mercadofitness:oportunidadedenegÓciono … · de peixe, com peso médio de 3,5 kg cada,...
TRANSCRIPT
MERCADO FITNESS: OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO NORAMO ALIMENTAR
ROSIGLEIDE REBOLI CARDOSOUniversidade Federal de [email protected] JAQUELINE ALVES DA GRAÇAUNICENTRO - Faculdade de Educação de [email protected] ROSANA REBOLI CARDOSOCentro Universitário Luterano de Ji-Paraná[email protected] JOSÉ MOREIRA DA SILVA NETOUniversidade Federal de [email protected]
1
MERCADO FITNESS: OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO NO RAMO ALIMENTAR
RESUMO
A pesquisa buscou evidenciar a atividade da piscicultura baseada no método de custeio
por absorção na fase de recria e engorda de tambaqui em cativeiro, realizado na fazenda
AGROFISH Nova Aurora, como oportunidade de negócio embarcado pela mudança alimentar
da população. Teve como objetivo central evidenciar o custo de produção e a lucratividade
gerada nesta atividade do agronegócio. Foi delimitada uma área de 10.000 m² na propriedade,
representando um tanque de peixes contendo cerca de 2608 alevinos. Mediante coleta de
dados foram feitos os devidos rateios dos custos. A metodologia utilizada foi à pesquisa
quantitativa, o método foi o dedutivo, e o procedimento adotado documental. O período
analisado compreendeu os meses de setembro de 2012 a dezembro de 2013. Na fase inicial de
criação, foi depositada no tanque em estudo uma população de 2.608 unidades de alevinos
(tambaqui) para recria e engorda. Na fase da despesca, essa quantia resultou em 9.253,18 kg
de peixe, com peso médio de 3,5 kg cada, evidenciando uma margem de contribuição de R$
0,95 por kg, que corresponde a 25% de retorno e 75% correspondem aos custos de produção
do tambaqui.
Palavras chave: Agronegócio; Piscicultura. Custos de produção.
FITNESS MARKET: BUSINESS OPPORTUNITY IN THE FOOD INDUSTRY
ABSTRACT
The research sought to demonstrate the activity of fish farming based on the method of
absorption costing in the rearing and fattening of tambaqui in captivity, held on the farm
AGROFISH New Dawn, as a business opportunity for food shipped population change.
Aimed mainly to highlight the cost of production and profitability of agribusiness generated
in this activity. An area of 10,000 m² on the property was bounded, representing a fish tank
containing about 2608 fingerlings. Through data collection were made the appropriate
apportionment of costs. The methodology used was the quantitative research method was
deductive, and the procedure adopted document. The analyzed period to the months of
September 2012 to December 2013 In the early stage of creation, was deposited in the tank in
a population study of 2,608 units fingerlings (tambaqui) for rearing and fattening. In phase
despesca, this amount resulted in 9253.18 kg of fish with an average weight of 3.5 kg each,
indicating a contribution margin of R $ 0.95 per kg, which corresponds to 25% return and
75% correspond to production costs tambaqui.
Keywords: Agribusiness; Fish farming. Production costs.
2
1 INTRODUÇÃO
Conforme dados da FAO, o consumo de pescado no Brasil aumentou de 4kg para 9 kg
per capita/ano em 8 anos, sendo 12kg a quantidade de consumo recomendada pela
Organização Mundial da Saúde e 18kg a média global. Esse resultado positivo pode ser
associado à mudança de hábito alimentar em busca de melhor saúde e estética corporal. A
mídia tem dado muita evidência e é notável a influência de artistas e modelos sobre o padrão
de beleza atualmente desejado e buscado pelos brasileiros. O peixe é um dos alimentos chaves
na dieta de qualquer pessoa e principalmente dos então bodybuilding, pois, conforme tabela
nutricional, a carne branca é leve, de fácil digestão, sua gordura é boa, raridade entre os
alimentos de origem animal, e possui alto grau de proteína, o que é essencial para a
composição e descanso muscular. Outro aspecto que é associado ao crescente interesse pela
prática de esportes e cuidado com o corpo, é a realização da copa do Mundo e Olimpíadas nos
Brasil. Conforme dados da International RadioSurgery Association, o Brasil já é o segundo
país no mundo em número de academias ficando atrás somente dos Estados Unidos. E nesse contexto, onde um negócio abre oportunidade para outro, destaca-se os ganhos
do agronegócio com atividades sustentáveis para atender a essa demanda de mercado, cada
vez mais crescente e consciente, em busca de uma vida saudável.
No Estado de Rondônia a piscicultura encontra-se em franco desenvolvimento e vem
se destacando em relação às outras atividades econômicas. Entre as espécies de peixes que se
destacam no Estado é o tambaqui devido o fácil cultivo, mercado e retorno econômico. São
aproximadamente oito mil propriedades rurais com criatórios de pescado, abrangendo desde
cultivos mais simples à atividades altamente tecnificadas. Ao todo existem mais de nove mil
hectares de lâmina d’água em produção com as devidas licenças ambientais emitidas, com
projeção de 50 mil toneladas de pescado no ano de 2013, volume superior a toda a produção
aquícola da região Norte em 2010 (IDARON, 2013). Destaca-se nesse contexto a relevância
do setor rural e do agronegócio para o desenvolvimento sustentável do estado.
A fim de avaliar a viabilidade economia e financeira da piscicultura neste cenário de
oportunidade que se abre e se torna sedimentado pelo mundo fitness com a mudança
alimentar da população, foi estabelecida a seguinte questão problema: Qual a lucratividade e
rentabilidade obtida através da piscicultura sustentável no estado de Rondônia?
A pesquisa teve como objetivo geral, identificar a lucratividade e rentabilidade obtida
através da piscicultura sustentável no estado de Rondônia, e como objetivos específicos:
descrever o processo de produção de peixe adotado na fazenda AGROFISH Nova Aurora;
apresentar e analisar os custos diretos e indiretos inerentes ao processo de produção na
fazenda AGROFISH Nova Aurora; verificar o custo de produção, utilizando o método de
custeio por absorção; e identificar a margem de contribuição e lucratividade apurada no
período analisado.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Histórico e Evolução da Piscicultura no Brasil
A criação de peixes é uma atividade milenar que vem se difundindo ao longo dos anos,
com constantes mudanças e aperfeiçoamentos em suas técnicas de criação e desenvolvimento
da piscicultura. Yancey (1983), ressalta que a criação de peixes é uma atividade antiga, pois,
à registro da criação de tilápias em piscinas de nobres egípcios 2.000 anos A.C. .
O Brasil destaca-se por possuir imenso potencial para o desenvolvimento da
piscicultura por meio dos 8,4 mil km de litoral e 5,5 milhões hectares de reservatórios de
águas doces, representando aproximadamente 12% da água doce disponível no planeta.
3
No Brasil muitas pesquisas vêm sendo realizadas neste campo, cujo objetivo é
“desenvolver tecnologia apropriada adequada às novas diversificadas condições. Os
resultados, destes estudos, aliados ao conhecimento básico, promovem um decisivo impulso
no campo da piscicultura nacional.” (YANCEY, 1983, p 1).
A produção pesqueira no Brasil teve sua evolução a partir da década de 1960, com
diversas ações de incentivo do governo. É prudente destacar que tais incentivos foram
dirigidos quase exclusivamente para o setor de pesca industrial, com raras ações visando ao
desenvolvimento da aquicultura, incluindo assim a atividade de peixes de água doce, que
somente a partir da década de 1990 teve sua evolução.
A partir da década de 1990, inúmeras inovações tecnológicas vem ocorrendo até os
dias atuais, no qual, a piscicultura no mercado Brasileiro vem se despontando devido á falta
do produto no mercado e o ganho da popularidade do peixe no habito alimentar da população
(Kubitza, 2013).
2.2 A Piscicultura no Estado de Rondônia
O Estado de Rondônia tornou-se autossuficiente na produção de larvas e alevinos de
peixes, em especial, da espécie Tambaqui. A adaptação em cativeiro foi aprovada com êxito
econômico devido a sua produtividade, pois, dependendo do sistema e manejo utilizado, em
menos tempo, o peixe pode alcançar pesos mais elevados e consequentemente o produtor
pode obter maior retorno econômico na comercialização.
Dados da SUFRAMA (2003) apontam que em Rondônia a piscicultura vem
apresentando crescimento acelerado em razão da carência de pescado que não é suprido pela
pesca extrativista. A principal espécie criada é o tambaqui com produção média de 2.400t/ano
e produtividade média é de 4t/ha/ano. A área dedicada a tal produção no estado, é de
aproximadamente 600 ha, e a estimativa do número de piscicultores é de 800. Em relação à
produção de alevinos a oferta gira em torno de 6 milhões/ano com unidades de produção em
Porto Velho, Ouro Preto, Ji-Paraná, Presidente Médici e Pimenta Bueno.
De acordo com o IDARON (2013), aproximadamente oito mil propriedades rurais no
estado têm criatórios de pescado, abrangendo desde cultivos mais simples à atividades
altamente tecnificadas. Ao todo existem mais de nove mil hectares de lâmina d’água em
produção com as devidas licenças ambientais emitidas, com projeção de 50 mil toneladas de
pescado no ano de 2013, volume superior a toda a produção aquícola da região Norte em
2010.
Ressalta-se que, como em qualquer atividade comercial, a piscicultura, necessita do
manejo para uma produção favorável e rentável, com práticas que melhoram a produtividade
dos viveiros, tais como: a preparação adequada dos mesmos, a compra ou a produção de
alevinos para povoamento dos viveiros; acompanhamento diário da qualidade da água;
alimentação dos peixes; despesca; e seguindo processos caracterizados por conhecimentos e
habilidades que podem ser adquiridos, tanto no campo, como pelo estudo técnico.
O maior mercado consumidor de tambaqui do Estado de Rondônia, atualmente, é o
Estado do Amazonas, em especial à capital, Manaus, onde a população tem no pescado um
dos seus principais ingredientes alimentares, consumindo em média, 80% da produção do
Estado de Rondônia.
Segundo as estatísticas do Ministério da Pesca e Aquicultura (2013), os produtores
rondonienses têm perspectivas de abastecer com pescado o Centro-Oeste e as regiões Sudeste e Sul do Brasil. A abertura da Rodovia Transoceânica, que liga o Norte do Brasil ao Oceano Pacífico, onde
existem portos voltados para a Ásia, também se apresenta como oportunidade promissora de negócio.
O Ministério da Pesca e Aquicultura, aposta no alcance de uma produção de 80 mil
toneladas de pescado em Rondônia até o final de 2014, apresentando a temperatura da água
4
(26 a 27 graus na média anual), as características do solo com excelente conformação
topográfica e elevado potencial hídrico (DNAEE), associados à boa logística de escoamento,
como pontos favoráveis à atividade e ao atingimento da meta projetada.
A vocação de Rondônia para piscicultura não é um caso isolado na região
Norte. Estados como Acre, Amazonas e Pará também se mobilizam fortemente para aumentar
a produção de pescado. Assim, a Amazônia descobre uma promissora vocação econômica,
que é sustentável e não compromete a floresta.
2.3 Fases da Piscicultura
O cultivo de peixe é constituído de três fases: alevinagem, recria e a engorda sendo que
cada uma delas constitui um tipo especifico de piscicultura. Para que cada fase seja bem conduzida,
faz-se necessário conhecer as formas de manejo e os cuidados que cada uma dessas fases requer.
FIGURA 01: FASES DA PISCICULTURA
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa.
Alevinagem: refere-se à produção de alevinos, que são os filhotes dos peixes, os quais
quando atingem o tamanho e o peso ideal, serão comercializados para outras
pisciculturas, que se encarregarão de fazer a recria e a engorda dos mesmos. Essa fase,
também, é denominada de berçário, é quando o alevino está em fase que pode durar
até 90 dias para alcançar 200g onde deixa de ser um alevino. Nessa fase, utilizam-se
matrizes selecionadas e de alto potencial genético e reprodutivo. Para isso, os ovos são
retirados diretamente nas matrizes quando essas se encontram no período de ovulação,
e depois, são colocados para encubarem artificialmente.
Recria: nessa fase os alevinos serão adquiridos diretamente dos criatórios
especializados em alevinagem e transferidos para a piscicultura de recria, onde
permanecerão até se tornarem peixes juvenis, quando então serão transferidos para a
fase de engorda.
Engorda: é a fase mais rotineira, no entanto essencial, da criação de peixes. É o
período em que os peixes saem dos viveiros de recria e são levados para o viveiro de
barragens, onde permanecerão até o ponto de comercialização. Nesta fase depende
todo o sucesso da piscicultura, pois é a mais prolongada e sujeita aos imprevistos
provenientes do ambiente. Na engorda o aspecto mais importante é a alimentação
correta e suficiente para desenvolvimento rápido, apresentando um produto que atenda
as exigências do mercado. Essa fase dispensa qualquer completamente qualquer
suplementação, será utilizada ração de qualidade, de duração variando de 60 a 90 dias,
dependendo do peso médio final pretendido.
2.4 Tipos Básicos de Piscicultura A piscicultura pode ser desenvolvida adotando diversos processos, a saber:
alevinagem recria engorda
5
Sistema Intensivo: esse sistema destina-se a obter o máximo de produtividade por
unidade, é utilizada toda tecnologia disponível no mercado, acompanhamento
sistemático de técnicos especialistas, controle sistemático de qualidade física e
química da água, entrada e saída de água, a produção varia de 6.000 a
10.000kg/ha/ano. Segundo Yancey (2006, p. 6) o sistema intensivo é utilizado
"quando se destina obter produção máxima por unidade de área, pelo refinamento do
manejo, das instalações, do melhoramento genético e da suplementação alimentar
balanceada".
Sistema Extensivo: é praticado geralmente em tanques, açudes e represas grandes
acima de 5.000 m2, sem controle de entrada, saída e qualidade da água. O piscicultor
eventualmente fornece alguma ração, os peixes se desenvolvem basicamente com
alimentação natural, o desfrute dessa atividade geralmente é para o consumo e
eventualmente o excedente é comercializado, pois a despesca é difícil. Nessas
condições, a produção gira em torno de 1.000 a 2.000 kg/ha/ano.
Sistema Semi intensivo: forma mais usada, onde os tanques geralmente medem de
1.000 a 3.000 m2. Controla-se a entrada e a saída da água, usa-se ração extrusada e
complementos com alimentos alternativos, à produção média gira em torno de 3.000 a
5.000kg/ha/ano. Sobre o aumento da produtividade em sistemas de criação semi
intensiva, Yancer (1983 p.5) esclarece que:
(...) quando se destina a aumentar a produção, através do estímulo da produtividade
primária, a criação semi-intensiva fica condicionada ao uso de adubo em
quantidades máximas adequadas, principalmente em função do nível de oxigênio
dissolvido na água, com a finalidade principal de incrementar a produtividade
primária no ambiente.
2.5 Sustentabilidade no negócio de Piscicultura
A reavaliação dos sistemas produtivos a fim de apresentar propostas sustentáveis ao
atendimento da crescente demanda de consumo, querer práticas capazes de serem econômico
e financeiramente viáveis também nas dimensões ambientais, ecológicas e institucionais. A
atividade de piscicultura requer a autorização por meio de licença dos órgãos reguladores
competentes.
O Ministério do Meio Ambiente Licenciamento Ambiental da Atividade de
Piscicultura, define Licenciamento Ambiental como sendo:
“O procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental” (Lei
Complementar nº 140, 2011).
O Licenciamento Ambiental é o procedimento pelo qual o órgão competente analisa a
proposta apresentada para o empreendimento e o legitima, considerando as disposições legais
e regulamentares aplicáveis e sua interdependência com o meio ambiente.
A Licença Ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão competente estabelece
as condições, restrições e as medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar
empreendimentos ou atividades que possam causar degradação ambiental.
No âmbito Federal, o licenciamento ambiental para aquicultura é de responsabilidade
do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA e na esfera Estadual, a Secretaria Estadual de
Meio Ambiente - SEDAM.
6
De acordo com SEBRAE (2011), as licenças Exigidas para o Empreendimento da
Atividade de Piscicultura são:
Licença de Instalação (LI) - Autoriza a instalação do empreendimento ou da atividade
de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental.
Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento,
após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores.
Licença Prévia (LP) – Emitida na fase preliminar do planejamento do empreendimento
ou da atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condições atendidas nas próximas
fases de sua implantação.
2.4 Abordagem Econômica
A eficiência de uma organização é a condição para sua sobrevivência. Os
administradores mais eficazes buscam continuamente o alcance desta eficiência por meio do
melhor emprego dos recursos físicos e financeiros e coordenação das ações dos empregados, a
fim de melhorar o desempenho de suas empresas (GARETH; GEORGE, 2012).
O desempenho de uma organização é medido através da sua capacidade de combinar a
utilização dos recursos e ação das pessoas para satisfazer os clientes e atingir seus objetivos, e
o faz, planejando, organizando, liderando e controlando os processos para assegurar o alcance
do resultado desejado (GARETH; GEORGE, 2012). A profissionalização das atividades do
agronegócio tem aumentado o interesse por realizar controles afim de analisar o desempenho
obtido no campo.
A contabilidade de custos tem como objetivo, monitorar os gastos da produção através
de um controle de estoques, oferecendo dados dos custos ocorridos na empresa, mostrando as
atividades que estão obtendo lucros e outras em que os custos são elevados e está tendo pouco
ou nenhum retorno, possibilitando assim, ao empresário, agricultor ou pecuarista tomar
decisões seguras e eficazes (Martins, 2003).
Custos são todos os gastos que uma entidade realiza para que seu produto seja
comercializado (Perez et al, 2003). É a soma de todos os valores agregados ao bem desde o
início até o final do processo de transformação, e que será usado como base na formação do
preço de comercialização.
O cenário competitivo e completo natural às empresas, faz com que elas tenham a
necessidade de criar novos meios de reduzir custos, pois esta é, na maioria das vezes, a única
forma de enfrentar a concorrência e se manter no mercado, e não é diferente a realidade
enfrentada pelas empresas do agronegócio. Cunha (2009) apresenta como desafio, a missão de
encontrar o caminho para reduzir os custos de uma empresa, qual pode ser facilitado se este
caminho for estabelecido a partir de um planejamento bem elaborado.
Todos os custos ou despesas diretamente ou indiretamente relacionados à Piscicultura
devem ser considerados para determinar o custo de produção, com isso o gestor tem uma
chance maior de aumentar sua rentabilidade.
Dentre os vários métodos de custeio existentes, neste trabalho optou-se por utilizar o
Método de Custeio por Absorção, que é descrito por Leone (2000, p. 242) como “aquele que
faz debitar ao custo dos produtos todos os custos da área de fabricação, sejam esses custos
definidos como custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, de estrutura ou operacionais”.
Também denominado custeio pleno, ele consiste na apropriação de todos os custos sejam eles
fixos ou variáveis à produção de certo período, excluindo os gastos não fabris (despesas).
7
Verifica-se ainda que no Método de Custeio por Absorção utiliza-se de rateio para
fazer a distribuição equitativa de todos os custos agregados aos bens produzidos, que serão
posteriormente vendidos com a devida margem de lucro, possibilitando assim o crescimento e
proporcionando a saúde financeira da empresa. Margem de Contribuição representa a
diferença entre o preço de venda unitário e os gastos variáveis por produto, ou seja, “o valor
que sobra de cada unidade vendida e, portanto, deverá ser suficiente para cobrir os custos e
despesas fixas, taxas e impostos e, ainda, proporcionar lucro” (Dubois, 2008 p. 182).
Rentabilidade é um índice que apresenta a rentabilidade do capital investido, enquanto
que lucratividade representa uma variável que indica qual é o ganho que a empresa obtêm
numa relação entre o seu lucro líquido e a receita total.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa é caracterizada como aplicada, pois objetiva a geração de conhecimento
para a aplicação prática (ANDER-EGG, 1978). Quanto à abordagem do problema, apresenta
características qualitativas e quantitativas, ou seja, métodos mistos sequenciais com base em
Creswell (2010).
O caráter qualitativo é assumido por se utilizar de técnicas de coleta e análise de dados
como entrevistas, observações, estudos documentais e outros, a fim de explorar conceitos,
comportamentos e opiniões a respeito do universo pesquisado (CRESWELL, 2010;
ROESCH, 2005). Neste quesito utilizou-se o procedimento de pesquisa bibliográfica com
análise da literatura sobre o tema.
A abordagem quantitativa se dá em razão do uso de procedimentos que permitem
análises estatísticas dos dados. Os mesmos dados estatísticos também fundamentarão as
análises qualitativas e discussões sobre as oportunidades do negócio de piscicultura
sustentável frente ao mercado fitness.
Quanto a seu objetivo, enquadra-se como pesquisa descritiva conforme entendimento
a partir de Ander-Egg (1978), pois será desenvolvida para descrever a os processos produtivos
e administrativos utilizados na fazenda AGROFISH Nova Aurora em Ariquemes Rondônia,
permitindo assim, identificar a lucratividade e rentabilidade proporcionada e a viabilidade do
negócio.
As técnicas utilizadas para levantamento dos dados foram constituídas de pesquisas
bibliográficas, através de livros, sites especializados na internet, artigos e pesquisa
documental a partir de relatórios gerenciais disponibilizados pela empresa.
O procedimento utilizado nesta pesquisa foi o documental, realizado na empresa
Fazenda AGROFISH Nova Aurora, localizada no município de Ariquemes-RO, no período de
setembro de 2012 a dezembro de 2013, onde foi analisado 01dos 34 tanques que a fazenda
possui, para determinação dos custos de produção por lote e por kg de peixe. Para a tabulação
dos dados utilizou-se planilhas e gráficos produzidos em excel como também quadros e
figuras para facilitar a visualização, análise e interpretação dos resultados.
3.2 Caracterização do universo e amostra de pesquisa
A Fazenda AGROFISH Nova Aurora está localizada na linha RO 257 km 70, no
município de Ariquemes estado de Rondônia. A propriedade possui 500 ha de área total,
sendo 40 ha destinados para a atividade de piscicultura. Conta no seu quadro de pessoal, com
11 (onze) funcionários fixos e 02 (dois) diaristas. A empresa está no mercado a 06 (seis) anos
e realiza controles de custos e produtividade a 2 anos.
8
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A empresa AGROFISH Nova Aurora, objeto deste estudo, utiliza do método de
custeio por absorção, que consiste em apropriar todos os custos (fixos e variáveis, diretos e
indiretos) realizados na criação de peixes da espécie denominada Tambaqui. O quadro 1
apresenta as contas de custos/despesas inerentes ao cultivo do peixe da espécie Tambaqui na
respectiva fazenda, que posteriormente serão rateados para obtenção do custo final do kg
tambaqui do lote analisado.
Quadro 1 - Descrição dos custos e despesas na criação de peixes por lote. Alevinos
Ração
Mao de Obra
Diarista
Alimentação Diaristas
Energia
Telefone
Diesel
Gasolina
Instrumentos
Internet
Material de Pesca
Óleo 2 Tempo
Oxigênio
Peças Mecânicas
Despesa com Veiculo
Reagentes
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa.
Os gráficos 1 e 2 apresentam respectivamente a distribuição dos custos diretos e
indiretos da produção do pescado.
Gráfico 01: Segregação e Rateio dos Custos Diretos.
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa.
Observa-se que dos 100% dos custos diretos, 3,80% representam à compra de alevinos
para recria e engorda e 96,20% representam os insumos (ração) primordiais para a engorda
9
dos peixes. Durante o ciclo foram utilizados 19.080,86 kg de ração perfazendo um total de R$
22.337,10 para atender toda a demanda do lote, de modo que o Kg da ração consumida
representa o valor de R$1,17.
Gráfico 2: Rateio de Custos Indiretos.
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa.
De acordo com o gráfico 02, 60% dos custos indiretos por tanque, referem-se a mão de
obra com funcionários, utilizada para manutenção dos tanques de tambaqui. 15% representam
os diaristas contratados para auxiliar na manutenção do tanque, como serviços de hora
máquina e demais atividades. 6% representam as despesas com alimentação dos diaristas. 2%
representam o custo da energia utilizada diretamente no tanque relativo ao descarte de peixes.
3% representam o diesel utilizado no abastecimento dos motores para o manuseio e
manutenção. 4% representam a gasolina utilizada nos veículos para manejo, 1% representam
instrumentos relacionados ao cultivo do tambaqui, 7% é inerente ao custo com peças
mecânicas utilizadas nos veículos, motonetas e equipamentos e os demais custos
apresentaram um percentual de 2%, que isoladamente representam valores inexpressivos e no
conjunto, faz diferença no custo final do produto.
Os dados demonstram que 88% dos custos referem-se a custos diretos e 12% indiretos. Estes
dados extrapolaram a expectativa do empresário, pois, para que o ciclo produtivo alcance
fatores econômicos positivos, o processo tem que possuir de 11 a 12 meses, ou seja, tempo
onde o produto está pronto, atingindo peso e tamanho. O lote em análise ultrapassou quase 4
meses devido a baixa do preço do peixe praticado no mercado, no período de venda, fazendo
com que o produtor aguardasse mais tempo.
O quadro 2 apresenta o custo por lote, por quilo e o ciclo operacional do Tambaqui
comercializado.
Quadro 2 - Custo Produtivo do Tambaqui
Custo total (direto e indireto) do Tambaqui R$ 26.366,54
60% 15%
6%
2% 3%
4% 1%
7%
2%
Rateio dos Custos Indiretos
Mão de obra
Diarista
AlimentaçãodiaristasEnergia
10
Retirada despesca para comercialização (quantidade em kg) 9.253,18
Custo Tambaqui (o kg) R$2,85
Ciclo Operacional 477 dias Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa.
De acordo com o quadro 2, o custo por Kg de tambaqui foi de R$ 2,85 no qual o custo
total apurado do lote no tanque analisado representou R$ 26.366,54, comercializado no final
do período de 2013, perfazendo um total de 9.253,18 kg que equivalem a 2.608 unidades de
tambaquis, com peso aproximado de 3,5 Kg, num ciclo operacional de 477 dias. É prudente
destacar que a média dos ciclos gira em torno de 12 meses, sendo o peso médio de 2,0 a 2,5
kg.
O lote analisado ultrapassou 112 dias do prazo médio de comercialização. Em
entrevista, o proprietário informou que este lote em especial, não foi comercializado no prazo,
devido à queda de preço no mercado e devido às questões climáticas, levando a um aumento
nos custos. Porém, o ganho no peso do pescado durante o período excedido, compensara os
custos, afirmou o piscicultor.
O quadro 3 demonstra os dados que levaram a obtenção da margem de contribuição no
tanque alvo da pesquisa.
Quadro 3 - Margem de Contribuição.
Preço venda por kg R$3,80 kg
Custo por kg R$2,85 kg
Margem de contribuição por kg R$0,95 kg
% MC sobre o preço venda 25%
% do Custo por kg sobre a Venda por kg 75% Fonte: Elaborada pela autora da pesquisa.
Fica evidenciado que o custo final do peixe tambaqui representou 75% da receita
obtida no lote analisado e a margem de contribuição por foi de R$ 0,95 representando um
percentual de 25% de ganho sobre o faturamento por kg de peixe.
Portanto, a criação de peixes da espécie Tambaqui, em sistema intensivo de produção,
objeto deste estudo identificou que utilizando-se de 10.000 m2 de área, foi possível a
produção de 9.253,18 kg de peixe no período de 15 meses, perfazendo uma receita total de R$
35.162,08, com R$ 26.371,56 de custo total e um lucro líquido de R$ 8.790,52.
5. CONCLUSÃO
A pesquisa realizada na fazenda AGROFISH Nova Aurora localizada no município de
Ariquemes, buscou evidenciar a atividade da piscicultura através de manejo sustentável,
utilizando-se do método de custeio por absorção para análise da viabilidade econômica e
financeira nas fases de recria e engorda de tambaqui em cativeiro.
Verificou-se que a empresa AGROFISH engordou no período analisado
(setembro/2012 a dezembro/2013) 2.608 unidades de tambaquis totalizando 9.253,18 kg, com
peso médio de 3,5 kg cada peixe. Com base nestes dados ficou evidenciada a margem de
contribuição de R$ 0,95 por kg, que corresponde a 25% de retorno; Logo 75% correspondem
ao custo de produção do tambaqui.
11
Constatou-se que a empresa utiliza para a criação de peixes o sistema de produção
Intensiva e no lote analisado a produtividade foi registrada em 9.253,18 kg de peixe no
período de 15 meses.
É importante ressaltar que a atividade de piscicultura no Estado de Rondônia está em
franca expansão devido à qualidade, aceitabilidade do produto pelo mercado e fácil cultivo.
Esta área do agronegócio, além de apresentar viabilidade e retorno econômico para os
investidores na atividade, contribui para o desenvolvimento sustentável da região, ao passo
que conserva os recursos naturais.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Luciano Medici e ENGEL, Arno. Manual de Administração Rural – Custos
de Produção. Guaíba/RS: Livraria e Editora Agropecuária, 3° ed. 1999
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Legislação ambiental. 2012. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legi.cfm>. Acesso em: 08 out. 2014.
BRUNI, Adriano Leal,; FAMÁ, Rubens. Gestão de Custos e Formação de preços: com
aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 5. ed. – 5. reimpr.- São Paulo _
Atlas, 2011. – (Série Finanças na Prática)
CUNHA, Edison. Redução de custos. Administradores.com. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br>. Acesso em: 19 jan. 2014.
DUBOIS, Alexy. Gestão de Custos e Formação de Preço: conceitos, modelos e
instrumentos: abordagem do capital de giro e da margem de competividade. 2 º ed. São Paulo: atlas, 2008.
EMATER-RO. Sistema de Reprodução de Tambaqui. 2º ed. Porto Velho, Editora
Eletrônica Orlando Venâncio Surita Junior, 2006.
GARETH, R. Jones. GEORGE, Jennifer M. Fundamentos da administração
contemporânea. 4. ed. Porto Alegre. McGrawHill – Bookman, 2012.
IDARON, Piscicultura em Rondônia. Disponível em:
http://www.idaron.ro.gov.br/pisciculturaro. Acesso em: 09 de fevereiro 2014.
KUBTIZA, Fernando, Piscicultura: um Mar de Oportunidades, disponível em:
<http://www.matsuda.com.br, acessado em 08 de Fevereiro 2014.
LEONE, George S. G. Curso de Contabilidade de Custos. 2º ed. São Paulo:
Atlas, 2000.
LIMA, Teófilo Lourenço de. Manual básico para elaboração de mamografia. Editora Canoas,
1 º ed. Ulbra 1999.
MATARAZZO. Dante Carmine. Analise Financeira de Balanços: abordagem gerencial.
São Paulo: Editora Atlas, 7 º ed. 2010.
12
MINISTERIO DA PESCA E DA AQUICULTURA, Piscicultura de Rondônia Vive “bom
de produção” disponível: <http://www.mpa.gv.br acesso em 8 de fevereiro 2014.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MARDINI, Carlos Viruez. Criação de Peixe em Tanque de Açude. Porto Alegre,RS:
Editora Sagra-DC LUZZATTO, 1994 3 º ed.
PEREZ, Jose Hernandez Jr, OLIVEIRA, Luis Martins de e COSTA, Rogério Guedes. Gestão
Estratégica de Custos. São Paulo/SP: Editora Atlas S/A, 3° ed. 2003..
RIBEIRO. Osni Moura. Estrutura e Analise de Balanços fácil. São Paulo:Editora Saraiva,
6° ed. 2002.
SALES, Elisafan Batista de. Noções Básicas de Piscicultura. Porto Velho:
EMATER/RO,2009.
SANTOS, J. Joel. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 2000.
SOUZA, Alceu. Gestão de Custos: aplicações operacionais e estratégicas. 2º ed. São
Paulo, Editora Atlas,2011.
SUFRAMA, Potencialidades Regionais Estudo de Viabilidade Econômica, 2003,
Disponível:http://www.suframa.gov.br/publicacoes/potencialidadesregionaisestudodeviabilida
deeconômica /piscicultura.pdf, acesso em 09 de fevereiro de 2014.
SEBRAE (Brasil) 2011. Análise e Planejamento Financeiro – Manual do Participante.
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa – Sebrae. Brasília,
DISPONIVEL : http://www.sebrae.com.br. Acesso em: 07 nov. 2013.
YANCEY, Dean Romayn. Manual de criação de peixes. Instituto Campineiro de Ensino
Agrícola, 1983.
http://www.wsrunner.com.br/site/saude-menu/nutricao-menu/212-alimentos-chave-dieta-
atleta, acesso em 31 de agosto de 2014
http://www.onu.org.br/consumo-per-capita-de-peixes-cresce-no-brasil-diz-fao/, acesso em 31
de agosto de 2014
http://www.negociofitness.com.br/mercado/brasil-e-o-segundo-pais-em-maior-numero-de-
academias/#.VANQDvldU_Y, acesso em 31 de agosto de 2014