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Page 1: METAIS PESADOS - ipni.net · os teores máximos de cádmio e de chumbo ocorrem nos fertilizantes contendo micronutrientes. Por outro lado, a faixa de variação mais ampla para o

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 114 – JUNHO/2006

METAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOS

1. 1. 1. 1. 1. INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Ensinava o alquimista e médico Paracelso que é a doseque faz o veneno. É possível, por isso, que ummacronutriente primário (N, P, K) ou secundário (Ca,

Mg e S), qualquer micronutriente (B, Cl, Co, Cu, Fe, Mn, Mo, Ni, See Zn) ou qualquer elemento benéfico (Na e Si) ou, ainda, qualquerelemento tóxico, natural ou antropogênico, quando em nível exces-sivo, possa, ao ser absorvido, causar dano à planta, reduzindo aprodução e até provocar a morte do vegetal.

Limitando-se a discussão aos metais pesados tóxicos, o efei-to prejudicial depende dos seguintes fatores principais: teor noproduto, dose aplicada, solo (textura, pH, teor de matéria orgânica)elemento acompanhante ou aplicado, planta.

Esse conjunto de fatores permite ver a dificuldade em fixar-se teores máximos para os metais pesados tóxicos, contidos nosfertilizantes.

Estas sugestões limitam-se aos fertilizantes minerais, tam-bém chamados químicos fosfatados, fontes de macro emicronutrientes e formulações ou misturas das mesmas.

2. A PROPOSTA DO MAPA2. A PROPOSTA DO MAPA2. A PROPOSTA DO MAPA2. A PROPOSTA DO MAPA2. A PROPOSTA DO MAPA

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –MAPA – fez a proposta resumida na Tabela 1, submetendo-a àconsulta pública, o que permite a presente manifestação.

Antes de prosseguir, é oportuno lembrar que o níquel (Ni)não é um metal pesado tóxico: sua essencialidade já foi demonstra-da pelos critérios direto e indireto, visto que ele é um ativador daurease, enzima de ocorrência universal nas plantas (WELCH, 1981,1995).

Vistos os limites propostos, cabem as seguintes indagações:

• Consultam eles os interesses da indústria de fertilizantes eda agricultura brasileira?

• Como comparar esses limites com os adotados em outrospaíses?

• Qual o impacto do emprego dos fertilizantes, com teoresiguais ou acima dos níveis dos mesmos, no solo?

Em seguida, procurar-se-á responder a essas questões dei-xando-se a primeira, a mais crucial, para o fim, visto que depende dasegunda e da terceira.

3. TEORES DE METAIS PESADOS ENCONTRADOS3. TEORES DE METAIS PESADOS ENCONTRADOS3. TEORES DE METAIS PESADOS ENCONTRADOS3. TEORES DE METAIS PESADOS ENCONTRADOS3. TEORES DE METAIS PESADOS ENCONTRADOSEM FERTILIZANTES NO BRASILEM FERTILIZANTES NO BRASILEM FERTILIZANTES NO BRASILEM FERTILIZANTES NO BRASILEM FERTILIZANTES NO BRASIL

Os dados de publicações brasileiras encontram-se resumi-dos e classificados na Tabela 2. Como já foi explicado, o níquel nãoestá incluído por se tratar de um micronutriente e não de um elemen-to tóxico; por outro lado, aparecem informações sobre elementosnão contemplados na proposta de legislação (bário, crômio, flúor eestrôncio). Considerando-se apenas os dois primeiros, nota-se queos teores máximos de cádmio e de chumbo ocorrem nos fertilizantescontendo micronutrientes. Por outro lado, a faixa de variação maisampla para o cádmio e o chumbo encontra-se também nos fertilizan-tes fontes de micronutrientes. Outros aspectos da Tabela 2 serãodiscutidos mais adiante.

Devido ao fato de ser usual a vinculação do teor de cádmio aode P

2O

5, foi feito um estudo da correlação entre essas duas variáveis,

obtendo-se a seguinte equação de regressão: y = - 0,1223x + 9,3871com r = - 0,45, significativo a 1%, usando-se 48 determinações quenão incluem, por sua discordância do resto da população, as deTrevizam (2005).

SOBRE A SUGESTÃO DOS METAIS PESADOS TÓXICOS EM FERTILIZANTESSOBRE A SUGESTÃO DOS METAIS PESADOS TÓXICOS EM FERTILIZANTESSOBRE A SUGESTÃO DOS METAIS PESADOS TÓXICOS EM FERTILIZANTESSOBRE A SUGESTÃO DOS METAIS PESADOS TÓXICOS EM FERTILIZANTESSOBRE A SUGESTÃO DOS METAIS PESADOS TÓXICOS EM FERTILIZANTESE SOBRE A PORTARIA 49 DE 25/04/2005 DA SECRETARIA DEE SOBRE A PORTARIA 49 DE 25/04/2005 DA SECRETARIA DEE SOBRE A PORTARIA 49 DE 25/04/2005 DA SECRETARIA DEE SOBRE A PORTARIA 49 DE 25/04/2005 DA SECRETARIA DEE SOBRE A PORTARIA 49 DE 25/04/2005 DA SECRETARIA DE

DEFESA AGROPECUÁRIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DEFESA AGROPECUÁRIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DEFESA AGROPECUÁRIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DEFESA AGROPECUÁRIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DEFESA AGROPECUÁRIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,PECUÁRIA E ABASTECIMENTOPECUÁRIA E ABASTECIMENTOPECUÁRIA E ABASTECIMENTOPECUÁRIA E ABASTECIMENTOPECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Eurípedes Malavolta 1

Milton Ferreira de Moraes 2

1 Professor Catedrático (aposentado), Pesquisador permissionário, Centro de Energia Nuclear na Agricultura, CENA-USP, Piracicaba, SP; e-mail:[email protected] Engenheiro Agrônomo, Mestre em Gestão de Recursos Agroambientais, Doutorando, CENA-USP. Bolsista FAPESP. email: [email protected]

Tabela 1. Limites máximos de metais pesados tóxicos contidos em fertilizantes minerais.

Metal pesado

Cádmio (Cd) Chumbo (Pb) Níquel (Ni)

Fertilizantes minerais que contenham o nutriente fósforo1 0,75 37,5 -

Fertilizantes minerais que contenham exclusivamente micronutrientes2 15; 150 750; 7.500 420; 4.200

Fertilizantes minerais não especificados nos itens anteriores3 20 100 -

1 Valor máximo admitido, em mg kg-1, por ponto percentual (%) de P2O

5 presente no fertilizante calculado sobre o maior teor de P

2O

5 garantido ou declarado

para o fertilizante.2 Primeiro valor: valor máximo admitido, em mg kg-1, por ponto percentual (%) de micronutriente ou soma destes presentes no fertilizante. O segundo valoré o valor máximo admitido, em mg kg-1, na massa total do fertilizante.3 Valor máximo admitido, em mg kg-1, na massa total do fertilizante.

Fertilizante

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 114 – JUNHO/2006 11

METAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOS

4. 4. 4. 4. 4. TEORES MÁXIMOS PERMISSÍVEIS NOS ADUBOSTEORES MÁXIMOS PERMISSÍVEIS NOS ADUBOSTEORES MÁXIMOS PERMISSÍVEIS NOS ADUBOSTEORES MÁXIMOS PERMISSÍVEIS NOS ADUBOSTEORES MÁXIMOS PERMISSÍVEIS NOS ADUBOS� NORMAS DE DIVERSOS PAÍSES E REGIÕES� NORMAS DE DIVERSOS PAÍSES E REGIÕES� NORMAS DE DIVERSOS PAÍSES E REGIÕES� NORMAS DE DIVERSOS PAÍSES E REGIÕES� NORMAS DE DIVERSOS PAÍSES E REGIÕES

A Tabela 3 contém um resumo dos teores máximos de me-tais pesados tóxicos permissíveis em fertilizantes, estabelecidospela legislação ou normas de diversos países ou regiões.

Pode-se observar, desde logo, faixas extremamente amplasde variação para cada elemento individualizado. A Organização paraa Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OECD –, por exem-plo, admite uma amplitude de 50 a 275 mg de Cd, de um modo geral,e, para as rochas fosfáticas, a faixa de variação vai de < 2 a 556 mgde Cd. Enquanto o Japão aceita no máximo 8 mg de Cd para osfertilizantes fosfatados, na Austrália o valor é de 300 mg.

Essas variações muito grandes são difíceis de explicar, mos-tram orientações não uniformes para estabelecer limites toleráveis eindicam a grande necessidade de pesquisa. Dados como estes e osdo Brasil, mostrados no início, devem ser considerados como co-meço, tendo o caráter da possível transitoriedade.

5. LIMITES DA CONCENTRAÇÃO E ADIÇÃO AO5. LIMITES DA CONCENTRAÇÃO E ADIÇÃO AO5. LIMITES DA CONCENTRAÇÃO E ADIÇÃO AO5. LIMITES DA CONCENTRAÇÃO E ADIÇÃO AO5. LIMITES DA CONCENTRAÇÃO E ADIÇÃO AOSOLO DE METAIS PESADOS TÓXICOSSOLO DE METAIS PESADOS TÓXICOSSOLO DE METAIS PESADOS TÓXICOSSOLO DE METAIS PESADOS TÓXICOSSOLO DE METAIS PESADOS TÓXICOS

A Tabela 4 apresenta os parâmetros de metais pesadostóxicos no solo de diversos países, inclusive do Brasil (CETESB eCompanhia de Saneamento do Paraná). De um modo geral, vê-seque Cd e Hg seriam os dois metais pesados tóxicos de maiorfitotoxicidade potencial. O Ba, o Cr e o Pb seriam relativamentemenos tóxicos. Nota-se, ainda, que as variações, no caso do Cd, emtermos absolutos, vão de 0,4 a 4 mg kg-1, e no caso do Pb, vão de 17a 450 mg kg-1. Aqui, também, nota-se que a pouca uniformidade dosdados indica a necessidade de pesquisa e experimentação para rela-cionar os valores a solos, culturas, adubos e manejo da adubação.

Teor

Tabela 2. Resumo dos teores de metais pesados tóxicos em fertilizantes brasileiros.

Cádmio Chumbo Crômio

Fosfatados Micros Demais Fosfatados Micros Demais Fosfatados Micros Demais

Máximo 77 563 146 239 26.100 275 1.070 6.000 102

Mínimo 0 0 0,4 0 0 0 0 0 0

Média 9,6 87,5 38,7 50,6 6.326 95 119,8 764,7 22,5

Mediana 3,9 52 26 32 4.300 38 18 78 13,5

Percentil 0,75 9 119,5 57 75 7.367 174 47,8 274 26,1

Percentil 0,80 11 137 65 81 10.077 186 103,7 310,8 28,4Percentil 0,90 25 237,1 98 127 15.814 240 274,6 1.492,8 79,4

n 93 34 25 51 34 19 60 9 19

Bário Estrôncio Flúor

Fosfatados Micros Demais Fosfatados Micros Demais Fosfatados

Máximo 23.690 4.815 202 12.399 686 1.625 1.446

Mínimo 0 0 51 0 0 659 351

Média 3.345,7 1.198,8 149,3 4.307,8 184 1.205 850

Mediana 58 292 172 4.077 59 1.268,5 753

Percentil 0,75 4.736 1.286,5 180,3 6.561 274 1.494 1.203

Percentil 0,80 5.823,2 2.313,4 184,6 6.819,2 335 1.520 1.242Percentil 0,90 11.906,6 3.885,4 193,3 9.585,6 489 1.573 1.377

n 23 8 4 23 8 4 11

Fontes: LANGENBACH e SARPA (1985); AMARAL SOBRINHO et al. (1992); CAMELO et al. (1997); GABE e RODELLA (1999); OLIVEIRA JÚNIOR(2001); PROCHNOW et al. (2001); OLIVEIRA (2003); VALE e ALCARDE (2003); SILVA et al.(2003); CONCEIÇÃO e BONOTTO (2003); CAMARGOet al. (2000); SANTOS et al. (2003); NÚÑEZ et al. (1999); SANTOS et al. (2002); MELLONI et al. (2001); ACCIOLY et al. (2000); TREVIZAM (2005).

A Tabela 5 mostra as adições máximas permitidas por hecta-re e por ano em diversos países e regiões. Considerando-se os doismetais pesados tóxicos que aparecem na proposta de legislação,tem-se:

• Cádmio: 0,75 g-1 ha-1 ano (Suíça) a 392 g-1 ha-1 ano-1 (Esta-dos Unidos-Texas);

• Chumbo: 2.222 g-1 ha-1 ano (Canadá) a 3.004 g-1 ha-1 ano-1

(Estados Unidos-Texas).

No caso do mercúrio, cuja fitotoxicidade é relativamentemaior, a variação da adição é de 22 g-1 ha-1 ano-1 (Canadá) a 168 g-1

ha-1 ano-1 (Estados Unidos-Texas).Teores máximos permissíveis nos adubos não podem ser

vistos simplesmente como tal, sendo necessário levar em conta asadições anuais e cumulativas no solo, o que é variável com osníveis de fertilidade e exigência das culturas.

6. LEGISLAÇÃO COMPARADA6. LEGISLAÇÃO COMPARADA6. LEGISLAÇÃO COMPARADA6. LEGISLAÇÃO COMPARADA6. LEGISLAÇÃO COMPARADA

Teores de metais pesados tóxicos considerados na pro-posta brasileira e na de outros países estão reunidos na Tabela 6, aqual contém:

• Variações nos teores encontrados em adubos brasileiros(fosfatados, formulações NPK e produtos com micronutrientes);

• Valores propostos no projeto de instrução normativa;

• Sugestão para modificação da Instrução Normativa SDABrasil.

Como visto na Tabela 2, a sugestão agora apresentada le-vou em conta a possibilidade de abranger 80% dos dados de ferti-lizantes de origem brasileira, o que conciliaria tanto o interesse daIndústria quanto o do Setor Agrícola. Os números da sugestão não

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estão vinculados aos pontos percentuais de P2O

5 nos fosfatados,

nem dos exclusivos de micronutrientes, sendo, como indicado, oteor máximo aceito em mg kg-1 do produto.

Limitando-se a discussão ao cádmio (Cd) e ao chumbo (Pb),verifica-se que:

• O limite de 0,75 mg de Cd por ponto percentual de P2O

5

deve ser substituído por 11 mg de Cd por quilograma, no casodos fosfatados; no caso dos portadores exclusivos de micro-nutrientes, em lugar do valor máximo de 150 mg kg-1, propõe-seum valor um pouco menor, de 137 mg kg-1. A concentração máxi-ma de 20 mg kg-1, em se tratando dos demais (NPK mais ou me-nos micronutrientes), conforme Anexo III do Projeto de Instru-ção Normativa SDA Brasil, é extremamente baixa diante dos va-lores reais encontrados, devendo ser ampliada para 65 mg kg-1,com o que ficariam cobertos, como mencionado, 80% dos casosencontrados.

• Com respeito ao Pb, é sugerido o mesmo critério, ou seja, ode se fixar mg do elemento por quilograma do produto. Assim sen-do, em vez de 37,5 mg por ponto percentual de P

2O

5, seria usado o

valor de 81 mg kg-1, valor esse que poderá ser mais exigente do queo proposto na legislação. Em se tratando das fontes exclusivas demicronutrientes, o teor de 750 mg por ponto percentual de tais ele-mentos, com um máximo aceitável de 7.500 mg kg-1, é muito rigoroso

METAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOS

Tabela 3. Panorama geral dos teores máximos de metais pesados tóxicos permitidos em fertilizantes.

País ou região As Cd Pb Hg

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg kg-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -OECD(1) – Fosfatados

Suíça, Finlândia - 50 - -Suécia, Noruega - 100 - -Dinamarca - 110 - -Bélgica, Alemanha - 210 - -Áustria - 275 - -

Rocha fosfática(1)

Vulcânica - < 2 - -Sedimentar - 22-556 - -

Estados Unidos – Sugestão AAPFCO(2)

Fosfatados(*) 13 10 61 1 Com micronutrientes(**) 112 83 463 6Environmental Protection Agency – USA(2,3)

Estado do Texas - Diversos 41 39 300 17Vários(4,***)

91% da rocha fosfática 71 165 66 0,29 Canadá - Diversos(5) 75 20 500 -Califórnia(2)

Fosfatados(*) 2 4 20 - Com micronutrientes(**) 13 12 140 -Washington(6)

Fosfatados(*) 13 10 61 1 Com micronutrientes(**) 112 83 463 6Brasil - Proposta(7)

Fosfatados(*) - 0,75 37,5 - Exclusivos de micronutrientes(**) 15; 150(****) 750; 7.500(****)

Demais fertilizantes minerais 20 100Austrália(8)

Fosfatados - 300 - 5 Não fosfatado - 10 - 5 Macronutriente ou condicionador de solo - - 100 5 Macronutrientes + micros - - 500 5 Micronutrientes - 50 2.000 5China – Diversos(8) 50 8 100 5Japão – Fosfatados(8) 50 8 100 5(*) mg por 1% de P

2O

5; (**) mg por 1% de micronutriente; (***) mg kg-1 de P; (****) Valor máximo na massa total.

Fontes: (1)LAEGREID et al. (1999); (2)WESTFALL et al. (2005); (3)USEPA (2001); (4)MORTVEDT (2001); (5)RODELLA e ALCARDE (2001); (6)TREVIZAM(2005); (7)MAPA(2005); (8)AFPC (2004).

Tabela 4. Valores limites de metais pesados tóxicos no solo em algunspaíses.

País As Ba Cd Cr Pb Hg

- - - - - - - - - - - (mg kg-1) - - - - - - - - - - -Holanda(1)

Mat. org. e argila 0% 15 39 0,4 50 50 0,2Mat. org. 10% e argila 25% 29 200 0,8 100 85 0,3

Austrália(2) - - 1,0 - 20 0,2Bélgica(3,4)/Luxemburgo(4) - - 1-3 - - -Japão(3) - - < 1,0 - - -Áustria(4) - - 1,0 - - -Dinamarca(4) - - 0,5 - - -Finlândia(4) - - 0,5 - - -Alemanha(4) - - 1,0 - - -CETESB(5) 3,5 75 < 0,5 40 17 0,05SANEPAR(6)

pH < 7 - - 1 100 50 1,0pH > 7 - - 3 150 300 1,5

Portugal(7)

pH < 5,5 - - 1 50 50 1,0pH > 5,5 a < 7,0 - - 3 200 300 1,5pH > 7,0 - - 4 300 450 2,0

(1)SOIL PROTECTION ACT (1987); (2)KUHN (2001); (3)USEPA (1999); (4)AFPC(2004); (5)Valores de referência de qualidade (solo limpo) para o Estado deSão Paulo, segundo CETESB (2005); (6)SANEPAR (1997); (7)GONÇALVES eCASTRO (2004).

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METAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOS

diante dos valores reais encontrados, e dever-se-ia usar o valorúnico de 10.000 mg de Pb por quilograma; esta ampliação sendoautorizada pela baixa fitotoxicidade do Pb, elemento fortementeadsorvido no solo. Finalmente, em lugar de 100 mg kg-1 de Pb paraos demais fertilizantes (NPK mais ou menos micronutrientes), con-forme Anexo III do Projeto de Instrução Normativa SDA Brasil,sugere-se 186 mg kg-1, devido à preocupação de atender, de um

Tabela 5. Valores máximos de adição de metais pesados tóxicos no solo em alguns países.

País ou região As Ba Cd Cr Pb Hg

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (g ha-1 ano-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Canadá(1) 333 - 89 - 2.222 22

Áustria(2) - - 5,0 - - -

Finlândia(2) - - 3,0 - - -

Alemanha(2) - - 16,7(5) - - -

Suíça(2) - - 0,75 - - -

Bélgica(3) - - 150 - - -

EUA – Estado do Texas(4) 415 - 392 - 3.004 168

EUA – Estado de Washington(4) 333 - 89 - 2.222 22

(1)CANADA (1996); (2)AFPC (2004); (3)USEPA (1999); (4)USEPA (2001); (5)Período de 3 anos.

lado, as possibilidades tecnológicas da maioria da Indústria e, dooutro lado, os interesses da Agricultura.

Observação: A Tabela 6 contém uma sugestão para os elementosbário (Ba), crômio (Cr), flúor (F) e estrôncio (Sr) dos quais o projetode instrução normativa não trata, podendo servir eventualmentecomo subsídio para estudos ou para ampliação da legislação.

Tabela 6. Variações nos teores de metais pesados tóxicos em fertilizantes brasileiros e nas legislações de alguns países.

Produtos As Ba Cd Cr F Hg Pb Sr

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg kg-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Brasil (1)

Adubos fosfatados e rochas Máximo - 23.690 139 1.070 1.446 - 239 12.399Mínimo - < 10 0 0 351 - 0 < 10

Formulações NPK Máximo - 202 146 248 147 - 275 1.625Mínimo - 51 0,4 0,4 0 - < 10 659

Micronutrientes Máximo - 4.815 563 366 (6.000(2)) - - 25.200 (26.000(2)) 686Mínimo - < 10 0 < 10 - - 0 < 10

SUGESTÃO

Adubos fosfatados Máximo - 5.823,2 10,6 103,7 1.242 - 81 6.819,2Micronutrientes Máximo - 2.313,4 136,8 310,8 - - 10.077 335Demais Máximo - 184,6 65,4 24,8 - - 186 1.520

Legislações váriasAdubos fosfatados Máximo 13(3) - 300 (10(3)) - - 5(3) 66(3) -

Mínimo 2(3) - 8 (0,75(3)) - - 0,29(5) 100 (20(3)) -

Micronutrientes Máximo 112(4) - 50 (83(4)) - - 5(6(4)) 2.000 (750(4)) -Mínimo 13(4) - 12(4) - - - 140(4) -

Demais Máximo 75 - 39 - - 17 500 -Mínimo 41 - 8 - - 5 100 -

Projeto de instruçãonormativa SDA – Brasil(Proposta)(1)

Adubos fosfatados Máximo - - 0,75(3) - - - 37,5(3) -Micronutrientes Máximo - - 15(4); 150(6) - - - 750(4); 7.500(6) -Demais Máximo - - 20 - - - 100 -

(1)MAPA (2005); (2)Pó-de-aciaria; (3)mg por 1% de P2O

5; (4)mg por 1% de micronutriente; (5)mg kg-1 de P; (6)valor máximo admitido em mg kg-1 na mas-

sa total do fertilizante.

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METAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOSMETAIS PESADOS

7. LITERATURA CITADA7. LITERATURA CITADA7. LITERATURA CITADA7. LITERATURA CITADA7. LITERATURA CITADA

AFPC. Association of Fertilizers and Phosphate Chemists. Disponível em<http://afpc.net/metals regulations.html>. Acesso em: 12 dez. 2004.

ACCIOLY, A. M. A; FURTINI NETO, A. E.; MUNIZ, J. A.; FAQUIN,V.; GUEDES, G. A. A. Pó de forno elétrico de siderurgia como fonte demicronutrientes e de contaminantes para plantas de milho. PesquisaAgropecuária Brasileira, v. 35, n. 7, p. 1483-1491, 2000.

AMARAL SOBRINHO, N. M. B.; COSTA, L. M.; OLIVEIRA, C.;VELLOSO, A. C. X. Metais pesados em alguns fertilizantes e corretivos.Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 16, p. 271-176, 1992.

CAMARGO, M. S.; ANJOS, A. R. M.; ROSSI, C.; MALAVOLTA, E.Adubação fosfatada e metais pesados em Latossolo cultivado com arroz.Scientia Agricola, v. 57, n. 3, p. 513-518, 2000.

CAMELO, L. G. L.; MIGUEZ, S.; MARBÁN, L. Heavy metals inputwith phosphate fertilizers used in Argentina. The Science of the TotalEnvironment, v. 204, p. 245-250, 1997.

CANADA. Agriculture and Agri-Food Canada. Guidelines to theFertilizers Act and Regulations. 2. ed. Plant Health and ProductionDivision, 1996. 98 p.

CETESB. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Valoresorientadores para solos e águas subterrâneas no Estado de São Pau-lo. São Paulo, 2005. 4 p.

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