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Milho 11
timas técnicas.Reconhecendo que os progressos
marginais obtidos na produção de ali-mentos requerem importantes investi-mentos em programas de pesquisas fun-damentais, é urgente e recomendável quese busque utilizar 'as novas técnicas debiologia .celular e molecular como ferra-mentas de auxílio às metodologias atual-mente em uso nos programas de melho-ramento de milho.
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"SITUAÇAO DAS DOENÇAS
DE MILHO NO BRASILFemando Tavares Fernandes 1/
Eric Balmer11
A cultura de milho ocupa, no Brasil,13,6 milhões de hectares. Conquanto omilho seja cultivado em todo o país, háuma forte concentração nas regiões Sul,Sudeste e Centro-oeste, onde obser-vou-se, pelos dados da safra 1985/86,73% da área plantada e 88% da produção.
O aumento da produção de milho nospr6ximos anos deverá ocorrer tanto peloaumento da área cultivada como pelo au-mento da produtividade, sendo que o ba-lanceamento entre estes dois fatores serávariável de acordo com as característicasde cada região fisiogrãfica,
Para o aumento da produtividade,prevê-se a utilização intensiva de tecno-logias como uso de irrigação, utilização deplantas mais produtivas, precoces, au-mento na fertilidade do solo, etc.
Em uma cultura com estas caracte-rísticas, isto é, abrangendo várias regiõesque diferem entre si e dentro delas quantoao clima e utilizando tecnologias que serelacionam diretamente com .0 apareci-mento das doenças, é de seesperar aocorrência de um' elevado número dedoenças. Assim, mais de 20 já foramidentificadas na cultura de milho no Bra-sil. Contudo, pela freqüência e intensida-de com que ocorrem, somente algumasapresentam importância econômica.
Por outro lado, por ser doença o re-sultado da interação entre dois seres vivos(pat6geno e hospedeiro), influenciada pe-las condições ambientais, basta que estassejam favoráveis à interação ou que
_ocorra variação no pat6geno para que
doenças de importância secundária pas-sem a se constituir em problemas fitopa-tol6gicos para a cultura do milho. Assim,é necessário àqueles que trabalham comesta cultura, não s6 conhecerem adistri-buição geográfica das doenças comotam-bém as possíveis variações que venham aocorrer nos pat6genos.
O presente trabalho, apresentado noSimp6sio sobre Moléstias de Milho, reali-zado de 28 a 29 de julho de 1987, emCampinas, teve como fmalidade reunirinformações sobre .as doenças mais im-portantes da cultura do milho, nas princi-pais regiões produtoras. Estas informa-ções, obtidas também através de consultasfeitas a técnicos ligados a instituiçõesoficiais de pesquisa, como IAP AR,EMPASC e companhias particulares pro-dutoras de sementes, como SementesCargill Ltda. e Sementes Agroceres SI A,estão contidas nos Quadros 1,2 e 3, e nosmostram as seguintes situações para asdoenças de milho nas diferentes regiões.
RE~IÃO CENTRO-OESTE
Esta região compreende os estadosde Mato Grosso, Mato Grosso do Sul eGoiás, sendo responsável por 11% do to-tal da área plantada e 16% do total daprodução de milho no Brasil. A época deplantio normalmente é de outubro até aprimeira quinzena de novembro. Plantiosmais tardios podem ocorrer da segundaquinzena de' novembro ao início de de-zembro. Em condições de irrigação, osplantios são realizados durante todo oano.
As podridões-do-colmo e do topo,causadas por bactérias (Erwinia chrysan-~-..""~""~
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themi Burk.), McFaden & Dimock, e pelofungo Pythium aphannidermatum (Eds.)Fitz., são severas em condições de altaumidade, determinadas ou pelo excesso dechuvas ou de irrigação. Por ser urna con-dição atípica à cultura do milho, geral-mente estas doenças são consideradas deimportância secundária.
Os pat6genos apodrecedores docol-mo atacam os tecidos da medula desinte-grando-os, podendo ou não acarretarem otombamento das plantas. Estes sintomassão mais visíveis no estãdio de poliniza-ção, A suscetibilidade das plantas estádiretamente relacionada, entre outros fa-tores, com a existência de nemat6ides,principalmente dos gêneros Pratylenchusspp. e Helycotilenchus spp., brocas, adu-bação nitrogenada em excesso, doençasfoliares severas.
Os prejuízos causados por estas po-dridões se devem mais à perda das espigasdo que à não formação dos grãos, poisestas, em contato com o solo, apodrecemou deixam de ser colhidas, principalmentese a colheita for mecanizada.
Na região Centro-oeste os principaispat6genos apodrecedores do colmo são:F usarim spp., Colletotrichum graminicola(Ces.) G.W. Wils, e Diplodia maydis(Berk) Sacc. (Quadro 1). A podridão porPhysoderma maydis Miy. tem sido maissevera em plantios tardios, nos realizadosem áreas mais baixas, e no sistema de mi-lho em sucessão a milho. A importânciadestas podridões é grande nesta região,pela existência de extensas áreas onde a,colheita é mecanizada.
A importância das doenças foliaresestá no fato de não s6 poderem causar re-dução na qualidade e quantidade da pro-dução, como também de predisporem asplantas ao ataque dos patõgenos apodre-cedores do colmo. As ferrugens têm sidoas doenças foliares mais importantes naregião. Em plantios abaixo de 800 m dealtitude, observa-se a predominância dePuccinia polysora Underw. Acima destaaltitude, predominam Puccinia sorghiSchw., e Helminthosporium turcicumPasso A incidência de Helminthosporiummaydis Nisik. & Miy. tem aumentado naregião enquanto a de Helminthosporiumcarbonum Ullstrup o tem mais especifi-camente em Goiás.
A freqüência e severidade do enfe-zamento, causado por micoplasma e es-piroplasma, estão em função da população
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Milho 11
,
QUADRO 1 - Doenças da Cultura de Milho na Região Centro-oeste, Formada pelosEstados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás
Época de PlantioNome da Doença Patõgeno
Normal Tardia
1. Podridões-do-colmo edas raizesFusariose Fusarium spp. + +Antracnose Colletotrichum graminicola + +Podridão de Diplodia Diplodia maydis + +Podridão de Physoderma Physoderma maydis + ++
2. Doenças foliares
Helmintosporiose Helminthosporium turcicum + +Helminthosporium maydis + +Helminthosporium carbonum + +
Ferrugens Puccinia sorghi + +Puccinia polysora + +
Enfezamento Micoplasma/Espiroplasma - +-
(+) - Ocorrência(+ +) - Ocorrência em maior intensidade(-) - Não ocorrência
QUADRO 2 - Doenças da Cultura de Milho na Região Sudeste, Formada pelos Es-tados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro
Época de PlantioNome da Doença Pat6geno
Normal
1. Podridões-do-colmo e das raízesFusariose Fusarium spp, +Antracnose Colletotrichum graminicola +Podridão de Diplodia Diplodia maydis +,Podridão de Physoderma Physoderma maydis +Podridão-seça Macrophomina phaseolina +
2. Doenças foliares
Helmintosporiose Helminthosporium turcicum +Helminthosporium maydis +
Ferrugens Puccinia sorghi +Puccinia polysora +
Lesões de Phyllosticta spp. +
(+) - Ocorrência
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Milho II
QUADRO 3 - Doenças da Cultura de Milho na Região Sul, Formada pelos Estadosdo Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Época de PlantioNome da Doença Pat6geno
Normal ' Safrinha
1. Podridões-do-colmo edas raízes
Fusariose F usarium spp, + +Antracnose Colletotrichwn graminico/a + +Podridão de Diplodia Diplodia maydis + +
2. Doenças foliares
Helmintosporiose H elminthosporium turcicum + ++
Ferrugens Puccinia polysora + +Puccinia sorghi + -
Míldio do sorgo Peronosclerospora sorghi + +
Enfezamento MicoplasmaJEspiroplasma - +Lesões de P hyllosticta spp. + +
3. Carvão do topo Sphacelotheca reiliana + -
(+) - Ocorrência(+ +) - Ocorrência em maior intensidade(-) - Não ocorrência .
. de cigarrinhas vetoras (Daubulus maydis,Delong & '\volcou, D. elematus Bell.,Graminella nigrofons Forbes e Dalbulustripsaci Kramer e Whitcomb.) e do está-dio de desenvolvimento em que as plantassão infectadas. Na região Centro-oeste, oenfezamento ocorre de forma severa emplantios feitos nos meses de janeiro e fe-vereiro, realizados em áreas sob irrigação.Nesta época, com a senescência das di-versas plantas hospedeiras, as cigarrinhasmigram para o milho, infectando-o.
. Com relação às podridões das espi-gas, .estas são de ocorrência esporádica,estando relacionadas com mal empalha-mento, danos por insetos e ocorrência dechuvas em fevereiro e março.
Em condições de irrigação, é· possívelrealizar plantios mais tardios.
À semelhança do que ocorre na re-gião Centro-oeste, a intensidade das po-dridões-do-colmo, também causadas porF usarium spp., Colletotrichum gramini-cola e Diplodia maydis (Quadro 2), estádiretamente relacionada com a intensida-de das doenças foliares. No Norte de SãoPaulo, a ocorrência de nemat6ides tem si-do associada ao aparecimento das podri-dões por Fusarium. A podridão por Phy-soderma maydis é intensa na região doTriângulo Mineiro, principalmente emplantios tardios, em áreas mais baixas e nosistema milho em sucessão a milho. Em .locais onde ocorre veranico, o tomba-mento de plantas pode ser ocasionado porMacrophomina phaseolina (Tassí) G.Goid, por ser esta doença favorecida por
Esta região compreende os estados alta temperatura e baixa umidade.de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Com relação à doença foliar causadaSanto e Rio de Janeiro, sendo responsável por Phyllosticta spp., inicialmente su-por 24% do total de área plantada e 32% pôs-se tratar-se de "holcus spot", causa-do total da produção de milho no país. da por Pseudomonas syringae Van Hall,
O plantio de milho é feito basica- cujos sintomas são semelhantes àquelesmente nos meses de outubro e novembro. causados por Phyllosticta . A possibilida-
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REGIÃO SUDESTE
de de o agente patogêníco ser uma bacté-ria foi descartada, pela impossibilidade deseu isolamento das lesões. Contudo, foipossível isolar Phyllosticta, faltando iden-tificar a sua forma perfeita.
Enquanto a incidência de Phyllostictatem aumentado consideravelmente na re-gião, a de Helminthosporium maydis o temno Triângulo Mineiro, bem como a de mi-coplasma, este último nos plantios de ja-neiro e fevereiro sob condições de irriga-
. ção. Outras doenças foliares importantessão as ferrugens - Puccinia polysorae Puccinia sorghi e Helminthosporium.turcicum.
REGIÃO SUL
Nesta região encontram-se os esta-dos do Paraná, Santa Catarina e RioGrande do sul. Nela se situa 38% do totalda área plantada, sendo produzidos 40%do total da produção de milho, no Brasil.
A época normal de plantio de milhonesta região vai do início de setembro aofinal de novembro. A partir de dezembro,até fevereiro ou março, ocorre o plantioda safrinha, geralmente em sucessão aofeijão, milho, soja e fumo.
Em ambas as épocas de plantio, otombamento das plantas por Fusariumspp., Colletotrichum graminico/a e Diplo-dia maydis tem-se constituído em um dosfatores de redução na produção de milho.
Com relação às doenças foliares, ahelmitosporiose, causada por H elminthos-porium turcicum, embora de caráter en-dêmico na região, deve ser consideradauma doença economicamente importante,pelo caráter epidêmico que adquire em al-gumas localidades, principalmente nosplantios da safrinha (Quadro 3). Por outrolado, a severidade do enfezamento causa-do tanto por micoplasma como por espi-roplasma tem aumentado anualmente.
Embora Puccinia sorghi e Pucciniapolysora ocorram em ambas as épocas de .plantio, a incidência desta última nosplantios da safrinha tem adquirido caráterepidêmico em algumas localidades onde aprodução de milho s6 tem sido possívelatravés da utilização de cultivares resis-tentes.
Outra doença de ocorrência.generali-zada .na região Sul e que tem merecidoatenção especial é o míldio do sorgo,causado por Peronosclerospora sorghi(Weston e UPPal) C.G. Shaw (Sin: Sele-
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Milho 11
rospora sorghi Weston e Uppal). A suaimportância se deve não s6 ao fato de opat6geno ter como hospedeiros principaiso milho e o sorgo, inclusive o sorgo vas-soura (Sorghum vulgare varo technicum)muito cultivado na região, como pelaexistência de uma nova raça, detectadapela' primeira vez em Palotina/PR, em1982. Esta doença tem sido mais severanos plantios tardios.
O carvão-do-topo, causado porSphacelotheca reiliana (Kühn) Clint, tem-se mostrado importante em algumas loca-lidades dos estados que compõem esta re-gião, principalmente em plantios de se-tembro.
Além das doenças citadas neste tra-balho, as seguintes já foram identificadasna cultura de milho no Brasil: lesões fo-liares causadas por Colletotrichum grami-nicola, Curvularia spp., Ascochyta spp.,Kabatiella zeae Narita & Hiratsuka, Di-plodia macrospora Earle, Pseudomanasalboprecipitans Rosen; doenças vir6ticasRaiado Fino, Faixa Clor6tica das Nervu-ras e mosaico; e podridões-de-espigascausadas por Usti/ago maydis (DC) Cdae Gibere//a zeae (Schw.) Petch.
Os resultados deste trabalho mos-traram não s6 a existência de um elevadonúmero de informações sobre as doençasde milho, como também a necessidade dereunir, de alguma forma, estas informa-ções e colocá-Ias à disposição daquelesque trabalham com esta cult,ura. Uma su-gestão apresentada durante o Simpõsiofoi no sentido de se realizar, anualmente,uma reunião entre os fitopatologistas quetrabalham com milho, para troca de in-formações.
O presente trabalho mostrou, tam-bém, a evolução de algumas doenças co-mo aquelas causadas por Puccinia polyso-ra e Peronosclerospora sorghi nas regiõesSul e 'Sudeste e Helminthosporium maydisna região Sudeste; a importância de ou-tras como a causada por Sphacelothecareiliana, e a necessidade do monitora-mento das doenças.
Com relação a este último aspecto,uma metodologia sugerida foi a de se es-colherem duas ou três cultivares de milho,dentre aquelas plantadas anualmente emum maior número de locais possíveis, eavaliá-Ias para a incidência das doenças.Os resultados .permitiriam não s6 fazerum zoneamento das doenças como detec- .tar possíveis variações nos pat6genos.
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ARMAZENAMENTO ECONTROLE DE INSETOS NO
MILHO ESTOCADO NA·,
PROPRIEDADEAGRICOLAJamilton P. Sontos j]Renato A, Fontes 2/
INTRODUÇÃO
Em relação ao milho no Brasil, deve-:se considerar a armazenagem a granel, emsacaria e em espigas com palha. No arma-zenamento em silos, ou em sacaria, ocontrole de insetos-pragas de grãos tor-na-se mais fácil porque há tecnologiaadequada e eficiente para ser posta emprática. É necessária, entretanto, a atuali-zação dos conhecimentos sobre controlede insetos por parte dos operadores dossistemas. Para ser armazenado a granel ouem sacaria, o milho com 13% de umidade,deve estar basicamente seco e livre deinsetos e impurezas.
O armazenamento de milho no Brasiltem permitido grandes perdas causadaspor diversos fatores, dentre os quais ci-tam-se: 60% da produção é estocada pre-cariamente na forma de milho em espigacom palha, em estruturas muito rústicascomo os pai6is, o que dificulta ainda maiso controle dos insetos; baixo conheci-mento técnico do agricultor; .dificuldadeem adotar novas tecnologias; e pequenacapacidade de fazer investimentos. So-
mente a difusão de práticas de controle deinsetos que sejam ao mesmo tempo efi-cientes, de baixo custo e de execuçãosimples, além da disponibilidade de es-truturas também eficientes e de baixocusto poderão minimizar as perdas no ar-mazenamento do milho.
INSETOS MAIS IMPORTANTES
São várias as espécies de insetos quese alimentam do milho ou de seus subpro-dutos, porém os gorgulhos. ou carunchosdo milho (Sitophilus zeamais e Sitophilusoryzae) e a traça-dos-cereais (Sitotrogacerealella) são responsáveis pela quasetotalidade dos prejuízos.
Gorgulho ou Caruncho do Milho
Os carunchos (Sitophilus spp.) sãopequenos besouros negros, ou marrom-escuros, medindo 3-4 mm e com o rostroprojetando-se da cabeça. A fêmea conse-gue viver de 4 a 5 meses, colocando, emmédia, 180 ovos neste período. Os danosno milho são causados pelos adultos e pe-las formas jovens (larvas) que se desen-volvem no interior dos grãos, emergindoquando se transformam em adultos. Operíodo para completar o ciclo de ovo aadulto é variável, geralmente, de 30-50dias.
1/ EnglJ Agf2, Ph.D. - EMBRAPA/CNPMS - Caixa Posta/151- CEP 35700 Sete Lagoas, MG.21 EnglJ Agf2, M.Sc. - EMBRAPAlCNPMS - Caixa Posta/151 - CEP 35700 Sete Lagoas, MG.
Inf. Agropec., Belo Horizonte, v. 14, n. 165, p. 40-45,1990