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MINISTÉRIO DA FAZENDA
Secretaria de Acompanhamento Econômico
Parecer Analítico sobre Regras Regulatórias nº 317 COGTL/SEAE/MF
Brasília, 26 de novembro de 2015.
Assunto: Audiência Pública n° 010/2015, da
Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT), com o objetivo de colher sugestões da
minuta de Resolução que altera a Resolução 4.777,
de 6 julho de 2015, que dispõe sobre a
regulamentação da prestação do serviço de
transporte rodoviário coletivo interestadual e
internacional de passageiros realizada em regime de
fretamento.
Ementa: Ausência de estudos que embasem a não
delimitação de idade máxima exigida para veículos
da categoria ônibus.
Acesso: Público.
1) Introdução
1. A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda
(SEAE/MF) apresenta, por meio deste parecer, considerações sobre a Audiência
Pública nº 010/2015, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com a
intenção de contribuir para o aprimoramento do arcabouço regulatório do setor de
Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros (TRIP), nos termos de suas
atribuições legais, definidas na Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011, e no
Anexo I ao Decreto nº 7.482, de 16 de maio de 2011.
2. A mencionada Audiência Pública tem o objetivo de obter subsídios e
informações adicionais para o aprimoramento de ato regulamentar, a ser expedido que
altera os artigos 10, 11, 15 e 16, e a revogação dos artigos 26 e 66 da Resolução
4.777, de 6 julho de 2015, que dispõe sobre a regulamentação da prestação do serviço
de transporte rodoviário coletivo interestadual e internacional de passageiros
realizada em regime de fretamento.
Acesso: Público Audiência Pública nº 10/2015 da ANTT
3. O art. 10 delimita a documentação necessária para a obtenção do termo de
autorização, que, dentre eles, está a exigência de que haja um contrato social
consolidado ou um estatuto social atualizados, com objeto social compatível com a
atividade de transporte rodoviário coletivo interestadual e internacional de
passageiros, realizado em regime de fretamento, e de que se tenha um capital social
integralizado superior a 120 (cento e vinte) mil reais, devidamente registrado na
forma da lei, bem como documentos de eleição e posse de seus administradores,
conforme o caso. Está sendo proposta a alteração deste artigo, de forma que o valor
admitido para integralização do capital social seja igual ou superior a 120 (cento e
vinte) mil reais.
4. A este artigo foi acrescida a possibilidade de a transportadora comprovar o
capital social integralizado por meio da contratação de seguro garantia e a
explicitação da não exigência de apresentação do Certificado de Cadastro no
Ministério do Turismo, para aquelas empresas que não operarão no segmento
turístico.
5. O art. 11 foi alterado de forma a dispensar o transportador a apresentar o
Certificado de Segurança Veicular (CSV) pelo período de um ano após a compra de
veículos zero quilômetro, devendo apresentar à ANTT, em substituição, a cópia
autenticada da nota fiscal do chassi.
6. No art. 15 a proposta é de retirar a exigência de idade máxima para a
utilização de veículos de ônibus na categoria aluguel, que na Resolução 4.777, de 6
julho de 2015, é de 15 anos.
7. A nova redação do art. 16, em seu parágrafo único, delimita que os ônibus
com mais de 15 (quinze) anos de fabricação deverão ser submetidos à Inspeção
Técnica Veicular com periodicidade semestral, devendo os demais veículos serem
inspecionados anualmente.
8. Há também a revogação dos arts. 26 e 66. O art. 26 delimita que os micro-
ônibus sejam cadastrados apenas para o atendimento dos serviços de fretamento
turístico nas modalidades de traslado e passeio local, limitado a 540 km por licença
de viagem, e por fretamento contínuo, limitado a 540 km por licença de viagem.
9. Já o art. 66 define a utilização do veículo do tipo ônibus, categoria aluguel,
com mais de 15 (quinze) anos de fabricação, observado o período de transição. A
idade máxima admitida a partir de 2016 é de 25 anos de fabricação, sendo que para
cada ano posterior a esta data deve-se reduzir um ano na idade máxima da frota. A
previsão final deste artigo é admitir uma idade máxima da frota de 16 anos de
fabricação a partir do ano de 2025.
2) Das Melhores Práticas Regulatórias
10. A clara identificação do problema, a apresentação de justificativa para a
proposição e a explicitação dos normativos legais que fundamentam a proposta são
parte fundamental das melhores práticas regulatórias e são essenciais para a melhor
Acesso: Público Audiência Pública nº 10/2015 da ANTT
compreensão da matéria pela sociedade. Avalia-se que, no presente caso, a agência
atendeu parcialmente a esses pré-requisitos.
11. A agência apresentou o embasamento técnico para a utilização da idade
máxima de 15 anos para a frota de micro-ônibus, ao explicitar que veículos de maior
idade apresentam maior risco de segurança. No entanto, a ANTT não apresentou
justificativas técnicas para a exclusão da existência de um limite de idade para os
ônibus. Dessa forma, solicita-se que a agência apresente o embasamento técnico que
justifique proposta de exclusão da idade máxima aplicável aos veículos do tipo
ônibus.
3) Efeitos da Regulação sobre a Sociedade
12. A distribuição dos custos e dos benefícios entre os diversos agrupamentos
sociais deve ser transparente, até mesmo em função de os custos da regulação, de um
modo geral, não recaírem sobre o segmento social beneficiário da medida.
13. Os estudos técnicos que versam sobre os efeitos da idade média afirmam que a
idade avançada da frota tende a gerar vários problemas, tais como: maior risco de
acidentes, maior poluição, maior risco de congestionamento, menor produtividade e
maior consumo de combustível.
14. Frotas com idade mais avançada usualmente são operadas por transportadores
autônomos. A liberalização da idade da frota de ônibus diminui a barreira à entrada
ao facilitar o acesso de possíveis interessados a veículos de idades mais elevadas,
incrementando, com isso, a possibilidade de que haja uma maior competição no
mercado de TRIP fretamento.
15. Apesar de haver efeitos positivos e negativos para a sociedade pela adoção
dessa medida, não foram explicitados pela agência os custos e benefícios ocasionados
pela adoção dessa medida.
4) Análise do Impacto Concorrencial
16. O impacto concorrencial de uma medida regulatória pode ocorrer por meio de:
i) limitação no número ou variedade de fornecedores; ii) limitação na concorrência
entre empresas; iii) diminuição do incentivo à competição; e (iv) limitação das opções
dos clientes e da informação disponível1.
17. Considerando tais critérios, não foram verificados indícios de que a proposta
em análise resulte em impactos concorrenciais negativos.
1 OCDE (2011). Guia de Avaliação da Concorrência. Versão 2.0. Disponível em:
http://www.oecd.org/daf/competition/49418818.pdf.
Acesso: Público Audiência Pública nº 10/2015 da ANTT
5) Considerações Finais
18. Ante o exposto, a SEAE recomenda no âmbito de suas competências e dado o
teor da matéria, que a ANTT apresente as informações que embasaram a sua decisão
de não limitar a idade máxima para veículo do tipo ônibus, especialmente no que
tange o quesito segurança.
À consideração superior.
ROBERT RAMON CARVALHO SOUSA
Gerente
RODRIGO ROSA DA SILVA CRUVINEL
Coordenador
CLEYTON MIRANDA BARROS
Coordenador Geral de Transportes e Logística
De acordo.
ANDREY GOLDNER BAPTISTA SILVA
Subsecretário de Regulação e Infraestrutura, Substituto