menino jesus x papai noel
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Menino Jesus e Papai Noel, dois simbolos de duas épocas e de duas realidades. O primeiro, faz um apelo religioso e nos reinvia ao mundo da espiritualidade, o segundo um apelo econômico e nos revela a materialidade da existencia.TRANSCRIPT
Menino Jesus X Papai Noel
Adalberto Barreto
Menino Jesus e Papai Noel, dois simbolos de duas épocas e de duas realidades. O primeiro,
faz um apelo religioso e nos reinvia ao mundo da espiritualidade, o segundo um apelo
econômico e nos revela a materialidade da existencia.
O menino Jesus, para os cristãos, significa um convite a uma reflexão sobre o sentido
profundo da existencia humana na relação com seu criador. Deus se fez homem, para que
nós homens nos tornassemos deus ; ou seja a incarnação, a humanização de Jesus, revela e
desperta em nós, nossa divindade.
Com a globalização da economia, da politica e da tecnologia, accedemos ao mundo da
fragmentacão de valores e existencias, da uniformização da cultura e da exclusão de
indivíduos e grupos sociais. Daí porque, a dimensão divina de cada um de nós, torna-se
imperativo, nos dias de hoje.É a tempestade que assola as embarcações de nossas vidas. E
nesta tempestade, relembra o evangelho, que só sobreviverão, aquelas que tem o espirito
divino adormecido em sua proa. Fica dificil sobreviver no mar revolto, se não dispomos de
uma bússula interior que nos guie. Que bússula é essa, sinão, nossos valores, nossas crenças,
nossas convicções, alimentadas por uma espiritualidade que está a serviço das
transformações pessoais e sociais ?
Já Papai noel, nos fala de um universo material externo, colorido, descartável, onde a
religião é substituida pela economia, a moeda da espiritualidade por presentes e o menino
Jesus pelo dinheiro. Em cima de cada valor antigo, tende a se cultuar um novo valor. Pouco a
pouco, os valores de um Deus eterno, cedem espaço aos valores efemeros veiculados por
um velho papai noel, prisioneiro de uma sociedade consumista e mercantilista.
Sou de uma geração que a lapinha, era o unico símbolo que modificava a paisagem de m
inha casa, que mobilizava os vizinhos e amigos e nos unia, para celebrar esta data magna da
cristandade. Por ter vivenciado este aspecto do natal, é que me preocupa as novas geracões,
que parecem conhecer do natal apenas este lado papai noel. Muitos pais terminam por
ceder ao charme do bom velhinho, e dão presentes e mais presentes a seus filhos e
afilhados, esquecendo que o maior presente que um pai ou uma mãe pode dar ao seu filho,
é o carinho, o amor durante os 12 meses de um ano. Este é o grande perigo dos adeptos
exclusivos do papai noel : supervalorizar o efemero e menosprezar o lado invisível, espiritual
de cada existencia. Esta guerra entre dois símbolos maiores da s ociedade, um profano e
outro sagrado, na realidade refletem o conflito entre as duas dimensões que compoem a
natureza humana, ou seja o nosso lado divino e o nosso lado humano. Persistir na eliminação
de uma destas dimensões, não nos conduz a lugar nenhum e nos transforma em prisioneiros
de nossa própria essência humana.
Na realidade não se trata de opor o « papai noel » ao « menino jesus », mas sobretudo,
permitir a cada um destes personagens de nossa existencia, o menino que fomos e ainda
somos e o velho que seremos, o estabelecimento de um diálogo permanente. O Velho
deixando-se renovar pelos « porques ? » da criança, e a criança aprendendo com a
experiencia e sabedoria do velho. Desta forma salvaguardamos os valores da tradição com as
novas aquisições da modernidade. Já não é o novo contra o velho, o bem contra o mal, o
presente contra o passado, nem o sagrado contra o profano, mas o homem em busca de sí
mesmo. Essa cosnciencia de sí, nasce deste diálogo incessante, do multiplo que somos e
jamais por exclusão de uma de nossas multiplas faces que o natal nos revela e nos incita a
relfexão.