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Notas de Aula de ENT 109 Doenças e Pragas das Pastagens Prof. Luís C. P. Silveira e Ronald Zanetti - DEN/UFLA

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MÉTODOS DE CONTROLE USADOS NO MIP

1. MÉTODO LEGISLATIVO É um método de controle que se baseia em leis, decretos e portarias, quer federais ou estaduais, que obrigam o cumprimento de medidas de controle como: a) Serviço quarentenário: previne a entrada de pragas exóticas e impede a disseminação das nativas. Este serviço é executado pelo Serviço de Defesa Sanitária Vegetal, órgão do Ministério da Agricultura, cujos técnicos inspecionam portos, aeroportos e fronteiras, procurando tratar, destruir ou impedir a entrada de vegetais e animais atacados, através da quarentena. Este serviço atua, também, em casos de exportação de produtos agrícolas e florestais contendo pragas. b) Lei dos agrotóxicos: a lei no 7802/89, regulamentada pelo decreto nº 4074/02, tem por finalidade controlar a fabricação, formulação, comércio e uso adequado, em termos de toxicidade, segurança, eficiência e idoneidade dos inseticidas, recolhimento de embalagens, entre outros, além de obrigar o uso do Receituário Agronômico (RA) para qualquer atividade envolvendo o uso destes produtos. O RA é um parecer técnico sobre a situação fitossanitária da cultura e que tem a finalidade de instituir o uso adequado dos agrotóxicos. Tem por objetivo maximizar a eficiência no controle com o uso mais racional de inseticidas. O RA é obrigatório para a aquisição e aplicação de produtos fitossanitários e é de competência exclusiva de Engenheiros Florestais e Agrônomos. 2. MÉTODO MECÂNICO Consiste na utilização de medidas de controle que causem a destruição direta dos insetos ou que impeçam seus danos, tais como: a) Catação manual: baseia-se na coleta e na destruição direta dos insetos que estão causando prejuízos. Pode ser utilizada em pequenas áreas e quando a mão-de-obra é barata. Ex: coleta de besouros, lagartas, pupas em viveiros e hortas. Escavação de formigueiros iniciais, para matar a rainha. O rendimento desta operação gira em torno de 1 ha/ homem/dia; b) barreiras: consistem no uso de qualquer prática que impeça ou dificulte o acesso dos insetos à planta. Usada para proteger árvores isoladas, áreas experimentais, viveiros etc. Ex: uso de casa-de-vegetação para a produção de mudas, uso de sombrite em viveiros, uso de cones invertidos nos troncos das árvores, uso de tintas ou vernizes, uso de embalagens etc. 3. MÉTODO FÍSICO Este método consiste na aplicação de métodos de origem física para o controle de insetos, tais como:

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a) Fogo: utilizado na limpeza de áreas exploradas ou em implantação para facilitar a localização e tratamento de sauveiros e quenquenzeiros. Em casos extremos é utilizado no controle de cigarrinhas das pastagens, cochonilhas e gafanhotos. O uso do fogo no controle de pragas está cada vez menos freqüente; b) Temperatura: consiste na manipulação da temperatura do ambiente, tornando-a letal aos insetos (>50 ou <5ºC). Ex. uso do frio em silos para proteção das sementes contra as pragas de grãos armazenados; c) Luz: utilização de uma faixa de radiação luminosa (300 a 770 nm) para atrair e capturar insetos adultos de hábito noturno. Ex.: armadilhas luminosas para capturar insetos, uso de armadilhas coloridas, etc. 4. MÉTODO ETOLÓGICO OU COMPORTAMENTAL É um método que se baseia no estudo fisiológico dos insetos visando ao seu controle através do seu hábito ou comportamento. Existem dois tipos de controle etológico: a) Hormônios: são substâncias produzidas por glândulas internas e lançadas diretamente na hemolinfa dos insetos para provocar reações específicas em alguma parte de seu corpo. Têm -se os inibidores de síntese de quitina (Ex: diflubenzuron, usado em iscas formicidas e no controle de lagartas); abamectinas (iscas formicidas); precocenos e juvenóides; b) Semioquímicos: são substâncias produzidas por glândulas internas ou externas e lançadas para fora do corpo dos insetos para provocar reações específicas em outro indivíduo. São usadas na comunicação entre indivíduos. Os semioquímicos dividem-se em: 1) Feromônios: servem para a comunicação entre indivíduos da mesma espécie. Podem ser usados no MIP para: detecção (verificação da presença de pragas em determinados locais); monitoramento (estimar a densidade da população de pragas e acompanhar sua flutuação ao longo do tempo), e controle (controlar a praga). O controle pode ser feito através da:

- coleta massal: consiste em se colocar grande quantidade de armadilhas para coletar grande número de indivíduos, reduzindo a população da praga. É eficiente em baixas populações da praga;

- confundimento: consiste em saturar a área com feromônio, visando a reduzir os acasalamentos, pela desorientação do receptor. Muito usado em pomares;

- cultura armadilha: consiste em se aplicar o feromônio em faixas de cultura ou em pontos específicos para atrair os insetos para aquele local, onde se pode aplicar um produto químico para eliminá-los. O feromônio de agregação é o mais usado neste processo.

2) Aleloquímicos: servem para a comunicação entre indivíduos de espécies diferentes. São divididos em:

- cairomônios: a comunicação beneficia o receptor da mensagem, isto é, são atraentes. Ex. iscas formicidas;

- alomônios: comunicação beneficia o emissor da mensagem, isto é, são repelentes.

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5. MÉTODO DE RESISTÊNCIA DE PLANTAS A INSETOS Consiste na seleção e utilização de cultivares que, devido a suas características genéticas, são menos danificadas que outras em igualdade de condições. O uso de espécies, subespécies, variedades ou procedências de plantas que possuam mecanismos naturais de resistência aos insetos é uma alternativa muito promissora para o controle de pragas em pastagens. a) Graus de resistência

- imunidade: planta que não sofre danos; - resistência: planta que, devido a suas características genéticas, sofre um dano

menor que outras em igualdade de condições; e - suscetibilidade: planta que sofre um dano maior que outras em igualdade de

condições. b) Tipos de Resistência

- antixenose ou não-preferência: as plantas são menos preferidas para a alimentação, abrigo ou oviposição pelas pragas;

- antibiose: as plantas afetam a biologia da praga; - tolerância: a planta suporta o ataque da praga sem afetar sua produção, nem a

biologia da praga; - pseudo-resistência: resistência não transmitida hereditariamente.

6. MÉTODO CULTURAL Consiste no emprego de certas práticas culturais, normalmente utilizadas para o cultivo das plantas, visando ao controle de pragas. a) Época de plantio: objetiva dessincronizar a fase suscetível da cultura com o pico de ocorrência da praga. Ex: plantio no início da época chuvosa reduz os danos de cupins e formigas. b) Poda: em pomares e outros plantios perenes a poda é uma prática corriqueira que elimina focos de infestação, galhos velhos, etc. c) Preparo de solo: a aração e gradagem promovem um ressecamento da camada superficial do solo, matando algumas pragas que passam algum estádio no solo. Ex: gradagem para matar ninfas e adultos de percevejo castanho em pastagens e culturas anuais, além de controlar pupas de várias pragas de solo. d) Adubação: planta bem nutrida é mais resistente ao ataque de pragas. Ex. adubação fosfatada reduz o corte de mudas por formigas. e) Plantio direto: favorece os inimigos naturais das pragas; entretanto; favorece algumas pragas de solo, como formigas cortadeiras. 7. MÉTODO BIOLÓGIC O Consiste na manipulação direta ou indireta dos inimigos naturais (parasitóides, predadores, patógenos e competidores) das pragas, no sentido de manter as populações destas pragas em níveis toleráveis. O controle biológico pode ser de 2 tipos:

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- Natural: consiste na ação dos parasitóides, predadores, patógenos e competidores em ambientes não manipulados pelo homem.

- Aplicado: consiste na introdução e manipulação dos inimigos naturais pelo homem. Em pastagens implantadas, a ocorrência de inimigos naturais é restrita, em conseqüência da pequena diversidade ecológica e estabilidade biológica, típica desses locais. a) Estratégias do controle biológico em pastagens - Manutenção das condições ambientais (CB por conservação): consiste em manter ou manipular adequadamente as condições do ambiente, para favorecer a reprodução, abrigo e alimentação dos inimigos naturais. Ex: uso de faixas de vegetação nativa entre os piquetes; aumentar a diversidade de espécies plantadas; restringir o fogo, a caça, agrotóxicos etc. O planejamento da distribuição das reservas de vegetação natural é um fator imprescindível no manejo ambiental. A retirada das matas nativas acentua mais ainda o problema da simplificação do ambiente, o que pode promover o desaparecimento dos inimigos naturais que necessitam de locais de abrigo, alimentação ou reprodução. - Multiplicação de agentes nativos (CB por incremento): consiste na criação e liberação de inimigos naturais nativos da região, para o controle de insetos-praga. Isso é feito quando a população de inimigos naturais não é suficiente para controlar as pragas ou quando não é possível melhorar as condições ambientais. Para tal, é necessário um bom programa de seleção dos IN, estudos de biologia da praga e do seu IN, estudos da relação praga-IN, desenvolvimento de técnicas de criação massal e acompanhamento de sua ação após a liberação. Ex: uso de parasitóides para controle da cochonilha dos capinzais, Antonina graminis. - Introdução de agentes exóticos (CB Clássico): consiste na introdução de inimigos naturais nativos num local onde ele não ocorre naturalmente, para o controle de insetos-pragas. Essa técnica tem sido bastante utilizada para controlar pragas introduzidas. Devem-se tomar os mesmos cuidados tomados na multiplicação de agentes nativos, além de verificar se o agente a ser introduzido não causará problemas com o tempo. Ex: introdução de Bacillus thuringiensis para controlar lagartas. b) Agentes de controle biológico - Predadores: são organismos (insetos, aves, mamíferos, aranhas etc.) que necessitam alimentar-se de muitos indivíduos para sua sobrevivência e, assim, matam e comem outros insetos (1 predador consome várias presas). Ex. Joaninhas predando pulgões. - Parasitóides: insetos que durante o seu desenvolvimento necessitam apenas de um único hospedeiro (1 parasito consome 1 hospedeiro). Os parasitóides adultos têm vida livre e sua fonte de alimento é diferente da usada na sua fase jovem. Normalmente, os adultos se alimentam de pólen, néctar e exudações diversas. As diferentes fases do inseto-praga (ovo-

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larva-pupa-adulto) podem ser parasitadas por diferentes espécies de parasitóides. Ex. Trichogramma spp. (Hymenoptera) parasitando ovos de lepidópteros. - Patógenos: são organismos (fungos, bactérias, vírus, nematóides etc.) que provocam doenças e a morte de insetos-praga. São classificados em: Fungos: embora no Brasil os melhores resultados de controle biológico com o uso de fungo tenham sido encontrados no controle de cigarrinhas e cochonilhas, é bastante comum encontrar lagartas e pupas controlados por fungos dos gêneros Beauveria e Metarhizium, dentre outros. Bactérias: são empregadas em pulverizações dos esporos sobre a praga, sendo altamente eficientes. Para a maioria das culturas, a bactéria Bacillus thuringiensis é considerada a mais importante. Seus esporos, quando ingeridos pelas lagartas provocam a ruptura da parede intestinal, levando-as à morte. Já existem no mercado muitas variedades desta bactéria, e as marcas mais comuns no Brasil são: Dipel, Agree e Thuricide. Estes produtos já são utilizados no Brasil há vários anos contra lepidópteros desfolhadores e mostraram alta eficiência. É importante lembrar que a ação deste produto é ineficaz para as outras fases do inseto, sendo eficiente exclusivamente na fase de lagarta. Vírus: são freqüentemente responsáveis pelo controle de muitos surtos de praga, aparecendo algum tempo depois do estabelecimento do inseto. É característico em uma lagarta contaminada por vírus paralisar sua alimentação e movimentação no final do período de 1 a 3 dias, ficando amarronzadas e apodrecendo, permanecendo nos ramos dependuradas, secas ou se liquefazendo. Nematóides: diversas espécies de nematóides atuam como parasitos obrigatórios de insetos, podendo atacar a cavidade geral do corpo do hospedeiro, ocorrer no intestino ou ser parasitos de órgãos reprodutores. Ex: Steinernema e Heterorhabiditis. - Competidores: são organismos que competem por algum fator de sobrevivência necessária aos insetos daninhos. Os insetos são os maiores competidores das pragas. Ex: competição entre Atta spp. e Acromyrmex spp. 8. MÉTODO QUÍMICO Consiste na utilização de compostos químicos, que aplicados direta ou indiretamente sobre os insetos, em concentrações adequadas, provocam a sua morte. É um método muito utilizado no controle de pragas devido a rapidez na preparação do combate, eficiência imediata, compatibilidade com as operações agrícolas e baixo custo inicial, porém, apresentam a desvantagem de não serem específicos, alto custo a longo prazo, além de serem tóxicos ao homem e a outros animais. Os inseticidas do grupo dos fosforados e dos piretróides são muito empregados no controle de pragas. Dentre eles destacam-se os formicidas deltametrina e clorpirifós; os lagarticidas deltametrina e fenitrotion e o cupinicida fention. Os inseticidas à base de sulfluramida são os mais utilizados no Brasil para o controle de formigas cortadeiras. Os inseticidas

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biológicos à base de Bacillus thuringiensis também têm sido bastante usados em culturas como lagarticidas. Os inseticidas do grupo das fenil pirazonas são os mais recentes lançamentos no controle de pragas. O fipronil é o principio ativo de isca formicida e de cupinicida. a) Formulação dos inseticidas É a arte de transformar um produto técnico numa forma apropriada de uso chamada de produto comercial. Ele divide-se em:

- Produto técnico: substância que realmente mata o inseto. Contém uma porcentagem definida de ingrediente ativo (i.a.).

- Inerte: talco, caulim etc. - Adjuvante: estabilizante, agente molhante, dispersante, espalhante etc.

b) Tipos de formulação de inseticidas

- Pó Seco (P): inseticida adsorvido em argila + pó inerte (1 a 10% de i.a.). Ex: K-Othrine 2P.

- Pó Molhável (PM): inseticida + inerte + agente molhante (20 a 80% de i.a.). Ex: Dipel PM. - Pó Solúvel (PS, TS): inseticida puro em pó (50 a 90% de i.a.). - Granulados (G, GR): inseticida + solvente + inerte (1 a 10% de i.a.). Ex: Mirex -S. - Concentrados Emulsionáveis (CE): inseticida + solvente + emulsionante (5 a

100% de i.a.). Ex: Lebaycid 500 CE. - Soluções Concentradas (ED, UBV): inseticida + solvente (ED = eletrodinâmica,

UBV = ultrabaixo volume). Ex: Sumithion UBV. - Suspensão Concentrada (SC): inseticida líquido puro. Ex: Carbaril SC. - Gasosos: inseticida líquido ou sólido que gaseifica em contato com o ar. Ex:

Bromex. - Aerossóis: inseticida + gás propulsor + base oleosa + solvente auxiliar + ativador +

perfume. - Pasta (PF): inseticida pastoso. Ex: Gastoxin. - Suspensão líquida (GrDA ou WG): inseticida disperso em partículas sólidas

micronizadas em meio liquido. Ex: Tuit NA. c) Classificação dos inseticidas

- quanto a finalidade: aficidas (pulgões); formicidas (formigas); cupinicidas, etc; - quanto a forma de ação: contato (cutícula); ingestão (oral); fumigação (respiração); - quanto a forma de translocação no hospedeiro: sistêmicos (circula na seiva da

planta); profundidade (ação translaminar); - quanto a toxicidade: altamente tóxico (tarja vermelha); medianamente tóxico (tarja

amarela); pouco tóxico (tarja azul) e praticamente atóxico (tarja verde). - quanto a origem:

- inorgânicos: enxofre, arsênio, mercúrio etc; - de origem vegetal: nicotina, piretro, rotenona, óleo de soja etc.

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- sintéticos: clorados, clorofosforados, fosforados, carbamatos, piretróides, reguladores de crescimento, microbianos e fumigantes inorgânicos.

d) Características dos grupos dos inseticidas

- Clorados: compõem -se de átomos de Cl, C, H e eventualmente O; alta persistência no ambiente; pouco voláteis; baixa solubilidade; lipossolúveis; bioacumulativos (aumentam a concentração nos tecidos com o aumento de peso); biomagnificativos (aumentam a concentração ao longo da cadeia trófica); são carcinogênicos (provocam câncer); alto espectro de ação (não são específicos); e outros. Ex. DDT, BHC, Aldrin, endossulfan, dodecacloro.

- Fosforados: compõem -se de derivados do ácido fosfórico; alta toxicidade aguda a mamíferos; não são bioacumulativos; alta volatilidade; são inibidores da acetilcolinesterase. Ex. clorpirifós, fention, fenitrotion, sumition.

- Carbamatos: compõem-se de derivados do ácido carbâmico; alta volatilidade; não são bioacumulativos; baixa persistência no ambiente; inibidores da acetilcolinesterase. Ex. carbufuran, carbossulfan, carbaril.

- Piretróides: compõem-se de derivados dos ácidos crisantêmico e pirétrico; fotoestáveis; baixa toxicidade a mamíferos; repelentes às pragas; induzem resistência rapidamente; baixa estabilidade no solo; alta toxicidade a peixes; alta potência; pouco voláteis; interferem no fluxo de íons através das células nervosas. Ex. deltametrina, permetrina, cipermetrina.

- Inibidores de síntese de quitina: inibem a formação da cutícula do inseto; baixa estabilidade à luz ultravioleta; seletivos. Ex. diflubenzuron, ciromazina, buprofezina.

- Juvenóides e Precocenos: afetam o crescimento dos insetos; seletivos; baixa toxicidade a mamíferos; baixa estabilidade à luz e temperatura. Ex. metopreno, hidropreno, quinopreno.

- Microbianos: compõem-se de bactérias, vírus, fungos, ou seus produtos; alta especificidade; não contaminam o ambiente; baixa estabilidade no ambiente; baixa toxicidade a mamíferos. Ex. Bacillus thuringiensis, Baculovirus sp., Metarhizium sp, Beauveria sp, Nomurae sp. e) Mecanismo de ação dos inseticidas A maioria dos inseticidas possui mecanismo de ação relacionado à transmissão de impulsos nervosos. No axônio, o impulso é transmitido por meio de cargas elétricas via variação do potencial elétrico resultante da movimentação de íons K+ e Na+ através da membrana dos axônios. Em repouso a membrana do axônio é permeável aos íons K+ e impermeável aos íons Na+. Assim, existe uma maior concentração de K+ no interior do axônio e de Na+ no exterior, gerando uma diferença de potencial elétrico (DDP) de -60 mV (potencial de repouso) entre o interior e o exterior do axônio. Devido a um estímulo (ex. um toque no tegumento) a membrana do axônio torna-se permeável aos íons Na+ (abertura do canal de Na). Com a entrada dos íons Na+ , ocorre uma saída de íons K+ por repelência de cargas, ficando o interior do axônio com maior concentração de Na e o exterior com maior concentração de K. Isso gera uma diferença de potencial elétrico de +40 mV (potencial de ação) entre o interior e o exterior do axônio. A abertura dos canais de Na dura cerca de

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0,002 a 0,003 segundo e a membrana torna-se, novamente, impermeável aos íons Na (fechamento do canal de Na). Este processo é passivo, ou seja, sem o gasto de energia (ATP). Para restabelecer o repouso, a membrana do axônio torna-se permeável aos íons K (abertura do canal de K) e força a entrada de K+ para o interior do axônio através do consumo de ATP que é chamado de BOMBA Na-K. Este processo é ativo, ou seja, ocorre gasto de energia (ATP). No interior do axônio a enzima ATP-ase quebra a ligação ATP-K+, liberando K+ e ATP. Quando o impulso elétrico chega na porção final do axônio, a membrana próxima à sinápse torna-se permeável a íons Ca++ (abertura do canal de Ca), que ficam no exterior das fendas sinápticas. Estes íons ativam as vesículas secretoras de substâncias neurotransmissoras (acetilcolina, principalmente), liberando esta substância na fenda sináptica. A substância neurotransmissora acopla-se ao receptor sináptico da membrana pós-sináptica do outro axônio, transmitindo o impulso elétrico. A membrana se torna impermeável ao Ca++ (fechamento do canal de Ca), que volta para o exterior do axônio. Após a transmissão do impulso elétrico, ocorre a liberação da enzima neurotransmissora (acetilcolinesterase), que degrada a acetilcolina, ligada ao receptor pós-sináptico, em colina e ácido acético, cessando a transmissão do impulso e tornando a membrana pós -sináptica livre para receber um novo estímulo. Desta forma, o impulso segue até um músculo específico que irá reagir (contrair, por exemplo) e isso é chamado de ação excitatória. Para que este músculo volte à posição normal (relaxar) o cérebro deve enviar uma nova mensagem, chamada de ação inibitória. Esta nova mensagem é transmitida pelos axônios e pelas sinápses inibitórias, num processo semelhante ao que ocorre nas sinapses excitatórias, porém, o neurotransmissor é o ácido-aminobutírico (GABA) e o íon envolvido é o Cl-. O mecanismo de ação dos principais grupos de inseticidas é:

- Organofosforados e Carbamatos: ligam-se a acetilcolinesterase inativando-a e impedindo que ocorra a quebra da acetilcolina. Com isso os receptores pós-sinápticos ficam sobrecarregados e não receberão novos estímulos. Isso faz com que não chegue estímulos aos músculos, o que paralisará a respiração muscular, causando a morte do inseto.

- Clorados do Grupo do DDT e Piretróides: atrasam o fechamento dos canais de Na+, hiperexcitando o axônio e levando à exaustão muscular.

- Clorados do Grupo do BHC, Neonicotinóides e Ciclodienos: acoplam-se ao receptor do GABA, impedindo a abertura dos canais de Cl-, provocando hiperexcitação, convulsões, paralisia e morte do inseto.

- Lactonas ou Avermectinas: simulam a ação do GABA, favorecendo a entrada de Cl- com mais intensidade, provocando paralisia.

- Precocenos: transformam os insetos em adultóides (insetos adultos pequenos e estéreis)

- Juvenóides: induzem a permanência do inseto na fase jovem, não se transformando em adulto.

- Inibidores de síntese de quitina: impedem a deposição de quitina na cutícula, que se torna mole e se rompe durante a muda, matando o inseto.

- Inseticidas bacterianos: os esporos ingeridos pelos insetos produzem cristais tóxicos que dão origem a toxinas letais no intestino do inseto (Bt).

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- Inseticidas virais: os corpos poliédricos de inclusão ingeridos pelos insetos liberam vírions no intestino do inseto provocando infecção generalizada.

- Inseticidas fúngicos: as hifas penetram pela cutícula e produzem micotoxinas letais ao inseto. f) Avaliação toxicológica dos Inseticidas A toxicidade de inseticidas é expressa em Dose Letal 50 (DL50). Toxicidade aguda : quantidade do inseticida que aplicada uma única vez em cada indivíduo de uma população resulta em 50% de mortalidade. O inseticida pode ser aplicado topicamente e via ingestão. Toxicidade crônica: é a quantidade do inseticida que provoca a morte de 50% dos indivíduos de uma população-teste, quando aplicada várias vezes em cada um dos indivíduos dessa população. A dose é determinada após várias aplicações de subdosagens e os efeitos esperados ocorrem em longo prazo. Tolerância: concentração máxima dos resíduos de um agrotóxico que é permitida em um alimento por ocasião da colheita ou consumo. Carência: é o intervalo de tempo necessário desde a aplicação do produto até a colheita. g) Seletividade de inseticidas De modo geral, os inseticidas disponíveis no mercado têm largo espectro de ação e, desse modo, são ecologicamente perigosos. Uma das maiores necessidades do manejo integrado de pragas é o desenvolvimento de inseticidas seletivos ou mesmo específicos a cada grupo de insetos-praga, para poderem atuar em sinergismo com outros métodos de controle, principalmente o biológico. Tais substâncias devem ter um espectro de ação suficiente para atuarem somente nos insetos-alvo, preservando os demais insetos. Como poucos inseticidas disponíveis no mercado apresentam tal vantagem, podem-se reduzir os impactos negativos dos outros inseticidas não seletivos, utilizando-os de forma criteriosa, das seguintes maneiras:

- emprego deles quando necessário: somente quando a população do inseto estiver acima do nível de controle;

- estabelecimento de condições adequadas de aplicação: dosagens adequadas e melhores formulações, época, métodos e locais de aplicação. Exemplos: uso de iscas tóxicas (iscas granuladas) que atraem somente o inseto-alvo, uso de plantas armadilhas ou cultura armadilha que são iscadas com feromônio ou com atraentes alimentares ou são precoces, onde se aplica o inseticida somente nelas, evitando atingir toda a área; uso de inseticidas sistêmicos que afeta somente os insetos que se alimentam da planta; aplicação em horários específicos onde somente a praga está em atividade etc.;

- desenvolvimento de novos inseticidas e de métodos de aplicação mais específicos e de menor impacto ambiental. Exemplos: uso de inseticidas biológicos como o Dipel e o Agree à base da bactéria Bacillus thuringiensis, que são seletivos para lagartas desfolhadoras e não têm efeito tóxico para predadores. Além disso, são bastante seguros para outros animais e para o homem; uso de inseticidas fisiológicos como o Dimilin

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(difluobenzuron) que é um inibidor da síntese de quitina e tem efeito tóxico somente para insetos imaturos, sendo seletivo para grande parte dos IN dos insetos. h) Tecnologia de aplicação Refere-se aos conhecimentos necessários para aplicar um inseticida no alvo desejado (praga), na concentração adequada para matá-lo, sem contaminar outras áreas. Os inseticidas podem ser aplicados:

- via sólida - pós: aplicado através de polvilhadeiras. Ex. controle de formigas

cortadeiras; - grânulos: aplicado pelas granulados. Ex. controle de cupins;

- via gasosa: expurgo ou fumigação. Ex. controle de formigas cortadeiras; - via líquida

- pulverização: pulverizadores (energia hidráulica). Ex: controle de diversas pragas de pastagens;

- atomização: atomizadores (energia pneumática). Ex: controle de lagartas; - nebulização: termonebulizadores (neblina). Ex: controle de formigas; - pulverização eletrodinâmica: electrodyn (carga elétrica).

Procedimentos para calibração do equipamento Após o diagnóstico do problema é necessário periciar os equipamentos de aplicação dos agrotóxicos, para prescrever o produto em função desse equipamento. Para calibrar o equipamento deve-se utilizar a formula: Q=(600.q)/V.f em que: Q= volume de aplicação em l/ha; q= vazão do bico em l/minuto; V= velocidade de deslocamento em km/h; f= faixa de aplicação em metros. 1o) Determinação da faixa de aplicação (f) - medir a largura da faixa tratada por bico a cada passada do equipamento. 2o) Determinação da velocidade de deslocamento (V) - marcar o tempo que o equipamento leva para deslocar uma distância conhecida na velocidade de trabalho. 3º) Determinação da vazão do bico (q) - calcular a vazão teórica com base no volume de aplicação (Q) recomendado pelo fabricante e nos dados de f e V calculados anteriormente, calcular "q" pela fórmula: q = (V.f.Q)/600. - consultar as tabelas dos fabricantes de bicos e escolher aquele que tem a vazão teórica igual à calculada. - acoplar tais bicos ao equipamento e calcular a vazão real; - medir o volume aplicado por minuto, com o equipamento parado, acelerado na velocidade de trabalho. A diferença entre a vazão real e a teórica não deve ultrapassar 10%, caso ocorra, trocar os bicos por novos.

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4o) Determinação do volume realmente aplicado - com base nos dados de f, V e "q real", anteriormente calculados, calcular Q pela formula: Q=(600.q)/V.f 5º) Determinação da quantidade de inseticida a ser adicionada ao equipamento - após todos esses passos é possível calcular a quantidade de produto a ser adicionada ao equipamento, usando as informações que constam na bula dos produtos. i) Cuidados na aplicação de defensivos - ler atentamente as instruções no rótulo do produto; - usar todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI's) recomendados; - procurar informações técnicas; - não abrir embalagens em ambientes fechados; - usar água limpa para o preparo da calda; - guardar os defensivos em local adequado; - nunca fazer aplicações nos dias de ventos fortes; - afastar crianças e gestantes do local; - verificar a saúde do trabalhador; - lavar o material utilizado em local apropriado; - nunca reutilizar o vasilhame para outros fins; - tomar banho após a pulverização; - não fazer uso de bebida alcoólica e de alimentos durante a aplicação; e - respeitar o período de carência etc.; - em caso de intoxicação procurar um médico munido da embalagem do produto, para que o especialista saiba que antídoto usar.