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SÃO PAULO LEONARDO FACCINI SÉRIE PROVAS & CONCURSOS Mercado de Valores Mobiliários 2 a Edição Revista, atualizada e ampliada De acordo com as recentes Instruções do CVM

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SÃO PAULO

LEONARDO FACCINI

SÉRIE PROVAS & CONCURSOS

Mercado de Valores Mobiliários2a Edição Revista, atualizada e ampliada De acordo com as recentes Instruções do CVM

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parte

1 estrutura

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C a p í t u l o 1

Os Mercados Financeiro e de Capitais

1.1. Noções Gerais

1.1.1. Função

No mercado financeiro, negocia-se dinheiro. Aquilo que nos outros mercados é um instrumento, no mercado financeiro é o objeto. Nos outros mercados, troca-se produto por dinheiro. No mercado financeiro, troca-se dinheiro à vista por dinheiro a prazo, e mais juros.

No fundo, trata-se de um mercado no qual pessoas emprestam dinheiro umas às outras. Formalmente, elas o aplicam no banco e este o empresta a terceiros. Mas, na essência, o terceiro é o banco: se ele não existisse, as pessoas emprestariam entre si.

E por que elas fazem isso?Quem empresta tem mais dinheiro do que precisa e quer rendimentos sobre o

excedente. Quem toma empréstimo pretende gastar ou investir mais do que possui. Os primeiros são agentes econômicos superavitários. Os segundos, agentes econômicos deficitários.

Agentes econômicos são categorias sociais que agem na economia ou num setor da mesma. No mercado financeiro, eles são as famílias, as empresas e o governo. As insti-tuições financeiras, que formam o mercado em si, são os agentes do mercado.

Se não houvesse instituições financeiras, seria um problema os agentes econômicos superavitários e deficitários se encontrarem e fazerem negócios de maneira eficiente e segura.

A função do mercado ou do sistema financeiro, portanto, é transferir recursos dos agentes superavitários aos deficitários. Os agentes do mercado, com seus títulos, contratos, garantias, análises de risco e facilidades, promovem e conferem qualidade a essa transferência.

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4 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

Figura 1.1

Para pagar seus custos e obter lucro, os agentes do mercado cobram, pelos emprés-timos, uma taxa de juros maior do que pagam nas captações. Podem também cobrar taxa de administração de recursos e tarifas sobre serviços prestados.

1.1.2. importância

Ao exercer essa função, o mercado/sistema financeiro faz bem mais do que atender a necessidades pessoais, gerar empregos ou obter lucros. Como o dinheiro é um instrumen-to para toda a economia, a sua aglutinação e a sua reutilização têm importância nacional.

Caso não houvesse mercado e sistema financeiro, os recursos permaneceriam ociosos nas casas, nas empresas e no governo, em vez de fomentar o consumo e o inves-timento, componentes fundamentais da produção e da geração de renda.

Por esses motivos, e por lidar diretamente com a poupança da população, o mercado e o sistema financeiro são extremamente regulados, fiscalizados e objeto de interferência por parte dos governos.

1.1.3. Divisão

As necessidades financeiras das pessoas físicas e jurídicas, no que diz respeito a aplicar e tomar recursos, são bem diversificadas. Essas particularidades determi-nam as condições em que elas vão aplicar dinheiro ou contratar um empréstimo, tais como:

• Finalidade• Tipoderendimentoareceberoudejurosapagar• Volume• Prazo• Formadepagamento• Garantia• Etc.

A combinação dessas características modela os produtos e serviços financeiros, que são negociados em mercados próprios. A teoria tradicional divide o mercado financeiro em quatro submercados, apresentados na tabela a seguir.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 5

Tabela 1.1

DIVISÃO DO MERCADO FInAnCEIRO

Mercado Finalidades essenciais Principais instituições Prazo

Mercado de Crédito

Atender a necessidades de liquidez e consumo de pessoas físicas.

Suprir recursos para capital de giro ou capital fixo a pessoas jurídicas.

Bancos comerciais.

Sociedades de crédito, financiamento e investi-mento.

Sociedades de crédito imobiliário.

Empresas de arrendamento mercantil.

Curto: operações para suprir liquidez e capital de giro.

Médio: operações dire-cionadas ao consumo.

Longo: aquisição de imóveis e capital fixo.

Mercado Monetário

Gerenciamento da liquidez da economia pelo Banco Central.

Aplicação de excedentes financeiros em títulos públi-cos de alta liquidez.

Banco Central.

Bancos.

Distribuidoras e corretoras de valores.

Fundos de investimento.

Curtíssimo.

Mercado de Câmbio

Troca de moedas para transações comerciais e financeiras com o exterior, transferências, viagens etc.

Operações de captação e empréstimo com institui-ções estrangeiras.

Bancos.

Banco Central.

Distribuidoras e corretoras de valores.

Sociedades corretoras de câmbio.

Sociedades de crédito, financiamento e investi-mento.

À vista, no caso da troca de moedas.

Variável, nas demais operações.

Mercado de Capitais

(ou de Valores Mobi-liários)

Atender a necessidades de investimento das empresas.

Possibilitar a participação no capital das empresas abertas ou no seu passivo de longo prazo.

Bancos de investimento.

Corretoras e distribuidoras de valores.

Mercados organizados de valores mobiliários.

Longo: nas aplicações e empréstimos.

Indeterminado: nas participações acio-nárias.

Para conferir liquidez aos títulos, há mer-cados secundários, como bolsas e balcão organizado.

1.2. o sisteMa FiNaNCeiro NaCioNal

1.2.1. Bases legais

O Sistema Financeiro Nacional – SFN – é o conjunto de instituições públicas e privadas, bem como do arcabouço jurídico que regula a atuação destas, responsáveis pela organização, pela operacionalização e pela fiscalização do mercado financeiro brasileiro.

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6 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

O SFN existiu de forma incipiente no Brasil até 1964, quando foi promovida sua ampla reorganização, que ensejou a criação ou redefinição da atuação de diversas ins-tituições financeiras de caráter público e privado.

Essa reforma foi baseada na elaboração de uma legislação própria que, até hoje, vem sendo aperfeiçoada, parte da qual é nominada na tabela a seguir, que dá destaque às leis do Mercado de Valores Mobiliários, por ser o objeto deste livro.

Tabela 1.2

LEGISLAÇÃO SELECIOnADA DO SFn

Diploma legal

(referência e apelido)objetivos essenciais

Lei no 4.595, de 31/12/1964

“Lei da Reforma Bancária”

Estímulo à poupança nacional, à época incipiente em função da falta de mecanismos de proteção contra a inflação, e sua canaliza-ção para financiar os investimentos produtivos.

Criação do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central do Brasil.

Lei no 4.728, de 14/07/1965

“Lei do Mercado de Capitais”

Reestruturação do mercado de capitais.

Regulamentação das instituições integrantes do sistema de dis-tribuição de títulos e valores mobiliários, como bolsas de valores, sociedades corretoras e bancos de investimento.

Lei no 6.385, de 07/12/1976

“Lei da CVM”

Criação da CVM para regular e fiscalizar o mercado de ações; efetuar o registro e fiscalização das companhias abertas e das distribuições públicas dos títulos por elas emitidos; punir agentes do mercado por infrações cometidas.

Lei no 6.404, de 15/12/1976

“Lei das SAs”

Estabelecimento de regras para as sociedades anônimas, incluin-do sua constituição, composição acionária, tipos de ações, direitos e deveres dos seus acionistas.

Lei no 10.303, de 31/10/2001

“Nova Lei das SAs”Aperfeiçoamento da Lei no 6.404, especialmente quanto à amplia-ção dos direitos dos acionistas minoritários.

Instrução CVM no 555, de 17/12/2014 (subst. 409/2004)

“Regulamentação dos Fundos”

Regulamentação da constituição, da administração, do funcio-namento, da classificação e da divulgação de informações dos fundos de investimento.

Instrução CVM no 461, de 23/10/2007

“Nova Regra das Bolsas”Renovação da regulamentação das bolsas de valores, bolsas de mercadorias e futuros e mercados de balcão organizado.

1.2.2. estrutura

O SFN é composto por dois subsistemas:� Subsistema Normativo:

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 7

Formado pelas instituições públicas responsáveis pela organização, pela fixação de diretrizes, pela normatização e pela fiscalização do SFN.� Subsistema de Intermediação ou Operativo:

Trata-se do conjunto de instituições privadas ou públicas autorizadas a operacio-nalizar e comercializar os produtos e serviços financeiros.

A atual estrutura do SFN está resumida no organograma da Figura 1.2.

Figura 1.2

estrutura Do sisteMa FiNaNCeiro NaCioNal

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8 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

O organograma demonstra algumas subcategorias em que as instituições financeiras se inserem. O que difere as instituições monetárias das não monetárias é que as primei-ras operam com depósitos à vista, ou seja, podem manter contas-correntes de clientes passíveis de movimentação em dinheiro, cheques etc. Pelo poder que elas têm de “criar” moeda, o Banco Central as submete ao recolhimento de uma parte desses depósitos1, o chamado recolhimento compulsório, tema que foge ao objeto deste livro.

Note-se que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES, por agregarem funções governamentais, são classificados como “Especiais”.

Já as instituições “Auxiliares”, que nos interessam diretamente, são assim chamadas não por serem menos importantes, mas por uma característica própria: elas não internalizam recursos dos clientes em seus passivos, para depois serem emprestados. Elas se atêm a servir de elo entre os atores do mercado, promovendo a sua aproximação, a realização de negócios e a geração de liquidez, como é o caso típico, por exemplo, das bolsas e das corretoras de valores.

Traçadas essas linhas gerais, voltemos ao Subsistema Normativo para iniciar nosso passeio pelo SFN, enfocando os órgãos que atuam no âmbito no mercado de valores mobiliários. Lógico, está incluído o Banco Central do Brasil, ainda que sem uma atuação direta no setor, devido à sua influência no comportamento do mercado e por lhe competir autorizar e fiscalizar o funcionamento de instituições nele atuantes, como as Corretoras e Distribuidoras de Valores.

1.2.3. subsistema Normativo: órgãos e funções

1.2.3.1. Conselho Monetário Nacional

Lei no 4.595/1964, arts. 1º/7ºLei no 6.385/1976, arts. 1º/4º

O Conselho Monetário Nacional – CMN – é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional, e expede as diretrizes gerais para o seu bom funcionamento. Para tanto, é responsável pela formulação da política de moeda e de crédito, com vistas ao progresso econômico e social do País.

O órgão já teve várias composições desde sua criação, em 1964. Atualmente, é composto por três membros:

• MinistrodaFazenda(PresidentedoConselho)• MinistrodoPlanejamento,OrçamentoeGestão• PresidentedoBancoCentraldoBrasil

1 Os depósitos a prazo e as cadernetas de poupança, que podem ser operados por instituições não monetárias, estão sujeitos a um percentual menor de recolhimento. O sites de busca da Internet, caso consultados com “recolhimento compulsório”, listam várias fontes para um entendimento rápido deste instrumento de política monetária.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 9

Os objetivos das políticas do CMN são:• Adaptarovolumedosmeiosdepagamentosàsnecessidadesdaeconomia;• Regularovalorinternodamoeda,evitandotantoainflaçãocomoadepressão;• Regularovalorexternodamoedaeoequilíbriodobalançodepagamentos;• Propiciaroaperfeiçoamentodasinstituiçõeseinstrumentosfinanceiros;• Coordenaraspolíticasmonetária,creditícia,fiscaledadívidapública;• AutorizarosorçamentosmonetáriospreparadospeloBancoCentraldoBrasil.

As competências do CMN, no tocante ao mercado de valores mobiliários, são:• Definirapolíticaaserobservadanaorganizaçãoenofuncionamentodomercado

devaloresmobiliários;• Regularautilizaçãodocréditonessemercado;• FixaraorientaçãogeralaserobservadapelaComissãodeValoresMobiliários–

CVMnoexercíciodesuasatribuições;• DefinirasatividadesdaCVMquedevemserexercidasemcoordenaçãocomo

BancoCentral;• AprovaroquadroeoregulamentodepessoaldaCVM,bemcomofixararetri-

buição do presidente, dos diretores, dos ocupantes de funções de confiança e dos demais servidores.

As finalidades com que o CMN, juntamente com a CVM, deve exercer as atribuições previstas na Lei nº 6.385/1976 são:

• Estimularaformaçãodepoupançaseasuaaplicaçãoemvaloresmobiliários;• Promoveraexpansãoeofuncionamentoeficienteeregulardomercadodeações,

e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias abertassobcontroledecapitaisprivadosnacionais;

• Assegurarofuncionamentoeficienteeregulardosmercadosdabolsaedebalcão;• Protegerostitularesdevaloresmobiliárioseosinvestidoresdomercadocontra:− Emissõesirregularesdevaloresmobiliários;− Atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias abertas,

oudeadministradoresdecarteiradevaloresmobiliários;− O uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores mobiliários.• Evitaroucoibirmodalidadesdefraudeoumanipulaçãodestinadasacriarcondi-

ções artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados nomercado;

• Asseguraroacessodopúblicoainformaçõessobreosvaloresmobiliáriosnego-ciadoseascompanhiasqueostenhamemitido;

• Asseguraraobservânciadepráticascomerciaisequitativasnomercadodevaloresmobiliários;

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10 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

• Assegurar aobservâncianomercado,das condiçõesdeutilizaçãode créditofixadas pelo Conselho Monetário Nacional.

1.2.3.2. Banco Central do Brasil

Lei no 4.595/1964, arts. 8º/16O Banco Central do Brasil (Bacen) é uma entidade autárquica vinculada ao Minis-

tério da Fazenda. Compete-lhe cumprir e fazer cumprir os deveres que lhe são atribuídos pela legislação e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional, das quais é o principal executor.

São competências privativas do Bacen:• Emitirpapel-moedaemoedametálica;• Executarosserviçosdemeiocirculante;• Regularaexecuçãodosserviçosdecompensaçãodechequeseoutrospapéis;• Exercerocontroledocrédito;• Receberrecolhimentoscompulsóriosevoluntáriosdeinstituiçõesfinanceiras;• Realizaroperaçõesderedescontoeempréstimoàsinstituiçõesfinanceiras;• Autorizarofuncionamentodasinstituiçõesfinanceiras;• Fiscalizarasinstituiçõesfinanceiras;• Estabelecerascondiçõesparaoexercíciodecargosdedireçãonasinstituições

financeiras;• Efetuar,comoinstrumentodepolíticamonetária,operaçõesdecompraevenda

detítulospúblicosfederais;• Relacionar-se,emnomedogoverno,cominstituiçõesfinanceirasinternacionais;• Vigiarainterferênciadeempresasqueinfluamdiretaouindiretamentenosmer-

cadosfinanceirosedecapitais;• Controlarofluxodecapitaisestrangeiros;• Determinarperiodicamente,viaComitêdePolíticaMonetária–Copom,ataxa

de referência para as operações de um dia com títulos públicos – a taxa Selic.

O Comitê de Política Monetária (Copom) é um órgão interno do Bacen criado por meio da Circular n° 2.698, de 20 de junho de 1996, revogada pela Circular nº 2.780, de 12 de novembro de 1997, que passou a vigorar a partir de 2 de janeiro de 1998. Seu objetivo é definir ações de política monetária voltadas ao cumprimento da meta de inflação fixada pelo CMN.

O instrumento mais conhecido do Copom é a fixação da taxa de juros que o Bacen utiliza em suas operações no mercado de títulos públicos. Como os títulos estão regis-trados no sistema Selic e é este que calcula a taxa média diária das operações, a taxa básica é vulgarmente chamada de “taxa Selic”.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 11

A importância dessa taxa é que ela acaba por se constituir numa referência para todas as outras do mercado financeiro, já que os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional são considerados os ativos financeiros de menor risco. O motivo é que o governo, na pior das hipóteses, pode imprimir moeda para honrar seus títulos, pelo menos aqueles colocados internamente.

O Copom se reúne a cada seis semanas e apenas os diretores do banco e o presidente têm direito a voto, incluindo a fixação da taxa básica de juros.

1.2.3.3. Comissão de Valores Mobiliários – CVM

A CVM é o órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais brasileiro. Dada a sua importância no presente estudo, merecerá um espaço maior no próximo capítulo.

1.2.3.4. Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional

Decreto nº 91.152/1985 (criação)Decreto no 1.935/1996 (regimento interno)

O CRSFN, vulgo “Conselhinho”, tem como função julgar, em segunda e última ins-tância administrativa, os recursos transitados de processos já sentenciados no âmbito do Banco Central e da CVM. Ou seja, réus que se considerem injustiçados em tais sentenças têm o direito de recorrer ao órgão.

Reúne-se mensalmente e é composto por quatro membros representantes de ór-gãos públicos e quatro membros indicados por órgãos privados, além dos respectivos suplentes, com mandatos de dois anos, renováveis uma única vez.

1.2.4. Subsistema Operativo: instituições e produtos financeiros

De acordo com o art. 17 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, “consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros”.

O SFN é composto de vários tipos de instituições financeiras, especializadas em atender a diferentes necessidades dos clientes, por meio de produtos e serviços específicos.

Uma pessoa que precise de dinheiro por 30 dias pode ir a um banco e contratar um empréstimo pessoal ou descontar uma nota promissória. Já uma empresa de grande porte que planeje fazer um investimento de vulto poderá optar por uma linha de crédito de longo prazo no BNDES ou emitir debêntures ou ações.

Um pequeno poupador pode preferir direcionar suas economias para uma conta de poupança ou um fundo de renda fixa. Mas uma fundação de previdência, com uma carteira de títulos de bilhões de reais e metas atuariais a cumprir, poderá preferir opções mais sofisticadas oferecidas por bancos de investimento e corretoras de valores.

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12 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

As instituições financeiras devem balancear os prazos de suas captações e de seus empréstimos, de modo a não comprometer sua liquidez. Por exemplo, um banco que capte recursos com prazo médio de 60 dias não deverá concentrar seus empréstimos em seis meses de prazo, pois dependerá da renovação ou de novos depósitos para honrar os que estiverem vencendo, já que o seu capital de giro estará “engessado” nos empréstimos.

No balanço dos bancos, os depósitos são alocados no lado inverso do que nas empresas. Para estas, que fazem os depósitos, eles são um ativo, um direito. Para os bancos, que os recebem, eles são um passivo, uma dívida para com seus clientes. Já os empréstimos são um passivo para a empresa que os toma e um ativo para o banco que os concede.

Os diagramas de balanços da Figura 1.3 mostram como os depósitos e os emprés-timos são contabilizados de maneira inversa nas empresas e nos bancos.

Figura 1.3

Balanço de uma empresa não financeira Balanço de uma instituição financeira

ATIVO

Depósitos à vista nos bancos

Aplicações financeiras nos bancos

PASSIVO EXIGÍVEL

Empréstimoscontraídos

ATIVO

Empréstimosconcedidos

PASSIVO EXIGÍVEL

Depósitos à vista dos clientes

Aplicações financeiras dos clientes

PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

Em função dessa alocação contábil, os produtos por meio dos quais as instituições financeiras captam recursos (depósitos, títulos) são, no jargão do mercado, chamados “produtos passivos”, e aqueles pelos quais elas emprestam esses mesmos recursos são conhecidos como “produtos ativos”.

Além disso, as instituições financeiras prestam serviços, que não se caracterizam pela intermediação de recursos – apenas geram receitas. Um banco comercial, por exemplo, presta serviços de cobrança de títulos, de transferências, de arrecadação de impostos etc.

Na Tabela 1.3, encontram-se os principais produtos das instituições financeiras, divididos em ativos e passivos, e mais os serviços por elas oferecidos:

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 13

Tabela 1.3

instituição FinanceiraProdutos ativos(empréstimos)

Produtos Passivos(captações)

serviços

Bancos Comerciais Empréstimo de Capital de Giro.

Desconto de nota pro-missória e duplicatas.

Conta garantida.

Cheque especial.

Empréstimo pessoal.

Repasses de emprésti-mos governamentais.

Depósito à vista.

Depósito a prazo:

CDB – Certificado de Depósito Bancário.

RDB – Recibo de Depósito Bancário.

LF – Letras Financeiras.

Depósito Interbancário (CDI).

Linhas Governamentais.

(ex: do BNDES).

Conta-corrente, talão de cheques, caixa eletrô-nico, cartão de débito, transferências.

Arrecadação de impos-tos.

Cobrança de títulos e contas.

Internet Banking.

Bancos de Investimento Empréstimos de capital fixo e de giro.

Repasses de emprésti-mos governamentais.

Subscrição de ações e outros títulos.

Depósito a Prazo.

(CDB, RDB e LF).

Depósito Interbancário (CDIs).

Recursos de linhas gover-namentais.

Coordenação e garantia de ofertas públicas de ações, debêntures e ou-tros valores mobiliários.

Administração de cartei-ras e fundos.

Consultoria emreorganizaçõessocietárias.

Empresas de Arrenda-mento Mercantil

Operações de leasing (compra do bem para ser alugado ao cliente, com opção de compra no final).

Debêntures.

Sociedades de Crédito, Financiamento e Inves-timento

Crédito para aquisição de bens.

Crédito pessoal.

Letras de câmbio.

Corretoras de Valores Mobiliários

Conta margem (vide 9.3.5)

Intermediação em bolsa de valores.

Administração de cartei-ras, fundos e clubes deinvestimento.

Distribuidoras de Valo-res Mobiliários

Conta margem (se autorizada a operar em bolsa).

Distribuição e interme-diação de compra e ven-da de ativos financeiros.

Administração de cartei-ras, fundos e clubes de investimento.

Intermediação em bolsa de valores (a partir de 2009).

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14 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

instituição FinanceiraProdutos ativos(empréstimos)

Produtos Passivos(captações)

serviços

Sociedades de Crédito Imobiliário

Financiamento para construção e aquisição de imóveis.

Depósito em poupança.

Letra hipotecária.

Letra imobiliária.

Caixa Econômica Federal Empréstimos para pes-soas físicas e jurídicas.

Crédito imobiliário.

Linhas de crédito subsi-diadas para segmentos especiais da sociedade.

Empréstimo sob penhor de joias.

Depósito em poupança.

Depósito à vista.

Depósito a prazo

(CDB, RDB e LF).

Depósito interbancário (CDI).

Cobrança de títulos e contas.

Arrecadação de Impos-tos.

Administração do Sistema Financeiro de Habitação.

Administração do FGTS.

Administração das loterias federais.

BNDES Financiamentos de longo prazo direciona-dos ao investimento produtivo das empresas e a setores estratégi-cos (concessão direta ou por meio da rede bancária, que atua como repassadora e assume os riscos).

Fundos temporários arrecadados pelo Governo Federal, como PIS, Finsocial e Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAP).

Linhas de organismos internacionais de natureza afim, a custos subsidiados (exemplo: BID).

1.3. aGeNtes Do MerCaDo De Valores MoBiliários

Das instituições integrantes do mercado financeiro, algumas operam também os produtos do Mercado de Valores Mobiliários. Essa divisão não é excludente: um banco de investimento, por exemplo, efetua operações de empréstimo, inseridas no mercado de crédito, mas também a intermediação da distribuição pública de ações e debêntures, típicas do Mercado de Valores Mobiliários.

Nas descrições abaixo, listamos essas instituições e, diferentemente da tabela ante-rior, apenas as funções que dizem respeito ao Mercado de Valores Mobiliários2, objeto de estudo deste livro. Descrições completas das atribuições dessas instituições encontram-se na bibliografia que tem como objeto o mercado financeiro como um todo.

1.3.1. Bancos de investimento

Os bancos de investimento são autorizados a administrar fundos e clubes de inves-timento, além de carteiras individuais.

2 No caso das Sociedades Corretoras e Distribuidoras de Valores Mobiliários, listamos todas as funções.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 15

Coordenam e participam de ofertas de distribuição pública de valores mobiliários, inclusive na condição de coordenador, líder, garantidor etc. Também coordenam pro-cessos de fusões e aquisições de empresas, algumas envolvendo operações no mercado de valores mobiliários.

Investem seus próprios ativos em valores mobiliários e operam em determinados segmentos dos mercados organizados (bolsa e balcão).

1.3.2. Bancos Múltiplos

Resolução CMN no 2.099/1994, Anexo I, art. 7ºOs bancos múltiplos foram regulamentados em 1988, com a finalidade de raciona-

lizar custos dos grupos financeiros. Para tanto, foi-lhes permitindo constituir-se como uma só pessoa jurídica, habilitada em até cinco modalidades de instituições financeiras, que, neste caso, passam a se denominar carteiras.

Carteiras de banco múltiplo:• Bancocomercial;• Bancodeinvestimento;• Arrendamento mercantil (leasing);• Crédito,financiamentoeinvestimento;• Créditoimobiliário.

O banco múltiplo deve estar habilitado a operar, no mínimo, em duas dessas car-teiras, sendo que uma delas deve ser de banco comercial ou de banco de investimento.

Quando uma das carteiras escolhidas for de banco de investimento, a instituição poderá operar produtos do mercado de valores mobiliários: são os chamados bancos múltiplos com carteira de investimento.

1.3.3. sociedades Corretoras de títulos e Valores Mobiliários

Resolução CMN no 1.655/1989São instituições cuja principal função é operar como intermediárias entre investi-

dores que negociam ações e outros valores mobiliários.Podem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de res-

ponsabilidade limitada, e seu funcionamento depende da autorização do Banco Central e da CVM (por esta, conforme Lei nº 6.385/1976, art. 16, inciso III). Para operarem nos mercados organizados, dependem também da autorização das entidades que os administram.

A exclusividade com que operavam nas bolsas de valores foi abolida pela Instrução CVM no 461/2008, que ampliou o escopo da autorização para “pessoas autorizadas a operar”.

Outra importante atividade desempenhada pelas sociedades corretoras de valores é a administração de fundos, clubes e carteiras individuais de investimentos, assim como a participação em ofertas de distribuição pública de valores mobiliários.

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16 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

Uma sociedade corretora de valores mobiliários está autorizada a desempenhar as seguintes atividades:

a) Operaremrecintoouemsistemamantidoporbolsadevalores;b) Subscrever, isoladamente ou em consórcio com outras sociedades autorizadas,

emissõesdetítulosevaloresmobiliáriospararevenda;c) Intermediar oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no

mercado;d) Comprarevendertítulosevaloresmobiliáriosporcontaprópriaedeterceiros;e) Encarregar-se da administração de carteiras e da custódia de títulos e valores

mobiliários;f) Incumbir-se da subscrição, da transferência e da autenticação de endossos, de

desdobramento de cautelas, de recebimento e pagamento de resgates, juros e outrosproventosdetítulosevaloresmobiliários;

g) Exercerfunçõesdeagentefiduciário(naemissãodedebêntures–vide4.3.3);h) Instituir,organizareadministrarfundoseclubesdeinvestimento;i) Constituir sociedade de investimento – capital estrangeiro e administrar a

respectivacarteiradetítulosevaloresmobiliários;j) Praticaroperaçõesnomercadodecâmbiodetaxasflutuantes;k) Praticaroperaçõesdecontamargem(vide9.3.5);l) Realizar operações compromissadas3;m) Praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico,

porcontaprópriaedeterceiros;n) Operarembolsasdemercadoriasedefuturosporcontaprópriaedeterceiros;o) Prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, em

operaçõeseatividadesnosmercadosfinanceiroedecapitais;p) Exercer as funções de agente emissor de certificados e manter serviços de

açõesescriturais;q) Emitircertificadosdedepósitodeaçõesecédulaspignoratíciasdedebêntures;r) Intermediaroperaçõesdecâmbio;s) Exercer outras atividades expressamente autorizadas, em conjunto, pelo Bacen

e a CVM. A sociedade corretora deve manter níveis mínimos de patrimônio líquido e de

capital realizado fixados na regulamentação em vigor, que variam de acordo com os tipos de operações e da região em que atuam, tendo em vista serem responsáveis pela liquidação das operações por ela efetuadas (valores mínimos estabelecidos na Resolução Bacen nº 2.607/1999, art. 1º, inc. V/VI, c/c §§1º e 2º).

3 Tratam-se de operações realizadas entre instituições financeiras no mercado secundário de títulos públicos (open market), normalmente por um dia, com compromisso de que a vendedora do lote o recomprará no dia seguinte, com uma pequena diferença a mais, que corresponde à taxa de juros pactuada.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 17

Outro importante requisito de uma sociedade corretora é manter um sistema de conta-corrente, não movimentável por cheque, para o registro das operações por conta de seus clientes.

1.3.4. sociedades Distribuidoras de títulos e Valores Mobiliários

Resolução CMN no 1.120/1986As DTVMs podem participar de ofertas públicas de valores mobiliários e admi-

nistrar fundos, clubes e carteiras individuais de clientes, além de sua atribuição clássica de operar no mercado secundário de títulos públicos, que não se tratam de valores mobiliários.

Na esteira do processo de desmutualização das bolsas e da edição da Instrução CVM no 461/2007, as distribuidoras de valores mobiliários foram autorizadas a operar nas bolsas de valores, mediante a Decisão Conjunta no 17, de 1º de março de 2009, da CVM e do Banco Central.

Com a permissão legal para operar em bolsas de valores (em bolsas de mercadorias e futuros já podiam), as DTVMs podem exercer todas as atividades desempenhadas pelas Corretoras de Valores Mobiliários listadas na seção anterior, exceto estas: “p”, “q” e “r”.

As DTVMs também devem atender a requisitos de patrimônio líquido e capital realizado mínimos (Res. Bacen 2.607/1999) e manter sistema de conta-corrente, não movimentável por cheque, para o registro das operações por conta de seus clientes.

1.3.5. Bolsas de Valores e Bolsas de Mercadorias e Futuros

Podem ser constituídas como sociedades anônimas ou como associações civis sem fins lucrativos, com a finalidade de proporcionar ambiente de negociação para valores mobiliários emitidos por sociedades anônimas de capital aberto, fundos de investimento e outras instituições, e também viabilizar negócios com derivativos de ativos financeiros e de mercadorias.

Têm, como participantes diretos, pessoas jurídicas e físicas autorizadas a operar em nome de seus clientes ou de outros intermediários, ou mesmo grandes instituições que, de acordo com as regras, prescindam dos mesmos.

A descrição pormenorizada dessas instituições, assim como dos mercados de balcão organizado, encontra-se no Capítulo 6.

1.3.6. agentes autônomos de investimento

Instrução CVM nº 497/2011O Agente Autônomo de Investimento (AAI) é pessoa natural que atua como prepos-

to de uma única instituição financeira integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários, para dedicar-se às seguintes atividades:

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18 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

• Prospecçãoecaptaçãodeclientes;• Recepçãoeregistrodeordensdenegociaçãodevaloresmobiliáriosetransmis-

são dessas ordens para os sistemas de negociação ou de registro dos mercados organizados;

• Prestaçãodeinformaçõessobreosprodutosoferecidosesobreosserviçospres-tados pela instituição que o tenha contratado.

O AAI pode exercer suas atividades por meio uma sociedade ou firma individual constituída com este único fim, que tenha como sócios exclusivamente agentes autô-nomos e cuja denominação contenha a expressão “Agente Autônomo de Investimento”. Isto não o isenta, como pessoa natural, de todas as obrigações previstas e da necessidade de credenciamento pela entidade autorizada e do registro na CVM.

O AAI ou a pessoa jurídica de que seja sócio, nos termos do parágrafo anterior, deve manter contrato escrito com a instituição a que esteja vinculado.

A instituição do sistema de distribuição contratante do AAI responde pelos atos praticados pelo mesmo. Este, por sua vez, deve utilizar apenas material publicitário de sua contratante e se sujeitar às mesmas regras estabelecidas para os demais profissionais que nela atuem.

O credenciamento de AAIs é efetuado por entidades credenciadas pela CVM. Para exercer esta função, estas devem dispor de estrutura adequada, capacidade técnica e estru-tura de autorregulação. Devem também adotar um código de conduta profissional para os AAIs, fiscalizar o seu cumprimento e punir infrações, aplicar exame de qualificação técnica, instituir programa de educação continuada, e manter atualizados o cadastro de credenciados e a lista dos mesmos no site da CVM, entre outras obrigações.

1.3.7. Depositário Central

Instrução CVM nº 541/2013O Depositário Central é uma pessoa jurídica autorizada pela CVM, nos termos da

Instrução nº 541/2013, a prestar os seguintes serviços:• Guardadevaloresmobiliários;• Manutençãodeumaestruturadecontasdeinvestidoresqueassegureocontrole

da titularidade dos valores mobiliários nelas registrados e movimentados.Para operacionalização dos seus serviços, o Depositário Central conta com uma

estrutura dos seguintes agentes auxiliares, denominados Participantes do Depositário Central, que são os:

• Custodiantes: pessoas jurídicas autorizadas pela CVM a prestar serviços de cus-tódia de valores mobiliários para investidores, ou seja, são as corretoras de valores e outras instituições financeiras nas quais os clientes mantêm suas “subcontas”, ligadas às contas de cada custodiante no Depositário Central, dentro da estrutura de contas que veremos no Capítulo 8. Também são chamadas custodiantes as instituições que prestam serviço, aos emissores, de guarda de valores mobiliários nãoescriturais(físicos);

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 19

• Escrituradores: pessoas jurídicas autorizadas pela CVM a prestar os serviços de escrituração de valores mobiliários junto aos emissores dos mesmos (exemplo: companhiasabertas);

• Sistemasdenegociação,compensaçãoeliquidaçãodeoperações;• Outros depositários centrais com os quais o depositário central mantenha vín-

culo contratual.Além destes participantes, o Depositário Central pode criar categorias diferenciadas

destinadas a outros tipos de agentes que utilizem seus sistemas.

1.4. Questões

1. NCE-UFRJ/CVM/2008

o sistema financeiro brasileiro pode ser entendido como o conjunto de instrumentos, mecanismos e instituições que asseguram a canalização da poupança para investimen-to e podem ser segmentados de acordo com as operações, prazos, títulos, distribuição ou lugar e forma. em relação às operações, o sistema é segmentado nos seguintes mercados:a) Monetário, câmbio, de bolsa e de balcão.b) Crédito, capitais, câmbio e monetário.c) Câmbio, primário, secundário e crédito.d) Primário, secundário, de bolsa e de balcão.e) Fiscal, monetário, de bolsa e de balcão.

2. FEPESE – Analista Financeiro do Tesouro Estadual (SEF SC)/2010

o sistema financeiro é segmentado nos seguintes subsistemas:a) O mercado de crédito formal e o mercado de crédito informal.b) O mercado financeiro; o mercado de capital; o mercado monetário e não monetário; o

mercado cambial; o mercado de capitais; e o mercado bancário.c) O mercado de crédito; o mercado monetário; o mercado cambial; e o mercado de capitais

(ou mercado de valores mobiliários). d) O mercado monetário e não monetário; o mercado cambial; o mercado interbancário;

o mercado de ações.e) O mercado de crédito (governos e bancos); mercado de plástico (cartões); mercado

acionário; e mercado interbancário.

3. FCC – Inspetor da Comissão de Valores Mobiliários/2003

sobre o mercado de capitais, é correto afirmar que:a) Ele assume papel de relevo, por se especializar no oferecimento de recursos de curto

prazo para as empresas.b) Os mercados secundários são assim chamados por exercerem um papel ínfimo no

funcionamento do mercado de capitais como um todo.c) O mercado acionário é seu único componente.d) Financiamentos de longo prazo são exemplos de operações típicas desse mercado.

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20 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

e) Os depósitos à vista são fundamentais para esse mercado, uma vez que eles são a prin-cipal forma de captação nas sociedades de arrendamento mercantil, para a emissão de debêntures.

4. FCC – Analista da Comissão de Valores Mobiliários/Planejamento e Execução Financei-ra/2003

o Mercado Financeiro contribui para o desenvolvimento econômico porque:a) Promove a liquidez e oferta de recursos para o financiamento.b) Elimina os diferentes tipos de risco para os investidores.c) Garante o lucro dos agentes econômicos participantes.d) Aumenta o prêmio de risco dos ativos de capital em circulação.e) Diminui a presença de unidades superavitárias de crédito.

5. CESPE – Técnico Bancário Novo (CEF)/Tecnologia da Informação/2010/Nacional

as pessoas jurídicas públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros são consideradas:a) Entidades abertas de previdência complementar.b) Bolsas de mercadorias e futuros.c) Sociedades de capitalização.d) Instituições financeiras.e) Bolsas de valores.

6. CESGRANRIO – Analista do Banco Central do Brasil/Área 1/2009

o subsistema normativo do sistema Financeiro Nacional inclui os seguintes órgãos ou entidades:a) Conselho Monetário Nacional e Banco Central do Brasil.b) Comissão de Valores Mobiliários e Caixa Econômica Federal.c) Banco Central do Brasil e Banco do Brasil.d) Banco Central do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.e) Banco do Brasil e Superintendência de Seguros Privados.

7. FCC – Analista da Comissão de Valores Mobiliários/Mercado de Capitais/2003

o sistema de intermediação Financeira fundamenta-se:a) Na expansão da renda nacional dos principais agentes econômicos.b) No equilíbrio de caixa dos agentes econômicos superavitários.c) No controle da carga tributária e fiscal dos agentes econômicos.d) No desequilíbrio entre o nível de poupança e investimento na economia.e) Na gestão da dívida pública mobiliária federal, estadual e municipal.

8. CESGRANRIO – Técnico Administrativo (BNDES)/2008

De acordo com a lei no 4.595/1964, NÃo integra o sistema Financeiro Nacional a(o):a) Secretaria do Tesouro Nacional.b) Conselho Monetário Nacional.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 21

c) Banco Central do Brasil.d) Banco do Brasil S.A.e) Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social.

9. CESGRANRIO – Analista do Banco Central do Brasil/Área 1/2009

o Banco Central do Brasil é o órgão executivo central do sistema financeiro e suas competências incluem:a) Aprovar o orçamento do setor público brasileiro.b) Aprovar e garantir todos os empréstimos do sistema bancário.c) Administrar o serviço de compensação de cheques e de outros papéis.d) Organizar o funcionamento das Bolsas de Valores do País.e) Autorizar o funcionamento, estabelecendo a dinâmica operacional de todas as insti-

tuições financeiras do País.

10. FCC/Banco do Brasil/2006

Com relação à atuação do Banco Central do Brasil, é correto afirmar que:a) Pode realizar operações de redesconto para instituições financeiras.b) Não pode comprar ou vender títulos públicos federais.c) Pode limitar as taxas de juros.d) Pode determinar o capital mínimo das companhias abertas no mercado de capitais.e) Fiscaliza as companhias de seguro.

11. FCC – Analista da Comissão de Valores Mobiliários/Mercado de Capitais/2003

ao Banco Central do Brasil atribui-se a função de:a) Fixar diretrizes e normas da política cambial.b) Autorizar os limites de emissões de moeda.c) Disciplinar todos os tipos de crédito do mercado.d) Deliberar sobre a constituição das instituições financeiras.e) Realizar operações de compra e venda de títulos públicos.

12. ESAF – Analista da Comissão de Valores Mobiliários/Arquivologia/2010

a aplicação de recursos provenientes do exterior, no mercado financeiro brasileiro:a) Depende de aprovação da CVM ou do BCB conforme sua destinação específica.b) Depende de autorização prévia da autoridade monetária brasileira.c) Para a aplicação no mercado de derivativos não se requer registro.d) É livre a transferência da titularidade das posições do investidor estrangeiro, no exterior,

relacionada a aplicações feitas no Brasil.e) Pode ser utilizada para a aquisição de valores mobiliários sem qualquer restrição.

13. CESGRANRIO – Técnico Bancário Novo (CEF)/Tecnologia da Informação/2012

o Conselho de recursos do sistema Financeiro Nacional é um órgão colegiado, inte-grante da estrutura do Ministério da Fazenda.

uma das atribuições desse Conselho é julgar, em última instância administrativa, os recursos de decisões do Banco Central do Brasil relativas a:

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22 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

a) Infrações ao Código de Defesa do Consumidor, em instituições bancárias.b) Infrações cometidas por instituições não financeiras internacionais.c) Multas recolhidas para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.d) Penalidades por infrações à legislação cambial.e) Penalidades por infrações ao sigilo bancário.

14. FCC – Inspetor da Comissão de Valores Mobiliários/2003

Para configurar a existência de Banco Múltiplo, ele deve possuir pelo menos duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoriamente, de:a) Crédito imobiliário.b) Crédito rural ou leasing.c) Desenvolvimento.d) Arrendamento Mercantil.e) Investimento ou Comercial.

15. FCC – Analista da Comissão de Valores Mobiliários/Planejamento e Execução Financei-ra/2003

os bancos de investimentos podem praticar operações ativas como:a) Empréstimos de curtíssimo prazo para financiamento ao consumidor.b) Empréstimos de longo prazo para financiamentos ao consumidor.c) Empréstimos de curtíssimo prazo para financiamento de capital fixo.d) Aquisição de valores mobiliários para repasse junto ao mercado de crédito.e) Aquisição de valores mobiliários para investimento ou revenda.

16. NCE (UFRJ) – Agente Executivo da CVM/Suporte Administrativo/2008

a instituição financeira que pratica operações relacionadas com a concessão de crédito a médio e longo prazos, por conta própria ou de terceiros, subscrição para revenda e distribuição no mercado de títulos ou valores mobiliários é chamada de:a) Bolsas de valores.b) Sociedades corretoras.c) Distribuidoras.d) Instituições emissoras de valores mobiliários escriturais.e) Bancos de investimento.

17. NCE (UFRJ) – Agente Executivo da CVM/Suporte Administrativo/2005

em relação às sociedades corretoras de valores, analise as afirmativas a seguir:i – Para o exercício de suas atividades, não dependem de autorização da CVM.

ii – são instituições fiscalizadas pelo Banco do Brasil.

iii – Não operam em Bolsa de Valores.

iV – Compram, vendem e distribuem títulos e valores mobiliários por conta de ter-ceiros.

a(s) afirmativa(s) correta(s) é/são somente:a) II.b) I e II.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 23

c) II e III.d) IV.e) I, II, III e IV.

18. Preencha os parênteses com as letras pertinentes da coluna à direita:( ) CVM A – regula o valor interno da moeda( ) Banco Central B – fixa a taxa básica de juros( ) Conselho de Recursos do SFN C – exerce o controle do crédito( ) Copom D – regula e fiscaliza o mercado de capitais( ) Conselho Monetário Nacional E – julga recursos em segunda instância

19. Preencha os parênteses com as letras pertinentes da coluna à direita:( ) coordenação de ofertas públicas A – sociedade de arrendamento mercantil( ) financiamentos de longo prazo B – bancos comerciais( ) captação por debêntures C – bancos de investimento( ) intermediação em bolsa de valores D – BNDES( ) cobrança de títulos E – distribuidoras de valores

20. Preencha com “C” se a assertiva for correta e com “e” caso apresente erro.( ) O agente autônomo de investimento, como o nome indica, pode atuar por conta

própria.( ) A função de agente emissor de certificados pode ser exercida por um banco comercial,

contanto que autorizado pela CVM.( ) O prestador do serviço de escrituração de valores mobiliários escriturais emite certi-

ficados físicos representativos de valores mobiliários, denominados cautelas.( ) As bolsas de valores podem ter fins lucrativos e possuir capital aberto.( ) As sociedades corretoras de valores mobiliários operam com exclusividade nos mer-

cados de bolsa.

21. FCC – Inspetor da Comissão de Valores Mobiliários/2003

ao Conselho de recursos do sistema Financeiro Nacional cabe:a) Julgar em segunda instância as decisões do Conselho Monetário Nacional.b) Decidir em primeira instância sobre a abertura de bancos no exterior.c) Revisar todas as autorizações concedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.d) Julgar em segunda e última instâncias sobre as penalidades aplicadas pelos Bancos

Comerciais.e) Julgar, em segunda e última instâncias, os recursos interpostos das decisões relativas à

aplicação de penalidades administrativas pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários.

22. FCC – Escriturário (BB)/2011/1

o Conselho de recursos do sistema Financeiro Nacional (CrsFN) é um órgão colegiado, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, que julga recursos:i – em segunda e última instância administrativa.

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24 Mercado de Valores Mobiliários – Leonardo Faccini

ii – em primeira instância, de decisões do Banco Central do Brasil relativas a pena-lidades por infrações à legislação cambial.

iii – De decisões da Comissão de Valores Mobiliários relativas a penalidades por infrações à legislação de capitais estrangeiros.

está correto o que consta em:a) I, apenas.b) II, apenas.c) I e III, apenas.d) II e III, apenas.e) I, II e III.

23. FCC – Inspetor da Comissão de Valores Mobiliários/2003

os agentes autônomos de investimentos, para atuarem na colocação de valores mobiliários, podem ser credenciados por corretoras, distribuidoras e:a) Companhias de capital aberto e bancos.b) Sociedades de crédito imobiliário e bancos.c) Entidades de previdência e bancos.d) Bancos múltiplos e de investimentos.e) Bancos comerciais e bancos múltiplos.

24. FCC – Analista da Comissão de Valores Mobiliários/Mercado de Capitais/2003

as sociedades Distribuidoras de Valores:a) Intermediam operações de câmbio.b) Participam do lançamento público de ações.c) Captam recursos de depósitos à vista.d) Captam depósito em cadernetas de poupança.e) São fiscalizadas pelo CMN e pela Bolsa de Valores.

25. FCC – Inspetor da Comissão de Valores Mobiliários/2003

Com respeito ao sistema de distribuição de valores mobiliários, é correto dizer que:a) Compete exclusivamente ao Conselho Monetário Nacional definir os tipos de instituição

financeira que poderão exercer atividades no mercado de valores mobiliários, bem como as espécies de operação que poderão realizar e de serviços que poderão prestar nesse mercado.

b) Depende de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários o exercício da mediação ou corretagem de operações com valores mobiliários.

c) Quando uma instituição financeira explora simultaneamente operações ou serviços no mercado de valores mobiliários e nos mercados sujeitos à fiscalização do Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários pode exercer papel fiscalizador em ambas as áreas, dada a competência estabelecida.

d) Só os agentes autônomos com registro na Comissão de Valores Mobiliários podem exercer a atividade de mediação ou corretagem de valores mobiliários fora da bolsa.

e) Independe de prévia autorização da Comissão de Valores Mobiliários o exercício da compra de valores mobiliários para revendê-los por conta própria.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 25

Gabarito:1. B2. C3. D4. A5. D6. A7. D8. A9. E10. A11. E12. A13. D14. E15. E16. E17. D 18. D, C, E, B, A19. C, D, A, E, B20. E, C, E, C, E21. E22. C23. D24. B25. B

Questões Comentadas

1. ESAF – Inspetor da Comissão de Valores Mobiliários/2010

a lógica da composição do mercado financeiro tem como fundamento:a) Facilitar a transferência de riscos entre agentes.b) Aumentar a poupança destinada a investimentos de longo prazo.c) Mediar as relações entre agentes deficitários e os superavitários visando o bem-estar geral.d) Preservar as funções da moeda. e) Garantir retornos aos aplicadores de recursos financeiros.

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O gabarito é a resposta “d”. À primeira vista duvidosa, a assertiva ganha sentido se examinada mais profundamente. De fato, as diferentes instituições do mercado financeiro possibilitam que a moeda preserve suas funções, senão vejamos:

Instrumento de troca e meio de pagamento: seria inviável as pessoas carregarem o dinheiro necessário para realizar transações maiores, portanto, os bancos comerciais, por meio das contas-correntes de depósitos à vista, favorecem essas duas funções.

Reserva de valor: devido à inflação, a moeda perderia o valor se fosse acumulada fisicamente, sem falar na questão da segurança. Portanto, as aplicações financeiras oferecidas pelas diversas instituições do mercado potencializam essa função monetária.

Unidade de valor: já esta função existe desde a Antiguidade, mesmo quando não havia mercado financeiro, ao menos estruturado.

Contudo, apesar de quase todas as funções da moeda serem de fato preservadas pelos diferentes papéis (composição) desempenhados pelas instituições financeiras, afirmar que a lógica desta composição se fundamente nesta preservação parece uma tese um tanto forçada, na opinião do autor.

A resposta “a” é uma função mais específica dos derivativos, nunca o fundamento lógico da composição do mercado como um todo.

A resposta “b” apresenta uma das mais importantes funções do mercado financeiro, mas não o seu fundamento.

A alternativa “c” deve ter gerado perda de pontos de muitos candidatos, porque é, aparentemente, a mais de acordo com os manuais da matéria. Porém, ainda que tal mediação seja a principal função do mercado financeiro, já não atende bem ser o fun-damento da lógica da composição, estranha expressão utilizada pela banca. “Visando o bem estar geral” é um acréscimo tolo que ajuda a desqualificar a resposta.

Finalmente, a resposta “e” é, talvez, a mais facilmente descartável, tendo em vista que o mercado financeiro, infelizmente, não garante retorno aos aplicadores.

2. ESAF – Inspetor da Comissão de Valores Mobiliários/2010

a multiplicidade de instrumentos financeiros oferecidos nos mercados favorece:a) A escolha de riscos separando agentes a eles avessos dos propensos.b) A criação de instituições que administram riscos.c) A análise e a avaliação do comportamento ético de investidores a operadores.d) A transparência na formação de preços de valores mobiliários.e) O desenvolvimento econômico.

O gabarito desta questão, letra “e”, é correto e torna a questão anterior, contida na mesma prova, ainda mais criticável, tendo em vista os enunciados serem, em essência, semelhantes, enquanto os gabaritos são absolutamente diferentes. Sem dúvida, o fato de existirem instituições financeiras oferecendo múltiplos produtos que canalizam recursos para investimentos favorece o desenvolvimento econômico.

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 27

Porém, a resposta “a” não parece errada para o autor. Um agente (instituição) fi-nanceiro que seja avesso a risco pode optar por atuar no mercado de administração de recursos de terceiros. Já o agente propenso a risco pode preferir montar uma financeira e emprestar dinheiro a pessoas físicas negativadas, cobrando elevadas taxas de juros. Porém, quando se fala em perfil de risco, o normal é que se esteja referindo aos clientes e à sua seleção, e não aos agentes. É possível que tenha sido essa a intenção da banca ao elaborar a resposta “errada”.

A resposta “b” tem erro de relação causa e efeito. É a criação de instituições que administram riscos, área meio, que favorece o surgimento de novos produtos financeiros, ao controlar e mitigar o risco desses produtos.

A resposta “c” é não apenas errada como descabida.A resposta “d” tem aparência elegante, mas é errada. Pode haver muitos produtos

no mercado financeiro e não haver transparência na formação de preços, e pode haver poucos produtos e haver transparência. Inclusive, fica mais fácil exigir prestação eficiente de informações e coibir manipulações.

3. ESAF – Analista de Finanças e Controle (CGU)/Auditoria e Fiscalização/Controle Inter-no/2008

identifique a afirmativa incorreta com relação ao Banco Central do Brasil.a) O Banco Central é um órgão da Administração direta do Ministério da Fazenda.b) O Banco Central tem como principal responsabilidade zelar pela qualidade da moeda

nacional.c) A atuação do Banco Central define as condições de liquidez da economia.d) A Constituição Federal de 1988 vedou ao Banco Central a concessão direta ou indireta

de empréstimos do Tesouro Nacional.e) O Banco Central assume cinco papéis: banco dos bancos, gestor do Sistema Financeiro

Nacional, executor da política monetária, banco emissor e banqueiro do governo.

O gabarito é “a”. O Bacen é um órgão da Administração indireta.Sobre a resposta “b”, o site do Banco Central, ao descrever o papel da instituição,

abre o texto com a frase “O Banco Central do Brasil – BCB tem como missão institu-cional a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro”. Ainda que tal missão não conste na Lei nº 4.595/1964 e que o termo “qualidade” não seja usual no contexto (seria preferível “valor” ou “poder de compra”), a assertiva pode ser considerada verdadeira.

Quanto à resposta “c”, seria mais prudente afirmar que Banco Central interfere nas condições de liquidez da economia, e não que as define, já que outros fatores contribuem para isto, como a oferta e a demanda de dinheiro para transações.

A assertiva “d” é um fato.A afirmação “e” foi tratada neste capítulo, é verdadeira e bastante utilizada pelas

bancas.

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4. CESPE – Técnico Bancário Novo (CEF)/Tecnologia da Informação/2010/RJ e SP

as atribuições do CMN e da CVM incluem:a) Assegurar o funcionamento eficiente e regular do mercado financeiro.b) Estimular a formação de poupanças e a sua aplicação em valores mobiliários.c) Promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado imobiliário.d) Fiscalizar as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias fechadas.e) Proteger os titulares de contas-correntes com valores acima de 5 mil reais.

O gabarito é a resposta “b”, que reproduz o art. 4º, inciso I, da Lei nº 6.385/1976.A alternativa “a” é incorreta, na medida em que está além da capacidade de ambas

as instituições assegurar o citado objetivo.Quanto à resposta “c”, trata-se de uma “pegadinha”: o mercado imobiliário está fora

do âmbito de atuação dessas instituições.Sobre a assertiva “d”, a CVM lida com companhias abertas.Quanto à assertiva “e”, a área de atuação da CVM não compreende contas-correntes.

Com relação ao CMN, este órgão, com efeito, por meio da Resolução CMN no 4.222/2013, normatizou a atuação do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), entidade privada sem fins lucrativos, que administra um mecanismo de proteção não apenas de correntistas, mas também de poupadores e investidores, que permite ao cliente reaver os recursos confiados à instituição financeira em casos de intervenção, liquidação ou falência. Ocorre que o valor coberto pelo Fundo, até a redação deste livro, era de no máximo R$ 250 mil, e não de valores acima de 5 mil reais.

5. ESAF – analista da Comissão de Valores Mobiliários/2010

o sistema financeiro nacional engloba instituições cujas operações sejam caracteri-zadas por:a) Modelagem e negociação de derivativos.b) Captação de recursos da poupança interna e externa.c) Intermediação financeira. d) Circulação de valores mobiliários.e) Operações denominadas em moeda e diferidas no tempo.

Outra questão polêmica da intrincada prova do concurso da CVM de 2010. O gaba-rito é a alternativa “e”. Sim, as operações cursadas no SFN são denominadas em moeda: empréstimos, aplicações, mercados de derivativos etc. E diferidas no tempo? Geralmente sim. Empréstimos e aplicações financeiras são liquidados após o decurso de prazo. Mas, e as operações à vista realizadas em bolsa? São liquidadas em D+3 apenas por questões operacionais, mas é uma operação que, em sua essência, não pode ser considerada di-ferida no tempo. E quanto ao pagamento de tributos na rede bancária – não é efetuado à vista? E os depósitos à vista, que podem ser sacados imediatamente após o próprio depósito? O que dizer das transferências eletrônicas e das operações de câmbio e ouro no mercado spot? Enfim, trata-se de uma resposta aceitável porque abrange a maioria das operações do mercado financeiro e evoca sua principal função de transferir recursos

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Capítulo 1 • Os Mercados Financeiro e de Capitais 29

de agentes superavitários para deficitários, obviamente para suprir estes últimos por um tempo determinado. Mas é assertiva repleta de exceções.

Alternativa “a”: os derivativos formam apenas uma das famílias de produtos do SFN.Alternativa “b”: a captação de recursos é apenas uma das três grandes áreas funcio-

nais do SFN, que também compreende a concessão de financiamentos e a prestação de serviços (como serviços bancários e a corretagem e administração de valores mobiliários).

Alternativa “c”: as operações de mercado de capitais são caracterizadas justamente por viabilizarem a desintermediação financeira: os investidores investem diretamente nas empresas emissoras, por meio de ações, debêntures etc.

Alternativa “d”: os valores mobiliários, como ações e debêntures, formam um grande segmento de ativos do SFN, mas não o único. Além disso, não é só a sua circulação (ou distribuição) que as instituições do setor promovem, mas também a estruturação das operações, orientação aos clientes, guarda de desses mesmos valores etc.

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