metalurgica riscos setor metalurgico

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  Universidade Federal de São Carlos Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia Departamento de Engenharia de Produção Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho Riscos à saúde do trabalhador: Setor Metalúrgico Alberto Sakata Gulherme Bozola Thiago Luiz Cabrelon

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RISCOS

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  • Universidade Federal de So Carlos

    Centro de Cincias Exatas e de Tecnologia

    Departamento de Engenharia de Produo

    Introduo Engenharia de Segurana do Trabalho

    Riscos sade do trabalhador: Setor Metalrgico

    Alberto Sakata Gulherme Bozola

    Thiago Luiz Cabrelon

  • 1. Introduo A descoberta da mquina vapor em 1760 foi considerada um marco da revoluo industrial, introduzindo profundas e ininterruptas mudanas cientfica-tecnolgica e sociais. Antes desta data, a produo de bens de consumo era efetuada de forma individual ou familiar. Era uma produo manual e em pequena escal, ficando sob responsabilidade da famlia todo processo de confeco destes bens de consumo. Com a introduo das mquinas, h o surgimento das indstrias e a produo passa a ser em srie a fim de atender o mercado em expanso. Estas transformaes introduziram a hierarquia dentro das empresas, com os donos das fbricas (empresrios), pagando para que os trabalhadores executem os servios dentro das empresas. Estas transformaes ocorreram e ainda esto ocorrendo de forma rpida, despertando a necessidade de mudanas na organizao do trabalho e produo e das conseqncias destas transformaes para os trabalhadores, principalmente nos aspectos relacionados as condies de trabalho e sade. Dentro do sistema capitalista de produo, tanto o trabalhador com as matas e florestas, os rios e o ar so tratados como mercadorias. Assim, o trabalhador est sujeito lgica e interesse dos empresrios, submetendo os trabalhadores a condies de trabalho desfavorveis (ritmo, jornadas, turnos, salrios, ambiente insalubre e perigoso). No entanto, o trabalho no pode ser visto como atividade individual e desvinculada da sociedade. Acima de tudo, o trabalho uma atividade humana e social que est intimamente ligado com a evoluo da sociedade e com as formas de controle e distribuio de poder. Nesse contexto, a fora de trabalho fsica e intelectual, enquanto mercadoria adquirida pelas empresas, que buscam extrair o mximo da produtividade possvel do trabalhador, tende a se deteriorar colocando o ser humano como alvo dos impactos sobre a sade e vtima de acidentes. 2. Intervir O movimento sindical tem procurado desenvolver formas de analizar e intervir na organizao do trabalho e da produo visando neutralizar suas conseqncias sobre os trabalhadores. A fora sindical se v na obrigao de defesa da classe trabalhadora contra a explorao e a falta de respeito das grandes empresas. Logo, a primeira coisa a se fazer entender que o trabalho no se realiza de forma isolada e sim compe uma cadeia produtiva, ocupando um lugar dentro das atividades econmicas e sociais do pas. Assim, possvel dizer que a formao, a capacitao, o conhecimento tcnico e o acesso informao so as principais ferramentas na preveno da sade do trabalhador. preciso mapear constantemente os locais de trabalho, e isto se consegue com informao. Alm disso, o fortalecimento da classe trabalhadora dentro das empresas favorece a preveno de acidentes e isto conseguido atravs da implantao das CIPAs, informaes e conceitizao sobre trabalho e sua execuo, sobre o processo produtivo e o conceito de cadeia produtiva.

  • 3. Mapeando Riscos Primeiramente, a anlise parte da definio do ambiente de trabalho entendido como sendo o conjunto das condies de produo, ou o local onde ocorre o processo de produo e busca analisar os fatores de risco que possam existir neste ambiente, e consequentemente, possam agredir os trabalhadores e o meio ambiente. Os fatores de risco so divididos em 4 grupos diferentes: 1-) luz, barulho, ventilao e umidade 2-) poeira, gases, vapores e fumaa 3-) fadiga derivada do esforo fsico 4-) outros fatores que causam fadiga: ritmo de trabalho, monotonia, repetitividade, posies incmodas, tenso nervosa e responsabilidade inadequada. Para facilitar a anlise das condies de trabalho, existe um modelo que adota a representao grfica dos riscos, atravs da confeco do mapa de riscos. Este mapa consiste na indicao dos riscos identificados por crculos de cores e tamanhos diferentes que permitem a visualizao da localizao dos riscos na fbrica e a gravidade dos mesmos. Assim, algumas informaes sobre os principais materiais, substncias, movimentos, mquinas, equipamentos e ciclos de trabalho, bem como propostas mais imediatas de soluo dos problemas so necessrios, a fim de no se correr o risco de minimizar a potencialidade agressiva destas variveis. Entre estas variveis pode se destacar: Rudo O rudo atinge nosso organismo atravs de ondas de energia que no vemos, mas que percebemos atravs da audio e em alguns casos, atravs da vibrao do nosso corpro, acarretando perda irreverso do nosso corpro, acarretando perda irreversdade agressiva destas variiatas de soluisente possam agredir os trabalhadores e ovel da audio e outros problemas de sade. Para resoluo deste problema aconselhvel a implementao de um programa de combate ao rudo atravs de medidas de controle como por exemplo: troca de ferramentas (pneumticas), uso de silenciadores, enclausuramento de mquinas, instalao de barreiras absorventes, mudanas de lay-out, mudanas em processos de trabalho. Ergonomia - A ergonomia trata da adaptao das mquinas, equipamentos e ferramentas ao trabalhador, visando aumentar o conforto e eliminar movimentos repetitivos e esforos desnecessrios execuo do trabalho. No Brasil, este problema frequente na maioria das indstrias. Este problema se resolve atravs da anlise dos movimentos e esforos nas tarefas, reorganizao dos postos de trabalho, substituio de ferramentas e equipamentos, diminuio do ritmo de trabalho e incluso de pausas para descanso. Aspectos Fsicos - Para aumentar a produo as empresa aproveitam o espao fsico da fbrica agrupando o maior nmero possvel de mquinas. Este agrupamento uma forma de acelerar o ritmo de trabalho e evitar perda de tempo entre vrias operaes. Isso, alm de desconforto e poluio visual, aumenta o calor ambiente e o nvel de rudo causado pela concentrao das fontes geradoras. tambm responsvel pelo aumento do cansao e de acidentes no trabalho. Para eliminar este problema devem ser feitas ampliaes dos locais de trabalho e mudanas no lay-out, a partir de estudos e discusses com os trabalhadores. Fumaa - a fumaa a presena de partculas em suspenso no ar decorrente da queima de determinadas substncias. Pode afetar os trabalhadores de formas diferentes, dependendo da toxicidade das substancias queimadas, variando desde um simples sufocamento at

  • perigosas intoxicaes. O problema pode ser amenizado com a instalao e melhoria dos sistemas de exausto nos postos de trabalho. Iluminao - A iluminao inadequado dos postos de trabalho, tanto de forma insuficiente como excessiva de luz, causam cansao visual e mental, fadiga e irritao. A resoluo deste problema passa por uma avaliao dos nveis de luminosidade e adequao dos mesmos em cada posto de trabalho. 4. Produtos Qumicos 4.1. Metais Em geral, chamamos de produtos qumicos aquelas substncias que no esto presentes na natureza, ou seja , so artificiais (fabricadas), e se encontram na forma de gases, lquidos, pastas, ps, graxas, leos, e t c . Estes produtos so utilizados largamente nos processos industriais para limpeza, proteo e lavagem de peas ou como solventes e catalisadores em pintura. Alm disso, podem se originar como restosde processos de galvanoplastia (gases, vapores e borras) ou de soldagem ( gases, vapores). Estas substncias de cheiro e gosto estranhos, podem se apresentar frias ou quentes e causar irritaes na pele, nos olhos, nariz e garganta. Estes sinais e sintomas funcionam como alerta para nosso organismo, da presena de algum produto prejudicial a nossa sade e, com o passar do tempo, podem ocasionar doenas graves nos pulmes, fgado, rins, olhos, sistema nervoso. Por se apresentarem como elementos mascarados, pouco lembrados e, s vezes, omitidos os processos industriais metalrgicos, normalmente pouca ateno se tem dado s substncias e s consequncias do seu uso.Nesse sentido, apresentamos abaixo uma lista os principais produtos utilizados na metalurgia e as consequncias do seu uso. Brio, do ponto de vista da sade ocupacional, interessa-nos os compostos de brio, j que o metal brio, em si mesmo, tem uso limitado. Utilizado em ligas para manufatura de graxeiras, principalmente, atinge o organismo atravs da inalao e ingesto. O p fino dos compostos insolveis de brio (sulfato brico ou baritina), se inalados, podem provocar pneumoconiose. As pneumoconioses so alteraes produzidas nos pulmes pela inalao e poeiras orgnicas ou inorgnicas. Os compostos solveis do brio podem causar irritao dos olhos, nariz, garganta, pele, irritao da pele e das mucosas. O envenenamento com brio produz vmitos, clicas intestinais, diarrias, tremores, convulses, hemorragia e paralisia muscular. Cdmio, metal semelhante ao zinco, extremamente malevel, na natureza aparece sempre combinado a outros metais. utilizado na galvanizao de outros metais para evitar a corroso e facilitar o processo de soldadura de peas de motores. Atualmente tem sido largamente utilizado na fabricao de baterias de cdmio-nquel de telefones celulares. A inalao, seguida de ingesto, so os caminhos de entrada no organismo. A exposio durante os processos de fundio e refino de minerais de zinco, chumbo e cobre que contm cdmio e a pulverizao de pigmentos contendo cdmio, alm de operaes de soldaduras, liberam fumaa e p de cdmio, alm de

  • compostos muito txicos que afetam, inicialmente, vias respiratrias e pulmes provocando, principalmente, pneumonia, edemas pulmonares, enfisema pulmonar, cncer e mal formaes fetais, dependendo do tempo de exposio. Na intoxicao crnica comum o aparecimento de um anel amarelado nos dentes, alm da perda do olfato e dificuldade respiraratria. Chumbo, encontra-se presente em grande variedade de ligas e compostos, sendo amplamente utilizado em diversas indstrias. Usado nas baterias automotivas e como base de muitas pinturas e vernizes, tubulaes, munies e em banhos de chumbo. A principal via de entrada do chumbo no organismo humano a via respiratria. Dos pulmes o chumbo passa para o sangue. O grau de absoro depender da proporo da quantidade do p respirvel, do tempo de exposio e do tipo de trabalho (pesado ou leve). Quanto mais pesado o trabalho, maior a quantidade de p respirada e, portanto, maiores danos sade. Os casos mais comuns de intoxicao pelo chumbo, na indstria, sempre se acompanham de efeitos precoces sobre os locais de formao de sangue no organismo (medula ssea). O chumbo encurta a vida dos eritrcitos (glbulos vermelhos do sangue) e dificultam a produo de hemoglobina (pigmento que transporta o oxignio para os tecidos causando anemia e cianose. O chumbo pode causar, ainda, leses nervosas e renais, alm de abortos e mal formaes fetais. Os sintomas mais importantes so a diminuio da capacidade fsica, fadiga, alteraes do sono, dores de cabea, dores articulares, dores musculares, priso de ventre e perda de apetite. Sinais como palidez e o aparecimento de uma linha azulada nas gengivas dos dentes apontam para intoxicao por chumbo. Nos estados mais graves de intoxicao, podem aparecer clicas abdominais intensas, vmitos, paralisias, convulses, seguidas de morte. Cobre, o cobre amplamente utilizado na indstria eltrica ( aproximadamente 70% ) e na fabricao de ligas metlicas como o lato(cobre e zinco), bronze (cobre, zinco e estanho), alumnio bronzeado (cobre e alumnio) e cobre-nquel, entre outros, por ser excelente condutor de calor e de eletricidade. Alguns compostos de cobre (acetato, xidos e sulfatos), so tambm utilizados em vernizes de leo linhaa e como pigmentos ou corantes em tintas para pinturas. A maioria destes compostos apresentam colorao azul. A inalao constante e prolongada da fumaa, poeira ou neblina contendo sais de cobre, pode causar irritao das vias respiratrias superiores, chegando at a perfurar o septo nasal. Pode tambm promover alteraes da pigmentao da pele e do cabelo. Se ingerido pode causar leses no esfago, estmago, intestinos e nos rins provocando nuseas, vmitos, diarrias, hemorragias e transtornos renais. Cromo, o cromo um metal que se apresenta na natureza sempre combinado ao Oxignio dando origem aos chamados cromatos, entre outros. O uso mais destacado do cromo puro ocorre nos processos de galvanoplastia ou cromagem de peas de automveis e equipamentos eltricos. Tambm muito utilizado em ligas com ferro e nquel para a fabricao do ao inoxidvel e, com nquel, titnio, nibio, cobalto, cobre e outros metais, para fabricar ligas com fins especficos, pilhas eltricas e pigmentos. A inalao de poeiras, fumaas e nvoas liberadas na utilizao destes produtos e subprodutos do cromo durante, por exemplo, os trabalhos de galvanoplastia e revestimentos de metais, e o contato da pele e mucosas com os compostos de cromo, sob a forma de cromatos, so geralmente responsveis pelo aparecimento de dermatites, ulceraes na pele, perfurao do septo nasal e comprometimento do aparelho respiratrio. A inalao de poeiras ou nvoas

  • contendo cromatos produz tosse, falta de ar, dores de cabea e no peito. A exposio prolongada ao cromo, bicromatos, pode causar cncer no pulmo dos trabalhadores. Estanho, o estanho um metal que se reveste de grande importncia na metalurgia. Malevel em condies normais de temperatura, mistura-se facilmente com outros metais, formando ligas. responsvel pelo branqueamento do ferro nos processos de formao da chamada prata de estanho. Estanho-metlico largamente utilizado na fabricao de ligas como, e principalmente, o bronze industrial, usado, entre outras finalidades, na manufatura de alambiques para destilao. A inalao de p de xido de estanho pode provocar pneumoconiose. As ligas de estanho, processadas sob altas temperaturas, como por exemplo, com o chumbo, zinco e mangans, so prejudiciais sade em funo das caractersticas destes metais. A absoro e/ou inalao de certos compostos orgnicos contendo estanho so altamente txicos, produzindo leses no fgado e vias biliares, sistema nervoso central, pulmes,olhos e pele promovendo o aparecimento de dermatites, coceiras intensas e queimaduras na pele, tosse e falta de ar e distrbios digestivos quando ingeridos. Ferro, os compostos de ferro mais importantes utilizados na indstria so os xidos e o carbonato dos quais so extrados o ferro. As ligas metlicas mais significativas e de maior valor comercial so o ao ( composto de ferro e carbono), o ferromangans, ferrosilcio e ferrocromo. O ferro e o ao tm inmeras utilidades nas indstrias do complexo automotivo, nas indstrias dos setores naval e aeroespacial, nas manufaturas metlicas, da construo civil, entre outras. A inalao da fumaa ou de p de xido de ferro pode produzir uma pneumoconiose chamada siderose. sempre bom lembrar que durante as operaes de extrao do metal do minrio nas indstrias de minerao, existe a liberao de poeira de slica no processo, que dependendo da quantidade, pode ocasionar um outro tipo de pneumoconiose chamada silicose. Magnsio, encontra-se geralmente sob a forma de depsitos minerais com a dolomita e a magnesita, entre outros, no se apresentando puro na natureza. Tambm podemos encontr-lo no talco e no amianto, sob a forma de silicato.Utilizado na fabricao de ligas com mangans, zinco e alumnio com o objetivo de aumentar a resistncia aos esforos e o grau de dureza dos materiais. As ligas de magnsio e ltio, magnsio-crio e magnsio-frio, so utilizadas para componentes de avies, barcos, automveis e ferramentas manuais, equipamentos militares, fogos de artifcio e de lmpadas de flash. O produto da reao entre oxignio e magnsio, chamado xido de magnsio, tem sido utilizado na indstria cermica como revestimento de produtos refratrios. As fumaas de xido de magnsio podem provocar a febre das fumaas metlicas, queimaduras de pele, irritao dos olhos, nariz, garganta, alm de alteraes musculares difusas. Apresenta alta capacidade de se incendiar podendo causar leses profundas pele, principalmente nas operaes de afiao de ferramentas utilizando-se esmers aps polimento de peas contendo ligas de magnsio. Mercrio, as aplicaes mais importantes do mercrio e de seus compostos inorgnicos podem ser encontradas na metalurgia, na fabricao de termmetros, manmetros, na purificao dos minerais de ouro e prata, na manufatura de amlgamas utilizadas na odontologia, na fabricao e reparao de aparelhos de medidas e de laboratrios, na fabricao de lmpadas incandescentes, em baterias e retificadores.A principal porta de entrada do mercrio no organismo tem sido as vias respiratrias. Parte do mercrio introduzido no organismo fica retido no sangue, fgado, intestinos, rins, tecidos

  • nervosos, cabelos e unhas. Parte se elimina principalmente pela urina, fezes e leite materno, podendo comprometer a criana que se amamenta no peito, alm de aborto, mal formao nos fetos de mes contaminadas. O mercrio e seus compostos inorgnicos podem causar tambm dermatites, transtornos da viso, gengivites e faringites. Muitos de seus compostos podem provocar incndio e exploses, como por exemplo o oxicianeto de mercrio. A intoxicao por mercrio ou a seus compostos inorgnicos, geralmente crnica, pode manifestar-se de modo agudo por inalao de vapores de mercrio, ocasionando estomatites, gengivites e inflamaes da faringe. Na intoxicao crnica predominam os sintomas digestivos e nervosos. Os principais sintomas iniciais e precoces so: leves alteraes digestivas, falta de apetite e alteraes no sistema nervoso, tais como: tremores, nervosismo e histeria. Mangans, metal muito abundante na natureza, cinza, nunca se manifesta puro. O principal emprego do mangans se d na indstria siderrgica, Na indstria metalrgica o mangans usado na obteno de gusa, ferro-ligas (ferro-mangans, slico-mangans, escria ou sucata). Na indstria eltrica empregado na fabricao de pilhas secas, como agente despolarizante. Na indstria qumica empregado como corante ou descorante do vidro. O mangans penetra no organismo humano pelos pulmes, principalmente, mas tambm absorvido pelo sistema digestivo e pele. Na minerao, o trabalho de perfurao de rochas com o ar comprimido, expe trabalhadores a altas concentraes de ps muito finos. Na siderurgia as fumaas liberadas durante a fuso do minrio de mangans so extremamente txicas. O mangans ganha as vias circulatrias, acumulando-se no sangue e, ao atingir uma determinada concentrao, passa a depositarse na maioria dos rgos do corpo, particularmente nos pulmes, fgado, bao e crebro. Alteraes de comportamento manifestas por euforia ou depresses, da fala, do andar, dos desejos, entre outros, so comuns no perodo inicial da doena que, apesar do trabalhador ter conscincia destas alteraes em seu comportamento, no consegue controllas. Dores musculares, falta de apetite, dores de cabea, esquecimento, gosto metlico na boca, alucinaes, tambm podem estar presentes. Nquel, utilizado principalmente em ligas com o ao para maquinaria pesada, automveis e componentes eltricos; com o cobre nas indstrias eltricas. Como catalisador, em banhos eletrolticos de niquelagem e na fabricao de acumuladores, alm de entrar na composio de vrias outras ligas metlicas e at na fabricao de utenslios para cozinha. As leses cutneas podem ocasionar dermatite e frequente entre os trabalhadores expostos ao nquel. Na populao em geral, o contato com objetos niquelados, tais como bijuterias, relgios de pulso, maanetas de carros, podem causar dermatites. Um composto chamado nquel carbonila, produto resultante da reao entre o monxido de carbono e o nquel metlico, ao contrrio do nquel metlico e dos outros compostos de nquel, altamente txico e muito voltil, tem inalao facilitada, expondo os trabalhadores contrao de cnceres de pulmo e do nariz.A intoxicao aguda por nquel carbonila, apesar de discreta, pode causar dores de cabea, tonturas, nuseas, vmitos, falta de ar. Zinco, metal malevel, mau condutor de alor e eletricidade, essencial para os seres vivos. utilizado nas indstrias de minerao, metalurgia, principalmente nos processos de galvanizao e na fabricao de baterias, pilhas e ligas de lato e bronze. Sais de zinco podem penetrar no organismo por inalao, ingesto ou atravs da pele, devido liberao de fumaa do metal, desprendida em operaes de soldagens e cortes de metais galvanizados ou revestidos de zinco, ou ainda, em fundies e lato ou bronze. As fumaas

  • de cloreto de zinco em concentraes elevadas so extremamente txicas, provocando leses pulmonares em graus variados, alm de queimaduras quando do contato com a pele. O p de xido de zinco pode provocar uma irritao na pele conhecida como eczema do zinco. A febre das fumaas metlicas, ou febre dos fumos metlicos , ou febre dos metalrgicos, ou febre dos fundidores, a febre provocada aps a inalao de finas partculas de xidos metlicos. A causa mais freqente a exposio dos trabalhadores s fumaas de xido de zinco, formado e liberado quando o metal aquecido a altas temperaturas. Os sintomas gerais podem simular um estado gripal. Manifestaes discretas podem ocorrer durante o perodo de exposio s fumaas: gosto metlico ou adocicado na boca e irritao na garganta. Depois de algum tempo, geralmente em torno de 6 horas, surgem a tosse, secura da boca, ardor nos olhos, dores no peito, dores musculares e febre alta seguida de calafrios. Podem aparecer outras manifestaes tais como fadiga, dores articulares, nuseas, vmitos, confuso mental, dores de cabea, alienao e convulses. Quadro semelhante pode manifestar-se nas intoxicaes pelo antimnio, arsnico, ferro, cobalto, cobre, cdmio, chumbo, estanho, berlio e magnsio. 4.2. Outras substncias usadas na indstria metalrgica Acetileno: usado como gs bsico no processo de corte e solda de metais. Quando misturado com oxignio causa sonolncia e perda dos sentidos por ser tambm asfixiante, fora a sada de oxignio dos pulmes causando sensao de sufocamento. Principais sintomas da intoxicao por acetileno so vertigens, dores de cabea, indisposies estomacais e dificuldades para respirar. cido Ciandrico: muito utilizado no tratamento do minrio de prata. um dos produtos industriais mais txicos, possuindo ao rpida e eficaz. Tambm utilizado nas execues nas cmaras de gs de pases que adotam a pena de morte. Baixas quantidades causam debilidade, nuseas, vmitos, dores de cabea e colapso respiratrio. cido Fluordrico: usado industrialmente como solvente ou amolecedor de minerais. Devido sua alta corrosividade, quando em contato com a pele, causa leses que podem chegar a ulceraes. Na mucosa dos olhos age como fator fortemente irritante, podendo tambm provocar ulceraes. cido Ntrico: aplicado no tratamento de vrios metais, extremamente irritante para os olhos, pele e mucosas vias respiratrias, podendo ainda ocasionar leses renais, pulmonares e corroso dos dentes. cido Sulfdrico: utilizado no refino de minrios. Em doses altas asfixiante e letal. Provoca dores de cabea, vertigens, bronquites, transtornos digestivos, viso embaralhada, e efeito paralizante no sistema nervoso, podendo provocar a morte. cido Sulfrico: empregado na degradao de minrios como solvente. altamente corrosivo, o contato com o cido provoca a dissoluo e destruio dos tecidos dos organismos vivos. Quando diludo, se inalado ou em contato com a pele, pode causar leses pulmonares e dermatites. tambm responsvel pelo aparecimento de eroso nos dentes e problemas no estmago.

  • Argnio: gs usado nos processos de solda de arco-voltaico. Manifesta alto poder asfixiante, podendo causar parada crdio-respiratria e morte. A intoxicao por esse gs causa vertigens, falta de coordenao dos movimentos, cansao, instabilidade emocional, nuseas, vmitos e perda dos sentidos. Benzeno: empregado na indstria metalrgica como desengraxante, como solvente de leos, graxas e tintas, o que agora proibido. O benzeno penetra no organismo por inalao, absoro da pele e ingesto. O benzeno causa anemia irreversvel por destruio dos tecidos produtores do sangue. Alm disso, altera o funcionamento do sistema nervoso, causando depresso. Tambm irrita pele e mucosas e pode causar leses no fgado e leucemia. Os sintomas da intoxicao por benzeno so cansao, falta de apetite, dores de cabea, tonteira, descorao de pele e mucosas. Cloreto de Amnia: utilizado nos processos de solda. Irrita a mucosa nasal e dos olhos e a pele. Os vapores amoniacais alm de irritantes so muito txicos. Hidrxido de Sdio: alto poder custico e corrosivo. Causa queimaduras profundas e ulceraes quando em contato com pele e olhos. Se inalado pode causar graves queimaduras na rvore respiratria, inclusive nos pulmes. Monxido de Carbono: incolor, inodoro, inspido, inflamvel e mais leve que o ar. Devido a essas caractersticas de difcil percepo e fcil difuso no ambiente de trabalho. aplicado na indstria metalrgica como agente redutor do nquel e na siderurgia parece nos gases provenientes da fabricao de ferro e ao. Causa falta de oxignio no sangue, levando asfixia. Inicialmente aparecem dores de cabea, fraqueza muscular, nuseas e vmitos, desmaios, e no havendo cuidados intensivos, evolui para o coma seguido de morte. O qu fazer?

    De modo geral todas as substncias citadas so muito eficazes na sua capacidade de produzir danos aos seres vivos. necessrio que se utilizem outros processos e produtos que no sejam agressivos sade do trabalhador e que haja a instalao de sistemas de coletivos de proteo adequados e capazes de minimizar os impactos causados pelo emprego destas substncias. Perigo de incndios e exploses: Substncias de largo uso industrial como gasolina, lcool, thiner, gases e leos, tintas e solventes e outras chamadas inflamveis, pegam fogo facilmente e podem provocar incndios e exploses. So necessrios sistemas eficazes de preveno e combate a incndios. Estes devem ser compostos de hidrantes, mangueiras e extintores e at mesmo caminhes tanques. Os trabalhadores devem receber freqentemente treinamento para preveno e combate a incndios.

  • Temperatura: Trabalhar em condies de temperatura elevada causa muitos problemas, entre eles a desidratao, que alm da perda excessiva de gua gera a perda de sais minerais e eletrlitos. Isso ocasiona cansao, fraqueza, cibras, dores musculares e baixa presso arterial. Em casos extremos leva a desmaios e desidratao grave. O frio leva a um consumo maior de energia do prprio organismo, alterando a presso e o metabolismo e gerar estados de fraqueza, contrao muscular excessiva e tremedeiras. Para solucionar o problema do calor devem ser colocados em prtica modificaes de carter coletivo, como por exemplo, coberturas e ventilao, mudana no lay-out, instalao de barreiras isolantes, mudanas nos processos de trabalho. Ritmo de trabalho: Os ciclos e o ritmo de trabalho, e conseqentemente a repetio de movimentos podem causar leses nos msculos exigidos. Essas doenas so conhecidas como LER-DORT. preciso alteraes nas formas de organizao do trabalho e da produo. Utilizao de equipamentos de proteo e rotao de trabalho devem ser adotados. Higiene: Geralmente as reclamaes sobre a falta de higiene no ambiente de trabalho referem-se a banheiros e vestirios mal conservados e com pouco espao. necessrio reformar o ambiente, com cuidados especiais com abastecimento e purificao de gua, iluminao e ventilao, organizao e limpeza do espao, esgotos e detritos. Acidentes e Doenas no trabalho: Este apanhado geral dos impactos causados sobre trabalhadores no estaria completo se no considerarmos os acidentes e doenas que ocorrem no trabalho. Diariamente trabalhadores so vtimas de acidentes e levados a contrair doenas durante a execuo de suas atividades no trabalho. Estima-se que mais de 50% dos trabalhadores brasileiros so portadores de algum tipo de doena, a maioria delas incurveis. Por isso, existe a necessidade de se investiga a fundo cada doena ou acidente que ocorra no ambiente de trabalho. Do ponto de vista das empresas, elas se limitam a considerar essas ocorrncias como Ato Inseguro ou Condio Insegura, desprezando os aspectos que envolvem o modelo organizacional da produo e do trabalho. Alm disso querem fazer crer que o trabalhador no se protegeu adequadamente aos riscos mapeados. preciso conhecer o trabalho, seu contedo, a forma e as condies de execuo do mesmo para sabermos porque acidentes acontecem ou porque trabalhadores adoecem. 5. Riscos nos processos siderrgicos de obteno do ao

  • Dos processos siderrgicos de obteno de ao os principais so os que partem do minrio de ferro por reduo em alto forno a ferro gusa e posteriormente converso em ao, processo integrado, e os que, no realizando a etapa de reduo, partem de sucatas ou gusa que so fundidas convertidas em ao como no processo integrado (processos semi-integrados). Destes, o mais utilizado em larga escala o processo siderrgico integrado, que alm da produo de gusa em alto forno envolve etapas suplementares de produo de coque, agente redutor, e tratamento do minrio de ferro, normalmente por sinterizao. Alternativamente ao coque algumas siderrgicas utilizam o carvo vegetal como agente redutor. Assim como em unidades no integradas produz-se o gusa, comercializado como matria prima para produo de ao. Sinterizao

    A sinterizao o tratamento normalmente utilizado para uniformizar a geometria e,

    conseqentemente, facilitar o processo de reduo dos xidos de ferro, constitudo em sua maior parte por Fe2O3 e Fe3O4 (hematita e magnetita respectivamente), ao gusa, liga constituda de ferro e carbono.

    Na sinterizao o minrio, contendo 60-70% de xidos de ferro e demais impurezas como slica e alumina, modo e granulado com carvo finamente dividido. Os grnulos so aquecidos ocorrendo fuso e aglomerao do material formando pequenas esferas rgidas e uniformes, que proporcionam um fcil escoamento e a rigidez necessria para a sua utilizao no alto forno, alm de maior porosidade da carga, melhorando o desempenho da reduo.

    Devido ao processamento de material particulado contendo slica, alm do manuseio de carvo, esta etapa apresenta como principal risco a gerao de poeiras de minrio de ferro e slica, alm do calor gerado pelo aquecimento e o rudo dos transportadores e moinhos. Coqueificao

    O coque a fonte de material redutor e geradora de energia do processo siderrgico, alm de apresentar a resistncia e porosidade necessrias para a sua utilizao no alto forno, o que quase impossibilita a sua substituio por outras fontes, como o carvo mineral. importante lembrar, que malgrado o seu alto teor de cinzas o carvo vegetal vem sendo utilizado com sucesso no processo de reduo em alto forno nalgumas siderrgicas. O coque obtido por carbonizao do carvo em fornos-fenda na ausncia de oxignio, neste processo h a transformao do carvo num material poroso e resistente e a eliminao dos volteis orgnicos contidos neste, aumentando a eficincia e produtividade da reduo no alto forno.

    Na coqueificao o carvo carregado em baterias, compostas de fornos retangulares estreitos e profundos que permitem uma regularidade de aquecimento da carga, haja vista a transformao termoplstica de amolecimento e ressolidificao por que passa o carvo durante a coqueificao dificultando a transferncia de calor e massa neste processamento. Conforme a carga aquecida desprendida uma mistura de gases contendo

  • amnia, monxido e dixido de carbono, hidrognio e compostos de enxofre, alm de compostos orgnicos sob a forma de vapor, principalmente aromticos. O processo de coqueificao termina com o aquecimento da carga a proximadamente 1100C, o que leva de 15 a 25 horas de processamento. Aps o que, as portas do forno so abertas e o operador da desenfornadeira posiciona-a empurrando o coque incandescente para fora do forno e para dentro do carro de extino de coque. No carro de extino o coque transportado para o resfriamento, normalmente realizado com gua, gerando grande quantidade de vapor dgua.

    O coque assim obtido contm carbono, umidade e cinzas, materiais no volteis em sua maior parte compostos inorgnicos. Quanto maior o teor de carbono mais eficientes o aproveitamento trmico e o processo de reduo, a gua presente leva a formao de pequenas quantidades de monxido de carbono, agente redutor, e hidrognio, j as cinzas normalmente interferem negativamente no processamento no alto forno, pois aumentam a quantidade de escria, removendo calor, e, quando contm compostos de enxofre, interferindo na qualidade do ao.

    Cada carga de forno-fenda, com 8m de altura, 15m de comprimento e 60cm de largura, consiste de aproximadamente 20ton de carvo, que geram em torno de 25% de volteis. Composto principalmente por gases como CO, CO2, H2S, SO2, NH3 e H2, os volteis apresentam vapores orgnicos contidos no carvo ou de decomposio desta matria orgnica, como benzeno, tolueno, naftaleno, antraceno e cresis. Esta mistura de gases e vapores removida pelo topo das baterias e enviada para o processameto de subprodutos, onde a amnia, os compostos de enxofre e os vapores orgnicos so removidos, restando o gs de coqueria, importante fonte energtica, devido ao seu alto poder calorfico, 4.200kcal/Nm3.

    Um dos riscos associados a esta etapa do processo siderrgico diz respeito ao manuseio de carvo e principalmente material particulado, gerado na carga e descarga das baterias. A alta temperatura, principalmente na parte superior das baterias deve ser avaliada, assim como no vapor gerado durante o resfriamento do coque. Embora os demais riscos fsicos, incluindo o rudo, devam ser considerados, os agentes qumicos so a principal classe de risco deste processamento. Os volteis gerados durante o enfornamento e desenfornamento ou mesmo devido a problemas no fechamento das portas das baterias so uma fonte de compostos orgnicos aromticos, muitos deles mielotxicos e cancergenos, como o benzeno, pirenos e piridinas. Os riscos qumicos acompanham todo o processamento dos gases de coqueria, que iniciam com o aproveitamento de subprodutos e a sua utilizao como fonte energtica no aquecimento das baterias ou em demais etapas do processo siderrgico. Alto forno

    O alto forno o corao do processo siderrgico, este carregado pela parte superior por correias transportadoras com minrio de ferro sinterizado, coque e fundentes, que num sentido descendente vo sendo submetidos ao aquecimento e reduo pelas correntes ascendentes de gases redutores, culminando com a descarga pelo fundo de gusa e escria fundidas e exausto pela parte superior dos gases de alto forno. Tambm por bicos injetores, ventaneiras, soprado pelo fundo parte do oxignio necessrio para a gerao do

  • calor do processo e iniciar a reduo, pois o agente redutor o monxido de carbono formado pela reao exotrmica do coque com o ar.

    O coque o responsvel pela gerao de energia e formao do monxido de carbono, que o principal agente redutor. A formao do monxido de carbono ocorre na parte inferior do alto forno a temperaturas superiores a 1500C, que devido a exotermia da reao podem atingir at 2200C. O coque descende por todo o alto forno como um material slido e praticamente sem sofrer alterao, exceto a perda de umidade, devendo para tal ter propriedades como porosidade e resistncia necessrias para que deixe ascender as correntes de gases redutores e permitam o fluxo descendente de gusa e escria fundidas, alm de resistir a carga de todo a coluna de material do alto forno. Essas propriedades fsicas inexistem no carvo mineral, alm do que este, devido aos volteis presentes, iniciaria um processo de oxidao e reduo antes de atingir a parte inferior do alto forno.

    O minrio de ferro, constitudo em sua maior parte por xidos de ferro alm de impurezas como slica e alumina, num fluxo descendente no alto forno encontra a corrente ascendente de monxido de carbono e numa reao em fase slida, denominada de reao de Boudouard, a temperatura inferior a 1000C transforma-se em FeO (xido de ferro II) formando dixido de carbono. Essa reao, tambm chamada de reduo indireta, ocorre na parte superior e intermediria do alto forno, denominada chamin.

    Na parte mais larga ou rampa do alto forno, que tem uma geometria semelhante a um sino, numa regio denominada zona coesiva, ocorre a fuso do xido de ferro e da escria (impurezas do minrio mais fundentes), e a sua reao com o carbono do coque a uma temperatura superior a 1200C, denominada reduo direta, formando monxido de carbono que adiciona-se a corrente ascendente vinda do fundo do alto forno. O gusa e a escria escoam para a camada inferior, composta de coque slido, e descem para o corao do alto forno, onde ambos os materiais so retirados em batelada e separados na linha de corrida fora do alto forno.

    Os fundentes adicionados a carga do alto forno tm a funo de proporcionar a formao de uma escria fundida numa estreita faixa de temperatura, de fcil escoamento na temperatura de fuso do gusa e que fique sobrenadando a este. A escria formada um composto ternrio formado por slica, alumina e xido de clcio cuja funo principal remover os componentes no volteis da carga do alto forno. A seleo e proporo de material fundente estabelecida em funo da composio do minrio utilizado e das cinzas presentes no coque aps a carbonizao do carvo, normalmente utiliza-se xido de clcio, xido de magnsio e alumina. Alternativamente ao xido de clcio pode-se usar carbonato de clcio, que se converte naquele durante o aquecimento dentro do alto forno, liberando dixido de carbono. Na composio da escria tambm deve ser avaliado o grau de corrosividade desta aos refratrios do alto forno, escria com elevada alcalinidade. A escria formada aps ser separada do gusa resfriada e pulverizada, sendo aproveitada pelas indstrias cimenteiras.

    O gusa produzido nesta etapa, este descarregado em carros torpedo, vages tanque com este formato, que o transfere para a etapa de converso em ao carbono na aciaria, ou, quando necessrio, para a comercializao deste como produto final. Para cada tonelada de gusa contendo aproximadamente 3,8-4,5% de carbono e aproximadamente 270kg de escria necessria a seguinte carga :

  • Carga tpica para a produo de 1.000 kg de gusa contendo 3,8-4,5% de C

    Minrio de ferro sinterizado c/ 65% F 914 kg Escria de aciaria 26 kg Coque 460 kg Fundente 330 kg Umidade total na carga 66kg Ar 1.500 kg

    Alternativamente a escria de aciaria empregada na carga pode ser reciclada na

    etapa de converso e no no alto forno. Alm do gusa e da escria, gerado o gs de alto forno, que por sua temperatura (180-250C) e seu contedo de monxido de carbono e hidrognio utilizado como fonte de gerao de energia, aps a separao do enxofre, que acompanha a carga de materiais como impureza. O hidrognio gerado pela converso da umidade presente na carga em monxido de carbono e hidrognio quando em contato com o coque. O gs de alto forno, aps remoo de enxofre, pode ser reunido ao gs de coqueria, aps remoo de subprodutos, que restou, sendo utilizado como fonte de gerao de energia. Para cada 1.000kg de gusa produzido gera-se aproximadamente 2.188kg de gs de alto forno ou 1.600 m3 com uma composio tpica para a carga exemplificada assim estimada : Estimativa de composio para o gs de alto forno na linha de sada

    Monxido de carbono 18% Dixido de carbono 22% Hidrognio 2% Nitrognio 50%

    Os riscos existentes na operao do alto forno so como suas operaes, os mais variados. Riscos fsicos como radiaes no ionizantes, principalmente na operao dos queimadores e sada de gusa, alm da temperatura e do rudo ensurdecedor das ventaneiras. O monxido de carbono presente em todas as correntes de gases de dentro e exauridas do alto forno um risco qumico que deve ser constantemente monitorado, assim como, em menor quantidade, gases contendo enxofre, mas que so muito mais txicos. Aps a mistura do gs de alto forno com o de coqueria este passa conter em pequena quantidade compostos aromticos, inclusive benzeno. No obstante importante ressaltar os riscos provenientes de operaes de manuteno externa ou interna no alto forno, como troca de refratrios, que alm de envolverem trabalhos em ambiente confinado expe os trabalhadores a poeira desses materiais. O mesmo deve ser dito da poeira da escria de alto forno, que contm dentre outros elementos slica, alumina e xido de clcio.

  • Riscos ocupacionais no refino de ao

    Assim como os processos de reduo a produo de ao apresenta uma grande gama

    de riscos fsicos, como o calor e o rudo gerado pelos sopradores ou pelo arco voltaico, atingindo facilmente nveis acima de 105dB(A). Como riscos qumicos, o CO e os fumos metlicos, cuja exposio muito maior nesta etapa do processamento. A poeira de refratrios constitui outro risco nesta etapa, proveniente da recuperao de panelas e conversores, que aps algumas dezenas de corridas devem ter seus refratrios reparados.

    A atividade de siderurgia inclui uma grande variedade de processos industriais. Observamos essa variao de processos quando comparamos empresas distintas ou mesmo quando analisamos uma nica planta industrial, o que confere siderurgia a caracterstica de concentrar em espaos relativamente pequenos os mais diversos riscos ("hazards") qumicos e fsicos, p. e. benzeno na coqueria e temperaturas elevadas no alto forno; fatores ergonmicos, p. e. inadequao de postos de trabalho; e atividades associadas a risco de acidentes, p. e. transporte ferrovirio e utilizao de ponte rolante. Alguns desses riscos esto presentes em todas as siderrgicas, outros so encontrados apenas em algumas delas. Citamos como exemplo o benzeno. Esse produto qumico, que representa uma ameaa aos trabalhadores por ser cancergeno, assume importncia nas siderrgicas integradas, pois estas produzem grandes quantidades de benzeno durante a coqueificao do carvo que utilizado nos altos-fornos. Esse risco inexiste nas siderrgicas que utilizam forno a arco eltrico ou o carvo vegetal em substituio ao coque.

    Considerando a diversidade de atividades, processos industriais e riscos existentes, a realizao de uma inspeo por Auditores Fiscais do Trabalho (AFT) em uma indstria siderrgica deve ser baseada nos princpios de auditoria fiscal. A ateno a um dos riscos isoladamente ou a verificao do cumprimento pelas empresas de itens da legislao sobre segurana e sade no trabalho, como por exemplo, das Normas Regulamentadoras, no devem ser utilizados como os principais instrumentos para a inspeo de uma siderrgica. Sempre que possvel as siderrgicas devem ser inspecionadas por equipes de AFT, os quais devem solicitar, quando necessrio, o apoio de outros rgos, entidades ou instituies, como Ministrio Pblico, FUNDACENTRO, Secretarias de Sade e INSS. No caso de inspeo que possa envolver a exposio ocupacional ao benzeno em uma siderrgica integrada, os AFT devem contatar a Comisso Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) ou a Comisso Regional, caso exista, para integrar suas aes. As inspees nas siderrgicas devem ser registradas atravs de relatrios para permitir um histrico das aes desenvolvidas. Esses histricos devem ser elaborados visando a continuidade das inspees pelo MTE, assim como para fornecer subsdios, em caso de solicitao, para a CNPBz ou para as Comisses Regionais e Estaduais do Benzeno. Sistema de Gesto de Risco (SGR)

    A anlise do Sistema de Gesto de Riscos (SGR) implementado pela empresa o ponto de partida para a inspeo de uma indstria siderrgica. Alguns pontos bsicos devem ser identificados na anlise do SGR de uma empresa, entre os quais destacamos:

  • comprometimento da alta direo; participao dos trabalhadores na elaborao, implementao e controle dos programas.

    O no comprometimento expresso da alta direo da empresa e/ou o distanciamento dos trabalhadores na elaborao e na conduo dos programas de segurana e sade no trabalho (SST) dentro de uma empresa implicam em uma provvel falncia de seu sistema de gesto de risco. A direo deve demonstrar interesse nas questes de SST, enquanto o trabalhador ser, e se sentir, valorizado por essa direo.

    Devido ao nmero crescente de trabalhadores subcontratados nas indstrias siderrgicas torna-se imprescindvel implementao de programas especficos pela empresa contratante para o controle de SST nas empresas contratadas. As empresas contratantes devem exigir das contratadas as mesmas condies de SST para todos os trabalhadores. Durante as inspees os AFT devem avaliar as formas de controle exercidas pela empresa contratante sobre as contratadas nas questes de SST. Citamos duas formas de controle que podem ser utilizadas em conjunto: apresentao e anlise pela contratante de documentos como, PPRA, PCMSO, PPEOB, formulrios de liberao de rea e anlises de risco; suspenso de pagamento para empresas com irregularidades em SST.

    A anlise pela empresa contratante dos programas e mtodos utilizados pelas empresas contratadas na rea de SST fundamental para avaliar a compatibilidade de integrao dos programas propostos pelas empresas em um mesmo estabelecimento. A empresa contratante deve realizar verificaes rotineiras para verificar a implementao desses programas por parte das contratadas. Mas fundamental que sejam previstas formas de punio das empresas que apresentem irregularidades na rea de SST. Uma das formas de punio que temos observado a suspenso de pagamento a empresas subcontratadas em caso de irregularidades demonstradas por aes de inspeo do MTE, por fiscalizaes da prpria contratante ou pelos trabalhadores. A incluso de clusulas prevendo essas punies nos contratos com as terceiras o primeiro passo que os AFT devem sugerir empresas contratantes. Programas implementados

    A empresa deve elaborar e implementar os programas obrigatrios pela legislao trabalhista, mas tambm deve abordar outros temas de segurana e sade no trabalho. Citamos abaixo alguns desses programas que devem ser analisados durante a inspeo: Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA); Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional (PCMSO);

  • Programa de Preveno da Exposio Ocupacional ao Benzeno (PPEOB); preveno de grandes acidentes industriais; identificao e controle de espaos confinados; operao de pontes rolantes e mquinas de grande porte.

    CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidentes A CIPA foi criada oficialmente em novembro de 1944, por ato do Presidente da Repblica, poca, Getlio Vargas. Regida pela Lei n 6.514 de 22/12/77 e regulamentada pela NR-5 do Ministrio do Trabalho, a Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA foi aprovada pela portaria n 3.214 de 08/06/76, publicada no D.O.U. de 29/12/94 e modificada em 15/02/95. A CIPA uma comisso composta por representantes do empregador e dos empregados, e tem como misso a preservao da sade e da integridade fsica dos trabalhadores e de todos aqueles que interagem com a empresa. 6. Referncias Bibliogrficas

    Cadernos de Sade do Trabalhador, Riscos sade do trabalhador: Ramo metalgico

    www.mte.gov.br

    Site do Ministrio do Trabalho e Emprego.

    www.mpas.gov.br

    Site do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social. www.epa.gov