MELUSINAAnlise das Ilustraes

Introduo

Melusina uma personagem semelhante a uma sereia, originria de um conto francs. Este foi reproduzido em diversos pases dando popularidade personagem, que foi reproduzida para outros fins alm dos contos, como veremos adiante. A verso originria francesa de O Romance de Melusina ou A Histria dos Lusignan de Jean DArras e foi escrita em torno do sculo XIV, no perodo da Guerra dos Cem Anos. Foi encomendada pelo duque francs Jean de Berri, prncipe e mecena da poca. O texto narra a histria de Melusina,uma fada que fundou uma fortaleza e deu origem a uma nobre linhagem, os Lusignan. Melusina uma mulher desesperada e pecadora, que se transformava em serpente da cintura para baixo todos os sbados, devido a uma maldio da qual s seria liberta casando-se com um homem que jamais soubesse do castigo. Para a sua infelicidade, seu marido a espiona tomando banho e descobre o segredo. em decorrncia dessa trama que o romance se desenvolve.

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Anlise das ilustraes

Um exemplar da poca encontra-se na Biblioteca Nacional da Frana com diversas ilustraes como as a seguir. O livro de DArras foi o primeiro livro ilustrado impresso em francs na cidade de Genebra em 1478.

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Nesta ltima imagem, a cena em que Raymond descobre o segredo de sua mulher quando a espiona.

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Ao analisarmos as imagens, vemos que os traos so simples assim como as formas representadas. No h perspectiva clssica e volume. Podemos notar tambm que os rostos esto sempre em perfil como os das imagens egpcias. Quanto ao contedo podemos dizer que no h pudor, os personagens so ilustrados juntos na cama, muitas vezes os seios esto de foras e h imagens at violentas. Aproximadamente 10 anos depois, Coudrette escreveu a pedido de Guilherme lArchevque um romance que narrava a mesma histria, mas dessa vez em versos.

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A ilustrao da pgina anterior, do livro de Coudrette, de Guillebert de Mets, feita em cerca de 1410 tambm se encontra na Biblioteca Nacional da Frana num conjunto de 16 pinturas. H uma notvel diferena entre essa e as do livro de DArras. As formas so mais complexas, apresentando volume e maior proximidade com a forma humana real. J se v uma perspectiva mais aprimorada, porm nada comparada s imagens renascentistas. Vemos todo um conjunto de aprimoramento/complexidade, nas vestes, no cenrio e no colorido. Em 1520 aparecem 2 romances baseados no de DArras: um tambm intitulado O Romance de Melusina e outro de nome Godofredo, o Dentuo (na histria ele filho de Raymond e Melusina). Menes a Melusina, tal como aparecem no romance de DArras, sero feitas em vrios escritos dos sculos subsequentes. A histria tornou-se amplamente conhecida. Em 1456 o conto foi traduzido para o alemo por Thuring von Ringoltingen. Essa verso apresentou diferentes publicaes, nas quais as ilustraes apresentaram-se bem variadas. Vejamos os exemplos abaixo: 1)

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As imagens 1 e 2, apesar desta apresentar cores, so semelhantes na medida que ainda se distanciam muito de um naturalismo e proporo dos planos. As expresses faciais das personagens so apticas e seus braos, pernas e troncos se movimentam de uma forma praticamente robtica. Essas ilustraes assemelham-se um pouco s da arte egpcia, que feita para ser vista apenas de um ngulo; ao contrrio da grega, que uma arte circular e no tem apenas um ngulo ideal.

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Vale tambm ressaltar que Melusina est sempre prxima de uma fonte, junto a uma nascente em meio a uma densa floresta, onde encontrada pelo seu cavaleiro. Nos mitos e sagas clticos, as elevaes do solo conhecidas como outeiros e o fundo das guas so locais de acesso ao outro mundo, ao mundo mgico ou ao mundo dos mortos, de onde Melusina poderia ser originria. Na figura 1, fica claro esse misterioso contato de Melusina com a natureza. Em cerca de 1500 foi traduzida para o ingls. H tambm uma verso em prosa chamada La Chronique de la Princesse.

Livro de 1500

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Em 1900 Louis Blombed ilustra uma Melusina mais moderna. Nessa verso j percebemos um estudo muito maior em termos de luz, sombra e cor. A tenso na boca e nas mos de Melusina, junto ao movimento enrugado dos tecidos e aos cabelos ao vento, cria um sentimento e uma dramaticidade obra. Os suspiros da santa e os gritos da fada, como diz o trecho: Et jai deux fois vainqueur travers lAchron: Modulant tour tour sur la lyre dOrphe Les soupirs de la Sainte et les cris de la Fee. Grard de Nerval, El desdichado

Louis Blombed, 1900

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At hoje o livro reproduzido pelo mundo. No caso da verso francesa de DArras temos 4 verses modernas e 3 tradues para o francs moderno, dentre as quais se encontra a traduo parcial feita por Michele Perret, que foi traduzida para o portugus e editada no Brasil pela Martins Fontes. Uma das verses modernas francesas a de Jean-Jacques Vincensini, de 2003.

Uma ilustrao tambm mais recente a de Troy Howell, publicada em Mermaid Tales from Around the World/Scholastic Press em 1993.

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Aqui no Brasil podemos citar as feitas por Rui de Oliveira para o livro de Ana Maria Machado, pelo qual o artista foi premiado pela Fundao Nacional do Livro Infantil. Publicado em 2000.

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Deixemos um pouco de lado os livros. Como j dito Melusina se tornou amplamente popular e seus contos muito divulgados, com isso sua figura se tornou conhecida sendo representada com outros fins e para outros meios que no s contos. Geralmente representada como uma mulher que serpente ou peixe da cintura pra baixo, algumas vezes tambm representada com asas, duas caldas ou ambos. Um de seus usos como figura herldica, tipicamente em brases de armas no Sacro Imprio Romano-Germnico e na Escandinvia, onde apia cada cauda escamosa em um dos braos. O braso de armas de Varsvia apresenta uma sereia muito semelhante a uma representao de Melusina, brandindo uma espada e escudo. Ela o esprito das guas do Vistula, que identificou para Boreslau de Masovia, o stio apropriado para uma cidade em fins do sculo XIII.

Varsvia

Outro exemplo de figura herldica:

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Podemos citar tambm o logo da rede Starbucks, o qual apresenta uma verso de uma sereia que similar a algumas lendas da Melusina.

Melusina tambm foi reproduzida em quadros e esculturas como os exemplos abaixo:

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Ludwig Michael von Schwanthaler, 1845

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