metabólitos secundários das raízes de piper crassinervium kunth

92
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA Programa de Pós-Graduação em Química RENATA FOGAÇA DA SILVA Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth (Piperaceae) São Paulo Data do Depósito na SPG: 28/11/2006

Upload: doanminh

Post on 07-Jan-2017

252 views

Category:

Documents


14 download

TRANSCRIPT

Page 1: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE QUÍMICA

Programa de Pós-Graduação em Química

RENATA FOGAÇA DA SILVA

Metabólitos secundários das raízes de

Piper crassinervium Kunth (Piperaceae)

São Paulo

Data do Depósito na SPG:

28/11/2006

Page 2: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RENATA FOGAÇA DA SILVA

Metabólitos secundários das raízes de

Piper crassinervium Kunth (Piperaceae)

Dissertação apresentada ao Instituto de

Química da Universidade de São Paulo

para obtenção do Título de Mestre em

Química (Química Orgânica).

Orientador: Prof. Dr. Massuo Jorge Kato

São Paulo

2006

Page 3: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Massuo J. Kato, pela oportunidade de fazer parte do seu grupo de

pesquisa.

Á minha mãe, Izabel, por ser sempre o meu porto seguro e ao meu pai, Celso,

pelas constantes palavras de incentivo.

Aos meus avós, Deborah e Celso, por toda ajuda que me deram durante o

período de desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus colegas do Laboratório de Química de Produtos Naturais, Adalberto,

Joca, Homero, Juliana, Karina, Felipe, Lucas e Lydia pelo agradável convívio e

amizade durante esses anos.

Ao Prof. João H. G. Lago, por toda ajuda dada à interpretação dos resultados e

amizade.

Aos meus companheiros e amigos de casa, Vanessa, Dilcelli e Thiago, pelo

apoio, amizade e alegria que me trouxeram neste período.

À Rosane, por todo carinho, atenção e amizade. Por sempre dizer as palavras

certas nas horas certas.

Aos meus grandes amigos, Wanessa e Cleiton, por todo incentivo e apoio.

Ao Fernando pela ajuda na obtenção dos dados de CLAE.

À Aline, Mariana, Grazi, Fernanda, Claudinei, Sidnei pelo carinho, amizade e

momentos de descontração.

Ao Prof. Josef Wilhelm Baader por toda ajuda nas atividades de monitoria.

Aos funcionários da seção de Pós-graduação, Cibele, Emiliano, Milton e

Marcelo por toda a informação e paciência.

Page 4: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

Aos funcionários da Central Analítica do IQ-USP pela ajuda na obtenção dos

espectros.

À CAPES pela bolsa de estudos concedida.

Page 5: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

Tente ser uma pessoa de sucesso,

mas efetivamente tente ser uma pessoa

de valor.

Albert Einstein

Page 6: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

Dedico esta dissertação aos meus queridíssimos

amigos Marisi, Denise e Alberto pela amizade, incentivo e

ajuda durante todo o desenvolvimento deste trabalho. Por

terem compartilhado comigo momentos de alegria e

tristeza. Por me mostrarem o grande valor da palavra

AMIZADE.

Page 7: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

CONTEÚDO

RESUMO .............................................................................................................. i

ABSTRACT ........................................................................................................... ii

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... iii

LISTA DE TABELAS ........................................................................................... vi

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ........................................................................... vii

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1

1.1. A família Piperaceae ................................................................................... 3

1.2. O Gênero Piper ........................................................................................... 3

1.3. Descrição de algumas classes de metabólitos secundários encontradas

em espécies de Piper .................................................................................. 9

1.4. Piper crassinervium Kunth .......................................................................... 14

1.4.1. Classificação botânica geral ................................................................... 15

2. OBJETIVOS ...................................................................................................... 22

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 23

3.1. Equipamentos ............................................................................................. 23

3.2. Material vegetal ......................................................................................... 24

3.3. Solventes .................................................................................................... 24

3.4. Materiais cromatográficos ........................................................................... 24

3.5. Preparação do extrato bruto das raízes ...................................................... 25

3.6. Fracionamento do extrato bruto das raízes de P. crassinervium ................ 25

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 32

4.1. Caracterização dos metabólitos secundários isolados do extrato das

raízes de Piper crassinervium ..................................................................... 32

4.1.1. Identificação estrutural da flavanona 1.................................................... 35

4.1.2. Identificação estrutural das hidroquinonas preniladas 2 e 3.................... 41

Page 8: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

4.1.3. Identificação estrutural do cromeno 4...................................................... 46

4.1.4. Identificação estrutural do derivado prenilado de ácido benzóico 5........ 50

4.1.5. Identificação estrutural da amida isobutílica 6......................................... 55

4.1.6. Identificação estrutural das amidas piperidínicas 7 e 8........................... 61

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................…………...………………......... 68

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 70

7. SÚMULA CURRICULAR .................................................................................. 76

Page 9: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESUMO

i

Resumo

(Silva, R. F.) Metabólitos Secundários das Raízes de Piper crassinervium Kunth

(Piperaceae). 2006, 76p. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação

em Química Orgânica. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São

Paulo.

O extrato bruto (DCM:MeOH 2:1) das raízes de Piper crassinervium foi

submetido a fracionamentos cromatográficos resultando no isolamento e

identificação de oito substâncias, sendo estas uma flavanona (5,4’-diidroxi-7-

metoxiflavanona [isosakuranetina]), duas hidroquinonas preniladas (1,4-diidroxi-2-

[3’,7’-dimetil-1’-oxo-2’-E-6’-octadienil]-benzeno e 1,4-diidroxi-2-[3’,7’-dimetil-1’-oxo-

2’-Z-6’-octadienil]-benzeno), um cromeno (ácido-2-metil-2-[4’-metil-3’-pentenil]2H-

1-benzopirano-6-carboxílico), um derivado prenilado do ácido benzóico (ácido 4-

hidroxi-3-[3’,7’-dimetil-1’-oxo-octa-2’-E-6’-dienil]-benzóico), uma amida isobutílica

(piperlonguminina) e duas amidas piperidínicas (piperina e diidropiperina). As

substâncias isoladas tiveram suas estruturas químicas determinadas por

experimentos de espectrometria de massas, RMN de 1H e 13C e comparadas com

os dados da literatura.

Palavras-chave: Piperaceae, Piper crassinervium, cromeno, amidas,

hidroquinonas preniladas e acido benzóico prenilado.

Page 10: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

ABSTRACT

ii

Abstract

(Silva, R. F.) Secondary compounds from roots of Piper crassinervium Kunth

(Piperaceae). 2006, 76p. Masters Thesis - Graduate Program in Chemistry.

Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo.

The crude extracts of the roots of Piper crassinervium was submitted to

chromatographic steps yielding eight compounds including a flavanone (5,4’-

dihydroxy-7-methoxyflavanone [isosakuranetin]), two prenylated hydroquinones

(1,4-dihydroxy-2-[3’,7’-dimethyl-1’-oxo-2’-E-6’-octadienyl]-benzene and 1,4-

dihydroxy-2-[3’,7’-dimethyl-1’-oxo-2’-Z-6’-octadienyl]-benzene), one chromene (2-

methyl-2-[4’-methyl-3’-pentenyl]-2H-1-benzopyran-6-carboxylic acid), one

prenylated derivative of benzoic acid (4-hydroxy-3-[3’,7’-dimethil-1’-oxo]2’-E-6’-

octadienyl-benzoic acid), one isobutyl amide (piperlonguminine) and two piperidine

amides (piperine and dihydropiperine). The structures of the isolated compounds

were determined by mass spectrometry, 1H and 13C NMR data by comparison with

the literature data.

Keywords: Piperaceae, Piper crassinervium, chromene, amides, prenylated

hydroquinone and prenylated benzoic acid.

Page 11: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

LISTA DE FIGURAS

iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estruturas da salicinina, saligenina e ácido acetilsalicílico 1

Figura 2 Estrutura da vimblastina e da vincristina 2

Figura 3 Estrutura do safrol 4

Figura 4 Estruturas da neolignanas isoladas de P. regnellii com atividade

tripanomicidal 5

Figura 5 Estruturas das lignanas tetraidrofurânicas ativas contra

Trypanosoma cruzi 6

Figura 6 Algumas amidas isoladas de P. tuberculatum e P. arboreum com

atividade biológica 7

Figura 7 Alguns cromenos e aduncamida isolados de P. aduncum 8

Figura 8 Espécies do gênero Piper (Piperaceae) 8

Figura 9 P. crassinervium 15

Figura 10 Metabólitos secundários isolados das folhas e frutos de P.

crassinervium 17

Figura 11 Metabólitos secundários isolados de suspensão celular de P.

crassinervium 18

Figura 12 Hidroquinonas preniladas e derivados isolados de Aplidium

californicum 19

Figura 13 Hidroquinonas preniladas e derivados isolados de Aplidium

conicum 20

Figura 14 Esquema de fracionamento cromatográfico do extrato bruto das

raízes de P. crassinervium 26

Figura 15 Esquema de fracionamento cromatográfico da fração Rpc3 27

Figura 16 Esquema de fracionamento cromatográfico da fração A4 28

Page 12: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

LISTA DE FIGURAS

iv

Figura 17 Esquema de fracionamento cromatográfico da fração Rpc4 29

Figura 18 Esquema de fracionamento cromatográfico da fração Rpc5 30

Figura 19 Cromatograma do extrato bruto das raízes e folhas de

P. crassinervium. 33

Figura 20 Metabólitos secundários isolados das raízes de P. crassinervium 34

Figura 21 Espectro de massas da substância 1 36

Figura 22 Principais fragmentações de massas da substância 1 37

Figura 23 Espectro de RMN de 1H da substância 1 (200 MHz, MeOD) 39

Figura 24 Espectro de RMN de 13C da substância 1 (75 MHz, MeOD) 40

Figura 25 Estruturas das hidroquinonas preniladas 2 e 3 42

Figura 26 Espectro de RMN de 1H da substância 2 (E) (300 MHz, CDCl3) 44

Figura 27 Espectro de RMN de 1H da substância 3 (Z) (300 MHz, CDCl3) 45

Figura 28 Estrutura do 2-metil-2-(4’-metil-3’-pentenil)-2H-1-benzopirano-6-

carboxílico (4) 46

Figura 29 Espectro de RMN de 1H da substância 4 (200 MHz, CDCl3) 48

Figura 30 Espectro de RMN de 13C da substância 4 (75 MHz, CDCl3) 49

Figura 31 Espectro de RMN de 1H da substância 5 (200 MHz, CDCl3) 52

Figura 32 Espectro de RMN de 13C da substância 5 (50 MHz, CDCl3) 53

Figura 33 Ampliação do espectro de RMN de 13C da substância 5 (75 MHz,

CDCl3) 54

Figura 34 Estrutura da piperlonguminina 55

Figura 35 Espectro de RMN de 1H da substância 6 (200 MHz, CDCl3) 57

Figura 36 Ampliação do espectro de RMN de 1H da substância 6 (200

MHz, CDCl3) 58

Figura 37 Ampliação do espectro de RMN de 1H da substância 6 (200 59

Page 13: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

LISTA DE FIGURAS

v

MHz, CDCl3)

Figura 38 Espectro de RMN de 13C da substância 7 (50 MHz, CDCl3) 60

Figura 39 Espectro de massas da substância 7 63

Figura 40 Espectro de massas da substância 8 63

Figura 41 Interpretação dos dados de EM da substância 7 64

Figura 42 Interpretação dos dados de EM da substância 8 64

Figura 43 Espectro de RMN de 1H das substâncias 7 e 8 (200 MHz, CDCl3) 65

Figura 44 Ampliação do espectro de RMN de 1H das substâncias 7 e 8

(200 MHz, CDCl3) 66

Figura 45 Ampliação do espectro de RMN de 1H das substâncias 7 e 8

(200 MHz, CDCl3) 67

Page 14: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

LISTA DE TABELAS

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Algumas amidas isoladas de espécies do gênero Piper 10

Tabela 2 Alguns cromenos isolados de espécies do gênero Piper 11

Tabela 3 Alguns derivados de ácido benzóico isolados de espécies do

gênero Piper 12

Tabela 4 Alguns flavonóides isolados de espécies do gênero Piper 14

Tabela 5 Frações obtidas no fracionamento do extrato bruto das raízes 26

Tabela 6 Frações obtidas no fracionamento de Rpc3 27

Tabela 7 Frações obtidas no fracionamento de A4 28

Tabela 8 Frações obtidas no fracionamento de Rpc4 30

Tabela 9 Frações obtidas no fracionamento de Rpc5 31

Tabela 10 Dados de RMN de 1H (MeOD, 200 MHz) e 13C (MeOD, 75 MHz)

para a substância 1 38

Tabela 11 Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) e 13C (75 MHz, CDCl3)

para as substâncias 2 e 3 43

Tabela 12 Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) e 13C (75 MHz, CDCl3)

para a substância 4 47

Tabela 13 Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) e 13C (75 MHz, CDCl3)

para a substância 5 51

Tabela 14 Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) e 13C (75 MHz, CDCl3)

para a substância 6 56

Tabela 15 Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) para as substâncias 7 e

8 62

Page 15: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

vii

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Deslocamento químico

ACN Acetronitrila

AcOEt Acetato de etila

CC Cromatografia em coluna

CDCl3 Clorofórmio deuterado

CPC Cromatografia planar comparativa

CPP Cromatografia planar preparativa

CG-EM Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas

CLAE Cromatografia líquida de alta eficiência

d Dubleto

DCM Diclorometano

dd Duplo dubleto

EM Espectrometria de massas

Hex Hexano

Hz Hertz

J Constante de acoplamento

m Multipleto

MeOD Metanol deuterado

MeOH Metanol

RMN Ressonância Magnética Nuclear

s Singleto

t Tripleto

TMS Tetrametilsilano

UV-Vis Ultravioleta-visível

λ Comprimento de onda

Page 16: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

1

1. INTRODUÇÃO

Há décadas muitos pesquisadores vêm se dedicando ao estudo de

produtos naturais, principalmente voltado ao isolamento e determinação estrutural

de substâncias pertencentes às mais diversas classes químicas. A descrição de

tais produtos com potenciais atividades biológicas e farmacológicas, tem

resultado em importantes descobertas para a humanidade. A exemplo disso tem-

se Salix alba L. (Salicaceae) e Filipendula ulmaria (L.) Max. (Rosaceae), de onde

foram isoladas a salicinina e a saligenina, respectivamente (Figura 1). Esses

compostos, derivados do ácido salicílico, apresentam comprovadas propriedades

analgésicas e antiinflamatórias e culminaram por dar origem à aspirina, um

composto sintético comercializado inicialmente na Alemanha, pela Bayer

(Hostettmann et al., 2003).

CH2OH

OGlc

1

CH3OH

OH

2

COOH

OAc

3

Figura 1. Estruturas da (1) salicinina, (2) saligenina e (3) ácido acetil salicílico

(aspirina).

Outro importante exemplo são os alcalóides vinblastina e vincristina (Figura

2), isolados de Catharantus roseus G. Don (Apocynaceae). Esses compostos

foram descobertos no fim dos anos 60, e até os dias de hoje constituem-se num

recurso indispensável para o tratamento da leucemia (Hostettmann et al., 2003).

Page 17: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

2

N

N

OH

H3COOC

N

N

OH

OCOCH3H

H3CO

R CO2CH3

HHR = CH3: vimblastina

R = CHO: vincristina

Figura 2. Estrutura da vimblastina e da vincristina.

Atualmente, o uso de princípios ativos de plantas tem avançado

significativamente e, considerando o rápido desenvolvimento das diferentes áreas

da ciência, como química, biologia, farmacologia e medicina bem como o

progresso das técnicas de análise e separação, como a cromatografia líquida de

alta eficiência (CLAE), ressonância magnética nuclear (RMN) e espectrometria de

massas, as aplicações e os benefícios têm sido cada vez mais impactantes na

saúde humana.

Estima-se que cerca de 200.000 produtos naturais tenham sido descritos

(Tulp & Bohlin, 2005) e, considerando que por volta de 25% das substâncias

utilizadas como medicamentos prescritos em países industrializados têm sua

origem em ativos de plantas (Hostettmann et al., 2003), os metabólitos

secundários representam um fantástico universo a ser explorado. O Brasil, neste

aspecto, encontra-se em uma posição de destaque, pois possui aproximadamente

22% da flora mundial (Moreira et al., 2006), sendo assim, uma das maiores

biodiversidades do planeta.

A importância da descoberta de produtos naturais biologicamente ativos,

seu estudo descritivo bem como suas funções nos tecidos onde ocorrem é de

grande importância para a compreensão de processos vitais.

Page 18: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

3

1.1. A família Piperaceae

A família Piperaceae, pertencente à ordem das Piperales, é considerada

uma das famílias mais primitivas entre as angiospermas. É composta por

aproximadamente 14 gêneros e cerca de 2000 espécies (Mabberley, 1997). É

pantropical com espécies distribuídas pelas Américas desde o México até o

sudoeste da Argentina, encontrando-se plantas de porte arbustivo, herbáceo ou

arbóreo com mais de três metros de altura (Figueiredo & Sazima, 2000; Albiero et

al., 2005). Desta família, os gêneros Piper e Peperomia são os mais abundantes

com aproximadamente 700 e 600 espécies respectivamente (Joly, 1985; Parmar

et al., 1997), e também os mais estudados quimicamente. A família Piperaceae

vem sendo extensivamente investigada como fonte de novos produtos naturais

com potenciais antitumoral, antimicrobiano, antifúngico e inseticida (Lago et al.,

2004; Parmar et al., 1997).

1.2. O Gênero Piper

Grande parte das espécies do gênero Piper destaca-se pelo seu uso na

medicina popular e por sua vasta importância econômica devido ao acúmulo de

metabólitos fixos e voláteis de grande utilidade para a indústria alimentícia,

farmacêutica e agrícola (Silva & Machado, 1999; Parmar et al., 1997).

As sementes dos frutos de Piper nigrum deram origem à pimenta do reino

conhecida no Brasil (“pimenta” em Portugal e “pimenta redonda” em

Moçambique). Dos diferentes estágios de maturação e colheita dos frutos de P.

nigrum, é que se origina a pimenta-verde, pimenta-branca e pimenta-preta.

Page 19: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

4

(Variyar et al., 1988). Outra espécie que assumiu importância comercial

importante é a P. hispidinervium, de onde passou a ser extraído o safrol (Figura

3). O safrol é utilizado na fabricação de fixadores, fragâncias e inseticidas naturais

(Maia et al., 1987) e foi por muito tempo extraído de Ocotea pretiosa (Lauraceae),

que encontra-se em extinção devido a intensa exploração (Maia et al., 1993).

O

O

Figura 3. Estrutura do safrol.

Estudos químicos realizados com espécies de Piper possibilitaram a

identificação de uma grande variedade de novos compostos químicos

pertencentes à diversas classes químicas, incluindo-se alcalóides, amidas,

lignanas, neolignanas, propenilfenóis, terpenos, esteróides, chalconas, di-

hidrochalconas, flavonas, flavanonas, kavapironas, piperolídeos, cromenos e

derivados de ácidos benzóicos (Sengupta & Rao, 1987; Jensen et al., 1993,

Parmar et al., 1997; Lago et al., 2004). Muitas dessas são biologicamente ativas e

têm apresentado potenciais antitumoral, antimicrobiano, antifúngico, antioxidante,

inseticida, larvicida e moluscicida entre outros (Silva et al., 2002; Miranda et al.,

2003; Isao, 1984; Lago et al., 2004).

Dentre as inúmeras descrições da literatura acerca do potencial biológico

das espécies deste gênero podem ser citados exemplos como P. regnellii,

utilizada no tratamento da dor, afecções febris e/ou reumáticas e apresenta

atividade analgésica positiva (Silva & Machado, 1999). Como resultado do estudo

químico realizado com esta espécie, foram identificadas neolignanas ativas frente

Page 20: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

5

à Trypanosoma cruzi (Figura 4), vetor de transmissão da doença de Chagas, uma

doença de forte impacto na América latina, que atinge cerca de 18 milhões de

pessoas, causando aproximadamente 45.000 mortes por ano (Luize et al., 2006).

Outra importante atividade biológica de P. regnelli está em seu óleo essencial

que, juntamente com o de P. cernuum, apresenta potencial antimicrobiano frente

à Staphylococcus aureus e Candida albicans (Costantin et al., 2001).

O

H3C

HO

H3CO

eupomatenóide-5

O

H3C

HO

eupomatenóide-6

O

H3C

HO

conocarpano

Figura 4. Estruturas das neolignanas isoladas de P. regnellii com atividade

tripanomicida.

P. solmsianum acumula lignanas tetraidrofurânicas (Figura 5), que também

são ativas frente a T. cruzi (Martins et al., 2003), sendo a grandisina o seu

metabólito secundário mais abundante. Desta espécie também foram isoladas

neolignanas e um flavonóide que apresentaram atividade antifúngica (De Campos

et al., 2005).

Page 21: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

6

OMeO

MeO OMe

OMe

MeO OMe

grandisina

OMeO

MeO

MeO OMe

O

O

rel-(7R,8R,7’R,8’R)-3’,4’-metilenodióxi-

-3,4,5,5’-tetrametoxi-7,7’-epoxilignana

O

MeO OMe

O

OO

O

rel-(7R,8R,7’R,8’R)-3,4,3’,4’-dimetilenodióxi-5,5’-dimetoxi-7,7’-epoxilignana

Figura 5. Estruturas das lignanas tetraidrofurânicas ativas contra Trypanosoma

cruzi.

De P. tuberculatum, e P. arboreum foram identificadas amidas com

atividade antifúngica contra os fungos fitopatogênicos Cladosporium

cladosporioides e C. sphaerospermum (Navickiene et al., 2000; Silva et al., 2002)

(Figura 6), sendo que amidas de P. tuberculatum também apresentaram atividade

inseticida (Miranda et al., 2003; Navickiene et al., 2003) e também atividade

moluscicida contra Biomphalaria glabrata, hospedeiro intermediário do vetor

responsável pela doença de esquistossomose (Isao, 1984).

Page 22: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

7

O

O

O

N

OO

diidropiplartina

(P. tuberculatum)

O

O

O

N

N-[10-(13,14-metilenodioxifenil)-

7(E)-pentaenoil]-pirrolidina

(P. arboreum)

O

O

O

N

N-[10-(13,14-metilenodioxifenil)-

7(E),9(E)-pentaenoil]-pirrolidina

(P. arboreum)

N

O

H

pellitorina

(P. tuberculatum)

Figura 6. Algumas amidas isoladas de P. tuberculatum e P. arboreum com

atividade biológica.

Piper aduncum é utilizada popularmente como repelente de insetos,

analgésico para dores estomacais e também em banhos aromáticos (Asprey &

Thorton, 1954). Desta espécie isolou-se a aduncamida (Figura 7) que apresenta

atividade bactericida contra Bacillus subtilis e Micrococcus luteus (Orjala et al.,

1993). O óleo essencial de P. aduncum apresenta atividade fungitóxica (Bastos &

Albuquerque, 2004), e esta espécie também se destaca pelo acúmulo de

cromenos (Figura 7) com potencial fungicida, moluscicida e com atividade

antitumoral (Baldoqui et al., 1999; Orjala et al., 1993; Moreira et al., 1998).

Page 23: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

8

O

H3CO

O

OH

8-hidroxi-2,2-dimetil-2H-

cromeno-6-carboxilato de metila

O

O

O

O

H3CO

2,2-dimetil-8-(3-metil-2-butenil)-

2H-cromeno-6-carboxilato de metila

O

HO

O

ácido 2,2-dimetil-2H-

1-cromeno-6-carboxílico

OCH3

HO

N

O OH

OCH3

aduncamida

Figura 7. Alguns cromenos e a aduncamida isoladas de P. aduncum

A figura 8 demonstra alguns exemplares dentre as várias espécies do

gênero Piper encontradas no Brasil.

Piper nigrum

Piper aduncum

Piper solmsianum

Piper arboreum

Piper auritum

Piper longum

Figura 8. Espécies do gênero Piper (Piperaceae) (www.henriettesherbal.com/pictures)

Page 24: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

9

1.3. Descrição de algumas classes de metabólitos secundários encontradas

em espécies de Piper

Alcalóides e amidas são considerados os constituintes mais comuns em

espécies de Piper e apresentam diversas atividades biológicas. A partir de

espécies de Piper foram isoladas amidas piperidínicas, pirrolidínicas, isobutílicas

e diidropiridonas com potencial inseticida, antifúngico, moluscicida, antitumoral

entre outros (Miranda et al., 2003; Navickiene et al., 2003; Navickiene et al., 2000;

Silva et al., 2002; Isao, 1984). Na tabela 1 encontram-se descritos exemplos de

amidas, sendo que algumas possuem importantes propriedades farmacológicas.

Page 25: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

10

Tabela 1. Algumas amidas isoladas de espécies do gênero Piper.

Substância Espécie Atividade biológica

Referência

O

O

O

N

N-[10-(13,14-metilenodioxifenil)-7(E),9(E)-pentadienoil]-pirrolidina

P. arboreum

antifúngica Silva et al., 2002

O

O

O

N

N-[2-(3’,4’-metilenodioxi,6-metoxifenil)-2Z-propenoil]pirrolidina

P. hispidum P.sarmentosum

antifúngica

Navickiene et al., 2000;

Tuntiwachwuttikul et al., 2006

N

O

H

pellitorina

P. tuberculatum P. nepalense P. Sylvaticum

antifúngica e inseticida

Da Cunha & Chaves, 2001;

Gupta & Atal, 1972; Nacickiene et al.,

2003

O

ON

O

H

4,5-diidropiperlonguminina

P. tuberculatum P. longum

moluscicida, inseticida e antifúngica

Nacickiene et al., 2000

O

ON

O

O O

diidropiplartina

P. tuberculatum P. rugosum

P. guineense

antifúngica Silva et al., 2002;

Parmar et al., 1997

N

OH3CO

H

piperovatina

P. alatabaccum P. piscicatorum

piscicida e anestésica

Facundo et al., 2005; McFerren & Rodriguez, 1998; McFerren et al.,

2002

N

HO

H3CO

O

H

OH

trans-N-feruloiltiramina

P. argyrophylum P. nigrum

anti-PAF Parma et al., 1997; Singh et al., 1996

Page 26: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

11

Os cromenos compreendem uma classe de compostos não tão abundante

em espécies de Piper quanto amidas, lignóides, fenilpropanóides e terpenos,

porém estas substâncias são portadoras de potenciais farmacológicos. Os

cromenos são comumente encontrados em folhas e caules, sendo raramente

isolados a partir de raízes (Proksch & Rodriguez, 1983). Em espécies de Piper

constata-se a ocorrência de cromenos em, por exemplo, P. dilatum, P. aduncum,

P. hostmannianum e P. taboganum (Baldoqui et al., 1999; Orjala et al., 1993; Diaz

et al., 1987; Lago et al., 2004).

Tabela 2. Alguns cromenos isolados de espécies do gênero Piper.

Substância Espécie Atividade

biológica Referência

O

O

O

O

H3CO

ácido 2,2-dimetil-8-(3’-metil-2’-

butenil)-2H-1-cromeno-6-

carboxílico

P. aduncum antifúngica e

moluscicida Orjala et al., 1993

O

O

O

O

H3CO

2,2-dimetil-2H-1-cromeno-6-

carboxilato de metila

P. hostmannianum

P. dilatatum

P. taboganum

antifúngica

Diaz et al., 1987;

Terreaux et al., 1998;

Roussis et al., 1990

O

HO

O

ácido 2,2-dimetil-2H-1-cromeno-6-

carboxílico

P. aduncum antitumoral Baldoqui et al., 1999

Os derivados de ácido benzóico compreendem outra importante classe de

substâncias dentro do gênero Piper devido aos potenciais farmacológicos

Page 27: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

12

apresentados. De P. lanceaefolium foram isolados derivados prenilados de ácido

benzóico que apresentaram atividade antifúngica (López et al., 2002). P.

multiplinervium, uma espécie encontrada nas regiões da Nicarágua ao Peru

(Yuncker, 1950), acumula um derivado prenilado de ácido benzóico com atividade

bactericida e antimicrobiana frente à Staphylococcus aureus, Escherichia coli,

Klebsiella pneumoniae, Mycobacterium smegmatis, Pseudomonas aeruginosa e

Candida albicans (Rüegg et al., 2006). Demais exemplos de ocorrência e

atividade biológica dos derivados de ácido encontram-se descritos na tabela 3.

Tabela 3. Alguns derivados de ácido benzóico isolados de espécies do gênero

Piper.

Substância Espécie Atividade

biológica Referência

OH

HOOC

ácido 3-farnesil-2-hidroxibenzóico

P. multiplinervium Antimicrobiana e

bactericida

Rüegg et al.,

2006

OHO

OH O

ácido taboganico

P. dilatatum antufúngica Terreaux et

al., 1998

OH

OCH3

OCH3O

3-(6-hidroxi-3,7-dimetil-2,7-octadienil)-

4-metoxi-benzoato de metila

P. aduncum

moluscicida

Orjala et al.;

1993

OH

OCH3O

OH

3-(2-hidroxi-3-metil-3-butenil)-4-hidroxi-

benzoato de metila

P. hostmannianum

P. aduncum

moluscicida

Diaz et al.,

1987; Orjala et

al., 1993

Page 28: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

13

Os flavonóides, amplamente distribuídos no reino vegetal, possuem

inúmeras funções na natureza e diversas atividades biológicas, e estão

principalmente relacionados com atividade fotoprotetora. Esta classe de produtos

naturais pode ser subdividida em flavonas, flavanonas, flavonóis, auronas,

isoflavanóis e outros compostos relacionados. Várias propriedades terapêuticas

têm sido atribuídas à esses compostos polifenólicos como atividade antioxidante,

antibacteriana, antidiarreica, inibição da carcinogênese pulmonar e antitumoral

entre outras (Shan et al., 2005; Cushnie et al., 2003; Haïdara et al., 2006). Tem-se

descrito na literatura o acúmulo de flavonóides por espécies em Piper, por

exemplo em P. hostmannianum, P. Steerni, P. hispidum, P. aduncum e P.

methysticum (Parmar et al., 1997).

Page 29: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

14

Tabela 4. Alguns flavonóides isolados de espécies do gênero Piper.

Substância Espécie

O

O

HO

OH

5,7-diidroxiflavanona

P. hostmannianum

P. steerni

O

O

O

O

OH

H3CO

OCH3

8-hidroxi-5,7-dimetoxiflavanona

P. hispidum

O

O

O

O

H3CO

OH

5-hidroxi-7-metoxiflavanona

P. aduncum

P. fadyeniii

P. hispidum

P. steerni

O

O

HO

OCH3

7-hidroxi-5-metoxiflavanona

P. methysticum

1.4 Piper crassinervium Kunth.

Piper crassinervium é um arbusto de 2-5 m de altura encontrada na

América do Sul. No Brasil, é encontrada nos estados do Amazonas, Ceará, Minas

Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Suas folhas

possuem um formato ovalado com um ápice acuminado, medindo de 5 a 15 cm

de largura e de 13 a 25 cm de comprimento (Yuncker, 1972).

Page 30: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

15

Figura 9. P. crassinervium

1.4.1 Classificação botânica geral

O quadro abaixo mostra a classificação botânica geral, de acordo com o

Sistema de Arranjos de Cronquist (1981).

Reino Plantae

Divisão Angiosperma A. Braun & Doill

(Magnoliophyta)

Classe Dicotiledonae

Subclasse Magnolidae

Ordem Piperales

Família Piperaceae Agardth

Gênero Piper

Espécie Piper crassinervium

Estudos químicos previamente realizados em folhas e frutos de P.

crassinervium revelaram o acúmulo de flavanonas, derivados prenilados de

ácidos benzóicos e hidroquinonas preniladas (Figura 10). Esta foi a primeira

Page 31: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

16

descrição do isolamento de hidroquinonas preniladas em espécies de Piper.

Estudos realizados com suspensão celular desta espécie mostraram um perfil

diferenciado daquele observado na planta intacta ao se identificarem alcamidas

como principais metabólitos secundários (Figura 11) (Danelutte et al., 2003;

Danelutte et al., 2005).

As substâncias isoladas das folhas e frutos de P. crassinervium

apresentaram potencial antioxidante (Yamaguchi et al., 2006) e foram também

ativas frente aos fungos fitopatogênicos C. cladosporioides e C. sphaerospermum,

sendo que as substâncias 1 e 8 (Figura 10) mostraram-se mais potentes que os

padrões nistatina e miconazol (Lago et al., 2004; Danelutte et al., 2003).

Os constituíntes do óleo essencial de P. crassinervium são

majoritariamente monoterpenos, sendo rico em linalol, β-pireno, α-pireno e 1,8-

cineol, segundo estudo feito com espécie do estado do Ceará (Cysne et al.,

2005). Contudo, uma outra análise realizada com uma espécie de P.

crassinervium do Equador, mostrou β-pireno, α-pireno, limoneno e α-terpineno,

como principais componentes, sendo descrito também o seu potencial

antioxidante (Sacchetti et al., 2005).

Page 32: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

17

OOH

OH 1

1,4-diidroxi-2-(3’,7’-dimetil-1’-oxo-2’-E,6’-octadienil)benzeno

OOH

OH 2

1,4-diidroxi-2-(3’,7’-dimetil-1’-oxo-2’-Z,6’-octadienil)benzeno

OO

OH

OH O

3

1,4-diidroxi-2-(7’-metil-3’-metileno- 1’-oxo-4’,7’-peróxidoctil)benzeno

O

OH

MeO

OH O 4

5,4’-diidroxi-7-metoxiflavanona (sakuranetina)

O

OMe

HO

OH O 5

5,4’-diidroxi-7-metoxiflavanona

OOH

COOH 6

ácido 4-hidroxi-(3’,7’-dimetil-1’- oxo-octa-2’-E-6’-dienil)benzóico

OOH

COOH 7

ácido 4-hidroxi-(3’,7’-dimetil-1’- oxo-octa-2’-Z-6’-dienil)benzóico

O

COOH

HO

OH

8

ácido 4-hidroxi-3-(3’,7’-dimetil-3’-hidroxi-1’-oxo-6’-octenil)benzóico (ácido crassinervico)

OH

OCH3

9

3-[(2E)-3,7-dimetilocta-2,6-dien-1-il]-4-metoxifenol

Figura 10. Metabólitos secundários isolados das folhas e frutos de P.

crassinervium.

Page 33: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

18

N

OOMe

MeO

MeO

H

10-amino-2,3,4-trimetoxifenantreno-

1-ácido carboxílico lactama

N

OOMe

MeO

MeO

Me

10-aminometil-2,3,4-trimetoxifenantreno-

1-ácido carboxílico lactama

N H

OOMe

HO

MeO

10-amino-2,4-dimetoxi-3-hidroxifenantreno-

1-ácido carboxílico lactama

N

OOMe

HO

Me

10-aminometil-2-metoxi-3-hidroxi-

fenantreno-1-ácido carboxílico lactama

Figura 11. Metabólitos secundários isolados de suspensões celulares de P.

crassinervium.

Dentre todos os metabólitos caracterizados nos diferentes tecidos

estudados de P. crassinervium, as hidroquinonas preniladas foram as mais

interessantes e diferenciadas, tanto pela sua ocorrência como pelo potencial

biológico apresentado.

As hidroquinonas e benzoquinonas preniladas constituem-se uma classe

de metabólitos secundários que têm apresentado diversas atividades biológicas.

Em um estudo feito acerca da relação estrutura-atividade dessas hidroquinonas

preniladas apontou-se a forte dependência entre o comprimento da cadeia lateral

carbônica e o potencial antimicrobiano desses compostos. Triprenil- e

tetraprenilhidroquinonas são os mais abundantes compostos desta classe de

metabólitos, contudo, diprenil- e triprenilhidroquinonas são as mais estudadas (De

Rosa et al., 1994).

Page 34: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

19

As hidroquinonas e benzoquinonas preniladas são de rara ocorrência em

plantas superiores, sendo comum o acúmulo em organismos marinhos. Em

Aplidium californicum, um tunicado marinho, foram identificadas hidroquinonas

preniladas e derivados com atividade anticancer (Figura 12). (Howard & Clarkson,

1979; Cotelle et al., 1991)

OH

HO

hidroquinona prenilada

O

HO

6-hidróxi-2,2-

dimetilcromeno

O

O

quinona prenilada

HO

OH

hidroquinona diprenilada

OH

OH

2,3-bis(3-metil-but-2-em-1-

il) benzeno-1,4-diol

O

HO

2,2-dimetilcroman-6-ol

Figura 12. Hidroquinonas preniladas e derivados isolados de Aplidium

californicum.

Ainda deste gênero, de Aplidium conicum (Figura 13), foram isoladas

outras hidroquinonas preniladas com esqueleto carbônico muito semelhante às

que foram identificadas em Piper crassinervium (Garrido et al., 2002).

Page 35: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

20

OH

OH

geranil-hidroquinona

OH

OH

OH

2-[(2’E)-7’-hidroxi-3’,7’-dimetilocta-2’-

enil]benzeno-1,4-diol

OH

OH

OMe

2-[(1’E)-3’-metoxi-3’,7’-dimetilocta-1’,6’-

dienil]benzeno-1,4-diol

OH

OH

OH

2-(3’-hidroxi-3’,7’-dimetilocta-6’-

enil]benzeno-1,4-diol

O

HO

cordiacromeno A

OH

H

OHOH

conitriol

Figura 13. Hidroquinonas preniladas e derivados isolados de Aplidium conicum.

Verifica-se a ocorrência desta classe de compostos em esponjas marinhas,

como em Dysidea arenaria Bergquist de onde foram isoladas duas hidroquinonas

preniladas com potente e seletiva inibição in vitro de proteína quinase e outras

com esqueleto semelhante (Yoo et al., 2003; Schmitz et al., 1984). Deste mesmo

gênero de esponjas, foram identificadas em Dysidea avara, uma hidroquinona

prenilada e um derivado com atividade anti-inflamatória (Ferrándiz et al., 1994).

Em Reniera fulva, uma outra espécie de esponja, foram também identificadas

Page 36: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

INTRODUÇÃO

21

hidroquinonas com esqueleto sesquiterpênico onde, algumas delas, já haviam

sido isoladas de Halichondria panicea (Casapullo et al., 1993; Cimino et al., 1973)

Em plantas superiores, um exemplo de acúmulo desta classe de

substâncias e seus derivados foi observado nas raízes de Garcinia atroviridis

(Guttiferae) (Permana et al., 2003) e de Cordia alliodora (Boraginaceae), cujas

apresentaram atividade antifúngica contra Cladosporium cucumerinum (Loset et

al., 2000).

Page 37: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

OBJETIVOS

22

2. OBJETIVOS

Os estudos fitoquímicos anteriormente realizados com folhas de Piper

crassinervium Kunth haviam demonstrado a presença de flavonóides e de

hidroquinonas preniladas (Danelutte et al., 2003; Lago et al., 2004) com potencial

atividades antifúngicas e antioxidantes (Yamaguchi et al., 2005). As suspensões

celulares, por sua vez, produziram alcamidas e nenhum dos metabólitos

secundários descritos pela planta diferenciada (Danelutte et al., 2005).

Assim, a presente dissertação objetivou a caracterização dos principais

metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth (Piperaceae)

através do isolamento e identificação estrutural dos mesmos.

Espera-se, assim, através da descrição do perfil metabólico em espécies

de Piperaceae, contribuir para o entendimento das funções ecofisiológicas dos

metabólitos secundários e também para a quimiossistemática da família

Piperaceae.

Page 38: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

23

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Equipamentos

Os espectros de RMN de 1H e de 13C foram obtidos em espectrômetros

Bruker AC-200 operando a 200 e 50 MHz e Varian Inova operando a 300 e

75 MHz para as freqüências de 1H e 13C, respectivamente, utilizando-se

clorofórmio e metanol deuterados da Aldrich como solventes. Como referências

internas foram utilizados TMS para 1H e pico central do solvente.

Os espectros de massas de baixa resolução foram obtidos através do

sistema CG-EM da Shimadzu modelo CG-17A juntamente com espectrômetro de

massas MS-QP-5050A com analisador quadrupolo, ambos operando via impacto

eletrônico (IE) a 70eV, equipado com coluna capilar DB-5 de 30m de comprimento

e 0,25mm de diâmetro, 0,25m de fase estacionária de fenil 5% em 95% de metil-

silicone. Utilizou-se gás hélio como gás de arraste (1mL/min.) e as temperaturas

do injetor e detector foram de 220 e 280°C, respectivamente. A rampa de

temperatura variou de 100 a 260°C com taxa de 5°C/min.

As análises de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) foram

realizadas em cromatógrafo Shimadzu modelo LC-10AD VP munido de detector

espectrofotométrico na região do UV/VIS (SPD-M10A VP). Utilizou-se coluna

Phenomenex-Synergi C12, iniciando-se análise com ACN:H20 na proporção

5,6:4,4 seguindo em gradiente de 35 minutos até ACN pura, com λ=276 e fluxo de

1mL/min.

Page 39: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

24

3.2. Material vegetal

As raízes de Piper crassinervium foram coletadas em abril de 2005 na casa

de vegetação do IQ-USP, local onde a espécie em questão e demais outras do

gênero Piper e Peperomia são cultivadas. Esta espécie foi identificada pelo Prof.

Dr. Guillermo E. D. Paredes (Universidade Pedro Ruiz Gallo, Tambayeque, Peru)

e a exsicata (k-091) foi depositada no Herbário do Instituto de Botânica.

3.3. Solventes

Os solventes (grau P.A., Synth) utilizados nas extrações, eluições

cromatográficas e etapas de purificação foram destilados na Central de solventes

do IQ-USP.

Nas análises via CLAE foram utilizados solventes grau cromatográfico. Os

mesmos foram previamente deaerados a vácuo, com gás hélio e submetidos a

banho de ultrassom.

3.4. Materiais cromatográficos

Foram utilizadas placas em folhas de alumínio de sílica gel 60 F254 com

0,25 mm de espessura (Merck) para as análises cromatográficas comparativas. A

revelação das mesmas foi efetuada através de inspeção em luz ultravioleta nos

comprimentos de onda de 254 e 360 nm e uso de sulfato cérico aspergido e

posterior aquecimento.

Page 40: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

25

Nas análises cromatográficas de escala preparativa foram placas de 1,0

mm de espessura com sílica GF 254 (Merck).

Para cromatografia em coluna utilizou-se como fase estacionária sílica gel

60 PF254 da Merck.

3.5. Preparação do extrato bruto das raízes

As raízes de P. crassinervium foram coletadas, secas em estufa a 50°C,

trituradas em moinho de facas e submetidas à extração com DCM:MeOH (2:1).

Após o procedimento de extração, o solvente foi eliminado em evaporador

rotatório.

3.6 Fracionamento do extrato bruto das raízes de P. crassinervium

O extrato bruto de raízes de P. crassinervium (15,3g) foi submetido à

cromatografia em coluna de sílica. O mesmo foi eluido com mistura de solventes

Hex:AcOEt, em gradiente crescente de polaridade, obtendo-se 15 subfrações.

(Figura 14). Após análise comparativa por cromatografia planar, as subfrações

foram agrupadas em 6 novas frações nomeadas Rpc (Tabela 5). Todas as

frações estudadas foram previamente submetidas à análise do espectro de RMN

de 1H.

Page 41: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

26

Figura 14. Esquema de fracionamento cromatográfico do extrato bruto das raízes

de P. crassinervium.

Tabela 5. Frações obtidas no fracionamento do extrato bruto das raízes.

Fração Massa (g)

Rpc1 2,13

Rpc2 1,78

Rpc3 1,56

Rpc4 1,75

Rpc5 1,98

Rpc6 1,17

Fração Rpc3

A fração Rpc3 foi submetida a um novo fracionamento cromatográfico em

coluna de sílica (figura 15), utilizando-se como eluente uma mistura de Hex:AcOEt

em gradiente de polaridade e obtendo-se 21 frações posteriormente reagrupadas

em 6 frações nomeadas A1-A6 (tabela 6).

Extrato bruto m=15,3g

Rpc1 Rpc2 Rpc3 Rpc4 Rpc5 Rpc6

Hex:AcOEt - gradiente de polaridade

AcOEt 0-10% AcOEt 20-30% AcOEt 80-90% AcOEt 60-70% AcOEt 40-50% AcOEt 100%

Page 42: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

27

Figura 15. Esquema de fracionamento cromatográfico da fração Rpc3.

Tabela 6. Frações obtidas no fracionamento de Rpc3

Fração Massa (mg)

A1 82,7

A2 50,4

A3 91,3

A4 690,2

A5 175,4

A6 128,7

A análise dos espectros de RMN de 1H das frações A1-A6 mostrou a

presença de hidroquinonas preniladas na fração A2. As substâncias 1 e 2

(12,6mg e 4,8mg) foram purificadas por CPP eluindo-se com mistura de

Hex:AcOEt (7:3).

A fração A4 (figura 16) foi submetida a fracionamento cromatográfico em

coluna de sílica. O sistema eluente utilizado foi, inicialmente, uma mistura ternária

de Hex:DCM:AcOEt (7:2:1) seguindo em gradiente de polaridade até AcOEt puro.

Rpc3

A1 A6 A5 A4 A3 A2

Hex:AcOEt - gradiente de polaridade

Hex 100% AcOEt 10-20% AcOEt 30-40% AcOEt 50-60% AcOEt 80%

2 3

Hex:AcOEt (7:3) (3x) Hex:AcOEt

(7:3)(2x)

2

AcOEt 100%

Page 43: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

28

Deste procedimento foram obtidas 20 frações, agrupadas em 5 e nomeadas de

A4r (tabela 7).

Figura 16. Esquema de fracionamento cromatográfico da fração A4.

Tabela 7. Frações obtidas no fracionamento de A4.

Fração Massa (mg)

A4r1 88,7

A4r2 121,5

A4r3 117,1

A4r4 93,3

A4r5 100,7

A partir da fração A4r1 foi isolada a substância 1 (88,7mg), da fração A4r2

foram isoladas as substâncias 1 (41,7mg) e 6 (62,3mg) que foram posteriormente

purificadas por CPP (Hex:DCM:AcOEt - 7:2:1) e a fração A4r3 forneceu a

substância 6 (117,1mg).

Hex:DCM:AcOEt - gradiente de polaridade

A4

A4r1 A4r2 A4r3 A4r4 A4r5

1 6

1 6

Page 44: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

29

Fração Rpc4

A fração Rpc4 foi submetida a fracionamento cromatográfico em coluna

utilizando-se como eluente Hex:AcOEt em gradiente de polaridade. Deste

fracionamento foram obtidas 28 frações, agrupadas em 8 após análise de CPC,

nomeadas B1-8.

Figura 17. Esquema de fracionamento cromatográfico da fração Rpc4.

A fração B2 foi purificada através CPP (Hex:DCM:AcOEt - 7:2:1) e forneceu

a substancia 6. As frações B3 - B5 foram purificadas em coluna de sílica

(Hex:AcOEt - 7:3) e forneceram substâncias 7 e 8.

Hex:AcOEt - gradiente de polaridade

6

B1 B2 B3 B4

Rpc4

B5 B6 B7 B8

7 e 8

Page 45: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

30

Tabela 8. Frações obtidas no fracionamento de Rpc4.

Fração Massa/mg

B1 124,9

B2 51,9

B3 201,5

B4 120,2

B5 108,5

B6 255,9

B7 193,4

B8 161,8

Fração Rpc5

A fração Rpc5 foi fracionada em coluna de sílica, eluindo-se com mistura

inicial de Hex:DCM:AcOEt (5:2:3) aumentando-se a polaridade até AcOEt puro

(figura 18). Deste fracionamento foram obtidas 19 frações, agrupadas em 7

subfrações (tabela 9). As frações C2-C3 e C6 foram purificadas por CPP nos

sistemas Hex:DCM:AcOEt (5:2:3) e DCM:MeOH (8:2), respectivamente. Destes

procedimentos foram isoladas as substâncias 4 (212,7mg) e 5.(8,4mg).

Figura 18. Esquema de fracionamento cromatográfico da fração Rpc5.

Rpc5

C1 C2 C3 C6 C7 C4 C5

Hex:DCM:AcOEt - gradiente de polaridade

4 4 5

Page 46: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

MATERIAIS E MÉTODOS

31

Tabela 9. Frações obtidas no fracionamento de Rpc5.

Fração Massa (mg)

C1 224,8

C2 354,1

C3 141,6

C4 197,6

C5 132,7

C6 70,1

C7 237,9

Page 47: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo químico das raízes de P. crassinervium resultou no isolamento e

caracterização de metabólitos secundários pertencentes a diferentes classes

químicas, compreendendo hidroquinonas preniladas, flavanonas, derivados de

ácido benzóico, cromenos e amidas.

Para as purificações das substâncias foram empregadas técnicas

cromatográficas, já para as determinações estruturais foram utilizadas técnicas de

RMN de 1H, RMN de 13C e espectrometria de massas, além da comparação com

os dados da literatura, uma vez que estas são substâncias conhecidas.

4.1 Caracterização dos metabólitos secundários isolados do extrato das

raízes de Piper crassinervium.

Inicialmente comparou-se o perfil cromatográfico do extrato das raízes de

P. crassinervium, obtido via CLAE, com perfil das folhas. A análise comparativa

dos cromatogramas (figura 19) revelou a presença de substâncias nas raízes com

tempos de retenção diferentes daquelas encontradas nas folhas desta espécie

vegetal, tornando este um interessante tecido a ser estudado.

Page 48: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

33

(1)

(2)

(3)

Figura 19. Cromatogramas do extrato bruto das raízes (1), folhas (2) e de ambos

tecidos (3) de P. crassinervium.

Minutes

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 35.0

mAU

0

50

100

150 Raizes

Minutes

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 35.0

mA

U

0

20

40

60

80

100

Detector A-276 nmFolha - 2.dat

Folhas

Minutes

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 35.0

mA

U

0

50

100

150

Detector A-276 nmRaiz- 1.dat

Detector A-276 nmFolha - 2 - 276nm.dat

Raiz Folha

8

7

5

2

4

3

6

1

1

3

2

Page 49: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

34

Após as etapas de fracionamento e purificação do extrato bruto das raízes,

foram identificadas uma flavanona [4’-metoxi-5,7-diidroxiflavona (1)], duas

hidroquinonas preniladas [1,4-diidroxi-2-(3’,7’-dimetil-1’-oxo-2’-E-6’-octadienil)-

benzeno (2) e 1,4-diidroxi-2-(3’,7’-dimetil-1’-oxo-2’-Z-6’-octadienil)-benzeno (3)],

um cromeno [ácido-2-metil-2-(4’-metil-3’-pentenil)2H-1-benzopirano-6-carboxílico

(4)], um derivado do ácido benzóico [ácido 4-hidroxi-3-(3’,7’-dimetil-1’-oxo-octa-2’-

E-6’-dienil)-benzóico (5)] e três amidas, sendo uma isobutílica (piperlonguminina)

(6), e duas piperidínicas [(piperina) (7) e (diidropiperina) (8)] (Figura 20).

O

OMe

HO

OH O 1

OOH

OH 2

OOH

OH 3

O

HO

O

4

OOH

COOH 5

O

ON

O

H

6

O

ON

O

7

O

ON

O

8

Figura 20. Metabólitos secundários isolados das raízes de P. crassinervium

Page 50: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

35

4.1.1. Identificação estrutural da flavanona 1

O espectro de RMN de 1H da substância 1 (figura 23, tabela 10)

apresentou dois duplos dubletos, um em 7,24 com J = 2,0 e 7,0 Hz relativo aos

hidrogênios aromáticos H-2’ e H-6’ e outro em 6,79 com J = 2,0 e 7,0 Hz relativo

aos hidrogênios H-3’ e H-5’. A magnitude das constantes de acoplamento entre os

sinais revela a relação orto entre H-2’/H-6’ e H-3’/H-5’. Esses conjuntos de sinais

caracterizam o anel B de um flavonóide com a posição 4’substituída, essa

substituição envolveria o grupo metoxílico devido ao singleto em 3,65.

Em 5,74 observou-se a presença de dois dubletos, com um acoplamento

meta (J = 2,2 Hz) entre dois hidrogênios aromáticos pertencentes ao anel A, que

foram atribuídos a H-6 e H-8. O valor de em freqüência elevada para

hidrogênios aromáticos é compatível com substituintes oxigenados em orto a

esses hidrogênios.

A presença de três duplos dubletos em 5,20 com J = 3,0 e 13,0 Hz, 2,93

com J = 13,0 e 17,1 Hz e 2,54 com J = 3,0 e 17,1 Hz indicam a estrutura de uma

flavanona, sendo o primeiro duplo dubleto atribuído ao H-2 e os outros dois

duplos dubletos aos hidrogênios H-3.

Para se confirmar o padrão de substituição da flavanona, esta substância

foi submetida a análise por espectrometria de massas (figura 21), cujo espectro

mostrou um pico relativo ao íon molecular em m/z 286 encontra-se de acordo com

a fórmula molecular determinada como sendo C16H14O5, uma fragmentação retro

Diels-Alder indicada pelos íons em m/z 152 e m/z 134 (figura 22), o que permitiu

identificar esta substância como sendo uma flavanona isosakuranetina.

Page 51: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

36

O

OMe

HO

OH O

8

3

5

4

1

7

6

2 5'1'

4'2'

3'

8a

4a

6'

Isosakuranetina

Figura 21. Espectro de massas da substância 1.

1

Page 52: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

37

O

OMe

HO

OH O C16H14O5

m/z 286

Retro Diels-Alder

OMe

m/z 134

OMe

H2Cm/z 121

OH

C

HO O

O

O

O

HO

OH

m/z 179

m/z 152 Retro Diels-Alder

Figura 22. Principais fragmentações da substância 1 no espectro de massas.

Os dados de RMN de 13C (figura 24, tabela 10) obtidos para a

isosakuranetina são coincidentes com os dados da literatura (Wagner et al.,

1976). A isosakuranetina foi anteriormente isolada de Wyethia angustifólia e W.

helenioides (Mccormik, 1986)

Page 53: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

38

Tabela 10. Dados de RMN de 1H (MeOD, 200 MHz) e 13C (MeOD, 50 MHz) para

a substância 1

Posição 1H (multiplicidade, e J em Hz) 13C

2 5,20 1H (dd, 13,0; 3,0) 80,1

3 2,54 1H (dd, 17,1; 3,0)

2,93 1H (dd, 17,1; 13,0)

43,9

4 --------------- 197,5

5 --------------- 165,3

6 5,74 1H (d, 2,2) 97,0

7 --------------- 168,2

8 5,74 1H (d, 2,2) 96,1

8a --------------- 164,7

4a --------------- 103,2

1’ --------------- 132,1

4’ --------------- 161,4

2’/6’ 7,24 2H (dd, 2,0; 7,0) 128,8

3´/5’ 6,79 2H (dd, 2,0; 7,0) 114,9

OMe-4’ 3,65 (s) 55,7

Page 54: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

39

1.

00

00

0.

97

51

1.

01

26

0.

50

43

1.

53

15

0.

53

31

0.

49

77

In

te

gr

al

7.

40

07

7.

35

68

6.

94

87

6.

90

48

5.

88

24

5.

87

80

5.

37

34

5.

35

80

5.

30

97

5.

29

44

4.

91

26

3.

78

49

3.

30

00

3.

14

64

3.

08

06

3.

06

08

2.

99

50

2.

72

74

2.

71

20

2.

64

18

2.

62

64

( p p m )

2 . 62 . 83 . 03 . 23 . 43 . 63 . 84 . 04 . 24 . 44 . 64 . 85 . 05 . 25 . 45 . 65 . 86 . 06 . 26 . 46 . 66 . 87 . 07 . 27 . 47 . 67 . 8

A 4 R 2 R E N A T A . 0 1 1

Figura 23. Espectro de RMN de 1H da substância 1 (200 MHz, MeOD).

O

OMe

HO

OH O

8

3

5

4

1

7

6

2 5'1'

4'2'

3'

8a

4a

6'

Page 55: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

40

19

7.

51

87

16

8.

29

03

16

5.

37

24

16

4.

70

03

16

1.

32

34

13

2.

17

70

12

8.

84

93

11

4.

93

18

10

3.

29

29

97

.0

63

79

6.

16

21

80

.1

46

3

55

.6

88

3

48

.9

83

64

8.

55

74

43

.9

34

6

( p p m )

4 04 55 05 56 06 57 07 58 08 59 09 51 0 01 0 51 1 01 1 51 2 01 2 51 3 01 3 51 4 01 4 51 5 01 5 51 6 01 6 51 7 01 7 51 8 01 8 51 9 01 9 52 0 02 0 52 1 0

C A 4 R 2

Figura 24. Espectro de RMN de 13C da substância 1 (75 MHz, MeOD).

O

OMe

HO

OH O

8

3

5

4

1

7

6

2 5'1'

4'2'

3'

8a

4a

6'

Page 56: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

41

4.1.2. Identificação estrutural das hidroquinonas preniladas 2 e 3.

Os espectros de RMN de 1H das substâncias 2 (figura 26, tabela 11) e 3

(figura 27, tabela 11) apresentaram sinais de hidroxílas fenólicas quelatadas com

grupo carbonílico na forma de um singleto em 12,3. Observou-se um dubleto em

6,89 com J = 9,0 Hz referente ao hidrogênio aromático H-3. O sinal hidrogênio

H-4 apresenta-se na forma de um duplo dubleto em 7,02 com J = 3,0 e 9,0 Hz,

acoplando em orto com H-3 e em meta com H-6, que apresenta-se como um

dubleto em 7,23 com J = 3,0 Hz.

Observou-se também nos sinais dos espectros de RMN de 1H sinais de

grupos prenílicos. O hidrogênio H-8 apresenta-se na forma de um singleto em

6,68 e os hidrogênios metilênicos H-10 e H-11 estão na forma de multipletos em

2,29-2,24 para a substância 2 e em 2,59-2,67 e em 2,21-2,26,

respectivamente para a substância 3. Nota-se que o H-10 encontra-se mais

desprotegido na substância 3 do que na 2, efeito este causado pela diferença de

configuração da substância 2 em relação a 3, visto estarem nas formas E e Z

respectivamente.

O hidrogênio H-12 revela-se como um multipleto em 5,13, e os sinais dos

grupos metílicos da cadeia lateral apresentam-se como singletos em 1,72 1,63

e 2,16 referentes aos hidrogênios H-14, H-15 e H-16 para a substância 2 e em

1,65 1,63 e 2,03 para os iguais hidrogênios da substância 3. Nota-se o efeito

de desproteção da carbonila sobre H-16 na substância 2, que encontra-se na

forma E.

Page 57: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

42

Os dados obtidos pelos espetros de RMN de 1H das substâncias 2 e 3

(figura 26 e 27) foram comparados com os dados da literatura (Danelutte et al.,

2003).

OOH

OH

1

8

6

1110

3

9

4

7

5

2

16

1215

13

14

OOH

OH

15

2

14

16

1

89

6

3 1312

11

107

5

4

Figura 25. Estruturas das hidroquinonas preniladas 2 e 3.

2 (E) 3 (Z)

Page 58: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

43

Tabela 11. Dados de RMN de 1H (300 MHz, CDCl3) para as substâncias 2 e 3.

hidroquinona 2 hidroquinona 3

Posição 1H (multiplicidade, e J em Hz) 1H (multiplicidade, e J em Hz)

1 ---------- ----------

2 ---------- ----------

3 6,89 1H (d, 9,0) 6,89 1H (d, 9,0)

4 7,02 1H (dd, 9,0;3,0) 7,01 1H (dd, 9,0;3,0)

5 ---------- ----------

6 7,23 1H (d, 3,0) 7,24 1H (d, 3,0)

7 ---------- ----------

8 6,68 1H (s) 6,68 1H (s)

9 ---------- ----------

10 2,29-2,24 2H (m) 2,59-2,67 2H (m)

11 2,29-2,24 2H (m) 2,21-2,26 2H (m)

12 5,13 1H (m) 5,14 1H (m)

13 ---------- ----------

14 1,72 3H (s) 1,65 3H (s)

15 1,63 3H (s) 1,63 3H (s)

16 2,16 3H (s) 2,03 3H (s)

OH 12,3 (s) 12,3 (s)

Page 59: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

44

Figura 26. Espectro de RMN de 1H da substância 2 (E) (300 MHz, CDCl3).

OOH

OH

15

2

14

16

1

89

6

3 1312

11

107

5

4

2 (E)

Page 60: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

45

Figura 27. Espectro de RMN de 1H da substância 3 (Z) (300 MHz, CDCl3).

OOH

OH

1

8

6

1110

3

9

4

7

5

2

16

1215

13

14

3 (Z)

Page 61: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

46

4.1.3. Identificação estrutural do cromeno 4

O espectro de RMN de 1H da substância 4 (figura 29, tabela 12) apresenta

sinais característicos de hidrogênios de sistema aromático, onde observa-se um

duplo dubleto 7,87 com J = 1,75 e 8,7 Hz atribuído para o hidrogênio H-7. O

valor das constantes de acoplamento deste sinal indica um acoplamento orto

entre os hidrogênios H-7 e H-8 do anel aromático, sendo que H-8 se apresenta na

forma de um dubleto em 6,79 com J = 8,7 Hz. Observa-se também o

acoplamento meta entre os hidrogênios H-7 e H-5 (d, 7,73 e J = 1,75 Hz).

O espectro também apresentou sinais na forma de dois dubletos em 5,61

e 6,40, ambos com J = 10,0 Hz atribuídos aos hidrogênios H-3 e H-4,

respectivamente, indicando se tratar de uma estrutura de cromenos.

Os dois grupos metílicos da cadeia lateral e o grupo metílico, diretamente

ligado ao C2 do benzopirano, estão representados pelos singletos em 1,56,

1,43 e 1,65, respectivamente. Os hidrogênios metilênicos H-1’ e H-2’ revelam-se

como multipletos em 1,79 e 2,10, respectivamente. Os sinais observados no

espectro de RMN de 13C (figura 30, tabela 12) e a comparação com os dados da

literatura corroboram para a determinação da substância 4 como sendo o

cromeno indicado na figura 28.

O

HO

O5

1

33'

4

1'

28

4'7 2'

6'

6

1'' 5'

4a

8a

Figura 28. Estrutura do 2-metil-2-(4’-metil-3’-pentenil)-2H-1-benzopirano-6-

carboxílico (4).

Page 62: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

47

Tabela 12. Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) e 13C (50 MHz, CDCl3) para a

substância 4.

Posição 1H (multiplicidade, e J em Hz) 13C

2 ---------- 80,08

3 5,61 1H (d, 10,0) 129,93

4 6,40 1H (d, 10,0) 122,18

4a ---------- 120,52

5 7,73 1H (d, 1,75) 128,75

6 ---------- 121,30

7 7,87 1H (dd, 1,75; 8,7) 131,96

8 6,79 1H (d, 8,7) 116,03

8a ---------- 158,37

1’ 1,79 2H (m) 41,72

2’ 2,10 2H (m) 22,66

3’ 5,10 1H (t, 7,0) 123,73

4’ ---------- 131,90

5’ 1,65 3H (s) 25,62

6’ 1,56 3H (s) 17,59

1’’ 1,43 3H (s) 27,18

COOH ---------- 171,62

O ácido 2-metil-2-(4’-metil-3’-pentenil)-2H-1-benzopirano-6-carboxílico (4),

lhotzcromeno, foi previamente isolado e identificado na fração hexânica do extrato

bruto das folhas de Piper lhotzkyanum, sendo esta a única ocorrência desta

substância descrita na literatura (Moreira et al., 1998). Recentemente, muitos

cromenos e derivados de ácidos benzóicos vêm sendo isolados e identificados

em espécies de Piperaceae. Esta é a primeira descrição desta substância em

raízes de espécies de Piperaceae

.

Page 63: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

48

1.

07

08

0.

93

12

1.

12

62

0.

97

05

1.

00

00

1.

04

04

2.

29

79

11

.9

58

7.

88

98

7.

85

69

7.

84

59

7.

73

18

7.

72

31

7.

26

45

6.

81

47

6.

77

08

6.

42

64

6.

37

59

5.

63

21

5.

58

39

5.

12

31

5.

08

80

5.

05

29

2.

24

67

2.

12

82

2.

08

65

2.

05

14

1.

78

81

1.

74

43

1.

72

45

1.

70

70

1.

68

94

1.

65

65

1.

56

21

1.

43

05

0.

00

22

( p p m )

0 . 00 . 40 . 81 . 21 . 62 . 02 . 42 . 83 . 23 . 64 . 04 . 44 . 85 . 25 . 66 . 06 . 46 . 87 . 27 . 6

Figura 29. Espectro de RMN de 1H da substância 4 (200 MHz, CDCl3).

O

HO

O5

1

33'

4

1'

28

4'7 2'

6'

6

1'' 5'

Page 64: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

49

17

1.

61

94

15

8.

37

40

13

1.

96

52

13

1.

89

96

12

9.

93

25

12

8.

75

22

12

3.

73

60

12

2.

17

87

12

1.

29

34

12

0.

52

30

11

6.

03

13

80

.0

81

9

41

.7

22

6

27

.1

82

22

5.

62

49

22

.6

57

8

17

.5

92

4

( p p m )

2 02 53 03 54 04 55 05 56 06 57 07 58 08 59 09 51 0 01 0 51 1 01 1 51 2 01 2 51 3 01 3 51 4 01 4 51 5 01 5 51 6 01 6 51 7 0

Figura 30. Espectro de RMN de 13C da substância 4 (50 MHz, CDCl3).

O

HO

O5

1

33'

4

1'

28

4'7 2'

6'

6

1'' 5'

Page 65: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

50

4.1.4. Identificação estrutural do derivado prenilado de ácido benzóico 5

OOH

COOH

15

2

14

16

1

89

6

3 1312

11

107

5

4

5

O derivado prenilado do ácido benzóico (5) um sólido de cor branca, foi

caracterizado através da análise do espectro de RMN de 1H e 13C. Os dados

foram bastante semelhantes com aqueles descritos na literatura (Moreira et al.,

1998).

Através da análise do espectro de RMN de 1H de 5 (figura 31, tabela 13) foi

possível observar o sinal característico fenol em 13,46 quelatado com o oxigênio

da carbonila. Foram observados os sinais dos hidrogênios aromáticos fortemente

desblidados em 8,59 com J=2,0 Hz (H-6), característico de acoplamento meta, e

o sinal do H-4 em 8,18 como duplo dubleto J=2,0 e 8,7 Hz e o sinal do H-3 em

7,05 como dubleto com J=8,7Hz.

A cadeia lateral foi identificada através dos sinais com deslocamentos

químicos característicos de duplas ligações e seus vizinhos. O sinal de H-8 em

6,86 apresenta-se como um singleto largo e H-12 como multipleto indicando um

hidrogênio de ligação dupla vizinha a outros hidrogênios que foram caracterizados

como grupos CH2 em H-10 em 2,25 J=7,0 Hz e H-11 em 2,34 (m).

Os hidrogênios com deslocamento químicos característicos de metilas

ligadas a duplas ligações foram observadas em 1,65 (H-14 e H-16) e 1,72 (H-

15).

Page 66: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

51

As atribuições foram confirmadas através da análise do espectro de RMN

de 13C (figura 32). O sinal do carbono carbonílico (C-7) foi observado em 195,8.

O sinal do carbono relativo ao grupo ácido carboxílico foi visualizado em 170,9 e

o sinal do carbono ligado ao grupo hidroxila (C-2) foi visualizado em 167,8. Os

demais sinais dos carbonos que confirmam a estrutura estão listados na tabela 13

Tabela 13. Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) e 13C (50 MHz, CDCl3) para a

substância 5.

Posição 1H (multiplicidade, e J em Hz) 13C

1 ---------- 119,7

2 ---------- 167,8

3 7,05 1H (d, 8,7) 118,9

4 8,18 1H (dd, 2,0 e 8,7) 137,1

5 ---------- 120,2

6 8,59 1H (d, 2,0) 133,1

7 ---------- 195,8

8 6,86 1H (s) 118,8

9 ---------- 163,8

10 2,25 2H (d, 7,0) 41,9

11 2,34 2H (m) 26,2

12 5,15 1H (m) 122,7

13 ---------- 131,9

14 1,65 3H (s) 25,7

15 1,72 3H (s) 17,8

16 1,65 3H (s) 20,4

OH 13,46 (s) ----------

COOH ---------- 170,9

Page 67: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

52

Figura 31. Espectro de RMN de 1H da substância 5 (200 MHz, CDCl3).

OOH

COOH

15

2

14

16

1

89

6

3 1312

11

107

5

4

Page 68: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

53

Figura 32. Espectro de RMN de 13C da substância 5 (75 MHz, CDCl3).

OOH

COOH

15

2

14

16

1

89

6

3 1312

11

107

5

4

Page 69: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

54

Figura 33. Ampliação do espectro de RMN de 13C da substância 5 (75 MHz, CDCl3)

OOH

COOH

15

2

14

16

1

89

6

3 1312

11

107

5

4

Page 70: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

55

4.1.5. Identificação estrutural da amida isobutílica 6

O espectro de RMN de 1H da substância 6 (figura 35, tabela 14)

apresentou sinais de hidrogênio característicos do grupo –NH de amida em 5,67

e grupos de sinais de hidrogênios olefínicos ( 5,93; 7,35; 6,66; 6,76) com J =

14,8 e 15,3 Hz, indicando uma configuração trans-trans para as ligações duplas

desta substância. Observaram-se sinais de hidrogênios aromáticos na forma de

dubleto em 6,76 com J = 8,0 Hz atribuído ao hidrogênio H-7’’, indicando um

acoplamento em orto com H-6’’ em 6,88, um duplo dubleto com J = 1,6 e 8,0 Hz

características de acoplamentos orto e meta, respectivamente. O acoplamento

meta observado em H-6’’ ocorre com H-4’’, que se apresenta como um dubleto

em 6,96 com J = 1,6 Hz.

O sinal do grupo metilenodioxi fenílico revela-se como um singleto em

5,97. A isobutila foi identificada através da presença de dois dubletos intensos

(6H) em 0,93 bem como pelos sinais correspondentes ao H-3 ( 1,82, m) e H-2

( 3,18, t).

Os deslocamentos químicos observados no espectro de RMN de 13C

(figura 38, tabela 14) e a comparação com os dados da literatura (Costa & Mors,

1981), confirmaram a estrutura proposta para a substância 6 (figura 33).

O

ON

O

H

2'

4

7''a

1'

5'

5''

6''

1

2''

323'

4'

57''

3''a4''

Figura 34. Estrutura da piperlonguminina (6).

Page 71: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

56

Tabela 14. Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) e 13C (50 MHz, CDCl3) para a

substância 6.

Posição 1H (multiplicidade, e J em Hz) 13C

2 3,18 2H (t, 6,3) 46,9

3 1,82 1H (m) 28,6

4 0,93 3H (d, 6,6) 20,1

5 0,93 3H (d, 6,6) 20,1

1’ ---------- ----

2’ 5,93 1H (d, 14,8) 122,6

3’ 7,35 1H (m) 141,0

4’ 6,66 1H (dd, 10,3; 15,3) 124,6

5’ 6,76 1H (d, 15,3) 138,8

2’’ 5,97 2H (s) 101,2

3a'’ ---------- 148,2

4’’ 6,96 1H (d, 1,6) 105,7

5’’ ---------- 130,8

6’’ 6,88 1H (dd, 1,6; 8,0) 123,2

7’’ 6,76 1H (d, 8,0) 108,4

7a'’ ---------- 148,2

Page 72: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

57

1.

00

00

5.

93

32

3.

38

10

0.

93

41

2.

33

94

1.

29

91

3.

52

49

7.

08

42

In

te

gr

al

7.

34

12

7.

29

29

7.

25

12

6.

97

26

6.

96

60

6.

90

68

6.

86

73

6.

81

46

6.

78

61

6.

74

44

6.

73

78

6.

71

59

6.

69

83

6.

66

76

6.

63

69

6.

59

08

6.

25

29

5.

96

99

5.

94

58

5.

91

07

5.

87

12

5.

79

88

5.

71

76

5.

55

08

5.

28

97

3.

21

20

3.

18

12

3.

14

61

3.

10

23

2.

67

66

2.

63

49

2.

45

06

2.

16

32

1.

88

02

1.

84

51

1.

81

22

1.

77

92

1.

74

41

1.

70

90

1.

66

08

1.

23

95

0.

94

55

0.

92

58

0.

91

26

0.

89

28

-0

.0

13

3

( p p m )

0 . 00 . 40 . 81 . 21 . 62 . 02 . 42 . 83 . 23 . 64 . 04 . 44 . 85 . 25 . 66 . 06 . 46 . 87 . 2

A 4 R 2 2

Figura 35. Espectro de RMN de 1H da substância 6 (200 MHz, CDCl3).

O

ON

O

H

2'

4

7''a

1'

5'

5''

6''

1

2''

323'

4'

57''

3''a4''

Page 73: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

58

1.

00

00

5.

93

32

3.

38

10

0.

93

41

In

te

gr

al

7.

41

58

7.

36

75

7.

34

12

7.

29

29

7.

25

12

6.

97

26

6.

96

60

6.

90

68

6.

86

73

6.

81

46

6.

78

61

6.

74

44

6.

73

78

6.

71

59

6.

69

83

6.

66

76

6.

63

69

6.

59

08

6.

25

29

5.

96

99

5.

94

58

5.

91

07

5.

87

12

5.

79

88

5.

71

76

5.

55

08

( p p m )

5 . 5 05 . 6 05 . 7 05 . 8 05 . 9 06 . 0 06 . 1 06 . 2 06 . 3 06 . 4 06 . 5 06 . 6 06 . 7 06 . 8 06 . 9 07 . 0 07 . 1 07 . 2 07 . 3 07 . 4 07 . 5 0

A 4 R 2 2

Figura 36. Ampliação do espectro de RMN de 1H da substância 6 (200 MHz, CDCl3).

O

ON

O

H

2'

4

7''a

1'

5'

5''

6''

1

2''

323'

4'

57''

3''a4''

Page 74: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

59

2.

33

94

1.

29

91

3.

52

49

7.

08

42

In

te

gr

al

3.

21

20

3.

18

12

3.

14

61

3.

10

23

2.

67

66

2.

63

49

2.

45

06

2.

16

32

1.

88

02

1.

84

51

1.

81

22

1.

77

92

1.

74

41

1.

70

90

1.

66

08

1.

23

95

0.

94

55

0.

92

58

0.

91

26

0.

89

28

( p p m )

0 . 7 00 . 8 00 . 9 01 . 0 01 . 1 01 . 2 01 . 3 01 . 4 01 . 5 01 . 6 01 . 7 01 . 8 01 . 9 02 . 0 02 . 1 02 . 2 02 . 3 02 . 4 02 . 5 02 . 6 02 . 7 02 . 8 02 . 9 03 . 0 03 . 1 03 . 2 03 . 3 0

A 4 R 2 2

Figura 37. Ampliação do espectro de RMN de 1H da substância 6 (200 MHz, CDCl3).

O

ON

O

H

2'

4

7''a

1'

5'

5''

6''

1

2''

323'

4'

57''

3''a4''

Page 75: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

60

Figura 38. Espectro de RMN de 13C da substância 7 (50 MHz, CDCl3).

14

8.

19

41

14

1.

01

40

13

8.

81

74

13

0.

86

69

12

4.

63

76

12

3.

19

50

12

2.

58

85

10

8.

47

42

10

5.

68

75

10

1.

27

78

77

.6

39

37

7.

00

00

76

.3

77

1

46

.9

84

7

28

.6

24

7

20

.1

16

9

( p p m )

01 02 03 04 05 06 07 08 09 01 0 01 1 01 2 01 3 01 4 01 5 01 6 01 7 01 8 01 9 02 0 02 1 0

L O N G U M I N I N A

O

ON

O

H

2'

4

7''a

1'

5'

5''

6''

1

2''

323'

4'

57''

3''a4''

Page 76: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

61

4.1.6 Identificação estrutural das amidas piperidínicas 7 e 8

7 8

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

No espectro de RMN de 1H da substância 7 (figura 43) observam-se sinais

de hidrogênios aromáticos em 6,91 na forma de um duplo dubleto, com J = 1,3 e

7,9 Hz referente ao hidrogênio H-6”, que apresenta um acoplamento em orto com

o hidrogênio H-7” (d, 6,79 com J = 7,9 Hz). O hidrogênio H-6“ também apresenta

acoplamento meta com o hidrogênio H-4” que, por sua vez, revela-se como um

dubleto em 6,98 com J = 1,3 Hz. O sinal dos hidrogênios do grupo

metilenodioxifenílico estão representados por um singleto em 5,97.

Os hidrogênios do anel piperidínico H-3, H-4 e H-5 estão representados

pelo multipleto em 1,58-1,63 e os hidrogênios H-2 e H-6 são identificados pelo

singleto largo em 3,57.

O hidrogênio olefínico H-2’ consiste em um dubleto em 6,47 com J = 14,5

Hz, indicando uma configuração trans para a ligação dupla entre os hidrogênios

H-2’ e H-3’. Esse, por sua vez apresenta-se como um multipleto em 7,41. Os

demais hidrogênios olefínicos H-4’ e H-5’ consistem de multipletos em 6,74 e

também possuem configuração trans para a ligação dupla.

A substância 8 possui estrutura muito semelhante à estrutura da substância

7, diferindo apenas pela ausência de uma ligação dupla entre os carbonos C-4’ e

C-5’ (figura 43) (Araújo-Junior et al., 1997), que foi corroborada pela análise do

espectro de massas (figura 39 e 40). O esquema de fragmentação proposto para

Page 77: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

62

a substância 7 está representado na figura 41, já a substância 8 por não possuir a

dupla ligação vizinha ao anel aromático favorece a formação do rearranjo levando

ao íon tropilium m/z 135 (figura 42), que é também o pico base.

Tabela 15. Dados de RMN de 1H (200 MHz, CDCl3) para as substâncias 7 e 8

Piperina diidropiperina

Posição 1H (multiplicidade, e J em Hz) 1H (multiplicidade, e J em Hz)

2 3,57 2H br(s) 3,57 2H br(s)

3 1,58-1,63 2H (m) 1,58-1,63 2H (m)

4 1,58-1,63 2H (m) 1,58-1,63 2H (m)

5 1,58-1,63 2H (m) 1,58-1,63 2H (m)

6 3,57 2H br(s) 3,57 2H br(s)

1’ ---------- ----------

2’ 6,47 1H (d, 14,5) 6,24 1H (dt, 1,3, 14,9)

3’ 7,41 1H (m)

4’ 6,74 1H (m) 2,44 1H (m)

5’ 6,74 1H (m) 2,68 1H (m)

6’ ---------- ----------

7’ ---------- ----------

2” 5,97 2H (s) 5,91 2H (s)

4” 6,98 1H (d, 1,3) 6,66 1H (d, 1,3)

5” ---------- ----------

6” 6,91 1H (dd, 1,3;7,9) 6,63 1H (dd, 1,3, 7,9)

7” 6,79 1H (d, 7,9) 6,72 1H (d, 7,9)

Page 78: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

63

Figura 39. Espectro de massas da substância 7.

Figura 40. Espectro de massas da substância 8.

Page 79: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

64

O

ON

O

O

O

O+m/z = 201

O

O

+m/z = 173O+

O

m/z = 171

O

+

m/z = 143

+

m/z = 115

[M]+= m/z = 285

Figura 41. Interpretação dos dados de EM da substância 7. (Bajad et al., 2003)

N

O

O

O

O

O

m/z = 135M = m/z = 287

Figura 42. Interpretação dos dados de EM da substância 8.

Page 80: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

65

1.

29

97

1.

34

32

1.

37

27

6.

59

98

1.

19

91

0.

68

82

4.

00

00

7.

78

77

1.

43

96

1.

56

02

13

.1

49

In

te

gr

al

7.

36

76

7.

35

45

7.

33

47

7.

26

45

6.

97

71

6.

97

05

6.

90

91

6.

90

03

6.

86

74

6.

86

08

6.

83

23

6.

78

84

6.

74

89

6.

73

35

6.

71

60

6.

69

62

6.

66

77

6.

66

11

6.

63

48

6.

62

60

6.

46

81

6.

39

57

6.

24

87

6.

24

21

6.

23

55

6.

17

41

6.

16

75

6.

15

87

5.

97

00

5.

90

86

3.

57

19

3.

40

95

2.

71

62

2.

68

33

2.

64

38

2.

50

78

2.

47

27

2.

43

76

2.

43

10

2.

39

81

1.

62

36

1.

59

94

1.

57

97

( p p m )

1 . 61 . 82 . 02 . 22 . 42 . 62 . 83 . 03 . 23 . 43 . 63 . 84 . 04 . 24 . 44 . 64 . 85 . 05 . 25 . 45 . 65 . 86 . 06 . 26 . 46 . 66 . 87 . 07 . 27 . 47 . 6

A 4 R 9 2

Figura 43. Espectro de RMN de 1H das substâncias 7 e 8 (200 MHz, CDCl3).

7 8

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

Page 81: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

66

7.

78

77

1.

43

96

1.

56

02

13

.1

49

3.

57

19

3.

40

95

2.

71

62

2.

68

33

2.

64

38

2.

50

78

2.

47

27

2.

43

76

2.

43

10

2.

39

81

1.

62

36

1.

59

94

1.

57

97

( p p m )

1 . 5 01 . 6 01 . 7 01 . 8 01 . 9 02 . 0 02 . 1 02 . 2 02 . 3 02 . 4 02 . 5 02 . 6 02 . 7 02 . 8 02 . 9 03 . 0 03 . 1 03 . 2 03 . 3 03 . 4 03 . 5 03 . 6 03 . 7 0

A 4 R 9 2

Figura 44. Ampliação do espectro de RMN de 1H das substâncias 7 e 8 (200 MHz, CDCl3).

7 8

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

Page 82: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

67

1.

29

97

1.

34

32

1.

37

27

6.

59

98

1.

19

91

0.

68

82

4.

00

00

7.

45

98

7.

44

44

7.

42

47

7.

40

93

7.

38

74

7.

36

76

7.

35

45

7.

33

47

7.

26

45

6.

97

71

6.

97

05

6.

90

91

6.

90

03

6.

86

74

6.

86

08

6.

83

23

6.

78

84

6.

74

89

6.

73

35

6.

71

60

6.

69

62

6.

66

77

6.

66

11

6.

63

48

6.

62

60

6.

59

53

6.

58

65

6.

46

81

6.

39

57

6.

24

87

6.

24

21

6.

23

55

6.

17

41

6.

16

75

6.

15

87

5.

97

00

5.

90

86

( p p m )

5 . 9 56 . 0 06 . 0 56 . 1 06 . 1 56 . 2 06 . 2 56 . 3 06 . 3 56 . 4 06 . 4 56 . 5 06 . 5 56 . 6 06 . 6 56 . 7 06 . 7 56 . 8 06 . 8 56 . 9 06 . 9 57 . 0 07 . 0 57 . 1 07 . 1 57 . 2 07 . 2 57 . 3 07 . 3 57 . 4 07 . 4 57 . 5 0

A 4 R 9 2

Figura 45. Ampliação do espectro de RMN de 1H das substâncias 7 e 8 (200 MHz, CDCl3)

7 8

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

O

ON

O

2'

47''a

1'

6

5'

5''

6''

1

2''

3

23'

4'

57''

3''a4''

Page 83: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

RESULTADOS E DISCUSSÃO

68

Page 84: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

CONSIDERAÇÕES FINAIS

68

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho descreve o estudo químico das raízes de Piper

crassinervium Kunth (Piperaceae) que foi inicialmente submetido à análise

cromatográfica que indicou diferenças substanciais com relação aos constituintes

das folhas (figura 19). Assim, o fracionamento cromatográfico do extrato bruto das

raízes resultou no isolamento de oito substâncias pertencentes a diferentes

classes químicas, compreendendo uma flavanona, duas hidroquinonas

preniladas, um cromeno, um derivado prenilado do ácido benzóico, uma amida

isobutílica e duas amidas piperidínicas.

Apesar de todas as substâncias serem conhecidas e já terem sido isoladas

de espécies de Piper, o cromeno e as amidas não haviam sido descritas em P.

crassinervium Kunth. Das flavanonas identificadas nas folhas (sakuranetina e

isosakuranetina), apenas a isosakuranetina foi encontrada nas raízes. A

ocorrência desses flavonóides em raízes é relativamente comum, sendo que em

diversos casos participam do estabelecimento de bactérias fixadoras de nitrogênio

e também atuam como antifúngicos (Steele et al., 1999). Sabe-se que a

sakuranetina possui atividade fitoalexínica em culturas de folhas de arroz e tem

seu nível aumentado após tratamento dessas folhas com luz UV (Kodama et al.,

1992). As raízes de P. crassinervium acumulam ainda amidas e cromenos,

classes de compostos que não haviam sido encontradas nas folhas e frutos desta

espécie vegetal e que também tiveram a atividade antifúngica anteriormente

descrita (Lago et al., 2004). Tais atividades observadas para amidas e cromenos

e sua ocorrência de forma específica em raízes podem ser indicativos de seu

potencial, considerando a elevada concentração de microorganismos na rizosfera

Page 85: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

CONSIDERAÇÕES FINAIS

69

quando comparado com as partes aéreas. Por outro lado, amidas e cromenos

também foram isolados de folhas, frutos e caules de outras espécies de Piper e,

portanto, essas inferências seriam motivo de investigação.

Assim, os estudos fitoquímicos descritivos constituem-se em um ponto de

partida para outros nos quais onde se objetivaria conhecer as possíveis funções

biológicas, a regulação da biossíntese e o significado evolutivo dos principais

metabólitos secundários de P. crassinervium.

Page 86: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

70

6. REFÊRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Albiero, A. L. M., Paoli, A. A. S., Souza, L. A., Mourão, K. S. M. (2005) Morfoanatomia dos órgãos vegetativos de Piper crassinervium H.B. & K. (Piperaceae). Acta Bot. Bras., 19(2), 305-312.

Araujo Junior, J. X., Da Cunha, E. V., Chaves, M. C. O., Gray, A. J. (1997)

Piperdardine, a piperidine alkaloid from Piper tuberculatum. Phytochemistry, 44(3), 559-561.

Bajad, S., Coumar, M., Khajuria, R., Suri, O. P., Bedi, K. L. (2003)

Characterization of a new rat urinary metabolite of piperine by LC/NMR/MS studies. European Journal of Pharmaceutical Scieces, 19, 413-421.

Baldoqui, D. C., Kato, M. J., Cavalheiro, A. J., Bolzani, V. S., Young, M. C. M.,

Furlan, M. (1999) A chromene and prenylated benzoic acid from Piper aduncum. Phytochemistry, 51, 899-902.

Bastos, C. N., Albuquerque, P. S. B. (2004) Efeito do óleo de Piper aduncum no

controle em pós-colheita de Colletotricum musae em banana. Fitopatologia Brasileira, 29, 555-557.

Campos, M. P., Filho, V. C., Da Silva, R. Z., Yunes, R. A., Zacchino, S., Juarez,

S., Cruz, R. C. B., Cruz, A. B. (2005) Evaluation of antifungal activity of Piper solmsianum C. DC. var. solmsianum (Piperaceae). Biol. Pharm. Bull., 28(8), 1527-1530.

Casapullo, A., Minale, L., Zollo, F. (1993) Paniceins and related sesquiterpenoids

from the mediterranean sponge Reniera fulva. Journal of Natural Products, 56(4), 527-533.

Cimino, G., De Stefano, S., Minale, L. (1973) Paniceins, unusual aromatic

sesquiterpenoids linked to a quinol or quinone system from the marine sponge Halichondria panicea. Tetrahedron, 29, 2565-2570.

Costa, S. S., e Mors, W. B. (1981) Amides of Ottonia corcovadensis.

Phytochemistry, 20 (6), 1305-1307. Costantin, M. B., Sartorelli, P., Limberger, R., Henriques, A. T., Steppe, M.,

Ferreira, M. J. P., Ohara, M. T., Emerenciano, V. P., Kato, M. J. (2001) Essential oils from Piper cernnum and Piper regnellii: Antimicrobial activities and analysis by GC/MS and 13C-NMR. Planta Medica, 67, 771-773.

Cotelle, N., Moreau, S., Cotelle, P., Catteau, J. P., Bernier, J. L., Hènichart, J. P.

(1991) Generation of free radicals by simple prenylated hydroquinone derivatives, natural antitumor agents from the marine urochordate Aplidium californicum. Chem. Res. Toxicol., 4, 300-305.

Page 87: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

71

Cronquist, A. (1981) An integral system of classification of flowering plants. Columbia Univ. Press, New York.

Cushnie, T. P. T., Vivienne, E. S., Lamb, A. J. (2003) Assessment of the

antibacterial activity of selected flavonoids and consideration of discrepancies between previous reports. Microbiol. Res., 158, 281–289.

Cysne, J. B., Canuto, K. M., Pessoa, O. D. L., Nunes, E. P., Silveira, E. R. (2005)

Leaf essential oils of four Piper species from the state of Ceara - northeast of Brazil. Journal of the Brazilian Chemical Society 16(6B), 1378-1381.

Da Cunha, E. V. L., Chaves, M. C. O. (2001) Two anides from Piper tuberculatum

fruits. Fitoterapia, 72, 197-199. Danelutte, A. P., Lago, J. H. G., Young, M. C. M., Kato, M. J. (2003) Antifungal

flavanones and prenylated hydroquinones from Piper crassinervium Kunth. Phytochemistry, 64(2), 555-559.

Danelutte, A. P., Costantin, M. B., Delgado, G. E., Braz-Filho, R., Kato, M.J.

(2005) Divergence of secondary metabolism in cell suspension cultures and differentiated plants of Piper cernuum and P. crassinervium. Journal of the Brazilian Chemical Society, 16(6B), 1425-1430.

De Rosa, S., De Giulio, A., Iodice, C. (1994) Biological effects os prenylated

hydroquinones:Structure-activity relationship studies in antimicrobial, brine shrimp and fish lethality assays. Journal of Natural Products, 57(12), 1711-1716.

Diaz, P. P., Arias, T., Joseph-Nathan, P. (1987) A chromene, an isoprenylated

methyl hydroxybenzoate and a C-methyl flavanone from the bark Piper hostmannianum. Phytochemistry, 26, 809-811.

Facundo, V. A., Silveira A. S. P., Morais S. M. (2006) Constituents of Piper

alatabaccum Trel & Yuncker (Piperaceae). Biochemical Systematics and Ecology, 33, 753–756.

Ferrándiz, M. L., Sanz, M. J., Bustos, G., Payá, M., Alcaraz, M. J., De Rosa, S.

(1994) Avarol and avarone, two new anti-imflammatory agents of marine origin. European Journal of Pharmacology, 253, 75-82.

Figueiredo, R. A., Sazima, M. (2000) Pollination biology of Piperaceae species in

southeastern Brazil. Annals of Botany, 85, 455-460. Garrido, L., Zubía, E., Ortega, M. J., Salvá, J. (2002) New meroterpenoids from

the Ascidian Aplidium conicum. Journal of Natural Products, 65, 1328-1331. Gupta, O. P., Atal, C. K. (1972) Constituents of Piper nepalense. Phytochemistry,

11, 2646.

Page 88: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

72

Haïdara, K., Zamir, L., Shi, Q. W., Batist, G. (2006) The flavonoid casticin has multiple mechanisms of tumor cytotoxity action. Cancer Letters, 342, 180-190.

Hostettmann, K., Queiroz, E. F., Vieira, P. C. Princípios Ativos de Plantas

Superiores, Edufscar; 2003, 152p. Howard, B. M., Clarkson, K. (1979) Simple prenylated hydroquinone derivatives

from the marine urochordate Aplidium californicum. Natural anticancer and antimutagenic agents. Tetrahedron Letters, 46, 4449-4452.

Isao, K. (1984) Molluscicidal and insecticidal activities of isobutylamides isolated

from Fagara macrophylla. Experientia, 40, 340-341. Jensen, S., Hansen, J., Boll, P.M. (1993) Lignans and neolignans from

Piperaceae. Phytochemistry, 33(3), 523-530. Joly, A. B. Introdução à taxonomia vegetal, Ed. Nacional, 1985, São Paulo. Kodama, O., Miyakawa, J., Akatsuka, T., Kiyosawa, S. (1992) Sakuranetin, a

flavone phytoalexin from ultraviolet-irradiated rice leaves. Phytochemistry, 31, 3807-3809.

Lago, J. H. G., Ramos, C. S., Casanova, D. C. C., Morandim, A. A., Bergamo, D.

C. B., Cavalheiro, A. J., Bolzani, V. S., Furlan, M., Guimarães, E. F., Young, M. C. M., Kato, M. J. (2004) Benzoic acid derivatives from Piper species and their fungitoxic activity against Cladosporium cladosporioides and C. sphaerospermum. Journal of Natural Products, 67(11), 1783-1788.

López, A. Ming, D. S., Towers, G. H. N., 2002, Antifungal activity of benzoic acid

derivatives from Piper lanceaefolium, Journal of Natural Products, 65, 62-64. Loset, J. R., Marston, A., Gupta, M. P., Hostettman, K. (2000) Antifungal and

larvicidal compounds from the root bark of Cordia alliodora. Journal of Natural Products, 63, 424-426.

Luize, P. S., Ueda-Nakamura, T., Dias-Filho, P. B., Cortez, D. A. G., Nakamura, C.

V. (2006) Activity of neolignans Isolated from Piper regnellii (Miq.) C. DC. var. pallescens (C. DC.) Yunck against Trypanosoma cruzi. Biol. Pharm. Bull., 29(10), 2126-2130.

Mabberley, D. J. The Plant-book. A Portable dictionary of the higher plants.

Cambrige Univ. Press. New York, 1997. Maia, J. G. S., Da Silva, M. L., Luz, A. I. R., Zoghbi, M. das G. B., Ramos, L. Scott.

(1987) Species of Piper of the Amazon region rich in safrole. Quimica Nova 10(3), 200-204

Maia, J. G., Green, C. L., Milchard, M. J. (1993) New source of natural safrole.

Perfumer & Flavorist, 18, 19-20.

Page 89: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

73

Martins, R. C. C., Lago, J. H. G., Albuquerque, S., Kato, M. J. (2003) Trypanocidal tetrahydrofuran lignans from inflorescenses of Piper solmsianum. Phytochemistry, 64, 667-670.

McCormick, S., Robson, K., Bohm, B. (1986) Flavonoids of Wyethia angustifolia

and W. helenioides. Phytochemistry 25(7), 1723-1726. McFerren, M. A., Cordova, D., Rodriguez, E., Rauh, J. J. (2002) In vitro

neuropharmacological evaluation of piperovatine, an isobutylamide from Piper piscatorum (Piperaceae). Journal of Ethnopharmacology, 83, 201-207.

McFerren, M. A. e Rodriguez, E. (1998) Piscicidal properties of piperovatine from

Piper piscatorum (Piperaceae). Journal of Ethnopharmacology, 60 183–187. Miranda, J. E., Navickiene, H. M. D., Nogueira-Couto, R. H., De Bortoli, S. A.,

Kato, M. J., Bolzani, V. da S., Furlan, M. (2003) Susceptibility of Apis mellifera (Hymenoptera:Apidae) to pellitorine, an amide isolated from Piper tuberculatum (Piperaceae). Apidologie, 34, 409-415.

Moreira, A. C., Müller, A. C. A., Pereira-Junior, N., Antunes A. M. S. (2006)

Pharmaceutical patents on plant derived materials in Brazil: Policy, law and statistics. World Patent Information, 28, 34-42.

Moreira, D. de L., Guimarães, E. F., Kaplan, M.A. C. (1998) A chromene from

Piper aduncum. Phytochemistry, 48 (6), 1075-1077. Moreira, D.L., Guimarães, E.F. Kaplan, M.A.C. (1998) Non-polar constituents from

leaves of Piper lhotzkyanum, Phytochemistry 49 (5) 1339-1342. Navickiene, H. M. D., Alécio, A. C., Kato, M. J., Bolzani, V. da S., Young, M. C. M.,

Cavalheiro, A. J., Furlan, M. (2000) Antifungal amides from Piper hispidum and Piper tuberculatum. Phytochemistry, 55, 621-626.

Navickiene, H. M. D., Bolzani, V. da S., Kato, M. J., Pereira, A. M. S., Bertoni, B.

W., França, S. C., Furlan, M. (2003) Quantitative determination of anti-fungal and insecticide amides in adult plants, plantlets and callus from Piper tuberculatum by reverse-phase high-performance liquid chromatography. Phytochemical Analysis, 14, 281-284.

Orjala, J., Erdelmeier, C. A. J., Wright, A. D., Rali, T., Sticher, O. (1993) Two

chromenes and a prenylated benzoic acid derivative from Piper aduncum. Phytochemistry, 34(3), 813-818.

Parmar, V. S., Jain, S. C., Bisht, K. S., Jain, R., Taneja, P., Jha, A., Tyagi, O. M.,

Prasad, A. K., Wengel, J., Olsen, C. E., Boll, P. M. (1997) Phytochemistry of genus Piper. Phytochemistry, 46, 597-673.

Page 90: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

74

Permana, D., Lajis, N. Hj., Shaari, K., Ali, A. M., Mackeen, M. M., Kitajima, M., Takayama, H., Aimi, N. (2003) A new prenylated hidroquinon from the roots of Garcinia atroviridis Griff ex T. Anders (Guttiferae). Z. Naturforsch, 58b, 332-335.

Proksch, P. and Rodriguez, E. (1983), Chromenes and benzofurans of the

asteraceae, their chemistry and biological significance. Phytochemistry, 22 (11) 2335-2348.

Rüegg, T., Calderón, A. I., Queiroz, E. F., Solis, P. N., Marston, A., Rivas, F.,

Ortega-Barría, E., Hostettmann, K., Gupta, M. P. (2006) 3-Farnesyl-2-hydroxybenzoic acid is a new anti-Helicobacter pylori compound from Piper multiplinervium. Journal of Ethnopharmacology, 103, 461-467.

Sacchetti, G., Maietti, S., Muzzoli, M., Scaglianti, M., Manfredini, S., Radice, M.,

Bruni, R. (2005) Comparative evaluation of 11 essential oils of different origin as functional antioxidants, antiradicals and antimicrobials in foods. Food Chemistry, 91, 621-632.

Schmitz, F. J., Lakshmi, V., Powell, D. R., Helm, D. van der (1984) Arenarol and

arenarone: Sesquiterpenoids with rearranged drimane skeletons from the marine sponge Dysidea arenaria. J. Org. Chem., 49, 241-244.

Sengupta, S. e Rao, A. B. (1987) The chemistry of Piper species: a review.

Fitoterapia, LVIII, 147. Shan, B., Cai, Y. Z., Sun, M., Corke, H. (2005) Antioxidant capacity of 26 spice

extracts and characterization of their phenolic constituents. J. Agric. Food Chem., 53, 7749-7759.

Silva, E. M. J., Machado, S. R. (1999) Estrutura e desenvolvimento dos tricomas

secretores em folhas de Piper regnellii (Miq.) C. DC. var. regnellii (Piperaceae). Revista Brasileira de Botânica, 22(2), 117-124.

Silva, R. V., Navickiene, H. M. D., Kato, M. J., Bolzani, V. da S., Méda, C. I.,

Young, M. C. M., Furlan, M. (2002) Antifungal amides from Piper arboreum and Piper tuberculatum. Phytochemistry, 59, 521-527.

Singh, S. K., Prasad, A. K., Olsen, C. E., Jha, S. C., Parmar, V. S., Wengel, J.

(1996) Neolignans and alkaloids from Piper argyrophylum. Phytochemistry, 43, 1355-1360.

Steele, H. L., Werner, D., Cooper, J. E. (1999) Flavonoids in seed and root

exudates of Lotus pedunculatus and their biotransformation by Mesorhizobium loti. Physiologia Plantarum, 107, 251-258.

Terreaux, C., Gupta, M. P., Hostettmann, K. (1998) Antifungal benzoic acid

derivatives from Piper dilatatum. Phytochemistry, 49(2), 461-464.

Page 91: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

75

Tulp, M., Bohlin, L. (2005) Rediscovery of known natural compounds: Nuisance or goldmine? Bioorganic & Medicinal Chemistry, 13, 5274-5282.

Tuntiwachwuttikul, P.,Phansa, P., Pootaeng-on, Y., Taylor, W. C. (2006) Chemical

constituents of the roots of Piper sarmentosum. Biol. Pharm. Bull., 54(2), 149-151.

Variyar, P. S., Pendharkar, M. B., Banerjee, A., Bandyopadhyay, C. (1988)

Blackening in green pepper berries. Phytochemistry 27, 715-717. Wagner, H., Chari, V.M. (1976) 13C-NMR-Spektren Natürlich volkommender

flavonoide. Tetrahedron Letters, 21, 1799-1802. Yamaguchi, L. F., Lago, Joao Henrique G., Tanizaki, Tatiane M., Di Mascio,

Paolo, Kato, M. J. (2006) Antioxidant activity of prenylated hydroquinone and benzoic acid derivatives from Piper crassinervium Kunth. Phytochemistry, 67(16), 1838-1843.

Yuncker, T. G. (1972) The Piperaceae of Brazil. Hoehnea, 2, 19. Yuncker, T. G., 1950, Flora of Panamá, Part IV. Fascicle 1. Piperaceae. Annals of

the Missouri Botanical Garden 37, 1-120.

Page 92: Metabólitos secundários das raízes de Piper crassinervium Kunth

SÚMULA CURRICULAR

76

7. SÚMULA CURRICULAR

DADOS PESSOAIS

Nome: Renata Fogaça da Silva

Local de nascimento: Santo André-SP

Data de nascimento: 17/07/1981

FORMAÇÃO

1996 – 1998 Colégio Objetivo, Itatiba-SP

1999 – 2002 Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho” UNESP

Araraquara-SP (Bacharel em Química)

OCUPAÇÃO

Bolsista de Mestrado, CAPES, 08/2004 – 07/2006.

PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS

Silva, R. F., Ramos, C. S. e Kato, M. J. Especificidade de Thysanoptera em

espécimes alopatricas de Piper crassinervium Kunth (Piperaceae). 28ª Reunião

Anual da Sociedade Brasileira de Química, Poços de Caldas – MG, maio 2005.

Silva, R. F. e Kato, M. J. Analise da variabilidade de hidroquinona prenilada em

tecidos “in vivo” e “in vitro” de Piper crassinervium (Piperaceae). 29ª Reunião

Anual da Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia – SP, maio 2006.