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Mestre Mónica Jardim – [email protected] Mestre Mónica Jardim – [email protected] Lic.º Rafael Vale e Reis - [email protected] Lic.º Rafael Vale e Reis - [email protected] Direitos Reais Direitos Reais [email protected]. [email protected]. pt pt Grade curricular do Módulo I Grade curricular do Módulo I

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Page 1: Mestre Mónica Jardim – mjardim@fd.uc.pt Lic.º Rafael Vale e Reis - rafaelvr@fd.uc.pt Direitos Reais cenor@fd.uc.pt Grade curricular do Módulo I

Mestre Mónica Jardim – Mestre Mónica Jardim – [email protected]@fd.uc.pt

Lic.º Rafael Vale e Reis - Lic.º Rafael Vale e Reis - [email protected]@fd.uc.pt

Direitos ReaisDireitos Reais

[email protected]@fd.uc.ptc.pt

Grade curricular do Módulo IGrade curricular do Módulo I

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Distinção entre direitos reais e Distinção entre direitos reais e obrigações:obrigações:

a) a) Teoria clássica: o direito real como um : o direito real como um poder directo e imediato sobre uma coisa.poder directo e imediato sobre uma coisa.

b) b) Teoria personalista ou obrigacionista: o : o direito real como relação entre o titular e todas direito real como relação entre o titular e todas as demais pessoas, adstritas à chamada as demais pessoas, adstritas à chamada obrigação passiva universal.obrigação passiva universal.

c) c) Teorias não distintivas: referência à teoria : referência à teoria do efeito externo das obrigações. do efeito externo das obrigações.

c) c) Teoria ecléctica ou mista..

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Distinção entre direitos reais e Distinção entre direitos reais e obrigações:obrigações:

d) d) Crítica da teoria personalista e da teoria ecléctica..

As obrigações como relações de cooperação (e, As obrigações como relações de cooperação (e, portanto, necessariamente intersubjectivas) e os portanto, necessariamente intersubjectivas) e os direitos reais como relações de domínio ou soberania. O direitos reais como relações de domínio ou soberania. O dever geral de abstenção como consequência ou dever geral de abstenção como consequência ou corolário do domínio.corolário do domínio.

Henrique Mesquita: “Henrique Mesquita: “direito realdireito real é a é a relação jurídicarelação jurídica através da qual uma coisa fica através da qual uma coisa fica directamentedirectamente subordinada ao subordinada ao domíniodomínio ou ou soberaniasoberania de uma pessoa, de uma pessoa, segundo certo segundo certo estatutoestatuto, que constitui a fonte não , que constitui a fonte não apenas dos poderes que assistem ao respectivo titular, apenas dos poderes que assistem ao respectivo titular, mas também dos mas também dos deveresdeveres que sobre ele impendem que sobre ele impendem.”.”

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Distinção entre direitos reais e Distinção entre direitos reais e obrigações:obrigações:

d) d) Crítica da teoria personalista e da teoria ecléctica..

Enquadramento, no conceito de direito real, das Enquadramento, no conceito de direito real, das chamadas obrigações chamadas obrigações propter rempropter rem e dos deveres de e dos deveres de conteúdo positivo impostos ao titular de um direito real conteúdo positivo impostos ao titular de um direito real por normas de direito público.por normas de direito público.

Normas de direito público: ex.: obrigação de pagar o IMI Normas de direito público: ex.: obrigação de pagar o IMI (antiga Contribuição Autárquica)(antiga Contribuição Autárquica)

Normas de direito privado:Normas de direito privado: Cânone superficiário – art. 1530º C.Civ.Cânone superficiário – art. 1530º C.Civ. Dever de pagar a prestação anual no DRHPDever de pagar a prestação anual no DRHP Obrigação de dar preferência aos comproprietários – Obrigação de dar preferência aos comproprietários –

1409.º C.Civ.1409.º C.Civ. Preferência legal do arrendatário – art. 47.º do RAUPreferência legal do arrendatário – art. 47.º do RAU

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As várias dimensões da As várias dimensões da soberania Classificação dos soberania Classificação dos direitos reais:direitos reais: classificação adoptada:classificação adoptada:

I — A posse como categoria autónoma I — A posse como categoria autónoma (direito real provisório);(direito real provisório);

II — A propriedade plena, como figura II — A propriedade plena, como figura paradigmática dos direitos reais;paradigmática dos direitos reais;

III — Direitos reais limitados de gozo:III — Direitos reais limitados de gozo:- confronto com os direitos pessoais de - confronto com os direitos pessoais de

gozo;gozo;- - Enumeração dos direitos reais de gozo Enumeração dos direitos reais de gozo

admitidos por leiadmitidos por lei:: Direito de Direito de Usufruto, Usufruto,

Uso e Habitação, Uso e Habitação, Direito de Superfície,Direito de Superfície,Direito de Servidão Direito de Servidão Direito Real de Habitação Periódica.Direito Real de Habitação Periódica.

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As várias dimensões da As várias dimensões da soberania Classificação dos soberania Classificação dos direitos reais:direitos reais:

classificação adoptada:classificação adoptada:

IV — Direitos reais de garantia:IV — Direitos reais de garantia:

- - Enumeração: Enumeração:

Consignação de rendimentos, Consignação de rendimentos, Penhor, Penhor, Hipoteca, Hipoteca, Privilégios Creditórios (imobiliários e Privilégios Creditórios (imobiliários e

mobiliários especiais) mobiliários especiais) Direito de Retenção.Direito de Retenção.

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As várias dimensões da As várias dimensões da soberania Classificação dos soberania Classificação dos direitos reais:direitos reais:

classificação adoptada:classificação adoptada:

V — Direitos Reais de Aquisição (?)V — Direitos Reais de Aquisição (?)

Exemplos: Exemplos: artigos 1333.º, n.º1, artigos 1333.º, n.º1, 1341.º, n.º 2.ª parte, 1341.º, n.º 2.ª parte, 1343.º, n.º 1, 1343.º, n.º 1, 1551.º, n.º 1 1551.º, n.º 1 2103.º-A, n.º 12103.º-A, n.º 1

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Consequências da eficácia absoluta Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: dos direitos reais: eficácia eficácia erga erga omnesomnes

Henrique Mesquita: “Henrique Mesquita: “direito realdireito real é a é a relação jurídicarelação jurídica através da qual uma coisa fica através da qual uma coisa fica directamentedirectamente subordinada subordinada ao ao domíniodomínio ou ou soberaniasoberania de uma pessoa, segundo certo de uma pessoa, segundo certo estatutoestatuto, que constitui a fonte não apenas dos poderes , que constitui a fonte não apenas dos poderes que assistem ao respectivo titular, mas também dos que assistem ao respectivo titular, mas também dos deveresdeveres que sobre ele impendem que sobre ele impendem.”.”

Eficácia Eficácia erga omneserga omnes O dever geral de abstenção: defesa do direito em si e O dever geral de abstenção: defesa do direito em si e

efectivação da responsabilidade pelos prejuízos causadosefectivação da responsabilidade pelos prejuízos causados A acção de reivindicação e a acção negatóriaA acção de reivindicação e a acção negatória A teoria do efeito externo das obrigaçõesA teoria do efeito externo das obrigações

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Consequências da eficácia Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: absoluta dos direitos reais: sequelasequela e e preferênciapreferência

Sequela:Sequela: poder que tem o titular do direito real de fazer poder que tem o titular do direito real de fazer valer o seu direito sobre a coisa onde quer que ela se valer o seu direito sobre a coisa onde quer que ela se encontre (encontre (ubi rem meam invenio, ibi vindicoubi rem meam invenio, ibi vindico). Ex: A ). Ex: A vende a C coisa pertencente a B. B pode reivindicá-la.vende a C coisa pertencente a B. B pode reivindicá-la.

ExcepçãoExcepção: regras do registo. Ex: A constitui usufruto a : regras do registo. Ex: A constitui usufruto a favor de B, que não regista, vendendo posteriormente o favor de B, que não regista, vendendo posteriormente o prédio a C.prédio a C.

Preferência:Preferência: ( (quid prior est tempore, potior iurequid prior est tempore, potior iure) ) o o credor com garantia real tem, em relação ao valor da credor com garantia real tem, em relação ao valor da coisa objecto da garantia, o direito de ser pago com coisa objecto da garantia, o direito de ser pago com preferência não só sobre os credores comuns, como preferência não só sobre os credores comuns, como ainda sobre qualquer outro credor que sobre a mesma ainda sobre qualquer outro credor que sobre a mesma coisa tenha obtido, em momento posterior, um novo coisa tenha obtido, em momento posterior, um novo direito real de garantia. direito real de garantia. Direitos reais de gozo: Direitos reais de gozo: prevalência.prevalência.

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Consequências da eficácia absoluta Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: dos direitos reais: sequelasequela e e preferênciapreferência

Preferência: fala-se de característica da preferência no Preferência: fala-se de característica da preferência no quadro dos direitos reais de garantia: quadro dos direitos reais de garantia: traduz-se na traduz-se na prioridade que é concedida ao titular de um direito real prioridade que é concedida ao titular de um direito real de garantia de ver o seu crédito satisfeito à custa do de garantia de ver o seu crédito satisfeito à custa do valor da coisa – prioridade face aos demais credores valor da coisa – prioridade face aos demais credores que não gozam de qualquer protecção (credores que não gozam de qualquer protecção (credores comuns) comuns) (art.º 604.º, n.º 2),(art.º 604.º, n.º 2), ou que gozam de uma ou que gozam de uma garantia constituída posteriormentegarantia constituída posteriormente(cfr., em relação à (cfr., em relação à hipoteca, o art.º 686.º).hipoteca, o art.º 686.º).

Uma vez que sobre a mesma coisa podem incidir vários Uma vez que sobre a mesma coisa podem incidir vários direitos reais de garantia, o credor mais protegido é direitos reais de garantia, o credor mais protegido é aquele que goza de preferência – está em primeiro aquele que goza de preferência – está em primeiro lugar para satisfazer o seu crédito.lugar para satisfazer o seu crédito.

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Consequências da eficácia absoluta dos Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: direitos reais: sequelasequela e e preferênciapreferência

Preferência nos direito reais de gozoPreferência nos direito reais de gozo

Alguns autores (Pinto Coelho) contestam que possa Alguns autores (Pinto Coelho) contestam que possa falar-se aqui de direito de preferência. Não há um falar-se aqui de direito de preferência. Não há um conflito entre direitos, mas entre um direito e um não conflito entre direitos, mas entre um direito e um não direito.direito.

Na verdade, de preferência só deve falar-se em Na verdade, de preferência só deve falar-se em relação aos direitos reais de garantia. Nos direitos relação aos direitos reais de garantia. Nos direitos reais de gozo deve falar-se de reais de gozo deve falar-se de prevalênciaprevalência. (Podem . (Podem incidir vários direitos reais da garantia sobre a mesma incidir vários direitos reais da garantia sobre a mesma coisa, todos válidos e eficazes; sobre a mesma coisa coisa, todos válidos e eficazes; sobre a mesma coisa não podem incidir, simultaneamente, dois direitos não podem incidir, simultaneamente, dois direitos reais de gozo incompatíveis ou conflituamtes: um reais de gozo incompatíveis ou conflituamtes: um deles deles prevaleceprevalece.).)

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Consequências da eficácia absoluta Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: dos direitos reais: sequelasequela e e preferênciapreferência

Excepções à preferência:Excepções à preferência:

1 – Regras do registo1 – Regras do registo

podem constituir uma excepção à preferência (ex.: podem constituir uma excepção à preferência (ex.: a 1º hipoteca não foi registada – art. 687º)a 1º hipoteca não foi registada – art. 687º)

podem constituir uma excepção à preferência: podem constituir uma excepção à preferência: casos de casos de terceiros para efeitos de registoterceiros para efeitos de registo..

o direito que vale é o primeiramente registado o direito que vale é o primeiramente registado e não o primeiramente constituído.e não o primeiramente constituído.

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Consequências da eficácia absoluta Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: dos direitos reais: sequelasequela e e preferênciapreferência

Excepções à preferência:Excepções à preferência:

2 – Privilégios creditórios2 – Privilégios creditórios

em caso de conflito atende-se, não à data da constituição, em caso de conflito atende-se, não à data da constituição, mas à origem ou causa do crédito: art.os 746.º a 748.ºmas à origem ou causa do crédito: art.os 746.º a 748.º

se forem do mesmo tipo: pagam-se todos os credores que se forem do mesmo tipo: pagam-se todos os credores que gozam dos privilégios rateadamente. Não há graduação gozam dos privilégios rateadamente. Não há graduação de privilégios (art. 745.º, n.º2)de privilégios (art. 745.º, n.º2)

os privilégios para despesas de justiça prevalecem sobre os privilégios para despesas de justiça prevalecem sobre qualquer garantia mesmo que constituída anteriormente: qualquer garantia mesmo que constituída anteriormente: art.os 743.º e 746.ºart.os 743.º e 746.º

os privilégios imobiliários especiais preferem à os privilégios imobiliários especiais preferem à consignação de rendimentos, à hipoteca e ao direitos de consignação de rendimentos, à hipoteca e ao direitos de retenção, mesmo que estas garantias sejam anteriores: retenção, mesmo que estas garantias sejam anteriores: art.º 751.ºart.º 751.º

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Consequências da eficácia absoluta Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: dos direitos reais: sequelasequela e e preferênciapreferência

Excepções à preferência:Excepções à preferência:

3 – Direito de Retenção3 – Direito de Retenção

O direito de retenção que incida sobre coisa O direito de retenção que incida sobre coisa imóvel prevalece sobre qualquer hipoteca, imóvel prevalece sobre qualquer hipoteca, mesmo que registada anteriormente: art.º 759.º, mesmo que registada anteriormente: art.º 759.º, n.º 2n.º 2

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Consequências da eficácia absoluta Consequências da eficácia absoluta dos direitos reais: dos direitos reais: sequelasequela e e preferênciapreferência

Por outro lado, Por outro lado, essa característica não é essa característica não é exclusiva dos direitos reaisexclusiva dos direitos reais. Também se . Também se encontra nos direitos de crédito:encontra nos direitos de crédito:

art. 733.º - aquele que beneficia de um art. 733.º - aquele que beneficia de um privilégio mobiliário geral (não é titular de um privilégio mobiliário geral (não é titular de um direito real) prefere aos credores comuns;direito real) prefere aos credores comuns;

art. 736.º e 747.º, n.º 1, a): esse privilégio art. 736.º e 747.º, n.º 1, a): esse privilégio mobiliário geral prevalece sobre privilégios mobiliário geral prevalece sobre privilégios mobiliários especiais (direitos reais).mobiliários especiais (direitos reais).

art. 407.º CCart. 407.º CC

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Outras diferenças entre os direitos Outras diferenças entre os direitos reais e as obrigações:reais e as obrigações: Diferenças tendenciaisDiferenças tendenciais

DC extinguem-se pelo uso; os DR não (salvo DC extinguem-se pelo uso; os DR não (salvo DR aquisição)DR aquisição)

DC traduzem uma relação de curta duração, DC traduzem uma relação de curta duração, dinâmica, tendo por objecto bens de consumo; dinâmica, tendo por objecto bens de consumo; os DR traduzem uma relação estática, os DR traduzem uma relação estática, duradoura, tendo por objecto bens duradouros;duradoura, tendo por objecto bens duradouros;

Contudo os DC podem ter longa duração (ex.: Contudo os DC podem ter longa duração (ex.: arrendamento) e os DR pode traduzir uma relação arrendamento) e os DR pode traduzir uma relação dinâmica (ex.: DR garantia) e podem incidir sobre dinâmica (ex.: DR garantia) e podem incidir sobre bens consumíveisbens consumíveis

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Outras diferenças entre os direitos Outras diferenças entre os direitos reais e as obrigações:reais e as obrigações: Diferenças absolutasDiferenças absolutas

Os DC são relações intersubjectivas (de Os DC são relações intersubjectivas (de cooperação); os DR são relações de domínio cooperação); os DR são relações de domínio (atributivas ou ordenadoras)(atributivas ou ordenadoras)

Nos DC a relação intersubjectiva tem uma Nos DC a relação intersubjectiva tem uma função genética e tb é fonte de direitos e função genética e tb é fonte de direitos e obrigações; nos DR, a relação intersubjectiva obrigações; nos DR, a relação intersubjectiva tem apenas função genética (os direitos e tem apenas função genética (os direitos e deveres resultam do estatuto do direitos em deveres resultam do estatuto do direitos em causa)causa)

Nos DC vigora o princípio da autonomia Nos DC vigora o princípio da autonomia privada; nos DR vigora o princípio da privada; nos DR vigora o princípio da taxatividade (art. 1306.º C.Civ)taxatividade (art. 1306.º C.Civ)

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Outras diferenças entre os direitos Outras diferenças entre os direitos reais e as obrigações:reais e as obrigações:

Diferenças absolutasDiferenças absolutas Os DC podem incidir sobre coisa futura e Os DC podem incidir sobre coisa futura e

sobre coisa apenas determinável; os DC só sobre coisa apenas determinável; os DC só podem incidir sobre coisa certa e podem incidir sobre coisa certa e determinadadeterminada

Os DC podem incidir sobre mais do que uma Os DC podem incidir sobre mais do que uma coisa; os DR só podem incidir sobre coisacoisa; os DR só podem incidir sobre coisa

Os DC prescrevem; alguns DR podem Os DC prescrevem; alguns DR podem extinguir-se pelo não usoextinguir-se pelo não uso

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Pontos de contacto ou afinidades entre Pontos de contacto ou afinidades entre os direitos reais e as obrigações:os direitos reais e as obrigações:

Ambos concedem o acesso aos bens (direito Ambos concedem o acesso aos bens (direito patrimonial)patrimonial)

Ambos podem surgir por efeito do contratoAmbos podem surgir por efeito do contrato Há direitos de crédito protegidos por direitos Há direitos de crédito protegidos por direitos

reaisreais A violação do DR faz nascer uma pretensão real A violação do DR faz nascer uma pretensão real

(relação obrigacional)(relação obrigacional) O titular de um DR, por vezes, está vinculado O titular de um DR, por vezes, está vinculado

por uma obrigação – pelo facto de ser titular de por uma obrigação – pelo facto de ser titular de um DR:um DR:

As As obrigações reaisobrigações reais

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CasoCaso

Em 1 de Outubro de 2003, A constituiu em Em 1 de Outubro de 2003, A constituiu em benefício de B, por documento particular, um benefício de B, por documento particular, um direito de usufruto vitalício sobre determinado direito de usufruto vitalício sobre determinado prédio rústico.prédio rústico.B começou a explorar imediatamente o prédio, B começou a explorar imediatamente o prédio, na qualidade de usufrutuário.na qualidade de usufrutuário.Há cerca de um mês, A ocupou o prédio e Há cerca de um mês, A ocupou o prédio e impede B de o explorar com fundamento em que impede B de o explorar com fundamento em que o direito de usufruto não foi constituído.o direito de usufruto não foi constituído.

a) Poderia A ter intentado uma acção de a) Poderia A ter intentado uma acção de reivindicação contra B? reivindicação contra B?

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CasoCaso

Em Janeiro de 2003, António, proprietário de Em Janeiro de 2003, António, proprietário de um souto de castanheiros, vendeu a Bernardo, um souto de castanheiros, vendeu a Bernardo, 50 castanheiros, que foram marcados a tinta 50 castanheiros, que foram marcados a tinta vermelha com o nome do comprador. vermelha com o nome do comprador. Em Janeiro de 2005 António vendeu o prédio a Em Janeiro de 2005 António vendeu o prédio a Carlos, que se arroga titular dos 50 castanheiros. Carlos, que se arroga titular dos 50 castanheiros.

Diga se Bernardo tem algum direito e como Diga se Bernardo tem algum direito e como poderá fazê-lo valer judicialmente. poderá fazê-lo valer judicialmente.

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Obrigações reais, ob rem ou Obrigações reais, ob rem ou propter rempropter rem

Conceito e regras principais sobre o seu regime jurídico.

Ónus ReaisÓnus Reais

Noção e exemplos.

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O problema dos direitos reais in O problema dos direitos reais in faciendofaciendo::

Inadmissibilidade desta figura jurídica.

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Princípios dominantes em matéria de Princípios dominantes em matéria de direitos reais:direitos reais:

a) Princípio da taxatividade, do "numerus a) Princípio da taxatividade, do "numerus clausus" ou tipicidade (art. 1306º);clausus" ou tipicidade (art. 1306º);

b) Princípio da consensualidade (art. b) Princípio da consensualidade (art. 408º, nº 1);408º, nº 1);

c) Princípio da publicidade;c) Princípio da publicidade; d) Princípio da incidência dos direitos d) Princípio da incidência dos direitos

reais sobre a totalidade da coisa que reais sobre a totalidade da coisa que constitui o respectivo objecto;constitui o respectivo objecto;

e) Princípio da especialidade ou da e) Princípio da especialidade ou da unicidade do objecto (art. 408, nº 2).unicidade do objecto (art. 408, nº 2).

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A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

Artigo 1306.ºArtigo 1306.º(«Numerus clausus»)(«Numerus clausus»)

1. Não é permitida a constituição, com carácter 1. Não é permitida a constituição, com carácter real, de restrições ao direito de propriedade ou de real, de restrições ao direito de propriedade ou de figuras parcelares deste direito senão nos casos figuras parcelares deste direito senão nos casos previstos na lei; toda a restrição resultante de previstos na lei; toda a restrição resultante de negócio jurídico, que não esteja nestas condições, negócio jurídico, que não esteja nestas condições, tem natureza obrigacional.”tem natureza obrigacional.”

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Os direitos reais oferecem-se em tipos Os direitos reais oferecem-se em tipos característicos e a tipologia é taxativacaracterísticos e a tipologia é taxativa

Não vigora quando aos contratos reais Não vigora quando aos contratos reais quoad quoad effectumeffectum, mas já vigora para os títulos de aquisição , mas já vigora para os títulos de aquisição (um PC não pode emergir de negócio jurídico)(um PC não pode emergir de negócio jurídico)

conteúdo de cada figura de natureza real há-de ser conteúdo de cada figura de natureza real há-de ser sempre conforme às respectivas regras legaissempre conforme às respectivas regras legais

embora a lei deixe, muitas vezes, margem de autonomia: ex. embora a lei deixe, muitas vezes, margem de autonomia: ex. possibilidade de convencionar o cânone superficiário (art. possibilidade de convencionar o cânone superficiário (art. 1530.º)1530.º)

A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

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Classificação dos direitos reais:Classificação dos direitos reais: Direitos reais de gozoDireitos reais de gozo

Direito de PropriedadeDireito de Propriedade Direito de UsufrutoDireito de Usufruto Direito de Uso e HabitaçãoDireito de Uso e Habitação Direito de SuperfícieDireito de Superfície Direito de ServidãoDireito de Servidão Direito Real de Habitação PeriódicaDireito Real de Habitação Periódica

Direitos reais de garantiaDireitos reais de garantia Consignação de RendimentosConsignação de Rendimentos PenhorPenhor HipotecaHipoteca Privilégios CreditóriosPrivilégios Creditórios Direito de RetençãoDireito de Retenção

A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

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Direitos reais de aquisiçãoDireitos reais de aquisição

arts. 1333.º, n.º 1, 1341.º, n.º2, 1343.º, n.º1, 1551.º e arts. 1333.º, n.º 1, 1341.º, n.º2, 1343.º, n.º1, 1551.º e 2103-A, n.º12103-A, n.º1

Direito do proprietário confinante com parede ou muro Direito do proprietário confinante com parede ou muro alheio de adquirir nele comunhão: art. 1370.ºalheio de adquirir nele comunhão: art. 1370.º

Direito de constituir coercivamente uma servidão Direito de constituir coercivamente uma servidão legal: art. 1547.º, n.º 2legal: art. 1547.º, n.º 2

Direitos cuja natureza é objecto de Direitos cuja natureza é objecto de controvérsiacontrovérsia

Direito do arrendatárioDireito do arrendatário Direito do promissário no contrato promessa dotado Direito do promissário no contrato promessa dotado

de “eficácia real”de “eficácia real” Direito de preferência dotado de “eficácia real”Direito de preferência dotado de “eficácia real”

A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

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Violação do princípio da tipicidade Violação do princípio da tipicidade conversão do negócio nulo em negócio conversão do negócio nulo em negócio

com efeitos meramente obrigacionais com efeitos meramente obrigacionais (art. 1306.º)(art. 1306.º) art. 293.º (art. 170.º do C.C. Brasileiro):art. 293.º (art. 170.º do C.C. Brasileiro):

preenchimento dos requisitos de substância e preenchimento dos requisitos de substância e forma do 2º negócioforma do 2º negócio

o fim visado pelas partes permita supor que o fim visado pelas partes permita supor que elas teriam querido o 2º negócio, caso elas teriam querido o 2º negócio, caso tivessem previsto a invalidadetivessem previsto a invalidade

A doutrina (Antunes Varela) tem entendido que o art. 1306.º permite presumir este segundo requisito (favor negotii; dificil demontração das intenções)

(mas é uma presunção ilidível)

A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

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Impossibilidade de aplicação Impossibilidade de aplicação analógica dos normas que fixam o analógica dos normas que fixam o regime dos DR a situações jurídicas regime dos DR a situações jurídicas não reaisnão reais Isso possibilitaria a derrogação prática Isso possibilitaria a derrogação prática

do princípio pois o que está em causa é do princípio pois o que está em causa é evitar a aplicação de certo regime evitar a aplicação de certo regime jurídico a realidades que não participam jurídico a realidades que não participam de determinadas característicasde determinadas características

A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

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Abertura:Abertura:

Usufruto: artigo 1445.º (art. 1392.º C.C. Brasileiro)Usufruto: artigo 1445.º (art. 1392.º C.C. Brasileiro) Compropriedade – pacto de indivisão: art. 1406.º; Compropriedade – pacto de indivisão: art. 1406.º;

1412.º (art. 1320.º § 1; art. 1326.º C.C. Brasileiro)1412.º (art. 1320.º § 1; art. 1326.º C.C. Brasileiro) Propriedade horizontal – restrições à propriedade Propriedade horizontal – restrições à propriedade

autónoma sobre as fracções: art. 1424.º; 1418.º autónoma sobre as fracções: art. 1424.º; 1418.º (art. 1336.º C.C. Brasileiro)(art. 1336.º C.C. Brasileiro)

Superfície – art. 1530.º (art. 1370.º C.C. Brasileiro)Superfície – art. 1530.º (art. 1370.º C.C. Brasileiro) Servidão – atipicidade do conteúdo: art. 1567.º Servidão – atipicidade do conteúdo: art. 1567.º

(art. 1378.º; 1381.º C.C. Brasileiro)(art. 1378.º; 1381.º C.C. Brasileiro)

A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

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Justificação:Justificação:

Protecção de terceiros (dever geral de Protecção de terceiros (dever geral de abstenção)abstenção)

Nem todos os direitos devem gozar do regime Nem todos os direitos devem gozar do regime dos direitos reais: só quando interesses dos direitos reais: só quando interesses públicos o justifiquempúblicos o justifiquem

Tentar limitar as onerações do direito de Tentar limitar as onerações do direito de propriedadepropriedade

Tentar limitar os concursos de direitos que Tentar limitar os concursos de direitos que geram controvérsias e menor aproveitamento geram controvérsias e menor aproveitamento do bemdo bem

A) Princípio da taxatividade ou A) Princípio da taxatividade ou do “numerus clausus”do “numerus clausus”

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Caso Caso

Mediante contrato celebrado por escritura Mediante contrato celebrado por escritura pública outorgada em Janeiro de 1970, A dono de pública outorgada em Janeiro de 1970, A dono de um prédio rústico onde existem grandes um prédio rústico onde existem grandes depósitos de areia, atribuiu a B empreiteiro, o depósitos de areia, atribuiu a B empreiteiro, o direito de extrair anualmente daquele prédio 300 direito de extrair anualmente daquele prédio 300 metros cúbicos de areia, para utilizar nas suas metros cúbicos de areia, para utilizar nas suas obras ou para comercializar.obras ou para comercializar.Declarou-se na escritura que o direito de B teria Declarou-se na escritura que o direito de B teria eficácia real. A acaba de vender o prédio a C e eficácia real. A acaba de vender o prédio a C e este opõe-se a que B continue a extrair areia. este opõe-se a que B continue a extrair areia. Poderá fazê-lo.Poderá fazê-lo.

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ARTIGO 408ºARTIGO 408º(Contratos com eficácia real)(Contratos com eficácia real)

1. A constituição ou transferência de direitos reais sobre 1. A constituição ou transferência de direitos reais sobre coisa determinada dá-se por mero efeito do contrato, coisa determinada dá-se por mero efeito do contrato, salvas as excepções previstas na lei.salvas as excepções previstas na lei.

2. Se a transferência respeitar a coisa futura ou 2. Se a transferência respeitar a coisa futura ou indeterminada, o direito transfere-se quando a coisa for indeterminada, o direito transfere-se quando a coisa for adquirida pelo alienante ou determinada com adquirida pelo alienante ou determinada com conhecimento de ambas as partes, sem prejuízo do conhecimento de ambas as partes, sem prejuízo do disposto em matéria de obrigações genéricas e do contrato disposto em matéria de obrigações genéricas e do contrato de empreitada; se, porém, respeitar a frutos naturais ou a de empreitada; se, porém, respeitar a frutos naturais ou a partes componentes ou integrantes, a transferência só se partes componentes ou integrantes, a transferência só se verifica no momento da colheita ou separação.verifica no momento da colheita ou separação.

B) Princípio da B) Princípio da consensualidadeconsensualidade

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o sistema português é de o sistema português é de títulotítulo: : basta o basta o títulotítulo não é preciso o não é preciso o modomodo

[[há direitos reais que não são há direitos reais que não são susceptíveis de transmissão (uso e susceptíveis de transmissão (uso e habitação; servidões)habitação; servidões)]]

B) Princípio da B) Princípio da consensualidadeconsensualidade

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Desvios:Desvios: a hipoteca só produz efeitos, mesmo inter-a hipoteca só produz efeitos, mesmo inter-

partes, se for registada (art. 687.º)partes, se for registada (art. 687.º) penhor: penhor: coisacoisa: entrega da coisa (art. 669.º); : entrega da coisa (art. 669.º);

créditoscréditos: notificação ao devedor (art. 681, n.º : notificação ao devedor (art. 681, n.º 2)2)

doação de móveis: se não for feita por escrito, doação de móveis: se não for feita por escrito, pressupõe a entrega da coisa (art. 947.º)pressupõe a entrega da coisa (art. 947.º)

art. 408.º, n. 2:art. 408.º, n. 2: coisa futuracoisa futura parte integranteparte integrante parte componenteparte componente frutofruto

a propriedade só se transfere:

-coisa presente

-coisa autónoma

-colheita frutos

B) Princípio da B) Princípio da consensualidadeconsensualidade

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Caso Caso

A vendeu a B, por 10.000 Euros, A vendeu a B, por 10.000 Euros, determinado quadro da pintora determinado quadro da pintora Maluda, tendo-se convencionado Maluda, tendo-se convencionado que o preço só seria pago passado que o preço só seria pago passado um mês, altura em que A um mês, altura em que A entregaria o quadro a B.entregaria o quadro a B. Antes, porém, da data fixada Antes, porém, da data fixada para o pagamento e para a entrega para o pagamento e para a entrega do quadro, A vendeu-o a C, por do quadro, A vendeu-o a C, por 12.500 Euros. C pagou 12.500 Euros. C pagou imediatamente o preço e recebeu o imediatamente o preço e recebeu o quadro.quadro. Diga que direitos assistem a B e Diga que direitos assistem a B e a C.a C.

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Caso Caso

A, proprietário de um prédio A, proprietário de um prédio urbano destinado a ser demolido, urbano destinado a ser demolido, vendeu a B, por 1.500 Euros, um vendeu a B, por 1.500 Euros, um painel de azulejos antigos painel de azulejos antigos existente na fachada principal. A existente na fachada principal. A venda foi feita por escritura venda foi feita por escritura pública.pública.Antes, porém, de B retirar os Antes, porém, de B retirar os azulejos, A vendeu o prédio a C.azulejos, A vendeu o prédio a C.Terá B o direito de retirar os Terá B o direito de retirar os azulejos?azulejos?

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Caso Caso

Em Abril de 2005, A, proprietário do Em Abril de 2005, A, proprietário do prédio urbano Y e da antena parabólica prédio urbano Y e da antena parabólica X, ligada materialmente aquele com X, ligada materialmente aquele com carácter de permanência, vendeu esta carácter de permanência, vendeu esta antena a B, mediante escrito particular.antena a B, mediante escrito particular.Em Maio de 2005, A, mediante a forma Em Maio de 2005, A, mediante a forma legalmente exigida, vendeu o prédio legalmente exigida, vendeu o prédio urbano Y a C, mantendo-se, à data, a urbano Y a C, mantendo-se, à data, a antena parabólica X incorporada no antena parabólica X incorporada no referido prédio.referido prédio.Não se alterando a situação descrita, Não se alterando a situação descrita, pergunta-se: pergunta-se: - Quem e quando adquiriu o direito de - Quem e quando adquiriu o direito de propriedade sobre a referida antena propriedade sobre a referida antena parabólica?parabólica?

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C) Princípio da publicidadeC) Princípio da publicidade

Em função da sua eficácia absoluta, Em função da sua eficácia absoluta, torna-se necessário dar publicidade torna-se necessário dar publicidade aos direitos reaisaos direitos reais

subordina-se a sua subordina-se a sua constituiçãoconstituição ou ou eficácia eficácia face a terceirosface a terceiros a um sistema de publicidade

Imóveis: inscrição no registo público dos actos que afectem a sua situação jurídica

Móveis: exige-se a traditio para a constituição do

direito real (sistemas de modo (Alemanha) ou de título e de modo (Espanha))

considera-se o possuidor de coisa móvel proprietário (sistema posse vale título)

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C) Princípio da publicidadeC) Princípio da publicidade

Sistema Sistema posse vale título (presunção posse vale título (presunção possessória iuris et de iure)possessória iuris et de iure)

Alemanha, Itália, FrançaAlemanha, Itália, França a aquisição a aquisição a non domino a non domino de uma coisa móvel de uma coisa móvel

confere ao adquirente o respectivo direito de confere ao adquirente o respectivo direito de propriedade, desde que exista um título idóneo propriedade, desde que exista um título idóneo para operar a transferência e o adquirente esteja para operar a transferência e o adquirente esteja de boa fé no momento da entrega.de boa fé no momento da entrega.

na Alemanha e na França, o princípio não vale para as coisas furtadas ou perdidas

na Itália vale também nesses casos o objectivo principal deste sistema é o objectivo principal deste sistema é

proteger o terceiro adquirente proteger o terceiro adquirente a non dominoa non domino de boa fé; só reflexamente se satisfazem as de boa fé; só reflexamente se satisfazem as exigências de publicidadeexigências de publicidade

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C) Princípio da publicidadeC) Princípio da publicidade

Sistema portuguêsSistema português Imóveis:Imóveis:

em regra, o registo não é obrigatório nem constitutivo de direitos, é mera condição de eficácia face a terceiros

Móveis:Móveis: não há regras gerais de publicidade não vigora o sistema posse vale título apenas em casos restritos se protege a boa fé de

terceiros: art. 1281.º, n.º 2 art. 1301.º art. 892.º, 2.ª parte

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Caso Caso Em Agosto de 2004, Pedro celebrou com Manuel um Em Agosto de 2004, Pedro celebrou com Manuel um contrato de compra e venda de um quadro que se contrato de compra e venda de um quadro que se encontrava em poder deste. Pedro levou o quadro encontrava em poder deste. Pedro levou o quadro consigo e pagou logo o preço.consigo e pagou logo o preço.

Na semana passada, Pedro foi surpreendido por Na semana passada, Pedro foi surpreendido por Carlos, que convidara para jantar em sua casa (local Carlos, que convidara para jantar em sua casa (local onde o quadro se encontrava), que o informou que onde o quadro se encontrava), que o informou que aquele quadro era seu e que apenas o tinha aquele quadro era seu e que apenas o tinha emprestado a Manuel para uma exposição de arte.emprestado a Manuel para uma exposição de arte.

Poderá Carlos reivindicar judicialmente o quadro? E Poderá Carlos reivindicar judicialmente o quadro? E Pedro, provando a sua boa fé, pode, de algum modo Pedro, provando a sua boa fé, pode, de algum modo torna-se proprietário dele?torna-se proprietário dele?

A solução seria diferente se Manuel fosse A solução seria diferente se Manuel fosse proprietário de estabelecimento cuja actividade se proprietário de estabelecimento cuja actividade se destinasse à venda de obras de arte?destinasse à venda de obras de arte?

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CasoCaso

A, dono de um terreno argiloso, obrigou-se, A, dono de um terreno argiloso, obrigou-se, por contrato celebrado em 1990 e reduzido a por contrato celebrado em 1990 e reduzido a escritura pública, a fornecer a B, dono de uma escritura pública, a fornecer a B, dono de uma fábrica de cerâmica instalada em prédio vizinho, fábrica de cerâmica instalada em prédio vizinho, 500 toneladas de argila por ano, ao preço de 500 toneladas de argila por ano, ao preço de 5.000$00 por tonelada.5.000$00 por tonelada.A, porém, acaba de vender o terreno a C, que A, porém, acaba de vender o terreno a C, que tinha conhecimento do contrato celebrado entre tinha conhecimento do contrato celebrado entre A e B. A e B. a)a) Poderá B opor o seu direito a C? Poderá B opor o seu direito a C? b)b) Poderia B ter requerido o registo do Poderia B ter requerido o registo do direito que adquiriu contra A?direito que adquiriu contra A?

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D) Princípio da totalidadeD) Princípio da totalidade

Os direitos reais abrangem, em regra, a Os direitos reais abrangem, em regra, a totalidade da coisa sobre que incidem.totalidade da coisa sobre que incidem.

Ex: A vende a B um prédio urbano, composto de uma Ex: A vende a B um prédio urbano, composto de uma moradia (moradia (janelas, portas, etcjanelas, portas, etc) na qual está instalada ) na qual está instalada uma uma antena parabólicaantena parabólica..

O direito de propriedade de B abrange a totalidade da O direito de propriedade de B abrange a totalidade da coisa, incluindo, portanto, as partes integrantes e coisa, incluindo, portanto, as partes integrantes e componentes enquanto ligadas materialmente a ela.componentes enquanto ligadas materialmente a ela.

Se uma coisa autónoma for incorporada Se uma coisa autónoma for incorporada noutra, como seu elemento constitutivo, noutra, como seu elemento constitutivo, passa a ser abrangida pelo direito que passa a ser abrangida pelo direito que incide sobre essa outra coisa.incide sobre essa outra coisa.

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Caso Caso

Determinada sociedade vendeu a um Determinada sociedade vendeu a um empreiteiro (A) dois elevadores, destinados a um empreiteiro (A) dois elevadores, destinados a um edifício que o comprador tinha em construção.edifício que o comprador tinha em construção.A venda foi feita com reserva da propriedade a A venda foi feita com reserva da propriedade a favor da vendedora, até lhe ser paga a favor da vendedora, até lhe ser paga a totalidade do preço.totalidade do preço.Depois de instalados os elevadores e de Depois de instalados os elevadores e de concluída a construção, A vendeu o prédio a B.concluída a construção, A vendeu o prédio a B.Não tendo A pago o preço à sociedade Não tendo A pago o preço à sociedade vendedora, esta, após resolver o contrato de vendedora, esta, após resolver o contrato de compra e venda que com ele celebrara, intentou compra e venda que com ele celebrara, intentou uma acção de reivindicação contra B, pedindo uma acção de reivindicação contra B, pedindo que este seja condenado a reconhecer o direito que este seja condenado a reconhecer o direito de propriedade da Autora sobre os elevadores e de propriedade da Autora sobre os elevadores e a facultar-lhe o levantamento dos mesmos.a facultar-lhe o levantamento dos mesmos.Como decidiria a acção?Como decidiria a acção?

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E) Princípio da E) Princípio da especialidade ou unicidade especialidade ou unicidade

do objectodo objecto

Os direitos reais só incidem sobre coisa Os direitos reais só incidem sobre coisa certa e determinada (os direitos de crédito certa e determinada (os direitos de crédito podem incidir sobre coisa não podem incidir sobre coisa não determinada)determinada)

Os direitos reais só incidem sobre uma Os direitos reais só incidem sobre uma coisa (os direitos de crédito podem incidir coisa (os direitos de crédito podem incidir sobre mais do que uma coisa)sobre mais do que uma coisa)

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Qualificação de direitos cuja Qualificação de direitos cuja natureza jurídica, real ou natureza jurídica, real ou obrigacional, é objecto de obrigacional, é objecto de controvérsia:controvérsia:

a) Direito do arrendatário;

b) Direito de preferência dotado de eficácia em relação a terceiros;

c) Direito do promissário, no contrato-promessa de transmissão ou constituição de direitos reais sobre imóveis, ou sobre móveis sujeitos a registo, quando as partes lhe atribuam "eficácia real".

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Direito do promissário, no contrato -promessa de transmissão ou

constituição de direitos reais sobre imóveis, ou sobre móveis sujeitos a

registo, quando as partes lhe atribuam "eficácia real".

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CasoCaso

Arlindo e César são comproprietários de um Arlindo e César são comproprietários de um prédio urbano sito em Coimbra. prédio urbano sito em Coimbra. Arlindo pretende alienar o dito prédio a Pedro, Arlindo pretende alienar o dito prédio a Pedro, logo que César regresse de França, país onde se logo que César regresse de França, país onde se encontra à cerca de um ano. encontra à cerca de um ano. Tentando assegurar a futura celebração do Tentando assegurar a futura celebração do contrato de compra e venda do imóvel, Arlindo contrato de compra e venda do imóvel, Arlindo pretende celebrar já, com Pedro, um contrato pretende celebrar já, com Pedro, um contrato promessa de compra e venda. promessa de compra e venda. a) O dito contrato será válido? a) O dito contrato será válido? b) Poderá ser dotado de "eficácia real"?b) Poderá ser dotado de "eficácia real"?

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CasoCaso

A, em 2003, prometeu vender a B um imóvel.A, em 2003, prometeu vender a B um imóvel. Convencionaram atribuir eficácia real ao Convencionaram atribuir eficácia real ao contrato, e foi feita a correspondente inscrição contrato, e foi feita a correspondente inscrição no registo.no registo. Porém, em Janeiro de 2005, A vendeu o imóvel Porém, em Janeiro de 2005, A vendeu o imóvel a C.a C. Hoje sabe-se que A só celebrou o promessa de Hoje sabe-se que A só celebrou o promessa de venda porque B o coagiu.venda porque B o coagiu. Quem fica com o imóvel?Quem fica com o imóvel?

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CasoCaso

a) A promessa de arrendamento de coisa a) A promessa de arrendamento de coisa alheia é válida e é susceptível de execução alheia é válida e é susceptível de execução específica.específica.

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CasoCaso

A prometeu vender a B um andar, tendo sido A prometeu vender a B um andar, tendo sido atribuída eficácia real ao contrato-promessa. Se atribuída eficácia real ao contrato-promessa. Se A, depois do registo da promessa, der o andar de A, depois do registo da promessa, der o andar de hipoteca a C, diga o que pode fazer B.hipoteca a C, diga o que pode fazer B.

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Direito do Arrendatário

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CasoCaso A, proprietário do prédio urbano x, sito em A, proprietário do prédio urbano x, sito em Coimbra, deu-o de arrendamento a B, em 1998.Coimbra, deu-o de arrendamento a B, em 1998.Em Abril deste ano A, sem previamente ter notificado Em Abril deste ano A, sem previamente ter notificado B, vendeu o dito prédio a C que, imediatamente, o B, vendeu o dito prédio a C que, imediatamente, o onerou com um direito de usufruto a favor de D.onerou com um direito de usufruto a favor de D. 1a Hipótese:1a Hipótese:B pretende saber se ainda pode adquirir a B pretende saber se ainda pode adquirir a propriedade do prédio x. E, na hipótese afirmativa, se propriedade do prédio x. E, na hipótese afirmativa, se verá o seu direito de propriedade onerado com o verá o seu direito de propriedade onerado com o usufruto de D.usufruto de D.

2a Hipótese2a HipóteseB não pretende adquirir a propriedade do prédio x B não pretende adquirir a propriedade do prédio x mas quer continuar a exercer o direito de mas quer continuar a exercer o direito de arrendamento.arrendamento.Sabendo que C (o novo proprietário) mudou a Sabendo que C (o novo proprietário) mudou a fechadura do imóvel e que D (o usufrutuário) o fechadura do imóvel e que D (o usufrutuário) o ocupou, diga como poderá B reagir.ocupou, diga como poderá B reagir.

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Direito de preferência dotado de eficácia em

relação a terceiros

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Direito de Crédito

(direito à notificação)

Cumprimento da Ob. de Notificação

Sentido Negativo

Sentido Positivo

- caducidade

- renuncia

Negócio perfeito

Negócio não perfeito

Direito de crédito

Direito real de gozo

- propriedade

Não cumprimento da Ob. de Notificação

Acção de

Preferência

Direito Potestativo (de se substituir ao 3º)

Direito real de gozo- propriedade

Direito real de gozo

- propriedade

Direito potestativo de preferir

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CasoCaso

Em Dezembro de 2001, A durante uma Em Dezembro de 2001, A durante uma conversa de café, informou B de que estava conversa de café, informou B de que estava disposto a vender o seu prédio rústico X e a dar-disposto a vender o seu prédio rústico X e a dar-lhe preferência na qualidade de proprietário lhe preferência na qualidade de proprietário confinante, nos termos do art.º 1380° do Código confinante, nos termos do art.º 1380° do Código Civil Português.Civil Português.B limitou-se a ouvir, sem dizer se pretendia ou B limitou-se a ouvir, sem dizer se pretendia ou não exercer a preferência.não exercer a preferência.Em 15 de Janeiro passado, A vendeu o prédio a Em 15 de Janeiro passado, A vendeu o prédio a C, pelo preço de 50.000 Euros.C, pelo preço de 50.000 Euros.B pretende intentar uma acção de preferência. B pretende intentar uma acção de preferência. Poderá fazê-lo?Poderá fazê-lo?

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FIM

Mónica Jardim – [email protected]ónica Jardim – [email protected] Rafael Vale e Reis - [email protected] Vale e Reis - [email protected]

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Caso IXCaso IX

Em 30 de Outubro de 2004, A vendeu a B um Em 30 de Outubro de 2004, A vendeu a B um prédio rústico composto de um pomar de prédio rústico composto de um pomar de laranjeiras, que A explorava directamente, e de laranjeiras, que A explorava directamente, e de um terreno de cultivo que o vendedor dera de um terreno de cultivo que o vendedor dera de arrendamento a C pela renda anual de 300 arrendamento a C pela renda anual de 300 contos, tendo o arrendamento começado em 1 de contos, tendo o arrendamento começado em 1 de Janeiro do mesmo ano.Janeiro do mesmo ano.Na escritura de venda nada se convencionou Na escritura de venda nada se convencionou quanto as laranjas existentes no pomar e quanto quanto as laranjas existentes no pomar e quanto à renda relativa ao ano de 2004.à renda relativa ao ano de 2004.A entende que têm o direito de colher as A entende que têm o direito de colher as laranjas e também o direito de receber a renda. laranjas e também o direito de receber a renda. B, pelo contrario, entende que e ele o titular B, pelo contrario, entende que e ele o titular desses direitos.desses direitos.Se fosse consultado sobre a questão, que Se fosse consultado sobre a questão, que resposta dava?resposta dava?