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MINISTRIO DA SADE CONSELHO NACIONAL DE SADE

MANUAL

Braslia, DF 25 a 28 de julho de 2004

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2004 Ministrio da Sade. permitida a reproduo parcial ou total desta obra,desde que citada a fonte. Srie D. Reunies e Conferncias Tiragem: 1a edio 2004 20.000 exemplares Elaborao, distribuio e informaes: MINISTRIO DA SADE Conselho Nacional de Sade Esplanada dos Ministrios, Bloco G, Edifcio Anexo, ala B, 1. andar, sala 109 B CEP: 70058-900, Braslia DF Tels.:(61) 315 2151 / 315 2560 / 315 2150 Faxes:(61) 315 2414 / 315 2472 E-mail:[email protected] Home page: http://conselho.saude.gov.br Organizadores: Comisso Organizadora da 2a Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade Projeto grfico e capa: Joo Del Negro Reviso: Pablo de Oliveira Vieira

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalogrfica

Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade (2. : 2004 : Braslia,DF) 2. Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade, Braslia,25 a 28 de julho de 2004 / Ministrio da Sade, Conselho Nacional de Sade. Braslia: Ministrio da Sade, 2004. 164 p.:il. (Srie D. Reunies e Conferncias) ISBN 85-334-0796-3

1. Poltica de sade. 2. Pesquisa. 3. Tecnologia em sade I. Brasil. Ministrio da Sade. II. Brasil. Conselho Nacional de Sade. III.Ttulo. IV. Srie.

NLM W 82Catalogao na fonte Editora MS

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2 CONFERNCIA NACIONAL DE CINCIA,TECNOLOGIA E INOVAO EM SADE SUMRIO1. Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 2. Programao preliminar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 3. Documento Base para a 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13 3.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 3.2 Situao Atual de Cincia e Tecnologia no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16 3.2.1 Histrico do Desenvolvimento da Cincia e Tecnologia no Brasil,a partir da Dcada de 50 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 3.2.2 Formao de Recursos Humanos em Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . .20 3.2.3 Complexo Produtivo em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 3.2.4 Fomento a Pesquisa em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .22 3.3 Princpios da Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . . .24 3.4 Eixos Condutores da Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25 3.5 Estratgias da Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . .27 3.5.1 Sustentao e Fortalecimento do Esforo Nacional em Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 3.5.2 Criao do Sistema Nacional de Inovao em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27 3.5.3 Construo da Agenda de Prioridades para Pesquisa e Desenvolvimento Tecnolgico em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30 3.5.4 Superao das Desigualdades Regionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 3.5.5 Aprimoramento da Capacidade Regulatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 3.5.6 Difuso dos Avanos Cientficos e Tecnolgicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 3.5.7 Formao e Capacitao de Recursos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33 3.6 Modelo de Gesto da Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 4. Portaria Interministerial n 453 - Convocao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 5. Regimento 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . .45 6. Proposta de Regulamento - 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 7. Comisso Organizadora, Comisso Executiva, Coordenao de Relatoria e Comisses Especiais da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade . . . . . . . . .71 Anexo: Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81

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1.Apresentao

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I N T RO D U O

Passados dez anos da realizao da 1a Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade, na qual foi proposta uma agenda ampla e em muitos aspectos ainda atual sobre desenvolvimento cientfico e tecnolgico para o setor sade, os Ministrios da Sade, da Educao, da Cincia e Tecnologia, o Conselho Nacional de Sade e a plenria da 12 Conferncia Nacional de Sade deliberaram pela realizao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade (2 CNCTIS). Nesse nterim, foram registrados avanos no campo da pesquisa e desenvolvimento (P&D) em sade no Pas, entretanto, ainda h muito o que se fazer. A proposta de realizao da 2 CNCTIS foi motivada pela necessidade de reorientar os rumos da Poltica Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade (PNCTI/S), no sentido de reforar o papel do Ministrio da Sade em sua construo e conduo. Alm disso, dentre as recomendaes da 12 CNS destaca-se a necessidade de se aprofundar as propostas e discusses desencadeadas naquela conferncia sobre o eixo de cincia e tecnologia em sade. A 2 CNCTIS convocada pelos setores de sade, de cincia e tecnologia e de educao, tendo em vista a necessidade de se aprofundar os mecanismos de cooperao e coordenao intragovernamental nesse campo. A parceria entre estes fundamental para o aumento da eficincia das aes de cincia, tecnologia e inovao em sade.A nfase no carter intersetorial da 2 CNCTIS deve-se tambm ao reconhecimento por parte do setor sade da experincia e credibilidade acumulada pelos dois outros setores nas atividades de fomento pesquisa no Pas. As discusses da 2 CNCTIS, em sua etapa municipal, estadual e nacional, sero orientadas por dois eixos temticos: 1) Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; e 2) Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade. Para subsidiar o debate, apresenta-se nesta publicao o Documento Base da Conferncia e a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade. O Documento Base representa a sntese atual das discusses realizadas no Ministrio da Sade, na Comisso Intersetorial de Cincia e Tecnologia do Conselho Nacional de Sade (CICT/CNS) e na comunidade cientfica e tecnolgica. Este documento identifica lacunas e desafios a ser enfrentados e prope diretrizes no sentido de fomentar o avano do conhecimento cientfico no setor sade; de orientar o desenvolvimento tecnolgico e de inovao da indstria de equipamentos, medicamentos, imunobiolgicos e outros insumos bsicos sade; e de promover maior convergncia entre a PNCTI/S e as necessidades de sade da populao brasileira. Esta publicao apresenta ainda a Portaria Interministerial n 453, de 17 de maro de 2004, de convocao, o Regimento Interno e o Regulamento da 2

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CNCTIS, a programao preliminar da etapa nacional e a composio das Comisses Organizadora, Executiva e Especiais. importante ressaltar que cada conferncia municipal tem carter deliberativo no mbito da poltica local e, ao mesmo tempo, deve contribuir para a formulao das polticas estaduais e nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade. Isso deve estar refletido na forma em que as propostas sero levadas etapa nacional. O compromisso poltico do Ministrio da Sade acatar as orientaes que expressem a vontade e o desejo da maioria dos delegados, descritas no Relatrio Final. Estas orientaes definiro as polticas e as prioridades neste campo nos prximos anos. A 2 CNCTIS dever ser um foro privilegiado para a discusso das aes de P&D em sade no Brasil, na perspectiva de construo dos marcos norteadores de um novo momento para a cincia, tecnologia e inovao em sade, consoante com o tema central desta conferncia: Produzir e aplicar conhecimento na busca da universalidade e eqidade, com qualidade da assistncia sade da populao. A COMISSO ORGANIZADORA

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2.Programao Preliminar

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P RO G RAMAO PRELIMINAR

Domingo - 25/7

Segunda-Feira - 26/7

Tera-Feira - 27/7

Quarta-Feira -28/7

Manh

Painel sobre o Eixo Temtico: A Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade 9h s 13h Almoo 13h s 15h

Plenria Temtica 9h s 12h

Plenria Final 9h s 12h

Almoo 12h s 14h Plenria Temtica 14h s 18h

Almoo 12h s 14h Plenria Final 14h s 19h

Tarde

Painel sobre o Eixo Temtico: A Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade 15h s 19h Lanche Jantar 19h s 21h

Jantar 18h30 s 20h

Jantar 19h s 20h30

Noite

Abertura da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade 18h Aprovao do Regulamento da 2 CNCTIS 20h

Confraternizao 21h

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3. Documento Base para a 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade

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L I S TA DE SIGLA SBIREME C&T CAPES CEP CNCTIS CNPq CNS CONEP CT&I/S EMBRAER EMBRAPA FAPESP FINEP GATT ITA MCT MEC OMS P&D PASNI PIBIC PNCT/S PNCT&I PNCTI/S SUS Biblioteca Virtual do Centro Latino-Americano e do Caribe de Cincias da Sade Cincia e Tecnologia Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior Comit de tica em Pesquisa Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico Conselho Nacional de Sade Comisso Nacional de tica em Pesquisa Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade Empresa Brasileira de Aeronutica Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo Financiadora de Estudos e Projetos Acordo Geral de Comrcio e Tarifas Instituto Tecnolgico da Aeronutica Ministrio da Cincia e Tecnologia Ministrio da Educao Organizao Mundial da Sade Pesquisa e Desenvolvimento Programa de Auto-Suficincia Nacional em Imunobiolgicos Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica Poltica Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade Sistema nico de Sade

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3.1 INTRO D U OA elaborao da Poltica Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade (PNC&T/S) vista como um dos componentes da Poltica Nacional de Sade exigir uma interao estreita entre o Sistema nico de Sade, os componentes de C&T e a poltica de formao de recursos humanos em sade (....) A orientao lgica dessa poltica deve estar fortemente marcada por um claro compromisso tico e social de melhoria a curto, mdio e longo prazo das condies de sade da populao brasileira,considerando particularmente as diferenciaes regionais e buscando a eqidade. (documento final da 1 Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade, Braslia,1994.)

1. A Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade (PNCTI/S), de acordo com as recomendaes da 1 Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade, parte integrante da Poltica Nacional de Sade, formulada no mbito do Sistema nico de Sade (SUS). O art. 200, inciso V, da Constituio Federal estabelece as competncias do SUS e entre elas inclui o incremento do desenvolvimento cientfico e tecnolgico em sua rea de atuao. 2. O SUS pauta-se por trs princpios constitucionais: universalidade, integralidade e eqidade. Todos eles se aplicam tambm PNCTI/S. Do ponto de vista da cincia e da tecnologia, a aplicao desses princpios deve corresponder ao compromisso poltico e tico com a produo e apropriao de conhecimentos e tecnologias que co nt ribuam para reduo das desigualdades sociais em sade. 3. A produo de conhecimentos cientficos e tecnolgicos reveste-se de caractersticas que so diferentes daquelas da produo de servios e aes de sade. Por este motivo, os princpios organizacionais que regem o SUS municipalizao, regionalizao e hierarquizao nem sempre podero ser adotados mecanicamente no desenho do sistema de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade (CT&I/S). 4. A PNCTI/S tambm um componente da Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao (PNCT&I) e, como tal, subordina-se aos mesmos princpios que a regem,a saber, o mrito tcnico-cientfico e a relevncia social.

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5. O objetivo maior da PNCTI/S, assim como da PNCT&I, contribuir para que o desenvolvimento nacional se faa de modo sustentvel e com apoio na produo de conhecimentos tcnicos e cientficos ajustados s necessidades econmicas, sociais, culturais e polticas do Pas. 6. Para os objetivos deste documento, a orientao adotada para delimitar o campo da pesquisa em sade foi a sua finalidade, ou seja, compem o campo da pesquisa em sade os conhecimentos, tecnologias e inovaes de cuja aplicao resultem melhorias na sade da populao. 7. Parcela significativa dos levantamentos de dados sobre o desenvolvimento cientfico e tecnolgico no Brasil adota a regra de s considerar como pesquisa em sade a soma das atividades de pesquisa clnica, biomdica e de sade pblica. Essa forma tradicional de conceituar pesquisa em sade, baseada em reas do conhecimento e no em setores de aplicao, deixa de lado pesquisas realizadas nas reas associadas s cincias humanas, sociais aplicadas, exatas e da terra, agrrias e engenharias. Alm disso, essa abordagem inclui pesquisas cujas reas de conhecimento so as cincias biolgicas, as quais, nem sempre, dizem respeito diretamente sade humana. 8. Uma PNCTI/S, voltada para as necessidades de sade da populao, ter como objetivos principais desenvolver e otimizar os processos de produo e absoro de conhecimento cientfico e tecnolgico pelos sistemas, servios e instituies de sade, centros de formao de recursos humanos, empresas do setor produtivo e demais segmentos da sociedade. Assim, a PNCTI/S deve ser vista tambm como um componente da poltica industrial, de educao e demais polticas sociais (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 9. Outra questo a ser considerada na PNCTI/S a utilizao da pesquisa cientfica e tecnolgica como importante subsdio para a elaborao de instrumentos regulatrios pelo Estado. Pelas suas competncias legais e poder de compra, cabe ao Estado a produo de leis e normas que, apoiadas em conhecimentos, permitam garantir, de forma ampliada, a adequada promoo, proteo e recuperao da sade dos cidados.

3 . 2 . S I T UAO AT UAL DE CINCIA E T E C N O LOGIA NO BRA S I L3.2.1. Histrico do Desenvolvimento da Cincia e Tecnologia no Brasil, a partir da Dcada de 50 10. A partir do incio da dcada de 50, e em particular nos trs decnios seguintes, o Brasil, em comparao com outros pases de industrializao recente,

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construiu um expressivo parque de pesquisa. O modo como ele se construiu acompanhou, em vrios aspectos, o modelo de industrializao em sua etapa de substituio de importaes. Algumas das caractersticas bsicas da pesquisa e desenvolvimento (P&D) naquele momento horizontalidade e pouca seletividade estavam vinculadas ao modelo ento predominante na produo cientfica, que buscava, prioritariamente, criar uma massa crtica de recursos humanos qualificados. A imaturidade do componente tecnolgico devia-se em grande parte tambm ao modelo de industrializao, que no estimulava o desenvolvimento e a capacitao cientfica, tecnolgica e de inovao. Entretanto, o predomnio do modelo nacional-desenvolvimentista gerou a necessidade de buscar alguma articulao entre a produo tcnico-cientfica e a produo agrcola e industrial. So exemplos dessa articulao para o desenvolvimento tecnolgico a criao da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) e dos departamentos de P&D de empresas estatais, como a Petrobras, bem como a articulao entre o Instituto Tecnolgico da Aeronutica (ITA) e a Empresa Brasileira de Aeronutica (EMBRAER). No campo dos mecanismos de fomento, devem ser lembrados o Fundo de Tecnologia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (FUNTEC/BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), esta existente at hoje. Porm,praticamente no se verificou extenso deste modelo para o campo das polticas sociais, a no ser em raras excees como o Programa de Auto-Suficincia Nacional em Imunobiolgicos (PASNI). A organizao do parque cientfico e tecnolgico, alm de submeter-se mais diretamente poltica econmica, sofre a influncia da concepo de desenvolvimento cientfico e tecnolgico dominante em cada momento. At recentemente, a concepo predominante pressupunha que o processo de inovao seria conseqncia natural de um acmulo contnuo de conhecimentos, que se inicia com a pesquisa bsica e, necessariamente, ao final de um percurso linear de acrscimos sucessivos, culminava na produo de uma inovao tecnolgica. Hoje essa concepo linear est sendo questionada. Da mesma forma, a idia da existncia de fronteiras rgidas e tenses estruturais entre pesquisa bsica e pesquisa aplicada vem sendo objeto de intenso debate e crtica. A PNCTI/S deve considerar todos os tipos de pesquisas, da pesquisa bsica at a operacional. necessrio tambm inserir nesta poltica uma viso ampliada dos campos de saber cientfico e tecnolgico aplicados sade, como, por exemplo, pesquisas em epidemiologia, servios de sade, clnica, demografia, cincias sociais,

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engenharias, cincias agrrias, entre outras. Tal ampliao permite incluir outras tipologias de pesquisa, como as que fazem referncia ao contexto de sua realizao, como a pesquisa operacional voltada para a soluo de problemas na implantao de programas de proviso de bens, servios e aes de sade. Desde a dcada de 80, vem se fortalecendo a articulao entre pases em torno da idia de que a pesquisa em sade uma ferramenta importante para a melhoria da situao de sade das populaes, bem como para a tomada de decises na definio de polticas e no planejamento em sade. Isso tem contribudo para a melhoria das aes de promoo, proteo, recuperao e reabilitao da sade e a diminuio das desigualdades sociais. Organizaes internacionais na rea de sade, com destaque para a Organizao Mundial da Sade (OMS), vm desempenhando papel importante nesse movimento, no qual o Brasil deve buscar maior participao. Apesar de ocupar posio ainda modesta no panorama internacional da produo cientfica, o Brasil conseguiu construir uma tradio que se caracteriza pela capacidade de: a) gerar internamente a imensa maioria dos recursos financeiros utilizados para o funcionamento da capacidade instalada de pesquisa; b) formar a quase totalidade dos recursos humanos para a pesquisa, de tcnicos a doutores, dentro de suas fronteiras. Esses dois fatos distanciam claramente o Pas do panorama de pesquisa em sade existente na maioria dos pases em desenvolvimento. No Brasil, como ocorre em vrios pases, o setor sade tambm representa o maior componente de toda a produo cientfica e tecnolgica. Quanto sua distribuio no territrio, a produo cientfica em sade est mais concentrada na regio Sudeste. Quanto aos pesquisadores do setor, sua qualificao similar encontrada no conjunto das atividades de pesquisa, possuindo a maioria deles o grau de doutor. Dos 10.938 doutores que atuam em diversas reas de conhecimento relacionadas ao setor, 53,8% pertencem grande rea da sade. Os dados do Diretrio de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) mostram que os grupos que realizam pesquisas em sade apresentam volume aprecivel de produo, de carter predominantemente bibliogrfico-acadmico. Para cada dez trabalhos publicados encontra-se uma pesquisa de natureza tcnica que resultou em algum tipo de registro. No existe suporte adequado para as atividades de proteo propriedade intelectual e de reconhecimento de patentes. A pequena tradio de induo no fomento s aes de CT&I e a baixa capacidade de transferncia de conhecimentos gerados nas universidades

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para os setores da indstria e de servios tambm so aspectos relacionados predominncia de produo de tipo bibliogrfico. 19. As atividades de CT&I esto relativamente concentradas em instituies universitrias e em algumas instituies de pesquisa com misso especfica. O desenvolvimento dessas atividades nas empresas privadas do setor produtivo incipiente ainda que existam esforos para increment-las. 3.2.2. Formao de Recursos Humanos em Cincia,Tecnologia e Inovao em Sade Entre os fatos mais promissores ocorridos no panorama da formao de recursos humanos para a pesquisa no Pas, na ltima dcada, destacam-se a implantao do Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica (PIBIC) e a desce nt ralizao geogrfica dos programas de doutorado. Esta descentralizao, se for acompanhada de fluxo sustentado de recursos para a regio Nordeste, Norte e Centro-Oeste, como est previsto na operao dos fundos setoriais do Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT ), poder contribuir para a correo de uma das srias distores na distribuio de recursos humanos em pesquisa, que sua intensa concentrao geogrfica. Ainda h carncias importantes no que se refere ao desenvolvimento tecnolgico no Brasil, sobretudo as relacionadas com a escassez de centros de excelncia, profissionais e instituies capacitados para a gesto de processos de inovao que se ajustem s exigncias de qualidade e segurana dos rgos reguladores. O setor de pesquisa em sade em geral no difere dos outros setores quanto distribuio dos recursos humanos, porm apresenta alguns componentes mais concentrados que a mdia,como a pesquisa mdica e odontolgica em So Paulo, e outros menos concentrados, como a sade coletiva, em que a presena da regio Nordeste situa-se acima da mdia da participao desta regio para todas as reas do conhecimento. Apesar de algumas iniciativas de fixao de doutores em universidades, ocorreu, na dcada de 90, intenso contingenciamento de postos de trabalho, que se mantiveram vagos, em universidades e institutos de pesquisa. Este fato, de um lado, impediu a reposio de quadros qualificados e, do outro, levou ao surgimento de uma populao de docentes, denominados substitutos, com pouca ou nenhuma formao para a pesquisa e com relao de trabalho bastante precria com a instituio. Observa-se nmero insuficiente de bolsas concedidas pelas agncias de fomento para formao e fixao institucional de novos pesquisadores, em particular para alunos de mestrado. Se persistir a tendncia diminuio do nmero de bolsas, poder haver um impacto negativo na oferta de jovens

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pesquisadores. H de se destacar ainda a carncia de profissionais especializados em reas importantes, tais como: pesquisa clnica, avaliativa, ambiental, toxicolgica,gesto de projetos e propriedade intelectual. 25. Em relao formao cientfica e profissionalizante dos trabalhadores do SUS, so poucas as oportunidades disponveis de capacitao para formular demandas de CT&I/S a partir das necessidades e dos problemas do sistema e dos servios de sade e de utilizao da produo cientfica e tecnolgica no aprimoramento de programas e aes de sade. 26. Ao mesmo tempo, existem lacunas quanto disseminao e difuso de informaes cientficas e tecnolgicas de interesse para a gesto do SUS. Apesar de vrias iniciativas bem-sucedidas, como as dos bancos de dados do Ministrio da Educao (MEC) e do Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT ) e as Bibliotecas Virtuais do Centro Latino-Americano e do Caribe de Cincias da Sade da Organizao Pan-Americana da Sade (BIREME),ainda persistem insuficincias na introduo de formas de comunicao acessveis e compreensveis para o pblico leigo e profissionais de sade. Esse aspecto dificulta a participao social e socializao da produo cientfica e tecnolgica em prol da eqidade. 3.2.3.Complexo Produtivo em Sade 27. O complexo produtivo da sade formado por trs grandes componentes: as indstrias qumicas e de biotecnologia (frmacos, testes diagnsticos, vacinas e hemoderivados), as indstrias mecnicas, eletrnicas e de materiais (equipamentos, rteses e prteses e materiais de consumo) e as organizaes de prestao de servios. Nos ltimos anos, os segmentos dos dois primeiros componentes apresentaram dficit comercial significativo, atingindo cerca de US$3,5 bilhes em 2001. Deste dficit na balana comercial, 70% decorreram de relaes com pases desenvolvidos e 30% de relaes com pases que apresentam nvel de desenvolvimento compatvel com o brasileiro. 28. As limitaes nacionais no mbito da indstria farmacutica decorrem de um desequilbrio entre as competncias para atividades de P&D na cadeia produtiva farmacutica, na medida em que h competncia nacional equivalente quela dos pases desenvolvidos na rea de farmacologia, farmacodinmica e pesquisa bsica, e competncias pouco expressivas na rea de farmacologia clnica e farmacocintica; orientao difusa dos investimentos com pouca ou nenhuma seletividade; incipiente gesto da propriedade intelectual;desarticulao entre o SUS e o sistema de inovaes; e dificuldades na transferncia do conhecimento cientfico para o setor produtivo.

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29. O setor de produo de vacinas requer base cientfica e tecnolgica intensa, tem alto custo fixo de produo, ciclo produtivo longo, concentrao de produtores, ampliao constante do leque de produtos, exigncias regulatrias fortes e o setor pblico como principal comprador. No Brasil, o mercado de vacinas um dos maiores do mundo e os produtores nacionais so todos pblicos. Embora j se produza no Pas parcela considervel das vacinas necessrias para consumo interno, a balana comercial negativa tambm nesse item,apontando a necessidade de investimentos em P&D que garantam a autonomia e a auto-suficincia nesse setor. 30. No fcil quantificar os esforos de CT&I/S no Pas. Para as atividades de P&D em empresas, os dados so bastante precrios, havendo pouca informao sobre o setor sade. Calcula-se que no Brasil,em 2000, foram investidos cerca de US$13 bilhes em P&D, recursos estes majoritariamente do governo, aplicados em atividades desenvolvidas por instituies de ensino superior. O baixo investimento por parte do setor privado atribudo ao carter fortemente internacionalizado do complexo produtivo da sade. Esta caracterstica levou as empresas que vieram se instalar no Pas a optar pela realizao de atividades de P&D em suas matrizes no exterior. 31. Alm disso, cabe mencionar que a ausncia de uma poltica industrial no Pas acrescida de ambiente econmico e financeiro desfavorveis aos investimentos privados de risco em P&D e os escassos recursos pblicos tm dificultado uma evoluo desejvel das atividades de P&D do setor privado, apesar de a cincia e tecnologia em sade representarem segmento estratgico para busca da soberania do Brasil. 32. Pode-se adicionar a esses fatores o processo oneroso e demorado de obteno de patentes ou copyright e o reduzido valor social da propriedade intelectual, como pode ser visto pela ampla aceitao pirataria. O sistema patentrio, de processos e de produtos, no Brasil, foi modificado com a Lei n 9.279/96, incluindo novos setores como da qumica fina, de frmacos, de produtos farmacuticos e biotecnolgicos. Na aprovao dessa lei o governo deixou de aplicar alguns mecanismos previstos no Acordo Geral de Comrcio e Tarifas (GATT ) aos pases em desenvolvimento, permitindo ampliao de prazo para os setores novos. Esse prazo seria um perodo de transio, para adequao do uso do conhecimento da cincia,da tecnologia e de desenvolvimento de processos e de produtos, sobretudo para promover mudana cultural, de modo a integrar a iniciativa privada, os rgos de governo, como universidades e institutos de pesquisa, ao novo ordenamento jurdico. 33. Vale notar tambm que a abertura comercial descontrolada que se observou na dcada de 90 no Brasil agravou o panorama dos investimentos em P&D no

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complexo produtivo da sade. Na medida em que no se preocupou em defender setores industriais estratgicos, foi observada nesse perodo, para alguns insumos fundamentais, como a dos farmoqumicos, uma regresso na capacidade produtiva originria do Pas. Na dcada de 80, a indstria brasileira chegou a ser responsvel por cerca de 15% da demanda nacional de farmoqumicos. Hoje, a cifra correspondente no chega a 3%. Fenmeno similar foi tambm observado em outros produtos, como por exemplo os antibiticos e os vrios tipos de equipamentos mdicos. 34. Especificamente no setor farmacutico, os investimentos em P&D feitos no Brasil pelas indstrias do setor privado somam apenas 0,32% do faturamento. Estes recursos so utilizados geralmente para o financiamento de estudos clnicos, mais como estratgia de marketing do que para o desenvolvimento ou transferncia de tecnologia. So pouqussimas as patentes registradas no Pas (Frum de Competitividade da Cadeia Produtiva Farmacutica). Segundo dados do Frum Global de Pesquisa em Sade (Global Forum for Health Research), nos pases desenvolvidos a indstria farmacutica aplica de 10% a 20% de seu faturamento em P&D. 35. No que se refere ao papel de regulao do Estado, os padres atuais de interveno esto muito aqum das necessidades e possibilidades colocadas pela capacidade instalada de pesquisa e desenvolvimento. A incorporao tecnolgica sem julgamento adequado pressiona o sistema de sade. As inovaes nem sempre so adequadamente avaliadas quanto a sua eficcia, efetividade e custos antes da sua incor porao pelos servios. Esse fato gera, muitas vezes, malefcios para a sade da populao e ineficincia no uso de recursos financeiros no sistema de sade. 3.2.4.Fomento a Pesquisa em Sade 36. O esforo governamental para fomentar a pesquisa em sade bastante significativo, mas insuficiente. No plano federal destacam-se as atuaes do MCT por meio das suas agncias de fomento (CNPq e Finep),do Ministrio da Sade por meio de suas instituies (Fundao Oswaldo Cruz, Instituto Nacional de Cncer, Instituto Evandro Chagas) e da contratao de projetos com grupos de pesquisa em diversos centros do Pas. Cabe ainda mencionar a atuao do Ministrio da Educao, especialmente na formao de recursos humanos e na disseminao de informaes cientficas por meio da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES). No mbito estadual destacam-se o papel dos institutos de pesquisa vinculados s secretarias de sade e algumas agncias de fomento, em particular a Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP), que, a

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partir da ltima dcada, vem desenvolvendo programas de apoio pesquisa estratgica,de alto impacto nacional e internacional, em sade. 37. A 1 Conferncia de Cincia e Tecnologia em Sade props a criao de uma Secretaria de Cincia e Tecnologia no mbito do Ministrio da Sade. Esta proposio veio a ser implementada apenas em 2003, com a criao da Secretaria de Cincia, Tecnologia e Insumos Estratgicos em Sade (SCTIE), que incorporou o Departamento de Cincia e Tecnologia (DECIT), criado em 2000 e criou dois novos departamentos a saber: o Departamento de Economia da Sade (DES) e o Departamento de Assistncia Farmacutica e Insumos Estratgicos (DAF). O Ministrio da Sade participa com cerca de 20% do total de desembolso pblico na pesquisa em sade, enquanto o Ministrio da Agricultura por meio da Embrapa comparece com quase o dobro (39%). Esse quadro mostra a necessidade de um deslocamento do papel do Ministrio da Sade para uma posio central na estruturao do fomento a pesquisa em sade. Isso significa aumentar a capacidade indutora em P&D em Sade aproximando-a s necessidades da poltica de sade. 38. No que se refere ao gasto em aes de CT&I/S, no h informaes consolidadas principalmente devido fragilidade das bases de dados setoriais relativas aos gastos nas empresas. Sobre a pesquisa acadmica existem algumas estimativas que, no entanto, no fornecem um retrato preciso. Sade o setor de pesquisa no qual so colocados mais recursos em todo o mundo. Estima-se que, em 1998, nele tenham sido investidos US$73,5 bilhes, dos quais apenas US$2,5 bilhes corresponderam aos investimentos em P&D realizados pelo mundo em desenvolvimento, que inclui o Brasil (Global Forum for Health Research, 2001). Ao mesmo tempo incipiente o conhecimento sobre o impacto gerado pelo financiamento em P&D na sade da populao. 39. Em relao infra-estrutura de pesquisa, a escassez de recursos para investimento tem sido um constante obstculo. Alm da insuficincia de instalaes para P&D em reas essenciais, vale destacar a precariedade em que se encontram os hospitais de ensino. As dificuldades de custeio das aes assistenciais aliadas a mecanismos incipientes de gerenciamento institucional de pesquisa e a ausncia de recursos para investimento tornam extremamente difcil a conduo de aes de CT&I nesses hospitais. As difceis condies de muitos deles contribuem, assim,para ampliar a defasagem entre o tempo e a velocidade de produo de novos procedimentos diagnsticos, prognsticos e teraputicos para o benefcio da populao. 40. Uma anlise das aes de fomento realizadas pelos rgos governamentais revela: a) A qualidade, competitividade e transparncia nas aes de fomento, em particular as realizadas pelas agncias do MCT e pela CAPES, bem como pela

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maioria das agncias estaduais. Essas caractersticas decorrem da experincia brasileira com prticas de fomento em bases relativamente competitivas. b) A existncia da baixa capacidade de induo para definir prioridades de pesquisa, em especial nas agncias do MCT, na CAPES e em algumas agncias estaduais. c) A presena de tradio importante de pesquisa nos institutos federais e estaduais dedicados especificamente sade, embora muitas delas encontrem-se em situao crtica. d) O modelo de fomento com fontes mltiplas de financiamento, que, historicamente, tem sido instrumento de proteo dos executores de pesquisa. e) A escassez de mecanismos de coordenao adequados entre as mltiplas instncias de fomento, na esfera estadual e, em especial, entre os dois atores federais, o MCT e o Ministrio da Sade. f ) A incipiente articulao entre as aes de fomento em CT&I e a poltica de sade. Entre outras conseqncias, isso contribui para a baixa capacidade de transferncia de conhecimento novo para as indstrias, sistemas e servios de sade e para a sociedade em geral. g) A extensa e generalizada carncia de atividades de P&D realizadas nas empresas do setor produtivo privado. h) As aes de fomento do Ministrio da Sade possuem carter indutivo e se caracterizam pelo vnculo constante com as prioridades de sade, mas so incipientes os mecanismos de competitividade e de visibilidade no financiamento de projetos de pesquisa. 41. Estas caractersticas indicam o ponto de partida para a PNCTI/S no que se refere gesto das atividades de P&D. Alm disso, revelam a existncia de um patrimnio institucional de execuo e fomento muito importante e apontam os principais empecilhos a dificuldade de coordenao e a pouca articulao para o aproveitamento integral de suas capacidades. 42. Um dos principais objetivos da PNCTI/S superar essas dificuldades de coordenao, extraindo das duas tradies a capacidade de induzir, por parte do Ministrio da Sade, e a capacidade de mobilizao da comunidade cientfica, por parte do MCT o que tm de melhor. Este um aspecto importante da complementaridade e da busca de sinergia entre as aes.

3.3 PRINCPIOS DA POLTICA NACIONAL DE CINCIA, T E C N O LOGIA E INOVAO EM SADE43. A PNCTI/S deve pautar-se pelo compromisso tico e social de melhoria a curto, mdio e longo prazo das condies de sade da populao brasileira,

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considerando particularmente as diferenciaes regionais, buscando a eqidade (1 Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade, 1994). Os trs princpios bsicos so: Busca da eqidade em sade. Respeito vida e dignidade das pessoas. Pluralidade metodolgica. O compromisso de combater a desigualdade no campo da sade um dos princpios bsicos da PNCTI/S e deve orientar todos os aspectos, todas as suas escolhas, em todos os momentos. O respeito vida e dignidade das pessoas o fundamento tico bsico da PNCTI/S. Toda ateno deve ser dada questo da tica na pesquisa em sade, devendo ser registrados os avanos alcanados no mbito da Comisso Nacional de tica em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Sade (CNS), em conjunto com os Comits de tica em Pesquisa (CEPS). A obedincia a esse princpio depende tambm da adequada capacitao de recursos humanos. compromisso primordial da PNCTI/S assegurar o desenvolvimento e implementao de padres elevados de tica na pesquisa em sade. A PNCTI/S deve instituir mecanismos que assegurem o cumprimento desses padres ticos no territrio nacional, para empresas pblicas e privadas, nacionais e internacionais, na perspectiva da segurana e dignidade dos sujeitos de pesquisa, de acordo com a resoluo CNS n 196/96 e normas complementares. Deve-se ainda estimular a criao e o fortalecimento dos comits locais de tica em pesquisa e aprimorar o sistema de reviso e aprovao tica de pesquisas envolvendo seres humanos. A responsabilidade quanto a qualquer dano sade dos indivduos envolvidos deve ser exigida, assim como o fortalecimento do controle social nos comits de tica em pesquisa (12 Conferncia Nacional de Sade). O princpio da pluralidade refere-se abertura da PNCTI/S a todas as abordagens metodolgicas disponveis e adequadas ao avano do conhecimento e soluo dos problemas cientficos e tecnolgicos pertinentes. Isso implica igualmente a valorizao das diferentes reas do conhecimento em sade, respeitando-se suas respectivas definies de validade e rigor metodolgico.

3.4 E I XOS CO N D U TORES DA POLTICA NACIONAL DE CINCIA, T E C N O LOGIA E INOVAO EM SADE48. Para que a PNCTI/S esteja em consonncia com seus princpios, ela dever pautar-se pela:1) extensividade capacidade de intervir nos vrios pontos da

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cadeia do conhecimento; 2) inclusividade insero dos produtores, financiadores e usurios da produo tcnico-cientfica; 3) seletividade capacidade de induo; 4) complementaridade entre as lgicas da induo e espontaneidade;5) competitividade forma de seleo dos projetos tcnicos e cientficos; 6) mrito relativo qualidade dos projetos; e 7) relevncia social e econmica carter de utilidade dos conhecimentos produzidos. 49. A extensividade inclui todos os tipos de pesquisas: a pesquisa bsica, que visa ao avano do conhecimento, e a ligada a aplicao, que alia a produo de conhecimentos novos utilizao na soluo de problemas; a pesquisa aplicada ou tecnolgica, que produz novos modos de fazer e novos produtos; e a pesquisa operacional, voltada para a soluo de problemas na operao de programas de proviso de bens, servios e aes de sade. Estas categorias aplicam-se aos campos cientficos da sade pblica, da clnica e das biocincias (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 50. A inclusividade refere-se insero de instituies e de atores envolvidos nas aes de CT&I/S. A PNCTI/S deve induzir, apoiar e promover a produo desenvolvida pelas universidades, institutos de pesquisa, servios de sade, empresas do setor produtivo e organizaes no-governamentais. Alm de considerar os produtores de conhecimentos tcnico-cientficos, a PNCTI/S deve incluir as instituies envolvidas no financiamento, na distribuio e no uso das informaes tcnico-cientficas, a saber: os gestores pblicos da pesquisa cientfica e da poltica de sade e das demais polticas pblicas, os empresrios do setor produtivo e representantes da sociedade civil organizada, responsveis pelo controle social. 51. A seletividade diz respeito necessidade de aumentar a capacidade indutora do sistema de fomento cientfico e tecnolgico. Ou seja, busca direcionar o fomento com base numa escolha de prioridades, por meio da construo de uma agenda, coerente com a Poltica Nacional de Sade. 52. A complementaridade considera a necessidade de sustentar a pesquisa em sade como exerccio de lgicas complementares, combinando capacidade indutiva e atendimento demanda espontnea. Dessa forma, preserva-se a criatividade, inerente atividade cientfica, sem perder de vista as necessidades de pesquisa e desenvolvimento prprias do Pas. 53. A competitividade deve orientar as aes de fomento no mbito da PNCTI/S. A competio entre diferentes projetos deve ser o requisito bsico que garanta a transparncia nos critrios de financiamento e a racionalidade das escolhas em relao s prioridades definidas. 54. O mrito cientfico, tecnolgico e tico so requisitos fundamentais para garantir a alta qualidade das aes de P&D financiadas pela sociedade (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003).

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55. A relevncia social e econmica, seja no sentido do avano do conhecimento como da aplicao dos resultados soluo de problemas, deve ser o alvo principal das atividades cientficas e tecnolgicas (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003).

3.5 E S T RATGIAS DA POLTICA NACIONAL DE CINCIA, T E C N O LOGIA E INOVAO EM SADE56. As estratgias da PNCTI/S so: a) sustentao e fortalecimento do esforo nacional em cincia, tecnologia e inovao; b) criao do sistema nacional de inovao em sade; c) construo da agenda de prioridades para pesquisa e desenvolvimento tecnolgico em sade; d) superao das desigualdades regionais; e) aprimoramento da capacidade regulatria do Estado; f ) difuso dos avanos cientficos e tecnolgicos; e g) formao e capacitao de recursos humanos. 3.5.1. A Sustentao e o Fortalecimento do Esforo Nacional em Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade 57. Esta estratgia, como condio de desenvolvimento sustentvel e bem-estar, demanda conscientizao e mobilizao poltica, viso de futuro e construo da capacitao nacional em cincia, tecnologia e inovao, para responder e se antecipar s necessidades do Pas. A intersetorialidade e a cooperao internacional, pautadas pelos valores da solidariedade entre os povos e respeito soberania nacional, so componentes importantes dessa mobilizao. 58. Como parte dessa estratgia, deve-se incluir: a articulao com os rgos responsveis pela formao de novos pesquisadores e apoio s iniciativas de iniciao cientfica nos cursos de graduao profissional, ps-graduao acadmica e profissionalizante; o investimento na melhoria da infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento tecnolgico em sade com especial ateno para os hospitais de ensino, institutos de pesquisa e universidades pblicas; a ampliao, diversificao e garantia de continuidade de fontes de financiamento para aes de P&D em sade nas empresas; a articulao permanente com as polticas pblicas; e o desenvolvimento da capacidade de gesto e realizao das aes de CT&I nas trs esferas de governo. 59. necessrio ainda estimular a cooperao tcnica horizontal entre pases, no que se refere ao intercmbio de tecnologias para produo de medicamentos, preservativos e outros produtos para preveno, capacitao dos trabalhadores da sade, logstica,operacionalizao e outros conhecimentos necessrios ao

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controle adequado dos principais problemas de sade da populao (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 3.5.2.Criao do Sistema Nacional de Inovao em Sade 60. A criao desse sistema importante para garantir a autonomia nacional e a superao do atraso tecnolgico. Requer a mobilizao da totalidade da capacidade instalada de pesquisa,desenvolvimento tecnolgico e inovao em sade, incluindo outros rgos numa perspectiva intersetorial. Os conselhos de sade, nas trs esferas de governo, devem incentivar e promover discusses sobre as demandas em tecnologia para a sade (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003).

Para fortalecer as interaes hoje deficientes, uma poltica de C&T em sade deve contemplar atividades que realizem a interface entre a pesquisa estratgica e o desenvolvimento tecnolgico, plo do ciclo de C&T. A outra interface fundamental aquela que deve existir entre as atividades de avaliao/regulao tecnolgica e assistncia sade. Com relao interface entre P&D, a grande e sria defasagem entre a pesquisa e a produo (no caso da sade, tambm entre pesquisa e as atividades de controle de doenas, agravos e riscos) fruto da inexistncia de uma poltica industrial orgnica e prioritria e da incipiente insero das atividades de C&T na cultura empresarial (1 Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade, 1994).

61. A articulao intersetorial necessria integrao da produo cientfica e tecnolgica com o setor produtivo, pblico e privado. Entre as aes destacam-se a implementao de projetos cooperativos e multiinstitucionais e o fortalecimento da capacidade de gesto tecnolgica. 62. essencial consolidar o papel do Ministrio da Sade na implementao de polticas de desenvolvimento do complexo produtivo da sade, integrando centros de pesquisa, laboratrios oficiais, universidades pblicas e empresas nacionais. Assim, busca-se diminuir a dependncia nacional no campo tecnolgico e produtivo, bem como garantir auto-suficincia nos itens estratgicos para o Pas (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 63. Dado o alto dinamismo, elevado grau de inovao e interesse social marcante do setor sade, ele se constitui em campo privilegiado para a elaborao e implementao de polticas industriais e de inovao articuladas poltica de sade. Os nichos com potencial elevado de sucesso so: a produo de vacinas, reagentes para diagnstico, fitomedicamentos, frmacos e medicamentos,

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equipamentos e materiais. O Estado deve ter papel destacado na promoo e regulao desse complexo industrial, por meio de aes convergentes para apoio competitividade, financiamento e incentivo P&D nas empresas, poltica de compras, defesa da propriedade intelectual, estmulo s parcerias e investimentos em infra-estrutura. A poltica de estmulo inovao deve ser pautada pela seletividade, maior grau de confiana na parceria com as indstrias e maior interao entre servios de sade e complexo produtivo. Os principais instrumentos da poltica de inovao so: o fortalecimento dos mecanismos de apoio dos fundos setoriais P&D; a formao e capacitao de recursos humanos para as atividades de P&D; o fortalecimento do conhecimento tradicional e do potencial para gerar inovaes; os programas de incubao para novas empresas; e os incentivos fiscais, o cancelamento contbil das despesas correntes em P&D, crdito fiscal e dedues especiais. Para o setor da indstria farmacutica as estratgias propostas so: a) em curto prazo: a definio de medicamentos-alvo com nfase em farmoqumicos, o cadastramento das competncias e disponibilidades nacionais em P&D,a criao de programa de bolsas para desenvolvimento tecnolgico, o fortalecimento da capacidade de realizao de ensaios clnicos de fitoterpicos; b) em mdio prazo: identificao de nichos tecnolgicos com potencial de sucesso, estabelecimentos de linhas de crdito para investimento em P&D; e c) em longo prazo: inveno de novas molculas (Frum de Competitividade da Cadeia Produtiva Farmacutica). necessrio ainda priorizar o investimento em desenvolvimento e produo de medicamentos, que atendam s doenas e problemas de sade prevalentes, privilegiando a produo de carter nacional, utilizando, respeitando e valorizando a biodiversidade nacional e subsidiando a produo e distribuio de medicamentos essenciais (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). Para o setor de produo de vacinas as estratgias propostas so:a criao do programa nacional de competitividade em vacinas, visando no apenas produo de vacinas conhecidas mas ao desenvolvimento de novas vacinas; a elaborao e implantao de uma poltica de exportao para a produo nacional; o estmulo criao de empresas nacionais de biotecnologia; o estmulo aos investimentos em P&D no Pas pelos produtores nacionais e internacionais de vacinas; e o estmulo a mecanismos eficientes de transferncia de tecnologias para vacinas tecnologicamente avanadas. Como passos para a realizao dessas estratgias so fundamentais: a aliana entre os laboratrios pblicos produtores de vacinas, com a definio de nichos de especializao entre eles; a modernizao organizacional, gerencial e da estrutura jurdico-institucional desses laboratrios; a capacitao de pessoal

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estratgico; a certificao nacional e internacional das fbricas segundo os princpios de biossegurana exigidos; o apoio indstria nacional do complexo produtivo da sade, inclusive o financiamento de projetos de P&D;a garantia de compra e outros incentivos e o fortalecimento da capacidade de realizao de ensaios clnicos (plataforma brasileira para ensaios clnicos),da capacidade produtiva e da capacidade regulatria do Estado e da proteo propriedade intelectual. 69. No setor de equipamentos e materiais de consumo, deve-se: incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de equipamentos para o setor sade com patente nacional,enfatizando os estudos sobre equipamentos e tecnologias destinados aos hospitais e laboratrios do SUS; criar parques tecnolgicos regionais para P&D e formao de profissionais especializados em equipamentos de sade; e desenvolver equipamentos, insumos e outros meios auxiliares para assegurar a acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 70. Ainda com relao ao sistema nacional de inovao necessrio buscar parcerias com outras naes a fim de revisar o acordo internacional sobre patentes de insumos, equipamentos e medicamentos, para garantir que os avanos tecnolgicos que favoream a vida sejam considerados como de propriedade e utilidade pblica (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 3.5.3. Construo da Agenda de Prioridades para Pesquisa e Desenvolvimento Tecnolgico em Sade 71. um processo tcnico e poltico que envolve o conjunto dos atores sociais comprometidos com a PNCTI/S gestores da poltica de sade, agncias de fomento, pesquisadores, setor produtivo, sociedade civil organizada (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). Deve considerar as necessidades nacionais e regionais de sade e ser capaz de aumentar a induo seletiva para a produo de conhecimentos e bens materiais e processuais nas reas prioritrias para o desenvolvimento das polticas sociais. 72. A construo da agenda deve estar voltada para o esforo de prospeco, no sentido de adiantar-se s necessidades de novos conhecimentos exigidos pela transformao rpida e permanente do mundo moderno. Assim, essa agenda, ainda que baseada nas necessidades de sade da populao, no ser idntica a esta. Por um lado, o atendimento s necessidades de sade nem sempre depende da pesquisa em sade e, por outro, nem sempre h, no campo do saber e das prticas cientficas e tecnolgicas, conceitos, mtodos ou ferramentas adequadas para o atendimento das necessidades por meio da pesquisa.

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73. A agenda deve estar baseada nos conhecimentos cientficos e tecnolgicos mais atuais. A base tcnica deve incorporar as melhores ferramentas e as evidncias atuais,sendo necessrios sistemas de informaes tcnico-cientficas e de sade acessveis, atualizados, vlidos e confiveis. Deve ainda coadunar-se com os princpios e eixos condutores da PNCTI/S. 74. Em qualquer pas ou regio podem ser identificados quatro grandes grupos de problemas prioritrios em sade: 1) aqueles que podem ser enfrentados com uma combinao de intervenes disponveis e aumento da cobertura da populao que os utiliza; 2) aqueles que podem ser enfrentados com a melhoria da eficincia das intervenes disponveis; 3) aqueles que podem ser enfrentados com a melhoria do custo-efetividade das intervenes disponveis; e 4) aqueles que no so enfrentveis com as intervenes disponveis. Para lidar com os trs ltimos grupos de problemas ser necessria a contribuio da pesquisa cientfica e tecnolgica de diversa natureza. Portanto, a agenda de prioridades dever contemplar desde a pesquisa bsica at a operacional, ter um escopo abrangente e pluralista de abordagens terico-conceituais e metodolgicas. 75. Deve incorporar pesquisas em biocincias, epidemiologia,servios de sade, clnica, demografia, cincias sociais, cincias humanas, qumica, engenharias, cincias agrrias, dentre outras, com o objetivo, em especial, de produzir novos conhecimentos e prticas voltados para a promoo da sade, com estmulo a estudos integrados de carter multiprofissional e interdisciplinar. 76. A agenda nacional de prioridades de pesquisa em sade, alm de orientar o fomento no mbito do SUS, dever ser levada em considerao pelas agncias de fomento cientfico e tecnolgico, constituindo-se em um dos critrios para aprovao de projetos, tendo em vista sua relevncia para os problemas de sade pblica (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 77. O Ministrio da Sade vem trabalhando no processo de construo da Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade. Essa agenda um dos alvos estratgicos da reformulao do papel deste ministrio no ordenamento do esforo nacional de pesquisa em sade. Foi definido um conjunto de subagendas que contemplam temas prioritrios de pesquisa. Esses temas foram escolhidos por pesquisadores e gestores da rea de sade que participaram de um grande seminrio com essa finalidade. Foi,ento, realizada uma consulta pblica sobre a agenda, com o objetivo de ouvir a voz, principalmente, dos usurios dos servios e dos trabalhadores do setor sade para o aprimoramento e ampliao das prioridades. Dessa forma,as contribuies de todos os segmentos sociais envolvidos no processo de consolidao do Sistema nico de Sade foram contempladas na construo da agenda.

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3.5.4. Superao das Desigualdades Regionais 78. A articulao entre aes do Governo Federal, dos estados e dos municpios fundamental para reduo dessas desigualdades. As iniciativas, em implementao pelo MCT, Ministrio da Sade e secretarias de sade, em parceria com as fundaes estaduais de amparo pesquisa, na formao de redes de pesquisa ou na elaborao das demandas para o sistema de CT&I/S, so exemplos de programas mobilizadores importantes. O fomento pesquisa respeitando as vocaes regionais e a elaborao de editais de apoio a pesquisa que associem o fortalecimento da infra-estrutura de pesquisa e a formao de recursos humanos so outras estratgias a ser implementadas. 3.5.5. Aprimoramento da Capacidade Regulatria 79. Pode ser realizado por meio da formao de redes com a participao de rgos executivos e legislativos regulatrios, dos centros de investigao cientfica e de desenvolvimento tecnolgico e de organizaes voltadas para o controle social. Tal estratgia visa a ampliar a capacidade de produzir conhecimentos para qualificar as decises no mbito da gesto pblica. Desta forma, ser possvel suprir uma das maiores necessidades nas sociedades modernas, que dispor de informaes tcnicas e cientficas indispensveis para fundamentar o processo de tomada de deciso, que tm for te impacto sobre diversos campos cientficos e contribuem para o estabelecimento de um novo patamar nas relaes entre cincia, Estado e sociedade. 80. A 12 Conferncia Nacional de Sade, realizada em 2003,prope as seguintes aes para aprimoramento da capacidade regulatria do Estado: a) Estruturar uma poltica de avaliao de tecnologias em sade, envolvendo as trs esferas de governo, para subsidiar a tomada de deciso acerca da incorporao crtica e independente de produtos e processos. Esta poltica deve envolver pesquisadores, gestores, prestadores de servios, usurios e profissionais de sade, buscando a melhor relao custo/efetividade, definindo mecanismos intersetoriais que avaliem a eficcia, segurana e eficincia no uso de novos processos e produtos. b) Avaliar em todos os mbitos do sistema de sade a necessidade de aquisio e incorporao de tecnologias e equipamentos para facilitar o desempenho no trabalho e aumentar a confiana de gestores, trabalhadores e usurios nos resultados das aes e servios de sade, conforme critrios estabelecidos na Lei n 8.080/90 e n 8.142/90. Com base nas necessidades identificadas, elaborar um plano de incorporao de tecnologias e de pesquisas regionais para avaliao do impacto social,ambiental e sobre a sade decorrente de seu uso. c) Incorporar, aps avaliao cri te ri o s a , novas tecnologias na melhoria,

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implementao e modernizao do sistema de sade, buscando maior eqidade regional, de gnero, de raa/etnia e de orientao sexual, com garantia de acesso e amplo controle social. d) Definir, avaliar, incorporar e utilizar os avanos biotecnolgicos em sade, com nfase na anlise, monitoramento e gerenciamento da biossegurana, bem como das implicaes e repercusses no campo da biotica. e) Criar mecanismos e critrios rigorosos de regulao e regulamentao do uso dos transgnicos, divulgados com clareza para a sociedade, mediante amplo debate com a participao das trs esferas de governo, das empresas que desenvolvem pesquisas com transgenia, da comunidade cientfica, do Ministrio do Meio Ambiente e Agricultura entre outros. f ) Opor-se clonagem de seres humanos, sob qualquer circunstncia,admitindo somente as pesquisas com clonagem de clulas ou tecidos humanos com finalidades teraputicas. 3.5.6. Difuso dos Avanos Cientficos e Tecnolgicos 81. Busca apoiar as iniciativas que facilitam a divulgao cientfica para pesquisadores, empresrios, gestores, profissionais de sade e sociedade civil. A finalidade garantir a apropriao social ampla dos benefcios da cincia e da tecnologia em sade. Ambas so estratgias impo rt a ntes para o cumprimento do compromisso tico e social que norteia essa poltica. 82. Ampliar os canais de divulgao dos resultados das pesquisas nacionais por intermdio da imprensa escrita, televisiva e mdia eletrnica, voltados para a sociedade civil e para o controle social, independentemente de terem sido publicados pelos veculos tradicionais de divulgao cientfica,assegurando a linguagem adequada aos portadores de necessidades especiais (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 83. Assegurar apoio s revistas cientficas editadas em lngua portuguesa no Brasil, desde que sejam de relevncia para a sade pblica e o SUS, valorizando os artigos nelas publicados (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 84. Eleger indicadores de avaliao e formas de difuso da produo cientfica valorizando as publicaes nacionais e outras formas de disseminao dos resultados de pesquisa buscando favorecer a disseminao das informaes cientficas para a sociedade (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 3.5.7.Formao e Capacitao de Recursos Humanos 85. A formao e capacitao de recursos humanos, por meio de cursos de ps-graduao lato sensu e stricto sensu, visam a aprimorar a capacidade regulatria das instituies; implementar a avaliao de tecnologias em sade;

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desenvolver a produo e o uso do conhecimento cientfico e tecnolgico nos programas, aes e servios de sade; aperfeioar a gesto de CT&I/S e outras demandas decorrentes do encaminhamento desta poltica. 86. A 12 Conferncia Nacional de Sade apontou a necessidade de criar incentivos iniciao em pesquisa cientfica e tecnolgica na rea de sade no mbito municipal, estadual e federal; e formar e capacitar os profissionais em cincia e tecnologia (C&T), levando em conta a Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade e as necessidades regionais.

3.6. M O D E LO DE GESTO DA POLTICA NACIONAL DE CINCIA, T E C N O LOGIA E INOVAO EM SADE87. A participao do Estado na conduo da PNCTI/S fundamental, uma vez que os mecanismos de mercado no so suficientes nem para identificar as necessidades nem para gerar os recursos indispensveis manuteno desta atividade essencial. 88. O Estado deve ter atuao destacada como regulador dos fluxos de produo e incorporao de tecnologias, incentivador do processo de inovao e orientador e financiador das atividades de P&D. Dentre as aes dessa poltica esto: a manuteno e a ampliao da infra-estrutura de P&D; a formao de recursos humanos qualificados; a produo de P&D; a difuso dos produtos cientficos e tecnolgicos; a avaliao de tecnologias e a aplicao dos conhecimentos tcnicos produzidos;a garantia de aplicao dos mecanismos de propriedade intelectual; o estmulo participao das empresas nas atividades de P&D; e a institucionalizao do controle social sobre as atividades de pesquisa e desenvolvimento. Em cada uma destas aes o papel do Estado primordial. 89. No campo da poltica tecnolgica,dentre as aes nas quais a participao do Estado tambm imprescindvel, destacam-se: a modernizao industrial, a difuso do progresso tcnico e o apoio inovao. No que se refere a esta ltima, vale mencionar o papel importante da utilizao da capacidade de compra do Estado, como ferramenta indutora do desenvolvimento tecnolgico. 90. No mbito do Ministrio da Sade, devem ser criados mecanismos adequados de fomento, voltados para o fortalecimento da pesquisa,do desenvolvimento tecnolgico, da capacitao tcnica e da difuso dos resultados alcanados, sendo oramento e resultado divulgados para o controle social (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). O fomento deve estar pautado nos princpios e nos eixos condutores explicitados nessa poltica e a coordenao das atividades de P&D, no mbito do SUS, deve estar em consonncia com as

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estratgias da PNCTI/S. Para garantir a democratizao do processo de tomada de deciso, deve haver um conselho formado por atores sociais envolvidos na PNCTI/S. 91. Cabe ressaltar a importncia de se efetivar o controle social nas instncias de fomento pesquisa em sade, incluindo a anlise anual dos oramentos previstos e executados pelos conselhos de sade e a criao de Comisses Temticas de C&T em Sade no mbito dos Conselhos Estaduais de Sade (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). 92. Outro aspecto do modelo de gesto da PNCTI/S refere-se aos recursos financeiros destinados ao fomento de P&D em sade. Alm das medidas destinadas a otimizar os recursos existentes ser necessrio buscar novas fontes de receita. A meta recomendada pelo Global Forum for Health Research que os pases em desenvolvimento destinem 2,0% dos gastos em sade com P&D no setor. 93. Para aumentar a eficincia no uso dos recursos j existentes no Ministrio da Sade, reitera-se a necessidade de canalizar para o fomento pesquisa em sade os recursos do Tesouro, aqueles provenientes de alquotas de emprstimos e convnios internacionais destinadas a despesas com P&D e das parcelas de recursos financeiros das agncias reguladoras vinculadas ao Ministrio da Sade, alocadas para aes de CT&I/S. 94. No que se refere a novos recursos, alm daqueles contidos nos fundos setoriais do Ministrio da Cincia e Tecnologia, necessrio identificar novas fontes, como a taxao de atividades econmicas geradoras de danos sanitrios e ambientais. A identificao dessas fontes dever ser inserida na discusso do financiamento da sade, tomando por referncia as bases do financiamento da seguridade social (12 Conferncia Nacional de Sade, 2003). Com isso, prope-se imprimir uma lgica de interesse social atual concepo dos fundos, que at o momento foram pautados pela lgica estritamente econmica. H ainda de se considerar o potencial de recursos financeiros que pode ser gerado pela transferncia de tecnologias para o setor privado. 95. Alm de novos recursos financeiros para o custeio das atividades de P&D, necessrio ainda ampliar os recursos destinados infra-estrutura,em especial, recuperao e modernizao da capacidade de pesquisa dos hospitais de ensino e instituies de pesquisa em sade. Para garantir eficincia na aplicao desses recursos, eles devem ser aplicados mediante estratgias de editais de concorrncia entre projetos. 96. O modelo de gesto da PNCTI/S deve contemplar um sistema de informao tcnico-cientfico, atualizado e dinmico de informaes gerenciais que permita aprimorar as atividades de fomento e avaliao, semelhana dos

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sistemas hoje existentes no MCT, tais como a plataforma Lattes. 97. Deve incluir ainda um sistema adequado de comunicao e informao cientfica, em articulao com iniciativas existentes, tais como o portal de peridicos cientficos da CAPES e a biblioteca virtual em sade pblica da Bireme e Ministrio da Sade. Alm disso so necessrios mecanismos de comunicao social voltados divulgao de conhecimentos tcnicos e cientficos para a sociedade em geral. 98. A efetividade do modelo de gesto proposto pressupe a definio do sistema de CT&I/S como um todo, com a clara definio de atribuies dos diversos rgos federais e estaduais, dos sistemas de sade e C&T, envolvidos na formulao e implementao desta PNCTI/S.

G LO S S R I OAgncia de fomento. rgo ou instituio de natureza pblica ou privada que tenha entre seus objetivos o financiamento de aes que visem a estimular e promover a cincia, a tecnologia e a inovao. No Brasil, as principais agncias de fomento so pblicas. No plano federal, o CNPq, a Finep, vinculadas ao Ministrio da Cincia e Tecnologia, a CAPES ao MEC e a Embrapa ao Ministrio da Agricultura. No plano estadual, quase todos os estados criaram Fundaes de Amparo Pesquisa, a maioria deles aps a Constituio de 1988. Atividades cientficas e tecnolgicas. Atividades de investigao cientfica, ensino e formao cientfica e tcnica, assim como servios cientficos e tcnicos relacionados com a produo, promoo, difuso e aplicao dos conhecimentos cientficos e tcnicos em todos os campos da cincia e tecnologia (Organization for Economic Co-operation and Development, 1994). Avaliao de tecnologias em sade. Exerccio complexo de pesquisa e produo de informaes com base em critrios de efetividade, custo, risco ou impacto do seu uso e critrios ticos e de segurana, visando seleo, aquisio, distribuio ou uso apropriado de tecnologias, inclusive a avaliao de sua necessidade (Brasil. Ministrio da Sade, 2002). Biotica. Ramo da filosofia que estuda os avanos das cincias da vida e da sade, com nfase nas implicaes ticas das pesquisas cientficas e das aes de sade (Unesco, 2001). Biossegurana. Condio de segurana alcanada por um conjunto de aes destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes s atividades que possam comprometer a sade humana, animal e vegetal e o meio ambiente (Brasil. Ministrio da Sade, 2002).

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Biotecnologia. Qualquer aplicao tecnolgica que utilize sistemas biolgicos, organismos vivos ou derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilizao especfica (Brasil. Ministrio do Meio Ambiente, 2002). Cincia. Processo organizado de gerao de conhecimentos relativos ao universo e seus fenmenos naturais, ambientais e comportamentais concebidos por meio da pesquisa cientfica, seguindo as etapas da metodologia cientfica (Adaptado de Organization for Economic Co-operation and Development, 1994; Longo, 1996 e Pinto, 2001). Cincia e tecnologia. Conceito amplo que compreende aes conexas de gerao, difuso e aplicao de conhecimentos em todos os campos do saber, inclusive educao, gesto, informao, normalizao, patentes, estudos e outras atividades ligadas inovao e difuso tecnolgica (Adaptado de Organization for Economic Co-operation and Development, 1993). Desenvolvimento tecnolgico. Desenvolvimento de produtos e processos por intermdio de processo autnomo ou pela efetiva absoro de tecnologias desenvolvidas em outros pases (Finep, 1998). Fomento. Linha de trabalho voltada para incentivar a produo de conhecimentos de tecnologias e de inovaes e para apoiar a formao cientfica e tcnica de recursos humanos (Adaptado. Disponvel em: http://www.cnpq.br/bolsas_auxilios/index_novo.htm. Acesso em 18/3/2004). Fomento pesquisa em sade. Conjunto de aes que busca fortalecer, tanto em termos de recursos como da qualidade de gesto, a pesquisa em sade no Pas (Associao Brasileira de Ps-Graduao em Sade Coletiva, 2000; Sociedade Brasileira para o Progresso da Cincia, 2000). Fundos setoriais. So instrumentos de financiamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovao no Pas. Eles foram criados em 1999 e atendem a 14 reas (sade, petrleo e gs natural, infra-estrutura, energia, recursos hdricos, transportes terrestres, mineral, verde-amarelo, espacial, tecnologia da informao, aeronutico, agronegcio, biotecnologia, Amaznia).Os recursos so oriundos de co nt ribuies incidentes sobre o faturamento de empresas ou sobre o resultado da explorao de recursos naturais pertencentes Unio (Disponvel em http://www.cnpq.br/areas/fundossetoriais/index.htm. Acesso em 18/3/2004). Incorporao tecnolgica. Processo de introduo sistematizada de novas tecnologias e procedimentos na prtica clnica ou orientao sobre o uso apropriado caso sejam tecnologias ou procedimentos no consagrados (Adaptado de Chile. Ministerio de Salud, 2002). Inovao. Introduo no mercado de produtos, processos, mtodos ou sistemas no existentes anteriormente ou com alguma caracterstica nova e diferente daquelas em vigor (Finep, 2000).

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Nichos de pesquisa. Segmento restrito do mercado, no atendido pelas aes tradicionais de P&D que se constituem em oportunidades para o sistema nacional de inovao (Adaptado de Dicionrio Aurlio e Carlos Gadelha, 2003). Patente. Ttulo de propriedade temporria sobre uma inveno ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas fsicas ou jurdicas detentoras de direitos sobre a criao (Brasil. Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio, 2002). Pesquisa aplicada. Investigao original que visa a adquirir novos conhecimentos dirigidos a um objetivo prtico e especfico. Os resultados so vlidos para um limitado nmero de produtos, operaes, mtodos ou sistemas e podem ser patenteados (Adaptado de Organization for Economic Co-operation and Development, 1994). Pesquisa avaliativa. Tipo de pesquisa que aplica mtodos cientficos para analisar a pertinncia,os fundamentos tericos, a produtividade, a eficincia e os efeitos de uma interveno, assim como as relaes existentes entre as intervenes e o contexto em que elas se situam, com o objetivo de ajudar a tomada de deciso (Contrandriopoulos et al., 1997). Pesquisa bsica. Tipo de pesquisa, terica ou experimental, que visa a contribuir, de forma original ou incremental, para a compreenso dos fatos e fenmenos observveis e teorias, sem ter em vista o uso ou a aplicao imediata. (Adaptado de Organization for Economic Co-operation and Development, 1994). Pesquisa clnica. Tipo de pesquisa que segue mtodos cientficos aplicveis aos seres humanos denominados voluntrios ou sujeitos da pesquisa , sadios ou enfermos, de acordo com o objetivo da pesquisa. Quando realizada com medicamentos, tem como objetivo bsico verificar efeitos, segurana e tolerncia, relacionar efeitos adversos, alm de analisar a absoro, distribuio, metabolismo e excreo dos princpios ativos (Adaptado de Lousana, 2002). Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Conjunto de aes que envolvem a gerao de conhecimentos, a transformao dos conhecimentos em tecnologias e a adaptao de tecnologias existentes em novas tecnologias, na forma de produtos e processos acabados que atendem s necessidades do mercado. Pesquisa em sade. Pesquisas cujos resultados so aplicados no setor sade, voltados, em ltima instncia, para a melhoria da sade de indivduos ou grupos populacionais. Podem ser categorizadas por nveis de atuao cientfica e compreendem os tipos de pesquisa bsica, clnica, epidemiolgica e avaliativa, alm de pesquisas em outras reas como economia, sociologia, antropologia, ecologia, demografia e cincia poltica (Adaptado de Organizao Mundial da Sade, 1996). Pesquisa operacional. Pesquisas voltadas para a resoluo de problemas reais, tendo como foco a tomada de deciso. Aplicam conceitos e mtodos de outras

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reas cientficas para concepo, planejamento ou operao de sistemas, aes e servios (Disponvel em: http://www.sobrapo.org.br/index_sobrapo.htm. Acesso em 18/3/2004). Propriedade intelectual. Direito sobre bens imateriais resultantes da manifestao intelectual, invenes, obras literrias e artsticas, smbolos, marcas, imagens e desenhos utilizados comercialmente. A propriedade intelectual divide-se em duas categorias: propriedade industrial e direito autoral. (Adaptado de Di Blasi, 1982 e de World Intellectual Property Organization, 2002).

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4. Portaria Interministerial n 453, de 17 de maro de 2004

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P O RTARIA INTERMINISTERIAL

Dirio Oficial da Unio Seo 1 no.54, 19/03/2004, pgina 40 MINISTRIO DA SADE GABINETE DO MINISTRO PORTARIA INTERMINISTERIAL N 453, DE 17 DE MARO DE 2004 OS MINISTROS DE ESTADO DA SADE, DA CINCIA E TECNOLOGIA E DA EDUCAO, no uso de suas atribuies, e considerando a necessidade de direcionar a Poltica Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade, resolvem: Art. 1 Convocar a 2 Conferncia Nacional de Cincia,Tecnologia e Inovao em Sade - CNCTIS, a realizar-se no perodo de 1 a 4 de julho de 2004. 1 A Conferncia ter como tema central Produzir e aplicar conhecimento na busca da universalidade e equidade, com qualidade da assistncia sade da populao. 2 A 2 CNCTIS ser presidida pelo Ministro da Sade e, na sua ausncia ou impedimento eventual, pelo Secretrio-Executivo do Ministrio da Sade. Art.2 O Plenrio do Conselho Nacional de Sade ter como atribuies principais: I - deliberar sobre questes pertinentes realizao da 2 CNCTIS; II - promover, coordenar e supervisionar a realizao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade, em todas as etapas de realizao, observando os aspectos tcnicos, polticos, administrativos e financeiros; III - indicar a Comisso Organizadora; IV - indicar a Coordenao de Relatoria, incluindo Relator Geral e Relator Adjunto; e V - Indicar as seguintes Comisses Especiais: a) Comisso de Articulao e Mobilizao; b) Comisso de Comunicao; e c) Comisso de Infra-Estrutura. Art. 3 A Comisso Organizadora ser indicada pelo Plenrio do Conselho Nacional Sade e composta por 16 (dezesseis) representantes de forma paritria. Art. 4 Os Ministrios da Sade, da Cincia e Tecnologia e da Educao devero constituir, no mbito dos referidos Ministrios, a Comisso Executiva da 2 Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia e Inovao em Sade, que ser composta por: I - Coordenador-Geral - Representante do Ministrio da Sade; II - Coordenador-Adjunto - Representante do Ministrio da Cincia e Tecnologia; III - Coordenador-Adjunto - Representante do Ministrio da Educao; IV - Secretrio-Geral; e

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V - Secretrio-Adjunto. Art. 5 A Comisso Executiva contar com suporte tcnico e administrativo dos Ministrios da Sade, da Cincia e Tecnologia e da Educao para a realizao da 2 CNCTIS. Art. 6 Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao.

HUMBERTO COSTA Ministro de Estado da Sade EDUARDO CAMPOS Ministro de Estado da Cincia e Tecnologia TARSO GENRO Ministro de Estado da Educao

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5. Regimento

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2 CONFERNCIA NACIONAL DE CINCIA,TECNOLOGIA E INOVAO EM SADE REGIMENTO CAPTULO I DA NATUREZA E FINALIDADE Art. 1 A 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade, convocada pela Portaria Interministerial n 453, de 17 de maro de 2004 e da Resoluo n 334 de 04 de novembro de 2003 do Conselho Nacional de Sade, e de acordo com as Recomendaes n 002, de 07 de maro de 2002 e n 010, de 03 de julho de 2003 do Conselho Nacional de Sade, tem como objetivos: a) formular a Poltica Nacional de Cincia e Tecnologia e Inovao em Sade, que seja pautada na esfera de soberania nacional e na autonomia tcnico-cientfica do Brasil; b) propor estratgias para que o Ministrio da Sade assuma seu papel no cenrio nacional, como articulador do fomento cientfico, tecnolgico e de inovao em sade;e c) formular as estratgias para propiciar o controle social da Poltica de Cincia e Tecnologia e Inovao em Sade. CAPTULO II DA REALIZAO Art. 2 A 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade ter abrangncia nacional, mediante a realizao das Etapas Municipal, Estadual e Nacional,observando o seguinte cronograma: I Etapa Municipal at 10 de junho de 2004; II - Etapa Estadual at 30 de junho de 2004; III - Etapa Nacional - de 25 a 28 de julho de 2004. 1 O no cumprimento do prazo previsto neste artigo, por um ou mais Municpios e Estados, no constituir impedimento realizao da Etapa Nacional. 2 A Etapa Municipal ter por objetivo analisar o Documento Base e elaborar propostas para o Municpio, Estado e Unio. O Relatrio da Etapa Municipal ser apresentado junto com a lista dos Delegados Municipais eleitos Etapa Estadual, conforme prazo estabelecido no Regimento da Conferncia Estadual,sendo que: I os Municpios, ao realizarem as suas respectivas Conferncias Municipais, tero suas representaes de Delegados eleitos conforme estabelecido no Anexo I; II - a no realizao da Etapa Municipal, por um ou mais municpios, no inviabilizar a realizao das Etapas Estadual e Nacional.

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3 Os Municpios que no realizarem as suas respectivas Conferncias Municipais podero, em carter extraordinrio, realizarem Conferncias Regionais de Sade. Esses municpios sero agrupados segundo os Planos Diretores de Regionalizao de seus Estados ou outra forma proposta pelo Conselho Estadual de Sade correspondente, desde que oficializada junto a Comisso Organizadora da 2 Conferncia Nacional de Cincia Tecnologia e Inovao em Sade,sendo que: I - a Conferncia Regional de Sade ter por objetivos analisar o Documento Base, elaborando propostas para o Estado e Unio e eleger Delegados para a Etapa Estadual, conforme descrito no Art. 2, 3, Inciso III, alnea b do Regimento da 2Conferncia Nacional de Cincia Tecnologia e Inovao em Sade; II - o Conselho Estadual de Sade coordenar a(s) Conferncia(s) Regional(s) de Sade, podendo solicitar o acompanhamento da Comisso de Articulao e Mobilizao da 2 CNCTIS; III - a Conferncia Regional de Sade dever considerar que: a) o Municpio s poder participar da Conferncia Regional de Sade, se credenciar Delegados, que representem o conjunto das entidades e rgos de sua abrangncia, totalizando, no mnimo, 2 (duas) vezes o nmero de conselheiros municipais titulares do seu respectivo Conselho Municipal de Sade, definidos paritariamente; b) o total de Delegados eleitos, na Conferncia Regional de Sade, para a Etapa Estadual, corresponder 50% (cinqenta por cento) do nmero de delegados a que o municpio credenciado teria direito se realizasse a Conferncia Municipal; (Anexo II) c) o conjunto dos Delegados eleitos na Conferncia Regional de Sade Etapa Estadual garantir, em sua totalidade, a paridade prevista na Resoluo n 333/2003 do Conselho Nacional de Sade; d) outros critrios podero ser estabelecidos, desde que estejam de acordo com os itens anteriores, deliberados pelo Conselho Nacional de Sade. IV - a no realizao da Etapa Regional, pelos municpios, no inviabilizar a realizao das Etapas Estadual e Nacional. 4 A Etapa Estadual ter por objetivo analisar o Documento Base e os Relatrios das Conferncias Municipais e elaborar propostas para Estado e Unio, produzindo um relatrio que ser encaminhado Comisso Organizadora Nacional at o dia 05 de julho de 2004, sendo que: I - na Etapa Estadual s podero participar os Delegados eleitos nas Conferncias Municipais e os Delegados indicados pelos Conselhos Estaduais, considerando que: a) os Conselhos Estaduais publicaro a lista dos segmentos que podero indicar os delegados, respeitando a paridade da Resoluo n. 333/03 do Conselho Nacional de Sade;

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b) os Delegados indicados no podero ultrapassar o percentual de 20 % (vinte por cento) do total de Delegados credenciados pelos Municpios, no prazo em que se encerrar a inscrio de Delegados Etapa Estadual; II - a no realizao da Etapa Estadual, por um ou mais Estados, no inviabilizar a realizao da Etapa Nacional. 5 A Etapa Nacional ter por objetivo analisar o Documento Base acrescido das propostas aprovadas nas Conferncias Estaduais e elaborar propostas nacionais, produzindo um Relatrio que ser votado na 2 Conferncia Nacional de Cincia Tecnologia e Inovao em Sade. 6 Na Etapa Nacional s podero participar os Delegados eleitos nas Conferncias Estaduais, os Delegados Indicados pelo Conselho Nacional de Sade, os Representantes Titulares ou os respectivos Suplentes do Conselho Nacional de Sade, que so membros natos, sendo que: I - o Conselho Nacional definir os segmentos que podero indicar os Delegados, respeitando a paridade da Resoluo n. 333/2003, do Conselho Nacional de Sade; II - os Delegados Indicados no podero ultrapassar o percentual de 20% (vinte por cento) do total de Delegados credenciados a que os Estados tero direito, no prazo em que se encerrar a inscrio de Delegados Etapa Nacional, conforme Art. 2, Inciso III,deste Regimento. 7 A 2 Conferncia Nacional de Cincia Tecnologia e Inovao em Sade ser realizada em Braslia, DF. Art. 3 O tema central da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e inovao em Sade, que dever orientar as discusses nas distintas etapas da sua realizao, ser: Produzir e aplicar conhecimento na busca da universalidade e equidade, com qualidade da assistncia sade da populao . CAPTULO III DO TEMRIO Art. 4 A 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade debater dois Eixos Temticos: I - A Poltica Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; II - A Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Sade. 1 O tema central Produzir e aplicar conhecimento na busca da universalidade e equidade, com qualidade da assistncia sade da populao dever permear as discusses dos temas. 2 Cada Eixo Temtico ser discutido em Painis, Plenrias Temticas e Plenria Final. 3 Um Documento Base, com carter propositivo, ser elaborado pela Comisso Organizadora e dever conter o Histrico da Poltica Nacional de Cincia e

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Tecnologia em Sade, as Deliberaes da 1 Conferncia Nacional de Cincia e Tecnologia em Sade, as Deliberaes das Conferncias Nacionais de Sade, a Conjuntura Poltica, considerando o Programa e as propostas do atual governo, e outras propostas relativas ao tema. CAPTULO IV DO FUNCIONAMENTO Art 5 O Documento Base, acrescido do consolidado das propostas aprovadas nas Conferncias Estaduais, ser o documento-referncia nas discusses das Plenrias Temticas durante a 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade. Art 6 Os Relatrios das Conferncias Municipais devero ser apresentados Comisso Organizadora Estadual at o dia 18 de junho de 2004 e os relatrios das Conferncias Estaduais devero ser apresentados Comisso Organizadora da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade, at o dia 05 de julho de 2004, em verso resumida de, no mximo 20 (vinte) laudas, quando sero consolidados, publicados e distribudos para subsidiar a Etapa Nacional da Conferncia. Pargrafo nico. O Relatrio Final da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade dever contemplar o conjunto das propostas e Moes, aprovadas na Plenria Final da Etapa Nacional. CAPTULO V DA ESTRUTURA E COMPOSIO DA COMISSO ORGANIZADORA Art 7 A 2 Conferncia Nacional de Cincia,Tecnologia e Inovao em Sade ser presidida pelo Ministro de Estado da Sade e, na sua ausncia ou impedimento eventual, pelo Secretrio Executivo do Ministrio da Sade. Art 8 A Comisso Organizadora da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade ser indicada pelo Plenrio do Conselho Nacional de Sade e composta por 16 (dezesseis) representantes de forma paritria. Pargrafo nico. O Plenrio do Conselho Nacional de Sade indicar a Coordenao de Relatoria, incluindo Relator-Geral e Relator-Adjunto, totalizando 10 (dez) integrantes, e as seguintes Comisses Especiais para a 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade, de forma paritria, podendo ou no ser Conselheiro: I - Comisso de Comunicao, composta por 04 integrantes; II - Comisso de Articulao e Mobilizao, integrada por Conselheiros do Conselho Nacional de Sade, Coordenadores Regionais Titulares da Plenria

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Nacional de Conselhos de Sade e Secretaria Executiva do CNS; III Comisso de Infra-estrutura, composta por 04 integrantes. Art 9 Ser constituda uma Comisso Executiva, nomeada pelo Ministro da Sade, por meio de Portaria Interministerial, com a seguinte composio: I Coordenador-Geral Representante do Ministrio da Sade; II Coordenador-Adjunto Representante do Ministrio da Cincia e Tecnologia; III - Coordenador-Adjunto Representante do Ministrio da Educao; IV Secretrio-Geral; e V Secretrio-Adjunto. CAPTULO VI DAS ATRIBUIES DAS COMISSES Art 10 Comisso Organizadora da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade compete: I - promover, coordenar e supervisionar a realizao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade, atendendo aos aspectos tcnicos, polticos, administrativos e financeiros, e apresentando as propostas para deliberao do Conselho Nacional de Sade; II elaborar e propor: a) a Portaria de Convocao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; b) o Regimento e o Regulamento da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; c) o temrio da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; d) os critrios para participao e definio de Convidados Nacionais e Internacionais; e) o quantitativo e distribuio de percentual de Delegados por Estado e Nacional, bem como de Entidades Nacionais e de Convidados; f ) apreciar a prestao de contas realizada pela Comisso Executiva; g) resolver as questes julgadas pertinentes no previstas nos itens anteriores. III - definir e acompanhar a disponibilidade, organizao da infra-estrutura e oramento para a Etapa Nacional; IV - mobilizar e estimular a participao de todos os segmentos pertinentes, nas etapas de realizao; V - elaborar, em articulao com a Comisso Executiva, o Documento Base para os Eixos Temticos da Conferncia, visando subsidiar as Conferncias Municipais e Estaduais, bem como a apresentao dos expositores dos Painis; VI - propor Eixos Temticos e composio dos Painis;

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VII propor os roteiros para as Plenrias Temticas; VIII - propor estratgias de divulgao do evento na mdia falada, escrita e na Internet; IX - propor os expositores para os Painis; X - propor a lista dos convidados. Art 11 Comisso Executiva compete: I - implementar as deliberaes da Comisso Organizadora; II - subsidiar e apoiar a realizao das atividades das Comisses Especiais; III - propor os critrios de credenciamento dos Delegados das Etapas Municipal, Estadual e Nacional, assim como acompanhar a sua aplicao; IV - viabilizar as condies de infra-estrutura necessrias realizao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; V - propor e viabilizar a execuo do oramento e providenciar as suplementaes oramentrias; VI - prestar contas Comisso Organizadora dos Recursos destinados realizao da Conferncia; VII - providenciar e acompanhar a celebrao de contratos e convnios necessrios realizao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; VIII - estimular e apoiar a realizao das Conferncias Municipais e Estaduais de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; IX - monitorar e apoiar o andamento das Conferncias Municipais e Estaduais; X - estimular e acompanhar o encaminhamento, em tempo hbil, dos Relatrios das Conferncias Estaduais Comisso de Relatoria da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade. Art 12 Coordenao de Relatoria compete: I - propor nomes para compor equipe de Relatores das Plenrias Temticas e de Relatores de Sntese; II - elaborar e propor a metodologia para consolidao dos Relatrios das Plenrias Temticas; III - consolidar os Relatrios da Etapa Estadual; IV - consolidar os Relatrios produzidos nas Plenrias Temticas da Etapa Nacional; V - elaborar o Relatrio Final da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade. Art. 13 Comisso de Comunicao compete: I - definir instrumentos e mecanismos de divulgao da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade; II - promover a divulgao do Regimento e Regulamento da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade;

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III - orientar as atividades de comunicao social da Conferncia; IV - apresentar relatrios peridicos das aes de comunicao e divulgao, incluindo uma anlise da repercusso na mdia; V - divulgar a produo de materiais, inclusive, o Relatrio Final da 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade. Art. 14 Comisso de Articulao e Mobilizao compete: I - estimular a organizao e realizao das Conferncias Municipais e Estaduais, como etapas importantes para a 2 Conferncia Nacional de Cincia, Tecnologia e Inovao em Sade, em conjunto