metalogenese provincias tectonicas brasileiras

611

Upload: clamonnt

Post on 09-Jan-2016

88 views

Category:

Documents


11 download

DESCRIPTION

Metalogenese

TRANSCRIPT

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    1/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    2/610

    METALOGNESE DAS PROVNCIASTECTNICAS BRASILEIRAS

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    3/610

    REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    PRESIDENTEDilma Vana Rousseff

    MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA MME

    MINISTRO DE ESTADOEdison Lobo

    SECRETARIA DE GEOLOGIA, MINERAO E TRANSFORMAO MINERAL

    SECRETRIOCarlos Nogueira da Costa Jnior

    SERVIO GEOLGICO DO BRASIL CPRM

    DIRETOR-PRESIDENTEManoel Barretto da Rocha Neto

    DIRETOR DE GEOLOGIA E RECURSOS MINERAISRoberto Ventura Santos

    DIRETOR DE HIDROLOGIA E GESTO TERRITORIALThales de Queiroz Sampaio

    DIRETOR DE RELAES INSTITUCIONAIS E DESENVOLVIMENTOAntnio Carlos Bacelar Nunes

    DIRETOR DE ADMINISTRAO E FINANASEduardo Santa Helena

    CRDITOS INSTITUCIONAIS

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    4/610

    METALOGNESE DAS PROVNCIASTECTNICAS BRASILEIRAS

    ORGANIZADORESMaria da Glria da SilvaManoel Barretto da Rocha NetoHardy JostRaul Minas Kuyumjian

    BELO HORIZONTE 2014

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    5/610

    Copyright 2014

    Impresso no Brasil

    Direitos exclusivos para esta edio: CPRMTodos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao poder ser armazenada ou reproduzida por qualquer meio sem aautorizao por escrito da CPRM.

    METALOGNESE DAS PROVNCIAS TECTNICAS BRASILEIRAS

    ORGANIZADORESMaria da Gloria da SilvaManoel Barretto da Rocha NetoHardy JostRaul Minas Kuyumjian

    PROJETO GRFICO DA CAPABlackjack Comunicao

    TRATAMENTO DE ORIGINAIS, REVISO E EDITORAO ELETRNICA DO TEXTOHardy Jost

    REVISO FINAL DOS CAPTULOSOs autores

    PUBLISHERSErnesto von SperlingJos Marcio Henriques Soares

    COLABORAOClaiton Piva PintoEverton AssunoMarcio Antonio da Silva

    TIRAGEM:1.000 exemplares

    Coordenao editorial a cargo do Departamento de Relaes Institucionais e DivulgaoDiviso de Marketing e DivulgaoDiretoria de Relaes Institucionais e DesenvolvimentoServio Geolgico do Brasil CPRM

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Central da CPRM

    Silva, Maria da Glria da. Metalognese das provncias tectnicas brasileiras /Organizadores Maria da Glria da Silva, Manoel Barrettoda Rocha Neto, Hardy Jost [e] Raul Minas Kuyumjian... Belo Horizonte: CPRM, 2014.

    589 p. : il.

    ISBN 978-85-7499-221-1

    1. Geologia econmica Brasil . 2. Recursos minerais Brasil. 3. Metalogenia Brasil. 4. Geofsica Brasil. 5.Economia mineral Brasil. I.Ttulo.

    CDD 553.0981

    SERVIO GEOLGICO DO BRASIL CPRM

    SERVIO DE ATENDIMENTO AO USURIO SEUSAv Pasteur, 404 Urca Rio de Janeiro RJ Cep: 22290-255 | Tel: 21 2295-5997 - Fax: 21 2295-5897 | E-mail: [email protected]

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    6/610

    APRESENTAO

    O Servio Geolgico do Brasil CPRM tem a satisfa-o de disponibilizar para a comunidade tcnico-cientficae a sociedade em geral o livro Metalognese das ProvnciasTectnicas Brasileiras. Este trabalho se insere no mbito doPrograma Geologia do Brasil, Ao de Recursos Minerais,proposto pela Diretoria de Geologia e Recursos Minerais, soba coordenao do Departamento de Recursos Minerais.

    O Servio Geolgico do Brasil ciente de sua misso degerar e difundir o conhecimento geolgico do pas tomou ainiciativa de elaborar uma obra de sntese do conhecimen-to atual sobre a vocao metalogentica de cada ProvnciaTectnica Brasileira com a caracterizao da ambincia ge-olgica e dos controles de formao dos principais depsi-tos minerais metlicos e, portanto, de carter temtico. Osdados e informaes que compem este livro foram exaus-tivamente coletados em peridicos nacionais e do exterior,anais de eventos cientficos, dissertaes de mestrado, tesesde doutorado e em relatrios internos de empresas de pes-quisa e explorao mineral. Para alcanar tal objetivo, foramconvidados Gelogos de renome, tanto da rea acadmicaquanto de empresas, mais familiarizados com a metalogeniade cada provncia, para elaborar cada captulo.

    A obra contm vinte e quatro captulos, reunidos emseis partes: A primeira, com dois captulos, aborda a evolu-o geotectnica da plataforma sul-americana, seguido dainterpretao geofsica dos principais domnios tectnicosbrasileiros. A partir da segunda parte, a sequncia dos ca-ptulos segue, na medida do possvel, de Leste para Oeste e

    de Norte para Sul. Esta parte aborda a metalogenia dos N-cleos Arqueanos representados pelas provncias Carajs-RioMaria, Crton do So Francisco (Setor Setentrional), Crtondo So Francisco (Setor Meridional) e o Terreno Arqueano deGois. A terceira aborda os Terrenos Paleoproterozoicos daAmaznia Oriental, Crton So Luiz e Faixa Gurupi, ProvnciaTapajs-Parima (domnios Parima, Uaimiri, KMudku), Provn-cia Tapajs-Parima (domnio Tapajs, Amazonas Central) eProvncia Tapajs-Parima (domnio Rio Negro). A quarta par-te se destina aos Terrenos Mesoproterozoicos das ProvnciasSunss e Matup-Juruena-Teles Pires-Rondnia. A quintaabrange os Terrenos Neoproterozoicos da Provncia Borbo-rema Setentrional e Meridional (Faixas Sergipana, Riacho do

    Pontal e Rio Preto), Faixa Araua, Faixa Braslia, Arco Mag-mtico de Gois, Faixa Araguaia, Faixa Paraguai, Faixa Ribei-ra, Crton Rio de La Plata/Faixa Dom Feliciano. A sexta partedescreve as Provncias Carbonatticas do Fanerozoico.

    Os captulos esto dedicados aos depsitos minerais

    metlicos e esto organizados de forma a abordar, inicial-mente, o ambiente geotectnico seguido da respectiva vo-cao metalogentica. Na descrio metalogentica o focoest, em geral, voltado para a descrio dos recursos mineraisdistribudos em depsitos isolados, distritos ou provnciassegundo roteiros adequados s caractersticas geolgicas decada provncia. O roteiro de cada capitulo sistemtico e ini-cia com o contexto geolgico regional da Provncia Tectni-ca, seguido da descrio sobre a diversificada vocao meta-logentica conhecida no momento, mediante a abordagemdos depsitos individuais, quanto aos principais controlesda mineralizao, rochas encaixantes imediatas e hospedei-ras, forma do depsito, texturas, estruturas e mineralogia dominrio, dados de incluses fluidas, alterao hidrotermal,resposta supergnica, assinaturas isotpicas, geofsicas egeoqumicas, idade das rochas encaixantes/hospedeiras eda mineralizao e proposta de sua classificao tipolgica.Tambm abordam, de forma sumria, os principais mtodosde explorao mineral utilizados na descoberta. As aborda-gens foram realizadas com base nos dados existentes, tendopor meta a atualizao do estado da arte sobre a metaloge-nia do territrio brasileiro.

    A publicao dessa obra certamente consistir em

    uma base de informaes que permitir uma viso amplada distribuio geogrfica dos principais depsitos metli-cos brasileiros e, em cada depsito, reconhecer lacunas deconhecimento e, assim, subsidiar o planejamento de futurasinvestigaes que visem ao seu aprofundamento e conse-quente progressivo salto qualitativo nas discusses sobre ascaractersticas dos depsitos, os guias e os critrios que con-duzam a novas descobertas minerais no pas.

    Manoel Barretto da Rocha Neto

    Diretor-Presidente

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    7/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    8/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    9/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    10/610

    PROVNCIAS TECTNICAS E RESPOSTA GEOFSICA

    A PLATAFORMA SUL-AMERICANA: UMA INTRODUO

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    INTRODUO 3OS NCLEOS CRATNICOS 6OS COIRMOS DESCRATONIZADOS 8EVOLUO CRUSTAL E REGISTROS DE TENDNCIAS E PARTICULARIZAES 9PROVNCIAS NEOPROTEROZOICAS - AS FAIXAS MVEIS 12Feies e caractersticas gerais 12Caractersticas mais marcantes 12COBERTURAS DA PLATAFORMA 16Coberturas Pr-Fanerozoicas 17Coberturas Tardineoproterozoicas e Fanerozoicas 18

    REFERNCIAS 19

    INTERPRETAO GEOFSICA DOS PRINCIPAIS DOMNIOS TECTNICOS BRASILEIROS

    Roberto Gusmo de Oliveira & Joo Batista Freitas de Andrade

    INTRODUO 21DADOS AEROMAGNTICOS E GRAVIMTRICOS 21CRTON DO AMAZONAS 23CRTON DO SO FRANCISCO 26PROVNCIA TOCANTINS 27PROVNCIA MANTIQUEIRA 31PROVNCIA BORBOREMA 33BACIAS DO AMAZONAS-SOLIMES 35BACIA DO PARAN 36BACIA DO PARNABA 36OBSERVAES FINAIS 37REFERNCIAS 38

    NCLEOS ARQUEANOS

    METALOGNESE DA PROVNCIA CARAJS

    Lena Virgnia Soares Monteiro, Roberto Perez Xavier, Carlos Roberto deSouza Filho & Carolina Penteado Natividade Moreto

    INTRODUO 43CONTEXTO GEOLGICO REGIONAL 43Domnio Rio Maria 44Domnio Carajs 46METALOGENIA DO DOMNIO RIO MARIA 49Depsitos de ouro orognicos 49Outros depsitos aurferos 51Depsitos de tungstnio 52METALOGENIA DO DOMNIO CARAJS 53

    SUMRIO

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    11/610

    Depsitos de ferro 53Depsitos de xidos de ferro-cobre-ouro 58Outros depsitos IOCG de Carajs 64Depsitos de cobre-ouro polimetlicos 67Depsitos de ouro-paldio-platina 69Depsitos de cromo-nquel-EGP 73Depsitos de mangans 77Depsitos de ouro latertico 79Depsitos de nquel latertico 80

    Depsitos de bauxita 81CONSIDERAES FINAIS 82Agradecimentos 84REFERNCIAS 84

    METALOGNESE DO SETOR SETENTRIONAL DO CRTON DO SO FRANCISCO

    Maria da Glria da Silva, Joo Batista Guimares Teixeira, Aroldo Misi,Simone Cerqueira Pereira Cruz & Jos Haroldo da Silva S

    INTRODUO 93EVOLUO METALOGENTICA DO CRTON DO SO FRANCISCO 95

    Depsitos Paleoarqueanos de Zn de Mundo Novo 96Depsitos Neoarqueanos (?) de Pb-Zn de Boquira 99Depsitos Neoarqueanos de Fe-Ti-V (EGP) de Maracs 99Depsitos Neoarqueanos de Cobre do Vale do Cura 100Depsitos Riacianos de cromita de Santa Luz (Pedras Pretas) 101Depsitos Riacianos de Ni da Fazenda Mirabela 102Depsitos Riacianos de cromita do Vale do Rio Jacurici 102Depsitos Riacianos de Au do Rio Itapicuru 103Depsitos Orosirianos de Au da Serra de Jacobina 104Depsitos de cromita de idade indeterminada da regio de Campo Formoso 106DEPSITOS MINERAIS SITUADOS NAS ZONAS LIMTROFES DO CRTON DO SO FRANCISCO 107Sulfetos Paleo/Mesoarqueanos (?) de Fe do Greenstone Beltdo Rio Salitre 107Depsitos Neoarqueanos (?) de Fe da regio de Caetit 108Depsitos Neoarqueanos (?) de Mn das regies de Urandi/Caetit/Licnio de Almeida 109Provncia Orosiriana de Campo Alegre de Lourdes: depsitos de Fe-Ti-V 109Depsitos Tonianos de urnio de Lagoa Real 110Depsitos Neoproterozoicos de Mn do oeste da Bahia 111Depsitos Neoproterozoicos/cambrianos de Au e de barita do Espinhao/Chapada Diamantina 112CONCLUSES 112Agradecimentos 113REFERNCIAS 113

    METALOGNESE DO SETOR MERIDIONAL DO CRTON SO FRANCISCO

    Lydia Maria Lobato, Friedrich Ewald Renger, Rosaline Cristina Figueiredo e Silva,Carlos Alberto Rosire, Franciscus Jacobus Baars & Vassily Khoury Rolim

    INTRODUO 119POTENCIAL METALOGENTICO REGIONAL 119Fertilidade metalogentica 123RECURSOS MINERAIS EM ROCHAS DO ARQUEANO 123Jazidas de ouro no Greenstone BeltRio das Velhas-GBRV 123Jazidas de mangans 127RECURSOS MINERAIS EM ROCHAS DO PALEOPROTEROZOICO 129Jazidas de ferro da regio do Quadriltero Ferrfero 129Jazidas de ferro da Serra da Serpentina, Conceio do Mato Dentro 131Ouro da regio de Mariana e arredores 132

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    12/610

    Ouro paladiado do tipo Jacutinga 132Ouro e Urnio em metaconglomerados piritosos 133OUTROS RECURSOS MINERAIS 134Bauxita 134Agradecimentos 135REFERNCIAS 135

    METALOGNESE DOS GREENSTONE BELTSDE GOIS

    Hardy Jost, Marcelo Juliano de Carvalho, Vincius Gomes Rodrigues & Rodrigo Martins

    INTRODUO 141CONTEXTO REGIONAL 141CONTEDO DO TERRENO ARQUEANO-PALEOPROTEROZOICO DE GOIS 142Ortognaisses 142Greenstone belts 143Intruses Paleoproterozicas 149Reflexos do Ciclo Brasiliano 149METALOGENIA 149DEPSITOS EPIGENTICOS DE OURO 149DEPSITOS SINGENTICOS 158

    Depsito aurfero em albitito 158Prospectos de ouro do tipo VMS 160Prospectos de ferro do tipo Algoma 162Prospectos de ferro do tipo Lago Superior 162Prospectos de ferro e mangans do tipo SEDEX 163Ocorrncia de Ni-Cu associados a komatiitos 164PALEOPLACER AURFERO 164CONCLUSES 166Agradecimentos 166REFERNCIAS 166

    TERRENOS PALEOPROTEROZOICOSMETALOGNESE DA BORDA ORIENTAL DO CRTON AMAZNICO

    Evandro Luiz Klein, Lcia Travassos Rosa-Costa & Marcelo Lacerda Vasques

    INTRODUO 171GEOLOGIA E EVOLUO DA BORDA ORIENTAL DO CRTON AMAZNICO 171Bloco Amap 171Domnio Carecuru 174Domnio Loureno 174Domnio Bacaj 175

    Domnio Santana do Araguaia 176METALOGNESE DO DOMNIO LOURENO 176Depsitos de ouro de classificao incerta 176Depsitos sedimentares de ferro 177METALOGNESE DO BLOCO AMAP 178Depsitos orognicos de ouro 178Depsitos sedimentares de ouro em paleoplacer 180Depsitos estratiformes de cromita 180Depsitos sedimentares de ferro 181Depsitos supergnicos de mangans 182Depsitos de cassiterita, columbita e tantalita em pegmatito e greisen 182Depsitos de diamante em paleoplacer 183Potencial para outros depsitos 183

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    13/610

    METALOGNESE DO DOMNIO CARECURU 183Depsitos orognicos de ouro 183Depsitos de cobre vulcanognico 184Depsitos de titnio 185Potencial para outros depsitos 185METALOGNESE DO DOMNIO BACAJ 185Depsitos de ouro de classificao incerta 185Depsitos supergnicos de mangans 186Depsitos de nquel latertico 188

    METALOGNESE DO DOMNIO SANTANA DO ARAGUAIA 188Depsitos de ouro de classificao incerta 188Depsitos de urnio sedimentar tipo discordncia 189Potencial para outros depsitos 189EVOLUO METALOGENTICA 189Agradecimentos 191REFERNCIAS 191

    METALOGNESE DO CRTON SO LUS E DO CINTURO GURUPI

    Evandro Luiz Klein

    INTRODUO 195GEOLOGIA E EVOLUO DO CRTON SO LUS E DO CINTURO GURUPI 195METALOGENIA DO CRTON SO LUS 198Depsitos orognicos de ouro 198Depsitos supergnicos de fosfato 203METALOGNESE DO CINTURO GURUPI 204Depsitos orognicos de ouro 204Depsitos de ouro em paleoplacer 209Depsitos supergnicos de fosfatos 210Depsitos de fosfato de origem sedimentar/hidrotermal 210SUMRIO CONCLUSIVO 211Agradecimentos 212REFERNCIAS 212

    METALOGNESE DA PROVNCIA TAPAJS-PARIMA: DOMNIOS PARIMA, UAIMIRI E KMUDKU

    Rgis Munhoz Krs Borges, Ana Maria Dreher, Marcelo Esteves Almeida, HiltonTulio Costi, Nelson Joaquim Reis & Joo Batista Freitas de Andrade

    INTRODUO 215DOMNIOS PARIMA E SURUMU (OU PARIMA) 215DOMNIO UATUM-ANAU (OU UAIMIRI) 216DOMNIO GUIANA CENTRAL (OU KMUDKU) 217PRINCIPAIS METALOTECTOS DA PROVNCIA TAPAJS-PARIMA 217

    DOMNIOS PARIMA E SURUMU (OU PARIMA) 217Ouro aluvionar da regio da Serra Parima 217Cassiterita aluvionar proveniente dos granitos da Sute Surucucus 218Ouro primrio e aluvionar da regio dos rios Urarica e Furo de Santa Rosa 218Diamante e ouro aluvionares associados ao Supergrupo Roraima 219DOMNIO UATUM-ANAU (OU UAIMIRI) 220Ocorrncias aluvionares de columbita-tantalita da bacia dos rios Igarap Azul e Sararamandaiae de ametista na regio da Vila Moderna (sudeste de Roraima) 220Ouro aluvionar da regio do garimpo Anau (sudeste de Roraima) 220DEPSITOS DE ESTANHO E CRIOLITA DA PROVNCIA PITINGA 220Dados histricos, reservas, teores e localizao 220Rochas encaixantes imediatas e hospedeiras 220Idade das rochas encaixantes, hospedeiras e da mineralizao 221

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    14/610

    Ambiente geodinmico 222DESCRIO DOS DEPSITOS-MODELO 222Depsitos magmticos associados ao Pluton Madeira 222Depsitos hidrotermais associados ao Pluton gua Boa 224DOMNIO GUIANA CENTRAL (OU KMUDKU) 225Fosfato de rochas alcalinas da serra Repartimento 225REFERNCIAS 226

    METALOGNESE DA PROVNCIA TAPAJSCaetano Juliani, Marcelo Lacerda Vasquez, Evandro Luiz Klein, Raimundo Netuno NobreVillas, Carlos Mrio Echeverri Misas, rika Suellen Barbosa Santiago, Lena Virgnia SoaresMonteiro, Cleyton de Carvalho Carneiro, Carlos Marcello Dias Fernandes & Gustavo Usero

    INTRODUO 229CONTEXTO TECTNICO E GEOLGICO DA PROVNCIA MINERAL DO TAPAJS 230DOMNIO TAPAJS 231Associaes do embasamento 233Vulcano-plutonismo Paleoproterozoico 234Coberturas sedimentares Paleoproterozoicas 237Magmatismo mfico Proterozoico e Fanerozoico 237

    METALOGENIA 238DEPSITOS MAGMTICO-HIDROTERMAIS 238Depsitos epitermais 238Mineralizao de Cu-Mo-(Au) low-sulfidation, V6 ou Chapu de Sol 245Depsito de Au-(Cu) do tipo prfiro: Mina do Palito 247Depsito de Au do tipo prfiro profundo: Depsito do Batalha 253Depsito de Au relacionado a intruses: Depsito Tocantinzinho 256DEPSITOS METAMRFICO-HIDROTERMAIS 259Depsitos orognicos de ouro 259CONSIDERAES FINAIS 261Agradecimentos 263REFERNCIAS 263

    METALOGNESE DA PROVNCIA AMAZNIA CENTRAL

    Marcelo Lacerda Vasquez

    INTRODUO 269GEOLOGIA E EVOLUO DA PROVNCIA AMAZNIA CENTRAL 269Associaes de embasamento 269Vulcano-plutonismo Paleoproterozoico 271Coberturas sedimentares Paleoproterozoicas 275Rochas mficas Proterozoicas 275Intruses alcalinas Proterozoicas 276

    Rochas mficas e kimberlitos Fanerozoicos 276METALOGENIA 277Depsito de ouro em paleoplacer 277Depsitos de ouro relacionados intruso 277Depsitos de estanho em greisen e placers 278Depsitos Antonio Vicente, Mocambo e Bom Jardim 279Depsito So Pedro do Iriri 279Depsitos associados aos complexos alcalino-ultramfico-carbonatticos 279Potencial para jazimentos de ouro, metais base, estanho, wolfrmio e nibio 279Potencial para jazimento de diamante 281REFERNCIAS 281

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    15/610

    METALOGNESE DA PROVNCIA RIO NEGRO

    Marcelo Esteves Almeida, Slvio Roberto Lopes Riker & Marco Antnio Oliveira

    INTRODUO 285SNTESE DA GEOLOGIA REGIONAL 285PRINCIPAIS METALOTECTOS DA PROVNCIA 286Indcios de ouro e cobre associados s rochas metavulcanossedimentares Dara, Arac e Tunu(

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    16/610

    Mineralizaes de AuCu 330Au associado a metais de base 333Modelo metalogentico regional 335CONCLUSES 337Agradecimentos 338REFERNCIAS 338

    TERRENOS NEOPROTEROZOICOS

    METALOGNESE DAS PORES NORTE E CENTRAL DA PROVNCIA BORBOREMA

    Edilton Jos dos Santos, Joo Adauto de Souza Neto, Marcelo Reis Rodrigues da Silva, HartmutBeurlen, Jos Adilson Dias Cavalcanti , Maria da Glria da Silva, Vilson Marques Dias, dila

    Ferreira Costa, Lauro Czar Montefalco de Lira Santos & Roberto Batista Santos

    INTRODUO 343O ARCABOUO TECTNICO GERAL DA PROVNCIA BORBOREMA 343MINERALIZAES NO ARQUEANO E PALEOPROTEROZOICO 348Complexo acamadado com cromita e elementos do grupo da platina de Tria 348Mineralizaes de ferro associadas a sulfetos em rochas metamfico-ultramficas (tipo IOCG) 350

    Depsitos metassedimentares supergnicos de mangans 352DEPSITOS DE Fe-TiVCrCu EM TERRENO METAMRFICO DE ALTA PRESSO TONIANO 353FORMAES FERRFERAS BANDADAS EDIACARANAS (TIPO RAPITAN) 356SKARNS POLIMETLICOS DA FAIXA SERID 357PROVNCIA PEGMATTICA DO SERID 363OUTROS DISTRITOS PEGMATTICOS 367MINERALIZAES DE OURO OROGNICO 368DEPSITOS DE U-P e U-P-ETR METASSOMTICOS 372DEPSITOS ESTRATIFORMES E HIDROTERMAIS DE Cu e Cu-Fe 380REFERNCIAS 384

    METALOGNESE DA PROVNCIA BORBOREMA MERIDIONAL: FAIXASSERGIPANA, RIACHO DO PONTAL E RIO PRETO

    Elson P. Oliveira, Alexandre Uhlein, Fabrcio A. Caxito & Marcos E. Silva

    INTRODUO 389FAIXA SERGIPANA 389Domnios litoestratigrficos 389Estruturas regionais 393METALOGNESE 394Cobre e nquel 394Cobre, ouro e ferro 394FAIXA RIACHO DO PONTAL 395

    Estratigrafia 396Geologia estrutural e tectnica 399METALOGNESE 401Nquel 401Cobre, zinco e ouro 402Outros depsitos 402FAIXA RIO PRETO 402Estratigrafia 403Geologia estrutural e tectnica 406Geocronologia 408Metalognese 408Mangans 408Metacherts e lateritas ferro-manganesferas 410

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    17/610

    Outras ocorrncias 411REFERNCIAS 411

    METALOGNESE DA FAIXA ARAUA: O DISTRITO FERRFERO NOVA AURORA (GRUPO MACABAS,NORTE DE MINAS GERAIS) NO CONTEXTO DOS RECURSOS MINERAIS DO ORGENO ARAUA

    Francisco Teixeira Vilela, Antnio Carlos PedrosaSoares, Marco Tlio Navesde Carvalho, Ranufo Arimatia, Eduardo Santos & Eliane Voll

    INTRODUO 415CONTEXTO GEOLGICO 415SUMRIO DOS RECURSOS MINERAIS DO ORGENO ARAUA 418O DISTRITO FERRFERO NOVA AURORA, NORTE DE MINAS GERAIS 419Geologia do distrito ferrfero Nova Aurora 420Petrografia e mineragrafia de depsitos de ferro da Formao Nova Aurora 422COMENTRIOS FINAIS 428Agradecimentos 428REFERENCIAS 429

    METALOGNESE DA ZONA EXTERNA DA FAIXA BRASLIA

    Marcel Auguste Dardenne & Nilson Francisquini Botelho

    INTRODUO 431DEPSITOS SEDIMENTARES DE FOSFATO 431Depsitos de fosfato do tipo Campos Belos/Arraias 431Depsitos de fosfato do Grupo Vazante 431DEPSITOS DE CHUMBO E ZINCO 436Depsitos Pb-Zn associados ao Grupo Vazante 436Depsitos Zn silicatados de tipo Vazante 438Depsitos Pb-Zn-CaF2 associados ao Grupo Bambu na zona cratnica 441DEPSITOS DE OURO NA ZONA EXTERNA 442Depsitos Au-EGP Paleoproterozoicos 443Depsitos do tipo Buraco do Ouro 443Depsitos do tipo Aurumina 444Depsitos de Au Neoproterozoicos 444A PROVNCIA ESTANFERA DE GOIS 447Depsitos de estanho e tntalo associados a granitos e pegmatitos tipo S 448Depsitos de Sn associados a granitos tipo A 449DEPSITOS E OCORRNCIAS DE URNIO 451REFERNCIAS 452

    METALOGNESE DO ARCO MAGMTICO GOIS

    Claudinei Gouveia de Oliveira, Raul Minas Kuyumjian, Frederico Bedran Oliveira,Gustavo Campos Marques, Nely Palermo & Elton Luiz Dantas

    INTRODUO 455CONTEXTO GEOLGICO REGIONAL 455O ARCO MAGMTICO GOIS 455CARACTERSTICAS DESCRITIVAS DOS DEPSITOS DE Au, Cu-Au e Ni-Cu DO ARCO MAGMTICO 457Depsitos de Cu-Au porfirticos 457Depsitos de Cu-Au e Au vulcanognicos 460Depsitos de Au orognicos 462Depsitos de Au tipo Intrusion Related 462DEPSITOS DE Ni-Cu ASSOCIADOS A COMPLEXOS MFICO-ULTRAMFICOS 463ALTERAO HIDROTERMAL E MINERALIZAO DE Cu-Au e Au 463

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    18/610

    DISCUSSO E CONCLUSO 465REFERNCIAS 465

    METALOGNESE DA FAIXA ARAGUAIA

    Marco Antnio Pires Paixo & Paulo Srgio de Souza Gorayeb

    INTRODUO 467

    AMBIENTE GEOTECTNICO 467HISTRICO DE EXPLORAO E POTENCIAL MINERAL DA FAIXA ARAGUAIA 469NATUREZA E ORIGEM DOS OFIOLITOS DA FAIXA ARAGUAIA 470MINERALIZAO SULFETADA DE Cu-Pb-Zn 472DEPSITOS DE CROMITA 475DEPSITOS DE NQUEL LATERTICO 479DEPSITOS DE OURO 484CONCLUSO 485Agradecimentos 485REFERNCIAS 485

    METALOGNESE DA FAIXA PARAGUAI

    Jorge Silva Bettencourt, Francisco Egdio Cavalcante Pinho, lzio da SilvaBarboza, Paulo Csar Boggiani & Mauro Csar Geraldes

    INTRODUO 489ESTRUTURAO DA FAIXA PARAGUAI 489Geologia regional 489Faixa Paraguai Meridional 491Faixa Paraguai Setentrional 491Faixa Paraguai Oriental 492OURO DA FAIXA PARAGUAI 492Resenha histrica 492Depsitos e ocorrncias da baixada Cuiabana 493Depsitos e ocorrncias da regio de Nova Xavantina 495FORMAES FERRFERAS E MANGANESFERAS 496Macio de Urucum 496REAS POTENCIAIS PARA EXPLORAO MINERAL E PERSPECTIVAS FUTURAS 497Agradecimentos 498REFERNCIAS 498

    METALOGNESE DA FAIXA RIBEIRA

    Ronaldo Mello Pereira, Monica Heilbron & Cludio Valeriano

    INTRODUO 501CONTEXTO TECTNICO REGIONAL 501A Faixa Ribeira resultante da amalgamao do Gondwana 501Faixa Braslia Sul e a zona de Interferncia 501Faixa Ribeira Central 502Faixa Ribeira Sul 503PRINCIPAIS TIPOS DE DEPSITOS MINERAIS 504Ouro 504Metais base (Pb, Zn, Cu) 506Pb-Zn-Cu filoneano 508Mangans, nquel e alumnio 509Mineralizaes de metais raros relacionados a granitognese Brasiliana 511Domnios scheelitferos associados a faixas de rochas calcissilicticas 513

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    19/610

    CONSIDERAES 514REFERNCIAS 514

    METALOGNESE DO CINTURO DOM FELICIANO E FRAGMENTOSPALEOCONTINENTAIS ASSOCIADOS (RS/SC)

    Eduardo Camozzato, Joo ngelo Toniolo & Jorge Henrique Laux

    INTRODUO 517DADOS HISTRICOS 517ESTRUTURAO TECTONO-GEOLGICA 518Limites dos terrenos 520RECURSOS MINERAIS METLICOS 520Generalidades 520Au no terreno Taquaremb (RS) 520Au (Cu, Pb, Zn) no terreno So Gabriel (RS) 521Au-Cu(Pb, Zn, Ag) em Lavras do Sul 527Cu, Pb, Zn (Au, Ag) na Bacia Camaqu 530SnW no RS (distrito Encruzilhada do Sul) 538Pb, Mo (Cu, Sn) no batlito Pelotas 539AuPb(Ag)ZnCu (complexos granulticos e Bacia Itaja) 540

    Au no Complexo Brusque (SC) 544W(Sn, Au, Mo) em SC 547CONSIDERAES FINAIS 548REFERNCIAS 549

    TERRENOS FANEROZOICOS

    POTENCIAL E CONTROLES METALOGENTICOS DE ETR, Ti E Nb EMPROVNCIAS ALCALINO-CARBONATTICAS BRASILEIRAS

    Carlos Cordeiro Ribeiro, Jos Affonso Brod, Tereza Cristina Junqueira-Brod, Jos Carlos Gaspar, MatheusPalmieri, Pedro Filipe de Oliveira Cordeiro, Murilo Gomes Torres, Carla Bertuccelli Grasso, Elisa SoaresRocha Barbosa, Paulo Afonso Ribeiro Barbosa, Aldo Jos Duarte Ferrari & Caroline Siqueira Gomide

    INTRODUO 559CONTROLES METALOGENTICOS REGIONAIS E GEOTECTNICOS 561Provincialidade 561Origem do magmatismo alcalino 565CONTROLES METALOGENTICOS LOCAIS PRIMRIOS 566Composio de complexos carbonatticos 566Afiliao geoqumica dos magmas parentais 567Tipo de carbonatito predominante 568Associao com foscoritos 569

    Mecanismos de instalao (emplacement) e geometria dos corpos de minrio 570Processos de diferenciao em magmas alcalinos e carbonatticos 571CONTROLES METALOGENTICOS LOCAIS SECUNDRIOS 574Cobertura latertica superficial 575Saprolito alotertico 575Saprolito isaltertico 575Rocha alterada 576OS DEPSITOS DE TERRAS RARAS, NIBIO E TITNIO DE CATALO 1 576Depsito de terras raras 576Depsito de titnio 580Depsitos de nibio 582DISCUSSO E CONCLUSES 584REFERNCIAS 586

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    20/610

    METALOGNESE DAS PROVNCIASTECTNICAS BRASILEIRAS

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    21/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    22/610

    ESBOO TECTONO-GEOLGICODO BRASIL

    FAIXAS FANEROZOICAS

    FAIXAS NEOPROTEROZOICAS

    FAIXAS MESOPROTEROZOICAS

    FAIXAS PALEOPROTEROZOICAS

    NCLEOS ARQUEANOS

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    23/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    24/610

    3

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    A PLATAFORMA SUL-AMERICANA: UMA INTRODUO

    BENJAMIM BLEY DE BRITO NEVES1& REINHARDT ADOLFO FUCK2

    1 - Instituto de Geocincias, Universidade de So Paulo, Rua do Lago, 562 - Cidade Universitria, 05508-080,So Paulo, SP - E-mail: [email protected]

    2 - Instituto de Geocincias, Universidade de Braslia, CampusUniversitrio Darcy Ribeiro, 70910-900, Braslia.E-mail: [email protected]

    INTRODUO

    A Placa Sul-Americana um segmento litosfri-co de grandes propores (>43.106km2), compos-to por uma parte continental, o continente Sul-

    Americano, e uma ocenica, consignada pela me-tade ocidental do Atlntico Sul. No contexto docontinente Sul-Americano destaca-se uma reaestvel central e centro-oriental, caracterizadacomo ortoplataforma a Plataforma Sul-America-na - margeada a norte, a oeste e ao sul por por-es perifricas, de comportamento instvel e deevoluo principal ao longo do Fanerozico. A de-finio de Plataforma Sul-Americana adequadapara este tipo crustal e litosfrico, que funcionoucomo domnio estvel em relao s faixas mveisque somam orogenias do Fanerozico, hoje ocor-rentes em suas margens norte (Andes Caribe-nhos), oeste (Variscanas/Gondwanides, Andinas)e sul (La Ventana, terrenos da Patagnia). A edifi-cao e estrututurao da plataforma foram com-pletadas do Toniano (ca. 1.000Ma) ao Eo-Ordovi-ciano (ca. 470 Ma), sendo seu clmax de evoluoalcanado no Neoproterozico, durante a colagemorognica do Brasiliano e, assim sendo, a carac-teriza como uma entidade dita epi-Brasiliana.

    A plataforma constituda pelo amlgama dencleos cratnicos de natureza diversa, pr-bra-

    silianos, mais antigos que 900 Ma, e por um siste-ma complexo de faixas mveis neoproterozicas(Fig. 1), sobretudo mas no exclusivamente brasi-lianas, aps delongada histria precursora deembaciamentos (basin-forming tectonics) marinhos,transicionais e continentais, e posteriores oroge-nias e colagens orognicas, culminando com a fu-so supercontinental. A plataforma , na verda-de, apenas frao importante, ocidental, do su-percontinente Gondwana, uma das quatro gran-

    des massas supercontinentais edificadas ao finaldo Neoproterozico. A contraparte africana destasupermassa continental, aqui tratada, somente foigradativamente sendo desgarrada da coirm sul-americana a partir dos ltimos 235 Ma, com a evo-

    luo do Atlntico (Equatorial, Central e Meridio-nal), e o desenvolvimento subseqente da mar-gem continental do tipo atlntica nos dois conti-nentes antes unidos sob a designao de Gon-dwana Ocidental.

    O limite oriental da plataforma inclui as baciassedimentares costeiras desenvolvidas no ps-tri-ssico e que constituem a Provncia Costeira eMargem Continental (Almeida et al. 1981). As mar-gens ocidental (com os Andes, sensu latu), norte(com os Andes Caribenhos) e sul (Sierra de LaVentana) so traadas, mas ainda sem a precisodesejvel. A dificuldade de tal traado decorre dapresena de coberturas modernas que no per-mitem marcar de forma inquestionvel o limiteentre os tratos estveis e as faixas orognicasfanerozicas (e/ou de partes por elas regenera-das). necessrio ressaltar que a entidade cra-tnica (sin-Hercnica, sin-Andina, epi-Brasiliana)aqui em epgrafe, inicialmente chamada de Plata-forma Brasileira (Almeida 1967), inclui praticamentetodo o Brasil e parcelas significativas de Colm-bia, Venezuela, Guianas (que ao norte constituem

    a extenso do Crton Amaznico) e, ao sul-sudo-este, inclui partes de Argentina, Paraguai e Uru-guai, onde continuam as faixas Pampeana e DomFeliciano e o Crton Rio de La Plata.

    O contexto litosfrico e crustal estvel do con-tinente Sul-Americano assim definido, sobretu-do por observaes geolgico-geotectnicas desuperfcie, cabendo assinalar que apenas partede uma entidade que teve dimenses prvias bemmaiores, pois comprovadamente perdeu fraes

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    25/610

    4

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    Figura 1 Esquema tectnico simplificado do continente sul-americano. A parte cinza a oeste (cadeia andi-

    na) e a sul (macios da Patagnia) no fazem parte da plataforma topnima. Cratons Sinbrasilianos: AMAZ(Amaznico), SL (So Luis), SF (So Francisco), PA (Paranapanema), LA (Luiz Alves), RLP (rio de La Plata).Em azul esto as principais provncias estruturais brasilianas e em branco as coberturas fanerozicas indis-criminadas. Modificado de Cordani (2010).

    considerveis de sua periferia norte e oeste, en-volvidas (regeneradas, descratonizadas) nosprocessos orognicos fanerozicos. Esta concep-o tem algum respaldo sobretudo, mas no ex-clusivamente, em dados gravimtricos e ssmicos(vide Oliveira & Andrade, neste volume). Em ver-dade, h demanda muito grande por incremento

    em dados e respaldo geofsico, de forma a apri-morar o conhecimento e a demarcao dos dom-nios estveis (cratnicos) e no estveis (orog-nicos) do continente.

    preciso ressaltar que h 900 Ma de anos osncleos cratnicos a serem discutidos (Amazni-co, S. Luis-W frica, So Francisco etc.) estavamem posies bastante diferentes das atuais, dis-tanciados de centenas e at milhares de quilme-tros uns dos outros, e participando de outra enti-

    dade geotectnica de natureza supercontinental,o supercontinente Rodnia (Fig. 2) (Li et al. 2008,Pisarevski et al. 2008, dentre muitos outros). Asfaixas mveis brasilianas para as quais estes n-cleos cratnicos, descendentes da fisso de Rod-nia, constituram os referenciais estveis, s fo-ram, pois, desenvolvidas aps a fragmentao di-

    acrnica desse supercontinente semental. Estima-se que o desenvolvimento da colagem orognicado Brasiliano tenha decorrido entre ca. 830 Ma ato limiar do Fanerozico, ca. 470 Ma, no Ordovicia-no Inferior. A ltima idade a referncia para mar-car o final da aglutinao/fuso de Gondwana Oci-dental e o limiar de sua estabilizao.

    Praticamente todas as faixas mveis da cola-gem Brasiliana apresentam continuidade na fri-ca (Pankhurst et al. 2008, entre outros) e as por-

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    26/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    27/610

    6

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    faixas mveis neoproterozicas. Neste ltimo con-junto dois grupos maiores devem destacados. Umdo perodo Toniano, presente at o momento nasprovncias Borborema (orogenia Cariris Velhos,entre 1000 e 930 Ma, Santos et al. 2010), Tocan-tins (Mara Rosa, entre 920-880 Ma, Junges et al.2008) e na Mantiqueira Central (parte da Faixa

    Itaiacoca, Poidevin et al. 1997, Basei 2005). Outroconjunto de orogenias mais abrangente e quecompreende todo somatrio de orogenias do Bra-siliano (a colagem do Brasiliano sensu lato), de-senvolvidas entre ca. 850 e ca. 480 Ma, na qual possvel discriminar vrios estgios e etapas. To-das as unidades tectnicas e litoestruturais queprecederam este segundo e mais importante con-

    junto de eventos foram invariavelmente retoma-das, em diferentes circunstncias e graus de in-tensidade, e em nvel crustal variado.

    As faixas mveis geradas nas orogenias neo-proterozicas contm registros litoestruturais pro-cedentes de diversos tipos de bacias e pilhas vul-canossedimentares continentais, transicionais eocenicas, separados por altos estruturais de di-versas naturezas. No interior das faixas comumen-te ocorrem fraes do embasamento, tanto derochas de alto e mdio grau de metamorfismo,assim como de coberturas pr-900 Ma. Os tratos/altos do embasamento condicionam a ramifica-o destas provncias neoproterozicas. No entan-to, muitos dos blocos inicialmente discriminadoscomo altos ou basement inliers significativos, di-visores de ambientes, tm sido, na ptica e anli-se de escalas maiores, configurados como lascasde embasamento, fraes de faixas mveis doMesoproterozico, etc., de forma que o estudomais detalhado e o reexame destas unidades tec-tonoestruturais e demais contextos pr-900 Mase faz sempre necessrio (vide Quadro 1).

    Algumas das faixas mveis admitem e apresen-tam claro zoneamento, tanto paleogeogrfico (fai-xas marginais, faixas distais, ambientes continen-

    tais, transicionais etc.), quanto sob a ptica dosprocessos deformacionais (internides, altos estru-turais, externides etc.). Em praticamente todos osramos dos sistemas de faixas de dobramento tmsido possvel determinar, ou inferir, polaridadessedimentar, metamrfica e orognica, tendo porreferncia um ncleo cratnico. As faixas margi-nais proximais dos ncleos cratnicos invariavel-mente apresentam esta possibilidade, com not-ria vergncia para os mesmos e consubstancian-

    do cenrios exemplares de thrust-and-fold beltsque permitem observar, com clareza, a polaridadesedimentar e deformacional em relao ao ncleocratnico.

    Na forma semifinal dos mosaicos de estruturasbrasilianas, isto , o arranjo de crtons e faixasmveis, os processos de extruso ps-colisional

    foram decisivamente importantes em tempos pr-Ordovicianos. Claramente, os processos colisionaisocorreram e a convergncia continuou como ob-servado em praticamente todas as provncias es-truturais brasilianas e nas suas coirms africanas.Assim, a ao da tectnica transcorrente foi efeti-va e criou e reaproveitou falhas precedentes paracomandar rejeitos direcionais de dezenas e mes-mo centenas de quilmetros. Dessa maneira, aviso bidimensional, cartogrfica hoje observadae descrita significativamente distinta da que

    antecedeu o final dos processos orognicos. Oresgate dos cenrios paleogeogrficos e dos qua-dros tectnicos iniciais deve considerar estes fa-tos, e mais, precisa considerar a viso de conjun-to, com foco tambm na continuidade na frica,de praticamente todas as provncias.

    necessrio acrescentar que a Provncia Pam-peana, de idade cambriana, situada no sudoestedo continente e que foi parte da Plataforma Sul-americana, est hoje inserida no contexto dasreas regeneradas (Almeida 2004), semelhanados muitos outros blocos proterozicos conheci-dos no interior das cadeias fanerozicas (Fuck etal. 2008, Cardona et al. 2009, dentre outros) queforam intensamente remobilizados e desastibiliza-dos nas orogenias ps-brasilianas.

    OS NCLEOS CRATNICOS

    Os ncleos cratnicos so fraes continentaisgeradas com a fisso de Rodnia. A anlise de suaconstituio tectnica e litoestrutural, essencial-mente embasamento pr-Neoproterozico dos ci-

    clos geotectnicos neles consignados, possibilitamdiscriminar dois grupos distintos: de um lado oCrton Amaznico e, de outro, os demais crtons(So Luis-Oeste frica, So Francisco-Congo, LuisAlves, Rio de La Plata). s caractersticas destesegundo grupo se alinham muitas das unidadesgeotectnicas (macios e littipos afins) de em-basamento regenerado que afloram ostensiva-mente, e os que no afloram, como os sotopostoss grandes sinclises, como, por exemplo, os blo-

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    28/610

    7

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    cos Parnaba e Paranapanema.O Crton Amaznico tem reconhecida afinida-

    de com os blocos do hemisfrio norte (Laurentia,Bltica), particularmente pela semelhana na evo-luo geral com a daqueles blocos norte-america-nos (Brito Neves 2005) e com a de alguns coir-

    mos regenerados presentes no interior e na partemais oriental da Cadeia Andina (e.g. Arequipa,Antofalla, Cuyania etc.). Vrias outras caracters-ticas podem ser assinaladas como peculiares eintrnsecas deste maior e mais completo dos des-cendentes de Rodnia.

    Esta frao continental cratnica (> 5,5.106km2) maior que todas as demais, e apresenta o maiscompleto registro de sistemas do Arqueano ao fi-nal do Mesoproterozico. Na sua poro mais ori-ental expe ncleos arqueanos circunscritos por

    faixas mveis do Paleoproterozico, formando umconjunto muito semelhante ao de Hudsonia ouCrton Hudsoniano (Reed Jr. et al. 1993). A partirdesta massa centro oriental do Paleoproterozi-co inferior e mdio, o Crton Amaznico apresen-tou crescimento quelognico, com o desenvolvi-mento de faixas mveis acrescionrias do Paleo-proterozico (Ventuari Tapajs, do Orosiriano ea Rio Negro-Juruena, a nica de idade estaterianado continente), do Mesoproterico (Santa Helena,

    Sunss-Aguape, Nova Brasilndia, etc.), progres-sivamente mais jovens de nordeste para sudoes-te. H evidncias geolgicas e isotpicas de umadimenso pretrita ainda maior deste crton paraoeste, de acordo com os dados de basement inli-ers das cordilheiras andinas orientais. A faixa es-

    tateriana Rio Negro-Juruena, em particular, apre-senta provvel continuidade para os continentesnorte-americano (Provncia Transcontinental) eeuropeu (Gothian). A continuidade de Sunss-Aguape/Nova Brasilndia com o Grenvilliano (Nor-te Amrica e Europa) uma possibilidade bastan-te debatida na literatura internacional.

    A este quadro quelognico de crescimento crus-tal, orientado de nordeste para sudoeste, se so-breps outro similar, de atividades anorognicas,de extraordinria riqueza de tipos e variedades

    de processos (granitos diversos, intruses alcali-nas, tafrogenia e implantao de bacias sedimen-tares e vulcanossedimentares) que foram progres-sivamente se instalado nas reas que foram gra-dualmente sendo estabilizadas. Estas atividadesforam respostas tanto de processos infracrustais(manto ativado, plumas, pontos quentes) comotambm de atividades reflexas no interior das re-as estabilizadas, resultantes de vrios processosde litosfera ativada, devido interao em mar-

    Quadro 1 A saga dos descendentes de Rodnia nas assemblias de Gondwana Oriental e no Ps-Pangea.

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    29/610

    8

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    gens das placas. Estes eventos mostram regis-tros multiformes entre 2,0 Ga e 0,98 Ga e ampladistribuio no espao, do que decorrem muitosproblemas de terminologia e classificao estrati-grfica, ainda distante de uma sntese ideal. Es-tes processos anorognicos, lado-a-lado com even-tos orognicos, so de riqueza e variedade sem

    similar no mundo, com exposies sobejas, mal-grado condies de floresta tropical. A rigor, soocorrncias mais exuberantes de que as do bloconorte-americano, onde se situa a continuidade deembasamento e cobertura, tendo em vista que,naquele continente, a cobertura paleozica mui-to mais extensa e melhor preservada e que emmuito obscurece o Pr-Cambriano.

    Os demais ncleos cratnicos tm grande afi-nidade ente si e com os do bloco africano, razopela qual so conhecidos como entidades gon-

    dwnicas. So de dimenses menores, em geralinferiores a 1.10 6 km2e incluem ncleos microcon-tinentais do Arqueano amalgamados por faixasmveis do Paleoproterozico, sobretudo do Riaci-ano. No h registros concretos de orogenias ps-Orosiriano, e/ou mesoproterozicas. Merecem des-taque as coberturas de plataforma vulcano-sedi-mentares e sedimentares, moderadamente dobra-das, do Paleoproterozico Superior, Mesoprotero-zico e amplas bacias do Neoproterozico. Em al-guns casos, verifica-se que parte destas cobertu-ras meso- e neoproterozicas possuem flagrantecontinuidade litoestratigrfica com as sequnciassupracrustais das faixas mveis marginais aos cr-tons.

    As caractersticas destas pores extra-Ama-znicas podem ser estendidas, de certa forma, ede acordo com os dados disponveis, a muitas dasunidades do embasamento das faixas mveis doNeoproterozico, onde estas unidades litoestru-turais esto reestruturadas em nvel crustal pro-fundo. Este o quadro geolgico-geotectnico quese encontra igualmente configurado na maioria

    inconteste das exposies diretas e indiretas doembasamento, inclusive os chamados basementinliers, profundamente transformados por even-tos do Brasiliano nas quatro grandes provnciasneoproterozicas, como ser visto. Esta descrioparece possvel de ser aplicada tambm aos n-cleos supostamente cratnicos do substrato dasgrandes sinclises do Paran (bloco Paranapane-ma) e do Parnaba (bloco Parnaba), de acordo comos poucos dados geolgicos e geofsicos, e ou-

    tras inferncias da geologia regional alinhavadasat o presente.

    OS COIRMOS DESCRATONIZADOS

    Considerando a Plataforma Sul-Americana comoentidade epi-Brasiliana, preciso reiterar que so

    muitos os contingentes litoestruturais mais anti-gos, de embasamento, presentes no apenas nasreas cratnicas, mas tambm fora delas, no in-terior de faixas mveis de diferentes ciclos. Em pre-tensa ordem ideal, ocorrem desde segmentos pr-tonianos do embasamento caprichosamente pre-servados, como o caso do Crton Amaznico,seguidos de segmentos com diferentes graus deretrabalhamento representados pela maioria dosdemais crtons e dos chamados macios e deoutras fraes de embasamento completamente

    ductilizadas (vide Quadro 1).Mesmo em reas cratnicas, diversos vestgiose registros da penetrao da deformao brasili-ana tm sido detectados, em nmero crescentede casos na medida em que o conhecimento geo-lgico e geocronolgico avana. O Quadro 1 umatentativa de discriminar alguns casos e classificarpreliminarmente os tipos e modos de retrabalha-mentos observados at o presente.

    O emprego do termo macio deve ser enca-rado como artifcio descritivo, de carter informale necessariamente passageiro. Em todos os ca-sos deve ficar implcita a premncia de classifica-o adequada, em acordo com o avano do co-nhecimento. Algumas vezes, os macios refletemcontexto tectnico singular de vulto (e.g. micro-continente, microplaca, terreno tectonoestratigr-fico), mas em outras, as reas designadas como

    macios, ao curso da regionalizao tectnicapreliminar, agregam diferentes contextos tectni-cos e outras fraes litoestruturais da infraestru-tura. Em sntese, a aplicao do termo macioexige cautela e reexame frequente de suas ca-

    ractersticas. Por outro lado, a par dos crtons emacios, deve ficar claro que fraes do emba-samento de vrias idades foram tambm retraba-lhadas de diversas maneiras no interior das fai-xas mveis do Fanerozico, durante as interaesde placas e eventos do Famatiniano, Hercnico eAndino. A identificao das pores retrabalhadasno contexto da plataforma e das faixas mveis fa-nerozicas e a compreenso sobre o papel queestas pores desempenharam antes e durante

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    30/610

    9

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    as orogenias em que foram envolvidas, um de-safio da pesquisa geotectnica, e um alerta con-tra simplismos apressados.

    O grau de retrabalhamento tectnico-magm-tico das unidades pr-brasilianas varia amplamen-te. H registros de casos desde fragmentos doembasamento arqueano, paleoproterozico e/ou

    mesoproterozico praticamente preservados, atextremos de pores litoestruturais totalmente

    regeneradas ou descratonizadas e incorpora-das nas zonas internas de faixas mveis neopro-terozicas, como o caso de algumas ocorrnci-as/blocos clssicos como Guanhes, Cabo Frio,Punta del Leste, Terreno Alto Moxot, Terreno AltoPaje etc. E tambm, por seu turno, h casos nointerior das faixas fanerozicas, como Pmpia,Cuyania, Arequipa, Garzon- Santa Marta, etc.

    Processos de descratonizao, como acima

    apontados, esto na ordem do dia da investiga-o geotectnica e so temas ditos de vanguarda(o qu?, como? e por qu?). O continente Sul-Ame-ricano, como um todo, contm exemplos notveisde tratos considerados como da mesma naturezaoriginal do que os domnios cratnicos, mas queesto diversamente regenerados. A ttulo de com-parao, no Quadro 1 os crtons brasilianos somostrados (itens 1 e 2) para servirem de refern-cia aos casos de processos de descratonizaomais latentes e sensveis que atingiram os maisdiversos coirmos. O Quadro 1 reflete o conheci-mento atual e, por isto, tem validade temporal, de difcil aceitao consensual e apenas um apoioao presente texto.

    EVOLUO CRUSTAL E REGISTROS DE TENDN-CIAS E PARTICULARIZAES

    Os registros litoestruturais do Arqueano e doPaleoproterozico nos ncleos cratnicos, maci-os e no embasamento das faixas mveis prote-rozicas da Plataforma Sul-Americana guardam

    semelhanas com os clssicos registros descritosem outros continentes, como no Canad e fricado Sul, com poucas particularidades merecedorasde registro. Poderamos, por exemplo, assinalar arelativa escassez de terrenos komatiticos em al-guns dos nossos greenstone beltsou, ainda, men-cionar os registros conspcuos do Sideriano, que uma particularizao interessante da evoluocrustal. Outras feies de semelhana e diferen-as viro no bojo dos demais captulos deste li-

    vro. Dessa forma, as propostas esquematizadasnos Quadros 2 (Arqueano) e 3 (Paleoproterozi-co), apesar das limitaes deste tipo de sistema-tizao, sintetizam de forma introdutria o patri-mnio litoestrutural e a evoluo crustal dos sis-temas que esto melhor expostos na plataforma.

    No tocante ao Mesoproterozico e a partir do

    Estateriano Superior, so consignadas diferenassignificativas entre o registro da regio amazni-ca, que guarda afinidades com os continentes dohemisfrio norte, e da regio extraamaznica,parte central e sudeste da Amrica do Sul, quemostra afinidades com os continentes gondwni-cos ocidentais.

    No Crton Amaznico, como mencionado, veri-fica-se uma evoluo marcada por sucessivas oro-genias, com crescimento quelognico de nordestepara sudoeste bem marcado no tempo, de forma

    a sobrepujar os eventos de tafrognese, que emgeral possuem papel subordinado. Na poro ex-tra-Amaznia predomina a tafrogenia, com mag-matismo anorognico diversificado, processos ex-tensionais e formao de bacias (basin-formingtectonics) e onde orogneses segundo o Ciclo deWilson so, at o momento, desconhecidas e apresena, ou no de processos contracionais temsido foco freqente de questionamento e discus-so. Em consequncia, a esquematizao dos re-gistros dos sistemas, a partir do Estateriano, feita com o emprego de dois quadros diferentes(Quadros 4 e 5).

    No caso do desenvolvimento dos processos doNeoproterozico e seus registros, a parte centrale sudeste do continente, isto , dita extra-ama-znica que foi a privilegiada. Na poro amaz-nica, os registros do Neoproterozico esto pre-sentes em zonas perifricas e localmente, de for-ma atenuada e/ou indireta, quando no totalmen-te ausentes.

    Dois conjuntos de eventos tectnicos foram dis-criminados no setor central e centro-oriental do

    continente. Um referente ao Toniano (pr-850Ma) e ocupa espaos muito modestos das trsmaiores provncias estruturais e sem registrosconsignados na Provncia Pampeana. O outro con-

    junto, mais importante e abrangente e com fran-ca sobreposio ao primeiro e ao embasamentopr-Neoproterozico em geral, corresponde a umaconfigurao e trajetria tpicas de colagem oro-gnica, com a somatria de trs a quatro ciclosorognicos (processos concretos de interao de

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    31/610

    10

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    Quadro 3 Principais processos/registros geolgicos do Paleoproterozico.

    Quadro 2 Arqueano na Amrica do Sul Diversidade dos registros e da tectnica.

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    32/610

    11

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    Quadro 4 Evoluo crustal mesoproterozica no Bloco Amaznico.

    Quadro 5 Evoluo crustal mesoproterozica nos domnios extra-Amaznia. Vulcanismo bsico (VVV) eflsico (grantico principalmente +++) esto assinalados. Sedimentao em todos os perodos, mais desta-cada apenas no Ectasiano e, em parte no Esteniano, consorciada ou no com vulcanismo.

    placas) relativamente completos, responsvelpela edificao da plataforma em discusso. Ain-da no possvel discriminar, como desejvel, apaleogeografia e a trajetria tectnica dos pro-

    cessos tonianos, nem saber sua extenso real,uma vez que todos se localizam de forma subordi-nada abrangncia da colagem brasiliana, quan-do os esforos contracionais iniciais foram impo-

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    33/610

    12

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    nentes e seguidos por expressivos processos deextruso do Neoediacarano ao Eo-ordoviciano.

    PROVNCIAS NEOPROTEROZICAS - ASFAIXAS MVEIS

    Feies e Caractersticas Gerais

    Consoante Almeida et al. 1981, com poucasadaptaes, a frao neoproterozica, de filiaogondwnica, do embasamento da plataforma estrepresentada e exposta significativamente em trsgrandes provncias estruturais: Borborema (Nor-deste Oriental) Tocantins (Brasil Central, com ra-mificaes para sudoeste e sudeste) e Mantiquei-ra (de este-sudeste para o extremo sudeste). Houtra provncia menor adicional, como (ex-)porosudoeste da plataforma, a provncia Pampeana,

    situada nas fraldas da Cordilheira Andina e poresta bastante remobilizada. Uma conexo pret-rita desta provncia com o ramo mais sul-ocidentalda Provncia Tocantins (Faixas Paraguai-Valemi,que circunscrevem o bloco do Rio Apa) bastanteprovvel. Esta provncia, pela perda da estabili-dade ps-Cambriana, deve ser considerada nocontexto do continente, mas retirada do contextoestvel da Plataforma Sul-Americana.

    A identificao das provncias estruturais ocor-reu h cerca de trs dcadas e j existem muitoselementos de conhecimento geolgico, resultan-tes de mapeamento bsico e de dados geocrono-lgicos que permitem aprimorar a proposta origi-nal de Almeida et al. (1977, 1981). Ainda no hou-ve nova proposta de discriminao de provnciase a pretrita foi muito bem fundamentada, ainda til aos nossos propsitos e ser aqui seguida,com apreciaes e comentrios laterais quandonecessrios. Ao nvel do conhecimento atual, to-das as provncias permitem a identificao de sub-provncias, para as quais j existem algumas de-signaes informais e/ou subentendidas, mesmo

    que no sejam totalmente consensuais.O cenrio das faixas mveis e provncias estru-

    turais neoproterozicas do continente apresentamuitas semelhanas com as pan-africanas. O graude preservao dos registros litoestruturais ele-vado, com muitos orogenic belts sobrepondo emnmero os orgenos vestigiais de Clifford (1970),e possvel resgatar muitas feies paleogeogr-ficas e paleotectnicas valiosas. Localmente, emdeterminados sistemas, tem sido possvel resga-

    tar as antigas margens continentais passivas eativas, nestes ltimos casos com evidncias decontextos ofiolticos e de arcos de ilhas e magm-ticos etc. Nas zonas mais internas e nas mais afe-tadas pelos processos de extruso, a problemti-ca cresce substancialmente por obscurecimentodas feies paleogeogrficas devido influncia

    de novas tramas tectnicas, o que deixa muitosproblemas em aberto.

    Pelo menos dois ciclos distintos de evoluoforam reconhecidos nas provncias, isto , do To-niano (pr-850 Ma) e do Brasiliano s.s. (ca.800-470 Ma). A colagem orognica que ocorreu duran-te este segundo termo foi muito mais abrangen-te, com claro overprinting em todos os desenvolvi-mentos anteriores (do Toniano e precedentes),predomina em rea, e assim sendo, dificulta emmuito a identificao de domnios geogrfico-geo-

    lgicos do primeiro ciclo e o estabelecimento desuas caractersticas. Na verdade, a individualiza-o, compreenso e demarcao dos ciclos do To-niano ainda constituem temas embrionrios. Halguns candidatos a serem melhor investigados.

    oportuno reiterar que o panorama geolgi-co-geotectnico expresso pela riqueza de regis-tros e exposies nas provncias brasilianas algoabsolutamente prprio e difere dos contextos earcabouos neoproterozicos dos continentes se-tentrionais. Naqueles, as retomadas promovidaspela implantao das orogenias fanerozicas fo-ram intensas, assim como o recobrimento por se-quncias fanerozicas foi mais vasto. Cabe reite-rar tambm as semelhanas e continuidades denossas provncias com as pan-africanas do conti-nente africano, com as quais estiveram aglutina-das em Gondwana.

    Caractersticas mais marcantes

    Sendo a Plataforma Sul-Americana caracteriza-da como epi-Brasiliana, e como todas as provnci-

    as estruturais sero temas dos demais captulosdeste livro, aqui sero ressaltadas as caracters-ticas mais importantes, procurando pinar, da me-lhor forma possvel, a essncia do conhecimentoatual, a saber:

    a)As provncias brasilianas esto situadas fun-damentalmente entre ncleos cratnicos, os quaisatuaram como paleocontinentes pr-mesoprote-rozicos e como placas litosfricas durante o Neo-proterozico. Todos os ncleos cratnicos (vide

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    34/610

    13

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    destaque no Quadro 1) so considerados comofraes descendentes mais ou menos preserva-das da fisso do Supercontinente Rodnia. Todasas provncias constituem complexos sistemas ra-mificados de orgenos (branching system of oro-gens), as ramificaes sendo comandadas por di-ferentes tipos de basement inlierspaleo- e meso-

    proterozicos e alguns, mais raramente, do Arque-ano. Muitos dos inliersmostram afinidades litoes-truturais e cronolgicas com os ncleos cratni-cos, uma vez que so fraes do mesmo todo (videQuadro 1), deles diferindo pelo retrabalhamentotectnico-termal e magmtico a que foram subme-tidos.

    b)O reconhecimento de diferentes provncias,extensas como as da Borborema (ca. 450.000 km2),Tocantins (ca. 800.000 km2) e Mantiqueira (ca.500.000 km2), certamente obedece razes geol-

    gicas prprias, mas tambm so substanciais asrazes descritivas. As provncias possuem algunsramos que apontam para ntidas conexes entreelas, assim como indicaes e evidncias de con-tinuidade no continente africano. Este no o casoda pequena Provncia Pampeana (ca. 240.000km2), relativamente distante, isolada e tolhida deobservao pelos sedimentos recentes do Chaco,e que foi, a principio, colocada fora do contexto daplataforma por retrabalhamento pela margem an-dina desde o Ordoviciano, na orogenia famatinia-na. Uma conexo pretrita com a Provncia Tocan-tins provvel e tema de investigao no presen-te. Todas as provncias admitem a possibilidadede reconhecer subprovncias de acordo com a seg-mentao geogrfico-geolgica, seja de norte parasul ou de leste para oeste, e outras razes decunho geotectnico, razo porque algumas desig-naes novas tm sido introduzidas na bibliogra-fia com a acepo informal de subprovncias.

    c)A forma final e atual das provncias foi abso-lutamente condicionada pelos importantes even-tos de extruso do final do Neoproterozico ao

    Cambriano, fato comum em todo supercontinenteGondwana, de forma que a trama hoje apresen-tada difere em muito da organizao paleogeo-grfica e litoestrutural do Neoproterozico. Soma-se a isto a presena de coberturas sedimentaresfanerozcas de vrios tipos, que cobrem mais de3,5 milhes de km2da plataforma e interrompema continuidade das faixas dobradas e dos maci-os e parte dos crtons de referncia. Destaque-se que, algumas vezes e em parte, estas cober-

    turas podem refletir, ou destacar descontinuida-des geotectnicas e estruturais do embasamentosotoposto (Brito Neves et al . 1984).

    d) Nas provncias Tocantins (Mara Rosa, 920-860 Ma), Borborema (Cariris Velhos, 1000-930 Ma)e Mantiqueira (Itaiacoca, 1000-930 Ma), dentreoutras candidatas, foram identificados registros de

    ciclos orognicos wilsonianos relativamente bempreservados e datados do Toniano. Registros deremanescentes ocenicos, arcos de ilhas, arcosmagmticos e de granitides (ortognaisses) coli-sionais puderam ser mapeados e datados. Socasos considerados especiais, para os quais oseventos tectnicos e termais sobrepostos do Bra-siliano no foram capazes de mascarar os regis-tros litoestruturais de ciclos orognicos preceden-tes, da parte inicial do Neoproterozico. Se estesciclos que antecedem o Brasiliano so parte da

    formao de Rodnia e, assim, seriam parte docontexto grenvilliano, quase global, ou se cons-tituem um dos primeiros captulos orognicos ps-Rodnia, ainda problema sem resposta, tendoem vista que Rodnia foi um supercontinente cu-

    jos eventos de fuso e fisso foram diacrnicos(Li et al. 2008).

    e) A histria orognica dos ciclos do Tonianonas diferentes provncias, desde a implantao (ca.1,05-1,0 Ga) at os estgios orognicos finais(>0,93Ga) tema aberto e amplo de pesquisasfuturas. A idade de 0,9 Ga foi proposta como refe-rncia para a magna aglutinao de Rodinia, sabi-damente diacrnica (Li et al. 2008). No h refe-rncias bibliogrficas concretas e decisivas, em-bora haja vrias menes, sobre ciclos e eventoscomo estes nas demais provncias do Neoprotero-zico. Nos domnios gondwnicos, algumas alu-ses e possibilidades dignas de nota tm sidoapontadas na Faixa Trans-Sahara, a leste do Cr-ton Oeste frica (Caby et al. 2003, de Witt et al.2005) e no domnio de Moambique (Vasconcelos& Gamal 2010). Nos continentes setentrionais, os

    valores de idade mais prximos so os das oro-genias ditas grenvillianas, mas que so geralmen-te um pouco mais antigas (>50 Ma) e do Mesopro-terozico mais superior. Por outro lado, neces-srio enfatizar que as atividade anorognicas doToniano foram significativas, havendo muitos re-gistros de riftes e processos afins, consorciadoscom magmatismo diversificado, representado porenxames de diques mficos a magmatismo gran-tico tipo A. Tupinamb et al. (2007) chamam a aten-

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    35/610

    14

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    Quadro 6 Evoluo dos processos/eventos orognicos do Neoproterozico na Plataforma Sul-Americana.

    o para e discriminaram estes eventos (EventoII) no contexto brasileiro. Entretanto, estes even-tos aparentemente ocorreram de forma indepen-dente das orogenias tonianas.

    f)A histria da implantao dos processos oro-gnicos da colagem do Brasiliano dispe de docu-mentao ainda relativamente escassa ou concen-

    trada apenas em algumas provncias. No geral, hum acervo de dados coerentes com a hiptese detrabalho de processos de abertura diacrnica ps-Rodnia, desde o incio do Criogeniano. H vriosdados, ainda longe do nmero ideal e de consen-so, que indicam extenso, vulcanismo fissural emagmatismo anorognico, mais marcadamenteentre 830 e 750 Ma, em praticamente todas asprovncias, e que so interpretados como even-tos dos primrdios dos ciclos do Brasiliano (videEvento III de Tupinamb et al . 2007, Brito Neves

    et al. 2009 e Quadro 6).g)Quanto diversidade do embasamento dasprovncias, h certas semelhanas a serem des-tacadas. H alguns ncleos do Arqueano que con-

    tm as rochas mais antigas do continente, comoos macios So Jos do Campestre (RN) e deSobradinho (PE-BA), as partes mais norte-orien-tal e meridional da Provncia Borborema, respecti-vamente. Neste embasamento, os ncleos arque-anos em geral ocorrem como peas no interior defaixas mveis do Riaciano. H algumas indicaes

    indiretas da existncia de faixas mveis do Orosi-riano neste embasamento, o que espervel, masfalta confirmao. Vrios tipos de coberturas se-dimentares e vulcanossedimentares do Paleopro-terozico mais superior (Estateriano) e do Meso-proterozico tm sido identificadas como parte doembasamento. Algumas coberturas s vieram a serdeformadas ao longo do Brasiliano, quando poreste atingidas. Tambm tm sido identificados di-versos granitides e associaes gabro-anortos-ticas (AMCGr originalmente?) do Mesoproterozi-

    co e, como no caso das coberturas, transforma-dos em metamorfitos ao longo do Brasiliano. Nes-tes termos gerais, oportuno salientar novamen-te que o contexto de embasamento das provnci-

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    36/610

    15

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    as neoproterozicas bastante similar ao dasprovncias cratnicas extra-Amaznia propriamen-te ditas.

    h) Nas provncias brasilianas h alguns casosde registros de remanescentes de associaesvulcanossedimentares do Mesoproterozico inclu-sas nas estruturas tpicas do Brasiliano, sobrepu-

    jantes. Nestes casos, a distino entre os litoti-pos e processos mais antigos (inliers) e os maisnovos, do Neoproterozico, tem sido sempre pro-blemtica e ainda dependente de detalhamentosestruturais e geocronolgicos. Em geral, h au-sncia de dados estruturais concretos sobre de-formaes anteriores ao Neoproterozico (Ectasi-anas, Estenianas, etc.) nestas rochas, embora nofaltem aluses a isto. Trata-se de um tema pro-missor de pesquisa para os prximos anos, poisexistem muitas questes e controvrsias em jogo.

    Merece especial destaque a parte central da Pro-vncia Mantiqueira (e.g. no interior dos sistemas/complexos So Roque e Assungu).

    i)H tambm os casos locais, especiais e, ato presente, relativamente raros pelos mtodos dedatao disponveis, de granitides e corpos b-sicos anorognicos da histria mesoproterozica,comuns na histria dos crtons, e descritos comoortognaisses, milonitos e anfibolitos do interior daspores distais das faixas mveis. Interessanteacrescentar que tambm tm sido identificadosalguns granitides intraplaca, originalmente dotipo A associados com riftes, de diferentes ida-des paleo- e mesoproterozicos, mas tambmneoproterozicos e transformados em ortognais-ses durante o Brasiliano.

    j)Na periferia dos ncleos cratnicos, que jforam apontadas como margens de antigos pale-ocontinentes, ocorrem faixas orognicas ditas pro-ximais, com associaes quarzito-pelito-carbona-to e eventuais diamictitos e tilitos, do Sturtiano e/ou Marinoano. Nestas faixas tem sido possvel res-gatar a organizao das pilhas litoestratigrficas,

    caracterizar a provenincia sedimentar e recons-tituir a polaridade, em parte tectnica (vergncia),em parte do metamorfismo etc. Tais feies foramidentificadas na Faixa Paraguai, situada ao longode toda a borda sudeste do Crton Amaznico esudoeste da Provncia Tocantins. O mesmo ocor-reu em toda a periferia nordeste, norte, noroestedo Crton do So Francisco (sistemas Sergipano-Riacho do Pontal-Rio Preto da Provncia Borbore-ma), assim como na periferia ocidental (Faixa Bra-

    slia, leste da Provncia Tocantins) e oriental (Sis-tema Araua, Provncia Mantiqueira norte). Emtodos estes casos tm sido identificadas margenscontinentais do tipo Atlntico (passivas), prece-dentes a sua transformao em faixas de dobra-mentos marginais (ativas, colisionais). Margens

    passivas transformadas numa segunda instn-

    cia em margens ativas so a consequncia desubduco e posterior coliso.

    k)Nas bordas cratnicas referidas eventual-mente possvel observar e/ou rastrear sequnci-as de cobertura cratnica envolvidas na deforma-o das faixas mveis, com notveis exemplos depassagem de um estilo de dobramento intracra-tnico (idiomrfico, descontnuo) para outro (ho-lomrfico contnuo), no sentido da faixa mvel, comdiversos tipos de transies.

    l)Uma caracterstica de praticamente todas as

    provncias a preservao de coberturas sedimen-tares da fase final de evoluo, psorogenias,ditas molssicas, moderadamente ou no dobra-das. Geralmente so conglomerados e brechaspolimcticas imaturos, com passagens graduaispara termos siliciclsticos finos, depositados emdiferentes tipos de grabens (bacias transtracio-nais) associadas a grandes zonas de cisalhamen-to. A ocorrncia de vulcanismo de carter inter-medirio frequente, com raros basaltos, e gra-nitides. Exemplos destas bacias ocorrem do Ce-ar (Jaibaras, Cococi) ao Uruguai (Arroyo del Sol-dado, pr-parte), como sintetizado por Teixeira etal. (2004). A idade destas unidades varia de edia-carana a eo-ordoviciana e so colocadas comoparte da chamada Sequncia Alfa, a primeirarelativa ao Fanerozico, por Soares et al. (1978).Localmente, as espessuras podem chegar a mi-lhares de metros (vide Quadros 7 e 8, vide Sequ-ncia Alfa).

    m)A denudao dos relevos criados no Brasili-ano durante o Paleozico forneceu as cargas cls-ticas das sinclises e, no Mesozico-Cenozico, da

    complexa evoluo da Provncia Costeira e Mar-gem Continental. A cobertura dita gondwnica,originalmente muito ampla, desenvolvida do Or-doviciano ao Trissico, est retalhada em todo ocontinente, com surgimento de arcos e altosque separam as sinclises ou as subdividiram in-ternamente. A deriva Brasil-frica foi dramtica econtundente, com fases de soerguimento (reas

    dmicas) de mais de uma dezena de quilme-tros. Como resposta denudao em mais de um

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    37/610

    16

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    ciclo, h algumas faixas mveis onde o registrosupracrustal foi extensivamente varrido, forman-do os chamados schist belts ou vestigial belts (Cli-fford 1970), que expem tratos do embasamentoao nvel de crosta inferior. Nestes casos, a discri-minao entre rochas supracrustais do Brasilianoe rochas do seu substrato s pode ser feita com

    emprego de mtodos adicionais, por exemplo iso-tpicos.

    n)A elaborao de um quadro com pretensescronoestratigrficas para as orogenias do Neopro-terozico (ps-Toniano) da plataforma tarefa di-fcil. Primeiro porque h muitas concorrncias emtempo, de orogenias de uma provncia para ou-tra. Segundo, porque o grau de conhecimento cro-nolgico e sua repartio por fenmenos para mar-car isotopicamente dobramento/magmatismo/me-tamorfismo em diferentes etapas do tempo ainda

    est em fase de reconhecimento. O acervo de da-dos, em nmero e qualidade, extremamentedesigual entre as provncias estruturais. O Qua-dro 6 deve ser visto como uma tentativa arrojadae circunstancial de encadear estes fenmenos, como emprego de 8 patamares de discernimentomais ostensivo, mas que dever ser gradualmen-te modificado com o avano do conhecimento, masdificilmente duas tentativas como esta no venhama colidir em algum ponto. Consenso no existe,nem ser alcanado com brevidade.

    Em todos os itens acima discutidos, veiculadoscom frequncia na literatura especializada, hdvidas e controvrsias, frutos da condio deconhecimento modesto e ainda insuficiente da Pla-taforma Sul-Americana, mas este o laudo maisprximo do justo e do honesto, frente s suas di-menses (ca. 10.106km2) e a complexidade de seusproblemas. Malgrado o grande esforo em mape-amentos geolgicos realizados sobretudo porempresas federais e estaduais nos ltimos 40anos, o conhecimento da nossa plataforma ain-da modesto e com grandes desigualdades de es-

    cala e propsitos de um ponto a outro. De modogeral, menos de 20% da plataforma est recober-to em escala 1/ 1.000.000. Progresso foi feito, eest sendo feito, em termos de mapeamentos pelaCPRM - Servio Geolgico do Brasil, com seu qua-dro e com recursos humanos das universidades,pelos esforos das universidades, elas prprias,por algumas empresas estaduais de geologia, masfalta muito. Do ponto de vista de evoluo crustal,os mtodos geocronolgicos gradualmente im-

    plantados em diferentes laboratrios (So Paulo,Belm, Braslia, Porto Alegre) tm ajudado emmuito tecer o esquema preliminar do conhecimen-to tectonoestratigrfico do continente, mas hmuitas lacunas para as quais a comunidade deveestar ciente para supri-las.

    COBERTURAS DA PLATAFORMA

    A reconstituio, classificao e sistematizaodas coberturas sedimentares e vulcanossedimen-tares do Pr-Cambriano da plataforma enfrentamvrios problemas, por se tratar de tema comple-xo. Cabe registrar que, pelo menos at o final doNeoproterozico, o amplo, rico e variado quadrodas coberturas da Plataforma Sul-Americana re-sulta da reunio circunstancial de fraes de co-berturas de diversas massas e supermassas con-

    tinentais com histricos prprios e distintos entresi, e que se articularam de diferentes formas atserem reunidas na coalizo de Gondwana e desua posterior separao. No pr-Neoproterozi-co, sobretudo no se pode falar em coberturasgenunas.

    Em geral, a partir do incio do Fanerozico ascoberturas a serem apontadas so em grandeparte fraes de desenvolvimentos sedimentaresgondwnicos mais amplos. preciso reiterar queo que est exposto e preservado resulta de vri-as histrias tectonossedimentares de continentese supercontinentes pretritos e at mesmo dis-tintos. A ocorrncia em diferentes tipos de bacias,sinclises, dalas/mesas, riftes fato importante,mas secundrio na apreciao do contexto e dolegado tectonossedimentar na escala global.

    Uma proposta de sntese do registro das co-berturas sedimentares da Plataforma Sul-Ameri-cana foi apresentada por Brito Neves (2002), aquiretomada com as necessrias e possveis atuali-zaes, e mesmo porque a reviso do tema sersempre necessria na esteira do progresso do

    conhecimento. As relaes litoestratigrficas decampo das unidades pr-Cambrianas so, muitasvezes, de difcil obteno e entendimento, e o acer-vo geocronolgico pobre e tem progredido va-garosamente. Cerca de oito grupos principais desequncias (sintemas) sedimentares foram discri-minados em funo de idade, caractersticas ge-rais e comportamento/significado tectnico em di-ferentes blocos e massas continentais, do Arque-ano ao final do Proterozico. A nona unidade a

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    38/610

    17

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    Quadro 7 Seqncias sedimentares pr-fanerozicas.

    ser discriminada, e que poderia ser acrescentadaa este conjunto (vide Quadro 7), a que contmos registros da passagem dos eventos orogni-cos do Neoproterozico para a estabilidade doFanerozico, as unidades do chamado Estgio deTransio (vide Zaln 2004). Estas ltimas cober-turas realmente so um estgio de passagem

    das condies tectnicas.

    Coberturas Pr-Fanerozicas

    No trato com as sequncias/sintemas do pr-Fanerozico so muitas as limitaes, implicandosempre em exerccios de ousadia e especulaes.So exerccios fadados a receber crticas e a exigirrevises peridicas, como em todos os quadrosanteriores, diante do fluxo de novos dados. Naverdade, a ordenao de sequncias retrata, passo

    a passo, a evoluo crustal na grande maioria deblocos pr-cambrianos do mundo. A maioria dos

    eventos atribudos como potenciais responsveispela formao de sequncias de natureza glo-bal, a saber: as unidades sedimentares do topodos greenstone belts; as unidades formadas pelafuso dos continentes do Paleoproterozico e asua posterior fisso, a Tafrognese do Estateri-ano; as tpicas coberturas dos grandes crtons

    do Mesoproterozico; as unidades formadas an-tes e aps a fuso de Rodnia etc. O estudo eentendimento da evoluo crustal do pr-Fane-rozico da plataforma ser sempre um apoio con-sistente para a compreenso destas sequnci-as, e a recproca verdadeira. O vnculo entre atectnica, sedimentao e o magmatismo tem re-gistro muito concreto na apreciao destas se-quncias (Vide Quadros 7 e 8).

    Mesmo conhecendo as diferenas enfatizadasda poro amaznica em relao ao restante do

    continente, no trato das sequncias sedimenta-res, a separao do registro das coberturas di-

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    39/610

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    40/610

    19

    Benjamim Bley de Brito Neves & Reinhardt Adolfo Fuck

    REFERNCIAS

    Almeida F.F.M. de. 1969. Diferenciao tectnica daPlataforma Brasileira. In:SBG, Congr. Bras. Geol.,23, Salvador, 1969. Anais, p. 29-46.

    Almeida F.F.M. de. 1967. Origem e evoluo daPlataforma Brasileira. Rio de Janeiro, Boletim DNPM-DGM, 241:1-36.

    Almeida F.F.M. de. 2004. Revisn del limite de laPlataforma Sudamericana em la Argentina. In: V.

    Mantesso-Neto, A. Bartorelli, C.D.R. Carneiro, B.B.Brito Neves (eds.) Geologia do Continente Sul-

    Americano Evoluo da Obra de Fernando Marquesde Almeida. So Paulo, Editora Beca, p. 37-41.

    Almeida F.F.M. de & Hasui Y. 1984. O Pr-Cambriano doBrasil. So Paulo, Blcher, 378 p.

    Almeida F.F.M. de, Brito-Neves B.B. de, Carneiro C.D.R.2000. The origin and evolution of the South AmericanPlatform. Earth Sci. Rev., 50:77-111.

    Almeida F.F.M. de, Hasui Y., Brito Neves B.B. de, Fuck R.A. 1981. Brazilian structural provinces: anintroduction. Earth Sci. Rev., 17:1-21.

    Basei G. 2005. Estratigrafia do Grupo Itaiacoca .Trabalho de Concluso do Curso, IG/USP, 20p.

    Basei M.A.S., Frimmel H.E., Nutman A.P., Preciozzi F.,Jacob J. 2005. A connection between Neoproterozoic

    Dom Feliciano (Brazil/Uruguay) and Gariep (Namibia/South Africa) orogenic belts evidence from areconnaissance study. Prec. Res., 139:195-221.

    Bizzi L.A., Schobbenhaus C., Vidotti R.M., GonalvesJ.H. 2003. Geologia, Tectnica e Recursos Mineraisdo Brasil. Texto, Mpas & SIG. CPRM, Braslia, 674p.

    Brito Neves B.B. 1999. Amrica do Sul: quatro fuses,quatro fisses e o processo acrescionrio andino.Rev. Bras. Geocincias, 29:379-392.

    Brito Neves B.B., Fuck R.A., Santos E.J. 2009. EvoluoCrustal Neoproterozica da Amrica do Sul. Ij:SBG,Siomp. Geol. Nordeste, 23, em CD-room.

    Brito Neves B.B. 2002. Main stages of the developmentof the sedimentary basins of South Amrica and theirrelationship with tectonics of supercontinents. Gond.Res., 5:175-196.

    Brito Neves, B.B. 2005. A Evoluo dos crtonsAmaznico e So Francisco comparada com a dosseus homlogos do Hemisfrio Norte. In: Horbe, A.M.C. & Souza, V. S. . (Org.). Contribuies Geologiada Amaznia. Manaus, UFAM, v. 04, p. 01-06.

    Brito Neves B.B., Fuck R.A., Cordani U.G., Thomaz FilhoA. 1984. Influence of basement structures on theevolution of the major sedimentary basins of Brazil.

    J. Geodynamics 1(3-5):495-510.Caby R. 2003. Terrane Assembly and geodynamic

    evolution of central-western Hoggar: a synthesis. J.African Earth Sci., 37:133-139.

    Cardona A., Chew D., Valencia V.A., Bayona G., MiskovicA., Ibanez-Meja. 2010. Grenvillian remnants in theNorthern Andes: Rodinian and Phanerozoicpaleogeographic perspectives. J. South Am. EarthScien., 29:92-104.

    Clifford T.N. 1970.the Structural Framework of Africa.In : T.N. Clifford & I.G. Gass (ed.) Af ricanmagmatism and tectonics. Darien, Conn. Hafner, p:1-26.

    Cordani U.G. 2009. From Rodnia to Gondwana: tectonicsignificance of the Transbrasiliano Lineamement. In:Simp. 45 anos de Geocoronologia no Brasil CPgeo-USP, 1964-2009, Bol. Res. Expandidos, p. 32-40

    Cordani U.G., Brito Neves B.B., DAgrella Filho M. 2003.From Rodnia to Gondwana: A review of theAvailable Evidence from South America. Gond. Res.,6:275-283.

    Cordani U.G., Milani E,J., Thomaz Filho A., D.A. Campos(eds). 2000. Tectonic Evolution of South America.Rio de Janeiro, 31th Intern. Geol. Congress, 854 p.

    Cordani U.G. & Teixeira W. 2007. Proterozoicaccretionary belsts in the amazonian Craton. In:R.D. Hatcher, M.P. Carlson Jr., J.H. McBride, C.Martinez (eds.) 4 D Framework of Continental Crust.GSA Memoir, 200:297-320.

    De Wit M.J., Bowring S., Dudas F., Tagne-Kamga G.2005. Saharan African and tectonic assembly of the

    northern margin of gondwana. In: Gondwana 12Geological and Biological heritage of GondwanaMendonza-Argentina, Abstracts, p.135.

    Fuck R.A., Brito Neves B.B., Schobbenhaus C. 2008.Rodnia descendants in South America. Prec. Res.,160:108-126.

    Fuck R.A., Pimentel M.M., Dantas E.L., Oliveira C.G.,Junges S.L., Laux J.H. 2009. Episodic forming eventsrecorded in the Gois Magmatic Arc , Central Brazil:tectonic implication to Neoproterozoic crustal growth.In: Evolution of the Continental Crust, Janet Watsonmeeting, 1, London. Abstracts Book, p. 33.

    Heilbron M. & Machado N. 2003. Timing of terraneaccretion in the Neoproterozoic-Eopaleozoic ribeiraOrogen (SE Brazil). Prec. Res., 125:87-112.

    Junges S.L., Pimentel M.M., Fuck R.A., Buhn B.M., Dantas

    E.L., Oliveira C.G. 2008. U/Pb LA-ICP-MS ages anda new tectonic context for the Neoproterozoic MaraRosa magmatic arc. In: South american Symp. OnIsotope Geology, 6. Abstracts, p. 69 (em CD-room)

    Mantesso-Neto V., Bartorelli A., Carneiro C.D.R., BritoNeves B.B. (eds.). 2004. Geologia do Continente Sul-

    Americano Evoluo da Obra de Fernando Marquesde Almeida. So Paulo, Editora Beca, 673 p.

    Li Z.X., Bogdanova S.V., Collins A.S., Davidson A., DeWaele B., Ernst R.E., Fitzsimons I.C.W., Fuck R.A.,Gladkochub D.P., Jacobs J., Karlstrom K.E., Lu S.,Natapov L.M., Pease V., Pisarevsky S.A., Thrane K.,Vernikovsky Y. 2008. Assembly, configuration andbreak-up hsitory of Rodnia: A synthesis. Prec. Res.,160:179-210.

    Pankhurst R.J., Trouw R.A.J., Brito Neves B.B., De Wit

    M.J. (eds.). West Gondwana Pre-Cenozoiccorrelations Across theSouth Atlantic Region. London,Geological Society of London, Sp. Pub., 294, 405p.

    Pisarevsky S.A., Murphy J.B., Cawood P.A, Collins A.S.2008. Late Proterozic and Early Cambrianpaleogeography: models and problems. In: R.J.Pankhurst, R.A.J. Trouw, B.B. Brito Neves, M.J. DeWit (eds.). West Gondwana Pre-Cenozoic correlationsacross the South Atlantic Region. London, GeologicalSociety of London, Sp. Publ., 294, 405p.

    Poidevin J.L., Viallete Y., Reis Neto J.M. 1997. Radiometriages (Pb-Pb) of the ribeira belt calcareous rocks.In: South American Symposium on Isotope Geology,1, Poos de Caldas, Ext. Abstracts, p.242-243.

    Reed Jr.,J.C., Bickford, M. E. , Houston, R. S. , Link, P.K., Rankim, D. W. , Sims, R. K., Van Schmus, W. R.(eds.) 1993. Precambrian Counterminous U.S.A.(The Geology of North America, v. C-2). GSA Bul.657 p.

    Santos E.J., Van Schmus W.R., Kozuch M., Brito NevesB.B. 2010. The Cariris Velhos event in NortheastBrazil. J. South Am. Earth Sciences, 29:61-76.

    Schobbenhaus C., Campos D.A., Derze G.R., AsmusH.E. 1984. Geologia do Brasil: Texto Explicativo doMapa Geolgico do Brasil e da rea ocenicaadjacente, incluindo depsitos minerais, escala1:2.500.000. Braslia, Ministrio das Minas e Energia-DNPM, 501 p.

    Silva L.C., McNaughton N.J., Armstrong R., Hatmann L.A.,

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    41/610

    20

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: A Plataforma Sul-Americana: uma introduo

    Fletcher I.R. 2005. The Neoproterozoic Mantiqueiraprovince and its African connections: a zircon-basedU-Pb geochronologic subdivision for the Brasiliano/Pan-African systems of orogens. Prec. Res., 136:203-240.

    Soares P.C., Landim P.M.B., Flfaro V.J. 1978. Tectoniccycles and sedimentary sequences in the Brazilianintracratonic basins. Geol. Soc. Am. Bull., 89:181-191.

    Teixeira A.L., Gaucher C., Paim P.S.G., Parente C.V.,Silva Filho W.R., Almeida A. 2004. Bacias do estgiode transio da Plataforma Sul-Americana. In: V.

    Mantesso-Neto, A. Bartorelli, C.D.R. Carneiro, B.B.Brito Neves (eds.) Geologia do Continente Sul-

    Americano Evoluo da Obra de Fernando Marquesde Almeida. So Paulo, Editora Beca, p. 488-537.

    Tupinamb M., Machado N., Heilbron M., Ragatsky D.2007. Meso-neoproterozoic lithospheric extensionalevents in the So Francisco. Crton and itssurrounding South American and Africanmetamorphic belts: a compilation of U-Pb ages. Rev.Bras. Geoc., 37(4 suplemento):87-91.

    Vasconcelos L. & Gamal D. 2010. A nova geologia deMoambique. In: Cong. Geoqumica Paises da LnguaPortuguesa, 10, Memrias 14, p. 53-66.

    Zaln P.V. 2004. Evoluo Fanerozica das Bacias

    Sedimentares Brasileiras. In: V. Mantesso-Neto, A.Bartorelli, C.D.R. Carneiro, B.B. Brito Neves (eds.)Geologia do Continente Sul-Americano Evoluoda Obra de Fernando Marques de Almeida. SoPaulo, Editora Beca, p. 595-612.

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    42/610

    21

    Roberto Gusmo de Oliveira & Joo Batista Freitas de Andrade

    INTERPRETAO GEOFSICA DOS PRINCIPAIS DOMNIOS TECTNICOSBRASILEIROS

    ROBERTO GUSMO DE OLIVEIRA1& JOO BATISTA FREITAS DE ANDRADE2

    1 - CPRM Servio Geolgico do Brasil, Avenida Sul 2291, Bairro Afogados, 50770-011, Recife, PE.E-mail: [email protected]

    2 - CPRM Servio Geolgico do Brasil, Av. Pasteur 404, Urca, 22290-240, Rio de Janeiro, RJ.E-mail: [email protected]

    INTRODUO

    O conhecimento da litosfera fundamental paraa compreenso dos processos tectnicos que con-

    dicionaram a formao e evoluo das grandesmassas continentais. Entretanto, a maioria dasinformaes sobre a evoluo tectnica das pro-vncias estruturais brasileiras tem sido obtida apartir dos estudos das rochas expostas na super-fcie. Porm, os pesquisadores j possuem umaclara percepo da importncia do emprego dedados geofsicos para a compreenso dos proces-sos de evoluo litosfrica que produzem fisso ecoliso continental, deformao, granitognese,metamorfismo e formao dos depsitos minerais.

    Os limites entre domnios tectnicos que repre-

    sentam grandes blocos crustais em geral coinci-dem com os maiores gradientes entre anomaliasgravimtricas emparelhadas positivas-negativasde grande comprimento de onda. Essas anomali-as so causadas pela convergncia e coliso decrostas com densidades distintas, em que a ano-malia positiva corresponde ao soerguimento dacrosta inferior da provncia mais jovem, e a nega-tiva corresponde bacia de forelande a flexura dalitosfera mais antiga (Gibb et al. 1983, Karner &Watts 1983, Bayer et al. 1989, Ussami & Molina

    1999). Em orgenos colisionais Cenozicos ativos(p. ex. Alpes, Karner & Watts 1983) e Paleozicosinativos, que ainda preservam a cadeia orognica(p. ex. Apalaches, Karner & Watts 1983), a anma-lia gravimtrica negativa est associada com a fle-xura da litosfera produzida na borda da placa(ante-pas) pelo peso dos sedimentos deposita-dos na bacia de foreland(Beuamont 1981, Karner& Watts 1983). Nas faixas orognicas pr-cambri-anas, onde a cadeia de montanhas j foi erodida,

    a anomalia gravimtrica negativa representa oregistro fssil da flexura da litosfera produzida pelocarregamento das nappes durante a orognese,somada ao contraste de densidade entre os me-

    tassedimentos vestigiais e o embasamento doante-pas, como o caso da Provncia Grenville noCanad (Gibb et al.1983, Thomas 1985).

    Apesar dos estudos de geofsica profunda ain-da serem incipientes no Brasil, nos ltimos anosocorreram avanos no conhecimento das proprie-dades geofsicas da crosta continental com vista investigao dos limites entre compartimentostectnicos. Neste captulo sero descritas as carac-tersticas magnticas e gravimtricas mais relevan-

    tes dos principais domnios tectnicos brasileiros.

    DADOS AEROMAGNTICOS E GRAVIMTRICOS

    Os dados aeromagnticos empregados nestetrabalho (Fig. 1) pertencem a um banco de dadosaerogeofsicos (BASE AERO) organizado pelaCPRM-Servio Geolgico do Brasil e administradopela Diviso de Geofsica (DIGEOF). Fazem partedeste banco de dados os levantamentos aeroge-ofsicos realizados pelas instituies do GovernoFederal (DNPM/CPRM/CNEN). Tambm esto inclu-dos projetos levantados por rgos de governos

    estaduais em convnio com a CPRM, e projetos dobanco de dados da Agncia Nacional do Petrleo(ANP), com levantamentos nas reas das baciassedimentares. Para obteno da malha dos da-dos aeromagnticos empregados neste trabalho,tomou-se como partida a malha de 1,0 x 1,0 kmpreparada pelo South American Magnetic MappingProject (SAMMP)(GETECH & PGW 1996). Para suapreparao o SAMMPexecutou uma srie de pro-cessamentos que inclui: i) digitalizao e edio

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    43/610

    22

    Metalogenia das Provncias Tectnicas Brasileiras: Geofsica dos principais domnios tectnicos brasileiros

    Figura 1 - Imagem da malha interpolada dos dados aeromagnticos de campo total do Brasil. Com superposiodos limites das provncias, dos alinhamentos magnticos interpretados e das principais estruturas tectnicas.Limite das provncias estruturais de acordo com Almeida et al. (1977). Estruturas e limites geolgicosreproduzidos de Delgado et al. (2003).

    dos dados; ii) reprojeo e interpolao dos da-dos; iii) remoo do Definitive Geomagnetic Refe-rencial Field(DGRF); iv) processamento no domnioFourier; v) nivelamento altimtrico dos dados; vi)reunio de todas as malhas para formao de uma

    malha nica; vii) aplicao de um filtro de continu-ao para cima de 1 km; e finalmente viii) remo-o de um campo crustal regional obtido a partirde medidas do satlite Magsat. Ao longo dos anos,aps o trmino do SAMMP, os geofsicos da DIGE-

  • 7/17/2019 Metalogenese Provincias Tectonicas Brasileiras

    44/610

    23

    Roberto Gusmo de Oliveira & Joo Batista Freitas de Andrade

    OF-CPRM foram adicionando a esta malha inicialos projetos antigos que no fizeram parte doSAMMP, bem como, os novos projetos que foramsendo levantados, at a obteno da malha em-pregada neste trabalho.

    Os dados gravimtricos empregados neste tra-balho (Fig. 2) tiveram como fonte o Center for Spa-

    ce Researchda NASA (http://www.crs.utexas.edu/grace/gravity) e fazem parte do projeto GRACE -Gravity Recovery and Climate Experimet. O modelogravimtrico empregado foi o Grace Gravity Model02(GGM02) (Tapley et al.2005). A partir da malhaoriginal em anomalia ar livre foi calculada a ano-malia Bouguer para uma topografia com densida-de igual 2,67 g/cm3. Para este clculo foi empre-gada a malha topogrfica do GLOBE DEMdo pro-

    jeto Global Land One-kilometer Base Elevation (GLO-BE)(Hastings et al. 1999). Segundo os adminis-

    tradores desses dados, a qualidade varia de re-soluo para diferentes partes do mundo, pormfornece uma excelente referncia topogrfica. Osdados no so considerados espacialmente robus-tos e demandam algum cuidado quando utiliza-dos em aplicaes de preciso.

    CRTON DO AMAZONAS

    O arcabouo do Crton do Amazonas apresen-ta subdivises em seis provncias baseadas emdados geocronolgicos (Tassinari & Macambira1999) (Fig. 3). Estas subdivises tm boa correla-o com os contrastes de assinaturas observa-das nos dados gravimtricos e aeromagnticos(Fig. 3), bem como, alguns limites dessas provnci-as esto correlacionados com alinhamentos deanomalias gravimtricas que sugerem eventos decoliso tectnica.

    A Provncia Amaznia Central o domnio geo-lgico mais antigo do crton (Tassinari et al.2000).Ela est correlacionada com um amplo baixo gra-vimtrico com amplitude mdia de 30 mGal (Fig.

    3). Essa tendncia negativa da anomalia Bouguerpode indicar a existncia de uma crosta mais es-pessa do que a crosta dos domnios adjacentes,ou refletir os expressivos processos de sedimen-tao e magmatismo que ocorreram ao longo doPaleoproterozico (Tassinari et al. 2000). Nos limi-tes com os domnios adjacentes Maroni-Itacai-nas e Ventuari-Tapajs observa-se um gradientepositivo de 3,0 mGal/10 km que pode estar relaci-onado com suturas e representar um resduo de

    eventos colisionais antigos. Nos dados aeromag-nticos o