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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Brunna Jéssica Pajanoti O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA: UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE PREENCHIMENTO DE ZONA DE FALHA. Orientador Prof ° . Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite CUIABÁ/MT 2013

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Brunna Jéssica Pajanoti

O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA

ALTA FLORESTA: UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE

PREENCHIMENTO DE ZONA DE FALHA.

Orientador

Prof°. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite

CUIABÁ/MT

2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto

Pró-Reitora de Pós-Graduação

Profª. Drª. Leny Caselli Anzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET

Diretor

Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS - DRM

Chefe

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Coordenador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Vice-Coordenadora

Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

N° 44

O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA

FLORESTA: UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE PREENCHIMENTO DE ZONA

DE FALHA.

Brunna Jéssica Pajanoti

Orientador

Prof°. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Geociências do Instituto

de Ciências Exatas e da Terra da

Universidade Federal de Mato Grosso como

requisito parcial para a obtenção do Título de

Mestre em Geociências.

CUIABÁ/MT

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

B862g Pajanoti, Brunna Jéssica.

O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma

Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha / Brunna Jéssica

Pajanoti. -- 2013

xiii, 54 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Jayme Alfredo Dexheimer Leite.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto

de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Geociências,

Cuiabá, 2013.

Inclui bibliografia.

1. Depósito Aurífero Zé Vermelho. 2. Suíte Intrusiva Paranaíta. 3.

Geologia. 4. Mineralização. 5. Preenchimento de Falha. I. Título.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

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O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA

FLORESTA: UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE PREENCHIMENTO DE

ZONA DE FALHA.

Dissertação de mestrado aprovada em 11 de novembro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof°. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite

Orientador (UFMT)

_______________________________________

Prof°. Dr. Francisco Egídio Pinho

Examinador Interno (UFMT)

_______________________________________

Geól. Dr.Antônio João Paes de Barros

Examinador Externo (METAMAT)

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Aos meus pais e irmã,

Eliethe Bacarin Pajanoti,

Wilson Pajanoti e

Ellen Grazielly Pajanoti.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todas as oportunidades dadas e impostas em minha vida. Creio que nada

do que eu tenha realizado, com tantos imprevistos e dificuldades tenha sido por acaso e sim, foram

motivos que puderam fortalecer cada dia mais minha caminhada. Por Ele, hoje tenho colhido bons

frutos em minha vida, tenho me sentido mais forte, mais experiente. Ele tem sido meu grande

companheiro.

De forma tão grandiosa quanto, agradeço a minha família, que mesmo com o passar dos anos e

a intensa ausência, me apoiou em todos os momentos importantes da minha vida, fossem eles felizes

ou tristes. Os conselhos, o amor, carinho, cuidados e atenção dada pelos meus pais Eliethe Bacarin

Pajanoti e Wilson Pajanoti, assim como pela minha irmã Ellen Pajanoti, jamais poderei retribuir de

forma igual. Meu amor por vocês é incondicional!

Agradeço aos amigos, que de forma tão especial entraram em minha vida e marcam momentos

surpreendentes, acompanham nossas vitórias, lutam conosco nos momentos difícies e não nos deixam

cair quanto tudo parece estar impossível. Minha gratidão, carinho e amor às pessoas mais que

especiais, mais que amigas: Yara C. Fabrin Cabral, Lúcia Pereira, Ladiana Deisy e Midiann Paola.

As amizades conquistadas no decorrer dos anos de geologia sejam elas na faculdade ou nos

trechos de trabalho, em especial a equipe da Cougar Brasil Mineração LTDA que me acompanhou ao

longo de todas as etapas do trabalho: Marcel Sena, que foi um grande colaborador e amigo na

elaboração dessa dissertação, Hermes Silva, parceiro de trabalho e hoje amigo, Roberto Barroso,

Sandy Portugal, Saymon Portugal e a toda a equipe (infelizmente muitos nomes para citar) que

trabalharam e me auxiliaram nos trabalhos subterrâneos, pessoas das quais me ensinaram valores,

histórias, contos, causos e acima de tudo, respeito! Mais recente, agradeço a parceira Helen Costa

(Horizonte Minerals Brasil) pela ajuda com os mapas e também amizade adquirida.

Agradeço em especial ao meu orientador Prof°. Dr. Jayme Leite pelo apoio, principalmente

na época em que trabalhou na Cougar, da qual sempre esteve disposto a auxiliar no programa de

Mestrado, e após pela paciência e compreensão devido minha ausência por me dedicar ao trabalho em

outro estado e empresa.

Agradeço também a Profª. Dra. Maria Zélia Aguiar de Souza e a mestra Maria Elisa Fróes

Batata que sempre estiveram dispostas em ajudar na correção, orientação e incentivo ao longo de toda

a dissertação e pela completa dedicação a leitura e correção dos textos.

Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Geociências, incluindo todos os professores,

técnicos e mestrandos.

Por fim, só restam agradecimentos a todos que de qualquer forma fizeram ou fazem parte de

cada conquista em minha vida. OBRIGADA!

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SUMÁRIO

SUMÁRIO ........................................................................................................................................... viii

LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................................x

LISTA DE TABELAS ............................................................................ Erro! Indicador não definido.

RESUMO ............................................................................................................................................... xi

ABSTRACT ......................................................................................................................................... xiii

CAPÍTULO 1 ...........................................................................................................................................1

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................1

1.1. PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA .........................................................................................1

1.2. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ....................................................................................1

1.3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA ..............................................................................2

CAPÍTULO 2 ...........................................................................................................................................3

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ...............................................................................................3

2.1. CRÁTON AMAZÔNICO .................................................................................................................3

2.1.1. Província Amazônia Central (PAC) .............................................. Erro! Indicador não definido.

2.1.2. Província Maroni-Itacaiunas (PMI) .............................................. Erro! Indicador não definido.

2.1.3. Província Ventuari-Tapajós (PVT) ............................................... Erro! Indicador não definido.

2.1.4. Província Rio Negro-Juruena (PRNJ) ............................................................................................6

2.1.5. Província Rondoniana-San Ignácio (PRSI) ................................... Erro! Indicador não definido.

2.1.6. Província Sunsás (PS) ................................................................... Erro! Indicador não definido.

2.2. PROVÍNCIAS E DISTRITOS AURÍFEROS DE MATO GROSSO ...............................................6

2.3. PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA (FOLHA ALTA FLORESTA) ..............................7

2.4. GEOLOGIA DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA ...................................................8

2.4.1. Complexo Bacaeri-Mogno (PPbm) ................................................................................................9

2.4.2. Complexo Cuiú-Cuiú (PPcc) ..........................................................................................................9

2.4.3. Suíte Intrusiva Juruena (PPgj) ........................................................................................................9

2.4.4. Suíte Intrusiva Paranaíta (PPγp) ...................................................................................................10

2.4.5. Alcalinas Rio Cristalino (PPlrc) ...................................................................................................10

2.4.6. Intrusivas Básicas Guadalupe (PPβg) ..........................................................................................10

2.4.7. Granito Nhandu (Ppgn) ................................................................................................................10

2.4.8. Suíte Colíder (PPαc) .....................................................................................................................11

2.4.9. Suíte Intrusiva Vitória (PPγv) ......................................................................................................11

2.4.10. Granito São Pedro (PPγsp) .........................................................................................................11

2.4.11. Granito Teles Pires (PPgtp) ........................................................................................................11

2.4.12. Grupo Beneficente (PPb .............................................................................................................11

2.4.13. Diabásio Cururu (Jdc) ................................................................................................................12

2.4.14. Depósitos Aluvionares (Q2a) .....................................................................................................12

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2.5. EVOLUÇÃO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA ................................................12

CAPÍTULO 2 .........................................................................................................................................15

ARTIGO SUBMETIDO ........................................................................................................................15

RESUMO ..............................................................................................................................................15

CAPÍTULO 4 .........................................................................................................................................34

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ......................................................................................34

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diferentes propostas de compartimentação tectono-geocronológica do Cráton Amazônico.

Modificado de Ruiz (2005). .....................................................................................................................5 Figura 2: Principais Províncias e Distritos Minerais de Mato Grosso. Fonte: Fernandes & Miranda

(2006). ......................................................................................................................................................7 Figura 3: Mapa simplificado da Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF) com seus principais

domínios geológicos e a localização de alguns depósitos auríferos (Modificado de Paes de Barros

2007). .......................................................................................................................................................8 Figura 4: Mapa dos domínios geológicos da Província Aurífera Alta Floresta (Oliveira 2003) ............9

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RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de estudos geológicos, petrológicos e geoquímicos do depósito

aurífero Zé Vermelho localizado a 23 km ao norte da sede do município de Paranaíta, estado do Mato

Grosso e inserido na Província Aurífera Alta Floresta, próximo ao limite entre as Províncias Rio

Negro-Juruena e Ventuari-Tapajós do Cráton Amazônico. O depósito acha-se hospedado em uma zona

de falha de cavalgamento, rúptil-dúctil, de direção principal N50°W/45°NE, impressa em biotita

granodioritos, cálcio-alcalinos de alto-K, metaluminosos a levemente peraluminosos pertencentes à

Suite Intrusiva Paranaíta de idade próxima a 1.8Ga. A zona mineralizada consiste de dois veios de

quartzo subparalelos, o inferior denominado de Ze Vermelho Main Zone e o superior de Upper Ze

Vermelho Zone os quais estão separados entre si por uma coluna de granitoides estéreis de

aproximadamente 40 metros de espessura. Os veios de quarto mostram feições texturais e estruturais

indicativas de uma evolução por múltiplas injeções de fluido rico em sílica, denotadas por estruturas

laminadas seguidas de recristalização marcada por mudanças de coloração, quartzo branco leitoso,

maciço passando a quartzo de cor cinza recristalizado e culminando com intensa brechação e abertura

de espaços vazios. A mineralização é representada pelo minério de ouro e mostra relação direta com as

quantidades de sulfetos, principalmente pirita, secundariamente calcopirita e mais raramente esfalerita.

Os sulfetos ocorrem tanto substituindo o quartzo cinza recristalizado quanto preenchendo espaços

vazios em zonas de brechação e variam em volume desde disseminados com menos do que 2% em

volume até mais do que 90% quando então formam camadas maciças, tabulares com espessura

variando entre 2cm até 1,60 m em média em torno de 0,50 cm. O depósito foi subdividido em três

segmentos, Sul, Central e Norte os quais são caracterizados por diferenças texturais, presença de ouro

livre, e quantidade de sulfetos presentes. O segmento sul é caracterizado por veios de quartzo brancos,

de aspecto leitoso, maciços e com baixas quantidades de sulfetos, baixos teores de ouro, menores que

5 g/t e como característica relevante, o ouro livre foi unicamente encontrado neste segmento que

quando ocorre, pode atingir teores mais altos que 1kg/t. O segmento Central é caraterizado por uma

evolução mais complexa onde domina quartzo recristalizado de cor cinza, intensa brechação, alta

quantidade de sulfeto chegando a formar camadas maciças, ore shoot, o qual está acompanhado por

altos teores de ouro podendo chegar a 500 g/t. O segmento norte é caracterizado por veios estreitos

que tendem a desaparecer dando lugar unicamente a milonitos empobrecidos tanto em sulfetos quanto

em ouro. Neste segmento os teores de ouro são baixos, menores do que 1 g/t, ou inexistentes. A

integração dos dados tectônicos, estruturais e texturais permite caracterizar o Depósito Zé Vermelho

como tectono-controlado, do tipo Faut-fill vein, onde os maiores teores de ouro estão associados a

zonas de maior damage, com o desenvolvimento de ore-shoots. A caracterização desta tipologia de

depósito aurífero abre perspectiva interessante para a exploração mineral já que a repetição de ore-

shoots tanto ao longo do strike quanto ao longo do mergulho é fato comumente encontrado em outros

depósitos estudados o que aliado a sua economicidade permitiria o desenvolvimento de novas minas e

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consequentemente importante desenvolvimento econômico e social para o norte do Estado de Mato

Grosso, e sul do Amazonas e Pará.

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ABSTRACT

The Ze Vermelho gold deposit is located 23 km north of Paranaita City, northern Mato Grosso State,

Brazil, and inserted in the realm of the Alta Floresta Gold Province close to the boundary between the

Rio Negro-Juruena and Ventuari-Tapajos provinces of the Amazon Craton. The deposit is hosted in a

gently dipping N45W trending thrust fault which overprints high-K calc-alkaline, metaluminous to

slightly peraluminous, biotite granodiorite of the Paranaita Intrusive suite of 1,8 Ga. The ore zone

consists of two subparallel quartz veins known as Ze Vermelho Main and Upper zones separated by a

40 m thick column of barren biotite granodiorites. The veins show textural and structural features

suggestive of an evolution given by multiple injections of a silica-rich fluid where laminated structures

developed followed by recrystallization which changes quartz texture and color, from massive and

white to fine-grained and grey and, ending up with intense brecciation and opening spaces. The

mineralization is gold only and shows direct relationship with the amount of sulphide, mainly pyrite,

with chalcopyrite to lesser extent and rare sphalerite. The sulphides occur both as replacing fine-

grained aggregates of grey quartz and as open-filling spaces and vary from disseminated with less than

2% in volume up to 90% when massive bands and layers are formed, the ore shoots, with thickness

varying from less than 2 cm up to 1,60 meters with a mean of 0,50 meters. Based on quartz vein

textural variations, presence of free gold, amount of sulphides and gold grade, the deposit is divided

into three segments, namely: South, Central and North. The south segment is characterized by veins

showing massive quartz with milky aspect, low sulphide amounts and gold grade lower than 5 g/t.

Free-gold was only found in this segment and in this case gold grades can reach up to 1 Kg/t. The

Central segment shows a more complex evolution and is characterized by grey and recrystallized

quartz along with intense brecciation, high sulphide contents and high gold grade up to 500 g/t. The

north segment shows narrower grey quartz veins which tend to disappear and give place to gold and

sulphide depleted mylonites, suggesting the closing of the mineralized structure. Gold grades in this

segment are always uneconomic lower than 1 g/t. Tectonic, structural and textural data integration

allows classifying the Ze Vermelho gold deposit as tectonic-controlled of fault-fill vein type with

higher gold grades associated higher damage zones where ore shoots are developed. The identification

of this gold deposit typology openes up an interesting potential for mineral exploration as ore-shoot

repetition both along the strike and dip is a common feature worldwide known in other gold deposits

which along with its profitability would allow the development of new gold mines and consequently

the economic and social development of the northen Mato Grosso and southern Amazonas and Para

regions.

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Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1. PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA

Dardene & Schobbenhaus 2001 estudaram a relação entre os principais eventos tectono-

metamórficos e os depósitos minerais gerados durante a estruturação do Cráton Amazônico no período

de 2,4 Ga a 1,5 Ga na tentativa de definir as principais épocas metalogenéticas ocorridas na região. No

Escudo Brasil-Central, a Época do Ouro, entre 1,95 e 1,8 Ga, inclui o desenvolvimento das Províncias

Auríferas Tapajós ao sul do Pará e Alta Floresta no centro-norte de Mato Grosso.

A Província Aurífera Alta Floresta (PAAF; Dardenne & Schobbenhaus 2001; Lacerda Filho et

al. 2004), é a maior província aurífera de Mato Grosso, ocupando uma faixa que se estende por mais

de 500 km no norte do Estado de Mato Grosso, na porção sul do Cráton Amazônico sendo uma das

mais importantes áreas produtoras de ouro do país (IBGE/SUDAM, 1990). Seus limites são

aproximadamente coincidentes com as coberturas vulcânicas e intrusivas de idade Proterozóica, cuja

instalação teria possivelmente influenciado, de alguma maneira, na remobilização do ouro.

Durante a década de 80, o Estado do Mato Grosso foi considerado como o primeiro ou

segundo produtor de ouro do Brasil (Barros et al. 1998), destacando-se a Província Peixoto – Teles

Pires – Aripuanã, que abrange os municípios de Alta Floresta, Peixoto de Azevedo, Matupá, Nova

Canaã do Norte, Paranaíta, entre outros. Contudo, devido à exaustão dos depósitos secundários e ao

elevado nível de degradação e comprometimento ambiental provocado pela atividade garimpeira

durante a década de 90, ocorreu um declínio da produção mineral no Estado. Barros et al. (1998)

afirmaram que essa região necessita de modelos de exploração mineral que permitam a viabilização da

lavra subterrânea dos filões de quartzo auríferos, que constituem uma reserva aurífera potencial.

1.2. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

Este trabalho tem o propósito de contribuir com o acervo de informações de depósitos

auríferos primários da Província Aurífera Alta Floresta, assim com a geologia e geoquímica das rochas

que os hospedam, com base em mapeamento geológico tanto de superfície como de galerias lineares

subterrâneas, análises petrográficas, estruturais, geoquímicas da mineralização do depósito Zé

Vermelho e granitoides da Suíte Intrusiva Paranaíta.

Para os propósitos deste trabalho foram selecionados e estudados 17 furos de sondagem, os

quais foram considerados representativos das principais características do depósito em questão. Os

furos foram descritos objetivando a identificação das litologias, de processos deformacionais e de

alteração hidrotermal assim como a caracterização das zonas mineralizadas, dessa forma, pretendeu-se

alcançar os seguintes objetivos específicos:

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2

Definir a geologia do depósito;

Caracterizar o depósito Zé Vermelho em segmentos do tipo preenchimento de zona de

falha.

1.3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA

Os dados aqui apresentados e coletados fizeram parte de um programa de exploração mineral

desenvolvido pela empresa Cougar Brasil Mineração LTDA e executado em grande parte pela

primeira autora sob a supervisão do segundo autor, na época Gerente de Exploração da empresa.

A coleta de dados foi iniciada com trabalho de mapeamento geológico da área do entorno do

depósito, em escala de detalhe (1:1.500), a qual foi seguida pela execução de 78 furos de sondagem

rotativa diamantada e mapeamento geológico-estrutural de detalhe de aproximadamente 450 m

lineares de galerias subterrâneas entre os níveis -50 m e -136 m.

Foram selecionados e estudados 17 furos de sondagem, os quais foram considerados

representativos tanto para as rochas hospedeiras quanto das principais características do depósito em

questão. Os furos foram descritos objetivando a identificação das zonas mineralizadas. Amostras

representativas de cada evento foram selecionadas e coletadas para posterior tratamento petrográfico e

geoquímico.

O estudo petrográfico foi baseado na descrição de 30 lâminas delgadas consideradas como

representativa do conjunto das rochas hospedeiras da mineralização. As seções delgadas foram

confeccionadas no laboratório de laminação da Universidade Federal do Ceará.

Para o estudo geoquímico 36 amostras foram selecionadas, assim distribuídas: 9

representativas de biotita-granodiorito, 12 de sienogranito e duas de vulcânicas dacíticas. Todas as

amostras foram analisadas para elementos maiores por Fluorescência de Raios-X e elementos menores

e Terras Raras por ICP-MS. O laboratório utilizado para as análises químicas foi o SGS-Geosol, Belo

Horizonte, MG. Das 36 amostras analisadas 23 foram utilizadas, já que 13 amostras retornaram com

valores de perda ao fogo maiores do que 2% e, portanto consideradas como alteradas para o propósito

deste estudo.

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CAPÍTULO 2

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

2.1. CRÁTON AMAZÔNICO

O arcabouço geotectônico da região estudada está relacionado com a evolução do Cráton

Amazônico. Seu limite oriental é definido pelos Cinturões Neoproterozóicos Paraguai (SE) e Araguaia

(E); enquanto a N, S e W apresenta-se recoberto pelos sedimentos das Bacias Subandinas. A Sinéclise

do Amazonas, cuja calha central orienta-se segundo a direção E-W, separam-no em dois escudos: a

norte o Escudo das Guianas e a sul o Escudo Brasil Central. Comportando-se como área estabilizada

durante o Ciclo Brasiliano, o Cráton Amazônico compreende a quase totalidade das rochas arqueanas

e paleoproterozóicas expostas na região norte do país. Almeida et al. (1977) dividiu o Cráton em duas

províncias estruturais, separadas pela Bacia Sedimentar Amazônica: a Província Rio Branco, a norte e

a Província Tapajós, ao sul. O Maciço do Rio Apa, exposto no Mato Grosso do Sul e Paraguai, aflora

entre os sedimentos da Bacia do Pantanal e representa o extremo meridional do Cráton (Ruiz 2005).

Amaral (1974), em levantamento de dados geológicos e geocronológicos (K-Ar e raros Rb-

Sr), propõe a divisão do cráton em províncias, baseando-se, nos trabalhos de mapeamento geológico

executado pela CPRM e RADAMBRASIL nos anos 70.

Diversas propostas de evolução geotectônica foram elaboradas, sendo que sua divisão em

unidades geotectônicas e os limites propostos para as mesmas variam bastante. Sua evolução foi por

um período sintetizada em dois modelos interpretativos principais, o modelo fixista e o modelo

mobilista. De um lado os autores alicerçados nos conceitos da escola geossinclinal apresentam um

modelo baseado na recorrência de sucessivas reativações proterozóicas em uma extensa plataforma

arqueana-paleoproterozóica; enquanto, outros pesquisadores, que empregam os fundamentos da Teoria

da Tectônica de Placas, defendem um processo de evolução crustal baseado em sucessivas acresções

de crosta juvenil, do Arqueano até o limiar do Neoproterozóico, em torno de um núcleo arqueano.

Esse núcleo é denominado de Província Amazônia Central (Cordani & Brito Neves 1982).

Hasui et al. (1984) descreveram as principais feições tectônicas e descontinuidades do Cráton

Amazônico extraídas da análise de dados geofísicos e estruturais. Neste modelo, o quadro tectônico do

Cráton é configurado em vários blocos crustais, relacionados à evolução Arqueana. As bordas destes

blocos são definidas por anomalias gravimétricas positivas, fortes variações nas respostas magnéticas,

e trends lineares de estruturas tectônicas. Nos núcleos destes blocos são comuns ocorrências de

granitóides e de seqüências metavulcanossedimentares do tipo greenstone belts.

Baseando-se em dados geocronológicos e tectônicos, Tassinari & Macambira (1999)

dividiram o Cráton Amazônico em seis províncias: Amazônia Central (> 2,3 Ga), Maroni-Itacaiunas

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(2,2 a 1,9 Ga), Ventuari-Tapajós (1,9 a 1,8 Ga), Rio Negro-Juruena (1,8 a 1,55 Ga), Rondoniana-San

Ignácio (1,5 a 1,3 Ga) e Província Sunsás (1,25 a 1,0 Ga).

Santos et al. (2000) identificam oito províncias tectônicas com base, principalmente, nos

dados geocronológicos obtidos pelo método U-Pb (SHRIMP). Em seqüência cronológica tem-se:

Província Carajás, Transamazônica, Tapajós-Parima, Amazônia Central, Rio Negro, Rondônia-

Juruena, Sunsás.

Ruiz 2005 posiciona o Maciço Rio Apa como parte do Cráton Amazônico com base em várias

observações, dentre elas as unidades litoestratigráficas que constituem o Cinturão Dobrado Paraguai e

o Cinturão Tucavaca na Bolívia. A figura 1 ilustra as principais propostas de compartimentação

tectono-geocronológica para o Cráton Amazônico.

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Figura 1: Diferentes propostas de compartimentação tectono-geocronológica do Cráton Amazônico. Modificado

de Ruiz (2005).

Considerando as recentes e distintas propostas de compartimentação do Cráton Amazônico, a área de

estudos está encaixada em diferentes províncias geocronológicas-geotectônicas, a saber: Rondônia-

Juruena (1,8-1,5 Ga) segundo os modelos de Santos et al. (2000); Rio Negro-Juruena (1,8-1,55 Ga) do

modelo de Tassinari & Macambira (1999). Destaque será dado apenas a Província Rio Negro-Juruena

(PRNJ), sendo caracterizada por um Trend alongado NW-SE, além da sua relação com tipologia dos

depósitos primários determinados por Coutinho et al. 2000; Santos et al. 2000 e Juliani et al. 2000.

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2.1.1. Província Rio Negro-Juruena (PRNJ)

A Província Rio Negro-Juruena de Tassinari & Macambira 1999, que corresponde, com

pequenas modificações em área à Província Rondônia-Juruena de Santos et al.2000, é constituída por

inúmeros corpos graníticos, desenvolvida através de uma sucessão de arcos magmáticos de idades

entre 1,8 e 1,55 Ga. Localizada na porção sudoeste e noroeste do Cráton Amazônico, formado por

rochas de composição granítica a granodiorítica, muitas exibindo texturas gnáissicas. Seu

embasamento é composto por gnaisses, granodioritos, tonalitos, migmatitos, granitos e anfibolitos. As

direções estruturais predominantes são NW-SE, cortadas em algumas áreas por estruturas NE-SW,

relacionadas a zonas de cisalhamentos posteriores, vinculadas ao evento tectono-termal Nickeriano

(1100 Ma), que seccionaram grandes áreas do cráton (Tassinari 1996).

O magmatismo granítico anorogênico que ocorre na PRNJ é representado por granitos

intraplaca tipo A, principalmente com composição sienogranítica e monzogranítica, alguns deles com

textura rapakivi, associada gabro, sienito, mangerita e charnockitos (Tassinari & Macambira 1999).

Atividades magmáticas máficas na PRNJ ocorreram dentro de três diferentes períodos de tempo, os

mais velhos entre 1,4 e 1,35 Ga e os outros vão 1,25-1,15 Ga e 0,98-0,95 Ga (Tassinari 1996).

Tipologia dos Depósitos Primários da PRNJ (Coutinho et al. 2000; Santos et al. 2000 e Juliani et

al. 2000)

Depósitos Orogênicos: veios de quartzo auríferos em zona de cisalhamento

hospedados em sequências vulcanossedimentares e granitoides calcio-alcalinos (Ex: Complexo Cuiú-

Cuiú e SIP)

Depósitos Relacionados a Intrusões Graníticas: filoneanos e disseminados tipo

stockwork em granitoides cálcio-alcalinos oxidados e granitos alcalinos (Ex: S. Creporizão e Parauari);

Depósitos Epitermais: filoneanos e disseminados de alta a baixa sulfetação. Ocorrem

na parte central da PT, hospedados em rochas vulcânicas e piroclásticas félsicas (Ex: Grupo Iriri e S.I.

Maloquinha).

2.2. PROVÍNCIAS E DISTRITOS AURÍFEROS DE MATO GROSSO

Proposto por Oliveira & Albuquerque 2003, cinco províncias e distritos auríferos são

reconhecidos no estado de Mato Grosso (Fig. 2):

1. Província Aurífera Cuiabá-Poconé;

2. Distrito Aurífero Nova Xavantina;

3. Província Aurífera Alto Guaporé;

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4. Distrito Aurífero Alto Jauru e;

5. Província Aurífera Alta Floresta.

O ouro produzido na maior parte dessas províncias e distritos provém de atividades

garimpeiras. No período que compreende os anos de 1979 a 1995, a Província Aurífera Alta Floresta

(distritos auríferos Peixoto de Azevedo-Teles Pires-Aripuanã) destaca-se, com produção na ordem de

160 ton. de ouro, exclusivamente de origem garimpeira (Fernandes & Miranda 2006).

Figura 2: Principais Províncias e Distritos Minerais de Mato Grosso. Fonte: Fernandes & Miranda (2006).

2.3. PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA (FOLHA ALTA FLORESTA)

A Província Aurífera Alta Floresta (PAAF; Dardenne & Schobbenhaus 2001; Lacerda Filho et

al. 2004), também descrita como Juruena-Teles Pires (Moura 1998) prolonga-se da região de

Aripuanã, passando por Alta Floresta até a região de Peixoto de Azevedo-Matupá. Paes de Barros et

al. (1999) e Dardenne e Schobbenhaus (2001) descrevem que esta província é essencialmente aurífera,

delimitada pelos Grábens do Cachimbo, ao norte, e dos Caiabís, a sul (Fig. 3).

Trabalhos como o de Paes de Barros (1994), Madruci (2000), Paes de Barros (2007) e Silva

(2008) e mais recentes como Moura (2004) e Assis (2012), são as principais referências para esta

região.

O seu embasamento, denominado de Complexo Cuiú-Cuiú, (Pessoa et al. 1977), ou Complexo

Xingu (Silva et al. 1974), consiste essencialmente de granitóides de composição granítica a

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monzogranítica, de gnaisses graníticos a tonalíticos, além de xistos, rochas máficas e ultramáficas,

BIF’s e migmatitos (Dardenne & Schobbenhaus 2001; Paes de Barros 2007).

Zonas de cisalhamento dúctil, transcorrentes, com cinemática sinistrógiras afetam essas

rochas, configurando faixas anastomosadas e alinhadas de direção NW-SE que contornam porções

menos deformadas. Esse arranjo estrutural constitui um dos principais controles determinantes para o

alojamento de grande parte dos depósitos auríferos filoneanos e dos corpos graníticos que contém

sistemas especializados a ouro (Paes de Barros 1994).

Figura 3: Mapa simplificado da Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF) com seus principais domínios

geológicos e a localização de alguns depósitos auríferos (Modificado de Paes de Barros 2007).

2.4. GEOLOGIA DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA

Os trabalhos desenvolvidos na área desta Província obtidos pelas equipes do Projeto Promin-

Alta Floresta (Oliveira 2003), através da análise de sensores remotos, descrição sistemática de aflora-

mentos e de frentes garimpeiras, prospecção geoquímica, levantamento gravimétrico e análises

petrográficas, calcográficas, químicas e geocronológicas, permitiram a individualização, na Folha Alta

Floresta, de quatorze unidades litoestratigráficas, posicionadas estratigraficamente desde o

Paleoproterozóico até o Quaternário (Fig. 4).

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2.4.1. Complexo Bacaeri-Mogno (PPbm)

Esta unidade foi cartografada como Complexo Xingu por Silva et al. (1980), na Folha SC.21-

Juruena, onde foi descrita como um conjunto polimetamórfico indiviso, reunindo granitos,

granodioritos, gnaisses, migmatitos, anfibolitos e granulitos como fazendo parte de um embasamento

pré-cambriano médio a superior. Oliveira 2003 propõe a denominação de Com-plexo Bacaeri-Mogno,

para designar essa associação de rochas supracrustais e corpos plutônicos básicos (gabro e norito)

reequilibrados na fácies anfibolito alto a granulito, que ocorrem principalmente nas fazendas Mogno e

Bacaeri (área-tipo) situados no quadrante SW da folha, no vale do rio Apiacás e no interflúvio dos rios

Apiacás e Paranaíta.

2.4.2. Complexo Cuiú-Cuiú (PPcc)

As rochas gnáissicas, migmatíticas e anfibolíticas anteriormente mapeadas e consideradas

como Complexo Xingu (Silva et al. 1980 e Barros, 1994) na área, foram reduzidas a estreitas faixas

alongadas e correlacionadas ao Complexo Cuiú- Cuiú, definido na Província Tapajós (Pessoa et al.,

1977), nas proximidades da vila homônima. Oliveira 2003 descreve os litótipos do Complexo Cuiú-

Cuiú acham-se representados por fatias remanescentes, descontínuas e alongadas de direção ESE-

WNW, com cerca de 12 km de comprimento por 1 km a 2 km de largura, em média, localizadas

principalmente a nordeste da cidade de Alta Floresta e nos arredores de Carlinda, em meio a um relevo

dissecado, e litossolo areno-argiloso cinza-amarelado, com assinatura geofísica marcada por baixos

valores radiométricos (50 a 80cps) e às vezes por anomalias magnéticas positivas.

Figura 4: Mapa dos domínios geológicos da Província Aurífera Alta Floresta (Oliveira e Albuquerque 2005).

2.4.3. Suíte Intrusiva Juruena (PPgj)

A denominação Granito Juruena foi proposta por Silva et al.1974 para designar corpos

graníticos remobilizados do Complexo Xingu, situados na Folha SC. 21 - Juruena, apresentando

expressão topográfica positiva nas imagens de radar, forma elíptica a fu-siforme e orientação NW-SE,

compreendendo granitoides porfiroides biotíticos e muscovíticos, frequentemente gnaissificados.

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Sugeriram uma origem sino-rogênica para esses corpos graníticos, correlacionando-os ao Ciclo

Transamazônico (2.600-1.800 Ma).

2.4.4. Suíte Intrusiva Paranaíta (PPγp)

Está distribuída em áreas anteriormente tidas e cartografadas como pertencentes ao Complexo

Xingu, a Formação Iriri e ao Granito Teles Pires (Silva Neto et al., 1980; Silva et al., 1980; e Souza et

al., 1979). Suíte Intrusiva Paranaíta para representar um clã de rochas graníticas calcioalcalinas de

médio a alto po-tássio, formadas dominantemente por litótipos da sé-rie monzogranítica, destacando-

se monzogranitos, biotita-quartzo monzonitos, biotita granitos, hornblenda-biotita granitos e

magnetita-biotita granito. São porfiríticos a eqüigranulares, isotrópicos, com de-formação confinada,

portadores geralmente de quart-zo azulado, magnetita e de enclaves de dioritos, micro-dioritos e

quartzo-dioritos pórfiros.

2.4.5. Alcalinas Rio Cristalino (PPlrc)

Alcalinas Rio Cristalino, em razão das suas relações de campo, da datação feita por Santos

2000, no corpo supramencionado, ter indicado ida-de U/Pb de 1.806�3 Ma e dos resultados

litogeoquímicos. Constituem um clã de rochas formadas por sienitos, quartzo sienitos e riebeckita-

egirina sienitos que ocorrem na confluência dos rios Cristalinos e Teles Pires, leste do Porto da

Madeiseik, cerca de 24 km a NNE de Alta Floresta.

Acham-se reunidas num batólito de aproximada-mente 14 km por 7 km, em formato

elipsoidal, onde os seus contatos encontram-se mascarados por coberturas aluvionares e latossolos

argilosos vermelhos, com magnetita disseminada.

2.4.6. Intrusivas Básicas Guadalupe (PPβg)

Um clã de corpos básicos, representados por gabros, microgabros, diabásios e dioritos

porfiríticos a eqüigranulares, relacionados com os granitóides das suítes Paranaíta e Juruena, e da Suíte

Colíder, como uma mistura de magmas ou na forma intrusiva, controlados às vezes por fraturas

extensionais (N50°E) ou falhas transcorrentes NW-SE a E-W.

2.4.7. Granito Nhandu (Ppgn)

O termo Granito Nhandu foi introduzido por Souza et al. 1979 para representar granitóides

porfiríticas com matriz fanerítica, de composição granodiorítica-tonalítica, coloração cinza-clara,

textura pseudo-rapakivítica e estrutura isótropa, distribuídos em corpos subcirculares, no médio curso

do rio Nhandu, separados dos gnaisses e migmatitos do Complexo Xingu por essas feições peculiares.

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2.4.8. Suíte Colíder (PPαc)

Compreende o vulcanismo ácido que ocorre no flanco meridional da Serra do Cachimbo, na

base do Grupo Beneficente. Anteriormente foi denominado de Grupo Iriri, termo introduzido por

Forman et al. 1972 para representar as rochas vulcânicas e plu-tônicas ácidas, distribuídas ao longo do

rio Iriri. Andrade et al. 1978 adotaram a designação de Grupo Iriri, subdividindo-o em Formação Iriri

(vulcano-clásticas) e Formação Salustiano (derrames ácidos), na região do Tapajós.

2.4.9. Suíte Intrusiva Vitória (PPγv)

Distribui-se em corpos elípticos a sigmoidais, alon-gados e controlados por expressivas zonas

de cisa-lhamento de direção NW-SE e WNW-ESE. Na Folha Alta Floresta, destacam-se

principalmente os termos de médio a alto grau metamórfico, repre-sentados por enderbitos e

metaquartzo-dioritos que ocorrem aglutinados em dois plútons, situados no retiro da fazenda Mogno,

leste do ribeirão Muquém e nas adjacências do morro do Túnel, limites das fazendas Mogno e Bacaeri.

2.4.10. Granito São Pedro (PPγsp)

Foram denominados Granito São Pedro, os corpos plutônicos anisótropos de aspecto

sigmoidal, sob a forma de batólitos e stocks aglutinados, formando uma extensa faixa, controlada por

amplas e extensi-vas zonas de cisalhamento dúctil, transcorrente oblí-qua e contracional, com direção

predominante WNW-ESE a NW-SE.

2.4.11. Granito Teles Pires (PPgtp)

Segundo Oliveira 2003, trata-se de um conjunto de corpos graníticos intrusivos, pós-

orogênicos, calcioalcalinos de alto potássio, formados dominantemente por granito porfirítico,

vermelho-tijolo, localmente com textura rapakivi, reunido a granitos finos e alcaligranito, eqüigra-

nulares a porfiríticos, isotrópicos, não deformados, dispostos na forma destockse batólitos subcircula-

res a elipsoidais, geralmente intrusivos nas rochas vulcânicas da Suíte Colíder. Os termos

subordinados são representados por microgranitos, granitos finos e granófiros, ocorrendo geralmente

na forma de di-ques esills, encontrados na fazenda Ilha do Cristalino e norte do Porto da Madeiseik.

2.4.12. Grupo Beneficente (PPb)

Esta denominação foi proposta por Almeida & Nogueira Filho (1959) para designar uma

seqüência se-dimentar composta por duas litofácies: uma inferior, quartzítica, aflorando no povoado

de Beneficente e uma superior, pelítica, aparecendo no baixo curso do Igarapé das Pedras. Diversos

outros autores usaram esta mesma terminologia para caracterizar os sedi-mentos encontrados desde o

Rio Sucunduri até a BR-163 (Cuiabá-Santarém), na região conhecida como serra do Cachimbo.

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2.4.13. Diabásio Cururu (Jdc)

Destacam-se vários diques concentrados no quadrante NE da Folha Alta Floresta, realçados

por expressivos alinhamentos topográficos na direção NW-SE, bem demarcados na imagem de

satélite, com dimensões de até 30 km de comprimento. Esses diques intrudem os sedimentos do Grupo

Beneficente. Apresentam composição de diabásio a olivina diabásio, de cor cinza-escura a preta,

textura ofítica a subofítica e são compostos por plagioclásio, piroxênio (augita), hornblenda, minerais

opacos (magnetita, sulfeto) e às vezes olivina, apatita, clorita, epidoto e carbonato.

2.4.14. Depósitos Aluvionares (Q2a)

Os depósitos aluvionares destacam-se por sua morfologia típica de planícies sedimentares

associadas ao sistema fluvial, sendo que as aluviões sub-recentes ocorrem em posições topográficas

mais alçadas em relação às aluviões recentes. Essas coberturas aluvionares são formadas por

sedimentos arenosos e argilosos inconsolidados e semiconsolidados, com níveis de cascalho

associados, concentrando-se na área ao longo do rio Teles Pires e seus tributários: Quatro Pontes,

Santa Helena e Paranaíta (margem esquerda) e ribeirão Rochedo (margem direita).

2.5. EVOLUÇÃO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA

Os dados coligidos pelo levantamento geológico-geoquímico e geocronológico no Promin-

Alta Floresta (Oliveira 2003), aliados a uma reavaliação dos dados bibliográficos, permitiram tecer um

quadro regional com individualização de três ambientes geotectônicos distintos, denominados Arco

Tapajós (1,9 Ga), Arco Juruena (1,85-1,75Ga), e Terrenos de retroarco da região do Cabeças (1,74

Ga). Na Folha Alta Floresta foi reconhecida principalmente dois estágios geotectônicos: um orogênico

e outro pós-orogênico.

O estágio orogênico acha-se representado pelas associações: pré- colisionais, colisional e pós-

colisional transcorrente, conforme modelo proposto por Liégeois (1998). O período pré-colisional, na

região, acha-se documentado por supracrustais do Complexo Bacaerí-Mogno, de idade isocrônica

Sm/Nd de 2,24Ga com Nd(t) de + 2,5, obtida em anfibolitos (vestígios de uma antiga bacia oceânica,

formada no estágio pré-orogênico), e pelos ortognaisses graníticos e monzoníticos do Complexo Cuiú-

Cuiú (U-Pb 1.992 7Ma), afetadas por metamorfismo da fácies anfibolito alto a granulito, deformação

dúctil coaxial com forte encurtamento crustal na direção NW-SE, decor-rente da compressão máxima

em torno de N65°W. O fechamento dessa bacia oceânica foi conduzida por processos de subducção e

conseqüente colisão oblíqua com o Arco Magmático Cuiú-Cuiú (Vasquez et al., 2002), gerando as

suítes plutono-vulcânicas e plutônicas do Arco Magmático Juruena (1.85-1.75Ga.).

Ocorrências restritas de leucogranitos peraluminosos (Granito Apiacás), cavalgamentos

oblíquos, feições de anatexia e metamorfismo de fácies anfibolito alto a granulito, marcam o período

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colisional da Província Juruena, que provocou espessamento crustal e formação de uma provável

sutura, sinalizados por uma expressiva anomalia gravimétrica de direção WNW-ESE, detectada no

quadrante SW da folha. O Arco Magmático Juruena foi desenvolvido principalmente no período pós-

colisional (segundo a conceituação de Liégeois, 1998), e apresenta uma estruturação NW-SE,

compreendendo dois segmentos crustais: 1) Granito-vulcânico e 2) Terreno Acrescionário de médio a

alto grau metamórfico.

O primeiro segmento constitui um cinturão de rochas plutono-vulcânicas afetadas por

deformação rúptil a rúptil-dúctil (confinada), metamorfismo incipiente, formadas por um magmatismo

calcioalcalino alto potássio da série monzonítica/monzonítica-gra-nítica: suítes Juruena (1.848 ±17Ma

a 1.817 ±57Ma) e Paranaíta (1.803±16Ma a 1.793±6Ma), reunindo granitos tipo I oxidados, em íntima

associação tem-poral e espacial com as Intrusivas Básicas Guadalu-pe e com as vulcânicas ácidas e

intermediárias da Suíte Colíder (1.801±11Ma a 1.786±17Ma), onde predominam microgranitos,

micromonzonitos, riolitos, riodacitos e andesitos. Junto a este segmento ocorrem no final do estágio

pós-colisional granitos calcioalcalinos alto potássio altamente fracionados, tipo I oxidados (Granito

Nhandu) com tendência shoshonítica e rochas alcali-nas saturadas (Alcalinas Rio Cristalino-U/Pb

1.806±3Ma).

Ocorre ainda, um terreno acrescionário de médio a alto grau formado no estágio pós-

colisional, na fase distensional, constituído por granitóides calcioalcalinos, sin a tarditranscorrentes

dispostos segundo megazonas de cisalhamentos transcorrentes transtensionais, dúcteis de direção NW-

SE a WNW-ESE, adjacentes a uma provável zona de sutura, reunidos como Granito São Pedro (idade

U/Pb de 1.786Ma±17Ma a 1.784±17Ma e idade Sm/Nd 2.147 e 2.060Ma com Nd(t) = -1,11 e +0,65) e

Suíte Intrusiva Vitória (idade U/Pb 1.775±10Ma com idade-modelo 2.260Ma). Esses dados, somados

à presença de restitos máficos e pelíticos nestes granitóides, atestam a fusão de uma placa crustal

(Complexo Bacaeri-Mogno), que interagiu com fontes mantélicas na geração desses granitóides.

Em espaço temporal tardio a este terreno acrescionário pós-colisional, e num estágio pós-

orogênico, ocorrem os alcaligranitos Teles Pires (idade U/Pb de 1,75Ga e idade-modelo TDM de

2,10Ga), intrusivos em rochas da Suíte Colíder e em granitóides da Suíte Juruena.

O Grupo Beneficente constituído pelas seqüências: Siliciclástica basal (PPb1), clasto-química

(PPb2, PPb3 e PPb4) e siliciclástica (topo) (PPb5), de idade 1,7Ga (Pb/Pb), segundo Saes & Leite

(2002) obtida em zircão detrítico de conglomerados da unidade (PPb1), que representa idade máxima

Pb/Pb para início da deposição dessa bacia. São controladas às vezes por megazonas transcorrentes

EW a NW-SE, constituindo possíveis reativações e rearticulação das feições estruturais herdadas da

evolução do arco magmático Juruena, propiciando o desenvolvimento de bacias tipo pull apart e

assemelhadas em posição de retroarco e zonas transtensionadas.

O Fanerozóico acha-se representado pelos diques de diabásio jurássicos (180 Ma) tipo Cururu.

Recobrindo as unidades mais antigas, ocorrem as coberturas detríticas e lateríticas terciárias e aluvio-

nares quaternárias, que completam o quadro geológico da Província Juruena.

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A área do depósito Zé Vermelho corresponde ao domínio rúptil-dúctil a rúptil e acha-se

preservado através dos terrenos com deformações descontínuas, não penetrativas, próprios das suítes

intrusivas Juruena, Paranaíta, Granitos Nhandu, Teles Pires, vulcânicas/(subvulcânicas Colíder) e

coberturas paleoproterozóicas (Grupo Beneficente), perfazendo cerca de 75% da fo-lha. Caracteriza-se

por zonas confinadas de cisalhamento, com largura centimétrica a métrica, formada pela nucleação de

fraturas e/ou falhas preexistentes.

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CAPÍTULO 2

ARTIGO SUBMETIDO

O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA:

UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE PREENCHIMENTO DE ZONA DE FALHA.

Brunna Jéssica Pajanoti(1)

, Jayme Alfredo Dexheimer Leite(1,2)

, Marcel Sena Campos (3)

, Maria

Zélia Aguiar de Sousa (1,2,4,5)

(1) Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Ciências Exatas e da Terra –

(ICET), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Avenida Fernando Corrêa, s/n,

Bairro Coxipó. CEP: 78060-900. Cuiabá-MT, Brasil. E-mail: [email protected]

(2) Departamento de Recursos Minerais, ICET, UFMT. E-mail: [email protected]

(3) Universidade de Várzea Grande (UNIVAG) (4) Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica – Guaporé

(5) Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Geociências da Amazônia (GEOCIAM)

RESUMO

O depósito aurífero Zé Vermelho acha-se hospedado em uma zona de falha de cavalgamento, rúptil-

dúctil, de direção N50°W/45°NE impressa em biotita granodiorito. A zona mineralizada consiste de

dois veios de quartzo subparalelos, o inferior denominado de Ze Vermelho Main Zone e o superior de

Upper Ze Vermelho Zone, separados por uma coluna de granitoides estéreis de aproximadamente 40 m

de espessura. A mineralização de ouro mostra relação direta com os sulfetos, principalmente pirita,

secundariamente calcopirita e mais raramente esfalerita. O depósito foi subdividido em três

segmentos, Sul, Central e Norte, caracterizados por diferenças texturais, presença de ouro livre, e

quantidade de sulfetos presentes. O segmento sul é caracterizado por veios de quartzo de aspecto

leitoso, maciço, baixas quantidades de sulfeto e teores de ouro menores que 5 g/t. Ouro livre foi

unicamente encontrado neste segmento. O segmento Central é caraterizado por uma evolução mais

complexa onde domina quartzo recristalizado de cor cinza, intensa brechação, alta quantidade de

sulfeto chegando a formar camadas maciças, ore shoots, os quais estão acompanhados por altos teores

de ouro podendo chegar a 500 g/t. O segmento norte é caracterizado por veios estreitos que tendem a

desaparecer dando lugar unicamente a milonitos empobrecidos tanto em sulfetos quanto em ouro com

teores menores do que 1 g/t, ou inexistentes. A integração dos dados tectônicos, estruturais e texturais

permite caracterizar o depósito Zé Vermelho como tectono-controlado, do tipo faut-fill vein, onde os

maiores teores de ouro estão associados a zonas de maior damage, com o desenvolvimento de ore-

shoots.

Palavras-chave: Cráton Amazônico, Província Aurífera de Alta Floresta, fault-fill vein, ore shoot.

ABSTRACT - THE ZE VERMELHO GOLD DEPOSIT OF THE ALTA FLORESTA GOLD

PROVINCE: A FAULT-FILLING BEIN TYPE PF DEPOSIT.

The deposit is hosted in a gently dipping N45W trending thrust fault overprints biotite granodiorite.

The ore zone consists of two subparallel quartz veins known as Ze Vermelho Main and Upper zones

separated by a 40 m thick column of barren biotite granodiorites. The mineralization oh the gold

shows direct relationship with the amount of sulphide, mainly pyrite, with chalcopyrite to lesser extent

and rare sphalerite. Based on quartz vein textural variations, presence of free gold, amount of

sulphides and gold grade, the deposit is divided into three segments, namely: South, Central and

North. The south segment is characterized by veins showing massive quartz with milky aspect, low

sulphide amounts and gold grade lower than 5 g/t. Free-gold was only found in this segment. The

Central segment shows a more complex evolution and is characterized by grey and recrystallized

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quartz along with intense brecciation, high sulphide contents and high gold grade up to 500 g/t. The

north segment shows narrower grey quartz veins which tend to disappear and give place to gold and

sulphide depleted mylonites, suggesting the closing of the mineralized structure. Gold grades in this

segment are always uneconomic lower than 1 g/t. Tectonic, structural and textural data integration

allows classifying the Ze Vermelho gold deposit as tectonic-controlled of fault-fill vein type with

higher gold grades associated higher damage zones where ore shoots are developed.

Keywords: Amazon Craton, Alta Floresta Gold Belt, fault-fill veins, ore shoot.

INTRODUÇÃO

Os depósitos minerais gerados durante a estruturação do Cráton Amazônico (2,4 Ga a 1,5 Ga)

representam importantes alvos da exploração mineral, especialmente para ouro e metais base. Segundo

Dardene & Schobbenhaus 2001, a relação entre os principais eventos tectono-metamórficos e as

mineralizações associadas, permite uma tentativa de definição das principais épocas metalogenéticas

ocorridas nessa região. No Escudo Brasil-Central, a Época do Ouro, entre 1,95 e 1,8 Ga, inclui o

desenvolvimento das Províncias Auríferas Tapajós ao sul do Pará e Alta Floresta no centro-norte de

Mato Grosso.

O depósito de ouro Zé Vermelho é uma das várias ocorrências primárias de ouro alojadas em zonas de

cisalhamento no centro-norte do estado do Mato Grosso, com histórico garimpeiro no final da década

de 80 e início de 90. O depósito consiste de um sistema de veios de quartzo-pirita intrudido ao longo

de plano de falha de cavalgamento de strike dominante N45°W com mergulhos suaves a moderados,

25 a 60 graus para NE. Milonitos centimétricos a decamétricos de composição granítica estão

desenvolvidos tanto no hanging wall quanto no footwall e não raro apresentam proporções importantes

de pirita disseminada. Este conjunto, de veio e milonito que constitui a zona mineralizada, atinge uma

largura máxima reconhecida de 2 metros, no entanto, com uma média aproximada de 0,50 m.

Entre as unidades litoestratigráficas que encaixam a zona mineralizada, há predomínio de biotita-

granodiorito pertencente a Suíte Intrusiva Paranaíta (Oliveira & Albuquerque 2003). Esta Suíte forma

corpos de tamanhos variados, de stock a batólito, orientado preferencialmente NW-SE, portadores de

mineralizações auríferas e de quartzo azulado, porfiríticos, isotrópicos a localmente foliados,

principalmente quando próximos à zona mineralizada.

O propósito deste trabalho é contribuir com o conhecimento acerca dos depósitos auríferos filoneanos

da Província Aurífera Alta Floresta, a partir do reconhecimento da constituição e geometria do

depósito Zé Vermelho, ampliando-se assim o conhecimento e a caracterização desta tipologia de

depósito aurífero abrindo uma perspectiva interessante para a exploração mineral já que a repetição de

ore-shoots tanto ao longo do strike quanto ao longo do mergulho é fato comumente encontrado em

outros depósitos estudados o que aliado a sua economicidade permitiria o desenvolvimento de novas

minas e consequenteente importante desenvolvimento econômico e social para o norte do Estado de

Mato Grosso, e sul do Amazonas e Pará.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados aqui apresentados foram coletados como parte de um programa de exploração mineral

desenvolvido pela empresa Cougar Brasil Mineração LTDA e executado em grande parte pela

primeira autora sob a supervisão do segundo autor, a época Gerente de Exploração da empresa.

A coleta de dados foi iniciada com trabalho de mapeamento geológico da área do entorno do depósito,

em escala de detalhe (1:1.500), a qual foi seguida pela execução de 78 furos de sondagem rotativa

diamantada e mapeamento geológico-estrutural de detalhe de aproximadamente 450 m lineares de

galerias subterrâneas entre os níveis -50 m e -136 m.

Para os propósitos deste trabalho foram selecionados e estudados 17 furos de sondagem, os quais

foram considerados representativos das principais características do depósito em questão. Os furos

foram descritos objetivando a identificação das litologias, de processos deformacionais e de alteração

hidrotermal assim como a caracterização das zonas mineralizadas.

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

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Cráton Amazônico

O depósito Zé Vermelho está localizado na porção NW da Província Rio Negro-Juruena do Cráton

Amazônico. O Cráton Amazônico (Braun 1974; Almeida et al. 1976; Almeida 1978) compreende a

quase totalidade das rochas arqueanas e paleoproterozóicas expostas na região norte e centro-oeste do

Brasil tendo adquirido condições plataformais ao início do Neoproterozóico. Segundo Almeida et al.

1977, o Cráton pode ser dividido em duas províncias estruturais, separadas pela Bacia Sedimentar

Amazônica: a Província Rio Branco, a norte e a Província Tapajós, ao sul. Ao longo dos anos,

diversos autores tais como Hasui et al. 1984, baseado em dados geofísicos, Tassinari & Macambira

1996; 1999 e Santos et al. 2000, através de dados geocronológicos e Ruiz 2005 com dados de

compartimentação tectono-geocronológica, têm proposto sucessivas subdivisões do Cráton. Neste

trabalho, é considerada a proposta de Tassinari & Macambira 1999, onde a construção do Cráton se dá

a partir da existência de seis províncias geocronológicas (Fig. 1), a saber: Amazônia Central (> 2,3

Ga), Maroni-Itacaiunas (2,2 a 1,9 Ga), Ventuari-Tapajós (1,9 a 1,8 Ga), Rio Negro-Juruena (1,8 a 1,55

Ga), Rondoniana-San Ignácio (1,5 a 1,3 Ga) e Província Sunsás (1,25 a 1,0 Ga). Destaque será dado

apenas a Província Rio Negro-Juruena já que é aquela que inclui a área objeto de estudo.

Figura 1: Mapa esquemático mostrando a distribuição das Províncias Geocronológicas e as principais

associações litológicas do Cráton Amazônico ao norte da América do Sul (Tassinari & Macambira,

1999).

Província Rio Negro-Juruena

A Província Rio Negro Juruena (PRNJ), está localizada na porção sudoeste do Cráton (Fig. 1),

limitada a nordeste pela Província Ventuari-Tapajós e a sudeste pela Província Rodoniana-San

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Ignácio. Suas exposições estendem-se ao longo de um trend NW-SE de aproximadamente 2.000 km de

comprimento e 600 km de largura. Segundo Tassinari & Macambira 1999, as rochas do embasamento

desta Província são compostas quase inteiramente de granito-gnaisses e granitoides de composição

tonalítica a granítica desenvolvidos entre 1,8 Ga e 1,55 Ga. Segundo Dall'Agnol & Macambira 1992,

na parte norte da província predominam biotita-titanita monzogranitos.

Sequências supracrustais estão dispersas dentro da PRNJ e são representadas pela unidade meta-

vulcano-sedimentar Roosevelt e Colíder. Ambas as unidades são portadoras de dacitos, riolitos,

andesitos, tufos, brechas vulcânicas, argilitos, arenitos e formações ferríferas bandadas,

metamorfisados em condições de fácies xistos verde.

O magmatismo anorogênico dentro da PRNJ é representado pela Suíte Serra da Providência que é

constituída por uma sucessão de gabros, mangeritos, charnockitos e granitos, os últimos normalmente

exibindo textura do tipo rapakivi. O Grupo Caiabis preenche o Gráben homônimo e é constituído por

sequência sedimentar psamo-pelítica típica de ambiente marinho raso a flúvio-lacustre. Esta unidade

representa a fase de estabilização da PRNJ.

Segundo Dardenne & Schobbenhaus 2001 vários depósitos de ouro foram desenvolvidos no Escudo

Brasil-Central em diferentes épocas o que permitiu a identificação das Províncias Auríferas do

Tapajós, a mais antiga e desenvolvida entre 2.2 e 1.95 Ga, e a Província Alta Floresta a mais jovem,

1.95 a 1.80 Ga, a qual hospeda o depósito de ouro Zé Vermelho dentro inúmeros outros.

Depósitos de ouro desenvolvidos durante os períodos acima citados incluem tipologias diversas

(Coutinho et al. 2000, Santos et al. 2000 e Juliani et al. 2002), além uma enorme gama de depósitos

associados a zonas de cisalhamento. A seguir são destacadas as principais tipologias de depósitos

auríferos já reconhecidos nas províncias Tapajós e Alta Floresta.

Depósitos orogênicos: veios de quartzo auríferos em zonas de cisalhamento que ocorrem

principalmente na parte W e SW da Província Tapajós (Santos et al. 2001). Esses depósitos são

mesozonais e encontram-se hospedados tanto em sequências vulcanossedimentares (Ex. Buiuçu,

Tapajós, Maués), como em granitóides cálcio-alcalinos oxidados de arco magmático do Complexo

Cuiú-Cuiú e Suíte Intrusiva Paranaíta (Ex: Garimpo do Rato, Serrinha, Pé de Fora e Buriti/Grota

Rica).

Depósitos relacionados a intrusões graníticas (Intrusion-related gold deposits): depósitos filoneanos

(Ex. Limão, Mamoal, Batalha) e disseminados tipo stockwork (Ex: Garimpo dos Crentes, Trairão e

Álvaro Tavares), epizonais, relacionados espacial e geneticamente com granitoides cálcio-alcalinos

oxidados de arco magmático das Suítes Creporizão e Parauari e granitos alcalinos da Suíte

Maloquinha, que ocorrem principalmente na parte N, E e SE da Província Tapajós.

Depósitos epitermais (Dreher et al. 1998, Juliani et al. 2002, 2004b): depósitos filoneanos e

disseminados de alta e baixa sulfetação que ocorrem mais restritamente na parte central da Província

Tapajós, hospedados em rochas vulcânicas e piroclásticas félsicas pós-caldeira, além de granófiros e

diques porfiríticos tardi-tectônicos do Grupo Iriri (Ex: Joel, David, V3). A mineralização ocorre em

estruturas anelares e fraturas radiais de caldeira, associada com silicificação caracterizada por crostas

silicosas, com hematita, pirofilita e alunita, e cavidades preenchidas por sílica, alteração argílica e

propilítica (alta sulfetação), ou alteração potássica (adulária) e sericitização (baixa sulfetação). As

composições dos isótopos de chumbo dos depósitos auríferos sugerem duas fases mineralizantes em

1,96 Ga e 1,88 Ga (Coutinho et al. 2000). Estes dois eventos mineralizantes estariam relacionados às

duas orogêneses identificadas por Santos et al. 2004 e posicionados após o pico do metamorfismo nas

duas orogêneses, em condições pós-colisionais. O evento mais antigo (1,96 Ga) coincide com a fase

tardia da Suíte Creporizão, interpretada por Vasquez et al. 2001 como pós-colisional. O evento mais

novo (1,88 Ga) é contemporâneo com o Grupo Iriri e Suíte Intrusiva Maloquinha, considerados como

eventos magmáticos pós-colisionais.

Geologia da Província Aurífera Alta Floresta

A Província Aurífera de Alta Floresta (Dardenne & Schobbenhaus 2001; Lacerda Filho et al. 2001),

também conhecida como Província Aurífera Juruena-Teles Pires (Moura 1998), é descrita como uma

província essencialmente aurífera que prolonga-se desde a região de Aripuanã, NW de Mato Grosso,

passando por Alta Floresta até a região de Peixoto de Azevedo-Matupá, sendo delimitada pelos

Grábens do Cachimbo, ao norte, e dos Caiabís, a sul (Fig. 2).

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O seu embasamento, denominado de Complexo Cuiú-Cuiú, (Pessoa et al. 1977), ou Complexo Xingu

(Silva et al. 1974), consiste essencialmente de granitoides de composição granítica a monzogranítica,

de gnaisses graníticos a tonalíticos, além de xistos, rochas máficas e ultramáficas, BIF’s e migmatitos

(Dardenne & Schobbenhaus 2001; Paes de Barros 2007). Zonas de cisalhamento dúctil, transcorrentes,

com cinemática sinistrógira afetam essas rochas, configurando faixas anastomosadas e alinhadas de

direção NW-SE que contornam porções menos deformadas. Esse arranjo estrutural constitui um dos

principais controles determinantes para o alojamento de grande parte dos depósitos auríferos

filoneanos e dos corpos graníticos que contém sistemas especializados a ouro (Paes de Barros 1994).

Figura 2: Mapa simplificado da Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF) com seus principais

domínios geológicos e a localização de alguns depósitos auríferos (Modificado de Paes de Barros

2007).

Lacerda Filho et. al. 2001 propõe que arcabouço geológico da Província Alta Floresta é composto por

dois domínios de natureza reológica distinta. O Domínio I é eminentemente de caráter rúptil e

constituído por terrenos pluto-vulcânicos, pouco deformados, com assinatura geoquímica de arco

vulcânico e representado pelas suítes intrusivas Juruena e Paranaíta e pela Suíte Vulcânica Colíder,

todas com idades U/Pb em zircão entre 1,82Ga e 1,75Ga. O Domínio II, de caráter dúctil, é constituído

de gnaisses, migmatitos e granitoides deformados, sin-cinemáticos a pós-colisionais, desenvolvidos no

intervalo entre 1,78 e 1,76 Ga. Segundo Silva, 2008 este domínio está representado por oito unidades

litoestratigráficas que compreendem os complexos Bacaeri-Mogno e Cuiú-Cuiú, as suítes intrusivas

Matupá, Flor da Serra, as rochas alcalinas Rio Cristalino, as intrusivas básicas Guadalupe, o Granito

Nhandu, o Complexo Nova Monte Verde, a Suíte Vitória, os Granitos São Pedro, São Romão, e

Apiacás, o Grupo São Marcelo-Cabeça e a Suíte Nova Canaã (Tabela 1).

Sucede na evolução da região uma fase tardi a pós-orogênica a qual é representada por um conjunto de

maciços graníticos circulares, avermelhados, de natureza cálcio-alcalina relacionados ao Granito Teles

Pires com idades U/Pb em zircão em torno de 1,75Ga.

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Período Unidade Idade U-Pb Litologia

ES

TA

TE

RIA

NO

Teles Pires 1.757±16 Biotita granitos, álcaligranitos e sienogranitos.

Nova Canaã 1.743±4 Ma

1798±14

São Marcelo

Cabeça

Correlacionável ao

magmatismo Roosevelt (?)

(1.762±6 Ma e 1.755±5 Ma)

São Romão 1.770±9 Ma SHRIMP

São Pedro 1.784±17 Ma SHRIMP Biotita metagranito, granada-biotita metagranito,

hornblenda-biotita metagranito.

Apiacás 1871±21 Ma Laser Ablation

(zircões herdados)

Vitória 1.785±8 Ma SHRIMP Enderbitos e metaquartzo diorito.

Suíte Colíder 1.786±17 Ma

1781±8 Ma

Microgranitos, brechas vulcânicas, riolitos, riodacitos,

dacitos e andesitos.

Paranaíta 1.793±6 Ma, 1.803±16 Ma,

1.801±7,8 Ma, 1816±57 Ma,

1785±6,8 Ma e 1808±14 Laser

Ablation

Biotita-monzogranito, biotita quartzo monzonito e

biotita granito, porfiríticos a eqüigranulares, ricos

em magnetita e às vezes com quartzo azulado.

Dacito porfirítico a porfiroclástico com fenocristais

de plagioclásio.

OR

OS

IRIA

NO

Alcalinas Rio

Cristalino

1806±3 Ma Riebeckita - aegirina sienito, sienitos e quartzo

sienitos.

Juruena 1.848±17 Ma, 1.823±35 Ma,

1.817±57 Ma, 1817±12 Ma

Laser Ablation

Biotita granitos e monzogranitos, porfiríticos a

eqüigranulares.

Flor da Serra ?

Matupá 1872±12 Ma (Pb-Pb,

evaporação)

Nhandu 1889±17 Ma e 1879±5,5 Ma

Laser Ablation

Magnetita-biotita granito, biotita-hornblenda granito,

monzogranito e

Sienogranito.

Cuiú-Cuiú 1992±7 Ma SHRIMP

2.005±7 Ma SHRIMP

2033 Ma

Ortognaísses graníticos a monzoníticos.

RIACIANO

Bacaeri-

Mogmo

Kinzigitos e granada-cordierita-sillimanita-biotita

gnaisses com

intercalações de piroxênio-granada quartzitos

ferruginosos (BIF) e plútons de metagabróides.

Tabela 1: Unidades litoestratigráficas da Província Aurífera Alta Floresta (modificado de Silva 2008).

O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO

Histórico

O depósito Zé Vermelho está localizado 23 km ao norte da sede do município de Paranaíta, no centro-

norte do Estado de Mato Grosso (Fig. 3). Foi inicialmente reconhecido e minerado artesanalmente

entre 1989 e 1992 por algumas dezenas de garimpeiros. De início a lavra se deu em cascalhos

derivados da desagregação dos veios de quartzo (casqueiros) tarefa esta que culminou com o

reconhecimento da mineralização primária, um veio de quartzo aurífero com quantidades variáveis de

pirita. Este veio foi minerado a céu aberto até profundidades em torno de 30 metros quando então a

operação começou a apresentar altos riscos a segurança em função do desenvolvimento de encostas

íngremes e consequentes escorregamentos. Os altos teores de ouro e a consequente lucratividade

naquele momento permitiram o desenvolvimento de shafts por meio do qual a exploração continuou

até aproximadamente 50 metros de profundidade. Ao final do ano de 1992 as operações foram

paralisadas em função do baixo preço do ouro e o alto custo da produção.

Entre 2010 e o fim de 2012 a empresa Cougar Brasil Mineração LTDA retomou os shafts lá existentes

e promoveu o desenvolvimento de um programa de Lavra Experimental a partir da abertura de planos

inclinados e galerias horizontais até a profundidade de 136 metros.

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Figura 3. Mapa de localização do Depósito Zé Vermelho.

Geologia do entorno do Depósito

A geologia do depósito Zé Vermelho está apresentada nas figuras 4 e 5. O arcabouço geológico é

constituído por duas unidades básicas; a Suíte Intrusiva Paranaíta com duas fácies, uma plutônica de

composição biotita-granodiorítica (BGRD) e a outra, vulcânica de composição dacítica (DAC) e o

Granito Teles Pires que ocorre na forma de diques com composição sienogranítica (SGR).

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Figura 4. Esboço geológico do entorno do depósito Zé Vermelho com localização das seções A-B e C-

D, que serão descritas adiante.

Figura 5. Seção transversal C-D do Depósito Zé Vermelho.

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A fácies BGRD representa o litotipo dominante, e ocorre em blocos e matacões sub-arredondados,

comumente cortados por veios e vênulas centimétricas a métricas de quartzo, pegmatito ou aplito (Fig

6 A). É isotrópica no geral, mas pode apresentar foliação incipiente quando submetidas à deformação

em zonas de cisalhamento localizadas (Fig. 6 B). Apresenta cor cinza-esverdeada a cinza-rosado, com

porções restritas de cor rosa-avermelhado. A textura dominante é inequigranular média, raramente

grossa, a porfirítica, com fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino rosa a branco de dimensões

entre 1 e 8 cm (Fig. 6 C) imersos em uma matriz composta por quartzo azul, feldspato alcalino e

plagioclásio que tem biotita como único mineral máfico primário (5 a 15 %). As fases acessórias

dominantes são magnetita e titanita enquanto que epidoto, sericita, clorita e mais raramente carbonato

correspondem à mineralogia de alteração hidrotermal.

Figura 6. Fotos de afloramento em campo das rochas hospedeiras do depósito. A) Biotita-granodiorito

cortado por diques de sienogranito. B) Biotita-granodiorito exibindo mega fenocristais e uma pequena

banda confinada de cisalhamento, na área entre as duas linhas tracejadas. C) Biotita granodiorito

saprolítizado aflorando na superfície com aspecto milonítico. D) Afloramento de dacito foliado

marcado por sericita e sistema de fraturas. Tracejados indicam a foliação.

Em superfície a fácies dacito é restrita a porção central da área ocorrendo na forma de um testemunho

de erosão. Já quando se integram os dados de sondagem caracteriza-se esta unidade como um extenso

dique de forma tabular, intrudido na fácies BGRD e acompanhando a estrutura local (N45°W/20°-

40°NE) com uma espessura variável entre 40 e 60 metros. Esta fácies tem como principais

característica uma textura porfirítica a porfiroclástica com fenocristais ou fenoclastos de plagioclásio

de até 3 mm imersos em uma matriz fina a muito fina que varia de isotrópica a foliada. Esta foliação

está marcada tanto pelo estiramento dos fenoclastos quanto pela orientação paralelizada de cristais de

sericita (Fig. 6 D).

O SGR ocorre na forma de vários diques, subparalelizados ou mesmo discordantes da estruturação

local, que cortam tanto a fácies BGRD (Fig. 6 A) quanto a fácies DAC e mostram variações nas

espessuras entre 2 e 10 m. Estes diques são normalmente isotrópicos, porfiríticos de granulação média

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porém mostram variações texturais de aplito a pegmatito. Os fenocristais são essencialmente de

feldspato alcalino e a matriz é composta por arranjo equidimensional de quartzo-plagioclásio e

feldspato.

Caracterização do depósito

O depósito Zé Vermelho compreende dois veios de quartzo subparalelos (Fig. 5), reconhecidos como:

1) zona mineralizada principal, MZVZ (Main Ze Vermelho Zone) e 2) zona mineralizada superior,

UZVZ (Upper Ze Vermelho Zone). Esta duas zonas são separadas por uma coluna de biotita-

granodiorito da Suíte Intrusiva Paranaíta (SIP) com aproximadamente 40 m de espessura. A zona

principal foi reconhecida tanto a partir de furos de sondagem quanto por mapeamento in situ de planos

inclinados e galerias horizontais. Já a zona superior foi reconhecida unicamente a partir de furos de

sondagem e não faz parte da presente abordagem.

Os veios acham-se estruturados ao longo de um strike médio N45°W com mergulhos suaves a

moderados, entre 20° e 60°NE, tendo comprimento confirmado de 150 m ao longo do strike e 130 m

ao longo do mergulho. As espessuras são variáveis entre menos de 0,02 m até um máximo de 2,20 m e

uma média em torno de 0,50 m.

A geometria das zonas mineralizadas varia de tabular a anastomosada e foi controlada por um ramo

secundário do tipo thrust-fault do sistema strike-slip regional de direção preferencial E-W.

A zona mineralizada consiste de acumulações variadas de sulfeto, principalmente pirita,

secundariamente calcopirita e mais raramente esfalerita as quais preenchem espaços vazios nos veios

de quartzo. As proporções de sulfeto são variáveis, desde menos de 5% até 90% em volume, quando

então formam camadas e lentes de sulfeto maciço aos quais se associam altos teores de ouro tipo que

podem atingir 500 g/t.

As características estruturais e texturais dos veios de quartzo juntamente com diferentes quantidades

de sulfetos, presença de ouro livre e teores de ouro permitiu a subdivisão do depósito em três

segmentos; norte, central e sul. A figura 7 apresenta uma seção longitudinal de azimute 310° onde se

acham evidenciados os três segmentos propostos.

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Figura 7: Seção geológica longitudinal (Az=310) da área correspondente ao depósito aurífero Zé

Vermelho, representando os litotipos das rochas hospedeiras e sua zona mineralizada principal (ore

shoot). As linhas pretas indicam as galerias horizontais abertas em cada nível de profundidade.

SEGMENTO SUL

Este segmento é caracterizado por veios arranjados de forma tabular a lenticular, (Fig. 8 e Fig. 9 A)

com espessura variável entre 0,20 m e 2,10 m, e média de 0,80 m. Não raro, entretanto, formam

arranjos de veios paralelos, separados por septos de milonitos e ou granitos estéreis da SIP. Mostram

também ramificações (relays) da estrutura principal formando arranjos de veios secundários bem

menos espessos, tanto paralelos quanto oblíquos ao veio principal e em geral estéril (Fig. 9 B).

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Figura 8: Seção longitudinal esquemática para ilustrar as principais características dos Segmentos Sul.

Modelo do veio laminado, com ramificações a partir da estrutura principal e encaixante apresentando

foliação.

Figura 9: Tipologia dos veios de quartzo no Segmento Sul do depósito Zé Vermelho. A) Veios tabular,

paralelo a estrutura em contato aos milonitos do footwall e hanging wall. B) Arranjos paralelizados de

veios de quartzo, englobando material granítico. C) Intervalo de testemunhos de sondagem em detalhe

mostrando ouro livre no veio de quartzo do Segmento Sul. D) Amostra de mão retirada a partir do

desmonte em superfície do veio com ouro livre nas fraturas.

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Em termos de estruturas os veios neste segmento são dominantemente maciços e mais raramente

laminados e brechados. As lâminas são limitadas por filmes pouco espessos de clorita e ou sericita-

clorita milonitos. As espessuras das lâminas variam de centimétrica a decamétrica, e se acham

paralelizadas a subparalelizadas a estrutura que os aloja. As brechas são caracterizadas por fragmentos

centimétricos a milimétricos de quartzo de cor branca, angulosos a subarredondados, suportados por

uma matriz de quartzo de cor marrom a cinza de granulação fina a muito fina. Em geral, o veio de

quartzo é de cor branca e possui aspecto leitoso.

Neste segmento do depósito, a concentração de sulfeto, principalmente pirita, é baixa e sempre menor

do que 10% em volume. Os sulfetos ocorrem disseminados, preenchendo fraturas e ou espaços vazios,

formando pequenos bolsões, subarredondados a subelípticos, e mais raramente em finas bandas

semimaciças, as quais acompanham o mergulho do veio.

O ouro acompanha os sulfetos e excepcional e unicamente neste segmento do depósito, pode ser

encontrado na forma livre, preenchendo fraturas milimétricas a subcentimétricas (Figs. 9 C e D).

Como consequência, os teores de ouro neste segmento são baixos, menores do que 5 g/t quando

associados a sulfetos, mas não necessariamente antieconômicos, e podem atingir teores de bonanza, de

até 1kg/t quando na forma livre em fraturas.

SEGMENTO CENTRAL (ORE SHOOT)

Neste segmento a zona mineralizada é representada por veio único, tabular a lenticular, maciço a

foliado, paralelo a estrutura que o hospeda (Fig. 10), e por vezes mostrando intensa brechação. As

espessuras do veio variam entre 0,22 m a 1,89 metros, com média de 0,75 m. A integração dos dados

de geologia e de teores de ouro revela este segmento a partir de uma forma de amêndoa, possível

reflexo da presença de zonas de maior damage da zona de falha que por sua vez permitiu o ingresso de

maiores volumes do fluido responsável pela precipitação de sulfetos e ouro, com a resultante formação

de um ore-shoot.

Quartzo e pirita são os minerais formadores sendo que neste segmento o quartzo apresenta cor cinza

(Fig. 11 A) em contraste marcante com o quartzo branco de aspecto leitoso dos veios do Segmento Sul

(Fig. 9 A).

Figura 10. Seção longitudinal esquemática para ilustrar as principais características do Central

indicando alta concentração de sulfeto (em cinza) em toda a extensão do corpo.

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A concentração de sulfetos, principalmente pirita e mais subordinadamente calcopirita e raramente

esfalerita, varia de mais de 10% até 100% em volume (Figs. 11 A a D). Os sulfetos variam de

disseminadas a maciças, no último caso formando pods (Fig. 11 C) e mesmo camadas continuas ao

longo do strike por mais de 20 metros e que podem atingir excepcionalmente 1,60 m de espessura,

entretanto a média para as espessuras reconhecidas para estas bandas de sulfeto está em torno de 0,40

m. Os sulfetos ocorrem substituindo zonas de quartzo cinza, recristalizados e também preenchendo em

espaços abertos, tanto fraturas paralelas a subparalelas a estrutura principal como zonas de intensa

brechação.

O ouro neste segmento está unicamente associado aos sulfetos não tendo sido observado a presença de

ouro livre. Dada a correlação direta entre a percentagem de sulfetos e a acumulação de ouro, os teores

neste segmento são normalmente altos, entre 30 a 500g/t (Cougar Metals NL 2012).

A estrutura dominante do veio de quartzo neste segmento é na forma de lâminas de quartzo variando

entre menos do que 0,02 m até 0,15 m espessura, as quais por sua vez são separadas por septos

milimétricos e estirados de milonitos oriundos de biotita granitos da SIP (Fig. 11 D).

Figura 11: Segmento Central do depósito Zé Vermelho. A) Na profundidade de 54 metros, formação

de bandas de pirita maciça no veio de quartzo. B) Corpo maciço de pirita com finas bandas de sulfeto

ao longo do veio. C) Bolsão de sulfeto maciço e quartzo cinza esfumaçado. D) Detalhe da estrutura

mineralizada na forma laminada. Polígonos branco marcam zonas de sulfeto.

SEGMENTO NORTE

Os milonitos do segmento Norte, descritos normalmente como hanging wall e foot wall do veio, aqui

se tornam o prolongamento da estrutura mineralizada, indicando o fechamento da mesma (Fig. 12).

Estes milonitos são derivados da deformação superimposta ao biotita-granodiorito e mais raramente da

deformação do próprio veio de quartzo; em ambos os casos existe neoformação da paragênese

hidrotermal de quartzo+sericita+clorita. Neste segmento a espessura da zona mineralizada é variável

entre 0,01 m a aproximadamente 1 m. O final da zona mineralizada é marcado pelo estrangulamento e

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posterior desaparecimento do veio de quartzo e sua transição para uma faixa de milonito, que ainda

raramente pode preservar pequenos traços de quartzo estirado envolvidos na matriz (Fig. 13 A). Nesta

transição de veio de quartzo para milonitos, os contatos variam de bruscos a suaves, contatos estes que

podem ser observados tanto a partir das frentes de avanço de galerias subterrâneas (Fig. 13 B) como

através de testemunhos de sondagem.

A concentração de sulfeto e consequentemente a mineralização é visualmente afetada nesta transição,

havendo disseminação de pirita de no máximo 5% ao, com os sulfetos preenchendo os milimétricos

planos de foliação do milonito. Como resultado, os teores de ouro são baixos, menores que 1 g/t e no

momento atual são antieconômicos.

Figura 12. Seção longitudinal esquemática para ilustrar as principais características do Segmento

Norte, predominantemente constituído por milonito, após o fechamento do veio de quartzo. Estrutura

paralela a encaixante.

Figura 13. Tipo de veios no Segmento Sul. A) Veio de quartzo milonitizado, paralelo a estrutura,

mostrando estrangulamento indicativo fechamento da zona mineralizada na profundidade de 84

metros. B) Fechamento da estrutura mineralizada com o desaparecimento do veio de quartzo.

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CONCLUSÕES

A integração dos dados geológicos, estruturais, texturais e de teores de ouro referentes ao depósito

aurífero Zé Vermelho, permitiu avanços no conhecimento de depósitos primários nesta região, que

possivelmente poderão ser utilizados como em depósitos similares de áreas entorno a esta.

Embasados no estudo de Robert F. et al. 1994, onde classificam os veios auríferos de acordo com suas

principais características internas, local da estrutura, geometria do veio e os mecanismos de formação

(Tabela 2).

Em base a tais características o tipo de veio aurífero do depósito Zé Vermelho é caracterizado como

do tipo fault-fill vein ou veio de preenchimento de falha. A tabela 3 apresenta as principais

características do veio aurífero da área de estudo, o definindo em segmentos (Sul, Central e Norte)

auxiliados pelas observações de campo.

Dessa forma, o depósito foi subdivido em três segmentos: Sul, Central e Norte. Em comum a todos

estes segmentos os veios de quartzo quando presentes acham-se hospedados tanto em zonas de

cisalhamento caracterizadas por estreitos milonitos que transacionam rapidamente para granitos

isotrópicos quanto em discretas falhas sem desenvolvimento de milonitos quando então mostram

contatos abruptos com os granitos hospedeiros.

O Segmento Central corresponde à zona de maior damage da falha com desenvolvimento de grande

quantidade de espaço vazios que permitiram acesso a maiores quantidades de fluido mineralizante e

como resultado apresentam os maiores teores de ouro, tipificando um ore shoot caracterizado como

sendo o mais relevante em teores de ouro, caracterizado pela alta concentração de pirita, em geral

maciça podendo compor até 95% da zona mineralizada.

Para o Segmento Sul, foi possível caracterizá-lo através da ocorrência da mineralização ao longo do

desenvolvimento tanto subterrâneo, quanto a céu aberto. O ouro em geral apresenta-se na forma livre,

visível a olho nu em meio às fraturas do veio de quartzo leitoso, baixa concentração de sulfetos,

tabular, podendo haver ramificações englobadas a matriz granítica.

Por fim, o Segmento Norte, pode ser considerado como uma zona de fechamento da zona mineralizada

caracterizado por veio tabular, acinzentado, com sulfeto disseminado ou em milimétricas a

centimétricas bandas de pirita maciça ao longo do mergulho do veio. Como diferencial para este

segmento, ao longo da evolução das galerias horizontais, o comportamento da zona mineralizada em

todas as profundidades transgrediu do veio aurífero para o fechamento da mesma em uma faixa

milonítica proveniente da encaixante biotita-granodiorito, por vezes com sulfeto disseminado, mas não

retornando valores econômicos.

Esta zona se estende por um trend alinhado NW-SE, com mergulho médio de 45°, seguindo a linha de

mineralização regional da Província Aurífera Alta Floresta.

As rochas hospedeiras do depósito indicaram através dos resultados petrológicos, que correspondem

de ambiente de arco vulcânico, de série subalcalina do tipo cálcio-alcalina e alto-K a levemente

shoshoníticas, provavelmente relacionadas ao fracionamento de plagioclásio durante a evolução dos

BGRD e SGR.

Sugere-se que para a geometria conhecida da zona mineralizada ao longo dos aproximados 450 metros

de galerias subterrâneas e através dos dados geoquímicos descritos, a estrutura se comporte como um

mega clasto (boudin) que possa indicar repetição nas extensões tanto laterais como em profundidade,

podendo ser reconhecidos novos ore shoots e incitar novos estudos para a pesquisa mineral das áreas

próximas.

CLASSIFICAÇÃO DOS VEIOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

(MODIFICADO DE ROBERT F. ET AL. 1994)

Tipo do Veio Características

Internas

Local da Estrutura Geometria Mecanismos de

Formação

FAULT-FILL

VEINS

- estrutura laminada

- foliação mineral

- superfície lisa

- fibras minerais de

baixo ângulo na

parede dos veios

- zona de

cisalhamento ou

falha

-

- paralela a estrutura

da encaixante

- zona de fraturas

- abertura de fraturas

extensionais existentes

VEIOS - preenchimento de - fora da zona de - veios planos com - fraturas extensionais

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EXTENSIONAIS

CONJUNTO DE

VEIOS

EXTENSIONAIS

espaços vazios

- fibras minerais

com alto ângulo na

parede dos veios

- camadas internas:

múltiplas aberturas

cisalhamento

- AC juntas em

dobras

- dentro da zona de

cisalhamento

moderado anglo

para zona de

cisalhamento

- perpendicular à

charneira da dobra

- Conjunto de veios

planos a sigmoides

com alto ângulo de

foliação

- fraturas de

cisalhamentos

extensionais

STOCKWORKS

VEIOS

BRECHADOS

-“quebra-cabeças”

- brecha de falha

- 2 ou mais

conjuntos de veios

oblíquos à

ortogonais

- clastos angulares,

não rotacionados

- veios e clastos da

enxaicante

- rotação em abrasão

- não especificado

- ao longo de falhas

- falhas ou zona de

cisalhamento

- tabular para zonas

em forma de tubos

- paralelo à estrutura

da encaixante

- paralelo à estrutura

da encaixante

- implosão (?)

- falha de

escorregamento

Tabela 2. Classificação dos veios e principais características (Modificado de Robert F. et al. 1994).

CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS VEIOS AURÍFEROS DO DEPÓSITO ZÉ VERMELHO

Tipo do Veio Características

Internas

Local da

Estrutura

Geometria Mecanismos de

Formação

SEGMENTO SUL

(FAULT-FILL

VEIN)

-Quartzo branco

-brechado

- baixa concentração de

sulfeto

- teor de Au baixo

- Au livre, laminado

- Zona de

cisalhamento

- planar com veios em

boudins

- ramificações a partir do

veio principal

- paralelo a encaixante

- Fratura de

cisalhamento

- Abertura de fraturas

extensionais existentes.

SEGMENTO

CENTRAL

(FAULT-FILL

VEIN)

- Quartzo cinza

- laminado

- alta concentração de

sulfeto

- teor de Au alto

- ausência de Au livre

- Zona de

cisalhamento

- Paralelo a encaixante

- Veio em boudins

- Fratura de

cisalhamento

- Abertura de fraturas

extensionais existentes.

SEGMENTO

NORTE

(FAULT-FILL

VEIN)

- Milonitos

- baixa concentração de

sulfeto

- baixo teor de Au

- fechamento da

estrutura.

- Zona de

cisalhamento

- Paralelo a encaixante

- foliação de médio

ângulo

- Fratura de

cisalhamento.

Tabela 3. Classificação e características dos tipos de veios do depósito Zé Vermelho (Adaptado de

Robert F. et al. 1994).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Programa de Geociências da UFMT pelo entendimento da problemática

envolvida ao longo do desenvolvimento da dissertação, a CAPES pela concessão inicial de bolsa de

mestrado à primeira autora no primeiro ano de curso e a empresa Cougar Brasil Mineração LTDA.

pelo suporte financeiro e logístico. Agradecem também a Prof. Dr. Maria Zélia Aguiar de Sousa pelas

correções, sugestões e valiosas contribuições para este trabalho.

REFERÊNCIAS

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34

CAPÍTULO 4

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

A integração dos dados geológicos, estruturais, texturais e de teores de ouro referentes ao

depósito aurífero Zé Vermelho, permitiu avanços no conhecimento de depósitos primários nesta

região, que possivelmente poderão ser utilizados como em depósitos similares de áreas entorno a esta.

Em base a tais características o tipo de veio aurífero na área de estudo é caracterizado como do

tipo fault-fill vein ou veio de preenchimento de falha. O depósito foi subdivido em três segmentos: Sul,

Central e Norte. Em comum a todos estes segmentos os veios de quartzo quando presentes acham-se

hospedados tanto em zonas de cisalhamento caracterizadas por estreitos milonitos que transacionam

rapidamente para granitos isotrópicos quanto em discretas falhas sem desenvolvimento de milonitos

quando então mostram contatos abruptos com os granitos hospedeiros.

O Segmento Central corresponde à zona de maior damage da falha com desenvolvimento de

grande quantidade de espaço vazios que permitiram acesso a maiores quantidades de fluido

mineralizante e como resultado apresentam os maiores teores de ouro, tipificando um ore shoot

caracterizado como sendo o mais relevante em teores de ouro, caracterizado pela alta concentração de

pirita, em geral maciça podendo compor até 95% da zona mineralizada.

Para o Segmento Sul, foi possível caracterizá-lo através da ocorrência da mineralização ao

longo do desenvolvimento tanto subterrâneo, quanto a céu aberto. O ouro em geral apresenta-se na

forma livre, visível a olho nu em meio às fraturas do veio de quartzo leitoso, baixa concentração de

sulfetos, tabular, podendo haver ramificações englobadas a matriz granítica.

Por fim, o Segmento Norte, pode ser considerado como uma zona de fechamento da zona

mineralizada caracterizado por veio tabular, acinzentado, com sulfeto disseminado ou em milimétricas

a centimétricas bandas de pirita maciça ao longo do mergulho do veio. Como diferencial para este

segmento, ao longo da evolução das galerias horizontais, o comportamento da zona mineralizada em

todas as profundidades transgrediu do veio aurífero para o fechamento da mesma em uma faixa

milonítica proveniente da encaixante biotita-granodiorito, por vezes com sulfeto disseminado, mas não

retornando valores econômicos.

Esta zona se estende por um trend alinhado NW-SE, com mergulho médio de 45°, seguindo a

linha de mineralização regional da Província Aurífera Alta Floresta.

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35

As rochas hospedeiras do depósito indicaram através dos resultados petrológicos, que

correspondem de ambiente de arco vulcânico, de série subalcalina do tipo cálcio-alcalina e alto-K a

levemente shoshoníticas, provavelmente relacionadas ao fracionamento de plagioclásio durante a

evolução dos BGRD e SGR.

Sugestões

Sugere-se que para a geometria conhecida da zona mineralizada ao longo dos aproximados

450 metros de galerias subterrâneas e através dos dados geoquímicos descritos, a estrutura se

comporte como um mega clasto (boudin) que possa indicar repetição nas extensões tanto laterais como

em profundidade, podendo ser reconhecidos novos ore shoots e incitar novos estudos para a pesquisa

mineral das áreas próximas.

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