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MINIGERAÇÃO DE ENERGIA SOLAR: CAIXAS DE JUNÇÃO CENTRALIZADAS OU DISTRIBUÍDAS SOLAR ENERGY MINISTRY STUDY: CENTRALIZED OR DISTRIBUTED STRING BOXES Guilherme Fernandes Gouvea 1 Fernando Augusto Battistini Pestana 2 RESUMO Levando em conta a preservação ambiental e a crescente busca por fontes renováveis de produção de energia elétrica, o estudo tem como principal objetivo analisar uma usina de minigeração de energia fotovoltaica, utilizando placas de face simples instaladas a inversores com duas configurações diferentes, sendo elas, caixas de junção centralizadas ou distribuídas, verificando-se as características principais de cada configuração e quais as vantagens e desvantagens de cada uma. Foram comparados dois tipos de montagens, ambos em uma área de 4000 metros quadrados (m²), em um lote de 100mx40m no município de Araraquara, estado de São Paulo, Brasil. O projeto foi embasado nas normas técnicas vigentes, considerando melhor aproveitamento do lote e áreas para possíveis manutenções e/ou limpeza do sistema. Ao final, apresentam-se as conclusões. Palavras chave: Minigeração, fontes renováveis, energia fotovoltaica. ABSTRACT Considering account environmental preservation and the goal for renewable sources of electricity production, the main objective of this research is to analyze a photovoltaic minigeneration plant, using single-sided modules installed with inverters on two different configurations. Centralized or distributed junction boxes, checking the main characteristics of each configuration and the advantages and disadvantages of each one. Two types of assemblies was compared, both in an area of 4000 square meters (m²), with 100mx40m plot in the 1 Graduando no Curso de Engenharia Elétrica da Universidade de Araraquara UNIARA. E-mail: [email protected] 2 Orientador, Docente do Curso de Engenharia Elétrica da Universidade de Araraquara - UNIARA. E-mail: [email protected]

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MINIGERAÇÃO DE ENERGIA SOLAR: CAIXAS DE JUNÇÃO CENTRALIZADAS

OU DISTRIBUÍDAS

SOLAR ENERGY MINISTRY STUDY: CENTRALIZED OR DISTRIBUTED

STRING BOXES

Guilherme Fernandes Gouvea1

Fernando Augusto Battistini Pestana2

RESUMO

Levando em conta a preservação ambiental e a crescente busca por fontes renováveis

de produção de energia elétrica, o estudo tem como principal objetivo analisar uma usina de

minigeração de energia fotovoltaica, utilizando placas de face simples instaladas a inversores

com duas configurações diferentes, sendo elas, caixas de junção centralizadas ou distribuídas,

verificando-se as características principais de cada configuração e quais as vantagens e

desvantagens de cada uma. Foram comparados dois tipos de montagens, ambos em uma área

de 4000 metros quadrados (m²), em um lote de 100mx40m no município de Araraquara, estado

de São Paulo, Brasil. O projeto foi embasado nas normas técnicas vigentes, considerando

melhor aproveitamento do lote e áreas para possíveis manutenções e/ou limpeza do sistema. Ao

final, apresentam-se as conclusões.

Palavras chave: Minigeração, fontes renováveis, energia fotovoltaica.

ABSTRACT

Considering account environmental preservation and the goal for renewable sources of

electricity production, the main objective of this research is to analyze a photovoltaic

minigeneration plant, using single-sided modules installed with inverters on two different

configurations. Centralized or distributed junction boxes, checking the main characteristics of

each configuration and the advantages and disadvantages of each one. Two types of assemblies

was compared, both in an area of 4000 square meters (m²), with 100mx40m plot in the

1 Graduando no Curso de Engenharia Elétrica da Universidade de Araraquara – UNIARA. E-mail:

[email protected] 2 Orientador, Docente do Curso de Engenharia Elétrica da Universidade de Araraquara - UNIARA. E-mail:

[email protected]

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municipality of Araraquara, state of São Paulo, Brazil. This study was based on current

technical standards, considering better use of the lot and areas for possible maintenance and /

or system cleaning. At the end, the conclusions are presented.

Keywords: Minigeneration, renewable sources, photovoltaic energy.

INTRODUÇÃO

As fontes de energia limpa estão atualmente em evidência; devido ao aumento da

demanda e preocupação com o meio ambiente, a energia solar ou geração fotovoltaica, tornou-

se uma das opções mais interessantes por apresentar uma excelente eficiência e impacto

ambiental muito inferior comparado a diversos outros tipos de geração de energia. (PINHO, J.

T., GALDINO, M. A. Org. 2014)

Aliado a este fator, o Brasil conta com altos níveis de irradiação solar, superiores até

mesmo aos de países que possuem amplos projetos de aproveitamento desta fonte de energia,

como Alemanha, Espanha e França, no entanto, apesar destes altos níveis, o uso desta fonte

ainda vem evoluindo vagarosamente. (NASCIMENTO, R. L. 2017)

A energia solar fotovoltaica é obtida através da conversão direta da luz em eletricidade

através das células fotovoltaicas; tratam-se de dispositivos fabricados com materiais

semicondutores que convertem raios solares em corrente elétrica. Esse efeito é conhecido como

efeito fotovoltaico. As células fotovoltaicas por sua vez podem ser conectadas entre si,

resultando em um módulo fotovoltaico (ou painel fotovoltaico) que gera tensões próximas de

46 Vcc. Esse módulo então, pode ser conectado a um inversor de tensão, cuja função é modelar

e sincronizar a energia produzida, cuja finalidade é disponibilizá-la em tensão alternada (Vca),

permitindo seu consumo em seu local de geração ou a injeção na rede da distribuidora de

energia. Uma planta fotovoltaica é composta por módulos fotovoltaicos, caixas de junção dos

arranjos fotovoltaicos, cabos e conectores, dispositivos de proteção contra surtos elétricos

(DPS), inversores e quadro de proteção de CA. (PINHO, J. T., GALDINO, M. A. Org. 2014)

A minigeração distribuída é a central geradora de energia elétrica, com potência

instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5MW e que utiliza cogeração qualificada,

conforme regulamentação da ANEEL (REN n° 235/2006, de 14/11/2006), ou fontes renováveis

de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades

consumidoras. É também denominada acessante de minigeração distribuída. (CPFL, NORMA

TÉCNICA, 10/2018).

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Considerando o aumento de geração de energia com fontes renováveis e o melhor

aproveitamento das grandes áreas livres, o objetivo deste estudo é estimar qual a viabilidade

econômica e as vantagens de duas configurações de montagens em uma usina de minigeração

de energia solar, ambas contendo os mesmos componentes. A área para simulação do sistema

é de 4000m², localizada na cidade de Araraquara-SP, situada na Latitude 21°46’24” Sul e

Longitude 48°10’58’’Oeste, desconsiderando possíveis obstáculos e sombreamentos. Os tipos

de ligações que serão estudadas são: caixas de junção centralizadas ou distribuídas.

No primeiro caso, os arranjos de módulos fotovoltaicos serão conectados a três caixas

de junção centralizadas, de forma que atinjam a potência desejada. As caixas de junção estarão

localizadas junto aos inversores em uma construção de alvenaria localizada no centro sul da

planta. No segundo caso, os arranjos de módulos fotovoltaicos serão conectados a três caixas

de junção, de forma que atinjam a potência desejada, porém presas em suportes abaixo dos

módulos fotovoltaicos, isto é, distribuídas pela planta. Ambos os casos terão o mesmo ponto de

saída para rede, também alocado na construção de alvenaria localizada no centro sul da planta.

1 ELEMENTOS PRINCIPAIS DE UMA USINA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA

Uma planta fotovoltaica é composta por módulos fotovoltaicos, caixas de junção dos

conjuntos de placas solares (string box), cabos, dispositivos de proteção contra surtos elétricos

(DPS), inversores e quadro de proteção de CA. (PINHO, J. T., GALDINO, M. A. Org. 2014)

1.1 Módulos fotovoltaicos

Os módulos fotovoltaicos, são constituídos de várias células fotovoltaicas

cuidadosamente interligadas e nivelas, são conectadas através de pequenas e finas faixas de

metal condutor. Esse conjunto é coberto com um vidro temperado com baixo teor de ferro para

melhor transmitância a radiação solar, também são adicionadas películas protetoras, um fundo

e cantoneiras de alumínio. Em sua traseira saem dois cabos siliconados, os quais são utilizados

para fazer as ligações desejadas. (PINHO, J. T., GALDINO, M. A. Org. 2014)

1.2 Inversores

Os inversores são dispositivos eletrônicos que através de chaveamento interno,

conseguem transformar e modular a corrente elétrica continua (C.C) proveniente dos módulos

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fotovoltaico em corrente elétrica alternada (C.A), compatibilizando e possibilitando sua

conexão com a rede da concessionária local. (PINHO, J. T., GALDINO, M. A. Org. 2014)

1.3 Caixas de junção

As caixas de junção ou string boxes, recebem todas as conexões provenientes dos

conjuntos de módulos fotovoltaicos com a função de proteção e armazenamento de

componentes. São geralmente equipada com disjuntores e dispositivos DPS tanto para a parte

de corrente alternada (CA) quanto para a parte de corrente contínua (CC), também protegidas

contra raios solares e água. As caixas de junção podem ser consideradas como quadros de

proteção de CC das strings de módulos solares. (CAMARGO, L. T. 2017; VILLALVA, M. G.;

GAZOLI, J. R. 2012)

1.4 Quadro de proteção CA

O quadro de proteção CA do sistema fotovoltaico conecta os inversores à rede elétrica.

É composto por barramentos, disjuntores bipolares, interruptor diferencial residual (IDR) e

dispositivos DPS. Os barramentos são utilizados para interligar sistemas elétricos diferentes

dentro de um quadro de distribuição, os disjuntores bipolares são interruptores que desarmam

automaticamente quando ocorre curto circuito ou sobrecarga no sistema. O IDR tem a função

de desligar automáticamente o circuito caso seja detectada uma corrente de fuga no sistema. Os

DPS são de extrema importância para proteção do sistema contra sobretensões causadas por

descargas atmosféricas, protegendo os módulos solares e inversores. (VILLALVA, M. G.;

GAZOLI, J. R. 2012)

2 OBJETIVOS DO TRABALHO / OBJECTIVES

O objetivo deste trabalho é verificar as vantagens obtidas ao efetuar os dois tipos de

montagens, com caixas de junção centralizadas ou distribuídas em planta. São analisados nos

dois casos propostos os gastos com os condutores em relação as seções nominais utilizadas,

bem como a possibilidade de expansão do sistema e ganhos com manutenções e limpezas.

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3 METODOLOGIA

O local escolhido para o estudo foi um terreno de 4000m² localizado na cidade de

Araraquara-SP, em uma área plana sem sombreamentos e obstáculos, sendo 100m x 40m

totalmente disponíveis para instalação da usina de minigeração fotovoltaica. Considerou-se no

centro sul da planta uma construção de alvenaria de 3m x 1,5m x 2,5m (Largura; Comprimento;

Altura), para acomodação do quadro de proteção C.A., inversores, ponto saída para rede, e no

primeiro caso as caixas de junção. Foram disponibilizados corredores de circulação medindo

1,20m ao redor da área conforme ilustrado na figura 1. O dimensionamento do sistema foi

efetuado de acordo com Resolução Normativa Nº687 da ANEEL, Normas Técnicas da

Companhia Paulista de Força e Luz e Normas ABNT NBR16690:2019, 16149:2013 e

16150:2013.

Figura 1 - Área da usina de geração fotovoltaica.

Fonte: O autor, extraído de PV Sol Premium 2019

3.1 Orientação geográfica e inclinação dos painéis

Através das coordenadas geográficas do terreno, Latitude 21°46’24” Sul e Longitude

48°10’58’’ Oeste, o painel foi orientado diretamente ao Norte geográfico com ângulo de 0° e

inclinação de 21°, visando o melhor aproveitamento da irradiação solar. O cálculo de inclinação

dos módulos foi realizado com o software de simulação de sistemas fotovoltaicos PV Sol

Premium 2019 e confirmado através da tabela e gráfico abaixo (Figura 2), gerado no Sun Data

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disponibilizada pelo Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito

(CRECESB).

Figura 2 - Irradiação Solar no plano inclinado em Araraquara-SP

Fonte: O autor, extraído de CRESESB, 2019.

3.2 Sombreamento dos painéis

Apesar de não ter considerado nenhum obstáculo ou sombreamento externo no projeto,

haverá o sombreamento causado pelos módulos solares inclinado e alinhados em fileiras, sendo

assim foi necessário o cálculo de distanciamento entre fileiras, o qual foi realizado no software

PV Sol Premium 2019. Também foi simulada a trajetória do sol durante todos dias do ano, para

verificação da frequência de sombreamento, a qual resultou totalmente satisfatória.

3.3 Quantidade de modulos fotovoltaicos

O dimensionamento foi realizado para obter o melhor aproveitamento possível da área

disposta, contando com o auxílio do software PV Sol Premium 2019, foi realizada a distribuição

de 10 fileiras alinhadas igualmente, contendo 96 módulos fotovoltaicos cada, totalizando 960

unidades conforme ilustrado abaixo pela figura 3.

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Figura 3 - Distribuição dos módulos fotovoltaicos

Fonte: O autor, extraído de PV Sol Premium 2019

3.4 Módolos fotovoltaicos

Foram utilizados 960 módulos fotovoltaicos ou também conhecidos como painéis

solares de face simples; o modelo escolhido é um dos mais utilizados no mercado devido seu

custo benefício e características técnicas. As características elétricas módulo fotovoltaico estão

descritos na tabela 1.

Tabela 1 – Características elétricas modulo fotovoltaico modelo CS6U 330P

CS6U 330P

Nominal Max. Power (Pmax) 330 W

Opt. Operating Voltage (Vmp) 37.2 V

Opt. Operating Current (Imp) 8.88 A

Open Circuit Voltage (Voc) 45.6 V

Short Circuit Current (Isc) 9.45 A

Module Efficiency 16.97%

Operating Temperature -40°C ~ +85°C

Max. System Voltage 1000 V (IEC/UL) or 1500 V (IEC/UL)

Max. Series Fuse Rating 15 A

Application Classification Class A

Power Tolerance 0 ~ + 5 W Fonte: O autor, adaptado de Canadian Solar

As características mecânicas do modulo fotovoltaico escolhido, bem como suas

dimenções e seção dos condutores de saída, estão descritos na tabela 2.

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Tabela 2: – Características mecânicas modulo fotovoltaico modelo CS6U 330P

CS6U 330P

Cell Type Poly-crystalline, 6 inch

Cell Arrangement 72 (6 ˣ 12)

Dimensions 1960 ˣ 992 ˣ 35 mm

Weight 22.4 kg (49.4 lbs)

Front Cover 3.2 mm tempered glass

Frame Material Anodized aluminium alloy

J-Box IP68, 3 bypass diodes

Cable 4.0 mm2 (IEC), 12 AWG (UL)

Connector T4 series

Per Pallet 30 pieces Fonte: O autor, adaptado de Canadian Solar

3.5 Inversores

Foram utilizados 3 inversores comuns no mercado brasileiro e que atendem todas

exigências técnicas dos órgãos regulamentadores do pais. Foram ligados de modo a atingir a

potência de geração desejada e obter-se o melhor aproveitamento possível. A tabela 3

demonstra seus dados técnicos.

Tabela 3 – Dados técnico do inversor

DADOS TÉCNICOS

Entrada (CC) Data

Máx. potência do gerador fotovoltaico 112500Wp

Potência atribuída (CC) 76500W

Tensão máx. de entrada 1000V

Intervalo de tensão MPP 570 V a 800 V / 685 V a 800 V

Tensão mín. de entrada 565 V/680 V

Tensão inicial de entrada 600 V/720 V

Corrente máx. de entrada/corrente máx. de

curto-circuito 140 A/210 A

Número de entradas MPP

independentes/strings por entrada MPP

1/1 (repartição através de caixas de

ligação de gerador)

Tensão atribuída de entrada CC 630 V/710 V

Saída (CA)

Potência atribuída com tensão nominal 75000 W

Potência aparente máx. CA 75000 VA

Potência reactiva máx. 75 000 VAR

Tensão nominal CA 3 / PE, 400 V a 480 V, ±10%

Intervalo de tensão CA 360 V a 530 V

Frequência de rede CA/intervalo 60 Hz / 54 Hz a 65 Hz

Corrente máx. de saída (com 400 Vca) 109 A

Fases de injeção/fases de ligação Trifásico Fonte: O autor, adaptado de SMA

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3.6 Caixas de junção

Foram utilizados 3 caixas de junção devido a quantidade de módulos, corrente e tensão

do sistema. As caixas de junção escolhidas são comuns no mercado, contendo 20 entradas e 1

saída, com todos os sistemas de ligação e proteção já inclusos, cujos dados técnicos são

apresentados na tabela 4.

Tabela 4: – Dados técnico da caixa de junção

Modelo SB-20E-1S-1500DC

Entradas 20

Saídas 1

Tensão máxima 1500vdc

Corrente máx. P/saída 315a

Fusível +/- 15a

Dimensões da caixa 1000x800x300

Material Caixa metálica Fonte: O autor, adaptado de Proauto

Foram conectadas em sua entrada 20 arranjos fotovoltaicos (strings) cada e em sua saída

um inversor, conforme ilustrado na “Figura 4”

Figura 4 - Esquema de ligação

Fonte: O autor

3.7 Condutores para ligação

Os condutores utilizados no estudo foram próprios para instalações de geração

fotovoltaica, atendendo todos os requisitos normativos nacionais. As características físicas e

elétricas dos condutores utilizados no projeto são descritas na tabela 5.

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Tabela 5 – Características dos condutores

Seção Nominal mm² Diâmetro Externo (mm) Peso Kg/Km Ampacidade (A)

4 6,6 60 45

50 16,3 555 219

Condutor: cobre estanhado flexível, encordoamento de classe 5.

Isolação: Elastômero termofixo livre de halogênios.

Tensão: 1.8 kV CC Fonte: O autor, adaptado de General Cable

Com base nas seções dos condutores (determinadas através da tabela 5), foram levadas

em conta as associações realizadas, corrente nominal de cada região e quedas de tensão devido

às distâncias. As seções foram satisfatórias para os dois casos estudados, o quadro 1 mostra as

seções por região.

Quadro 1 - Seção de condutor por região.

Região Corrente (A) Seção do Cabo (mm²)

Arranjos fotovoltaicos /

Caixas de junção 8,88 4

Caixas de junção / Inversor 177,6 50

Fonte: O autor

A queda de tensão considerada no dimensionamento foi de 3%, conforme NBR

16690:2019 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2019, p.21)

Sendo S a seção mínima do condutor, ρ a resistividade do cobre com valor de 0,01724

ohm, d a distância total do trecho considerando ida e volta, I a corrente que passa pelo condutor

e ΔV a queda de tensão tolerada no cabeamento, utiliza-se a equação 1.0 abaixo: (MAMEDE

FILHO, 2010, p. 6)

𝑆(𝑚𝑚2) = 𝜌(Ω. 𝑚𝑚² 𝑚)⁄𝑑(𝑚)∗𝐼(𝐴)

𝛥𝑉(𝑉) Eq. (1.0)

Desta forma foram efetuados os cálculos e os resultados obtidos estão descritos na tabela

6.

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Tabela 6 – Queda de tensão nos condutores

Seção em

mm²

Maior

distância

(m)

Corrente (A) Tensão (V) Queda de

tensão (V)

Queda de

tensão (%)

4 162 8,88 729,6 12,747 1,75

50 70 177,6 729,6 8,813 1,21 Fonte: O autor

Para os cálculos foram utilizados somente as maiores distâncias, os resultados obtidos

estão dentro do valor exigido pela norma, tornando assim, as demais também satisfatórias.

3.8 Montagem da usina fotovoltaica

Em ambos os casos estudados, o esquema de ligação bem como os componentes da

usina de minegeração fotovoltaica são os mesmos, a figura 5 ilustra de forma genérica como

foi idealizada a montagem da mesma, onde posteriormente serão analisadas as principais

diferenças entre as duas configurações.

Figura 5: Esquema de ligação genérica

Fonte: O autor

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3.8.1 Opção 1 - caixas de junção centralizadas

Nesse caso, as 3 caixas de junção utilizadas foram todas centralizadas em um único

lugar, fixadas próximos a seus inversores em uma construção de alvenaria no centro sul da

planta. A figura 6 mostra o esquema da montagem da configuração.

Figura 6 - Esquema de ligação para caixas de junção centralizadas

Fonte: O autor

Pode-se verificar a localização de cada caixa de junção, bem como os inversores que

estão ligadas a elas, também observa-se a distribuição dos arranjos de módulos fotovoltaicos

em relação a cada caixa, os quais estão identificados com cores distintas. A figura 7 mostra

como os componentes foram distribuidos no primeiro caso.

Figura 7: Distribuição dos componentes para caixas de junção centralizadas

Fonte: O autor

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3.8.2 Opção 2 - caixas de junção distribuidas

Nesse caso, as 3 caixas de junção utilizadas foram consideradas distribuídas pela planta,

fixadas em suportes atrás das placas da última fileira. A figura 8 mostra o esquema da

montagem da configuração.

Figura 8 - Esquema de ligação para caixas de junção distribuidas

Fonte: O autor

Pode-se verificar a localização de cada caixa de junção, bem como os inversores que

estão ligadas a elas, também observa-se a distribuição dos arranjos de módulos fotovoltaicos

em relação a cada caixa, os quais estão identificados com cores distintas. A figura 9 mostra

como os componentes foram distribuidos no segundo caso.

Figura 9 - Distribuição dos componentes para caixas de junção distribuidas

Fonte: O autor

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise foi verificada a diferença entre o comprimento dos condutores em

corrente contínua. No primeiro caso, há uma distância elevada percorrida por cabos com seção

de 4mm² e uma pequena distância de cabos com seção de 50mm². No segundo caso, a distância

percorrida por cabos de seção de 4mm² reduz, já a de 50mm² tem um aumento considerável.

Para comparar a diferença entre as duas configurações, foram feitas cotações no

mercado nacional, levando em conta a diferença de quantidade de material encontrada.

Os quadros 2 e 3 mostram os valores encontrados em cada configuração.

Quadro 2 - Custos da opção: Caixas de junção centralizadas.

Descrição Preço

960 unidades de módulos fotovoltaicos

3 unidades de inversores, 3 unidades de caixa de junção,

acessórios e mão de obra

R$ 1.700.000,00

6294 metros Cabo 4 mm² R$ 28.448,88

6 metros Cabo 50 mm² R$ 290,28 Total R$ 1.728.739,16

Fonte: O autor

Quadro 3 - Custos da opção: Caixas de junção distribuídas.

Quantidade Item Preço

960 unidades de módulos fotovoltaicos

3 unidades de inversores, 3 unidades de caixa de junção,

acessórios e mão de obra

R$ 1.700.000,00

3294 metros Cabo 4 mm² R$ 14.888,88

150 metros Cabo 50 mm² R$ 7.257,00 Total R$ 1.722.145,88

Fonte: O autor

Outros custos não descritos nos quadros acima como: conectores, suportes, parafusos,

abraçadeiras, fixadores, condutores CA e quadro CA, estão inclusos na categoria assessórios.

Analisando-se os custos dos quadros 2 e 3, percebe-se uma vantagem econômica no

valor de R$ 6.593,28 no caso de caixas de junção distribuídas.

Conforme apresentado nas configurações do projeto da usina de minigeração de energia

fotovoltaica, foi possível analisar a diferença de custos para os dois tipos de montagens,

utilizando os mesmos componentes, porém em quantidades diferentes. Considerando-se as

características analisadas, percebeu-se uma vantagem econômica no valor de R$ 6.593,28 no

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caso de caixas de junção distribuídas; a facilidade de expansão do sistema é também uma

vantagem, vez que, utiliza-se menos espaço, devido às caixas de junção serem atrás dos

módulos. No caso de caixas de junção concentradas, a vantagem predominante é a manutenção

do sistema em caso de falhas, devido as mesmas estarem reunidas em um mesmo ponto da

planta. Em ambos os casos não houve diferenças significativas em relação a limpeza.

Portanto, devido ao valor apresentado entre os dois casos ser praticamente inexpressivo

face ao montante do investimento, conclui-se que a opção pela utilização de uma ou outra opção

fica a critério do projetista, o qual poderá adotar a alternativa que melhor atenda tecnicamente

o seu projeto.

REFERÊNCIAS

ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILERIA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR16690. Instalações

Elétricas de Arranjos Fotovoltaicos – Requisitos de projeto. 1ª Edição, 2019.

PINHO, J. T.; GALDINO, M. A. Manual de Engenharia Elétrica para Sistemas

Fotovoltaicos. [s.n.],2014. Disponível em:

<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_2014.pdf>

Acesso em: 28 mai. 2019.

NASCIMENTO, Rodrigo Limp. Energia solar no brasil: situação e perspectivas, 2017.

Disponível em:

<http://webcache.googleuser/content.com/search?q=cache:ihI9TjOdWYIJ:bd.camara.gov.br/b

d/bitstream/handle/bdcamara/32259/energia_solar_limp.pdf%3Fsequence%3D1+&cd=1&hl=

pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 28 de maio de 2019.

CAMARGO, Lucas Tamanini. Projeto de Sistemas Fotovoltaicos conectados à Rede Elétrica,

2017. Disponível em:

http://www.uel.br/ctu/deel/TCC/TCC2017_LucasTamaniniCamargo.pdf>. Acesso em: 3 de

junho de 2019.

CPFL. Companhia Paulista de Força e Luz. Conexão de Micro e Minigeração Distribuída

sob Sistema de Compensação de Energia Elétrica, 2018. Disponível em: <

http://sites.cpfl.com.br/documentos-tecnicos/GED-15303.pdf>. Acesso em: 01 de abril de

2019.

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