ministério das cidades 2004 plano diretor

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PRINCIPIOS E DIRETRIZES PARA ELABORAO DE PLANOS DIRETORES MUNICIPAIS

APRESENTAO Este Termo de Referncia oferece um conjunto de diretrizes e procedimentos para auxiliar a Prefeitura e os cidados a construir democraticamente o Plano Diretor de seu Municpio. O Plano Diretor deve ser discutido e aprovado pela Cmara de Vereadores e sancionado pelo Poder Executivo de cada municpio. O resultado, na forma de Lei Municipal, a expresso do pacto firmado entre a sociedade e os Poderes Executivo e Legislativo. Os princpios que norteiam este documento esto contidos no Estatuto da Cidade, que estabelece o Plano Diretor como instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e ordenamento da expanso urbana do municpio O Estatuto da Cidade delega ao Plano Diretor a funo de definir as condies que devem ser observadas pela propriedade para que esta cumpra sua funo social. O Estatuto da Cidade, Lei Federal n 10257 de 10 de julho de 2001, regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituio Federal e estabelece parmetros e diretrizes da poltica urbana no Brasil. Oferece instrumentos para que o municpio possa intervir nos processo de planejamento e gesto urbana e territorial, e garantir a realizao do direito cidade. O Captulo II - Da Poltica Urbana, da Constituio Federal (artigos 182 e 183), estabelece os instrumentos para a garantia, no mbito de cada municpio, do direito cidade, do cumprimento da funo social da cidade e da propriedade.

Os procedimentos propostos buscam respeitar a diversidade das regies e municpios brasileiros, portanto, no podem ser tomados como uma receita para elaborao de Planos Diretores em srie e idnticos, sem qualquer relao com a realidade social, politica e territorial local. Ao contrrio, os Planos Diretores devem ser abertos inovao e criatividade, de forma a estimular um amplo processo de participao e produo coletiva. Nos boxes sintticos so explicitadas as diretrizes, principios e conceitos das polticas federais de preservao cultural e ambiental, de turismo, de mobilidade urbana, dentre outras, que devero ser discutidos e incorporados nos Planos Diretores, de acordo com as especificidades de cada cidade. I - PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO CONSTRUINDO CIDADES MELHORES E MAIS JUSTAS Garantir a participao dos diferentes segmentos da sociedade no planejamento e na gesto da poltica urbana e territorial um grande desafio. Todos os cidados esto habilitados a participar do planejamento de sua cidade e podem intervir na realidade de seu municpio. Para isso o processo de elaborao deve prever mtodos que facilitem a compreenso, por todos, do municpio. A elaborao do Plano Diretor deve incentivar os municpios a avaliar e implantar todo o sistema de planejamento municipal: atualizao e compatibilizao dos cadastros, integrao das polticas setoriais, dos oramentos anuais e plurianual com o plano de

governo e as diretrizes do Plano Diretor; capacitao das equipes locais, sistematizao e reviso da legislao. uma oportunidade para estabelecer um processo permanente de construo de polticas, de avaliao das aes e correo dos rumos. A democratizao das decises fundamental para transformar o planejamento da ao municipal em algo compartilhado e assumido pelos cidados, bem como para assegurar o comprometimento e a responsabilidade de todos no processo de construo e implementao do Plano Diretor. Contedo do Plano Diretor: O planejamento territorial a definio da melhor forma de ocupar o stio de um municpio ou regio, prevendo a localizao das atividades e os usos presentes e futuros. tornar a cidade um benefcio coletivo, democratizando suas oportunidades para todos os moradores e garantindo as condies de financiamento do desenvolvimento municipal e propiciando o uso democrtico e sustentvel dos recursos disponveis. Desta forma, o Plano Diretor deve definir os vetores capazes de interagir com as dinmicas existentes ditadas pelo mercado, contribuindo para reduzir as desigualdades sociais, redistribuindo riscos e benefcios da urbanizao. O Plano deve estabelecer como a propriedade cumpre sua funo social, de forma a garantir o acesso terra urbanizada e regularizada a todos os cidados, reconhecendo o direito moradia e aos servios urbanos. Nesta perspectiva, ele deixa de ser apenasO Plano Diretor obrigatrio para municpios: com mais de 20.000 habitantes integrantes de regies metropolitanas e aglomeraes urbanas, com reas de especial interesse turstico e situados em reas de influncia de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na regio ou no pas.

um instrumento de controle do uso do solo para se tornar um instrumento que induz o desenvolvimento sustentvel das cidades brasileiras; por exemplo, assegurar espaos adequados para a moradia popular e para a instalao de pequenas e mdias empresas, vital para um crescimento urbano equilibrado. Para isso, a partir do conhecimento da estrutura fundiria e de suas tendncias de desenvolvimento, cada municpio deve escolher, entre os instrumentos previstos nos Estatuto, aqueles mais adequados para um papel indutor do mercado local, como: regularizao fundiria, criao de Zonas Especiais de Interesse Social, utilizao compulsria de terrenos e imveis sub-utilizados, concesso especial para fins de moradia, destinao de patrimnio pblico para programas de moradia, etc. Assim, o Plano indica os objetivos a alcanar e explicita as estratgias e instrumentos para atingir os objetivos, complementado pelo conjunto das leis urbansticas e ambientais, que devem ser coerentes com aqueles objetivos. Orienta, ainda, os investimentos estruturais a serem realizados pelos agentes pblicos e privados, definindo o papel e a atuao de cada um deles, de forma pactuada, estabelecendo critrios e formas de aplicao dos instrumentos urbansticos, tributrios, dentre outros, e das aes estratgicas a serem implementadas. Deve estabelecer, entre os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, aqueles que possam ampliar as condies de financiamento do desenvolvimento urbano , como a outorga onerosa do direito de construir, o IPTU, a transferncia do direito de construir, e as operaes consorciadas.Os artigos do Estatuto da Cidade relativos concesso especial para fins de moradia foram vetados e regulamentados na medida provisria 2220/01

Para a sinergia na gesto municipal, o Plano Diretor deve articular outros processos de planejamento j realizados no municpio e na regio, como a elaborao da Agenda 21, planos de bacia hidrogrfica, Zoneamento Ecolgico Econmico, Planos de Preservao do Patrimnio Cultural , Sustentvel, etc. O Estatuto das Cidades estabelece critrios de obrigatoriedade para elaborao de Planos Diretores pelos municpios. Contudo, reconhecendo que o Plano Diretor um importante instrumento para o pleno desenvolvimento do municpio e cumprimento das funes sociais da cidade e da propriedade, recomenda-se que todos os municpios o elaborem. desejvel que todo o municpio conhea sua realidade e construa diretrizes para reduzir as desigualdades, prevenir a degradao ambiental e da qualidade de vida, assegurar o desenvolvimento sustentvel de suas potencialidades. s com o plano diretor aprovado que ele poder implementar a maioria dos instrumentos previstos no Estatuto . Planos de Desenvolvimento Turstico

II - CONSTRUO PARTICIPATIVA DO PLANO DIRETOR O Plano Diretor deve ser elaborado e implementado com a participao efetiva de todos os cidados. O processo deve ser conduzido pelo Poder Executivo e articulado junto ao Poder Legislativo e com a sociedade civil. importante que todas as etapas do Plano Diretor sejam conduzidas, elaboradas e acompanhadas pela equipe tcnica da Prefeitura e pelos moradores do municpio, e que a participao da sociedade no fique limitada apresentao do Plano Diretor em Audincias Pblicas.

Recomenda-se a participao do Poder Legislativo desde o incio do processo de elaborao do Plano, evitando alteraes substanciais, radicalmente distintas da proposta construida pelo processo participativo. Mais ainda , o cuidado na redao da lei, de responsabilidade do legislativo pode ser um facilitador do processo de implantao, evitando pendncias jurdicas posteriores. Recomenda-se, tambm, a participao do Ministerio Publico, juzes e registradores dos cartrios desde o incio do processo. Para o processo de elaborao do Plano Diretor deve ser definida uma equipe de coordenao da Prefeitura, formada por tcnicos de diversos setores da administrao e, se necessrio, pela complementao da equipe por meio da contratao de profissionais ou consultoria. Neste ltimo caso, o contrato da consultoria dever garantir um processo de transferncia de conhecimento e capacitao da equipe local durante a elaborao do Plano Diretor. O tamanho e a especializao da equipe deve ser proporcional capacidade da estrutura permanente do municpio para implementar o Plano. Dessa forma, o Plano Diretor constitui-se em um conjunto de regras simples e de domnio pblico, o que fundamental para sua aplicabilidade. importante envolver entidades profissionais de assistncia tcnica, especialmente nos municpios onde houver programas como engenharia e arquitetura pblicas, assistncia judiciria, profissionais especializados na mobilizao social, etc.

A equipe interna comea por organizar as informaes j disponveis na Prefeitura (legislao, estudos, dados, mapas, relao de interlocutores potenciais, etc) e simultaneamente inicia a sensibilizao e mobilizao da sociedade civil (entidades, instituies, movimentos sociais e cidados em geral) para a construo coletiva. necessrio propiciar espaos de socializao de informaes e capacitao para os participantes da elaborao do Plano Diretor, para que todos possam entender e interferir nos processos de deciso sobre os mecanismos e instrumentos de gesto e planejamento urbano. Nesse processo, fundamental a adoo de uma linguagem acessvel, de modo que o Plano Diretor seja construdo e apropriado por todos, estabelecendo uma relao de igualdade na discusso e no processo decisrio. Para que o processo de elaborao do Plano Diretor seja pblico e transparente importante constituir uma estratgia de comunicao, que tenha um amplo alcance. Para a mobilizao dos cidados e divulgao de todas as informaes e propostas sistematizadas nas diversas etapas e eventos, pode-se utilizar vrios recursos (rdio, televiso, jornais, internet, cartilhas, teatro, carro de som, etc). indispensvel utilizar as redes sociais estabelecidas na sociedade civil organizada (associao de moradores, entidades de classe, ONGs, entidades profissionais, sindicatos) e tambm as instituies com forte insero na populao (igreja, rede escolar, dentre outras). Devem ser divulgados em que locais da Prefeitura e da Cidade os documentos podem ser consultados. Caso o Municipio j tenha uma estrutura de oramento participativo, muito importante envolv-la no processo do plano.

III - LEITURA PARTICIPATIVA DA CIDADE E DO TERRITRIO 1 Etapa - Leituras tcnicas e comunitriasA Leitura da Cidade constitui um processo de identificao e discusso dos principais problemas, conflitos e potencialidades, do ponto de vista dos diversos segmentos sociais. Esta contempla as possveis alternativas para a soluo dos problemas detectados, procurando enfocar todo o territrio do municpio.

A primeira etapa de elaborao de um Plano Diretor, que estamos denominando de Leitura da Cidade, a identificao e o entendimento da situao do municpio rea urbana e rural - com seus problemas, seus conflitos e suas potencialidades. A Leitura da Cidade vai se dar a partir das Leituras Tcnicas e das Leituras Comunitrias, realizadas simultaneamente. No uma leitura exclusiva de especialistas, como nos tradicionais diagnsticos, ela pressupe olhares diversos sobre uma mesma realidade. A Leitura Tcnica auxilia no entendimento da cidade, por meio do estudo comparativo de dados e informaes socioeconmicas, culturais, ambientais e de infra-estrutura disponveis. Essa leitura elaborada pela equipe tcnica da Prefeitura e, se necessrio, pode ser complementada por estudos contratados ou envolvendo as universidades regionais ou outras instituies de ensino e pesquisa. Deve ir alm dos dados globais e das mdias locais do municpio, e revelar a diversidade e a desigualdade entre a zona urbana e rural, ou entre os diversos bairros de uma cidade. Deve conter, ainda, anlises referentes aos problemas existentes, s tendncias de desenvolvimento local e, sempre que possvel, ao contexto regional no qual o municpio se insere. importante ressaltar que nenhuma leitura exclusivamente tcnica e expressa sempre a viso de quem a elaborou. Portanto, os problemas, potencialidade e conflitos da cidade so leituras da realidade que variam com os grupos sociais. O Plano um momento de revelar as diferentes vises. Desta forma as leituras tcnicas produzidas, pelos profissionais da prefeitura ou por consultores, devem ser enriquecidas com as leituras comunitrias, feitas por diferentes segmentos da populao sob os pontos de

Na Leitura Comunitria podem ser utilizados diferentes dinmicas e materiais: como a construo de mapas temticos da cidade por meio da percepo dos participantes; fotos antigas e atuais como forma de visualizar as mudanas ocorridas; disponibilizar equipamento fotogrfico para que se possa fazer seu registro pessoal dos pontos importantes e / ou problemticos da cidade; desenhos, entrevistas e pesquisas realizadas, ou simplesmente, discutindo e refletindo sobre o municpio nas suas diversas regies.

vista

socioeconmico

(empresrios,

profissionais,

trabalhadores,

movimentos

populares, etc) e territorial (bairros, distritos, regies, zona rural, etc). Assim, a Leitura da cidade rene registros de memria das pessoas e grupos sociais, aportando elementos da cultura e da vivncia, permitindo contruir coletivamente uma releitura dos conflitos, problemas e potencialidades. Para alimentar e consolidar a Leitura Comunitria importante disponibilizar ao pblico as informaes sistematizadas na Leitura Tcnica, com uma linguagem acessvel, para orientar as discusses, no sentido de estabelecer uma compreenso geral do municpio, como por exemplo, a distribuio dos equipamentos pblicos e de infraestrutura existente na cidade, o grau de acessibilidade dos mesmos em relao disponibilidade de terras para habitao para diferentes faixas de renda, as reas mais expressivas para preservao ambiental ou cultural. Mapas do municpio Para facilitar a Leitura da realidade local um dos mais importantes recursos a utilizao de mapas que permitem visualizar as informaes das leituras tcnica e comunitria de forma clara e localizada no territrio. Dentre os mapas temticos bsicos podem ser citados:

Dentre as possibilidades de fontes de dados disponveis, esto: SNIU www.cidades.gov.br IBGE www.ibge.gov.br IPEA www.ipea.gov.br IPHAN www.iphan.gov.br PNUD www.pnud.org EMBRAPA www.embrapa.br Min. do Exrcito

www.exercito.gov.br INPE www.inpe.br MMA www.mma.gov.br IBAMA www.ibama.gov.brANA - Agncia Nacional das guas

www.ana.gov.br CPRM/DNPM www.cprm.gov.br e www.dnpm.gov.br PNUD www.undp.org.br

A - Mapas temticos sobre o Territrio Condicionantes e potencialidades fsico-ambientais - geomorfologia, clima, hidrografia, vegetao, solos dentre outros. Devero ser identificadas as reas mais expressivas para a preservao ambiental (iniciando pelas unidades de conservao ambiental j estabelecidas pelo municipio, estado e unio), para o desenvolvimento das atividades rurais do municpio, as reas que apresentam risco para a ocupao, etc. Preservao Cultural indicao de rea e/ou elementos de interesse para serem protegidos pelo Poder Pblico, em seus diferentes nveis de governo, se houver. Identificao das reas de preservao de patrimnio histrico ou cultural, tombadas ou protegidas e das reas de valor cultural ou simblico para a comunidade. Estrutura fundiria situao da propriedade da terra, identificando as reas regulares e as irregulares e a distribuio e forma de uso da propriedade. (por ex., lotes ou glebas vazios) Este tema central para a aplicao dos instrumentos e vai demandar um esforo especial dos municipios j que, mesmo os que dispe de cadastros atualizados, na sua maioria no tem informaes suficientes para tratar esta questo. Evoluo histrica da cidade e do territrio- o ncleo inicial com seus marcos de origem, as referncias histricas e culturais, os principais perodos e os fatores que determinaram a forma de ocupao. Insero regional do municpio, especialmente em relao circulao de pessoas, de mercadorias, de bens e servios. Devem ser analisados e mapeados o vnculo entre municpios, sendo eles vizinhos ou no.Patrimnio Cultural O valor, a riqueza e a originalidade que percorrem os tempos e se cristalizam no patrimnio so testemunhos de cidades mais humanas que deixamos de construir, so foras de inveno que devemos mobilizar para construir um pas mais justo. A expresso Referncias Culturais, tendo como base uma concepo antropolgica de cultura, vem sendo empregada como tudo o que corresponde diversidade no apenas da produo material, mas tambm os sentidos e valores atribudos pelos diferentes sujeitos a bens e prticas sociais. A restaurao e conservao do Patrimnio Histrico so indissociveis da restaurao e conservao da civilidade, da urbanidade e da poltica. Reacender nas comunidades o sentido de apropriao social do patrimnio que ser tanto mais sustentvel quanto servir de sustento a um projeto de reinveno da vida contempornea.

Mobilidade e circulao indicao e mapeamento dos deslocamentos da populao, circulao viria, transportes na cidade e na regio. B - Mapas de caracterizao e distribuio da Populao e seus movimentos: nmero de populao por bairro e densidade; faixa etria e escolaridade; condies de emprego e de renda familiar, o crescimento ou a evaso de populao; C - Mapas de usos do solo Mapa sobre a ocupao atual do territrio atividades e formas de uso e ocupao do solo existentes no presente, formais e informais, regulares ou no, vazios urbanos e zona rural, reas habitacionais definindo diferentes padres existentes na cidade, reas com edificaes de maior altura, densidades habitacionais, morfologias, D Mapas da Infra estrutura urbana servios e equipamentos e nveis de atendimento: Redes de infra estrutura ( esgotamento sanitrio, gua, luz, telefone, drenagem, TV a cabo, infovia etc.) Redes de equipamentos (educao, sade, cultura, esporte e lazer, etc.) Populao atendida por rede de gua, esgotos, drenagem, etcA principal fonte de dados populacionais o IBGE. As informaes podem ser agrupadas em mapas por bairros. A partir destas podem ser gerados diferentes mapas comparveis entre si.O IBGE disponibiliza informaes por setor censitrio para os municpios acima de 25000 habitantes (Estatcart), bem como, para alguns municpios, especialmente das regies metropolitanas. Outras fontes so a Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio - PNAD e a Pesquisa de Oramento Familiar POF. Alm disso, alguns estados possuem institutos de pesquisas que fornecem outros dados.

E - Mapas da atividade econmica do municpio: localizao, na cidade e no municpio, das atividades econmicas predominantes (inclusive as informais) e sua impotncia local e regional; atividades em expanso ou em retrao, no s em termos de nmero de empregos e de empresas, mas da rentabilidade destas relacionadas receita do municpio; F Dinmica Imobiliria anlise do mercado imobiliario, das tendncias em curso (reas em retrao, em expanso, novos produtos imobiliarios, etc G Legislao Levantamento da legislao urbanstica (leis de uso do solo, parcelamento, codigos de obras e posturas) ambiental e patrimonial nos mbitos municipal, estadual e federal, que incidem no municpio, e anlise sobre sua atualidade, onde e se a legislao est ou no sendo aplicada, onde as formas de ocupao tem contrariado a legislao em vigor e o por qu H - Estudos Existentes Levantamento de planos, estudos e projetos sobre o Municpio, seus problemas, potencialidades e vocao, como por exemplo os realizados nos Fruns de Desenvolvimento Local Integrado, sociais, economicos, demogrficos, ambientais, feitos pela propria prefeitura ou por outras instituies.

Mobilidade Urbana: A realidade nos centros urbanos a degradao dos servios de transporte pblico, aumento nos tempos de viagem, na poluio, nas tarifas e no congestionamento de automveis. O pas possui uma indstria de automveis, mas as cidades no possuem uma indstria de ruas. O processo de urbanizao que produz fragmentao do espao urbano, separando bairros residenciais cada vez mais distantes dos locais de trabalho e de lazer, e expulsa a populao carente para a periferia dos grandes centros. Esta ocupao gera vazios urbanos e a estrutura construda para circulao de automveis gera reas degradadas fsica e economicamente. Mobilidade urbana no pode ser entendida somente como o nmero de viagens que a pessoa consegue realizar em certo perodo, mas a capacidade de realizar as viagens necessrias para realizao dos direitos bsicos de cidado. Incorporar a Mobilidade Urbana no Plano Diretor priorizar no conjunto de polticas de transporte e circulao , o acesso amplo e democrtico ao espao urbano e os modos no motorizados e coletivos de transporte, baseados nas pessoas e no nos veculos.

Confrontando a Leitura Tcnica e a Leitura Comunitria A sugesto sobrepor as leituras confrontando vises, identificando informaes e referncias convergentes e divergentes. Sintetizar estas leituras em textos e mapas; identificar quais so as principais tendncias, problemas, conflitos e potenciais do municpio, disponibilizando-os a todos os participantes da elaborao do Plano Diretor. Neste momento afloram temas quentes para a cidade, tais como questo do direito a moradia e conservao do meio ambiente em uma rea de proteo ambiental ocupada irregularmente, a tendencia de verticalizao em nucleo histrico; a concentrao de lotes vagos nas areas centrais X a expanso das periferias em areas sem infraestrutura ou ambientalmente frgeis, problemas de circulao/congestionamento. 2 Etapa Formulando e pactuando propostas Nem todas as questes so igualmente relevantes em todos os momentos da histria de uma cidade. A partir da fase de leitura sero definidos os temas prioritrios para o futuro da cidade e para a reorganizao territorial do municpio. De nada adianta um plano diretor tratar de dezenas de aspectos da cidade e no ter capacidade de intervir sobre eles. Desta forma importante trabalhar com uma perspectiva estratgica, selecionando temas e questes que por serem cruciais para acidade neste momento, se enfrentadas podem redefinir o seu destino. Para cada tema prioritrio devero ser definidas as estratgias e os instrumentos, que estaro contidos no plano diretor. Eles indicam os caminhos para a construo da cidade que se deseja. Devero ser negociados e pactuados com todos os participantes

Meio Ambiente e Sustentabilidade A Agenda 21 Brasileira prope a construo da sustentabilidade, por meio da abordagem multissetorial da nossa realidade e da integrao dos instrumentos participativos de planejamento A abordagem da questo ambiental vem evoluindo na viso e na forma de atuao dos diferentes atores sociais envolvidos. A poltica de fiscalizao e controle vem sendo complementada pelo incentivo gesto equilibrada dos recursos naturais, em todo o processo de produo e consumo, reduzindo o desperdcio de insumos e de matrias-primas.. Ser preciso superar a viso de desenvolvimento a partir apenas de espaos a serem ocupados e de recursos a serem apropriados, e entend-la como possibilidade de construo coletiva, geradora de qualidade de vida, tendo como pontos de partida, simultneos, a dimenso ambiental, econmica, social, tica e cultural. Somente atravs de um esforo integrado de governos e da sociedade civil ser possvel tratar de forma efetiva e justa os temas que tm desafiado o pas: a necessidade de preservao de nossos grandes biomas, de nossos rios, de garantir condies de vida digna para a populao, de organizar o Estado para que ele seja capaz de garantir a proteo do meio ambiente e os direitos estabelecidos na nossa Constituio. Utilizar de formasocialmente justa e preservar a riqueza que sustenta a vida e o bem-estar do nosso povo.

do processo para assegurar as condies para a transformao da realidade. Alguns exemplos de temas prioritrios: Tema: Esvaziamento econmico e populacional do municpio Objetivo: Reverter este processo, criando condies de gerao de emprego e renda. Estratgias: Assegurar espaos para o desenvolvimento das atividades econmicas rurais e urbanas, geradoras de oportunidades de emprego e renda; simplificar a legislao; requalificar imveis desocupados para pequenas e mdias empresas (imveis, galpes, etc); etc Tema: Moradia digna para todos Objetivo: Ampliar a oferta de novas moradias. Estratgias: Regularizao fundiria das reas irregulares; delimitar reas para habitao de interesse social (ZEIS); incentivar as cooperativas e a construo civil; prevenir a ocupao das reas de risco; etc Tema: Patrimnio ambiental e cultural ameaados de degradao Objetivo: Proteger as reas ameaadas Estratgias: Delimitar as reas a serem protegidas, rever a legislao, redirecionar as formas de ocupao que ameaam o patrimnio. Tema: Expanso ilimitada do municpio para as periferias Objetivo: Conter a expanso

Estratgias: Otimizar a infraestrutura instalada; induzir a ocupao dos vazios urbanos; suprimir a rea de expanso urbana; coibir novos parcelamentos em reas perifricas; requalificar as reas degradadas; etc Na proposta do plano diretor devem estar presentes os diversos enfoques: ambientais, culturais, tursticos, econmicos e sociais, de forma articulada, mesmo quando estes temas no se apresentem como eixos estratgicos. A especificidade do municpio deve sempre ser tratada como tema prioritrio no Plano Diretor: patrimnio cultural ou ambiental, municpio turstico; industrial, rural etc Por outro lado, se o municpio est na rea de influncia de um grande projeto, os impactos da implementao deste projeto deve ser um tema central. Particularrmente, neste caso, a participao dos empreendedores pblicos e privados, envolvidos no projeto, na discusso do plano diretor indispensvel. A universalizao do acesso ao saneamento ambiental, com as diretrizes para os sistemas de abastecimento de gua, de drenagem, de esgotamento sanitrio e dos resduos slidos, explicitando o modelo de gesto, outro tema fundamental para o plano diretor. recomendvel, ao final desta etapa, submeter a definio dos temas centrais/ objetivos e estratgias discusso e deciso com os diversos segmentos da sociedade e com as instituies envolvidas na elaborao do Plano Diretor. Este momento fundamental para avaliar e corrigir rumos e definir a linha bsica do plano.

Definindo instrumentos Os instrumentos so ferramentas que viabilizam as intenes expressas no Plano. Os objetivos e estratgias devem estar estreitamente articulados aos instrumentos de planejamento e de poltica urbana. O Estatuto da Cidade oferece um leque de mais de trinta instrumentos para que o municpio possa trer mais controle sobre o seu territrio. A grande inovao que alm dos intrumentos tradicionais de planejamento urbano (de natureza regulatria), o Estaturoo apresenta uma srie de novos instrumentos de induo do desenvolvimento, de incluso territorial da populao marginalizada e de gesto democrtica do municpio. A legislao urbanstica, particularmnente as leis de Parcelamento do Solo e de Uso e Ocupao do Solo, devem ser revistas e incorporadas ao plano. O Estatuto da Cidade, no artigo 40, estabelece ainda que os instrumentos de poltica econmica, tributria e financeira dos municpios devem adequar-se aos objetivos do planejamento territorial. Isto significa que tanto a forma de aplicao dos triburtos (como IPTU e ISS), como a prpria lei oramentria devem ser coerentes com o plano diretor. As propostas de investimentos, inseridas no Plano Diretor, devem orientar as prioridades de governo definidas no Programa Plurianual - PPA do municpio, nas diretrizes oramentrias e nos oramentos anuais que sero elaborados aps a

aprovao do Plano Diretor. Os instrumentos de regulao do desenvolvimento urbano, se bem aplicados, podem servir para simultaneamente controlar o uso do solo, influenciar no mercado de terras, arrecadar e redistribuir as oportunidades e recursos. importante observar quais os instrumentos so adequados realidade municipal e se cumprem os objetivos e as estratgias do Plano Diretor. O captulo IV do Estatuto, que trata da Gesto Democrtica, traz os instrumentos para que o municpio implante o processo de planejamento participativo. Ele prope a abertura de canais de participao direta e representativa, como as conferncias e o conselho. As conferncias so espaos coletivos de amadurecimento poltico, pela participao de diferentes segmentos. e pela explicitao das diversas idias de construo de uma cidade. Realizadas sobre assuntos de interesse do municpio, devero ser aglutinadoras de idias e de propostas, e quando couber, ter a participaode representantes das esferas estadual e federal de governo, especialmente nos casos de matrias que sejam de competncia concorrente, a exemplo do patrimnio cultural e ambiental. So elementos de enriquecimento do debate e de comprometimento destes segmentos quanto implementao, controle e fiscalizao do Plano Diretor. nelas que se elegem os delegados para a formao de um conselho municipal. Os Conselhos so rgos colegiados, com representantes do Poder Pblico e da sociedade civil que acompanham, controlam e fiscalizam a implementao do

planejamento territorial. Alm das conferncias, a realizao de Audincia Pblica requisito obrigatrio no processo de discusso para a aprovao do Plano Diretor na Cmara Municipal, sendo condio para validao da lei municipal que institui o Plano Diretor. A Prefeitura dever garantir a toda a populao uma divulgao ampla e o acesso aos documentos e informaes produzidos durante todo o processo de elaborao do Plano Diretor, de modo que uma grande parcela da populao participe efetivamente no debate final da proposta. IV O SISTEMA DE GESTO E PLANEJAMENTO DO MUNICPIO A lei do Plano Diretor deve estabelecer a estrutura e o processo participativo de A no realizao do plano diretor ou a ausncia do processo participativo podem resultar na declarao de improbidade administrativa do Prefeito

planejamento para a implementao e monitoramento do Plano. O monitoramento compreende avaliaes, atualizaes e ajustes sistemticos que devem estar definidos na Lei. As instncias de discusso e deciso do monitoramento, como o conselho, tambm devero ter sua composio e atribuies definidas na Lei. A forma como o sistema de gesto e de planejamento ser implementado e monitorado garantindo o controle social depender da montagem acordada no pacto de elaborao do Plano Diretor e dever ser coerente com a capacidade de gesto do municpio. A concluso do Plano Diretor no encerra um processo de planejamento. Ajustes podem e devem ser feitos. recomendvel que o prprio plano tenha uma proposta de

sistemtica para sua reviso. Conforme o Estatuto da Cidade a lei que institui o Plano Diretor dever ser revista pelo menos a cada dez anos. A reviso e os ajustes devero ser discutidos e acordados de forma integrada com os demais fruns de discusso atuantes no municpio, consolidados em Conferncias Municipais e articulados com as demais aes implementadas pelos diferentes nveis de governo. V REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS -Agenda 21 Brasileira Aes Prioritrias. Braslia. Comisso de Polticas de Desenvolvimento Sustentvel e da Agenda 21 Nacional, 2002; -Estatuto da Cidade Guia para Implementao pelos Municpios e Cidados Braslia. Cmara dos Deputados, Caixa Econmica Federal: Instituto Polis, 2002. -Estatuto da Cidade, Lei n 10.257, de 10 de julho de 2001. -Proposta de Assessoria para Elaborao do Plano Diretor do Municpio de Embu So Paulo: Instituto Polis, Instituto de Estudos, Formao e Assessoria em Polticas Sociais, Agosto de 2001; -Plano Diretor Estratgico Cartilha de Formao. So Paulo: Caixa Econmica Federal e Cmara Municipal de So Paulo Gabinete do Vereador Nabil Bonduki, 2 Edio Revisada, abril de 2003; -Estatuto da Cidade O Jogo Tem Novas Regras. Minas Gerais: CREA-MG, IABMG, SENGE-MG e AMM, maio de 2002. -Plano Diretor: Instrumento de Reforma Urbana org. Grazia de Grazia FASE Rio de Janeiro VI ANEXOS: Lei 10257/2001 Estatuto da Cidade Medida Provisria 2220/2001