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MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES PRIMEIRA CÂMARA Processo nº 10825.001349/2005-31 Recurso nº 136.785 Matéria IPI Acórdão nº 201-81.351 Sessão de 08 de agosto de 2008 Recorrente M & A PLÁSTICOS LTDA. - EPP Recorrida DRJ em Ribeirão Preto - SP ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004IPI. OMISSÃO DE RECEITA. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Tratando-se de tributação reflexa decorrente de omissão de receita apurada em lançamento de IRPJ e havendo concordância com a decisão prolatada no Primeiro Conselho de Contribuintes, deverá ser adotada neste processo a mesma decisão daquele do qual decorre. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da PRIMEIRA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. JOSEFA MARIA COELHO MARQUES Presidente MAURÍCIO TAVEIRA E SILVA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva, Fabiola Cassiano Keramidas, Ivan Allegretti (Suplente), José Antonio Francisco, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório M & A PLÁSTICOS LTDA. - EPP, devidamente qualificada nos autos, recorre a este Colegiado, através do recurso de fls. 335/343, contra o Acórdão no 9.951, de 24/11/2005, prolatado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto - SP, fls. 301/319, que julgou procedente o auto de infração de fls. 05/10, relativo ao IPI, referente a períodos compreendidos entre 31/01/2000 e 31/12/2004, cuja ciência ocorreu em 21/06/2005 (fl. 05).De acordo com a descrição dos fatos (fl. 06) e com o Termo de Verificação Fiscal de fls. 26/33, foi constatada movimentação de recursos financeiros da empresa em conta-corrente de titularidade de interposta pessoa, Sr. Abner Araújo Pinheiro, sócio da empresa, sendo os depósitos de origem não comprovada pela contribuinte, durante o ano de 2000. Em virtude do excesso de receita bruta resultante das sobreditas movimentações financeiras, consideradas como receitas omitidas da contribuinte,

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conforme o demonstrativo de fl. 31, esta foi excluída do Simples, por meio do Ato Declaratório Executivo no 05/2005 (cópia de fls. 213/214), como proposto pela representação fiscal de fls. 211/212. Ainda em conformidade com o Termo de Verificação Fiscal, devido à escrituração e à apuração dos resultados, ambas de forma anual, e ao fato de a contribuinte não ter refeito a escrituração com o levantamento de balanços trimestrais e a apuração do lucro real trimestral, a despeito de instada a tal (fls. 216/217), sendo a regra geral do IRPJ a apuração trimestral, foi levado a cabo o arbitramento com esteio nas receitas declaradas. Conforme fls. 11/15, foi aplicada a alíquota de 15%, praticada pela empresa e correspondente ao produto com classificação fiscal 3923.21.90 (artigos de transporte ou de embalagem, de plástico), sobre os já aludidos valores omitidos (movimentados em conta bancária de interposta pessoa) e, quanto ao desenquadramento do Simples, sobre as receitas declaradas em declarações anuais simplificadas (PJ-Simples), cópias de fls. 225/268 e demonstrativo de fls. 07/10. Desse modo, em relação ao IPI, o auto de infração consigna duas infrações,sendo: infração 001 - Produto saído do estabelecimento industrial ou equiparado sem emissão de nota fiscal - venda sem emissão de nota fiscal apurada em decorrência de receita não comprovada, referente ao ano de 2000, e infração 002 - Produto saído do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial com emissão de nota fiscal - IPI não lançado - caracterização de industrialização, referente aos anos de 2000 a 2004. A apresentação de declarações retificadoras não caracterizou denúncia espontânea, por força do Decreto no 70.235/72, art. 7o, § 1o, pois se trata de empresa envolvida em infração cuja verificação já havia sido deflagrada mediante termo de início de ação fiscal. A ação fiscal culminou com a formalização do Processo Principal no 10825.001348/2005-97, referente ao IRPJ e outros. Foi formulada a representação fiscal para fins penais por meio do Processo no 10825.001368/2005-68.Irresignada, a empresa apresentou a impugnação de fls. 279/285, com as seguintes alegações: 1. preliminarmente, aduz ser nulo o auto de infração, uma vez que fere os princípios da capacidade econômica e o do não-confisco. Aduz ser dever da Fiscalização utilizar-se do meio menos oneroso para exigência dos tributos, o que poderia ser feito reconhecendo-se a apuração pelo lucro presumido e não se arbitrando o resultado com base na receita bruta declarada pela própria contribuinte. A aplicação de penalidades deve ser levada a efeito de modo mais favorável ao contribuinte, conforme determina o art. 112 do CTN; 2. deve ser reconhecida sua espontaneidade, pois a mesma receita utilizada pela fiscalização para seus cálculos determinará resultados significativamente menores e acréscimos também menores e talvez dentro da realidade e capacidade econômica da impugnante; 3. os juros moratórios aplicados superam 1% ao mês, em descordo com o que dispõe o CTN, art. 161, § 1o, bem assim o art. 192, § 3o, da CF/88; 4. as multas, se devidas, devem ser reduzidas para o percentual aplicável aos tributos declarados e não pagos, ou seja, 20%, ou então reduzidas para valores razoáveis, de modo que não tenham caráter confiscatório; 5. a exclusão do Simples foi feita com efeitos retroativos a 2000, sendo que o faturamento de 2001 ocorrera dentro dos limites legais para a opção pelo Simples; e 6. por fim, requer sejam julgados improcedentes os autos de infração, reconhecendo-se as declarações retificadoras. Se mantidos os autos, que sejam reformados para retificar o sistema de apuração das exigências tributárias e o cálculo dos acréscimos, reduzindo-se as multas para 20% e os juros para 1% a.m. A DRJ julgou procedente o lançamento, tendo o Acórdão a seguinte ementa: “Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI-Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004

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Ementa: LANÇAMENTO DE OFÍCIO DECORRENTE. OMISSÃO DE RECEITAS.Comprovada a omissão de receitas em lançamento de ofício respeitante ao IRPJ, cobra-se, por decorrência, em virtude da irrefutável relação de causa e efeito, o IPI correspondente, com os consectários legais.OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. SAÍDA DE PRODUTOS SEM A EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS. CÁLCULO DO IMPOSTO DEVIDO. APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA MAIS ELEVADA.No caso de omissão de receitas, devido à presunção legal de saída de produtos à margem da escrituração fiscal e à conseqüente impossibilidade de separação por elementos da escrita, utiliza-se a alíquota mais elevada dentre aquelas praticadas pelo sujeito passivo, ou a alíquota única, para a quantificação do imposto devido.EXCLUSÃO DO SIMPLES. IPI DEVIDO. APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA DO PRODUTO INDUSTRIALIZADO. Excluído o sujeito passivo do SIMPLES, cobra-se o imposto mediante a aplicação da alíquota do produto industrializado sobre a base de cálculo.MULTA DE OFÍCIO. Inadimplida a prestação pecuniária reputada como devida e não caracterizada a espontaneidade do sujeito passivo, cobra-se a multa de ofício, nos termos da legislação tributária. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: JUROS DE MORA. TAXA SELIC. É lícita a exigência do encargo com base na variação da taxa Selic, por conta da falta de pagamento do tributo no vencimento legal. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: ESPONTANEIDADE. Inexiste espontaneidade se, retificadas declarações pelo sujeito passivo, já havia anteriormente ação fiscal inaugurada concernente a terceiro envolvido na infração que for objeto da investigação, independentemente de intimação.Lançamento Procedente”. Inconformada, a contribuinte protocolizou, tempestivamente, em 11/04/2006,recurso voluntário de fls. 335/343, aduzindo as mesmas questões anteriormente apresentadas, nos seguintes termos: a) uma vez que não se reconheceram as declarações retificadoras tempestivamente apresentadas, o lançamento decorre de presunção simples baseada em movimentação financeira, sendo, portanto, insuficiente para fundamentar exigências tributárias; b) a exclusão do Simples foi feita com efeitos retroativos a 2000, gerando insuficiência de recolhimento em conseqüência de aplicação de alíquota diversa daquela utilizada pela recorrente e não em decorrência de fraude; c) a multa de 75% deve ser reduzida para, no máximo, 20%; e d) inaplicabilidade da taxa Selic. Ao fim, requereu seja julgado improcedente o lançamento, cancelando-se a exigência principal de IRPJ, as decorrentes e, conseqüentemente, os acréscimos de multa e juros. Caso assim não entenda este Conselho, requer a reforma do auto de infração, reconhecendo a decadência em relação às exigências com fato gerador anterior a junho de 2001, e reduzindo-se as multas para 20% e utilizando-se o percentual de 1% a.m. para os juros de mora. Tendo em vista trata-se de auto de infração de IPI decorrente do lançamento de IRPJ, devido à omissão de receita e exclusão do Sistema Simples, conforme consignado no auto de infração às fls. 06 e 07, o presente processo aguardou o julgamento dos Processos nos 10825.001348/2005-97 (IRPJ) e 10825.000594/2005-21 (exclusão do Simples), de modo a evitar decisões conflitantes (fls. 372 e 373). Concluído o julgamento daquele processo pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, através do Acórdão no 105-16.815, cuja cópia encontra-se às fls. 383/393, bem assim fora anexado a este o Processo no 10825.000594/2005-21 (exclusão do Simples), retornam os autos do processo a este Conselho para julgamento.

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É o Relatório. Voto Conselheiro MAURÍCIO TAVEIRA E SILVA Relator O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A presente autuação de IPI decorre de duas infrações: a infração 001 pela saída de produtos sem emissão de nota fiscal, decorrente de omissão de receitas de origem não comprovada, e a infração 002 pela falta de lançamento de imposto nas saídas de produtos tributados do estabelecimento, em virtude de desenquadramento do Simples. A apuração de omissão de receitas no âmbito do Imposto de Renda junto ao Processo no 10825.001348/2005-97 foi objeto de apreciação e julgamento pela Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes (fls. 383/393), em cujo Acórdão no 105-16.815 consigna a decisão no sentido de: “por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.”Da decisão prolatada se extrai a seguinte ementa: “DECADÊNCIA - Não se conhece do recurso quando a matéria suscitada, por abranger ano-calendário distinto daquele constante do auto de infração, mormente quando o crédito tributário supostamente decaído, acha-se formalizado em processo distinto.PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - SÚMULA N° 2 - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.IRPJ E CSLL - ARBITRAMENTO DE LUCROS - ANOCALENDÁRIO DE 1998 - NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS NECESSÁRIOS A APURAÇÃO DO LUCRO REAL - A não apresentação pela fiscalizada dos livros e da documentação contábil e fiscal, reforçada pela resposta à intimação de que, além de não dispor dos livros obrigatórios à apuração do lucro real, não tinha condições de prepará-los, por não dispor da documentação exigida, não deixou ao fisco outra alternativa que não lançar mão do arbitramento do lucro. PROCEDIMENTO FISCAL - EFEITOS NA PESSOA JURÍDICA - MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA POR INTERPOSTA PESSOA - CIÊNCIA À INTIMAÇÃO PELA TITULAR DA CONTA - CARACTERIZAÇÃO DO INÍCIO DA AÇÃO - A ciência à intimação por pessoa fisica titular de conta bancária efetivamente movimentada por pessoa jurídica caracteriza o início da ação fiscal, produzindo efeitos em relação a ambas, quanto à matéria investigada (Decreto n° 70.235/72, art. 7°, inciso I e § 1°).ESPONTANEIDADE - ALCANCE DA AÇÃO FISCAL - MATÉRIA SOB INVESTIGAÇÃO - RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO - INEFICÁCIA - alcance da ação fiscal desenvolvida na pessoa fisica delimita o campo da espontaneidade para os demais envolvidos. Considera-se ineficaz a retificação de declaração que pretenda regularizar obrigações tributárias relacionadas à matéria sob investigação.OMISSÃO DE RECEITAS - MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA - FALTA DE CONTABILIZAÇÃO - DECLARAÇÃO INEXATA - INSUFICIÊNCIA NO PAGAMENTO DE TRIBUTOS - A omissão na contabilização de receitas, implica na inexatidão da declaração e na insuficiência do pagamento dos tributos devidos, justificando o lançamento de oficio.OMISSÃO DE RECEITAS - PRESUNÇÃO LEGAL - DEPÓSITOS E CRÉDITOS BANCÁRIOS - RECURSOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - A falta de comprovação da origem dos recursos depositados ou creditados em conta bancária movimentada

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pela empresa implica em presunção legal de omissão de receitas (Lei n° 9.430/96, art. 42).MULTA DE OFÍCIO - A exigência da multa é de aplicação obrigatória nos casos de exigência de tributos decorrentes de lançamentos de oficio (Lei n° 9.430/96, art. 44).MULTA QUALIFICADA - EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE - CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO - A escrituração e a declaração a menor de valores relevantes de receitas, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela manutenção de conta bancária em nome de interposta pessoa fisica.JUROS DE MORA - SELIC - A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula n° 4, do 1 ° CC).” Desse modo, tendo a matéria sido objeto de apreciação pela Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, cujo voto de fls. 383/393, acima ementado, compartilho e adoto, restaria, tão-somente, a apreciação de matéria especificamente relativa ao IPI. Entretanto, conforme se verifica, não só das razões de voto constantes das fls. 388/393, mas da própria ementa acima transcrita, todos os argumentos apresentados pela recorrente foram objeto de apreciação pela Quinta Câmara do Primeiro Conselho, inexistindo alegações específicas em relação ao IPI a serem apreciadas por este Colegiado. Quanto à infração decorrente do desenquadramento do Sistema Simples, a interessada não apresentou impugnação, conforme registra o despacho de fl. 23, datado de 01/06/2005, do Processo no 10825.000594/2005-21, o qual trata da exclusão do Simples. O referido processo foi juntado a este por apensação. De modo a facilitar o manuseio dos documentos, cópia do precitado despacho foi introduzida neste processo, à fl. 395, apresentando o seguinte teor: “Não tendo o interessado, apresentado impugnação à exclusão do SIMPLES, DE 05 DE 06/04/2005, proponho o encaminhamento deste processo à SAFIS/DRF/BAURU, para as providências cabíveis.” Assim sendo, uma vez configurada a condição de excluída do Sistema Simples, persiste a infração 002 pela falta de lançamento de imposto nas saídas de produtos tributados do estabelecimento, em virtude de desenquadramento do Simples. Pela inexistência de argumentos relacionados ao IPI, não há reparos a fazer quanto a essa parte do lançamento. Registre-se que, embora neste processo, bem como no de IRPJ, as infrações refiram-se aos anos-calendário de 2000 a 2004, naquele a alegação de decadência foi em ralação ao ano-calendário de 1999, que, por não estar contido no período autuado, não se conheceu do recurso quando a essa matéria, enquanto que neste a contribuinte apresentou a alegação de decadência somente na fase recursal e, ainda assim, em relação a fatos geradores anteriores a junho de 2001. Quanto a este tema, entendo que deva ser apreciado, a um, por se tratar de matéria de ordem pública, e a dois, pela característica de tributo sujeito ao lançamento por homologação, fato que poderia ensejar a decadência de parte do período lançado, consoante art. 150, § 4o, do CTN, cuja contagem do prazo decadencial se inicia da ocorrência do fato gerador. Contudo, tal disposição não se aplica ao presente caso, pois, o próprio § 4o do referido artigo ressalva, in fine, “salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Tendo em vista o pronunciamento do Primeiro Conselho pela ocorrência de evidente intuito de fraude a justificar a aplicação da multa, a contagem do prazo decadencial passa a ser regida pelo art. 173, I, o qual se inicia “do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”. Desse modo, no presente caso, nenhum período lançado encontra-se atingido pela decadência.Sendo essas as considerações que reputo suficientes e necessárias à resolução da lide, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. É como voto.

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Sala das Sessões, em 08 de agosto de 2008. MAURÍCIO TAVEIRA E SILVA