ministÉrio do meio ambiente - mma.gov.br · ministÉrio do meio ambiente ... ocorrem no âmbito do...

45
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E QUALIDADE AMBIENTAL DIRETORIA DE QUALIDADE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA GERÊNCIA DE RESÍDUOS PERIGOSOS R egistro de E missão e T ransferência de P oluentes – RETP Volume 6 - Manual Setorial: Atividades de grupos interessados Agosto 2010

Upload: lamkiet

Post on 22-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E QUALIDADE AMBIENTAL

DIRETORIA DE QUALIDADE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA

GERÊNCIA DE RESÍDUOS PERIGOSOS

Registro de Emissão e Transferência de Poluentes – RETP

Volume 6 - Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

Agosto 2010

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 2 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E QUALIDADE AMBIENTAL

DIRETORIA DE QUALIDADE AMBIENTAL NA INDÚSTRIA

GERÊNCIA DE RESÍDUOS PERIGOSOS

Registro de Emissão e Transferência de Poluentes – RETP

Volume 6 - Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MMA. Ministério do Meio Ambiente. Registro de Emissão e Transferência de Polu-entes – RETP. Manual Setorial: Atividades de grupos interessados. Volume 6. 2010.

1. Poluentes. 2. Emissões. 3. Transferências. 4. Gestão Ambiental

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 3 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

NOTA PRÉVIA

Este texto é de livre acesso e poderá ser reproduzido, no todo ou em

parte, por toda e qualquer parte interessada, desde que reconhecida a

fonte.

Nele são descritos os elementos, mecanismos e instrumentos para o

funcionamento do RETP Registro de Emissão e Transferência de Po-

luentes, integrado ao Cadastro Técnico Federal do IBAMA e operaci-

onalizado através do Portal RETP, na página eletrônica do Ministério

do Meio Ambiente.

Espera-se que os usuários contribuam para o aperfeiçoamento do tex-

to, a fim de que o entendimento do conteúdo seja cada vez mais bem

aproveitado por leitores com diferentes interesses.

O RETP é um sistema de coleta e processamento, com divulgação

livre e irrestrita baseada no princípio do direito público de acesso à

informação.

Ministério do Meio Ambiente

Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental

Diretoria de Qualidade Ambiental na Indústria

Esplanada dos Ministérios – Bloco B – 8º andar

70068-900 - Brasília - DF - Brasil

Telefone +55-61-2028-1215

Página na Internet www.mma.gov.br

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 4 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Texto elaborado pela consultoria Intertox Ltda., segundo Contrato de Prestação

de Serviços nº BRA 10-07502/2009, e pela equipe técnica a ela associada:

EQUIPE TÉCNICA

Coordenador Geral

Moysés Chasin

Coordenador Técnico

João Salvador Furtado

Consultores

Ademar Haruo Yamada

Alice A. da Matta Chasin

Fabriciano Pinheiro

Fausto Antonio de Azevedo

Marcus E. M. da Matta

Rafael Candido de Oliveira

COORDENAÇÃO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

Sérgia de Souza Oliveira Diretora do Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria

Zilda Maria Faria Veloso

Gerente de Resíduos Perigosos

Revisão Técnica

Mirtes Vieitas Boralli Técnica Especializada

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 5 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Conteúdo

1. O que é o RETP ................................................................. 11 1.1. Apresentação resumida 11 1.2. Participantes do RETP Brasil 12

2. Elementos essenciais do RETP ......................................... 16 2.1. Missão 16 2.2. Visão 16 2.3. Objetivos 16 2.4. Abrangência 17 2.5. Marco legal 18 2.6. Modelos mentais no RETP 19 2.7. Avaliação anual 20 2.8. Direcionadores de desempenho do RETP 20

3. Aspectos operacionais ....................................................... 24 3.1. Relações entre a Coordenadoria de Gestão e as organizações interessadas 24 3.2. Papel das organizações alvo e participação pública 24 3.3. O papel das partes interessadas 25 3.4. Participação objetiva das organizações interessadas 29 3.5. Fluxos de dados e informações 30 3.6. Base de dados do RETP 36 3.7. Qualidade da informação ou manifestação da Organização interessada 37 3.8. Qualidade geral no RETP Brasil vista pela Organização declarante 41 3.9. Auditoria no RETP 42 3.10. Condição de sigilo 43 3.11. Capacitação dos integrantes e demais interessados no RETP 44

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 6 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

INTRODUÇÃO

O Registro de Emissões e Transferência de Poluentes – RETP é um sistema de uso

internacional de coleta e tratamento de dados e informações, para posterior acesso e

divulgação públicos, sobre atividades e substâncias químicas selecionadas que cau-

sam ou têm o potencial de causar riscos ou danos ao ambiente ou à saúde humana.

O RETP Brasil é criação do Ministério do Meio Ambiente, administrado pela Coor-

denadoria de Gestão do RETP e cujo funcionamento se dá por meio de declarações

feitas por empresas e outras organizações ao formulário eletrônico do CTF Cadastro

Técnico Federal, sob a gestão do IBAMA. Estes dados e informações, de interesse

para o RETP, são transferidos automaticamente para o Portal RETP, gerenciado pe-

la Coordenadoria de Gestão e disponibilizados livremente, sob a forma de relatórios

e outros tipos de informações.

Este Manual Setorial descreve os procedimentos do sistema RETP a fim de orientar

as organizações interessadas no acesso, uso de informações e elaboração de co-

mentários e outros tipos de manifestações a respeito dos relatórios divulgados e do

RETP propriamente dito.

As organizações interessadas podem ser referidas sob diferentes denominações. De

acordo com a estrutura organizacional e operacional do RETP, correspondem, gene-

ricamente, aos Grupos ad hoc. Esta nomenclatura se aplica a conjuntos organizados

de pessoas formalmente convidadas para colaborar, mas sem habilitação para fun-

ções administrativas formais no RETP. Inclui, também, grupos ou organizações es-

truturadas, por iniciativa própria e que desejarem se manifestar ou interagir com a

gestão do RETP.

O modelo adotado pelo RETP Brasil considera as organizações interessadas nas ti-

pologias Grupo de interesse e Grupo de pressão. São organizações tipicamente

usuárias das informações geradas a partir dos dados fornecidos pelas organizações

declarantes sendo estas tratadas em Manual específico.

O envolvimento e participação de gestores e membros da organização interessada é

muito importante para o RETP. Além de usuários das informações, a contribuição

da organização, quando feita por meio de pessoas qualificadas do ponto de vista

técnico, contribui direta e objetivamente para o aprimoramento do RETP.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 7 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Destas organizações, espera-se a prática dos princípios de transparência, prestação

de contas e responsabilidades compartilhadas, preconizado e enfatizado para a con-

duta de todo os que participam do RETP Brasil.

A descrição – para as organizações interessadas – da maneira como as atividades

ocorrem no âmbito do RETP visa oferecer as informações básicas para o entendi-

mento do RETP, em alinhamento aos textos dos Volume 1 Manual descritivo e Vo-

lume 2 Instruções Complementares e os Manuais Setoriais para as diferentes partes

envolvidas.

· Este Manual Setorial descreve procedimentos que deverão ser implementa-

dos de acordo com o cronograma definido pela Diretoria de Qualidade Am-

biental na Indústria do MMA, por meio da ação da Coordenadoria de Gestão

do RETP e de maneira gradativa, de acordo com a institucionalização do

RETP.

· A nomenclatura usada neste documento, da mesma forma que as estruturas e

funções descritas, está sujeita a adaptações e modificações específicas que

atendam às atribuições e aos limites político-administrativos e, especialmen-

te, jurídicos do MMA, sem negligenciar as diretrizes de aperfeiçoamento

continuado e efetivo.

· Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer as possíveis análises jurídicas mais

profundas, novos marcos legais e instrumentos de estímulo econômico, am-

biental e social para as partes envolvidas e que afetam os procedimentos no

RETP.

· A operacionalização do RETP Brasil está descrita por inteiro, no Manual Ge-

ral, no Manual de Gestão e em documentos que fazem parte do processo de

concepção, de posse do MMA.

o O modelo prevê a opção de implementação gradativa, por decisão do

MMA, e de forma também gradativa, flexível e compatível com o

processo de aprendizagem.

o A operacionalização do RETP Brasil fortalece a mudança mental –

de comando-e-controle para o de desempenho preventivo com quali-

dade – implicando, portanto, na demanda de modificações de marcos

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 8 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

legais e criação de instrumentos de incentivos não necessariamente

fiscais, como aconteceu com semelhantes instrumento sem outros pa-

íses.

o A missão do RETP Brasil apoia-se na Política Nacional de Meio

Ambiente, e se insere no âmbito do SISNAMA - Sistema Nacional

do Meio Ambiente, para oferecer, ao público nacional e internacio-

nal, mecanismo competente, eficaz e eficiente para registrar, em ba-

ses correntes, as emissões e as transferências das substâncias poluen-

tes e, dessa maneira, melhorar a gestão das organizações, a qualidade

de vida e do ambiente.

o No Brasil, o RETP está alicerçado no compromisso assumido pelo

país durante o III Foro Intergovernamental de Segurança Química,

em Salvador/BA, no ano de 2000, contando como a 4ª Prioridade do

Plano de Ação para Segurança Química do Ministério do Meio Am-

biente.

o Neste sentido, os gestores do RETP deverão reforçar a mensagem da

utilidade do sistema para diferentes grupos de interesse, sob vários

aspectos, como os ilustrados a seguir.

O RETP constitui importante recurso para formulação de políticas públicas, gestão

ambiental e, especialmente, gerenciamento de risco, para uso nas esferas Federal,

Estadual e Municipal.

No âmbito das corporações e de outras empresas privadas, o Sistema representa ba-

se técnica para tomada de decisões e de ações efetivas para aprimoramento de pro-

cessos produtivos, redução de custos de produção e aperfeiçoamento da Responsabi-

lidade Socioambiental Empresarial.

Para as associações industriais, o RETP revela o desempenho nos respectivos seto-

res e fornece indicadores para políticas setoriais, emprego de melhores práticas, ges-

tão econômica e fortalecimento do valor da marca e imagem dos participantes do

segmento.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 9 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Os demais grupos de interesse terão oportunidade de acompanhar o desempenho das

organizações, graças ao princípio do direito público de acesso à informação e exer-

cício da cidadania individual e coletiva.

O propósito é o de fortalecer o desempenho e consolidação do sistema – como fer-

ramenta, de uso internacional, para levantamento, tratamento, acesso e divulgação

pública de dados (elementos alfanuméricos) e informações (dados tratados e com ju-

ízo de valor) sobre as emissões para os compartimentos ambientais ar, água e solo e

a transferência para variados fins de substâncias poluentes que efetivamente causam

ou que tenha potencial de causar riscos ou danos para a saúde humana e ambiental.

· Uma vez em operação, o sistema RETP Brasil contribuirá para a formulação

e o desempenho efetivo de políticas governamentais.

· Na esfera corporativa, o sistema poderá subsidiar decisões e ações efetivas

no campo da Responsabilidade Social Empresarial, devido, principalmente,

ao papel desse setor no fornecimento dos dados e informações, por meio de

declarações ao CTF/IBAMA.

· Economicamente, o RETP contribuirá para os setores industriais envolvidos

diretamente com a declaração de dados e informações, no aprimoramento

dos processos produtivos, com o emprego das melhores práticas disponíveis,

garantindo menor nível de emissão e de transferência de poluentes.

· A sociedade, por sua vez, terá garantido seu direito de acesso à informação e

participará na tomada de decisão, como exercício de cidadania. Neste senti-

do, o envolvimento, engajamento e corresponsabilidade das organizações in-

teressadas constitui elemento importante para a objetividade do RETP, pe-

rante a sociedade em geral, seja por iniciativa própria ou como participante

institucionalizado sob a condição de Grupo ad hoc.

· No contexto do RETP, o Grupo ad hoc constitui denominação genérica para

designar todo e qualquer grupo, formal ou informal de pessoas físicas espe-

cialmente convidadas pelo MMA para executar atividades específicas, de ca-

ráter colaborativo, mas que não faz, nem fará parte da administração institu-

cional do RETP.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 10 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· São considerados vários tipos de Grupo ad hoc, dos quais são esperados co-

mentários, idéias, sugestões, recomendações ou tarefas especialmente pré-

definidas. Os tipos de grupo ad hoc são abordados mais à frente, neste do-

cumento.

A memória técnica-organizacional do RETP contém documentos representados por

Manual Geral do RETEP, Manual de Gestão pela Coordenadoria de Gestão, textos

resultantes da concepção e elaboração do projeto e vários tipos de Anexos nos quais

estão apresentadas metodologias para definição de atividades geradores de poluen-

tes, lista de substâncias, critérios para medições, condutas em RETPs de outros Paí-

ses, glossário, listagem de técnicas para medições e respectivas fontes, entre outras

informações pertinentes à concepção e funcionamento do RETP.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 11 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

1. O que é o RETP

1.1. Apresentação resumida

O RETP Brasil (Fig. 1) é iniciativa do Ministério do Meio Ambiente do Governo do

Brasil e integrado ao Cadastro Técnico Federal/IBAMA. Está fundamentado em

marco regulatório federal e constitui ferramenta de uso internacional1, como sistema

de levantamento, tratamento, acesso e divulgação pública de dados (elementos alfa-

numéricos) e informações (dados tratados e juízo de valor) sobre as emissões e as

transferências de poluentes constantes de lista oficial, presentes em atividades pro-

dutivas, que causam ou têm o potencial de causar impactos maléficos, para os com-

partimentos ambientais, ar, água e solo.

Figura 1 – Macroestrutura de comunicação Institucional do RETP Brasil

1 Internacionalmente, a denominação no idioma inglês é Pollutant Release and Transfer Registers (PRTR).

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 12 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

1.2. Participantes do RETP Brasil

Fazem parte do RETP os seguintes agentes ou atores.

· Coordenadoria de Gestão, para execução das atividades correntes

· Grupo Nacional do RETP, de caráter consultivo e normativo, formado por

representantes qualificados de múltiplas partes interessadas

· Grupos sociotécnicos, convocados para colaboração sob demanda

· Órgãos colaboradores, representados por unidades governamentais especiali-

zadas, de diferentes áreas geopolíticas do Brasil

· Organizações e pessoas físicas, que declaram suas atividades ao

CTF/IBAMA

· Outras partes ou grupos de interesse, para manutenção de diálogo para con-

vergência de expectativas no âmbito de atuação do RETP. A estes são agre-

gados os grupos de pressão que não se relacionam objetivamente com o

RETP mas que, juntamente com o público em geral, são reconhecidos como

fontes de demandas e de manifestação de expectativas de diversos setores

socioeconômicos, com ou sem relações diretas com o RETP.

Coordenadoria de Gestão do RETP

Unidade administrativa, no âmbito institucional público do MMA, encarregada da

implementação administrativa das deliberações do MMA, incorporadas com as su-

gestões, no que couber:

(i) das recomendações do Grupo Nacional,

(ii) das demandas emanadas das rotinas gerenciais,

(iii) das sugestões feitas por Colaboradores, Grupos sociotécnicos, por outros

grupos ad hoc e pessoas especialmente convidadas e

(iv) das análises feitas com base em demandas e expectativas de grupos de inte-

resse ou de pressão, e

(v) agentes e atores interessados no RETP; (vi) da gestão do Portal RETP e das

atividades de aprimoramento no âmbito geral do RETP Brasil.

A Coordenadoria de Gestão é também responsável pela gestão administrativa do

Portal RETP, sob a responsabilidade direta do MMA.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 13 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Grupo Nacional

O Grupo Nacional do RETP2 Brasil constitui elemento superior, de caráter eminen-

temente consultivo e de orientação, com a incumbência especial de recomendar

ações deliberativas, pelo MMA, para o bom desempenho da Política e do Sistema de

Governança do RETP, cujas atribuições e procedimentos estão descritos no Manual

de Gestão sob a responsabilidade da Coordenadoria de Gestão do RETP.

O Grupo Nacional é composto de convidados do MMA, procedentes de Ministé-

rios, de organizações privadas e não governamentais, bem como de pessoas físicas

com interesses econômicos, sociais e ambientais, que sejam capazes de expressar

(i) as expectativas, (ii) a contribuição esperada dos diferentes segmentos e (iii) mo-

bilizar a cooperação e responsabilidade compartilhada da sociedade, para os objeti-

vos do RETP. Os membros do Grupo Nacional originam-se ou dispõem de conhe-

cimentos no âmbito do RETP no contexto das seguintes organizações ou segmen-

tos: Ministério do Meio Ambiente e outros Ministérios do Governo Federal; órgãos

ambientais estaduais; Cadastro Técnico Federal/IBAMA; Setor industrial; Organi-

zações Não Governamentais; Trabalhadores; Sociedades científicas e tecnológicas;

Universidades e institutos de pesquisa e desenvolvimento.

O Grupo Nacional deve ser composto por pessoas nominalmente designadas pelo

MMA, cujo perfil demonstre, objetivamente:

· conhecimento, experiência e interesse pessoal na política, governança, mis-

são, visão, objetivos e, sempre que possível, conteúdo sociotécnico das ques-

tões abrangidas pelo RETP;

· domínio de informações e representatividade para expressar, demonstrar e,

idealmente, assumir compromissos formais em nome de Ministérios, de or-

ganizações públicas ou privadas, de grupo de pessoas ou de comunidades,

para o envolvimento, engajamento e a participação efetiva no âmbito das ati-

vidades previstas no RETP;

2 A representatividade e funções do Grupo Nacional correspondem ao que se aplica à Comissão Nacional do RETP de outros países. A autoridade superior do MMA estabelecerá a estrutura e os limites de compe-tências para ações deliberativas ou decisórias do RETP no âmbito do MMA e dará ciência a todas as partes interessadas.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 14 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· disponibilidade de meios e recursos para divulgar o RETP e suas realizações,

bem como, idealmente, mobilizar a cooperação e as responsabilidades a se-

rem assumidas pela organização, pelo segmento ou pelos diferentes segmen-

tos da sociedade que representam ou tenham potencial para representar.

Grupo ad hoc

Os seguintes tipos são reconhecidos pelo RETP como Grupos ad hoc – constituídos

de pessoas físicas que atuarão como colaboradores externos, como formadores de

opinião ou grupos de pressão importantes para o aperfeiçoamento do funcionamento

do RETP.

Grupo de colaboradores

Agentes públicos, de diferentes instâncias governamentais, nos níveis Federal, Esta-

dual e Municipal que, a convite da Coordenadoria de Gestão, venham a executar

funções e práticas operacionais efetivas para a melhor gestão do RETP, em seus

respectivos espaços institucionais e geográficos. Apesar deste grupo ser ad hoc, ele

está separado na figura 1, pois esses agentes públicos podem ter a função específica

como gestor RETP.

Grupo sociotécnico

Grupos de pessoas físicas ou de representantes de pessoas jurídicas que, a convite

do MMA, por sugestão do Grupo Nacional ou da Coordenadoria de Gestão, contri-

buam com opiniões, sugestões, recomendações ou outros elementos, para temas de

natureza técnica, econômica e social, relacionados ao RETP, com base nas experi-

ências, vivências ou conhecimentos nos respectivos segmentos ou setores da socie-

dade nos quais executam suas atividades efetivas.

Grupo de interesse

Conjunto de pessoas físicas ou representativas de organizações, de natureza pública,

privada, não-governamental ou de grupos não-organizados, cujos interesses são le-

vados em consideração, por que afetam ou são afetados pelas atividades realizadas

no âmbito do RETP.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 15 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Grupo de pressão

Conjunto de pessoas, físicas ou jurídicas, cujas atividades representem pressões po-

sitivas ou negativas para o bom desempenho do RETP, seja diretamente sobre as in-

formações geradas ou sobre as informações declaradas pelas organizações que de-

vem fornecer informações por meio do CTF/IBAMA.

Declarantes ao RETP

O RETP funciona a partir da captura de dados e informações que são declaradas,

obrigatoriamente, por organizações de pessoas jurídicas, por meio de formulário

eletrônico do Cadastro Técnico Federal – CTF/IBAMA.

Portanto, o declarante deverá criar e manter sistema próprio para atender às exigên-

cias do RETP, no formulário do CTF/IBAMA, abrangendo identificação do decla-

rante, cálculo anual e registro de emissões para os compartimentos ambientais ar,

água e solo e transferência de poluentes pela destinação de resíduos associadas às

atividades produtivas.

As regras, procedimentos e instrumentos do RETP são divulgados para conhecimen-

to público e para uso de todos os grupos de interesse. Dessa maneira, as organiza-

ções ou estabelecimentos terão acesso às instruções para efetuar as declarações e os

demais interessados do assunto para a qualificação técnica e contribuição objetiva,

desejadas para o aprimoramento do RETP.

Os instrumentos, mecanismos e procedimentos do RETP estão descritos neste Ma-

nual, incluídos nas instruções para preenchimento do formulário eletrônico ao

CTF/IBAMA e poderão ser acessados, livremente, no Portal RETP Brasil.

Para orientação dos declarantes, alguns aspectos são ressaltados.

· O RETP utiliza-se de parte dos campos do CTF/IBAMA e outros que são

específicos para o RETP.

· Os dados e informações destinados ao RETP são transferidos do

CTF/IBAMA para o Portal RETP Brasil e hospedados na página eletrônica

do Ministério do Meio Ambiente. A partir daí, são processados para geração

de produtos informativos e disponibilizados para acesso público livre, gratui-

to e irrestrito.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 16 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· Sob determinadas circunstâncias, alguns dados do RETP não serão acessa-

dos, divulgados, nem incluídos nos relatórios, por razões metodológicas ou

jurídicas, cujas bases ou fundamentos são objeto de transparência pública.

Isto será devido, por exemplo, no caso da adoção de metas para avaliações

anuais, ou de atendimento à condição de sigilo. Os critérios para as condi-

ções são públicos, da mesma forma como o são para contestações e interpo-

sição de recursos contraditórios.

2. Elementos essenciais do RETP

2.1. Missão

Disponibilizar informações objetivas e confiáveis de emissões e transferências de

substâncias poluentes selecionadas, que causam ou têm o potencial para causar da-

nos à saúde humana e ambiental, oriundas de atividades produtivas em organizações

privadas ou públicas.

2.2. Visão

Tornar-se instrumento permanentemente aprimorado, no âmbito do SISNAMA, pa-

ra gerar informações confiáveis a respeito de emissões e transferências de determi-

nados poluentes e, com isso, melhorar a qualidade de vida humana e ambiental.

2.3. Objetivos

O objetivo geral do RETP é capturar, anualmente, informações sobre as emissões e

as transferências de poluentes selecionados, derivados de processos produtivos, em

bases anuais e promover a divulgação ampla, gratuita e irrestrita das informações

previstas.

Este objetivo se alinha a propósito maior do MMA que é o de estimular a mudança

das práticas de produção de bens e serviços do modelo fim-de-tubo para o de pre-

venção de emissões na fonte.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 17 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Os objetivos específicos

· Estabelecer, anualmente – com base em avaliação da realidade brasileira e

mediante contribuição de grupos sociotécnicos qualificados – a porcentagem

a ser adotada como limiar (ou linha de corte) para divulgar as emissões e

transferências, a partir dos dados e informações declarados ao CTF/IBAMA.

· Analisar, as condutas operacionais das organizações declarantes em relação

às emissões e transferências de poluentes.

2.4. Abrangência

O RETP Brasil abrange as empresas e pessoas físicas obrigadas a preencher o for-

mulário eletrônico do CTF/IBAMA, cujas atividades produtivas envolvem a emis-

são ou transferência de uma ou mais substâncias da lista oficial de poluentes.

O RETP estabelece as correlações entre (i) atividades (como fontes geradoras de po-

luição), (ii) substâncias poluentes selecionadas, (iii) emissão para compartimentos

(ar, água e solo) ou (iv) transferência de resíduos para diferentes finalidades (rea-

proveitamento, descarte ou incineração).

O RETP lida com duas categorias de informações.

· Informações obrigatórias, determinadas por marcos regulatórios do

CTF/IBAMA, consideradas necessárias para a melhor gestão dos efeitos ma-

léficos efetivos ou potenciais, provocados por substâncias poluentes.

Para o RETP, as substâncias estão presentes nos fluxos produtivos que cul-

minam com o depósito sistemático de materiais perigosos na ecosfera e

comprometem o Desenvolvimento Sustentável.

· Informações voluntárias, que, por livre iniciativa da declarante, resultam de

aprimoramento de processos produtivos na organização declarante. Estas in-

formações abrangem, por exemplo, prevenção de perdas de matérias-primas,

de produtos, energia ou de água.

As informações voluntárias são reconhecidas como fruto do esforço para

aprimoramento de práticas. Servem para iniciativas promocionais, pelo

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 18 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

RETP, visando o reconhecimento de ações pró-ativas de organizações dife-

renciadas, uma vez que representam progressos na cadeia de suprimentos.

As informações coletadas constituirão banco de dados de emissões e transferências

de poluentes no Brasil com importantes características ou finalidades, como as se-

guintes.

· Acesso individual e amigável

· Busca por elementos históricos e georreferenciados

· Uso de dados e informações por usuário não-técnico e usuário-orientado, pa-

ra entendimento das informações quanto à natureza, conteúdo, potencial de

impacto causado e outras variáveis ou elementos descritivos.

· Apresentação de quantidades ou valores, detalhados e agregados

· Estudos sobre as emissões e/ou transferências de poluentes, sob diferentes

ângulos ou aspectos e atendimento sob demanda

2.5. Marco legal

A obrigatoriedade na prestação dos dados e informações pelos declarantes decorre

das exigências estabelecidas por instrumentos legais alinhados ao CTF/IBAMA. Em

questão de legislação, o RETP está pautado fundamentalmente em quatro pontos:

· Constituição Federal Artigo 2253, parágrafo 1, inciso V, citação in verbis: “V

– controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos

e substâncias que comportem risco para a vida e o meio ambiente”;

· Lei Federal n° 7.3474, de 24 de julho de 1985, que disciplina a ação civil pú-

blica de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente e dá outras

providências;

· Lei Federal nº 10.1655, de 27 de dezembro de 2000, que regulamenta as ati-

vidades potencialmente poluidoras e aquelas que se utilizam de recursos na-

3 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm 4 Lei Federal que disciplina a ação civil pública por danos causados ao meio ambiente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7347orig.htm

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 19 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

turais, com destaque para o Manual do Relatório de Atividades do Cadastro

Técnico Federal/IBAMA;

· Política Nacional do Meio Ambiente, Lei Federal nº 6.9386, de 31 de agosto

de 1981, que criou um sistema de meio ambiente com o objetivo da preser-

vação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental.

O funcionamento do RETP está ancorado na conformidade legal e obrigatória para

as organizações declarantes ao CTF/IBAMA, mas oferece instrumentos e mecanis-

mos de reconhecimento de informação voluntária, por organizações que vão além-

da-conformidade.

2.6. Modelos mentais no RETP

O processo de coleta de informações é amigável e orientado para o modelo de jane-

la única. Assim, buscou-se proporcionar praticidade ao declarante e evitar o esforço

de fornecimento repetitivo e informações. Para isso, os requisitos do RETP são in-

corporados e harmonizados ao formulário eletrônico utilizado na declaração CTF/

IBAMA.

O RETP lida com duas categorias de informações.

· Informações obrigatórias, determinadas por marcos regulatórios do

CTF/IBAMA, consideradas necessárias para a melhor gestão dos efeitos

maléficos efetivos ou potenciais, provocados por substâncias poluentes.

Para o RETP, as substâncias estão presentes nos fluxos produtivos que

culminam com o depósito sistemático de materiais perigosos na ecosfera

e comprometem o Desenvolvimento Sustentável.

· Informações voluntárias, que, por livre iniciativa da declarante, resultam

de aprimoramento de processos produtivos na organização declarante.

Estas informações abrangem, por exemplo, prevenção de perdas de maté-

rias-primas, de produtos, energia ou de água.

5 Lei Federal que altera a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecendo categorias de atividade potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L10165.htm 6 Lei Federal que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 20 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

As informações voluntárias são reconhecidas como fruto do esforço para

aprimoramento de práticas. Servem para iniciativas promocionais, pelo

RETP, visando o reconhecimento de ações pró-ativas de organizações di-

ferenciadas, uma vez que representam progressos na cadeia de suprimen-

tos.

2.7. Avaliação anual

Todos os dados do CTF/IBAMA são passíveis de captura para o RETP. Entretanto,

a determinação de metas para avaliação anual poderá resultar na aplicação de filtros

para transferência de dados em cada ano de reporte.

O primeiro nível de filtro é representado pela seleção do poluente. Para isso existe a

lista oficial de poluentes do RETP, a qual é construída com base em conjunto de

múltiplos critérios técnicos, administrativos e socioambientais.

O segundo nível de filtro é criado por categorias de atividades que constitui as fon-

tes de emissão e transferência de poluentes. O terceiro nível será estabelecido, se for

utilizado limiar ou linha de corte, para obtenção apenas dos dados de emissões re-

presentativas do total emitido pelas atividades, baseado em critérios técnicos.

Portanto, há possibilidade de estabelecimento de metas anuais, com visão de médio

e longo prazo, baseadas nos filtros utilizados. Nestas condições, poderão ser levadas

em conta recomendações técnicas em Protocolos e Convenções Multilaterais; quan-

tidades relacionadas à produção da substância poluente (toneladas) versus impactos;

cálculos estatísticos capazes de revelar o limiar determinante para determinada co-

bertura (porcentagem) de emissões anuais, etc.

2.8. Direcionadores de desempenho do RETP

Além dos aspectos referentes ao controle de qualidade dos dados e informações de-

clarados ao CTFR/IBAMA, pelas organizações e do controle de qualidade do

RETP, propriamente dito, o desempenho geral do RETP será objeto de análise e

avaliação. Para isso, serão considerados indicadores ou direcionadores, como os

mencionados ou funções em seguida.

· Proteção, enquanto caracterizada por medidas destinadas a: defender e valo-

rizar os interesses e expectativas de todas as partes envolvidas no RETP;

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 21 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

otimizar os benefícios globais e específicos, desde que não discriminatórios;

zelar pela qualidade, institucionalização e perenidade do RETP, em seus

componentes de sustentabilidade econômica, ambiental e social.

· Identificação, representada pelo ato de reconhecer ou tornar iguais ativida-

des, linhas de investigação, grupos, projetos, de elevado potencial para trans-

ferência de conhecimento, melhores práticas e outras iniciativas no âmbito

do RETP.

· Aconselhamento, como processo de orientação por meio de parceria conti-

nuada, de modo estruturado, com o objetivo de auxiliar ações para o reco-

nhecimento, análise, avaliação e tomada de decisões para prevenção de con-

flitos e a busca de resultados superiores ou aprimorados, quanto aos propósi-

tos do RETP.

· Orientação, como procedimento metodológico para organizar os esforços,

de caráter geral; propor diretrizes para a gestão; construir a rota de ações e

cuidar das iniciativas estratégicas implementadas, com vista ao atendimento

dos objetivos ou dos alvos desejados, a fim de determinar a organização e

sustentação de projetos, grupos, alvos, metas, objetivos, atividades, entre ou-

tros aspectos do RETP.

· Catalisação, representada por iniciativas destinadas a disseminar ideias, re-

cursos informativos e outros instrumentos, com o objetivo de estimular e en-

corajar o envolvimento dos participantes e provocar a ampliação, expansão,

reprodução e multiplicação dos instrumentos, mecanismos e participação dos

agentes no RETP.

· Relacionamento, como processo para estabelecer conexões entre pessoas e

grupos, internos e externos no âmbito do RETP, com vistas a estabelecer

elos na cadeia de interesses, aceitação e validação das iniciativas entre os di-

ferentes públicos.

· Supervisão, como prática efetiva de monitoramento, análise e avaliação, que

resulte na orientação, em plano superior, da estrutura, logística, operações,

bens e serviços, com o propósito de acompanhar o planejamento e expandir e

aprimorar o horizonte das ações no âmbito do RETP.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 22 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· Deliberação, enquanto iniciativas de intervenção, como competência, para a

consecução de procedimentos adequados ao desempenho estratégico, dife-

renciado e aprimorado do RETP, com emissão de atos regulatórios e instru-

mentos gerenciais apropriados ao nível organizacional do Grupo Nacional.

· Comunicação, como ato de manter aberto todos os canais para se transmitir

e receber mensagens, notícias, informações e instruções, envolvendo os

agentes, atores e demais grupos de interesse abrangidos pelas atividades do

RETP.

· Liderança, expressa pela capacidade de conduzir e comandar iniciativas,

como a grande força condutora para o desenvolvimento e aprimoramento do

RETP.

· Reconhecimento e valorização, como iniciativas para zelar pelos interesses

dos diferentes grupos; identificar o desempenho diferenciado de agentes e

grupos de interesse qualificados e de elevada reputação e idoneidade, envol-

vidos nas atividades do RETP.

A partir da avaliação do desempenho do RETP, espera-se que as Organizações inte-

ressadas contribuam de modo objetivo para os seguintes aspectos, entre outros a cri-

tério das próprias organizações.

· Como se chegou à situação ou condição atual.

· Identificação dos marcos de referência relevantes.

· Direção ou caminho seguido e consequências em relação ao esperado.

· Posição assumida ou defendida.

· Situação, condição ou estágio alcançado em relação ao padrão de desempe-

nho adotado.

· O que deve ser feito para se chegar ou alcançar o que não foi obtido.

· Objetivos, temas ou questões que não foram plenamente alcançados ou aten-

didos, do ponto de vista de indicadores tangíveis e intangíveis.

· Correções a serem feitas em relação ao desempenho geral; superação de me-

tas; relacionamentos e outros aspectos relevantes que foram detectados.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 23 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· Revisão das prioridades correntes e em relação à visão de futuro na evolução

qualitativa e quantitativa do RETP.

· Análise e avaliação do desempenho geral do RETP em relação ao que se pre-

tendia atingir ou alcançar, preservar, evitar ou eliminar

· Identificação de causas e efeitos; condutas reativas e pró-ativas; medidas

corretivas

· Correlação do desempenho à política, governança, missão e visão propostas

para o RETP

· Opiniões de interessados qualificados e relevantes e seus efeitos

· Resultados de relacionamento e comunicação com diferentes grupos de inte-

resse

· Lições aprendidas; treinamento alcançado; oportunidades para aprimoramen-

to aproveitadas e não atendidas; contribuições para formulação de políticas

públicas e privadas; diferenciação do RETP Brasil em relação ao cenário in-

ternacional; conduta dos participantes do RETP Brasil em relação a questões

econômicas, sociais e ambientais globais; eventos relacionados a temas sele-

cionados como Princípio da precaução, Responsabilidade objetiva, Direito

de acesso público à informação.

· Marcos de referência para atividades futuras

· Qualidade dos relacionamentos envolvendo as Organizações interessadas,

entre si e com os gestores do RETP Brasil, do ponto de vista de iniciativas

de: (i) sensibilização, (ii) envolvimento, (iii) engajamento, (iv) comprometi-

mento e (v) cooperação e compartilhamento de atividades nos fluxos, opera-

ções, produção e uso de informações sobre substâncias poluentes derivadas

de atividades produtivas nas organizações declarantes.

· Intensidade e qualidade do diálogo democrático entre as partes interessadas e

destas com os gestores do RETP, a fim de, em especial, animar a continuida-

de e perenidade do processo, por meio da participação voluntária, ativa e

construtiva.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 24 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· Efeito do processo de reconhecimento, valorização e recompensas de organi-

zações diferenciadas, com visão além-da-conformidade em seus desempe-

nhos em relação a: processos (fluxos), métodos (identificação, medição,

classificação), produtos (dados e informações), melhores práticas e outras

iniciativas que demonstrem a mudança do comportamento fim-de-tubo para

o preventivo.

3. Aspectos operacionais

3.1. Relações entre a Coordenadoria de Gestão e as organizações interessadas

A Coordenadoria de Gestão do RETP deve elaborar o Plano e programa especí-

fico para gerenciar as atividades do RETP e orientar as relações entre as orga-

nizações declarantes, para o preenchimento do formulário eletrônico; promover

os eventos virtuais que envolvem os dados declarados, as atividades dos gesto-

res do CTF/IBAMA; a transferência virtual, automática dos dados de interesse

do RETP para o Portal RETP gerenciado pela própria Coordenadoria de Gestão

e a elaboração dos produtos informativos para uso público.

Portanto, a Coordenadoria de Gestão manterá relacionamento com as organiza-

ções interessadas, idealmente por meio de interlocução qualificada e o uso de

mecanismos e instrumentos de caráter informativo e livre acesso, por intermé-

dio do Portal RETP.

3.2. Papel das organizações alvo e participação pública

As organizações com interesse objetivo nas atividades do RETP e os outros

grupos de pressão com interesses indiretos ou difusos constituem agentes e ato-

res importantes para harmonizar aspectos sociotécnicos relativos aos poluentes

químicos às expectativas econômicas, sociais e ambientais no âmbito da socie-

dade e, mais especificamente, do mercado.

É oportuno reconhecer que o sucesso do RETP será tanto melhor quanto mais

qualificada for a participação dos agentes e atores no âmbito do RETP Brasil.

As atitudes, comportamentos e iniciativas destes são fundamentais para o bom

desempenho do sistema e o aprimoramento da conduta das organizações decla-

rantes.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 25 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

A construção e operação do RETP Brasil consideram, portanto, que cada parte

ou grupo de interesse tem expectativas a serem atendidas e responsabilidades a

serem cumpridas.

A estrutura geral do RETP – ilustrada anteriormente (Figura 1) – mostra que

as organizações interessadas têm posição destacada e papel importante a ser

cumprido. A visão geral do fluxo e das expectativas do RETP em relação às

organizações interessadas (Figura 2) indica o potencial de contribuição das or-

ganizações interessadas para a avaliação da qualidade e da sinalização das rotas

para aprimoramento do sistema.

Os aspectos envolvidos no relacionamento entre a Coordenadoria de Gestão e

os diversos Grupos de interesse abrangem, por exemplo: mecanismos e ins-

trumentos de consulta; identificação e engajamento dos interlocutores; sensibi-

lização e diálogo para participação e resposta das organizações.

Reconhece-se que os diferentes tipos de Grupos de interesse têm objetivos

próprios, mecanismos diferenciados, expectativas e modelos de conduta que

devem ser respeitados, sem cooptação. O propósito maior está na construção de

diálogo para a e convergência dos pontos de vista comuns ou afins.

Nesta oportunidade, são caracterizadas, embora sucintamente, papéis próprios

de diferentes Grupos de interesse.

3.3. O papel das partes interessadas

As autoridades públicas

A autoridade pública é aqui entendida como o órgão ou instituição em qualquer

nível de governo; a pessoa com diploma legal para exercer funções administra-

tivas dos bens nacionais ou de prestação de serviços públicos; ou a instituição

encarregada da integração de interesses intermunicipais ou regionais relaciona-

dos ao ambiente. A autoridade pública constitui a principal guardiã do princípio

fundamental do RETP, expresso pelo direito público de acesso livre e gratuito à

informação sobre emissões e transferência de resíduos e do direito de acesso à

justiça relacionado a tal condição.

Todos os agentes públicos devem assumir a incumbência de introduzir – com a

máxima transparência – as atividades previstas pelo RETP Brasil em políticas

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 26 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

públicas que resultem na proteção ao direito das pessoas, do presente e das ge-

rações futuras, para que vivam com dignidade, justiça social e ambiental.

Para ações jurídicas efetivas e aplicação de penalidades, a autoridade pública

disporá – por meio do funcionamento do RETP Brasil – de elementos objetivos

para o uso de instrumentos legais como os representados, principalmente, pelo

Código Civil, pela Lei de Crimes Ambientais e o estatuto do Código do Con-

sumidor.

O setor produtivo

Para o RETP Brasil, o setor produtivo engloba as empresas privadas e as orga-

nizações não empresariais, privadas ou públicas, cujas atividades sejam gerado-

ras de emissões e transferência de poluentes da lista oficial de poluentes. Fun-

damentalmente, a organização declarante deverá – para cada atividade efetiva

ou potencialmente poluidora licenciada e praticada na instalação ou sítio: iden-

tificar, calcular, registrar e relatar as liberações e transferências para o RETP

Brasil.

Acima de tudo, a organização declarante deverá se valer das informações gera-

das para avaliar seu próprio desempenho, com base em dados internos e em

comparações a outros marcos de referência, no seu setor de atuação, na catego-

ria de atividades de seus negócios ou de práticas sem fins lucrativos.

Cabe à organização e demais entidades representativas setoriais tomar iniciati-

vas para aprimorar o desempenho no âmbito do processo produtivo a fim de

aumentar seus próprios ganhos com a prevenção de emissões e transferências.

Os órgãos governamentais

Os organismos ambientais e os que cuidam da saúde humana, nas esferas go-

vernamentais da União, Estados e Municípios, têm papel múltiplo, para garan-

tir o sucesso do RETP Brasil, ao longo do tempo, como exemplificados a se-

guir:

· uso das informações geradas pelo sistema, a fim de aprimorar as políticas

públicas relacionadas à qualidade ambiental e de saúde humana;

· interação, diretamente, com os gestores do RETP Brasil no sentido de aper-

feiçoar o sistema, especialmente em relação a questões como:

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 27 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

o integração do RETP ao sistema de licenciamento ambiental e de am-

bos ao SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente;

o aperfeiçoamento de metodologias de medição, e;

o melhoria na gestão de práticas ambientais dos processos de produção

nas organizações declarantes.

· oferta de assistência aos gestores nacionais do RETP Brasil na fiscalização

da conformidade e qualidade do desempenho das organizações declarantes;

· contribuição para que as organizações declarantes aprimorem seu desempe-

nho na prevenção de emissões e transferências.

Considerando-se que a gestão ambiental é de interesse de toda a sociedade, por

ser o meio ambiente seu patrimônio comum (Constituição Federal), é inevitável

que a gestão do RETP Brasil envolva de forma disciplinada os planos Estadual

e Municipal, e, por óbvio, isto só pode se dar no escopo do SISNAMA.

Núcleos de C&T e P&D

Nesta categoria de partes interessadas estão os membros de universidades, ins-

titutos de pesquisa, empresas de consultoria, consultores e outros profissionais

com qualificação técnica nos diferentes ramos do conhecimento e das habilida-

des tecnológicas. O desempenho das organizações declarantes constitui meta

indispensável para o sucesso do RETP Brasil e os ganhos para todas as demais

partes interessadas. Neste sentido, é importante ressaltar a contribuição e o pa-

pel dos agentes técnico-científicos para a inovação e incorporação de técnicas e

novas habilidades indispensáveis para a prevenção de emissões e transferência

de poluentes. São também relevantes o suporte metodológico, os procedimen-

tos para a garantia de qualidade, validação, auditoria e outras formas de certifi-

cação e autenticação que os agentes deste segmento poderão oferecer.

A sociedade civil organizada e as ONGs

Grupos representativos de segmentos da sociedade – que defendem a melhoria

das questões ambientais, sociais e econômicas – são agentes importantes para

acompanhamento do desempenho das organizações declarantes e do RETP

Brasil, propriamente dito.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 28 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

A prática do direito público de informação encontra, nas ONGs, o ambiente

apropriado para a disseminação dos resultados do RETP Brasil, com alinha-

mento aos objetivos de cada ONG. As vozes do setor social organizado são in-

dispensáveis para apontar as oportunidades e necessidades de aperfeiçoamento,

denunciar condutas inadequadas e destacar as organizações declarantes com

notáveis esforços para aprimoramento continuado em suas práticas.

As ONGs podem desempenhar papel especial ao produzir informações em lin-

guagem apropriada aos respectivos públicos – a respeito de emissões e transfe-

rência – acessadas do Portal RETP Brasil. Elas constituem importante agente

para a inclusão das informações do RETP em questões relativas à gestão ambi-

ental, com especial destaque para ações de defesa, alerta pública, diálogo, cam-

panhas e ações, propriamente ditas.

O papel de cidadãos e cidadãs

Individualmente, as pessoas – independentemente de pertencerem a segmento

organizado – são agentes importantes para o sucesso do RETP Brasil, pois

constituem o agente exposto aos danos e impactos das emissões e transferên-

cias. O uso das informações geradas pelo RETP Brasil, por cidadãos e cidadãs,

representa o benefício esperado, no elo final da cadeia de interesses, pela rele-

vância do tema no local onde as pessoas vivem e nas comunidades das quais

participam.

Os agentes econômicos

O setor financeiro já demonstrou iniciativas para atender às organizações pro-

dutivas com modelos de gestão socioambiental e econômica diferenciada. Es-

tão, nesta categoria, os fundos éticos e as empresas financeiras que adotam cri-

térios orientados por indicadores recomendados por organizações internacio-

nais. Destacam-se, também, as empresas de seguros que oferecem condições

mais vantajosas para organizações produtivas com modelo de gestão para pre-

visão, prontidão, prevenção e gestão de riscos socioambientais e, em especial,

para a sustentabilidade tríplice, econômica, ambiental e social.

Agencias multilaterais

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 29 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Os gestores do RETP manterão contato permanente com organismos multilate-

rais, especialmente com os agentes com papéis semelhantes, com o propósito

de divulgar os resultados obtidos no Brasil e, simultaneamente, compartilhar

conhecimento e experiência.

Particular atenção será dada a centros de P&D, nacionais e estrangeiros, com o

objetivo de estimular estudos e iniciativas para capacitação nacional e coopera-

ção internacional.

Outros focos de atenção importantes para o aprimoramento do RETP Brasil são

as organizações multilaterais, agências internacionais e centros de excelência

que mantém atividades no âmbito de atuação do RETP.

3.4. Participação objetiva das organizações interessadas

Todas as organizações – como agentes legalmente constituídos – especialmente

as que lidam com os temas no contexto do RETP, têm papel institucional a ser

cumprido em seu segmento ou setor de atuação, como compromisso assumido

perante a sociedade.

Neste sentido, podem ser considerados partes naturais do fluxo de informa-

ções no RETP a implementação de atividades de capacitação interna de seus

quadros. Com isso, participarão de maneira qualificada e, idealmente, alinha-

dos à proposta do RETP de mudar a prática de minimização e tratamento de

emissões para o da prevenção de geração e reaproveitamento – com fechamen-

to de ciclos – desde a fonte de matérias primas até o uso e destinação pós-uso

de resíduos.

A atuação da organização interessada continuará tendo relevância, mesmo se a

manifestação for genérica, sem contextualização técnico-científica elaborada,

porém, clara, transparente, e objetiva para o aperfeiçoamento do sistema de in-

formações sobre os poluentes selecionados.

Espera-se, portanto, que a manifestação de cada organização interessada incor-

pore os critérios técnicos, operacionais e estratégicos do RETP, e o respeito ao

direito de participação e manifestação das demais partes interessadas.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 30 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

A importância e relevância da Organização interessada são enfatizadas pelos

fatos de que:

· a organização representa importante elo de conexão para divulgar informa-

ções à sociedade, em seu segmento de atuação;

· a linguagem e comunicação setoriais são adequadas para articular expectati-

vas socioambientais aos resultados observados ;

· os gestores e pessoas dos quadros das organizações interessadas devem

compartilham o desejo e objetivo de identificar falhas, lacunas, deficiências

e oportunidades para introdução de medidas de aprimoramento nos proces-

sos de produção e consumo de bens e serviços geradores de poluentes para

que – com as contribuições de todos – mudanças sejam introduzidas em be-

nefício de todas as partes interessadas.

3.5. Fluxos de dados e informações

A declaração de dados e informações pelo estabelecimento é feita diretamente

nos formulários eletrônicos do CTF/IBAMA, os quais contêm campos compar-

tilhados pelo RETP Brasil.

É oportuno esclarecer que, de modo geral, as organizações que executam ativi-

dades produtivas emissoras de poluentes já fornecem dados ao CTF/IBAMA. O

RETP apenas incluiu e alterou alguns dados e informações.

O entendimento de determinados detalhes, nos fluxos de dados e informações,

é indispensável para aprimorar as iniciativas e dar objetividade às ações das

Organizações interessadas (Figura 2).

A organização declarante deve implementar rotinas internas para o levanta-

mento, registro, análise, avaliação e interpretação de efeitos e impactos causa-

dos por substâncias poluentes, para que tenha os elementos requeridos pelo

formulário eletrônico do CTF/IBAMA, adicionado dos itens para o RETP.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 31 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Figura 2 – Procedimentos para a declaração ao formulário eletrônico

O formulário eletrônico serve de parâmetro para a organização declarante se

estruturar de maneira a fornecer os dados cadastrais, as atividades emissoras de

poluentes e as características destes, os compartimentos ambientais afetados,

medições e aspectos relativos à gestão e controle de qualidade internos.

Estes aspectos, acrescidos de etapas do fluxo e de detalhes dos dados e infor-

mações requeridos para o RETP (Figura 3) indicam, sugerem ou identificam

temas, assuntos ou aspectos que poderão ser objeto de análise, avaliação e obje-

to para manifestação pelas Organizações interessadas.

São elementos que podem ser apropriados por diferentes setores e interesses,

do ponto de vista institucional e pessoas, nas diferentes atividades e especiali-

dades.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 32 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Figura 3 – Bases informativas para atuação das organizações interessadas.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 33 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Dessa maneira, a Organização interessada terá acesso a informações (Figura 4)

sobre (17) a organização; (2) os dados sobre emissões e transferências que

constituirão o banco de dados do RETP; (3) o acervo de informações no Portal

RETP; (4) os produtos informativos e (5) relatórios de desempenho para acesso

público.

Figura 4 – Fluxo de informações no RETP e focos esperados de atividades das organizações interessa-das.

A expectativa é de as Organizações declarantes disponham de elementos para

(6) realizar análises e avaliações de dados e informações e

· estabelecer a maneira melhor e mais apropriada para identificar, no âmbito

institucional próprio, quais temas, problemas, aspectos ou efeito relaciona-

dos ao poluente a ser objeto de abordagem técnico-científica, estratégico-

operacional, econômico-financeira, ou político-organizacional;

7 O número entre parênteses corresponde ao numeral na Figura na qual estão mencionados.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 34 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· decidir o que irá fazer, concretamente, considerando sua capacitação e quali-

ficação em determinados aspectos do espectro de atividades do RETP.

Os focos para ação das Organizações declarantes, incluídos na ilustração, são

restritos. Entretanto, servem para exemplificar modalidades de ação, no âmbito

do conhecimento, nos diversos segmentos de atuação institucional.

(7) Estudos em profundidade de aspectos jurídicos, administrativos, estratégi-

cos, técnico-científicos, econômicos, sociais e ambientais envolvendo (a) ques-

tões objetivas ou derivadas dos impactos causados pelos poluentes divulgados

pelo RETP; (b) da conduta das organizações declarantes, quanto aos impactos

nas localidades onde exercem suas atividades produtivas e (c) recomendações

para aprimoramento de desempenho.

(8) Concepção e implementação de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento

objetivamente direcionados para os diversos aspectos relacionados às causas e

conseqüências dos agentes poluentes nos diferentes compartimentos ambientais

e de impactos maléficos para a saúde humana.

Com disso, (9) espera-se que as organizações interessadas possam comentar,

criticar, sugerir, recomendar e argumentar, de maneira qualificada, transparen-

te, responsável e objetivamente, para: (a) processos de aprimoramento político-

institucional, jurídico, econômico, social e ambiental; (b) aperfeiçoamento ci-

entífico e tecnológico e capacitação, tanto institucional, quanto organizacional,

nos níveis administrativos, técnicos, suporte profissional e, entre outros aspec-

tos.

Dessa forma, os gestores do RETP poderão atingir as meta de (10) inserção dos

dados do Brasil no cenário internacional, para articulação com os demais RE-

TPs.

A participação qualificada das Organizações declarantes (11) contribuirá so-

bremaneira para o aprimoramento continuado do RETP, especialmente se fo-

rem abordados os temas centrais ou medulares no RETP Brasil, para os quais o

envolvimento proativo das partes interessadas é mais do que bem-vindo.

Entre tantos aspectos relevantes, destacam-se os seguintes.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 35 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· Aspectos diversificados a respeito das substâncias poluentes, tais como toxi-

cidade, periculosidade, processos de produção, comportamento, segurança,

impactos, manejo, opções e substâncias substitutas alternativas.

· Métodos de medição de emissões para padronização normativa.

· Critérios técnico-científicos, estatísticos, estratégicos, socioeconômicos e

ambientais, entre outros direcionadores, para o estabelecimento de limiares

ou linhas de corte.

· Métodos preventivos de emissões e transferências de poluentes, baseados em

conformidade legal e em ações além-da-conformidade que possam distinguir

agentes e atores de processos de produção e consumo sustentáveis, alinhados

a novos modelos de conduta propostos por organizações internacionais e na-

cionais.

· Procedimentos produtivos com visão de fechamento de ciclos (do-berço-à-

cova e, idealmente, do-berço-ao-berço), baseado em ecoeficiência (coefici-

ente derivado da relação entre Valor de criação de valor, dividido pelo Valor

do impacto causado pela criação de valor), Avaliação de ciclo-de-vida

(ACV), Avaliação de ciclo-de-custo (ACC), ecodesign, logística reversa e

instrumentos de finanças sustentáveis.

· Instrumentos e mecanismos para alinhamento de processos preventivos de

emissões e transferência de poluentes a políticas públicas nos âmbitos fede-

ral, estadual e municipal, acompanhados e instrumentos de mercado para es-

timular, reconhecer e premiar os agentes e atores diferenciados nos novos

modelos de produção e consumo sustentáveis.

· Aprimoramento das atividades no âmbito do RETP, para reconhecimento e

validação dos processos no Brasil perante os sistemas afins ou similares em

outros países, notadamente os mais avançados8.

8 Internacionalmente, o RETP corresponde ao PRTR Pollutant Release and Transfer Registers.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 36 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

3.6. Base de dados do RETP

Por razões legais e operacionais, o acesso direto ao banco de dados do CTF/IBAMA

é restrito a instituições oficiais e autorizadas. Isto não se aplica, porém, aos dados

para o RETP, os quais são automaticamente transferidos do banco de dados do

CTF/IBAMA para a base de dados do Portal RETP onde serão tratados e organiza-

dos em relatórios para divulgação pública, livre e gratuita. Isto acontece, por exem-

plo, nos RETPs de vários países que integram a Rede RETP mundial.

O Portal do RETP deve contemplar as interfaces gráficas para acesso a informações

relacionadas a:

· Informações gerais do RETP

· Manuais contemplando base de dados de metodologias e relação entre polu-

ente e atividade

· Pesquisa na base de dados consolidada do RETP com geração de relatórios,

incluindo pesquisa própria para as práticas de aprimoramento cadastradas

pelos declarantes

· Área administrativa para gerenciamento do sistema de informação

· Base de dados com informações sobre o perigo das substâncias químicas lis-

tadas no RETP

· Ferramenta para declaração de dados compulsórios e voluntários do RETP,

integrado com o modelo de sistema do CTF/IBAMA

· Mecanismo para reconhecimento dos declarantes que atuam além da con-

formidade legal.

O Portal e banco de dados RETP Brasil são instrumentos com mecanismos di-

nâmicos e flexíveis. Por conta disso, o Portal RETP oferece a opção para que a

declaração não obrigatória ser incluída no banco de dados, sem passar pelo

CTF/IBAMA.

A declaração voluntária é instrumento oportuno para a organização diferencia-

da que queira divulgar práticas de excelência e resultados relevantes para o co-

nhecimento das diversas partes interessadas, pelo Portal RETP Brasil.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 37 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

O desempenho diferenciado das organizações declarantes será objeto de divul-

gação, com o propósito de estimular mudanças de processos produtivos e de

produtos focados na prevenção de emissões e eliminação de transferências que

não sejam para reaproveitamento de materiais e fechamento de ciclos.

3.7. Qualidade da informação ou manifestação da Organização interessada

É altamente recomendável que a Organização interessada disponha e coloque

em funcionamento processo de controle de qualidade de suas próprias análises,

avaliações e comentários.

O processo de controle de qualidade deve permear o modelo de governança ou

gestão da organização; identificar as partes internas que estão envolvidas no

processo; criar indicadores de qualidade para seu desempenho, que sejam apli-

cáveis a todas as fases e etapas de busca, coleta, armazenagem, tratamento,

análise, avaliação e comentários envolvendo os dados e informações alvo que

foram utilizados; e considerar seu próprio mecanismos de transparência e res-

ponsabilidade (accountability).

O controle de qualidade da organização interessada deve gerar credibilidade

acerca dos procedimentos, métodos e produtos informativos gerados. Para isso,

é recomendado o uso dos indicadores de qualidade mencionados anteriormente:

acurácia, comparabilidade; completeza; consistência; transparência das in-

formações geradas.

Para o RETP Brasil – é importante que a organização interessada revele, com

clareza e objetividade, bem como qualifique o dirigente responsável pela or-

ganização, o responsável pela manifestação e o responsável pelo atendimento

ao público, a respeito das manifestações feitas no âmbito do RETP.

É oportuno esclarecer que o controle de qualidade de dados e informações deve

ser praticado por todos e em todos os níveis dos fluxos e processos no RETP.

· A Coordenadoria de Gestão irá avaliar a qualidade do RETP, em todos os

níveis.

· Os gestores do sistema de informação estabelecerão, no momento adequado

e apropriado, o controle da qualidade das informações incluídas no formulá-

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 38 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

rio eletrônico, no que disser respeito a elementos como fidedignidade e con-

fiabilidade de todos os elementos ou variáveis de dados e informações pre-

vistos no formulário eletrônico.

· As organizações declarantes são instadas a montar seu sistema de controle de

qualidade interno e recomendadas para criação de processo de verificação e

auditoria interna e externa (independente) dos dados.

As organizações declarantes deverão dar especial atenção ao processo sistemá-

tico de conferência abrangendo: natureza, conteúdo e significado dos dados

(elementos alfanuméricos) e informações (dados tratados e, especialmente, com

juízo de valor).

O propósito é respeitar os requisitos e padrões estabelecidos, os quais, no pre-

sente caso, visam atender aos objetivos do RETP Brasil, em geral, e das partes

interessadas, em particular.

Portanto, é altamente recomendável que a organização declarante também esta-

beleça o controle de qualidade de suas manifestações, articulado ao design dos

processos operacionais, aos padrões e normas de conformidade e, idealmente,

aos aspectos além-de-conformidade.

As manifestações das Organizações declarante permitirão diferenciar as orga-

nizações avançadas das tradicionais, que operam no limite da conformidade e

outras exigências legais, baseadas no modelo atual de comando-e-controle

(cumprimento de limites e padrões estabelecidos por lei).

As organizações declarantes além-da-conformidade serão aquelas que adota-

rem ou práticas de melhorias contínuas baseadas em Produção Mais Limpa,

Ecoeficiência, Carbono-zero, Fatores 4 e 10, Emissão Zero, entre outras.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 39 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

Para isso, são sugeridos indicadores de qualidade (Figura 5) ancorados em

processo de governança total, atendimento das expectativas das partes envolvi-

das e da atribuição e cumprimento de responsabilidades por todos.

Figura 5 – Elementos para controle de qualidade na organização interessada na gestão do RETP

Menção especial é dedicada aos indicadores de qualidade de dados e informa-

ções incluídos nas manifestações e produtos informativos elaborados pela Or-

ganização interessada, a saber.

· Acurácia significa que o dado ou a informação deve ser gerado com cuidado

e exatidão, e que a afirmação e, em especial, a medição deve ser feita com o

uso de instrumentação precisa, aferida, e com processos isentos de erros sis-

temáticos.

Portanto, a medição e a interpretação do dado não deve incluir, sistematica-

mente, resultados acima ou abaixo do padrão estabelecido e a incerteza deve

ser tão baixa quanto possível.

São elementos importantes, para a qualidade da informação: a fidedignidade da

procedência ou origem e o uso correto da metodologia para o cálculo e a men-

suração da emissão; os critérios adotados pela organização declarante para es-

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 40 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

colha da metodologia utilizada; a identificação precisa da unidade declarante; a

identificação dos responsáveis intra-organizacional; os critérios adotados para

estruturação dos dados e informações intra-organizacional e o alinhamento ao

modelo adotado para o RETP Brasil de acordo com o CTF/IBAMA.

· Comparabilidade expressa a qualidade do dado ou da informação quando

confrontado ou cotejado a outro e, dessa forma, considerado análogo ou se-

melhante.

Para isso, devem ser respeitados elementos como: nomenclatura-fonte harmo-

nizada; formatos padronizados de reporte (declaração); técnicas e métodos de

medição, estimativa, cálculo e outras metodologias estabelecidas; limiares ou

linhas de corte definidos.

· Completeza significa que o dado ou informação incluído no reporte ou decla-

ração, é perfeito, exato, total, cabal e que nada falta do que pode ou deve ter

ou significar.

Isto quer dizer que a organização deve relatar todas as emissões e transferên-

cias das poluentes consideradas pelo RETP Brasil nas atividades praticadas, le-

vando-se em consideração os limiares estabelecidos.

· Consistência implica na harmonização descritiva das manifestações ao mo-

delo de declaração; no atendimento aos critérios e exigências quanto aos ti-

pos de dados e informações e suas relações aos campos pertinentes.

Significa concordância, uniformidade, racionalidade e constância do dado ou

da informação elaborada. Para tanto, é preciso considerar, por exemplo, a ex-

pressão não-ambígua e uniforme de conceitos, definições e entendimentos; dos

elementos ou objetos das análises, avaliações e comentários feitos a respeito

deles; das metodologias e resultados das medições que foram efetuadas e das

demais variáveis ou elementos descritivos que são objeto de análises criticas. É

importante que dados reportados sejam comparados a declarações anteriores

(séries históricas) a casos de referencia (benchmarking).

· Transparência invoca a lucidez, clareza e a revelação da maneira como o

dado ou informação foi coletado, medido, interpretado e comentado.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 41 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

3.8. Qualidade geral no RETP Brasil vista pela Organização declarante

A qualidade do RETP, como um todo, é objeto de avaliação por meio de pro-

grama especificamente desenhado, de acordo com deliberações da Diretoria de

Qualidade Ambiental na Indústria do MMA e possível designação de atribui-

ções aos gestores do sistema de informação.

Portanto, é importante que os seguintes elementos, entre outros, possam ser ve-

rificados, em determinado momento no funcionamento do RETP e tornarem-se

objeto de análise, avaliação e comentário pelas Organizações declarantes.

· Análise dos critérios de controle e garantia de qualidade que são adotados e

foram descritos pela organização declarante, especialmente quando a organi-

zação utiliza auditoria independente para avaliação dos dados e informações

declarados.

· Verificação do atendimento – pela organização declarante – aos indicadores

de qualidade da informação representados por acurácia, comparabilidade,

completeza, consistência e transparência.

· Avaliação do processo e dos resultados de vistoria/fiscalização in loco, tanto

feito por iniciativa própria da organização declarante, quanto realizado sob a

fiscalização legal9, para fins de análise da memória técnica referente à coleta

e processamento dos dados e informações na organização declarante ou dos

relatórios e informações disponibilizados no Portal RETP.

· Envolvimento dos órgãos ambientais estaduais para verificação ou fiscaliza-

ção da veracidade e qualidade dos dados e informações declarados, levando-

se em consideração os critérios e padrões estabelecidos para o RETP Brasil.

· Contribuição das demais partes interessadas, por meio da manifestação des-

tas a respeito da credibilidade, autenticidade e verissimilidade dos dados re-

portados.

9 O estabelecimento da competência legal do agente público para executar a verificação de dados ou dos procedimentos, internamente na organização declarante, depende do estudo de marcos legais e determina-ção da Diretoria de Qualidade Ambiental na Indústria do MMA, respeitada, obviamente, as atribuições regulamentares já estabelecidas.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 42 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

· Organização dos dados e informações de referência10 para ser usada em

comparações frente a elementos como:

o dados e informações gerados por RETPs de outros países;

o dados e informações em registros anuais antecedentes; resultados ob-

servados para a substância poluente na natureza (níveis de referência

e níveis de base);

o dados utilizados para licenciamento; normas certificadas, como as da

Série ISO e a outros códigos voluntários;

o monitoramentos realizados pela própria organização declarante e por

outros agentes e

o conduta de organizações declarantes ou de gestores de RETPs em ou-

tros paises.

· Uso de programa eletrônico11 capaz de funcionar como ferramenta de vali-

dação para controle (eletrônico) de qualidade dos dados e informações de-

clarados.

3.9. Auditoria no RETP

O modelo de gestão e funcionamento do RETP disporá de mecanismos para au-

toria interna e – idealmente – externa, independente, do funcionamento, exerci-

da sob a ação da Coordenadoria de Gestão. Estes procedimentos são recomen-

dados também para adoção pelas organizações declarantes.

Em benefício geral de todos os interessados, a mesma recomendação é feita pa-

ra que a Organização declarante implemente seus procedimentos para auditoria

própria e – idealmente – executada por terceiras partes independentes. Isto dará

maior peso, credibilidade e qualificação para as manifestações e proposituras.

10 Benchmarking. 11 Software.

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 43 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

3.10. Condição de sigilo

A organização declarante poderá pleitear a condição de sigilo de um poluente

emitido ou transferido, marcando a opção no formulário do CTF/IBAMA e in-

serido a justificativa para tal requisição.

Os deveres e os direitos sobre a confidencialidade de dados e informações de

emissões e transferência de poluentes devem ser objeto de abordagem jurídica

apropriada, principalmente se forem considerados os modelos, critérios e prin-

cípios de ordem global que são adotados em RETPs de outros países.

Fundamentalmente, toda e qualquer informação sobre a liberação e transferên-

cia de poluentes, que se refira à proteção do ambiente, é de livre acesso públi-

co, com base no entendimento de que o ambiente é um bem comum a ser pre-

servado e defendido por todos (Constituição Federal, Art. 5º).

Entretanto, a organização declarante tem o direito de pleitear a condição de si-

gilo para dados e informações objetivamente identificadas – desde que de ma-

neira for-mal e devidamente justificada.

As condições para sigilo constituem componente do RETP Brasil que deverá

merecer análise jurídica em profundidade, de maneira transparente e com en-

volvimento de todas as partes interessadas.

Os pedidos de sigilo são aceitos para análise quando o dado ou a informação

envolver situações como as seguintes:

· Segurança nacional e as relações internacionais;

· Ações judiciais em curso, sob condição de sigilo de justiça;

· Informações comerciais e industriais sob a proteção de legislações aplicáveis

e que afetam a revelação de elementos que comprometem o desempenho

econômico competitivo.

Neste caso, a decisão para o sigilo deverá levar em conta o equilíbrio entre in-

teresses privados e o interesse público derivado dos impactos sociais e ambien-

tais causados pelas emissões e transferências do(s) poluente(s) envolvido(s).

A interação dos gestores do CTF/IBAMA e a Coordenadoria de Gestão do

RETP é altamente recomendada, para a melhor iniciativa, para atender aos inte-

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 44 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

resses de todos os públicos e considerando que o objetivo principal do RETP é

criar instrumento para aperfeiçoamento das práticas produtivas com vista à

mudança do paradigma de fim-de-tubo e comando-e-controle, para o preventi-

vo e de reconhecimento pela excelência de desempenho.

A prática irá demonstrar a necessidade de elaboração de guia para o pleito e de-

libe-ração a respeito da concessão de sigilo, bem como de instrumentos puniti-

vos – inclusive os penais, pecuniários ou ambos – para informações fraudulen-

tas, falsas ou infundadas.

3.11. Capacitação dos integrantes e demais interessados no RETP

A Coordenadoria de Gestão do RETP deve estimular e promover atividades pa-

ra capacitação das partes envolvidas e interessadas no âmbito do RETP. Inici-

almente, a gestão dos fluxos e dos resultados informativos, no RETP é vista

sob a ótica da conformidade e, para fins de medidas de aprimoramento, das

desconformidades.

Entretanto, o RETP não deve ser visto como inventário estático, nem como ins-

trumento para descobertas de falhas e aplicação de penalizações. O objetivo

maior do RETP é o de gerar instrumentos e mecanismos de aprimoramento

além-da-conformidade. Por isso, espera-se que todos os agentes e atores desen-

volvam atividades de capacitação de seus quadros, para o cumprimento de suas

atribuições e a busca de seus interesses e expectativas.

Os papéis e atividades dos diferentes interessados foram abordados anterior-

mente, aos quais poderão ser adicionados os seguintes.

· Os grupos acadêmicos, associações científicas, empresas de consultoria e ou-

tros agentes técnico-científicos precisam detectar falhas, insuficiências e ne-

cessidades e desenvolver projetos de pesquisa, desenvolvimento e prestação

de serviços para apoiar as empresas e demais agentes.

· As organizações não governamentais e segmentos da sociedade civil preci-

sam aprimorar sua capacidade interpretativa e analítica, de maneira a apre-

sentar considerações qualificadas e mobilizar suas bases para a construção de

Registro de Emissões e Transferências de Poluente – RETP. Pág. 45 de 45 Vol. 6 Manual Setorial: Atividades de grupos interessados

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 2010

agenda positiva para o desenvolvimento, como o preconizado pela política,

missão e visão propostos pelo RETP.

· Os agentes públicos têm a responsabilidade de aperfeiçoar os instrumentos

político-administrativos e regulamentares com foco na avaliação reflexiva

dos resultados gerados pelos levantamentos de emissões e transferência de

poluentes.

Os esforços de todos serão necessários para identificação de aspectos relativos

aos problemas e situações decorrentes de emissões e transferências de substân-

cias poluentes, tais como proteção ambiental, eficiência energética, proteção do

consumidor e de populações não necessariamente usuárias ou consumidoras

dos bens produzidos, para a saúde e segurança, entre outros elementos para a

qualidade de vida.