mineração bauxita de paragominas - revista minérios

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Revista Minérios & Minerales, Edição 302, terça-feira, 11/03/2008 O projeto Paragominas surgiu como um importante reforço para atender ao aumento da demanda mundial de bauxita e alumina, em especial as necessidades representadas pela crescente economia da China. Localizado a 64 km da cidade de Paragominas, no nordeste do Pará, e a 350 km de Belém, o empreendimento teve início com a fase I, que entrou em operação no segundo trimestre de 2007, com investimentos da ordem de US$ 427 milhões (incluindo o mineroduto) e capacidade nominal de produção de 5,4 milhões t/ano de bauxita. A fase II, que começa a operar em abril, com custo estimado de U$ 196 milhões, prevê acréscimo de 4,5 milhões t/ano à capacidade de produção de bauxita, o que deverá suprir as necessidades de operação dos módulos 6 e 7 da Alunorte. Já na Paragominas III a Vale pretende investir U$ 416 milhões, para produzir 4,95 milhões t/ano em 2011, quando estará totalmente concluída, de acordo com o cronograma da empresa. Esse incremento produtivo atenderá à demanda do primeiro módulo da nova refinaria de alumina em Barcarena. Características especiais

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Page 1: Mineração Bauxita de Paragominas - Revista Minérios

Revista Minérios & Minerales, Edição 302, terça-feira, 11/03/2008

O projeto Paragominas surgiu como um importante reforço para atender ao aumento da demanda mundial de bauxita e alumina, em especial as necessidades representadas pela crescente economia da China. Localizado a 64 km da cidade de Paragominas, no nordeste do Pará, e a 350 km de Belém, o empreendimento teve início com a fase I, que entrou em operação no segundo trimestre de 2007, com investimentos da ordem de US$ 427 milhões (incluindo o mineroduto) e capacidade nominal de produção de 5,4 milhões t/ano de bauxita.A fase II, que começa a operar em abril, com custo estimado de U$ 196 milhões, prevê acréscimo de 4,5 milhões t/ano à capacidade de produção de bauxita, o que deverá suprir as necessidades de operação dos módulos 6 e 7 da Alunorte. Já na Paragominas III a Vale pretende investir U$ 416 milhões, para produzir 4,95 milhões t/ano em 2011, quando estará totalmente concluída, de acordo com o cronograma da empresa. Esse incremento produtivo atenderá à demanda do primeiro módulo da nova refinaria de alumina em Barcarena.

Características especiaisA mineralização de bauxita em Paragominas ocorre em camadas horizontais, associadas a platôs. Por isso, foi adotado o método de lavra por tiras e não em cavas como ocorre nos casos dos minérios de ferro e cobre, por exemplo. Na região em que a Vale está instalada, existem dois grandes platôs: o Miltônia 3, que já vem sendo lavrado desde a Fase I e que também vai sustentar a lavra da Fase II; e o Miltônia 5, a 8 km do anterior, que será aberto para abastecer a Fase III.Na remoção do capeamento estéril, a Vale optou por operar com trator de esteiras e escavadeira hidráulica e caminhões basculantes, em vez de equipamentos convencionais, como dragline,

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retroescavadeira e caminhões fora-de-estrada. Segundo Brittes, o uso de dragline foi descartado por razões econômicas, pois sua aquisição representava um alto investimento, assim como seriam também altos os custos de operação e manutenção. Os caminhões fora-de-estrada foram inviabilizados em função do tipo de argila existente na região e do excesso de chuvas. Na lavra são utilizadas escavadeiras com caçamba de 4.3 m³ e caminhões basculante Scania de 35 t.

Moagem semi-autógenaNo beneficiamento do minério, a empresa destaca ainda como inovação a substituição dos lavadores rotativos convencionais pelo sistema de moagem semi-autógena. Essa opção foi adotada em função da necessidade de se moer a bauxita para produzir a polpa a ser transportada pelo mineroduto. A moagem, segundo a empresa, além de promover a desagregação da argila para descarte, já dá início ao processo de cominuição que, depois, é completado nos moinhos de bolas.No desaguamento da polpa são utilizados filtros hiperbáricos. Neles, a polpa – recebida com 50% de sólidos, como sai de Paragominas e transportada pelo mineroduto – eleva o teor para 85% a 88% de sólidos.O fluxograma do beneficiamento, conforme destaca o engenheiro Brittes, “ficou muito simples e eficiente”. O projeto foi concebido em módulos independentes, sendo um para cada fase. “Isso, obviamente, implica construção de uma nova planta, com os mesmos equipamentos das duas anteriores, para suprir às necessidades de Paragominas III”, prevê o diretor da Vale.

1° Mineroduto de bauxitaA etapa inicial do projeto foi marcada pela implementação do primeiro mineroduto do mundo para transporte de polpa de bauxita. Com 244 km de extensão, liga a mina até a refinaria de Barcarena.

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A experiência de operar um sistema inédito como esse, nas palavras de Brittes, tem sido “gratificante e realizadora”. Segundo ele, a Vale optou pelo mineroduto tendo como base um minucioso estudo realizado com a participação de consultores especializados internacionais – entre os quais, se destaca a empresa norte-americana Pipeline Systems Incorporated (PSI). Com isso, salienta o engenheiro, “a empresa derrubou o paradigma que imperava na indústria mundial de que o comportamento reológico da polpa de bauxita impede por razões técnicas e econômicas seu transporte em duto, em função da escala industrial e da longa distância”.O volume transportado, segundo ele, “está dentro do esperado para um projeto inédito como esse e já ultrapassou 2 milhões t de bauxita. A especificação original da polpa definida no projeto está rigorosamente correta e não houve necessidade de adaptações posteriores”.

Potencial para 80 a 100 anosDe acordo com a Vale, a região de Paragominas, que inclui Dom Eliseu e a Serra de Tiracambu, tem potencial para produção anual de até 30 milhões t de bauxita lavada, por um período de 80 a 100 anos. Dom Eliseu fica ao sul de Paragominas e Tiracambu está próxima à Estrada de Ferro de Carajás, já no Maranhão. “A Vale investe há mais de 30 anos em pesquisa geológica nessa região e intensificou muito esse trabalho nos últimos cinco anos. As pesquisas mais recentes confirmam o potencial da região”, conclui Geraldo Brittes.