memorial descritivo

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Introdução O presente trabalho, tem como objetivo, a elaboração de um projeto de mobiliário, leia-se, objeto não apenas de caráter contemplativo, como também funcional, o qual optou- se pelo estudo e realização de uma mesa de centro. Conforme roteiro pré-estabelecido o desenvolvimento do projeto foi dividido em duas etapas, sendo cada uma delas referentes às duas Avaliações existentes dentro do cronograma do curso. Neste primeiro momento, correspondente a data da AV1, exigiu-se a apresentação ao menos de duas pranchas rígidas contendo as seguintes informações: tipo de mobiliário escolhido, informações técnicas, conceito e memorial descritivo. Objeto Elaboração de uma mesa de centro para uma sala de estar. ( Descrever objeto) Contextualização do conceito A partir da proposta e escolha do objeto iniciou-se um trabalho de pesquisa com o intuito de contextualização e conceituação, que foi orientado conforme uma ideia inicial,

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Page 1: Memorial Descritivo

Introdução

O presente trabalho, tem como objetivo, a elaboração de um projeto de mobiliário,

leia-se, objeto não apenas de caráter contemplativo, como também funcional, o qual

optou-se pelo estudo e realização de uma mesa de centro. Conforme roteiro pré-

estabelecido o desenvolvimento do projeto foi dividido em duas etapas, sendo cada uma

delas referentes às duas Avaliações existentes dentro do cronograma do curso. Neste

primeiro momento, correspondente a data da AV1, exigiu-se a apresentação ao menos

de duas pranchas rígidas contendo as seguintes informações: tipo de mobiliário

escolhido, informações técnicas, conceito e memorial descritivo.

Objeto

Elaboração de uma mesa de centro para uma sala de estar. ( Descrever objeto)

Contextualização do conceito

A partir da proposta e escolha do objeto iniciou-se um trabalho de pesquisa com o

intuito de contextualização e conceituação, que foi orientado conforme uma ideia

inicial, pois, instintivamente foi estabelecida uma relação do projeto com as obras de

Amilcar de Castro. O que em um primeiro momento parecia apenas inclinação pessoal

pelo trabalho do artista mostrou-se, de fato, importante para solução e elaboração do

trabalho. Pode-se afirmar portanto, pelas razões expostas a seguir, que o projeto tem

como partido a obra Amilcar de Castro.

Amilcar de Castro fez parte do movimento neoconcretista que criticava a

aproximação exacerbada da arte com a indústria que levou a uma racionalização

extrema da mesma. Para melhor compreensão do movimento neoconcreto, deve-se,

primeiramente, entender seu antecessor, o concretismo.

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A arte concreta deve ser compreendida como parte do movimento abstracionista

moderno, em raízes sem experiências como a do grupo “ Des Stijl”, criado em 1917, na

Holanda por Piet Mondrian, Theo Van Doesburg, Gerrit Thomas Rietveld, entre outros.

Bill é o principal responsável pela entrada desse ideário plástico na América

Latina, no período após segunda Guerra Mundial. A exposição do artista em 1951 no

MASP e a presença da delegação suíça na primeira Bienal Internacional de São Paulo,

no mesmo ano, abrem as portas do país para as novas tendências construtivas.

Em 1959, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark,

Lygia Pepe, Reynaldo Jardim e Theon Spanudi, com outros artistas, publicam o

Manifesto Neoconcreto defendendo a liberdade de experimentação, o retorno às

intenções expressivas e o resgate de uma subjetividade.

Conceito

É evidente o caráter experimental da proposta de realização de um móvel por

alunos de graduação do curso de arquitetura, este fato não deve ser entendido de forma

negativa, pelo contrário, o caráter experimental é indispensável e deve estar presente

nos diversos meios de elaboração artística.

O movimento neoconcreto também nos ajuda a elucidar outra problemática

fundamental para elaboração do projeto em questão. A partir da proposta, algumas

questões foram levantadas, dentre as quais podemos destacar - Porque a necessidade de

uma valoração e subjetivação de objetos meramente funcionais? Seria o Design , em

especial o de produto, uma forma de arte?

Podemos extrair das obras de Lygia Pape, artista representante do movimento

neoconcreto, que a arte interpela o mundo, a vida e também o corpo. Evidencia-se

portanto, que a arte permeia todos os campos, e não seria leviano afirmar que também o

Design. Muito embora o Design de produto se distancie das artes plásticas devido ao

seu caráter funcional, ele está diretamente ligado aos movimentos artísticos e influencia

e deixa-se influenciar pelos mesmos. Entende-se que uma boa produção engloba

valores plásticos e estéticos, pois é justamente esta proximidade com a arte que

distancia o Design de uma mera reprodução e cópia de produtos em massa.

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Esta estranheza em relação a classificação de objetos como arte, que persiste até

os dias de hoje, nos remete ao diálogo existente entre o funcionalidade e a emoção.

Como mencionado anteriormente o movimento neoconcreto tenta resgatar esta emoção

e o caráter experimental da arte arrefecidos por um impulso desenvolvimentista pautado

na indústria. Esta forma de pensamento também irá repercutir em outras áreas, como no

Design.

Importante, destacar, que muito embora estas conceituações tenham sido

formuladas entre as décadas de 1920 e 1960, ela continua muito atual e mostram-se de

grande valia e apoio para o projeto em questão, pois contribuem para produção de um

móvel que seja capaz de atender aos seus critérios funcionais, plásticos e estéticos.

Ao realizar uma apropriação dos conceitos neoconcretistas presentes na obra de

Amilcar de Castro, almeja-se transpor a obviedade imposta pela indústria, que persiste

até os dias de hoje com a produção em massa de móveis modulares por inúmeras

empresas. Suas raízes no “ De Stijl” conservam a predominância de uma certa

racionalidade na utilização de figuras geométricas sem apelos estéticos, mas se distancia

do movimento precedente devido a preocupação concomitante de atender à critérios

subjetivos. Este fato proporciona um diálogo e interação maior com o espaço que, no

caso do objeto em questão, está inserido no contexto da arquitetura.

Referências:

1) Amilcar de Castro2) Piet Zwart3) Gerrit Thomas Rietveld4) Eileen Gray

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ANEXO

Fotos da obra de Amilcar de Castro

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Piet Zwart (*1885 , †1977)

typograaf, fotograaf en industrieel ontwerper

O fotógrafo e artista gráfico modernista Piet Zwart combinou Dada com De

Stijl, elementos irracionais com racionais, e deixou com o seu trabalho uma

forte marca em artistas posteriores, como Gert Dumbar   (*1940) e Wim

Crouwel(*1928).

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Gerrit Thomas Rietveld (Utrecht, 1888 - 1964)

Construindo Guerrit Rietveld 09dez11

Reproduzir as cadeiras de Rietveld em nosso Curso de Marcenaria significa uma série de valores agregados, a começar por sua importância histórica – reproduzi-las é participar desta história. Por princípio técnico-didático, construir cadeiras constitui um exercício completo de marcenaria. De acordo com o comentário de Domingos Marcellini, “a cadeira é o móvel mais difícil de se fazer, não sendo dos mais modestos, pela suta e pela pouca largura das peças que a compõe.” (Manual Prático de Marcenaria, ed. Ediouro, pg. 158). No entanto Rietveld intencionava facilitar a reprodução, seja pelo processo de fabricação industrial ou artesanal, através de técnicas simples de marcenaria. Seus móveis minimalistas aparentam a estrutura como um objeto ao avesso, uma denúncia e um estímulo para sua construção – como é o caso de sua

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linha de móveis “Krat”, confeccionados com madeiras de embalagens. Suas ideias foram extremamente arrojadas à sua época, tornando-se ícones da movelaria contemporânea.

Neste artigo apresento as principais etapas do processo de fabricação das famosas cadeiras Vermelha e Azul e Zig-Zag, reproduzidas a partir dos projetos originais reunidos no livro How to construct Rietveld Furniture (de Peter Drijver e Johannes Niemeijer, ed. Thot), e a versão alternativa da cadeira  Zig-Zag construída em compensado revestido.

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Rietveld sentado em sua poltrona em frente à sua oficina (How to Construct Rietveld Furniture, ed. Thot, pg. 29)

Guerrit Thomas Rietveld (1888 – 1964)

Rietveld era filho de um marceneiro de Utreque (Holanda), e trabalhou na oficina de seu pai, onde adquiriu o conhecimento do ofício. Abriu em 1911 sua própria oficina de marcenaria, e mais tarde interessou-se também por arquitetura. Participou do movimento artístico holandês De Stjil (que literalmente significa “O Estilo”), fundado em 1917. O grupo baseava-se na “rigorosa precisão com que dividiam o espaço; pela tensão e pelo equilíbrio, alcançados com a assimetria; por seu uso das formas básicas e cores primárias; e pela máxima simplicidade de suas soluções.” (Layout: o design da página impressa, de Allen Hurlburt, ed. Nobel, pg. 35). Rietveld procurou transformar as ideias do grupo a três dimensões; considerava indispensável que o mobiliário retornasse às suas formas básicas, como se os móveis nunca tivessem sido feitos. A cadeira deveria ser novamente concebida: deve ter seu assento, um encosto e algo que suporte estes elementos.

A cadeira Vermelha e Azul

Segundo Otakar Mácel, “a cadeira vermelha e azul de Guerrit Thomas Rietveld é reconhecida como o manifesto da estética De Stijl. Optando por formas simples, uma construção por módulos e recorrendo a cores primárias, este marceneiro de Utreque conseguiu criar uma peça de mobiliário moderna que personificava na perfeição os princípios estéticos do grupo neerlandês.”

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Desenho original da cadeira Vermelha e Azul (How to Construct Rietveld Furniture, ed. Thot, pg. 24)

“Presume-se que a cadeira tenha sido criada em 1918, tendo em setembro de 1919 merecido destaque na revista De Stijl, em conjunto com a sua Cadeira de Criança. Ambas as cadeiras foram construídas com base no então recente método de aplicação de cavilhas, distinguindo-se a Cadeira Vermelha e azul pela sua forma mais simples e linear.”

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“Os móveis de Rietveld dos anos 20 caracterizavam-se pela sua concepção de espaço muito própria e pela idéia de transparência, características que correspondiam aos ideais defendidos pela avant-garde  funcionalista. O mesmo se aplicava à sua noção de produção industrial: Rietveld entendia que também a sua cadeira Vermelha e Azul podia ser fabricada industrialmente, na medida em que o material, as traves, as ripas e as tábuas podiam ser facilmente adquiridos no mercado e a construção não apresentava dificuldades maiores.” (Mobiliário Moderno – 150 anos de design, ed. H.F. Ullmann, pgs. 650, 651, 652).

Na oficina

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Este exercício foi desenvolvido com o aluno Carlos Germano, oceanógrafo. Para a construção da cadeira Vermelha e Azul selecionamos maciços de freijó (cordia goeldina), madeira paraense extremamente versátil, própria para construção de cadeiras e móveis em geral. Originalmente o projeto sugere a faia (fagus spp.), gênero comum na europa para a construção de móveis.

Iniciamos o aparelhamento dos maciços com plaina manual nº5 e serra circular de mesa, conforme o padrão de medidas especificado.

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Todas as peças da estrutura da cadeira são unidas com cavilhas de 15mm de diâmetro.Confeccionamos as cavilhas no torno, sendo necessárias vinte e duas unidades que, alinhadas, correspondiam a aproximadamente um metro de comprimento.

As peças foram cuidadosamente marcadas e perfuradas na furadeira de coluna, com broca Fostner. Os encaixes foram provados e marcados.

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Para fixação das peças utilizamos cola PVA e grampos. É interessante notar que os grampos evitam a separação das peças por força da pressão hidráulica. Por isso as cavilhas prontas geralmente possuem ranhuras, o que facilita a expulsão do ar e do excesso de cola.

Uma vez conformada a estrutura, as peças do assento e do encosto foram recortadas na serra circular. Em princípio utilizamos compensado, mas mudamos para MDF, para obter uma cobertura com textura lisa.

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Com cunhas fixadas sob o assento e o encosto, parafusamos estas peças.

Cobrimos o encosto e o assento com laca nitrocelulose, com o cuidado de revestir antes as bordas. Para a estrutura utilizamos verniz de nitrocelulose.

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Achamos a combinação da estrutura em madeira aparente com os painéis coloridos tão atraente quanto a original. Então decidimos finalizar a cadeira nesta versão, a qual apelidamos de Vermelha e Azul e Freijó!

A cadeira Zig-Zag

Criada por Rietveld entre 1932 e 1934, a cadeira Zig-Zag foi composta com apenas quatro painéis maciços, fixados por parafusos combinados com encaixes de espiga e cunhas. Seu design também coloca em prática os mesmos princípios do movimento De Stijl, embora Rietveld tivesse rompido com o grupo em 1928. Suas linhas diagonais diferem da sóbria estrutura reta da cadeira Vermelha e Azul, cuja obra expressa os ideais do movimento De Stijl; a cadeira Zig-Zag é inquietante e instável – uma provocação aos sentidos.

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Construída originalmente com maciços de carvalho (quercus spp.), em nosso curso de marcenaria optamos por versões em compensado revestido com folhas de freijó (cordia goeldina) e em maciços de peroba-de-campos (paratecoma peroba), de acordo com as dimensões do projeto original.

Versão original

Esta versão da cadeira Zig-Zag foi desenvolvida com o aluno Eduardo Acklas, produtor gráfico. Iniciamos a construção dos painéis aparelhando os maciços em pequenas tábuas, unidas com cavilhas e cola PVA.

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Após o aparelhamento dos maciços, iniciamos a conformação dos painéis, cada um com três peças emendadas. Perfuramos as bordas com furadeira horizontal, e reforçamos a união com cavilhas.

Os painéis com emendas são mais estáveis; evitam o empenamento e rachaduras.

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Com os painéis conformados e recortados, fizemos as espigas da união do assento com o encosto, utilizando a serra de mesa, com ligeira inclinação de 8º no batente do goniômetro, ângulo estabelecido para o encosto.

Em seguida fizemos os cortes das uniões do pedestal, com inclinação do disco de serra a 22,5º, cuja soma é igual a 45º.

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Nas costas do encosto foi feito um pequeno entalhe para manipular a cadeira. Primeiro utilizamos a tupia de coluna para retirar o excesso de material, e em seguida terminamos o entalhe com formão e lixas.

Fizemos então as perfurações para a fixação de parafusos com porcas, utilizando a furadeira de coluna. É melhor escarear o maciço para o encaixe da cabeça do parafuso antes de transpassá-lo.

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Na união do assento com o encosto encaixamos  as espigas e utilizamos parafusos com porcas redondas.

Antes de unir os painéis do pedestal e do assento, foram fixadas cunhas como reforço. Utilizamos cola PVA, e os parafusos com porcas dispensaram o uso de grampos.

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Acertamos as bordas com plaina manual. As superfícies e as arestas lixadas com lixas de grã 150 e 220. Acabamos a cadeira com seladora de nitrocelulose e cêra, conferindo o aspecto natural da madeira.

Versão em compensado revestido

Esta versão foi desenvolvida com o aluno Carlos Alberto Nery, psicólogo. Diferente da versão com maciços, o compensado é um painel pronto para ser recortado.

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A união do assento e do encosto foi feito com encaixes em rabo-de-andorinha apenas, confeccionados com serra manual e formão. Fixamos estes painéis com cola PVA e grampos.

As demais uniões fizemos com parafusos Mittofix (auto atarraxantes); escareamos a cabeça dos parafusos e cobrimos os furos com massa acrílica.

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O revestimento é ordenado; as partes internas são revestidas antes da união dos painéis, utilizando cola de contato. Aparentemente esta é a diferença entre a versão original e em compensado revestido – nesta versão os parafusos que conformam a união entre as peças ficam escondidos, sob o revestimento.

Assim como na versão anterior, o acabamento foi feito com seladora de nitrocelulose e cêra.

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Assim testamos sua estrutura!

Aos meus alunos agradeço a oportunidade de realizar este trabalho, que retornou meu saudoso tempo como estudante de Desenho Industrial, tempo de descobertas e grande fascínio pelos móveis de Guerrit Rietveld.

- Diego de Assis

ATENÇÃO

Diversos procedimentos de oficina oferecem riscos. Por isso devem acompanhar o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual): óculos de proteção, máscara contra pó, protetores auriculares, entre outros dispositivos de segurança. Apenas pessoas capacitadas devem operar máquinas e ferramentas de corte; ao contrário estarão sujeitas a acidentes graves.

Page 31: Memorial Descritivo

About these ads A partir de 1919, quando recebeu o diploma, passa a integrar o movimento de

Stijl, contribuindo para a revista De Stijl.

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Eileen Gray :

Eileen Gray (1878-1976) nasceu no interior da Irlanda. Começou sua formação na Slade School of Fine Arts – Londres . Nos anos seguintes estudou desenho com Colarossi e Julian, em Paris, formando-se na arte da Laca com o mestre japonês Sugawara.

A partir de 1919 começa a trabalhar com decoração e design de móveis e em 1922 se liga ao grupo De Stijil – movimento artístico que pregava linhas limpas, formas básicas, máxima simplicidade em suas soluções e que se opunha ao movimento Art Nouveau da virada do século.

De Stijl Side Table