milho 11 situaÇao das doenÇas de milho no brasil · sultado da interação entre dois seres vivos...

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Milho 11 timas técnicas. Reconhecendo que os progressos marginais obtidos na produção de ali- mentos requerem importantes investi- mentos em programas de pesquisas fun- damentais, é urgente e recomendável que se busque utilizar 'as novas técnicas de biologia .celular e molecular como ferra- mentas de auxílio às metodologias atual- mente em uso nos programas de melho- ramento de milho. REFERÊNCIAS BRIGHT, S.W.J. & JONES, M.G.K. Cereal tissue and eeUeulture. Boston, Martinus Nijhore I Dr. W. Junk Pub., 1985. 303 p. EVOLA, S.V.; BURR, F.R.; BURR, B. The suitability of restriction fragment lenght polymorphisrns as genetic markers in mai- ze. Theor. Appl. Genet., 71 :765-71, 1987. HELENTJARIS, T. A genetic linkage map for maize based on RFLPs. Trends in Gene- ties, 3:217-21,1987. HELENTJARIS, T.; KING, G.;SLOLUM, M.; SIEDENSTRANG, C.; WEGMAN, S. Restriction fragment polymorphisrns as probes for plant diversity and their de- velopment as tools for applied plant breeding. Plant Molee. Biol., 5:109-18, 1985. HELENTJARIS, T.; WEBER, D.F.; WRIGHT, S. Use of monosomics to map cloned DNA fragments in maize. Proe. Natl. Aead. Sei. USA, 83:6035-9,1986. JONES, M.G.K. Transformation of cereal crops by direct gene transfer. Nature, 317:17-23,1985. LANDRY, B.S. & MICHELMORE, R.W. Me- thods and applications of restriction frag- ment lenght polymorphism analysis to planto In: BRUENING, G.; HARADA, J.; KOSUGE, T.; HOLLAENDER, A. Tailo- ring genes for erop improvement. Ple- num Press, 1987. p. 25-44. LEVANONY, H.; BASHAN, Y.; KAHANA, Z.E. Enzyme - linked inmunosorbent as- say for specific identification and enume- ration of Azospirillum brasiliense CL. in cereal root. Applied and Environmental Mierobiology, 53(2):358-64,1987. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Quality- protein maize. Washington, National Academy Press, 1988. 100 p. PHILLIPS, R.L. Implications of molecular ge- netics in plant breeding and opportunities for colaboration. ln: THE 1984 PLANT Breeding Research Forum. Des Moines . Iowa, Pionner Hi-Bred Intemational Inc., 1985. p. 115-51. VAECK, M.; REYNAERTS, A.; HOFTE, H.; JANSENS, S.; DE BEUCKELLER, M.; DEAN, C.; ZABEAU, M.; MONTAGU, M.V.; LEEMANS, J. Transgenic, plants protected from insect attack. Nature, 327(6125):33-7,1987. VALICENTE, F.H.; PEIXOTO, M.J.V.V.; PAIVA, E.; KITAJIMA, E.W. Identifica- ção e purificação de um vírus-de-granu- lose em lagartas-do-cartucho-do-milho. Pesq.agropee. bras., 23(9):291-6,1988. " SITUAÇAO DAS DOENÇAS DE MILHO NO BRASIL Femando Tavares Fernandes 1/ Eric Balmer 11 A cultura de milho ocupa, no Brasil, 13,6 milhões de hectares. Conquanto o milho seja cultivado em todo o país, há uma forte concentração nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste, onde obser- vou-se, pelos dados da safra 1985/86, 73% da área plantada e 88% da produção. O aumento da produção de milho nos pr6ximos anos deverá ocorrer tanto pelo aumento da área cultivada como pelo au- mento da produtividade, sendo que o ba- lanceamento entre estes dois fatores será variável de acordo com as características de cada região fisiogrãfica, Para o aumento da produtividade, prevê-se a utilização intensiva de tecno- logias como uso de irrigação, utilização de plantas mais produtivas, precoces, au- mento na fertilidade do solo, etc. Em uma cultura com estas caracte- rísticas, isto é, abrangendo várias regiões que diferem entre si e dentro delas quanto ao clima e utilizando tecnologias que se relacionam diretamente com .0 apareci- mento das doenças, é de se esperar a ocorrência de um' elevado número de doenças. Assim, mais de 20 já foram identificadas na cultura de milho no Bra- sil. Contudo, pela freqüência e intensida- de com que ocorrem, somente algumas apresentam importância econômica. Por outro lado, por ser doença o re- sultado da interação entre dois seres vivos (pat6geno e hospedeiro), influenciada pe- las condições ambientais, basta que estas sejam favoráveis à interação ou que _ocorra variação no pat6geno para que doenças de importância secundária pas- sem a se constituir em problemas fitopa- tol6gicos para a cultura do milho. Assim, é necessário àqueles que trabalham com esta cultura, não s6 conhecerem adistri- buição geográfica das doenças comotam- bém as possíveis variações que venham a ocorrer nos pat6genos. O presente trabalho, apresentado no Simp6sio sobre Moléstias de Milho, reali- zado de 28 a 29 de julho de 1987, em Campinas, teve como fmalidade reunir informações sobre .as doenças mais im- portantes da cultura do milho, nas princi- pais regiões produtoras. Estas informa- ções, obtidas também através de consultas feitas a técnicos ligados a instituições oficiais de pesquisa, como IAP AR, EMP ASC e companhias particulares pro- dutoras de sementes, como Sementes Cargill Ltda. e Sementes Agroceres SI A, estão contidas nos Quadros 1,2 e 3, e nos mostram as seguintes situações para as doenças de milho nas diferentes regiões. RE~IÃO CENTRO-OESTE Esta região compreende os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, sendo responsável por 11% do to- tal da área plantada e 16% do total da produção de milho no Brasil. A época de plantio normalmente é de outubro até a primeira quinzena de novembro. Plantios mais tardios podem ocorrer da segunda quinzena de' novembro ao início de de- zembro. Em condições de irrigação, os plantios são realizados durante todo o ano. As podridões-do-colmo e do topo, causadas por bactérias (Erwinia chrysan- ~-.. ""~""~ .,I"''lt.(" B D A-...... .... '·c ivi 1'_ •.Li. 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Milho 11

timas técnicas.Reconhecendo que os progressos

marginais obtidos na produção de ali-mentos requerem importantes investi-mentos em programas de pesquisas fun-damentais, é urgente e recomendável quese busque utilizar 'as novas técnicas debiologia .celular e molecular como ferra-mentas de auxílio às metodologias atual-mente em uso nos programas de melho-ramento de milho.

REFERÊNCIAS

BRIGHT, S.W.J. & JONES, M.G.K. Cerealtissue and eeUeulture. Boston, MartinusNijhore I Dr. W. Junk Pub., 1985. 303 p.

EVOLA, S.V.; BURR, F.R.; BURR, B. Thesuitability of restriction fragment lenghtpolymorphisrns as genetic markers in mai-ze. Theor. Appl. Genet., 71 :765-71,1987.

HELENTJARIS, T. A genetic linkage map formaize based on RFLPs. Trends in Gene-ties, 3:217-21,1987.

HELENTJARIS, T.; KING, G.;SLOLUM, M.;SIEDENSTRANG, C.; WEGMAN, S.Restriction fragment polymorphisrns asprobes for plant diversity and their de-velopment as tools for applied plantbreeding. Plant Molee. Biol., 5:109-18,1985.

HELENTJARIS, T.; WEBER, D.F.; WRIGHT,S. Use of monosomics to map cloned DNAfragments in maize. Proe. Natl.Aead. Sei.USA, 83:6035-9,1986.

JONES, M.G.K. Transformation of cereal cropsby direct gene transfer. Nature,317:17-23,1985.

LANDRY, B.S. & MICHELMORE, R.W. Me-thods and applications of restriction frag-ment lenght polymorphism analysis toplanto In: BRUENING, G.; HARADA, J.;KOSUGE, T.; HOLLAENDER, A. Tailo-ring genes for erop improvement. Ple-num Press, 1987. p. 25-44.

LEVANONY, H.; BASHAN, Y.; KAHANA,Z.E. Enzyme - linked inmunosorbent as-say for specific identification and enume-ration of Azospirillum brasiliense CL. incereal root. Applied and EnvironmentalMierobiology, 53(2):358-64,1987.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Quality-protein maize. Washington, NationalAcademy Press, 1988. 100 p.

PHILLIPS, R.L. Implications of molecular ge-netics in plant breeding and opportunitiesfor colaboration. ln: THE 1984 PLANTBreeding Research Forum. Des Moines .Iowa, Pionner Hi-Bred Intemational Inc.,1985. p. 115-51.

VAECK, M.; REYNAERTS, A.; HOFTE, H.;JANSENS, S.; DE BEUCKELLER, M.;DEAN, C.; ZABEAU, M.; MONTAGU,M.V.; LEEMANS, J. Transgenic, plantsprotected from insect attack. Nature,327(6125):33-7,1987.

VALICENTE, F.H.; PEIXOTO, M.J.V.V.;PAIVA, E.; KITAJIMA, E.W. Identifica-ção e purificação de um vírus-de-granu-lose em lagartas-do-cartucho-do-milho.Pesq.agropee. bras., 23(9):291-6,1988.

"SITUAÇAO DAS DOENÇAS

DE MILHO NO BRASILFemando Tavares Fernandes 1/

Eric Balmer11

A cultura de milho ocupa, no Brasil,13,6 milhões de hectares. Conquanto omilho seja cultivado em todo o país, háuma forte concentração nas regiões Sul,Sudeste e Centro-oeste, onde obser-vou-se, pelos dados da safra 1985/86,73% da área plantada e 88% da produção.

O aumento da produção de milho nospr6ximos anos deverá ocorrer tanto peloaumento da área cultivada como pelo au-mento da produtividade, sendo que o ba-lanceamento entre estes dois fatores serávariável de acordo com as característicasde cada região fisiogrãfica,

Para o aumento da produtividade,prevê-se a utilização intensiva de tecno-logias como uso de irrigação, utilização deplantas mais produtivas, precoces, au-mento na fertilidade do solo, etc.

Em uma cultura com estas caracte-rísticas, isto é, abrangendo várias regiõesque diferem entre si e dentro delas quantoao clima e utilizando tecnologias que serelacionam diretamente com .0 apareci-mento das doenças, é de seesperar aocorrência de um' elevado número dedoenças. Assim, mais de 20 já foramidentificadas na cultura de milho no Bra-sil. Contudo, pela freqüência e intensida-de com que ocorrem, somente algumasapresentam importância econômica.

Por outro lado, por ser doença o re-sultado da interação entre dois seres vivos(pat6geno e hospedeiro), influenciada pe-las condições ambientais, basta que estassejam favoráveis à interação ou que

_ocorra variação no pat6geno para que

doenças de importância secundária pas-sem a se constituir em problemas fitopa-tol6gicos para a cultura do milho. Assim,é necessário àqueles que trabalham comesta cultura, não s6 conhecerem adistri-buição geográfica das doenças comotam-bém as possíveis variações que venham aocorrer nos pat6genos.

O presente trabalho, apresentado noSimp6sio sobre Moléstias de Milho, reali-zado de 28 a 29 de julho de 1987, emCampinas, teve como fmalidade reunirinformações sobre .as doenças mais im-portantes da cultura do milho, nas princi-pais regiões produtoras. Estas informa-ções, obtidas também através de consultasfeitas a técnicos ligados a instituiçõesoficiais de pesquisa, como IAP AR,EMPASC e companhias particulares pro-dutoras de sementes, como SementesCargill Ltda. e Sementes Agroceres SI A,estão contidas nos Quadros 1,2 e 3, e nosmostram as seguintes situações para asdoenças de milho nas diferentes regiões.

RE~IÃO CENTRO-OESTE

Esta região compreende os estadosde Mato Grosso, Mato Grosso do Sul eGoiás, sendo responsável por 11% do to-tal da área plantada e 16% do total daprodução de milho no Brasil. A época deplantio normalmente é de outubro até aprimeira quinzena de novembro. Plantiosmais tardios podem ocorrer da segundaquinzena de' novembro ao início de de-zembro. Em condições de irrigação, osplantios são realizados durante todo oano.

As podridões-do-colmo e do topo,causadas por bactérias (Erwinia chrysan-~-..""~""~

.,I"''lt.(" B D A-..........'·c ivi 1'_ •.Li. P ~./ "P <1 .••..

11 Engg Agr9, M:Sc. - EMBRAPA/CNPMS "1Caixa Posta/1S1 - CEP 3S700 Sete'Lago s, MG.21 Engg Agr9, Ph.D., Prot. ESALQIDepf- Fitopato qgiaB-LClaixa~eo~ta9 - CEP 3400 Pireci-

caba, SP. (. l' lJ r li,__A.p~ ),'i. Sete Lagoas .l~~ 37....% ",~.l"'t,.. I\.~~ . ,.:t, •..>"<:»:.....~1 • t.\\'{:-..~".,.•....

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themi Burk.), McFaden & Dimock, e pelofungo Pythium aphannidermatum (Eds.)Fitz., são severas em condições de altaumidade, determinadas ou pelo excesso dechuvas ou de irrigação. Por ser urna con-dição atípica à cultura do milho, geral-mente estas doenças são consideradas deimportância secundária.

Os pat6genos apodrecedores docol-mo atacam os tecidos da medula desinte-grando-os, podendo ou não acarretarem otombamento das plantas. Estes sintomassão mais visíveis no estãdio de poliniza-ção, A suscetibilidade das plantas estádiretamente relacionada, entre outros fa-tores, com a existência de nemat6ides,principalmente dos gêneros Pratylenchusspp. e Helycotilenchus spp., brocas, adu-bação nitrogenada em excesso, doençasfoliares severas.

Os prejuízos causados por estas po-dridões se devem mais à perda das espigasdo que à não formação dos grãos, poisestas, em contato com o solo, apodrecemou deixam de ser colhidas, principalmentese a colheita for mecanizada.

Na região Centro-oeste os principaispat6genos apodrecedores do colmo são:F usarim spp., Colletotrichum graminicola(Ces.) G.W. Wils, e Diplodia maydis(Berk) Sacc. (Quadro 1). A podridão porPhysoderma maydis Miy. tem sido maissevera em plantios tardios, nos realizadosem áreas mais baixas, e no sistema de mi-lho em sucessão a milho. A importânciadestas podridões é grande nesta região,pela existência de extensas áreas onde a,colheita é mecanizada.

A importância das doenças foliaresestá no fato de não s6 poderem causar re-dução na qualidade e quantidade da pro-dução, como também de predisporem asplantas ao ataque dos patõgenos apodre-cedores do colmo. As ferrugens têm sidoas doenças foliares mais importantes naregião. Em plantios abaixo de 800 m dealtitude, observa-se a predominância dePuccinia polysora Underw. Acima destaaltitude, predominam Puccinia sorghiSchw., e Helminthosporium turcicumPasso A incidência de Helminthosporiummaydis Nisik. & Miy. tem aumentado naregião enquanto a de Helminthosporiumcarbonum Ullstrup o tem mais especifi-camente em Goiás.

A freqüência e severidade do enfe-zamento, causado por micoplasma e es-piroplasma, estão em função da população

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Milho 11

,

QUADRO 1 - Doenças da Cultura de Milho na Região Centro-oeste, Formada pelosEstados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás

Época de PlantioNome da Doença Patõgeno

Normal Tardia

1. Podridões-do-colmo edas raizesFusariose Fusarium spp. + +Antracnose Colletotrichum graminicola + +Podridão de Diplodia Diplodia maydis + +Podridão de Physoderma Physoderma maydis + ++

2. Doenças foliares

Helmintosporiose Helminthosporium turcicum + +Helminthosporium maydis + +Helminthosporium carbonum + +

Ferrugens Puccinia sorghi + +Puccinia polysora + +

Enfezamento Micoplasma/Espiroplasma - +-

(+) - Ocorrência(+ +) - Ocorrência em maior intensidade(-) - Não ocorrência

QUADRO 2 - Doenças da Cultura de Milho na Região Sudeste, Formada pelos Es-tados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro

Época de PlantioNome da Doença Pat6geno

Normal

1. Podridões-do-colmo e das raízesFusariose Fusarium spp, +Antracnose Colletotrichum graminicola +Podridão de Diplodia Diplodia maydis +,Podridão de Physoderma Physoderma maydis +Podridão-seça Macrophomina phaseolina +

2. Doenças foliares

Helmintosporiose Helminthosporium turcicum +Helminthosporium maydis +

Ferrugens Puccinia sorghi +Puccinia polysora +

Lesões de Phyllosticta spp. +

(+) - Ocorrência

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Milho II

QUADRO 3 - Doenças da Cultura de Milho na Região Sul, Formada pelos Estadosdo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Época de PlantioNome da Doença Pat6geno

Normal ' Safrinha

1. Podridões-do-colmo edas raízes

Fusariose F usarium spp, + +Antracnose Colletotrichwn graminico/a + +Podridão de Diplodia Diplodia maydis + +

2. Doenças foliares

Helmintosporiose H elminthosporium turcicum + ++

Ferrugens Puccinia polysora + +Puccinia sorghi + -

Míldio do sorgo Peronosclerospora sorghi + +

Enfezamento MicoplasmaJEspiroplasma - +Lesões de P hyllosticta spp. + +

3. Carvão do topo Sphacelotheca reiliana + -

(+) - Ocorrência(+ +) - Ocorrência em maior intensidade(-) - Não ocorrência .

. de cigarrinhas vetoras (Daubulus maydis,Delong & '\volcou, D. elematus Bell.,Graminella nigrofons Forbes e Dalbulustripsaci Kramer e Whitcomb.) e do está-dio de desenvolvimento em que as plantassão infectadas. Na região Centro-oeste, oenfezamento ocorre de forma severa emplantios feitos nos meses de janeiro e fe-vereiro, realizados em áreas sob irrigação.Nesta época, com a senescência das di-versas plantas hospedeiras, as cigarrinhasmigram para o milho, infectando-o.

. Com relação às podridões das espi-gas, .estas são de ocorrência esporádica,estando relacionadas com mal empalha-mento, danos por insetos e ocorrência dechuvas em fevereiro e março.

Em condições de irrigação, é· possívelrealizar plantios mais tardios.

À semelhança do que ocorre na re-gião Centro-oeste, a intensidade das po-dridões-do-colmo, também causadas porF usarium spp., Colletotrichum gramini-cola e Diplodia maydis (Quadro 2), estádiretamente relacionada com a intensida-de das doenças foliares. No Norte de SãoPaulo, a ocorrência de nemat6ides tem si-do associada ao aparecimento das podri-dões por Fusarium. A podridão por Phy-soderma maydis é intensa na região doTriângulo Mineiro, principalmente emplantios tardios, em áreas mais baixas e nosistema milho em sucessão a milho. Em .locais onde ocorre veranico, o tomba-mento de plantas pode ser ocasionado porMacrophomina phaseolina (Tassí) G.Goid, por ser esta doença favorecida por

Esta região compreende os estados alta temperatura e baixa umidade.de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Com relação à doença foliar causadaSanto e Rio de Janeiro, sendo responsável por Phyllosticta spp., inicialmente su-por 24% do total de área plantada e 32% pôs-se tratar-se de "holcus spot", causa-do total da produção de milho no país. da por Pseudomonas syringae Van Hall,

O plantio de milho é feito basica- cujos sintomas são semelhantes àquelesmente nos meses de outubro e novembro. causados por Phyllosticta . A possibilida-

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REGIÃO SUDESTE

de de o agente patogêníco ser uma bacté-ria foi descartada, pela impossibilidade deseu isolamento das lesões. Contudo, foipossível isolar Phyllosticta, faltando iden-tificar a sua forma perfeita.

Enquanto a incidência de Phyllostictatem aumentado consideravelmente na re-gião, a de Helminthosporium maydis o temno Triângulo Mineiro, bem como a de mi-coplasma, este último nos plantios de ja-neiro e fevereiro sob condições de irriga-

. ção. Outras doenças foliares importantessão as ferrugens - Puccinia polysorae Puccinia sorghi e Helminthosporium.turcicum.

REGIÃO SUL

Nesta região encontram-se os esta-dos do Paraná, Santa Catarina e RioGrande do sul. Nela se situa 38% do totalda área plantada, sendo produzidos 40%do total da produção de milho, no Brasil.

A época normal de plantio de milhonesta região vai do início de setembro aofinal de novembro. A partir de dezembro,até fevereiro ou março, ocorre o plantioda safrinha, geralmente em sucessão aofeijão, milho, soja e fumo.

Em ambas as épocas de plantio, otombamento das plantas por Fusariumspp., Colletotrichum graminico/a e Diplo-dia maydis tem-se constituído em um dosfatores de redução na produção de milho.

Com relação às doenças foliares, ahelmitosporiose, causada por H elminthos-porium turcicum, embora de caráter en-dêmico na região, deve ser consideradauma doença economicamente importante,pelo caráter epidêmico que adquire em al-gumas localidades, principalmente nosplantios da safrinha (Quadro 3). Por outrolado, a severidade do enfezamento causa-do tanto por micoplasma como por espi-roplasma tem aumentado anualmente.

Embora Puccinia sorghi e Pucciniapolysora ocorram em ambas as épocas de .plantio, a incidência desta última nosplantios da safrinha tem adquirido caráterepidêmico em algumas localidades onde aprodução de milho s6 tem sido possívelatravés da utilização de cultivares resis-tentes.

Outra doença de ocorrência.generali-zada .na região Sul e que tem merecidoatenção especial é o míldio do sorgo,causado por Peronosclerospora sorghi(Weston e UPPal) C.G. Shaw (Sin: Sele-

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Milho 11

rospora sorghi Weston e Uppal). A suaimportância se deve não s6 ao fato de opat6geno ter como hospedeiros principaiso milho e o sorgo, inclusive o sorgo vas-soura (Sorghum vulgare varo technicum)muito cultivado na região, como pelaexistência de uma nova raça, detectadapela' primeira vez em Palotina/PR, em1982. Esta doença tem sido mais severanos plantios tardios.

O carvão-do-topo, causado porSphacelotheca reiliana (Kühn) Clint, tem-se mostrado importante em algumas loca-lidades dos estados que compõem esta re-gião, principalmente em plantios de se-tembro.

Além das doenças citadas neste tra-balho, as seguintes já foram identificadasna cultura de milho no Brasil: lesões fo-liares causadas por Colletotrichum grami-nicola, Curvularia spp., Ascochyta spp.,Kabatiella zeae Narita & Hiratsuka, Di-plodia macrospora Earle, Pseudomanasalboprecipitans Rosen; doenças vir6ticasRaiado Fino, Faixa Clor6tica das Nervu-ras e mosaico; e podridões-de-espigascausadas por Usti/ago maydis (DC) Cdae Gibere//a zeae (Schw.) Petch.

Os resultados deste trabalho mos-traram não s6 a existência de um elevadonúmero de informações sobre as doençasde milho, como também a necessidade dereunir, de alguma forma, estas informa-ções e colocá-Ias à disposição daquelesque trabalham com esta cult,ura. Uma su-gestão apresentada durante o Simpõsiofoi no sentido de se realizar, anualmente,uma reunião entre os fitopatologistas quetrabalham com milho, para troca de in-formações.

O presente trabalho mostrou, tam-bém, a evolução de algumas doenças co-mo aquelas causadas por Puccinia polyso-ra e Peronosclerospora sorghi nas regiõesSul e 'Sudeste e Helminthosporium maydisna região Sudeste; a importância de ou-tras como a causada por Sphacelothecareiliana, e a necessidade do monitora-mento das doenças.

Com relação a este último aspecto,uma metodologia sugerida foi a de se es-colherem duas ou três cultivares de milho,dentre aquelas plantadas anualmente emum maior número de locais possíveis, eavaliá-Ias para a incidência das doenças.Os resultados .permitiriam não s6 fazerum zoneamento das doenças como detec- .tar possíveis variações nos pat6genos.

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ARMAZENAMENTO ECONTROLE DE INSETOS NO

MILHO ESTOCADO NA·,

PROPRIEDADEAGRICOLAJamilton P. Sontos j]Renato A, Fontes 2/

INTRODUÇÃO

Em relação ao milho no Brasil, deve-:se considerar a armazenagem a granel, emsacaria e em espigas com palha. No arma-zenamento em silos, ou em sacaria, ocontrole de insetos-pragas de grãos tor-na-se mais fácil porque há tecnologiaadequada e eficiente para ser posta emprática. É necessária, entretanto, a atuali-zação dos conhecimentos sobre controlede insetos por parte dos operadores dossistemas. Para ser armazenado a granel ouem sacaria, o milho com 13% de umidade,deve estar basicamente seco e livre deinsetos e impurezas.

O armazenamento de milho no Brasiltem permitido grandes perdas causadaspor diversos fatores, dentre os quais ci-tam-se: 60% da produção é estocada pre-cariamente na forma de milho em espigacom palha, em estruturas muito rústicascomo os pai6is, o que dificulta ainda maiso controle dos insetos; baixo conheci-mento técnico do agricultor; .dificuldadeem adotar novas tecnologias; e pequenacapacidade de fazer investimentos. So-

mente a difusão de práticas de controle deinsetos que sejam ao mesmo tempo efi-cientes, de baixo custo e de execuçãosimples, além da disponibilidade de es-truturas também eficientes e de baixocusto poderão minimizar as perdas no ar-mazenamento do milho.

INSETOS MAIS IMPORTANTES

São várias as espécies de insetos quese alimentam do milho ou de seus subpro-dutos, porém os gorgulhos. ou carunchosdo milho (Sitophilus zeamais e Sitophilusoryzae) e a traça-dos-cereais (Sitotrogacerealella) são responsáveis pela quasetotalidade dos prejuízos.

Gorgulho ou Caruncho do Milho

Os carunchos (Sitophilus spp.) sãopequenos besouros negros, ou marrom-escuros, medindo 3-4 mm e com o rostroprojetando-se da cabeça. A fêmea conse-gue viver de 4 a 5 meses, colocando, emmédia, 180 ovos neste período. Os danosno milho são causados pelos adultos e pe-las formas jovens (larvas) que se desen-volvem no interior dos grãos, emergindoquando se transformam em adultos. Operíodo para completar o ciclo de ovo aadulto é variável, geralmente, de 30-50dias.

1/ EnglJ Agf2, Ph.D. - EMBRAPA/CNPMS - Caixa Posta/151- CEP 35700 Sete Lagoas, MG.21 EnglJ Agf2, M.Sc. - EMBRAPAlCNPMS - Caixa Posta/151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG.

Inf. Agropec., Belo Horizonte, v. 14, n. 165, p. 40-45,1990