ministÉrio do planejamento, orÇamento e gestÃo … estrutura da empresa brasileira de serviços...
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MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO
Secretaria de Gestão Pública
Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal
Coordenação-Geral de Aplicação das Normas
NOTA INFORMATIVA Nº 26/2015/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP
Assunto: Consulta acerca da possibilidade de concessão de diárias a servidor público
cedido a empresa pública ou sociedade de economia mista.
SUMÁRIO EXECUTIVO
1. A Consultoria Jurídica deste Ministério, por intermédio do PARECER Nº
1541-8/2014/ASF/CONJUR-MP/CGU/AGU, fls 66-69, retorna o processo em epígrafe,
em resposta as consultas formuladas mediante a Nota Técnica nº
117/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, que trata da possibilidade de utilização dos
valores constantes no Decreto nº 5.992, de 19 de dezembro de 2006, para pagamento de
diárias a servidores cedidos ocupantes de funções comissionadas que compõem a
estrutura da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, utilizando-se, por
analogia, da correlação contida na Orientação Normativa nº 11, de 2013.
2. Em consonância com o parecer precitado e em respeito ao principio da
legalidade, conclui-se pela impossibilidade de aplicação analógica do Decreto nº 5.992,
de 2006, para pagamento de diárias a servidores cedidos às empresas públicas e às
sociedades de economia mista.
3. Pelo encaminhamento dos autos à Coordenação-Geral de Gestão de
Pessoas do Ministério da Educação, para ciência e providências que se fizerem
necessárias.
INFORMAÇÕES
4. Instada a se manifestar, esta Coordenação-Geral de Aplicação das
Normas exarou a Nota Técnica nº 117/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, na qual
entendeu que, se não há direito adquirido a regime público e se o tempo de atividade
desenvolvida em empresa pública ou sociedade de economia mista só pode ser
considerado para fins de aposentadoria e de disponibilidade, é possível afirmar que a
situação contrária também deve ser analisada sob a mesma ótica. Significa dizer que
enquanto perdurar a cessão do servidor público àqueles entes, este tempo só poderá ser
computado para fins de aposentadoria e disponibilidade não sendo possível a concessão
de qualquer vantagem instituída pela Lei nº 8.112, de 1990, devidas exclusivamente aos
ocupantes de cargo público.
5. Aduziu, ainda que, enquanto perdurar a cessão de servidor público para
empresa pública ou para sociedade de economia mista, o regime jurídico ao qual está
originalmente subordinado - Lei nº 8.112, de 1990 - ficará suspenso, até o seu retorno
ao órgão de origem.
6. E, por fim concluiu que, os entendimentos adotados no âmbito do órgão
central do SIPEC quanto à possibilidade de equiparar o empregado público ao servidor
para fins de concessão e/ou manutenção das vantagens instituídas pela Lei nº 8.112, de
1990 – exclusivas dos servidores ocupantes de cargos públicos – sempre foi no sentido
de sua impossibilidade, como é o caso do auxílio-moradia, da remoção e do exercício
provisório, dentre outros, por falta de previsão legal.
7. No entanto, tendo em vista a especificidade do assunto, esta CGNOR
submeteu as questões a seguir à Consultoria Jurídica deste Ministério:
a) o mesmo raciocínio constante do PARECER Nº 0931-
3.10/2013/TLC/CONJUR/MP-CGU/AGU poderia ser aplicado também à
situação inversa, ou seja, de servidor público cedido à empresa pública ou
sociedade de economia mista?
b) em caso positivo, o regime jurídico a que está submetido o servidor público
ficará suspenso durante o período em que permanecer cedido, ficando ele
sujeito ás normas dos entes para os quais tenha ocorrido a cessão?
d) em caso positivo, este período – de serviço prestado em atividade privada –
não poderá ser considerado para análise dos requisitos de concessão de
adicionais, gratificações, licenças e indenizações conforme entendimento
esposado no PARECER Nº 0931-3.10/2013/TLC/CONJUR/MP-CGU/AGU?
e) é possível que a empresa ou a sociedade de economia mista conceda ao
servidor público o mesmo tipo de compensação salarial conferida aos seus
empregados públicos em caso de viagens a serviço nos moldes vigentes no seu
âmbito?
8. Em resposta a CONJUR/MP manifestou-se por meio do PARECER Nº
1541-8/2014/ASF/CONJUR-MP/CGU/AGU, 05 de janeiro de 2015, nos seguintes
termos:
17. Resta claro, portanto, que o regime jurídico aplicável para fins de
concessão de diárias no caso de servidor cedido a EBSERH deverá ser pautada
nos ditames do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (Consolidação das
Leis do Trabalho – CLT). Acaso estivesse previsto na Legislação que, nos casos
de cessão de servidor publico federal, o cálculo das diárias dos servidores
cedidos devem ser feitos nos moldes e valores previstos no Decreto nº
5.992/2006, aí sim poderíamos utilizar o decreto retro citado como fonte para
aplicação e cálculo dos valores pagos a título de diárias a servidor cedido a
empresa pública.
18. Isso não que dizer, por evidente, que seja vedado o pagamento de
diárias a servidor cedido a empresa pública regida pela CLT. Inclusive, o
pagamento de diárias a trabalhadores sujeitos ao regime da CLT possui, sim,
respaldo legal (art. 457, §1º, da CLT). O que se pretende deixar claro é que não
se pode manejar instituto tipicamente estatutário em benefício de servidor sob
regência da CLT, sob o fundamento de estar-se procedendo de forma isonômica
mediante o emprego da analogia.
19. No que tange à aplicação, por analogia da correlação de cargos de
que trata a Orientação Normativa nº 11/2003 (sic) para fins de cálculo do
valor a ser pago a servidor cedido a título de diárias, o próprio artigo 3º da
Orientação Normativa retro citada restringe a aplicabilidade da correlação
de cargos, mormente em respeito ao princípio da legalidade já delineado no
presente parecer.
[...]
20. Feitas essas considerações, e ponderando que a Nota Técnica nº
177/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP foi bastante elucidativa no
desenvolvimento da problemática aqui abordada, passemos a responder,
objetivamente e de forma pontual, aos questionamentos suscitados pela
Coordenação-Geral de Aplicação das Normas desta pasta. A fim de sistematizar
as respostas e manter o contexto de todas as perguntas, eis que algumas
apresentam relação de prejudicialidade em relação à pergunta anterior [...]
21. Pois bem. Em resposta à primeira pergunta (questionamento “a”),
considerando que não ficou claro qual raciocínio o consulente está se referindo,
tem-se que o seguinte raciocínio desenvolvido no PARECER Nº 0931-
3.10/2013/TLC/CONJUR/MP-CGU/AGU pode ser utilizado para o caso
apresentado nos autos: a administração está adstrita ao princípio da legalidade e
o regime jurídico aplicável à administração pública direta, autárquica e
fundacional não se comunica, salvo nos casos expressamente previstos em lei,
ao regime aplicável às empresas públicas e sociedades de economia mista.
Destaca-se, contudo, que, para o caso em tela, no momento que o servidor
público é cedido a uma empresa pública regida pela CLT, não há rompimento
do vínculo estabelecido pela Lei nº 8.112/90, o que nos leva à análise do
segundo questionamento.
22. Referente à segunda pergunta (questionamento “b”) para o servidor cedido,
o mesmo será regido pelo regime jurídico do órgão cessionário. Isso não quer
dizer, contudo, que haverá um rompimento do servidor cedido com o regime
jurídico do órgão cedente. Haverá apenas uma suspensão, quase que total, do
regime jurídico aplicável aos servidores do cedente. Diz-se parcial por que, em
alguns pontos específicos, previsto na legislação, haverá incidência do regime
do cedente para o período que o servidor estiver cedido.
23. No tocante à terceira pergunta (questionamento “d”), para o servidor
cedido, ou seja, o serviço prestado na EBSERH não poderá ser considerado para
análise dos requisitos de concessão de adicionais, gratificações, licenças e
indenizações conforme entendimento esposado no PARECER Nº 0931-
3.10/2013/TLC/CONJUR/MP-CGU/AGU, salvo expressa previsão legal.
24. Por fim, em resposta à quarta pergunta (questionamento “e”), o pagamento
de diárias a empregados sujeitos ao regime da CLT possui respaldo legal no art.
457, § 1º, da CLT, No caso EBSERH, inclusive, existe previsão no artigo 19 do
seu Regulamento de Pessoal (constante dos autos), de previsão de pagamento de
diárias de viagem aos seus empregados.
[...]
9. Depreende-se do acima transcrito que:
I - o regime jurídico aplicável para fins de concessão de diárias no caso
de servidor cedido a EBSERH deverá ser pautada nos ditames do
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943;
II - salvo nos casos expressamente previstos em lei, o regime jurídico
aplicável à administração pública direta, autárquica e fundacional não se
comunica com o regime aplicável às empresas públicas e às sociedades
de economia mista;
III - enquanto perdurar a cessão de servidor público para empresa pública
ou para sociedade de economia mista, o regime jurídico ao qual está
originalmente subordinado - Lei nº 8.112, de 1990 - ficará suspenso,
quase que totalmente, até o seu retorno ao órgão de origem;
IV - o serviço prestado em empresa pública e em sociedade de economia
mista não poderá ser considerado para análise dos requisitos de
concessão de adicionais, gratificações, licenças e indenizações, salvo
expressa previsão legal; e
V - por fim, pela impossibilidade de aplicação analógica do Decreto nº
5.992, de 2006, para pagamento de diárias a servidores cedidos às
empresas públicas e às sociedades de economia mista.
10. Por todo o exposto, em consonância com o parecer precitado e em
respeito ao principio da legalidade, conclui-se pela impossibilidade de aplicação
analógica do Decreto nº 5.992, de 2006, para pagamento de diárias a servidores cedidos
às empresas públicas e às sociedades de economia mista.
11. Ademais, a correlação de cargos e funções comissionadas será utilizada
exclusivamente para subsidiar a análise de processos de cessão, portanto, os
procedimentos estabelecidos na Orientação Normativa nº 11, de 2013 não se prestam a
nenhum outro fim, tais como: atualização de parcela de quintos/décimos ou pagamento
da vantagem denominada opção de função, em observância ao expressamente
estabelecido no seu art. 3º, e no item 15 da Nota Técnica nº
258/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, de 06 de setembro de 2013.
12. Em suma, acerca das ocorrências que ensejem o pagamento de diárias
decorrentes de viagens a serviço de servidor público cedido à empresa pública ou à
sociedade de economia mista, este ficará sujeito aos normativos vigentes no âmbito
daqueles entes, bem como o ônus, que recairá sob quem der causa à referida despesa.
13. Com tais informações, submetemos os autos à apreciação das instâncias
superiores, sugerindo sua restituição à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas do
Ministério da Educação, para conhecimento e demais providências.
À deliberação da Senhora Coordenadora-Geral.
Brasília, 19 de março 2015.
TELMA NUNES MENEZES
Técnica da DILAF MÁRCIA ALVES DE ASSIS
Chefe da Divisão de Direitos, Vantagens
Licenças e Afastamentos - DILAF
De acordo. À consideração do Senhor Diretor, para apreciação dos
termos técnicos expostos, e se de acordo, encaminhar à Coordenação-Geral de Gestão
de Pessoas do Ministério da Educação.
Brasília, 19 de março 2015.
ANA CRISTINA SÁ TELES D’AVILA
Coordenadora-Geral de Aplicação das Normas
Aprovo. Restitua-se à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas do
Ministério da Educação, na forma proposta.
Brasília, 19 de março 2015.
ROGÉRIO XAVIER ROCHA
Diretor do Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais de Pessoal