memorial arquitetÔnico · reservas ambientais e com o braço dos trabalhadores urbanos e ......

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Brasil, país de história recente, assenta-se na geografia contemporânea como possuidor de uma das maiores dimensões territoriais do planeta. Não obstante à sua extensão continental, no interior de suas fronteiras encontra-se a maior biodiversidade do globo. Biomas e ecossistemas, cidades e pessoas, ambientes naturais e antropizados, espécies vegetais e animais configuram o imenso amalgama formado pela coexistência das diferenças regionais e locais, ambientais e culturais. Sua rica e ímpar diversidade está assentada nas particularidades históricas, geográficas e antropológicas que cada um de seus lugares possui. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, o Brasil pode ser narrado por sotaques distintos, degustado por culturas alimentares específicas ou explorado quilombolas e indígenas às cosmopolitas. O Brasil é um todo que junta e acolhe os fragmentos heterogêneos, que admite suas contradições e complexidades e que contribui, com suas reservas ambientais e com o braço dos trabalhadores urbanos e rurais, para um futuro justo, sustentável e acessível a todos. Neste sentido, o pavilhão do Brasil para a Expo Dubai 2020 assumirá este paradoxo. Um todo que contém fragmentos. Um todo paradoxal, com limites bem definidos, mas com conteúdos diversos que ressaltam as diferenças e os exemplos internos de cooperação, de solidariedade e de encontros. Um todo que admite a existência das redes que o compõem, mas que focará, no pavilhão desta edição, em seus nós, em suas combinações, na relevância de suas localidades. Uma caixa representa este todo. Uma caixa de zooms, que expõe o Brasil do todo às suas particularidades. Uma caixa com limites definidos, mas translúcida. Uma caixa que emite e recebe luz. Uma caixa de luz. Uma caixa de fragmentos de ideias e práticas do Brasil em Dubai. Um lugar possível de trocas, de diálogos, de contatos e de interações. Uma caixa de luz, um cérebro apto ao diálogo e receptivo como nosso povo. Uma caixa para novas combinações de referências, para a interação e para a apresentação das soluções brasileiras no processo de construção de um agora que garanta a vida do planeta no futuro. pelo turismo histórico, cultural e ambiental. Também pode ser vivido cotidianamente nas ruas das grandes e pequenas cidades que comportam mais de 85% de sua população, nas lavouras e pastagens das imensas áreas agrícolas e pecuárias que alimentam mais de 1 bilhão de pessoas no planeta ou naquelas pequenas propriedades da agricultura familiar que produzem alimentos diários para o consumo de 70% da população brasileira. Em suma, ali, a unidade que pode ser chamada de Brasil é uma unidade paradoxal. É uma unidade de heterogeneidades, de diversidades, de diferenças. Mesmo no interior daquelas regiões que aparentemente são homogêneas, as diferenças internas lhes são traços inescapáveis. Assim, o Brasil das atualidades sempre será resultado momentâneo de uma equação indecifrável de combinações: de nossas matrizes étnicas às influências globais, das culturas rurais às urbanas, das espécies cultivadas às em extinção, dos reflexos das mudanças climáticas globais às respostas dadas por nossos microclimas, dos meios naturais aos antropizados, da economia internacionalizada às economias locais, de suas culturas MEMORIAL ARQUITETÔNICO JUNTOS PELA DIVERSIDADE

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Brasil, país de história recente, assenta-se na geografia contemporânea como possuidor de uma das maiores dimensões territoriais do planeta. Não obstante à sua extensão continental, no interior de suas fronteiras encontra-se a maior biodiversidade do globo. Biomas e ecossistemas, cidades e pessoas, ambientes naturais e antropizados, espécies vegetais e animais configuram o imenso amalgama formado pela coexistência das diferenças regionais e locais, ambientais e culturais.Sua r ica e ímpar divers idade está assentada nas particularidades históricas, geográficas e antropológicas que cada um de seus lugares possui. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, o Brasil pode ser narrado por sotaques distintos, degustado por culturas alimentares específicas ou explorado

quilombolas e indígenas às cosmopolitas. O Brasil é um todo que junta e acolhe os fragmentos heterogêneos, que admite suas contradições e complexidades e que contribui, com suas reservas ambientais e com o braço dos trabalhadores urbanos e rurais, para um futuro justo, sustentável e acessível a todos. Neste sentido, o pavilhão do Brasil para a Expo Dubai 2020 assumirá este paradoxo. Um todo que contém fragmentos. Um todo paradoxal, com limites bem definidos, mas com conteúdos diversos que ressaltam as diferenças e os exemplos internos de cooperação, de solidariedade e de encontros. Um todo que admite a existência das redes que o compõem, mas que focará, no pavilhão desta edição, em seus nós, em suas combinações, na relevância de suas localidades. Uma caixa representa este todo. Uma caixa de zooms, que expõe o Brasil do todo às suas particularidades. Uma caixa com limites definidos, mas translúcida. Uma caixa que emite e recebe luz. Uma caixa de luz. Uma caixa de fragmentos de ideias e práticas do Brasil em Dubai. Um lugar possível de trocas, de diálogos, de contatos e de interações. Uma caixa de luz, um cérebro apto ao diálogo e receptivo como nosso povo. Uma caixa para novas combinações de referências, para a interação e para a apresentação das soluções brasileiras no processo de construção de um agora que garanta a vida do planeta no futuro.

pelo turismo histórico, cultural e ambiental. Também pode ser vivido cotidianamente nas ruas das grandes e pequenas cidades que comportam mais de 85% de sua população, nas lavouras e pastagens das imensas áreas agrícolas e pecuárias que alimentam mais de 1 bilhão de pessoas no planeta ou naquelas pequenas propriedades da agricultura familiar que produzem alimentos diários para o consumo de 70% da população brasileira. Em suma, ali, a unidade que pode ser chamada de Brasil é uma unidade paradoxal. É uma unidade de heterogeneidades, de diversidades, de diferenças. Mesmo no interior daquelas regiões que aparentemente são homogêneas, as diferenças internas lhes são traços inescapáveis. Assim, o Brasil das atualidades sempre será resultado momentâneo de uma equação indecifrável de combinações: de nossas matrizes étnicas às influências globais, das culturas rurais às urbanas, das espécies cultivadas às em extinção, dos reflexos das mudanças climáticas globais às respostas dadas por nossos microclimas, dos meios naturais aos antropizados, da economia internacionalizada às economias locais, de suas culturas

MEMORIAL ARQUITETÔNICOJUNTOS PELA DIVERSIDADE

SOLIDOS LUZ ACESSO PERCURSO

A CAIXA DE LUZUm sólido luminoso, de luz branda e branca, destaca-se no percurso da Expo Dubai. Homogênea, sua forma revestida de material único, translúcido e brilhante, revela um mistério a ser desvendado: como poderia o Brasil, um país tão biodiverso e complexo, ser representado a partir de uma caixa de luz? A caixa representa sua totalidade, a translucidez sua porosidade. Assim como uma lanterna que ilumina um percurso e revela o que está obscuro, a caixa de luz indica uma orientação e atrai para si os olhares e os fluxos. Mas esta representação não se limita a isso. Brasil, nome que soa internacionalmente como uma esperança

para o futuro e orienta as leituras cartográficas do Hemisfério Sul por suas dimensões continentais e riquezas naturais e culturais é, assim como a caixa de luz, um mistério. Neste sentido, a caixa de luz é um convite. Uma longa rampa, curva e de piso vermelho estende-se desde o acesso, atravessa a caixa de luz e indica um percurso que, desde já, revela referências da arquitetura e paisagismo brasileiros. Este sutil convite para as conexões com nossas referências inicia-se na calçada. Este convite dá início às experiências neste pavilhão com o Percurso da Transição. Este percurso refere-se aos deslocamentos de acesso, bem como refere-se às áreas

externas e as relações com o parque de exposições. Da calçada a rampa ergue-se sobre um espelho d’água com vegetação nativa do Cerrado, bioma que comporta as nascentes principais bacias hidrográficas do Brasil. Ao atravessar os limites da caixa de luz, a umidade da Floresta Amazônica será revelada. Vegetações descem da cobertura e estendem-se à altura dos passantes e indicam uma cobertura verde, densa e com texturas diversas. No percurso da rampa a caixa de vidro vai aos poucos sendo tomada por uma parede verde, cuja transição é ritmada pelas dimensões das peças de vidro. A rampa que parece flutuar direciona os visitantes a um mirante que permite uma

O mirante é o ponto principal de acesso à Caixa de Luz. Ao adentrá-la, o espaço destinado às exposições temporárias dá início ao Percurso da Diversidade, o menor percurso do Pavilhão. Numa escala mais aproximada, a exposição segue as proporções humanas para crianças, adultos e idosos. As exposições temporárias deverão ser direcionadas às práticas

articulação visual tanto do interior do vazio percorrido quanto o horizonte para além dos limites do parque de exposições. O Percurso da Transição terá continuidade na cobertura. Ali um jardim da Caatinga será exposto com espécies vegetais e rochas encontradas neste Bioma.

CAIXA ÁGUA

CERRADO AMAZÔNIA CAATINGA EXPOSIÇÃOPERMANENTE

DORSORÍGIDO

EXPOSIÇÃOTEMPORÁRIA

pecuária nacional. A saída do pavilhão será no Percurso da Transição, no térreo, Evidenciada a complexidade e diversidade dos conteúdos ali expostos, a Caixa de Luz, unitária e aparentemente homogênea, revelará a heterogeneidade encontrada no interior das fronteiras do Brasil. A Caixa de Luz que indica um mistério e ascende uma curiosidade, ao ser experimentada, permitirá a elaboração de novas ideias, o compartilhamento de soluções, a troca de influências e o intercâmbio de estratégias para a sustentabilidade do mundo, a redução das desigualdades e o compromisso com a preservação das particularidades das diferenças e o respeito às diversidades.

sustentáveis e ideias sobre o futuro desenvolvidas no Brasil. Na sequência deste percurso encontra-se o Corredor da Diversidade. Nele, à direita está exposta sua dimensão antropológica e à esquerda sua dimensão natural. A dimensão antropológica refere-se à diversidade de etnias, de sotaques e de cidades. A dimensão natural refere-se às espécies vegetais e animais, com destaque para aquelas em extinção. Esta parte da exposição está dividida pelas cinco regiões na seguinte sequência: Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Nordeste e Norte. O Percurso da Diversidade será finalizado no restaurante, localizado na cobertura, com comidas típicas destas cinco regiões.

A sequência do Corredor das Diversidade destina-se a uma outra rampa, desta vez interna, que permite uma interação imediata com o Percurso das Relações. Este percurso está destinado às escalas de aproximação, do todo para as particularidades de cada região. O chão é a peça fundamental deste percurso, pois dá-nos a referência que grande parte das riquezas brasileiras brotam de nosso fértil solo. Este piso é feito por painéis de LED que possui, como desenho, um mapa do Brasil subdividido em regiões e estados. Neste piso, informações intermitentes são expostas, como dados sobre cidades, biomas, áreas produtivas, hidrografias e distribuição da população. Localizado em cada uma dessas regiões, um tubo

cilíndrico de vidro expõe suas particularidades produtivas. Este Percurso das Relações revela um gráfico tridimensional que expõe quais são os produtos, quem produz, quem consome e as ações sustentáveis de cada um de seus agentes envolvidos. Estas informações são trazidas por painéis de LED suspensos sobre cada tubo. A experiência das relações não se limita ao percurso. Será permitido a degustação de grãos e a interação com os produtos por meio de seus odores. O espelho d’água que foi visto na parte externa do pavilhão adentra-o por debaixo do piso e faz referência ao imenso litoral Brasileiro, à sua diversidade, bem como será demarcado os limites do Pré-Sal. O final deste percurso inicia-se com a exposição da indústria e da

TÉRREO/IMPLANTAÇÃO

01 - ÁREA DE EXPOSIÇÃO PERMANENTE (1042,21 m²) 02 - LOJA (174,87 m²)03 - LANCHONETE (21,35 m²)04 - LIXO (4,75 m²)05 - ADM LOJA (12,68 m²)06 - ÁREA VIP (18,28 m²)07 - RECEPÇÃO (14,57 m²)08 - SALA TÉCNICA APOIO (14,45 m²)09 - DEPÓSITO (20,04 m²)10 - SANITÁRIOS (28,76 m²)11 - ÁREA TÉCNICA (18,28 m²)

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ESCALA GRÁFICA

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