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ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA EM PUBLICAÇÕES RALCIONADAS À
MICROMOBILIDADE COMPARTILHADA NO CONTEXTO DE SMART
CITY
José Vinícius S. Martins
Pastor Willy Gonzales Taco Universidade de Brasília
Programa de Pós-Graduação e Transportes
RESUMO
Este trabalho busca realizar uma análise bibliométrica referente às publicações relacionadas à micromobilidade
compartilhada no contexto de smart city, utilizando a Teoria do Enfoque Meta Analítico Consolidado, por Mariano
e Rocha (2017), e análise de conteúdo. Foram utilizadas as bases de dados Web of Science e Scopus, sendo
encontrados 1.110 e 3.685 artigos, respectivamente, no período entre 2009 e 2019. Foi utilizado o software
VOSviewr para o estudo de co-autoria, co-citação e acoplamento bibliográfico, com mapas de rede e sobreposição
para facilitar a visualização e a ferramenta TagCrowd para a análise de frequência das palavras-chave dos trabalhos
selecionados. Os principais resultados demonstram uma ascensão nas publicações com a temática de cidades
inteligentes relacionadas à micromobilidade compartilhada, com o maior número de publicações em 2018 com
342 publicações na Web of Science e em 2019 com 1.060 publicações na Scopus. A análise também revelou que a
maior parte dos trabalhos identificados estão estreitamente associados à mobilidade urbana, abordando pouco
sobre a essência da micromobilidade, constatando um gap científico para o progresso de trabalhos futuros
relacionados com smart city e micromobilidade compartilhada, quanto as suas aplicações nas cidades e discussões
sobre as legislações para o compartilhamento de veículos e equipamentos individuais autopropelidos.
ABSTRACT
This paper aims to perform a bibliometric analysis regarding publications related to shared micromobility in the
smart city context, using the Teoria do Enfoque Meta Analítico Consolidado, by Mariano and Rocha (2017), and
content analysis. The Web of Science and Scopus databases were used, and 1,110 and 3,685 articles were found,
respectively, in the period between 2009 and 2019. The VOSviewr software was used for the study of co-
authorship, co-citation and bibliographic coupling, with maps. and overlay for easy viewing and the TagCrowd
tool for keyword frequency analysis of selected jobs. The main results show an increase in publications on the
theme of smart cities related to shared micromobility, with the highest number of publications in 2018 with 342
Web of Science publications and in 2019 with 1,060 Scopus publications. The analysis also revealed that most of
the identified works are closely associated with urban mobility, addressing little about the essence of
micromobility, finding a scientific gap for the progress of future work related to smart city and shared
micromobility, as their applications in cities. and discussions on the laws for sharing self-propelled vehicles and
individual equipment.
1. INTRODUÇÃO
O aumento da densidade populacional das cidades tem alterado a forma de estudar a mobilidade
e o planejamento de transportes, uma vez que o número de moradores das grandes cidades tem
aumentado, bem como a expectativa de vida, o que exigirá a multiplicação de investimentos em
tecnologia e gestão de transportes, por exemplo (Albino, 2015). Em relatório elaborado por
Desa (2019) indica que a densidade populacional mundial poderá alcançar o seu ápice próximo
do final do atual século, podendo chegar a quase 11 milhões de pessoas em 2.100. Além disso,
o estudo confirmou que a população mundial está envelhecendo mais devido à maior
expectativa de vida e à queda das taxas de fertilidade, indicando ainda que está aumentando o
número de países que estão em redução na dimensão, composição e distribuição da sua
população, o que gera consequência relevantes para o cumprimento das metas acordadas
mundialmente para a melhoria da prosperidade econômica e o bem-estar social, ao passo que,
simultaneamente, resguarda o meio ambiente.
Dessa forma, devido à ascensão da urbanização, projetar as áreas urbanas com a visão de smart
city tem se tornado tendência nas grandes cidades, visto que pode integrar o conceito de
tecnologia ao dia a dia da população, com aspectos que fomentam os recursos inteligentes de
uma cidade, como a mobilidade, economia, qualidade de vida e meio ambiente (Giffinger,
2007). A evolução desse contexto retrata a procura pela promoção de ações, metodologias e
instrumentos que atendem as pessoas em termos de qualidade, velocidade e credibilidade na
execução de suas atividades no ambiente urbano, como o deslocamento nas cidades, pautando
sempre pela sustentabilidade.
Diante disso, novas soluções sustentáveis têm surgido para a mobilidade, como a inserção de
carros elétricos individuais compartilhados para os deslocamentos nas cidades, uma reação da
indústria automobilística de forma a reduzir o porte dos veículos e de diminuição na emissão
de poluentes, bem como as bicicletas e os patinetes elétricos compartilhados, oferecendo uma
opção mais acessível para percorrer percursos mais curtos. Todas as soluções apresentadas
estão associadas ao termo micromobilidade compartilhada, que pode ser vista como um
complemento para a mobilidade urbana, uma alternativa complementar de transporte, uma vez
que a mobilidade também está atrelada aos aspectos de estrutura, dimensões territoriais e
condições de transporte.
Assim, atualmente, a micromobilidade compartilhada, com as bicicletas compartilhadas e
patinetes elétricos, por exemplo, é vista como uma solução de mobilidade urbana que pode
atender as necessidades das pessoas quanto às questões de locomoção nos centros urbanos,
atendendo os quesitos de velocidade, qualidade, credibilidade e principalmente a
sustentabilidade, uma vez que seus modos de deslocamento são meios de transporte não
poluentes e mais sustentáveis. Entretanto, a micromobilidade não se reduz somente ao
transporte, contempla também as relações entre as estruturas das cidades e as populações que
desfrutam desses meios de transporte, colaborando diretamente com o aumento da qualidade
de vida das pessoas.
Neste cenário, a partir do levantamento teórico, amparado em estudos de alto impacto de
referencial científico, esta pesquisa tem o intuito de investigar como tem sido trabalhada a
micromobilidade compartilhada no contexto de cidades inteligentes. O trabalho se justifica pela
importância em acrescentar a discussão acerca da evolução do conceito de smart city, aliado
em discussões relacionadas à mobilidade, tecnologia e meio ambiente, o que implica a
micromobilidade. Portanto, a contribuição atribui-se ao reforço teórico e científico na área que
desenvolve a temática de smart city e micromobilidade compartilhada.
Assim sendo, o presente trabalho tem como objetivo de realizar uma análise bibliométrica em
publicações relacionadas à micromobilidade compartilhada na perspectiva das cidades
inteligentes. Com isso, o artigo foi divido em sete sessões, sendo a primeira constituída pela
introdução ao tema, a segunda pela abordagem da temática cidades inteligentes, a terceira pela
a micromobilidade compartilhada no contexto de cidades inteligentes, a quarta pela
apresentação dos métodos escolhidos, a quinta pela revisão através da Teoria do Enfoque Meta
Analítico Consolidado, por Mariano e Rocha (2017), e os seus resultados, a sexta pela a análise
de conteúdo dos resumos dos artigos com mais citações e a sétima composta pelas
considerações finais.
2. CIDADES INTELIGENTES
A estruturação desta sessão pretende, por meio de um fim conceitual, expor os principais
alicerces que aludir ao assunto cidade inteligente, ou smart city, smart cities, cidade virtual ou
ainda cidade digital. A essência das palavras que trabalham o conceito de cidade inteligente
possui em seu fundamento os pormenores relacionados à inovação, internet, tecnologia,
mobilidade, economicidade e sustentabilidade.
Nowicka (2014) descreve que as cidades são trabalhadas em diversos sistemas ligados à
infraestrutura, ambientes e redes, bem como pessoas, transporte e comunicação. A eficiência
dos sistemas pode definir o desempenho de uma cidade e o alcance dos seus objetivos, contudo,
com a ascensão populacional e os recursos limitados das cidades, deve-se observar os desafios
para conservar o funcionamento das cidades, bem como as ações que interferem no seu
desempenho. Diante disso, as cidades inteligentes podem ser a solução para esses desafios, uma
vez que para desafiar esses problemas, faz-se necessário trabalhar com maneira inovadoras de
gerenciar a diversidade das relações urbanas.
Conforme Albino (2015), o rótulo “cidade inteligente” é usado de maneiras que nem sempre
são consistentes e, por isso torna o conceito difuso, não existindo um modelo único de enquadrar
cidade inteligente nem um modelo único para todas as definições de cidade inteligente.
Entretanto, Nam e Pardo (2011) examinam o significado do termo “smart” no contexto de
cidade inteligente, demonstrando que na linguagem de marketing, a inteligência é centrada na
perspectiva do usuário, sendo que ela apenas é notada quando o sistema se adapta para as
necessidades do utente.
Portanto, a caracterização da cidade inteligente deve-se aos investimentos em capital humano
e social, em infraestrutura de comunicação e transporte, no intuito de fomentar o crescimento
econômico sustentável e uma alta qualidade de vida com gestão inteligente dos recursos
naturais por meio da participação da administração pública (Caragliu et. Al, 2011). Logo, as
principais abordagens das smart cities estão relacionadas à mobilidade inteligente, que inclui a
micromobilidade, economia inteligente, vida inteligente, governança inteligente e ambiente
inteligente.
Nesse sentido, a ISO 37156 (2018) apresentou o conceito de infraestrutura da comunidade
inteligente como a infraestrutura da comunidade com desempenho tecnológico aperfeiçoado,
projetado e mantido de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável da comunidade.
Conforme o documento, a infraestrutura da comunidade inteligente contempla energia, água,
transporte e informação e comunicação tecnológica (TIC).
Assim, as particularidades que modificam uma smart city no contexto da mobilidade urbana,
em especial a micromobilidade, demandam a assimilação de áreas relacionadas à tecnologia,
internet, inovação e práticas sustentáveis. Diante disso, a micromobilidade inteira um ambiente
em que a internet e a tecnologia passam a ser essenciais nas relações sociais e nas estratégias
econômicas. Perante o exposto, procura-se averiguar as possíveis oportunidades em
desenvolver investigações no âmbito da micromobilidade compartilhada por meio das temáticas
que trabalhem com o conceito das cidades inteligentes.
3. MICROMOBILIDADE COMPARTILHADA DO PONTO DE VISTA DE
CIDADES INTELIGENTES
Atualmente, diversas soluções em mobilidade urbana são desenvolvidas e pensadas no intuito
de aliviar os problemas das cidades quanto ao impacto do fluxo urbano com o desenvolvimento
das cidades, tais como ampliação de ciclovias, melhoria de calçadas, uso de combustíveis
menos poluentes, controle do impacto de novas construções nas cidades, planejamento de
bairros autossuficientes e criação de corredores que incorporem diversos tipos de meio de
transporte.
Neste contexto, surge a evolução da abordagem da mobilidade urbana que trata da
micromobilidade compartilhada, um sistema de compartilhamento de veículos elétricos de
pequeno porte e de mobilidade individual autopropulsado, controlados por plataformas digitais.
Entretanto, a implantação com êxito dessa solução de transporte urbano necessita muito da
cooperação entre os interessados, como a sociedade, o governo e as empresas.
Dediu (2019) definiu a micromobilidade como uma categoria de veículos, sistemas e serviços
que são direcionados para veículos leves, movidos por motor elétrico, destinados ao transporte
urbano, com peso inferior a 500 kg, uma alternativa em meio aos veículos pesados e poluentes,
no intuito de proporcionar aos usuários o deslocamento rápido, uma vez que com a adição de
energia armazenada, pode percorrer de 10 a 15 quilômetros. Segundo o autor, os pequenos
veículos são muito acessíveis e de baixo custo, estando disponíveis em um ambiente
compartilhado, com a acessibilidade ativada por smartphones e Sistema de Posicionamento
Global (GPS), baterias baratas de íon de lítio e motores baratos, com base nas tecnologias de
consumo em que os carros tiverem dificuldades de incorporar.
Dessa forma, na prática, a micromobilidade compartilhada também se mostra uma solução dos
novos carros elétricos individuais de forma sustentável, com redução da emissão de poluição e
mais ajustado as cidades. Além disso, pode incluir também as bicicletas e patinetes elétricos
compartilhados, uma opção mais acessível, com o objetivo de incentivar novas formas de
transporte nos centros urbanos. Portanto, a micromobilidade compartilhada se apresenta como
um novo grupo de transportes, que tem sido utilizado cada vez mais nos grandes centros
urbanos, com os pontos de utilização no início ou no final de um polo de alta demanda de
transportes públicos, como pontos de ônibus, estações de metrô e rodoviárias, uma vez que é
ponderado para os deslocamentos de curtas distâncias, em que muitas vezes não há rotas de
ônibus, por causa das dimensões das ruas ou pela baixa demanda de usuários, por exemplo.
Além disso, vale frisar um conceito muito importante relacionado aos elementos intrínsecos ao
desenvolvimento de uma smart city, que inclui a mobilidade urbana, bem como a
micromobilidade, que é o aspecto de Internet of Things (IoT). Tal conceito tem o objetivo de
tornar a internet mais compenetrada nas temáticas relacionadas à economia e comercialização,
permitindo uma facilidade na interação e acesso com diversos dispositivos. Logo, a utilização
de IoT pode promover a criação de vários aplicativos e plataformas digitais que trabalhem com
uma diversidade de dados concebidos por esses instrumentos no intuito de proporcionar
serviços novos às empresas, administrações públicas e pessoas (Zanella, 2014).
Portanto, a contextualização da micromobilidade compartilhada do ponto de vista das cidades
inteligentes pode ser compreendida por meio de pesquisas que abordam as áreas de mobilidade
inteligente, uma vez que pode ser vista como um novo estágio da mobilidade urbana, por ser
uma opção de complementação de transporte, visto que a mobilidade é uma visão geral de
distribuição territorial, condições de transporte e de estrutura. Logo, essas áreas podem ser
vistas como um campo de ação de veículos autopropelidos, e com baixa emissão de poluentes,
em infraestruturas de mobilidade, suportados em tecnologias de informação e comunicação.
4. METODOLOGIA
O trabalho descreve um estudo bibliométrico relacionado à smart city no panorama da
micromobilidade compartilhada. O desenvolvimento da pesquisa foi apoiado na base de dados
da Web of Science e Scopus, escolhidas por serem consideradas fontes de dados com extensa
listagem de periódicos de relevância científica. Dessa forma, para análise do estudo, a
metodologia está dividia em duas etapas:
a) 1ª Etapa: foi aplica uma análise exploratória por meio da Teoria do Enfoque Meta Analítico
Consolidada – TEMAC, de Rocha e Mariano (2017). A TEMAC foi dividida em três fases:
i) preparação da pesquisa; ii) apresentação e interrelação dos dados; iii) detalhamento,
modelo integrador e validação por evidências;
b) 2ª Etapa: trabalhou-se com a análise dos assuntos dos resumos dos referenciais
bibliográficos, definidos de acordo com a estratégia dos estudo aplicado na primeira etapa.
Segundo Bauer (2002), a validade da verificação de conteúdo necessita ser julgada em
termos de fundamentação nos documentos pesquisados e compatibilidade com a temática
do pesquisador, com base no objeto de investigação. Bardin (1977) complementa ao
defender que a averiguação de conteúdo tem como objetivo o que está além das palavras
que o autor se dedica.
A primeira fase da TEMAC trabalha com a elaboração da string de busca com as palavras-
chave relacionadas à temática da pesquisa e com determinação do campo do trabalho, assim
como a base de dado e as áreas de estudo. Diante disso, a segunda fase compreende na exposição
e correlação dos dados adquiridos, aplicando as leis da bibliometria para analisar a vinculação
das informações, como o progresso do tema ano após ano, trabalhos mais citados, análise das
revistas mais relevantes e as que mais publicaram sobre a temática, os autores que mais
publicaram e que foram mais citados, bem como os países que mais contribuíram com assunto.
Por fim, na terceira fase são realizadas análises de forma mais profunda com o objetivo de
entender melhor o assunto, com a seleção das linhas de pesquisa, dos autores que não podem
faltar na revisão, validação por meio das evidências e entrega do modelo integrado da exposição
dos resultados.
Figura 1: Método da pesquisa
5. REVISÃO ATRAVÉS DA TEMAC E RESULTADOS
5.1. Preparação da pesquisa
Para a seleção dos trabalhos que foram objetivos da pesquisa, trabalhou-se alguns critérios para
a composição do modelo do estudo:
• As palavras-chave estabelecidas para a pesquisa foram smart city e micromobilidade
compartilhada. Sendo assim, formou-se o seguinte termo de busca em inglês: "smart shared
micromobility" OR "shared micromobility" OR “micromobility” OR “smart city” OR
"smart cities";
• Foram selecionados documentos de periódicos indexados nas bases de dados Web of
Science e Scopus;
• No intuito de mapear o desenvolvimento do tema, adotou-se a delimitação temporal por um
período de dez ano, de 2009 a 2019;
Com isso, os resultados detectaram na fase preliminar da amostra, um número total de 5.970
trabalhos na Web of Science e 18.732 na Scopus, distribuídos em várias áreas de estudo.
Baseado nessa amostra, foram empregados filtros para melhor trabalhar com os resultados da
pesquisa.
Na Web of Science, o primeiro filtro trabalhado foi com as categorias de pesquisas adotadas,
sendo as áreas de: Public Administration, Transportation Science Technology, Green
Sustainable Science Technology, Urban studies, Computer Science Information Systems,
Management, Operation Research Management Science, Business, Transportation e
Engineering, sendo obtidos 2.381 documentos científicos na Web of Science. Já na Scopus,
foram filtradas apenas as áreas: Computer Science, Engineering e Business, Management And
Accounting, obtendo 16.671 trabalhos.
Já o segundo filtro empenhou pelo tipo de documento, optando por filtrar apenas artigo, uma
vez que tal de tipo de documento científico passa por uma avaliação mais severa e completa
antes da publicação. Após os ajustes da pesquisa para identificar apenas os artigos, resultaram
1.110 artigos científicos e 11.758 citações na Web of Sscience e 3.685 na Scopus, com 25.196
citações.
5.2. Apresentação e correlação dos dados
A Figura 2 apresenta a evolução do tema entre 2009 e 2019 na Web of Science, com o maior
número de publicações ancorados em 2018 com 342 publicações (31%), seguido pelos anos
2019 com 333 publicações (30%) e 2017 com 202 publicações (18%), e maior número de
citações em 2019 com 4326 citações (37%). Já na base de dados Scopus, no mesmo período,
conforme Figura 3, o ano com maior número de publicações foi 2019 com 1.060 publicações
(29%), seguido por 2018 com 988 publicações (27%) e 2017 com 627 publicações (17%), com
a maior quantidade de citações também em 2019, 9.141 citações (36%).
Figura 2: Evolução do tema ano a ano na Web of Science e na Scopus
Com base na Figura 2, pode-se observar a crescente pesquisa científica para assimilar melhor
sobre as cidades inteligentes, que tem sido integrada em diversas áreas, como as sociais,
econômicas, ambientais e governamentais. Logo, a micromobilidade compartilhada ganha
campo de atuação, uma vez que trabalha em diversas atuações que facilitam o deslocamento de
bens e pessoas nas cidades, bem como atinge de maneira positiva nas ações sociais e
econômicas nos locais urbanos, resultando em impactos sustentáveis. Dessa forma, esses dados
demonstram o desenvolvimento de trabalhos que podem alcançar mais espaço para o
descobrimento dos impactos da smart city em detrimento da ascensão populacional, com o
desenvolvimento de novas tecnologias para o âmbito da mobilidade, micromobilidade
compartilhada e sociedade.
As cinco revistas que mais publicaram sobre o assunto na base dados da Web of Science foram:
IEEE Access, Sustainability, IEEE Internet of Things Journal, Sustainable Cities and Society e
Technological Forecasting and Social Change. A Tabela 1 apresenta a contagem de registros
de documentos dessas revistas na base de dados, sendo que todos os trabalhos atingiram o total
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020
Do
cum
ento
s
Ano
Web Of Science
Evolução das publicações
Evolução das citações
Polinomial (Evolução das publicações)
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020
Do
cum
ento
s
Ano
Scopus
Evolução das publicações
Evolução das citações
Polinomial (Evolução das publicações)
de 11.758 citações, e das áreas de pesquisas, sendo a ciência da computação com o maior
número de registros, 564, seguida da telecomunicações e engenharia, uma vez que estão mais
adjacentes e trabalham de maneira mais intensa em pesquisas com temas concernentes a smart
city, devido ao uso intensivo de inovação e tecnologia.
A Tabela 2 apresenta as revistas que mais publicaram sobre o assunto na base de dados da
Scopus, sendo a Sensors Switzerland, IEEE Access, Future Generation Computer Systems,
IEEE Internet of Things Journal e IEEE Communications Magazine, bem como as áreas de
pesquisas, que assim como na Web of Science, a ciência da computação teve o maior número
de registros, 2.300, seguida da engenharia com 2.131 e da ciência sociais com 529 registros,
demonstrando uma integração entre as diversas áreas ligadas à tecnologia com os estudos
sociais.
Tabela 1: Revistas e áreas de pesquisas que mais publicaram sobre o tema na Web of Science
Títulos das revistas Contagem
do registro
% de
1.110
Áreas de pesquisas Contagem
do registro
% de
1.110
IEEE Access 151 13,60% Computer Science 564 50,81%
Sustainability 67 6,04% Telecommunications 400 36,04%
IEEE Internet Of Things
Journal
47 4,23% Engineering 395 35,59%
Sustainable Cities and
Society
44 3,96% Business Economics 159 14,32%
Technological Forecasting
and Social Change
41 3,69% Science Technology
Other Topics
156 14,05%
Tabela 2: Revistas e áreas de pesquisas que mais publicaram sobre o tema na Scopus
Títulos da revista Contagem
do registro
% de
3.685
Áreas de pesquisa Contagem
do registro
% de
3.685
Sensors Switzerland 204 5,54% Computer Science 2300 62,42%
IEEE Access 195 5,29% Engineering 2131 57,83%
Future Generation
Computer Systems
96 2,61% Social Sciences 529 14,36%
IEEE Internet Of Things
Journal
92 2,50% Business,
Management and
Accounting
456 12,37%
IEEE Communications
Magazine
75 2,04% Mathematics 372 10,09%
Além disso, outra forma de avaliar a relevância dos periódicos científicos, em certa esfera de
conhecimento, é por meio do fato de impacto. Examinando o fator de impacto das revistas que
mais publicaram no Journal Citation Report, Tabela 3, percebeu-se que entre as dez mais
relevantes de cada base de dados, a IEEE Internet of Things Journal foi a que se destacou, com
um fator de impacto de 9.515, na Web of Science, sendo a terceira revista com mais publicações
sobre o tema, conforme a Tabela 1. A IEEE Communications Magazine foi a revista de destaque
na Scopus, com fator de impacto de 10.356, como apresentado na Tabela 3, sendo a quinta
revista com mais publicações, Tabela 2.
Na Tabela 3 pode-se perceber que as revistas IEEE Internet of Things Journal, Sustainable
Cities and Society, IEEE Access, Cities, Technological Forecasting and Social Change e
International Journal of Distributed Sensor Networks são comuns dentre aquelas com maior
fator de impacto que mais publicaram sobre o tema nas duas bases de dados usadas como fontes
de pesquisas, demonstrando a relevância e importância desses periódicos quanto às publicações
de trabalho referentes a temática.
Tabela 3: Revistas com maior fator de impacto que mais publicaram sobre o tema nas bases
de dados
Web of Science Scopus
Rank Nome do periódico Fator de
impacto
Nome do periódico Fator
de
impacto
1 IEEE Internet Of Things Journal 9.515 IEEE Communications Magazine 10.356
2 Journal Of Cleaner Production 6.395 IEEE Internet Of Things Journal 9.515
3 IEEE Transactions on Intelligent
Transportation Systems
5.744 Future Generation Computer Systems 5.768
4 Sustainable Cities and Society 4.624 International Journal Of Innovative
Technology And Exploring
Engineering
5.540
5 IEEE Access 4.098 Sustainable Cities and Society 4.624
6 Cities 3.853 IEEE Access 4.098
7 Technological Forecasting and
Social Change
3.815 Cities 3.853
8 Sustainability 2.592 Technological Forecasting And
Social Change
3.815
9 Journal Of Urban Technology 2.250 Sensors Switzerland 3.031
10 International Journal Of
Distributed Sensor Networks
1.614 International Journal Of Distributed
Sensor Networks
1.614
A Tabela 4 apresenta o destaque dos artigos publicados por países no assunto smart city
relacionado à micromobilidade compartilhada, tanto na Web of Science, quanto na Scopus.
Sendo assim, o primeiro lugar ficou com os Estados Unidos, com 198 registros de artigos
científicos na Web of Science, e a China, com 699 registros, na Scopus, no intervalo de tempo
entre 2009 e 2019. Logo, pode-se observar que todos os países que mais publicaram sobre a
temática, relacionados na Tabela 4, são comuns nas duas bases de dados, com exceção do Brasil,
oitavo colocado na Web of Science com 55 registros, e da França, décima colocada na Scopus,
com 127 registros, demonstrando as nações e agrupamentos políticos que mais trabalham sobre
a temática.
Tabela 4: Países que mais publicaram sobre a temática nas bases de dados
Web of Science Scopus
Países/Regiões Registros % de 1.110 Países/Regiões Registros % de 3.685
Estados Unidos 198 17,84% China 699 18,97%
China 192 17,30% Estados Unidos 519 14,08%
Itália 145 13,06% Espanha 402 10,91%
Inglaterra 124 11,17% Itália 394 10,69%
Espanha 119 10,72% Índia 385 10,45%
Austrália 62 5,59% Reino Unido 283 7,68%
Canadá 62 5,59% Coreia do Sul 174 4,72%
Brasil 55 4,96% Austrália 143 3,88%
Coreia do Sul 51 4,60% Canadá 130 3,53%
Índia 50 4,51% França 127 3,45%
As informações apresentadas na Tabela 5 e 6 mostram os artigos mais citados na Web of Science
e na Scopus, respectivamente, sobre a temática no período entre 2009 e 2019. Assim sendo, foi
realizado o levantamento da amostra de cinco trabalhos de cada base de dados, de acordo com
os critérios estabelecidos pela a metodologia deste trabalho. Salienta-se que o termo mais
evidente na maioria dos títulos dos documentos é smart city, contudo, os conteúdos
relacionados à micromobilidade compartilhada estão em segundo plano, o que indica a
possibilidade da execução de novas pesquisas relacionadas ao assunto.
Diante disso, os dados apresentam que o artigo Internet of Things for Smart Cities, publicado
em 2014, dos autores Zanella, Andrea; et al., alcançou o maior registro total de citações nas
amostras das duas bases de dados, com 1.376 citações na Web of Science e 1.887 na Scopus,
seguido por Smart Cities in Europe, de Caragliu, Andrrea; Del Bo, Chiara; Nijkamp, Peter, com
709 citações, na Web of Science, e Integration of Cloud computing and Internet of Things: A
survey, de Botta, A., De Donato, W., Persico, V., Pescapé, A., na Scopus. Com isso, pode-se
inferir que o tema smart city é muito destacado na sistematização dos trabalhos ao lado de
Internet of Things (IoT).
Tabela 5: Artigos mais citados sobre o tema na Web of Science
Título Autores Ano da
publicação
Total de
citações
Internet of Things for Smart Cities Zanella, Andrea; Bui, Nicola;
Castellani, Angelo; et al.
2014 1376
Smart Cities in Europe Caragliu, Andrea; Del Bo,
Chiara; Nijkamp, Peter
2011 709
An Information Framework for Creating a
Smart City Through Internet of Things
Jin, Jiong; Gubbi, Jayavardhana;
Marusic, Slaven; et al.
2014 412
Smart Cities: Definitions, Dimensions,
Performance, and Initiatives
Albino, Vito; Berardi, Umberto;
Dangelico, Rosa Maria
2015 381
A Survey on Internet of Things:
Architecture, Enabling Technologies,
Security and Privacy, and Applications
Lin, Jie; Yu, Wei; Zhang, Nan; et
al.
2017 264
Tabela 6: Artigos mais citados sobre o tema na Scopus
Título Autores Ano da
publicação
Total de
citações
Internet of Things for Smart Cities Zanella, Andrea; Bui, Nicola; Castellani,
Angelo; et al.
2014 1887
Integration of Cloud computing
and Internet of Things: A survey
Botta, A., De Donato, W., Persico, V.,
Pescapé, A.
2016 678
Current trends in smart city
initiatives: Some stylised facts
Neirotti, P., De Marco, A., Cagliano,
A.C., Mangano, G., Scorrano, F.
2014 637
An Information Framework for
Creating a Smart City Through
Internet of Things
Jin, Jiong; Gubbi, Jayavardhana;
Marusic, Slaven; et al.
2014 512
Smart cities and the future internet:
Towards cooperation frameworks
for open innovation
Schaffers, H., Komninos, N., Pallot, M.,
(...), Nilsson, M., Oliveira, A.
2011 484
Ademais, trabalhou-se também com a frequência de palavras chaves, conforme apresentada na
Figura 3, sendo utilizado o “word cloud”, desenvolvido com a ferramenta TagCrowd pelas
palavras-chave dos artigos na Web of Science e na Scopus. Logo, baseado nos documentos,
pode-se observar as palavras-chave mais destacas na Web of Science: aplications, cities,
communication, computing, data, development, framework, ieee, intenert, iot, management,
model, networks, paper, sensor, services, smart, sustainable, systems, technology, things e
urban. As palavras-chave dos trabalhos na Scopus são: applications, based, city, computing,
data, development, framework, internet, iot, management, model, network, paper, proposed,
provide, record, scopus, security, services, smart, social, study, systems, technologies, things,
urban e used.
Web of Science Scopus
Figura 3: Word cloud com as palavras-chave dos artigos da Web of Science e da Scopus
5.3. Detalhamento, modelo integrador e validação por evidências
As análises de detalhamento, modelo integrador e validação por evidências foram realizadas
conforme os dados obtidos na Web of Science e na Scopus, utilizando o software VOSviewer
para a criação de mapas de rede e sobreposição, no intuito de propiciar uma visualização da
investigação sobre o rumo dos estudos da micromobilidade compartilhada no contexto de smart
city.
Dessa forma, os estudos de co-autoria revelam os autores que mais publicaram em coadjuvação,
que é a cooperação entre autores com as redes de pesquisadores, Zupic e Čater (2015). Com
base nas Figuras 4 e 5, dados obtidos na Web of Science e Scopus, respectivamente, observa-se
que existe uma co-autoria entre Song, Houbing e Kantarci, Burak, sendo que o primeiro autor
possui seis artigos e o segundo sete artigos, com um trabalho em parceria, na Web of Science.
Já na Scopus, Song, Houbing possui quatorze trabalhos e Kantarci, Burak treze artigos, com
duas pesquisas em parceria, sendo que ambos são da West Virginia University, demonstrando
que é mais frequente a co-autoria de autores da mesma universidade.
Figura 4: Mapa de sobreposição de co-autoria dos artigos da Web of Science
Figura 5: Mapa de sobreposição de co-autoria dos artigos da Scopus
Quanto à co-citação, nos dois mapas de rede, apresentados nas Figuras 6 e 7, fica explícita certa
proximidade entre os artigos citados de Caragliu, A. (2011), Neirotti, P. (2014) e Albino, V.
(2015), bem como os trabalhos de Zanella, A. (2014) e Atzori, L. (2010), expondo que tais
documentos são citados conjuntamente com certa frequência, uma vez que provavelmente
abordam sobre assuntos semelhantes.
Figura 6: Mapa de rede de co-citação dos artigos da Web of Science
Figura 7: Mapa de rede de co-citação dos artigos da Scopus
As Figuras 8 e 9 apresentam as investigações dos acoplamentos bibliográficos, trabalhos que
dispõe de citações similares, por tratarem de temáticas semelhantes. Assim sendo, na Figura
10, referente à Web of Science, destaca-se a aproximação entre os artigos de Zanella (2014) e
Jin (2014) e, na Figura 11, baseada nos dados da Scopus, observa-se uma aproximação entre
Zanella (2014) e Lin (2017).
Portanto, Zanella (2014) ressalta que a aplicabilidade da Internet das Coisas (IoT) ao ambiente
urbano auxilia as atividades referentes ao gerenciamento das cidades e das pessoas. Já Jin
(2014) exibe uma forma de realização de smart cities por meio da IoT, expondo a relevância
desta no contexto da mobilidade urbana. E, por fim, Lin (2017) trabalha com computação em
neblina/borda e IoT, demonstrando que a computação em neblina ou de borda foi proposta para
integrar a IoT com o objetivo de permitir dispositivos de serviços de computação implantados
na borda da rede.
Figura 8: Mapa sobreposição de acoplamento bibliográfico dos artigos da Web of Science
Figura 9: Mapa sobreposição de acoplamento bibliográfico dos artigos da Scopus
Diante o exposto, com base em todo o levantamento de dados, em especial sobre os artigos mais
citados sobre a temática, a próxima seção apresenta a análise dos resumos artigos mais citados,
apresentados nas Tabelas 5 e 6, obtidos na Web of Science e Scopus, considerando o objetivo
da pesquisa e a relação com o tema proposto deste trabalhando, sustentado na análise técnica
do assunto.
6. ANÁLISE DE CONTEÚDO
Os parâmetros estabelecidos para a escolha dos trabalhos foram empregados a uma análise dos
resumos. Sendo assim, foi selecionado um total de dez artigos científicos, os cinco mais citados
em cada base de dados, Web of Science e Scopus, conforme Tabelas 5 e 6, de acordo a
propinquidade com o assunto e objetivos da pesquisa, no intervalo de tempo entre 2009 e 2019.
Entretanto, pode-se observar que dois artigos são comuns dentre os mais citados nas duas bases
de dados, logo, serão analisados nessa sessão um total de oito artigos. Portanto, foram
selecionados os trabalhos de Caragliu (2011), Schaffers (2011), Zanella (2014), Jin (2014),
Neirotti (2014), Albino (2015), Botta (2016) e Lin (2017).
Caragliu (2011) destaca que desenvolvimento urbano contemporâneo está em função da
infraestrutura social, capital humano e social, da infraestrutura de capital físico e da qualidade
da exposição do conhecimento. No contexto desse trabalho, a definição de smart city foi
apresentada como uma ferramenta estratégica para abordar as condições de produção urbana
hodiernas, bem como para ressaltar a relevância das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC) nos 20 anos anteriores no intuito de aperfeiçoar a forma de competitividade de uma
cidade.
Schaffers (2011) explora as cidades inteligentes como ambientes de inovação aberta e orientada
ao usuário para experimentar e validar os serviços da Future Internet. Segundo o trabalho,
analisando o cenário atual dos planos de cidade inteligentes, pesquisa e projetos conduzidos
pela Future Internet, podem ser identificados os recursos comuns relacionados à pesquisa e
inovação, podendo ser compartilhados em ambientes abertos de inovação. Por fim, o autor
salienta que compartilhar tais recursos comuns no intuito de estabelecer ecossistemas de
inovações urbanas e regionais necessita de parcerias sustentáveis e estratégias de associação
entres os interessados.
O trabalhando mais citado foi o de Zanella (2014), intitulado como Internet of Things for Smart
Cities, conforme a Tabela 4, ressaltando que a aplicabilidade da Internet das Coisas (IoT) ao
ambiente urbano auxilia as atividades referentes ao gerenciamento das cidades e das pessoas,
com aplicação em um estudo de caso na cidade de Padova, Itália. De acordo com o autor, o IoT
é idealizado no meio urbano com o objetivo de apoiar a perspectiva de uma cidade inteligente,
smart city, apresentando soluções técnicas e práticas para o de seu funcionamento. A pesquisa
se dedicou a um sistema IoT urbano, bem amplo e qualificado pela sua aplicação específica.
Contudo, não é conveniente depreender o desenvolvimento de novas tecnologias para o avanço
de atividades na área dos planos de micromobilidade compartilhada no contexto do trabalho.
Jin (2014) pondera que, com a ascensão da população, é necessário um suprimento apropriado
de infraestruturas para prover as carências dos cidadãos, incluindo trabalhadores, moradores e
turistas. Segundo o artigo, uma forma de corroborar para o crescimento de cidades inteligentes
é o uso da TIC, uma vez que a gestão desses locais e a população têm alcance à várias
informações sobre a área urbana para tomadas de ações, planejamento e decisões. O trabalho
exibe uma forma de realização de smart cities por meio da IoT, expondo a relevância desta no
contexto da mobilidade urbana, que, de certa maneira, atinge também a micromobilidade
compartilhada.
Neirotti (2014) apresenta uma compreensão abrangente da ação da smart city através da
elaboração de uma sistemática de domínios de aplicações pertinentes, como transporte e
mobilidade, economia, recursos naturais e energia, governança e pessoas. O trabalho também
explora a difusão de informações inteligentes, iniciativas por meio de um estudo empírico no
intuito de investigar a proporção de domínios abrangidos pelas melhores práticas de uma cidade
e compreender o papel que diversas variáveis urbanas, econômicas, demográficas e geográficas
pode ter para influenciar a abordagem de planejamento para criar uma cidade mais inteligente.
Os resultados da pesquisa de Neirotti (2014) revelam que os padrões de evolução de uma cidade
inteligente dependem muito de seus fatores de contexto local, em especial, o desenvolvimento
econômico e as variáveis urbanas estruturais que podem influenciar o percurso digital de uma
cidade, a localização geográfica pode afetar a estratégia da smart city e a densidade da
população, com seus problemas de congestionamento associados, pode ser um componente
importante para determinar as rotas para a cidade.
Já Albino (2015) buscou elucidar o significado do termo “cidade inteligente” no cenário das
cidades e identificar as características de uma smart city, bem como caracterizar as medidas de
desempenho de uma cidade inteligente. Após uma análise mais profunda, o autor verificou que
o significado de cidade inteligente estava multifacetado e que as definições para a compreensão
estavam multiplicando. Segundo o trabalho, a partir da definição inicial de uma cidade em que
a TIC tem papel essencial para aprimorar a qualidade de vida, principalmente na perspectiva
econômica, os conceitos de smart city evoluíram em três principais orientações, sendo a
tecnologia, comunidade e pessoas. O artigo destaca que o desenvolvimento e implementação
de medidas apropriadas ainda está em estágio inicial e que ainda falta um modelo de medição
geralmente aceito.
Botta (2016) fornece uma pesquisa bibliográfica sobre a integração de Cloud, ou nuvem em
português, e IoT, analisando os conceitos básicos de IoT e Cloud Computing, discutindo o que
atualmente está impulsionando a integração desses elementos. Além disso, são discutidas
também sobre a plataformas que já estão disponíveis e projetos que implementam a integração
de Cloud e IoT. Por fim, são identificadas questões em aberto e direções futuras nesse campo
no intuito de desempenhar um papel de liderança no cenário da Internet do Futuro ou Future
Internet.
O artigo de Lin (2017) demonstra que a computação em neblina ou de borda foi proposta para
integrar a IoT com o objetivo de permitir dispositivos de serviços de computação implantados
na borda da rede, no intuito de melhorar a experiência do usuário e a resiliência dos serviços
em caso de falhas. Segundo o trabalho, a computação em neblina/borda pode fornecer resposta
mais rápida e com maior qualidade de serviço para aplicativos de IoT, tornando uma
infraestrutura futura no desenvolvimento da IoT. Por fim, o documento apresenta vários
aplicativos, que abrange a grade inteligente, transporte inteligente e cidades inteligentes, para
demonstrar como a IoT baseada em computação em neblina/borda pode ser implementada em
aplicativos.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo realizar um estado da arte a respeito das publicações sobre
micromobilidade compartilhada no contexto de smart city e para isso trabalhou-se com a Teoria
do Enfoque Meta Analítico Consolidado (TEMAC). Com base nas análises de dados obtidos
na Web of Science e na Scopus, entre 2009 e 2019, constatou-se o aumento do interesse pelo
tema no decorrer dos anos devido ao crescimento do número de artigos publicado, sendo que
em 2017 foram 202 publicações sobre a temática, 342 publicações em 2018 e 333 publicações,
até o momento, em 2019 na Web of Science. Na Scopus, o ano com maior número de
publicações foi 2019 com 1.060 registros até o momento, seguido por 2018 com 988
publicações e 2017 com 627 registros. Com os resultados dos índices bibliométricos de co-
autoria, co-citação e acoplamento bibliográfico, um total de dez artigos científicos relevantes,
os cinco mais citados em cada base de dados, foram selecionados para a realização da análise
de conteúdo.
Diante disso, o estudo apontou que a micromobilidade compartilhada no contexto das cidades
inteligentes retrata o novo estágio que a mobilidade cumpre em um ambiente relacionado às
inovações, tecnologias e internet. Conforme o levantamento teórico desta pesquisa, foi possível
analisar que muito se associa a mobilidade urbana e a sustentabilidade quando se relaciona
micromobilidade compartilhada ao contexto de cidade inteligente, aparada por inovações
tecnológicas, Internet of Things (IoT), e dispositivos tecnológicos de modo a agregar o seu valor
perante a sociedade e as questões relacionadas ao meio ambiente.
Assim, conforme o levantamento dos trabalhos científicos, pode-se perceber que ainda há muito
a ser pesquisado sobre o contexto de cidades inteligentes, até mesmo por ser um assunto
parcialmente novo e que, gradativamente, tem sido incorporado a outras áreas de pesquisas, o
que possibilita o desenvolvimento de trabalhos inovadores no intuito de melhor atender uma
smart city do ponto de vista da mobilidade, em especial, a micromobilidade compartilhada.
Ademais, partindo da sistematização metodológica aparada em um estudo bibliométrico, com
análise quantitativa pelo uso da TEMAC, baseada nas bases de dados da Web of Science e
Scopus, e qualitativa pela técnica de análise de conteúdo, a pesquisa revelou também
oportunidade do desenvolvimento de estudos mais aprofundados sobre os assunto que abordam
a micromobilidade compartilhada e as cidades inteligentes, pois observou-se que a maior parte
dos artigos examinados tangenciam estudos com mais aproximação aos assuntos relacionados
à mobilidade urbana, sustentabilidade e tecnologia. Contudo, a pesquisa expôs a ausência de
parâmetros consistentes nos estudos para melhor referenciar a micromobilidade compartilhada,
ou a micromobilidade, no contexto das cidades inteligentes, visto que em alguns artigos foi
possível reconhecer as práticas de micromobilidade em segundo plano, incluídas nos assuntos
tratados dentro da temática de mobilidade urbana.
Entretanto, a função da micromobilidade compartilhada no contexto das smart cities é
compreendida como uma categoria de veículos compartilhados para transportes em curtas
distâncias que apoia as ações que abordam tecnologias, meio ambiente e mobilidade urbana.
Todavia, contatou-se que a micromobilidade compartilhada relacionada às práticas da Internet
of Things (IoT) no contexto das cidades inteligentes tem se mostrado mais presente, em
especial, pela necessidade de agilidade com transporte de baixo custo, com redução do tempo
de deslocamento e da emissão de poluentes, e racionalização de espaços.
Por fim, com a pesquisa, pode-se concluir que é possível o desenvolvimento de pesquisas que
trabalhem com a temática smart city e micromobilidade compartilhada, pautando por questões
ligadas ao desenvolvimento de aplicativos, aos transportes compartilhados por meio de veículos
elétricos, aos patinetes e bicicletas compartilhados, aos estudos aplicados à Internet of Things
(IoT), bem como às normas que regulamentam essa categoria de transporte compartilhado e à
micromobilidade compartilhada aplicada a computação em nuvem e big data.
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José Vinícius S. Martins ([email protected])
Pastor Willy Gonzales Taco ([email protected])
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental-Programa de Pós-Graduação e Transportes
Campus Darcy Ribeiro - Universidade de Brasília