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ISSN 2176-1396 METODOLOGIAS ALTERNATIVAS NA CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL PIO XII IRATI\PR Eixo Ensino e Práticas nas Licenciaturas Agência Financiadora: CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) Ministério da Educação do Brasil Resumo Neste trabalho realiza-se o relato de uma experiência desenvolvida pelas acadêmicas que participam do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), o qual busca promover uma melhor formação profissional para o trabalho na Educação a partir de experiências concretas com a realidade escolar. A prática pedagógica está sendo produzida junto ao 9º ano da Escola Estadual Pio XII no município de Irati\PR, na disciplina de Geografia. A metodologia aplicada se baseia nas reflexões de Zabala (2008), onde ele discute os métodos globalizados de organização dos conteúdos. Dentre esses métodos, destaca-se o Estudo do Meio, que propõe que os alunos construam o conhecimento através da aplicação do método científico, o qual procura motivar os alunos a criar hipóteses sobre um problema, trazer informações e criar dentro da criança o espírito de pesquisador. O projeto teve como base o conteúdo globalização e seus problemas ambientais, que foi apresentado nas aulas de Geografia e a partir dele foi desenvolvido cartazes explicativos, posteriormente uma saída de campo que resultará na construção coletiva de um documentário informativo sobre a realidade do bairro onde se localiza a escola. Diante do exposto, essa metodologia proporciona um melhor envolvimento e participação dos alunos, além de ampliar seu senso crítico, induzindo-os a problematizar as questões que envolvem o seu bairro, dando a possibilidade de transformação do meio em que eles estão inseridos socialmente e historicamente. Esse método propõe uma reorganização do sistema educacional aproximando o que é ensinado dentro da escola com o que é partilhado fora dela, tornando os processos de ensino e aprendizagem mais dinâmicos e efetivos. Palavras-chave: Métodos Globalizados. Estudo do Meio. Geografia. Globalização. Introdução Este trabalho foi realizado através do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), desenvolvido na Escola Estadual Pio XII, no município de Irati PR com os alunos do 9ºano do ensino fundamental. Esse programa tem o objetivo de fortalecer a formação

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ISSN 2176-1396

METODOLOGIAS ALTERNATIVAS NA CONSTRUÇÃO DE

CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOS NAS SÉRIES FINAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL PIO XII –

IRATI\PR

Eixo – Ensino e Práticas nas Licenciaturas

Agência Financiadora: CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior) – Ministério da Educação do Brasil

Resumo

Neste trabalho realiza-se o relato de uma experiência desenvolvida pelas acadêmicas que

participam do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), o qual busca

promover uma melhor formação profissional para o trabalho na Educação a partir de

experiências concretas com a realidade escolar. A prática pedagógica está sendo produzida

junto ao 9º ano da Escola Estadual Pio XII no município de Irati\PR, na disciplina de Geografia.

A metodologia aplicada se baseia nas reflexões de Zabala (2008), onde ele discute os métodos

globalizados de organização dos conteúdos. Dentre esses métodos, destaca-se o Estudo do

Meio, que propõe que os alunos construam o conhecimento através da aplicação do método

científico, o qual procura motivar os alunos a criar hipóteses sobre um problema, trazer

informações e criar dentro da criança o espírito de pesquisador. O projeto teve como base o

conteúdo globalização e seus problemas ambientais, que foi apresentado nas aulas de Geografia

e a partir dele foi desenvolvido cartazes explicativos, posteriormente uma saída de campo que

resultará na construção coletiva de um documentário informativo sobre a realidade do bairro

onde se localiza a escola. Diante do exposto, essa metodologia proporciona um melhor

envolvimento e participação dos alunos, além de ampliar seu senso crítico, induzindo-os a

problematizar as questões que envolvem o seu bairro, dando a possibilidade de transformação

do meio em que eles estão inseridos socialmente e historicamente. Esse método propõe uma

reorganização do sistema educacional aproximando o que é ensinado dentro da escola com o

que é partilhado fora dela, tornando os processos de ensino e aprendizagem mais dinâmicos e

efetivos.

Palavras-chave: Métodos Globalizados. Estudo do Meio. Geografia. Globalização.

Introdução

Este trabalho foi realizado através do Programa Institucional de Iniciação à Docência

(PIBID), desenvolvido na Escola Estadual Pio XII, no município de Irati – PR com os alunos

do 9ºano do ensino fundamental. Esse programa tem o objetivo de fortalecer a formação

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acadêmica como futuro profissionais da educação e ajudar os alunos do ensino fundamental a

suprir as falhas do sistema educacional, ou seja, promover atividades que busque esse

(re)interesse do aluno, tornando o professor e o aluno sujeitos do conhecimento, trazendo o

conhecimento prévio do aluno e assim estimulando essa Geografia Crítica que incentive-o a ser

um cidadão pensante.

O Programa tem o intuito de romper paradigmas do ensino tradicional, desenvolver

metodologias alternativas que corroborem com a melhoria do processo ensino/aprendizagem,

trazendo para o contexto escolar atividades mais dinâmicas.

O trabalho surge a partir dos conteúdos abordados nas séries finais do ensino

fundamental, globalização e seus problemas ambientais, este tem por objetivo desmistificar o

conceito de globalização, abordando os aspectos negativos e (re)significando a ideia de

desenvolvimento, destacando que as agressões ao meio ambiente não ficam restritas a países

ricos e industrializados, mas atinge todo o mundo. Entre as agressões ao meio ambiente que

ocorrem em diversas áreas do planeta, podemos citar: devastação de ecossistemas (derrubada

ou queimada de florestas); utilização de agrotóxicos; erosão dos solos; assoreamento dos rios;

poluição atmosférica e das águas, entre outras.

A partir das agressões citadas torna-se possível ligar o conteúdo abordado com o

contexto que os alunos estão inseridos, sendo viável a análise de campo no bairro em que a

escola se encontra, lugar esse onde passa o Rio das Antas, cuja nascente encontra-se no

Município de Irati, localizado na região Centro-Sul do Estado do Paraná.

O conteúdo estudado pode ser observado no bairro, mostrando a importância de usar os

recursos próximos de seus alunos, facilitando a assimilação do assunto visto em sala de aula.

Muitos dos alunos residem no bairro em que a escola está localizada e já conheciam o

rio, e com o que foi colocado nas aulas os alunos conseguiram enxergar a Geografia de forma

mais dinâmica, menos fragmentada e considerar suas experiências, construindo uma nova

leitura geográfica.

Métodos Globalizados

Os métodos globalizados vêm em contraponto com a educação tradicional, que organiza

seus conteúdos de forma compartimentada, seguindo uma lógica classificatória conforme

critério disciplinar (matemática, química, física, música, etc.), onde não há uma ligação entre

as diferentes disciplinas que compõem o currículo.

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Segundo Zabala (2008) com o passar do tempo está cada vez mais visível esse

rompimento com a educação tradicional, através de experiências inovadoras que quebram com

o antigo modelo e relaciona o mesmo conteúdo com diversas matérias: relações entre

matemática e física, entre a história, arte e literatura, entendendo os conteúdos de forma

globalizada.

Como aponta Oliveira (2006):

As metodologias tradicionais têm sido pouco eficientes para ajudar o aluno a aprender

a pensar, refletir e criar com autonomia soluções para os problemas que enfrenta. Os

alunos acumulam saberes, mas não conseguem aplicar seus conhecimentos em

situações reais do dia-a-dia. Encontra-se, no trabalho com projetos, uma proposta de

educação voltada para a formação de competências, que pretende que a aprendizagem

não se torne passiva, verbal e teórica, mas que tenha a participação ativa dos alunos.

(OLIVEIRA, 2006, p. 11).

Dessa forma os métodos globalizados tornam-se uma alternativa à educação tradicional,

apresentando uma forma inovadora de apresentar os conteúdos, permitindo-se um trânsito entre

várias matérias sem perder a continuidade, como coloca Zabala (2008).

Nos métodos globalizados as disciplinas não são a finalidade básica do ensino, mas sim

meios ou instrumentos que favoreçam a realização dos objetivos educacionais. Ele leva em

conta o aluno e suas necessidades educacionais, sendo que nas propostas multidisciplinares o

currículo é centrado nas disciplinas e na maneira como os alunos podem apreender melhor seu

conteúdo.

Dentro das reflexões de Zabala (2008):

Historicamente os métodos globalizados nascem quando o aluno se transforma no

protagonista do ensino; quer dizer quando se produz um deslocamento do fio condutor

da educação, das matérias ou disciplinas como articuladoras do ensino para o aluno e,

portanto, para suas capacidades, interesses e motivações. Essa mudança no ponto de

vista, implica a relativização do valor educativo das disciplinas em relação a sua

capacidade para contribuir para o desenvolvimento dos meninos e meninas

(ZABALA, 2008, p. 144)

Como afirma Behners (2015) educar e aprender por projetos proporciona aos alunos

uma nova forma de aprender, partindo de problemas do dia-a-dia. O aluno, para aprender,

precisa ver significado no que é apresentado nas aulas, para a partir disso conseguir

problematizar determinados conteúdos e se sentir motivado a construir um novo conhecimento

de mundo.

O presente texto busca compartilhar experiências de aplicação de um método

globalizado chamado Estudo do meio, o qual será apresentado a seguir.

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Estudo do Meio

Pontuschka, et. al (2007) apresentam o estudo do meio como:

O estudo do meio é uma metodologia de ensino interdisciplinar que pretende

desvendar a complexidade de um espaço determinado extremamente dinâmico e em

constante transformação, cuja totalidade dificilmente uma disciplina escolar isolada

pode dar conta de compreender. (2007, p. 173)

O estudo do meio é importante para desenvolver a autonomia do aluno pesquisador,

sempre levando em conta o seu conhecimento prévio. Outro ponto que facilita a assimilação do

aluno é se tratar de uma metodologia interdisciplinar, ou seja, que contempla diversas áreas do

conhecimento. Esse procedimento leva em consideração não apenas o conteúdo estudado, mas

a maneira como ele é produzido, incentivando o aluno a produzir conhecimentos que não estão

dos livros didáticos (PONTUSCHKA; et. al, 2007). O aluno vai na origem do conhecimento,

estudando o objeto e desenvolvendo a pesquisa, outro fator importante é a curiosidade do aluno

que faz com que ele se motive a pesquisar determinado assunto.

Esse método propõe o diálogo e formação de um trabalho coletivo, em que o professor

é o primeiro pesquisador. Ele investiga a comunidade escolar, sendo essa a realidade dos alunos,

sua vida, seu espaço, sua história e construindo novas práticas e propondo um novo currículo

que estabeleça vínculo com a vida dos alunos, com a sua própria, como cidadão e como

profissional (PONTUSCHKA et. al, 2007).

É importante destacar que essa metodologia não é totalmente livre, do ponto de vista

curricular, e suas temáticas são traçadas e planejadas anteriormente. Segundo as reflexões de

Lopes e Pontuschka (2009):

É preciso alertar, todavia, que não estamos diante de um método de ensino que

pressuponha um currículo totalmente aberto e, nele, não esteja presente a

intencionalidade. Os objetivos são traçados previamente, porém, como muito bem

sugere a epígrafe selecionada para abertura deste trabalho, o transcurso de um projeto

educativo não pode ser definido a priori. Seu trajeto, como o voar de uma borboleta,

rnão linear como de um projétil, ou seja, não pode ser calculado e executado seguindo

certa eficiência técnica. (2009, p. 175)

Pontuschka, et. al (2007) entendem que o estudo do meio é subdividido em algumas

etapas, as quais podemos descrever:

1. Encontro dos sujeitos sociais: Consiste na reflexão individual e coletiva sobre as

práticas pedagógicas desenvolvidas no ambiente escolar, sendo que esse primeiro

momento procura construir um currículo mais próximo dos interesses e da realidade

vivida pelos alunos. Tendo como objetivo a autonomia docente diante do sistema

educacional.

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2. Visita preliminar e a opção pelo percurso: Delimitação da área estudada nas

proximidades da escola.

3. O planejamento: A partir da delimitação da área estudada, são definidos os motivos

para a realização da pesquisa, o que será pesquisado, as características que serão

observadas na área, coleta de dados, escolha das disciplinas que serão contempladas,

criação de recursos didáticos.

4. Elaboração do caderno de campo: Espaço de registro e coleta de dados e informações

(entrevistas, desenhos, lugares a serem fotografados, distribuição de tarefas, capa,

roteiro da pesquisa de campo, textos e entrevistas)

5. Pesquisa de campo reveladora da vida: Saída do âmbito escolar para conhecer o lugar

a ser estudado, momento de diálogo com o espaço, com a história, com as pessoas, com

os colegas e seus saberes, etapa em que são realizadas as entrevistas e se vê a realidade

vivida pelos sujeitos.

Apoiado nas etapas anteriores, os pesquisadores (professores e alunos) organizam

informações levantadas e as analisam, entendendo as relações sociais entre os sujeitos que ali

moram, suas crenças, ideologias, sua cultura. Momento em que é pensado o material que será

produzido, esse que pode ser um vídeo-documentário, um ensaio fotográfico, um mural, um

teatro, um artigo ou materiais didáticos específicos que serão socializados.

Levando em consideração que a pesquisa foi realizada nas aulas de geografia,

destacamos que os alunos foram orientados para observar a paisagem com olhar geográfico,

tendo como foco os problemas ambientais no bairro onde reside a Escola Estadual Pio XII, bem

como a devastação do ecossistemas, erosão dos solos, assoreamento dos rios, poluição

atmosférica e das águas, extermínio da biodiversidade, dentre outros problemas.

Relato de Experiência

Após aulas teóricas sobre as principais características da globalização e como ela se dá

usando o livro didático, vídeos e algumas atividades práticas. Uma delas foi a produção de

cartazes (foto 1 e 2) que diferenciavam aspectos positivos e negativos da globalização,

(re)significando esse conceito.

Foto 1 - Cartaz

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Fonte: Felchack, 2017.

Foto 2 - Apresentação dos cartazes

Fonte: Felchack, 2017.

Na aula anterior a saída de campo explicou-se seus objetivos (foto 3), orientando os

alunos para o que seria observado, afim de ajudar na sua compreensão. Lembrando que a saída

de campo não é um momento de lazer, mas uma experiência de pesquisa e de construção do

conhecimento que resultaria na elaboração de um documentário.

Foto 3 - Explicação sobre o campo

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Fonte: Felchak, 2017.

O trabalho de campo se deu no Rio Antas, nas proximidades da escola. Durante o

percurso (foto 4 e 5) os alunos puderam observar a paisagem e os principais problemas causados

pela globalização, como o lixo nas ruas, entulho e o mato nos terrenos baldios.

Foto 4 - Lixo em terrenos baldios.

Fonte: Felchak, 2017.

Foto 5 - Lixo nas margens do Rio das Antas.

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Fonte: Felchak, 2017.

Além disso, foram também observadas as características do relevo, pois o bairro se

encontra em área de fundo de vale, onde pudemos destacar locais de ocupação irregular que

consequentemente são afetados por enchentes. Em decorrência das ocupações irregulares e do

mau cheiro que vinha do córrego é possível comprovar que ele transformou-se num esgoto a

céu aberto.

Os alunos também observaram a dinâmica do Rio das Antas (foto 6), bem como a falta

de mata ciliar, assoreamento, excesso de lixo nas encostas e dentro do leito do rio.

Foto 6 - Lixo no rio das Antas.

Fonte: Felchak, 2017.

Em razão da maioria dos alunos morarem no bairro, eles assimilaram que os problemas

descritos anteriormente têm papel fundamental de acarretar enchentes, que causam prejuízos

aos moradores sempre que ocorrem chuvas intensas e contínuas. Cabe ressaltar que o

alagamento do rio é um processo natural e que atrapalha a população que mora em seus

arredores de forma irregular, o que fica evidente a falta de planejamento e o descompromisso

do poder público municipal com a questão

Ao retornar à escola foi realizada uma discussão sobre os temas vistos durante o trabalho

de campo, dividindo-se a sala em seis grupos para elaboração de um texto base que resultaria

na construção do documentário. Destaca-se a seguir alguns trechos das produções dos alunos:

“(...) o mais preocupante é o acúmulos de lixo em terrenos baldios e muito lixo jogados

as margens do rio o que aumentam a probabilidade de enchentes, a falta de mata ciliar

ao redor do rio também é muito preocupando, pois muitas casa estão construídas e

assim ocorrem perigo das enchentes entrarem nas casas e perderem todos os seus

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móveis, assim tudo que podemos comprar, podemos dar um destino para os produtos,

não jogá-los na rua, e sim, dar o destino certo, como exemplo, a logística reversa.”

(Texto grupo A);

“Na saída de campo que fizemos, observamos a poluição do Rio das Antas, que está

muito poluído, diga-se de passagem, pois ele passa perto de lavouras e é contaminado

por agrotóxicos, e quando passa pela cidade recebe esgoto das casas que ficam na sua

beira, na parte da cidade ele não tem mata ciliar. Os moradores jogam lixo e as

indústrias jogam resíduos químicos, quando chove muito o rio enche e alaga as casas.”

(Texto grupo B);

“Chegamos a conclusão que as pessoas não estão dando o devido valor para a

natureza. Com a globalização o aumento do consumo esta cada vez maior, gerando

mais lixo e sendo depositado em lugares inadequados e as pessoas não respeitam os

limites da natureza” (Texto grupo C);

“Por causa da exploração dos recursos naturais a degradação do meio ambiente vem

aumentando e causando crises ambientais que presenciamos atualmente, por 1exemplo

2a perca da biodiversidade (fauna e flora) e ocasiona extinção de espécies a poluição

das águas por resíduos domésticos, industriais e também pelo derramamento de óleo

dos navios e de vazamento em plataforma de petróleo, o aquecimento global a

diminuição da camada de ozônio da atmosfera” (Texto grupo D);

“Perto do Rio das Antas está muito poluído, pois pessoas não tem a noção de jogar o

lixo e isso pode fazer eles sofrer depois com as enchentes. Ai fica uma questão de quem

é a culpa? De quem joga o lixo ou de quem os fabrica.” (Texto grupo E)

Os alunos fizeram a leitura do texto e uma breve discussão sobre ele, contrapondo e

somando ideias, tanto do conteúdo quanto das observações feitas na saída de campo.

1 Optou-se por dar um pequeno recuo e descrever o texto dos alunos em itálico para diferenciar das outras seções

do texto.

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Em um terceiro momento os alunos foram para a sala de informática com o intuito de

fazer uma pesquisa em sites da mídia local sobre notícias relacionados ao rio das Antas (foto

7). Nas pesquisas foram encontrada notícias de 2014, ano que houve uma grande enchente no

município e deixou diversas famílias desabrigada, desalojadas e em situações riscos, desde

então não houve mais notícias o que demonstra a desinteresse por parte da mídia.

Foto 7 – Pesquisa na sala de informática

Fonte: Cordeiro, 2017

Sabendo que o projeto ainda está em desenvolvimento e que o documentário ainda não foi

concluído, as reflexões ficaram restritas ao que foi produzido no projeto até o momento como:

introdução do tema (aula expositiva); elaboração de cartazes; saída de campo; preparação de

textos e discussão junto aos alunos.

Considerações Finais

Durante o desenvolvimento desse trabalho pudemos perceber que a metodologia de

projetos traz inovações ao sistema educacional atual. O Programa Institucional de Bolsa de

Iniciação à Docência (PIBID) segue essa linha das metodologias alternativas ao modelo

tradicional. Elas entendem a importância de levar em consideração o conhecimento prévio do

aluno tornando-os agentes ativos da ação de aprender, evidenciando o seu protagonismo no

sistema.

Behrens (2015) em suas reflexões aponta que as metodologias de projetos proporcionam

aos alunos formas alternativas de construção de conteúdos e ainda:

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Propõe a convivência com múltiplas dimensões e com diferentes visões, exigindo

tolerância com o diferente e comprometimento com a transformação da sociedade.

Assim, acredita-se que a metodologia de projetos pode ser um procedimento

pertinente para oferecer aos alunos aprendizagens que levem à produção do

conhecimento, mas que, especialmente, provoquem aprendizagem para vida.

(BEHRENS, 2015 p. 19).

No desenvolvimento desse projeto em campo pudemos perceber a realidade vivida pelos

alunos do 9º ano da Escola Estadual Pio XII e o contexto que eles estão inseridos, passando a

entender melhor os pontos negativos e as dificuldades do desenvolvimento educacional

apresentados por eles.

Um aspecto positivo que pudemos visualizar foi a integração da turma nos trabalhos em

grupo e também na participação durante a coleta de dados, registro fotográfico, entrevistas junto

a comunidade, construção dos textos e nas pesquisas realizadas na sala de informática.

No decorrer do trabalho ficou evidente a mudança no pensamento dos alunos com

relação a globalização e a Geografia. Eles passaram a ver significado nos conteúdos que são

vistos na escola, entendendo que a Geografia está em todo lugar, inclusive em seu bairro.

Agradecimentos

As autoras agradecem ao Professor Ivo Marcelo Felchak, professor supervisor da Escola

Estadual Pio XII que nos auxiliou no desenvolvimento do projeto. E em especial agradecemos

ao Professor Daniel Luiz Stefenon (DEGEO – UNICENTRO) que fez a leitura, análise crítica

e ajudou na redação final do Projeto pelas sugestões feitas na construção do texto.

REFERÊNCIAS

BEHRENS, M. A. Metodologia de projetos: aprender e ensinar para a produção do

conhecimento numa visão complexa. Coleção Agrinho, p. 95-116, 2015. Encontrado em <

http://www.agrinho.com.br/site/wp-content/uploads/2014/09/2_04_Metodologia-de-

projetos.pdf> acessado em 12/05/2017.

LOPES, C. S.; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do meio: teoria e prática.

GEOGRAFIA (Londrina), Londrina. v. 18, n. 2, p. 173-191, 2009

OLIVEIRA, C. L. A Metodologia de Projetos como recurso de ensino e aprendizagem na

Educação Básica. Significado e contribuições da afetividade, no contexto da Metodologia

de Projetos, na Educação Básica. Belo Horizonte, p. 20, 2006. Encontrado em

<http://www.tecnologiadeprojetos.com.br/banco_objetos/%7B28A0E37E-294A-4107-906C-

914B445E1A40%7D_pedagogia-metodologia.pdf> acessado em 12/05/2017.

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PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. I.; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender

Geografia. São Paulo: Cortez, 2007.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2008.