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MÊS/ANO EDIÇÃO ASSUNTO PAG. 22ª Tribunal de Contas realiza com sucesso II Seminário de Direito Administrativo capa Grandes nomes do Direito Administrativo proferiram as palestras do Seminário no TCMSP 2 Princípios e normas gerais licitatórias 4 Edital- problemas na sua elaboração 8 Julgamento da licitação 10 O registro de preços e a legislação municipal 11 Contratos administrativos (critérios para sua definição) 13 Contratos de gestão e outros tipos de acordos celebrados pela Administração 15 Licitações nas empresas estatais 17 Decisões das sessões ordinárias do Tribunal de Contas do Município de São Paulo 2.126ª Sessão Ordinária 10/12/2003 2.129ª Sessão Ordinária 17/12/2003 2.131ª Sessão Ordinária 14/01/2004 2.132ª Sessão Ordinária 21/01/2004 2.133ª Sessão Ordinária 28/01/2004 2.135ª Sessão Ordinária 04/02/2004 2.136ª Sessão Ordinária 11/02/2004 2.137ª Sessão Ordinária 18/02/2004 2.138ª Sessão Ordinária 03/03/2004 2.139ª Sessão Ordinária 10/03/2004 JUNHO - JULHO/2004 19 e 20

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MÊS/ANO EDIÇÃO ASSUNTO PAG.

22ªTribunal de Contas realiza com sucesso II Seminário de Direito Administrativo

capa

Grandes nomes do Direito Administrativo proferiram as palestras do Seminário no TCMSP

2

Princípios e normas gerais licitatórias 4Edital- problemas na sua elaboração 8Julgamento da licitação 10O registro de preços e a legislação municipal 11Contratos administrativos (critérios para sua definição) 13Contratos de gestão e outros tipos de acordos celebrados pela Administração

15

Licitações nas empresas estatais 17Decisões das sessões ordinárias do Tribunal de Contas do Município de São Paulo2.126ª Sessão Ordinária 10/12/20032.129ª Sessão Ordinária 17/12/20032.131ª Sessão Ordinária 14/01/20042.132ª Sessão Ordinária 21/01/20042.133ª Sessão Ordinária 28/01/20042.135ª Sessão Ordinária 04/02/20042.136ª Sessão Ordinária 11/02/20042.137ª Sessão Ordinária 18/02/20042.138ª Sessão Ordinária 03/03/20042.139ª Sessão Ordinária 10/03/2004

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TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Nº 22 JUNHO/JULHO 2004

www.tcm.sp.org.br

Decisões do TCM ..... pág. 19

om palestras proferidas por renomados especialistas em Direito Administrativo e a participação decerca de 600 advogados, técnicos, administradores, funcionários de órgãos públicos e estudantes de

diversos Estados brasileiros, o Tribunal de Contas de São Paulo realizou, entre os dias 14 de 18 de junho, o IISeminário de Direito Administrativo – Licitação e Contrato - Direito Aplicado. O objetivo do encontro promovidopelo TCMSP foi aprimorar os mecanismos de preparação e fiscalização das contas públicas e contribuir para amelhoria da capacitação profissional dos que trabalham na área.

O presidente do Tribunal de Contas, Antonio Carlos Caruso, ao falar sobre a realização do evento destacouseu caráter didático e a seriedade do tema discutido. “Este é o segundo seminário realizado pelo Tribunal deContas do Município na área do Direito Administrativo. A matéria que aqui debatemos trata especificamente delicitações e contratos. Este encontro se reveste de muita profundidade, não só porque a matéria é polêmica econstantemente debatida nos Tribunais e em todos os níveis do setor público, como também pela qualidade enotoriedade dos palestrantes, professores de Direito de grande reputação, que vieram colaborar com seu bri-lhantismo para o aprimoramento do saber em nosso setor”, disse o presidente do TCMSP.

Durante cinco dias, os 11 palestrantes revezaram-se no plenário do Tribunal, abordando sob diversos aspectos aslicitações e os contratos. Neste número especial do TCM Informativo apresentamos, nas páginas seguintes, artigosdos palestrantes com o resumo de parte das palestras apresentadas neste II Seminário de Direito Administrativo.

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ISO 9001

Tribunal de Contas realizacom sucesso II Semináriode Direito Administrativo

Tribunal de Contas realizacom sucesso II Semináriode Direito Administrativo

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2 TCM informativo

programa do II Seminário de Direito Admi-nistrativo Licitação e Contrato – Direito Apli-cado contou com palestrantes que estão en-tre os maiores especialistas desta área no

país. Todos participaram gratuitamente do evento,franqueado à participação de profissionais e estudan-tes de várias estados do Brasil.

A primeira palestra, sob o tema “Princípios e Nor-mas Gerais”, foi dada, no dia 14, pelo Prof. Dr. Dioge-nes Gasparini, advogado, mestre e doutor pela PUC-SP, professor da Escola Superior de Direito Constitucio-nal-SP, ex-professor titular e professor Honoris Causada Faculdade de Direito de São Bernardo.

O professor Gasparini afirmou que sua palestra bus-cou levar a temática aos participantes, por meio da aná-lise dos princípios e normas gerais aplicáveis à licitação eaos contratos. “Discutimos a natureza jurídica dos princí-pios e das normas gerais, tentando indicar, a título deexemplo, os mais relevantes quando tratamos de licita-ções. O Tribunal de Contas tem interesse em tornar omais prático possível esse trabalho, divulgando as no-ções jurídicas relativas à licitação e ao contrato, para to-das as pessoas, servidores ou não do órgão”, destacou.

Na segunda palestra do dia da abertura do Seminá-rio, o Prof. Dr. Ivan Barbosa Rigolin, bacharel em Direi-to pela USP, profissional renomado na área de DireitoPúblico, consultor e assessor jurídico parecerista, fa-lou sobre ‘Dispensa e Inexigibilidade da Licitação”. Oprofessor salientou, na ocasião, a ocorrência de umgrande número de situações onde a lei prevê essa dis-pensa. “ Existem três artigos na Lei 8666/93, que é a leinacional de licitações e contratos administrativos, quecontemplam, em só um deles, 24 hipóteses de licita-ção dispensável. O artigo 17 contempla outras hipóte-ses de licitação já diretamente dispensada pela próprialei e o artigo 25 enuncia infinitas hipóteses de licitaçãoinexigível, sempre que foi inviável a competição. En-tão, na verdade, nós temos muitas hipóteses de licita-ção, afastadas e excluídas, a ponto de se imaginar quea regra é a licitação excluída e não exceção”.

No dia 15, a palestrante foi a Prof ª Dra. Yara DarcyPolici Monteiro, mestre em direito do Estado pela PUC-SP, advogada em São Paulo, docente da editora NDJ ediretora aposentada da Assessoria Jurídica da Câmara Mu-nicipal de São Paulo. Ela apresentou aos participantes do

Grandes nomes do Direito proferiramas palestras do Seminário no TCMSP

seminário a palestra “O Edital – Problemas de Elabora-ção”. “Muitas vezes ocorrem questões, pequenos inci-dentes e dúvidas. É exatamente com base no edital quevamos decidir e por isto é necessário que este edital sejamuito claro e contenha efetivamente todas as disposi-ções legais pertinentes. Isto é que, muitas vezes, vai for-necer as condições para a comissão decidir e resolver in-cidentes que podem acontecer”, ensinou.

O Prof. Dr. Toshio Mukai proferiu, no mesmo dia, apalestra “Critérios de Habilitação e a Pré-Qualificação”.Toshio Mukai é bacharel em Direito pela Faculdade deDireito da UEG, mestre e doutor em Direito pela USP,especialista em Direito Administrativo, Urbanístico eAmbiental, ex-professor de Direito Administrativo naUniversidade Mackenzie, Secretário Geral da SociedadeBrasileira do Direito do Meio Ambiente e coordenadorjurídico do BDA, BDM e BDLC. “A habilitação, que é aprimeira fase do procedimento licitatório, é da maiorimportância. É nesta fase que se procura averiguar ascondições da empresa, por exemplo, em termos de exis-tência e capacidade jurídica para contrair obrigações,capacitação técnica, de regularidade fiscal, econômicae financeiras. Sob esses aspectos é que são solicitadosos documentos vários que a lei arrola. Superada estafase, as empresas que se habilitaram passam para a fasede julgamento e são abertas as propostas para se verifi-car quem oferece as maiores vantagens e assim propor-cionando a licitação”, explicou Mukai.

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Durante cinco dias o TCMSP abrigou especialistas e uma grandeplatéia no II Seminário de Direito Administrativo - Licitação e Contrato

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Na parte da tarde, o programa teve a participaçãodo Prof. Dr. Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, mestre emDireito Público, professor de Direito Administrativo,escritor, conferencista e palestrante requisitado. É con-selheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal, ex-procurador e procurador-geral do Ministério Públicojunto ao TCDF, ex-juiz do Trabalho do TRT/10ª Região,advogado e ex-administrador postal da Empresa Brasi-leira de Correios e Telégrafos. “Acima de tudo, o Tribu-nal de Contas, ao desempenhar essa função, colocaem relevo o seu papel orientador. A jurisprudência dosTribunal de Contas serve para a própria administraçãopública aperfeiçoar seu trabalho. Eventos iguais a estepermitem que a sociedade venha a conhecer de pertoquais são as diretivas que os Tribunais de Contas utili-zam para controlar as licitações nos contratos admi-nistrativos,” afirmou o professor.

No dia 16, o tema abordado foi “Julgamento das Pro-postas – Procedimento, Tipos, Critérios e Questões Polê-micas”. O palestrante foi o Prof. Dr. Floriano de AzevedoMarques Neto, professor doutor do Departamento deDireito Público da USP e professor do Curso de Pós-Gra-duação da Escola Superior de Advocacia da Ordem dosAdvogados do Brasil, além de membro da S.B.D.P.”Minhapreocupação é destacar algumas questões polêmicas, queestão envolvidas dentro do ponto principal da licitação,que é o julgamento. É no julgamento que a administra-ção vai ter condições de obter a melhor proposta, dentreos interessados na disputa. Meu objetivo é rememoraralgumas questões que são de conhecimento, destacarquestões polêmicas, e discutir os pontos mais complexoscom o público de especialistas”.

No mesmo dia, a Prof.ª Dra. Vera Monteiro, douto-randa pela USP e mestre em Direito Administrativo pelaPUC, autora do livro “Licitação na Modalidade de Pre-gão” falou sobre “O Pregão e a Legislação Municipal”

No dia 17, o tema foi “Sistema de Registro de Preços ea Legislação Municipal”, abordado pela Profª. Dra. MárciaWalkquiria Batista dos Santos. Ela é procuradora da USP,doutora em Direito Público pela USP, professora de Meto-dologia da Pesquisa Jurídica na FAAP, membro do Centrode Direito Administrativo, Ambiental e Urbanístico- CEDAUe ex-Procuradora do Município de Florianópolis. “ O siste-ma de Registro de Preços, como o próprio nome diz, é umsistema de contratação feito por intermédio da modalida-de de concorrência em que a Administração adquire bense serviços de natureza habitual”, explicou.

Ainda no dia 17, o Prof. Dr. Jacintho Silveira D. deArruda Câmara, bacharel em Direito pela Universidadedo Rio Grande do Norte, mestre e doutor em Direito

Administrativo pela PUC, professor em Direito Admi-nistrativo pela PUC, Professor do Curso de Especializa-ção em Direito Administrativo promovido pela Gvlawda Faculdade Getúlio Vargas.

O programa do II Seminário foi encerrado no dia18, com duas conferências. Na primeira, a Profª Dino-rá Mussetti Grotti, mestre e doutora em Direito do Es-tado pela PUC-SP, ex-procuradora do Município de SãoPaulo e professora da Faculdade de Direito da PUC,falou sobre “Contratos de Gestão e Outros Tipos deAcordos Celebrados pela Administração”. “Várias for-mas de parceria tem aumentado a partir da últimadécada do século XX. Começaram a surgir vários ajus-tes, vários acordo e se discute, inclusive, qual a nature-za jurídica desses acordos e quais os limite da Admi-nistração Pública para elaborar e participar de convê-nios, consórcios e outros contratos. Nossa preocupa-

ção é abordar exatamente os novos mecanismos deajustes que tem surgido e quais as limitações que secolocam para a Administração”, destacou.

O conferencista que encerrou o encontro, o Profº.Dr. Antonio Carlos Cintra do Amaral foi a personalida-de homenageada pelo Tribunal de Contas do Municí-pio de São Paulo. Ele é consultor e parecerista em Di-reito Administrativo e Econômico, Professor no Cursode Especialização em Direito Administrativo na PUC/SP, diretor e Coordenador Geral do Centro de Estudossobre Licitações e Contratos – CELC. Seu tema foi “Lici-tações nas Empresas Estatais”. Após sua palestra, oprofessor Cintra do Amaral recebeu das mãos do Se-cretário-Diretor Geral do Tribunal de Contas, Dr. JoãoAlberto Guedes, troféu em homenagem ao seu traba-lho pelo Direito Administrativo pela sua contribuição àdifusão do conhecimento no setor.

O Prof°. Dr. Antônio Carlos Cintra do Amaral (ao microfone),agradece a homenagem prestada pelos conselheiros do TCMSP

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I.- INTRODUÇÃO. Andou bem o e. Tribunal de Contasdo Município de São Paulo, ao colocar na abertura do IISeminário de Direito Administrativo – Licitação e Contrato– Direito Aplicado, a palestra Princípios e Normas Gerais.Com efeito, ao serem oferecidas as noções a respeito des-ses dois importantes institutos do Direito e especialmenteno campo das licitações e contratos, restou facilitada aexposição e a compreensão das palestras que se seguiri-am, permeadas, certamente, por referências e mesmo pordiscussões envolvendo sua adequada utilização. Essa pre-liminar abordagem ajudaria na compreensão dos demaisassuntos. Neste retrospecto de nossa palestra estão as idéiasentão expostas, de sorte que trataremos primeiro dos prin-cípios e em seguida as normas gerais. Assim:

II.- PRINCÍPIOS. Todas as ciências são dotadas deprincípios. Assim é na filosofia, na matemática, na físi-ca e no direito, ainda que tenham outros nomes, comoaxiomas, postulados ou dogmas. São proposições fun-damentais de um sistema. “Os princípios”, segundoensina Carlos Ari Sundfeld (Fundamentos de direitopúblico, São Paulo, Malheiros, 1992, p. 18), “são asidéias centrais de um sistema, ao qual dão sentido ló-gico, harmonioso, racional, permitindo a compreen-são de seu modo de organizar-se”.

Aclara sua lição tomando certa unidade militar comoexemplo de sistema, composta de soldados, suboficiais e

Princípios e normas geraislicitatórias

oficiais. Com facilidade, diz Carlos Ari Sundfeld, desco-brimos a idéia geral que explica seu funcionamento: “ossubordinados devem cumprir as determinações dos su-periores”. De nada adiantaria conhecer as várias catego-rias de militares, suas atividades, os veículos que utuli-zam em suas manobras e outros aspectos particularesdessa unidade militar se não tivermos pleno conhecimentodo princípio que organiza todos esses elementos: o prin-cípio da hierarquia. Assim, para conhecer um sistema,qualquer que seja, precisamos conhecer seus princípios.

III.- PRINCÍPIOS JURÍDICOS. O direito é um sistema epara conhecê-lo e aplicá-lo precisamos identificar seusprincípios, tanto quanto precisamos dessas proposiçõespara diferenciá-lo de outras ciências e para distinguir seusdois grandes compartimentos: Direito Público e DireitoPrivado. Aquele marcado pelos princípios da legalidade edo interesse público, enquanto este gizado pelos princí-pios da autonomia da vontade e do interesse privado.Essas proposições são os princípios jurídicos. Mas não ésó nisso que está a importância dos princípios jurídicos,pois devem ser tomados para a solução de problemasjurídicos concretos, assevera Carlos Ari Sundfeld (Licita-ção e contrato administrativo, São Paulo, Malheiros, 1994,p. 19) e para a colmatação do Direito.

CONCEITO. Enfim, o que é princípio jurídico? Deforma bem simples podemos afirmar que é uma pro-posição, uma frase de conteúdo jurídico e de impor-tância fundamental para a compreensão e aplicaçãodo Direito ou de seus institutos, como é a licitação.Quem em algum momento da vida não ouviu certasfrases, sem se aperceber de que estava frente a umprincípio jurídico: quem pode o mais pode o menos; oassessório segue o principal; quem quer os fins devedar os meios, ninguém pode dar mais do que tem; osserviços públicos são contínuos e todos são iguais pe-rante a lei? Todos se preordenam à aplicação do Direi-to. São, portanto, regras jurídicas, ainda que não se-jam postas pelo legislador.

Resta, então, evidente que devem ser levadas em contana solução dos problemas legais do dia-a-dia, até emdetrimento das normas legais comuns, pois estas devem-lhe atenção, obediência. A preocupação de oferecer uma

DR. DIOGENES GASPARINI [*]

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perfeita conceituação do que sejam os princípios jurídi-cos, nos leva às lições de Celso Antônio Bandeira de Me-llo (Curso de direito administrativo, 16ª ed., São Paulo,Malheiros, 2003, p. 817) que, melhor do que ninguém,os tem estudado dentro do Direito Administrativo. Vale,pois transcrever suas ensinanças: “Princípio – já averba-mos alhures – é, por definição, mandamento nuclear deum sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição funda-mental que se irradia sobre diferentes normas compon-do-lhes o espírito e servindo de critério para sua exatacompreensão e inteligência exatamente por definir a ló-gica e a racionalidade do sistema normativo, no que lheconfere a tônica e dá sentido harmonioso.”

PARTE DO ORDENAMENTO JURÍDICO. Sendo regrasjurídicas, os princípios, tanto quanto as normas, inte-gram o ordenamento jurídico, conjunto de prescriçõesimpostas coativamente pelo Estado. Assim, no ordena-mento convivem harmoniosamente as normas e os prin-cípios jurídicos. O art. 8° da Lei federal das Licitaçõesprescreve que “A execução das obras e dos serviços deveprogramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seuscustos atual e final e considerados os prazos de suasexecução”, é, assim, norma legal, enquanto a obrigato-riedade de “selecionar a proposta mais vantajosa para aAdministração”, constante do art. 3° dessa lei, é princí-pio jurídico. Portanto, não se pode contratar a execuçãode uma obra senão pela proposta mais vantajosa para aAdministração Pública.

As normas sempre estão explicitadas no ordenamen-to jurídico, de sorte que não há norma legal válida implí-cita ou fora do sistema jurídico. Com os princípios nãoocorre o mesmo, pois a maioria deles não está expressa-mente grafada no ordenamento jurídico, mas mesmoassim válidos, pois são deduzidos da Constituição. Ou-tros, no entanto, estão expressamente colocados no or-denamento jurídico, como são exemplos os princípios da“dignidade pessoa humana” (art. 1°, III, da CF) e da igual-dade de todos perante a lei (art. 5º da CF). Por ser assim,é natural a dificuldade para sua identificação e determi-nação da amplitude de sua aplicação.

IMPORTÂNCIA. Sua importância é evidente na me-dida em que é “disposição fundamental que se irradiasobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e ser-vindo de critério para sua exata compreensão e inteli-gência exatamente por definir a lógica e a racionalidadedo sistema normativo, no que lhe confere a tônica e dásentido harmonioso”. De sorte que, sua violação reper-cute mais gravemente no sistema que o desrespeito à

norma. O porque dessa afirmação está no preciso ma-gistério de Celso Antônio Bandeira de Mello (ob. cit., p.818), pois assevera que “A desatenção ao princípio im-plica ofensa não apenas a um específico mandamentoobrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É amais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalida-de, conforme o escalão do princípio atingido, porquerepresenta insurgência contra todo o sistema, subver-são de seus valores fundamentais, contumélia irremissí-vel a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estruturamestra”. Decorre daí sua superioridade em relação asnormas positivadas, inclusive as gerais. Com efeito, acen-tua, nesse particular, Carlos Ari Sundfeld (Fundamentoscit., p. 140) que “O princípio jurídico é norma de hierar-quia superior à das regras, pois determina o sentido e oalcance destas, que não podem contrariá-lo, sob penade por em risco a globalidade do ordenamento jurídico.Deve haver coerência entre os princípios e as regras, nosentido de que vai daqueles para estas.

FUNÇÕES. Além da relevância já referida, os princípi-os cumprem, segundo as lições de Carlos Ari Sundfeld(Fundamentos cit., p. 141), duas importantes funções:determinam a adequada interpretação das regras e per-mitem a colmatação de suas lacunas. Quanto a interpre-tação das normas legais, esse autor registra as seguintesregras: “a) É incorreta a interpretação da regra, quandodela derivar contradição, explicita ou velada, com os prin-cípios; b) Quando a regra admitir logicamente mais deuma interpretação, prevalece a que melhor se afinar comos princípios; c) Quando a regra tiver sido redigida demodo tal que resulte mais extensa ou mais restrita que oprincípio, justifica-se a interpretação extensiva ou restriti-va, respectivamente, para calibrar o alcance da regra como princípio”. Já para a lacuna do ordenamento jurídicoquanto a específico caso, diz esse autor (Fundamentoscit., p. 142) “que a regra faltante deve ser construída demodo a realizar concretamente a solução indicada pelosprincípios”, que não é outra coisa senão a aplicação doart. 4° da Lei de Introdução ao Código Civil.

PRINCÍPIOS DO ORDENAMENTO JURÍDICO. Os prin-cípios jurídicos, nem sempre contam com seus respecti-vos conteúdos indicados expressamente no ordenamen-to jurídico. Pode-se dizer que os princípios jurídicos nãosão legislados, produzidos legislativamente, como são asnormas legais, a lei. É comum encontrar seus nomes naConstituição e nas leis. Aqueles são princípios constituci-onais e disso são exemplos os princípios da legalidade,impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, cujo

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regime de cada um é dado pela doutrina. Este são princí-pios legais e exemplos deles encontram-se no art. 3°, daLei federal das Licitações e Contratos da AdministraçãoPública, alguns específicos da licitação, enquanto outrosaplicáveis à Administração Pública no comum de suasatividades e comportamentos. Por essa regra, a licitaçãoserá processada e julgada na estrita conformidade dosprincípios básicos da legalidade, da impessoalidade, damoralidade, da igualdade, da publicidade, da probidadeadministrativa, da vinculação ao instrumento convocató-rio, do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos eentre entes está o princípio da competitividade. O con-teúdo ou o regime de cada um é dado pela doutrina.

AMPLITUDE NA APLICAÇÃO. Alguns princípios têmmaior largueza do que outros na sua aplicação e por essarazão são classificados em onivalentes, plurivalentes emonovalentes, dividindo-se estes últimos em gerais e es-pecíficos. Onivalentes são os que valem para qualquer ci-ência, como é o princípio da não-contradição. Plurivalen-tes são os que valem para um grupo de ciências, a exem-plo do princípio da causalidade em relação às ciências na-turais. Monovalentes são os que só valem para uma ciên-cia, como é o princípio da legalidade, só aplicável ao Direi-to. Monovalentes gerais são os princípios que valem paraum só ramo de certa ciência, como é o princípio do inte-resse público que somente se aplica ao Direito Público.Monovalentes específicos são os princípios que valem uni-camente para uma parte de um ramo de determinada ci-ência, como é o caso do princípio da continuidade do ser-viço público que só vale para o Direito Administrativo.

PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO. Os princípios da licitaçãoconforme a classificação antes referida são monovalen-tes específicos, pois sua aplicação cinge-se aos certameslicitatórios e outros procedimentos que, em tese, selecio-nam o melhor, seja uma proposta para um negócio deinteresse da Administração Pública ou uma pessoa paraingresso no serviço publico. A doutrina costuma indicar,além dos princípios monovalentes gerais, como são osda legalidade, da publicidade, do interesse público, e daigualdade, os que lhe são específicos. Desses são exem-plos os princípios da vinculação ao instrumento convoca-tório, do julgamento objetivo, da competitividade, daadjudicação compulsória. A esses princípios, nada dife-rentes dos demais, é aplicável o regime jurídico que tece-mos à generalidade dos princípios jurídicos.

IV.- NORMAS GERAIS. Já vimos que os princípios con-vivem com as normas ou regras do sistema jurídico, inclu-

sive com as denominadas normas gerais. Esta convivência,ademais, é no sentido da prevalência dos princípios sobreas normas gerais. O fato de serem normas gerais não asretira dessa subserviência jurídica aos princípios.

NATUREZA JURÍDICA. As normas gerais são leis or-dinárias federais, não exigindo para sua edição qual-quer quorum ou procedimento especial de aprovação.São enquadradas no art. 59, III, da Constituição Federal.Embora seja assim devemos reconhecer-lhe que não sãoapenas leis federais, mas nacionais. “Esse tema”, asse-vera Adilson Abreu Dallari (Aspectos jurídicos da licita-ção, 4ª ed., São Paulo, Saraiva, 1997, p. 21), “foi bas-tante desenvolvido por Geraldo Ataliba, que a ele agre-gou uma importantíssima distinção entre leis nacionaise leis federais, ao afirmar que as normas gerais são, ‘pordefinição e pela sistemática constitucional, leis nacio-nais; leis que não se circunscrevem ao âmbito de qual-quer pessoa política, mas que os transcendem aos três’”

COMPETÊNCIA. A competência para editar normasgerais é exclusiva da União, quando se tratar de matériaconcorrente (art. 24, da CF) ou onde for especificamen-te indicado no Texto Maior, como é o caso das Licitaçõese Contratos (art. 22, XXVII, da CF). Aos Estados e aoDistrito Federal não se reconhece igual atribuição, masse lhes reserva a atribuição de editar normas suplemen-tares (art. 24, § 2°, da CF), editadas, portando, no vaziodeixado obrigatoriamente pela norma geral. Essas nor-mas suplementares, advirta-se, não se confundem coma complementares, mencionadas no art. 59, II, que exi-gem para sua aprovação, nos termos do art. 69, maio-ria absoluta de votos favoráveis. Embora seja assim, cabealertar que na ausência de lei sobre normas gerais, acompetência dos Estados e do Distrito Federal é plena,atribuição que mesmo em tais casos não se reconheceem favor dos Municípios. Com o advento das normasgerais suspende-se a eficácia da lei estadual no que lhefor contrário (art. 24, § 4°, da CF).

CONCEITO. É muito penoso conceituar com a deseja-da precisão lógica e jurídica o que seja norma geral. Tam-bém não há conceito legal dessa espécie normativa. En-contram-se apenas referências a elas na Constituição Fe-deral, como é o caso do art. 22, XXVII, que atribui à Uniãoa competência para editar normas gerais sobre licitação econtratação. Também há referências nas leis, a exemplodo Diploma Federal Licitatório que em seu art. 1° diz queessa lei estabelece normas gerais sobre licitações e contra-tos administrativos. Conceito de norma geral em sentido

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amplo é dado por Carlos Pinto Coelho Motta (Eficácia naslicitações e contratos, 9ª ed., Belo Horizonte, Del Rey, 2002,p. 87), calcado nas lições de Alice Gonzalez Borges.

De fato, nessa passagem de sua preciosa monografiadefine normas gerais como “aquelas que, por alguma ra-zão, convém ao interesse público sejam tratadas por igual,entre todas as ordens da Federação, para que sejam devida-mente instrumentalizados e viabilizados os princípios cons-titucionais com que têm pertinência”, Dada a mencionadadificuldade, é mais fácil dizer o que não é norma geral doque conceituá-la. Com efeito, assevera Adilson Abreu Dalla-ri (ob. cit., p. 20) que “é mais fácil chegar à norma geral pelocaminho inverso, dizendo o que não é norma geral. Não énorma geral aquela que corresponde a uma especificação,a um detalhamento”. Nessa linha não é norma geral a quedispõe sobre o assunto exaustivamente.

CARACTERISTICA. É característica da norma geraldispor de modo uniforme para todos os entes da fede-ração, daí as críticas que lhe atiram, pois nos muitosbrasis que temos essa uniformidade dificulta a ativida-de administrativa, que tem que contratar valendo-sede regras próprias para as grandes AdministraçõesPúblicas. Outra característica é ser nacional federal.

V.- NORMAS GERAIS SOBRE LICITAÇÃO. As nor-mas gerais sobre licitação e contratação não diferem,nem poderiam, desse regime geral sumulado, salvo noque respeita à matéria: licitação e contratos adminis-trativos. São encontráveis na Lei federal das Licitaçõese Contratos da Administração Federal. Embora volta-das especificamente para uma modalidade licitatória,também são identificáveis na Lei Federal n. 10.520, de2002, conhecida como Lei Federal do Pregão.

CONCEITO. Por terem por objeto as matérias licita-ção e contratos administrativos, são definidas levandoem conta essa peculiaridade. Jessé Torres Pereira Junior(Comentários à lei das licitações e contratações da Ad-ministração Pública, 5ª ed., Rio de Janeiro, Renovar, 2002,p. 19) as conceitua como “toda disposição da Lei n°8.666/93 que se mostre indispensável para implemen-tar os princípios constitucionais reitores da Administra-ção Pública e os básicos arrolados em seu art. 3°”.

IDENTIFICAÇÃO. Se definir as normas demanda enor-me trabalho, identificá-las entre todas as normas de certalei revela-se labor ainda maior. É o que ocorre com a LeiFederal das Licitações e Contratos da Administração Públi-

ca. De fato, dispõe seu art. 1°, que “Esta Lei estabelecenormas gerais sobre licitações e contratos administrativos...”. Essa dicção, entendida como sendo todas as disposi-ções dessa lei, normas gerais, seria inconstitucional, poisafrontaria a autonomia dos entes federados em matériaadministrativa. Melhor, então, seria entendê-la como cria-dora de normas gerais e especiais, pois cabe à União editaressas duas modalidades de normas jurídicas. As gerais obri-gatórias à todos os entes federados e as especiais obriga-tórias somente à União. De sorte que, caberia ao intérpre-te desvendar as normas gerais contidas nessa lei, comofizeram alguns autores. Toshio Mukai (Direito administra-tivo sistematizado, São Paulo, Saraiva, 1999, p. 259) ofere-ce completo e oportuno inventário das normas da Lei Fe-deral das Licitações que considera normas gerais, enquan-to Jessé Torres Pereira Junior (ob. cit.) a cada dispositivocomentado diz o “caráter da norma”, ou seja, se cuida ounão de norma geral e explica porque assim entende.

PRINCÍPIOS E NORMAS GERAIS. Nesta altura cabemostrar que princípios jurídicos e normas gerais não seconfundem, ainda que alguns autores as definam comoaquelas que fixam princípios e diretrizes. Os princípios eas normas gerais têm específicas razões para existirem.Pode-se afirmar, para diferenciar os princípios das nor-mas gerais, que: a) Os princípios são mandamentos nu-cleares de um sistema, que se irradiam sobre diferentesnormas compondo-lhes o espírito e servindo de critériopara sua exata compreensão e inteligência; as normasgerais, ao contrário, são regras subalternas destinadas adar aplicabilidade uniforme aos princípios. b) Os princípi-os podem ser explícitos ou implícitos; as normas geraissão sempre explícitas. c) Os princípios podem estar naConstituição Federal e nas leis; as normas só podem estarnas leis. d) Os princípios prestam-se a conhecer o Direitoe facilitar seu perfeito manuseio; as normas gerais pres-tam-se a solução das situações concretas sobre as quaisincidem. e) Os princípios servem à colmatação do Direi-to; as normas gerais aceitam as lacumas. f) Os princípiosdirigem-se ao aplicador da lei; as normas gerais desti-nam aos casos concretos. g) Os princípios submetem to-dos, inclusive o legislador, aos seus termos; as normasgerais só os envolvidos no caso concreto.

Junho de 2004

[*] DR. DIOGENES GASPARINI É ADVOGADO. MESTRE E DOUTOR PELA

PUC-SP. PROFESSOR DA ESCOLA SUPERIOR DE DIREITO

CONSTITUCIONAL - SP. EX-PROFESSOR TITULAR E PROFESSOR

HONORIS CAUSA DA FACULDADE DE DIREITO DE SÃO BERNARDO DO

CAMPO – SP - OAB 14.969

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8 TCM informativo

Edital – problemas nasua elaboração

DRA. YARA DARCY POLICE MONTEIRO [*]

instrumento convocatório – edital ou cartaconvite – constitui o documento básico dalicitação, pois nele se contêm todas as previ-sões referentes ao certame e ao futuro con-

trato. De tal sorte que estabelece as condições de par-ticipação, descreve o objeto da licitação e as condiçõesdas propostas, fixa as normas que regerão o procedi-mento e as que disciplinarão o contrato. Está discipli-nado no art. 40, da Lei nº 8.666/93 e alterações subse-qüentes, que estabelece as prescrições relativas à suaforma e conteúdo obrigatório.

As regras e condições nele fixadas são vinculantespara a Administração e para os participantes. A Comis-são não poderá se afastar de suas pautas, sob pena deviciar o certame.

Evidencia-se, nessa conformidade, a sua importân-cia e, de conseqüência, o cuidado e atenção que devemerecer a sua elaboração.

A sua elaboração não é tarefa fácil. Ao contrário,não são poucas as dificuldades e problemas que desa-fiam o Administrador.

Dentre eles, selecionamos, para uma breve aborda-gem, o que decorre do fato do Estatuto das Licitaçõester adotado como regra a licitação de menor preço.

Senão vejamos. As disposições do § 1º do art. 45,combinadas com as consignadas no art. 46, deixamclaro que, no caso de aquisições e contratações, o tipode licitação aplicável como regra geral é o de menor

preço, pois os tipos melhor técnica e técnica e preço“serão utilizados exclusivamente para serviços de na-tureza predominantemente intelectual ...” (art. 46, ca-put) e “excepcionalmente ... para fornecimento de bense execução de obras ou prestação de serviços de gran-de vulto majoritariamente dependentes de tecnologianitidamente sofisticada e de domínio restrito ...” (art.46, § 3º).

Donde, é de se concluir, portanto, que a propostamais vantajosa a que alude o art. 3º do Estatuto fede-ral, ao dispor: “A licitação destina-se a garantir a ob-servância do princípio constitucional da isonomia e aselecionar a proposta mais vantajosa para a Adminis-tração ...”, é, em regra, a de menor preço.

Impende notar que na licitação do tipo menor pre-ço, conforme descrito no inciso I do § 1º do art. 45, sópoderá ser considerado como fator de julgamento, apóso exame de adequação da proposta com as especifica-ções do edital, o preço. É dizer, entre as propostas queatendem às especificações estabelecidas no edital, deveser considerada vencedora a que apresentar o menorpreço. Não mais poderão ser ponderados fatores comoprazo de entrega, condições de pagamento, qualida-de, rendimento. De acordo com a legislação revogada(art. 36 do Decreto-lei federal nº 2.300/86), era permi-tida a aferição de tais fatores, cumprindo à Comissãojustificar a sua escolha quando não recaísse na pro-posta de menor preço.

A legislação vigente homogeneizou as propostas aofixar como cláusulas obrigatórias do instrumento con-vocatório as indicativas das condições de pagamento,forma de execução, etapas e prazos, de tal sorte querestou para o participante propor apenas o preço, quese tornou o único elemento diferenciador entre as pro-postas.

É de se considerar, ainda, que o problema é agrava-do em face do disposto no art. 15 §7º do mesmo di-ploma legal, que proíbe a indicação da marca dos bense produtos adquiridos mediante licitação.

Daí se coloca a importância das atividades concer-nentes à especificação do bem a ser adquirido, por seresse o único espaço de que dispõe o órgão promotordo certame para exigir os requisitos indispensáveis ga-rantidores da qualidade mínima para a correta utiliza-

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TCM informativo 9

ção do produto. Assim, tudo o que for passível de serexigido a título de especificação do bem, no sentidode determinar o grau de qualidade desejada, sem dire-cionar a uma marca exclusiva, pode e deve constar doedital. Exemplificando, na aquisição de uniformes demotoristas, garçons, médicos, etc., pode-se indicar otipo de tecido (algodão, tergal, misto), o modelo e aforma de confecção (costuras duplas, com ou sem for-ro, tipo de botões, etc.); copos descartáveis compor-tam indicação da espessura do material utilizado; damesma forma, é possível exigir um índice mínimo deespessura para as lâminas na aquisição de persianas, eassim por diante.

Outra medida que pode ser adotada para assegu-rar a boa qualidade dos produtos, é a solicitação deamostra que deverá acompanhar a proposta. Não seargumente ser vedada a solicitação de amostra por setratar de licitação do tipo menor preço, em cujo proce-dimento não pode ser considerada a qualidade. Naverdade a amostra servirá para a verificação de com-patibilidade da oferta com as especificações do edital,para fins de sua aceitabilidade. Uma vez incluída a pro-posta entre as classificáveis, a amostra não mais seráconsiderada para qualquer avaliação de qualidade.

A amostra pode ter ainda uma utilidade bastantesignificativa por ocasião do adimplemento do contra-

to, quando da entrega dos bens adquiridos, na medi-da em que permite a comparação destes com o pro-posto.

Cabe lembrar, por fim, o Código de Proteção aoConsumidor, Lei nº 8.078/90, como importante instru-mento a disposição do Poder Público, na medida emque ao adquirir bens e contratar serviços assume a con-dição de consumidor. Assim, dentre outras, destaca-mos as disposições contidas no art. 18 (responsabili-dade solidária dos fornecedores pelos vícios de quali-dade que tornem os produtos impróprios ou inade-quados ao consumo) e art. 66 (tipifica como crime afirmação falsa ou enganosa, ou a sua omissão de in-formação relevante sobre o produto).

[*] DRA. YARA DARCY POLICE MONTEIRO ÉMESTRA EM DIREITO DO ESTADO PELA PUC-SP, ADVOGADA EM SÃO

PAULO, DOCENTE DA EDITORA NDJ, DIRETORA DA ASSESSORIA JURÍDICA

DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO (APOSENTADA)

No segundo diado II Seminário

de DireitoAdministrativo -

Licitação eContrato, da

esquerda para adireita, o

Presidente doTCMSP, Dr.

Antonio CarlosCaruso, Prof°.

Dr. ToshioMukai, Profª.

Dra. Yara DarcyPolice Monteiro

e Dra. YaraNascimento

Tacconi

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10 TCM informativo

Julgamento da licitação

DR. FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO [*]

ó faz sentido promover uma licitação se sequiser aferir a proposta mais vantajosa paraa Administração. Dentre as fases do proce-dimento licitatório (fase interna, elaboração

e divulgação do edital, fase habilitatória, julgamento,homologação, etc.), é na etapa de julgamento que odever de isonomia e de busca do maior benefício parao poder público emergem com maior relevância.

O julgamento, porém, é muito mais complexo quea mera escolha do vencedor. Vai muito além do cotejoentre ofertas. O julgamento, em verdade, perpassa todoo procedimento. Afinal, repita-se, só se faz licitaçãopara julgar a proposta mais vantajosa. Vantajosa emtodos os aspectos.

O julgamento começa muito antes, já na elabora-ção do edital. É na decisão sobre o tipo da licitação(técnica, preço) e na escolha dos critérios adotados naavaliação das propostas que começa a se desenhar o

adequado ou malogrado julgamento.Depois da habilitação temos o desdobramento do que

antes – no gênese do edital – se delineou. A proposta maisvantajosa se-lo-á sempre em função do critério antes elei-to. A nomeação da vencedora (possuidora de maior van-tajosidade) resultará de um duplo exame. O exame deadequação (conformidade com o edital, aceitabilidade, se-riedade e exequibilidade) e a comparação (classificação)propriamente dita. No primeiro, julga-se em cotejo comparâmetros objetivos ou referências. No segundo, compa-ra-se os objetivos e verifica-se o melhor à luz do edital.

Cinco são os princípios que devem nortear o julga-mento: estanqueidade das fases (artigo 43, § 5º), queimpede que a habilitação interfira no julgamento; objeti-vidade (artigos 44 e 45), que interdita julgamentos influ-enciados por querências subjetivas; princípio da vincula-ção (artigos 41 e 44), que obriga julgar em estrita confor-midade com o previsto no edital; princípio da impessoa-lidade (artigo 44, § 1º e § 2º), que veda a consideração deaspectos pessoais do proponente; e, por fim, o princípiode adequabilidade (artigo 44, § 3º e artigo 48), que exigese afastar as propostas infectíveis ou inadequadas.

É sobre esses pontos e sobre as questões comple-xas decorrentes deles que pretendi debater no recenteseminário realizado pelo Tribunal de Contas do Muni-cípio. Menos que uma preleção sobre o regime legal,intentei fomentar dúvidas e reflexões numa platéia re-pleta de juristas e operadores do direito acostumadosa com elas lidar.

[*] DR. FLORIANO DE AZEVEDO MARQUES NETO É PROFESSOR DOUTOR

DO DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO DA USP E PROFESSOR DO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA SUPERIOR DE ADVOCACIA DA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL E MEMBRO DA S.B.D.P.

SS

A Profª. Dra. VeraMonteiro falouno II Seminário

de DireitoAdministrativo

sobre “O Pregãoe a Legislação

Municipal”

O Prof. Dr. JorgeUlisses JacobyFernandes tevecomo tema desua palestra“Controle de

Licitações pelosTribunais de

Contas”

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TCM informativo 11

DRA. MÁRCIA WALQUIRIA BATISTA DOS SANTOS [*]

O Registro de Preços e aLegislação Municipal

Sistema de Registro de Preços, aqui denomi-nado SRP, como o próprio nome diz, é umSistema pelo qual, mediante concorrência,seleciona-se propostas de preços unitários a

serem utilizados pela Administração em contratos fu-turos destinados à aquisição de bens ou contrataçãode serviços, de uso habitual e rotineiro (e em quanti-dade estimada).

Em regra, as legislações (federal, estaduais e muni-cipais) quando adotam o SRP, o fazem para a aquisi-ção de bens e contratação de serviços, desde que anecessidade do Poder Público em relação a tais bens eserviços seja freqüente.

É assente na doutrina brasileira que não é possívelcontratar serviços técnicos especializados, serviços deengenharia e obras, por meio do SRP. Tal posição sefundamenta na necessidade de se inserir critérios téc-nicos na descrição destes objetos (efetuada no edital),impossíveis de serem auferidos no SRP, o qual buscapreponderantemente o menor preço.

Assim, parece-nos que, na concepção, o Pregão seassemelha ao SRP. A filosofia destes procedimentos éidêntica, no sentido de agilizar a atuação do poderPúblico, seja no momento da licitação, seja no da con-tratação.

O SRP encontra-se previsto na Lei federal 8.666/93,a qual prevê normas gerais de licitação (art. 15, inc. II,§ § 1º ao 6º).

No Município de São Paulo regulamentam a maté-ria, a Lei 13.278/02 (arts. 3º ao 14), bem como o De-creto 44.279/03 (arts. 26 a 36).

De acordo com a legislação retro citada, arrolamosas principais características do SRP no Município de SãoPaulo:

1- é possível adquirir materiais em geral e contratara prestação de quaisquer serviços, desde que habitu-ais e rotineiros (para nós, excluem-se os serviços deengenharia e os técnicos especializados);

2- o SRP se fará por concorrência para quantidadese em periodicidades definidas de acordo com a conve-niência do Município. Atualmente permite-se a utiliza-ção da modalidade Pregão para contratar por meio doSRP;

3- não se instaura licitação para SRP, no caso deinviabilidade de competição. Pode-se contratar direto,constatando-se a inviabilidade de licitação. Assim, as-sina-se a ata de registro de preços com o único forne-cedor existente;

4- o registro será feito com a previsão de utilizaçãoda respectiva ata, por todos os órgãos interessados emseu objeto;

5- o preço registrado serve de parâmetro para todaa Administração Municipal;

6- os órgãos municipais poderão utilizar o registrode preços do Governo Federal e do Governo do Esta-do;

7- no Município centraliza-se, num único órgão, asatribuições de acompanhamento da evolução dos pre-ços de mercado e de inclusão, atualização e cancela-mento dos dados referentes ao SRP;

8- o controle e reajuste de preços será precedido deampla pesquisa de mercado;

9- os detentores da ata ficam obrigados a forneceros dados para manter a pesquisa atualizada;

10- a existência de preços registrados não obriga aAdministração a fazer uso da ata e o detentor da mes-ma tem preferência na venda para a Administração,em relação aos fornecedores com preços idênticos nomercado;

11- a revisão de preços para baixo pode ser feita aqualquer tempo. Caso o detentor da ata não concordeem reduzir valores, a Administração poderá providen-

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12 TCM informativo

ciar o cancelamento da ata em relação a tal fornece-dor, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa;

12- a ata pode vigorar por 1 (um) ano, prorrogávelpor igual período, ou seja, até o total de 2 (dois) anos.A prorrogação depende da satisfatória atuação do for-necedor e da realização de pesquisa de preços prévia;

13- a ata pode ser rescindida nas mesmas hipóte-ses de rescisão dos contratos;

14- a celebração dos contratos resultantes do SRP éprecedida de ampla pesquisa no mercado;

15- podem ser registrados vários preços para omesmo objeto.

Por fim, convém abordarmos ligeiramente, dois as-pectos relevantes no SRP. Em primeiro lugar, a Admi-nistração não tem limite para diminuir (ou suprimir) oobjeto licitado, podendo até não utilizar a ata. Quantoaos acréscimos o percentual está adstrito aos limitesdo art. 65, § 1º, da Lei 8.666/93. Tais regras são válidaspara todos os órgãos municipais que se uniram no pro-cedimento.

Em segundo lugar, convém anotar que a ata de re-gistro de preços não é um contrato, mas sim um ins-trumento obrigacional para as empresas. A Adminis-tração não assume obrigações com as detentoras daata.

Assim, esperamos ter resumido adequadamente asistemática do Sistema de Registro de Preços, no intui-to de possibilitar uma noção geral sobre o seu proce-dimento.

[*] DRA. MÁRCIA WALQUIRIA BATISTA DOS SANTOS É PROCURADORA DA

USP, DOUTORA EM DIREITO PÚBLICO PELA USP, PROFESSORA DE

METODOLOGIA DA PESQUISA JURÍDICA NA FAAP, MEMBRO DO CENTRO

DE DIREITO ADMINISTRATIVO, AMBIENTAL E URBANÍSTICO - CEDAU EEX-PROCURADORA DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS

Durante o II Seminário de Direito Administrativo - Licitação e Contrato, da esquerda para a direita, o Presidente doTCMSP, Dr. Antonio Carlos Caruso, o Vice-Presidente, Edson Simões, o Secretário-Diretor Geral, Dr. João Alberto

Guedes, Conselheiro Maurício Faria, Prof°. Dr. Jacinto Silveira D. Arruda Câmara, Chefe de Gabinete da Presidência,Dra. Yara Nascimento Tacconi e a Profª. Dra. Márcia Walquíria Batista dos Santos

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TCM informativo 13

definição dos contratos administrativos nãoé tranqüila na doutrina. Os autores, em suagrande maioria, divergem no tocante àabrangência que deve ter o conceito de con-

trato administrativo.A doutrina dominante no Brasil, notadamente in-

fluenciada pelo modo de sistematização adotado naFrança, divide as avenças celebradas pela Administra-ção em dois gêneros: os contratos privados da Admi-nistração e os contratos administrativos propriamenteditos. A diferença entre os dois tipos estaria na possi-bilidade de a Administração utilizar de seu poder deautoridade para alterar o previamente avençado quan-do se tratasse de contrato administrativo propriamen-te dito, característica ausente nos contratos privadospor ela celebrados.

Poder-se-ia alongar o desfile de significações que adoutrina empresta ao vocábulo “contrato administra-tivo”, buscando do confronto entre elas encontrar amais correta. Não é esse, porém, um objetivo dotadode maior interesse prático.

Ademais, não é critério aferidor de uma classifica-ção sua veracidade. Uma classificação, desde que es-tabelecida coerentemente (como é o caso de boa par-te das correntes citadas), não é suscetível de ser avali-ada como falsa ou verdadeira, certa ou errada. É possí-vel sim, julgar se uma classificação é útil ou inútil, deacordo com os propósitos a serem alcançados.

Contratos administrativos(critérios para sua definição)

As diversas acepções de contrato administrativo nãopassam de classificações variantes de acordo com adestinação que o doutrinador — utente da classifica-ção — lhe dá, dentro do contexto de sua obra.

Sabe-se que está arraigada a noção com base nadistinção dos gêneros contratos privados da Adminis-tração e contratos administrativos propriamente ditos,o que tornaria difícil, senão inviável, o tratamento dotema com outro enfoque.

A maioria da doutrina e, pode-se dizer, da jurispru-dência, quando fala em contrato administrativo temem mente essa dicotomia.

Ainda num primeiro momento, seria pertinenteponderar que, rompendo com essa tradição, estar-se-ia abandonando toda a experiência doutrinária e juris-prudencial acumulada ao longo da história do direitoadministrativo brasileiro, o que indubitavelmente se-ria pouco recomendável.

Para determinados assuntos de caráter prático, to-davia, a distinção não tem maior utilidade. Os doisgêneros de contratos da Administração diferençadospela doutrina possuem características comuns que sãorelevantíssimas para o deslinde de uma série de ques-tões de relevância prática.

Os contratos administrativos tomados como gêne-ro possuem uma série de características comuns notocante ao regime jurídico. Decerto que esta afirma-ção não exclui as peculiaridades que cada espécie por-ventura traga consigo. Assim, aqueles contratos maisinfluenciados por regras de direito privado, tais comoum contrato de locação ou de compra e venda, ou,por outro lado, os que recebem forte incidência doregime público, a exemplo da concessão de serviço ede obra pública.

Não obstante essas peculiaridades, as quais não sepode negar, há de se ter em conta o regime jurídicocomum que sobre elas incide.

Primeiramente, há de se ressaltar que, ao contratar,o Estado exerce função administrativa, submetendo-se, portanto, às normas que regem essa atividade.

Decorrência dessa premissa são as formalidades econdições que todo o contrato administrativo deveseguir. Com efeito, a Administração, ao celebrar seuscontratos, deve obediência aos princípios da legalida-

DR. JACINTO SILVEIRA D. ARRUDA CÂMARA [*]

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14 TCM informativo

de, impessoalidade, moralidade e publicidade.Os contratos administrativos, por isso, submetem-

se a intenso controle. São fiscalizados por órgãos dopróprio Estado — tais como o Tribunal de Contas — epelos cidadãos em geral, que têm meio processual es-pecífico para exercer este controle: a ação popular.

É facilmente identificável a incidência dos princípi-os da Administração acima citados no regime jurídicodos contratos administrativos em geral. Assim, o prin-cípio da impessoalidade, que obriga a Administração alicitar para a escolha dos contratados (CF, art. 37, XXII);o da publicidade, que exige a divulgação dos princi-pais atos que formam o procedimento licitatório, bemcomo do extrato do contrato, quando de sua assinatu-ra; o princípio da finalidade, que possibilita a invalida-ção de um contrato administrativo se este houver sidocelebrado com desvio de poder; o princípio da propor-cionalidade, irmão siamês do da razoabilidade, queenseja o controle dos contratos administrativos no to-cante à sua economicidade (CF, art. 70, caput); enfim,pode se dizer que em tudo no que se refere a contro-

le, os contratos celebrados pela Administração se sub-metem ao regime jurídico próprio do direito público,em especial ao do direito administrativo.

Essas são características básicas de regime jurídicoque incidem sobre toda e qualquer categoria de con-trato administrativo e que justificam, pelo menos poreste ângulo, um tratamento unitário a ser dado à ma-téria.

[*] DR. JACINTO SILVEIRA D. ARRUDA CÂMARA É BACHAREL EM

DIREITO PELA UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE,PROFESSOR DE DIREITO ADMINISTRATIVO DA FACULDADE DE

DIREITO DA PUC/SP, MESTRE E DOUTOR EM DIREITO

ADMINISTRATIVO PELA PUC/SP, PROFESSOR DO CURSO DE

ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO ADMINISTRATIVO PROMOVIDO PELA

GVLAW DA FACULDADE GETÚLIO VARGAS

Ao lado doPresidente do

TCMSP, Dr. AntonioCarlos Caruso e do

conselheiro MaurícioFaria, o Prof°. Dr.Jacinto Silveira D.Arruda Câmararecebe do Vice-Presidente do

Tribunal, EdsonSimões, o diplomade agradecimentopela participação

como palestrante doII Seminário de

DireitoAdministrativo -

Licitação e Contrato- Direito Aplicado

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TCM informativo 15

DRA. DINORÁ ADELAIDE MUSETTI GROTTI [*]

Contratos de Gestão e outrostipos de acordos celebradospela Administração

Estado brasileiro, ao longo do tempo, orga-nizou o desempenho de seus serviços públi-cos sob diversas modalidades. Originaria-mente só se conhecia a prestação direta pelo

Estado, valendo-se dos órgãos que compõem o seupróprio aparato administrativo. Nos anos 20 do séculoXX inicia-se um processo de descentralização do Esta-do, com a criação de autarquias, que ganhou grandeincremento após a Revolução de 30, exercendo nãoapenas funções de índole administrativa, como tam-bém de natureza industrial ou comercial. Também nesseperíodo teve grande voga a concessão a favor de pes-soas privadas (nacionais e estrangeiras), seguida, apósa segunda grande guerra, da criação de pessoas jurídi-cas de direito privado, sociedades de economia mistae empresas públicas. Em setores como transporte fer-roviário, energia elétrica, telecomunicações, por exem-plo, a presença estatal é quase exclusiva na segundametade do século XX.

A partir da década de 80 iniciou-se um movimentoinverso e várias empresas estatais ou áreas absorvidaspelo Estado foram transferidas para o setor privado; oregime de exploração dos serviços públicos sofreu al-

terações, admitindo-se a exploração em regime priva-do, por meio de autorizações, não mais apenas pelasclássicas concessões e permissões; introduzindo-se agradativa competição entre prestadores, por diversosmecanismos, sujeitando-se tanto a regimes de regula-ção como às regras nacionais de defesa da concorrên-cia.

Os modos de prestação de serviços públicos diversi-ficaram-se com a crescente e variada colaboração dosetor privado, observando-se, nas últimas décadas, osurgimento de novos tipos de ajuste, decorrentes deconsenso, acordo, cooperação, parcerias entre a Admi-nistração e particulares, ou entre órgãos e entidadesestatais. Diante desse modo de atuar, foram surgindonovos tipos de ajuste, com moldes que não se enqua-dram ao padrão clássico de contrato administrativo, nemao padrão teórico de contrato vigente no século XIX.Questiona-se, então, se esses novos ajustes têm nature-za contratual, tal como ocorreu com o contrato admi-nistrativo. Ao lado da concessão e da permissão, querenasceram com algumas modificações importantes paraservirem a um projeto de exploração concorrencial dosserviços públicos comerciais e industriais, são freqüen-tes as concessões de obras públicas, o arrendamento deáreas e instalações portuárias, os consórcios públicospara gestão de serviços de interesse comum dos con-sorciados, os convênios para o desenvolvimento de ati-vidades de interesse comum, a celebração de contratosde gestão com entidades qualificadas como organiza-ções sociais (Lei nº 9.637, de 15-05-98) e termos de par-ceria com entidades qualificadas como organizações dasociedade de direito civil de interesse público (Lei nº9.790, de 23-03-91, art. 3º), a parceria com fundaçõesde apoio, associações ou cooperativas, em regra pormeio de convênios, as terceirizações de serviços auxilia-res, o credenciamento, a franquia, ao lado das parceriasde Direito Público Internacional – que se verificam quan-do da atuação de dois ou mais países, na construção eexploração de empreendimento comum (como ocorreu

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16 TCM informativo

com a Itaipu Binacional).A parceria serve a diversos objetivos e formaliza-se

por variados instrumentos jurídicos, podendo ser utili-zada como: a) forma de delegação da execução de ser-viços públicos; b) meio de fomento à iniciativa privadade interesse público, efetivando-se por meio de convê-nio, contrato de gestão ou termo de parceria; c) ins-trumento de desburocratização e de instauração dachamada Administração Pública Gerencial, por meiodos contratos de gestão; d) forma de cooperação doparticular na execução de atividades próprias da Ad-ministração Pública, pelo instrumento da terceirização.

Recentemente (novembro de 2003) o Executivo en-caminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei n.2.546/2003, que institui normas gerais para licitação econtratação de parceria público-privada, no âmbito daadministração pública, com o objetivo de adaptar o atualmarco legal de contratação (Lei nº 8.666, de 1993) e deconcessão de serviços (Leis nº 8.987 e 9.074, ambas de1995), permitindo “algumas alterações que potenci-alizem o sistema de parceria e o seu elemento de distin-ção: compartilhamento dos riscos e financiamento pri-vado”. Prevê, em seu art. 1º a extensão da sua aplicaçãoaos fundos especiais às autarquias, às fundações públi-cas, às empresas públicas, às sociedades de economiamista e às demais entidades controladas direta ou indi-retamente pela União, Estados, Distrito Federal e Muni-cípios. Referido projeto define contrato de parceria pú-blico-privada como “o acordo firmado entre a adminis-

tração pública e entes privados, que estabeleça vínculojurídico para implantação ou gestão, no todo ou emparte, de serviços, empreendimentos e atividades deinteresse público, em que o financiamento e a respon-sabilidade pelo investimento e pela exploração incum-bem, ao parceiro privado” indicando a observância deeficiência, respeito aos destinatários dos serviços e en-tes incumbidos de sua execução, indelegabilidade dasfunções de regulação, jurisdicional e de poder de polí-cia; responsabilidade fiscal ; transparência; repartiçãodos riscos de acordo com a capacidade gerencial daspartes e sustentabilidade financeira e vantagens sócio-econômicas do projeto (art. 2º).

Nessa trilha caminham Estados e Municípios. Mi-nas Gerais e São Paulo já aprovaram suas leis. OutrosEstados, como Maranhão, Rio Grande do Sul, MatoGrosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal, já possuemprojetos em curso. O Município de São Paulo adaptouos princípios dos PPPs às suas necessidades e apresen-tou à sociedade um projeto para reurbanizar as fave-las de Heliópolis e Paraisópolis.

[*] DRA. DINORÁ ADELAIDE MUSETTI GROTTI É MESTRE DOUTORA EM

DIREITO DO ESTADO PELA PUC-SP, EX-PROCURADORA DO MUNICÍPIO DE

SÃO PAULO E PROFESSORA DA FACULDADE DE DIREITO DA PUC-SP

“Dispensa eInexigibilidade de

Licitação” foi otema do Prof° Dr.

Ivan BarbosaRigolin, durante o

II Seminário deDireito

Administrativo -Licitação e

Contrato - DireitoAplicado

Profª. Dra. Dinorá Mussetti Grotti recebe a homenagem doconselheiro Maurício Faria, ladeado pelo conselheiro Roberto

Braguim e pelo Presidente do TCMSP, Dr. Antonio Carlos Caruso

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TCM informativo 17

s empresas estatais (sociedades de econo-mia mista e empresas públicas) foram cria-das sobretudo nas décadas de 60 e 70. NoMunicípio de São Paulo, vale destacar a Com-

panhia do Metropolitano de São Paulo – METRÔ, cujocontrole acionário foi transferido, alguns anos após,para o Estado, e a Empresa Municipal de Urbanização– EMURB.

Na época, as licitações promovidas pela Adminis-tração Pública eram regidas pelos arts. 125 a 144 doDecreto-lei federal 200, de 25.02.67. Esse decreto-leieditou normas gerais que tinham sua aplicação restri-ta à Administração Direta e às autarquias.

Em 1972, no início da construção da linha Norte-Sul do metrô, ligando Santana a Jabaquara, o papel daEMURB, recém-criada, era da maior relevância. O im-pacto da implantação do metrô na realidade urbanafoi objeto de planejamento, que tinha como um dosseus principais objetivos disciplinar o uso do solo ur-bano no entorno, sobretudo no que se referia à futuravalorização extraordinária de terrenos privados, resul-tante de investimentos públicos.

A contribuição de melhoria, prevista da Constitui-ção de 1967, com a Emenda Constitucional nº 1, de1969, esbarrou em um obstáculo intransponível, já queera impossível determinar-se com exatidão quais osimóveis beneficiados, e em que medida o seriam. Pen-sou-se na desapropriação por zona, mas esta esbarrou

Licitações nas empresasestatais*

em decisão do S.T.F.. De qualquer maneira, para reali-zar seus objetivos a EMURB precisaria efetuar contra-tações e, como o Decreto-lei 200 a ela não se aplicava,a Diretoria da EMURB, à frente o arquiteto RobertoCerqueira Cesar, decidiu elaborar um Regulamento deLicitações próprio. Foi criado um grupo de trabalhopresidido pelo Diretor-Administrativo, Carlos AlbertoFelizola Freire, do qual tive a satisfação de participarna qualidade de consultor externo.

Aprovado o Regulamento de Licitações da EMURB,foi a vez da Companhia do METRÔ, na época - comoainda hoje - uma das principais contratantes estatais doPaís. Após cerca de dois anos de trabalho multifuncio-nal, a equipe encarregada de elaborar o Regulamentode Contratações da empresa, da qual também partici-pei como consultor externo, chefiada pelo Superinten-dente de Compras, Luiz Dória, concluiu seu trabalho.

Esclareço, entre parênteses, que o regulamento daEMURB foi denominado de “licitações” porque abran-geu apenas essa etapa do processo de contratação,enquanto o regulamento de contratações da Compa-nhia do METRÔ disciplinou as quatro etapas do pro-cesso, quais sejam: (a) o planejamento; (b) a licitação;(c) a celebração do contrato; e (d) a execução.

O Regulamento de Contratações da Companhia doMETRÔ foi adotado como modelo por outras empresasmunicipais, como a PRODAM e a CET. E também porvárias empresas estaduais, como, por exemplo, a CO-NESP e a EMPLASA, e mesmo federais, como a COSIPA.

A aprovação desses regulamentos foi possível por-que as legislações estadual e municipal assim o permiti-am. No plano estadual, a Lei 89, de 27.12.72, em seuart. 80, dizia que as empresas estaduais deveriam ado-tar as normas legais “sempre que possível”. Não as obri-gava, portanto, a seguir o rito aplicável à AdministraçãoCentralizada e autárquica do Estado. No plano munici-pal, o projeto de lei do qual resultou a Lei 8.248, de07.05.75, continha o art. 76, que determinava a obser-vância das normas legais pelas empresas municipais, masesse dispositivo foi vetado pelo Prefeito Olavo Setubal.

Veio o Decreto-lei federal 2.300, de 21.11.86, e al-terou muito pouco essa situação, já que seu art. 86autorizava as empresas estatais a adotarem procedi-mentos seletivos simplificados, com observância dos

DR. ANTÔNIO CARLOS CINTRA DO AMARAL [*]

AA

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princípios básicos da licitação. Como os regulamentosde licitações e contratações das empresas estatais, atéentão elaborados, já o foram com a observância des-ses princípios, continuaram eles em vigor.

Esse quadro, porém, foi substancialmente alteradopela Lei 8.666, de 21.06.93. Essa lei praticamente eli-minou a relativa flexibilidade de que gozavam as em-presas estatais, submetendo-as às mesmas normas le-gais aplicáveis à Administração Direta ou Centralizadae às autarquias.Com isso, ocorreu o que Alfredo Almeida Paiva já

temia na década de 60 (RDA, vol. 60/15):“Torna-se, por isso mesmo, indispensável não se re-

pita com tais tipos de sociedade o que ocorreu com asentidades autárquicas, que, segundo Oscar Saraiva, en-velheceram precocemente: surgidas, diz ele, em maiornúmero no qüinqüênio de 1937 a 1942, trazendo em sicondições de independência de ação e liberdade admi-nistrativa que as tornavam instrumentos flexíveis e efi-cientes de ação, logo a seguir as influências centraliza-doras de padronização, uniformização e controle as al-cançaram, tornando em muitos casos sua administra-ção quase tão rígida quanto a do próprio Estado e fa-zendo desaparecer as razões de conveniência que origi-naram suas instituições”. (grifos no original)

Em junho de 1998, a Emenda Constitucional 19alterou o texto original do inciso XXVII do art. 22

da Constituição, que passou a ter a seguinteredação:

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em

todas as modalidades, para as administrações públicasdiretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados,Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto noart. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedadesde economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III.”

Em setembro de 1998, tive oportunidade de pro-nunciar palestra em seminário promovido pelo Institu-to de Direito Administrativo Paulista – IDAP, em quesustentei que embora o inciso III do § 1º do art. 173 serefira apenas às empresas estatais que exercem ativi-dade econômica, o disposto no inciso XXVII do art. 22aplica-se também às empresas estatais que exercemserviço público, bem como às que dão suporte à Ad-ministração Pública (empresas de planejamento, deurbanização, de processamento de dados etc.). Ou seja,adotada a interpretação sistemática, deve entender-seque a exceção contida no inciso XXVII do art. 22 daConstituição, com a nova redação dada pela Emenda19/98, aplica-se às empresas estatais de qualquer tipo.

Esse entendimento foi por mim reafirmado em meu“Comentando as Licitações Públicas” (Rio de Janeiro,Temas & Idéias, 2002, pp. 15/16).

Entendo, portanto, que as empresas estatais, dequalquer tipo, poderão, em face da nova redação dadapela Emenda Constitucional 19/98 ao inciso XXVII doart. 22 da Constituição, aprovar seus regulamentospróprios de licitação e contratação, desde que com aobservância dos princípios da licitação. Vale dizer: asituação atual é análoga à que existia na vigência doDecreto-lei 2.300/86.

Ressalto, por último, que discordo do entendimen-to, predominante, de que a eficácia da norma do incisoIII do § 1º do art. 173 da Constituição esteja condiciona-da à aprovação de lei pelo Congresso Nacional. E issoporque, a meu ver, trata-se de norma de eficácia plena,na consagrada classificação de José Afonso da Silva.

* Síntese da palestra pronunciada em 18.06.2004,no “II Seminário de Direito Administrativo – Licitaçãoe Contrato – Direito Aplicado”, realizado pelo Tribu-

nal de Contas do Município de São Paulo.

[*] DR. ANTÔNIO CARLOS CINTRA DO AMARAL É ADVOGADO.CONSULTOR E PARECERISTA EM LICITAÇÕES E CONTRATOS. MESTRE EM

DIREITO, EX-PROFESSOR DE DIREITO ECONÔMICO E ATUALMENTE

PROFESSOR NO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO ADMINISTRATIVO

NA PUC-SP (PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”). COORDENADOR GERAL EPROFESSOR NOS SEMINÁRIOS CELC DESDE 1982. AUTOR DE VÁRIOS

LIVROS E OUTROS TRABALHOS PUBLICADOS, BEM COMO DE COMENTÁRIOS

ESPECIALIZADOS DIVULGADOS NO SITE WWW.CELC.COM.BR.

O Dr. Antônio Carlos Cintra do Amaral, recebe ahomenagem do TCMSP durante o II Seminário de DireitoAdministrativo, ao lado dos conselheiros Eurípedes Sales,

Maurício Faria e Roberto Braguim

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2.126ª Sessão Ordinária - 10/12/2003

1) TC 4.676.02-082) interessadas: Sehab e Araguaia ConstrutoraBrasileira de Rodovias S.A.3) objeto: Contrato 25/02 R$ 5.969.126,80 – Execução deobras de reurbanização e implantação de infra-estruturacompreendendo serviços de terraplenagem, pavimentação,micro e macrodrenagem, no loteamento Jardim Maia, setor 94) resultado: Acolhido o Contrato 25/02., àunanimidade.5) relator: Consº Eurípedes Sales

2.129ª Sessão Ordinária - 17/12/2003

1) TC 1.646.03-112) interessadas: Semab e Citro Cardilli ComércioImportação e Exportação Ltda.3) objeto: Contrato 38/03 R$ 800.100,00 – Aquisiçãode suco de laranja integral pasteurizado e congelado4) resultado: julgado regular o contrato em exame,determinado à Origem que respeite as disposições dalegislação vigente, lavrando os instrumentos contratuaisanteriormente ao início da entrega das mercadorias, sobpena de responsabilidade. – Unanimidade.5) relator: Consº Roberto Braguim

2.131ª Sessão Ordinária - 14/01/2004

1) TC 4.240.02-822) interessada: Seme3) objeto: Auditoria para verificar se o projeto de reformae manutenção do Estádio Municipal de Beisebol “MieNishi” está sendo executado conforme a Lei Orçamentária4) resultado: conhecidos os trabalhos realizados edeterminado o arquivamento dos autos. – Unanimidade.5) relator: Consº Maurício Faria

2.132ª Sessão Ordinária - 21/01/2004

1) TC 6.604.99-09

2) interessado: Getúlio Hanashiro3) objeto: Recurso de revisão interposto contra V. Acórdãoproferido em 07.02.01 – Relatora Conselheira Mariana P.A. Q. Barbosa – SMS e Fundação Multipatrocinada deSuplementação Previdenciária – Suprev – Locação deimóveis situados na Av. Paulista, 2198, localizados no 22ºe 23º andares, mais 12 vagas na garagem4) resultado: não conhecido o recurso de revisão, porfalta de pressupostos de admissibilidade, mantidointegralmente o Acórdão recorrido, por entenderem queos fundamentos invocados pelo recorrente já foramobjeto de apreciação no primeiro recurso interposto,momento em que o mesmo deixou transcorrer o prazosem interposição de apelo. - Unanimidade.5) relator: Consº Edson Simões.

2.133ª Sessão Ordinária - 28/01/2004

1) TC 1.203.97-002) interessada: Seme3) objeto: Auditoria no autódromo municipal,objetivando identificar os pontos geradores de receita epara analisar o sistema de controle de arrecadação quantoà destinação final de seu controle4) resultado: conhecida a auditoria realizada, comdeterminação à Origem para que adote as medidascabíveis à reparação do prejuízo ao Erário, apontadopelos Órgãos Técnicos desta Corte, na utilização doAutódromo Municipal José Carlos Pace, correspondentea 765 UFM’s cobradas a menor no preço público relativoao evento Campeonato Internacional de Turismo ITC,realizado de 25 a 27/10/96, e 2.144,74 UFIR’s, por nãoter sido comprovado seu recolhimento no eventoCampeonato Brasileiro de Turismo FIAT, realizado em15/12/96. Determinado, ainda, à Origem que informeeste Tribunal sobre as providências tomadas, no prazode 30 (trinta dias), encaminhando cópia do relatório evoto do Relator, bem como do Acórdão à SecretariaMunicipal de Esportes Lazer e Recreação - Unanimidade.5) relator: Consº Maurício Faria

Decisões do TCMSP

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2.135ª Sessão Ordinária - 04/02/2004

1) TC 4.709.03-462) interessadas: Orcimed Indústria e Comércio Ltda.- Autarquia Hospitalar Municipal Regional doJabaquara3) objeto: Representação solicitando apuração daregularidade do Edital de Licitação na modalidade Tomadade Preços 16/03 - Serviços de fornecimento de materiaispara implante de cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial4) resultado: conhecida a representação, por presentesos pressupostos de admissibilidade, e, no mérito, julgadaimprocedente, determinado o arquivamento dos autos,após as providências previstas no artigo 58 do RegimentoInterno desta Corte. - Unanimidade.5) relator: Consº Roberto Braguim

2.136ª Sessão Ordinária - 11/02/2003

1) TC 4.162.02-702) interessadas: SGM e Anhembi3) objeto: Contrato 11/02 R$ 14.278.000,00 – Serviçosde planejamento geral, execução, controle e divulgaçãodos eventos preparativos do carnaval paulistano de 20034) resultado: acolhido o Contrato 11/02, recomendaçãoà Secretaria do Governo Municipal para que exija daempresa contratada, antes da celebração do contrato,planilha detalhada de todos os custos do evento, paraviabilizar futura comparação de valores. - Unanimidade.5) relator: Consº Eurípedes Sales

2.137ª Sessão Ordinária - 18/02/2004

1) TC 1.688.00-192) interessados: Procuradoria da Fazenda Municipal,Semab e Jovelino Pereira Ribeiro3) objeto: Recursos interpostos contra V. Acórdãoproferido em 03.07.02 – Relator Conselheiro EdsonSimões – Semab e Trac Serviços Comércio e AdministraçãoLtda. - Locação de 85 caminhões de 6 a 8 toneladas,para transporte de merenda escolar, com motorista e 1ajudante4) resultado: conhecidos os recursos interpostos, porpreenchidos os requisitos de admissibilidade, e negadoprovimento. Determinado o envio de oficio ao ilustre

membro do Ministério Público, acompanhado de cópiado Acórdão, atendendo ao Ofício 3902/03, encartadosob fl. 323 dos autos – Maioria. Vencido, em parte, oConselheiro Maurício Faria – Revisor que, nos termosdo voto apresentado em separado, deu provimentoaos recursos.5) relator: Consº Roberto Braguim.

2.138ª Sessão Ordinária - 03/03/2004

1) TC 1.284.03-222) interessados: Seme e Consórcio S.A. Paulista-JZEngenharia3) objeto: Contrato 1/03 R$ 5.299.974,86 – Execuçãode serviços e obras de reforma e adequação da pista doAutódromo Municipal José Carlos Pace – “Interlagos”,para a realização do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1/20034) resultado: julgado regular a Concorrência 001/SEME/2002 e acolhido o Contrato 001/SEME/2003, comrecomendação à Origem para que inclua, noscorrespondentes processos administrativos, todos oselementos de que se tenha valido para respaldar suasdecisões administrativas - Unanimidade.5) relator: Consº Maurício Faria

2.139ª Sessão Ordinária - 10/03/2004

1) TC 227.97-332) interessadas: Sehab e Engeform Construções eComércio Ltda.3) objeto: TAs 11º/00 R$ 7.332.171,55 (alteração doobjeto e do valor contratual, adoção de planilhasorçamentárias e de cronograma físico-financeiro), 12º/01 (alteração da denominação social da contratada,adoção de planilhas orçamentárias e de cronogramafísico-financeiro e prorrogação de prazo) e 13º/01 (adoçãode planilhas orçamentárias e de cronograma físico-financeiro) – Execução de obras de construção deunidades habitacionais e de infra-estrutura urbana naárea denominada “City Jaraguá – Setor IV”4) resultado: Acolhidos os Termos Aditivos -Unanimidade.5) relator: Consº Eurípedes Sales.

é uma publicação do Tribunal de Contas do Município de São Paulo.Av. Prof. Ascendino Reis, 1.130 • CEP: 04027-000 • Tel: [11] 5080-1012

• Site: www.tcm.sp.gov.br • E-mail: [email protected] • Presidente: Cons. Antonio Carlos Caruso • Vice-presidente: EdsonSimões • Conselheiros: Eurípedes Sales, Roberto Braguim e Maurício Faria • Edição: Assessoria de Imprensa do TCMSP