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  • Ditadura,

    Represso e

    Conservadorismo

  • D615 Ditadura, represso e conservadorismo / Fernando Ponte de Sousa e Michel Goulart da Silva (organizadores). Florianpolis: UFSC, 2011.

    303 p. 14,8 x 21 cm.

    Vrios colaboradores.

    ISBN 978-85-61682-57-6

    1. Ditadura. I Sousa. Fernando Ponte de. II Silva, Michel Goulart da

    CDD 320

    Copyright 2011 Fernando Ponte de Sousa e Michel Goulart da Silva

    CapaTiago Roberto da Silva

    RevisoMariana Silveira dos Santos Rosa

    Editorao eletrnica Flvia Torrezan, Tiago Roberto da Silva

    BibliotecriaLuiza Helena Goulart da Silva

    Todos os direitos reservados a

    Editoria Em Debate Campus Universitrio da UFSC Trindade

    Centro de Filosofia e Cincias Humanas Bloco anexo, sala 301

    Telefone: (48) 3338-8357Florianpolis SC

    www.editoriaemdebate.ufsc.br www.lastro.ufsc.br

    Impresso no Brasil

    2011

  • Fernando Ponte de SousaMichel Goulart da Silva

    (Organizadores)

    Ditadura,

    represso e

    conservadorismo

    Florianpolis

    2011

  • SUMRIO

    Apresentao ............................................................................................ 7

    1. Franquismo y masonera ...........................................................11 Yvn Pozuelo Andrs

    2. A ANL e o anticomunismo da imprensa baiana ...........37 Cristiano Cruz Alves

    3. Aspectos do antissemitismo no

    discurso integralista de Gustavo Barroso ..................67 Luiz Mrio Ferreira Costa

    4. A parceria entre Estado e empresariado na represso ao operariado em Recife

    de 1940 a 1950 ........................................................................................87 Arleanda de Lima Ricardo

    5. Dentro da estrutura repressiva: o sistema de segurana interna imaginrio anticomunista e represso poltica em Minas Gerais no

    comeo da dcada de 1970 .....................................................107 Luiz Fernando Figueiredo Ramos

  • 6. La representacin del desplazamiento

    forzado por la violencia en Colombia ........................151 William Ortiz Jimnez

    7. Os militares brasileiros e

    a grande mentira ......................................................................185 Michel Goulart da Silva

    8. Ditadura, memria e consenso: a Campanha

    da Mulher pela Democracia (CAMDE) ...........................209 Janaina Martins Cordeiro

    9. Crtica punio eterna como memria

    histrica ...........................................................................................249 Fernando Ponte de Sousa

    10. Neofascismo, Internet e Histria do

    Tempo Presente .............................................................................267 Fbio Chang de Almeida

  • Apresentao

    Este volume rene textos que discutem e problematizam algumas prticas e representaes conservadoras produzi-das ao longo do sculo XX e nas primeiras dcadas do sculo XXI. Como possvel verificar pelos textos aqui reunidos, em alguns casos, esse conservadorismo engendrou aes repressi-vas, visando conter as aes polticas de movimentos populares ou de grupos de esquerda, redundando em fenmenos ditato-riais, como no Brasil, a partir do golpe civil-militar de 1964. Por outro lado, tambm so discutidas em alguns dos textos deste volume as representaes produzidas a partir de fenmenos conservadores, principalmente traumas ou disputas simblicas provocados por ditaduras, que se materializam nas disputas por memrias, na escrita histrica desse processo ou nos resqucios que permanecem da ditadura.

    Os fenmenos conservadores, neste volume, so entendi-dos como aqueles que esto ligados a uma pretenso de rejeitar o novo e o apelo mudana, encarados como riscos ordem instituda. Essa delimitao, ainda que fluida e com pouca preci-so, aponta para o entendimento de que os fenmenos conserva-dores so plurais e multiformes, caracterizando-se por prticas que muitas vezes engendram ideias e representaes fortemente enraizadas nas diferentes sociedades.

    O conservadorismo tambm pode ser entendido como um projeto de sociabilidade antagnica ao projeto da modernidade construda a partir da Ilustrao. Os eventos tidos como mar-cos do nascimento da Modernidade, como as revolues econ-micas e sociais do sculo XVIII, desde seu incio enfrentaram algum tipo de oposio ou de resistncia. O conservadorismo

  • constituiu-se nessas situaes como um conjunto de manifesta-es que defendiam a permanncia total ou parcial das estruturas da sociedade ento existente ou que, embora vendo a necessida-de de melhoria da sociedade, se opunham radicalizao dessas transformaes ou a formas violentas de conquist-las.

    Os estudos aqui reunidos tratam de diferentes facetas do conservadorismo, entendendo-o como fenmeno contraditrio e plural e cujas manifestaes no seguem um esquema definido ou uma lgica estabelecida, mas que, partindo das contradies de cada realidade particular, produzem processos particulares. No Brasil contemporneo, por exemplo, produzem-se ideologias e discursos que engendram percepes acerca do passado, visando tanto justificar o autoritarismo do presente como apagar a repres-so do passado, alm de anistiar os crimes dos agentes estatais.

    Contudo, essas particularidades dos fenmenos conserva-dores no levam a pensar esses fenmenos como isolados, na medida em que, seja como imaginrio social, seja como rela-o poltica, esses fenmenos podem se misturar e se intercalar, produzindo mobilizaes ou fenmenos ideolgicos completa-mente novos, a cada conjuntura ou situao nacional especfica. Trata-se, portanto, de um fenmeno vivo, que influencia nossas ideias, nosso cotidiano e inclusive nossas perspectivas de futu-ro, exigindo nossa resistncia ou mesmo a ofensiva de projetos radicais de transformao da sociedade.

    Os organizadores agradecem principalmente os autores pe-la disposio em colaborar com esta coletnea, deixando nossa disposio textos valiosos que expressam fundamentais esforos de pesquisa na compreenso dos temas tratados. Por outro lado, colaborando com este esforo editorial, os autores possibilita-ram a reunio num nico volume de reflexes das mais variadas acerca dos fenmenos de represso e de conservadorismo que

  • marcaram o ltimo sculo, constituindo, assim, um valioso ma-terial de estudos para os pesquisadores dessas temticas.

    Tambm agradecemos a colaborao e o empenho da equipe que compe a Editoria Em Debate, devidamente credi-tados ao longo do volume, sem a qual no teria sido possvel publicar este livro.

    Fernando Ponte de Sousa

    Michel Goulart da Silva

    Florianpolis, 24 de outubro de 2011.

  • 1Franquismo y Masonera

    Yvn Pozuelo Andrs*

    La represin franquista se abati tras los pasos victoriosos de las tropas rebeldes, durante la Guerra Civil espaola (1936-1939), sobre la poblacin civil sospechosa de connivencia frente populista. La represin, la persecucin y la humillacin de sus adversarios pasaron a institucionalizarse como maquinaria im-prescindible de la permanencia en el poder del General Franco y de sus seguidores durante el franquismo (1939-1975). Aplicado a la Masonera, sta fue, por un lado, aniquilada como organizacin durante la contienda y, por el otro, los masones supervivientes fueron reprimidos, perseguidos y humillados durante la era de Franco. La historiografa espaola sobre el fenmeno masnico ha sacado a la luz, en estos ltimos veinticinco aos, las causas, las consecuencias y los matices propios de esa realidad. En la actualidad existe un valioso material historiogrfico que permite conocer y comprender la obsesin antimasnica del Franquismo cuya llama, hoy en da muy dbil, an pervive.1 El Centro de

    * Doctor en Historia. Profesor de francs en el IES Universidad Laboral de Gijn, coeditor de la revista digital REHMLAC.1 Autores como Csar Vidal, ngel Palomino, Vasco de Osma y la prensa digital como www.libertaddigital.com formaron y forman dicha llama.

  • 12 vn Pozuelo Andrsvn Pozuelo Andrs

    Estudios Histricos de la Masonera Espaola (CEHME)2 con sede en Zaragoza public en las actas de sus congresos todo ese material. Los historiadores pertenecientes a dicha institucin in-vestigaron, entre otros muchos aspectos, lo relacionado con la Masonera y el Franquismo desde una perspectiva regional. Asi-mismo, se publicaron obras ms generales sobre la cuestin.3Esta comunicacin se determin tras preguntarnos quines construy-eron las fronteras que distanciaron a dichos fenmenos, y cmo. Estas preguntas se plantearon, por un lado, al binomio Mason-era y Franquismo y, por el otro, al de masones y franquistas. Para ello, antes de entrar de lleno en esas consideraciones, se exponen las lneas generales del encono entre estos dos sectores a partir de la Guerra Civil espaola (1936-1939). A modo de ilustracin, se enfoca la realidad antimasnica franquista de posguerra a travs de la regin de Asturias y del diario falangista de Gijn, Voluntad.4

    Guerra Civil Espaola (1936-1939) y depuracin masnica

    En el momento del Golpe de Estado, 17-18 de julio de 1936, el masn y republicano Santiago Casares Quiroga era el jefe del Gobierno frente populista, coalicin de partidos republicanos de

    2 Fundado y dirigido hasta 2009 por el profesor Jos Antonio Ferrer Benimeli es ahora presidido por el profesor Jos Miguel Delgado Idarreta.3 No se trata aqu de citarlas a todas sino de enumerar una sucinta bibliografa, la ms reciente, que permita al lector iniciarse en esa historia, encontrando el complemento bibliogrfico al final de cada obra. As pues, vanse a Lpez (2010), Arribas (2009), Villalba (2005, p. 125-245), que aunque trate sobre todo de Andaluca explica muy bien el calibre de la represin franquista ya que dicha regin conglomer a la inmensa mayora de los talleres y masones espaoles de la II Repblica. Y los clsicos de Benimeli (1982, 1993), Ruiz (1992).4 Estas notas y sus conclusiones se asientan sobre mi Tesis Doctoral (ANDRS, 2004, indita).

  • Franquismo y Masonera 13

    izquierdas y de organizaciones del movimiento obrero elegida en las urnas del Sufragio Universal en febrero de ese mismo ao. No se crey lo que estaba pasando, pese a conocerse los diferen-tes planes golpistas, planeados, incluso antes de las elecciones de febrero, cuando el gobierno estaba dominado por el principal partido de la derecha parlamentaria, Confederacin Espaola de Derechas Autnomas (CEDA), y a las advertencias proceden-tes de diferentes sectores polticos y mediticos (RODRGUEZ, 2006, p. 161-162). El Golpe de Estado estaba en boca de todos los que pertenecan a la Intelligentsia espaola. La II Repblica haba experimentado el Golpe de Estado militar de Sanjurjo de 1932 con final feliz para el rgimen. Pero 1936 no era 1932. 1932 distaba de un ao al advenimiento entusiasta de la Repblica. En cambio, en 1936, el rgimen haba sido gobernado, entre 1933 y 1936, por sectores al filo del anti republicanismo que lograron sofocar una Revolucin en 1934 reprimiendo a miles de perso-nas (Ruiz, 2008). La amnista a favor de los represaliados del 34 constituy el principal argumento para la constitucin del Frente Popular en Espaa y de su victoria electoral en febrero de 1936. Igualmente fundamentales, en ese corto periodo de tiempo, el encumbramiento al Poder de los autoritarios Hitler y Salazar, respectivamente en Alemania y en el vecino Portugal. Lderes de regmenes lanzados en una dinmica violenta que dio en sus primeros pasos, sus frutos, como arma infalible anticomunista.

    En su casa, Casares Quiroga, tena colgado un retrato de Kerensky que le recordaba que no debiera sucederle lo del diri-gente ruso, es decir, ser derrotado por los comunistas.5 Mueca de trapo a la cabeza de un gobierno atacado por unos jefes mi-litares decididos, Casares Quiroga dimiti el 18 de julio. Otro masn lider la defensa de la Repblica en los primeros das, Diego Martnez Barrio. Como solucin, l y otros lderes repu-

    5 Est sacado del testimonio del socialista y masn Juan-Simen Vidarte (1978, p. 152).

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    blicanos, que en bastantes casos compartan afiliacin hiramista, no encontraron mejor remedio para abortar el Golpe de Estado que el negociar con los jefes de los sublevados prometindoles ms orden y un sitio en el Gobierno. Al mismo tiempo negaron el reparto de armas a las organizaciones obreras, las nicas, en ese momento, conscientes de la realidad, hasta que el gobierno se convenci de que no tena mejor socorro. Esta postura refleja que desde los masones, con curtido peso simbolista, no se ha-ba imaginado que los discursos pro golpistas, antirrepublicanos y por extensin antimasnicos iban a pasar de la fraseologa apo-calptica a su aplicacin. Por su lado, la Masonera no difundi ningn comunicado en contra del Golpe de Estado hasta com-probar la ferocidad, tres meses ms tarde, con la que se persigui a sus miembros. Persecucin que no slo se focaliz en lo pol-tico sino tambin en lo masnico como as se difundieron en los discursos y rdenes desde el bando rebelde (MORALES, 1992). En ellos, se presentaban a los masones como unos de los princi-pales enemigos, llevando a cabo, en correlacin, la destruccin con saa de sus locales (VILLALABA, 2005). En la transforma-cin del Golpe de Estado en contienda, los sublevados pasaron de la destruccin en las primeras semanas a la conservacin de algunos templos, organizando visitas abiertas a la poblacin con el objetivo de ridiculizar a la Orden. En esa situacin de clara re-presin, los dirigentes masnicos recalcaron una vez ms que la masonera no haca poltica y que respetara siempre el gobierno del Estado. Las Constituciones de Anderson en mano deja claro que la masonera debe respetar al gobierno de la nacin sea cual sea su naturaleza -aado- incluso dictatorial. No contaba con la opinin ni la naturaleza de ciertos gobiernos. Sin embargo, a la vista, en las primeras semanas del conflicto, de la realidad extre-madamente represiva, las Obediencias tomaron posicin a favor del bando del Frente Popular. En ese bando, coincidan varias

  • Franquismo y Masonera 15

    importantes personalidades de la Orden como Diego Martnez Barrios, Jos Giral, Augusto Barcia, ngel Rizo Bayona etc.

    Los franquistas mataron y persiguieron a los anarquistas, socialistas, comunistas, trotskistas, republicanos y a sus sim-patizantes y vice-versa en menor medida. Empero, ser masn agravaba lo anterior. Ser masn agrav las condenas en los Tri-bunales de Guerra. La animadversin incrustada en el odio ms profundo en contra de la Institucin masnica y de sus miembros fue refrendada con la constitucin, al ao de finalizada la Guerra Civil, en marzo de 1940, del Tribunal Especial para la Re-presin contra la Masonera y el Comunismo.6 Dicho rgano estuvo en funcionamiento hasta 1964. Esta longevidad prueba el arraigado antimasonismo exacerbado del Franquismo, en un pas por entonces sin masonera espaola desde 1939. Miles de conde-nas, miles de persecuciones, la humillacin pblica como arma implacable contra cualquier persona que hubiera sido masn en algn momento de su vida. Incluso contra los que se desligaron de la Viuda en pocas anteriores a la Guerra Civil. Haber abandonado las filas masnicas permiti, nicamente, reducir la dureza de las penas. No supuso una condicin suficiente, en la inmensa mayo-ra de los casos, para la absolucin. La prctica totalidad de los masones espaoles que sobrevivieron a la guerra y siguieron en el territorio espaol pas por arrestos, investigaciones policiales, interrogatorios inquisitoriales, juicios arbitrarios, incautaciones de sus bienes, destierros, penas de crcel e inhabilitaciones para trabajar en el sector pblico y para ocupar alguna responsabili-dad en empresa privada. El Franquismo, a travs del TERMC, hasta las dcadas de los aos 60, enjuici y conden incluso a individuos que haban fallecido con anterioridad a 1936, liber de sus crceles a individuos que haban fallecido en ellas, orde-6 La resolucin que establece dicho tribunal puede leerse entre otros en Daz-Plaja (1976, p. 41-43).

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    n facilitar informes sobre individuos incluso teniendo anotado en su ficha de seguimiento que haban fallecido.

    Las fronteras entre Masonera y franquismo, entre masones y franquistas? Quines las construyeron u cmo?

    Es preciso para determinar los lmites que separan a estos elementos exponer unas definiciones de cada uno. He seleccio-nado, segn mi percepcin del tema, los aspectos ms apropiados para orientar las respuestas a estas interrogaciones. Por lo tanto no se trata de establecer unas definiciones cerradas.

    La masonera como concepto plural es una asociacin inici-tica enraizada en la sociabilidad de la burguesa de corte democr-tico, creyente tolerante, liberal, patritica, paternalista con la clase obrera, tolerante con las organizaciones del movimiento obrero sin compartir ni el fin ni los mtodos revolucionarios socialistas, comunistas y anarquistas, que ha tomado en la creencia en el GA-DU y/o en la triloga de la Libertad, Igualdad y Fraternidad su eje filsofo-filantrpico-poltico de actuacin individual y colectivo enmarcado en el rechazo de la violencia. Naci en una poca de Monarqua Absoluta en un reino con uso parlamentario y religin nica dominante (Protestantismo), abriendo sus puertas a miem-bros procedentes de diversas minoras religiosas y polticas, dan-do cobijo a la frmula de Libertad de Expresin y ensanchndola. Se instal en Espaa por una invasin extranjera, por la dictadura bonapartista entendida por ciertos sectores burgueses espaoles como el punto de partida de las Luces que reemplazaron o reem-plazaran a las Sombras del Antiguo Rgimen. Su desarrollo se llev a cabo en los sectores liberales pasando de un liberalismo a otro, segn las pocas, hasta llegar a la II Repblica del siglo XX.

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    El Franquismo es un movimiento fiel seguidor de un l-der, Francisco Franco, militar, catlico practicante, intolerante con cualquier otro tipo de creencia religiosa, partidario de un Orden antidemocrtico, autoritariamente anticomunista y anti-masnico, estrechando y eliminando la Libertad de Expresin por el intermediario de la Censura, respaldado por los sectores burgueses ms tradicionalistas, cuyo principal mtodo de con-secucin de su eje filsofo-filantrpico-poltico, Una, Grande y Libre y Patria, Religin y Familia, se asent en el uso de la violencia. Debut -para resumir- cuando Franco tom el mando militar del bando rebelde que se sublev contra el rgimen de la II Repblica en julio de 1936. Este fenmeno se consolid du-rante la Guerra Civil con la secuenciacin de los acontecimien-tos blicos y las decisiones tomadas y los avatares vitales de las personalidades ms importantes del bando rebelde. Luego, se desarroll durante la Dictadura sin fin de su jefe (1939-1975). El Franquismo no es slo Franco. Convergieron en l los ideales y los discursos anticomunista, antimasnico y antisemita de los lderes de las corrientes polticas ms reaccionarias (Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista, Falange, Renovacin Espaola, Comunin Tradicionalista, CEDA, etc.) que se haban consoli-dado durante la II Repblica contra la Repblica, influenciando al propio Franco en algunos temas como el antisemitismo que no fue en origen uno de los enfoques preferentes del Caudillo.7

    La dicotoma entre Masonera y Franquismo, hoy en da, es ntida. Una organizacin democrtica y otra autoritaria, la pri-mera aborrece por principio la violencia, la segunda la integr en su ideario, una tolera la exposicin de ideas antiliberales cons-truidas desde el movimiento obrero, la otra ni tolera las liberales ni las del movimiento obrero, compartiendo las dos (Masonera y Franquismo) una base social procedente de la burguesa.7 Sobre la opinin antisemita de Franco asociada a su antimasonismo, vase la investigacin realizada por Javier Domnguez Arribas (2009, p. 84-97).

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    El Franquismo prohibi y persigui a los que fueron maso-nes durante todo el periodo de la Dictadura. Slo perdon el pa-sado masnico a los familiares del Caudillo. Asimismo, Franco lleg a condecorar a un miembro de la masonera costarricense, partidario del Rgimen sin que su pertenencia masnica influye-se negativamente (GUZMN-STEIN, 2004, p. 1.209-1.272). Y los indicios de una actividad masnica espaola bajo la Dictadu-ra es prcticamente nula.8 Los gobiernos de Gran-Bretaa y de Francia, dos territorios cuna de la sociedad hiramista, reconocie-ron en febrero de 1939 la legalidad del Gobierno franquista. En abril fue el turno de Estados Unidos. Sucedieron a los recono-cimientos tempraneros y obvios de la Alemania de Hitler, de la Italia de Mussolini, de la Rumana de Carol II, del Portugal de Salazar en Europa y de El Salvador de Hernndez Martnez, de la Guatemala de Ubico Castaeda y de la Nicaragua de Somoza y Brenes Jarqun en Latinoamrica, todos ellos, pases con reg-menes totalitarios. En 1955, la ONU integr en su seno a la Es-paa dictatorial, organismo internacional acusado por la Admi-nistracin franquista de nido de masones donde se conspiraba contra el orden catlico tradicional que representaba Espaa: En la ONU y en los Ministerios anglosajones existe un enjambre de agentes de la masonera.9 El pas con mayor nmero de ma-sones en el planeta, Estados Unidos, instal, en suelo espaol, bases militares donde pudieron los militares masones estadou-nidenses, si lo deseaban, practicar sus rituales. La entrada en la ONU de Espaa enterr el deseo de los masones espaoles exi-liados que reclamaban desde haca aos a la Comunidad Interna-cional la organizacin de una Convencin contra el Genocidio de los masones espaoles (ANDRS, 2004, p. 1.368-1.369). Pe-

    8 Indicios muy escasos se encontraron en la correspondencia conservada en el archivo de Jos Maldonado, vase Andrs, El archivo masnico de Jos Maldonado, ltimo Presidente de la Repblica en el exilio, Ibidem, p. 1370-1371.9 Esto es slo un ejemplo: Voluntad, 05-XI-1949, p. 6.

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    se a estos ejemplos de contadas y supuestas cordialidades entre franquismo y masonera, excepcionales, producto del oportu-nismo poltico, Franquismo y Franco coincidieron en la obsesi-n antimasnica, correspondiente a la visin de que el Poder, va elecciones o no, se adquiere siempre por la conspiracin. Si ellos conspiraban dentro de un conglomerado catlico, apostlico y romano-anticomunista, sus enemigos lo deban de hacer en el masnico-comunista o judeo-masnico-comunista como vulgarmente se ha mencionado. El pre franquismo tena ya cla-ro su antimasonismo, heredero del ltimo cuarto del siglo XIX, poca de mayor confrontacin pblica entre masones y sus de-tractores ultramontanos. En resumidas cuentas, cuando el Golpe de Estado se convirti en Guerra Civil, la mayora de los jefes rebeldes eran anti masones convencidos. Durante la II Repbli-ca, el mundillo de la poltica y del Ejrcito conoca a la perfec-cin quin era quin. As pues, en 1935, una proposicin de ley que pretenda prohibir a los militares su participacin en asocia-ciones polticas, sindicales y secretas, con mencin enftica a la masonera, haba sido durante semanas un asunto publicitado en los grandes medios de comunicacin de la poca. Por otros derroteros, durante todo ese ao prodigaron en la prensa las ac-tas de los Tribunales de Guerra que juzgaban a los revolucio-narios que haban participado en la Revolucin de octubre de 1934. Durante estos juicios, la argumentacin del discurso anti-masnico, el del contubernio judeo-masnico-comunista, pas, para sus seguidores a probarse porque en esa Revolucin, de forma individual y en nfima minora, se encontraban masones que se haban involucrado en su desarrollo. Si antes, sin prueba alguna, durante dcadas y dcadas, ya estaban convencidos del contubernio, la Revolucin de Octubre confirmaba, para ellos, todas sus teoras. El Gobierno encarg el aplastamiento de la Revolucin de Octubre a Franco quien orden a un militar que era masn, Eduardo Lpez de Ochoa y Portuondo, aplicar

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    sobre el terreno las operaciones militares, la rendicin y la repre-sin. La mayora deca anteriormente, pues, algunos de esos jefes golpistas de 1936 eran o fueron masones con una presencia de cierta envergadura en el seno de esta sociedad.10 No fueron pocos los militares rebeldes con esa misma condicin.11 Estos mismos, una vez hecho el trabajo sucio, fueron perseguidos de alguna u otra forma por esa adhesin asociativa. Incluso se persi-gui, con el pretexto antimasnico a militares falsamente acusa-dos de masones tan importantes para la victoria de Franco como el Coronel Aranda. Este militar supo traicionar a los dirigentes frente populistas y resistir al asedio de las fuerzas republicanas en Asturias, impidiendo que esas fuerzas, temidas por haber or-ganizado la Revolucin de Octubre de 1934, comparada, segn los enfoques, histrica, heroica y romnticamente a la Comuna de Pars de 1871, pudieran ayudar en otros frentes.

    El antimasonismo form parte del discurso habitual de Franco y de la casi totalidad de los rganos mediticos del R-gimen desde el principio de la conquista rebelde que inici la Guerra Civil espaola hasta la muerte del Dictador. Aqu discur-so y persecucin se complementaban.

    Y los masones y los franquistas? La masonera, en la formacin difundida por el Simbolismo, prepar a los masones

    10 Para los ejemplos de Miguel Cabanellas y Ferrer, Eduardo Lpez de Ochoa y Portuondo vasen las elocuentes reseas biogrficas publicadas por el profesor Manuel de Paz de Snchez (2004), respectivamente, p. 84-86 y 248-250. El ejemplo de Cabanellas ostentosamente masn y pieza clave del posterior xito del Franquismo llev al lder del ala moderada del Partido Socialista Obrero Espaol (PSOE), Indalecio Prieto, a concluir precipitadamente en el exilio, el 25 de abril de 1953, que Franco ha dividido a los masones en dos castas, castigando a los leales a la repblica y premiando a los que la traicionaron.[...] No ha repudiado ni repudia a todos los masones. No fue as, aunque las excepciones confirmen la regla. Tambin persigui a los masones que lucharon a su favor, demostrando el nivel represivo del Franquismo.11 Ibidem, p. 6. El autor contabiliz a casi dos centenares de militares masones que lucharon a favor del bando sublevado.

  • Franquismo y Masonera 21

    a ser antifranquistas? No se nace masn ni se nace franquista. Cundo un iniciado a la masonera, cundo un franquista son conscientes que estn en el sitio que corresponde a sus ideales?

    Tras el derrumbe de la organizacin masnica en la poca finisecular del siglo XIX, importantes masones responsables de la regeneracin de la masonera a principios del siglo XX han ido durante la II Repblica acercando posturas hacia los parti-dos polticos de la derecha parlamentaria. Fueron los casos, por ejemplo, de Alejandro Lerroux, presidente del Gobierno antes y despus de la victoria electoral de la coalicin de derechas lide-rada por la CEDA, y de Melquades lvarez, figura fundamental del Reformismo asturiano y partcipe de esa misma coalicin. Melquades sera asesinado en Madrid a principios de la Guerra Civil por elementos republicanos. En Asturias, a raz de las elec-ciones de 1933, los dirigentes de la masonera regional (el Gran Maestre militaba en el PSOE y el Gran Secretario en Izquierda Republicana) expulsaron a los miembros que haban votado a favor de dicha coalicin. Con esta postura intolerante, depura-ron la organizacin de los afiliados que se haban comprometido con la Masonera, levantado y organizado la Orden en Asturias entre 1911 y 1933. Esta situacin no salv a estos expulsados de caer en la maquinaria represiva franquista, aunque llegasen a pensarlo. El nuevo Rgimen con el que colaboraron o simpati-zaron durante la Guerra Civil les rebaj, finalizada la contienda, al mismo plano que el del los enemigos declarados, es decir, al banco de los acusados. As pues, tuvieron que redactar, presentar y firmar una retractacin pblica, impuesta por el Gobierno fran-quista, abjurando de haber pertenecido a la masonera.

    Los masones de la II Repblica y de pocas anteriores del siglo XX procedan y evolucionaron polticamente en diferen-tes movimientos polticos. Salvo el PSOE, las organizaciones polticas se disolvan y se transformaban segn los aconteci-

  • 22 vn Pozuelo Andrsvn Pozuelo Andrs

    mientos histricos del Reino de Alfonso XIII y de los aconteci-mientos internacionales.12 La II Repblica represent un nuevo rgimen y dio lugar a las fundaciones y refundaciones polticas impuestas por la novedad. Los masones optaron por diferentes organizaciones sin que apostasen por una sola. No obstante, la direccin de las masoneras espaolas a nivel nacional pasaron a manos de republicanos de la izquierda parlamentaria. En ese momento, entre 1931 y 1936, una mayora de masones y los profanos que convergieron en el Franquismo tenan un punto en comn: mantener alejada la amenaza del comunismo cuya revolucin bolchevique de 1917 inyect el miedo a la desapa-ricin real de la propiedad privada. Durante la II Repblica, esa que masones y franquistas reivindicaban como masnica, se llev a cabo, por parte del Gobierno de Azaa, el masn de un da (BENIMELI, 2007, p. 193-206), en enero de 1933, en el pueblo andaluz de Casas Viejas, los asesinatos de unos campe-sinos anarcosindicalistas en Huelga General. En ese preciso mo-mento, diferentes rganos del GOE intercambiaron informes e impresiones sobre masones pertenecientes a la anarcosindicalis-ta Confederacin Nacional del Trabajo (CNT), juzgando si era conveniente mantenerles adscritos o no a la Obediencia (AN-DRS, 2004). Tras la Revolucin de Octubre de 1934, el GOE conden oficialmente a la revolucin y mand expulsar a todo aquel que hubiera participado en el bando insurrecto, aunque no conste en documentacin que dicha orden se haya llevado a efectos prcticos de forma exaustiva. En Asturias, por ejemplo, se aprovech para actualizar el estado real de la afiliacin, dando de baja a unos cincuenta miembros, sin que se haya podido ave-riguar si lo fueron por su participacin revolucionaria, por haber votado, a finales de 1933, a favor de la coalicin de la derecha parlamentaria o por no haber cotizado. Asimismo, la masonera 12 Ver esquema de los partidos polticos espaoles del siglo XIX y XX en Junco (2005, p. 98-101).

  • Franquismo y Masonera 23

    conden la represin y ayud, en la medida de sus posibilidades, en algunos casos, a los represaliados.

    Masones ocuparon puestos claves en los Gobiernos de la II Repblica (Alejandro Lerroux, Casares Quiroga, Martnez Bar-rio) y tambin en la Historia e identidad de la masonera espao-la. Principalmente, se encontraron en los puestos fundamentales del gobierno cuando estall el Golpe de Estado, planteando alter-nativas pacficas a sus muy conocidos sublevados. Conocidos porque compartieron todos ellos, aunque en la distancia poltica, el tolerante intercambio de ideas durante las dcadas anteriores. As pues, quien estableci las fronteras entre Masonera y Fran-quismo fue exclusivamente el Franquismo. Este movimiento jur muerte a la incrdula masonera y en este sentido actu.

    Anti masonera franquista en Asturias a travs del diario falangista Voluntad

    Los medios de comunicacin afines al ultramontanismo difundieron que la masonera haba organizado la Revolucin de Octubre de 1934 que, en Asturias, dur 13 das y le dio su repercusin revolucionaria. Durante esos das, los lderes del movimiento obrero organizaron, al mismo tiempo que lucharon contra las fuerzas militares del Gobierno medio republicano13 (CEDA) que haba salido victorioso en 1933 de las primeras elecciones en las que las mujeres pudieron votar, la vida cotidia-na a su manera. Srvase para ilustrar que el discurso y la cruzada antimasnica del complot judeo-masnico-comunista, a partir

    13 Gobierno acusado por las organizaciones obreras y republicanas de izquierda de antirrepublicanismo, pero dentro de la Repblica. Sus dirigentes empleaban la frmula de rectificar la Repblica.

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    de 1936 en Asturias, encontrara un terreno abonado. La Guerra Civil en Asturias -para resumir- termin el 21 de octubre de 1937 con la entrada victoriosa de las tropas franquistas en la gran ciudad industrialo-portuaria de Gijn, provocando el der-rumbamiento del llamado Frente Norte. Gijn albergaba la sede de la Gran Logia Regional del Noroeste de Espaa del Grande Oriente Espaol (GOE).14 En su templo, incautado por el bando nacional, desarroll sus actividades, entre otras, la importante logia Jovellanos que lleg a concentrar, a principios de la dcada de los aos treinta, a ms de un centenar de miembros sobre un total regional de alrededor de 250. Fue el motor de la masonera asturiana del primer tercio del siglo XX.

    A los pocos das de reorganizar la cotidianidad al estilo na-cional-sindicalista, los rebeldes vencedores fundaron el diario Voluntad, cuyo encabezado precisaba que perteneca a Falan-ge Espaola Tradicionalista de las Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista (FET-JONS). Publicado por primera vez el 3 de no-viembre de 1937 finaliz su vida el 31 de agosto de 1975, unos meses antes del fallecimiento del Dictador. No he podido, por el momento, consultar los nmeros correspondientes a los me-ses de noviembre y diciembre de 1937 que muy probablemente alberguen informaciones valiosas respecto a la represin de la masonera. Sin embargo, gracias a los ejemplares disponibles para los investigadores, es posible calibrar el antimasonismo franquista en una regin como la de Asturias.

    A lo largo de toda la poca dictatorial, el diario se ocup de transmitir opiniones y en algunos casos informaciones en contra de la masonera y de los masones. En un pas sin masonera, por extensin sin masones, el discurso antimasnico no de-sapareci sino que form parte del discurso general del R-gimen que, entre otras estrategias de supervivencia, basaba su 14 Desde 1923, el GOE haba dividido el territorio espaol masnico en varias Grandes Logias.

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    propaganda en el miedo, de ah que no debiera desaparecer. As pues, las menciones antimasnicas venan a recordar y a mante-ner alerta sobre el peligro que ya no exista.

    Es curioso detectar que la Redaccin no se encarg de per-sonalizar el discurso a la masonera y a los masones asturianos sino a la masonera en general, a nivel nacional e internacional. En este sentido, los nmeros de 1937 cobraran su importancia con la esperanza de aguardar esa personalizacin. A lo largo de todo el periodo, el espectro masnico aparece con las expresio-nes las logias, la masonera, Gran Oriente, junto en alguna oca-sin con sinagoga, judaco, bolchevique, marxista en el cuerpo de artculos, de forma espordica, dedicados a justificar el Golpe de Estado, las medidas franquistas y en artculos consagrados a las relaciones internacionales de Espaa. Estas expresiones completan el dibujo franquista de fortaleza asediada por las fuerzas del mal antiespaolas, anticatlicas, adems de preten-der disipar las dudas sobre las posibles sospechas de la reali-dad de los ataques descritos. El primer apunte importante sobre masonera apareci en julio de 1938. El periodista, armado del anlisis franquista del comentario de texto, repas el conteni-do de un folleto publicado el ao anterior por el Gran Maestre Adjunto del Grande Oriente Espaol.15 En dicho documento, el autor enton un mea culpa en nombre de la masonera, hecho excepcional en el seno de las Obediencias en toda la Historia. Se lamentaba de la actitud utpica y endeble de su organizacin frente a la realidad poltica y social del pas. Valor negativa-mente que la masonera espaola no se hubiera comprometido desde un principio con el bando gubernamental republicano. Por su lado, el autor falangista publicado en dos tandas por Voluntad, Pedro Gmez Aparicio, un referente del periodismo espaol de aquella poca, titul el artculo, con La Masonera ha hablado.

    15 El original folleto era el publicado por Ceferino Gonzlez Castro-Verde (1937).

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    En l, utiliz la argumentacin del representante de los herma-nos tres puntos como prueba fehaciente de que los principales mandos del Ejrcito estaban en manos de los masones16. Unos das ms tarde, sali en portada el tpico Comunismo y Maso-nera donde se comparaba el primer ente a la rabia y el segundo al perro, concluyendo que para eliminar la rabia haba que matar al perro17. Diferentes autores falangistas reflexionaron durante la posguerra sobre las diferencias entre comunismo y masone-ra para saber quin fue primero, quin utiliza a quin, cmo se repartieron sus funciones. En este sentido, por ejemplo se pue-de leer que la masonera conduce minoras, el comunismo [...] puede arrastrar masas18. Incluso la Redaccin se permiti diser-tar y matizar la comprensin antimasnica franquista expuesta por uno de los importantes peridicos nacionales de la poca, El Espaol (ARRIBAS, 2009, p. 344-350), cuando este ltimo public una falsa plancha de carcter subversivo interceptada por una de las secciones ms rocambolescas de los servicios de espionaje franquistas19. El matiz resida en interpretar que el co-16 Voluntad, 22-VII-1938, p. 4 y 23-VII-1938, p. 4. 17 Ibidem, 05-VIII-1938, p. 1. 18 Ibidem, 06-II-1958, p. 12. El artculo La subversin tiene dos cabezas fue publicado en el principal diario franquista nacional, Arriba. Esta misma temtica fue tratada en otros nmeros : 21-VI-1959, p. 3; 16-V-1961, p. 15. 19 Ibidem, 11-II-1943, p. 1. Este artculo, la Masonera aterrada de su obra, ocupaba media pgina y estaba dividido en tres partes. La primera columna (primera parte) explicaba las principales caractersticas de la plancha reproducida en las siguientes dos columnas (segunda parte) y en la cuarta columna expuso las 9 claves antimasnicas (tercera parte) que ayudaran a comprender que masonera era sinnimo de traicin. La plancha estaba firmada en Lisboa el 17 de noviembre de 1942 por Magalhaes, Gran Maestre de una Confederacin Provisional. Iba dirigida al Grande Oriente Espaol. En ella, se especificaba que no queran a una Espaa ni a una Francia comunista ni totalitarias sino a una Francia y una Iberia democrticas. Unos meses ms tarde, un artculo sobre poltica nacional volvi sobre este asunto : 31-X-1943, p. 5. Una de las principales novedades a la Historia antimasnica franquista aportadas por la investigacin de Javier Dominguez Arribas (2009, p. 123-154) concierne la historia del servicio de espionaje APIS. Esta seccin mayoritariamente feminina llev

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    munismo y la masonera eran lo mismo de ah que no buscasen a engaarse el uno al otro como lo dejaba entrever El Espaol. Este prolfico tema fue objeto al menos de una conferencia por parte del sector catlico gijons20. Puestos a disertar, llegaron in-cluso, en la dcada de los cincuenta, a hacerlo sobre las diferen-cias entre cine catlico y cine masnico21. Volviendo a agosto de 1938, el franquista Carlos C. Jovellanos afirm que la masonera haba instigado los ataques contra los templos catlicos durante todo el periodo republicano22. En ese mismo nmero, el medio franquista afirm que el contubernio judaco-masnico-mar-xista haba tomado la decisin de provocar la guerra contra el gobierno italiano y destac en un cuadro la consigna siguiente: Todo masn es un traidor a la Patria23. Igualmente, en 1938, Vo-luntad anunci la disolucin de las logias en Polonia24 y precis que, utilizando discursos y alocuciones extrados supuestamente de mbitos masnicos, el 40 por ciento de los judos es masn25.

    La II Repblica, en especial el Frente Popular, como pro-ducto de las maquinaciones masnicas fue otro tema recurren-te: enlazados [los dirigentes de las diferentes organizaciones

    a cabo una superchera que se prolong durante casi toda la Dictadura, basada en falsos informes e inventadas planchas interceptadas, tomadas por Verdad Absoluta por Franco. El artculo aqu comentado es una falsa plancha. El nico Magalhaes Gran Maestre fue Sebastio de Magalhes Lima que naci en 1851 y muri en 1928 siendo Gran Maestre del Grande Oriente Lusitano Unido desde 1907, es decir que en 1942 llevaba 14 aos fallecido. Adems ha de recordarse que la masonera estuvo prohibida y perseguida por Salazar desde 1935.20 Ibidem, 15-III-1946, p. 4: Interesante conferencia del Rvdo. P. ngel, en la que dogmatiz que los ataques contra Espaa eran masnicos-comunistas. 26-XII-1941, p. 2: se anunci la conferencia de Florentino Soria sobre masonera en el Centro de Accin Catlica de San Lorenzo.21 Ibidem, 20-VI-1953, p. 7. 22 Ibidem, 21-VIII-1938, p. 14. 23 Ibidem, p. 17 y p. 24. 24 Ibidem, 03-XII-1938, p. 4; 18-XII-1938, p. 3.25 Ibidem, 14-IX-1938, p. 8; 15-IX-1938, p. 2.

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    que conformaban el Frente Popular] con el amoroso y fraternal abrazo de la masonera26. El verbo dictar o cualquier componen-te de su familia lexical no falt en los artculos que exponan la visin franquista de la Historia de Espaa, de la reciente como la del siglo XVIII. Como caracterstica propiamente franquista, el articulista alarde de los numerosos masones que haban encon-trado la muerte por haber luchado con el bando republicano.27

    A finales de febrero de 1940, unos das antes del anuncio de la constitucin del Tribunal Especial para la Represin de la Ma-sonera y del Comunismo (TERMC),28 Voluntad public una co-lumna en primera plana sobre La represin de la Masonera29.El autor calific a la masonera de Terrible y tenebrosa secta!, echndole la culpa de todas las desgracias del resquebrajamiento del catlico Poder Absoluto del Antiguo Rgimen que finaliz con la II Repblica, la versin poltica ms laica hasta entonces realizada. Franquismo al estado puro:

    La religin catlica, todo amor y todo desinters, la conden [la Masonera] desde que fue notada su vio-lenta reaparicin al calor del enciclopedismo decio-chesco. [...] No fue aquella una Repblica [1931-1939] de espaoles, sino una Repblica de masones.

    Complet el cuadro felicitando a la Espaa de los subleva-dos por haberla aniquilado aunque todava hoy es preciso hacer ms porque vive en estado durmiente. Con este artculo, apunt que para acabar de aplastarla en su totalidad haba que despertar-la, sacarla de sus escondites. El mtodo: cumplir con las dispo-siciones antimasnicas tomadas por el Caudillo por el interme-

    26 Ibidem, 15-I-1947, p. 1 y 4; 05-IV-1961, p. 1; 14-V-1961, p. 11.27 Ibidem, 05-I-1939, p. 5.28 El peridico anunci su constitucin y su disolucin. Respectivamente, Ibidem, 05-VI-1940, p. 1 y 23-XI-1963, p. 14. 29 Ibidem, 28-II-1940, p. 1. El artculo estaba firmado por Luciano Taxonera.

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    diario del TERMC. La argumentacin antimasnica del diario procede de autores y de prensa de difusin nacional. As por ejemplo, public en diferentes periodos de la Dictadura varios artculos que el mismsimo Franco escribi con ayuda de sus fieles y asesores con el seudnimo de Jakin Boor en el peridico Arriba, difundidos luego en forma de libro recopilatorio con el ttulo de Masonera.30

    Como no haba ni masonera ni masones en Espaa a la largo de la Dictadura, las informaciones antimasnicas se cen-traron en el extranjero, permitiendo, por un lado, describir un estado de peligro constante que asechaba contra Espaa, por el otro, confirmar su postura a travs de las medidas antimasnicas adoptadas por otros regmenes, acordes por supuesto con el del Franco. En el primer aspecto, se sita el seguimiento de los ma-sones espaoles exiliados. En este sentido, el diario inform de las condenas que recayeron sobre los masones Diego Martnez Barrio, Augusto Barcia y otros exiliados profanos amalgamados a masones.31 A mediados de los cuarenta, la Redaccin public que Martnez Barrio, la Masonera y Negrn (Jefe del gobierno republicano entre 1937 y 1939 y en el exilio de 1939 a 1945) se haban reunido para organizar la vuelta a Espaa del rgimen pre-sovitico de 193632. En otras consideraciones, se informa-ba de reuniones masnicas internacionales.33 As, se anunci en 1953 que se haba localizado al Gran Oriente de la Masone-ra Espaola, ubicacin sabida desde el fin de la Guerra Civil.34 Otro de los puntos neurlgicos del discurso antimasnico a la hora de resaltar el Espaolismo fue la cuestin de Gibraltar. Se 30 Ibidem, 31-III-1942, p. 1; 26-IV-1960, p. 16; 05-V-1960, p. 15; 12-V-1960, p. 12; 26-IX-1962, p. 12.31 Ibidem, 02-X-1941, p. 3.32 Ibidem, 04-IX-1945, p. 1; 13-XII-1946, p. 4. 33 Ibidem, 03-X-1948, p. 1; 09-X-1959, p. 9.34 Ibidem, 17-III-1953, p. 2.

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    culp a la masonera tanto de la prdida como de la falta de reconquista del famoso Pen, cuestin considerada clave para delimitar el patriotismo propio del Franquismo y el anti es-paolismo propio de la Masonera.35

    En el segundo aspecto, el peridico indic que Woodrow Wilson36 haba cumplido en la I Guerra Mundial las rdenes del Gran Oriente de Francia,37 que el Gobierno de Siria haba disuel-to la masonera en su territorio,38 hecho que ms tarde imitara el de Guatemala. En este ltimo territorio, la disolucin se practic porque la Orden estaba llena de comunistas, consecuencia del primer lustro de los aos cuarenta en cuyo pas fue dirigido por un gobierno masnico-comunista.39 Una revolucin en Bolivia, una en Venezuela, todos los movimientos con perfiles socialis-tas, laicos, que se sucedieron en suelo latinoamericano, y el ele-mento masnico se eriga en protagonista:

    [...] filtracin masnica en los medios gubernamenta-les, leyes laicas y persecuciones de la Iglesia, crear un estado de subversin de la conciencia catlica, aliarse con las fuerzas de choque comunistas [...]40

    Contradiciendo parte del planteamiento del complot judeo--masnico-comunista, se inform de la prohibicin de la Viuda en Cuba tras la llegada al Poder de Fidel Castro,41 solventado la paradoja con los tpicos malabarismos dialcticos de la an-

    35 Gibraltar no se reconquist por las influencias de la Masonera : Ibidem, 14-III-1940, p. 3. En el aniversario de la ocupacin de Gibraltar por los ingleses, 05-VIII-1955, p. 4.36 Vase sobre el elogio masnico a la figura de Woodrow Wilson, el apunte publicado en Andrs (2009).37 Ibidem, 11-IX-1941, p. 3.38 Ibidem, 07-VI-1941, p. 1.39 Ibidem, 02-IX-1954, p. 1; 18-XI-1954, p. 1; 26-VIII-1945, p. 1.40 Ibidem, 23-VII-1950, p. 6; 06-II-1958, p. 12.41 Ibidem, 12-05-1960, p. 12 ; 26-IX-1962, p. 12.

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    ti masonera ultramontana, enfocando la argumentacin con la comparacin de las disputas entre hermanos gemelos.En los ltimos seguimientos informativos, el diario public, 24 aos despus del final de la Guerra Civil, un artculo titulado tres anarquistas espaoles encarcelados en Francia donde se apuntaba que la logia Iberia estaba encargada de organizar las acciones antiespaolas, recaudando los fondos necesarios el tesorero A. Prez. Completaba la informacin indicando que la masonera espaola en el exilio pensaba trasladar su sede a Francia.42

    Pese a no personalizar las informaciones antimasnicas al caso asturiano ni gijons, es posible seguir minimamente al-gunos aspectos represivos contra los masones astures a travs de los artculos que se dedicaron a describir las incautaciones de los bienes de los represaliados, publicados en las secciones correspondientes. Con el tiempo, el control frreo real anti-masnico fue aminorando en el diario. Slo de esta forma, se entiende que el diario permitiera que antiguos masones, con-denados a fuertes penas pudieran publicitar en sus pginas su reconversin empresarial. Fue por ejemplo el caso de los anun-cios publicados sobre una empresa de seguros perteneciente a Jos Mara Friera Jacoby, quien fue antiguo Gobernador Civil de Asturias en 1936, encarcelado primero por el bando frente populista y luego por el bando victorioso, vctima de la maqui-naria antimasnica del Franquismo.

    Conclusiones

    Si el estalinismo utiliz al trotskista para eliminar a sus oponentes externos e internos, el franquismo tuvo al masn. Nada ms fcil para paralizar cualquier crtica interna desde las 42 Ibidem, 17-IX-1963, p. 17.

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    propias filas franquistas que acusar de masn al que molesta. Esa acusacin anatematizaba al desleal, dejndolo indefenso. Lgico, pues la masonera obraba segn estos anti masones en la sombra, infiltraba y envenenaba hasta las mejores almas. No ha-ba defensa alguna sobre todo cuando los dirigentes franquistas haban tomado la decisin firme de apartar a ciertos elementos.

    Franquistas masones los hubo, aunque mucho menos que masones republicanos. Sin embargo, se encontraron rpidamen-te con una realidad que no consiguieron percibir en su adhesin al Alzamiento Nacional contra la Repblica: lucharon a favor de su enemigo. Compartieron el miedo al comunismo, pensan-do que era ms importante que el haberse iniciado en algn mo-mento de su vida a la masonera, sabedores como no poda ser de otra forma que ni complot judeo-masnico ni masnico-comu-nista ni nada que se le parezca en las logias. Los postulados de la Masonera y del Franquismo no fueron lo suficientemente claros para ciertos de sus miembros que se tambalearon entre los dos fenmenos. Al igual que no todos los que se sublevaron, luego, adhirieron al cien por cien al franquismo, no todos los masones defendieron al bando republicano.

    Tener a un masn en la familia fue en muchos ejemplos una deshonra, en otros menores un honor, que pervivi incluso terminada la Transicin Democrtica espaola de finales de si-glo XX, ilustrando el primer caso el alcance del nivel represivo antimasnico del Franquismo.

    Por su lado, los masones lanzaron, durante la II Repblica, de forma irresponsable, aceite en el fuego antimasnico tradi-cional espaol a travs de envos de cartas a los dirigentes po-lticos y militares espaoles, proclamas y discursos en los que se otorgaban, a posteriori de los acontecimientos, los logros del Advenimiento de la Repblica, del Gobierno y del Ejrcito. Esas declaraciones, esa fcil palabrera, fueron utilizadas por los an-

  • Franquismo y Masonera 33

    timasones que derivaron hacia el Franquismo como pruebas que corroboraban sus teoras.

    La formacin inculcada en las logias y en las actuaciones oficiales de las Obediencias en el mundo profano o podramos decir Humanidad, a travs del sacro-santo y venerado traba-jo propio del Simbolismo, incapacit a sus cuadros dirigentes a prever y a defenderse del Franquismo. Podramos extender esta conclusin, a la espera de estudios sobre la cuestin, a los de-ms pases que sucumbieron a regmenes de tipo fascista? As pues, fue el Franquismo a travs del Estado Dictatorial quien estableci los lmites entre l y la Masonera.

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  • 34 vn Pozuelo Andrsvn Pozuelo Andrs

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  • Franquismo y Masonera 35

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  • 2A ANL E O ANTICOMUNISMO DA IMPRENSA BAIANA

    Cristiano Cruz Alves*

    O crescimento do PCB no incio da dcada de 1930, com a adeso de Lus Carlos Prestes e a formao da ANL, transformou o comunismo, na viso das elites, em perigo real. Nas palavras de Rodrigo Pato S Motta,

    Em determinados perodos a presena do anticomu-nismo foi fraca, quase residual. Mas houve radica-lizao do fenmeno em algumas conjunturas his-tricas, sempre ligadas a fases de crescimento da influncia do PCB, em particular, e da esquerda, em geral (MOTTA, 2002, p. XXII).

    Antes dos Levantes de 1935 j havia, no interior de alguns grupos, a percepo do comunismo como uma sria ameaa ordem. Em 1935 o terreno propagandstico e o imaginrio j es-tavam prontos (MOTA, 2002, p. 13). A Intentona Comunista

    * Mestre em Histria Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor da rede estadual de ensino da Bahia e da rede UNEB de formao de professores em pedagogia das sries iniciais.

  • 38 Cristiano Cruz AlvesCristiano Cruz Alves

    acrescentou um elemento mirade de armas do anticomunis-mo: a invaso estrangeira. A partir dos Levantes, foram criadas as bases de uma slida tradio anticomunista, reproduzida pela ao do Estado, de organismos sociais e de indivduos, o que consolidou um conjunto de representaes e um imaginrio acerca do comunismo.

    Contudo, antes da consolidao deste imaginrio, como parte inerente ao discurso do Estado e de setores conservadores, a formao da ANL e a sua expanso foram bases para a articu-lao de estratgias e argumentos at certo ponto inovadores. Assim, percorremos o caminho da formao da ANL na Bahia e o discurso que segue ps-Levantes at o golpe do Estado Novo, quando se encerra uma fase do anticomunismo com o fechamen-to do Estado para quaisquer organizaes polticas.

    1. A formao da ANL

    A temperatura poltica aumentou em 1934, com a volta da normalidade constitucional e a oposio entre foras de esquer-da e de direita. Ambos geraram um ambiente propcio para a ra-dicalizao da militncia poltica, acrescido do desgaste do go-verno Vargas e das conspiraes regionais e nos meios militares.

    As greves entre abril e dezembro daquele ano possibilita-ram o crescimento da influncia comunista. Alm dos movimen-tos paredistas, o governo Vargas preocupava-se tambm com a possvel influncia do comunismo nas Foras Armadas.

    A abertura poltica que seguiu o retorno da legalidade cons-titucional possibilitou manifestaes de protesto e reivindicao na Bahia, conquanto o governo Vargas no tenha conseguido su-prir as demandas reprimidas por anos, tampouco o ento gover-

  • A ANL e o anticomunismo da imprensa baiana 39

    nador Juraci Magalhes. As greves de 1934 na Bahia ocorreram justamente no perodo entre a promulgao da carta constitucio-nal e a decretao de Estado de Stio, em Dezembro de 1935.

    Apesar de seu teor pacfico, estas greves terminaram sob represso policial, demonstrando uma continuidade dos re-cursos de fora utilizados pelo Estado para resolver os pro-blemas sociais apresentados. Duas delas, a da Cia Ferroviria Leste e da Cia Linha Circular Eltrica da Bahia, apresenta-vam reivindicaes semelhantes s de 1919, mostrando a condio de vida do operariado inalterada em mais de uma dcada (SAMPAIO, 1982, p. 102).

    Alm disso, as duas greves provam inequivocamente que o mito da passividade do operariado baiano uma falcia, pois com as manifestaes paredistas demonstraram que o operaria-do tinha conscincia que era sobre-explorado, de que vivia em condies subumanas, de que era vtima de profundas desigual-dades sociais (SAMPAIO, 1982, p. 105).

    Essa digresso que fizemos antes de nos debruarmos so-bre o processo de formao da ANL propriamente dito, exem-plifica por meio da exposio de alguns momentos de rebeldia que de certa maneira sedimentaram as condies objetivas e subjetivas para a formao da ANL no Brasil e na Bahia, bem como o seu crescimento.

    Aps divergncias entre a Liga Comunista Internacional dos trotskistas Aristides Lobo e Mrio Pedrosa e o PCB, relacionadas liderana da FUA (Frente nica antifascista), ocorreu o distan-ciamento definitivo entre ambos. Orientado pelo comit central do PCB, o partido em So Paulo rompe radicalmente com a FUA e inicia violenta campanha contra a organizao, com o objetivo de esvazi-la e tomar para si a hegemonia do movimento antifas-cista e anti-integralista. A sada definitiva dos pecebistas da FUA antecipou a extino antecipada da frente, aps o ltimo comcio,

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    realizado em conjunto no dia 25 de janeiro de 1934. No segundo semestre de 1934, os comunistas organiza-

    ram grupos de combate ao fascismo e manifestaes antifascis-tas, gerando conflitos com integralistas e fascistas. Para Motta (2002), da mesma forma que o Integralismo se beneficiou do anticomunismo para se expandir, o PCB tambm se valeu do antifascismo para atrair novos adeptos. Embora isto seja plena-mente vlido, principalmente se pensarmos que o perodo em foco a dcada de 1930 tempo de radicalizao poltica , o anticomunismo j fazia parte do imaginrio poltico da socie-dade brasileira. Em outras palavras, se avaliarmos qualitativa-mente, a corrente poltica que mais se beneficiou da ojeriza ao seu opositor foi o integralismo.

    Os conflitos na Bahia entre foras de esquerda e de direita se apresentaram de maneira esparsa em 1933/1934, mas em 1935 foram mais intensos. Alis, o termo extremismo ou extremis-ta era usado para o comunismo ou integralismo ou apenas para o primeiro, o que demonstrava maior animosidade para com a doutrina vermelha. Em artigo publicado no seu jornal, Altami-rando Requio elogiou as atitudes de combate ao extremismo, empreendidas pelo General Joo Gomes e pelo chefe de polcia do Rio, o capito Filinto Muller, destacando o comunismo:

    A aco bem energica e bem orientada do General se ajusta e se completa com a do capito. Educados na mesma escola de obedincia aos princpios fundamen-tais da hierarquia, eles se entendem perfeitamente, como Ministro da Guerra e como Chefe de Polcia, para no consentir, nem ao menos por omisso, que perdure, por mais tempo, esse ambiente sombrio, de receio, de inquietao e de ameaas, creado, crimi-nosamente, por uma turba de maus brasileiros, para cujas mos se canalizar alguns pacotes dos rublos

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    de Moscou. E, dahi, a campanha exctintofa, verda-deira campanha nacionalista que, neste momento est sendo empreendida, com xito previsto e se-guro, nem s na capital da Repblica, ponto central das actividades extremistas, assim tambm nos Estados, onde os respectivos governos, te hontem indiferentes s origens das manifestaes grevistas, passam a fixar melhor as causas determinantes, de taes perturbaes da vida social, ultimamente veri-ficadas, para no permitirem liberdade de actuao aos que se constituem incitadores de crises e patro-no de interesses das classes proletrias.1

    Passou a ser habitual o uso por jornais de termos como ex-tremismo e terrorismo. O primeiro era mais usado para desig-nar quaisquer movimentaes mais abruptas e radicais que su-postamente viessem a abalar a crena na ordem poltica. Neste sentido, as expresses extremismos e extremistas poderiam designar tanto as atividades dos comunistas como as dos inte-gralistas. Em trabalho intitulado O Bravo Matutino: imprensa e ideologia no jornal O Estado de S. Paulo, Maria Helena Ro-lim Capelato e Maria Lgia Prado chamaram a ateno para a tendncia do jornal paulista em combater ambas as ideologias. Sob a tica do que representava o extremismo para a nacionali-dade, a publicao atribua maior perigo ao comunismo, como demonstra a maior nfase dada a matrias e artigos naquele peridico (CAPELATO, 1980).

    A supremacia do juracisismo compunha outro elemento no quadro poltico e social na Bahia, alm das greves e da in-disposio jornalstica para com o comunismo. O tenente Jura-ci Magalhes, que havia ascendido ao governo do Estado como interventor, soube bem como operar com a mquina coronels-1 Ver Dirio de Notcias, 17-07-1935, p. 1. Foi mantida a grafia original dos excertos jornalsticos.

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    tica baiana, deixando de lado as pretenses dos revolucionrios de 1930. A organizao dos chefes polticos baianos, muitos deles lderes em vastas regies da Bahia, em um partido, o PSD, lhe deu fora suficiente para eleger a maioria dos deputa-dos estaduais que sufragariam o seu nome para governador do Estado nas eleies indiretas.

    Por motivos pessoais ligaes afetivas que mantinha com alguns dos membros da ANL baiana Juraci Magalhes foi con-siderado tolerante em permitir a ao livre dos membros daquela organizao. Contudo, se por um lado Magalhes tinha ex-com-panheiros da Revoluo de 30 na ANL, incluindo um irmo, Eliezer Magalhes, por outro lado ele repulsava a ANL como parte da rejeio ao comunismo. Dizia Magalhes que,

    jamais poderia o comunismo sobre mim exercer qual-quer seduo, a tanto se oporiam inabalveis a acen-drada confiana na eternidade de minha grande Ptria, a solidez da minha F e a doce tranquilidade de minha vida familiar (CARVALHO, 2005, p. 120).

    O autoritarismo de Juraci Magalhes se expressava de maneira dura e ao mesmo tempo hbrida, ou seja, se delineava segundo as circunstncias, como no episdio da Faculdade de Medicina, quando algumas dezenas de pessoas foram presas por ocasio de uma reunio que faziam (SAMPAIO, 1992, p. 157). O evento, que seria realizado em oposio ao ento interventor Juraci Magalhes e pela reconstitucionalizao, em certo senti-do mostra que seu alvo era a oposio em geral ao seu governo.

    Em meio s hostilidades do governo estadual de Juraci Ma-galhes, que repudiava o comunismo ou qualquer outra organi-zao que se opunha ao governo varguista e ao seu prprio, a in-quietao social na Bahia continuava atravs das manifestaes grevistas. neste momento que a ANL fundada.

    A fundao da ANL foi precedida por uma evoluo polti-

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    ca de organizaes que tinham por cunho combater o fascismo e a sua congnere brasileira, o integralismo. Em Setembro de 1934 surgira no Rio de Janeiro o Comit Popular de Investiga-o. Neste momento os enfretamentos entre fascistas e antifas-cistas, sejam comunistas ou outras foras de esquerda, se inten-sificavam tanto nas ruas como nos jornais, onde expressavam os posicionamentos atravs de notcias como Integralismo versus communismo2.

    Parece que o outubro de 1934 foi particularmente repleto destes conflitos, inclusive com a interveno da polcia, como segue abaixo, em relato de um embate ocorrido na Praa da S, em Salvador:

    Como providncias complementares, a chefatura determinara tambm a interdio de todos os sin-dicatos localizados na Praa da S, pois circulavam rumores de que em suas respectivas sedes commu-nistas e socialistas ofereceriam resistncias contra a efetivao da parada.

    Pouco antes da 16 horas precedidos de uma banda militarizada, apontaram os primeiros pelotes que vinham tomar posio.

    [...]

    Inopitadamente recrudesceram os gritos de morra o integralismo e ouvem os primeiros disparos.

    [...] O grupo de pessoas que se achava a esquina da rua Senador Feij abriu fogo. A cavalaria colo-cada no fundo da Praa da S tambm disparou as suas armas. Os moos integralistas se atiraram no cho. Colocaram-se alguns aos degraus da escadaria

    2 Ver, Dirio da Bahia, 30-10-1934.

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    da catedral tomando ali posio de defesa e de re-volveres em punho responderam a agresso de que estavam sendo vtimas.3

    Como se pode apreender da descrio jornalstica, j havia expectativa quanto provvel luta entre integralistas e anti-inte-gralistas, por isso a preocupao da polcia se fazer presente no evento integralista.

    Outro ponto que chama a ateno a denominao de co-munistas e socialistas aplicada aos sindicatos localizados na Praa da S. No sabemos se estas correntes eram predominan-tes nos sindicatos baianos. Entretanto, mesmo que fossem, is-so importava pouco na tica anticomunista da imprensa baiana, visto que o movimento sindical j era associado, nos primeiros tempos ao anarquismo e a partir do final da dcada de 1920, ao comunismo. Neste sentido, fundamental para o jornalismo era enfatizar a radicalizao do integralismo e do comunismo, a partir do entendimento de que os conflitos eram provocados pelos comunistas.

    Fato ocorrido na Bahia, o relato da fixao de cartazes por integralistas na porta da Federao dos Sindicatos, mostra um pouco do acirramento poltico que havia entre operrios, inte-gralistas e comunistas:

    Os operrios que se encontraram nas janellas da sede da federao, desceram e quizeram persuadir aos idealistas que alli no era logar para affixao de boletins, mesmo por que o operariado bahiano no era communista.4

    Ser ou no ser comunista era ocupar uma posio no imagi-nrio social que levava a ganhos e prejuzos, a depender das cir-cunstncias a qual estava inserido determinado fato sobre os co-3 Ver O Imparcial, 10-10-1934.4 Ver Dirio da Bahia, 28-10-1934.

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    munistas e do receptor da mensagem a que se estava dirigindo. No caso em tela, a denominao de comunista foi sentida como pejorativa na viso dos operrios. Contudo, h que se levar em conta a imprensa como instrumento de relativizao de papis, que conta com os mais diversos interesses, produzindo sentidos e elaborando mecanismos de reflexo para o leitor. Portanto, no plausvel crer na veracidade strictu sensu da notcia tal como aquilo aconteceu, pois se percebe que o registro da mdia no apenas uma mimese do real, uma vez que ela prpria est inse-rida em um contexto de lutas e contradies que a permeiam e, logo, permeiam a sua atividade (RANGEL, 2004, p. 1).

    Os enfrentamentos na rua e nos espaos da imprensa e da poltica em geral fortaleceram a militncia comunista, bem co-mo a formao de uma frente de luta contra o fascismo. Em setembro de 1934 lanado o Comit Jurdico Popular de In-vestigao, que agrupou vrias foras anti-imperialistas e anti--integralistas, e que viria a se transformar na ANL.

    A publicao do manifesto de maro de 1935 marca o incio da Aliana Libertadora Nacional. Ela foi lanada num grande comcio no Teatro Joo Caetano no Rio de Janeiro, em 30 de maro de 1935, quando da proclamao de Lus Carlos Prestes como Presidente de Honra da ANL. Ela se constituiu em uma frente poltica ampla antifascista, anti-imperialista e antifeudal, cuja participao do PCB era bastante significativa.

    Havia tenentes na organizao, mas em alguns aspectos se diferenciavam dos comunistas, que propunham a tomada do po-der por um governo popular. Ao contrrio, os tenentes preten-diam a renovao dos costumes polticos, num vago moralismo poltico que pretendiam implantar com o objetivo de reformar o Estado brasileiro.

    O programa da ANL era mais amplo que o do PCB. A Aliana pretendia uma unio de classes nacionais para combater

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    o imperialismo e as tendncias extremistas de direita do Brasil. J o PCB, ainda influenciado pelas determinaes do Presidium da IC, coadunava com a tese adotada em 1929 classe contra classe. Esta diferena significativa para ambos os programas foi importante para o PCB, que passou a se destacar, ganhan-do maior visibilidade e chamando a ateno dos seus adver-srios ideolgicos.

    A frente reunia socialistas, trotskistas, democratas e ou-tros grupos que se dispuseram a erguer as bandeiras propostas. Apesar disto, os anticomunistas sempre viram a ANL como uma organizao de fachada para a articulao dos planos comu-nistas, como mostra a matria a seguir publicada no O Imparcial:

    UM GOLPE NO COMMUNISMO

    A nao sobressaltada com as actividades communis-tas que h cerca de dois meses vinham se exercitan-do ostensivamente e de maneira agressiva em todo o pas, estranhava que o governo se mantivesse na in-comprehensvel attitude de mero expectador dos acon-tecimentos em que se deixar ficar desde as primeiras demonstraes terroristas que caracterizam aquellas actividades.

    [...]

    O aparecimento com estardalhao da Alliana Liber-tadora Nacional [sic], ao mesmo tempo que desapare-ciam sorrateiramente como por um milagre o Partido Comunista, os Blocos de Operrios e Camponeses, as Juventudes Proletrias, as Frentes Unidas de Estudan-tes e tantas, tantssimas outras agremiaes marxis-tas, que funccionavam clandestinamente, mas de cuja existncia falava a publicidade de todas ellas, devia ser um indicio certo de que era de que grosseira mystifica-

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    o que se tratava uma inhabil manobra para illudir a vigilncia policial e os brasileiros de boa f, com uma simulao do partido nacionalista, que vinha trabalhar pelo Brasil, pela famlia, pela ptria brasileira, sem preocupao de doutrinas polticas, nem de religies.5

    Era evidente que a ANL congregava diversas correntes que tivessem bandeiras nacionalistas e de esquerda, da por que o logro da sua aceitao. Contudo, por se tratar de uma frente (e ns iremos tratar disso mais adiante) que congregava vrias cor-rentes, o anticomunismo assimilou esta caracterstica luz da imprensa, como uma estratgia ardilosa para conseguir mais adeptos. Parte da expanso do combate ao fascismo e ao inte-gralismo deveu-se fundamentalmente integrao com outras correntes, o que no evitaria a radicalizao maior entre o PCB e a AIB. A causa disto estava justamente na compreenso de seus opositores de que o PCB utilizava a ANL para expandir suas ideias, e o seu crescimento era, ao mesmo tempo, a diminuio do espao para setores conservadores e para a extrema-direita. Por isso e no aleatoriamente o governo tentava identificar a ANL com o PCB, para isol-la, e combat-la com maior efic-cia (Vianna, 2003, p. 82). Utilizava-se do imaginrio anticomu-nista presente na sociedade brasileira para se opor ao adversrio.

    Em larga medida isso foi comum e no crvel que se afirme o monoplio estrutural do anticomunismo oriundo do Estado. Se o anticomunismo permeou todas as esferas de co-municao, tanto estatais como privadas, e serviu a interesses de combate de grupos que no eram propriamente comunistas, como a ANL, o Estado era uma das fontes do anticomunismo. No a nica fonte. Como afirma Carla Luciana Silva, ao ana-lisar fatos marcantes do anticomunismo na histria do Brasil, como o Plano Cohen e o Golpe de 1964:5 Ver O Imparcial,11-07-1935, p. 4.

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    Esses casos so muito conhecidos e repetidos, tanto por pessoas que os consideram acontecimentos injus-tificveis e forjadores da realidade histrica, como por aqueles que acreditam que ao governamental este-ve certa porque realmente existia perigo nao. A aceitao destas explicaes acaba supervalorizando o papel do Estado naqueles processos (que tambm se autopromovia atravs deles) e se perdia de vista o apoio que amplas camadas da sociedade brasileira de-ram quelas atitudes autoritrias (SILVA, 2001, p. 15).

    Todavia h que se ressaltar no serem apenas os anticomu-nistas daquele perodo ou de outros tempos a considerar a ANL uma espcie de disfarce para que as aes dos comunistas pu-dessem se fazer sentir de maneira mais eficaz pela populao e assim cumprir seus objetivos. Uma parte da historiografia ainda reproduz um quadro de estruturao da ANL a partir do PCB e do seu suposto papel dirigente naquela organizao, algo total-mente contraposto a uma tendncia historiogrfica em particular que analisa criticamente o discurso dos vencedores.6

    Na viso de Levine,

    ...o Komintern (a III Internacional) operava de Monte-vidu, manipulando a ANL e usando-a como disfarce para as operaes clandestinas. Informado pelas ins-trues de Moscou de que a Amrica Latina estava madura para uma revoluo, o Komintern planejou in-surreies no Chile, Argentina, Uruguai e Peru, assim como no Brasil (LEVINE, 2001, p. 69).

    As manipulaes supostamente realizadas pelo PCB com o objetivo de realizar insurreies no Brasil a mando do Komin-tern fizeram parte da formao de uma retrica anticomunista.

    6 Refiro-me particularmente a duas obras que, a meu ver, compe esta seo historiogrfica: De Decca (2004) e Tronca (1993).

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    Sob esta tica, o PCB controlava a ANL, o que se constitui num argumento anticomunista bastante forte, originado na animosi-dade Unio Sovitica, uma vez que sua ligao com a IC com-provaria o seu carter antinacionalista.

    Proporcionalmente expanso da ANL vinha consigo uma intensificao da propaganda anticomunista, notadamente a par-tir do seu fechamento, em julho de 1935. A expanso que a ANL conheceu desde sua fundao at o encerramento das suas ati-vidades se deu dentre outros motivos a uma mudana de rumos que os comunistas experimentaram, em desobedincia clara s diretrizes da Internacional Comunista, doravante IC, traadas no VI Congresso em 1928, a chamada poltica de classe contra classe, como afirma Marly Vianna:

    Com o acirramento das lutas antifascistas e anti--integralistas, em especial, a partir de 1934, embora a direo do PCB continuasse a repetir a palavra de ordem da Internacional Comunista por um governo de soviets, seus militantes na prtica, desobedeciam a tais diretivas, pois, em conjunto com outras foras, participavam das lutas de rua contra os integralistas (VIANNA, 2003, p. 74).

    Outra razo para a expanso da ANL foi a liderana de Prestes, que havia sido aclamado como presidente de honra da organizao. Cerca de um ano antes da reunio no teatro Joo Caetano, no Rio, Prestes havia ingressado no PCB por interm-dio do Komintern, que interferiu decisivamente para que o ca-pito da famosa Coluna pudesse alavancar o movimento comu-nista no Brasil. A pretenso primordial era o ganho popular que isso poderia ter e a seduo que se faria em relao aos antigos companheiros do capito Lus Carlos Prestes.

    Todavia, no foi apenas Prestes que beneficiou a ANL com o emprstimo de seu nome para as fileiras da organizao. A

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    prpria ANL foi importante para o PCB, pois deu maior visibi-lidade ao ento sectrio partido que havia se isolado mais pela poltica do Komintern do que propriamente pela atitude dos seus membros. Alis, plausvel dizer que o PCB se tornou mais co-nhecido a partir da ANL, quando figurou em um dos polos da poltica nacional.7

    Ao mesmo tempo em que a ANL crescia a organizao que j contava com cerca de 1.600 ncleos e quase 180.000 membros agudizava a tenso poltica no pas. A alternativa esquerda naquele momento social e poltico no plano nacio-nal despertou o governo e setores direita que certamente no coadunavam com o crescimento de uma organizao que tinha comunistas em seus quadros.

    Alm disso, como j dito, movimentos populares vinham crescendo e ganhando notoriedade entre 1934 e 1935, quando ocorreu uma razovel abertura poltica em consonncia com a carta de 1934. A ANL seguiu este ritmo e aglomerou em torno de si os descontentes com o regime e os opositores s alternativas de extrema direita que se colocavam no panorama nacional e in-ternacional. Isto foi mais um fator de expanso da ANL atrair para si indivduos que j se posicionavam contrrios s opes polticas de direita ento em voga na poca.

    Pouco menos de um ano da promulgao da nova carta constitucional, aprovada em 4 de abril de 1935 a Lei de Segu-rana Nacional, que limitava algumas liberdades constitucionais, como as individuais, de associao, referentes s manifestaes e imprensa. Confirmou-se apenas a disposio autoritria do governo Vargas que j se esboava desde o decreto que institua os poderes discricionrios em 1930.

    7 Todavia, o mesmo partido que participara em massa da ANL em quase toda sua curta histria, apenas apoiou a iniciativa, mas no aderiu imediatamente. (VIANNA, s/d, p. 36 apud Primo, 2006, p. 33).

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    O que Paulo Srgio Pinheiro tenta demonstrar com a an-lise da legislao relativa s liberdades de associao poltica e individuais e o pensamento dos lderes das classes dominantes a continuidade, e no a ruptura, do comportamento repressor do Estado. Por isso, o referido autor assevera que o fechamento da ANL, antes de 1935, e aquela que se segue, no significam um retrocesso, mas o prosseguimento de uma evoluo ininterrupta (PINHEIRO, 1991, p. 127).

    2. A ANL na Bahia

    Se a ANL teve curta durao legal no plano nacional, no es-tado da Bahia seu tempo de vida foi ainda menor. Durou menos que sua congnere nacional 1 ms e 12 dias.

    A fundao da ANL na Bahia se deu em um teatro, tal co-mo no Rio, em 30 de maio no Cine-teatro Jandaia, com a parti-cipao de personalidades do mundo acadmico, profissionais liberais e militares contando com nomes como Orlando Gomes, promissor jurista na poca, o deputado estadual lvaro Sanches e Edgard Matta, advogado sindical, dentre outros.

    Os principais pontos do programa da ANL, nacional funda-da em 30 de maro, no Rio de Janeiro cancelamento da dvida externa, nacionalizao das empresas estrangeiras, plenitude das liberdades pessoais, direito a um governo popular, cesso dos latifndios ao campesinato, proteo pequena e mdia proprie-dade8 foram absorvidos pela ANL baiana, com alguma varia-o, pois tal como ocorreu em outros ncleos estaduais, a da Bahia atendeu a questes especficas, como a rural e a urbana:

    8 Em Carone (1979), o manifesto em panfleto contra aqueles que atacavam a ANL enfatiza os pontos do programa da organizao.

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    o no pagamento do forro de terras pelos rendeiros, pos-se imediata das terras da marinha e proibio de venda de mais de cem hectares de terras devolutas e urbanas baixa do preo da gasolina e querosene, diminuio dos transportes, consumo de energia e telefone (PRI-MO, 2006, p. 36).

    O pequeno destaque concedido fundao da ANL mostra o quanto eram ocultados os objetivos e as pretenses da nova en-tidade, selecionando apenas eventos que relacionavam violncia e conflitos com a frente. Esta pequena nota em um jornal baiano deduz o que falamos:

    A A.N.L. na Bahia

    Bahia, 1, (Diatarde). Foi instalada solenemente ontem nesta capital a Aliana Nacional Libertadora, em ses-so realizada no Jandaia, que esteve repleto de pessoas. Falaram entre outros oradores o Dr. Edgar Matta, o Dr. Valle Cabral o doutorando Fernando Marques dos Reis.9

    Buscamos nos jornais da capital e pouco foi encontrado refe-rente fundao da ANL. Seguem-se poucos relatos sobre a ANL na Bahia at antes do fechamento de suas atividades, em 11 de Julho de 1935. Isso, por um lado, demonstra o desconhecimento sobre a ANL, quanto aos seus objetivos, programas e aes, e por outro, no propagar o nome da ANL para que assim ela ficasse no anonimato perante a populao.

    Apesar da relativa expresso da ANL nos meios intelectuali-zados baianos, sua estratgia era se inserir fortemente entre os ope-rrios, seja pelos sindicatos ou por apoio a manifestaes contra a carestia. Para tanto, empreendeu um esforo de divulgao das suas ideias, repudiando a simbiose com o comunismo e enfatizan-do o seu carter de frente ampla. Justamente esta atitude se justifica 9 Ver Dirio da Tarde de Ilhus, 01-06-1935, p. 1.

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    no reconhecimento da repulsa que a sociedade baiana j tinha em relao aos comunistas.10

    Os principais redutos da ANL na Bahia foram as faculdades de Direito e de Medicina. Analogamente, a organizao opo-sitora ANL, a AIB, tambm tinha nestas instituies muitos adeptos. Era, portanto, facilmente previsveis os conflitos que se sucederam entre aliancistas e integralistas, envolvendo pessoas dos dois ncleos l instalados. Contudo, este no era o nico obstculo a ser superado pelos aliancistas na construo da capi-laridade social que pretendiam ter.

    Outro era a clara predisposio policial para isolar in-divduos subversivos, sejam aliancistas, comunistas ou quaisquer outros que pudessem ameaar de alguma forma a legitimidade do discurso oficial da Revoluo de 1930. No obstante no se tenha encontrado nada em arquivos policiais do Arquivo Pblico do Estado da Bahia, doravante APEB, no Arquivo Pblico do Estado do Rio de Janeiro, o relat-rio O comunismo na Bahia produzido pela polcia poltica demonstrou que as preo cupaes com o comunismo se avo-lumaram a partir de 1930 (PRIMO, 2006). Foi na dcada de 1930 que O PCB baiano comeou a tomar forma e organi-zao de partido poltico, imbudo de se inserir nas massas, segundo uma interpretao do relato de Honrio de Freitas Guimares (PRIMO, 2006).

    Outro obstculo enfrentado pela ANL na Bahia foi a for-te oposio da imprensa local face s inovaes que a recm fundada organizao traria para o cenrio poltico e social. O temor ANL era transmitido aos leitores por colunas e artigos, relatando diversos fatos e aspectos que transpareciam clara-mente a ojeriza s ideias da Aliana Nacional Libertadora, que como j dissemos, representava para os interlocutores da im-10 Ver A Tarde, 30 maio 1935, p. 1.

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    prensa mais um disfarce para o comunismo, bem colocado num dos artigos da coluna Pela Ordem do peridico O Imparcial:

    A Aliana Libertadora que anda por ahi uma mas-cara do communismo. O communismo como se viu claramente uma mscara do judasmo. Brasileiros, quereis ser escravos de judeus trpes e covardes?11

    Como se pode verificar, a associao que se fazia entre o comunismo e a Aliana no era positiva. Tinha a clara inteno de desqualificar as aes e ideias do programa da ANL ao lhe trajar de organizao comunista como mscara. Ora, se no houvesse uma indisposio da imprensa com o comunismo h algum tempo e se isto no estivesse arraigado entre as elites, a ANL mesmo com a presena de muitos comunistas, teria a sua descrio feita sob outra tica.

    As menes dos jornais ANL na Bahia ou quelas mat-rias escritas na Bahia fazendo referncia s suas atividades fo-ram pequenas; isso inegvel. Duas razes nos parecem plau-sveis para explicar tal postura diante da aliana. Primeira, as atividades aliancistas tiveram curta durao. Pouco mais de um ms foi insuficiente para conhecer e identificar caractersticas da uma organizao e assim diferenci-la do PCB, mesmo que isso no se desse com o rigor e a imparcialidade que se fariam necessrias. Segunda, o prprio anticomunismo executou a ta-refa de praticamente impedir uma maior discusso nos meios jornalsticos sobre a ANL, tratando-a apenas como um apndi-ce ou um organismo do PCB.

    Ainda assim, a ANL foi alvo constante de assertivas des-qualificadoras, como no poderia deixa de ser, por ter em seus quadros vrios comunistas e pelo seu programa ser bastante radical, na viso dos jornais e da elite. Contudo, as crticas e

    11 Ver O Imparcial, 11 jun. 1935, p. 4.

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    a campanha anticomunista e antialiancista adquiriram maior peso e espao nos jornais baianos em dois momentos cruciais na vida do PCB e da ANL: poca da proibio da ANL, em julho, e os levantes de novembro de 1935.12

    3. O fechamento da ANL

    A posio dos jornais baianos, ao contrrio do que vinha acontecendo, foi de total ateno ANL em todo o pas quando do seu fechamento. As escolhas narrativas dos fatos e sua relao com as intenes governamentais no episdio do encerramento oficial dos trabalhos da Aliana Nacional Libertadora demons-tram cabalmente que o jornalismo, mesmo na dcada de 1930, ainda processava os fatos maneira que lhes guarnecia certa po-sio perante as elites polticas e as classes dominantes, e conso-lidava determinadas vises, algo que j discutimos na introduo e no primeiro captulo.

    Em abril de 1935 o Congresso havia aprovado a Lei de Se-gurana Nacional (doravante LSN) como mais um instrumento de represso a movimentos contrrios aos rumos que o governo Vargas imprimia ao pas e a grupos que haviam sido desalojados do poder e que pretendiam retornar, refiro-me especificamente s oligarquias do eixo Rio-So Paulo. Entretanto estes ltimos grupos ficaram parte das manifestaes mais contundentes contra Var-gas, visto o seu prprio temor em relao s reivindicaes e lutas

    12 Preferimos usar uma denominao menos adjetivada, pois, ao contrrio de alguns autores, como Edgard Carone e Paulo Srgio Pinheiro, no concordamos com a caracterizao de revolta tenentista ou comunista, somente. Na viso de Paulo Srio Pinheiro, por exemplo: A rebelio de 27 de Novembro de 1935 pode ser considerada a ltima revolta tenentista, se reduzida a seu carter propriamente militar de golpe de estado (1991, p. 296).

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    empreendidas antes de 1930, s quais eles prprios combateram e, portanto, conheciam.

    A Constituio de 1934 j previa situaes em que os di-reitos individuais poderiam ser restringidos em face de amea-as ordem e institucionalidade. O artigo 84 da Constituio de 1934 trazia a possibilidade de pessoas comuns, no militares, serem julgadas por tribunais militares. Assim, qualquer ato con-siderado subversivo poderia ser amoldado ao que seriam pes-soas assemelhadas aos militares.13 Podemos depreender desta disposio do governo Vargas uma continuidade na busca da represso, com prises, torturas, restrio e violao de direitos, que j aconteciam nas primeiras dcadas da Primeira Repblica.

    A LSN aprovada pelo Congresso em 4 de abril de 1935 acentuou a discricionariedade do poder judicirio e executivo na represso aos movimentos autnomos, como a ANL e AIB, muito mais instrumentalizado para a primeira do que para a se-gunda. Segundo Maria Celina DArajo, a LSN correspondeu a uma reao poltica e jurdica do governo Vargas contra mo-vimentos grevistas e ideolgicos que vinham se organizando no Brasil (2006, p. 5). A LSN tambm atingiu, alm de democra-tas, socialistas e comunistas, os militares. Foi uma tentativa de encerrar a fase de subverso latente nos quartis (art. 10). Esta lei tambm anulou praticamente o poder de presso poltica que os trabalhadores possuam (art. 18).

    Na Bahia, a repercusso da LSN no ocorreu como nos cen-tros paulista e carioca. Houve manifestaes no sentido da aplica-o de leis mais severas contra grupos e pessoas que se articulavam no ambiente de liberdade daquele momento, mesmo que isso

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