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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS CURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS TRATAMENTO DE EFLUENTES E PRODUÇÃO DE CHICLE DA PECCIN S.A. Relatório final de estágio apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação da Profª Caroline Dellinghausen Borges, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do Curso de Química de Alimentos, para obtenção do título de Bacharel em Química de 1

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

CURSO DE QUÍMICA DE ALIMENTOS           

TRATAMENTO DE EFLUENTES E PRODUÇÃO DE CHICLE DA PECCIN S.A.

    

Relatório final de estágio apresentado à Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação da Profª Caroline Dellinghausen Borges, como parte das exigências da disciplina de Estágio Supervisionado, do Curso de Química de Alimentos, para obtenção do título de Bacharel em Química de Alimentos.      

 

Rafael Bresolin

Pelotas, dezembro de 2007. 

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ALUNO

Nome: Rafael Bresolin

E-mail: [email protected]

CONCEDENTE

Razão social: Peccin S.A.

Unidade da empresa: Peccin S.A. – Unidade Erechim.

Setor de realização do estágio: Controle de Qualidade Ambiental (CQA) e Chicle

Endereço: Rua Sidney Guerra, n° 1700, CEP 99700-000, Erechim/RS

Fone: (054) 3520-9700

Web-site: www.peccin.com.br

Supervisor do estágio: Química Industrial Patrícia Rossi – Chefe do Controle de Qualidade Ambiental

ESTÁGIO

Área de atuação: Controle de Qualidade Ambiental e Produção de chicle

Período do termo de compromisso: 13 de agosto de 2007 a 31 de novembro de 2007.

Período coberto pelo relatório: 530 horas de estágio curricular, sendo 396 horas como estagiário e 134 horas como efetivo.

Número de horas do relatório: 530 horas.

Orientador: Professora Caroline Dellinghausen Borges

Relatório apresentado no 8° semestre do curso de Bacharelado em Química de Alimentos referente ao 2° semestre letivo de 2007. 

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Resumo

BRESOLIN, Rafael. Tratamento de efluentes e produção de chicle da Peccin S.A. 2007. 51f. Relatório final de estágio. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 

A Peccin S.A., fundada em 1956, é uma empresa de destaque no cenário nacional e internacional no mercado de balas, chicles e pirulitos. Com produção mensal de 450.000 toneladas e aproximadamente 750 funcionários a empresa exporta seus produtos para mais de 70 países espalhados pelos cinco continentes. Uma das grandes preocupações da Peccin S.A. além da qualidade de seus produtos, é o tratamento de resíduos gerados na empresa, devido a isso possui um setor de controle de qualidade ambiental (CQA), destinado exclusivamente para tratar todo efluente produzido. Neste setor encontra-se a estação de tratamento de efluentes (ETE), que recebe todo resíduo líquido produzido na empresa e através de tratamentos primários e secundários, destina o efluente de forma adequada. Além de uma central de resíduos sólidos industriais (CRSI) que recebe, separa e destina de uma forma correta para todo resíduo sólido produzido na indústria, e a área de retrabalho que tem a função de transformar restos de balas, pirulitos e recheios em caldas que serão reaproveitadas na formulação dos produtos, contribuindo para redução de resíduos. Outro setor de grande importância para a Peccin S. A, é a produção de chicle, pela grande demanda de seus produtos. A empresa conta com duas linhas de produção, uma de chicle plano e outra de chicle recheado e drageado. Assim sendo, a Peccin S.A. procura cada vez mais investir em novas tecnologias para diversificar sua produção e tornando-se um diferencial no mercado e nunca esquecendo da qualidade ambiental. O estágio teve como objetivo aprimorar os conhecimentos adquiridos no curso de Química de Alimentos através do estágio curricular na empresa Peccin S.A., nos setores de controle de qualidade ambiental e do chicle.

Palavras-chave: Peccin S.A. Estágio. Controle de Qualidade Ambiental. Chicle.

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Lista de Figuras

Figura 1. Organograma Peccin S. A...............................................................................08

Figura 2. Fluxograma estação de tratamento de efluentes............................................11

Figura 3. Peneira estática...............................................................................................12

Figura 4. Calha Parshall.................................................................................................13

Figura 5. Equalizador......................................................................................................13

Figura 6. Flotodecantador...............................................................................................14

Figura 7. Caixa de recirculação do flotodecantador.......................................................15

Figura 8. Descarga de fundo..........................................................................................15

Figura 9. Raspadores.....................................................................................................15

Figura 10. Caixa de fibra................................................................................................16

Figura 11. Lagoas 1 e 2 anaeróbias...............................................................................16

Figura 12. Fluxograma da decomposição da matéria orgânica pelo processo

anaeróbio.........................................................................................................................17

Figura 13. Lagoa 3 de estabilização facultativa com chicanas.......................................19

Figura 14. Reator de lodo ativado com aeração por cascata, vista frontal (A) e vista

lateral (B).........................................................................................................................22

Figura 15. Sedimentador................................................................................................23

Figura 16. Calha Parshall...............................................................................................23

Figura 17. Saída.............................................................................................................23

Figura 18. Protozoários..................................................................................................28

Figura 19. Algas..............................................................................................................29

Figura 20. CRSI..............................................................................................................33

Figura 21. Chicle bola recheado e drageado..................................................................42

Figura 22. Fluxograma do processamento do chicle recheado e drageado..................42

Figura 23. Chicle plano...................................................................................................45

Figura 24. Fluxograma do processamento do chicle plano............................................46

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Pontos da ETE que são realizadas as análises diárias..................................24

Tabela 2. Resíduos sólidos e seus respectivos destinos................................................34

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Sumário

1. Introdução..................................................................................................................072 Objetivos.....................................................................................................................092.1 Objetivo geral...........................................................................................................092.2 Objetivos específicos..............................................................................................093 Atividades desenvolvidas..........................................................................................103.1 Controle de qualidade ambiental (CQA)................................................................103.1.1 Estação de Tratamento de Efluentes da PECCIN S.A.......................................103.1.1.1 Análises realizadas na Estação de Tratamento de Efluentes.......................233.1.2 Central de resíduos sólidos industriais (CRSI).................................................333.1.3 Retrabalho.............................................................................................................343.2 Chicle........................................................................................................................343.2.1 Matérias primas....................................................................................................353.2.2 Produção de chicle bola recheado e drageado ................................................413.2.3 Produção de chicle plano...................................................................................454 Sugestões...................................................................................................................485 Conclusão...................................................................................................................496 Referências.................................................................................................................50

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1 Introdução

O Brasil produz, aproximadamente, 438 mil toneladas de balas e confeitos por

ano, com um volume de vendas estimadas em R$ 4,5 bilhões. No ranking mundial

encontra-se atrás, apenas, dos Estados Unidos. No Brasil, o Rio Grande do Sul está em

segundo lugar, perdendo apenas para São Paulo, pois das seis indústrias brasileiras

que produzem acima de 2 mil toneladas/mês, três estão localizadas no estado (ABICAB

et al. 2004 apud  KHALIL et al. 2004).

As empresas de candies do Rio Grande do Sul comercializam seus produtos em

todo o território nacional e em mais de 60 países. Estão concentradas no Norte

Gaúcho, liderada por Erechim e no Vale do Taquari, com ênfase em Lajeado.

Frente a esta concorrência, as indústrias estão cada vez mais aperfeiçoando

seus processos para serem mais competitivas, com processos mais econômicos e de

qualidade. Além da preocupação com a qualidade de seus produtos e tecnologias, as

empresas vêm se preocupando com a questão ambiental, principalmente devido as

exigências da legislação.

A Peccin foi criada em 15 de fevereiro de 1956, pelos irmãos Pezzin. A

empresa iniciou suas atividades com uma produção artesanal e aos poucos conquistou

seu espaço no mercado, ampliando seu quadro funcional, aumentando também sua

abrangência no mercado nacional. Os fundadores iniciaram com uma pequena

torrefação de café e saiam para vender seus produtos nos mercados da região. Com a

insistência de muitos clientes, iniciaram com uma produção artesanal de balas

(PECCIN, 2007).

Com o tempo e muito trabalho, o portifólio de marcas Peccin foi sendo

ampliado, investindo nos segmentos de balas duras, mini balas, mastigáveis,

mastigáveis recheadas, chicles, pirulitos e balas de leite. Hoje, com 50 anos, é

considerada uma das maiores empresas de balas do Brasil. Com produção mensal de

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4.500 toneladas de balas, chicles e pirulitos, contando com aproximadamente 760

funcionários em suas linhas de produção (PECCIN, 2007).

A Peccin S.A. é uma das principais empresas brasileiras exportadoras de

balas. Exporta seus produtos para mais de 70 países espalhados pelos cinco

continentes. Aproximadamente um terço de sua produção é direcionada para o

mercado externo (PECCIN, 2007).

A empresa conta com um setor de controle de qualidade ambiental (CQA),

destinado exclusivamente para cuidar de todos os resíduos sólidos e líquidos e destiná-

los de forma adequada preocupando-se com a poluição. Para isso possui uma estação

de tratamento de efluente (ETE) que trata todo efluente líquido, e uma central de

resíduos sólidos industriais (CRSI), que separa e dá o destino adequado para todo o

lixo sólido da indústria. Outro setor que se destaca na Peccin S.A. pelo fato da

demanda de seus produtos é a fabricação de chicle, este conta com a produção de

chicle recheado drageado e chicle plano.

A Fig. 1 mostra o organograma da Peccin S. A. com destaque na área do

estágio curricular.

Figura 1 - Organograma da empresa Peccin S. A.

Presidência

Gerência de vendas

Gerência administrativa

Gerência Industrial

Produção CQAManutenção CQMP CQP

ETE CRSI

P e D

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Bala dura BalançaBala mastigável Pirulito Chicle Bala de Leite Drageados

Retrabalho

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2 Objetivos

2.1 Objetivo geralAprimorar os conhecimentos adquiridos no Curso de Química de Alimentos

através do estágio curricular na empresa Peccin S.A.

2.2 Objetivos específicos- Acompanhar a rotina do setor de controle de qualidade ambiental, no qual

fazem parte a estação de tratamento de efluentes, a central de resíduos sólidos

industriais e o retrabalho;

- Auxiliar nas análises físico-químicas e microbiológicas realizadas no

laboratório da estação de tratamento de efluentes;

- Acompanhar a linha de processamento de chicle.

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3 Atividades desenvolvidas

3.1 Controle de qualidade ambiental (CQA)O setor de controle de qualidade ambiental (CQA) é responsável por todo

efluente da indústria (líquido e sólido). Para isto, conta com uma estação de tratamento

de efluentes (ETE), onde é realizado todo tratamento dos resíduos líquidos da empresa

antes da deposição no ambiente. Possui também uma central de resíduos sólidos

industriais (CRSI), que separa todo o lixo produzido na empresa e descarta de forma

adequada preocupando-se com a poluição; e ainda o setor de retrabalho que tem como

objetivo o reaproveitamento dos resíduos de balas da indústria. Neste setor todas as

balas, pirulitos, recheios que não são aproveitados são transformados em caldas e

utilizadas no pré-mix nas formulações dos produtos.

3.1.1 Estação de tratamento de efluentesA estação de tratamento está situada junto ao parque fabril da empresa e possui

cerca de 10000 m2 de área, na qual encontram-se laboratórios para análises químicas,

biológicas e físicas, com equipamentos para coleta, segurança no trabalho, depósitos

de produtos utilizados na estação e utensílios das práticas laboratoriais.

O objetivo da estação de tratamento de efluentes (ETE) é tratar todo o efluente

líquido da indústria, reduzindo a poluição (carga orgânica, nutrientes, corantes, etc) até

níveis aceitáveis para deposição no meio ambiente. O efluente de entrada na estação

de tratamento tem média de vazão de 3,96 m3/h, onde encontram-se açúcares,

gorduras, aromas, corantes, resíduos da limpeza e esgoto cloacal. A ETE conta com

tratamento primário e secundário.

O primário consiste num tratamento físico-químico onde fazem parte a peneira

estática, o equalizador e o flotodecantador. Já o secundário que consiste num

tratamento biológico, fazem parte as lagoas de estabilização anaeróbia e facultativa, o

reator de lodo ativado com aeração por cascata e o sedimentador.

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A Fig. 2 mostra o fluxograma da estação de tratamento de efluentes da Peccin S.

A.

Figura 2 - Fluxograma da Estação de Tratamento de Efluentes

- Peneira estáticaA peneira estática, mostrada na Fig. 3, é o primeiro tratamento que o efluente

recebe. Esta peneira tem o objetivo retirar todo o material grosseiro (terra, palitos,

rótulos, etc), que apresentem granulometria acima de 1mm.

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Figura 3 - Peneira estática

Nestas peneiras o efluente é alimentado de cima para baixo contra uma tela de

aço inox com um desenho especial, geralmente de formato trapezoidal. O efluente flui

na parte superior, desce pela tela e cai pelo interior das malhas, onde é recolhido e

direcionado para as unidades subseqüentes, enquanto que os sólidos grosseiros

deslizam na tela inclinada, sendo empurrados pelo próprio líquido, e são recolhidos na

parte inferior em uma caçamba localizada na parte inferior da peneira (SENAI, 2007).

- Calha ParshallA Calha Parshall (Fig. 4) tem o objetivo de determinar a vazão de entrada do

efluente através de cálculos matemáticos obtidos pela redução do diâmetro e desnível

causado na água. Estes cálculos são realizados pela utilização de uma régua e tabela

de conversão.

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Figura 4 - Calha Parshall

- EqualizadorEqualizador é um tanque que recebe e mistura o efluente. Neste tanque é

efetuada a correção do pH, através da adição de Ca(OH)2 e NaOH. Possui agitadores

que mantêm a mistura completa do efluente, auxiliando na absorção de oscilações de

carga, vazão e pH. Para controlar a vazão, o tanque de equalização (Fig. 5) possui uma

bóia conectada à bomba, que desliga quando o nível desejado for atingido.

Figura 5 - Equalizador.

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- Flotodecantador      O flotodecantador é um equipamento destinado à remoção de materiais

sedimentáveis e de partículas com tendência à flotação (óleos e graxas, proteínas,

escumas, etc.) (Fig. 6). Para aumentar a eficiência do processo o efluente passa por

uma caixa de recirculação, como mostra a Fig. 7, onde é inserido bolhas de ar para

facilitar a flotação da gordura e formação de flocos. Este sistema obtém melhor

eficiência de remoção com a adição de produtos químicos, como alcalinizantes,

floculantes e polímeros (SENAI, 2007). Pela adição de coagulante ocorre a união de

sólidos formando coágulos, já pela adição de floculante ocorre a formação de grandes

coágulos ou flocos mais densos ou mais leves (gordura - mais leve então flota).

      O processo de flotação é aplicável especialmente a óleos e graxas, cuja

densidade é inferior à da água, sendo eliminadas pois ficam na superfície e são

retiradas por raspadores. Os sólidos mais densos se depositam no fundo e formam

lodo, enquanto os corpos menos densos sobem a superfície e formam escuma. A

vantagem na utilização deste, é o fato de que as substâncias retidas, não

sobrecarregarão os decantadores. Os resíduos recolhidos por tanques retentores

geralmente não podem ser aproveitados devido ao elevado teor de impurezas

(IMHOFF,1986). 

O pH do efluente no flotodecantador deve ser entre 7 e 8 para que haja uma boa

formação dos flocos.

Figura 6 - Flotodecantador

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Figura 7 - Caixa de recirculação do flotodecantado

- Caixa de lodoO lodo resultante do flotodecantador, tanto o lodo retirado na descarga de fundo

(Fig. 8), quanto o retirado pelos raspadores (Fig. 9) são armazenados em caixa de fibra

(Fig. 10), até a disposição em solo agrícola. Aproximadamente são destinados ao solo

agrícola de 5 a 6 toneladas de lodo por semana. Nesse lodo são realizadas análises

nas quais mostram grandes concentrações de fósforo, nitrogênio e matéria orgânica.

Essas análises são enviadas ao responsável pelo projeto de disposição em solo

agrícola e para o órgão fiscalizador.

Figura 8 - Descarga de fundo Figura 9 - Raspadores

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Figura 10 - Caixa de fibra

- Lagoa 1 e 2 de estabilização anaeróbiaApós a etapa da flotodecantação o efluente segue até as lagoas anaeróbias 1 e

2, que tem por objetivo a remoção de matéria orgânica, nutrientes e remoção de sólidos

não sedimentáveis através de mecanismos biológicos. As lagoas anaeróbias além de

receberem o efluente que provém do flotodecantador ainda recebem o esgoto cloacal

da empresa.

As lagoas 1 e 2, como mostra a Fig. 11, são anaeróbias, tem profundidade em

torno de 4 metros e seguem padrões de impermeabilização do solo para evitar

vazamentos. O tempo de retenção é estimado em seis dias na lagoa 1 e quatro dias na

lagoa 2, totalizando 10 dias de tratamento anaeróbio.

Figura 11 - Lagoas 1 e 2 anaeróbias.

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Lagoas anaeróbias constituem-se em uma forma alternativa de tratamento, onde

a anaerobiose é essencial, sendo alcançada através do lançamento de uma grande

carga de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) por unidade de volume da lagoa,

fazendo com que a taxa de consumo de oxigênio seja várias vezes superior à taxa de

produção. As lagoas anaeróbias tem sido utilizadas para o tratamento de despejos

industriais e esgotos domésticos predominantemente orgânicos, com altos teores de

DBO, como frigoríficos, laticínios e bebidas. A estabilização nestas condições é lenta,

pelo fato das bactérias anaeróbias reproduzirem-se em taxa lenta, advindo de que as

reações anaeróbias geram menos energia do que as reações aeróbias.

A temperatura tem grande influência nas taxas de reprodução e estabilização, o

que faz com que locais de clima favorável (temperatura elevadas) se tornem propícios a

este tipo de lagoas. As lagoas anaeróbias são profundas, possuem de 4m a 5m, sendo

importante, no sentido de reduzir a possibilidade da penetração do oxigênio produzido

na superfície para as demais camadas, sendo a área requerida menor pela sua

profundidade. A eficiência de remoção de DBO nas lagoas anaeróbias é da ordem de

50% a 60%, a DBO do efluente ainda é elevada, implicando uma unidade posterior de

tratamento (SPERLING, 1997).

A Fig. 12 mostra o fluxograma da decomposição da matéria orgânica pelo

processo anaeróbio.

Figura 12 - Fluxograma da decomposição da matéria orgânica pelo processo anaeróbio

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Como mostrada na Fig. 12 a estabilização anaeróbia ocorre em quatro etapas, a

primeira fase da digestão anaeróbia consiste na hidrólise da matéria orgânica pela ação

de exoenzimas excretadas pelas bactérias fermentativas em compostos dissolvidos

mais simples os quais podem atravessar a membrana celular. A segunda etapa é a

acidogênese onde os produtos degradados atravessam a membrana e são

metabolizados no interior da célula formando principalmente álcoois, ácidos e novas

células que após são excretados ao meio. A terceira etapa é a acetogênese onde as

bactérias anaeróbias irão oxidar os produtos gerados na fase acidogênica gerando

substrato para bactérias metanogênicas nos quais são acetatos, CO2 e hidrogênio. A

ultima etapa é a metanogênese onde bactérias metanogênicas acetoclásticas

produzem metano a partir de acetato, e bactérias metanogênicas hidrogenotróficas

utilizam H2 e CO2 para produção de metano.

Com o intuito de manter e elevar o pH nas lagoas anaeróbias da ETE é

adicionado cal hidratada e soda caustica 50%, o cal é adicionado através de dosagens

em tanques de 1000 litros.

Os sistemas anaeróbios conferem um grande potencial para a sua aplicabilidade

em tratamentos de águas residuárias de baixa concentração e são também tecnologias

simples e de baixo custo. Como vantagens podem-se citar a baixa produção de sólidos,

cerca de 5 a 10 vezes inferior à que ocorre nos processos aeróbios, baixo consumo de

energia, baixa demanda de área, baixos custos de implantação, produção de metano

(gás combustível), tolerância a elevadas cargas orgânicas, aplicável em pequena e

grande escala. As desvantagens são relacionadas à sensibilidade das bactérias

anaeróbias, as quais são susceptíveis à inibição por vários compostos, a partida do

processo pode ser lenta na ausência de lodo adaptado, exige pós-tratamento, a

bioquímica da digestão anaeróbia é complexa e ainda precisa ser estudada,

possibilidade de geração de maus odores, remoção de nitrogênio, fósforo e patógenos

insatisfatória. Verifica-se que a maior parte do material orgânico biodegradável presente

no despejo é convertida em biogás (70 a 90%) que é removido da fase líquida e deixa o

reator na forma gasosa (CHERNICHARO, 1997).

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- Lagoa 3 de estabilização facultativa com chicanasApós a estabilização anaeróbia nas lagoas 1 e 2, o efluente é enviado para a

lagoa facultativa com chicanas, mostrada na Fig. 13, com 1,5 metros de profundidade,

que possui o objetivo de consumir a matéria orgânica restante das lagoas anaeróbias.

As chicanas têm a função de aumentar o tempo de residência do efluente na

lagoa, chegando há aproximadamente 7 dias. 

Figura 13 - Lagoa 3 de estabilização facultativa com chicanas

      O processo da lagoa facultativa consiste na retenção dos efluentes por um

período de tempo longo o suficiente para que os processos naturais de estabilização da

matéria orgânica se desenvolvam. As vantagens são relacionadas à grande

simplicidade e à confiabilidade da operação. O processo é lento, necessitando de

longos tempos de detenção para que as aerações se completem, o que implica em

grandes requisitos de área, a atividade biológica é afetada pela temperatura,

principalmente nas condições naturais das lagoas. Os custos das lagoas de

estabilização são bastante atraentes, a construção é simples, envolvendo

principalmente movimento de terra, e os custos operacionais são desprezíveis em

comparação com outros métodos de tratamento. O efluente entra em uma extremidade

da lagoa e sai na extremidade oposta. Ao longo desse percurso, que demora vários

dias, ocorrem mecanismos de purificação dos efluentes na zona anaeróbia, aeróbia e

facultativa.

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A matéria orgânica em suspensão tende a sedimentar, vindo a constituir o lodo

de fundo (zona anaeróbia), este lodo sofre o processo de decomposição por

microrganismos anaeróbios, sendo convertido lentamente em gás carbônico, água,

metano e outros. A matéria orgânica dissolvida e a em suspensão de pequenas

dimensões não sedimentam, permanecendo dispersa na massa líquida. Na camada

mais superficial existe a zona aeróbia, a qual necessita da presença de oxigênio, que é

suprido ao meio pela fotossíntese realizada pelas algas, caracterizando um perfeito

equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio e gás carbônico.

      A zona aeróbia da lagoa facultativa depende da penetração da luz solar para

suportar a atividade fotossintética. A intensidade da luz incidente sobre o corpo de água

tende a se extinguir exponencialmente à medida que a mesma penetra ao longo da

profundidade. Em profundidades rasas inferiores a 1 metro, elas se comportam como

totalmente aeróbias, a área requerida é elevada de forma a cumprir com o requisito do

tempo de detenção, a penetração da luz ao longo da profundidade é praticamente total,

sendo que a energia luminosa tende a se extinguir com a profundidade, mesmo em

águas límpidas. Em profundidades superiores a 1,2 metros, possibilitam um maior

tempo de detenção para a estabilização da matéria orgânica, a atividade da lagoa é

mais estável e menos afetada pelas condições ambientais produzindo um efluente com

uma qualidade mais uniforme, há um maior volume de armazenamento de lodo, a

camada inferior permanece em condições anaeróbias, nas quais a taxa de remoção da

DBO é mais reduzida (SPERLING, 1997).

- Reator de lodo ativado com aeração por cascataA função deste reator é reduzir a carga orgânica que resta da lagoa 3, através do

lodo ativado. O tempo de retenção do efluente é em torno de 1 dia, os microrganismos

responsáveis pela depuração se encontram em grandes quantidades, concentrados em

espaços restritos, por meio de aeração artificial consegue-se quantidades suficientes de

oxigênio para que os microrganismos possam sobreviver apesar de sua aglomeração.

Segundo Sperling (1995), a eficiência na remoção de DBO dos lodos ativados com

aeração prolongada pode chegar a 95%.

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      As experiências demonstraram que não é possível tratar esgotos por simples

aeração, é necessário provocar a atividade dos microrganismos, originando-se daí o

processo de lodos ativados. Os fenômenos envolvidos são iguais aos observados em

rios ou lagos, com a diferença que os organismos responsáveis pela depuração

encontram-se em grande quantidade, concentrados em espaços restritos. Por meio de

aeração artificial conseguem-se quantidades suficientes de oxigênio para que os

microrganismos possam sobreviver apesar de sua aglomeração. A depuração biológica

dos esgotos realiza-se em duas fases. Primeiramente, uma parte dos poluentes

orgânicos é oxidada para a obtenção de energia, sendo que ao mesmo tempo a nova

matéria celular é formada. Logo, as bactérias se aglomeram em flocos facilmente

sedimentáveis. Os flocos do lodo ativado se compõem de uma substância básica

gelatinosa no interior da qual vivem bactérias e protozoários. Geralmente os lodos

ativados têm boa eficiência de tratamento, são isentos de cheiro ou de moscas e

trabalham no inverno praticamente com o mesmo grau de eficiência que no verão.

Entre os inconvenientes do processo estão a operação, a produção de maior

quantidade de lodo, o elevado teor de água do mesmo e a conseqüente necessidade

de maiores digestores e maiores leitos de secagem do lodo (IMHOFF, 1986).

       Nos tanques de aeração pelos sistemas de lodo ativado, ar ou oxigênio puro

passa através do efluente do tratamento primário, este processo é denominado assim

porque contém uma série de microrganismos que metabolizam o efluente. A atividade

destes microrganismos oxida uma grande parte da matéria orgânica do efluente em

dióxido de carbono e água, espécies de bactérias zooglea são membros importantes

desta comunidade microbiana, pois formam massas floculentas nos tanques de

aeração. O conteúdo do tanque é removido para um tanque de sedimentação, onde os

flocos sedimentam, removendo grande quantidade de matéria orgânica.

Ocasionalmente, o lodo pode flutuar ao invés de sedimentar, este fenômeno é

denominado “inchaço”. Quando isso acontece a matéria orgânica nos flocos flui com o

descarte do efluente, isto normalmente é causado pelo crescimento de bactérias

filamentosas de vários tipos como Sphaerotilus natans e Nocardia. O sistema de lodos

ativados remove de 75 a 95% de remoção da DBO do efluente (TORTORA, 2000).

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      Nos lodos ativados a concentração de biomassa no reator é bastante elevada,

devido à recirculação dos sólidos sedimentáveis no fundo do decantador secundário. A

biomassa permanece mais tempo no sistema do que o líquido, o que garante uma

elevada eficiência na remoção da DQO.

      O reator de lodo ativado com aeração por cascata é mostrado na Fig 14.

A B

Figura 14 - Reator de lodo ativado com aeração por cascata, vista frontal (A) e vista

lateral (B).

- SedimentadorA sedimentação é uma operação física de separação de partículas sólidas com

densidade superior à do líquido circundante. Em um tanque em que a velocidade de

fluxo da água é bem baixa, as partículas tendem a ir para o fundo sob a influência da

gravidade. O líquido sobrenadante torna-se em conseqüência clarificado, enquanto as

partículas no fundo formam uma camada de lodo, e são removidas conjuntamente com

ele (SPERLING, 1996).

Com isso, o sedimentador da ETE (Fig. 15) tem a função de retirar todo o lodo

formado pelo reator de lodo ativado por um sistema de raspadores superficiais e

internos, clarificando assim o efluente, além de livrá-lo de alguma matéria orgânica que

ainda esteja presente. É de extrema importância quando se tem reator de lodo ativado.

O lodo separado é acondicionado em uma caixa de fibra, através de descargas,

atualmente, mensais.

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Figura 15 - Sedimentador

- SaídaO efluente vindo do sedimentador passa pela Calha Parshall que tem o objetivo

de determinar a vazão de saída do efluente, e após chega até as bombas de saída que

conduzem o efluente para o sistema pluvial municipal, como mostra as Figs. 16 e 17.

Figura 16 - Calha Parshall Figura 17 - Saída

3.1.1.1 Análises realizadas na estação de tratamento de efluentesA estação de tratamento de efluente conta com um laboratório que realiza

análises diárias para avaliação da conformidade do tratamento.

As análises são realizadas em determinados pontos da ETE como mostra a Tab.

1.

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Tabela 1 - Pontos de coletas da estação de tratamento de efluentes

Local PontoEqualizador Qualquer área

Flotodecantador Recirculação

Lagoa 1 Entrada e Saída

Lagoa 2 Entrada e Saída

Lagoa 3 Entrada e Saída

Reator de lodo ativado Qualquer área

Sedimentador Qualquer área

Saída Qualquer área

- Demanda química de oxigênio (DQO)O teste de DQO consiste em oxidar a amostra com um excesso de dicromato de

potássio, em meio fortemente ácido e sob refluxo, para determinar a quantidade de

dicromato de potássio remanescente por titulação com sulfato ferroso amoniacal. Como

a quantidade inicial do oxidante é conhecida, pode-se calcular quanto foi consumido na

oxidação da matéria orgânica presente na amostra e estabelecer a quantidade

equivalente de oxigênio para promover essa mesma oxidação (APHA, 1992). A reação

que explica a ação oxidante do dicromato de potássio pode ser descrita pela seguinte

equação:

K2Cr2O7 + 4H2SO4 (K2SO4 + Cr2(SO4)3 + 4H2O + 3/2O2

O resultado final do teste expressa a quantidade (em mg) de oxigênio (do

K2Cr2O7) que foi utilizada para a oxidação de um litro de amostra, e pode ser, assim,

entendido como uma medida do teor de matéria orgânica nela contido (APHA, 1992).

Para amostras com uma origem especifica, a DQO pode ser correlacionada

empiricamente com demanda bioquímica de oxigênio (DBO) com o carbono orgânico

ou com a matéria orgânica nela contida. O desenvolvimento dessas correlações tornou

ainda maior a aplicação do teste de DQO no monitoramento e controle do tratamento

de águas residuárias (APHA, 1992).

As principais vantagens do teste de DQO são:

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- o teste gasta apenas de 2 a 3 horas para ser realizado;

- o resultado obtido dá uma indicação do oxigênio requerido para a estabilização da

matéria orgânica;

- o teste não é afetado pela nitrificação, dando uma indicação da oxidação apenas da

matéria orgânica carbonácea (e não nitrogenada).

Porém existem algumas limitações no teste de DQO, que são:

- no teste de DQO são oxidadas, tanto a fração biodegradável, quanto a fração inerte

do efluente. O teste superestima, portanto, o oxigênio a ser consumido no tratamento

biológico dos efluentes;

- o teste não fornece informações sobre a taxa de consumo da matéria orgânica ao

longo do tempo;

- certos constituintes inorgânicos podem ser oxidados podendo interferir no resultado.

Procedimento de coleta do efluente

As coletas eram realizadas em pontos representativos da estação de tratamento

de efluente, como descrito a seguir.

- Coletar pelo menos 100mL de efluente em frasco de vidro ou plástico;

- Homogeneizar as amostras contendo sólidos depositados para permitir uma

amostragem significativa;

- Amostras não analisadas imediatamente devem ser preservadas com ácido

sulfúrico concentrado em pH menor ou igual a 2 e refrigeradas à 4 ºC. A preservação é

válida por 7 dias.

Procedimento de análise

- Fazer as dissoluções. As dissoluções utilizadas variavam de 0,1 a 0,6% de

efluente devido à alta carga orgânica encontrada no efluente.

- Lavar os tubos de digestão com ácido sulfúrico 20% para evitar a contaminação

da amostra;

- Adicionar 10mL da amostra de cada dissolução de efluente em tubo de

digestão e logo após pipetar no mesmo 6 mL de dicromato de potássio;

- Acrescentar pelas paredes do tubo, 14 mL de ácido sulfúrico – sulfato de prata;

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- Fechar o tubo com cuidado e homogeneizar com movimentos circulares leves;

- Deixar duas horas em bloco de digestão a 150°C.

- Após este período, retirar os tubos da chapa digestora e deixá-los esfriar

naturalmente a temperatura ambiente;

- Transferir a amostra para erlenmeyer, lavando as paredes do tubo de digestão

com água destilada;

- Adicionar de 2 a 3 gotas do indicador ferroína e titular com solução de sulfato

ferroso amoniacal 0,1 M padronizado até ponto de viragem de azul esverdeado para

vermelho tijolo;

- Preparar duas amostras de branco, adicionando 10mL de água destilada e

obedecendo a mesma adição de reagentes; utilizar a média.

Observações: as diluições da amostra devem propiciar um consumo aproximado

de 50% do dicromato de potássio fornecido para digestão em relação à prova em

branco com + ou – 0,2 de diferença admissível. Obtem-se valores nessa faixa quando

os testes tenham coloração levemente esverdeada.

Os resultados são expressos em mg L-1 de O2 através da formula:

DQO = ((A-B) x M x 8000 x F)

VOL

Onde:

DQO: Demanda química de oxigênio em mg L-1 de O2

A: Volume de sulfato ferroso amoniacal gasto na titulação da amostra em mL

M: molaridade do sulfato ferroso amoniacal

VOL: Volume de amostra em mL

F: Fator de diluição da amostra, quando houver (volume total da amostra + quantidade

em mL da diluição).

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- pH       O pH é definido como o cologarítimo da concentração dos íon hidrogênio,

expresso em moles L-1. A escala prática de pH estende-se de 0 a 14 unidades. À 25°C,

o valor médio, 7, corresponde ao ponto de neutralização (FEPAM, 2007).

O pH das lagoas varia ao longo da profundidade e ao longo do dia, o pH

depende da fotossíntese e da respiração, através da relação entre: consumo de CO 2,

conversão para OH, elevação do pH e respiração, produção de CO2, conversão para H,

redução do pH.  Durante o dia nas horas de máxima atividade fotossintética, o pH pode

atingir valores em torno de 10, ocorrendo fenômenos como remoção de nutrientes e

conversão do sulfeto causador de mau cheiro a bissulfeto inodoro (SPERLING, 1997).

Procedimento da análise

- Calibrar potenciômetro com solução padrão 4 e 7;

- Coletar amostras de efluentes em frascos de plásticos nos pontos de coleta;

- Mergulhar o eletrodo do potenciômetro no efluente;

- Fazer a leitura do potenciômetro e anotar o pH.

- Temperatura      A temperatura é muito importante para assegurar a eficiência do processo de

tratamento biológico. A temperatura influencia nas atividades metabólicas e na

população microbiana. Também têm profundo efeito sobre fatores como a velocidade

de transferência de gases e as características de sedimentação dos sólidos biológicos

(METCALF, EDDY, 1998). 

A temperatura da ETE é avaliada duas vezes ao dia em todos os pontos de

análises da estação.

Procedimento da análise

- Mergulhar o termômetro no ponto de coleta do efluente;

- Fazer a leitura no termômetro digital e anotar o resultado.

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- VazãoA vazão é medida na Calha Parshall, com a utilização de uma régua e uma

tabela de conversão, através de cálculos matemáticos.

Procedimento da análise

- Colocar a régua de 50cm junto a Calha Parshal, e através do sinal formado pela

água na régua tem-se o valor;

- Através de uma tabela de conversão tem-se o resultado de vazão.

- Análise microbiologicaA análise microbiológica é de grande importância para a eficiência do tratamento,

com isso a caracterização dos microorganismos existentes, e seu estudo podem

melhorar as condições nas lagoas e o aumento da eficiência destes na remoção da

carga orgânica presente no efluente. Segundo Sperling (1996), os sistemas de alta

carga, como os da empresa, devido à grande disponibilidade de substrato, a população

bacteriana cresce, e os protozoários flagelados são eficientes na competição pelo

alimento disponível. Na Fig. 18 está representado os protozoários de uma amostra da

lagoa 1, com alta concentração de substrato e bactérias filamentosas.

Figura 18 - Protozoários

A massa microbiana encontrada é constituída basicamente por bactérias e

protozoários, de maneira geral, a diversidade de espécies dos vários organismos

componentes da biomassa é baixa. Outro organismo de importância são as algas, que

em lagoas de estabilização facultativas têm função relacionada à produção de oxigênio

pela fotossíntese, procura-se trabalhar com um equilíbrio entre bactérias e algas. No

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sistema anaeróbio, as condições são favoráveis ao desenvolvimento de

microorganismos adaptados à ausência de oxigênio, destacam-se as bactérias

acidogênicas e metanogênicas. A Fig. 19 mostra algas encontradas na lagoa 3.

Figura 19 - Algas

Segundo Sperling (1997), os principais tipos de algas encontradas nas lagoas de

estabilização são as algas verdes (principais gêneros são a Euglena e Chlorella) e as

algas azuis (principais gêneros são as Oscillatoria e Anacystis). As algas produzem a

matéria orgânica necessária para sua sobrevivência, liberando energia para o

crescimento e reprodução de outros, desta forma o balanço entre produção e consumo

de oxigênio favorece o primeiro, conduzindo a um saldo positivo no sistema. 

      Os microrganismos presentes no efluente segundo a empresa de consultoria

Aqqua Limpa (2007) são os protozoários principalmente do gênero Aspedisca e

Tachelofilum, as algas azuis e bactérias formadoras de floco do gênero Pseudomonas,

Achromobacter, filamentosas e Zoogloea. Para zonas anaeróbias, segundo

Chernicharo (1997), os microrganismos trabalham interativamente na conversão da

matéria orgânica complexa em metano, gás carbônico, água, gás sulfídrico e amônia,

além de novas células. Os microrganismos que participam da decomposição anaeróbia

são as bactérias fermentativas, acetogênicas e as metanogênicas. Estas não foram

observadas em microscópio óptico, disponível no laboratório.

Procedimento da análise

- A análise microbiológica da estação de tratamento de efluentes da Peccin S. A.

é realizada com um microscópio da marca Nova, modelo 107, sendo realizada duas

vezes ao dia em todos os pontos da ETE.

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- Coleta-se as amostras em frascos de plásticos nos pontos de coleta;

- Adiciona-se uma gota do efluente na lâmina de vidro e coloca-se no

microscópio para análise.

Ainda são realizadas análises mensais na ETE por laboratórios capacitados

independentes, onde são quantificados:

- DQOJá destacadas anteriormente.

- Demanda bioquímica de oxigênioA demanda bioquímica de oxigênio retrata a quantidade de oxigênio requerido

para estabilizar, através de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea.

Sendo uma indicação indireta do carbono orgânico biodegradável. A estabilização

demora cerca de 20 dias para esgotos domésticos, está corresponde a DBO ultima,

para evitar essa demora padronizou-se a DBO padrão que determina o teste a ser

efetuado após o quinto dia de consumo a temperatura de 20 ºC (APHA, 1992).

- Óleos e graxas       Nesta determinação mede-se a quantidade de substâncias com características

físicas semelhantes e substâncias que não são solúveis em um solvente pré-

determinado. Considera-se óleos e graxas qualquer material recuperado nas condições

de análises devido à sua solubilidade, incluindo hidrocarbonetos, ácidos graxos,

sabões, gorduras, óleos e ceras, compostos de enxofre, corantes orgânicos e clorofilas.

Certos constituintes podem influenciar os sistemas de tratamento quando presentes em

quantidades excessivas, podem interferir nos processos biológicos aeróbios e

anaeróbios, causando redução da eficiência do tratamento. Podem também causar

acúmulo excessivo de escória em digestores podendo obstruir poros de filtros e impedir

o uso de lodo como fertilizante (APHA, 1992).

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- SólidosO conteúdo de sólidos totais varia de 20 a 1000 mg L -1. A dureza das águas

costuma aumentar com o teor de sólidos totais. As quantidades de material coloidal não

dissolvido e de material em suspensão aumentam com  o grau de poluição. A

determinação dos sólidos não filtráveis é de grande utilidade para avaliar o grau

poluidor de águas residuárias e para determinar a eficiência das unidades de

tratamento. Uma das maneiras para se determinar a quantidade de matéria orgânica é

através da determinação de sólidos voláteis (APHA, 1992). 

- Nitrogênio totalO nitrogênio na forma orgânica inclui-se, juntamente com os nitratos, nitritos e

amônia, entre as formas de nitrogênio de maior interesse em águas naturais e

residuárias (APHA, 1992).

       O nitrogênio orgânico é definido como sendo o nitrogênio organicamente ligado e

no estado de oxidação trivalente negativo, ele não inclui todos os compostos orgânicos

nitrogenados. Como exemplo de nitrogênio orgânico pode-se citar compostos naturais

como proteínas, peptídeos, ácidos nucléicos e uréia, além de inúmeros compostos

orgânicos sintéticos. A concentração típica de nitrogênio orgânico varia de algumas

centenas de micro gramas por litro em alguns lagos a mais de 20 mg L-1 em efluentes

não tratados (APHA, 1992).

Nos processos de tratamento biológicos de águas residuárias as determinações

de nitrogênio orgânico são realizadas para verificar se a quantidade de nitrogênio

presente é suficiente para o bom desempenho dos microrganismos e para controlar os

processos de aeração (APHA, 1992).

- SulfetosNos efluentes é comum a detecção de sulfetos provenientes de processos

industriais, da decomposição da matéria orgânica e, principalmente, da redução

bacteriana do sulfato (APHA, 1992).

O sulfeto de hidrogênio proveniente de despejos industriais origina odores

desagradáveis. Em águas límpidas, a concentração mínima de H2S capaz de gerar

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odores está entre 0,025 e 0,25 g L-1. O H2S é um gás muito tóxico e tem causado a

morte de inúmeras pessoas que trabalham em esgotos (APHA, 1992).

- FósforoEm águas naturais e despejos encontramos o fósforo quase que somente na

forma de fosfatos. Esses são classificados em ortofosfatos, fosfatos condensados (piro,

meta e polifosfatos), e fosfatos ligados a cadeias orgânicas. Eles podem apresentar-se

em solução, em partículas ou detritos, ou ainda incorporados à estrutura dos

organismos aquáticos (APHA, 1992).

Entre as muitas origens dos fosfatos em águas podemos citar:

- Pequenas quantidades de certos fosfatos condensados são adicionados a algumas

águas de abastecimento durante seu tratamento;

- Quantidades maiores desses compostos podem ser adicionados à água em

procedimentos de limpeza, pois os polifosfatos são constituintes dos detergentes

comerciais;

- Os fosfatos são muito utilizados no tratamento de águas de caldeiras, para prevenir

incrustações;

- Os ortofosfatos são largamente empregados como fertilizantes comuns, e são levados

pelas chuvas até os cursos d’água.

O fósforo é nutriente essencial ao crescimento dos microrganismos e pode ser

fator limitante da produtividade primária de um curso d’água. Nesse caso o lançamento

de despejos ricos em fosfato num curso d’água pode estimular um crescimento

excessivo de microrganismos fotossintetizadores.

Os fosfatos também estão presentes em sedimentos de fundo e em lodos

biológicos, tanto na forma de precipitados inorgânicos como na forma de compostos

orgânicos (APHA, 1992).

- pHJá descrito anteriormente.

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- ColiformesPara a avaliação das condições sanitárias de uma água, utilizam-se bactérias do

grupo coliformes, que atuam como indicadores de poluição fecal, pois estão sempre

presentes no trato intestinal humano e de outros animais de sangue quente, sendo

eliminados em grande número pelas fezes. A presença de coliformes na água indica

poluição com risco potencial da presença de organismos patogênicos e sua ausência

evidencia uma água bacteriologicamente potável (APHA, 1992).

3.1.2 Central de resíduos sólidos industriais (CRSI)A central de resíduos sólidos da Peccin S.A. está localizada no parque fabril e

tem a função de receber e separar todos os resíduos sólidos provenientes da empresa.

O centro tem divisões internas que facilitam a disposição e o armazenamento dos

resíduos, possuindo uma prensa hidráulica, a qual otimiza os espaços e facilita o

manuseio destes. A Fig 20 mostra a CRSI.

Figura 20 – Central de resíduos sólidos industriais

Os resíduos são destinados, na condição de venda, doação ou pago (aterro

sanitário), para algumas empresas capacitadas no tratamento de resíduos sólidos,

sempre com a preocupação da qualidade ambiental.

Os resíduos sólidos e seus respectivos destinos estão descritos na Tab. 2.

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Tabela 2 - Resíduos sólidos e seus respectivos destinos

Resíduo sólido Destino Condição

Papéis, Papelão Cargipel Venda

Palitos limpos, caixas, bombonas Cargipel Venda

Sacos de ráfia Vários compradores Venda

Bobinas Cargipel Venda

Metal Ferro velho Venda

Refugo de rótulo e palitos melados Replast Venda

Refugo de bala, chicle e lixo geral Cetric (aterro sanitário) Pago

Lixo perigoso Cetric ou Pró-Ambiente

Aterro sanitário especial

Pago

Vidros Arcan Doação

3.1.3 RetrabalhoO retrabalho tem o objetivo do reaproveitamento dos resíduos dos produtos

fabricados pela indústria, onde todas as balas, pirulitos e recheios que não são

aproveitados são transformados em caldas e utilizadas no pré-mix nas formulações dos

produtos, onde são utilizados até 8% de retrabalho.

O setor conta com um tanque com camisa de aquecimento onde é derretido as

balas, pirulitos e recheios, transformando-os em calda, que após é filtrada em filtro de

placas, e armazenada em tanques do pré-mix.

3.2 Chicle

A segunda etapa do estágio supervisionado ocorreu no setor de produção do

chicle, onde foi realizado o acompanhamento de todo processamento do chicle

recheado e drageado e do chicle plano.

Segundo ANVISA, goma de mascar ou chicle é o produto constituído por base

gomosa, elástica, mastigável e não deglutível. Outros ingredientes são permitidos,

desde que não descaracterizem o produto, podendo apresentar recheio, cobertura,

formato e consistência variados (BRASIL, 2005).

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Basicamente as gomas de mascar e de bola são compostas de uma mistura de

goma base, açúcar, glicose, glicerina ou sorbitol, aromas e corantes (PROAROMA,

1991).

As fórmulas para gomas de mascar e de bola variam e dependem dos seguintes

fatores: custos, preço de venda, tamanho da peça, forma, tipo de máquina de embalar,

clima e hábito dos clientes no país da venda (PROAROMA, 1991).

3.2.1 Matérias primasSegundo a Proaroma Indústria e Comércio Ltda (1991) são utilizadas as

seguintes matérias-primas na produção de chicle.

- Goma baseA goma de mascar é feita, como já mencionado, a partir de uma “base de goma”,

com adição de açúcar, corante artificial e aromatizante. A composição exata, tanto da

base de goma como da mistura como um todo, é geralmente segredo industrial, e cada

marca elabora sua própria proporção. Mas os ingredientes comuns da goma base são o

látex (que pode ser de vários tipos de plantas), polietileno e acetato polivinílico

(polímeros sintéticos derivados do petróleo) e ainda carbonato de cálcio.

A goma base está dividida em duas grandes categorias – goma de mascar e

goma de bola. A diferença entre as duas está na habilidade de fazer bola.

Ambos os tipos de goma base estão disponíveis nas formas ácido compatível e

regular, isto é, não ácido. As gomas bases para aromas do tipo fruta ácida são

produzidas com talco grau alimentício em vez de carbonato de cálcio, o qual é usado

normalmente em gomas bases não ácidas. Essas bases não ácidas reagirão

instantaneamente com os ácidos cítrico, fumárico, málico e tartárico se misturados. A

reação entre carbonato de cálcio e o acidulante ocasiona um desaparecimento do sabor

azedo do produto final (chiclete), isto porque há quantidade suficiente de carbonato

para remover todo o acidulante adicionado. Além disso, há produção de gás carbônico

que ocasiona o inchamento do produto final, se o produto estiver empacotado em

embalagens herméticas a pressão do gás carbônico liberado romperá a mesma. No

caso de gomas drageadas, esse gás provocará rachaduras na capa de açúcar.

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- SacaroseA sacarose (açúcar) usada na produção do chicle precisa ser moída até tornar-se

um pó muito fino, pois a granulometria do açúcar determina a consistência do chicle. O

tamanho das partículas afeta a dureza inicial da goma no início da mastigação e

principalmente a sua flexibilidade se estiver em formas de fitas (stick). Partículas finas

de açúcar produzem uma goma que tende a ser dura e quebradiça, enquanto que

partículas maiores fazem a goma ficar mais macia e mais flexível. A granulometria do

açúcar moído usado em gomas é 4% retido na malha 200 mesh, isto é, 96% do açúcar

passa através da peneira 200. Se o açúcar é muito grosso o chicle final terá textura

arenosa durante a fase intermediária da mastigação. Aglomerações ocorrem em açúcar

pulverizado se estocado em condições úmidas principalmente devido ser higroscópico e

possuir grande superfície de contato. Para evitar isto, deve-se reduzir o período de

estocagem entre o moinho e o misturador sigma.

- GlicoseDeve-se considerar três características para a adição de glicose no chicle plano

e de bola:

a) Dextrose equivalente

b) Baumé

c) Teor de dióxido de enxofre

a) Dextrose equivalente

A glicose líquida que é utilizada na fabricação do chicle é obtida da hidrólise

parcial do amido de milho. A hidrólise é a quebra da cadeia longa do amido em cadeias

menores através de ácidos ou enzimas. O processo é finalizado num ponto antes que

toda cadeia de amido esteja completamente quebrada em unidades simples. Se o

processo de hidrólise for total gerando unidades simples, então o produto final será

dextrose, que vai encontrar-se no estado sólido.

O ponto no qual este processo é finalizado é medido pela análise da dextrose

equivalente (D.E.) da glicose. O índice mais comum de D.E. usado na goma de mascar

ou de bola é a glicose com 42 D.E. Para gomas, a D.E ideal é de 38 pois reduz a

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aderência do chicle nos equipamentos e na embalagem. Quando utilizado D.E. de 44

ou mais, a goma torna-se muito macia e pegajosa. O controle da D.E. da glicose usada

na produção da goma é muito importante para evitar variações na textura do chicle, o

que ocasionaria a queda de produtividade. A faixa de variação de D.E. de lote a lote

deve ser de 2 unidades. Se a variação for aproximadamente maior que 2 unidades,

será necessário correções na formulação da goma e no processo da goma chicle.

b) Baumé

Baumé é a medida da densidade, dado este usado para indicar o teor de água

na glicose. O uso de uma glicose com baixo baumé, resulta em um produto muito

macio, e o uso de glicose com baumé alto produz um chicle mais firme. O índice mais

comum de baumé para glicose em chicles planos e de bola é 45°Bé. Entretanto, a

glicose com 45°Bé é muito viscosa à temperatura ambiente, devendo ser aquecida até

no máximo 65°C para ser manuseada. A temperatura da glicose não deve ser mantida

elevada por períodos prolongados, para não perder a qualidade.

c) Dióxido de enxofre

Na produção de xarope de glicose freqüentemente utiliza-se dióxido de enxofre

como um agente branqueador e conservante. Entretanto, altos níveis de dióxido de

enxofre não são indicados para o chicle de bola e plano, pois a substância apresenta

sabor desagradável, descora os corantes e altera alguns aromas.

O teor de dióxido de enxofre no xarope de glicose utilizado para chicles deve ser

menor que 40 ppm, geralmente porque não há nada no processamento da goma para

remover o SO2. Na produção de balas, pelo aquecimento do xarope de glicose o SO2 é

eliminado pelo calor. O nível máximo de 10 ppm é o padrão determinado pela WHO

(World Health Organization) para fabricação de confeitos em geral.

- AromasOs aromas além de conferirem sabor ao chicle, agem como um plastificante da

goma base influenciando na textura da goma. Devem ser compostos de óleos

essenciais, pois são os melhores plastificantes para a goma base.

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Aromas desse tipo são absorvidos e mantidos pela goma base, sendo então

liberados vagarosamente durante a mastigação do chicle. Aromas solúveis em água,

tais como os usados em balas e muitos outros confeitos não são adequados porque

são rapidamente extraídos com o açúcar durante a mastigação, além de endurecer a

goma base. Por esta razão, aromas a base de óleo são preferíveis na goma de mascar.

O nível de aroma na goma de mascar e de bola é muito importante não somente

pelo impacto do sabor, mas também no processamento da goma de mascar. A

proporção correta dará as características desejadas de bola e textura para uma

mastigação agradável. Se houver alguma mudança que afete esta proporção, no final

da mastigação a goma tornar-se-á macia ou dura. Mesmo pequenas mudanças na

proporção do aroma, causarão significantes mudanças no produto final.

- UmectantesGoma de mascar ou goma de bola absorverão ou perderão umidade para o

ambiente. No caso de absorção de umidade, a goma tornar-se-á mole, escurecerá e

ficará demasiadamente macia para ser mascada. E, após perder a umidade adquirida

ficará aderida à embalagem sendo difícil de abri-la.

A perda da umidade devido a climas muito secos provoca endurecimento do

produto e curto tempo de vida de prateleira. O mais efetivo caminho para estender o

tempo de vida de uma goma é o uso de materiais de embalagem. Esta prática nem

sempre é utilizada, pois o custo de materiais a prova de umidade é muito alto e também

é impossível conseguir uma ótima vedação ao ambiente em máquinas de embalagem

de alta velocidade. Muitos produtores de chicle costumam embalar as caixas displays

para proteger o produto de climas drásticos e também para protegê-las na primeira

etapa de distribuição, mas uma vez que o produto chega ao ponto de venda, este papel

protetor é removido e novamente a goma pode ser afetada pelas condições ambientes.

Umectantes são adicionados na formulação da goma, pois alteram a atividade de

água do produto, prolongando a maciez do produto durante a estocagem, distribuição e

vendas. Atividade de água é a medida do tempo e da velocidade na qual a goma chicle

absorve ou perde água do ambiente. Para a maioria das formulações de gomas, a

umidade relativa de 55% é o ponto central para a perda ou ganho de umidade. Sob

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umidade acima de 55%, a goma tornar-se-á mais úmida com o passar do tempo, e sob

umidade abaixo de 55% a goma ficará seca e mais dura sob ação do tempo. A adição

de um umectante diminuirá o ponto central de 55% de umidade e reduzirá o teor de

perda de umidade. Por esta razão sempre deverá ser usado um umectante, tanto em

climas normais como secos. Já em áreas muito úmidas não é necessário a adição de

umectantes na formulação dos chicles.

Os umectantes comumente usados nas gomas são: glicerina ou sorbitol. A

concentração de glicerina usada em fórmulas normais é de 0,3 a 0,5%, mas em gomas

mais macias e bem embaladas, os níveis podem chegar na faixa de 2,0%.

Recentemente muitos produtores estão usando açúcar invertido em substituição a

glicerina, somente em gomas não ácidas. Os resultados até então obtidos foram

satisfatórios.

- AcidulantesA adição de acidulantes na formulação da goma objetiva melhorar e ressaltar o

aroma. Os acidulantes mais usados em gomas são cítrico, tartárico, málico e fumárico

em níveis variando na faixa de 0,3 a 1,2%. Estes são geralmente adicionados na forma

de pó fino junto da primeira porção do açúcar para garantir boa homogeneização em

toda extensão do lote. Quando aromas de frutas refrescantes como laranja, limão,

morango, uva ou cereja são usados é necessário a adição de acidulantes para

caracterização do aroma.

Os acidulantes podem causar problemas durante o processo, quando uma goma

base ácida for misturada com goma base não ácida. O processo de goma ácida é

problemático devido ao efeito que os acidulantes têm sobre outros ingredientes

principalmente sobre o açúcar, causando sua inversão para levulose, a qual é

higroscópica. Esta ação faz com que a goma absorva mais rapidamente a umidade do

ambiente, mesmo com baixa umidade relativa. Já as gomas não ácidas nas mesmas

condições de armazenamento e distribuição, não absorvem umidade. Para corrigir este

problema, a goma deve ser embalada em embalagens herméticas.

Os acidulantes poderão descaracterizar as cores usadas nas gomas ou até

mesmo descolorir. O efeito é mais acentuado na cor vermelha que é usada nas gomas

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de frutas do tipo morango, cereja e framboesa. Este problema é facilmente corrigido

pela ampla gama de corantes alimentícios que se dispõe. Já os efeitos pela adição de

acidulantes em gomas de tons laranja e amarelo são menos pronunciados.

- CorantesOs corantes são usados em gomas para dar identificação e caracterização do

aroma utilizado. Os maiores problemas com os corantes são as restrições legais. Cada

país no mundo tem suas regulamentações para os tipos de corantes usados e em que

tipo de produto alimentício podem ser usado. É importante verificar a legalidade de

cada corante, quando produtos coloridos são exportados para outros países.

Existem dois tipos de corantes usados em gomas: solúveis e insolúveis em água.

Os corantes solúveis em água são mais comuns e devem ser dissolvidos em água

antes de adicionados na goma chicle. Isto garante boa distribuição de cor e máxima

intensidade. Os corantes insolúveis em água são formas precipitadas de pigmentos.

Eles são adicionados no lote da goma fabricada nos primeiros estágios de mistura para

garantir completa homogeneização do produto. Estes corantes são conhecidos como

lakes ou lacas.

Laca é um corante alimentício absorvido pela superfície de um suporte em pó e

inerte, tal como alumina. Como a densidade deste corante neste suporte é

extremamente pequena, o manuseio do pó requer certos cuidados tais como: deve ser

pesado em pequenos recipientes ou cartuchos em salas de pesagem distantes da

fabricação do produto final, do material para embalar, etc., por causa do pó flutuante no

ar. Esses corantes são muito sensíveis a luz e desbotariam facilmente se fossem

expostos à luz solar ou luz fluorescente. A armazenagem dos mesmos deve ser muito

bem controlada.

- Plastificantes e/ou emulsificantesA adição de plastificantes e/ou emulsificantes na formulação de gomas de

mascar ou de bola visa facilitar a homogeneização de componentes imiscíveis, pelo

balanceamento hidrofílico – lipofílico. Esses aditivos também melhoram a distribuição

do aroma no chicle.

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No caso de aromas que não apresentam óleos essenciais na sua composição, é

necessário a adição de plastificante ou emulsificante para melhorar a textura da goma

uma vez que o aroma é o responsável por essa função.

Os aromas dos tipos: morango, cereja, uva, maçã verde, melancia, framboesa e

abacaxi, geralmente não possuem na sua formulação nenhum óleo essencial e na

maioria dos casos o solvente utilizado é a triacetina ou glicerina, que são totalmente

solúveis na saliva e extraídos do chicle através do ato de mascar. Portanto, estes

aromas não atuam como bons plastificantes para a goma base e quando utilizados

necessitam da adição de emulsificantes ou plastificantes para evitar que o chicle

endureça durante a mascagem.

Os plastificantes mais usados são as lecitinas e os óleos vegetais de milho ou

girassol. Geralmente são utilizados em proporções entre 0,2 a 0,5% sobre o peso do

chicle.

As lecitinas são os melhores aditivos para tal fim, porque apresentam

propriedades emulsificantes e plastificantes. Quando a lecitina é utilizada na formulação

de chicles, temos uma série de vantagens:

- aumenta maciez do chicle;

- atua como plastificante da goma base;

- atua como emulsificante para aromas e corantes;

- reduz a quebra durante a extrusão.

A lecitina não deve ser usada em gomas chicles que contenham aromas do tipo

laranja, limão, tangerina devido à presença de óleos essenciais que plastificam a goma

base.

3.2.2 Produção de chicle bola recheado e drageadoO chicle recheado e drageado tem sua produção muito complexa, pois recebe

recheio em seu interior e ainda depois de estampado recebe uma calda de açúcar e

corante que forma uma capa na sua parte externa.

A Fig. 21 mostra o chicle bola recheado e drageado.

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Figura 21 - Chicle bola recheado e drageado.

O fluxograma da Fig. 22 mostra o processamento do chicle recheado e

drageado.

Misturador

Estocagem

Extrusão

Trefilagem

Estampagem

Resfriamento

Armazenamento

Drageamento

Brilho

Embalagem

Embalagem final

Figura 22 - Fluxograma do processamento do chicle recheado e drageado

- Misturador

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O misturador é o equipamento utilizado para misturar o açúcar, a goma base, o

xarope de glicose, a essência, o ácido cítrico e os corantes. Os ingredientes são

misturados até que a massa seja formada.

O misturador possui dois braços que giram em direções opostas durante o

processo de mistura e possui uma camisa de aquecimento (óleo, água ou vapor) para

aquecer a máquina somente nas primeiras cargas de goma, após é desligada para o

restante das cargas durante todo o dia.

O problema mais freqüente encontrado na produção de chicles é a aplicação de

altas temperaturas na mistura da goma; este problema não pode ser corrigido pelo

resfriamento da massa. A temperatura ideal para a mistura da goma é de 45°C, porém,

uma faixa de 45 a 55°C é aceitável.

O tempo de mistura é outro ponto crítico na produção do chicle, porém depende

dos componentes e tamanho do sigma, geralmente dura cerca de 15 a 20 minutos. Um

tempo muito prolongado de mistura pode causar a cristalização do açúcar,

endurecendo muito o produto, desta forma prejudicando a qualidade.

- EstocagemApós a mistura dos ingredientes no misturador, a massa é resfriada sobre uma

mesa por 15 minutos, cortada em pedaços e transportada para a extrusora.

- ExtrusãoNa extrusora a massa é alimentada de forma gradual, resultando em um cordão.

Nessa etapa, através de uma bomba, é injetado o recheio líquido previamente

misturado e cozido em tacho aberto.

- TrefilagemA trefilagem visa o ajuste do diâmetro do cordão proveniente da extrusora. Para

esta operação deve ser adicionado amido de milho que evita a aderência do produto ao

equipamento.

- Estampagem

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Na estampadora o cordão de massa adquire o formato final do produto. A

estampagem é realizada com um estampo rotativo, que consiste em um cilindro rotativo

composto por ‘castanhas’ (formas) que se abrem e fecham em um determinado ponto

de forma a modelar o cordão ao contornar o cilindro.

       A temperatura da massa é um fator importante na estampagem, pois influencia

diretamente na qualidade do produto. A massa apresentará uma maior viscosidade se

sua temperatura for muito alta, podendo grudar nas castanhas do estampo ou causar a

deformação dos chicles através do impacto de sua queda ao saírem do estampo. A

viscosidade da massa será muito baixa caso a temperatura estiver muito fria, impedindo

a modelagem do produto.

- Resfriamento finalOs chicles ainda quentes são dirigidos individualmente ao túnel de resfriamento,

com temperatura controlada, por meio de esteiras. O resfriamento tem por objetivo

manter o formato dos produtos estampados. Após os chicles são recolhidos em

pequenas caixas para serem armazenados.

- ArmazenamentoOs chicles estampados e resfriados, são levados para salas com temperatura e

umidade controlada onde ficam armazenados por um determinado tempo, para

adquirirem uma consistência adequada.

- DrageamentoApós adquirida uma consistência adequada na sala de armazenamento, os

chicles são conduzidos a outra sala com temperatura e umidade controlada para a

etapa de drageamento.

O drageamento é realizado em drageadeiras, que são tambores rotativos

abertos, onde recebem uma determinada quantidade de chicle. O chicle é então

submetido a vários banhos com um xarope de açúcar, água, malto dextrina e corante,

previamente misturados e cozidos. Ao receberem o banho de xarope são secos com ar,

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sendo que vão adquirindo uma capa drageada até que atinjam o ponto desejado, que é

estabelecido pelo peso final.

- BrilhoNesta etapa os chicles drageados seguem para uma drageadeira onde recebem

uma cera a qual dará o brilho para a capa formada anteriormente.

- EmbalagemO produto, então é conduzido para as embrulhadeiras que o embala com o rótulo

específico do produto. O produto segue para a esteira de revisão da qualidade, onde

será realizada uma revisão no embrulho, garantindo assim a qualidade final.

- Embalagem finalO produto embalado individualmente segue para a balança, onde é previamente

estabelecido o peso. Em seguida é acondicionado em displays de papelão específicos

do produto, e em caixas de papelão ondulado (caixa de embarque).

3.2.3 Produção de chicle planoO chicle plano é mais simples se comparado ao chicle recheado e drageado,

pois após extrusão já tem condições de ser cortado e embrulhado, sofrendo apenas um

resfriamento.

A Fig. 23 mostra o chicle plano.

Figura 23 - Chicle plano

O fluxograma da Fig. 24 descreve o processamento do chicle plano.

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Misturador

Estocagem

Extrusão

Resfriamento

Embalagem

Seleção

Embalagem final

Figura 24 - Fluxograma do processamento do chicle plano

- MisturadorNo misturador, equipamento misturador com camisa de aquecimento, adiciona-

se: açúcar, goma base, xarope de glicose, essência, glicerina, ácido cítrico, corantes.

Os ingredientes são misturados (sovados) até que a massa seja formada.

- EstocagemA seguir a massa fica acondicionada na mesa de estocagem para descansar e

esfriar.

- ExtrusãoAs massas são colocadas no funil da extrusora de forma gradual, resultando em

vários cordões, os quais já possuem o diâmetro adequado para posterior

embrulhamento, sendo esta uma das diferenças da produção do chicle plano com o

chicle recheado e drageado. Outra diferença é que o chicle plano não recebe recheio.

- Resfriamento final

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Os cordões de massa são dirigidos ao túnel de resfriamento, com temperatura

controlada, por meio de esteiras giratórias e seguem para serem embalados. Nesta

etapa possui outra diferença entre os processamentos do chicle plano e o chicle

recheado e drageado, onde são os cordões que passam pelo túnel de resfriamento e

não os chicles já estampados como na produção do chicle recheado e drageado.

- EmbalagemO cordão de massa é conduzido para a máquina embrulhadeira que processa o

formato, corta e embrulha individualmente o produto com o rótulo e tatuagem específico

de acordo com o sabor, não recebendo assim as etapas de armazenamento e

drageamento como no processamento do chicle recheado e drageado.

- Seleção

Após embrulhados os produtos são transportados até uma esteira de seleção

onde são selecionados manualmente. Durante a seleção são retirados produtos com

defeito (deformados ou que apresentem falhas no embrulhamento) para evitar que

estes cheguem às mãos do consumidor.

- Embalagem finalO produto embalado individualmente segue para a balança, onde é previamente

estabelecido o peso é acondicionado em displays de papelão específicos do produto, e

acondicionado em caixas de papelão ondulado (caixa de embarque).

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4 Sugestões

As disciplinas de operações unitárias poderiam ser mais aprofundadas,

atualizadas e ilustrativas, utilizando-se mais visitas técnicas.

As aulas práticas realizadas em laboratório poderiam ser mais exigidas, e

cobradas em avaliações (provas).

    As disciplinas de economia e administração de empresas deveriam ser

ministradas por professores com maiores conhecimentos na área de alimentos, fazendo

com que as aulas tornem-se mais direcionadas para o curso de Química de Alimentos.

Tendo em vista de que o controle de qualidade da produção é uma atividade

promissora para os Químicos de Alimentos e o profissional que atua nessa área além

de ter domínio técnico deve ter facilidade para o trabalho em equipe e principalmente

“espírito de liderança”, já que lida com diversas pessoas que possuem variadas culturas

e hábitos que vão da particularidade de cada indivíduo, seria vantajoso se o curso

incentivasse e explorasse mais práticas relacionadas com recursos humanos, práticas

de liderança, psicologia, trazendo dessa forma mais segurança e experiência para o

profissional que irá enfrentar o mercado de trabalho.

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5 Conclusão

    O estágio realizado nos setores de controle de qualidade ambiental e do chicle

foi uma experiência profissional e pessoal única, uma vez que possibilitou colocar em

prática os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de Bacharelado em Química de

Alimentos além da aquisição de novos conhecimentos.

Ao presenciar o trabalho realizado pelo controle de qualidade ambiental foi

possível perceber a importância de tratar e destinar de forma adequada os resíduos

líquidos e sólidos produzidos por uma empresa de alimentos.

Com o estágio realizado no setor do chicle pôde-se ter uma visão prática do

funcionamento de uma linha de processamento de uma indústria de alimentos, desde

questões ligadas com funcionários até busca por alcançar metas de produção, tudo isso

interligado com soluções de problemas rotineiros e imprevistos.

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IMHOFF, K. IMHOFF, K. R. Manual de tratamento de águas residuárias. Ed. Edgard Blücher Ltda., São Paulo, 1986. 257 p. 

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SPERLING, M. Von. Princípios básicos do tratamento de esgoto. Vol. 2; Departamento de engenharia Sanitária e Ambiental; UFMG, Belo Horizonte 1996. 

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TORTORA, G. J. Microbiologia, 6º ed. Artned, Porto Alegre, 2000. 

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