metodo calculo de diâmetro da adutora

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    CENTRO DE CINCIAS E TECNOLOGIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

    CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

    REA DE RECURSOS HDRICOS

    ESTUDO COMPARATIVO ENTRE METODOLOGIAS

    DE DIMENSIONAMENTO ECONMICO DE

    ADUTORAS

    DISSERTAO DE MESTRADO

    PAULA KRISTHINA CORDEIRO FREIRE

    CAMPINA GRANDE - PARABA

    2000

  • PAULA KRISTHINA CORDEIRO FREIRE

    ESTUDO COMPARATIVO ENTRE METODOLOGIAS DE

    DIMENSIONAMENTO ECONMICO DE ADUTORAS

    Dissertao apresentada ao curso de mestrado

    em Engenharia Civil da Universidade Federal

    da Paraba, em cumprimento s exigncias

    para obteno do Grau de Mestre.

    Orientador: HEBER PIMENTEL GOMES

    CAMPINA GRANDE, PARABA

    2000

  • ESTUDO COMPARATIVO ENTRE METODOLOGIAS DE

    DIMENSIONAMENTO ECONMICO DE ADUTORAS

    PAULA KRISTHINA CORDEIRO FREIRE

    HEBER PIMENTEL GOMES

    Orientador

    MRCIA MARIA RIOS RIBEIRO Componente da Banca

    TARCISO CABRAL DA SILVA Componente da Banca

  • Aos meus queridos pais Paulo e Izabel,OFEREO.

    Ao meu esposo Svio, aos meus irmos Isa, Patrcia e Joo Paulo, e ao meu so-brinho Pedro Paulo,

    DEDICO.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, que me deu a vida e perseverana nos objetivos a serem cumpridos.

    Aos meus pais, Paulo Freire de Albuquerque e Izabel Cordeiro Freire, por todo

    amor, carinho e dedicao que recebi durante toda minha vida.

    Aos meus irmos, Isa, Patrcia e Joo Paulo pelo incentivo a mim prestado.

    Ao meu esposo, Luis Svio Pires Braga, que sempre esteve ao meu lado,

    dedicando amor e serenidade para a perfeita concluso desta dissertao.

    Ao curso de ps-graduao em Engenharia Civil e aos professores da rea de

    Recursos Hdricos, Vajapeyam S. Srinivasan, Carlos de O. Galvo, Mrcia Maria R.

    Ribeiro, Rosires Cato Curi, Eduardo E. de Figueiredo, Gledsneli M. de L. Lins,

    Raimundo Srgio S. Gis, Seemanapalli V. K. Sarma e Janiro C. Rego, pelo apoio e

    dedicao, especialmente ao professor Heber Pimentel Gomes pela orientao e

    motivao.

    Aos funcionrios do Laboratrio de Hidrulica pela dedicao e auxlios

    prestados durante todo o perodo de estudo, em especial a Alrezinha Dantas Veiga.

    Ao CNPq, pelo auxlio financeiro durante a vigncia do curso.

    Aos amigos do curso Alessandra M. Ramos, Eunice Porto Cmara, Klebber T.

    M. Formiga, Mrcia Arajo, Juliana Barbosa, Dayse Barbosa, Glauber Cunha, Jorge

    Rabelo e especialmente ao amigo Dimitri Pinto de Melo, parceiro nesta luta, pelo

    incentivo e companheirismo durante todo o curso.

    queles que, de alguma forma, contriburam para a realizao deste trabalho.

  • SUMRIO

    CAPTULO I

    INTRODUO ______________________________________________________ 01

    CAPTULO II

    REVISO BIBLIOGRFICA __________________________________________ 04

    2.1 - Sistema de Abastecimento Pblico de gua ____________________________ 042.2 - Linhas Adutoras _________________________________________________ 05

    2.2.1 Tubulaes Empregadas em Linhas Adutoras ______________________ 062.2.1.1 Tubulaes de PVC (PolyVinyl Chloride) __________________ 072.2.1.2 Tubulaes de Ferro Fundido ____________________________ 102.2.1.3 Tubulaes de Material Especial P.R.F.V. _________________ 13

    CAPTULO III

    HIDRULICA APLICADA S TUBULAES ___________________________ 17

    3.1 Fundamentos Hidrulicos Bsicos ___________________________________ 173.2 Perdas de Carga _________________________________________________ 19

    3.2.1 Perda de Carga ao Longo do Conduto ____________________________ 203.2.2 Perdas de Carga Localizadas ___________________________________ 25

    3.3 - Presses Mximas nas Tubulaes ___________________________________ 263.4 - Velocidade Mxima Admissvel _____________________________________ 293.5 Feixe de Condutos Sistema de Condutos em Paralelo __________________ 31

    CAPTULO IV

    METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS ________ 34

    4.1 Aduo por Recalque ____________________________________________ 344.1.1 Vazo de Aduo Demandada __________________________________ 36

    4.2 Metodologias de Dimensionamento Aplicadas __________________________ 38

  • 4.2.1 Frmula de Bresse ___________________________________________ 384.2.2 Mtodo Baseado no Peso das Tubulaes ________________________ 404.2.3 Mtodo da Variao Linear dos Custos das Tubulaes ______________ 464.2.4 Mtodo da Avaliao Real dos Custos ____________________________ 49

    CAPTULO V

    ANLISE DE RESULTADOS E DISCUSSO ESTUDO DE CASOS ________ 585.1 Exemplo 1 ______________________________________________________ 585.2 Exemplo 2 __________________ 665.3 Exemplo 3 Sistema Adutor Abia-Papocas ___________________________ 745.4 Exemplo 4 Sistema Adutor Acau __________________________________ 89

    CAPTULO VI

    CONCLUSES E RECOMENDAES __________________________________ 112

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ____________________________________ 115 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ____________________________________ 118

    ANEXOS ___________________________________________________________ A1

  • NDICE DE TABELAS

    Tabela 2.1 Classes de Tubos e Presses de Servio ________________________ 12 Tabela 3.1 - Coeficiente de atrito (C) da frmula de Hazen-Williams ___________ 24Tabela 3.2 - Coeficiente de atrito de Manning _____________________________ 24Tabela 3.3 Escala de acrscimo da presso esttica e dinmica em funo do dimetro da tubulao ________________________________________ 28Tabela 3.4 Limites de Vmax em funo dos dimetros das tubulaes __________ 30Tabela 3.5 Velocidade limite nas tubulaes ______________________________ 31 Tabela 4.1 Velocidade Mdia Econmica para Tubulaes __________________ 40 Tabela 5.1 Custos unitrios dos movimentos de terra por metro de vala _____ 59Tabela 5.2 - Custo de servios referentes aos movimentos de terra ______________ 59Tabela 5.3 - Custo de implantao, por metro linear, das tubulaes de PVC com classe de presso 10 (1 Mpa), fabricante Tigre. _____________________________ 60Tabela 5.4 - Dados necessrios para o clculo do dimetro timo _______________ 61Tabela 5.5 - Dimetros timos comerciais encontrados pelo mtodo baseado no peso dos condutos para valores de K no intervalo de 0,7 a 1,6 __________ 62Tabela 5.6 - Dimetros timos comerciais encontrados pelo mtodo da variao linear dos custos para valores de K no intervalo de 0,7 a 1,6 ____ 63Tabela 5.7 Dimetros timos encontrados para os dimetros de antepro- jeto iguais aos comerciais, para o mtodo baseado no peso dos condutos _______ 65Tabela 5.8 - Dimetros timos comerciais encontrados para os dimetros de an- teprojeto iguais aos comerciais, para o mtodo da variao linear dos custos____ 65Tabela 5.9 Custo de implantao, por metro linear, das tubulaes de ferro dctil K7, fabricante Barbar ________________________________________________ 66Tabela 5.10 - Dados necessrios para o clculo do dimetro timo _____________ 68Tabela 5.11 - Dimetros timos encontrados pelo mtodo baseado no peso dos condutos para valores de K no intervalo de 0,7 a 1,6 __________________ 69Tabela 5.12 - Dimetros timos encontrados pelo mtodo da variao linear dos custos para valores de K no intervalo de 0,7 a 1,6 _____________________ 70Tabela 5.13 Dimetros timos encontrados para os dimetros de anteproje-

  • to iguais aos comerciais, para o mtodo baseado no peso dos condutos _______ 73Tabela 5.14 Dimetros timos encontrados para os dimetros de antepro- jeto iguais aos comerciais, para o mtodo da variao linear dos custos _____ 73Tabela 5.15 - Sees dos rios com as respectivas coordenadas, cotas altimtricas, reas de drenagem e vazes a serem captadas _____________________ 75Tabela 5.16 Custo de servios referentes aos movimentos de terra _____________ 77Tabela 5.17 - Custo de implantao, por metro linear, das tubulaes de ferro dctil, K7, fabricante Brbara _______________________________________ 77Tabela 5.18 - Dados necessrios para o clculo do dimetro timo ______________ 79Tabela 5.19 - Dados necessrios para o clculo do dimetro timo ______________ 82Tabela 5.20 - Dados necessrios para o clculo do dimetro timo ______________ 85Tabela 5.21 - Previso da populao de projeto em intervalos de cinco anos para as cidades estudadas _______________________________________________ 90Tabela 5.22 - Evoluo das demandas ao longo do perodo de projeto para as cidades beneficiadas pelo sistema adutor Acau __________________________ 91Tabela 5.23 Custo de implantao, por metro linear, das tubulaes de ferro dctil, K7, fabricante Barbar __________________________________________ 93Tabela 5.24 Custo de implantao, por metro linear, das tubulaes de PRFV, fabricante Petrofisa do Brasil LTDA ____________________________ 94Tabela 5.25 Custos de investimento, operao e total para a adutora de Acau adotando o PRFV (caso 1). ____________________________________ 96Tabela 5.26 Custos de investimento, operao e total para a adutora de Acau adotando o PRFV (caso 2). ____________________________________ 99Tabela 5.27 Custos de investimento, operao e total para a adutora de Acau adotando o PRFV (caso 3). ____________________________________ 102Tabela 5.28 Custos de investimento para a adutora de Acau adotando o PRFV (caso 1) _____________________________________________________ 104

    Tabela 5.29 Custos de operao para a adutora de Acau adotando o PRFV (caso 1) _____________________________________________________ 104

    Tabela 5.30 Custos de investimento para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 1) (caso 2) ______________________________________________ 105

    Tabela 5.31 Custos de operao para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 1)(caso 2) ______________________________________________ 105

    Tabela 5.32 Custos de investimento para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 2) (caso 2) ______________________________________________ 105

    Tabela 5.33 Custos de operao para a adutora de Acau adotando

  • o PRFV (tubo 2)(caso 2) ______________________________________________ 105

    Tabela 5.34 Custos de investimento para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 1) (caso 3) ______________________________________________ 106

    Tabela 5.35 Custos de operao para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 1)(caso 3) ______________________________________________ 106

    Tabela 5.36 Custos de investimento para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 2) (caso 3) ______________________________________________ 106

    Tabela 5.37 Custos de operao para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 2)(caso 3) ______________________________________________ 106

    Tabela 5.38 Custos de investimento para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 3) (caso 3) ______________________________________________ 107

    Tabela 5.39 Custos de operao para a adutora de Acau adotando o PRFV (tubo 3) (caso 3) ______________________________________________ 107

    Tabela 5.40 Custos de investimento, operao e total para a adutora de Acau adotando o ferro dctil (caso 1). _______________________________ 108Tabela 5.41 Custos de investimento, operao e total para a adutora de Acau adotando o ferro dctil (caso 2). _______________________________ 109Tabela 5.42 Custos de investimento, operao e total para a adutora de Acau adotando o ferro dctil (caso 3). _______________________________ 109

  • NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1 Obteno do PVC __________________________________________ 08Figura 2.2 Tubo de PVC rgido DEFOFO _______________________________ 09Figura 2.3 Tubulao de PVC _________________________________________ 09Figura 2.4 Fabricao de Tubo de Ferro Fundido ___________________________ 13Figura 2.5 Instalao de Tubulao em Ferro Dctil _______________________ 13Figura 2.6 Tubulao em P.R.F.V. ____________________________________ 16Figura 2.7 - Tubos de P.R.F.V. __________________________________________ 16 Figura 3.1 Linha piezomtrica do fluxo dgua entre os pontos 1 e 2 ___________ 18Figura 3.2 Esquema para o clculo do coeficiente de atrito f _________________ 22Figura 3.3 Variao da presso esttica e dinmica ao longo de uma tubulao ___ 27Figura 3.4 Sistema de condutos em paralelo ______________________________ 32 Figura 4.1 - Variao do custo total do sistema, segundo o dimetro da adutora _________________________________________________________ 36Figura 4.2.a - Seo transversal de um tubo submetido presso interna p ________ 41Figura 4.2.b Equilbrio de foras _______________________________________ 41Figura 4.3 Seo de uma tubulao enterrada _____________________________ 51 Figura 5.1 Variao dos custos anuais da adutora com o dimetro da tubulao __ 64Figura 5.2 Variao dos custos anuais da adutora com o dimetro da tubulao __ 71Figura 5.3 Variao dos custos anuais da adutora com o dimetro da tubulao __ 81Figura 5.4 Variao dos custos anuais da adutora com o dimetro da tubulao __ 84Figura 5.5 Variao dos custos anuais da adutora com o dimetro da tubulao __ 87Figura 5.6 Representao grfica dos custos totais, para cada caso estudado para o PRFV como material das tubulaes _______________________________ 103 Figura 5.7 Representao grfica dos custos totais, para cada caso estudado, para o ferro dctil como material das tubulaes ____________________________ 110 Figura A1 Bacia dos rios Abia - Papocas ______________________ A2 Figura A2 Traado do sistema adutor Abia - Papocas ______________________ A4 Figura A2 Traado e localizao do sistema adutor Acau _________________ A6

  • RESUMO

    As linhas adutoras so as canalizaes principais de um sistema de

    abastecimento, destinadas a conduzir gua entre as unidades, que antecedem rede de

    distribuio. No intuito de se obter uma maior economia nos custos, de investimento e

    operao, dos sistemas adutores no abastecimento de gua, so apresentadas alternativas

    metodolgicas frmula clssica de Bresse para o dimensionamento destes sistemas.

    So apresentados dois mtodos: o primeiro baseado na variao linear dos

    preos dos tubos com seus dimetros e o outro na variao dos preos dos tubos com os

    seus pesos. Os resultados do dimensionamento foram comparados com os resultados

    obtidos atravs do mtodo da avaliao real dos custos, no qual o dimetro timo

    obtido entre uma gama de dimetros comercialmente disponveis. Atravs de quatro

    aplicaes prticas ficou demonstrada a validade de ambos os mtodos.

    Em um dos casos estudados, o da adutora de Acau no Estado da Paraba, foram

    ainda, testados trs casos diferentes como alternativas de arranjo para as tubulaes em

    paralelo. No caso 1, a adutora seria formada por um nico tubo instalado no ano 2000,

    para funcionar por vinte anos. No caso 2, a adutora seria formada por dois tubos em

    paralelo, onde o primeiro seria instalado no ano 2000, para funcionar por vinte anos, e o

    segundo seria instalado no ano 2010, para funcionar por dez anos. No caso 3, a adutora

    seria formada por trs tubos em paralelo onde o primeiro seria instalado no ano 2000,

    para funcionar por vinte anos, o segundo seria instalado no ano 2010, para funcionar por

    dez anos, e o terceiro instalado no ano 2015, para funcionar por cinco anos.

    Concluiu-se que, para o caso 3, testado para os dois materiais, ferro dctil e

    PRFV, obteve-se menores custos totais. O PRFV, quando comparado com o ferro dctil,

    em relao aos custos, demonstrou-se mais econmico.

  • ABSTRACT

    The water pipelines are the main canalizations of a supplying system destined to

    lead water among the units that precede the distribution network. In intention of getting

    more economy on investment and operation water pipelines costs in the water supply,

    methodological alternatives to the classic formula of Bresse for the sizing of these

    systems are presented.

    Two methods are presented: the first one is based on linear variation of tubes

    prices with its diameters and the other is based on variation of tubes prices with its

    weights. The results of the sizing had been compared with the results gotten through the

    method of the real evaluation of the costs, in which the excellent diameter is gotten

    among a range of commercially available diameters. Through four practical

    applications, was demonstrated the validity of both methods.

    In a studied case of Acau water pipeline in the state of Paraba, had been still

    tested three different cases as alternative of array for the pipelines in parallel. In case 1,

    an only tube would form the water pipeline and installed in year 2000 to function per

    twenty years. In case 2, two tubes in parallel would form the pipeline, where the first

    one would be installed in year 2000, to function per twenty years, and the second one

    would be installed in year 2010, to function per ten years. In case 3, three tubes in

    parallel would form the pipeline, where the first one would be installed in year 2000, to

    function per twenty years, and the second one would be installed in year 2010, to

    function per ten years, and the third would be installed in year 2015, to function per five

    years.

    Was concluded that, for case 3, tested for two materials, ductile iron and PRFV,

    was gotten more reduced total costs. The PRFV, when compared with the ductile iron,

    in relation to the costs, it was demonstrated more economic.

  • Captulo I - INTRODUO

    1

    CAPTULO I

    INTRODUO

    A gua sempre teve um papel de grande importncia na sobrevivncia e

    evoluo do homem. Na sobrevivncia, porque sem ela no existiria vida animal ou

    vegetal sobre a terra. O corpo humano, como o dos outros seres vivos, formado

    principalmente por gua, o que torna esse recurso essencial vida. Na evoluo, porque

    ela elemento fundamental para o desenvolvimento da qualidade de vida do homem.

    Grande parte das atividades humanas cotidianas depende da gua, assim como as

    indstrias (que exigem grande quantidade em alguns setores), a agricultura e at os

    esportes e o lazer.

    A histria nos mostra que os primeiros homens procuravam viver prximo s

    fontes de gua, e j estudavam meios de traz-la s povoaes, cada vez maiores. Os

    povos antigos, como os romanos, levavam gua em aquedutos cidade. O termo

    aqueduto, utilizado para designar as antigas estruturas especialmente construdas para o

    transporte de gua de um determinado ponto para outro, originrio do latim,

    compondo-se de aqua (gua) e ducere (conduzir). Atualmente, o termo designa

    exclusivamente os condutos livres, e a palavra adutora", consagrou-se como expresso

    genrica das estruturas utilizadas para o transporte da gua.

    Apenas no sculo XIX foi que houve o desenvolvimento da produo de tubos

    de ferro fundido, capazes de resistir a presses internas relativamente elevadas devido

    ao crescimento das cidades e a importncia cada vez maior dos servios de

    abastecimento de gua e o emprego de novas mquinas hidrulicas. Em 1867, na

    Frana, surgem os tubos de concreto armado. Em 1913 surgem, na Itlia, os tubos de

    cimento amianto e logo depois, em 1917, os tubos de ferro fundido centrifugado. Os

    tubos de PVC s iro ser fabricados em 1947. (Azevedo Netto, 1998)

  • Captulo I - INTRODUO

    2

    As linhas adutoras so as canalizaes principais de um sistema pblico de

    abastecimento destinadas a conduzir gua entre as unidades que antecedem rede de

    distribuio e que interligam a captao e tomada de gua estao de tratamento de

    gua, e esta aos reservatrios de um mesmo sistema. Insere-se, portanto, o tema da

    dissertao, que est includo na linha de pesquisa Anlise e Projetos de Sistemas

    Hidrulicos Pressurizados. Esta opo se baseia, principalmente, na necessidade de se

    obter uma maior economia nos custos, de investimento e operao, das linhas adutoras

    no abastecimento de gua, levando-se em considerao, dentre outros fatores, os novos

    materiais disponveis no mercado que podem ser empregados nas tubulaes.

    O dimensionamento econmico de linhas adutoras mais empregado, at o

    presente momento, est baseado na frmula clssica de Bresse, de validade duvidosa,

    em virtude de aproximaes que so feitas na obteno do dimetro timo, que

    proporciona o menor custo de operao e implantao do sistema.

    O presente trabalho visa aplicao e comparao entre trs metodologias de

    dimensionamento econmico de linhas adutoras (frmula de Bresse, mtodo da variao

    linear dos custos das tubulaes e mtodo baseado no peso das tubulaes) tendo como

    principal objetivo, avali-las quanto aos aspectos de validade e de aplicabilidade. Os

    dimetros obtidos por estes mtodos sero comprovados, atravs de um quarto mtodo,

    de enumerao exaustiva (mtodo da avaliao real dos custos), onde so calculados os

    custos reais de operao e de implantao para uma determinada gama de dimetros

    comerciais disponveis, cujo timo ser aquele que proporciona um menor custo do

    sistema (implantao mais operao).

    As metodologias estudadas foram aplicadas e testadas para quatro casos prticos

    de projetos de adutoras, com diferentes materiais, traados e concepo das linhas de

    tubulaes.

    Inicialmente, no captulo II, Reviso Bibliogrfica, so apresentados alguns

    conceitos bsicos (fundamentos tericos) referentes s linhas adutoras e aos sistemas de

    abastecimento pblico de gua, descreve-se, tambm, a aplicao de cada um dos tipos

    de tubo que sero adotados nas linhas adutoras estudadas, como tambm so descritas as

    principais caractersticas tcnicas dos mesmos.

    O captulo III, Hidrulica Aplicada s Tubulaes, introduz conceitos de

    hidrulica referentes s tubulaes e seus sistemas para um melhor entendimento dos

    processos usados para o dimensionamento de adutoras que sero tratados

  • Captulo I - INTRODUO

    3

    posteriormente e uma reviso hidrulica dos sistemas de condutos em paralelo (feixe de

    condutos);

    No captulo IV, Metodologias para o Dimensionamento de Adutoras,

    apresentada uma discusso com relao metodologia mais adequada para resolver os

    problemas de aduo por recalque com a introduo do critrio econmico de se buscar

    a alternativa de projeto que minimize o custo conjunto do sistema, composto pelo custo

    de instalao e o de operao e, tambm, esto apresentadas, detalhadamente, as

    metodologias que foram adotadas e testadas no estudo de casos;

    O captulo V, Anlise de Resultados e Discusso - Estudo de Casos, apresenta a

    aplicao das metodologias de dimensionamento econmico de adutoras inseridas no

    captulo anterior para quatro casos distintos. Cada um deles discutido detalhadamente.

    Posteriormente feita uma anlise dos resultados obtidos para os mesmos. Insere-se

    tambm neste captulo, para o caso da adutora de Acau no Estado da Paraba, um

    estudo comparativo entre diferentes materiais empregados s tubulaes, tais como,

    ferro dctil e polister reforado com fibra de vidro, os mesmos aplicados para trs

    diferentes arranjos de tubulaes em paralelo;

    No captulo VI, encontram-se as concluses e recomendaes para trabalhos

    futuros, resultante da anlise detalhada da pesquisa e sua aplicao;

    Por fim, encontram-se as referncias bibliogrficas, bibliografia consultada e o

    captulo referente aos ANEXOS, onde se apresentam as figuras relativas aos traados

    dos sistemas adutores Abia-Papocas e Acau, localizados no Estado da Paraba,

    tratados no captulo VI, estudos de casos.

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    4

    CAPLULO II

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1- Sistema de Abastecimento Pblico de gua

    Define-se por sistema de abastecimento pblico de gua o conjunto de obras,

    equipamentos e servios destinados ao abastecimento de gua potvel de uma

    comunidade para fins de consumo domstico, servios pblicos, consumo industrial e

    outros usos. Essa gua fornecida pelo sistema dever ser, em quantidade suficiente e da

    melhor qualidade, do ponto de vista fsico, qumico e bacteriolgico. (Azevedo Netto,

    1998).

    Um sistema de abastecimento pblico de gua compreende diversas unidades a

    saber (Azevedo Netto, 1998):

    Manancial. Captao; Aduo e subaduo: de gua bruta ou de gua tratada; Tratamento; Reservao; Distribuio: redes distribuidoras; Estaes elevatrias ou de recalque (quando necessrias): de gua bruta ou

    de gua tratada.

    Segundo Garcez (1981), a seqncia indicada acima no obrigatria, assim

    como podem no existir algumas partes. Considerada a quantidade de gua disponvel,

    ela poder ser suficiente para satisfazer continuamente demanda atual e a prevista em

    um prazo razovel, ou, em caso contrrio, no ser suficiente, o que poder indicar a

    necessidade da construo de um reservatrio de acumulao. Quanto quantidade da

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    5

    gua pode-se ter dois casos: ou ela satisfaz naturalmente os chamados padres de

    potabilidade ou no. Neste ltimo caso, h necessidade de se construir uma Estao de

    Tratamento de gua (ETA). Finalmente, quanto posio altimtrica relativa da

    captao, poder ser necessria ou no a construo de uma Estao de Recalque

    (Bombeamento).

    Dentre as unidades que compreendem um sistema de abastecimento pblico de

    gua, ser dado um maior enfoque aduo, principal unidade do sistema, objeto do

    estudo deste trabalho.

    2.2- Linhas Adutoras

    Azevedo Netto (1998) define linhas adutoras como as canalizaes principais

    destinadas a conduzir gua entre as unidades de um sistema pblico de abastecimento,

    que antecedem rede de distribuio e que interligam a captao e tomada de gua

    estao de tratamento de gua, e esta aos reservatrios de um mesmo sistema.

    Estabelece ainda que, no caso de existirem derivaes de uma linha adutora, destinadas

    a conduzir gua at outros pontos do sistema constituindo canalizaes secundrias, as

    mesmas recebero a denominao de subadutoras.

    Para Garcez (1981), entende-se por aduo o conjunto de encanamentos, peas

    especiais e obras de arte destinados a promover a circulao da gua num abastecimento

    urbano entre:

    a captao e o reservatrio de distribuio ou diretamente rede de distribuio;

    a captao e a estao de tratamento; a estao de tratamento e o reservatrio ou a rede de distribuio; o reservatrio e a rede de distribuio.

    As adutoras normalmente no apresentam distribuio em marcha (s vezes

    existem sangrias destinadas ao abastecimento de pontos intermedirios).

    (Garcez,1981). As adutoras so tubulaes extremamente importantes para o sistema,

    uma vez que, paralisaes em seu funcionamento comprometem todas as demais

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    6

    unidades e, dependendo do tempo necessrio ao restabelecimento do fluxo, podem

    colocar em colapso o prprio atendimento populao.

    Em funo da natureza da gua conduzida, as linhas adutoras e subadutoras

    podem ser denominadas: de gua bruta ou de gua tratada. Quanto energia utilizada

    para a movimentao da gua, podem ser: linhas por gravidade (conduto livre ou

    conduto forado); linhas por recalque ou linhas mistas, que so uma combinao das

    duas anteriores. (Azevedo Netto, 1998).

    As linhas adutoras que sero tratadas neste trabalho funcionaro como condutos

    forados ou sob presso. Segundo Neves (1982), denominam-se condutos forados as

    canalizaes onde o lquido escoa sob uma presso diferente da atmosfrica. As sees

    desses condutos so sempre fechadas, e o lquido escoa enchendo-as totalmente; so em

    geral de seo circular, porm, em casos especiais como nas galerias das centrais

    hidreltricas ou nos grandes aquedutos, so usadas outras formas.

    2.2.1 Tubulaes Empregadas em Linhas Adutoras

    Tubulao o conjunto de tubos e conexes assentados com a finalidade de

    transportar um fluido ou slido ou a mistura dos mesmos de um ponto a outro.

    (Alambert Jnior, 1997).

    imprescindvel uma adequada escolha das tubulaes componentes quando se

    deseja um bom dimensionamento de um sistema adutor. Para a seleo adequada das

    tubulaes deve-se considerar vrios fatores, tais como: dimetros, custo dos tubos,

    presses de trabalho, cargas externas que podero atuar sobre as tubulaes, custo de

    instalao, manuteno, qualidade da gua a transportar e caractersticas do terreno

    onde sero instalados os condutos.

    Os materiais empregados em linhas adutoras, normalmente citados na literatura,

    so ferro fundido, revestido ou no internamente; ferro dctil; ao soldado; concreto

    armado simples ou protendido; PVC; plstico; fibra de vidro; polietileno e materiais

    especiais como o P.R.F.V. - polister reforado com fibra de vidro.

    Misawa (1975) cita as condies a que os materiais empregados nas tubulaes

    devem obedecer:

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    7

    - Quanto qualidade da gua: uso de materiais que no alterem a qualidade da

    gua; que no sejam facilmente dissolvidos e que, com a dissoluo na gua,

    no provoquem danos aos usurios da gua;

    - Quanto quantidade de gua: materiais que permitam a obteno de tubos de

    dimetros ou sees de escoamento desejados, que no permitam a sensvel

    alterao da seo de escoamento ao decorrer do tempo; que no permitam

    grande alterao da rugosidade relativa ao decorrer do tempo; que permitam a

    confeco de juntas com o mnimo de vazamentos e que provoquem o

    mnimo de trincas, corroses e arrebentamentos pelas aes internas e

    externas;

    - Quanto presso da gua: materiais que permitam a obteno de tubos com

    espessuras de paredes desejadas e que consigam resistir aos esforos internos

    e externos;

    - Quanto economia: materiais que sejam resistentes aos choques que ocorrem

    durante a fase de carga/descarga e assentamento; que permitam cortes e furos

    com relativa facilidade; materiais mais leves que facilitem o transporte e

    assentamento; materiais que permitam menor nmero de juntas ou conexes;

    que satisfazendo condies tcnicas, sejam de menor custo; mais durveis e

    que permitam menor custo na operao e manuteno.

    Em seguida, descreve-se resumidamente a aplicao de cada um dos tipos de

    tubo que sero adotados nas linhas adutoras estudadas neste trabalho, como tambm so

    descritas as principais caractersticas tcnicas dos mesmos.

    2.2.1.1 Tubulaes de PVC (PolyVinyl Chloride)

    Dois recursos naturais, sal e petrleo, so a base da fabricao do PVC

    (PolyVinyl Chloride). Por refinao do petrleo obtm-se o etileno; e por eletrlise, que

    a reao qumica resultante da passagem de uma corrente eltrica por gua salgada,

    salmoura, obtm-se o cloro e a soda custica. Ligando quimicamente o cloro e o etileno,

    obtm-se MVC (Monmero de Cloreto de Vinila). Submetidas a outro processo

    qumico, as molculas de MVC se ligam e compem uma molcula gigante, polmero,

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    8

    denominada Policloreto de Vinila (PVC). A resina de PVC um p muito fino de cor

    branca que, misturado com aditivos (plastificantes - leos, estabilizantes radiao

    ultravioleta, estabilizantes trmicos, pigmentos, modificadores de impacto e outros)

    origina o composto de PVC (Figura 2.1). (AKROS, 2000).

    Um composto de PVC tem os tipos e as quantidades de aditivos especficos e

    necessrios para atender s caractersticas finais de desempenho do produto em que ser

    transformado. Sendo assim, tem-se um composto especfico para cada produto de

    PVC. (AKROS, 2000).

    Figura 2.1 - Obteno do PVC Fonte: AKROS, 2000.

    As tubulaes de PVC, aplicadas na aduo e distribuio de gua, podem ser

    classificadas em: linha PBA, linha PBS e linha DEFOFO. As linhas PBA e PBS so

    fabricadas na cor marrom. A principal diferena dessas linhas est nos sistemas de unio

    dos tubos e conexes: enquanto que as tubulaes da linha PBA so unidas atravs de

    juntas elsticas (ponta e bolsa dotada de anel de borracha), os tubos e conexes da linha

    PBS so unidos atravs de juntas soldveis (executadas com a utilizao de solvente

    apropriado). As linhas PBA e PBS podem ser encontradas nas dimenses de DN 50 at

    DN 270 e nas classes 12, 15 e 20, para presses de servio de 60, 75 e 100 mca,

    respectivamente. (Tigre, 2000).

    Os tubos da linha DEFOFO so fabricados na cor azul, com dimetros

    nominais de 100 a 500 mm, em uma classe nica de presso de 100 mca (1 MPa ou 10

    kgf/cm2) temperatura de 20C, possuem dimetros equivalentes ao dos tubos de ferro

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    9

    fundido, inclusive suas conexes so fabricadas com este material e as juntas so

    elsticas. (Figura 2.2) (Tigre, 2000).

    Segundo Azevedo Netto (1998), os tubos plsticos feitos de polivinilclorado

    (PVC) rgido, de fabricao brasileira, podem ser de juntas rosqueadas, soldadas ou com

    ponta e bolsa. So nos dimetros 12,5; 19; 25; 38; 50; 60; 75; 150 e 200 (ver NBR

    07362 e 07665).

    Figura 2.2 - Tubo de PVC rgido Figura 2.3 - Tubulao de PVC DEFOFO

    A grande vantagem do PVC o seu baixo peso que torna mais barato o custo

    de transporte e de instalao, alm das facilidades de manejo nos deslocamentos. Outras

    vantagens apresentadas pelo plstico so sua resistncia corroso, sua resistncia ao

    ataque qumico de guas impuras e a baixa rugosidade das paredes do tubo. (Gomes,

    1999). E, tambm, so dentre aquelas utilizadas atualmente para a aduo e

    distribuio de gua no Brasil, as que tm as paredes internas mais lisas (menor

    rugosidade) o que proporciona a menor perda de carga. (Tigre, 2000).

    Gomes (1999) cita como desvantagens das tubulaes de PVC a resistncia

    mecnica dos tubos, que diminui com o tempo e com o aumento da temperatura; a vida

    til dos tubos, bem menor para aquele

    s que so instalados sobre o terreno e expostos ao sol, quando comparados com

    os que so instalados enterrados; e os engates rpidos das tubulaes portteis que se

    rompem com certa facilidade.

    O PVC apresenta as caractersticas descritas a seguir (Alambert Jnior, 1997):

    Especficas:

    - Peso especfico 1,4 g/cm3;

    - Absoro de gua < 1,2 %;

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    10

    Mecnicas:

    - Resistncia trao instantnea a 20C 520 kgf/cm2;

    - Resistncia compresso 700 kgf/cm2;

    - Resistncia flexo instantnea a 20C 1.200 kgf/cm2;

    - Mdulo de elasticidade 30.000 kgf/cm2;

    Hidrulicas:

    - Escoamento a meia seo

    Frmula de Ganguillet-Kutter n = 0,007 a 0,011;

    - Escoamento em condutos forados

    Frmula de Colebrook-White K = 0,06 mm;

    - Escoamento em condutos forados

    Frmula de Hazen-Williams C = 150;

    Trmicas:

    - Condutibilidade trmica 35 x 10-5 cal/cm.s C;

    - Calor especfico 0,24 cal/g C;

    - Coeficiente de dilatao linear 7 x 10-5 cm/cm C;

    2.2.1.2 - Tubulaes de Ferro Fundido

    Os tubos de ferro fundido tm sido mais empregados tanto em obras de

    captao como em adutoras e, principalmente, em redes de distribuio. (Garcez,

    1981). O termo ferro fundido cobre uma larga variedade de ligas Fe-C-Si. Ele

    classificado em famlias segundo a forma da grafita, com uma diferenciao

    suplementar devido a estrutura da matriz metlica (ferrita, perlita, etc.). (BARBAR,

    2000).

    Nos ferros fundidos cinzentos, a grafita se apresenta sob a forma de lamelas, de

    onde se deriva o seu nome metalrgico: ferro fundido com grafita lamelar. Cada uma

    dessas lamelas de grafita pode, sob uma concentrao de esforos anormais em certos

    pontos, provocar um incio de fissura. Os metalurgistas procuraram uma forma de

    diminuir ou at eliminar estes efeitos, alterando o tamanho ou a forma dessas lamelas. A

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    11

    centrifugao permitiu obter lamelas muito finas que aumentaram sensivelmente as

    qualidades mecnicas do ferro. Um passo decisivo foi dado em 1948, quando as

    pesquisas feitas nos Estados Unidos e na Gr-Bretanha permitiram a obteno de um

    ferro com grafita esferoidal, mais conhecido pelo nome de ferro dctil. A grafita deixa

    de ter a forma de lamelas, cristalizando-se sob a forma de esferas. As linhas de

    propagao das rupturas possveis so assim eliminadas. (BARBAR, 2000).

    Segundo Garcez (1981), os tubos de ferro fundido so classificados de acordo

    com o processo de fabricao em:

    - Tubos fundidos em moldes fixos: moldes horizontais e moldes verticais;

    - Tubos centrifugados (50 a 600 mm).

    Podem tambm, ser classificados de acordo com o tipo de juntas em:

    - Tubos ponta e bolsa;

    - Tubos de flange;

    - Tubos com juntas especiais: tipo Gibault, Dresser, Duplex, Victaulic, etc.

    Segundo Misawa (1975), podem ainda, ser classificados de acordo com o

    revestimento em: tubos com revestimento asfltico e tubos cimentados.

    A classificao de tubos de ferro dctil, os tipos de juntas e seu emprego so

    semelhantes s dos tubos de ferro fundido comum.

    A forma esferoidal da grafita acrescenta ao ferro dctil, tambm conhecido

    como ferro fundido com grafita esferoidal, as j conhecidas vantagens do ferro fundido

    cinzento, notveis caractersticas mecnicas (BARBAR, 2000):

    - resistncia trao;

    - resistncia carga externa e aos impactos;

    - elevado limite elstico;

    - alongamento elevado.

    O ferro fundido dctil conserva ainda as qualidades mecnicas tradicionais dos

    ferros fundidos, provenientes de seu alto teor de carbono (BARBAR, 2000):

    - resistncia compresso;

    - facilidade de moldagem;

    - resistncia corroso;

    - resistncia fadiga.

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    12

    Segundo Azevedo Netto (1998), os tubos de ferro fundido dctil, de fabricao

    brasileira (dimetros nominais internos em milmetros) apresentam os seguintes

    dimetros comerciais: 50; 75; 100; 150; 200; 250; 300; 350; 400; 500; 600; 700; 800;

    900; 1000 e 1200 mm (ver NBR 07560, 07662 e 07663).

    A tabela 2.1 apresenta as presses mximas de servio para os respectivos

    dimetros nominais e classes dos tubos de ferro fundido dctil.

    Tabela 2.1 Classes de Tubos e Presses de Servio

    Presses Mximas de Servio (MPa) DN (interno) Classe K-9 Classe K-7 Classe 1MPa

    50 4 3,2 - 75 4 3,2 - 100 4 3,2 1 150 4 3,1 1 200 3,5 2,6 1 250 3,5 2,2 1 300 3,2 2,0 1 350 3,1 1,9 - 400 3,1 1,8 - 500 3 1,8 - 600 2,9 1,8 - 700 2,8 1,8 - 800 2,7 1,8 - 900 2,7 1,8 - 1000 2,7 1,8 - 1200 2,6 1,8 -

    Fonte: Companhia Metalrgica Barbar/1987. Valores vlidos para tubos, juntas e conexes. (Azevedo Netto, 1998).

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    13

    Figura 2.4 Fabricao de Tubo Figura 2.5 Instalao de Tubula- de Ferro Fundido o em Ferro Dctil

    2.2.1.3 Tubulaes de Material Especial P.R.F.V.

    O polister reforado com fibra de vidro (P.R.F.V.) um material composto,

    constitudo por uma estrutura resistente de fibra de vidro e um material plstico que atua

    como aglomerante das fibras. O reforo de fibra de vidro, prov ao composto resistncia

    mecnica, estabilidade dimensional e resistncia ao calor. A resina plstica contribui

    com: resistncia qumica dieltrica (isolador da eletricidade) e s intempries.

    (STRAPLAS, 2000).

    Por ser um material relativamente novo, ser dada uma maior nfase, nesta

    pesquisa, a este material destacando-se suas propriedades e materiais constituintes.

    Com relao s fibras de vidro sabe-se que quando o vidro se converte em finas

    fibras, sua tenso de ruptura trao aumenta consideravelmente. Para a fabricao de

    fibra de uso em plstico reforado se emprega o vidro tipo "E", que um vidro

    boroslico, com escasso contedo de lcalis (menor que 1%). Segundo as necessidades,

    se fabricam diferentes tipos de reforo de fibra de vidro, de acordo com o desenho e o

    processo de transformao a empregar. (STRAPLAS, 2000).

    Com relao s resinas sabe-se que as mais comumente empregadas so as

    polisteres. As mesmas, resultantes da combinao de cido polibsico (saturados ou

    insaturados) com glicoles. Dos distintos compostos usados e das diferentes propores

    entre elas, surgem diversos tipos de resinas. Nesta primeira etapa, so slidas e para

    conferir-lhes suas propriedades de polimerizao, se devem dissolver em um monmero

    (geralmente estireno), obtendo-se um lquido espesso. (STRAPLAS, 2000).

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    14

    As resinas passam do estado lquido ao slido, por polimerizao do polister,

    com o aporte de um iniciador ativo (catalisador) em combinao com outro produto

    qumico (acelerador), ou aporte de calor. (STRAPLAS, 2000).

    O P.R.F.V. possui as seguintes caractersticas (STRAPLAS, 2000):

    -- Fsicas: os plsticos reforados so materiais flexveis e por sua vez, muito

    resistentes mecanicamente. Submetido a um esforo de trao, se deformam

    proporcionalmente, ou seja, cumprem a Lei de Hooke, com a particularidade

    de que a ruptura se produz sem apresentar fluncia prvia. Seu peso

    especfico (1,8 kg/dm3) muito menor que o dos materiais tradicionais, o que

    faz com que o P.R.F.V. possua uma alta resistncia especfica.

    -- Hidrulicas: os tubos em P.R.F.V. recebem acabamento superficial interno

    totalmente liso e seo perfeitamente circular, devido a estes serem moldados

    sobre matrizes de uma s pea. Devido a suas propriedades anticorrosivas, e

    tambm por no serem atacados por nenhum microorganismo e serem de

    difcil adeso de incrustaes em sua superfcie, os tubos no aumentam sua

    rugosidade e a seo interna no diminui, mesmo em longos perodos de

    tempo. Deste modo se obtm uma grande economia na escolha da rea de

    fluxo em relao aos materiais tradicionais, de grande importncia para tubos

    de grandes dimetros. A rugosidade absoluta, pode se estimar em = 0,02 mm.

    -- Qumicas: O P.R.F.V. inerte uma grande quantidade de compostos. A

    inrcia qumica, est influenciada pela temperatura, o tipo de resina usada e a

    concentrao do produto agressivo. A escolha da resina correta surgir de um

    estudo das condies e tipo de fluido e das tabelas de resistncia qumica

    fornecidas pelos fabricantes. O P.R.F.V. resiste perfeitamente corroso dos

    solos mais agressivos e por ser um material dieltrico est excludo dos casos

    de corroso eletroqumica.

    A escolha quase sistemtica dos tubos de fibra de vidro para grandes obras em

    todo mundo, se d devido a um conjunto de qualidades (STRAPLAS, 2000):

    -- Maior capacidade de drenagem: o interior totalmente liso dos tubos

    (coeficiente de atrito de Manning n = 0,010; Hazen Williams C = 145)

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    15

    permitem na elaborao dos projetos, prever tubos de menores dimetros para

    um mesmo uso;

    -- Resistncia corroso: os tubos no so afetados por lquidos ou gases

    corrosivos. Podem ser enterrados em terrenos agressivos ou colocados

    embaixo dgua. No sofrem as conseqncias dos fenmenos eletrolticos e

    so totalmente neutros presena de correntes eltricas. Portanto, no

    necessitam de nenhum tipo de revestimento interior ou exterior, nem nenhum

    tipo de instalao de proteo catdica;

    -- Longa vida: milhares de quilmetros de tubos instalados em todo mundo,

    mesmo em condies extremas, no apresentam atravs dos anos nenhum

    sintoma de envelhecimento;

    -- Instalao fcil e econmica: no h ruptura durante o transporte, e pode-se

    transportar vrios tubos um dentro do outro. Deste modo, se utilizam os 100%

    dos tubos comprados. O peso muito reduzido dos tubos permite economia

    com a manuteno e instalao dos mesmos sem equipamentos pesados,

    como guindastes. Em geral a mesma p mecnica que escava a vala, coloca o

    tubo em seu local definitivo;

    -- Dimetros disponveis: de 25,4 mm at 1000 mm;

    -- Comprimento total: dependendo dos dimetros, de 6 at 12 m.

    Segundo Azevedo Netto (1998), os tubos de polister reforado em fibra de

    vidro so fabricados, atualmente, nos seguintes dimetros nominais: 200; 250; 300; 350;

    400; 450; 500; 550; 600; 700; 800; 900 1000; 1100 e 1200 mm. So produzidos nas

    classes 8; 10; 12; 15 e 20 para presses mximas de servio de, respectivamente, 4; 5; 6;

    7,5 e 10 kg/cm2 (ver NBR 10845 e 10846).

    Segundo o fabricante de tubos e conexes EDRA (1999), os tubos so

    fabricados em plstico reforado com fibra de vidro e so aplicados nos mais diversos

    setores industriais conduzindo desde gua at fluidos e produtos qumicos agressivos e

    esto disponveis nos dimetros de 12 mm (1/2) at 700 mm, aptos a suportar

    condies de trabalho severas, com temperatura superior a 120C e presses de at 32

    kgf/cm (sob consulta para classes de presso superiores), e ainda, ser intercambivel

    com FOFO e PVC DEFOFO. As figuras 2.6 e 2.7, a seguir, apresentam,

    respectivamente, uma tubulao de PRFV e tubos deste material.

  • Captulo II REVISO BIBLIOGRFICA

    16

    Figura 2.6 Tubulao em P.R.F.V.

    Figura 2.7 - Tubos de P.R.F.V. Fonte: VED, 1999

    Com relao s metodologias de dimensionamento econmico de adutoras,

    houve dificuldade em se obter informaes quanto novas metodologias. Dentre a

    bibliografia consultada para a realizao deste trabalho foi encontrado um reduzido

    nmero de artigos e material com relao a este tema, sendo necessria uma pesquisa

    mais aprofundada caso se deseje novas metodologias, que no as tratadas neste trabalho

    e as clssicas j conhecidas.

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    17

    CAPTULO III

    HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    A maioria das aplicaes da Hidrulica na Engenharia diz respeito utilizao

    de tubos. Para um melhor entendimento dos processos usados para o dimensionamento

    de adutoras que sero tratados neste trabalho, necessria a introduo de conceitos de

    hidrulica referentes s tubulaes e seus sistemas.

    3.1 Fundamentos Hidrulicos Bsicos

    O transporte da gua atravs de condutos forados est regido basicamente por

    duas equaes fundamentais, conhecidas como equao da continuidade e equao da

    energia.

    Para a gua, que praticamente incompressvel s presses que atuam nas redes

    de abastecimento, a equao da continuidade estabelece que, para um escoamento

    permanente, a vazo (Q), volume de gua por unidade de tempo, mantm-se constante

    ao longo de um conduto. Portanto, para qualquer seo do conduto verifica-se:

    cteVAQ == (3.1) onde:

    A - a rea da seo transversal da tubulao;

    V - a velocidade mdia de circulao da gua.

    A equao da energia aplicada a fluidos incompressveis estabelece que em um

    escoamento permanente, entre duas sees de um conduto (de 1 para 2), a soma das

    energias de presso, potencial e cintica na seo 1, igual soma destas mesmas

    energias na seo 2, mais as perdas de energia produzidas entre as duas sees. A

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    18

    equao da energia, baseada na equao de Bernoulli, se expressa (em termos de

    energia por unidade de peso) da seguinte forma:

    21

    22

    22

    21

    11 J

    2gVz

    p

    2gVz

    p

    +++=++ (3.2)

    onde:

    V - representa a velocidade mdia do escoamento na seo considerada;

    p - a presso na seo considerada;

    - o peso especfico do fluido; z - representa a cota do ponto mdio da seo com relao a um determinado plano horizontal de referncia, chamada energia potencial por unidade de peso;

    p - a energia de presso por unidade de peso;

    2gV 21 - a energia cintica por unidade de peso;

    J1-2 - so as perdas de energia ou carga entre as sees 1 e 2 por unidade de peso.

    Os termos da equao de energia possuem unidades de comprimento e se

    expressam em metros de coluna dgua. A representao grfica das alturas ou cotas

    piezomtricas (H + z), ao longo de uma tubulao, se denomina linha piezomtrica

    (figura 3.1). Trata-se de uma linha reta, j que a perda de carga por atrito ao longo do

    conduto varia linearmente com a extenso dos tubos. (Gomes, 1999).

    Plano Horizontal de Referncia

    1

    2

    H2

    Z2

    H1

    Z1

    Linha Piezomtrica

    Figura 3.1 - Linha piezomtrica do fluxo dgua entre os pontos 1 e 2

    Fonte: Gomes, 1999.

    Canalizao

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    19

    3.2 - Perdas de Carga

    Conforme Azevedo Netto (1998), no escoamento da gua, a viscosidade um

    importante fator a ser considerado. Quando um lquido flui de um ponto a outro na

    canalizao, parte da energia inicial se dissipa sob a forma de calor. A resistncia ao

    escoamento no caso do regime laminar devida inteiramente viscosidade. Embora

    essa perda de energia seja comumente designada como frico ou atrito, no se deve

    supor que ela seja devida a uma forma de atrito como a que ocorre com os slidos. Junto

    s paredes dos tubos no h movimento do fluido. A velocidade se eleva de zero at o

    seu valor mximo junto ao eixo do tubo. Pode-se assim imaginar uma srie de camadas

    em movimento, com velocidades diferentes e responsveis pela dissipao de energia.

    Quando o escoamento se faz em regime turbulento, a resistncia o efeito combinado

    das foras devidas viscosidade e inrcia. Nesse caso, a distribuio de velocidades

    na canalizao depende da turbulncia, maior ou menor, e esta influenciada pelas

    condies das paredes. Um tubo com paredes rugosas causaria maior turbulncia.

    Na prtica, as canalizaes no so constitudas exclusivamente por tubos

    retilneos e de mesmo dimetro. Usualmente, incluem ainda peas especiais e conexes

    que, pela forma e disposio, elevam a turbulncia, provocam atritos e causam o choque

    de partculas, dando origem a perdas de carga. Alm disso, apresentam-se nas

    canalizaes outras singularidades, como vlvulas, registros, medidores, etc., tambm

    responsveis por perdas dessa natureza.

    Devem ser consideradas as perdas de carga apresentadas a seguir (Azevedo

    Netto, 1998):

    - Perda por resistncia ao longo dos condutos. Ocasionada pelo movimento da

    gua na prpria tubulao. Admite-se que esta perda seja uniforme em

    qualquer trecho de uma canalizao de dimenses constantes,

    independentemente da posio da canalizao e por isso tambm chamadas

    de perdas contnuas.

    - Perdas locais, localizadas ou acidentais. Provocadas pelas peas especiais e

    demais singularidades de uma instalao. Essas perdas so relativamente

    importantes no caso de canalizaes curtas com peas especiais; nas

    canalizaes longas, o seu valor freqentemente desprezvel, comparado ao

    da perda pela resistncia ao escoamento.

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    20

    3.2.1 - Perda de Carga ao Longo do Conduto

    Segundo Leal (1995), a perda de carga (energia) por atrito ao longo de uma

    tubulao a energia dissipada que se transforma em calor devido ao efeito da

    viscosidade da gua (atrito interno), juntamente com os choques entre as partculas do

    fluido e as paredes do tubo (turbulncia). Essa perda depende das caractersticas fsicas

    do fluido (viscosidade e massa especfica) e das caractersticas geomtricas da

    tubulao (dimetro interno (D) e a rugosidade absoluta ( ) das paredes internas do tubo).

    Para se determinar as perdas de carga por atrito em um escoamento uniforme e

    permanente, segundo Gomes (1999), so usadas frmulas empricas. A escolha de uma

    frmula emprica para o dimensionamento das perdas de carga depender do nvel de

    preciso desejado, bem como da semelhana entre as condies hidrulicas do

    dimensionamento da frmula. Uma das frmulas mais conhecidas, a frmula de

    Darcy-Weisbach, tambm chamada de frmula Universal. Nesta frmula, todos os

    parmetros bsicos dos quais depende a perda de carga contnua esto includos, e

    dada pela equao:

    2.gV

    Dfj

    2

    = (3.3)

    onde:

    j - a perda de carga unitria;

    f - o coeficiente de atrito;

    V - a velocidade mdia de circulao da gua pele seo;

    D - o dimetro interno da tubulao;

    g - a acelerao da gravidade.

    Quando combinada com a equao da continuidade (Equao 3.1), a frmula de

    Darcy-Weisbach torna-se igual a:

    gQ

    Df8j

    2

    52= (3.4)

    gQ

    Df0,81j

    2

    5= (3.5)

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    21

    onde Q - a vazo na tubulao;

    A perda de carga total ( hf ) ao longo da tubulao de comprimento L , se obtm

    pelo produto j.L . Essa ser dada em metros de coluna dgua (mca), quando as

    variveis V, Q , D e g , das equaes 3.3 e 3.4 e L do produto total so expressas em

    unidades mtricas (m/s, m3/s, m, m/s2 e m, respectivamente).

    De acordo com Azevedo Netto (1998), a frmula de Darcy-Weisbach

    aplicvel aos problemas de escoamento de qualquer fluido em encanamentos tais como

    gua, leos, gasolina, etc.

    Na determinao do coeficiente de atrito ( f ), que um fator adimensional, so

    utilizados dois parmetros: o nmero de Reynolds, que igual a D

    Q4Re = , e a

    rugosidade relativa do tubo ( /D ), onde a rugosidade absoluta. Conclui-se ento, que as perdas de carga unitrias na tubulao so funo da

    vazo, dimetro, viscosidade cinemtica do fluido (1,1 x 10-6 m2/s para a gua a 18C), de sua rugosidade relativa e da rugosidade absoluta da tubulao.

    A rugosidade absoluta ( ) a medida (altura) das salincias da parede de um tubo e, segundo Gomes (1999), depende do material e da qualidade da tubulao. Os

    fabricantes de tubos devem fornecer valores mais precisos de , e tambm dos coeficientes de atrito das frmulas empricas mais utilizadas para determinao das

    perdas de carga contnuas.

    Devido dificuldade em se obter o coeficiente de atrito, a frmula de Darcy-

    Weisbach no era muito usada at alguns anos passados. Atualmente, com a facilidade

    oferecida pelos clculos automatizados a mesma possui melhor aceitao prtica.

    Para um fluxo em regime laminar (Re < 2000), a rugosidade relativa no influi

    na perda de carga por atrito, ou seja, o coeficiente de atrito ( f ) no depende do material

    da tubulao. Para o regime crtico (2000 < Re < 4000), no existe uma funo definida

    para determinao do coeficiente, quando se trata de um escoamento em regime

    turbulento (Re > 4000), o coeficiente de atrito pode ser determinado por vrias

    frmulas, uma das mais usadas a de Colebrook-White, datada de 1938 e dada por:

    += fRe

    2,513,7

    D

    log2f

    110 (3.6)

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    22

    onde:

    Re - o nmero de Reynolds do fluxo;

    /D - a rugosidade relativa do tubo.

    A utilizao prtica desta frmula torna-se complicada pois apresenta o

    coeficiente de atrito de forma implcita. Para resolver este problema surgiram

    posteriormente algumas frmulas que explicitam o coeficiente de atrito, facilitando

    desta maneira seu manejo. A ttulo indicativo apresentam-se duas: 0,134R1,620,44

    RR0,255R Re880,530,094f

    ++= (3.7)

    2

    10fRe

    2,513,7

    D

    log

    0,25f

    +

    = (3.8)

    Para resolver esta equao, chama-se f ao segundo membro e aplica-se o

    processo esquematizado a seguir:

    SIM FIM

    NO

    Figura 3.2 Esquema para o clculo do coeficiente de atrito f

    Outra maneira de determinar o coeficiente de atrito dada graficamente, atravs

    de um baco conhecido como Diagrama de Moody. Neste, o coeficiente de atrito

    determinado diretamente a partir do nmero de Reynolds (Re) e da rugosidade relativa

    do tubo ( /D). Existem outras equaes empricas para a determinao da perda de carga,

    dentre elas, uma das mais empregadas no dimensionamento das tubulaes dos sistemas

    de distribuio pressurizados a frmula de Hazen-Williams. Esta frmula, com o seu

    fator numrico em unidades no Sistema Internacional (SI), a seguinte:

    Supe-se f Calcula-se f | f-f |

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    23

    1,85

    4,87 C

    Q

    D

    110,643j

    = (3.9)

    onde:

    j - a perda de carga unitria, em m/m;

    Q - a vazo, em m3/s;

    D - o dimetro interno da tubulao, em m;

    C - o coeficiente de atrito ou coeficiente de Hazen-Williams que depende da

    natureza (material e estado) das paredes do tubo, adimensional (Tabela 3.1).

    Existe, tambm, para a determinao da perda de carga, a frmula de Manning,

    uma das frmulas empricas mais conhecidas e utilizadas. Aplica-se praticamente a

    todos os tipos de condutos, tanto nos que a gua escoa em lmina livre, como nos

    escoamentos sob presso. A expresso geral da mesma dada por:

    34

    22

    R

    Vnj = (3.10)

    onde:

    j - a perda de carga unitria, em m/m;

    n - o coeficiente de atrito ou coeficiente de Manning, adimensional;

    V - a velocidade, em m/s;

    R - o raio hidrulico, que definido como sendo a relao entre a rea molhada

    e o permetro molhado da seo de escoamento, em m.

    Para o caso especfico de tubulaes, a frmula de Manning assume a seguinte

    forma (Gomes, 1999):

    1,33

    22

    D

    Vn6,36j = (3.11)

    onde:

    D - o dimetro interno da tubulao, em m.

    Na tabela 3.2 esto indicados os intervalos de flutuao dos valores do

    coeficiente de atrito de Manning para distintos materiais de fabricao dos tubos.

    Segundo a STRAPLAS (2000), o PRFV apresenta o coeficiente de atrito (C) da

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    24

    frmula de Hazen-Williams igual a 150 e o coeficiente de atrito de Manning (n) igual a

    0,010.

    Tabela 3.1 - Coeficiente de atrito ( C ) da frmula de Hazen-Williams (Gomes, 1999)

    Material da Tubulao C Polietileno 150PVC 145Cimento-amianto 140Alumnio com conexo rpida 130Ao galvanizado (novos e usados) 125Concreto (acabamento liso) 130Concreto (acabamento comum) 120Ferro fundido (novos) 130Ferro fundido (15 anos de uso) 100

    Tabela 3.2 - Coeficiente de atrito de Manning (Gomes, 1999)

    Material da Tubulao n

    Polietileno 0,007 0,009 PVC 0,008 0,010 Ao 0,009 0,012 Ferro Fundido 0,012 0,017 Ferro Fundido Revestido de Argamassa 0,011 0,014 Cimento-amianto 0,010 0,012 Concreto 0,011 0,014

    Quanto escolha da frmula para calcular a perda de carga, Gomes (1999) faz

    algumas observaes:

    - No dimensionamento de sistemas sempre existiro incertezas sobre o grau de

    exatido alcanado no clculo da perda de carga, independendo da frmula

    utilizada. Uma margem de impreciso de at 10 % nos valores das perdas

    contnuas calculadas para o dimensionamento dos sistemas de distribuio

    no tem importncia prtica.

    - No adianta tentar alcanar uma melhor preciso na frmula de clculo

    empregada quando existem outros fatores, tais como, as perdas de carga

    localizadas das peas especiais ou das juntas, ou a prpria rugosidade dos

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    25

    tubos, que no podem ser avaliadas com exatido e no entanto, tm grande

    repercusso sobre o resultado total da perda de energia.

    A norma NBR 12215 (NB 591) da ABNT (Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas) - Projeto de adutora de gua para abastecimento pblico, prefere o uso da

    frmula Universal para o clculo de adutoras em sistemas de distribuio de gua. Deste

    modo, preferiu-se o uso desta frmula neste trabalho.

    3.2.2 - Perdas de Carga Localizadas

    Essas perdas so denominadas locais, localizadas, acidentais ou singulares, pelo

    fato de decorrerem especificamente de pontos ou partes bem determinadas da tubulao,

    ao contrrio do que acontece com as perdas em conseqncia do escoamento ao longo

    dos encanamentos. Em uma singularidade ou pea especial do conduto, a perda de carga

    localizada depende de diversos parmetros de difcil determinao. Pode ser avaliada

    como uma porcentagem da carga cintica existente imediatamente jusante do ponto

    onde ocorra a perda, e pode ser dada por:

    g2

    VkJ2

    .= (3.12)

    onde:

    J - a perda de carga localizada, em mca;

    k - o coeficiente da perda correspondente pea especial considerada;

    V - a velocidade mdia do fluxo imediatamente jusante da pea, em m/s;

    g - a acelerao da gravidade, em m/s2;

    2gV 21 - a energia cintica por unidade de peso ou carga cintica.

    O coeficiente da perda de carga ( k ) se determina experimentalmente e seu valor

    varia segundo o tipo e dimetro da pea especial. A sua padronizao bastante

    complexa, tendo em vista que para cada pea existe uma grande variedade de modelos e

    de fabricantes.

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    26

    De acordo com Gomes (1999), na prtica, as perdas localizadas de todas as

    peas especiais so estimadas como sendo uma porcentagem das perdas totais por atrito

    no sistema de tubulaes. Essa porcentagem, que varia entre 10 e 20 %, no considera

    as perdas localizadas ocasionadas nas peas especiais de regulagem e controle da rede

    hidrulica (filtros, reguladores de presso, limitadores de vazo, etc) pois produzem

    perdas acentuadas, que devem ser computadas separadamente no clculo total da perda

    requerida no sistema. Outro procedimento prtico comput-las indiretamente,

    alterando (para mais ou para menos) o coeficiente de atrito utilizado no clculo das

    perdas contnuas.

    As perdas localizadas podem ser desprezadas nas tubulaes longas cujo

    comprimento exceda cerca de 4.000 vezes o dimetro. So ainda desprezveis nas

    canalizaes em que a velocidade baixa e o nmero de peas no grande. Assim, por

    exemplo, as perdas localizadas podem no ser levadas em conta nos clculos das linhas

    adutoras, redes de distribuio, etc. (Azevedo Netto, 1998).

    3.3 Presses Mximas nas Tubulaes

    Segundo Gomes (1999), no funcionamento de sistemas de tubulaes

    pressurizadas, as tubulaes se submetem a esforos internos hidrulicos, produzidos

    pelas presses estticas e dinmicas, e por possveis sobrepresses e depresses

    originadas dos golpes de arete, que podem ocorrer devido s perturbaes no sistema.

    necessrio conhecer, portanto, os esforos hidrulicos mximos que podero atuar nas

    tubulaes para a correta seleo das classes ou presses nominais dos tubos.

    O sistema de tubulaes estar submetido presso esttica (representada pela

    linha piezomtrica horizontal na figura 3.2) sempre que a vazo transportada por esta

    seja nula. Esta situao tem sempre uma notvel influncia no dimensionamento

    mecnico das tubulaes, sobretudo, naqueles sistemas que se mantm

    permanentemente em carga, com altura piezomtrica de cabeceira sensivelmente

    constante para qualquer vazo requerida. Tal estado caracterstico das redes com carga

    natural ou com bombeamento na cabeceira, e se apresenta nos momentos de consumo

    nulo. Nesta situao, a rede hidrulica estar submetida s presses estticas iguais, em

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    27

    cada ponto, diferena entre a cota piezomtrica de cabeceira e a cota do terreno onde

    est instalada a tubulao. (Gomes, 1999).

    Em uma rede de distribuio que abastece muitas parcelas, uma das situaes

    extremas que pode ocorrer aquela na qual somente uma ou poucas tomadas dgua

    estejam funcionando. Nesta condio, as vazes transportadas pela maioria dos trechos

    sero bem menores do que as de projeto, e consequentemente as perdas de carga, ao

    longo de toda a rede, sero tambm muito pequenas (as perdas variam com o quadrado

    das descargas). Como resultado, praticamente .todas as tubulaes da rede de

    distribuio estaro submetidas s cargas, cujos valores estaro prximos das presses

    estticas mximas. A outra situao extrema se apresenta quando a rede est em plena

    carga, com todas as tomadas dgua abertas. Neste caso as tubulaes estaro

    submetidas s presses dinmicas de projeto, que so as presses mnimas necessrias

    para alimentar os sistemas. (Gomes, 1999).

    A figura 3.3 mostra a variao das presses estticas e dinmicas, ao longo de

    um trecho de tubulao, em que Hd a carga disponvel no ponto inicial e Hr a presso

    requerida no final do trecho.

    H rHd

    Presses Estticas

    Presses Dinmicas

    Cabeceira

    Tomada

    J

    Figura 3.3 Variao da presso esttica e dinmica ao longo de uma tubulao. Fonte: Gomes, 1999.

    Combinados com ambas situaes extremas, ou com qualquer outra

    intermediria possvel, em uma rede de distribuio se produzem habitualmente

    fenmenos hidrulicos transitrios, motivados por ajuste do fluxo dgua em algum

    ponto dos condutos . Tal situao pode ser provocada pela manobra de uma vlvula de

    reteno, pela expulso do ar contido no interior das tubulaes, pela parada do sistema

    de bombeamento, etc. As sobrepresses e as depresses, produzidas por estes golpes de

    Tubulao

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    28

    arete podero romper as tubulaes, caso estas no estejam devidamente

    dimensionadas para suport-las. (Gomes, 1999).

    A determinao das sobrepresses decorrentes dos golpes de arete nas redes de

    distribuio extremamente complexa. Na prtica, estes esforos se determinam de

    forma indireta, superestimando as cargas estticas ou dinmicas que atuam na rede. Para

    a estimativa das mximas sobrepresses sobre as tubulaes, Bonnal (1968) apud

    Gomes (1999) prope acrescentar 4 atm s presses estticas de toda rede , enquanto

    Granados (1990) recomenda uma escala de acrscimo, sobre as presses estticas ou

    dinmicas (seleciona-se a mais desfavorvel), em funo do dimetro da tubulao

    (Tabela 3.3).

    Tabela 3.3 - Escala de acrscimo da presso esttica e dinmica em funo do dimetro da tubulao.

    Dimetro (mm) Acrscimo sobre a presso Esttica Dinmica

    200 3,0 4,0 250 2,0 3,5 300 1,0 3,0 350 0,5 2,5 400 0,5 2,0 450 0,5 1,5

    500 0,5 1,0

    As presses hidrulicas mximas que podem atuar em cada ponto das tubulaes

    das redes de distribuio (provocadas pelas presses estticas, dinmicas ou pelas

    sobrepresses decorrentes dos golpes de arete) so conhecidas como presses de

    trabalho. O projetista deve estimar as situaes mais desfavorveis dos esforos

    hidrulicos para determinar as presses de trabalho ao longo dos trechos da rede de

    distribuio. Os tubos que iro compor cada trecho da rede devero possuir suas

    resistncias mecnicas (caracterizadas por suas presses nominais) adequadas, em

    funo das presses de trabalho que possam atuar sobre eles. (Gomes, 1999).

    Para cada tubo, especificado por seu material de fabricao e dimetro nominal,

    existem vrias classes e/ou presses nominais, que classificam suas resistncias

    mecnicas, com respeito s presses hidrulicas internas. Dessa forma, em funo da

    presso de trabalho (PT ) e do coeficiente de segurana do tubo, seleciona-se a classe

    e/ou presso nominal (PN ) da tubulao. (Gomes, 1999).

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    29

    Nos tubos de material homogneo como plstico (PVC ou polietileno), ao,

    ferro fundido ou cimento-amianto, as presses nominais so estabelecidas em funo da

    tenso admissvel do material (adm) e das caractersticas geomtricas da seo transversal (espessura e dimetro).

    3.4 Velocidade Mxima Admissvel

    No transporte de uma determinada vazo (Q) por uma tubulao, sabe-se atravs

    da equao da continuidade (Q = A .V ), que quanto maior for a velocidade do fluxo,

    menor ser o dimetro necessrio do tubo, e consequentemente, uma tubulao mais

    barata. Porm, ao aumentar a velocidade de circulao da gua, ocorrero maiores

    perdas de carga, as tubulaes podero ser danificadas pelos golpes de arete, haver

    maiores desgastes nos tubos e nas peas (conexes, registros, vlvulas, etc.), o sistema

    de tubulaes sofrer maiores vibraes e outros fenmenos associados ao aumento da

    velocidade do fluxo.

    A velocidade mxima da gua nos encanamentos, geralmente depende dos

    seguintes fatores (Azevedo Netto, 1998):

    - Condies econmicas;

    - Condies relacionadas ao bom funcionamento dos sistemas;

    - Possibilidade de ocorrncia de efeitos nocivos (sobrepresses prejudiciais);

    - Limitao da perda de carga;

    - Desgaste das tubulaes e peas acessrias (eroso);

    - Controle da corroso;

    - Rudos desagradveis.

    Recentemente, os limites de velocidade mxima praticados em

    dimensionamento de tubo vm sendo extrapolados por diversos pesquisadores. A

    tendncia de aumentar-se os valores recomendados est baseada em critrios empricos

    adquiridos atravs da experincia pratica dos autores que os recomendam. Eles

    asseguram que os limites existentes so muito baixos e, objetivando compatibilizar o

    custo da tubulao com a segurana do sistema, estabelecem novos limites para as

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    30

    velocidades mxima do fluxo nas tubulaes em funo dos seus dimetros, dos custos

    dos tubos e do risco de danos admitido. (Leal, 1995).

    Em sistemas de distribuio de gua em geral, Granados (1990) admite valores

    de velocidades mximas at 2,0 m/s para dimetros menores ou iguais a 250 mm, para

    os dimetros entre 300 e 1000 mm recomenda velocidades entre 2,1 e 3,0 m/s e para

    dimetros acima de 1000 mm ele prope a frmula Vmax = 2 + D , para D em metros.

    Clement e Gallant (1986) apud Formiga (1999) recomendam valores entre 1,8 a

    3,0 m/s, enquanto Walski (1985) admite velocidades mximas menores que 2,4 m/s na

    hora de pico de vazo em sistemas de abastecimento urbano. Alzamora e Trrega (1987)

    propem velocidades entre 0,6 e 2,25 m/s.

    A tabela 3.4 fornece alguns limites de velocidade mxima recomendados por

    alguns autores, em funo do dimetro das tubulaes (Leal, 1995).

    Tabela 3.4 - Limites de Vmax em funo dos dimetros das tubulaes.

    Dimetro (mm) Vmax (m/s) 100 1,80 2,00 150 1,95 2,00 200 2,05 2,00 250 2,15 2,00 300 2,25 2,10 350 2,30 2,20 400 2,50 2,30 450 2,85 2,40 500 2,85 2,50 600 3,10 2,60 700 - 2,70 800 - 2,80 900 - 2,90

    > 1000 - 2 + D I - Valores recomendados por Clement e Gallant (1986). (Formiga, 1999)

    II - Valores recomendados por Granados (1990).

    Para as adutoras recomenda-se para limite de velocidade da gua nas tubulaes

    os valores dados na tabela 3.5.

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    31

    Tabela 3.5 Velocidade limite nas tubulaes (CETESB)

    Material do Tubo Velocidade Mxima (m/s)

    Plsticos 4,5Ferro fundido 4,0 a 6,0Cimento amianto 4,5 a 5,0Ao 6,0Concreto 4,5 a 5,0

    Fonte: Melo (1996)

    3.5 Feixe de Condutos - Sistema de Condutos em Paralelo

    Segundo Azevedo Netto (1998), um sistema de tubulaes equivalente a outro

    sistema ou a uma tubulao simples quando ele capaz de conduzir a mesma vazo

    com a mesma perda de carga total (com a mesma energia). Podem ser considerados os

    seguintes casos: a) uma tubulao simples equivalente outra; b) uma tubulao

    equivalente a um sistema de tubulaes: em srie; em paralelo ou malhados.

    Determina-se o dimetro ou o comprimento de uma canalizao equivalente com

    o objetivo de se estudar a substituio de canalizaes.

    Uma combinao de dois ou mais tubos ligados de modo que o escoamento seja

    dividido entre os tubos e a seguir novamente unificado, um sistema de condutos em

    paralelo. Com tubos em srie a vazo a mesma nos tubos e as perdas de carga so

    somadas; entretanto, com tubos em paralelo, as perdas de carga so as mesmas em todos

    os condutos a as vazes so somadas (Figura 3.4). (Streeter, 1982).

    O problema dos condutos em paralelo pode ser resolvido com o auxlio da

    equao da continuidade, a qual d (Neves, 1982):

    321 QQQQ ++= (3.11) e das equaes que exprimem as perdas de carga totais entre os pontos extremos do

    sistema, as quais so as mesmas em qualquer dos condutos que o constituem, pois as

    cotas piezomtricas desses pontos so comuns a todos eles.

    253

    23

    252

    22

    151

    21 l

    DQkl

    DQkl

    DQkhp === (3.12)

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    32

    l1, Q1, D1

    Q B

    QA

    l2, Q2, D2

    l3 , Q3 ,D3

    pB / pA /

    hf

    Figura 3.4 Sistema de condutos em paralelo Fonte: (Neves, 1982)

    Um problema que freqentemente aparece na prtica o da substituio de

    diversos condutos em paralelo por um nico a eles equivalente, no qual, evidentemente

    (Neves, 1982):

    LDQkhp 5

    2

    = (3.13) Extraindo os valores de Q1, Q2 e Q3 em (3.12), e o de Q em (3.13), e

    substituindo-os na equao da continuidade (3.11) e simplificando, obtm-se a relao

    (Neves, 1982):

    2

    53

    2

    52

    1

    51

    5

    lD

    lD

    lD

    LD ++= (3.14)

    Se l1 = l2 = l3 = L ,

    53

    52

    51

    5 DDDD ++= , (3.15) e se todos os condutos tm o mesmo dimetro,

    51

    5 DnD = , 152

    DnD = (3.16)

    Outro problema de interesse prtico o da determinao das vazes nos

    diferentes condutos do feixe, em funo dos seus dimetros e da vazo total do sistema.

    Arbitrando uma perda de carga y entre os pontos A e B, as vazes q1, q2 e q3 em cada um

    dos condutos sero (Neves, 1982):

    511

    1 DlyKq =

  • Captulo III HIDRULICA APLICADA S TUBULAES

    33

    52

    22 Dl

    yKq = (3.17)

    53

    33 Dl

    yKq =

    e a vazo total do sistema, para a perda de carga y,

    321 qqqq ++= (3.18) Dividindo essa vazo fictcia q pela vazo real 321 QQQQ ++= , pode-se

    escrever (Neves, 1982):

    1

    3

    1

    2

    1

    1

    1

    3

    1

    2

    1

    1

    Qq

    Qq

    Qq

    Qq

    Qq

    Qq

    Qq ===++= , (3.19)

    e, finalmente (Neves, 1982):

    qQqQ 11 = , q

    QqQ 2= , qQqQ 3= (3.20)

    relaes pelas quais se determinam as vazes nos diversos condutos, em funo da

    vazo total real e das vazes auxiliares q.

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    34

    CAPTULO IV

    METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE

    ADUTORAS

    Os mtodos descritos a seguir foram aplicados no trabalho e escolhidos devido

    facilidade de uso dos mesmos, sendo de mais fcil compreenso e aplicao, tambm,

    por se tratarem de metodologias ainda desconhecidas, como forma de se testar os

    mesmos e comprovar sua validade em relao aos mtodos ainda hoje utilizados, como

    o mtodo clssico de Bresse e, ainda, devido dificuldade em se obter informaes

    quanto a novas metodologias de dimensionamento econmico de adutoras. Dentre a

    bibliografia consultada para a realizao deste trabalho foi encontrado um reduzido

    nmero de artigos e material com relao a este tema.

    No intuito de serem efetivamente adotados por qualquer profissional da rea que

    deseje dimensionar uma adutora ou mesmo pesquisar, estes mtodos foram, neste

    trabalho, melhorados de modo a reduzir as dificuldades dos mesmos, descritos com

    detalhes, testados e comparados para vrios casos, e que sero expostos, posteriormente,

    no captulo VI, Anlise de Resultados e Discusso Estudos de Casos.

    4.1 - Aduo por Recalque

    As linhas de recalque funcionam sempre como conduto forado, apresentando,

    assim, comportamento hidrulico muito semelhante s adutoras por gravidade em

    conduto forado. Diferem delas pelo fato de a energia para o escoamento lhes ser dada

    por um conjunto elevatrio, acionado por uma fonte de energia.

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    35

    O dimensionamento hidrulico de um conduto sobre presso consiste em

    determinar a vazo (Q), a velocidade mdia de circulao da gua (V), o dimetro

    do tubo (D) e tambm a perda de carga no sistema ( hf ). Para tanto, dispe-se

    apenas de duas equaes, que so a da continuidade (equao 3.1) e a da perda de

    carga ao longo do conduto (Equao 3.3).

    Sendo a vazo geralmente dada, como parmetro conhecido do projeto,

    como ser exposto a seguir, no item 4.1.1, restam assim, trs variveis (V, D, hf ),

    para somente duas equaes. Observa-se ento, que o dimensionamento de uma

    adutora um problema hidraulicamente indeterminado, j que existem mais

    incgnitas do que equaes disponveis, podendo haver inmeras solues para o

    dimetro (e para a velocidade) que atendem vazo demandada. Essa

    indeterminao pode ser superada admitindo-se uma restrio hidrulica ao

    problema, que pode ser uma perda de carga mxima admissvel no conduto, uma

    velocidade recomendada de escoamento, ou ento, admitindo-se um dimetro j

    normalizado, dentre os comercialmente disponveis.

    A metodologia, no entanto, mais adequada para resolver esse problema se

    constitui na introduo do critrio econmico de se buscar a alternativa de

    projeto que minimize o custo total do sistema, composto pelo custo de

    implantao (tubos, bombas, etc) e o de operao (energia eltrica, manuteno

    do sistema, segurana, limpeza do local, etc.). Atualmente, torna-se cada vez

    mais evidente que as obras de engenharia devem atender no s a viabilidade

    tcnica mas tambm a econmica. Deste modo a escolha do dimetro deve se dar

    de tal forma que o tubo escolhido, alm satisfazer s necessidades hidrulicas

    corretamente, seja o que acarrete um menor custo conjunto de instalao e

    operao.

    Os custos de implantao e de operao so antagnicos, ou seja, quando

    um aumenta o outro diminui e vice-versa. Ao se escolher um dimetro menor

    para a adutora, haver uma diminuio no seu custo de implantao, mas, em

    contrapartida, o custo de operao (energtico) ser maior. De modo contrrio, ao

    se optar por um dimetro maior haver uma diminuio no custo de operao, por

    conta da diminuio das perdas de carga, e um aumento no custo de implantao

    da adutora (Figura 4.1).

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    36

    D (Dimetro)

    DT.

    CCONJUNTO

    CIMPLANT.

    COPERAO

    C (C

    usto

    )

    CMN.

    Figura 4.1 - Variao do custo total do sistema, segundo o dimetro da adutora Fonte: Alzamora e Trrega (1987)

    H uma apreciada diminuio da perda de carga quando se aumenta o

    dimetro da tubulao, j que esta varia com o inverso da quinta potncia do

    dimetro, como se pode observar na a frmula de Darcy-Weisbach (Equao 3.4),

    barateando assim, a energia que ser gasta no decorrer da utilizao da

    instalao. De maneira oposta, quando ocorre um aumento do dimetro utilizado,

    aumentar-se- o custo total de investimento da tubulao, pois quanto maior o

    dimetro de um tubo, constitudo por um mesmo material e de uma mesma classe,

    maior ser o custo da implantao. Assim sendo, faz-se necessrio determinar um

    dimetro timo para a tubulao, de tal forma que se obtenha, para uma vazo

    determinada, o menor custo do sistema, composto este pela soma do custo de

    implantao, e o custo de operao, cujo peso maior deste ltimo corresponde ao

    gasto de energia eltrica. O custo de implantao compreende o custo dos tubos,

    das peas de conexo, do conjunto moto-bomba, e as despesas com escavao e

    montagem.

    4.1.1 Vazo de Aduo Demandada

    Normalmente, os sistemas so providos de reservatrios de distribuio de

    capacidade suficiente para funcionar com volante para as variaes horrias de consumo

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    37

    para atender vazo mdia do dia de maior consumo, de modo que as instalaes

    situadas montante no precisam ser dimensionadas com o coeficiente da hora de maior

    consumo (k2). o caso mais freqente na prtica. A adutora deve ser dimensionada para

    atender vazo mdia do dia de maior consumo.

    A aduo poder ser contnua, funcionando 24 horas por dia, ou intermitente,

    funcionando apenas algumas horas por dia.

    Para aduo contnua, tem-se para a vazo, a seguinte equao:

    pqkQ = 1 (4.1) sendo:

    Q - a vazo de aduo, em l/dia;

    k1 - o coeficiente do dia de maior consumo; a relao entre o valor do

    consumo mximo dirio ocorrido em um ano e o consumo dirio relativo a esse

    ano;

    q - a cota mdia diria per capita, em l/hab.dia;

    p - a populao a ser abastecida, em hab.

    A vazo tambm poder ser dada por:

    864001 pqkQ = (4.2)

    onde Q a vazo de aduo dada em l/s

    Para aduo intermitente, tem-se para a vazo, a seguinte equao:

    npqkQ = 1 (4.3)

    sendo:

    Q - a vazo de aduo, em l/h;

    n - o nmero de horas de funcionamento dirio da adutora;

    A vazo tambm poder ser dada por:

    npqkQ

    =3600

    1 (4.4)

    onde Q a vazo de aduo dada em l/s

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    38

    A norma da ABNT, NBR 12215/1991 (NB 591) define as condies gerais e

    especficas para o projeto de adutora de gua para abastecimento pblico.

    4.2 Metodologias de Dimensionamento Aplicadas

    Foram aplicadas neste trabalho, quatro metodologias de dimensionamento

    econmico de linhas adutoras. A frmula clssica de Bresse, o mtodo baseado no peso

    das tubulaes onde o custo da tubulao proporcional ao peso da mesma, o mtodo

    da variao linear dos custos das tubulaes onde o custo da tubulao varia

    linearmente com o dimetro da mesma e o quarto mtodo, da avaliao real dos custos,

    onde so calculados os custos reais de operao e de implantao para uma determinada

    gama de dimetros comerciais disponveis, cujo timo ser aquele que proporciona um

    menor custo do sistema.

    4.2.1 - Frmula de Bresse

    A frmula de Bresse foi uma das primeiras frmulas da hidrulica para o

    dimensionamento econmico de tubulaes, e que, ainda hoje usada. Ela

    expressa da seguinte forma:

    QKD = (4.5) onde:

    Q - vazo de aduo, em m3/s;

    D - o dimetro da tubulao, em m;

    K - o coeficiente de Bresse.

    Empregando a frmula de Bresse encontra-se um dimetro diferente do

    comercialmente utilizado, portanto necessrio que o projetista adote um valor

    comercial mais prximo.

    O critrio de dimensionamento desenvolvido por Bresse muito simples

    porm conservador, servindo apenas como uma primeira aproximao (pr-

    dimensionamento) para obteno do dimetro timo, sendo conveniente uma pesquisa

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    39

    econmica em que sejam investigados os dimetros mais prximos, inferiores e

    superiores. Este critrio tem um grau de incerteza muito alto, j que o coeficiente

    K funo de diversos fatores e deve ser arbitrado conforme a experincia do

    projetista, o que o torna relativamente impreciso, em se tratando de economia da

    tubulao.

    O coeficiente K depende do peso especfico da gua, do regime de trabalho e do

    rendimento do conjunto elevatrio, da natureza do material da tubulao, e dos preos

    vigentes da unidade de potncia do conjunto elevatrio e da unidade de comprimento do

    tubo do material utilizado de dimetro unitrio. (Azevedo Netto et al., 1975)

    Segundo vila (1975), o coeficiente K varia de 0,70 a 1,60. Na verdade, a

    adoo da frmula de Bresse equivale fixao de uma velocidade mdia de circulao

    da gua a que se denomina velocidade econmica.

    Atravs da equao da continuidade (Equao 3.1) tem-se:

    AQV = (4.6)

    onde A a rea da seo transversal da tubulao.

    E, portanto:

    2DQ4V = (4.7)

    Substituindo a equao (4.5) na (4.7), tem-se:

    2K4V = (4.8)

    E, ento, a equao para determinao do coeficiente K de Bresse:

    V

    K = 4 (4.9)

    Os valores da velocidade mdia e do respectivo valor de K, segundo vila

    (1975) so mostrados no tabela 4.1.

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    40

    Tabela 4.1 Velocidade Mdia Econmica para Tubulaes

    Tipo de Tubo Velocidade (m/s) Coeficiente de Bresse (K)

    Tubulao de Suco em Bombas Centrfugas

    0,50 a 1,00 1,10 a 1,60

    Tubo de Descarga em Bombas 1,50 a 2,00 0,70 a 1,00 Redes de Distribuio para gua Potvel Tubulao Principal 1,00 a 2,00 0,70 a 1,10 Tubulao Lateral 0,50 a 0,70 1,30 a 1,60 Tubos de Grande Dimetro 1,50 a 3,00 0,70 a 1,00 Tubulaes em Usinas Hidroeltricas Inclinao e Dimetros Pequenos 2,00 a 4,00 0,60 a 0,80 Inclinao e Dimetros Grandes 3,60 a 8,00 0,40 a 0,60 Horizontais e Grande Extenso 1,00 a 3,00 0,70 a 1,10

    Fonte: vila, 1975.

    Com o advento de novas ferramentas metodolgicas, principalmente nas reas

    de pesquisa operacional, tm-se desenvolvidos critrios mais precisos de

    dimensionamento de tubulaes sob presso. Alzamora & Trrega (1987) descrevem

    trs metodologias.

    -- Mtodo baseado no peso das tubulaes;

    -- Mtodo da variao linear dos custos das tubulaes;

    -- Mtodo da avaliao real dos custos das tubulaes.

    Os itens seguintes comentam sobre tais metodologias.

    4.2.2 - Mtodo Baseado no Peso das Tubulaes

    O mtodo de Melzer (1964), baseado no peso das tubulaes, parte da hiptese

    de que o custo da tubulao proporcional ao peso da mesma.

    Inicialmente, faz-se um estudo dos esforos hidrulicos a que esto submetidas

    as tubulaes que conduzem gua.

    A presso interna provocada pela gua em circulao no tubo cria tenses radiais

    sobre a parede do tubo que fazem o material trabalhar trao. A espessura das paredes

    do tubo deve ser calculada em funo da presso a que trabalhe a mesma.

  • Captulo IV METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ADUTORAS

    41

    Desta forma, quando se pretende projetar uma instalao, um dado importante

    que se deve ter em mente o da presso interna que a tubulao ser capaz de suportar.

    Esta ser funo da relao entre a es