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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Brunna Jéssica Pajanoti
O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA
ALTA FLORESTA: UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE
PREENCHIMENTO DE ZONA DE FALHA.
Orientador
Prof°. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
CUIABÁ/MT
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
Reitora
Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder
Vice-Reitor
Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Profª. Drª. Leny Caselli Anzai
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET
Diretor
Prof. Dr. Martinho da Costa Araújo
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS - DRM
Chefe
Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Coordenador
Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Vice-Coordenadora
Profª. Drª. Maria Zélia Aguiar de Sousa
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N° 44
O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA
FLORESTA: UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE PREENCHIMENTO DE ZONA
DE FALHA.
Brunna Jéssica Pajanoti
Orientador
Prof°. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Geociências do Instituto
de Ciências Exatas e da Terra da
Universidade Federal de Mato Grosso como
requisito parcial para a obtenção do Título de
Mestre em Geociências.
CUIABÁ/MT
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
B862g Pajanoti, Brunna Jéssica.
O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma
Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha / Brunna Jéssica
Pajanoti. -- 2013
xiii, 54 f. : il. color. ; 30 cm.
Orientador: Jayme Alfredo Dexheimer Leite.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto
de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Geociências,
Cuiabá, 2013.
Inclui bibliografia.
1. Depósito Aurífero Zé Vermelho. 2. Suíte Intrusiva Paranaíta. 3.
Geologia. 4. Mineralização. 5. Preenchimento de Falha. I. Título.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA
FLORESTA: UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE PREENCHIMENTO DE
ZONA DE FALHA.
Dissertação de mestrado aprovada em 11 de novembro de 2013.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof°. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
Orientador (UFMT)
_______________________________________
Prof°. Dr. Francisco Egídio Pinho
Examinador Interno (UFMT)
_______________________________________
Geól. Dr.Antônio João Paes de Barros
Examinador Externo (METAMAT)
Aos meus pais e irmã,
Eliethe Bacarin Pajanoti,
Wilson Pajanoti e
Ellen Grazielly Pajanoti.
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por todas as oportunidades dadas e impostas em minha vida. Creio que nada
do que eu tenha realizado, com tantos imprevistos e dificuldades tenha sido por acaso e sim, foram
motivos que puderam fortalecer cada dia mais minha caminhada. Por Ele, hoje tenho colhido bons
frutos em minha vida, tenho me sentido mais forte, mais experiente. Ele tem sido meu grande
companheiro.
De forma tão grandiosa quanto, agradeço a minha família, que mesmo com o passar dos anos e
a intensa ausência, me apoiou em todos os momentos importantes da minha vida, fossem eles felizes
ou tristes. Os conselhos, o amor, carinho, cuidados e atenção dada pelos meus pais Eliethe Bacarin
Pajanoti e Wilson Pajanoti, assim como pela minha irmã Ellen Pajanoti, jamais poderei retribuir de
forma igual. Meu amor por vocês é incondicional!
Agradeço aos amigos, que de forma tão especial entraram em minha vida e marcam momentos
surpreendentes, acompanham nossas vitórias, lutam conosco nos momentos difícies e não nos deixam
cair quanto tudo parece estar impossível. Minha gratidão, carinho e amor às pessoas mais que
especiais, mais que amigas: Yara C. Fabrin Cabral, Lúcia Pereira, Ladiana Deisy e Midiann Paola.
As amizades conquistadas no decorrer dos anos de geologia sejam elas na faculdade ou nos
trechos de trabalho, em especial a equipe da Cougar Brasil Mineração LTDA que me acompanhou ao
longo de todas as etapas do trabalho: Marcel Sena, que foi um grande colaborador e amigo na
elaboração dessa dissertação, Hermes Silva, parceiro de trabalho e hoje amigo, Roberto Barroso,
Sandy Portugal, Saymon Portugal e a toda a equipe (infelizmente muitos nomes para citar) que
trabalharam e me auxiliaram nos trabalhos subterrâneos, pessoas das quais me ensinaram valores,
histórias, contos, causos e acima de tudo, respeito! Mais recente, agradeço a parceira Helen Costa
(Horizonte Minerals Brasil) pela ajuda com os mapas e também amizade adquirida.
Agradeço em especial ao meu orientador Prof°. Dr. Jayme Leite pelo apoio, principalmente
na época em que trabalhou na Cougar, da qual sempre esteve disposto a auxiliar no programa de
Mestrado, e após pela paciência e compreensão devido minha ausência por me dedicar ao trabalho em
outro estado e empresa.
Agradeço também a Profª. Dra. Maria Zélia Aguiar de Souza e a mestra Maria Elisa Fróes
Batata que sempre estiveram dispostas em ajudar na correção, orientação e incentivo ao longo de toda
a dissertação e pela completa dedicação a leitura e correção dos textos.
Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Geociências, incluindo todos os professores,
técnicos e mestrandos.
Por fim, só restam agradecimentos a todos que de qualquer forma fizeram ou fazem parte de
cada conquista em minha vida. OBRIGADA!
viii
SUMÁRIO
SUMÁRIO ........................................................................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................................x
LISTA DE TABELAS ............................................................................ Erro! Indicador não definido.
RESUMO ............................................................................................................................................... xi
ABSTRACT ......................................................................................................................................... xiii
CAPÍTULO 1 ...........................................................................................................................................1
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................1
1.1. PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA .........................................................................................1
1.2. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ....................................................................................1
1.3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA ..............................................................................2
CAPÍTULO 2 ...........................................................................................................................................3
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ...............................................................................................3
2.1. CRÁTON AMAZÔNICO .................................................................................................................3
2.1.1. Província Amazônia Central (PAC) .............................................. Erro! Indicador não definido.
2.1.2. Província Maroni-Itacaiunas (PMI) .............................................. Erro! Indicador não definido.
2.1.3. Província Ventuari-Tapajós (PVT) ............................................... Erro! Indicador não definido.
2.1.4. Província Rio Negro-Juruena (PRNJ) ............................................................................................6
2.1.5. Província Rondoniana-San Ignácio (PRSI) ................................... Erro! Indicador não definido.
2.1.6. Província Sunsás (PS) ................................................................... Erro! Indicador não definido.
2.2. PROVÍNCIAS E DISTRITOS AURÍFEROS DE MATO GROSSO ...............................................6
2.3. PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA (FOLHA ALTA FLORESTA) ..............................7
2.4. GEOLOGIA DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA ...................................................8
2.4.1. Complexo Bacaeri-Mogno (PPbm) ................................................................................................9
2.4.2. Complexo Cuiú-Cuiú (PPcc) ..........................................................................................................9
2.4.3. Suíte Intrusiva Juruena (PPgj) ........................................................................................................9
2.4.4. Suíte Intrusiva Paranaíta (PPγp) ...................................................................................................10
2.4.5. Alcalinas Rio Cristalino (PPlrc) ...................................................................................................10
2.4.6. Intrusivas Básicas Guadalupe (PPβg) ..........................................................................................10
2.4.7. Granito Nhandu (Ppgn) ................................................................................................................10
2.4.8. Suíte Colíder (PPαc) .....................................................................................................................11
2.4.9. Suíte Intrusiva Vitória (PPγv) ......................................................................................................11
2.4.10. Granito São Pedro (PPγsp) .........................................................................................................11
2.4.11. Granito Teles Pires (PPgtp) ........................................................................................................11
2.4.12. Grupo Beneficente (PPb .............................................................................................................11
2.4.13. Diabásio Cururu (Jdc) ................................................................................................................12
2.4.14. Depósitos Aluvionares (Q2a) .....................................................................................................12
ix
2.5. EVOLUÇÃO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA ................................................12
CAPÍTULO 2 .........................................................................................................................................15
ARTIGO SUBMETIDO ........................................................................................................................15
RESUMO ..............................................................................................................................................15
CAPÍTULO 4 .........................................................................................................................................34
CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ......................................................................................34
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Diferentes propostas de compartimentação tectono-geocronológica do Cráton Amazônico.
Modificado de Ruiz (2005). .....................................................................................................................5 Figura 2: Principais Províncias e Distritos Minerais de Mato Grosso. Fonte: Fernandes & Miranda
(2006). ......................................................................................................................................................7 Figura 3: Mapa simplificado da Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF) com seus principais
domínios geológicos e a localização de alguns depósitos auríferos (Modificado de Paes de Barros
2007). .......................................................................................................................................................8 Figura 4: Mapa dos domínios geológicos da Província Aurífera Alta Floresta (Oliveira 2003) ............9
xi
RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados de estudos geológicos, petrológicos e geoquímicos do depósito
aurífero Zé Vermelho localizado a 23 km ao norte da sede do município de Paranaíta, estado do Mato
Grosso e inserido na Província Aurífera Alta Floresta, próximo ao limite entre as Províncias Rio
Negro-Juruena e Ventuari-Tapajós do Cráton Amazônico. O depósito acha-se hospedado em uma zona
de falha de cavalgamento, rúptil-dúctil, de direção principal N50°W/45°NE, impressa em biotita
granodioritos, cálcio-alcalinos de alto-K, metaluminosos a levemente peraluminosos pertencentes à
Suite Intrusiva Paranaíta de idade próxima a 1.8Ga. A zona mineralizada consiste de dois veios de
quartzo subparalelos, o inferior denominado de Ze Vermelho Main Zone e o superior de Upper Ze
Vermelho Zone os quais estão separados entre si por uma coluna de granitoides estéreis de
aproximadamente 40 metros de espessura. Os veios de quarto mostram feições texturais e estruturais
indicativas de uma evolução por múltiplas injeções de fluido rico em sílica, denotadas por estruturas
laminadas seguidas de recristalização marcada por mudanças de coloração, quartzo branco leitoso,
maciço passando a quartzo de cor cinza recristalizado e culminando com intensa brechação e abertura
de espaços vazios. A mineralização é representada pelo minério de ouro e mostra relação direta com as
quantidades de sulfetos, principalmente pirita, secundariamente calcopirita e mais raramente esfalerita.
Os sulfetos ocorrem tanto substituindo o quartzo cinza recristalizado quanto preenchendo espaços
vazios em zonas de brechação e variam em volume desde disseminados com menos do que 2% em
volume até mais do que 90% quando então formam camadas maciças, tabulares com espessura
variando entre 2cm até 1,60 m em média em torno de 0,50 cm. O depósito foi subdividido em três
segmentos, Sul, Central e Norte os quais são caracterizados por diferenças texturais, presença de ouro
livre, e quantidade de sulfetos presentes. O segmento sul é caracterizado por veios de quartzo brancos,
de aspecto leitoso, maciços e com baixas quantidades de sulfetos, baixos teores de ouro, menores que
5 g/t e como característica relevante, o ouro livre foi unicamente encontrado neste segmento que
quando ocorre, pode atingir teores mais altos que 1kg/t. O segmento Central é caraterizado por uma
evolução mais complexa onde domina quartzo recristalizado de cor cinza, intensa brechação, alta
quantidade de sulfeto chegando a formar camadas maciças, ore shoot, o qual está acompanhado por
altos teores de ouro podendo chegar a 500 g/t. O segmento norte é caracterizado por veios estreitos
que tendem a desaparecer dando lugar unicamente a milonitos empobrecidos tanto em sulfetos quanto
em ouro. Neste segmento os teores de ouro são baixos, menores do que 1 g/t, ou inexistentes. A
integração dos dados tectônicos, estruturais e texturais permite caracterizar o Depósito Zé Vermelho
como tectono-controlado, do tipo Faut-fill vein, onde os maiores teores de ouro estão associados a
zonas de maior damage, com o desenvolvimento de ore-shoots. A caracterização desta tipologia de
depósito aurífero abre perspectiva interessante para a exploração mineral já que a repetição de ore-
shoots tanto ao longo do strike quanto ao longo do mergulho é fato comumente encontrado em outros
depósitos estudados o que aliado a sua economicidade permitiria o desenvolvimento de novas minas e
xii
consequentemente importante desenvolvimento econômico e social para o norte do Estado de Mato
Grosso, e sul do Amazonas e Pará.
xiii
ABSTRACT
The Ze Vermelho gold deposit is located 23 km north of Paranaita City, northern Mato Grosso State,
Brazil, and inserted in the realm of the Alta Floresta Gold Province close to the boundary between the
Rio Negro-Juruena and Ventuari-Tapajos provinces of the Amazon Craton. The deposit is hosted in a
gently dipping N45W trending thrust fault which overprints high-K calc-alkaline, metaluminous to
slightly peraluminous, biotite granodiorite of the Paranaita Intrusive suite of 1,8 Ga. The ore zone
consists of two subparallel quartz veins known as Ze Vermelho Main and Upper zones separated by a
40 m thick column of barren biotite granodiorites. The veins show textural and structural features
suggestive of an evolution given by multiple injections of a silica-rich fluid where laminated structures
developed followed by recrystallization which changes quartz texture and color, from massive and
white to fine-grained and grey and, ending up with intense brecciation and opening spaces. The
mineralization is gold only and shows direct relationship with the amount of sulphide, mainly pyrite,
with chalcopyrite to lesser extent and rare sphalerite. The sulphides occur both as replacing fine-
grained aggregates of grey quartz and as open-filling spaces and vary from disseminated with less than
2% in volume up to 90% when massive bands and layers are formed, the ore shoots, with thickness
varying from less than 2 cm up to 1,60 meters with a mean of 0,50 meters. Based on quartz vein
textural variations, presence of free gold, amount of sulphides and gold grade, the deposit is divided
into three segments, namely: South, Central and North. The south segment is characterized by veins
showing massive quartz with milky aspect, low sulphide amounts and gold grade lower than 5 g/t.
Free-gold was only found in this segment and in this case gold grades can reach up to 1 Kg/t. The
Central segment shows a more complex evolution and is characterized by grey and recrystallized
quartz along with intense brecciation, high sulphide contents and high gold grade up to 500 g/t. The
north segment shows narrower grey quartz veins which tend to disappear and give place to gold and
sulphide depleted mylonites, suggesting the closing of the mineralized structure. Gold grades in this
segment are always uneconomic lower than 1 g/t. Tectonic, structural and textural data integration
allows classifying the Ze Vermelho gold deposit as tectonic-controlled of fault-fill vein type with
higher gold grades associated higher damage zones where ore shoots are developed. The identification
of this gold deposit typology openes up an interesting potential for mineral exploration as ore-shoot
repetition both along the strike and dip is a common feature worldwide known in other gold deposits
which along with its profitability would allow the development of new gold mines and consequently
the economic and social development of the northen Mato Grosso and southern Amazonas and Para
regions.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1. PROBLEMÁTICA E RELEVÂNCIA
Dardene & Schobbenhaus 2001 estudaram a relação entre os principais eventos tectono-
metamórficos e os depósitos minerais gerados durante a estruturação do Cráton Amazônico no período
de 2,4 Ga a 1,5 Ga na tentativa de definir as principais épocas metalogenéticas ocorridas na região. No
Escudo Brasil-Central, a Época do Ouro, entre 1,95 e 1,8 Ga, inclui o desenvolvimento das Províncias
Auríferas Tapajós ao sul do Pará e Alta Floresta no centro-norte de Mato Grosso.
A Província Aurífera Alta Floresta (PAAF; Dardenne & Schobbenhaus 2001; Lacerda Filho et
al. 2004), é a maior província aurífera de Mato Grosso, ocupando uma faixa que se estende por mais
de 500 km no norte do Estado de Mato Grosso, na porção sul do Cráton Amazônico sendo uma das
mais importantes áreas produtoras de ouro do país (IBGE/SUDAM, 1990). Seus limites são
aproximadamente coincidentes com as coberturas vulcânicas e intrusivas de idade Proterozóica, cuja
instalação teria possivelmente influenciado, de alguma maneira, na remobilização do ouro.
Durante a década de 80, o Estado do Mato Grosso foi considerado como o primeiro ou
segundo produtor de ouro do Brasil (Barros et al. 1998), destacando-se a Província Peixoto – Teles
Pires – Aripuanã, que abrange os municípios de Alta Floresta, Peixoto de Azevedo, Matupá, Nova
Canaã do Norte, Paranaíta, entre outros. Contudo, devido à exaustão dos depósitos secundários e ao
elevado nível de degradação e comprometimento ambiental provocado pela atividade garimpeira
durante a década de 90, ocorreu um declínio da produção mineral no Estado. Barros et al. (1998)
afirmaram que essa região necessita de modelos de exploração mineral que permitam a viabilização da
lavra subterrânea dos filões de quartzo auríferos, que constituem uma reserva aurífera potencial.
1.2. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Este trabalho tem o propósito de contribuir com o acervo de informações de depósitos
auríferos primários da Província Aurífera Alta Floresta, assim com a geologia e geoquímica das rochas
que os hospedam, com base em mapeamento geológico tanto de superfície como de galerias lineares
subterrâneas, análises petrográficas, estruturais, geoquímicas da mineralização do depósito Zé
Vermelho e granitoides da Suíte Intrusiva Paranaíta.
Para os propósitos deste trabalho foram selecionados e estudados 17 furos de sondagem, os
quais foram considerados representativos das principais características do depósito em questão. Os
furos foram descritos objetivando a identificação das litologias, de processos deformacionais e de
alteração hidrotermal assim como a caracterização das zonas mineralizadas, dessa forma, pretendeu-se
alcançar os seguintes objetivos específicos:
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
2
Definir a geologia do depósito;
Caracterizar o depósito Zé Vermelho em segmentos do tipo preenchimento de zona de
falha.
1.3. MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA
Os dados aqui apresentados e coletados fizeram parte de um programa de exploração mineral
desenvolvido pela empresa Cougar Brasil Mineração LTDA e executado em grande parte pela
primeira autora sob a supervisão do segundo autor, na época Gerente de Exploração da empresa.
A coleta de dados foi iniciada com trabalho de mapeamento geológico da área do entorno do
depósito, em escala de detalhe (1:1.500), a qual foi seguida pela execução de 78 furos de sondagem
rotativa diamantada e mapeamento geológico-estrutural de detalhe de aproximadamente 450 m
lineares de galerias subterrâneas entre os níveis -50 m e -136 m.
Foram selecionados e estudados 17 furos de sondagem, os quais foram considerados
representativos tanto para as rochas hospedeiras quanto das principais características do depósito em
questão. Os furos foram descritos objetivando a identificação das zonas mineralizadas. Amostras
representativas de cada evento foram selecionadas e coletadas para posterior tratamento petrográfico e
geoquímico.
O estudo petrográfico foi baseado na descrição de 30 lâminas delgadas consideradas como
representativa do conjunto das rochas hospedeiras da mineralização. As seções delgadas foram
confeccionadas no laboratório de laminação da Universidade Federal do Ceará.
Para o estudo geoquímico 36 amostras foram selecionadas, assim distribuídas: 9
representativas de biotita-granodiorito, 12 de sienogranito e duas de vulcânicas dacíticas. Todas as
amostras foram analisadas para elementos maiores por Fluorescência de Raios-X e elementos menores
e Terras Raras por ICP-MS. O laboratório utilizado para as análises químicas foi o SGS-Geosol, Belo
Horizonte, MG. Das 36 amostras analisadas 23 foram utilizadas, já que 13 amostras retornaram com
valores de perda ao fogo maiores do que 2% e, portanto consideradas como alteradas para o propósito
deste estudo.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
3
CAPÍTULO 2
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
2.1. CRÁTON AMAZÔNICO
O arcabouço geotectônico da região estudada está relacionado com a evolução do Cráton
Amazônico. Seu limite oriental é definido pelos Cinturões Neoproterozóicos Paraguai (SE) e Araguaia
(E); enquanto a N, S e W apresenta-se recoberto pelos sedimentos das Bacias Subandinas. A Sinéclise
do Amazonas, cuja calha central orienta-se segundo a direção E-W, separam-no em dois escudos: a
norte o Escudo das Guianas e a sul o Escudo Brasil Central. Comportando-se como área estabilizada
durante o Ciclo Brasiliano, o Cráton Amazônico compreende a quase totalidade das rochas arqueanas
e paleoproterozóicas expostas na região norte do país. Almeida et al. (1977) dividiu o Cráton em duas
províncias estruturais, separadas pela Bacia Sedimentar Amazônica: a Província Rio Branco, a norte e
a Província Tapajós, ao sul. O Maciço do Rio Apa, exposto no Mato Grosso do Sul e Paraguai, aflora
entre os sedimentos da Bacia do Pantanal e representa o extremo meridional do Cráton (Ruiz 2005).
Amaral (1974), em levantamento de dados geológicos e geocronológicos (K-Ar e raros Rb-
Sr), propõe a divisão do cráton em províncias, baseando-se, nos trabalhos de mapeamento geológico
executado pela CPRM e RADAMBRASIL nos anos 70.
Diversas propostas de evolução geotectônica foram elaboradas, sendo que sua divisão em
unidades geotectônicas e os limites propostos para as mesmas variam bastante. Sua evolução foi por
um período sintetizada em dois modelos interpretativos principais, o modelo fixista e o modelo
mobilista. De um lado os autores alicerçados nos conceitos da escola geossinclinal apresentam um
modelo baseado na recorrência de sucessivas reativações proterozóicas em uma extensa plataforma
arqueana-paleoproterozóica; enquanto, outros pesquisadores, que empregam os fundamentos da Teoria
da Tectônica de Placas, defendem um processo de evolução crustal baseado em sucessivas acresções
de crosta juvenil, do Arqueano até o limiar do Neoproterozóico, em torno de um núcleo arqueano.
Esse núcleo é denominado de Província Amazônia Central (Cordani & Brito Neves 1982).
Hasui et al. (1984) descreveram as principais feições tectônicas e descontinuidades do Cráton
Amazônico extraídas da análise de dados geofísicos e estruturais. Neste modelo, o quadro tectônico do
Cráton é configurado em vários blocos crustais, relacionados à evolução Arqueana. As bordas destes
blocos são definidas por anomalias gravimétricas positivas, fortes variações nas respostas magnéticas,
e trends lineares de estruturas tectônicas. Nos núcleos destes blocos são comuns ocorrências de
granitóides e de seqüências metavulcanossedimentares do tipo greenstone belts.
Baseando-se em dados geocronológicos e tectônicos, Tassinari & Macambira (1999)
dividiram o Cráton Amazônico em seis províncias: Amazônia Central (> 2,3 Ga), Maroni-Itacaiunas
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
4
(2,2 a 1,9 Ga), Ventuari-Tapajós (1,9 a 1,8 Ga), Rio Negro-Juruena (1,8 a 1,55 Ga), Rondoniana-San
Ignácio (1,5 a 1,3 Ga) e Província Sunsás (1,25 a 1,0 Ga).
Santos et al. (2000) identificam oito províncias tectônicas com base, principalmente, nos
dados geocronológicos obtidos pelo método U-Pb (SHRIMP). Em seqüência cronológica tem-se:
Província Carajás, Transamazônica, Tapajós-Parima, Amazônia Central, Rio Negro, Rondônia-
Juruena, Sunsás.
Ruiz 2005 posiciona o Maciço Rio Apa como parte do Cráton Amazônico com base em várias
observações, dentre elas as unidades litoestratigráficas que constituem o Cinturão Dobrado Paraguai e
o Cinturão Tucavaca na Bolívia. A figura 1 ilustra as principais propostas de compartimentação
tectono-geocronológica para o Cráton Amazônico.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
5
Figura 1: Diferentes propostas de compartimentação tectono-geocronológica do Cráton Amazônico. Modificado
de Ruiz (2005).
Considerando as recentes e distintas propostas de compartimentação do Cráton Amazônico, a área de
estudos está encaixada em diferentes províncias geocronológicas-geotectônicas, a saber: Rondônia-
Juruena (1,8-1,5 Ga) segundo os modelos de Santos et al. (2000); Rio Negro-Juruena (1,8-1,55 Ga) do
modelo de Tassinari & Macambira (1999). Destaque será dado apenas a Província Rio Negro-Juruena
(PRNJ), sendo caracterizada por um Trend alongado NW-SE, além da sua relação com tipologia dos
depósitos primários determinados por Coutinho et al. 2000; Santos et al. 2000 e Juliani et al. 2000.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
6
2.1.1. Província Rio Negro-Juruena (PRNJ)
A Província Rio Negro-Juruena de Tassinari & Macambira 1999, que corresponde, com
pequenas modificações em área à Província Rondônia-Juruena de Santos et al.2000, é constituída por
inúmeros corpos graníticos, desenvolvida através de uma sucessão de arcos magmáticos de idades
entre 1,8 e 1,55 Ga. Localizada na porção sudoeste e noroeste do Cráton Amazônico, formado por
rochas de composição granítica a granodiorítica, muitas exibindo texturas gnáissicas. Seu
embasamento é composto por gnaisses, granodioritos, tonalitos, migmatitos, granitos e anfibolitos. As
direções estruturais predominantes são NW-SE, cortadas em algumas áreas por estruturas NE-SW,
relacionadas a zonas de cisalhamentos posteriores, vinculadas ao evento tectono-termal Nickeriano
(1100 Ma), que seccionaram grandes áreas do cráton (Tassinari 1996).
O magmatismo granítico anorogênico que ocorre na PRNJ é representado por granitos
intraplaca tipo A, principalmente com composição sienogranítica e monzogranítica, alguns deles com
textura rapakivi, associada gabro, sienito, mangerita e charnockitos (Tassinari & Macambira 1999).
Atividades magmáticas máficas na PRNJ ocorreram dentro de três diferentes períodos de tempo, os
mais velhos entre 1,4 e 1,35 Ga e os outros vão 1,25-1,15 Ga e 0,98-0,95 Ga (Tassinari 1996).
Tipologia dos Depósitos Primários da PRNJ (Coutinho et al. 2000; Santos et al. 2000 e Juliani et
al. 2000)
Depósitos Orogênicos: veios de quartzo auríferos em zona de cisalhamento
hospedados em sequências vulcanossedimentares e granitoides calcio-alcalinos (Ex: Complexo Cuiú-
Cuiú e SIP)
Depósitos Relacionados a Intrusões Graníticas: filoneanos e disseminados tipo
stockwork em granitoides cálcio-alcalinos oxidados e granitos alcalinos (Ex: S. Creporizão e Parauari);
Depósitos Epitermais: filoneanos e disseminados de alta a baixa sulfetação. Ocorrem
na parte central da PT, hospedados em rochas vulcânicas e piroclásticas félsicas (Ex: Grupo Iriri e S.I.
Maloquinha).
2.2. PROVÍNCIAS E DISTRITOS AURÍFEROS DE MATO GROSSO
Proposto por Oliveira & Albuquerque 2003, cinco províncias e distritos auríferos são
reconhecidos no estado de Mato Grosso (Fig. 2):
1. Província Aurífera Cuiabá-Poconé;
2. Distrito Aurífero Nova Xavantina;
3. Província Aurífera Alto Guaporé;
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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4. Distrito Aurífero Alto Jauru e;
5. Província Aurífera Alta Floresta.
O ouro produzido na maior parte dessas províncias e distritos provém de atividades
garimpeiras. No período que compreende os anos de 1979 a 1995, a Província Aurífera Alta Floresta
(distritos auríferos Peixoto de Azevedo-Teles Pires-Aripuanã) destaca-se, com produção na ordem de
160 ton. de ouro, exclusivamente de origem garimpeira (Fernandes & Miranda 2006).
Figura 2: Principais Províncias e Distritos Minerais de Mato Grosso. Fonte: Fernandes & Miranda (2006).
2.3. PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA (FOLHA ALTA FLORESTA)
A Província Aurífera Alta Floresta (PAAF; Dardenne & Schobbenhaus 2001; Lacerda Filho et
al. 2004), também descrita como Juruena-Teles Pires (Moura 1998) prolonga-se da região de
Aripuanã, passando por Alta Floresta até a região de Peixoto de Azevedo-Matupá. Paes de Barros et
al. (1999) e Dardenne e Schobbenhaus (2001) descrevem que esta província é essencialmente aurífera,
delimitada pelos Grábens do Cachimbo, ao norte, e dos Caiabís, a sul (Fig. 3).
Trabalhos como o de Paes de Barros (1994), Madruci (2000), Paes de Barros (2007) e Silva
(2008) e mais recentes como Moura (2004) e Assis (2012), são as principais referências para esta
região.
O seu embasamento, denominado de Complexo Cuiú-Cuiú, (Pessoa et al. 1977), ou Complexo
Xingu (Silva et al. 1974), consiste essencialmente de granitóides de composição granítica a
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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monzogranítica, de gnaisses graníticos a tonalíticos, além de xistos, rochas máficas e ultramáficas,
BIF’s e migmatitos (Dardenne & Schobbenhaus 2001; Paes de Barros 2007).
Zonas de cisalhamento dúctil, transcorrentes, com cinemática sinistrógiras afetam essas
rochas, configurando faixas anastomosadas e alinhadas de direção NW-SE que contornam porções
menos deformadas. Esse arranjo estrutural constitui um dos principais controles determinantes para o
alojamento de grande parte dos depósitos auríferos filoneanos e dos corpos graníticos que contém
sistemas especializados a ouro (Paes de Barros 1994).
Figura 3: Mapa simplificado da Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF) com seus principais domínios
geológicos e a localização de alguns depósitos auríferos (Modificado de Paes de Barros 2007).
2.4. GEOLOGIA DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA
Os trabalhos desenvolvidos na área desta Província obtidos pelas equipes do Projeto Promin-
Alta Floresta (Oliveira 2003), através da análise de sensores remotos, descrição sistemática de aflora-
mentos e de frentes garimpeiras, prospecção geoquímica, levantamento gravimétrico e análises
petrográficas, calcográficas, químicas e geocronológicas, permitiram a individualização, na Folha Alta
Floresta, de quatorze unidades litoestratigráficas, posicionadas estratigraficamente desde o
Paleoproterozóico até o Quaternário (Fig. 4).
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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2.4.1. Complexo Bacaeri-Mogno (PPbm)
Esta unidade foi cartografada como Complexo Xingu por Silva et al. (1980), na Folha SC.21-
Juruena, onde foi descrita como um conjunto polimetamórfico indiviso, reunindo granitos,
granodioritos, gnaisses, migmatitos, anfibolitos e granulitos como fazendo parte de um embasamento
pré-cambriano médio a superior. Oliveira 2003 propõe a denominação de Com-plexo Bacaeri-Mogno,
para designar essa associação de rochas supracrustais e corpos plutônicos básicos (gabro e norito)
reequilibrados na fácies anfibolito alto a granulito, que ocorrem principalmente nas fazendas Mogno e
Bacaeri (área-tipo) situados no quadrante SW da folha, no vale do rio Apiacás e no interflúvio dos rios
Apiacás e Paranaíta.
2.4.2. Complexo Cuiú-Cuiú (PPcc)
As rochas gnáissicas, migmatíticas e anfibolíticas anteriormente mapeadas e consideradas
como Complexo Xingu (Silva et al. 1980 e Barros, 1994) na área, foram reduzidas a estreitas faixas
alongadas e correlacionadas ao Complexo Cuiú- Cuiú, definido na Província Tapajós (Pessoa et al.,
1977), nas proximidades da vila homônima. Oliveira 2003 descreve os litótipos do Complexo Cuiú-
Cuiú acham-se representados por fatias remanescentes, descontínuas e alongadas de direção ESE-
WNW, com cerca de 12 km de comprimento por 1 km a 2 km de largura, em média, localizadas
principalmente a nordeste da cidade de Alta Floresta e nos arredores de Carlinda, em meio a um relevo
dissecado, e litossolo areno-argiloso cinza-amarelado, com assinatura geofísica marcada por baixos
valores radiométricos (50 a 80cps) e às vezes por anomalias magnéticas positivas.
Figura 4: Mapa dos domínios geológicos da Província Aurífera Alta Floresta (Oliveira e Albuquerque 2005).
2.4.3. Suíte Intrusiva Juruena (PPgj)
A denominação Granito Juruena foi proposta por Silva et al.1974 para designar corpos
graníticos remobilizados do Complexo Xingu, situados na Folha SC. 21 - Juruena, apresentando
expressão topográfica positiva nas imagens de radar, forma elíptica a fu-siforme e orientação NW-SE,
compreendendo granitoides porfiroides biotíticos e muscovíticos, frequentemente gnaissificados.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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Sugeriram uma origem sino-rogênica para esses corpos graníticos, correlacionando-os ao Ciclo
Transamazônico (2.600-1.800 Ma).
2.4.4. Suíte Intrusiva Paranaíta (PPγp)
Está distribuída em áreas anteriormente tidas e cartografadas como pertencentes ao Complexo
Xingu, a Formação Iriri e ao Granito Teles Pires (Silva Neto et al., 1980; Silva et al., 1980; e Souza et
al., 1979). Suíte Intrusiva Paranaíta para representar um clã de rochas graníticas calcioalcalinas de
médio a alto po-tássio, formadas dominantemente por litótipos da sé-rie monzogranítica, destacando-
se monzogranitos, biotita-quartzo monzonitos, biotita granitos, hornblenda-biotita granitos e
magnetita-biotita granito. São porfiríticos a eqüigranulares, isotrópicos, com de-formação confinada,
portadores geralmente de quart-zo azulado, magnetita e de enclaves de dioritos, micro-dioritos e
quartzo-dioritos pórfiros.
2.4.5. Alcalinas Rio Cristalino (PPlrc)
Alcalinas Rio Cristalino, em razão das suas relações de campo, da datação feita por Santos
2000, no corpo supramencionado, ter indicado ida-de U/Pb de 1.806�3 Ma e dos resultados
litogeoquímicos. Constituem um clã de rochas formadas por sienitos, quartzo sienitos e riebeckita-
egirina sienitos que ocorrem na confluência dos rios Cristalinos e Teles Pires, leste do Porto da
Madeiseik, cerca de 24 km a NNE de Alta Floresta.
Acham-se reunidas num batólito de aproximada-mente 14 km por 7 km, em formato
elipsoidal, onde os seus contatos encontram-se mascarados por coberturas aluvionares e latossolos
argilosos vermelhos, com magnetita disseminada.
2.4.6. Intrusivas Básicas Guadalupe (PPβg)
Um clã de corpos básicos, representados por gabros, microgabros, diabásios e dioritos
porfiríticos a eqüigranulares, relacionados com os granitóides das suítes Paranaíta e Juruena, e da Suíte
Colíder, como uma mistura de magmas ou na forma intrusiva, controlados às vezes por fraturas
extensionais (N50°E) ou falhas transcorrentes NW-SE a E-W.
2.4.7. Granito Nhandu (Ppgn)
O termo Granito Nhandu foi introduzido por Souza et al. 1979 para representar granitóides
porfiríticas com matriz fanerítica, de composição granodiorítica-tonalítica, coloração cinza-clara,
textura pseudo-rapakivítica e estrutura isótropa, distribuídos em corpos subcirculares, no médio curso
do rio Nhandu, separados dos gnaisses e migmatitos do Complexo Xingu por essas feições peculiares.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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2.4.8. Suíte Colíder (PPαc)
Compreende o vulcanismo ácido que ocorre no flanco meridional da Serra do Cachimbo, na
base do Grupo Beneficente. Anteriormente foi denominado de Grupo Iriri, termo introduzido por
Forman et al. 1972 para representar as rochas vulcânicas e plu-tônicas ácidas, distribuídas ao longo do
rio Iriri. Andrade et al. 1978 adotaram a designação de Grupo Iriri, subdividindo-o em Formação Iriri
(vulcano-clásticas) e Formação Salustiano (derrames ácidos), na região do Tapajós.
2.4.9. Suíte Intrusiva Vitória (PPγv)
Distribui-se em corpos elípticos a sigmoidais, alon-gados e controlados por expressivas zonas
de cisa-lhamento de direção NW-SE e WNW-ESE. Na Folha Alta Floresta, destacam-se
principalmente os termos de médio a alto grau metamórfico, repre-sentados por enderbitos e
metaquartzo-dioritos que ocorrem aglutinados em dois plútons, situados no retiro da fazenda Mogno,
leste do ribeirão Muquém e nas adjacências do morro do Túnel, limites das fazendas Mogno e Bacaeri.
2.4.10. Granito São Pedro (PPγsp)
Foram denominados Granito São Pedro, os corpos plutônicos anisótropos de aspecto
sigmoidal, sob a forma de batólitos e stocks aglutinados, formando uma extensa faixa, controlada por
amplas e extensi-vas zonas de cisalhamento dúctil, transcorrente oblí-qua e contracional, com direção
predominante WNW-ESE a NW-SE.
2.4.11. Granito Teles Pires (PPgtp)
Segundo Oliveira 2003, trata-se de um conjunto de corpos graníticos intrusivos, pós-
orogênicos, calcioalcalinos de alto potássio, formados dominantemente por granito porfirítico,
vermelho-tijolo, localmente com textura rapakivi, reunido a granitos finos e alcaligranito, eqüigra-
nulares a porfiríticos, isotrópicos, não deformados, dispostos na forma destockse batólitos subcircula-
res a elipsoidais, geralmente intrusivos nas rochas vulcânicas da Suíte Colíder. Os termos
subordinados são representados por microgranitos, granitos finos e granófiros, ocorrendo geralmente
na forma de di-ques esills, encontrados na fazenda Ilha do Cristalino e norte do Porto da Madeiseik.
2.4.12. Grupo Beneficente (PPb)
Esta denominação foi proposta por Almeida & Nogueira Filho (1959) para designar uma
seqüência se-dimentar composta por duas litofácies: uma inferior, quartzítica, aflorando no povoado
de Beneficente e uma superior, pelítica, aparecendo no baixo curso do Igarapé das Pedras. Diversos
outros autores usaram esta mesma terminologia para caracterizar os sedi-mentos encontrados desde o
Rio Sucunduri até a BR-163 (Cuiabá-Santarém), na região conhecida como serra do Cachimbo.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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2.4.13. Diabásio Cururu (Jdc)
Destacam-se vários diques concentrados no quadrante NE da Folha Alta Floresta, realçados
por expressivos alinhamentos topográficos na direção NW-SE, bem demarcados na imagem de
satélite, com dimensões de até 30 km de comprimento. Esses diques intrudem os sedimentos do Grupo
Beneficente. Apresentam composição de diabásio a olivina diabásio, de cor cinza-escura a preta,
textura ofítica a subofítica e são compostos por plagioclásio, piroxênio (augita), hornblenda, minerais
opacos (magnetita, sulfeto) e às vezes olivina, apatita, clorita, epidoto e carbonato.
2.4.14. Depósitos Aluvionares (Q2a)
Os depósitos aluvionares destacam-se por sua morfologia típica de planícies sedimentares
associadas ao sistema fluvial, sendo que as aluviões sub-recentes ocorrem em posições topográficas
mais alçadas em relação às aluviões recentes. Essas coberturas aluvionares são formadas por
sedimentos arenosos e argilosos inconsolidados e semiconsolidados, com níveis de cascalho
associados, concentrando-se na área ao longo do rio Teles Pires e seus tributários: Quatro Pontes,
Santa Helena e Paranaíta (margem esquerda) e ribeirão Rochedo (margem direita).
2.5. EVOLUÇÃO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA
Os dados coligidos pelo levantamento geológico-geoquímico e geocronológico no Promin-
Alta Floresta (Oliveira 2003), aliados a uma reavaliação dos dados bibliográficos, permitiram tecer um
quadro regional com individualização de três ambientes geotectônicos distintos, denominados Arco
Tapajós (1,9 Ga), Arco Juruena (1,85-1,75Ga), e Terrenos de retroarco da região do Cabeças (1,74
Ga). Na Folha Alta Floresta foi reconhecida principalmente dois estágios geotectônicos: um orogênico
e outro pós-orogênico.
O estágio orogênico acha-se representado pelas associações: pré- colisionais, colisional e pós-
colisional transcorrente, conforme modelo proposto por Liégeois (1998). O período pré-colisional, na
região, acha-se documentado por supracrustais do Complexo Bacaerí-Mogno, de idade isocrônica
Sm/Nd de 2,24Ga com Nd(t) de + 2,5, obtida em anfibolitos (vestígios de uma antiga bacia oceânica,
formada no estágio pré-orogênico), e pelos ortognaisses graníticos e monzoníticos do Complexo Cuiú-
Cuiú (U-Pb 1.992 7Ma), afetadas por metamorfismo da fácies anfibolito alto a granulito, deformação
dúctil coaxial com forte encurtamento crustal na direção NW-SE, decor-rente da compressão máxima
em torno de N65°W. O fechamento dessa bacia oceânica foi conduzida por processos de subducção e
conseqüente colisão oblíqua com o Arco Magmático Cuiú-Cuiú (Vasquez et al., 2002), gerando as
suítes plutono-vulcânicas e plutônicas do Arco Magmático Juruena (1.85-1.75Ga.).
Ocorrências restritas de leucogranitos peraluminosos (Granito Apiacás), cavalgamentos
oblíquos, feições de anatexia e metamorfismo de fácies anfibolito alto a granulito, marcam o período
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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colisional da Província Juruena, que provocou espessamento crustal e formação de uma provável
sutura, sinalizados por uma expressiva anomalia gravimétrica de direção WNW-ESE, detectada no
quadrante SW da folha. O Arco Magmático Juruena foi desenvolvido principalmente no período pós-
colisional (segundo a conceituação de Liégeois, 1998), e apresenta uma estruturação NW-SE,
compreendendo dois segmentos crustais: 1) Granito-vulcânico e 2) Terreno Acrescionário de médio a
alto grau metamórfico.
O primeiro segmento constitui um cinturão de rochas plutono-vulcânicas afetadas por
deformação rúptil a rúptil-dúctil (confinada), metamorfismo incipiente, formadas por um magmatismo
calcioalcalino alto potássio da série monzonítica/monzonítica-gra-nítica: suítes Juruena (1.848 ±17Ma
a 1.817 ±57Ma) e Paranaíta (1.803±16Ma a 1.793±6Ma), reunindo granitos tipo I oxidados, em íntima
associação tem-poral e espacial com as Intrusivas Básicas Guadalu-pe e com as vulcânicas ácidas e
intermediárias da Suíte Colíder (1.801±11Ma a 1.786±17Ma), onde predominam microgranitos,
micromonzonitos, riolitos, riodacitos e andesitos. Junto a este segmento ocorrem no final do estágio
pós-colisional granitos calcioalcalinos alto potássio altamente fracionados, tipo I oxidados (Granito
Nhandu) com tendência shoshonítica e rochas alcali-nas saturadas (Alcalinas Rio Cristalino-U/Pb
1.806±3Ma).
Ocorre ainda, um terreno acrescionário de médio a alto grau formado no estágio pós-
colisional, na fase distensional, constituído por granitóides calcioalcalinos, sin a tarditranscorrentes
dispostos segundo megazonas de cisalhamentos transcorrentes transtensionais, dúcteis de direção NW-
SE a WNW-ESE, adjacentes a uma provável zona de sutura, reunidos como Granito São Pedro (idade
U/Pb de 1.786Ma±17Ma a 1.784±17Ma e idade Sm/Nd 2.147 e 2.060Ma com Nd(t) = -1,11 e +0,65) e
Suíte Intrusiva Vitória (idade U/Pb 1.775±10Ma com idade-modelo 2.260Ma). Esses dados, somados
à presença de restitos máficos e pelíticos nestes granitóides, atestam a fusão de uma placa crustal
(Complexo Bacaeri-Mogno), que interagiu com fontes mantélicas na geração desses granitóides.
Em espaço temporal tardio a este terreno acrescionário pós-colisional, e num estágio pós-
orogênico, ocorrem os alcaligranitos Teles Pires (idade U/Pb de 1,75Ga e idade-modelo TDM de
2,10Ga), intrusivos em rochas da Suíte Colíder e em granitóides da Suíte Juruena.
O Grupo Beneficente constituído pelas seqüências: Siliciclástica basal (PPb1), clasto-química
(PPb2, PPb3 e PPb4) e siliciclástica (topo) (PPb5), de idade 1,7Ga (Pb/Pb), segundo Saes & Leite
(2002) obtida em zircão detrítico de conglomerados da unidade (PPb1), que representa idade máxima
Pb/Pb para início da deposição dessa bacia. São controladas às vezes por megazonas transcorrentes
EW a NW-SE, constituindo possíveis reativações e rearticulação das feições estruturais herdadas da
evolução do arco magmático Juruena, propiciando o desenvolvimento de bacias tipo pull apart e
assemelhadas em posição de retroarco e zonas transtensionadas.
O Fanerozóico acha-se representado pelos diques de diabásio jurássicos (180 Ma) tipo Cururu.
Recobrindo as unidades mais antigas, ocorrem as coberturas detríticas e lateríticas terciárias e aluvio-
nares quaternárias, que completam o quadro geológico da Província Juruena.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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A área do depósito Zé Vermelho corresponde ao domínio rúptil-dúctil a rúptil e acha-se
preservado através dos terrenos com deformações descontínuas, não penetrativas, próprios das suítes
intrusivas Juruena, Paranaíta, Granitos Nhandu, Teles Pires, vulcânicas/(subvulcânicas Colíder) e
coberturas paleoproterozóicas (Grupo Beneficente), perfazendo cerca de 75% da fo-lha. Caracteriza-se
por zonas confinadas de cisalhamento, com largura centimétrica a métrica, formada pela nucleação de
fraturas e/ou falhas preexistentes.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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CAPÍTULO 2
ARTIGO SUBMETIDO
O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO DA PROVÍNCIA AURÍFERA ALTA FLORESTA:
UMA TIPOLOGIA DE DEPÓSITO DE PREENCHIMENTO DE ZONA DE FALHA.
Brunna Jéssica Pajanoti(1)
, Jayme Alfredo Dexheimer Leite(1,2)
, Marcel Sena Campos (3)
, Maria
Zélia Aguiar de Sousa (1,2,4,5)
(1) Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Ciências Exatas e da Terra –
(ICET), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Avenida Fernando Corrêa, s/n,
Bairro Coxipó. CEP: 78060-900. Cuiabá-MT, Brasil. E-mail: [email protected]
(2) Departamento de Recursos Minerais, ICET, UFMT. E-mail: [email protected]
(3) Universidade de Várzea Grande (UNIVAG) (4) Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica – Guaporé
(5) Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Geociências da Amazônia (GEOCIAM)
RESUMO
O depósito aurífero Zé Vermelho acha-se hospedado em uma zona de falha de cavalgamento, rúptil-
dúctil, de direção N50°W/45°NE impressa em biotita granodiorito. A zona mineralizada consiste de
dois veios de quartzo subparalelos, o inferior denominado de Ze Vermelho Main Zone e o superior de
Upper Ze Vermelho Zone, separados por uma coluna de granitoides estéreis de aproximadamente 40 m
de espessura. A mineralização de ouro mostra relação direta com os sulfetos, principalmente pirita,
secundariamente calcopirita e mais raramente esfalerita. O depósito foi subdividido em três
segmentos, Sul, Central e Norte, caracterizados por diferenças texturais, presença de ouro livre, e
quantidade de sulfetos presentes. O segmento sul é caracterizado por veios de quartzo de aspecto
leitoso, maciço, baixas quantidades de sulfeto e teores de ouro menores que 5 g/t. Ouro livre foi
unicamente encontrado neste segmento. O segmento Central é caraterizado por uma evolução mais
complexa onde domina quartzo recristalizado de cor cinza, intensa brechação, alta quantidade de
sulfeto chegando a formar camadas maciças, ore shoots, os quais estão acompanhados por altos teores
de ouro podendo chegar a 500 g/t. O segmento norte é caracterizado por veios estreitos que tendem a
desaparecer dando lugar unicamente a milonitos empobrecidos tanto em sulfetos quanto em ouro com
teores menores do que 1 g/t, ou inexistentes. A integração dos dados tectônicos, estruturais e texturais
permite caracterizar o depósito Zé Vermelho como tectono-controlado, do tipo faut-fill vein, onde os
maiores teores de ouro estão associados a zonas de maior damage, com o desenvolvimento de ore-
shoots.
Palavras-chave: Cráton Amazônico, Província Aurífera de Alta Floresta, fault-fill vein, ore shoot.
ABSTRACT - THE ZE VERMELHO GOLD DEPOSIT OF THE ALTA FLORESTA GOLD
PROVINCE: A FAULT-FILLING BEIN TYPE PF DEPOSIT.
The deposit is hosted in a gently dipping N45W trending thrust fault overprints biotite granodiorite.
The ore zone consists of two subparallel quartz veins known as Ze Vermelho Main and Upper zones
separated by a 40 m thick column of barren biotite granodiorites. The mineralization oh the gold
shows direct relationship with the amount of sulphide, mainly pyrite, with chalcopyrite to lesser extent
and rare sphalerite. Based on quartz vein textural variations, presence of free gold, amount of
sulphides and gold grade, the deposit is divided into three segments, namely: South, Central and
North. The south segment is characterized by veins showing massive quartz with milky aspect, low
sulphide amounts and gold grade lower than 5 g/t. Free-gold was only found in this segment. The
Central segment shows a more complex evolution and is characterized by grey and recrystallized
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
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quartz along with intense brecciation, high sulphide contents and high gold grade up to 500 g/t. The
north segment shows narrower grey quartz veins which tend to disappear and give place to gold and
sulphide depleted mylonites, suggesting the closing of the mineralized structure. Gold grades in this
segment are always uneconomic lower than 1 g/t. Tectonic, structural and textural data integration
allows classifying the Ze Vermelho gold deposit as tectonic-controlled of fault-fill vein type with
higher gold grades associated higher damage zones where ore shoots are developed.
Keywords: Amazon Craton, Alta Floresta Gold Belt, fault-fill veins, ore shoot.
INTRODUÇÃO
Os depósitos minerais gerados durante a estruturação do Cráton Amazônico (2,4 Ga a 1,5 Ga)
representam importantes alvos da exploração mineral, especialmente para ouro e metais base. Segundo
Dardene & Schobbenhaus 2001, a relação entre os principais eventos tectono-metamórficos e as
mineralizações associadas, permite uma tentativa de definição das principais épocas metalogenéticas
ocorridas nessa região. No Escudo Brasil-Central, a Época do Ouro, entre 1,95 e 1,8 Ga, inclui o
desenvolvimento das Províncias Auríferas Tapajós ao sul do Pará e Alta Floresta no centro-norte de
Mato Grosso.
O depósito de ouro Zé Vermelho é uma das várias ocorrências primárias de ouro alojadas em zonas de
cisalhamento no centro-norte do estado do Mato Grosso, com histórico garimpeiro no final da década
de 80 e início de 90. O depósito consiste de um sistema de veios de quartzo-pirita intrudido ao longo
de plano de falha de cavalgamento de strike dominante N45°W com mergulhos suaves a moderados,
25 a 60 graus para NE. Milonitos centimétricos a decamétricos de composição granítica estão
desenvolvidos tanto no hanging wall quanto no footwall e não raro apresentam proporções importantes
de pirita disseminada. Este conjunto, de veio e milonito que constitui a zona mineralizada, atinge uma
largura máxima reconhecida de 2 metros, no entanto, com uma média aproximada de 0,50 m.
Entre as unidades litoestratigráficas que encaixam a zona mineralizada, há predomínio de biotita-
granodiorito pertencente a Suíte Intrusiva Paranaíta (Oliveira & Albuquerque 2003). Esta Suíte forma
corpos de tamanhos variados, de stock a batólito, orientado preferencialmente NW-SE, portadores de
mineralizações auríferas e de quartzo azulado, porfiríticos, isotrópicos a localmente foliados,
principalmente quando próximos à zona mineralizada.
O propósito deste trabalho é contribuir com o conhecimento acerca dos depósitos auríferos filoneanos
da Província Aurífera Alta Floresta, a partir do reconhecimento da constituição e geometria do
depósito Zé Vermelho, ampliando-se assim o conhecimento e a caracterização desta tipologia de
depósito aurífero abrindo uma perspectiva interessante para a exploração mineral já que a repetição de
ore-shoots tanto ao longo do strike quanto ao longo do mergulho é fato comumente encontrado em
outros depósitos estudados o que aliado a sua economicidade permitiria o desenvolvimento de novas
minas e consequenteente importante desenvolvimento econômico e social para o norte do Estado de
Mato Grosso, e sul do Amazonas e Pará.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados aqui apresentados foram coletados como parte de um programa de exploração mineral
desenvolvido pela empresa Cougar Brasil Mineração LTDA e executado em grande parte pela
primeira autora sob a supervisão do segundo autor, a época Gerente de Exploração da empresa.
A coleta de dados foi iniciada com trabalho de mapeamento geológico da área do entorno do depósito,
em escala de detalhe (1:1.500), a qual foi seguida pela execução de 78 furos de sondagem rotativa
diamantada e mapeamento geológico-estrutural de detalhe de aproximadamente 450 m lineares de
galerias subterrâneas entre os níveis -50 m e -136 m.
Para os propósitos deste trabalho foram selecionados e estudados 17 furos de sondagem, os quais
foram considerados representativos das principais características do depósito em questão. Os furos
foram descritos objetivando a identificação das litologias, de processos deformacionais e de alteração
hidrotermal assim como a caracterização das zonas mineralizadas.
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
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Cráton Amazônico
O depósito Zé Vermelho está localizado na porção NW da Província Rio Negro-Juruena do Cráton
Amazônico. O Cráton Amazônico (Braun 1974; Almeida et al. 1976; Almeida 1978) compreende a
quase totalidade das rochas arqueanas e paleoproterozóicas expostas na região norte e centro-oeste do
Brasil tendo adquirido condições plataformais ao início do Neoproterozóico. Segundo Almeida et al.
1977, o Cráton pode ser dividido em duas províncias estruturais, separadas pela Bacia Sedimentar
Amazônica: a Província Rio Branco, a norte e a Província Tapajós, ao sul. Ao longo dos anos,
diversos autores tais como Hasui et al. 1984, baseado em dados geofísicos, Tassinari & Macambira
1996; 1999 e Santos et al. 2000, através de dados geocronológicos e Ruiz 2005 com dados de
compartimentação tectono-geocronológica, têm proposto sucessivas subdivisões do Cráton. Neste
trabalho, é considerada a proposta de Tassinari & Macambira 1999, onde a construção do Cráton se dá
a partir da existência de seis províncias geocronológicas (Fig. 1), a saber: Amazônia Central (> 2,3
Ga), Maroni-Itacaiunas (2,2 a 1,9 Ga), Ventuari-Tapajós (1,9 a 1,8 Ga), Rio Negro-Juruena (1,8 a 1,55
Ga), Rondoniana-San Ignácio (1,5 a 1,3 Ga) e Província Sunsás (1,25 a 1,0 Ga). Destaque será dado
apenas a Província Rio Negro-Juruena já que é aquela que inclui a área objeto de estudo.
Figura 1: Mapa esquemático mostrando a distribuição das Províncias Geocronológicas e as principais
associações litológicas do Cráton Amazônico ao norte da América do Sul (Tassinari & Macambira,
1999).
Província Rio Negro-Juruena
A Província Rio Negro Juruena (PRNJ), está localizada na porção sudoeste do Cráton (Fig. 1),
limitada a nordeste pela Província Ventuari-Tapajós e a sudeste pela Província Rodoniana-San
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Ignácio. Suas exposições estendem-se ao longo de um trend NW-SE de aproximadamente 2.000 km de
comprimento e 600 km de largura. Segundo Tassinari & Macambira 1999, as rochas do embasamento
desta Província são compostas quase inteiramente de granito-gnaisses e granitoides de composição
tonalítica a granítica desenvolvidos entre 1,8 Ga e 1,55 Ga. Segundo Dall'Agnol & Macambira 1992,
na parte norte da província predominam biotita-titanita monzogranitos.
Sequências supracrustais estão dispersas dentro da PRNJ e são representadas pela unidade meta-
vulcano-sedimentar Roosevelt e Colíder. Ambas as unidades são portadoras de dacitos, riolitos,
andesitos, tufos, brechas vulcânicas, argilitos, arenitos e formações ferríferas bandadas,
metamorfisados em condições de fácies xistos verde.
O magmatismo anorogênico dentro da PRNJ é representado pela Suíte Serra da Providência que é
constituída por uma sucessão de gabros, mangeritos, charnockitos e granitos, os últimos normalmente
exibindo textura do tipo rapakivi. O Grupo Caiabis preenche o Gráben homônimo e é constituído por
sequência sedimentar psamo-pelítica típica de ambiente marinho raso a flúvio-lacustre. Esta unidade
representa a fase de estabilização da PRNJ.
Segundo Dardenne & Schobbenhaus 2001 vários depósitos de ouro foram desenvolvidos no Escudo
Brasil-Central em diferentes épocas o que permitiu a identificação das Províncias Auríferas do
Tapajós, a mais antiga e desenvolvida entre 2.2 e 1.95 Ga, e a Província Alta Floresta a mais jovem,
1.95 a 1.80 Ga, a qual hospeda o depósito de ouro Zé Vermelho dentro inúmeros outros.
Depósitos de ouro desenvolvidos durante os períodos acima citados incluem tipologias diversas
(Coutinho et al. 2000, Santos et al. 2000 e Juliani et al. 2002), além uma enorme gama de depósitos
associados a zonas de cisalhamento. A seguir são destacadas as principais tipologias de depósitos
auríferos já reconhecidos nas províncias Tapajós e Alta Floresta.
Depósitos orogênicos: veios de quartzo auríferos em zonas de cisalhamento que ocorrem
principalmente na parte W e SW da Província Tapajós (Santos et al. 2001). Esses depósitos são
mesozonais e encontram-se hospedados tanto em sequências vulcanossedimentares (Ex. Buiuçu,
Tapajós, Maués), como em granitóides cálcio-alcalinos oxidados de arco magmático do Complexo
Cuiú-Cuiú e Suíte Intrusiva Paranaíta (Ex: Garimpo do Rato, Serrinha, Pé de Fora e Buriti/Grota
Rica).
Depósitos relacionados a intrusões graníticas (Intrusion-related gold deposits): depósitos filoneanos
(Ex. Limão, Mamoal, Batalha) e disseminados tipo stockwork (Ex: Garimpo dos Crentes, Trairão e
Álvaro Tavares), epizonais, relacionados espacial e geneticamente com granitoides cálcio-alcalinos
oxidados de arco magmático das Suítes Creporizão e Parauari e granitos alcalinos da Suíte
Maloquinha, que ocorrem principalmente na parte N, E e SE da Província Tapajós.
Depósitos epitermais (Dreher et al. 1998, Juliani et al. 2002, 2004b): depósitos filoneanos e
disseminados de alta e baixa sulfetação que ocorrem mais restritamente na parte central da Província
Tapajós, hospedados em rochas vulcânicas e piroclásticas félsicas pós-caldeira, além de granófiros e
diques porfiríticos tardi-tectônicos do Grupo Iriri (Ex: Joel, David, V3). A mineralização ocorre em
estruturas anelares e fraturas radiais de caldeira, associada com silicificação caracterizada por crostas
silicosas, com hematita, pirofilita e alunita, e cavidades preenchidas por sílica, alteração argílica e
propilítica (alta sulfetação), ou alteração potássica (adulária) e sericitização (baixa sulfetação). As
composições dos isótopos de chumbo dos depósitos auríferos sugerem duas fases mineralizantes em
1,96 Ga e 1,88 Ga (Coutinho et al. 2000). Estes dois eventos mineralizantes estariam relacionados às
duas orogêneses identificadas por Santos et al. 2004 e posicionados após o pico do metamorfismo nas
duas orogêneses, em condições pós-colisionais. O evento mais antigo (1,96 Ga) coincide com a fase
tardia da Suíte Creporizão, interpretada por Vasquez et al. 2001 como pós-colisional. O evento mais
novo (1,88 Ga) é contemporâneo com o Grupo Iriri e Suíte Intrusiva Maloquinha, considerados como
eventos magmáticos pós-colisionais.
Geologia da Província Aurífera Alta Floresta
A Província Aurífera de Alta Floresta (Dardenne & Schobbenhaus 2001; Lacerda Filho et al. 2001),
também conhecida como Província Aurífera Juruena-Teles Pires (Moura 1998), é descrita como uma
província essencialmente aurífera que prolonga-se desde a região de Aripuanã, NW de Mato Grosso,
passando por Alta Floresta até a região de Peixoto de Azevedo-Matupá, sendo delimitada pelos
Grábens do Cachimbo, ao norte, e dos Caiabís, a sul (Fig. 2).
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O seu embasamento, denominado de Complexo Cuiú-Cuiú, (Pessoa et al. 1977), ou Complexo Xingu
(Silva et al. 1974), consiste essencialmente de granitoides de composição granítica a monzogranítica,
de gnaisses graníticos a tonalíticos, além de xistos, rochas máficas e ultramáficas, BIF’s e migmatitos
(Dardenne & Schobbenhaus 2001; Paes de Barros 2007). Zonas de cisalhamento dúctil, transcorrentes,
com cinemática sinistrógira afetam essas rochas, configurando faixas anastomosadas e alinhadas de
direção NW-SE que contornam porções menos deformadas. Esse arranjo estrutural constitui um dos
principais controles determinantes para o alojamento de grande parte dos depósitos auríferos
filoneanos e dos corpos graníticos que contém sistemas especializados a ouro (Paes de Barros 1994).
Figura 2: Mapa simplificado da Província Aurífera de Alta Floresta (PAAF) com seus principais
domínios geológicos e a localização de alguns depósitos auríferos (Modificado de Paes de Barros
2007).
Lacerda Filho et. al. 2001 propõe que arcabouço geológico da Província Alta Floresta é composto por
dois domínios de natureza reológica distinta. O Domínio I é eminentemente de caráter rúptil e
constituído por terrenos pluto-vulcânicos, pouco deformados, com assinatura geoquímica de arco
vulcânico e representado pelas suítes intrusivas Juruena e Paranaíta e pela Suíte Vulcânica Colíder,
todas com idades U/Pb em zircão entre 1,82Ga e 1,75Ga. O Domínio II, de caráter dúctil, é constituído
de gnaisses, migmatitos e granitoides deformados, sin-cinemáticos a pós-colisionais, desenvolvidos no
intervalo entre 1,78 e 1,76 Ga. Segundo Silva, 2008 este domínio está representado por oito unidades
litoestratigráficas que compreendem os complexos Bacaeri-Mogno e Cuiú-Cuiú, as suítes intrusivas
Matupá, Flor da Serra, as rochas alcalinas Rio Cristalino, as intrusivas básicas Guadalupe, o Granito
Nhandu, o Complexo Nova Monte Verde, a Suíte Vitória, os Granitos São Pedro, São Romão, e
Apiacás, o Grupo São Marcelo-Cabeça e a Suíte Nova Canaã (Tabela 1).
Sucede na evolução da região uma fase tardi a pós-orogênica a qual é representada por um conjunto de
maciços graníticos circulares, avermelhados, de natureza cálcio-alcalina relacionados ao Granito Teles
Pires com idades U/Pb em zircão em torno de 1,75Ga.
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Período Unidade Idade U-Pb Litologia
ES
TA
TE
RIA
NO
Teles Pires 1.757±16 Biotita granitos, álcaligranitos e sienogranitos.
Nova Canaã 1.743±4 Ma
1798±14
São Marcelo
Cabeça
Correlacionável ao
magmatismo Roosevelt (?)
(1.762±6 Ma e 1.755±5 Ma)
São Romão 1.770±9 Ma SHRIMP
São Pedro 1.784±17 Ma SHRIMP Biotita metagranito, granada-biotita metagranito,
hornblenda-biotita metagranito.
Apiacás 1871±21 Ma Laser Ablation
(zircões herdados)
Vitória 1.785±8 Ma SHRIMP Enderbitos e metaquartzo diorito.
Suíte Colíder 1.786±17 Ma
1781±8 Ma
Microgranitos, brechas vulcânicas, riolitos, riodacitos,
dacitos e andesitos.
Paranaíta 1.793±6 Ma, 1.803±16 Ma,
1.801±7,8 Ma, 1816±57 Ma,
1785±6,8 Ma e 1808±14 Laser
Ablation
Biotita-monzogranito, biotita quartzo monzonito e
biotita granito, porfiríticos a eqüigranulares, ricos
em magnetita e às vezes com quartzo azulado.
Dacito porfirítico a porfiroclástico com fenocristais
de plagioclásio.
OR
OS
IRIA
NO
Alcalinas Rio
Cristalino
1806±3 Ma Riebeckita - aegirina sienito, sienitos e quartzo
sienitos.
Juruena 1.848±17 Ma, 1.823±35 Ma,
1.817±57 Ma, 1817±12 Ma
Laser Ablation
Biotita granitos e monzogranitos, porfiríticos a
eqüigranulares.
Flor da Serra ?
Matupá 1872±12 Ma (Pb-Pb,
evaporação)
Nhandu 1889±17 Ma e 1879±5,5 Ma
Laser Ablation
Magnetita-biotita granito, biotita-hornblenda granito,
monzogranito e
Sienogranito.
Cuiú-Cuiú 1992±7 Ma SHRIMP
2.005±7 Ma SHRIMP
2033 Ma
Ortognaísses graníticos a monzoníticos.
RIACIANO
Bacaeri-
Mogmo
Kinzigitos e granada-cordierita-sillimanita-biotita
gnaisses com
intercalações de piroxênio-granada quartzitos
ferruginosos (BIF) e plútons de metagabróides.
Tabela 1: Unidades litoestratigráficas da Província Aurífera Alta Floresta (modificado de Silva 2008).
O DEPÓSITO DE OURO ZÉ VERMELHO
Histórico
O depósito Zé Vermelho está localizado 23 km ao norte da sede do município de Paranaíta, no centro-
norte do Estado de Mato Grosso (Fig. 3). Foi inicialmente reconhecido e minerado artesanalmente
entre 1989 e 1992 por algumas dezenas de garimpeiros. De início a lavra se deu em cascalhos
derivados da desagregação dos veios de quartzo (casqueiros) tarefa esta que culminou com o
reconhecimento da mineralização primária, um veio de quartzo aurífero com quantidades variáveis de
pirita. Este veio foi minerado a céu aberto até profundidades em torno de 30 metros quando então a
operação começou a apresentar altos riscos a segurança em função do desenvolvimento de encostas
íngremes e consequentes escorregamentos. Os altos teores de ouro e a consequente lucratividade
naquele momento permitiram o desenvolvimento de shafts por meio do qual a exploração continuou
até aproximadamente 50 metros de profundidade. Ao final do ano de 1992 as operações foram
paralisadas em função do baixo preço do ouro e o alto custo da produção.
Entre 2010 e o fim de 2012 a empresa Cougar Brasil Mineração LTDA retomou os shafts lá existentes
e promoveu o desenvolvimento de um programa de Lavra Experimental a partir da abertura de planos
inclinados e galerias horizontais até a profundidade de 136 metros.
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Figura 3. Mapa de localização do Depósito Zé Vermelho.
Geologia do entorno do Depósito
A geologia do depósito Zé Vermelho está apresentada nas figuras 4 e 5. O arcabouço geológico é
constituído por duas unidades básicas; a Suíte Intrusiva Paranaíta com duas fácies, uma plutônica de
composição biotita-granodiorítica (BGRD) e a outra, vulcânica de composição dacítica (DAC) e o
Granito Teles Pires que ocorre na forma de diques com composição sienogranítica (SGR).
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Figura 4. Esboço geológico do entorno do depósito Zé Vermelho com localização das seções A-B e C-
D, que serão descritas adiante.
Figura 5. Seção transversal C-D do Depósito Zé Vermelho.
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A fácies BGRD representa o litotipo dominante, e ocorre em blocos e matacões sub-arredondados,
comumente cortados por veios e vênulas centimétricas a métricas de quartzo, pegmatito ou aplito (Fig
6 A). É isotrópica no geral, mas pode apresentar foliação incipiente quando submetidas à deformação
em zonas de cisalhamento localizadas (Fig. 6 B). Apresenta cor cinza-esverdeada a cinza-rosado, com
porções restritas de cor rosa-avermelhado. A textura dominante é inequigranular média, raramente
grossa, a porfirítica, com fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino rosa a branco de dimensões
entre 1 e 8 cm (Fig. 6 C) imersos em uma matriz composta por quartzo azul, feldspato alcalino e
plagioclásio que tem biotita como único mineral máfico primário (5 a 15 %). As fases acessórias
dominantes são magnetita e titanita enquanto que epidoto, sericita, clorita e mais raramente carbonato
correspondem à mineralogia de alteração hidrotermal.
Figura 6. Fotos de afloramento em campo das rochas hospedeiras do depósito. A) Biotita-granodiorito
cortado por diques de sienogranito. B) Biotita-granodiorito exibindo mega fenocristais e uma pequena
banda confinada de cisalhamento, na área entre as duas linhas tracejadas. C) Biotita granodiorito
saprolítizado aflorando na superfície com aspecto milonítico. D) Afloramento de dacito foliado
marcado por sericita e sistema de fraturas. Tracejados indicam a foliação.
Em superfície a fácies dacito é restrita a porção central da área ocorrendo na forma de um testemunho
de erosão. Já quando se integram os dados de sondagem caracteriza-se esta unidade como um extenso
dique de forma tabular, intrudido na fácies BGRD e acompanhando a estrutura local (N45°W/20°-
40°NE) com uma espessura variável entre 40 e 60 metros. Esta fácies tem como principais
característica uma textura porfirítica a porfiroclástica com fenocristais ou fenoclastos de plagioclásio
de até 3 mm imersos em uma matriz fina a muito fina que varia de isotrópica a foliada. Esta foliação
está marcada tanto pelo estiramento dos fenoclastos quanto pela orientação paralelizada de cristais de
sericita (Fig. 6 D).
O SGR ocorre na forma de vários diques, subparalelizados ou mesmo discordantes da estruturação
local, que cortam tanto a fácies BGRD (Fig. 6 A) quanto a fácies DAC e mostram variações nas
espessuras entre 2 e 10 m. Estes diques são normalmente isotrópicos, porfiríticos de granulação média
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porém mostram variações texturais de aplito a pegmatito. Os fenocristais são essencialmente de
feldspato alcalino e a matriz é composta por arranjo equidimensional de quartzo-plagioclásio e
feldspato.
Caracterização do depósito
O depósito Zé Vermelho compreende dois veios de quartzo subparalelos (Fig. 5), reconhecidos como:
1) zona mineralizada principal, MZVZ (Main Ze Vermelho Zone) e 2) zona mineralizada superior,
UZVZ (Upper Ze Vermelho Zone). Esta duas zonas são separadas por uma coluna de biotita-
granodiorito da Suíte Intrusiva Paranaíta (SIP) com aproximadamente 40 m de espessura. A zona
principal foi reconhecida tanto a partir de furos de sondagem quanto por mapeamento in situ de planos
inclinados e galerias horizontais. Já a zona superior foi reconhecida unicamente a partir de furos de
sondagem e não faz parte da presente abordagem.
Os veios acham-se estruturados ao longo de um strike médio N45°W com mergulhos suaves a
moderados, entre 20° e 60°NE, tendo comprimento confirmado de 150 m ao longo do strike e 130 m
ao longo do mergulho. As espessuras são variáveis entre menos de 0,02 m até um máximo de 2,20 m e
uma média em torno de 0,50 m.
A geometria das zonas mineralizadas varia de tabular a anastomosada e foi controlada por um ramo
secundário do tipo thrust-fault do sistema strike-slip regional de direção preferencial E-W.
A zona mineralizada consiste de acumulações variadas de sulfeto, principalmente pirita,
secundariamente calcopirita e mais raramente esfalerita as quais preenchem espaços vazios nos veios
de quartzo. As proporções de sulfeto são variáveis, desde menos de 5% até 90% em volume, quando
então formam camadas e lentes de sulfeto maciço aos quais se associam altos teores de ouro tipo que
podem atingir 500 g/t.
As características estruturais e texturais dos veios de quartzo juntamente com diferentes quantidades
de sulfetos, presença de ouro livre e teores de ouro permitiu a subdivisão do depósito em três
segmentos; norte, central e sul. A figura 7 apresenta uma seção longitudinal de azimute 310° onde se
acham evidenciados os três segmentos propostos.
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Figura 7: Seção geológica longitudinal (Az=310) da área correspondente ao depósito aurífero Zé
Vermelho, representando os litotipos das rochas hospedeiras e sua zona mineralizada principal (ore
shoot). As linhas pretas indicam as galerias horizontais abertas em cada nível de profundidade.
SEGMENTO SUL
Este segmento é caracterizado por veios arranjados de forma tabular a lenticular, (Fig. 8 e Fig. 9 A)
com espessura variável entre 0,20 m e 2,10 m, e média de 0,80 m. Não raro, entretanto, formam
arranjos de veios paralelos, separados por septos de milonitos e ou granitos estéreis da SIP. Mostram
também ramificações (relays) da estrutura principal formando arranjos de veios secundários bem
menos espessos, tanto paralelos quanto oblíquos ao veio principal e em geral estéril (Fig. 9 B).
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Figura 8: Seção longitudinal esquemática para ilustrar as principais características dos Segmentos Sul.
Modelo do veio laminado, com ramificações a partir da estrutura principal e encaixante apresentando
foliação.
Figura 9: Tipologia dos veios de quartzo no Segmento Sul do depósito Zé Vermelho. A) Veios tabular,
paralelo a estrutura em contato aos milonitos do footwall e hanging wall. B) Arranjos paralelizados de
veios de quartzo, englobando material granítico. C) Intervalo de testemunhos de sondagem em detalhe
mostrando ouro livre no veio de quartzo do Segmento Sul. D) Amostra de mão retirada a partir do
desmonte em superfície do veio com ouro livre nas fraturas.
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Em termos de estruturas os veios neste segmento são dominantemente maciços e mais raramente
laminados e brechados. As lâminas são limitadas por filmes pouco espessos de clorita e ou sericita-
clorita milonitos. As espessuras das lâminas variam de centimétrica a decamétrica, e se acham
paralelizadas a subparalelizadas a estrutura que os aloja. As brechas são caracterizadas por fragmentos
centimétricos a milimétricos de quartzo de cor branca, angulosos a subarredondados, suportados por
uma matriz de quartzo de cor marrom a cinza de granulação fina a muito fina. Em geral, o veio de
quartzo é de cor branca e possui aspecto leitoso.
Neste segmento do depósito, a concentração de sulfeto, principalmente pirita, é baixa e sempre menor
do que 10% em volume. Os sulfetos ocorrem disseminados, preenchendo fraturas e ou espaços vazios,
formando pequenos bolsões, subarredondados a subelípticos, e mais raramente em finas bandas
semimaciças, as quais acompanham o mergulho do veio.
O ouro acompanha os sulfetos e excepcional e unicamente neste segmento do depósito, pode ser
encontrado na forma livre, preenchendo fraturas milimétricas a subcentimétricas (Figs. 9 C e D).
Como consequência, os teores de ouro neste segmento são baixos, menores do que 5 g/t quando
associados a sulfetos, mas não necessariamente antieconômicos, e podem atingir teores de bonanza, de
até 1kg/t quando na forma livre em fraturas.
SEGMENTO CENTRAL (ORE SHOOT)
Neste segmento a zona mineralizada é representada por veio único, tabular a lenticular, maciço a
foliado, paralelo a estrutura que o hospeda (Fig. 10), e por vezes mostrando intensa brechação. As
espessuras do veio variam entre 0,22 m a 1,89 metros, com média de 0,75 m. A integração dos dados
de geologia e de teores de ouro revela este segmento a partir de uma forma de amêndoa, possível
reflexo da presença de zonas de maior damage da zona de falha que por sua vez permitiu o ingresso de
maiores volumes do fluido responsável pela precipitação de sulfetos e ouro, com a resultante formação
de um ore-shoot.
Quartzo e pirita são os minerais formadores sendo que neste segmento o quartzo apresenta cor cinza
(Fig. 11 A) em contraste marcante com o quartzo branco de aspecto leitoso dos veios do Segmento Sul
(Fig. 9 A).
Figura 10. Seção longitudinal esquemática para ilustrar as principais características do Central
indicando alta concentração de sulfeto (em cinza) em toda a extensão do corpo.
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A concentração de sulfetos, principalmente pirita e mais subordinadamente calcopirita e raramente
esfalerita, varia de mais de 10% até 100% em volume (Figs. 11 A a D). Os sulfetos variam de
disseminadas a maciças, no último caso formando pods (Fig. 11 C) e mesmo camadas continuas ao
longo do strike por mais de 20 metros e que podem atingir excepcionalmente 1,60 m de espessura,
entretanto a média para as espessuras reconhecidas para estas bandas de sulfeto está em torno de 0,40
m. Os sulfetos ocorrem substituindo zonas de quartzo cinza, recristalizados e também preenchendo em
espaços abertos, tanto fraturas paralelas a subparalelas a estrutura principal como zonas de intensa
brechação.
O ouro neste segmento está unicamente associado aos sulfetos não tendo sido observado a presença de
ouro livre. Dada a correlação direta entre a percentagem de sulfetos e a acumulação de ouro, os teores
neste segmento são normalmente altos, entre 30 a 500g/t (Cougar Metals NL 2012).
A estrutura dominante do veio de quartzo neste segmento é na forma de lâminas de quartzo variando
entre menos do que 0,02 m até 0,15 m espessura, as quais por sua vez são separadas por septos
milimétricos e estirados de milonitos oriundos de biotita granitos da SIP (Fig. 11 D).
Figura 11: Segmento Central do depósito Zé Vermelho. A) Na profundidade de 54 metros, formação
de bandas de pirita maciça no veio de quartzo. B) Corpo maciço de pirita com finas bandas de sulfeto
ao longo do veio. C) Bolsão de sulfeto maciço e quartzo cinza esfumaçado. D) Detalhe da estrutura
mineralizada na forma laminada. Polígonos branco marcam zonas de sulfeto.
SEGMENTO NORTE
Os milonitos do segmento Norte, descritos normalmente como hanging wall e foot wall do veio, aqui
se tornam o prolongamento da estrutura mineralizada, indicando o fechamento da mesma (Fig. 12).
Estes milonitos são derivados da deformação superimposta ao biotita-granodiorito e mais raramente da
deformação do próprio veio de quartzo; em ambos os casos existe neoformação da paragênese
hidrotermal de quartzo+sericita+clorita. Neste segmento a espessura da zona mineralizada é variável
entre 0,01 m a aproximadamente 1 m. O final da zona mineralizada é marcado pelo estrangulamento e
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posterior desaparecimento do veio de quartzo e sua transição para uma faixa de milonito, que ainda
raramente pode preservar pequenos traços de quartzo estirado envolvidos na matriz (Fig. 13 A). Nesta
transição de veio de quartzo para milonitos, os contatos variam de bruscos a suaves, contatos estes que
podem ser observados tanto a partir das frentes de avanço de galerias subterrâneas (Fig. 13 B) como
através de testemunhos de sondagem.
A concentração de sulfeto e consequentemente a mineralização é visualmente afetada nesta transição,
havendo disseminação de pirita de no máximo 5% ao, com os sulfetos preenchendo os milimétricos
planos de foliação do milonito. Como resultado, os teores de ouro são baixos, menores que 1 g/t e no
momento atual são antieconômicos.
Figura 12. Seção longitudinal esquemática para ilustrar as principais características do Segmento
Norte, predominantemente constituído por milonito, após o fechamento do veio de quartzo. Estrutura
paralela a encaixante.
Figura 13. Tipo de veios no Segmento Sul. A) Veio de quartzo milonitizado, paralelo a estrutura,
mostrando estrangulamento indicativo fechamento da zona mineralizada na profundidade de 84
metros. B) Fechamento da estrutura mineralizada com o desaparecimento do veio de quartzo.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
30
CONCLUSÕES
A integração dos dados geológicos, estruturais, texturais e de teores de ouro referentes ao depósito
aurífero Zé Vermelho, permitiu avanços no conhecimento de depósitos primários nesta região, que
possivelmente poderão ser utilizados como em depósitos similares de áreas entorno a esta.
Embasados no estudo de Robert F. et al. 1994, onde classificam os veios auríferos de acordo com suas
principais características internas, local da estrutura, geometria do veio e os mecanismos de formação
(Tabela 2).
Em base a tais características o tipo de veio aurífero do depósito Zé Vermelho é caracterizado como
do tipo fault-fill vein ou veio de preenchimento de falha. A tabela 3 apresenta as principais
características do veio aurífero da área de estudo, o definindo em segmentos (Sul, Central e Norte)
auxiliados pelas observações de campo.
Dessa forma, o depósito foi subdivido em três segmentos: Sul, Central e Norte. Em comum a todos
estes segmentos os veios de quartzo quando presentes acham-se hospedados tanto em zonas de
cisalhamento caracterizadas por estreitos milonitos que transacionam rapidamente para granitos
isotrópicos quanto em discretas falhas sem desenvolvimento de milonitos quando então mostram
contatos abruptos com os granitos hospedeiros.
O Segmento Central corresponde à zona de maior damage da falha com desenvolvimento de grande
quantidade de espaço vazios que permitiram acesso a maiores quantidades de fluido mineralizante e
como resultado apresentam os maiores teores de ouro, tipificando um ore shoot caracterizado como
sendo o mais relevante em teores de ouro, caracterizado pela alta concentração de pirita, em geral
maciça podendo compor até 95% da zona mineralizada.
Para o Segmento Sul, foi possível caracterizá-lo através da ocorrência da mineralização ao longo do
desenvolvimento tanto subterrâneo, quanto a céu aberto. O ouro em geral apresenta-se na forma livre,
visível a olho nu em meio às fraturas do veio de quartzo leitoso, baixa concentração de sulfetos,
tabular, podendo haver ramificações englobadas a matriz granítica.
Por fim, o Segmento Norte, pode ser considerado como uma zona de fechamento da zona mineralizada
caracterizado por veio tabular, acinzentado, com sulfeto disseminado ou em milimétricas a
centimétricas bandas de pirita maciça ao longo do mergulho do veio. Como diferencial para este
segmento, ao longo da evolução das galerias horizontais, o comportamento da zona mineralizada em
todas as profundidades transgrediu do veio aurífero para o fechamento da mesma em uma faixa
milonítica proveniente da encaixante biotita-granodiorito, por vezes com sulfeto disseminado, mas não
retornando valores econômicos.
Esta zona se estende por um trend alinhado NW-SE, com mergulho médio de 45°, seguindo a linha de
mineralização regional da Província Aurífera Alta Floresta.
As rochas hospedeiras do depósito indicaram através dos resultados petrológicos, que correspondem
de ambiente de arco vulcânico, de série subalcalina do tipo cálcio-alcalina e alto-K a levemente
shoshoníticas, provavelmente relacionadas ao fracionamento de plagioclásio durante a evolução dos
BGRD e SGR.
Sugere-se que para a geometria conhecida da zona mineralizada ao longo dos aproximados 450 metros
de galerias subterrâneas e através dos dados geoquímicos descritos, a estrutura se comporte como um
mega clasto (boudin) que possa indicar repetição nas extensões tanto laterais como em profundidade,
podendo ser reconhecidos novos ore shoots e incitar novos estudos para a pesquisa mineral das áreas
próximas.
CLASSIFICAÇÃO DOS VEIOS E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
(MODIFICADO DE ROBERT F. ET AL. 1994)
Tipo do Veio Características
Internas
Local da Estrutura Geometria Mecanismos de
Formação
FAULT-FILL
VEINS
- estrutura laminada
- foliação mineral
- superfície lisa
- fibras minerais de
baixo ângulo na
parede dos veios
- zona de
cisalhamento ou
falha
-
- paralela a estrutura
da encaixante
- zona de fraturas
- abertura de fraturas
extensionais existentes
VEIOS - preenchimento de - fora da zona de - veios planos com - fraturas extensionais
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
31
EXTENSIONAIS
CONJUNTO DE
VEIOS
EXTENSIONAIS
espaços vazios
- fibras minerais
com alto ângulo na
parede dos veios
- camadas internas:
múltiplas aberturas
cisalhamento
- AC juntas em
dobras
- dentro da zona de
cisalhamento
moderado anglo
para zona de
cisalhamento
- perpendicular à
charneira da dobra
- Conjunto de veios
planos a sigmoides
com alto ângulo de
foliação
- fraturas de
cisalhamentos
extensionais
STOCKWORKS
VEIOS
BRECHADOS
-“quebra-cabeças”
- brecha de falha
- 2 ou mais
conjuntos de veios
oblíquos à
ortogonais
- clastos angulares,
não rotacionados
- veios e clastos da
enxaicante
- rotação em abrasão
- não especificado
- ao longo de falhas
- falhas ou zona de
cisalhamento
- tabular para zonas
em forma de tubos
- paralelo à estrutura
da encaixante
- paralelo à estrutura
da encaixante
- implosão (?)
- falha de
escorregamento
Tabela 2. Classificação dos veios e principais características (Modificado de Robert F. et al. 1994).
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS VEIOS AURÍFEROS DO DEPÓSITO ZÉ VERMELHO
Tipo do Veio Características
Internas
Local da
Estrutura
Geometria Mecanismos de
Formação
SEGMENTO SUL
(FAULT-FILL
VEIN)
-Quartzo branco
-brechado
- baixa concentração de
sulfeto
- teor de Au baixo
- Au livre, laminado
- Zona de
cisalhamento
- planar com veios em
boudins
- ramificações a partir do
veio principal
- paralelo a encaixante
- Fratura de
cisalhamento
- Abertura de fraturas
extensionais existentes.
SEGMENTO
CENTRAL
(FAULT-FILL
VEIN)
- Quartzo cinza
- laminado
- alta concentração de
sulfeto
- teor de Au alto
- ausência de Au livre
- Zona de
cisalhamento
- Paralelo a encaixante
- Veio em boudins
- Fratura de
cisalhamento
- Abertura de fraturas
extensionais existentes.
SEGMENTO
NORTE
(FAULT-FILL
VEIN)
- Milonitos
- baixa concentração de
sulfeto
- baixo teor de Au
- fechamento da
estrutura.
- Zona de
cisalhamento
- Paralelo a encaixante
- foliação de médio
ângulo
- Fratura de
cisalhamento.
Tabela 3. Classificação e características dos tipos de veios do depósito Zé Vermelho (Adaptado de
Robert F. et al. 1994).
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Programa de Geociências da UFMT pelo entendimento da problemática
envolvida ao longo do desenvolvimento da dissertação, a CAPES pela concessão inicial de bolsa de
mestrado à primeira autora no primeiro ano de curso e a empresa Cougar Brasil Mineração LTDA.
pelo suporte financeiro e logístico. Agradecem também a Prof. Dr. Maria Zélia Aguiar de Sousa pelas
correções, sugestões e valiosas contribuições para este trabalho.
REFERÊNCIAS
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34
CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES
A integração dos dados geológicos, estruturais, texturais e de teores de ouro referentes ao
depósito aurífero Zé Vermelho, permitiu avanços no conhecimento de depósitos primários nesta
região, que possivelmente poderão ser utilizados como em depósitos similares de áreas entorno a esta.
Em base a tais características o tipo de veio aurífero na área de estudo é caracterizado como do
tipo fault-fill vein ou veio de preenchimento de falha. O depósito foi subdivido em três segmentos: Sul,
Central e Norte. Em comum a todos estes segmentos os veios de quartzo quando presentes acham-se
hospedados tanto em zonas de cisalhamento caracterizadas por estreitos milonitos que transacionam
rapidamente para granitos isotrópicos quanto em discretas falhas sem desenvolvimento de milonitos
quando então mostram contatos abruptos com os granitos hospedeiros.
O Segmento Central corresponde à zona de maior damage da falha com desenvolvimento de
grande quantidade de espaço vazios que permitiram acesso a maiores quantidades de fluido
mineralizante e como resultado apresentam os maiores teores de ouro, tipificando um ore shoot
caracterizado como sendo o mais relevante em teores de ouro, caracterizado pela alta concentração de
pirita, em geral maciça podendo compor até 95% da zona mineralizada.
Para o Segmento Sul, foi possível caracterizá-lo através da ocorrência da mineralização ao
longo do desenvolvimento tanto subterrâneo, quanto a céu aberto. O ouro em geral apresenta-se na
forma livre, visível a olho nu em meio às fraturas do veio de quartzo leitoso, baixa concentração de
sulfetos, tabular, podendo haver ramificações englobadas a matriz granítica.
Por fim, o Segmento Norte, pode ser considerado como uma zona de fechamento da zona
mineralizada caracterizado por veio tabular, acinzentado, com sulfeto disseminado ou em milimétricas
a centimétricas bandas de pirita maciça ao longo do mergulho do veio. Como diferencial para este
segmento, ao longo da evolução das galerias horizontais, o comportamento da zona mineralizada em
todas as profundidades transgrediu do veio aurífero para o fechamento da mesma em uma faixa
milonítica proveniente da encaixante biotita-granodiorito, por vezes com sulfeto disseminado, mas não
retornando valores econômicos.
Esta zona se estende por um trend alinhado NW-SE, com mergulho médio de 45°, seguindo a
linha de mineralização regional da Província Aurífera Alta Floresta.
Pajanoti, B. J. 2013. O Depósito de Ouro Zé Vermelho da Província Aurífera Alta Floresta: Uma Tipologia de Depósito de Preenchimento de Zona de Falha
35
As rochas hospedeiras do depósito indicaram através dos resultados petrológicos, que
correspondem de ambiente de arco vulcânico, de série subalcalina do tipo cálcio-alcalina e alto-K a
levemente shoshoníticas, provavelmente relacionadas ao fracionamento de plagioclásio durante a
evolução dos BGRD e SGR.
Sugestões
Sugere-se que para a geometria conhecida da zona mineralizada ao longo dos aproximados
450 metros de galerias subterrâneas e através dos dados geoquímicos descritos, a estrutura se
comporte como um mega clasto (boudin) que possa indicar repetição nas extensões tanto laterais como
em profundidade, podendo ser reconhecidos novos ore shoots e incitar novos estudos para a pesquisa
mineral das áreas próximas.
36
REFERÊNCIAS
Almeida F.F.M.de., Hasui Y., Brito Neves B.B., Fuck, R.A. 1977. Províncias estruturais brasileiras.
In: SBG, Simp. Geol. do Nordeste, 8, Atas, p. 363-391.
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