mineração indústria da - instituto brasileiro de … · no entanto, em que pese no setor mine -...

36
Fotos EXPOSIBRAM 2011: Evandro Fiúza Cynthia Carroll, da Anglo American, pede união das mineradoras pela sustentabilidade Começam as vendas de estandes para a EXPOSIBRAM Amazônia 2012 Sucesso: Expominas recebe 45 mil pessoas durante a EXPOSIBRAM 2011 Dirigentes discutem os desafios da produção mineral brasileira “Sem a indústria da mineração o mundo não é sustentável” Mark Cutifani WWW.FACEBOOK.COM/IBRAM.MINERACAO WWW.TWITTER.COM/IBRAM_MINERACAO IBRAM NAS REDES SOCIAIS: WWW.IBRAM.ORG.BR Outubro de 2011 Ano VI - nº 48 Mineração indústria da

Upload: lyngoc

Post on 28-Sep-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Foto

s Ex

posi

bram

201

1: E

vand

ro F

iúza

Cynthia Carroll, da Anglo American, pede união das mineradoras pela sustentabilidade

Começam as vendas de estandes para a EXPOSIBRAM Amazônia 2012

Sucesso: Expominas recebe 45 mil pessoas durante a EXPOSIBRAM 2011

Dirigentes discutem os desafios da produção mineral brasileira

“Sem a indústria da mineração o mundo não é sustentável”

Mark Cutifani

www.facebook.com/ibram.mineracaowww.twitter.com/ibram_mineracaoIBRAM nAs Redes socIAIs: w w w. I B R A M . o R g . B R

Outubro de 2011Ano VI - nº 48Mineração

i n d ú s t r i a d a

Page 2: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

A EXPOSIBRAM 2011 movimentou a ci-dade de Belo Horizonte. Pelo menos 45 mil pessoas visitaram os estandes das empresas mineradoras e fornecedores de equipamen-tos e de serviços que estiveram presentes ao Expominas durante os quatro dias de expo-sição.Várias ideias criativas foram utilizadas para atrair o público, além da possibilidade de se fazer bons negócios, já que no mesmo local estavam reunidos clientes e fornecedores.

Destaque também para o 14º Congresso Brasileiro de Mineração, que reuniu a nata de es-pecialistas brasileiros e estrangeiros para traçar o panorama da minera-ção nacional e interna-cional nas próximas décadas, em um cenário que sinaliza para mudanças na legislação. Foi uma troca de experiências muito rica entre palestrantes e plateia. Um excelente exem-plo foi o talk show conduzido pelo reno-mado jornalista William Waack com ícones do setor mineral: Luiz Eulálio Moraes Terra, Diretor Presidente da Embu S/A Engenharia e Comércio e Vice-Presidente do Conselho Diretor do IBRAM, Tadeu Carneiro, Diretor Geral da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração – CBMM e Tito Botelho Mar-tins, Diretor Executivo da Vale Canadá.

O contexto político foi pontuado logo na na abertura de ambos os eventos. O Pre-sidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, criticou iniciativas recentes de entes federativos em elevar o custo da minera-ção. Ele lembrou que eventuais aumentos da Contribuição Financeira pela Exploração

dos Recursos Minerais (CFEM) deverão ser acompanhados de reduções nos demais tri-butos e encargos cobrados, a fim de manter a competitividade do setor no mercado in-ternacional.

O Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Mi-nas e Energia, Cláudio Scliar, que representou

o titular da Pasta, Edison Lobão, afirmou que qual-quer mudança sugerida pelo governo irá manter a força da atividade.

As palestras técnicas também marcaram o 14º Congresso. Nomes internacionais da mine-ração como a Presiden-te da Anglo American,

Cynthia Carrol, o Presidente da AngloGold Ashanti, Mark Cutifani e o Presidente da Global Reporting Initiativ, GRI Ernest Ligte-ringen, foram destaques em painéis reali-zados durante o evento.

Os brasileiros também abrilhantaram a EXPOSIBRAM 2011. Kaiser Gonçalves de Souza, Chefe da Divisão de Geologia Marinha do Serviço Geológico do Brasil - CPRM, Luis Enrique Sánchez, Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP, Roger Downey, Diretor Pre-sidente e de Relações com Investidores da MMX Mineração e Metálicos S.A., entre outros, ofereceram importantes contribui-ções para os profundos debates realizados nos dias do Congresso.

Nesta edição, apresentamos uma visão ge-ral do Congresso e da Exposição. Aproveite!

ESClARECIMEntO

Devido a greve dos Correios houve atraso no recebimento de importantes documentos para elaboração desta edição, o que provo-cou atraso na distribuição.

EXPOSIBRAM 2011 promove troca de experiências

EXPEDIENTE | Indústria da Mineração - Informativo do Instituto Brasileiro de Mineração • DIREtORIA EXECUtIVA – Presidente: Paulo Camillo Vargas Penna / Diretor de Assuntos Minerários: Marcelo Ribeiro Tunes / Diretor de Assuntos Ambientais: Rinaldo César Mancin • COnSElHO DIREtOR – Presidente: José Tadeu de Moraes / Vice-Presidente: Luiz Eulálio Moraes Terra • Produção: Profissionais do Texto – www.ptexto.com.br / Jorn. Resp.: Sérgio Cross (MTB3978) / textos: Flavia Agnello • Sede: SHIS QL 12 Conjunto 0 (zero) Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205 – Fone: (61) 3364.7272 / Fax: (61) 3364.7200 – E-mail: [email protected] – Portal: www.ibram.org.br • IBRAM Amazônia: Av Gov. José Malcher, 815 s/ 313/14 – Ed. Palladium Center – CEP: 66055-260 – Belém/PA – Fone: (91) 3230.4066/55 – E-mail: [email protected] • IBRAM/MG: Rua Alagoas, 1270, 10º andar, sala 1001, Ed. São Miguel, Belo Horizonte/MG – CEP 30.130-160 – Fone: (31) 3223.6751 – E-mail: [email protected] • Envie suas sugestões de matérias para o e-mail [email protected].

EDITORIAL

abertura da Exposibram 2011

YAMAnA EntREGA VIAtURA à UnIãO DOS GUARDAS MUnICIPAIS

DE JACOBInA

A Yamana Gold entregou à União dos Guardas Municipais de Jacobina (UGMJ), as chaves da via-tura adquirida pela empresa por meio do Seminário de Parcerias 2010, ação desenvolvida anual-mente pela mineradora, em que ela financia algumas iniciativas de entidades do entorno onde se loca-lizam suas minas e projetos.

“A entrega desse veículo fecha um ciclo para a União dos Guar-das, pois graças a edições ante-riores do Seminário de Parcerias, conseguimos equipamentos para a realização de cursos de formação dos guardas municipais, e agora, teremos mais facilidade para levar essas apresentações a todos os lo-cais em Jacobina”, comenta Marcos Adriano, comandante da Guarda Municipal de Jacobina.

“Com o novo carro, os guardas municipais poderão dar continui-dade ao seu trabalho de colabora-ção com outras guardas e prestação de serviços à comunidade de Jaco-bina. Para a Yamana é um prazer fazer parte da evolução dessa enti-dade”, conclui Cláudia.

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 2

Page 3: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Neste ano, quando, em 10 de dezem-bro, o Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM comemorará 35 anos de criação, é com muita satisfação e justificado orgulho que, em nome dos seus dirigentes e asso-ciados, apresento a todos as boas vindas aos atos inaugurais do 14º Congresso Brasileiro de Mineração e da Exposição Internacional de Mineração - EXPOSIBRAM 2011.

Ao longo dessas três décadas, o IBRAM organiza e realiza, a cada dois anos, esses dois eventos, que na presente edição, têm como tema maior “mineração: base do cres-cimento mundial”. Este temário é ainda mais significativo e conspícuo neste momento, quando a economia global, notadamente no

Discurso defende manutenção da competitividade do setor

que concerne à América do Norte e à União Européia, mostra sinais de turbulência e perspectivas de diminuição nos índices que medem suas respectivas economias.

Panorama diverso se constata nos países emergentes, onde, em relação aos demais e também à média mundial, tais índices se apre-sentam em patamares bem mais elevados.

Os diferentes aspectos da intrínseca li-gação entre produção/consumo de bens minerais e o crescimento com sustentabi-lidade da economia serão, nestes quatro dias, aqui expostos e discutidos. Os resulta-dos, estou certo, serão de grande valia para participantes e expositores.

No entanto, em que pese o caráter cada vez mais internacional destes dois eventos, o cunho de ser brasileiro este conclave, permi-te-me focar, no contexto do momento atu-al a que me referi, o quadro e a conjuntura que a mineração vivencia no Brasil.

No período 2007 a 2011, coincidente com as três mais recentes edições dos even-tos realizados pelo IBRAM, verifica-se uma sucessão inédita de elevação da produção mineral brasileira, tanto em volume quanto em valor, bem como nos investimentos nela feitos ou programados e, também, na sua contribuição à balança comercial do País.

De 2001 a 2011 a produção mineral bra-sileira tem crescimento projetado de 550%, partindo de um valor de produção de 7,7 bi-lhões de dólares para 50 bilhões de dólares até o final do ano.

A sequência de quebra dos respectivos recordes, momentaneamente interrompida com a crise financeira mundial, cujos efei-tos no Brasil foram rapidamente superados, permite antever novos patamares, mais al-tos, para este ano e, ao que, com realismo se antecipa, pelo menos para 2012.

Em seu discurso de abertura da EXPOSIBRAM 2011 e do 14º Congresso Bra-

sileiro de Mineração, o Diretor Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas

Penna, ressaltou a importância de se analisar com cuidado alteração na legis-

lação mineral, seja no próprio código, ou na cobrança de tributos ou encargos.

A seguir, a íntegra do discurso proferido.

Cerimônia de abertura da Exposibram 2011

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 3

Page 4: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

No entanto, em que pese no setor mine-ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive um pe-ríodo de grande expectativa quanto ao con-junto de propostas que modificarão a atual legislação dessa atividade fundamental.

Há pelo menos quatro anos começaram a surgir notícias de que o Ministério de Minas e Energia examinava alterações na legislação minerária brasileira. Solicitações para as co-nhecer e para participar no processo de sua formulação foram feitas pelo IBRAM e outras entidades associativas do segmento produ-tor da mineração, não haviam sido atendi-das inicialmente. Isto até que, em setembro de 2009, aqui mesmo, em cerimônia seme-lhante a esta, que inaugurou o 13º Congres-so Brasileiro de Mineração e a EXPOSIBRAM 2009, o Ministro Edison Lobão, de público, se comprometeu a chamar o setor privado da mineração a participar de tal processo. Poucos dias depois houve o cumprimento da promessa e se iniciaram reuniões e tro-ca de documentos entre a equipe daquele Ministério e representantes do setor, o qual teve a oportunidade de apresentar e debater propostas e sugestões que traduziam seus le-gítimos posicionamentos e anseios.

Como se sabe, daí resultaram várias e diferentes versões compreendendo três projetos de lei: o de um novo marco regu-latório da mineração, já alcunhado “Lei da Mineração”; o que altera a legislação da Contribuição Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais – CFEM, que é o royalty

Primeiramente, há de se considerar o chamado “bônus populacional”, compro-vado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE com os dados do mais recente censo nacional, qual seja o atual período, historicamente o de maior percen-tual da faixa etária economicamente ativa da população brasileira. Para que possa ela maximizar sua contribuição ao desenvolvi-mento nacional em tal período é necessário criar mais postos de trabalho. A reconhecida capacidade da mineração de gerar empre-gos ao longo da cadeia produtiva deve, pois, estar sempre sendo cogitada no decurso de tal processo legislativo. Cada emprego que desaparecer ou não for criado na mineração brasileira se traduzirá, em média, em treze outros extintos ou não criados em setores a ela ligados mais diretamente.

Em sequência, é de se assinalar ser tal reformulação a grande oportunidade de re-solver questões de suma importância, via le-gislação hierarquicamente superior a de atos do Poder Executivo como, já de muito, tem sido, sem êxito, cogitado.

Refiro-me, por exemplo, aos casos dos direitos minerários como garantias reais em financiamentos e operações semelhantes e do licenciamento ambiental específico para as atividades de mineração.

No que diz respeito à nova legislação para a CFEM, parece que foram descartadas, no que concerne a alíquotas, as emocionais, di-ria mesmo demagógicas, comparações com o que se dá com petróleo e gás, muito embora ainda se fale em participação especial.

Nesse contexto da reformulação de royalties, se algo de alviçareiro existe é a adesão, cada vez maior, inclusive das auto-ridades fazendárias federais, ao reconheci-mento da realidade da enorme sobrecarga que sofre a mineração brasileira no conjunto de impostos, taxas, tributos e compensa-ções. Assim, eventuais aumentos da CFEM, deverão ser acompanhados de reduções de outros itens desse conjunto de encargos e tributos, sob pena de perda de competitivi-dade dos produtos minerais brasileiros em um mercado cada vez mais globalizado.

Infelizmente, alguns Estados e Muni-cípios parecem ignorar tal realidade. A cada instante, surgem deles, sob variados pretextos, iniciativas de criação de taxas e

mineral; e o que, em substituição ao atual Departamento Nacional de Produção Mi-neral – DNPM cria a Agência Nacional de Mineração – ANM.

Ao que se conhece das versões mais re-centes, notadamente a da “Lei da Minera-ção”, embora nelas estejam incorporadas muito das contribuições do setor produti-vo, há pontos onde não se chegou ainda a consenso com o Governo. Autoridades as-seguraram que ao setor mineral será dada a oportunidade de conhecer os textos finais e, possivelmente, apresentar suas contribui-ções adicionais, antes do encaminhamento ao Congresso Nacional.

O IBRAM, por várias vezes, declarou que ao Parlamento brasileiro, aqui tão significati-vamente representado, cabe a competência de dirimir os pontos controversos e de pro-clamar essa nova legislação minerária.

Igualmente de público reconheceu e ou-tra vez reconhece o tratamento cuidadoso, não açodado, que os Ministérios envolvidos e também a Casa Civil da Presidência da Re-pública têm dado ao processo de formula-ção dessas propostas.

No entanto, o momento da economia e o tema maior dos eventos que ora se inau-guram levam-me a destacar alguns aspectos que o Instituto considera cruciais e merece-dores de muita ponderação no processo de formulação e aprovação de novos diplomas legais para mineração brasileira.

presidente do ibram, paulo Camillo Vargas penna

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 4

Page 5: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

outros ônus específicos às atividades de mi-neração. Resultam, daí, não só cobranças adicionais, mas, também, a ampliação do leque da judicialização de casos relaciona-dos a essas atividades e, o que talvez seja o pior, aumento de insegurança jurídica no que concerne aos investimentos e aos pro-jetos a elas relacionados.

E faço um parênteses para lembrar aos presentes que, a despeito do repique da crise internacional, investimentos privados da ordem de 68,5 bilhões de dólares serão aplicados na mineração no Brasil até 2015, sendo este o setor privado que mais investe no Brasil. É o que mostra levantamento do IBRAM junto aos principais investidores.

Por oportuno, devo declarar que uma das maiores preocupações do setor produ-tivo está na possibilidade de haver imediata judicialização relativamente a dispositivos da nova legislação minerária que firam direi-tos adquiridos ou ditames constitucionais e, com isto, ampliar-se a insegurança jurídica de forma desastrosa.

Tais preocupações não são infundadas. Nas versões mais recentes conhecidas ain-da aparecem alguns pontos que, no enten-der do IBRAM, potencialmente, podem dar margem a tal judicialização.

No entanto, com base no já citado zelo que o Poder Executivo está dedicando à for-mulação das propostas que serão enviadas ao Congresso Nacional e no discernimento dos parlamentares de ambas as Casas, no senti-do de não permitir que eventualmente tais questões potenciais se concretizem nos textos legais, este Instituto confia que essas preocu-pações não se transformarão em realidade.

Em seguida, é de se focar a proposta de criação da Agência Nacional de Mineração – ANM. Sabem todos que, juntamente com o estabelecimento de uma Política Nacional de Mineração e do Conselho Nacional de Mine-ração, tem sido um pleito histórico do IBRAM a substituição do DNPM por uma nova enti-dade, melhor estruturada, mais ágil adminis-trativamente e com recursos humanos, finan-ceiros e materiais adequados à grande missão de gerir o patrimônio mineral do Brasil.

Mas, este Instituto jamais defendeu que, por mero modernismo, se procedesse uma simples mudança de nome ou de sigla quan-

do ao menos não fosse pela tradição que o DNPM conquistou ao longo de quase oito décadas de marcantes atuações em prol do desenvolvimento da mineração brasileira.

Por isso mesmo se opõe e se oporá e, nisto acredita, será acompanhado pelas demais en-tidades associativas, a se instituir uma agência de segunda classe, que não esteja em pé de igualdade a outras, especialmente às vincula-das ao próprio Minsitério de Minas e Energia.

parâmetros de gestão compartilhada, surjam ações e políticas que tenham por foco o fo-mento e a criação de novas oportunidades para que a mineração brasileira exerça cada vez mais o palpel a ela reservada no desen-volvimento sustentável do País.

Encerro aqui este pronunciamento que, além das boas vindas iniciais e dos desejos de pleno sucesso a todas às atividades que nestes quatro dias aqui acontecerão, no con-texto de uma realidade atual, multifacetada quanto aos diferentes aspectos econômi-cos, políticos e sociais que a compõem, são também, palavras de muita esperança, diria mesmo de confiança, num futuro ainda me-lhor para a mineração brasileira e com isso para este País, que cada dia mais se engran-dece na persistente busca, como Nação, dos seus objetivos fundamentais de:

• construir uma sociedade livre, justa e solidária;

• garantir o desenvolvimento nacional;

• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

• promover o bem de todos, sem precon-ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

muito obrigado!

"Cada emprego que desapareCer ou

não for Criado na mineração brasileira

se traduzirá, em média, em treze outros

extintos ou não Criados em setores a ela ligados mais

diretamente."

Pronunciamento do Diretor Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, na solenidade de abertura do 14º Congresso Brasileiro de Mineração e da EXPOSIBRAM 2011. Belo Horizonte/MG, 26 de setembro de 2011.

Sintetizando, é possível afirmar que, quan-to a essa tríade de novos diplomas legais, a já referida expectativa do setor produtivo, é de que deles resultem não somente políticas e ações de fiscalização e de arrecadação, ana-cronicamente baseadas em comando e con-trole. Mas sim, norteando-se pelos modernos

público prestigia abertura da Exposibram 2011

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 5

Page 6: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Público variado, entre políticos, profis-sionais e gestores do setor mineral nacional e internacional e estudantes participaram da abertura, no Expominas, da EXPOSIBRAM 2011 e da 14ª edição do Congresso Brasilei-ro de Mineração, que recebeu 2 mil inscri-tos. A tradicional feira, por sua vez, reuniu 389 expositores de 22 países e registrou 45 mil visitantes.

A nova legislação mineral, ou marco re-gulatório, “não vai criar problemas para a competitividade das empresas”, afirmou o Secretário de Geologia, Mineração e Trans-formação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, que representou o titular da Pasta, Edison Lobão, na solenidade de abertura.

Para o Presidente do IBRAM, Paulo Ca-millo Vargas Penna, a afirmação do repre-sentante do Ministro Lobão tranquiliza as mineradoras em relação ao conjunto de projetos de lei que o Governo organiza com a finalidade de enviá-los á votação pelo Congresso Nacional. “Entendemos a inten-ção do Governo de modernizar o código mi-neral com leis mais atuais, porém, como o setor privado desconhece o atual estágio do conteúdo dessa proposta, há, naturalmente, uma sensação de insegurança. Mas a fala do Secretário Scliar, que representou o Minis-tro diante de todo o setor mineral brasileiro, acredito ser um alento para as mineradoras”.

Uma das maiores preocupações do setor produtivo mineral, disse o dirigente do Insti-tuto, está na possibilidade de haver imediata judicialização relativa a dispositivos da nova legislação minerária que firam direitos ad-quiridos ou ditames constitucionais e, com isto, “ampliar-se a insegurança jurídica de forma desastrosa”.

Em seu discurso, Paulo Camillo, do IBRAM, enfatizou a questão dos royalties da mine-ração em debate no Governo. “No que diz respeito à nova legislação para a Contribuição Financeira pela Exploração dos Recursos Mi-nerais (CFEM), parece que foram descartadas, no que concerne a alíquotas, as emocionais, diria mesmo demagógicas comparações com o que se dá com petróleo e gás, muito embo-ra ainda se fale em participação especial na mineração”. Esta participação especial ocorre no setor de petróleo, segmento dominado, no Brasil, por uma empresa estatal.

O dirigente do IBRAM acrescentou que nesse contexto da reformulação de royalty, há adesão, cada vez maior, inclusive das au-toridades fazendárias federais, ao reconhe-cimento da realidade da enorme sobrecarga que sofre a mineração brasileira no conjunto de impostos, taxas, tributos e compensações. “Assim, eventuais aumentos da CFEM deve-rão ser acompanhados de reduções de outros itens desse conjunto de encargos e tributos, sob pena de perda de competitividade dos produtos minerais brasileiros em um merca-do cada vez mais globalizado”, disse.

Paulo Camillo criticou iniciativas recen-tes de entes federativos em elevar o custo da mineração. “Infelizmente, alguns Estados e Municípios parecem ignorar tal realidade. A cada instante, surgem deles, sob variados pretextos, iniciativas de criação de taxas e outros ônus específicos às atividades de mi-neração. Resultam, daí, não só cobranças adicionais, mas, também, a ampliação do leque da judicialização de casos relaciona-dos a essas atividades e, o que talvez seja o pior, aumento de insegurança jurídica no que concerne aos investimentos e aos proje-tos a elas relacionados”.

EXPOSIBRAM 2011 é um sucesso!O Secretário Cláudio Scliar elogiou inicia-

tiva do IBRAM em promover a saúde e segu-rança do trabalhador do setor mineral e disse que a sustentabilidade da mineração deve es-tar assegurada e amparada na legislação “de modo a gerar um legado para as gerações fu-turas”. Ele leu mensagem escrita pelo Minis-tro Lobão, que frisou a iniciativa do Governo em “aperfeiçoar a legislação para modernizar este setor tão importante para a economia, responsável por 4% do PIB (Produto Interno Bruto)” e 25% das exportações.

Participaram da solenidade diversas au-toridades federais, estaduais e municipais, políticos, empresários, profissionais e acadê-micos ligados à mineração e outros setores produtivos. Dorothea Werneck, Secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, representou o Governador mineiro, Antonio Anastasia. Junto com ela estavam presentes na mesa de abertura o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, o Secretário de Geologia, Mineração e Trans-formação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, o Presidente da As-sembleia Legislativa de Minas Gerais, Depu-tado Dinis Pinheiro, o Embaixador da Co-reia do Sul, Kyong Lim Choi, o Presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Deputado Luiz Fernando Faria, o Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional, Deputado Arnaldo Jardim, Prefeito de Santa Bárbara e Presidente da Associação dos Mu-nicípios Mineradores de Minas (Amig), An-tônio Eduardo Martins, o Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mine-ral (DNPM), Sérgio Dâmaso, o Presidente do Sindiextra, José Fernando Coura e o Secre-tário Geral do Organismo Latino-americano de Mineração (Olami), Hugo Nielson.

Cerimônia de abertura da Exposibram 2011

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 6

Page 7: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 7

EXPOSIBRAM 2011

Page 8: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

“Temos planejado para Minas Gerais um crescimento acima da média nacional. Temos conseguido atingir essa meta. A riqueza do subsolo tem que ser administrada, agradecida e valorizada. O nosso interesse é aceitar e receberinvestidores interessados.”

dorothea WerneCkSecretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sedese-MG)

“Em fevereiro deste ano, o governo federal lançou o Plano Nacional da Mineração para 2030, uma oportunidade para que os recursos naturais sejam beneficiados e consumidos também internamente.”

Cláudio sCliarSecretário de Geologia, Mineração e Transformação

Mineral do Ministério da Minas e Energia (SGM/MME)

“Estou muito impressionado com a organização do evento, com a relação do Instituto com o Governo e empresas. Me sinto muito privilegiado em

estar aqui e adoraria voltar para tratar de vários outros assuntos.”

mark CutifaniPresidente da AngloGold Ashanti

“Estamos em um período de grande expectativa em relação às propostas de mudança da legislação do setor. O nosso grande receio é quanto à judicialização dos novos dispositivos da legislação minerária,

principalmente quanto aos direitos já adquiridos pela atividade.”

paulo Camillo Vargas pennaPresidente do IBRAM

“Quando se fala em Minas Gerais se fala obrigatoriamente em mineração pela sua história, berço e trajetória. É nos parlamentos estadual e federal que será decidida a questão do novo marco regulatório do setor. Juntos, vamos caminhar para uma atividade mais sustentável.”

deputado dinis pinheiroPresidente da ALMG

“A cada ano o IBRAM se supera na organização do evento. Assim, posso dizer que a EXPOSIBRAM de 2011 está um pouco melhor que a última edição, porém um pouco pior que a próxima.”

deputado bernardo santana de VasConCellos (pr/mg)Vice-Líder do PR na Câmara Federal

“Fiquei surpreso com o nível dos debates no Congresso. As pessoas se mostraram muito interessadas nas questões de sustentabilidade que envolvem a indústria da mineração.”

JaCques WiertzProfessor de Engenharia Ambiental da Universidad de Chile e Coordenador Técnico de eventos da GECAMIN

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 8

Page 9: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

As características geológicas do Brasil motivaram várias empresas a investir em um segmento diferenciado para impulsionar a produção de alimentos: os fertilizantes. Diante da realidade do aumento da popu-lação mundial, os agrominerais passaram a ter função estratégica, devido à necessidade de se multiplicar a produção de alimentos. No 14º Congresso Brasileiro de Mineração/Exposibram 2011, aspectos relevantes sobre a consolidação desta indústria brasileira fo-ram discutidos por uma plateia interessada e profissionais de diversas empresas.

Exemplos bem-sucedidos na China e no Canadá foram apresentados para ilus-trar e motivar o aumento dos investimen-tos na indústria nacional de fertilizantes. O Diretor Técnico da AMEC, Alexander Middleton, reafirmou o potencial brasilei-ro na área, citando exemplos de empre-sas como a Vale, que mesmo após a crise “teve a coragem suficiente para investir e fazer o negócio funcionar”.

A intenção de posicionar o Brasil como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, foi uma das razões apontadas pelo Vice-Presidente da MBAC Fertilizer Corpo-ration, Roberto Belger, para que o País invis-ta cada vez mais em pesquisa, tecnologias e produção de novos fertilizantes. “O Brasil é imbatível, mas ainda temos uma grande de-ficiência entre o que produzimos e a deman-da interna. Nossos recursos naturais, aliados à aplicação da tecnologia e também à escala

Produção de fertilizantes pode ajudar a posicionar o Brasil como um dos maiores produtores de alimentos do mundo

de produção da região centro-oeste, nos co-locam numa posição muito favorável”, disse.

O panorama brasileiro hoje na área de investimentos e produção de fertilizantes é positivo, apesar da importação de insumos ainda ser alta: cerca de 80% do que é utili-zado no País de enxofre, por exemplo, vem de outros países. Parte dessa dependência se deve à alta carga tributária sobre os produtos nacionais, tornando-os pouco competitivos em relação ao que vem do exterior.

Cristiano Veloso, Presidente da Verde Potash PLC, inovou ao apresentar projetos da empresa que priorizam investimentos em larga escala em solo mineiro. A empre-sa já investiu R$ 20 milhões em pesquisas, desde 2008, onde constatou o potencial de Minas Gerais em produzir fertilizantes derivados do potássio. O termopotássio (in-sumo obtido a partir do processo que usa

o calor para separar o potássio da rocha verdete), por exemplo, vem se destacando pela boa resposta à sua aplicabilidade no solo brasileiro, uma vez que ao contrário do cloreto de potássio, não tem cloro, o que não altera a acidez do solo e não lixivia na água, o que evita a poluição dos rios.

Marcelo Fenellon, Diretor de Opera-ções da Vale Fertilizantes, apresentou a Vale Fertilizantes como a real diversificação no portfólio da empresa. “Depois da crise de 2009, percebemos que nossa diversificação era parcial. Investir na produção de alimen-tos, através da produção de fertilizantes, foi o nosso grande diferencial para mudar o foco”, afirma. Com cinco minas no Bra-sil, oito unidades industriais e um porto, a empresa pretende focar na produção de po-tássio para que o País consiga se consolidar de vez no cenário mundial, como um dos maiores produtores do mundo.

VAlE AnUnCIA InVEStIMEntOS DE US$ 15 BIlHõES EM fERtIlIzAntES

A Vale deve investir US$ 15 bilhões em fertilizantes nos próximos dez anos. O anúncio foi feito pelo Diretor de Operações da Vale Fertilizantes, Marcelo Fenelon, durante 14º Congresso Brasi-leiro de Mineração. Com o recurso aplicado, a empresa pretende assumir a 5º posição no ranking mundial de produtores de potássio.

Fenelon comentou ainda sobre o andamento das negociações com a Petrobrás para explorar uma mina de carnalita, em Sergipe. As negociações buscam uma forma de tornar compatível a exploração de petróleo e de potássio, no estado. “É preciso discutir a questão da convivência entre a lavra do potássio e do petróleo. É possível que haja incompatibilidade entre a lavra dos dois pro-dutos. Eu posso dizer que as duas empresas estão em negociação em bom nível”, afirmou.

marcelo Fenelon, Diretor de operações da Vale Fertilizantes

Cristiano Veloso, president & Chief Executive officer of Verde potash plc., alexander stuart middleton,Technical Director of amEC, roberto simões, Vice-presidente da Confederação Nacional da agricultura (CNa), roberto busato

belger, Vice-presidente da mbaC Fertilizer Corp., e marcelo Fenelon, Diretor de operações da Vale Fertilizantes.

Foto

s: E

lain

e pe

ixot

o

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 9

Page 10: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Uma das maiores consumidoras de ener-gia do setor industrial, as empresas minera-doras enfrentam o desafio de se tornarem cada vez mais sustentáveis, não só na recu-peração das áreas utilizadas para extração, como também na redução da emissão de gases de efeito estufa - GEEs. “O setor de mi-neração figura em dois dos quatro principais grupos de emissão apontados por estudo do governo”, explicou o Especialista Ambiental Sênior do Banco Mundial, Garo Batmanian.

Na tentativa de minimizar os riscos ao meio ambiente, o Brasil tomou uma atitu-de audaciosa, por meio da Lei 12187/09 e do Decreto 7390/10, que regulamenta-ram uma política nacional sobre mudanças climáticas. A iniciativa pretende reduzir as emissões de GEEs. Para isso, é preciso mudar o comportamento de algumas em-presas, estimulando o consumo de meios alternativos em seus processos produtivos.

Banco Mundial e CnI apresentam alternativas para

economia de baixo carbono

A maior expectativa é conseguir aumen-tar o consumo de carvão vegetal originário de florestas plantadas. “45% do carvão vegetal utilizado hoje vem de florestas nativas. Isso aumenta em muito o desmatamento e, conse-quentemente, a emissão de gases de efeito es-tufa”, diz. Uma das metas do Banco Mundial é expandir a plantio de florestas para 3 milhões de hectares, com o Projeto Plantar e assim, atuar junto com os produtores de eucalipto, através da compra dos primeiros ativos.

Acordos internacionais, Plano Nacional de Mudança Climática e até mesmo a pres-são do consumidor, que hoje já se preocu-pa com a pegada de carbono dos produtos que consome, são algumas das motivações apontadas pelo Diretor Executivo da Con-federação Nacional das Indústrias (CNI), José Augusto Fernandes, para as indústrias se adequarem à economia do baixo carbo-no. “Estamos vivendo uma transformação

industrial. O mundo está desenhando novas formas de produção e a CNI não pode igno-rar isso. O Brasil tem a grande vantagem de possuir uma matriz energética.”

A CNI pretende criar um produto de su-porte ao planejamento estratégico que possa diagnosticar as emissões de GEE nas empresas, perceber e identificar os riscos, além de ana-lisar as oportunidades. “A tendência mundial é caminhar em direção à economia verde. A Vale começou dando o exemplo, investindo em tecnologia verde. O desafio é motivar ou-tras empresas a seguir o mesmo caminho.”

Outros países como a China, tem se preocupado cada vez mais em investir na economia verde. Até 2015, o país asiático pretende aplicar cerca de US$313 bilhões em economia de baixo carbono, valor tão significativo que pode ser comparado ao in-vestimento de petróleo e gás no Brasil.

Pará propõe sistema para agilizar processos ambientais

O Governo do Estado do Pará de-verá descentralizar e regionalizar o processo de licenciamento ambiental. A proposta para transferir responsabili-dades cabíveis aos municípios e a cria-ção de doze regionais da Secretaria de Meio Ambiente (Sema).

As novas ações para a descentra-lização e regionalização do licencia-

mento foram anunciadas durante o 14º Congresso Brasileiro de Mineração, pela Diretora de Licenciamento Ambiental da Sema, Lúcia Porpino.

A mensagem encaminhada pelo gover-nador ao legislativo propõe a criação do Sis-tema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Sisema, que entre outras medidas deverá fundar o Instituto de Águas e Mudan-

ças Climáticas, além de vincular o Ins-tituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor) à Secretaria de Estado de Meio Ambiente.

Segundo a Diretora da Sema, o Si-sema pretende modernizar e agilizar todo o processo do licenciamento am-biental, acompanhando o dinamismo do setor produtivo, em específico da atividade mineral. “O sistema propõe a modernização da legislação ambien-tal do Estado do Pará, que foi criada há 16 anos e que já não acompanha a evolução dos conceitos sobre meio ambiente”, justificou.

Da esq. para dir.: José augusto Fernandes, Diretor Executivo da Confederação Nacional da indústria – CNi, Garo batmanian, Especialista ambiental sênior do banco mundial, e ana Lúcia martins, Vice-presidente de saúde, segurança, meio ambiente e Comunidades da Yamana Gold

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 10

Page 11: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive
Page 12: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

No ambiente de repique da crise finan-ceira internacional, os investidores globais estão mais avessos a assumir riscos, inclusi-ve em projetos de mineração. Esta aversão só tende a aumentar quanto mais os países mineradores – especialmente os em desen-volvimento, como o Brasil – sinalizarem que há risco de mudanças imprevistas nas regras econômicas e políticas.

O alerta foi feito por Philip Hopwood, Lí-der Global de Mineração da Deloitte Touche Tohmatsu Limited (Reino Unido), na sessão plenária “O presente e o futuro do negócio mineral”, realizada no 14º Congresso Brasi-leiro de Mineração.

“Na Austrália, as pessoas estão poupan-do em vez de investir, o que é ruim para o mercado de capitais (que financia os pro-jetos minerais). Na África do Sul, onde há reservas de vários minérios importantes, os investimentos em mineração estão sendo reduzidos em razão do clima de incerteza quanto aos impostos cobrados, às intenções de nacionalização dos recursos minerais (como na Venezuela). As companhias ou es-

tão adiando investimentos na África do Sul ou simplesmente mudando este foco para outros países”, disse.

No Brasil, o governo prepara projetos de lei que alteram o Código Mineral e podem resultar em elevação de encargos e tributos para as mineradoras.

Hopwood comentou situação semelhante na Austrália. “O mundo está cada vez mais dotado de instrumentos regulatórios da ativi-dade produtiva. A mineração precisa de cer-tezas para atuar. Os royalties na Austrália, por exemplo, não representa um custo financeiro significativo para as empresas, em minha opi-nião, se compararmos à real necessidade que essas mineradoras têm de ter certeza da vali-dade do marco regulatório, e não incerteza quanto a ele, porque isso tornaria os investi-mentos, em muitos casos, inviáveis”.

Apesar da aversão a assumir riscos, os investidores têm pela frente grandes desa-fios, qual sejam, minerar em países em que há volatilidade de situação econômica e política, como Afeganistão (cobre e ouro),

Mongólia (cobre) e países africanos (vários minérios, como ferro).

Hopwood também enfatizou que a falta de mão de obra especializada é problema crônico mundial da mineração, “uma barrei-ra ao seu desenvolvimento”, e que a reposi-ção de profissionais que interessam ao setor, no mercado de trabalho, é insuficiente.

Mesmo com o alerta de Hopwood, Co-lin Ronald Pratt, Managing Consultant da CRU Strategies (Reino Unido) e Marcelo Aguiar, Analista brasileiro da Goldman Sa-chs Brasil, apostam que o crescimento chi-nês é boa a perspectiva de exportação de minérios brasileiros.

“A China ainda está conservadora na compra de ativos minerais em outros países (para assegurar oferta para seu mercado in-terno). Podemos esperar que isso fique mais dinâmico”, disse Aguiar. Para Pratt, a China logo responderá por 50% da utilização de vários metais importantes como cobre, zin-co, alumínio, níquel, zinco, estanho e chum-bo. Na última década, a China passou de

Especialista internacional aconselha manter regras estáveis para não afugentar investidores

Da esq. para dir.: roger Downey, Diretor presidente e de relações com investidores da mmx mineração e metálicos s.a, Colin ronald pratt, managing Consultant da CrU strategies, paulo bahia, Diretor da amEC brasil, philip Hopwood, Líder Global de mineração da Deloitte Touche Tohmatsu Limited e marcelo aguiar, analista brasileiro da Goldman sachs brasil

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 12

Page 13: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

um consumo de 10% para 40% desses mi-nérios”. Segundo Pratt, “é preciso aproveitar enquanto a situação está boa, com a China comprando. E esse movimento não deve mudar antes de um prazo de dez anos”.

Sobre este tempo de duração do “mi-lagre econômico chinês”, Pratt diz que a construção de infraestrutura na China não chegou nem à metade da necessidade. “Há muito potencial de crescimento, ainda mais que o movimento migratório do campo para as cidades é imenso. Por isso, o setor mineral brasileiro continuará a ser moldado pela intensa demanda da China. Lembro ainda que com o crescimento, a China vai demandar cada vez mais comida, o que im-plica em importar fertilizantes, uma oportu-nidade para o Brasil”.

Novos desafios

No entanto esse acelerado crescimento traz uma tarefa nada simples para os paí-ses mineradores: o de “repor” minas que esgotam seu potencial. “O desafio é fazer esta reposição em locais em que haja infra-estrutura e logística, o que se torna muito mais caro caso isso não seja possível, quan-do é preciso buscar regiões desprovidas das mesmas condições presentes em projetos em operação”, disse Roger Downey, Dire-tor Presidente e de Relações com Investi-dores da MMX Mineração e Metálicos S.A.

Este fator “reposição de minas” complica as decisões de investimento que são toma-das hoje, uma vez que há indicações de que o preço de determinados minérios podem cair já em 2013. “Além de ter que arcar com as dificuldades de reposição de minas o em-presário tem que projetar o cenário, que pode ser negativo em termos de rentabilida-de deste seu investimento. Isso só aumenta a incerteza desse investimento”, afirmou.

Com a elevação da demanda chinesa, a produção mineral brasileira teve que ser também acelerada, o que encareceu o pro-cesso. O investimento por tonelada (tecno-logia, logística etc.) quase decuplicou, disse.

Sem pesquisa, sem novos investimentos

Embora tenha geologia muito favorável, potencial mineral alto e diversificado, dispo-nibilidade de áreas para exploração, o Brasil ainda investe pouco em pesquisas geológi-cas. Enquanto o Canadá destina montante de US$ 4.968 milhões a cada ano para es-tudos de solo de profundidade de 1 a 2 mil metros, o Brasil reserva US$ 685 milhões para sondagens de 300 metros em média. O resultado dessa equação é que o processo de atração de investimentos no setor de mi-neração tem caído ano a ano.

Segundo o professor e representante da ADIMB, Onildo João Marini, o País não investe na procura de outras commodities, outro erro para um setor que pretende manter-se competitivo.

Embora o ambiente de negócios seja se-guro e confiável e, ainda, a sociedade local seja empreendedora, o governo também não se esforça para atrair investimentos nes-sa área. O professor foi um dos palestran-tes do painel “Estratégias para a atração de novos investimentos em mineração”, no se-gundo dia de atividades do 14º Congresso Internacional de Mineração.

Na mesma mesa, o sócio da Pricewa-terhouseCoopers (PwC), Ronaldo Matos Valiño, lembrou que o ambiente de insta-bilidade política mundial não deve afetar a demanda aquecida por recursos mine-rais nos próximos anos, o que aponta para oportunidades que devem ser melhor apro-veitadas pelo Brasil.

Da esq. para dir.: marcelo aguiar, analista brasileiro da Goldman sachs brasil; Colin ronald pratt, managing Consultant da CrU strategies; roger Downey, Diretor presidente e de relações com investidores da mmx mineração e metálicos s.a

philip Hopwood, Líder Global de mineração da Deloitte Touche Tohmatsu Limited

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 13

Page 14: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Uma mineração sustentável é aquela que, além de seguir as normas internacio-nais e contribuir com as aspirações do País, também considera as expectativas da comu-nidade local e faz dela uma aliada, e não inimiga. Depois da licença ambiental, as mineradoras têm aprendido que necessitam da licença social para operar seus empreen-dimentos. Segundo o Diretor do Sustainable Development Strategies Group (SDSG), Luke Jefries Danielson, com o tempo, as consultas gerais têm sido sistematicamente substituí-das pelo relacionamento com os moradores do entorno. “Ouvir a comunidade faz muita diferença nos resultados dos projetos mine-rais. Apesar do aval legal, as empresas não podem operar com sucesso sem o que cha-mamos de ‘licença social’. É preciso mais do que audiências superficiais. Temos que pas-sar da consulta para o consenso”, ressaltou.

Para a Procuradora-Chefe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-sos Naturais Renováveis (Ibama), Alice Serpa Braga, um caminho para a nova dinâmica seria estabelecer algumas normas básicas que tornassem, por exemplo, obrigatórias as consultas sociais. “A comunidade não pode ser ouvida somente durante o licenciamen-to ambiental. A exploração mineral tem que

Relacionamento com as comunidades na pauta

promover desenvolvimento local, garantir renda para a população e se preocupar com o uso sustentável da natureza”, frisou. Ela disse que o ideal é que o processo de re-cuperação das áreas exploradas tenha início durante o processo de operação.

O gerente geral de Sustentabilidade da Votorantim Metais S/A, Ricardo Barbosa dos Santos, ressaltou que é preciso criar políticas públicas de estimulo para que as empresas incluam o relacionamento com as comuni-dades como parte do negócio.

No entanto, há que se considerar que o poder público tem parcela importante no processo de desenvolvimento das comuni-dades, o que não pode ser assumido apenas pelas corporações. “É preciso que cada ator ocupe seu lugar”, concluiu.

Relatórios de sustentabilidade

A prática não é novidade no mundo cor-porativo, mas também não faz parte de uma tradição milenar. Até pouco tempo cada empresa adotava a linguagem que lhe era conveniente. Porém, desde o surgimento de suas primeiras versões, no final dos anos 1990, as Diretrizes da organização Global

Reporting Initiative (GRI) para elaboração de relatórios de sustentabilidade têm auxiliado empresas a aprimorar sua gestão e seu rela-cionamento com os seus diversos públicos de interesse. Os relatórios são ainda mais relevantes para setores que geram impactos sociais, ambientais e econômicos significati-vos, como o de mineração e metais.

Por meio de um conjunto de princípios e de indicadores que devem ser respondidos para comunicar a gestão socioambiental e econômica da empresa e prestar contas so-bre seu desempenho, as diretrizes orientam o processo de relato para tornar os relatórios mais transparentes e alinhados a um padrão global de qualidade.

“Seguindo as Diretrizes GRI, as em-presas podem relatar seu desempenho em sustentabilidade e comunicá-lo a seus stakeholders. Isto também ajuda interna-mente – por meio do processo de relato, as organizações podem identificar áreas com oportunidades de aprimoramento, o que ajuda numa visão de médio e longo pra-zo”, pondera o Presidente da GRI – Global Reporting Initiative, Ernst Ligteringen.

Os desafios para definir um padrão glo-bal de relato são muitos. Dada a dinâmica do mercado, o documento da GRI, que está na sua terceira geração, está em constante revisão para incluir indicadores e questões pertinentes. Outra dificuldade, nesse senti-do, é tornar o documento capaz de atender à diversidade de temas que são pertinentes a cada negócio.

ricardo barbosa dos santos, Gerente Geral de sustentabilidade da Votorantim metais, Carlos Vilhena, sócio da pinheiro Neto advogados e integrante da Comissão Jurídica do ibram, Luke Jeffries Danielson, Diretor do sustainable Development strategies Group e alice serpa braga, procuradora-Chefe do ibama

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 14

Page 15: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Suplemento Setorial de Mineração e Metais foi

lançado durante Congresso

Foi lançada durante o 14º Congres-so Brasileiro de Mineração, a versão em português do Suplemento Setorial de Mineração e Metais, documento que aprofunda as diretrizes da Global reporting iniciative (GRI) para a pro-dução de relatórios de sustentabilida-de, abordando indicadores e questões complementares e específicos para o setor. O documento foi traduzido por meio de uma ação que envolveu o IBRAM, a consultoria Report, a Vale e outras companhias do segmento.

O Suplemento foi apresentando logo ao final da sessão plenária “Sus-tentabilidade na indústria mineral: as diretrizes do Global report initiative – GRI para o setor”, que contou com a presença do Presidente do GRI, Ernst Ligteringen; e do Diretor Global de Segurança e Desenvolvimento Sus-tentável da Anglo American, Dorian

Emmett. O encontro contou ainda com um depoimento em vídeo do Presidente do Conselho Internacio-nal de Mineração e Metais (ICMM), Anthony Hodge, e com mediação do Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin.

De acordo com o GRI, o núme-ro de relatos de empresas de mine-ração e metais do Brasil aumentou desde que o primeiro relatório foi registrado, em 2002. Em 2010, oito empresas do segmento publicaram relatórios utilizando as diretrizes, que está em sua terceira geração, e visa auxiliar as instituições a melhorar sua gestão, além de ser considerado uma ferramenta importante na demonstra-ção do seu comportamento com as práticas corporativas mais responsá-veis no que diz respeito às dimensões sociais, ambientais e econômicas.

No entanto, nem sempre os parâmetros propostos pela GRI atendem à complexida-de de determinados setores – é aí que en-tram os Suplementos Setoriais, que, de for-ma complementar, apontam indicadores e abordagens que devem ser respondidos nos processos de relato.

O Suplemento Setorial de Mineração e Me-tais teve sua versão piloto lançada em 2005 e foi finalizado em 2010. Sob a coordenação do Conselho Internacional de Mineração e Me-tais (ICMM), um grupo de trabalho composto por empresários, especialistas, ambientalistas e representantes de entidades ajudou na ela-boração do documento, que trata de questões como controle, uso e manejo do solo, direitos indígenas, ciclo de vida dos projetos e políticas de reassentamento de comunidades.

Atualmente, a participação do Brasil no lançamento de relatórios é expressiva – cer-ca de 7% da produção mundial, segundo a própria GRI. “O número de relatos de em-presas de mineração e metais do Brasil regis-trado na GRI aumentou desde que o primei-ro relatório foi registrado, em 2002. Nossa expectativa é que este número cresça ainda mais com o Suplemento Setorial traduzido para o português”, enfatiza Ligteringen.

alice serpa braga, procuradora-Chefe do instituto brasileiro do meio ambiente e dos

recursos Naturais renováveis (ibama)

Dorian Emmett, Diretor Global de segurança e Desenvolvimento sustentável da anglo american

Lançamento da versão em português do suplemento setorial de mineração e metais

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 15

Page 16: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Terceira maior produtora de ouro do mundo, a AngloGold Ashanti pretende au-mentar seus investimentos no Brasil, até 2016, atingindo cerca de US$ 220 milhões anuais ou US$ 1,1 bilhão em cinco anos. Em entrevista coletiva aos jornalistas pre-sentes à EXPOSIBRAM 2011, o Presidente global da empresa sul-africana, Mark Cuti-fani, disse que os principais investimentos serão feitos em Minas Gerais, que abriga a maior mina da companhia.

A intenção da companhia é ampliar a produção de ouro no País, chegando a uma extração de 700 mil onças em 2016. Atualmente, a produção é de 420 mil on-

“Eu tenho a oportunidade de falar sobre sustentabilidade e a primeira observação que eu posso fazer é que sem a indústria da mineração o mundo não é sustentável. Nó somos a chave e temos que levar essa responsabilidade muito a sério”. Assim o Presidente global da sul-africana AngloGold Ashanti, Mark Cutifani, abriu sua conferên-cia, cujo tema foi “O futuro da sustentabi-lidade na mineração”, no 14º Congresso Brasileiro de Mineração - Exposibram 2011. Cutifani colocou o segmento como sendo “a chave para criarmos um mundo melhor”.

Para contextualizar sua análise no Bra-sil, Mark Cutifani ressaltou a importância da atividade minerária para o País. Ele lembrou que a mineração impacta positivamente no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (salta para 15% a 20%, com os serviços agregados) e está diretamente ligada a 40% do desem-penho econômico interno.

A partir deste cenário, o CEO da Anglo-Gold tratou das “oportunidades do futuro” e pediu que a mineração não deixe “coisas sérias para os políticos” decidirem por elas.

O executivo, há 34 anos no setor mine-ral, frisou que a preocupação com a susten-tabilidade não abdica da função do capital na empresa, de “dar resultados aos acionis-tas”. Mas, na ponta, inclui a consolidação deste conceito às comunidades, porque elas estão diretamente ligadas aos “resultados sustentáveis” da empresa.

Um dos desafios da mineração, aponta o Presidente da AngloGold, é corrigir a distor-ção que as comunidades fazem do setor. Mas admitiu que isso é resultado de “maus atores” da mineração e a falta de “escutar com cuida-do o que as comunidades pedem”, pondera.

Ainda no que se refere a questão de comu-nicação, Mark Cutifani avaliou que, no Brasil, o setor da mineração precisa abrir espaços de diálogo nos governos federal, estaduais e mu-nicipais. “Não podemos deixar coisas sérias para os políticos. Eles têm seus papéis impor-tantes. Mas, o futuro do mundo, não podemos deixar nas mãos dos políticos”, advertiu.

Por fim, o CEO da AngloGold reforçou que a preocupação com o desenvolvimento

sustentável vai muito além da preocupação ambiental. “Na minha visão a indústria da mineração tem a oportunidade de liderar o mundo na definição futura de sustentabili-dade. O desenvolvimento sustentável pra-ticado pelo mundo até o momento não é bom o bastante. Deve envolver também o desenvolvimento social. Nós devemos falar em desenvolvimento social como primeiro objetivo. E, neste contexto, falar em desen-volvimento econômico. Pois as pessoas são nossa sociedade, são o futuro e farão a dife-rença”, enfatizou.

ças e a previsão é de que, ano que vem, a extração atinja 500 mil. Para isso, as opera-ções realizadas nas minas de Cuiabá (MT), Córrego do Sítio (MG) e Serra Grande (GO) serão expandidas.

Além dos investimentos nas minas, a empresa deve investir de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões por ano em ações liga-das à sustentabilidade. Na África do Sul, a empresa protagonizou iniciativas pioneiras de melhorias na segurança das minas, o que fez com que o retorno aos acionistas tripli-casse ao longo de dois anos. “Diminuímos em 80% os incidentes dentro das minas, através do aprimoramento na segurança.

O que fizemos com a segurança refletiu po-sitivamente no negócio”, disse.

Cutifani citou ainda a melhoria da comu-nicação com as comunidades onde estão lo-calizadas as minas, como uma das principais ações para propagar a imagem das minerado-ras em geral. “Nem tanto no Brasil, mas em outros países e na Argentina em particular, há uma sensação muito forte de que a minera-ção seja prejudicial ao meio ambiente. É pre-ciso separar as coisas, porque a mineração no século 21 é absolutamente amigável ao meio ambiente. É de extrema importância aprimo-rar o trabalho junto às comunidades para que elas percebam nossa boa atuação.”

AngloGold Ashanti investe US$ 1,1 bilhão no Brasil até 2016

“Sem a indústria da mineração o mundo não é sustentável”

mark Cutifani, presidente da angloGold ashanti

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 16

Page 17: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive
Page 18: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 18

Page 19: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 19

EXPOSIBRAM 2011

Page 20: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Qual a importância do setor de agre-gados para a indústria mineral e para o País?

Areia e brita são matérias-primas vitais ao bem-estar das pessoas e ao desenvolvimen-to econômico. Nada se constrói sem elas. A importância maior dos agregados está na-quilo que ainda está para ser feito. Mesmo nos Estados mais ricos do País, há carências notáveis a serem enfrentadas e corrigidas.

É bastante visível a vinculação da produção de agregados com os demais itens consi-derados definidores da qualidade de vida como a alimentação (construção de silos e armazéns para os programas de abasteci-mento), saúde (construção de sistemas de captação, adução, tratamento e distribui-

ENTREvISTA

fernando ValVerde – PRESIDENTE EXECUTIVO DA ASSOCIAçãO NACIONAL DAS ENTIDADES DE PRODUTORES DE AGREGADOS PARA CONSTRUçãO CIVIL (ANEPAC).

Fernando Valverde foi um dos

palestrantes do 14º Congresso Brasileiro

de Mineração. Nesta entrevista Valverde fala da

importância do setor de agregados para o desenvolvimento

brasileiro.

Agregados da construção civil: significado dos novos investimentos em infraestrutura

ção de água), educação (edifícios e equi-pamentos escolares), transporte (rodovias, vias públicas, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos, pátios e estações), sendo o seu consumo considerado um indicador do bem-estar das populações. É impossível imaginar a nossa existência sem o conforto de uma casa para morar, de estradas pa-vimentadas, de escolas, hospitais, do la-zer etc. E tudo isso é constituído em sua maioria com areia e brita. Os agregados são também, cada vez mais importantes na proteção ambiental através da utilização no controle de erosões, purificação da água, substituição da madeira etc.

Como se dá a relação entre a questão logística e setor?

Se “questão logística” se refere a transporte e distribuição de agregados, a resposta é que o preço final do agregado duplica se tiver que ser transportado mais que 50 km. Então, é essencial que a areia e a brita sejam pro-duzidas o mais próximo possível dos locais de consumo. Neste nível de distância, não há outro modo de transporte possível que o rodoviário, ou seja, caminhões. Distâncias maiores viabilizam o transporte ferroviário e o fluvial. Aí existe a necessidade de montar áreas de transbordo, terminais de distribui-ção etc. No caso do transporte fluvial, se a extração (de areia) se dá no mesmo rio onde se transporta, a embarcação pode tanto fa-zer a extração e o transporte ou ser carrega-da por outra embarcação (draga) e transpor-tar a carga até o porto.

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 20

Page 21: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

As perspectivas no cenário brasileiro são bastante otimistas. Um dos moti-vos para isso são os grandes eventos que acontecerão, como Olimpíadas e Copa do Mundo, além do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com todos estes estímulos, como o setor de agregados está se preparando para atender a futura demanda?

Como qualquer tipo de mineração, a im-plantação de uma pedreira ou de um porto de areia demanda tempo. Além de encon-trar uma reserva com rocha ou sedimento de qualidade com condições de ser usada na construção, é preciso que a área esteja numa posição favorável de tal forma que seu preço final seja competitivo com as já insta-ladas. Além disso, é preciso também obter as licenças ambientais e a concessão (ou licen-ça) mineral, processo que pode muitas vezes levar mais de cinco anos.

Para as atividades já instaladas, a decisão de investir para aumentar a produção vai de-pender muitas vezes das condições de ad-quirir novos equipamentos e máquinas. Para exemplificar, o setor de agregados viveu um grande período de baixas vendas. Somen-te a partir de 2005, o mercado melhorou. Muitas empresas não puderam trocar má-quinas e equipamentos neste período, pois o mercado não justificava o investimento. Então, máquinas e equipamentos tiveram de ser sobreutilizados com aumento de cus-tos finais. Quando o mercado melhorou, máquinas e equipamentos estavam no auge da demanda. A entrega de qualquer equi-pamento tinha prazos superiores a seis me-ses, havia o problema do financiamento etc. Assim, somente depois da crise de 2008, houve condições de ter acesso a máquinas e equipamentos. A consequência disso foi um aumento dos preços dos agregados. As em-presas passaram a trabalhar em mais turnos para atender à demanda.

Apesar do aumento no consumo de agregados, a demanda brasileira ainda é baixa. O que podemos inferir a par-tir desse baixo índice? Como melhorar este cenário?

Há uma relação muito estreita entre renda e consumo de agregados. Com maior renda, fa-mílias adquirem imóveis ou fazem reformas, com consequente aumento do consumo.

Há também outro aspecto. Obras como rodovias, barragens, saneamento, urba-nização feitas num período de grande in-vestimento público aumentam considera-velmente o consumo por habitante. Como exemplo, podemos citar o caso da provín-cia de Ontário no Canadá, que nas décadas de 80/90 fez grandes investimentos públi-cos, o que levou o consumo per capita para mais de 15 t/hab/ano. A Espanha, recente-mente, também teve um grande boom de investimentos. O consumo per capita tam-bém chegou a níveis parecidos.

A principal ajuda seria não deixar que re-cursos importantes de rocha e sedimentos sejam perdidos. A falta de planejamento já esterilizou muitas áreas onde rocha e sedimentos poderiam ter sido extraídos. O avanço da urbanização foi sempre o mais importante fator dessa esterilização. Então, esses recursos devem ser identifica-dos, qualificados e colocados nos planos diretores municipais, fazendo com que eles possam ser preservados para o futu-ro. Este tipo de demanda não é feito só no Brasil. A União Europeia de Produto-res de Agregados (UEPG) está pleiteando planos semelhantes para todos os estados membros da Comunidade Europeia junto à Comissão Europeia. Outros países da Eu-ropa que não fazem parte da EU também trabalham nesse sentido com o apoio da UEPG. O Presidente da UEPG Jim O’Brien fará uma palestra sobre o assunto no III Seminário Internacional sobre Mineração de Agregados, promovido pela ANEPAC, que vai ocorrer de 8 a 10 de novembro próximo em Atibaia-SP. A província de Ontário (Canadá), o Reino Unido e a Fran-ça se dedicaram a este tipo de planeja-mento nas décadas de 60 e 70. Ontário está completando 40 anos da aplicação de uma política para agregados e a Presidente da Associação da Pedra, Areia e Cascalho de Ontário (OSS&GA), Moreen Miller, vai apresentar os resultados dessa política no Seminário Internacional da ANEPAC.

Como o setor tem desenvolvido as ações que visam a sustentabilidade?

Concentrando-se no aspecto ambiental, podemos dizer que a extração de rocha e de areia e cascalho não gera resíduos pe-rigosos. Os principais problemas gerados são paisagísticos e o tráfego de caminhões. Como as pedreiras e portos de areia estão quase sempre próximas a áreas urbanas, estas situações devem ser tratadas com muito cuidado pelos produtores de agrega-dos, pois estão frequentemente sob o crivo da comunidade vizinha ou do município (ou municípios) onde atua. No caso da deterioração paisagística, o setor há muito prática a recuperação da área degrada. No caso dos produtores de areia, isso é feita com muito mais frequencia, já que a ex-tração é feita em parcelas e as cavas uma vez exauridas devem ser recuperadas e ter

O que se constata nos países desenvolvidos é que o consumo atinge um patamar alto com obras e depois se reduz, mas ainda man-tendo um patamar elevado devido à neces-sidade de manutenção do que foi constru-ído, substituição de equipamentos públicos e privados e novas construções. Os países emergentes estão investindo fortemente em infraestrutura, caso da China, que hoje é o maior produtor e consumidor de cimento. Isto vai elevar muito o consumo per capita. Quando as obras essenciais estiverem con-cluídas, deverá haver um pequeno declínio, mas o aumento da renda deve fazer com que o patamar de consumo seja muito maior que quando se iniciou o ciclo e se mantenha. O mesmo deve ocorrer no Brasil.

Como o governo brasileiro poderia incentivar um desenvolvimento ainda maior desta indústria?

"há uma relação

muito estreita entre

renda e Consumo

de agregados. Com

maior renda, famílias

adquirem imóVeis ou

fazem reformas, Com

Consequente aumento

do Consumo."

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 21

Page 22: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

uma destinação. Na maioria dos casos, a mineração recupera a mata ciliar destruída por outras atividades pré-existentes. No caso de pedreiras, cuja atividade pode perdurar por décadas, busca-se, de certa forma, “esconder” a atividade por meio de cortinas vegetais. Em geral, no fim da ativi-dade, a cava gerada pela extração de agre-gados pode ser usada de muitas formas e se incorpora de novo ao patrimônio do pro-prietário e do município. Trata-se de típico uso transitório do solo.

No caso do tráfego de caminhões que levam o agregado ao mercado, o fator mais impor-tante é minimizar suas consequências para quem vive na rota do tráfego. Entra no caso a importância da boa relação com a comu-nidade, o treinamento de motoristas, frota em boas condições, a escolha adequada das empresas que fazem o transporte, assim

como andar com a carga dentro dos limites legais e devidamente coberta.

A reciclagem pode ser uma oportuni-dade? As empresas estão preparadas para isto?

Nos países onde é mais comum a recicla-gem, muitas vezes as próprias empresas produtoras de agregados naturais recebem o material a ser reciclado e o adequa ao reuso. Entretanto, está ficando usual fazer isso diretamente na obra de demolição com equipamentos de britagem e classifica-ção móveis de tamanho compacto. No caso dos pavimentos, as próprias empresas que reconstroem as ruas ou estradas já fazem a reciclagem in loco e reaplicam o produto. Deve-se observar que mesmo nos países que mais reciclam, caso da Bélgica e da

Holanda, o agregado produzido responde por, no máximo, 15% do consumo.

Entendemos que quem deve definir qual a melhor forma de fazer o entulho da cons-trução civil chegar ao destino onde deve ser reciclado é a autoridade pública.

Quais os principais desafios encontra-dos pelo setor?

O principal é o de conseguir reservar e pro-teger áreas em extração e potenciais para se-rem exploradas. Devemos reconhecer que o Brasil está ainda muito atrasado nesta ques-tão. Em princípio, existe hoje o reconheci-mento que a mineração de agregados é uma atividade importante para a melhoria do padrão de vida dos habitantes das cidades. Entretanto, institucionalmente, muito pouco foi feito. Ainda persiste entre os administra-dores públicos a noção distorcida de que os recursos minerais para a produção de agre-gados para a construção civil são abundan-tes. Uma pedreira ou um porto de areia não passam de um estorvo. Quanto mais longe estiverem dos olhos dos cidadãos, melhor. Se o problema deve existir, que seja com o vizinho e por aí afora. Ao contrário de ou-tros países, não temos levantamentos siste-máticos de recursos de areia e rochas nem nos grandes Estados consumidores, nem se planeja. Não há preocupação em solucionar os entraves legais e burocráticos à atividade.

Nesse sentido, cabe aos produtores, cada vez mais fortalecerem suas entidades de classe para que estas possam reivindicar e participar de medidas efetivas para planejar a atividade de agregados.

Estes desafios serão abordados no Se-minário programado para novembro? Quais outros tópicos serão debatidos?

O Seminário Internacional vai tratar princi-palmente de “Relações Comunitárias”. Va-mos ouvir e cotejar experiências feitas lá fora e aqui no Brasil. Trataremos também do tó-pico abordado na questão 5 e 9, ou seja, do acesso aos recursos de agregados e das no-vas exigências de qualidade para o produto “agregado”, isto é, quais as exigências para um bom concreto, para um bom pavimento que os agregados devem atender.

ENTREvISTA – cONTINuAçãO

"Cabe aos produtores, Cada Vez mais fortaleCerem

suas entidades de Classe para que estas possam

reiVindiCar e partiCipar de medidas efetiVas para

planeJar a atiVidade de agregados."

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 22

Page 23: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Investimentos em cenário de crise mun-dial, mudança de marco regulatório e prá-ticas de sustentabilidade foram os temas abordados por três dos mais importantes dirigentes de empresas do segmento mineral do País: o Diretor Presidente da Embu S/A Engenharia e Comércio e Vice-Presidente do Conselho Diretor do IBRAM, Luiz Eulá-lio Moraes Terra; o Diretor Geral da Com-panhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Tadeu Carneiro, e o Diretor Exe-cutivo da VALE Canadá, Tito Botelho Mar-tins, com a mediação do jornalista William Waack, no talk show “Mineração: base do crescimento mundial”.

Diferente dos recursos aplicados em ou-tros segmentos, os investimentos em minera-ção têm prazo de maturação maior, varian-do de sete a doze anos. A economia estável e o aumento da demanda por commodities minerais sinaliza para um futuro promissor, segundo Martins.

No entanto, a mudança das “regras do jogo” pode comprometer investimentos no setor, como lembrou Carneiro. Ainda conforme o executivo, é preciso cuidado ao tratar a questão para que, em vez de melhorias, o resultado não seja uma lista de mais problemas.

Dirigentes discutem os desafios da produção mineral brasileira

Metais antes pouco conhecidos, os 17 elementos químicos pertencentes ao grupo dos terras raras, hoje figuram como uma das grandes apostas da economia mundial. Mui-to utilizados no setor de tecnologia de pon-ta, estes elementos de extração complexa, são também foco de interesse para os paí-ses que pretendem exportar o que pode ser considerado “o ouro do século XXI”.

No 14º Congresso Brasileiro de Mi-neração, o Professor Associado da Escola Politécnica da USP e Diretor de Inovação

do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Fernando Landgraf, disse que o Brasil até bem pouco tempo atrás não era conside-rado potencial explorador de terras raras. Porém, com um novo mapeamento das ter-ras, publicado em 2010, provou-se que só em Catalão (GO) as reservas de terras raras chegam a 120 milhões de toneladas. “Além da produção de superímãs, estes metais po-dem ser utilizados como geradores de ener-gia eólica, componentes de motores de car-ros híbridos e elétricos, além de parte dos discos rígidos de computadores”, diz.

Outra descoberta recente em terras bra-sileiras foi uma grande jazida de Tálio, em Barreiras (BA). A jazida constitui a única ocorrência mundial conhecida da associa-ção manganês, cobalto e tálio em ambien-te geológico continental. “Essa também é a única jazida conhecida no mundo, onde se pode considerar o tálio como o elemento de maior interesse econômico, já que ele per-maneceu indiferente à crise de 2009, com cotação sempre em alta”, afirmou o Diretor Técnico da Itaoeste Vladimir Aps.

terras raras despontam como principal matéria-prima para mercado tecnológico

Uma das maiores aplicações do Tálio é na medicina, onde é considerado um ra-diofármaco da melhor qualidade, usado como contraste para geração de imagens cardiovasculares. Além disso, também é um material termoelétrico e supercondutor em alta temperatura. “Hoje, ele só é produzi-do no mundo no Cazaquistão e na China, sendo que a China atualmente reduziu as exportações e se tornou importadora de Tálio. Portanto, como concorrência, só res-ta o Cazaquistão”, disse.

Já Luiz Eulálio Moraes Terra destacou que o cenário de mudança anunciada é preocu-pante porque ainda não há consenso entre governo e empresas. Apesar da participação das entidades que representam o setor, se-gundo ele, há várias divergências relativas ao modelo ideal de exploração mineral, sendo necessário um debate mais amplo.

Diretor Técnico da itaoeste, Vladimir aps

Diretor de inovação do instituto de pesquisas Tecnológicas, Fernando Landgraf

Talk show realizado durante o 14º Congresso brasileiro de mineração

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 23

Page 24: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

segurança e saÚde

A Segurança e Saúde dos trabalhadores é um dos principais fatores de competição para as empresas mineradoras no mercado global. O tema, que tem merecido atenção cada vez maior dos dirigentes e profissionais das empresas, foi um dos destaques da pro-gramação do 14º Congresso Brasileiro de Mineração / EXPOSIBRAM 2011.

O painel “Segurança e Saúde ocupacional: ferramenta de competitividade global na mi-neração”, coordenado pelo Programa MINER- AÇãO, contou com a participação do Espe-cialista Setorial em Mineração da Organiza-ção Internacional do Trabalho (OIT), Martin Hahn; do Diretor do Departamento de Segu-rança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Rinaldo Marinho Costa Filho; do Gerente Geral de Segurança e Saúde da Anglo American – Minério de Ferro Brasil, Luiz Humberto Fernandes; do Gerente Geral de Operações da AngloGold Ashanti, Camilo de Lelis Farace; e do Diretor do De-partamento de Desenvolvimento Sustentável na Mineração do Ministério de Minas e Ener-gia, Edson Melo, como moderador.

Hahn deu início ao debate fazendo uma de-talhada apresentação do trabalho desenvolvi-do pela OIT e da Convenção 176, que versa sobre a Saúde e Segurança do Trabalho na Mineração. Entre as regulamentações especí-ficas sobre o setor, o especialista falou sobre os códigos de conduta estabelecidos pelo ór-gão, manuais e outros materiais de referência. A convenção 176, adotada em 1995, foi ra-tificada em 25 países, entre eles Brasil, mem-bros da União Europeia, Peru, África do Sul e Estados Unidos. Complementando a medida, foi lançada a recomendação 183, que estabe-lece direitos dos trabalhadores e deveres das empregadoras no sentido de garantir o máxi-mo de segurança aos empregados.

A fala foi seguida pela palestra de Rinaldo Marinho Costa Filho, que apresentou os princípios da Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalho – PNSST e reforçou a mudança da cultura de reparação para as ações de prevenção, proteção e promoção. “a SST não é apenas um fator de competiti-vidade das empresas, mas uma questão de sobrevivência”. Costa Filho destacou ainda a taxa de mortalidade nas atividades minerá-rias, índice que atualmente se encontra aci-ma da média nacional, e o resultado das ins-peções de trabalho que o Sistema Federal de Inspeção do Trabalho, a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego, vem realizando.

De acordo com Luiz Humberto Fernandes, da AngloAmerican, a SST é uma das maio-res premissas da empresa. “Este é um assun-to de extrema importância para nós, e esta preocupação é incentivada por nossa Presi-dente mundial, Cynthia Carroll”, afirmou. Luiz Humberto apresentou o Programa de Segurança, elaborado pela AngloAmerican em parceria com a Universidade de São Pau-lo – USP, no qual trabalha a Gestão de Riscos como o pilar central com foco na Zero Lesão. Informou ainda que este Programa de Segu-rança foi cedido ao IBRAM, e está disponível para associados do Programa MINERAÇãO.

MINERAÇãO Dá IníCIO A SéRIE DE CURSOS SOBRE ESPAÇOS COnfInADOS

Foi realizado, entre os dias 17 e 22 de outubro, em Belo Horizonte (MG), a pri-meira etapa do curso “Espaço Confinado”, realizado pelo Programa MINERAÇãO em parceria com o SESI. Ministrado pelo Téc-nico em Segurança do Trabalho do SESI/SENAI-RJ Marco Antônio Pinto Balthazar, o treinamento teve como objetivo preparar trabalhadores da mineração para os riscos relacionados aos espaços confinados - áre-as não projetadas para ocupação contínua e que possuem meios limitados de entra-da e saída, além de ventilação inexisten-te para remover contaminantes perigosos. O curso é dividido em módulos – 16 horas para trabalhadores entrantes e vigias e 40 horas para supervisores – e conta com par-te técnica e prática.

Interessados em participar das próximas etapas do curso (vide tabela abaixo) podem se inscrever pelo e-mail: [email protected]. Outras informações es-tão disponíveis no site do Programa MINER- AÇãO: www.programamineracao.org.br.

CURSO ESPAÇO COnfInADO

• PARAná: De 7 a 11 de novembro de 2011 – lOCAl: SESI /PR • RIO DE JAnEIRO: De 21 a 25 de novembro de 2011 – lOCAl: SESI/RJ

REAlIzAÇãO: IBRAM / Programa MINERAÇãO / SESIInfORMAÇõES: [email protected] / (31) 3223-6751

agenda

PROGRAMA MINERAÇãO PROMOVE PAInEl SOBRE SSt nO 14º COnGRESSO DE MInERAÇãO

martin Hahn, Especialista setorial em mineração da organização internacional do Trabalho (oiT)

primeira etapa do curso “Espaço Confinado”, em belo Horizonte (mG)

Page 25: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

fAP 2012 Já EStá DISPOníVEl PARA COnSUltA

O FAP 2012 (Fator Acidentário de Pre-venção) já esta disponível para consulta na página do Ministério da Previdência Social (MPS). O documento pode ser acessado pelo link https://www2.data-prev.gov.br/FapWeb/pages/login.xhtml.

Fonte: http://www.relacoesdotrabalho.com.br

O governo do Paraná anunciou iniciati-vas em prol da Saúde e Segurança do Tra-balhador. O trabalho será feito por meio do incentivo financeiro aos municípios que melhoraram a notificação de aciden-tes e doenças relacionados ao trabalho e da criação de três novos Centros de Refe-rência em Saúde do Trabalhador. As me-didas fazem parte da Política Estadual de Saúde do Trabalhador.

atualidades

O Programa MINERAÇãO promoveu, com sucesso, o lançamento do livro “Investi-gação e Análise de Incidentes – Conhecendo o incidente para prevenir” (Editora Edicon), escrito por Reginaldo Pedreira Lapa e Maria Luiza Sampaio Goes. A obra foi lançada no dia 26 de setembro, no estande do IBRAM, durante a realização da EXPOSIBRAM.

Além do autor, o evento contou com a presença do Presidente do IBRAM, Paulo Ca-millo Vargas Penna; do Diretor de Assuntos Minerários, Marcelo Ribeiro Tunes; do Dire-tor de Assuntos Ambientais, Rinaldo Mancin; e da Coordenadora do Programa MINER- AÇãO, Cláudia Pellegrinelli, entre outros.

De acordo com Reginaldo Pedreira Lapa, Professor de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), a obra propõe uma profun-da investigação sobre o tema, além de uma análise criteriosa das causas de alguns tipos

de incidentes ocorridos dentro das minas. O autor, que atuou por mais de 20 anos como Engenheiro de Segurança em minera-doras, buscou na própria experiência a ins-piração para o trabalho. “Sempre tive muita dificuldade em encontrar bibliografia sobre o tema, especialmente em português. Por isso, decidi me dedicar ao projeto e, durante dois anos, trabalhei no livro e usei como base as situações que vivi como profissional e tam-bém as deficiências de pesquisas sobre o tema que percebia como professor”, conta.

O livro “Investigação e Análise de Inci-dentes” traça um panorama da teoria e gê-nese dos incidentes. “O meu objetivo não é fazer um estudo de casos de incidentes, a intenção é propor uma investigação das razões que levaram a ocorrer o problema, buscando, através da sua análise, evitá-lo”, explica, reforçando que em certos inciden-

O valor para cada Secretaria Municipal de Saúde será definido por critérios populacio-nais e metas que o município deve cumprir – como a implantação de ações de promo-ção e vigilância da saúde do trabalhador no Plano Municipal de Saúde, entre outros. O Governo também anunciou a implantação de três novos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST até o final de 2011.

Fonte: agência de Notícias do paraná

PARAná lAnÇA POlítICA EStADUAl DE SAúDE DO tRABAlHADOR

A Organização Internacional do Traba-lho (OIT) promoveu, em 26 de setembro, em Lima (Peru), uma reunião latino-ame-ricana sobre Saúde e Segurança Ocupacio-nal na mineração. O encontro teve como objetivo alertar para a necessidade de su-perar os desafios envolvidos na solução das deficiências do setor, que emprega 1% da força de trabalho global, mas gera 8% dos acidentes fatais no trabalho. O MINER-

PROGRAMA MINERAÇãO é REPRESEntADO EM EnCOntRO DA OIt

AÇãO foi representado por Hermano Go-mes Machado, Consultor de Segurança da Anglogold Ashanti e Diretor Técnico da AMES – Associação Mineira de Engenharia de Segurança.

O Conselho de Administração da OIT convocou esta reunião regional tripartite devido a expressões de interesse manifesta-das por vários países latino-americanos, que pedem um local onde possam trocar experi-ências sobre saúde e segurança ocupacional de seus respectivos países. De acordo com a Diretora Regional para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco, “os acidentes

podem ser prevenidos” e por isso mesmo a OIT incentiva esse intercâmbio.

Além disso, a Diretora argumentou que nos países da América Latina o setor da mineração é muito importante e por isso recebe muitos investimentos, o que torna ainda mais relevante a implementação de medidas que permitam aos trabalhadores melhor executarem suas tarefas, propiciem às empresas um melhor funcionamento de suas atividades e possibilitem aos governos dar garantias que o setor gerará trabalhos decentes e seguros.

Fonte: oiT

MINERAÇãO PROMOVE lAnÇAMEntO DE lIVRO SOBRE InVEStIGAÇãO DE InCIDEntES nA EXPOSIBRAM 2011

tes, normalmente o dano social é gravíssimo, como nos casos onde ocorre óbito.

Para a Coordenadora do Programa, Cláu-dia Pellegrinelli, a iniciativa é muito impor-tante para chamar a atenção dos profissio-nais da área para importância do tema. “Este livro tem grande relação com os temas que abordamos no MINERAÇãO, daí nosso inte-resse em apoiar causas como esta”, afirmou.

paulo Camillo penna, presidente do ibram, prestigia lançamento do livro sobre investigação de incidentes

Page 26: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

ARTIgO

por adJarma azeVedo

Presidente da Associação Brasileira do Alumínio

O Brasil ocupa uma posição privilegiada na geografia global do alumínio. Na etapa ini-cial da cadeia produtiva, a mineração, o País detém a terceira maior reserva de bauxita e é o segundo maior produtor do minério. Em 2010 foram 32 milhões de toneladas produ-zidas, 22% a mais que em 2009. Destaque para o desempenho da mina de Juruti (PA) da Alcoa Alumínio, que já atingiu sua plena capacidade de extração. Com a expansão da mina de Paragominas (PA), da Norsk Hydro, a produção brasileira atingirá 40 milhões de toneladas em 2016.

A etapa posterior, de refino do minério para a obtenção de alumina também é signi-ficativa. Terceiro maior produtor mundial de alumina, o Brasil produziu 9,4 milhões de to-neladas em 2010, volume 8,3% superior ao de 2009. Destaque para a expansão da Alumar, em São Luis (MA), que elevou sua produção em 1 milhão de toneladas. Novas expansões da Alunorte, em Barcarena (PA), Alumar e a anunciada instalação de nova planta pela Nor-sk Hydro, elevarão a produção nacional de alumina para 13 milhões, também em 2016.

As expansões de produção na mineração e no refino, no entanto, não encontra na etapa posterior da cadeia, de produção de alumí-nio primário, o mesmo ritmo de evolução. Ao contrário, desde 1985, após o início das ope-rações da Albras, no Pará, o Brasil não cons-trói uma nova planta de redução de alumínio. Desde então, o aumento da capacidade de produção de metal primário deu-se apenas por ampliações de instalações já existentes.

Por conta deste descompasso, a bauxita e a alumina, produtos da etapa mineral da cadeia, vêm assumindo papeis cada vez mais importantes na balança comercial brasileira. Em 2010, pela primeira vez, o total de ven-

Alumínio e os desafios do Brasil para cumprir sua vocação natural

das externas de bauxita e alumina ultrapassou o de alumínio e seus produtos. Fato que se repetirá em 2011 e nos próximos anos, pois cada vez mais o excedente da produção de alumínio primário, que anteriormente se des-tinava ao mercado externo, hoje sustenta a forte expansão do consumo doméstico.

A estagnação da produção de alumínio primário decorre principalmente da perda da competitividade da energia elétrica no Bra-sil, intensificada ano após ano, por conta das inúmeras taxas, tributos e encargos que foram adicionadas ao seu preço e à esterilização do enorme potencial de energia hídrica na Região Norte, que empurra o País para fontes ener-géticas mais caras e poluidoras. Reflexo dos preços proibitivos que a energia elétrica atin-giu nos últimos anos, as fábricas de alumínio primário da Valesul (RJ) e da Novelis (BA) en-cerraram suas atividades, eliminando 150 mil toneladas da capacidade produtiva nacional.

A indústria brasileira do alumínio nesse mo-mento tem como desafio solucionar essa perda de capacidade de produção nacional de alumí-nio primário, a fim de atender ao aumento da demanda doméstica pelo metal nos próximos anos. Pois o Brasil vive um momento particu-larmente especial em seu desenvolvimento, com diversas obras ou projetos em andamen-tos em infraestrutura, eletricidade, habitação e transportes – segmentos que demandarão um grande volume de produtos de alumínio. Estu-do realizado pela Fundação Getulio Vargas em 2010 estima um aumento mínimo de 6,6% ao ano no consumo de alumínio, levando o País a superar a marca de 2,5 milhões de toneladas/ano, até o final desta década.

No entanto, o apetite do mercado domés-tico por alumínio, aliado à perda de competiti-vidade do setor transformador, decorrente dos altos custos de produção e excesso de carga tributária, tem acelerado a entrada de produ-tos semimanufaturados ou acabados contendo alumínio, importados principalmente dos paí-

ses asiáticos. Para se ter a conta do tamanho desta invasão, a entrada de alumínio e seus produtos provenientes da China passou de 17,9 mil toneladas em 2009, para 45,8 mil to-neladas em 2010, um salto de 156%. Trata-se de mais um desafio, não só para o alumínio, mas para toda a indústria nacional.

Esse é o cenário, esses são os desafios que nossa indústria levou incessantemente ao co-nhecimento dos governantes. Fato é que, no mês de julho, por meio de Portaria Intermi-nisterial, foi criado o Grupo de Trabalho do Alumínio – envolvendo os ministérios da Fa-zenda, Minas e Energia e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além do BN-DES e da Empresa de Pesquisa Energética – com o objetivo de estudar alternativas para promover a competitividade da cadeia pro-dutiva do alumínio no País.

É imprescindível ressaltar que a riqueza gerada e distribuída a toda sociedade, com a geração de empregos e renda e o recolhimento de impostos sobre produtos com maior valor agregado, será maior e mais sustentável que a opção pelo mero aumento de tributos incidentes na cadeia, como a propalada elevação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais – CFEM.

São essas as condições para o Brasil cum-prir sua vocação natural para ser um grande participante global no setor do alumínio, em todas as etapas, da mineração à transformação – incluindo a reciclagem, atividade que muito orgulha a indústria brasileira, que é exemplo mundial de eficiência e sustentabilidade. Ou alcançamos a competitividade que fez desse País uma potência na produção primária e na transformação de produtos semimanufatu-rados, ou veremos o País regressar drastica-mente em sua cadeia produtiva, deixando de agregar valor à matéria-prima, enquanto assis-te ao aumento das importações e à eliminação estrutural de postos de trabalho... enfim à de-sestruturação irreversível da indústria.

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 26

Page 27: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

A demanda de níquel continua forte e oferece boas perspectivas, garantiu a Presidente Global da Anglo American, Cynthia Carroll. Segundo ela, a instabilidade nas cotações ainda não gerou nenhum cancelamento no segmento.

“Estamos conversando com nossos fornecedores e os pedidos não serão cancelados nos próximos dois anos”, afirmou a executiva, presente ao 14º Congresso Brasileiro de Mineração, realizado em Belo Horizonte.

Como informado no jornal Valor Econômico, Carroll enfatizou que a volatilidade dos mercados tem sido provocada principalmente pela

Cynthia Carroll, da Anglo American, pede união das mineradoras pela sustentabilidade

níQUEl: CRISE nãO GEROU CAnCElAMEntO DE PEDIDOS AfIRMA CYntHIA CARROll

crise nas economias europeias, com impactos fortes nos preços das commodities. Mas essa é uma situação de curto prazo. “O panora-ma para a indústria no médio e longo prazos é bom”, completou.

A executiva disse ainda que a empresa segue aumentando sua capacidade de produção de minérios e metais para dar conta da demanda mundial. Segundo ela, dificuldade na obtenção de licenças ambientais e a carência de infraestrutura em países produtores desafiam mais as mineradoras do que a volatilidade dos preços das commodities.

*Com informações dos jornais Valor Econômico e reuters

“Mineração e responsabilidade social corporativa” foi um dos temas tratados du-rante o 14º Congresso Brasileiro de Minera-ção. “Responsabilidade Corporativa Social é uma área muito falada e muitas vezes mal compreendida”, afirmou a Presidente Executiva da Anglo American – PLC (UK), Cynthia Carroll, responsável pela palestra.

Carroll conclamou todo o setor minerá-rio brasileiro a se unir para ampliar as práti-cas de sustentabilidade. “O setor precisa agir em conjunto para melhorar os aspectos de sustentabilidade da atividade. Hoje isso não é feito de forma eficaz. É preciso ter esta per-cepção. A mineração tem um legado históri-co. Nem todos agiram com responsabilidade (social e ambiental) no passado. E ainda hoje há os que não agem assim. Temos que lide-rar essa mudança. Não se pode deixar que os poucos irresponsáveis manchem o que fazem os muitos responsáveis”, afirmou.

Além de sugerir a união de esforços en-tre as mineradoras, Carroll diz que cada uma deve “forjar parcerias duradouras” com en-tidades diversas, como sindicatos, governos, ONGs, entre outras, além das comunidades,

de modo a desenvolver melhor a sustentabilida-de mineral. “Não vamos conseguir isso agindo sozinhos, sem essas par-cerias com a socieda-de”, resumiu.

Ela citou vários exemplos de parcerias dessa natureza que a Anglo American man-tém em muitos países, como África do Sul, Chile e Peru, bem como no Brasil. Citou por exemplo a parceria com o Senai para capacita-ção de mão de obra.

A executiva também reservou parte do discurso para enaltecer a importância de o setor mineral abrir maior espaço para a mão de obra feminina, ainda mais que há escas-sez de profissionais qualificados no setor mi-neral em todo o mundo. A Anglo American mantém 21% de mulheres contratadas no Brasil e pretende chegar a 25%.

“A cadeia de suprimento responsável e um compromisso com o desenvolvimento são apenas parte da missão para cumprir as Metas de Desenvolvimento do Milê-nio. Mas são áreas em que a comunida-de empresarial tem o poder de fazer uma diferença real na eliminação da pobreza” enfatizou.

Cynthia Carroll, presidente Executiva da anglo american – pLC (UK), no 14º Congresso brasileiro de mineração

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 27

Page 28: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Uma das atrações da EXPOSIBRAM 2011 e do 14º Congresso Brasileiro de Mineração foi a entrega do Prêmio Olami (Organismo Latino-americano de Mineração), que pre-miou duas empresas que desenvolveram importantes projetos na área da mineração. O Secretário Geral Hugo Nielson destacou a importância de se fomentar uma mine-ração sustentável. “As empresas premiadas demonstraram preocupação com atividades como mineração informal e também cuida-dos com a água e o meio ambiente.”

O Prêmio Zônia Osorio de Fernandez, de excelência em gestão social, foi entregue à empresa boliviana Medmin, que desenvol-veu importante trabalho junto a cooperativas

“é o momento de desenvolver nossas riquezas minerais”

O Secretário Geral do Olami – Organismo Latino-americano de Mineração, Hugo Nielson, definiu a EXPOSIBRAM e o Congresso Brasileiro de Mine-ração como “o mais importante evento da mineração na América Latina”. Nesta entrevista, o secretário da entidade sediada na Argentina destaca as potencialidades da mineração no continente, em particular no Brasil, para geração de riqueza para nossos povos.

Qual é a importância do Brasil na mineração da América latina?

Creio que o Brasil seja o atual líder. É um-país que tem muitas possibilidades de atra-ção de investimentos. Claramente vejo que Peru, Chile, Colômbia, Brasil e Argentina têm as melhores possibilidades de desen-volver sua riqueza mineral. Resta saber se seremos capazes de aproveitar essas po-tencialidades, pois acredito que a oportu-nidade seja a atual demanda por minerais, sobretudo por conta da demanda da China, da Índia que são as nações que impulsio-nam a economia global. Agora é o momen-to quando podemos aproveitá-las.

A mineração informal é muito perigosa. A primeira medida a ser tomada é infor-mar as pessoas. Temos que avaliar bem qualquer atitude, porque nem sempre a repressão é a melhor ação a ser tomada, quiçá quando se quer ajudar os minerado-res informais a incorporar novas tecnolo-gias e melhorar seus métodos de explora-ção de atividades, a fim de trazê-los para formalidade. Podemos clarificar as coisas e entender que a mineração é uma ativi-dade totalmente nobre e absolutamente imprescindível para a humanidade e que pode ser feita corretamente quando todos estão comprometidos.

Prêmio Olami prestigia duas empresas que se destacaram no setor minerário

de mineração informal no País, fazendo com que os mineiros se adequassem à legislação ambiental. “Tentamos fazer com que estas as-sociações diminuam os impactos ambientais, incentivando um trabalho mais sustentável e responsável. Além de incentivá-los a obter sua licença ambiental”, explicou a consultora ambiental Karina Leaño.

O Prêmio Gildo Sá de Albuquerque, de excelência em gestão ambiental, foi con-quistado pela empresa argentina Minera Aguilar. A empresa, com 80 anos de trajetó-ria, inovou ao implantar uma plataforma de alta tecnologia para tratamento de efluentes em uma das comunidades onde atua. “Nos-sa empresa sempre priorizou a segurança e

no aspecto ambiental, o setor ainda precisa resolver questões importantes nos países da América latina?

Penso que sim. Nem tanto no Brasil, mas em outros países e na Argentina em particular há uma sensação muito forte que a mine-ração seja prejudicial ao meio ambiente. É preciso de uma vez por todas separar as coisas, porque a mineração no século 21 é absolutamente amigável ao meio ambiente, como qualquer atividade humana.

Como o setor vem se organizando no continente para formalizar a produção?

o cuidado com o meio ambiente. Esse trata-mento permite devolver a água utilizada aos rios, igual ou em melhores condições, para renovar seu uso”, disse o Vice-Presidente de operações, Oscar Quintero.

Vencedores do prêmio olami com Hugo Nielson, secretário Geral do organismo

Latino-americano de mineração

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 28

Page 29: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive
Page 30: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Em quatro dias, a EXPOSIBRAM 2011 e o 14º Congresso Brasilei-ro de Mineração, voltados para profissionais que atuam de for-ma direta e indireta na atividade minerária, registraram, respecti-vamente, mais de 45 mil visitan-tes e 2 mil participantes.

O público presente à EXPOSIBRAM e ao Congresso teve acesso a uma visão ampla da mineração, desde as mais recentes inova-ções tecnológicas até a exposição de máqui-nas e equipamentos diversos, passando pela discussão de temas essenciais ao desenvol-vimento, nas áreas ambiental, profissional, legal e tributária.

De acordo com o Presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Paulo Ca-millo Vargas Penna, esta edição dos eventos trouxe mais excelência para as discussões. “Nossa avaliação é extremamente positiva. Consideramos que o debate foi de alto nível, com a presença de congressistas e público qualificados, com retornos benéficos para o setor. Além disso, registramos a participação de muitos estudantes de diversos estados brasileiros”. O Presidente do IBRAM desta-cou ainda a presença de dirigentes e CEOs de empresas mundiais, responsáveis por im-portantes anúncios de investimentos.

congresso

Para que se compreenda melhor os desa-fios do setor e assim possibilitar planejamen-tos mais eficazes, o 14º Congresso Brasileiro de Mineração trouxe debates atuais como os fundamentos, ferramentas técnicas e ca-racterísticas do setor de mineração para o li-cenciamento ambiental, a questão da licen-ça social, medidas para garantir a segurança de barragens de rejeitos, a conservação da biodiversidade, entre outros.

EXPOSIBRAM 2011 supera expectativas

A questão da mineração em áreas prote-gidas também teve espaço durante o Con-gresso. Na ocasião foi lembrado que o Brasil atingiu meta para preservação da biodiver-sidade terrestre e marítima proposta para 2010. No entanto, a falta de uma legislação unificada para tratar da exploração mineral em áreas protegidas ainda é um problema enfrentado pelo setor.

No país, 38% da área é originalmente restrita para exploração econômica, inclu-sive mineral, via implantação de áreas de preservação ambiental. Esse percentual cor-responde à metade do território da Argen-tina. Segundo o Sócio de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Schmidt, Valois, Miran-da, Ferreira & Agel Advogados, Márcio Silva Pereira, o País carece de uma legislação úni-ca para tratar da matéria. “Poderiam apro-veitar o marco regulatório para uniformizar a legislação brasileira para todas as regiões, com foco na acessibilidade dos recursos mi-nerais”, enfatizou.

Atualmente, o uso de áreas protegidas para fins econômicos depende de autoriza-ção do Congresso Nacional. No entanto, é

possível explorar tais regiões de forma sus-tentável. Carajás, operação da Vale SA no Pará, é um modelo que está dando certo. Para auxiliar governos e empresas na toma-da de decisão, o Programa das Nações Uni-das para o Meio Ambiente (UNEP-WCMC) desenvolveu um banco de dados sobre as áreas protegidas em todo o mundo. Um de-les é o site www.protectplanet.net.

O licenciamento ambiental também fez parte das discussões. De acordo com o Advogado e ex-Promotor de Justiça no Rio Grande do Sul Fábio Medina Osório, o Ministério Público quer comandar o li-cenciamento ambiental no País. Todavia, ainda que o objetivo seja dos mais nobres possíveis, ele alerta que este não é o papel do MP.

“É preciso estudar o quantitativo de li-cenciamentos ambientais impugnados, as razões dos vícios apontados e em que medi-da podem ser corrigidos através de processos administrativos internos mais aperfeiçoados ou em que medida há equívocos funcionais de controladores externos e invasão de com-petências”, recomenda.

Talk show realizado na abertura da Exposibram 2011

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 30

Page 31: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

EXPOSIBRAM 2011

Além de ser uma boa oportunidade para se atualizar, a EXPOSIBRAM 2011 também foi um bom momento para empresários, técnicos e interessados no setor a se can-didatarem a compartilhar parte dos investi-mentos previstos para mineração. Com 390 expositores a feira internacional foi um es-paço para estimular negócios, reforçar laços comerciais e divulgar marcas e produtos do setor mineral.

Esta foi a terceira participação da Mi-neInside na Exposibram, a primeira como uma empresa do grupo Devex. Para o CEO da empresa, André Andrade, a feira “foi uma excelente oportunidade de demonstrar nosso produto e suas ferramentas para um público-alvo bastante diversificado, de di-ferentes empresas e áreas da mineração, e receber um resposta muito positiva”.

Algumas companhias aproveitaram a Ex-posição para mostrar o perfil institucional como contou Fernanda Lima, Coordenado-ra de Comunicação da Unidade de Negócio de Ferro da Anglo American. “Participar da Exposição foi extremamente positivo. Somos parceiros e sempre estamos presentes na EX-POSIBRAM, tanto em Minas quanto em Be-lém. Inclusive a nossa CEO mundial, Cynthia Carroll, foi umas palestrantes no Congresso,

confirmando a importância dos eventos para as empresas do grupo”, disse Lima, que des-tacou o fato da empresa estar presente em várias partes do mundo e da marca estar vin-culada à história dos empregados.

Outras companhias aproveitaram o mo-mento para apresentar as novidades em pro-dutos e processos ligados à atividade, como foi o caso da MBE Processamento Mineral do Brasil. Segundo seu Diretor Executivo, Lars Elschnig, a feira internacional era uma oportunidade das empresas conhecerem uma tecnologia de flotação utilizada em plantas de beneficiamento de minerais de ferro, ouro, cobre, entre outros. “Esta foi a melhor EXPOSIBRAM que eu participei. O resultado foi tão positivo que vamos fazer o possível para estar presentes na EXPOSI-BRAM Amazônia no próximo ano”, afirmou.

A delegação chilena - coordenada pela ProChile – também marcou presença. Par-ticiparam sete empresas, que fazem parte do grupo chileno de fornecedoras de bens e serviços especializados para a mineração: FISA - Expomin 2012, Minnovex, Ingeniería de Minerales, Mainservice, Hidraulica Du-mont, Revesol - SalfaCorp e revista Nueva Minería y Energía.

Os executivos chilenos se mostraram satisfeitos com os resultados, pois não só

tiveram a oportunidade de tornar conheci-dos os seus produtos e serviços, mas tam-bém de gerar novos negócios com as prin-cipais companhias de mineração do Brasil, tais como a Vale, a Anglo Gold Ashanti, a Votarantim Metais e a Anglo American e a Caraíba, entre outras.

A gerente geral da Minnovexgrupo, Ale-jandra Molina, exportadora de equipamen-tos, máquinas, insumos e serviços para mi-neração, disse que o “Brasil é um mercado muito atraente e, por isso, estamos presentes na EXPOSIBRAM 2011, demonstrando toda a experiência desenvolvida por nossas em-presas fornecedoras, que buscam consolidar e gerar novas oportunidades de negócios”.

cápsula Fênix

O público que visitou a EXPOSIBRAM 2011 teve a oportunidade de conhecer a Fênix 5, a cápsula que salvou 33 mineiros que ficaram 69 dias soterrados a 700 metros na mina San José, no Chile.

A cápsula, com 4 metros de comprimen-to e 53 centímetros de diâmetro, toda pin-tada com as cores da bandeira do Chile, foi construída com a ajuda da Agência Espacial Americana (NASA). Entrou para a história ao ser utilizada para resgatar todos os mineiros que ficaram presos na mina com vida.

A visitante Elinete Betania de Medeiros confessou ter se emocionado ao ver a Fê-nix 5. “Parecia estar vivendo o resgate dos mineiros novamente. Senti a volta a vida. Agradeço a Deus por ter vivido esse mo-mento”, enfatizou.

público prestigia a Exposibram 2011

Cápsula Fénix 5

Dav

i mar

tins

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 31

Page 32: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Lançamentos marcam EXPOSIBRAM 2011

A EXPOSIBRAM foi o local escolhido para o lançamento do “1º Inventário de Ga-ses de Efeito Estufa do Setor Mineral”, elabo-rado pelo IBRAM. De acordo com pesquisas realizadas pela entidade, o setor mineral contribui com menos de 0,5% na emissão de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil. O documento foi elaborado para auxiliar a ela-boração do plano setorial de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas.

O inventário ainda mostra que mais de 90% das emissões das empresas minerado-ras analisadas decorrem da queima de com-bustíveis em fontes fixas e móveis. A utili-zação de equipamentos e veículos pesados com elevado consumo de combustíveis fós-seis configura-se como uma fonte relevante de emissões de GEE.

Uma forma de as mineradoras contribu-írem para uma redução na emissão de GEE está relacionada à eficiência no uso de com-bustíveis fósseis, assim como à utilização de combustíveis renováveis. Considerando que há grande concentração de minas em áre-as remotas e na Região Norte do Brasil, que dispõe de áreas abandonadas pela agrope-cuária, abre-se a possibilidade de produção de biocombustíveis nesta região para aten-der às empresas. Isso traria outros benefícios como a redução das emissões diretas de GEE provenientes da queima de combustível fós-sil por parte das mineradoras, a recuperação da cobertura vegetal em áreas deprimidas e o desenvolvimento econômico e social de áreas empobrecidas.

“Desta forma, há redução direta de emis-são de gases com menor queima de com-

bustíveis fósseis, recuperação da cobertura vegetal em áreas reprimidas, desenvolvimen-to socioeconômico em regiões diversas do País onde se desenvolve a atividade mine-ral, sequestro de carbono com o plantio da matéria-prima para a fabricação do biocom-bustível e consequente incentivo à cadeia produtiva de biocombustíveis no Brasil”, pondera o Diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM, Rinaldo Mancin.

Bastidores

Quem chega para aproveitar a Exposição Internacional de Mineração nem imagina o que acontece nos bastidores. Uma gran-de equipe formada pelos mais diferentes profissionais começa a trabalhar com muita antecedência para fazer tudo funcionar da melhor forma.

Para comandar os bastidores de um even-to, seja corporativo ou não, é preciso estar atento a todos os detalhes e pessoas envol-vidas. Para se ter uma ideia, a organização para a EXPOSIBRAM 2011 começou há dois anos, quando se encerrou a feira em 2009.

O planejamento, que é o grande respon-sável pelo sucesso ou fracasso do aconteci-mento, merece tempo e atenção. “É preciso definir quem serão os fornecedores, presta-dores de serviço, parceiros e funcionários a serem contratados, além da planilha de cus-

tos e o cronograma com todas as ações até o grande dia”, ressalta a sócia da Ética Promo-ção de Eventos (empresa organizadora da EXPOSIBRAM), Cristina Camargos.

Após esta etapa, é hora de colocar em prática aquilo que foi pensado. Para toda essa estrutura ficar pronta e receber os 45 mil visitantes durante 4 dias de evento foram necessários mais de 5 mil funcionários. “Só garçons são mais de 200, recepcionistas são, pelo menos, 67. Ainda temos eletricistas, motoristas, vigias, programadores visual, os funcionários das montadoras, foram 55 em-presas neste ano, brigadista, equipe médica, entre outros”, lembra Cristina Camargos.

Ações futuras

Para 2012, o IBRAM prevê uma série de atividades voltadas ao fomento da atividade mineral em outros estados, como a realiza-ção do Congresso Internacional de Direito Minerário, em maio, e do Congresso Inter-nacional de Gestão de Energia na Área de Mineração (Enermin 2011), em setembro, ambos em Salvador.

Também está confirmada a 3ª edição da EXPOSIBRAM Amazônia, em Belém, e a 7ª edição do tradicional Congresso Bra-sileiro de Mina a Céu Aberto / Congresso Brasileiro de Mina Subterrânea, em julho, em Belo Horizonte.

No topo e abaixo, estandes da Exposibram 2011

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 32

Page 33: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive
Page 34: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

O Brasil participou, entre os dias 11 e 15 de setembro, do XIX Congresso Mundial so-bre Saúde e Segurança do Trabalho, em Is-tambul, na Turquia. O evento, realizado no “Centro de Congresso Haliç”, reuniu mais de cinco mil pessoas, vindas de 140 países. O Programa MINERAÇãO, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Mineração – IBRAM, foi representado pela Coordenadora Cláu-dia Pellegrinelli. O encontro contou também com a participação de instituições e empre-sas, como Serviço Social da Indústria – SESI, Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, Petrobras, Vale e sindicatos diversos.

A abertura do congresso contou com a presença de representantes do governo turco e da área de SST, dentre os quais se desta-caram o Primeiro Ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan; o Ministro do Trabalho e Se-gurança Social da Turquia, Faruk Çelik; e o Di-retor Executivo do setor de Proteção Social da Organização Internacional do Trabalho - OIT, Assane Diop. O evento foi dividido em ses-sões plenárias e técnicas, simpósios, cursos de formação específica, espaço de pôsteres, festi-val internacional de cinema e multimídia, reu-niões regionais e programação paralela, cujo destaque foi a feira de equipamentos e solu-ções em segurança e medicina do trabalho.

Atividades

O primeiro dia de atividades técnicas contou com a participação da Ministra da Saúde e Serviços Sociais da Finlândia, Paula Risikko, que falou durante a sessão plenária “Enfoques Globais, Proativos e Preventivos

MINERAÇãO representa Brasil em congresso sobre SSt na turquia

para a Segurança e Saúde no Trabalho”. De acordo com a titular da pasta, é importante que haja uma atuação tripartite nos assun-tos relacionados à SST. “Existe na Finlândia, a percepção geral de que o bem estar no trabalho é um capital não material que afeta diretamente a produtividade e lucratividade das empresas”, declarou.

O setor de mineração ganhou destaque durante o segundo dia da programação. Den-tre as sessões técnicas e simpósios realizados, mereceu ênfase “Experiências dos Setores da Construção, Mineração, Metal, Agricultura e Serviços”. As discussões em torno das pe-quenas e médias empresas ocuparam grande espaço no congresso, contempladas, neste início, pelo painel “Melhorar a Segurança e Saúde nas Pequenas e Médias empresas”.

O terceiro dia de atividades contou com a presença da Presidente da Comissão de Saúde e Segurança do Reino Unido, Judith Hackitt, na plenária “Desafios, Tendências e Inovações em Segurança Ocupacional”. Já a sessão téc-nica “Serviços e Sistemas de Gestão nas PME” mostrou experiências da Turquia, Espanha e Japão. A parte da tarde ficou dividida entre a sessão dos pôsteres, na qual o Brasil foi re-presentado pelo SESI e pela Fundacentro/MTE e o simpósio sobre ‘Práticas de Sucesso para Melhorar a Saúde e Segurança’”.

No último dia de apresentação dos tra-balhos técnicos, foram apresentados temas de grande relevância para a mineração. O primeiro deles foi o painel “Uma aborda-gem global para uma rede de prevenção na mineração”, que contou com a participação

do grupo Holcim com a palestra “As quatro etapas para mudar comportamentos: conhe-cer a teoria, entender a aplicação específica, aceitar o caminho seguro, colocar em práti-ca”, na qual se destacou a importância do envolvimento da chefia na gestão da motiva-ção (fase de aceitação) e como mentor (fase da ação). O segundo tema, “Torne-o impor-tante: aspectos comportamentais e medidas para a melhoria de SST nas pequenas e mé-dias minerações” relatou a experiência real de uma pequena mineração alemã que criou estratégias para valorizar a segurança do seu trabalhador, colhendo resultados como transformação de perda de 1003 horas com acidentes em 2002 para zero acidentes em 2007, além de registrar o aumento no nível de comprometimento de todos.

Na avaliação da Coordenadora do MINER- AÇÃO, a participação brasileira no encontro foi extremamente positiva. “O congresso nos mostrou quais são as maiores preocupações mundiais na área de SST e percebemos que o Brasil tem agido exatamente nestes pontos, que são ligados a questões comportamen-tais, gerenciamento de riscos e conduta de pequenas e médias empresas, além de res-saltar a importância das comissões tripartites. Isto demonstra claramente que estamos tri-lhando um caminho positivo no sentido de proteger nossos trabalhadores”, avaliou.

Ano VI – nº 48, outubro de 2011Indústria da Mineração 34

Page 35: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive

Começam as vendas de estandes para a

EXPOSIBRAM Amazônia 2012De 05 a 08 de novembro de 2012, o IBRAM promove em Belém (PA) a Exposição Interna-cional de Mineração da Amazônia - EXPOSIBRAM Amazônia 2012 e o 3º Congresso Brasi-leiro de Mineração da Amazônia. Os estandes já estão à venda apenas para patrocinadores e associados. A partir de 01 de março do ano que vem, os expositores participantes da EXPOSIBRAM 2011 e da última edição do evento no estado paraense em 2010 poderão, também, adquirir seus espaços. Os demais interessados devem estar atentos à data 01 de junho de 2012, quando as vendas estarão abertas para este público. Veja no quadro abaixo o valor da taxa de inscrição:

DESCRIÇÃO DOS TIPOS DE ÁREAS

Somente área•Disponível para estandes acima de 16m2.Área demarcada no piso do pavilhão, semqualquerelementodemontagem.

•A infraestrutura de energia elétrica, hi-dráulicae ar comprimido serãocobradosseparadamente e deverá ser solicitadaatravésdeformulárioexistentenoManualdoExpositor.

Área com montagem básica•Obrigatóriaparaestandesdeaté15m2.Seráfornecido com carpete, divisórias brancasem sistema modular de alumínio, ilumina-çãocom01spot lightacada3m2deáreamontada,01tomadade500wporestandeenomedaempresaexpositoraemplacapa-dronizadanatesteira.

Área com “chave na mão”•Opcionalparaestandesdeaté16m2.Seráfornecido com carpete, divisórias brancasemsistemamodulardealumínio, ilumina-çãocom01spotlightacada3m2deáreamontada,01tomadade500wporestande,logomarca da empresa expositora emplaca padronizada na testeira emobiliáriodeacordocomadimensãodoestande.

Área externa descoberta•Disponívelparaaquisiçãoacimade100m2.Serádemarcadanopiso, semqualquerel-ementodemontagem.

AUDITÓRIO EXPOSITOR•Opcionalparaexpositores.Comcapacidadepara50pessoas, inclusoProjetor,Tela,So-norizaçãoe50cadeiras,comusodeduraçãomáximade1h20mporlocação.

Grade de horários: •15h00–16h20//16h30–17h50 18h00–19h20//19h30–20h50

•Empresaexpositorasócia: R$ 2.000,00

•Empresaexpositoranão-sócia: R$ 3.300,00

•Empresanãoexpositorasócia: R$ 2.700,00

•Empresanãoexpositoranão-sócia: R$ 4.000,00

PATROCINADORES

Diamante R$ 120.000,00 cada

Ouro R$ 80.000,00 cada

Prata R$ 60.000,00 cada

Bronze R$ 30.000,00 cada

Cordão crachá 1 cota de R$ 20.000,00

Totem p/ dispenser com Álcool Gel 1 cota de R$ 10.000,00

Os patrocínios poderão ser pagos em até 03 vezes através de boleto, sendo o último vencimento em 01 de Novembro de 2012.

mais informações

Telefones: (91) 3229.6468 / 3269.5503 • siTe oficial eXPosiBRaM: www.eXPosiBRaM.oRg.BR

PREÇOS DE ESTANDES

Categoria Início Término

Somente Área

Montagem Básica

“Chave na mão”

Área Externa Descoberta

(mínimo de 16 m²)

(obrigatório até 15 m²)

(opcional de até 16 m²)

(mínimo de 100 m²)

Patrocinadores /Associados IBRAM

03/10/11 29/02/12 330,00 490,00 630,00 195,00

01/03/12 26/10/12 460,00 625,00 780,00 240,00

Expositor 2010 / 2011

01/03/12 26/10/12 460,00 625,00 780,00 240,00

Demais 01/06/12 26/10/12 460,00 625,00 780,00 240,00

Data encerramento das vendas e prazo final de pagamento: 1º de novembro de 2012.

Indústria da Mineração Ano VI – nº 48, outubro de 2011 35

Page 36: Mineração indústria da - Instituto Brasileiro de … · No entanto, em que pese no setor mine - ral um clima geral de otimismo, que não é ufanista, a mineração brasileira vive