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Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde Ministério da Educação Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde Kérlia Nether Nassau

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Curso Técnico em Agente Comunitário de Saúde

Ministério da Educação

Planejamento em Saúde Coletiva e Construçãode Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde

Kérlia Nether Nassau

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KÉRLIA NETHER NASSAU

PLANEJAMENTO EM SAÚDE COLETIVA E CONSTRUÇÃO

DE REDES COMUNITÁRIAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE

1ª edição

Montes Claros

Instituto Federal do Norte de Minas Gerais

2015

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PLANEJAMENTO EM SAÚDE COLETIVA E CONSTRUÇÃO

DE REDES COMUNITÁRIAS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE

Kérlia Nether Nassau

Montes Claros-MG

2015

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Presidência da República Federativa do Brasil

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

Instituto Federal do Norte de Minas Gerais

Reitor

Prof. José Ricardo Martins da Silva

Pró-Reitora de Ensino

Ana Alves Neta

Pró-Reitor de Administração

Edmilson Tadeu Cassani

Pró-Reitor de Extensão

Paulo César Pinheiro de Azevedo

Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e

Inovação

Rogério Mendes Murta

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional

Alisson Magalhães Castro

Diretor de Educação a Distância

Antônio Carlos Soares Martins

Coordenadora de Ensino

Ramony Maria da Silva Reis Oliveira

Coordenador de Administração e

Planejamento

Alessandro Fonseca Câmara

Revisão Editorial

Antônio Carlos Soares MartinsRamony Maria Silva Reis OliveiraRogeane Patrícia Camelo GonzagaAmanda Seixas MurtaAlessandro Fonseca CâmaraKátia Vanelli L. Guedes OliveiraMaircon Rasley Gonçalves AraújoMaykon Thiago Ramos Silva

Coordenação Pedagógica

Ramony Maria Silva Reis Oliveira

Coordenação Adjunta - Cursos SAT

Maircon Rasley Gonçalves Araújo

Coordenação de Curso

Maria Orminda Santos Oliveira

Coordenação de Tutoria do Curso Técnico em

Agente Comunitário de Saúde

Carlos Eduardo Oliveira

Revisão Linguística

Liliane Pereira BarbosaAna Márcia Ruas de AquinoMarli Silva Fróes

Equipe Técnica

Alexandre Henrique Alves SilvaCássia Adriana Matos SantosDilson Mesquita MaiaEduardo Alves AraújoMaria Natália Cardoso Loiola AndradeSilma da Conceição NevesSolange Martins BritoSônia Maria Gonçalves

Coordenação de Produção de Material

Karina Carvalho de Almeida

Coordenação Gráfica e Visual

Leonardo Paiva de Almeida Pacheco

Projeto Gráfico, Capa e Iconografia

Leonardo Paiva de Almeida Pacheco

Editoração Eletrônica

Karina Carvalho de AlmeidaTatiane Fernandes Pinheiro

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ÍCONES INTERATIVOS

Utilizado para sugerir leituras, bibliografias, sites e textos para aprofundar os temas discuti-dos; explicar conceitos e informações.

Utilizado para auxiliar nos estudos; voltar em unidades ou cadernos já estudados; indicar si-tes interessantes para pesquisa; realizar expe-riências.

Utilizado para indicar atividades que auxiliam a compreensão e a avaliação da aprendizagem dos conteúdos discutidos na unidade ou seções do caderno; informar o que deve ser feito com o resultado da atividade, como: enviar ao tutor, postar no fórum de discussão, etc..

Utilizado para defininir uma palavra ou expres-são do texto.

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SUMÁRIO

Palavra do professor-autor 9

Aula 1 – Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB 11

1.1 Conceito e aplicabilidade: 121.2 Finalidade do SIAB 141.3 Fluxo 151.4 Preenchimento de formulários e análise dos dados 16

Aula 2 – Técnicas de Levantamento das Condições de Vida e de Saúde/

Doença da População 19

Aula 3 – Condições de risco social: violência, desemprego, infância desprotegida, processos

migratórios, analfabetismo, nutrição, ausência ou insuficiência de infraestrutura básica. 25

3.1 Violência 303.2 Desemprego 333.3 Infância Desprotegida 363.4 Processos Migratórios 383.5 Analfabetismo 413.6 Nutrição 433.7 Ausência ou insuficiência de infraestrutura básica 46

Aula 4 – Mapeamento Sociopolítico e Ambiental: Finalidade e Técnicas 50

4.1 Finalidade desse mapeamento 514.2 Técnica para o mapeamento 53

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Aula 5 – Interpretação demográfica 56

Aula 6 – Conceito de territorialização, microárea e área de abrangência; cadastramento

familiar e territorial 60

6.1 Territorialização, microárea e área de abrangência 606.2 Cadastramento familiar e territorial: 65

Aula 7 – Indicadores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos 68

Aula 8 – Indicadores de saúde 75

Aula 9 – Estratégias de avaliação em saúde: conceitos, tipos, instrumentos e técnicas 85

Referências bibliográficas 93

Currículo do Professor-autor 97

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PALAVRA DO PROFESSOR-AUTOR

Caro cursista, muito bem-vindo à disciplina Planejamento em Saúde Co-letiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde! Parabéns pela escolha do curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde!

Saiba que você é um dos principais agentes para a melhoria da Saúde Pública em nosso país, pois você será a ponte que liga o usuário do SUS aos gestores, e será, através do seu trabalho, que os nossos governantes terão o conheci-mento das reais necessidades da comunidade como, também, as necessidades individuais de cada cidadão em que nela habita. A partir do seu trabalho, que essas pessoas terão acesso aos serviços de saúde. Em outras palavras, atrevo-me a dizer que você é um dos principais atores que atuará junto a uma comu-nidade, assistindo as suas necessidades e ao, mesmo tempo, incentivando-a a verbalizar os seus anseios. Nascimento e Correa (2008) confirmam essa afirmação quando dizem que “a função principal dos agentes comunitários de saúde foi pautada em dar voz à comunidade, sendo elo entre os trabalhadores das unidades básicas e a comunidade.” É nessa perspectiva de promoção da saúde, que este caderno foi elaborado a fim de articular trabalhadores, unida-des de saúde e comunidade.

Um dos princípios da Atenção Primária à Saúde é a orientação comunitária. Segundo Starfield (2002), para operacionalizar esse princípio, e, com o intui-to de ajustar os programas de atenção à população, as equipes de saúde desen-volvem, de forma complementar, habilidades clínicas e epidemiológicas das ciências sociais e de pesquisas avaliativas. No Brasil, os Agentes Comunitá-rios de Saúde atuam diretamente na operacionalização desse princípio quan-do estabelecem e reforçam os vínculos entre as equipes e as comunidades da sua área de jurisdição.

Embora haja clareza de que o conceito de atenção primária é mais amplo e adequado para abranger as ações desenvolvidas pelas equipes locais de saúde, em vários momentos, utilizaremos o termo atenção básica, especialmente, quando nos referimos a instrumentos do Ministério da Saúde – MS. Mas, como você poderá observar, a descrição dos tópicos da ementa desta disci-

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plina condiz com os princípios desenvolvidos por Stafield (2002), quais se-jam: o primeiro contato, a longitudinalidade, a integralidade, a coordenação, a centralização na família e, como mencionamos anteriormente, a orientação comunitária.

Retornando a questão da ementa, nesta disciplina vamos juntos conhecer e discutir sobre os seguintes tópicos:

• Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB): conceito, finalidades, fluxo, preenchimento dos formulários e análise dos dados.

• Técnicas de levantamento das condições de vida e de saúde/doença da população.

• Condições de risco social: violência, desemprego, infância desprotegida, processos migratórios, analfabetismo, nutrição, ausência ou insuficiência de infra-estrutura básica.

• Mapeamento sócio-político e ambiental: finalidades e técnicas.

• Interpretação demográfica.

• Conceito de territorialização, micro-área e área de abrangência; cadastra-mento familiar e territorial.

• Indicadores sócio-econômicos, culturais e epidemiológicos.

• Indicadores de saúde.

• Estratégias de avaliação em saúde: conceitos, tipos, instrumentos e técnicas.

No desenvolvimento desses tópicos, aprenderemos sobre algumas ferramen-tas úteis à prática do seu trabalho. Tenho a pretensão de aprimorar nosso conhecimento a favor de uma saúde pública de qualidade.

Estarei ao seu inteiro dispor para qualquer questionamento, tendo o enorme prazer em buscar, junto com você, a resolução das dúvidas que surgirem, através da nossa sala virtual.

Abraço fraterno,

A autora.

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e-Tec Brasil

Aula 1 – Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB

Figura 1- Alusão ao trabalho do Agente Comunitário de SaúdeFonte: http://www.cmsnicolaalbano.blogspot.com > acesso em 25 de outubro de 2014.

Figura 2: Parceria entre as equipes e as famílias.Fonte: http://reginaldotracaja.blogspot.com.br/2011/01/agentes-comunitarios-de-saude-recebem.html > acesso em 23 de outubro de 2014.

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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde

1.1 Conceito e aplicabilidade:

Iniciaremos refletindo, primeiramente, sobre o que é um sistema de informa-ções, para posteriormente discutirmos o SIAB.

A informação é o produto obtido a partir de determinada com-binação e interpretação de dados. Possibilita o conhecimento, a avaliação e o juízo sobre determinada situação. É um importante recurso para subsidiar o processo de tomada de decisão, de pla-nejamento, de execução e de avaliação das ações desencadea-das. (FERREIRA, 2001. p. 174).

Atualmente, vivemos na “era da informação”. Os meios de comunicação cada vez mais se tornam ágeis e modernos. Nas últimas décadas, a tecnologia deu um passo muito grande, pois aproximou nações e encurtou a distância para a comunicação. Nessa “nova era tecnológica”, temos a possibilidade de tra-balhar com ferramentas que auxiliam a construção de conhecimento e o bom andamento dos serviços, como ocorre com os sistemas de informações.

A implementação de um Sistema de Informação significa uma mudança, muitas vezes profunda, na organização, que deve ser planejada e preparada para que se garanta seu sucesso... Na Era da Informação, o enfoque passou a ser a vantagem competitiva; as competências principais são, no negócio, aspectos gerenciais e estratégias de Tecnologia de Informação... (Albertin, 1996).

Os sistemas de informações são importantes instrumentos para o gerencia-mento dos serviços. Eles possibilitam o armazenamento de dados que serão úteis, dando suporte e fortalecendo a tomada de decisões ou até mesmo para de-monstrar transparência em relação à prestação de serviços para uma sociedade.

O processo de gestão no setor saúde demanda a produção de informações que possam apoiar um contínuo (re)conhecer, de-cidir, agir, avaliar e novamente decidir. Portanto, o processo de produção de informações, além de contínuo, também precisa ser sensível o bastante para captar as transformações de uma situa-ção de saúde. (FERREIRA, 2001. p. 176).

Em 1998, o Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde – SIPACS foi substituído pelo Sistema de Informação da Atenção Pri-mária – SIAB, com o intuito de acompanhar ações e resultados das Equipes da Atenção Básica – EAB, tornando um instrumento de grande importância para toda população, pois através dele é que teremos condições de avaliar, conhecer, inserir e expor dados relevantes à melhoria da saúde pública. Atra-vés desse sistema de informações, você terá condições de registrar todas as implicações que mais comprometem a saúde da comunidade em que atua. O Ministério da Saúde (2012) define assim o SIAB:

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e-Tec Brasil

Sistema de Informação Atenção Básica é um sistema (softwa-re), desenvolvido pelo DATASUS em 1998, cujo objetivo cen-tra-se em agregar, armazenar e processar as informações relacio-nadas à Atenção Básica (AB) usando como estratégia central a Estratégia de Saúde da Família (ESF). (http://dab.saude.gov.br/portaldab/siab.php> acesso em setembro de 2014).

O Ministério da Saúde – MS desenvolveu outros tipos de sistemas de in-formação, vale a pena conhecê-los, uma vez que muitas informações estão apresentadas por municípios e, certamente, irão ajudá-lo a conhecer melhor a vida e saúde da população do lugar em que você vive e atua.

Convido você a visitar o site http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-aplicativos para conhecer outros tipos de sistemas de informações e aplicativos da saúde.

Segue quadro esquemático com alguns sistemas utilizados na saúde pública, neles são apresentados as siglas, os indicadores e os órgãos que os regem.

QUADRO 1 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NACIONAL

SIGLAS SISTEMAS INDICA-DORES

ORGÃO

SIM Sistema de Informações de Morta-lidade

Informa-ções rela-cionadas ao perfil epidemio-lógico

Centro Nacional de Epidemiolo-gia - CENEPI

SINAN Sistema de Informações de Agra-vos notificáveis

SINASC Sistema de Informações de Nasci-dos Vivos

SAI – SUS

Sistemas de Informações Ambula-toriais do SUS

Sistemas relacio-nados à assistência e a admi-nistração

DATASUS

SIH – SUS

Sistema de Informações Hospitala-res do SUS

SIAB Sistema de Informações da Aten-ção Básica

SI – PNI Sistema de Informações do Progra-ma Nacional de Imunização

SISVAN Sistema de Informação da Vigilân-cia Alimentar e Nutricional

SICLOM Sistema de Controle Logístico de Medicamentos

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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde

SIGAB Sistema de Gerenciamento de Uni-dade Ambulatorial Básica

Sistemas gerenciais

DATASUS

HOSPUB Sistema Integrado de Informatiza-ção de Ambiente Hospitalar

CENSO Levantamento decenal de dados populacionais e indicadores sociais

Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatís-tica – IBGE

Fonte: FERREIRA, 2001. p. 184.

1.2 Finalidade do SIAB

Numa visão geral, é, através desse sistema, que o Ministério da Saúde – MS organiza suas intervenções para ações na Atenção Básica, a nível nacional. Segundo BRANCO (2001), “é fundamental a existência de sistemas de in-formação de concepção federal para o adequado acompanhamento, controle, avaliação e produção de conhecimento em nível nacional.”

Numa perspectiva regional, o SIAB torna-se instrumento igualmente de gran-de relevância para o levantamento local, a situação da saúde, social e sanitária de uma comunidade, pois nele irá conter informações detalhadas que auxilia-rão as estratégias para intervenção e criação de metas das Equipes de Atenção Básica – EAB acerca das condições relacionadas à prevenção, promoção e recuperação da saúde, bem como para a avaliação das equipes e dos gestores sobre as ações realizadas. A seguir, um esquema do ciclo das informações coletadas para o desenvolvimento do trabalho a nível local.

Figura 3: Ciclo das informações a nível localFonte: acervo pessoal.

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Esse esquema demonstra o fluxo para a sistematização dos dados. Aponta para um movimento contínuo no qual o sistema de informação local deverá ser alimentado, continuamente, com dados acerca das condições de vida da população. A partir desses dados, os indicadores que surgirem é que irão nor-tear as ações que deverão ser discutidas e planejadas pela equipe de saúde, na tentativa de alcançar os resultados esperados.

Tal instrumento é útil para que a EAB, composta por multiprofissionais, tenha acesso à realidade do território em que atua, como as condições de saúde, moradia e saneamento de cada família, para, posteriormente, formular meca-nismos de sanar as necessidades e acompanhar o desempenho dessa equipe.

O SIAB tem com principal função tornar público a real situação de cada mu-nicípio frente à atenção básica para a elaboração de estratégias e ações.

1.3 Fluxo

As informações são coletadas pelos profissionais através de fichas específi-cas, as quais darão origem a dados que serão consolidados ainda nas equi-pes, para, posteriormente, serem lançados e encaminhados à Coordenação da Atenção Primária do município, esta repassará às Superintendências Re-gionais de Saúde, as quais enviarão às Secretárias Estaduais de Saúde onde todos os dados serão encaminhados ao Ministério da Saúde / Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS.

Os dados deverão ser encaminhados mensalmente. A ausência ou o não re-passe dos mesmos, seguindo o fluxo citado, por dois meses consecutivos ou três meses alternados, acarretará na suspensão do cadastro do programa da equipe, logo, também serão suspensos os recursos financeiros, isso se aplica também para outros sistemas de informação relacionados à assistência, admi-nistração e ao perfil epidemiológico que são alimentados a partir das equipes de saúde dos municípios.

Como mencionamos no início do nosso trabalho, os ACS ocupam lugar de destaque dentro do SUS. O início do processo de coleta de dados está a cargo desses profissionais. Analise o esquema demonstrativo do fluxo de informa-ções que segue:

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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde

Figura 4: Esquema do fluxoFonte: acervo pessoal.

1.4 Preenchimento de formulários e análise dos dados

Todo o fluxo das informações coletadas terão origem no preenchimento de fichas específicas, o que será realizado por profissionais como os Agente Co-munitário de Saúde – ACS. Esses profissionais farão o levantamento de todas as famílias que moram em sua área de atuação. Mensalmente, os agentes deverão visitar essas famílias para que todas as informações sejam frequen-temente atualizadas.

Tais fichas são organizadas da seguinte forma:

• Ficha para cadastramento das famílias (Ficha A).

• Ficha para acompanhamento (Fichas B).

• Ficha de gestantes (Ficha B-GES).

• Ficha de hipertensos (Ficha B-HA).

• Ficha de diabéticos (Ficha B-DIA).

• Ficha de pessoas com tuberculose (Ficha B-TB).

• Ficha de pessoas com hanseníase (Ficha B-HAN).

• Ficha para acompanhamento da criança – Ficha C (Cartão da Criança).

• Ficha para registro de atividades, procedimentos e notificações (Ficha D).

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Após os ACS coletarem as informações utilizando as fichas específicas acima citadas, os dados coletados serão consolidados pelas equipes e inseridos no Cadastramento das Famílias (Fichas A), nos Relatórios de Situação de Saúde e Acompanhamento das Famílias (SSA) e nos Relatórios de Produção e Mar-cadores para Avaliação (PMA). Após essa consolidação é que as informações serão lançadas no SIAB seguindo o fluxo descrito anteriormente.

Você pode ver os modelos dessas fichas acessando a página http://www.planilhasprontas.com/planilhas-saude/ Acesso em 19/01/2015.

Resumo

Nessa aula, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o Sis-tema de Informações da Atenção Básica – SIAB, refletindo sobre:

• Conceito de sistemas de informações, a criação do SIAB e os outros sis-temas de informações da saúde.

• Sua finalidade, ou seja, para que são utilizados e a forma em que auxilia na saúde pública.

• Sobre o fluxo a ser seguido, desde a coleta dos dados até o lançamento no DATA-SUS.

• O preenchimento e análise dos dados coletados e lançados no banco de informações do DATA-SUS.

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Planejamento em Saúde Coletiva e Construção de Redes Comunitárias para a Promoção da Saúde

Vamos reforçar o nosso conhecimento? Com base no que foi discutido nesta aula, reflita sobre a importância dos sistemas de informação de saúde e res-ponda às questões a seguir:

1. Para que servem os sistemas de informação?

2. Como funciona o fluxo do SIAB?

3. Como se dá a coleta e a análise dos dado que irão alimentar o SIAB?

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Aula 2 – Técnicas de Levantamento das Condições de Vida e de Saúde/Doença

da População

Figura 5: Coleta de dados individual Fonte: www.sumare.sp.gov.br > acesso em 25 de outubro de 2014.

Figura 6: Alusão coleta de dados coletivaFonte: www.noticiasdeitauna.com.br >acesso 25 de outubro de 2014.

Antes de falarmos sobre uma das etapas do trabalho do agente, o qual é fun-damental para a melhoria das condições de vida das pessoas e para registro e comunicação dos dados às autoridades competentes através do SIAB, con-sideramos importante abordar a composição da equipe de saúde. Como já afirmamos, o trabalho na atenção primária é um trabalho coletivo, no qual todos os membros da equipe de saúde são extremamente importante para o êxito do trabalho. Sabe-se que a Atenção Básica ou Primária tem condições de resolver 85% dos problemas de saúde. Isso se a equipe funcionar efetiva-mente com a atuação de todos os atores envolvidos nas ações educativas e preventivas de forma contínua. Se as metas elaboradas forem alcançadas, os demais níveis de atenção (média e alta complexidade) reduzirão a demanda financeira e assistencial, melhorando a qualidade de vida e do atendimento, como afirma Belisário:

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Sabe-se hoje que as ações educativas e de prevenção, aliadas aos atendimentos mais freqüentes, considerados ações da aten-ção básica ampliada, resolvem 85% dos problemas de saúde da população. Isso significa que o investimento na atenção básica previne o adoecimento ou o agravamento das doenças. Assim, a qualidade de vida da população melhora e tendem a diminuir os gastos com procedimentos de média e alta complexidade. Como conseqüência deste processo, evidenciam-se: redução dos índi-ces de mortalidade infantil, diminuição do número de mortes por doenças de cura simples e conhecida, bem como diminuição das filas nos hospitais das redes públicas e conveniadas com o SUS. (BELISÁRIO, 2001. p. 194).

Ainda, segundo Belisário (2001), cada equipe deve atender uma área com, no máximo, 4.500 habitantes, sendo que cada ACS deverá ser responsável por aproximadamente 575 pessoas. As EAB são compostas normalmente por um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (4 a 6 profissionais), toda a equipe precisa conhecer a situação de todo território de abrangência, para isso, é necessário o levantamento de in-formações que identifiquem problemas reais que afligem as famílias da área correspondente, para a tomada de decisões que possam sanar as mesmas. Para que haja o sucesso das ações, todas as informações deverão ser ponderadas, identificando e analisando soluções para os problemas. Dessa forma, nenhum elemento será subestimado ou omitido.

Belisário (2001) estabelece ainda, critérios para o recrutamento de agentes comunitário de saúde, conforme descrito na citação a seguir:

Os agentes comunitários são moradores da própria área de atu-ação. Eles recebem treinamento e são supervisionados por um instrutor/supervisor. A visita domiciliar é seu principal instru-mento de trabalho. Cada agente vai pelo menos uma vez por mês a cada casa localizada em sua área de atuação. Eles fazem a ligação entre as famílias e o serviço de saúde... (BELISÁRIO, 2001. p. 194.)

Esse critério é muito importante, pois estar junto da população, morando no mesmo território, possibilita ao ACS a aquisição de uma proximidade com os moradores, gerando vínculo mais amistoso e uma relação de confiança, favo-recendo na atuação desse profissional, uma vez que terá as portas dos lares abertas para conhecer a situação e condições em que vivem as famílias, pro-movendo o acesso destas aos serviços que irão atender às suas necessidades. Belisário pontua também a importância de ser morador no mesmo território, pois auxilia na logística das visitas, uma vez que esse procedimento deve ser feito ao menos uma vez por mês. O MS (Brasil, 1997) define, através da portaria nº 1.886 de dezembro de 1997, os requisitos para atuar como ACS, conforme descreve-se a seguir:

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São considerados requisitos para o ACS: ser morador da área onde exercerá suas atividades há pelo menos dois anos, saber ler e escrever, ser maior de dezoito anos e ter disponibilidade de tempo integral para exercer suas atividades. O Agente Comu-nitário de Saúde deve desenvolver atividades de prevenção das doenças e promoção da saúde, através de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas, nos domicílios e na Comunidade, sob supervisão e acompanhamento do enfermeiro Instrutor-Supervisor lotado na unidade básica de saúde da sua referência. (BRASIL, 1997).

Figura 7: Equipe da Atenção BásicaFonte: http://atencaobasica.org.br/relato/6583 > acesso em 25 de outubro de 2014

O trabalho de campo, na coleta das informações, será realizado mensalmente pelos agentes comunitários de saúde. É muito importante que esses profis-sionais criem vínculo amistoso com as famílias, para que conheçam mais de perto a realidade e as necessidades de todos, assim como as condições sócio-sanitárias do território onde atua. Através desse trabalho, é que os gestores terão oportunidade de conhecer a situação dos indivíduos, elaborando, formu-lando e implementando ações para responder às necessidades.

É importante enfatizarmos a forma de abordagem da comunidade. O respeito e a ética devem ser princípios adotados por todos os profissionais que atuam nas equipes de saúde, a começar pelos agentes, os quais farão o primeiro contato com a população e terão, frequentemente, que visitar essas famílias entrando em suas casas, em suas intimidades. A ausência da postura adequada pode dificultar todo o trabalho, se o indivíduo tiver seus problemas expostos publicamente, o mesmo poderá se sentir humilhado, desamparado, compro-metendo ainda mais as questões que o aflige.

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Para obtenção de um diagnóstico local, os profissionais envolvidos deverão realizar, segundo Belisário (2001, cap.7. p. 194-195), ações que colaborem para as condições de vida da população – “cadastramento, mapeamento, iden-tificar as micro-áreas de risco e realizar ações coletivas” que envolvam toda a comunidade. Vejamos separadamente cada um desses aspectos.

• Cadastramento – é realizado segundo o fluxo estudado na aula anterior. Primeiramente, são preenchidas as fichas com os dados referentes a cada indivíduo de uma família e a situação de saúde de cada um, bem como as condições de moradia, educação, sanitária, segurança, etc. Posteriormente, esses dados serão consolidados e lançados no SIAB. O cadastramento é um aspecto muito importante, pois é nesse momento que os profissionais de saúde terão acesso à quantidade de moradores, condições em que vi-vem e suas reais necessidades.

Voltar ao fluxo de dados da aula 1, item 1.3

• Mapeamento – nessa etapa, há a importância de identificar os pontos mais fortes e os mais fracos do território, como pontos de referências positi-vas e negativas. Quando falamos em pontos fortes e fracos, referimos, de forma mais ampla, às questões como, por exemplo, ausência ou insu-ficiência de saneamento (ponto fraco) ou algum projeto social voltado à ocupação dos adolescentes (ponto forte). Fazemos referência a serviços que ainda não foram implantados ou que são precários, numa perspectiva de ponto fraco; ou aqueles que surtem bons resultados e que funcionam com efetividade, como ponto forte em uma comunidade. Já os pontos de referência, são aqueles os quais todos ou quase todos os habitantes de um território têm o conhecimento e usa como referencial igrejas, escolas, farmácias numa percepção positiva e, matagal, ausência de iluminação pública em algum ponto da região, presídios, ponto de venda de drogas, entre outros pontos que possam gerar algum dano ou risco à população daquela comunidade, como sendo pontos de referências negativas. A se-guir, descreveremos uma ação de igual relevância que pode auxiliar na identificação desses pontos.

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Figura 8: Mapa com micro áreas de saúdeFonte: http://www.serafinacorrea.rs.gov.br > acesso em 25 de outubro de 2014.

• Identificação das micro áreas de risco – deverão ser levantadas/mapeadas e registradas todas as áreas que coloquem em risco a saúde e segurança da população, como matagal, ausência de tratamento de esgoto, de coleta de lixo e de asfalto, pontos mais violentos, etc. Essas micro áreas serão levantadas a partir dos indicadores, os quais estudaremos mais adiante.

• Ações coletivas – nessa etapa os agentes promoverão reuniões com a co-munidade, com as associações, com os grupos das igrejas ou com outros grupos que primem valores ou necessitem de acompanhamento mais de perto como as gestantes, portadores de doenças crônicas, adolescentes, crianças, idosos, pais e mães. Podendo utilizar até mesmo dos pontos de referências positivas, as edificações públicas como escolas e igrejas, no horário de funcionamento, podem favorecer às mobilizações. A promoção dessas reuniões é uma forma de agregar a comunidade e todas as famílias que serão envolvidas, pois serão convidadas a estarem discutindo a rea-lidade de seu território, formas de recuperar e prevenir agravos na saúde, elaborando ações que visem sanar as prioridades.

Essas ações realizadas pelos agentes comunitários de saúde aproximam o usuário do sistema. Entretanto, cada profissional que compõe a equipe de-sempenha funções de igual relevância, pois visam bons resultados como res-posta ao trabalho para melhoria da saúde individual e coletiva de todos que habitam no território onde atuam.

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Resumo

Tivemos a oportunidade de aprendermos um pouco mais sobre as Equipes de Saúde Básica abordando assuntos acerca:

• Da composição das equipes de saúde, bem como o papel do Agente Co-munitário de Saúde – ACS e sua importância.

• Da resolubilidade das EAB quando o seu trabalho é efetivo e contínuo.

• Dos critérios para se tornar um Agente Comunitário de Saúde.

• De algumas técnicas que auxiliam em nosso trabalho como: cadastramen-to, mapeamento, identificação das microáreas de risco a ações coletivas.

Com base no que estudamos, responda:

1. Descreva como deve ser composta uma EAB.

2. Quais os requisitos para ser Agente Comunitário de Saúde?

3. Como é a atuação dos ACS?

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Aula 3 – Condições de risco social: violência, desemprego, infância

desprotegida, processos migratórios, analfabetismo, nutrição, ausência ou

insuficiência de infraestrutura básica.

Observe o conteúdo ou temas que está compondo o que chamamos de risco social. Reflita sobre o porquê de essas questões serem consideradas como sendo de risco social. Nem sempre foi assim, ou seja, nem sempre o conceito de saúde foi tão abrangente. Por isso, faremos um breve retorno à história para citarmos momentos que serviram de marco para o novo conceito de saú-de. A preocupação com os níveis de saúde da população passou a ser uma questão de interesse mundial. Para entendermos a introdução desses temas, torna-se fundamental acompanhar os movimentos e as discussões a cerca das condições de vida dos seres humanos em todo o mundo.

Após a segunda guerra mundial, surgiram, por todo o planeta, problemas so-ciais que afetavam diretamente a saúde dos seres humanos. Diante desse qua-dro, essas questões passaram a ser amplamente discutidas pelas organizações não governamentais – ONG’s e governantes de vários países, levando-os a se unirem na tentativa de minimizar esses problemas, surgindo, assim, a neces-sidade de organizarem conferências para tais discussões.

A Organização Mundial de Saúde – OMS declarou, no final da década de 1940, que saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social e não a mera ausência de doença ou enfermidade, como afirmam BUSS e FI-LHO (2007) na citação a seguir:

A definição de saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade, inserida na Constituição da OMS no momento de sua fundação, em 1948, é uma clara expressão de uma concep-ção bastante ampla da saúde, para além de um enfoque centrado na doença. (BUSS e FILHO, 2007).

Em 1978, a OMS e Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância – UNICEF organizaram a 1ª Conferência Internacional Sobre Cuidados Primários à Saúde, no Cazaquistão, na cidade de Alma – Ata. Nessa conferência, foi elaborado um documento que reafirma a saúde como direito de todos, e a saúde é uma das metas mais importantes para a melhoria social no mundo. Esse documento foi denominado como Declaração de Alma – Ata e propõe a diminuição da desigualdade social e o fortalecimento da Atenção Básica.

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• UNICEF: “O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) foi criado em 11 de dezembro de 1946, pela Organização das Nações Unidas (ONU), para atender, na Europa e na China, às necessidades emergenciais das crianças durante o período pós-guerra.”. (Site oficial da UNICEF Bra-sil).

• ONU: “Criada em 16 de outubro de 1945, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lidera os esforços interna-cionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar.” (Site oficial ONU Brasil).

• OMS: A Organização Mundial de Saúde foi criada depois da segunda guerra mundial e é representada no Brasil pela Organização Pan-Ameri-cana de Saúde – OPAS.

Visite os sites http://www.unicef.org/brazil/pt/faq.html, http://www.onu.org.br/onu-no-brasil/fao/, http://www.paho.org/bra/

Em novembro de 1986, ocorreu a I Conferência Internacional sobre Promo-ção da Saúde, na cidade de Ottawa, no Canadá, teve a participação de cerca de 40 países, principalmente os mais industrializados. Nessa conferência, foi produzida a Carta de Ottawa (WHO, 1986), a qual passou a ser referência para a organização dos serviços de saúde através da redefinição dos concei-tos, princípios e formas de promoção de saúde, distribuindo, de forma inter-setorial, a responsabilidade pelas ações que dariam origem a essa nova defini-ção de saúde. Tendo como pontos imprescindíveis: paz, educação, habitação, alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade.

Logo após a Conferência em Ottawa, no ano de 1988, surge o Sistema Único de Saúde – SUS no Brasil, através da nova Constituição Federal. A seguir, um BOX com parte dessa constituição, trazendo algumas definições e deveres do SUS, como as prioridades, responsabilidades financeiras e papel a inserção do ACS.

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Seção II – Da Saúde

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fisca-lização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regiona-lizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acor-do com as seguintes diretrizes: (EC no 29/2000, EC no 51/2006 e EC no 63/2010) I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – participação da comunidade. § 1o O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recur-sos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. § 2o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: I – no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3o; II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recur-sos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea “a”, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, in-ciso I, alínea “b” e § 3o.

§ ۳o Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: I – os percentuais de que trata o § ۲o; II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; IV – as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União. § ٤o Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo

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com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. § ٥o Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial. § 6o Além das hi-póteses previstas no § 1o do art. 41 e no § 4o do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes as de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício.

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1o As institui-ções privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou con-vênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 2o É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 3o É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. § 4o A lei disporá sobre as condi-ções e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

I – controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imu-nobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

II – executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

III – ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV – participar da formulação da política e da execução das ações de sanea-mento básico;

V – incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tec-nológico;

VI – fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

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VII – participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

Fonte: Constituição da República Federativa do Brasil, 35ª edição http://bd.camara.gov.br > acesso em 03 de outu-bro de 2014.

Para entendermos melhor como se aplica os conceitos, princípios e formas de promoção em saúde citados acima, primeiramente, entenderemos a diferença entre risco e dano. Risco, por exemplo, seria, uma criança brincando próxima a uma tomada da rede elétrica, já o dano seria se ela enfiasse algum objeto ou até mesmo o seu próprio dedo nesse orifício, ou seja, o dano seria a criança ferida e/ou a perda do objeto. Na saúde pública, funciona da mesma forma, pois temos que identificar e avaliar todos os riscos e danos que poderão haver ou que já existem na comunidade nos diferentes setores, notificá-los, para, posteriormente, fazer uma reflexão junto à equipe, com intuito de promover ações que minimizem os danos.

É amplamente discutido que o fator socioeconômico exerce influência direta sobre o indivíduo. Qual a sua avaliação sobre esta afirmação? Em que esse fator afeta a saúde das pessoas? Pare e reflita. Podemos fazer uma discussão sobre essa questão na sala virtual.

Na literatura, encontramos a informação de que a escassez de recurso finan-ceiro resulta na ausência de elementos primordiais para a saúde do ser huma-no. Segundo Helman (2003, p. 14), “a pobreza pode resultar em má nutrição, habitações superlotadas, roupas inadequadas, violência física e psicológica, estresse psicológico e abuso de drogas e de álcool.”

Figura 9: Precariedade e superlotação habitacionalFonte: http://www.umirimnoticias.com/2011/07/quatro-municipios-recebem-r-147-milhao.html > acesso em 25 de outubro de 2014.

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Com a definição da OMS, em 1948, que citamos no início da nossa discussão, podemos concluir que cada indivíduo tem o direito a uma vida digna e com qualidade, e nossa obrigação quanto profissionais de saúde é tentar minimizar ao máximo todos os riscos que ameaçam a saúde e bem estar da população em nossa área de atuação.

Figura 10: Fatores de Risco e DanosFonte: acervo pessoal.

Esse esquema representa alguns fatores que podem gerar danos a nossa saú-de, sejam eles de causas externas como a condição social em que vive o cida-dão ou intrínsecas do próprio indivíduo, como as doenças desenvolvidas pelo fator genético.

3.1 Violência

A violência tem sido tema em muitas discussões e vista como um problema de saúde pública a nível mundial, não que seja responsabilidade apenas do setor de saúde, mas sim por afetar diretamente a mesma, além disso, apresenta alto índice que resulta em danos físicos e/ou psicológicos, os quais demandam

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tratamento e acompanhamento das vítimas. Segundo Agudelo (1990), “a vio-lência representa um risco maior para realização do processo vital humano: ameaça a vida, altera a saúde, produz enfermidade e provoca a morte como realidade ou como possibilidade próxima.”

Devemos tratá-la como problema epidemiológico, entretanto, não se enqua-dra nos métodos tradicionais de combate as demais endemias. A violência é um problema complexo que deve ter a participação dos atores específicos, como representantes da segurança pública, da saúde, programas sociais, entre outros para elaboração de ações que visam à redução da mesma e do impacto que ela gera, para posteriormente serem colocadas em prática pelos represen-tantes inseridos nas três esferas de governo – Federal, Estadual e Municipal.

A Violência permeia a vida de muitas pessoas por todo o mundo, e toca a todos nós de algum modo. Para muitos, permanecer lon-ge desse problema é só uma questão de trancar portas e janelas e evitar locais perigosos. Para outros, escapar não é possível. A ameaça da violência está atrás dessas portas – bem escondida da visão pública. E para aqueles que vivem em meio a situações de guerra ou conflito, a violência permeia cada aspecto das suas vidas. (BRUNDTLAND – OMS, 2002).

Pesquisas revelam que a expectativa de vida do brasileiro tem aumentado nas últimas décadas, entretanto, proporcionalmente, vem aumentando o índice de mortes entre indivíduos mais jovens, e a maioria das causas são externas como acidente de trânsito e homicídios, ou seja, causas violentas.

Atualmente há um turbilhão de propagandas veiculadas pela mídia nas quais pessoas bonitas, saudáveis se vestem, comem e vivem bem. Tais propagandas bombardeiam a imaginação nutrindo desejos, entretanto, ao desligar a tv, o in-divíduo volta à sua realidade deparando com o oposto e, a partir disso, surgem as frustrações. A desigualdade social e financeira gera questionamentos que podem levar a rebeldia, a ausência de acesso à boa educação, a alimentação, a segurança, entre outros fatores necessários à qualidade de vida e que acarreta a ausência de saúde física e/ou psicológica. Em alguns casos, o cidadão parte em busca da aquisição desses elementos que irão satisfazer as suas necessida-des, da forma que julgar ser a mais fácil e acessível, passando a se envolver com o tráfico de drogas, assaltos, roubos, entre outros crimes. Em outros ca-sos, torna-se vítima desses abusos ou adoece pela precariedade em que vive elevando o índice de morbidade e mortalidade.

Na aula anterior, abordamos a importância dos ACS para as comunidades onde atuam. Através das visitas constantes e a proximidade, os agentes pas-sam a fazer parte do cotidiano íntimo das famílias, tornam-se cúmplices da realidade em que vive cada indivíduo. Outro fator que favorece essa aproxi-mação é o fato de compartilharem o mesmo espaço geossocial. Fonseca et al. vem reforçar o importante papel dos ACS junto às famílias:

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[...] dá-se maior visibilidade ao papel do agente comunitário de saúde (ACS), já que ele é o elo entre o serviço de saúde e a comunidade. Habitando o mesmo território, tem, inclusive, con-dições de avaliar a dinâmica da família e, muitas vezes, identi-ficar situações de risco ou de violência consumada, pela própria observação ou pelo vínculo que estabelecem com a clientela. O que ocorre, na maior parte dos casos, é que as mulheres acabam por relatar aos ACSs fatos que não relatariam a outros profissio-nais, tornando-os possíveis atores capazes então de prevenir ou intervir nessas situações. (FONSECA et al. 2009).

Logo, essa aproximação dos agentes, bem como dos demais profissionais que atuam na equipe de saúde, possibilita identificar os casos de violência e bus-car soluções para os mesmos com intuito de preservar a integridade individu-al e coletiva.

Figura 11: Violência contra a mulher na visão de um filhoFonte: http://www.pastoraldamulherbh.blogspot.com > acesso em 24 de outubro de 2014.

Este desenho retrata a realidade vivida na família da criança que o fez. Ana-lisem a expressão no rosto do autor e sua mãe. Faça uma reflexão em relação a esta imagem e discuta com os seus colegas em um fórum sobre a violência na sala virtual, a sua visão diante deste quadro.

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Leia o artigo: A Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública (MI-NAYO, M. C. S. Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 10 (supl. 1): 07-18, 1994).

Figura 12: Por um mundo sem violênciaFonte:http://www.humorxxl.com/pt/content/imagens-divertidas-por-um-mundo-sem-violencia--rd4rjhdk91g > acesso em 29 de setembro de 2014.

3.2 Desemprego

A saúde pública está intrinsecamente vinculada à questão socioeconômica. Estudos apontam a degradação da saúde do indivíduo, frente à ausência de emprego.

[...] a saúde é influenciada pela posição socioeconômica e esta relação se opera por diversos caminhos, seja por meio de com-portamentos, efeitos biológicos, fatores psicossociais, seja por recursos diferenciais para tratamento, prevenção e promoção da saúde. O desemprego, o trabalho informal e, sobretudo, a ex-clusão do mercado de trabalho estiveram associados a uma pior condição de saúde entre adultos brasileiros. (GIATTI. L. e BAR-RETO S. M. 2006).

A globalização foi vista no passado, como grande passo favorável ao capita-lismo mundial, com ótimas perspectivas no desenvolvimento da humanidade. Entretanto, essa visão otimista vem se dissolvendo nas últimas décadas, pois a realidade no mundo hoje é bem diferente do esperado. Como afirmam Kato e Ponchirolli:

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O atual debate social apresenta geralmente o desemprego como o resultado de três fatores emergentes: a mundialização dos mer-cados, que provoca uma reestruturação da produção, a introdu-ção de uma tecnologia que utiliza cada vez menos mão-de-obra e o fim de uma era de crescimento econômico sustentado, que garantia o pleno emprego. (KATO e PONCHIROLLI, 2002).

Não podemos afirmar que a globalização seja de fato uma mudança ruim, pois, através dela, as fronteiras foram encurtadas. Hoje temos acesso a uma variedade de produtos enquanto algumas décadas atrás era restrito e de difícil acesso. O ponto em que abordamos está diretamente ligado, pois, se junto com toda essa facilidade do acesso veio a concorrência, com a concorrência, as empresas tiveram que aumentar a produtividade, acompanhando os avan-ços tecnológicos, as máquinas tomaram o espaço dos homens, elevando o índice do desemprego e, consequentemente, os problemas sociais.

Nesse contexto, observamos o aumento da desigualdade social, a miséria, os salários baixos, a falta de empregos por todo o planeta, os países mais pobres sofrem de forma severa e os emergentes não saem ilesos, claro, em menores proporções, também sofrem com a crise mundial. Como reforça Frigotto na citação a seguir:

O ideário da globalização, em sua aparente neutralidade, cumpre um papel ideológico de encobrir os processos de dominação e desregulamentação do capital e, como consequência, a extraor-dinária ampliação do desemprego estrutural, trabalho precário e aumento da exclusão social. (FRIGOTTO, 2005).

Figura 13: Globalização e efeitos adversosFonte: http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2013/01/globalizacao-e-efeitos-adversos.html > acesso em 23 de outubro de 2014

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No Brasil, o mercado de trabalho é monitorado pelo IBGE e pelo Departa-mento Intersindical de Estudos Estatísticos e Sócio-Econômicos – DIEESE. Através desses órgãos é que temos acesso a real situação do desemprego no país. O IBGE determina o número de desempregados, todos os indivíduos acima de 16 anos entrevistados na semana da coleta dos dados que estavam procurando emprego no mercado de trabalho. Já o DIEEDE possui uma forma mais ampla em sua estatística, além dos desempregados, fazem parte pessoas que trabalham informalmente ou de forma precária. O aumento dos trabalhos informais desvaloriza o trabalhador, além de deixá-lo desprotegido sem os seus direitos assegurados.

Acesse o link a seguir para aprofundar um pouco mais o seu conhecimento em relação aos critérios de avaliação do IBGE acerca desse tema:

ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_continua/Comen-tarios/pnadc_2014_01_trimestre_comentarios.pdf. Acesso em 20/01/15

Diante do desemprego, alguns setores tendem a sofrer maior deterioração como o meio ambiente, educação, saúde e trabalho, sendo que este tem suas consequências mais evidentes. Há uma interligação entre eles, quando um dos setores não vai bem, os outros tendem a apresentar dificuldades. Como, por exemplo, o setor de educação, se este não é de qualidade ou apresenta outras fragilidades, a qualificação da mão-de-obra fica comprometida, logo outros setores, principalmente, o mercado de trabalho serão comprometidos como coloca Kato e Ponchirolli (2002) “[...] a educação insuficiente desde a infância é responsável direta ou indiretamente pela baixa qualificação da mão-de-obra no Brasil e apresenta-se como um dos pontos mais críticos para o país”.

Já numa visão mais focada, ao observar não só o coletivo, mas cada desem-pregado em si, vemos que o comprometimento não só intersetorial, mas tam-bém individual e estendendo a todos que dependem desse indivíduo, seja sua família ou a sociedade em que ele vive, pois deixa de contribuir para o desen-volvimento, uma vez que não há como colaborar com a economia, além de gerar instabilidade financeira, tem como consequência a instabilidade emo-cional e física que acabam se tornando, também, um problema de saúde.

Podemos atribuir o desemprego a uma das causas primárias da perda de saú-de, pois com os danos gerados em razão dos problemas que surgem, o indiví-duo torna-se excluído quando a sociedade deveria fazer o oposto.

Os trabalhadores excluídos da economia formal são forçados a ganhar a vida em ocupações precárias ou, após muito tempo sem trabalho, são atingidos pela exclusão, numa escala descendente entre inclusão, inclusão precária e exclusão (GIATTI. L. e BAR-RETO S. M. 2006).

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É dever da sociedade acolher o desempregado, amparando e buscando saídas para que o mesmo possa ser reinserido, de forma digna, ao mercado de tra-balho, devidamente assegurado dos seus direitos, seja se capacitando ou apli-cando suas habilidades no meio em que vive, através de ações conjuntas e solidárias entre o Estado e a sociedade civil com o intento de promover saúde e qualidade de vida àqueles que necessitam.

3.3 Infância Desprotegida

A infância é vista de diferentes formas pelo mundo. Cada sociedade lida com essa fase do ser humano de acordo com suas normas e regras segundo afirma Helman:

[...] tendem a variar bastante entre diferentes grupos humanos... diferentes sociedades estabelecem idades diferentes para deter-minar quando as crianças podem ser educadas, participar de cer-tos rituais religiosos, trabalhar fora de casa, ter relações sexuais, controlar suas finanças[...] (HELMAN, 2003. p. 17).

Independente da cultura em que vive, sabe-se que o ser humano, enquanto criança, apresenta fragilidades físicas, intelectuais e motoras, cabendo aos responsáveis por esta, proporcionar o desenvolvimento e os cuidados neces-sários, para que conviva nos moldes da sociedade em que vive. É necessário, então, alimentação adequada, educação de qualidade e lazer para que cres-çam felizes, saudáveis e se desenvolvam físico e intelectualmente.

No Brasil, fica a cargo da família e da sociedade que a acolhe, a responsabi-lidade pela criança. Diante da vulnerabilidade e fragilidade inerentes a essa fase do ser, foi criado o artigo 227 da Constituição de 1988, assegurando os direitos essenciais à cidadania das crianças e adolescentes como ”direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e social.

Primando ainda pelo respeito às crianças, em 13 de julho de 1990, o Governo Federal criou o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, através da lei 8.069. Nessa lei, é bem claro que o indivíduo é considerado criança até os 12 anos e adolescente dos 12 aos 18. Ela assegura que o indivíduo, enquanto criança ou adolescente, tenha acesso de forma efetiva a todo o necessário para que cresça feliz, segura e saudável.

Leia a Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, art. 4º.

Infelizmente as ações e resultados previstos no ECA ainda não são a realida-de em que vivemos. Após 24 anos da criação dessa lei, ainda é comum, na

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sociedade em que vivemos, os abusos de diversas naturezas com as nossas crianças, consequência da fragilidade na punição daqueles que teimam em violar os direitos assegurados pela Constituição e por falta de prioridades que a assegurem esses diretos. Isso é muito grave, pois as crianças que darão se-quência nos trabalhos que iniciarmos, e se não possuírem uma infância digna e segura, os problemas relacionados à saúde coletiva só tendem aumentar.

Figura 14: La infância desprotegidaFonte: Vicente Baos através do endereço virtual : http://vicentebaos.blogspot.com.br/2012/03/la-infancia-desprote-gida.html > acesso em 23 de outubro de 2014.

Falaremos, a seguir, sobre algumas questões que identificaremos como prin-cipais riscos à saúde da criança:

a. desnutrição – sabe-se que a alimentação é item imprescindível ao bom de-senvolvimento. A escassez de uma alimentação digna poderá comprometer a saúde física e mental do indivíduo, e infelizmente a desnutrição é algo muito comum, principalmente em países mais pobres;

b. ausência de saneamento básico – fator grave, pois expõe a saúde e segu-rança das crianças. O saneamento adequado evita que essas tenham con-tato com animais peçonhentos e infecções parasitárias, além de evitar que ocorram acidentes e a contaminação do lençol freático nos casos em que a comunidade utiliza a água de poços artesianos;

c. habitações superlotadas – há muitas moradias onde o espaço é escasso e compartilhado por todos os moradores, principalmente, onde dormem, além do desconforto, tudo se torna muito mais explícito, inclusive o sexo, não raro observarmos pais que mantém relações com os filhos em casos assim;

d. prostituição infantil – alguns pais incentivam, ou até mesmo as próprias crianças partem para a prostituição como forma de ganhar algum dinheiro que sacie, ao menos um pouco, as suas necessidades, entretanto essa prá-

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tica expõe a saúde e segurança dessas crianças as vezes de forma irrever-sível. Tornam-se mais vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis e à violência;

e. uso de drogas e de álcool – cada vez mais se torna comum vermos crianças fazendo uso de drogas e álcool, frequentemente, a mídia divulga esse tipo de cena. Devido às leis que proíbem a detenção de menores de 18 anos, as crianças e adolescentes, passaram a ser alvo dos traficantes que os utili-zam como “aviões”, trabalhando com o tráfico, sendo normalmente o seu pagamento feito com drogas e bebidas, gerando um ciclo vicioso onde a dependência destas substância os leva à pratica do crime.

Num âmbito internacional, a importância do estudo antropoló-gico da infância vem crescendo devido às implicações de diver-sas questões sociais para a saúde. Entre essas questões, estão o trabalho infantil, o abuso físico e sexual das crianças, a ampla prevalência da prostituição infantil, o aumento do uso de crian-ças em conflitos armados e o número crescente de “crianças de rua” em muitos países pobres. (HELMAN, 2003. cap. 1. p. 18)

Além desses pontos abordados, outra questão grave e que deve ser dada maior atenção é a violência e os maus tratos infantis. É assustador vermos frequen-temente em nosso cotidiano, pois é uma infeliz realidade que temos de convi-ver com esse tipo de abuso. Isso só reforça a necessidade de um maior amparo por parte do Estado e da sociedade, através da elaboração de programas que fortaleçam o que está contido na Constituição Federal e no ECA.

Figura 15: “A realidade dos maus tratos infantis”Fonte: http://www.webquestfacil.com.br/webquest.php?wq=5584 > acesso em 23 de outubro de 2014.

3.4 Processos Migratórios

O que significa migrar? Migrar significa deslocar-se de um lugar para outro, ou seja, nesse caso, o indivíduo, uma família ou um trabalhador sai do seu lo-cal de origem, cidade, estado ou país em busca de outro lugar que lhe favore-ça, seja temporariamente ou permanentemente, o indivíduo locomove-se em busca de melhorias que atendam suas necessidades. A seguir, uma definição clara das formas migratórias apresentado por Truzzi:

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[...] cadeias migratórias: as migrações de homens solteiros por intermédio de agentes recrutadores (padroni, como se conven-cionou chamar na literatura norte-americana); a imigração contí-nua de trabalhadores incentivada pela ajuda de outros indivíduos trabalhadores já instalados; e a imigração defasada da família, quando esposa e filhos se reúnem ao marido que anteriormente havia partido em busca de trabalho. (TRUZZI, 2008).

Essa prática é comum desde os primórdios da humanidade. Cada período da história apresentou motivos diferentes, seja por fatores ambientais como secas e outros fenômenos naturais, por questões políticas e religiosas como guerras, por questões sociais como taxa de desemprego, entre vários fatores como afirmam Levitt e Jaworsky (2007) “[...] as necessidades e as motiva-ções deste fenómeno têm sofrido alterações associadas às rápidas mudanças ambientais, demográficas, sócio-económicas e políticas.”

Figura 16: Migração do povo AlanoFonte: http://sarmatas.blogspot.com.br/2008/04/alanos.html > acesso em 27 de outubro de 2014.

Nos tempos atuais, o fator mais comum que motiva a migração é a busca de melhoria na sua situação financeira ou por uma proposta de emprego ou para oferecer seus serviços, ou até mesmo para se capacitar ou completar os estu-dos. Hoje, o fator mais comum está intimamente ligado à questão econômica, de saúde, educação e segurança. Nesse caso, vemos famílias inteiras migran-do em busca de uma vida melhor.

Mas muitos se perguntam: qual a relação que migração tem com a saúde?

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Através de um exemplo tentarei responder a essa pergunta.

O Sr. João de 40 anos, casado e com cinco filhos para criar, vivia com sua fa-mília passando por dificuldades, além da escassez de alimento, ainda sofriam com a seca, dificuldade de transporte para os filhos irem à escola e difícil acesso ao posto de saúde. Entretanto, com todas as dificuldades, eram sadios e felizes, moravam em uma casa própria, criavam alguns animais e viviam em um lugar tranquilo. Certo dia, o irmão do João que já havia partido para cidade há muito anos e trabalhava de pedreiro, o convidou para pegar a empreita de uma construção irrecusável, tanto falou que convenceu o irmão. João partiu deixando esposa e filhos na eminência de levá-los assim que se acomodasse e, cumprindo sua palavra, ele, em muito pouco tempo, os trouxe para viverem na cidade também. Passaram a viver de aluguel e aos poucos se estabelece-ram, passados alguns meses, o pai de família, entusiasmado, resolveu vender as suas terras. A cidade era grande e com muita rapidez se acostumaram ao ritmo, mas como a situação financeira não tinha melhorado grandes coisas, eles continuaram a ter privações, moravam em um bairro menos favorecido, muito violento e continuaram, de maneira diferente, tendo problema na edu-cação. Infelizmente, o Sr. João ficou desempregado, tendo que pagar aluguel e alimentar sua família, ele entrou em depressão, começou a beber e se tornou alcóolatra, sua esposa, desgostosa da vida, acabou desenvolvendo hiperten-são e diabetes, seus filhos, cada um seguiu um rumo e um deles foi preso por se envolver com o tráfico...

Fonte: Estória fictícia criada pela autora.

Depois dessa história, você compreende a relação entre migração e saúde pública?

Claro, nem todas as histórias de migração tem um final ruim, mas essa foi a melhor forma de exemplificar essa relação.

Devido à pobreza e a violência nos campos, vemos pequenos agricultores serem atraídos pelas cidades grandes, deixando as suas terras em busca de trabalho, na expectativa de conseguirem salário fixo para atender as suas ne-cessidades e de sua família. Além disso, os serviços prestados na zona rural como saúde e educação quase sempre apresentam obstáculos a serem supera-dos, como por exemplo, a insuficiência de profissionais ou a falta de estrutura para fornecer os serviços, precariedade no espaço físico e/ou ausência de ma-teriais indispensáveis a prestação do serviço.

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Figura 17: MigraçõesFonte: http://saudeecologica.wordpress.com/tag/migracao/ > acesso em 27 de outubro de 2014.

Entretanto, em casos como o do Sr. João, observamos que o processo de mi-gração pode piorar ainda mais a situação, pois em meio à crise mundial, os empregos formais se tornam mais escassos, levando as famílias que migraram a passarem por dificuldades iguais ou maiores, muitas vezes morando em condições bem mais precárias à anterior.

Gostaria de lançar um desafio! Diante do problema exemplificado acima, re-lacione ações que você, como agente comunitário de saúde, apresentaria a sua equipe de trabalho para ajudar pessoas que migram da zona rural para as cidades e enfrentam dificuldades como as do Sr. João. Leve essas ações para a sala virtual e discuta com os seus colegas:

3.5 Analfabetismo

O termo analfabeto vem sendo substituído por iletrado na tentativa de reduzir o preconceito com as pessoas que não tiveram acesso a outros níveis de co-nhecimento. O conceito de analfabetismo vem sendo reconsiderado ao longo das décadas. A princípio, para a pessoa ser considerada alfabetizada, bastava que ela soubesse ler e escrever o mínimo. Atualmente, para esse conceito há novas proporções, segundo a Organização das Nações Unidas - UNESCO o indivíduo alfabetizado é aquele capaz de dominar a leitura e a escrita a fim

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de se expressar e desenvolver-se num contexto social. Não é simplesmente ler e escrever, mas, sim, através dessas habilidades produzir e expandir o seu conhecimento.

A capacidade de utilizar a linguagem escrita para informar-se, expressar-se, documentar, planejar e aprender cada vez mais é um dos principais legados da educação básica. A toda a socieda-de e, em especial, aos educadores e responsáveis pelas políticas educacionais, interessa saber em que medida os sistemas esco-lares vêm respondendo às exigências do mundo moderno em relação ao alfabetismo e, além da escolarização, que condições são necessárias para que todos adultos tenham oportunidades de continuar a se desenvolver pessoal e profissionalmente. (RIBEI-RO, V. M., 2006).

Figura 18: Paulo e seu livroFonte: http://www.ecoisaetal.com.br/tag/paulo/ > acesso em 23 de outubro de 2014.

Na década de 1990, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE passou a pesquisar o alfabetismo funcional a pedido da UNESCO, conside-rando analfabetos os indivíduos que não completaram os quatro primeiros anos do ensino fundamental. Esse conceito é relativo, alguns países estende-ram para mais alguns anos que seria, no Brasil, até o ensino médio completo e, ainda assim, andam revendo se esses anos de escolaridade são suficientes para que os seus cidadãos sejam inseridos no mercado globalizado que cada vez mais aumenta a concorrência. Ainda segundo RIBEIRO (2006) “[...]a educação básica é o pilar fundamental para promover a leitura, o acesso à informação, a cultura e a aprendizagem ao longo de toda a vida.”

O Plano Nacional de Educação, inserido no artigo 214 da Constituição de 1988, preconiza a melhoria da qualidade no ensino e a erradicação do analfabetismo,

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sendo reforçado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei n. 9.394/96, a qual determina, no parágrafo primeiro do artigo 87, um prazo para a sua execução de 10 anos. No entanto, a realidade ainda é assustadora decorridos 26 anos.

Em países como o Brasil, onde há má distribuição de renda, o baixo grau de escolaridade e o analfabetismo somados às outras precariedades no estilo de vida, tornam-se, de forma negativa, importantes determinantes para a má condição de vida do indivíduo, comprometendo também a saúde do mesmo, seja mental e/ou física.

Segundo consta na Carta de Ottawa (WHO, 1986), um dos três itens primor-diais ao ser humano é a capacitação. Logo, o sujeito que não se capacita, torna-se ignorante e mais vulnerável. Todos tem o direito de se habilitar e ampliar suas aptidões, isso faz parte da promoção de saúde.

Figura 19: Processo de Capacitação da ComunidadeFonte: [email protected] > acesso 27 de outubro de 2014.

3.6 Nutrição

No Brasil, estudos antropométricos apontam para a diminuição da taxa de des-nutrição infantil e o aumento crescente da obesidade entre os adultos. Logo, deparamos com uma realidade contraditória, pois ainda somos um país com

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baixa renda familiar e má distribuição econômica, então nos perguntamos: se há obesidade é porque as pessoas estão comendo mais? Sim, entretanto a qualidade desses alimentos é que vem causando preocupação, pois a práti-ca de alimentação saudável além de apresentar custo elevado nem sempre é acessível a todos.

Figura 20: Aumento da obesidade em adolescentesFonte: http://nuttricoletiva.blogspot.com.br/ > acesso em 27 de outubro de 2014.

Desnutrição é causada pela insuficiência de alimentos, já a obesidade é o con-sumo excessivo, principalmente dos ricos em gorduras e açúcares.

Cada vez mais, a ciência atribui o surgimento de doenças crônicas em adultos como diabetes, problemas cardiovasculares, à má alimentação. A praticidade de alimentos processados e a correria do dia a dia fizeram com que a população desenvolvesse um novo perfil epidemiológico nas últimas décadas, como as doenças adquiridas de agravos não transmissíveis. Recentemente, após as ele-vadas estatísticas, é que surgem, ainda de forma lenta, uma nova concepção e conceito de alimentação, onde é priorizada a aquisição de estilo de vida mais saudável com boa alimentação associada à prática de exercícios.

[...] acumulam-se evidências de que características qualitativas da dieta são igualmente importantes na definição do estado de saú-de, em particular no que se refere a doenças crônicas da idade adul-ta. A relação entre consumo de gorduras saturadas, níveis plasmá-ticos de colesterol e risco de doença coronariana foi das primeiras a ser comprovada empiricamente. (MONTEIRO C.A. et.al. 2000).

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O perfil alimentar de cada família está diretamente relacionado à renda da mesma, segundo pesquisa orçamentária familiar – POF, essa pesquisa foi rea-lizada pela Fundação IBGE, em meados da década de 1990, no Brasil e, per-mite-nos avaliar a disponibilidade dos alimentos para cada família de acordo com os gastos e do custo desses alimentos nos lugares onde são adquiridos segundo Monteiro et al. (2000, p. 253).

Figura 21: Comida saudável.Fonte: http://comidanarede.com.br/comida-saudavel/montar-prato-saudavel/ > acesso em 27 de outubro de 2014.

É dever das políticas públicas assegurar que todos tenham acesso à boa alimentação. Os gestores devem implantar programas que incentivem o cultivo adequado para cada região, de produtos que supram às necessidades de todos de forma saudável. Devem ainda apoiar e dar o suporte necessá-rio aos pequenos agricultores para que produzam e distribuam à população os seus produtos, seja por meio das cooperativas ou promovendo feiras. Em municípios ribeirinhos, a gestão deve trabalhar na preservação das fontes de água potável para que estas sejam utilizadas na pesca e irrigação.

A alimentação e nutrição constituem direitos humanos funda-mentais consignados na Declaração Universal dos Direitos Hu-manos e são requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de cres-cimento e desenvolvimento humano com qualidade de vida e cidadania. O direito à alimentação é um direito do cidadão, por-tanto, dever do Estado e responsabilidade da sociedade. (FER-REIRA e MAGALHÃES, 2007. p. 1676).

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3.7 Ausência ou insuficiência de infraestrutura básica

Vamos começar questionando: o que é infraestrutura básica?

Entendemos que seja o acesso a recursos como rede elétrica, água potável, rede de esgoto, também conhecido como saneamento básico. São serviços primordiais à qualidade do ambiente humano.

No ano de 2000, foi realizada a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB/2000, nesta, foi constatada que quase todos os municípios brasileiros possuíam acesso a esses recursos, chamando atenção apenas para o esgotamento sanitário que era o serviço que ainda apresentava a menor taxa de adesão.

Em 1999, o IBGE celebrou novo convênio e, com o apoio da então Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Pre-sidência da República - SEDU/PR, da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA e da Caixa Econômica Federal, realizou, no primeiro semestre de 2000, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB 2000. (IBGE, 2010. PNSB 2008).

A seguir, analise os dados apontados na PNSB feita no ano de 2008 e publicada pelo IBGE em 2010 em relação aos avanços na área de esgotamento sanitário:

De 2000 a 2008, houve aumento de 2 875 para 3 069 no número de municípios com acesso a esgotamento sanitário, representando um acréscimo de 6,8% (194 municípios) no período. O aumento do número de economias residenciais esgotadas, no entanto, foi de 39,5%, o que sugere que a expansão tenha se dado, principal-mente, entre os municípios que já tinham esse tipo de serviço. Em decorrência do crescimento do setor, a proporção de domicílios com acesso à rede coletora de esgoto elevou-se de 33,5%, em 2000, para 44,0%, em 2008. No período, houve também avan-ços qualitativos, dentre os quais se destacam: o contingente de municípios com ampliações ou melhorias no serviço de coleta de esgotamento sanitário, que passou de 58,0%, em 2000, para 79,9%, em 2008; o de municípios com tratamento de esgoto, que passou de 20,2%, em 2000, para 28,5%, em 2008; bem como o esgoto coletado que recebe tratamento, cujo volume passou de 35,3%, em 2000, para 68,8%, em 2008. Portanto, no período de 2000 a 2008, a expansão do serviço de esgotamento sanitário deu-se muito mais pela ampliação da rede coletora nos municípios já atendidos (expansão “vertical”), do que pela incorporação de no-vos municípios (“expansão horizontal”), movimento acompanha-do pela melhora da qualidade da rede, com destaque para o au-mento do volume de esgoto tratado. (IBGE, 2010. PNSB 2008).

Sobre os dados coletados na PNSB realizada em 2008 pelo IBGE e seus crité-rios para avaliação, acesse e baixe a pesquisa através do link http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf. Acesso em 19/01/15.

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A estruturação básica, em uma localidade, proporciona qualidade na saúde, educação, moradia e o direito assegurado de o indivíduo ir e vir. A ausência ou insuficiência desses itens, certamente será determinante ao bem estar de todos, pois o indivíduo se torna vulnerável aos agravos externos, expondo-se ainda mais aos riscos e danos à saúde.

Figura 22: Cartilha eletrônica Saneamento BásicoFonte: http://www.guttdesign.com.br/portfolio-flash.php > acesso em 27 de outubro de 2014.

A partir dessa charge, analise todo o cenário e faça uma reflexão do impacto causado pela ausência da infraestrutura e da conscientização da população em relação a saneamento. Discuta com os colegas, na sala virtual, sobre al-gumas medidas possíveis de revertermos quadros como este.

Conhecendo a real situação em que apresenta o território onde atua, será ca-paz de realizar uma análise crítica identificando os pontos mais frágeis. É necessário que se realize um diagnóstico do que mais aflige os moradores e verificando junto à equipe, quais ações poderão ser tomadas para reduzir o impacto que esta ausência gera a todos.

Essa infraestrutura é uma questão socioeconômica e política. Sabemos que ainda nem todas as localidades possuem o básico que nos referimos. Para situações como essa, a equipe de saúde tem que definir quais as orientações pertinentes ao seu território, incluindo as dimensões socioculturais, econômi-

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ca, política e ambiental na tentativa de minimizar os riscos oferecidos à saúde individual e coletiva.

A imagem a seguir, revela uma realidade ainda bem comum no Brasil, traz diversos pontos negativos onde a infraestrutura de uma localidade pode com-prometer as pessoas que lá vivem, com a ausência de saneamento básico.

Figura 23: Ausência de infraestrutura básicaFonte: https://www.flickr.com/photos/ferligabue/8414206560/ > acesso em 23 de outubro de 2014.

A ausência ou insuficiência da infraestrutura básica gera impacto direto na so-ciedade, principalmente, nas populações mais vulneráveis, pois compromete a saúde e bem estar de todos. É responsabilidade de um conjunto de setores, em que vários atores devem atuar visando apenas a um objetivo, que é a pro-moção da saúde como reflete MENDES:

A concepção dessa prática não deve ser entendida como o re-sultado de um simples somatório dessas diferentes áreas de co-nhecimento. Nem, tão pouco, como uma mera integração das vigilâncias sanitárias e epidemiológicas. Ao contrário, essa nova prática sanitária interdisciplinar que se propõe, integra diferen-tes saberes e fazeres intra e extra-setoriais, que se investem de nova qualidade ao se articularem, organizados pela lógica epide-miológica, para o enfrentamento de problemas concretos, num território determinado, de forma contínua, para impactá-los po-sitivamente. (MENDES et al. 1999, p. 179).

Para desenvolvermos um trabalho mais preciso e eficiente acerca dessa infra-estrutura, devemos conhecer bem o território onde iremos atuar. Através do mapeamento sociopolítico e ambiental e da análise demográfica é que tere-mos uma visão ampla da realidade em que vive a comunidade onde atuamos. Pois, com o levantamento desses dados, indicadores serão gerados, os quais viabilizarão a tomada das ações necessárias ao bem estar coletivo.

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O que você observaria se tivesse que registrar a infraestrutura básica de uma comunidade. Faça uma lista do seu roteiro de observação para discutirmos posteriormente em fórum.

Resumo

Fizemos um breve retorno à história da construção do SUS e alguns critérios que esse sistema coloca como primordiais à promoção de saúde.

Relacionamos alguns fatores que apresentam riscos para saúde individual e coletiva como:

-Violência – foi colocada como um problema epidemiológico por apresentar altos índices.

-Desemprego – fizemos uma relação entre desemprego e globalização, além do impacto que esta condição exerce sobre as comunidades e, abordamos este tema como sendo responsabilidade de todos, inclusive da sociedade.

-Infância desprotegida – refletimos sobre a fragilidade e vulnerabilidade que o ser humano apresenta nessa fase da vida. Abordamos princípios preconi-zados pelo Estatuto da Criança e Adolescente, além de tratarmos das partes responsáveis em assegurar que o ECA se torne efetivo. Abordamos, ainda, alguns fatores que apresentam riscos na infância como desnutrição, precarie-dade nas condições de vida, dentre outros.

-Processos migratórios – refletimos sobre o conceito e as condições que mais favorecem para as migrações, exemplificamos através de uma estória, o por-que, da necessidade de migrar e as consequências desta ação.

-Analfabetismo – vimos sobre o novo conceito de analfabetismo e os novos critérios para a definição de iletrado através do IBGE, a pedido da UNESCO. Refletimos sobre a Carta de Ottawa, onde a capacitação é um dos pilares para a promoção em saúde.

-Nutrição – Estudamos sobre o quadro atual acerca da nutrição no Brasil e o seu reflexo na saúde pública.

-Ausência ou insuficiência de infraestrutura básica – fizemos considerações acerca do que consideramos infraestrutura básica, comparamos dados da PNSB de 2000 e 2008 e explanamos sobre a importância deste fator para a promoção de saúde.

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Vamos reforçar o nosso conhecimento?

1. Qual a declaração feita pela OMS sobre a definição de saúde, no final da década de 1940, e que ainda é preconizada pelo SUS nos tempos atuais?

2. Por que a violência é considerada como uma questão epidemiológica?

3. Estabeleça a relação entre globalização e desemprego:

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Aula 4 – Mapeamento Sociopolítico e Ambiental: Finalidade e Técnicas

4.1 Finalidade desse mapeamento:

Podemos considerar que os mapeamentos são fronteiras simbólicas, os quais são delimitadas áreas e microáreas de uma região, para a promoção de ati-vidades sociopolíticas e econômicas. Além disso, temos também acesso às condições populacionais como quantidade de habitantes, condições de vida, educação e outros fatores que envolvem a realidade dos indivíduos e das comu-nidades de uma sociedade. Já discutimos como essas informações são de funda-mentais para a atuação das equipes de saúde e o quanto o agente comunitário de saúde é importante no processo de elaboração destes conhecimentos.

O mapeamento é considerado componente primordial às ações políticas. Atra-vés dele é que ocorre a demarcação territorial, necessitando de representantes para a efetiva organização dos serviços, recursos e regras a serem seguidas nos mesmos, com a participação da sociedade. Você conseguiria imaginar um mundo onde não existissem as delimitações territoriais?

Figura 24: Mapeamento da micro áreaFonte: http://atencaobasica.org.br/relato/2616 > acesso em 28 de outubro de 2014.

Creio que seria uma grande desordem, pois não saberíamos onde iniciaria e terminaria o nosso espaço e os nossos direitos de cidadania, com possíveis implicações sobre a nossa identidade. Por isso, é que existem as delimitações. Por isso, é que estas são necessárias à organização de todas as sociedades.

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Imaginemos que, no seu bairro, não esteja fazendo a coleta de lixo. Os mo-radores se reúnem e resolvem ir à prefeitura reivindicar que esse serviço seja prestado. Para isso, será necessário organizar uma comissão que irá ao re-ferido órgão público, uma vez que é inviável irem todos os moradores. Lá, a comissão do bairro irá fazer a solicitação, a qual só é possível graças ao mapeamento que possibilitará ao representante municipal, identificar o local referido para a devida ação.

No caso do ACS, o mapeamento é um instrumento fundamental ao trabalho, pois através dele é que o profissional de saúde terá a delimitação de sua área de atuação. Podendo verificar o nível do desenvolvimento social, as deman-das e subsídios que deverão ser implantados para melhoramento do território em que atua.

O mapeamento possibilitará uma melhor análise sobre fatores determinan-tes a uma sociedade como os tipos de atividades econômicas, prestações de serviços como fornecimento de luz, de água potável, de coleta de lixo, de saúde, meios de comunicação, meios de transporte, condições da educação na comunidade, impacto exercido frente ao emprego e desemprego, renda fami-liar e situação dos aposentados, organizações populares, formas de comércio existentes no território, reconhecimento das lideranças locais, impacto e in-fluência gerados pelas migrações, práticas religiosas, etc. Em síntese, possibi-lita uma avaliação não só demográfica, mas, também, social, epidemiológica, econômica e política.

Como o mapeamento ambiental não é diferente, neste, o profissional deverá ter acesso a todos os elementos naturais que compõem a região em que atua, como a presença de rios, nascentes, presença de saneamento adequado à cap-tação de dejetos, matas e outros fatores que serão definitivos para qualidade de vida da população que abrange a essa região.

Figura 25: Mapa inteligenteFonte: http://atencaobasica.org.br/relato/4259 > acesso em 28 de outubro de 2014.

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O ser humano interage com o meio ambiente o transformando de acordo com suas necessidades, criando um novo ambiente, o “ambiente construído”. É nesse ambiente que vivemos, construímos nossas vidas e nosso cotidiano.

Para se ter um ambiente saudável, é muito importante que todos os recur-sos naturais sejam identificados e preservados. Dessa forma, o impacto des-ta ação será refletido na sociedade atual e nas próximas gerações. Segundo ACSELRAD (2009), “no século XX, os cartógrafos ajudaram a produzir o espaço social do desenvolvimento, por mapas que, neste contexto, serviram a finalidades de identificação e gestão de recursos naturais.”

Portanto, aprendemos o quanto o mapeamento da área em que atuamos é imprescindível para uma boa atuação, e conhecendo os pontos positivos e negativos da área onde trabalharemos, possibilita-nos usufruir dos pontos fa-voráveis e visualizarmos os pontos precários para elaboração de meios que proporcionem a solução ou de adaptação, buscando qualidade de vida.

Numa visão globalizada, podemos observar o quanto o mapeamento socio-ecológico define as questões políticas, vemos sociedades usufruindo e até mesmo guerrilhando pelos espaços onde há recursos naturais em abundância, como acontece com o petróleo.

4.2 Técnica para o mapeamento:

Primeiramente, devemos verificar a delimitação territorial, conhecendo as condições ambientais, os limites do espaço e o número populacional por me-tro quadrado, também chamado de densidade demográfica, que está contido no mesmo, bem como as instituições governamentais e não governamentais que atuam nesta área para conhecer os papeis de cada ator e suas responsabi-lidades.

Ao delimitarmos o território, a equipe terá condições de identificar, descrever e analisar as diferenças internas como as questões sociais, políticas, econô-micas e administrativas presentes no espaço em que irá atuar. Para que, ao ir a campo, os profissionais estejam certos quanto a situação geral do território onde irão desenvolver suas atividades. Normalmente existem dados relevan-tes ao desenvolvimento do nosso trabalho, nas escolas locais, prefeituras, etc., além de buscarmos esses dados nessas instituições, a observação direta tam-bém poderá nos fornecer dados muito importantes.

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Figura 26: Análise do mapeamentoFonte: http://atencaobasica.org.br/relato/1663 > acesso em 28 de outubro de 2014.

Além das técnicas que citamos acima, outro ponto de suma importância é buscar em cada família, suas histórias, a situação em que vivem. Consideran-do também, os pontos mais ou menos favoráveis à qualidade de vida das mes-mas, para posteriormente planejar estratégias que visem resolver as questões individuais que interferem diretamente no coletivo.

Figura 27: Entrevista às famílias.Fonte: http://acsdeparacuru.blogspot.com.br/2010_09_01_archive.html > acesso em 28 de outubro de 2014.

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Resumo

• Nesta aula, aprendemos sobre a importância do mapeamento para o de-senvolvimento do nosso trabalho.

• Aprendemos que o mapeamento é imprescindível para conhecermos a re-alidade geosocial da comunidade em que moramos e atuamos.

• Falamos do processo (técnicas) para realizarmos o mapeamento desde o levantamento espacial até o contato direto com as famílias que vivem no referido espaço.

1. Relacione alguns aspectos positivos e negativos na comunidade onde vive. Exponha os critérios que você utilizou para classificar como positivo e negativo.

2. Com base nas técnicas de mapeamento anteriormente discutidas, descreva pelo menos um ponto negativo que você considera comprometer a saúde da comunidade onde mora e quais ações você proporia a sua equipe de trabalho.

3. Com base no que estudamos sobre mapeamento, descreva, com suas pala-vras, como se dá este procedimento.

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Aula 5 – Interpretação demográfica

A demografia estuda a distribuição populacional, as características, desen-volvimento e o quantitativo dessa população em um território, como afirmam Carvalho et al. (1998, p.6) a seguir: “Demografia (dêmos=população, gra-phein=estudo) refere-se ao estudo das populações humanas e sua evolução temporal no tocante a seu tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e suas características gerais.”

Figura 28: Geografia Humana, Demografia e Geopolítica da PopulaçãoFonte: http://geografiaegeopolitica.blogspot.com.br/p/blog-page.html > acesso em 28 de outubro de 2014.

A interpretação demográfica é de fato imprescindível, pois através da análise dos indicadores demográficos é que teremos condições de avaliar as condi-ções em que se encontra a população referente ao território em que atuamos. Viabiliza a exposição da situação de fatores epidemiológicos, socioeconômi-co, migratório, dentre outros indicadores que caracterizam uma população e as mudanças que podem ocorrer nesta.

Com essa análise demográfica, teremos condições de conhecer característi-cas peculiares de uma população como o índice de mortalidade e sua faixa etária ou índice de natalidade, distribuição populacional no território, dentre outros indicadores que nortearão o reconhecimento da população que iremos atender.

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Existem algumas variáveis que são consideradas mais relevantes para carac-terização de uma população, como colocam Carvalho et al.

[...] as principais variáveis demográficas: tamanho da popula-ção; distribuição por sexo, idade, estado conjugal; distribuição segundo região geográfica de residência atual, anterior e de nas-cimento; natalidade, fecundidade, mortalidade. (CARVALHO et al. 1998, p. 7).

A seguir explicaremos essas variáveis na tentativa de explanarmos a impor-tância de cada uma delas:

• Tamanho da população: é a quantidade da população habitante em um território. Deverá ser feito levantamento de todos que compartilham de uma mesma região, esse é o primeiro passo.

• Distribuição por sexo, idade e estado conjugal: é bastante relevante, pois permite identificarmos o perfil da população, se o índice maior é de ido-sos, crianças ou jovens, homens ou mulheres. Através desse indicador, teremos a possibilidade de analisar as questões de vulnerabilidade, pois cada faixa etária e sexo estão expostos a riscos que podem prejudicar a saúde, os quais devem ser pontuados. Exemplo: avaliar as condições nu-tricionais das crianças; ou doenças de agravos não transmissíveis como hipertensão nos idosos; ou incidência das doenças sexualmente transmis-síveis entre os jovens, etc.

• Distribuição segundo região geográfica de residência atual, anterior e de nascimento: essa variável trata exclusivamente da questão de migração, também tópico abordado anteriormente. Permite avaliarmos a permanên-cia ou mudanças dos moradores ao longo de suas vidas, em relação ao território onde atuamos.

• Natalidade, fecundidade e mortalidade: essa variável nos traz a quantidade de habitantes, nascimentos, mulheres grávidas e o índice de mortalidade, seja infantil, neonatal ou entre adultos e idosos. Possibilita-nos acompa-nhar o crescimento populacional e a quantidade de óbitos na comunidade, além disso, nos permite também, o acompanhamento de perto das ges-tantes, como levá-las para fazerem o pré-natal. Segundo CARVALHO et al. (1998, p.20), “a natalidade refere-se a relação entre nascimentos vivos e população total. A fecundidade refere-se a relação entre nascimentos vivos e mulheres em idade reprodutiva.”

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Figura 29: DemografiaFonte: http://pt.slideshare.net/edsonluz/demografia-12135172 > acesso em 28 de outubro de 2014.

As variáveis nos permite a visualização das mudanças de determinada popu-lação, atribuindo-lhe características detalhadas a respeito da mesma e pontu-ando suas fragilidades. É, a partir do levantamento desses dados, que daremos sequência ao nosso papel como ACS, como falei em outras aulas, é necessário que se conheça a realidade individual e coletiva da comunidade em que atua-remos, para que possamos desenvolver um bom trabalho.

Com esses indicadores, teremos a possibilidade de avaliar na prática todos os tópicos abordados nas aulas anteriores. Entende como tudo está interligado? É a análise demográfica que nos mostrará as condições de analfabetismo, de-semprego, violência, nutrição e outros dados, os quais deverão ser analisados por toda a equipe e posteriormente lançados no SIAB. O estudo demográfico do território onde atuamos permite identificarmos fatores que apresentam ou podem apresentar algum risco à saúde daqueles que acolhemos.

Resumo

• Nesta aula, discutimos sobre a importância de conhecermos o perfil da população onde atuaremos.

• Abordamos algumas variáveis que deveremos considerar ao realizarmos a

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nossa análise sobre a comunidade, como a distribuição espacial por sexo, idade, fecundidade, índices migratórios, etc.

• Enfatizamos a importância do papel dos ACS para o levantamento demo-gráfico e dos indicadores pertinentes a determinada população.

1. Convido você a refletir e traçar um breve perfil demográfico sobre a comu-nidade em que vive, utilizando somente as principais variáveis. Ex. colo-car se a população que prevalece é de crianças ou idosos, etc.

2. Com base na reflexão feita na questão anterior, aponte alguns indicadores que considera relevantes ao estudo demográfico onde mora e atua.

3. Como você entende que a interpretação demográfica irá auxiliar no traba-lho realizado pelo Agente Comunitário de Saúde?

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Aula 6 – Conceito de territorialização, microárea e área de abrangência;

cadastramento familiar e territorial

6.1 Territorialização, microárea e área de abrangência

O conceito de território pode ter um caráter muito mais abrangente do que a simples ideia de superfície geográfica. Em nosso estudo o enfoque será numa perspectiva onde a definição de uma área é estabelecida pelas relações sociais, políticas e ambientais. Em outras palavras, a definição de território tem o foco mais voltado ao local delimitado de acordo com as conveniências políticas, sociais e econômicas de uma população. É uma delimitação estabelecida pelo homem para que haja a organização de sistemas onde regras e normas sejam seguidas. Esta definição de território fica bem elucidada na visão de Mendes (1999, p.222) quando ele coloca que “representa muito mais que uma superfí-cie geográfica, tendo um perfil demográfico, epidemiológico, administrativo, tecnológico, político e social que o caracteriza e se expressa num território em permanente construção.” Repare que já houve discussões acerca do que caracteriza o território, mas o autor chama a atenção para a dinâmica que está presente no território, algo em permanente construção, portanto as mudanças tem que ser percebidas pelos profissionais de saúde.

Figura 30: Apropriação do territórioFonte: https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/23006/mod_resource/content/1/un4/top2_1.html > acesso em 28 de outubro de 2014.

Nessa perspectiva, o território de atuação dos profissionais de saúde é o espa-ço onde o ser humano vive, trabalha, estuda, se diverte. Portanto, as respon-sabilidades por essa área, também devem ser bem definidas, cada ator realiza o seu papel dentro da equipe, de forma integrada, para que a organização e a funcionalidade do território ocorram.

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A concepção do que seja o território é muito importante para que o planeja-mento e as ações sejam bem traçados e praticados pelas equipes de saúde. A partir do levantamento populacional existente em uma área, feito, a partir de uma análise demográfica, teremos a possibilidade de verificar os aspectos que norteiam algumas questões que envolvem a sociedade. A definição de um ter-ritório nos possibilita a visualização das condições e aspectos sociais, teremos condições de avaliar a capacidade econômica dos habitantes, bem como os níveis de educação e cultural.

Com a análise demográfica que estudamos na aula passada, seremos conduzi-dos a desenhar um perfil de saúde, para a população em que atuaremos, consi-derando todas as variáveis presentes e os indicadores levantados e analisados por toda a equipe. Mendes (1999, p.222) diz que é a partir do estabelecimento da base territorial que caracterizaremos uma população e seus problemas de saúde. Definido o território é possível e de fundamental importância o esta-belecimento de uma relação de responsabilidades entre os serviços de saúde e sua população adscrita.

É conhecendo o território que teremos a capacidade de trabalharmos com equidade, como orientam os princípios e as leis que regem o SUS. Conhecen-do a demografia de forma plena, teremos a possibilidade de trabalhar de acor-do com as desigualdades existentes neste mesmo território, atuando de forma específica sobre os problemas de saúde e demais necessidades daqueles que vivem no espaço em que atuamos.

É a partir do fortalecimento da solidariedade local que podemos pensar as intervenções tomando a população como sujeita, inserindo-a nos processos, estimulando o compartilhamento de decisões e a responsabilidade cidadão. A territorialização possibilita, portanto, um melhor acesso dos usuários ao serviço de saúde e a facilidade do acesso ao sistema, em função da cober-tura do Agente Comunitário de Saúde. (NEVES, 2011. p. 13).

A territorialização também exerce importante papel para o gerenciamento de determinada região, é através dela que as responsabilidades políticas e finan-ceiras serão definidas, bem como a abrangência dos serviços de saúde insta-lados nessa área e as microáreas que apresentam algum tipo de risco à saúde individual e coletiva.

Através da delimitação do território, é que teremos condições de avaliar o perfil da população, as microáreas e a abrangência da cobertura das ESF. A partir do perfil de cada família, poderemos avaliar o seu papel na comunidade, sua condição socioeconômica e, principalmente, nos possibilita avaliar os de-terminantes que promovem ou que prejudicam a saúde dessas famílias. Logo, podemos afirmar que a territorialização é a base do trabalho das equipes de saúde da família.

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Para relembrar o conceito de microárea, volte à aula 2, item: identificação das microáreas de risco.

Além da delimitação territorial, deve-se ainda analisar as microáreas e áreas de abrangência para que a efetividade do processo de tomadas de decisões e respostas aos problemas de saúde da coletividade sejam adequadas as mes-mas em relação ao desenvolvimento coletivo. As microáreas podem ser vistas como, por exemplo, as ruas de um bairro/território que apresentam algum ponto que pode colocar em risco a saúde daqueles que a habita, como estu-damos lá atrás.

A imagem, a seguir, demonstra de forma clara, como funciona essa organiza-ção partindo do macro para o micro. Observemos que o “macro” refere-se a todo território de um município, o qual é subdividido para que haja uma me-lhor organização dos serviços como viemos discutindo, até chegar ao ponto “micro” o qual se refere às famílias e ao indivíduo em si. Mas também pode-mos analisar essa imagem como uma via de mão dupla, pois o nosso trabalho e os resultados do mesmo no município e, além dele, começam a partir de ações junto aos indivíduos e suas famílias.

Figura 31: Município distrito sanitário área de abrangência das unidades de saúde família microárea de riscoFonte: MENDES, 1993. através do http://wwwslideplayer.com.br acesso em 28 de outubro de 2014.

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Mendes traz ainda uma definição interessante para área de abrangência e mi-croáreas de risco a seguir:

Área de abrangência: corresponde à área de responsabilidade de uma unidade de saúde. Baseia-se em critérios de acessibilidade geográfica e de fluxo da população;

Micro-área: é de perfil epidemiológico específico. Através da ca-racterização desse perfil epidemiológico é que serão definidas ações de saúde específicas para essa área. (MENDES, 1999. p. 23).

A área de abrangência, como afirma Mendes acima, é relacionada à cobertura assistencial de uma ESF em relação a uma comunidade. Diz respeito à res-ponsabilidade de determinada equipe com a população que vive numa área delimitada de forma geopolítica, ou seja, delimitações políticas realizadas num espaço geográfico, onde também as responsabilidades, sociais, econô-micas, culturais e epidemiológicas são definidas. Significa a abrangência do serviço de saúde em uma área, “delimitando-se em função do fluxo e contra-fluxo de trabalhadores de saúde e da população num determinado território.” (MENDES, 1999, p. 168).

As microáreas são subdivisões da área de abrangência, trazem o perfil epi-demiológico da comunidade como, por exemplo, ruas onde há esgoto a céu aberto, provavelmente, apresentará um alto índice de infecções por parasitas e doenças relacionadas. É com a definição dessas microáreas que poderemos ser mais precisos em nossas ações, pois, fazendo o levantamento dessas, poderemos avaliar detalhadamente quais os riscos existentes nas pequenas áreas do espaço delimitado em que atuamos. Mendes (1999, p. 168) acrescenta ainda, na definição de microárea, como sendo uma área de atuação do agente comunitário de saúde (ACS), delimitada com a lógica da homogeneidade socioeconômico-sanitária. As imagens a seguir retratam claramente a nossa reflexão em relação aos riscos contidos em uma microárea.

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Figura 33: Áreas de riscoFonte: http://atencaobasica.org.br/relato/5942 > acesso em 28 de outubro de 2014.

Figura 34: Áreas de riscoFonte: http://atencaobasica.org.br/relato/5942 > acesso em 28 de outubro de 2014.

Para a saúde, é primordial a delimitação desses espaços, uma vez que, a partir deles, é que as ações poderão ser propostas, analisadas e concluídas. A terri-torialização possibilita um diagnóstico local e tendo esse diagnóstico é que entram os atores, cada um exercendo o seu papel na saúde local.

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6.2 Cadastramento familiar e territorial:

O cadastramento familiar e territorial se dá através do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde – ACS. Esses profissionais, por meio de fichas espe-cíficas, fazem o levantamento das famílias e realidade da área onde atuam. É por meio do cadastramento que a equipe de saúde poderá estabelecer um elo como as famílias tornando rotineiras as visitas.

Figura 35: Visitas domiciliaresFonte: http://smsdc-cmsaguiartorres.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html > acesso em 27 de outubro de 2014.

Volte ao subtópico 1.4 para recordar os tipos de fichas utilizadas pelos ACS.

Vimos, anteriormente, a importância de conhecermos a área de abrangência e as microáreas do território em que atuamos. Todo esse trabalho só será efe-tivamente bem sucedido, se realizarmos de forma adequada, o cadastramento de todas as famílias e do território onde há a cobertura das ESF.

Dentre outras responsabilidades, o cadastramento é uma das principais tare-fas do ACS, não que seja a mais importante, mas é através dessa que os indi-víduos poderão trazer a tona todas as condições que os afligem e que podem vir a comprometer a saúde. É pelo cadastramento que a participação da comu-nidade nas discussões acerca das prioridades, junto a ESF se torna possível. Neves traz ainda outra boa definição em relação à participação dos cidadãos junto às equipes de saúde após serem identificados e cadastrados pelos ACS:

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É a partir do fortalecimento da solidariedade local que podemos pensar as intervenções tomando a população como sujeita, inserindo-a nos processos, estimulando o compartilhamento de decisões e a responsabilidade cidadão. (NEVES, 2011. p. 13).

Os dados que abordamos, em aulas anteriores, como a realidade político-cul-tural, socioeconômica, sanitária e epidemiológica, só poderão ser coletados, sistematizados e posteriormente lançados após a realização do cadastramento familiar e territorial. É através da busca sucinta e frequente da forma como vivem as famílias e a situação geográfica do espaço onde habitam, bem como a atualização constante desses dados, que as equipes de saúde poderão buscar ações que visem à promoção, prevenção e recuperação da saúde na comuni-dade em que atuam.

Resumo

-Vimos nessa aula, que o conceito de territorialização não se limita ao con-ceito meramente geográfico, mas sim como definição de um espaço onde medidas e ações podem ser aplicadas frente a uma sociedade, visando melho-ramento na condição de vida como um todo.

-A partir da definição de território, podemos ampliar nosso conhecimento em relação às microáreas, as quais possibilitam uma visão mais centralizada nas questões que envolvem uma área específica. E tivemos a chance ainda de estudarmos o conceito das áreas de abrangência, que são os espaços definidos para atuação das equipes de saúde.

-Verificamos, ainda, a forma em que se da todo o processo e, a importância de cadastrarmos esses territórios e as famílias que neles residem.

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Para reforçarmos o nosso conhecimento, responda às questões abaixo.

1. Conceitue, com suas palavras, o sentindo dado a território nesta aula.

2. Defina microárea e áreas de abrangência.

3. Como se dá o processo de cadastramento familiar e territorial?

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Aula 7 – Indicadores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos

Figura 36: Fatores que interferem na saúde enquanto qualidade de vida e que devemos buscar indicadoresFonte: Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Disponível em www.scielo.br > acesso em 25 de outubro de 2014.

Os indicadores nos traz a situação de uma área ou sistemas em construção e nos mostra a realidade momentânea de uma área, pois as modificações são constantes sejam elas no teor social, físico, epidemiológico, político ou de qualquer outra natureza, pois tudo está em constante renovação, no intuito de buscar melhorias e isso faz com que estejamos sempre em movimento construtivo.

Para avaliarmos os fatores que orientam na melhoria dos serviços de saúde, é que são dispostos os indicadores, os quais atuam como mediadores em nos-sa busca e tomada de decisões frente à ações que viabilizem a promoção da qualidade de vida.

Os indicadores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos exercem influ-ência direta na saúde pública, como vimos nas aulas anteriores. Todos eles estão fortemente ligados ao bem estar preconizado pela Constituição Federal de 1988 através das leis n. 8080 e 8142, estão intrínsecos na promoção da saúde. Com base nas leis citadas, SILVEIRA et al. faz a seguir a definição de promoção da saúde:

Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar

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aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. (SILVEIRA et al. 2001. p. 14)

A repercussão de cada um desses indicadores é sentida de acordo com a or-ganização espacial, sua intensidade irá variar de acordo com a demografia de cada território, ou seja, os impactos variarão com as classes sociais, prevale-cendo a capacidade política, econômica, cultural e epidemiológica da popula-ção existente em cada área.

-Indicador socioeconômico:

Faz referência aos pontos críticos ou favoráveis, socialmente e economica-mente falando, de uma população, apontando para as condições de vida de cada grupo social. Esse indicador possibilita medirmos os avanços ou retro-cessos sociais e colaboram para medidas como planejamento e execução das políticas públicas como faz referência Soligo (2012, p. 16): “Cada vez mais, estados e municípios fazem uso de uma série de indicadores no planejamento e execução de políticas públicas, constituindo um aporte de grande utilidade e considerável aceitabilidade.”

Esse indicador é uma ferramenta que nos possibilita entender as diversas questões que envolvem uma sociedade no ponto de vista econômico (empre-go, desemprego, renda e ocupações/profissões), bem como o ponto de vista dos níveis de escolaridade, saneamento básico (água, esgoto e lixo), condi-ções das moradias, etc. Ele nos traz, ainda, a possibilidade de avaliar o índice de desigualdade e exclusão social para a tomada de decisões que busquem minimizar essa condição, pois, ao longo do nosso estudo, tivemos a chance de verificar o quanto as questões sociais estão intrínsecas com o fator saúde e a interligação entre os indicadores. Barcellos et al. (2002. p. 130) coloca que “a análise de situação de saúde tem uma lógica territorial, porque no espaço se distribuem populações humanas segundo similaridades culturais e socioe-conômicas.” E reforça ainda que “a análise de fenômenos de saúde no espaço serve antes de tudo para a síntese de indicadores epidemiológicos, ambientais e sociais,” os quais nortearam o nosso serviço.

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Figura 37: Relação entre indicadoresFonte: http://www.brunorusso.com.br/category/gestao-2/ > acesso em 28 de outubro de 2014

Para entendermos melhor, numa visão micro regional, o indicador socioeco-nômico nos da uma melhor percepção das condições geopolítica e social, em que vivem cada indivíduo na comunidade onde iremos atuar dando-nos a pos-sibilidade de construir medidas que reduzam os impactos de forma equânime.

-Indicador cultural:

Aranha nos traz um conceito sobre cultura, no qual podemos encontrar vários significados, estes vão variar de acordo com o meio em que vivemos e estão em constante mutação como afirma.

A palavra cultura também tem vários significados, tais como o de cultura da terra ou cultura de um homem letrado. Em antro-pologia, cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Se o contato que o homem tem com o mundo é intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos elabora dos por um povo em determinado tempo e l ugar. Dada a infinita possibilidade de simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas e variadas . A cultura é, portanto, um pro-cesso de autoliberação progressiva do homem, o que o caracteri-za como um ser de mutação, um ser de, que ultrapassa a própria experiência. (ARANHA, 1993. p.6)

Esse conceito de Aranha traz uma visão da cultura que é seguida em cada so-ciedade e está diretamente relacionada com os fatores discutidos aqui. É visto como a capacidade de criar e transmitir valores que norteiam uma sociedade. Indicando quais os meios de acesso à informação e o impacto que gerado nos costumes de cada um.

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Figura 38: Cultura OrganizacionalFonte: http://image.slidesharecdn.com/fixewebinarptiindicadores02-2014v2-140221153732-phpa-pp02/95/a-mudana-cultural-na-implantao-de-indicadores-novo-desafio-dos-gps-4-638.jpg?cb=1393018712 > acesso em 29 de outubro de 2014.

Façamos uma análise dessa figura e observem como a cultura é a união de vários fatores, tais como princípios, valores éticos e morais, hábitos e com-portamentos, crenças, entre outros. Observamos como o modo de vida está diretamente relacionado como a soma de todos esses fatores.

O meio cultural, em que vive um indivíduo, exerce sobre ele a mesma influ-ência que os indicadores socioeconômicos, políticos, epidemiológicos, pois estão intimamente relacionados e deve ser visto como uma questão de política pública como afirma CALABRE:

Desde 2005, o Ministério da Cultura está se debruçando sobre as propostas de construção de um Plano Nacional de Cultura, de um Sistema Nacional de Cultura e de um Sistema Nacional de Informações Culturais. As questões das desigualdades regionais, sociais e econômicas afetam o campo da cultura de maneira idêntica ao conjunto das políticas públicas. (CALABRE, 2009).

Calabre (2009) ainda reforça a necessidade de criar outros indicadores que possibilitem a elaboração, acompanhamento e a avaliação das políticas públi-cas dentro da cultura no intuito de acoplar as ações que visam medidas que deverão ser adotadas também pelas demais áreas que geram indicadores so-ciais, os quais auxiliarão na tomada de decisões de uma forma mais ampliada.

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-Indicador epidemiológico:

COSTA et al. reflete quanto à definição da importância do indicador epide-miológico para as ações que circundam a saúde coletiva:

[...] a formulação e seleção de indicadores epidemiológicos constituem atividade essencial para representar os efeitos da insuficiência das ações de saneamento sobre a saúde humana e, portanto, como ferramenta para a vigilância e orientação de programas e planos de alocação de recursos em saneamento. (COSTA et al. 2005. p. 118).

Essa colocação nos dá o entendimento de como esse indicador é relevante às questões acerca da saúde, pois é através dele que teremos acesso à realidade epidemiológica da área onde atuaremos. Será ferramenta imprescindível ao nosso trabalho, pois é a partir desse indicador que teremos condições de iden-tificar, analisar e elaborar meios de intervir junto à comunidade, nos fatores condicionantes e determinantes à saúde coletiva.

Através desse indicador, poderemos avaliar as condições sanitárias do meio, bem como o processo saúde-doença. Essa ferramenta nos possibilita a elabo-ração de ações que busquem a solução para os agravos de acordo com as ocor-rências. É capaz de retratar os pontos mais vulneráveis de uma comunidade. Barcellos faz uma reflexão acerca da importância dos indicadores para a promoção de saúde a seguir.

Uma das questões importantes para o diagnóstico de situações de saúde, nesse sentido, é o desenvolvimento de indicadores ca-pazes de detectar e refletir condições de risco à saúde advindos de condições ambientais e sociais adversas. Esses indicadores devem permitir a identificação dos lugares, suas relações com a região, bem como a relação entre a população e seu território. É nessas relações que se desenvolvem meios propícios para o de-senvolvimento de doenças e também para seu controle. (BAR-CELLOS, 2002. p. 130).

Através desse indicador, poderemos implementar ações de promoção e pre-venção de doenças, aplicando medidas que visam diagnosticar o padrão e a frequência de agravos que colocam em risco a saúde de uma determinada po-pulação. Ações como, por exemplo, imunização de doenças sazonais através da vacinação dos indivíduos.

Com base na figura que segue, reflita sobre o conceito de epidemiologia e responda o que se pede.

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Figura 39: Epidemiologia na saúde públicaFonte: https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/542 > acesso em 29 de outubro de 2014.

Resumo

-Estudamos sobre a importância dos indicadores e a forma como os fatores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos estão interligados.

-Vimos ainda o conceito e importância desses indicadores e a sua importân-cia para a funcionalidade dos serviços de saúde. Por meio do levantamento e análise dos mesmos é que teremos a possibilidade de traçar e executar ações que viabilizam a qualidade de vida na promoção de saúde.

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1. Considerando as discussões que fizemos até aqui, analise a figura 36. Para pensarmos em indicadores, comece a identificar quais indicadores você buscaria de cada uma das áreas apresentadas na figura. Socialize sua res-posta no fórum de discussão.

2. Busque o conceito de indicador e coloque a fonte, para que possamos dis-cutir a visão de alguns autores sobre essa importante ferramenta.

3. Estabeleça a relação entre os indicadores socioeconômicos, culturais e epidemiológicos e coloque o seu ponto de vista sobre os efeitos que eles geram na saúde.

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Aula 8 – Indicadores de saúde

Os indicadores de saúde são ferramentas que possibilitam o contato com a re-alidade da saúde local. Esses indicadores norteiam quanto ao gerenciamento, o planejamento e a avaliação das ações propostas e praticadas pelas equipes de saúde. Através deles é que teremos a possibilidade de analisar os avanços e as questões que ainda permanecem frágeis quanto aos serviços prestados em uma comunidade, as condições de saúde individual e coletiva, bem como os índices de morbidade e mortalidade.

Um indicador é uma representação numérica ou não que, a partir da ‘preferência’ que damos a determinados eventos (atividades realizadas, ocorrência de doenças) e considerando nossas refe-rências e critérios, nos permite produzir informações com vista a elaborar um conhecimento (quantitativo e/ou qualitativo) sobre determinada situação, com o propósito de tomar decisões e agir para transformar a realidade compreendida no espaço indicado. (FERREIRA, 2001, p. 181)

Figura 40: Indicadores de qualidade assistencialFonte: http://hospitalarnoticias.blogspot.com.br/2011/11/tecnologia-e-quesito-no-qualiss-novo.html > acesso em 30 de outubro de 2014.

Mortalidade: é taxa de óbitos, ou seja, é o índice de mortes por território em um determinado intervalo de tempo.

Morbidade: É a consequência de um agravo ou de um estado enfermiço.

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Indico que façam o download do material disponível em http://www.cvs.sau-de.sp.gov.br/pdf/epid_visa.pdf, este traz algumas definições e conceitos mui-to úteis ao desenvolvimento do nosso trabalho.

Voltaremos, mais uma vez, um pouco à história da saúde no Brasil, para com-preendermos melhor a função e como são produzidos os indicadores de saúde.

Logo após a Segunda Guerra Mundial apareceu o conceito de avaliação dos programas públicos. Ele é, de certa forma, o coro-lário do papel que o Estado começou a desempenhar nas áreas da educação, do social, do emprego, da saúde etc. O Estado, que passava a substituir o mercado, devia encontrar meios para que a atribuição de recursos fosse a mais eficaz possível. (HARTZ, 1997. p. 29).

Nas décadas de 1970 e 1980, o Brasil passou por inquietações sociopolíticas benéficas e significativas como o fim da ditadura e debates levantados sobre a crise na saúde e do movimento da Reforma Sanitária. A sociedade necessitava urgentemente de um novo modelo político onde houvesse democracia e um novo conceito de saúde. Paim e Teixeira afirmam que nas décadas de 1970 e 1980:

[...] caracterizava-se pela investigação sobre determinantes econômicos, políticos e sociais da conformação de sistemas de saúde e formulação de alternativas. Entre os temas abordados destacavam-se: Estado e política de saúde; Sistema Nacional de Saúde; previdência; diagnóstico das condições sociais e de saúde; programas de saúde [...] O final da década de 1980 foi marcado pela elaboração e implementação de propostas de re-formas na gestão, planejamento e organização dos serviços. Nesse período registrou-se também o desenvolvimento de um interesse crescente, na área de planejamento e gestão em saúde, por questões teóricometodológicas. (PAIM e TEIXEIRA, 2006. p. 75-76).

A democracia é uma ferramenta primordial para que o cidadão se inteire e manifeste a respeito das questões que dizem respeito aos interesses de uma sociedade. Possibilita a reivindicação para melhoria da qualidade de vida e proporciona parceria entre a sociedade e o Estado reforçando o estado livre, democrático e de bem estar.

A Política de Humanização parte de conceitos e dispositivos que visam à reorganização dos processos de trabalho em saúde, propondo centralmente transformações nas relações sociais, que envolvem trabalhadores e gestores em sua experiência cotidiana de organização e condução de serviços; e transformações nas

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formas de produzir e prestar serviços à população. Pelo lado da gestão, busca-se a implementação de instâncias colegiadas e ho-rizontalização das “linhas de mando”, valorizando a participa-ção dos atores, o trabalho em equipe, a chamada “comunicação lateral”, e democratizando os processos decisórios, com co-res-ponsabilização de gestores, trabalhadores e usuários (SANTO-FILHO, 2007, p. 1000).

Figura 41: SUS – Resumo de temas chavesFonte: http://institutobaresi.com/raras-no-brasil/sus-entender-usar-e-defender/sus-resumo-de-temas-chaves/ > aces-so em 30 de outubro de 2014

Logo começaram a brotar um novo perfil político, onde a sociedade estaria envolvida nas questões que circundam os interesses coletivos. Surgindo, a partir daí, um processo de construção, organização e reorganização de um novo modelo social e de atenção à saúde. Uma das mudanças mais significa-tivas no país na década de 1980, envolvendo um amplo processo de mobiliza-ção social foi a aprovação da nova Constituição em 1988 e das Leis Orgânicas de Saúde – LOS (nº 8080 e nº 8142). A lei nº 8080 enfatiza a municipalização dos serviços de saúde, e a lei nº 8142 trata da participação da comunidade na gestão do SUS. A LOS reforça e garante o envolvimento da sociedade na organização política do Sistema Único de Saúde – SUS e define as respon-sabilidades por parte das esferas federal, estadual e municipal, assegurando a saúde por meio das políticas econômicas e sociais, tendo como princípio a universalidade, a integralidade e a equidade a todos. Todo esse processo é conceituado como Políticas Públicas de Saúde.

O processo de construção do Sistema Único de Saúde no Brasil tem contemplado a implementação de um conjunto de estratégias de mudança do financiamento, gestão e organização da produção de serviços. Nesse contexto ganha importância o debate sobre a municipalização da gestão do sistema e as alternativas da redefini-ção do(s) modelo(s) assistencial(ais) do SUS. (TEIXEIRA, 1998).

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• Universalidade – todos têm direito e acesso aos serviços e ações que pro-tejam e recuperam a saúde.

• Integralidade – diz respeito ao acesso a todos os tipos de serviços de saú-de prestados nos três níveis de atenção à saúde.

• Equidade – é a reorganização dos serviços, redistribuição dos recursos, identificação das necessidades sociais e que envolvem a saúde de diver-sos grupos, atendendo a demanda e diferença de todos. A figura a seguir representa bem como tratar com igualdade as desigualdades.

Figura 43: Igualdade tradicional versus igualdade aristotélica. Fonte: http://cogitoergodigito.blogspot.com.br/ > acesso em 30 de outubro de 2014

Como já citamos, ser saudável deixou de ser apenas não ter doença. Amplia-mos o conceito de saúde com o auxílio de indicadores que também já discu-timos em aulas anteriores. As discussões permanecem e permanecerão numa constante pela construção da saúde pública.

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Falaremos também dos instrumentos normalizadores do processo de descentra-lização que sustentam o desenvolvimento do nosso trabalho, os quais redefinem os papéis e responsabilidades de cada ator. Esses instrumentos tornam possíveis as estratégias que sustentam a avaliação da saúde, são as Normas Operacionais Básicas – NOB e a Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS.

As Normas Operacionais Básicas foram editadas na década de 1990, tendo como sustentação a Constituição Federal de 1988 e as leis orgânicas nº 8.080 e 8.142. Basicamente se definem de forma a deliberar o papel dos gestores nas três esferas de governo (Federal, Estadual e Municipal), além da parti-cipação ativa da sociedade em detrimento dos avanços para a promoção de saúde. Como coloca o MS através do Conselho Nacional de Saúde – CNS, no Diário Oficial da União – D. O. U.:

A partir da nova Constituição da República, várias iniciativas institucionais, legais e comunitárias foram criando as condições de viabilização plena do direito à saúde. Destacam-se, neste sen-tido, no âmbito jurídico institucional, as chamadas Leis Orgâni-cas da Saúde (Nº. 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto Nº.99.438/90 e as Normas Operacionais Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993. Com a Lei Nº 8.080/90, fica regulamentado o Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, que agrega todos os serviços estatais - das esferas fe-deral, estadual e municipal - e os serviços privados (desde que contratados ou conveniados) e que é responsabilizado, ainda que sem exclusividade, pela concretização dos princípios constitu-cionais. As Normas Operacionais Básicas, por sua vez, a partir da avaliação do estágio de implantação e desempenho do SUS, se voltam, mais direta e imediatamente, para a definição de es-tratégias e movimentos táticos, que orientam a operacionalidade deste Sistema. A presente Norma Operacional Básica tem por finalidade primordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da atenção à saúde dos seus munícipes (Artigo 30, incisos V e VII, e Artigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a consequente redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e da União, avançando na con-solidação dos princípios do SUS. (D.O.U. 1996).

Através da descentralização de poder e deveres, os gestores ganharam auto-nomia para desenvolver, junto à população, ações que atendem às necessida-des de acordo com o perfil de cada município. As NOB definem também a responsabilidade financeira de cada esfera de governo e consolidam as leis orgânicas que permeiam o Sistema Único de Saúde – SUS.

A consolidação do SUS, portanto, requer a existência de meca-nismos de regulação que deem conta do dinamismo e da com-plexidade da descentralização na área da saúde. Nos anos 90, as Normas Operacionais Básicas passam a representar instrumen-tos fundamentais para a concretização da diretriz de descentrali-zação, estabelecida na Constituição e na legislação do SUS – leis 8.080 e 8.142, de 1990. (LEVCOVITZ, E. et al. 2001, p 273).

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Figura 42: Participação de todosFonte: http://saudeonline.grupomidia.com/2012/12/estados-terao-r-285-milhoes-para-qualificar-gestao-do-sus/ acesso em 30 de outubro de 2014.

BOX 2

A implantação das Normas Operacionais Básicas do Sistema Único de Saúde (NOB 01/93 e NOB 01/96) desencadeou um processo de descentralização in-tenso, transferindo para os estados e, principalmente, para os municípios, um conjunto de responsabilidades e recursos para a operacionalização do Sistema Único de Saúde.

Em dezembro de 2000, a habilitação nas condições de gestão previstas na NOB 01/96 já havia atingido 99% do total dos municípios do País. A dissemi-nação desse processo possibilitou o desenvolvimento de experiências muni-cipais exitosas e a formação de um contingente de profissionais qualificados em diferentes áreas da gestão do SUS (controle e avaliação, programação, financiamento entre outras).

No que diz respeito aos estados, ao final do ano 2000, oito encontravam-se habilitados nas condições de gestão prevista na NOB 96, enquanto as soli-citações de habilitação de mais seis estados estavam em processo de análise na Secretaria de Assistência à Saúde (SAS/MS). Em alguns estados, houve avanços significativos na organização e articulação da rede de serviços, me-diante o desenvolvimento do processo de programação integrada, a implan-tação de centrais de regulação, o fortalecimento do controle e avaliação e a organização de consórcios intermunicipais ou ainda por meio da formulação e progressiva implementação de planos de regionalização promovidos pelas secretarias estaduais de saúde, em conjunto com os municípios.

A expressiva transferência de responsabilidades e atribuições para os estados e municípios nos anos 90 foi acompanhada por um crescimento acelerado das

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transferências fundo a fundo, contribuindo para a substituição progressiva da lógica de pagamento por produção diretamente pelo gestor federal.

Fonte: Regionalização da assistência à saúde: aprofundando a descentralização com eqüidade no acesso – Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/01 (Portaria MS/GM n.º 95, de 26 de janeiro de 2001, e regu-lamentação complementar) Série A. Normas e Manuais Técnicos, n. 116Disponível: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/regionalizacao_assist_saude.pdf > acesso em 22 de outubro de 2014.

Em 26 de janeiro de 2001, a Comissão Intergestores Tripartite, composta pelo Conselho de Secretários Estaduais de Saúde – CONASS, Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde – CONASEMS e o Conselho Nacional de Saú-de – CNS aprovou e publicou, no Diário Oficial da União, a Portaria MS/GM nº 95 com a Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/01.

A NOAS-SUS 01/01 baseia-se, portanto, no reconhecimento da regionalização em saúde fundamental para a consolidação dos princípios de universalidade, eqüidade no acesso e integralida-de da atenção, nesse momento específico da implementação do Sistema Único de Saúde. Vale destacar que o aprofundamento do processo de regionalização só é possível em face dos avanços decorrentes do intenso processo prévio de descentralização, com ênfase na municipalização, induzido pelas Normas Operacionais Básicas do SUS 01/93 e 01/96, que possibilitou a emergência de milhares de gestores municipais como atores políticos e afirmou a sua responsabilidade sanitária. (BRASIL, 2001, p. 05).

A NOAS, centrada na regionalização dos serviços e é fortalecida pelas NOB, tem como objetivo promover a equidade no repasse dos recursos e facilitar o acesso da população aos serviços de saúde. Através do Plano Diretor de Regionalização – PDR elaborado nessa norma, as secretárias municipais de saúde, juntamente com a SES, desenvolvem o desenho para a territorialização visando um melhor acesso aos serviços de saúde. A parceria entre os municí-pios é fortalecida e o Estado tem a possibilidade de estar mais próximo desses municípios dando o suporte necessário. Dessa forma, a NOAS possibilita que a população tenha acesso à qualidade e resolutividade em todos os níveis de complexidade da atenção à saúde.

O Plano Diretor de Regionalização, em consonância com o Plano Estadual de Saúde, deve ser elaborado pela SES, com a participação das SMS, em uma perspectiva de territorialização, garantia de acesso e de integração dos municípios nas regiões de saúde do estado. Essas instâncias regionais constituem espaços de referência para o planejamento e não devem reproduzir ou constituir unidades administrativas do sistema, que configuram competências exclusivas dos órgãos gestores estaduais e muni-cipais. Dessa forma, nos estados que apresentam estruturas de representação regional da SES, as regiões de planejamento em saúde não serão necessariamente coincidentes com a abrangên-cia dessas estruturas. (BRASIL, 2001, p. 16).

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Todo esse processo de implantação das leis e normas discutidas acima é que nos possibilitará a identificação dos indicadores de saúde. Pois, ao conhecer-mos um pouco sobre o processo de regulamentação e descentralização dos serviços de saúde, entendemos que cada localidade apresentará indicadores pertinentes a sua realidade. A regionalização é imprescindível para que cada um tenha condição, de forma equânime, para trabalhar as suas desigualda-des. Mendes (1999, p. 131) diz que a descentralização dos serviços para os municípios não exclui a necessidade do exercício de um papel de inteligência epidemiológica que possa monitorar os fatores envolvidos no processo saúde-doença. Nesse contexto é que iremos refletir sobre o conceito de indicador.

Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma po-pulação e servir para a vigilância das condições de saúde. A constru-ção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices mais sofistica-dos, como a esperança de vida ao nascer. (BRASIL, 2008. p. 13).

Os indicadores são variáveis utilizadas como parâmetros para a avaliação, gerenciamento e planejamento de ações. E isso possibilita-nos a análise de-talhada e contínua da situação dos fatores demográficos, epidemiológicos, ambientais, políticos e socioeconômicos, determinantes para as condições de vida de uma comunidade.

É através dos indicadores que as equipes de saúde e gestores têm a possibi-lidade de desenvolver ações que promovam a saúde. Se bem trabalhados, os indicadores atuam como poderosos instrumentos que apontam para as condi-ções de vida. Identificam o perfil de cada grupo e suas necessidades, além de apontar os riscos epidemiológicos e as condições em que vive o indivíduo.

A seguir, alguns indicadores que possibilitam o monitoramento dos objetivos e metas dos serviços de saúde, primordiais à nossa orientação:

Estado de Saúde:

• Sobrevida – refere-se aos índices de mortalidade, natalidade e fecundida-de de um população.

• Funcionalidade – trata das condições em que vive o indivíduo e os impac-tos gerados em resposta a estas condições.

• Qualidade de vida – pontua as condições socioeconômicas, educacionais e culturais de uma comunidade.

• Morbidade – os hábitos e as condições de vida refletem diretamente no estado enfermiço individual e/ou coletivo.

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Serviços de Saúde:

• Insumos – diz respeito ao conjunto de ideias para promoção de ações frente ao diagnóstico local, ou seja, é o desenvolvimento de estratégias junto à população. Onde deverão ser pontuados os fatores negativos e positivos que circundam toda a comunidade.

• Processo – é a forma em que as estratégias serão desenvolvidas e aplica-das, refere-se ao andamento dos serviços de saúde.

• Resolutividade – são os resultados obtidos, estes irão mostrar o desenvol-vimento das equipes e serviços de saúde. É um importante indicador, pois, através dos resultados, é que os pontos frágeis poderão ser observados e melhor trabalhados.

Ambiente:

• Esse indicador nos traz índices referentes relacionados à geografia, demo-grafia, áreas de risco, saneamento básico e epidemiologia.

Todos esses indicadores relacionados estão inseridos no conceito de saúde preconizado pelo SUS. O fortalecimento e autonomia dada aos gestores muni-cipais e estaduais, através das NOB e NOAS, juntamente com a integração da sociedade pelas LOS, é que possibilita uma análise que parte de uma situação regional à realidade da saúde pública em rede nacional. E, a partir daí, é que ações poderão ser tomadas visando à melhoria na promoção de saúde.

A seguir esquema com alguns indicadores úteis ao desenvolvimento do nosso trabalho:

Figura 43: Indicadores de SaúdeFonte: acervo pessoal.

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Resumo

Conceituamos e falamos da importância dos indicadores de saúde.

Voltamos um pouco à história da saúde pública para falarmos dos pri-meiros movimentos na saúde e reformas sanitárias até chegarmos às Leis Orgânicas 8.080 e a 8.142, nas NOB e NOAS, as quais fortale-cem o que é preconizado no SUS, garantindo ações descentralizadas e possibilitando que cada região trabalhe com os seus indicadores.

Vimos alguns indicadores que possibilitam o monitoramento dos ob-jetivos e metas dos serviços de saúde primordiais à nossa orientação.

1. Coloque, com suas palavras, o conceito de indicador de saúde e sua im-portância.

2. Quais são as Leis Orgânicas e qual a função delas? Pesquise em outra fonte e responda a essa questão, não esqueça de colocar qual a fonte pes-quisada.

3. O que são as NOB e NOAS? Qual a função de cada uma?

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Aula 9 – Estratégias de avaliação em saúde: conceitos, tipos, instrumentos e

técnicas

Primeiramente, para entendermos como funcionam os processos de avaliação em saúde, devemos analisar o desenho a seguir, traçado por MENDES (1998, p. 90). Nesse desenho é desenvolvido um perfil de planejamento em forma de pirâmide, o qual nos mostra a interligação dos serviços e a relevante colabo-ração da sociedade.

Figura 44: Perfil de planejamento.Fonte: MENDES, E. V. org. (1998. p.90).

Reparem que a base da pirâmide é sustentada por parâmetros que envolvem a população e é baseada na estrutura, interesses e capacidade de agir, como explica Mendes (1998, p.90). Através desta pirâmide de Mendes, poderemos traçar o perfil de uma sociedade e sua participação nas ações que giram em torno da comunidade. Acima da base, observamos a estruturação que se re-fere ao perfil físico, social, econômico e epidemiológico que permeiam essa sociedade. E, antes do fator saúde, observamos ainda a influência dos fatores sociais e ambientais que se estendem à saúde pública. Através dessa pirâmide temos a possibilidade de observar a relação dos fatores descritos com primor-diais à promoção de saúde.

Desde a Constituição de 1988, vêm acontecendo modificações e melhorias no modelo de atenção e serviços de saúde, através das leis e normas que fortale-cem o SUS, com vimos na aula anterior. A Atenção Primária à Saúde – APS ganha força e resolutividade, pois passa a ser principal porta de entrada para os usuários. A rede de atenção à saúde é reorganizada de forma que a APS se localize no centro desta rede fazendo a ligação entre os demais pontos de atenção. Assim, o modelo piramidal hierarquizado é substituído pelo modelo de integração dos serviços, como podemos analisar na figura a seguir:

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Figura 45: Reorganização da Rede de Atenção à SaúdeFonte: http://slideplayer.com.br/slide/50497/ > acesso em 23 de outubro de 2014.

Observamos um fluxo onde a APS é a porta de entrada e, se necessário, o usu-ário será encaminhado para os demais níveis de atenção. Na APS estão todos os programas contidos na Atenção Básica como ESF, PSF, PACS. Na atenção secundária, estão os serviços como ambulatórios especializados, policlínicas, laboratórios e, na atenção terciária, temos os hospitais com a prestação de serviços mais complexos e de urgência e emergência. A seguir ampliaremos esse novo modelo de Rede de Atenção à Saúde, para melhor analisarmos o funcionamento do fluxo, através de exposição do seguinte esquema:

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Figura 46: Princípios da APS – a integralidadeFonte: Oficina da Análise da APS – Saúde em Casa – Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, fevereiro de 2007.

Esse modelo de rede possibilita melhor acesso dos usuários através do fluxo e contra fluxo e, normalmente, o encaminhamento dos pacientes se dá pelas equipes de saúde da APS, a não ser nos casos de urgência e emergência ou da demanda espontânea.

Como citamos anteriormente, se a APS estiver bem estruturada e funcional, teremos em torno de 85% de resolutividade, desafogando os demais pontos de atenção à saúde. Vimos, ao longo de nossas discussões nesse material, como as questões sociais, econômicas, políticas e ambientais exercem influ-ência direta na saúde de uma população, logo a coleta dos dados, a análise demográfica, e os demais indicadores levantados e analisados, juntamente com a elaboração de metas objetivas e que promovam bons resultados, os direitos à promoção, prevenção e recuperação da saúde estarão assegurados.

Notem como os tópicos discutidos em outras aulas são intrínsecos uns aos outros e todos visando um só objetivo: o bom funcionamento dos serviços de saúde. Para elaborarmos estratégias que nos possibilite a avaliação dos serviços de saúde, deveremos utilizar os indicadores com instrumentos a nor-

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tearem nosso trabalho, pois é através deles que obteremos uma análise quali-quantitativa do andamento dos serviços e seus resultados. Campos e Furtado (2011, p. 19), colocam como “componentes essenciais para avalição, a in-formação, estabelecimentos de critérios, julgamento e tomada de decisões”. Observemos que a maioria dos autores citados em nosso material enfatizam a importância da organização de metas a serem traçadas para aplicação e ava-liação dos serviços.

No processo de organização dos serviços de saúde, os quais seguem os prin-cípios do SUS – universalização, equidade e integralidade, o que é preconi-zado é a qualidade desses serviços. Portanto, a avaliação se torna instrumento essencial que irá subsidiar a adequação e implementação das ações na saúde pública.

A avaliação dos tipos de estratégias a serem adotadas deve partir do trabalho de campo e, após a análise dos indicadores, é que a equipe de saúde, gestores e população deverão considerar os meios de avaliar as questões pertinen-tes ao território em que vivem e atuam. Logo, mais uma vez, ressaltamos o importante papel do Agente Comunitário de Saúde, pois é esse profissional que fará o primeiro contato com as famílias, coletando os dados importantes à tomada das decisões da equipe como um todo, coordenadores e gestores. Potencialmente esse profissional, por meio das visitas frequentes ao cidadão, tem condições de atuar na construção da consciência sanitária, uma vez que pode discutir com as pessoas os condicionantes e determinantes de saúde. Dessa forma, o desenvolvimento dos serviços se dará de maneira humanizada e equânime.

[...] a relação entre a equipe e a população de referência baseia-se na contratação de responsabilidades pelo cuidado integral, que entre outros significa (1) ação longitudinal, de seguimento, que requer (2) a construção de vínculo e corresponsabilização, bem como (3) o uso de tecnologias de trabalho como projetos te-rapêuticos singulares, interconsultas, grupos de discussão, entre outros, o que recombina ofertas tradicionais baseadas, mormente, em consultas individuais por profissionais. (PACHE, 2010. p. 16).

Utilizaremos como instrumentos imprescindíveis à promoção de saúde os in-dicadores, os quais iram nortear as ações apontando para as questões mais frágeis, os pontos mais vulneráveis em uma comunidade. Assim como os indicadores, os profissionais de saúde também atuam como poderosos ins-trumentos para a viabilização, elaboração, articulação e aplicação das ações estratégicas. Todo o processo se dá pela coleta, sistematização e análise de dados que apontam para as condições em vivem os indivíduos na comunida-de. Esse processo envolve todos os temas que aqui discutimos, estes fazem parte de um método, o qual visa um só objetivo: à promoção, prevenção e recuperação da saúde.

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Figura 47: Promoção de saúde e qualidade de vidaFonte: BUSS, 2000 acessado por > http://virtual.ufms.br/objetos/Unidade3/obj-un3-mod1/4.html > em 30 de outu-bro de 2014.

A coleta de dados, como já mencionamos nesse curso, pode se dá através da observação direta e de formulários específicos como as fichas discutidas nas primeiras aulas, reuniões com a comunidade ou ainda em instituições que atuam no território que podem ser parceiras. Na observação direta, o olhar do agente é um importante instrumento, desde que esteja atento às concepções que norteiam o seu trabalho. Devemos atuar com base no novo e amplo con-ceito de saúde e, não com a visão que trata a saúde como ausência de doenças. Nessa perspectiva saúde é qualidade de vida e tudo que impacta a qualidade de vida das pessoas interessa aos profissionais de saúde.

A sistematização dos dados visa organizá-los e/ou “agrupá-los” de uma forma que nos permita visualizá-los mais facilmente. Essa prática favorece a análise da situação de saúde e instrumentaliza as decisões tomadas. A avaliação é uma etapa do planejamento e nos diz sobre a realidade do território e o resul-tado da atuação da equipe. Vale lembrar que promoção à saúde envolve a di-mensão política, social, demográfica, etc. Na essência da atuação em saúde, há um compartilhamento de responsabilidades, as potencialidades e limites observáveis na atuação de uma equipe local.

A avaliação em saúde persegue o aperfeiçoamento das atividades em nível lo-cal, o conhecimento contínuo da equipe em relação ao território, a motivação da equipe, a competência com que as atividades estão sendo desenvolvidas e deve incorporar o nível de satisfação da população atendida. Podemos ob-servar, então, que a avaliação é também um instrumento para a compreensão do resultado da nossa ação, bem como contribui para as definições acerca das ações futuras, intervenções necessárias para a melhoria dos níveis de saúde da população adscrita. Nesse sentido “a avaliação pode ser entendida como uma atividade que envolve a geração de conhecimento e a emissão de juízos de valor sobre diversas situações e processos como, por exemplo, projetos de investimento, políticas públicas, programas sociais, etc.” (CAMPOS et al, 2010, p.83). Este conceito sintetiza o que discutimos sobre avaliação até aqui e nos remete a vários enfoques possíveis quando pensamos em como avaliar.

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A avaliação pode ser pensada a partir de vários enfoques como:

• Estrutura: existência e adequação da estrutura física, equipamentos e in-sumos, recursos humanos necessários ao desenvolvimento das responsa-bilidades da equipe e necessidades da população atendida. Nesse aspecto deve ser observado o modelo implementado, especialmente, os pontos de referências existentes e a articulação interna.

• Processo: serviços prestados pela equipe à população.

• Resultados: mudanças ocorridas no estado de saúde da população.

Diante do exposto podemos observar que se trata de mais um trabalho em equipe. Os sistemas de informação em saúde são instrumentos valorosos no processo de avaliação.

A avaliação pode ainda se dá em termos da efetividade, eficácia e eficiência que se tornaram medidas clássicas. Arretche (2001, p.31-34) apresenta essas tendências na avaliação de políticas públicas da seguinte maneira:

• Avaliação de efetividade: exame da relação entre a implementação de um determinado programa e seus impactos e /ou resultados. Reforço a ques-tão da causalidade. Impacto, resolubilidade.

• Avaliação da eficácia: avaliação da relação entre os objetivos e os instru-mentos e seus resultados. Metas propostas e metas alcançadas ou entre instrumentos previstos e instrumentos efetivamente empregados. Exige pesquisa de campo capaz de aferir e reconstituir o processo de implan-tação e/ou implementação da política sob análise. Consiste no exame da processualidade concreta e da adequação e coerência dos meios e instru-mentos utilizados durante a vigência de um determinado programa.

• Avaliação de eficiência: relação entre o esforço empregado na implemen-tação e os resultados alcançados – “custo-benefício”. Esta medida nos da a possibilidade de controlar os recursos e assegurar a qualidade dos serviços prestados. Eficiência é um objetivo democrático. Ainda que efi-ciência no serviço público não seja a mesma coisa da eficiência no setor privado – equação entre custos mais reduzidos possíveis e resultados os melhores (mensuráveis) possíveis.

É importante abordarmos ainda a respeito da avaliação normativa, a qual envolve a análise do andamento dos serviços da equipe em uma visão mais interna, administrativa e institucional, visa a avaliar o desempenho individual e coletivo de todos que atuam nos serviços de saúde. Além da avaliação normativa, devemos também dar enfoque à avaliação estratégica, esta é mais participativa, na qual teremos a possibilidade de envolver diferentes atores sociais. A avaliação normativa é mediadora da comunidade e os serviços de saúde.

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Segundo Campos et al (2010), a avaliação e o monitoramento não são práticas corriqueiras nos serviços de saúde. Por monitoramento os autores apontam:

Compreende-se monitoramento como parte do processo avalia-tivo que envolve coleta, processamento e análise sistemática e periódica de informações e indicadores de saúde selecionados com o objetivo de observar se as atividades e ações estão sen-do executadas conforme o planejado e estão tendo os resultados esperados. (BRASIL, 2005, p. 20 apud CAMPOS et al, 2010, p.83).

Como enfatizam os autores citando o MS, o monitoramento integra a ava-liação, mas é algo mais corriqueiro, uma vez que a avaliação tende a ser um flash, um momento mais específico. Embora a avaliação seja essencial aos serviços de saúde.

Resumo

-Nessa aula tivemos a oportunidade de conhecer o novo modelo de Rede de Atenção à Saúde, apresentado por Mendes, onde a Atenção Básica passa a ser a porta de entrada principal aos usuários do SUS.

-Reforçamos a interligação dos temas discutidos nesse material e a importân-cia desses na produção de ações que primem a saúde.

-Entendemos que os indicadores e os profissionais de saúde são importantes instrumentos para as estratégias adotadas na avaliação e aplicação dos servi-ços de saúde.

-Relacionamos alguns meios para trabalharmos a avaliação e os diferentes enfoques dados a essa prática.

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1. Descreva, com suas palavras, a importância da Reorganização da Rede de Atenção à Saúde.

2. Estabeleça a relação da Reorganização da Rede de Atenção com a funcio-nalidade dos serviços de saúde, através de uma reflexão feita na figura 46.

3. Quais são os princípios do Sistema Único de Saúde – SUS?

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Currículo do Professor-autor

Profª. Esp. Kérlia Nether Nassau

Graduada em B iomedicina pela Faculdade de Saúde Ibituruna, especialista em Gestão Pública em Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atuou, do ano de 2006 a 2010, na Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, como referência técnica da Educação Permanente e da Urgência e Emergência deste órgão. Atualmente, está atuando como pro-fessora pesquisadora e conteudista do Centro de Referência em Educação a Distância do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais.

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