minha terra e sua gente - alberto diniz

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Livro de memórias sobre a cidade de Barbacena - MG

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  • ALBERTO DINIZ

    (Pginos de Soudode)

    O(D

    RTO DE JANETRO-I'!O

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  • ' 'r'-,.rT|l.f||lrriq4ra'1"-

    AGRADECIMENTO

    Li'gam-me oo ilwstrado Desem'borgador Alberto Di'nzas maii gratas relaes de arnizad'e, , le cred,or dami,nlta estima pelas bel'as qualid'atles que efrorn'o',ll' 0' supersondidad'e; mas, o , ai.nda, por ser irmo de Gwilher-mina, Batbina e Henrique, criaturas carisnnticas para ami,nha snenini,ce co xo gente sensd,t e cari,nkosa, de cora-o generoso, de alma grande, d'e d,iainal espr'to. Essequeridssimo amigo etervto endmorddn tla boa terra e daboo gente da omorael Barbacena, onde nascew e se cri,ou.NeIa no nascl, mas dedico-Ike, ta*mbem, sincera afeiopor a ter ai,uido tda a m,nha infncia.

    Em esti'lo suaae e tnelotlioso conuo o seu frPrio ca'r,ter

    -

    sereno e puro, simples e inteirio -

    ocaba Ibertoile escrezter algwmas lindas ldginas sbre " Minha terro eaa gente" . Al,berto escri'tor d'e nascimento ' A ltelezarlos seus escritos i' foi reconkecid'o e lrocla'nad'a Porquem possui autoridade para fazJo. Alberto escreve' nn- .iurahtrcnte, bem. E o faz, Por assim d'izer, de instinto 'E.creae com fluncia, com correo, com gtaa, com Ie-z)eaa, cott britho. E escrez)e, fritLci\ohtuente, corn singe'lela, ao correr da fena, ser?l rebuscamentos e setn precio',iilatles, Escrezte, porm, ile f orma a embeaecer e aencantar os que o leiaua e saboreien os seNls escitas ' E,

    ,raS:t*g&,r

    . ti .fi . *'l ll ' *,tht.,.,. , i'rilrdl|xtirr!*r :.*.flil*

  • I4-

    PMa se ter ntid,o impresso dessa ossertit''a, Ieio-se"Minha tcrra e a sua gente".

    Por sober ql;onto rne sensibiliso tda a lembranadessa terra

    -

    inla m'e tlis ser " nosso" -

    Alberto ofe'receu,-nrc leitura, antes da publ'icd'ad'e, a sua ellternece-d.ora proso, d'e inspirado loeso e de esEtisito laztor lite',,rio . Esta leituro proporcionou-vne ,nomentos de nmgn'-fico deleite. Transportei-m,e, entd'0, oos dias ,idos d'a ju-z,entt'td,e, possad,a e rnort(t,qnds sefix\re gtLartlad'a n'a m'e'mra e n'o corao .

    Al o sei corno a,gradecer a Alberto Din'iz os cnt'oe'ssentid'as con1, essds ad,or'aeis !'ginas ' Elas so refrigroe confrto pdrd' quent, conxo cw' j con'hece longa.e*ist.rt',io, ,trrrrroio d,e galos, ou' iJe benemerncias ' Sei, porm"*u tr orn, desseentad'o a crislalina e deliciosa ltfa docantonte e nuLt'lvaroso ztern'culo cle Alberto ' No nnom'en'toeln que, sotz,endo-a satisfeito, obeberei-tne nessa fonte,esqriec a ur.Igaridode de tod'os os d"ias e at a tortura n-pidosa tta id,ade. Mais do q,we d'antes, sou' por isso tle'uedor o Atberto Dinic de imperecael grotid''o ' Por atmor z,erd'ad'e, cu,m\ro dqu o tleaer d'e exo'Itar-Iltc a generosi-dadc e a galonterio.

    A mim me cabe ultimar o (fue ora escreL'o sbre o l:it'timo e esplnd'itlo trabalho de Al'berto Dinis, por nle katterd.istinlyu,itto no sna antecipad,a leitura, co x o a'rra1l'cd'r ' co'moz,i.atnente, do m,ago do peto, estas Pobres mas ofe-tuosos e sinceras paloztras:

    -

    Mw'to, muitssimo obriga'do, tttctt caro Alberto Dint.

    Rio de laneiro,4 de iwnh'o de 1950.

    h! otafi ble sq\eeer o seu Pois ttolol I''ii: 'iii, 'iiqiu,, a beo n*not t

    GoN^LvEs CREsrt

    ,ST rnelanc1ico poente de uma acidentadaexistncia em que os infortnios supera-ram de muito ai alegrias, j na iminncia4*E=': cla misteriosa viagem de que no se e-

    gressa, apraz-lne transportar-me -pela

    saudade, U yl:t"Jt* ^t"f , minha to querida Barbaceua' onde alegrcse descuidosas decorreram a minha infncia e a minha ju-u"ni"a.. Quero, ainda 171'na vez' banhar-me na luz irra'diante c1e suas rescas e risonhas manhs' extasiar-mcrn. o a"rto-t tamento de seus poentes de ouro e prpura'."ti"ttpt.t, maravilhado, os seus horizontes sem fim 'i;.t. ;;*p* estremecidamente, tendo-a levado corng."-."a" qrundo, por exigncias da

    vicla' dela me afas-tei. Retrat-la, corr a possivel fidelidade, apresentando-l,ot .on.to a vi naqueles l to remotos dias da minha in-fncia e como veio a ser nos atuais, ser-me- util e agla-lJipr*.po, a encher as minhas tediosas fi61ns rlcmagistrado aPosentado.

    Iniciarei a minha excurso por 111'ra das cxtrtrttlitl;ttlt:scla ciclacle, pelo Caminho Novo, qne a traz ligacla iLo Altr)

  • 6-lheiro, Poucas casas' e bem distanciadas umas das outras,al se viam, apenas merecendo ser mencionada aquela emque, transferindo-se do Barro Preto, veio a residir e es-t-abelecer-se como comerciante Timtio Abranches (filho),casa bastante confortavel, tendo nos {undos precioso po-mar. O espao que mediava entre a residncia da famliae o estabelecimento comercial {ra aproveitado coln umbem tratado jardim, em que loriam camlias, rosas e d-lias de variegados matizes . Do casamento de TimtioAbranches com a bonssima D." Candinha nasceram di-versos filhos, sendo um clles o Dr. Galdino Abranches'que se casou com a minha irm Balbina '

    Um pouco alm ficava, no lado oposto c1a rua, o bar-raco eJ que o alemo Hoffman tinha a sua oicina deferreiro. Atravessada a ponte sbre um riach que polali corria e passaclo o viaclttto da Estrada de erro, via-se'fronteirio a uma {ileira de coqueiros, o prdio cle originalur,1uit.tur" do velho "Ba Vistat', em cujo alpendre vis-toso galo assinalava os pontos cadiais ' No vasto tereno'a estnder-se pelos fundos, havia um magnfico pomat'em que, alm e vrias outras rvores frutferas, abun-clavam as jaboticabeiras. Em data ecente abriu-se umaru que, dl partindo e costeando terrenos do Sanatrio'vai dsembocar no Barro Preto, a qual, em justa e bemmerecida homenagem ao primeiro diretor daquele estabe-lecimento, recebu a denominao de "Dr ' JoaqtirnDutratt ,

    Prosseguindo, vamos encontrar, logo ao atravessar aponte sbre o crrego do Neto, a casa residencial de Joa-quim Gomes, onde, no passeio que tarde ordinatiamenteariamos eu e meu pai, s vezes parvamos, atendendo aamavel convite pata saborearmos um hom caf' Era Joa-quim Gomes pai de Leopoldo, que, recomendado por Hr-

    7-

    litlLrc Dirtiz, foi nouleatlo tesottrciro da Conrisslro (lrtls'trutoro .1. Belo Horizonte, vinclo, f inda a Oorrtissito' a tlt-ti,ftt.*r ern transaes de imveis l.a llov:I Oapital tlolistaclo. Fiiho il1e era tambetn o Quincas, tptc' rto pr"frti" Ai. clo meu ingresso na escola de DJ Lidia' soflia'por se pssimo comportamento' severa pllrao' (ltlc lc.l.i*oo

    "it"rr".i

  • 8-praa, ot1 nela findam, alm de pequena via em dire'rao Mrro da Frca, onde, transfc.rrruado, por inteligentetrabalho e dispndio de grande soma de dinheiro, o pe-dregoso e sfaro terreno num encantamento de {tondosasrvores e de lindas flres, construiu pitoresca vivenda c1evero o engenheiro francs Michel, proprietrio da im-portante fbrica de velas Clichy. Falecendo, anos depois,o rico industrial e entrando em crise a sua fbrica, in-cluiu-se a aprazivel chcara etre os clemais bens rece-bidos em pagamento pelo Banco do Brasil, passando pos-teriormente propriedade do Conde Modesto Leal, dequem a veio a adquirir, na bacia das almas, o Dr. JosSeveriauo cle Lirna Junior, c1ue, p stla vez a transferiuzLo govrno do Estatlo, para uela itlstalar-se, em aproqria-clo difcio para tal construido, o Manicmio Judicirio '

    Na extremidade oposta clo ualtrataclo e pouco po-voado bairro de Barro Preto, num plat que se estendepara os lados do Alto cle Santo Antnio, situava-se, emmeio a um bem selecionado pomar, que veio a ser sacrifi-cado pelo traaclo da Estrada de Ferro, a aprazivel vi-venda do velho Timtio Abranches ' Paulista q1le era'tinha le no sangue a audcia dos bandeirantes e a vo-lryia de arriscadas aventtlas, no sendo de estranhar-sc(lue a seLl respeito se fizessem temerhrias e nenos fun-adas suposies. Nas raras vezes em que se dirigia ci-clacie, de orclinrio para tratar de assuntos relacionafattstoso estabelecin.rento, que entroll em crise corn a d-bacle do escanrlaloso jgo de bolsa Adcluiriu-o' ento' trgovrno do Estado, que o transformou' para tal adaptan-o-o .onrr.ni"ntemente, em Sanatrio destinado ao tl'ata-;";; ;; p.i.oput".. Foi-lhe o prin,eiro e competente di-;;;;'- ; br.

    -Joaquim Dutra, clue' compulsriamentc

    "p".*"a" ,r.io o ,", sbstituido pelo Dr ' Antnio. Tci-

    *eira . R"rtlorrido ste, por exigncias da politica .local'n"r"

    " S"r*,atio ae Oiiveira, oi, por sua vez' substituitlo

    pelo Dr . Cesarin, isso, porm, pol' pollco tempo' eirlte-graclo que se viu no precedente cargo' em virtucle clc uru-i",ru p"r"d" na situao poltica rio Estado '

    Vericando-se acmulo de doentes no Sanatrio' rc-solvett o govrno anexar-lhe um hospital-colnia' desti-n"ao oo, o..n., no qual se adotaria o reginre

  • 10*rida uma az,enda nas vizinhanas, foi ela conveniente-mente adaptada aos fins a que se destinava, achando-seconfiacla essa seo clo Sanatrio ao Dr . Celso Alves Pe-queno, que, dotado de esprito cristo, vem se esmerandoem amenizar a sorte dos infelizes al internados.

    Bem prximo ao Sanatrio, na baixada qe se seguea uma das encostas do Mrro da Frca, situa-se o amploe sombrio edifcio da Santa Casa de Misericrdia, doado pobreza de Barbacena por Antnio Armond, cuja me-mria vem sendo everenciada por seus conterneos, comnraioria cle razo por quantos se vram por le beneficia-dos. Figura meu pai entre os vrios e scessivos prove-dores tlessa pia instituio, dle tendo sido a iniciativa daintroduo al das Irms de Caridade. seu atuai pro-veclor o preclaro barbacenense Ministro Antnio Carlc,Laa1,s11g de Andrada, que, emljora com obrigatria resi-clncia na capital da Repblica, tern sabido bem correspon-cler confiana dos que o elegeram para acluele posto,hontoso sem dvida, mas a impr rovas preocupaes aquem j as tm de sobra no exerccio de suas prprias fun-es cle lllirristro do Supremo Tribunal Federal e presiden-te do Superior Tribunal Eleitoral. Nem por isso faltalheten-po para, informando-se clas necessidades da StaCasa de Misericrdia, provJas convenientemente, comonenhum outro melhor o ata,

    Benfeitores no tm faltado a essa pia institLrio,um dles tendo sido o ilustre barbacenense EmbaixadorOlyntho de Magalhes, que a dotou conl rlma completasala de operaes, batizada com o nome de sua digna es-psa. Apaixondo po sua tera natal, que the no saado pensamento onde quer que se encontrasse no exercciode sua alta misso diplomtica, no se limitou em bene-

    -

    11 -

    fici-la com a jr in,portante dotaqo feita sua SnrrtrrCasa de Misericrdia, tendo ainda disposto cm sctl tcs-tamento, com assentimento e aplauso de stta virtuosa cotr-sorte, que tda a sua foltuna, com a excluso atr)enas d0pequenos legados, se aplicasse na construo, no terreno

    "* q,r" ,a situava a casa que herdara de seus progenito-

    res, ;le amplo e confortavel edifcio em qe venham abri"gar-se, lives de maiores peocupaes, mas solteiras dcbas famlias, que sejam orfs de pais e no disponhantd.e recursos para a sua decente manuteno, delas apenasse exigindo irrepreensivel pocedimento. Obtida

  • 12-ciativa de particulares. Tornou-se con o tempo movimen-tado bairro industrial, como resultado cla instalao al daimportante brica de tecidos, de que o engenlieiro JosEdwards Ribeiro competente direr gerente] e de v-riasfbricas de produtos cle cermica, alguas delas em francaprospericlade

    .

    Era nsse outrora to maltrtado bairro que moravao velho Emilio Gonalves, de todos querido pela lhanezacle seu trato e sobretudo por suas virtudes cvicas e pri_vadas. Do seu casamento com a bonssima D." Ana nas_ceram diversos filhos, dentre les Enilio, Joo e Antnio,qe, por seus superiores predicados intelectuais e morais,vierarn a ser figuras das mais represefltativas da socie-dade barbacenense. Casou-se Emlio Filho com uma pren-dada sobrinha do Conselheiro Lafayette, sendo seus filhosCarlos Gonalves, acatado cliretor do grupo escolar BiasFortes, e Paulo Gonalves, proprietr.io e reciator cio con_ceituado rgo cla inrprensa ,,Cidacle cle lJarbacena,,oontribuio para o progresso local tem sido claseficientes.

    Esquina cour a casa do velho Emlio Gonalves a uaque se dirige ao Crocot e ao Crrego das pmbas. ondetem lioje aprazivel casa residencial o ilnstre barbaceuensecleputaclo Bias Fortes. Foi a essa rua, situado nos con{insda. cidade, que se aps o norne de ,.Henrique Diniz-,', nicae insignificante distino que n.ereceu

    .1" ."u. .orrt".l_eos quem tantos e to relevantes serviqos pl estou suaterra natal -

    Vejo-me agora, saindo da praa Nlarechal Deodoro,na rua Olyntho de Magalhes, antiga So Vicente, a qual,em sua parte inal, a comear rla rua Visconde de Caran-

    , cuJan]a I s

    13-rlai, aincla , conr insignificautes altcracs, a utcsutn rlo$velhos tempos, col' as rlesrnas modestas casas, consttli-

  • -t4-neava ento em nossa cidade. Aos poucos e demorada_mente se foi essa rua estendendo, nela construindo_se novose vistosos prdios, at chegar avenida Coronel JosMximo, que se lhe segue em direo cachoeira, ndeanos mais tarde veio a funcionar importante charqueada,para cujo mais fcil e rpido transporte de seus produtosse ez, a partir da estao do Sanatrio, ,r* ,u-ul du E._trada de Ferro.

    Em plano inferior rua Cnego Vieira, mas no pa_ralela mesma, corre a rua Te{ilo Ottoni, em que sevem excelentes prdios, destacando_se o qo. i.".oolrtroi,para sua residncia o meu muito querido e sempre lem_brado amigo Dr . Franklim Abranches . I_,ogo adeantedesta, abriu-se, com o crte pelo meio dos extsos quin_tais dos prdios da rua 15 de Novembro, urnu nolru '.ou,que deveria desembocar na ' 13 de Maio. No houvec,posio e muito menos exigncia de indenizao po. p".,.os proprletartos, na certeza de que lhes seriam arta com-pensao as posses de que disporiam e que, sem dvida,bem depressa se valorizariam.

    Antes de prosseguir em minha primitiva rota, queme levaria, subindo pela rua Sena Figueiredo

    "o "o.uioda cidade, encaminhar-mg-ei pela outrora rua de Baixc,atualmente 7 de Setembro. Raras casas e bem espaadasumas das outras nos velhos tempos nela se enconiravam,a primeira das quais a de Candinho Ba Vista, emcujo quintal abundavam jaboticabeiras de superior qualidade . Seguia-se-lhe, a alguma distncia, u.u o,rt., qoepenso ter pertencido ao abastado comerciante pauta yiz..Mais alm' o velho e eio. sobrado de Antnio pini", ona"e]r e mgus irmos por vrias vezes fomos convidados achupar tinas jaboticabas. Avizinhava_se aa"

    " p.ll" a.

    -15-slida construo, destinado por meu pai ao depsito depesadas cargas a seem transpotadas, ern carros de boi'iuru aiu*rit cidades do interior ' ralhe indispensavelcomplemento um grande e bem coberto rancho, em que se*bri!u,rt- os tropeiros, que abasteciam o mercado local.1" gtl"ro. alimenticios e, ao regressar' levavam o sal quese fazia preciso no interior, quando no, cargas que sepodiam transportar em costas de burro ' Viam-se, em con-iino"o, os sobrados dos irmos Nico e Zico Maia, a casa.o-.i.iul do portugus Pereira, aquela em que residiu,-narltima fase de sua vicla, meu cunhado Dr' Pio Alves Pe-queno, conceituaclo clnico e pereito homem de bem,-e v-,lios

    "nselrres, nutn dos quais residia, em companhia de sua

    velha me, o tipo popular Antnio Farinha Sca, tiradorde esmolas para vrias confrarias religiosas '

    A partir, porm, da praa Hermilo Alves'. bem di-o-er.o aspeclo dessa rua, tendo-se nela construido' coma demolio clos antigos, novos e bonitos prdios' sobre'tudo cluando, desapropriadas algumas casas' se abriu aavenid Getlio Vargas' que, partndo da praa dos An-

  • 16-se houve sempe com honra e dignidade. D.' Mariquinhas,sua espsa, era uma senhora de esmerada educao, umadas raras subsistentes daquelas grandes damas que foramo orgulho e o encanto das passadas geraes. Mas paramim o maior merecimento dessas duas criaturas de escolfoi o de terem sido os progenitores dsse brasileiro, portantos ttulos notavel, que o emrito proessor MendesPimentel, mzu muito querido amigc.r.

    Percorridas trs das quatro ruas em comunicao coma paa Marechal Deodoro, enveredo-me agora pela prin-cipal delas, pela rua Sena Figueiredo, antiga ladeira iira-dentes, em direo ao centro da cidade. Vejo logo de co-mo, dando a frente para a rua e um dos lados para apraa, o prdio de largas propores de que foi proprie_trio o hbi1 pirotcnico Antnio Cesarino, cujos ogos deartifcio constifuiam o maior ncanto das noites joaninas.Devorado por dois sucessivos incndios, num dos quais foivitimada uma das filhas do proprietrio, foi mais i^^ u.,reconstruido, nle, em determinada poca, vindo a insta_lar-se excelente hotel, inteligentemente dirigido por Carlos1\{artinelli, especializado nsse gnero de negcio. Fron-teiro a sse prclio icava o estabelecimento comercial doitaliano Miguelinho, assim conhecido para diferenar-sede um seu homnmo de elevada estatura. Seguia-seJhea padaria de seu Ricardo, a primeira a existir na cidade,hoje delas bem provida. Muitas e feias casas dessa ruadesapareceram, substituidas por bonitos prdios, como se-jam, entre outros, o de Armando Couto e o de D.. Sinha-zinha Datra, modelar figura de espsa e me.

    Casa que me era bem conhecida, por hav-la assidua-mente frequentado, era a de D.. Cornlia, me de Fran-cisco Hermenegildo Rodrigues Valle, que por longos anos

    17-cxerceu, com a mxima correo, o cargo de ecretrio daCmara Municipal, e de meus amigos de inf ncia Jos eI-.aayette, prematuamente falecidos, aquele logo ao con-cluir seu curso de farmacutico, o segundo quando em V!tria exercia, a convite de seu amigo e colega de ano go-'vernaclor Jernimo Monteiro, o importante cargo de Chefede Policia. A minha primeira contrariedade na vida pr-blica foi a de, como promotor d comarca de Ouro Preto,ento capital do Estado, ter de acusar o Zeca, meu amigoe predileto companheiro em meus jogos infants, proces-sado por crime que the era imputado. Cumpr o meu clever,:rcusando-o, mas criei alma nova, qundo o vi absolvido '

    Na casa que se demoliu paa no terreno construir-seo prdio em que reside a viuva Joaquim Dutra, morava etinha a sua oficna de alfaiate Jos Joaquim de Castro 'Poucas no foram as vezes em que vi exposto, no alpen-clre, irriso prblica, um de seus aprendizes, de p sbreum tamborete e tendo na cabea um capacete de papelo'com o dstico em maiscuias "VADIO".

    Moradores dessa rua, em casas vizinhas de meupai, eram o professor Paulo Granero, em cuja escola ini-ciaram seus estudos meus irmos Henrique e Frederico,e o italiano Jos Allevato, sapateiro de proisso e bomiode temperamento. Fazia le de sua vida um divertido pas-satempo, alternando as horas de trabalho com as de es-tranhas expanses, Com a sua bonita voz de tenor, can-tava, ao bater sola, melodiosas canes napolitans. Bae inofensiva criatura, quando em estado normal, torna-va-se, quanclo esquentado por alguns copsios de generosohianti, insolente e agressivo . Numa manh, que se se-guira a uma noite tempestuosa, vimo-lo, ao abrir as ja-nelas, estirado na calada em frente nossa cas, Frl

  • -

    18-assassindo por uma das vtimas de suas costumeiras in-solncias, cuja identidade. embora suspitada, jamais sepositivou, tendo o crime icado envolto em impenetravelmistrio. Decorrido algum tempo, passou sua viuva anovas nupcias com Antnio Allevato, irmo de seu pri-meiro mariclo, vindo a nascer dsse casamento HenriclueAllevato, de quem foram padrinhos meus irmos Henri-que e Balbina. Ao falecer meu irmo, Henrique Allevato,que me fra sempre amigo e de quem me lembro com sa-ciade, elegeu-me seu padrinho, em substituio ao alecido.Exemplar pai de famlia, pde ver seus filhos bem encar-teirados, Jos, proessor no Aprendizado Agrcola; I-,uiz,conceituado advogado no fro desta Capital e Murilo, pro-notor da comarca de Barbacena, ora exercendo em co-misso iraportante funo no Ministrio do Trabalho.

    Transversais rua SenJ Figreireclo so as ruas Vis-conde de Caranda, que core em direo Avenida Co-ronel Jos Mximo, e Santos Dumont, a terminar na rua7 de Setembro, recentes ambas e ambas dotadas de apra-ziveis prdios residenciais.

    Finda a ladeira e ao entrar-se na rua Tiradentes,vejo,. com os olhos da saudade, a casa em que nasc e vivos neus anos de infncia e juventude. Assim a descrevem meu livro de memrias "Vida que passatt: A casa demeus pais, em aprazivel e pitoresca cidade mineira, comodistintamente a vejo e tal como era! Vasta construo depesada e cleselegante aparncia, baixa e acaapada nafrente, tendo a dbstruirJhe a vista feio paredo, que selhe erguia fronteirio, em compensao oferecia pelosfundos deslumbrante panorama, por montes e vales esten-dendo-se um horizonte sem fim. Da sala de entrada, quetambem era a de visitas, corria at de jantar, margi-

    -19-narrclo os clormitrios, extenso e sombrio corredor, que, noite e luz baa e bruxuleante de um lampeo, ataves'svamos a corer eu e meus irmos, com medo dos lobisho'r.nens, mulas sem cabea e quejandas abantesmas das his'trias que ouviamos. Ao lado da vasta e confortavel salacle jantar icava a clespensa, seguindo-seJhe a copa, quctambem servia de sala de engomar. A cozinha e as aco-r.nodaes dos escravoi situavan-se em plano inferior, aque se descia por uma escada de dois lances. Clareada porcinco janelas, dando para os undos e para um dos lados,era a sala de jantar a pea principal da casa, preferidapara as reunies da amlia. Era dal que minha me di'rigia e fiscalizava o que se passava pelas demais depen-

  • m-rige piscina com que o govrno do Estado brindou Bar-bacena, como ainda sola dos Cdetes do Ar, insta-lada, com as indispensaveis modificaes, no edifcio emque sucessivamente funcionaram os colgios Providncia,Ablio, o que, em substituio ao anterior, foi criado poruma comisso de ilustres barbacenenses e posteriormenteoficializado pelo governadur Bias Fortes, sob a denomi-nao de Ginsio Mineiro, o Colgio Nilitar e finalmenteo l-..iceu Barbacenense. Tambem por ela se vai ao Alto daFbrica, assim chamado por ter sido al fundado, poriniciativa de Frederico Abranches, importante estabeleci-mento fabril, ora de propriedade do benemrito capitalistaCuimares .

    Adquirida a casa de D.' Brbara pelo simptico casalD." Ana-Jos Soares, passou ela por morte dstes suasobrinha Chiquinha, virtuosa bpsa do comerciante Se-bastio Antunes de Siqueira, sendo posteriormente ven-dida ao professor Antnio Gonalves, meu muito saudosoamigo.

    Encontra-se logo a seguir o bonito chal, especial-mente construido para a residncia de seu proprietrio,Dr .

    .foo Vieira Junior, ento jriz municipal de Barba-cena, Foi nela que veio a morar, quando se casou com OlgaTolentino, meu irmo Henrique Diniz.

    Fronteiro a sse chal, encontrava-se o velho sobrado,anida'hoje existente, do major Joo Bebiano Ferreira deCastro, assicluamente frequentado por mim e meus irmos,dada a ntima amizade que de h muito se estabeleceraentre a nossa e a famlia de seu proprietrio. Dste eramfilhos, a1.m de outros, os padres Silvino e Antnio. ste,mais ou menos de minha idade, fra meu colega na escolapblica de Antnio Carvalho, por alcunha Antnio Rapa-

    -21 -dura, e, mais tarde, no colgio Providncia. Deixando osestudos, empregou-se por algum tempo numa casa comer-cial, vindo postriormente a internar-se no Seminrio Epis'copal de Mariana, onde acabou por se ordenar. Vigrio

  • Detenho-me agora po alguns instantes deante cloprdio em que uncinou outrora o Hotel das Quatro Na-es e onde atualmente se acha instalado o Comando do 9."Batalho de Caadores, cujo quartel fica na avenida BiasFortes. Nle por vrios anos residiu, como seu propriet-rio, o hbi1 cirurgio-dentista Pedro Massena, que se re-comendava estima de seus concidados por suas virtudescivicas e privadas. Dentre seus {ilhos, todos les seusdignos continuadores, destaco, pela ntima amizade quenos taz unidos, Nestor Massena, sbre cuja inconfundi-vei personalidade tive j a oportunidade de manifestar-meem artigo publicado na "Cidade de Barbacenatt, do qualaqu transcrevo alguns tpicos. "Descendente cle uma fa-mlia cle intelectuais, ilho de Pedro Massena, que teveacentuada atta.o no movimento abolicionista e na pro-paganda republicana, e da bonlssima D.u Marcelina, emquem se viram conjugadas tdas as sadias virtudes damulher mineira, Nestor Massena cdo se revelou po suaclara inteligncia e por seu esprito combativo. Ainda es-tudante ingressou no jornalismo, para o qual tinha deci-dida vocao, e teve ainda, ao lado de lrineu Machaclo,macante participao na campanha civilista . Por mere-cimeto, conquistou, pouco antes de formado, o cargo deredator de debates na Cmara dos Deputados, vindo aobter naquele meio, em que refulgem as capacidades, si-tuaqo de relvo, no raro ouvido sbre assuntos consti-tucionais e questes de regimento, em que particular-mente versado. Advogado militante, com vasta e bem se-lecionada clientala, no recusa Nestor Massen seu patro-cnio a causas que, pafecendo-lhe justas, poderiam, en-tretanto, indispJo com um qualquer dos potentados domomento. Defende-as com galhardia, com aquele esprito

    _23_

    rlc conrbatividacle que lhe inato e que a idacle e a expe-lincia da vicla no conseguiram abater ' O que tan-tbcmnle no esmorece o seu entranhado amor nossa Bar-hacena, resistente ao tempo e ao afastamento' Nada alilhe incliferente, tudo, homens e coisas, lhe inspira inso'pitado e carinhoso intersse".

    Saio cla rua Tiradentes, vendo-me agora no largo doRosrio, cujo nome the i'em da pitoresca igrejinha que alse ergue, em meio a viridente jardim, que merecia cui-dados muito especiais de Carlos Abranches. De um e outrolarlo contemplo, com saudoso olhar, os diversos prdiosem que residiram os meus j falecidos amigos AntnioPint, Lincoln Cruz Mashaclo, Nenen Gonalves, Montal-vo, Joo Gonalves, Jos Por{irio. Nle est a levan-tar-se o monumeflto que pepetar a mqmria dos pra-cinhas, alguns dles diletos filhos de Barbacena, que sesacriicaram em defesa da democracia nas speras serra-nias da Itlia.

    Estou agora a Percorrer lentamente, parando aqu cacol, a principal artrio da cidade, a rua 15 de Novem-bro, ora fartamente iluminada a laz eltrica, caiada aparaieleppeclos, com cimentados passeios e bem arbori-zada. Nela, logo de como, se me apresenta a casa qeo bom gosto clo coronel Jos Mximo, seu proprietrio,trans{ormara em precioso museu de arte, agora a demo-lir-se para a construo do edifcio que ser a sde dfundao " Porfria-Olyntho de Magalhes", destinaclapela suprema vontade do benemrito barbacenense ao re-colhimento de mas solteiras desamparadas '

    No prdio imediato, posterionnente demolido para'ern sua substituio, construir-se o enos esttico cltaltldo comerciante Paulino Nunes cie Melo, tinha ento o sett

  • _ 24 _ osi

    estbelecimento comercial Roberto Henrique de Barros,cavalheiro de fina e esmerada educao, de todos queridopqla thaneza de seu trato. De seu casamento com D." m-1ia, fsica e moralmente bem dotada, nasceu o meu muitoprezado amigo comandante Roberto de Barros, que, alunoda Escola Naval, tomou marcante participao na revoltada Armada, acompanhando dedicdamente o AlmiranteSaldanha da Gama nas diversas peripcias da campanhapor &te chefiada, at a tragdia final do Campo Osrio.Afastado da Escola Naval, foi nomeado pelo presidenteBias Fortes colaborador da Recebedoria do Estado deMinas, que no Distrito ederal se instalara sob a minhadireqo, datando de ento a amizade que nos vem trazendoestreitamente unidos. Anistiado, voltou Escola Naval,j agora como professor, fun em que se houve semprecom honra e dignidade, fazendo-se merecedor da estimade seus colegas e do simptico respqti{) de seus discpulos .A instncias s,uas, desejoso que estava de ver devidamentecultuada a memria de um preclaro barbacenense, escrev"O Dinamismo Patrioticamente Construtivo de BelisrtrPenatt, em que colaborou com admiravel prefcio.

    Residia no prdio fronteiro ao feio chal do comer-ciante Nunes de Melo meu cunhado Dr. Galdino Abran-ches, esposo exemplar, amantssimo pai de famlia e lealamigo . Teve le acentuada participao no movimentoabolicionista e na propaganda pela implantao da Rep-blica, tendo sido um dos primeiros signatrios do mani-festo, da lavra de Olyntho de Magalhes, consequente fundao do Clube Republicano de Barbacena, cujo pri-meiro presidente oi o saudoso Dr . Nogueira Nunes . Do-tado de superiores piedicados de esprito e de corao,tinha, entretanto, o defeito de suas prprias qualidades,

    25-excedendo-se por vezes em sua reao contra o que se theaigurava o*" oi.n.u aos seus elevados sentimentos dejustia e de liberdade ''

    iunto sua ficava a casa em que, antes de transfe-,i.-. paru o Rio, morava o Dr. Jorge Vaz, meu muitopartiar amigo. Clnico de notavel valor, no desprezale as bas letras, conhecendo como pocos a literatura na-cional e no the sendo estranhas as obras primas de au-tores estrangeiros . Foi le o primeiro diretor do Mani-cmio Judicrio do Estado, tendo feito, antes de.assumiro.*"."io do cargo, no propsito de darlhe eiciente de-sempenho, estudos especiais de psiquiatria

    Entre esta e o casaro de Francisco Gomes, proprie-dade hoje de sua filha Sra. Onda Gomes, havia uT--bo'que, alargado com a desapropriao de terrenos vizinhos'passou a ser a a Dr. Pereira Teixeira (anteriormentebr. Joaquim Duira), em que se construiram bonitos e.onfort.rr.i, prdios residenciais, entre outros, o de meusobrinho .

    -ito partcular amigo Dr ' Francisco JosDiniz de Abranches.

    ra justamente em frente a sse antigo bco que mo-,uu^, ni rua 15 de Novembro, Silvestre Ferreira dcCastro, conhecido, devido a um pequeno defeito fsico, porSilvestre calho, em cuja venda se encontrava tda a sortede bugigangas. Alegre e brincalho como seu sobrinhop"dr" 3trrin-o, era tLbem esmoler, praticando a caridadecomo ;sus aconselhava, no sabendo a mo esquerda oque drra a direita. Queriam-no muito as crianas, paraus qu"i. se aptazla. frr.t raias e papagaios em papelde seda de ,ristosas cres e ainda thes permitindo colheremfrutas em seu quintal. De ordinrio iamos, noite, eu e-.u pri assistii's partidas de bisca entre le e o'pilre

  • i-'7lT?-.:-*-5i

    26-nestre Correia de Almeida, durante as quais se rnostrava,tprando de sorte, galhofeiro, enquanto que o padre se irri-tava com as suas sucessivas derrotas. Dizia-se, talvez comverdade, que, avesso ao progesso, salgava as raizes dasrvores plantadas eft {rente sua casa, para que noviessem elas a medrar.

    Seguia-se de Silvestre casa em que, antes de trans-ferir-se para Belo Horizonte, residia, tendo tambem nelaben.r provida farmcia, o Dr . Cavalcanti Raposo, que, ca-sando-se com a normalista Orminda Belucci, nela encon-trou a espsa ideal, leal e cleclicacla companheira nas alter-rrativas cl''ersas dr sua j relativanrente longa existncia.

    Encontro, em prosseguimento, o vasto prdio de pro-priedacle Ce Francisco Gomes, especialmente construidopara nle instalar-se um hotet r Inaugurou-o quem melhorpocleria fazo, Francisco Marcuci, que dispunha de longaprtica nsse ramo de negcio. E veio assim a ter Bar-bacena o hotel que j the azia falta e para o qual logoafluiram hspedes em quantidade, sobretudo famlias que,fugindo ao calor do Rio, vinham veranear no ameno climaclas montanhas mineiras . Passando, porm, a sucessivosproprietrios, foi aos poucos tlecaindo. perdendo a dis-tinta clientela do seu auspicioso incio. Chegaria a vez doGrancle Hotel, a que daria a nota de elegncia a ilustredama senhora Olvia Cabral .

    De um e outro lado da rua sncedern-se, at chegar-seir praa dos Andraclas, prciios nrais o menos conlorta-leis, em que residem, ou residiam, ente outras de que meno recordo, as seguintes pessas: Fabricio Ferreira cleCastro, (filho), apenas conhecido por Fabricinho, o qual,por srra muscuiatura cle atleta, era sempe o escolhido para,r:as procisses religiosas, transportar o pesado guio enci-

    :----i - -Yr?.

    27-

    mado pelas quatro oraisctilas S'P'Q'R' ;a vjtlvl! Mazzci';;;-;""t" Sinsio, inveterado bomio' vivia s turrtsioil

    "-

    .uo irritadssima espsa; Timtio de Freitas' quc'tendo siclo tabelio, se provisionou posteiolmellte -con1oilgJ;; il."tu Abrancbes, residente no Rio' depoisde ter sido e- sua terra lmpotantc comerciante e graudcaa.*ruf

    '

    Joo Fontana, itdidn figotu de Harpagt''qal", oo *o.."r, legou a sua fortuna' adquirida com todal'."* a. priva, ao clestt'ouado rei cla ltlia; UrbarroP;"; q*, iendo tido m tanto dissipada mocidade' ao.en-""h*J; ."i, "rn demncia '

    Nessa mesma casa residitl

    ;;.;;;i;';;;;" o comeciante Agenor soares de. Mottra'cua vida foi uur vivo exemplo de amr ao prximo e rle.^riaoa. crist . Honra-lhe hoje a memia' po seus st1-;;". preclicados intelectuais e morais' seu filho' o pro-;;;;; ,i*"""' Soares Filho' m continuao' Manuel(}rinto. de tal verve possuidor, que o clebre ator cmico"rqu"r, cle passeio ern Barbacena' empenho-se eln conlilt'"*; ; Jos Ferreira de Castro' negociante e aci'.rtnl."r',t" clentista, suceclido em sua casa comercial por',".r iiff-to Juca Ferreira, que, nas horas vagas' se divertia

    .o- o. ..". ces perdigtteiros, quanclo no em apr apelidosmais ou filnos gotescos, aos seus conterrneos; Sebastio",tt.. de Si{ueira, cujo importante estabelecimento co-mercial veio a translerir ao seu preposto de cor,{iartttFortunato Duarte e a seu geno Argentino Sarmento;Dr'Joviano Jarclim, notavel clnico, a rivalizat com

    os.seus

    Lui. uftooao. colegas c1o Rio de Janeiro; o-simptico ct*il." trirt ;ose di, cuja filha senhorita losinha' di-pi"t""a" com istino

    "n scola Normal' se fez provccta

    irof.rroro; o comerciante Teixeira de Abteu' de qttcnr sc

    contam divertitlas passagens; o tnett antigl:r l)otlringtls rle

  • -a-Bella, excelente criatura, sempre arnavel e bem humorado;c farmacutico Joo Carlos da Rosa, alemo de origeme brasileiro de adoo, padrinho e protetor do ilustre bar-bacenense Joo Massena, que tnto se tem distinguidocomo professor e como homem de letras ; Jernimo F'on-tana, qtue, manobrando com habilidade na aparente desor-clem de seu bem provido estabelecimento comercial, acabouadquirindo grande fortuna. Foi por essas alturas que seir.rstalou, j agora bem melhor aparelhado, o cinema deHaroldo Piacesi, o primeiro a funcionar em Barbacena,cjue conta atualmee com um outro, instalado rua co-mendador Joo Fernandes, no pdio que se adaptara pararepresentaes teatris.

    Chego, finalmente, praa dbs ndradas, assim de-nominada em merecida homehagem a uma ilustre famacle que pde e deve orgulhar-se a nossa cidade. Vindode So Paulo, em busca de um clima que mais the con-viesse, nela se ixou o Dr. Antnio Carlos Ribeiro de An-ilrada. filho de Martim Francisco e neto do Patriarca, logose fazendo, por suas excelsas virtudes civicas e privadas,geralmente. estimado. De seu casamento com a de todosto querida D.' Adelaide, irm do Conselheiro LimaDuarte, nasceram diversos filhos, que bem souberam hon-rar o ilustre nome que thes fra herdado. Dois dles, An-tnio Carlos e Jos Boni{cio, tiveram inconfundivel pro-jeo no ambiente poltico nacional. Em meu livro de me-mrias "Vida que passa", nos seguintes trmos sbre lesme expressei: "Inteligente e culto, Antnio Carlos rapida-mente se elevou s mais altas posies, em todas elas setendo havido com 'aro brilho e perfeita dignidade. Foi leo habil preparador da vitoriosa revoluo de 1930, vindo ser o brilhante e eficientssimo presidente da Consti-

    29-tuinte cle 34. Igualrnente bela a trajetria percorrida porseu irmo Jos Bonifcio, que, tendo iniciado a sua vidapbca como advogado em sa terra natal, no tardou emirrgr"r.u. na Cmira clos Deputados, onde, por vrias e,r"rrirrn, iegislaturas, teve atuao das mais notveis'Passando ap's a revoluo de 1930 a servir na diplomaca'representou o Brasil, como Embaixador, primeiramenteem Portugal, posteriormente na Repblica Argentina e por1timo jrto Santa S, dignamente e com real proveitoprara o pais. Hoje, aposentado pela compulsria' escreveiruditos' ensios sbre assuntos histricos e rev' atuali-zando-as, as importantes obras de seu eminente sogro'Conselheiro I-,aaY elte' t'

    Nsse histrico solar, que, pela morte de seus primi-tivos proprietrios, j no oferece o festivo aspeto dos.diasiaor, ,".ia" atualmente o deputado Jos Boni{cio Filho'qr", p.lo brilho da sua palavra, mntem no ParlamentoN."iotl"t as honrosas traclies de seus gloriosos antepas-sados.

    No terteno anexo, cedido pela famlia Andrada aoDr. oom Costa, fez ste construir paa sua residncia- 0". t".*.. e mais vistosos prdios da cidade'. o,qual'tendo por sua morte passado a sucessivos proprietrios'ioi afinal adquirido por uma sociedade, paa nle insta-;;;

    " clube poltic-recreativo da faco do deputado

    Jos Ronifcio ilho'No prdio imediato, de ba e slida construo' resi-

    dia o Dr. Joaquim Bento de Oliveira, que se recomendavae "rti-t p,llto, no apenas

    por sua brilhante .e

    culta inte-

    ligncia, mas ainda e sobretudo por sua pertelta. ffitelreza't"'"t"f [ta" sido distinguido Pelo qoverng imperial com as,r..rriu". nomeaes para presidinte das provincias de

  • -30-Sergioe e do Paran. Do seu casmento com a minha tia;;;

    ""** "'i' Eugnia, cuja j longa cxistncia

    ;;rtd" ; apostolado de abnegaio e de.amr ao pr-

    "l*". i."a" pu.rado sse ptd a tucetsiuot propriet-

    rios, foi ultimamente demolido, para no terreno construlr-.. t" *a. edicio, que se destina s mais diversas ser-ventias .

    Para a abettura da avenicla Getlio Vargas' que ora o centro da cidade em clireta comunicao com a es-l;:;; ;;'il,uaa de Ferro, foi desapropriada- e- dernolida,', a".u .1u" Iretencea ao Dr' Virgilio de ivlell lranco;;'qt; funcionou o externato da culta professora Mlle'it;;; ;gnien. Residia n casa imediata o panfle-trio l-.ino Marques, cula participao no movimento. o-licionista e na propaganda republicana foi das mats etcren-,'r-.*uinao ..-tt'" 1 an qlieres (psto por le conqrrs-t;i. p"t atos de bravur' "o go"tto do Paraguai) Jooi""t a" rrt'eira Brasil, pai do ntegro e saudoso Joogr-o.ii F lllro e do iiustre causclico e ex-deputado estadualDr. Amando Brasil '

    Passaclo o sobrado em que, como seu proprietrio' por

    "rn'orrr*u* *.idiu o Dr' Raul Penido' erguia-se o slar

    ""r.'" tt," de oliveira Pena' baro e posterior-"*" ti.*"a. e Caranda ' Descendente de importantc,f".ii"

    ;; ero provincia de Minas Gerais' le prprioa" iroprrr"ru estima e ao respeito de seus conterrneos,po-,.t. up..i"t." predicados de esprito e de corao e sobre-ii; d;t;t" muitos e relevantes servios colulid{e'Iio- e",

    "orn efeito, quem, adiantando Municipaiidade ct

    indispensa,rei e no pequeno numerrio' levara cidade'-tt" ""p,*a" de manciais mais

    ou menos dela afasta-

    il; c,r, em abundncia, livrando assim a populao do

    insano trabalh" .l. t'"'';"t:-l "'o t'o"it cle longa

  • 32-Segue-seJhe a casa em que, ates de transferir-se

    para So Paulo, residiu Joo Clmaco de Castro, pai do cie-sembargador Amilcar de Castro, adquirida mais tardepelo meu saudoso amigo Carlos Goiano, que por sua vez,a vendeu, ao lnuda-se para o Rio, onde veio a falecer.

    Com que emoo revejo o prdio imediato, que, tendopertenciclo ao advogado Dr . Ricarclo Antnio c1e Lima,passou por slia morte a seus Iilhos lioi al que, apenasormado, me casei com Maria Ricardina, que, como leale dedicada companheira, por longos anos participou deminhas alegrias e de minhas aflies. FaltararnJhe oraspara resistir ao duro go$e que foi para ns a trgicarnorte do nosso Valdemar. Caiu em profunda melancola,foi aos poucos se finando, at que veio a falecer. Senti-medesolado com o seu desaparecirnento e po anos seguidosviv de sua satrdade. Mas o tempo, " ce bon' uieillartl" , aca-bou por exercer sbre mim a sua ao sedativa, e assim que um outro amr, bem correspondido, veio restituir-re, com a paz do esprito, a alegria de viver. Nsse prdio,que tantas e to desencontradas recordaes me despertott,reside hoje a inconsolavel viuva do perfeito homem debem que foi Antnio de Azeredo Coutinho, meu muito par-ticular amigo.

    Enfrento agora a casa qlte pertenceu ao meu nmitocluerido e saudoso amigo Dr . Antnio Jos cla Cur,ha e hoje de seu genro Dt . Otvio Pena, como acluele meuirarticular amigo. Nela, quando ainda solteiro, morou meuirmo Henrique Diniz, de quem fui bem acolhido hspedeern minhas frias do quarto para o quinto ano de direito.I,embro-me ainda da nossa grata supres, quando' es-tando a jantar, entrou-nos pela casa Paulino de Mello, agritar-nos a alviateira noticia da proclamao da Repir-

    blica. 'rambem nor r".*". "ll, rela residiu o coronel Au-gusto Luz, to fantico de Barbacena que, aposentando-se

    de importante cargo que nela viera exercer, dela no sequiz afastar.

    Seguia-seJhe, passado o velho sobrado em que mora-rlan.r as irms Rita e Laura Araujo, o edicio em queconjuntamente funcionavam a Cmara Municipal e a Jus-tia, at que. veio esta a te o seu prprio edifcio, sitoir praa Conde de Prados.

    I-ogo adeante enfrento o magnfico prciio, especial-nrente construido, no terreno do antigo mercado, para nlelnstalar-se o Grande Hotel, para cuja undao, de grandeutilidade para a cidade, muito eficiente foi a contribuiode Amilcar Savassi junto ao proprietrio do Hotel Ave-nicla, sen particular amigo.

    Parte da a rua 13 de Maic,, que, embora de recentedat, conta j com bom nmero de excelentes casas resi-denciais .

    Num sobradinho, a pouco distncia do Grande Hotel,tinha a sua residncia o padre mestre Correia de Almeida,afamado latinista e inspirado poeta, cujos vcrsos merece-ram louvados por Castello Branco, parco em elogios, so-l.rretuclo para com os brasiieiros, preferidas vtimas de seusrenorplcs . No Parque Municipal, bem em rente casade sua residncia, ergue-se a herma corn que ses conter-rneos, por iniciativa de Olyntho de Magalhes, lhe cul-tuaam a memria . Numa quadrinha de sua prpria au-toria az le o seu uto-retato: "sta a cara sedia durntal Correia de Almeida, padre que apenas diz missa, Vateque no faz Eneida" .

    Via-se, ao terminar sse lado da praa, o grande ecorrfortavel prdio em que, at que veio a fechar-se o co-

  • 34-lgio Ablio, residiu o Dr . Ab1io Cesar Borges, Baro rleIVIcarbas. 1'eve tambem nle a sua residncia o ento juizcle clireito da comarca, Dr . Virglio Martins de MelloF'ranco, qe se recomendava por sua lcida e culta inteli-gncia, e, mais ainda, por sua serenidade no desempenhode sua nobre funo ' ForamJhe ilhos, alem de outros,Afonso Arinos e Afrnio de Mello Franco, que se pro-jetaram de moclo inconfundivel no ambiente poltico e li-errio nacional. E foramlhe netos Virglio Alvim deMel1o Franco, cuja trgica morte, aps gloriosa vida todaela dedicada aos lidirnos interesses da comunidade, foi porto
  • 36-Passado o beco que se the seguia, aparecia-me a casa

    do advogado provisionado e prestigioso chefe politico- Ca-milo l-.eite, de quem foram enteados o malogrado estudantede c{ireito Francisco de Assis, de cujo talento, j manifesta-do em trabalhos literrios, muito seria de esperar-se, Olim-pio de Assis, engenheiro civil de notavel competncia, bemcomprovada nos importantes cagos em que exercetl a sapro1sso, e a Exma. viuva do Dr ' figenio Salles, ex-gorrarntdo, do Amazonas e senador pelo mesmo stado'i.ndo ,"o filho o meu muito querido amigo Dr ' CamiloI-,eite Filho, engenheiro civil, como seu irmo Olimpio e'colno este, distinto profissional.

    Residia na casa visinha o sbio nttlralista VictorRer-rault, {rancs de nascimento e brasileiro de adoo ' De,qeu casarnento com distinta e essleradamente educada se-lhora, fiiha de importante amiia mineira, nasceram f i-thos, clue lhe oram dignos contitlttadores ' Honramlheainda hoje a rnemria, emprestando novo lustre ao j ilus-tre nome qe thes foi herdado, se neto Lon e seu bhnetoAbgar Renault, figuras exponenciais da cultura nacional 'Co .lrrru cle suas {ilhas .u.oo-r" o proessor Dures Cas-tanheira, que se ecomendava por sua lcida e culta inte-ligncia e, rnais aitlcla, pela nobreza de seus sentimentos '

    Com a demolio de um velho sobrado, construiu-sebelo e confortavel prdio em que Henriclue Diniz, resi-dente no Rio, mas saudoso sempre de sua terra natal, porle to grandemente beneficiada, vinha instalar-se er sel1anual veraneio .

    Residia na casa de que hoje proprietrio o Dr' C)s-realclo Fortini o vigrio da parquia, Monsenhor JooGonalves, figura de inconfundivel reievo do clero minei-o, pastor de ovelhas nos estritos trmos da parbola de

    -37 -Jesus, uo cluet'enc1o qe nem uma delas se perdesse' Bon-rloso e tolerante. era le adorado po setls paroqulanos eaind.a hoje os barbacenenses lhe reverenciatn a memria '

    Nas proximidades desta situava-se a casa em que e-siclia e one tambem tinha a sua bem montada alaiatariaRaimundo cle Carvalho, geralmente estimado por sua baormao moral. Casou-se uma de suas prendadas filhascom o saudoso inclustrial Dolabela Potela e com o meuoistinto colega e muito prezaclo amigo Dr ' Omar Dutrauma outra, ." Cotit]hu, cle tal modo fantica de sua Bar-bac,:na, que, residinclo no Rio, vez por outa vai uratar assadaclcs cla cluericla terra natal. instalanclo-se em aprazielvivencia, para tal expressamente construicla '

    \iejo-rue agoa em frente ao palacete c1o me"t muito,queliclo pritro I)r. Afonso Cando, para cuja construo'"moliu-.e

    o prclio ern -que morou meu av, comendador

    Joo Fernancles cle Oliveira Pena, de saudosa recot daQop"ra mi-. Guardo aincla vaga lembrana de minha bisav,J curvada pelo peso dos anos. Descendente de importanteiamlia, irm que era do Marqus do Patan' era ela umasenhora de rara distino. esmeradamente educada ' Do-tada cle peregrinas qualidades morais, no tnha, entretanto'a virtue agre.siut, compadecendo-se das alhias altas,quando no as poclia justificar' Recostacla em larga e tra-balhada poltrona, acolhia-nos, a mim e a meus irmos, ca-rinhosamente, abrindo-se-lhe a enregelada fisionomia numboni sorriso. E falava-nos com meiguice em coisas sim-irles e amaveis, o mesmo tempo que nos ia enchen

  • 38-sidia o advogado provisionaclo Jos Incio c1e Ahneirla,cujas filhas, fsica e moralmente bem dotadas, se consor-ciaram, todas elas, com homens de ba estirpe e pessoal-mente distintos. Netos dsse preclaro varo so os meusnruito prezados amigos comandante Roberto de Barros, aque j.tive a oportunidade de referir-me, e Honrio Ar-rnond. Ernrito professor, orador fluente, elegante po.sador, Honrio rmond , ainda, por aclamao de seuspares, o prncipe dos poetas mineiros. Fui dos primeirosa augurar-lhe brilhante sucesso no setor das letras, quan.do, achando-me no meu degredo acreano, l priraorosa poe_sia da sua autoria. E o meu prognstico plenamente seconfirmou

    .

    Vem iogo em seguida a Casa paroquial, onde estouainda a ver a veneravel {igura do,saudoso Monsenhor JosAugusto, vigrio da parquia. Lembro-me bem da ion-fisso que me forou a .azer, sem a qua1, dizia, no arac meu casamento. Fez-me algumas perguntas de menorimportncia e, sem inquirr-me sbre mais graves peca-clos, me foi logo absolvendo .

    Junto Casa Paroquial situa-se o iralacete que perten_ceu ao Baro de Pitangui, no qual, em determinado tempo,se instalou, sob a inteligente direo dos Drs. JovianoJardim e Leopoldo Costa, o confortvel e mesmo luxuosoRetiro Higinico, a que logo afluiu distinta clientela. Bemcuta foi, porem, sua durao, com o falecimento de umde seus diretores vindo a liquidar-se. Adquirido o prdiopela Baronesa de Maria Rosa, nle instalou-se o Asilo cleOrfs, batizado com o nome da benfeitora e mais tarderrismado, num njustificavel gesto de ingratido, com adenominao de Asilo dos Trs Coraes.

    39-Vejo, em continuao, o pdi o que pertenceu, ou

    ainda pertence, aos herdeiros de Antnio Campos, no qualpor vrios anos teve a sua.sde o clube dos Splenticos.Tambem nle residiu o telegrafista Navarro, que se iraps geral estima pela extrema gentileza com que a.todosatendia. De seu casamento com D.'Mariquinhas Navarro,senhora de grandes virtudes, mas um tanto voluntariosa,l-rascerarl filhos que, por seus prerlicados intelectuais e mo-rais, muito se vm distinguindo na sociedade barbace-nense, como sejam os meus amigos, Jos, Otvio e MrioNavarro. Nle tambem residiu, ou ainda reside, o meunruito particular amigo Dr. Brasil Araujo.

    Nos fundos da igreja Matriz construiu-se, em tereltocedido pela Municipalidade, excelente edifcio, atual sdedo Clube Barbacenense, ao qual, ainda no ha muito,zrfluia o escol da sociedade local, sendo hoje, devido ao ex-tremismo partidrio, apenas frequentaclo pelos adeptos dafacto Bias Fortes .

    Eis-me agora em plena praa Conde de prados, todaiatita, substituidas as suas velhas e feias casas por vistososedifcios, especialmente construiclos para o furcionamentocle reparties pblicas federais, estaduais e municipais. Oproprro prdio de residncia do coronel Antnio Teixeira,um dos melhoes da cidade, passou por grande transforma-co, para nle instalar-se o Psto Mdico. A Justia, queoutrora mal se acomodava no edifcio da Cmara Muni-gipal, al funciona ern prdio prprio, dotado de todas asprecisas acomocaes . Tambem a Agncia dos Correios eTelgrafos, ainda no ha muito nstalada em casa alugada,tem hoje naquela praa o seu bem apropriado edifcio, emcondies de funcionar com perfeita regularidacle. Apeasel contina, :u1is como era de espear-se, o imponente pr-

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  • .40-dio residencial do Con$e de Prados, onde, bern me lembrozrincla, f ui, incorporado aos meus colegas do "Ablio",l,.eijar as augustas rnos de sua magestade Dom pedro 2.',Requisitado pelo governo federal, para nle instalar-se aEscola de Cadetes do Ar, o prdio em que funcionava oGinsio de Barbacena, transferiu-se ste para o palacetedo Conde de Prados, que para ta1 foi conveniel.tementeadaptado. E nem falta a essa praa, para nais ainda em-belez-la, um bem tratado jardim.

    Era nessa praa que, em excelente prdio, residia ofarmacutico Alfredo Renault, interessante figura de ran-co atiracor, cuja participao no movimento abolicionistae na propaganda epublicana foi das mais marcantes. Iu-teligente e culto, ms m tanto irreverente, comentava comfina verve, se no com custica irona, homens e coisasda nossa to querida Barbacena. Tambem ali rnorava, errccmfortavel casa que lhe foi legada pelo coronel Antnio'feixeira, o bonssitro Dr. Leopoldo Costa, de todos esti-nado por se amavel convvio e por seus altrusticos sen-timentos. Encantadora vivenda era ali a de D.' Ismria,rodeando-lhe a yatanda floridas e olorosas trepadeiras.Nela por vezes se encontrava, vindo cle sua fazenda, o co-ronel Joo Manuel de Araujo, poltico liberal de largo pres-tgio no municpio. Numerosa foi a sua prole, tendo j a-lecido todos os seus filhos, de um dos quais, Camilo deAraujo, fui colega no "Ablio" e tambem affigo. Hon-r am-lhe hoje a memria, por seus predicados intelectuaisc morais, seus netos deputado Bias Fortes, Brasil cle.Ararjo, Lon Renault, Meyer Ferreira, Armanclo Arajo,Joo e Jos Campos e seu bisneto Abgar Renault. Quecleleite no tem sido para meu esprito a leitura das chis-

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    tosas crnicas cle Meyer Ferreira, to lindamente es-critas !

    Prosseguindo em direo ao antigo bairro clo Pau deBarba, passo, com instintiva repugnncia, pela cadeia p-blica e por instantes me detenho em frente casa do sau-doso Frederico Jardim, meu colega no "Ablio" e meuamigo atravs de toda uma longa existncia. Enveredopela rua General Osrio (?), em que, de permeio com osvelhos casebres, alguns bons prdios se construiram. Foiessa rua, ou na que dela a continuao, que um modestoilho de Barbacena, Sabino Ferreira, tendo enriquecidoem transaes de imoveis em Belo Horizonte, se disps,num nobilitante gesto de raro altruismo, se no de caridadecrist, a empregar grancle poro cie sua fortuna na {r1-dao do Asilo do Bom Bastor, anexandolhe um outopara crianas desvaliclas, instalados ambos, com mximoconfrto, em imponentes edifcios, a que se adicionou be-lssima capela. Ainda nessa rua se vm, enr sua extremi-dade, as apraziveis residncias de vero

  • 42-nela se viam, apenas i do Senador Bias I.'ortes e a deD." Claudina de Castro. Aos poucos, porem, foram os ca-sebres desaparecendo, substituidos por excelentes prdios,como sejam, entre vrios outros, o cle propriedade do depu-tado Bias Fortes, acluele em que reside o meu distinto co-lega e muito prezado amigo Dr. Humberto Marini e so-bretudo o palacete que pertenceu ao capitalista comendadorIirancisco Ferreira, no qual ora funciona, sob a inteligentedireo do professor Carlos Gonaives, o Grupo scolarBias Fortes.

    I)igna de ver-se a igreja de Nossa Senhora da BaMorte, toda ela trabalhada em pedra sabo. No ter aopulncia da Matrrz, mas sobrepuja-a pela elegncia desuas linhas estrututais. Ficalhe ao lado original relgiodo sol, situando-se-lhe aos fundos o vasto e merencrio ce-rnitrio, em que ciprestes e casuarinas sombreiam os t-mulos dos que al reponsam. Prosseguindo, passo pela en-cantadora vivenda do meu amigo Dr. Otvio Navarro e,subindo uma ligeira encosta, encontro-me no campo doOlyrnpic Foot Ball Club, onde a sada juventude de minhatera se exercita para futuros encontos com selecionadosde clubes rivais. E chego, afinal, casa de sade superior-mente dirigida pelo mdico especialista de doenas mentaisque o Dr. Antonino de Sena Figueiredo, rreu muito par-ticular amigo .

    E' ainda da praa Conde de Prados que parte a uaComendador Joo Fernandes, aberta, em substituio aobeco al existente, com a cesso de terrenos {eita por D."Eudxia Canedo. Alem do edifcio em que funciona ocinema, costruiram-se nessa rua excelentes prdios, entreoutros, o qe me petenceu e hoje de minha irm Gui-lhermina, o clo Dr. Pereira Teixeira, em que reside, des-

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    t3-frutando os cios d uma bem merecida aposeltadoria, oilustre barbacenense desembargador Paulo Jardim, e aindao de que foi proprietrio o deputado Jos BonifcioFilho.

    Parte dessa rua, estendendo-se at s proximidades dapraa Marechal Deodoro, uma das principais artrias dacidade, a avenida Bias portes, para cuja abertura cotta'ram-se pelo meio os estensos quintais das ruas 15 de No-.zembro e I-,ima Duarte. mbora recente, j em toda a suaestenso se construiram timos prdios residenciais ' Pa-rimentacla a capricho, tem ainda a embelez-la artsticosl,ostes de luz eltrica.

    Descendo pela suave ladeira em direo Ponte Sca,cnde se vm o bonito prdio do engenheiro residente daEstrada de Ferro e o no menos confortavel do saudosoFrancisco Hermenegildo Rodrigues Valle, e prosseguinrlopor ma rua cujo nome no me vem lembrana, chegoao Aprendizado Agrcola, para cuja fundao adquirira ogoveno da Unio, no s a magnifica xcara do sadosoprcer republicano coronel Rodolfo Abreu, corlo aindavastos terrenos mesma fronteiros, considerados indispen-srveis para o seu perfeito funcionamento ' Empreendi-rieto cle alto alcance social, destinado formao de tcni-cos paa os miritiplos servios da indstria agro-pecuria,vem por le sendo, sob a criteriosa direo do Dr' DiaulasAbreu, com a coiaborao de bem selecionado corpo do-cente, plenamente realizado o objetivo que se visou com asua cflaao.

    Avisinha-se do Aprendizado Agrcola a rua MartinhoCampos, que partindo da estao da Estrada de Ferro, vaifindar na praa em que se erge a igreja de Nossa Senhoracta Glra, sde cla parquia recentemele criada ' Numa

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    das muitas e bas casas.dessa rua reside o padre Sinfrniocle Castro, marcante figura do clero mineiro, por sua lr-cida inteligncia e siida cultura . Orador fluente e ima-ginoso, era com encantamento que, quando presente emBarbacena por ocasio das cerin.rnias religiosas da Se-nrana Santa, ia ouvir-lhe os sermes, em que a elevaodo pensamento se via realada pela pureza da lingr"ragem.

    Prosseguindo em demanda da Crttz clas Almas, passopela rua a que a Municipalidade, numa justa e bem me-recida homenagem ao preclaro pro{essor Mendes Pimentel,aps o seu nome . Chego, finalmente, ao cimo cla colir-ra,onde, enlevado, me quedo na panormica contemplao tlaminha to querida Barbacena, ao mesno tempo que r.ejo,como num sonho, por ali passar o glorioso francs que,sentinclo-se mal no sombrio amliente de sua idolatradaptria, nela veio asilar-se, acabando por arrJa com cari-rhos de filho.

    Concluida a excurso que, moviclo pela sanclacle, venhode fazer, dela ficou-me a impresso de que, se algo tle pi_toresco Barbacena perdeu, muito lucrou etn beleza e con-rto, sendo hoje uma cidade moderna a que no faltamrequintes de civilsao. As suas ruas, das quais aperasrlma era calacla, num primitivo calamento a pedra finca-da, em sLra quase totalidade se apresentam agora tima-mente pavimentadas, substituidas nelas as velhas e cles-graciosas casas por confortaveis e vistosos prdios. Embe-lezaratn-se as suas praas com floridos e bem tratados jar-dins. Por feliz iniciativa do benemrito barbacenense Vis-concle de Carancla, transormou-se a vasa e menos cuidada

    45-praa cla tr{atiiz em belo e aprazivel parque, que, sen