escolha será estabelecido em Lei Municipal e realizado sob a

responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,

cabendo a fiscalização de todo o processo ao Ministério Público.

Outro instrumento responsável pela regulamentação do Processo de Escolha

é a Resolução N° 170 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do

Adolescente (CONANDA). Dentre as diretrizes trazidas pela citada Resolução, está

a previsão do artigo 10, que determina a acessibilidade dos locais de votação aos

eleitores. Vejamos:

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Art. 10º Compete à Lei Municipal ou do Distrito Federal que institui o

processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar dispor sobre as

seguintes providências para a realização do processo de escolha dos

membros do Conselho Tutelar:

Parágrafo único. Garantir que o processo de escolha seja realizado em

locais públicos de fácil acesso, observando os requisitos essenciais de

acessibilidade.

A obediência ao que estabelece o citado artigo é de fundamental importância

para que o pleito seja conduzido de maneira justa. Desta forma, os responsáveis

pela organização do processo devem verificar se os locais de votação são, de fato,

acessíveis à população, para que o cidadão não tenha seu direito de escolha

frustrado em virtude de grandes distancias entre o local de moradia e a seção

eleitoral mais próxima. Para tanto, é necessário que haja mesas receptoras tanto em

zona urbana, quanto na zona rural, tornando acessível a participação da população

rural.

Enfatiza-se ainda, que a legislação eleitoral comum não é aplicável ao

processo, na medida em que não se trata de um pleito de natureza eleitoral, embora

seja viável a utilização das disposições eleitorais gerais, que servirão de parâmetro

para se estabelecer procedimento considerado inadequado para o candidato a

conselheiro tutelar, principalmente para avaliar se a conduta dele afronta o requisito

da idoneidade moral.

Sendo assim, segundo o Código Eleitoral constitui crime eleitoral promover o

transporte coletivo aos eleitores no dia da eleição. Conforme se depreende do artigo

302 da Lei 4737/65:

Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou

fraudar o exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma,

inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo.

Por certo que o candidato a conselheiro tutelar que praticar tal conduta, não

responderá por este crime, porém sua conduta certamente afronta o requisito da

idoneidade moral.

3

A Lei no 6.091/74 regulamenta o fornecimento gratuito de transporte, em dias

de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais, estabelecendo que esse tipo de

transporte só poderá ser realizado por veículos pertencentes à União, aos Estados,

Territórios e Municípios e suas respectivas autarquias e sociedades de economia

mista, exceto aqueles de uso militar, que ficarão à disposição da Justiça Eleitoral

que deverá encaminhá-los para o transporte gratuito de eleitores em zonas rurais,

em dias de eleição. Vajamos:

§ 2º Até quinze dias antes das eleições, a Justiça Eleitoral requisitará dos

órgãos da administração direta ou indireta da União, dos Estados,

Territórios, Distrito Federal e Municípios os funcionários e as instalações de

que necessitar para possibilitar a execução dos serviços de transporte e

alimentação de eleitores previstos nesta Lei. A vedação do transporte

coletivo de eleitores no dia do pleito está prevista no artigo 5º da Lei

6.091/74.

Art. 5º Nenhum veículo ou embarcação poderá fazer transporte de eleitores

desde o dia anterior até o posterior à eleição, salvo:

I - a serviço da Justiça Eleitoral;

II - coletivos de linhas regulares e não fretados;

III - de uso individual do proprietário, para o exercício do próprio voto e dos

membros da sua família;

IV - o serviço normal, sem finalidade eleitoral, de veículos de aluguel não

atingidos pela requisição de que trata o art. 2º.

É fato que muitas regiões do interior do estado possuem acesso difícil, ou se

encontram em locais distantes e isolados, dificultando ou impossibilitando que os

eleitores exerçam o seu direito de voto. Nestes casos extremos, em que o acesso

aos locais de votação é prejudicado por algum desses fatores, não sendo realmente

possível a instalação de mesa receptora próxima, seria viável que a própria

Prefeitura disponibilizasse o transporte do eleitor.

Para tanto, considerando a ausência de previsão legal, essa forma de

transporte deve ser definida previamente e pactuada por todos os candidatos,

demonstrando que realmente se faz necessária face a impossibilidade de

funcionamento de mesa receptora na localidade.

Sugerimos a realização de uma reunião prévia entre a Prefeitura, os

candidatos e o CMDCA. Na referida reunião é importante se discutir a maneira mais

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adequada de se efetuar o transporte dos eleitores de forma a impedir a ocorrência

de irregularidades na condução do processo, lavrando-se ao final um termo de

compromisso, que deverá ser assinado por todos.

Ainda por questão de assegurar a transparência e de se coibir fraudes, é

indispensável que esses veículos sejam previamente cadastrados perante a

Comissão Eleitoral e devidamente identificados para que o eleitorado reconheça se

tratar de veículos a serviço do processo de escolha unificado. Caberá aos

Conselhos Municipais/Comissões Eleitorais definir as rotas que serão percorridas

pelos veículos cadastrados no dia da eleição. Sugere-se também que cada

candidato indique um fiscal para acompanhar o trajeto, e que seja proibido qualquer

tipo de campanha e propaganda, no interior do veículo, durante o percurso.

Como já dito acima, tal medida somente deve ser utilizada em caráter

excepcional, pois o ideal é que haja locais de votação acessíveis a todas as

comunidades populacionais, onde o eleitor possa se dirigir as urnas

independentemente de auxilio.

2- Quais as medidas a serem adotadas na hipótese de constatação do

transporte de eleitores?

Um ponto relevante a ser observado é o fato de o Estatuto trazer, como um

dos requisitos para candidatura, a reconhecida idoneidade moral do candidato.

Portanto, o candidato que incidir na prática de transporte ilegal de eleitor pode ter

violado um dos requisitos obrigatórios para se tornar membro do conselho tutelar.

Nesse sentido:

EMENTA - AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ELEIÇÃO PARA MEMBRO DO

CONSELHO TUTELAR. TRANSPORTE DE ELEITORES. PROPAGANDA.

IDONEIDADE MORAL PARA O EXERCÍCIO DO MUNUS. DECRETAÇÃO

DA INELEGIBILIDADE DO APELANTE PARA O CARGO PELO PRAZO DE

04 (QUATRO) ANOS. SENTENÇA ULTRA PETITA. 1. A ESCOLHA, PELA

COMUNIDADE LOCAL, DO CONSELHO TUTELAR FAR-SE-Á ATRAVÉS

DE ELEIÇÃO, SENDO OS MEMBROS DO RESPECTIVO CONSELHO

ESCOLHIDOS PELA COMUNIDADE LOCAL PARA MANDATO DE 3

(TRÊS) ANOS, PERMITIDA UMA RECONDUÇÃO, PROIBIDA A

REALIZAÇÃO DE PROPAGANDA. 2. RESTANDO PROVADO, À

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SACIEDADE, QUE O APELANTE, NO DIA DA ELEIÇÃO PARA O

CONSELHO TUTELAR, DO QUAL FOI CANDIDATO E SAIU VITORIOSO,

UTILIZOU-SE DE PROPAGANDA IRREGULAR, ALÉM DE HAVER

TRANSPORTADO ELEITORES COM O OBJETIVO DE SER VOTADO,

CORRETA A SENTENÇA QUE DECRETA A PERDA DO MANDATO DO

CONSELHEIRO. 2. O DECIDIDO DEVE CIRCUNSCREVER-SE ÀQUILO

QUE FOI PEDIDO NA INICIAL, LOGO, É DEFESO AO MAGISTRADO

INCLUIR NA SENTENÇA DETERMINAÇÃO NÃO REQUERIDA PELO

AUTOR DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 3. RECURSO PARCIALMENTE

PROVIDO PARA O FIM DE EXCLUIR DA CONDENAÇÃO A

INELEGIBILIDADE CONTIDA NA R. SENTENÇA, QUE NÃO FOI OBJETO

DO PEDIDO. (TJ-DF - APE: 21492420058070001 DF 0002149-

24.2005.807.0001, Relator: JOÃO EGMONT, Data de Julgamento:

06/05/2009, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: 24/09/2009, DJ-e Pág. 25)

Além disso, a partir da interpretação do §3º do art. 139 infere-se que o

transporte de eleitores promovido pelos candidatos está incluído como conduta

vedada, na medida em que o ECA proíbe o candidato de oferecer ao eleitor bem ou

vantagem pessoal de qualquer natureza. Veja-se:

Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será

estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a

fiscalização do Ministério Público.

§ 3o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado

ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou

vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno

valor.

Assim, o candidato que descumprir as normas referentes ao processo de

escolha, praticando alguma das condutas vedadas, ou de alguma forma adotar uma

postura inidônea poderá sofrer as sanções previstas na lei municipal.

Além disso, na hipótese de omissão da lei municipal, o Ministério Público,

como fiscalizador de todo o processo, poderá ingressar com ação judicial

competente visando a cassação do registro de candidatura ou até mesmo, se já tiver

sido eleito, poderá ser declarado inelegível ou perder o direito de exercer o mandato,

com base no art. 133, I, do ECA, conforme se vê em alguns julgados:

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APELAÇÃO CÍVEL. CONSELHO TUTELAR. ELEIÇÃO DE CONSELHEIRO

TUTELAR. IMPUGNAÇÃO E CASSAÇÃO DE CANDIDATURA. PRÉVIO

PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Impugnação e

cassação da candidatura da parte autora que se deu mediante instauração

de prévio procedimento administrativo, em atenção às garantias

constitucionais do contraditório e da ampla defesa, consagradas no art. 5º,

incisos LIV e LV, da Constituição Federal. Inafastável o poder-dever de agir

da Administração Pública em circunstâncias que demandem ação

fiscalizadora dos atos praticados por seus agentes, a cargo da autoridade

que detém o dever de apurar e punir irregularidades, inclusive sob pena de

responsabilização. Caso em que a parte autora violou o art. 133, inciso I, do

Estatuto da Criança e do Adolescente, o art. 21, inciso I, da Lei

Municipal/Farroupilha-RS nº 2.709/02, o item 3.1, alínea a, do Edital

COMDICA nº 01/2009, e os artigos 2º, 5º,incisos IV, VI, e parágrafo único,

alínea b, do Regulamento da Campanha Eleitoral, ao fomentar o aliciamento

e o transporte de eleitores ao local de votação. Ausência de elementos

probatórios a derruir a credibilidade da prova testemunhal que ampara o

juízo de improcedência do pedido de anulação do ato administrativo. A mera

alegação de que não merecem crédito as testemunhas arroladas pelo

Ministério Público, por si é frágil e sucumbe a sua forte coesão na narrativa

dos fatos desabonatórios que deram ensejo à cassação da candidatura da

recorrente. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70050482330,

Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Luiz Reis de

Azambuja, Julgado em 29/05/2013)

(TJ-RS - AC: 70050482330 RS, Relator: José Luiz Reis de Azambuja Data

de Julgamento: 29/05/2013, Quarta Câmara Cível, Data de Publicação:

Diário da Justiça do dia 13/06/2013).

Válido observar sempre que na ausência de uma sanção específica, será

necessária análise minuciosa quanto ao ato do candidato, no intuito de observar se

houve afronta ao requisito da idoneidade moral, em caso positivo, estaria legitimada

a cassação de registro ou mesmo do mandato. Tal construção deve ser feita dentro

do princípio da proporcionalidade e da razoabilidade. O inteiro teor das decisões

será disponibilizado em documento anexo.

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3- Havendo a recursa de fornecimento de caderno de votação pelo Juiz

Eleitoral, como o CMDCA pode proceder na organização do pleito para evitar

fraudes?

Alguns Juízes Eleitorais vem negando ao CMDCA a solicitação de concessão

do caderno de votação para auxiliar o trabalho dos mesários no dia da escolha

para membros do Conselho Tutelar. As questões envolvendo Infância e Juventude,

por previsão Constitucional, disposta por meio do artigo 227, em decisões diretas ou

indiretamente ligadas a essa temática, deve observar o princípio da prioridade

absoluta.

Nesse contexto, pode-se citar ainda o princípio da cooperação, que consiste

no trabalho articulado, desenvolvido em conjunto pela família, sociedade e Estado

com o escopo de garantir a proteção da criança e do adolescente. Por tais

princípios, em suas ações, instituições de qualquer natureza, inclusive Tribunais,

devem, em caráter prioritário e em regime de cooperação contribuir para melhor

efetivação de direitos de crianças e adolescentes.

Não teremos um sistema de garantias fortalecido se houver fraude no

processo de escolha por isso, seria de grande valia a contribuição dos Juízos

Eleitorais. Ocorre que a Justiça eleitoral, através de seus Tribunais, tem se mostrado

tímida nessa Cooperação. Apenas os Tribunais Regionais Eleitorais dos Estados do

Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Acre, Ceará, Sergipe, Piauí, Rondônia e

Pará (apenas para Belém, Ananindeua e Marituba) forneceram urnas eletrônicas.

O indeferimento de alguns magistrados em fornecer o caderno de votação ao

CMDCA, sob a justificativa de que o caderno contém dados de caráter personalizado

do eleitor, como, por exemplo, seção em que vota, violando assim, o disposto no art.

3º do Provimento nº04/2014- CRE/PA, constatamos que os princípios constitucionais

acima referidos não têm sido acolhidos nas citadas decisões.

Infelizmente, como o pleito, na literalidade da lei, é de responsabilidade do

CMDCA e não da Justiça Eleitoral, não vislumbramos ação que possa ser proposta

para compelir a Justiça eleitoral a fornecer urna eletrônica ou o caderno de votação.

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Dessa forma, para evitar fraudes, utilizando dados que são disponibilizados

via internet e informações mais simplificadas que podem ser obtidas junto a Justiça

eleitoral, apresentamos as seguintes sugestões:

1- Que o CMDCA, com fulcro no art. 9º, §3º da Resolução nº170 do

CONANDA requeira junto ao Juiz da Zona Eleitoral a lista de eleitores do Município.

1.1- Oportuno ressaltar que a lista de eleitores é diferente do caderno de

votação. O Primeiro se refere a todos os eleitores do Município, contendo o nome

completo, por ordem alfabética. O segundo, é especifico, contendo outras

informações cadastrais, como filiação, data de nascimento, seção dentre outros;

1.2- O Provimento 04/2014 – CRE/PA oportuniza o fornecimento da lista de

eleitores, conforme previsão contida no §3º do art.1º e art.3º;

1.3- O CMDCA, de posse da listagem geral de eleitores deve replicá-la

para que em cada local de votação tenha uma listagem, separada em blocos, para

facilitar o manuseio. Exemplo: Nomes iniciados com a letra: A até a letra D; E à L; M

á P e de Q a Z.

2- O CMDCA provavelmente não conseguirá envolver o mesmo número de

pessoas que a Justiça eleitoral envolve, assim, cada local de votação deve

concentrar várias seções.

Utilizaremos o município de Brasil Novo. Para exemplo.

No site do TRE está disponível listagem contendo todos os locais e seções

eleitorais. Vejamos:

http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tre-pa-locais-de-votacao-do-estado-

do-para-para-as-eleicoes-2014

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De posse de tal quadro o CMDCA decidirá acerca do número de locais de

votação a serem estabelecidos. Considerando o porte do município, supomos que

serão instalados pelo menos quatro locais de votação.

Para melhor expor, como não sabemos o número de locais, tampouco os

endereços que serão escolhidos para funcionarem como locais de votação

(geralmente são escolas), trabalharemos com a hipótese de quatro locais de votação

denominando-os de: local 01, local 02, local 03 e local 04.

No local de votação 01 somente poderão votar os eleitores vinculados às

seções: 265; 69; 70; 71; 72; 73; 74; 75; 167 e 211;

No local 02 somente poderão votar os eleitores vinculados às seções: 213;

266; 350; 76; 77; 78; 79; 218; 297; 375 e 80;

No local 03 somente poderão votar os eleitores vinculados às seções: 81;

96; 250; 245; 310, 272; agregada 300, 251; 309; 222 e 223;

No local 04 somente poderão votar os eleitores vinculados às seções: 224;

225; 226; 271; 273; agregada 364; 274; agregada 367; 275; 313; 311 e 40.

Ressalte-se que caberá ao CMDCA dar amplo conhecimento, através dos

meios de comunicação, acerca das seções que funcionarão em cada local de

votação selecionado. Devendo, ainda, afixar nos próprios locais de votação, as

seções que neles funcionarão.

EXEMPLO: ESCOLA 01 - RECEPCIONARÁ ELEITORES DAS SEÇÕES:

265; 69; 70; 71; 72; 73; 74; 75; 167 e 211

O eleitor, como já havíamos orientado no material de apoio, deve

obrigatoriamente comparecer ao local de votação munido com seu título de eleitor e

documento de identidade. Nesse tipo de certame o título é indispensável.

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Como se observa, o título contém o nome do eleitor, o número do título, o

município, zona e seção eleitoral.

O mesário, ao recepcionar o eleitor, deverá primeiramente constatar se ele é

eleitor daquele município. Em caso positivo, localizar o nome dele na lista de

eleitores ofertada pelo Juiz eleitoral, efetuando um risco sobre o nome.

Após, o mesário checará se a seção a qual ele é vinculado está sendo

recepcionada naquele local de votação. Em caso positivo, o mesário então

preencherá a lista de frequência, com os dados do eleitor, cabendo a este, após

analisar se seus dados estão corretos, assinar a lista. Sugerimos o seguinte formato:

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Como se observa, a lista contém o nome, número do título, zona e seção do

eleitor, além da assinatura do próprio. Na identificação da lista devem constar ainda

os nomes dos mesários, local de votação e as seções que estarão funcionando

naquele local. A conferência de todos esses dados será presenciada pelos fiscais

dos candidatos.

Desta forma, entendemos que não será possível ao eleitor de outro município

/ou outro domicilio eleitoral votar, já que ao receber esse eleitor e analisar seu titulo,

os mesários já verificarão se a pessoa é ou não eleitora daquele município e caso

não seja, será impedida de votar. Se algum fiscal questionar a autenticidade do

título, o mesário poderá recorrer à lista nominal do TRE, onde verificará se a pessoa

está elencada dentre os eleitores do município.

Com relação à possibilidade de o eleitor votar duas vezes, entendemos que

também não será possível se:

1- Houver a vinculação de seções aos locais de votação. Assim, ao

recepcioná-lo, os mesários verificarão se a seção do eleitor está dentre

as elencadas para serem atendidas naquele local de votação. Dessa

forma, não será possível ao eleitor votar em dois locais, pois sua seção

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só estará contemplada em um único local de votação, devendo ser

recusado pelos mesários se tentar votar em local diverso do

estabelecido para recepcionar os votos de sua seção.

A lista de frequência, inclusive, deixará claro que naquele local só

votaram os eleitores de seções previamente selecionadas para serem

recepcionadas no referido espaço. Tal metodologia viabiliza a

transparência e a fiscalização pelos fiscais e pelo Ministério Público.

2- Para evitar que o mesmo eleitor vote duas vezes no seu próprio

local de votação, os mesários ao recepciona-lo devem analisar a lista

geral de eleitores fornecida pelo TRE, riscando o nome dos que já

votaram. Assim, se o eleitor retornar para tentar votar novamente em

seu local de votação, seu nome já constará riscado da lista o que

atesta que já votou, fato que pode ser confirmado ainda com a

verificação da assinatura dele na lista de frequência.

A lista de frequência dos eleitores (modelo sugerido), a lista geral de eleitores

fornecida pelo TRE com os nomes riscados e a ata de registros devem acompanhar

a urna para o momento da apuração.

Entendemos que a segurança do pleito depende de uma capacitação eficiente

aos mesários para adotarem as providências acima ou outras medidas que o

CMDCA entender como mais adequadas, além da atenção dos fiscais de

candidatos, os quais deverão fiscalizar se essa metodologia será observada.

Como não há legislação específica, a metodologia acima é apenas uma

sugestão do Centro de Apoio operacional-Pa, obviamente que o CMDCA poderá

adotar outras, cabendo ao Promotor de Justiça fiscalizar a eficiência da sistemática

escolhida para que não ocorram fraudes.

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Documentos Anexos:

1) Lei no 6.091/74, regulamenta o fornecimento gratuito de transporte, em dias de eleição, a eleitores residentes nas zonas rurais, à integra - referente ao questionamento nº 1; 2) Decisões à íntegra – referentes ao questionamento nº 2; 3)Modelo de Lista de Votação – referente ao questionamento n°3; 4)Provimento 04/2014 – CRE/PA – referente ao questionamento n°3