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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior PRINCPIOS DO DIREITO PENAL CONCEITO Princpios so valores fundamentais que inspiram a criao e a manuteno do sistema jurdico. No Direito Penal, os princpios tm a funo de orientar o legislador ordinrio, no intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante imposio de garantias aos cidados. Os princpios de Direito Penal so conhecidos como princpios reguladores do controle penal, princpios constitucionais fundamentais de garantia do cidado, ou simplesmente de princpios fundamentais de direito penal de um Estado Democrtico de Direito. Todos esses princpios so de garantias do cidado perante o poder punitivo estatal e esto amparados pelo novo texto constitucional de 1988. Os princpios de Direito Penal garantem que a interpretao dos casos penais nem sempre deva ser realizada sob a gide de um sistema penal legalista, ou seja, vinculado ao formalismo legal, a um juzo de subsuno do fato letra da lei. Contudo, a corrente neo-retribucionista em Direito Penal tem influenciado a poltica criminal, segundo a qual a efetiva aplicao e execuo das penas garantem a funo preventiva geral positiva, bem como tem inspirado o movimento chamado de law in order. PRINCPIOS EM ESPCIES A doutrina diverge quanto aos critrios de classificao dos princpios do Direito Penal. Guilherme de Souza Nucci classifica em: 1. Constitucionais explcitos 1.1. Legalidade ou Reserva legal 1.2. Anterioridade 1.3. Retroatividade da lei mais benfica 1.4. Personalidade ou da responsabilidade pessoal 1.5. Individualizao da pena 1.6. Humanidade 2. Constitucionais implcitos 2.1. Interveno mnima (subsidiariedade) 2.2. Fragmentariedade 2.3. Culpabilidade 2.4. Taxatividade 2.5. Proporcionalidade Pgina 1 de 19

Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior 2.6. Vedao da dupla punio pelo mesmo fato Rogrio Sanches classifica os princpios gerais do Direito Penal em quatro grupos: I Princpios relacionados com a misso fundamental do Direito Penal. Princpio da Exclusiva Proteo de Bens Jurdicos; Princpio da Interveno Mnima; Princpio da insignificncia ou bagatela. II Princpios relacionados com o fato do agente. Princpio da exteriorizao ou materializao do fato; Princpio da legalidade; Princpio da ofensividade ou lesividade. III Princpios relacionados com o agente do fato. Princpio da responsabilidade pessoal (veda responsabilidade coletiva); Princpio da responsabilidade subjetiva (exige culpa/dolo); Princpio da culpabilidade (imputabilidade, conscincia, sem possibilidade de conduta diversa); Princpio da igualdade; e Princpio da presuno de inocncia. IV Princpios relacionados com a pena Princpio da proibio da pena indigna Princpio da humanizao das penas ou humanidade das penas: Princpio da proporcionalidade Princpio da pessoalidade da pena ou personalidade da pena (ou ainda intransmissibilidade da pena) Princpio da vedao do bis in idem Princpio da exclusiva proteo do bem jurdico O Direito Penal se destina tutela de bens jurdicos, no podendo ser utilizado para resguardar questes de ordem moral, tica, ideolgica, religiosa, poltica ou semelhantes. O Direito Penal no se preocupa com as intenes e pensamentos das pessoas, do seu modo de viver ou de pensar, ou ainda de suas condutas internas, enquanto no exteriorizada a atividade delitiva. Ex: no compete ao direito penal proteger uma religio, tendo em vista que o Estado laico. Princpio da alteridade

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior Probe a incriminao de atitude meramente interna do agente, bem como do pensamento ou de condutas moralmente censurveis, incapazes de invadir o patrimnio jurdico alheio. Ningum pode ser punido por causar mal apenas a si prprio (Claus Roxin). Princpio da interveno mnima ENUNCIADO O Direito Penal s deve preocupar-se com os bens mais importantes e necessrios vida em sociedade. legtima a interveno penal apenas quando a criminalizao de um fato se constitui meio indispensvel para a proteo de determinado bem ou interesse, no podendo ser tutelado por outros ramos do ordenamento. A misso do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens jurdicos mais relevantes. Em decorrncia disso, a interveno penal deve ter o carter fragmentrio, protegendo apenas os bens jurdicos mais importantes e em casos de leses de maior gravidade. Tem como destinatrios principais o legislador e o intrprete do Direito. Ao legislador recomenda-se moderao no momento de eleger as condutas dignas de proteo penal, abstendo-se de incriminar qualquer comportamento. Ao interprete do direito cabe no proceder operao de tipicidade quando constatar que a pendncia pode ser satisfatoriamente resolvida com a atuao de outros ramos do sistema jurdico, em que pese a criao, pelo legislador, do tipo penal incriminador. O direito s deve ser aplicado quando estritamente necessrio, mantendo-se subsidirio e fragmentrio. Subsidiariedade norteia a interveno em abstrato, quando os demais ramos do direito fracassarem (ineficazes) no controle social. Deve ser a ultima ratio, derradeira trincheira no combate ao comportamento humano indesejado. O Direito Penal subsidirio porque tem conseqncia jurdica mais drstica. Fragmentariedade norteia a interveno no caso concreto. Assim, o Direito Penal somente intervm no caso concreto quando presente relevante e intolervel leso ou perigo de leso ao bem jurdico tutelado.

Exemplos: DESCRIMINALIZAO crime de adultrio, emisso de cheque sem fundos (?). CRIMINALIZAO crime de assdio sexual.

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior O princpio da interveno mnima em Direito Penal tem dois importantes corolrios: a fragmentariedade e a subsidiariedade. O primeiro preconiza que somente os bens jurdicos mais relevantes merecem tutela penal, bem como apenas os ataques mais intolerveis a estes merecem disciplina penal, enquanto o segundo prescreve que a interveno penal s tem legitimidade quando outros ramos do Direito no oferecem soluo satisfatria aos conflitos. Princpio da fragmentariedade ou carter fragmentrio do Direito Penal O carter fragmentrio do Direito Penal quer dizer que, uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais ao Estado, comprovada a lesividade e a inadequao social das condutas que os ofendem, esses bens passaro a constituir um fragmento, uma pequena parcela de todos os bens protegidos pelo ordenamento jurdico. Nem todos os ilcitos configuram infraes penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manuteno e o progresso do ser humano e da sociedade. Princpio da subsidiariedade ou da interveno mnima O Direito Penal atua subsidiariamente, ou seja, somente entre em cena quando outros meios estatais de proteo mais brandos, e, portanto, menos invasivos da liberdade individual no forem suficientes para a proteo do bem jurdico tutelado. O Direito Penal h de ser a ultima ratio, o ltimo recurso a utilizar falta de outros menos lesivos. Assim, o princpio da interveno mnima estabelece a atuao do direito penal como ultima ratio, ou seja, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalizao de uma conduta s se legitima se constituir meio necessrio para a proteo de determinado bem jurdico. Princpio da insignificncia ou criminalidade de bagatela Teoria tripartida para que um fato seja considerado crime, deve ser tpico, ilcito e culpvel. Teoria bipartida para que um fato seja considerado crime, deve ser tpico e ilcito, sendo a culpabilidade pressuposto de aplicao da pena. E para que o fato seja tpico preciso que haja quatro requisitos: Conduta Resultado

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior Nexo causal Tipicidade (formal + material)

Assim, se algum age (conduta) de forma a causar a algum (nexo de causalidade) algum dano (resultado), s nos resta saber se existe tipicidade para que o ato possa ser considerado tpico. Independentemente dessa divergncia sobre a culpabilidade ser pressuposto de aplicao da pena ou elemento constitutivo do crime, na anlise do primeiro elemento do crime fato tpico deve ser verificada a tipicidade formal (adequao do fato lei penal incriminadora) e a tipicidade material (anlise do desvalor da conduta e da leso causada ao bem jurdico protegido pela norma). na tipicidade material que incide o princpio da insignificncia, ou seja, se o fato no possui tipicidade material, inexiste o primeiro elemento do crime e, consequentemente, o prprio crime. Tipicidade penal A tipicidade penal bipartida em: Formal a adequao perfeita da conduta do agente ao modelo abstrato (tipo) previsto na lei penal; Material ou Conglobante anlise do desvalor da conduta e da leso causada ao bem jurdico protegido pela norma. Deve-se observar se: a) a conduta do agente antinormativa e b) o fato materialmente tpico. O estudo do princpio da insignificncia reside na tipicidade penal, se o fato ou no materialmente tpico. Para se descobrir se determinado fato ou no materialmente tpico, devemos responder seguinte indagao: ser que o legislador, ao tipificar aquela conduta determinada, teve a inteno de englobar aquela leso especfica (considerando-se a gravidade da leso)? Caso a resposta seja negativa, faltaria ao ato a chamada tipicidade material o que, via de conseqncia, excluiria a tipicidade conglobante e, ato contnuo, a tipicidade penal. No havendo fato tpico, no h crime. O princpio da insignificncia, introduzido por CLAUS ROXIN, tem por finalidade auxiliar o intrprete quando da anlise do tipo penal, para fazer excluir do mbito de incidncia da lei aquelas situaes consideradas como de bagatela.

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior O Direito Penal no deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurdico. Sua aplicao no prevista no Cdigo Penal, mas amplamente admitida pela doutrina e jurisprudncia. Funciona como causa de excluso da tipicidade, desempenhando uma interpretao restritiva do tipo penal, pois restringe o mbito de incidncia da lei penal incriminadora. Opera-se to-somente a tipicidade formal, isto , adequao entre o fato praticado pelo agente e a lei penal incriminadora. No h tipicidade material, ou seja, o juzo de subsuno capaz de lesar ou ao menos colocar em perigo o bem jurdico penalmente tutelado. Esse princpio deve ser analisado em conexo com os postulados da fragmentariedade e da interveno mnima do Estado em matria penal. Somente pode ser invocado em relao a fatos que geraram mnima perturbao social, ou seja, mnima ofensividade da conduta do agente. Exige, para seu reconhecimento, que as consequncias da conduta tenham sido de pequena relevncia, ou seja, nenhuma periculosidade social da ao ou reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. Tem aplicao a qualquer espcie de delito que com ele seja compatvel e no apenas aos crimes contra o patrimnio. No admitido em crimes praticados com emprego de violncia pessoa ou grave ameaa, pois os reflexos da resultantes no podem ser considerados insignificantes. O STF no admite o princpio da insignificncia no tocante aos crimes previstos na Lei 11.343/2006 Lei de Drogas, salvo possibilidade da aplicao do princpio da dignidade da pessoa humana. Uma quantidade mnima de cocana apreendida, em hiptese alguma, pode constituir causa justa para trancamento da ao penal, com base no princpio da insignificncia. A criminalidade de bagatela no se confunde com infraes penais de menor potencial ofensivo. No so sinnimas as expresses bem de pequeno valor e bem de valor insignificante, sendo a conseqncia jurdica para este ltimo caso, a aplicao do princpio da insignificncia, que exclui a tipicidade penal. O pequeno valor da res furtiva, por si s, no autoriza a aplicao do princpio da insignificncia. O princpio da insignificncia aplicvel s infraes penais de menor potencial ofensivo (contravenes penais e crimes com pena mxima em abstrato igual ou inferior a dois anos, cumulada ou no com multa).

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior O princpio da insignificncia cabvel nos crimes de mdio potencial ofensivo, ou seja, com pena mnima igual ou inferior a um ano (ex.: furto simples). O princpio da insignificncia incide em alguns crimes de elevado potencial ofensivo (pena mnima superior a um ano e pena mxima superior a dois anos), desde que praticado sem violncia pessoa ou grave ameaa. Ex.: crime de peculato (apropriao de um clip). O fato de o ru possuir antecedentes criminais no impede a aplicao do princpio da insignificncia. O princpio jurdico-penal da tipicidade garante a proibio da aplicao da analogia in mallam partem em Direito Penal.

Requisitos objetivos ou aspectos objetivos do fato, segundo o STF: A mnima ofensividade da conduta; A ausncia de periculosidade social da ao; O reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; A inexpressividade da leso jurdica provocada.

Requisitos subjetivos, segundo o STF: A importncia do objeto material para a vtima; A condio econmica da vtima; O valor sentimental do bem; As circunstncias e o resultado do crime.

Recentemente o STF excepcionalizou a anlise desses critrios objetivos, passando a levar em considerao a reincidncia do agente, justificando que apesar de tratar-se de critrio subjetivo, remete a critrio objetivo e deve ser excepcionada da regra para anlise do princpio da insignificncia, j que no est sujeita a interpretaes doutrinrias e jurisprudenciais ou a anlises discricionrias. O criminoso reincidente apresenta comportamento reprovvel, e sua conduta deve ser considerada materialmente tpica. Divergncias entre os posicionamentos dos tribunais: STF admite a aplicao do princpio da insignificncia nos crimes funcionais. Ex: peculato. Posio contrria tem o STF, entendendo que o princpio da insignificncia um princpio geral de direito, se aplicando em todos os casos. Com relao s drogas, o STF entendeu recentemente que se aplica o princpio da insignificncia.

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior STJ prevalece que no se aplica o princpio da insignificncia para os crimes contra a Administrao Pblica, tendo em vista que, mais do que o patrimnio, atingese a moralidade administrativa. O princpio da insignificncia tem encontrado ampla acolhida na jurisprudncia ptria. Vejamos alguns exemplos: a) no crime de descaminho: considerou-se que falta justa causa para a ao penal por crime de descaminho quando a quantia sonegada no ultrapassar o valor previsto no art. 20 da Lei n 10.522/02, o qual determina o arquivamento das execues fiscais, sem baixa na distribuio, se os dbitos inscritos como dvida ativa da Unio forem iguais ou inferiores a R$ 10.000,00 (valor modificado pela Lei n 11.033/04) (STF, 2 Turma, HC 96374/PR, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 31/03/2009); b) nos crimes ambientais: h julgado da Suprema Corte no sentido de que, em matria ambiental, surgindo a insignificncia do ato em razo do bem protegido, impe-se a absolvio do acusado (STF, Tribunal Pleno, AP 439/SP, Rel. Min. Marco Aurlio, j. 12/06/2008). De forma contrria, j se decidiu que "a preservao ambiental deve ser feita de forma preventiva e repressiva, em benefcio de prximas geraes, sendo intolervel a prtica reiterada de pequenas aes contra o meio ambiente, que, se consentida, pode resultar na sua inteira destruio e em danos irreversveis" (TRF, 1 Regio, ACR 2003.34.00.019634-0/DF, Terceira Turma, Re. Des. Olindo Menezes, j. Em 14.02.2006). c) no crime de furto: "tratando-se de furto de dois botijes de gs vazios, avaliados em 40,00 (quarenta reais), no revela o comportamento do agente lesividade suficiente para justificar a condenao, aplicvel, destarte, o princpio da insignificncia" (STF, AgRg no REsp 1043525/SP, Rel. Min. Paulo Gallotti, j. 16/04/2009, DJe 04/05/2009). Da mesma maneira, a conduta perpetrada pelo agente tentativa de furto qualificado de dois frascos de xampu, no valor total de R$ 6,64 (seis reais e sessenta e quatro centavos) , insere-se na concepo doutrinria e jurisprudencial de crime de bagatela (STJ, 5 Turma, HC 123981/SP, Rel. Min. Laurita Vaz. J. 17/03/2009, DJe 13/04/2009). E, ainda: "A subtrao de gneros alimentcios avaliados em R$ 84,46, embora se amolde definio jurdica do crime de furto, no ultrapassa o exame da tipicidade material, uma vez que a ofensividade da conduta se mostrou mnima; no houve nenhuma periculosidade social da ao; a reprovabilidade do comportamento foi de grau reduzidssimo e a leso ao bem jurdico se revelou inexpressiva, porquanto os bens foram restitudos" (STJ, 5 Turma, HC 110932/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 10/03/2009, DJe 06/04/2009).

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior d) nos crimes praticados contra a Administrao Pblica: h uma celeuma em torno da questo, pois se argumenta que a norma busca tutelar no somente o aspecto patrimonial, mas tambm moral da Administrao. Nesse contexto, j se manifestou o Supremo Tribunal Federal no sentido de que, em tais casos "descabe agasalhar o princpio da insignificncia - consoante o qual ho de ser levados em conta a qualificao do agente e os valores envolvidos - quando se trata de prefeito e de coisa pblica" (STF, 1 Turma, HC 88941/AL, Rel. Min. Marco Aurlio, j. 19/08/2008). Em sentido oposto: TRF, 1 Regio, Inqurito 9301242141, Corte Especial, Rel. Mrio Cesar Ribeiro, julgado em 26/09/1996. e) crimes contra a f pblica ainda que seja a nota falsificada de pequeno valor, descabe, em princpio, aplicar ao crime de moeda falsa o princpio da insignificncia, pois, tratando-se de delito contra a f pblica, invivel a afirmao do desinteresse estatal na sua represso. Princpio da adequao social No pode ser considerado criminoso o comportamento humano que, embora tipificado em lei, no afronta o sentimento social de Justia. Ex.: os trotes acadmicos moderados e da circunciso realizada pelos judeus. O princpio da adequao social possui uma dupla funo: a) restringe o mbito de aplicao do direito penal, limitando a sua interpretao, e dele excluindo as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade; b) orienta o legislador na eleio das condutas que se deseja proibir ou impor, com a finalidade de proteger os bens considerados mais importantes, seja incluindo novas condutas, seja excluindo condutas NO MAIS INADEQUADAS CONVIVNCIA EM SOCIEDADE. Observe-se que o princpio da adequao social NO SE PRESTA A REVOGAR TIPOS PENAIS INCRIMINADORES. Mesmo que sejam constantes as prticas de algumas infraes penais, cujas condutas incriminadas a sociedade j no mais considera perniciosas, no cabe, aqui, a alegao, pelo agente, de que o fato que pratica se encontra, agora, socialmente adequado. Isto ocorre, por exemplo, com o jogo do bicho, que porquanto no seja socialmente inadequado, permanece contraveno penal. Quando um profissional faz numa pessoa furo na orelha, ou coloca um piercing em parte de seu corpo, ou, ainda, faz-lhe uma tatuagem. Tais prticas, em tese, caracterizam leso corporal, mas no so punveis em face do princpio da adequao social. Pgina 9 de 19

Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior

Princpio da responsabilidade pelo fato, da exteriorizao ou materializao do fato Os tipos penais devem definir fatos, associando-lhes as penas respectivas, e no estereotipar autores em razo de alguma condio especfica. No se admite um Direito Penal do autor, mas somente um Direito Penal do fato. Significa que o Estado s pode incriminar penalmente as condutas humanas voluntrias, isto , fatos. A prova de que o Brasil adotou o princpio da materializao e o respeito de tal princpio o artigo 2 da CP, ningum poder ser punido por fato que lei posterior deixar de considerar como crime. O direito penal no pode punir o agente pelo o que ele , pelo que ele pensa ou por seu estilo de vida. Seus pensamentos, desejos, meras cogitaes ou estilo de vida, no so punveis. o direito penal do fato e no direito penal do autor. Princpio da reserva legal ou estrita legalidade Preceitua a exclusividade da lei para a criao de delitos e penas. Assim, no h crime sem lei que o defina, nem pena sem cominao legal (nullum crimen nulla poena sine lege). Previso: art. 5, XXXIX, da CF e art. 1 do CP. Trata-se de clusula ptrea, em face do mandamento constitucional; vedada a edio de medidas provisrias sobre matria relativa a Direito Penal, seja ela prejudicial ou mesmo favorvel ao ru (CF, art. 62, I, a); Antecedente histrico: Magna Carta de Joo sem Terra (1215) nenhum homem livre poderia ser submetido pena sem prvia lei em vigor naquela terra; Teoria da coao psicolgica (Feuerbach): toda imposio de pena pressupe uma lei penal. Somente a ameaa de um mal por meio da lei fundamenta a noo e a possibilidade jurdica da pena; Enquadra-se entre os direitos fundamentais de 1 gerao; Aplicam-se ao crime, contravenes e as medidas de segurana (espcie de sano penal). Corrente adotada pelo STF entende que Medida Provisria quando versar sobre direito penal no incriminador pode ser adotada. Destacam-se o RE 254.818 do Paran discutindo os efeitos benficos trazidos pela MP 1.571/97 (permitiu o

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior parcelamento de dbitos previdencirios e tributrios com efeito extintivo da punibilidade). vedado a lei delegada tratar de direito penal. Contudo, parte da doutrina tem admitindo lei delegada no incriminadora. Resoluo do TSE, CNJ e CNMP (a resoluo no lei em sentido estrito), tambm no podem criar crime ou cominar pena, pois tm fora meramente normativa. O postulado da taxatividade, conseqncia do princpio da legalidade, que expressa a exigncia de que a lei penal incriminadora seja clara, certa e precisa, no torna ilegtimas as normas penais em branco. O contedo essencial do princpio da legalidade se traduz em que no pode haver crime, sem pena que no resultem de uma lei prvia, escrita, estrita e certa. O princpio da legalidade estrita no cobre, segundo a sua funo e o seu sentido, toda a matria penal, mas apenas a que se traduz em fixar, fundamentar ou agravar a responsabilidade do agente. proibida a analogia contra o ru, mas possvel a analogia de normas permissivas (legtima defesa, estado de necessidade).

Fundamentos: a) fundamento jurdico a taxatividade, certeza ou determinao, pois implica, por parte do legislador, a determinao precisa, ainda que mnima, do contedo do tipo penal e da sano penal a ser aplicada, bem como, da parte do juiz, na mxima vinculao ao mandamento legal, inclusive na apreciao de benefcios legais. b) fundamento poltico a proteo do ser humano em face do arbtrio do poder de punir do Estado. O princpio da legalidade uma garantia constitucional dos direitos do homem (art. 5, XXXIX, da CF). enquadra-se entre os direitos fundamentais de 1 gerao. O princpio da legalidade (reserva legal + anterioridade): constitui uma real limitao ao poder estatal de interferir na esfera individual das liberdades. Em sntese, a limitao ao poder punitivo do Estado. O princpio da legalidade tem como um de seus corolrios a reserva legal (art. 1 do CP), de modo que as condutas criminosas somente podem ser definidas atravs de norma legal federal. Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege o princpio da legalidade ou de reserva legal, ou seja, uma reserva da lei Pgina 11 de 19

Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior relativamente ao crime, s penas e s medidas de segurana. Trata-se de clusula ptrea. Reserva da lei significa que a matria penal deve ser disciplinada por um ato do Poder Legislativo. A medida provisria, embora tenha fora de lei, no lei, por isso, no se pode, atravs de medida provisria, criar tipos e impor sanes. Assim, vedado edio de medidas provisrias sobre matria relativa a Direito Penal (art. 62, I, b, da CF). Funes do princpio da legalidade 1 proibir a retroatividade da lei penal (lei prvia) proibido a aplicao da lei penal incriminadora a fatos no considerados crimes praticados antes de sua vigncia. O inciso LX da CF determina que a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o agente. A regra, portanto, a irretroatividade. A retroatividade exceo s admitida para beneficiar o agente. Da ningum poder ser punido por cometer um fato que, poca, era tido como um indiferente penal; 2 proibir a criao de crimes e penas pelos costumes (lei escrita) proibido o costume incriminador. Se s a lei pode criar crimes e penas, resulta bvio a proibio de se invocar normas consuetudinrias para fundamentar ou agravar a pena. A fonte imediata do Direito Penal a lei; 3 proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas (lei estrita) proibida a analogia contra o ru. A proibio o recurso analogia in malam partem para, de qualquer forma, prejudicar o agente; 4 proibir incriminaes vagas e indeterminadas (taxatividade ou lei certa) o preceito primrio do tipo penal incriminador deve ter uma descrio precisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada a criao de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. Isso quer dizer, tambm, que o judicirio est sempre obrigado a interpretar a norma legal de maneira restritiva. Legalidade formal e legalidade material Legalidade Formal a obedincia aos trmites procedimentais previstos pela Constituio para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte de nosso ordenamento jurdico. Legalidade Material de acordo com LUIGI FERRAJOLI, a adoo de um modelo penal garantista implica no somente a legalidade formal, mas tambm a legalidade material, definida como o respeito em seu contedo das proibies e imposies trazidas pela Constituio para a garantia de nossos direitos fundamentais por ela previstos. Princpio da anterioridade

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior O crime e a pena devem esta definidos em lei prvia ao fato cuja punio se pretende. Previso: art. 5, XXXIX, da CF e art. 1 do CP. A lei penal tem ultratividade, isto , produz efeitos a partir de sua entrada em vigor. A lei penal no pode retroagir, salvo para beneficiar o ru. proibida a aplicao da lei penal aos fatos praticados durante o vocatio legis.

Princpios do art. 1 do Cdigo Penal a) Princpio da legalidade no h crime sem lei que o defina; no h pena sem cominao legal; b) Princpio da anterioridade no h crime sem lei anterior que o defina; no h pena sem prvia cominao legal. Princpio da ofensividade ou da lesividade No h infrao penal quando a conduta no tiver oferecido ao menos perigo de leso ao bem jurdico. Atende a manifesta exigncia de delimitao do Direito Penal, tanto em nvel legislativo como no mbito jurisdicional. O STF tem aplicado de forma implcita em seus julgados. A doutrina moderna diz que a partir deste princpio, os crimes de perigo abstrato passam a ter sua constitucionalidade discutida. O crime de perigo de dano pode ser: a) de perigo abstrato o perigo absolutamente presumido por lei, bastando provar apenas conduta do agente, ou seja, no necessrio comprovar o risco de dano, pois este presumido. Este afronta o princpio da lesividade, bem como o princpio da ampla defesa, consoante a doutrina moderna. Ex.: STF porte de arma de fogo desmuniciada (leia-se: sem munio no tambor e sem possibilidade rpido municiamento). O STF indaga: qual o perigo acarretado sociedade? Nenhum. Contudo, levantaram a questo do trfico X arma. A consideraram que: EM REGRA, no h crime de perigo abstrato, mas em casos excepcionais precisam da doutrina de crime abstrato. Exemplo genuno o trfico (est sendo construdo tal entendimento, ainda no est consolidado). Pode-se falar do STF em trs momentos: At 2005 o tribunal admitia; At 2009 deixou de admitir crime de perigo abstrato. Assim, porte de arma desmuniciada no crime.

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior A partir de 2009 percebeu a necessidade de um limite para isso, assim, a regra de no se admitir crime de perigo abstrato. Excepcionalmente, admite-se, como por exemplo, no trfico de drogas. Em suma, ainda est se consolidando. b) de perigo concreto o perigo deve ser comprovado; deve ser real ou efetivo o risco de leso ao bem jurdico. Deve-se provar a conduta e o risco. O crime de perigo concreto pode ser determinado (a algum) ou indeterminado (carece de vtima certa). A Doutrina enumera quatro principais funes do princpio da lesividade: a) proibir a incriminao de uma atitude interna (idias, convices, desejos, aspiraes etc.) no se pune a cogitao nem os atos preparatrios do crime; b) proibir a incriminao de uma conduta que no exceda o mbito do prprio autor no se pune a autoleso corporal, nem a tentativa de suicdio; c) proibir a incriminao de simples estados ou condies existenciais a pessoa deve ser punida pela prtica de uma conduta ofensiva a bem jurdico de terceiro e no pelo que ela (impede que seja erigido um direito penal do autor); d) proibir a incriminao de condutas desviadas que no afete qualquer bem jurdico o direito penal no deve tutelar a moral, mas sim os bens jurdicos mais relevantes para a sociedade (no incriminao do que no toma banho, do homossexual). Princpio da personalidade ou da intranscendncia ou da responsabilidade pessoal Ningum pode ser responsabilizado por fato cometido por terceira pessoa, no se admite a responsabilidade coletiva. Consequentemente, a pena no pode passar da pessoa do condenado (CF, art. 5, XLV). O postulado da intranscendncia impede que sanes e restries de ordem jurdica superem a dimenso estritamente pessoal do infrator. O STF tem anulado o processo por inpcia da inicial, em especial, crimes previdencirios e societrios, no basta apontar os diretores, mas dizer o que cada um fez. difcil individualizar, mas tem de dizer como o ser concorreu com o crime. Enfim, a denncia genrica proibida com fundamento no princpio da responsabilidade pessoal. Princpio da responsabilidade penal subjetiva Nenhum resultado penalmente relevante pode ser atribudo a quem no o tenha produzido por dolo ou culpa. No basta que o fato seja

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior materialmente causado pelo agente, s podendo ser responsabilizado se ele foi querido (dolo direto), aceito (dolo eventual) ou previsvel (culpa). Trata-se de princpio diametralmente oposto a responsabilidade objetiva. Somente h punio a fatos desejados, desejveis ou previsveis, ou seja, no h responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Tem prova/concurso pedindo excees do CP (no de lei especial como o caso da pessoa jurdica). Assim: O Direito Penal moderno o Direito Penal da culpa. Intolervel a responsabilidade pelo fato de outrem. Conduta fenmeno ocorrente no plano da experincia. fato. Fato no se presume. Existe, ou no existe. responsabilidade objetiva no Direito Penal

Vestgios da brasileiro:

Rixa qualificada (art. 137, nico, do CP). Responsabilidade sucessiva nos crimes previstos na Lei de Imprensa (arts. 37 a 39 da Lei 5.250/1967). Punio da embriaguez voluntria ou culposa, decorrente da ao da teoria da actio libera in causa (art. 28, II, do CP).

Princpio da culpabilidade O Direito Penal no pode castigar um fato cometido por agente que atue sem culpabilidade, ou seja, no se admite a punio quando se tratar de agente inimputvel, sem potencial conscincia da ilicitude ou de quem no se possa exigir conduta diversa. Culpabilidade o juzo de censura, o juzo de reprovabilidade que se faz sobre a conduta tpica e ilcita do agente. a exigncia de um juzo de reprovao jurdica que se apia sobre a crena fundada na experincia da vida cotidiana de que ao homem dada a possibilidade de, em certas circunstncias, agir de outro modo. O princpio da culpabilidade possui trs sentidos fundamentais: Culpabilidade como elemento integrante do conceito analtico do crime ou pressuposto de aplicao da pena nesse sentido, a culpabilidade possui trs elementos: imputabilidade, potencial conscincia da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. Culpabilidade como princpio medidor da pena uma vez existente a infrao penal (fato tpico, antijurdico e culpvel) o agente ser, em tese, condenado. O juiz, para encontrar a medida justa da pena para a infrao penal praticada, ter sua

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior ateno voltada para a culpabilidade do agente como critrio regulador. A primeira das CIRCUNSTNCIAS JUDICIAIS a serem analisadas pelo juiz para a fixao da pena-base (primeira fase dentro do critrio trifsico de fixao da pena) justamente a CULPABILIDADE (art. 59, do CP). Culpabilidade como princpio impedidor da responsabilidade penal objetiva, ou seja, o da responsabilidade penal sem culpa o princpio da culpabilidade impe subjetividade na responsabilidade penal. No se admite no Direito penal a atribuio de responsabilidade derivada simplesmente de uma associao causal entre a conduta e um resultado de leso ou perigo para um bem jurdico. Se no houver dolo (quis o fato ou assumiu o risco de produzi-lo) ou culpa (deu causa ao resultado por imprudncia, negligncia ou impercia), no haver conduta. Sem conduta no h fato tpico. Sem fato tpico no haver crime. Conseqncias materiais do princpio da culpabilidade: a) No h responsabilidade penal objetiva; b) A responsabilidade penal pelo fato praticado e no pelo autor; c) A culpabilidade a medida da pena. Princpio da isonomia a obrigao de tratar igualmente aos iguais, e desigualmente aos desiguais, na medida de suas desigualdades. Princpio da presuno de inocncia ou da no culpa Este postulado garante ao cidado, at o trnsito em julgado de sentena condenatria penal, a presuno de inocncia (art. 5, inc. LVII, da CF). OBS.1: a jurisprudncia moderna prefere a expresso princpio da presuno de no culpa, a qual mais coerente com o sistema de priso provisria. Caso seja adotada a expresso antiga no seria cabvel a priso temporria, flagrante ou ainda preventiva. OBS.2: alguns defendem que o termo correto o da presuno de inocncia, com fundamento no art. 8, item 2, do Pacto de So Jos da Costa Rica Conveno Americana de Direitos Humanos.

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Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior OBS.3: o STF usou tal princpio num caso emblemtico caso Daniel Dantas na edio da smula vinculante n. 11 (uso de algemas de forma somente excepcional). Princpio da confiana Trata-se de requisito para a existncia do fato tpico e se baseia na premissa de que todos devem esperar por parte das demais pessoas comportamentos responsveis e em consonncia com o ordenamento jurdico, almejando evitar danos a terceiros. Princpio da proibio da pena indigna A ningum pode ser imposta uma pena ofensiva dignidade da pessoa humana. Est ligado ao princpio da dignidade da pessoa humana. Este princpio tem previso no art. 5, item 1, da CADH. Princpio da humanidade das penas ou humanizao das penas Esse princpio, que decorre da dignidade da pessoa humana, probe pena que passe da pessoa do condenado, com exceo de alguns efeitos extrapenais da condenao, como a obrigao de reparar o dano na esfera civil (CF, art. 5, XLV). Ex.: o STF declarou inconstitucional o regime integralmente fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade nos crimes hediondos e equiparados. No se admite pena desumana, cruel ou degradante. Este princpio tem previso no art. 5, item 2, da CADH. Assim, probe se a priso perptua e, em regra, a pena de morte. Excepcionalmente admitimos a pena de morte (caso de guerra declarada executada por meio de fuzilamento). Princpio da proporcionalidade A criao de tipos penais incriminadores deve constituir-se em atividade vantajosa para os membros da sociedade, eis que impe um nus a todos os cidados, decorrente da ameaa de punio que a eles acarreta. O princpio da proporcionalidade incide tambm na dosimetria da pena-base, ou seja, a fixao desta, alm do respeito aos ditames legais e da avaliao criteriosa das circunstncias judiciais, deve ser observado o princpio da proporcionalidade, para que a resposta penal seja justa e suficiente para cumprir o papel de reprovao do ilcito. Princpio da individualizao da pena Significa dizer que se deve distribuir a cada indivduo, o que lhe cabe, de acordo com as circunstncias especficas de seu comportamento, ou Pgina 17 de 19

Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior seja, a aplicao da pena deve-se levar em conta no a norma penal em abstrato, mas, especialmente, os aspectos subjetivos e objetivos do crime. O princpio da proporcionalidade exige que se faa um juzo de ponderao sobre a relao existente entre o bem que lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que pode algum ser privado (gravidade da pena). Toda vez que existir, nessa relao, um desequilbrio acentuado, estabelece-se, em conseqncia, inaceitvel desproporo. O princpio da proporcionalidade rechaa, portanto o ESTABELECIMENTO DE COMINAES LEGAIS (proporcionalidade em abstrato) e a IMPOSIO DE PENAS (proporcionalidade em concreto) que caream de relao valorativa com o fato cometido considerado em seu significado global. Possui, portanto, um duplo destinatrio: o legislador e o juiz. O princpio da individualizao desenvolve-se em trs planos: a) sob o ponto de vista legislativo ocorre quando o legislador descreve o tipo penal e estabelece as sanes adequadas, indicando precisamente seus limites, mnimo e mximo, e tambm as circunstncias aptas a aumentar ou diminuir as reprimendas cabveis. b) sob o ponto de vista judicial efetivada pelo juiz, quando aplica a pena utilizando-se de todos os instrumentais fornecidos pelos autos da ao penal, em obedincia ao sistema trifsico delineado pelo art. 68 do CP (pena privativa de liberdade), ou ainda ao sistema bifsico inerente sano pecuniria (CP, art. 49). c) sob o ponto de vista administrativo efetuada durante a execuo da pena, quando o Estado deve zelar por cada condenado de forma singular, mediante tratamento penitencirio ou sistema alternativo no qual se afigure possvel a integral realizao das finalidades da pena: punio, preveno geral e especial e ressocializao. Princpio da imputao pessoal Nenhuma pena passar da pessoa do condenado (art. 5, inc. XLV, da CF). Tal princpio absoluto ou relativo? Uma primeira corrente entende ser este princpio relativo, cabendo uma exceo: quando da pena de confisco. Esta corrente adotada por Flvio Monteiro de Barros. J a segunda corrente (majoritria) diz que o princpio absoluto, pois o confisco referido na CF no pena, Pgina 18 de 19

Resumo de Direito Penal Autor: Francisco Miguel de Moura Jnior mas sim efeito da condenao. Logo, este absoluto e est previsto no art. 5, item 3, da CADH, inclusive. Princpio do ne bis in idem No se admite, em hiptese alguma, a dupla punio pelo mesmo fato. A reincidncia penal no pode ser considerada como circunstncia agravante e, simultaneamente, como circunstncia judicial. Deve ser analisado a partir do trip: Material: ningum pode ser condenado pela segunda vez em razo do mesmo fato; Processual: ningum pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime, por tal ngulo; e Execucional: ningum pode ser executado duas vezes por condenaes relacionadas ao mesmo fato.

Para cada fato s dever ser aplicada uma norma penal que excluir as demais e s autorizar a punio do autor em um nico delito. Segundo o art. 61 do CP, no h incidncia das agravantes de pena, quando tais circunstncias j constituem causas de aumento de pena ou qualificam o crime. Conforme entendimento do LFG e de Paulo Rangel, a reincidncia fere o princpio em tela, pois o crime serve para a primeira condenao e serve como causa agravante para uma segunda infrao (esse entendimento minoritrio aplicar para concurso defensoria). Para doutrina majoritria, esta agravante por reincidncia uma circunstncia necessria para a individualizao da pena, pois na primeira condenao se olha o fato; na segunda condenao, se olha o primeiro fato dentro da personalidade do agente. Posio do STJ e aplicar para concurso MP. BIBLIOGRAFIA BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. So Paulo: Saraiva, 2007. GRECO, Rogrio. Curso de Direito Penal Parte Geral. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. MASSON, Cleber Rogrio. Direito Penal Esquematizado. So Paulo: Mtodo, 2009.

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