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MILHO I CULTIVARES DE MILHO Bernardo Gonçalves da Silval! Luiz André Corrêa 2/ Existem várias tecnologias conheci- das para o aumento do rendimento e, conseqüentemente, da produção, mas pouco adotadas pelos produtores de mi- lho. Entre elas está a utilização de culti- vares mais produtivas e adaptadas às con- dições de cada região. Trata-se de uma tecnologia simples e essencial para me- lhorar o rendimento da cultura, princi- palmente por ser uma medida que não im- plica aumento substancial de capital in- vestido. CARACTERIZAÇÃO DE CULTIVARES Atualmente, dois tipos de cultivares de milho são utilizados no Brasil: as va- riedades e os híbridos. As variedades melhoradas possibilitam fornecer aos agricultores sementes de custo mais baixo e são mais produtivas que as variedades tradicionais ou locais. Elas podem ainda apresentar uma maior estabilidade de produção, porém são inferiores aos híbri- dos em rendimento e uniformidade. São utilizadas com sucesso, principalmente em regiões onde a utilização de híbridos não tem sido possível. Um híbrido é o produto resultante de um cruzamento controlado entre pais geneticamente diferentes. Os híbridos mais comuns são: híbridos de variedades e híbridos de linhagens. O hí- brido de variedade (intervarietal) é o cru- zamento entre duas variedades. O híbrido de linhagens é mais comumente encontra- do no comércio, sendo três os tipos: hí- brido simples: cruzamento entre duas li- nhagens; híbrido triplo: cruzamento de um híbrido simples com uma linhagem; híbrido duplo: cruzamento entre dois hí- bridos simples. As sementes de híbridos de linhagens devem ser adquiridas no co- mércio todo ano, pois se o agricultor plantar as sementes colhidas em sua la- voura de milho híbrido, terá, logo no pri- meiro ano, uma redução acima de 20% no rendimento. Os híbridos geralmente são utilizados nas regiões de agricultura mais tecnificada e atingem um maior teto de produção que as variedades e híbridos de variedades. CULTIVARES E SUAS APLICAÇÕES Existem diferentes tipos de cultivares que podem ser utilizadas de acordo com o objetivo de cada exploração. • Cultivares Tardias de Porte Alto São cultivares que se caracterizam por apresentarem altura de plantas va- riando de 2,80 a 3,50 m e florescimento masculino dos 75 aos 85 dias ap6s a ger- minação. São indicadas para aquelas regiões onde os problemas de acamamento, oca- sionados por ventos fortes que ocorrem em determinadas épocas do ano, não são relevantes e a utilização de plantios menos 11 Eng g Agr'?, BS, Pesq. EMBRAPAICNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG. 21 Eng g Agr'?, M. Se, Pesq. EMBRAPAlCNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG. Inf. Agropec., Belo Horizonte, !1(164) densos é usual (abaixo de 50.000 plan- tas/ha) . • Cultivares Precoces de Porte Baixo São cultivares que apresentam altura de plantas variando de 2,00 a 2,80 m e florescimento masculino dos 60 aos 70 dias ap6s a germinação. Devido à grande diversidade ecolôgi- ca do Brasil, com uma gama enorme de regiões distintas, principalmente aquelas em que a distribuição pluviométrica é fa- tor limitante para a cultura, a utilização de cultivares de ciclo mais curto pode ser uma boa alternativa, além de facilitar a sucessão com outras culturas. São indica- das também para regiões onde é intensivo o uso de mecanização ou para plantios mais densos (65.000 a 70.000 plantas/ha). Tais cultivares oferecem menor risco de acamamento, devido ao seu porte mais reduzido e à melhor arquitetura. • Cultivares Tardias Braquíticas (Porte Baixo) São cultivares que apresentam altura variando de 2,00 a 2,80 m, com floresci- mento masculino dos 75 aos 85 dias ap6s a germinação. Devido ao seu porte redu- zido, vigor e grossura dos colmos, são in- dicadas, principalmente, para regiões com sérios problemas de acamamento, ocasio- nados por ventos fortes. RECOMENDAÇÃO DE CULTIVARES PARA O BRASIL As variedades melhoradas de milho, apesar do menor potencial genético de produção em relação aos híbridos, devem ser disponíveis no mercado, para que atendam uma parte de agricultores, os quais, por tradicionalismo ou outras cau- sas, não usam sementes híbridas. Se este agricultor não dispuser de boas varieda- des (variedades melhoradas) e plantar va- riedades nativas ou locais, estará contri- buindo certamente para reduzir a média de produtividade brasileira, além de cor- rer maior risco de sofrer prejuízos. O Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS) da EMBRAPA coordena ensaios de milho, cujo objetivo 13

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MILHO I

CULTIVARES DE MILHOBernardo Gonçalves da Silval!

Luiz André Corrêa 2/

Existem várias tecnologias conheci-das para o aumento do rendimento e,conseqüentemente, da produção, maspouco adotadas pelos produtores de mi-lho. Entre elas está a utilização de culti-vares mais produtivas e adaptadas às con-dições de cada região. Trata-se de umatecnologia simples e essencial para me-lhorar o rendimento da cultura, princi-palmente por ser uma medida que não im-plica aumento substancial de capital in-vestido.

CARACTERIZAÇÃO DECULTIVARES

Atualmente, dois tipos de cultivaresde milho são utilizados no Brasil: as va-riedades e os híbridos. As variedadesmelhoradas possibilitam fornecer aosagricultores sementes de custo mais baixoe são mais produtivas que as variedadestradicionais ou locais. Elas podem aindaapresentar uma maior estabilidade deprodução, porém são inferiores aos híbri-dos em rendimento e uniformidade. Sãoutilizadas com sucesso, principalmente emregiões onde a utilização de híbridos nãotem sido possível. Um híbrido é o produtoresultante de um cruzamento controladoentre pais geneticamente diferentes. Oshíbridos mais comuns são: híbridos devariedades e híbridos de linhagens. O hí-brido de variedade (intervarietal) é o cru-zamento entre duas variedades. O híbridode linhagens é mais comumente encontra-do no comércio, sendo três os tipos: hí-brido simples: cruzamento entre duas li-nhagens; híbrido triplo: cruzamento deum híbrido simples com uma linhagem;híbrido duplo: cruzamento entre dois hí-bridos simples. As sementes de híbridosde linhagens devem ser adquiridas no co-mércio todo ano, pois se o agricultor

plantar as sementes colhidas em sua la-voura de milho híbrido, terá, logo no pri-meiro ano, uma redução acima de 20% norendimento. Os híbridos geralmente sãoutilizados nas regiões de agricultura maistecnificada e atingem um maior teto deprodução que as variedades e híbridos devariedades.

CULTIVARESE SUAS APLICAÇÕES

Existem diferentes tipos de cultivaresque podem ser utilizadas de acordo com oobjetivo de cada exploração.

• Cultivares Tardias de Porte Alto

São cultivares que se caracterizampor apresentarem altura de plantas va-riando de 2,80 a 3,50 m e florescimentomasculino dos 75 aos 85 dias ap6s a ger-minação.

São indicadas para aquelas regiõesonde os problemas de acamamento, oca-sionados por ventos fortes que ocorremem determinadas épocas do ano, não sãorelevantes e a utilização de plantios menos

11 Engg Agr'?,BS, Pesq. EMBRAPAICNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG.21 Engg Agr'?,M. Se, Pesq. EMBRAPAlCNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG.

Inf. Agropec., Belo Horizonte, !1(164)

densos é usual (abaixo de 50.000 plan-tas/ha) .

• Cultivares Precoces de Porte Baixo

São cultivares que apresentam alturade plantas variando de 2,00 a 2,80 m eflorescimento masculino dos 60 aos 70dias ap6s a germinação.

Devido à grande diversidade ecolôgi-ca do Brasil, com uma gama enorme deregiões distintas, principalmente aquelasem que a distribuição pluviométrica é fa-tor limitante para a cultura, a utilização decultivares de ciclo mais curto pode seruma boa alternativa, além de facilitar asucessão com outras culturas. São indica-das também para regiões onde é intensivoo uso de mecanização ou para plantiosmais densos (65.000 a 70.000 plantas/ha).Tais cultivares oferecem menor risco deacamamento, devido ao seu porte maisreduzido e à melhor arquitetura.

• Cultivares Tardias Braquíticas(Porte Baixo)

São cultivares que apresentam alturavariando de 2,00 a 2,80 m, com floresci-mento masculino dos 75 aos 85 dias ap6sa germinação. Devido ao seu porte redu-zido, vigor e grossura dos colmos, são in-dicadas, principalmente, para regiões comsérios problemas de acamamento, ocasio-nados por ventos fortes.

RECOMENDAÇÃO DE CULTIVARESPARA O BRASIL

As variedades melhoradas de milho,apesar do menor potencial genético deprodução em relação aos híbridos, devemser disponíveis no mercado, para queatendam uma parte de agricultores, osquais, por tradicionalismo ou outras cau-sas, não usam sementes híbridas. Se esteagricultor não dispuser de boas varieda-des (variedades melhoradas) e plantar va-riedades nativas ou locais, estará contri-buindo certamente para reduzir a médiade produtividade brasileira, além de cor-rer maior risco de sofrer prejuízos.

O Centro Nacional de Pesquisa deMilho e Sorgo (CNPMS) da EMBRAPAcoordena ensaios de milho, cujo objetivo

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MILHO I

básico é avaliar as diversas cultivares demilho geradas pelas firmas produtoras desementes e pelas instituições de pesquisasdo país. Estes ensaios possibilitam, tam-bém, a indicação de cultivares para plan-tio, principalmente nas regiões onde aindanão existem ensaios regionais.

Algumas empresas estaduais de pes-quisa agropecuária possuem rede própriade ensaios regionais para avaliação decultivares de milho, possibilitando assim arecomendação aos agricultores nas di-.versas regiões do seu Estado.

A recomendação oficial de cultivares

de milho é feita, anualmente, com basenos resultados dos ensaios regionais e/ounacionais nas diferentes regiões, os quaissão submetidos à aprovação da ComissãoRegional de Avaliação e Recomendaçãode Cultivares de Milho. Após parecer fa-vorável, as resoluções são encaminhadasao Ministério da Agricultura, onde a listade cultivares recomendadas é publicadaem forma de portarias no Diário Oficialda União. As Comissões Regionais deAvaliação e Recomendação de Cultivaresde Milho no Brasil estão divididas por re-giões da seguinte maneira:

CRC - I Rio Grande do Sul eSanta Catarina

CRC - 11 Paraná, São Paulo, MinasGerais, Goiás, Distrito Fede-ral, Mato Grosso do Sul, Riode Janeiro e Espírito Santo.

CRC - 111 Mato Grosso, Acre, Pará,Rondônia, Amazonas, Rorai-mae Amapá.

CRC - IV Bahia, Pernambuco, Alagoas,Sergipe, Ceará, Rio Grandedo Norte, Paraíba, Piauí eMaranhão.

CALAGEM",

EADUBAÇAODOMILHO

Francisco Morel Freire l]Carlos Alberto Vasconcelos 11

Sabe-se que para a obtenção de umaboa produtividade, os fatores de produçãodevem estar em níveis adequados. Dessesfatores, a adubação apresenta-se comouma parte muito importante quando seobjetiva altas produtividades. SegundoThompson Jr. (1984), ela é responsávelpor 35% a 45% da produção. Entretanto,para que esse importante fator de produ-ção possa apresentar a eficácia esperada,as outras condições de solo, especialmentea acidez, devem estar adequadas. Dessa

maneira, a prática da calagem pode assu-mir um papel decisivo num programa deprodução bem elaborado.

CALAGEM

Várias metodologias podem ser em-pregadas para calcular as quantidades decorretivo. Entretanto, em Minas Gerais,as mais utilizadas são a do AI e Ca + Mgtrocáveis (Comissão 1989) e da saturaçãode bases (Raij 1981, Raij & Quaggio1983).

O cálculo da quantidade de corretivona metodologia AI e Ca + Mg trocáveis éfeito através da seguinte fórmula:

li Eng9 Agr9, M. Se, Pesq. EPAM/GICRCO, Caixa Posta/295, CEP 35715 Prudente de Morais,- MG.21 Eng9 Agr9, M. Se, Pesq. EMBRAPAlCNPMS, Caixa Posta/151, CEP 35700 Sete Lagoas, MG.

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Necessidade de calcário (Uha) =AI x F + [2,0 - (Ca + Mg) ]

O fator F, anteriormente pré-fixadoem 2,0, passou, segundo a Comissão deFertilidade do Solo de Minas Gerais (4~aproximação - Recomendações para oUso de Corretivo e Fertilizantes em Mi-nas Gerais), a variar em função da texturado solo, da seguinte maneira:

Arenosa - 1,0 a 1,5Média 1,5 a 2,0Argilosa - 2,0 a 3,0

O resultado corresponde à quantida-

Inf. Agropec., Belo Horizonte, !.i (164)