minerais form adores de rochas

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Texto adaptado do polígrafo de Petrografia da UFSM MINERAIS FORMADORES DE ROCHAS Introdução Na formação dos minerais, três fatores são importantes: disponibilidade de material, pressão e temperatura. Em relação à disponibilidade de material, embora existam aproximadamente 80 elementos encontrados nos minerais já descritos (cerca de 4.000 espécies), atualmente, cerca de 98,5% da crosta terrestre é composta por 8 elementos que formam os minerais mais comuns. São eles: O=46,6%, Si=28,9%, Al=8,3%, Fe=4,0%, Ca=4,1%, Na=2,3%, K=2,4% e Mg=1,9%. Assim, por causa da grande abundância do oxigênio e do silício na crostra terrestre, a maioria dos minerais é da classe dos silicatos. Os silicatos, estruturalmente, apresentam os íons Si e O arranjados em forma tetraédrica, com o silício ocupando o centro, formando o grupo aniônico (SiO4) -4 . O alumínio também é um elemento abundante e, em vários silicatos, está presente juntamente com o oxigênio e silício. Portanto, de modo geral, a maioria dos silicatos é considerada como estrutura de íons silicatos contendo Al, isto é , (AlSiO 4 ) -, ligados por cátions de outros elementos comuns, tais como: Na, K, Ca, Fe, Mg, etc., em vários arranjos e proporções de modo a originar as espécies mais comuns. Como todo o silicato consiste de uma unidade tetraédrica (SiO 4 ) -4 , correspondendo à parte principal da estrutura, o restante da mesma é constituida de cátions, oxigênios, moléculas de água ou íons hidroxila. A combinação de ambos gera uma estrutura eletricamente neutra. Em muitos estruturas de silicatos, o cátion Al substitui parte do Si (ex.: nos tectossilicatos) formando as unidade aniônicas (AlSiO 4 ) -1 , ou então, substitui outros cátions comuns como Mg +2 , Fe +2 , etc., podendo também acontecer as duas situações num mesmo mineral (ex., na hornblenda, na augita, etc.). Alguns elementos raros têm comportamento similar aos elementos comuns, por isso, não formam minerais independentes, mas se associam a eles. Ex.: Rb que se associa ao K. Os minerais são classificados de acordo com o íon ou grupo iônico fundamental que está presente. Existem 92 elementos químicos naturais, mas somente aproximadamente 16 são considerados como sendo os mais comuns na crosta terrestre, totalizando 99% de sua composição. Os demais são raros, embora sejam encontrados em alguns minerais, não constituem íons fundamentais. Esses 16 elementos são: Si, O, Al, Fe, Ca, Na, K, Mg, Ti, H, P, Mn, F, Ba, Sr e S. Além desses, embora menos abundantes, deve-se incluir o C, Cl e N porque são importantes na classificação dos minerais. As estruturas dos minerais geralmente apresentam ânions fundamentais de grande tamanho e cátions metálicos arrajados de maneira sistemática.

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Texto adaptado do polígrafo de Petrografia da UFSM

MINERAIS FORMADORES DE ROCHAS

Introdução

Na formação dos minerais, três fatores são importantes: disponibilidade de material, pressão e temperatura. Em relação à disponibilidade de material, embora existam aproximadamente 80 elementos encontrados nos minerais já descritos (cerca de 4.000 espécies), atualmente, cerca de 98,5% da crosta terrestre é composta por 8 elementos que formam os minerais mais comuns. São eles: O=46,6%, Si=28,9%, Al=8,3%, Fe=4,0%, Ca=4,1%, Na=2,3%, K=2,4% e Mg=1,9%. Assim, por causa da grande abundância do oxigênio e do silício na crostra terrestre, a maioria dos minerais é da classe dos silicatos. Os silicatos, estruturalmente, apresentam os íons Si e O arranjados em forma tetraédrica, com o silício ocupando o centro, formando o grupo aniônico (SiO4)-4. O alumínio também é um elemento abundante e, em vários silicatos, está presente juntamente com o oxigênio e silício. Portanto, de modo geral, a maioria dos silicatos é considerada como estrutura de íons silicatos contendo Al, isto é , (AlSiO4)

-, ligados por cátions de outros elementos comuns, tais como: Na, K, Ca, Fe, Mg, etc., em vários arranjos e proporções de modo a originar as espécies mais comuns. Como todo o silicato consiste de uma unidade tetraédrica (SiO4)

-4, correspondendo à parte principal da estrutura, o restante da mesma é constituida de cátions, oxigênios, moléculas de água ou íons hidroxila. A combinação de ambos gera uma estrutura eletricamente neutra. Em muitos estruturas de silicatos, o cátion Al substitui parte do Si (ex.: nos tectossilicatos) formando as unidade aniônicas (AlSiO4)

-1, ou então, substitui outros cátions comuns como Mg+2, Fe+2, etc., podendo também acontecer as duas situações num mesmo mineral (ex., na hornblenda, na augita, etc.). Alguns elementos raros têm comportamento similar aos elementos comuns, por isso, não formam minerais independentes, mas se associam a eles. Ex.: Rb que se associa ao K. Os minerais são classificados de acordo com o íon ou grupo iônico fundamental que está presente. Existem 92 elementos químicos naturais, mas somente aproximadamente 16 são considerados como sendo os mais comuns na crosta terrestre, totalizando 99% de sua composição. Os demais são raros, embora sejam encontrados em alguns minerais, não constituem íons fundamentais. Esses 16 elementos são: Si, O, Al, Fe, Ca, Na, K, Mg, Ti, H, P, Mn, F, Ba, Sr e S. Além desses, embora menos abundantes, deve-se incluir o C, Cl e N porque são importantes na classificação dos minerais. As estruturas dos minerais geralmente apresentam ânions fundamentais de grande tamanho e cátions metálicos arrajados de maneira sistemática.

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Classificação dos minerais Os minerais são classificados com base no ânion ou radical aniônico dominante em

sua fórmula química. Na tabela 1, é mostrado a classificação dos minerias com objetivos específicos da disciplina de Geologia do curso de Engenharia Florestal. Dentro das principais classes, será somente levado em consideração os principais minerais de importância na Engenharia Florestal.

Tabela 1. Algumas classes químicas de minerias

1. ELEMENTOS NATIVOS

Um determinado número de elementos nativos é encontrado em estado nativo como mineral. Ocasionalmente são encontrados em concentração suficiente que permite a sua exploração. Do ponto de vista agronômico, os elementos mais importantes desse grupo são o S, que é um macronutriente, e o Cu que é um micronutriente, necessários ao desenvolvimento dos vegetais. Por outro lado, esses elementos ocorrem, também, na composição de varios minerais pertencentes a outras classes, especialmente aqueles da classe dos sulfetos. 1.1.ENXOFRE: S Associa-se com atividade vulcânica e é depositado diretamente do estado gasoso por sublimação. Ocasionalmente é encontrado em veios hidrotermais. Do ponto de vista agronômico, é um macronutriente importante. 1.2. COBRE: Cu Associa-se com rochas vulcânicas básicas, preenchendo cavidade e com rochas sedimentares, especialmente em conglomerados. Altera-se facilmente a outros minerais de cobre, especialmente a carbonatos quando em condições oxidantes. Do ponto de vista agronômico, é um micronutriente importante.

ClassesClasses ÂÂnion ou radical aniôniconion ou radical aniônico

1. Elementos nativos sem íons

2. Sulfetos S2-

3. Óxidos/hidróxidos O2-/OH-

4. Halóides Cl-, Br-, I-, F-

5. Carbonatos (CO3))2-

6. Nitratos (NO3))-

7. Sulfatos (SO4))2-

8. Fosfatos (PO4)3-

9. Silicatos (SiO4))4-

ClassesClasses ÂÂnion ou radical aniôniconion ou radical aniônico

1. Elementos nativos sem íons

2. Sulfetos S2-

3. Óxidos/hidróxidos O2-/OH-

4. Halóides Cl-, Br-, I-, F-

5. Carbonatos (CO3))2-

6. Nitratos (NO3))-

7. Sulfatos (SO4))2-

8. Fosfatos (PO4)3-

9. Silicatos (SiO4))4-

1. Elementos nativos sem íons

2. Sulfetos S2-

3. Óxidos/hidróxidos O2-/OH-

4. Halóides Cl-, Br-, I-, F-

5. Carbonatos (CO3))2-

6. Nitratos (NO3))-

7. Sulfatos (SO4))2-

8. Fosfatos (PO4)3-

9. Silicatos (SiO4))4-

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2. SULFETOS

Abrange um grande número de minerais que são compostos de metais e semi-metais com enxofre e em certos minerais, pode-se ocorrer um ou mais metais. 2.1. PIRITA: FeS2 É o mineral mais comum dessa classe. É encontrado principalmente em depósitos hidrotermais, associado com outros sulfetos, como por exemplo a calcopirita. Ocorre, também, em rochas ígneas, em rochas de metamorfismo de contato e em rochas sedimentares, como por exemplo em carvões. Durante o imtemperismo, sob a ação da água e do oxigênio, forma sulfato ferroso e ácido sulfúrico, conforme a equação abaixo: FeS2 + H2O + 7 O → FeSO4 + H2SO4 O sulfato ferroso agindo sobre o carbonato de cálcio presente no solo, forma sulfato de cálcio (gipsita) que é uma das formas assimiláveis do enxofre pelas plantas. FeSO4 + CaCO3 + 2 H2O → CaSO4.2H2O + FeCO3 Do ponto de vista agronômico, esse mineral é fonte de enxofre (S). Como esse elemento é essencial para os vegetais e como o ácido sulfúrico que se forma, atua na decomposição dos minerais, pequena quantidade de pirita no solo é benéfica às plantas. Entretanto, em quantidade no solo, a pirita inibi o crescimento vegetal devido ao excesso de ácido sulfúrico que se forma, também, pela presença do H2S que pode se formar em ambiente redutor, sendo nocivo ao desenvolvimento das plantas. 2.2. CALCOPIRITA: CuFe2 É o mineral de cobre mais comum, associado com outros sulfetos de cobre em depósitos hidrotermais. Ocorre disseminados em rochas metamórficas de contato. Altera-se facilmente a carbonatos de cobre como por exemplo a malaquita e é comum a associação com pirita. Do ponto de vista agronômico, é fonte de S, Cu e Fe para as plantas. 3. ÓXIDOS E HIDRÓXIDOS

Nos óxidos, o oxigênio O-2

atua como ânion, enquanto que nos hidróxidos, o íon hidroxila (OH)-1 é que corresponde ao ânion. Os óxidos simples contém um metal e oxigênio, enquanto os óxidos multiplos contém dois cátions de metais ligados ao oxigênio. O oxigênio é um elemento muito abundante e reativo, por isso, certos minerais podem sofrer oxidação dando origem a óxidos e hidróxidos mais estáveis. 3.1. MAGNETITA: Fe3O4 É um mineral comum que ocorre nas rochas ígneas, metamórficas de contato, em depósitos hidrotermais e em areias de rios. Freqüentemente transforma-se em hematita e limonita. Apresenta forte magnetismo. Do ponto de vista agronômico, aparece freqüêntemente como constituinte mineralógico da fração arenoso do solo. 3.2. HEMATITA: Fe2O3 É também um mineral de ferro comum e, por vezes, abundante nas rochas sedimentares e metamórficas. Nas rochas ígneas é acessório. É frequente sua associação com a magnetita e limonita. Forma-se em solos tropicais com temperatura alta e pH baixo. Ocorre como pigmento vermelho comum nos sedimentos, solos, etc.É o prrincipal minério de ferro.

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3.3. ILMENITA: FeTiO3 Normalmente se associa-se com a magnetita em rochas ígneas ultrabásicas. Também é encontrada em rochas metamórficas (gnaisses) e em depósitos sedimentares arenosos. Do ponto de vista agronômico, pode ser encontrada na fração arenosa do solo. 3.4. PIROLOSITA: MnO2 É o mais comum dos minerais de manganês. É encontrado em depósitos hidrotermais marinhos e em depósitos hidrotermais com hematita e limonita. Geralmente forma-se pela alteração de outros minerais de manganês. Do ponto de vista agronômico, ocorre, por vezes, no solo e é fonte de Mn. 3.5. BAUXITA: Hidroxidos de Alumínio A bauxita é uma mistura de cristais microscópicos de minerais, composta predominantemente de Al(OH)3 (gibsita), AlO(OH) (boehmita) e Al2O3.H2O (diásporo). Assim, na verdade, bauxita é um depósito formado por imtemperismo em clima tropical de rochas ígneas aluminosas, como por exemplo os sienitos. Do ponto de vista agronômico, a sua ocorrência é restrita em solos alatamente intemperizados, como por exemplo, latossolos de Goias e Destrito Federal. Nos latossolos do RS a concentração é baixa. 3.6. LIMONITA: HFeO2 É um mineral comum que se origina durante o intemperismo sob condições oxidantes. É de origem supergênica e forma-se pela alteração dos minerais de ferro previamente existentes. 4. HALÓIDES Nos minerais desse grupo, os elementos halogênios (F, Cl, Br e I) atuam como ânions, sendo o cloro o mais comum. 4.1. HALITA: NaCl Ocorre como camadas de sal, formadas pelo processo de evaporação da água rica em sais. Freqüêntemente associa-se com depósitos de sulfatos, como por exemplo a gipsita. 4.2. SILVITA: KCl Ocorre freqüêntemente junto com a halita em camadas de sal, formando-se depois da precipitação da halita. É importante fonte de K para as plantas. 5. CARBONATOS Nos minerais desse grupo o CO3

-2 atua como ânion. 5.1. CALCITA:CaCO3 É um dos minerais mais comuns, sendo o principal constituinte mineralógico dos calcários e mármores puros. Ocorre, também em arenitos, preenchendo cavidades nas rochas ígneas e como depósitos de fontes termais. A calcita reage com HCl a frio havendo o despreendimento de CO2, conforme a reação abaixo:

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CaCO3 + HCl → CaCl2 + H2O + CO2 É fonte de Ca para os vegetais e é usado como corretivo da acidez do solo, neutralizando o H+ e Al+3 do solo, conforme as reações abaixo: H2O CaCO3 ⇔ Ca 2+ + CO3

2- CO3

2- + H2O ⇔ HCO3- + OH

- OH + H+ → H2O HCO3

- + H+ → CO2 + H2O 3OH

- + Al3+ → Al (OH)3 5.2 DOLOMITA: CaMg(CO3)2 É um carbonato comum. Freqüêntemente associa-se a calcita. Pode originar-se a partir da calcita pela influência de soluções magnesianas. É o principal componente mineralógico dos calcários e mármores magnesianos. Em depósitos hidrotermais, é comum sua associação com sulfetos. As propriedades diagnósticas são semelhantes às da calcita, porém distingue-se facilmente porque não reage com o HCl a frio. Do ponto de vista agronômico esse mineral é usado com corretivo para neutralizar a acidez dos solos. 6. NITRATOS E BORATOS

Os nitratos apresentam o ânion (NO3)

-2, possuindo a estrutura semelhante à dos carbonatos e nos boratos tem-se o ânion (BO3)

-2. A espécie mais comum e importante do grupo dos nitratos é o nitrato de sódio e dos boratos é o bórax. 6.1. NITRATO DE SÓDIO: NaNO3 É um sal solúvel em água, encontrado como incrustação em regiões áridas. Associa-se a outros sais como a halita e gipsita. É encontrado em abundância no norte do Chile, ao longo dos desertos de Atacama e Tarapacá. É usado como fertilizante (fonte de nitrogênio). 6.2. BÓRAX: Na2B4O7.10H2O O bórax é também um mineral encontrado em depósitos de evaporitos, em lagos antigos e praias hoje secas, nas regiões áridas. Pode associar-se à halita, gipsita e nitrato de sódio. Do ponto de vista agronômico é fonte de boro para as plantas (micronutriente). 7. SULFATOS

Os sulfatos abrangem um grande número de minerais, caracterizados pelo ânion (SO4)

-2. 7.1. BARITA: BaSO4 Ocorre principalmente em depósitos hidrotermais, como veios ou massas residuais. É uma das principais fontes de Ba.

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7.2. GIPSITA: CaSO4.2H2O É um mineral comum, encontrado principalmente em camadas sedimentares, geralmente estratificadas com calcários e folhelhos. É um sulfato de cálcio hidratado. Do ponto de vista agronômico é fonte de Ca e S para as plantas. 8. FOSFATOS Os fosfatos são caracterizados pela presença do ânion (PO4)

-3. 8.1. APATITA: Ca5(PO4)3(F,Cl, OH) É encontrada em vários tipos de rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. É encontrada, também, em pegmatitos e depósitos hidrotermais. Existem vários tipos de apatitas, dependendo dos íons que encontram na estrutura, tais como, F, Cl e OH. A fluor-apatita é mais comum do que cloro-apatita ou a hidroxi-apatita. Do ponto de vista agronômico, é usada como fertilizante. É o principal fornecedor de fósforo para as plantas. De modo geral, os solos de clima tropical úmido, derivados de rochas cujos minerais contém abundantes inclusões de apatita, São suficientemente ricos em ácido fosfórico. Quando a apatita está presente como inclusões apenas, em minerais ferromagnesianos (biotita, horblenda), o P provininiente da sua decomposição, combina-se com o Fe formando fosfato de ferro que devido à baixa solubilidade não é aproveitada pelas plantas. O P é um elemento essencial para a vida vegetal e animal, embora seu teor seja pequeno. 9. SILICATOS

Esta classe abrange a maioria dos minerais, pois, 95% da crosta terrestre é constituida de silicatos, predominantemente do tipo feldspatos e quartzo. É por isso que os silicatos são os principais minerais formadores das rochas. Assim, o estudo sistemático das rochas é baseado na identificação dos silicatos. A estrutura fundamental dos silicatos é condicionada pelo arranjo geométrico entre silício e oxigênio: o Si, devido ao seu raio iônico menor (=0,40 A°), esta rodeado por quatro oxigênios (raio iônico = 1,4 A°), originando uma configuração tetraédrica, cuja composição é (SiO4)

-4. A carga negativa(-4) resultante desse arrajo tetraédrico é compensado por ligaçãoes com íons positivos (Si+4, Al+3, Mg+2, Fe+2, etc), restabelecendo o equelíbrio eletrostático. A união dos tetraedros (SiO4)

-4 entre si, com adição ou não de outros cátions, forma os vários tipos de minerais silicatos. O número de elementos que formam os silicatos é relativamente pequeno, mas eles formam um grande número de minerais porque os mesmos elementos podem combinar-se em diferentes proporções com os tetraedros de (SiO4)-4. Por isso, eles geralmente tem composição variada e complexa. Os silicatos são subdivididos em 6 subclasses de acordo com o tipo de ligação entre estas estruturas tetraédricas. São elas: 9.1. NESOSSILICATOS

Essa subclasse contém tetraédros (SiO4)

-4 independentes, isto é, não ligados a outras unidades. Elementos como Mg, Fe, Ca e Al é que interligam as unidades tetraédricas.

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9.1.1. OLIVINA: (Mg,Fe)2SiO4 Ocorre principalmente em rochas ígneas básicas e ultrabásicas e mármores magnesianos. Geralmente altera-se a serpentinas (crisótilo e antigorita) e limonita. A olivina altera-se durante o intemperismo. 9.1.2. GRANADA: (Ca,Mg,Fe,Mn)3 (Al,Fe,Cr)2(SiO4)3 A granada pode apresentar composição variada, contendo Fe, Mg, Al, Mn, Ca e Cr em quantidades diferentes. Geralmente aparece em rochas metamórficas, associada com hornblenda, augita, etc. A granada geralmente é resistente ao imtemperismo, mas os tipos ricos em Ca alteram-se mais rapidamente do que os tipos ricos em Fe, Mg, Al. No solo, sob condições ácidas, a decomposição é mais rápida. 9.2. SOROSSILICATOS Esta subclasse contém tetraedros (SiO4)

-4 aos pares, ligados por um oxigênio em comum. Assim, a unidade fundamental é (Si2O7)

-6. 9.2.1. EPÍDOTO: Ca5(Al,Fe)Al2O(SiO4) (SiO7) (OH) Este mineral é encontrado em rochas metamórficas de baixo a médio grau de metamorfismo. Associa-se com clorita, hematita, etc. 9.3 CICLOSSILICATOS

Esta subclasse contém tetraédros (SiO4)

-4, ligados por oxigênios em comuns, formando estruturas circulares, Assim, a unidade fundamental é (Si6O18)-12. 9.3.1. TURMALINA: Na(Mg,Fe)3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 É encontrada em pigmatitos graníticos e em rochas metamórficas. Associa-se ao quartzo, feldspatos, micas e apatitas. É resistente ao imtemperismo, encontrando-se nas areias. 9.4. INOSSILICATOS

Esta subclasse contém unidades tetraédricas (SiO3)

-2 simples ou duplas (Si4O11)-6. Em

vista disso, o hábito desses minerais é geralmente alongado, na forma de prismas, agulhas ou fibras. Os inossilicatos são divididos em dois grupos: grupo dos anfibólios e dos piroxênios. São minerais escuros, onde há substituição parcial de Si+4 por Al+3, compensando a carga pela presença de Ca+2, Mg+2 e Fe+2. 9.4.1. GRUPO DOS ANFIBÓLIOS Este grupo é formado por cadeias duplas. 9.4.1.1. TREMOLITA-ACTINOLITA: Ca2(Mg,Fe)5Si8O22(OH)2 São encontrados em rochas metamórficas. Esses dois minerais, do ponto de vista prático, podem ser considerados como um só. A tremolita associa-se ao talco, granada, epídoto, calcita.

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9.4.1.2. HORBLENDA: Na Ca2(Mg,Fe,Al)5(Si,Al)8 )22(OH)2 É um mineral muito comum, encontrado em rochas ígneas e metamórficas. Associa-se ao quartzo, feldspatos, biotita, peiroxênios, clorita, epiídoto e calcita. É o mineral mais comum do grupo dos anfibólios. 9.4.2. GRUPO DOS PIROXÊNIOS Este grupo é formado por cadeias simples. 9.4.2.1. AUGITA: Ca(Mg,Fe,Al)(Al,Si)2O6 É o principal mineral deste grupo. É um silicato ferromagnesiano muito comum em rochas ígneas básicas. Associa-se à olivina, feldspatos, magnetita e hornblenda. Do ponto de vista agronômico, os piroxênios e os anfibólios são minerais facilmente alteráveis, liberando nutrientes (Ca, Mg, Fe) e/ou elementos (Fe, Al, Si, Mg, O) para formação de novos minerais. 9.5. FILOSSILICATOS

Esta subclasse contém tetraédros (SiO4)

-4 arranjados em folhas ou camadas. Cada tetraédro é ligado a três outros adjacentes por oxigênios em comum. Essas estruturas em folhas são formadas por uma série de cadeias duplas estendendo-se indefinidamente em duas direções, em vez de uma só direção como no caso dos inossilicatos de cadeias duplas. Além da configuração tetraédrica, apresentam uma outra denominada octaédrica, onde um íon central (Al+3, Mg+2, Fe+2, Fe+3) está rodeado por 6 oxigênios ou hidroxilas. 9.5.1. GRUPO DA MICAS As micas são silicatos onde os tetraedros estão unidos formando lâminas, cujo empilhamento forma camadas, dando aspecto plano estratificado. As micas mais comuns são a muscovita de cores claras, e a biotita de cores escuras. 9.5.1.1. BIOTITA: K(Al,Fe)3(AlSi3O10)(OH)2 É um mineral comum, encontrado em rochas ígneas ácidas e intermediárias, e em rochas metamórficas (xistos, gnaisses, etc.). Associa-se com o ortoclásio, quartzo, anfibólios, feldspatos, etc. Do ponto de vista agronômico é importante porque possui pouca resistência a ação do intemperismo químico, sob climas quentes e úmidos, formando clorita e outros argilominerais. A biotita é importante fonte de K às plantas. Rochas ricas em biotita, em geral, originam solos que raramente são deficientes em K. 9.5.2.2. MUSCOVITA: KAl3 (AlSi3O10)(OH)2 É um mineral comum em rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. Associa-se aos feldspatos, biotita, quartzo,etc. Minúsculas lamelas de muscovita são comuns em rochas metamórficas e são chamadas de Serecita. A muscovita é mais resistente ao intemperismo do que a biotita e, embora contenha significativo teor de K na sua composição (10% K2O), esse mineral não representa reserva útil de K às plantas, em virtude da dificuldade de sua liberação. 9.5.2. GRUPO DOS ARGILOMINERAIS

Os argilominerais são minerais secundários, formados apartir da interperizaão dos silicatos constituintes das rochas. São encontrados em rochas sedimentares, sedimentos e em solos. Apresenta uma estrutura cristalina em camadas características dos filossilicatos,

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formadas por lâminas tetraédricas unidas a lâminas octaédricas. A importância dos argilominerais reside no fato de que fazem parte da fração coloidal do solo, a qual se constitui no componemte de maior importância nas propriedades físicas e químicas do solo. A lâmina tetraedral é formada pela união de tetraedros de SiO4

-4, enquanto a lâmina octaédrica é formada pela união de octaedros de AlO4

-5. A união entre a lâmina tetraedral e a octaedral dá-se através dos oxigênios apicais dos tetraedros, que são compartilhados com os octaedros da lâmina octraedral. Esta ligação muito forte entre lâminas tetraedrais e octraedrais forma camadas, em geral 10 a 20 sobrepostas, constituindo o argilomineral. Quando as camadas são compostas por lâmina tetraedral unida a uma lâmina octraedral, os argilominerais são denominados de 1:1. Quando as camadas são constituidas de duas lâminas tetraedrais e uma lâmina octaedral situada no meio destas, o argilomineral é chamado de 2:1. As ligações entre as camadas podem ser muito fortes, impedindo a sua separação, constituindo os argilominerais não expansivos. Em outros casos, a ligação entre as camadas não é tão rígida, permitindo o maior ou menor afastamento das camadas entre si, constituido os argilominerais expansivos. A classificação dos argilominerais está, portanto, baseada no arranjo dessas camadas tetraedricas e octaédricas, no espaçamento entre elas e nos elementos químicos envolvidos. Os principais argilominerais são a montmorilonita e a caulinita.. Existem classsificação mais completas dos argilominerais, entretanto, aqui leva-se em consideração o interesse didático. 9.6. TECTOSSILICATOS

Esta subclasse contém tetraedros (SiO4)

-4 ligados entre sí por oxigênios em comum, produzindo uma estrutura contínua tridimencional. Assim, a relação Si:O é 1:2. Em muitos casos, o Al+3 substitui parte do Si+4 e, por isso, ocorre a adição de outros cátions disponíveis na região em que os minerais estão cristalizado, para que haja a neutralização das cargas. Esses outros cátions são geralmente o K, Na ou Ca. 9.6.1. GRUPO DOS FELDSPATOS Os felspatos são os minerais mais abundantes na crosta terrestre porque entram na composição da maioria das rochas. São minerais de cores claras, nos quais parte dos tetraedros contém Al+3 em lugar do Si+4 que resulta uma deficiência de carga positiva que é compensada pela presença de cátions com Ca, Na e K. 9.6.1.1. FELDSPATOS POTÁSSICOS OU ALCALINOS 9.6.1.1.1. ORTOCLÁSIO: KAlSi3O8 É um mineral muito comum. Ocorre em rochas ígneas ácidas e em rochas sedimentares (arenitos). Associa-se ao quartzo e biotita. Apresenta macla de dois indivíduos do tipo penetração, conhecida pelo nome de macla de Carlsbad. Freqêntemente, durante o intemperismo químico, altera-se à caulinita. 9.6.1.1.2. MICROCLÍNIO: KAlSi3O8 É encontrado comumente em pegmatitos, veios hidrotermais e rochas metamórficas (gnaisses). É muito semelhante ao ortoclásio com relação às propriedades físicas e alteração. 9.6.1.2. FELDSPATOS CALCO-SÓDICOS OU PLAGIOCLÁSIOS: (Ca,Na)(Al,Si)AlSi2O8 Os plagioclásios formam uma série contínua que vai da albita (NaAlSi3O8) até a anortita (CaAl2Si2O8).

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São encontrados em rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. São, portanto, os mais abundantes minerais formadores de rochas. Pelo intemperismo químico originam argilominerais. Do ponto de vista agronômico, os feldspatos são minerais importantes devido aos elementos úteis às plantas que eles contém e, também, pela facilidade com que eles são colodades em condições de serem assimilados pelas plantas. Os felsdspatos são minerais de fácil desagregação e decomposição, liberando nutrientes essenciais às plantas como o K, Na, Ca e de Al , Si e O para a formação de novos minerais. 9.6.2. QUARTZO O quartzo é um tectossilidato muito abundante, encontrado nas rochas ígneas, sedimentares e metamórficas. Ocorre como mineral mais comum na superfície do globo terrestre, entre as rochas sedimentares, graças à sua alta resistência química e física. É o silicato com a composição química mais simples (SiO2). O arranjo estrutural compacto dos tetraedros lhe confere grande resistência à alteração. Nas rochas graníticas o quartzo é o mineral de fácil reconhecimento, pois assemelha-se ao vidro quebrado. Como não tem clivagem, quebra-se com uma superfície irregular, abaulada. Não contém nutrientes essenciais para as plantas, mas tem participação importante na formação do esqueleto do solo, sendo o principal componente da fração arenosa do solo. O quartzo apresenta variedades cristalinas e criptocristalina: 9.6.2.1. Principais variedades cristalinas. 1. Quatzo hialino ou cristal de rocha: é quando se apresenta incolor, puro e transparente. 2 Ametista: de cor violeta (roxa) devido à presença de pequenos teores de Fe+3. 3. Quartzo róseo: de cor rosa devido à presença de pequenos teores de Ti. 4. Quartzo citrino: de cor amarela devido à presença de pequenos teores de Fe+2. 5. Quartzo enfumaçado: cor cinza a preta devido a exposição do mineral às radiações. 6. Quartzo leitoso: cor branca leitosa devido às inclusões fluidas líquida ou gasosa em grande número e pequeno tamanho que estão presentes no mineral. Às vezes, mostra brilho graxo. 9.6.2.2. Variedades criptocristalina 1. Calcedônia: apresenta cores variadas, muitas vezes em bandas (ágata, ônix), é tranlúcida e o brilho é fosco ou graxo. Ocorre, geralmente, preenchendo cavidades em rochas vulcánicas, depositada por soluções aquosas hidrotermais ricas em sílica. Neste caso é cumum, também, sua associação com variedades cristalinas de quartzo (ametista, hialino) O quartzo desempenha um papél importante como constituinte principal da fração arenosa do solo, exercendo influência direta na porosidade e permeabilidade, capacidade de adsorção de bases e retenção de água no solo. A abundância do quartzo na composição granulométrica do solo deve-se á natureza mineralógica da rocha original e decorre da resistência do mineral á ação do intemperismo. Assim, durante o intemperismo, o quartzo não de decompõe, mas apenas se fragmenta.

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As características diagnósticas dos principais minerais encontam-se na tabela 2. Tabela 2. Propriedade diagnósticas dos minerais

Minerais Cor Brilho D Du Hábito Enxofre amarela graxo 2,07 2,0 Granular ou como massa folhada Cobre amarelo-

cobre metálico 8,95 2,5 Arborescente ou como ramos nodulares

Pirita amarelo- pálida

metálico 5,21 6,0 Cristais cúbicos com faces estriadas, maciço ou granular.

Calcopirita amarelo- ouro

metálico 4,20 3,5 Geralmente compacto, maciço.

Magnetita preta metálico 5,20 6,0 Cristais octaédricos ou maciço finamente granular.

Hematita vermelho- escuro

metálico 5,30 6,0 Na forma de massas folhadas ou tabular, compacta e, ainda , reniforme.

Ilmenita preta metálico 4,72 5,5 Granular, maciço ou tabular Pirolusita preta metálico 4,80 2,0 Maciço, dentrítico, granular ou como

cristais fibro-radiados. Limonita marrom

amarelado 3,60

4,00 5,0 5,5

Maciço ou massas terrosas

Halita incolor, branca

vítreo 2,16 2,5 Cristais cúbicos ou maciços e compacto.

Silvita incolor, branca

vítreo 2,00 2,5 cúbico ou granular

Calcita incolor, branca

vítreo 2,70 3,0 romboédrico, escalonoédrico, granular compacto.

Dolomita incolor, branca

vítreo 2,85 3,5 romboédrico, escalonoédrico, granular compacto.

Nitrato de Sódio

Incolo, branca

vítreo 2,30 1,5 2,0

macocó ou como incrustações

Bórax incolor, branca

vítreo 1,71 2,0 2,5

Como incrustações ou massas de cristais prismáticos curtos

Barita branca, marrom,

avermelhada

vítreo 4,5 3,0 3,5

Cristais tabulares ou granular

Gipsita incolor, branca

vítreo ou perláceo

2,32 2,0 Cristais prismáticos, granular, acidular ou foliáceo.

Apatita verde- azulada

vítreo 3,15 5,0 Em cristais prismáticos, maciço ou compacto.

Olivina verde-oliva vítreo 3.35 6,5 Geralmente granular Tremotita- Actinilita

verde-clara vitreo 2,98 3,46

5,5 Cristais prismáticos, alongados em agregados fibrosos.

Hornblenda verde-escura vítreo 3,2 6,0 Cristais colunares ou massas granulares. Augita preta vítreo 3,4 6,0 Granular ou como cristais prismáticos

curtos. Biotita preta vitreo 2,5 Foliáceo

Muscovita incolor, prateada

vítreo a perláceo

2,5 Foliáceo

Ortoclásio rosa-aver- melhada, branco

vítreo 6,0 Cristais irregulares ou tabulares

Plagioclá-sios

cinza a branca

vítreo 6,0 Grãos irregulares ou cristais tabulares

Quartzo variada 2,65 7,0 prismático, piraminado, maciço ou granular