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MINIST É RIO PÚ BLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTA ÇÃO E AVALIA ÇÃO PARECER SEORI/ AUDIN - MPU N ° 302/ 2016 Refer ê ncia : Of í cio n ° 30/2016/GAB /PRT 3 a REGI ÃO. Protocolo AUDIN - MPU 342 /2016 . Assunto : Administrativo. Obra . Impugna çã o à glosa de item da medição . Interessado : Procuradoria Regional do Trabalho da 3 a Região. A Excelent í ssima Senhora Procuradora - Chefe da PRT /3 a encaminha , para manifestaçã o deste Controle Interno , o Of í cio RC 315 / 2015 da empresa Alcance Engenharia e Construçõ es Ltda . , o qual trata de pedido de reconsideraçã o da decis ão que determinou a glosa do pagamento do item elevador de obra , n ão executado pela contratada . 2 . Como principal argumento , a empresa alega que, no regime de execu çã o de obra - empreitada por preço global ( EPG ) , exceto nas hip ó teses de altera çõ es do escopo ocorridas no objeto , a contratada fica obrigada ao adimplemento integral da obra por preço certo e total , podendo definir quais equipamentos ser ã o utilizados para alcan çar a finalidade pretendida , desde que o objeto esteja sendo executado dentro das especifica ções consignadas no instrumento convocat ório . Assim , considerando que os itens referentes ao Elevador de Obra para transporte de cargas tratam - se apenas de itens de log í stica , n ão interferindo no escopo do objeto licitado , no seu entender , estaria autorizado o pagamento desses itens independentemente de sua efetiva execu çã o. 3 . Em exame , inicialmente cumpre esclarecer que , na contrata çã o de obra pelo regime de EPG , o projeto b á sico e as demais informa ções disponibilizadas pela Administração dever ã o ter elevado grau de detalhamento dos serviços a serem executados , de modo a propiciar à licitante , de forma precisa e clara , todas as condiçõ es de estabelecer os encargos advindos do futuro contrato e , em consequ ê ncia , apresentar proposta estipulando o valor certo e total que ser á demandado com a execu çã o da obra , conforme se extrai dos termos f \ estabelecidos na Lei n ° 8.666/ 93 , litteris : 1 / 15 sel - 302 - 2016 - glosa - item -medicao - obra - PRT - 3 .doc

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MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃOAUDITORIA INTERNA

SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO

PARECER SEORI/AUDIN-MPU N° 302/2016

Referência : Ofício n° 30/2016/GAB/PRT 3a REGIÃO. Protocolo AUDIN-MPU 342/2016.Assunto : Administrativo. Obra. Impugnação à glosa de item da medição.Interessado : Procuradoria Regional do Trabalho da 3a Região.

A Excelentíssima Senhora Procuradora-Chefe da PRT/3a encaminha, paramanifestação deste Controle Interno, o Ofício RC 315/2015 da empresa Alcance Engenharia eConstruções Ltda., o qual trata de pedido de reconsideração da decisão que determinou aglosa do pagamento do item elevador de obra, não executado pela contratada.

2. Como principal argumento, a empresa alega que, no regime de execução deobra - empreitada por preço global (EPG), exceto nas hipóteses de alterações do escopoocorridas no objeto, a contratada fica obrigada ao adimplemento integral da obra por preçocerto e total, podendo definir quais equipamentos serão utilizados para alcançar a finalidadepretendida, desde que o objeto esteja sendo executado dentro das especificações consignadasno instrumento convocatório. Assim, considerando que os itens referentes ao Elevador deObra para transporte de cargas tratam-se apenas de itens de logística, não interferindo noescopo do objeto licitado, no seu entender, estaria autorizado o pagamento desses itensindependentemente de sua efetiva execução.

3. Em exame, inicialmente cumpre esclarecer que, na contratação de obra peloregime de EPG, o projeto básico e as demais informações disponibilizadas pela Administraçãodeverão ter elevado grau de detalhamento dos serviços a serem executados, de modo apropiciar à licitante, de forma precisa e clara, todas as condições de estabelecer os encargosadvindos do futuro contrato e, em consequência, apresentar proposta estipulando o valor certoe total que será demandado com a execução da obra, conforme se extrai dos termos f\estabelecidos na Lei n° 8.666/93, litteris:

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LEI N° 8.666/93

( ...)

Art. 6o.

(...)

VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata com terceirossob qualquer dos seguintes regimes:

a) empreitada por preco global - quando se contrata a execução da obra oudo serviço por preco certo e total:

( .. . )

IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, comnível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, oucomplexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nasindicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidadetécnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento,e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos edo prazo de execucão. devendo conter os seguintes elementos:

a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão globalda obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;

b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, deforma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes duranteas fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras emontagem;

c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais eequipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações queassegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar ocaráter competitivo para a sua execução;

d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodosconstrutivos. instalações provisórias e condições organizacionais para aobra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra,compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normasde fiscalização e outros dados necessários em cada caso;

f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado emquantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessários e suficientes àexecucão completa da obra, de acordo com as normas pertinentA”Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;

(...)

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Art. 47. Nas licitações para a execucão de obras e serviços, quando foradotada a modalidade de execução de empreitada por preco global, aAdministração deverá fornecer obrigatoriamente, junto com o edital, todosos elementos e informações necessários para que os licitantes possamelaborar suas propostas de preços com total e completo conhecimento doobieto da licitacão. (Grifo nosso)

4. Pelo regime em questão, a contratante realiza os pagamentos por etapa ouparcela concluída, conforme definido no cronograma físico-financeiro. Assim, após amedição, efetivada conforme prazo previamente estipulado, somente as parcelas executadas

na sua integralidade pela contratada serão pagas pela Administração.

5. Ao contrário da empreitada por preço unitário, na qual se paga pelo

quantitativo exato de serviços executados, na EPG não existe a medição exata da quantidade

de serviço executado. Nesse regime, para efeitos de pagamento, importa, por exemplo, se ainstalação do tapume, previsto em determinada parcela, foi concluído, mas não interessa ametragem de tapumes utilizados. Concluída a parcela, o pagamento será efetivado pelos

quantitativos previstos em contrato, independente da utilização efetiva ou não dessequantitativo. Isso porque, as diferenças a maior ou a menor estão no risco do negócio e serãosuportadas ou pela empresa contratada ou pela Administração, conforme o caso.

6. Nesse sentido é a orientação jurisprudencial do Tribunal de Contas da União,conforme se observa dos trechos do Relatório e do Voto do Acórdão n° 1.977/2013-Plenário,que a seguir se transcreve, com os devidos destaques:

ACÓRDÃO TCUN°1.977/2013-PLENÁRIO

Relatório:

(...)

IV- DA PRECISÃO DO PROJETO BÁSICO

(. . .)

34. Da afirmação anterior, decorre a necessidade da existência de umprojeto básico com alto grau de detalhamento, com o objetivo de minimizaros riscos e os preços ofertados pelos licitantes, que arcam com eventuaiserros ou omissões na quantificação de cada serviço.

(. . .)

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36. No regime de EPG, o projeto básico deve conter informações parapermitir que as medições sejam feitas de modo adequado, assim entendidocomo sendo feitas por etapas. Desse modo, é imprescindível, na contrataçãopor EPG, uma definição clara e inequívoca das etapas físicas queconstituem o todo. Tais elementos é que permitirão o estabelecimento demarcos para cada uma dessas etapas, ao término das quais caberão ospagamentos. Essas medidas facilitarão o monitoramento e o controle dasobras por parte de quem as fiscalizará.

(...)

V - DAS MEDIÇÕES EM EPG

45. Desde que seja atendida a premissa da confecção de projeto básico bemdetalhado, fator importante para que determinado contrato possa seradequadamente licitado nesse regime, as medições devem ser realizadaspor etapas ou parcelas, de acordo com o estabelecido no cronograma físico-financeiro a respeito da evolução física da obra

46. Assim, as medições devem ser realizadas a partir da conclusão doavanço físico de cada etapa (definida prévia e objetivamente no edital) esomente após a conclusão daquele marco físico que a caracteriza, conformeexplicitado a seguir, pelo inciso II, do § 6o, do art. 102 da LDO 2013:II - o contrato deverá conter cronograma físico-financeiro com aespecificação física completa das etapas necessárias à medição, aomonitoramento e ao controle das obras, não se aplicando, a partir daassinatura do contrato e para efeito de execução, medição, monitoramento,fiscalização e auditoria, os custos unitários da planilha de formação dopreço;

47. O parágrafo único do art. 5o do já mencionado PLS 56/2011 reforçaesse entendimento:

Parágrafo único. No caso de adoção do regime de empreitada por preçoglobal aplicam-se as seguintes disposições específicas:

l - o contrato deverá conter cronograma físico-financeiro que descreva emtermos da execução da respectiva obra ou serviço todas as etapas,subetapas, parcelas, trechos ou subtrechos necessários à medição, aomonitoramento e ao controle das obras;

(...)

Ill - as medições deverão ser feitas por etapas, subetapas, parcelas, trechosou subtrechos, previamente definidos no cronograma físico-financeiro;( ...)

91. Caso a Administração Pública identifique quantitativos superestimados, MJela deve proceder, de oficio, (e em observância aos princípios daeconomicidade, moralidade e probidade administrativas) à alteração

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contratual para reduzir os quantitativos inadequados, ajustando o montantetotal ao valor real.92. Essas regras decorrem do fato de que, se a medição for feita por etapas(e não por quantidades unitárias), haverá por consequência uma assimetriade informações entre o contratado e a Administração Pública. Afinal, ofiscal, já que mede por etapas, não estará medindo as quantidades (não terácom saber, portanto, quanto foi executado exatamente), mas o particularsabe o quanto ele executa qualquer que seja o regime. O Tribunal já sepronunciou a respeito de situação de quantitativos superestimados:

O fato de se tratar de contratação por preço global não assegura anenhum contratado o direito de receber por produto não utilizado.(Acórdão 363/2007 - TCU - Plenário - trecho do voto).93. Ademais, quantitativo superestimado é um dos fatores causadores dosuperfaturamento de obras públicas, de modo que permiti-lo podeconfigurar ato de improbidade administrativa, nos termos dos artigos 10 e11 da Lei 8429/92 (lei de improbidade administrativa). Tal conduta tambémpode ser enquadrada como crime, conforme o art. 96, incisos IV e V doEstatuto das Licitações.VOTO(...)

11. Nas empreitadas por preço global, de outro modo, medem-se asetapas de serviço de acordo com o cronograma físico-financeiro da obraou mediante as etapas objetivamente estabelecidas no instrumentoconvocatório. Em exemplo prático, terminadas as fundações, paga-se ovalor global das fundações; feita a estrutura, remunera-se o valor previstopara essa etapa; concluída determinada fase da obra, com marcopreviamente estipulado, retribui-se o montante correspondente; até chegarao final da empreitada, que deverá corresponder ao valor total ofertadopara o objeto como um todo, no ato da licitação (preço certo e total).12. Trata-se, em consequência, em algum termo, da transferência deimprecisões quantitativas para o particular, como ainda, de um esforçofiscalizatório menor, no que se refere à verificação em pormenores dosquantitativos de cada serviço. Embora os cuidados com a qualidade doobjeto permaneçam, não se fazem necessárias avaliações meticulosas eindividuais de quantidades. Ao executar, por exemplo, um piso cerâmicode uma obra em uma empreitada por preço unitário, uma vez que secontrata um preço por unidades determinadas, pega-se a trena e se medeexatamente o que foi feito. Se as medidas indicarem que se executarem100,5 m2, 100,5 m2 serão pagos (e não 100 m2). No preço global, de outromodo, como se contratou a obra por preço certo e total (se não houvermodificação de projeto), uma vez que o piso da sala foi feito, remunera-seo previsto em contrato - ou exatamente 100 m2.

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7. Note-se, no entanto, que, na EPG, a assunção pela empresa dos riscos das

possíveis quantificações a menor ou omissões de serviços nada tem a ver com a possibilidade

de a contratada decidir-se a fazer alterações nos serviços previstos no cronograma físico-financeiro, sem antes submetê-la à Administração para que esta avalie a necessidade e a

vantajosidade ou não da alteração pretendida. O cronograma físico-financeiro deve ser

cumprido consoante ajustado, sendo os pagamentos efetuados conforme a verificação da

realização dos serviços nele dispostos. Mesmo porque, trata-se do planejamento dos serviçosa serem realizados em cada fase de execução da obra, contendo os valores a serem

despendidos por esses serviços, sendo por meio do cronograma físico-financeiro que aAdministração faz a medição, o monitoramento e o controle da obra.

8. Nesse sentido, cumpre destacar trecho do Contrato n° 01/2015, relativo aopagamento das parcelas correspondentes aos serviços prestados, senão vejamos:

CLÁUSULA DÉCIMA - DO PAGAMENTO

O pagamento será feito parceladamente, conforme cronograma físico-financeiro apresentado pela CONTRATADA. As parcelas deverãocorresponder aos serviços efetivamente concluídos e aceitos pelafiscalização da CONTRATANTE, apurados em medições mensais.Aprovada a medição pela FISCALIZAÇÃO, poderá o CONTRATADO emitire apresentar a respectiva nota fiscal, devidamente acompanhada dos demaisdocumentos pertinentes, a fim de que a CONTRATANTE possa efetuar opagamento, mediante ordem bancária creditada em conta corrente no prazode até 20 (vinte) dias úteis contados da apresentação do documento fiscalcorrespondente.(...)

PARAGRAFO SEGUNDO - Não serão medidos serviços executados emdesacordo com os projetos e as especificações ou que contrariem as normasvigentes, assim como a boa técnica de execução. (Grifou-se)

9. Aliás, corroborando com o entendimento de que a empresa não pode, por suavontade, alterar os serviços previamente previstos no cronograma físico-financeiro, devendo amodificação ser acordada e autorizada previamente pela Administração, vale registrar que oTribunal de Contas da União já se manifestou no sentido da necessidade de realização determo aditivo para a alteração do cronograma físico-financeiro, consoante se observa noAcórdão n° 4.465/2011 - 2a Câmara, in verbis:

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ACÓRDÃO TCU N° 4.465/2011-2“ CÂMARA

VOTO( . . . )Adianto que, no essencial, manifesto-me de acordo com a proposta daunidade técnica. Duas questões, porém, merecem algumas considerações.A primeira concerne à determinação proposta no item I, alínea b, no sentidode que a Câmara dos Deputados "passe a celebrar termo aditivo aoscontratos de obras e serviços de engenharia sempre que ocorrer alteraçãodo cronograma físico-financeiro respectivo, mencionando explicitamente nonovo termo a modificação ocorrida".Sobre o assunto, divergiu o Ministério Público junto ao TCU, por entendernão ser necessária a formalização de um Termo Aditivo nessas hipóteses,sendo suficiente o registro da alteração do cronograma físico-financeiro emalgum outro documento, fazendo, ainda, constar do processo de fiscalizaçãodo contrato as devidas motivações e justificativas para a aludida alteração,"sempre com anuência do gestor do contrato, e em consonância com osprincípios da razoabilidade e proporcionalidade" (fls. 472/473 do volume2).

Com a devida vénia do douto representante do Ministério Público junto aoTCU, entendo que o cronograma físico-financeiro, em muitos casos,determina o sucesso ou o fracasso de uma execução contratual, conformeesta Corte tem constatado nos inúmeros processos julgados nos quaisforam constatados os mais variados problemas decorrentes do não-cumprimento do cronograma físico-financeiro. A própria Lei n° 8.666/93traz preocupações quanto a essa matéria em diversos dispositivos, como,por exemplo, no artigo 65, inciso II, alínea c, ao tratar da alteraçãocontratual, ou ainda nos artigos 66 e 67, ao cuidar da execução contratual ede sua fiscalização. Eis a redação dos citados comandos legais:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, comas devidas justificativas, nos seguintes casos:II - por acordo das partes:

c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, porimposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicialatualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação aocronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestaçãode fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;

Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, deacordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei,respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução totalou parcial.

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Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada efiscalizada por um representante da Administração especialmentedesignado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo esubsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.

Por essas razões, entendo de melhor prudência a proposta sustentada pela3aSecex.

ACÓRDÃO

(...)

9.2.2. passe a celebrar termo aditivo aos contratos de obras e serviços deengenharia sempre que ocorrer alteração do cronograma físico-financeirorespectivo, mencionando explicitamente no novo termo a modificaçãoocorrida; (grifamos).

10. Diante disso, infere-se que, no caso concreto, a suposta substituição de forma

de execução do serviço de carregamento de cargas na obra somente poderia ocorrer se antes aempresa houvesse pleiteado a alteração junto à Administração, que daria ou não sua anuênciae promoveria ou não a celebração do respectivo termo aditivo, levando em conta anecessidade e a vantajosidade para o interesse público específico em voga.

11. No entanto, observa-se que não houve prévio acordo, tampouco comprovaçãode necessidade acerca das alterações executadas, consoante extrai-se do trecho, abaixotranscrito, do parecer elaborado pela Assessoria Jurídica da PRT 3a Região:

PARECER ASJUR N° 007/2016(...)

No caso, a não disponibilização/instalação, pela Contratada, deequipamento que constou expressamente da planilha orçamentária - e asua alegada substituição por equipamentos diversos não contou com oaval técnico da Contratante.

Frise-se que inexistem no processo quaisquer análises oujustificativas quanto à citada alteração qualitativa, que comprovem a realnecessidade/vantajosidade de tal modificação. Por outro lado, caso seentenda tecnicamente viável a modificação, esta deverá ser formalizada pormeio de termo aditivo, que deverá contemplar, inclusive, o impactofinanceiro da adoção de tal solução, mediante utilização das tabelaspróprias e mantendo-se o percentual de desconto ofertado na proposta.

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Concluindo: a Lei n° 8.666/93 e a jurisprudência do TCU são firmesno sentido de que os órgãos/entidades públicos somente devem autorizar aexecução, medições e pagamentos de serviços executados e previstos nocontrato, sendo necessário termo aditivo nos casos em que haja redefiniçãoqualitativa e/ou quantitativa em relação ao inicialmente pactuado.

(O grifo foi acrescido)

12. A Administração somente tomou ciência da alegada alteração da forma de

execução do serviço, após a recusa do pagamento pelo serviço não executado de montagem e

desmontagem do elevador de carga. Nesse momento, a empresa, por meio do Ofício RC300/2015, trecho abaixo transcrito, informou a Administração da opção por utilizar a verbadestinada ao item elevador de carga em outros equipamentos, diversos daqueles previstosinicialmente, que, segundo alega, se apresentaram mais eficientes e necessários à logística

horizontal e vertical para execução de várias atividades no decorrer da obra:

Entretanto, cumpre esclarecer que por questões de otimização dos serviçosem execução, a CONTRATADA optou por utilizar a verba destinada para oitem 01.05 Equipamentos da PLS licitada, a qual, por sua vez compreendeos subitens 01.05.01, 01.05.02 e 01.05.03 (Elevador de Obra paratransporte de cargos, montagem e instalação do elevador de obra edesmontagem, respectivamente) com a utilização de outros equipamentosdiversos daqueles previstos inicialmente, na medida em que se apresentammais eficientes e necessários à logística vertical e horizontal da execução deuma série de atividades no decorrer da obra, tais como Guincho Coluna,Guindaste, Caminhão Munck, Caçamba, Plataforma Elevatória, EscadaModular etc.

13. A solicitação de aditivo somente ocorreu posteriormente, com a finalidadeapenas, ao que parece, de tomar possível o pagamento do preço total destinado ao serviço demontagem e desmontagem do elevador de carga que não foi executado, visto que o valor doaditivo proposto pela empresa ficou exatamente igual ao do item a ser substituído. Frise-se, apropósito, que consta na planilha equipamentos e ferramentas que não têm correspondência,no que se refere à função, ao elevador de obra, ou seja, que não podem ser considerados umasolução substituta para o transporte das cargas, além de serem, em geral, inerentes a qualquerobra. Como exemplo, cite-se a betoneira, a bancada para carpintaria, a bancada para serrapolicorte, a mangueira cristal para nível, o disco de serra circular, a furadeira, o martelo, oprumo de centro, a colher de pedreiro, a masseira plástica, a riscadeira, a chave de grifo e oalicate, entre outros.

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4V

<2.

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14. Aliás, corrobora com a ilação acima as alegações da empresa, por meio dos

Ofícios RC 315 e 362, ambos de 2015, no sentido de que o pagamento correspondente ao

elevador (itens 01.05.01 a 01.05.03), previsto no cronograma, é devido para cobrir despesas

de outros itens não previstos na proposta e inerentes à execução de uma obra, conforme trecho

a seguir transcrito:

OFÍCIO RC 315/2015

( )

Portanto, reitera a CONTRATADA o seu entendimento no sentido de que oitem 01.05 da Planilha de Serviços licitada trata-se única e exclusivamentede um item de logística o qual, frise-se, não irá agregar/integrar a obra, emnada interferindo no escopo do objeto licitado, sendo certo que,seguramente , na eventual hipótese de, além do Elevador de Obra paratransporte de cargas” (conforme previsto), a CONTRATADA viesse anecessitar de outros equipamentos - como é o caso - do contrato, face acaracterística do regime de execução adotado, coadunando com aargumentação trazida acima. Entretanto, a CONTRATADA, sabendo dascaracterísticas da obra quando da apresentação da proposta, levou emconsideração a necessidade de utilização de outros equipamentos de umaestratégia de logística que, por sua vez, em nada altera o objeto contratado,não sendo legítima, portanto, a glosa do item conforme procedido pelaCONTRATANTE. (Os grifos destacados não coincidem com os do textooriginal)

OFÍCIO RC 362/2015

( ...) tratando-se o regime de execução do contrato de empreitada por preçoglobal, é devido o pagamento correspondente ao item em referência,independente da sua efetiva utilização ou não, na medida em que o valorcorrespondente fora previsto pela CONTRATADA quando da análise daplanilha para cobrir outros itens de logística de obra não contempladospela PLS licitada. (Grifou-se)

15. Além de indicar que o aditivo foi a única alternativa para possibilitar apercepção do valor total do item referente ao elevador de carga (não executado) o trechoacima destacado mostra também a intenção da empresa de que deve haver o pagamento poritem não previsto em planilha, por meio de faturamento de item previsto, mas não executado.

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16. Essa prática, no entanto, afronta a legislação vigente e a juriprudência da Corte

de Contas. Segundo o Tribunal de Contas da União, a situação apresentada configuraria a

realização de pagamentos por “ química” , consistindo na efetivação de pagamento de novosserviços, sem cobertura contratual, não previsto no projeto originalmente licitado, utilizando-se para faturamento outros serviços previstos na planilha de preços original, sem executar

estes últimos serviços. Ademais, a situação caracterizaria também o pagamento por serviçonão executado. Tal situação, representaria relevante infração às normas legais (v.g. AcórdãosTCU n°s 1.606/2008, 81/2010, 3.021/2015, todos do Plenário; e Acórdão TCU n° 4.935/2012-2a Câmara).

17. Entre esses acórdãos sobreditos, ressalte-se as informações consubstanciadasno Acórdão TCU n° 4.935/2012-2a Câmara:

ACÓRDÃO TCUN° 4.935/2012-2“ CÂMARA

Relatório:

( ...)

III - ANÁLISE

(...)

88. Optou-se por tratar de forma conjunta as duas condutas citadas emfunção de, como será exposto, elas serem conexas. Consta no Relatório deAuditoria do TST, o fato de o TRT da 23a Região ter autorizado a execuçãode novos serviços sem a formalização de aditivo específico, contrariando odisposto no art. 65, I, a, c/c os arts. 60 e 62, da Lei n° 8.666/93. Ainda,aponta o Controle Interno do TST, o TRT da 23a Região mediu e pagoupor serviços previstos na planilha orcamentária inicial sem que estesfossem executados. Esta prática de pagamento adiantado fere as normasde administração financeira aplicáveis à Administração Pública.principalmente aquelas relativas à liquidação da despesa, artigos 62 e 63da Lei n° 4.320/1964, e o art. 38 do Decreto n° 93.872/1986.85. Em relação à autorização de execução de serviços antes da sua inclusãona planilha orçamentaria, mediante a celebração de termos aditivos, o TRTda 23a Região explicou que isso se deu por descontrole na condução doprocesso. Ainda, o TRT argumenta que os adiantamentos realizados foramuma compensação pelos novos serviços, sem aditivo específico, járealizados e não pagos. Por fim, argumenta que, dessa forma, não teriaocorrido prejuízo ao Erário.

"

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89. A prática citada resultou em divergências entre a empresa contratada eo TRT da 23a Região. A empresa contratada solicitou o montante de R$ 7,8milhões a título de pagamento pelos novos serviços executados, ao passoque o TRT da 23a Região propôs pagar R$ 5,1 milhões. Segundo a empresa,o acordo não foi satisfatório e ela pretende reivindicar a diferençaadministrativa ou judicialmente. Desnecessário dizer que esta situação seriaevitada caso houvesse a prévia celebração do termo aditivo, contemplado osnovos serviços em seus aspectos quantitativos, qualitativos e monetários,restando ajustados e acordados entre a contratada e o TRT da 23aRegião ostermos do contrato.90. Tais práticas violaram o disposto nos art. 65, 1, a, c/c os arts. 60 e 62, daLei n° 8.666/93; nos artigos 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964, e no art. 38 doDecreto n° 93.872/1986. Contudo, com relação ao pagamento adiantado,com base nas planilhas de medição disponibilizadas pelo TRT da 23a

Região, os valores pagos a título de serviços não executados sãocorrespondentes aos valores devidos pelos novos serviços executados.Assim, não ficou caracterizado o dano ao Erário.91. Sendo assim, é necessário ouvir em audiência o Sr. Sebastião PinheiroNeto (CPF 665.578.796-34), ex-diretor geral do Tribunal Regional doTrabalho da 23a Região, para que apresente suas razões de justificativa emrelação à construção do edificio-sede do TRT da 23a Região, no âmbito docontrato n° 18/96, em virtude dos seguintes fatos: a) execução de serviçosde construção do edificio-sede do TRT da 23aRegião sem previsão em termoaditivo devidamente formalizado, contrariando o disposto no art. 65, I, a,c/c os arts. 60 e 62, da Lei n° 8.666/93; b) pagamento de serviços deconstrução do edificio-sede do TRT da 23a Região sem que estes fossemexecutados, contrariando o disposto nos arts. 62 e 63 da Lei n° 4.320/1964,e o art. 38 do Decreto n° 93.872/1986.(...)

IV - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

(. ..)

Item I - execução e pagamento de serviços não previstos na planilhaorçamentária da obra de construção da sede do TRT/23a, sem aformalização de termos aditivos específicos

45. Para esses quesitos, o responsável foi instado a se justificar pela:"execução de serviços não previstos na planilha orçamentária da obra deconstrução do edificio-sede do TRT da 23a Região sem a formalização determos aditivos específicos" e pelo "pagamento de serviços relativos àconstrução do edificio-sede do TRT da 23a Região sem que estes fossemexecutados, conforme detalhado no item T da instrução do TCU/Secob-3". t f46. Para clarificar o ocorrido, transcrevem-se excertos do Relatório de y

Auditoria do TST (peça 3, p. 38-39): 1

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Constam nos autos documentos demonstrando pagamentosantecipados à empresa Encon. Entretanto, é fato que na ocasiãoexistiam inúmeros serviços executados pendentes de acordo e determo aditivo. Desse modo, em realidade, os 'adiantamentos'operados foram uma espécie de compensação por outros serviços járealizados e não pagos. Em princípio, não existe prejuízo ao erário,até porque, neste momento, a empresa é credora do Tribunal.Contudo, o fato constitui-se em ato inadequado e demonstradescontrole na condução do processo.A não formalização tempestiva de termos aditivos, relativamente aosserviços novos ou acrescidos/diminuídos, demonstra inversão dasfases da despesa (empenho - liquidação -pagamento) e está emdesacordo com os ditames da Lei n° 4.320/64.( ...)

O ex-Diretor Geral, ao que parece, trabalhou com uma falsarealidade quando deixou de considerar no valor da obra outrasdespesas indiretas que também haviam impactado o orçamento.Todavia, nada disso teria acontecido se os termos aditivos tivessemtempestivamente sido firmados. Houve falha na gestão do processo.

47. Ficou evidenciado que, durante a gestão do responsável, houve aexecução de serviços sem cobertura contratual e o pagamento por serviçostambém não previstos contratualmente, caracterizando a falta de termosaditivos celebrados em momento adequado e violando assim o disposto nosart. 65, I, a, c/c os arts. 60 e 62, da Lei 8.666/1993; 62 e 63 da Lei4.320/1964; e 38 do Decreto 93.872/1986.48. As informações colacionadas pelo TST e pela equipe do TCU nainstrução inicial deste processo informam que, com base nas planilhas demedição da obra, os valores pagos a título de serviços não executadoscorrespondem aos valores devidos pelos novos serviços executados. Houveentão o chamado pagamento por "química", mas, apesar dairregularidade, não ficou caracterizado dano ao erário, não sendonecessária a instauração de TCE. (grifo acrescido)

49. A realização de pagamentos por "química" constitui falha relevantesobre a qual esta Corte já se pronunciou, conforme se verifica no AcórdãoTCU 1.606/2008 - Plenário:

Tal prática, conhecida no jargão da engenharia como "química"consiste em realizarem-se pagamentos de serviços novos, semcobertura contratual, fora do projeto originalmente licitado,utilizando-se para faturamento outros serviços, estes sim, constantesda planilha de preços original, sem a respectiva execucão destesúltimos, para futura compensação. Trata-se. evidentemente, deirregularidade gravíssima. \

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50. Verifica-se, com efeito, que os atos aqui avaliados caracterizamrelevante infração às normas legais aludidas e com a revelia doresponsável não foram carreados elementos para que se possa reconhecera sua boa-fé. Com efeito, deve o responsável ser apenado com multa nostermos do art. 58, II, da Lei 8.443/1992. A mais, a prática de "química"constitui ato que põem em risco a administração, portanto importa proportambém dar ciência ao TRT/23ade sua ilegalidade.

( ...)

Proposta de Encaminhamento

57. Por todo o exposto, sugere-se encaminhar o presente processo aoRelator, Exmo Ministro-Substituto Weder de Oliveira, com as propostasabaixo descritas:

( ...)

c) execução e pagamento de serviços sem cobertura contratual, nãoprevistos em termos aditivos celebrados tempestivamente, no âmbito doContrato 18/1996, violando o disposto nos arts. 60 e 62, da Lei 8.666/1993,62 e 63 da Lei 4.320/1964 e 38 do Decreto 93.872/1986, de acordo com oitem 3.5 desta instrução;

VOTO

( ...)

5. Consoante se verifica das instruções transcritas no Relatório anterior, asocorrências constatadas pela Secex/MT e pela Secob-3, são graves osuficiente para justificar aplicação de multa ao responsável, porquantoconsistem em descumprimento de vários dispositivos da Lei 8.666/1993, daLei 10.934/2004 (LDO/2005), da Lei complementar 101/2000 (LRF), da Lei4.320/1964, do Decreto 93.872 e até da Constituição Federal, conformedemonstrado pela Unidade Técnica no decorrer daquelas peças instrutivas.(...)

8. Por fim, entendo que a gravidade das ocorrências apontadas, as quais seconstituem em descumprimento a dispositivos constitucionais e legais,demandam que o Tribunal formule determinações corretivas ao TRT/23a

Região/MT, de modo a evitar que estas ocorram novamente, em vez deapenas cientificar-se àquele Órgão, como sugere a Secob-1.Ante o exposto, acolho os pareceres da Unidade Técnica, com os ajustesconsiderados necessários, e Voto no sentido de que o Tribunal adote adeliberação que ora submeto a este Colegiado.

ACÓRDÃO:

(...)

14/15O

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9.3. determinar ao Tribunal Regional do Trabalho da 23a Região/MT, queadote providências no sentido de evitar as ocorrências da mesma naturezadaquelas constatadas no presente processo, consistentes em:

(...)

9.3.8. execução e pagamento de serviços não previstos na planilhaorçamentaria, sem cobertura contratual, utilizando-se para faturamentooutros serviços constantes do orçamento (obra de construção da sede doTRT/23a/MT), o que está em desacordo com a jurisprudência do tribunal,conforme o Acórdão 1.608/2008 - TCU - Plenário; (grifos acrescidos).

18. Ante todo o exposto, somos de parecer pelo indeferimento do pleiteado pelaempresa contratada, com a consequente manutenção da glosa dos serviços constantes no item01.05-elevador de obra, instalação e desinstalação.

À consideração superior.

Brasília, ' j de abril de 2016.

de Gestão

De acordo.À consideração do Senhor Auditor-Chefe.

Aprovo.Encaminhe-se à PRT/3a e á SEAUD.

EmJ / 4 / 2 0 1

SEBASTIÃO

1GONÇALVES DE AMORIMAuditor-ChefeSecretária de Orientação e Avaliação

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