mensageiro do sagrado coração de jesus

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Mensageiro do Sagrado Coração “Venha a nós o Vosso Reino” Apostolado da Oração – Missão Cristo Rei – Ipatinga/MG 1 A Troca de corações A mística medieval emprega muitas imagens para descrever as relações entre a alma devota e o Coração de Jesus. Nenhuma tem mais força do que a chamada troca de corações. Nosso Senhor como que trocaria seu coração com o coração do devoto, dando- lhe assim uma vontade reta e fortificada, com novos afetos e aspirações, em sintonia com o interior divino. A imagem da troca de corações continuou presente nos séculos posteriores, na mística do Sagrado Coração. Para o fiel comum, esta imagem pode ser uma fonte de proveitosas contemplações, por causa de sua força, e mostrar assim o ardente desejo de Nosso Senhor de que acabemos com nosso interior corrompido e adquiramos um espírito semelhante ao d’Ele. São Paulo exprime-a com palavras enérgicas: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20). Foi também muito comum, representar o Sagrado Coração como retiro, oásis das almas em tribulação, cansadas e necessitadas do apoio da graça de Cristo. “Vinde a mim, vós todos que estais oprimidos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” – havia prometido o Salvador (Mt 11, 28). Essas almas iriam misticamente até o Coração de Nosso Senhor pela contemplação da Chaga do Lado, que seria a porta de entrada; e naquele interior sagrado encontrariam seu repouso, seu jardim de delícias e um refúgio contra os assaltos do demônio. Uma palavra de Nosso Senhor a Santa Catarina de Sena – durante uma visão – dá bem a idéia dessa devoção, tal qual era praticada na Idade Média. A Santa perguntou-Lhe na linguagem leve, delicada e expressiva da época: “Doce Cordeiro sem mancha, vós estáveis morto quando foi aberto vosso lado. Por que quisestes então que vosso coração fosse ferido daquela forma e entreaberto?” Respondeu-lhe Jesus: “Por várias razões, das quais lhe direi a principal. Meu desejo a respeito da raça humana era infinito, e o ato presente do sofrimento e dos tormentos estava terminado. Por esse sofrimento, eu não podia então manifestar como vos amava, pois meu amor era infinito. Eis porque quis vos revelar o segredo do coração, fazendo que fosse visto aberto, para que compreendêsseis bem que ele vos amava ainda mais do que eu havia podido provar por meio de uma dor finita”. -O estandarte da vitória, Péricles Capanema Ferreira e Melo Edição 01 Maio/2015 Índice Troca de Corações 01 Os Segredos de Fátima 02 O que é a Missa Tridentina 03 Crise de Fé 04 Nem herege nem cismático 05 Carta do Rev. Padre Cardozo 07 Convite: Procissão em honra a Nossa Senhora de Fátima Dia: 13/05/2015, horário: 19h30min Saída: Área da feira do Canaã Chegada: Capela Cristo Rei. Rua Gaivotas, 31. Canaã Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração.Fátima, 1917

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Mensageiro do Sagrado Coração

“Venha a nós o Vosso Reino”

Apostolado da Oração – Missão Cristo Rei – Ipatinga/MG 1

A Troca de corações

A mística medieval emprega muitas imagens para descrever as relações entre a alma devota e o Coração de Jesus. Nenhuma tem mais força do que a chamada troca de corações. Nosso Senhor como que trocaria seu coração com o coração do devoto, dando-lhe assim uma vontade reta e fortificada, com novos afetos e aspirações, em sintonia com o interior divino.

A imagem da troca de corações continuou presente nos séculos posteriores, na mística do Sagrado Coração. Para o fiel comum, esta imagem pode ser uma fonte de proveitosas contemplações, por causa de sua força, e mostrar assim o ardente desejo de Nosso Senhor de que acabemos com nosso interior corrompido e adquiramos um espírito semelhante ao d’Ele. São Paulo exprime-a com palavras enérgicas: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20). Foi também muito comum, representar o Sagrado Coração como retiro, oásis das almas em tribulação, cansadas e necessitadas do apoio da graça de Cristo. “Vinde a mim, vós todos que estais oprimidos e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” – havia prometido o Salvador (Mt 11, 28). Essas almas iriam misticamente até o Coração de Nosso Senhor pela contemplação da Chaga do Lado, que seria a porta de entrada; e naquele interior sagrado encontrariam seu repouso, seu jardim de delícias e um refúgio contra os assaltos do demônio. Uma palavra de Nosso Senhor a Santa Catarina de Sena – durante uma visão – dá bem a idéia dessa devoção, tal qual era praticada na Idade Média. A Santa perguntou-Lhe na linguagem leve, delicada e expressiva da época: “Doce Cordeiro sem mancha, vós estáveis morto quando foi aberto vosso lado. Por que quisestes então que vosso coração fosse ferido daquela forma e entreaberto?”

Respondeu-lhe Jesus: “Por várias razões, das quais lhe direi a principal. Meu desejo a respeito da raça humana era infinito,

e o ato presente do sofrimento e dos tormentos estava terminado. Por esse sofrimento, eu não podia então manifestar como vos amava, pois meu amor era infinito. Eis porque quis vos revelar o segredo do coração, fazendo que fosse visto aberto, para que compreendêsseis bem que ele vos amava ainda mais do que eu havia podido provar por meio de uma dor finita”.

-O estandarte da vitória, Péricles Capanema Ferreira e Melo

Edição 01 – Maio/2015 Índice

Troca de Corações

01

Os Segredos de Fátima

02

O que é a Missa Tridentina

03

Crise de Fé

04

Nem herege nem cismático

05

Carta do Rev. Padre Cardozo

07

Convite: Procissão em honra a Nossa Senhora de Fátima Dia: 13/05/2015, horário: 19h30min

Saída: Área da feira do Canaã Chegada: Capela Cristo Rei. Rua Gaivotas, 31. Canaã

“Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração.” Fátima, 1917

Mensageiro do Sagrado Coração

“Venha a nós o Vosso Reino”

Apostolado da Oração – Missão Cristo Rei – Ipatinga/MG 2

Os segredos de Fátima

O chamado Segredo de Fátima é um conjunto de revelações revelado pela Virgem Maria a três crianças portuguesas: Lúcia de Jesus dos Santos (10 anos), Francisco Marto (9 anos) e Jacinta Marto (7 anos) - os três pastorinhos, no dia 13 dejulho de 1917 na Cova da Iria. De maio a outubro de 1917, as três crianças testemunharam a aparição de "uma Senhora mais brilhante do que o Sol" (que se apresentou em 13 de outubro como a Virgem Maria, mãe de Deus, e é hoje aclamada com o título de Nossa Senhora de Fátima). Nossa Senhora, em 13 de julho de 1917, revelou um Segredo constituído por três partes, de caráter profético. As duas primeiras partes foram reveladas em 1941 num documento escrito por Lúcia. Primeira parte A primeira parte é a visão do Inferno:

Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados neste fogo os demónios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas em os grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor. Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição)! Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Segunda parte A segunda parte é sobre a devoção ao Imaculado Coração de Maria e a conversão da Rússia:

Em seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com bondade e tristeza: Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer

no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração e a Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé, etc.

Mensageiro do Sagrado Coração

“Venha a nós o Vosso Reino”

Apostolado da Oração – Missão Cristo Rei – Ipatinga/MG 3

1- O que é a Santa Missa Tridentina?

É a Santa Missa celebrada no rito decretado pelo Papa São Pio V na Bula “Quo Primore Tempore”, em

1570. O rito é a mais perfeita representação do Sacrifício de Nosso Senhor; capaz de conduzir, com perfeição,

o sacerdote e os fiéis aos fins sacrossantos da Santa Missa.

2- Qual é a história da Santa Missa Tridentina?

O Concílio de Trento solicitou uma reforma no Missal para unificar a liturgia. Para atender ao pedido, o

Santo Padre São Pio V, inspirado nas mais antigas tradições litúrgicas apostólicas, elaborou o Rito Tridentino,

estabelecendo-o como único, com exceção dos poucos que tinham mais de 200 anos de uso.

3- Por que o rito de São Pio V é a mais perfeita representação do

Sacrifício de Nosso Senhor?

Por que nele, ao contrário do rito novo, o sacerdote reza suplicando

que os quatro fins do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo cheguem a

Deus em favor dos fiéis. Os quatro fins são estes:

a- Lautrêutico (O Tributo de honra perfeitíssimo a Deus).

b- Propiciatório (Súplica a Deus pelo perdão das culpas e das penas dos

pecadores).

c- Eucarístico (Gratidão perfeita a Deus)

d- Impetratório ( Petição perfeitíssima a Deus).

4- Não se reza no rito novo como se reza na Missa Tridentina?

Não. No rito novo, em nenhumas das orações eucarísticas, o sacerdote reza suplicando que as finalidades

propiciatórias do Sacrifício atinjam os fiéis. Os motivos serão tratados nas próximas edições deste jornal.

5- Por que a Missa Tridentina é conhecida por Missa de Sempre?

Por que disse categoricamente o Papa São Pio V na sua decretação:

“Além disso, em virtude de Nossa Autoridade Apostólica, pelo teor da presente Bula, concedemos e

damos o indulto seguinte: que, doravante, para cantar ou rezar a Missa em qualquer Igreja, se possa, sem

restrição seguir este Missal com permissão e poder de usá-lo livre e licitamente, sem nenhum escrúpulo de

consciência e sem que se possa incorrer em nenhuma pena, sentença e censura, e isto para sempre.” (Quo

Pimore Tempore, n.8)

6- Por que em latim?

Por que as palavras em latim, diferente das línguas vulgares, dificilmente sofrem mutação de sentido,

sendo assim, as palavras da oração são constantemente interpretadas no mesmo sentido por muito tempo.

Além disso, o latim é a língua universal da Igreja, com ele, reza-se com qualquer católico espalhado pelo

mundo. Ademais, o latim é belo e dá à Santa Missa um caráter que lhe é próprio: o de mistério.

7- Por que o sacerdote fica de costas para o povo?

O Sacerdote não fica de costas para o povo, mas de frente para Deus, que está presente no altar. A Santa

Missa - o sacrifício de Cristo - é realizado para Deus e em favor dos fiéis.

Assista à Santa Missa Tridentina em Ipatinga/MG, na Capela Cristo Rei com o Rev. Padre Ernesto Cardozo.

Contato: Email: [email protected] – Telefones: (31)8397-2943 / (31)8867-4393

Mensageiro do Sagrado Coração

“Venha a nós o Vosso Reino”

Apostolado da Oração – Missão Cristo Rei – Ipatinga/MG 4

Crise de Fé

A Fé é uma virtude sobrenatural pela qual, apoiados sobre a autoridade de Deus mesmo; atraídos e ajudados

por Sua graça, tomamos por absolutamente verdadeiro tudo o que Ele revelou.i Ter Fé, portanto, é ter por verdadeiro

absolutamente tudo que foi revelado por Deus através de Seu Filho e, consequentemente, pela Santa Igreja.

Sendo assim, o fiel deve professar a totalidade da doutrina de

Jesus Cristo, sob pena de perder a Fé. Assim ensinou o Papa Leão XIII:

“aquele que, mesmo sobre um só ponto, nega uma das Verdades de Fé;

perde, na realidade, a Fé toda inteira, pois se recusa a respeitar Deus

como Verdade Suprema e motivo formal da Fé.ii

Conhecemos muitas pessoas que se dizem cheia de Fé,

entretanto, por falta de conhecimento, não professam Fé sequer nos

pontos elementares da doutrina cristã.

Quais são as consequências da falta de Fé? Nosso Senhor ensina categoricamente: “Quem nele crê, não é

condenado, mas quem não crê já está condenado” iii. Por que o inferno é o destino de quem não tem Fé? Por que não

dar assentimento - consciente e livremente - aos ensinamentos de Nosso Senhor é pecado mortal de infidelidade,

apostasia ou heresia. Sendo assim, todo católico que teme a Deus e quer salvar sua alma deve, como ensina o

Catecismo de São Pio X, ocupar-se diligentemente na formação doutrinal.

A diligencia na formação faz-se ainda mais necessária nos tempos atuais, pois, desgraçadamente, os

responsáveis pela transmissão da doutrina católica têm errado gravemente no exercício do ofício. Esta crise de Fé do

clero católico foi profetizada por Nossa Senhora em La Sallete e Fátima; muitas revelações privadas, aprovadas pela

Igreja, confirmaram tal acontecimento e – muito facilmente - já se percebe que estamos nesta crise.

O ponto de partida desta crise de Fé na Igreja foi o Concílio Vaticano II. Isso ficou provado em uma obra

chamada “O Reno se Lança no Tibre” do padre e jornalista Raph Wiltgen. Na dita obra, ficou constatado que teólogos,

condenados nominalmente pelo magistério papal anterior, conseguiram ditar suas doutrinas heterodoxas com o apoio

de prelados renomados. Com uma estratégia maquiavélica, conseguiram conduzir o Concílio segundo seus interesses,

fazendo com que, sob o véu da maldita ambiguidade, o magistério defendesse, de modo liberal, aquilo que ele próprio

condenava. Sim, prezados leitores, essa é a realidade: Infelizmente, homens do magistério têm cometido pecados

contra a Fé. Pior do que isso: tem ensinado os fiéis a seguirem este nefasto caminho.

Qual sacerdote, hoje, em Ipatinga, se opõe a liberdade religiosa, outrora condenada por centenas de papas?

Qual bispo, na sua função de confirmar os irmãos na Fé, faz oposição ao ecumenismo, também condenado por Nosso

Senhor Jesus Cristo? Está cada vez mais difícil encontrar, sobretudo nas estruturas oficiais da Igreja. Como o liberalismo

tomou conta da alta hierarquia, os bons clérigos são invalidamente excomungados, e consequentemente sustentam

seus apostolados em Missões Católicas que se encontram fora das estruturas oficiais da Igreja.

Em Ipatinga, temos a honra e a graça de sustentar uma capela católica, na qual celebra-se os sacramentos nos

ritos tradicionais, prega-se a doutrina católica sem a mínima violação e conserva-se santos costumes, como por

exemplo, o piedoso uso do véu e o tradicional apostolado da oração.

O que fazer neste tempo de crise dentro da Igreja? Sair dela? Lógico que não. Devemos permanecer católicos,

no entanto, jamais sob autoridade de clérigos heréticos e liberais. O caminho prudente e correto é colocar-se sob a

autoridade de padres e bispos que não foram contaminados pelo erro, mesmo que estes – erroneamente – são

julgados como desobedientes. Aqueles que zelam pela salvação de suas almas estão mais do que convidados para

frequentar a Capela Cristo Rei. Salve Maria!

__________________________

I Concílio de Trento, DE3008. II Encíclica Satis Cognitum,1896. III Evangelho de São João 3 v.18.

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Apostolado da Oração – Missão Cristo Rei – Ipatinga/MG 5

Nem herege nem cismático

Há dez anos e mais, nossos adversários

estão interessados em rejeitar-nos da comunhão

da Igreja deixando entender que não aceitamos a

autoridade do papa. Seria bem cômodo fazer de

nós uma seita e declarar-nos cismáticos. Quantas

vezes a palavra cisma foi pronunciada a nosso

respeito!

Não cessei de repetir: se alguém se separa

do papa, este alguém não serei eu. A questão se

resume nisto: o poder do papa na Igreja é um poder supremo, mas não absoluto e ilimitado, pois está

submetido ao poder divino, que se exprime na tradição, na Sagrada Escritura e nas definições já promulgadas

pelo magistério eclesiástico. De fato este poder encontra seus limites no fim para o qual ele foi dado sobre

a terra ao Vigário de Cristo, fim que Pio IX definiu claramente na Constituição Pastor aeternus do concílio

Vaticano I. Não exprimo, pois, uma teoria pessoal ao dizê-lo.

A obediência cega não é católica; ninguém está isento da responsabilidade por ter obedecido aos

homens mais que a Deus, aceitando ordens duma autoridade superior, seja ela do papa, se se revelam

contrárias à vontade de Deus tal como a tradição no-la faz conhecer com certeza. Não se poderia considerar

uma tal eventualidade, certamente, quando o papa compromete sua infalibilidade, mas ele não o faz senão

num número reduzido de casos. É um erro pensar que toda a palavra saída da boca do papa é infalível.

O católico liberal é uma pessoa de duplo aspecto, em contínua contradição. Ele quer permanecer

católico mas é possuído pela sede de agradar ao mundo. Em casos como a liberdade religiosa, a hospitalidade

eucarística autorizada pelo novo direito canônico ou a colegialidade concebida como a afirmação de dois

poderes supremos na Igreja, é um dever para todo clérigo e fiel católico resistir e recusar a obediência. Esta

resistência deve ser pública, se o mal é público e representa um objeto de escândalo para as almas. É por

isso que, referindo-nos a Santo Tomás de Aquino, Dom Castro Mayer e eu enviamos a 21 de novembro de

1983, uma carta aberta ao papa João Paulo II para suplicar-lhe que denunciasse as causas principais da

situação dramática na qual se debate a Igreja. Todas as diligências que fizemos em particular durante quinze

anos foram em vão e calar-nos parecer-nos-ia fazer de nós cúmplices da confusão das almas no mundo

inteiro.

“Santíssimo Padre, escrevíamos, é urgente que esse mal estar cesse logo, porque o rebanho se

dispersa e as ovelhas abandonadas estão seguindo mercenários. Nós vos conjuramos, pelo bem da fé católica

e da salvação das almas, a reafirmar as verdades contrárias a estes erros. Nosso grito de alarme se torna

ainda mais veemente diante dos erros, para não dizer heresias do novo direito canônico, e das cerimônias e

discursos ao ensejo do quinto centenário do nascimento de Lutero.”

Não tivemos resposta, mas fizemos o que devíamos. Não podemos desesperar como se se tratasse

duma empresa humana. As convulsões atuais passarão como passaram todas as heresias. Será preciso voltar

um dia à tradição; na autoridade será necessário que reapareçam os poderes significados pela tiara, que um

tribunal protetor da fé e dos bons costumes se estabeleça de novo permanentemente, que os bispos

reencontrem seus poderes e sua iniciativa pessoal.

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“Venha a nós o Vosso Reino”

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Será preciso liberar o verdadeiro trabalho apostólico de todos os impedimentos que hoje o paralisam

e que fazem desaparecer o essencial da mensagem; restituir aos seminários sua verdadeira função, recriar

sociedades religiosas, restaurar as escolas católicas e as universidades desembaraçando-as dos programas

leigos do Estado, sustentar organizações patronais e operárias decididas a colaborar fraternalmente no

respeito dos deveres e dos direitos de todos, interditando-se o flagelo social da greve, que não passa de uma

guerra civil fria, promover enfim uma legislação civil conforme às leis da Igreja e ajudar na designação de

representantes católicos movidos pela vontade de orientar a sociedade para um reconhecimento oficial do

reinado social de Nosso Senhor.

Enfim, pois, que dizemos todos os dias quando rezamos? “Venha a nós o vosso reino, seja feita a

vossa vontade assim na terra como no céu”. E no Glória da missa? “Vós sois o único Senhor, Jesus Cristo”.

Nós cantaríamos isto, e, apenas saídos da Igreja, diríamos: ”Ah não, estas noções estão ultrapassadas”, é

impossível encarar no mundo atual a possibilidade de falar no reino de Jesus Cristo? Vivemos nós no

ilogismo? Somos cristãos ou não?

As nações se debatem em dificuldades inextricáveis, em muitos lugares a guerra se eterniza, os

homens tremem ao pensar na possível catástrofe nuclear, procura-se o que poderia ser feito para que a

situação econômica se reerga, o dinheiro se valorize, o desemprego desapareça, as indústrias sejam

prósperas. Pois bem, mesmo do ponto de vista econômico, é preciso que Nosso Senhor reine, porque este

reino é o dos princípios de amor, dos mandamentos da lei de Deus, que criam um equilíbrio na sociedade,

trazem a justiça e a paz. Pensais que seja uma atitude cristã colocar sua esperança em tal ou qual homem

político, em tal combinação de partidos, imaginando que talvez um dia um programa melhor que outro

resolverá os problemas dum modo seguro e definitivo, enquanto que deliberadamente se põe de lado “o

único Senhor” como se Ele nada tivesse a ver com os assuntos humanos, como se isto não lhe fosse

concernente? Qual é a fé daqueles que fazem de sua vida duas partes, com uma barreira estanque entre sua

religião e suas outras preocupações políticas, profissionais, etc.? Deus que criou o céu e a terra não seria

capaz de regular nossas miseráveis dificuldades materiais e sociais? Se vós já rezastes a Ele nos maus

momentos de vossa existência, sabeis por experiência que Ele não dá pedras a seus filhos que lhe pedem

pão.

A ordem social cristã se situa no oposto das teorias marxistas que jamais causaram, em todas as

partes do mundo onde foram postas em prática, senão a miséria, o esmagamento dos mais fracos, o

desprezo do homem e a morte. Ela respeita a propriedade particular, protege a família contra tudo o que a

corrompe, encoraja a família numerosa e a presença da mulher no lar, deixa uma legítima autonomia às

iniciativas privadas, encoraja as pequenas e médias indústrias, favorece o retorno à terra e estima em seu

justo valor a agricultura, preconiza as uniões profissionais, concede a liberdade escolar, protege os cidadãos

contra toda a forma de subversão e de revolução.

Que iremos buscar nestas águas turvas? O católico tem a verdadeira “chave”, é seu dever trabalhar

com todas as forças, seja comprometendo-se pessoalmente na política, seja por seu voto para dar à sua

pátria prefeitos, conselheiros, deputados resolvidos a restabelecer a ordem social cristã, a única capaz de

obter a paz, a justiça, a verdadeira liberdade. Não há outra solução.

1. OSSERVATORE ROMANO, 18.1.1984. Carta Aberta aos Católicos Perplexos. Mons. Marcel Lefebvre.

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Carta do Rev. Padre Cardozo

Prezados(as) fiéis,

É com enorme satisfação, que lançamos a primeira edição do

“Mensageiro do Sagrado Coração”. Pretende-se com ele transmitir a

Tradição Católica com o fim de formar, na cidade de Ipatinga, um grupo

de pessoas que labuta pelo reinado social do Sagrado Coração de Jesus.

Ipatinga, segundo senso de 2010, era a cidade mais protestante do

Estado de Minas Gerais, com absurdos 40, 17% da população professando

doutrinas acatólicas. Sem dúvidas, este número aumentou, fazendo o

cenário ainda mais calamitoso. Se o Divino Coração reinasse nas almas,

nos lares e nas instituições, a realidade seria diferente.

Há 50 anos atrás, não se imaginava tal cenário. Porém, uma série

de acontecimentos revolucionários, de cunho modernista, tanto dentro

como fora da Igreja, levou a sociedade para este abismo, do qual só Deus

pode tirá-la.

Na história da Igreja, para toda revolução houve uma

contrarrevolução. Nos tempos em que a avareza era o defeito dominante da sociedade, a Providência deu-

nos os franciscanos como antídoto. Quando a praga dos cátaros e albigenses quis arrebatar toda a Europa,

os dominicanos surgiram como verdadeiros “cães de guarda” da Sã Doutrina. Como não lembrar dos jesuítas,

combatentes ferozes dos maquiavélicos princípios da Revolução Francesa.

Diferente dos tempos gloriosos supracitados, a contrarrevolução dos últimos cinquenta anos tem se

desenvolvido em pequenos grupos de católicos, isso por que, desgraçadamente, o liberalismo conciliar

envenenou a maioria esmagadora dos católicos, inclusive da alta hierarquia.

Há cinco décadas, a hierarquia condenava abertamente a liberdade religiosa, hoje ela faz apologia.

Antes os leigos batalhavam pelo reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, hoje aceitam passivamente a laicidade

do Estado. Grande parte dos fiéis, lamentavelmente, fortalecem a Revolução, tal como aconteceu no

julgamento de Nosso Senhor, onde a multidão gritou: “Crucifica-o!”.

A Igreja está no calvário, mas a promessa de Nosso Senhor é irrevogável: “As portas do inferno não

prevalecerão contra ela”. Prova disso é a obra de Mons. Lefebvre, constituída de devotos do Sagrado

Coração, que têm se posicionado resistentemente ao liberalismo, mesmo com incompreensões e

perseguições da hierarquia. A nova Vendéia, sob o detente do Sagrado Coração, começou com o arcebispo

francês e continua em cada capela que preserva a Tradição Católica.

Convido, então, cada leitor, que deseja a gloria de Deus e salvação das almas, a visitar a Capela Cristo

Rei, onde celebro a Missa Tridentina diariamente, quando não estou em missão. Nesta humilde capela,

tributa-se um verdadeiro louvor ao Sagrado Coração, pois nela se guarda os Divinos Ensinamentos de Nosso

Senhor.

Minha benção para a primeira edição do “Mensageiro do Sagrado Coração”, que esta pia empreitada

alcance os seus objetivos.

No Coração de Jesus e Maria,

Pe. Ernesto Javier Cardozo.

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Capela Cristo Rei

Rua Gaivotas, 31. Bairro Canaã. Ipatinga/MG

Contatos: Telefones: (31)8397-2943 / (31)8867-4393

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Padre Cardozo: [email protected]

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