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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL MARIA DE LOURDES SOARES OLIVEIRA INDICADORES DA QUALIDADE DE SOLOS SOB DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVO COM AS ESPÉCIES PARICÁ (Schizolobium parahyba var. amazonicum HUBER ex DUCKE) E CURAUÁ (Ananas comosus var. erectifolius [L. B. SMITH] COPPENS & LEAL) NO MUNICÍPIO DE AURORA DO PARÁ (PA) Belém 2009

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  • MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA

    EMBRAPA AMAZNIA ORIENTAL

    MARIA DE LOURDES SOARES OLIVEIRA

    INDICADORES DA QUALIDADE DE SOLOS SOB DIFERENTES SISTEMAS DE

    CULTIVO COM AS ESPCIES PARIC (Schizolobium parahyba var. amazonicum

    HUBER ex DUCKE) E CURAU (Ananas comosus var. erectifolius [L. B. SMITH]

    COPPENS & LEAL) NO MUNICPIO DE AURORA DO PAR (PA)

    Belm

    2009

  • Livros Grtis

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  • MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA

    EMBRAPA AMAZNIA ORIENTAL

    MARIA DE LOURDES SOARES OLIVEIRA

    INDICADORES DA QUALIDADE DE SOLOS SOB DIFERENTES SISTEMAS DE

    CULTIVO COM AS ESPCIES PARIC (Schizolobium parahyba var. amazonicum

    HUBER ex DUCKE) E CURAU (Ananas comosus var. erectifolius [L. B. SMITH]

    COPPENS & LEAL) NO MUNICPIO DE AURORA DO PAR (PA)

    Tese apresentada Universidade Federal Rural da

    Amaznia e Embrapa Amaznia Oriental, como parte

    das exigncias do Curso de Doutorado em Cincias

    Agrrias: rea de concentrao Agroecossistemas da

    Amaznia, para obteno do ttulo de Doutor. Orientadora: Eng Agnoma Prof

    a. Dr

    a Maria Marly de

    Lourdes S. Santos. Co-Orientadoras: Eng Agnoma Prof

    a. Dr

    a Siu Mui Tsai.

    Geloga Dra Maria de Lourdes Pinheiro Ruivo.

    Belm

    2009

  • Oliveira, Maria de Lourdes Soares

    Indicadores da qualidade de solos sob diferentes sistemas de cultivo

    com as espcies paric (Schizolobium parahyba var. amazonicum

    Huber ex Ducke) e curau (Ananas comosus var. erectifolius [L. B.

    Smith] Coppens & Leal) no municpio de Aurora do Par (PA)/Maria

    de Lourdes Soares Oliveira.- Belm, 2009.

    135f.:il.

    Tese (Doutorado em Cincias Agrrias) Universidade Federal

    Rural da Amaznia, 2009.

    1. Sistemas agroflorestais 2. Qualidade do solo 3. Paric 4.

    Recuperao de solo alterado. 5. reas degradadas 6. Amaznia I.

    Ttulo.

    CDD 634.99

  • MINISTRIO DA EDUCAO

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA

    EMBRAPA AMAZNIA ORIENTAL

    MARIA DE LOURDES SOARES OLIVEIRA

    INDICADORES DA QUALIDADE DE SOLOS SOB DIFERENTES SISTEMAS DE

    CULTIVO COM AS ESPCIES PARIC (Schizolobium parahyba var. amazonicum

    HUBER ex DUCKE) E CURAU (Ananas comosus var. erectifolius [L. B. SMITH]

    COPPENS & LEAL) NO MUNICPIO DE AURORA DO PAR (PA)

    Tese apresentada Coordenadoria do Curso de Ps-Graduao em Cincias Agrrias da

    Universidade Federal Rural da Amaznia, rea de Concentrao Agroecossistemas da

    Amaznia como parte das exigncias para obteno do grau de Doutor.

    Aprovada em 30 de junho de 2009

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________________________________

    Maria Marly de Lourdes S. Santos, Doutora - Orientadora

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA

    _________________________________________________________________

    Maria de Lourdes Pinheiro Ruivo, Doutora

    MUSEU PARAENSE EMLIO GOELDI

    _________________________________________________________________

    Maria de Ftima Pinheiro, Doutora

    ERSIDADE FEDERAL DO PAR

    _________________________________________________________________

    Jorge Luiz Piccinin, Doutor

    MUSEU PARAENSE EMLIO GOELDI

    _________________________________________________________________

    Paulo Luiz Contente de Barros, Doutor

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA

  • DEDICO

    Ao meu filho Wagner pelo incondicional

    apoio e incentivo em todos os momentos

    e

    minha inesquecvel, amantssima

    e incansvel Me Maria Jos (in memorian)

  • AGRADECIMENTOS

    Deus por ter me concedido a fora espiritual para transpor os obstculos durante a

    realizao do presente curso;

    minha amantssima me Maria Jos (in memorian) por ter me permitido a vida,

    compartilhado comigo a criao de meu filho Wagner, alm de ter sido meu maior referencial

    de amor, abnegao, coompreenso, sabedoria e renncia a favor do prximo;

    Ao meu amado filho Wagner pelo constante incentivo na busca para realizar o

    melhor, amor, carinho, compreenso, pela extrema dedicao e preocupao comigo, e

    sobretudo por existir na minha vida;

    Universidade Federal Rural da Amaznia pela oportunidade de realizar o

    doutorado;

    Empresa Tramontina Belm S/A, por conceder a rea experimental e acomodaes

    durante a fase de coleta de campo;

    Ao CENA, Centro de Energia Nuclear na Agricultura Laboratrio de Biologia

    Celular e Molecular, por ter disponibilizado a sua estrutura para a realizao das anlises

    moleculares;

    FAPESPA, Fundao de Pesquisa do Estado do Par, pelo apoio finaceiro a este

    estudo atravs do projeto Ncleo de pesquisa em avaliao de sistemas de uso do solo por

    meio de indicadores de sustentabilidade ambiental, microbiolgico e bioqumicos em sistemas

    florestais e agroflorestais;

    Ao CNPq pelo apoio em termos de infraestrutura atravs do Instituto Nacional de

    Cincia e Tecnologia/MPEG Uso da Terra e Biodiversidade;

    professora Dra. Maria Marly de Lourdes Silva Santos pela orientao, estimulo e

    confiana durante as etapas do curso;

    minha co-orientadora Dra. Siu Mui Tsai pelo inestimvel apoio e amizade que

    permitiram a realizao da parte prtica deste trabalho no Laboratrio de Biologia Celular e

    Molecular do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA USP);

    Dra. Maria de Lourdes Pinheiro Ruivo pela estimulante co-orientaao, apoio,

    incentivos e abertura para a discusso de novas idias;

    Dra. Iracema Maria Castro Coimbra Cordeiro, pela amizade, ajuda junto a

    Empresa Tramontina Belm S/A e constante incentivo e apoio;

  • Ao professor Paulo Luiz Contente de Barros pela disponibilidade em atender meus

    apelos de ajuda, pacincia, pelos ensinamentos e sugestes referentes parte estatstica deste

    estudo;

    Ao colega Paulo Cerquera pela pacincia e apoio na confeco dos grficos deste

    trabalho;

    Dra. Flvia Pacheco e Dra. Daniela Campos, pela valiosa ajuda, colaborao e

    suporte tcnico na realizao das anlises no Laboratrio de Biologia Celular e Molecular

    (CENA);

    Aos tcnicos do Laboratrio de Biologia Celular e Molecular Jos Elias Gomes,

    Fbio Duarte e Wagner Piccinini por toda ajuda e apoio a mim dispensada;

    Ao Dr. Jorge Piccinin pela amizade, companheirismo e pelo valioso apoio tcnico

    durante as etapas de coleta de campo;

    Dra. Aliete Vilecorta de Barros pelo apoio durante as anlises estatsticas;

    secretria do Curso de Doutorado Shirley Costa pela ateno e considerao em

    todos os momentos e situaes;

    Ao Dr. Antnio Hernades, UFPA, pela valorosa colaborao nos estudos

    taxonmicos;

    E a todos aqueles que de alguma forma contriburam direta ou indiretamente para a

    realizao deste trabalho.

  • um grande privilgio ter vivido uma vida difcil.

    (Indira Gandhi)

  • RESUMO

    A maioria das atividades de explorao dos recursos naturais da Amaznia implicam na

    destruio da sua cobertura vegetal expondo o solo a processos de degradao, originando

    assim, grandes extenses de reas consideradas improdutivas. Visando contribuir para o

    aumento do conhecimento sobre recuperao de solos alterados nessa regio, este trabalho

    objetivou avaliar a melhoria da qualidade dos solos atravs de indicadores qumicos,

    microbiolgicos e fsicos. O estudo foi realizado no campo experimental da Empresa

    Tramontina Belm S. A. em Aurora do Par (PA), onde atravs de delineamento estatstico

    em blocos completamente ao acaso com quatro repeties, foram implantados sistemas de

    cultivo com as espcies paric (Schizolobium parahiba var. amazonicum [Huber ex Ducke]

    Barneby), mogno (Swietenia macrophylla King), freij (Cordia goeldiana Huber) e curau

    (Ananas comosus var. erectifolius [L.B. Smith]), que originaram os seguintes tratamentos: 1-

    monocultivo com a espcie curau; 2 monocultivo com a espcie paric; 3 sistema

    agroflorestal com as espcies paric+mogno+freij+curau; 4 sistema agroflorestal com as

    espcies paric+curau; 5 Testemunha (Capoeira adjacente aos experimentos). Para

    determinao das variveis qumicas, microbiolgicas e fsicas, foram coletadas em

    novembro/2006, amostras de solo nas profundidades de 0 -10cm, 10-20cm e 20-40cm em

    todas as parcelas de cada tratamento. Os dados obtidos foram submetidos anlise de

    varincia e as mdias comparadas atravs do teste Student Newman Keuls (SNK), ao nvel de

    95% de probabilidade. Os resultados indicaram que houve diferenas significativas entre as

    coberturas vegetais, notadamente com relao aos parmetros qumicos MO (matria

    orgnica), SB (soma de bases), T (capacidade de troca de ctions), V (saturao por bases) e

    os ons Ca 2+

    e Mg 2+

    e aos indicadores microbiolgicos CBM (carbono da biomassa

    microbiana), NBM (nitrognio da biomassa microbiana), qMIC (quociente microbiano) e

    qCO2 (quociente metablico). Essas diferenas mostraram que o monocultivo com a espcie

    paric, demonstrou maior capacidade de melhorar os atributos da qualidade do solo quando

    comparado aos sistemas agroflorestais formados com essa mesma espcie. O estudo da

    diversidade microbiana dos solos atravs de tcnicas moleculares com DNA e da visualizao

    das caractersticas morfolgicas, mostrou a presena de bactrias das espcies Pseudomonas

    fluorescens, Burkholderia cepacea, Burkholderia sp, Pseudomonas veronii, Pseudomonas

    putida e Burkholderia cenocepacea; e dos gneros de fungos Absdia sp, Aspergillus sp,

    Cladosporium sp, Penicillium sp, Trichoderma sp e Paecilomyces sp. No solo sob o

    tratamento 3 foi observado maior diversidade de espcies microbianas.

    Palavras chave: sistemas agroflorestais, qualidade de solo, paric, recuperao de solos

    alterados, reflorestamento, bactrias do solo, fungos do solo, Amaznia, reas degradadas.

  • ABSTRACT

    OLIVEIRA, Maria de Lourdes Soares Oliveira, Federal Rural University of Amazonia

    (Universidade Federal Rural da Amazonia UFRA). June, 2009. Indicators of Soils

    Quality under different Cultivation Systems with species paric (Schizolobium parahiba

    var. amazonicum [Huber ex Ducke]) and curau (Ananas comosus var. erectifolius [L. B.

    Smith] Coppens & Leal) in Aurora do Par Municipality (Par State PA).

    The natural resources of Amazonia are mostly explored through economic activities which

    bring on the destruction of its natural vegetal covering, thus exposing the soil to a degradation

    process giving place to large extensions of unproductive areas. In order to achieve a higher

    level of scientific knowledge about altered soils recovering processes in the region of

    Amazon Rain Forest, this work was aimed at the evaluation of the improvement of soils

    quality through chemical, microbilogical and physical indicators. . The study was carried out

    with experiments conducted in the Tramontina Belm S. A. Companys Experimental Field

    in Aurora do Par Municipality (Par State PA), using an outline of random block design

    with four replications, implanting cultivation systems with the species paric (Schizolobium

    parahiba var. amazonicum [Huber ex Ducke] Barneby), mahogany (Swietenia macrophylla

    King), friejo (Cordia goeldiana Huber) and curau (Ananas comosus var. erectifolius, [L.B.

    Smith]), from which derived the treatments as following: 1 curaus monoculture system; 2

    parics monoculture system; 3 combined paric+mahogany+friejo+curau species

    agroforestry system; 4 combined paric+curau species agroforestry system; and 5 control

    plot constituted by secondary forest next to the experiments. To determine chemical,

    microbiological and physical variables the soil sampling was carried out in november of 2006

    in the depths 0 to 10, 10 to 20 and 20 to 40 centimeters in all plots of each treatment. The data

    was submitted to Analysis of Variance and the obtained means compared through Student

    Newman Keuls Test (SNK) at 95% probability rate. The results presented substantial

    differences among vegetal coverings numbers, specially as to OM (organic matter), CEC

    (Cation Exchange Capacity), V% (Degree of Basis Saturation), Ca2+

    and Mg2+

    chemical

    parameters as well as to microbiological indicators MBC (Microbial Biomass Carbon), MBN

    (Microbial Biomass Nitrogen), qMIC (Microbial Quotient) and qCO2 (Metabolic Quotient).

    Such differences have showed that the parics forestry monoculture presented a higher

    capability of improving soils quality rates if compared to those agroforestry systems in which

    this same species is used combined with others. The study of microbial diversity through in

    the soil achieved by means of DNA molecular techniques and through the study of

    morphological characteristics, detected the presence of the following species of bacteria:

    Pseudomonas fluorescens, Burkholderia sp, Burkholderia cepacea, Pseudomonas veronii,

    Pseudomonas putida and Burkholderia cenocepacea. As to fungi, were found the genera

    Absdia sp, Aspergillus sp, Cladosporium sp, Penicillium sp, Trichoderma sp and

    Paecilomyces sp. In the soil of treatment 3 it was observed higher level of diversity microbial

    species.

    Keywords: agroforestry systems, soils quality, amazonian native species paric.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Distribuio temporal dos componentes dos sistemas no campo

    experimental Tramontina Belm S.A. Aurora do Par, 2007. ................... 59

    Tabela 2 - Seqncias dos oligonucleotdeos iniciadores internos para

    amplificao do gene. ............................................................................... 68

    Tabela 3 - Espcies de bactrias encontradas na profundidade 0-10 cm do solo

    sob os diferentes tratamentos. ................................................................. 101

    Tabela 4 - Relao de fitopatgenos onde rizobactrias do gnero Pseudomonas

    tm sido utilizadas como agentes de controle. ........................................ 103

    Tabela 5 - Rizobactrias produtoras de RCPs e seus derivados .............................. 104

    Tabela 6 - Gneros de fungos predominantes nos solos sob os tratamentos

    investigados. ........................................................................................... 106

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Organizao do operon do rRNA ribossmico ........................................ 52

    Figura 2 Capacidade relativa de resoluo dos mtodos moleculares .................... 54

    Figura 3 Croqui de acesso ao campo experimental da empresa Tramontina

    Belm S.A. ............................................................................................... 55

    Figura 4 Mapa de localizao do campo experimental da empresa Tramontina

    Belm S.A no municpio de Aurora do Par (PA)................................... 56

    Figura 5 Aspecto dos tratamentos por ocasio das amostragens do solo.Campo

    experimental da Tramontina no municpio de Aurora do Par (PA),

    2007. ........................................................................................................ 58

    Figura 6 Tratamento 01: Curau solteiro a pleno sol ............................................. 59

    Figura 7 Tratamento 02: Paric Solteiro ................................................................ 59

    Figura 8 Tratamento 03: Paric, Curau, Freij e Mogno ...................................... 60

    Figura 9 Tratamento 04: Paric e Curau ............................................................... 60

    Figura 10 Aspecto de perfil aberto para a amostragem dos solos. ......................... 60

    Figura 11 Gel de agarose da quantificao do DNA total das amostras de solos

    na profundidade 10 cm dos tratamentos T1, T2, T3, T4 e T5, extrados

    com o Kit PowerSoil DNA. ..................................................................... 66

    Figura 12 DNA resultante da amplificao por PCR do gene 16S rRNA.............. 67

    Figura 13 Teor de argila, silte, areia fina e areia grossa nos solos sob os

    tratamentos. Campo experimental da Tramontina no municpio de

    Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra minsculas

    no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de significncia. .. 71

    Figura 14 Efeito da profundidade de amostragem no teor de argila, silte e areia

    grossa em solos sob os diferentes tratamentos. Campo experimental da

    Tramontina em Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma

    letra minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5%

    de significncia. ....................................................................................... 72

    Figura 15 Valor da densidade de partcula (Dpart) e densidade do solo (Dsolo),

    nos solos sob os tratamentos. Campo experimental da Tramontina no

    municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra

    file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285415file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285416file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285417file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285417file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285425file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285425file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285425file:///D:\TESE%20COMPLETA%20-%20Verso%20Final.doc%23_Toc245285426
  • minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de

    significncia. ............................................................................................ 73

    Figura 16 - Efeito da profundidade de amostragem no valor da densidade do solo

    (Dsolo) em solos sob os diferentes tratamentos. Campo experimental

    da Tramontina em Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma

    letra minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5%

    de significncia. ....................................................................................... 74

    Figura 17 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos sobre o pH e a matria

    orgnica (MO) dos solos. Campo experimental da Tramontina em

    Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra minsculas

    no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de significncia. .. 75

    Figura 18 Efeito da profundidade de amostragem no teor de matria orgnica

    no solo sob os diferentes tratamentos. Campo experimental da

    Tramontina no municpio de Aurora do Par(PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 76

    Figura 19 Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos sobre o teor dos

    ctions K+.

    , Ca2+

    , Mg2+

    ,soma de bases (SB) e capacidade de troca de

    ctions(T) no solo. Campo experimental da Tramontina no municpio

    de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra

    minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de

    significncia. ............................................................................................ 79

    Figura 20 - Efeito da profundidade de amostragem no teor dos ctions K+ , Ca

    2+,

    Mg2+

    , soma de bases (SB) e capacidade de troca de ctions (T) no solo

    sob os tratamentos. Campo experimental da Tramontina no municpio

    de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra

    minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de

    significncia. ............................................................................................ 80

    Figura 21 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos sobre saturao por

    bases (V) e saturao por alumnio (m) no solo. Campo experimental

    da Tramontina no municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 81

  • Figura 22 - Efeito da profundidade de amostragem no valor de saturao por

    bases (V) e saturao por alumnio (m) no solo sob os diferentes

    tratamentos. Campo experimental da Tramontina no municpio de

    Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra minsculas

    no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de significncia. .. 82

    Figura 23 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos no teor de carbono

    orgnico (CO) e nitrognio total (Nt) no solo. Campo experimental da

    Tramontina no municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 83

    Figura 24 - Efeito da profundidade de amostragem no teor de carbono orgnico

    (CO) e nitrognio total (Nt) no solo sob os diferentes tratamentos.

    Campo experimental da Tramontina no municpio de Aurora do Par

    (PA). Mdias seguidas pela mesma letra minsculas no diferem

    estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de significncia. ...................... 84

    Figura 25 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos no carbono da

    biomassa microbiana (CBM) e no nitrognio da biomasa microbiana

    (NBM) no solo. Campo experimental da Tramontina no municpio de

    Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra minsculas

    no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de significncia. .. 86

    Figura 26 - Efeito da profundidade de amostragem no carbono da biomassa

    microbiana (CBM) e no nitrognio da biomassa microbiana (NBM) no

    solo sob os diferentes tratamentos. Campo experimental da

    Tramontina no municpio da Aurora do Par(PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 87

    Figura 27 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos na relao CBM:CO

    (qMIC) e na relao NBM:Nt no solo. Campo experimental da

    Tramontina no municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 89

    Figura 28 - Efeito da profundidade de amostragem na relao CBM:CO (qMIC) e

    na relao NBM:Nt no solo sob os diferentes tratamentos. Campo

    experimental da Tramontina no municpio de Aurora do Par (PA).

  • Mdias seguidas pela mesma letra minsculas no diferem

    estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de significncia. ...................... 90

    Figura 29 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos na atividade

    microbiana (CO2) no solo. Campo experimental da Tramontina no

    municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra

    minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de

    significncia. ............................................................................................ 92

    Figura 30 - Efeito da profundidade de amostragem na atividade microbiana (CO2)

    no solo sob os diferentes tratamentos. Campo experimental da

    Tramontina no municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 93

    Figura 31 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos no quociente

    metablico (qCO2) no solo. Campo experimental da Tramontina no

    municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra

    minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de

    significncia. ............................................................................................ 94

    Figura 32 - Efeito da profundidade de amostragem no quociente metablico

    (qCO2) no solo sob os diferentes tratamentos. Campo experimental da

    Tramontina no municpio de Aurora do Par(PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 95

    Figura 33 - Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos na relao C/N

    microbiano no solo. Campo experimental da Tramontina no municpio

    de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra

    minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de

    significncia. ............................................................................................ 97

    Figura 34 Efeito das coberturas vegetais dos tratamentos no nmero de

    bactrias e fungos no solo. Campo experimental da Tramontina no

    municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas pela mesma letra

    minsculas no diferem estatisticamente entre si pelo SNK a 5% de

    significncia. ............................................................................................ 98

    Figura 35 - Efeito da profundidade de amostragem no nmero de bactrias e

    fungos no solo sob os diferentes tratamentos. Campo experimental da

  • Tramontina no municpio de Aurora do Par (PA). Mdias seguidas

    pela mesma letra minsculas no diferem estatisticamente entre si

    pelo SNK a 5% de significncia. ............................................................. 99

    Figura 36 Absdia sp. ............................................................................................ 106

    Figura 37 Aspergillus sp. ...................................................................................... 107

    Figura 38 Cladosporium sp. ................................................................................. 107

    Figura 39 Paecilomyces sp. .................................................................................. 108

    Figura 40 Penicillium sp. ...................................................................................... 108

    Figura 41 Trichoderma sp. ................................................................................... 109

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ................................................................................................. 19

    1.1 HIPTESE .......................................................................................................... 22

    1.2 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 22

    1.3 OBJETIVOS ESPECFICOS .............................................................................. 22

    2 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................... 24

    2.1 CONSIDERAES GERAIS ............................................................................ 24

    2.2 CAUSAS DE ALTERAO DOS SOLOS NA AMAZNIA ......................... 26

    2.2.1 Agricultura de derruba e queima .................................................................... 26

    2.2.2 Pecuria .............................................................................................................. 26

    2.2.3 Extrao de madeira ......................................................................................... 27

    2.3 RECUPERAO DO SOLO ATRAVS DA COBERTURA

    VEGETAL .......................................................................................................... 28

    2.3.1 Monocultivos florestais ..................................................................................... 28

    2.3.2 Sistemas agroflorestais ...................................................................................... 29

    2.3.3 Capoeiras ............................................................................................................ 31

    2.4 CARACTERIZAO DAS ESPCIES COMPONENTES DOS

    SISTEMAS ESTUDADOS ................................................................................. 32

    2.4.1 Caractersticas gerais da espcie paric .......................................................... 32

    2.4.1.1 Classificao, descrio botnica ........................................................................ 32

    2.4.1.2 Aspectos morfolgicos ........................................................................................ 32

    2.4.1.3 rea de ocorrncia .............................................................................................. 34

    2.4.1.4 Aspectos da madeira e usos ................................................................................. 35

    2.4.2 Caractersticas gerais da espcie curau ......................................................... 35

    2.4.2.1 Classificao e descrio botnica ...................................................................... 35

    2.4.2.2 Aspectos morfolgicos ........................................................................................ 36

    2.4.2.3 reas de ocorrncia ............................................................................................. 37

    2.4.2.4 Usos e perspectivas ............................................................................................. 37

    2.4.3 Caractersticas do freij .................................................................................... 38

    2.4.3.1 Classificao e descrio botnica ...................................................................... 38

    2.4.3.2 Aspectos morfolgicos ........................................................................................ 38

    2.4.3.3 rea de ocorrncia .............................................................................................. 39

    2.4.3.4 Aspectos da madeira e usos ................................................................................. 39

    2.4.4 Caractersticas gerais do mogno (Switenia macrophylla, King) .................... 39

    2.5 CONCEITO DE QUALIDADE DO SOLO ........................................................ 41

    2.6 INDICADORES MICROBIOLGICOS DA QUALIDADE DO SOLO .......... 42

  • 2.6.1 Atividade microbiana (CO2) ............................................................................. 43

    2.6.2 Biomassa microbiana (C e N) e quociente microbiano (qMIC) ................... 44

    2.6.3 Relao CBM: CO / NBM: N total e C/N ....................................................... 46

    2.6.4 Contagens microbiolgicas ............................................................................... 46

    2.6.5 Diversidade microbiana .................................................................................... 47

    2.7 FUNDAMENTOS DA UTILIZAO DOS MTODOS

    MOLECULARES NA IDENTIFICAO DE ESPCIES

    MICROBIANAS. ................................................................................................ 49

    2.7.1 Tecnologia do DNA recombinante ................................................................... 49

    2.7.2 Reao de polimerase em cadeia (PCR) .......................................................... 50

    2.7.3 Marcadores genticos ........................................................................................ 50

    2.7.4 Sequenciamento de DNA .................................................................................. 51

    2.7.5 Mtodos para o estudo da diversidade microbiana........................................ 51

    3 MATERIAL E MTODOS .............................................................................. 55

    3.1 LOCALIZAO DO EXPERIMENTO ............................................................ 55

    3.2 PREPARO DA REA PARA INSTALAO DO EXPERIMENTO .............. 56

    3.3 TRATOS CULTURAIS ...................................................................................... 57

    3.4 IMPLANTAO E DESCRIO DOS TRATAMENTOS

    ESTUDADOS ..................................................................................................... 57

    3.5 COLETA DAS AMOSTRAS ............................................................................. 60

    3.6 PARMETROS ANALISADOS ....................................................................... 61

    3.6.1 Determinao das variveis microbiolgicas .................................................. 61

    3.6.2 Determinao das variveis qumicas ............................................................. 61

    3.6.3 Determinaes das variveis fsicas ................................................................. 61

    3.7 METODOLOGIA UTILIZADA NA DETERMINAO DOS

    PARMETROS MICROBIOLGICOS ............................................................ 62

    3.7.1 Atividade respiratria dos microrganismos do solo....................................... 62

    3.7.2 Avaliao do C e N da biomassa microbiana .................................................. 63

    3.7.3 Quantificao de bactrias e fungos ................................................................ 64

    3.7.4 Identificao de fungos ..................................................................................... 64

    3.7.5 Identificao de espcies bacterianas por mtodos moleculares ................... 64

    3.7.5.1 Extrao do DNA total do solo ........................................................................... 64

    3.7.5.2 AAA A mmnmnb ................................................................................................ 66

    3.7.5.2 Amplificao do gene que codifica para o 16S rRNA ........................................ 66

    3.7.5.3 Purificao do DNA ............................................................................................ 67

  • 3.7.5.4 Sequenciamento do gene 16s rRNA .................................................................... 68

    3.7.5.5 Processamento e anlise filogentica das seqncias obtidas ............................. 69

    3.8 METODOLOGIA UTILIZADA NA DETERMINAO DOS

    PARMETROS QUMICOS ............................................................................. 69

    3.9 METODOLOGIA UTILIZADA NA DETERMINAO DOS

    PARMETROS FSICOS .................................................................................. 70

    3.10 METODOLOGIA ESTATSTICA ..................................................................... 70

    4 RESULTADOS E DISCUSSO ...................................................................... 71

    4.1 INDICADORES FSICOS .................................................................................. 71

    4.2 INDICADORES QUMICOS ............................................................................. 74

    4.3 INDICADORES MICROBIOLGICOS ........................................................... 85

    4.3.1 Carbono da biomassa microbiana (CBM) ...................................................... 85

    4.3.2 Nitrognio da biomassa microbiana (NBM) ................................................... 85

    4.3.3 Relao Carbono da biomassa microbiana/carbono orgnico

    (CBM:C) ............................................................................................................. 88

    4.3.4 Relao Nitrognio da biomassa microbiana/nitrognio total

    (NBM:N) ............................................................................................................. 89

    4.3.5 Atividade microbiana (CO2) ............................................................................. 91

    4.3.6 Quociente metablico (qCO2) ........................................................................... 93

    4.3.7 Relao C/N microbiano ................................................................................... 96

    4.3.8 Contagens microbiolgicas ............................................................................... 97

    4.3.9 Diversidade microbiana .................................................................................. 100

    4.3.9.1 Bactrias ............................................................................................................ 100

    4.3.9.1.1 Mecanismos de ao das rizobactrias ............................................................. 102

    4.3.9.2 Fungos ............................................................................................................... 105

    5 CONCLUSO ................................................................................................. 112

    REFERNCIAS ................................................................................................................... 113

    APNDICE A ...................................................................................................................... 134

    APNDICE B ....................................................................................................................... 134

    APNDICE C ...................................................................................................................... 135

  • 19

    1. INTRODUO

    O desmatamento intensivo e crescente da Amaznia tornou-se uma preocupao

    nacional e tambm internacional, pelos reflexos negativos que isso possa representar para a

    regio. Aps a retirada da cobertura vegetal, normalmente, essas reas so preparadas pelo

    uso do fogo, e usadas na agricultura tradicional com cultivos de ciclo curtos, ou com

    pastagens para a criao de gado bovino.Com o tempo, as prticas incorretas de manejo do

    solo durante essas atividades, provocam o empobrecimento gradativo do mesmo, originando

    dessa forma, grandes reas com solo improdutivo ou alterado. Em geral, esse processo tende a

    se acelerar devido alta acidez e baixa fertilidade dos solos amaznicos, onde a ausncia da

    vegetao potencializa os efeitos da eroso.

    Existe na atualidade uma preocupao crescente na implantao de processos que

    visam a recuperao dessas reas atravs da revegetao do solo pela utilizao de diferentes

    sistemas de manejo.Entre as alternativas que vm sendo praticadas, podem ser citados os

    monocultivos florestais (reflorestamentos), que utilizam espcies madeireiras nativas da

    regio, os sistemas agroflorestais, que se caracterizam pelo cultivo em consrcio entre

    espcies arbreas e culturas temporrias em uma mesma rea, e ainda, os cultivos agrcolas

    anuais.

    Seguindo essa tendncia, a Empresa Tramontina Belm, objetivando a recuperao

    de reas alteradas por pastagens, implantou um campo experimental no municpio de Aurora

    do Par, onde foram introduzidos vrios sistemas de cultivo combinando as espcies florestais

    paric (Schizolobium parahyba var. amazonicum [ Huber] Ducke), mogno (Switenia

    macrophylla, King), freij (Cordia goeldiana Huber) e a espcie agrcola curau (Ananas

    comosus var. erectifolius L.B. Smith). O desenvolvimento desses sistemas tem mostrado que

    a interao entre as espcies foi bastante positivo, considerando o aumento significativo da

    biomassa vegetal observado. As espcies paric e curau, por serem caractersticas de regies

    tropicais, vm sendo amplamente cultivadas com o objetivo de recuperao de solos

    degradados, neste experimento estas espcies foram avaliadas por Cordeiro (2007), que

    evidenciou excelentes ndices de rendimento e produtividade para as mesmas.Esse fato pode

    representar um indcio da regenerao da capacidade produtiva desses solos, o que

    provavelmente pode estar relacionado com a melhoria de qualidade do mesmo.

    Os sistemas de manejo e revegetao dos solos so considerados fatores decisivos

    para a melhoria da qualidade dos mesmos, e resgatar sua fertilidade e capacidade

    produtiva.Dentro de um contexto global, o interesse atual pela preservao da qualidade do

  • 20

    solo resulta da recente conscientizao de que o solo representa um recurso tanto para a

    produo de alimentos e fibra quanto para o funcionamento global dos ecossistemas.(DORAN

    et al., 1996)

    Qualidade do solo tem sido definida como a capacidadade de um tipo especfico de

    solo funcionar dentro dos limites do ecossistema manejado ou natural, como sustento para a

    produtividade de plantas e animais, de manter ou aumentar a qualidade da gua e do ar e de

    promover a sade humana (DORAN e PARKIN, 1994). Na avaliao da qualidade do solo, a

    determinao dos atributos biolgicos representa um indicador potencial para o conhecimento

    da produtividade do mesmo. Para aferir os atributos biolgicos do solo tem se utilizado cada

    vez mais as caractersticas microbiolgicas como indicadores sensveis das transformaes

    bioqumicas que ocorrem no mesmo e afetam sua qualidade.

    Dentre as vrias justificativas para o uso de microrganismos e processos

    microbiolgicos como indicadores da qualidade do solo, destacam-se a sua capacidade de

    responder rapidamente mudanas no ambiente do solo derivadas de alteraes no manejo

    e, o fato de que a atividade microbiana do solo reflete a influncia conjunta de todos os

    fatores que regulam a degradao da matria orgnica e a transformao de nutrientes

    (KENNEDY e PAPENDICK, 1995).

    Os microrganismos representam uma grande e dinmica fonte de nutrientes em todos

    os ecossistemas e participam ativamente em processos benficos como: a) a estruturao do

    solo; b) a fixao biolgica de N; c) a solubilizao de nutrientes para as plantas; d) a reduo

    de patgenos e pragas de plantas; e) a degradao de compostos persistentes aplicados ao

    solo; f) formam associaes micorrzicas que beneficiam o crescimento vegetal (KENNEDY

    e PAPENDICK, 1995).

    Assim, um solo de alta qualidade possui intensa atividade biolgica e contm

    populaes microbianas equilibradas. Entre os indicadores microbiolgicos que

    frequentemente so utilizados para fornecer uma estimativa da qualidade do solo esto a

    biomassa microbiana e quociente microbiano (qMIC), taxa de respirao do solo e o

    quociente metablico (qCO2) e a diversidade microbiana.

    A biomassa microbiana do solo considerada como a parte viva da matria orgnica

    do mesmo, alm de armazenadora de nutrientes, pode servir como indicador rpido das

    mudanas no solo (GRISI, 1995). Sua avaliao fornece indicao sobre ciclagem, fonte e

    dreno de nutrientes por meio de processos de mineralizao e imobilizao (LUIZO et al.,

    1992). Por ser mais rapidamente quantificada quando comparada avaliao direta da

    produtividade vegetal, a biomassa microbiana pode ter grande aplicao para o conhecimento

  • 21

    da qualidade do solo (SILVEIRA et al., 2004). Assim, mudanas significativas na BM podem

    ser detectadas muito antes que alteraes na matria orgnica possam ser percebidas,

    possibilitando a adoo de medidas de correo evitando que a perda da qualidade do solo

    seja mais severa (TOTOLA e CHAER, 2002).

    O quociente microbiano (qMIC) representa a relao entre o carbono microbiano

    (CM) e o orgnico (CO), e fornece uma medida da qualidade da matria orgnica presente no

    solo. De acordo com Sparling (1992), as mudanas no qMIC podem estar diretamente

    relacionados com os acrscimos de matria orgnica ao solo, assim como a eficincia de

    converso do CO do solo para CBM e as perdas de C do solo.

    A taxa de respirao basal do solo consiste na medida de produo do CO2

    resultante da atividade metablica de microrganismos, de razes vivas e outros organismos

    como minhocas, nematides e insetos (PARKIN et al., 1996). Podendo ser um indicador

    sensvel da decomposio de resduos e do giro metablico do carbono orgnico do solo

    (COS).( PAUL et al., 1999).

    Uma outra varivel, o quociente metablico (qCO2), representa a razo entre o CO2

    evoludo e o pool de carbono da biomassa microbiana, e indica o estado metablico dos

    microrganismos podendo ser utilizada como indicador de perturbao ou estabilidade do

    ecossistema (DePOLLI e GUERRA, 1997). Atravs dessa abordagem, tem sido demonstrado

    que a biomassa microbiana responde de maneira diferenciada aos manejos agrcolas adotados

    em cada agroecossistema (MOREIRA e SIQUEIRA, 2002)

    A diversidade microbiana tem figurado como importante indicador da qualidade do

    solo por representar um dos mais sensveis atributos para documentar as mudanas ocorridas

    no ecossistema.As dificuldades iniciais encontradas para conhecer e interpretar a diversidade

    estrutural e funcional dos microrganismos do solo, esto sendo gradualmente superadas pelo

    uso crescente de ferramentas da biologia molecular. Os mtodos baseados no estudo do DNA

    vm sendo freqentemente utilizados para estudar a estrutura gentica das comunidades

    microbianas do solo, e assim possibilitando avaliar os impactos dos distrbios ambientais

    sobre as mesmas (AXELROOD et al., 2002) .

    Diante dos conhecimentos atuais tem se tornado concenso que a diversidade

    microbiana possui importantes vantagens como indicador da qualidade do solo, em virtude de

    os microrganismos estarem na base da cadeia trfica e intrinsecamente associados aos

    processos ecolgicos do solo (TORSVIK e REAS, 2002).

  • 22

    Considerando o bom desenvolvimento dos sistemas de cultivos implantados no

    campo experimental da Empresa Tramontina Belm no municpio de Aurora do Par, o

    presente estudo avalia atravs de indicadores qumicos e microbiolgicos a melhoria da

    qualidade do solo nesses sistemas de cultivo que foram constitudos com as espcies paric

    (Schizolobium amazonicum (Huber) Ducke), curau (Anans erectifolius L.B. Smith), mogno

    (Switenia macrophylla, King) e freij (Cordia goeldiana Huber), e dessa forma possa

    contribuir para aumentar os conhecimentos sobre o crescimento e desenvolvimento de

    espcies plantadas em solos alterados da Amaznia.

    1.1 HIPTESE

    Os sistemas agroflorestais, que se caracterizam por serem formados de mltiplas

    espcies vegetais, representam atualmente uma importante alternativa para recuperao de

    solos degradados, devido a capacidade que os mesmos tm de produzir uma abundante e

    variada serapilheira, alm de melhorar as condies edafoclimticas, estimulando assim as

    atividades biolgics no solo. Diante disso, a hiptese deste trabalho que, dentre os sistemas

    de cultivos avaliados neste estudo, os sistemas agroflorestais apresentem os melhores

    indicadores de regenerao da qualidade do solo.

    1.2 OBJETIVO GERAL

    Avaliar a capacidade dos parmetros qumicos, fsicos e microbiolgicos como

    indicadores de qualidade do solo sob diferentes sistemas de cultivo com as espcies paric

    (Schizolobium parahiba var. amazonicum [HUBER ex DUCKE]), curau( Ananas comosus

    var. erectifolius L.B. SMITH), mogno (Switenia macrophylla, King) e freij (Cordia

    goeldiana Huber).

    1.3 OBJETIVOS ESPECFICOS

    - Determinar os parmetros microbiolgicos (Biomassa microbiana, contagens de de

    bactrias e fungos e atividade microbiana) nos solos sob os diferentes sistemas de cultivos;

  • 23

    - Quantificar os atributos qumicos e fsicos nos solos sob os sistemas de manejo

    experimentados;

    - Identificar atravs de tcnicas moleculares de DNA e de cultivos sobre substrato, as

    espcies microbianas predominantes nos solos em estudo; e

    - Com base nos resultados obtidos, identificar o(s) sistema de cultivo(s) que melhor

    contriburam para aumentar a qualidade do solo.

  • 24

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 CONSIDERAES GERAIS

    O Municpio de Aurora do Par pertence mesorregio do Nordeste Paraense,

    precisamente na Microrregio do Guam, possuindo uma rea de 1.811,83 Km2 e limitando-se

    com os seguintes Municpios: Norte So Domingos do Capim; Leste Me do Rio e

    Capito Poo; Sul Ipixuna do Par; Oeste Tom Au e So Domingos do Capim. A sede

    Municipal tem as seguintes coordenadas geogrficas: 02 08 02 de latitude Sul e 47 33 32

    de longitude Oeste de Greenwich, de acordo com os dados do INSTITUTO BRASILEIRO

    DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA IBGE ( 2006).

    Apresenta clima Megatrmico mido, com temperatura mdia anual de 25 C,

    umidade relativa do ar elevada, em torno de 85% e ndice pluviomtrico de 2.350 mm anual

    (IBGE, 2006). As chuvas, apesar de regulares, no se distribuem igualmente durante o ano,

    sendo que no perodo de janeiro a junho ocorre a sua maior concentrao (cerca de 80%). Os

    solos do municpio de Aurora do Par so, dominantemente, o Latossolo Amarelo, textura

    mdia; Latossolo Amarelo, textura argilosa; e Concrecionrio Latertico. Nas reas

    inundveis, prximas ao Rio Capim, destaca-se a presena dos Solos Aluviais e

    Hidromrficos. H tambm, Areia Quartzosa e Hidromrficos, em associaes (IBGE, 2006).

    O relevo apresenta-se inserido no planalto rebaixado do Amazonas. Esto presentes

    reas aplainadas, vrzeas e tabuleiros em reas sedimentares. A vegetao representada,

    principalmente, por capoeiras, em estado avanado de desenvolvimento, com rvores de

    pequeno porte e manchas de Mata Primitiva, bastante explorada (IBGE; GOVERNO DO

    ESTADO DO PAR, 2006). A topografia, embora modesta, apresenta na sede municipal

    cerca de 50 metros de altitude, devido s formas de relevo existentes.

    Nesse municpio, o grupo Tramontina Belm S.A iniciou o reflorestamento em rea

    degradada em 1980 levando em considerao os aspectos da sustentabilidade ambiental,

    social e econmica. Na regio escolhida, a rea original apresentava floresta densa

    representada pelas espcies como: angelim (Hymenolobium sp) e abiorana (Franchetella sp),

    breu (Protium sp), copaba (Copaifera ssp), marup (Simaruba amara) (BRASIL, 1973).

    Devido ao processo de ocupao iniciado no final da dcada de 70, quando da

    abertura da Belm-Braslia, a vegetao original foi sendo gradativamente substituda. Os

    trabalhadores dedicaram-se a explorao da madeira, a agricultura de corte e queima e ao

  • 25

    cultivo de algodo e malva. Em 1960, em virtude do roado no ter dado resultados positivos,

    muitos colonos abandonaram a regio. Posteriormente com a penetrao da colnia japonesa

    (entre as dcadas de 70 e 80) oriunda de Tom-Au, houve a expanso do plantio de pimenta-

    do-reino.

    A decadncia da atividade agrcola levou os agricultores a abandonar as glebas e a

    opo foi pecuria, porm os pastos sofreram com ataque de pragas e ficaram cada vez mais

    improdutivos e, hoje, se encontram em declnio. O resultado foi um impacto negativo, tanto

    para o ponto de vista ambiental, como do scio-econmico. Tal fato levou a Tramontina

    Belm S.A a implantar e desenvolver um projeto com caractersticas especiais e particulares,

    pois queria dar ao sistema produtivo um grande alcance ambiental e social (TEREZO, 2005).

    Atualmente a propriedade abrange 1.043 hectares e apresenta diferentes sistemas de

    plantios com espcies florestais e agronmicas. Para aumentar a variabilidade gentica do

    plantio florestal e, com isso, garantir a conservao gentica do povoamento foi efetuado

    plantio misto com espcies nativas com boas taxas de sobrevivncia, tais como: Ip (Tabebuia

    serratifolia (Vahl) Nichols), Freij (Cordia goeldiana Huber), Jatob (Hymenaea courbaril

    L.), Mogno (Swietenia macrophylla King) e paric (Schizolobium var. amazonicum.).

    De modo a se manter ao mximo a proteo ao solo, nas reas com regenerao da

    vegetao o plantio foi em linhas, formando assim, corredor ecolgico utilizado como

    procedimento pode aumentar a deposio de sementes dispersadas por aves e assim, acelerar a

    regenerao. Como forma de maximizar o uso da rea e minimizar os custos de implantao

    do empreendimento espcies agronmicas como macaxeira (Manihot esculenta Crantz),

    melancia (Citrullus vulgaris Schrad), Milho (Zea mays L) feijo caupi (Visgna ungiculata L.)

    e ultimamente o cuaru vem sendo plantadas nas entrelinhas do plantio florestal.

    A Empresa Tramontina Belm desde 1992 mantm a Estao Experimental de

    Aurora do Par, onde j esto plantados 1.000 ha, que foram submetidos diferentes tipos de

    plantio. Nessa rea vrios trabalhos esto sendo desenvolvidos com instituies cientficas

    entre estas UFRA, EMBRAPA, Universidade de So Carlos, Universidade do Estado do Par-

    UEPA e Museu Paraense Emlio Goeldi- MPEG. Estudantes de graduao, mestrado e

    doutorado ligados a essas instituies vm desenvolvendo suas atividades de pesquisa nessa

    rea.

    O campo experimental tem uma rea de 1.043 ha e est situado entre as coordenadas

    2 1000 latitude sul e longitude 47 3200 e seu acesso principal feito pela BR 010,

    distante em linha reta 210 Km da cidade de Belm, capital do Estado do Par.

  • 26

    2.2 Causas de alterao dos solos na Amaznia

    2.2.1 Agricultura de derruba e queima

    Este sistema praticado pela grande maioria dos agricultores familiares da

    Amaznia, por ser simples e de fcil operao, de conservar a fertilidade natural do solo pela

    adio de cinzas, promover a correo da acidez do solo, pela supresso de plantas invasoras

    e, controlar pragas e doenas (NYE e GREELAND, 1960).

    Apesar dos efeitos benficos deste sistema no preparo da terra para o plantio,

    Mackensen et al, (1996) verificaram que durante o processo de queima em uma capoeira de

    aproximadamente 7 anos de vida ocorreram perdas de aproximadamente 96% de nitrognio,

    76% de enxofre, 47% de fsforo, 48% de potssio, 35% de clcio e 40% de magnsio.

    Estas perdas associadas intensificao destes sistemas com a reduo dos perodos

    de pousio e repetidas capinas para controle das plantas expontneas, aliadas s estratgias de

    manejo dos agricultores, na remoo dos resduos orgnicos, provoca a deteriorao das

    propriedades do solo que refletem negativamente na produtividade das plantas (TIESSEN et

    al., 1994).

    2.2.2 Pecuria

    No final da dcada de 60, com o advento da Lei de Incentivos Fiscais, o

    desmatamento na Amaznia teve maior incremento e considerveis extenses de terra foram

    deflorestadas no Par para ceder lugar ao estabelecimento de pastagens pelas fazendas de

    pecuria bovina que foram implantadas na regio (FALESI, 1976).

    Com o decorrer do tempo essas reas de pastagem sofreram um processo de declnio

    de produtividade, alcanando o estgio de degradao e consequente invaso de plantas

    indesejveis (DUTRA et al., 2000).

    O uso do fogo para o contrle das ervas daninhas pode ser um dos fatores que

    podem agravar a degradao das pastagens nas regies tropicais. Esse procedimento aliado s

    prticas inadequadas de manejo, como o pastejo prematuro nas reas recm queimadas

  • 27

    concorrem para a degradao qumica fsica e biolgica do solo em funo do aumento da

    eroso e compactao e das perdas de nutrientes e matria orgnica desse solo (DIAS, 2003).

    Em estudos realizados com pastagens na regio de Marab.PA, Muller et al, (2001)

    constataram que a degradao da pastagem reduziu a cobertura do solo e a exposio chuva

    e ao pisoteio do gado, resultou no aumento da densidade do solo e diminuio da floculao

    da argila e da porosidade total.

    2.2.3 Extrao de madeira

    Desde o incio da colonizao, a extrao de madeiras na Amaznia era praticada em

    pequena escala, principalmente por comunidades ribeirinhas. Entretanto, a construo de

    rodovias e a exausto das florestas do Sul e Sudeste do Brasil aliados ao esgotamento

    progressivo das florestas tropicais da sia responsveis por 70% do comrcio internacional de

    madeira de acordo com Nectoux e Kuroda (1989), provocaram a instalao de indstrias

    madeireiras na regio.

    No comeo dos anos 70, apenas as espcies de alto valor econmico eram extradas e

    os impactos na floresta eram reduzidos. Atualmente mais de cem espcies de rvores so

    extradas e tratores de esteira abrem caminho atravs da floresta e arrastam as toras at os

    ptios de armazenamento. Essa forma de explorao intensiva da madeira altera

    significativamente a cobertura vegetal tornando-se potencialmente destrutiva (VERSSIMO et

    al., 1996).

    Geralmente, a explorao da madeira inicia o processo de degradao e uma nica

    rea pode ser submetida a vrios eventos de extrao. Os madeireiros inicialmente exploram

    as rvores maiores e de maior valor econmico. Depois, eles retornam duas ou trs vezes para

    explorar rvores menores de espcies mais valiosas. Em regies de explorao intensiva como

    em alguns municpios do Nordeste do Par, trinta rvores com dimetro 1,30 m do nvel do

    solo maiores ou iguais a 10 cm ficam danificadas para cada rvore extrada, provocando uma

    perda de 40 a 47% do dossel e uma abertura mdia de 663 m2 por rvore extrada (UHL et al.,

    1991).

    As florestas exploradas so mais susceptveis a incndios por causa do acmulo de

    resduos vegetais e maior incidncia da radiao solar nas clareiras (HOLDSWORTH e UHL,

    1997). E podem ocorrer em vrias intensidades e etapas destruindo ou danificando de 10 a

    80% da biomassa remanescente (NEPSTAD et al., 1999).

  • 28

    As atividades madeireiras e agropecurias realizadas principalmente nos ltimos

    trinta anos, so responsveis por grande parte dos desmatamentos na floresta Amaznica. De

    acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ( INPE, 2005), j foram devastadas

    cerca de mil quilmetros quadrados da floresta, o que equivale a 13,7% da mata. Desse total,

    200 mil quilmetros foram abandonados pelos exploradores assim que os recursos naturais se

    esgotaram. Resultando grandes extenses de reas sem cobertura vegetal onde o solo sofre

    progressivos processos de degradao (http:// comciencia.br/reportagens/amaznia/ amaz 14

    htm, acesso em 26/11/2007 ).

    2.3 RECUPERAO DO SOLO ATRAVS DA COBERTURA VEGETAL

    2.3.1 Monocultivos florestais

    No Brasil o setor florestal est se desenvolvendo rpido, estimulado pela demanda

    interna e externa. E a perspectiva de expanso do mercado para produtos madeireiros indicam

    um crescimento anual de 3 a 4%, estimando-se que at o ano 2010 o dficit ser de 880

    milhes de metros cbicos (SANTIN, 2007). O dficit de matria-prima florestal aliado s

    caractersticas ambientais, como a proteo dos solos degradados, conteno de eroso e o

    assoreamento dos cursos de guas, alm de se caracterizarem como culturas de ciclo longo e

    com poucas intervenes, torna a silvicultura um dos setores da agricultura mais propcios a

    receber investimentos (SEAG, 2007).

    A silvicultura caracterizada pelos monocultivos florestais, integra valores ambientais

    como a melhoria das propriedades do solo e sobretudo contribui para promover a regulao

    do equilbrio climtico e reduzir a presso sobre os remanescentes florestais nativos. (SEAG,

    2007).

    No estado do Par, empresrios rurais em atendimento reposio florestal

    obrigatria (BRASIL,1996) tm implantado projetos de reflorestamento adotando cultivos

    puros ou consorciados onde so utilizadas espcies nativas e/ou exticas. Na mesorregio

    nordeste paraense, os projetos de reposio florestal at 1997, ocupavam uma rea de 34.864

    ha (GALEO, 2000).

    Entre as espcies adotadas o paric (Schizolobium parahyba var. amazonicum Huber

    ex Duck) destaca-se como sendo a mais cultivada, provavelmente por pertencer a flora

    amaznica, ocorrendo nos macios paraenses, e tambm pelo rpido crescimento, facilidade

  • 29

    de obteno das sementes e custo de implantao satisfatrio durante os quatro primeiros anos

    (GALEO, 2000).

    Em recente amostragem efetuada entre nove empresas reflorestadoras localizadas

    nessa mesorregio que cultivam tanto espcies nativas quanto exticas, verificou-se a

    preferncia pelo cultivo do paric com um total aproximado de 7.400.000 rvores. Em

    seguida a teca 584.716 rvores, e o freij com 317.814 rvores (FALESI et al., 2004).

    2.3.2 Sistemas agroflorestais

    As definies de SAFs referem-se a uma ampla variedade de formas de uso do solo

    que combinam o plantio de espcies arbreas lenhosas (frutferas e/ou madeireiras) com

    cultivos agrcolas e/ou animais, de forma simultnea ou em sequncia temporal e que

    interagem econmica e ecologicamente (NAIR, 1989).

    O objetivo desses sistemas a criao de diferentes estratos vegetais procurando

    imitar um bosque natural, onde as rvores e/ou arbustos originam um microclima que resulta

    em benefcios ambientais, entre estes destacam-se o melhor controle da temperatura, da

    umidade relativa do ar e da umidade do solo (FASSBENDER e HEUVELDOP, 1985).

    A modificao do microclima, na presena do componente arbreo, repercute sobre

    o balano hdrico do solo, contribuindo para a elevao da umidade disponvel para as plantas

    sob a copa das rvores(VAZ da SILVA, 2002). Esse acrscimo de umidade nos solos sob

    coberturas vegetais so atribudos reduo de radiao que chega ao solo, o que influi

    significamente na taxa de evaporao da gua contribuindo para a manuteno da

    concentrao hdrica do solo (RIBASKI et al., 2002).

    Nos SAFs, a sombra produzida pelas rvores um dos fatores responsveis pelo

    aumento da disponibilidade de nitrognio no solo e, evidncias segundo (Aranguren et al,

    1982) mostram que a taxa de mineralizao estimulada pelo sombreamento. De acordo com

    Mafongoya et al (1997), a melhoria do ambiente do solo torna a atividade microbiana mais

    efetiva na decomposio dos resduos orgnicos, resultando uma maior liberao de

    nitrognio mineralizado.

    Adicionalmente aos benefcios do sombreamento, as espcies que compem esses

    sistemas exploram diferentes camadas de solo, e as razes profundas das rvores podem

    interceptar os nutrientes que foram lixiviados das camadas superficiais e se acumulam no

  • 30

    subsolo, geralmente fora do alcance dos sistemas radiculares das culturas agrcolas, e

    incorporando-os novamente no processo de ciclagem (YONG, 1989).

    Um sistema com vrios componentes arbreos tem potencialmente maior capacidade

    para reciclar de maneira mais uniforme ao longo o tempo, sem comprometer a capacidade

    produtiva do stio (MAFONGOYA et al., 1997). Assim, em plantios heterogneos h uma

    taxa mais constante de produo de folhedo e, consequentemente, uma contnua

    decomposio do mesmo, aumentando no somente a disponibilidade de nutrientes, como

    tambm a matria orgnica do solo, o que beneficia a atividade mineralizadora da microbiota

    do solo (GAMA RODRIGUES e DePOLLI, 2000).

    Entre as opes de coberturas vegetais para recuperao de reas alteradas, os

    sistemas agroflorestais tm sido indicados, numa tentativa de reproduzir florestas (ALVIM,

    1991). Pelo fato da estrutura desses agroecossistemas oferecerem condies de controlar a

    eroso, melhorar a estrutura do solo, equilibrar atividade dos microrganismos propiciando o

    retorno da fauna (SMITH, 1998).

    Neste contexto, os sistemas agroflorestais podem se constituir em uma alternativa

    em potencial para tornar produtivas reas degradadas, melhorando sua funo social e

    ecolgica (FALESI e GALEO, 2004).

    Na Amaznia vm sendo realizados estudos sobre a utilizao de SAFs na

    recuperao de solos degradados com resultados satisfatrios. Perin et al(2000), com base

    em resultados preliminares de anlise qumica do solo, verificou que a implantao de quatro

    diferentes formulaes de sistemas agroflorestais em reas de pastagens degradadas oferecem

    alternativas ecolgicas e econmicas adequadas para recuperao dessas reas em Latossolo

    Amarelo argiloso de terra firme da Amaznia ocidental.

    Utilizando a biota do solo como indicador em modelos agroflorestais, constatou-se

    que esses sistemas contribuem para a recuperao dos solos degradados por pastagens de

    forma mais rpida e eficiente do que a regenerao natural, observando-se tambm uma

    relao positiva entre densidade, porosidade total e umidade do solo, sugerindo o papel da

    macrofauna como um forte componente de sistemas agroflorestais (LOCATELLI et al.,

    2005).

  • 31

    2.3.3 Capoeiras

    Capoeira representa a vegetao secundria que surge expontaneamente a partir do

    abandono da rea utilizada aps o desenvolvimento de atividades como agricultura itinerante

    e pecuria. Estima-se que 53% da rea total da microrregio Bragantina teve sua floresta

    nativa removida e est coberta por este tipo de vegetao (ALENCAR et al., 1996).

    Estudos realizados nas ltimas dcadas por Hedden-Dunkhorst et al, (2003),

    comprovaram a importncia do papel da capoeira nos aspectos ambientais e scio-

    econmicos, como componentes do sistema rotacional de uso da terra adotado por grande

    parte dos agricultores da Amaznia, em especial do nordeste do Par.

    Para a agricultura familiar na Amaznia, a presena das florestas secundrias, nas

    diversas fases de seu desenvolvimento, so de fundamental valor pelas inmeras funes

    benficas que proporcionam (SOMMER, 2000). Entre estas, a acumulao e reciclagem de

    nutrientes de camadas profundas do solo citada por Nye e Greeland (1960), o controle de

    eroso por MacDonald et al (2002), a supresso de plantas invasoras por Rouw (1995),

    suprimento de madeira e lenha, e manuteno do biodiversidade (SANCHEZ, 1995).

    A diversidade florstica, ainda, encontrada nas vegetaes secundrias abriga um

    considervel nmero de espcies com diferentes capacidades de acumular nutrientes

    essenciais que podem servir para sustentar as plantas na fase de cultivo agrcola (DENNICH,

    1991).

    A acumulao de serapilheira (litter) formada pelas espcies da capoeira discutida po

    Cattnio (2002), influenciam a disponibilidade de matria orgnica, j que a composio

    deste material influi na diversidade e na concentrao da mesofauna do solo e igualmente em

    processos por ela mediados(DENICH, 1991)

    O manejo deste tipo florestal constitui-se uma forma relativamente nova de uso

    alternativo da terra, j existindo exemplos bem sucedidos de manejo de florestas secundrias

    na Costa Rica (FINEGAN, 1992).

    Estudos recentes tm apontado uma tcnica de melhoria da capoeira atravs da

    introduo de rvores de rpido crescimento de forma acelerar o acmulo de biomassa e

    nutrientes num menor perodo de tempo (DENICH et al., 2004). Essa tcnica proporciona a

    reduo do perodo de pousio de 4-10 anos para 2 anos (BRIENZA JUNIOR, 1999).

    No plantio de rvores de rpido crescimento recomendado um espaamento

    mnimo de 2 x 2 afim de no comprometer a regenerao das espcies naturais da capoeira,

  • 32

    garantindo assim, a manuteno da biodiversidade da vegetao nativa (VIELHAUER e S,

    2000)

    2.4 CARACTERIZAO DAS ESPCIES COMPONENTES DOS SISTEMAS

    ESTUDADOS

    2.4.1 Caractersticas gerais da espcie paric

    2.4.1.1 Classificao, descrio botnica

    Classe: Dicotiledonea

    Famlia: Fabaceae (Leguminosae)

    Sub-famlia: Caesalpinoideae

    Nome cientfico: Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke)

    Barneby (BARNEBY, R.C. Neotropical Fabales at NY: asides and oversights. Brittonia. V.

    48, n. 2, p.174-187, 1996).

    Sinonmias: Schizolobium amazonicum (Huber) Ducke Schizolobium excelsum var.

    amazonicum Ducke ex. L. O Williams

    Vernculos: Bacurubu, bandarra, birosca, caixeta, faveira, faveira-branca, ficheiro,

    flexeiro, guapuruva, guapuruvu, paric, paric-grande, pinho-cuiabano, pinho-cuiabano-rosa

    (CAMARGOS et al., 2001).

    Conforme Barneby (1996), o S. parahyba var. amazonicum distingue-se do S.

    parahyba var. parahyba por florescer sem folhas, apresentar folhas e frutos duas vezes

    menores, pelas ptalas oblongas mais firmes e glabras e pelos pedicelos articulados.

    2.4.1.2 Aspectos morfolgicos

    a) Hbito: rvore caduciflia de grande porte, fuste reto e crescimento muito

    rpido, ocorrendo em floresta primria e secundria de terra firme. Em geral mede de 15-40

    m de altura e 50-100 cm com dimetro a altura do peito (DAP). uma espcie essencialmente

    helifila, demandando bastante luz para um rpido crescimento.

  • 33

    b) Copa: Possui ramificao cimosa. Nos primeiros anos de crescimento a copa no

    tem ramificao lateral, porm quando adulta apresenta copa ampla e umbeliforme com ramos

    laterais horizontais dispersos, o que possibilita passar bastante sol pelas suas folhagens.

    c) Casca : quando a planta jovem apresenta-se esverdeada e delgada, tornando-se

    mais tarde acinzentada esbranquiada, espessa, dura, rugosa e com carreiras verticais de

    lenticelas; ao corte tem odor desagradvel almiscarado.

    d) Tronco : caule/fuste reto e cilndrico, com pouca tortuosidade apresentando

    sapopemas na sua base.

    e) Folha : Folha alterna, composta bipinada, chegando a medir at 2 m de

    comprimento em indivduos jovens e em indivduos adultos diminuem consideravelmente de

    tamanho, variando entre 30-50 cm; rquis lenhosa; 6-15 pares de pinas; 12-20 pares de

    fololos, opostos; quando perturbados os fololos se fecham.

    f) Flor : As flores so dispostas em inflorescncia do tipo pancula ascendentes a

    acropetalas; so hermafroditas, zigomorfas, pequenas, perfumadas com colorao amarela; as

    ptalas so amarelas, glabras e oblongas; com clice receptculo com colorao creme-

    esverdeada, tubular na base; corola imbricada de cinco ptalas, com a margem levemente

    ondulada e espatulada na parte superior.

    g) Fruto : um legume deiscente (criptosmara), oblongo-achatado. Apresenta asa

    papircea, com colorao bege quando jovem e marrom quando maduro. Cada fruto apresenta

    apenas uma semente na posio apical envolta pelo meso-endocarpo alado.

    h) Semente: elptico-ovada, lateralmente achatada, pice agudo, base arredondada;

    o tegumento liso, duro e brilhante, com colorao castanha e estrias finas; o hilo

    punctiforme; a rafe linear; o endosperma abundante.

    i) Fenologia: O incio dos eventos reprodutivos ocorre entre 8 e 10 anos, em reas

    abertas e plantios, e aos 12 anos, na floresta. uma planta hermafrodita cuja polinizao

    realizada principalmente pelas abelhas Anthophoridae (Xylocopa Spp e Centris spp) e

    algumas Apidae (Melipona spp e Apis mellifera) (VENTURIERI, 2000). Floresce em estado

    afilo destacando-se na mata pela colorao amarela clara (DUCKE, 1939). No Par, a

    florao ocorre nos meses de maio, junho e agosto. A frutificao anual no perodo de

    setembro a novembro com disperso anemocrica. Apresenta curta longevidade, variando de

    20 a 40 anos se comparada com outras espcies da floresta primria (VENTURIERI, 1999).

    j) Germinao : A germinao epgia criptocolinedonar. A plntula apresenta

    hipoctilo cilndrico, verde-claro e semibrilhante; os cotildones foliceos so opostos, com

    pice arredondado, base sagitada e duas estpulas; o epictilo cilndrico, verde e brilhante; o

  • 34

    primeiro par de folhas oposto e paripinado, com 10-12 pares de fololos opostos, verdes,

    membranceos, oblongos, pice apiculado e base arredondada, margem ciliada e puberulentos

    em ambas as faces; o pecolo e a raque so canaliculados e recobertos por tricomas simples e

    hialinos (COSTA, et al., 1999).

    l) Fitossanidade: Embora a planta seja razoavelmente imune ao ataque de pragas e

    doenas, algumas pragas foram verificadas em viveiro e plantios. Teixeira e Bianchetti,

    (1997) verificaram em viveiro a presena de lagartas (Agrotis spp, Spodoptera spp -

    Lepdoptera: Noctuidae, Ealsmopalpus lignoselus Lepdoptera: Phycitidae); Paquinha

    (Neoccurtilla hexadactylla Orthoptera: Gryllotalpidae); Grilos (Gryllus assimilis

    Orthoptera; Gryllidae); Sava (Atta spp. Hymenoptera: Formicidae); Formiga quenqum

    (Acromyrmex spp. - Hymenoptera: Formicidae) e no plantio registraram a presena da broca-

    da-madeira (Acanthoderes jaspidea) e mosca-da-madeira (Rhaphiorhynchus pictus). No

    perodo chuvoso nos plantios jovens, pode ocorrer a incidncia da crosta-negra-das folhas

    (Phyllachora schizolobiicola subsp. schizolobiicola)(TRINDADE et al., 1999). Esses mesmos

    autores registraram ainda a ocorrncia de coleobroca (Micrapate brasiliensis) e serradores

    (Oncideres dejeani e O. saga) nos ramos. A presena da cigarra (Quesada gigas Olivier) nas

    razes e tronco foi verificada por Zanuncio et al (2004), em plantaes de paric nas cidades

    de Paragominas (PA) e Itinga (MA).

    2.4.1.3 rea de ocorrncia

    O Schizolobium parahyba var amzonicum apresenta ampla distribuio geogrfica

    em altitudes de at 800m. Ocorre na Amaznia brasileira, venezuelana, colombiana, peruana,

    boliviana e equatoriana e toda a Amrica Central. No Brasil, a espcie encontrada nos

    estados do Amazonas, Par, Mato Grosso, Rondnia e Acre, ocorrendo tambm na mata

    atlntica (Santa Catarina a Bahia).

    No Estado do Par a espcie ocorre em Altamira, Monte Alegre, bidos e

    Trombetas. No Amazonas, freqente na mata da vrzea do baixo rio Madeira e do Solimes,

    at a fronteira do Peru (DUCKE, 1939). A presena da espcie foi registrada no municpio de

    Machadinho Doeste (RO) e no Acre.

    uma rvore natural de florestas primria e secundria tanto em solos de terra firme

    como em vrzea alta (DUCKE, 1939; PEREIRA et al., 1982). Fora de sua rea de

    distribuio, o paric foi introduzido na Costa Rica, Fiji, Indonsia, Kenya, Sr Lanka e

  • 35

    Estados Unidos, segundo o IITERNATIONAL CENTER OF RESEARCH IN

    AGROFORESTERY (ICRAF, 2006).

    2.4.1.4 Aspectos da madeira e usos

    A madeira de paric branca, mole, leve segundo Ducke (1939); com densidade

    bsica mdia de 0,30g/cm, e textura grossa, gr direita a irregular; cerne creme-avermelhado

    e alburno creme claro; o comprimento e largura da fibra variam. O conjunto destas

    caractersticas determinante para na fabricao de forros, palitos, fsforos, canoas, miolo de

    painis e portas, laminados, compensados bem como, para formas de concreto, embalagens

    leves, saltos de calados, brinquedos e maquetes (CARPANEZZI, 1983).

    Melo (1983), aps realizar anlise qumica das estruturas da madeira, indicou a

    espcie como fornecedora de matria-prima para obteno de celulose para papel, pois a

    mesma possui fcil branqueamento. Seu processamento fcil e recebe bom acabamento, mas

    possui baixa durabilidade natural, sendo susceptvel ao ataque de fungos, cupins e insetos

    xilfagos.

    A rvore indicada para plantios comerciais, sistemas agro-florestais,

    reflorestamento e recuperao de reas degradadas, devido ao seu rpido crescimento e ao

    bom desempenho tanto em formaes homogneas quanto em consrcios. Por sua arquitetura

    e florao vistosa, pode ser empregada em arborizao de praas e jardins amplos. A casca

    pode servir para curtume e as folhas so usadas como febrfugo por algumas etnias indgenas.

    2.4.2 Caractersticas gerais da espcie curau

    2.4.2.1 Classificao e descrio botnica

    Classe: Monocotilednea

    Famlia: Bromeliaceae

    Sub-famlia: Bromelioideae

    Nome Cientfico: Ananas comosus var. erectifolius (L. B. Smith) Coppens & Leal

    (Morphology, anatomy and taxonomy, In: The pineapple: botany, production and uses.

    Wallingford UK and New York USA. 2003b).

    Sinonmias: Ananas erectifolius L.B.Smith; Ananas lucidis Mill

  • 36

    Vernculos: Curau, curau-da-amaznia, abacaxi ornamental, abacaxi selvagem

    Conforme Ledo (1967), h dois tipos distintos de curau: roxo e branco. O curau

    roxo distingue-se do branco por apresentar colorao das folhas roxo-avermelhadas e por

    apresentar maior desenvolvimento.

    2.4.2.2 Aspectos morfolgicos

    a) Hbito: O curau uma planta terrestre herbcea, rizomatosa, de sistema radicular

    fasciculado, superficial, pouco exigente e que se adapta a diferentes tipos de solo e a

    mudanas climticas.

    b) Flor: No caso de Ananas, as flores so hermafroditas, trmeras, actino ou

    zigomorfas, heteroclamdeas, com spalas coriceas e ptalas vivamente coloridas. Androceu

    com 6 estames, em 2 sries de 3. Ovrio spero ou nfero, trilocular e multiovulado.

    Inflorescncias com brcteas coloridas. A planta monica com flores hermafroditas e a

    inflorescncia composta por vrias flores individuais que nascem formando inflorescncia

    compacta em forma de espiga sobre um talo axial curto e robusto (WIKIPEDIA

    FOUNDATION-WF, 2006).

    c) Folha: Apresentam folhas eretas, coriceas, medindo cerca de 5 cm de largura, 5

    mm de espessura, aproximadamente 1,5 m de comprimento; bordos lisos e escapo alongado,

    pice provido de pequeno acleo terminal; fornece fibra de excelente qualidade e mucilagem.

    Entre as bainhas das folhas, ou diretamente dos rizomas, brotam rebentos. Em geral apresenta

    uma dilatao na base, em forma de concha, formando um reservatrio de gua de chuva,

    orvalho (LEDO, 1967; WF, 2006).

    d) Mudas : As mudas so obtidas a partir de: 1- rebento: brotao originada do caule;

    2- filhote: brotao da parte superior do fruto, circundando a coroa; 3- coroa: estrutura que se

    forma no pice do fruto, seu caule constitui-se um prolongamento do pednculo; 4

    laboratrio: pelo processo de micropropagao (BORGES et al., 2003).

    e) Fruto: O fruto se forma a partir do talo axial engrossado com as spalas se

    desenvolvendo na hasta, numa fuso temporria com as adjacncias em sincarpo ou

    infrutescncia, formando os frutos verdadeiros de forma ovide. semelhante em aspecto e

    gosto ao abacaxi, porm de tamanho reduzido pequeno e mais fibroso e cido.

    f) Fenologia: O incio dos eventos reprodutivos ocorre a partir do 1 ano. A

    polinizao realizada principalmente pelos colibris. O perodo de florao dura um ms e

    logo aps, as ptalas desprendem-se, mas as spalas so persistentes e tornam-se carnosas e

    http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9palahttp://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A9talahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Androceuhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ov%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Infloresc%C3%AAnciahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Br%C3%A1ctea
  • 37

    junto com o ovrio e os eixos florais tambm carnosos formam uma estrutura nica que o

    fruto (WF, 2006).

    g) Fitossanidade: No curau o ataque de cochonilha (Dysmicoccus brevipes

    Homptera: pseudococcidae), ocorre na axila das folhas, como tambm no sistema radicular

    das plantas adultas e mudas. O principal dano causado cultura a transmisso da murcha, a

    qual suga a seiva ocasionando a morte da planta (GALLO, 1998), porm o grau de infestao

    por pragas no chega a comprometer economicamente a cultura (WIKIPDIA, 2006).

    2.4.2.3 reas de ocorrncia

    O curau considerado cultura pr-colombiana com ocorrncia natural na

    Venezuela, Guiana Francesa e Brasil (WF, 2006). Na Amaznia ocorre nas regies dos rios

    Xingu, Tocantins, Maicuru, Trombetas, Paru, Acar e Guam, nas partes altas da Ilha do

    Maraj e estado do Amap, sendo encontrado ainda nos estados de Gois, Mato Grosso e

    Acre (MEDINA, 1959). No estado do Par, o cultivo destaca-se nos municpios de Bragana

    e Santarm e atualmente ocorre uma expanso no municpio de Santo Antnio do Tau, Moj,

    Ponta de Pedras e Vigia. A plantao pode se dar por monocultivo e em consrcio com outras

    espcies (MEDINA, 1959).

    2.4.2.4 Usos e perspectivas

    O potencial de aplicao das fibras de curau abrange diferentes mercados, como os

    setores automobilstico, geotxtil, agrotxtil, mdico (a toxina encontrada no soro da planta

    utilizada na produo de bactericidas) e tantos outros. uma fibra altamente resistente, com

    longa vida e grande capacidade de absoro e sustentao. O curau pode ser de uso familiar,

    bem como para a fabricao de papel, a partir da sobra do processo de desfibramento da

    planta que resulta num composto viscoso chamado de mucilagem. Atualmente o Estado do

    Par est produzindo 20 toneladas de fibra por ms, enquanto a necessidade da indstria

    automobilstica e txtil gira em torno de mil toneladas de fibra/ms (SERVIO

    BRASILEIRO DE APOIO S MICRO E PEQUENAS EMPRESAS SEBRAE, 2006).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuelahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana_Francesahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
  • 38

    2.4.3 Caractersticas do freij

    2.4.3.1 Classificao e descrio botnica

    Famlia: Boraginaceae

    Nome cientfico: Cordia goeldiana Huber

    Sinonmias:

    Vernculos: Freij, cordia preta, frei jorge, freij cinza

    2.4.3.2 Aspectos morfolgicos

    a) Hbito: rvore grande semidecdua chegando atingir 40m de altura e 1,20-cm de

    dimetro. Sua freqncia na floresta varia de 0,1-0,6 arv/ha e volume 0,3-1,1m/ha. Em

    plantios o freij alcana 3 m em 2 anos (SILVA et al., 1977).

    b) Copa: Copa irregular

    c) Casca:. Casca muito grossa, fendilhada e escamosa.

    d) Folha: Folha simples, alterna, glabra, oblonga/obavada com tamanho 5,5 x11,0.

    e) Flor: Apresenta flor tubulosa de cor branca formando cachos. Apresenta 5 ptalas,

    Pancula terminal, 7-12cm, branca durante florao, castanha durante frutificao, devido as

    corolas marcescentes com esta colorao.

    f) Fruto :. Seco de cor cinza com tamanho de 2 cm; Estilete e clice persistentes; a

    corola tambm persistente, marcescente de cor castanha, que lembra um paraquedas,

    planando facilmente. Os frutos colhidos diretamente da rvore devem ser deixados ao sol para

    secarem e facilitar a eliminao das ptalas secas aderidas.

    g) Semente: Ficam no interior do dos frutos. A retirada das spalas, bem como das

    sementes que ficam no interior dos frutos praticamente impossvel, podendo ser plantadas

    como se fossem verdadeiras sementes. Quando so secas e se consegue retirar as sementes

    dos frutos obtm-se 37000 Sementes /Kg.

    h) Mudas: Frutos com clice aderente devem ser postos para germinar logo que

    colhidos em canteiros com substrato organo-arenosos cobertos com camada fina de substrato,

    em ambiente semi-sombreado que devem ser regadas duas vezes ao dia. As mudas esto

    prontas para plantio definitivo aos 4-5 meses.

  • 39

    i) Fenologia. A florao ocorre nos meses de setembro, outubro, novembro e

    dezembro e a frutificao nos meses de novembro, dezembro e janeiro. A disperso da

    semente da forma anemocoria.

    j) Fitossanidade. A madeira, em condies adversas, considerada de resistncia

    moderada ao ataque de organismos xilfagos, segundo observaes prticas a respeito de sua

    utilizao (LORENZI, 1992).

    2.4.3.3 rea de ocorrncia

    A espcie Cordia goeldiana apresenta distribuio geogrfica no Amazonas e Par

    em floresta de terra firme.

    2.4.3.4 Aspectos da madeira e usos

    A madeira do freij moderadamente pesada (0,59) cerne pardo-claro-amarelado ou,

    tambm, pardo-claro-acastanhado, eventualmente com reflexos rseos, uniforme, textura

    mdia, gr direita, superfcie lustrosa, acentuadamente nas faces radiais, moderadamente

    spera ao tato; cheiro peculiar, mas pouco acentuado; gosto imperceptvel. Madeira nobre

    utilizada na construo civil e paisagismo. A madeira de freij, por ter cor pardacenta,

    agradvel, com retratibilidade baixa e propriedades mecnicas mdias, particularmente

    indicada para mveis finos, folhas faqueadas decorativas, lambris, painis; em construo

    civil, como caixilhos, persianas, venezianas, ripas, acabamento interno, molduras, guarnies,

    sarrafos; em construo da estrutura de hlices de pequenos avies, de barcos de recreio,

    laterais de escada etc. (YARED, 1990).

    2.4.4 Caractersticas gerais do mogno (Switenia macrophylla, King)

    A famlia Meliaceae distribui-se principalmente nas regies tropicais e subtropicais

    da Amrica, frica, sia e estendendo-se tambm na Nova Zelndia e ao longo da costa

    Oriental da Austrlia (GONZLEZ, 1976). Dentre as espcies que pertence famlia

    Meliacea encontra-se a espcie Swietenia macrophylla King conhecida vulgarmente como

    mogno.

  • 40

    uma rvore que ocorre naturalmente desde a pennsula de Yucatam, localizada na

    parte sul do Mxico, na Amrica Central, estendendo-se pela Venezuela e Brasil. Adaptado a

    grande variao de habitats, encontra timas condies para seu pleno desenvolvimento em

    florestas tropicais com precipitaes pluviomtricas de cerca de 1000 a 2000 mm de chuvas

    anuais, com fertilidade de solo de mdio a pesado, alcalino a neutro e bem drenado (LAMB,

    1966). Em se tratando da importncia econmica desta espcie, uma madeira de lei de

    grande valor no mercado, tanto interno quanto externo, apresentando propriedades fsicas e

    mecnicas desejveis para ser empregada em usos nobres, como o mobilirio (GULLISON e

    HUBBELL,1992).

    O uso da madeira diversificado, tais como, na fabricao de mveis, portas, janelas,

    construes civis, construes navais e aeronuticas, esculturas e instrumentos musicais

    durabilidade. Apresenta estabilidade dimensional e facilidade de ser manuseada em

    carpintaria (VERSSIMO et al., 1992). De colorao avermelhada, com um lustre dourado e

    bastante perfumada (OLIVEIRA et al., 1986). Segundo Lorenzi (1992), S. macrophylla

    possui como caractersticas dendrolgicas, ser uma espcie de porte elevado, que atinge uma

    altura de 30m, tronco retilneo e cilndrico. As razes tabulares apresentam-se com baixa

    frequncia. A copa das rvores jovens estreita e as das plantas mais velhas so ampla,

    densa, e fortemente ramificada. A casca das rvores jovens acinzentada e lisa, tornando-se

    marrom-acinzentada e gretada ao avanar da idade. rvore pereniflia com folhas pinadas

    alternas com 25 a 45cm de comprimento. As pequenas flores de colorao creme-amarelada

    esto inseridas em panculas de 15 a 25cm de comprimento. A florao varia no espao e no

    tempo, em funo da estao climtica. O fruto constitudo por uma cpsula lenhosa de 12 a

    16 cm de comprimento.

    Nos plantios comercias de mogno o ataque da Hypsipyla grandella no broto apical

    causa prejuzo na forma e no crescimento do fuste, mas mesmo em ataque severo, raramente a

    planta morre. O ataque tende ser mais pronunciado em brotos mais novos, durante os

    primeiros anos (3 a 6) e altura variando de 2 a 8m (MAYHEW e NEWTON, 1998). Devido

    aos danos causados por H. grandella, 835.000 plantas de Swietenia e 1000.000 de Cedrella

    foram efetivamente destrudas e abandonados no perodo de 1935 a 1943 em Porto Rico

    (NEWTON et