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MESTRADO EM ODONTOLOGIA LEANDRO AMADEU ROTH EXPRESSÃO GÊNICA DAS INTEGRINAS α 2, β 1, α v E β 6 EM MUCOSA PERI-IMPLANTAR ASSOCIADA A CICATRIZADORES COM DIFERENTES TOPOGRAFIAS: ESTUDO EM HUMANOS. Guarulhos 2014

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MESTRADO EM ODONTOLOGIA

LEANDRO AMADEU ROTH

EXPRESSÃO GÊNICA DAS INTEGRINAS α2, β1, αv E β6 EM MUCOSA PERI-IMPLANTAR ASSOCIADA A

CICATRIZADORES COM DIFERENTES TOPOGRAFIAS: ESTUDO EM HUMANOS.

Guarulhos

2014

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LEANDRO AMADEU ROTH

EXPRESSÃO GÊNICA DAS INTEGRINAS α2, β1, αv E β6 EM MUCOSA PERI-IMPLANTAR ASSOCIADA A

CICATRIZADORES COM DIFERENTES TOPOGRAFIAS: ESTUDO EM HUMANOS.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Marta Ferreira Bastos

CO- ORIENTADOR: Prof. Dr. Jamil Awad Shibli

Guarulhos

2014

Dissertação apresentada à Universidade Guarulhos para obtenção do título de Mestre em Odontologia Área de Concentração: Implantodontia  

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Fernando Gay da Fonseca

R845e

Roth, Leandro Amadeu

Expressão gênica das integrinas α2, β1, αv E β6 em mucosa peri-implantar associada a cicatrizadores com diferentes topografias: estudo em humanos. / Leandro Amadeu Roth. -- 2014.

49 f.; 31 cm.

Orientador(a): Profª. Drª. Marta Ferreira Bastos

Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Centro de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, Universidade Guarulhos, Guarulhos, SP, 2014.

1. Integrinas. 2. Implantes Dentários. 3. Cicatrizadores. 4. Mucosa Peri-implantar. 5. Expressão gênica. 6. PCR em tempo real. I. Título. II. Universidade Guarulhos.

CDD. 617

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“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.”

(Arthur Schopenhauer)

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Aos meus maravilhosos pais, Fernando e Irene, que me ensinaram o valor da

honestidade, da perseverança e do conhecimento, dedico mais esta conquista em minha vida....

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AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus, por iluminar-me o caminho para esta realização,

e, também, aos meus pais, por lutarem e sonharem comigo sempre que busquei

alcançar algo novo.

Ao meu filho João Victor, por entender minhas ausências; espero ser-lhe, um dia,

um pai como os meus.

Aos meus irmãos Giovani, Silvia e Junior, pela companhia e apoio nos momentos

difíceis.

A minha namorada Luciana, agradeço pelo amor e carinho, pelo incentivo na busca

do conhecimento, pelo conforto nos momentos de lamentação seguido de palavras

que me ajudaram a perseverar.

A minha Orientadora Prof. Dra. Marta Bastos, por acreditar em meu potencial, pelos

ensinamentos sabia e humildemente transmitidos e, sobretudo, pela paciência, pois,

com destreza, soube tranquilizar-me nas horas de ansiedade.

Ao meu Co-orientador Prof. Dr. Jamil Shibli, um grande exemplo de profissional e

uma referência para qualquer pesquisador.

Aos meus colegas de Mestrado, obrigado pela convivência! Que ela estenda-se ao

longo dos anos.

Aos meus amigos, pela amizade sincera, que superou nosso pouco tempo de

convivência durante esta jornada, saindo dela ainda mais robustecida.

Aos professores do Mestrado acadêmico em Odontologia: Profa. Dra. Luciene

Cristina de Figueiredo, Profa. Dra. Alessandra Cassoni Ferreira, Profa. Dra Magda

Feres, Prof. Dr. José Augusto, Profa. Dra. Poliana Duarte, Prof. Dr. André Figueiredo

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Reis; Prof. Dr. Leandro Chambrone; em especial, ao Prof. Dr. Marcelo de Faveri,

pelo material, gentilmente, cedido para esta pesquisa.

Aos pacientes, pois sem eles não seria possível realizar este trabalho.

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RESUMO

Para a preservação do osso marginal e um bom prognóstico dos implantes orais, existe a necessidade da formação de uma barreira tecidual efetiva e estável, capaz de proteger biologicamente as estruturas peri-implantares. Neste contexto, a estabilidade da interface implante-mucosa peri-implantar são de fundamental importância e sugere-se que esta interação pode ser influenciada pela constituição química do material e topografia de superfície dos implantes e conexões. As integrinas desempenham um importante papel em todos os processos baseados no desenvolvimento e manutenção de interações célula-célula e célula-matriz. Porém, poucos estudos avaliaram o efeito das modificações nas superfícies de pilares protéticos e implantes com o objetivo de criar uma superfície ideal melhorando a adesão em nível molecular por meio da expressão de integrinas. Portanto, o presente estudo avaliou a influência de diferentes topografias de superfícies dos pilares de cicatrização sobre os níveis de expressão gênica das integrinas α2, β1, αv e β6 na mucosa peri-implantar. Foram incluídos no estudo, treze adultos saudáveis (mulheres, n=8 e homens, n=5) com idade variando de 26 a 50 anos, que se adequaram aos critérios de inclusão e exclusão do estudo. Os participantes, de acordo com o número de implantes necessários, foram consecutivamente alocados a um dos quatro grupos experimentais: grupo RR (superfície totalmente rugosa); grupo PR (parte superior polida + parte inferior rugosa); grupo RP (parte superior rugosa + parte inferior polida); grupo PP (superfície totalmente polida). Um total de 40 amostras de mucosa peri-implantar ao redor dos pilares de cicatrização foram coletadas (n=10/grupo), trinta dias após a instalação dos implantes para avaliação da expressão genica por PCR em tempo real. Foi possível observar um maior nível de expressão gênica da subunidade β1 de integrina nos tecidos peri-implantares de indivíduos que receberam cicatrizadores com superfície totalmente rugosa (RR) em comparação aos demais grupos (p<0,05). Não houve diferença entre os cicatrizadores com diferentes topografias de superfície nos níveis de expressão gênica das subunidades α2, αv e β6 nos tecidos peri-implantares (p>0,05). Logo, pode-se concluir que uma superfície totalmente tratada pode influenciar uma maior expressão da subunidade β1 em trinta dias após a instalação. Palavras-chave: integrinas, implantes dentários, cicatrizadores, mucosa peri-implantar, expressão gênica, PCR em tempo real.

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ABSTRACT

An effective and stable barrier that could biologically protect the peri-implantar structures, necessary to preserve the marginal bone and keep a long-term survival for dental implants. In this context, the stability of implant-soft tissues interactions is particularly important and has been described that this process may be influenced by chemical constituents and topography surface of the implants and connections. Integrins perform a important role in all biologic process based on development and maintaining of cell interactions, however a few number of studies evaluated the effect of modifications on abutments/implants surfaces, in the improvement in molecular levels of the adhesion through of the integrins expression. Therefore, present study evaluated the influence of different topographic surfaces of abutments on the gene expression levels for α2-, β1-, αv- and β6- subunits integrins in the perimplantar mucosa. They were included in this study, thirteen healthy adults (female, n=8 and male, n=5) with age between 26 to 50 years, which had been adjusted for inclusion and exclusion criteria. The participants, according with the number of implants necessary, were consecutively distributed to one of the four experimental groups: group RR (totally rough surface); group MR (upper machined + treatment, lower rough); group RM (upper rough surface + lower machined + treatment); group MM (totally machined, no treatment). A total of 40 samples of perimplantar mucosa around the abutments were collected (n=10/group) 30 days after the implants placement, and subsequently the gene expression was evaluated by Real time PCR. It was possible to observe a greater level of gene expression of the β1-subunit integrin for individuals that received RR abutments (group 1) when compared with other groups (p < 0.05). Concomitantly, there were no differences in gene expression levels for α2, αv and β6-subunits integrins in perimplantar mucosa that received abutments with different topographic surfaces. Therefore, it is possible to conclude that topographic surfaces of the abutments may influence the quality of the perimplantar mucosa in the initial stages of healing process.

Key words: integrins, dental implants, abutments, perimplantar mucosa, gene expression, Real time PCR.

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LISTA DE ABREVIATURAS

EJ Epitélio juncional

HD Hemidesmossomos

LBI Lâmina basal interna

LBE Lâmina basal interna

MAC Molécula de adesão celular

LM Laminina

MMP Metaloproteinases de Matriz

TGF-β1 Fator de crescimento transformador β1

VEGF Fator de crescimento endotelial vascular

FGF Fator de crescimento de fibroblastos

EGF Fator de crescimento epidermal

TN-C Tenascina-C

EPI Epitélio peri-implantar

JCE Junção cemento esmalte

MEC Matriz extra celular

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 11 1.1. Coágulo e Inflamação 12 1.2. Re-epitelialização e formação do tecido de granulação 12 1.3. Características Biológicas do Epitélio Juncional 14 1.4. Integrinas 17 1.5. Superfícies 24

2. PROPOSIÇÃO 27 3. MATERIAL E MÉTODOS 28

3.1. População de estudo 28 3.2. Desenho experimental 28 3.3. Avaliação da expressão Gênica. 31 3.4. Análise estatística 33

4. RESULTADOS 35 5. DISCUSSÃO 37 6. CONCLUSÃO 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43 ANEXO 1 49 ANEXO 2 50

 

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1 INTRODUÇÃO

Implantes dentais são parte da rotina de reabilitações orais. A

instalação de implantes dentais no osso alveolar desencadeia uma série de

processos envolvidos no reparo do tecido ósseo e mucosa oral. Os implantes

dentais quando instalados podem ser cobertos completamente por tecido mucoso ou

estar conectados à cavidade bucal com o cicatrizador, o que promove uma alteração

no processo de cicatrização da ferida cirúrgica, quer seja no tecido mucoso quer

seja no tecido ósseo (Rompen et al., 2006; Vilar et al., 2012).

Nos casos em que o implante é colocado com um parafuso de

cobertura e completamente coberto com o tecido mucoso com fechamento primário

(fechamento, sutura, cicatrização por primeira intenção), o tecido mucoso irá

cicatrizar rapidamente com a formação mínima de tecido de granulação, porém

quando imediatamente é instalado um cicatrizador ou pilar protético permanente e

restauração, a resposta de cicatrização do tecido mucoso será diferente daquele

associado com a cobertura do implante. Nesse caso, forma-se um coágulo

sanguíneo entre o cicatrizador/pilar protético e o tecido mucoso (Vilar et al., 2012).

Vários estudos têm avaliado o impacto de diferentes topografias de

implantes sobre o tecido ósseo peri-implantar (Shibli et al., 2006; Grassi et al., 2007;

Coelho et al., 2008; Shibli et al., 2010) mas pouco ainda tem sido avaliado sobre o

tecido mucoso peri-implantar (Zitzmann et al., 2002; Wennerberg et al., 2003;

Piattelli et al., 2011; Schwarz et al., 2013). A reparação de ferimentos ósseos ao

redor de implantes dentais é um mecanismo de reparo coordenado e

sequencialmente organizado. Os principais responsáveis neste processo são as

células, as quais se comunicam umas com as outras por trocas moleculares via

receptores específicos na superfície celular. Os diferentes tipos celulares aparecem

em uma sequência cronológica em 4 fases envolvidas na cicatrização de ferimentos,

um conceito originado de observações científicas da cicatrização de tecidos moles e,

que, pode ser transferido para a reparação do tecido ósseo ao redor do implante

dental: hemostasia, fase inflamatória, fase proliferativa e finalmente a fase de

remodelação (Therheyden et al., 2012).  

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1.1 Coágulo e inflamação

A cicatrização de ferimentos de tecidos moles na cavidade oral segue

com os mesmos princípios de outras áreas do corpo, como a pele. A reação de

cicatrização no local da osteotomia é iniciada por formação de coágulo nas

proximidades das roscas que inicialmente sela o ferimento. Esse coágulo é infiltrado

por células inflamatórias, como os neutrófilos e macrófagos. Macrófagos são

considerados as células especializadas em reparar ferimentos e recentes evidencias

sugerem que as populações de macrófagos no ferimento mudam ao longo do tempo

e, que células com diferentes fenótipos orquestram diferentes fases de cicatrização

(Brancato; Albina, 2011). Entre as citocinas e outros fatores regulatórios liberados

pelos macrófagos, encontram-se o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF),

o fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e o fator de crescimento transformador

β-1 (TGF β-1) (Oakley; Larjava, 2012; Turabelidze; DiPietro, 2012; Fredman; Serhan,

2012).

Além disso, o coágulo de fibrina-fibronectina fornece uma matriz

provisória utilizadas pelos fibroblastos e células epiteliais para migrar para o espaço

que restringe a ferida cirúrgica. Dessa forma, as células progenitoras de fibroblastos

invadem a matriz provisória e depositam tecido de granulação que se torna

vascularizado pela migração de células endoteliais (Vilar et al., 2012).

1.2 Re-epitelialização e formação do tecido de granulação

Durante a cicatrização, as células do tecido epitelial migram em direção

ao implante/pilar protético, achatam-se ao longo da superfície e criam um epitélio

peri-implantar com funções similares ao epitélio juncional. Contudo, a adesão deste

epitélio ao implante não parece ser semelhante a adesão do epitélio juncional ao

dente (Larjava et al., 2011).

Vinte e quatro horas após início do processo de cicatrização, células

epiteliais da margem da ferida dissolvem suas adesões hemidesmossomais e

exibem os primeiros sinais de migração. Em 48 horas, o processo de proliferação

tem início, e células epiteliais migram através da matriz provisória de fibrina-

fibronectina até entrarem em contato com as células vindas do outro lado da lesão.

Esta migração é um processo complexo, que depende de receptores de matriz tipo-

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integrinas localizados na superfície das células migratórias para facilitar a

penetração ao longo da matriz extracelular (Koivisto et al., 2012)

A matriz extracelular é composta por proteínas presentes na matriz

provisória e aquelas sintetizadas pelas células, incluindo laminina-332 (LM-332),

fibronectina e tenascina C. A adesão das células à matriz deve ser um processo

bem coordenado, pois uma forte adesão prejudicaria a migração e uma fraca adesão

não promoveria força suficiente para o movimento migratório. Quando células

epiteliais encontram esta resistência ótima de adesão, sua migração pode ser

estimulada por diversas citocinas e fatores de crescimento, como o fator de

crescimento epidermal (EGF), TGF-β1, entre outros (Koivisto et al., 2012)

A re-epitelialização é também dependente de enzimas proteolíticas,

incluindo plasmina e metaloproteinases de matriz (MMPs). Essas enzimas suportam

a migração celular em diversos níveis por atuarem na quebra da matriz provisória,

que consequentemente promove a perda de adesão das células epiteliais, e também

por ativarem fatores de crescimento como TGF-β1 e EGF. A atividade das MMPs

necessita ser bem controlada pois sua atividade descontrolada está associada a

processos crônicos caracterizados por falha na re-epitelialização (Koivisto et al.,

2012).

A formação do tecido de granulação inicia simultaneamente com a re-

epitelialização; contudo, a maturação do tecido conjuntivo leva muito mais tempo e

pode continuar por meses e anos. O tecido de granulação tem por função substituir

a matriz provisória e fornecer suporte para formação do tecido conjuntivo. Pequenos

ferimentos com fechamento primário cicatrizam ligeiramente, com rápida re-

epitelialização e formação de pequena quantidade de tecido de granulação. Porém,

feridas abertas apresentam lento fechamento epitelial e maior formação de tecido de

granulação.

O tecido de granulação é formado por células inflamatórias, como

neutrófilos e macrófagos, que secretam diversos fatores capazes de ativar e recrutar

fibroblastos residentes na margem do ferimento, células mesênquimais progenitoras

e células tipo fibroblastos circulantes. Estas células migram para a matriz provisória,

juntamente com células formadoras de novos vasos sanguíneos, formam o tecido de

granulação e, subsequentemente, transformam-no em tecido conjuntivo.

Semelhante à migração de células epiteliais, a migração de fibroblastos também

depende da indução de certas integrinas e da produção de nova matriz composta

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por fibronectina, Tenascina-C, hialurona, colágeno tipo III, além da expressão de

várias enzimas degradantes da matriz. Os fibroblastos apicais depositam fibras

colágenas que correm paralelamente à superfície do implante sem inserção em sua

superfície. Isto pode ser explicado pela falta de formação do cemento radicular na

interface implante-tecido conjuntivo (Vilar et al., 2012).

Quando uma quantidade suficiente de colágeno é produzida no tecido

de granulação, ocorre a contração do ferimento, reduzindo a área de superfície e

aumentando a velocidade do fechamento da lesão. Essa contração é mediada por

diferentes miofibroblastos que usam os receptores de integrinas para retrair a matriz.

Os miofibroblastos originam-se de fibroblastos locais residentes e/ou de outras

células progenitoras na presença de determinadas moléculas de matriz e fatores de

crescimento incluindo fibronectina e TGF-β1 (Koivisto et al., 2012).

Após a retração da ferida, ocorre a remodelação do tecido de

granulação. Durante este processo, fibroblastos degradam, remodelam e

reorganizam a matriz extracelular. Sinais mecâno-sensoriais alterados do tecido de

remodelação, irão reduzir a atividade extracelular, promovendo a queda na produção

de matriz e a apoptose dos miofibroblastos. O final desta cicatrização em algumas

partes da mucosa oral (gengiva e palato) resulta na formação de um novo tecido

livre de cicatriz e com características histológicas similares ao tecido conjuntivo

normal (Koivisto et al., 2012).

A angiogênese está fortemente associada à formação do tecido de

granulação durante a cicatrização do ferimento. Traumas aos tecidos iniciam o

processo de angiogênese na rede de capilar. Para a migração, as células endoteliais

destacam se da membrana basal e usam seus receptores de integrinas para a

movimentação celular. Esse processo é similar à re-epitelialização, mas envolve

diferentes integrinas. Plaquetas, células inflamatórias, especialmente macrófagos, e

fibroblastos residentes liberam fatores angiogênicos, como VEGF que apresenta

papel crucial na promoção da angiogênese (Koivisto et al., 2012).

1.3 Características Biológicas do Epitélio Juncional

A gengiva, localizada ao redor de cada dente é estruturada para resistir

às forças da mastigação. A gengiva atua como um compartimento e tem a função de

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proteger o tecido ósseo da cavidade oral. Em geral, a gengiva é composta por um

tecido conjuntivo e pelo epitélio gengival que pode ser classificado em: epitélio oral,

epitélio sulcular e epitélio juncional (EJ) (Figura 1) (Shimono et al., 2003). O epitélio

juncional ocupa um papel fundamental na defesa do hospedeiro contra a invasão

bacteriana das doença periodontais, que são caracterizadas pela presença de uma

inflamação crônica induzida pela invasão de produtos de bactérias patogênicas

presentes na placa sub-gengival (Tsukamoto et al.,2012).

O EJ forma uma fina estrutura não queratinizada, localizada entre a

junção cemento esmalte (JCE) e o assoalho do sulco gengival. A inserção do EJ é

realizada por hemidesmossomos (HD) e pela lâmina basal interna (LBI). As células

basais do EJ inserem-se no tecido conjuntivo por HD e pela matriz extra celular

(MEC) na lâmina basal externa (LBE). Os componentes da LBI e da LBE são

análogos porem não são absolutamente idênticas. Devido a esta localização entre o

tecido mole e duro, o EJ apresenta um papel de proteção contra injurias físicas e

bacterianas. As junções intercelulares são livres no EJ que contém apenas poucos

hemidesmossomos, junções aderentes, “gap” juncionais, portanto, permitem que

células e o exsudato inflamatório fluam através do sulco gengival (Bosshardt; Lang,

2005, Masaoka et al., 2008) (Figura 2 e 3).

Figura 1: Gengiva humana saudável vista por microscopia óptica. ABC: crista óssea alveolar; AEFC: fibras extrínsecas do cemento acelular; CEJ: junção cemento-esmalte; CT: tecido conjuntivo gengival; D: dentina; ES: espaço esmalte; GM: margem gengival, JE: epitélio juncional; OGE: epitélio gengival oral, OSE: epitélio sulcular oral, PL, ligamento periodontal. (Bosshardt;Lang, 2005)

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O EJ é derivado do epitélio do esmalte, os ameloblastos deixam uma fina

membrana na superfície do esmalte quando finalizam a formação das matrizes do

esmalte, resultando em um epitélio reduzido do esmalte. Ultra-estruturalmente o EJ

é caracterizado pela presença de células epiteliais atróficas, organelas pobremente

desenvolvidas e amplo espaço intercelular. O espaço intercelular pode incluir um

número variado de neutrófilos transmigrantes e leucócitos mononucleares. Testes

sugerem que o espaço intercelular amplo no EJ é devido ao pequeno número de HD

no tecido estas características morfológicas suportam fortemente a noção que o EJ

é altamente permeável (Shimono et al., 2003; Bosshardt;Lang, 2005).

No epitélio peri-implantar (EPI), a lâmina basal e os HD estão presentes

na região média e apical da interface implante-EPI, porém estão ausentes na porção

mais externa (Figura 4). O EPI adere-se à superfície do implante através da LBI (LBI

compreende as camadas lâmina lúcida e lâmina densa) e HD que se assemelham

muito ao mecanismo pelo qual as células do EJ conectam-se ao dente natural, um

Figure 2. Fotomicrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura mostrando a redução gradual, no sentido apical, do epitélio juncional (JE) em um dente de porco com uma gengiva clinicamente saudável. CEJ, junção cemento-esmalte; CT, tecido conjuntivo gengival; D, dentina; ES, espaço esmalte (Fonte: Bosshardt;Lang, 2005)  

Figura 3. Fotomicrografia confocal do epitélio juncional de rato (JE) mostrando a localização de laminina-5. Imunorreatividade linear pode ser detectada no limite entre o esmalte (E) e JE, correspondente à lâmina basal interna (IBL). Abreviatura: EBL, lâmina basal externa. (Bosshardt;Lang, 2005)

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mecanismo sustentado pela expressão de LM-332 e integrina α6β4 (Kinumatsu et

al., 2008, Atsuta et al., 2013).

O epitélio juncional ao redor dos implantes se origina a partir de células

epiteliais da mucosa oral, resultado de um processo cicatricial, ao contrário do

epitélio de juncional que se origina ao redor dos dentes a partir do epitélio reduzido

do esmalte (Shimono et al., 2003; Bosshardt; Lang, 2005). Desta forma, na literatura

existe o questionamento se as características estruturais e funcionais destes dois

epitélios juncionais são idênticas ou não. Diferenças são observadas a respeito do

posicionamento da porção mais apical do EJ, o qual em dentes se apresenta no

nível da junção cemento esmalte, e em implantes, posiciona-se a uma distancia

variável da margem gengival. Outra diferença entre EJ e EPI está na ausência da

camada de cemento e das fibras de Sharpey. Consequentemente, os feixes de

fibras colágenas no dente (fibras dento-gengivais, dento-periodontais e circulares)

estão inseridas perpendicularmente à superfície do dente, enquanto que em

implantes, uma densa rede de fibras colágenas esta presente, estendendo se da

crista óssea alveolar paralelamente à superfície do implante (Rompen et al., 2006;

Piattelli et al., 2011).

O tecido conjuntivo localizado sob o EPI consiste de colágeno tipo I e III,

enquanto o tecido conjuntivo supra-crestal é composto principalmente por colágeno

tipo I. Um estudo ultra-estrutural e imunohistoquímico da interface do implante

Figura 4: Comparação da adesão epitelial à superfície do dente (A) e a superfície do implante dentário (B). Epitélio se adere ao implante por um epitélio peri-implantar longo em comparação com o dente. A lâmina basal interna (IBL) contendo laminina 332 (LM332) pode estar presente apenas no terço apical da interface implante epitélio juncional. JE: epitélio juncional, CT: Tecido conjuntivo (Larjava et al., 2011)  

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revelou que o EPI se associa ao implante via hemidesmossomos (Shimono et al.,

2003, Piattelli et al., 2011).

A dimensão do complexo dento-gengival (distância da gengiva marginal

ao osso) tem sido relatada como sendo levemente maior para implantes orais (2,85-

3,8 mm) do que a dimensão correspondente ao complexo ao redor do dente (2,72-

3,25 mm), independente do fato dos implantes estarem submersos (Larjava et al.,

2011). Tem se relatado que o espaço biológico do dente natural é em torno de 2

mm, composto por 1 mm de inserção epitelial mediada pelo EJ e 1 mm de inserção

de tecido conjuntivo gengival. Diversos estudos relataram que o EPI possui

aproximadamente 2 mm de extensão (Rompen et al., 2006; Piattelli et al., 2011).

Assim o aumento na dimensão do complexo dento-gengival ao redor de implantes

orais é devido ao aumento do comprimento do EPI, sugerindo que superfícies

convencionais de implantes não podem deter a formação da “inserção epitelial

longa” (Larjava et al., 2011).

Alguns estudos relatam que apenas o terço inferior do EPI adere-se ao

implante (Figura 4). A expressão de LM-332 entre o EPI e a superfície do implante

parece estar limitada apenas à parte mais inferior do EPI (Larjava et al 2011).

1.4 Integrinas

As Integrinas desempenham um importante papel em todos os processos

baseados no desenvolvimento e manutenção de interações célula-célula e célula-

matriz. Isto inclui a adesão de células basais do epitélio a membrana basal, adesão

de células epiteliais umas as outras, e também proliferação, diferenciação, apoptose,

migração e cicatrização de ferimentos (Larjava et al., 2011, Koivisto et al., 2012,). Nos últimos 20 anos, os receptores de adesão celular da família das

integrinas têm sido identificados em todos os vertebrados. Integrinas pertencem a

uma família de moléculas de adesão celular (MAC), expressas por numerosos tipos

celulares e que atuam como receptor de superfície para diferentes componentes da

MEC. Cada integrina é um heterodímero constituído em uma subunidade α e uma

subunidade β independentes (Figura 5). Cada subunidade possui um domínio

extracelular (N-terminal), um domínio transmembrana e um domínio citoplasmático

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(C-Terminal), conforme ilustrado na Figura 6A (Graber et al., 1999; Hynes, 2002;

Hynes, 2004; Luo et al., 2007).

Após interação do ligante com as diferentes subunidades de integrinas, o

domínio citoplasmático interagem com membros do citoesqueleto por múltiplas e

complexas interações. As ligações das integrinas ao citoesqueleto, desencadeiam

uma grande variedade de eventos de transdução de sinais em um processo de via

dupla que regula a expressão gênica, que servem para modular diferentes aspectos

do comportamento celular, incluindo proliferação, sobrevivência/apoptose,

morfologia, polaridade, mobilidade e diferenciação (Figura 6B) (Hynes, 2002).

Portanto, integrinas são receptores de adesão celular que se ligam às

proteínas da MEC, como fibronectina e colágeno. Dentro da célula, o domínio

citoplasmático das integrinas associa-se a proteínas do citoesqueleto e assim

medeiam a informação da MEC para dentro da célula, desencadeando um processo

Figura 5: Família de receptores de integrina em vertebrados (Fonte: Hynes, 2002).    

Figura 6: Estrutura das integrinas (A) Domínios extracelulares, transmembranosos e citoplasmáticos. (B): Estado de ativação e diferentes conformações das integrinas (Fonte: Larjava et. al., 2011)    

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que regula a expressão gênica, proliferação e migração celular (Hynes, 2002, Hynes

2004).

Integrinas são expressas por vários tipos celulares, como: células

epiteliais, fibroblastos, osteócitos, células endoteliais, leucócitos, linfócitos e

plaquetas. Estudos imunohistoquímicos mostraram que 5 integrinas, subunidades

α2, α3, α6, β1 e β4, são sempre expressas por todas as células epiteliais,

independente do tecido estar saudável, inflamado ou em processo de cicatrização

(Hormia et al., 1990; Graber et al., 1999).

Queratinócitos basais presentes em epitélios saudáveis expressam

principalmente as integrinas α3β1, α2β1, α9β1 e α6β4, que atuam tanto na

ancoragem das células à membrana basal, como na manutenção da proliferação

epitelial normal e dos padrões de diferenciação. Durante a cicatrização, os

queratinócitos precisam ajustar seus receptores de integrinas para se aderir e migrar

sobre as proteínas da matriz do ferimento. Assim, uma exposição às moléculas

presentes na nova matriz e a influência de fatores de crescimento e citocinas

presentes no ambiente do ferimento, promovem uma mudança no nível de

expressão e/ou distribuição das integrinas dos queratinócitos existentes assim

induzindo uma matriz nova de receptores, mais notavelmente os 3 receptores de

fibronectina: α5β1, αvβ1 e αvβ6 (Larjava et al., 1993, Larjava et al., 1996, Larjava et

al., 2011; Koivisto et al., 2012). Os diferentes tipos de integrinas expressas por

queratinócitos presentes em tecidos durante processo de cicatrização foram

resumidas na quadro 1.

A Integrina α2β1 tem sido descrita como o principal receptor de colágeno

tipo I, IV, VI e laminina. A ligação desta integrina com colágeno é de alta afinidade o

que, portanto, torna improvável sua atuação no processo de migração celular. No

entanto, esta interação pode induzir a expressão de MMP-1 em queratinócitos,

produzindo uma desnaturação localizada na matriz de colágeno. No tecido em

cicatrização, a maior parte da cadeia de LM-332 produzida por queratinócitos

apresenta-se na forma não processada, que pode servir como ligante para a

integrina α2β1 para mediar migração de queratinócitos (Larjava, 1993; Gräber,

1999).

Estudos in vivo e in vitro têm demonstrado a presença de α2, α3, β1 na

região de contato intercelular das células epiteliais de camadas basais e também de

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algumas camadas supra-basais. À medida que aumenta a diferenciação para as

camadas mais externas do epitélio, as células epiteliais param de expressar

integrinas. Larjava et al. (1993), em experimentos in vitro, dissociaram os contatos

intercelulares entre as colônias de células epiteliais usando anticorpos contra β1,

porém não foi observado perda do contato desta células com a MEC, sugerindo que

a função principal desta é a de uma molécula de adesão.

Interessantemente, o EJ saudável parece expressar integrinas que estão

presentes em queratinócitos na mucosa oral e pele durante a re-epitelialização de

ferimentos incluindo a expressão de αVβ6. Isto sugere que as células do EJ

permanecem constantemente em estado ativo similar ao que ocorre durante a

cicatrização, conforme ilustra a quadro 2 (Larjava, 2011).

A integrina αvβ6 é uma exclusiva proteína de adesão epitelial que está

ausente na maioria das partes da epiderme normal e mucosa oral saudáveis, porém

é peculiarmente expressa no EJ e epitélio oral da papila gengival. Estudos in vitro

demonstraram que a αvβ6 liga-se a MEC por interação com fibronectina, tenascina,

vitronectina e TGF-β1 latente (Koivisto et al., 1999). Outros estudos têm sugerido

que a principal função da integrina αvβ6 in vivo pode não estar relacionada somente

à adesão celular, mas também com sua habilidade de ativar TGF-β1 latente. A

primeira evidencia desta função vem de estudos que mostraram que a inativação do

gene β6, resulta em uma alteração na resposta inflamatória na pele e pulmão,

associada à sinalização alterada de TGF-β1, cuja função característica é a de

imunoregulação (Wahl et al., 2004, Li et al., 2006). Assim tem sido sugerido que a

ativação de TGF-β1 mediada por integrinas possa regular a função anti-inflamatória

em muitos tecidos, incluindo os tecidos moles da cavidade oral e pode ter um papel

protetor nos tecido periodontais (Ghannad et al., 2008). Durante a doença

periodontal, a proliferação aumentada de queratinócitos no EJ pode também

contribuir para a formação de bolsa, uma vez que a expressão reduzida de αvβ6

resultaria em uma menor ativação de TGF-β1 e, consequentemente, proliferação

aumentada de células do EJ. Pouco sabe se sobre a expressão de integrinas no

EPI, portanto é possível hipotetizar que um menor nível de adesão poderia contribuir

para a formação de lesões inflamatórias e perda óssea ao redor dos implantes

(Larjava et al., 2011).

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Integrina Ligantes

Epiteliais Funções Envolvimento em re-epitelialização em modelos

animais Referências

α2β1 Colágeno (tipo I e III com alta avidez, LM-332, MMP-1

Regula expressão e localização de MMP-1: medeia a migração de Queratinócitos no colágeno fibrilar e LM-332: pode ajudar o sistema imune epitelial inato.

Re-epitelialização normal em ratos knockout para integrinas α2; aumenta a neoangiogenese.

Pilcher et al., 1997. Zweers et al., 2007.

α3β1 LM-332, outras Lamininas, (Colágeno, fibronectina)

Liga-se ao LM-332 recém depositada: regula a manutenção da membrana basal; mantém a adesão de queratinócitos durante a migração; promove a sobrevivência de queratinócitos; regula a polarização celular; atrasa a migração de queratinócitos; controla a angiogênese e medeia as repostas de TGF-β1

Migração de queratinócitos é levemente acelerada ou não afetada com a proliferação normal em queratinócitos em ratos knockout para integrina-alvo α3; re-epitelialização é retardada em integrinas α3 nula de enxertos em pele de ratos.

Carter et al., 1991 Mitchell et al., 2009

α5β1 Fibronectina Promove migração de queratinócitos; medeia a sinalização de crescimento celular e suprime a apoptose.

Não testada (fenótipo embrionário letal) Cavani et al., 1993 Bata-Csorgo et al., 1998

α9β1 Tenascina C; Fibronectina

Pode regular a migração celular em TN-C e FN; controla proliferação de queratinócitos

Migração reduzida de queratinócitos, epitélio de migração mais fino e fechamento da ferida atrasada em queratinócitos-alvo em ratos knockout para integrina alfa 9.

Palmer et al., 1993 Singh et al., 2009

α6β4 LM-332 e outras LMs

Promove adesão, mobilidade e proliferação de queratinócitos, pode regular a sinalização de HGF

Supressão do domínio intracelular sinalizador integrina β4 causa desaceleração a re-epitelialização do ferimento e reduzida migração de queratinócitos.

Larjava et al., 1993 Trusolino et al., 2001 Nikolopoulos et al., 2005

αvβ1 FN, VN, TGF-β1

Medeia adesão celular para fibronectina, pode ajudar sequestrar um grupo de TGF-beta1 inativos na estreita proximidade das células

- Larjava et al., 2004 Munger et al., 1998 Munger et al., 1999

αvβ5 VN, TGF-B1 Pode mediar a migração de queratinócitos em VN

Re-epitelialização normal em ratos knockout para integrinas β5

Munger et al., 1998 Juhasz et al., 1993 Huang et al., 2000

αvβ6

FN, TN-C, VN

Regula inflamação e proliferação de

Re-epitelialização normal em ratos knockout

Larjava et al., 2003

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TGF-β1 latente

queratinócitos; contribui para a organização da membrana basal e remodelação do tecido de granulação; ativador de TGF-B1 e TGF-B3; induz a expressão MMP-9

para integrins β6; rápido avanço epitelial e proliferação de queratinócitos mais robustos em ratos knockout depois de tratamento com glicocorticoides; ratos com super-expressão de integrinas β6 são susceptíveis a ferimentos crônicos não cicatrizados

Munger et al., 1999 Haapasalmi et al., 1996 Breuss et al., 1995 Xie et al., 2009

αvβ8 LM-111, colágeno tipo IV, FN, TGF-β1

- - Steep et al., 1999 Cmabier et al., 2000

Quadro 1: Integrinas dos Queratinócitos presentes na re-epitelialização.(LM: Laminina; MMP: Matriz Metaloproteínase; TGF-β1: Fator de crescimento transformador β-1; TN-C; Tenascin-C; FN: Fibronectina; VN: Vitronectina.

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A Componentes da Lâmina Basal

LBE LBI B Integrinas EJ EG EGC

LM111 √ - α2β1 √ √ √ LM332 √ √ α3β1 √ √ √ LM511 √ - α5β1 √* - √ Colágeno Tipo-IV √ - α9β1 ? √ √ Colágeno tipo-VIII ? √ α6β4 √ √ √ Perlacan √ - αvβ1 ? - √ Versican ? √ αvβ6 √ - √ Tenascin-C √ √* Quadro 2: (A) Composição molecular da LBE e LBI do EJ. (B) Expressão de integrinas no EJ, Epitélio Gengival Queratinizado (EG), e epitélio gengival em cicatrização (EGC). √Molécula presente; √*Expressão variável; - Não presente; ? Não relatada; LBE: Lâmina Basal externa; LBI, Lâmina Basal Interna; EJ: Epitélio juncional; EG, Epitélio Gengival; EGC: Epitélio Gengival em Cicatrização (Fonte: Larjava et al., 2011)

1.5 Superfícies de Implantes

Os implantes dentários em função ultrapassam a mucosa e entram em

contato com a cavidade oral, estabelecendo assim uma conexão transmucosa entre

o ambiente externo e as partes internas do organismo. Para evitar penetração

bacteriana, a formação de uma barreira efetiva e estável, capaz de proteger

biologicamente as estruturas peri-implantares, é de suprema importância. Essa é

uma parte crítica do processo de integração dos tecido moles, e pode ser

influenciada pela constituição química do material, topografia de superfície e tipos de

conexões. A qualidade e a estabilidade da interface implante-tecido mole são de

extrema importância para a preservação do osso marginal e para um bom

prognóstico dos implantes orais (Rompem et al., 2006; Rompen, 2012). Ziztmann

et al. (2002) realizaram um estudo em cães com o objetivo de avaliar algumas

reações da mucosa peri-implantar frente ao acúmulo de placa sobre pilares

protéticos com superfícies rugosa e polida. Após 6 meses de acúmulo de biofilme

bacteriano, foi observado o estabelecimento de lesões inflamatórias no tecido

conjuntivo da mucosa peri-implantar. No entanto, a localização, o tamanho e a

composição das lesões não foram diferentes para as superfícies polidas e rugosas,

o que sugere que as diferentes características de superfície de contato de titânio não

influenciaram na formação da placa e no estabelecimento de lesões de células

inflamatórias na mucosa peri-implantar. Wennerberg (2003) realizou estudo em

humanos e encontrou diferenças na quantidade de placa acumulada entre os

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indivíduos que fizeram parte do estudo, porém não foi observada quanto à

rugosidade de superfície em relação à quantidade de placa e ao número de células

inflamatórias após 4 semanas de instalação dos implantes.

As características de superfície dos pilares protéticos podem ter um papel

relevante no acúmulo de biofilme bacteriano e subsequente desenvolvimento de

uma doença peri-implantar. De fato, superfícies usadas na porção transmucosa do

pilar deveriam ajudar na redução da adesão bacteriana, diminuindo a formação de

placa e a inflamação dos tecidos peri-implantares. Por outro lado, a microtextura de

superfície poderia também ajudar na integração dos tecidos moles. Sabe-se que a

topografia de superfície pode influenciar na orientação e proliferação das células na

superfície de titânio. Portanto, a topografia de um pilar poderia minimizar a adesão

bacteriana e permitir uma melhor inserção epitelial e conjuntiva (Nevins et al., 2010;

Degidi, 2012, Mangano et al., 2014).

Atualmente, existe um grande número de processos de tratamento para

alterar a topografia da superfície dos implantes de titânio. Superfícies hidrofílicas

facilitam a integração de tecidos moles e duros mais do que a microtopografia

(Schwarz et al., 2007). Estas superfícies de titânio hidrofílicas são caracterizadas por

uma nanoestrutura e melhorias na superfície de energia livre de TiO2. Estudo mais

recente demonstrou que superfícies modificadas melhoraram a reatividade de

fibronectina e a proliferação celular, e consequentemente estabeleceram uma maior

ligação de fibras colágenas durante os primeiros estágios de cicatrização (Schwarz

et al., 2013).

Recentemente, um novo processo de confecção de implantes vem sendo

utilizado, o sistema Direct Laser Metal Forming (DLMF, Leader-Novaxa, Cinisello

Balsamo, MI, Italy). Neste caso, o procedimento de formação de metal ocorre por

meio da incidência de um feixe de laser de alta potência direcionado para uma

camada de pó metálico (titânio em pó), e programado para fundir partículas de

acordo com arquivos CAD (Computer Assistence Design), gerando uma camada fina

de metal. A aposição de camadas subsequentes determina o formato 3D desejado

com a necessidade de mínimos ajustes pós-processamento. Com o DLMF, é

possível fabricar implantes dentários com diferentes formas e micro-características

de superfície, diretamente dos modelos CAD (Shibli et al., 2010) (Figura 8).

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As modificações nas superfícies de pilares e implantes tem como objetivo

criar uma superfície ideal a qual poderia modular o comportamento celular do

epitélio peri-implantar, além de oferecer uma barreira mecânica ao tecido conjuntivo,

melhorando a adesão em nível molecular do epitélio juncional, via atuação das

integrinas.

No entanto, até o momento, não foram encontrados estudos clínicos e

moleculares sobre o efeito de diferentes topografias de superfície no prognóstico do

implante. Resultados de estudos in vitro e in vivo sugerem que a rugosidade e

textura da superfície podem ter um impacto sobre os eventos iniciais da cicatrização,

influenciando a inserção, orientação, proliferação e o metabolismo das células

epiteliais e do tecido conjuntivo (Rompen et al., 2006).

Figura 8: Fotomicrografia da superfície DMLF. (Barr = 500um) (Shibli et al., 2010)

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2.PROPOSIÇÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência de diferentes

topografias de superfície de cicatrizadores sobre os níveis de expressão

gênica das integrinas α2, β1, αv e β6 nos tecidos peri-implantares.

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3.MATERIAL E MÉTODOS

3.1 População de estudo

Participaram deste estudo um total de 13 pacientes, 5 homens e 8

mulheres. O protocolo experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética da

Universidade de Guarulhos (ANEXO 1) e os pacientes assinaram um termo

de consentimento livre e esclarecido (ANEXO 2). Além disso, todos os

pacientes concordaram em participar de um programa de controle pós-

operatório.

Os critérios de inclusão utilizados neste estudo foram higiene

bucal controlada, ausência de lesões na cavidade bucal, rebordo ósseo

residual suficiente para a instalação de um implante dentário de 3,75 mm de

diâmetro e uma ampla faixa de tecido queratinizado.

Os critérios de exclusão eram volume ósseo insuficiente,

qualidade óssea tipo 4, alto grau de bruxismo, fumantes, consumo excessivo

de álcool, radioterapia, quimioterapia, doenças hepáticas, doenças

sanguíneas, doenças renais, imunodeprimidos, uso corticoesteróides,

gestantes e lactantes, doenças inflamatórias e autoimunes da cavidade oral

e pobre higiene oral.

3.2 Desenho experimental

Todos pacientes receberam implantes de hexágono interno

(Conect AR CONEXÃO, São Paulo, Brasil) de 3.75 mm de diâmetro e

diferentes comprimentos (entre 10 e 13mm), instalados nas regiões

posteriores da maxila e mandíbula Os implantes foram instalados de acordo

com a técnica preconizada pelo fabricante. Após a instalação dos implantes

e conferência de torque (mínimo de 20 N), os implantes receberam

imediatamente seus respectivos cicatrizadores provendo assim, condições

clínicas para implantes de estágio único. Foram utilizados os cicatrizadores

experimentais (TIXOS, LEADER, Cinisello Balsamo, MI, Itália), com média

de rugosidade (Ra=66.8 +- 6.56 um), rugosidade média de 10 pontos

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(Rz=358.3+-101.87) e (Rq=77.55 +- 11.09 um) parâmetros típicos de altura.

Estes cicatrizadores possuíam 4 mm de diâmetro e 4 mm de altura com

quatro tipos de topografias diferentes: grupo RR (superfície totalmente

rugosa); grupo PR ( parte superior polida + parte inferior rugosa); grupo RP,

(parte superior rugosa + parte inferior polida); grupo PP, (superfície

totalmente polida), conforme ilustrado na Figura 9.

Após instalação dos cicatrizadores e conferência de adaptação à

plataforma dos implantes por meio de radiografias periapicais, o tecido

mucoso foi suturado ao redor dos cicatrizadores com fio de nylon 5.0. Foram

instalados um total de 40 implantes dentários, sendo que os cicatrizadores

foram inseridos consecutivamente , resultando 40 cicatrizadores

(n=10/grupo). Todos os pacientes foram submetidos a sessões de higiene

oral e incluídos em um programa de manutenção de avaliação e orientação

de higiene oral semanal.

Após período de cicatrização de 30 dias, uma biópsia da mucosa

peri-implantar foi realizada com um bisturi 15c ao redor dos cicatrizadores .

As dimensões médias da biópsias peri-implantares foram de 2,0 mm de

espessura por 3,0 mm em altura.

Imagens ilustrativas do processo de instalação de

implantes/cicatrizadores, após 30 dias de cicatrização e coleta das amostras

de mucosa peri-implantar estão representadas nas figuras 10 e 11.

Grupo    RR  

Grupo    PR  

Grupo    RP  

Grupo    PP  

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Figura 10: Imagens ilustrativas da área de instalação dos implantes e pilares de cicatrização

(A) e da radiografia (B). Em C e D, imagens ilustrativas dos implantes e pilares de

cicatrização instalados e radiografia da área, respectivamente.

Figura 11: Imagens ilustrativas 7 (A) e 30 (B) dias após a instalação dos implantes e pilares

de cicatrização. Em C imagens ilustrativa do momento da remoção da mucosa peri-implantar

(vista oclusal) e amostra de mucosa peri-implantar removida (D).

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  31  

3.3 Avaliação da expressão Gênica.

3.3.1 Extração do RNA

Imediatamente as amostras de tecido mucoso peri-implantar foram

acondicionados em uma solução de RNAlater® (Ambion Inc., Austin, TX,

EUA), para evitar a degradação do RNA. As amostras permaneceram

incubadas a 4oC durante 24 horas e em seguida foram armazenadas a -20oC

até o momento da extração. Primeiramente, a solução de RNA later foi

aspirada e o tecido foi acondicionado em nitrogênio líquido para trituração. A

amostra triturada foi então colocada no reagente TRIZOL (Gibco BRL, Life

Technologies, Rockville, MD, EUA), homogeneizada durante 30 segundos e

incubada por 5 minutos à temperatura ambiente. Após esse período, foi

adicionado clorofórmio (Sigma, St. Louis, MO, EUA), as amostras foram

agitadas em vórtex e centrifugadas a 11500 rpm por 15 minutos em uma

temperatura de 4oC. A porção aquosa foi transferida para outro tubo, no qual

foi adicionado isopropanol, agitado, incubado por 20 minutos a uma

temperatura de – 20oC e centrifugado da mesma forma como descrito acima.

As amostras de RNA foram subsequentemente resuspensas em

aproximadamente 50 µL, de água tratada com dietilpirocarbonato (DEPC) e

armazenadas a –70oC. Finalmente, a concentração de RNA foi determinada

por meio de um espectrofotômetro. Em seguida, 1 µg do RNA total foi

avaliado quanto a sua qualidade por meio de eletroforese em gel de agarose

1%.

3.3.2 Tratamento com DNAse

As amostras de RNA total foram tratadas para a eliminação de

qualquer resíduo de DNA com DNAse (DNA-free TM, Ambion Inc., Austin, TX,

EUA), conforme recomendação do fabricante. Nos tubos contendo o RNA

total extraído foi adicionada a solução tampão e a DNAse turbo, baseado na

concentração de RNA previamente avaliada. Após agitação e centrifugação,

as amostras permaneceram incubadas a 37oC durante 30 minutos.

Finalmente, foi acrescentado o inativador e a solução foi agitada e

centrifugada. O RNA total foi novamente quantificado por meio de um

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  32  

espectrofotômetro.

3.3.3 Transcrição reversa

Um total de 2 µg da amostra de RNA total livre de DNA foi

utilizado para a síntese do cDNA. As reações foram realizadas para um

volume final de 30 µL utilizando o kit First-Strand cDNA Synthesis (Roche

Diagnostic Co., Indianápolis, IN, EUA), seguindo as recomendações do

fabricante. Inicialmente, as amostras foram incubadas por 10 minutos a 25oC

e, em seguida, por 60 minutos a 42oC. Concluída a segunda etapa de

incubação, as amostras foram incubadas por 5 minutos a 95oC e então por 5

minutos a 4oC para resfriamento. Os reagentes utilizados e suas respectivas

concentrações foram: solução tampão (1x), MgCl2 (5mM),

desoxinucleotídeos (1mM), primers randomizados (3,2µg), inibidor de RNAse

(50U), e trancriptase reversa AMV (20U).

3.3.4 Análise da expressão gênica por Real-time PCR (RT-PCR)

3.3.4.1 Desenho dos Primers

Os primers para GAPDH (glycerin-aldehyd-3-phosphat-

dehydrogenase, gene de referência), α2, β1, αv e β6 foram desenhados com

o auxílio de um programa desenvolvido especificamente para elaboração de

primers para o LightCycler (Roche Diagnostics GmbH, Mannheim,

Alemanha). Todos os primers foram verificados quanto a sua especificidade

por meio da análise da curva de Melting utilizando-se sempre controles

positivos e negativos. No Quadro 3 podem ser observadas a sequência dos

primers, o perfil das reações e a tamanho dos amplicons.

3.3.4.2 Otimização das reações

A eficiência das reações para cada gene foi otimizada anteriormente ao

início das reações propriamente ditas. Concentrações variando de 2,5 a 5 M

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  33  

de cada par de primers foram utilizadas para se determinar em quais

condições a reação apresentava a melhor eficiência, conforme sugestões do

fabricante do equipamento, escolheu-se a de 5 µM. Gene Sequencia (5’ – 3’) Perfil de Amplificação

[temperatura (°C)/ tempo (s)]

Tamanho do Amplicon

(bp)

α2 F: AGCCTATTCGAGCTGCC 95/10; 56/5; 72/10 290

R: CAGTGTTGTATGCACTTTCCC

β1 F: GTAACAATGGAGAGTGCGTC 95/10; 54/10; 72/10 300

R: GCTCTGCACTGAACACATTC

αv

β6

F: CACCAACTCCACATTGGTTAC 95/10; 56/7; 72/10

95/10; 56/7; 72/10

289

295

R: CTGCAGTTAAGTTTCTGAGTTTCC

F: GTACTGCAACTGCACCAC

R: GCAGCTCCGTTTAGAGTTAC

GAPDH F: CTGAGTACGTCGTGGAGTC 95/10; 56/5; 72/7 250

R: TGATGATCTTGAGGCTGTTGTC

Quadro 3: Porcentagem de resíduos de guanina (G) e citosina (C) e a temperatura de

Melting (TM) dos primers. (GADPH = glycerin-aldehyd-3-phosphat-dehydrogenase)

3.3.4.3 Reações de RT-PCR

As reações de RT-PCR foram realizadas com o sistema

LightCycler (Roche Diagnostics GmbH, Mannheim, Alemanha), utilizando o

kit FastStart DNA Master SYBR Green I (Roche Diagnostics GmbH,

Mannheim, Alemanha). O perfil das reações foi determinado seguindo o

protocolo sugerido pelo fabricante do equipamento. Para cada uma das

análises, água foi utilizada como controle negativo, e o produto das reações

foi quantificado utilizando-se o programa do próprio fabricante (LightCycler

Relative Quantification Software - Roche Diagnostics GmbH). Os níveis de

expressão do gene GAPDH foram utilizados como referência (housekeeping)

para a normalização dos valores.

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  34  

3.4 Análise estatística A análise estatística foi realizada pelo programa Prism 6.0 (GraphPad

Software Inc., San Diego, CA, EUA). Inicialmente, os dados foram analisados

quanto a normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk e quando detectada

ausência de normalidade dos valores, foram utilizados métodos estatísticos

não paramétricos. As diferenças na frequência dos gêneros foram

avaliadas pelo teste exato de Fisher. A idade dos indivíduos incluídos no

estudo foi avaliado por ANOVA. Todos os dados demográficos foram

apresentados como média e desvio padrão, exceto gênero. As comparações

na expressão gênica das integrinas α2, β1, αv e β6 foram realizadas por

Kruskal Wallis e as comparações das diferenças significativas entre pares

de grupos foram realizada pelo teste de Dunn. Os resultados foram

expressos em mediana e valor mínimo e máximo

Para todas as análises, o nível de significância foi estabelecido em 5%

(p<0,05).

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  35  

4. RESULTADOS

Todos os indivíduos incluídos no estudo apresentavam sinais clínicos de

saúde periodontal, respeitando os critérios de inclusão e exclusão. Inicialmente foi

obtido um total de 40 amostras divididas para os quatro grupos experimentais

(n=10/grupo). Durante os processos de extração de RNA foram excluídas duas

amostras (pertencentes aos grupos 1 e 4) que não apresentavam qualidade

necessária para prosseguir nas análises. Na etapa do PCR em Tempo Real (RT-

PCR), outras duas amostras não apresentaram expressão do gene de referência

(GAPDH) e também foram excluídas das demais análises (pertencentes aos grupos

2 e 3), totalizando 9 amostras para cada grupo.

A população de estudo foi composta por 13 indivíduos, dos quais 5 eram

homens e 8 mulheres, com idade média de 38 anos. Não foi observada diferenças

significativas dentre os grupos estudados para idade ou sexo (p>0,05).(Quadro 4)

Pacientes Idade No.

Cicatrizadores Grupo

RR Grupo

PR Grupo

RP Grupo

PP P1 41 3 X X X P2 33,2 3 X X X P3 33,9 6 X XX XX X P4 41,8 3 X X X P5 32,1 3 X X X P6 31,1 1 X P7 35,5 4 X XX X P8 46,7 3 X X X P9 45,11 4 X X X X

P10 45,8 1 X P11 50,11 4 X X X X P12 26,8 4 X X XX P13 50,6 1 X

38,75+-0,83 40 10 10 10 10

Os resultados de expressão gênica das subunidades α2, β1, αv, β6 de integrinas em relação ao gene de referencia GAPDH estão apresentados na Figura 12.

Não foram detectadas diferenças significativas entre os níveis de

expressão gênica para as subunidades α2, αv e β6 de integrinas para os grupos RR

(totalmente rugoso), grupo PR (parte superior polida + parte inferior rugosa), grupo

RP (parte superior rugosa + parte inferior polida) e grupo PP (totalmente polido)

(p<0,05).

Quadro 4: Relação do número de cicatrizadores instalados em cada paciente.

X: amostras perdidas.

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O grupo RR (totalmente rugoso) apresentou maiores níveis de expressão

gênica da subunidade β1 quando comparados aos grupo PR (parte superior polida +

parte inferior rugosa, p= 0,006), RP (parte superior rugosa + parte inferior polida,

p=0,031) e PP (totalmente polido, p= 0,01).

Figura 12: Níveis de expressão gênica das integrinas α2 (A), β1 (B), αv (C), β6 (D) em relação a

expressão do gene de referencia (GAPDH: glycerin-aldehyd-3-phosphat-dehydrogenase).

* Representa significância estatística pelo método não paramétrico de Kruskall Wallis e Dunn

(p<0,05).

RR PR RP PP RR PR RP PP

RR PR RP PP RR PR RP PP

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  37  

5. DISCUSSÃO

No presente estudo foi avaliada a influência da topografia de superfície

dos pilares de cicatrização, fabricados nos sistema DLMF, por meio da avaliação da

expressão gênica das subunidades de integrinas α2, β1, αv e β6. Os resultados

mostraram que as diferentes superfícies testadas não promoveram diferenças na

expressão gênica das subunidades de α2, αv e β6. Porém, para a subunidade β1 de

integrina foi observada uma maior expressão nos tecidos coletados dos indivíduos

que receberam cicatrizadores do grupo RR (totalmente rugoso) em relação aos

demais grupos Esta observação ratifica o estudo de Schwarz et al., (2007), realizado

em cães, no qual por meio de teste histomorfométricos e imunohistoquímicos, foi

demonstrado que superfícies hidrofílicas influenciaram a integração de tecidos moles

e duros. Mais recentemente, Schwarz et al. (2013) realizaram estudo em humanos e

observaram que superfícies hidrofílicas melhoraram a adesão dos tecidos peri-

implantares, conferidos através de exames histológicos em contato epitelial e

contato do tecido conjuntivo subepitelial à superfície do pilar.

Integrinas formam uma família de receptores celulares fundamentais na

adesão celular, na regulação da função dos queratinócitos, na cicatrização e na

sinalização intracelular inicial em resposta aos componentes da matriz extracelular

(Larjava et al., 1993; Häkkinen, 2004). A interação entre integrinas e os

componentes da ECM desempenha um papel central em todos os processos que

formam a base para a re-epitelialização de ferimentos, como também na

regeneração do epitélio juncional (Gräber et al., 1999). Astuta et al. (2005)

propuseram o termo epitélio peri-implantar (EPI) para distinguir o epitélio juncional

ao redor de implantes dentais daquele localizado ao redor do dente. Neste estudo

realizado em ratos, os autores demonstraram que na porção apical do EPI é o local

de adesão das células epiteliais à superfície do implante. O epitélio juncional é

derivado do epitélio reduzido do esmalte, enquanto que o epitélio juncional do peri-

implante é resultado de um processo cicatricial do epitélio oral da mucosa oral

(Shimono et al, 2003; Bosshardt; Lang 2005).

Surpreendentemente, até o presente momento, não foram encontrados

estudos que avaliassem a adesão epitelial por meio da análise da expressão gênica

para estas integrinas em tecidos peri-implantares, o que impediu uma comparação

direta dos dados obtidos no presente estudo com os disponíveis na literatura.

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Por outro lado, a grande maioria dos estudos em tecido gengival humano

analisam a presença das integrinas em tecidos gengivais utilizando a metodologia

de imunohistoquimica ou imunofluorescência (Hormia et al., 1990; Larjava et al.,

1990; Larjava et al 1993; Haapasalmi et al., 1995). Hormia et al. (1990) relataram

que a subunidade de integrina β1 foi expressa na membrana de células basais do

epitélio gengival, ao longo do epitélio juncional, e em células do tecido conjuntivo,

incluindo células endoteliais, sendo que a maioria dos eventos de adesividade

celular à matriz extracelular são mediados pelas integrinas β1 (Del Castilho et al.,

1996) e, que, além da função de adesão, a subunidade β1 das integrinas também

apresenta um importante papel na manutenção da interação célula-célula (Larjava,

1991). Dessa forma, o aumento da expressão da subunidade de integrina β1

observada para o grupo de indivíduos que receberam cicatrizadores com superfície

totalmente tratada, sugere que este tipo de pilar pode favorecer a migração e

adesão do epitélio e assim beneficiar o processo de cicatrização e melhorar e/ou

aumentar a adesão do epitélio juncional à superfície do titânio. Embora, o presente

estudo tenha avaliado a expressão de integrinas na mucosa peri-implantar trinta dias

após a instalação de cicatrizadores com diferentes topografias de superfície e,

sabendo-se que estes pilares, em situações clínicas, são utilizados

temporariamente, o modelo experimental utilizado no presente estudo simulou o

comportamento da mucosa peri-implantar aos pilares protéticos, conforme realizado

em estudos prévios (Wennerbreg et al., 2003; Degidi et al., 2005; Degidi et al., 2012;

Schwarz et al., 2013)

Além disto, é importante ressaltar que a subunidade β1 das integrinas

tem a capacidade de interagir com múltiplas diferentes subunidades de integrinas.

Embora, no presente estudo não tenha sido detectado aumento nos níveis de

expressão da subunidade α2 de integrina, é possível que outras subunidades α

possam ter seus níveis de expressão, tais como: α1, α10 e α11 que se ligam a

colágeno; α3, α6 e α7, que se ligam a laminina, um importante componente do EPI;

e principalmente α5, αv e α8, que atuam como receptores RGD (Arg-Gly-Asp) e

constituem um dos principais sistemas de adesão celular (Hormia et al 1990,

Ruoslahti, 1996; Hynes, 2002). Novos estudos, avaliando os níveis de expressão de

outras integrinas são necessários para uma melhor compreensão dos mecanismos

envolvidos na re-epitelialização pós-implante.

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  39  

No presente estudo não foram observadas diferenças nos níveis de

expressão das subunidades αv e β6 para os indivíduos que receberam

cicatrizadores de diferentes topografias. Porém, não foram encontrados estudos

avaliando a presença das integrinas em tecido peri-implantares o que impede uma

comparação com resultados obtidos. Interessantemente, Larjava et al. (2011) sugere

que a principal função da αvβ6 in vivo pode não estar diretamente relacionada à

adesão epitelial, mas à habilidade desta integrina em ativar o TGFβ-1 latente. Essa

citocina faz parte de uma família de polipeptídeos que apresentam diversas funções

regulatórias no reparo tecidual e no sistema imune. Estudos avaliando a integrina

αvβ6 e sua atividade no periodonto, sugerem uma associação da atividade desta

integrina na doença periodontal e relacionada com TGFβ-1 (Koivisto et al 1999;

Häkkinen et al., 2004; Ghannad et al., 2008). Koivisto et al. (1999) demonstraram

que a adição de TGF-β-1 à cultura de queratinócitos promoveu o aumento especifico

da expressão de αvβ6, enquanto os níveis de outras integrinas como α5β1 e αvβ1,

permaneceram inalterados. Häkkinen et al. (2004) demonstraram o envolvimento da

integrina αvβ6 no processo de cicatrização de feridas na epiderme de camundongos.

Nesse mesmo estudo, os autores utilizaram linhagens de camundongos

transgênicos e demonstraram que a expressão aumentada de αvβ6 estava

fortemente associada a um processo anormal de cicatrização e o aparecimento de

lesões crônicas. Uma vez que o processo inflamatório faz parte da etapa inicial do

processo de cicatrização, é possível sugerir que uma alteração dos níveis de αvβ6,

em virtude de sua capacidade de interação com TGFβ-1 poderia interferir na etapas

seguintes do processo de reparo. Ghannad et al., (2008), em estudo utilizando

humanos e animais concluíram que integrina αvβ6 é expressa no epitélio de

vedação da gengiva para o dente e desempenha um papel central na proteção

contra a doença periodontal por meio da ativação de TGF -β1 .

Poucos estudos têm investigado os efeitos das diferentes topografias de

superfícies de implantes no processo inflamatório ou na natureza das células

infiltradas no tecido peri-implantar. Porém a busca por uma superfície de implante

ótima, que diminua a adesão bacteriana e melhore a adesão do tecido mucoso

permanece (Degidi et al., 2012). Segundo An et al. (2012), superfícies hidrofílicas

melhoram a proliferação das células epiteliais em relação às superfícies polidas. No

entanto, existem relatos que estas superfícies também são determinantes para a

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adesão bacteriana e, como já é de amplo conhecimento, que a sobrevivência dos

implantes dentais a longo prazo depende, em parte, do controle da infecção

bacteriana na região peri-implantar (Quirynen et al., 2002; Degidi et al., 2012).

Mais recentemente e contrário aos demais estudos relatados, Atsuta et al.

(2013) avaliaram a influência da superfície rugosa e maquinada na adesão,

migração e proliferação de células do EPI em ratos durante 4 semanas. Os autores

observaram em experimentos in vitro, uma menor expressão de proteínas em

células do epitélio oral de rato cultivadas em discos com superfície rugosa,

adicionalmente a adesão celular, migração e proliferação em discos com superfícies

rugosas foram menores. Deste modo, concluíram que superfícies lisas são as

melhores escolhas para integração em processo de cicatrização epitelial.

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  41  

6. CONCLUSÃO

Houve aumento da expressão da subunidade β1 de integrina nos tecidos peri-

implantares ao redor de pilares de cicatrização totalmente tratados, em comparação

com superfícies parcialmente tratadas e não tratadas.

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ANEXO 1

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ANEXO 2

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